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A revista Economix mostra que é possível desvendar o panorama da economia nacional e os passos percorridos pelo ser humano para alcançar o crescimento econômico dos dias atuais. Mostrando através de uma linguagem clara e objetiva como lidar com a economia no país, com matérias nas quais o jovem pode se espelhar para obter melhor resultado quando os assuntos são custos e gastos.

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ARevista Economix, em sua primeira edição, se propõe a ajudar você, leitor, a entrar “de cabeça” no universo da economia, que envolve questões muito simples, mas que pela complexidade de seus termos, amedrontam quem não entende do assunto.

A ideia de que a economia faz parte de nosso passado, presente e futuro é uma vaga lembrança para muitos de nós, jovens do século XXI, ou seja, não damos ao tema a devida importância que ele merece. O Brasil está passando por uma fase de crescimento, driblando, até agora, as crises financeiras que têm atingido todo o mundo, conforme contaremos a você em detalhes em uma matéria especial sobre a bolsa de valores.

Nas páginas seguintes, será possível desvendar o panorama da economia nacional e os passos percorridos pelos nossos pais, avôs e bisavôs para alcançarmos ao crescimento econômico dos dias atuais. Crescimento esse que, se tudo der certo, conforme planejam os especialistas, irá trazer pessoas do mundo inteiro para assistir os melhores jogadores de futebol na Copa do Mundo de 2014.

Para encabeçar o time de especialistas em educação financeira que vão ajudá-lo a man-ter as suas finanças em dia, em um bate-papo descontraído, o consultor financeiro e escritor Gustavo Cerbasi abre o jogo e revela sua história de vida, como fatos de sua infância, a difícil escolha da carreira e a inesperada ascensão profissional que o levou às livrarias brasileiras.

Como já dizia o político Mariano José Pereira da Fonseca, mais conhecido como Marquês de Maricá, com trabalho, inteligência e economia, só é pobre quem não quer ser rico. O Brasil está em nossas mãos e, ao tomar decisões inteligentes, como economizar os recursos naturais do nosso planeta e tornar-se um consumidor consciente, tudo tende a prosperar.

Boa leitura e até a próxima!

EDITORIAL

Patrícia Ramos, Mara Speri, Aline Messias e Naiara Teles

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niEXPEDIENTEFoto Capa: Georges Nabahan, Gustavo Palladinie Nando Carvalho Produção: Aline Messias, Mara Speri, Naiara Telese Patrícia RamosProjeto Gráfico e Diagramação: Gustavo PalladiniOrientação: Profº Dirceu RoqueEntre em contato conosco: [email protected]

Revisão Final: Anna Lígia Machado e Patrícia SantanaColaboradores: Álvaro Modernell, Coquetel, EugênioPagotti, Marcos Santos, Patrícia Leite Di Iório e William SilvaImpressão: Alpha GraphicsDistribuição Mensal Trabalho de Conclusão de Curso da UniversidadeCruzeiro do Sul – Campus Anália Franco

de Cairns, com diversas empresas estrangeiras instaladas em seu ter-ritório. E tem como principais pro-dutos de exportação os agrícolas e minérios, sendo considerado um dos principais países industrializados na América do Sul.

Entre os países estrangeiros, alguns em crise como os Estados Unidos da América, o cenário está favorável para o Brasil, por exportar bastante e estar crescendo. “É preciso ter cuidado para não criar expectati-vas em relação a situação econômica atual, pois pode ser uma visão falsa, porque não se sabe até quando isso vai durar”, afirma Saes.

Durante o primeiro ano de man-dato, Dilma Rousseff, ex-ministra da Casa Civil e primeira presidente mu-lher eleita no País, já enfrenta o au-mento da inflação, polêmicas discus-sões sobre o aumento das taxas de juros, além de ter anunciado cortes nos gastos públicos. “A justificativa para as ações da Dilma, controlando os gastos, está em manter o País está-vel, controlar a inflação e evitar efei-tos negativos da crise internacional”, explica Saes.

O cenário encontrado por Dilma foi deixado pelo seu antecessor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que durante o seu primeiro mandato em 2003, assumiu o País com diversos desafios, entre eles o de manter a infla-ção controlada e o de enfrentar a crise do câmbio, ou seja, variação da entra-da e saída de dinheiro de acordo com o dólar. Inicialmente, Lula começou a investir parte do seu capital político na aprovação de uma reforma na previ-dência social, que consistia na redução do valor da pensão para dependentes de pessoas falecidas e na diminuição do valor integral de aposentadoria para os servidores públicos.

Outra mudança foi o aumento do

superávit primário nas contas públicas para manter mais dinheiro em caixa. Segundo Saes, essas mudanças eram necessárias para que o presidente ga-nhasse credibilidade, conseguisse a estabilização das taxas de juros e o de-senvolvimento da economia do País.

Durante os dois mandatos de Lula, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB al-cançou alguns picos, como em 2004, com crescimento de 5,7% e em 2010 com 7,5%, considerado o maior cres-cimento da economia desde 1986.

A taxa de desemprego também sofreu mudanças durante os oito anos, caindo pela metade em relação ao final do governo anterior, por vol-ta de 5% em 2010, segundo o IBGE. “Lula conseguiu reduzir as taxas de juros, manteve a inflação controlada e conseguiu antecipar o pagamento da dívida externa brasileira, deixando o Brasil em destaque perante os ou-tros países”, afirma o professor.

O PlANO qUE DEU CERTO A década de 80 foi marcada por

um processo inflacionário. Provavel-mente você não se lembra do cruzeiro, nem do arroz e feijão com um preço a cada semana. Mas, com certeza, seus pais devem recordar muito bem.

Naquela época, a moeda vigente era o cruzeiro e os produtos sofriam variações por causa da inflação. A dona de casa Regina Francisco, de 45 anos, conta que neste tempo precisava fazer compra mensal porque o preço dos produtos aumentava semanalmen-te. “Os rapazes do mercado estavam sempre com a máquina de etiquetar preços nas mãos, alguns produtos mu-davam até diariamente”, lembra.

Vários planos para conter a situa-ção eram criados e fracassavam. Plano Cruzado, Bresser, Verão e Collor são os mais conhecidos. Esse último trauma-

tizou grande parte da população, pois reteve todo o dinheiro acima de 50 mil cruzados novos (na época 1000 cruza-dos correspondiam a 1 cruzado novo) depositados na caderneta de pou-pança, tirando o dinheiro de circula-ção para conter a inflação. Esse plano também não deu certo e muita gente nunca teve o seu dinheiro de volta.

Em 1994, foi criado o Plano Real. Na época o presidente da República era Itamar Franco e o ministro da Fa-zenda, o futuro Presidente, Fernan-do Henrique Cardoso. O Plano tinha como principal objetivo controlar a inflação. E conseguiu.

Um dos pontos mais importantes

do governo, conforme afirma o pro-fessor de economia, foi a criação do valor dessa nova moeda. “O governo precisou criar um indexador, chama-do de URV. Era o que fazia a relação do valor daquela moeda para o que seria a nova. A tentativa era equilibrar as contas públicas e diminuir a emis-são de moeda”. Em julho do mesmo ano, a URV deixou de existir e 2.750 cruzeiros novos passaram a valer 1 real. De cruzeiro passou a ser chama-da real, como conhecemos até hoje.

Com a nova moeda e a inflação controlada, o Brasil passou a ser visto como um País seguro para investimen-tos aos olhos do mercado externo.

Por Mara Speri e Patrícia Ramos

Aeconomia, segundo o dicioná-rio Aurélio, é a ciência que trata dos fenômenos relativos a pro-dução, distribuição e consumo

de bens; teoria econômica e sistema produtivo de um País ou região.

O crescimento da economia de um País é calculado pelo Produ-to Interno Bruto (PIB), por meio da soma das atividades dos setores de serviços, indústria e agropecuária. O professor doutor de economia da Fa-culdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP), Alexandre Saes, afirma que “o PIB brasileiro é calcula-do a partir da somatória dos gastos e dos investimentos do governo, do número de exportações e do consu-mo da população. E depois, o número de importações ocorridas no mesmo período é subtraído do valor total”.

CENáRIO ATUAlSegundo o Ministério de De-

senvolvimento Indústria e Comércio Exterior, o PIB brasileiro cresceu 4,2% no primeiro trimestre de 2011 e o nú-mero de exportações já superaram os valores de 2010, entretanto, o ín-dice de desemprego aumentou em relação ao governo anterior.

Hoje o País é a 7ª economia do mundo, em comparação há dois anos quando estava na 9ª posição, segundo depoimento do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a Fo-lha de S. Paulo (Março/2011). O Brasil também está na 73ª no ranking dos melhores países para fazer negócios, de acordo com a revista Forbes (Ou-tubro/2011).

No momento faz parte de diver-sas organizações como Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo

BRASIL “O Brasil é um País de sonhos, cheio de pesadelos”, por Jean Claudio Feder

Saiba como funciona a economia e como o Brasil passou a ser um dos paísesem desenvolvimento que mais CHamam a atenção no planeta

AfiNAl o que é A iNflAção?Existem várias explicações e tentativas para definir a infla-

ção, mas pode-se classificá-la de dois modos. Em um primeiro caso, existe a inflação de consumo, ou seja, quando um produto que abastece 10 mil pessoas tem um preço médio e depois passa a abastecer o dobro de consumidores. Para isso, será necessário o aumento na produção e nos gastos e o produtor passará a aumen-tar o valor, mesmo que absurdamente, pois existirão compradores para seus produtos.

No segundo caso, existe a inflação de demanda, isto é, quan-do existe baixa produção para uma demanda alta de consumido-res, que buscam a venda de determinados produtos e que poste-riormente começam a faltar no mercado. Assim, o valor sobe em consequência da falta.

PoR que ocoRRe A iNflAção?Saes explica que a partir do plano real em 1994, passou a

existir uma relação do real com a moeda estrangeira, o dólar. “Ini-cialmente a relação era de 1 real para 1 dólar, ou seja, para que o

País tenha esse valor em real na economia, é necessário que haja o mesmo valor em dólar”, diz. Dessa forma, o valor dos produtos importados e exportados passou a ser o mesmo, sem variação, con-seguindo estabilizar a inflação no Brasil.

Posteriormente, o governo percebeu que manter a relação de 1 real para 1 dólar não seria mais possível, já que o valor dos produtos estrangeiros passou a ser o mesmo ou mais barato que o nacional, diminuindo o consumo interno e deixando a economia brasileira pre-ocupada com baixo desenvolvimento.

O dólar é a moeda de referência mundial e para um melhor de-senvolvimento da economia nacional foi estabelecida uma nova rela-ção de moedas, que geralmente é aplicada até os dias de hoje. A cada 2 dólares no caixa brasileiro, o governo acrescenta 1 real na economia do País, gerando desenvolvimento e movimentação no mercado.

Existem variações no valor do dólar de acordo com a relação de diversos pontos na economia geral, mas podemos classificar essa variação como câmbio flutuante, ou seja, a entrada e saída de dinheiro no País são variáveis de acordo com o valor do dólar.

JuRoSQuando a taxa de juros está em baixa, os produtos se tornam

mais baratos, facilitando o consumo da economia. O problema acontece quando esse consumo é alto e existe a disputa pelos pro-dutos no mercado, causando um novo processo inflacionário como no segundo caso de inflações.

No caso contrário, quando as taxas estão em alta, investir no Brasil passa a ser uma opção interessante para os estrangeiros, pois aplicam o dinheiro em investimentos no País em troca de rentabi-lidade em consequência dos juros, proporcionando maior dinheiro em caixa. Porém, essas altas taxas dificultam o consumo interno e aumentam o valor do investimento nacional.

AfiNAl, quAl A MelhoR foRMA de MANTeR oS JuRoS?Por enquanto, existem os juros variáveis, uma forma de

aumentar e diminuir as taxas de acordo com a situação eco-nômica do Brasil. Mensalmente acontece no País uma reunião com representantes do Banco Central e do Ministério da Fazen-da para avaliar o crescimento da economia no mês anterior. Na ocasião, verificam se é necessário aumentar ou diminuir as taxas de juros.

Com a taxa de juros mensal estabelecida, o valor inflacionário também é determinado. “A taxa de juros e o processo inflacionário é determinado de acordo com o que querem que suba a economia”, fi-naliza o professor.

6 7 Novembro de 2011

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Alexandre Saes

Cofins, IPI, ISS, Contribuições, etc.). Existem mais de 60 tributos cobra-dos atualmente no Brasil. O maior custo para o cidadão é sobre o con-sumo, já que o Governo cobra tribu-tos que estão embutidos no preço final de mercadorias e serviços. Se-gundo Amaral, pagamos em média 40% sobre tudo que consumimos. “Na conta de luz tem 48% de tribu-tos, na conta de telefone 46%, na ali-mentação em geral há 30%, no ves-tuário e calçados 37%, nas bebidas não alcoólicas 45%”, explica.

Além da grande quantidade, há também aumento nas quantias a serem pagas. Segundo o presiden-te do IBTP, João Eloi Olenike, “para fazer frente à altíssima necessidade de recursos dos governos, princi-palmente para financiar a ‘máquina administrativa’, cria-se a necessidade constante de valores, e a fonte mais fácil para se conseguir isso é via au-mento da arrecadação tributária”.

No Brasil, um produto nacional pode sair mais caro do que aquele comprado em outro país, devido às altas taxas de impostos. A ar-recadação tributária chega a ser maior do que o PIB brasileiro, que consiste no Produto Interno Bruto do País. De acordo com Olenike, ”existe espaço para uma redução imediata da carga tributária. O que falta é vontade política para tanto. Sempre é mais fácil cobrar mais, do que aplicar melhor o dinheiro público. Para a redução dos tribu-tos não é necessária reforma tri-butária, basta existir vontade para diminuir alíquotas. Com a redução, mesmo que gradual e paulatina, o consumidor paga menos, há maior produção e a consequência é o próprio crescimento da arrecada-ção”, finaliza.

CURIOSIDADESVocê sabia que com o valor dos impostos que o brasileiro paga, é possível:- Adquirir 1.257.091.545 aparelhos de telefone celular?- Adquirir 668.665.715 televisores?- Pagar 1.532.208.005 mensalidades de escola particular?- Pagar 1.247.389.626 mensalidades de um plano de saúde particular para a família?- Adquirir 14.142.280 casas populares? - Adquirir 41.903.052 carros populares?Fonte: Impostômetro

GlOSSáRIOiR - Imposto de RendaiPTu - Imposto Predial e Territorial UrbanoiPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos AutomotoresicMS - Imposto sobre Circulação de Mercado-rias e Prestação de ServiçosiPi - Imposto sobre Produtos IndustrializadoscofiNS - Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialcPMf - Contribuição Provisória sobre Movimen-tação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeiraiof - Imposto sobre Operações Financeiros

Por Patrícia Ramos

imposto de renda, INSS, IPTU, IPVA, ICMS, IPI, COFINS, etc. Esses são os principais impostos que o brasileiro precisa pagar todos os

anos. Desde o começo de 2011, mais de um trilhão de reais já foram reco-lhidos em tributos no País.

E por que é dever de todo ci-dadão pagá-los? Pois a quantia arrecada serve para arcar com os gastos públicos, tais como educa-ção, transporte, saúde, segurança, cultura, entre outros. Os valores são recebidos pelo Estado – governos municipal, estadual e federal – e a utilização do dinheiro não é vincu-lada a gastos específicos, pois pe-rante a lei, é o Governo, com a apro-vação do Legislativo, quem define o destino das verbas, por meio dos orçamentos públicos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o Brasil é um dos países que cobra mais impostos, ficando atrás so-mente da França e Itália. O fundador e coordenador de estudos do IBPT e idealizador do site Impostômetro, Gilberto Luiz do Amaral, afirma que isso se deve ao “vício dos governan-tes em sempre quererem aumentar a arrecadação tributária, para pos-teriormente, ampliar e melhorar os serviços públicos”. Porém, Amaral também afirma que há muito des-perdício de recursos públicos. “Os governos não têm tanto profissio-nalismo na aplicação, quanto pos-suem na cobrança de impostos”, conclui o coordenador.

Os tributos a serem pagos inci-dem sobre o trabalho (Imposto de Renda, INSS), sobre o patrimônio (IPTU, IPVA) e o consumo (ICMS, PI,

IMPOSTOS “Se há algo que os novos governantes não deixam de copiar dos antecessores é a manha política de aumentar impostos”, por Ralph Waldo Emerson

os tributos estão embutidos em tudo que Consumimos.No Brasil, eles estão entre os maiores do mundo

PARTE DA hISTóRIAAs primeiras moedas surgi-

ram após o ano de 1530, quando os portugueses iniciaram a co-lonização do Brasil. Com isso, a economia brasileira se integrou ao sistema econômico vigente durante as grandes navegações, o mercantilismo.

Os portugueses introduziram no Brasil os engenhos de cana de açúcar na região Nordeste pela sua proximidade com a metrópole por-tuguesa. O açúcar é o produto mais duradouro da economia nacional. Na mesma época, escravos vindos da África eram comercializados como mercadorias para ajudar na produção e nas casas dos senhores. No interior da Serra da Mantiquei-ra descobriram uma região rica em minérios, que passou a ser conhe-cida como Minhas Gerais, atual es-tado MG.

