revista convergência digital - nº 2 - agosto-setembro / 2012

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www.convergenciadigital.com.br 1 Agosto-Setembro / 2012 Ano 1 Nº 2 Agosto - Setembro / 2012 www.convergenciadigital.com.br FÓRUM TIC BRASIL ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAIS CLUBE DO MILHÃO A disputa pelo orçamento de TI Governo mexe em vespeiro ao tratar de patentes de software COMPUTAÇÃO NA NUVEM entrou na agenda de prioridades de TI, e os fornecedores comemoram o amadurecimento do mercado nacional » BRASÍLIA DEPOIS DO ‘TERREMOTO PANDORA’ Sem alarde, um pequeno grupo de servidores do Distrito Federal reconstrói o setor de TI. Telefonia móvel: hora de cuidar da qualidade CSI do século XXI - quem é esse profissional? Provedores de Internet ambicionam espaço, mas muitos estão na ilegalidade TI Maior: estímulo à indústria nacional de software e serviços

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A disputa pelo orçamento de TI no Poder Executivo, o balanço sobre o mercado nacional de computação na nuvem. o embate entre teles e governo pela qualidade do serviço móvel e a nova diretriz para o software nacional são temas das nossas reportagens especiais.

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www.convergenciadigital.com.br 1Agosto-Setembro / 2012

Ano 1 Nº 2 Agosto - Setembro / 2012www.convergenciadigital.com.br

FÓRUM TIC BRASIL

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO

A disputa peloorçamento de TI

Governo mexe em vespeiro ao tratar de patentes de software

COMPUTAÇÃO NA NUVEM entrou na agenda de prioridades de TI, e os fornecedores comemoram o amadurecimento do mercado nacional

» BRASÍLIA DEPOIS DO ‘TERREMOTO PANDORA’ Sem alarde, um pequeno grupo de servidores do Distrito Federal reconstrói o setor de TI.

Telefonia móvel: hora de cuidar da qualidade

CSI do século XXI - quem é esse profi ssional?

Provedores de Internet ambicionam espaço, mas muitos estão na ilegalidade

TI Maior: estímulo à indústria nacional de software e serviços

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A segunda edição da revista eletrônica do Convergência Digital é a prova concreta de que TI e Telecom convergem cada vez mais no mercado brasileiro. E que ambas as áreas precisam de um norte para o crescimento dos negócios.

Um dos nossos destaques é a divulgação da primeira parte do Clube do Milhão, um raio-x dos gastos governamentais em TI. O levantamento constata que o Poder Executivo investiu mais, mas o predomínio das estatais em relação às empresas privadas é um ponto de confl ito.

Por sua vez, o anúncio do plano TI Maior mobilizou o setor de software. Os investimentos serão consideráveis em três anos – meio bilhão de reais – e, ao que parece, há luz no fi m do túnel: qualidade virou o alvo maior.

Em Telecom vimos uma intervenção inédita também em prol da qualidade dos serviços móveis. Governo e teles sentaram à mesa e o consumidor foi o centro das atenções. E, se falamos em novos tempos para TIC, não podemos deixar de ressaltar a matéria sobre os gastos de TI na capital federal.

Depois do ‘Terremoto Pandora’, é salutar mostrar que é possível dar a volta por cima. Quem também recebeu um olhar especial foi o mercado de computação na nuvem. O uso de cloud entrou na agenda dos gestores de TI, e os fornecedores comemoram o amadurecimento do mercado.

E ao terminar não podemos deixar de agradecer aos leitores pelos mais de 150 mil acessos contabilizados. Esse retorno obriga-nos a apostar cada vez mais em um conteúdo crítico e de qualidade. Boa leitura!

EDITORIAL

Transparência

[email protected]

DIREÇÃO COMERCIALAlberto Kaduoka

[email protected]@convergenciadigital.com.br

A revista do Portal Convergência Digitalwww.convergenciadigital.com.br

SUMÁRIO

28

O ‘Clube do Milhão’ faz um raio-x dos gastos governamentais e identifi ca as principais características das compras públicas.

GOVERNO

FÓRUM TIC BRASIL

18

Donos da Ideia Governo mexe em vespeiro ao tratar de patentes de software.

Códigos verde-amarelos Mais que injetar meio bilhão de reais em software, o Poder Executivo traça metas de médio e longo prazo.

CLOUD COMPUTING

Muito bem, obrigado! Computação na nuvem entrou na agenda de prioridades de TI, e os fornecedores comemoram o amadurecimento do mercado nacional.

24 ARTIGO

CSI do século XXI Abolir completamente a prática de crimes é impossível, mas é possível minimizar suas ocorrências através de sua investigação.

14 GESTÃO

Brasília depois do ‘Terremoto Pandora’ Sem alarde, um pequeno grupo de servidores do Distrito Federal reconstrói o setor de TI.

4

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAIS CLUBE DO MILHÃO

A disputa pelo orçamento de TI

SEGURANÇA

DIREÇÃO EDITORIALAna Paula Lobo

[email protected]

Luiz [email protected]

EDIÇÃOBia Alvim

[email protected]

EDIÇÃO/REPORTAGEMLuis Osvaldo Grossmann [email protected]

Fábio Barros [email protected]

Fernanda Ângelo [email protected]

EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃOPedro Costa

[email protected]

36 TELECOM

Dores do crescimento Com qualidade questionada, o serviço móvel foi alvo das atenções do governo. Solução pode estar em encontrar saída para um problema que se arrasta: a interconexão.

40 INTERNET

Rito de passagem Provedores reivindicam espaço, mas precisam tratar de um sério problema: o alto índice de informalidade no setor.

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4 www.convergenciadigital.com.brAgosto-Setembro / 2012

O s gastos do governo federal com a ativida-de econômica “Infor-

mação e Comunicação” totali-zaram R$ 5,8 bilhões em 2011 (excluídos bancos ofi ciais e empresas estatais não ligadas ao setor de TI e Telecom), de acordo com o Portal da Trans-parência dos Recursos Públicos Federais. No comparativo com o ano de 2004, quando os dados passaram a ser disponibilizados

Luiz Queiroz

A disputa peloorçamento de TI

Diferença 2004/2011

R$ 3.135.922.625,06

Salto nos gastos governamentais

R$ 3,1 BILHÕES

Aumento no número de fornecedores

1.841 EMPRESAS

Total geral Informação e Comunicação (2004/2011)

32.730.502.291,83»

FÓRUM TIC BRASIL

Em 2011, os gastos do governo federal com “Informação e Comunicação” totalizaram R$ 5,8 bilhões (excluídos bancos ofi ciais e empresas estatais não ligadas ao setor de TI e Telecom). O predomínio das estatais em relação às empresas privadas é um ponto de confl ito. Tanto que há uma disputa no campo judicial. O ‘Clube do Milhão’ faz um raio-x dos gastos governamentais e identifi ca as principais características das compras públicas.

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO - 1ª PARTE

* O ranking leva em conta os maiores contratos de empresas com o governo por CNPJ. Não soma os faturamentos da matriz com a fi lial (ou fi liais), razão pela qual algumas empresas aparecem mais de uma vez nos quadros deste especial.

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Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2004Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 27.515.390.891,87

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 2.743.115.402,36EMPRESAS - 3.472

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2005Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 33.271.578.502,68

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.226.413.730,08EMPRESAS - 3.811

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2006Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 33.176.805.221,49

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.054.297.687,63EMPRESAS - 5.320

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2007Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 45.108.003.100,27

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.368.401.108,92EMPRESAS - 5.138

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2008Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 57.778.621.154,08

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 4.389.969.317,56EMPRESAS - 5.193

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2009Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 99.208.633.448,04

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: R$ 5.176.715.088,24EMPRESAS - 5.669

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2010Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 113.430.506.858,19

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 4.892.551.929,62EMPRESAS - 6.345

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2011Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 130.392.325.573,18

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 5.879.038.027,42EMPRESAS - 5.313

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2004Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 27.515.390.891,87

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 2.743.115.402,36EMPRESAS - 3.472

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2005Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 33.271.578.502,68

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.226.413.730,08EMPRESAS - 3.811

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2006Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 33.176.805.221,49

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.054.297.687,63EMPRESAS - 5.320

Total destinado pelo Governo Federal em âmbito nacional em 2007Pessoas jurídicas por Atividade Econômica: R$ 45.108.003.100,27

Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO R$ 3.368.401.108,92EMPRESAS - 5.138

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» Consultoria em tecnologia da informação» Edição integrada à impressão de livros» Edição de livros» Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda» Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação» Serviços de comunicação multimídia - SCM» Serviços de telefonia fi xa comutada - STFC» Serviços de telecomunicações por fi o não especifi cados anteriormente» Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não-customizáveis» Telefonia móvel celular» Atividades de produção cinematográfi ca, de vídeos e de programas de televisão não especifi cadas anteriormente» Atividades de televisão aberta» Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet» Telecomunicações por satélite» Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis» Agências de notícias» Outras atividades de telecomunicações não especifi cadas anteriormente» Tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet» Edição integrada à impressão de cadastros, listas e outros produtos gráfi cos» Serviços de telecomunicações sem fi o não especifi cados anteriormente» Outras atividades de prestação de serviços de informação não especifi cadas anteriormente » Provedores de acesso às redes de comunicações» Edição de cadastros, listas e outros produtos gráfi cos» Edição integrada à impressão de jornais» Serviço móvel especializado - SME» Edição integrada à impressão de revistas» Atividades de rádio» Estúdios cinematográfi cos» Edição de revistas» Edição de jornais» Atividades de pós-produção cinematográfi ca, de vídeos e de programas de televisão não especifi cadas anteriormente» Produção de fi lmes para publicidade» Distribuição cinematográfi ca, de vídeo e de programas de televisão» Atividades de gravação de som e de edição de música» Programadoras» Operadoras de televisão por assinatura por satélite» Serviços de mixagem sonora em produção audiovisual» Atividades de exibição cinematográfi ca» Operadoras de televisão por assinatura por cabo» Operadoras de televisão por assinatura por microondas» Serviços de redes de transporte de telecomunicações - SRTT» Atividades relacionadas à televisão por assinatura, exceto programadoras» Serviços de dublagem

Do total de empresas com serviços de TI, quantas faturaram acima de R$ 1 milhão em todas as Atividades?

Atividades econômicas classifi cadas pelo Governo como Informação e Comunicação

2004 2011

Consultoria em Tecnologia da Informação

16 de 198 empresas

43 de 229 empresas

Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda

10 de 160 empresas

48 de 319 empresas

Suporte técnico, manutenção e outros serviços em Tecnologia da Informação

21 de 464 empresas

42 de 407 empresas

Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não-customizáveis

11 de 212 empresas

16 de 199 empresas

Outras atividades de prestação de serviços de informação não especifi cadas anteriormente

0 de 10 empresas

2 de 11 empresas

»

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO - 1ª PARTE

FÓRUM TIC BRASIL

na Internet, houve um salto de R$ 3,1 bilhões nas compras governamentais.

No período, também houve crescimento no nú-mero de empresas que passaram a fornecer serviços ao governo. Em 2004, foram 3.472. Já em 2011, esse número saltou para 5.313 – uma diferença de 1.841. O maior responsável por esse aumento foi o avanço do pregão eletrônico como meio prefe-rencial para as compras governamentais, que abriu espaço para mais empresas participarem.

Entre 2004/2011, o governo gastou um total de R$ 32,7 bilhões com a atividade econômica “Informação e Comunicação”. Porém, nem todas as categorias de serviços são relacionadas às Tec-nologias da Informação e Comunicação (TICs). Ao todo, são 43 atividades defi nidas assim pelo governo, sendo que apenas 22 estão classifi cadas como TICs (veja no quadro ao lado).

(em destaque as atividades diretamente ligadas às TICs)

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D as 22 atividades classifi cadas como “Infor-mação e Comunicação” na qual se inserem as de Tecnologias da Informação e Comu-

nicação (TICs), Consultoria é aquela com o maior vo-lume de gastos. Entre 2004/2011, o governo federal gastou nesse quesito R$ 11,8 bilhões. Porém, os gas-tos feitos pelo governo acabam fi cando com o próprio governo. O poder estatal na prestação de serviços de “Consultoria e TICs” é visivelmente predominante; a iniciativa privada pouco lucra nesse segmento.

Do total de gastos da ordem de R$ 11,8 bilhões, apenas R$ 720,6 milhões fi caram com as empresas privadas. A maior parte desse bolo foi consumida pelo governo com o Serpro e a Dataprev nas Con-sultorias em TI. O Serpro fi cou com R$ 6,5 bilhões, enquanto a Dataprev com R$ 4,5 bilhões.

Rodrigo Assumpção, da Dataprev, alega que boa parte desses recursos não fi ca no próprio governo. Segundo ele, as estatais cobram pelos seus serviços nos organismos federais, mas boa parte é repassada de volta à iniciativa privada, através de contratos de ter-

Poder estatal nas consultorias de TICsceirizações. Mas quanto? No Portal da Transparência, não há um número confi ável que ateste essa questão.

Entretanto, pode-se alegar que as empresas pri-vadas receberam um total de R$ 6,3 bilhões entre 2004/2011 nas demais atividades defi nidas pelo go-verno como “Informação e Comunicação”. Somados os R$ 720,6 milhões auferidos com “Consultorias”, as empresas privadas acabaram recebendo R$ 7 bilhões.

Mesmo assim, no período 2004/2011, se compara-dos o que o governo pagou às estatais (R$ 11,1 bilhões) e o que foi destinado às empresas privadas em todas as atividades de TI (R$ 7 bilhões), existe uma diferença pendendo para as primeiras da ordem de R$ 4 bilhões.

CONCENTRAÇÃONão foi por outra razão que a Assespro decidiu

ingressar no Supremo Tribunal Federal contra a in-constitucionalidade de leis que permitem ao governo contratar as estatais de TI sem licitação. Os empresá-rios criticam esse modelo, alegando que as empresas estatais estariam tomando o mercado para depois rea-lizarem subcontratações para prestação de um serviço que não são competentes para executar sozinhas.

Na área de Consultoria em TI, de um total de 229 empresas que tiveram contratos com o governo, ape-nas o Serpro e a Dataprev fi caram com R$ 1,3 bilhão de um total de R$ 1,6 bilhão. As 227 empresas priva-das repartiram um bolo de apenas R$ 230,6 milhões.

Essa concentração também se repete quando ve-rifi camos quem levou a melhor parte dos contratos de Consultoria no governo entre as 229 empresas que prestaram serviços em 2011. Apenas 43 empre-sas faturaram acima de R$ 1 milhão.

Descendo mais ainda na raiz dessa questão, até mesmo entre as empresas privadas que prestaram ser-viços de Consultoria de TI ao governo no ano passado, existe essa concentração de contratos. Apenas nove das 227 empresas privadas prestadoras desse serviço acabaram fi cando com R$ 141,2 milhões de um total de R$ 230,6 milhões pagos pelo governo federal.

FÓRUM TIC BRASIL

tos feitos pelo governo acabam fi cando com o próprio tos feitos pelo governo acabam fi cando com o próprio governo. O poder estatal na prestação de serviços de governo. O poder estatal na prestação de serviços de “Consultoria e TICs” é visivelmente predominante; a “Consultoria e TICs” é visivelmente predominante; a iniciativa privada pouco lucra nesse segmento.iniciativa privada pouco lucra nesse segmento.

