revista eletrônica nº 175

122
Os acórdãos, as ementas, as decisões de 1º Grau, o artigo e as informações contidos na presente edição foram obtidos em páginas da “internet” ou enviados pelos seus prolatores para a Comissão da Revista e Outras Publicações do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Por razões de ordem prática, alguns deles foram editados e não constam na íntegra. Cleusa Regina Halfen Presidente do TRT da 4ª Região José Felipe Ledur Diretor da Escola Judicial do TRT da 4ª Região Alexandre Corrêa da Cruz Vice-Diretor da Escola Judicial do TRT da 4ª Região Leandro Krebs Gonçalves Coordenador Acadêmico Teresinha Maria Delfina Signori Correia João Paulo Lucena Rodrigo Trindade de Souza Comissão da Revista e Outras Publicações Camila Frigo Glades Helena Ribeiro do Nascimento Tamira Kiszewski Pacheco Marco Aurélio Popoviche de Mello Ane Denise Baptista Norah Costa Burchardt Equipe Responsável Sugestões e informações: (51) 3255-2689 Contatos: [email protected] Utilize os links de navegação: volta ao índice volta ao sumário 1 :: Ano X | Número 175 | Dezembro de 2014 ::

Upload: lethuy

Post on 06-Jan-2017

280 views

Category:

Documents


52 download

TRANSCRIPT

  • Os acrdos, as ementas, as decises de 1 Grau, o artigo e as informaes contidos na presente edio foram obtidos em pginas da internet ou enviados pelos seus prolatores para a Comisso da Revista e Outras Publicaes do Tribunal Regional do Trabalho da 4 Regio. Por razes de ordem prtica, alguns deles foram editados e no constam na ntegra.

    Cleusa Regina HalfenPresidente do TRT da 4 Regio

    Jos Felipe LedurDiretor da Escola Judicial do TRT da 4 Regio

    Alexandre Corra da Cruz Vice-Diretor da Escola Judicial do TRT da 4 Regio

    Leandro Krebs GonalvesCoordenador Acadmico

    Teresinha Maria Delfina Signori CorreiaJoo Paulo Lucena

    Rodrigo Trindade de SouzaComisso da Revista e Outras Publicaes

    Camila Frigo Glades Helena Ribeiro do Nascimento

    Tamira Kiszewski Pacheco Marco Aurlio Popoviche de Mello

    Ane Denise BaptistaNorah Costa Burchardt

    Equipe Responsvel

    Sugestes e informaes: (51) 3255-2689Contatos: [email protected]

    Utilize os links de navegao: volta ao ndice volta ao sumrio

    1

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

    mailto:[email protected]

  • A Comisso da Revista e Outras Publicaes do TRT da 4 Regio agradece as valiosas colaboraes:

    - Desembargadora Rejane Souza Pedra;- Desembargadora Maria Madalena Telesca;- Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso;- Desembargador Gilberto Souza dos Santos;- Juiz Paulo Srgio Mont`Alverne Frota - TRT da 16 Regio;- Dra. Patrcia Santos de Sousa Carmo, Advogada, Professora, Mestre em Direito do Trabalho e

    Doutoranda em Direito Privado pela PUCMG;- Secretaria da 3 Turma.

    Para pesquisar por assunto no documento, clique no menu Editar/Localizar ou utilize as teclas de atalho Ctrl+F e digite a palavra-chave ou expresso na caixa de dilogo que ser aberta.

    1.1 Acidente do trabalho. Fato exclusivo da vtima. Configurao. Responsabilidade civil do empregador afastada. Acidente de trnsito cujos motivos no possuem relao direta com o trabalho. Impossibilidade de controle pelo empregador. Excludente de nexo causal configurada. Alegaes inovatrias (tais como labirintite) afastadas. Coliso com meio-fio que originou o acidente causada pelo autor, que perdeu o controle do veculo.(1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Las Helena Jaeger Nicotti.

    Processo n. 0000648-34.2012.5.04.0030 RO. Publicao em 10-11-2014)..................................................19

    2

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • 1.2 Danos morais. Indenizao devida. Explorao de trabalhador indgena. Conveno 169 da OIT e Estatuto do ndio. Intermediao de mo de obra. Sonegao de direitos trabalhistas. Prtica discriminatria. Prova que demonstra desrespeito honra e dignidade do trabalhador, de pouca instruo. Ausncia de registro na CTPS e inobservncia dos direitos trabalhistas mais bsicos, o que no ocorreu com trabalhadores no ndios que exerciam a mesma atividade (carga e descarga). Gravidade da conduta que enseja a expedio de ofcio ao Ministrio Pblico do Trabalho para as providncias cabveis na persecuo da tutela coletiva aplicvel. (2 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso.

    Processo n. 0000947-60.2012.5.04.0531 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................24

    1.3 Gestante. Concepo no curso do contrato de experincia. Garantia ao emprego reconhecida. Indenizao do perodo da estabilidade indevida, todavia. Retorno ao trabalho oferecido em tempo hbil (Smula 244, II, do TST). Trabalhadora que refere, em audincia, no ter interesse no emprego. Ausncia de provas no sentido da alegada inviabilidade de retorno. Indenizao devida apenas quando invivel o retorno ao trabalho, tanto pelo decurso do perodo estabilitrio quanto pela ausncia de condies razoveis para a manuteno do contrato.(9 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Lucia Ehrenbrink.

    Processo n. 0000091-30.2014.5.04.0304 RO. Publicao em 28-11-2014)..................................................30

    1.4 Relao de emprego. Configurao. Contrato de estgio. Nulidade. Inobservncia dos requisitos da Lei n. 11.788/08. Inexistncia de acompanhamento e avaliao do estgio (em conformidade com currculos, programas e calendrios da instituio de ensino). Abuso de direito configurado. Descaracterizao do contrato de estgio celebrado. Reconhecimento de todos os efeitos do contrato de trabalho, a despeito da ausncia de concurso pblico (art. 37, II, da CF). Inaplicabilidade da Smula 363 do TST. Deciso por maioria.(6 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Raul Zoratto Sanvicente.

    Processo n. 0001135-82.2012.5.04.0101 RO. Publicao em 23-10-2014)..................................................32

    volta ao sumrio

    3

  • 2.1 Danos morais e estticos. Indenizao majorada. Acidente de trabalho. Vigilante. Atividade de alto risco. Caso em que a autora, ainda, pilotava motocicleta fornecida pelo empregador, com aumento do risco. Responsabilizao objetiva (art. 927, pargrafo nico, do CC). Elementos que, ademais, induzem responsabilidade subjetiva (ausncia de documentos obrigatrios e de prova da capacitao para exerccio da funo em motocicleta), inocorrente adoo de medidas de preservao de segurana e sade. Prova testemunhal que atesta descaso e incria da demandada. 2 Expedio de ofcios Polcia Federal e ao Ministrio Pblico do Trabalho. Crime ambiental trabalhista. (2 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso.

    Processo n. 0000992-57.2012.5.04.0404 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................38

    2.2 Acidente do trabalho. Culpa exclusiva da vtima. Excludente do nexo de imputao do fato empregadora. Alegao que atrai s reclamadas o nus da prova. Art. 818 da CLT c/c art. 333, II, do CPC.(3 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Maria Madalena Telesca.

    Processo n. 0112500-52.2007.5.04.0252 RO. Publicao em 16-10-2014)..................................................38

    2.3 Acmulo de funes. Verificao que exige anlise da base contratual (requisitos fticos e jurdicos do contrato). Tarefas iniciais e contraprestao. Trabalho e salrio. Equilbrio inicial que deve ser revisado quando houver alterao. Condies de trabalho cuja alterao tambm autoriza, para manuteno do equilbrio, alterao de salrio. Reclamante que, todavia, no comprovou alterao de atividades.(8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Francisco Rossal de Arajo.

    Processo n. 0000668-29.2013.5.04.0761 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................38

    2.4 Adicional de insalubridade. Devido em grau mximo. Auxiliar de dentista. Contato com sangue e excrees dos pacientes. Agentes biolgicos. Anexo 14 da NR-15.(11 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Maria Helena Lisot.

    Processo n. 0000414-31.2013.5.04.0252 RO. Publicao em 17-10-2014)..................................................39

    2.5 Adicional de insalubridade. Devido em grau mximo. Enfermeira comunitria. Pronto atendimento em unidade de sade. Contato com pacientes portadores de doenas infectocontagiosas. Anexo 14 da NR-15 da Portaria 3.214/78 do MTE.(8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Joo Paulo Lucena.

    Processo n. 0000162-78.2013.5.04.0009 RO. Publicao em 12-11-2014)..................................................39

    4

  • 2.6 Adicional de insalubridade. Devido em grau mximo. Motorista de ambulncia que auxiliava no atendimento de vtimas (doentes e acidentados). Inexistncia de local de isolamento. Exposio a agentes biolgicos. Risco potencial de contgio.(2 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso.

    Processo n. 0001151-33.2012.5.04.0102 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................39

    2.7 Adicional de insalubridade. Devido em grau mdio. Home care. Pacientes usurios cujas residncias se enquadram no conceito de "outros estabelecimentos destinados aos cuidados com a sade" (Anexo 14 da NR 15 da Portaria 3.214/78).(5 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Brgida Joaquina Charo Barcelos Toschi.

    Processo n. 0000721-14.2013.5.04.0016 RO. Publicao em 24-10-2014)..................................................39

    2.8 Adicional de insalubridade. Devido em grau mdio. Trabalho em cemitrio. Exumao de corpos. Contato com restos mortais ao transferi-los de jazigo. Contato, ainda, com cimento e cal. (1 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Maral Henri dos Santos Figueiredo.

    Processo n. 0000885-82.2013.5.04.0014 RO. Publicao em 17-11-2014) .................................................39

    2.9 Adicional de insalubridade. Devido. Colocao de lingotes de alumnio macio e retalhos oriundos do processo (sucata) no interior de forno de induo. Aquecimento a aproximadamente 700C, resultando alumnio lquido. Critrio qualitativo. Desnecessidade de medio. NR-15, Anexo 13 da Portaria MTE 3.214/78.(2 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso.

    Processo n. 0000922-10.2012.5.04.0511 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................40

    2.10 Adicional de periculosidade. Devido. Motorista manobrista. Ingresso e permanncia em rea de risco. Posto de abastecimento de combustveis na sede da reclamada. Art. 193 da CLT.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador George Achutti.