A expansão da lavoura cafeeira para o interior de São Paulo graças às linhas férreas que escoavam a produção do interior para o porto de Santos, permitiu que o produto

alcançasse grande projeção na eco-nomia mundial.

Em 1888, o Brasil declarou a liberação dos escravos com a assi-natura da Lei Áurea, o que forçou as elites nacionais a investirem na mão de obra estrangeira, incenti-vando a imigração. “O Brasil foi for-çado para extinguir a escravidão. Os ingleses visavam aumentar o mercado consumidor para os seus produtos industrializados na Amé-rica”, conta o professor doutor de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Uni-versidade de São Paulo (USP), Ro-drigo Ricupero.

Porém, a economia brasileira ainda era frágil devido à extrema dependência do café que chegou a representar quase 80% da rique-za nacional. Durante as primeiras crises econômicas do século XX, o País se viu forçado a diversificar a economia, investindo na ativida-de industrial de grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro.

No Estado Novo (1937-1945)

o cenário brasileiro começou a ter vantagens econômicas e militares. Um acordo com os Estados Unidos da Américas possibilitou a implan-tação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Além disso, a eco-nomia passou a contar também com outras companhias: Compa-nhia Nacional de Álcalis, Compa-nhia Vale do Rio Doce e Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

Na mesma época, a Consolida-ção das Leis do Trabalho e a Justi-ça do Trabalho também fizeram parte do cenário. O salário mínimo foi implantado e a estabilidade no emprego do trabalhador foi a con-sequência.

Esse desenvolvimento do País, chamado “desenvolvimentismo”, prevaleceu até o Regime Militar (1964-1985). Neste período, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infraestrutura e alcançou elevadas taxas de crescimento econômico. Porém, manteve suas contas em desequilíbrio, multiplicou a dívida externa e desencadeou uma infla-ção reparada apenas em 1994.

Div

ulga

ção

8 9 Novembro de 2011

GloSSáRio:PiB - Produto Interno BrutouRV - Unidade Real de ValoriNflAção - A inflação é usualmente conceituada como um au-mento contínuo e generalizado no nível geral de preços, que resulta em perda ininterrupta do poder aquisitivo da moeda. deflAção - É o oposto de inflação, a queda no índice de preços. BANco ceNTRAl - Autoridade monetária do País responsável pela execução da política financeira do governo. Cuida ainda da emissão de moedas, fiscaliza e controla a atividade de todos os bancos no País.BRic – Grupo dos principais países emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China )que possuem grande importância nas decisões financeiras mundiais por terem as mesmas características econômicas.MeRcoSul - O Mercado Comum do Sul é um acordo comercial as-sinado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em 1991. Há ainda dois membros associados: o Chile (desde 1996) e a Bolívia (desde 1997). Ambos negociam a entrada no bloco econômico que preten-de fixar tarifas externas comuns para todos esses países e eliminar barreiras alfandegárias.uNASul – União de Nações Sul Americanas. É formada pelos 12 países da América do Sul. Tem como objetivo construir, de maneira participativa e consensual, um espaço de articulação no âmbito cul-

tural, social, econômico e político entre seus povos.G8+5 – É composta pelas principais potências econômicas, polí-ticas e industriais do mundo, mais as cinco principais economias emergentes. Fazem parte: EUA, Canadá, Japão, França, Itália, Ale-manha, Reino Unido e Rússia, mais Brasil, México, Índia, África do Sul e China.G20 – É constituído por ministros da economia e presidentes dos bancos centrais de 19 países de economias mais desenvolvidas do mundo, mais a União Europeia. Os principais objetivos são o favo-recimento de negociações econômicas internacionais, debates de políticas sustentáveis, flexibilidade do mercado de trabalho e libe-ração do comércio mundial. GRuPo de cAiRNS - É uma organização composta por 19 países: Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Indonésia, Malásia, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Filipinas, África do Sul, Tailândia e Uruguai. Juntos, os países-membros são responsáveis por mais de 25% das exporta-ções mundiais de produtos agrícolas. SuPeRáViT PRiMáRio – É a arrecadação do governo, subtraindo os gastos e descontando apenas os juros disso para pagamento da dívida do País.foNTe: Portal Brasil

prador, empresa familiar e sem her-deiros, briga de sócios e com a venda, cada um assume uma outra direção e endividamento. Mas ter apenas bons motivos não é o suficiente para que a fusão aconteça. Quando há o interes-se em sua realização, um dos primei-ros requisitos a serem avaliados é o market share (parcela representativa da empresa no mercado, de acor-do com o segmento que participa). “Quando o market share da empresa é maior que 20% no segmento atu-ante ou tem o faturamento acima de R$ 400 milhões anual é necessário que haja aprovação do CADE, órgão responsável pela liberação”, diz o ad-vogado.

Toda fusão deve ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para que não exista monopólio de determi-nado segmento ou produto no país, ou seja, evitando que uma grande empresa compre as concorrentes e domine o mercado.

O CADE é um órgão de última instância para resolução de proble-mas administrativos e de concorrên-cia, e tem como objetivo fiscalizar, apurar e orientar quesitos econômi-cos. O processo de aprovação de uma fusão é iniciado com a formalização do pedido da empresa compradora, que deve apresentar preço, avalia-

ções da empresa a ser comprada, entre outros detalhes. Depois disso, o CADE tem um tempo médio de 90 dias, dependendo de cada caso, para avaliar se é possível prosseguir com o processo.

Após essa análise, o órgão libe-ra, ou não, a aprovação da fusão e, a partir daí, o processo é finaliza-do. As companhias podem optar também pela aprovação com res-trições, que ocorre quando a ação está liberada, mas em um determi-nado prazo estimado pelo CADE, ou quando terão que cumprir com algumas solicitações. Sendo assim, a junção das empresas ou das atividades só pode ser realiza-da após a aprovação do Conselho Administrativo.

Outro ponto de extrema im-portância para o sucesso de uma fusão é o sigilo. No caso das em-presas de capital aberto, qualquer mudança que houver deve ser anunciada imediatamente para todo o mercado. Já no caso de empresas privadas, é aconselhável que a ação seja divulgada apenas depois da aprovação. “Em uma fusão de empresa privada é me-lhor não causar expectativas no mercado e divulgar a informação posteriormente, porém qualquer vazamento desse tipo de notícia é

de responsabilidade do principal executivo”, finaliza Madrona.

MERCADO DE FUSõES E AqUISIçõES NOS úlTIMOS ANOS

Atualmente, o mercado brasi-leiro está muito atraente para a eco-nomia e investimentos estrangeiros, sendo este um dos principais moti-vos para explicar o alto número de negócios no País. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Ca-pitais (ANBIMA), em 2010 o valor de fusões e aquisições no Brasil ultra-passou R$ 184 bilhões, 30% a mais que em 2007, ano recorde até o momento. No primeiro semestre de 2011, já foram contabilizados mais de 300 negócios.

“Pode-se entender como fusão e aquisição

qualquer movimento da empresa tanto para a venda quanto para a

junção com outra”

Empresa A vende parte para a empresa B,mas as fábricas oulojas continuam no

mesmo local

Aglobalização e o desenvolvimento da economia nos últimos anos contribuíram para o

surgimento de um novo cenário no universo corporativo brasileiro, re-sultando no crescimento do merca-do de ações, alta competitividade e luta das companhias para perma-necerem em seus negócios.

Entre as diversas estratégias das corporações com o objetivo de crescer no mercado, as fusões e aquisições se tornaram as mais comuns. Conhecidas como M&A, (mergers and acquisitions) essas ati-vidades conquistaram um grande espaço na economia e vêm cres-cendo a cada ano.

MAS AFINAl, O qUE SãO AqUISIçõES E FUSõES?

“Pode-se entender como fusão e aquisição qualquer movimento

da empresa tanto para a venda quanto para a junção com outra”, explica o advogado especialista em M&A, Ricardo Madrona, só-cio do escritório Madrona, Hong, Maz¬zuco e Brandão.

De acordo com Madrona, a aquisição acontece quando uma empresa compra parte de outra, podendo adquirir ações, fábricas ou lojas, dependendo do acordo firmado entre os acionistas. Nesse caso, a primeira empresa mantém o controle sobre a segunda, porém as duas continuam presentes no mer-cado. Por exemplo, o Banco Itaú-Unibanco, que adquiriu as ações do antigo Unibanco, incorporando as novas ações ao Itaú.

Por Mara Speri

NEgócIOS

Entenda Como essas ações funCionam e porque estãocada vez mais presentes no mundo dos negóCios

“As empresas nunca podem parar de aprender sobre o setor em que atuam, suas rivais ou formas de melhorar ou modificar sua posição competitiva”, por Michael Porter

Já a fusão, segundo o advogado, acontece

quando duas ou mais em-presas se unem, dando origem a

uma terceira. Desta forma, funcio-nários, máquinas, contratos e ativos das empresas anteriores passam a pertencer à nova organização, que ganhará nome, documentação, CNPJ e ações no mercado.

Um exemplo de fusão bastan-te conhecido no País é o da Brasil Foods, resultado da união entre as marcas Perdigão e Sadia. Nes-se caso, ambas possuíam grande parte do mercado do setor alimen-tício, porém a situação financeira da Sadia era delicada, e precisa de investimentos. Assim, a Perdigão comprou as ações da empresa.

Entre os principais motivos que levam as organizações a planejarem essas estratégias de fusões e aquisi-ções, Madrona explica que os mais usuais são bom preço para o com-

10 11 Novembro de 2011

Ricardo Madrona

somente na Idade Moderna que os negócios obtiveram as característi-cas que mantêm até a atualidade.

Considerado a primeira so-ciedade de ações nacional, o pri-meiro Banco do Brasil foi fundado em 1808. A partir de 1845 foram estabelecidos critérios para a in-termediação de negócios no País por meio de diversos decretos im-periais. Sendo assim, a Praça do Comércio se tornou o único local adequado para a reunião de corre-tores, o que motivou a criação da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Em 1890, Emílio Rangel Pestana funda a Bolsa Oficial Paulista, deno-minando-a Bolsa Livre. Mais de 70 anos depois, em 1968, após algumas mudanças de nome e de crescimen-to contínuo, foi criado o Índice Bo-vespa. Logo depois, na década de 1970, foi a vez da criação do pregão eletrônico, além dos investimentos em renovação dos espaços físicos e das tecnologias utilizadas.

Já a década de 1990 foi marcada pelas primeiras fusões do mercado

nacional. Em 1991 a Bolsa de Merca-dorias de São Paulo se uniu à Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). No início do século XXI a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) formalizou a sua integração com as demais bolsas do País. E em 2008 foi concretizada a fusão entre a BM&F e a Bovespa, tornando-as uma sociedade de capi-tal aberto, líder da América Larina, e a 3ª maior bolsa do mundo em valor de mercado, perdendo somente para as bolsas de Xangai (China) e Chicago (Estados Unidos).

“O valor de mercado da nossa bolsa ficou comparado ao valor das bolsas do primeiro mundo, porque nós temos a liquidação (compra e venda) própria, o que aumenta o va-lor das nossas ações”, afirma o con-sultor financeiro da BM&FBOVESPA Carlos Alberto Barboza da Silva.

Atualmente, a instituição é responsável pela negociação de ações (partes de uma empresa dis-poníveis para os investidores), mo-edas à vista, commodities agrope-cuárias, entre outros instrumentos

Por Aline Messias e Naiara Teles

quem acredita que comprar e vender partes de empre-sas é coisa do século XXI, precisa rever seus valores.

Segundo o professor de economia da Universidade Cruzeiro do Sul Nelson Calsavara Garcia Junior o princípio da história de se negociar parte de uma empresa remonta há mais de dois mil anos a.C., na região onde hoje localiza-se o Iraque.

Ao conhecer o Centro de Me-mória da BM&FBOVESPA, é possí-vel desvendar a trajetória da Bolsa de Valores de tempos remotos até os dias atuais. Na Roma Antiga, já havia contratos conhecidos como compra da esperança, ou compra da coisa esperada, que determina-vam o preço da pesca ou colheita e eram firmados entre pescadores ou agricultores e os comerciantes. Já na Idade Média, o advento do crédito e do comércio começaram a transformar o mercado. Mas foi

ESPEcIAL “Nunca invista em negócios que você não consegue entender”, por Warren Buffet

Viaje pelo passado e conheça a História da bolsa de valores

como altas taxas de desemprego, baixo consumo da população e dé-ficit nos cofres públicos.

Em busca de soluções, o go-verno optou por vender algumas empresas estatais que eram con-sideradas estratégicas no ramo de telefonia e energia, justificando que eram deficitárias nos serviços prestados. “O governo necessitava de dinheiro em caixa, com isso co-meçou a vender empresas públicas, consideradas de grande importân-cia para a economia, e garantindo grandes receitas para manter o Pla-no Real”, explica o professor de his-tória econômica da Universidade de São Paulo (USP), Flávio Marques.

Com o discurso de que as em-presas privadas não tinham quali-dade nos serviços nem recebiam investimentos, houve uma inter-nacionalização dessas companhias públicas, ou seja, foram vendidas para grandes grupos internacio-nais. “As estatais eram vistas como ‘cabides de empregos’, ineficientes, e sem investimentos em tecnolo-gia. Mediante esses argumentos, justificavam as vendas, e com o di-nheiro arrecadado conseguiram es-tabilizar a economia e quitar gran-de parte da dívida externa do País”, afirma Marques.

Segundo o professor, a venda das estatais tinha a intenção de mo-

vimentar o dinheiro na economia e proporcionar a qualidade nos ser-viços, mas o governo deve tomar cuidado para impedir o monopólio do segmento nas mãos de grandes grupos internacionais. Mas acredita que existem vantagens e desvanta-gens nessa prática do governo.

Para Marques, essa prática do governo pode trazer diferentes opi-niões. Em alguns casos, a venda de empresa para grupos internacio-nais transforma as empresas mais eficientes, por exemplo, nos setores de telefonia e energia que propor-cionaram maior qualidade e acessi-bilidade dos serviços aos consumi-dores. Já em outros casos, acontece apenas a transferência do poder.

Hoje, conforme o Ministério do Desenvolvimento, o Brasil já vendeu mais de 40 empresas, como Compa-nhia Vale do Rio Doce, Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e Te-lesp, hoje Telefonica. Na lista para possíveis privatizações estão ainda o petróleo e as estradas brasileiras.

“Em geral, nesses 20 anos de privatizações, o Brasil conseguiu um grande salto na produtividade do País, além de avanços nos inves-timentos e eficiência dos serviços prestados. Prova disso, são os valo-res que as ações de cada empresa privatizada conseguem no merca-do”, finaliza o professor.

Até o início da década de 1990, a população brasilei-ra vivia assombrada pelo monstro da inflação, quando

os preços subiam constantemente, dificultando a vida dos consumido-res, pois o valor gasto por semana em alimentação era variável.

Depois das tentativas de vários governos em controlar essa situação, foi durante o mandato do presidente Itamar Franco (1992-1994) que o Pla-no Real entrou em vigor em fevereiro de 1994, e alcançou o objetivo inicial de conter o aumento dos preços e valorizar a moeda.

Com esse novo cenário, o País passou por diversas reformas estru-turais, entre elas o início das priva-tizações, caracterizadas pela venda de empresas estatais (públicas) para o setor privado.

De acordo com o Banco Nacio-nal do Desenvolvimento (BNDES), durante os oito anos de Fernan-do Henrique Cardoso no governo (1995-2002), o número de privatiza-ções chegou a 18 empresas. Esse alto índice é justificado com a entrada do Real, que possibilitou manter a infla-ção sobre controle. Porém, mesmo com essa estabilidade, a economia continuou enfrentando problemas

NEgócIOS

Por Mara Speri

Nesse período, mais de 40 empresas foram Compradaspelo setor privado trazendo produtividade ao País

O valor estimado das privatizações na área de telefonia ultrapassou os R$ 420 milhões, segundo a Revista Veja/Fevereiro de 2011

12 13 Novembro de 2011

Painel eletrônico mostra o pregão em tempo real

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em setembro de 2005. Desde então, o silêncio reina no salão principal.

“Quando havia os 1200 rapazes aqui do pregão viva voz era possível alcançar, em um dia muito bom de mercado, 20 mil ordens, e a bolsa chegava a 1 bilhão no dia do exer-cício”, ressalta o consultor. “Atual-mente, passamos de 800 mil ordens diárias, por meio de um sistema ele-trônico, e chegamos fácil a 8 bilhões por dia. Isso quer dizer que o Brasil está acompanhando o mundo. A tecnologia de ponta dominou a Bol-sa”, acrescenta.

EFEITO DOMINóPassamos por um momento

estável na economia brasileira. Pre-cisamos entender, porém, que as Bolsas de Valores estão interligadas e que quando acontece, por exem-plo, uma crise na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, todas as outras po-tências econômicas sofrem com o período. O consultor financeiro Car-los Aberto Barboza da Silva explica que o Brasil faz parte de um mundo globalizado, no qual qualquer sin-toma nacional ou internacional de crise reflete na Bolsa. Silva afirma também que essas crises têm o seu lado positivo. “Quando falamos de crise, pensamos somente no lado

ruim. E não percebemos que ela pode ser uma coisa boa, porque as-sim o dinheiro troca de mão”.

