revista di arte

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Exclusivo Entrevista com Gabriel Mota e mostra de pinturas inéditas da exposição internacional “Memento” Barry White Matéria de Robbie Robertson fala sobre a vida e obra do Ma- estro do Soul, Barry Whhite Critica Di Arte Sérgio Vaz comenta sobre o filme Josey Weles, O fara da Lei

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ICG 2015.2 - Gabriel Mota

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Exclusivo

Entrevista com Gabriel Mota e mostra de pinturas inéditas da exposição internacional “Memento”

Barry White

Matéria de Robbie Robertson fala sobre a vida e obra do Ma-estro do Soul, Barry Whhite

Critica

Di Arte

Sérgio Vaz comenta sobre o filme Josey Weles, O fara da Lei

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SUMÁRIO

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4 CinemaCrítica do filme Josey Weles, O fora da lei.

8musicaRobbie Robertson fala sobre a vida e obra do Maestro do Soul, Barry White.

10 ensaiofotograficoO Céu da Cidade.

15 EntrevistaA Di Arte bate um papo descontra-ído com o gênio Gabriel Mota.

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Josey Wales, O Fora da Lei

Por Sérgio Vaz

CINEMA

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Em Josey Wales – O Fora da Lei/The Outlaw Josey Wales, seu quin-to filme como diretor, o segundo western, Clint Eastwood vai contra dois mitos importantes, duas ca-racterísticas marcantes do gênero em que sempre brilhou. Em primeiro lugar, o Ca-valeiro Solitário que ele interpreta, o Josey Wales do título, ao contrá-rio do que mandam a tradição e o próprio nome, deixa de cavalgar solitariamente e passa a ter compa-nhia. Em segundo lugar, rom-pendo outra tradição funda-mental do wes-

tern, tradição esta que o próprio Clint Eastwood ajudou a manter, o Cavaleiro Solitário, que é sempre homem de pouquíssimas palavras, lá pelas tantas, quando o filme já se aproxima do fim de seus longos 135 minutos, dana a falar. Faz um longo, eloquente, belo de um dis-curso! Não é para falar mal do fil-me, de forma alguma, que aponto essas características. É só porque as achei interessantes, fascinantes. É um belo western, um belo fil-me. Orson Welles o comparou aos grandes westerns de John Ford e Howard Hawks.

E como é grande e cheia de

drama, de pathos, a trajetória desse Jo-

sey Wales pela vida. A ação se passa ao longo

de muitos anos, bem mais de 12, e, durante todo esse tempo, Josey Wales está indo de um

lugar para outro, em seu ca-valo; é uma vida em

contínuo movimento, com peque-nas, rápidas paradas – é uma estra-da eterna. Me peguei pensando que, embora no Velho Oeste não hou-vesse estradas (a não ser as de fer-ro, no final), este Josey Wales não deixa de ser um road movie. De maneira fascinante, essa longa, imensa, eterna jornada aca-ba levando o personagem de volta ao começo. Josey Wales faz uma viagem até as profundezas do in-ferno para enfim voltar às suas ori-gens, redimido.

Quando a ação começa, Jo-sey Wales é um pacato fazendeiro – como era, no início da narrativa de Os Imperdoáveis/Unforgiven, a obra-prima de 1992, 16 anos mais tarde, o personagem interpretado

por Clint, Bill Munny. Só que Bill Munny havia sido, mais jovem, um temível pistoleiro; abandonara

as armas pelo amor de Claudia, a mulher de sua vida. Josey Wales, não: sem-pre havia sido um pacato peque-no fazendeiro, que tirava da terra

