revista de aero n.º3

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Uma propriedade da Secção Autónoma Aeronáutica Aplicada 2º Semestre Fevereiro 2012 Número 3 E ainda: Testemunhos de alunos MEAer História da aviação comercial em Portugal Atividades extra curriculares Desafios e humor E muito mais... Balão de Arquitetura da S3A Reportagem

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3ª edição da Revista de Aero, lançada em Março de 2012 pela S3A, Secção Autónoma da AEIST.

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Page 1: Revista de Aero N.º3

Uma propriedade da Secção Autónoma Aeronáutica Aplicada

2º Semestre – Fevereiro 2012 Número 3

E ainda: Testemunhos de alunos MEAer História da aviação comercial em Portugal

Atividades extra curriculares Desafios e humor E muito mais...

Balão de Arquitetura

da S3A

Reportagem

Page 2: Revista de Aero N.º3

Ficha Técnica Editorial

Título: Revista Aeroespacial

Edição: 3

Data Lançamento: 22 de fevereiro 2012

Direcção Editorial: Samuel Franco

Coordenador de projecto: Samuel Franco

Equipa de redação: Pedro Albuquerque, Davis

Gouveia, Ana Macedo, Diogo Monteiro, Nuno

Carvalho, Diogo Vicente e Samuel Franco.

Edição gráfica: Samuel Franco

Colaboraram nesta edição: André Sousa, Sara

Andrez, César Coelho, Miguel Marreiro e Joana

Neto

Propriedade: Secção Autónoma Aeronáutica

Aplicada (S3A); Pavilhão da AEIST, Instituto

Superior Técnico, Avenida Rovisco Pais 1049-001

Lisboa, Portugal, email: [email protected], site:

http://s3a.ist.utl.pt

Vamos começar pelo início: Apesar de esta ser

já a terceira edição da revista aeroespacial, é a primeira

vez que decidimos escrever um editorial para a nossa

revista. Um editorial é basicamente um espaço

destinado à equipa de redação para produzir um texto

de opinião sem a obrigação de ter alguma objetividade.

Passando então às apresentações: a revista

aeroespacial nasceu a junho de 2011 por iniciativa do

ex-aluno Pedro Albuquerque, cujo objetivo principal foi

criar um elo de ligação entre a comunidade aeroespacial

bem como um meio de divulgação de trabalhos e

projetos desenvolvidos por alunos de aero. Assim, a

S3A passa a ser detentora dos direiros intelectuais da

revista, mas este projeto continua a ser aberto a todos os

alunos! Da primeira para a segunda edição o número de

colaboradores aumentou e, atualmente, a equipa da

revista conta com sete elementos (fora colaborações)

altamente motivados em desenvolver um trabalho

estruturado, dinâmico e rigoroso, de forma a levar

conteúdos interessantes a toda a comunidade IST.

Nesta terceira edição decidimos mudar um pouco a

estrutura da revista, sendo que esta se encontra dividida

em seis grandes temas: MEAer e o IST

(notícias/artigos relacionados com o curso e o IST),

MEAer extra curricular (espaço destinado a todo o

tipo de atividades extra curriculares que um aluno de

aero poderá fazer parte), MEAer na 1ª pessoa

(testemunhos de alunos de aero sobre o curso,

experiências no estrangeiro e mercado de trabalho),

MEAer e Portugal (notícias/artigos sobre o ramo em

Portugal), MEAer e o mundo (notícias/artigos sobre o

ramo a nível internacional) e finalmente MEAer e

lazer (espaço destinado a momentos de humor e

desafios).

O núcleo da revista gostaria de agradecer a todos

aqueles que colaboraram connosco nesta edição, quer

com conteúdos quer com informações, e sem os quais o

possível sucesso deste projeto não seria o mesmo.

Concluída esta 3ª edição, é com grande orgulho e

entusiasmo que olhamos para o futuro desta revista.

Apesar de haver ainda um longo caminho a percorrer,

sabemos que é um projeto com “pernas para andar”, do

qual tu poderás fazer parte! Se gostavas de colaborar

connosco, se tens alguma dica/sugestão de

melhoramento ou até mesmo uma ideia inovadora para

dinamizar a revista, não hesites em nos contactar!

[email protected]

O núcleo da revista aeroespacial espera por ti!

Apoios

Page 3: Revista de Aero N.º3

ÍNDICE

MEAer extra curricular

MEAer e o IST

08 Actividades extra curriculares 08 S3A 08 APAE 09 JUNITEC 10 FST 11 Reportagem “À Lupa” - Balão de Arquitetura da S3A

MEAer na 1ª pessoa

MEAer e Portugal

MEAer e o mundo

04 Semana MecanIST 05 Galp Energia e IST criam campus sustentável 06 Empreender – Qual o primeiro passo?

14 Experiência BEST: “Super Gear is almost here” 15 O percurso de um aero 2001

16 CIJE 2012 – Congresso Ibérico de Jovens Engenheiros 15 História da aviação comercial em Portugal

21 Rubrica “Sobrevoando o Passado” – DC-3, um marco histórico dos transportes aéreos 22 Arquitetura Legislativa da EASA 24 Airbus inovando para o Futuro: Biomimética 26 AeroBuzz

MEAer e lazer

28 Cartoon “Chicken Wings” e desafios

Page 4: Revista de Aero N.º3

Ao longo de três dias a começar a 22 de

fevereiro, a 1.ª edição do MecanIST conta com várias

atividades, com entrada livre e aberta a todos os

interessados, sejam de que curso forem. Esta semana

foi pensada para colmatar a falta de ligação entre o

ensino da Engenharia Mecânica e a integração dos

alunos na indústria e investigação científica da área. A

organização do evento está a cargo da parceria entre o

Fórum Mecânica e o BEST-Lisboa, composta por

alunos do IST.

As atividades incluem palestras que irão ser

dadas por convidados de grande peso no mundo

industrial, como a Galp Energia, a REN – Redes

Energéticas Nacionais e a ALSTOM, bem como

apresentações do Observatório de Empregabilidade do

IST, da Ordem dos Engenheiros e da Força Aérea

Portuguesa.

A semana MecanIST tem programadas duas

grandes atividades:

Ciclo de Conferências: Conjunto de palestras e

apresentações dadas por entidades empregadoras e

associações de alunos com atividades extra

curriculares práticas, entre outros, a ter lugar no

Centro de Congressos (piso 01 do Pavilhão de Eng.

Civil, no Campus IST-Alameda).

Banco de Ideias: Situam-se no Átrio Norte do

Pavilhão de Engenharia Civil e têm como âmbito dar a

oportunidade a alunos de expor as suas ideias e

projetos por eles desenvolvidos na área da Eng.

Mecânica. Algumas apresentações destes projetos

serão feitas no Centro de Congressos.

MEAer e o IST

Texto Nuno Carvalho e Ana Macedo Fotos www.mecanist.ist.utl.pt

Semana MecanIST

Como anteriormente referido, a organização

deste evento ficou a cargo do Fórum Mecânica e do

BEST-Lisboa.

Fórum Mecânica –

Núcleo de alunos de

Engenharia Mecânica do

IST, formado

recentemente e sem fins lucrativos, que tem como

objetivo o desenvolvimento social, inteletual e

profissional dos seus membros.

Pretende fomentar a aproximação entre o mundo

académico e o profissional através de conferências,

tertúlias, workshops técnicos e uma plataforma de

candidatura a estágios. Para isso conta com o apoio

dos Delegados de Curso e é reconhecido pelo

Departamento de Engenharia Mecânica do IST

(DEM).

BEST – Board of European

Students of Technology:

Associação sem fins

lucrativos fundada em 1989,

encontrando-se atualmente presente em 30 países

da Europa, cujo ojectivo é aproximar os estudantes

das empresas e da universidade.

O BEST Lisboa organiza anualmente cursos

tecnológicos, competições de engenharia locais e

nacionais e eventos de desenvolvimento de carreira

com a presença de empresas como os BEST Career

Days. Colabora também em eventos como o já

decorrido 1st World Engineering Education Flash

Week, em Setembro de 2011.

Para mais informações e consultar o horário

oficial, o site oficial da semana MecanIST é o

www.mecanist.ist.utl.pt.

04

Page 5: Revista de Aero N.º3

MEAer e o IST

05

Galp Energia e IST criam campus sustentável

A Galp Energia e o Instituto Superior Técnico

(IST) assinaram um acordo que visa promover e

realizar projetos na área da eficiência energética com

aplicabilidade direta às instalações da faculdade, por

eficiência bem como de utilização de energias

renováveis.

A constituição de um Laboratório de

Conhecimento em Eficiência Energética (LEE) é

Texto Samuel Franco Fotos http://www.galpenergia.com

forma a criar um campus

sustentável.

O protocolo, que teve as

assinaturas do presidente

executivo da Galp Energia

Manuel Ferreira de Oliveira e do

presidente do IST Arlindo Oliveira, para além de vir

reforçar as já existentes ligações entre a Galp Energia

e o IST, visa também o desenvolvimento de

um projeto a aplicar aos vários edifícios do IST, numa

área total de 110 mil m2, através do qual será

elaborado um plano de eficiência energética para o

campus da Alameda do IST. Estará ainda em vista a

aplicação de uma metodologia de gestão energética

que permitirá ao campus atingir altos padrões de

outro dos projetos em

protocolo, cujo objetivo será a

criação de um espaço de

trabalho e debate onde a

partilha de conhecimentos em

eficiência energética será o

denominador comum. Este laboratório estará

integrado na rede LEE, que inclui também as

universidades de Aveiro e da Beira Interior, ambas

com projetos em eficiência energética.

