revista de analise do regime militar no brasil

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Page 1: Revista de analise do regime militar no brasil
Page 2: Revista de analise do regime militar no brasil

Expediente____________________________ Pag. 03

Sociedade_____________________________ Pag. 05

Jogo da democracia_____________________ Pag. 08

Política_______________________________ Pag. 10

Relações Internacionais__________________ Pag. 13

Cultura________________________________ Pag. 17

Repressoes_____________________________ Pag. 24

Economia______________________________ Pag. 27

Educação______________________________ Pag. 28

Abertura_______________________________Pag. 30

Depoimento de torturados_________________Pag 32

Artigos_________________________________Pag. 35

Notas _________________________________ Pag. 36

Ações Sociais em Marabá_________Pag 37

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Page 4: Revista de analise do regime militar no brasil

2014

NOVEMBRO

FICHA TECNICA

Presidente:

Milka Mylena Braga

Editora:

Souza Editora - Amor pelo Saber

Jornalista:

Êmilly Cristhyne Reis Rocha

Redação:

Bianca de Brito Costa

Consultoria e Marketing:

Milka Mylena Braga

Beatriz Guimarães Junqueira

Designer Gráfico

Colaboradores:

Vinicius Silva de Souza

Tiragem:

Edição Especial

Prezado leitor:

Onde quer que você esteja, na vastidão do território Nacional, estará

lendo estas linhas praticamente ao mesmo tempo em que todos ao

mesmo tempo em que todos os demais leitores do país.

Pois DE OLHO NO BRASIL, quer ser a grande revista semanal de

informação de todos os brasileiros.

Ha quase um mês, a SOUZA EDITORA – AMOR PELO SABER, lançava sua

primeira publicação.

Agora Nasce DE OLHO NO BRASIL, para fazê-la selecionamos quatro jovens

de todo o Estado, para estudos de extensão e pesquisas históricas.

Formando uma equipe seria e politicamente democrática, como já diz em

seu nome, "De olho no Brasil" historicamente, Economicamente,

culturalmente e suas relações internacionais.

Para cobertura internacional, contratamos os serviços de agencias

noticiosos e revistas de prestigio mundial.

Finalmente no decorrer dos últimos dias, preparamos esta edição

completa, com Entrevistas, Artigos, Notas Originais, e depoimentos dos

próprios torturados e relatos de torturadores investigados pela Comissão

Nacional pela Verdade, exclusivamente para você, leitor ou leitora de todo

lugar o Brasil.

O Brasil não pode mais ser o velho arquipélago separado pela distancia e

esquecimento, Precisa de informação rápida e objetiva a fim de esclarecer

fatos da nossa historia, Precisa saber oque aconteceu, para que a historia

não se repita novamente, precisa enfim, estar bem informado, e este são

o objetivo da “De olho no Brasil”.

Conscientes da responsabilidade assumida ao Editar “De olho no Brasil”.

Dedicamos a revista a todos e todas as pessoas que viveram este

momento na historia.

Ao Brasil de ontem, de hoje e ao de amanha.

Page 5: Revista de analise do regime militar no brasil
Page 6: Revista de analise do regime militar no brasil

FATORES QUE INFLUENCIARAM (CONTEXTO HISTÓRICO ANTES DO GOLPE):

- Instabilidade política durante o governo de João Goulart;- Ocorrências de greves e

manifestações políticas e sociais;

- Alto custo de vida enfrentado pela população;

- Promessa de João Goulart em fazer a Reforma de Base (mudanças radicais na

agricultura, economia e educação);

- Medo da classe média de que o socialismo fosse implantado no Brasil;

- apoio da Igreja Católica, setores conservadores, classe média e até dos Estados

Unidos aos militares brasileiros;

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO REGIME MILITAR NO BRASIL:

- Cassação de direitos políticos de opositores;

- Repressão aos movimentos sociais e manifestações de oposição;

- Censura aos meios de comunicação; - Censura aos artistas (músicos, atores,

artistas plásticos);

- Aproximação dos Estados Unidos; - Controle dos sindicatos;

- Implantação do bipartidarismo: ARENA (governo) e MDB (oposição controlada);

- Enfrentamento militar dos movimentos de guerrilha contrários ao regime militar;

- Uso de métodos violentos, inclusive tortura, contra os opositores ao regime;

- “Milagre econômico”: forte crescimento da economia (entre 1969 a 1973) com altos

investimentos em infraestrutura. Aumento da dívida externa.

