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A serviço da Igreja de Dourados, a Diocese do Coração Distribuição Gratuita. Venda proibida. Ano XXXV - nº 391 - Junho/2015

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Ano XXXV - nº 391 - Junho/2015

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A serviço da Igreja de Dourados, a Diocese do Coração

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A Palavra do Pastor Catedral de Dourados, retrato da fé de um povo

Revista Elo - Junho/2015 - Ano XXXV - nº 391Diretor: Pe. Marcos Roberto P. SilvaPropriedade: Mitra Diocesana de DouradosDiagramação e Projeto Gráfico: Michelle Picolo CaparrózTelefone: (67) 3422-6910 / 3422-6911Site: www.diocesededourados.com.brContatos e sugestões: [email protected]ão: Gráfica InfanteTiragem: 17.520 exemplares

Índice

Expediente

Pe. Marcos Roberto P. [email protected]

Apresentação

Patrocinadores

Palavra de vida“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária” (Lc 10, 41-42)

Testemunho de vidaSão José de Anchieta

A Palavra do PapaO cansaço dos padres é uma graça ou um peso?

Opiniões que fazem opiniãoAno santo da Misericórdia

Círculos bíblicos

Pergunte e responderemosÉ verdade que o papa Francisco quer acabar com o celibato?

A Diocese em revista

Vida em FamíliaExperimente perdoar

Obras em DestaqueToca de Assis

Fatos em foco

Fique por Dentro!

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Caro amigo leitor! Para a Igreja Católica, bem como para a Diocese de Dou-

rados, há razões de sobra para saudar e festejar o mês de junho. Nele, são homenageados três santos muito estimados por todo o povo católico: Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. Neste contexto, as agradáveis festas juninas somam-se à nossa cultura popular, e nelas se revelam, sem dúvida alguma, a sim-plicidade e a alegria de nosso povo, além de resgatar a solidarie-dade e a fraternidade entre as pessoas.

Em nossa Diocese temos a graça de em junho, celebrar a festa do padroeiro, o Sagrado Coração de Jesus, e neste ano, na costumeira romaria, receberemos a ilustre presença do Núncio Apostólico D. Giovanni d´Aniello, embaixador de sua Santida-de o Papa Francisco no Brasil.

Dom Redovino, na página “Palavra do Pastor”, nos pro-porciona uma bela retomada histórica de nossa Catedral dioce-sana, recordando-nos, assim, que ela é por si só “retrato da fé de um povo”. Ainda em termos de reflexão, na página “Palavra de vida”, Pe. Fábio Ciardi nos leva a pensar acerca da ansiedade e da preocupação que muitas vezes pressupõem os nossos tra-balhos. Com o exemplo de Marta e Maria, podemos tirar uma bela lição para nossa vida cotidiana. Por falar em testemunho, não deixe de ler também a fantástica história de vida de São José de Anchieta, que muito fez pela evangelização no Brasil.

Ainda nesta edição, temos a pertinente mensagem do Papa Francisco, que nos leva à reflexão quanto ao apostolado do pa-dre, ou seja, as suas inúmeras atividades pastorais. O cansaço dos padres é uma graça ou um peso? Juntos, podemos refletir.

Não deixe ainda de ver: “A Igreja é notícia”, através desta página você pode ficar por dentro das notícias de nossa Igreja, tendo uma visão panorâmica sobre ela, e seus acontecimentos. Leia também, “Opiniões que fazem opinião”, um bonito artigo escrito por Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém do Pará, sobre o “Ano da Misericórdia” promulgado pelo Papa.

Quanta coisa boa não é? Ainda temos mais; reze, celebre e reflita junto com os círculos bíblicos, preparados com imen-so carinho para seu crescimento na fé. Aprofunde, junto com o padre Fernando Lorenz, o seu conhecimento sobre a temática do celibato sacerdotal. “A diocese em revista” te ajuda a ficar antenado aos acontecimentos diocesanos. Quanto a “Vida em família”, “A igreja em serviço”, “Fatos em foco” e “Fique por dentro” não podem ficar sem a sua apreciação, vale a pena conferir!

Boa leitura e um abençoado mês de ju-nho!

Fraterno abraço.

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Catedral de Dourados, retrato da fé de um povo

A Palavra do Pastor

Dom Redovino Rizzardo, csBispo Diocesano

Assim como aconteceu com boa parte do que constitui o atual território do Estado do Mato Grosso do Sul, também a região onde se localiza hoje a cidade de Dourados começou a ser povoada após a Guerra do Paraguai (1864/1870). Dentre os nomes com que foi conhecida de 1900 a 1913, quando assumiu a denominação atual, aparecem “São João Batista de Dourados” e “Patrimônio das Três Padroeiras” – esta última por abrigar, em seu “perímetro urbano”, três cruzeiros de madeira, dedicados, respectivamente, à Imaculada Conceição, a Santa Rita e a Santa Catarina.

Podem parecer simples e corriqueiros, mas são sinais que demonstram a religiosidade que permeava seus povoadores. A primeira igreja foi construída em 1925. Iniciada no mês de junho, graças à dinamicidade da “Comissão pró-construção da Capela”, formada por nove lideranças da cidade, e à perícia do pedreiro Alfredo Oliveira de Abreu, foi concluída em seis meses, e aberta ao público no dia 8 de dezembro, quando acolheu a imagem de Nossa Senhora da Conceição, após ser levada em procissão pelas vielas do povoado. Contudo, a bênção e a inauguração oficial aconteceram a 6 de junho de 1926, quando passou por Dourados o Pe. João Giardelli, missionário salesiano.

Por sua vez, a paróquia foi criada no dia 3 de outubro de 1935, um mês e meio antes de Dourados se tornar município. Contudo, os Franciscanos que a atendiam, o faziam desde Campo Grande ou Rio Brilhante, onde residiam. Ao se estabelecer em Dourados, no dia 18 de outubro de 1940, uma das primeiras preocupações do pároco, Frei Higino Latteck, foi ampliar a capela e dotá-la de uma sacristia e de um novo piso – reforma que foi terminada a 25 de maio de 1941.

Graças à intensa atividade pastoral desenvolvida por eles, a capela se demonstrou logo insuficiente para abrigar os fiéis, que passavam a despertar para a fé. Por isso, no dia 12 de março de 1944, foi lançada a pedra fundamental de uma nova igreja matriz. Apesar de pequena, ela suscitou o entusiasmo e a união da população católica, que há anos se sentia em desvantagem (não apenas numérica!) ante a influência despertada pela Igreja Presbiteriana. Foi inaugurada a 31 de dezembro daquele ano, mas o piso e o forro só foram colocados em 1953.

Com a criação da diocese de Dourados, em 15 de junho de 1957, começou-se a pensar numa igreja digna do passo que fora dado. No dia 8 de dezembro de 1958, Dom José de Aquino Pereira, primeiro bispo diocesano, abençoou a pedra fundamental. A 3 de outubro de 1960 – quando se celebrou o Jubileu de Prata da criação da paróquia –, foi celebrada a primeira missa na nova igreja, ainda incompleta. No

dia 8 de dezembro, festa da padroeira, teve lugar a sua solene inauguração. A fachada de duas torres é a que permanece até os dias de hoje. Os três sinos – batizados com os nomes de Cristo Rei, Virgem Imaculada e São Francisco – foram trazidos da Alemanha por Frei Teodardo Leitz, em 1962.

Em 1988, Dom Teodardo Leitz, terceiro bispo diocesano, pensou que, ao invés de construir uma nova catedral – em outro local, e dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, como determinava o decreto de criação da Diocese, assinado pelo Papa Pio XII –, seria mais fácil e prático reformar e ampliar o templo existente. Foi o que fez, e, no dia 11 de fevereiro de 1990, na presença de Dom Carlos Furno, Núncio Apostólico, foi inaugurada aquela que passou a ser, a partir de então, oficialmente, a catedral da Diocese de Dourados.

Outra importante reforma foi levada adiante dez anos depois, por ocasião do Ano Santo de 2000, durante o governo pastoral de Dom Alberto Först. Nesta ocasião, o templo foi enriquecido com um mosaico, reconhecido como um dos maiores e mais ricos do Brasil.

Em seu conjunto, as duas reformas dobraram as dimensões originais da igreja de 1960, e sua capacidade de acolhida passou de 400 para 850 pessoas.

Por fim, em 2014, graves problemas estruturais obrigaram a pensar numa nova e profunda reforma que, levada adiante por uma das empresas mais conceituadas do país em assuntos de arquitetura religiosa, acabou por transformar a catedral numa autêntica obra de arte, fruto da fé, da união e da generosidade de um povo que, ao renovar o seu “templo-mor”, também cresce como “Igreja-família” amada de Deus.

