revista coffea - número 16

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ANO 5 - Nº 16 - Setembro/Dezembro - 2009

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Page 1: Revista Coffea - Número 16

ANO 5 - Nº 16 - Setembro/Dezembro - 2009

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Neste numero da revista Coffea destacamos a pesquisa, com trabalhos escolhidos entre aqueles apresentados no 35º CBPC, recentemente realizado, assunto de nossa reportagem. Na seção de recomendação tratamos da escolha das áreas onde plantar café e da necessidade de adubação equilibrada. As análises efetuadas mostram os tipos de atuação dos profissionais de agronomia e a importância da irrigação em ca feza i s . Na r epo r t agem mostramos o que aconteceu no 35º CBPC e contamos um pouco da história deste tradicional Congresso. Nos produtos e equipamentos destacamos 2 novos inseticidas, o uso acoplado de esqueletadeira e decotadeira, a nova sacaria e o equipamento moto-mexedor de café no terreiro.Graças aos recursos do convenio MAPA/ Fundação Procafé, foi possível editar este numero. Agradecemos à Secretaria de Produção e Agroenergia e ao DCAF do Ministério pelo apoio.Neste final de ano desejamos a todos nossos leitores boas festas e um ano de 2010 cheio de paz e realizações na cafeicultura, esperando que Papai Noel traga preços e renda melhores para o café.

Capa: Floração abundante em cafeeiro conillon, oriundo de mudas de semente, em área de altitude elevada, a 790 m, em São Domingos das Dores-MG. Plantio em dez;07, espaç. 3x1 m, florada em set;09. Foto do Eng. Agr. Márcio L. Carvalho.

REVISTA BRASILEIRA DETECNOLOGIA CAFEEIRA

FUNDAÇÃO PROCAFÉCONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA

NOTA DO EDITOR

REPORTAGEM

PESQUISANDO

RECOMENDANDO

PANORAMA

ANÁLISE

SÉRIE CLIMÁTICA

ENTREVISTA

PRODUTOS E EQUIPAMENTOS

Congresso de pesquisas de café fez 35 anos 03

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Eficiência da aplicação de Flutriafol via pivô-lepa, no controle da ferrugem e efeito tõnico em cafézalEfeito do gesso em cobertura na formação da lavoura associada ou não a cobertura morta como irrigação branca do cafeeiroDesenvolvimento de bandeja semeadora para semeio de caféProteção com sombra, no pós-plantio, favorecendo o desenvolvimento inicial de cafeeiros conillon em zona de altitude elevada, no Sul de MinasAtaque severo de phoma/ascochyta em cafeeiros conillon e resistência no robusta apoatã, em zona de média altitude no Espirito SantoIcatu IAC/Procafè 618 - tuiuiu, cultivar com boas características produtivas e resistência à ferrugem, com potencial de plantio comercialManejo simplificado no despolpamento e secagem do café pós-colheita, na Zona da Mata de MinasProdutividade do cafeeiro irrigado sob aplicação de diferentes doses de água residuária de suinoculturaEfeito da nutrirrigação por pulsos e convencional na produtividade do cafeeiro, no Sul de Minas GeraisQuantificação do processo de reciclagem de folhas em cafezais

Onde plantar café?A adubação da lavoura cafeeira deve ser racional e equilibrada

Programa Globo Repórter levanta a moral do café e da cadeia cafeeiraNovas publicações sobre manejo na lavoura cafeeiraCatucai vermelho 19/8 cv 380 - Japi, vai bem na zona montanhosa do Espirito SantoPlantio direto de sementes e de mudas de raiz nua formam bem a lavoura de café irrigada

Importância da irrigação em cafézais Sou agrônomo ou Engenheiro Agrônomo?

Chuva de inverno provoca perdas de qualidade dos cafés da safra 2009 e menor e desigual floração para a safra de 2010

Oswaldo Henrique mostra sua visão sobre o apoio governamental à cafeicultura

Moto virador de café no terreiro Nova sacaria para acondicionar o caféDois novos inseticidas, em desenvolvimento e lançamento, para controle do bicho-mineiro do cafeeiro.Esqueletadeira e decotadeira acopladas numa só operação, na poda de cafézais

RESPONDE

Neste número:ANO 5 - Nº 16 - Setembro/Dezembro - 2009

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CARTA AO CAFEICULTOR

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTOMinistro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold StephanesSecretário-Executivo do MAPA: José Gerardo FontelesSecretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes BertoneDiretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu FerreiraSecretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio PortocarreroSuperintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos

Fundação Procafé Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRASReitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes

REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRAAno 5: nº 16 - SETEMBRO/DEZEMBRO - 2009.

Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia, André L. Garcia e A. V. Fagundes - MAPA/Fundação Procafé, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.

Diagramação e Impressão: Gráfica Santo Antônio Ltda. - (35) 3265-1717 - Três Pontas-MG

Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cláudia Sgarboza e Thais N. Braga.

Tiragem: 2000 exemplares.

Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere37026-400 - Varginha/MG 35. [email protected]

e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro20081-250 - Rio de Janeiro/RJ21. [email protected]

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.

www.fundacaoprocafe.com.br

AGUARDAR PARA VER COMO É QUE FICANo ano de 2009, que estamos encerrando, foi difícil para a cafeicultura. Viemos de um custo de

produção elevado, em função da alta dos insumos. Em muitas regiões foi um ano de safra baixa. Mesmo assim, em função da crise e da queda do dólar, especialmente nestes últimos meses do ano, os preços do café não se elevaram, e, até caíram para os cafés de pior bebida e para o conillon.