SOCIEDAde

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Page 7: Revista de analise do regime militar no brasil

A primeira vista, a frase poderia ser associada a algum pacifista ou ferrenho defensor do

regime democrático, mas foi proferida pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco

(1897-1967) em seu discurso de posse na Presidência da República em 1964, depois que um

golpe depôs, pela via armada, um governo eleito pelo povo.

O ano de 2014 marca os 50 anos do golpe. O assunto volta a ganhar força não apenas pelo

triste aniversário, mas também pela quantidade de revelações que surgem sobre os 21 anos

em que os militares estiveram no poder.

“Restaurar a legalidade,

revigorar a democracia,

restabelecer a paz e

promover o progresso e a

justiça social.”

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Page 8: Revista de analise do regime militar no brasil

“Vivemos hoje, com a Comissão Nacional da Verdade,

um momento da justiça de transição, de acerto de

contas com esse passado. Por isso, a sociedade discute

mais esse tema do que o fez há algum tempo e, por

consequência, o conhecimento e o interesse que os

alunos trazem é bem maior”, afirma Gislene Lacerda,

doutoranda em História Social pela Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Page 10: Revista de analise do regime militar no brasil
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João Goulart (1919 - 1976)

No período em que Goulart governou o país – entre 1961, após a renúncia de

Jânio Quadros, e 1964 –, a principal proposta apresentada ao Congresso foram as

chamadas Reformas de Base. As medidas incluíam alterações estruturais em

diversos setores – como a realização da Reforma Agrária – e causaram

desconfiança em alguns setores da sociedade, que o acusaram de flertar com o

comunismo em plena Guerra Fria. As consequências? A aproximação dos Estados

Unidos dos grupos econômicos e políticos que se opunham a Goulart e que, por

fim, deram o Golpe em 1964.

Lincoln Gordon (1913 - 2009)

Gordon acompanhou de perto as movimentações políticas no Brasil nesse período

e ofereceu, informações detalhadas a Washington acompanhadas de

recomendações sobre como o governo norte-americano poderia proceder. Foi ele

o responsável por viabilizar a entrada de dinheiro para apoiar organizações de

oposição a Goulart e também pela pressão militar, que aproximou navios da costa

brasileira, em abril de 1964.

Carlos Lacerda (1914 – 1977)

Lacerda era um dos principais adversários políticos de Goulart. Governava o

estado mais importante do país (atual Rio de Janeiro), onde estava localizada boa

parte do aparelho de Estado que ainda não havia sido transferida para Brasília.

Lacerda tinha, portanto, grande influência sobre alguns setores da sociedade. Foi

apoiador da eleição de Castello Branco, logo após o golpe.

POLITICA

João Goulart Lincoln Gordon Carlos Lacerda Castello Branco

Presidente deposto Embaixador dos EUA Governador da Guanabara Primeiro presidente militar

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Page 12: Revista de analise do regime militar no brasil

Marechal Castello Branco (1897 – 1967)

Castello Branco foi eleito em 11 de abril, logo após o golpe. Era considerado um

dos militares da “linha branda”, composta por militares que pretendiam

restabelecer a democracia após o primeiro governo, e declarou ter a intenção de,

ao final de seu governo, restaurar a Democracia, o que não aconteceu. Foi

sucedido pelo Marechal Costa e Silva, em 1967, que pertencia à chamada “linha

dura”.

Arthur Costa e Silva (1967 -1969)

Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o aumento dos

protestos contra o regime militar abriu caminho para que os militares da chamada

“linha dura” guiasse a vida política do país com o objetivo de desarticular as

oposições. Dessa maneira, a candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo

líder dos setores mais repressivos – ganhou força para que as liberdades

democráticas fossem aniquiladas e o regime finalmente consolidado.

Governo da JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foram substituídos por uma junta militar formada pelos

ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e

Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA

Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos,

exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo

decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte

em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".

No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Marighela, foi morto pelas forças de

repressão em São Paulo.

Emílio Garrastazu Médici (1970-1974)

No governo Médici, observamos o auge da ação dos instrumentos de repressão e

tortura instalados a partir de 1968. Os famosos “porões da ditadura” ganhavam o aval

do Estado para promover a tortura e o assassinato no interior de delegacias e

presídios.

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Page 13: Revista de analise do regime militar no brasil

Ernesto Beckmann Geisel (1974-1978)

O Governo de Ernesto Geisel foi marcado pela necessidade de se administrar o avanço

das oposições legais frente os sinais de crise da ditadura. O processo de eleição do novo

presidente foi marcado por eleições indiretas onde o MDB lançou os nomes de Ulysses

Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho enquanto “concorrentes” do candidato do ARENA.

