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vitória Ano IX Nº 103 Março de 2014 Revista da aRquidiocese de vitóRia - es vitória No ambiente real ou virtual sejamos próximos

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vitóriaAno IX • Nº 103 • Março de 2014

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitória

No ambiente real ou virtual sejamos próximos

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17Arte SAcrA

21eSpirituAlidAde

28cAminhoS dA BíBliA

31eSpeciAl

34ideiAS

38reFleXÕeS

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasEditora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Kiko, Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555

vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitóriaAno IX – Edição 103 – Março/2014

Publicação da Arquidiocese de Vitória

Pensar

DiálogosTráficohumano:Umgrandepecadosocial

MunDo litúrgicoOsilêncioduranteaQuaresma

coMuniDaDe De coMuniDaDesSãoJosé:modelodeféeobediência

rePortageMCatólicoseluteranosnamesmafé

asPasTextobasedaCampanhadaFraternidade2014

ProjetoCentroNovaGeração,emNovaRosadaPenha

atualiDaDeAintolerânciavirtual

entrevistaIrmãCarmenPulga

MicronotíciasApoioabrasileiros

08 14

12

Prática Do saberTransformandoóleodefrituraembiodiesel

arquivo e MeMóriaResultadosdasCampanhasdaFraternidade

ensinaMentosConfissão

cultura caPixabaPovosirmãos

aconteceConselhoPastoraldaArquidioceseeformaçãodaPastoralOperária

0506

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Maria da Luz FernandesEditora

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A preparação para a Páscoa sugere um tempo de si-lêncio. O Deus que nos libertou precisa de espaço para ser percebido. A humanidade está cheia de

si, de seus pensamentos, suas invenções, sua agenda, seus compromissos, suas descobertas, etc. A percepção da essência da vida está ofuscada pela correria cotidiana. Esta edição traz assuntos diversos que propõem um novo olhar sobre a vida: captar a beleza das pequenas coisas (entrevista), encontrar as pessoas por trás da tecnologia (atu-alidades), buscar a unidade da fé (reportagem), reconciliar-se (ensinamentos), o silêncio litúrgico (mundo litúrgico) e o caminho para tornar-se sábio (ideias). Todos nos remetem indiretamente para a necessidade de silenciar. Silenciar para perceber, perceber para sentir, sentir para entender e entender para crescer e ir mais longe. Aguçar a percepção (silenciar) é sentir a vida mais divina e Deus mais humano! Boa leitura!

fale coM a genteEnviesuasopiniõesesugestõ[email protected]

anuncieAssocieamarcadesuaempresaaoprojetodestaRevistaesejavistopelasliderançasdascomunidades.Liguepara(27)[email protected]

aSSinaTuRaFaçaaassinaturaanualdaRevistaerecebacomtodatranquilidade.Liguepara(27)3198-0850

eDitorial

Pra sentir a vida!

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Pensar

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Diálogos

Um Grande Pecado social

“Calar-se diante do problema do

tráfico humano e ignorá-lo, é (na)

cumplicidade criminosa sob

aparência de falsa inocência.”

Como em todos os anos, a Campanha da Fra te rn idade

aborda um tema de grande importância para a medita-ção quaresmal dos cristãos católicos e para a sociedade em geral. Este ano, somos provocados pelo Tema “Fra-ternidade e Tráfico Huma-no”, com o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). O tema é vasto e de suma gravidade moral. O ser humano é tratado como objeto, como mercadoria, reduzido muitas vezes a uma ‘peça usada’ que pode suprir uma deficiência ou anomalia

situando-o entre os crimes organizados mais rentáveis, ao lado do tráfico de drogas e de armas.” (Texto Base da Campanha da Fraternidade 2014, p.12). Confesso-lhe, irmão e irmã que só de pensar ou tocar neste assunto as lágri-mas surgem em meus olhos junto com um sentimento de impotência diante de tão grande monstruosidade. Por que a Igreja esco-lhe um tema como este na Campanha da Fraternidade? Não estaria provocando ódio em nossos corações ou um desejo de vingança, nos co-rações dos cristãos? Com toda a certeza pre-cisamos ter muito cuidado com nossos sentimentos. Não podemos deixar que a justa indignação, tristeza, lágrimas de dor se transfor-mem em ódio e desejo de vingança. Mas, o sangue dos inocentes clama por justiça. Calar-se diante do pro-blema do tráfico humano e ignorá-lo, é cumplicidade

de pessoas abastadas e po-derosas em risco de perder a vida ou necessitadas de um transplante. O ser humano é reduzido não só a um objeto de troca, a uma peça, mas, também é usado para cos-méticos a serviço da beleza de outros seres humanos. É o tráfico de seres humanos indefesos, feito por outros seres humanos perversos e sem valores que avilta a

dignidade das pessoas desde o útero materno e nas diversas etapas da vida humana. “É difícil dimensionar o tráfico huma-no, pois muitas de suas vítimas não são iden-tificadas. No entanto, a Or-ganização das

Nações Unidas (ONU) es-tima que o tráfico humano renda, aproximadamente, 32 bilhões de dólares anuais,

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“Não podemos deixar que a justa indignação, tristeza, lágrimas de dor se transformem em ódio e

desejo de vingança. Mas, o sangue dos inocentes clama por justiça.”

criminosa, sob aparência de falsa inocência e isenção alienante perante este pecado social, é sujar as mãos e o coração no sangue inocente vendido e derramado, de criancinhas, jovens e adultos cujo direito à vida lhes foi arrancado. Se as pessoas de bem não denunciarem, não clamarem e não se organizarem em favor da vida, “as pedras gritarão” (Lc 19, 40)! Um dia, o Dia do Senhor vencerá com a Verdade que liberta! Por isso a nossa voz, o nosso empenho e compromisso com a vida e a dignidade do ser humano, onde estivermos, na construção de uma sociedade nova, é urgente. Não tenhamos medo! Não te-nhamos ódio, mas amemos e defen-damos a vida e a dignidade do ser

humano. “Foi para que sejamos livres que Cristo nos libertou” (Gl 5,1)! A conversão dos perversos é possível! O Sangue derramado de Jesus não foi derramado em vão! A misericórdia de Deus é maior do que os seus crimes!

Lembro-me, neste momento, quando por ocasião da visita do Bem Aven-turado João Paulo II, que em breve será proclamado santo, ao Rio de Ja-neiro, um médico já idoso, dono de uma clínica de abortos nos EUA, com lágrimas nos olhos, disse aos bispos,

clérigos e leigos presentes num salão superlotado de pessoas que tratavam do tema ‘família’: “Sou responsável por mais de setenta mil abortos. Dois entre eles eram meus filhos”. Ele se penitenciava de seus cri-

mes hediondos e viajava pelo mundo confessando o seu arrependimento por tão grande perversidade. Sim, a conversão dos perversos é possível. A Misericórdia de Deus é maior! A Igreja que se sabe

pecadora e santa, não pode calar-se e, por isso, propõe para meditação pascal, no tempo da quaresma, o tráfico do ser humano, um horroroso e grande pecado social.

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.arcebispo Metropolitano de Vitória eS

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atualiDaDe

como superar a iNtolerâNcia com a proximidade

O samaritanO digital:

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“Um homem ia des-cendo de Jerusalém para Jericó e caiu

nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo e o espanca-ram. Depois foram embora e o

deixaram quase morto” (Lc 10, 25-37). A parábola

contada por Jesus é bastante conhecida e, infelizmente, con-tinua sendo muito atual em tem-pos de internet. São muitas as pessoas, especialmente crianças e jovens, que caem nas mãos de “assaltantes digitais”, que lhes arrancam tudo, espancam-nas e vão embora, deixando-as quase

mortas – em termos pessoais, familiares, comunitários e so-ciais. A intolerância, a agres-sividade, a humilhação e o ódio na inter-net (formas de v i o l ê n c i a t a m b é m

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atualiDaDe

Parábola do comunicador

chamadas de cyberbullying) não são uma novidade, mas se tornam cada vez mais crescen-tes e alarmantes. A organização britânica Ditch the Label, que combate as diversas formas de bullying, realizou em 2013 a maior pesquisa sobre cyber-bullying feita até hoje, com mais de 10 mil jovens entrevis-tados. O resultado: 7 em cada 10 jovens (ou 69%) são vítimas de agressões na internet. Do total, 37% sofrem as agressões em um nível considerado “altamente frequente”, e 20% afirmaram experimentar modalidades de “cyberbullying extremo” dia-riamente. De acordo com a pesquisa, redes sociais digitais como Facebook e Twitter são as principais fontes de agressões. No Brasil, uma pesquisa re-alizada pela Safernet Brasil em 2013, com 2.834 jovens entre 9 e 23 anos, apontou que 12% dos

jovens brasileiros já foram ví-timas de cyberbulling, embora, paradoxalmente, 10% conside-rem normal “zoar” e “xingar” na internet. Recentemente, ca-sos de racismo, preconceito e exploração sexual nas redes digitais levaram algumas jovens vítimas até ao suicídio. Há muitos elementos que colaboram com esse fenômeno, principalmente a facilidade de acesso e de uso das tecnologias digitais, e sua abrangência e disseminação como ambientes de interação pessoal e de co-municação social. Na internet, o contato com o outro se torna muito mais fácil, simples e cô-modo: basta um clicar de bo-tões, e instantaneamente temos acesso ao mundo, e o mundo pode ter acesso a quem somos. Mas, ao nos expormos, muitas vezes nos tornamos alvos. A tecnologia que nos aproxima, ao mesmo tempo, nos distancia. Estamos “juntos”, mas às vezes não nos reconhe-cemos. O que era para ser uma inter-relação – uma ação com o outro – acaba se tornando uma ação sobre o outro e, fa-cilmente, uma ação contra o outro. E seja onde e quando for, já que toda agressão na inter-net, potencialmente, continuará “ativa” a qualquer momento e em qualquer lugar: é quase impossível apagar os rastros

