revista dos bancários 31 - jun. 2013

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REVISTA DOS BANCÁRIOS 1 Bancários Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco DOS Revista Ano III - Nº 31 - Junho de 2013 SUA AGÊNCIA é assim? ou assim? A elitização do atendimento aos clientes e a redução do número de funcionários são apenas algumas das faces mais cruéis dos bancos que, a cada dia, criam novas estratégias para aumentar seus lucros

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Page 1: Revista dos Bancários 31 - jun. 2013

REVISTA DOS BANCÁRIOS 1

BancáriosPublicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

DOSRevista

Ano III - Nº 31 - Junho de 2013

SUA AGÊNCIAé assim?

ou assim?A elitização do atendimento aos clientes e a redução do número de funcionários são apenas algumas das faces mais cruéis dos bancos que, a cada dia, criam novas estratégias para aumentar seus lucros

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2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Opinião Editorial

>>Há anos, os bancários têm lutado pela regulamentação do sistema financeiro, para obrigar os bancos a colocarem em prática a tal da responsabilidade social que só existe nas propagandas

Fora de foco

DOS BancáriosRevista

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João RufinoRedação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Sulamita EsteliamProjeto visual e diagramação: Libório Melo e Bruno LombardiCapa: montagem com fotos de subirpal/SXC.hu e Lumen FotosImpressão: NGE GráficaTiragem: 12.000 exemplares

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

ÍndiceA reestruturação dos bancos

Vitória contra a insegurança bancária

A culinária de São João

Meio ambiente: o problema do lixo

Entrevista: Manoel Tabosa

Dicas de cultura e lazer

Bancário Artista

Conheça Pernambuco

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O artigo 192 da Constituição Brasileira diz que o sistema financeiro nacional tem de estar “estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade”. É exatamente isso que os bancos não fazem.

Há anos, os bancários têm lutado para garantir a regulamentação deste artigo tão importante da Constituição, que obriga os bancos a colocarem em

prática a tal da responsabili-dade social que só existe nas propagandas.

Na última década, cerca de 50 milhões de brasileiros as-cenderam socialmente para as classes A, B e C, acompanhan-do um crescimento econômico extraordinário do país, que nos colocou como 7ª maior econo-mia do mundo.

Os bancos, entretanto, em quase nada contribuíram para este desenvolvimento econômi-co e social do país. Pelo con-trário. Neste cenário, discutir o

processo de demissões nos bancos e a reestruturação do sistema financeiro é fundamental para o Brasil. Além das questões que envolvem diretamente os bancários, o papel social dos bancos também passa pela ampliação e o barateamento do crédito e a in-clusão bancária de milhares de pessoas que estão à margem do sistema.

Nesta edição da Revista dos Bancários, veicu-lamos uma reportagem especial, que mostra que os bancos estão na contramão da função que deveriam desempenhar, segundo a nossa Constituição.

A saída: lutar contra a exploração cotidiana que os bancos fazem com os bancários e clientes, mas, aci-ma de tudo, garantir a realização de uma Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, que imponha um marcos regulatório e ajuste o foco dos bancos.

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A URGÊNCIA DA REGULAMENTAÇÃOBancos criam estratégias para repassar à sociedade suas perdas com redução de juros

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Foco na venda de produtos, pul-verização na rede de agências, elitização do atendimento com privilégio aos grandes clientes

e expulsão dos usuários mais pobres, demissão de trabalhadores. Tais carac-terísticas são comuns a todas as insti-tuições financeiras e não são novidade para quem trabalha no ramo.

No entanto, as pequenas mudanças de cenário realizadas pelos bancos nos últimos meses levam a crer que a ordem é reforçar estas estratégias como resposta à redução de juros e tarifas, levada a cabo pelo governo através dos bancos públicos. “É muito triste perceber que uma medida tomada para ter um impacto positivo para a socie-dade acaba tendo sua lógica invertida por conta da atuação dos bancos. Isso reforça a importância de se discutir

a regulamentação do sistema financeiro”, afirma a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

Estudo publicado em abril pelo Dieese (Departamento Intersindical de Es-tatísticas e Estudos Socioeconômicos), após analisar o novo cenário para as instituições financeiras no Brasil, afirma: “O setor bancário, ao que tudo indica, irá passar, nos próximos anos, por uma nova onda de ajustes”. E sugere algumas possibilidades: os bancos “poderão ampliar sua base de clientes e expandir os ganhos com novas modalidades de operações de crédito, entre elas o crédito imobiliário”. Mas, “pela forte aversão ao risco e conservadorismo vigente no setor, é mais provável que, num primeiro momento, os bancos adotem medidas de redução de custos, entre eles os de pessoal”.

