revista de domingo n] 541

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Revista semanal do jornal de fato

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Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Gildo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

Começa a programação alusiva à padroeira da cida-de de Mossoró, Santa Luzia, momento de agrade-cimento e reflexão para os católicos e devotos da

virgem de Siracusa. A edição desta semana é dedicada à programação, que neste ano traz algumas mudanças, prin-cipalmente em relação à tradicional procissão. Entre as ho-menagens previstas para 2012, tem uma especial dedicada ao saudoso Seu Mané da Rádio Rural, falecido em outubro deste ano e um dos ícones do evento A Mais Bela Voz, rea-lizado todos os anos, dentro dos festejos à padroeira.

Mas, esta edição traz uma matéria especial, um presen-te aos amantes da literatura, de grande qualidade produzi-da pelo professor da Uern e historiador Fabiano Mendes, que lembra os 120 anos de nascimento do escritor Graci-liano Ramos, material esse que será dividido em duas edições da sua revista Domingo, digna de ser lida e guardada para consultas, pesquisas e coleções.

Tem, ainda, a entrevista com o procurador Fernando Rocha, sobre projeto que mereceu menção honrosa do prê-mio nacional Innovare deste ano, e uma matéria divertida com dicas de decoração natalina e árvores de Natal susten-táveis, baratas e divertidas especialmente para as crian-ças.

Muito mais você poderá ler nas páginas que se se-guem!

Bom domingo!

editorial

Luzia!Luz,

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Especial

Confirma as novidades deliciosas que o Davi Moura traz para você

Maior evento religioso de Mossoró, Festa de Santa Luzia se reinventa

Rafael Demetrius fala como conquistar seu primeiro emprego

Adoro comer

Capa

Coluna

p4

p14

p6

p 12

p8

A primeira parte da matéria sobre os 120 anos de nascimento de Graciliano Ramos

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3Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Aprocissão do Senhor Morto ca-minhava, lenta. Contrita. À frente do andor, o padre Ade-

lino, voz forte mas comovida, puxava a reza. As beatas das associações da igre-ja iam acompanhando o padre, piedo-sas.

Fazia uma tarde calma e meio nubla-da, e em tudo parecia combinar com a unção do momento. As árvores da rua, imóveis, ruminando um silêncio sagra-do. Debruçada a uma das janelas de ca-sa, o terço pendendo-lhe das mãos des-carnadas pela tuberculose, Juliana as-sistia à procissão.

Prostrada, pedira ao pai que a levas-se à janela: queria assistir à procissão do Senhor Morto... Lá no seu mais íntimo algo lhe dizia que alcançaria a graça da cura, se fosse rezar à janela, durante a procissão, o rosário de Nossa Senhora. Devoção a que continuava fiel, apesar da revolta com a morte, que sentia pró-xima. Em plenos da mocidade.. .

O pai, seu Domingos, homem sem religião e descrente de Deus, no entan-to não hesitou em satisfazer-lhe o pedi-do, acrescido deste outro: ocupar um dos braços do andor do Senhor Morto, até o

O milagre

JOSÉ NICODEMOS*

conto

fim da procissão... Mesmo sem crer e sem rezar. E havia-lhe nos olhos (dela) uma luz que lhe parecia (ao pai) estranha.

E seu Domingos acompanhou até o fim a procissão, carregando o andor do Senhor Morto. Indiferente aos olhares admirados, algumas vezes entre cochi-chos, que ele suspeitava como deviam ser. Ainda outras vezes, risos de agres-siva ironia.

Era o ateu da cidade. O Herege, como era apontado pela cidade crente. Católi-cos e protestantes.

O padre Adelino sorria-se de conten-te: uma beata lhe cochichara, bem ao ouvido, a conversão aparente de seu Do-mingos, ali carregando o andor do Se-nhor Morto, o lenço na mão enxugando as lágrimas que lhe desciam dos olhos sempre baixos.

De vez em quando, o padre Adelino, como se não pudesse acreditar no que

via, se voltava para seu Domingos. Deus não deixa de procurar o homem, pensa-va de si para si. Aprendera, nos tempos de seminário, que não é o homem que procura Deus – Deus é que procura o homem, se o criou para Si.

Chegando em casa já anoitecendo, passos largos, a preocupação com a filha, que deixara à janela, seu Domingos foi logo avistando Juliana sentada na calçada, como era do costume. Surpreso, deixou que se lhe enchessem os olhos naquele ar de saúde que dela se irradiava, num sor-riso feliz nos lábios e nos olhos. Já sem a febre e as hemoptises daquela hora. Sem-pre angustiante para a família.

E Juliana, ao avistá-lo vindo de acom-panhar a procissão do Senhor Morto, levantou-se, com pernas firmes e ligei-ras, os braços largamente abertos, cor-rendo para abraçá-lo:

– Pai, estou curada!

Prostrada, pedira ao pai que a levasse à janela: queria assistir à procissão do Senhor Morto... Lá no seu mais íntimo algo lhe dizia que alcançaria a graça da cura

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4 Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

entrevista

FERNANDO ROCHA

Por Izaíra ThalitaPara a Revista Domingo

“Podemos resolver um

problema social histórico”

Oprocurador da República Fernando Rocha de Andrade recebeu menção honrosa na IX Edição do Prêmio Innovare 2012, que tem por objetivo identificar, premiar e disseminar práticas inovadoras realizadas por magistrados, membros do Ministério Público Estadual e Federal, defensores públicos e advogados públicos e privados de todo o Brasil, que estejam aumen-

tando a qualidade da prestação jurisdicional e contribuindo com a modernização da Justiça brasileira. O projeto encaminhado por Fernando Rocha tem por título “Realocação de asininos nas rodovias fe-derais” e está sendo realizado com a ajuda de várias instituições parceiras, entre as quais PRF, Dnit e Ufersa. Sobre o projeto que está sendo desenvolvido para reduzir o número de acidentes nas estradas causados por colisões com animais, o procurador detalha mais nesta entrevista. Confira:

DOMINGO – Como se deu a elabo-ração desse trabalho?

FERNANDO ROCHA – Na verda-de é um relatório, um resumo do que consta nos autos, dos procedimentos administrativos, que apura justamen-te a presença de animais nas BRs que compõem a jurisdição de Mossoró. En-

tão na verdade não é especificamente um projeto no sentido técnico da pala-vra, mas sim um relatório que resume a prática e o que a gente deseja fazer nos próximos anos para resolver esse problema da presença de animais prin-cipalmente os asininos, ou seja, os je-gues, nas estradas.

O QUE consta nesse relatório em termos de números e dessa incidência alta de animais encontrados?

A GENTE descobriu que o maior causador de acidentes nas estradas se deve à presença de asininos nas BRs porque estes animais, infelizmente não têm ainda valor econômico-financeiro,

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5Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

entrevista

não têm dono, podemos dizer assim. Então como eles não têm dono, não se tem a quem responsabilizar. E a nossa ideia é exatamente a gente poder dar um destino sustentável, observando as leis ambientais, a estes animais. Cada instituição tem uma função, redefinir os objetivos e os deveres de cada uma das entidades sociais. Por exemplo, o Dnit ficou responsável pela faixa late-ral e para evitar a presença de animais, a BR-304 inteira está cercada nos la-dos direito e esquerdo, e isso já ajudou a diminuir bastante. Aqui eu tenho em mãos uma grande quantidade de infor-mações de pessoas que morreram por causa de animais na estrada. Animais recolhidos em 2012 – 929 animais. Em 2010 foram 169 acidentes com ani-mais, e em 2011, 81, caindo mais de 50%. Em 2012 ainda não temos o total, o ano ainda não finalizou, mas vem di-minuindo graças a estas reuniões que estamos realizando desde 2010.

QUAIS as dificuldades encontradas nesse trabalho que foi transformado em relatório?

A DIFICULDADE encontrada foi convencer os entes envolvidos da res-ponsabilidade de cada qual, consoante a divisão legal de atribuições dos ór-gãos. Mas a principal dificuldade se referia ao destino dos animais apre-endidos. De fato, ainda quando a PRF recolhe os animais, como não há área para o seu represamento, nem estru-tura para sua manutenção, os animais retornam às rodovias. O nosso proje-to propõe a realização de identificação dos animais apreendidos mediante chip e monitoramento eletrônico.