Em 2007, durante o Jubileu de Ouro da Diocese, foram inseridas imagens nos seis nichos dispostos na fachada da catedral. No alto, duas imagens da Virgem Maria: Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, e Nossa Senhora de Guadalupe, patrona dos povos indígenas. Logo abaixo, dois santos muito queridos à devoção popular: São Benedito e Santo Antônio. Por fim, na base do triângulo, São Pedro, demonstrando a unidade da Igreja de Dourados com a Igreja de Roma; e São Francisco de Assis, incentivando-nos ao cuidado com os irmãos e o com o meio-ambiente.

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Palavra de Vida

“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária” (Lc 10, 41-42)

Pe. Fábio Ciardi

Quanto afeto na repetição deste nome: Marta, Marta. A casa de Betânia, a uns três quilômetros de Jerusalém, é um lugar onde Je-sus costuma se deter para repousar com os seus discípulos. Lá fora, na cidade, Ele tem de enfrentar discus-sões, encontra oposição e rejeição, enquanto aqui existe paz e acolhida.

Marta é empreendedora e ativa. É o que ela demonstra tam-bém por ocasião da morte de seu irmão Lázaro, quando entra num diálogo sério com Jesus, no qual o questiona com energia. É uma mu-lher forte, que mostra uma grande fé. Diante da pergunta: “Crês que eu sou a ressurreição e a vida?”, ela responde, sem hesitar: “Sim, Se-nhor, eu creio” (Jo 11,25-27).

Também agora ela está ata-refada na preparação de uma acolhida digna do Mestre e dos seus discípulos. Ela é a patroa, a dona de casa (como diz o próprio nome: Marta significa “patroa”) e, portanto, sente-se responsável. Provavelmente está preparando o jantar para o ilustre hóspede. Ma-ria, sua irmã, deixou-a sozinha nas suas ocupações. Contrariamente aos hábitos orientais, em vez de permanecer na cozinha, fica escu-tando Jesus junto com os homens, sentada aos seus pés, exatamente como a perfeita discípula. Daí a intervenção um pouco ressentida de Marta: “Senhor, não te impor-tas que minha irmã me deixe so-zinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!” (Lc 10,40). Daí a resposta afetuosa e, ao mesmo tempo, firme de Jesus: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária”.

Será que Jesus não estava satisfeito com o espírito empreen-dedor e o serviço generoso de Mar-ta? Não lhe agradaria a acolhida concreta e não apreciaria de bom

grado as iguarias que lhe estava preparando? Pouco depois desse episódio, nas parábolas, Jesus elo-gia administradores, empresários e empregados que sabem fazer render talentos e negociar os bens. Elogia até mesmo a esperteza de-les. Portanto, não podia deixar de se alegrar ao ver uma mulher tão cheia de iniciativa e capaz de uma acolhida dinâmica e abundante.

O que Ele repreende é a an-siedade e a preocupação que ela põe no trabalho. Fica agitada, “so-zinha com todo o serviço”, per-deu a calma. Não é mais ela quem orienta o trabalho, foi o trabalho que assumiu o comando e a tira-nizou. Ela não está mais livre, tor-nou-se escrava da sua ocupação.

Não acontece também co-nosco de, às vezes, nos perdermos nas mil coisas a serem feitas? So-mos atraídos e distraídos pela in-ternet, pelo WhatsApp, pelos SMS inúteis. Mesmo quando se trata de compromissos sérios que nos prendem, eles podem nos fazer es-quecer que devemos estar atentos aos outros, escutar as pessoas que estão perto de nós. O perigo é, so-bretudo, perder de vista o porquê e para quem trabalhamos. É deixar que o trabalho e as outras ocupa-ções se tornem um fim em si mes-mos.

Ou, senão, somos tomados pela ansiedade e pela agitação diante de situações e problemas difíceis, que dizem respeito à famí-lia, à economia, à carreira, à escola, ao futuro nosso ou dos filhos, até o ponto de esquecermos as palavras de Jesus: «Não vos preocupeis, perguntando: “Que vamos comer? Que vamos beber? Como nos va-mos vestir?” Os pagãos é que vi-vem procurando todas essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso» (Mt 6,31-32). Se assim for, também nós

merecemos a repreensão de Jesus: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária”.

Qual é a única coisa necessá-ria? Escutar e viver as palavras de Jesus. Nada, absolutamente nada pode ser colocado acima delas – e Dele que fala. A verdadeira hospi-talidade que podemos oferecer ao Senhor, fazê-lo sentir-se em casa, é acolher o que Ele nos diz. Justa-mente como fez Maria, que esque-ceu tudo, colocou-se a seus pés e não perdeu uma só de suas pala-vras. Seremos guiados não pelo desejo de aparecer ou liderar, mas de agradar a Ele, de estar a serviço de seu reino.

Tal como Marta, também nós somos chamados a fazer “muitas coisas” para o bem dos outros. Je-sus nos ensinou que o Pai quer que demos “muito fruto” (Jo 15,8) e que façamos até obras ainda maiores do que Ele. Portanto, de nós Ele espera dedicação, paixão no trabalho que temos a executar, criatividade, ou-sadia, iniciativa. Mas sem ansieda-de e agitação, com aquela paz que vem do fato de sabermos que esta-mos cumprindo a vontade de Deus.

A única coisa que importa é que nos tornemos discípulos de Jesus, que deixemos que viva em nós, que estejamos atentos às suas sugestões, à sua voz sutil que nos orienta momento por momento. Desse modo, será Ele quem nos guiará em todas as nossas ações.

Ao executar as “muitas coi-sas” não estaremos distraídos e desatentos porque, seguindo as pa-lavras de Jesus, seremos motivados somente pelo amor. Em todas as ocupa-ções faremos sempre a mesma coisa: amar.

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São José de AnchietaTestemunho de Vida

Apesar de ser conhecido e reverenciado como apóstolo do Brasil desde a sua morte, ocorrida a 9 de junho de 1597, José de An-chieta teve que esperar 417 anos para ter sua vida de santidade e suas virtudes reconhecidas pela Igreja, o que aconteceu através do decreto de canonização, assinado pelo Papa Francisco, no dia 3 de abril de 2014.

Anchieta nasceu na ilha de Tenerife (arquipélago das Caná-rias), no dia 19 de março de 1534, festa de São José, do qual herdou o nome, e foi batizado poucos dias depois, a 7 de abril.

Seu pai, João Lopez de An-chieta, um revolucionário basco que lutara contra o Imperador Carlos V, era parente de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Sua mãe, Mência Dias de Clavijo y Lere-na, natural das Ilhas Canárias, era filha de judeus que haviam se tornado cristãos. Dos doze filhos, três abraçaram o sacerdócio: Pe-dro, Melquior e José.

Anchieta viveu com a famí-lia até os catorze anos. Em 1548, se estabeleceu em Portugal, com o intento de estudar humanida-des e filosofia na universidade de Coimbra. Por ser inteligente e comunicativo, era estimado e querido por todos. Gostava de escrever poesias e de declamar. Pela voz doce e melodiosa que o caracterizava, era apelidado pe-los companheiros de “canarinho”.

Influenciado pelas cartas envia-das da Índia por São Francisco Xavier, optou pela vida reli-giosa na Companhia de Jesus, onde in-gressou a 1º de maio de 1551, aos 17 anos.

Em 1553, quando completa-va 19 anos, apesar dos limites de sua saúde (padecia de tuberculo-se óssea), acolheu o convite fei-to pelo Pe. Manuel da Nóbrega, Superior Provincial dos Jesuítas no Brasil e, decidiu partir como missionário para o nosso país. Chegou a Salvador no dia 13 de julho após 65 dias de viagem, jun-tamente com outros seis compa-nheiros e o segundo Governador--Geral, Dom Duarte da Costa.

Após três meses de perma-nência nessa cidade, em outubro viajou para São Vicente, no lito-ral paulista, onde passou a resi-dir, ao longo de doze anos, com o Pe. Manuel da Nóbrega. Para melhor conhecer e catequizar os indígenas, aprendeu o tupi-gua-rani e escreveu a primeira gramá-tica nessa língua, publicada em Coimbra, em 1595.

A 25 de janeiro de 1554, no planalto de Piratininga, partici-pou da fundação do Colégio de São Paulo, do qual se originou a cidade de São Paulo.

Com os indígenas, An-chieta demonstrou-se, de acordo com as necessidades, médico, sacerdote e educador. Defendia--os dos colonizadores, que que-riam escravizá-los e tomar suas mulheres e crianças. Cuidava do corpo, da alma e da mente. Na catequese, recorria ao teatro e à poesia, tornando a aprendizagem um processo prazeroso.

Durante os 44 anos que passou no Brasil, viajou (na maioria das vezes a pé) por praticamen-te todo o seu litoral, deste Itanhaém, em São Paulo, até Olin-da, em Pernambuco. Por mais vezes, pre-cisou negociar a paz

entre portugueses e indígenas, como em 1563, na “Confederação dos Tamoios”, ocasião em que se ofereceu como refém dos índios, em Iperoig. Foi nesse período que compôs o seu “Poema à Virgem”.