deixados no ambiente digital. Assim, reforça-se um processo cíclico e venenoso. No entanto, seria fácil de-mais – e inconsequente demais – dizer que “isso é coisa do mundo virtual”. Já Bento XVI, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações de 2013, afirmava que “o ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens”. Não existe oposição entre “mundo real” e “mundo virtual”. Há apenas um ambiente digital (ou seja, mediado por uma tecnologia específica) dentro de uma mes-ma realidade humana. A dor da ofensa recebida na internet será a mesma que sentiríamos se fosse dita face a face – ou até mesmo mais forte, já que na internet ela pode se tornar pública e acessível a todos. E aqui voltamos à parábo-la de Jesus. O homem ferido foi deixado onde estava pelo sacerdote e pelo legista, que passaram “pelo outro lado”. Quem o socorreu foi um sa-maritano, que “se aproximou dele, viu, e teve compaixão” (v. 33). O Papa Francisco, em sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, chama esse relato evangélico de “parábola do comunicador”,

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Moisés SbardelottoJornalista

autor de ‘e o verbo se fez bit: a comunicação e a experiência

religiosa na internet’

69%ou 7 a cada 10 jovens

37%

20%

sofrem as agressões em um nível considerado “altamente frequente”

São vítimas de agressões na internet.

afirmaram experimentar modalidades de “cyberbullying extremo” diariamente.

pois, para o Santo Padre, co-municação é proximidade, e “quem comunica faz-se próxi-mo”. Isso não significa ter uma visão idílica da comunicação: o conflito também é uma forma de interação. Mas o conflito – para que não se esvazie na indiferença ou não exploda no ódio – deve ser superado e vi-vido como reconhecimento do outro na sua diferença. O outro que nos assusta e nos questiona se torna “desafio” positivo, e não “obstáculo” a ser ignorado ou destruído. Continua o papa: “Jesus inverte a perspectiva: não se tra-ta de reconhecer o outro como um semelhante meu, mas da minha capacidade de me fazer semelhante ao outro”. O maior desafio de qualquer processo comunicativo é reconhecer o outro na sua diferença – e aceitá-lo e amá-lo nessa dife-rença. É reconhecer que somos

iguais na diferença, e por isso nos “aproximamos”, criamos “proximidade”, nos fazemos próximos e nos comunicamos. Hoje, embora nos achemos tão “desenvolvidos” tecnolo-gicamente, ainda temos mui-to a aprender com as culturas originais. As tribos africanas, por exemplo, nos deixaram como legado o princípio ético do ubuntu, que significa “eu sou porque nós somos”. Co-existimos. Existimos porque existimos juntos. Destruir a existência do outro, na inter-net ou não, é destruir a todos nós. Cuidar do outro, como o bom samaritano, é cuidar de todos nós – também lutando por políticas e leis mais eficazes contra os agressores, digitais ou não. Pois, como diz o ditado, “se todos portarem uma faca, é fácil surgir a violência. Mas, se todos carregarem violões, é fácil surgir música”.

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Micronotícias

Tato artificialUm grupo de pesquisadores euro-peus desenvolveu uma prótese de mão que permite ao amputado uma sensação semelhante ao tato. O sentido é importante pois controla os movimentos e a força. O equipamento possui sensores instalados nas pontas dos dedos, e envia as informações da prótese para os nervos periféricos do paciente. O método foi testado em um paciente dinamarquês, amputado há 9 anos que, durante a realização de cerca de 700 testes, mostrou-se capaz de sentir o formato e consistência dos objetos.

O preço da luzA 11ª tarifa de energia mais cara, entre 28 pa-íses do mundo, é a do Brasil. O levantamento feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que o valor é 8,8% superior aos demais países da lista. A grande causadora do encarecimento na

conta é a carga tributária, res-pondendo por 36,6% da tarifa. O setor elétrico responde por 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Ao mesmo tempo, é responsável por 5,2% do PIS--Cofins e por 8,7% do Imposto sobre a Circulação de Mercado-rias e Serviços (ICMS).

Saúde de pertoUm grupo de 100 pessoas foi se-lecionado para emprestar o seu corpo à ciência. O projeto ‘O bem-estar de cem pessoas’, desenvolvido pelo Instituto de Sistemas Biológicos, nos Estados Unidos, irá realizar um acompanhamento detalhado dos voluntários, com o objetivo de acompanhar a transição do co-ração, do cérebro e do fígado, da saúde à doença, tomando como base a constituição única de cada

pessoa. Os cientistas começarão decodifican-do o DNA inteiro de cada participante. Nos 25 anos seguintes, farão medições regulares de seus padrões de sono, ritmo cardíaco, bactérias estomacais, proteínas que marcam a saúde dos órgãos, amostras de sangue e atividade das células imunológicas, entre outras variá-veis. O programa visa expandir para 100 mil pessoas analisadas, em quatro anos.

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Apoio do Reino Unido

Combate ao vírus HIVPesquisadores da USP obtiveram êxito nos resultados preliminares do teste realizado em macacos de uma vacina desenvolvida contra o HIV. O aumento da resposta imune, compa-rado ao mesmo teste aplicado em camundon-gos, foi de 5 a 10 vezes. A vacina é composta

por 18 fragmentos do HIV, que desencadeiam uma reação ao vírus no corpo humano, por meio de um software. O desenvolvimento desta vacina começou em 2002 e o imunizante contido nela foi desenvolvido e patenteado pela USP. A previsão é que em três anos iniciem os testes em humanos.

Os brasileiros que forem estudar no Reino Unido, rece-berão apoio para a conquista de um em-prego no retorno ao Brasil. O país é um dos três principais destinos de estu-

dantes brasileiros no exterior. Entre os dois países, existem programas de intercâmbio que selecionaram quase 8 mil estudantes ao longo dos anos, e a ideia é que, com o financiamento das empre-sas parceiras do projeto, esse

número aumente e se crie mecanismos para absorver os ex-bolsistas no mercado de trabalho. A parceria entre Brasil e Reino Unido pretende ajudar mais jovens brasileiros a estudar e ganhar experiên-cia em suas áreas.

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entrevistaMaria da Luz Fernandes

o retiro espiritual que virou livrovitória - Como surgiu ‘A pé-tala’?Carmen - ‘A pétala’ surgiu de uma experiência que eu fiz há uns três anos atrás em Roma, na região de Torreglia, que tem colinas e espla-nadas muito bonitas e um ambiente muito legal para a gente se concen-trar. São casas retiradas no meio das matas e que as pessoas vão lá mesmo para se concentrar.

vitória - Nessa época você decidiu que escreveria o livro?Carmen - Sim, porque a semen-tinha já nasceu lá. Eu comecei a observar a natureza, de manhã cedo eu fui no alto da colina, vi o sol, comecei a pensar nesse Deus que está criando o universo hoje. Essa foi a primeira intuição. Então ‘A pétala’ nasceu mesmo daí, da percepção da natureza que se renova a cada momento e a qual nós não damos muita atenção, porque nos distanciamos dela. A natureza não chega mais perto da gente, os bichinhos fo-ram afastados, tem inseticida para tudo. Então eu queria resgatar essa presença amorosa de Deus, porque Deus para mim é isso, é esse amor no gerar a vida. Toda a vida, eu acredito, é movimentada, é mantida e alimentada por essa

energia amorosa de Deus.

vitória - Quando você chegou na Torreglia percebeu coisas que também não via mais, ou o livro é para os outros?Carmen - Não, não. A primei-ra beneficiada fui eu, primeiro fazendo a experiência e depois escrevendo. Realmente, a Tor-reglia me trouxe essa percep-ção, porque eu estava sozinha, eu podia “perder” esse tempo con-templando, eu não tinha outros compromissos. Então eu podia fi-car contemplando a formiguinha, contemplando a aranha, contem-plando a natureza no seu todo. As folhas pareciam que me falavam, as coisas me falavam, até por ser uma natureza diferente.

vitória - Você continua olhan-do a natureza com essa mesma visão?Carmen - Sim, o olhar é diferente. Esses dias entrou no meu quarto um besourinho que solta um cheiro forte, e eu não fui capaz de matá-lo. Eu peguei um pedacinho de papel, ajudei-o a subir ali e fui na janela e disse: vai para o seu lugar, para o seu habitat, seja livre.

vitória - A irmã Carmen pau-

lina virou franciscana?(Risos) Talvez. Não sei se fran-ciscana ou ecológica, mas eu te-nho esse cuidado agora sim, tenho muito mais cuidado. E depois dessa experiência eu tenho um respeito muito maior pelo ser humano. A diversidade da natureza encantou--me muito, as folhas com cores e formatos diferentes, e tudo fluía sem nenhuma necessidade de nin-guém interferir.

vitória - As pessoas compõem essa diversidade?Carmen - Sim, cada pessoa, eu

A experiência de oração da irmã Carmen Pulga

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acho que no livro eu tento mostrar um pouco isso. Como a gente poderia voar, ir para o alto, ser feliz, porque o que nos prende, o que nos cria em-baraço, dificuldade, são os nossos julgamentos, os nossos pensamentos que são os primeiros e grandes inimi-gos. Porque somos nós que fazemos dentro de nós os obstáculos. Eu penso assim e estou percebendo que é por aí mesmo. Eu percebi que fiquei muito mais positiva, muito mais assertiva também, dando liberdade às coisas, deixando que elas fluam por conta própria, sem o meu controle.

vitória - Como você se sente mis-turando a imaginação com a vida real? Você encontra a Carmen dentro do livro, ou o livro é algo que você gostaria?Carmen - Olha, tem bastante de reali-dade, mas tem também a imaginação para tornar a leitura mais leve, mais suave, mais poética, mais prazerosa.

