revista do meio ambiente 35

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AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Dia Mundial da Terra Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br Ecologia como auto-ajuda ano V • abril 2011 35 A importância dos Relatórios de Sustentabilidade Rumo a uma economia verde Tragédias nucleares nunca mais 9772236101004 ISSN 2236-1014

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Edição 35 da Revista do Meio Ambiente

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ambienterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Dia Mundialda Terra

Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

Ecologia como auto-ajuda

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2011

35A importância dos Relatórios de Sustentabilidade

Rumo a uma economia verde

Tragédias nucleares nunca mais

9772236101004

ISSN 2236-1014

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abr 2011revista do meio ambiente

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Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - CEP 24370-290 www.rebia.org.brConselho Consultivo e EditorialAristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos Alberto Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, Keylah Tavares, Luiz Prado, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro Serra de Castro, Roberto Henrique de Gold Hortale (Petrópolis, RJ) e Rogério RuschelDiretoria ExecutivaPresidente do Conselho Diretor: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Presidente do Conselho Deliberativo: JC Moreira, jornalista Presidente do Conselho Fiscal: Flávio Lemos, psicólogoSuperintendente ExecutivoGustavo da Silva D. Berna, biólogo pós-graduado em meio ambiente (Coppe/UFRJ) e especialista em resíduos sólidos (21) 7826-2326 ID 11605*1 • [email protected] da Silva D. Berna, repórter fotográfico • ID 55*8*3824 [email protected]ês S. de Oliveira, bióloga pós-graduada em Gestão Ambiental (Coppe/UFRJ) (21) 9994-7634 • [email protected] Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambientalRebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Ivan Ruela, gestor ambiental (Cuiabá)Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física.Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br“A Revista do Meio Ambiente é distribuída gratuitamente para compor o acervo de bibliotecas de escolas e organizações comunitárias e conta com o apoio das empresas EDIOURO.”

nesta edição

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EspecialNós e o planeta Terra

Vilmar Sidnei Demamam Berna

Hora do planeta e a hora da verdade Germano Woehl Jr.

O Estado do Mundo 2011

Carta da Terra

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente,

o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em

2003, o Prêmio Verde das Américas www.escritorvilmarberna.com.br http://escritorvilmarberna.blogspot.com/ Contatos: [email protected]

Celulares (21) 9994-7634 e 7883-5913 ID 12*88990

Editor Científico: Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: [email protected]

Skype: fabricioangelo • www.midiaemeioambiente.blogspot.com

Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489

Skype: estudio.mutum • [email protected]ão: Imprinta Express Gráfica e Editora Ltda.

Portal do Meio Ambientewww.portaldomeioambiente.org.br

Webmaster: Ricardo Paes • [email protected] • (21) 9475-3844

ComercialLinha direta com o editor: [email protected] • Celular (21) 7883-5913

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revistadomeioambiente.org.br e [email protected]ção em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília

Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]

Skype: agatha.cn • www.minasdeideias.com.br

Prêmio Octávio Brandão 2011 • Que fim do mundo o quê! •

Rumo a uma economia verde • O potencial da Rio + 20 •

Relatórios de Sustentabilidade •Portfólio de ações sustentáveis •

Entrevista com Fernando Guida •Vulnerabilidade às mudanças climáticas •

Política nacional de resíduos sólidos •Conquista da Rebia •

Genética forense e conservação •Notas ambientais •

Unidos pelo meio ambiente •Ecologia como auto-ajuda •

Serra do Cafezal: o atraso tecnológico da BR 116 •Pega na mentira •

Florestas rendem bilhões: para a economia •Roteiro do MMA •

Salve o Código Florestal •O acidente nuclear do Japão •

Tragédias nunca mais •Quem já sofreu se preocupa mais •

Você sabe quanto vale a água que consome? • Proteção ao Carbono Azul •

A agonia dos corais •Agenda ambiental 2011 •

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Sua empreSa ou organização podem ter oS melhoreS ServiçoS técnicoS eSpecializadoS

em comunicação ambiental e ainda colaborarem para a formação e o fortalecimento

da cidadania ambiental planetária.

a eQuipe da rebia está à disposição para negociação que viabilize nossa parceria

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ServiçoS da rebiaCOMUNICAÇÃO AMBIENTAL - veículos de comunicação distribuídos gratuitamente

desde janeiro de 1996 aos segmentos de público interessados em meio ambiente.

GESTÃO AMBIENTAL E LICENCIAMENTO - Assessoria contábil para empresas tributadas sobre lucro real para abatimento de até 2% do imposto devido para uso em projetos ambientais da própria empresa.

A REBIA presta ainda serviços de elaboração de conteúdo, relatórios e textos diversos em meio ambiente; organização de audiência pública e de RIMA; elaboração de Plano de Comunicação Ambiental; pesquisa

de opinião e de percepção ambiental; visitas orientadas de jornalistas ambientais a empresas e projetos; organização de eventos e seminários ambientais para os públicos interno e externo.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL - A REBIA oferece a possibilidade das Empresas e Organizações reforçarem suas políticas de inserção regional e comunitária e promoverem a conscientização e a sensibilização

ambiental nas suas áreas de interesse, através de ENCONTROS SOCIOAMBIENTAIS PARA A SUSTENTABILIDADE, com palestras ambientais nas escolas e distribuição de

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A Rede Brasileira de Informações Ambientais (REBIA) oferece a prestação de serviços comerciais

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resultados e produtos ambientais e não divulgar esta nova realidade ao mercado. Além disso,

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abr 2011revista do meio ambiente

O que nos torna únicos é a consciência de nos-sa individualidade e, entre as consequências disso, está o sentimento de separação do mun-do, dos outros, da natureza, pois se somos nós não podemos ser o outro.

Ter consciência nos fez também ter subjeti-vidade, um mundo interior, onde construímos e reconstruímos nossa visão de mundo, do ou-tro, de nós próprios. Assim, embora a realida-de seja igual para todos, a maneira de perce-ber, de encarar e interpretar a realidade muda de pessoa para pessoa.

Isso nos obrigou a estabelecer parâmetros do que é aceitável ou não pela sociedade, pois ape-sar de separados dos outros e das coisas, enquan-to seres sociais estamos ligados uns aos outros e tão dependentes quanto todos da natureza. E natureza, aqui, não signifi ca uma visão idealiza-da de um ser com propósito e intencionalidade, mas o resultado de milhares de anos de evolu-ção sob determinadas condições de clima e ca-lor, distanciamento do sol, inclinação do eixo da Terra, etc. Revela-se então uma outra caracte-rística humana que é a tendência de encontrar signifi cado para as questões que não consegue compreender, como se fôssemos incapazes de viver num mundo que não faça sentido. Os gre-gos antigos, por exemplo, deram à natureza o status de deusa, à qual atribuíram o nome Gaia.

A consciência também nos tornou livres para escolher o que achamos ser melhor para nós, para o mundo, e o livre arbítrio trouxe consigo culpas e responsabilidades, angústias existen-ciais sobre qual o melhor caminho a tomar. Ao nos vermos livres da natureza, não mais tendo de obedecer aos instintos e compreendendo cientifi camente os seus fenômenos, criamos a ilusão de sermos superiores às demais espécies e à própria natureza. Na tarefa de nos tornar humanos, tivemos e ainda temos de enfrentar a natureza, que age e infl uencia em nossas es-colhas através dos instintos – tão ativos em nós quanto em todas as demais espécies, determi-nando quando temos de lutar ou fugir, comer e

e o planeta Terra

*Vilmar é escritor e jornalista, fundou a REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental e edita desde janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas (www.escritorvilmarberna.com.br)

parar de comer, por exemplo, e ainda assim, podemos escolher nos manter em situação de estresse sem tentar fugir e comer sem fome.

Este enfrentamento resultou no afastamento maior ainda da natureza. Se-guir aos instintos passou a ser um atributo dos animais, algo pouco refi nado, embrutecido, motivo de vergonha para os humanos.

Criamos a ilusão de sermos os donos da natureza e dividimos o planeta em territórios, e loteamos cada espaço útil, explorando sem culpas, a ponto de já termos passado do ponto de regeneracao natural de diversos ecossistemas. As demais espécies foram destituidas de seus direitos, condicionadas à sua utili-dade para nós. Se não for útil, então não tem razão de existir.

Em nossa idealização do mundo, nos demos o papel transcendental atribu-ído aos deuses, pois se somos superiores à natureza, tínhamos de encontrar um signifi cado para nós fora da natureza. Quando confrontados com as evi-dências de nossos atos, alguns de nós prefere buscar desculpas para conti-nuar agindo da mesma forma. Para alguns, a idéia de que a natureza possa sofrer um colapso parece um exagero, pois nada do que facamos ira destruir a natureza, embora possamos nos destruir facilmente. Para outros, a Ciência irá nos salvar descobrindo coisas, inventando novas tecnologias que serão ca-pazes de reciclar nossos restos e descobrir novas fontes de recursos. Outros acham inútil lutar, pois o fi m está próximo, conforme revelado em algum tex-to sagrado e, naturalmente, apenas os que acreditarem nisso serão salvos.

Nossa separação da natureza não aconteceu apenas do ponto de vista psicológico, ético, moral ou espiritual, mas também do ponto de vista físi-co. Reconstruímos o meio ambiente para adaptá-lo às nossas necessidades onde antes existiam ecossistemas. Construímos cidades às vezes confortá-veis, bonitas, às vezes não, de concreto, aço e asfalto e com muita rapidez esquecemos que apesar de muito importantes não são as cidades que pro-duzem a água, o oxigênio, a biodiversidade da qual dependemos para pro-duzir alimentos, medicamentos e obter recursos.

O meio ambiente deixou de ser tudo o que existe, para ser o que existe em torno de nos, como se fosse uma espécie de armazém de recursos inesgo-táveis para atender às nossas necessidades. O resultado foi uma sociedade que não só superexplora a natureza, mas que também superexplora seus próprios semelhantes, pois para que uns possam acumular demais outros precisam acumular de menos.

O fato concreto é que nenhum de nós escapará vivo do Planeta que, ao con-trário de nos pertencer, nós é que pertencemos a ele e o compartilhamos com todas as outras espécies. Ou nos reinventamos, imaginando um outro jeito de estar no Planeta, ou corremos risco de desaparecer antes do tempo. Uma coisa é certa, o Planeta começou sem nós, e acabará sem nós. A questão que importa não é quando acontecerá o fi m, mas o que posso fazer, aqui e agora, enquanto tenho vida e saude para não abreviar este fi m e aproveitar este presente que todos os dias o Planeta nos proporciona, o de viver. E a vida é bem curta.

O que nos torna únicos é a consciência de nos-sa individualidade e, entre as consequências

e o planeta TerranóS

O que nos diferencia dos outros seres da natureza não é a inteligência ou a capacidade de ter emoções, de sentir prazer, dor, medo, de nos comunicar ou criar ferramentas, pois isso várias espécies também fazem em diferentes graus de efi ciência

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hora do planetaUm artigo científico publicado em 2007 na revista norte-americana Science, sobre o qual o site O ECO fez uma matéria, revela que as ricas e poderosas ONGs ambienta-listas estrangeiras são muito eficientes em promover campanhas para arrecadar fun-dos nos países em desenvolvimento como o Brasil, mas são as pequenas ONGs locais que defendem a natureza de forma eficaz.

Lembrei de um caso que confirma a conclu-são do artigo publicado na Science. Uma ONG estrangeira, muito rica e poderosa, está pro-movendo do nosso país a campanha Hora do Planeta (apague a luz por uma hora), com o propósito de combater o aquecimento global. Ganhou um espaço considerável em todos os meios de comunicação.

Diz a propaganda que na campanha do ano passado quatro mil cidades aderiram e até o Congresso Nacional (que neste momento está empenhado em derrubar o código florestal) também se sensibilizou e apagou as luzes. En-fim, a ONG estrangeira está alardeando pelos quatro cantos que a campanha em 2009 no Brasil foi um sucesso. Mas qual o indicador de sucesso que estão usando? Arrecadação de fun-dos (como o artigo da Science aponta)? Só pode ser, porque dados da Aneel revelam que o con-sumo de energia elétrica no Brasil cresceu 10,4% no ano passado, e o aumento mais forte do con-sumo ocorreu logo após a campanha. Portanto, a campanha não funcionou, pois não se obser-vou uma redução do consumo de energia elé-trica para amenizar o problema do aquecimen-to global, conforme prometia a propaganda.

Tenho um exemplo concreto de que há 7 anos fizemos uma Hora do Planeta mais eficaz. Em 2003, instalaram potentes holofotes para ilu-minar as cachoeiras da Serra do Mar, em Join-ville (SC), na rodovia SC-301 (Estrada Dona Francisca), que corta um trecho preservadís-simo de Mata Atlântica, onde vivem espécies ameaçadas de anfíbios, do gênero Cycloram-phus, que são endêmicas das cachoeiras da Serra do Mar e precisam da escuridão da noite para procurar alimente e se reproduzir.

Então, fizemos um apelo por meio de uma car-ta para a distribuidora de energia elétrica em SC, Celesc, que assumiu a manutenção da ilumina-ção após a instalação, para apagar para sempre os holofotes (e não apenas por uma hora para os noticiários da TV mostrar). Uma funcionária da empresa nos telefonou para dizer que a Celesc iria atender o nosso apelo e assim fez.

Ano passado, fiquei hospedado na sede de uma fazenda desativada no alto das monta-nhas da Serra do Mar, em Joinville, região dos campos de altitude. Fiquei alarmado com a quantidade de mariposas que eram atraídas pelas lâmpadas fluorescentes. O caseiro con-tou-me que já chegou a juntar um saco de 60 kg de mariposas mortas em apenas uma noite em que esqueceu de apagar as lâmpadas ex-ternas. Isto nós dá uma ideia do impacto da iluminação em áreas preservadas.

Eu li em algum lugar que há estudos científi-cos comprovando o enorme impacto ambiental causado pela iluminação do Cristo Redentor a partir de 1931. Hoje se sabe que houve um gran-de declínio na população de insetos, a mortan-dade de mariposas e outros tem sido conside-rável. Combater efetivamente este tipo de pro-blema (massacre de seres vivos e desperdício de energia) fica obviamente para as pequenas ONGs cariocas.

Assim como o nosso exemplo, deve haver vá-rios outros de pequenas ONGs que combateram iluminação em praias onde desovam tartarugas, iluminação de estradas rurais despovoadas que cortam matas preservadas, unidades de conser-vação. Agressões contra a natureza geralmente feita por estas mesmas prefeituras que aderi-ram a campanha Hora do Planeta e apagaram as luzes de suas instalações por uma hora. Fonte: http://ra-bugio.blogspot.com

e a hora da verdade

A Rã-de-cachoeira (Cycloramphus asper)

vive exclusivamente nas cachoeiras dos riachos

da Serra do Mar e estava ameaça em Joinville (SC)

pela iluminação das cachoeiras com potentes

holofotes, que foram desligados pela ação de

uma pequena ONG, o Instituto Rã-bugio

Pequenas ONGs fazem a diferença

Dados da Aneel revelam que o

consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 10,4% no ano passado, e o

aumento mais forte do consumo ocorreu logo após a campanha Hora

do Planeta

especial – dia mundial da Terra

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Comunicação para a sustentabilidade e preparatório para a cobertura da conferência Rio + 20RESERVE JÁ SEU ESPAÇO PUBLICITÁRIO NA EDIÇÃO ESPECIAL DA REVISTA DO MEIO AMBIENTE QUE CIRCULARÁ ENTRE OS PARTICIPANTES DO IV CBJA

ESTANDES:Fóruns de Debates • Oficinas de Capacitação

Mostra Científica • Mostra de vídeos ambientais

EVENTOS PARALELOS• Encontro da RedCalc • Red Latino • Americana de Periodismo Ambiental

• Iº Encontro Nacional da REBIA • Rede Brasileira de Informação Ambiental

REALIZAÇÃO:• Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) http://br.groups.yahoo.com/group/jorn-ambiente/?yguid=21314702

• Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) www.rebia.org.br

• Instituto Envolverde • Jornalismo & Sustentabilidade www.envolverde.com.br

• ECOMÍDIAS (Associação Brasileira de Mídias Ambientais) http://eco-midias.blogspot.com/

CURADORIADAL MARCONDES(Envolverde e RBJA) e VILMAR BERNA (REBIA e RBJA)

SECRETARIA EXECUTIVAInstituto Envolverde • Jornalismo & Sustentabilidade 11 3034-4887 • [email protected]

IVº CongResso BRasIleIRo de JoRnalIsmo amBIental

17, 18, 19 e 20/11 de 2011 RIO DE JANEIRO • PUC-RJ

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abr 2011 revista do meio ambiente

O Instituto Worldwatch divulgou no dia 12 de janeiro de 2011 seu relatório sobre o Estado do Mundo 2011: Inovações que nutrem o planeta, que desta-ca as inovações agrícolas bem sucedidas e desvenda os maiores sucessos na prevenção do desperdício de alimentos, promovendo resistência às mudanças climáticas e fortalecendo a agricultura nas cidades. O relatório proporciona um guia para o aumento dos investimentos agrícolas e formas mais eficientes de minimizar a fome e a pobreza globais. A partir das ideias dos maiores especia-listas em agricultura e das centenas de inovações já implementadas na prática, o relatório destaca 15 receitas ambientalmente sustentáveis e comprovadas.

“O progresso demonstrado neste relatório irá prover informações aos go-vernos, formuladores de políticas, ONGs e doadores que tentam frear o avan-ço da fome e da pobreza, fornecendo um guia claro para expansão ou repli-cação destes sucessos em qualquer lugar”, diz o Presidente do Instituto Worl-dwatch, Christopher Flavin. “Precisamos que as pessoas que influenciam o desenvolvimento agrícola mundial se comprometam com o apoio de longo prazo aos agricultores, que constituem 80% da população da África”.

O Estado do Mundo 2011 chega em um momento em que as iniciativas sobre a fome mundial e a segurança alimentar – tais como o programa Ali-mento para o Futuro da administração Obama, o Programa de Segurança Alimentar e Agricultura Global (Global Agriculture and Food Security Pro-gram - GAFSP), o Programa Mundial de Alimentos (World Food Programme – WFP) da ONU e o Programa de Desenvolvimento Abrangente da Agricultu-

ra da África (Comprehensive Africa Agriculture Development Programme – CAADP) – necessi-tam de orientação, a medida que buscam o au-mento dos investimentos na agricultura.

Cerca de meio século após a Revolução Ver-de, grande parte da humanidade ainda está cronicamente faminta. Enquanto isso, os in-vestimentos no desenvolvimento agrícola por parte dos governos, financiadores inter-nacionais e fundações estão em níveis histo-ricamente baixos. Desde 1980 a participação da agricultura nos auxílios ao desenvolvi-mento global caiu de mais de 16% para ape-nas 4% nos dias de hoje.

Em 2010, governos, fundações e indivíduos forneceram menos de 4 bilhões de dólares para apoiar projetos agrícolas na África, com base nas estatísticas das Nações Unidas, Ban-co Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização para a Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico. Ainda que se espere que a demanda para o desenvolvimento agrícola

Instituto Worldwatch divulga relatório sobre o Estado do Mundo 2011

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Ostras e peixes são fonte importante de proteína de baixo custo para a população do Gâmbia, mas os níveis atuais de produção levaram a degradação ambiental e a mudanças no uso da propriedade nos últimos 30 anos

especial – dia mundial da Terra

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abr 2011revista do meio ambiente

cresça em 2011, boa parte do dinheiro ainda precisa ser levantada e destinada aos agricul-tores pobres da África.

“A comunidade internacional tem negligen-ciado segmentos inteiros do sistema alimen-tar no esforço de reduzir a fome e a pobreza”, disse Danielle Nierenberg, co-diretora do pro-jeto Nutrindo o Planeta da Worldwatch. “As so-luções não virão necessariamente da maior produção de alimentos, mas da mudança do que as crianças comem nas escolas, como os alimentos são processados e comercializados e em quais tipos de comércio de alimentos es-tamos investindo”.

O suprimento de alimentos cultivados local-mente às crianças em idade escolar, por exem-plo, provou ser uma estratégia eficaz de redu-ção da fome e da pobreza em diversas nações africanas, e tem forte correlação com os progra-mas de cultivo para restaurantes nos Estados Unidos e Europa. Além disso, “cerca de 40% dos alimentos produzidos atualmente no mundo é desperdiçado antes de ser consumido, crian-do oportunidades enormes para agricultores e famílias economizarem dinheiro e recursos com a redução do desperdício”, opinou Brian Halweil, co-diretor do Nutrindo o Planeta.