A 1º de março de 1565, en-trou com Estácio de Sá na baía de Guanabara, colocando os funda-mentos da que viria a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janei-ro. Apoiou o Governador-Geral (e o assistiu em sua morte) na luta que travou contra os france-ses, que haviam tomado a região em 1555 e donde foram expulsos em 1567.

Em 1566, com 32 anos de idade, José de Anchieta foi orde-nado sacerdote em Salvador, na Bahia.

No ano seguinte, voltou ao Rio de Janeiro e a São Vicente. Em 1569, fundou o povoado de Reri-tiba (atual cidade de Anchieta, no Espírito Santo). De 1570 a 1573, dirigiu o colégio que os jesuítas haviam fundado no Rio. Em 1577, foi nomeado Superior Provincial da Companhia de Jesus no Bra-sil, serviço que prestou por dez anos. Em 1587, pediu para deixar o cargo e se retirou para Reritiba. Seu “descanso”, porém, foi ex-tremamente curto: pouco depois, foi chamado a dirigir o colégio jesuíta de Vitória, até o ano de 1595, quando, enfraquecido pelas fadigas e pelas doenças, voltou definitivamente para Reritiba. Ali também faleceu a 9 de junho de 1597, aos 63 anos. Os índios leva-ram seu corpo numa viagem de 80 quilômetros, até Vitória, onde foi sepultado.

Beatificado pelo Papa João Paulo II durante a sua viagem ao Brasil em 1980, José de Anchieta foi canonizado pelo Papa Francis-co a 3 de abril de 2014. Sua festa é celebrada no dia 9 de junho.

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A Palavra do Papa

O cansaço dos sacerdotes! Sabem quantas vezes lembro do cansaço de vocês? Penso muito e rezo com frequência, especialmente quando sou eu quem está cansado. Rezo por vocês, que trabalham no meio do povo de Deus que lhes foi confiado; e muitos de vocês o fazem em lugares isolados e pe-rigosos...

Primeiramente, carregamos o que podemos denominar “o cansaço do povo”. Acontece conosco o que acontecia com Jesus: um cansaço desgastante, mas bom, cheio de frutos e de alegria. O povo que O seguia; as famílias que Lhe traziam os filhos para que os abençoasse; os que foram curados e volta-vam com os seus amigos; os jovens que se entusias-mavam com o Mestre… Não Lhe deixavam tempo nem para comer. Mas o Senhor não Se aborrecia por estar com o povo. Antes, pelo contrário, parecia que ganhava novas energias.

Este cansaço, fruto de nossas atividades, é uma graça que faz parte da vida de um sacerdote. Como é belo ver o povo amar, desejar e precisar de seus pastores! O povo fiel nunca nos deixa sem uma atividade direta, a não ser que alguém se esconda num escritório ou passeie pela cidade com óculos escuros. Este cansaço é bom e saudável. É o cansa-ço do sacerdote que tem cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que olha para seus filhos e netinhos. Isso não tem nada a ver com quem usa perfumes caros e te olha de cima e de longe. Se é Jesus que continua apascentando o seu rebanho en-tre nós, não podemos ser pastores de cara azeda ou melancólica, nem – o que é pior – pastores chatea-dos. Cheiro de ovelhas e sorriso de pais...

Existe também o que podemos chamar “o can-saço dos inimigos”. O diabo e os seus sectários não dormem e, uma vez que seus ouvidos não suportam a Palavra de Deus, trabalham incansavelmente para silenciá-la ou distorcê-la. Aqui o cansaço de enfren-tá-los é mais árduo. Não se trata apenas de fazer o bem, com toda a fadiga que isso implica, mas é preciso também defender o rebanho e defender--se a si mesmo do mal. O maligno é mais astuto do que nós, e é capaz de destruir, num instante, o que construímos pacientemente durante muito tempo. Será, então, preciso pedir a graça de neutralizar o mal, não arrancar a cizânia, não pretender defender como super-homens aquilo que só o Senhor sabe defender. Tudo isto nos ajuda a não deixar cair os braços ante o tamanho da iniquidade e a zombaria

dos malvados. Eis a palavra do Senhor para estas situações de cansaço: «Tende confiança! Eu venci o mundo!» (Jo 16, 33).

Por último, existe ainda “o cansaço de nós pró-prios”. É, talvez, o mais perigoso, pois, enquanto os outros dois surgem do fato de estarmos expostos, de sairmos de nós mesmos para ungir e servir, este can-saço é autorreferencial: é a desilusão conosco mes-mos, quando não encaramos com alegria e serenida-de o fato de sermos pecadores e carecidos de perdão. (Neste caso, a pessoa pede ajuda e segue em frente).

É o cansaço que brota do “querer e não que-rer”, de ter apostado tudo e, depois, pôr-se a chorar pela saudade dos alhos e cebolas do Egito. É o can-saço que nos atormenta quando seguimos o mun-danismo espiritual. Quando uma pessoa reflete so-bre si mesma, dá-se conta de quantas dimensões de sua vida foram impregnados por este mundanismo, e tem a impressão de que não há água que a pos-sa purificar. O Apocalipse nos indica a verdadeira causa deste cansaço: «Tens constância, sofreste por minha causa sem te cansares. No entanto, tenho uma coisa contra ti: abandonaste o teu primeiro amor» (2,3-4). Só o amor dá repouso. O que não se ama, cansa. E, com o passar do tempo, torna-se um cansaço mau.

Sabemos que, pelos pés, se pode saber como anda todo o nosso corpo. No modo de seguir o Se-nhor, manifesta-se como está o nosso coração. As chagas dos pés, os entorses e o cansaço são sinal de como O seguimos, das estradas que percorremos à procura das ovelhas perdidas, tentando conduzir o rebanho aos prados verdejantes e às águas tranqui-las. O Senhor nos lava e nos purifica de tudo aquilo que se acumulou em nossos pés ao segui-Lo. Isto é sagrado. O seguimento de Jesus é lavado pelo pró-prio Senhor para que nos sin-tamos no direito de ser e viver alegres, satisfeitos, sem medo nem culpa e, assim, tenhamos a coragem de sair e ir a todas as periferias até aos confins do mundo, levar esta Boa-Nova aos mais abandonados, sabendo que Ele estará sempre conosco, até ao fim dos tempos.

(Quinta-feira santa,

2 de abril de 2015).

O cansaço dos padres é uma graça ou um peso?

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Viagem apostólica do Papa Francisco ao Equador,

Bolívia e Paraguai

A Igreja é Notícia

Jovens religiosos participam de missão na Amazônia

Bispos da CNBB participam de encontro sobre a nova

encíclica do papa Francisco

O papa Francisco realizou a convocação oficial do Jubileu extraordinário da Misericórdia no dia 11 de abril. Na ocasião foi entregue aos quatro cardeais-arciprestes das basílicas papais de Roma a Bula “Misericordiae Vultus” (O rosto da Misericórdia). O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, acontecerá de 8 de dezembro deste ano até 20 de novembro de 2016. Foi criado também um website que está disponível em seis idiomas e possui o anúncio do Jubileu, a Bula de Convocação, notícias, vídeos, galeria de fotos e um formulário, para contato com o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, responsável pela organização do Ano Santo.

O dia 8 de dezembro de 2015 também marca os 50 anos de encerramento do Concílio Vaticano II. O Papa Francisco assinalou este evento como “uma nova etapa na evangelização de sempre” e, citando São João XXIII e o Beato Paulo VI, ressaltou o primado da misericórdia na vida da Igreja.

O papa Francisco estará entre os dias 5 e 13 de julho em visita ao Equador, Bolívia e Paraguai. Durante os oito dias de viagem pela América Latina, o líder da Igreja Católica terá uma série de encontros, visitas e discursos pastorais. Será a maior viagem ao exterior que o Papa Francisco fará desde o começo do seu Pontificado. O Santo Padre visitará o Equador, a Bolívia e o Paraguai, seguindo um programa que já se encontra disponível no site oficial da Santa Sé: http://www.vatican.va/content/vatican/pt.html.

No Vaticano, bispos, sacerdotes, religiosos, lideranças e organizações enga-jadas no desenvolvi-mento e na promoção dos povos nativos participam do Encon-tro Preparatório para a publicação da Encíclica do papa Francisco, sobre a Ecologia. O evento é promovido pela Agência de ajudas da Igreja Católica da Ingla-terra e Gales (CAFOD). O documento, escrito pelo pontífice, tratará da realidade do meio am-biente, mudanças climáticas, e o cuidado com a criação. A proposta é reunir a colaboração das entidades presentes em diversos países, com objetivo comum de contrastar a pobreza e a in-justiça. Durante o evento, os congressistas dis-cutem sobre como levar a Encíclica a católicos e não-católicos, a partir de um diálogo inter-reli-gioso. Em entrevista à Rádio Vaticano, dom Le-onardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comentou que a Encí-clica “será um grande impulso para a Igreja brasilei-ra em seu comprometimento com o diálogo e as novas relações com a natureza, que não podem ser ditadas pela economia”. Ainda de acordo com o bispo, “o documento ajudará a abrir horizontes e assumir com mais coragem o trabalho dos bispos, em questões do meio-ambiente sustentável”.