Do total de gastos da ordem de R$ 11,8 bilhões, Do total de gastos da ordem de R$ 11,8 bilhões, apenas R$ 720,6 milhões fi caram com as empresas apenas R$ 720,6 milhões fi caram com as empresas privadas. A maior parte desse bolo foi consumida privadas. A maior parte desse bolo foi consumida pelo governo com o Serpro e a Dataprev nas Con-pelo governo com o Serpro e a Dataprev nas Con-sultorias em TI. O Serpro fi cou com R$ 6,5 bilhões, sultorias em TI. O Serpro fi cou com R$ 6,5 bilhões, enquanto a Dataprev com R$ 4,5 bilhões.enquanto a Dataprev com R$ 4,5 bilhões.

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO - 1ª PARTE

Participação estatal no mercado de Consultoria de TI (2004 a 2011)

Serpro 6.520.655.611,07Dataprev 4.589.115.523,10TOTAL 11.109.771.134,17

Empresas privadas 720.649.969,60TOTAL 11.830.421.103,77

Consultorias de TI 720.649.969,60Demais atividades de TI 6.331.062.076,67TOTAL 7.051.712.046,27

Participação de empresas privadas (2004 a 2011)

Diferença entre mercado estatal de consultoria de TI e o total do mercado privado em todas as atividades de TI 4.058.059.087,90

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Atividade Econômica: INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 5.879.038.027,42Subclasse Econômica: Consultoria em tecnologia da informação 1.590.637.580,46

Ano: 2011 Empresas com contratos no Governo em 2011 = 229 Empresas que faturaram acima de R$ 1 milhão = 43

EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV [DATAPREV] 772.631.245,13SERVICO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS (SERPRO) [SERPRO SEDE] 528.771.455,06EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV [DATAPREV] 38.641.056,76NCT INFORMATICA LTDA [NCT INFORMATICA] 34.950.208,06

STI - SYSTEM TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA [STI SERVICOS E SOLUCOES] 20.926.290,96

M.I.MONTREAL INFORMATICA LTDA [M.I] 15.719.302,01DECATRON AUTOMACAO E TECNOLOGIA DE INFORMACAO LTDA 14.688.580,60VERT SOLUCOES EM INFORMATICA LTDA [VERT SOLUCOES EM TI] 14.597.874,69MODULO SECURITY SOLUTIONS S/A 14.405.724,15DBA ENGENHARIA DE SISTEMAS LTDA 13.261.550,27UNIMIX TECNOLOGIA LTDA 12.690.276,70SONDA PROCWORK INFORMATICA LTDA 9.504.000,00MAHVLA TELECOMM CONSULTORIA E SERVICOS EM TECNOLOGIA LTDA [MAHVLA TELECOMM] 6.010.853,32IAFIS SYSTEMS DO BRASIL LTDA. 5.103.382,67IDEIA DIGITAL SISTEMAS CONSULTORIA E COMERCIO LTDA 4.390.813,13EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICACAO PRODUCAO LTDA 4.361.296,36E-BIZ SOLUTION - SOLUCOES TECNOLOGICAS LTDA. [E-GOV CONSULTORIA E SOLUCOES TECNOLOGICAS] 4.269.423,30PROBANK S/A [PRIMESERV] 4.220.828,57INB - INFO NAVIGATION BRASIL SOLUCOES EM INFORMATICA LTDA [INB SOLUCOES] 3.810.306,00TOTVS RIO SOFTWARE LTDA 3.723.159,77CPD CONSULTORIA PLAN E DESENVOLVIMENTO DE SITEMAS LTDA [CPD INFORMATICA] 3.296.375,42MODULO SECURITY SOLUTIONS S/A [MODULO SECURITY SOLUTIONS] 3.190.261,75CESAR CENTRO DE ESTUDOS E SISTEMAS AVANCADOS DO RECIFE 2.722.770,95GETRONICS LTDA 2.697.873,72LOGIKS CONSULTORIA E SERVICOS EM TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA 2.618.161,27SYNOS CONSULTORIA E INFORMATICA LTDA 2.591.134,14VAT TECNOLOGIA DA INFORMACAO S.A 2.538.360,02NETMAKER REDES E SISTEMAS LTDA EPP [NETMAKER] 2.068.520,31IT-ONE TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA 1.846.548,50UNIVERSO EMPRESARIAL PARTICIPACOES, INFORMATICA S.A. 1.841.769,31GETRONICS LTDA [GETRONICS] 1.837.805,90AGENCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL - ABDES 1.793.625,87REAL PROTECT INFORMATICA LTDA ME [REAL PROTECT] 1.690.619,94AVMB - CONSULTORIA E ASSESSORIA EM INFORMATICA LTDA 1.569.561,17C S P CONSULTORIA & SISTEMAS LTDA.-EPP [KERNEL INFORMATICA] 1.510.548,59CLIP & CLIPPPING COMUNICACAO LTDA [CLIP & CLIPPING PUBLICIDADE E PRODUCOES] 1.492.264,01CONTROL - TELEINFORMATICA LTDA [CONTROL] 1.421.099,77LANLINK INFORMATICA LTDA 1.406.601,97GETRONICS LTDA 1.352.056,63FIVE ACTS COMERCIO, ASSESSORIA, CONSULTORIA E TREINAMENTOS EM INFORMATICA LTDA [FIVE ACTS] 1.306.404,39TOPTECH CONSULTORIA, ASSESSORIA E REPRESENTACAO LTDA. [TOPTECH] 1.200.000,00DESTAQUE EMPREENDIMENTOS EM INFORMTICA LTDA 1.056.000,00INFOTEC CONSULTORIA E PLANEJAMENTO LTDA [INFOTEC] 1.003.363,13

TOTAL 1.570.729.354,27

EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV 811.272.301,89SERVICO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS - SERPRO 528.771.455,06

TOTAL ESTATAL 1.340.043.756,95

TOTAL EMPRESAS PRIVADAS 230.685.597,32

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10 www.convergenciadigital.com.brAgosto-Setembro / 2012

FÓRUM TIC BRASIL

E m 2011, 319 empresas priva-das prestaram ao governo ser-viços de “Desenvolvimento

de Programas de Computador sob En-comenda”. O custo com essa ativida-de foi de R$ 616,3 milhões.

Entretanto, apenas 48 empresas conseguiram faturar acima de R$ 1 milhão. Essa concentração ou pre-ferência pelas mesmas empresas é ainda maior quando se trata de re-partir o bolo.

Se computadas apenas as empresas que faturaram acima de R$ 10 milhões, o número de prestadoras deste serviço foram apenas nove. Elas fi caram com R$ 444,4 milhões de um total de R$ 616,3 milhões gastos pelo governo com “Desenvolvimento de Programas de Computador sob Encomenda”.

O destaque nessa atividade eco-nômica vai para a CTIS Tecnologia S/A, que reina absoluta desde 2004 na preferência do governo. A empresa passou por alguns percalços ao longo dos anos, tendo seu nome envolvido em operações da Polícia Federal para desbaratar o cartel das empresas de in-formática de Brasília, além de desvios de recursos para políticos. Mesmo as-sim, a CTIS sobreviveu e cresceu nas contas do governo.

Em 2004, a empresa faturou ape-nas R$ 43 milhões com “Desenvolvi-mento de Programas de Computador sob Encomenda”. No ano passado, teve o seu melhor desempenho nas contas governamentais, quando fatu-rou R$ 199 milhões.

Gastos com DesenvolvimentoDESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR SOB ENCOMENDA 616.352.851,93

Empresas com contratos no Governo em 2011 = 319

Empresas que faturaram acima de R$ 1 milhão = 48

CTIS TECNOLOGIA S.A 199.076.384,84DATAMEC SA SISTEMAS E PROCESSAMENTO DE DADOS [DATAMEC] 55.598.758,21ATECH - NEGOCIOS EM TECNOLOGIAS S.A. 45.316.660,78POLITEC TECNOLOGIA DA INFORMACAO S/A [POLITEC INFORMATICA] 43.658.793,39CAST INFORMATICA S/A 37.923.679,32SOFTWARE AG BRASIL INFORMATICA E SERVICOS LTDA. 23.018.496,23STEFANINI CONSULTORIA E ASSESSORIA EM INFORMATICA S.A. 14.795.958,92CENTRAL IT TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA [CENTRAL IT] 14.483.127,46ID2 TECNOLOGIA E CONSULTORIA LTDA [ID2 TECNOLOGIA E CONSULTORIA] 10.596.960,13TRUE ACCESS CONSULTING S.A. [TRUE ACCESS CONSULTING.] 9.556.305,21GLOBALTASK TECNOLOGIA E GESTAO S/A 9.472.022,00IMAGEM GEOSISTEMAS E COMERCIO LTDA 9.125.423,87MSA INFOR SISTEMAS E AUTOMACAO LTDA 8.181.460,13SOFTTEK TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA. [SOFTTEK DO BRASIL] 6.415.072,33TAO MARKETING E COMUNICACAO LTDA [NJOBS] 5.927.176,11CA PROGRAMAS DE COMPUTADOR, PARTICIPACOES E SERVICOS LTDA. 5.647.084,00AVANSYS TECNOLOGIA LTDA [AVANSYS TECNOLOGIA] 5.241.317,65PADRAO IX INFORMATICA SISTEMAS ABERTOS SA [PADRAO-IX] 5.150.941,92MEMORA PROCESSOS INOVADORES LTDA [MEMORA] 4.999.473,38MV SISTEMAS LTDA [MV] 4.667.422,84TECNISYS INFORMATICA E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA. 4.615.217,65BRASOFTWARE INFORMATICA LTDA 4.071.455,86DEXTRA SISTEMAS LTDA 4.050.770,48XYS - INTERATIVIDADE E TECNOLOGIA LTDA [XYS INTERATIVIDADE] 3.922.955,00CALMA INFORMATICA LTDA. 3.827.855,31GRENIT SERVICOS E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES LTDA 3.714.417,45TECHBIZ INFORMATICA LTDA 3.665.494,21CPM BRAXIS OUTSOURCING S/A [UNITECH] 3.606.840,28AMS KEPLER ENGENHARIA DE SISTEMAS LTDA 3.245.396,21TOTVS S.A. 2.957.666,94E-BIZ SOLUTION - SOLUCOES TECNOLOGICAS LTDA. [E-GOV] 2.794.332,70G&P PROJETOS E SISTEMAS LTDA. 2.765.143,67BULL LTDA 2.438.239,14SOFTPLAN PLANEJAMENTO E SISTEMAS LTDA [SOFTPLAN] 2.259.429,47T & S TELEMATICA ENGENHARIA E SISTEMAS LTDA 2.184.404,65CONSORCIO BPM [CONSORCIO BPM] 2.168.718,10POLIGRAPH SISTEMAS E REPRESENTACOES LTDA [POLIGRAPH] 2.048.568,70BUSINESS TO TECHNOLOGY CONSULTORIA E ANALISE DE SISTEMAS LTDA [B2T] 2.027.070,23BRQ SOLUCOES EM INFORMATICA S.A 1.995.540,29CTIS TECNOLOGIA S.A 1.977.234,86CA PROGRAMAS DE COMPUTADOR, PARTICIPACOES E SERVICOS LTDA. 1.771.984,44ZENEGA TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA 1.325.633,70FRJ-INFORMATICA LTDA [QUALIDATA - SOLUCOES EM INFORMATICA.] 1.256.095,34STARTWARE INFORMATICA LTDA 1.239.587,00SEA TECNOLOGIA EM INFORMATICA LTDA [SEA TECNOLOGIA] 1.228.470,90AMPLIO CONSULTORIA E TECNOLOGIA EM INFORMATICA LTDA 1.200.438,93CONCERT TECHNOLOGIES S.A. 1.165.890,19IO2 TECNOLOGIA E SERVICOS DE INFORMATICA LTDA 1.140.293,16SULSOFT SERVICOS DE PROCESSAMENTO DE DADOS LTDA 1.088.568,44HIPPARKHOS GEOTECNOLOGIA, SISTEMAS E AEROLEVANTAMENTOS LTDA 1.044.600,64

TOTAL 591.650.832,66

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO - 1ª PARTE

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www.convergenciadigital.com.br 11Agosto-Setembro / 2012

SUPORTE TÉCNICO MANUTENÇÃO E OUTROS SERVIÇOS EM TI 407.735.869,54

Empresas que venderam ao Governo em 2011 = 407

Empresas que faturaram acima de R$ 1 milhão = 42

POLIEDRO INFORMATICA CONSULTORIA E SERVICOS LTDA 74.067.588,44IBM BRASIL-INDUSTRIA MAQUINAS E SERVICOS LIMITADA 62.160.677,19B2BR - BUSINESS TO BUSINESS INFORMATICA DO BRASIL S/A 26.748.673,15TELLUS S/A INFORMATICA E TELECOMUNICACOES 25.066.924,95CPM BRAXIS OUTSOURCING S/A 19.746.649,04ORACLE DO BRASIL SISTEMAS LTDA 14.850.297,43SOLUCAO SERVICOS ESPECIALIZADOS LTDA [SOLUCAO] 14.205.856,30ALSAR TECNOLOGIA EM REDES LTDA. [ALSAR TECNOLOGIA] 13.097.100,64BK CONSULTORIA E SERVICOS LTDA 12.511.933,76GETNET TECNOLOGIA EM CAPTURA E PROCESSAMENTO DE TRANSACOES H.U.A.H. 8.176.692,10DELL COMPUTADORES DO BRASIL LTDA 7.443.166,46EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV 7.118.101,23MIRANTE INFORMATICA LTDA ME [MIRANTE TECNOLOGIA] 6.325.936,56SECURITY ACADEMY ASSESSORIA E TREINAMENTO EM INFORMATICA LTDA 6.177.052,00DNA SOLUCOES INTELIGENTES EM TECNOLOGIA LTDA ME 5.910.732,92CIMCORP COMERCIO INTERNACIONAL E INFORMATICA S.A. 4.605.257,77CTZ CONSULTORIA E INFORMATICA LTDA 4.462.580,35CDT COMUNICACAO DE DADOS LTDA [CDT COMUNICACAO DE DADOS] 4.107.273,67PSN TECNOLOGIA LTDA [PSN SECURITY] 3.894.376,31BITSERV SERVICOS EM TECNOLOGIA LTDA [BITSERV SERVICOS EM TECNOLOGIA] 3.816.192,09TM SOLUTIONS - TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA. [TM SOLUTIONS] 3.812.798,00B2BR - BUSINESS TO BUSINESS INFORMATICA DO BRASIL S/A 3.605.846,49CYBERLYNXX S.A [CYBERLYNXX] 3.402.743,32S.H. INFORMATICA LTDA [S.H. INFORMATICA] 3.306.397,20CALANDRA SOLUCOES S.A. 3.106.824,15DEDALUS PRIME SISTEMAS E SERVICOS DE INFORMATICA LTDA 3.049.750,49ORACLE DO BRASIL SISTEMAS LTDA 2.925.023,72NETWAY DATACOM COMERCIO DE SISTEMAS P/INFORMATICA LTDA [NETWAY DATACOM] 2.911.324,30ADVANCED DATABASE & IT SISTEMAS DE INFORMACAO S A 2.717.163,44CASANOVA MARKETING DIGITAL LTDA [CASANOVA DIGITAL] 2.247.471,14ORACLE DO BRASIL SISTEMAS LTDA 2.090.822,31ARPIA TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA [ARPIA] 1.940.203,13ITSERVICES TECNOLOGIA E COMERCIO DE SUPRIMENTOS DE INFORMATICA LTDA 1.913.870,00ISH TECNOLOGIA LTDA 1.848.504,14Z-TECNOLOGIA EM COMUNICACAO LTDA [ZTEC] 1.741.967,81MULTEMPREX COMERCIO E SERVICOS AUDIOVISUAIS E INFORMATICA LTDA 1.716.443,20TM SOLUTIONS - TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA. 1.633.909,00ATC SYSTEMS REPRESENTACOES LTDA 1.586.102,13HEWLETT-PACKARD BRASIL LTDA 1.489.953,94FACILITY TECNOLOGIA LTDA 1.410.678,24EXCELER BRASIL SERVICOS E COMERCIO LTDA 1.274.980,26NSP TECNOLOGIA SISTEMAS E MAQUINAS LTDA 1.190.031,12CZAR SOLUCOES EM TECNOLOGIA DA INFORMACAO LTDA 1.124.368,17PAULO MAEDA TELECOMUNICACOES LTDA EPP 1.074.217,08UNITECH RIO COMERCIO E SERVICOS LTDA 1.026.370,45

TOTAL 378.640.825,59

A qui outro caso de perpetuação de contratos entre uma em-presa privada e o governo. A

Poliedro Informática vem dominando a área desde 2004, quando o governo pas-sou a publicar seus gastos na Internet.