Tivemos, agravando a situação, chuvas de inverno, que depreciaram a qualidade do café e tendem a prejudicar a produtividade e a qualidade da safra também de 2010, pela desuniformidade da florada (ver matéria da Série Climática, neste número). De qualquer modo teremos, por efeito do ciclo bienal, uma safra maior ano que vem. Agora os preços dos insumos baixaram, porem as perspectivas de preços futuros do café não são nada animadoras.

Tem havido muitas podas, abandonos e desânimo no setor produtivo do café. O Governo está tentando ajudar com prorrogações, créditos, opções etc (ver entrevista neste número). Devemos aguardar mais um pouco e ver como evolui a economia cafeira neste próximo ano. Se nada de novo e bom ocorrer, será, então, preciso adotar medidas mais arrojadas, com preços de garantia remuneradores, redução de oferta de café, via compra pelo governo, e outras soluções heterodoxas, pois do jeito que vai, lá na prente não sobreviveremos.

Ao produtor, assim, cabe trabalhar bem e aguardar mais um pouco para tomar a decisão mais correta sobre o que fazer com suas lavouras, se reduzir ou aumentar os tratos e suas áreas de café.

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03REPORTAGEM

Depois do primeiro vieram mais 34 edições e chegou-se a uma marca de muitos anos, do tradicional Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, neste ano acontecendo em Araxá, de 27-30 de outubro de 2009.

Apesar desse longo período de trabalho, em prol do desenvolvimento tecnológico da cafeicultura, o Congresso se renova, a cada ano, e o ânimo que os Técnicos demonstraram, ao apresentarem os seus trabalhos, parece embalado pela própria bebida – o café - que como se sabe é estimulante e revigorante. Mesmo os mais “experientes” não querem falar em aposentadoria.

Em Araxá estiveram reunidos, para apresentar e discutir as últimas novidades tecnológicas, as Equipes de pesquisadores ligadas às diferentes Instituições, das diversas regiões do pais. No mesmo fórum participaram os difusores de tecnologia, aqueles que fazem parte da rede de assistência aos cafeicultores, e, ainda, os produtores lideres e as autoridades ligadas ao setor. Mais de 700 participantes estiveram no congresso, a elite técnica da cultura cafeeira.

Na abertura Abertura do congresso Na abertura do Congresso, autoridades

importantes compareceram, como o Deputado Silas Brasileiro, o Secretário de Agricultura de MG Gilman Viana, representando o governador do estado, o Superintendente do MAPA em Minas, Antonio do Valle, o presidente da Caccer Francisco Assis.e o Secretário da agricultura de Araxá representando o prefeito municipal, o Dr Aguinaldo de Lima, presidente das câmaras setoriais de café do Mapa, o Secretário executivo da Fundação Pricafé, Osvaldo H. Paiva, o Diretor geral do Cecafé,

Guilherme Braga e o Presidente da Capal, Alberto Valle Junior Na solenidade de abertura foi promovido um debate sobre a política para o desenvolvimento da cafeicultura brasileira.

Do programa de abertura constaram, ainda, o lançamento de um livro sobre irrigação em cafezais, o lançamento da campanha “café seguro” e o dia-de-campo na Fazenda Experimental da CAPAL.

A organização do evento também prestou homenagens a pessoas que tem feito muitos trabalhos em prol do desenvolvimento da cafeicultura dos cerrados, sendo agraciados o Deputado Silas Brasileiro, o Dt. Aguinaldo J. de Lima, e os Agrônomos Roberto Santinato e José Edgard P. Paiva.

Trabalhos com qualidade Mais de 300 trabalhos de pesquisa foram

apresentados, sendo incluídos no livro dos anais, os quais, alem de ser discutidos, servirão como fonte de consulta posteriormente ao evento. Foi, ainda, editado um CD, este com os trabalhos do 35º e também das 2 edições anteriores do Congresso, o 33º e o 34º, os quais eram os únicos que ainda não se dispunha em CDs.

Os trabalhos trataram dos diferentes setores da cultura cafeeira, iniciando pelas doenças e pragas, pelos sistemas de plantio, nutrição, tratos culturais, fisiologia, colheita, preparo e qualidade do café, alem de estudos sócio-econômicos, agricultura de precisão e certificação. Cento e dois trabalhos foram apresentados oralmente durante os 3 dias de sessão em plenário

Os seminários, realizados no fim da tarde, todos os dias, discutiram temas mais aplicáveis à cafeicultura regional. O primeiro tratou da “Moderna

Congresso de pesquisas de café fez 35 anos

Mesa diretora dos trabalhos na abertura do Congresso. Da direita para a esquerda, Guilherme, Aguinaldo, Junior, Antonio do Valle, Gilman, Silas, Oswaldo Henrique, Francisco Sérgio e A. Wander.

Mesa diretora dos trabalhos na abertura do Congresso. Da direita para a esquerda, Guilherme, Aguinaldo, Junior, Antonio do Valle, Gilman, Silas, Oswaldo Henrique, Francisco Sérgio e A. Wander.

Alberto Valle Junior, presidente da CAPAL, recebe de OsWaldo Henrique, Diretor da Fundação Procafé a homenagem como a Colaboradora da pesquisa do ano de 2009, pela manutenção do campo experimental em Araxá.

Alberto Valle Junior, presidente da CAPAL, recebe de OsWaldo Henrique, Diretor da Fundação Procafé a homenagem como a Colaboradora da pesquisa do ano de 2009, pela manutenção do campo experimental em Araxá.