    Processo n. 0000606-05.2013.5.04.0012 RO. Publicao em 28-10-2014)..................................................40

    2.11 Adicional de periculosidade. Vigilante. Lei n. 12.740/12. Autoaplicabilidade reconhecida. Imediata eficcia. Existncia de legislao que regulamenta as atividades de vigilncia objeto do art. 193, II, da CLT.(11 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa.

    Processo n. 0000164-92.2014.5.04.0662 RO. Publicao em 17-10-2014)..................................................40

    2.12 Banco de horas. Invalidade. Ausncia de prova do cumprimento das disposies das normas coletivas autorizadoras (demonstrativo de

    5

  • dbitos e crditos e observncia do limite de 90 dias para compensao). Nulidade do regime.(1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Las Helena Jaeger Nicotti.

    Processo n. 0001573-72.2012.5.04.0016 RO. Publicao em 17-11-2014)..................................................40

    2.13 Comisses. Devidas. Vendedor que participa de licitao para venda Administrao Pblica. Expedio de pedido e nota de empenho. Direito comisso, ainda que o produto no esteja em estoque e seja substitudo. nus do negcio que no pode ser transferido ao empregado.(6 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Raul Zoratto Sanvicente.

    Processo n. 0000370-43.2013.5.04.0662 RO. Publicao em 30-10-2014)..................................................40

    2.14 Competncia da Justia do Trabalho. Reconhecimento. Complementao de aposentadoria paga diretamente pelo empregador. Inexistncia de entidade de previdncia privada complementar. Inaplicabilidade da ratio essendi adotada pelo STF no RE 586.453.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Gonalves de Oliveira.

    Processo n. 0001040-12.2013.5.04.0006 RO. Publicao em 20-10-2014)..................................................40

    2.15 Conduta antissindical da empregadora. Configurao. Reclamante que atuou como porta-voz de colegas em reivindicao coletiva. Posterior alterao do setor de trabalho que constituiu punio/represlia. Ofensa liberdade sindical (art. 8 da CF). Ato reputado nulo. Determinao de retorno imediato da trabalhadora ao setor anterior, sob pena de multa diria.(7 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Wilson Carvalho Dias.

    Processo n. 0001054-07.2013.5.04.0261 RO. Publicao em 07-11-2014)..................................................41

    2.16 Conselhos Regionais de Fiscalizao Profissional. Autarquias atpicas. Entidades que no exploram atividade econmica e desempenham funo delegada pelo Poder Pblico. Inexigibilidade de concurso pblico.(2 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Tnia Regina Silva Reckziegel.

    Processo n. 0000978-63.2013.5.04.0008 RO. Publicao em 15-10-2014) ................................................41

    2.17 Dano moral (existencial). Indenizao devida. Extensa jornada (at mais de quinze horas/dia). Excessiva cobrana de resultados. Abstinncia de convvio/prazer social e familiar. Patologias que levaram a afastamentos previdencirios. Tratamento clnico e medicamentoso (antidepressivos). Nexo evidente com o trabalho.(1 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Maral Henri dos Santos Figueiredo.

    Processo n. 0000746-69.2013.5.04.0002 RO. Publicao em 04-11-2014...................................................41

    6

  • 2.18 Dano moral. Caracterizao. Cancelamento de plano de sade. Empregada aposentada por invalidez e na fila de transplante. Negativa em relao a exames imprescindveis. Dimenso e gravidade capazes de atingir a esfera moral do trabalhador.(8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Fernando Luiz de Moura Cassal.

    Processo n. 0000898-45.2013.5.04.0026 RO. Publicao em 29-10-2014) .................................................41

    2.19 Dano moral. Indenizao devida. Porteiro. Atingidos bens subjetivos inerentes pessoa do trabalhador. Ausncia de condies mnimas de higiene e segurana. No disponibilizado banheiro em alguns dos locais de trabalho.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Andr Reverbel Fernandes.

    Processo n. 0000780-90.2013.5.04.0019 RO. Publicao em 10-11-2014)..................................................42

    2.20 Dano moral. Indenizao devida. Reclamante que recebeu notcia da despedida em balco de farmcia, ao comprar medicamentos em estabelecimento conveniado empregadora. Tratamento agressivo por preposto da reclamada. Arts. 186 e 927 do CC.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Gonalves de Oliveira.

    Processo n. 0000821-06.2013.5.04.0812 RO. Publicao em 20-10-2014)..................................................42

    2.21 Dano moral. Indenizao devida. Transferncia para setor com remunerao inferior e ociosidade. Represlia pelo ajuizamento de ao trabalhista. Abuso do direito potestativo do empregador. bice a direito fundamental.(6 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Raul Zoratto Sanvicente.

    Processo n. 0001562-40.2012.5.04.0017 RO. Publicao em 30-10-2014)..................................................42

    2.22 Dano moral. Indenizao. Quantificao. Arbitramento conforme critrio bifsico cada vez mais adotado no STJ que se mostra razovel. Utilizao de standards racionais de fundamentao e motivao. Arbitramento de valor bsico ou inicial, considerado o interesse jurdico e em conformidade com precedentes. Majorao ou reduo, aps, conforme circunstncias do caso concreto. Exigncia de justia comutativa. Razovel igualdade de tratamento para casos semelhantes. Situaes distintas tratadas desigualmente na medida em que se diferenciam.(11 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida Martins Costa.

    Processo n. 0010919-44.2012.5.04.0211 RO. Publicao em 21-11-2014)..................................................42

    2.23 Dano moral. Inexistncia. Inadimplemento de verbas rescisrias. Prejuzo material. Ausncia de prova de dimenso e gravidade capazes de atingir a esfera imaterial do trabalhador. No caracterizado ilcito indenizvel.

    7

  • (8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Fernando Luiz de Moura Cassal.

    Processo n. 0000865-64.2013.5.04.0702 RO. Publicao em 05-11-2014)..................................................42

    2.24 Dano moral. No caracterizao. Dever reparatrio que exige a existncia de ato ilcito, com leso personalidade. Reconhecimento que independe de prova concreta do dano (leso imaterial), mas que no dispensa a comprovao da conduta antijurdica caracterizadora da ofensa.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador George Achutti.

    Processo n. 0001592-17.2012.5.04.0004 RO. Publicao em 24-11-2014)..................................................43

    2.25 Danos morais. Indenizao devida. Acidente do trabalho tpico. Responsabilidade civil do empregador. Dano, nexo causal e culpa decorrentes de conduta omissiva quanto proteo e segurana do trabalho.(3 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Gilberto Souza dos Santos.

    Processo n. 0000358-94.2012.5.04.0102 RO. Publicao em 20-11-2014)..................................................43

    2.26 Danos morais. Indenizao devida. Assalto a nibus. Responsabilidade objetiva. Assuno, pelo empregador, dos riscos do empreendimento. Segurana pblica como dever do estado que no bice condenao.(1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Iris Lima de Moraes.

    Processo n. 0000750-69.2013.5.04.0661 RO. Publicao em 04-11-2014)..................................................43

    2.27 Danos morais. Indenizao devida. Caixa de supermercado que teve apontada para si arma de fogo por assaltantes. Grave estresse. No adotadas medidas mnimas para segurana. Manuseio de dinheiro em local prximo porta de entrada.(11 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Maria Helena Lisot.

    Processo n. 0000585-95.2014.5.04.0302 RO. Publicao em 14-11-2014)..................................................43

    2.28 Danos morais. Indenizao devida. Responsabilidade civil que se reconhece. Direito de reparao que no prescinde de comprovao do ato ilcito (ao ou omisso), do dano e do nexo de causalidade. Transporte irregular em caamba de caminho. Situao de insegurana e degradao passvel de reparao.(8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Francisco Rossal de Arajo.

    Processo n. 0001303-41.2013.5.04.0104 RO. Publicao em 19-11-2014)..................................................43

    2.29 Danos morais. Indenizao devida. Retificao da CTPS com registro de que a reintegrao decorre de deciso judicial. Ato ilcito configurado.(11 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Herbert Paulo Beck.

    Processo n. 0000177-48.2014.5.04.0741 RO. Publicao em 05-12-2014)..................................................44

    8

  • 2.30 Danos morais. Indenizao indevida. Necessidade de comprovao de conduta apta a causar leso efetiva, alm de meros dissabores e aborrecimentos. Irregularidade quanto ao registro do vnculo, ausncia de recolhimentos previdencirios e do FGTS que no so suficientes para o deferimento da indenizao.(11 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Herbert Paulo Beck.

    Processo n. 0000631-39.2013.5.04.0005 RO. Publicao em 31-10-2014)..................................................44

    2.31 Despedida motivada. Necessidade. Empresas pblicas e sociedades de economia mista. Administrao pblica indireta. Entendimento do STF. Caso em que, porm, presente a motivao da dispensa. Documentados a contento os atos que levaram justa causa.(6 Turma. Relator o Exmo. Juiz Jos Cesrio Figueiredo Teixeira Convocado.

    Processo n. 0001051-24.2012.5.04.0023 RO. Publicao em 27-11-2014)..................................................44

    2.32 Discriminao. Inocorrncia. Empresa que valoriza e pontua empregados com escolaridade superior exigida para o cargo. Prerrogativa integrante do poder diretivo. Incentivo maior qualificao do empregado.10 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Rejane Souza Pedra.

    Processo n. 0001094-24.2012.5.04.0002 RO. Publicao em 16-10-2014)..................................................44

    2.33 Doena ocupacional. Responsabilidade objetiva do empregador. Fundamento no prprio Direito do Trabalho. Hipteses de dano sade ou vida do trabalhador. Empregador que assume os riscos da atividade econmica. Art. 2, caput, da CLT. Acidente que, como gnero, a mais grave violao sade do trabalhador. Sistema jurdico que deve proporcionar resposta adequada. Imposio de responsabilidade objetiva pelos danos decorrentes de doena equiparada a acidente de trabalho.(3 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Maria Madalena Telesca.

    Processo n. 0053000-61.2009.5.04.0292 RO. Publicao em 16-10-2014)..................................................44

    2.34 Extino do processo sem resoluo do mrito. Repetio de ao anteriormente ajuizada em que declarada a ilegitimidade ativa. Coisa julgada material. Impossibilidade de ajuizamento de nova ao idntica. Estado juiz que declara que a parte no tem direito processual de ao, salvo alterao do quadro ftico.(8 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Joo Paulo Lucena.

    Processo n. 0000518-65.2012.5.04.0702 RO. Publicao em 12-11-2014)..................................................45

    2.35 Horas extras. Devidas. Exceo do art. 62 que no depende apenas de pressupostos formais. Necessidade de comprovao de atividade incompatvel com fiscalizao, ainda que indireta.