COMO será a parceria com a Ufersa e em que momento a instituição en-trou nessa proposta de relocação des-tes animais?

A UFERSA, como uma universidade que atua com estudos sobre animais, tem uma participação importante. A minha ideia é que esses animais re-colhidos ficassem a cargo do setor de Ciências Veterinárias da Ufersa, e eles deram uma proposta de um projeto elaborado pela instituição que ain-da está sendo analisada, que pensa sobre o que fazer com estes animais. O projeto consiste em “chipar” esses animais com identificadores de loca-lização. A ideia colocada é a de que, a partir do momento em que se faz a retirada dos animais pela Polícia Rodo-viária Federal, como já vem fazendo, estes animais são repassados para a Ufersa, que faria a aplicação dos chips e posteriormente estes animais seriam

dados para a adoção. Mas, não será uma simples adoção. Será uma adoção com responsabilidade. Os donos que receberiam estes animais assinarão um termo de responsabilidade porque passam a levar um animal identificado, e se eventualmente tiver um animal solto que causou acidentes ou que está na estrada, nós iríamos saber quem era o responsável pelo animal. A ideia é justamente desenvolver um estudo para dar uma finalidade econômica a estes animais, pois o grande proble-ma é que não há interesse econômico dos asininos. Neste sentido, preciso dos estudos da Ufersa nessa busca, e para se encontrar essa finalidade eco-nômica, e será o último momento des-te projeto, é descobrir esse interesse econômico que vai evitar o abandono destes animais nas pistas. Esse é um procedimento que não está incluído. Até o momento tivemos várias reuni-ões e em cada reunião metas a serem atingidas. A ideia é chegar neste mo-mento em que os animais serão identi-ficados, chipados, com os responsáveis e com a ideia do que fazer com estes animais, do ponto de vista econômico e social. Entre as entidades destinatá-rias desses animais, temos a ideia do Incra através dos assentamentos, que receberiam com termos de responsabi-lidades, prefeituras, entre outras.

QUAL a importância de outras ins-tituições envolvidas nessa ideia, como empresas, por exemplo?

ESTOU querendo agora, para acele-rar esse projeto, que entidades e em-presas que sofrem com estes animais na pista – por exemplo, a Petrobras, seguradoras, dentre outras que têm to-dos os dias seus veículos sob o risco de acidentes por colisões com animais –, que eles, tendo acesso ao projeto, po-

deriam patrocinar, já que o custo não é alto. O projeto da Ufersa que nos foi entregue intitulado “Preservar a vida promovendo a paz pública com segu-rança” previu o valor de 77 mil reais por ano. Um acidente com caminhão por causa de animal, e sem falar ainda de vidas, que com certeza elevam mui-to os valores, falando apenas de bens materiais, basta um único acidente para que se gaste mais do que o valor previsto por ano desse projeto. Isso é algo que começamos a pensar depois do prêmio. Grandes desses vencedo-res do prêmio eram empresas priva-das que estavam bancando e ajudando a resolver um problema social. Aqui, bastaria uma empresa maior, como Petrobras, transportadoras, enfim que trabalham na estrada e sabem da difi-culdade e riscos que correm, para nos ajudar a viabilizar esse projeto. A par-tir de agora, vamos buscar esse apoio. Esse é um projeto amplo, que em parte já está sendo executado no momento, como, por exemplo, a análise frequen-te da PRF de animais na pista. A polícia agora tem dois caminhões com laçado-res para capturar os animais e são des-tinados a fazendeiros que demonstrem interesse, mas o problema é que não chegamos ao nível de identificar para caso este animal volte a ser capturado ou mesmo provocar acidentes, a gente possa saber quem são os responsáveis, inclusive impor multa, até criminal-mente responsabilizá-los. Hoje é difícil punir, porque não sabemos quem são os donos. Imagine que pelo sistema de GPS será possível, em um nível maior, saber quantos animais estão nas pis-tas, sob o risco de provocar acidentes e em qual quilômetro, para que sejam recolhidos. É uma forma de pôr fim a um problema histórico, de anos e que já retirou a vida de muita gente.

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capa

Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

A tradição A tradição

A Festa de Santa Luzia 2012 se inicia com uma programação religiosa e cultural intensa que culminará com a procissão, agora, em novo percurso

que se reinventaque se reinventa

Afesta à padroeira Santa Luzia – a maior festa religiosa da ci-dade de Mossoró e uma das

maiores do Estado – abre oficialmente amanhã, 3, e muitos devotos aguardam pelos dias que seguirão com uma ampla programação festiva e religiosa.

A preparação para este momento já vem sendo construída há alguns meses, com visitas da imagem em casas e insti-

tuições de toda a cidade de Mossoró, e já neste domingo haverá a Romaria da Luz (veja a programação completa de 2012 no infográfico).

Neste ano, a festa ganha mais eventos na sua programação e também traz mo-dificações importantes. A principal mu-dança é no percurso que será realizado no dia da procissão à padroeira, dia 13 de dezembro.

O trajeto não será pelas ruas do cen-tro da cidade, como é da tradição, mas sim, descerá a Avenida Presidente Dutra, no bairro Alto de São Manoel (zona leste), saindo do Mosteiro Fraternidade São Francisco de Assis das Irmãs Clarissas. A mudança acontecerá em comemora-ção ao Jubileu de Santa Clara: 800 anos de fundação da Ordem das Clarissas.

A procissão sairá do referido local, na

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7Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

Programação geral – Festa de Santa Luzia 201203/12 - ABERTURA DA FESTA19h30 - Cerimônia oficial de abertura da festaHasteamento das bandeiras na matriz de Santa Luzia21h- Show musical com Waldonys e banda celebrando os 100 anos de Luiz gonzaga.

04 A 12/12 - CELEBRAçõES nA CATEDRAL DE SAnTA LUzIAMissas, às 6h.Noveninha nas comunidades, às 9h.Novenas, às 16h e 19h30.Adoração das 12h às 15h.Confissões individuais das 7h às 12h e das 14h às 16h.

DIA 8Celebração Eucarística às 7h, com a chegada da procissão vindo da matriz de Nossa Senhora da imaculada Conceição.

DE 04 A 12/12 - nOvEnáRIO nA CATEDRAL DE SAnTA LUzIA

DIA 13oitava e última missa no Mosteiro de Santa Clara, às 15h.Em seguida: procissão solene para catedral.0h - Chegada da iV Motorromaria de Santa Luzia com bênção das motos e primeira missa da festa.5h - Segunda Missa dos Romeiros6h30 - Terceira Missa dos Romeiros.8h - Quarta Missa dos Romeiros.10h - Missa Solene da Festa, presidida pelo bispo diocesano dom Mariano Manzana.13h - Sexta Missa dos Romeiros.15h - Sétima Missa dos Romeiros.15h - oitava e última missa direto do Santuário de Santa Clara, no bairro Dom Jaime Câmara17h - Procissão de Santa Luzia saindo do Santuário de Santa Clara. Percurso:

EVENToS CuLTuRAiS - DE 04 A 13/12

- Alvorada de 04 a 12/12, às 5h30, na catedral.

- Apresentações culturais: de 04 a 11/12, às 18h30, no adro da catedral

- Shows com bandas católicas:

- Cirandinha - recreação para crianças, durante as noites do novenário ao lado da catedral.

- Oratório de Santa Luzia - Oratório de Santa Luzia - de 5 a 13/12, após a novena da noite, no adro da Catedral de Santa Luzia.

- Shows artísticos de 04 a 12/12, no palco montado na Av. Dix-sept Rosado, com diversas bandas e artistas da terra.

- Leilão da festa - 07 e 08/12, após a novena da noite, no Largo Monsenhor Hubert Brunning.

- III Pedalada de Santa Luzia - 08/12, saída às 16h, na Matriz do Alto da Conceição retornando à catedral.

- 4ª edição do Aflam na Praça, dia 05/12, às18h30, no adro da Catedral de Santa Luzia.

- Evento da Academia Feminina de Letras de Artes Mossoroense.