Mesmo sabendo que não chegariam ao poder, a chapa do MDB correu em campanha

denunciado as falhas do regime militar e a opressão do sistema.

João Baptista de Oliveira Figueiredo (1978-1985)

João Figueiredo (1918-1999) foi Político e Militar brasileiro. Foi o último presidente da

ditadura militar no Brasil. Concorreu nas eleições de 1978 pela ARENA (Aliança

Renovadora Nacional), e exerceu seu mandato entre 1979 e 1985, tendo como vice-

presidente Aureliano Chaves.

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Page 14: Revista de analise do regime militar no brasil

AFINAL, QUEM TRAMOU O GOLPE?

“Com o apoio financeiro e militar das autoridades dos Estados Unidos, os articuladores

do golpe romperam com as facções democráticas e promoveram o fechamento do

regime político.” Esse é um exemplo da explicação quase mágica que muitos livros

didáticos dão para o início do governo militar.

Como mostrado no trecho acima, o apoio econômico, político e mesmo militar dos

EUA foi vital para que o golpe desse certo, também ligados ao contexto internacional.

A explicação básica é que os norte-americanos buscavam aumentar seu poder sobre

a América Latina, impedindo que o socialismo e o comunismo avançassem sobre o

continente.

Diferentes forças que agiram internamente a favor do golpe. O apoio norte-americano

se consolidou no país por meio da ação de políticos e entidades civis. “Hoje, muitas

pesquisas mostram que não se tratou apenas de uma ação do Exército, mas, sim,

uma parceria civil-militar”, explica Neide Nogueira, coordenadora educacional do

Instituto Vladimir Herzog. Houve até mesmo apoio popular, que pode ser

exemplificado pelas diversas Marchas da Família com Deus pela Liberdade realizada

em todo país.

internacional

No contexto internacional,

essa “aproximação” de

Goulart com a esquerda

ganha importância ainda

maior. Não é possível,

portanto, tratar do regime

militar sem relembrar a

Guerra Fria, a Revolução

Cubana e a implantação de

Ditaduras em outros países

da América Latina. “O Golpe

brasileiro não foi um fato

isolado, mas refletiu o que

acontecia no mundo todo”,

explica Juliano Custódio

Sobrinho, docente da

Universidade Nove de Julho

(Uni nove).

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Page 15: Revista de analise do regime militar no brasil

Políticos, como o então governador da Guanabara Carlos Lacerda (1914-1977) e até a

imprensa também foram forças que atuaram para criar as condições necessárias ao

golpe. Discursos inflamados de Lacerda e editoriais publicados em grandes jornais são

exemplos de como essas instituições contribuíram. Recentemente, o jornal O Globo

publicou um texto em que admitia que o apoio dado ao golpe teria sido um erro.

1964

2013

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O REAL PAPEL DA CENSURA

O Decreto-Lei n° 1.077 estabeleceu a possibilidade de o Estado aprovar o que seria

ou não publicado por jornais, revistas e livros e veiculado na televisão e no rádio. Era a

institucionalização da censura. Mas, ao contrário do que se podia esperar, a repressão

impulsionou a produção durante o regime militar, em especial a partir de 1970.

“Quando não há espaços institucionais para a participação natural, motiva-se a criação

cultural como forma de resistência”, explica Luis Fernando Cerri, da Universidade

Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O material elaborado no período constitui um

importante documento histórico, por meio do qual é possível reconhecer o passado e

as representações de mundo de quem o produziu.

Tradicionalmente eram elaborados e consumidos pela classe média, como as canções

da MPB e a produção audiovisual do Cinema Novo. Nesses produtos, o regime é

fortemente contestado, muitas vezes por meio de metáforas, como na canção Cálice,

de Chico Buarque. Os artistas conseguiram, portanto, encontrar brechas para

expressar a sua opinião em um contexto em que isso não era permitido.

cultura

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Page 19: Revista de analise do regime militar no brasil

“Essa geração de artistas procurou expressar em suas composições as questões que,

como pessoas do povo, tiveram que enfrentar”, afirma o historiador e jornalista Paulo

César de Araújo no livro Eu Não Sou Cachorro Não, em que trata da música brega

produzida no período.

Como na canção a favor da aprovação do divórcio Ninguém Pertence a Ninguém, de

Claudia Barroso, mas chegam a convergir em alguns momentos como na canção

Presidente da Favela, em que o cantor Wando narra uma história de mobilização

popular.