    9

  • (2 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Tnia Regina Silva Reckziegel.

    Processo n. 0000987-65.2012.5.04.0006 RO. Publicao em 15-10-2014)..................................................45

    2.36 Horas extras. Devidas. Invalidade do banco de horas. Impossibilidade de efetivo controle do saldo e das horas levadas a crdito ou dbito. Ausncia das informaes que impossibilita a fiscalizao.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Andr Reverbel Fernandes.

    Processo n. 0001228-72.2013.5.04.0016 RO. Publicao em 10-11-2014)..................................................45

    2.37 Horas in itinere. Indevidas. Uso de transporte particular. Necessidade de fornecimento de transporte pelo empregador, ainda que de difcil acesso o local de trabalho.(4 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Andr Reverbel Fernandes.

    Processo n. 0001228-72.2013.5.04.0016 RO. Publicao em 10-11-2014)..................................................45

    2.38 Intervalos intrajornada. Devidos. Turno de 12h. Impossibilidade de presuno no sentido de que frudos (porque seria razovel pelo menos para alimentao). Reiteradas aes em que demonstrada a supresso.(1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Iris Lima de Moraes.

    Processo n. 0000726-06.2011.5.04.0372 RO. Publicao em 04-11-2014)..................................................45

    2.39 Justa causa. Converso em despedida por iniciativa do empregador. Ato de improbidade ou mau procedimento que no foi inequivocamente demonstrado. Parcelas rescisrias devidas.(10 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Rejane Souza Pedra.

    Processo n. 0001146-34.2012.5.04.0741 RO. Publicao em 24-10-2014) .................................................46

    2.40 Justa causa. No configurao. Medida extrema que exige prova robusta, nus do empregador. Alegao de diversas faltas injustificadas. Demonstradas nos autos, contudo, apenas 6 faltas em contrato de mais de dois anos. Desproporcional e injusta a medida.(3 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Gilberto Souza dos Santos.

    Processo n. 0001414-03.2012.5.04.0252 RO. Publicao em 20-11-2014)..................................................46

    2.41 Justia gratuita. Sindicato. Iseno de custas. Benefcio devido s pessoas fsicas e, excepcionalmente, s jurdicas. Sindicato que no se enquadra nas hipteses legais de concesso e no demonstra condio de miserabilidade, cuja comprovao indispensvel. Desero configurada.(5 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Brgida Joaquina Charo Barcelos Toschi.

    Processo n. 0000802-50.2012.5.04.0451 RO. Publicao em 21-11-2014)..................................................46

    10

  • 2.42 Pensionamento. Pagamento em parcela nica. Possibilidade. Antecipao da renda ao trabalhador. Direito devedora de reduo do valor. Liberao da constituio de capital. Art. 950, pargrafo nico, do CC.

    (9 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Lucia Ehrenbrink.

    Processo n. 0000454-47.2013.5.04.0661 RO. Publicao em 28-11-2014)..................................................46

    2.43 Registros de horrio por excees de ponto. Validade. Embora considerado irregular o sistema, prova demonstra que marcaes eram corretamente lanadas pelos trabalhadores (no sistema informatizado e sem limitao). Ausncia de prova de manipulao. Fidedignidade reconhecida.(1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Las Helena Jaeger Nicotti.

    Processo n. 0000531-90.2011.5.04.0252 RO. Publicao em 17-11-2014)..................................................46

    2.44 Relao de emprego. Configurao. Reconhecimento. Cooperativa que atua como gestora de mo de obra. Ausncia de trabalho tipicamente cooperado. Art. 442, pargrafo nico, da CLT. Relao de emprego. Configurao. Reconhecimento. Cooperativa que atua como gestora de mo de obra. Ausncia de trabalho tipicamente cooperado. Art. 442, pargrafo nico, da CLT.(7 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Wilson Carvalho Dias.

    Processo n. 0001063-77.2012.5.04.0204 RO. Publicao em 14-11-2014)..................................................47

    2.45 Requisio de pequeno valor. Fracionamento. Ao promovida por sindicato. Considerao do crdito de cada substitudo, individualmente. Expedio de RPV para cada um dos litisconsortes quando no ultrapassado o limite de 40 salrios mnimos.(Seo Especializada em Execuo. Relatora a Exma. Desembargadora Lucia Ehrenbrink.

    Processo n. 0061500-46.2001.5.04.0018 AP. Publicao em 17-11-2014)...................................................47

    2.46 Resciso indireta. Reconhecimento. Princpio da continuidade que exige fatos relevantes. Reiterado pagamento de salrios de forma parcelada ou com atraso que constitui efetivo descumprimento das obrigaes contratuais. Inviabilidade de manuteno do vnculo. Art. 483, d, da CLT.(3 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Gilberto Souza dos Santos.

    Processo n. 0001050-39.2012.5.04.0702 RO. Publicao em 20-11-2014)..................................................47

    volta ao sumrio

    11

  • 3.1 Acidente de trabalho. Responsabilidade da empregadora. Reconhecimento. Auxiliar de servios gerais. Fratura no p quando em servio. Perda auditiva que igualmente guarda nexo causal com trabalho, por quase trs anos, em ambiente ruidoso (casa noturna). Constataes via prova pericial. Deferidas indenizaes por danos morais (R$ 25.000,00), materiais em forma de penso (20% do ltimo salrio) e materiais quanto s despesas mdicas e com locomoo.(Exmo. Juiz Luiz Antonio Colussi. Processo n. 0001597-09.2012.5.04.0014. Ao Trabalhista

    Rito Ordinrio. 30 Vara do Trabalho de Porto Alegre. Julgamento em 05-12-2014)......................................48

    3.2 Justa causa. Configurao. Reconhecimento. Vigilante. Forte discusso com colega de servio. Ameaa com arma de fogo em punho. Alegao de que estaria descarregada que no se sustenta. Hiptese que, todavia, no afastaria a falta grave, dado o desconhecimento do fato pelo colega. Irrelevncia do motivo e do contedo da discusso travada. (Exma. Juza Adriana Moura Fontoura. Processo n. 0000014-86.2014.5.04.0541. Ao Trabalhista

    Rito Ordinrio. Vara do Trabalho de Palmeira das Misses. Julgamento em 14-11-2014)................................53

    volta ao sumrio

    Justia do Trabalho: a Competncia Territorial e o Atentado ao Princpio de Proteo ao Hipossuficiente.Paulo Mont Alverne Frota.....................................................................................................................56

    Trabalho: Valor ou Mercadoria?Patrcia Santos de Sousa Carmo.............................................................................................................60

    volta ao sumrio

    12

  • DestaquesMaria Helena Mallmann

    toma posse administrativa como ministra do TSTDesembargador Silvestrin reconvocado pelo TST

    Prefeito de Porto Alegre assegura colaborao para viabilizar ampliao do Foro Trabalhista da Capital

    Integrantes da 2 e 3 Turmas debatem experincias de conciliao no 2 Grau

    TRT-RS altera composio de duas Turmas Julgadoras

    TRT-RS passa a utilizar Sistema de Investigao de Movimentaes Bancrias

    TRT-RS participa de solenidade de posse no Ministrio Pblico

    Foro Trabalhista de Porto Alegre recebe iluminao mais econmica

    Municpio de Osrio doa terreno para construo de nova sede da Justia do Trabalho

    Justia do Trabalho gacha lana canal de WebTV

    TRT-RS pretende completar implantao do processo eletrnico em outubro de 2015

    13

    file:///T:/3%20-%20Publicacoes/Pub.%20Jur%C3%ADdicas/REVISTA%20ELETR%C3%94NICA/175-dezembro-2014-Pleno2/7-Publicacao/

  • 5.1 Conselho Nacional de Justia - CNJ (www.cnj.jus.br)

    5.1.1 CNJ vai atuar na divulgao nacional de jurisprudncias aos tribunaisVeiculada em 09-12-2014..............................................................................................................76

    5.1.2 CNJ assina acordo de cooperao com Judicirio francsVeiculada em 11-12-2014..............................................................................................................77

    5.1.3 Comit Gestor discute implantao da Poltica de Priorizao do Primeiro Grau

    Veiculada em 15-12-2014..............................................................................................................78

    5.1.4 Tribunais tm autonomia para suspender prazos processuais, decide CNJ

    Veiculada em 16-12-2014..............................................................................................................79

    5.1.5 Grupo de Trabalho avana em discusses sobre o Escritrio VirtualVeiculada em 18-12-2014..............................................................................................................80

    5.2 Tribunal Superior do Trabalho TST (www.tst.jus.br)

    5.2.1 Operadora de telemarketing que sofreu aborto natural aps dispensa receber indenizaoVeiculada em 12-12-2014..............................................................................................................81

    5.2.2 TST sedia encontro nacional de Ncleos Permanentes de ConciliaoVeiculada em 12-12-2014..............................................................................................................82

    5.2.3 Reconhecida competncia de auditor fiscal do trabalho para aplicar norma mais favorvel ao trabalhadorVeiculada em 16-12-2014..............................................................................................................83

    5.2.4 Enfermeira que atuava em aldeias indgenas receber indenizao por condies precrias de trabalhoVeiculada em 16-12-2014..............................................................................................................83

    5.2.5 TST mantm liberao de penhora de imvel comprado de boa-f por professora aposentadaVeiculada em 17-12-2014..............................................................................................................84

    14

    http://www.cnj.jus.br/http://www.tst.jus.br/

  • 5.2.6 TST mantm liberao de penhora de imvel comprado de boa-f por professora aposentadaVeiculada em 17-12-2014..............................................................................................................85

    5.2.7 Senado mantm aplicao supletiva e subsidiria do novo CPC ao processo trabalhistaVeiculada em 17-12-2014..............................................................................................................86

    5.2.8 Afastada prescrio em ao de herdeiras de vtima de silicose ajuizada 20 anos aps desligamentoVeiculada em 18-12-2014..............................................................................................................87

    5.2.9 TST encerra ano judicirio com reduo de 85 dias no tempo mdio de tramitao de processos Veiculada em 19-12-2014.............................................................................................................88

    5.2.10 Maria Helena Mallmann toma posse administrativa como ministra do TSTVeiculada em 23-12-2014..............................................................................................................89

    5.3 Conselho Superior da Justia do Trabalho CSJT (www.csjt.jus.br)

    5.3.1 Presidente do CSJT e do TST realiza pronunciamento durante reunio do ColeprecorVeiculada em 28-11-2014..............................................................................................................90