Mas a minha imaginação dentro do livro é sincera, em nenhum momento eu conto alguma coisa que seja uma mentira, só para florear, é tudo real. A imaginação é só nas palavras, na expressão, mas o relato é verdadeiro, são os meus sentimentos e sentimentos de uma experiência verdadeira.

vitória - Como você pensa a rela-ção entre a Carmen antes do livro e após o livro publicado?Carmen - Me sinto mais responsável, porque se eu narrasse isso tudo só para agradar ouvidos, não teria sentido, tem muitas outras coisas escritas melhores do que isso. O que eu escrevi, eu quero e faço esforço que isso seja vivência minha, tentar viver esse presente da criação, tentar viver essa arte de não julgar, fazer esses exercícios, manter a minha alma conectada, fazer essas preces onde eu abraço a minha alma, então eu sinto uma alegria imensa, sinto que posso voar, posso ir longe. E eu senti Deus se tornando muito mais meu amigo, muito mais perto, parece que Deus ficou muito mais humano, sorrindo a todo tempo para mim também. Não é um Deus cobran-do nada, é um Deus que tem prazer de dar felicidade para os seres humanos.

vitória - Do livro, qual a história que mais lhe agrada?Carmen - Talvez foi uma das mais difíceis de escrever, mas foi quando eu contemplei a cor das flores. E eu comecei a pensar como pode cada uma ter uma cor. O branco é a soma de todas as cores. Então o branco é essa soma de tudo, e ao mesmo tempo é o vazio, porque não tem cor. O Deus que é pleno e é vazio, eu não consegui

“Para tocar a alma da vida em si, que pulsa

a todo momento,

a gente tem que

parar. Não o corpo,

mas a mente, porque a mente da gente é muito

traiçoeira e marota.”

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entrevista

ainda descrever como eu a intuí, eu senti que ficou pobre, mas para mim foi de uma riqueza infinita.

vitória - Isso pode voltar em outros escritos?Carmen - Talvez sim, porque eu ainda não estou satisfeita com a forma que eu consegui colocar no papel. Eu intuí mais profundo e não consegui escrever toda a intuição. Tentei mas me faltaram palavras para definir bem. Essa plenitude e esse vazio de Deus, que eu acho que está lá no ter-ceiro ou quarto dia, quando eu faço essa contemplação das cores das flores.

vitória - Você fez o lança-mento em Porto Alegre, São Paulo e Vitória. Vitória teve alguma surpresa, você tinha expectativa?Carmen - Vitória foi onde eu senti o maior acolhimento de uma obra assim. Em São Paulo eu tinha muitos amigos que foram, Porto

Alegre eu tinha parentes, mas aqui eu não era muito conhecida. No entanto, havia uma acolhida muito grande de pessoas que já tinham lido.

vitória - Seu texto é um relato da experiência de Deus, contada de uma forma romanceada, e a partir da natureza. Vitória tem uma natureza interessante, você acha que isso pode facili-tar para que as pessoas façam experiências parecidas?Carmen - Pode ser, e pelo pouco que eu sei do povo capixaba, são pessoas bastante artísticas, místi-cas, que transcendem com mais facilidade, porque o materialis-mo aqui não é tão forte quanto em uma cidade industrial. Então eu acredito que sim, aqui é um povo de muita arte, sensibilidade para isso.

vitória - Qual é a chave de lei-tura para os leitores da Revista Vitória que ainda não conhe-cem o livro e que agora vão se interessar?Carmen - Eu acho que é come-çar a ler e despertar a percepção dentro de si. Uma percepção do pequeno, do minúsculo que está do seu lado, do sopro, do bichi-nho, da sua respiração. Se sentir presente, se sentir vivo é ter essa percepção sempre viva. Onde tem vida tem que ter alegria de viver, porque essa dinâmica pro-duz alegria.

vitória - Durante o lan-çamento você repetiu que precisamos “parar”.

Como a gente para em meio a essa agitação, que nós já nos acostumamos?Carmen - Eu acho que realmente para perceber, para tocar a alma da vida em si, que pulsa a todo momento, a gente tem que parar. Mas não é parar o corpo. É parar a mente, porque a mente da gente é muito traiçoeira e marota, ela vai por tudo quanto é lado, ela não tem direção. Parar um pouquinho para tomar a nossa mente, a nossa percepção, o nosso ser interior e deixar que ele se foque em coisas que mostram a importância da vida, essa coisa rara que é a vida.

vitória - Você termina a nar-ração do dia com uma oração. Foi uma decisão anterior à es-crita ou veio no meio do texto? Carmen - Veio no meio da es-crita. Eu tive um certo receio em colocá-las, mas elas vieram tão espontâneas que não dava para não dizer ‘obrigada, Jesus’ como uma criança. O livro é um pouco o resgate da alma de criança, da criança falando com Deus. Eu sentindo-me em meio à criação, tão pequena e ao mesmo tempo tão grande.

vitória - Essa experiência le-vou você para a infância?Carmen - Bastante. E aí que eu resgatei a historinha da pétala.

vitória - O título é seu?Carmen - Sim, é meu. Veio de-pois de realmente pensar bastante, refletir, que ela pudesse traduzir bastante o que eu estava sentindo. É um pedacinho da vida.

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os Portais das iGreJas

O portal da catedral de Vitória vem seguido de dois vitrais que atraem a atenção de qualquer fiel ou visitante

Oportal da catedral de Vitória vem seguido de dois vitrais que atraem a atenção de qualquer fiel ou visitante.

Do lado esquerdo o Arcanjo São Gabriel, “Força de Deus”. Do lado direito o Arcanjo São Miguel, “Ministro de Deus”. No primeiro, a luta contra o dragão do pecado. No segundo, o anúncio do maior evento da história. Quando aberto o portal reflete os dois lados de nosso coração: a vitória do bem pela graça libertadora de Deus (Vitrais, um Hino a Deus Criador). O encanto provocado por estas imagens deve levar-nos a refletir sobre o significado do portal.

arte sacra

“Jesus disse: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e

encontrará pastagem”.(Jo 10,9)

A porta da igreja é um símbolo do próprio Cristo, o Caminho que nos conduz ao Pai, um local de passagem importante. Atravessar a porta da igreja significa abandonar o mundo profano e entrar no espaço sagrado, representando também a Nova Jerusalém. Ao longo da história os portais das igrejas ga-nharam enorme quantidade e variedade de imagens e significados representados de forma figurativa e refletiram o momento histórico e a compreensão teológica e eclesiológica de cada tempo. Normal-mente os portais traziam esculpido o resumo de tudo o que se encontrava dentro da igreja. A porta principal é sempre dedicada ao Cristo e, havendo outras, podem ser dedicadas ao santo padroeiro e a Maria, mãe de Deus. Quantas vezes atravesamos as portas das nossas igrejas e não nos damos conta da beleza desse momen-to? A porta da Catedral de Vitória, construída em estilo neogótico, no início dos anos 1900, revela-se também como ‘a abertura’ que nos introduz no Mistério. Mar-cada pelo portal ornado com colunas decoradas que se fecham em forma ogival, tímpano com escultura do Cristo ressuscitado que nos recebe, é finalizada com um pequeno frontão triangular ornado com ramos de uva e uma cruz. Do limiar entre o conhecido e o desconhecido, o agora e o depois, a porta se abre para um mistério e nos convida a uma ação: atravessá-la!

Raquel Tonini, membro da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de

vitória e Grupo de Reflexão do setor espaço celebrativo da comissão

Litúrgica da CNBB

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MunDo litúrgico

qua resma:

Na busca desenfreada de corresponder às imposi-ções e anseios da ordem

econômica, social e política do tempo presente, percebe-se uma acentuada tendência ao aban-dono do ser, desde o pessoal ao coletivo. O comando é para acentuar a curvatura do indiví-duo, como dos diversos grupos humanos, frente ao imperialismo devastador que nivela a todos, formatando-os conforme os interesses do regime vigente. A diversidade humana torna--se objeto de massificação: não existem rostos, nem nomes ou singularidade de vida. O poder temporal dominante revela-se na angústia e na convulsão de quem, cativo, também aspira à real liberdade de criatura.

Se há poder deturpador e es-cravagista, também há o secreto clamor, sob a forma de silêncio, que vai, de olhar em olhar, de toque em toque, permitindo e produzindo o caminho de um novo amanhecer: eis o empre-endimento que os cativos, de todos os tempos, testemunham

o silêncio emPreendedor

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Fr. José Moacyr Cadenassi, OFMCap

sobre os inimigos e opressores. Assim compreende-se o

Tempo da Quaresma: consci-ência da realidade de si e do mundo, com foco e confiança naquele que veio libertar a todos da escravidão, da ignorância e dos erros, propondo à humani-dade a parceria da Aliança, rumo à terra prometida, sem males, de antecipado paraíso.