- VIII Corrida de Santa Luzia - 09/12 saindo às 7h, da Catedral de Santa Luzia e retornando à catedral.

- IV Motorromaria de Santa Luzia - 12/12, após a novena das 19h30. Concentração em frente ao Colégio Sagrado Coração de Maria (Colégio das Irmãs).

capa

Avenida Erondina Cavalcanti Dantas, bairro Dom Jaime Câmara (zona leste), para a catedral de Santa Luzia. Serão acrescentados cerca de 500 metros em relação ao antigo percurso.

“A partir de agora, a tendência é que todo ano a procissão seja iniciada em uma das paróquias da cidade, fazendo assim a ligação entre os bairros e a catedral de Santa Luzia (Centro)”, afirma Valéria Bulcão, da comissão de divulgação da festa.

LEMA DA ESPERAnçACom o lema “Ver com os olhos da Es-

perança”, a festa deste ano terá como objetivo refletir a esperança e a fé.

“Neste ano, a festa de Santa Luzia traz como temática central a virtude teologal da esperança. A fé, necessariamente, desperta em nós a esperança, e cristão é, por natureza, um ser de esperança. A esperança sem a fé torna-se uma ilusão. Por isso, desejamos neste ano compre-ender e assimilar em nossa vida essas virtudes que podemos claramente con-templar na vida de Santa Luzia”, afirma o bispo diocesano, dom Mariano Manza-na.

Para o pároco da catedral de Santa Luzia, padre Walter Collini, é importante chamar a atenção para a parte religiosa da festa, especialmente para o lema do novenário e sobre reflexão a respeito das virtudes teologais.

“O lema deste ano significa encontrar rosas em todos os caminhos onde a des-confiança e o pessimismo só veem espi-nhos. De fato, a esperança é necessária ao coração, como o Sol à existência das flores. Não existem situações sem espe-rança; existem, sim, pessoas que, em

)) Padre Walter Colini: “A esperança é necessária ao coração de todo cristão”

certas situações, perdem a esperança. Nossa padroeira, Santa Luzia, é um tes-temunho admirável de esperança! A es-perança, enquanto fruto natural da fé, é uma resposta de amor a Deus e aos ho-mens. Quem ama tem esperança, e a tem por causa da fé”, reforça o padre.

HOMEnAGEMNeste ano, não haverá edição de A

Mais Bela Voz, evento cultural que ocor-re tradicionalmente com a escolha do melhor cantor da região Oeste, com um concurso inserido na programação geral da festa. A promotora do concurso, a Rá-dio Rural (990kHz), divulga que haverá uma apresentação com os cantores ven-cedores de vários anos realizando uma homenagem especial ao radialista Seu

Mané da Rádio Rural, que faleceu em outubro deste ano. Algumas pessoas se-rão homenageadas com o troféu “Sabiá Seu Mané”.

Manoel Alves de Oliveira, “Seu Ma-né”, um dos mais carismáticos radialis-tas, que alcançava o povo com seu jeito simples através das ondas do AM, dedi-cou mais de 50 anos de vida ao rádio e participou de todas as edições de A Mais Bela Voz.

“Será uma noite com grandes vozes reveladas no concurso A Mais Bela Voz e de muitas emoções do saudoso amigo Seu Mané”, ressalta Valéria Bulcão.

Ainda dentro das atrações culturais haverá o Oratório de Santa Luzia, que conta a história da padroeira da cidade de forma teatral e emocionante.

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8 Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

especial

FABIAnO MEnDESEspecial para a revista DomingoProf. do Departamento de História – UernDoutorando em História Social – USP

Bem ao nosso gosto ocidental, o ano de 2012 está repleto das chamadas datas redondas.

Comemorações de centenários e múlti-plos de decênio de nascimento ou mor-te de importantes personagens da his-tória nacional, bem como de aconteci-mentos cruciais para o entendimento de nossa formação e desenvolvimento cul-tural e político. São fatos que vão dos noventa anos da Semana de Arte Moder-na aos vinte anos do processo de impe-achment do presidente Fernando Collor de Melo.

Essas efemérides geram enredos de escolas de samba, ensejam encontros acadêmicos, forçam jornais e emissoras de televisão a revirar seus arquivos em busca de novidades sobre figuras que por vários motivos se tornaram célebres, justificam relançamentos, reedições, refilmagens, movimentando os merca-dos editorial, fonográfico, audiovisual e, mais importante, reavivam e renovam o pensamento sobre sujeitos históricos cruciais para o entendimento de nossa intelligentsia (ou de nossas desinteli-gências), pois, como disse Tom Jobim, “o Brasil não é para iniciantes”, ou seja, tentar entendê-lo passa pelo reconheci-mento de seus personagens e situações mais controversas que, de algum modo, flagram as idiossincrasias do país.

Nesse caso, comemorar, que etimo-logicamente significa memorar conjun-tamente, ou seja, coletivamente, é, em última instância, mais um exercício his-tórico que passa pela confrontação críti-ca da memória, o que proporciona co-nhecimento ou reconhecimento, do que

uma simples e paralisante idolatria. Ou seja, o cânone, o que serve de parâmetro, na comemoração deve ser mais posto à prova que conservado ou protegido. Um clássico, no caso das produções culturais, não é o que não pode ser tocado, e sim o que é constantemente desafiado pelo tempo, conseguindo, de algum modo, manter-se relevante, necessário, atual.

O ano de 2012 traz no cenário musi-cal o centenário de nascimento de Luis Gonzaga, um dos pais da nordestinida-de, e de Erivelton Martins, forte repre-sentante da veia passional do homem brasileiro; na literatura, Jorge Amado, talvez o maior exportador de uma ima-gem baiana do Brasil, e Nelson Rodri-gues, provavelmente nosso maior tea-trólogo, ocupado em desvelar nossas libertinagens e recalques, ambos com-pletariam cem anos; e há cento e dez anos nascia Carlos Drummond de An-drade, ápice da poesia moderna e obser-vador da modernidade, apenas alguns meses depois de Sérgio Buarque de Ho-landa, um dos destaques de nossas ci-ências humanas, teorizador da cordiali-dade brasileira.

Dentre tantos que ainda poderiam ser citados, há um que, se vivo, decerto diria ser bobagem qualquer lembrança mais efusiva de sua obra, advertindo tratar-se apenas de alguns livros para o entretenimento de leitores e um meio de ganhar a vida. É Graciliano Ramos, que costumava se chamar de “sapateiro da literatura”. O velho Graça (ou ainda, Major Graça), nasceu num vinte e sete de outubro, há cento e vinte anos, e a seu contragosto ouviremos e falaremos muito dele nas próximas décadas – exemplo disso é que a famosa Festa Li-terária Internacional de Paraty do ano que vem o trará como homenageado. Sua obra – curta, se comparada a da um

Érico Veríssimo ou a de um José Lins do Rego – compõe um dos painéis mais ricos de nossas letras justamente por trazer questões que, se são datadas e localiza-das, são também imorredouras e uni-versais. Pode-se dizer que, ao lado de Machado de Assis, Lima Barreto e Gui-marães Rosa, Graciliano Ramos foi quem melhor abarcou os problemas de forma-ção, os limites e as potencialidades do homem brasileiro moderno – moderno aqui entendido como republicano.

Calçado na experiência e nos pres-supostos realistas, o autor de Vidas Se-cas soube, como poucos, interpretar o Brasil num suporte que, se em nada lem-bra o estudo acadêmico (aprumado no tripé embasamento teórico-metodoló-gico, pesquisa em fontes e uma narrati-va problematizada), a ele nada deve em rigor e verossimilhança, apenas exigin-do de seu leitor que compreenda tratar-se de obra guiada pela verdade poética que, contudo, no caso específico de Gra-ciliano, nunca é resultado de descura-mento na análise dos motivos culturais e sociais que moldam as ações de seus personagens vistos em isolamento – es-sa é, sem dúvida, uma de suas marcas mais fundas, garantindo sua sobrevi-vência como clássico.