    5.3.2 CSJT aprova Planejamento Estratgico da Justia do Trabalho para 2015-2020Veiculada em 02-12-2014..............................................................................................................92

    5.3.3 Grupo de Parametrizao do PJe-JT realiza sua primeira reunioVeiculada em 03-12-2014..............................................................................................................93

    5.3.4 Legislao foi o tema mais recorrente na ouvidoria CSJT em 2014Veiculada em 12-12-2014..............................................................................................................94

    5.3.5 CSJT divulga o resultado da primeira fase da pesquisa de qualidade no uso do PJe-JTVeiculada em 19-12-2014..............................................................................................................94

    15

    http://www.csjt.jus.br/

  • 5.3.6 Presidente do CSJT e do TST assina Acordo de Cooperao Tcnica com a CaixaVeiculada em 14-01-2015..............................................................................................................95

    5.2 5.4 Tribunal Regional do Trabalho da 4 Regio TRT4R (www.trt4.jus.br)

    5.4.1 Foro Trabalhista de Porto Alegre recebe iluminao mais econmicaVeiculada em 12-12-2014..............................................................................................................96

    5.4.2 Frum de Relaes Administrativas promoveu reunio Veiculada em 12-12-2014..............................................................................................................97

    5.4.3 Presidente do TRT-RS rene-se com membros do Comit Gestor da Poltica de Ateno ao Primeiro GrauVeiculada em 15-12-2014..............................................................................................................98

    5.4.4 8 VT de Porto Alegre homologa acordo em processo iniciado em 1980Veiculada em 15-12-2014..............................................................................................................98

    5.4.5 Justia do Trabalho gacha lana canal de WebTVVeiculada em 16-12-2014..............................................................................................................99

    5.4.6 TRT-RS pretende completar implantao do processo eletrnico em outubro de 2015Veiculada em 16-12-2014............................................................................................................100

    5.4.7 Presidente do TRT-RS rene-se com Vice-Corregedora e Comisso Coordenadora do MemorialVeiculada em 16-12-2014............................................................................................................101

    5.4.8 Integrantes da 2 e 3 Turmas debatem experincias de conciliao no 2 GrauVeiculada em 16-12-2014............................................................................................................102

    5.4.9 TRT-RS altera composio de duas Turmas JulgadorasVeiculada em 16-12-2014............................................................................................................102

    5.4.10 Caso Iesa: Juza cancela audincia em So Jernimo e nova reunio marcada no TRT-RS, no mesmo horrioVeiculada em 16-12-2014............................................................................................................103

    16

    http://www.trt4.jus.br/

  • 5.4.11 TAM deve pagar adicional de insalubridade a empregados que limpam banheiros de aeronaves no aeroporto de Porto AlegreVeiculada em 16-12-2014............................................................................................................103

    5.4.12 Comisso de Informtica e Setic renem-se com a Presidente do TRT-RS para apresentar os projetos realizados em 2014Veiculada em 17-12-2014............................................................................................................104

    5.4.13 Juza libera cerca de R$ 22,5 milhes bloqueados da Petrobras para pagamento das verbas rescisrias na IesaVeiculada em 17-12-2014............................................................................................................105

    5.4.14 Municpio de Osrio doa terreno para construo de nova sede da Justia do TrabalhoVeiculada em 19-12-2014............................................................................................................108

    5.4.15 TRT-RS participa de solenidade de posse no Ministrio PblicoVeiculada em 19-12-2014............................................................................................................109

    5.4.16 Caso Iesa: Desembargadora indefere pedido liminar em mandado de segurana da PetrobrasVeiculada em 19-12-2014............................................................................................................109

    5.4.17 Prefeito de Porto Alegre assegura colaborao para viabilizar ampliao do Foro Trabalhista da CapitalVeiculada em 19-12-2014............................................................................................................110

    5.4.18 Revendedora de gs deve pagar R$ 20 mil em danos morais coletivos por obstaculizar fiscalizao do MTEVeiculada em 19-12-2014............................................................................................................111

    5.4.19 Juiz do Trabalho autoriza criana de oito anos a participar de comercial de TVVeiculada em 22-12-2014............................................................................................................112

    5.4.20 Desembargador Silvestrin reconvocado pelo TSTVeiculada em 23-12-2014............................................................................................................113

    5.4.21 Maria Helena Mallmann toma posse administrativa como ministra do TSTVeiculada em 23-12-2014............................................................................................................113

    17

  • 5.4.22 Calendrio 2015 do TRT-RS aborda o combate ao trabalho infantilVeiculada em 07-01-2015............................................................................................................115

    5.4.23 Facebook do TRT-RS ultrapassa marca de 10 mil seguidoresVeiculada em 09-01-2015............................................................................................................115

    5.4.24 TRT-RS passa a utilizar Sistema de Investigao de Movimentaes BancriasVeiculada em 12-01-2015............................................................................................................116

    volta ao sumrio

    SIABI - SISTEMA DE AUTOMAO DE BIBLIOTECASServio de Documentao e Pesquisa - Tribunal Regional do Trabalho da 4 RegioDocumentos Catalogados no perodo de 13-12-2014 a 12-01-2015

    Artigos de Peridicos................................................................................................................................118

    volta ao sumrio

    18

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    1.1 Acidente do trabalho. Fato exclusivo da vtima. Configurao. Responsabilidade civil do empregador afastada. Acidente de trnsito cujos motivos no possuem relao direta com o trabalho. Impossibilidade de controle pelo empregador. Excludente de nexo causal configurada. Alegaes inovatrias (tais como labirintite) afastadas. Coliso com meio-fio que originou o acidente causada pelo autor, que perdeu o controle do veculo.

    (1 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Las Helena Jaeger Nicotti. Processo n. 0000648-34.2012.5.04.0030 RO. Publicao em 10-11-2014)

    EMENTA

    ACIDENTE DO TRABALHO. ACIDENTE DE TRNSITO. FATO EXCLUSIVO DA VTIMA CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR AFASTADA. Hiptese em que os motivos do acidente no possuem relao direta com o exerccio do trabalho e sequer poderiam ter sido evitados ou controlados pelo empregador, restando configurado o fato exclusivo da vtima, tpica excludente de nexo causal que impede o reconhecimento do dever de indenizar do empregador. Recurso da reclamada a que se d provimento para afastar a condenao imposta.

    ACRDO

    [...] Por unanimidade, nos termos da fundamentao, DAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINRIO DA RECLAMADA para absolv-la da condenao imposta na origem em decorrncia do reconhecimento do acidente do trabalho e, por consequncia, JULGAR PREJUDICADO o exame dos demais itens do seu recurso, bem como do recurso ordinrio do reclamante. [...]

    [...]

    VOTO RELATOR

    DESEMBARGADORA LAS HELENA JAEGER NICOTTI:

    [...]

    MRITO

    I - RECURSO ORDINRIO DA RECLAMADA

    [...]

    3. DO ACIDENTE DO TRABALHO

    A Julgadora da origem, com base na teoria do risco, reconheceu o dever de indenizar da reclamada pelos danos advindos do acidente de trnsito envolvendo o reclamante e a condenou ao pagamento de (a) penso mensal em parcelas vencidas at o final da incapacidade do reclamante (equivalente a 100% do valor da ltima remunerao recebida antes do incio do benefcio

    19

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    previdencirio) e (b) indenizao por danos morais no valor de R$ 45.000,00. Determinou, ainda, nos termos da fundamentao da sentena, o ressarcimento das despesas mdicas e dos custos do plano de sade, como tambm a constituio de capital na forma prevista no art. 475-Q do CPC.

    A reclamada recorre.

    Primeiro, aduz ser inovatria a alegao do reclamante acerca da suposta "labirintite" que o acometeu "antes" do acidente, porquanto tal fato no foi invocado no momento oportuno (pea inicial e impugnao defesa). Acresce que o autor modificou sua tese quando da audincia de prosseguimento, resultando no prejuzo da defesa. Enfatiza a sua insurgncia quanto tese inovatria (apontada nas razes finais cujo trecho transcreve fl. 644v) e alega no restar comprovado que o trabalhador estava acometido por labirintite. Por conta disso e porque no observado os limites da lide, postula a reforma do julgado. Assevera, quanto ao item "Plano de Sade", que a deciso encerra julgamento extra petita, porquanto a condenao se refere a pedido inexistente na petio inicial. Mais adiante, aduz que o acidente ocorreu por culpa exclusiva do reclamante, na medida em que ele prprio admite (em audincia) ter perdido o controle do veculo. Sinala a aptido fsica e mental do autor nas oportunidades em que renovada sua carteira de habilitao, conforme documentos que junta. Alega no haver culpa de sua parte, pois no concorreu para a ocorrncia do acidente de trnsito, pelo que tambm investe contra a responsabilidade objetiva aplicada na origem. Por tais fundamentos, entende estar configurado o fato exclusivo da vtima, circunstncia que rompe o nexo causal e exclui o dever de indenizar, devendo a sentena da origem ser reformada, com a absolvio de todas as condenaes impostas.

    Examino.

    Trata-se de demanda proposta pelo trabalhador contra sua empregadora, na qual so formuladas pretenses indenizatrias fundadas nos danos advindos de acidente de trnsito ocorrido no desempenho das atividades de coordenador de rea (CTPS, fl. 69), no curso do contrato de trabalho, vigente desde 1/12/2003.

    Na petio inicial, o reclamante narrou que suas atividades consistiam em fiscalizar "os postos da demandada em seus diversos clientes". Relatou ter sofrido acidente de trnsito em 06/06/2004 quando, conduzindo veculo de propriedade da reclamada, se deslocava para atender uma "ocorrncia". Alegou ter sofrido graves leses na coluna vertebral, inclusive foi submetido a procedimentos cirrgicos e tratamentos fisioterpicos. Aduziu estar usufruindo de benefcio previdencirio acidentrio na atualidade por conta da sua incapacidade total e permanente para o trabalho. Enfatizou a responsabilidade da reclamada pelo infortnio, uma vez que no zelou pela sua integridade fsica e psicolgica. Salientou, tambm, no ter condies de suportar os custos mensais com o plano de sade, pelo que requer seja a reclamada condenada no custeio integral dessas despesas perante a UNIMED.

    Em defesa, a reclamada invocou a culpa exclusiva da vtima de modo a afastar o nexo de causalidade, aduzindo que o reclamante perdeu o controle do automvel e bateu no meio-fio da calada, no havendo falar, portanto, em imputao de responsabilidade civil pelos danos advindos do referido acidente de trnsito.