As Comissões Episcopais para a Amazônia, para a Juventude e para a Ação Missionária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Conferência dos Religiosos do Bra-sil (CRB), promoveram, de 28 de março a 6 de abril, a Primeira Missão da Vida Religiosa Jovem, realizada na diocese de Óbidos (PA) e na prelazia de Itaituba (PA). Jovens religiosas e religiosos de dez estados brasileiros receberam um dia de formação em Santarém, depois fo-ram enviados em missão às duas igrejas particulares. O objetivo da iniciativa foi dar oportunidade à juventude da Vida Religiosa de vivenciarem a experiência em ter-ras amazônicas.

Em 2014, no projeto Missão Jovem da Amazônia, aproximadamente três mil jovens manifestaram o desejo de abraçar essa missão, entre eles muitos religiosos/as. A CRB assumiu, então, acompanhar os jovens religiosos que se dispuseram à missão na Amazônia. “E neste ano da Vida Consagrada, em missão é o momento de agrade-cer o grande dom, vivendo o presente no ardor da mis-são, na entrega, sob o estímulo também do Papa de ‘sair’ “, enfatizou a assessora da Comissão para a Amazônia da CNBB, irmã Maria Irene Lopes dos Santos. Para o bis-po do prelado de Itaituba, dom Wilmar Santini, possi-bilitar a experiência missionária aos jovens, “os fortalece vocacionalmente no seguimento a Jesus Cristo”.

Papa Francisco convoca Ano Santo da Misericórdia

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Opiniões que fazem opinião

Dom Alberto Taveira CorrêaArcebispo de Belém do Pará

Ano santo da misericórdiaEm tempos de justiceiros que emergem para

matar em nome de convicções religiosas, ou de fabri-cantes de armas que municiam os diferentes lados em conflito, em época de violência institucionalizada, ou enganos vindos de poderosos que burlam a confiança das massas, surge uma proclamação que pode soar anacrônica nos ouvidos de muitos, a convocação de um Jubileu especial, o Ano da Misericórdia, vinda do grande Papa Francisco, para chegar ao coração da hu-manidade.

Vale falar de perdão e de misericórdia num mundo em que as pessoas só querem exigir os pró-prios direitos, prontas a processar umas às outras por qualquer expressão inadequada, onde as cercas se erguem para defender o próprio espaço e o medo se torna a regra da convivência?

Sim, somos convidados pelo Papa e pela Igreja a nadar contra a correnteza e dizer que existem reservas de bondade e capacidade de reconciliação no coração humano.

Em tempos recentes, a Grécia passa por fases difíceis quanto à sua economia, em busca de soluções para suas dívidas internacionais. Pois bem, foram jus-tamente alguns gregos que se aproximaram um dia dos discípulos, pois queriam “ver Jesus” (Jo 12, 20-33). Era gente de longe, em quem podemos vislumbrar a multidão de pessoas que acorreriam a Jesus durante os séculos futuros, inclusive o nosso, até que ele ve-nha! Compartilhando o “sonho de Deus”, queremos ver muita gente afastada se aproximar, encontrando o re-gaço acolhedor da Mãe Igreja, no qual as pessoas são reconhecidas pelo nome, recebem o carinho que lhes é devido e são tratadas com misericórdia.

Queremos ver Jesus junto com as pessoas que perderam a fé. Algumas delas chegaram a este ponto pela falta de um testemunho coerente que as atraísse. Outras se encontram num emaranhado de questões internas a serem, sem dúvida, respeitadas, mas que as lançam num verdadeiro beco sem saída. Não temos receio de dialogar com elas e desejamos empreender juntos um caminho de busca da verdade. “Venham!”.

Sonhamos com as pessoas que se entregaram à revolta com a vida, com seus familiares e com Deus. Pensamos naquelas que se tornaram intratáveis, afas-tadas de tudo e de todos, jogadas num canto, moran-do sozinhas, totalmente isoladas. Queremos visitá-las e desejamos descobrir irmãos e irmãs que o façam conosco ou em nosso nome. O olhar da misericórdia comece pelos mais distantes. Nossas cidades estão re-pletas de pessoas assim, jogadas ao próprio destino. Encontremos o modo para dizer-lhes “venham!” para

a Casa do Pai das Misericórdias.Abrimos os nossos braços para os que moram

nas ruas, e já são várias gerações que não sabem o que é uma casa! São muitos os mendigos de pão, dinhei-ro e afeto, que precisam reencontrar seu nome e seu lugar na sociedade. Apelo à criatividade de pessoas, grupos, movimentos e pastorais, para que uma nova onda de solidariedade apostólica encontre caminhos para chegar a estes irmãos e irmãs. Tenham o espírito missionário necessário para dizer “venham!” a estas pessoas.

Descubram seu espaço no coração da Igreja os que estão mergulhados no vício, na tragédia das dro-gas, de modo especial os jovens que carregam este peso e suas sofridas famílias. Deus nos conceda a gra-ça de oferecer-lhes espaço de conversão, recuperação e reinserção social. Seja a “Fazenda/Casa da Esperança” ou outras iniciativas semelhantes, o espaço de acolhi-mento de amor, para que “venham”.

Este é também o tempo para a Igreja ir ao en-contro das famílias, sobretudo as que estão dividi-das e vivem crises mais graves. Nenhuma família, por maiores que sejam seus dramas internos, se sinta abandonada e rejeitada pela Igreja! Cresçam os esfor-ços para chegar a elas o carinho dos cristãos, com o qual são superados os julgamentos e as pessoas consi-gam dar os passos que lhes são possíveis e “venham”.

Não é difícil perceber que o “venham!” não é feito de comodismo, mas se realiza na capacidade de ir missionariamente a todos os que se encontram em situações difíceis. O reduzido elenco aqui apresenta-do pode se multiplicar, transformando-se numa bela ladainha de iniciativas a serem tomadas. Cada pessoa se revista dos dois papéis! Você pode ser atingido pelo convite da Igreja ou pode se sentir enviado. Há lugar para todos!

O sonho de Deus, expresso de forma magnífica no quinto domingo da Quaresma, soa assim: “Esta é a aliança que farei com a casa de Israel a partir daquele dia: colocarei a minha lei no seu coração, vou gravá-la em seu coração; serei o Deus deles, e eles, o meu povo. Ninguém mais precisará ensinar seu irmão, dizendo-lhe: ‘Procura co-nhecer o Senhor!’ Do menor ao maior, todos me conhecerão. Já terei perdoado suas culpas, de seu pecado nunca mais me lembrarei” (Jr 31, 33-34).

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Círculos Bíblicos

Acolhida: Preparar Bíblia, vela, pão e vinho.

Animador/a: Mais uma vez esta-mos reunidos e reunidas em torno da Palavra de Deus. Bem-vindos! Nesta semana celebramos a festa do Corpo e Sangue de Cristo, “ges-to supremo de Amor”. Iniciemos, cantando o Sinal da Cruz.

Canto: à escolha

ABRINDO OS OLHOS PARA VERAnimador/a: Durante a Última Ceia aconteceu o último encontro de Jesus com os discípulos. Foi um encontro tenso, cheio de contradi-ções. Judas já tinha decidido trair Jesus. Pedro ia negá-lo! Todos fu-gindo! Eles vão romper com Jesus, mas Jesus não rompe com eles! Je-sus sabia disso! Mesmo assim não perdeu a ternura; fez questão de confraternizar com seus amigos. Por maior que tinha sido o fracasso dos doze, o amor de Jesus foi maior ainda. Amou-nos até o fim! Foi na cruz que Jesus realizou o gesto su-premo do seu amor, entregando seu Corpo e derramando seu San-gue em favor de muitos.Todos: “Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!”

ORAÇÃO INICIALLeitor/a 1: Venham, ó nações, ao Senhor cantar!Todos: Ao Deus do universo venham festejar!Leitor/a 2: Seu amor por nós, firme para sempre!Todos: Sua fidelidade dura eterna-mente!Leitor/a 1: És a Luz do mundo, és a Luz da vida!Todos: Cristo Jesus, Bom Pastor, és nossa alegria! Leitor/a 2: Venham, adoremos a nosso Senhor!Todos: Pois sua Santa Ceia Ele nos deixou!Leitor/a 1: Vinho e pão na mesa, Cristo partilhou!

Todos: Comunidade santa, corpo do Senhor!Leitor/a 2: Aleluia, irmãs, aleluia irmãos!Todos: Glória a Jesus Cristo, nossa Salvação!