Conhecer (ou reconhecer) esse sin-gular homem das letras passa pelo exer-cício de caminhar por veredas da sua trajetória que são indissociáveis da his-tória política e literária do Brasil. Graci-liano Ramos foi um grande escritor, mas não somente – veja o quadro “Ramo por ramo de uma vida”.

A vida do escritor alagoano foi mar-cada por partidas forçadas e retornos dolorosos, prisões, aperto orçamentário e polêmicas. Escritor profissional tardio, Graciliano foi ainda comerciante, pro-fessor, prefeito, diretor da Imprensa

120 anos de GRACILIANO RAMOS

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9Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

especial

1892 – o nascimento em Quebrângulo, interior de Alagoas. Filho mais velho do ca-sal Sebastião Ramos e Maria Amália Ramos, o menino Graciliano viveria os primeiros anos entre alpendres de fazendas e balcões de vendas no interior do Nordeste.

1895 – a primeira aventura. A família Ramos se muda para o interior de Pernam-buco, em Buíque, quando o pai, por influ-ência do sogro, resolve entrar no ramo da criação de gado. A seca quase destrói os projetos de Sebastião Ramos.

1899 – o primeiro retorno. A família vol-ta para o Estado de Alagoas, mais especifi-camente a cidade de Viçosa, onde o pai, agora comerciante, ganha notoriedade lo-cal, chegando a ser juiz substituto, embora, como registra Graciliano em Infância, não percebesse nada de lei.

1904 – a primeira publicação. O conto O Pequeno Pedinte sai no jornal local de Viço-sa, O Dilúculo, aos vinte e quatro de julho. Graciliano, com apenas doze anos, era tam-bém um dos editores. O editor-chefe do jornal era Mário Venâncio, um funcionário dos Correios que trazia cabeleira e modos excêntricos, sendo o primeiro mentor de Graciliano. Figura igualmente importante foi o tabelião Jerônimo Barreto, dono de uma biblioteca razoável que o menino Graciliano rapidamente devorou.

1905 – a segunda aventura. Muda-se para Maceió, onde cursa o ginasial em regi-me de internato. Lá, conhece os clássicos russos e aprende a ler em francês, inglês e italiano. Nessa época compõe basicamente sonetos, que manda para várias revistas do país. Esses “sonetos idiotas”, como depois ele passaria a chamá-los, renderam certa fama local a Graciliano, chegando o jovem estudante a figurar num inquérito promo-vido pelo Jornal de Alagoas como uma das promessas literárias do Estado. Nessa en-trevista, com apenas dezoito anos, ele já demonstra características que o acompa-nharão por toda a vida literária: a lucidez pessimista e a autocrítica implacável, a cla-reza do papel da literatura e a retidão da opinião curta e seca, além da filiação ao re-alismo.

1910 – o segundo retorno. A volta para o interior do Estado coincide com mais uma mudança da família, agora instalada na ci-dade de Palmeira dos Índios. Nesse período, dedica-se à administração dos negócios do pai. Também colabora em vários periódicos, incluindo a famosa revista O Malho. Sua produção ainda é basicamente de sonetos. Usa os pseudônimos Feliciano Olivença, S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Soeiro Lobato.

1914 – a maior aventura. A mudança mais radical ocorre em companhia do ami-

go J. Pinto da Mota Lima Filho. A dupla vai para o Rio de Janeiro. Graciliano quer tentar a vida escrevendo em jornais da então Ca-pital Federal, mas acaba trabalhando apenas como revisor (chamado à época de “foca”) em três periódicos: Correio da Manhã, A Tarde e O Século. No entanto, durante 1915, consegue espaço de cronista regular em dois jornais: Jornal de Alagoas e o fluminense Paraíba do Sul. As crônicas desse período compõem a primeira parte do livro póstumo Linhas Tortas, que traz ainda as crônicas publicadas em Palmeira dos Índios e um apanhado de crônicas e artigos publicados avulsamente ao longo da vida.

1915 – o dramático retorno. Em setem-bro, Graciliano recebe um bilhete pedindo seu retorno imediato a Alagoas. Um surto de peste bubônica varrera a região e levara de uma só vez três de seus irmãos, um so-brinho e deixara a mãe e duas irmãs em estado grave. Graciliano chega à casa dos pais e encontra a namorada que deixara na cidade. Maria Augusta cuidava dos doentes e dava conforto à família. No mesmo ano estariam casados e teriam quatro filhos.

1920 – a viuvez. Maria Augusta morre no parto do quarto filho, na verdade a pri-meira filha. Pai de quatro filhos, viúvo aos vinte e oito anos, Graciliano mergulha na administração da loja Sincera e no curso de francês que ministra no Colégio Sagrado Coração. Mas a atmosfera da situação só pode ser compreendida nas palavras do pró-prio homem, em carta ao amigo J. Pinto da Mota Filho: “Pedes-me que te fale de minha vida e de meus filhos. Que te posso eu dizer, meu bom amigo? Sou um pobre-diabo. Vou por aqui arrastando-me, mal. Há cinco anos não abro um livro. Doente, triste, só – um bicho. Tenho quatro filhos: Márcio, Júnio, Múcio e Maria. Esta, coitadinha, provavel-mente não viverá muito, está à morte. Se morrer, será uma felicidade. Para que viver uma criaturinha sem mãe? (...) São eles que aqui me prendem, meu velho. Já teria vol-tado para aí, se tivesse ficado só. Malgrado as desilusões, a cidade ainda me tenta. Se um dia me for possível, voltarei. É um sonho absurdo, talvez.”

1921 – de volta às letras. Após muita insistência do padre Macedo, Graciliano compra a ideia de montar um jornal em Pal-meira dos Índios, circulando o primeiro nú-mero em 30 de janeiro. O periódico semanal O Índio duraria exato um ano e Graciliano contribuiria regularmente em pelo menos duas colunas, assinando como J. Calisto e Anastácio Anacleto. Nesse período, suas crônicas são extremamente ácidas, cheias de humor amargo.

1924 – os primeiros contos. O surgimen-to de Paulo Honório, João Valério e Luis da Silva, personagens centrais na obra de Gra-ciliano Ramos, é desse período, quando o

Ramo por ramo de uma vidaOficial de Alagoas e secretário estadual de Educação, revisor em diversos jor-nais, inspetor de ensino no Rio de Janei-ro e presidente da Associação Brasileira de Escritores – uma vida ladeada pela atividade cultural e política.

Ao longo de quase sessenta e um anos e incontáveis cigarros Selma acen-didos em sucessão, o autor de Memórias do Cárcere deixou uma imagem que pen-dula entre a casmurrice e a graciosidade, o respeito quase repelente e a honesti-dade agregadora. João Cabral de Melo Neto, por exemplo, nunca se encorajou o suficiente para conseguir adentrar-se na Livraria José Olympio, ir até os fun-dos, achegar-se ao já reconhecido escri-tor de Angústia, sentado num banco de madeira, lendo e fumando, e dirigir-lhe a palavra ou pedir-lhe uma opinião. Ali-ás, Graciliano tinha maneiras bastante peculiares de transformar certas atitu-des mal-humoradas, passíveis de serem interpretadas como grosseiras, em tira-das cortantes que mais levavam ao riso que ao aborrecimento. Certa vez, per-guntaram-lhe a opinião sobre determi-nado livro. A resposta: “Não li, e não gostei”. Noutra feita, caminhando pelas ruas do Rio de Janeiro com o filho Ricar-do Ramos, também escritor, ouve a per-gunta: “Por que você não usa reticências e exclamações?” A resposta de Gracilia-no, registrada nas memórias do filho, saiu pronta: “Reticências, porque é me-lhor dizer do que deixar em suspenso. Exclamações, porque não sou idiota pa-ra viver me espantando à toa.” Por outro lado, a juventude intelectual carioca dos anos 1940 o tinha como farol, e não raro visitava sua casa aos domingos para con-versar com o Velho ou ouvir passagens dos manuscritos do que viria a ser Me-mórias do Cárcere.

Mas, o que a maioria dos que convi-veram de perto com o escritor destaca é o exercício do resguardo aliado a uma incessante luta pela liberdade literária, valorização da literatura brasileira e jus-tiça social, elementos que garantiram a um homem que sempre teve vida públi-ca, tanto no campo artístico quanto no político, ter sua imagem associada à mo-déstia, à honestidade e ao equilíbrio. Al-go raro até nos círculos mais medíocres, incluindo-se as igrejas acadêmicas e as associações de variados matizes, sejam seus elementos competentes ou não.