    De incio, em relao alegada deciso "extra petita", observo que na petio inicial o reclamante requereu expressamente o custeio integral do plano de sade pela reclamada, ao passo que a Julgadora, embora tenha indeferido a pretenso por falta de amparo legal, determinou o ressarcimento de valores pretritos (cota da empresa pela manuteno do plano em relao s

    20

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    mensalidades pagas integralmente pelo autor antes de sua reincluso ao plano, fl. 637v). Logo, "extra petita" a deciso no aspecto, nos termos dos artigos 128 e 460 do CPC.

    Prosseguindo, consigno que o fato (acidente de trnsito ocorrido em 06/06/2004) incontroverso e os danos imediatos que dele decorreram esto demonstrados na CAT fl. 61 (fraturas na cabea e coluna). O reclamante permanece afastado, em benefcio previdencirio (na espcie 91), desde 22/06/2004 (fl. 502).

    Pois bem. Tem razo a reclamada ao alegar que o reclamante traz verso inovatria quanto s circunstncias do evento danoso, segundo a qual o acidente teria ocorrido em razo de uma crise de labirintite.

    Destaco, em primeiro lugar, que o fato de o empregado ter sentido tontura - e por isso ter perdido o controle do veculo - no foi invocado nem na petio inicial, nem na manifestao quanto defesa. Chama ateno tambm que tal verso tampouco foi relatada ao agente da EPTC (fl. 64), muito menos ao mdico nomeado no presente feito quando da realizao da percia, em 26/10/2012 (fls. 527-46).

    O mais curioso que o reclamante levantou a "tese sobre a labirintite" (em petio colacionada s fls. 587-8) to somente aps o despacho do Juzo (fl. 572, datado de 05/03/2013), que indeferiu o pedido de antecipao dos efeitos da tutela, no qual constou:

    "Reitera o reclamante o pedido de antecipao dos efeitos da tutela para impelir a reclamada a, imediatamente, satisfazer as despesas com plano de sade. A questo, todavia, no pode ser resolvida por Juzo de cognio sumria. A reclamada invocou, a respeito, a preliminar de coisa julgada, explicando que a matria j foi apreciada em outra reclamao, onde deferida a manuteno do plano de sade empresarial, desde que o reclamante arque com as despesas de mensalidade e manuteno (fl. 384v). Tambm invocou a reclamada a prescrio das pretenses, porquanto o reclamante ajuizou a presente reclamao mais de oito anos depois da ocorrncia do acidente de trnsito que o vitimou (fl. 363). Ainda, controvertem as partes sobre a ocorrncia de culpa exclusiva da vtima (fl. 368). Extrai-se dos autos, por ora, que o autor perdeu sozinho o controle do veculo que conduzia, dando causa ao prprio acidente. Portanto, por no atendidos os requisitos do artigo 273 do CPC, rejeito o pedido. Determino o retorno dos autos ao perito para que se pronuncie sobre a alegao de impedimento e responda aos quesitos complementares das fls. 553 e 559-560" (grifei).

    Friso, ademais, que a questo tambm foi considerada inovatria pela Juza que realizou a audincia datada de 22/04/2013, in verbis: "Pela ordem, indefiro a expedio de oficio ao Hospital M. D., uma vez que inova no processo o reclamante ao afirmar que sofria de labirintite" (fl. 599, grifei).

    Outro ponto curioso, levantado pela reclamada no recurso, o fato de o autor, quando do exame para renovao de sua CNH em 19/11/2009, ter confirmado ao mdico do DETRAN que no "sofreu de tonturas, desmaios, convulses ou vertigens" (fl. 498).

    Feitas essas consideraes, cito o depoimento pessoal do autor (fl. 621):

    "que no estava chovendo no dia do acidente; que o depoente dirigia o automvel entre 60 e 70Km/h; que a via era de 60Km/h em dias teis e de 80Km/h em finais de semana; que no sabe quais as condies do veculo que dirigia; que o depoente perdeu o controle do veculo aps uma tontura forte; que o depoente

    21

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    j havia passado mal em outra ocasio quando atendia a outra empresa; que havia sido constatada crise de labirintite; que a reclamada sabia da labirintite; que houve negociao com a reclamada para que o depoente no apresentasse o laudo mdico que possua, para que no ficasse afastado em benefcio previdencirio; que houve outros laudos de 07/08 dias de afastamento, posteriores, que foram apresentados reclamada; que a reclamada concedeu motorista para o depoente fazer o servios externos, por cerca de 15 dias, logo aps seus afastamentos; que como o depoente se apresentou bem durante estes dias, a reclamada resolveu tirar o motorista na sexta-feira e determinar que o depoente voltasse a dirigir; que o depoente folgou no sbado e o acidente ocorreu no domingo" (grifei)

    O fato mencionado pelo reclamante em depoimento, quanto a ter sido concedido motorista para transport-lo (j que este no poderia dirigir por conta do seu quadro de sade), corrobora a inovao dos fatos at ento constantes nos autos e no serve para favorecer a tese do autor, a respeito de sua suposta labirintite. Alm de no parecer razovel que a empresa (R. Servios Gerais) tenha concedido "motorista particular" a empregado seu, sequer veio aos autos o "laudo mdico" referido no depoimento supra. E mais, a FRE colacionada pela reclamada s fls. 387-9 no demonstra afastamentos anteriores a 23/06/2004 (incio do benefcio previdencirio por conta do sinistro).

    Tanto assim que o preposto da reclamada, em depoimento, alegou "que no tem conhecimento se em algum momento o reclamante foi acompanhado por outro motorista; que no foi apresentado nenhum atestado antes do acidente" (fl. 621) e registrou, nas razes finais, "que a prova colhida nos autos demonstra tese inovatria" (fl. 621v).

    Portanto, entendo que a verso apresentada pelo autor na petio das fls. 587-8 e renovada no seu depoimento, constitui tese inovatria, o que impede seja levada em considerao no momento do julgamento, sob pena de afronta ao art. 264 do CPC (estabilizao da lide). Em consequncia, prejudicada a anlise do atestado mdico juntado tardiamente fl. 591 (por sinal, nada especfico), bem como da prova testemunhal nesse aspecto (fl. 621v).

    Quanto ao fato exclusivo da vtima, deve ser mencionado que tal causa exonerativa de responsabilidade somente se configura quando restar comprovado que o resultado danoso decorreu direta e exclusivamente da conduta da vtima, sem que tenha havido qualquer atuao ou comportamento concorrente do agente. Em outras palavras, para que a ao da vtima absorva integralmente a atuao do agente, e, assim, rompa o liame causal e afaste o dever de indenizar, necessrio que o ofensor no tenha, de qualquer forma, a provocado.

    No tocante s reais circunstncias do acidente, sinalo no haver elementos nos autos que revelem o "motivo" da coliso do automvel contra o meio-fio do calamento, j que a verso do reclamante de que perdera o controle do veculo aps uma crise de labirintite, e de que esses problemas de sade eram de conhecimento da empregadora, foi considerada inovatria. Tambm, no verifico evidncias de que o acidente tenha ocorrido em razo de conduta (ao/omisso) da reclamada. Acrescento que mesmo sendo de propriedade da empresa o veculo que era conduzido pelo trabalhador no momento do evento danoso, no h qualquer notcia nos autos - e sequer alegao do reclamante - de que o veculo em questo pudesse apresentar condies inapropriadas para trafegar, circunstncia em face da qual at poderia ser cogitada eventual participao direta do empregador na ocorrncia do acidente. Tal no o caso dos autos, todavia.

    22

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    As nicas informaes nos autos acerca do acidente so a CAT, que aponta como fato gerador "estava dirigindo, bateu com o carro no meio fio [sic], furou o pneu e bateu com a cabea" (fl. 61) e o boletim de ocorrncia elaborado pela EPTC, no qual consta o relato do reclamante (condutor do veculo) no sentido de ter atingido o cordo da calada enquanto se deslocava pela Rua G., por volta das 15h40m de um domingo (fl. 64).

    A prova testemunhal, bom destacar, no comprova que a empresa exigisse jornada extenuante ou urgncia no atendimento a ponto de expor o autor a situao de risco, sobretudo se considerada a alegao do prprio depoente (C.), in verbis: "que s vezes ocorria algum fato de mais urgncia, mas na funo do reclamante este passava praticamente todo o dia na rua, normalmente sem necessidade de atendimento de urgncia" (fl. 621v).

    Diante do contexto que emerge dos autos, tenho que o comportamento do reclamante foi a causa nica - e o fato decisivo - do acidente, no estando a origem do evento danoso diretamente relacionada ao exerccio das atividades laborais, ainda que presente um vnculo causal indireto. Ademais, a autorizao para desconto salarial juntada fl. 406 - na qual consta que o reclamante foi multado por dirigir em excesso de velocidade na data de 08/01/2004 - um forte indcio de que o acidente decorreu da conduta imprudente do trabalhador. E, uma vez que os motivos do acidente no possuem relao direta com o exerccio do trabalho e sequer poderiam ter sido evitados ou controlados pelo empregador, resta configurada tpica excludente de nexo causal, qual seja, o fato exclusivo da vtima.

    Nesses termos, configurado o fato exclusivo da vtima, despiciendas se tornam quaisquer consideraes que se possam tecer acerca da teoria de responsabilidade civil do empregador aplicvel ao caso. Isso porque o exame da causa exonerativa de responsabilidade reconhecida se d no terreno da causalidade - e no da culpabilidade - constituindo, portanto, hiptese de afastamento de responsabilidade tanto nos casos de responsabilidade civil subjetiva, como nos casos de responsabilidade civil objetiva. Em outras palavras, o fato exclusivo da vtima, quando configurado, rompe o liame de causalidade entre o dano e a circunstncia alegadamente violadora do direito, seja ela a ao ou omisso do empregador, seja ela o risco gerado pelo exerccio da atividade.

    Por conseguinte, dou provimento ao recurso ordinrio da reclamada para absolv-la da condenao que lhe foi imposta na origem em decorrncia do reconhecimento do acidente do trabalho.

    Por fim, em face do provimento do recurso ordinrio da reclamada neste tpico, resta prejudicado o exame dos demais itens do seu recurso, bem como do recurso ordinrio do reclamante, j que pertinente, em sua integralidade, matria relativa ao acidente do trabalho.