O Estado do Mundo 2011 tem origem nas cen-tenas de estudos de casos e exemplos em pri-meira pessoa para proporcionar soluções para a redução da fome e da pobreza. São eles:• Em 2007, cerca de 6.000 mulheres no Gâmbia se organizaram na associação de produtoras TRY Women’s Oyster Harvesting, criando um planejamento de co-gestão sustentável para a exploração local de ostras para prevenção da super exploração e depredação. Ostras e pei-xes são fonte importante de proteína de baixo custo para a população, mas os níveis atuais de produção levaram a degradação ambiental

e a mudanças no uso da propriedade nos últimos 30 anos. O governo está trabalhando com grupos como o TRY para promover métodos menos des-trutivos e para expandir as linhas de crédito para produtores de baixa ren-da, de modo a estimular o investimento na produção mais sustentável. • Em Kibera, Nairobi, a maior favela do Quênia, mais de 1.000 agricultoras estão cultivando hortas “verticais” em sacos de terra perfurados, alimen-tando suas famílias e comunidades. Estes sacos têm o potencial de alimen-tar milhares de habitantes urbanos, ao mesmo tempo em que fornecem uma fonte de receita sustentável e de fácil manutenção para agricultores urbanos. Com a projeção de que mais de 60% da população da África irá vi-ver em áreas urbanas até 2050, estes métodos podem ser cruciais para criar segurança alimentar no futuro. Atualmente, cerca de 33% dos africanos vive nas cidades e mais 14 milhões deles migram anualmente para áreas urbanas. No mundo todo, cerca de 800 milhões de pessoas se empenham na agricultura urbana, produzindo de 15% a 20% de todo o alimento.• Pastores na África do Sul e no Quênia estão preservando variedades nativas de gado que são adaptadas ao calor e a seca das condições locais – característi-cas que serão cruciais conforme os extremos climáticos pioram no continente. A África tem a maior área mundial permanente de pastagem e o maior núme-ro de pastores, com cerca de 15 a 25 milhões de pessoas dependendo do gado. • A Rede de Análise de Políticas de Recursos Naturais, Agricultura e Alimentos (Food, Agriculture and Natural Resources Policy Analysis Network – FANR-PAN) está usando jogos interativos comunitários para envolver as agriculto-ras, líderes comunitários e formuladores de políticas em um diálogo aberto sobre igualdade de gêneros, segurança alimentar, posse da terra e acesso a recursos. As mulheres na África sub-saariana constituem pelo menos 75% dos trabalhadores agrícolas e fornecem de 60% a 80% da mão-de-obra para produção de alimentos para consumo familiar e para o comércio, sendo cru-cial que tenham oportunidades para expressar suas necessidades no âmbito da governança local e na tomada de decisões. Este fórum amigável e de en-tretenimento torna mais fácil a abertura ao diálogo. • O programa Desenvolvendo Inovações no Cultivo em Escolas (Developing Innovations in School Cultivation – DISC) está integrando hortas de vegetais nativos, informações sobre nutrição e preparação de alimentos no currículo das escolas, de modo a ensinar as crianças a cultivar variedades locais que irão auxiliar no combate a falta de alimentos e revitalizar as tradições culi-nárias do país. Estima-se que 33% das crianças africanas atualmente en-frentam a fome e a desnutrição, o que poderia afetar cerca de 42 milhões de crianças até 2025. Os programas de nutrição na escola que não se limitam a simplesmente alimentar as crianças, mas também a inspirá-las e ensiná-las a se tornar agricultores no futuro, representam um enorme passo em direção a melhoria da segurança alimentar.

O relatório Estado do Mundo 2011 é acompanhado de outros materiais in-formativos, incluindo documentos instrutivos, resumos, um banco de dados de inovações, vídeos e podcasts, tudo isso disponível em www.nourishing-theplanet.org. As descobertas do projeto estão sendo divulgadas para um grande número de pessoas interessadas no meio agrícola, incluindo minis-tros de governos, formuladores de políticas agrícolas, agricultores e redes comunitárias, além das comunidades ambientais não governamentais e de desenvolvimento com influência cada vez maior.

Ao conduzir esta pesquisa, o projeto Nutrindo o Planeta da Worldwatch teve acesso sem precedentes as maiores instituições de pesquisa interna-cionais, incluindo as integrantes do sistema do Grupo Consultivo de Pes-quisa Agrícola Internacional (Consultative Group on International Agricul-tural Research – CGIAR). A equipe também interagiu de forma extensiva com agricultores e sindicatos agrícolas, bem como as comunidades da área bancária e de investimento. Fonte: Revista Meio Ambiente Industrial

Para cópias do Estado do Mundo 2011• Nos EUA, Canadá e Índia, contate Amanda Stone em [email protected]. Em outros países, contate Gudrun Freese em [email protected] ou +44(0)20 7841 1930.• O livro também pode ser adquirido no website da Earthscan em www.earthscan.co.uk, por e-mail em [email protected], ou ligando para +44(0)12 5630 2699 mencionando o número ISBN 9781849713528a

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A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-AL) realiza no dia 4 de junho mais uma edição do Prêmio Octávio Brandão de Jornalismo Ambiental.

O evento, realizado em parceria com a Braskem e o Sindicato dos Jor-nalistas de Alagoas, vai premiar os autores das melhores reportagens sobre o meio ambiente produzidas e veiculadas nos meios de comunica-ção do Estado, no período de abril de 2010 a março de 2011.

Esta é a 8ª edição do Prêmio, pioneiro na área do jornalismo ambien-tal. Além de contemplar as categorias Jornalismo Impresso-Texto, Jor-nalismo Impresso-Imagem, Telejornalismo e Estudante, este ano será reativada a categoria Reportagem Cinematográfica e introduzida a ca-tegoria Webjornalismo.

O Prêmio Octávio Brandão 2011 foi lançado no dia 22 de março, durante café da manhã para a imprensa, no cinturão verde da Braskem. Na oportunidade, além de informar mais detalhes sobre o concurso, os organizadores distribuí-ram folder com os presentes, constando o regulamento e a ficha de inscrição. O lançamento aconteceu durante o Dia Mundial da Água e contou com uma explanação do engenheiro Valmir Pedrosa, representante em Alagoas da As-sociação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH).

Os jornalistas interessados em participar do Prêmio têm até o dia 7 de maio para inscrever os trabalhos. Cada profissional pode concorrer, no máximo, com quatro matérias. A divulgação do resultado e a festa de pre-miação serão em 4 de junho, véspera do Dia do Meio Ambiente. Os vence-dores receberão troféus e R$ 41 mil em dinheiro, a serem distribuídos com o 1º, 2º e 3º colocados de cada categoria. Também receberá troféu a empre-sa cujos profissionais inscreverem mais trabalhos.

Prêmio Octávio Brandão 2011 de JornaliSmo ambiental

jornalismo ambiental

O Prêmio Octávio Brandão acontece este ano em meio aos preparativos do IV Congresso Bra-sileiro de Jornalismo Ambiental, marcado para o período de 17 a 20 de novembro, na PUC-RJ, na cidade do Rio de Janeiro. O Congresso, que antecede a Conferência Rio+20 (marcada para 2012 também na capital fluminense), será tema de debates em oficina promovida pela Abes, Braskem e Sindjornal, a realizar-se na manhã de 4 de junho, antes da festa do Prê-mio. Durante essa oficina, a Braskem doará duas passagens aéreas para jornalistas parti-ciparem do Congresso no Rio.. http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/nasa-desmente-fim-do-mundo-em-2012-21102009-17.shl

Jornalistas interessados em participar do Prêmio têm

até o dia 7 de maio para inscrever os trabalhos

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Prêmio Octávio Brandão 2011 de JornaliSmo ambiental

Que fim do mundo

Nasa desmente fim do mundo em 2012

SÃO PAULO – Por meio de um relatório, a Agência Espacial America-na esclarece as dúvidas dos internautas e afirma: o mundo não acaba com o fim do calendário Maia.

O aviso foi dado depois que um site mantido pela NASA foi inundado de perguntas de internautas a respeito de um misterioso planeta chamado Nibiru e do fim do mundo programado para 21 de dezembro de 2012.

A página em questão se chama “Ask an Astrobiologist” (http://astrobiolo-gy.nasa.gov/ask-an-astrobiologist/), e é mantida por David Morrison como parte de seus trabalhos como Cientista Sênior do Instituto de Astrobiologia da NASA. Nela, o público pode perguntar o que quiser e, ultimamente, foram mais de mil e-mails voltados para as previsões apocalípticas.

Na internet os boatos mais recentes do apocalipse entrelaçam uma comple-xa trama de provas e evidências que levam a crer que o fim dos tempos será no dia 21 de dezembro de 2012 – ou, mais precisamente, o fim do calendário Maia.

A civilização pré-colombiana surgiu no México há mais de três mil anos, e é conhecida por suas habilidades astronômicas, incluindo a divisão do ca-lendário em 365 dias e a previsão de eventos como eclipses.

A causa dessa destruição prevista nos atuais boatos espalhados na in-ternet seria Nibiru, também chamado de Planeta X, um corpo celeste que teria sido descoberto pelos sumérios. O impacto com a Terra seria precisa-mente na data em que o calendário Maia termina (numa analogia ao “fim dos tempos”) – e o fato estaria sido mantido em segredo pelo governo.

O que parece ter alimentando mais ainda alguns boatos foi o lançamento do filme “2012”. Como parte da campanha de lançamento, a Columbia Pictures criou um site de uma suposta organização para a continuação da humanidade, que reúne evidências de que o mundo realmente acabará em três anos.

Para tentar esclarecer essas especulações, o Dr. Morrison rastreou as origens do que chama de mitos e respondeu aos internautas em seu site. As dúvidas mais frequentes foram publicadas pela Associação Astronômica do Pacífico.

Segundo ele, o boato de Nibiru teve sua origem com Zecharia Sitchin, au-tor de livros de ficção sobre as antigas civilizações mesopotâmicas. Em al-gumas de suas obras, entre elas The Twelfth Planet publicado em 1976, ele afirma ter encontrado e traduzido documentos sumérios que identificavam o planeta orbitando o Sol a cada 3.600 anos. Essas fábulas incluíam histó-rias de antigos astronautas que visitavam a Terra, vindos de uma civiliza-ção alienígena chamada Anunnaki.

Em paralelo, uma auto-declarada psíquica cha-mada Nancy Lieder alegou ter um canal com os ETs. Ela escreveu em seu site Zetatalk que os ha-bitantes de um suposto planeta ao redor da es-trela Zeta Reticuli a avisaram de que a Terra cor-ria perigo de ser atacada pelo Planeta X, ou Ni-biru. A catástrofe foi inicialmente prevista para maio de 2003, mas quando nada aconteceu, a data foi mudada para dezembro de 2012.

Segundo Dr. Morison, apenas recentemente essas duas fábulas foram ligadas ao fim do ca-lendário Maia, no solstício de inverno de 2012.

O cientista esclarece também que as fotos ou evidências apresentadas na internet são falsas. Uma das imagens mais populares do que seria Nibiru se trata, na verdade, de uma nebulosa de gás fora do sistema solar foto-grafada pelo telescópio espacial Hubble.

Quanto aos Maias, Morison afirma que a sociedade realmente desenvolveu calendá-rios bastante complexos, mas que, apesar do interesse histórico que possamos ter, eles não se comparam a habilidade moderna de contagem do tempo, ou à precisão dos calen-dários modernos. E, o mais importante: estes instrumentos não podem prever o futuro.

Quanto ao fim do calendário estar ligado ao fim do mundo, ele faz uma comparação: o calendário de mesa de qualquer pessoa ter-mina muito antes de 21 de dezembro de 2012 – ele acaba em 31 de dezembro de 2011. Mas ninguém interpreta isso como uma previsão do Armageddon – é apenas o começo de um novo ano. http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/nasa-desmente-fim-do-mundo-em-2012-21102009-17.shl

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A busca de um novo modelo econômico de baixo carbono, baseado no melhor aprovei-tamento dos recursos naturais, exigirá um investimento anual de mais de US$ 1,3 tri-lhão, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, em dez setores estratégicos, até a metade do século XXI.

O relatório Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentá-vel e a Erradicação da Pobreza, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mensura o peso que as políticas públicas terão no fomento de novas tecnologias nos próximos 40 anos e atribui à iniciativa privada a maior parte da responsa-bilidade desse investimento.

Segundo o PNUMA, políticas adotadas nas últimas três décadas para garantir um cresci-mento econômico aliado à eficiência energé-tica e ao menor consumo de recursos naturais produziram resultados “modestos demais” em termos de promoção da transição para a cha-mada “economia verde”.

A ONU defende a necessidade de investimen-tos intensivos nas áreas de agricultura, indús-tria, energia, água, edifícios, gestão de resíduos, pesca, silvicultura, turismo e transportes.

O relatório indica que o crescimento mun-dial da economia nesse cenário mais “verde” seria maior do que o registrado no atual mo-delo econômico, apesar do conceito dissemi-nado que opõe desenvolvimento a sustentabi-lidade ambiental.

“Em uma transição para uma economia ver-de, serão criados novos empregos que, ao lon-go do tempo, superarão as perdas de empre-gos da economia marrom [de alta emissão de carbono]”, diz o documento..

Menos subsídios para a economia marromDesse montante de US$ 1,3 trilhão, a maioria

dos recursos deverá ser oriunda do capital pri-vado, apesar do importante papel atribuído ao setor público na definição de políticas de fo-mento dessas tecnologias.

Cabe aos governos, de acordo com o docu-mento, principalmente direcionar os esforços para fomentar o aprimoramento dos setores-

chave e redimensionar estratégias que estimulam financeiramente seg-mentos ligados à economia de alta emissão de carbono. “Corrigir subsídios onerosos e prejudiciais em todos os setores abriria espaço fiscal e liberaria recursos para a transição para uma economia verde.” O PNUMA calcula que o fim dos subsídios destinados a apenas quatro setores (energia, água, pes-ca e agricultura) traria uma economia anual de 1% a 2% do PIB global.

Um dos exemplos, diz o texto, são os subsídios destinados à produção e comercialização de combustíveis fósseis, que superaram a marca de US$ 650 bilhões em 2008, o que desestimula uma mudança de matriz energé-tica para os recursos renováveis.

“O uso de ferramentas como impostos, incentivos fiscais e licenças negoci-áveis para promover investimentos e inovações verdes também é essencial, assim como o investimento em capacitação, treinamento e educação”, expli-ca o documento.

Emergência verdeMesmo estando aquém do ritmo desejado, de acordo com o PNUMA, a

transição para o modelo da “economia verde” ocorre em “escala e velo-cidade nunca antes vistas”. O segmento de energia limpa é um dos que mais crescem; a previsão é de que investimentos mundiais no setor te-nham aumentado 30% no último ano, passando de US$ 186 bilhões em 2009 para US$ 243 bilhões em 2010.

O PNUMA destaca que países não membros da Organização para Coopera-ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como Brasil, China e Índia, têm-se sobressaído, ampliando sua participação mundial em investimentos em energia renovável de 29% em 2007 para 40% em 2008.

Os autores de Rumo a uma Economia Verde atribuíram ao setor de energia o maior montante, US$ 362 bilhões (27%), do total de recursos de US$ 1,347 tri-lhão a ser investido anualmente. O segundo segmento que deve receber mais recursos é o de transportes, com US$ 194 bilhões (14%).

Na sequência, aparecem os setores de edifícios e turismo (US$ 134 bilhões ou 10% cada um), agricultura, água, gestão de resíduos e pesca (US$ 108 bi-lhões ou 8% cada um), indústria (US$ 76 bilhões ou 6%) e silvicultura (US$ 15 bilhões ou 1%).

Biomassa brasileiraO desempenho do Brasil nos biocombustíveis ganha relevo no capítulo de

energia renovável. O bioetanol produzido no país é destacado como uma das duas únicas opções comercialmente maduras para a geração energética en-tre as fontes renováveis do mundo, ao lado da energia hidrelétrica produzida em grandes represas, que supre 16% da demanda do mundo.

“Em termos de utilizações sustentáveis de biomassa, a produção de com-bustíveis para transporte baseados em bioetanol no Brasil já é uma tecnolo-gia comercialmente madura”, informa o texto, em comparação com outras tecnologias promissoras para a geração de energia limpa, como a eólica, con-siderada ainda nas fases de implantação e difusão no mundo.

Economicamente o segmento de energia renovável ganha cada vez mais destaque, tendo empregado direta ou indiretamente mais de 2,3 milhões de

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pessoas no planeta, segundo balanço feito em 2006 e citado no relatório.O Brasil é o segundo país do mundo que mais emprega nesse setor, com

cerca de 500 mil trabalhadores, o que representa 20,7% de toda mão-de-obra envolvida no segmento no mundo.

Sustentabilidade na construção civilO relatório divide as áreas estratégicas de investimento em capítulos, que

foram organizados por especialistas das diversas áreas e de várias partes do mundo. O capítulo sobre edifícios e construção civil foi coordenado por três especialistas, entre eles a arquiteta brasileira Joana Carla Soares Gonçalves, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde atua no Departamento de Tecnologia da Arquitetura, no Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética. Desde 2009, ela também é professora orientadora do Programa de Pós-Graduação Energia e Ambiente da Architectural Association Graduate School, em Londres.

Joana coordenou a equipe de autores em parceria com os pesquisa-dores Philipp Rode e Ricky Burdett, da London School of Economics, em Londres, e também redigiu textos com definições de conceitos, sobre a importância da inserção do projeto arquitetônico no contexto climáti-co, do conforto ambiental, do emprego de materiais e das vantagens de reabilitação de prédios.

Em entrevista por e-mail a Inovação, a professora da USP, que está em Lon-dres, aponta o papel fundamental do uso da tecnologia na construção civil para a constituição de edifícios “mais verdes” e diz que o foco do relatório é nas inovações que busquem a economia de energia, destacadas dentro do tópico “Oportunidades”.

“No entanto, eu gostaria de destacar que tecnologia, no que tange aos sistemas pre-diais, é só um fator dentre outros que coloca-mos sucintamente. Definitivamente, o foco não está só na tecnologia, mas no edifício como um todo, incluindo seus ocupantes”, afirmou Joana.

Edifícios InteligentesO relatório da UNEP, detalha a professora, tem

como objetivo fornecer informações para os agentes tomadores de decisão de todo o mun-do, abordando desafios, oportunidades e ins-trumentos, mas principalmente mensurando os impactos e as vantagens econômicas dessa transição. “É importante destacar também que, de uma maneira geral, ainda temos poucos da-dos quantitativos disponíveis sobre os custos e as vantagens econômicas de edifícios de me-nor impacto ambiental, em diferentes partes do mundo”, esclarece Joana. “Achar esses núme-ros para montar nosso argumento a favor de edifícios mais verdes foi um grande desafio”, diz a autora, acrescentando que mesmo assim a equipe teve êxito na construção da base de ar-gumentos, com dados e fatos convincentes. >>

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Relatórios técnicosSegundo a professora da USP, o documento Rumo a uma Economia Ver-

de não foi proposto para ser uma publicação técnica, mas sim informati-va. No entanto, ele será desdobrado em relatórios técnicos que desenvol-verão em detalhes as questões principais de cada um dos capítulos.

Joana contribuirá para os relatórios do PNUMA sobre edifícios abor-dando temas como a conscientização e inserção econômica dos edifícios de menor impacto ambiental.

Joana Gonçalves afirma que não há no Brasil uma valorização sufi-ciente da etapa de projeto dentro da construção civil; para ela, os pro-jetos devem ser mais “inteligentes” e contemplar todos os aspectos do impacto ambiental, como os materiais, o conforto dos usuários e o melhor aproveitamento dos recursos naturais, como luz e ventilação. “O arquiteto tem que conhecer mais e melhor todas as questões de de-sempenho ambiental, assim como os engenheiros de todas as nature-zas precisam entender melhor os vários aspectos do desempenho am-biental dos projetos arquitetônicos e da construção para pensar as so-luções tecnológicas.”

Prédios novos x prédios requalificadosO setor da construção civil responde por mais de um terço do consumo

de recursos do planeta, o que inclui 12% do consumo mundial de água doce, além de gerar 40% de todos os resíduos sólidos do mundo, de acor-do com o PNUMA.