Em 1948, o suplemento “Letras e Artes” do jornal A Manhã, pediu a Gra-ciliano que fizesse uma espécie de au-torretrato. É válida a transcrição do que o Velho escreveu sobre si mesmo. Ela serve para demonstrar o tom seco, con-ciso, quase maquinal que sua escrita por vezes acabou encarnando.

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escritor fabrica pequenos contos que ficam fermentando numa gaveta de guardados. Desses personagens, João Valério é o pri-meiro a ganhar uma trama mais elaborada. E, a partir do ano seguinte, Graciliano co-meçaria a escrever Caetés, seu primeiro romance, que ficaria pronto somente em inícios de 1928, sendo lançado apenas cin-co anos depois.

1928 – o prefeito. Graciliano era figura pública na cidade: comerciante, filho de co-merciante, professor, jornalista. Três de seus ex-alunos tiveram a ideia de lançá-lo candidato a prefeito. Fora eleito com o apoio do chefe político local, que era do Partido Democrata. É válido lembrar que a chama-da política dos coronéis dominava o período – comentário à parte, em alguns lugares, com vestimenta moderna, ainda domina, não é verdade? – e, nas palavras do próprio Graciliano, temos noção de como era o pro-cesso eleitoral à época: “Assassinaram meu antecessor. Escolheram-me por acaso. Fui eleito naquele velho sistema das atas falsas, os defuntos votando, e fiquei vinte e sete meses na prefeitura”. As reportagens do período mostram Graciliano como um pre-feito laborioso e inovador, mas a notorieda-de que ele ganhou veio através dos relatórios administrativos enviados ao governador Álvaro Paes. Um misto de linguagem técni-ca com comédia de costumes. Não é exage-ro dizer que os relatórios funcionaram como uma espécie de obra impactante que escon-dia não um enfant terrible, mas um escritor tardio já assentado na maturidade, mesmo sem publicação relevante. Os relatórios ga-nharam o país e as rodas literárias. O escri-tor carioca Marques Rebelo os comparou ao melhor de Machado de Assis, e o poeta e editor Augusto Frederico Schmidt enviaria cartas a Graciliano solicitando algum ro-mance que porventura estivesse numa ga-veta à espera de publicação. Esse romance era Caetés, que viria à luz pela editora do poeta. Ainda nesse tempo, Graciliano co-nhece, galanteia e se casa com Heloísa, sua companheira até o fim da vida.

1930 – renúncia, outra mudança e no-meação. Renuncia ao cargo de prefeito, após aceitar convite do governador Álvaro Paes para assumir a diretoria da Imprensa Oficial de Alagoas, ficando nesse cargo até fins do ano seguinte. Nesse tempo, esteve preso vinte e quatro horas durante a reviravolta política de outubro, quando Getúlio Vargas toma o poder federal e intervém nos gover-nos estaduais. O temor de uma batida poli-cial na casa de Graciliano fez com que He-loísa e duas cunhadas enterrassem os ori-ginais de Caetés embaixo dum pé de sapo-ti.

1932 – o último retorno. Devido a uma cirurgia na perna, Graciliano passa pratica-mente todo o ano em Palmeira dos Índios, onde escreve São Bernardo na sacristia da igreja, enquanto aguarda, já sem paciência, o lançamento de Caetés. O romance de es-

treia emperrara na Editora Schmidt por um motivo bastante embaraçoso: os originais simplesmente haviam sumido. Houve pres-são de todos os lados, ameaça de processos, Jorge Amado e o ilustrador Santa Rosa che-garam a ir a editora confiscar os originais que, finalmente, foram encontrados no bol-so de uma capa de chuva esquecida num canto.

1933 – novamente no centro do poder. De volta a Maceió, é nomeado diretor de instrução pública, cargo equivalente hoje ao de secretário estadual de Educação. Tam-bém é contratado como redator do Jornal de Alagoas. Na capital, Graciliano encontra desafios similares aos da pequena cidade onde fora prefeito. Suas medidas e atitudes, austeras e impopulares, podem ter contri-buído para sua prisão em 1936, juntamente com a suspeita de participação na chamada “Intentona Comunista”, de 1935, cujos fo-cos foram Rio de Janeiro, Recife e Natal. Dentre essas atitudes e medidas estavam a não aceitação de qualquer tipo de indicação ou apadrinhamento para a assunção de car-gos nas escolas e, a mais polêmica de todas, baixou portaria proibindo que se cantasse o Hino Oficial do Estado de Alagoas nas esco-las públicas, por achar que se tratava de “uma estupidez com solecismos”. Nesse período, firma-se uma forte amizade entre Graciliano, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge de Lima, todos morando em Maceió e unidos pelo amor à literatura e o ódio ao fascismo e ao getulismo, que come-ça a dar passos largos rumo à ditadura.

1936 – a prisão. As causas da prisão não são claras, afinal nunca houve processo for-mal. A acusação mais óbvia é a suspeita de participação, direta ou indireta, na “Inten-tona Comunista” de novembro de 1935. Com o Angústia escrito, mas não finalizado, entregue à mão da datilógrafa para revisão e cortes, o diretor de instrução pública é preso em Maceió no dia 3 de março. Os ori-ginais são recuperados por Heloísa, que os enterra no mesmo lugar onde se escondera os originais de Caetés. De trem, Graciliano vai com outros presos para Recife, e de lá viaja no porão do vapor Manaus, um calham-beque náutico que despeja no Rio de Janei-ro, treze dias após a prisão em Maceió, de-zenas de presos, políticos misturados a criminosos. Em agosto, Angústia é publica-do sem a autorização do autor. Heloísa Ra-mos juntamente com o editor José Olympio tocaram o projeto. Angústia sai sem os ha-bituais cortes do escritor, que se irrita com a publicação. Paralelamente, o livro ganha o prêmio Lima Barreto, organizado pela prestigiada Revista Acadêmica. A pressão para a soltura de Graciliano e outros presos aumenta, enquanto o estado de saúde do escritor piora consideravelmente, sobretu-do pelo excesso de cigarro e pouca alimen-tação. O advogado de Luis Carlos Prestes, Sobral Pinto, é chamado por amigos de Gra-ciliano para tentar sua libertação. A doloro-sa experiência da prisão, degradação huma-

na e todo tipo de humilhação, além do co-movente caso da deportação de Olga Prestes para a Alemanha nazista, tudo está regis-trado em Memórias do Cárcere. Graciliano é solto em 3 de janeiro de 1937, bastante diferente do homem de há um ano.

1937 – a liberdade e as dificuldades. Após nove meses de prisão, de volta às ruas do Rio de Janeiro, passados mais de vinte anos desde que estivera na capital, Graciliano morará em várias pensões. A família se reu-niria novamente apenas no fim deste ano. Graciliano jamais voltaria a Alagoas. De iní-cio, morará no subúrbio, com José Lins do Rego, depois no Catete, na mesma pensão onde morava Rubem Braga. Graciliano tem sua vida zerada. Ao cansaço da idade e da sofrida experiência na prisão, juntaram-se a sensação de fracasso e a necessidade de começar tudo novamente. Todo mês, um aperto para honrar as contas. É nesse con-texto que é gestado Vidas Secas, escrito aos pedaços e espalhados como semeadura de arroz. Os treze capítulos que compõem o livro sairiam em vários periódicos (O Cru-zeiro, O jornal, Diário de Notícias, Folha de Minas, Lanterna Verde e La Prensa, de Bue-nos Aires). Lançado no ano seguinte, com grande vendagem e elogios da crítica espe-cializada, Vidas Secas trazia Graciliano no-vamente para o estrelato das letras nacio-nais, embora, como sempre afirmou o autor, isso não fosse grande coisa, já que o país carecia de uma política cultural que valori-zasse a literatura. A política cultural do Es-tado estaria voltada para demandas que promovessem o sedimento nacionalista e certo apelo fascista, frente ao liberalismo vacilante do entre-guerras.