Além dos exér-citos regulares, havia bandos lu-tando na Guerra Civil

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o sustento de sua família – ele e a mulher tinham um filho só, um ga-roto aí de uns sete anos de idade. Na primeira sequência do filme, ele está arando a terra, suando e traba-lhando duro. Enquanto ele trabalha na terra, um bando de homens, vin-do do nada, toma a casa da família e põe fogo; quando ele corre para perto da casa, é espancado bru-talmente até perder os sentidos. A mulher é estuprada e morta, o filho é assassinado. Eram os anos da Guerra Civil Americana (1861-1865), o governo federal e os Estados mais desenvolvidos do Norte contra os Estados do Sul rurais e escravagis-tas – e o filme mostra uma realida-de que, creio, é pouco conhecida fora dos Estados Unidos. Eu, pelo menos, não sabia dessa realidade, nunca tinha ouvido falar – embora haja tantos filmes sobre a Guerra da Secessão. Além dos exércitos formais, o da União e o dos Confederados, o primeiro comandado pelo gene-ral Ulysses Grant, o segundo pelo general Robert E. Lee, havia – é o que mostra o filme – bandos de ci-vis lutando de um lado e de outro.Os bandos de civis que lutavam pela União eram chamados de per-nas-vermelhas, porque usavam so-bre as pernas, sobre as botas, uma capa de couro avermelhada. Foram pernas-vermelhas que, sem que nem por que, destru-íram a vida de Josey Wales. E assim ele resolve se unir a um dos bandos que lutavam contra os pernas-ver-melhas e os soldados do Exército regular da União. As lutas do bando são mos-tradas bem rapidamente, no início da narrativa, em uma série de to-madas em que há fusão de imagens – uma tomada ainda está visível, e a tomada seguinte já é mostrada.Enquanto vemos essa sequência de

imagens em fusão, vão rolando os créditos iniciais. E, quando os créditos ter-minam, terminou a guerra. O exér-cito da União oferece ao bando em que Josey se alistou uma espécie de anistia: bastaria que cada um dos rebeldes entregasse suas ar-mas e prestasse uma declaração de obediência aos Estados Unidos da América, e tudo bem, eram cida-dãos, e não haveria qualquer medi-da na Justiça contra eles. Fletcher (John Vernon), o líder do bando, negocia a rendição com oficiais do exército e um sena-dor. Apenas duas pessoas do ban-

do se recusam a aceitar a rendição: Josey, é claro, e um garoto de quem havia se tornado grande amigo, mestre, guia, Jamie (Sam Bottoms). Era uma cilada. Depois de receber as armas dos rebeldes, os soldados da União, sob o comando de um oficial absolutamente cruel, vindo dos perna-vermelhas, mas-sacram quase todos os membros do bando. Josey consegue tomar uma metralhadora e trucida de volta mais de uma dezena de soldados.Passa, a partir de então – estamos aí com uns 15, no máximo 20 mi-nutos de filme –, a ser procurado e

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O filme começou a ser diri-gido por Kaufman, mas ele e Clint se desentenderam

perseguido por destacamentos do exército e também por caçadores de recompensa, já que sua cabeça é

Uma seqüência extraordinária mostra a influ-ência do grande Sergio Leonecolocada a prêmio. Não vou relatar, sobre a trama do filme, muito mais do que relatei, aqueles primeiros 15, 20 minutos da narrativa. Mas é necessário registrar que, ao lon-go de suas andanças após o final da Guerra Civil e após se tornar o inimigo público número 1 de par-te do exército da União, Josey vai ganhar a companhia de um índio

bem idoso, uma figura fasci-nante, Lone Watie (interpre-tado por Chief Dan George), e uma pobre moça índia que ele salva de brancos exploradores e estupradores, Little Moonli-

ght (Geraldine Keams). Mais tarde, por uma tra-vessura do des-tino, ele salvará a vida de uma velha senhora, Grandma Sarah (Paula True-

man), e sua neta, uma garotinha aí de uns 20 anos, Laura Lee (o papel de Sondra Locke) – e esse encontro casual com as duas mulheres que estavam indo se ins-talar numa fazenda do Texas vai ajudar Josey Wales a mudar totalmente a vida que vinha levando ao longo dos últimos 12 anos. Josey já havia se encontrada com Grandma Sarah e Laura Lee antes, num armazém de uma cida-de pela qual passava. Vai reencontrá-las no momento em que a carroça delas acabava de ser atacada por um bando de comancheros – bandidos que vendiam bebi-das e outras mercadorias para os comanches. O mari-do de Grandma Sarah é morto no ataque, e um grupo de uns dez bandidos está cercando a jovem Laura Lee na evidente intenção de estuprá-la. Nesse momento, a câmara do diretor de foto-grafia Bruce Surtees, sob a batuta de Clint Eastwood, faz diversos close-ups dos rostos dos bandidos – ho-mens feios, sujos, nojentos. É uma sequência apavorante, mas muitíssi-mo bem realizada: os homens começam a rasgar as roupas de Laura Lee, ela tenta esconder o corpo, uma expressão de absoluto horror no rosto. Naquela hora, naquele exato momento me ocorreu: não foi à toda, de forma alguma, que Clint Eastwood, danado, tra-balhou com Sergio Leone. Ele aprendeu muito com o genial realizador italiano. Toda essa sequência do quase estupro, aquela série de close-ups dos homens em fúria e da mulher apavorada, traz o estilo de Leo-ne. Dezesseis anos mais tarde, em Os Imperdo-áveis, ele faria um agradecimento a Sergio e Don – Sergio Leone, com quem trabalhou em westerns me-moráveis, e Don Siegel, diretor de policiais não tão memoráveis assim.