ESCUTANDO A PALAVRAAnimador/a: Na Última Ceia Jesus faz um gesto de partilha, convi-dando seus amigos a tomar o pão e o vinho: Ele mesmo, seu Corpo e seu Sangue! “Tomem! Isto é o meu Corpo, que é dado por vocês! Bebam! Isto é o meu Sangue, der-ramado em favor de vocês!” Eu sou assim: dou-lhes minha vida inteira! “Façam isto em memória de mim!” Façam do jeito que eu fiz!

Leitor/a 1: Jesus não teve medo de doar-se por nós, de entregar a sua vida por amor à humanidade. Ce-lebrar a Eucaristia é aprender de Jesus: doar-se inteiramente, amar gratuitamente, servir desinteressa-damente! Comungar é ter os mes-mos sentimentos que havia em Je-sus: totalmente entregue aos outros! Todos: “Ninguém tem AMOR MAIOR do que aquele que dá a vida pelos amigos!” (Jo 15, 13).

Canto de Aclamação

Leitor/a 3: Evangelho de Jesus Cris-to segundo Marcos 14, 12-16. 22-25.

PARTILHANDO A PALAVRAa) Qual o ponto deste texto que mais tocou seu coração? Por quê?b) O que significa a Eucaristia para você?

REZANDO A PALAVRAAnimador: A cada frase, rezemos juntos:Todos: Nós estamos reunidos em teu nome!

Leitor/a 2: Jesus, Senhor Ressusci-tado, Autor da Vida.Jesus, Bom Pastor, que nos conhe-ces pelo nome.Jesus, amigo dos pobres, os preferi-dos de Deus.Jesus, Príncipe da Paz, fonte de todo perdão.Jesus, presente na Eucaristia, gesto supremo de amor.Jesus, que passaste pela terra, fa-zendo o bem.Jesus, Emanuel, “Deus está conos-co”.Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

ASSUMINDO A PALAVRAc) “Antes de tudo, ouço dizer que, quando estão reunidos em assembleia, há divisões entre vocês... Cada um se apressa em comer sua própria ceia. E, enquanto um passa fome, outro fica embriagado” (1 Cor 11, 18. 21).Comungar assim é comungar “in-dignamente”, diz Paulo! Que acha disso?

BÊNÇÃO Animador/a: Que Deus Pai cuide de nós com carinho; e que Ele nos indique o caminho da paz! AMÉM!Que Deus Filho nos ensine o ver-dadeiro amor; e que Ele tenha com-paixão, quando cairmos, errarmos! AMÉM!Que Deus Espírito Santo nos dê força em nosso caminhar; e que Ele nos aqueça com o fogo de seu amor! AMÉM!Que Deus nos abençoe: PAI, FI-LHO e ESPÍRITO SANTO!

Canto final (Partilhar o pão e o vinho).

1º EncontroEucaristia: Gesto supremo de Amor!

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2º Encontro“Eis que estou à porta e bato”

Círculos Bíblicos

Acolhida: Arrumar um altar com uma imagem ou quadro de Jesus: Sagrado Coração, Jesus Miseri-cordioso ou Ressuscitado. Colo-car também a Bíblia e flores.

Animador/a: Queridos irmãos e irmãs sejam todos bem-vindos! Este é para nós um mês muito especial. Celebramos o Sagrado Coração de Jesus, Padroeiro da nossa diocese! Assim como Ele nos acolhe, vamos também nos acolher com um abraço fraterno. Iniciemos nosso encontro invo-cando a Santíssima Trindade: Em nome do Pai...

Canto: Tu anseias, eu bem sei, por salvação. Tens desejo de banir a escuridão. Abre, pois, de par em par, teu coração, E deixe a luz do céu entrar.Deixa a luz do céu entrar (2x)Abre bem as portas do seu cora-ção e deixa a luz do céu entrar.

ABRINDO OS OLHOS PARA VERAnimador/a: Não há dúvidas de que o lugar, onde Jesus se encon-tra, é sempre à porta do coração do pecador. A iniciativa de estar conosco, cear conosco, nos visitar e permanecer conosco é sempre Dele. Sabemos que a presença de Jesus é real em nosso meio, neste momento de oração. Ele mesmo disse: “Onde dois ou mais estive-rem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).

ORAÇÃO INICIALAnimador/a: Confiantes reze-mos, invocando o Sagrado Cora-ção de Jesus.

Leitor/a 1: “Vós que temeis ao Senhor, esperai em sua miseri-córdia, não vos afasteis dele, para que não caiais”.Todos: Sagrado Coração de Jesus,

eu confio e espero em Vós!

Leitor/a 2: “Vós que te-meis ao Senhor esperai Nele, sua misericórdia vos será fonte de ale-gria. Vós que temeis ao Senhor, amai-o e vossos corações se encherão de luz”.

Leitor 3: “Ai do coração fingido, dos lábios perversos e das mãos malvadas, do pecador que leva uma vida de duplicida-de. Ai dos que saíram do caminho reto e tomaram maus caminhos”.

Leitor/a 4: Aqueles que temem ao Senhor preparam o coração, san-tificam suas almas e andam na presença dele”.

ESCUTANDO A PALAVRA DE DEUSAnimador/a: O que significa abrir-mos a porta para Jesus? Significa que Ele está esperando uma atitu-de nossa. Que saiamos do lugar e que tomemos a decisão de abrir a porta. Abri-la é dar credibilidade à Palavra de Deus, ter confiança no que Ele diz e praticá-la.

Canto de aclamação: Buscai pri-meiro o Reino de Deus/ e a sua justiça/ e tudo mais vos será acrescentado/ aleluia/ aleluia.

Leitor/a 5: Leitura do livro do Apocalipse 3, 19-22 (proclamar duas vezes).

PARTILHANDO A PALAVRAa) Muitos fecham as portas do coração para Jesus, porque não querem mudar de vida. Comente a afirmação.b) De que jeito hoje Jesus bate à nossa porta?

REZANDO A PALAVRAAnimador/a: “No co-ração de Jesus existe a fortaleza para os fracos, a coragem aos tímidos, luz e conselho aos hesi-tantes, e para todos nós: humildade, paz, carida-de e alegria de viver” (Santa Paula Frassinetti). Rezemos:

Lado A: Ó Coração de Jesus, fonte viva da Vida Eterna, tesouro infinito de bondade e mi-sericórdia, vós sois meu lugar de descanso, refúgio e segurança.Todos: Jesus, que a minha von-tade seja fazer a Tua vontade. Amém!

Lado B: Ó Coração de Jesus, infla-mai meu coração com o mesmo amor a Deus e ao próximo, con-forme é o teu coração. Derramai sobre nós vossas graças.Todos: Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso!

ASSUMINDO A PALAVRAc) Ouvir a voz de Jesus, que está à nossa porta, é ter com Ele intimi-dade, é ser dócil e acolhedor. Em que situações fecho a porta do co-ração para Jesus?

BÊNÇÃO FINALAnimador/a: Peçamos ao Imacu-lado Coração de Maria que nos ajude a abrir nosso coração, para que Jesus possa nele fazer mora-da. (Pai Nosso, 3 Ave-Marias, Glória ao Pai). Proteja-nos, guia-nos e abençoe--nos, o nosso Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.

Canto: Uma entre todas foi a es-colhida.

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3º EncontroAtitude do discípulo: ouvir e agir

Círculos Bíblicos

Acolhida: Preparar um altar com o crucifixo, a Bíblia e algumas ve-las acesas lembrando a luz.

Animador/a: Quando se fala da luz nas Escrituras Sagradas, lembramos que ela é sinônimo da verdade, da transparência, da autenticidade, das coisas às cla-ras. Jesus ao falar de sua própria identidade, se exprime de várias maneiras: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, “Eu sou o Bom Pastor”, “Eu sou o Pão da Vida”. Outra expressão forte foi a luz, “Eu sou a Luz do mundo”. Neste encontro de hoje Ele tam-bém fala da luz, talvez não dire-tamente dele próprio, mas da sua Palavra. Ela deve ser anunciada, como uma luz, que é acesa para iluminar a todos da casa. Façamos o sinal da Cruz: Em nome do Pai e Filho...

Canto: É por causa do meu povo machucado, que acredito em reli-gião libertadora. É por causa de Je-sus ressuscitado, que acredito em religião libertadora.1. É por causa dos profetas que anunciam, que batizam, que orga-nizam e denunciam. É por causa de quem sofre a dor do povo. É por causa de quem morre sem matar.

ABRINDO OS OLHOS PARA VER

Animador/a: Al-guém se faz dis-cípulo de Jesus à medida que ouve o seu chamado, faz a experiência dele, e se dispõe a segui--lo. É aquele que vai atrás do Mes-tre e está sempre aprendendo com ele. E por mais

que tenha uma

personalidade própria, suas ati-tudes vão se tornando parecidas com as dele, tanto que o OUVIR e AGIR do discípulo quase se confundem. Peçamos as luzes do Espírito Santo, nesta oração, para entendermos bem a Palavra de Deus, luz para iluminar a todos.

ORAÇÃO INICIAL Todos: Vinde Espírito Santo! En-chei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra.