1939 – o último emprego. Graciliano exerceu várias funções concomitantes à de escritor, a principal delas, revisor de jornais, mas o emprego fixo que manteve até o fim da vida foi o de inspetor do ensino secundá-rio, conseguido por Carlos Drummond de Andrade, que atuava no Ministério da Edu-cação e Saúde Pública. Nesse mesmo ano, Graciliano também é chamado para compor o quadro de colaboradores do Departamen-to de Imprensa e Propaganda (DIP), do go-verno Vargas, agora plenamente instalado em seu Estado Novo. Primeiramente traba-lha como revisor, mas em 1941 colabora no periódico oficial Cultura Política, publicando

)) Foto tirada durante a prisão de Graciliano, encontrada nos arquivos do DOPS – Rio de Janeiro, 1936 – foto do site: www.graciliano.com.br

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várias crônicas sobre o Nordeste. A ideia de Vargas era abarcar o maior número possível de membros da intelectualidade brasileira, independente de qual vertente pertencesse, com o fim de formar e informar uma imagem de Brasil. Graciliano nunca foi editado em seus escritos e desculpava-se do fato de contribuir no governo que o prendera ale-gando tratar-se de seu trabalho. Nunca te-ceu uma palavra elogiosa a Vargas. A partir de 1942 a relação de Vargas com a intelec-tualidade progressista ficaria cada vez mais forte, sobretudo a partir das exonerações de importantes membros do governo que com-punham uma linha mais dura dentro do regime. No final dos anos 1930 e início do decênio seguinte, Graciliano publicaria o conto infantil A Terra dos Meninos Pelados, premiado num concurso do Ministério da Educação, e faria a tradução de Memórias de um Negro, de Booker Wasington. Parti-ciparia também de um projeto ousado: a escrita a dez mãos (com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz) do romance Brandão entre o Mar e o Amor, publicado pela Martins. A propos-ta coletivista ia para além do experimenta-lismo estético, significando, também, a experiência de construção socialista. A crí-tica torceu o nariz para o romance.

1942 – o cinquentenário. No Restauran-te Lido, em Copacabana, amigos e admira-dores de Graciliano organizaram um jantar comemorativo de seu quinquagésimo ani-versário. Figuras de vários matizes e posições políticas, grandes nomes de nossas letras e de nossa crítica prestigiaram o tímido escri-tor. Houve até apostas para saber qual pos-tura o escritor assumiria. No discurso de agradecimento, o velho Graciliano estava lá, equilibrado e consciente de seu papel como intelectual que, num país de poucas vozes, pôde cantar as dores de sua gente: “É preci-so descobrirmos um motivo para esta reu-nião. Penso, meus senhores e amigos, que a devemos à existência de algumas figuras responsáveis pelos meus livros – Paulo Ho-nório, Luiz da Silva, Fabiano. Ninguém dirá que sou vaidoso referindo-me a esses três indivíduos, porque não sou Paulo Honório, não sou Luiz da Silva, não sou Fabiano. Ape-nas fiz o que pude para exibi-los, sem defor-má-los, narrando, talvez com excessivos pormenores, a desgraça irremediável que os açoita. É possível que eu tenha semelhança com eles e que haja, utilizando os recursos duma arte capenga adquirida em Palmeira dos Índios, conseguido animá-los. Admita-mos que artistas mais hábeis não pudessem apresentar direito essas personagens, que, estacionando em degraus vários da socieda-de, têm de comum o sofrimento. Neste caso, aqui me reduzo à condição de aparelho re-gistrador – e nisso não há mérito. Acertei? Se acertei, todo o constrangimento desapa-recerá. Associo-me aos senhores numa de-monstração de solidariedade a todos os in-felizes que povoam a terra.”

1945 – filiação ao Partido Comunista

Brasileiro. Aceitando o convite do próprio secretário-geral do partido, Luis Carlos Prestes, Graciliano engrossa a lista dos in-telectuais simpatizantes às causas socia-listas que formalizaram sua atuação polí-tica. No partido, trabalharia na célula Teo-doro Dreiser, discutindo e propondo ques-tões relacionadas ao papel da cultura, em especial da literatura, na construção de uma realidade socialista. Participou de vá-rios comícios, e chegaria mesmo a sair can-didato a deputado Constituinte pelo Estado de Alagoas. Jorge Amado fora eleito neste pleito e participaria ativamente na elabo-ração da Constituição de 1946. O PCB seria considerado ilegal em 1948 e seus mem-bros eleitos seriam cassados. Nesse mesmo ano, Graciliano lança Infância, livro de me-mórias que, assim como Angústia e Vidas Secas, saiu pela Editora José Olympio.

1950 – o maior golpe. A segunda meta-de dos anos 1940 foi um misto de sucessos – o lançamento de Insônia, livro de contos de 1947 – e desafios – como se mudar para um bairro melhor – que obrigaram a Gra-ciliano, mais de uma vez, recorrer a novos empregos, como ser revisor do Jornal da Manhã. No livro O Velho Graça, de Dênis de Moraes, temos a rotina de Graciliano: pela manhã, escrever; a tarde, fiscalizar os colégios; à tardinha, conversas na José Olympio; e a noite, a redação do jornal pa-ra, como dizia o próprio Graça, fazer re-mendos nos textos dos jornalistas. Mas o início dos anos cinquenta não foi nada fácil: no partido, encontrava resistência em sua posição de não ceder ao chamado realismo socialista, linha que pregava uma literatu-ra panfletária e fortemente guiada pelo dogmatismo em detrimento do equilíbrio que deve haver entre conteúdo e forma. No mesmo ano, Graciliano vê um fraco III Con-gresso Brasileiro de Escritores, organizado pela Associação Brasileira de Escritores (ABDE), o principal motivo, a debandada de vários intelectuais em represália à po-sição sectário da própria ABDE, aparelhada pelo PCB. Mas o maior golpe viria no cam-po familiar. Em agosto, Graciliano finaliza-va a tradução de A Peste, de Alberto Camus; Márcio, filho mais velho do escritor, então com trinta e quatro anos, envolve-se numa confusão com um companheiro de quarto de pensão e o mata a tiros. Márcio tinha sérios problemas psicológicos, agravados com a vida conturbada da família, repleta de separações e solavancos. Quatro dias depois, mesmo estando sob a atenção de Graciliano e do amigo Paulo Mercadante, preparando-lhe o espírito para enfrentar a Justiça, Márcio se mata.

1951 – o presidente da Associação Bra-sileira de Escritores. O contexto em que Graciliano assume a ABDE é de divisão, cenário que permanece no ano seguinte, quando é reeleito. Como presidente e mem-bro do PCB, tenta diminuir a imagem de aparelhamento promovendo a união dos escritores brasileiros a partir de seus inte-

resses profissionais e das questões cultu-rais, daí, organizar o IV Congresso Brasi-leiro de Escritores sob essa pauta e publicar o importante artigo “Unidade em Defesa do Escritor”, de 1952. A tentativa de rea-proximar antigos companheiros que saíram em revoada confrontava-se com a própria posição dentro do partido, sempre exigen-te em relação à escrita de Graciliano que, coincidentemente ou não, não lançara mais nenhum romance desde Vidas Secas.

1952 – a viagem à União Soviética. Gra-ciliano enfrentou várias forças dentro do partido, mas acabou sendo convocado pa-ra compor a delegação brasileira que iria aos festejos do 1º de maio, em Moscou. Os detalhes dessa viagem estão no livro Via-gem, publicado postumamente por Heloí-sa Ramos. O encantamento com a experi-ência do socialismo real não cegou Graci-liano, que, recolhendo dados para seu livro de depoimento, acabaria dispensando re-latórios oferecidos pelo próprio Kremlin.

1953 – a morte no Rio de janeiro. Gra-ciliano volta da viagem já doente. Câncer de pulmão. Seu sexagésimo aniversário, comemorado com o aniversariante ausen-te, foi um aviso do estado de fragilidade em que o Velho se encontrava. Suas energias agora estavam todas voltadas para a con-clusão de suas memórias da prisão. Mas o Memórias do Cárcere não chegaria a ser concluído. Iniciada sua escrita em 1946, seria lançado postumamente, faltando o último capítulo. Graciliano Ramos morreu no dia 20 de março de 1953, deixando um riquíssimo legado cultural e uma história marcada pelo denodo às letras e o enfren-tamento nobre da vida.