Neste aspecto, o Santander foi o mais evidente: em um único mês, dezembro de 2012, colocou na rua 1.153 funcionários. Este ano, já eram 878 demitidos até o último mês de abril. Os outros bancos não ficam muito atrás. O Itaú dispensou quase 8 mil trabalhadores no ano passado. Este ano, o número já passa de 800. No Bradesco, mais de 600 bancários tiveram seus contratos encerrados no primeiro trimestre deste ano e não foram substituídos.

Mas as demissões não são as únicas estratégias usadas pelos bancos na ânsia por manter a rentabilidade e evitar qualquer perda. “O problema não é que os bancos queiram manter seus ganhos, mas que queiram fazê-lo às custas do prejuízo da população e dos trabalhadores”, critica Jaqueline.

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EliTizAçãoEm junho de 2012, durante o 22º

Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Finan-ceiras, realizado pela Febraban (Fede-ração Brasileira de Bancos), a tônica do discurso foi a “melhoria dos índices de

eficiência, com destaque para o desenvolvi-mento de novas tecnologias que reduzam custos e permitam re-finar a análise de informações dos clientes, de

modo a otimizar a oferta de produtos bancários”.

Meses depois, em um evento promo-vido pelo Banco Central, a argumenta-ção dos empresários foi a bancarização, inclusão de novos clientes no mercado financeiro, por meio da disseminação dos correspondentes bancários. “Com base na postura adotada pelas institui-

ções financeiras, a gente pode traduzir estes dois argumentos em uma palavra: elitização. Foco nas vendas para gran-des empresas e expulsão dos pobres para lotéricas e correspondentes”, opina o secretário de Bancos Privados do Sindicato, Geraldo Times.

O Santander, por exemplo, vem abrindo novas agências Selecta, vol-tadas para os grandes clientes. As unidades são classificadas segundo o porte: A, B, C, D ou E. “A agência é classificada segundo critérios como tamanho, praça e, principalmente, lucratividade. Se tiver um perfil mais popular e, consequentemente, não garantir muitos ganhos, passa a ser classificada como E e receber dotação de apenas três funcionários”, explica o secretário de Administração do Sindi-cato, Epaminondas Neto, bancário do Santander.

No Itaú, a estratégia é a mesma. O foco é o Personnalité, para grandes cor-porações, e o BBA, para grandes clien-tes Pessoa Física. Para estas unidades

vão os maiores investimentos. Quem trabalha nelas, se posiciona melhor na carreira. “O banco tinha quatro seg-mentos. Os dois primeiros se uniram e passaram a englobar o Personnalité e o BBA. Os outros dois voltaram para o varejo. Muitos gestores, que estavam no segmento 3 ou 4, tiveram de voltar para a agência ou ficaram sem função”, conta o secretário de Formação do Sindicato, João Rufino.

PulVErizAçãoEm todos estes casos, quem paga é

o cliente mais pobre. Estes são empur-rados para fora das agências, muitas vezes barrados no atendimento e enca-minhados à lotéricas. Ou, no máximo, para postos ou agências pequenas, com estrutura mínima, poucos funcionários e filas imensas.

Os PAAs (Postos Avançados de Aten-dimento) do Bradesco são um exemplo. Localizados sobretudo no interior do estado, funcionam em estruturas pre-cárias, sem banheiro, sem água, sem

AS noVAS AgênCiAS DA CAixA, MEnorES E CoM MEnoS EMPrEgADoS, ViVEM SuPErloTADAS

>>Bancos têm focado o atendimento nas grandes empresas e expulsado os mais pobres para lotéricas e correspondentes

Economia Sistema financeiroLu

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segurança e com um único trabalhador para dar conta de toda a demanda – às vezes acumulando dois ou três postos. “Outra estratégia tem sido a criação de Postos de Relacionamento, que oferecem apenas venda de produtos e captação, com menos funcionários e menos segurança”, acrescenta a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Medeiros.

A postura não é exclusiva dos bancos privados. Na Caixa, por exemplo, o novo modelo implantado pelo banco aposta na criação de novas agências, menores e com menos empregados. “São unidades localizadas em bairros ou cidades populosas, que geralmente não contam com outra unidade e têm, no máximo, oito trabalhadores para dar conta de tudo. Em Peixinhos, por exemplo, a situação é dramática. Além da falta de funcionários, o espaço é mí-nimo e a estrutura precária. Os clientes transferem para os bancários a respon-sabilidade pelo péssimo atendimento e estes, sob ameaça, sequer podem sair

para almoçar”, conta a secretária de Bancos Públicos do Sindicato, Daniella Almeida.