    []

    Desembargadora Las Helena Jaeger NicottiRelatora

    23

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    1.2 Danos morais. Indenizao devida. Explorao de trabalhador indgena. Conveno 169 da OIT e Estatuto do ndio. Intermediao de mo de obra. Sonegao de direitos trabalhistas. Prtica discriminatria. Prova que demonstra desrespeito honra e dignidade do trabalhador, de pouca instruo. Ausncia de registro na CTPS e inobservncia dos direitos trabalhistas mais bsicos, o que no ocorreu com trabalhadores no ndios que exerciam a mesma atividade (carga e descarga). Gravidade da conduta que enseja a expedio de ofcio ao Ministrio Pblico do Trabalho para as providncias cabveis na persecuo da tutela coletiva aplicvel.

    (2 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso. Processo n. 0000947-60.2012.5.04.0531 RO. Publicao em 15-10-2014)

    EMENTA

    INDENIZAO POR DANOS MORAIS. EXPLORAO DE TRABALHADOR INDGENA. CONVENO 169 DA OIT E ESTATUTO DO NDIO. INTERMEDIAO ILCITA DE MO DE OBRA. SONEGAO DE DIREITOS TRABALHISTAS. PRTICA DISCRIMINATRIA. 1. Ao se efetuar o cruzamento entre a Conveno 169 sobre Povos Indgenas e Tribais, a Declarao das Naes Unidas, a Constituio e Estatuto do ndio - Lei 6001/73, possvel extrair um ncleo bsico de proteo social ao trabalho indgena contendo, dentre outras garantias, o direito a no discriminao (direitos trabalhistas e previdencirios em igualdades de condies com no ndios e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres indgenas e mais desdobramentos quanto ao acesso ao emprego, isonomia salarial, assistncia mdica e social, segurana e higiene no trabalho, seguridade social, habitao e direito de associao). 2. A prova dos autos demonstra a explorao do trabalho do autor, ficando absolutamente ntido o desrespeito a sua honra e dignidade enquanto trabalhador indgena, na medida em que, devido sua pouca (ou nenhuma) instruo, teve sua mo de obra ilicitamente intermediada, sem registro em sua CTPS e sem reconhecimento de direitos trabalhistas mais bsicos. A conduta discriminatria do empregador mostrou-se evidente, porquanto trabalhadores no ndios, que exerciam a mesma atividade do autor (carga e descarga), eram formalmente registrados e gozavam dos direitos decorrentes da condio de empregado, ao contrrio dos trabalhadores indgenas. 3. Fatos suficientes para a configurao do dano moral, cuja responsabilizao prescinde da prova de efetivo dano suportado pela vtima, bastando que se prove to somente a prtica do ilcito do qual ele emergiu (dano in re ipsa).

    DISCRIMINAO DE TRABALHADOR INDGENA. PERSECUO DA TUTELA COLETIVA. COMUNICAO AO MINISTRIO PBLICO. Nos termos do art. 7 da Lei 7347/85, dada a gravidade da conduta empresarial relativa aos trabalhadores indgenas, de contedo discriminatrio, cabvel a expedio de ofcio ao Ministrio Pblico do Trabalho para as providncias cabveis na persecuo da tutela coletiva aplicvel.

    24

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    ACRDO

    por unanimidade, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO ORDINRIO DO AUTOR para acrescer condenao o pagamento de: [...] d) indenizao por danos morais equivalente a R$10.000,00 (dez mil reais), com juros a contar do ajuizamento da ao e correo monetria a partir da sesso de julgamento. [...] Expea a Secretaria o ofcio, na forma da fundamentao. [...].

    [...]

    VOTO RELATOR

    DESEMBARGADOR MARCELO JOS FERLIN D'AMBROSO:

    [...]

    2. RECURSO ORDINRIO DO AUTOR

    [...]

    2.5. INDENIZAO POR DANOS MORAIS.

    O Magistrado de origem indefere o pedido de indenizao por danos morais, por entender que "em que pese a gravidade dos atos praticados pela demandada, tenho que o pedido, tal como formulado, excede a controvrsia dos autos, ensejando o pagamento de indenizao por danos morais coletivos, pois praticado contra a comunidade indgena local, o que, contudo, extrapola os limites da presente ao" (destaque no original).

    O demandante recorre, alegando, em suma, que o dano sofrido, ainda que suportado por um grupo de trabalhadores (indgenas), no configura dano moral apenas coletivo, mas tambm individual, j que todos os empregados foram individualmente lesados pelos atos ilegais da r. Requer a reforma da sentena, para que lhe seja deferida a indenizao pleiteada.

    De acordo com o art. 5, X, da Constituio da Repblica, a honra e a imagem da pessoa inviolvel, sendo assegurado o direito indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao. Alm disso, nos termos dos arts. 186 e 927 do Cdigo Civil, aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito, ficando obrigado a repar-lo.

    Comprovado o dano, a configurao da ofensa prescinde de prova quanto ao prejuzo causado, bastando restar configurado o desrespeito aos direitos fundamentais tutelados, pois a prtica de ato ilcito atenta contra postulados consagrados na Constituio da Repblica. Neste sentido, a lio de Jos Afonso Dallegrave Neto:

    "o dano moral caracteriza-se pela simples violao de um direito geral de personalidade, sendo a dor, a tristeza ou o desconforto emocional da vtima sentimentos presumidos de tal leso (presuno hominis) e, por isso, prescindveis de comprovao em juzo". (Responsabilidade Civil no Direito do Trabalho. 2 ed. So Paulo: LTr, 2007, p. 154)

    No presente caso, data venia ao entendimento esposado na origem, na trilha do douto parecer da Exma. Sra. Procuradora Regional do Trabalho, Dra. Silvana Ribeiro Martins, "o dano

    25

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    moral coletivo no se confunde com o dano moral individual, pois enquanto este um instituto de Direito Individual do Trabalho, com caractersticas peculiares, aquele pertence ao Direito Coletivo do Trabalho e possui regras, princpios e institutos prprios, denotando a necessidade de uma diferente leitura jurdica. (...) O dano moral individual suscita, para sua proteo, o ajuizamento, geralmente, de aes atomizadas, por qualquer indivduo que se sentir lesado; o dano moral coletivo, por sua vez, somente pode vir a ser reparados [sic] por meio de ao dos legitimados, seres coletivos, como as associaes, os sindicatos, o Ministrio Pblico do Trabalho e as demais entidades mencionadas no art. 5 da Lei 7.347/85 e no art. 82 da Lei n 8.078/90" (fl. 200).

    O autor, na inicial, postula indenizao por danos morais, alegando que se sentiu explorado pela r, pois, devido a sua pouca instruo, somada a sua necessidade de subsistncia, acabou contratado para laborar sem registro em CTPS, tendo-lhe sido suprimidos direitos essenciais e violada a sua dignidade.

    Trata-se, assim, de dano de natureza nitidamente individual.

    Pois bem.

    A descoberta do Brasil em 1500 iniciou o contato dos nossos povos tradicionais com a sociedade europeia, deflagrando, a partir de ento, um processo histrico de excluso social, explorao e marginalizao dos indgenas mediante condutas brbaras de escravizao e espoliao de terras.

    Certo que, no Sculo XX, com a edio de legislao de tutela, o Estatuto do ndio - Lei 6001/73, e, principalmente, com a Constituio de 1988, houve a consagrao do respeito aos povos tradicionais com uma conquista de bases orientadoras para uma nova histria. Neste norte, a edio da Conveno 169 da OIT sobre Povos Indgenas e Tribais, em 1989, ratificada pelo Brasil em 2002, provoca uma mudana de paradigmas quanto ao respeito, preservao e insero social igualitria dos povos tradicionais, mas em nosso sentir timidamente aplicada at o momento.

    Assim, o mundo contemporneo e a evoluo da sociedade, seja no aspecto cultural, seja quanto s novas tecnologias empregues para facilitar a vida humana, com bens cada vez mais sofisticados, levam necessria reflexo sobre o contexto dos povos indgenas na atualidade, particularmente quanto sua insero no mercado de trabalho e o usufruto destes bens em comparao aos no-ndios.

    As indagaes imediatas na temtica sugerem o estudo das relaes de trabalho dos indgenas quanto s atividades em que so inseridos, se h respeito s suas condies peculiares relativas cultura, tradies, usos e costumes, e principalmente, se usufruem de igualdade de oportunidades que lhes possibilite o acesso ao trabalho e renda dignos.

    A Conveno 169 da OIT foi promulgada no Brasil pelo Decreto n. 5051/04, passando a vigorar a partir de sua publicao, em 20.04.2004. O referido diploma internacional elenca trs espcies de normas que se pode invocar para a tutela do trabalho indgena, a saber, as de diretrizes polticas, as de proteo ao trabalho e as de seguridade e sade. Neste cabedal, como principais garantias asseguradas aos povos tradicionais, importa, para o caso em exame, destacar especialmente:

    - gozo pleno dos direitos humanos e fundamentais, sem obstculos nem discriminao (art. 3., 1); - aplicao das disposies da prpria Conveno 169 com reconhecimento e proteo dos valores e prticas sociais, culturais, religiosas e espirituais prprias dos

    26

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    povos tradicionais, com respeito integridade desses valores, prticas e instituies, e adoo, com a sua participao e cooperao, de medidas voltadas a aliviar dificuldades que possam ser experimentadas ao enfrentarem novas condies de vida e de trabalho (art. 5); - direito no discriminao (acesso ao emprego, isonomia salarial, assistncia mdica e social, segurana e higiene no trabalho, seguridade social, habitao e direito de associao - art. 20, 2);

    Por sua vez, tambm aplicveis ao trabalho indgena, podem ser extradas as seguintes e importantes garantias previstas na Declarao das Naes Unidas sobre os Povos Indgenas, aprovada na ONU em 13 de setembro de 2007, dentre outras:

    - direito de gozo pleno de todos os direitos estabelecidos no Direito do Trabalho internacional e nacional - art. 17.1;- direito de no discriminao - art. 17.3;- direito de melhoria das condies econmicas e sociais, especialmente na rea de educao, emprego, capacitao e reconverso profissionais, habitao, saneamento, sade e seguridade social - art. 21.1; - ateno diferenciada aos direitos e necessidades especiais de idosos, mulheres, jovens, crianas e pessoas com deficincia indgenas e proteo contra a violncia e discriminao - art. 22.

    J no plano da legislao ptria, em especial, no Estatuto do ndio, colhem-se as seguintes regras:

    - direito de no discriminao e direito de gozo pleno dos direitos trabalhistas e previdencirios - art. 14; - direito de adaptao das condies de trabalho aos usos e costumes da comunidade indgena - art. 14, pargrafo nico;

    Coube Constituio da Repblica garantir ainda o direito de acesso justia aos ndios, suas comunidades e organizaes, com a interveno do Ministrio Pblico em todos os atos do processo.