A nova ordem é escutar o Primogênito – Verbo eterno - que, na percepção e compre-ensão humanas, balbucia com determinação, qual renovado sopro criador, uma nova frequ-ência em nossa interioridade, perpassando nossos sentidos e ações. Ele se faz silêncio como quem aparentemente dorme em meio aos tumultos e tempes-tades da vida, mas cuida com vigor e serenidade de quem, com medo, perece, acalmando a pro-cela conforme a fé dos que com ele navegam nos mares da vida. Ele mesmo é a bonança de paz, segurança e unidade: promove a continuidade da nova criação, pelo mistério e méritos de sua Paixão, Morte e Ressurreição.

A liturgia quaresmal torna--se exercício de assimilação e

Que este Tempo da Quaresma seja um verdadeiro reconhecimento à VIDA, rumo ao essencial e festivo brinde pascal: eis o autêntico empreendedorismo cristão!

reconhecimento da misericórdia que é manifestada no interior de cada criatura, repercutindo, de forma particular, na pessoa de cada batizado, pela ação vivi-ficante do Espírito: memorial e compromisso de novos céus e nova terra, com aguçado olhar contemplativo via a experiência transfigurante e ressuscitadora de quem, no silêncio, permite-se a regeneração e a reconquista do paraíso interior.

A Palavra é a referência para a atenção e escuta, no si-lêncio da criatura que se entrega à obra salvadora do Pai, pelo Filho, na unidade do Espírito. De cada criatura é necessário o princípio da disposição inte-rior e do renovado respirar, com atitude silenciosa e contempla-tiva de quem crê e reconhece a voz daquele que foi enviado dos céus como carne da nossa carne, sendo o mediador da plena comunhão do Criador com os seres criados.

O dar graças, continua-mente, pela Igreja celebrante, traduz-se no reconhecimento da obra salvadora por parte dos fiéis, compromissados em dila-tar, neste mundo, a comunhão

com o eterno. Comunhão que se dá via fraternidade universal: da dominação e escravidão ao reconhecimento e liberdade de ser criatura amada por Deus, chamada a viver e conviver com os semelhantes, na integração das diferenças; dos ruídos mas-sacrantes ao silêncio restaura-dor e fortificador, na missão de promover a vida em abundância para todos.

Que este Tempo da Qua-resma seja um verdadeiro reco-nhecimento à VIDA, rumo ao essencial e festivo brinde pascal: eis o autêntico empreendedoris-mo cristão!

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esPiritualiDaDe

Dom Rubens Sevilha, ocd - Bispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

os laços de amor

O s laços sempre unem dois lados. Entre Deus e nós

há também laços. “O Se-nhor nos segura com laços de amor” (Os 11,4). Deus usa laços de amor para nos segurar e nos manter unidos a Ele. Sem o laço de amor eterno e divino que somente Deus pode nos dar, corremos o ris-co de ficar soltos no ar, sem chão, sem âncora, sem laço! Daí o infeliz desespero de muitos ao se agarrarem a laços frágeis e quebradiços que dão a falsa sensação de segu-rança e calor que logo se esvaem e terminam em nada, causando decepção, dor e amargura.

No amor simples-mente humano da juven-tude o laço chama-se: pai-xão. Dizem que a paixão

(Cf. Prov. 3,11). Em ou-tros momentos sentimos a forte presença do Senhor que nos consola e nunca nos abandona.

Todo aquele que se deixa envolver pelos laços de Deus, invariavelmen-te, também envolverá os irmãos e irmãs em seus laços de verdadeiro amor. “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”, dizemos no início da Santa Missa.

De fato, o Reino de Deus é feito de laços de amor. O que destrói os laços de amor é o egoísmo e todas as suas sequelas: ambição desmedida, in-dividualismo exacerbado, desrespeito e violência contra o outro. Pergun-temo-nos: Como estão meus laços de amor com Deus? Como estou cui-dando dos laços de amor que me unem aos irmãos?

Afinal, somos parte do trino laço de amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

“Todo aquele que se deixa

envolver pelos

laços de Deus,

também envolverá os irmãos

e irmãs em seus laços de

verdadeiro amor.”

tem prazo de validade, ela dura três anos. O laço sucessivo é o companhei-rismo, cumplicidade, ami-zade. Os laços amorosos são feitos cada vez menos de emoções superficiais e cada vez mais composto de decisões, sacrifícios, força de vontade...

Qual a composição dos laços de Deus? O pro-feta Oséias responde cla-ramente: laços de amor! “O Senhor nos segura com laços de amor”, ou seja, sendo laços amorosos de Deus eles vêm com as qualidades divinas: são laços inquebráveis (Deus é onipotente), são laços eternos (Deus é fiel), en-fim, são laços de amor de Deus!

Os laços de Deus, às vezes, nos apertam, nos restringem e, em algu-mas ocasiões extremas, até parecem sufocar-nos. É o laço amoroso do Pai nos corrigindo, nos edu-cando e nos livrando do mal. Quem ama corrige!

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coMuniDaDe De coMuniDaDes

São José figura entre os san-tos com maior devoção em nossa Arquidiocese.

São cerca de 30 comunidades nas seis áreas pastorais que ho-menageiam o “Padroeiro dos Trabalhadores”.

Celebrado em 19 de março, portanto durante a Quaresma,

sãO JOsé:Deus propôs a José a maior

de todas as dádivas confiada a um homem: ser pai do Salvador. Ele não questionou. A missão dada a ele nos faz pensar se estamos preparados para desa-fios semelhantes. Vivemos em tempos de crise de autoridade paterna, na qual os pais já não conseguem “conquistar seus fi-lhos” e fazê-los obedientes. Que disposição temos em estruturar nossas famílias segundo os prin-cípios cristãos, à exemplo da Sagrada Família? José entendeu e, de coração, atendeu a Deus!

São José, tal como a Vir-gem Maria, com o seu “sim”, preparou a chegada do Salvador. Deus Pai contou com ele. Que o Altíssimo possa contar também conosco! Cada um de nós tem uma missão a cumprir. O mais importante é dizer “sim” a Deus como São José.

Gilliard Zuque

a Igreja deixa o roxo litúrgico e veste o branco em sinal de reconhecimento à missão de-sempenhada pelo santo.

Proclamado padroeiro da Igreja em agosto de 1889 pelo Papa Leão XIII é conhecido tam-bém como “Padroeiro das Famí-lias” pela fidelidade a sua esposa e dedicação paternal a Jesus.

Fidelidade que fica clara quando soube da gravidez de Maria. Não sendo seu o filho que ela esperava, planejou deixá-la sem alardes para não a expor à vergonha e crueldade. Na época, as mulheres acusadas de adulté-rio eram apedrejadas até a morte. Quando o anjo do Senhor em sonho lhe revelou o mistério sobre a criança que Maria tra-zia no ventre, sem questionar ou preocupar-se com fofocas, a tomou como esposa e reconhe-ceu legalmente o Menino Jesus como seu legítimo filho, não pela carne, mas pelo coração.

Ó glorioso São José, a quem foi dado o poder de tornar possível as coisas humanamente impossí-veis, vinde em nosso auxílio nas dificuldades em que nos achamos. Tomai sob vossa proteção a causa importante que vos confiamos, para que tenha uma solução favorável. Ó Pai muito ama-do, em vós depositamos toda a nossa confiança. Que ninguém possa jamais dizer que vos invo-camos em vão. Já que tudo podeis junto a Jesus e Maria, mostrai-nos que vossa bondade é igual ao vosso poder. São José, a quem Deus confiou o cuidado da mais santa família que jamais houve, sede, nós vos pedimos, o pai e protetor da nossa, e impetrai-nos a graça de vivermos e morrermos no amor de Jesus e Maria. São José, rogai por nós que recorremos a vós.

modelo de fé e obediência

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ÁREA BENEvENTEParóquia Nossa Senhora da Assunção – Pé do morroParóquia São José – São José e Rio GrandeParóquia de Nossa Senhora de Lourdes – PerocãoParóquia Nossa Senhora da Conceição – Iriritimirim, Quarto Território e Rio Veado

ÁRea caRiacica-vianaParóquia Santa Clara de Assis – IpanemaParóquia de São João Batista – Duas Bocas e MorrinhoParóquia São Francisco de Assis – Porto de SantanaParóquia Nossa Senhora da Conceição – Mamoeiro e Vargem GrandeParóquia de Sant’ana – Tabajara

ÁREA SERRAParóquia São Francisco de Assis – LaranjeirasParóquia de São José – FundãoParóquia de Nossa Senhora da Conceição – são DomingosParóquia de São Pedro - CapubaParóquia São Benedito – Muribeca

ÁREA SERRANAParóquia de São Sebastião – Piracema (Afonso Claudio)Paróquia do Divino Espírito Santo – Rio Claro (Santa Leopoldina)Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – Peçanha (Pedra Azul)Paróquia de Sant’ana – Santa Maria

ÁREA vILA vELhAParóquia Santa Terezinha do Menino Jesus – Vila GarridoParóquia Santa Rita de Cássia – Planalto