A integração de docentes, colaboradores da

Galp e bolseiros científicos é outro dos objetivos

deste campus sustentável, sem nunca esquecer a

participação dos alunos do IST, criando por isso

uma dinâmica complementar à sala de aula.

Page 6: Revista de Aero N.º3

“(...) temos de ter noção

que este não é o único

caminho possível”

MEAer e o IST

06

Texto Davis Gouveia Fotos http://blog.efacil.com.br/empreendendo

Empreender – Qual o primeiro passo?

Tecnologia que em 2009 criou a comunidade de

Spin-offs do IST, e possui um fundo de capital de

risco de 3 milhões para investir em projetos.

É este o organismo responsável igualmente por

questões de propriedade intelectual.

Quando entrámos em Aeroespacial todos

consultámos a página do curso onde se pode encontrar

as saídas profissionais para percebermos o que

podemos fazer depois do curso. Lá pode ler-se que os

alunos são empregados por empresas como a OGMA,

TAP, FAP, NAV, INAC, Airbus,

Aerospatiale, British Aerospace,

Daimler-Chrysler, Rolls-Royce,

Snecma, Astrium, CERN, ESA ou

Eurocontrol. Embora estejamos

orientados para seguir esta via, e no

nosso mestrado, como na maioria

dos outros cursos de engenharia,

não exista a cadeira de Empreendedorismo, temos de

ter noção que este não é o único caminho possível.

JUNITEC e com outros 3 colegas lançar a UAVision,

uma empresa conhecida pelos quadricópteros e da

qual é CEO. Precisamos de divulgar igualmente estes

projetos de alunos, não sendo o caso da UAVision

certamente único.

No trabalho que desenvolvo na JUNITEC já me

deparei com vários alunos que têm ideias de negócio e

a principal dúvida é sempre como dar o primeiro

passo. A ideia deste artigo não é dar nenhuma solução

mágica mas sim apresentar várias organizações,

eventos e iniciativas que vos podem ajudar nesta fase.

Em primeiro lugar, e de forma totalmente

suspeita, recomendaria a JUNITEC. Poderão ler mais

sobre a organização noutro artigo desta revista, pelo

que não adiantarei muito mais. No IST podem

também contar com a Área de Transferência de

João Noéme é um bom

exemplo doutro percurso.

Após finalizar o nosso curso

e duma passagem pela ESA,

decidiu recuperar um antigo

projeto desenvolvido na

No início deste mês

decorreu no IST o Startup

Pirates @ Lisboa, que é um

evento de uma semana em que

32 piratas puderam apresentar

as suas ideias de negócio a um

júri. Durante a semana puderam

assistir a vários workshops com temas como

business model, marketing estratégico, design

thinking, pitch e personal branding, várias talks

com empreendedores e puderam discutir a sua ideia

com perto de duas dezenas de mentores.

Participaram neste evento alguns alunos e ex-

alunos do nosso curso, contando similarmente com

piratas de várias partes do país e de países como o

Brasil, Suíça, Polónia e Eslováquia. Outras edições

estão já a ser planeadas em várias partes do mundo,

decorrendo a próxima em março na Argélia, e

certamente se voltará a realizar no nosso país.

Outros eventos que podem ajudar a

desenvolver as vossas ideias em menos tempo são

o Startup Weekend e o 3 Day Startup. O primeiro

realiza-se anualmente em Lisboa em

Page 7: Revista de Aero N.º3

MEAer e o IST

07

novembro, existindo também edições no Porto e em

Coimbra. O segundo realizar-se-á pela primeira vez no

“(...) eventos que podem ajudar a

desenvolver as vossas ideias em menos

tempo são o Startup Weekend e o 3 Day

Startup.”

nosso país em Coimbra no

próximo fim de semana.

São eventos que se

repetirão certamente em

breve e que já ajudaram a

lançar várias empresas

pelo mundo.

Os concursos de inovação

e empreendedorismo

podem ser também uma forma de lançamento de

novos projetos, beneficiando muitas vezes de bons

prémios monetários. Alguns exemplos são o Prémio

Inovação EDP Richard Branson, o Concurso Arrisca

C e o ISCTE-IUL MIT Portugal Innovation and

Entrepreneurship Initiative.

Duas outras organizações a seguir neste âmbito

são a Beta-i – Associação para a Promoção da

Inovação e do Empreendedorismo e o recém-criado

João Sem Medo Center for Entrepreneurship. A

primeira tem um interessante programa de 4 semanas

de aceleração de ideias, o Beta-Start, que te permitirá

através de formações, mentores e outras atividades

desenvolver a tua ideia e apresentá-las a um conjunto

de aproximadamente 30 investidores. A primeira

edição de 2012 está já a começar, mas outras se

seguirão

ainda este ano. A segunda realiza alguns

workshops que te permitirão ganhar competências

para o

desenvolvimento do

teu projeto.

Existem ainda vários

eventos que te podem

inspirar, motivar e

permitir o contacto

com empreendedores

de diversas áreas.

Muitos têm surgido nos últimos meses, criando

uma dinâmica

muito

interessante à

volta deste tema

na cidade de

Lisboa. Refiro-

me a eventos

semanais como

as ONE Talks,

mensais como as

Beta-talks e os

Florida After Seven, e anuais como o TEDxEdges

e o Silicon Valley comes to Lisbon.. Aproveito

para divulgar que a JUNITEC está a planear um

evento sobre empreendedorismo no IST em breve e

é parceira de um encontro mensal de

Empreendedores que

ocorre no IST, realizando-

se o próximo

no dia 28 de fevereiro

pelas 19h com 3

empreendedoras

convidadas. Mais

informações em:

facebook.com/Entrepreneu

rsCoffeebreak

Para finalizar deixo-

vos uma frase do Reid

Hoffman, fundador do

LinkedIn:

"Entrepreneurship is when

(…) you throw yourself

off a cliff and you

assemble an airplane on

the way down".

Page 8: Revista de Aero N.º3

MEAer extra curricular

08

A revista aeroespacial inicia nesta edição um novo espaço inteiramente

dedicado às atividades extra curriculares. O objetivo é dar a conhecer a todos os

alunos quais as opções disponíveis para complementarem ao máximo os seus

currículos.

A S3A é uma secção autónoma da AEIST,

composta por alunos de Engenharia Aeroespacial,

Mecânica e Electrotécnica. Os nossos principais

objectivos são fomentar o desenvolvimento de

competências técnicas e práticas no âmbito da

construção e projeto aeronáutico, servindo de

aplicação e complemento aos conhecimentos teóricos

curriculares bem como servir de núcleo aglutinador

das equipas participantes em atividades e competições

de índole aeronáutica, promovendo a partilha de

recursos e conhecimentos, de modo a potenciar a

representação externa do Instituto Superior Técnico.

A S3A nasceu no rescaldo da competição Air

Cargo Challenge 2009 na qual participaram duas

equipas do IST. Quando confrontadas com as

dificuldades em projetar um aeromodelo funcional,

apesar de tal já ter sido feito anteriormente por alunos

do IST, e atendendo aos resultados negativos obtidos

na competição (nenhum dos aeromodelos voou)

decidiram criar uma estrutura cujo objetivo fosse

passar os conhecimentos adquiridos para os novos

alunos, de forma a melhorar as participações em

futuras competições.

S3A Secção Autónoma de Aeronáutica Aplicada

Neste sentido têm sido organizados

minicursos de aeromodelismo abertos a todos os

alunos do IST onde partilhamos esse conhecimento

e experiência adquiridos.

Atualmente, vários projetos estão em andamento na

S3A, do quais poderás fazer parte:

• Um balão de observação, cujo objetivo é estudar

os movimentos das pessoas na calçada da Alameda,

o qual faz parte de um projeto do departamento de

arquitetura;

• Um par de asas que servirão para renovar a

actividade laboratorial da cadeira de Aerodinâmica

I;

• Um UAV (veículo aéreo não tripulado) para

mapeamento de território, em conjunto com o

instituto de sistemas e robótica;

• Organização do mini-curso de aeromodelismo;

• Revista Aeroespacial;

Se tens alguma ideia inovadora ou se gostarias

fazer parte deste grupo de alunos altamente

motivado, não hesites em contactar a S3A. Vai a

s3a.ist.utl.pt, preenche o formulário de candidatura

e envia-nos.

Website: http://s3a.ist.utl.pt Texto: Diogo Vicente (Presidente da Direção)

APAE Associação Portuguesa de Aeronáutica e Espaço

Website: http://www.apae.org.pt Texto: Nuno Carvalho

A Associação Portuguesa de Aeronáutica e

Espaço (APAE) foi fundada em 1996 como uma

plataforma maioritariamente composta por alunos do

curso de Engenharia Aeroespacial, embora aberta a

qualquer um, com o intuito de promover

o estudo e desenvolvimento dos temas relacionados

com a Aeronáutica e o Espaço, apoiando a

cooperação e intercâmbio com outras Associações

nacionais e internacionais, e incentivar a ligação

dos jovens estudantes à indústria.

