revista computer arts brasil #52

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50 Computer Arts Brasil O design é o limite 01 Glauco Diógenes __Fascinado pela linguagem visual da moda, Glauco começou sua carreira no design em 2000, aos 21 anos, quando conseguiu uma vaga de assistente geral na grife Forum. Em mais de 10 anos, fez Inspire-se com a trajetória de Glauco Diógenes, artista que ascendeu de assistente geral de uma grife ao comando da agência SuperNova Por: Diego Pires Glauco Diógenes é daqueles que querem, acreditam e conseguem. Prova disso é a sua própria trajetória, que o levou, ao lado da esposa e também designer Paola Lopes, ao comando da SuperNova, uma agência de design que evoluiu de seu trabalho como freelancer em São Paulo e que hoje amealha clientes como Santander, Petrobrás e São Paulo Futebol Clube. Mesmo com o estúdio montado, a vontade de Glauco parece não ter limites. “Quero montar uma agência nos moldes da Pentagram”, avisa. Para ele, o modelo de gestão e a integração homogênea entre disciplinas distintas, porém correlatas, é o grande diferencial da famosa agência multidisciplinar que tem sede em Londres, Berlim, Nova York e Austin. “Além disso, lá existe um comprometimento quase que pessoal em cada projeto. São valores que eu quero ver na SuperNova”, sonha. Tudo começou quando, ainda estudante de Administração na Universidade Cidade de São Paulo, se encantou pela linguagem trabalhos para clientes de diversos lugares do mundo. Com sua esposa, Paola Lopes, fundou o estúdio multidisciplinar SuperNova, que tem clientes como Santander, São Paulo Futebol Clube, Tok&Stok e Petrobrás.

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Perfil do Estúdio SuperNova e do Designer Glauco Diogenes para a Revista Computer Arts Brasil, ed. 52 - Dezembro de 2011

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Computer Arts Brasil

Perfil 51 Glauco Diógenes

O design é o limite

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Glauco Diógenes__ Fascinado pela linguagem visual da moda, Glauco começou sua carreira no design em 2000, aos 21 anos, quando conseguiu uma vaga de assistente geral na grife Forum. Em mais de 10 anos, fez

Inspire-se com a trajetória de Glauco Diógenes, artista que ascendeu de assistente geral de uma grife ao comando da agência SuperNova Por: Diego Pires

Glauco Diógenes é daqueles que querem, acreditam e conseguem. Prova disso é a sua própria trajetória, que o levou, ao lado da esposa e também designer Paola Lopes, ao comando da SuperNova, uma agência de design que evoluiu de seu trabalho como freelancer em São Paulo e que hoje amealha clientes como Santander, Petrobrás e São Paulo Futebol Clube. Mesmo com o estúdio montado, a vontade de Glauco parece não ter limites. “Quero montar uma agência nos moldes da Pentagram”, avisa. Para ele, o modelo de gestão e a integração homogênea entre disciplinas distintas, porém correlatas, é o grande diferencial da famosa agência multidisciplinar que tem sede em Londres, Berlim, Nova York e Austin. “Além disso, lá existe um comprometimento quase que pessoal em cada projeto. São valores que eu quero ver na SuperNova”, sonha. Tudo começou quando, ainda estudante de Administração na Universidade Cidade de São Paulo, se encantou pela linguagem

trabalhos para clientes de diversos lugares do mundo. Com sua esposa, Paola Lopes, fundou o estúdio multidisciplinar SuperNova, que tem clientes como Santander, São Paulo Futebol Clube, Tok&Stok e Petrobrás.

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Perfil 51 Glauco Diógenes

01 Glauco no mais novo camarote do Estádio do Morumbi, que ele customizou com ilustrações do goleiro Rogério Ceni. “Ir ao estádio é uma experiência

fantástica, e há diversas possibilidades visuais quando você analisa o universo do futebol”, comenta o designer, que é são-paulino

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Traduzimos o que acontece de legal no design, sem comprometer a funcionalidade do projeto para o cliente

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Perfil 53 Glauco Diógenes

02-03 A customização do camarote em homenagem a Rogério Ceni envolveu desenho manual, ilustração vetorial, impressão em larga escala e adesivação

04 A parceria de Glauco Diógenes com o São Paulo Futebol Clube começou em 2009: ele também

foi responsável por criar os ingressos comemorativos do aniversário de 50 anos do Estádio do Morumbi

visual dos outdoors da grife Forum e teve vontade de trabalhar lá. Acreditou que isso era possível e seu desejo se realizou. “Eu era tipo um office-boy, mas já estava lá dentro”, conta o artista. Mesmo sem muito contato com design dentro da empresa, trabalhar em uma grife foi

que hoje se chama Deep, e finalmente pôde se envolver com design gráfico em seu dia a dia. “Tudo acontecia em um ritmo muito rápido para alguém que estava começando, como eu”, confessa. “Não conseguia aprender direito, então resolvi sair.” Sem emprego, teve dificuldade para bancar os estudos. “Fiquei todo esse tempo fazendo bicos, até que alguns professores da faculdade me convidaram para trabalhar como produtor em uma gráfica”, lembra. E, com poucos dias no novo emprego, recebeu a proposta que mudaria sua carreira para sempre: foi chamado para trabalhar no estúdio