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04 REPORTAGEM

cafeicultura dos cerrados” nele atuando Dr Antonio Nazareno M. Guimarães, Reitor da UFLA. como coordenador e como palestrantes Francisco de Assis, da CACCER, fazendo um diagnóstico e Roberto Santinato e André Fernandes que falaram sobre nutrição e irrigação racionais para as lavouras do cerrado..

O segundo seminário abordou “A poda no manejo de cafezais,” sendo coordenador Roberto Thomazielo e palestrantes, J.B. Matiello, que falou das finalidades das podas no manejo e Alisson Villela e André Garcia, que discutiram a época e modo de podar e o uso da poda para safra zero.

No terceiro seminário o tema foi “Novas variedades de café”, sob coordenação de Carlos H. Carvalho e participação de S. R. Almeida, L.C. Fazuoli e Antonio A. Pereira, cada um apresentando as variedades novas desenvolvidas pelas suas Instituições e Equipes de trabalho.

Dia-de-campo serve de demonstraçãoO dia de Campo ocorreu na manhã do dia 30,

com demonstrações, nos campos experimentais, de irrigação, espaçamentos, adubação e variedades. Foram realizadas 5 estações de campo, a cargo doe Técnicos, J.B. Matiello e S.R. Almeida, que mostraram as novas variedades; R. Santinato, sobre adubação orgânica; Rodrigo Ticle, sobre espaçamentos; André Fernandes, sobre irrigação; e A.W. Garcia, sobre uso de gesso e silício.

O dia de campo na Estação Experimental da CAPAL/Convênio com a Fundação Procafé foi um ótimo instrumento para os participantes observarem, ao vivo, os resultados das pesquisas. A propósito, a CAPAL recebeu, da organização do Congresso, uma homenagem como a colaboradora da pesquisa cafeeira do ano de 2009..

Outras atividades e patrocinioDurante o evento foi possível, ainda,

conhecer as novidades sobre produtos e equipamentos, nos stands de empresas ligadas ao setor cafeeiro e apreciar a exposição de pinturas “café com arte” da artista Valéria Vidigal.

O Congresso teve o patrocínio do Ministério da Agricultura, da Fundação Procafé, da Embrapa-café, da UFLA, UNIUBE, e Secretaria de agricultura de MG, com a parceria local da CAPAL e da CACCER. Colaboram e apoiaram o evento as Cooperativas e Associações de cafeicultores, as Empresas de pesquisa e Universidades, o CNC, a ABIC, ABICS, o SEBRAE, o CECAFE. E Empresas produtoras de insumos e maquinário para a lavoura

cafeeiraA programação completa do Congresso pode

ser verificada no site: www.maiscafe.com.br ou www.fundacaoprocafe.com.br.

Durante o evento os trabalhos e as palestras foram transmitidas ao vivo pela internet. O colega Sérgio Parreira dá a dica para aqueles que não puderam acompanhar. Basta acessar: O Cardápio de Palestras está disponível em: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=20498&pag=1Coloquei também um link (banner) na pagina principal do MANEJO: http://www.peabirus.com.br/redes/form/comunidade?id=218.

Foi uma surpresa agradável a mensagem que recebi do Eng. Agr. e Pesquisador da Colômbia, Jairo Leguizamon, que acompanhou o congresso pela internet. Veja na mensagem original por ele enviada, o que el diz: Apreciado José B Matiello: Los felicito por la calidad del congreso de gran importancia para la Caficultura Brasileña y mundial. Tuvimos la oportunidad de seguir sus presentaciones vía Internet, con eficiente calidad.

CONGRATULACIONES y esperamos que el próximo congreso tenga las mismas facilidades.

A história dos congressosPara aqueles que acompanharam todos ou a

maioria dos Congressos de Pesquisas Cafeeiras vale a pena recordar, por onde passaram, ou quais estados e cidades onde ele foi realizado. Para os novos técnicos é bom conhecer a história e saber que muito trabalho foi feito, tendo eles a obrigação da continuidade.

Em 1973 foi o primeiro, em Vitória-ES, tendo o Estado recebido 4 edições do Congresso, sendo 3 em Guarapari, a 5ª, em 1977, a 20ª, em 1994 e a 31ª, em 2005.

O segundo Congresso ocorreu em Poços de Caldas-MG, em 1974, tendo o estado de Minas Gerais, pela sua localização centralizada na região cafeeira, recebido a grande maioria das edições do evento, ao todo 21, sendo: :em Caxambu o 4º - 1976, o 12º, em 1985, o 21º, 1995, o 28º, 2002 e o 34º, em 2008. Em Araxá ocorreram o 7º, em 1979, o 18º, em 1992, o 29º, em 2003 e o 35º, em 2009. Poços de Caldas recebeu mais 3 edições: a 10ª, em 1983, a 24ª, em 1998, e a 32ª, em 2006. Ainda em Minas, São Lourenço recebeu o 9º, em 1989, o 13º, em 1983 e o 30º, em 2004. As cidades em Minas que receberam uma edição do Congresso em cada foram: Varginha,

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REPORTAGEM 05

o 17º, em 1991, Três Pontas, o 19º, em 1993, Manhuaçu, o 23º, em 1997, Uberaba, o 27º, em 2001 e Lavras., o 33º, em 2007.

O estado do Paraná recebeu 3 eventos, o 3º em 1975, em Curitiba, e 11º, em 1984 e o 15º, em 1989, em Londrina e Maringá..