Em 2011, essa empresa manteve o nível de faturamento de outros anos: em torno de R$ 74 milhões. Seus maiores contratos são com o Minis-tério da Educação e algumas agências reguladoras. Na Administração Fede-ral, exceto estatais (não TI) e bancos ofi ciais, a Poliedro chegou a bater a IBM em contratos em 2011.

A Poliedro vem enfrentando difi -culdades fi nanceiras e tem atrasado o pagamento de salários a seus trabalha-dores desde o início do ano. Em listas de discussões na Internet, os trabalha-dores já se mobilizam para mudar de emprego, temerosos que a empresa anuncie falência ou recuperação ju-dicial. Segundo eles, alguns contratos antigos já não estão sendo renovados por órgãos do governo, o que poderá agravar a situação.

Gastos com Suporte Técnico e Manutenção

Aqui outro caso de perpetuação qui outro caso de perpetuação de contratos entre uma em-de contratos entre uma em-presa privada e o governo. A presa privada e o governo. A

Poliedro Informática vem dominando a Poliedro Informática vem dominando a

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FÓRUM TIC BRASIL

Q uem se basear nos dados fornecidos pelo governo quanto aos seus gastos com o Ser-viço de Comunicação Multimídia (SCM),

irá errar. O Portal da Transparência in-forma que a Telebras foi a que mais teria faturado verbas federais na prestação desse serviço, mas na realidade a liderança cabe ao Serpro.

O problema decorre de uma manobra de que o Serpro tem se valido para evitar o pagamento de alguns tributos, além de obter facilidades para a contratação por meio da dispensa de licitação na prestação do serviço de Infovia Federal.

Em 2010, a Anatel acabou obrigando o Serpro a recolher 1% do seu faturamento anual com SCM ao Fundo de Universalização dos Serviços de Te-lecomunicações (FUST), depois que o portal Con-vergência Digital denunciou que a estatal de pro-cessamento de dados disputava esse mercado com as teles, sem licitação, e ainda deixava de recolher

SCM: governo omite informações sobre gastos

para o fundo como qualquer outra empresa do setor.O Serpro usa o seguinte estratagema: oferece

os serviços de TI e de SCM casados, num único pacote, o que lhe permite a dispensa de licitação. O gestor federal que o contrata estaria, em tese, adquirindo “serviços de tecnologia da informação com acesso à Infovia Brasília”.

Dessa forma, o Serpro tem escapado de licita-ções, pois a própria Anatel, ao analisar em 2010 o problema do recolhimento do FUST, emitiu parecer atestando que o SCM é um serviço de telecomuni-cações, portanto, são obrigatórios o recolhimento do percentual ao Fundo e a realização de concor-rência pública para a contratação, como sempre foi imposto a todas as empresas de telecomunicações que prestam serviços de rede.

No Portal da Transparência, a Telebras aparece como tendo faturado R$ 396,4 milhões com o ser-viço, o que é um erro. Este montante é referente ao aumento de capital realizado em 2011 para a empresa fazer frente aos desafi os de implemen-tar o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) lançado pelo governo.

O montante chega a causar discrepância em ter-mos de competição, pois a segunda colocada nesse ranking, a CTBC Multimídia Data Net S/A, teria faturado apenas R$ 3,5 milhões.

SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA - SCM 406.003.568,80 Empresas que venderam* ao governo em 2011* = 55

Empresas que faturaram acima de R$ 1 milhão** = 2

TELECOMUNICACOES BRASILEIRAS S/A - TELEBRAS 396.400.000,00CTBC MULTIMIDIA DATA NET S/A 3.528.822,42TELEFONICA DATA S/A 3.035.093,91

TOTAL 402.963.916,33

Total descartado o aumento do capital social da Telebras 6.563.916,33

* A Telebras apenas gerou um aumento de capital social.** Descartando a Telebras, apenas duas empresas tiveram rendimento acima de R$ 1 milhão.

verbas federais na prestação desse serviço, mas na verbas federais na prestação desse serviço, mas na realidade a liderança cabe ao Serpro.realidade a liderança cabe ao Serpro.

O problema decorre de uma manobra de que o O problema decorre de uma manobra de que o Serpro tem se valido para evitar o pagamento de Serpro tem se valido para evitar o pagamento de alguns tributos, além de obter facilidades para a alguns tributos, além de obter facilidades para a contratação por meio da dispensa de licitação na contratação por meio da dispensa de licitação na prestação do serviço de Infovia Federal.prestação do serviço de Infovia Federal.

Em 2010, a Anatel acabou obrigando o Serpro Em 2010, a Anatel acabou obrigando o Serpro a recolher 1% do seu faturamento anual com SCM a recolher 1% do seu faturamento anual com SCM

ESPECIAL COMPRAS GOVERNAMENTAISCLUBE DO MILHÃO - 1ª PARTE

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Customizáveis: novos players ocupam espaço deixado pela Politec

DESENVOLVIMENTO E LICENCIAMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR NÃO-CUSTOMIZÁVEIS 112.155.006,48 Empresas que venderam ao Governo em 2011 = 199

Empresas que faturaram acima de R$ 1 milhão = 16

SQUADRA TECNOLOGIA EM SOFTWARE LTDA 15.950.203,48IBROWSE - CONSULTORIA & INFORMATICA LTDA 15.241.721,64SIGMA DATASERV INFORMATICA S A 13.452.523,59ISO EXPERT INTERNACIONAL LTDA 13.239.456,87IOS INFORMATICA ORGANIZACAO E SISTEMA S.A 6.619.150,27MAXTERA TECNOLOGIA, SISTEMAS E COMERCIO LTDA 5.849.970,00SAFESYSTEM INFORMATICA S/A 5.848.065,33CSC BRASIL SISTEMAS LTDA 4.532.430,39DIRECTREDE LEGISLACAO BRASILEIRA INFORMATIZADA S/A 3.365.391,53MICROSTRATEGY BRASIL LIMITADA 2.336.748,75CSC BRASIL SISTEMAS LTDA 1.945.795,41FEDERAL TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE LTDA 1.556.534,53ENGESOFTWARE TECNOLOGIA S/A 1.370.573,02MOGAI TECNOLOGIA DE INFORMACAO LTDA - EPP 1.300.533,84IKHON GESTAO CONHECIMENTOS E TECNOLOGIA LTDA 1.248.856,70ANACOM ELETRONICA LTDA 1.039.485,38

TOTAL 94.897.440,73

A atividade “Desenvolvimento de Licen-ças de Programas de Computador Não Customizáveis” tem sido a única, desde

2007, a ter alguma concorrência.Assim mesmo, apenas 16 empresas disputam

esse mercado, dentre as 199 que prestaram esse serviço em 2011. Juntas, essas 16 empresas fatu-raram R$ 94,8 milhões de um total de R$ 112,1 milhões gastos pelo governo. Até 2007, essa ati-vidade era liderada pelo Politec Tecnologia, mas a partir daquele ano a empresa sofreu o seu pri-meiro assédio de concorrentes, como a Ibrowse Tecnologia, Atos Origin e Squadra Tecnologia.

A Politec já não existe ofi cialmente. Em 2010, seus donos decidiram colocá-la à venda, retirando do mercado uma das maiores empresas líderes em serviços de TI. Foi vendida para a espanhola Indra,

em um acordo efetivado em 2011. Seus contratos, entretanto, devem ser mantidos com a razão social anterior até que a Indra assuma defi nitivamente a presença no mercado brasileiro de software.

Em 2010, a nova líder na prestação de servi-ços de desenvolvimento de programas de com-putador não customizáveis foi a Squadra Tecno-logia. Porém, essa liderança foi conjuntural, já que essa atividade econômica, em 2011, sofreu forte concorrência entre quatro empresas.

A Squadra foi líder por apenas R$ 708,4 mil. Esta foi a diferença para a segunda colocada, a Ibrowse Consultoria. Enquanto a Squadra faturou R$ 15,9 mi-lhões, a Ibrowse fi cou com R$ 15,2 milhões. Seguin-do bem de perto a líder estão a Sigma Dataserv (R$ 13,4 milhões) e a IOS Informática (R$ 13,2 milhões), antiga subsidiária da Allen Rio Informática.

esse mercado, dentre as 199 que prestaram esse esse mercado, dentre as 199 que prestaram esse serviço em 2011. Juntas, essas 16 empresas fatu-serviço em 2011. Juntas, essas 16 empresas fatu-raram R$ 94,8 milhões de um total de R$ 112,1 raram R$ 94,8 milhões de um total de R$ 112,1 milhões gastos pelo governo. Até 2007, essa ati-milhões gastos pelo governo. Até 2007, essa ati-vidade era liderada pelo Politec Tecnologia, mas vidade era liderada pelo Politec Tecnologia, mas a partir daquele ano a empresa sofreu o seu pri-a partir daquele ano a empresa sofreu o seu pri-meiro assédio de concorrentes, como a Ibrowse meiro assédio de concorrentes, como a Ibrowse Tecnologia, Atos Origin e Squadra Tecnologia.Tecnologia, Atos Origin e Squadra Tecnologia.

A Politec já não existe ofi cialmente. Em 2010, A Politec já não existe ofi cialmente. Em 2010,

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GESTÃO

Pando

ra”,

reestrutura TIBRASÍLIA

Depois do

No centro do escândalo de corrupção que estourou no fi m de 2009 – mais conhecido como Operação Caixa de

Pandora, alcunha dada pela Polícia Federal –, os serviços de tecnologia prestados à administração do Distrito

Federal foram dizimados. A reestruturação começou com a compra de equipamentos próprios e a execução direta pelo Estado. A mudança já economizou R$ 63 milhões,

valor que deve chegar a R$ 87 milhões até o fi m deste ano

“terremoto

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N o epicentro do escândalo de corrupção conhecido como Operação Caixa de Pandora – que derrubou a gestão do

então governador José Roberto Arruda, a co-meçar pelo próprio, tido como líder do esquema que desviou pelo menos R$ 110 milhões –, as operações de Tecnologia da Informação do go-verno da capital do país foram devastadas. Sem alarde, um pequeno grupo de servidores públi-cos do Distrito Federal está reconstruindo-as.

Quase três anos depois de defl agrada a operação da Polícia Federal, as mudanças são signifi cativas – e com resultados palpáveis. Funcionando agora sob a lógica das regras adotadas no governo federal para a contratação de TI – cuja essência é disposta na Instrução Normativa 4, da secretaria de Logística e TI do Ministério do Planejamento, formalmente ado-tada pelo governo do DF –, o Estado vem gra-dativamente assumindo o controle e a própria operação dos serviços.

A nova orientação partiu tanto da neces-sidade de transferir à administração a gestão dos serviços – como prevê a IN 4 – quanto da própria contingência de “terra arrasada” pós-escândalo. “É um imenso trabalho de reto-mada da credibilidade. O Distrito Federal é um bom cliente. Mas, devido ao que houve, somos um cliente que as empresas sérias não queriam

“É UM IMENSO TRABALHO DE RETOMADA DA CREDIBILIDADE. O DISTRITO FEDERAL É UM BOM CLIENTE. MAS DEVIDO AO QUE HOUVE, SOMOS UM CLIENTE QUE AS EMPRESAS SÉRIAS NÃO QUERIAM TER NO PORTFÓLIO”

Renata Dumont GaldinoSubsecretária de TI do DF

Luis Osvaldo Grossmann

ter no portfólio”, admite a subsecretária de TI do DF, Renata Dumont Galdino.

O grupo – então a própria Renata Galdino à frente de oito servidores recrutados em dife-rentes órgãos, mas todos com conhecimento na área – tinha como primeira missão manter alguns serviços funcionando, especialmente a folha de pagamento dos funcionários públi-cos, as páginas de Internet das instituições e os sistemas de e-mails.

A reestruturação começou com a compra de equipamentos – servidores e storages – para subs-tituir os contratos de locação, que consumiam cerca de R$ 3,8 milhões por mês. No lugar, equi-pamentos novos foram adquiridos por R$ 8,86 milhões, e o custo mensal caiu para R$ 500 mil. »

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Paralelamente, a infovia local está sendo ampliada de 16 km para 100 km de fi bras ópticas. Hoje, a secretaria de Planejamento do DF, à qual a subse-cretaria de TI e Comunicações é ligada, não pos-sui nenhuma terceirização em tecnologia.

A partir da infraestrutura própria, os serviços diretamente tocados pela administração foram sendo ampliados, tais como os sistemas de ges-tão governamental, de orçamento e RH, de pro-gramas sociais e mesmo a comunicação entre os diferentes órgãos e as administrações regionais.

A eles se seguiram os sistemas de bilhetagem eletrônica do metrô do DF e de cadastramento e eleição para Conselhos Tutelares. Foi, ainda, criado um framework em software livre à dispo-sição de todos os órgãos públicos. E é também em software livre que está sendo desenvolvida uma nuvem privada da administração.

Com a ampliação das tarefas, além da forma-

Depois dos ajustes, a capital vai voltar a contratar serviços de TI. Três editais estão na praça, sendo dois deles para novas compras de equipamentos – a ideia é triplicar a atual capacidade de armazenamento. O terceiro é um marco: voltado à contratação de fábrica de software, será o primeiro do gênero desde o ‘terremoto’.

“Será nossa primeira contratação de software desde o escândalo. E nossa intenção é continuar trabalhando com o mercado privado, mas mantendo a gestão com o Estado, como prevê a IN 4. Além disso, já é previsto

TI reerguida, de volta ao mercadoCom todos os ajustes, o governo do Distrito Federal retoma a contratação de serviços de TI. Três editais estão na praça, e um deles é um marco: será a primeira contratação de serviços desde o ‘terremoto’.

lização da subsecretaria, a equipe cresceu para 33 servidores, mas deve chegar ao dobro disso com a costura de um projeto para a criação de uma carreira ligada à TI. Esse crescimento está associado ao plano de transformar a estrutura que está sendo desenvolvida em datacenter cor-porativo do Distrito Federal.