Page 9: Revista de Aero N.º3

Desde a sua fundação, a APAE tem vindo a

desenvolver projetos de grande relevo, entre os quais

se destacam a criação e organização do Air Cargo

Challenge (ACC) e a preparação e organização das

Semanas Aeroespaciais. Mais recentemente destaca-se

a criação das Jornadas de Engenharia Aeroespacial,

em que se apresenta aos alunos recém-chegados o seu

curso e as possibilidades para o seu futuro.

Para o semestre que agora se inicia, a APAE tem

várias atividades lançadas, entre as quais a Semana

Aeroespacial, no âmbito das Career Weeks, em que se

reúnem empresas do ramo de forma a aumentar a sua

visibilidade para os alunos. Dado o grande sucesso da

introdução dos workshops de Arduinos e Rockets, a

APAE apresenta a sua segunda iteração. Nesta edição

irá ser dada continuidade aos temas já explorados

anteriormente mas está prevista uma repetição da

anterior edição, havendo suficiente interesse. O

workshop de Arduinos

serve para introduzir conceitos physical computing,

isto é, a ligação do mundo virtual ao mundo físico,

através de exemplos interativos. Para os mais

inclinados para a física, o workshop de Rockets

introduz aos participantes a mecânica da propulsão

e voo de um rocket e termina com a construção e

lançamento de um desses projéteis.

Mais atividades estão em preparação, como

exposições, palestras e convívios, no seguimento

do grande Churrasco já realizado e devido ao

excelente feedback por parte dos participantes.

A Associação está sempre à procura de novas

ideias e de novos membros que tragam espírito de

trabalho e dinamismo à equipa! Se estás

interessado em tornar-te colaborador, tens ideias ou

queres saber mais sobre a APAE e as suas

atividades visita o nosso site em www.apae.org.pt

ou encontra-nos no facebook

(facebook.com/APAE.Lisboa).

MEAer extra curricular

09

JUNITEC Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico

Website: http://junitec.ist.utl.pt Texto: Davis Gouveia (Presidente da Direção)

A JUNITEC - Júnior Empresas do Instituto

Superior Técnico é a júnior empresa mais antiga em

funcionamento no nosso país, tendo sido fundada em

EDP Richard Branson, tanto na edição de 2010

como na de 2011, e no ISCTE-IUL MIT Portugal

Innovation and Entrepreneurship Initiative.

1990. Fomos pioneiros em trazer

este movimento júnior para o

nosso país, bem como

participámos na sua difusão em

toda a Europa através da co-

fundação da JADE - Confederação

Europeia de Júnior Empresas

sendo também membros

fundadores da JADE Portugal –

Federação de Júnior Empresas de

Portugal.

Desde o início que o nosso principal foco passou

pela aposta na inovação. Ganhámos vários prémios

europeus de investigação ao longo dos anos, de que

são exemplos o Concurso Europeu de Jovens

Cientistas em 1992, Prémio Internacional Label

Technique em 1994 e o GALILEU III em 1997. Mais

recentemente continuámos com esta aposta, tendo

projetos presentes nos finalistas do Prémio Inovação

Estamos igualmente a

desenvolver um projeto ligado

à impressão 3D, cujo protótipo

se pode ver na imagem e

estará também exposto no

MecanIST. Este carácter

inovador e empreendedor de

aposta em ideias dos alunos

levou a criação de várias

empresas pelos nossos

membros ao longo dos anos.

A primeira a surgir em 1992 foi a Megamedia, na

qual a JUNITEC tinha uma participação. Esta

chegou a ter mais de 120 trabalhadores e um

volume de negócios superior a 10 milhões de

euros, tendo sido comprada totalmente pela PT em

2003. Outros exemplos de empresas criadas por ex-

membros mais recentemente são a Innovagency, a

WIZI e a UAVision.

Page 10: Revista de Aero N.º3

MEAer extra curricular

Paralelamente a esta atividade mais ligada ao

desenvolvimento de novas tecnologias, ajuda também

ao lançamento de empresas e participação em

concursos e prémios de renome, onde a nossa júnior

empresa tem prestado alguns serviços. Já fizemos

sites, como é exemplo o do Fórum Civil e projetos

ligados a electrónica. Já organizámos também algumas

conferências como é exemplo do Entrepreneurship

Day@IST no ano passado, uma parceria com a UTEN

Portugal que trouxe vários empreendedores ligados à

Universidade Carnegie Mellon e à Universidade do

Texas. Já organizámos também um concurso

de Mobilidade Eléctrica, o DESAFIO.E, no âmbito

do programa do governo MOBI.E, um desafio

lançado pela empresa INTELI - Inteligência em

Inovação, parceira do concurso.

Desafiamos assim os alunos de engenharia

aeroespacial a se juntar à nossa organização onde

poderão encontrar apoio para o desenvolvimento

das suas ideias ou projetos, para a participação em

concursos de engenharia, para o desenvolvimento

de serviços e para a promoção de eventos ligados

ao empreendedorismo. Consulta o nosso site:

junitec.ist.utl.pt e contacta-nos para

[email protected].

FST Projecto Formula Student NOVABASE

Website: http://fst.ist.utl.pt/website Texto: Samuel Franco

O Formula Student é uma competição universitária

a nível mundial, criada com o intuito de melhorar as

competências dos alunos que nela participam. O

objetivo da competição é criar, projetar e construir um

veículo do tipo fórmula. Durante a prova os veículos

são avaliados segundo duas provas: prova estática e

prova dinâmica. Nas provas estáticas, os veículos são

submetidos a rigorosos testes de design, de custo, de

travagem, de som e de inclinação (para avaliar

possível fuga de líquidos) sempre sobre o olhar atento

de um júri altamente qualificado. Já nas provas

dinâmicas, testa-se componentes como a velocidade,

aceleração, resistência do veículo e respetiva

economia.

No IST este projeto iniciou-se em 2001, e em

2002 já participava na sua primeira competição, na

qual alcançou o 6º lugar. Este veículo, o FST01,

continou em prova até 2005, ano em que foi

substituído pelo FST02. O FST02 esteve no ativo

durante apenas um ano, tendo sido substituído pelo

FST03, agora este com uma centralina

programável. Entre 2009 e 2011 o grupo do FST

do IST trabalhou no FST04, primeiro Formula

Student elétrico em Portugal. Durantes estes dois

últimos anos, o FST04 alcançou dois primeiros

lugares e três segundos lugares, ficando em

segundo lugar na classificação geral.

Atualmente está em desenvolvimento o

Formula Student 05 (FST05), um fórmula que usa

também um motor elétrico e contará de um chassis

monocoque.

Se este é um projeto que te desperta alguma

curiosidade, sabe mais em

http://fst.ist.utl.pt//website/ e vê como poderás fazer

parte desta grande equipa.

10

Page 11: Revista de Aero N.º3

Olá André. Desde já um muito obrigado da nossa

parte pela tua disponibilidade. Vamos começar pelo

início: como surgiu a ideia deste projeto do balão?

André: Desde já agradeço a oportunidade de poder

transmitir o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido

no âmbito do projeto do balão.

A ideia deste projeto surgiu a partir de uma proposta

da professora Ana Tomé, do Departamento de

Engenharia Civil e Arquitetura, no sentido de

construir uma estrutura que colocasse uma câmara de

vídeo a uma altitude elevada para realização de

E como está organizada a estrutura interna do

projeto?

André: Existem dois grandes grupos de tarefas. O

primeiro relaciona-se com a construção e

montagem dos protótipos, enquanto o segundo se

foca na documentação da evolução do projeto.

No grupo de construção, temos elementos que

se dedicam à construção da estrutura principal do

protótipo, aquela que irá suportar todo o

equipamento e que irá ser unida ao balão; outros

projectam suportes que permitam a correta

MEAer extra curricular

11

O núcleo da revista aeroespacial inicia a partir desta edição uma rubrica fixa cujo

objetivo será analisar “à lupa” um dos muitos projetos desenvolvidos pelos diferentes

núcleos. Nesta edição começamos com um projeto da S3A, o projeto do balão de

arquitetura. A revista foi falar com o responsável do projeto, André Sousa (aluno do 3º

ano de MEAer), para ficar a par dos últimos desenvolvimentos deste promissor

trabalho.

Reportagem “À Lupa” – Balão de Arquitetura da S3A

Texto Samuel Franco e André Sousa Fotos André Sousa

filmagens aéreas. Com este

propósito em mente, foi

sugerida a utilização de um

balão como meio de elevar

toda a estrutura.

O objetivo final deste

projeto é estudar a

movimentação de estudantes

nos espaços exteriores do

IST mediante o

processamento das imagens

obtidas pela câmara.

E há quanto tempo tem vindo a ser desenvolvido?

André: O projeto encontra-se em desenvolvimento

desde o início do 2º semestre do ano letivo 2010/2011.

Quantas pessoas estão envolvidas atualmente no

projeto?

André: Atualmente encontram-se envolvidas 11

pessoas neste projeto. Contamos com elementos de

diversos anos do curso de Engenharia Aeroespacial e

um dos elementos frequenta o curso de Engenharia

Eletrotécnica e de Computadores.

montagem da câmara na

estrutura principal.