Foram nove crises econômicas principais que ocorreram entre 1700 e 2011. A mais recente foi em outu-bro de 2008, nos Estados Unidos. Se-gundo o professor de economia Gar-cia Junior a crise de 2008 teve início em 2001, após o ataque terrorista do dia 11 de setembro aos edifícios do World Trade Center, conhecidos como Torres Gêmeas. “Nessa época o governo americano precisava pas-sar uma mensagem para o mundo, que se perguntava ‘vai ter guerra ou não?’. Eles precisavam tomar uma atitude e decidiram passar credibili-dade. Fizeram isso baixando as taxa de juros que chegaram e permane-cem até hoje a 0.5% ao ano – para se ter uma ideia a taxa brasileira é de 12% ao ano”.

De acordo com o professor esta redução de juros desencadeou uma venda desordenada, e a classe média começou a investir. Os bancos ven-diam sem análise de crédito e não houve planejamento a longo prazo. Todos queriam vender e os consumi-dores compravam sem pensar.

Os anos foram passando e em 2008 aconteceu o que já era espe-rado: os preços dos produtos fica-ram mais caros, pois o governo au-mentou a taxa de juros. Com essa inflação (aumento generalizado e persistente do nível de preço), as pessoas que tinham parcelas não conseguiram pagar os bancos. Que sucessivamente não conse-guiram investidores, pois seus títu-los não tinham credibilidade. “Nes-sa hora o banco fica numa ilha. De um lado não consegue dinheiro do mercado financeiro, que não com-pra seus títulos desvalorizados, do outro lado os consumidores não pagam” explica.

O professor conta que nessa época aconteceu uma espécie de “efeito dominó”. Um problema sistê-mico causado pela dependência de vários países do dinheiro americano.

No Brasil, que estava no governo Lula (2003-2010), a decisão tomada para gerenciar o momento de crise e impedir que o País fosse afetado foi a redução de impostos. A proposta do governo brasileiro foi segurar o mer-cado interno. Então eles decidiram reduzir um dos principais impostos que afetam a carga tributária das empresas: o Imposto Sobre Produ-tos Industrializados (IPI). “Em alguns casos chegaram a zerar a alíquota de impostos. Principalmente para carro. Mas por quê? A indústria au-tomobilística comanda o País? Não. O que acontece é que para montar um carro necessita-se de plástico, de vidro, da indústria petroquímica para os pneus...”, explica.

De acordo com o professor, é necessária toda uma cadeia produ-tiva, que envolve mais de um mi-lhão de empregos diretos. “Esse é o segundo setor da economia brasi-leira que paga mais impostos e gera mais emprego. Assim o governo torna a arrecadação mais leve para

as empresas que se comprometem a reduzir o preço do produto para que seja consumido aqui”. E com-pleta dizendo que no ano 2009 foi recorde de venda de eletrodomés-ticos e eletroeletrônicos.

Falando da questão econômi-ca atual, o professor explica que há uma expectativa favorável com os eventos que acontecerão no País, como a Copa do Mundo de Fute-bol de 2014 e as Olímpiadas no Rio de Janeiro, em 2016. “Estamos em um momento no qual a economia está estagnada. Mas todo final de ano é bom economicamente no País. O povo brasileiro é altamente consumista e o que acontece é que grande parte da população come-ça o ano endividada. Dependemos também do desenrolar da econo-mia internacional. Em relação aos eventos que o País irá receber nos próximos anos, acredito que mais empregos serão gerados mais no período, mas o que me preocupa é o período pós-evento ”, conclui.

financeiros. Segundo o professor de economia, de forma simplista, para ser caracterizado como com-modity o produto deve conter três características: durabilidade, negociação em bolsas de valores e pouquíssima transformação do seu estado original. Como exem-plo de commodities podemos ci-tar o café e o ouro.

AvANçOS DA TECNOlOGIA Quando se pensa em Bolsa de

Valores, a imagem que costuma vir à mente é a de vários operadores andando de um lado para o outro, de telefone na mão, fechando as ne-gociações diárias da Bolsa. Essa “ba-gunça” era o chamado pregão viva voz da Bovespa, que chegou ao fim

DICA: ASSISTA AO DOCUMENTÁRIO INSIDE JOB, GANHADOR DO OSCAR DESSE ANO.

É possível conhecer pessoalmen-te a bolsa paulista, de segunda a sá-bado, das 10 às 17 horas, durante uma visitação ao Espaço Raymundo Ma-gliano Filho, que possui atrações como o Cinema 3D, o Centro de Memória e a Mesa de Operações.

Para aqueles que desejam apren-der mais sobre educação financeira e investimentos, estão disponíveis os cursos gratuitos presenciais de “Fi-nanças Pessoais - Educar”, divididos de acordo com a idade do participante, e o “Como Investir em Ações”, para todos os interessados. Há também cursos gratuitos online, como o “Tesouro di-reto – investindo em títulos públicos”, entre outros.

locAl: Rua XV de Novembro, 275, pró-ximo à estação de metrô São Bento. Mais informações: www.bmfbovespa.com.br

“O Brasil está acompanhando o mundo. A tecnologia de ponta dominou a Bolsa”

14 15 Novembro de 2011

“o valor de mercado da nossa bolsa ficou comparado ao valor das bolsas de primeiro mundo”, afirma Silva

Carlos Alberto Barboza da Silva

Professor de economia da universidade cruzeiro do Sul Nelson calsavara Garcia Junior

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além do salário. O mais interessante não foi o fato de começar a entender melhor alguns investimentos e sim ter disciplina e inteligência financei-ra”, conta.

Já o jovem, com a mesma idade, Fábio Cordó, analista de sistemas do Ig, sempre gostou e se interes-sou pelo assunto e decidiu investir pensando também em sua aposen-tadoria. “Desde muito novo eu es-tudei e acompanhei o mercado de ações. Comecei a investir pensando no retorno em longo prazo, na mi-nha aposentadoria, pois acho que essa é a forma mais compensadora, apesar de ser um investimento de risco”, afirma.

COMO COMEçAR?Para acompanhar e entender

esse tipo de investimento é neces-sário compreender primeiramente o que são as ações, os riscos que elas oferecem e, é claro, procurar a ajuda de uma corretora especializa-da. Mello pesquisou muito entre a

vasta gama de empresas que pres-tam esse serviço e acabou decidin-do qual contrataria pelo custo da corretagem, (valor que a corretora cobra para fazer cada operação). Já Cordó foi mais ousado e escolheu a corretora por meio da propaganda, um ato que pode talvez ser explica-do pelo bordão popular “sorte de principiante”. Ambos não tiveram problemas com a corretora escolhi-da, utilizaram o suporte para apren-der a usar as ferramentas e continu-aram estudando os investimentos.

Com a finalidade aprender ain-da mais sobre esse universo, Cordó realizou o curso da BM&FBOVESPA que ensina como investir em ações.

CONSERvADOR, MODERADO OU AGRESSIvO?

De acordo com a BM&FBOVESPA, ação pode ser definida como “pe-daço de uma empresa”, e aquele que investir nela torna-se o seu proprietário, ou seja, acionista. An-tes, porém, é necessário analisar o tempo em que o comprador pre-tende manter o investimento e, o mais importante, quanto ele está disposto a aplicar. Dessa maneira, já é possível definir o tipo de inves-tidor: conservador, que investe em curto prazo (até um ano); modera-do, que investe em médio prazo (de dois a cinco anos); e agressivo, que investe em longo prazo (acima de cinco anos).

“Investi a quantidade suficiente para sentir como as coisas funcio-navam; se eu perdesse ou ganhasse não faria alguma diferença. Apesar disso, comecei nos fundos de in-vestimento”, explica Mello. O jovem tem seu método para enfrentar a oscilação da bolsa, “já ganhei muito dinheiro e também já perdi. Tive-

mos momentos quentes na econo-mia e crises complicadas, como a de 2008, que fazem o rendimento variar bastante; o mais importante é entrar e sair na hora certa. Essa é a melhor regra, ter disciplina e frieza para se dar bem”, conclui.

Cordó investiu 80% do seu pa-trimônio pensando no futuro, sem pressa de lucrar com as operações, “sempre gerenciei os riscos e tentei diferenciar as ações. Compro duas de cada ramo, como petróleo e te-lecomunicações, por exemplo, para que, no caso de uma crise num se-tor, eu tenha uma maneira de ficar no mercado”, conta.

Coincidência ou não, os jo-vens que compartilham do mesmo nome e formação, dividem também a mesma categoria no ramo de in-vestimentos, com o perfil de inves-tidores agressivos, que aplicam em longo prazo e não se desesperam com o ‘sobe e desce da bolsa’.

TRêS MANEIRAS PARA INvESTIROs dois investidores aqui apre-

sentados optaram por uma forma de investimento, a aplicação tradi-cional, mas a BM&FBOVESPA tam-bém oferece outras maneiras para entrar no mercado: o fundo de investimento, que permite uma aplicação na Bolsa sem ter que escolher em quais ações irá inves-tir; e os clubes de investimentos, alternativa que vem ganhando espaço no País, na qual o inves-tidor aplica de forma coletiva em um clube já formado ou cria um grupo de amigos, o que permite alcançar o maior número de ações e facilita o acompanhamento das operações.

Vale lembrar que investir em ações não significa uma garantia de lucro, pois o mercado é de renda variável, isto é, existe 50% de pos-sibilidade de ganho e 50% de não obtê-lo. Para saber melhor como in-vestir no mercado de ações, a Eco-nomix entrevistou o auditor Luiz Er-nesto Rodrigues Leitão, de 50 anos, que ministra palestras desde 2007

na BM&FBOVESPA, onde também foi funcionário por 28 anos.

Economix: Qual é o primeiro passo para quem quer investir na bolsa?luiz Ernesto: São alguns passos. In-formação, certeza de estar fazendo um investimento de longo prazo, certeza de que, mais do que um in-vestimento, você está se tornando sócio da empresa. O correto é não vender ações em baixa e usufruir da rentabilidade que elas trazem, como dividendos (participação no lucro) e aluguel das ações.

E: É preciso determinar um valor ou tempo mínimo para comprar e ven-der ações? lE: Não existe valor e tempo mí-nimo. Você tem que ter certeza de que vai pagar corretagem sobre as operações e esse valor será pago na ida e na volta, ou seja, na compra e na venda que pode ser realizada no mesmo dia.

E: Quais os benefícios e os riscos para quem investe? lE: Os benefícios são os dividendos, que recebemos em curto prazo e o aluguel das ações. Já o risco pode ocorrer ao precipitar-se ao vender as ações abaixo do preço que com-prou, não recebendo os dividendos

Por Naiara Teles

Seria ótimo se o mercado de ações fosse igual ao que estamos acostumados a entrar para fazer compras,

escolhendo com facilidade o que nos agrada e aquilo que está de acordo com as nossas finanças. Mas, não é assim que funciona na vida real; ele pode fornecer os tão sonhados benefícios para se levar uma vida financeira tranquila, mas o caminho até lá exige paciência e cautela.

Fábio Mello, de 28 anos, especia-lista em segurança da informação da Totvs, começou nesse mercado na época em que cursava a faculdade. Ele decidiu comprar ações quando entendeu que poderia aumentar o seu lucro mensal, pensando no futu-ro. “Na universidade, tínhamos uma matéria sobre empreendedorismo e o professor citou a importância de investirmos para alcançar algo mais

MERcADO A volatilidade dos mercados é a maior aliada do ‘verdadeiro investidor’”, por Warren Buffett

nem alugando as ações, assumindo um prejuízo.

E: Como funciona o aluguel de ações? Quais as vantagens para o locador e para o locatário?lE: Na Corretora onde opero, infor-mo que pretendo alugar minhas ações. Para o locador é semelhante a comprar um apartamento para alugar e mantê-lo fechado, estará perdendo dinheiro. Para o locatário, posso colocar de garantia, em uma operação de opções, por exemplo, sem ter que ficar com as minhas ações paradas. Posso pagar o alu-guel com o lucro que terei, com-prando e vendendo minhas ações que estão livres.

E: A frase “Comprar quando estiver em baixa e vender quando está em alta”, está correta? Comente.lE: Esse é o melhor dos mundos. Comprar uma ação a R$ 10,00 e em um ano, por exemplo, ela valorizar para R$ 20,00. Ganhei 100% em um ano.

E: Qual a melhor solução para o inves-tidor quando a bolsa estiver em baixa?lE: Alugar as ações e receber os divi-dendos. Dependendo, comprar mais ações com esses valores, aproveitan-do o preço baixo das ações.

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Na hora de entrar no merCado de ações aparecem as dúvidas. Como e quantoposso investir? A quem procurar? Compro na alta e vendo na baixa? o que devo fazer?

16 17 Novembro de 2011

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“o maisinteressanteé ter disciplina

e inteligênciafinanceira”,fábio Mello

“desde muito novoeu estudei e acompanheio mercado de ações”,fábio cordó

Cerbasi chegou à capital paulista com apenas um ano e meio de ida-de. Ao longo da infância, nada de mesadas e gastos excessivos. Vivia, ao lado de seus pais, uma situação financeira apertada.

Ao sair com os amigos, costu-mava sempre contabilizar os gastos, para ver se o dinheiro seria o sufi-ciente. Somava o preço do boliche mais o valor da passagem de ônibus até o shopping e, chegando lá, se os colegas optassem por uma refeição mais cara, ele ficava só na batatinha e na água, para poder acompanhá-

los. Na escola, todos da sala compra-vam o lanche na cantina, enquanto o menino levava o lanche que a mãe preparava em casa.

Seu primeiro emprego foi aos 20 anos, como professor de inglês. Cerbasi ainda era aluno do quarto nível do curso, quando um professor da turma das crianças faltou. Surgiu então a oportunidade de assumir o giz e a lousa. Do primeiro salário re-cebido, recorda-se até os dias atuais. O valor era 185 reais – o equivalen-te hoje, contando com a inflação, a aproximadamente 400 reais.

ENFIM, UNIvERSITáRIOCerbasi pisou pela primeira

vez na universidade para estudar Engenharia Mecânica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Após três anos de curso, sentiu que não teria muito futuro como engenheiro e decidiu mudar de rumo. O novo caminho escolhido foi o curso de Adminis-tração Pública, na Fundação Getú-lio Vargas (FGV).

Por não gostar da disciplina de finanças só passava de ano por ter facilidade com os números. Anos depois, recém-formado, planejava trabalhar na área de Marketing ou de Recursos Humanos. Mas o desti-no o levou para outros caminhos.

Um amigo o chamou para ajudá-lo a elaborar laudos em uma consultoria financeira. O adminis-trador novato achou que fosse algo temporário e aceitou. Com uma visão diferenciada, justamente por não ser da área, o trabalho de Cer-basi começou a se destacar, sendo elogiado pela abordagem mais prá-tica e menos conceitual e teórica.

Diante dos bons resultados al-

cançados, foi convidado para outras oportunidades na área de consulto-ria financeira. Depois, passou a atuar como professor em um colégio de consultoria e começou a receber os primeiros convites formais para dar aulas em cursos de pós-graduação para advogados, secretárias e profis-sionais de vendas.

Lembrando de seu desconfor-to como aluno da disciplina de Fi-nanças durante a graduação, agora como professor Cerbasi dedicava-se a preparar aulas agradáveis, utili-zando exemplos do cotidiano para que os alunos pudessem se apro-ximar dos conteúdos abordados, como contabilidade e balanços fi-nanceiros.

Nos intervalos, seus alunos lhe perguntavam sobre finanças pes-soais. Então, quando não sabia res-

ponder, estudava a fundo o assunto e sanava todas as dúvidas. Assim, começaram a surgir convites para aulas específicas sobre o assunto e consultorias formais para familiares e amigos de seus alunos. Porém, apesar das conquistas profissionais, ainda não se sentia realizado.

Em 2003, escreveu o seu pri-meiro livro, Dinheiro – Os segre-dos de quem tem (Editora Gente). Em 2004 abriu sua empresa de consultoria financeira, criou o site Mais Dinheiro e decidiu que estava mudando muitas vidas e que dese-java escrever mais livros. Em 2006 começou a priorizar a sua agenda só para finanças pessoais, até con-seguir atingir essa meta, em 2008. Desde então, o consultor financeiro trabalha exclusivamente com finan-ças pessoais, desenvolvendo aulas

Por Aline Messias

Autor de Casais inteligentes enriquecem juntos (Editora Gente), best-seller nas livra-rias de todo o País, com cer-

ca de 1 milhão de exemplares ven-didos, Gustavo Cerbasi conquistou os leitores pela forma simples de falar sobre finanças. Dos ensina-mentos que procura transmitir no livro, cada linha foi escrita também na sua própria história.

Natural de Caxias do Sul (RS),

ENTREVISTA “Enriquecer é uma questão de escolha”, por Gustavo Cerbasi

em cursos de pós-graduação pela Fundação Instituto de Administra-ção (FIA) e treinamentos, palestras e consultorias por todo o Brasil.

No decorrer da sua carreira, Cerbasi concluiu um mestrado em Administração com ênfase em Fi-nanças pela Faculdade de Adminis-tração, Economia e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Também especializou-se em Finanças pela Stern School of Bu-siness, da Universidade de Nova York (New York University) e pela Fundação Instituto de Administra-ção (FIA).