Apesar da intensa produção cultural de resistência, não podemos deixar de abordar os

efeitos da censura. “Os mecanismos instituídos pelo Estado funcionaram como uma

grande barreira, que impediu que muita coisa fosse veiculada”, ressalta Cerri. Ao tratar

desse assunto, é importante abordar os conceitos de liberdade de expressão e

censura, articulando-os ao momento estudado e também ao presente. Para isso, o

professor pode lançar mão de diversos materiais, como o depoimento de censurados e

textos jurídicos, como a lei de 1970 – que instaurou a censura – e a Constituição de

1988, que estabelece a liberdade de expressão como um de seus pilares.

FILMES

Das sessões de tortura aos fantasmas da ditadura, o cinema brasileiro invariavelmente

volta aos anos do regime militar para desvendar personagens, fatos e consequências

do golpe que destituiu o governo democrático do país e estabeleceu um regime de

exceção que durou longos 21 anos.

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Sinopse: Quem foi Carlos Marighela? Mulato, baiano, poeta, sedutor aumente de

samba, praia e futebol. Apresentamos as "mil faces de um homem leal", como diz

Mano Brown em música especialmente composta para o filme, e seu diálogo com

a história brasileira do século XX. Carlos Marighela foi o maior inimigo da ditadura

militar no Brasil. Este líder comunista e parlamentar foram presos e torturados, e

tornou-se famoso por ter redigido o Manual do Guerrilheiro Urbano.

é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia,

sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma

inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade, os pais de Mauro

foram obrigados a fugir da perseguição política, tendo que deixá-lo com o

avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz

com que Mauro tena quhe ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho

judeu solitário que é vizinho do avô de Mauro.

Page 20: Revista de analise do regime militar no brasil

LP’s

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar

brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na historia da MPB,

tendo 68 canções censuradas e escreveu uma, Cavaleiro da Esperança, em

homenagem a Luís Carlos Prestes. Os problemas com a censura eventualmente

levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973. Em Londres,

estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou o Let the Children Hear the

Music, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um

brasileiro censurado no Brasil.

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Page 25: Revista de analise do regime militar no brasil

A VIOLÊNCIA ESTATAL E A RESISTÊNCIA

De todas as ações tomadas pelos militares no período em que estiveram no poder,

nenhuma foi tão marcante como o Ato Institucional n° 5 (AI-5), decretado em

dezembro de 1968. Conhecido como “o golpe dentro do golpe”, é o marco inicial dos

“anos de chumbo”, em que a repressão e o poder do Estado foram mais intensos.

repressão

Page 26: Revista de analise do regime militar no brasil

Tratar da existência do AI-5 e da caça aos opositores pós-1968 é evidentemente

importante, mas não pode ser a única abordagem à violência estatal, principalmente

pelos mecanismos de tortura já que funcionavam desde 1964, como apontados

recentemente pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

A ação hostil do Estado também precisa ser pensada como algo mais amplo. “O exílio,

a censura, a retirada dos direitos políticos também são violências e precisam ser

discutidas”.

As formas de resistência não podem ser deixadas de lado, afinal a violência cometida

pelo Estado tinha como objetivo eliminá-las. Sobre o tema, não faltam recursos:

biografias como a de Carlos Marighela e filmes de ficção como Zuzu Angel e O Ano

em Que Meus Pais Saíram de Férias

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Page 28: Revista de analise do regime militar no brasil

ASCENSÃO E QUEDA

Impulsionado por obras como a da ponte Rio-Niterói (foto) o PIB brasileiro chegou a

crescer 14%, em 1973, para cair a -4,3% em 1981, segundo dados do Banco Mundial.

O BOLO CRESCEU E FOI DIVIDIDO?

O Milagre Econômico, nome dado ao intenso crescimento no início do governo militar,

Além de apresentar as taxas de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e caracterizar

o modelo econômico adotado pelos militares no período.

É possível discutir também os aspectos econômicos que afetaram individualmente

cada grupo: a desvalorização dos salários, o alto preço dos alimentos e a existência

de desigualdades, Ao discutir o modelo de desenvolvimento adotado no período – que

privilegiava o crescimento do PIB e não se debruçava sobre questões sociais, como a

distribuição de renda –, é possível convidar a garotada a pensar no passado recente

do país: na última década, o Brasil voltou a crescer em ritmo acelerado.

Por fim, vale destacar que o modelo que possibilitou o Milagre Econômico não se

sustentou por muito tempo. Com a crise do petróleo, iniciada em 1973, o ritmo de

crescimento despencou e as dívidas feitas no exterior para a realização das grandes

obras permaneceram como um dos principais assuntos da pauta política brasileira até

a década passada.