O estado de São Paulo teve 7 edições do Congresso: o 6º, em 1978, em Ribeirão Preto, o 8º, em 1980, em Campos do Jordão, o 14º, em 1987, em Campinas, o 16º, em 1990, em E. S. Pinhal, o 22º, em 1996, em Águas de Lindóia, o 25º, em 1999, em Franca e o 26º, em 2000, em Marilia.

O começo, os méritos e as lembrançasA grande motivadora do Congresso foi a

ferrugem do cafeeiro, que gerou a execução de um extenso programa de pesquisas para seu controle e, em seguida, a renovação de cafezais, programas nascidos no âmbito do IBC-GERCA, a partir de 1970. Tanto assim, que o primeiro congresso chamava-se de Congresso Brasileiro de Pragas e Doenças do Cafeeiro. A partir do segundo o nome mudou para pesquisas cafeeiras, pois o problema da ferrugem passou a ser tratado no todo da cultura cafeeira, com a necessidade de adaptação da tecnologia na condução de cafezais, para convivência com a temida doença.

A idéia do Congresso partiu do Eng. Agr. J.B. Matiello, com o imediato apoio do então Secretário Executivo do Gerca, grande incentivador da Equipe, o também Eng. Agr. José Maria Jorge Sebastião.

Muitas edições depois, sentimos saudades de alguns ilustres colegas que sempre participaram e que já se foram, podendo-se lembrar de Alcides Carvalho, Ângelo Paes de Camargo, Coaracy Franco, Adolpho Chebabe, Euripedes Malavolta, Kepler Araújo Netto, João da Cruz, Roberto Abreu, J. C. Zattar, sem falar de Paula Motta, que dirigiu o setor da produção cafeeira do IBC, que dirigia as atividades do congresso, por longos anos.

Alguns de nós, mesmo antigos, ainda continuamos, com a graça de Deus e, saibam, com bastante esforço. Os métodos mudaram, é natural. No inicio era o preparo dos trabalhos em máquinas de escrever, muitas ainda manuais. A apresentação se dava no retro projetor e nos projetores de slides. Agora é só no computador, pen drive e data show. Tivemos que evoluir junto com essas modernidades, que facilitam.

No entanto, o maior valor do pesquisador está nele mesmo, nas suas idéias, sua criatividade e muito no seu trabalho. Por isso, a ele dedicamos estas 35 edições do Congresso.

Os homenageados pelo trabalho em prol da cafeicultura, em especial a dos cerrados, R. Santinato, Aguinaldo Lima e Silas Brasileiro, ao centro o Secretário Gilman Viana e {a esquerda o Diretor Oswaldo Henrique

Os homenageados pelo trabalho em prol da cafeicultura, em especial a dos cerrados, R. Santinato, Aguinaldo Lima e Silas Brasileiro, ao centro o Secretário Gilman Viana e {a esquerda o Diretor Oswaldo Henrique

O movimento de inscrição na Secretaria do EventoO movimento de inscrição na Secretaria do Evento

Durante o Seminário sobre variedades de café, vendo-se o Coordenador Carlos em pé e na mesa os palestrantes Antonio Pereira, Fazuoli e Saulo Almeida

Durante o Seminário sobre variedades de café, vendo-se o Coordenador Carlos em pé e na mesa os palestrantes Antonio Pereira, Fazuoli e Saulo Almeida

Na barraca de recepção do dia de campo na Fda Experimental os visitantes chegam e enquanto esperam vão logo tomar o cafezinho e aproveitar os quitutes ali oferecidos.

Na barraca de recepção do dia de campo na Fda Experimental os visitantes chegam e enquanto esperam vão logo tomar o cafezinho e aproveitar os quitutes ali oferecidos.

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06 PESQUISANDOEFICIÊNCIA DA APLICAÇÃO DE FLUTRIAFOL

VIA PIVÔ-LEPA, NO CONTROLE DA FERRUGEM E EFEITO TÕNICO EM CAFÉZAL

J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé e V. Josino, E. C. Aguiar e R.A. Araújo, Tecs. Agrop. São Thomé

Os fungicidas do grupo dos Triazóis apresentam boa eficiência no controle da ferrugem do cafeeiro, sendo, aqueles de melhor absorção/translocação, eficientes também quando aplicados via solo, para absorção pelo sistema radicular.

O Flutriafol tem comprovada eficiência contra a ferrugem do cafeeiro, sendo especialmente indicado para uso via solo.

O sistema normalmente usado na aplicação via solo utiliza equipamento, manual ou tratorizado, que aplica, sobre o solo, um esguicho ou filete líquido com a calda fungicida, na linha junto aos troncos do cafeeiro, conhecido como sistema drench.

Em grandes plantações de cafezais, como aquelas que vem sendo feitas na região de Pirapora-MG, com irrigação em Pivô-Lepa, em plantios circulares, o sistema de aplicação em esguicho encontra dificuldades pelo menor rendimento operacional ( 7-10 ha/dia) e pode ter eficiência reduzida, pelo menor volume de água/calda veiculada (20-50 ml/pl), sobre grande quantidade de resíduos orgânicos sob os cafeeiros.

No sistema de plantio circular de café e com a irrigação em pivô-lepa, a aplicação da água coincide sobre a linha de cafeeiros, caindo ao solo sob a copa das plantas. Essa aplicação facilita a ferti-irrigação, sendo uma opção para outros produtos via água., sendo que a quimigação, visando o uso de inseticidas, fungicidas e outros defensivos via irrigaçãoainda é pouco estudada e utilizada.