Oremos: Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua conso-lação. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

ESCUTANDO A PALAVRA DE DEUSAnimador/a: Como a lâmpada que é acesa, a Palavra não é para ficar escondida, mas para ser anunciada e iluminar a todos. As coisas escondidas devem tornar--se públicas. O discípulo, portan-to, não deve fechar-se num gueto. A fé possui um dinamismo mis-sionário e deve nos impulsionar a pregar o Evangelho. A levar a “Alegria do Evangelho”, como nos propõe o Papa Francisco.

Canto: É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa. Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal. (2X)

Leitor/a 1: Proclamação do Evan-gelho de Jesus Cristo segundo Mc 4, 21-22.

PARTILHANDO A PALAVRAa) O que Jesus quer dizer, quando

fala que não se deve acender uma lâmpada para ser colocada em baixo de uma vasilha? b) Para quem é destinada a luz de Cristo? A luz é só para nós?

REZANDO A PALAVRASalmo 27 (26)

Todos: O Senhor é minha luz, e minha salvação: de quem terei medo?

Leitor/a 1: O Senhor é minha luz, e minha salvação: de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza de minha vida: frente a quem teme-rei?

Leitor/a 2: Quando os malfeitores avançam contra mim para devo-rar minha carne, são eles que tro-peçam e caem.

Leitor/a 3: Ainda que um exército acampe contra mim, meu coração não temerá; ainda que uma guer-ra estoure contra mim, mesmo as-sim estarei confiante.

ASSUMINDO A PALAVRAAnimador/a: Jesus afirma que tudo aquilo que está oculto, obs-curo ou escondido se tornará manifesto. Dessa forma, convida seus discípulos a terem atitudes que manifestem as obras da luz.

c) Qual será a missão daqueles que se sentem iluminados pela luz da Palavra de Deus?

BÊNÇÃO FINALAnimador/a: Rezemos o Pai Nos-so por todos os discípulos missio-nários.

Abençoe-nos Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Canto final

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Círculos Bíblicos

4º EncontroO Evangelho atinge o mundo inteiro

Acolhida: preparar o ambiente com um globo ou mapa do mundo. Aos pés do globo, colocar um vaso com terra, Bíblia, uma taça com pe-quenas sementes.

Animador/a: Caríssimos irmãos e irmãs sejam todos bem-vindos!Invoquemos a presença de Deus cantando: Em nome do Pai...

ABRINDO OS OLHOS PARA VERLeitor/a 1: Hoje nos deixamos con-duzir mais uma vez pelo Evangelho de São Marcos, que foi o primeiro catecismo! Os primeiros cristãos, que queriam ser batizados, eram preparados lendo e estudando o Evangelho de São Marcos.

Leitor/a 2: A Palavra de hoje nos anuncia a parábola da semente de mostarda, nos encoraja na nossa missão de sermos Igreja.

Canto: Agora é tempo de ser Igre-ja, caminhar juntos participar.

ESCUTANDO A PALAVRA Animador/a: Estamos no mês do Pentecostes. A Palavra do Senhor nos mostra como o Evangelho de Cristo, anunciado pelos homens, com a ação do Espírito Santo atinge o mundo inteiro.

Canto: A Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do povo. Que cresceu, cresceu e nos trans-formou, ensinando-nos a viver um mundo novo (2x).

Leitor/a 1: Proclamação do Evan-gelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4, 26-34

Leitor/a 2: A palavra “parábola” significa comparação: Jesus con-ta uma história, um fato, para dar uma mensagem, para ensinar-nos algo.

Animador/a: A parábola da semen-te que cresce enquanto a pessoa que a semeou vive o seu cotidiano, dia após dia, põe em evidência a principal característica do Reino: a gratuidade!

Leitor/a 1: Jesus aqui afirma que a iniciativa é de Deus. O Reino é dom de Deus, assim como os frutos da colheita vêm da terra e da fecundi-dade da semente.

Leitor/a 2: A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que Ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível.

Canto: É como a chuva que lava...

PARTILHANDO A PALAVRAAnimador/a: A parábola do grão de mostarda, a menor das semen-tes que se torna a maior das plan-tas, evidencia a ação do próprio Jesus, em sua simples e humilde presença histórica, revelando as maravilhas do rosto do Pai e de seu Reino de Justiça.Partilhemos em pequenos grupos alguns minutos.

a) Reconheço a ação de Jesus na minha vida?b) Como eu colaboro, para que a semente do Evangelho seja lançada aonde ainda não é conhecida?

REZANDO A PALAVRALeitor/a 1: Diante de algumas es-truturas e ações deste mundo a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro.Vamos rezar espontanea-mente pelas pessoas e as realidades do mundo que precisam encon-

trar a luz e a força de Cristo Jesus. A cada pedido rezaremos juntos:Todos: Pai, escuta a nossa oração!

Terminando as orações espontâne-as, rezemos todos: Pai nosso...

Leitor/a 2: Missão é partir, cami-nhar, deixar tudo, sair de si, que-brar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida.É não se deixar bloquear pelos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior.Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos.Descobri-los e encontrá-los.E se, para encontrá-los e amá-los, é preciso atravessar os mares e voar nos céus, então missão é partir até os confins do mundo. (D. Helder Ca-mara)

ASSUMINDO A PALAVRAAnimador: Como podemos colocar em prática a Palavra de São Marcos partilhada hoje?

Leitor/a 1: Como grupo de Círcu-lo Bíblico, pensemos numa ação concreta de Anúncio do Evangelho que possamos fazer juntos.Leitor/a 2: Deus precisa da nossa ação missionária para alcançar os irmãos.Rezemos todos juntos esta oração:

BÊNÇÃO FINAL Animador: Vamos em Paz e anun-

ciemos a todos o amor de Deus!

Em nome do Pai, do Fi-lho e do Espírito Santo!

Canto Final e Abraço de Paz

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Pergunte e Responderemos

Pe. Fernando LorenzVigário da Paróquia Rainha dos

Apóstolos - Dourados

É verdade que o papa Francisco quer acabar com o celibato?*

Minha cara Ana Maria, muito pertinente a sua pergunta, mas antes é preciso considerar que Dom Erwin Kräutler, bispo de Xingu, na selva tropi-cal do Brasil, se reuniu com o Papa Francisco em uma audiência privada, no dia 4 de abril de 2014, e disse numa entrevista que os dois conversaram sobre a or-denação de homens casados “provados” (viri probati). Este assunto surgiu devido à escassez de sacerdotes na diocese do mencionado bispo, considerada maior diocese do Brasil, com 800 comunidades eclesiais e 700.000 fiéis, com apenas 27 sacerdotes, o que significa que as comunidades só podem celebrar a Eucaristia, no máximo, duas ou três vezes ao ano. Diante disso, o papa mencionou o papel significativo das conferên-cias episcopais na intenção de refletir e aprofundar o assunto. Uma forma bem colegiada de lidar com as situações da Igreja. Assim, a 53ª. Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorrida em Aparecida nos dias 15 a 24 de Abril deste ano foi debatida e reaberta a questão.

O papa Francisco, no contexto da sua viagem à Terra Santa no dia 26 de maio de 2014, concedeu uma coletiva de imprensa no avião. Um Jornalista alemão perguntou se na conversa com o patriarca Bartolo-meu havia falado sobre a possibilidade de mudar a norma do celibato. O papa sabiamente, respondeu que “na Igreja católica já tem padres casados” e men-cionou os católicos gregos, os católicos coptas e ou-tros católicos do rito oriental. Sendo que o celibato não é dogma de fé tem-se sempre a “porta aberta”, disse o papa.

O celibato na Igreja católica latina, como bem sabemos, é uma norma disciplinar e não “dogma de fé”. Isso significa que existe a possibilidade de torná--lo opcional, desde que o papa o faça. Em virtude de vários questionamentos sobre admissão de ho-mens casados no sacerdócio ministerial é necessário primeiro aprofundar o sentido do celibato nos seus diversos aspectos históricos, teológicos, espirituais e pastorais. O próprio Jesus fala dos que renunciam ao casamento pelo Reino dos Céus (Mt 19,12), e tam-bém, São Paulo, ele mesmo celibatário, que nos diz que o homem casado se preocupa com a sua família, enquanto o celibatário serve com o coração indiviso (1 Cor 7,32-34).

Em nosso contexto atual para alguns tornar o celibato “algo do passado” seria uma solução para os escândalos cometidos por clérigos. Mas vale lembrar, que o maior índice de abusos de menores ocorre den-tro das famílias. Isso nos leva a considerar antes de tudo que o celibato não é um problema para a Igreja, mas um dom, um carisma. Não é um “fardo pesado”

quando vivido na entrega total ao amor de Deus. A vida celibatária nos ajuda a cultivar uma liberdade interior profunda, sempre aberta a comunicar a gra-tuidade do amor de Deus.