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suficiente para que decidisse abandonar o curso de Administração e ingressar no de Desenho Industrial. O alicerce de uma grande carreira começava a ser construído. Ao sair da Forum, Glauco foi trabalhar no Studio Baschenis,

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05-06 Em 2010, Glauco foi convidado para ilustrar uma linha de chuteiras da Umbro, criada especialmente para a Copa do Mundo

07 A ilustração que o designer fez para uma edição especial da vodca Absolut, em 2007, foi exibida em uma exposição

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do diretor de arte Giovanni Bianco. “Comecei como assistente geral, escaneando coisas e retocando imagens, mas, em pouco tempo, já fazia de tudo.” O contato que teve com outros profissionais abriu as portas para que, logo em seguida, começasse a trabalhar no estúdio brasileiro Grafikonstruct. Depois, vieram temporadas na Itália e na Espanha, quando procurou absorver o que pôde da diversidade cultural europeia. No final de 2005, de volta ao Brasil, fundou seu primeiro estúdio, batizado com seu próprio nome, e não parou mais de crescer. Graças à inteligência, qualidade e flexibilidade de seus trabalhos,

conquistou clientes como Cavalera, Absolut, MTV e Vogue, e seus projetos foram selecionados para coletâneas de logo e ilustração da editora Taschen, que reúnem algumas das melhores peças produzidas no mundo todo. Apesar do sucesso, sentiu necessidade de mudar sua imagem profissional. “Alguns clientes ainda me viam como freelancer”, justifica. “Acho que isso é uma característica do Brasil e, mesmo sabendo que o importante é o profissionalismo e a qualidade do trabalho, resolvi me adaptar a essa peculiaridade e mostrar que tenho estrutura para atender a qualquer tipo de cliente.” Assim nasceu a Supernova.

Com uma equipe remota formada por mais de 30 profissionais, a agência está a todo vapor e, mesmo assim, seu comandante ainda encontra tempo para se dedicar a trabalhos pessoais. “Não é fácil administrar tudo, mas, com experiência, a gente vai pegando o jeito”, diz ele. “Tenho feito muito mais reuniões do que antes, o que leva tempo. Mas, sempre que posso, coloco a mão na massa.” Em seus projetos comerciais, Glauco acha importante colocar as necessidades do cliente em primeiro lugar, sem impor ideias. “Claro que fazemos sugestões que acreditamos serem boas para o

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Perfil 55 Glauco Diógenes

08 Peça que Glauco criou para a campanha de lançamento da marca Accessorize London no Brasil

09 Cartaz e catálogo da mostra de cinema Caixa Cultural de 2010, que focou no trabalho do cineasta Wong Kar Wai

10 A mostra de cinema Clandestina Liberdade, promovida em 2008 pelo Banco do Brasil, também contou com a direção de arte e o design de Glauco em seus cartazes e catálogos

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projeto, mas nunca damos a palavra final”, explica. “Não queremos definir tendências. Não fazemos design só para designers, e sim coisas de que todo mundo pode gostar e entender. Acredito que conseguimos traduzir de maneira bastante particular o que acontece de legal no design, sem comprometer a funcionalidade

do projeto para o cliente.” A versatilidade da SuperNova também é um trunfo. “Conseguimos atuar em várias esferas, criando desde o logo até a aplicação da marca em smartphones, por exemplo”, explica. “Se, em um momento, a demanda está menor para determinado tipo de trabalho, podemos focar em outro. Assim, conseguimos penetrar em diversos mercados.” Para Glauco, o mercado de design brasileiro evoluiu muito nos últimos dez anos, mas também

está saturado. “Só na Grande São Paulo há milhares de empresas de design”, afirma. “Mas sempre há os que se destacam, que se atualizam constantemente e entendem as pessoas e suas necessidades.” Uma das coisas que aprendeu com o tempo foi que dominar habilidades técnicas é apenas uma fração do que é preciso para crescer profissionalmente. “Tem de estudar muito, entender o mercado, ter cultura, muita cultura, e evoluir constantemente”, aconselha. “Também é preciso ler e viajar. Não adianta passear em Amsterdã pelo Google Street View. Tem que ir lá, sentir o cheiro, caminhar na calçada, usar o bonde... Absorver tudo ao seu redor é fundamental. Quanto mais você

11 Ilustração inspirada na Copa do Mundo de 1970, criada para uma garrafa comemorativa da Coca-Cola para a Copa de 2010

12-13 Glauco criou ilustrações digitais especiais para ecobags feitas em ráfia para a loja de decoração Tok&Stok

fizer isso, mais ferramentas para fazer um trabalho diferenciado terá.” Apesar das incontáveis conquistas desde a época em que sonhava com outdoors, Glauco não quer ficar parado. E, sempre seguindo seu ideal de trazer a filosofia da Pentagram para sua agência, aposta na multidisciplinaridade. “Não me vejo me especializando em uma coisa só. Acredito que com a diversidade você consegue enxergar tudo com um olhar fresco, não viciado. E tem muita coisa que quero fazer, de cadeira a chinelo. Quero fazer tudo dentro do mercado de design.”

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