Na ponta do lápis, a subsecretaria de TI calcula que as mudanças com a internalização dos sistemas economizaram R$ 63 milhões aos cofres públicos no ano passado – valor que deve chegar a R$ 87 milhões até o fi m de 2012. Até aqui o Estado garante diretamente 42 tipos de serviços a 90 órgãos da adminis-tração local. Uma mudança grande para um governo que, no estouro da Pandora, tinha R$ 310 milhões em contratos de terceirização de TI, além de R$ 120 milhões em reconheci-mento de dívidas no setor.

que a empresa que entrar será vistoriada”, diz a subsecretária Renata Galdino.

Como explica o coordenador de planejamento e governança de TI, João Pinheiro da Silveira Neto, a construção do edital foi demorada e complexa. “Desde a cotação de preços, foi mais exigente. Consultamos 16 empresas, 10 delas responderam. Mas não fi zemos cotação com nenhuma que já atuava com o governo do Distrito Federal. Por outro lado, além de multinacionais, temos participação de empresas de Brasília que nunca haviam se animado a trabalhar com o governo”, conta.

»

GESTÃO

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CLOUD COMPUTING

OBRIGADOMuito bem,

Computação na nuvem entrou na agenda de prioridades dos gestores de TI, e os fornecedores comemoram o amadurecimento do mercado nacional. Concorrência é inevitável, e por isto é essencial aprender a lição da qualidade do serviço

Fábio Barros* Colaborou Ana Paula Lobo

T erminado o primeiro semestre, o merca-do brasileiro de computação na nuvem parece estar cumprindo as previsões de

consolidação e crescimento. Pelo menos esta é a visão dos fornecedores de serviços, para quem as empresas brasileiras dão sinais de que perde-ram o medo do conceito e começam a adotá-lo de forma mais massiva.

Para empresas que hoje oferecem nuvens, como Ativas, Globalweb, Amazon, Loca-web, Tivit, Mandic, entre outras, o mercado brasileiro caminha de forma bastante aceitá-

18 www.convergenciadigital.com.brAgosto-Setembro / 2012

“O MERCADO TEM ACEITADO BEM. HOJE

AS OFERTAS EM CLOUD JÁ SUPORTAM

MISSÃO CRÍTICA E ALTO DESEMPENHO”

Antonio PhelipeCTO da Ativas

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vel. Os números não são muito claros – to-das elas preferem não divulgá-los –, mas os percentuais e o otimismo apresentado por estas companhias levam a crer que a nuvem não é mais uma promessa.

Um exemplo é o da Ativas. O CTO da com-panhia, Antonio Phelipe, diz que se surpreen-deu positivamente. “Quando pensamos a Ati-vas, imaginávamos chegar ao fi nal do primeiro semestre deste ano com 50% de nossos clientes em nuvem”, lembra. Para surpresa da compa-nhia, hoje ela tem 80% de sua base comprando serviços de hospedagem em nuvem privada.

“O mercado tem aceitado bem. Hoje, as ofer-tas em cloud já suportam missão crítica e alto desempenho”, diz, acrescentando que a Ativas é capaz de entregar hospedagem e aplicativos como Oracle, Microsoft e SAP. “Isso quebra

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“HAVIA MUITAS DÚVIDAS EM RELAÇÃO À SEGURANÇA E SOBRE COMO O SERVIÇO SERIA PRESTADO, MAS AS EMPRESAS USUÁRIAS AMADURECERAM EM RELAÇÃO ÀS SUAS DEMANDAS E NECESSIDADES”

Camila KamimuraGerente de marketing de produtos IaaS e PaaS da Locaweb

qualquer paradigma. Se uma empresa decidir ir para um ERP, não precisa mais esperar 45 dias para a montagem de infraestrutura.”

Para a gerente de marketing de produtos IaaS e PaaS da Locaweb, Camila Kamimura, os últimos dois anos têm sido marcados pela ado-ção concreta de cloud. “Havia muitas dúvidas em relação à segurança e sobre como o serviço seria prestado, mas as empresas usuárias ama-dureceram em relação às suas demandas e ne-cessidades. Hoje, elas têm uma visão mais acer-tada sobre o que precisam e esperam de cloud”, diz, apontando que a companhia tem hoje cinco mil clientes em nuvem.

Quem também teve as expectativas ultrapas-sadas foi a Tivit. O diretor de soluções e tecno-logia da companhia, Fabiano Droguetti, revela que mais de 20% da receita da empresa é ad- »

“O QUE ERA INTANGÍVEL HÁ UM ANO ESTÁ

COMEÇANDO A DESPONTAR COMO

ALGO TANGÍVEL”

Flavio de OliveiraDiretor de operações

da Globalweb

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CLOUD COMPUTING

vinda da oferta de serviços em nuvem. “Somos procurados por clientes antes mesmo da elabo-ração de projetos concretos”, diz.

De acordo com Droguetti, dos cinco maiores clientes da Tivit – que tem seu foco de atuação nas 500 maiores empresas –, quatro já contam com vários ambientes em cloud. O executivo afi rma que geralmente a experiência come-ça com a infraestrutura como serviço e acaba evoluindo para outras utilizações. “Hoje temos

trabalhado plataforma como serviço de modo bastante forte e, para alguns clientes, já desen-volvemos plataformas de nicho”, explica.

“O mercado amadureceu e hoje vemos em-presas de todos os tamanhos, das pequenas às grandes, utilizando a nuvem”, confi rma José Papo, evangelista técnico da Amazon Web Services (AWS). Ele afi rma que mesmo para a questão da segurança já há uma percepção diferente – mais positiva – e isso também tem infl uenciado no aumento da adoção.

O MODISMO PASSOUNa avaliação de Victor Arnauld, diretor de

marketing da Alog, o ano de 2012 vem mos-trando a computação em nuvem como um conceito maduro no mercado brasileiro. “As empresas estão procurando as soluções proa-tivamente e estudando como adaptar o concei-to às suas necessidades. É o contrário do que

Empresas 100% cloudCOMEMORAM ‘BOOM’

Google e Salesforce.com priorizam atuação no mercado brasileiro e apostam em mais crescimento

O otimismo em relação ao mercado de cloud computing no Brasil não vem somente dos provedores de data centers. Fornecedores de aplicativos 100% nuvem, como o Google e a Salesforce.com, também apostam na con-quista de resultados expressivos no País.

Citando dados da IDC, o diretor de canais do Google Brasil, Maurice Mello, enfatiza que 18% das médias e grandes empresas latino--americanas já utilizam alguma aplicação em nuvem, percentual que deve chegar a algo entre 30% e 35% em 2013. “No Brasil, já são mais de 4 mil empresas usuárias da nuvem”, ressalta.

É de olho nesse contingente que a com-panhia vem reforçando o conceito 100% web junto ao mercado corporativo. “Este foco permite-nos inovar mais rápido. Somente em 2011, incluímos mais de 175 novas fun-cionalidades no Google Apps e superamos a meta de disponibilidade do Gmail, chegando a 99,98% no ano”, comemora.

Quem também está satisfeito com o mer-cado brasileiro é Enrique Perezyera, pre-sidente da Salesforce.com para a América Latina. A companhia fechou o primeiro se-mestre com 1,5 mil clientes locais (metade

“O MERCADO AMADURECEU E HOJE VEMOS EMPRESAS DE TODOS OS TAMANHOS, DAS PEQUENAS ÀS GRANDES, UTILIZANDO A NUVEM”

José PapoEvangelista técnico da Amazon Web Services (AWS)

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acontecia em 2010, por exemplo, quando tí-nhamos que oferecer a solução”, diz.

Para Arnauld, esse movimento foi ainda mais evidente no primeiro semestre deste ano, com o fortalecimento das ofertas de software como serviço (SaaS) e a defi nição mais clara do papel dos data centers neste mercado. “O data center virou um grande market center, onde as empresas compram e vendem serviços umas às outras”, compara, destacando que cerca de 20% dos clientes da Alog prestam serviços para ou-tras empresas, dentro ou fora do data center.

Visão muito semelhante tem o diretor de operações da Globalweb, Flavio Augusto de Oliveira, para quem o cloud computing saiu de uma situação de ‘palavra de moda’ para se tornar um mercado de verdade. “O que era in-tangível há um ano está começando a despon-tar como algo tangível”, diz.

Na prática, isso signifi ca que a Globalweb

Com tamanho otimismo, vale conhecer como cada uma dessas empresas vem se preparando para conquistar mais espaço, e clientes, neste mercado:

ALOG – tem procurado trabalhar como um broker de cloud, assumindo a posição de formador do ecossistema em nuvem, posição que deve se fortalecer nos próximos meses. A Alog também tem oferecido serviços e tem se posicionado como o ponto de encontro da economia digital.

AMAZON WEB SERVICES – vem atuando com força na integração de data centers privados com suas nuvens públicas, criando nuvens híbridas. Para pequenas empresas, oferece servidores já confi gurados, servidores web, de aplicação e sistemas de BI.

ATIVAS – concebida para ser um data center de terceira geração, a empresa trabalha no conceito de tiers, que permite entregar velocidade de I/O de acordo com as necessidades de cada cliente. Vem crescendo com a entrega de aplicativos, redes e armazenamento. Entre os aplicativos, os mais comuns são e-mail, web server, servidores de aplicação, bancos de dados Oracle e Microsoft, aplicativos Linux e sistemas de gestão SAP. Tem o objetivo de dobrar o número de clientes até o fi nal do ano.

GLOBALWEB – faz muitos investimentos em infraestrutura e começa a preparação de um novo data center em Miami (EUA) e outro no Brasil, com foco em clientes que têm que estar aqui por questões legais. Outro ponto que deve ser reforçado nos próximos meses é a oferta de serviços de valor agregado.

LOCAWEB – começou no mercado com entrega de hospedagem, que se transformou em infraestrutura como serviço e agora vem procurando ampliar seu leque de ofertas. À infraestrutura já oferecida, está sendo adicionada uma camada de gerenciamento, uma demanda dos próprios clientes. Não por acaso, é este o serviço mais utilizado: pelas pequenas empresas, que não têm como adquirir estes sistemas; e pelas grandes, que não querem implementar equipes para isso. A Locaweb considera que vai trabalhar em duas frentes: infraestrutura e serviços gerenciados.

MANDIC – prevê fi nalizar a integração com a Tecla no terceiro trimestre. A oferta de software como serviço é prioridade e estará alinhada à de infraestrutura como serviço. Parcerias estão sendo negociadas para ampliar o modelo de atuação.

TIVIT – está começando a investir na oferta de software como serviço, buscando aplicações que sejam interessantes para o mercado. Na visão da companhia, ofertas assim agregam mais valor. A Tivit já oferece plataforma como serviço e está realizando pilotos com ofertas de software, que devem estar defi nitivamente no portfólio em seis meses. Outra aposta é o oferecimento de serviços que incluam integração com ambientes legados com a nuvem da Tivit, sempre com foco em grandes empresas e ambientes críticos.

da carteira latino-americana), incluindo aí companhias como Petrobras, Saint-Gobain, Telefonica, Fiat e Dell.

Analisando sua base de clientes, o exe-cutivo identifica três níveis de adoção da nuvem: alocação de processos de atendi-mento ao cliente na nuvem; criação de pro-cessos de negócios utilizando plataformas de desenvolvimento na nuvem; e interação com as redes sociais. “No Brasil, as em-presas estão na fase de começar a ouvir as redes sociais para entender melhor os seus clientes”, diz.

Do ponto de vista do Google, as soluções mais demandadas hoje são as que envolvem e-mail, colaboração e, também, redes sociais corporativas. “Outra demanda das empresas brasileiras é uma plataforma de desenvolvi-mento baseada na nuvem”, diz Mello.

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tem atendido a uma série de demandas relativas à computação em nuvem, já presente em 40% da base instalada de clientes. Oliveira aponta que boa parte desta demanda vem de soluções de software como serviço e de infraestrutura como serviço, consideradas por ele como as duas ver-tentes mais comuns no mercado brasileiro.

Com um aporte de R$ 100 milhões do fun-do norte-americano Riverwood, a Mandic foi às compras e adquiriu, em março, a Tecla, es-

pecializada em serviços na nuvem para PMEs. Com a consolidação dos negócios prevista para o terceiro trimestre, a empresa também foi ao mercado e trouxe Maurício Cascão, que respondia por computação na nuvem na TIM, para conduzir sua gestão. E o desafi o do exe-cutivo está bem defi nido: transformar a Man-dic na ‘empresa de cloud’ brasileira.

Cascão segue a linha de otimismo com o mercado nacional – até porque os números são positivos e fortes para a expansão da nuvem, mas adota um tom mais crítico ao dizer que, hoje, há ainda muita confusão com relação ao conceito. “O cliente ainda quer saber quem é o provedor de cloud e o que ele tem a oferecer”, revela. Os planos para colocar a Mandic em uma posição de ponta estão defi nidos e passam pela oferta de software como serviço. “Temos uma grande expertise na oferta de e-mail devi-do à Mandic. Queremos ir além e estamos ne-

TI e Telecom convergem e DESAFIAM OPERADORAS

No Brasil, estratégias de cloud computing

ganham forma. A Telefônica, por

exemplo, já almeja que este ano um terço da

receita de serviços de TI venha da oferta na nuvem

A s operadoras não querem atuar apenas como provedoras de in-

fraestrutura neste negócio que se cha-ma computação na nuvem, especial-mente, quando TI e Telecom cada vez mais convergem para uma oferta única. Na Telefônica, por exemplo, a ordem é somar à infraestrutura uma camada de serviços para oferecer ao usuário um ponto centralizado de gerenciamento.

“Temos um grande diferencial que é ter a infraestrutura à mão, mas, sem a oferta de serviços, o conceito de

computação na nuvem não funciona. E é em serviços que estamos centran-do nossos esforços, sem perder de vis-ta a necessidade de cuidar da rede, do acesso”, afi rma Paulo Scridelli, dire-tor de Pré-Vendas, Parcerias e respon-sável pela vertical de TI do Segmento Corporativo da Telefônica/Vivo.

O executivo lembra que a Telefônica, há dez anos, criou a Telefônica Empre-sas, já preocupada em atender a oferta de TI das corporações. “Não estamos fazen-do um soluço como as nossas concorren-

“O DATA CENTER VIROU UM GRANDE MARKET CENTER, ONDE AS EMPRESAS COMPRAM E VENDEM SERVIÇOS UMAS ÀS OUTRAS”

Victor ArnauldDiretor de marketing da Alog

CLOUD COMPUTING

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Ana Paula Lobo

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gociando para novos produtos, entre eles, ERP e CRM. Vamos unir infraestrutura com servi-ços”, adianta. Indagado se a maior disputa não poderia vir a defl agrar uma possível guerra de preços, Cascão diz que a lição apreendida com as teles – que estão tendo que reforçar seus in-vestimentos em prol da qualidade – precisa ser replicada em cloud. “Qualidade será sempre o diferencial para fi delizar o usuário. Na nuvem, ela é ainda mais indispensável”, acrescenta.

O otimismo dos fornecedores ganha respal-do nos números. O Gartner prevê que os ser-viços baseados em cloud, com destaque para os voltados para a infraestrutura como servi-ço (IaaS), vão crescer 48,7% em 2012 e, com isso, os gastos globais com terceirização em TI vão movimentar US$ 251,7 bilhões em 2012.