Sem a pretensão de responder as interroga-ções que se seguem, mas na intenção de provocar a reflexão, no que diz respeito à admissão ou não de homens casados no sacerdócio ministerial, nos perguntamos: Será que esta condição não seria, de fato, uma solução para os desafios da Igreja na Ama-zônia? Permitir homens casados de boa índole e de renomadas virtudes a viverem em território missio-nário a fim de atender as necessidades espirituais das comunidades ribeirinhas, não seria um caminho pastoral a seguir? Ou ainda, será que haveria um aumento das vocações sacerdotais? Tendo em vista que para muitos o celibato dificulta o ingresso na vida sacerdotal? Ou será que queremos tratar pro-blemas específicos com remédios errados?

Se o celibato é um dom, será que todos aqueles que são chamados ao sacerdócio ministerial possuem este dom? Teria o celibato algo a dizer numa cultura que esvazia e manipula o significado da sexualidade? O celibato nega a paternidade ou a amplia em seu sentido espiritual? Como o padre casado iria conci-liar a sua vida familiar com a vida paroquial? A sua ação pastoral não ficaria reduzida? O seu ministério não seria confundido com um serviço profissional? Será que o celibato não preserva a dimensão mística da vida sacerdotal? Qual seria a reação das comuni-dades cristãs diante de um padre casado? Será que os bispos das igrejas católicas, de rito oriental, desacon-selhariam à mudança desta disciplina?

Portanto, essas perguntas em nenhum momen-to nos levam a duvidar do valor e da beleza da vida celibatária, mas nos interpelam sobre as reais moti-vações acerca da admissão de homens casados no sacerdócio ministerial. Dada a complexidade deste tema, não queremos fechar a questão, mas promover um sincero diálogo e, para isso, exige-se maturidade teológica, espiritual e sensibilidade pastoral.

* Pergunta feita por Ana Maria Martins Arruda de Oliveira - Paróquia Rainha dos Apóstolos

Envie sua pergunta para:[email protected]

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A Diocese em Revista

Somos todos Frei Éterson!Poucas vezes, na história de Dourados, al-

guém mexeu tanto com os sentimentos e a emoção da população como o Frei Éterson Antônio Terce, OFM, pároco da Paróquia São José Operário, ao longo dos dias que precederam a sua partida para a Casa do Pai, na noite do dia 10 de abril de 2015.

Filho de Nélson Terce e de Erdilei Maria Fran-cisco, ele nasceu no dia 14 de outubro de 1974, em Urânia, no Estado de São Paulo SP. Em 1994, aos 20 anos, fez os seus primeiros contatos com os Frades Menores, Ordem na qual ingressou no ano seguin-te, em Cuiabá.

Em 1997, foi admitido ao noviciado na cidade de Rodeio, em Santa Catarina, onde deixou marcas da sua personalidade decidida, comunicativa e alegre.

Após fazer a sua profissão religiosa a 9 de ja-neiro de 1998, iniciou os estudos de filosofia na Uni-versidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, concluindo-os em 2001.

Em 2002, foi transferido para Rio Brilhante, onde desenvolveu várias atividades pastorais. No ano seguinte, voltou para Campo Grande, a fim de iniciar os estudos de teologia, no Instituto Teológico João Paulo II. Concluiu-os em 2006, ano em que – no dia 17 de novembro – foi ordenado Diácono por Dom Isidoro Kosinski, bispo de Três Lagoas, em Dourados, passando a atuar na Paróquia São José Operário.

Sua ordenação presbiteral aconteceu no dia 9 de junho de 2007, em Urânia, sen-do bispo ordenante Dom Sebastião de As-sis Figueiredo, OFM, bispo de Guiratinga.

Foi, então, en-viado, como vigário paroquial para Rio Brilhante, onde ficou por dois anos. Em 2009, foi transferido para Rondonópolis, no Mato Grosso e, em 2010, para Catalão,

em Goiás, atuando no noviciado interprovincial.Em 2011, veio para Dourados, como pároco da

Paróquia São José Operário.No dia 4 de abril, após ter celebrado as funções

do sábado santo na Comunidade Cristo Redentor às 18 horas, quis repeti-las na igreja matriz, às 20 horas. Infelizmente, no término da renovação das

promessas batismais, sofreu uma parada car-díaca, sendo, então, le-vado para o Hospital do Coração, apresentando um quadro grave e de-licado. Permaneceu in-ternado até a sexta-feira, dia 10 de abril, quando, às 23 horas e 55 minutos, deu seu último suspiro e partiu para celebrar sua Páscoa definitiva no en-contro com o Cristo Res-suscitado.

Custa-nos acredi-tar que tudo tenha sido tão rápido. Tão jovem – em outubro, completaria 41 anos –, aparentemente cheio de energias e sem-pre dedicado no cumprimento do seu ministério sacerdotal, Frei Éterson deixou-nos um exemplo de como deve ser o padre e o religioso sonhado por Deus, pelo Papa Francisco e pelo povo.

Se a Câmara dos Vereadores é a Casa do Povo, podemos acreditar que a “Moção de Pesar” assinada pelos Edis no dia 13 de abril, representa realmente a opinião de toda a população douradense:

«O Poder Legislativo, de acordo com as normas re-gimentais, através dos Vereadores infra-assinados, apre-senta à Mesa “moção de pesar” ao Bispo Diocesano, Dom Redovino Rizzardo, e à Comunidade Católica da Igreja São José Operário, pelo falecimento do Frei Éterson An-tônio Terce.

Frei Éterson era uma pessoa humana, que sempre lutou em busca da melhoria na qualidade de vida das pes-soas, conquistando inúmeros amigos, sendo respeitado por sua conduta, e deixa um legado de boa vivência, hu-mildade, companheirismo e muito trabalho.

Externamos o mais profundo pesar à Família Fran-ciscana e à Comunidade Católica pela perda irreparável, pois a separação de um ente querido deixa em todos pro-funda dor e saudade. É nesse momento que o carinho e a solidariedade dos amigos preenchem um pouco o vazio deixado por aqueles que partiram, consolando e dando coragem de prosseguir a caminhada, e a certeza de que a vida vale por aquilo que semeamos e conquistamos.

Que Deus os abençoe! “Preciosa é à vista do Senhor a morte de seus santos!” (Sl 116,15».

Dom Redovino Rizzardo, csBispo diocesano

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A Diocese em Revista

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Vida em família

Experimente perdoar

Maria Helena Brito IzzoTerapeuta Familiar

Você sabe qual é o ato mais difícil de ser praticado por um ser humano? Pois eu vou dizer: é saber perdoar. Usar esse verbo na primeira pessoa do presente e com ênfase – “eu perdoo!” – não é para qualquer um e para qualquer situação. Porque o ato de perdoar exige um extremo sentimento de bondade e de pureza, vindo do nosso interior mais profundo. Da alma e do coração. Exige amadurecimento e evolução. Exige grandeza de caráter e uma capacidade imensa de recomeçar do zero. Porque não adianta só perdoar, é preciso também esquecer. Não adianta dizer que perdoa se você vai ficar sempre lembrando do erro cometido, contra você. Por isso, perdoar é algo tão difícil. É algo tão humano que por vezes chega a tocar o divino.

Jesus Cristo nos ensinou a perdoar 70 vezes sete. Foi uma grande lição de humildade, seguida pelos exemplos que Ele pregou. Mas creio que naqueles tempos, sem calculadora ou computador, perdoar naquela proporção era algo sem limites. Hoje, Ele não nos diria para perdoar apenas 490 vezes, mas sim infinitamente. Se perdoar, hoje, é mais fácil do que naquele tempo, não sei. O que sei, sem dúvida, é que perdoar continua sendo algo muito difícil para os seres humanos, de modo geral. Perdoar parece ser mais difícil à medida que a pessoa que nos magoou é alguém próximo, é alguém de quem esperamos um comportamento exemplar. Um exemplo: um pai ou uma mãe. Todo pai ou mãe, em determinado ponto da vida de seus filhos, é uma pessoa modelar, um ídolo que serve de referência, alguém que está acima do bem e do mal. E de quem o que menos se espera é: decepção… Mas às vezes isso acontece.

Um belo dia, os filhos podem descobrir que os pais e as mães são humanos, não são perfeitos e, portanto, sujeitos a erros, falíveis. Como, aliás, eles

próprios são, como é todo mundo. Seja por ignorância, teimosia, fragilidade e, eventualmente, por amor, os pais podem errar.

Digno de compaixão − Não se pode exigir de uma criança ou jovem algo que, sinceramente, nem nós mesmos, às vezes, somos capazes de apresentar. Podemos esperar que o amadurecimento e a experiência tragam a eles uma visão melhor da realidade e do que é a vida. Perdoar pode ser algo muito difícil de fazer no momento da decepção, da dor, do desapontamento e da tristeza, mas pode se tornar algo menos penoso com o passar do tempo. O tempo nos ensina que um erro grave, quase sempre, é cometido por uma pessoa mais frágil, em um momento de fraqueza e que, no fundo, quem o cometeu é, na verdade, digno de compaixão e não de um coração empedernido.