    Ao se efetuar o cruzamento entre a Conveno 169, a Declarao das Naes Unidas, a Constituio e Estatuto do ndio, possvel extrair um ncleo bsico de proteo social ao trabalho indgena contendo as seguintes garantias:

    - acesso Justia; - no discriminao (direitos trabalhistas e previdencirios em igualdades de condies com no ndios e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres indgenas e mais desdobramentos quanto ao acesso ao emprego, isonomia salarial, assistncia mdica e social, segurana e higiene no trabalho, seguridade social, habitao e direito de associao); - adaptao das condies de trabalho aos usos e costumes indgenas;- assistncia do rgo de proteo na contratao e nas condies de trabalho; - direito de organizao de sistemas e instituies econmicas, polticas e sociais prprias; - melhoria das condies sociais; - proteo especial de crianas, jovens, mulheres, idosos e pessoas com deficincia indgenas;

    27

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    - direito de informao; - servios especializados de inspeo do trabalho; - considerao dos costumes e direito consuetudinrio na aplicao da legislao nacional; - direito de ao de forma pessoal ou mediante seus organismos representativos; - no submisso a condies perigosas de trabalho, em particular, substncias txicas ou pesticidas; - no submisso a sistemas de contratao por dvidas, incluindo servido por dvidas.

    A verdade que se houvesse efetiva observncia destas garantias aos indgenas no quotidiano de suas relaes trabalhistas, uma histria diferente estaria sendo construda, com total mudana da realidade. Ao invs de pobreza, marginalizao e a dura crueldade do trabalho nas ruas, na venda de artesanatos, a sociedade estaria admirando as diferenas culturais e incorporando valores indgenas no seu modo de vida, em intercmbio recproco e no na atual via predatria e de aculturao dos povos tradicionais.

    E, no caso em julgamento, a prova colhida demonstra, de forma clara, a explorao do trabalho do autor, deixando absolutamente ntidos o desrespeito a sua honra e dignidade enquanto trabalhador indgena, na medida em que, devido sua pouca (ou nenhuma) instruo, teve sua mo de obra ilicitamente intermediada, sem registro em sua CTPS e sem reconhecimento de direitos trabalhistas bsicos. A conduta empresarial discriminatria mostra-se evidente, porquanto trabalhadores no ndios, que exerciam a mesma atividade do autor (carga e descarga), eram formalmente registrados e gozavam dos direitos decorrentes da condio de empregado, ao contrrio dos trabalhadores indgenas.

    Observe-se, a propsito, a declarao do prprio preposto da r, que demonstra que o mesmo labor (carga e descarga) desempenhado pelo autor (e depois indgenas) era executado, tambm, por trabalhadores da demandada, mas somente estes eram formalmente registrados:

    "que o incio do trabalho prestado pelo autor e demais indgenas comeou da seguinte forma: (...) que conforme a necessidade de trabalhadores a reclamada contatava M. e solicitava a quantidade de pessoas para o trabalho; que M. contratava essas pessoas para prestar servio de carga e descarga; (...) que esses trabalhadores atuavam na carga e descarga de caminhes; (...) que M. recebia um valor determinado por pessoa que prestasse servio; que o depoente no sabe precisar valores, acreditando que era R$50,00 ou R$70,00 por pessoa; que o depoente no sabe quanto M. pagava por trabalhador; que o ajuste entre a reclamada e M. era a razo de pagamento de diria por trabalhadores; que esse pagamento da reclamada era realizado direto para M.; que M. fazia o repasse dos valores aos trabalhadores; (...) que a reclamada tambm tem trabalhadores que atuam em carga e descarga, a razo de 35 empregados registrados formalmente; (...)" (grifei).

    O sofrimento e o abalo morais resultantes da situao discriminatria em foco so mais do que evidentes e dispensam a prova de sua efetividade, pois o dano moral, enquanto resultante de violao honra ntima a dignidade da pessoa definido, pela legislao, ilcito de ao, e no de resultado, de modo que o dano se esgota em si mesmo (na ao do ofensor) e dispensa a prova do resultado.

    28

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    Logo, reputa-se configurando o dano moral, cuja responsabilizao prescinde da prova de efetivo dano suportado pela vtima, bastando que se prove to somente a prtica do ilcito do qual ele emergiu (dano in re ipsa), como no caso.

    Desta maneira, com fulcro nos arts. 186 e 927 do Cdigo Civil, c/c art. 5, X da CF/88, reputo cabvel a condenao da r ao pagamento de indenizao por danos morais.

    Para estabelecer o importe da quantia devida, ponderam-se os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como a necessidade de ressarcir o obreiro de seu abalo, sem descurar, tambm, o aspecto pedaggico e educativo que cumpre a condenao a esse ttulo, desdobrado em trplice aspecto: sancionatrio/punitivo, inibitrio e preventivo, a propiciar no s a sensao de satisfao ao lesado, mas tambm desestmulo ao ofensor, a fim de evitar a repetio da conduta ilcita.

    Por esta razo, considerando a extenso dos danos sofridos pelo autor, a capacidade econmica do ofensor (capital social de R$85.000,00 - fl. 38v), o grau de culpa deste (grave - conduta discriminatria), o carter pedaggico e punitivo que o quantum indenizatrio deve cumprir na espcie, tenho por razovel e suficiente estabelecer o valor de R$10.000,00 (dez mil reais) como montante a ser pago a ttulo de dano moral.

    O valor dever ser acrescido de juros a contar do ajuizamento da ao, nos termos do art. 883 da CLT, e corrigido monetariamente a partir da sesso de julgamento, a teor do que estabelecem a Smula 362 do STJ e a Smula 50 deste Regional. No mesmo sentido o entendimento da Smula n 439 do TST: "Nas condenaes por dano moral, a atualizao monetria devida a partir da data da deciso de arbitramento ou de alterao do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento da ao, nos termos do art. 883 da CLT".

    Isto considerado, dou provimento parcial ao recurso do autor para acrescer condenao a indenizao por danos morais equivalente a R$10.000,00 (dez mil reais), com juros a contar do ajuizamento da ao e correo monetria a partir da sesso de julgamento.

    [...]

    4. DETERMINAO EX OFFICIO. EXPEDIO DE OFCIO.

    Nos termos do art. 7 da Lei 7347/85, dada a gravidade da conduta empresarial relativa aos trabalhadores indgenas, determina-se a expedio de ofcio ao Ministrio Pblico do Trabalho, com cpia da sentena e deste acrdo, para as providncias cabveis na persecuo da tutela coletiva aplicvel.

    Destaque-se, para evitar embargos com intuito protelatrio, que a determinao de expedio de ofcios est inserida dentre os poderes do Juiz na conduo do processo (art. 765, CLT) e corresponde ao estrito cumprimento do dever funcional de dar cincia s autoridades competentes acerca das irregularidades de que toma conhecimento, no se podendo cogitar, portanto, em reformatio in pejus ou julgamento extra petita.

    Desembargador Marcelo Jos Ferlin D'Ambroso

    Relator

    29

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    1.3 Gestante. Concepo no curso do contrato de experincia. Garantia ao emprego reconhecida. Indenizao do perodo da estabilidade indevida, todavia. Retorno ao trabalho oferecido em tempo hbil (Smula 244, II, do TST). Trabalhadora que refere, em audincia, no ter interesse no emprego. Ausncia de provas no sentido da alegada inviabilidade de retorno. Indenizao devida apenas quando invivel o retorno ao trabalho, tanto pelo decurso do perodo estabilitrio quanto pela ausncia de condies razoveis para a manuteno do contrato.

    (9 Turma. Relatora a Exma. Desembargadora Lucia Ehrenbrink. Processo n. 0000091-30.2014.5.04.0304 RO. Publicao em 28-11-2014)

    EMENTA

    GRAVIDEZ. GARANTIA NO EMPREGO. OPO PELO NO EXERCCIO DO DIREITO. Invivel a indenizao do perodo da estabilidade da gestante quando a trabalhadora refere no ter interesse no retorno ao trabalho, oferecido este em tempo hbil, na forma do item II da Smula 244 do TST. Provimento negado.

    []

    VOTO RELATOR

    DESEMBARGADORA LUCIA EHRENBRINK:

    1 - ESTABILIDADE PROVISRIA. GESTANTE.

    O julgador de primeiro grau reconheceu que a concepo ocorreu aproximadamente uma semana e meia antes do termo final do contrato de experincia de 30 dias, em 03-12-2013. Referiu que a modalidade do contrato, por prazo determinado, no afasta o direito da trabalhadora a estabilidade, tampouco o desconhecimento da reclamada sobre a situao gravdica da empregada quando da extino do contrato. Entretanto, considerou julgador de origem que a reclamante renunciou estabilidade gestante quando, na audincia inicial, aps a reclamada colocar o emprego disposio, referiu no ter mais interesse. Acrescentou o julgador, ainda, que a oferta de retorno ao trabalho ocorreu em tempo hbil, quando a autora contava com aproximadamente 4 meses de gestao.

    Contra essa deciso insurge-se a reclamante. Destaca que ficou sabendo que estava grvida aproximadamente uma semana antes do final do contrato de experincia e, como no queria ser afastada, avisou a empresa do seu estado e que gostaria de voltar ao trabalho, recebendo resposta negativa por parte da empresa. Acrescenta que foi "distratada pelo RH da empresa" quando tentou o retorno ao trabalho, sendo que a reclamada somente ofereceu a possibilidade de retorno ao trabalho na audincia para furtar-se do pagamento de indenizao. Transcreve jurisprudncia no sentido de que a recusa oferta de emprego no afasta o direito a indenizao do perodo estabilitrio. Assim, requer a indenizao das suas remuneraes desde 03-12-20013 at cinco meses aps o parto.

    Analisa-se.

    30

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    Pacfico nos autos que a concepo se deu durante o contrato de trabalho. A teor das disposies da Smula 244 do TST, sequer o fato de o contrato ser a prazo determinado, ou mesmo o desconhecimento do empregador do estado gravdico da trabalhadora quando da extino do contrato seria bice ao reconhecimento do direito.

    Dessa forma, cumpre apenas analisar se a negativa da reclamante em retornar ao emprego, aps a oferta da reclamada em audincia, teria o condo de afastar o direito indenizao pretendida.