O modelo pulverizado evidencia o abandono da função social: “Escuto clientes reclamarem de como são re-passados de uma agência a outra para conseguirem ter acesso a um programa social. Escuto também funcionários que relatam como sofrem pressão quan-do gastam ‘tempo demais’ com uma operação de microcrédito”, denuncia Jaqueline Mello.

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que deveria ser um banco de desenvolvimento, também não cumpre seu papel. “Todas as cinco agências criadas nos últimos meses em Per-nambuco – Olinda, Camaragibe, Pal-mares, Piedade e Carpina – têm perfil comercial. Em todas elas, o foco é o empresário, não o produtor. O crédito rural não é atingido”, critica o diretor do Sindicato, Fernando Batata.

Ele explica: “Se um pequeno agricul-tor do interior do estado vai à agência

de Palmares, ele é encaminhado para o Recife. O banco expande, mas não garante estrutura para atendimento. Somente em Água Preta, por exemplo, a 10 quilômetros de Palmares, existem 32 assentamentos. E a unidade só tem cinco funcionários”. Para Batata, o modelo implantado nas novas agências revela que o banco está perdendo o foco na missão social: “Nestas agências, por exemplo, não há papel. Tudo é digita-lizado. O dossiê do pequeno agricultor não é arquivado e ele é, portanto, for-çado a se deslocar vários quilômetros para resolver seu problema”.

DiSPuTAS rEgionAiSNo Banco do Brasil, segundo o

secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, a estratégia da segmentação no atendimento já existe há bastante tempo. Para os clientes de baixa renda, existe o BB Mais Você, antigo Banco Popular do Brasil. Ou os corresponden-tes bancários. Mas a principal novidade criada pelo banco

noVAS AgênCiAS Do SAnTAnDEr, ChAMADAS SElECTA, São VolTADAS PArA oS grAnDES

CliEnTES: ATEnDiMEnTo DE PriMEiro MunDo

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Economia Sistema financeiro

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para manter os ganhos no cenário de juros baixos também vai na contramão de sua função social: ele está migrando para praças mais rentáveis e acentuando as diferenças regionais.

Isso aconteceu em Pernambuco, com o CSO (Centro de Suporte Operacional), quando os serviços estra-tégicos foram transferidos para o Sudeste. E agora, também, com a Dicre/DAC – setores da Diretoria de Crédito, que serão transferidos para Curitiba e São Paulo. “Este é o foco destas ondas reestruturantes que vem acontecendo no Banco do Brasil. Para garantir a rentabilidade, ele migra para os locais onde se concentram os montantes e as empresas maiores. Em São Paulo, por exemplo, existe uma estrutura à parte, a Large Corporate, voltada para atender os clientes vips”, diz Fabiano.

Entenda os efeitos da redução de juros para os bancosFoi em abril de 2012 que um novo cenário para o setor

financeiro começou a se desenhar, de forma mais clara, no Brasil. Na época, o governo federal manifestou sua insatisfação com as taxas de juros praticadas no país e acionou os bancos públicos para iniciarem o movimento de redução. Em 5 de abril, o BB anunciou o programa Bom pra Todos. Logo em seguida, a Caixa apresentou o Caixa Melhor Crédito. Algum tempo depois, os bancos privados anunciaram que também cortariam taxas.

A diferença é grande: se a Caixa, por exemplo, reduziu os juros do cheque especial em 47% entre abril de 2012 e janeiro de 2013, no Bradesco a diminuição foi de apenas 5%. Mas o fato é que, neste período, segundo o Banco Central, o spread bancário caiu 3,1 pontos percentuais.

Como spread entenda-se a diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos. No Brasil, mesmo com a diminuição, esta taxa ficou em 12,2 pontos percen-

tuais. Em países como Argentina, Chile, México, África do Sul, China e Rússia, por exemplo, não passa de quatro pontos percentuais.

Mas, antes mesmo dos bancos públicos anunciarem cortes nos juros, outra medida já provocava efeitos no sistema financeiro. Desde agosto de 2011, teve início um processo gradual de diminuição da taxa básica de juros, a Taxa Selic. Os bancos são os principais detentores de títulos públicos federais. Ou seja, na medida em que cai a taxa de juros, diminui a transferência de recursos da sociedade para os detentores da riqueza financeira. E diminuem também as receitas dos bancos. “Enquanto não houver limites para os bancos, eles sempre vão encontrar um meio de repassar para a sociedade suas perdas e, às custas dela, manter seus imensos lucros. É preciso que a população se dê conta de que é preciso se aliar aos bancá-rios e iniciar uma grande campanha pela regulamentação do sistema financeiro”, conclui Jaqueline.