No Brasil, o cenário não é muito diferente. Segundo a Frost&Sullivan, mais de 66% das companhias no Brasil pretendem implantar ao

menos um projeto de computação em nuvem, mesmo que em fase piloto, no ano que vem. Estudo da Associação Brasileira de ebusiness (ebusiness Brasil) com as pequenas e médias empresas, realizado em junho, revela que mais da metade – 56% – já tem algum tipo de serviço na nuvem, especialmente, na chamada nuvem privada. Entre as aplicações que costumam ir para a nuvem, as mais comuns são e-mail, nota fi scal eletrônica e sistemas de RH.

tes”, dispara. E, na nuvem, infraestrutura como serviço ganha forma como pilar da oferta para as grandes empresas.

“Elas já têm seus aplicativos. Querem uma infraestrutura robusta e uma adequação da sua camada de aplicativos. Exigem nível de serviço

alto”, diz o executivo. As pequenas e médias, por sua vez, estão em busca de software como serviço. “Elas pre-cisam crescer e querem usar o melhor da TI com Telecom com qualidade e custo acessível”, complementa.

Uma das ofertas preparadas para

“QUALIDADE SERÁ SEMPRE O DIFERENCIAL PARA

FIDELIZAR O USUÁRIO. NA NUVEM, ELA É AINDA MAIS

INDISPENSÁVEL”

Maurício CascãoCEO da Mandic

“UMA NUVEM PÚBLICA PODE SER ABERTA, MAS COM SEGURANÇA, COM REQUISITOS DE QUALIDADE,

COMPARTILHADA POR VÁRIOS CLIENTES. NÃO HÁ PERIGO SOBRE

ISSO. O PÚBLICO NÃO É GRATUITO, NÃO É SEM CONTROLE”

Paulo ScridelliDiretor da Telefônica/Vivo

a nuvem é a de voz sobre IP, com vários modelos distintos. “Na ver-dade, nessa área, funcionamos como integradores. O cliente defi ne o que quer”, adianta Scridelli. O executivo da Telefônica está bastante otimista com o mercado brasileiro, tanto que a expectativa da empresa é que este ano um terço da receita de TI venha das ofertas na nuvem.

Mas Scridelli destaca que há uma confusão com relação aos conceitos de nuvem pública e privada no país. “Uma nuvem pública pode ser aber-ta, mas com segurança, requisitos de qualidade, compartilhada por vários clientes. Não há perigo quanto a isso. O público não é gratuito, não é sem controle”, completa.

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ARTIGO

E stamos na era digital, na qual o com-putador, a Internet e muitos outros recursos tecnológicos fazem parte,

cada vez mais, do nosso cotidiano, trazendo consigo inúmeros benefícios a todos. Entre-tanto, com o advento de tantas vantagens vem também a possibilidade da realização de novas práticas ilícitas e criminosas.

Com o avanço da tecnologia e a partir da computação ubíqua (“onipresença” da infor-mática no cotidiano das pessoas), estamos cada vez mais conectados com o mundo, to-dos com todos, através de celulares, tablets, computadores, etc. Esses equipamentos já possibilitam a realização de quase tudo em questão de poucos minutos e sem sair de casa – desde conhecer pessoas a fazer compras – tudo isso a poucos cliques de “distância”.

Todo esse aparato tecnológico facilita, e muito, a vida de todos, mas inevitavelmen-te acaba por se tornar um novo meio para a prática de delitos. Tal fato decorre da facili-dade do anonimato quando se está na frente de um computador, aliada a técnicas para omitir quaisquer evidências que comprovem um crime e seu autor, já que em uma investi-gação sabe-se o IP do computador, mas não quem é o criminoso digital.

Para a Symantec, tal como a criminalidade tradicional, a cibercriminalidade pode assumir

muitas formas e pode ocorrer quase a qual-quer hora ou lugar. Os criminosos cibernéticos usam métodos diferentes segundo suas habili-dades e seus objetivos. Esse fato não deveria ser surpreendente; afi nal, o crime cibernético é nada mais que um “crime” com um ingredien-te “informático” ou “cibernético”.

A Symantec, com base nos seus diferen-tes tipos, defi ne o crime cibernético de forma precisa como qualquer delito em que tenha sido utilizado um computador, uma rede ou um dispositivo de hardware. O computador ou dispositivo pode ser o agente, o facilitador ou a vítima do crime. O delito pode ocorrer apenas no computador, bem como em ou-tras localizações. Para compreender melhor a ampla variedade de crimes cibernéticos, é preciso dividi-los em duas categorias gerais, defi nidas para os efeitos desta pesquisa como crimes cibernéticos do tipo I e II.

No primeiro tipo, o computador é apenas uma ferramenta de auxílio aos criminosos na prática de crimes conhecidos, como sonega-ção fi scal, compra de votos em eleições, trá-fi co de entorpecentes e falsifi cação de docu-mentos e outros [1], ou seja, se o dispositivo não existisse, tal crime seria praticado da mes-ma forma. Já no segundo tipo, o computador é a peça central para a ocorrência do crime, ou seja, se o dispositivo não existisse, tal cri-

CSI do século XXI

Deivison Pinheiro Franco é graduado em

Processamento de Dados. Especialista em Redes de

Computadores, em Suporte a Redes de Computadores

e em Ciências Forenses (Ênfase em Computação

Forense). Analista Pleno de TI do Banco da Amazônia.

Professor em várias faculdades das disciplinas:

Informática Forense, Segurança da Informação,

Redes, SO e Arquitetura de Computadores. Perito

Forense Computacional Judicial (Assistente

Técnico), Auditor de TI e Pentester com as

certifi cações: CEH - Certifi ed Ethical Hacker, CHFI - Certifi ed Hacking

Forensic Investigator, DSEH - Data Security

Ethical Hacker, DSFE - Data Security Forensics

Examiner, DSO - Data Security Offi cer e ISO/IEC

27002 Foundation.

Por Deivison Pinheiro Franco

A procura por formação na computação forense ainda é novidade e abre frentes para o profi ssional no Brasil. Abolir completamente a prática de crimes é impossível, mas é possível minimizar suas ocorrências através de sua investigação, permitindo que novas técnicas para o combate aos crimes digitais sejam descobertas e que criminosos cibernéticos não fi quem impunes. E é aí que os peritos forenses computacionais atuam – com o intuito de determinar e provar dinâmica, autoria e materialidade de ilícitos computacionais.

SEGURANÇA

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me não seria praticado [2]. Invasão de com-putadores, criação de comunidades virtuais para fazer apologia ao uso de drogas, envio de vírus de computador por e-mail, além do impulso que dá a crimes antigos como por-nografi a infantil, estelionato, engenharia so-cial, entre outros. Como é possível observar a partir dessas defi nições, o cibercrime pode englobar uma gama muito ampla de ataques.

Compreender essa ampla variedade de cri-mes cibernéticos é importante, visto que os di-ferentes tipos de crimes cibernéticos requerem atitudes diferentes para melhorar a segurança computacional, haja vista que a eliminação de fronteiras oferecida pela Internet acaba gerando sérias difi culdades para o combate a esses tipos de crimes, facilitando sua prática e ocorrência onde vítima e criminoso podem encontrar-se em países distintos. Com essa nova modalidade de crimes e os mais diversos danos que podem causar, surge a necessidade de profi ssionais especializados, com amplo conhecimento em computação, segurança da informação, direito digital e outras áreas afi ns, com capacidade su-fi ciente para investigar quem, como e quando um crime cibernético foi praticado, ou seja, um profi ssional capaz de identifi car autoria, mate-rialidade e dinâmica de um crime digital.

COMPUTAÇÃO FORENSE: EM BUSCA DAS PISTAS QUE NÃO PODEM SER VISTAS A OLHO NU

Em um local de crime convencional, um vestígio pode signifi car desde um instrumen-to deixado no ambiente pelo criminoso a um fi o de cabelo do mesmo. Já na informática os vestígios são digitais – zeros e uns, dados ló-gicos que compõem a evidência digital, a qual poderá ser desde conversas em chats, históri-co de internet, programas, etc. a arquivos ex-cluídos intencionalmente pelo criminoso.

Segundo o dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, o termo forense signifi ca “que

se refere a foro judicial”. Já a perícia, de acordo com o mesmo dicionário, é a práti-ca que um profi ssional qualifi cado exerce, neste caso denominado perito. Vistoria é o exame de caráter técnico e especializado. As ciências forenses são desenvolvidas por profi ssionais altamente qualifi cados e es-pecializados, em que as pistas deixadas no local do crime só são atestadas como verí-dicas após testes em laboratórios.

Criminosos a cada dia cometem seus de-litos de forma a não deixar vestígios e, em casos como esses, a perícia forense opera nas descobertas de pistas que não podem ser vis-tas a olho nu, na reconstituição de fatos em la-boratórios seguindo as normas e padrões pre-estabelecidos para que as provas encontradas tenham validade e possam ser consideradas em julgamento de um processo [3]. A forense computacional, ou computação forense, visa os mesmos eventos relatados acima só que na área tecnológica, buscando pistas virtuais que possam descrever o autor de ações ilícitas, a fi m de suprir as necessidades das instituições legais no que se refere à manipulação das no-vas formas de evidências eletrônicas.

Sendo assim, a computação forense vem ser a ciência responsável por coletar provas em meios eletrônicos que sejam aceitas em juízo, tendo como principal objetivo a aquisição, a identifi cação, a extração e análise de dados que estejam em formato eletrônico e/ou armazena-dos em algum tipo de mídia computacional [4].

Ante o exposto, a perícia forense compu-tacional tem como objetivo principal deter-minar a dinâmica, a materialidade e a auto-ria de ilícitos ligados à área de informática, tendo como questão principal a identifi cação e o processamento de evidências digitais em provas materiais de crime, por meio de mé-todos técnico-científi cos, conferindo-lhe va-lidade probatória em juízo [5].

O perito forense computacional averigua

Com essa nova modalidade de crimes e os mais diversos danos que podem causar, surge a necessidade de profi ssionais especializados, com amplo conhecimento em computação, segurança da informação, direito digital e outras áreas afi ns, com capacidade sufi ciente para investigar quem, como e quando um crime cibernético foi praticado, ou seja, um profi ssional capaz de identifi car autoria, materialidade e dinâmica de um crime digital.

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e investiga os fatos de uma ocorrência digital e propõe um laudo técnico para entendimento geral de um episódio, com-provado através de provas, juntando pe-ças importantes para descobrir a origem de um crime ou para desvendar algo que não está concreto.

A averiguação é acionada quando se faz necessária a comprovação de um crime, através de análises de equipamentos com-putacionais e eletrônicos. Um laudo ou um relatório técnico imparcial é gerado para que fi quem claras as comprovações dos fa-tos fundamentados, de forma a nortear os julgadores do acontecido.

PERITO FORENSE: UMA OPÇÃO PROFISSIONAL NO MUNDO ELETRÔNICO

O estudo e a procura por formação pro-fi ssional na computação forense ainda são novidade para muitos e estão desenvol-vendo-se principalmente pela necessida-de do combate aos crimes eletrônicos. Os profi ssionais na área podem ser chamados nos mais diversos lugares que precisem de algum serviço minucioso o qual envol-va equipamentos informáticos. Eles têm regras a seguir e providências defi nidas a tomar, tanto para obter credibilidade no que fazem, quanto para que seu trabalho não te-nha sido em vão e desconsiderado em uma audiência judicial, em que um parecer téc-nico ou laudo será necessário.

No campo da informática, entre os prin-cipais exames forenses realizados estão as perícias em dispositivos de armazenamento computacional, como HDs, CDs, DVDs, Blu-Rays, pen drives etc., e outros dispo-sitivos de armazenamento como smartpho-nes, smart tvs, tablets, sites, e-mails, entre outros. Cabe ressaltar que em alguns casos é necessária a realização de procedimentos

ainda no local do delito, para que possíveis evidências não sejam perdidas, pois no caso de um fl agrante é possível encontrar o computador do criminoso ligado, e quando necessário proceder a análise no local.

A importância do papel do especialista em computação forense, ou perito forense computacional, vem ganhando grande re-levância e destaque devido ao crescimento dos crimes cibernéticos. A partir dessa si-tuação, surge a necessidade de profi ssio-nais capazes de elaborar laudos a fi m de se determinar a dinâmica, a materialidade e a autoria de ilícitos eletrônicos, para que se viabilize e possibilite aplicação de pu-nição para determinado caso que envolva esses tipos de crimes.

Atualmente a computação forense já faz parte da rotina policial, pois não é mais no-vidade alguma, em um local de crime, se encontrar um ou mais computadores, os quais necessitem de um profi ssional apto a investigar e periciar o equipamento em questão, o qual pode se tornar, dependen-do da informação encontrada, a peça chave para a comprovação de um crime [4].

É indubitável que estamos cada vez mais dependentes da tecnologia, e é natural que os criminosos usufruam das mesmas vanta-gens tecnológicas que nós.

Pessoas mal-intencionadas utilizam esse recurso para ganhar dinheiro e até mesmo para cometer crimes na rede. Abolir com-pletamente a prática de crimes é impossível, mas é possível minimizar suas ocorrências através de sua investigação, permitindo que novas técnicas para o combate aos crimes digitais sejam descobertas e que criminosos cibernéticos não fi quem impunes. E é aí que os peritos forenses computacionais atuam – com o intuito de determinar e provar dinâmi-ca, autoria e materialidade de ilícitos compu-tacionais, como os CSI do século XXI.

[1]SYMANTEC.

O Que é Crime Cibernético? [S.I.]: Symantec, 2012.

Disponível em: <http://br.norton.com/cybercrime/

defi nition.jsp>.Acesso em: 10 abril 2012.

[2] ELEUTÉRIO, Pedro. M. S;

MACHADO, Márcio. P.. Desvendando a

Computação Forense. 1ª Edição. São Paulo:

Novatec, 2010.

[3] CASEY, Eoghan.

Handbook of Computer Crime Investigation

Forensics - Tools and Technology.

2ª Edição. California: Academic Press, 2003.

[4] CARDOSO, Nágila

Magalhães. A Importância dos

Profi ssionais em Computação Forense

no Combate aos Crimes Tecnológicos. Revista

Espírito Livre, n.32, p.58-60. Espírito Santo: Revista

Espírito Livre, 2011.

[5] TOLENTINO, Luciano

Cordova; SILVA, Wanessa da; e MELLO, Paulo

Augusto M.S.. Perícia Forense

Computacional. Revista Tecnologias em Projeção, n.2, v.2, p.26-31. Brasília:

Faculdade Projeção, 2011.

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ARTIGO

Por Deivison Pinheiro Franco

SEGURANÇA

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Donos das

GOVERNO

Consulta pública sobre diretrizes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial é levada a sério pelo governo federal, que vai aprofundar estudos sobre as patentes de softwares. Pode ser mais uma daquelas boas intenções que cobrem as paredes do inferno

Luis Osvaldo Grossmann

P ara terror dos militantes do software livre, ganha corpo um debate so-bre a concessão de patentes a programas de computador. Em março deste ano, o tema veio à tona com a decisão do Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI) de abrir uma consulta sobre as diretrizes dos exames de pedidos de patente de software. Se muita gente já torceu o nariz para isso, é bom se preparar: o governo federal vai instituir um grupo para avaliar a relevância dessas patentes.