No presente trabalho objetivou-se testar a

eficiência da aplicação de Flutriafol em um pivô-Lepa no controle da ferrugem em cafezal e avaliar o efeito tônico do produto.

O teste foi conduzido no ciclo 2008/09, em um pivô de 80 ha, com cafezal Catuai/144, com 4,5 anos, espaçamento 3,6 x 0,5 m, e produtividade de 95 scs/ha em 2009. Foi aplicada a dose de 5 litros/ha do produto Impact (Flutriafol 125 SC), com o pivô rodando a 100%, aplicando 8mm dágua. A aplicação única do Impact ocorreu em 20/11/08. O tratamento foi completado por uma aplicação foliar de Epoxiconazole a 0,6 l/ha em 27/fev/09 mais duas foliares anteriores, em dez/jan, com cobre mais micro-nutrientes. Duas linhas (pequenas) de cafeeiros no centro do pivô não receberam o Impact via solo (sendo fechadas as lepas durante a aplicação) , só recebendo o tratamento normal, foliar, com 2 aplicações de Epoxiconazole e 2 linhas ficaram sem qualquer tratamento.As avaliações da doença foram efetuadas em junho, no pico da doença tomando-se amostragens de folhas ao acaso, 10 de cada planta, em seu terço médio, em 30 plantas ao acaso por tratamento. Após a colheita, em julho/09 avaliou-se a desfolha em 4 ramos ao acaso /planta, nas mesmas plantas.

Resultados e conclusões:Os resultados das amostragens de infecção e

desfolha nos cafeeiros do campo estão colocados no quadro 1.

Quadro 1- Infecção e desfolha em cafeeiros sob tratamentos com fungicida Flutriafol, via pivô-Lepa, Pirapora-MG,2009.

De acordo com os dados do quadro 1 observa-se a forte evolução da ferrugem nos cafeeiros do tratamento testemunha, atingindo 87% de infecção, função das boas condições de umidade e calor e devido à alta carga pendente na lavoura. Nessas condições favoráveis à doença, mesmo tratamentos eficientes como o uso das aplicações foliares de Epoxiconazole permitiram um avanço significativo da

ferrugem e uma desfolha superior a 60%. No tratamento onde entrou o Impact no solo, via Lepa, os níveis de infecção e desfolha foram muito inferiores.

O que chamou mais a atenção do tratamento com o Impact foi o bom enfolhamento que a lavoura apresentou no pós-colheita, mesmo após a alta produção colhida (95 scs/ha), mostrando que alem do controle da ferrugem houve um efeito

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PESQUISANDO 07

EFEITO DO GESSO EM COBERTURA NA FORMAÇÃO DA LAVOURA ASSOCIADA OU NÃO A COBERTURA MORTA

COMO IRRIGAÇÃO BRANCA DO CAFEEIRO

R. Santinato – Eng. Agr. – MAPA/Procafé – Campinas – SP, R. F. Ticle – Eng. Agr. e A. R. Silva – Tec. Agr., Capal – Araxá – MG, V. A. Silva – Eng. Agr. - Paula Souza – E. S. Pinhal – SP

e G. D' Antonio – Eng. Agr. – Grupo IBRA – Campinas – SP

Alguns produtores tem utilizado o gesso em cobertura do solo, em faixa, objetivando manter uma maior umidade em beneficio ao cafeeiro, sem considerar possíveis implicações químicas do solo. Esta prática tem recebido a denominação de Irrigação Branca pelos técnicos/produtores adeptos a ela. Alguns trabalhos experimentais recentes, realizados em Varginha-MG, não apresentaram respostas positivas com a irrigação branca ,ficando significativamente inferior à irrigação. Neste sentido, no presente trabalho objetiva-se avaliar esta prática durante a formação da lavoura ,nas condições do cerrado de Araxá-MG ,comparativamente com o café irrigado e com o sequeiro tradicional.

O ensaio esta instalado no Campo Experimental da Cooperativa Agropecuária de Araxá Ltda. (CAPAL), em Solo LVE cerrado – argiloso, 980m de altitude, declive de 4% como cultivar, utilizou-se do Catuai Vermelho IAC 144, no espaçamento 4 x 0,5m (5.000

pl/ha). A condução dos tratos culturais, fito-sanitários e nutricionais seguiram as recomendações do MAPA/ Procafé para a região.

Os tratamentos em estudos são:1. Irrigação por gotejamento (IG);2. Sem irrigação (SI);3. Sem irrigação + gesso 5 ton/ha/ano (SI 5G);4. Sem irrigação + gesso 5 ton/ha/ano mais cobertura do mato (SI 5G+M);5. Sem irrigação + gesso 7,5 ton/ha/ano (SI 7,5G);6. Sem irrigação + gesso 7,5 ton/ha/ano cobertura do mato (SI 7,5G+M).

O delineamento experimental é de blocos ao acaso com quatro repetições e parcelas de 30m, sendo as úteis as 10m centrais com bordadura comum.

O gesso foi aplicado logo após o plantio sobre a linha, em faixa de ± 50 cm e repetido nos anos subseqüentes aos 18 e 24 meses totalizando 3 aplicações.

tônico do produto. As plantas tratadas apresentaram, no final do ciclo produtivo, um bom enfolhamento, folhas verdes escuro e sem qualquer seca de ponteiros, projetando para o próximo ano uma safra de cerca de 50 scs/ha, que seria improvável diante do stress natural, que ocorre com os cafeeiros após uma safra muito alta.