Economia

“Os aspectos econômicos são fundamentais para

entender as visões que pessoas de diferentes regiões e

setores da sociedade tiveram sobre a ditadura”, explica

Samantha Quadrat, da UFF. É possível, por exemplo,

refletir sobre as memórias de pessoas afetadas

diretamente pelas grandes obras do período, realizadas

para interligar as diversas regiões do país.

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Page 29: Revista de analise do regime militar no brasil

As escolas e universidades – pelo caráter formativo, de construção do pensamento, da

pesquisa e da reflexão – foram algumas das esferas mais atacadas. No início da

década de 70, o governo deu início à operação Tarrafa, em alusão à rede de pesca

que “pega tudo o que estiver ao seu alcance”, com o objetivo de intimidar, prender e

encontrar fontes de ação “subversiva” e contrária ao regime. Com a medida, inúmeros

professores e estudantes da Universidade de São Paulo foram expurgados e muitos

tiveram decretadas suas aposentadorias antecipadas. Reunidos na chamada “lista

negra da USP”, muitos tiveram que optar pelo exílio e outros passaram a viver na

clandestinidade.

educação

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Page 30: Revista de analise do regime militar no brasil

“Quando estudante, eu acompanhei colegas sendo retirados das salas de aula e

professores serem tirados de suas casas. Vários foram torturados e muitos

desapareceram. Lembro bem da nossa professora de genética, Heleneide Nazaré,

que foi torturada na OBAM [Operação Bandeirante] e ficou no pau de arara. Lembro

também que sua irmã, Helenria, que estava no Congresso de Ibiúna, foi presa, depois

entrou para a Guerrilha do Araguaia e nunca mais encontrada”, diz Helena, lembrando

que todos viviam em medo permanente. “Havia estudantes infiltrados nas nossas

salas de aula e nós não sabíamos quem eram porque eles apareciam entre a lista dos

aprovados no vestibular”.

Outra triste ação de destaque nos meios universitários foi o Massacre de Manguinhos,

termo cunhado por Herman Lent, um dos cassados na operação que suspendeu os

direitos políticos de dez pesquisadores do Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio

de Janeiro. Lent, que foi um dos fundadores da SBPC, publicou um livro sobre o tema.

No ensino básico, professores também sofreram as consequências. Muitos foram

torturados e vários desapareceram. Ao mesmo tempo, o regime controlava a formação

dos estudantes, com as disciplinas de Organização Social e Política Brasileira (OSBP)

e Educação Moral e Cívica, nas quais estudantes eram doutrinados a compreender o

regime como uma necessidade para o país.

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Page 31: Revista de analise do regime militar no brasil

ABERTURA POLÍTICA E TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA:

- Teve início no governo Ernesto Geisel e continuou no de Figueiredo;

- Abertura lenda, gradual e segura, conforme prometido por Geisel;

- Significativa vitória do MDB nas eleições parlamentares de 1974;

- Fim do AI-5 e restauração do habeas-corpus em 1978;- Em 1979 volta o sistema

pluripartidário;

- Em 1984 ocorreu o Movimento das “Diretas Já”. Porém, a eleição ocorre de forma

indireta com a eleição.

VOLTAMOS À DEMOCRACIA?

O Brasil se despediu da ditadura aos poucos, em um processo “gradual, mas seguro”,

segundo as palavras do presidente general Ernesto Geisel (1907-1996), tido como um

dos grandes responsáveis pela transição. Os livros didáticos costumam destacar a

lentidão da abertura, em razão do intenso controle dos militares.

Apesar do controle apertado feito pelo Estado, a participação popular também foi

importante para que a redemocratização de fato acontecesse. “A abertura foi lenta,

mas sem a mobilização do povo ela teria sido ainda mais devagar ou talvez nem

acontecesse, por causa das disputas que aconteciam dentro do Exército”, comenta

Luis Fernando Cerri, da UEPG. As campanhas a favor da anistia são um exemplo,

mas não o único.

Por fim, os vestígios deixados pelo regime também precisam ser alvo de reflexão.

Institucionalmente, não há muitas marcas - diversas reformas legislativas apagaram

parte delas -, mas ainda existem: o policiamento de caráter militar é um exemplo. E os

rastros ideológicos são visíveis por todos os cantos: a defesa da moralidade, da

violência policial - como se vê em telejornais vespertinos – e a visão de que

manifestações atrapalham o trânsito e a circulação de “pessoas de bem.” “Essa

maneira de pensar nos remete diretamente à década de 1970, ao auge da repressão “,

esclarece Cerri.