Esse diálogo sensacional, e todo o roteiro do filme, são de autoria de Philip Kaufman e Sonia Chernus. Kau-fman é um roteirista e diretor de primeiríssima linha; é o autor, junto com George Lucas, dos personagens e da primeira história da série Indiana Jones; dirigiu poucos mas belos, importantes filmes, entre eles Os Eleitos/The Right Stuff (1983), adaptação do livro de novo jornalismo de Tom Wolfe, A Insustentável Leve-za do Ser (1988), baseado no livro de Milan Kundera, Henry & June (1990), Sol Nascente (1993), baseado no livro de Michael Crichton, e Contos Proibidos do Marquês de Sade (2000).

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Consta que Philip Kaufman começou a dirigir o filme, tendo sido então substituído por Eas-twood. Segundo o IMDb, a DGA, o sindicato dos diretores, criou, por causa dessa história, uma regra proibindo que qualquer membro do elenco substitua um diretor; a norma é conhecida em Hollywood como “a regra Eastwood”. O IMDb diz ainda que, se-gundo o biógrafo de Clint, Marc Eliot, entre os motivos das desa-venças entre Kaufman e Eastwood estava o fato de que os dois sujei-tos – ambos casados, na ocasião – convidaram para jantar, no mesmo dia, a mocinha Sondra Locke.Sondra Locke! Não chega a ser propriamente bela, pode não ser uma boa atriz (e eu a acho bem fra-ca), mas é uma pessoa interessante. Um dia ainda farão um filme sobre a vida dela. Impressionante como pa-rece nova, neste filme. Parece ter uns 18 anos. Uma incrível baby face, porque, no ano de lançamen-to do filme, 1976, estava com 32 anos. Até então, tinha trabalhado basicamente para a TV. Ela e Clint passaram a viver e a trabalhar jun-tos: fizeram seis filmes, até Impac-to Fulminante/Sudden Impact, de 1983, o penúltimo da série Dir-ty Harry. E a partir daí a carreira de Sondra como atriz despencou; apareceria ainda em mais alguns poucos filmes até sumir, a partir de 2000. Chegou a dirigir quatro filmes, entre 1986 e 1997, mas de-pois não voltou a ter oportunidade alguma. O rompimento com Clint, após 13 anos de vida em comum (entre 1975 e 1989), foi duro, difí-cil, com baixarias dele, escândalo na mídia e disputa nos tribunais – ele simplesmente mandou trocar as fechaduras da mansão do casal em Bel-Air e mandou todas as coi-sas dela para um guarda-móveis.Clint Eastwood é homem de mui-

tos filmes, muitas mulheres e mui-tos filhos. Esposas, assim, no papel, foram só duas. Filhos, teve oito, de seis mulheres diferentes. Um de-les, Kyle, nascido em 1968, pode ser visto rapidamente na sequência inicial de Josey Wales: ele faz o pa-pel do filhinho do então fazendei-ro, que faz companhia ao pai que está arando a terra, até ser chama-do pela mãe para tomar banho.

“Os homens po-dem viver juntos sem fazer picadi-nho uns dos ou-tros” Segundo o IMDb, o filme foi recebido com elogios e críticas na imprensa. Anos mais tarde, du-rante uma entrevista na televisão, Orson Welles afirmou: “Quando eu vi aquele filme pela quarta vez, compreendi que ele está entre os grandes westerns. Sabe? Os gran-des westerns de Ford e Hawks”.Leonard Maltin deu 2.5 estrelas em 4: “Longo, violento western passa-do na era pós-Guerra Civil; Eas-twood é fazendeiro pacífico que vira rebelde quando soldados da União assassinam sua família. Sua cabeça é posta a prêmio, dando origem a uma odisséia de caça de gato-e-rato. Clint assumiu a dire-ção de Philip Kaufman, que tam-bém é co-autor do roteiro.”O Guide des Films de Jean Tulard deu 3 es trelas em 4 – e o Guide só dá estrelas para um nú-mero bem reduzido dos cerca de 15 mil filmes que aborda. “Com o segundo western de Eastwood re-alizador, as coisas são mais claras. É um percurso iniciático o per-corrido por Wales, e cada uma das provas pelas quais ele passa o deixa mais perto da tranquilidade, da sa-