Outra observação interessante efetuada no pivô foi o aparecimento de uma pequena fatia de cafeeiros, tipo uma lista clara, de cafeeiros desfolhados, 5-7 por linha circular, visível no sentido do raio do pivô, do centro até a periferia, resultado da falta de aplicação do produto. Esta falha foi devida ao pequeno espaço de tempo entre o inicio da rodagem do pivô antes da efetiva injeção da calda fungicida junto à água de irrigação.Os resultados obtidos e as observações de campo permitiram concluir que:- A aplicação do Flutriafol no solo, via Pivô-Lepa, é eficiente no controle da ferrugem do cafeeiro;- O uso do Flutriafol traz um bom efeito tônico, melhorando o enfolhamento e o potencial produtivo dos cafeeiros;- A aplicação via Pivô – Lepa é rápida e não representa gastos operacionais adicionas.

Cafeeiros tratados com o Impact via pivoCafeeiros tratados com o Impact via pivo

Cafeeiros da parcela sem tratamentoCafeeiros da parcela sem tratamento

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08 PESQUISANDO

A cobertura morta era precedida da roçada do mato. direcionando a massa verde sob a saia dos cafeeiros. A irrigação do tratamento nº 1 foi feita de acordo com o balanço hídrico por gotejamento.

Resultados e conclusões:O quadro 1 demonstra os resultados da 1ª e 2ª

produções, onde verifica-se, na 1ª produção, a superioridade significativa do tratamento com a irrigação (+19%) em relação aos sequeiro, em e consequencia do déficit hídrico elevado, de 186mm. Os tratamentos com gesso ou gesso mais cobertura morta não diferem do sequeiro sendo ligeiramente inferiores.

Na 2ª produção, não houve diferença com o tratamento irrigado, em vista do ano com déficit hídrico baixo (136 mm) são prejudicial. No gráfico 1 demonstra-se a média das duas 1ª safras (1ª Biênio) e a 1ª e 2ª safra individualizada: Nos gráficos 2, 3, 4 e 5; respectivamente para Ca, Mg, K e S tem-se os valores no solo e foliar das análises aos 42 meses.

Verif icou-se que o Calcio aumentou significativamente no solo em todas as profundidades 0-10; 10-20 e 20-40, e a análise foliar não apresentam correlações com os teores do solo. O Magnésio diminuiu significativamente na presença do gesso, sem diferenciar de dose e profundidade, sugerindo que tenha sido levado para camadas mais profundas que 40 cm. Houve uma

correlação com os teores foliares, estes deficientes de Mg, nos tratamentos com gesso; com teor médio de 2,78 g/kg. O K praticamente não sofreu alterações significativas, sendo ligeiramente inferior do gesso 1,6 a 2,1 contém 1,8 a 2,4 mmolc/dm³. Não há correlação entre teores foliares e teor do solo. O Enxofre aumentou em todas as profundidades sendo teores maiores com 7,5 ton/ha que com 5 ton/ha; estes com 100 a 190 mg/dm³ de S, contra 34 a 55 mg/dm³ das testemunhas sem gesso.

Até a 2ª safra do cafeeiro (42 meses) pode-se concluir que:1. As doses de gesso (5 e 7,5 ton/ha/ano) no total de 15 ton/ha e 22,5 ton/ha não diferem do padrão sequeiro, sendo inferior à irrigação; não funcionando, portanto, como prática para substituir a irrigação; mesmo com cobertura morta associada ao gesso.2. As doses de gesso elevam significativamente o cálcio no solo nas 3 camadas (0-10; 10-20 e 20-40 cm), sem correlação com os níveis foliares.3. As doses de gesso reduziram os teores de K, e não houve correlação foliar.4. As doses de gesso foram reduzindo o Mg significativamente (altamente) nas camadas estudadas e mostram uma correlação foliar com níveis deficientes.5. O enxofre elevou-se significativamente com as doses de gesso,em 2 a 3 vezes, para sem correlação com os teores foliares.

Quadro 1 - Produções iniciais de cafeeiros sob efeito do gesso como irrigação branca na formação da lavoura com ou sem abertura morta

DESENVOLVIMENTO DE BANDEJA SEMEADORA PARA SEMEIO DE CAFÉ

J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa; Procafé e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Café Brasil, M.L Carvalho, Eng. Agr. e Ronaldo Werner Eng. Mecanico. Fda Realeza

A operação de semeio de café, mais usual sob a forma de colocação direta das sementes sobre o substrato, é feita de forma manual, posicionando, individualmente, cada uma a duas sementes, no centro dos recipientes, como as sacolinhas de polietileno, cheias de terra mais esterco mais adubo químico. Esta operação manual é lenta, sendo que um trabalhador pode semear, em média, 3 mil sacolinhas por dia.

Em outras culturas, onde se exige grande numero

de plantas, como ocorre com as hortaliças, o semeio é feito, em sua maior parte, em sistemas automatizados, em máquinas munidas de bandejas semeadoras, muitas a vácuo. O uso de sistemas de semeio mais rápido de sementes de café não havia, ainda, sido testado.

O objetivo do presente trabalho foi o de desenvolver e testar uma bandeja semeadora, para facilitar o semeio de café.