Nesse embate, o INPI insiste que apenas deu transparência aos procedimen-tos adotados em suas avaliações. Garante que não vai patentear softwares, uma vez que a legislação brasileira o proíbe. No Brasil, as patentes só se aproximam dos programas de computador quando estes estão associados a algum equipa-mento no qual provocam efeitos técnicos novos. Mas não faltou quem perce-besse no debate uma tentativa de alargar esse conceito. E, repita-se, o tema será objeto de estudos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

As cores ideológicas permeiam esse debate, mas é fato que existem argu-mentos defensáveis para a concessão de patentes a programas de computador – essencialmente os mesmos para as patentes de coisas em geral: ao conceder um monopólio sobre uma invenção por algum período, permite-se ao inventor remunerar sua sacada genial, o que em si é um incentivo a novas invenções e a própria base para o desenvolvimento de um sistema de patentes.

DIFUSÃO DO CONHECIMENTOAlém disso, a patente, como disse Nilay Patel, editor da americana The

Verge, em artigo de julho, é uma forma de difusão do conhecimento. Em troca do monopólio da invenção durante um prazo, o inventor deve, sob o risco de

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ter a patente cancelada, detalhar como ela fun-ciona a ponto de qualquer pessoa com conhe-cimento mediano ser capaz de reproduzi-la da melhor forma possível. E as patentes expiram. Mesmo quem as defende acha que deviam du-rar, no máximo, cinco anos.

Quem é contra as patentes de soft-ware – boa parte do planeta, visto que elas são concentradas em poucos pa-íses, como Estados Unidos e Israel – se agarra ao argumento de que progra-mas de computador são expressões de ideias, ou ainda, métodos matemáti-cos. E não se cogita que a matemática seja exclusividade de alguém. Afi nal, caberia indagar o que seria da huma-nidade se os indianos tivessem paten-teado o zero.

Não é por menos que mesmo os limites às patentes de alguma forma relacio-nadas aos softwares atualmente existentes no Brasil, assim como na Europa – que, grosso modo, exigem efeitos técnicos novos nas im-plementações – sejam vistos com desconfi an-ça. “Qualquer programa é originado por um

processo matemático, sem falar que a utilida-de prática é uma das dimensões de qualquer software”, diz o gerente técnico do Centro de Competência em Software Livre da Universi-dade de São Paulo (USP), Nelson Lago.

Dessa forma, parece até simples riscar uma linha divisória entre o que pode ou não ser patenteado. Patentes são para coisas tangíveis, para as máquinas, para uma lata que gela a cerveja quan-do é aberta. Abstrações matemáticas, como os algoritmos usados em pro-gramação, são bichos muito diferen-tes. Será? Despida de preconceitos, a lata que gela cerveja, assim como qualquer invenção, é em sua essência uma aplicação matemática.

Dito de outra forma, softwares po-dem ser uma expressão de aplicações

físicas, como aborda o chefe da divisão de com-putação e eletrônica do INPI, Antonio Abrantes. “Há algoritmos de criptografi a que são coloca-dos na forma de hardware em chips. E jamais se questionou patentes de processadores. Se determinada tecnologia em nível de hardware

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10 “O PROBLEMA NÃO

ESTÁ NO COMÉRCIO DE TECNOLOGIA, MAS NA CONCESSÃO DE PATENTES ÓBVIAS E, CONSEQUENTEMENTE, NO EXCESSO DE PATENTES CONCEDIDAS”

Antonio AbrantesChefe da divisão de computação e eletrônica do INPI

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GOVERNO

Harmonização PARA QUEM?

é patenteada, por que o equivalente lógico em software não vai ganhar patente? É exatamente a mesma coisa, só que em forma digital.”

Claramente defensor da concessão de pa-tentes para softwares, Abrantes sustenta que o regime deve se adaptar à época. Se nos anos 60 não havia preocupação com isso, é porque TI era hardware. “Os fabricantes possuíam altas margens de lucro e podiam suportar os custos de desenvolvimento de software. Mas é preciso reconhecer que as coisas es-tão se desmaterializando. A realidade mudou. Cada vez mais as coisas estão agregando conteúdo informacional.”

Segundo ele, boa parte das críticas é dire-cionada ao mau uso das patentes, como o de-senvolvimento de um mercado de negociantes

desses direitos de propriedade – empresas que não apertam um único parafuso, mas vivem de royalties ou guerras judiciais contra quem efe-tivamente transforma as ideias em produtos. “O problema não está no comércio de tecnolo-

gia, mas na concessão de patentes óbvias e, consequentemente, no excesso de pa-tentes concedidas”, afi rma.

ANTI-INOVAÇÃOTambém apelidados de trolls de paten-

tes, negociantes de direitos de propriedade intelectual representam uma ameaça evi-dente à inovação. Mas não somente eles.

Gigantes da tecnologia como Apple, Samsung, Google e Microsoft digladiam-se nos tribunais por linhas de código patenteadas, com efeitos nocivos ao desenvolvimento inovador, a ponto

Há, também, riscos menos diretamente percebidos. Caminhar na direção do sistema norte-americano de propriedade intelectual tem o potencial de reviver a tentativa de “har-monização” mundial das normas relacionadas a patentes. Muito mais se tal aproximação par-tir do Brasil, justamente o país que liderou, há dois anos, o movimento que fez hibernar essas tratativas no âmbito da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

Harmonizações de regras nesse campo não são exatamente uma novidade. Elas se dão ci-clicamente desde 1883, quando da Convenção da União de Paris para a Proteção da Proprie-

dade Intelectual – alterada em 1900, 1911, 1925, 1934, 1958 e 1967. Mas não há dúvida de que o maior passo para normas universais se deu nos anos 1990, pelo Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Inte-lectual Relacionados ao Comércio, mais co-nhecido por sua sigla em inglês, TRIPs.

Apesar de todas as revisões, essas normas internacionais davam liberdade aos países para estabelecer legislações nacionais com dispositivos adequados ao seu estágio de de-senvolvimento, inclusive quanto às áreas de conhecimento que seriam patenteáveis. Mes-mo o TRIPs, um tratado compulsório a todos os países que queiram participar da Organi-zação Mundial do Comércio, manteve as pre-missas de alguma independência nacional no campo da propriedade intelectual.

Isso pode mudar. Desde o ano 2000, a OMPI discute seriamente um Tratado Subs-

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0 “OS RISCOS DE UM ‘MONOPÓLIO DOS ALGORITMOS’ NÃO COMPENSAM OS GANHOS”

Sérgio AmadeuSociólogo e professor

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zos à inovação, talvez o principal argumento de quem rejeita qualquer tipo de patente aos programas de computador. E veja-se que os

casos mais notórios envolvem atores com forças para se defender. Apenas para fi car com um dos exemplos ex-tremos, na briga da Apple e seus iPads contra os tablets Galaxy da Samsung, que chegaram a ter vendas proibidas, metade das acusações de violação é de patentes de software.

E não deixa de ser curioso que a Microsoft ganhe mais dinheiro como resultado de patentes relacionadas ao Android – um sistema que tem softwa-

re livre em seu DNA – do que com as vendas de seu Windows Phone. A Goldman Sachs estima que a empresa fature US$ 444 milhões este ano graças aos dispositivos com Android. Já a Tre-fi s, que analisa companhias com ações em bol-sa, calcula que a mordida pode ser muito maior, próxima a US$ 2 bilhões anuais.

Se, no limite, tanto máquinas industriais quanto linhas de código são, em suas origens, criações matemáticas, vale mencionar que há, sim, distinções. “Um mesmo software pode conter centenas de programas diversos, de modo que o registro de uma patente muito provavel-mente signifi cará apropriação de criações inte-lectuais alheias”, entendem os redatores do pa-recer da USP/Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre a consulta pública aberta pelo INPI.

Como resultado, patentes podem inibir novas invenções. “Softwares aparecem cada vez mais ligados a aparelhos móveis e estarão presentes em praticamente todos os aparelhos domésticos, que serão acessados remotamen-te a partir de outros softwares. Patentes, nesse caso, podem paralisar o desenvolvimento de soluções em diversos ramos de atividade. Os riscos de um ‘monopólio dos algoritmos’ não compensam os ganhos”, afi rma o sociólogo e professor Sérgio Amadeu.

de conseguirem suspender a comercialização de novos equipamentos eletrônicos, por exemplo.

Se essa constatação ecoa os ativistas do software livre, ressalte-se que ela parte de um clube que reúne graú-dos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a União In-ternacional de Telecomunicações (UIT). Preocupada, a entidade reuni-rá os lutadores, em outubro. “Esta-mos assistindo a uma tendência nada bem-vinda de uso de patentes para bloquear mercados. É preciso uma revisão urgente da situação: patentes devem ser uma forma de encorajar a inovação, não inibi-la”, diz o secretário-geral da UIT, Hamandoun Touré.

Há, portanto, evidências práticas de prejuí-

tantivo de Leis de Patentes, capaz de enterrar o que restou de fl exibilidade aos diferentes países nesse terreno. Ele abriria espaço para patentes com validade mundial, que poderiam ser emitidas de maneira centralizada. Nesse ponto, qual seria o cenário mais provável? A economia dominante vai mudar sua visão so-bre patentes, ou as práticas lá adotadas acaba-rão por se tornar a regra geral?

Independentemente dos possíveis méritos de um regime de patentes, talvez a melhor tradução do que ele efetivamente signifique venha do irreverente fundador do primei-ro partido pirata do planeta, o sueco Rick Falkvinge. “Não vamos nos esquecer que monopólios de patentes são um instrumen-to de manutenção de domínio econômico. A maior economia do mundo se fez burlando patentes inglesas. Mas, uma vez que se che-ga ao topo, chuta-se a escada.”

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10 “QUALQUER PROGRAMA

É ORIGINADO POR UM PROCESSO MATEMÁTICO, SEM FALAR QUE A UTILIDADE PRÁTICA É UMA DAS DIMENSÕES DE QUALQUER SOFTWARE”

Nelson LagoGerente técnico do Centro de Competência em Software Livre da USP

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GOVERNO

Códigos

Com injeção de meio bilhão de reais, compras públicas e encomendas de

grandes compradores, o governo quer estimular a indústria nacional de

software e serviços. O plano TI Maior tem uma característica ainda mais

relevante numa ação governamental: a qualidade, ao que parece, pela primeira

vez, fi cou à frente da quantidade

C om a dupla fi nalidade de reduzir a dependência brasileira de programas de computador importa-dos e incentivar as empresas nacionais a aboca-

nharem uma fatia maior de um mercado mundial estima-do em R$ 2 trilhões anuais, o governo lançou mão de um conjunto de incentivos para injetar meio bilhão de reais no setor de software e serviços nos próximos três anos, ao lançar, no último dia 20 de agosto, em São Paulo, o plano batizado de TI Maior.

Em seu conjunto, o Brasil não faz feio. O setor emprega 1,2 milhão de pessoas e movimenta cerca de R$ 40 bilhões por ano, o que deixa o país entre o 7o e o 10o lugares no mercado global, a depender da medição, uma dimensão ra-zoavelmente compatível com o tamanho da economia nacio-nal. E as metas colocadas no TI Maior são bastante factíveis

verde-amarelosLuis Osvaldo Grossmann

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“TEM DINHEIRO SOBRANDO EM

CAPITAL DE RISCO. A GRANDE DIFICULDADE

É SELECIONAR AS EMPRESAS”

Rafael MoreiraCoordenador de software

e serviços do MCTI

– dobrar de tamanho e chegar à 5ª posição no ranking mundial do segmento em 2020.

A maior novidade do plano governamen-tal para software e serviços é, pela primeira vez, priorizar a qualidade e não a quantidade. A proposta é combinar a força do principal comprador de software do país – o próprio governo – com demandas de atores importan-tes na economia nacional para fomentar o de-senvolvimento mais acelerado da inteligência da TI brasileira.

Daí a importância central de um tópico des-sa política: a criação de um sistema de certifi ca-ção que consiga medir o grau de competências nativas no desenvolvimento de programas e serviços. Tal certifi cado será o passaporte para o regime de preferências nas compras públicas.

O modelo de certifi cação – a ser pilota-do pelo CTI Renato Archer – leva em con-sideração cinco áreas de competências: de-senvolvimento, gestão de tecnologia, gestão de negócios, gestão de parcerias e gestão de pessoas, processos e conhecimento, além de derivações nos conceitos.

O sistema foi colocado em consulta pública, até 21/9, no endereço www.certics.cti.gov.br. O CTI Renato Archer terá a palavra fi nal na certifi cação, mas o objetivo é criar uma estru-tura descentralizada de recebimento dos pedi-dos. Ressalte-se que se trata de uma avaliação de software, não de empresas.

O regime de preferência nas compras pú-blicas, previsto na Lei 12.349/2010, permite que produtos e serviços com tecnologia desen-volvida no país sejam adquiridos em licitações por valores até 25% superiores aos dos con-correntes. Mas sua aplicação prática ao soft-ware depende de um decreto.

Esse decreto ainda precisa ser acertado

intramuros, especialmente com a equipe econômica – a exemplo de setores já bene-ficiados por ele, como fármacos. Isso signi-fica que haverá um menu de programas cre-denciáveis. Tal documento não é esperado para antes do próximo ano.

ECOSSISTEMASDe forma complementar, a política prevê

articulações com potenciais grandes com-pradores de software, estatais e privados. O alvo é ampliar o fornecimento local. Segundo a Associação Brasileira de Empre-sas de Software (Abes), apenas 7% do mercado brasileiro é abastecido com software nacional.

Diz o TI Maior: “Busca-se o de-senvolvimento de software e soluções de alta complexidade e tremendo im-pacto econômico e social, enquadra-dos nos setores estratégicos ou porta-dores de futuro, partindo de estímulo a centros de pesquisa, com apoio direto à P&D empresarial (...) em torno de grandes desafi os existentes.”

Ou, segundo o coordenador de software e serviços do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rafael Moreira, trata-se de convocar atores de peso, hoje abas-tecidos por soluções importadas, a apontar suas necessidades. “Tem di-nheiro sobrando em capital de risco. A grande difi culdade é selecionar as empresas.”

Assim, o objetivo é agregar incentivos pú-blicos – especialmente via editais de institui-ções de fomento como CNPq e Finep – com o tal venture capital para empurrar empresas de software e serviços nas áreas estratégicas, mi-

“BUSCA-SE O DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE E SOLUÇÕES DE ALTA COMPLEXIDADE E TREMENDO IMPACTO ECONÔMICO E SOCIAL, ENQUADRADOS NOS SETORES ESTRATÉGICOS

OU PORTADORES DE FUTURO, PARTINDO DE ESTÍMULO A CENTROS DE PESQUISA, COM APOIO DIRETO À P&D EMPRESARIAL (...) EM TORNO DE GRANDES DESAFIOS EXISTENTES”

Texto do TI Maior

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rando algumas delas em especial, para as quais haverá recursos públicos.

A dimensão desse viés no conjunto da po-lítica pública pode ser medida pela parcela destinada a esse esforço. Dos cerca de R$ 500 milhões previstos no plano, mais de R$ 400 milhões destinam-se ao desenvolvimento des-ses “ecossistemas digitais” – em grande medi-da na modalidade de subvenção.