Duas abordagens diferentes devem ser empreendidas para tornar o setor mais “verde”, de acordo com o relatório. Nos países desenvolvi-dos, as principais oportunidades estão na requalificação dos prédios

existentes, para torná-los ambientalmen-te mais eficientes por meio de intervenções que reduzam o consumo de energia e inclu-am o uso de fontes renováveis. Já nos países não membros da OCDE, diz o documento, o déficit habitacional abre mais possibilida-des para a exploração de novas gerações de construções com designs inovadores e no-vos padrões de desempenho.

“No entanto, deve ser considerado que, em muitos casos, o que já projetamos nos últi-mos 50 anos ou mais, principalmente nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Ja-neiro e outras, representa um estoque edifi-cado significativo que precisa ser recupera-do e reutilizado, visando também um menor impacto ambiental”, pondera a professora. “Esse ponto é bem reforçado no relatório; de-finitivamente, não é somente sobre o novo, mas também sobre o já existente.”

Para Joana, um fator que favorece o Brasil é o clima ameno, que possibilita construir prédios mais eficientes, com menor consumo de ener-gia e impacto ambiental reduzido. Mas para isso, diz ela, é necessário investir mais em projetos e compreender melhor o papel dos usuários. Fonte: Inovação Tecnológica

desenvolvimento sustentável

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emiSSãoO Rio sediará em junho de 2012 um even-to que poderá simbolizar o encerramento de um ciclo e o início de outro. Por ocasião da Rio + 20, espera-se que seja feito um balanço abrangente do ciclo de conferências das Nações Unidas dos anos 90, iniciado com a Rio 92 e que incluiu conferências sobre população, direitos humanos, mulheres, desenvolvimento social e a agenda urbana. Também em 2012, o Protocolo de Kyoto terá chegado ao seu limite de vigência.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desen-volvimento Sustentável/Rio+20 se propõe a de-bater três questões: avaliação do cumprimento dos compromissos acordados na Rio 92, econo-mia verde e arquitetura institucional para o de-senvolvimento sustentável. A Rio + 20, portanto, tem o potencial de ser um momento ao mesmo tempo de balanço das conquistas e derrotas das últimas duas décadas e também de identifi ca-ção de uma nova pauta de lutas à frente.

Rio + 20: resistir ao ambientalismo de mer-cado e fortalecer os direitos e a justiça socio-ambiental: O mundo está subordinado à força hegemônica do capital. Este não tem outra vi-são de futuro do que a promessa de um desen-volvimento ilusório, porque predador do meio ambiente, violador dos direitos humanos e ex-cludente de países e populações. A ideologia do desenvolvimento, entendido como crescimen-to econômico que alimenta a expansão de pa-drões insustentáveis de produção e consumo, penetrou profundamente no imaginário e na cultura de todas as classes sociais, no Norte e no Sul, orientando inclusive a ação de governos eleitos em países do Sul com o mandato de de-sencadearem transformações, mas que, no en-tanto, não conseguem construir uma nova cor-relação de forças capaz de alavancar mudanças e também não conseguem acumular refl exão e força política na direção de novos paradigmas.

Se a exploração humana e de países pode se perpetuar apesar dos gravíssimos confl itos resultando na exclusão, a exploração da natu-reza mostra seus limites e começa a afetar a reprodução do capital, direta e indiretamente, quando doenças, diminuição da qualidade de vida e catástrofes começam a levantar suspei-tas e minar a base de sustentação do modelo.

A Rio + 20 e a construção de alternativas: Não temos todas as respostas, mas temos a respon-sabilidade de buscá-las, entre o desejável e o possível. Mas mesmo o possível não se reali-zará sem que seja portador de utopias que re-

atem os laços entre ser humano e natureza, no campo e na cidade. Ele exige, portanto, uma mudança completa dos paradigmas que defi nem a civilização ocidental. Querer outras formas de organização das sociedades do que os Es-tados-Nações, outras formas de democracia do que a democracia parlamen-tar, outras economias do que a economia capitalista, outra mundialização do que a do mercado, outras culturas do que a imposta pelos EUA. Escutá-los com atenção talvez nos ajude a encontrar os rumos do futuro e formular no-vas utopias que motivem a humanidade, em particular a juventude.

Desenvolvem-se através do planeta centenas de milhares de alternati-vas que podem ser as sementes da construção de novas utopias:• Milhões de camponeses, de sem-terra, de povos indígenas e outros grupos tradicionais resistem e lutam pela Reforma Agrária, pela agroecologia, pelo defi nitivo domínio de suas terras ancestrais. Apoiados por tecnologias apro-priadas, eles podem garantir a soberania e segurança alimentar e nutricional do planeta e dar uma contribuição decisiva na manutenção da biodiversidade, das águas e na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Eles apontam uma alternativa ao modelo de agricultura e pecuária dominante, que provoca a destruição dos ecossistemas e da biodiversidade, que contribuem fortemente para o efeito-estufa e o envenenamento das águas, dos solos e das pessoas.• Experiências de economia solidária e de fortalecimento de mercados locais contribuem para a redução do consumo de energia, encurtando os circuitos entre produção, distribuição e consumo, favorecendo as micro, pequenas e mé-dias empresas, que fornecem empregos, em contraposição à circulação das mercadorias através do mundo e deslocalização permanente das empresas e avanços tecnológicos, que não reduzem o consumo de energia e de matérias-primas e produzem desemprego.• A lógica da economia não deve ser a do lucro, mas a de assegurar condições de vida digna para as populações. Fortalece-se uma economia solidária que combate a economia dominante excludente das pessoas. Nas cidades, nas ro-ças e nas fl orestas do sul do mundo, grande parte dos trabalhadores e das tra-balhadoras se encontram na economia informal, esquecidos pela macroeco-nomia, e inventam uma microeconomia em parte sucedânea e concorrente da economia formal, em parte inovadora.• Reconstituição de um tecido urbano descentralizado e interiorizado, novas políticas habitacionais e urbanísticas, de saneamento e de transporte coletivo. Estas propostas visam enfrentar o desequilíbrio dentro das cidades e metrópo-les, que viraram plataformas de exportação cercadas por enormes aglomera-ções de pobreza e miséria, que somadas ao desequilíbrio na ocupação humana dos espaços nacionais e regionais, fazem dessas cidades, e dentro delas, das ca-madas populares, as primeiras vítimas das mudanças climáticas.

É esta visão que orienta e delimita nossa vontade de participação no proces-so que nos levará a Rio+20. Baseados nela, nos unimos ao apelo da convocató-ria do grupo facilitador brasileiro criado por um conjunto de coletivos resumi-do nesta frase: “Cabe a sociedade civil organizada chamar a atenção mundial sobre a gravidade do impasse vivido pela humanidade, e sobre a impossibili-dade do sistema econômico, político e cultural dominante apontar e conduzir saídas para a crise. Mas é também da sua responsabilidade afi rmar e mostrar outros caminhos possíveis”.

Este texto pode ser lido na íntegra em http://www.fase.org.br/UserFiles/1/File/FASE%20e%20Rio%2B20%20Final%20portugues.pdf

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No cenário mundial de hoje, em que pro-gressivamente as pessoas, a sociedade e as empresas estão atentas para a importância do crescimento e da evolução por meio do desenvolvimento sustentável, o sucesso das organizações depende de uma nova forma de pensar e de um novo modo de gerir, uma vez que os resultados econômicos estão cada vez mais atrelados aos impactos socioambientais causados por suas decisões e ações.

Entretanto, ser sustentável não significa apenas ter iniciativas em prol do meio am-biente ou ter um forte investimento social. Significa também, e principalmente, ter a sustentabilidade na gestão, nas decisões e nas atitudes do dia a dia.

Publicar um Relatório de Sustentabilidade é uma das principais formas de uma empresa relatar e prestar contas à sociedade e ao mer-cado a respeito de sua atuação e de suas prá-ticas para a sustentabilidade. É também uma maneira de arregimentar pessoas, entidades e demais empresas para a causa do desenvolvi-mento sustentável. Por meio desse reporte, as organizações e todos os seus públicos têm em mãos um instrumento que possibilita dialo-gar e implantar um processo de melhoria con-tínua do desempenho da empresa, rumo ao desenvolvimento sustentável.

Ou seja, o Relatório é um importante instru-mento de comunicação e gestão. Um bom Re-latório de Sustentabilidade, construído dentro de diretrizes claras, como as do Global Repor-ting Iniciative (GRI), é um diferencial impor-tante para a análise da posição da empresa em seu mercado de atuação, além de ser um fa-tor de valorização de suas ações. Investidores e consumidores (individuais ou institucionais) gostam de saber que a empresa destina recur-sos e esforços a projetos com baixo risco am-biental, alto valor social e lucratividade justa. Outro ponto relevante é que o Relatório ajuda a empresa a conhecer melhor os seus próprios pontos fracos e a identificar oportunidades de melhorias. Sua elaboração exige um mergu-lho nas profundezas da organização.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em junho de 2009, Ernst Ligteringen, presiden-

te da GRI (Global Reporting Initiative), destacou importantes pontos:• Os Relatórios de Sustentabilidade são um meio de informação cada vez mais demandado pela sociedade para conhecer a realidade das empresas.• O Relatório deve estar verdadeiramente integrado à estratégia de negó-cios da empresa.• Das 250 maiores empresas do mundo, cerca de 80% produzem relató-rios. O Brasil é o líder em publicações na América Latina, com mais de 60 relatórios anuais de sustentabilidade.• Pesquisas indicam que 82% das pessoas formam uma imagem mais po-sitiva da empresa quando encontram informações sobre sustentabilidade em relatórios.

Recentemente, a organização Ideia Sustentável realizou uma pesquisa qualitativa sobre Relatórios de Sustentabilidade. Nessa pesquisa, denomi-nada Relatórios de Sustentabilidade: Evolução, Cenários e Tendências, foram entrevistados gestores de 50 empresas líderes com atuação no Brasil.

O objetivo do estudo foi identificar a evolução, os desafios atuais e as ten-dências relacionadas aos Relatórios, com base em três blocos: Como as em-presas faziam, Como fazem hoje e Como farão no futuro.

Para estabelecer uma amostragem significativa, foram definidas duas listas: uma estendida, com 114 empresas, e outra mais concentrada, com 54 corporações.

Para a seleção da primeira lista, foram utilizados critérios como o por-te da corporação (grande), a adesão da empresa ao modelo de Balanço Social Ibase (na década de 90), a inclusão da empresa em listas e índices importantes (ISE, 10+ Exame, Dow Jones, Top Ten) de sustentabilidade, a adoção de ferramentas mundialmente consagradas (GRI) e a notorieda-de da empresa (reconhecimentos, espaço na mídia e recomendação de especialistas) nas questões de sustentabilidade.

Para se chegar à lista concentrada, foram usados critérios como maior exposição de marca e as empresas presentes em listas/índices de sus-tentabilidade considerados os mais relevantes.

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O que deve constar nos relatórios de sustentabilidade?

Antes de pensar em reportar, é preciso pensar nas tendências mun-diais. Confi ra as dicas de como transformar esta ferramenta em um efi ciente portfólio de suas ações sustentáveis. Para que o relatório es-pelhe o real valor que seus negócios agregam à sociedade, a empresa deve ter efi cientes práticas nos sistemas de governança corporativa, mé-tricas e objetivos defi nidos. Assim, mais e mais investidores e agências avaliadoras olham para esses relatórios com o intuito de se criar uma comunicação sólida e confi ável, relacionada aos seus desafi os.

Saiba para que serve, como fazer e o que deve conter esses relatórios.1. Quem emite relatórios de sustentabilidade? Mais de 3.000 empresas em todo o mundo, incluindo mais de 30% das Fortune Global 500.2. Por que fazer se a minha empresa não precisa? Cada vez mais, as partes interessadas externas, tais como investidores institucionais, esperam isso da sua empresa. O relatório também pode trazer melhorias operacionais, reforçar sua aderência a leis e normas, além de melhorar a sua reputação corporativa.3. Que informação um relatório de sustentabilidade deve conter? Todos os indicadores-chave de desempenho são relevantes para a indús-tria da empresa relatora. Podemos citar quatro princípios para decidir o que incluir: materialidade, inclusão dos stakeholders, contexto da sus-tentabilidade e completude.4. Que tipo de governança, sistemas e processos são necessários para in-formar sobre sustentabilidade? A Governança deve ser uma exigência de cima para baixo e deve ter li-nhas claras de informação. Também é necessário ter organizados siste-mas e processos que ajudem as empresas a coletar, armazenar e analisar as informações sobre sustentabilidade.5. Os relatórios de sustentabilidade têm de ser auditados? Ainda não. Mas eles estão sendo acompanhados mais de perto do que nun-ca. Com essa tendência, os usuários da informação sustentabilidade espe-rarão que as informações sejam validadas por uma terceira parte confi ável. 6. Quais são os desafios e riscos de um relatório?Relatórios de sustentabilidade apresentam muitos desafi os, incluindo a consistência dos dados, o equilíbrio entre informações positivas e ne-gativas, e a melhora continua do desempenho, oferecendo informações concisas e de fácil leitura.7. Como as empresas podem obter o máximo valor de relatórios de sustentabilidade? Os relatórios de sustentabilidade deveriam ser leitura obrigatória para to-dos os funcionários e pode ser uma valiosa ferramenta para comunicação com os públicos externos. Assim, estabelecer metas na forma de KPI’s tam-bém obrigará a organização a atingir as metas declaradas publicamente.

Passos para um relatório efi ciente• Identifi que claramente as questões de sustentabilidade da empresa;• Engaje os stakeholders e todas as partes interessadas;• Estabeleça um processo de controle mais rigoroso, de modo a garan-tir que sua informação seja confiável.

A análise das respostas nos traz importantes constatações. Confi ra algumas delas a seguir:

Decisão de divulgar o RelatórioPara a maioria das empresas, a decisão de pu-

blicar o Relatório de Sustentabilidade decorre da combinação de três fatores principais:• Divulgar compromissos e ações socioam-bientais (20)• Ser transparente para o mercado e as partes interessadas (15)• Melhorar a gestão, a estratégia e o desempe-nho da empresa (11)

Envolvimento dos stakeholders na elaboração do Relatório

Em 2007, 18 entrevistados ressaltaram que não houve nenhum envolvimento de partes in-teressadas na produção do Relatório. Os demais alegaram envolvimento pequeno, pontual e su-perfi cial. E destes, a maioria das referências (21) foi feita à parte interessada mais próxima, isto é, funcionários e colaboradores, o que revela al-guma difi culdade de natureza cultural e opera-cional no envolvimento das partes interessadas que não estão dentro da empresa. Já na análise de 2008, houve 17 menções à realização de pai-néis com stakeholders, o que revela, no mínimo, um aumento da preocupação em ouvir mais sistematicamente as partes interessadas.

Escolha dos temas a constar do RelatórioNesse quesito, 11 entrevistados alegaram con-

sultar stakeholders por meio de reuniões, en-contros, consultas, entrevistas, canais 0800 e pesquisas pontuais. Outros 10 entrevistados mencionaram a realização de algum tipo de teste de materialidade, sem, no entanto, descre-ver exatamente os procedimentos adotados.

Outras menções sobre a escolha dos temas:• Alinhamento dos temas com a estratégia da empresa (9)• Consulta à Alta Administração (6)• Consulta ás áreas internas de planejamento (5)• Aconselhamento da consultoria contratada (3)• Consulta ao Comitê Executivo interno (2)• Observação dos indicadores de GRI (3)• Ofi cina com equipe pré-relatora; atenção às tendências do mercado; consulta à área de Comunicação; defi nição vinda da matriz/sede da empresa (1).

Portfólio deaçõeS SuStentáveiS

Para mais detalhes sobre o estudo, consulte http://www.ideiasustentavel.com.br/destaques.php?codTemaDestaques=111&pagina=Relat%C3%B3rios%20de%20Sustentabilidade

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Entrevista com Luiz fernando felippe Guida, secretário de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói (RJ), e vice-presidente do PV no Estado do Rio

na prática de uma cidade

O Município de Niterói, hoje inserido no núcleo da Região Metropoli-tana do Estado do Rio de Janeiro, é o segundo de maior importância na hierarquia urbana do Estado. Segundo dados do censo do IBGE, de 2000, cerca de 96,45% da população acima de 15 anos é alfabetizada, 97% do lixo é coletado, 100% dos domicílios contam com água tratada e 70% com rede de esgoto. Índices que estatisticamente colocaram a cidade como o 1º município em IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do estado e a 4ª do país entre as cidades com mais de 200 mil habitantes (Fonte: PNUD, IPEA & IBGE – 1998).

Niterói é apontada como uma das melhores em qualidade de vida no Brasil. Como o senhor vê a questão da sustentabilidade na cidade?Guida: Governar é planejar, resolver problemas, estabelecer prioridades, mas o Poder Público não pode imaginar que fará tudo sozinho, sem a ajuda da população e este é o desafi o prático da sustentabilidade, aproximar-se da sociedade, estimular parcerias, criar e fortalecer canais de participação. A solução dos problemas passa por sermos capazes de seduzir a população a fazer parte deste processo. Por isso a importância de valorizamos a comu-nicação e a educação ambiental como estratégicas para mobilizar a socie-dade, para despertar em todos a auto-estima de ser um morador da cidade, de assumir para si pequenos gestos que, somados, fazem a diferença entre uma cidade mais limpa ou mais suja, por exemplo. Pensar na sustentabili-dade de uma cidade como Niterói é pensar na conservação e preservação de sua natureza, mas também em moradias dignas, água de boa qualidade, coleta e tratamento de esgotos e lixo, lazer, livre acesso à cultura, à educa-ção de qualidade, aos esportes, entre outros fatores relacionados à qualida-de de vida para todos.

Uma das principais queixas da população é com respeito ao trânsito. Quais são as propostas de sua Secretaria? Niterói não foge à regra da maioria das cidades brasileiras, sofrendo com o in-chaço e saturação do trânsito. Nos piores dias, ainda estamos contando nossos engarrafamentos em minutos, enquanto cidades como São Paulo contam em horas. Mas ainda que sejam 10 ou 15 minutos, isto é contrário a qualquer ideia de qualidade de vida. O fato é que não há espaço físico para tantos carros con-centrados e geralmente transportando uma só pessoa. Além disto, passa por dentro de Niterói o equivalente a uma cidade de porte médio por dia. Gente indo e vindo do Rio, por exemplo. Conversei com o Prefeito Jorge Roberto Sil-veira sobre o assunto e ele autorizou um estudo de viabilidade para algumas ideias que poderão ajudar a amenizar o problema, como a ampliação da ma-lha cicloviária da cidade e sua integração com um transporte marítimo sobre colchão de ar que permitiria chegar à praia sem precisar de pier, cobrindo o trecho da Baía da Guanabara na cidade entre o Barreto e Jurujuba.Também estamos estudando a implantação de um teleférico para o transpor-te das pessoas e das bicicletas entre Charitas, o Parque da Cidade e o Cafubá.

E uma linha de ônibus adaptada para o trans-porte de bicicletas, principalmente para levar ciclistas para a Região Oceânica.

A sustentabilidade é uma bandeira só de sua secretaria ou é abraçada também pelas demais secretarias? Em Niterói a sustentabilidade começa a ser vis-ta de forma holística. Por exemplo, a NITTRANS – Niterói, Transporte e Trânsito , estará realizando, entre 14 e 16 de abril, o 1° Seminário sobre Mobili-dade Urbana Sustentável. Outro exemplo é a par-ticipação, pelo 13º ano consecutivo, da Prefeitura de Niterói, através das secretarias municipais de Educação e Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, com colaboração de outras pastas e autarquias, do Dia Mundial de Limpe-za de Rios e Praias. A Secretaria de Educação, por exemplo, chega a mobilizar mais de 2 mil pesso-as – entre gestores e alunos de 17 unidades esco-lares municipais, professores, equipes de apoio, pais e familiares – em 22 praias, rios e lagoas da cidade. Eventos como estes mostram a integra-ção entre os órgãos da Administração, mas, o que é mais importante, mostram a adesão da população ao conceito de que uma cidade me-lhor não é tarefa apenas do Prefeito ou do Secre-tário, mas de todos nós que vivemos nela. Cada canudinho de refrigerante, ponta de cigarro, lata, plástico e todo tipo de lixo recolhido pelos volun-tários serve para refl exão quanto à necessidade de mudarmos o comportamento. É impossível ter um gari atrás de cada cidadão.