Resta, por último, esperarmos que a criança ou o jovem um dia compreendam que um dos principais segredos de uma vida em paz é saber dar o perdão. Trato com pessoas em meu consultório todos os dias e sei que perdoar não é fácil. Mas também sei que muito mais difícil ainda é ter que viver sem perdoar. A falta de perdão não faz bem à vida. Perdoar, por incrível que pareça, faz bem e funciona como uma terapia. Carregar um sentimento negativo e pesado só contribui para entristecer e escurecer a nossa existência. Experimente ser um humano, quase divino: experimente perdoar ao menos uma vez. Você tirará um imenso peso das suas costas e da sua alma. E o mundo pode tornar-se um pouco melhor do que é.

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Toca de AssisO Instituto Filhas da Pobreza do Santíssimo

Sacramento nasceu no dia 07 de outubro de 1997, é um Instituto de Vida Consagrada feminino, que teve a sua origem na vivência do Carisma da Frater-nidade “Toca de Assis”. Somos uma única família: Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento, Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento e Fraternida-de Toca de Assis existente desde 1994. A experiência com o Santíssimo Sacramento e o encontro com o “próprio Cristo” nos pobres sofredores de rua, im-pulsionou algumas jovens que atuavam como lei-gas a buscarem uma íntima união com Deus através da vida consagrada, dando origem ao Instituto, que teve a sua primeira casa na cidade de Campinas.

O Carisma consiste na Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento, em reparação, no espírito da Sagrada Liturgia da Santa Igreja, dileta Esposa de Cristo, e no amor aos pobres abandonados de rua, reconhecendo neles o Senhor Jesus. Através desse carisma, as Irmãs procuram, acima de tudo, a glória de Deus, fazendo com que Jesus Sacramen-tado seja cada vez mais conhecido, amado e ado-rado e testemunhando que dos pobres é o Reino dos Céus. Dentro deste carisma, se desponta como uma das missões fundamentais, revelar ao mundo a presença escondida de Jesus no pobre. Como lem-bra-nos Papa Francisco “tocar no corpo do pobre é tocar o corpo de Cristo”.

A Missão da Toca de Assis chega a Dourados a pedido de nosso Bispo Dom Redovino Rizzardo, que conhece nossa Fraternidade em Vargem Grande - SP. No dia 29 de dezembro de 2003, vieram os pri-meiros religiosos, residindo assim em uma chácara que nos foi doada pela família Baldasso. A missão feminina teve seu início no dia 13 de dezembro de 2004 com a chegada de algumas religiosas, que fica-ram hospedadas por alguns dias no IPAD, até con-

seguirem uma casa para o desempenho de sua missão.

Em agosto de 2004, aconteceu uma reunião, onde estavam presentes o Senhor Bispo Dom Redovino, alguns religiosos(as) da Toca e leigos. Foi tratada a possibilidade de uma nova construção. No ano seguinte, em agosto de 2005, foi criada uma comissão para a construção, e houve, neste mesmo mês, uma reunião deste conse-lho, com Dom Redovino, onde discutiram a possi-bilidade de também construir um Templo de Ado-ração ao Santíssimo Sacramento, que beneficiaria a população de Dourados, com a graça de poder ado-rar o Santíssimo Exposto. Estavam presentes nesta reunião a Ir. Esperança e o Ir. Jacob. Em novembro deste mesmo ano, foi oficializada a doação do terre-no em cartório, e assim efetiva-se a construção.

Sem demoras, no ano de 2006 vieram duas ir-mãs, para ficarem responsáveis pela construção do Templo de Adoração. No mesmo terreno, tinha-se o projeto de construir as duas casas, ramo feminino e masculino e mais o Templo de Adoração. Em janei-ro de 2009, por necessidade do Instituto, as irmãs foram convidadas a assumir a casa de acolhimen-to masculino, sendo as acolhidas designadas para outro local. Ainda neste ano dá-se a continuidade nas construções, o recurso da obra vem através de verbas recebidas de Dom Redovino, de eventos e doações voluntárias.

E no dia 24/03/2012 com muita alegria al-cançamos a grande graça que foi a inauguração do Templo do Coração Eucarístico de Jesus e a institui-ção de um grupo de adoradores fixos. Nesta Casa Fraterna existem duas realidades vivas do nosso carisma, a saber: o apostolado com os pobres e o apostolado eucarístico. No Templo de Adoração o Santíssimo Sacramento se mantém diariamente ex-posto, é um santuário de adoração, para que assim todos possam adorar a Jesus Sacramentado.

Ir. Ellen MariaGuardiã coordenadora local da Casa de Missão Dourados - MS

A Igreja em serviço

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Fatos em foco

Dourados, 26 de abril: encontro de

espiritualidade para os membros

do Apostolado da Oração, na

Paróquia Rainha dos Apóstolos.

Vila São Pedro, 4 de Abril: celebração da Páscoa com as crianças do Santuário Diocesano Nossa Senhora Aparecida.

Dourados, 28/30 de

abril: encontro para padres,

diáconos e religiosos que

chegaram recentemente

à Diocese de Dourados.

Dourados, 18 de abril: missa do

bispo diocesano na Capela

Nossa Senhora de Guadalupe

(Reserva Indígena).

Aparecida, 15 de Abril: Dom

Redovino na Assembleia da

CNBB.

Dourados, 2º Retiro do Grupo Samuel da Paróquia Rainha dos Apóstolos.

Ponta Porã, 19 de abril: formação para Ministros atuantes na Forania de Ponta Porã.

Dourados, 25 de abril: Feira Vocacional “O Chamado”, na Praça Antônio João.

Dourados, 29 de abril: participação de Dom Redovino na audiência pública “Reforma política: ‘doações’ para campanhas eleitorais x corrupção”, na Câmara Municipal.

Campo Grande, 1º de maio:

ordenação e posse do novo bispo

auxiliar de Campo Grande, Dom

Janusz Marian Danecki

Três Lagoas, 3 de maio: missa de

posse Canônica de Dom Luiz Knupp.

Antônio João, 26 de abril: Crisma.

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Datas Significativas

Agenda Diocesana

AniversariantesReligiosos/as Padres e Diáconos

Fique por dentro!

Nascimento01. Diác. Arciso C. de Souza05. Pe. Antônio de Pádua de Souza, mipk05. Pe. Arildo Chaves Nantes11. Pe. Luciano Lídio da Silva, mps18. Pe. Fábio Casado Dias23. Pe. Pedro Alves Mendes28. Pe. Valdeci Aparecido Gaias29. Pe. Paulo do Nascimento Souza, cssr

Ordenação13. Pe. Flávio Silveira de Alencar15. Frei José Sérgio de Oliveira, ofm18. Pe. Otair Nicoletti20. Pe. Teodoro Benitez21. Pe. John Hennessy, cssr

Nascimento01. Ir. Maria Cláudia de Jesus Hóstia, ocs06. Ir. Jovita Sauther, isj15. Ir. Antônio Martins Teles, Maristas16. Ir. Laiza Rocha do Amaral, icmes16. Ir. Olga Beitos, isj16. Ir. Cristina Souza Silva, cicaf29. Ir. Maria Pierina Comin, mesc

Profissão Religiosa03. Ir. Maria de Fátima da SS. Trindade, ocs20. Ir. Lúcia Selli, mesc

04 – Corpus Christi05 – 1ª sexta-feira do mês: Dia de oração pela Igreja

diocesana07 – 10º Domingo do Tempo Comum09 – São José de Anchieta12 – Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da

Diocese de Dourados13 – Imaculado Coração de Maria, padroeiro da

Diocese de Naviraí14 – 11º Domingo do Tempo Comum – Romaria

Diocesana do Sagrado Coração de Jesus21 – 12º Domingo do Tempo Comum – Dia Nacional

do Migrante24 – São João Batista28 – São Pedro e São Paulo – Dia do Papa – Coleta

“Óbolo de São Pedro”.

Dourados, 25 de abril: Feira Vocacional “O Chamado”, na Praça Antônio João.

01/03 – Encontro para secretários, cozinheiras e demais funcionários da Diocese, no IPAD

04/07 – PLC, no IPAD06 – Crismas em Ponta Porã (Paróquia Divino

Espírito Santo)07 – Crismas em Itamaraty08 – Encontro para padres e diáconos na Chácara

São João Maria Vianney13 – Inauguração da reforma da catedral, pelo

Núncio Apostólico, Dom Giovanni d’Aniello20/21 – Escola Catequética Diocesana, no IPAD

21 – Crismas em Dourados (Paróquia São João Batista) – Formação para Ministros atuantes na Forania de Rio Brilhante

26/28 – DeColores, no IPAD27 – Ordenação diaconal de Mário Eduardo Araium

Binote, em Rio Brilhante – Formação sobre Pastoral Litúrgica para a Forania de Rio Brilhante

28 – Crismas em Douradina – Formação para Ministros atuantes na Forania de Amambai

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