)) Graciliano Ramos na Livrara José Olympio – Rio de Janeiro – 1949 –Foto do Fundo Graciliano Ramos – Instituto de Estudos Brasileiros – IEB/USP

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RAFAEL DEMETRIUS

sua carreira

A META está com inscrições abertas para o Curso de Auditor Líder da Qualidade, que será de uma semana de 26 a 30/11/2012. Faça já sua inscrição no 3314-1024 ou mande um e-mail para [email protected].

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Conquistar o tão sonhado primeiro emprego é uma das mais difíceis tarefas do jovem recém-formado ou da-queles que buscam uma atividade com ganhos finan-

ceiros para ajudar no seu próprio sustento e colaborar com as despesas familiares. Por outro lado, na hora da contratação, as empresas estão cada vez mais exigentes. O candidato, além de possuir todas as competências técnicas e comportamentais ne-cessárias ao cargo, esbarra com o principal obstáculo, que é a falta de experiência nas atividades que irá desenvolver. Por on-de começar para adquirir a tal da experiência se o candidato tampouco conseguiu seu primeiro emprego? Como preencher o currículo? Como se comportar numa entrevista sem tremer? O que devo falar quando me perguntarem sobre minha experi-ência anterior? Será que vou me adaptar? Em geral, sugiro aos candidatos ao primeiro emprego que busquem começar sua vida profissional em funções mais simples, para poderem ad-quirir certa experiência profissional e terem a chance de mostrar seu valor e seu potencial, para em seguida aspirarem a cargos de maior desafio. O processo desta forma fica mais simples e de fácil conquista. No mais, basta seguir as dicas listadas a baixo e tudo ficará mais fácil.

Faça um inventário de suas habilidadesVocê precisa ter consciência de suas aptidões, pontos fortes e dos aspectos que precisam ser desenvolvidos, em termos de conhecimen-tos, habilidades e comportamentos. Seu talento para lidar com con-flitos entre os alunos no trabalho de dissertação da faculdade, por exemplo, pode ser usado em qualquer emprego.

Direcione os seus estudosDedicar-se aos estudos, principalmente os de natureza profissionalizante. Adquirir conhecimentos de ferramentas básicas de informática, estar aten-to aos cursos extracurriculares e aos eventos e atividades culturais, muitos deles gratuitos ou de baixo custo. Navegar na internet, estar “antenado” com o mundo e desenvolver o hábito da leitura (livros, revistas, jornais, etc). Buscar o domínio de um outro idioma são iniciativas capazes de ampliar suas possibilidades de sucesso na busca pelo emprego.

Conheça o mercado em que pretende atuar O candidato deve demonstrar clareza e determinação na entrevista de emprego. Com esse tipo de postura, mesmo não possuindo expe-riência profissional, ele apresentará um diferencial para a empresa e será valorizado.

Como conquistarseu primeiro

emprego

Seja Voluntário Participar de trabalhos voluntários (em uma ONG ou associação comunitária, por exemplo), além de fazer o bem a quem recebe, tem se mostrado como grandes chances para os jovens desenvolverem habilidades de liderança, trabalho em equipe, comunicação verbal e relacionamento interpessoal que ajudam a ampliar a visão prática do mundo, das organizações e a formar uma rede de relacionamentos.

Empregos TemporáriosAproveite também as oportunidades de empregos temporários, nor-malmente voltados a pessoas sem experiência. Esse tipo de atitude valoriza o profissional e ajuda a enriquecer o currículo.

Networking Construir um bom networking ou rede de relacionamentos poderá desempenhar papel importante para conquistar seu primeiro em-prego, e também ao longo de toda sua vida profissional, para isso, faça uma lista com o nome de todas as pessoas que você conhece. Inclua amigos, parentes, colegas de escola / faculdade, profissionais de sua área e de áreas diversas de seu setor de atividade. Identifi-que e procure pessoas que tem poder de contratar você. Às vezes você não conhece ninguém próximo que poderia lhe ajudar direta-mente, no entanto tem um amigo cujo pai trabalha em uma empre-sa que poderia ser uma boa opção de emprego ou estágio para você. Neste caso você tem um bom contato, um ótimo “cartão de visita”, que poderá lhe abrir as portas daquela empresa. Não esqueça de mandar mensagens por e-mail, ou fazer contatos telefônicos. Mos-tre às pessoas que está buscando emprego, explique as razões e peça para avisá-lo, caso saibam de alguma oportunidade. É impor-tante que você também se coloque a disposição destas pessoas pa-ra atendê-las no que for possível, e seja sincero em sua afirmação.

Elabore o currículoDesenvolva seu currículo de forma objetiva, no máximo em duas páginas valorizando seus estudos, e com um objetivo bem definido.

Busque as vagas Defina os meios para buscar uma vaga. Atualmente existe diversas forma para buscar uma colocação no mercado, como anúncios em jornais; anúncios de estágios nas faculdades, sites de emprego na internet, cadastrar seu currículo diretamente no site da empresa, etc. O candidato poderá utilizar todas estas opções, pois assim aumenta-rão suas chances de sucesso.

Prepara-se para as entrevista Busque desenvolver o máximo de competências comportamentais que o farão uma pessoa bem sucedida, como honestidade, caráter, ética, iniciativa, criatividade, e técnicas relacionadas à área que você quer trabalhar.

PERSISTÊNCIANunca desanime. Se você está começando agora sua vida profissio-nal, é preciso ter muita persistência e motivação para superar esse momento. Lembre-se que a maioria daqueles que estão empregados passaram por essas mesmas dificuldades, e o fato de você ainda não ter a exigida experiência e vivência.

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das sacolas de plástico. Reduza o uso do automóvel ou ofereça carona a colegas e vizinhos. Use o verso de documentos antigos como rascunho. Apague a luz quando sair de algum cômodo. Não des-mate áreas verdes. Não jogue guimba (filtro) de cigarro nas rodovias. Se você mora em cidades litorâneas ou com rios, respeite o período de pesca. Doe objetos que você já não utiliza. Adote a prática da reciclagem.

Não pense que essas atitudes são fór-mulas mágicas capazes de alterar, da noi-te para o dia, o curso em que estamos ou

que ao realizá-las uma única vez conse-guiremos salvar o meio ambiente de nos-sas atitudes impensadas. Ou, ainda, que são as únicas formas de colaborarmos para a preservação do meio ambiente. Não, querido leitor; não há fórmulas, tam-pouco mágicas. Saiba que para algo se tornar realidade é preciso atitude, ação. Então, comece a repensar as suas atitudes e a colocar em prática as dicas acima. Co-labore, você também, para a preservação do meio ambiente. Não espere o outro; faça sua parte. Pequenas atitudes podem causar grandes impactos.

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SÔNIA JORDÃO*

Nunca, em toda a história da humanidade, falou-se tanto na necessidade de preserva-

ção do meio ambiente como na atualida-de. Previsões de fenômenos da natureza que há dez anos eram consideradas me-recedoras de obras de ficção científica, hoje se mostram duramente reais. Bas-ta nos lembrarmos do Tsunami que atin-giu o Japão em 2011. E quem poderia supor que haveria tremores de terra no Brasil, como os de 4,0 e 4,5 graus na escala Richter, que atingiram Montes Claros (MG), em 2012? E os exemplos não faltam...

Mas, será que estamos à mercê des-ses fenômenos? Do outro lado do mundo, onde são mais frequentes, já há uma re-de de alertas que avisam os moradores quando a Natureza resolve mostrar a que veio. Como, então, colaborar para que de alguma maneira estes fenômenos não sejam mais tão frequentes ou intensos? Não pense que vou propor alguma ideia mirabolante ou algo difícil de colocar em prática. O que você lerá nas próximas linhas são dicas simples e que colaboram para amenizar o nosso impacto no meio ambiente.