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Leia a entrevista na íntegra no Portal do Meio Ambiente. E para maisinformações sobre Fernando Guida, acesse http://guidapv.wordpress.com

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Dengue coloca Rio no topo da lista de cidades mais vulneráveis a mudanças climáticas. Angra e Campos também estão sujeitas a sofrer epidemias constantes

às mudanças climáticas

mudanças climáticas

As cidades do Rio de Janeiro, de Angra dos Reis (região sul) e de Campos dos Goytacazes (região norte) ficaram no topo da lista de municípios do Esta-do mais vulneráveis à dengue e a outras doenças quando relacionadas a questões climáticas. Elas registraram índices superiores a 0,85, numa escala que vai de zero a um, entrando no grupo de alta vulnerabilidade para leptos-pirose, leishmaniose, diarreia para menores de cinco anos e, principalmente, dengue, conforme apontou o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

A informação consta na avaliação da vulnerabilidade da população do Es-tado do Rio de Janeiro aos impactos das mudanças climáticas nas áreas so-cial, de saúde e de ambiente. A pesquisa, divulgada em 24 de março, foi fei-ta pelo Instituto Oswaldo Cruz em parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro.

Segundo pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), se levados em consideração fatores como temperatura, precipitação (chuvas), serviços de saúde disponibilizados à população, condições de moradia, entre outros, em cenário para os próximos 30 anos, essas três cidades – Rio, Angra e Campos – vão sofrer com epidemias constantes, se o poder público não implementar medidas para garantir o controle dessas doenças.

vulnerabilidade

De acordo com Martha Barata, coordenadora geral do levantamento, na pesquisa, os cená-rios mostram que essas enfermidades podem aumentar ou diminuir, conforme as incidên-cias climáticas. Segundo ela, o ideal seria os gestores públicos criarem condições para que, mesmo com adversidades naturais, tanto a dengue como a leptospirose, a leishmaniose e outras doenças fiquem dentro de níveis consi-derados adequados.

As doenças que nós consideramos são aque-las que podem aumentar ou reduzir de acordo com a variação da temperatura. Para isso, anali-samos cenários de anomalias climáticas. Tam-bém consideramos as doenças que são mais afetadas por outros fatores, como as qualidades das infraestruturas de saúde do local, qualidade ambiental do local e as próprias condições so-ciais do município. O município que tem maior potencial de ter criadouros ou possui hospitais com poucas estruturas têm maior possibilida-de de propagar essas doenças, mas é impor-tante que os gestores públicos implementem medidas para que a população não sofra com essas variações e a dengue, por exemplo, fique dentro de padrões considerados normais.

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Br Voluntários da Pátria, uma das vias principais do bairro de Botafogo, inundada pela chuva

O IVS (Índice de Vulnerabilidade da Saúde) da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro sintetiza os indicadores de morbidade e mortalidade relevantes no Estado, que são ob-jeto de registro e análise pelo SUS (Sistema Úni-co de Saúde), e inclui a análise das ocorrências de quatro doenças presentes de forma endêmi-co-epidêmica no Estado: dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e diarreia em menores de cinco anos de idade.

Elas foram selecionadas porque apresentam formas de transmissão e persistência relacio-nadas com o clima ou podem se dispersar espa-cialmente devido a processos de migração de-sencadeados por fenômenos climáticos. O índi-ce IVS é representado por uma escala que varia de zero a um, na qual zero é o valor atribuído ao município com menor vulnerabilidade e um ao município com maior vulnerabilidade.

Os resultados da pesquisa aparecem no dia em que o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, realizou uma coletiva para pedir que a população não entre em pânico após a confir-mação do vírus da dengue tipo 4 na região . Fonte: www.visaosocioambiental.com.br

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reSíduoS SólidoSNo ano de 2010 o Brasil instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos através da pro-mulgação da Lei 12.305/10. A política de resí-duos sólidos no Brasil está baseada no Princípio do Poluidor-Pagador e no de Desenvolvimen-to Sustentável e traz uma importante inova-ção: a Logística Reversa, a qual deverá a ser im-plementada pelos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos (seus resíduos e embalagens), como outros pro-dutos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo, resíduo perigoso (observadas as regras de gerenciamento de resíduos), pilhas e bate-rias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, produtos ele-troeletrônicos e seus componentes.

A logística reversa será instrumento para o “desenvolvimento econômico e social caracte-rizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a res-tituição dos resíduos sólidos ao setor empre-sarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destina-ção final ambientalmente adequada”.

São conhecidos os esforços dos países em re-duzir a emissão de gases do efeito estufa e o au-mento do aquecimento global. Sucede que, na prática, a criação da Logística Reversa, funciona-mento e divisão de custos entre todos os respon-sáveis legais não será tarefa fácil. De acordo com a nova lei federal, os geradores de resíduos de-verão arcar com os custos da implementação do sistema. O Decreto n.º. 7.404/10, que regulamen-tou a Lei n.º 12.305/10 prevê os instrumentos e a forma de implantação da Logística Reversa, tais como: acordos setoriais, levando em conta a res-ponsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; regulamentos expedidos pelo Poder Público; ou termos de compromisso.

No que se refere aos acordos setoriais, estes serão, sem dúvida, uma ferramenta impor-tante nessa negociação que deverá envolver Poder Público, importadores, distribuidores ou comerciantes do produto objeto do siste-ma de logística reversa, uma vez que serão objeto de consulta pública, e avaliados pelo Ministério do Meio Ambiente, de forma a ga-rantir que tais acordos cumpram o objetivo

legal de destinação ambientalmente adequada dos resíduos sujeitos à lo-gística reversa. Uma outra inovação, trazida pelo Decreto n.º 7.404/10, é a previsão do Poder Público em celebrar termos de compromisso com os fa-bricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes nas hipóteses em que não houver acordo setorial ou regulamento específico.

Assim, não obstante os instrumentos trazidos pelo legislador para a im-plementação do sistema da Logística Reversa, sua execução demandará a criação de políticas públicas que facilitem a execução das obrigações pre-vistas na Política Nacional de Resíduos Sólidos, caso contrário o Poder Públi-co acabará por tornar a imposição legal inócua ou excessivamente onerosa para a própria sociedade.

Após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ficou mais que evidente que o meio ambiente passou a ocupar seu espaço na ordem eco-nômica do país. Nesse particular, saliente-se que ordem econômica, consti-tucionalmente prevista, determina que a defesa do meio ambiente deverá ser efetivada inclusive através de tratamento diferenciado, dependendo o impacto ambiental dos produtos e serviços.

É então, com vistas a tais diretrizes, que se deve atentar que o Brasil possui uma das maiores biodiversidades existente no planeta, cuja correta explo-ração de seus recursos dependerá da união de forças tanto dos entes Públi-cos como do setor Privado.

Com efeito, a implementação de um sistema de logística reversa no País ocorre em momento oportuno e enseja esforços comuns em prol do meio ambiente não só dos fabricantes, importadores, distribuidores e comer-ciantes dos produtos que deverão se adequar a nova legislação, bem como o Poder Público e de toda cadeira de consumo, considerando o ônus de sua implantação e gerenciamento. Surge aí, então, um novo nicho de negócios no gerenciamento dos resíduos sólidos, onde boas ideias sustentáveis, além de estarem em voga, poderão impulsionar o crescimento da economia for-mal, facilitando a integração dos diversos setores atingidos, seja industrial ou comercial, com o consumidor final. *Maria Alice Doria e Patricia Guimarães são, respectivamente, sócia e advogada associada da área ambiental do escritório Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados

Política nacional de

Oportunidades e novos nichos de serviços

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Por Mônica Pileggi, da Agência Fapesp

Genética forense e

conServação

Uma nova metodologia da genética forense poderá ajudar, por meio da identifi cação de variações no genoma que caracteriza cada uma das espécies, a inibir a caça do peixe-boi

A Revista do Meio Ambiente recebeu em mar-ço, do Centro Brasileiro do ISSN – CBISSN, o nú-mero de ISSN 2236-1014, exigido, por exemplo, pelo padrão Lattes, para constar do currículo dos pesquisadores e comprovação de publica-ção para professores e alunos do ensino supe-rior. Os autores interessados na publicação de seus textos e artigos científi cos no Banco REBIA de Artigos Científi cos Ambientais (www.portal-domeioambiente.org.br/ciencia-e-tecnologia/banco-de-textos-em-pdf.html) deverão enca-minhar material para exame do Conselho Cien-tífi co da REBIA, integrado pelos professores Ilza Maria Tourinho Girardi, Wilson Bueno e Arthur Soffi ati. O conteúdo deverá ser encaminhado na íntegra com um resumo. Se aprovado para publi-cação, será postado na íntegra no Portal do Meio Ambiente, e o resumo publicado na Coluna Ciên-cia & Tecnologia, na Revista do Meio Ambiente. Este é um serviço gratuito para aos assinan-tes da REBIA. Esta gratuidade é permitida pelo apoio, patrocínio e anúncios de empresas e or-ganizações que apóiam a difusão da informação científi ca no Brasil. Mais informações e envio de materiais: editoriacientifi [email protected]

Dicas do Editor• Saneamento e Saúde: o site Água Brasil ofe-rece um sistema digital de visualização e aná-lise de indicadores sobre a qualidade da água, saneamento e saúde, que está sendo construí-do e atualizado com o Instituto de Informação Cientifi ca e Tecnologica (Icict) da Fiocruz, com a participação do Ministério da Saúde. O ende-reço do site é www.aguabrasil.icict.fi ocruz.br• Dica de Leitura: O livro Água: Pacto Azul da ambientalista canadense Maude Barlow edita-do pela M.Books (www.mbooks.com.br) mostra como grandes áreas do mundo estão fi cando sem água potável e como grandes empresas engarra-fadoras estão se benefi ciando dessa escassez. * Fabrício Fonseca Ângelo é jornalista, Mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científi ca e Tecnológica em Saúde Pública, editor do Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (NEXT-Fiocruz) e docente da Especialização em Divulgação e Jornalismo Científi co em Saúde da Amazônia - Fiocruz Manaus - (21) 9509-3960 / Skype: fabricioangelo / MSN: [email protected] / Twitter: @Fabricioangelo / www.midiaemeioambiente.blogspot.com

Os peixes-boi chegam a pesar até 800 quilos, são considerados inofensi-vos e se alimentam de algas, aguapés e capim-aquático. Existem quatro espécies do animal no mundo, duas das quais estão presentes no Brasil.

O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), comum no Norte e Nordeste, é considerado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, sigla em inglês) e pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, como criticamente ameaçado de extinção no país. O peixe-boi-amazônico (Trichechus inunguis) é o menor de todos e a única espécie da ordem Sirenia que habita águas doces. Atualmente, sua classifi cação na IUCN e no Livro Vermelho é “vulnerável”.

O novo estudo utilizou a técnica de identifi cação de polimorfi smos do DNA mitocondrial. Como o polimorfi smo genético, isto é, a variação das muta-ções do DNA, é muito grande, pode-se identifi car um animal com base no seu padrão genético. Com a identifi cação, órgãos fi scalizadores poderiam saber se uma determinada carne ou pele à venda em um mercado é de um peixe-boi ou de uma espécie doméstica cuja comercialização é legal.

“A marcação molecular por RFLP e PCR [reação em cadeia da polimerase] é um método confi ável e de baixo custo para a identifi cação de mutações específi cas em espécies”, disse um dos coordenadores da pesquisa, Rodrigo A. Torres, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), à Agência FAPESP.

O estudo foi publicado na revista Zoologia, da Sociedade Brasileira de Zoo-logia, em artigo assinado por Paula Braga Ferreira, Torres e José Eduardo Gar-cia (também coordenador do projeto), todos da UFPE. Segundo Rodrigo Torres, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a ideia é que o pro-tocolo desenvolvido possa ser utilizado no desenvolvimento de ferramentas forenses capazes de identifi car, por meio da análise de fragmentos de tecido, a identifi cação de uma carne, pele ou gordura comercializados em um mercado, por exemplo. Com essa identifi cação genética, um órgão fi scalizador poderia saber se o produto deriva de gado bovino ou suíno ou de um peixe-boi. “Como esses animais são caçados e depois vendidos aos pedaços, nossa proposta é tornar possível a identifi cação de espécimes e das espécies por meio das va-riações genéticas e evitar que esse comércio continue ocorrendo”, disse.

O artigo Single nucleotide polymorphisms from cytochrome b gene as a useful protocol in forensic genetics against the illegal hunting of manatees: Trichechus manatus, Trichechus inunguis, Trichechus senegalensis, and Dugong dugon (Eutheria: Sirenia) (doi:10.1590/S1984-46702011000100019) está disponível na biblioteca online SciELO (Bireme/FAPESP) em www.scielo.br/pdf/zool/v28n1/v28n1a19.pdf

Banco de Artigos Científi cos Ambientais da REBIA conta agora com número ISSN

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ambientaiSNotas

Mudanças climáticasMudanças climáticas ou mudança de padrão ecológico? O que as fortes chuvas na região ser-

rana têm a ver com a física quântica? Sobre esses e outros assuntos correlatos foi a entrevista de meu amigo, geógrafo e professor da UERJ, Luis Henrique Ramos de Camargo, na TV-CREA/RJ. Ele é autor do livro A Ruptura do Meio Ambiente (2005) e está com nova publicação no prelo.

Doutrinas Essenciais – Direito AmbientalA Editora Revista dos Tribunais, que completa 100 anos, está lançando

coleções comemorativas sobre vários temas jurídicos. Com sete volumes e capa dura ilustrada, a coleção de Direito Ambiental é assinada por nada menos que Édis Milaré e Paulo Affonso Leme Machado – dois dos maiores mestres na área. http://emkt.rt.com.br/emkt/

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Contratação de profissionais para elaboração de Planos de Conservação Ambiental

A Diretoria de Meio Ambiente e o Depar-tamento de Recursos Humanos da CMT Engenharia Ltda, empresa responsável pela execução e acompanhamento do pro-jeto Básico Ambiental do Projeto de Inte-gração do São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional – Ministério da Inte-gração Nacional, está mobilizando equipe para a elaboração de Planos de Conserva-ção e Uso do Entorno e das Águas dos Re-servatórios e de Planos Diretores Munici-pais, conforme previsto na Licença de Ins-talação do Projeto. Para este trabalho, esta-mos contratando profissionais das áreas de:Sociologia, Engenharia (Florestal, Sani-tária e Infraestrutura), Geografia, Econo-mia, Biologia (Flora, Fauna e Limnologia), Geologia, Estudos Socioeconômicos, Ur-banismo, Aspectos Legais e Institucionais, Comunicação, Técnicos em: Geoprocessa-mento, Cadista, Digitadores. Os contrata-dos desenvolverão trabalhos nos municí-pios dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por um pe-ríodo estimado de 18 a 24 meses, e deverão residir em Pernambuco. O início dos traba-lhos está previsto para começo do mês de abril/2011. Os salários mais ajuda de custo para profissionais de nível superior variam de R$ 5.280,00 a R$ 9.241,00 e para o nível técnico variam de R$ 634,00 a R$ 2.245,00. Os interessados deverão cadastrar seu cur-rículo no site da empresa: www.facebook.com/l/43 e www.facebook.com/l/a2

Portal de divulgação de vagas para profis-sionais que trabalham com tecnologia sus-tentável - www.facebook.com/l/6

16º Congresso Brasileiro de Direito Ambiental em São Paulo

O tradicional congresso está com as inscrições abertas para a apresen-tação de teses. O congresso acontece sempre entre final de maio e início de junho. Veja mais no site do Instituto O Direito por um Planeta Verde: http://click2.virtualtarget.com.br/

* Rogério Roc co é Advogado, Mestre em Direito da Cidade e Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio/MMA. Foi Secretário de Meio Ambiente de Niterói, em 2000, e Superintendente do IBAMA/RJ na gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. Autor de livros sobre o Estudo de Impacto de Vizinhança, a Legislação Brasileira de Meio Ambiente, dentre outros temas. Em seu blog, Rogério divulga artigos e oportunidades de trabalho, cursos, publicações e eventos. http://rogerioroc co.blogspot.com/

IV Feira de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos

Com o tema “Gestão para a Sustentabilidade”, a Revista Visão Socioam-biental e parceiros realizam em Macaé, de 17 a 19 de maio, a IV Feira de Res-ponsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos. Atraindo cerca de oito mil visitantes na terceira edição do evento, em maio de 2010, este ano a Fei-ra acontecerá na Cidade Universitária. Este ano contará com diversos pales-trantes bastante bem qualificados: www.feirarsebaciadecampos.com.br

Sustentabilidade Ambiental no Brasil – IPEAO IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas lançou uma

excelente publicação sobre a Sustentabilidade Ambiental no Brasil. Ele reúne diversas informações sobre economia, desenvolvimento e sus-tentabilidade, fazendo os necessários cruzamentos entre setores que passaram a dialogar apenas recentemente. Para quem atua ou preten-de atuar na área, é leitura fundamental. Vá ao site e baixe a publicação. É gratuita e é de qualidade.http://www.ipea.gov.br/portal/

Por Mônica Pileggi, da Agência Fapesp

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PREâMBULOEstamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a huma-nidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interde-pendente e frágil, o futuro reserva, ao mes-mo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de cul-turas e formas de vida, somos uma família hu-mana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para ge-rar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos huma-nos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, decla-remos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LARA humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventu-ra exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunida-

Carta da Terrade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente glo-bal com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAçÃO GLOBALOs padrões dominantes de produção e consumo estão causando devasta-ção ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de es-pécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvi-mento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os confli-tos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O cresci-mento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sis-temas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROSA escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e mo-dos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O sur-gimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambien-tais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

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especial – dia mundial da Terra

A Carta da Terra é uma ferramenta educacional

para o entendimento dos desafios e decisões

críticas que enfrenta a humanidade e também para

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de uma maneirade viver sustentável

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Carta da Terra

RESPONSABILIDADE UNIvERSALPara realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terres-tre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabili-dade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores bási-cos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emer-gente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOSI. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE vIDA1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.• Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.• Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no poten-cial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.• Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos natu-rais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.• Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sus-tentáveis e pacíficas.• Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direi-tos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.• Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obten- ção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologica-mente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.• Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.• Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sus-tentam a vida.• Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimen-to sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.• Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.

• Promover a recuperação de espécies e ecos-sistemas ameaçados.• Controlar e erradicar organismos não-nati-vos ou modificados geneticamente que cau-sem dano às espécies nativas e ao meio am-biente e impedir a introdução desses organis-mos prejudiciais.• Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regenera-ção e que protejam a saúde dos ecossistemas.• Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustí-veis fósseis de forma que minimizem o esgo-tamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o co-nhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.Agir para evitar a possibilidade de danos am-bientais sérios ou irreversíveis, mesmo quan-do o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.• Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano sig-nificativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.• Assegurar que as tomadas de decisão consi-derem as consequências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.• Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de subs-tâncias radioativas, tóxicas ou outras substân-cias perigosas.Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.7. Adotar padrões de produção, consumo e re-produção que protejam as capacidades regene-rativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.• Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garan-tir que os resíduos possam ser assimilados pe-los sistemas ecológicos.• Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.• Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa de tecnologias am-bientais seguras.• Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar pro-dutos que satisfaçam às mais altas normas so-ciais e ambientais.

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• Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.• Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.• Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.• Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espi-ritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.• Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIçA SOCIAL E ECONÔMICA9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.• Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os re-cursos nacionais e internacionais demandados.• Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma con-dição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.• Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.• Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as nações.• Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das na-ções em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.• Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.• Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras interna-cionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsa-bilizá-las pelas consequências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, as-sistência de saúde e às oportunidades econômicas.• Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.• Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritá-rias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.• Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os mem-bros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um am-biente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde cor-poral e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.• Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacio-nal, étnica ou social.

• Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recur-sos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.• Honrar e apoiar os jovens das nossas co-munidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.• Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

Iv. Democracia, não-violência e paz13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e res-ponsabilização no exercício do governo, par-ticipação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.• Defender o direito de todas as pessoas rece-berem informação clara e oportuna sobre as-suntos ambientais e todos os planos de desen-volvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.• Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significati-va de todos os indivíduos e organizações inte-ressados na tomada de decisões.• Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.• Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedi-mentos judiciais administrativos e independen-tes, incluindo retificação e compensação por da-nos ambientais e pela ameaça de tais danos.• Eliminar a corrupção em todas as institui-ções públicas e privadas.• Fortalecer as comunidades locais, habili-tando-as a cuidar dos seus próprios ambien-tes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendi-zagem ao longo da vida, os conhecimentos, va-lores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.• Prover a todos, especialmente a crianças e jo-vens, oportunidades educativas que lhes per-mitam contribuir ativamente para o desenvol-vimento sustentável.• Promover a contribuição das artes e humani-dades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.• Intensificar o papel dos meios de comunica-ção de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.• Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

especial – dia mundial da Terra

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Como participar na iniciativa da Carta da Terra• Dissemine a Carta da Terra e aumente sua conscientização entre seus amigos e em sua comunidade local.• Subscreva a Carta da Terra e encoraje as organizações às quais você pertence e os governos locais e nacionais a usar e subscrever a Carta da Terra.• Comece um grupo de estudos sobre a Carta da Terra e explore como usá-la e aplicar seus princípios em sua casa, seu local de trabalho, sua comunidade.• Participe de um dos grupos de trabalho da Iniciativa da Carta da Terra, que enfocam seis áreas – Educação, Negócios, Mídia, Religião, Juventude e Nações Unidas.• Colabore com parceiros e afiliados da Carta da Terra e com outras organizações em sua região que já tenham aderido à Carta.• Faça contribuições financeiras ou providencie outros recursos e serviços necessários para o apoio à Carta da Terra Internacional e outros projetos a ela relacionados.• Consulte o Guia para Ação Descentralizada.

A Carta da Terra pode ser usada nas escolas, nos negócios, nos governos, em ONGs, conferências, eventos, pois se trata de:• Uma ferramenta educacional o entendimento dos desafios e decisões críticas que enfrenta a humanidade e também para o entendimento do significado de uma maneira de viver sustentável.• Um chamado para ação e um guia ético para um jeito de viver sustentável que inspira compromisso, cooperação e mudança.• Um conjunto de valores para guiar governos, em todos os níveis, na elaboração de políticas e estratégias para construir um mundo mais justo, sustentável e em paz.• Um guia abrangente para definição de responsabilidade social corporativa e responsabilidade ecológica e para formulação de enunciados de missão e códigos de conduta.• Um catalisador para diálogos multi-setoriais, intercultural e interreligiosos com objetivos comuns, valores compartilhados e ética global.• Um documento de lei branca (soft law) que proporciona uma fundamentação ética para o desenvolvimento de uma lei sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável.Um instrumento de auditoria com relação às metas de sustentabilidade.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.• Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e pro-tegê-los de sofrimento.• Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.• Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espé-cies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.• Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.• Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver con-flitos ambientais e outras disputas.• Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma pos-tura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para pro-pósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.• Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destrui-ção em massa.• Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção am-biental e a paz.• Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consi-go mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O caminho adianteComo nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar

um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da . Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e

promover os valores e objetivos da Carta.Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo senti-

do de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida susten-tável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que apren-der a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar ca-minhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da li-berdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições edu-cativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-go-vernamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma lideran-ça criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essen-cial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mun-do devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um ins-trumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensi-ficação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida. Fonte: www.cartadaterrabrasil.org

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unidoSDois dos maiores rivais do futebol brasilei-ro se uniram pela preservação do Meio Am-biente no dia 18 de abril. A Sociedade Esportiva Palmeiras se juntou ao Sport Club Corinthians Paulista no projeto Jogando pelo Meio Ambien-te, iniciativa inédita no Brasil lançada em 2010 pelo Banco Cruzeiro do Sul, que tem como objeti-vo promover a responsabilidade socioambiental junto às grandes massas por meio do futebol.

De acordo Fábio Rocha Amaral, membro do conselho administrativo do Banco Cruzeiro do Sul, a entrada de um segundo grande clube bra-sileiro comprova o sucesso do Jogando pelo Meio Ambiente. “É muito gratifi cante ver que o proje-to está ganhando força. No ano passado foram plantadas 23 mil árvores. Agora, com mais um clube, a expectativa é dobrar esse número. Sem dúvida estamos no caminho certo e o Planeta agradece”, comemora o executivo.

Veterano do projeto, o Corinthians também vê de forma positiva a entrada do principal ri-val. “Trata-se de um projeto inédito no Brasil e no mundo. Ficamos muito satisfeitos com o resultado até aqui e sem dúvida vamos conti-nuar por este caminho. Aproveitamos para dar as boas-vindas ao Palmeiras. Certamente, jun-tos teremos ainda mais força para criar um fu-turo melhor para o planeta”, afi rma Luís Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians. Em 2010, os gols da equipe de Parque São Jorge e a carboneutralização das emissões dos jogos do timão resultaram em 23 mil mudas de árvo-res plantadas na Reserva Florestal Corinthians Banco Cruzeiro do Sul, em Salto de Pirapora.

As regras do jogo No ano passado, a regra era simples: cada

jogo do Corinthians valia 100 árvores e cada gol mais 100. Como em time que está vencen-do não se mexe, a regra será mantida para 2011, porém agora passa a valer também para o Palmeiras.

Ainda para este ano, o Jogando pelo Meio Ambiente promoverá uma série de novidades. Uma delas é o Campeão do Meio Ambiente, que funcionará da seguinte forma: caso Palmeiras ou Corinthians sejam campeões de algum tor-neio, o projeto fará o seguinte plantio bônus: Campeonato Paulista – 1.000 árvores; Copa Sul-Americana: 3.000; Brasileirão: 3.000.

Cada time terá um embaixador próprio que será o responsável por difundir o Jogando pelo Meio Ambiente junto aos demais jogado-

res e torcedores. Pelo Corinthians será o goleiro Júlio César, que substi-tuirá o ex-capitão e jogador William, representante do timão em 2010. Já pelo Palmeiras a função fi cará para Deola.

Na entrevista coletiva que selou a parceria entre os dois clubes, Deola fez uma proposta, aceita rapidamente por todos os parceiros do projeto: Corin-thians, Banco Cruzeiro do Sul, Nova Estratégia e Instituto Ecoar. Nos jogos de Corinthians e Palmeiras, caso os goleiros não sofram gols em suas res-pectivas partidas, mais 200 árvores serão plantadas (100 para cada jogo).

Para o palmeirense Deola, participar ativamente de um projeto que tem um objetivo tão grandioso é um prazer. “A responsabilidade ambiental hoje é algo que precisa estar presente no dia a dia de toda a população. Não existe sustentabilidade sem o engajamento de todos. Espero defen-der mais pênaltis daqui para frente”, diz Deola.

Apesar de rivais dentro do campo, o goleirão corintiano concorda com Deola. “O futebol é um esporte que atrai multidões. Dar alegria a esse público e ainda ajudar a difundir a responsabilidade ambiental é muito legal”, observa Julio César, que ainda brinca: “bem que os atacantes ad-versários poderiam colaborar chutando todos os pênaltis na minha mão. Vou conversar com eles e até convidá-los para plantar algumas árvores”.

Outra ação é o Pênalti Sustentável, onde defender um pênalti vale até mais do que marcar um gol e resultará na plantação de 200 árvores. Também ocorrerão distribuições de prêmio e gincanas educacionais com as torcidas dos dois clubes. Uma novidade importante é que o Jogando pelo Meio Ambiente fechou uma parceria com a Cooperpac, cooperativa de catadores de papel localizada no bairro do Grajaú, em São Paulo. **Fonte: CDN Comunicação Corporativa

Para conhecer mais do projeto, acesse: www.jogandopelomeioambiente.com.br, agora dividido em duas partes, com conteúdo específi co de acordo com as informações de cada time no projeto. O twitter é @jogandoPMA, que será um espaço de interação do projeto com torcedores e jogadores. O Jogando pelo Meio Ambiente também estará presente na TV Corinthians, com programas de cunho educativo, ambiental e esportivo.

Jogando pelo Meio Ambiente, projeto inédito de educação socioambiental reúne dois grandes rivais do futebol brasileiro, Corinthians e Palmeiras

Júlio César e Deola: juntos pelo meio ambiente Divu

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pelo meio ambiente

educação ambiental

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ecologia interior

Até comparecer a um jantar no fim de 2004, Adam Werbach era o rosto mais emblemático do movimento ambientalista americano: jovem, cheio de energia e radical. Até que, diante de 250 dos mais im-portantes ambientalistas dos EUA, ele fez um discurso de 31 páginas que deixou parte da plateia boquiaberta. “Quem acha que nosso trabalho é proteger ‘coisas’, como parques e árvores não entende nada”, disse. “Que tal pararmos de tratar o aquecimento global como problema ambiental e falarmos de suas oportunidades econômicas?”

Werbach considera que o discurso foi um marco do amadurecimento de Wer-bach – para a maioria da audiência, porém, foi o dia em que ele virou a casaca.

Não que tenha se distanciado demais dos amigos – ainda é um dos 6 con-selheiros mundiais do Greenpeace. Mas agora prefere agir a seu modo: tra-balha junto de megacorporações, justamente as mais poluidoras, como o Wal-Mart. Para ele, em vez de propor taxas e multas pela emissão de carbono, o melhor é tentar mudar hábitos de quem trabalha nessas empresas.

Em entrevista à revista Superinteressante, ele afirma que o caminho para a felicidade pessoal passa pelo cuidado ecológico. Uma espécie de auto-ajuda ambiental.

Por que você resolveu sair do ambientalismo tradicional para trabalhar numa megacorporação como o Wal-Mart?

O Wal-Mart colocou para si mesmo ambiciosos objetivos sustentáveis - usar 100% de energia renovável, tratar todo o lixo, vender mais produtos verdes. A única maneira de tornar isso realidade é fazer com que todas as pessoas que trabalham na empresa se sintam parte da missão. Eu achei que poderia ajudá-los.

O que fazemos é desenvolver para cada funcionário um “Projeto de Susten-tabilidade Pessoal” (PSP) onde cada um, se quiser, tem uma chance de realizar práticas mais sustentáveis.

Entre esses objetivos pessoais a que você se refere estão parar de fumar, reduzir o peso... O que isso tem a ver com o ambiente?

Para a maioria das pessoas, quando você fala de sustentabilidade pessoal, elas vão primeiro pensar em si próprias. Essa é a base do nosso pensamen-to. A partir de pequenas ações do dia-a-dia, elas vão procurar formas de re-solver os grandes problemas do planeta.

Faz sentido, por exemplo, começar a pensar em passar mais tempo com a família, seguindo o raciocínio “eu não posso pensar em aquecimento global enquanto não passar mais tempo com meu filho”. Precisamos pres-tar atenção nessas prioridades.

Uma espécie de auto-ajuda ecológica?O movimento em que estou envolvido é o da sustentabilidade, onde as pesso-

as estão no centro. É um conceito mais amplo que o de ambiente. A sustentabi-

auto-aJuda

lidade é uma boa moldura para pensarmos como vamos lidar com os desafios da nossa vida.

Uma vez que você começa a, por exemplo, desligar luzes e aparelhos eletrônicos da sua casa antes de sair, começa a estabelecer or-dem na sua vida, nos problemas que tem. Se eu conseguir me disciplinar para reciclar uma lata toda vez que bebo, vou prestar mais atenção no que como.

Parar de fumar ou perder peso são ótimos jei-tos de lutar por um mundo mais sustentável. Nós estamos destruindo o planeta, e esse tipo de comportamento nem ao menos nos faz fe-lizes. É só você ver quanto mais feliz você está ficando por quilo de carbono consumido.

É possível fazer essa conta?Sim. Governos ou ativistas não podem fa-

zer essa conta, mas cada indivíduo sim. Veja o caso dos países historicamente mais polui-dores, como os da Europa. Há um bocado de gente rica e descontente. A questão não é se vamos piorar nossa qualidade de vida, mas como melhorá-la sem usar a desculpa do car-bono como razão para isso.

Você começou a se diferenciar do movimento quando criticou os ambientalistas por chamarem o aquecimento global de um “problema de poluição”O que há de errado nisso?

Para combater a poluição, você faz pressão para que sejam aprovadas leis que proíbem al-gum tipo de emissão, e as pessoas e empresas são obrigadas a parar de emitir.

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O ambientalista Adam Werbach conta por que foi trabalhar para grandes empresas e afirma: lutar pelo planeta é lutar para melhorar a própria vida

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Adam fala aos alunos da Stanford University, na Califórnia, em 1998

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A questão do aquecimento global é outra his-tória, é onipresente, está em todas as partes da economia, em tudo que fazemos, no transporte, nas construções, na agricultura...

Quando se fala de poluição, há tipos específicos de táticas e ferramentas que não são usados de maneira efetiva. Precisamos pensar o problema como um todo, já que é necessário reescrever to-talmente a economia, “descarbonizar” o mundo.

Alguns dos seus companheiros antigos dizem que você mudou de lado, indo trabalhar em uma empresa grande. O que você acha disso?

Trocar de lado é forte. Eu não o fiz. É uma vi-são muito pequena pensar no mundo como uma luta do bem contra o mal. A questão mais importante é saber como fazer as mudanças e como colocar as grandes instituições, mais in-fluentes, trabalhando na mesma direção.

As empresas também estão enxergando o aquecimento global como oportunidade comercial?

Sim, há uma enorme variedade de oportuni-dades. Um emergente mercado de produtos que vão dos orgânicos a qualquer um que tenha a etiqueta de “verde”. Os empresários começaram a perceber também que podem diminuir seus custos adotando práticas sustentáveis, como re-duzir a conta de luz, aumentar a eficiência dos carros, diminuir o lixo que produzem.

E há, é claro, a questão da produtividade: as pessoas mais felizes produzem mais.

Um discurso comum entre os chamados “ecochatos” é que as grandes empresas são “do mal”. O movimento ambientalista poderia tentar dialogar mais com elas?

Sim, é claro. Mas você precisa de organizações fiscalizadoras, que fiquem de fora. O Greenpe-ace, por exemplo, tem conseguido sucesso em vários campos.

Eles usam táticas diferentes – com que nem sempre eu concordo. O Greenpeace trabalha necessariamente fora das empresas; eu traba-lho para elas. Mesmo assim, é uma organização que não recebe dinheiro de outras companhias ou de governos, não se envolve em política. Essa credibilidade é bastante útil.

O que você achou da premiação de Al Gore com o Prêmio Nobel e o Oscar?

Achei ótimo, merecida. Não teremos um vice-presidente assim em um bom tempo. Ele é uma pessoa fundamental nessa mudança de ânimos agora. Al Gore não trouxe nenhuma informação nova e radical para as pessoas, mas produziu um efeito catalizador muito forte. Ele pinta cenários

assustadores, mas, para resolvermos os problemas, temos que nos concentrar neles. Se ignorarmos ou ficarmos com medo, não vamos resolver nada.

Você já disse que o movimento ambientalista, em geral, fracassa ao tentar assustar as pessoas com o futuro da Terra.

Os ecologistas não fazem só isso. Estive no Brasil dois meses atrás com o Gre-enpeace. Estávamos trabalhando com comunidades do Tapajós, onde a orga-nização está ajudando as comunidades a serem auto-sustentáveis. Não esta-mos assustando ninguém, só dizendo que é preciso preservar a floresta Ama-zônica, e ajudando-os a fazer isso. É uma oportunidade, não uma ameaça.

Foi a primeira vez no Brasil?Sim, e a experiência foi incrível. Apesar de ter lidado com a natureza a minha

vida toda, o encontro com a imensidão da floresta Amazônica foi algo espiritu-al para mim. Um momento em que pude aprender muito para a minha vida.

De fora, como você avalia a atuação do Brasil na proteção do ambiente?O mundo todo está observando o Brasil. Mas o país ainda tem muitos de-

safios. Do ponto de vista da sustentabilidade, há pontos bons e ruins. O Bra-sil é uma nação que ainda está em desenvolvimento, com milhões de pes-soas sem uma condição econômica básica. Ao mesmo tempo, há áreas su-perdesenvolvidas, mais desenvolvidas que cidades americanas.

Carl Pope, do Sierra Club [organização conservacionista americana com 600 mil membros], disse que o movimento ambiental usa soluções do século 20 para problemas do século 21. O que isso quer dizer?

É engraçado ele dizer isso, já que o Carl Pope é um dos mais importantes líderes do movimento tradicional. Mas eu concordo. O ambientalismo tra-dicional – do qual eu tento me distanciar – falha em alcançar uma parcela imensa da população mundial que ainda aspira a ser de classe média, a maior parte do globo. Ainda não temos resposta para as pessoas que têm o consumo como maior necessidade.

Você lida com essas questões desde os 7 anos de idade. Como inspirar pessoas jovens?

Inspirar as pessoas é ouvir quais são as suas ideias e colocá-las no centro. Muitos adultos acham que estão ajudando os jovens dizendo o que eles de-vem pensar. Besteira. O melhor é só ouvir a molecada. Os jovens têm inspi-ração, o que não têm, frequentemente, é autoconfiança.

Você é otimista quanto ao futuro do planeta?Sim, muitíssimo otimista. Na verdade sou mais hoje que em toda a mi-

nha vida. Estou nesse trabalho há muito tempo e agora vejo coisas mu-dando. Isso tem a ver com uma nova mentalidade. Antes, pensávamos só em proteger a floresta Amazônica. Hoje, já vemos oportunidades em tra-balhar nela. É um entendimento bem mais sofisticado. http://planetasustentavel.abril.com.br

Mais sobre Adam WerbachMora em São Francisco (EUA) com sua mulher e duas filhas. Quando tinha 7 anos, checava a qualidade do ar antes de ir para os treinos de beisebol. Entrou no Greenpeace aos 13. Em 1995, fundou a Sierra Student Coalition, hoje com 30 mil membros. Dois anos depois virou presidente do próprio Sierra Club, maior organização ambiental dos EUA. Foi vegetariano por 20 anos. Voltou a comer carne, coincidentemente ao trabalhar para o Wal-Mart. Acha a cidade de Curitiba um exemplo mundial de sustentabilidade.

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Serra do cafezal:artigo

A polêmica arrasta-se há já mais de 10 anos e a duplicação da Rodovia Régis Bittencourt no trecho paulista da cabeceira da Serra do Mar, local-mente sob a denominação de Serra do Cafezal, compreendido entre os quilômetros 336 e 367, ainda está a depender do resultado de complicadas decisões judiciais ou, em uma alternativa mais virtuosa e breve, do bom senso dos empreendedores.

De um lado numerosas e aguerridas organizações ambientalistas e da so-ciedade civil lutando para preservar as condições e atributos ambientais da região serrana, em especial da bacia hidrográfica do Ribeirão do Caçador, para tanto defendendo técnicas rodoviárias que garantam a integridade des-se valioso patrimônio natural; de outro, a concessionária Autopista Régis Bit-tencourt S/A, pertencente ao grupo OHL Brasil, defendendo opção de traçado e de técnicas rodoviárias que lhe parecem mais favoráveis em uma relação simples custo/benefício.

A necessidade logística, social e econômica da duplicação da Régis é indis-cutível; é até incompreensível que essa elementar providência viária não tenha sido executada há muito mais tempo considerando que se trata de uma das principais rodovias do país. A freqüência de terríveis acidentes e de imensos congestionamentos argumenta por si própria sobre a urgência com que essa duplicação se faz necessária.

Importante considerar que as técnicas rodoviárias adotadas ainda quando da abertura dessa rodovia em seus trechos mais montanhosos, fundamen-talmente baseadas no encaixe da pista no terreno através de uma sequência de cortes e aterros, decorrência do estágio tecnológico da engenharia viária da época (anos 50 e 60), são em grande parte responsáveis pelo enorme nú-mero de acidentes e paralisações de tráfego. O fato explica-se pela incompa-tibilidade dessa concepção de engenharia com as características geológicas e geotécnicas da região, já naturalmente propensa a deslizamentos de solos e rochas. Os cortes e aterros cumprem assim o papel de induzir e potencializar os deslizamentos, especialmente em períodos de elevada pluviosidade.

Aliás, ainda nos tempos coloniais começou-se a perceber que a Serra do Mar não apenas representava uma formidável barreira topográfica. À medida que os meios de transporte exigiam estradas mais largas e com rampas me-nos acentuadas, foram inevitáveis obras, como cortes e aterros, que implica-vam em problemáticas interferências no equilíbrio natural das encostas da

o atraso tecnológico da BR 116

A polêmica duplicação da Rodovia Régis Bittencourt

serra. Apresentou-se então como problema adi-cional ao grande desnível topográfico e acentu-adas declividades do terreno, a enorme susce-tibilidade natural dessas encostas a escorre-gamentos de solos e rochas, os quais tornaram as obras, como o próprio uso das estradas, uma incrível odisséia técnica e financeira para a so-ciedade paulista, muitas vezes com tons trági-cos de perdas de inúmeras vidas humanas.