A construção e

calibração do giroscópio

é também uma tarefa a

salientar no que toca à

construção do protótipo,

pois a estabilização da

câmara instalada é o

ponto fulcral de todo o

conceito.

No que concerne às

tarefas de documentação, há a referir que existe a

preocupação de criar uma forma de comunicarmos

o trabalho desenvolvido a quem o quiser consultar,

pelo que foi criado um dossier de projeto. Desta

forma, designaram-se elementos do grupo para

modelar as peças projetadas em computador,

documentar as diversas tarefas realizadas e também

expor todas as técnicas aplicadas neste trabalho,

um pouco à imagem de outros projetos

desenvolvidos no seio da S3A.

Page 12: Revista de Aero N.º3

“Não só desenvolvemos conhecimentos

teóricos necessários para o projeto de

uma estrutura como também

contactamos com a dimensão prática de

como fabricar o protótipo que

escolhemos.”

MEAer extra curricular

12

Tem sido fácil coordenar os diferentes departamentos?

André: Dado o grupo de trabalho ser bastante grande,

a comunicação e o empenho dos diversos elementos é

que determina a facilidade de coordenação entre os

vários departamentos. É bastante importante

S3A, dos alunos mais velhos e com mais

experiência neste tipo de projetos que incentivam

os elementos com menos experiência a

participarem sem medos nas diversas fases de

trabalho – afinal de contas este foi o objetivo da

que as tarefas de

montagem, por

exemplo, sejam

concluídas ao mesmo

tempo, no entanto, há

uma maior liberdade no

que toca à

documentação do

projeto. Por isso, a

coordenação dos

departamentos

ganha bastante importância na parte da construção dos

protótipos.

A comunicação entre os vários elementos é feita

regularmente e tudo o que é realizado é comunicado à

totalidade do grupo. Posso assim dizer que a

coordenação dos vários departamentos tem sido

relativamente fácil.

Já que falámos em facilidades, diz-nos agora qual foi

para ti a maior dificuldade que este projeto atravessou.

André: Considero que a maior dificuldade deste

projeto foi sentida na conclusão do primeiro protótipo,

em que verificámos que o conceito da estrutura e da

estabilização com giroscópio funcionava mas

tínhamos diversos problemas a nível estrutural. Este

foi um ponto em que tivemos de voltar novamente à

discussão de ideias e redesenhar toda a estrutura de

forma a resolver os problemas encontrados sem alterar

drasticamente o conceito que já existia e que resultava.

Quando pensamos num projeto destes com tantos

pormenores técnicos, é inevitável questionar “Mas

será que alunos do 2º, 3º ou até mesmo do 1º ano,

sentir-se-ão à vontade em entrar num projeto destes?”.

Vocês têm alguma ajuda do corpo docente? Ajuda-nos

a desmistificar esta ideia.

André: Para muitos elementos do grupo, este é o

primeiro projeto em que participam fora do âmbito das

cadeiras do curso. Sente-se ao início algum medo em

entrar no projeto e participar ativamente nas

discussões e sessões de construção pois é uma forma

de trabalho completamente nova.

Considero que o apoio mais imediato vem da própria

criação da S3A.

A evolução do grupo

do balão neste aspeto é

observável, e as ideias

começam a surgir em

maior quantidade e as

próprias sessões de

construção já contam

com mais elementos

familiarizados com as

diversas técnicas

aplicadas neste projeto.

O apoio tem vindo também dos utilizadores do

laboratório de Aeroespacial exteriores à S3A, que

estão sempre dispostos a dar o seu contributo para

a contínua melhoria dos protótipos. Tem sido

notável a ajuda do nosso colega de doutoramento

José Vale, que se encontra sempre disponível para

nos auxiliar em qualquer situação.

O próprio corpo docente transmite-nos essa ajuda e

tenho a destacar o apoio dos Professores Ana

Tomé, António Leitão e Helena Rua, do

Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura,

que sempre disponibilizaram os meios técnicos do

laboratório de Arquitetura, ISTAR, sem os quais a

construção dos protótipos teria sido dificultada.

Sendo assim, quais achas que são as principais

competências adquiridas ao fazer parte de um

projeto destes?

André: Acho que a principal competência que

adquirimos é a facilidade que criamos em trabalhar

em grupo com qualquer pessoa.

Ao participar num projeto destes, crescemos não só

tecnicamente como pessoalmente. Aprendemos

uma nova dimensão que não nos é proporcionada

nas aulas, ou seja, podemos colocar em prática

todas as competências adquiridas no contexto de

projeto. Não só desenvolvemos conhecimentos

teóricos necessários para o projeto de uma estrutura

como também contactamos com a dimensão prática

de como fabricar o protótipo que escolhemos.

Page 13: Revista de Aero N.º3

MEAer extra curricular

13

Falando agora na fase de desenvolvimento do projeto,

como está a correr o plano de actividades nos

diferentes departamentos deste projeto?

André: Estamos agora a trabalhar na 2ª versão do

protótipo da estrutura.

Encontramo-nos em fase de testes e verificámos que

conseguimos a estabilização da plataforma onde a

câmara será instalada em condições de laboratório.

Os problemas que tínhamos tido com o 1º protótipo, a

nível estrutural, foram ultrapassados, tendo sido esse o

Esta aplicação estende-se naturalmente a qualquer

outra população cujas movimentações sejam de

algum interesse.

Num âmbito mais geral, a plataforma do balão

poderá ser utilizada para a instalação de qualquer

equipamento, não só de uma câmara mas também

de sensores de natureza diversa, pelo que

admitimos que este projeto tem um grande

potencial.

principal objetivo da

construção de uma 2ª

versão.

A próxima fase será o teste

do suporte onde a câmara

será instalada e, estando

esses testes concluídos,

poderemos avançar para os

testes em voo.

E existe alguma data

estipulada para a conclusão

do projeto?

André: Prevemos concluir

esta versão do projeto

dentro em breve, pois

encontramo-nos já a testar a

estrutura e temos obtido os

resultados que

pretendemos. Há a salientar

no entanto que, mesmo

após a conclusão deste

protótipo, iremos continuar

a introduzir melhorias, uma

vez que têm surgido

diversas ideias que permitem melhorar as

características do balão.

Relativamente às potencialidades deste projeto, quais

achas que serão as suas principais aplicabilidades?

André: A principal aplicação deste projeto será o

estudo da movimentação de estudantes nos espaços

exteriores do IST, mediante a utilização de vários

balões. O objetivo inicial é efetuar testes sobre o

campo de jogos da Alameda, observando os

movimentos de um jogo de ténis, por exemplo.

Finalmente, que conselho

darias a outros alunos que

estão atualmente apenas

concentrados no curso e

gostariam de entrar numa

equipa motivada e

empenhada como esta do

balão?

André: O conselho que

dou a qualquer aluno do

curso é que tente

participar em projetos fora

das cadeiras de faculdade,

pois ao entrar num grupo

de trabalho como este irá

estar a crescer não só

profissionalmente como

também pessoalmente.

Tudo o que se aprende

teoricamente nas diversas

cadeiras pode finalmente

ser aplicado sem ter de

esperar pelo final do

curso.

Para quem gosta da área

de projeto aeronáutico, um grupo como o do balão

permite-vos não só pôr em prática as vossas ideias

mas também conhecer pessoas que, tal como vocês,

pretendem ganhar e aprofundar conhecimentos e

que partilham o vosso interesse!

A revista aeroespacial agradece uma vez mais o teu

importante testemunho.

Page 14: Revista de Aero N.º3

Texto Sara Andrez Fotos Sara Andrez e http://www.best.eu.org

Experiência BEST: “Super Gear is almost here!”

A minha experiência de mobilidade foi através

do BEST.

O curso learning era sobre soldadura: "Super

No meu caso foi muito interessante conhecer

uma cultura tão diferente, e claro, não só uma,

mas muitas ao mesmo tempo, porque há o cuidado

de assegurar a variedade, portanto, é ver a Europa

condensada num só grupo.

Na minha opinião, como qualquer programa

de intercâmbio, é saudável e quase obrigatório,

pelo menos uma vez, cada um descolar-se da sua

área de conforto, dos seus amigos habituais, e ir,

sozinho, conhecer novas paragens.

Mas preparem-se, diz que temos de optar por

MEAer na 1ª pessoa

14

Gear is Almost here! ", em

Riga, Letónia.

A mim, impressionou-me

como tudo o que íamos fazer

durante 15 dias estava

estipulado

ao milímetro. Imagino os

meses que passaram

dedicados a arranjar

actividades para fazermos. E

não pensem que o

entusiasmo é só da nossa

parte! A organização do

BEST também fica muito curiosa em conhecer

aqueles que os impressionaram com as suas cartas

de motivação!

E não há tempos mortos: o tempo é precioso e

parece esticar: aulas, trabalhos de grupo,

laboratórios, projectos, visitas a fábricas, visitas a

empresas metalúrgicas, actividades desportivas,

visitas guiadas pela cidade, rally paper, noites

temáticas!