Instituída em maio de 2012, a Comissão Nacional da Verdade é um bom gancho para

as discussões.

Abertura

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Page 32: Revista de analise do regime militar no brasil

Por que só hoje os crimes e as violações a direitos humanos cometidos durante o

regime ditatorial estão sendo investigados? Partindo dessa pergunta, é possível

questionar o caráter da transição à democracia, que fez com que os militares saíssem

“de fininho” e que os agentes do Estado não respondessem por torturas, prisões

ilegais e assassinatos de milhares de brasileiros. O mecanismo utilizado para isso foi a

Lei da Anistia, sancionada em 1979.

A REDEMOCRATIZAÇÃO E A CAMPANHA PELAS DIRETAS JÁ

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é

alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento

de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.

Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros

participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da

Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano.

Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo

Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia

parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela

Frente Liberal.

Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e

acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma

nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura

militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

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Page 33: Revista de analise do regime militar no brasil

HELENIRA REZENDE DE SOUZA NAZARETH

Os treinamentos militares eram feitos no interior da mata, onde ela participava de

aulas de tiro e sobrevivência. Helenira foi assassinada quando vigiava um trecho de

estrada, para garantir a passagem em segurança de um destacamento guerrilheiro.

Ela foi surpreendida por um grupo de soldados, mas não se entregou. Resistiu até a

última bala e depois foi torturada e morta no local. Seu corpo nunca foi encontrado.

ZABEL FÁVERO, ex - militante da VAR- Palmares, era professora quando foi presa

em 5 de maio de 1970, em Nova Aurora (PR). Hoje, vive no Recife (PE), onde é

professora de Administração da Faculdade Santa Catarina.

Teve uma tortura que aconteceu na véspera do Sete de Setembro. Sei que foi esse

dia porque a gente escutava o ensaio das bandas. Me levaram para uma sala com

acústica de madeira. Tocava uma música de enlouquecer. Era um som como se

estivessem arranhando a parede. A música foi aumentando cada vez mais. Quando eu

saí de lá, minha cabeça estava latejando. Por pouco eu não enlouqueci. Lá no DOI-

Codi, todo dia eu ia para o interrogatório, e as torturas eram de todas as formas, como

na cadeira do dragão, e sempre nua. E eles ameaçavam as pessoas que a gente

conhecia. Um dia me chamaram e eu vi o Paulo [Stuart Wright] encapuzado.

Depoimento

torturados

Reconheci-o pelo terno que ele estava usando,

que fui eu quem tinha dado para ele, e

também pela voz. Os torturadores falavam

muito das presas, ridicularizavam, gritando

para você ouvir. Eram coisas libidinosas, como

do tamanho da vagina de uma pessoa que eu

conhecia.

Helenira morou com alguns companheiros numa casinha

humilde, adquirida pelo PCdoB, na cidade de Marabá,

Estado do Pará. Ela ajudava os moradores locais no

serviço de roça e também alfabetizava adultos e crianças.

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Page 34: Revista de analise do regime militar no brasil

Uma vez, eles me chamaram para um interrogatório com um homem negro que diziam

ser um psicólogo. Isso foi muito tocante para mim, porque é claro que chamaram um

homem negro para eu me sentir, identificada. Um dia, eles me chamaram no pátio e lá

estava o satanás encarnado, o capitão Ubirajara [codinome do delegado de polícia

Laerte Aparecido Calandra], apoiado num carro, e um outro ao lado dele em pé, e um

bando de homens do outro lado. Ele me pôs para marchar na frente dele, para lá e

para cá, para lá e para cá durante um bom tempo. E os homens falando: ‘Ô negra feia.

Isso aí devia estar é no fogão. Negra horrorosa, com esse barrigão. Isso aí não serve

nem para cozinhar. Isso aí não precisava nem comer com essa banhona, negra

horrorosa’. E eu tendo de marchar. Imagine só, rebaixar o ser humano a esse ponto...

MARIA DIVA DE FARIA era enfermeira quando foi presa em 5 de setembro de 1973,

em São Paulo (SP). Hoje, vive na mesma cidade e é aposentada.

Ele me disse: ‘Se você sair viva daqui, o que não vai acontecer, você pode me

procurar no futuro. Eu sou o chefe, sou o Jesus Cristo [codinome do delegado de

polícia Dirceu Gravina] ’. Ele falava isso e virava a manivela para me dar choque. Ele

também dizia: ‘Que militante de direitos humanos coisa nenhuma, nada disso, vocês

estão envolvidos’. E virava a manivela. Havia umas ameaças assim: ‘Vamos prender

todos os advogados de direitos humanos, colocá-los num avião e soltar na Amazônia’.