Mas, por fim, com a implantação da Rodovia dos Imigrantes, cuja concepção coube ao emi-nente e saudoso engenheiro José Carlos de Fi-gueiredo Ferraz, a engenharia viária brasileira, apoiada nos brilhantes avanços do conheci-mento geológico e geotécnico sobre o compor-tamento das encostas serranas proporcionado pelos técnicos nacionais, optou pelo uso ex-tensivo de túneis e viadutos como forma de evitar a interferência nas instáveis encostas. O sucesso técnico dessa nova concepção de projeto a define como o novo patamar tecno-lógico a ser adotado por todas as novas estra-das brasileiras que de alguma forma venham a se desenvolver sobre regiões serranas tropi-cais úmidas, como é nossa Serra do Mar.

Nesse sentido, são extremamente gratifican-tes para a sociedade brasileira as decisões por essa mais avançada concepção que já toma-ram os responsáveis pela duplicação da Rodo-via Presidente Dutra, no trecho carioca da Ser-ra das Araras, da Rodovia Rio – Teresópolis (RJ) e da Rodovia dos Tamoios (entre São José dos Campos e Caraguatatuba – SP).

Apreciaria o meio técnico nacional e agra-deceria muito a sociedade brasileira se os res-ponsáveis pela duplicação da Rodovia Régis Bittencourt em seu trecho de transposição da Serra do Cafezal, Grupo OHL, ANTT, DNIT, tam-bém aderissem a esse novo patamar tecnoló-gico, resgatando a BR 116 para a modernidade e a racionalidade tecnológica representada pela opção por túneis e viadutos, hoje já moti-vo de orgulho da engenharia viária brasileira em todo o planeta. *Álvaro Rodrigues dos Santos é geólogo, ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e ex-Diretor da Divisão de Geologia. Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos”. Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente

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Manaus – bailes de máscaras, jogos de cena e outras mentiras convenientes

O ex-presidente Bill Clinton afirmou em Manaus que o Brasil tem que refletir sobre os impactos da construção de grandes hidrelétri-cas na Amazônia. Em qualquer país sério, um ex-chefe de estado dando palpites em assuntos de política interna seria muito mal visto e imedia-tamente repudiado pelas autoridades locais.

Já um tanto senil, Clinton defendeu o que ele acredita ser a proteção da Amazônia em benefício do oxigênio planetário, e afirmou: “Não tenho paciência para pessoas que criticam e não dão alternativas”.

“Qual a alternativa? Vocês precisam de eletricidade e querem preser-var a floresta. E 20% do oxigênio mundial vem de vocês. Não é fácil, mas vocês têm que pensar sobre essas coisas, sobre o futuro de seus filhos e netos. É preciso pensar na população indígena, nos animais, nas espé-cies de plantas que podem ter a cura para doenças.”

Ah, bom! A cura para as doenças? Clinton nunca lutou seriamente para que o Congresso norte-americano referendasse a Convenção Sobre a Biodi-versidade que garantiria “uma remuneração justa” para os países de onde venham o material genético que permite o desenvolvimento de novos me-dicamentos! A “uma remuneração justa” só pode se contrapor “uma remu-neração injusta”! E os EUA nunca aderiram a esse tratado internacional!

Ainda mais gagá – ou mais alienado –, o ex-playboy e ocasional gover-nador da Califórnia Arnold Schwarzenegger confundiu o Brasil com o México e elogiou o calor das mulheres brasileiras como fonte potencial de energias renováveis. Em condições normais de pressão e tempera-tura, as feministas considerariam isso uma ofensa. Mas no ôba-ôba da “sustentabilidade” de Manaus, valeu tudo.

Pois bem, na véspera desse encontro de ex-trelas, tietes e alguns cientis-tas para falar de mudanças climáticas, o Secretário (Ministro) do Interior do governo dos EUA anunciava a autorização para uma vertiginosa expansão da mineração de carvão em seu país. Estima-se que quando utilizado esse carvão resultará na elevação das emissões globais de carbono em cerca de 50% das atuais emissões norte-americanas, ou o equivalente a 300 usinas térmicas convencionais que usam carvão para a geração de energia.

Esse tipo de jogo de cena para agradar os diversos grupos de pressão não é uma novidade. Também no Brasil o governo andou se ufanando da redução do desmatamento na Amazônia e, simultaneamente, do poten-cial econômico da extração do petróleo em grandes profundidades (para as quais as tecnologias de extração ainda não se encontram totalmente desenvolvidas). E a tuma do meio ambiente fez e faz cara de paisagem, mesmo quando Obama declara abertamente, em discurso durante a sua viagem ao Brasil, “nós precisamos do petróleo de voces”.

Segundo a imprensa internacional, na mesma entrevista em que anun-ciou essa mega-ampliação dos negócios da indústria do carvão e das termelétrica que o utilizam, o ministtro norte-americano murmurou

algumas palavras sobre a intenção de auto-rizar a implantação de 12.000 MW de ener-gia limpa até o final do próximo ano. Eles são divertidos! A nova área de mineração de carvão possibilita a ampliação da capacida-de instalada de geração a partir do carvão em cerca de 300.000 MW de energia suja. O Greenpeace, Clinton, Arnold, e os “zam-bientalistas” brasileiros ainda não se pro-nunciaram sobre o assunto.

As imagens da mineração de carvão em Wyoming, onde foi autorizada a expansão da atividade, mostram bastante bem a pre-ocupação dessa turma com florestas, reser-vas legais, topos de morro, encostas íngre-mes, fundos de vale, e mudanças climáticas.

E por falar em proteção de florestas, a em-presa farmacêutica inglesa Beacon Hill Re-sources acaba de receber permissão para realizar sondagens em busca de magnetita nas mais valiosas florestas da Tasmânia, na Australia. Nessa área, denominada Trakine, encontra-se a maior floresta úmida do he-misfério sul, e nela vivem numerosas espé-cies em extinção e encontram-se impressio-nantes sítios arqueológicos indígenas, além de extensas áreas de cavernas.

A inglesa Beacon Hill Resources é uma das tres grandes que estão solicitando autori-zação para a mineração de céu aberto – isto é, com a total remoção das florestas – nessa área. Em sua página na internet, a empresa anuncia com orgulho essa iniciativa, bem como a aquisição de uma das maiores regiões de carvão ainda não desenvolvidas no mun-do, a Província de Tete, em Moçambique.

Haja cara de pau e cinismo!

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florestas

Um Maracanã de floresta acaba de desapa-recer. Isso desde que você começou a ler este texto, há 1 segundo. Amanhã, neste mesmo horário, você levará a vida como sempre – es-peramos. Mas os integrantes de 137 espécies de plantas, animais e insetos, não. Eles terão o destino que 50 mil espécies por ano têm: a extinção. Argumentos como os 15 Maracanãs de mata tropical devastados desde o início deste parágrafo – agora, 17 –, são fortes, mas nem sempre suficientes para que algo seja feito. Só que existe outro, talvez ainda mais persuasivo: dinheiro não dá em árvore, mas árvore dá dinheiro.

Hoje, manter uma floresta em pé é negócio da China. Em uma área estratégica perto do rio Yang Tsé, o governo chinês paga US$ 450 aos fazendeiros por hectare reflorestado. O objeti-vo é conter as enchentes que alteram o fluxo de água do rio. Equilíbrio ecológico, manuten-ção do ecossistema, mais espécies preserva-das, esses são os objetivos do Partido Comu-nista Chinês? Não.

Trata-se de um investimento. O refloresta-mento mantém o curso do rio estável e as ár-vores, sozinhas, aumentam a quantidade de chuva – as plantas liberam vapor d’água du-rante a fotossíntese. Resultado: mais água no Yang Tsé. O que isso tem a ver com dinheiro? A água alimenta turbinas das hidrelétricas distribuídas pelo rio – inclusive a megausina de Três Gargantas, 50% maior que Itaipu, que abriu as comportas em 2008.

Investindo em reflorestamento, os chineses agem de forma pragmática. Pagar fazendeiros = mais árvores. Mais árvores = mais água no rio. Mais água = mais energia elétrica barata (ainda mais no país que inaugura duas usinas a carvão por semana para dar conta de crescer como cres-ce). Mais energia barata, mais produção para a economia – e dinheiro para pagar os refloresta-dores. O final dessa equação é surreal para os pa-drões brasileiros. A China, nação que mais polui e que mais consome matéria-prima, tem índice de desmatamento zero. Abaixo de zero, até: eles plantam mais árvores do que derrubam.

Não é só lá que as árvores valem dinheiro. No país que melhor preserva sua floresta tropical acontece a mesma coisa. É a Costa Rica. Os do-nos de terras de lá são pagos para manter áre-as de floresta intactas. Parte do dinheiro vem de uma companhia hidrelétrica interessada em manter os rios que usa fluindo.

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Florestas, hidrelétricas...Só esses dois pontos já deixam claro que o

Brasil tem algo a aprender. O berço da maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira (e 3ª do mundo) fica em plena Floresta Amazônica. É Belo Monte, no rio Xingu, a 40 quilômetros da cidade de Altamira, no Pará.

A partir de 2015, ela vai servir 26 milhões de ha-bitantes. O dado mais célebre dela é outro: os 512 km2 de floresta inundada por suas barragens. É a área de uma cidade média, toda debaixo d’água.

Mesmo assim, a usina pode fazer mais bem do que mal para a mata. Pelo menos nas pró-ximas décadas. Se seguirmos a lógica da China e da Costa Rica, faz sentido que Belo Monte pa-gue algo pela manutenção da floresta, já que sem ela não tem chuva o bastante, e sem chuva o bastante não tem energia.

E não são só hidrelétricas que lucram com as ár-vores de pé, e que podem pagar para mantê-las assim. O ciclo de chuvas da Floresta Amazônica é o que garante nossas safras agrícolas – sem ele, boa parte do país seria um deserto. A ONU cal-cula que mesmo uma queda mínima na quan-tidade de chuvas que a floresta produz pode tra-zer prejuízos entre US$ 1 bilhão a US$ 30 bilhões para a agricultura nos arredores da Amazônia.

para a economia

Investindo em reflorestamento, os chineses agem de forma pragmática. Pagar fazendeiros = mais árvores. Mais árvores = mais água no rio. Mais água = mais energia elétrica barata. Mais energia barata = mais produção para a economia – e dinheiro para pagar os reflorestadores

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Florestas de pé não são boas só para a biodiversidade. Elas geram bilhões para a economia. Quando as tratarmos como empresas, aí, sim, o desmatamento pode cair a zero. Ou abaixo de zero

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O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Departamento de Áreas Protegidas (DAP), elaborou o Roteiro para Criação de Unidades de Con-servação Municipais, que serão enviados a prefeituras e organizações não-governamentais. O objetivo é elevar o número de unidades de con-servação municipais, que, atualmente, são 63. Segundo dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, o país tem 310 áreas federais e 410 estaduais.

Com linguagem acessível, o roteiro foi concebido para facilitar o entendi-mento sobre o tema para os gestores ambientais municipais e demais inte-ressados, com informações sobre as etapas para a criação de uma unidade de conservação, como, por exemplo: abertura do processo, avaliação da deman-da de criação, realização de estudos técnicos, definição de categoria, procedi-mentos anterior e posterior à consulta pública e procedimentos jurídicos.

No estudo, há também dicas sobre a melhor maneira de resolver obstácu-los comuns ao processo, além de detalhes de como proceder à elaboração do mapa e memorial descritivo da unidade ou o passo a passo para elaboração do ato de criação de uma unidade de conservação.

Elaborado por técnicos do DAP com base nos anos de experiência em processos de criação de unidades de conservação, o roteiro busca cons-cientizar os gestores municipais que unidades de conservação são com-provadamente vantajosas para os municípios, pois evitam ou diminuem acidentes naturais ocasionados por enchentes e desabamentos; permi-tem o incremento de atividades relacionadas ao turismo ecológico; pro-porcionam geração de emprego e renda; e possibilitam a manutenção da qualidade do ar, do solo e dos recursos hídricos. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

roteiro do MMAMinistério lança roteiro para criação de unidades de conservação municipais

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lAtualização: a petição foi entregue com sucesso à Frente Parlamentar Ambientalista e líderes dos partidos da Câmara. Continuem assinado, precisamos de 200.000 nomes!

Deputados da bancada ruralista querem destruir o nosso Código Flo-restal, reduzindo drasticamente as áreas de proteção e anistiando crimes ambientais. Caso aprovadas, essas emendas terão um impacto devasta-dor no Brasil e no mundo. Precisamos de soluções sustentáveis para o de-senvolvimento e não um retrocesso ambiental! Vamos conseguir 200.000 nomes em defesa do Código Florestal.

Nós sabemos que se nos unirmos, nossa voz é poderosa. Assine a petição abaixo em http://www.avaaz.org/po/salve_codigo_florestal

Aos deputados brasileiros: Nós pedimos que vocês rejeitem qualquer tentativa de alterar ou enfraquecer o Código Florestal Brasileiro. Qualquer mudança no Código deverá fortalecer as proteções ao meio ambiente e fa-vorecer pequenos agricultores, não o grande agronegócio. Nós pedimos a vocês que protejam o patrimônio natural e o futuro do Brasil.

As estimativas são imprecisas por uma li-mitação da ciência: não há como saber se um tanto de desmatamento vai provocar outro tanto de bagunça no ritmo das chuvas. Mas todo mundo sabe que a relação existe. O pro-blema é quantificá-la. Mesmo assim, faz sen-tido imaginar um futuro em que os produto-res agrícolas paguem pela preservação de flo-restas como uma espécie de seguro contra a falta de chuvas.

Claro que, se ficar só na conversa, nunca vai acontecer nada. Mas um grupo de cientistas americanos deu um passo importante. Cria-ram um software que busca calcular com al-guma precisão quanto uma área desmata-da ou reflorestada pode gerar em lucros (ou prejuízos) para a economia de uma região. O nome do programa é engenhoso: InVEST (Valoração Integrada de Serviços e Compen-sações do Ecossistema, em inglês – haja pa-ciência para inventar uma sigla dessas). E ele já saiu do mundo das ideias: é o software que a China usa para gerenciar o retorno de seu reflorestamento. Enquanto isso, devastamos mais 200 Maracanãs no tempo que você le-vou para ler este texto. Fonte: http://super.abril.com.br

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A megausina de Três Gargantas, 50% maior que Itaipu, que abriu as comportas em 2008, na China

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O acidente nuclear

do JapãoExistem hoje cerca de 450 reatores nucleares, que produzem aproximadamente 15% da energia elétrica mundial. A maioria deles está nos EUA, na frança, no Japão e nos países da ex-União Soviética. Somente no Japão há 55 deles

A “idade de ouro” da energia nuclear foi a década de 1970, em que cerca de 30 reatores novos eram postos em funcionamento por ano. A partir da década de 1980, a energia nuclear estagnou após os acidentes nuclea-res de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979, e de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Uma das razões para essa estagnação foi o aumento do custo dos reatores, provocado pela necessidade de melhorar a sua seguran-ça. Com a queda do custo dos combustíveis fósseis na década de 1980, eles ficaram ainda menos competitivos. O custo da instalação de um reator nu-clear triplicou entre 1985 e 1990.

Temos agora o terceiro grande acidente nuclear, desta vez no Japão, que certamente vai levar a uma reavaliação das vantagens e desvantagens de utilizar reatores nucleares. Vejamos quais são os fatos, as causas e conse-quências do acidente nuclear japonês.

Os fatos são bastante claros: o sistema de resfriamento deixou de funcio-nar após os terremotos e o núcleo do reator onde se encontra o urânio co-meçou a fundir, produzindo uma nuvem de materiais radioativos que esca-pou do edifício do reator, contaminando a região em torno dele. Além disso, o calor do reator decompôs a água em hidrogênio e oxigênio, o que provo-cou uma explosão do hidrogênio que derrubou parte do edifício. A quan-tidade de radioatividade liberada ainda não é conhecida, mas poderia ser muito grande (como em Chernobyl) se o reator não fosse protegido por um envoltório protetor de aço. O reator de Chernobyl não tinha essa proteção.

As causas do acidente são menos claras: a primeira explicação foi a de que, com o “apagão” causado pelo terremoto, os sistemas de emergência (gerado-res usando óleo diesel), que deveriam entrar em funcionamento e garantir que o sistema de resfriamento do reator continuasse a funcionar, falharam. A temperatura subiu muito e o núcleo do reator começou a fundir, como aconteceu no reator de Three Mile Island, nos Estados Unidos. Essa explica-ção provavelmente é incompleta; é bem provável que parte da tubulação de resfriamento tenha sido danificada, impedindo a circulação da água.

O que se aprende com essa sucessão de eventos é que sistemas complexos como reatores nucleares são vulneráveis e é impossível prever toda e qual-quer espécie de acidente. Em Three Mile Island não houve nem terremoto nem tsunami, e nem por isso o sistema de refrigeração deixou de falhar.

A principal consequência do acidente nuclear no Japão é o abalo da con-vicção apregoada pelos entusiastas da energia nuclear de que ela é total-mente segura. Tal convicção é agora objeto de reavaliação em vários países e certamente também o será no Brasil.

Essa reavaliação envolve três componentes. Em primeiro lugar, considera-ções econômicas: a competitividade da energia elétrica produzida em reato-res nucleares comparada com eletricidade produzida a partir de carvão ou gás é desfavorável a ela. Ainda assim, ela se justificaria porque o uso de car-vão ou gás para geração de eletricidade resulta na emissão de gases respon-sáveis pelo aquecimento da Terra, principalmente o dióxido de carbono. Em funcionamento normal, reatores não emitem esse gás. A competitividade da energia nuclear poderia melhorar se a emissão de carbono fosse taxada.

Em segundo lugar, considerações de segurança no suprimento de ener-gia. A produção de eletricidade em reatores nucleares torna certos países

menos dependentes de importações de car-vão ou de gás natural – caso do Japão e da França –, mas, em contrapartida, torna-os de-pendentes da produção de urânio enriqueci-do ou da sua importação.

Em terceiro lugar, riscos de natureza ambien-tal e de proteção à vida humana resultantes da radioatividade. Este parece ser o “calcanhar de aquiles” da energia nuclear. Outras formas de produção de eletricidade também ofere-cem riscos, que vão desde a mineração do car-vão até usinas hidrelétricas que, ao se rompe-rem, podem acarretar mortes e outros proble-mas, como o deslocamento de populações. No entanto, a radioatividade que é liberada em acidentes nucleares causa não só mortes ime-diatas (como aconteceu em Chernobyl), mas também doenças – inclusive o câncer – que só se manifestam anos após as pessoas terem re-cebido doses altas de radioatividade.

Escolher a fonte de energia mais adequada depende, pois, de uma comparação entre os benefícios, os custos e riscos que ela provo-ca e envolve. Diferentes países têm feito es-colhas diferentes e vários deles, na Europa, decidiram no passado excluir a energia nu-clear do seu sistema, como a Itália, a Suécia e outros. Já outros, como o Japão e a França, fizeram a opção oposta.

Após 25 anos sem acidentes nucleares de grande vulto, a confiança na segurança de re-atores aumentou e houve um esforço para es-timular um “renascimento nuclear” com apoio governamental, principalmente nos Estados Unidos. O acidente nuclear do Japão destruiu essa credibilidade e reviveu todos os proble-mas já esquecidos que reatores nucleares po-dem trazer. E também provocou uma reanáli-se de interesse em expandir a energia nuclear como solução na Europa e nos Estados Unidos.

Essa reavaliação é particularmente impor-tante para os países em desenvolvimento, como o Brasil, que tem outras opções – me-lhores sob todos os pontos de vista – além da energia nuclear para a produção de eletricida-de, que são as energias renováveis, como a hi-drelétrica, a eólica e a energia de biomassa. Fonte: O Estado de S. Paulo

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As consequências do aquecimento global, porém, formam apenas um lado da tragé-dia que assolou a região serrana do Rio de Janeiro no primeiro mês de 2011. A quanti-dade de água que caiu em municípios como Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo foi, de fato, maior do que o natural.

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no sentido de criarmos mecanismos e estratégias tanto para a recupe-ração da região quanto para evitar novas mortes no futuro”, explicou o presidente da comissão, deputado Átila Nunes. Participaram da audiên-cia, entre outras autoridades, o prefeito de Petrópolis, Paulo Mustrangi e a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos.