Os recursos serão repartidos, preferencial-mente, para os mercados de software de: educa-ção, segurança cibernética, saúde, petróleo e gás, energia, aeroespacial, grandes eventos esporti-

vos, agricultura, fi nanças, telecomunicações, mi-neração, computação em nuvem (leia retranca na página seguinte), Internet e jogos digitais.

Nesse contexto, a combinação de dinheiro público e capital de risco visa acelerar startups a partir da identifi cação de nichos promisso-res, ou seja, aqueles em que se verifi carem de-mandas no mercado comprador. Até novembro devem sair editais de R$ 40 milhões para as primeiras aceleradoras dessas startups.

De início, serão escolhidas nesses editais quatro aceleradoras, cada uma com a meta de empurrar de oito a 10 startups, mas a expectati-va é que, até 2014, 150 dessas empresas sejam “aceleradas”. Desse total, um quarto deve ser de empresas internacionais localizadas no Brasil.

MÃO DE OBRATambém com objetivos modestos frente ao

cenário do setor, o plano busca endereçar a ca-rência de pessoal especializado em Tecnologia da Informação. Uma iniciativa em conjunto com a Brasscom – associação de empresas de TICs – pretende capacitar 50 mil profi ssionais até 2015.

Por meio de um portal na Internet (http://www.brasilmaisti.com.br), serão conju-gadas ofertas e demandas do mercado com foco nas 70 instituições de ensino técnico localiza-das nas regiões de maior carência. Além de con-teúdos específi cos, o portal visa deixar claras as oportunidades existentes no mercado.

O plano TI Maior ainda aborda vertentes complementares. Uma delas é a atração, com incentivos de R$ 15 milhões, de cinco novos centros de pesquisa e desenvolvimento de multinacionais – a exemplo dos já existentes de empresas como as americanas IBM e GE.

Além disso, tem no escopo da política reescre-ver o marco regulatório voltado à inovação – hoje centrado na Lei de Informática (8248/91) e na Lei do Bem (11.196/06). Isso implica novas ferramen-tas de incentivos fi scais, mas também a discussão sobre a propriedade intelectual do software.

OLHO VIVO

Saiba quais são os 10 tópicos que estão gerando novos serviços e valores na área de TI, segundo a avaliação do governo brasileiro.

1 MOBILIDADE E COMPUTAÇÃO UBÍQUA

2 SEGURANÇA

3 APLICAÇÕES DE NICHO

4 WEB, ARQUITETURA, INTEGRAÇÃO DE LEGADOS, MIDDLEWARE

5 TERCEIRIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO REMOTA

6 INFRAESTRUTURA E COMPUTAÇÃO NA NUVEM

7 ERP / BI / CRM

8 PLATAFORMAS ABERTAS

9 SOLUÇÕES EMBARCADAS

10 EDUCAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO

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GOVERNO

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P arte da política de incentivos a software e serviços de TI tem como meta o desenvolvimento

de soluções para computação na nuvem – uma fatia do plano TI Maior para a qual estão previstos R$ 40 milhões até 2015. Mas embora faça parte da lista de prioridades, este capítulo precisa de ajuste fi no entre os órgãos governa-mentais. Para sair da teoria para a prá-tica, o governo precisa, a curto prazo, criar um comitê interministerial, que terá a missão de estabelecer padrões de interoperabilidade, áreas de investi-mento e harmonização tecnológica.

Fato é que há muitas dúvidas quan-to à política setorial a ser adotada em cloud. O governo é considerado pelo mercado um pilar para fomentar o uso de aplicações, mas restam indefi nições de como a cloud computing poderá entrar no dia-a-dia da gestão pública. Tanto é assim que durante o anúncio do plano TI Maior – um dos pilares da área de cloud – a realização de três projetos piloto até 2015 teve pouca divulgação.

A demora em determinar quais serão esses projetos estaria ligada ao

Tudo pelos serviços: o desafi o de usar nuvem no governo brasileiro

fato de que não há uma coordenação – ou ela está bastante dispersa – entre os órgãos governamentais que deveriam estar trabalhando de forma conjunta para viabilizar essas ações. Enquanto isso, caminha, isoladamente, um pro-grama do Serpro de uso da nuvem na oferta do serviço de e-mail Expresso, baseado em software livre.

Outra iniciativa é a criação de um centro nacional de computação em nuvem. A principal medida nesse sen-tido, inclusive, já foi tomada quando a fabricante chinesa Huawei formali-zou, em novembro do ano passado, a doação de dois conjuntos de equipa-mentos para pesquisas, a serem ins-talados nas universidades federais de Pernambuco e do Amazonas.

Aplicações em nuvem estão inter-ligadas, de acordo com o projeto TI Maior, à computação de alto desem-penho. E o governo brasileiro almeja um lugar de honra no ranking dos TOP 500 com equipamentos capazes de alta simulação computacional até 2015. Hoje, o desempenho nacional é ruim. O Brasil desponta na 86ª posição, com

Com um mercado estimado em US$ 500 milhões até 2014, a computação na nuvem é um dos tópicos centrais do plano TI Maior, mas ainda restam dúvidas com relação ao trabalho efetivo para o desenvolvimento de ações. Na supercomputação, objetivo é sair da 86ª posição

uma única aparição na lista, em com-paração com a Índia (33º lugar e cinco aparições), Rússia (13º lugar e 11 apari-ções) e China (2º lugar e 24 aparições).

Para galgar novas posições no TOP 500 e ganhar visibilidade internacio-nal, o governo planeja destinar à área R$ 50 milhões. Já em 2013, por exem-plo, está projetada a implementação do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (SINAPAD), volta-do para análises de dados que exijam grande capacidade de processamento e/ou armazenamento. O objetivo é fo-mentar o uso da nuvem em aplicações como portais Web e serviços eletrôni-cos especializados, como os de energia, petróleo e gás e segurança.

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CRESCIMENTOTELECOM

O país pode chegar ao fi m de 2012 com 300 milhões de celulares ativos, porém, o preço começa a ser pago pela população – há uma forte reclamação com relação à qualidade dos serviços prestados. Numa ação inédita, o governo interveio e puniu Claro, Oi e TIM com 11 dias de proibição de vendas. Após negociações, as teles comprometeram-se a realinhar investimentos, mas também cobraram uma lei única para a instalação de antenas. O embate trouxe à tona uma questão relevante para o futuro da oferta de serviços móveis no Brasil: como solucionar um problema que se arrasta há anos – a interconexão

Dores do

Luis Osvaldo Grossmann

D o carroceiro à presidenta da República, parece não haver brasileiros que não se inco-

modem com a má qualidade dos servi-ços de telefonia móvel. Em tom de pia-da, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, conta que, durante uma reu-nião com a chefa, uma chamada entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula

“PARA MINHA FALTA DE SORTE, ENQUANTO

ELES TENTAVAM CONVERSAR, A LIGAÇÃO

CAIU UMA, DUAS, TRÊS VEZES. A PRESIDENTA

ENTÃO DISSE AO LULA: O PAULO BERNARDO

ESTÁ AQUI E VAI TOMAR PROVIDÊNCIAS”

Paulo BernardoMinistro das Comunicações

As “providências” tinham sido, na verdade, tomadas dez dias antes, quan-do a Anatel proibiu TIM, Claro e Oi de vender novas linhas. Foi o gesto mais incisivo da agência para com o setor, mesmo se for lembrada a suspensão das vendas de acesso à Internet pela Telefônica, em 2007.

Em si, a proibição de vendas du-rante os 11 dias da medida não teve nenhum efeito prático sobre a qualida-de dos serviços. Foi muito mais uma forma de dar peso às preocupações do órgão regulador sobre a degradação das redes de telecomunicações. Um alerta anabolizado.

Para liberar a comercialização das linhas, a Anatel exigiu que as empre-sas apresentassem planos detalhados de investimentos com foco na melho-ria de indicadores de rede. E pretende medir as evoluções desses indicadores a cada três meses.

colocou-o em uma saia justa.“Para minha falta de sorte, enquanto

eles tentavam conversar, a ligação caiu uma, duas, três vezes. A presidenta en-tão disse ao Lula: o Paulo Bernardo está aqui e vai tomar providências”, diz o ministro, relatando parte de um en-contro no Palácio do Planalto durante a primeira semana de agosto.

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“A MEDIDA DRÁSTICA DA ANATEL CRIA UMA CRISE E NÃO ATACA O PROBLEMA. A ANATEL, COMO ÓRGÃO REGULADOR, DEVERIA REAGIR CONTRA AS LEIS MUNICIPAIS. ATÉ PORQUE O PRÓPRIO GOVERNO ESTÁ CONSCIENTE DO PROBLEMA E TRABALHA EM UMA LEI FEDERAL SOBRE A QUESTÃO DAS ANTENAS”

Eduardo LevySinditelebrasil

Nos planos das operadoras há com-prometimento de mais recursos, mas com medidas de médio e longo prazo. A Claro, por exemplo, compro-meteu-se a antecipar R$ 1,5 bilhão. E o grande ‘desafogo’ será a construção de uma rede óptica submarina para escoar o tráfego Internet. Já TIM e Oi prome-teram aportar R$ 451 milhões e R$ 376 milhões, respectivamente.

A curto prazo, as teles dizem que precisam de uma ação do governo para ampliar a capacidade de serviços. “Qualquer melhoria de qualidade e co-bertura de sinais depende da instalação de antenas”, sustenta o sindicato nacio-nal das operadoras, o Sinditelebrasil.

E a falta de antenas não seria respon-sabilidade das empresas, mas sim das legislações municipais que restringem fortemente a instalação desses equipa-mentos. Segundo as teles, pelo menos

250 cidades – inclusive as

maiores do país – criam empecilhos

para novas ERBs.“A medida drástica da Anatel cria

uma crise e não ataca o problema. A Anatel, como órgão regulador, deveria reagir contra as leis municipais. Até

porque o próprio governo está conscien-te do problema e trabalha em uma lei fe-deral sobre a questão das antenas”, afi r-ma Eduardo Levy, do Sinditelebrasil.

O problema existe. Algumas ci-dades exigem das ERBs distâncias de 30 metros de qualquer habitação ou mesmo que 60% dos que vivem a 200 metros de uma antena concordem expressamente com a instalação. Por essas e outras, o Brasil tem o mesmo número de ERBs que a Itália, um país menor que Goiás.

INTERCONEXÃOO governo até admite que há o pro-

blema das antenas, mas não aceita inte-gralmente a argumentação. “A questão das antenas é apenas uma parte, não é o único nem o maior problema”, afi rma o superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, que determi-nou a suspensão das vendas.

Segundo ele, ao avaliar os pro-blemas, a agência identificou, por exemplo, muitas falhas em chama-das de longa distância – questão asso-ciada à capacidade dos backbones –; abusos na degradação do sinal, para »

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permitir que mais pessoas telefonem simultaneamente; ou mesmo inter-rupções deliberadas.

Parte do problema é uma distorção do modelo da telefonia móvel, que con-ta com forte incentivo para a ampliação da base de assinantes, ainda que eles não sejam capazes de remunerar as te-les dos custos envolvidos para que cada um possa falar ao telefone.

Mais de 200 milhões dos celulares

do país são pré-pagos. A grande vantagem desse mo-delo é a baixíssima barreira de entrada aos consumido-res, permitindo que mesmo brasileiros com renda muito baixa sejam capazes de con-tar com a facilidade da telefonia móvel.

Isso foi construído, no entanto, com base no subsídio propiciado pela tarifa de interconexão – que resulta em remunera-

L idar com a questão da interco-nexão não é simples. De um lado, a tarifa tornou-se uma

das principais fontes de receita das em-presas – a depender da operadora, entre as quatro maiores, o faturamento com esse quesito responde por 35% a 54% da receita líquida total. De outro, é esse modelo que sustenta , na prática, a uni-versalização dos celulares.

A agência determinou a redução da tarifa de interconexão de forma grada-tiva – ao fi m de três anos, o valor deve cair cerca de 26%. Mesmo assim, em 2014, o Brasil ainda terá uma tarifa que equivale a 10 vezes a cobrada em paí-ses europeus, por exemplo. Talvez por isso, a Anatel tenha resolvido abordar a

Vespeiro regulatórioMexer com a tarifa de interconexão é uma tarefa nada simples. Minimizar o impacto no pré-pago – que responde por mais de 200 milhões dos celulares ativos – é, sim, um desafi o para a Anatel

questão de outra maneira.A proposta em discussão do Plano

Geral de Metas de Competição prevê uma mudança na forma como a tarifa é cobrada entre as empresas. Atualmen-te, qualquer uso de outra rede gera dí-vida. Se a agência aprovar a proposta, que prevê o sistema bill & keep parcial, apenas o que exceder 60% do tráfego comum será cobrado.

Muito provavelmente, esse é um dos fatores que faz o Brasil ter uma das mais altas tarifas de interconexão do planeta. Análises técnicas da Anatel sobre o tema sugerem que esse movi-mento causa inefi ciência do sistema como um todo.

O presidente do órgão, João Rezen-

de, afi rmou que a Anatel “está estudan-do se há desbalanceamento de tráfego on-net”, valendo-se do anglicismo para conexões intrarredes. Mais importante, sugeriu novas ‘medidas regulatórias’ relacionadas às tarifas de interconexão (VU-M no jargão ‘anatelino’).

Essas tarifas – valores devidos para completar chamadas que usam redes de outras operadoras – são um dos pe-cados originais do modelo de serviços. Adotadas como incentivo ao desen-volvimento da telefonia móvel, trans-formaram-se na mais importante fonte individual de receitas das teles.

A tarifa de interconexão representa entre 35% e 54% da receita operacional das quatro grandes operadoras móveis. Funciona como uma espécie de subsí-dio que, de um lado, garante recursos simplesmente pelo recebimento de chamadas e, de outro, incentiva vanta-gens aos clientes que ligam para núme-ros da mesma rede.

Cautelosamente, a Anatel começou a abordar a questão determinando redu-ções no valor dessa tarifa – a primeira

TELECOM “A QUESTÃO DAS ANTENAS É APENAS UMA PARTE, NÃO É O ÚNICO NEM O MAIOR PROBLEMA”

Bruno RamosSuperintendente de Serviços Privados da Anatel

ção à operadora por chamadas recebidas por seus assinantes, mesmo que eles mes-mos praticamente não façam ligações.

Uma das mais recentes análises técni-

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cas da Anatel sobre o tema diz o seguin-te: “Apesar da alta competiç ã o, existem alguns problemas no mercado de tele-fonia mó vel, especialmente no que diz respeito à intensifi caç ã o do ‘efeito clube exclusivo’ decorrente da discriminaç ã o de preç os praticada pelas prestadoras mó veis entre as chamadas destinadas a usuá rios da mesma prestadora (on-net) e chamadas destinadas a usuá rios de outras prestadoras (off-net).”

As altas tarifas em chamadas entre empresas distintas tem como um dos efeitos o uso de diversos chips pelo mes-mo usuário. Para a agência, ter vários chips ou mesmo vários aparelhos “traz grandes prejuí zos do ponto de vista do bem-estar social minando a competiç ã o do setor”. Segundo dados do primeiro semestre deste ano, 80% das chamadas feitas no país são intrarredes.

Para a Anatel, com elas cria-se

em janeiro deste ano, e ou-tras duas a cada 12 meses. Nominalmente, o valor deverá cair de R$ 0,43 por minuto para R$ 0,31 por minuto em 2014.