ÁREA vITORIAParóquia de São Pedro – Morro São JoseParóquia de Santo Antônio - EstrelinhaParóquia de São José – MaruipeParóquia de São Camilo de Lelis – Mata da PraiaParóquia São Pedro Apóstolo – São José

são José em nossas comUnidades

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Você já ouviu o ditado po-pular “na prática a teoria é outra”? Pois é, em Santa

Leopoldina, na prática a teoria é a mesma. Visitamos a cidade para entender, na prática, como acontece o relacionamento en-tre católicos e luteranos, Igrejas predominantes na localidade. Talvez tenhamos surpreendido quem caminhava pelas ruas com nossas perguntas, porém, as mais

Maria da Luz FernandesLetícia Bazet

na mesma

rePortageM

fésurpreendidas fomos nós, ao per-cebermos estampado no rosto das pessoas que abordávamos a ‘esquisitice’ de nossa pergunta. Na prática, católicos e lute-ranos estão unidos na vida coti-diana, nas transformações sociais, nos projetos políticos e na fé. O momento lembrado por todos foi as enchentes do final de 2013. Pastor Rodrigo Seidel conta com detalhes: “Era véspera de

Natal. Eu não conseguia chegar em nenhuma comunidade lutera-na, só andava de barco e quando à noite ouvi o sino da igreja católica tocando, pensei ‘porque a gente não celebra? e aquilo tocou o meu coração. Depois vi as estrelas no céu e comentei com minha esposa, ‘é a árvore de Natal mais linda que já vi’. Para nós que estávamos vivendo há seis dias com chuva, medo e angústia, não dá para esquecer. No outro dia procurei o padre Natan para fa-zermos juntos uma celebração de Natal. Ele concordou e chamou o povo pelos alto-falantes da igreja. Vieram todos que podiam chegar e celebramos. Não tinha liturgia pronta, não tinha pregação pronta, apenas colocamos a veste litúrgi-

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ca, o povo encheu a igreja e isso foi algo que mudou a minha vida. Eu tenho 17 anos de ministério de pastor e nunca tinha entendido de fato o que era a Festa de Natal. Natal é isso, é ver que naquele sofrimento a mensagem de Cristo traz esperança, traz paz”. A força desse momento foi confirmada por padre Natan que também pensava numa celebração para todos quando foi surpreendi-do com a visita do pastor Rodrigo. Juntos, luteranos e católicos se acolheram, celebraram, trabalha-ram para ajudar quem mais preci-sava, abriram uma conta solidária e fizeram um Natal de harmonia e uma festa linda.

A convivência fraterna e tranquila que se respira na ci-dade foi construída ao longo do tempo com base no respeito que uns e outros nutrem mutuamente. “Existem várias diferenças entre os católicos e luteranos, mas cada um respeita o outro e fica tudo bem”, disse Zenaide Groner, lute-rana. Já Maria de Lourdes Siller, vizinha de porta com o pastor Rodrigo, quando perguntamos se já recebeu convite para se tornar luterana, respondeu: “não, eles não fazem isso. Eles celebram com a gente”. Fredolin Boldt, empresário, afirma “para mim o respeito está acima de tudo. Eu respeito as diferenças que os cató-

fé em santa leoPoldina lUteranos e católicos estão Unidos na vida e na fé.

“Sinceramente eu tenho tão pouca preocupação com a doutrina ... o que me alegra é que cada vez está ficando mais claro para nós que é um só Deus. Esse é o ponto crucial. Assim, nós tentamos, como pecadores, chegar a Ele para que nos perdoe por graça e nos aceite do jeito que somos.”

Fredolin Boldt

licos têm, assim como eles respei-tam as diferenças que nós temos”. Perguntamos se era comum acon-tecerem celebrações ecumênicas e ele respondeu prontamente “não é comum, mas a vida é comum. Então cada um tem a sua progra-mação, mas quando tem algum evento, estamos sempre juntos”. Como estávamos diante de um empresário não resistimos a perguntar se a unidade entre eles ajudava no desenvolvimento do lugar. Fredolin não hesitou: “A nossa comunidade é muito jovem, vai fazer cinco anos e nós cons-truímos o templo com doações e a ajuda de todos”. Tudo parecia tão harmônico

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rePortageM

Pastor roDrigoe natural que arriscamos ir além. Perguntamos pelo envolvimento na política e nas questões so-ciais e ouvimos que a cozinha do hospital da cidade é prati-camente mantida com doações espontâneas e campanhas das duas Igrejas, que também arreca-dam produtos de limpeza; que na hora de iniciativas populares os grupos avaliam a importância do assunto e se estiverem coerentes com os princípios recebem apoio e participação de todos; que na assistência aos necessitados não se olha a religião, mas a necessi-dade; que a convivência nas fa-mílias tradicionais de uma Igreja ou de outra onde os casamentos mistos aconteceram é pacífica; que padre a pastor são conselhei-ros, atenciosos e o socorro nas horas difíceis. O assunto que por

vezes causa dissabores é quando acontecem casamentos mistos ou batizados. Nessas ocasiões pastores e padres precisam con-versar e ajudar nos pedidos de transferência, pois as normas para essas ocasiões são diferen-tes em cada Igreja, disse Silvana Bertoli, secretária da paróquia Divino Espírito Santo. Quando se fala de convivência, solidarieda-de, família, as palavras que traduzem os sentimentos são harmonia, respeito, ajuda, mas quando se fala de festa religiosa quem traduz bem é Fredolin: “Aqui é tudo tão misturado que, muitas vezes, tem festa católica que tem mais lu-teranos e festa luterana que tem mais católicos. Aqui é tudo bem integrado”.

Pastor Rodrigo, o senhor é considerado um líder por católicos e luteranos. O que isso significa? Não adianta ser padre ou pastor só dentro do templo. Martin Lutero dizia “se o pregador não é visto durante a semana, ele

não se faz compreensível no domingo”. Nós precisamos estar inseridos onde o povo está e ali a gente vai percebendo as alegrias, as dificuldades, os problemas, o que ele sonha. Vejo a liderança a partir disso.

O senhor sempre se deu bem com as lideranças católicas? Eu não consigo entender o papel, principalmente das Igrejas históricas, sem mostrar essa união. Para a maioria de nossos membros as diferenças doutrinárias não

O pastor Rodrigo e o padre Natan confirmam que o ecumenismo é fruto de uma prática vivida na fraternidade e solidariedade.“Crescemos na fé a partir de coisas básicas, do dia a dia, como fizemos no Natal, e, a espiri-tualidade acontece. O ofertório da celebração de Natal foi para a conta solidária de ajuda a quem perdeu

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PaDre natan

atrapalham, o importante é estar junto, cantar, celebrar, chorar em um sepultamento, mostrar a cara nas questões políticas. Acho que a harmonia depende da liderança dos padres e pastores.

A Igreja Luterana e a Católica fazem um movimento de aproximação institucional com a publicação de documentos, isso motiva o senhor no trabalho ecumênico? A partir do momento que nossas lideranças entenderem que nosso maior dogma é a Bíblia, aí não haverá diferença entre católicos e luteranos, pois ali está a Palavra de Deus. A partir do momento em que isso reger a nossa vida, muitas diferenças irão terminar. Eu estou muito feliz até este momento com o Papa. As declarações dele são

emocionantes. Eu uso muitas frases dele em minhas pregações, pela simplicidade e humildade.

como o senhor vê a participação do povo indo ora na igreja luterana ora na católica? Às vezes fico sabendo que o padre fez Círculo Bíblico na casa do irmão luterano. Em outros lugares daria briga, aqui não. Eu também vou na casa de católicos e isso não é problema. Às vezes os luteranos se queixam que os católicos não aceitam luteranos como padrinhos, mas eu digo que isso é doutrina e que nós podemos participar. Isso não pode ser empecilho para a convivência, porque se criarmos barreira dentro da igreja o povo lá fora não vai ser diferente. Se fizermos isso vamos ter um disfarce de cristãos dentro da Igreja.

Padre Natan, o senhor já tinha exper iência de convivência ecumênica? Não, mas aqui está sendo muito bom. Estou visitando as famílias em todas as casas e conhecendo as pessoas. A convivência com pastor Rodrigo também é muito boa.

Como vocês fazem o culto ecumênico e as festas? Fazemos as leituras da Bíblia, uma reflexão do pastor e do padre, a oração ecumênica do Pai Nosso e a bênção. A Palavra de Deus une a gente, então a gente não precisa se preocupar com as diferenças. Nas festas todos se ajudam e participam. Na festa da paróquia muitos luteranos estiveram presentes e tem mais, a senhora que limpa a igreja é luterana.

Como o senhor avalia a convivência ecumênica aqui? Tem um ano que cheguei e ainda estou conhecendo. Comecei visitando as famílias, casa por casa e agora vou retomar. É muito bonita essa harmonia e convivência.

com as enchentes e isso, como irmã Elizabete comentou no meu perfil no facebook, isso é Natal”, disse padre Natan. Já o pastor Rodrigo afirmou que muitas vezes “perde--se dois a mais anos pensando uma forma de dizer ao povo como se faz, quando seria mais simples “ir na casa do povo e tomar um café, uma

ceia juntos”, e acrescentou “eu fico triste que a Igreja não permita que participemos da Santa Ceia com os católicos. Cristo nasceu, morreu e ressuscitou para todos nós, não fez distinção.” Com o apoio das duas Igrejas, Santa Leopoldina cresce na solida-riedade e na fé.