Mesmo após tantos estudos na área, Cerbasi cultiva sua habilidade de falar de forma simples e acessí-vel, mostrando que a boa adminis-tração das finanças pessoais está ao alcance de todos.

A trajetória de gustavo Cerbasi, Consultor finanCeiro e esCritor

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18 19 Novembro de 2011

E: Quais são suas dicas para os jovens? GC: Sugiro a ideia do equilíbrio com o uso consciente do dinheiro, pois gastar demais é tão perigoso quanto poupar demais. Usar argu-mentos simplesmente matemáti-cos para mudar algo na vida tende a não trazer satisfação, pois não somos 100% lógicos. Temos inter-ferências bastante emocionais, que tendem a mudar os rumos das nos-sas escolhas. A dica é usar o dinhei-ro de forma inteligente para que a economia feita não seja sentida como um sacrifício ou a perda de um desfrute presente, poupando o mínimo necessário para o futuro.

E: Em 2009, você foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano. Como você reagiu a isso?GC: Na verdade, já se passaram dois anos e ainda não caiu a minha ficha. Foi uma grande surpresa, pois eu não fui entrevistado pela revista e quem fez comentários sobre essa menção honrosa foi o Louis Frankenberg, o pai das finanças pessoais no Brasil. Porém, esse reconhecimento veio com uma responsabilidade maior de continuar respeitando o público, para manter esse perfil de educador e honrar essa missão de ser influente.

E: Comente sobre a frase que está no seu site: “enriquecer é uma questão de escolha”.GC: Essa expressão se tornou sub-título do Cartas a um jovem inves-tidor (Editora Campus). O enrique-cimento envolve gastar menos do que ganhamos e poupar pouco, multiplicando esse valor por meio de investimentos, o que requer dedicação, tempo e envolvimento com os investimentos para esco-lher cada vez melhor. Se o jovem começar cedo, desde o primei-ro salário, o esforço é muito pe-queno para ter um estilo de vida digno na aposentadoria, com no mínimo quatro salários mínimos. Um plano de Previdência Privada é a alternativa recomendada para começar. Não é a melhor nem a mais eficiente, mas quem conse-gue aplicar R$ 60 por mês dessa forma, ao longo de 40 anos vai se aposentar dignamente.

E: Como foi a produção do seu pri-meiro livro?GC: Tive um aluno que era dono de uma editora e me incentivou a escrever. Com o seu incentivo, pro-duzi a obra Dinheiro - Os segredos de quem tem (Editora Gente), em 2003. Depois, morei durante oito meses no Canadá. Nesse período mantive um relacionamento dire-to com o meu público, que come-çou a trazer dúvidas relacionadas a como os casais deveriam lidar com o dinheiro. Então quando voltei ao Brasil, tinha material suficiente para organizar e publicar mais um livro. Levei quatro finais de semana para organizar esse livro, tendo como base os e-mails que havia respondi-do sobre o assunto. E assim nasceu o Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Editora Gente).

E: Entre as suas publicações, há algu-ma preferida?GC: Cada uma tem uma importân-cia, de acordo com a necessidade dos leitores. O livro que tive um grande prazer em escrever foi o

Como organizar a sua vida financei-ra (Editora Campus). Após a sua pu-blicação consegui fechar a minha empresa de consultoria e atender a outras demandas, como palestras e entrevistas. Aquela rotina de aten-der quase cinco empresas por dia me consumia demais. Então, quan-do o livro ficou pronto, pude dizer ao meu público que a minha linha de raciocínio estava no livro. E que por meio de sua leitura eles pode-riam ter uma solução completa para as suas questões financeiras. E é por isso que tenho um carinho especial por ele. Outro livro do qual gosto muito é o Dinheiro - Os segredos de quem tem. Ele tem a minha filosofia mais completa, com o passo a passo para a construção da independên-cia financeira que eu segui na mi-nha vida e recomendo às pessoas que sigam.

E: O lançamento do livro Pais inteli-gentes enriquecem seus filhos (Edi-tora Gente), está marcado para 22 de novembro, num evento em Pira-cicaba. Você pode dar uma prévia do que os leitores podem esperar dessa obra?GC - Seria um relançamento do meu terceiro livro “Filhos inte-ligentes enriquecem sozinhos” (Editora Gente). Porém, esse títu-lo causaria a impressão de que o livro é voltado aos filhos, quando na verdade é destinado aos pais. Dessa forma, decidi retrabalhar o livro, com a mesma linha de ra-ciocínio. Porém, fizemos mudan-ças significativas nos argumentos utilizados, para tornar a obra mais fácil de ler e mais aplicável a essa nova realidade da educação fi-nanceira no Brasil.

E: O livro Casais Inteligentes Enri-quecem Juntos vai para o cinema em 2012?GC: Sim, mas ainda não foi definido o título. Será uma comédia muito boa, tive que fazer pausas na leitu-ra para conter as risadas. O objetivo

é estimular a educação financeira a partir de uma conversa agradável, sem aquela coisa sisuda. A pro-posta é usar o humor e o poder do cinema para que as pessoas enten-dam que é possível mudar o rumo de suas vidas a partir da educação financeira. Para mim será muito importante, pois a internet e os li-vros são meios de comunicação de classe A e B e o cinema é o lazer da classe C, então atingiremos tam-bém um público diferente. Tenho a sensação de que o filme será o ele-mento que vai sugerir às pessoas a

Economix: Você acredita que a edu-cação financeira está acessível a to-dos os públicos?Gustavo Cerbasi: Acessível ela já está, mas não está sendo acessa-da. Não temos uma provocação suficiente na mídia e nas escolas que motive a buscar esse conhe-cimento. As pessoas são estimu-ladas a buscar outro tipo de auto- ajuda, relacionada à saúde, nutri-ção e prática esportiva muito mais do que a finanças. No entanto, nos últimos cinco anos tem crescido o interesse pela educação financeira. E a realidade dos brasileiros está mudando. Estamos usando me-lhor o crédito e os investimentos. A nossa relação com o banco está amadurecendo, não se fala mais do banqueiro que enriquece às custas da população, mas de uma população consciente, buscando explorar melhor o que o banco tem a oferecer.

E: Que papel devem ter governo, em-presas e cidadãos de modo a promo-ver os avanços da sociedade na rela-ção com as finanças?GC: A partir de 2012 creio que te-remos uma mudança radical no comportamento financeiro do bra-sileiro, pois a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) reco-menda que todas as escolas públi-cas do Brasil tenham a disciplina de educação financeira.Um funcionário que tem problemas financeiros se torna mais ansioso, dorme menos e se desconcentra mais. Por isso a empresa investe nos estudos das finanças com o objeti-vo de cultivar um ambiente de tra-balho mais saudável. Eu espero que em um futuro próximo as empresas não precisem investir tanto quanto tem investido e que isso venha de onde deveria vir, que é da escola e da família. Hoje o brasileiro está li-dando com a quantidade de dinhei-ro mais abundante na sua história e seria uma pena desperdiçar esse momento com pouca habilidade em tomar decisões financeiras.

busca pela educação financeira.

E: Qual é a importância de iniciati-vas como o Expo Money (evento que estimula a educação financeira em diversos estados do País)?GC: A Expo Money começou em 2003, no início da minha carreira como escritor. Trata-se de um even-to interessante. Tanto por ser gratui-to quanto por convidar as pessoas a tirarem suas dúvidas com profissio-nais reconhecidos na área de finan-ças. É uma pena que o público não compareça tanto a esse evento.

“Se o jovem começar cedo, desde o primeiro

salário, o esforço é muito pequeno para ter um estilo de vida digno na aposentadoria com

no mínimo quatro salários mínimos”.

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20 21 Novembro de 2011

Gustavo Cerbasi

o Brasil tem a seleção com mais títulos mundiais e está desde o anúncio, no dia 30 de outubro de 2007, se es-

truturando para receber a Copa do Mundo 2014. Existem diversos de-safios que deverão ser superados, principalmente no que diz respeito à infraestrutura e logística.

Em São Paulo, o Governo do Estado executa diversos projetos de mobilidade urbana que irão benefi-ciar os deslocamentos da população e, consequentemente, dos turistas durante o evento. Entre obras con-cluídas no último ano, em anda-mento e projetadas para serem en-tregues pela atual gestão, segundo

a assessoria de imprensa do Comitê Paulista para a Copa de 2014, são cerca de R$ 50 bilhões em investi-mentos. Desse total, R$ 37,6 bilhões são investidos para expansão e mo-dernização da rede sobre trilhos e outros R$ 12 bilhões para obras no sistema viário, como a ampliação da Marginal Tetê e o Complexo Jacu-Pêssego, ambos já entregues.

Para atender as normas exigi-das pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA), en-tre elas a capacidade mínima de 65 mil pessoas, um novo estádio está

em construção na cidade de São Paulo. O estádio do Co-

rinthians (ainda sem nome definido), em Itaquera,

receberá a abertura da Copa e um dos jogos da semifinal. O in-vestimento tem o custo estimado de R$85 milhões de reais e teve a isen-ção de impostos aprovada pela Câ-mara Municipal de Vereadores de

São Paulo no mês de junho deste ano. Com isso, o clube conseguirá economizar cerca de R$ 420 mi-lhões, que alega aproveitar em in-vestimentos na própria obra.

Com o estádio em Itaquera, a região receberá investimentos na compra de trens da linha 3 - Verme-lha do Metrô e Expresso Leste/Linha 11-Coral da CPTM, e modernização dos sistemas existente. “A capaci-dade conjunta de ambas as linhas sobre trilhos será suficiente para transportar a lotação completa do estádio, em cerca de 40 minutos”, afirma a assessoria do Comitê. O tempo de viagem também será re-duzido e a capacidade de transporte será ampliada em cerca de 30%.

Haverá também, por meio de um convênio do Governo do Esta-do com a Prefeitura de São Paulo, abertura de novas avenidas e al-ças de acesso, além da integração das novas vias com as já existen-tes (ver quadro).

Segundo o Ministério do Tu-rismo, a cidade deve receber cerca de 260 mil turistas estrangeiros e aproximadamente 1,2 milhões de visitantes de todo o País. Contan-do com isso, no aeroporto inter-nacional Guarulhos e no Viraco-pos, serão investidos recursos de aproximadamente R$2 bilhões do Governo Federal e do setor priva-do. Também haverá investimento na Linha 13-Jade da CPTM que ligará ao aeroporto internacio-nal. A rede hoteleira da cidade de

São Paulo, considerada a maior da América Latina com 42 mil quar-tos, está muito superior ao míni-mo recomendado pela FIFA.

Os gastos de dinheiro públi-co para as construções devem ser visto como investimentos, pois se-gundo a assessoria do Comitê “eles se revertem em legado à popula-ção”. O evento, além da moderni-zação da cidade, também traz no-vas oportunidades de emprego.

Após um levantamento enco-mendado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE - SP) à Funda-ção Getúlio Vargas (FGV), foi cons-tatado que 456 oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas (MPE) deverão surgir antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014. “É uma chan-ce de aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas brasileiras. Assim, ao identificar-mos as oportunidades que serão geradas e os requisitos necessá-rios, estaremos preparando as empresas para se desenvolverem.

Por Naiara Teles e Patrícia Ramos

ATUALIDADES “Deixei de acreditar em Deus no dia em que vi o Brasil perder a Copa do Mundo no Maracanã”, por Carlos Heitor Cony

Esse será o grande legado que a Copa do Mundo deixará para os pequenos negócios brasileiros”, destaca o presidente do SEBRAE-SP, Luiz Barretto.

Levando em consideração o potencial de investimentos e o fluxo econômico proporcionado pelo evento, foram definidos nove setores a serem pesquisados e tra-balhados de acordo com as opor-tunidades de negócios. Sendo eles: construção civil, tecnologia da informação, turismo, produção

associada ao turismo, comércio varejista, serviço, vestuário, ma-deira e móveis e agronegócio.

Segundo o consultor do SE-BRAE-SP, Cássio Santos, outro fator relevante é a tendência de crescimento do fluxo turístico in-ternacional no Brasil nos próximos anos. “Calcula-se que o fluxo turís-tico seria responsável por recei-tas adicionais de até R$ 6 bilhões para as empresas brasileiras, caso sejam aproveitadas as oportuni-dades geradas pelo evento”.

Mais de 60 anos se passaram e, finalmente, o país do futebol reCebe o mundial. Existem diversos desafios que deverão ser superados, principalmente no que diz respeito à infraestrutura e logística

1. Novas alças de ligação no cruzamento da Avenida Jacu Pêssego com a Avenida José Pinheiro Borges (Nova Radial);2. Nova avenida de ligação Norte – Sul, no trecho entre a Avenida Itaquera e a Avenida José Pinheiro Borges (Nova Radial), incluindo as transposições em desnível sobre as linhas do Metrô e da CPTM;3. Nova avenida, articulando a Ligação Norte – Sul com a Avenida Miguel Inácio Curi, junto à adutora da SABESP existente;4. Passagem em desnível na Rua Dr. Luis Aires (Radial Leste), no trecho em frente às estações do Metrô e da CPTM;5. Adequação viária no cruzamento da Avenida Miguel Inácio Curi com a Avenida Engenheiro Adervan Machado.

Cerca de 260 milturistas estrangeiros e

1,2 milhões de visitantesde todo o País

22 23 Novembro de 2011

Projeto do estádio do corinthians

Gus

tavo

Pal

ladi

ni

em ações, ou estudar o mercado fi-nanceiro, ou a economizar e deixar de gastar com supérfluos. Um pou-co disso até faz sentido, mas não é essa a essência.

Ela é mais ampla do que tudo isso junto. E mais simples. Mas, se não for apresentada de maneira simples o bastante para sensibili-zar e orientar pessoas de todas as classes sociais e de diferentes níveis econômicos e culturais distantes do mercado financeiro, não estará sendo efetiva o suficiente.

Os princípios da educação fi-nanceira visam ajudar as pessoas a adquirir bons hábitos financeiros para que possam conquistar me-lhores condições de vida, sejam elas de famílias de baixa renda ou das classes mais privilegiadas. O foco não deve ser na busca de co-nhecimentos nem na perseguição das riquezas, mas na melhoria de atitudes e posturas que ajudem a fazer o dinheiro render mais, para que proporcione às pessoas mais tranqüilidade e segurança.

Pesquisar preços, pedir des-contos, pagar à vista, controlar as despesas, conhecer os direitos do consumidor, pensar no futuro, manter reservas financeiras para emergências, fazer investimentos, resistir às tentações do crédito fácil, exigir nota fiscal, são algumas atitu-des simples que, quando adotadas por rotina, podem resultar em eco-nomias e ganhos relevantes. Além disso, podemos citar a leitura prévia de contratos, a busca pelas boas in-formações e a prática de falar sobre questões financeiras em família.

Por tudo isso, educação finan-ceira deve ser vista como um con-junto de hábitos que contribuem para melhorar a situação, o provei-to e as perspectivas financeiras das pessoas. O consumo consciente e

Muito tem se falado em educação financeira. O assunto inseriu-se no coti-diano das pessoas de ma-

neira definitiva. Basta acompanhar os noticiários, folhear boas revistas e jornais e lá está ela, colocada sob di-ferentes enfoques. Isso é animador!

Mas nem todos têm a clareza do real significado de “educação financeira”. Até mesmo as formas com que certas empresas, mídias e profissionais abordam o assunto contribuem para aumentar a con-fusão. Há quem pense que está relacionada a aprender a investir

responsável ajuda a proporcionar prazeres no presente e a viabilizar a segurança financeira para o futu-ro. Saber dosar adequadamente o quanto deve ser gasto e o quanto deve ser poupado e investido em previdência, proporcionando equi-líbrio a essas duas necessidades, é uma das maiores provas de edu-cação financeira que uma pessoa pode dar a si mesma.

Álvaro Modernell é

especialista em educação

financeira, palestrante, autor

de vários livros, projetos,

cartilhas e artigos sobre

educação financeira, além

de sócio fundador da Mais

Ativos Educação Financeira

e coordenador do portal

www.edufinanceira.com.br,

referência nacional na área.

ARTIgO

Por Álvaro Modernell

nhava 15 reais por mês e se propôs a guardar 10 reais, durante 10 meses. Assim foi feito e o garoto atingiu a sua meta, ganhando ainda um des-conto por ter pago o valor à vista.

O tempo passou e Domingos guardou esse aprendizado ao lon-go de sua vida: guardar sempre parte de seus rendimentos. Já in-dependente financeiramente, ele

começou a pensar em como pode-ria ajudar os outros e disseminar os seus conhecimentos. Foi assim que desenvolveu a metodologia DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar), encontrada em deta-lhes na obra de sua autoria Terapia Financeira – Realize seus sonhos com educação financeira (Dsop Educação Financeira).

Por Aline Messias

Se a partir de hoje você não recebesse mais o seu ganho mensal, você conseguiria manter o seu atual padrão

de vida? Por quanto tempo? Se sua resposta for “sim, consigo manter meu padrão de vida por mais dez, vinte ou trinta anos”, parabéns. Contudo, se sua resposta for “não, eu conseguiria no máximo me se-gurar por uns seis meses”, então você precisa rever a forma de lidar com o seu dinheiro.