Nos outros interrogatórios, eles perguntavam qual era a minha opção política, o que eu

pensava, quem pagava os meus honorários, quais eram os meus contatos no exterior,

o que eu pensava do comunismo. Para mim, ficou muito claro que eles queriam

atemorizar advogado de preso político. Havia uma mudança no tom das equipes.

Eram três, e ia piorando. Durante o interrogatório da segunda equipe, eu levei uma

bofetada de um e o outro me segurou: ‘Está bravinha porque levou uma bofetada?’

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Page 35: Revista de analise do regime militar no brasil

E os homens da terceira equipe diziam: ‘Saia disso, onde já se viu defender esses

caras, gente perigosíssima, não se meta nisso!’. Eu estava formada havia menos de

um ano, e trabalhava desde o segundo ano no escritório do advogado José Carlos

Dias, defendendo presos políticos. Essa era a forma que eu tinha de resistir à ditadura

militar, foi minha opção de participação na resistência. Eu fui presa sem nenhuma

acusação, fiquei três dias lá sem saber porque estava presa. No terceiro ou quarto dia,

eu descobri o motivo: teriam achado num ‘aparelho’ um manuscrito do Carlos Eduardo

Pires Fleury, que tinha sido banido do país e que foi meu colega e cliente no escritório.

Eu não fui das mais torturadas. Levei choque uma manhã inteira, acho que para saber

se eu tinha algum envolvimento com alguma organização clandestina e para que os

advogados soubessem que não era fácil para quem militava.

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Artigo de jornal

Onde está Honestino? Anistia, Rio de Janeiro, n. 4, mar./abr. 1979. p. 8. O artigo traz a

biografia de Honestino Monteiro Guimarães que foi líder estudantil na Universidade

Nacional de Brasília (UnB) e o último presidente eleito da UNE até então. Foi preso

algumas vezes a partir de 1964 e em 1973 escreveu uma carta denunciando as

ameaças que sofria, motivo que o levou à prisão novamente. Desde então está

desaparecido. Os membros da UNE, que acreditam que ele foi assassinado querem

saber seu paradeiro, tornando Honestino o tema do Congresso de reconstrução da

UNE. São lembrados outros membros da UNE que também forma mortos: Helenira

Rezende, Gildo Lacerda e Umberto Câmara Neto. O artigo traz também uma poesia

escrita por Honestino.

Artigo de revista

Longe do ponto final. Isto É, São Paulo, 8 abr. 1987, p. 24-25. Artigo incompleto. O

psicanalista Amílcar Lobo, único membro dos grupos de tortura a reconhecer os

crimes cometidos, joga novas luzes sobre as torturas ocorridas nos porões do quartel

da Polícia do Exército (PE) e sobre pessoas que estão oficialmente desaparecidas e

que foram torturadas neste quartel.

Artigos

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Araguaia | 12/04/1972 | Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

Primeiras notícias sobre o início da guerrilha

Por Criméia Alice Schimidt de Almeida

"Infelizmente, quando outros episódios ainda não estão esclarecidos, temos a

lamentar incidentes graves na prelazia de Marabá, no Estado do Pará. Assim começa

a nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB - que acompanha o

relatório do bispo de Marabá sobre a prisão, seguida de maus tratos, a que foram

submetidos padre Roberto e irmã Maria das Graças, no último dia 2 de junho, na

localidade de Palestina.

O documento deverá ser entregue, hoje, no Rio, ao ministro da Justiça, ou, ao seu

chefe de gabinete, pois ontem, em Brasília, tanto no Ministério do Exército como no da

Educação, na Casa Civil da Presidência da República e no Departamento de Polícia

Federal, a comissão de bispos que esteve à procura das autoridade, só tratou do

problema, invariavelmente, a nível de chefes de gabinete."

"Notícias provindas de diversas fontes, entre as quais de pessoas chegadas do Norte,

dão conta que se verificam graves conflitos naquela região. Várias cidades às

margens dos rios Araguaia e Tocantins, acham-se sob controle das Forças Armadas.

Moradores locais têm sido presos e submetidos a vexames e maus tratos. A

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil denunciou que, na vila da Palestina,

município de São João do Araguaia, o padre Roberto e a irmã Maria das Graças foram

seviciados barbaramente por militares sob o pretexto de que tinham semelhança

fisionômica com elementos cabeças de grupos guerrilheiros. Circula a informação de

que há feridos no Hospital de Marabá e que um avião militar metralhou e matou quatro

trabalhadores de uma firma empreiteira de construção da Transamazônica que se

haviam perdido nas matas.