A idéia surgiu na medida em que, para plantios

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PESQUISANDO 09

adensados se exige grande numero de mudas e, para tal se exigia sistemas de produção de mudas mais econômicos. A primeira etapa foi a introdução da produção das mudas em bandejas plásticas, com células menores e de forma regular, à semelhança do que se usa na produção de mudas de hortaliças, de fruteiras e de essências florestais. Essa distribuição simétrica dos recipientes com o substrato despertou a atenção para a possibilidade do uso de uma bandeja semeadora de café.

Foi efetuado um trabalho de desenvolvimento e testagem na Zona da Mata de Minas Gerais, em Realeza, na Fazenda Ouro Verde. A bandeja semeadora e o marcador foram desenvolvidos a partir do envio de sementes de café e das bandejas plásticas que seriam usadas para as mudas, a fim de servir de base para a modelagem do marcador e bandeja semeadora, com o dimensionamento das células e das distâncias entre elas. A modelagem foi feita pela Empresa Semeart, especializada na confecção de bandejas semeadoras. O modelo fabricado foi testado em viveiro, para semeio e formação de 200 mil mudas de café na Fazenda Ouro verde, no ciclo 2008/09.

A bandeja foi desenvolvida a partir de madeira tratada, protegida, pintada e o molde final foi feito de plástico modelado quente e prensado. Para facilitar o semeio foi feito, também, um marcador, semelhante a uma tábua, com protuberâncias, para fazer pequenas concavidades sobre o substrato, no centro das células, onde ficarão as sementes. Este marcador foi feito de madeira protegida e pintada.

A bandeja semeadora, possui depósito de sementes, onde as sementes de café são colocadas, em pequena quantidade (cerca de 250 g). Este depósito possui, de um lado, uma separação, com concavidades distanciadas de 4,5 cm, onde as sementes, uma de cada vez, se encaixam. Então, a bandeja semeadora é colocada sobre as bandejas plásticas cheias do substrato, elas são coincididas e logo abre-se a lamina inferior, deixando cair uma semente em cada célula do substrato, semeando, de uma vez, cada bandeja, com 72 células e que resultarão em 72 mudas. Repete-se a operação em outra bandeja e, rapidamente, semeia-se todo o viveiro. Em seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do substrato sobre as sementes e está pronto.

Resultados e conclusõesO rendimento observado no semeio com a

bandeja semeadora foi o equivalente a 3.600 mudas por hora trabalhada ou em média 30.000 mudas por dia. Pode, eventualmente, ocorrer falhas, observadas no teste, sendo menos de 3% de falhas, podendo ser feito, rapidamente, um repasse manual complementar, para ajuste do semeio feito com a bandeja semeadora.

No teste efetuado, após o período de 5 meses as mudas semeadas tiveram uma formação uniforme, com plantas normais, sem problemas de parte aérea ou de sistema radicular. Com base no estudo de desenvolvimento e testagem da bandeja semeadora, em escala de viveiro comercial, concluiu-se que: a) É possível semear as sementes de café através de bandejas semeadoras que permitem o semeio de várias sementes de uma só vez.b) Com a bandeja semeadora pode-se obter alto

rendimento na operação de semeio.c) A bandeja semeadora pode ser adaptada a qualquer tipo de recipiente de mudas, desde que sejam distribuídos com boa regularidade em seu arranjo. Para tanto podendo ser encomendadas bandejas especialmente modeladas.

Na primeira etapa da semeadura, a tábua marcadora é colocada sobre a bandeja com substrato, para fazer pequenas depressões, onde ficarão as sementes

Após à semeadura cobre-se as sementes com

o substrato e molha-se

Uma vez acionada a abertura, apenas uma semente é depositada em cada recipienteUma vez acionada a abertura, apenas uma semente é depositada em cada recipiente

Aqui pode-se observar a bandeja semeadora com o conjunto de sementes e cada orifício vai encaixar apenas uma semente

Aqui pode-se observar a bandeja semeadora com o conjunto de sementes e cada orifício vai encaixar apenas uma semente

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10 PESQUISANDO

PROTEÇÃO COM SOMBRA, NO PÓS-PLANTIO, FAVORECENDO O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CAFEEIROS CONILLON

EM ZONA DE ALTITUDE ELEVADA, NO SUL DE MINAS

J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. e R. A. Ferreira, Tec. Agr. Mapa/procafé e Carlos Alberto M. Rabello Jr. Eng. Agr. Bolsista, Fundação Procafé

O cafeeiro robusta, da espécie Coffea canephora é tradicionalmente cultivado e adaptado em regiões de baixa altitude, em condições de temperaturas médias anuais na faixa de 22-25º C. No Brasil se cultiva a cultivar Conillon, em lavouras a pleno sol, à semelhança das plantações de arábica, porem, em paises da África e Ásia, são comuns plantações de robusta sombreadas.

A melhor cond ição de adap tação e desenvolvimento das plantas de café em ambiente de sombra é bastante conhecida para a fase de produção de mudas, em viveiros, onde ocorre maior fotossíntese e crescimento sob meia-sombra.

No pós-plantio, as mudas, ainda pequenas, tem sua folhagem bem exposta ao sol. Nas regiões quentes, onde se cultiva o robusta-conillon e algumas lavouras também de variedades arábica, tem sido observadas respostas positivas no desenvolvimento inicial de cafeeiros sob sombra provisória. (Matiello J.B. et alli, in Anais do 14° CBPC, p. 19, 1987 e Matiello J.B. et alli, in Anais do 30º CBPC, p. 2, 2004).