EnquAnTo não houVEr liMiTES PArA oS BAnCoS, ElES SEMPrE Vão EnConTrAr uM MEio DE rEPASSAr PArA A SoCiEDADE SuAS PErDAS E, àS CuSTAS DElA, MAnTEr SEuS iMEnSoS luCroS

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Violência Sistema financeiro

A falta de segurança nos bancos de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes estão com os dias contados. Dentro de dois

meses, todas as 261 agências dos três municípios deverão funcionar com os equipamentos de segurança reivindicados, há anos, pelos bancários. O novo modelo de agência segura, inédito no Brasil, faz parte do projeto-piloto conquistado pelos trabalhadores na Campanha Nacional do ano passado, que terminou em setembro após nove dias de greve.

O acordo para a implantação dos itens de segurança foi assinado com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) no dia 14 do mês passado. Ele

prevê a instalação de portas de segurança com detectores de metais, câmeras internas e externas, biombos entre a bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes a prova de bala e armados de acordo com a Lei 7.102/83 e cofre com dispositivo de retardo.

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a implantação do projeto piloto de segurança nos bancos é uma grande vitória dos bancários. “Este é o resultado de anos de luta e muita pressão. Finalmente conseguimos dar um grande passo para que os bancos cumpram a sua responsabilidade. Agora, vamos acompanhar de perto todo o processo de implantação do programa aqui em Pernambuco para que, em breve, essas medidas sejam estendidas para todo o Brasil”, diz.

Jaqueline destacou, também, a importância de levar o projeto-piloto para o interior de Pernambuco o quanto antes. “Não queremos transformar a Região Metropolitana do Recife numa ilha de segurança, enquanto a criminalidade aumenta no interior de Pernambuco. Precisamos estender o projeto bem rápido para todo o estado”, ressalta.

Só este ano, Pernambuco sofreu 14 assaltos a banco até o início de junho. No ano passado, houve 2.530 ataques a bancos no país com 57 mortes.

Agências segurasSindicato e Febraban assinam acordo inédito no Brasil que garantirá mais segurança nos bancos de Recife, Olinda e Jaboatão

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Apesar de exigirem um preparo que não combina com a modernidade, as comidas juninas não perdem o encanto

São João com água na boca

Trabalho Mês das mães

Falar de São João no Nordeste é, também, falar de comida. Impossível pensar a festa sem canjica, pamonha, bolo de milho

ou de macaxeira, pé de moleque, quentão, arroz doce, munguzá, milho assado na fo-gueira... No entanto, várias destas receitas demandam um estilo de vida que já não combina com a modernidade. É preciso unir a família na cozinha para limpar e ralar os milhos. É preciso gastar tempo

com o cozimento, alternando as pessoas para mexer a colher de pau. São pratos inimigos da pressa, que tanto nos acompanha no agitado mundo das metrópoles.

Apesar de tudo, a culinária junina resiste. E quem não dá conta de botar a mão na massa ou no milho, encomenda. Heleno Júnior vem de uma família com tradição na cozinha de São João. Para começar, é filho da capital do forró: Caruaru. Nascido na terra que se destaca pelas festas Juninas, sua mãe comercializava pamonha e canjica. E o preparo de cada prato era feito em família, os sete irmãos se revezando nas tarefas da cozinha: “Um descascava as espigas, outro limpava, outros ralavam... Eu, além de tudo isso, era o degustador oficial”, lembra Heleno.

Hoje, ele é chef consultor, faz pós-graduação em gastronomia brasileira, trabalha com confeitaria e, recentemente, deu curso no Senac sobre culinária junina. Mas,

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Culinária Cultura

apesar da experiência de infância, ele confessa que, enquanto negócio,

a gastronomia típica do São João não dá retorno. “É um investimento grande

e muito trabalho. É preciso dedicação exclusiva para uma demanda que se concentra em uma época do

ano”, diz.E o trabalho, de fato, é grande. Começa

na etapa de compra do material: escolher bem o milho, que precisa ser comprado em grandes quantidades. Depois, é pre-ciso limpar bem e ralar com cuidado. “Se ralar o sabugo, fica aquele gosto de sabão...”, explica o chef, e acrescenta: “Quem trabalha com produção, geral-mente tem uma máquina de moer. Mas, mesmo assim, é preciso ter cuidado com a intensidade da moagem”.