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caMinhos Da bíblia

felicidadea

dOs bem-aventuradOsParte ii

A felicidade dos misericordio-sos. Os que agem com misericórdia alcançarão de Deus a misericórdia, indicando que existe uma clara identi-ficação entre a ação humana e a divina. Deus é sempre o primeiro a usar de misericórdia e, neste caso, a comu-nidade dos discípulos é chamada a ser também misericordiosa. Aquele que realiza as obras de misericórdia se aproxima do modo de Deus agir, algo que foi plenamente manifestado

na vida de Jesus. Um ótimo exemplo disso vem do bom samaritano: ele percorreu o caminho da misericórdia, quando agiu como um verdadeiro dis-cípulo do amor e da solidariedade. Ao ir de encontro às necessidades daquele que estava abandonado no caminho, ele agiu como o próprio Jesus: ele foi misericordioso. A felicidade dos puros. O homem que tem um coração puro age somente com a caridade, sem duplas intenções e com sinceridade de coração. Também esta bem-aventurança está diretamente ligada ao Antigo Testamento, uma vez que indica o caminho daqueles

que andam na presença de Deus. O Salmo 24 já diz que os de mãos lim-pas e corações puros podem entrar na presença do Senhor. Tal pureza diz respeito a uma vida vivida de forma simples, cultivada na interioridade e nos valores que não passam, ou seja, uma vida desapegada e comprometida com a verdade, tal como deve ser a vida dos discípulos de Cristo. A felicidade dos pacíficos. A paz na visão bíblica constitui a plenitude da salvação, isto é, todo o bem, a graça,

“As palavras

de Jesus foram

conforto e

fortaleza,

uma luz no

caminho do

discipulado.”

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Pe. andherson Franklin, professor de Sagrada escritura no iFTaV e doutor

em Sagrada escritura

a saúde, a bênção, enfim, todos dons provenientes da bondade divina. Deste modo, o anúncio da paz pela comunidade dos dis-cípulos está unido direta-mente à ação divina, que o próprio Deus, doando a sua paz, a torna presente no coração da comunida-de, fazendo-a portadora da mesma. Promover a paz significa colocar-se ao lado de Deus, colabo-rar com Ele em seu pla-no salvífico. Por isso, os operadores da paz serão chamados filhos de Deus, unidos a Jesus, o Filho de Deus, o Príncipe da Paz. A felicidade dos que são perseguidos. As pró-ximas bem-aventuranças estão unidas entre si, já que se referem à perse-guição sofrida por Jesus e, por conseguinte, pela

comunidade dos seus dis-cípulos. Tal perseguição é resultado da adesão da comunidade dos discípu-los à palavra de Jesus; ten-do sido Ele perseguido, da mesma forma, serão perseguidos os seus discí-pulos. A justiça é sinal da misericórdia divina apre-sentada, querida e propa-gada por Jesus. Ao aderir ao discurso do Mestre e ao colocá-lo em prática, a comunidade dos seus discípulos também sofre perseguição. Em todos os casos a fidelidade da co-munidade no caminho da justiça e da verdade, bem como o seu testemunho farão desta comunidade um sinal de salvação e a conduzirão ao Reino dos Céus. A grande proclama-ção do Reino presente nas

bem-aventuranças termi-na com um tom bastante concreto e próximo, já que depois da morte e ressur-reição do Mestre a co-munidade dos discípulos foi perseguida e muitos foram martirizados. To-dos suportaram calúnias e mentiras, foram levados aos tribunais e diante dos magistrados para profes-sarem a sua fé por amor a Cristo. As palavras de Jesus foram conforto e fortaleza, uma luz no caminho do discipulado. Também hoje, para as nossas comunidades, as bem-aventuranças podem ser um caminho seguro a fim de que a vontade de Deus seja realizada no dia a dia.

“Em todos

os casos a

fidelidade da

comunidade

no caminho

da justiça e da

verdade farão

dela um sinal

de salvação.”

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asPas

trechos do texto-baseda camPanha da fraternidade 2014

A Boa Nova implica a libertação de qualquer tipo de exploração e injustiça contra os pobres

A exploração, compra e venda de pessoas não é mais um dano colateral do sistema econômico atual. Seus mecanismos perversos escondem verdadeiras formas de idolatria: dinheiro, ideologia e tecnologia

É justamente a idolatria do dinheiro (cf. Ef 5,5) que se encontra na origem do tráfico humano

O ensino social da Igreja adotou a dignidade humana como uma de suas matrizes fundamentais

As agressões à dignidade humana são agressões a Cristo

Diante de um crime que clama aos céus, como o tráfico humano, não se pode permanecer indiferente, sobretudo os discípulos-missionários

O lema é inspirado na carta aos Gálatas: “É para a Liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1)

O tempo quaresmal, por ser tempo de conversão, possibilita o caminho da verdadeira liberdade

Segundo os profetas, uma sociedade indiferente à compra e venda de pessoas está condenada à destruição

Sem título-1 1

29/07/2013 14:08:11

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esPecial

biG brother brasil e a QUestão ética

????

O riginalmente este pro-grama, criado por John de Mol em 1999 nos

Países Baixos da Europa, chama-va-se reality show Big Brother. No Brasil, teve suas duas primeiras realizações no ano de 2002 e, cada ano, novos formatos foram criados. Já são 14 produ-ções e a Rede Globo renovou até 2020 o contrato com a em-presa que controla a estrutura, a Endemol. A audiência garantiu sua renovação prevista até 2008, apesar de receber também mui-tas críticas. Vale a pena refletir sobre alguns pontos deste pro-grama; os mesmos argumentos podem servir aos demais for-matos do reality show de outras emissoras. Os critérios que a emissora usa para a escolha dos “perso-nagens”, a edição que define as cenas que serão exibidas e os rótulos com que o apresentador identifica estas pessoas confina-das merecem reflexão.

O ensino de forma massifi-cada veiculado por este progra-ma em que o sexo é banalizado chegando às raias da promis-cuidade, a competição cada vez mais acirrada nos limites do próprio humano, conduzindo ao desfecho final - a eliminação do outro - deve ser questionado. Não devemos abrir mão do foco na formação de uma sociedade mais humana, marcada pela par-tilha e solidariedade. A luta pela audiência não pode suplantar a responsabilida-de social e trivializar os valores éticos. É triste ver um grupo de pessoas confinadas que não conseguem dar sentido ao tempo e ao ócio. É preciso defender a liberdade de expressão, mas sempre limitada por parâmetros éticos que reflitam o viver em sociedade de maneira a preservar valores como a solidariedade, a fraternidade e o respeito. Não se constrói nenhuma sociedade comprometida eticamente quan-

do propomos como modelos de vida a competição a qualquer preço. Tantos dias de exibição der-ramando sobre uma audiência acrítica é catecismo de exclusão - ato de extermínio na situação de “paredão”. Este sempre foi si-nônimo de lugar do fuzilamento nos regimes ditatoriais. Será que nossa democracia ficaria comprometida se pudés-semos interferir em programas como este? Cabe a cada pessoa promover um mutirão de nega-ção da audiência. Do contrário, não se pode chorar pelo leite der-ramado vendo crescer entre nós, no cotidiano, cenas de violência, de falta de sensibilidade social, de responsabilidade ética. Mas, vale também a pergunta, onde fica a ética editorial e pessoal dessas produções?

Edebrande Cavalieridoutor em Filosofia

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ProjetoLetícia Bazet

O Centro Nova Geração (CNG) é uma obra so-cial da Congregação Re-

dentorista, localizada no território da Paróquia Sagrada Família, bairro Nova Rosa da Penha, em

Cariacica. Os pa-dres assumiram a administração em 2011 com foco no

cultivo de valores humanos e de ações socioassistenciais. Atual-mente 150 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social se beneficiam das ativida-des ali desenvolvidas, tais como: oficinas de artesanato e cidadania, informática, música, esportes, entre outras. Norteada pelos princípios

valOrizandO O presente e cOnstruindOO futurO

centro nova Geração:

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e valores cristãos, a obra social valoriza os momentos de ora-ção como forma de promover a liberdade, responsabilidade, consciência e as verdades da fé. A obra social torna-se assim, um espaço de fotalecimento dos vínculos sociais e de integração, que contribui para o crescimento pessoal e moral dos atendidos. O projeto recebe apoio e doação de empresas, e conta tam-bém com parceria do Governo do Estado para o desenvolvimento do Esporte pela Paz e, da Prefei-tura de Cariacica para o projeto Projovem. Caso você queira ser um

parceiro ou colaborador desta Obra, entre em contato com a coordenação pelos telefones (27) 3254-4696 ou 3284-4481.

Crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos

Atendimento

FuncionamentoSegunda a quinta-feira, das 7h às 17h; à Sexta-feira, das 7h às 16h

Conta para DoaçõesBanco MERCANTIL. Ag 0022 Conta 02019660-0

revista vitóriaMarço/2014 33

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iDeias

de sabá, ora essa!perfumes e sabOres?