Essa ação mais cui-dadosa está relacionada ao impacto no setor. É a tarifa de interconexão que viabiliza a existência de 200 milhões de celulares pré-pagos no país – linhas que não se pagam sem o subsídio. Segundo Bruno Ramos, da Superintendência de Ser-viços Privados (SPV) da Anatel, sem essa tarifa, os brasileiros mais pobres não teriam acesso à telefonia.

Ressalte-se, no entanto, que o custo das ligações feitas de celulares pré-pa-gos é, no melhor dos casos, o dobro da-quelas originadas em pós-pagos. Vale dizer que o sistema subsidia a entrada de novos assinantes, mas cobra caro pelo efetivo uso do serviço.

Nas palavras da própria Anatel, “a dependência [da tarifa] é fruto de deli-beração da empresa que decidiu viver

às expensas da interconexão; o cres-cimento do tráfego intrarrede é fruto dos preços irreais oferecidos para seus assinantes, que para usufruírem destas ofertas acabam se tornando assinantes de diversas prestadoras aumentando ar-tifi cialmente a quantidade de usuários do SMP [Serviço Móvel Pessoal].”

Mais Anatel: “A alta participação de usuários pré-pagos, que realizam muitas chamadas a cobrar, não justifi ca o elevado valor do VU-M. O serviço tem que sobreviver com tarifas justas e equilibradas. A massifi cação da telefo-nia móvel, além do que seria esperado, ocorreu devido à distorção inserida no mercado. Por longo tempo, as receitas com VU-M subsidiaram a aquisição de

terminais não só para usuários de baixa renda, mas também a aquisição de terminais mais sofi sticados.”

A análise técnica do ór-gão regulador conclui que “a redução da receita com in-terconexão redirecionará as prestadoras para a prestação

do serviço de originação de chamadas e evitará a oferta de planos de serviço que não guardam coerência com os custos dos serviços prestados, ou, pelo menos, não guardam coerência com os VU-M praticados.”

Em resumo, é da estrutura do mo-delo adotado infl ar artifi cialmente a telefonia móvel – e privilegiar a qua-lidade intrarrede frente ao conjunto do sistema. Porém, mesmo que se consiga efetivar as reduções nos valores – a Oi, empresa que mais depende da tarifa, judicializou a questão –, os R$ 0,31 por minuto após três diminuições ainda representam um patamar alto: é dez ve-zes o valor das mesmas tarifas adotadas na Europa, por exemplo.

“um cená rio de ausê ncia total de in-terconectividade de redes, implicando custos transacionais para os usuá rios, que passam a ter vá rios aparelhos e relaç õ es de consumo com vá rias pres-tadoras, inibiç ã o de externalidades positivas de rede inerentes a esse tipo de mercado, duplicaç ã o de infraes-truturas que nã o sã o economicamen-te viá veis, bem como difi culdade de atuaç ã o de novos competidores.”

“A ANATEL ESTÁ ESTUDANDO SE HÁ

DESBALANCEAMENTO DE TRÁFEGO ON-NET”

João RezendePresidente da Anatel

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INTERNET

RITO DEProvedores de Internet tentam ser ouvidos pelo governo, clamam pelo leilão de 3,5 GHz e pela

concessão da numeração para os serviços de VoIP, sonham com TV por assinatura,

somam recursos para redes de fi bra óptica, mas têm um desafi o pela

frente: reduzir o alto índice de informalidade no setor

PASSAGEM

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Apesar de ainda serem poucos os provedores que obtiveram licença do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) – cerca de 10 até o fi nal de julho –, há uma grande expectativa por parte dos Internet Service Providers (ISPs) quanto ao negócio. “O SeAC permite-nos entrar no jogo dos combos do qual não participamos hoje e justifi ca o investimento em uma rede de fi bra”, diz Marcelo Siena, representante dos pequenos provedores no Conselho Consultivo da Anatel.

Dados da agência reguladora mostram que os combos são ofertados, hoje, pelas prestadoras de serviço de cabo em cerca de 400 municípios, na maioria de maior poder econômico. E o IPTV começa a virar realidade no interior do Brasil. Até dezembro, o provedor Via Real, de Conselheiro Lafayete, em Minas Gerais,

vai lançar o seu serviço por meio da licença do SeAC. Para isso, se preparou: construiu uma rede de fi bra óptica que cobre também as cidades de Congonhas e Ouro Branco. Expectativa da empresa é conquistar, em um ano, 12 mil clientes.

Outro modelo é pela oferta de serviços. Um deles é o ISP TV, criado pela Algar Telecom e pela WDC Networks. Em três dias da ABTA, evento de TV por assinatura, realizado

em agosto, 95 provedores cadastraram-se no site do ISP TV reservando cidades para iniciar a operação. “Acredito que o ISP TV acertou na fórmula para ajudar os ISPs a completarem suas ofertas. A procura está sendo muito grande”, afi rma o diretor geral da WDC Networks, Vanderlei Rigatieri.

A expectativa inicial da Algar Telecom e WDC Networks era ter 100 provedores ofertando o ISP TV até o fi nal do ano, mas, diante da alta demanda, já dobra essa projeção. Atualmente, o ISP TV já está sendo utilizado por três provedores: Nova Friburgo (RJ), pela Gigalink; Caxias do Sul (RS), pela BitCom e Maringá (PR), pela iSuper. Os três projetos iniciais devem juntos garantir duas mil assinaturas.

O serviço ISP TV tem como proposta reduzir os custos dos provedores com headend, softwares e outros equipamentos essenciais para o empacotamento e distribuição do conteúdo televisivo. O princípio é que o operador seja apenas responsável pela distribuição do serviço ao usuário fi nal, por meio de sua rede de acesso, deixando toda a parte de empacotamento, negociação contratual, recepção dos sinais, entre outras etapas, para um agregador, papel que será desempenhado pela WDC Networks.»

Ana Paula Lobo

IPTV: SONHO DE CONSUMO

O s provedores de Internet querem mos-trar a sua ‘cara’ e, de certa maneira, conseguiram um tento quando a As-

sociação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) reuniu o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o presi-dente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, em seu 4º Encontro Na-cional, realizado no fi nal de julho na capital pau-lista. Mas têm um desafi o pela frente: unifi car os interesses e, principalmente, reduzir o alto índice de informalidade no setor.

Com o governo na plateia, a Abrint não se fez de rogada. Cobrou a realização ime-diata do leilão da faixa de 3,5 GHz ou, pelo menos, da fatia que poderia ser destinada aos provedores de Internet. O temor é que a licitação venha a ser mais uma vez adiada – o processo está engasgado desde 2007 – por falta de ‘caixa’ das grandes teles, que já se com-prometeram com a compra das licenças de 2,5 GHz e precisam reforçar suas infraestrutu-ras para atender à exigência de melhor quali-dade de serviços feita pela Anatel.

“Não queremos medidas protecionistas. Que-remos investir. Precisamos de radiofrequência. E o edital deve levar em conta as nossas condições. Não se pode fazer o edital pensando apenas em arrecadar”, enfatizou Wardner Maia, que se des-pediu do comando da Abrint no 4º Encontro da entidade. Ele lembrou que a venda da faixa está pendente, exatamente, por uma questão legal en-tre a agência reguladora e as teles. “Precisamos do nosso espaço para crescer. Sem frequência, não crescemos”, sustentou.

Frequência à parte, outro assunto dominou os pedidos dos provedores. E a mensagem foi dura para a Anatel. “Não somos autenticadores de ADSL. Queremos o que nos é de direito no regulamento do Serviço de Comunicação Mul-

de 400 municípios, na maioria de maior poder econômico. E o de 400 municípios, na maioria de maior poder econômico. E o IPTV começa a virar realidade no interior do Brasil. Até dezembro, IPTV começa a virar realidade no interior do Brasil. Até dezembro, o provedor Via Real, de Conselheiro Lafayete, em Minas Gerais, o provedor Via Real, de Conselheiro Lafayete, em Minas Gerais,

vai lançar o seu serviço por meio da licença do SeAC. Para isso, vai lançar o seu serviço por meio da licença do SeAC. Para isso,

os interesses e, principalmente, reduzir o alto os interesses e, principalmente, reduzir o alto

Com o governo na plateia, a Abrint não Com o governo na plateia, a Abrint não se fez de rogada. Cobrou a realização ime-se fez de rogada. Cobrou a realização ime-diata do leilão da faixa de 3,5 GHz ou, diata do leilão da faixa de 3,5 GHz ou,

‘caixa’ das grandes teles, que já se com-‘caixa’ das grandes teles, que já se com-

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timídia (SCM): o plano de numeração. Há 10 anos esperamos e nada acontece.” À mesa, o presidente do órgão regulador, João Rezende, não se furtou a falar sobre o tema.

Aos provedores, colocou não ser contrário ao plano de numeração para VoIP, mas

salientou que há preocupações do Mi-nistério da Justiça com relação à inter-

ceptação das chamadas. O entendimen-to do ministério é que o serviço de VoIP deve

ser feito sobre um IP fi xo e não randômico, como existe atualmente. De acordo com Re-zende, hoje, não há provedor VoIP oferecendo

serviço com o IP fi xo. Mas para Wardner Maia não há problema de tecnologia. “A interceptação é do IP. E não temos pro-blemas com IP. É tudo questão de querer de verdade dar a numeração VoIP para o

SCM. Isso vai mexer muito no mercado de voz. Acho que falta vontade de mudar, por isso o tema se arrasta há anos”, lamentou.

Com relação ao 3,5 GHz, apesar de ainda no campo da promessa, houve boa recepção do go-verno. O ministro das Comunicações disse estar disposto a negociar. Ressaltou que a presença dos provedores amplifi ca o projeto de massi-fi cação da banda larga no Brasil. Por sua vez, Rezende, da Anatel, afi rmou: “Se os provedores querem frequência, precisam entender que é um bem escasso e que é preciso defi nir um plano efetivo de negócios.”

A conselheira da Anatel Emília Ribeiro advertiu que para obter essa nova negociação com o governo está na hora de uma campanha pela legalização do segmento. Hoje, segundo dados do mercado, há cerca de 10 mil prove-dores atuando na informalidade; apenas 3.351 têm licenças para a oferta do SCM. “Se houver uma união dos provedores, eles passam a ter uma força nacional. Hoje, eles já representam dois milhões de assinantes. Com a legalização, haverá mais força ainda”, frisou.

BRASIL DOSPROVEDORES

em função do alto volume, pagam em torno de R$ 1. Já os provedo-res, em média, têm um custo de R$ 12. “Não queremos proteção, mas igualdade de direitos”, ressal-

tou Wardner Maia, da Abrint, no 4º Encontro Nacional de Provedores de

Internet e Telecomunicações.O governo sabe que lida com uma ques-

tão delicada. O chefe do departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, deixou claro que o colegiado formado pela Aneel, Anatel e ANP não funcio-nou. Isto porque, até hoje, apenas 10% dos ca-sos foram julgados. Para mudar essa situação, o governo está fi nalizando um decreto-lei sobre compartilhamento – que até o fechamento desta

Encontro Nacional de Provedores de Encontro Nacional de Provedores de Internet e Telecomunicações.Internet e Telecomunicações.

O governo sabe que lida com uma ques-O governo sabe que lida com uma ques-P ara acirrar a concorrência com as teles,

especialmente, nas localidades onde essas operadoras não têm interesse de investir devi-do à falta de retorno fi nanceiro, os ISPs arre-gaçam as mangas e estruturam um backbone paralelo com investimento prioritário em fi bra óptica. A tarefa é árdua. Se as teles têm difi -culdades, nos ISPs elas se avolumam. Um dos pontos mais críticos é o alto custo para ‘acen-der’ a fi bra óptica nos postes das concessioná-rias de energia. A Abrint informa que as teles,

“NÃO QUEREMOS PROTEÇÃO, MAS IGUALDADE DE

DIREITOS”

Wardner MaiaAbrint

»

INTERNET

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viço de Acesso Condicionado (SeAC). “Mas não é simples. Falta fi bra óptica no país.

O prazo de entrega dos fornecedores locais está em torno de 45 dias, mas já chegou a 60 dias. O custo é alto, e não temos acesso ao fi nanciamento de entidades como o BNDES e dos próprios ban-cos. Nós bancamos com os nossos recursos”, diz o presidente da ISP Shop, Tico Kamide.

Otimista com a demanda por novos serviços, o executivo faz um apelo. “Liberar as importa-ções de fi bras se faz necessário, desde, é claro, que elas passem pela certifi cação da Anatel.” Aliás, este é um ponto grave. Muitos provedo-res estão expandindo suas redes de fi bra óptica, mas assumem que estão usando fi bra não ho-mologada na agência reguladora, uma vez que a fi scalização é praticamente inexistente.

edição não havia sido publicado – no qual há pontos relevantes para ISPs e teles.

Coimbra antecipou que a gestão dos confl i-tos pelo uso de postes fi cará com a Anatel, con-forme o artigo 73 da Lei Geral de Telecomunica-ções, que determina que quem assume esse papel é quem aluga a infraestrutura e não a cessionária, no caso a Aneel. O decreto também fi xará um preço referência para o uso do poste para, enfi m, minimizar as diferenças entre teles e provedores.

À espera da nova regra, os provedores in-vestem como podem em redes de fi bra óptica. A paranaense ISP Shop é um exemplo. Com área de atuação em Maringá, já construiu 240 km de fi bra óptica com recursos próprios, atenta à oferta de banda larga e de IPTV. A empresa, inclusive, vai pedir licença de Ser-

Procurada pelo Convergência Digital, a Furukawa, que fabrica fi bra óptica no país, diz que liberar a importação não é a saída. “Fizemos um forte investimento para ter essa produção local, cerca de US$ 20 milhões, mas houve um sério problema de oferta de componentes. A única fábrica existente no mundo pegou fogo duas vezes. Faltou fi bra em todo o mundo”, argumenta o diretor de Operações da Furukawa, Helio Durigan.

Ele admite que já levou 60 dias para fazer uma entrega, mas que, hoje, esse prazo caiu para 30 dias, no máximo 45 dias. “Nos EUA, esse prazo está, atualmente, em 16 semanas. Já chegou a 20 semanas. Isso para provar que não é um problema

COM A VOZ, OS FABRICANTES

local”, acrescenta. Dados da Furukawa dão conta de que o mercado brasileiro tem uma demanda de cinco milhões de quilômetros de fi bra/ano, e a empresa quer fornecer 1,5 milhão.

O fabricante acena com outro grave problema para o setor: falta mão de obra para a instalação da fibra. “Não se tem profissionais disponíveis no mercado”, diz Durigan. Para ele, também há erro no planejamento dos investimentos. “É preciso dimensionar a necessidade e conversar com o fabricante. O que acontece é que em determinados há meses de excesso de pedidos e, em outros, falta. Isso impacta todo o cronograma de produção.”

“LIBERAR AS IMPORTAÇÕES

DE FIBRAS SE FAZ NECESSÁRIO,

DESDE, É CLARO, QUE ELAS

PASSEM PELA CERTIFICAÇÃO DA ANATEL”

Tico KamideISP Shop

Coimbra antecipou que a gestão dos confl i-Coimbra antecipou que a gestão dos confl i-tos pelo uso de postes fi cará com a Anatel, con-tos pelo uso de postes fi cará com a Anatel, con-

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