Tem mais: é preciso passar a massa pela peneira de urupema – aquela grande, de palha –, extrair o leite do coco com água morna, misturar o açúcar, a mantei-ga... A pamonha requer ainda a amarração com a palha e a canjica exige uma boa dose de paciência e algumas horas para mexer a colher de pau. “Justamente por isso, essas receitas eram feitas em família ou junto com vizinhos. Hoje em dia, pou-cas pessoas fazem estes pratos em casa. A maioria, até mesmo no interior, prefere

encomendar”, afirma Heleno.Apesar disso, ele garante que a tradição

da gastronomia junina continua vivíssima. E, ano após ano, a demanda pelas comidas típicas se mantém nesta época.

FESTA DA ColhEiTAAs festas do mês de junho remontam

às antigas festas da colheita, com as ce-lebrações do solstício de verão. A estas incorporaram-se os elementos do catoli-cismo e este sincretismo entre a religião e os elementos ligados ao plantio e cultivo permaneceram. “Março é o tempo do plantio e é o mês de São José. No interior, o pessoal reza pro santo e, se no dia de São José não tiver chuva, significa que a colheita vai ser ruim. Junho é o tempo de São João e, também, época de colher”, conta Heleno.

Milho e mandioca, segundo ele, já eram base da alimentação indígena muito antes da chegada dos portugueses. Mas também eram bem conhecidos em algumas regiões da África e da Europa. São, todos eles, alimentos cujas colheitas se concentram no período junino, assim como a batata--doce e o amendoim. Com a chegada do açúcar, as receitas foram incrementadas e os bolos e doces foram se aperfeiçoando em cada região.

O Nordeste é a região de destaque quando se trata da tradição junina. Mas as receitas não são exclusivas daqui. A capital nacional do pé de moleque, por exemplo, fica em Minas Gerais. A cidade de Piranguinho produz o doce há mais de 75 anos e, todo mês de junho, realiza a festa do maior pé de moleque do mundo. Em 2012, o doce alcançou 17 metros de comprimento e 800 quilos.

O pé de moleque mineiro, no entan-to, é diferente do pernambucano. Lá, a matéria-prima é amendoim e rapadura. Aqui, trata-se de um bolo feito à base de massa de mandioca, coco, cravo, canela e castanha de caju. Outros pratos mudam de nome conforme a região. No Sul e Su-deste, por exemplo, a canjica corresponde ao munguzá nordestino e a canjica daqui é conhecida como curau.

A bebida tradicional da festa é o vinho quente ou quentão – resquícios, talvez, das festas da colheita. Tais rituais remontam à épocas bem distantes e, nas antigas ci-vilizações, os deuses da colheita e da fer-tilidade eram, também, deuses do vinho. É o caso de Osíris, Dionísio e Baco – no Egito, Grécia e Roma.

Como se vê, não faltam delícias para degustar em tempos de São João. Então, boas festas e bom apetite.

ChEF hElEno: TrADição DA gASTronoMiA JuninA

ConTinuA ViVÍSSiMA

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Meio Ambiente lixo urbano

O grande vilãodas enchentesA menos de dois anos do prazo fixado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, 64% dos brasileiros não têm acesso à coleta seletiva

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Os efeitos da chuva que quase afogou o Recife e arredores, no mês passado, e que se repetem, com igual ou menor

gravidade, a cada temporal ou queda d’água intermitente, começam na casa de cada um de nós. Estão no desperdício nosso de cada dia, no lixo que não separa-mos, nas embalagens e resíduos que voam pelas janelas de ônibus e automóveis ou em cada calçada ou esquina, no descarte do que não nos serve mais, de qualquer maneira e em qualquer lugar.

Águas que empoçam, e transbordam, na malemolência do poder público, na du-biedade das leis a propiciar interpretações convenientes, na falta de fiscalização das normas que regem o convívio social e a qualidade do meio ambiente e, em última instância, das nossas vidas.

O lixo urbano jogado em ruas e ave-nidas, lagoas, canais, rios, córregos, mangues, parques, praias é apontado pelas prefeituras como a principal causa de retenção das águas das chuvas em 30,7% das cidades que sofreram com enchentes de 2004 a 2008. São dados da última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE. Indicam que mais de 600 cidades brasileiras teriam evitado ou sofrido menos com inundações se a população descartasse, adequadamente, seus resíduos sólidos, e se o poder público cuidasse melhor da coleta do lixo.

É claro que o lixo não é vilão único. A ocupação intensa e desordenada do solo, as obras e projetos mal dimensionados – e impulsionados pela ganância da especula-ção imobiliária – e o bloqueio do sistema de drenagem são concorrentes à altura.

Mas a interpretação dos dados da pes-quisa não deixam dúvida quanto ao pro-tagonismo da mão e dos dejetos humanos nos dissabores, quando não tragédias, que chegam no rastro das chuvas.