Pesquisa divulgada pelo Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2006 mostrou que 46% dos aposentados dependem de parentes para se sustentar, enquanto 28% de-pendem de caridade, 25% são obri-gados a continuar trabalhando para sobreviver e apenas 1% alcançou a independência financeira.

Nesta margem de 1% está o educador e terapeuta financeiro Rei-naldo Domingos, que conquistou esse status e trabalha apenas por prazer desde os 37 anos de idade. A receita do seu sucesso foi descober-ta quando tinha apenas 12 anos e ainda morava no município de Casa Branca, interior de São Paulo.

Seu pai era ferroviário e sua mãe, dona de casa, vendia cosmé-ticos e bijuterias para complemen-tar a renda familiar. Desde cedo, o menino percebeu que precisaria se esforçar para alcançar um dos seus primeiros sonhos: comprar uma bi-cicleta – que, na época, custava o equivalente a 100 reais. Após muita insistência, conseguiu um emprego de auxiliar de camelô, no qual ga-

FINANÇAS Ignit dit nonulputat iliquis nonsequis nos exerosto odiat iustrud dolum doloreet aut nibh | iliquis nonsequis nos exerosto odiat iustrud dolum doloreet | kfeiwlj wifjroi

espeCialistas ensinam a organizar sua vida finanCeira

“O dinheiro não traz felicidade - para quem não sabe o que fazer com ele”, por Machado de Assis

Para Themoteo, dinheiro não é problema, mas sim solução

Alin

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ção

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24 25 Novembro de 2011

NA PONTA DO láPISPara equilibrar os seus ren-

dimentos, livrar-se de possíveis dívidas e se tornar um investidor, é preciso primeiro fazer um diag-nóstico de sua situação financeira, registrando o que você ganha e to-dos os grandes e pequenos gastos diários durante um mês.

Com esse panorama do que entra e sai da sua conta, estabe-leça no mínimo três sonhos, de curto (até um ano), médio (de um a dez anos) e longo (acima de dez anos) prazos. O próximo passo é o orçamento. É preciso saber quan-to custam os seus sonhos, quanto terá de guardar para alcançá-los e por quanto tempo, adequando desta forma o seu padrão de vida às suas metas. Por último, mas não menos importante, está o hábito de poupar ao menos 10% de seus rendimentos antes mesmo de pa-gar as contas.

“Só guarde dinheiro se tiver um sonho, pois dinheiro guarda-do sem um sonho é dinheiro de ninguém, vai para o marketing ou para o sapato da namorada. É pre-ciso ter definido o que você quer, pois planejamento financeiro é planejamento de vida”, recomenda Domingos.

EDUqUE-SEA fim de começar a entender

um pouco mais sobre o funciona-mento do mercado financeiro para começar seus investimentos com consciência, o estudante de Enge-nharia André Themoteo, de 19 anos, buscou os cursos presenciais gratui-tos oferecidos pela BM&FBOVESPA, “Como investir em ações” e “Educar Master (para universitários e adul-tos) – Finanças Pessoais”.

“No segundo curso, aprendi a ter controle financeiro em relação a gastos e a alguns perigos de ofer-tas oferecidos e também a poupar e a investir visando ao meu futuro, para obter independência finan-ceira, segurança e tranquilidade”, conta o jovem.

Para o professor de Educação Financeira da BM&FBOVESPA, José Alberto Netto Filho, é preciso es-tabelecer prioridades de modo a fazer boas escolhas e alcançar bons resultados. Ao se priorizar de forma inadequada, as escolhas não serão boas e podem trazer consequên-cias negativas. Para isso, elabore uma planilha de controle de gastos, e escreva o chamado plano de voo, no qual são analisadas a situação financeira atual e as metas que se deseja alcançar. “Use a escrita a seu favor, pois muitos planos falham porque as pessoas não os colocam no papel”, orienta o professor. “Pra-tique o uso consciente do dinheiro para inconscientemente não ser usado por ele”, conclui.

Para o estudante de Engenha-ria, a educação financeira deveria fazer parte das grades curriculares escolares, seguindo a linha de en-sino de outros países da Ásia e da

Europa, assim como dos Estados Unidos. “A maioria dos brasileiros está ligada a carnês, crediários e empréstimos, e fica pendurada em dívidas. É muito melhor conseguir a quantia para o bem desejado e depois adquirí-lo, evitando estres-se e outros problemas relaciona-dos à falta de dinheiro”, comenta.

Com a criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída pelo governo federal em dezembro de 2010, a temática deverá ser incluída no ensino básico e outras iniciativas serão desenvolvidas, para orientar também os adultos. “Mas ainda te-mos um longo caminho pela fren-te, inclusive para superar o estig-ma de que a educação financeira está relacionada às ciências exatas, quando na verdade o componente comportamental, os hábitos e os costumes é que estão na base de tudo”, explica Domingos.

“A ‘saúde financeira’ é um alicerce para que você alcance a saúde física,mental e espiritual”, ensina domingos

Alin

e M

essia

s

“Só de tu pensar que gastou 500 reais num carrinho, tu já pen-sa: ‘pô, o que eu faria com esse di-nheiro? Adiantava um pacote de viagem, sei lá, saía ‘pra’ jantar todos os dias’”, comenta o futuro pai, com o sotaque de quem se criou no Rio Grande do Sul.

Deborah ressalta que o apoio emocional e financeiro da família e dos amigos nesse momento é fun-damental. “As pessoas ajudam bas-tante. Fizemos três chás de bebê, um aqui em São Paulo e dois em Porto Alegre. Já ganhamos a ba-nheira, a cadeira para amamenta-ção e o quarto”.

lAR DOCE lARNavarro afirma que nesse

momento é preciso mais do que nunca ter prioridades. Quando descobriram a gestação, os noi-vos priorizaram sair do aluguel e entrar no financiamento de uma

casa própria, que consumirá me-tade da renda familiar. Deborah está no último semestre de Rádio e TV e se dedica aos estudos, en-quanto Cisco trabalha como ana-lista financeiro.

Também é importante, de acor-do com Navarro, criar o hábito de fazer o planejamento financeiro, anotando, no mínimo mensalmen-te, os gastos da família. “Para casais nesse perfil, isso passa a ser muito mais importante, pois eles precisam saber se estão elevando os gastos e analisar uma forma de diminuí-los, pesquisando preços ou pedindo descontos”, explica.

Para fechar esse ciclo, é preciso comprometimento, participação de toda a família e seriedade para en-carar o desafio. “Viva intensamente como o jovem tem que viver, mas lembre-se que a disciplina diminui a distância para alcançar os seus objetivos”, conclui Navarro.

Por Aline Messias

“completamente acon-tecida”. É assim que os noivos Deborah Rocha Silva e Vinícius Cisco de

Medeiros, ambos com 22 anos, de-finem a gravidez que os pegou de surpresa. “No começo, a gente não queria acreditar. Quando fiz o tes-te, fiquei em desespero, pensei em tantas coisas: na faculdade, na ban-da, na família...”, conta Deborah.

Segundo Conrado Navarro, só-cio-fundador do Dinheirama (www.dinheirama.com) e autor dos livros Vamos falar de dinheiro? (Novatec) e Dinheirama (Blogbooks Ediouro), a característica da juventude é po-der arriscar mais e se dar ao luxo de enfrentar desafios que outros não encarariam. Mas, quando há um fi-lho na jogada, esses conceitos mu-dam bastante.

INDEPENDÊNcIA “A adversidade é um trampolim para a maturidade”, por Charles Colton

Casal de jovens conta como está se adaptandopara a chegada de um novo membro na família

Aline Messias

26 27 Novembro de 2011

dades bancárias podem atropelar esse planejamento. Segundo Me-deiros, “quando um indivíduo vai até uma instituição e solicita um financiamento, por trás daqueles cálculos existem diversas tabelas de juros intituladas como ‘tabelas de retorno’. Quanto maior o re-torno para o financiador, maior a taxa de juros aplicada ao con-sumidor. Há casos em que o retorno é altíssimo, até três vezes mais que a menor taxa”.

Usando como exemplo um automóvel po-

pular no

valor de R$ 15 mil, pode-se ver a diferença entre comprá-lo à vista ou financiado. Imaginando que o comprador opte por um plano de 24 meses, ele deverá desembolsar 20% do valor total do bem. Ao fi-nal, o veículo lhe custará o valor

de R$ 18.759, isto quer dizer que ele estará pagando uma taxa de 4,94% de juros mensais. “Se esta pessoa poupasse R$ 500 durante 18 meses, com um rendimento de 0,75% ao mês, ele teria comprado o seu desejado veículo”, compara Medeiros.

Outra opção é o consórcio, po-rém a maioria deles possui dois componentes: a sorte e o lance. Nele, as chances aumentam con-forme o tempo passa e o paga-mento é realizado mensalmente pelo bem que ainda não possui. Se o participante é contemplado, não paga as taxas de juros, mas paga pelas taxas de administração desde a sua primeira parcela. “Este tipo de aquisição é mais indicado para quem quer trocar um veículo ou mesmo para quem tem muita sorte”, explica o consultor.

De acordo com Medeiros, o gasto com o veículo não pode ul-trapassar o limite de 30% do orça-mento familiar, além de não poder esquecer os gastos com a manu-tenção, os impostos e o combustí-vel. Segundo o Instituto DSOP de Educação Financeira, esses gastos extras podem chegar a R$ 10.501 ao ano. (veja tabela acima). Antes de comprar um veículo é neces-sário pensar e avaliar seu orça-

mento. Há diversas opções de planejamento e é preciso levar em consideração os prós e os contras, além de observar se, realmente, você tem condi-ções de arcar com todos es-

ses custos.

SIMULAÇÃO DO CUSTO DE UM VEÍCULO

valor do veículo R$ 20.000,00

MensalR$

Fonte: Instituto DSOP de Educação Financeira

Total de despesas com o veículo 875,16 100,00 10.501,92

IPVA

DPVAT

Licenciamento

Seguro (7%)

Combustível (média mensal)

Manutenção Trimestral óleo/filtros

Pneus (troca a cada 30000 Km)

Lavagem

Estacionamento

Multa de trânsito

Depreciação (10% anual)

52,08

8,42

2,58

145,83

300,00

10,67

17,25

60,00

60,00

10,00

238,33

5,95

0,95

0,29

16,66

34,28

1,22

1,97

6,86

6,86

1,15

23,80

624,96

101,04

30,96

1.749,96

3.600,00

128,04

207,00

720,00

720,00

120,00

2.499,96

% do custocom o veículo

AnnualR$

nheiro da venda do vale-refeição”, explica.

Desta forma, o empenha-do jovem juntou o dinheiro da venda do vale-refeição até os 21 anos, quando saiu da empresa e recebeu sua rescisão. Somando com o dinheiro guardado, cerca de R$ 16 mil, ele comprou seu pri-meiro carro “acima de suas expec-tativas”, à vista. “Sempre tem mês que você vai querer gastar um pouquinho a mais, mas eu colo-quei um objetivo e lutei por isso”, lembra Anderson.

Atualmente, ele já pensa em trocar de carro e pagar à vista novamente. “Não fico sossegado com dívidas e financiamentos. Sei que vale mais a pena esperar e juntar o dinheiro”, comenta.

Esse pensamento, segundo o consultor financeiro Felippe de Medeiros, é o mais certo. “Poupar e pagar é melhor do que se endivi-dar”. Porém, sabe-se que as facili-

Patrícia Ramos

Você já pensou em comprar um carro? Sabe como faria para atingir esse objetivo? Anderson Bernardo, hoje

com 24 anos, começou a planejar essa compra aos 16. Na épo-

ca, trabalhava como office-boy e não podia contar

com a ajuda dos pais. “Eu fazia as contas de quanto eu precisaria juntar para comprar um carro. Vi que só a

minha renda não seria suficiente para essa aqui-

sição”, conta. Seu salário na época era de

R$ 500 e a empresa oferecia aos funcionários vale-refeição de R$ 330.

Anderson resolveu vender esse benefí-cio, e, com isso, conseguiu cerca de 60%

do valor de seu carro. “Eu levava comida de casa todos os dias e guardava na poupança o di-

cONSUMO “No que diz respeito ao desempenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem-feita ou não faz”, por Ayrton Senna

Jovem vendia seu vale refeição parajuntar dinHeiro e comprar seu primeiro Carro

Patr

ícia

Ram

os

28 29 Novembro de 2011

Anderson Bernardo

de financiamentos, aumentaram mais de 200%. Atualmente, um dos princi-pais benefícios criados pelo Governo Federal para as famílias de baixa renda adquirirem um imóvel é o programa Minha Casa Minha Vida que, segundo a assessoria da Caixa Econômica Fe-deral, entregou 341.970 unidades, até agosto de 2011. Para poder participar do Programa, a renda familiar mensal do comprador deve atingir, no máxi-mo, R$1.395,00.

Segundo Viana, esse cenário con-tribuiu bastante para o aquecimento do mercado imobiliário. “O programa dá a certeza da estabilidade econômi-ca para o futuro. Quando estávamos passando pela crise financeira inter-nacional, as pessoas não queriam comprar imóveis por medo de con-tratos de longos períodos. Bastou o Governo lançar o Programa para que os plantões de lançamentos es-tivessem lotados no primeiro final de semana”, explica o presidente. Ele ain-da completa dizendo que, com isso, também restabeleceu a confiança de que não haverá problemas no merca-do de imóveis.

A ‘bolha’ imobiliária, que atingiu os Estados Unidos da América em 2007, deixou o mundo todo em aler-ta. Muito já se questionou se esse aumento nos imóveis em São Paulo pode ou não gerar uma crise finan-ceira semelhante, já que a demanda e o valor subiram. Para Viana, isso é impossível, pois os EUA supervalo-rizaram seus imóveis e não conse-guiram mais pagar nem vender. No Brasil, as financiadoras só emprestam para quem comprova renda e o em-préstimo é sempre realizado em um valor menor do que o do imóvel.

FINANCIANDO UM SONhO“Meu maior sonho é comprar

uma casa própria”. Quantas vezes você já ouviu essa frase ou pensou assim? Esse é mesmo um belo sonho, mas não basta realizar o ato de com-prar a casa, é preciso alcançar o sonho maior, que é pagar o imóvel. O impor-tante, antes da compra, é saber como o bem será pago. Hoje, existem vários meios para isso. À vista, financiamen-to e até consórcio. Porém, é preciso definir o valor total que se está dis-posto a pagar e em quanto tempo.

Em muitos casos, o raciocínio de quem se lança em um financiamen-to imobiliário é o de que vale mais a pena pagar as prestações durante 10, 20 ou 30 anos e, no final, poder dizer “a casa é minha”, do que pagar alu-guel pelo mesmo período, sem jamais ser dono da casa onde mora. Nes-se caso, o financiamento seria uma espécie de pagamento de aluguel da própria casa. Entretanto, usando como exemplo um apartamento de R$100.000,00, não adianta apenas saber o valor da prestação. É preciso ter muito claro que o custo final do imóvel, se financiado em 30 anos, por exemplo, pode triplicar de valor che-gando a R$350.000,00. Ou seja, o pro-prietário pagaria mais de três imóveis, mas terá direito a apenas um.

Estão disponíveis ainda outros tipos de financiamentos, nos quais as parcelas diminuem ao longo dos anos, como o Sistema de Amortiza-ção Constante (SAC). Com ele, o va-lor das parcelas mensais reduz com o tempo.

Outra maneira de adquirir um imóvel funciona por meio dos consór-cios, forma de aquisição em que não

são cobrados juros, porém é cobrada uma taxa de administração, que varia, de acordo com a administradora, en-tre 1% e 1,5% do valor do imóvel ao ano. O prazo é entre 80 e 240 meses.

E por fim, existe ainda o método mais econômico, que consiste em esperar e guardar o dinheiro. Se o comprador não conseguir juntar o valor total do imóvel, o ideal é que, pelo menos, guarde uma boa quan-tia para dar de entrada, a fim de qui-tá-lo em menos tempo e não pagar muito mais do que pagaria em um único imóvel.

Economix: Quais foram os primeiros passos?CR: O primeiro passo é a necessidade que você começa a sentir de ter seu próprio espaço para fazer as coisas da melhor forma para si mesmo, sem a interferência das outras pessoas. Depois, é preciso avaliar bem sua situação econômica, sabendo que terá de abrir mão de algumas coisas e que um financiamento imobiliário é muito sério. Por fim, pesquisei na internet, achei um imóvel do jeitinho que eu queria, o banco aprovou o crédito e eu assinei o contrato com a construtora.E: Para você, quais são as vantagens de comprar seu primeiro apartamento antes dos 30 anos?CR: A principal vantagem é a liberdade. Posso fazer o que eu quiser, na hora em que eu quiser fazer, ou seja, ninguém interfere na minha rotina. Também é ótimo pelo lado financeiro, por saber que você pode contar com esse bem para ter mais renda no futuro. E a sensação de conquista, de tranquilidade por já ter a casa própria, é muito boa.