Nuclear: sem rota de fuga

A Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj vai pedir ao Minis-tério Público Federal, em caráter de urgência, que coordene a criação de um plano de segurança para situações de emergência das usinas nucle-ares Angra 1 e 2.

Durante a audiência pública na ALERJ, no dia 30/03, os deputados concluí-ram que não existe um planejamento adequado para retirar as 220 mil pes-soas que moram nas cidades de Angra dos Reis, Manguaratiba e Paraty.

“É inacreditável a omissão das autoridades envolvidas. Vamos enviar comunicado urgente para Marinha do Brasil, Conselho Nacional de Energia Nuclear, Defesa Civil Estadual e Ministério das Minas e Energia, que são órgãos diretamente responsáveis pelo bem-estar das pessoas em caso de acidente na usina”, explicou o deputado Átila Nunes, presi-dente da comissão.

O último treinamento de retirada da população aconteceu em 2009 e teve a participação de apenas 60 moradores. “Quando a sirene da usina soa, ninguém mais dá atenção. Ele perdeu a credibilidade junto ao povo”, lamentou o deputado.

A região de Angra dos Reis já registrou abalos sísmicos na década de 1990 e em 2008, quando um tremor de 5,2 graus na escala Richter sacu-diu estados do Sul e Sudeste. Participaram da reunião o prefeito de An-gra dos Reis, Tuca Jordão, o presidente do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, a secretária de Meio Ambiente de Angra dos Reis, Maricela Datore, o diretor técnico da Eletronuclear, Luiz Soares, e o presidente da Comissão de Defesa da Ilha Grande (Codig), Alexandre Guilherme Oliveira. * Gustavo Berna é biólogo marinho, pós-graduado em meio ambiente e gestão ambiental pela COPPE/UFRJ, é superintendente-executivo da REBIA

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Em 2007, o Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês)

afirmou que, nas próximas décadas, os eventos climáticos

extremos tendem a ser muito mais frequentes

Para investigar de perto o assunto, a Comis-são de Meio Ambiente da Assembleia Legisla-tiva do Rio (Alerj) realizou no dia 18/03 sua pri-meira audiência pública do ano, no auditório da Câmara Municipal de Petrópolis que inclui vistoria para apurar denúncias sobre despejo de lixo e detritos no quilômetro 59 da BR-040, bem como o Lixão da localidade de Pedro do Rio e outros problemas ambientais ocasiona-dos pelas chuvas no início deste ano.

“Estamos diante da maior catástrofe natural do nosso estado. Com essa audiência, preten-demos buscar prazos e soluções com o Exe-cutivo e a sociedade para tentar amenizar o sofrimento da população da Região Serrana,

O deputado Átila Nunes (PSL), presidente da Comissão de Meio Ambiente e o deputado Bernardo

Rossi (PMDB), integrante da chamada CPI das Chuvas, realizaram duas vistorias no aterro sanitário

de Pedro do Rio e no “bota-fora” de entulhos das cheias do Vale do Cuiabá. Eles foram acompanhados

pelo presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Igor

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O resultado já era esperado, mas até agora os cientistas não tinham pesquisas suficientes para provar isso.

Quem já sofreu com eventos climáticos extre-mos tem maior tendência a se preocupar com o aquecimento global e a poupar energia. Foi o que concluiu uma pesquisa feita com 1.822 pes-soas em várias partes do Reino Unido, publicada esta semana na revista Nature Climate Change.

Segundo ela, as pessoas que enfrentaram en-chentes e outros desastres naturais comumen-te associados ao aquecimento global ficam mais inclinadas a tentar evitá-lo, tomando me-didas ativas, como a redução do uso de energia.

Inimigo íntimoDe acordo com vários cientistas sociais, a vi-

são das consequências do aquecimento global como algo que acontece em locais muito dis-tantes, ou mesmo daqui a muitos anos, acaba não motivando as pessoas a agir. “Viver eventos climáticos extremos tem o potencial de mudar a maneira como as pessoas veem as mudanças climáticas, tornando-as mais reais e tangíveis e, finalmente, motivando-as a agir de forma mais sustentável”, diz Alexa Spence, da Universidade de Nottingham, chefe do trabalho.

Na última década, o Reino Unido enfren-tou uma série de fortes tempestades, segui-das de grandes enchentes. Das pessoas que responderam ao questionário, 20% tinham vivido essa experiência recentemente.

O estudo revela que quem teve contato direto com as enchentes percebe o aquecimento global de forma significativamente diferente daqueles que nunca viveram essa realidade. Em um resul-tado quase inesperado, essas pessoas também se mostraram mais confiantes em relação ao impacto de suas atitudes para evitar futuros de-sastres. Assim, elas se disseram mais dispostas a realizar ações como diminuir a temperatura do termostato e evitar deixar aparelhos eletrônicos ligados quando não estivessem sendo usados.

Várias pesquisas semelhantes feitas em ou-tras partes do mundo falharam em demonstrar essa ligação. De acordo com um artigo crítico na mesma revista, isso aconteceu devido ao uni-verso de pessoas avaliadas, que não teria sido amplo e representativo o suficiente. No caso da atual pesquisa, isso não aconteceria, o que tor-naria o atual resultado bastante confiável.

Cientistas das universidades de Nottingham e de Cardiff, que conduziram o trabalho, dizem esperar que as novas informações descobertas no trabalho possam ser usadas para criar cam-panhas e estratégias de engajamento mais efi-cazes contra o aquecimento global. Fonte: Folha.com

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Desastres naturais mudam percepção sobre ambiente, diz estudo

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Você sabe quanto vale

Arjen Hoekstra, criador do conceito de pegada hídrica, esteve no Brasil, recentemente, para explicar para empresas e setores do governo como utilizar essa ideia que pode otimizar o uso deste precioso recurso natural

você imagina quanta água é necessária para produzir uma simples xícara de café? Ou quanto dela é gasto para a produção de um quilo de carne bovina? E a roupa que está usando, sabe quanta água foi necessária para produzi-la? Quando você souber quanto de água é gasto para a produção de cada produto, em todas as etapas do processo – a chamada água virtual – , começará a ter uma noção do tamanho da sua pegada hídrica.

O nome pode parecer estranho, mas pega-da hídrica é um indicador de quanta água doce é usada por um consumidor ou por

uma fábrica, uma fazenda, enfim, um produtor. Na prática, significa um método para contabilizar a quantidade de água necessária para produ-zir bens e serviços e, também, dar-lhe visibilidade, ajudando a preservar a água doce do planeta.

O professor Arjen Hoekstra, da ONG Water Footprint Network, em par-ceria com WWF-Brasil, The Nature Conservancy e USP de São Carlos, re-alizou uma série de cursos e palestras com instituições-chave do país para explicar o conceito, mas ainda é novidade em todo mundo.

Segundo Hoekstra, grandes multinacionais – como Coca-Cola, Nestlé e Unilever, só para citar algumas – já estão considerando a pegada hídrica em seus cálculos de produtividade. Mas os resultados efetivos não de-vem ser visíveis em menos de dez anos. “A pegada hídrica implica num longo processo, na criação de leis que podem levar de cinco a dez anos para ser implementadas. É preciso lembrar que começamos a falar em mudanças climáticas há apenas 20 anos. E só agora vemos a criação do Protocolo de Kyoto”, explicou, com voz pausada e serena, o especialista holandês, em encontro com a imprensa.

No Brasil já há empresas associadas ao Water Footprint Network (Rede da Pegada Hídrica), como Natura e Ambev. E não apenas isso. O gover-no brasileiro também mostrou interesse pela inovação e compareceram com representantes da ANA – Agência Nacional de Águas aos encontros que aconteceram na semana passada.

“Houve uma sinalização positiva para incorporar a pegada hídrica como instrumento de medida para avaliar a qualidade, quantidade e disponi-bilidade de oferta de águas entre as regiões do país”, contou o biólogo Samuel Barreto, da WWF-Brasil. Para ele, o conceito aprimora a leitura so-bre a gestão brasileira da água, seja por parte do governo, seja por parte das empresas. “Como todo mecanismo de eficiência, leva tempo para ser implementado, mas resulta por ser mais econômico”, afirmou.

E o que isto tem a ver com vocêE que diferença faz cada um de nós saber que, para produzir uma xíca-

ra de café, são gastos 140 litros de água, desde o plantio até a produção da bebida? Ou que um quilo de carne bovina consome 15,5 mil litros des-se precioso líquido? A resposta está na possibilidade de se fazer escolhas mais conscientes e responsáveis.

A pegada hídrica de um consumidor brasileiro, segundo os cálculos do professor Hoekstra, é de 3.780 litros por dia, dos quais apenas 5% são consumidos dentro de casa em atividades cotidianas como higiene, lim-peza e alimentação. Os outros 95% correspondem à chamada “pegada invisível”, presente em produtos industriais e agrícolas.

Para Ruth Mathews, diretora-executiva da Water Footprint Network a pegada hídrica é um recurso importante para se conhecer quanta água usamos, de onde vem e como cada um pode contribuir para que o pró-prio consumo de água seja sustentável.

Hoekstra lembra que, em 2050, seremos mais de 9 bilhões de pessoas no mundo e que, hoje, já consumimos 30% a mais do que os recursos na-turais existentes permitem. E o especialista conclui: “Inverter essa curva de degradação tornou-se uma questão urgente!” Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br

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A destruição dos ecossistemas costeiros, como manguezais, brejos e terrenos alaga-diços à beira-mar, que armazenam grande quantidade de carbono, está liberando gran-des quantidades de dióxido de carbono (CO2) no oceano e na atmosfera, de acordo com o Grupo de Trabalho Internacional para Carbono Azul Costeiro.

O grupo, formado por 32 cientistas de 11 paí-ses, revelou, em reunião em Paris, que o conhe-cimento existente sobre estoques de carbono e emissões causadas pela degradação ou con-versão de ecossistemas costeiros é “suficiente para justificar ações imediatas de melhoria do manejo desses ecossistemas”.

O Grupo de Trabalho foi criado como um pas-so inicial no avanço das metas científicas, po-líticas e de manejo da Iniciativa Carbono Azul, cujos membros fundadores incluem a Conser-vação Internacional (CI), a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), e a Comissão Intergovernamental Oce-anográfica (IOC) da UNESCO.

Apelidado de “carbono azul” por sua habilida-de de sequestrar e armazenar grandes quanti-dades de carbono, tanto nas plantas quanto nas camadas mais profundas do solo, esses ecossis-temas marinhos podem conter até cinco vezes mais carbono do que em florestas tropicais. Em algumas áreas eles contêm até 50 vezes mais carbono do que em algumas áreas de florestas.

“Há algum tempo já sabemos da importân-cia dos ecossistemas costeiros para a pescaria

Cientistas anunciam plano para proteger “carbono azul” da Terra. Ação urgente é necessária para desacelerar as emissões de carbono causadas pela destruição e degradação dos ecossistemas marinhos, que armazenam até 50 vezes mais carbono do que florestas

e a proteção contra tempestades e tsunamis. Agora estamos vendo que, se destruídos ou de-gradados, esses ecossistemas costeiros se tor-nam grandes emissores de CO2, e essa emissão é feita de forma lenta, por muitos anos. Em outras palavras, é como uma hemorragia longa e lenta, difícil de estancar. Então, precisamos urgente-mente interromper a perda desses ecossistemas ricos em estoque de carbono para desacelerar as mudanças climáticas”, afirma a Emily Pidge-on, diretora do Programa Marinho de Mudanças Climáticas da Conservação Internacional.

A drenagem de terrenos alagadiços à bei-ra-mar, como manguezais e brejos, libera um quarto de milhão de toneladas de CO2 por qui-lômetro quadrado para cada metro de solo que é perdido. Dados globais mostram que brejos e manguezais estão sendo degradados ao longo das regiões litorâneas de todo o mundo a um ritmo acelerado.

Entre 1980 e 2005, 35 mil quilômetros qua-drados de manguezais foram destruídos glo-balmente – uma área do tamanho da Bélgica. Essa área ainda continua a liberar até 0.175 giga-toneladas de CO2 a cada ano – equivalen-te às emissões anuais de países como a Holan-da ou a Venezuela.

“Estudos científicos têm demonstrado que, apesar de alguns manguezais, terrenos alaga-diços e brejos representarem menos de 1% da biomassa total das plantas em terra e em flo-restas, neles circulam quase a mesma quanti-dade de carbono que os 99% restantes. Dessa

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podem conter até cinco vezes mais carbono do que

as florestas tropicais

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abr 2011revista do meio ambiente

75% dos recifes de coral estão ameaçados de extinção

Uma análise que envolveu 25 organizações ambientais reve-lou que 75% dos recifes de coral do mundo estão ameaçados de extinção.

De acordo com a pesquisa, se nada for feito, o percentual de recifes ameaçados chegará a mais de 90% em 2030 e para quase todos os recifes em 2050.

As pressões locais, tais como a sobrepesca, o desenvolvimento cos-teiro e a poluição são os riscos mais imediatos e diretos. São fatores que ameaçam mais de 60% dos recifes de coral, segundo o estudo.

A pesquisa também identificou que 25% dos recifes de corais estão em parques e reservas, porém, apenas 6% estão em áreas em que são cuidados de forma eficaz.

Mudanças climáticas são outra ameaça aos recifes de corais. O aqueci-mento do mar e a acidificação dos oceanos aumenta o percentual de di-óxido de carbono nos oceanos, o que causa branqueamento dos corais.

O relatório do estudo Reefs at Risk Revisited foi realizado pelo World Resources Institute (WRI), a ONG The Nature Conservancy (TNC), o Centro WorldFish, a International Coral Reef Action Network, Global Coral Reef Monitoring Network (GCRMN) e o Centro Mundial de Mo-nitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Na lista dos países mais vulneráveis à degradação dos recifes de co-ral do estudo, os três primeiros colocados são Haiti, Granada e Filipi-nas. Clique aqui para baixar o relatório do Reefs at Risk Revisited, que inclui recomendações para proteger os recifes. Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br

forma, o declínio desses ecossistemas tão efi-cientes em estocar carbono é uma causa vá-lida de preocupação”, alerta Wendy Watson-Wright, diretor da IOC.

No decorrer de três dias de reuniões em Paris, cientistas apresentaram as prioridades e reco-mendações para ações imediatas, que incluem:

Intensificação nas pesquisas nacionais e inter-nacionais: tais como desenvolvimento de meto-dologias de inventário e contabilidade para car-bono costeiro; realização de inventários de car-bono; realização de pesquisa e monitoração para quantificar com mais precisão as emissões de ga-ses de efeito estufa causados pela perda de ecos-sistemas costeiros; e o estabelecimento de rede de demonstrações em campo para aumentar a capacitação e colaboração de comunidades.

Melhoria do manejo local e regional: tais como identificar e reduzir as principais causas da degradação de sistemas costeiros ricos em carbono – entre elas o desenvolvimento urba-no, a agricultura, a aquicultura, a poluição, a drenagem e a introdução de construções arti-ficiais –, o reforço das políticas de proteção de sistemas costeiros ricos em carbono e a res-tauração de sistemas perdidos/degradados.

Maior reconhecimento internacional dos ecossistemas costeiros ricos em carbono: por meio de entidades internacionais estabeleci-das tais como o Painel Intergovernamental so-bre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) e a Convenção-Quadro das Nações Uni-das Sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Os cientistas enfatizaram que a melhoria no manejo de ecossistemas costeiros não visa a se tornar um bloqueio para o desenvolvimento dos países, e sim uma estratégia para priorizar a con-servação de zonas costeiras específicas, únicas, de alto potencial para estocar CO2. Eles recomen-dam que os tomadores de decisão reconheçam mais os serviços vitais que essas áreas oferecem à humanidade e priorizem sua proteção.

“A capacidade das zonas costeiras de reduzir a mudança climática ao capturar e armazenar CO2 é considerável, mas tem sido ignorada”, declara Jerker Tamelander, gerente de Ocea-nos e de Mudança Climática da IUCN. “Se valo-rizados e geridos adequadamente, os ecossis-temas costeiros podem ajudar muitos países a cumprir com suas metas de mitigação ao mes-mo tempo em que ajudam com a adaptação em áreas costeiras vulneráveis.”

O grupo de trabalho se reunirá novamente em agosto e continuará seu estudo científico colaborativo. A Fundação Waterloo, a NASA e o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma) financiaram os trabalhos do grupo. Fonte: Conservação Internacional Brasil

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*Local:MuseuNacionaldaRepública,

EsplanadadosMinistérios

www.greenmeeting.org

XI Encontro Verde das Américas

* GrEEnMEEtInG 2011 *

20, 21 e 22/09/2011Brasília DF - Brasil

anuncie aQui: (21) 2610-2272

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abr 2011 revista do meio ambiente

Narço

Data Local Evento Site Contatos

15 a 16 Divinópolis (MG) Ii Seminário de Mudanças Climáticas [email protected]

17 São Paulo (SP) Encontro Técnico Auditoria e Perícias Ambientais www.rmai.com.br (11) 3917-2878 / [email protected]

17 Passo Fundo (RS) 4° Fórum Florestal [email protected]

17 a 19 Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), São Paulo (SP)

Conferência Internacional Wits 2011 – Água, Inovação, Tecnologia & Sustentabilidade

(11) 3662-7282 [email protected]

18 Feicon Batimat 2011 – São Paulo (SP) III Seminário Green Building Council (Construção Sustentável e Copa Verde) www.gbcbrasil.org.br

22 a 25 Aracaju (SE) IV Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe www.cpatc.embrapa.br/eventos/4enrehse/ [email protected] e [email protected]

23 a 24 Grand Mercure Hotel São Paulo (SP) 5ª Conferência de Saneamento http://www.informagroup.com.br/pt/event/

show/id/1361/evento/PI09004111 3017-6800 / 0800 11 4664 [email protected]

24 a 26 Manaus (AM) Fórum Mundial de Sustentabilidade www.forumdesustentabilidade.com.br/pt_BR(11) 3643-2710 [email protected] / [email protected]

20 a 30 Palácio das Convenções do Anhembi, São Paulo (SP)

I Mostra de Sustentabilidade para Hotéis, Restaurantes e Turismo, Dentro da 5ª Fistur (Feira Internacional de Produtos e Serviços para Gastronomia, Hotelaria e Turismo)

www.fistur.com.br

abriL

Data Local Evento Site Contatos

3 a 6 Natal (RN) Nano Energy 2011 www.hopv.org/nanoenergy11/ (34) 964387555 / (34) 671517181

4 a 7 Memorial da América Latina, em São Paulo (SP)

IV Conferência Regional sobre Mudanças Globais: o Plano Brasileiro para um Futuro Sustentável www.mudancasglobais.com.br [email protected]

5 a 7 São Paulo (SP) Carbon Market Americas 2011 http://www2.greenpowerconferences.co.uk/ Tel.: 55 (11) 38967544 / paul.shearer@ greenpowerconferences.com

7 a 9 Finatec-UNB, Brasília (DF) VI Infogeo, Simpósio sobre Solos Tropicais e Processos Erosivos no Centro-Oeste e o II Geocentro www.geocentrooeste2011.com.br/

(62) 3251-1202 [email protected] [email protected]

8 a 9 Anfiteatro do Instituto de Biociências – Unesp, Rio Claro (SP)

I Biocelmol – A Biologia Celular e Molecular Aplicada a Estudos Ambientais www.tinyurl.com/ibiocelmol (19) 3526-4234

[email protected]

9 Instituto Mairiporã, Mairiporã (SP) – www.im.br

I Encontro de Gestão Ambiental - Uma Visão Multidisciplinar da Gestão Ambiental no Setor Público e Privado

www.encontrogestaoambiental.blogspot.com/ (11) 2803-0092 [email protected]

11 RMAI e Interação Ambiental – São Paulo (SP) Encontro Técnico Política Nacional de Resíduos Sólidos www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

12 Centro de Convenções Brasil 21 – Brasília (DF)

VII Fórum Acende Brasil – Licenciamento Ambiental: a Busca da Eficiência www.acendebrasil.com.br [email protected]

11 e 12 Abes Paraná Simpósio Tratamento Anaeróbico: Teoria, Aplicação e Desafios da Operação

www.canalagua.com.br/noticias/ver/118-simposio-tratamento-anaerobio.html

11 a 13 Erechim (RS) II Seminário sobre Estudos Limnológicos em Clima Subtropical www.uri.com.br/new/site/informacao.php (54) 3520-9000 – ramais: 9049 e 9195