Para se ter uma ideia, a limpeza de 60 dos 67 canais que singram o Recife gerou 52,6 toneladas de resíduos, de janeiro a junho deste ano. Há de tudo: colchões, sofás,

geladeiras, fogões, carrinhos de bebê, capacete de moto, ca-mas, caixas de com-putador, carcaças de animais. E garrafas PET, milhares delas, e embalagens plásti-cas em geral.

A explicação? “É cultural”, resume a coordenadora do Departamento de Limpeza de Canais e Galerias da Prefeitu-ra, Fernanda Batista.

Ocorre que, no que toca ao lixo urbano, a gestão é falha, so-bretudo no que diz respeito aos resíduos sólidos. Na avaliação de alguns críticos, como o ambientalista pernambucano, Ma-noel Tabosa Júnior, presidente da Associação do Meio Ambiente de Pernambuco (Admap), o serviço “é adequado aos interesses financeiros das prestadoras, que acabam determinando as ações políticas dos gestores” (leia entrevista às páginas 12 e 13).

Fato é que, a despeito de estarmos a menos de dois anos do prazo final para a universalização da coleta seletiva e do fim dos lixões no Brasil - a se respeitar a Política Nacional dos Re-síduos Sólidos -, coleta seletiva ainda é raridade nos municípios brasileiros. Os últimos dados oficiais são de 2008 e chegavam a pouco mais de 6%. As evoluções, registradas oficiosamente, falam de 14% a 16% dos municípios.

O Recife, por exemplo, se gaba de ter um dos programas mais avançados de coleta seletiva do Nordeste. Há pontos de coleta, em locais estratégicos, desde os anos 90; hoje são 107. Entretanto, o serviço porta a porta atende apenas 43 dos 94 bairros da cidade. E tão somente uma vez por semana, desde 2002, com promessa de ampliar o atendimento para 63 bairros. Ainda assim, não há qualquer informação a respeito do dia em que acontece em cada local, nem mesmo no site da empresa pública responsável pela limpeza urbana, a Emlurb.

Isso explica o porquê de apenas 2% das 2,5 mil toneladas de lixo domiciliar reco-lhidos pela Emlurb o sejam pelos programas de coleta seletiva. “Infelizmente, ainda é uma questão cultural”, avalia Avelino Ponte, diretor do Serviço de Limpeza Urbana. Ele admite que campanhas educativas sejam “uma necessidade”, mas atribui a res-ponsabilidade à Secretaria de Comunicação da Prefeitura. “Não sei explicar porque não fazem”, diz.

Meio Ambiente lixo urbano

>>O lixo urbano é apontado como a principal causa de retenção das águas das chuvas em 30,7% das cidades que sofreram com enchentes de 2004 a 2008

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Entrevista Manoel Tabosa

“Coleta seletiva na RMRé inoperante e ineficiente”

O ambientalista Manoel Tabosa Júnior é um apaixonado das causas ambientais, às quais dedica militância diuturna. Mas são os bichos, sobretudo, o objeto de seu trabalho cotidiano na Coordenadoria de De-fesa dos Animais da Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes.

Técnico na aérea, cursa Gestão Ambiental na Faculdade Guararapes e preside a Associação do Meio Ambiente de Pernambuco (Admap). Para o ambientalista, “há interesse financeiro e político em manter ineficiente a gestão do lixo urbano”, especialmente, no que toca à coleta seletiva.

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Entrevista Manoel Tabosa

REVISTA DOS BANCÁRIOS – O que tem a ver o descarte inadequado do lixo com as inundações que casti-gam o Recife e a área metropolitana, a cada chuva pesada?

MANOEL TABOSA – Tudo. Falta de consciência da população de que não se pode jogar lixo no canal e nas ruas. Falta de consciência das pessoas que dirigem empresas, condomínios e ins-tituições. Não falta lei. Falta respeito às leis que determinam a separação do lixo. Falta interesse do poder público em educar para mudar.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Há quem diga que é cultural... Por que o poder público não promove campa-nhas educativas permanentes?

MANOEL TABOSA – Não pode ser cultural o que é falta de educação e descaso. Só se for mal hábito cultural. E ao poder público não interessa ferir os interesses que envolvem a coleta de lixo urbano, eis a verdade.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Como assim? A Emlurb, por exem-plo, apregoa que o Recife tem um sistema pioneiro de coleta seletiva, um dos mais avançados do Nordeste.

MANOEL TABOSA – Conversa fiada. Em toda a Região Metropolitana, e não só no Recife, o programa de co-leta seletiva é inoperante, insuficiente e ineficaz. O serviço é terceirizado, como se sabe, e as empresas que ope-ram o sistema de coleta do lixo ganham por quilo de lixo recolhido. Então, o interesse financeiro governa. E não há interesse político em tornar o serviço minimamente eficiente. É triste, mas é isso que acontece.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Como é feita a coleta seletiva, de fato?