Por estar tudo tão bem organizado, dá-nos a

nós, participantes, o à vontade para que possamos

estar totalmente descontraídos e somente....

aproveitar! (o que já não é pouco!)

duas de três: vida social,

estudo e sono. Pois bem,

no BEST, desse trio

odemira, o elemento

rejeitado é sem dúvida: o

sono! Adeus!

Page 15: Revista de Aero N.º3

Texto Via Aerofórum (http://aeroforum.ist.utl.pt) Fotos http://blog.seattlepi.com/aerospace

O percurso de um aero 2001

“Recebi este convite por email e gostei de ver

finalmente uma plataforma que liga os antigos alunos

aos atuais alunos. Quando era aluno senti essa falta e

senti-me desorientado quanto ao meu futuro enquanto

enfiava a cara nos livros de Aerodinâmica e

Termodinâmica.

Frequentei o curso de Engenharia Aeroespacial

no ramo de Aeronaves entre 2001 e 2007 tendo já

terminado dentro do programa

meses como trabalhador-estudante a trabalhar 20h

por semana, tendo tempo suficiente para terminar a

tese. Durante esse tempo fiz 4 entrevistas de

emprego para que quando me formasse continuasse

por lá como subcontratado já que não havia ofertas

para direto, e consegui 3 propostas. Decidi-me pela

vaga de "stress engineer of the primary structure of

the fuselage of the A380".

Licenciatura+Mestrado.

Para isso atrasei 1 ano a

conclusão do curso e foi a

melhor coisa que fiz, pois

cá fora, poder mostrar um

diploma de Mestre conta

muito!!

Durante esse ano tive a

oportunidade de fazer um

estagio de 1 ano na Airbus

em Hamburgo, na

Alemanha. Arranjei o

estagio através do IAESTE

e desde então ainda estou

por cá. No estágio

trabalhei integrado numa

equipa apenas de

engenheiros da Airbus. O

departamento era

responsável pelo desenho e

certificação dos armários

dos A340 e A330. Devo

confessar que não era a

área na qual sonhava

trabalhar,

mas não teve preço estar dentro da Airbus, e ainda por

cima na Alemanha. O estágio era inicialmente de 6

meses, mais foi prolongado mais 6 meses pois o meu

chefe queria que lhe indicasse alguém para me

substituir (requisitou alguém de aero) e eu indiquei-me

a mim próprio, pois tinha ainda que terminar a tese de

mestrado e nao precisava ir logo embora. Assim fiquei

mais 6

Hoje trabalho há já 2 anos

como engenheiro de stress

do A380, que consiste em

melhoramentos da

estrutura primaria,

trabalho com GLARE, e

hoje sou responsável por

alguns painéis da

fuselagem. Faço muitas

continhas à mão, assim

como em CAE. Tou a

adorar o meu trabalho e

não me vejo a fazer outra

coisa tão cedo.

Conselhos que posso

dar para quem quer

trabalhar com análise

estrutural:

1. Aprendam a programar

no Excel com macros

2. Aprender a mexer no

PATRAN/NASTRAN

Adicionando estes 2

conhecimentos ao

currículo de aero, vão

cobrir 95% das ofertas de emprego em análise

estrutural.”

Boa sorte a todos!

Abraço,

JoãoBernardo Assis de Almeida

Aero 2001”

MEAer na 1ª pessoa

15

Page 16: Revista de Aero N.º3

MEAer e Portugal

16

Texto Ana Macedo Fotos http://www.facebook.com/cije2012

CIJE 2012 – 1º Congresso Ibérico de Jovens Engenheiros

Numa altura em que é cada vez mais difícil

encontrar meios de ter sucesso após concluir um curso

universitário, torna-se importante tomar conhecimento

de oportunidades que podem surgir para quem tem

tantas ideias mas tão poucos meios de as concretizar

(ou mesmo experiência no assunto). Com isto, não

O objetivo deste encontro é promover a

participação dos Jovens em todos os domínios da

vida profissional. Os temas falados serão, para

além do Empreendedorismo, também a

Internacionalização, as Relações Transfronteiriças,

a Empregabilidade e a Inovação e Sustentabilidade.

basta ter um curso feito

com boa média. É preciso

dar a entender que se é

inovador, versátil, saber

trabalhar em equipa e

estar a par do que de facto

acontece no “business

world”.

Neste sentido, o

empreendedorismo é a

palavra-chave. E como

muitos não sabem o que

está adjacente a este

conceito, a Ordem dos

Engenheiros (Região

Norte) e o Colegio de

Ingenieros de Caminos,

Canales y Puertos da

Galiza lançam um

congresso que se realiza

no fim de semana de 18

de maio, aberto a todos os

jovens estudantes de

engenharia.

O congresso realiza-se naquela que é a Capital

Europeia da Juventude este ano – Braga – na marcante

sala de espetáculos Theatro Circo.

O programa dos

3 dias encontra-se na

página oficial,

contando-se uma

visita à cidade de

Braga entre as

atividades.

Para participar com

alguma comunicação,

os jovens devem

enviar para o mail

[email protected] um

texto-resumo da

mesma até 15 de

março, acompanhado

de um currículo. Para

complementar a

inscrição pode ser

submetido um vídeo a

apresentar as ideias.

De referir ainda que a

Ordem dos

Engenheiros fez em

2011 75 anos,

continuando este ano as comemorações, com ciclos

de conferências “Engenharia - Que Futuro?”.

Page 17: Revista de Aero N.º3

Texto Pedro Albuquerque Fotos Fontes*

História da aviação comercial em Portugal

MEAer e Portugal

17

A TAP faz parte da maior aliança de companhias

aéreas do mundo – a Star Alliance – desde 2005 e

adquiriu a sua maior competidora nacional, a

Portugália Airlines, ao Banco Espírito Santo, em

2007. A marca TAP vai hoje muito para além da

companhia aérea, o Grupo TAP inclui hoje a TAP

Portugal, a Portugália Airlines, a TAP Serviços, a

TAP Manutenção e Engenharia entre várias outras

empresas ligadas ao setor da aviação como são a

Groundforce, a CateringPor, a Megasis e a UCS.

A TAP M&E possui hoje um reconhecido

centro de manutenção na Europa (em Lisboa) e tem

ainda os dois principais centros de manutenção de

aeronaves na América do Sul (Rio de Janeiro e

Porto Alegre). Na TAP M&E de Lisboa vários

Engenheiros Aeroespaciais formados no Instituto

Superior Técnico mostram o seu valor.

Atualidade

Com excelentes resultados nas suas rotas para a

América do Sul e para África (principalmente junto

do mundo lusófono), a TAP afirma o aeroporto de

Lisboa como um hub estratégico no contexto das

ligações

Fundação

A aviação comercial em Portugal teve o seu princípio

com o ato de criação dos Transportes Aéreos

Portugueses a 14 de março de 1945. Um ano depois a

companhia comprou os primeiros aviões e o seu voo

inaugural ligou as duas capitais ibéricas num Douglas

DC-3.

Privatização

A TAP foi privatizada em 1953, tendo dois anos

depois adquirido dois Super-Constellation que vieram

diminuir os tempos de viagem. Os míticos Caravelle

começaram a ser introduzidos em 1962 no serviço

para Madrid e depressa passaram a fazer ligações a

África.

Em 1967 a TAP tornou-se na primeira companhia

aérea europeia a operar uma frota exclusivamente de

aviões a jato.

Nacionalização

Com o processo de nacionalização que teve lugar

depois do 25 de Abril de 1974, a companhia alargou a

sua atividade à manutenção tornando-se num dos mais

conceituados centros de manutenção do mundo. Nesta

altura a companhia muda de nome e logótipo para

TAP Air Portugal. Foi ainda nos anos 80 que

estiveram em operação dois Boeing 747 adquiridos

pela TAP. A partir dos anos 90 a companhia renovou

a sua frota e possui hoje uma frota jovem, totalmente

constituída por aviões da europeia Airbus.

Page 18: Revista de Aero N.º3

MEAer e Portugal

18

Fundação

A SATA, Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos

foi a primeira companhia aérea privada portuguesa e

foi criada em 1947.

SATA Air Açores

Inicialmente foi constituída como empresa privada,

mas o estatuto da empresa SATA evoluiu, em 17 de

outubro de 1980, para uma empresa pública sob tutela

do Governo Regional dos Açores passando a designar-

se Serviço Açoriano de Transportes Aéreos, Empresa

Pública, embora mantendo a sigla SATA. Foi

adquirida ao Grupo Bensaúde, ficando 50% das ações

a pertencer ao Governo Regional dos Açores e, as

restantes, à TAP Air Portugal, EP.

SATA Internacional

A SATA Internacional é uma companhia subsidiária

da SATA Air Açores, licenciada para operar voos no

exterior dos Açores. Resultou da aquisição e

transformação, em 1994, da companhia de táxi aéreo

Oceanair.

A 19 de março de 1998 a sua razão social foi

alterada de Oceanair para SATA Internacional e,

a 17 de Junho, a companhia obteve o Certificado

de Operador Aéreo. O seu licenciamento e

certificação efetuou-se segundo a exigência dos

regulamentos da União Europeia.

Em 1995, depois de 50 anos de voos inter-ilhas, a

SATA iniciou voos não-regulares (charter),

utilizando o Boeing 737/300 para operadores

turísticos nacionais e estrangeiros. Desde janeiro

de 2000, os voos para os EUA e Canadá passam a

ser realizados pela SATA Internacional que

presentemente opera nestas rotas os Airbus A310-

300.