E: Você teve problemas com o apartamento, contratos ou construtora? Em algum momento se arrependeu?CR: Tive muitos problemas porque, infelizmente, a prestação de serviços nesse país é péssima. Desencontro de informa-ções, má vontade, falta de transparência foram alguns dos problemas com a construtora e com o banco. Pensei muitas vezes que tinha feito uma grande besteira.E: Por que você preferiu comprar ao invés de alugar?CR: Porque quando você começa a pagar aluguel, dificilmente consegue juntar dinheiro para comprar alguma coisa. A prestação do financiamento é como se fosse um aluguel, mas de algo que já é meu. Se eu quiser reformar o apartamento, por exemplo, eu posso sem precisar pedir autorização. E também poderei alugá-lo quando casar e obter, assim, mais uma fonte de renda.E: Você já se surpreendeu com as parcelas do apartamento?CR: As parcelas debitam direto no meu salário e o valor é quase o mesmo todo mês, então não tenho essa preocu-pação. Eu nem chego a ver o dinheiro. O ideal seria pagá-las antecipadamente para diminuir o prazo do financia-mento, mas infelizmente ainda não deu para juntar dinheiro.E: Qual a sensação de entrar no seu apartamento?CR: É um misto de preocupações e felicidade. Hoje já estou acostumada, mas, no começo, era uma confusão de sentimentos.

Por Patrícia Ramos

omercado imobiliário é hoje um dos segmentos que mais crescem no País, inclusive, pode-se perceber a grande

quantidade de novos prédios que surgiram nos últimos anos.

De acordo com pesquisa rea-lizada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado

de São Paulo (CRECISP) du-rante o primeiro semestre de 2011, na capital paulis-ta houve um aumento de cerca de 90%, no preço do metro quadrado dos imó-veis, ao passar de R$2.000

em 2009 para os atuais R$4.000, em média. Os aluguéis também subiram aproximadamente 60%, se comparados a 2009, elevando cerca de R$ 500 entre o primeiro se-mestre de 2009 e os primeiros seis meses deste ano.

O principal motivo deste au-mento, segundo o presidente do CRECISP, José Augusto Viana Neto, é a disponibilidade de recursos para financiamentos e a grande demanda. “Era muito restrito o acesso aos finan-ciamentos. Evidente que o mercado imobiliário sem o apoio dos financia-mentos não se desenvolve. A partir do momento que houve uma facilidade para a população e condições de che-gar a esses recursos, o mercado aque-ceu e o preço subiu”, conclui.

Os financiamentos são os princi-pais meios de acesso das famílias bra-sileiras à casa própria. Desde o início do boom imobiliário, as vendas de imóveis usados, realizadas por meio

cONSUMO“Todo homem que investe em um imóvel bem selecionado, em uma comunidade próspera,

adota o método mais seguro de se tornar independente. Imóvel é a base da riqueza”, por Theodore Roosevelt

Entenda Como funCiona o merCado e quais são as formas para Comprar sua Casa própria

Cristiane Ramos, 27 anos. Ela conseguiu!

diCas:Pesquise sobre a empresa que construirá o prédio

conheça a infraestrutura do local onde pretende morare se a região está se valorizando ou não

leia atentamente o contrato e tire todas as suas dúvidas

Reserve dinheiro para os custos extras, que vão além das prestaçõesdo financiamento, como as despesas com cartório

Se planeje quanto à “entrega das chaves” do seu imóvel

30 31 Novembro de 2011

quenas Empresas (SEBRAE-SP), a cada 100 empresas, 27 fecham no primeiro ano e 54 antes de comple-tarem 5 anos.

O diretor superintendente do SEBRAE-SP, Bruno Caetano, afirma que, na maioria das empresas, o que falta é uma gestão eficiente e um bom planejamento. Caetano também aconselha que o jovem concilie o empreendimento com a sua própria formação.

Esse foi o caminho que Dani-lo dos Reis seguiu. Graduado em publicidade e propaganda pela Faculdade Cásper Líbero, ele abriu sua própria empresa de comuni-cação audiovisual aos 22 anos. “A ideia surgiu da necessidade de tra-balhar, uma vez que pedi demis-são da empresa na qual trabalhei como Commercial Controller por três anos, uma função que nada tem a ver com o que cursava na fa-culdade”, diz.

Hoje, com 27 anos, Reis não pensa em desistir da empresa e lembra que os dois primeiros anos

obrasileiro, em sua maioria, tem três sonhos: comprar um carro, comprar uma casa e abrir uma empresa.

A vontade de ser o próprio chefe é sempre acompanhada da ilusão de poder fazer o seu horário, não ter ninguém para obedecer, entre ou-tros benefícios, porém, a realidade não é bem essa.

Hoje, cerca de 20% das empre-sas abertas na cidade de São Paulo são propriedades de jovens entre 18 e 24 anos. Muitos deles se desta-cam pela ousadia e novas ideias.

Entretanto, ter apenas uma boa ideia não é garantia para o suces-so. É preciso antes de tudo realizar um bom planejamento. Abrir uma empresa não é tão simples assim, considerando que entre 54 países, o Brasil está em primeiro lugar no quesito burocracia para os negó-cios. Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-

foram os mais complicados. “Era necessário praticamente trabalhar de graça para ter trabalhos para apresentar a novos clientes”, co-menta o empresário. Ele também afirma que ser seu próprio chefe tem suas vantagens e desvanta-gens, “tenho o poder total de deci-são, liberdade para planejamento de tempo e trabalho. Porém, em alguns momentos, a vida pesso-al fica completamente misturada com a profissional. E o fato de lidar com todas as burocracias que uma empresa aberta demanda não é tão simples quanto pensam”.

Caetano explica que para o empreendimento dar certo é preci-so estudo, “o jovem precisa estudar, tanto para sua formação, quanto para saber fazer um planejamento financeiro e gerir o seu negócio”. Reis concorda com o superinten-dente e acrescenta que também é preciso fazer o que gosta e surpre-ender os clientes, “a melhor recom-pensa é o reconhecimento de cada bom trabalho apresentado”.

EMPREENDEDORISMO

Por Patrícia Ramos

Patr

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“Para se ter sucesso em um empreendimento a receita é simples: ter visão de 360 graus e força de vontade”, por Renan Bride de Oliveira

Das empresas abertas na cidade de são paulo,cerca de 20% são geridas por jovens de 18 a 24 anos

X, mas não se sabe ao certo se essa classificação é relativa à expressão em inglês “X rated”, (ações ou pro-dutos pornográficos), ou se é uma referência ao “X” utilizado como uma incógnita na matemática.

A GERAçãO YApós essa série de modificações

até o final da década de 1970, uma nova geração nascida entre 1980 e

2000 tomou o lugar da gera-ção X, dando espaço à geração Y, que virou tema de pesquisas espa-lhadas pelo mundo inteiro.

Para entender um pouco mais sobre esse universo, a Economix conversou com Daniel Portilho Ser-rano, professor, consultor e profes-sor de Marketing, Administração, Estratégia, Comportamento do Consumidor e Planejamento em cursos universitários. Ele explica o motivo pelo qual a geração rece-beu esse nome, “Por serem filhos da

chamada geração X, acabou-se uti-lizando a letra a seguir do alfabeto como uma forma de mostrar a con-tinuidade de gerações. A nomen-clatura foi criada pela Advertising Age, uma revista de publicidade e propaganda que, em 1993, efetuou uma grande sondagem sobre os hábitos de consumo da geração de adolescentes e pré-adolescentes da época”.

Serrano afirma que a principal característica desses jovens é o fato de terem crescido com uma educação que vai além da escola,

com tarefas extracurriculares, como inglês, informática, en-

tre outras e a presença de um aplicativo a mais, a in-ternet. São conhecidos por sua capacidade multitarefa. “Acostumados a um mundo de informações instantâ-neas a geração Y consegue,

ao mesmo tempo, escrever e-mails, checar os SMS, ouvir

música e navegar pela Internet, sem que uma tarefa interfira na

outra” esclarece. A Bridge Research, empresa

brasileira de pesquisa de mercado realizou em 2010 um estudo sobre a Geração Y nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Baseado em entrevistas pessoais com aproximadamente 672 pesso-as, o resultado apontou que esses jovens, ao ingressarem no mercado de trabalho, buscam mais do que salários e benefícios, eles procuram desafios contínuos. Renato Trinda-de, presidente da empresa e coor-denador da pesquisa, explica que enquanto os profissionais da gera-ção X desenvolvem a carreira em

Por Naiara Teles

omundo evolui tecnologica-mente e economicamente e os jovens são os principais cidadãos a acompanharem

esse processo. Até 1945, a geração Tradicional reinava na sociedade. Fiel ao nome, os seus membros so-breviveram à depressão pós-guerra e lutaram para alcançar os seus ob-jetivos, enquanto respeitavam hie-rarquias rígidas. No trabalho, eram dedicados e permaneciam por lon-gos anos na mesma empresa.

Já entre 1946 e 1964, o perfil da juventude mudou e passa-ram a ser denominados Baby-Boomers (definição que vem do termo em inglês, Baby Boom, explosão de bebês), filhos da geração anterior, que lutaram pela paz e por seus objetivos, além de serem mais otimistas e possuírem um padrão de vida estável, profissio-nalmente seguiam os passos da ge-ração tradicional.

Com essa evolução, de 1965 a 1977, a população jovem se trans-formou novamente e era conside-rada muito rebelde para os padrões da época. Não acreditavam em Deus, faziam sexo antes do casa-mento e não respeitavam a família, como as gerações anteriores. Eram fiéis às empresas que trabalhavam e sonhavam com cargos altos, mas com o pensamento a longo pra-zo, ou seja, não eram imediatistas. Após estudos sobre a juventude britânica realizados por Jane De-verson e Charles Hamblet esses jo-vens receberam o nome de geração

SÉcULO XXI “A maioria dos jovens da atualidade não tem sonho, nem maus nem bons. Eles não têm uma causa para lutar”, por Augusto Cury

Eles navegam na internet, mandam sms, ouvem músiCa, falam ao telefone,preparam o material que deve ser entregue em uma Hora, marcam horário

na aCademia e ainda encontram tempo para estudar e Curtir a vida.

32 33 Notvembro de 2011

danilo dos Reis em sua empresa

degrau, os “Ys” associam a ascensão profissional ao ato de subir uma ladeira, trocando de em-prego com muita facilidade tudo isso porque não tem facilidade para manter uma relação patrão e subordinado, sendo intitulado mui-tas vezes como infiéis.

Leonardo Liberti, de 28 anos, é um exem-plo característico desta geração. Graduado em Artes pela Universidade São Judas Ta-deu (USJT), comanda há dois anos e meio a Libertà Filmes, onde produz comerciais e vídeo clipes. O jovem conta que sempre es-tudou fez várias especializações e decidiu montar seu próprio negócio para evitar problema com chefes. “Sou formado em artes, pianista clássico, tive uma banda de rock chamada Zuane, que durou um ano e meio, fizemos até um CD. Fui alu-no bolsista de publicidade e propagan-da na Universidade de São Paulo (USP). Cursei teatro na Itália. Iniciei um projeto de mestrado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Fundei o laboratório de Arte e Educação Lab Arte e fiquei dois anos nesse projeto. Nossa, já fiz muita coisa, cursos de edi-ção, de câmera, de direção e fotografia... Fiz diversos trabalhos como ator, em um desses empregos tive problema com um chefe que não sabia falar com seus fun-cionários, não tive escolha, discutimos, virei as costas e nunca mais voltei, não pude evitar”, lembra.

Como produtor, ele já desenvolveu dois documentários italianos, comerciais para a APAE Brasil, vídeos clipes de banda reproduzidos na MTV, o DVD a Arte do In-sulto, de Rafinha Bastos, que recentemente ganhou o disco ouro, após ter 25 mil cópias vendidas. Quando questionado sobre a ins-piração, ele justifica que provém da sua for-mação cultural, “sempre observei e acompa-nhei filosofia, cinema, teatro. A observação é a maior ferramenta do homem”, explica.

E haja fôlego para acompanhar o jovem. “Com a banda Zuane conheci o pessoal da mú-sica, isso abriu portas também. A arte não é dis-sociada. Como ator aprendi muito mais do que um bom enquadramento, mais do que uma boa história para contar. O que muda é a linguagem,

porque eu já vivi tudo isso, fiz freela para produto-ras, fiz curso, aprendi a mexer nos equipamentos e aprendi a trabalhar como executivo, como pegar

trabalhos, vender isso para o cliente e aliar e desen-volver a arte com a minha filosofia”, conta.

Essa maneira de enxergar a vida também reflete em seu trabalho, “a Libertà (que significa liberdade em italiano) é uma empresa que não pega mil trabalhos. Porque temos um respeito artístico. Não adianta pegarmos vários projetos para fazer e não sair como planejamos. Penso na qualidade, tenho outra filosofia que não é tão capitalista”, conta.

Um fato curioso que chama a atenção do professor e consultor é que os jovens não são fiéis a nada. “Além de marcas, eles não se não prendem a empregos ou hábitos. A mudança de comportamento é muito rápida. Hoje podem ser apai-xonados, por exemplo, por uma banda e amanhã por outra. Tudo é descartável e substituível. Não há espaço para longo prazo”, afirma.

Liberti demonstra mais um fator que o coloca no mundo dos “Ys”, “não ligo para marcas, a minha noiva compra as minhas roupas. Só sou fiel à Apple porque tem todos os softwares que preciso”, justifica.

Outro fato observado nos estu-dos dessa geração foi o de que esses jovens costumam sair mais tarde de casa, exemplo seguido pelo jovem produtor. “Queria sair de casa quando tivesse a minha independência finan-ceira. Achar um bom lugar para morar.

Como meus pais são separados, e eu moro só com a minha mãe, não sofri nenhuma pressão. Também acredito que no Brasil sair de casa mais tarde é uma questão cultural, penso eu, um costume. Sei que em alguns lugares na Europa os jovens saem mais cedo de casa”, comenta Liberti que está de casamento marcado e logo mais le-vará sua vida independente.

MERCADO DE TRAbAlhOOs “Ys” valorizam a relação

trabalho e felicidade, mas o pro-

pósito principal ainda é o sucesso profissional buscando o cresci-mento e estabilidade financeira. Por isso, costumam seguir um modelo, que pode ser desde um executivo de uma grande corpo-ração mundial, como Steve Jobs, até um estadista como, por exem-plo, Bill Clinton.

Para Serrano as empresas de-vem se adaptar aos modos dos “Ys”, “muito se discute em trazer esta nova geração para a carteira de clientes de uma empresa. Na realidade, a geração Y é que traz as empresas para o seu grupo. Assim, as empresas deverão estar “disponí-veis” para esta geração no momen-to e no lugar onde eles vivem: no mundo virtual. Estar atento às re-des sociais e participar delas é um bom começo para atrair este públi-co” afirma.

Ele dá algumas dicas para que as empresas lidem melhor com esses jovens, “façam de tudo para segurá-los. Não estabeleçam ho-rários fixos. Não peça para cum-prirem tarefas. Não os recrimine por prazos. Simplesmente apre-sente os objetivos de onde quer chegar ou o que se há de fazer e deixe-os tomarem o seu próprio rumo. Os resultados serão surpre-endentes”, indica.

daniel portilHo serrano - Graduado em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Ibero-Americano e mestrando em Administração de Empresas pela Universidade Paulista – (Unip). Atualmente leciona Marketing e Estudos de Comportamento do Consumidor na Faculdade Eniac Educação Básica e Superior, e Comportamento do Consumidor e Tendências de Consumo nos cursos de pós-graduação das Faculdades Integradas de Bauru - (FIB).

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o jovem em suasala na libertà

editando o dVd a Arte do insulto de Rafinha Bastos

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Por Aline Messias

EDUcAÇÃO “Se você tiver ambição e conhecimento poderá chegar ao topo na sua profissão, independentemente de onde começou”, por Peter Drucker

Juliane estudou, se esforçou, e con-seguiu uma bolsa integral para o curso de design

da escola para a universidade: a geografia tomou conta da vida de Silva

Karina produz o programa Plugado 89, que vai ao ar todos os dias, às 7h

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Saiba o que fazer para estudar, mesmo Com pouCo dinHeiro

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pública e estava no último ano do en-sino médio, decidiu começar um cur-sinho para se preparar para o Enem. Foi assim que, após um ano e meio de cursinho, ela conseguiu uma bol-sa integral para o curso de Design na Universidade Presbiteriana Macken-zie. “Estudar, dentro da minha casa, sempre foi uma coisa natural, não é gostar ou não: você tem que tomar banho e escovar os dentes assim como tem que estudar”, comenta.

Agora, seu objetivo é conseguir um emprego na área, pois, apesar de ser bolsista, há o alto custo do ma-terial utilizado nas aulas, além dos gastos com a condução que utiliza para ir e voltar da universidade. “No começo eu tive que comprar todo o material básico do curso: lapiseiras, canetas, tintas, pincéis... Gastei por volta de 400 reais. E tem que estar sempre repondo”, conta.

A dica que Juliane dá para quem quer conquistar uma bolsa de estudos é se preparar para o Enem, estudando as bases teóricas das matérias que se aprendeu na escola. A leitura também

é um fator essencial, ao menos dos clássicos da literatura, para “mandar bem” na interpretação de texto, que é fundamental nesse exame.