Quem era aquela mulher? O que buscava ao ir tão longe? Buscava ou oferecia sabedoria? A rainha de Sabá movida por relatos acerca de um rei muito sábio quis se encontrar com ele. Pelo volume de

aromas, perfumes e especiarias que levou junto aos presentes convencionais - ouro e pedras preciosas – evidencia-se nela uma singularidade digna de atenção. E é dando voltas em torno dessa história que aqui vou desdobrando pensamentos. Tomemos essa rainha por um viés: ela é sábia. Vejamos! Primeiro. A sabedoria que está ao alcance de um coração sensível não se encontra se não se vai longe. E ir longe aqui quer dizer processos demo-rados, busca paciente, persistência serena, assiduidade amorosa. Supondo--se que Sabá fica lá por onde é hoje a Etiópia, muitos caminhos e desertos foram atravessados, por ela, até Salomão. A sabedoria, portanto, mais do que algo que se pede é algo que se ganha no viver da vida quando se quer dela muito mais, e se vai longe por isso; quando se toma conhecimento

de onde vem

tOdOsaQUeles aromas,

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de si mesmo, quando se olha ao redor e se espanta e se encanta de estar no mundo. Segundo. A sabedoria é o fruto de um desejo, sem deixar de ser um dom. E os desejos podem ser estimulados ou não. Salomão desejou sabedoria. A rainha de Sabá do mesmo modo. Os dois moviam-se por desejos de enten-dimentos e conhecimentos de ou-tros modos de ver e viver a vida. Os desejos de compreender a vida resultam inquestionavelmente em benefícios coletivos. Os dois trou-xeram grandes benefícios para os seus respectivos povos. Terceiro. A vida é tão breve que é preciso dar a ela uma bus-ca, um sentido, ao modo de não permitir que na sua brevidade ela se estilhace entre mil coisas a fazer, mil coisas a pensar, mil coisas a resolver. Socorrem-nos os sonhos, os propósitos como amálgama a juntar todas as partes, como solda a configurar tantas partes em uma obra, quiçá de arte,

a própria vida. Antes que a vida breve se estilhasse é preciso en-contrar o que pode ser o elemento de continuidade, de coesão, de significado. O que torna a minha vida “a minha vida”? O que faz dela uma experiência singular? Qual o sabor que lhe doou? Quarto. Ninguém jamais haverá de se bastar na própria sa-bedoria. A sabedoria, por maior que seja, sempre será pequena se não se movimentar em abra-ços com outras experiências e compreensões. A rainha de Sabá já era sábia. Seu belo reino não era fruto do acaso ou dos dons da natureza, mas de ações e decisões. Ela não precisava, por assim dizer, da sabedoria de Salomão, mas ela sabia, ou intuía, que sabedoria também é

“A sabedoria, portanto, mais do que algo que se pede é algo que se ganha no viver da vida quando se quer dela muito mais, e se vai longe por isso.”

movimento que flui dos encon-tros e experiências. Mais do que um depósito no coração, mais do que um dom que se recebe uma vez e pronto, sabedoria é eva-poração aromática que demanda sempre novas águas e ervas. Não por acaso o autor da história exagera ao falar da abun-dância de fardos de especiarias que a rainha – além de ouro e pedras – apresenta ao rei como presentes. Também não por acaso a palavra saber é irmã da palavra sabor. dauri Batisti

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Prática Do saberLetícia Bazet

transformando óleo de fritUra em biodiesel

Dois grandes desafios do se-tor ambiental fazem parte de estudos do grupo de ini-

ciação científica da Faesa: o des-carte do óleo de fritura e a criação de fontes de energias mais limpas. Com a pesquisa, os estudantes do curso de Engenharia Ambiental, sob a supervisão do professor Gilberto Maia, encontraram uma alternativa para a questão, transformando o óleo usado, muitas vezes sem opção de descarte, em biodiesel, combustível renovável, totalmente limpo. Por meio de uma reação quími-ca, chamada transesterificação, com catalisador e solvente é realizada a transformação do óleo em biodiesel. Após a reação, o material se divide em duas fases, sendo a superior o próprio biodiesel, e a inferior o gli-cerol que, se devidamente tratado, pode ser utilizado para a confecção de sabonetes. “A questão ambiental é a principal mola propulsora desse projeto. É tirar o resíduo oleoso de estabelecimentos comerciais e convertê-lo no combustível. A prin-cipal vantagem do biodiesel é que não é derivado de nenhuma fonte petrolífera, ele não contém enxofre

na sua molécula, é um combustível limpo. É um ganho ambiental muito grande”, afirmou o professor. Por se tratar de um projeto de iniciação científica, a produção é feita em pequena escala, a nível de pesquisa, a qual, segundo o profes-sor, também tem o objetivo de testar e descobrir novos catalisadores que aumentem o rendimento da produ-ção do combustível. De acordo com ele, com os estudos, já foi possível descobrir que a mistura do hidróxi-

“A principal

vantagem

do biodiesel

é que não é

derivado de

nenhuma fonte

petrolífera, é

um combustível

limpo.”

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do de sódio, catalisador largamente usado, com o hidróxido de lítio ou potássio, potencializa a produção. “A princípio nós fazemos a conversão de pequenas quantida-des, pois tudo é feito no laboratório de Química da faculdade, mas nós temos um projeto, uma ideia de montar uma mini usina para produ-zir o biodiesel em larga escala”. A ide ia pa rece simples e os resulta-dos apontam o êxito da pesquisa, porém, o pro-fessor faz uma crítica a burocracia e a falta de políticas que impedem o país de tornar-se o número um do mundo. “Ao contrário do que pregam os discursos po-líticos, o Brasil não é o pioneiro em biodiesel e nem somos os maiores produtores, apesar de possuir condições, di-versidade de materiais passíveis de conversão, infraestrutura e pessoas capacitadas”. E acres-centa: “quando a gente

tira o óleo de fritura para transformá-lo em bio-diesel, nós estamos evi-tando que esse material seja descartado no meio ambiente, o que geral-mente acontece. Hoje em Vitória não há uma política de coleta para o óleo de cozinha. O ma-terial existe e o Espírito Santo tem potencial para fazer, basta querer”. O professor destaca os principais benefícios da iniciativa: “primei-ramente é a formação acadêmica e científica de alunos, com o viés de pesquisa; há também o benefício ambiental, removendo esses mate-riais contaminantes da natureza, pois uma única colher de sopa de óleo é capaz de contaminar milhares de litros de água, então retirando esse óleo de circulação nós estamos protegendo o meio ambiente, prin-cipalmente os recursos hídricos; além disso, é o favorecimento da malha energética do país, quan-do conseguimos inserir

o produto que faz parte da matriz energética do Brasil, diminuindo a de-pendência dos derivados de petróleo”. Atualmente, o bio-diesel não é utilizado como único combus-tível para automóveis. De acordo com uma resolução da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o produto deve ser misturado ao óleo diesel, representando 5% de sua composição.

Mas para o profes-sor, a tendência é que essa porcenta-gem seja ampliada. “A incorporação do biodiesel ao óleo diesel, além de ou-tros fatores, é uma tentativa de reduzir a poluição, pois ao inserir o biodiesel,

um combustível lim-po, sem enxofre em sua composição, você mini-miza o impacto causado pela emissão de poluen-tes. Em breve acredito que a ANP irá fazer essa alteração para ampliar a porcentagem”.

”Ao

transformar o

óleo de fritura

em biodiesel,

nós estamos

evitando

que esse

material seja

descartado

no meio

ambiente.”

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Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

reflexões

QUem ama sai de si mesmo

Visitando algum tem-po atrás a casa do Sr. Francisco, ele

alegremente foi logo di-zendo: Venha ver o belo presente que minha esposa me deixou e dê uma bênção para essa menininha que há 39 anos não sai da cama, é minha maior alegria, depois de Jesus e Nossa Senhora.

Uma bela intuição Cristológica e também, Mariológica.

Nos doentes, vemos o próprio Cristo que nos diz: “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos doentes, foi a mim que o fizeram” (Mt 25, 35- 40). Quem ama verdadeiramente o próximo deve fazer-lhe o bem. São misericordiosos os que usam de delicadeza e humanidade, principalmen-te, quando proporcionam aos outros o necessário para

destruiu a solidão do so-frimento e iluminou a sua obscuridade”.

Quem ama sai de si mesmo.

Visitar um doente é como um olhar de Maria na via dolorosa de Jesus. Vale a presença, um olhar, um abraço: Estou aqui!

Estando ainda na casa do Sr. Francisco, alguns mi-nutos depois, uma pessoa chamava: Senhor Francisco, dá para cortar meu cabelo agora?

Conversando se era cabeleireiro, como fazia, quanto cobrava, respondeu--me prontamente: Não co-bro nada, é um dom que Deus me deu. O Sr. Fran-cisco não murmurou contra Deus e contra a vida. Apa-rentemente não tinha nada, mas revelou através de sua vida a riqueza que possuía, o tesouro escondido, Jesus Cristo.

Quem ama sai de si mesmo. Quem ama se en-contra com Deus, porque Deus é amor!

“Visitar um

doente é como

um olhar de Maria

na via dolorosa de Jesus.

Vale a presença,

um olhar, um abraço.”

amenizarem os seus males e as dores.

Devemos preocupar--nos pela saúde física dos que estão doentes e também pela assistência espiritual. Não esqueçamos que os do-entes precisam de um pron-to atendimento médico, de bons hospitais, de remédios com preços acessíveis e, sobretudo, que possam unir essas dores aos padecimen-tos de Cristo.

Entre as atenções que podemos ter com os doentes está o cuidado de visitá-los com frequência, de procurar que a doença não os intran-quilize, de fazer com que o tempo que estejamos com eles, seja um tempo de gra-tidão.