Actualidade

A SATA opera hoje ligações entre todas as 9 ilhas

dos Açores e ligações à Madeira, Canárias e Faro

através da SATA Air Açores e ainda ligações a

Amsterdão, Estocolmo, Lisboa, Londres, Frankfurt,

Madrid, Manchester, Oslo e Porto na Europa, e a

Boston na América do Norte por intermédio da sua

subsidiária SATA Internacional.

corrente ano de 2012, temendo-se que a integração

num grupo concorrente estrangeiro possa levar ao

fim da marca TAP, uma marca “Portuguesa, com

certeza”.

Europa-América do Sul e Europa-África (a companhia

opera 75 frequências semanais para cada um destes

continentes, e tem perspetiva de continuar a expandir

a sua operação). A TAP foi ainda no ano de 2010 a

maior exportadora portuguesa.

A TAP foi eleita em 2011 pela World Travel Awards

a Companhia Aérea Líder para África pela 1ª vez e

pela 3ª ocasião Companhia Aérea Líder para a

América do Sul. Ao mesmo tempo é reconhecida

como a melhor companhia aérea da Europa pela

revista norte-americana Global Traveller. Além disso

a companhia já tinha sido distinguida pela Jet Airliner

Crash Data Evaluation Center como a 4ª companhia

aérea mais segura do mundo.

Aguarda-se a privatização do Grupo TAP para o

Page 19: Revista de Aero N.º3

MEAer e Portugal

19

aeronaves começaram a fazer as ligações entre

Lisboa e as cidades espanholas de Sevilha, Málaga,

Vigo, Bilbao e A Coruña.

A gestão eficaz e rigorosa, o empenho da sua

equipa e o compromisso de qualidade para com os

passageiros valeram-lhe o reconhecimento

internacional, de que faz prova a atribuição do

título Melhor Companhia Aérea Regional da

Europa em 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 e 2006 e

o Prémio Best Cabin Staff da Europa, da Skytrax,

em 2005.

Em 2005 a PGA abriu o seu hangar de

manutenção e engenharia no aeroporto de Lisboa,

concluído com sucesso um sonho antigo que veio

contribuir de forma significativa para os bons

resultados dos anos subsequentes.

Novo Modelo de Negócio

Em meados de 2007, a PGA integra o Grupo TAP

e assume um novo modelo de negócio. A

Companhia deixa de trabalhar autonomamente no

mercado regional, passando a de uma lógica de

Grupo, como provedora de capacidade de voo

através do aluguer das aeronaves em exclusividade

à TAP. Apesar da existente relação contratual,

PGA e TAP são empresas independentes que

mantêm a sua identidade jurídica dentro do mesmo

Grupo. O Serviço de Manutenção e Engenharia da

PGA mantém-se igualmente independente da TAP.

Também neste serviço, um largo número de

Engenheiros Aeroespaciais formados no Instituto

Superior Técnico encontram saída profissional.

Fundação

A ideia de criar uma nova empresa no mercado da

aviação comercial nasceu em 1987, por iniciativa da

Coopav - Cooperativa de Pilotos, da Transconsult -

Gabinete de Estudos e Projectos no sector dos

Transportes e do Grupo Espírito Santo. O projeto foi

concretizado um ano mais tarde com a criação, a 25 de

julho de 1988, de uma sociedade anónima de capitais

exclusivamente portugueses e privados.

A Companhia só começou a operar em 1990. A

cidade do Porto foi o destino do primeiro voo oficial,

operado por um Fokker 100, que partiu de Lisboa no

dia 7 de julho desse ano. Nesse mesmo dia foi ainda

inaugurada a rota Lisboa/Faro.

Crescimento e Reconhecimento

Depois de muitas dificuldades nos primeiros anos, a

compra dos jatos Embraer 145 vieram trazer uma nova

dinâmica e os resultados positivos começaram a

aparecer, alicerçados em rotas para toda a Europa

ocidental e norte de África. A PGA tornou-se

rapidamente na maior competidora da TAP,

disputando rotas até então operadas em exclusividade

pela companhia de bandeira portuguesa.

Em 2001, foi criada a marca PGA Express, que

funciona com duas aeronaves Beechcraft 1900D em

sistema de wet leasing da OMNI à PGA. Estas

Page 20: Revista de Aero N.º3

MEAer e Portugal

20

Fundação

A White Airways é uma companhia aérea de voos

charter que nasceu de uma parceria entre a TAP

Portugal (75%) e o Grupo Abreu (25%) no ano de

2005.

Atualidade

Em 2006, a companhia foi adquirida pelo grupo

Crescimento

A empresa registou um crescimento acentuado nos

últimos anos, tendo sido considerada uma das 500

empresas europeias que mais cresceu entre 2007 e

2009.

Desde então a euroAtlantic operou e opera ao

serviço de várias companhias, entre as quais Air

Madagascar, Bangladesh Airlines, Linhas Aéreas

de Moçambique e STP Airways (linhas aéreas de

São Tomé e Príncipe), companhia detida em 38%

pela euroAtlantic.

O seu website, disponível em 11 línguas diferentes

mostra que a euroAtlantic aposta forte no mercado

global como forma de se afirmar entre os melhores

no seu ramo.

OMNI Aviação e Tecnologia que focou a atividade

da White em operações de wet leasing para o

mercado da aviação executiva, tendo clientes como

chefes de estado, clubes de futebol e voos charter

em parceria com agências de viagem para destinos

no México, República Dominicana, Cabo Verde,

entre outros.

Presentemente, a companhia está a preparar a

operação de voos regulares para aqueles que já são

os seus destinos mais comuns, nomeadamente na

América Central.

Fundação

A euroAtlantic airways é uma empresa de aviação

comercial internacional não-regular, registada em

Portugal e que opera nas mais diversas rotas no

Atlântico Norte (EUA e Canadá), Caraíbas, Américas

Central e do Sul, África, Médio Oriente, Pacífico,

Austrália e Oceânia.

Fundada com o nome de Air Zarco em 25 de agosto

de 1993, a companhia adotou primeiro o nome de Air

Madeira até 17 de maio de 2000, data em que o

memorando da sociedade foi alterado por registo

notarial e foi adotado o atual nome de euroAtlantic

airways - transportes aéreos s.a.

* Fontes: http://www.tapportugal.com/Info/pt/FrotaHistoria/Historia http://www.sata.pt/pt-pt/sata/grupo-sata http://www.portugalia-airlines.pt/historia.php http://www.euroatlantic.pt http://www.flywhite.eu

http://www.wikipedia.org/ http://wwwnovas.blogspot.com/2010/10/aviao-dc3- dakota.html http://www.portugalspotters.org/

Page 21: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

21

direto entre Nova Iorque e Chicago, este

apresentava uma segurança em voo ausente em

todas as outras aeronaves comerciais, levando a

uma redução substancial do número de acidentes

nos céus americanos. Trata-se de um avião bem

maior que o DC-2 que oferecia agora a

possibilidade de transportar 28 passageiros para

voos diurnos e 14 para voos noturnos, com todas as

O Douglas DC-3 foi um avião marcante, para

muitos o melhor avião do seu tempo. Sem dúvida teve

um papel central na história da aviação liderando o

passo na revolução dos transportes comerciais

americanos. Mais tarde, perante as suas reconhecidas

capacidades, foi adaptado também para fins militares

pelo nome de C-47 e R4D.

A história desta aeronave remonta ao

Rubrica Sobrevoando o Passado – DC-3, um marco na história dos transportes aéreos

Texto Diogo Monteiro Fotos http://www.starksravings.com/dc_3

final dos anos 30, durante a

mundialmente conhecida

“Grande Depressão”. Na

altura a aviação comercial

americana era

essencialmente dominada

por duas aeronaves: Douglas

DC-2, um avião rápido e

tecnologicamente avançado

para o seu tempo, mas

pouco confortável para os

seus passageiros, e Curtiss

Condor, que apresentava todas as comodidades de um

avião de luxo incluindo até cabines privadas, mas que

pecava pelo seu fraco desempenho aeronáutico. Para

Cyrus Rowlett Smith, Presidente da American

Airlines, não era suficiente, apesar das várias

vantagens destas aeronaves em relação ao Boeing 247.

Smith pretendia um avião que permitisse a rápida

performance do DC-2 e ao mesmo tempo o conforto

apenas disponível nos Condor. Para além disso uma

grande ambição do Presidente da American Airlines

era ter um avião que conseguisse voar de Nova Iorque

até Chicago sem escalas para reabastecimento. Não foi

fácil convencer Donald Douglas para projetar uma

nova aeronave tendo em conta que o DC-2 tinha sido

introduzido recentemente e que o investimento

exigido era dificilmente suportável. C.R. Smith não

desistiu à primeira e a 17 de dezembro de 1935

Douglas DC-3 fazia o seu primeiro voo de teste.