MANOEL TABOSA – No município de Jaboatão, por exemplo, há sete gal-pões e uma central única para receber o

material dos galpões, que é a indústria de reciclagem – a CPR Candeias. A contrapartida, segundo o TAC, Termo de Ajuste de Conduta assinado à época da desativação do aterro da Muribeca, é que, para abrigar os 800 catadores que trabalhavam no lixão, seriam formadas cooperativas para triar o lixo e vendê-lo diretamente à indústria. Há muito ca-tador que recolhe o lixo reciclável por conta própria e o repassa aos “depo-seiros”, e estes para a indústria, o que é irregular e ainda paga uma miséria para o catador.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Os 800 catadores ficaram com Jaboatão?

MANOEL TABOSA – Não, 250 para Jaboatão, 50 para a CPR Candeias, que administra o novo aterro sanitá-rio, e 500 para a Prefeitura do Recife/Emlurb.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – E não funciona?

MANOEL TABOSA – Não, porque, entre outras coisas, falta programa de

capacitação. Na verdade, os catadores são as maiores vítimas. São pessoas humildes, não têm cultura. Continuam catando lixo, parte deles, por trás de um uniforme, e parte com as carroças ade-sivadas com a propaganda da prefeitura e da indústria de reciclagem, e só.

REVISTA DOS BANCÁRIOS – O senhor disse que não há interesse político em tratar os resíduos sólidos, apesar das leis. Mas este é um pro-blema que não se restringe ao Recife, a Jaboatão, a Pernambuco, não é?

MANOEL TABOSA – O lixo é um problema sério no mundo inteiro, quan-do na verdade deveria ser a solução. O que é que não se aproveita do lixo? A gestão do lixo é que é o problema. Existe a Lei de Resíduo Sólido e, no caso de Pernambuco, há a versão estadual (Lei 3.047/2006), não só os órgãos públicos, como as indústrias, o comércio, os condomínios, as escolas, os sindicatos, as organizações, todos, a fazerem seus programas de coleta seletiva. Mas também existe a lei esta-dual que proíbe a matança de animais, e as prefeituras continuam caçando e matando cães, gatos, jegues...

REVISTA DOS BANCÁRIOS – Quer dizer: as leis existem, as pessoas e organizações não cumprem e o Estado não fiscaliza, e o lixo conti-nua provocando estragos. O que se pode fazer para quebrar esse círculo vicioso?

MANOEL TABOSA – Para come-çar, fazer a coleta seletiva de acordo com a lei. Isso significa: capacitar os catadores; criar a central de triagem e processamento; conscientizar pessoas, condomínios, empresas e organizações de que é para o seu próprio bem-estar; acabar com a coleta seletiva por qui-lo. Quanto mais lixo reciclado mais durabilidade dos aterros sanitários; se duram 30 anos, vão durar 150.

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Cultura Dicas

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CLUBE DE CAMPO

Casa do Bancário de Arcoverde

O arraial dos bancários prome-te muita animação no próximo dia 29. A exemplo dos últimos anos, a festa será no Clube de Campo do Sindicato, com forró pé-de-serra, quadrilha im-provisada, comidas e bebidas típicas, fogueira, fogos e muita alegria. Para quem não quiser dirigir, o Sindicato disponibi-lizará ônibus para o transporte de ida e volta. Mas é bom reservar sua vaga pelo telefone 33164226.

o Menino BalãoToninho era um menino que, cada vez que

ficava com raiva, inchava como um balão. O livro, lançado no último dia 8, é da escritora Fabiana Coelho e do ilustrador Libório Mello, ambos da equipe de Comunicação do Sindica-to. Custa R$ 20 e está sendo vendido direta-mente com os autores: [email protected].

Disse me disseTambém para crianças, o livro “Disse me

disse” é uma brincadeira com poesias. Escrito pelo pernambucano Luciano Pontes, reúne po-emas divertidos, engraçados que exploram os recursos linguísticos em um jogo de enrolar a língua. Ilustrado por Elma, o livro está à venda nas livrarias.

Livrosr E C o M E n D A D o S

E para o pessoal do interior, o Sindi-cato monta entre os dias 21 e 23 de junho, a exemplo dos últimos anos, a Casa do Bancário de Arcoverde. A sede do Sindicato no município tem uma sacada com vista privilegiada para o palco dos shows e funciona como um belo camarote vip para os bancários. Entre as atrações des-te período estão Gabi Amarantos, Paulinho Leite, Margareth Menezes, Cavalo de Pau, Mazinho de Arcover-de, Lirinha, entre outros.