Segundo a estudante, também é importante fazer atividades relaxan-tes antes da prova, para evitar os erros por puro nervosismo. Saborear um chocolate, ler um livro ou beber um copo de água são alguns exemplos. Por fim, Juliane explica que não se deve ter pressa para terminar. O ideal é responder as questões e preencher o gabarito com tranquilidade.

“Não adianta dizer ‘nasci em famí-lia pobre, estudei em escola pública e não tenho nenhuma oportunidade de fazer algo na vida’. Tenha certeza de que você pode fazer tudo aquilo que realmente quiser”, conclui a jovem.

OPçõES ACESSívEISFoi também por indicação da

sua prima que André dos Santos Araújo, de 23 anos, escolheu cursar Geografia. “Ela me falou do curso, das aulas, e fui me interessando, pesquisando sobre o assunto, até decidir prestar o vestibular”, conta.

Araújo decidiu se candidatar ao curso de Geografia da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), que está entre os cursos gratuitos que a insti-tuição disponibiliza. “Quando entrei, achei que o curso fosse mais liga-do a quem quer ser educador, mas quando você começa a ter as aulas e conversar com os professores você vê que o campo é bem amplo. É pos-sível prestar concursos e trabalhar em diversas áreas”, ressalta.

Para garantir a bolsa de estudos é necessário tirar uma boa nota no vestibular, ao menos 50 pontos, e se manter com uma média elevada, no mínimo nota oito. Se o aluno não atingir a média, ele vai perdendo por-centagens da bolsa. A média para os

cursos não-gratuitos da mesma uni-versidade é mais baixa – nota seis.

A coordenadora do curso de Geografia da Unicsul, Adriana Fur-lan, conta que, devido à essa média ser elevada, há um grande número de alunos dedicados e envolvidos. E como resultado de todo o esforço, acabam surgindo mais oportunida-des. “Muitas portas se abrem para eles. Temos alguns fazendo mestra-do e até doutorado. São alunos bem colocados, que passam em todos os concursos que prestam, seja na área educacional ou técnica. O aluno sai daqui e vai trabalhar onde quiser, pois ele tem condições para isso”, elogia.

Essa iniciativa tem dado chan-ces àqueles que não têm condições de pagar pelos seus estudos. “Há anos estamos formando pessoas que têm a oportunidade de concor-rer com qualquer outro profissional no mesmo nível”, emociona-se.

Segundo Adriana, o salário ini-cial de um geógrafo fica em torno de 2 mil reais, mas pode chegar a mais de 10 mil reais, dependendo da área escolhida e do nível de qualificação profissional e de especializações.

ENFIM, FORMADAA jornalista efetiva da rádio FAST

89 FM e pós-graduanda em Linguística, Karina Andrade, de 26 anos, precisou ter muita determinação para conseguir concluir os seus estudos e trabalhar com aquilo que realmente gosta.

Logo que terminou o ensino médio, a jovem decidiu estudar Jornalismo. Na época, trabalhando como instrutora de informática, não recebia um salário fixo por mês, mas

ganhava por aula. Já no primeiro ano começou a sentir dificuldades para pagar as mensalidades.

“Minha mãe, irmã e avó não tinham rendimentos. Somente eu e meu pai tínhamos renda e, ainda assim, era baixa. Foi aí que eu tive a ideia de me cadastrar no crédito educativo que a universidade dis-ponibilizava”, conta.

A proposta era pagar a metade do valor mensal do curso durante os anos em que estivesse estudando e quitar o restante mensalmente após a sua conclusão. Seria um total de oito anos pagando por seus estudos.

Por sorte, no terceiro ano da fa-culdade de Jornalismo, a estudante prestou o Enem e conseguiu uma bolsa de estudos integral pelo ProU-ni, abatendo assim as mensalidades do quarto ano do crédito educativo.

Terceiro ano do ensino médio, chega a hora da decisão: o que serei quando crescer? Depois de ter essa dúvida respondida,

com a escolha da profissão, eis que surge outro questionamento: como fazer para chegar lá? Muitos jovens ainda não têm renda própria e os que trabalham às vezes recebem um salário que mal dá para pagar um cinema no final de semana.

Uma das soluções para cursar o ensino superior economizando, e muito, são as bolsas de estudo dis-poníveis para quem presta o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e também se cadastra para as bol-sas parciais e integrais do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Juliane Cassia Santos de Sousa, de 18 anos, ficou sabendo do pro-grama quando sua prima conseguiu bolsa integral pelo ProUni para o curso de Economia. A partir daí, a jo-vem, que sempre estudou em escola

Nos momentos mais difíceis, a ajuda da família foi imprescindível. A jornalista conta que seu pai che-gou a vender uma Kombi que ha-via lutado muito para comprar de modo a ajudá-la financeiramente.

“O conselho de alguém que passou por tudo isso para conse-guir uma formação é não parar de estudar. Antigamente era mais difí-cil. Quantas pessoas podiam cursar o ensino superior? Poucas conse-guiam cursar o ensino fundamental e médio, pois tinham que trabalhar e ajudar a família. Hoje, há inúmeras oportunidades”, ressalta.

SAIbA MAIS:Enem – enem.inep.gov.brFies - sisfiesportal.mec.gov.brProUni – prouniportal.mec.gov.br

Quem está “sem grana” e deseja estudar pode optar por um tipo de crédito educa-tivo semelhante à opção utilizada por Ka-rina. O programa é conhecido como Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e financia a graduação de estudantes matriculados em faculdades particulares. Desde 2010 é permitido soli-citar o financiamento em qualquer período do curso e, com isso, os juros caíram para 3,4% ao ano.

queridinho dos brasileiros, o curso de Administração vem ganhando a cada dia mais alunos. Segundo o Cen-so da Educação Superior de 2009, divulgado em 2011 pelo Ministério da Educação (MEC), foram realizadas

mais de 1 milhão de matrículas no ano pesquisado, entre os módulos de graduação presencial e à distância do curso.

Incluídos nessa estatística de futuros administradores es-tavam os jovens Eduardo Henrique Esposito Molina, 20 anos, e Danielle Silva, de 25 anos. Ele queria cursar Psicologia, mas, como não abriram turmas naquele semestre, optou por fazer Administração, para posteriormente aprofundar-se na área de Recursos Humanos e Psicologia.

“Na escola eu não gostava de matemática e, quando co-mecei, achei que o curso de Administração teria apenas dis-ciplinas de exatas, mas estava enganado, pois o conteúdo abrange também a área de humanas”, comenta Molina.

Já Danielle, que trabalha há oito anos com funções adminis-trativas, estava certa do que queria estudar. Além da graduação, a jovem fez cursos profissionalizantes e não quer parar por aí. “Pretendo trabalhar na área fiscal e quero estudar cada vez mais.

Planejo fazer uma pós na área tri-butária, pois o mercado está neces-sitado de profissionais qualificados neste segmento”, afirma convicta.

De acordo com o professor Mar-co Antonio Sampaio de Jesus, dire-tor do curso de Administração da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), a graduação proporciona uma formação generalista, poliva-lente e humanística, permitindo uma abordagem das diversas orga-nizações e negócios, qualificando o aluno para gerenciar seu aprendiza-do e atuar no mercado de trabalho de forma diferenciada.

Quanto ao piso salarial dos administradores, segundo o pro-fessor, os valores não seguem um padrão, variando muito conforme a situação econômica do País, o setor de atividade e a posição hie-rárquica. De forma geral, os valo-res para estagiários variam entre 900 e 1.500 reais.

áReAS PRofiSSioNAiS PARAoS AdMiNiSTRAdoReS

1º - Setor de Serviços: Consultoria Empresarial, Turismo e Lazer, Instituições Financeiras e Ensino e Educação;

2º - Setor Industrial, Terceiro Setor, Agronegócio;

3º - Administração Geral, Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Logística e Vendas.

Fonte: pesquisa realizada em 2006 peloConselho Federal de Administração (CFA)

EDUcAÇÃO

Por Aline Messias

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Saiba mais sobre o curso de administração, o mais proCurado do País

“Se você tiver ambição e conhecimento poderá chegar ao topo na sua profissão, independentemente de onde começou”, por Peter Drucker

cada um com a sua história, danielle e Molina têm um objetivoem comum: serem administradores bem sucedidos

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Por Mara Speri

EXTENSÃO “A maior dádiva para o estudante é o saber adquirido, nenhum outro dom faria valer a pena tanto esforço e dedicação”, por Jéni Quintal

Divulgação

40 41 Novembro de 2011

processos é a do painel com os gestores. Durante essa fase pre-sencial, os candidatos devem de-senvolver um case desafiador que será apresentado para cerca de 70 gestores entre gerentes e direto-res. No ano de 2010, por exemplo, o painel solicitou aos candidatos que criassem um novo produto para a empresa.

Outra novidade no processo de 2010 da companhia foi a inclu-são do módulo internacional Sum-mer Job no currículo dos trainees. Esse aprendizado internacional consiste no envio do trainee selecionado ao exterior, em uma das fábricas da Whirl-pool por dois meses, pro-porcionando um melhor nível de aproveitamen-to com os demais pro-fissionais fora do Brasil. “A experiência no ex-terior é um diferencial de grande importância na carreira de qualquer profissional, que o auxilia na aprendizagem e a as-sumir novos desafios. Com essa preocupação, visamos acelerar o desenvolvimento des-ses jovens”, afirma Úrsula.

Fernanda Almirão, 25 anos, graduada em Engenharia Civil Ae-ronáutica pelo Instituto Tecnológi-co de Aeronáutica (ITA), foi a pri-meira trainee selecionada em 2010 para participar do módulo interna-cional, e voltou do exterior no mês de setembro. “Gostei muito de par-ticipar do processo de seleção. Fui

desafiada a dar o melhor de mim em cada etapa, principalmente no módulo internacional, que serviu para incentivar minha carreira in-ternacional, na qual a maioria tem planos de atuar”, diz.

A engenheira fez parte do projeto que envolveu a produção de lavadoras na unidade de Rio Claro e seu objetivo profissional era entender como funcionava todo esse processo. Durante o

com a economia global cres-cendo e o Brasil em desen-volvimento, muitas empre-sas de grande porte têm a

necessidade de investir e contra-tar profissionais altamente quali-ficados, mas que em muitos casos ainda precisam ser treinados de acordo com os padrões de exi-gência das companhias.

Um dos modos de contrata-ção que vem se tornando prática

comum entre as organi-zações é

programa internacional ela foi en-viada à maior fábrica de lavadoras do mundo, localizada nos Estados Unidos, e conta que o aprendiza-do não foi só profissional. “Acredi-to que a experiência auxiliou no meu raciocínio e me ajudou a ser mais ágil e globalizada. Mas acre-

dito que os avanços também es-tão presentes no aspecto pessoal, me ajudando nas tomadas de de-cisões e na ampliação da rede de contatos”.

A trainee finaliza afirmando que alguns requisitos são essen-ciais na hora do processo, como a importância no domínio do in-glês, requisito básico para inscri-ção, uma vez que existem provas escritas e orais sobre o conheci-mento. Outras dicas são a tranqui-lidade durante a seleção, conheci-mento da empresa e da área que

se pretende atuar, além de demonstrar o aprendizado

conquistado até aquela fase e até onde se quer e se consegue chegar.

Segundo a gerente geral da companhia, é fundamental que o candidato demons-tre como é. “Ser quem você é significa um dos

principais destaques durante um processo

seletivo desse tipo. Todos temos pontos que podem

ser desenvolvidos, e demons-trar aquilo que não parece ver-

dadeiro pode prejudicá-lo”, finali-za Úrsula.

Mais de 30 empresas no Brasil realizam processos de trainee como Nestlé, Ambev, Braskem, Banco Itáu, Mercedes-Benz, Grupo Voto-rantim, entre outras, com processos seletivos anuais e que geralmente têm início no final do primeiro se-mestre. Fique de olho!

o trainee. O processo, que geral-mente tem duração de 12 a 24 meses, é destinado aos recém-formados e aos profissionais que concluíram o nível superior há, no máximo, dois anos.

Para os colaboradores da Whirlpool, líder em eletrodomés-ticos e que detém as marcas Bras-temp e Consul no Brasil, o aprendi-zado durante o período de trainee é estritamente necessário para o desenvolvimento de grandes lí-deres na empresa. O processo de seleção que está em andamento, intitulado “Você em grande com-panhia”, foi desenvolvido para que os candidatos desenvolvam seus talentos de acordo com as práticas previstas para o período de trainee.

O programa da Whirlpool tem duração de 23 meses e proporcio-na aos trainees um aprendizado em diversas áreas da empresa. “Os trainees passarão por integrações nas áreas da companhia, desenvol-vimento de projetos, treinamentos internos e externos, com acom-panhamento da área de Recursos Humanos e dos gestores”, explica

Úrsula Angeli, gerente geral de Recursos Humanos e Desen-volvimento Organizacional da Whirlpool Latin America.

Uma das etapas que está cada vez mais frequente nos

SAláRio Médio de tRainEE:2 a 5 mil reais

TeMPo Médio:12 a 24 meses

idioMA: Idioma: inglês avançado (algumas empresas requerem outros idiomas)

Por meio do proCesso de tRainEE, muitos jovens têm a oportunidadede embarcar em grandes experiênCias profissionais e pessoais

Numa época em que reciclar está super na moda, nada melhor do que reaproveitar aquelas roupas que estão jogadas no fundo do armário e transformá-las em looks fantásticos. Customizar não é apenas dar vida nova para uma peça esquecida é também aperfeiçoar o seu vestuário e

administrar o orçamento de maneira econômica e rentável.O termo customização foi criado para traduzir a expressão em inglês cus-

tom made (sob medida). No Brasil, o conceito chegou por volta dos anos 1990, quando os jovens começaram a sentir a necessidade de se diferenciarem dos

demais, demonstrando criatividade, individualidade e o mais importante, personalidade.

Além de criar peças novas que transmitem o seu estilo, essa pode ser uma maneira de ganhar uma graninha extra no fim do mês e um

hobby para os amantes do mundo fashion. A publicitária e web de-signer, Mariely Del Rey, de 27 anos, cresceu vendo a mãe customi-zando e usou essa criatividade como inspiração. Ela percebeu que os posts sobre o assunto em seu blog pessoal interessavam aos visitantes e criou em 2009, o site customizando.net.

“Customização era apenas um hobby, fazia apenas pra mi-nha família. Mas como o blog vem se tornando conhecido, te-nho ganhado com ele. Digamos que ele se sustenta sozinho”, afirma. Para quem quer se aventurar nessa arte, existe uma variedade de materiais disponíveis no mercado: pinturas, colas para tecidos, apliques, bordados, brilhos e bijuterias. Mariely aposta no reaproveitamento de materiais. “Para customizar, uso canetas para tecido, retalhos, renda e al-guns materiais que tenho em casa”, explica.

Já para a estudante de jornalismo, que se autode-nomina “aspirante a criadora”, Vivian

Fróes de Souza, de 21 anos, customizar foi primeiramen-

te uma saída

para reinventar as suas roupas e criar peças modernas. “Sempre gostei de mudar minhas roupas, afinal nunca tive muitas condições para comprar o que eu queria. Comecei costurando as roupinhas para as minhas bonecas, mas quando conheci os conceitos de fato, parei para estudar o que é a cus-tomização, aprendi e aperfeiçoei a técnica após fazer um curso no Senac em 2010”, conta.

Ela mantém um blog pitadadeestilo.blogspot.com no qual comercializa suas criações e descobriu que essa pode ser uma maneira de aumentar o seu orçamento. “Muita gente me incentivou para eu vender as peças que produzo, então pensei em um nome, em uma cara para o blog e lancei. Na medida do possível eu ven-do, mas prefiro pegar encomendas, o que determina o quanto ganho. É possível conseguir um dinheiro bacana, em média, 150 reais quando o mês rende algumas enco-mendas”, revela.

A jovem jornalista escreve sobre política e edu-cação para o site da União Nacional dos Estudantes (UNE), mas tem uma “veia” para moda e gosta de utili-zar tecidos variados, principalmente algodão, botões, fitas, miçangas, rendas, retalhos e linhas de bordado, conseguindo, com isso, criar peças de acordo com o estilo dos seus clientes.

E quem acha que customizar é uma alternativa somente para mulheres se engana. Se os homens não tiverem aptidão para criar podem procurar essas profissionais ou pedir ajuda da mãe, namorada ou irmã para criar um look diferenciado. “Eu acho que toda peça de roupa tem um potencial quase que infinito. A customização acontece quan-do você pega uma roupa, ou acessório e dá uma nova cara, um novo significado. E isso é legal para compreendermos e expressarmos melhor o nosso estilo, en-tende? Porque eu vejo a roupa, o acessó-rio, como forma de expressão de quem nós somos sem palavras e customizar me permite chegar o mais próximo da minha verdade”, finaliza Vivian.

Por Naiara Teles

MODA “Sou contra a moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera”, por Coco Chanel

renove o seu guarda-roupa,explore a criatividade e abuse do estilo

“Toda peça de roupa tem um potencial

quase que infinito”, Vivian Fróes

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A tualmente, muitos brasileiros acabam não se preocupando com sua alimentação diária, culpa algumas vezes da rotina associada ao trabalho, estudo e família. Na maioria dos casos, devido ao pouco tempo, optam por uma refeição rápida e fora de casa,

mas que nem sempre possui os alimentos necessários para uma nutri-ção balanceada e saudável.