Veio-se a revelar uma aposta acertada por parte

dos que acreditaram na construção do DC-3. Para

além de ser o primeiro avião a conseguir fazer um voo

comodidades. O modelo

padrão disponibilizado a

partir de 1936 estava

equipado para uma

capacidade de 21

passageiros. O sucesso

desta aeronave foi

imediato, sendo que em

1939 cerca de 80% dos

voos comerciais nos

Estados Unidos da

América eram realizados

nos DC-3. Foi desta forma e com esta aeronave que

surgiram as primeiras companhias áereas a

conseguir gerar lucro sem que fosse necessário apoio

de contratos governamentais, deu-se assim um passo

fundamental no desenvolvimento do transporte aéreo

não só americano mas também a nível Mundial.

Mais tarde a pedido da US Airforce e US Navy

foram desenvolvidos modelos militares deste avião,

com o nome de C-47 e R4D, que serviram

essencialmente para transportes durante a Segunda

Guerra Mundial.

Mais de 70 anos depois do seu primeiro voo

pensa-se ainda haver cerca de 200 DC-3

operacionais maioritarimente ao serviço de pequenas

transportadoras de mercadorias. Na exposição

estática do Museu do Ar é possível ver uma versão

C-47 da Força Aérea Portuguesa utilizado na guerra

do ultramar. Douglas DC-3 é um avião que ficará

para sempre na história e um intemporal orgulho

americano.

Page 22: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

22

Part-145 Maintenance Organisation Approval

Para se ser distinguido como um centro de

reparação aeronáutica, uma organização tem de

escrever, enviar e manter atualizado a

„Maintenance Organisation Exposition‟ (MOE).

Para lhe ser concedida a Part-145 a MOE deve

estar sustentada num conjunto de procedimentos

documentados. Finalmente, as organizações

deverão possuir uma matriz de conformidade para

ilustrar que os requisitos da Part-145 são

cumpridos. A TAP Portugal e a Portugália Airlines

são exemplos nacionais de organizações com este

tipo de certificação.

Part-M Continuing Airworthiness

A Part-M é constituída por várias subpartes. São de

destacar a subparte F (manutenção de aeronaves

abaixo de 5,700kg em ambiente não comercial), G

(coordena o cumprimento do programa de

manutenção, as diretivas de aeronavegabilidade

(airworthiness directives) e os boletins de serviço

(service bulletins)). A TAP Portugal e a Portugália

Airlines são também detentoras desta certificação.

Part-147 Training Organisation Requirements

Para se aliar à Part-66 na emissão de licenças para

Técnicos de Manutenção de Aeronaves (TMAs), a

Part-147 governa a situação mais ampla de

estabelecimento de uma escola de formação.

Part-21 Subpart J Design Organisation Approval

(DOA)

Organização de projeto (design) é responsável pelo

projeto de aeronaves, motores, hélices, APUs e

outras peças e sistemas aeronáuticos.

A empresa OGMA, Indústria Aeronáutica de

Portugal, SA, é detentora desta certificação, o que

permite à sua Secção de Engenharia, Projeto e

Modificações projetar modificações, conferindo-

lhe mesmo a autonomia para aprovar alguns dos

seus próprios projetos.

Part-21 Subpart G Production Organisation

Approval (POA)

Uma organização com este tipo de certificação está

A EASA, European Aviation Safety Agency, em

português, Agência Europeia para a Segurança na

Aviação foi criada em 2002 e é um pilar da estratégia

da União Europeia em matéria de segurança na

aviação que veio uniformizar a legislação aeronáutica

europeia. A sua missão passa por promover as mais

elevadas normas comuns de segurança e proteção

ambiental no setor da aviação civil, de igual modo

com a congénere norte-americana FAA (Federal

Aviation Administration).

Aproveito para dar os parabéns a todos aqueles que se

estão a dar ao trabalho de ler este artigo – que, muito

embora o seu título pouco apelativo – é algo

fundamental em qualquer setor de atividade

aeronáutica na Europa.

REGULAMENTOS:

Part-66 Certifying Staff, Aviation Maintenance

License Training

Na Europa, o pessoal de certificação de aeronaves de

manutenção tem de cumprir com a Part-66 da EASA.

Type Rating A (mecânico de manutenção de linha):

esta licença habilita o TMA a retificação de tarefas

simples, dentro de limites claramente definidos,

restringindo as suas atividades a tarefas previamente

realizadas numa organização Part-145.

Type Rating B1 (mecânica) /B2 (aviónica)

(mecânico de manutenção de linha): Permite ao seu

titular emitir certificados de aptidão que incluem a

estrutura da aeronave, motores e sistemas mecânicos,

elétricos e aviónicos.

Type Rating C (mecânico de manutenção de base)

Permite ao seu titular emitir certificados de aptidão

para serviço após a manutenção de base de uma

aeronave.

Texto Pedro Albuquerque Fotos Fontes*

Arquitetura Legislativa da EASA

Page 23: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

23

aprovada a construir e certificar peças de aeronaves

quando possui um acordo com uma organização

DOA. Uma peça de uma aeronave pode ser certificada

através do preenchimento de um formulário próprio

(designado de EASA Form One).

CERTIFICAÇÃO:

Em substituição das JAR (Joint Aviation Regulations)

e das JAA (Joint Aviation Authorities), a EASA criou

as CS (Certification Specifications). Existe um

documento legislativo para cada categoria de aeronave

que define os parâmetros técnicos qualitativos e

quantitativos que levam à aprovação do projeto. A

título de exemplo cite-se a CS-25 (Certification

Specification for Large Aeroplanes) e a CS-23

(Certification Specification for Normal, Utility,

Aerobatic and Commuter Aeroplanes).

VOCABULÁRIO ÚTIL:

AD – Airworthiness Directive (diretiva de

aeronavegabilidade): é uma notificação aos

proprietários e operadores das aeronaves no sentido de

alertar para uma deficiência que pode haver num

determinado modelo de aeronave, motor, sistema

aviónico ou outro sistema existente que tem de ser

corrigido.

AMM/CMM – Aircraft/Component Maintenance

Manual (manual de manutenção da aeronave/ do

componente): estes manuais definem os

procedimentos de revisão, instalação, remoção,

inspeção, reparação e modificação de cada

componente da aeronave, sendo o AMM da autoria do

fabricante da aeronave e o CMM da autoria do

fabricante da peça em questão.

SB – Service Bulletin (boletim de serviço): Um

boletim de serviço contém uma recomendação do

fabricante para o proprietário da aeronave, e que,

muitas vezes, reflete questões que devem ser

aplicadas num determinado período de tempo.

TC – Type Certificate (certificado tipo): é um tipo

de certificação conferido pelas autoridades

aeronáuticas (e.g. ANAC, EASA, FAA, etc) aos

fabricantes das aeronaves depois de se ter

comprovado que o projeto de determinada

aeronave civil, ou componente dessa aeronave for

considerada conforme os critérios de

aeronavegabilidade aplicáveis. Geralmente as

aeronaves militares não têm de cumprir estes

requisitos, competindo às respetivas Forças

Armadas a definição dos regulamentos a cumprir.

* Fontes: http://www.easa.europa.eu http://www.aircraftmechaniccareers.com/aviation-mechanic-topics.html http://pptfresh.com/aviation/page/4/

Page 24: Revista de Aero N.º3

“(...) ideias inovadoras provenientes

daquilo que podemos aprender com o

meio natural, e não daquilo que

conseguimos extrair dele.”

MEAer e o mundo

24

gotas de água, levando consigo todas as impurezas.

Ora este efeito aumenta a higiene e diminui a

quantidade de água gasta em limpeza. Este

revestimento, ao ser também mais leve, reduz o

Qual é a relação entre o velcro, o fato de pele de

tubarão do Michael Phelps e o maior avião comercial

do mundo (A380 da Airbus)? A resposta está nos mais

recentes estudos e desenvolvimentos realizados por

Texto Samuel Franco Fotos http://www.thefuturebyairbus.com

Airbus Inovando para o Futuro: Biomimética

engenheiros, arquitetos e

cientistas no que toca à sua

relação com o meio

ambiente, isto é, ideias

inovadoras provenientes

daquilo que podemos

aprender com o meio

natural, e não daquilo que

conseguimos extrair dele.

Sumariamente, é esta a ideia em que uma das

mais recentes áreas da ciência se baseia –

Biomimética ou, por outras palavras, engenharia

baseada na Biologia. Desmistificando, a Biomimética

é o estudo e a imitação das melhores ideias da

natureza para ajudar o homem a equacionar alguns dos

problemas com que se depara atualmente.

Na Indústria Aeronáutica existe um número cada vez

maior de inovações inspiradas nesta ciência e estes

padrões do mundo natural continuarão a constituir

uma forte fonte de estudo para futuros projetos. A

Airbus apresenta-nos alguns desses exemplos:

Efeito Lótus:

A superfície

de uma folha de

Lótus evoluiu de

forma a mantê-la

seca e limpa,

fazendo com que

as gotas da água

da chuva

escorram ao longo

de toda a folha,

por forma a levar consigo toda a sujidade. Conhecido

como o “Efeito de Lotus”, estas propriedades

inspiraram engenheiros e cientistas a desenvolver

revestimentos para equipamentos de cabine que, em

contato com a água, escorrem igualmente em forma de

peso da aeronave e

consequentemente a

quantidade de

combustível gasta, bem

como a quantidade de

emissões de carbono. Este

tipo de revestimento já é

usado nas superfícies das

casas de banho dos aviões da Airbus, e está

atualmente a ser estudada a possibilidade de o usar

no exterior das aeronaves.