Faça a coleta seletiva de seu lixo, se-pare o lixo orgânico do inorgânico e dê o destino correto para pilhas e baterias. Não desperdice água, feche a torneira ao lavar louças e o chuveiro ao se ensaboar. Além disso, não varre a calçada com a mangueira; para isso temos vassouras. Jogue lixo no lixo. Mesmo um simples papel de bala pode contribuir para entu-pir os bueiros da sua cidade, principal-mente quando várias pessoas jogam lixo nas ruas. Prefira comprar bebidas e ali-mentos de embalagens reutilizáveis. Compre eletrodomésticos eficientes no consumo de energia. Prefira o uso de sacolas de pano ou reutilizáveis no lugar

Ajude na preservação do meio ambiente )(

* Sônia Jordão é palestrante, consultora organizacional e pessoal, professora, engenheira e escritora.

artigo

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DAVI MOURA

14 Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

adoro comer

O mundo da Gastronomia conquista cada vez mais fieis e a prova disso é a Livraria Mundo Gourmet, especializada so-mente em livros específicos sobre o assunto. A partir de novembro, ela recebe os cursos Cooklovers, com temas vol-tados às festas de final de ano. As aulas – com duração de uma hora – são ministradas de quarta a sábado, na própria livraria, localizada na charmosa ‘Villa San Pietro’ (Rua Au-gusta, São Paulo). Quem puder visitar, é uma excelente oportunidade. Olha a lista dos cursos:

28/11 – Aula com Angélica Vitali – ‘Cozinha Molecular’30/11 - Aula com Tiffany Fontana – ‘Recheio americano para Peru de Natal e Molho de Laranja’05/12 – Aula com Aline Leitão – ‘Pão de Natal’06/12 – Aula com a barista Ana Carolina Gomes Sannini, do Café da Condessa – ‘Aula de Cafés’07/12 - Aula com André Boccato – ‘Muffins de Natal com Frutas Secas’08/12 – Aula com Tiffany Fontana – ‘Cookies de Natal’13/12 – Aula com André Boccato – ‘Cupcakes na panela Lyon para o Natal’14/12 – Aula com Ana Ferraz e Tiffany Fontana – ‘Como Assar um Peru de Natal

A ‘Livraria Mundo Gourmet’ fica na R. Augusta, 2.542 – Villa San Pietro – Lojas 5 e 6 – Jardins – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3062-6454.

Viajar é ótimo e poder conhecer as peculiaridades e caracterís-ticas de um país, principalmente na alimentação, é uma ex-periência fascinante. Nosso colaborador gaúcho, Eduardo Diaz, retornou dos Estados Unidos recentemente, fazendo o trecho New York, Washington, Atlantic City, de carro, o que proporcionou conhecer como é a comida de beira de estrada. Os locais de alimentação normalmente não ficam na beira da estrada, se chega por um acesso paralelo, dando toda a segu-rança para quem entra ou sai destes locais. E o melhor, a maioria não é uma simples lanchonete, mas podemos, sim, chamar de praça de alimentação. Alguns locais têm até lojas ou mini-mercados. E a alimentação nestes locais não é muito diferente das que achamos em nossos shoppings. Podemos encontrar tanto lanchonetes da Burger King, da Pizza Hut ou até cafeterias da Starbuck. Existem, também, máquinas do lado externo para lanches rápidos. Destaque para a marca Cinnabon, com seus doces tradicionais no formato de rocam-boles e bebidas à base de café. Em resumo, pode ser num pequeno ou grande local, o certo é que sempre encontraremos locais de qualidade. Fica a dica para o Brasil!

A Borges acaba de trazer para o Brasil seu mais novo lança-mento: o extravirgem Olivium, produzido com azeitonas cultivadas em lavoura própria da Borges na região central do Chile (entre o mar e as montanhas) e colhidas artesanal-mente no período pré-inverno, quando os frutos estão no auge da cor, sabor e aroma. O resultado é um azeite aromáti-co, frutado e leve. O Olivium pode ser encontrado nos su-permercados Pão de Açúcar, incluindo seu serviço online, pelo preço sugerido de R$ 14,45. O Olivium harmoniza com pratos frios e quentes, sendo também indicado para finalizar receitas à base de peixes e frutos do mar. Um produto tão lindo, saudável e gostoso e quase impossível de se comprar em Mossoró. Eu pelo menos nunca vi. Empresários, por favor, ajudem-nos!

Aline Linhares comemora seu aniversário, no próximo dia 18 de dezembro. A radialista e apresentadora anuncia que a Noite de Luz reunirá amigos e parceiros do dia a dia e do seu sucesso profissional. A aniversariante também celebra os resultados alcançados ao longo dos seus 12 anos de comunicação, período em que esteve à frente de diversos projetos. Aline Linhares recepcionará seus convidados no Requinte Buffet, a partir das 20h02min. A Noite de Luz, planejada e executada pela Master Produções e Eventos, contará com a animação da cantora Daya-ne Nunes, da banda Disco de Vinil e do DJ Bruninho, que deix-arão os presentes contagiados com o som preparado especial-mente para a ocasião. A festa também reserva algumas surpre-sas, e ainda espaço para a apresentação da nova coleção de vestidos de noiva do estilista Gildo Porto, que escolheu apre-sentar suas criações em uma noite iluminada. A blogueira de moda Lilianne Oliveira também participará do evento, vestindo as peças idealizadas por Gildo Porto. Resumindo: beleza, charme, gente legal e muita comida boa! Vamos?

Os bons cafés da cidade estão localizados predominantemente no Centro de Mossoró. Até o que tinha no Mossoró West Shop-ping fechou suas portas. Para resolver este problema, Amariles Moura criou o Dr. Café, que fica na R. Isaura Rosado, S/N. (Anexo ao Hotel Terra do Sal). Ela foi esperta: já pensou na duplicação da pista e no hospital que está sendo construído pertinho dali, fora o movimento do próprio hotel. Uma sacada genial seguida por um cardápio gostoso que conta com tapiocas de diversos sabores; pasteis, empadas e outros salgados; bolos e sanduích-es; pão de queijo mineiro e outros itens que se encontram nor-malmente em cafeterias. Alguns itens especiais como os kibes, bruschettas e panquecas. Já o principal, o café, é servido de diversas formas, desde o expresso tradicional até os especiais com caramelo e menta, ou o chocolate quente suíço. Fora o lugar, supersimpático e acolhedor. Contato: (84) 3318-2246

Cursos da Livraria Mundo Gourmet

Comida de estrada nos EUA

Novo azeite da Borges, o Olivium

Noite de Luz

Dr. Café

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Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

A coluna de hoje está mais super globalizada. Temos novidades desde os Estados Unidos até lançamentos de produtos nacionais, cursos e festinhas em Mossoró. Ah, sem falar em um café deli-cioso que abriu! Sobre a receita, achei um site perfeito chamado http://receitasdenatal.org/ e trouxe um prato diferente para já ir planejando a ceia de Natal. Aproveite!

Novidades

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15Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de dezembro de 2012

adoro comer adoro comer

INGREDIENTES

• 5 rodelas/fatias de bem docinho abacaxi picado• 4 colheres de sopa cheias de uvas passas• 2 colheres de sopa de manteiga de boa qualidade• 2 colheres de sopa de açúcar cristal• 1 cebola média picada em cubinhos• 1 xicara de chá de farinha de mandioca sem tempero• 1 porção média de salsa finamente picada (100gr)• sal a gosto

MODO DE FAZER

• Pique o abacaxi em pedacinhos, coloque em uma panela e adicione o açúcar. Deixe esta mistura ferver em fogo médio por 3 a 4 minutos. Escorra o líquido e reserve em uma vasilha;• Derreta a manteiga em uma frigideira e acrescente a cebola para refogar até ficar bem transparente;• Adicione as uvas passas ao abacaxi reservado e após misturar junte a cebola refogada e misture;• Vá adicionando a farinha de mandioca e mexendo até soltar os ingredientes e ter uma mistura uniforme;• Vá temperando com sal a gosto;• Ainda com o fogo ligado adicione a salsinha e mexa bem;• Agora já pode servir. Esta farofa é uma delícia quando ainda está levemente quente.

Farofa de Natal com Abacaxi

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