bedoria. O final está mais próximo de David Thoreau do que Reagen, e leva ao panteísmo. Quanto às cenas de ação – numerosas –, elas são do estilo Eastwood: secas, concisas, brutais. Um dos três ou quatro me-lhores westerns dos anos 1970. Um grande filme.”Os franceses não são bons apenas para fazer filmes, mas também (ou será sobretudo?) para escrever so-bre eles. Ah, sim. É preciso regis-trar: o tal longo discurso que Josey Wales pronuncia, que citei no co-meço deste texto, é feito quase no finalzinho da narrativa, quando ele propõe um acordo de paz entre ele e seu pessoal e os comanches lide-rados por Ten Bears (Will Samp-son). O discurso é tão longo, e tão eloquente, que Ten Bears aceita os termos do acordo de paz, pega uma faca, faz um corte na mão, espera que Josey faça o mesmo, e dão-se as mãos para sacramentar a paz com a troca de sangue. A frase final de Josey é ma-ravilhosamente apropriada a um personagem interpretado por Clint Eastwood: “Men can live together without butchering each other”.

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Barry WhiteO Maestro do Soul

Por Robbie Robertson

Barrence Eugene Carter, mais conhe-cido como Barry White (Galveston, 12 de setembro de 1944 — Los Angeles, 4 de julho de 2003) foi um cantor, compositor, maestro e produtor musical norte-americano. Com-positor de inúmeros sucessos em estilo soul e disco e de baladas românticas, e um intérpre-te com voz profunda e grave. Criou-se no gueto negro da cidade de Los Angeles. Como outros cantores norte--americanos de sucesso, também cantou em coral de igreja na juventude. Foi um adolescente inconsequente, que acabou preso aos dezessete anos de idade por roubar pneus. Na prisão, decidiu mudar de vida e de amigos. Obteve grande êxito como intérprete de baladas ro-mânticas nos anos 60. Em 1972 criou o trio feminino Love Un-limited. Posteriormente apro-veitou este nome para batizar seu grupo de acompanhamen-to, a Love Unlimited Orchestra. Foi considerado um dos precursores da disco’ mu-

sic com o lançamento, em 1974, dos sucessos Can’t Get Enough of Your Love, Babe, You´re the first, the last, my everything e o tema ins-trumental (da Love Unlimited Orchestra)

Love´s Theme. Em 1975, veio What I´m gonna do with

you. Em 1976, Let the music play. Em 1979, a sua Love Unlimited Or-chestra lança o

hit I´m só glad that I´m a wo-man. No iní-cio dos anos 80, esteve no Brasil, e, antes da turnê, lan-çou Rio de Ja-neiro. E m meados de 90, em conjunto com a canto-ra Lisa Stans-field, gravou um de seus

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MÚSICA

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grandes sucessos: All Around The World. A sua sim-plicidade e simpatia aliadas a sua grande versatilidade em interpretar temas românticos, tornou essa parce-ria inesquecível. Em fins dos anos 90, apareceu várias vezes na série de TV Ally McBeal, o que contribuiu para revita-lizar sua carreira. Foi também inspirador do persona-gem “Chef ” do desenho animado South Park. Lançou em 1999 uma autobiografia. No ano 2000 ganhou dois prêmios Grammy nos quesitos de melhor música tradicional e R&B por

Staying Power. Morreu no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles aos 58 anos, vítima de falência renal.So-fria de pressão arterial alta e estava à espera de um transplante renal. O seu corpo foi cremado e as suas cinzas foram atiradas ao Oceano Pacífico, na costa ca-liforniana.