Notas

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AÇÕES SOCIAIS EM MARABÁ PELA MEMÓRIA, JUSTIÇA E VERDADE.

ATO CONTRA A DITADURA MARABÁ

Levante popular da juventude e mov. Debate e ação escracham antiga casa de tortura

da guerrilha do Araguaia em marabá – Pará.

No dia 01 de Abril de 2014, em memória aos 50 anos do Golpe Militar de 1964, o

Levante Popular da Juventude e o Movimento Debate e Ação (coletivo de estudantes

da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA) realizaram em

Marabá – Pará um ato de denúncia em memória dos guerrilheiros e guerrilheiras do

Araguaia torturados e desaparecidos durante o regime militar.

O Ato aconteceu em frente à sede regional do DNIT em Marabá, núcleo Cidade Nova,

onde segundo os militantes funcionou, durante o período da ditadura militar, um centro

de torturas conhecido como “Casa Azul”. Neste espaço, militantes da guerrilha do

Araguaia foram brutalmente torturados, ou como consta nos arquivos do exército,

“interrogados” e desde então não se tem notícias do paradeiro destes.

O objetivo da ação era resgatar a memória destes lutadores e lutadoras do povo

brasileiro e exigir verdade e justiça por parte do Estado, visto que os corpos destes

guerrilheiros e de tantos outros que viveram na região do bico do papagaio (divisa

entre Pará, Maranhão e Tocantins) durante a guerrilha do Araguaia (guerrilheiros,

indígenas, camponeses, etc.) ainda encontram-se desaparecidos.

Ações

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Page 39: Revista de analise do regime militar no brasil

Em especial, o ato escrachou o Major Sebastião Curió, militar da reserva e grande

nome da repressão durante a guerrilha e que atualmente encontra-se solto e anistiado

pelo Estado brasileiro. “Major Curió, você é inimigo do Levante Popular da Juventude

e do Movimento Debate e Ação, assim como também é inimigo do povo brasileiro. Não

descansaremos enquanto você não estiver na cadeia”.

Em memória aos lutadores e lutadoras do povo que deram suas vidas no Araguaia.

Pela Memória, Justiça e Verdade.

(Fonte: www.levantepopularmaraba.blogspot.com.br/2014/04/ato-contra-ditadura-maraba.html)

UNIFESSPA REALIZADA NO DIA 21 A 23 DE MAIO DE 2014 - DEBATE DITADURA

CIVIL-MILITAR E A RESISTÊNCIA ARMADA NO ARAGUAIA

Preparando todo uma programação

sobre um dos tempos mais sombrios da

história recente brasileira! Haverá

inscrição de trabalhos, filmes, culturais

e afins! Que foi realizado em Marabá,

no Campus I, o Seminário Nacional

Ditadura Civil-Militar no Brasil e a

Resistência Armada.

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE REALIZA TRABALHOS EM MARABÁ

A Comissão Nacional da Verdade vem a Marabá dia (15/09/2014), juntando-se com a Comissão

Estadual da Verdade que já estava na cidade. A visita é com intuito de ir ao Departamento Nacional

de Infraestrutura e Transporte (DNIT), que antes era chamada de Casa Azul, localizada às margens

da rodovia Transamazônica, próximo às margens do Rio Itacaiunas, lugar que funcionou a primeira

base militar do exército, onde camponeses e militantes que lutavam contra a Ditadura Militar foram

presos e interrogados e também aconteceram os piores casos de torturas e assassinatos durante a

Ditadura Militar.

Camponeses e um ex-militar que conheceram a Casa Azul ajudaram a identificar e a relatar

minuciosamente as barbáries que ocorreram naquele espaço durante a Guerrilha do Araguaia. Hoje

(16/09) as testemunhas levaram a Comissão Nacional da Verdade ao Cemitério, onde muitos dos

corpos eram enterrados e que depois eram dados como desaparecidos. Além disso, as Comissões

Nacional e Estadual da Verdade organizaram uma Audiência Pública com intuito de informar a

sociedade sobre os trabalhos que foram desenvolvidos em Marabá, contando com alguns

depoimentos de camponeses que foram torturados durante a Guerrilha.

Na Audiência, Pedro Dallari (coordenador da comissão) afirmou que a região de Marabá é o lugar

que tem o maior número de desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar em função do

Combate armado que aconteceu em nossa região.

(Fonte: http://levantepopularmaraba.blogspot.com.br/2014/09/comissao-nacional-da-verdade-

realiza.html)

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