De acordo com a nutricionista Jéssica Reis, mesmo com a cor-reria do dia a dia, “é importante manter uma refeição de qualidade incluindo frutas e verduras no cardápio, o que fornece ao organis-

mo sua dose diária de vitaminas e nutrientes, responsáveis pelo bom funcionamento do corpo”. Outros alimentos que não devem faltar na

mesa dos brasileiros são os produtos integrais, ricos em fibras, e que diminuem o risco de doenças cardiovasculares, contribuindo para

o melhor funcionamento do intestino. Mas não é só a qualidade dos alimentos que é impor-

tante para manter uma alimentação correta. A quan-tidade de porções ingeridas deve ser de acordo com as fases (infância, adolescência e adulto) de cada um, levando em consideração a necessidade energética e o tipo de metabolismo que diferencia uma pessoa da outra. Um jovem, por exemplo, com idade média entre 14 e 25 anos requer uma dieta alimentar com um nível calórico mais elevado, por causa da épo-ca de aprendizado e amadurecimento para a fase adulta.

Para o estudante de engenharia de produção, Rafael Bezerra, de 21 anos, alimentar-se fora de

casa virou um hábito depois que começou a tra-balhar e ingressou na faculdade. “Geralmente

sinto muita fome em pequenos intervalos e acabo comendo várias vezes na rua, sempre em fast food e lanchonetes por serem mais rápidos. Com isso, comida passou a ser algo raro no meu cardápio durante a semana”, comenta.

A nutricionista alerta que esses tipos de refeições não suprem as necessidades de uma dieta ao organismo e podem compro-meter a saúde futuramente, resultando em

doenças relacionadas ao déficit dessas substâncias ou ao excesso de gordura. Mas para quem não abre mão dos lanches ou não tem muito tempo para se alimentar, ela dá uma dica, “uma opção de lanche pode ser feita com duas fatias de pão de forma integral, frango grelhado acompanhado de folhas, ou uma fatia de queijo branco”.

Além das “alimentações rápi-das”, deve-se tomar cuidado com a ingestão de líquidos durante as refeições, principalmente com as bebidas gaseificadas como os re-frigerantes, pois dificultam o pro-cesso digestivo. Com a ingestão de líquidos, passamos a mastigar menos os alimentos e muitos nu-trientes deixam de ser absorvidos pelo corpo, indo direto para o intestino. Além disso, os refrige-rantes são considerados “calorias vazias”, ou seja, engordam e não contribuem com nenhum nu-triente benéfico ao corpo.

“Além de uma alimentação adequada, invista na ingestão de, ao menos, 2 litros de água por dia. Pratique exercícios físicos, e procu-re um profissional sempre que tiver dúvidas”, aconselha a especialista.

COMO GASTAR MENOSCOMENDO FORA?

De acordo com pesquisa di-vulgada no dia 19 de agosto desse ano, pelo Índice de Preços ao Con-sumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as refeições fora de casa ti-veram um aumento de 0,92% para os restaurantes e 1% para os lan-ches. Em relação ano anterior, já somam mais de 11% de aumento no bolso dos brasileiros.

Para Jéssica, uma das alterna-tivas para economizar é optar por restaurantes por quilo, que geral-mente são mais baratos e propor-cionam a escolha dos alimentos. Outra dica é a ingestão de folhas no cardápio, que além de saudá-veis “pesam menos” na balança.

Levar para o trabalho alimentos de casa, como frutas, barras de cere-ais, bolachas e sucos, também é uma opção de economizar, mas deve-se ficar atento à forma de armazena-mento. Sempre que possível embale os alimentos em papel filme, papel alumínio ou potes plásticos com tampa. Os produtos que requerem refrigeração podem ser trans-portados em bolsas térmi-cas pequenas.

Por Mara Speri

SAÚDE“Atitude saudável é ter em mente que podemos ser aquilo que determinamos. Pensamentos saudáveis, positivos,

geram atitudes saudáveis e melhor qualidade de vida”, por Ane Soal

• Evite frituras e aposte em alimentos cozidos ou assados;

• Beba no mínimo 2 litros de água por dia;

• Consuma peixe ao menos uma vez na semana;

• Procure não ingerir líquidos durante as refeições;

• Faça exercícios físicos regularmente.

“É importante manter uma refeição de

qualidade incluindo frutas e verduras

no cardápio”Com a correria diária é preciso ficar atento À qualidadeda nossa alimentação

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Jéssica Reis

cionar ou espaço nos transportes públicos”, explica o bancário An-dré Faria, de 25 anos.

Há dois meses, Faria resolveu mudar radicalmente a sua rotina. Para fugir do trânsito intenso da cidade optou por um novo meio de transporte, a bicicleta. Ele per-corre cerca de 40 quilômetros por dia, pedalando da estação de metrô Guilhermina Esperan-ça, localizada na Zona Leste, até o Cambuci, bairro do centro de São Paulo.

Antigamente, ele demora-va uma hora e quarenta minutos para atravessar o percurso de car-ro. Hoje, de bicicleta, leva quase a metade do tempo para chegar ao seu destino.

Com esse novo hábito, ele notou outros benefícios na troca

de transporte. “Junto às ciclovias vem o incentivo para o uso de um transporte muito simples e fácil de usar. Os fatores ambientais são os mais importantes, porque quando usamos as bicicletas po-luímos menos e aumentamos a qualidade de vida. Percebi tam-bém o quanto posso economizar com a troca de transportes”, conta o ciclista que fez uma economia de 182 reais, nesses dois meses.

Outro fator que se destaca ao andar de bicicleta é a melhoria para saúde. De acordo com a fisio-terapeuta Adriana Pricila Santos, “o ciclismo proporciona melhora nos aspectos físicos e psicológi-cos, gera um aumento na capaci-dade aeróbica e no metabolismo de gorduras, além de ajudar as articulações”.

Segundo a doutora, a práti-ca inadequada do esporte pode causar lesões como tendinites e lombalgias (dor na região lom-bar). Para evitar essas lesões, a bicicleta deve ser adequada à altura do ciclista e é importante também manter a postura e utili-zar equipamentos de segurança, como capacete, joelheiras, luvas e o farol no período noturno. O bancário comenta que ao adqui-rir a nova rotina equipou sua bike, comprou tênis com uma sola que dê aderência nos pedais e uma roupa apropriada para pedalar.

A fisioterapeuta explica ainda que o ciclismo pode ser praticado por pessoas de todas as idades e ressalta que é sempre importan-te consultar um médico antes de iniciar qualquer atividade física, para descartar qualquer hipótese de doença.

Acidade de São Paulo pos-sui aproximadamente 45 quilômetros de ciclofai-xa, que consiste em faixas

exclusivas e sinalizadas para o trânsito de bicicletas. Esse é um número baixo para uma popula-ção com mais de 11 milhões de habitantes. E essas vias ainda são utilizadas, na maioria das vezes, como opções de lazer. Porém, o número de pessoas que encaram a ideia como uma alternativa de transporte saudável vem crescen-do. “Usar a bicicleta traz uma série de benefícios, você chega mais rápido nos locais, se sente mais disposto e não tem o incômodo de não encontrar lugar para esta-

SAÚDE

Por Mara Speri e Naiara Teles

Um investimento de baixo Custo que ajuda a diminuir o estressee os problemas respiratórios, além de melHorar a qualidade de vida

A primeira bicicleta foi criada pelo conde francês Sivrac em 1.818. Não possuía pedais e causava cansaço para quem usava

ticas sociais estão as ONGs, Órgãos Não-Governamentais, que são insti-tuições sem fins lucrativos de direito privado e interesse público.

Já as associações e federações são formadas por grupos de pesso-as com objetivos em comum para prestarem serviços sociais e culturais, mantidas por doações ou contribui-ção de associados. O que difere uma da outra é a área que abrangem, pois a primeira engloba pequenas regiões como vilas e grupos de apoio e a se-gunda tem caráter nacional.

Entretanto, apesar do esforço de todas essas organizações, ainda

faltam órgãos competentes e profis-sionais especializados para promo-verem ações e oferecerem o apoio necessário a quem quer se tornar vo-luntário para ajudar alguma dessas entidades beneficentes.

PRATICANDO O bEMA Associação Novos Passos, loca-

lizada no bairro da Mooca, zona Les-te de São Paulo, atende cerca de 120 crianças e jovens com idades entre 8 e 17 anos, e foi fundada pela arte-educadora e psicopedagoga Maria

Luiza Mion Giannico, em dezembro de 2006. “Ela nasceu da minha inquie-tação como educadora, por acreditar que as oportunidades com educação e cultura podem transformar uma comunidade”, explica.

A psicopedagoga destaca que o Terceiro Setor ainda é uma área des-conhecida e que para se preparar e assumir a responsabilidade como presidente da entidade foi necessá-rio realizar vários cursos no Instituto Ethos, SEBRAE, Siai, entre outros. Ela explica que também encontrou difi-culdades devido à falta de profissio-nais especializados. “Falta orientação

correta. Organiza-ções já estabeleci-das não oferecem orientações, per-cebi muito indivi-dualismo” diz Ma-ria Luiza.

Após cinco anos oferecendo diversos cursos como, música, tea-tro, capoeira, ballet infantil e juvenil, canto e coral, Ma-ria Luiza resolveu expor como man-tém a associação, “nunca falo sobre isso, mas sou a ide-

alizadora e mantenho grande parte. Comprei o imóvel e construí para isso. Para ajudar nos gastos, damos aulas com taxas simbólicas. Também busco apoio na divulgação dos nossos cur-sos e conto com quatro colaborado-res”, esclarece.

Para ser voluntário de qualquer entidade sem fins lucrativos, é muito simples, basta conhecer a instituição e unir a boa vontade com as habilida-des que possuir. Não deixe de fazer o bem, faça a sua parte e lute por um futuro melhor!

Por Naiara Teles

houve uma época em que grande parte da população brasileira desconfiava do trabalho das entidades sem

fins lucrativos, porque não recebiam o devido apoio e divulgação na mí-dia, por exemplo. Hoje, essa atitude mudou, pois as pessoas começaram a entender o funcionamento desses órgãos e passaram a se interessar pela possibilidade de conhecerem essas entidades e fazerem, por exem-plo, o bem social para a inclusão de crianças, jovens e adultos carentes na sociedade. E, além disso, perceberam que ajudar o pró-ximo faz bem não só a quem recebe, mas também a quem pratica esse nobre ato, fazendo refletir e dar valor aos pequenos mo-mentos da vida.

UM POUCO DE hISTóRIA

O terceiro setor surgiu no Brasil há aproximadamente três décadas e é constituído por en-tidades privadas, sem fins lucrativos que têm o objetivo de ajudar a po-pulação carente. Foi no governo de Fernando Henrique Cardoso, (1995-2002), que os trabalhos sociais come-çaram a ganhar destaque em nosso País, com a Lei 9.790 de 23 de maço de 1999, conhecida como Lei do Ter-ceiro Setor. E em 18 de fevereiro de 1998, foi regulamentada a Lei do Vo-luntariado nº 9.608.

Entre as organizações que for-mam o Terceiro Setor visando as prá-

3º SETOR “A maior tragédia do Brasil não é a dívida externa, nem a dívida interna: é a dívida social”, por Teotônio Vilela

Fazer a sua parte é o primeiro passo

André faria trocou o transporte público pela bicicleta

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SOMOS TãO JOVENSO filme conta a emocionante e desafiadora história de Renato Russo, fundador da Banda Legião Urbana. Um rapaz de Brasília, que diante da ditadura no País, criou diversas músicas que se tornaram hinos para os jovens e são cantadas até hoje. Informações: Gênero: Biografia/ Estreia prevista para Julho/2012 (até o fechamento desta edição)

CASAIS INTELIGENTES ENRIQUECEM JUNTOSMuitos dos motivos de brigas entre casais são as dificuldades financeiras e a falta de pla-nejamento. No livro, Gustavo Cerbasi ensina as diferentes estratégias para organizar as finanças ao longo da vida, garantindo um futuro estabilizado e sem brigas.Autor: Gustavo Cerbasi - Editora: Gente - 172 páginas - Preço: R$ 31,40

LABUTARIA COM MARCO LUQUEApós dois meses fora dos palcos, Marco Luque volta com o espetáculo Labutaria e interpre-ta cinco personagens, entre eles o famoso motoboy Jackson Five, o taxista Silas e a diarista Mary Help em uma troca rápida de personagens. A turnê está por todo por o Brasil.Labutaria com Marco Luque – Teatro Shopping Frei Caneca – Rua Frei Caneca, 569 – Tel.: 3472 2226 - Ingressos: De 4ª feira, às 21h30. Valor: R$ 70,00 inteira e R$ 35,00 meia-entrada.

STEVE JOBS – A BIOGRAFIAO livro narra a história do homem que mudou a era digital com suas inovações nos compu-tadores, nas músicas e na telefonia celular. Com mais de 40 entrevistados entre familiares e amigos, Jobs também comenta sobre suas experiências de vida.Autor: Walter Isaacson - Editora: Companhia das Letras - 632 páginas - Preço: R$ 37,50

TERAPIA FINANCEIRA O terapeuta financeiro Reinaldo Domingos explica neste livro como manter as finanças saudáveis, de forma equilibrada. De acordo com as suas experiências pessoais, ele ensina o leitor a identificar sua situação financeira e a adequar seu padrão de vida e consumo.Autor: Reinaldo Domingos - Editora: Dsop - 120 páginas - Preço: R$ 29,90

cULTURA RELAXE

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odia ainda nem cla-reou e Cleomar já está de pé, às 5h00, p r e p a r a n d o - s e

para mais um dia de luta. Sua condução e ferramen-ta de trabalho ao mesmo tempo é uma bicicleta adaptada com sistema es-pecial de freios e suportes traseiro e dianteiro para sustentar os dois cestos repletos de pães.

Com uma buzina ma-nual, que mais parece uma corneta improvisada com som igual ao de um pato rouco, e todo esse aparato co-mercial, lá vai Cleomar, fom...fom...fom... Despertando a vizinhança por onde passa. Cada pão é vendido a R$ 0,25 e a variedade garante o sucesso do negócio. Tem pão de milho, de coco, de leite, de creme e o tradicio-nal pãozinho francês ou pão de sal, como também é co-nhecido popularmente. Eu já me tornei cliente assíduo e todo dia recebo na minha porta deliciosos pães; aliás, sou acordado pela buzina que anuncia a chegada deste guerreiro sobre duas rodas.

Essa é a rotina do nosso e de dezenas de padeiros ambulantes que circulam pelas ruas dos bairros da Zona Leste de Sampa. A cada dia, eles presenciam uma situ-ação atípica por onde passam e ontem não foi diferente: Cle-omar me contou que passava em frente a uma praça e, per-to dele, o carteiro entregava as correspondências. De re-pente, parou um Honda Civic com dois ocupantes acima de qualquer suspeita. A prin-cípio, ele achou que os “play-boys” pediriam alguma infor-mação para o entregador de correspondências ou, quem sabe, comprariam uns pães, mas não foi o que aconteceu. Inesperadamente, o ocupante no banco do passageiro “saca” uma arma e anuncia o assalto ao carteiro. De imediato, dis-farçando, Cleomar começou

a buzinar sua corneta em direção a uma casa como se não tivesse percebido nada, porém, com o coração bastante acelerado. Já o carteiro, com uma arma apon-tada para o seu rosto, não teve outra saída a não ser entregar a mochila cheia de correspondências para os larápios que, supostamente, estavam em busca de ta-lões de cheques e cartões de créditos.

No mesmo dia e no mesmo bairro, outro vendedor de pães da mesma equipe de Cleomar presenciou dois motoqueiros assaltando um casal de velhinhos que cir-culavam tranquilamente pela rua onde moram e, temen-do ser a próxima vítima, logo escondeu todo o dinheiro que já havia ganhado embaixo de um dos cestos de pães. Quando ele tentava sair dali imediatamente, com seu veí-culo movido a pedaladas, foi surpreendido pelos ladrões. Os motoqueiros o abordaram e pediram o dinheiro, mas, como já havia desconfiado, disse que não tinha nenhum tostão ali com ele. Diante dessa resposta, como os moto-queiros não queriam sair no prejuízo, olharam para os ces-tos e com tanta variedade de pães não souberam nem o que deveriam levar e para alívio do nosso guerreiro ciclis-ta, eles falaram: já que você não tem dinheiro, entrega a rosca agora! – Seria cômico se não fosse trágico. Cleomar, tremendo que nem uma vara verde, encheu um saquinho plástico de rosquinhas e entregou para os assaltantes. De-pois de um dia de sobe-morro-e- desce-morro, finalmen-te nosso criativo vendedor foi salvo pelas rosquinhas.

cRÔNIcA

Por Marcos Santos

Confira na próxima ediçãoda revista Economix:

- Como e quando viajar internacionalmente?

- Confira as dicas para as compras de natal?

- Planejamento financeiro para o inicio do ano, como fazer?

- Como usar o 13º salário para quitar as dívidas

- Entrou na faculdade, e agora?

Dicas para quem vai ingressar no meio acadêmico.

- Mara Luquet – comentarista da CBN

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