Discografia:I’ve Got So Much to Give (1973)Stone Gon’ (1973)Can’t Get Enough (1974)Just Another Way to Say I Love You (1975)Let the Music Play (1976)Is This Whatcha Wont? (1976)Barry White Sings for Someone You Love (1977)The Man (1978)The Message Is Love (1979)I Love to Sing the Songs I Sing (1979)Sheet Music (1980)Beware! (1981)Change (1982)Dedicated (1983)The Right Night & Barry White (1987)The Man Is Back! (1989)Put Me in Your Mix (1991)The Icon Is Love (1994)Staying Power (1999)

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O Céu da CidadeEnsaio Fotográfico

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Gab

riel M

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Gabriel Mota

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Lara Fontenele

Gabriel Mota

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ENTREVISTA

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Di Arte entrevista

A revista Di Arte foi à casa de um dos maiores gê-nios da atuali-dade, bater um papo descontra-ído com o cine-asta, músico, pin-tor, ilustrador e escritor: Gabriel Mota.Quais são suas inspirações em suas respectivas áreas artísti-cas?Eu pessoalmente gosto muito de falar sobre os meus mestres, pois existe um pouco de cada um deles no meu trabalho e sem a influ-ência dessas personalidades, eu, certamente, não faria o que faço hoje.Quando falamos das minhas refe-

rências cinematográficas, eu não posso deixar de citar dois diretores fundamentais pra mim, que são: Jodorowsky e Tarkovsky. Toda a minha carga pscodélica e, de cer-ta forma, escatológica eu devo ao mestre “Jodó”. Já quando falamos de estética, impera em meus filmes o jeito “Tarkovskyano” de fazer cinema. Eu valorizo muito a foto-grafía e o som dos meus filmes, até mais que o próprio roteiro. Na mú-sica, sou muito influenciado pelo

Jazz, Bossa Nova, e pela Black Mu-sic em geral, R&B, Soul, Funk... É muito comum você escutar coisas como Jorge Ben, Tim Maia, Jobim, Isaac Hayes, Barry White, Herbie Hancock, Miles Davis e coisas do Genêro, se você entrar no meu car-ro. Nas artes plásticas eu devo mui-tíssimo ao Moebius (Jean-Giraud), Milo Manara e um cartunista pou-co valorizado, mas que eu acho es-petacular, Tony Moore. E por fim, quem já leu qualquer coisa minha

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ENTREVISTA

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sabe que eu sou um amante assu-mido da literatura do Bukowski.

Como se dá seu processo cria-tivo?Em primeiro lugar... Deus fala co-migo. O processo criativo não é algo que vem da sua vontade de fazer algo, não é uma força exter-na a você mesmo. Nunca se sabe o que seus dedos vão tocar, desenhar escrever ou fazer em seguida, en-tende? O processo criativo é uma energia interior que simplemente acontece quando você entra em contato com o seu próprio ser, com a sua essência, ou seja, com Deus. A verdadeira arte só pode ser pro-duzida se você encontra esse canal direto com o divíno, com a sua consciência. É impossível produzir algo de valor quando o seu espírito não está presente. E eu não preci-so de nenhuma instituíção religio-sa, padre, bisbo, papa, ou qualquer “mediador divíno” pra me dizer o que fazer e como fazer para en-contrar Deus. Eu faço isso comigo mesmo.Você está fazendo algum tra-balho ou tem algum projeto em andameto?Sim! No final do mês vão acontecer dois eventos colossais para a minha carreira. Eu vou expor o meu traba-lho dos útimos dois anos no museu de arte contemporânea de París. As obras vão circular pela europa e vamos encerrar as mostras aqui em Fortaleza no nosso querido MAC (Museu de Arte Contemporânea). E o outro evento é a estréia do mais novo filme que eu escrevi e fiz a fo-tografía, The Businessman, que eu botei nas mão talentosas do meu amigo Daniel Martins, que fez um trabalho espetacular... Aliás, uma galera muito boa está participando. O maestro Caio Pascoal fez a trilha comigo e a mãe do meu filho, Lara Fontenele, fez o som. Vale a pena conferir. E agora que eu aproveitei a oportunidade pra fazer propa-ganda... Tem coisa nova vindo por

aí. Eu começei um novo proje-to de uma no-vela gráfica com o meu “brother” Lucas Pasco-al. É o nosso sexto trabalho conjunto e está ficando muito bacana.Para os fãs, Gabriel Mota cedeu alguns t r a b a l h o s para a Di Arte como uma “amos-tra grátis” da sua exposi-ção interna-cional, “Me-mento”.

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