    E nesse sentido, referenda-se o entendimento do julgador de 1 grau.

    Entende-se que a Constituio Federal reserva empregada gestante o direito garantia no emprego e no indenizao. Ou seja, garantida a permanncia no trabalho, no havendo opo alternativa pela indenizao. A indenizao do perodo de estabilidade, diga-se, s ter lugar quando invivel o retorno ao trabalho, tanto pelo decurso do prprio perodo estabilitrio quanto pela ausncia de condies razoveis de trabalho para a manuteno do contrato.

    Na hiptese dos autos, como bem apreendido pelo julgador de origem, a proposta de retorno ao emprego foi recusada pela reclamante quando contava aproximadamente com 4 meses de gestao, ou seja, o direito constitucional lhe foi oportunizado em tempo hbil.

    Por outro lado, no h prova alguma a sustentar as alegaes da autora no sentido de que tenha sido destratada pela reclamada, o que tornaria invivel o seu retomo ao trabalho. Alis, nesse sentido impe-se ressaltar a ausncia de verossimilhana nas alegaes da autora, posto foi modificando as suas teses do decurso do processo.

    Observa-se que na petio inicial a autora referiu ter faltado ao trabalho em razo da gravidez, recebendo assdio moral da reclamada pelas faltas excessivas, o que a levou a pedir demisso. Entretanto, da anlise dos cartes ponto das fls. 43/44, observa-se que no h registro algum de falta, exceto no dia 03-12-2013, data do final do contrato a prazo determinado de 30 dias, iniciado que foi em 04-11-2013. Tambm no ocorreu pedido de demisso. Dessa forma, alm de no comprovado o assdio, se torna pouco crvel que tenha ocorrido.

    Ademais, observa-se a ata de audincia da fl. 18 e verifica-se que a a reclamante referiu que "no tem interesse em retornar ao emprego", nada referindo acerca de impossibilidade de retorno ao emprego por ausncia de condies mnimas e razoveis de trabalho, assdio ou animosidade por parte da reclamada.

    Assim, recusando a empregada a oferta de retorno ao emprego por ausncia de interesse, entende-se que tenha decidido no exercer seu direito estabilidade, no sendo devida a indenizao correspondente.

    No mesmo sentido h recente e unnime deciso desta 9 Turma:

    RECURSO ORDINRIO DA RECLAMANTE. EMPREGADA GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISRIA. AUSNCIA DE INTERESSE DE RETORNO AO TRABALHO. O direito assegurado no artigo 10, II, 'b', do ADCT, de garantia do emprego empregada gestante desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto, e no percepo de salrios de perodo de deliberada inatividade. A disposio constitucional em anlise protege o nascituro de uma forma singular e expressamente determinada no texto do artigo 10, II, 'b', do ADCT, qual seja, vedando a dispensa arbitrria ou sem justa causa da empregada gestante. Evidentemente que, resguardando-se o direito manuteno do emprego da mulher gestante, est-se tutelando tambm, e principalmente, o direito do nascituro. A

    31

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    subsistncia da gestante decorrente da garantia de sua fonte de sustento, aqui, a rbita de proteo conferida pelo constituinte ao nascituro. Invivel ir alm e admitir que o resguardo aos direitos do nascituro garantiria o salrio a quem inequivocamente no tem inteno de trabalhar. Importa ponderar que a renncia a direito (tenha ele o status de direito fundamental ou no) no se confunde com a faculdade de no exerc-lo. Cogitar-se-ia de vedada renncia, exemplificativamente, se no contrato de trabalho assinado na data da admisso constasse eventual clusula de expressa renncia da trabalhadora a esse direito. Diversa a hiptese em exame, em que a reclamante, ciente do direito garantia no emprego, opta por no exerc-lo, recusando a reintegrao ao trabalho. E tanto verdade que a reclamante no renunciou ao direito que, lastreada em interpretao de que seria to amplo a ponto de garantir-lhe os salrios do perodo de estabilidade provisria independentemente de qualquer prestao positiva de sua parte, vindica na presente ao parcelas com base, justamente, nesse prprio direito. No se caracteriza, pois, a renncia, mas sim o no exerccio do direito. Hiptese em que a pretenso da reclamante jamais foi retornar ao emprego, mas sim perceber os valores correspondentes aos salrios do perodo de estabilidade provisria, situao limtrofe aos conceitos de abuso de direito e enriquecimento ilcito, no merecendo a chancela judicial. Recurso improvido. (TRT da 04 Regio, 9A. TURMA, [...] RO, em 09/10/2014, Desembargadora Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargadora Maria da Graa Ribeiro Centeno, Desembargadora Lucia Ehrenbrink)

    Sentena mantida.

    []

    Desembargadora Lucia EhrenbrinkRelatora

    1.4 Relao de emprego. Configurao. Contrato de estgio. Nulidade. Inobservncia dos requisitos da Lei n. 11.788/08. Inexistncia de acompanhamento e avaliao do estgio (em conformidade com currculos, programas e calendrios da instituio de ensino). Abuso de direito configurado. Descaracterizao do contrato de estgio celebrado. Reconhecimento de todos os efeitos do contrato de trabalho, a despeito da ausncia de concurso pblico (art. 37, II, da CF). Inaplicabilidade da Smula 363 do TST. Deciso por maioria.

    (6 Turma. Relator o Exmo. Desembargador Raul Zoratto Sanvicente. Processo n. 0001135-82.2012.5.04.0101 RO. Publicao em 23-10-2014)

    EMENTA

    VNCULO DE EMPREGO. NULIDADE DO CONTRATO DE ESTGIO. No observados os requisitos da Lei n.11.788/08 que regulamenta o contrato de estgio, j que inexistentes o acompanhamento e a avaliao do estagirio em conformidade com os currculos, programas e calendrios da instituio de ensino, configura-se o abuso de direito por parte do reclamado, restando descaracterizado o contrato de estgio celebrado entre as partes.

    32

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    ACRDO

    por maioria, vencido em parte o Exmo. Juiz Jos Cesrio Figueiredo Teixeira, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINRIO DO PRIMEIRO RECLAMADO.

    [...]

    VOTO RELATOR

    DESEMBARGADOR RAUL ZORATTO SANVICENTE:

    1. VNCULO DE EMPREGO.

    Tendo em vista a rotina da reclamante, a qual, muito embora contratada formalmente pelo recorrente como estagiria, trabalhava alm de seis horas dirias, sem ter concedido recesso durante o perodo de frias escolares, o Juiz de origem declarou nula a forma de contratao e reconheceu o vnculo de emprego entre as partes, deferindo diferenas salariais pela observncia das normas coletivas dos bancrios, horas extras, horas extras decorrentes da no concesso de intervalo e rescisrias.

    O B. recorre, aduzindo que no h prova no sentido de que as responsabilidades da demandante fossem iguais quelas dos funcionrios concursados, tendo sido compridas todas formalidades legais para fins de contratao da estagiria. Salienta, ainda, o recorrente que a nulidade do contrato no pode gerar efeitos, devendo ser afastadas as condenaes pecunirias face ausncia de concurso pblico (art. 37, II, da CLT), sendo devida to somente a contraprestao das horas laboradas e os valores referentes ao FGTS conforme o entendimento jurisprudencial consubstanciado na Smula 363 do TST, a qual invoca tambm para a finalidade de ver-se absolvido das diferenas salariais reconhecidas autora, sustentando ser injusta a equiparao com os concursados. Alternativamente, busca a compensao e observncia da proporcionalidade da carga horria de 120 horas.

    Analiso.

    O artigo 9 da Lei 11.788/2008 dispe que:

    "As pessoas jurdicas de direito privado e os rgos da administrao pblica direta, autrquica e fundacional de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, bem como profissionais liberais de nvel superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalizao profissional, podem oferecer estgio, observadas as seguintes obrigaes: (...) VII - enviar instituio de ensino, com periodicidade mnima de 6 (seis) meses, relatrio de atividades, com vista obrigatria ao estagirio."

    Analisando os documentos constantes nos autos, percebo que as condies previstas pela Lei no restaram suficientemente cumpridas, porquanto no h qualquer prova acerca do acompanhamento e/ou avaliao, por parte da instituio de ensino ou pelo agente intermediador, das atividades desempenhadas pela autora enquanto estagiria.

    No foram trazidos aos autos relatrios de estgio ou documentos similares, inexistindo tambm comprovao quanto efetiva superviso do estgio pela pessoa indicada no termo de compromisso das fls. 13/16-verso, a qual no mencionada, em nenhum momento, na prova oral.

    33

    :: Ano X | Nmero 175 | Dezembro de 2014 ::

  • volta ao ndice volta ao sumrio

    Tais circunstncias so suficientes para descaracterizar o contrato firmado entre as partes, devendo ser observado o constante no art. 15 da referida Lei, in verbis:

    "Art. 15. A manuteno de estagirios em desconformidade com esta Lei caracteriza vnculo de emprego do educando com a parte concedente do estgio para todos os fins da legislao trabalhista e previdenciria."

    Nesse sentido, tambm, o entendimento desta 6 Turma, como se observa dos acrdos cujas ementas transcrevo abaixo:

    VNCULO DE EMPREGO NO PERODO DE ESTGIO. Em sendo admitida a prestao de servios, cabe empregadora demonstrar a existncia de trabalho nos moldes que apregoa, como fato impeditivo do direito do autor, conforme dispe o art. 333, II, do CPC. Havendo o descumprimento da legislao pertinente, pela ausncia de fiscalizao e acompanhamento da entidade de ensino no contrato de estgio, a consequncia legal o reconhecimento do vnculo de emprego no correspondente perodo. (TRT da 04 Regio, 6a. Turma, [...] RO, em 10/07/2013, Desembargadora Maria Helena Lisot - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargador Jos Felipe Ledur, Desembargadora Beatriz Renck)NULIDADE DO CONTRATO DE ESTGIO. RECONHECIMENTO DO VNCULO DE EMPREGO COM B. A relao de estgio apresenta pressupostos de natureza formal e material. Dentre os pressupostos de natureza material inclui-se a complementao do ensino e aprendizagem, em consonncia com currculos, programas e calendrio escolares. Hiptese em que essa complementao no foi demonstrada pelo reclamado. A no-realizao de concurso no elimina a possibilidade de se reconhecer o vnculo de emprego mantido entre os litigantes. Prevalece o princpio do valor social do trabalho, fundamento da Repblica e da ordem econmica. Recurso da reclamante provido. (TRT da 04 Regio, 6a. Turma, [...] RO, em