São João dos bancários

LuME

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Cultura Bancário Artista

De volta ao forróErnAnDo goMES

Em breve, o forró de Ernando Gomes e sua banda estará de volta aos palcos. Funcionário do Banco do Brasil há 31

anos, Ernando tem também uma longa relação com a música. Junto com seu grupo de forró pé-de-serra, chegou a gravar dois CDs e fazer várias apre-sentações em Serra Talhada, e também em outras cidades da região – como Mirandiba e Carnaubeira da Penha.

Em 2007, o bancário artista mudou--se para Tacaratu, para ser gerente--geral da agência do BB. Depois, assumiu o banco em Serrita. Com isso, o grupo acabou se afastando. “Mas, desde o final do ano passado estou de volta a Serra Talhada e o pessoal já está cobrando o retorno da banda”, conta

Ernando. E acrescenta: “Falta pouco tempo para eu me aposentar. Então poderei me dedicar mais ao forró”.

Apesar dos 31 anos de convivência com o Banco do Brasil, a relação de Ernando com a música é ainda mais antiga. Com 10 anos, já arriscava os primeiros acordes no violão – uma herança que vem do pai e que contagiou também outros dois irmãos.

No começo, sua arte era apenas divertimento entre amigos. Além de cantar e tocar, ele fazia suas próprias composições. Mas foi somente quando já estava no banco que surgiu a primeira oportunidade de mostrar seu talento a um público maior. “Estávamos todos assistindo à apresentação de um grupo na AABB. Então, eu pedi pra cantar uma de minhas músicas. O que eu não sabia é que estava lá um produtor musical, que me incentivou a gravar o primeiro CD”, lembra.

Foi assim que surgiu a banda: Ernando juntou os amigos músicos para gravar o CD “Simplesmente Forró”, já esgotado, todo com músicas de forró pé-de-serra compostas pelo próprio artista. O grupo começou, então, a se apresentar em festas, eventos e ser conhecido até nas cidades vizinhas.

Em 2004, veio o segundo CD, sempre com o autêntico pé-de-serra. Mas, desta vez, além das composições próprias, há também contribuições de músicos como As-sisão, Henrique Estimas e Bia Marculino. Quem quiser adquirir um exemplar, deve entrar em contato com o músico pelo e-mail: [email protected].

Depois de uma pausa de cinco anos, o funcionário do Banco do Brasil promete retomar sua arte

“No dia em que eu for pro céuse eu chegar a ser um santoe o meu poder não for tantocapaz de fazer chover,usarei um manto verde,bem da cor da mata vivae passarei devagarinhopra ninguém me perceber,entre os galhos e os gravetosda caatinga sofrida,pra’s plantas quase sem vidavoltarem a enverdecer...”

Ernando Gomes

ErnAnDo goMES (no Violão) E SuA BAnDA

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Turismo Conheça Pernambuco

Quem gosta ou sente falta do frio, não precisa ir muito longe do Recife. Garanhuns está a pouco mais de 220

quilômetros da capital. Nesta época do ano, junta baixas temperaturas ao charme e aconchego de sempre com o melhor da arte, em todas as suas vertentes, para tornar-se destino irresistível em terras pernambucanas. Então, programe-se para as férias e prepare sua bagagem, pois a 23ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns já tem data definida: de 18 a 27 de julho.

O FIG 2013 ainda não tem programação

gArAnhunS

definida, tanto das atrações musicais e de cultura popular – artesanato, artes visuais, audiovisual, circo, dança, design e moda, fotografia, literatura, ópera, patrimônio cul-tural e teatro – como no capítulo da formação, com oficinas em todos esses segmentos. A grade é definida através de seleção pública, realizada pela Fundarpe (Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco), promotora do evento junto com a Secretaria de Cultura do estado.

A exemplo de anos anteriores, além das atrações locais, a festa na Praça Guadalajara é garantida por nomes de peso do cenário musical brasileiro. Ano passado, por exemplo, lá estiveram Seu Jorge, Elba Ramalho, Genival Lacerda, Zizi Possi e Zélia Duncan. Caetano Veloso, Djavan e a dupla Jorge e Mateus são nomes cotados para esta edição.

Garanhuns fica na região serrana do Planalto da Borborema, no Agreste. É conhecida como “a Suíça pernambucana”, por seu clima ameno no verão e frio no inverno, visi-tado por garoas frequentes. Não à toa, é conhecida, também, como Cidade da Garoa. O clima favorece o cultivo de flores ornamentais, o que lhe garante outra alcunha: “Cidade das Flores”.

O calor do Festival de Inverno

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