O Papa Francisco nos diz: “A Igreja reconhece nos doentes uma especial presença do Cristo sofre-dor. O sofrimento de Jesus acompanha o nosso sofri-mento; Ele carrega conosco o seu peso e revela o seu sentido. Quando o Filho de Deus assumiu a cruz,

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Depósito bancáriono Banestes:Agência 104

Conta 5.854.831

Envie esta ficha e o comprovante

para o endereço ao lado

Departamento ComercialFunDAção nossA sEnhorA DA PEnhA / EsRua Alberto de Oliveira Santos, 42 - Ed. Ames 19ºsalas 1916 e 1920 - CEP 29010-901 - Vitória - ESTelefone: (0xx27) 3198-0850

Assinatura anual: r$ 50,00 Periodicidade: mensal

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Revista da aRquidiocese de vitóRia - esvitória

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Abertura da CF de 1997, no Ginásio Dom Bosco em Vitória. O lema desse ano foi: Cristo liberta de todas as prisões

Abertura da CF de 1996 no Ginásio Dom Bosco. Destaque para a presença de Dom João Braz de Aviz, (na época Bispo Auxiliar de VItória), Dom Silvestre Scandian (então Arcebispo, hoje emérito), Cônego Maurício de Matos Pereira (Vigário Geral falecido em 2011) e Padre Renzo Flório (na época pároco de Santo Antônio em Vitória).

arquivo e MeMória

camPanhas da fraternidade! mais de 50 anos de história

ACampanha da Fraternidade, p r o m o v i d a

pela CNBB, teve iní-cio em 1964, baseada numa experiência po-sitiva dos católicos de Natal (RN). Ao longo dessas cinco décadas vários temas, ligados a questões da Igreja e do povo brasileiro, foram abordados. Nos pri-meiros anos os temas foram relacionados à renovação interna da

Giovanna valfréCoordenação do Cedoc

Igreja e a renovação do Cristão -1964 a 1972. Em seguida, de 1973 a 1984, as campanhas levaram aos católicos a preocupação da Igreja com a realidade social do povo. A partir de 1985, a CNBB escolhe temas voltados para si-tuações difíceis vividas pelo povo brasileiro. Na Arquidiocese de Vitória a abertura da Campanha da Frater-nidade é realizada com uma grande celebra-ção, em lugar público para chamar a atenção da sociedade para o tema. As campanhas ci-tadas nas fotos tiveram

como consequência a organização do GAL, Grupo de Acompanha-mento ao Legislativo e ajuda concreta com material de higiene

para os presidiários no âmbito de atuação da Arquidiocese de Vitória.

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ensinaMentos

O Catecismo atribui vários nomes a esse sacramento, que expressam o seu sentido e finalidade: sacramento da Conversão, porque realiza o convite que Jesus nos faz para

voltarmos ao caminho em direção ao Pai, do qual nos afastamos pelo pecado; sacramento da Penitência, porque consagra o esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e reparação do cristão pecador; sacramento da Confissão, porque a confissão dos pecados diante do sacerdote é um dos seus elementos essenciais e, ao mesmo tempo, o reconhecimento e louvor da santidade e da mi-sericórdia de Deus para com o ser humano que peca; sacramento da

daO sacramentO

curaA Igreja insere o

Sacramento da

Penitência e da

Reconciliação no

gênero chamado

“sacramentos de cura”,

e o celebra fiel a Nosso

Senhor Jesus Cristo,

médico de nossas almas

e de nossos corpos, que

a fez continuadora de

sua obra de cura e de

salvação junto de seus

membros.

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Reconciliação, porque concede ao pecador o amor de Deus que nos reconcilia com Ele e com os irmãos.

O sacramento da Penitên-cia é constituído por três atos do penitente e pela absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento; a confissão dos pecados; o pro-pósito de cumprir a penitência e as obras de reparação do mal causado ao próximo.

Somente Deus perdoa os pecados. Jesus, por ser o Filho de Deus, tem o poder de per-doar pecados e transmite esse poder à sua Igreja, confiando-o aos Apóstolos, para que o exer-çam em seu nome, sendo sinal e instrumento do perdão e da reconciliação.

Esse ministério da Reconci-liação continua sendo exercido pelos Bispos, sucessores dos Apóstolos, e pelos padres, seus colaboradores, em virtude do sacramento da Ordem, tendo

o poder de perdoar os pecados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Esse sacramento nos re-constitui na graça de Deus e nos une a Ele com a máxima amizade. Quem recebe este sacramento com coração arre-pendido experimenta a paz e a tranquilidade da consciência, acompanhadas de uma intensa consolação espiritual. Restaura nossa comunhão com a Igreja, que foi quebrada pelo pecado. Ele cura o pecador restabelecido na vida eclesial e vivifica toda a Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros.

O Catecismo ensina ainda que, a confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição continua sendo o único meio habitual de reconciliação com Deus e com a Igreja. Somente em situações extraordinárias permite-se a chamada “confissão comuni-tária”.

Vitor nunes RosaProfessor de Filosofia na Faesa

“Quem recebe este sacramento com coração arrependido experimenta a paz e a tranquilidade da consciência, acompanhadas de uma intensa consolação espiritual.”

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cultura caPixaba

Diovani FavoretoHistoriadora

Povos irmãOsPor várias vezes ten-

taram definir o que é o povo espirito-san-

tense! Que mistura foi essa que resultou no capixaba e suas características tão peculiares?

Não somos os serta-nejos ou os caboclos do interior do Brasil. Embora tenhamos entre os nossos uma boa pitada da mistura entre portugueses, índios e negros que ocorreram desde os primórdios da coloniza-ção das terras de Guananira, Ilha do Mel, nome indígena dada à ilha de Vitória antes da chegada dos conquista-dores.

Desde o inicio, quando aqui chegaram os primeiros padres da Companhia de Jesus, das ordens francisca-nas ou carmelitas já encon-traram os povos guaranis, tupiniquins, purís e krenaks que habitavam o litoral e o interior. A eles se junta-ram portugueses, franceses e holandeses disputando o controle “das terras mais aparelhadas e ricas”, como

Santa Leopoldina torna-se uma oportunidade única de conhecer a cultura e arqui-tetura dos povos de origem portuguesa, africana, holan-desa, alemã, luxemburguesa, tirolesa ou suíça e as particu-laridades dos nossos irmãos de denominação luterana.

Enfim perceber que essa grande mistura fez do capixaba um povo rico e plural, pronto a receber os visitantes e amigos com a mesma cordialidade da terra que abrigou todos os que aqui vieram plantar esperança e colher frater-nidade.

“Enfim perceber que essa grande mistura fez do

capixaba um povo

rico e plural.”

relatou José de Anchieta.Com o passar do tem-

po os povos de origem afri-cana vieram nos presente-ar com as festas de congo, caxambu, ticumbí ou com iguarias culinárias como o bijú, arroz doce e canjica. E com a devoção fervorosa a São Benedito, o santo do Palermo.

Mais recentemente ou-tros povos aqui chegaram para plantar seus sonhos em terras capixabas. E fru-tificaram!

As cidades do interior pouco a pouco foram sur-gindo graças à vinda dos italianos que fundaram Alfredo Chaves ou Santa Teresa, dos pomeranos de Santa Maria de Jetibá e Vila Pavão, dos poloneses de Águia Banca, dos sírio--libaneses, no município de Alegre, ou os nossos irmãos alemães que ajudaram a co-lonizar Domingos Martins, Marechal Floriano ou Santa Leopoldina.

Alias, dentre os mu-nicípios capixabas, visitar

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Missa de envioNo dia 15 de março, às 9h, os agentes da Pastoral da Saú-de da Arquidiocese reúnem-se para a missa de envio, na paróquia Bom Pastor, em Campo Grande. Anualmente, o início das atividades é marcado pela celebração, cujo objetivo é motivar os agentes a exercerem sua função nas dimensões trabalhadas pela pastoral.

Formação da Pastoral Operária

Encontro com religiosos

Abertura da Campanha da FraternidadeA abertura da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Vitória acontece no dia 9 de março, a partir das 14h. Neste ano, em que a campanha traz como tema o tráfico humano, será realizada uma caminhada penitencial, com saída da Igreja do Rosário, na Prainha, em direção ao Campinho do Convento da Penha, onde acontece uma missa. Pastorais e movimentos sociais se organizam para participar deste momento.

Com a assessoria do Sindibancá-rios, a Pastoral Operária convida para a formação sobre a CLT, no dia 23 de março, de 8h às 12h, na Mitra Arquidiocesana. Durante o encontro será debatido os avan-ços e retrocessos da legislação trabalhista no Brasil, e ainda a atualização de informações sobre o andamento do Projeto de Lei 4330, que trata sobre as tercei-rizações. Para mais informações, envie email para [email protected]

O arcebispo, Dom Luiz Mancilha, os bispos auxiliares e o coordenador de pastoral reúnem-se no dia 15 de março com a Conferência de Religio-sos do Brasil, CRB, regional Espírito Santo. A atuação dos religiosos e religiosas na Arquidiocese de Vitória será a pauta da conversa.

acontece

Conselho Pastoral da ArquidioceseNo dia 8 de março o Conselho Pastoral da Arquidiocese de Vitória (COPAV) realiza a sua primeira reunião do ano. O encontro acontece em Ponta Formosa, de 8h às 12h e irá apresentar as novas comissões formadas para atender o trabalho pastoral arquidiocesano. O Conselho reúne uma equipe de cerca de 50 pessoas.

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