[email protected]

11 a 14 Passo Fundo (RS) IV Simpósio Nacional da Água conference.arenainterativa.com.br/ snsuag2011/ (54) 3316-8371 – ramal: 8677 [email protected] / [email protected]

12 a 13 Bourbon Convention Center, São Paulo, (SP)

IV Encontro de Usuários ESRI para Energia (Sistemas de Informações Geográficas - GIS) www.img.com.br/utilities/energia2011/index.asp / (12) 3946-7799

[email protected]

13 a 15 Universidade Federal de Sergipe 1° Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (Eica) http://licaufs.blogspot.com/ [email protected]

13 a 15 Sorocaba (SP) I Simpósio de Meio Ambiente e Tecnologia Florestal www.sorocaba.ufscar.br/simatef/index.html [email protected]

13 a 15 Horto Florestal Mogi Guaçu (SP) Expoforest 2011 – Feira Florestal Brasileira www.expoforest.com.br (41) 3049.7888 [email protected]

17 a 19 ESALQ/USP, Piracicaba (SP) V Congresso Brasileiro de Biometeorologia: “Mudanças Climáticas: Impactos e Consequências nos Seres Vivos” www.infobibos.com/vcbb/index.html

(19) 3014-0148 / (19) 8190-7711 / (19) 9112-1952 nextel (19) 7811-7442 - id: 99*10452 – Elaine Abramides [email protected]

17 a 20 Santos (SP) V Simpósio Brasileiro de Oceanografia www.vsbo.io.usp.br [email protected] twitter: @sbo_2011 – (11) 3091-6653

21 a 23 Farol de Santa Marta (SC) 1º Encontro Nacional de Ativistas Ambientalistas http://encontroativistas.blogspot.com [email protected]

AgendA AmbientAl 2011

Este é mais um serviço gratuito da REBIA para estimular o encontro e os debates em torno das questões socioambientais e da sustentabilidade

44

abr 2011 revista do meio ambiente

agenda ambiental 2011

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abr 2011revista do meio ambiente

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mar 2011revista do meio ambiente

24 a 27 Bento Gonçalves (RS) Fiema Brasil – Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente - 5ª edição www.fiema.com.br (54) 3055-3225

[email protected]

26 a 27 Centro Convenções do WTC, São Paulo (SP)

Agromanagement 2011 – I Fórum de Gestão e Liderança no Agronegócio www. agromanagement2010.com.br (19) 3709-1100 / imprensa@

agromanagement2010.com.br

26 a 28 São Paulo (SP) VI Feira Internacional de Resíduos Sólidos – Resilimp www.feirasnacipa.com.br/resilimp1/ (11) 5585-4355

28 São Paulo, SP Fibops Técnica: Energia E Inovações http://www.institutomais.org/calendario (11) 3257-9660 www.institutomais.org/contato.php

28 e 29 Centro Universitário Salesiano de Lorena – Unisal (SP)

I Seminário de Sustentabilidade – Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira

http://ambienteregionalagulhasnegras.blogspot.com/2011/03/seminario-regional-vai-debater.html

(12) 3152-2033 ramal 253 Roberta Werneck – Unisal Lorena [email protected]

Maio

Data Local Evento Site Contatos

1 a 4 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Foz do Iguaçu (PR)

II Simpósio Nacional de Geografia Política, Território e Poder e I Simpósio Internacional de Geografia Política e Territórios Transfronteiriços

www.nilsonfraga.com.br/geosimposio/evento.php

4 a 7 Expounimed Curitiba (PR) Reciclação 2011 – Feira Brasileira de Reciclagem www.montebelloeventos.com.br/reciclacao2011

5 RMAI e Interação Ambiental – São Paulo (SP) Encontro Técnico Emissões Atmosféricas www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

6 São Paulo (SP) Seminário Sobre Remediação De Áreas Contaminadas www.internews.jor.br/seminario.asp?e=446 (11) 3751-3430 – Ramal: 206 [email protected]

6 a 8 ESALQ, Piracicaba (SP) VIII Siga - Seminário de Integração para Gestão Ambiental http://esiga.org.br/

(19)3429-4444 – ramal 8703 (11) 8606 0157 / (11) 7260-6618 [email protected] [email protected]

10 a 12 Porto Alegre (RS) II Fórum Internacional de Gestão Ambiental - “Água e Comunicação: Uma Relação Vital” www.figambiental.com.br/Default.aspx (51) 3226-6619 / 3226-6656

[email protected]

11 a 13 Centro de Eventos da PUCRS, Porto Alegre (RS)

Eracs 2011 – Energias Renováveis e Alternativas no Cone Sul www.eracs.org.br (51) 3225-9169

[email protected]

17 a 19 Cidade Universitária, Macaé (RJ) IV Feira de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos www.feirarsebaciadecampos.com.br

(22) 2772.0266 Revista visão socioambiental www.visaosocioambiental.com.br

17 a 20 Curitiba (PR) Conferência Internacional de Cidades Inovadoras 2011 www.cidadesinovadoras.org.br/cici2011

18 a 20 Vila Velha (ES) 3º Seminário Regional Sudeste de Resíduos Sólidos & IX Sesma/Abes (ES) www.abes-es.org.br (27) 3324-5211

[email protected]

18 a 20 Campus da Unip - Mirandópolis, São Paulo (SP)

3º Workshop Internacional sobre Avanços em Produção Mais Limpa www.advancesincleanerproduction.net

20 e 21 Londrina (PR)IV Edição do Congresso Nacional de Responsabilidade Socioambiental – Novos Paradigmas para a Sustentabilidade

www.cnrs.com.br/sobre.html (43) [email protected]

20 a 22 Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP) Viva A Mata – Mostra de Iniciativas e Projetos em Prol da Mata Atlântica www.sosma.org.br

(11) 3262-4088 [email protected] educaç[email protected]

24 e 25 Rio de Janeiro (RJ) Seminário Sistemas Inteligentes de Transportes - Coppe www.eng.uerj.br/noticias/1274115922 (21) 2262-9401 – Cristiana Iop [email protected]

23 a 27 Rio de Janeiro (RJ)XIV Encontro Nacional da Anpur (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional)

www.xivenanpur.com.br

24 a 26 Embrapa Meio Ambiente-Jaguariúna (SP)

V Cobradan Congresso Brasileiro de Defensivos Agrícolas Naturais www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3 [email protected]

25 a 27 Poços de Caldas (MG) 8º Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas hwww.meioambientepocos.com.br/programa.asp (35) 3697-1551

27 São Paulo (SP) Encontro Técnico Emergências Ambientais e de Segurança www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

31/05 e 1º e 2/06

Campo Grande (MS) III Mostra de Soluções Sustentáveis www.capital.ms.gov.br/meioambiente (67) 3314-3293/3294 [email protected] /

31/05 a 3/6 FIRJAN, Rio de Janeiro, RJ Bgc- Rio Global Green Business www.brightgreencities.com (085) 3242-5441/8814-4507/9673-0411

[email protected]/ [email protected]

juNho

Data Local Evento Site Contatos

1 a 3 Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP) Eco Business 2011 www.ecobusiness.net.br/feira (11) 2387-7678

[email protected]

1 a 3 JW Hotel Marriot – Copacabana, Rio de Janeiro (RJ)

1º Seminário Internacional Sobre Sustentabilidade em Estações de Tratamento de Esgotos / Abes (RJ)

www.abesrio.org.br/eventos/24-1o-seminario-internacional-sobre-sustentabilidade-em-estacoes-de-tratamento-de-esgoto.html

(21)2277-3915 / 2277-3916 [email protected] [email protected]

4 Rio de Janeiro (RJ) Evento Limpando & Reciclando www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html

5 a 9 Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT) XVIII Congresso Brasileiro de Ornitologia http://avesmatogrosso.blogspot.com/search

http://congressodeornitologiamt.blogspot.com

8 a 9 UFRGS, Porto Alegre (RS)Produção + Limpa: IV Seminário sobre Tecnolocias Limpas e VI Fórum Internacional de Produção Mais Limpa

www.abes-rs.org.br/tecnologias2011/ [email protected]

8 a 10Sede do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Tefé (AM)

VIII Sap – Seminário Anual de Pesquisa www.mamiraua.org.br/pagina.aspx?cod=272&xcod=8

Eunice Venturi [email protected]

Page 46: Revista do Meio Ambiente 35

4�

abr 2011 revista do meio ambiente

juNho

Data Local Evento Site Contatos

13 a 15 Centro de Eventos FIERGS, Porto Alegre (RS) 3° Fórum Internacional de Resíduos Sólidos www.institutoventuri.com.

br/forum2011/site/capa/

(51) 3024-4008 / (51) 3347-8636 [email protected] [email protected]

14 a 19 Goiás (GO) Xiii Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica www.fica.art.br (62) 3223-3051 / 3223-1313.

[email protected]

13 a 15 São Paulo (SP) Congresso Ambiental – 9ª Edição www.informagroup.com.br/congressoambiental (11) 3017-6888 [email protected]

30 São Paulo (SP) Fibops Técnica: Mercado e Consumo www.institutomais.org/calendario (11) 3257-9660 www.institutomais.org/contato.php

juLho

Data Local Evento Site Contatos

5 a 8 Fortaleza (CE) All About Energy 2011 http://www.allaboutenergy.com.br/2011/sites/portugues/home.php?st=inicio

(85) 3033.4457 [email protected]

6 a 8 Rio de Janeiro (RJ) Rio Ambiente 2011 – Resíduos Sólidos www.firjan.org.br 0800 0231 231 / [email protected]

7 RMAI e Interação Ambiental - São Paulo (SP)

Encontro Técnico Tratamento e Reutilização de Efluentes www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

9 a 8Universidade Federal de Alagoas/ Centro de Tecnologia – Laboratório de Estruturas e Materiais, Maceió (AL)

Enarc 2011: II Encontro Nacional sobre Aproveitamento de Resíduos na Construção Civil – II Seminário sobre Resíduos Sólidos na Construção Civil

www.enarc2011.lccv.ufal.br (82) 3214-1287 Girley Vespaziano Ou Vanessa

10 a 15 Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO)

63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) www.sbpcnet.org.br/goiania/sobre/

Acadêmica Agência de Comunicação(11) 5549-1863 / 5081-5237 / 9912-8331 [email protected]

11 a 16 Universidade Federal da Grande Dourados (MS)

XIV Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada: “Dinâmicas Socioambientais das Inter-Relações às Interdependências”

www.xivsbgfa.com.br/index.php [email protected]

18 a 21 Palácio das Convenções do Anhembi, São Paulo (SP)

12º Simpósio de Controle Biológico: “Mudanças Climáticas e Sustentabilidade: Quebra de Paradigmas” www.seb.org.br/siconbiol2011

21 a 24 Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) 31º Congresso Brasileiro de Espeleologia www.sbe.com.br/31cbe.asp

(19) 3296-5421 [email protected] [email protected]

23 Centro de Convenções do Novotel Center Norte – Vila Guilherme (SP)

VII Conferência de Pequenas e Grandes Centrais Hidrelétricas Mercado & Meio Ambiente www.conferenciadepch.com.br/index.php

CERPCH - (35) 3629-1443 Fax: (35) [email protected]

26 a 28 Centro de Eventos São Luis, em São Paulo (SP)

Fibops – Feira e Congresso Internacional de Boas Práticas Socioambientais www.fibops.com.br

(11) 3257-9660 Kathellym Santos [email protected]

31/07 a 5/8 Uberlândia (MG) XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo www.cbcs2011.com.br/index.php (43) 3025-5223

[email protected]

agoSto

Data Local Evento Site Contatos

1 a 3 Pavilhão Branco - Expo Center Norte, São Paulo (SP) XXIII Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente www.fenasan.com.br/index.php (11) 3868-0726

[email protected]

3 a 4 Novotel Center Norte,, São Paulo (SP)

VII Conferência de Pequenas e Grandes Centrais Hidrelétricas www.conferenciadepch.com.br/index.php

(35) 3629-1443 / Fax: (35) 3629-1439 skype ID: [email protected]

5 RMAI e Interação Ambiental - São Paulo (SP)

Encontro Técnico Licenciamento e Responsabilidades Ambientais www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

7 a 12 Sheraton Rio Hotel & Resort, Rio de Janeiro (RJ)

XIV Conferência Internacional de Eletricidade Atmosférica – Icae 2011 www.icae2011.net.br/index.pt.html [email protected]

14 a 18 Campos do Jordão (SP) 1ª Conferência Brasileira de Tecnologia e Ciência de Bioenergia http://bbest.org.br/ [email protected]

16 a 19 Curitiba (PR) Biotech Fair 2011 e VI Congresso Internacional de Bioenergia www.eventobioenergia.com.br/feira/br/index.php (54) 3226-4113

[email protected]

25 RMAI e Interação Ambiental - São Paulo (SP) Encontro Técnico Gerenciamento de Resíduos www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

25 São Paulo (SP) Fibops Técnica: Mídias e Tecnologias Sociais www.institutomais.org/calendario (11) 3257-9660 www.institutomais.org/contato.php

29 a 31 Pirenópolis (GO) Nsat 2011 - Simpósio Brasileiro de Solos Não Saturados www.nsat2011.com.br [email protected]

SEtEMbro

Data Local Evento Site Contatos

A definir

Usina do Gasômetro, Porto Alegre (RS) IV Bionat Expo – Feira de Sustentabilidade http://www.bionatexpo.com/ 51 3228 8692 - 9117 5018

[email protected]

7 a 9 UFES – Universidade Federal do Espírito Santo (ES)

VI Encontro Nacional e IV Encontro Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis (Enecs e Elecs 2011) www.elecs2011.com.br 4009-2581

8 RMAI e Interação Ambiental - São Paulo (SP)

Encontro Técnico Gestão de Transporte e Produtos Químicos www.rmai.com.br (11) 3917-2878

[email protected]

11 a 16 Porto Alegre (RS) 12th International Conference on Urban Drainage www.acquacon.com.br/icud2011/en/conference.php

(11) 3868 0726 [email protected]

12 a 15 Grande Vitória (ES)41º Seminário de Redução de Minério de Ferro e Matérias-Primas & 12º Simpósio Brasileiro de Minério De Ferro

(11) 5534-4333 / [email protected] / [email protected] / [email protected]

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abr 2011 revista do meio ambiente

agenda ambiental 2011

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SEtEMbro

Data Local Evento Site Contatos

14 a 16 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife (PE)

XII International Specialized Conference on Watershed and River Basin Management iwa2011recife.wordpress.com/

81.2126.8744 [email protected] e [email protected]

15 RMAI e Interação Ambiental - São Paulo (SP)

Encontro Técnico Rotulagem e Homologação de Embalagens www.rmai.com.br (11) 3917-2878 [email protected]

16 a 22 Hotel Guanabara, São Lourenço (MG)

I Encontro de Educação do Circuito das Águas; I Simpósio de Sustentabilidade: “Homem - Ambiente - Sustentabilidade” e X Congresso de Ecologia do Brasil

www.xceb.com.br/ www.seb-ecologia.org.br

(11) 30917600 [email protected]

17 Rio de Janeiro (RJ) Clean Up The World / Dia Mundial de Limpeza 2011 http://www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html

20 a 22 Brasília (DF) Greenmeeting - XI Encontro Verde das Américas www.greenmeeting.org [email protected]

20 a 23 São Paulo (SP) Ambientalexpo 2011 - 3ª Feira de Equipamentos, Produtos, Serviços de Tecnologias Ambientais

11 3717 0737 [email protected]

25 a 28 Porto Alegre (RS)26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental e Fitabes - Feira Internacional de Tecnologia de Saneamento Ambiental

http://www.abes-dn.org.br/eventos/abes/26cbes/index.html e www.fitabes.com.br

[email protected] (21)2277-3915 [email protected] (21)2277-3916

25 a 29 Porto de Galinhas (PE)Xiv World Water Congress e 10º Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa

http://worldwatercongress.com/ e https://webserv.dec.uc.pt/weboncampus/event/dataEvent.do?elementId=550

[email protected] / 11 3868 0726

26 a 29 ExpoMinas, Belo Horizonte (MG)Exposibram 2011- 14ª Edição da Exposição Internacional de Mineração e do Congresso Brasileiro de Mineração

www.exposibram.org.br (31) 3444-4794 [email protected]

27 a 29 Rio de Janeiro (RJ) Sustentável 2011 www.cebds.org.br/cebds/sustentavel2011.asp [email protected] / (21) 2483.2250

27 a 30 Minascentro - Belo Horizonte (MG) Ecolatina - 8ª Conferência Latino-Americana sobre Meio Ambiente e Responsabilidade Social www.ecolatina.com.br/2009/default.asp (31) 3116.1000

outubro

Data Local Evento Site Contatos

4 a 6 Centro Fecomércio de Eventos, São Paulo (SP)

II Congreso Internacional de Medio Ambiente Subterrâneo www.abas.org.br/cimas/pt/index.php 11 3868 0726 [email protected]

12 a 15 Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, (PA)

II Congresso Nacional de Educação Ambiental e IV Encontro Nordestino de Biogeografia

(83) 3216-7946; 3243-7264; (83) 8834-7180 – OI, (83) 9979-4080 – TIM [email protected]

17 a 21 Universidade Federal do Espírito Santo Vitória (ES)

Iwa 4 ª Conferência sobre Odores e Cov: Emissão, Técnicas de Controle, Medidas de Dispersão e do Impacto

(27) 3335 2066 [email protected]

25 a 27 Univasf – Juazeiro (BA) III Simpósio Brasileiro de Mudanças Climáticas e Desertificação: Experiências para Mitigação e Adaptação

(87) 3862-1711 ramal 269 [email protected]

27 São Paulo (SP) Fibops Técnica: Economia de Baixo Carbono e Tecnologias Limpas www.institutomais.org/calendario (11) 3257-9660

www.institutomais.org/contato.php

31/10 a 04/11 Balneário Camboriú (SC) XIV Colacmar 2011 – Congresso Latino-Americano de

Ciências do Mar www.colacmar2011.com/site/ (47) 3367-2202 / [email protected]

NoVEMbro

Data Local Evento Site Contatos

A definir São Paulo (SP) III Feira e Congresso de ONGs Brasileiras http://www.ongbrasil.com.br/

3 a 4 Petrobras Cenpes, Rio de Janeiro (RJ) II Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído

www.arquitetura.eesc.usp.br/ocs/index.php/sbqp2011/sbqp2011/index

7 a 11 Universidade Federal do Pará Campus do Guamá, Belém (PA)

V Simpósio Internacional de Geografia Agrária e VI Simpósio Nacional de Geografia Agrária

singa2011.ufpa.br/ [email protected] / (091) 3201 8194 / (091) 3201 7439

8 a 10RMAI e Interação Ambiental – Pavilhão Azul do Expo Center Norte, São Paulo (SP)

XIII Fimai – Feira de Meio Ambiente Industrial www.rmai.com.br (11) 3917-2878 [email protected]

9 a 11 Campinas (SP) VI Sboe - Simpósio Brasileiro de Óleos Essenciais [email protected] 193233-8035 e [email protected] (19)3243 0396 (19)9112-1952

17 a 20 PUC - Rio de Janeiro (RJ) IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental Rebia – www.rebia.org.br Envolverde – www.envolverde.com.br

(11) 30344887 / [email protected]

21 a 27 Fortaleza (CE) Encontro Intercontinental Sobre a Natureza – O2 www.ihab.org.br (85) 3262 1559, 3262 1175, 8674 1559 [email protected]

21 a 24 Campus da Universidade Federal de Minas Gerais

VII Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental - Regeo 2011 e VI Simpósio Brasileiro de Geossintéticos www.regeo2011.ufmg.br/#// 55 31 3409-1792/1794/1820/1747 /

[email protected]

27/11 a 1/12 Maceió (AL) XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos www.acquacon.com.br/xixsbrh/ (11) 3868 0726

[email protected]

DEZEMbro

Data Local Evento Site Contatos

17 Rio de Janeiro (RJ) Econatal 2011 / Verão Limpo 2012 www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html

Eventos neutros em Carbono (Prima: www.prima.org.br)

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CUPOM DO ASSINANTESIM, quero ser assinante-colaborador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada. Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário no Banco Santander, Agência 0973, C/C 7006771-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da REBIA neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail [email protected] a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

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