Superfícies de asa móveis:

Da mesma forma que as aves marítimas sentem

diferentes rajadas de vento com os seus bicos,

ajustando consequentemente a configuração das

suas asas e penas para manterem a sustentação,

dispositivos eletrónicos dispostos no nariz do novo

Airbus A350 XWB detetam antecipadamente

alterações repentinas da velocidade do vento para

que as superfícies móveis da aeronave sejam

abertas de modo a concluir um voo mais eficiente,

poupando desta forma mais combustível e

reduzindo as emissões.

Winglets inspirados nas aves de rapina:

Se as asas das aves de rapina – como por exemplo

as da Águia da Estepe – forem muito longas, o seu

círculo de viragem será muito grande para caber

Page 25: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

25

dentro das colunas de ar ascendente que elas

habitualmente usam para subir. O que normalmente

acontece é que estas aves recorrem às pontas das suas

asas, enrolando-as de forma a que fiquem numa

posição quase vertical (“curling”), fazendo com que se

forme uma barreira contra o vórtice com origem nas

colunas de ar, para um voo eficiente. Fazendo agora a

ponte com o Airbus A380, se este tivesse sido

desenhado da maneira convencional, teria uma

envergadura com cerca de três metros a mais do que é

permitido para a maioria dos aeroportos. Mas devido a

estes pequenos dispositivos chamados “winglets”, que

imitam fielmente a curvatura para cima das penas da

águia, o Airbus A380 está 20 cm dentro dos limites

dos aeroportos e ainda proporciona sustentação tal que

faz com que o maior avião de passageiros do mundo

voe de uma forma altamente eficiente.

O voo silencioso da coruja:

A Airbus está a realizar estudos ao voo das corujas

para tentar saber como é que estas aves atacam as suas

presas tão silenciosamente. O que atualmente se sabe

é que estas aves são silenciosas porque manipulam o

fluxo de ar através do ângulo de aproximação à presa

e da disposição especial das penas nas suas pernas. A

Airbus está a trabalhar em melhoramentos no seu

A380, e espera conseguir aplicar algumas destas

pesquisas no trem de aterragem desta aeronave. A

empresa acredita que se conseguirem resultados

positivos, isto poderá mudar drasticamente o ruído

causado pelas aeronaves no futuro.

A Airbus tem realizado vários estudos a diferentes

tipos de corujas, em colaboração com a Airbus Noise

Technology Centre – University of Southampton. Têm

sido construídos modelos em computador destas

aves em voo e posteriormente refinados em túneis

de vento.

Pele de tubarão:

Todos nós já ouvimos falar do fato de banho de

pele de tubarão do atleta Michael Phelps. Então e

se aplicássemos os mesmos princípios à Indústria

Aeronáutica? Pois bem, as pequenas escamas do

tubarão são recortadas por pequenas estrias que

reduzem a sua resistência à água, poupando assim

energia para procurar alimento.

Há mais de trinta anos que a pele de tubarão

tem vindo a ser investigada e testada por

Engenheiros Aeroespaciais no sentido de ver qual

poderá ser a sua aplicabilidade no futuro. Recentes

estudos mostram que esta característica poderá ser

utilizada em tintas e revestimentos exteriores de

aeronaves, já que ao imitar as pequenas escamas do

tubarão há uma diminuição da resistência ao atrito

– do ar ou da água – e, consequentemente, poupa-

se mais combustível e reduz-se na emissão de

gases.

Estes são assim alguns dos exemplos

apresentados pela Airbus. Mas mais do que

exemplos, são soluções verdes, soluções que

protegem o nosso planeta e elevam a engenharia a

um novo patamar: a eco-eficiência.

Page 26: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

26

No passado dia 6 de dezembro a Força Aérea

Portuguesa prestou uma última homenagem ao

CASA C-212, conhecido Aviocar, despedindo-se

assim desta aeronave e da Esquadra 401

Cientistas, encarregue das suas operações. Foi

um avião que marcou a história da FAP no pós-

ultramar destancando-se em várias missões como,

por exemplo: reconhecimento fotográfico, busca e

salvamento, transporte interilhas, evacuação

sanitária, entre outras. Também foi a aeronave

destacada para o apoio e controlo do derrame

causado em 2003 pelo petroleiro Prestige ao largo

da Galiza, um acidente de larga escala ainda hoje

lembrado. É o Adeus ao Aviocar, uma aeronave

que vai deixar saudades mas que parte com o

sentimento de missão cumprida!

O Aero Buzz pretende ser uma secção da revista onde

figuram as notícias mais relevantes do mundo aeroespacial.

Aqui ficam algumas das notícias que têm marcado nos últimos

tempos a indústria e o mundo.

O adeus do ‘Carro Aéreo’ da FAP

Texto Diogo Monteiro Fotos http://www.nortavia.com e http://www.worldwide-military.com

Projecto: Dirigível português

O protótipo de um novo dirigível de fabrico

português, concebido para missões de socorro em

cenários de catástrofes naturais e ajuda humanitária,

voou em público pela primeira vez, no Edifício da

Alfândega do Porto. A segurança e a ecologia são as

principais mais-valias deste “sexto meio de

transporte”, segundo o Comandante Cassiano

Rodrigues, presidente da Nortavia e mentor do projeto

Nature Friendly Airship Program(NFAP), orçado em

4 milhões de euros. Com capacidade para descolar e

aterrar verticalmente, o Gaya é particularmente

adequado para missões em locais remotos e países em

vias de desenvolvimento.

Page 27: Revista de Aero N.º3

MEAer e o mundo

27

Maior evento aeroespacial da Ásia ocorre em fevereiro

Terra poderá deixar de ser alvo de asteróides num futuro próximo

Está ser levado a cabo pelo Instituto de Pesquisa

Planetário em Berlim um projeto europeu,

“NEOshield”, que decorrerá durante os próximos três

anos e que tem como objetivo estudar métodos para

evitar que ameaças estelares, como por exemplo

asteróides, atinjam a superfície terrestre. Já existem

várias técnicas a ser discutidas, entre elas o “Tractor

de Gravidade” que visa utilizar uma nave com um

propulsor de iões de longa duração para manter a

distância entre esta e o objeto indesejado. Assim,

devido à atração gravitacional, seria possível desviar o

asteróide da sua trajetória. Outra técnica muito falada

é o “Desvio por Explosão”, que não é mais do que

causar explosões nucleares na superfície dos

asteróides de forma a fragmentá-lo.

mais diversas nações. Na edição de 2010 os

acordos feitos durante o evento ascenderam ao 10

biliões de dólares. A nível de exibição de voo

destaca-se a presença dos Roulettes da Força Aérea

Australiana, entre outras formações de acrobacia

aérea. Neste evento também haverá uma secção

única dedicada aos UAV (unmanned aerial

vehicle), uma tecnologia muito explorada hoje em

dia e que se acredita ser o futuro da aviação militar.

Entre 14 e 19 de fevereiro decorre o Singapore

Airshow, um dos três maiores eventos deste tipo no

Mundo. Para além de permitir mostrar a toda a

comunidade aeronáutica os últimos gritos tecnológicos

da área, serve também como uma excelente

plataforma de negócio para as empresas aeroespaciais,

estando sempre presente altos representantes das mais

conhecidas companhias aéreas, figuras importantes da

politica internacional e também líderes militares das

Para além de eco-friendly, ainda bate recordes!

distância na classe de aviões com peso entre 200 e

250 toneladas. Afirma-se que este voou 19.835 km

sem paragens entre Seattle e Dhaka, no

Bangladesh, quebrando assim o anterior recorde do

Airbus A330 situado nos 16.903 km. Conseguiu

ainda establecer o record da mais rápida volta ao

mundo em cerca de 42 horas e 27 minutos, sendo

que esta se trata de uma nova marca nunca tentada

por outro avião da sua classe. O Boeing 787

Dreamliner é conhecido pela sua capacidade de

poupança de combustível, intitulando-se de eco-

friendly, essencialmente por ser todo construído à

base de novos materiais compósitos muito leves.

Segundo informações da Boeing, recentemente a

sua coqueluche 787 Dreamliner bateu dois recordes

mundiais de velocidade e

Page 28: Revista de Aero N.º3

MEAer e lazer

28

Desafio

Dois barcos vão e vêm ao longo de um rio entre duas cidades. Andam à mesma

velocidade constante: igualmente rápidos no sentido da corrente, igualmente lentos

no sentido contrário. A determinada hora partem ao mesmo tempo das duas cidades.

Cruzam-se a primeira vez a 7 km de uma das cidades. Param cada quatro minutos

nos seus destinos. Recomeçam a viagem e cruzam-se pela segunda vez a 9 km da

mesma cidade. Qual a distância entre as duas cidades?

Sabias que...

A NASA também aderiu às redes sociais

e acaba de lançar um jogo para esta

plataforma? SPACE RACE BLAST

OFF é o jogo que já pode ser jogado via

facebook, onde o usuário concorre com

outros utilizadores respondendo a

perguntas sobre Matemática, Exploração

Espacial, Química, entre muitos outros

temas. No final do jogo, só o vencedor

passa à ronda Bónus!

Resposta: 16 Km.