Nas regiões tradicionais de cultivo de conillon, no estado do Espirito Santo, Vale do Rio Doce em Minas e Sul da Bahia, é prática indicada e muito usada a proteção inicial, no pós-plantio das mudas de conillon, com hastes de palmeira.

Com o interesse de produtores no plantio do conillon em regiões de altitude mais elevada, com temperaturas mais baixas e menor insolação, porem com mais ventos frios, torna-se necessário estudar a prática de proteção das mudas no pó-plantio nessas novas condições ambientais.

O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o efeito de diferentes tipos de proteção de mudas de conillon em região de altitude elevada, no Sul de Minas Gerais.

Foi conduzido, em sua primeira fase, um ensaio, na Fex da Fundação Procafé, em Varginha, a 950 m de altitude, com 4 tipos de proteção no pós plantio de mudas de conillon. O ensaio foi delineado em blocos ao acaso, com 5 tratamento, 5 repetições e 6 plantas por parcela.

As mudas de conillon, com 6 pares de folhas, formadas em sacolinhas plásticas comuns, foram plantadas, em fev/09, no espaçamento de 3,5 m x 1m, sendo aplicados os tratamentos discriminados no quadro 1, constando do plantio normal, a pleno sol; o plantio mais profundo, com a cova protegida com capim, sobre o solo;

a proteção de sombra com 2 pequenas porções ou lascas de bambu gigante e a proteção com plantas de milho, plantadas em 2 modos, na linha, entre covas e nas ruas, em 2 fileiras laterais em relação à linha dos cafeeiros.

Os tratos foram os normais indicados no pós plantio, sem uso de irrigações ou molhações.

As avaliações, nessa primeira fase, constaram da verificação do pegamento e da altura das plantas aos 6 meses pós-plantio. Foi efetuada a análise estatística com a comparação pelo teste de Scott-Knott a 5%.

Resultados e conclusões:Os resultados de avaliações do pegamento das

plantas e do seu crescimento em altura constam do quadro 1.

Quadro 1 - Pegamento de mudas, em numero de plantas vivas epercentagem, e altura das plantas, em Cm, no ensaio de diferentes modos de proteção de plantas de conillon no pós-plantio, Varginha-MG, 2009.

Cafeeiro jovem plantado com proteção, sob palha de coqueiroCafeeiro jovem plantado com proteção, sob palha de coqueiro

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11PESQUISANDO

De acordo com os dados do quadro 1 verificou-se que as plantas sem proteção (trat 1 e 2) apresentaram um baixo nível de pegamento, enquanto aquelas com proteção, especialmente o tratamento 5, com proteção imediata de colmos de bambu, apresentaram um pegamento superior significativamente. Quanto à altura das plantas não foram observadas diferenças s ign i f i ca t ivas , embora se ve r i f i ca me lhor desenvolvimento e melhor aspecto no tratamento 5.

Comparando-se os tipos de proteção observa-se que o plantio fundo, com capim, não funcionou. Quanto ao plantio de milho houve boa melhoria em relação ao tratamento sem proteção, com vantagem do plantio na linha, com menor numero de plantas de milho. No plantio lateral houve um excesso de plantas de milho, que concorreram inicialmente com as plantas de café. Também um desempenho ligeiramente inferior pode ser atribuído à demora inicial na proteção de sombra, apesar do plantio do milho ter sido feito cerca de 1 mês antes do plantio do café.

As observações de campo mostraram que as mudas sem proteção apresentaram no inicio folhas amareladas, seguindo-se rápida desfolha, ficando somente o último par no topo das mudas, muitas apresentaram seca do ponteiro, emitindo grande numero de brotos na parte baixa do caule. As folhas novas saíram com tamanho pequeno. As mudas protegidas mantiveram as folhas velhas, cresceram novas de tamanho grande e de cor verde escura. Pelo aspecto das plantas no campo foi possível classificar os tratamentos em ordem decrescente, assim: 5, 3, 4, 1 e 2.

Os resultados das avaliações e as observações de campo permitem concluir que mesmo em regiões mais frias a proteção das mudas de conillon melhora o pegamento e desenvolvimento das plantas no pós-plantio. Para a proteção com milho deve-se cuidar para seu plantio mais antecipado e no uso de menos plantas (sementes) na base de 1 planta cada 0,5 m.

O efeito benéfico da cobertura e proteção das mudas deve estar relacionado com a redução da perda de água, a proteção contra o excesso de insolação e ventos e, principalmente, pelo melhor índice fotossintético na folhagem sombreada. Isso se depreende, pois, quando mudas amareladas e sem desenvolvimento são cobertas elas logo mudam a coloração da folhagem e crescem folhas grandes. Com o crescimento das plantas o auto-sombreamento elimina os problemas iniciais.

ATAQUE SEVERO DE PHOMA/ASCOCHYTA EM CAFEEIROS CONILLON E RESISTÊNCIA NO ROBUSTA APOATÃ,

EM ZONA DE MÉDIA ALTITUDE NO ESPIRITO SANTO

J.B. Matiello, Eng Agr Mapa/Procafé e C.A. Krohling, Eng Agr Consultor

O complexo de doenças que é causado pelo ataque de fungos dos gêneros Phoma e Ascochyta está relacionado com a ocorrência de baixas temperaturas e alta umidade, condição presente nas regiões de altitude elevada, onde se cultiva variedades de café arábica.

Na região tradicional de cultivo do café robusta-conillon, como ocorre no estado do Espírito Santo, as altitudes são baixas, inferiores a 300m, e o clima é quente e seco, ai não tendo sido observados problemas de ataques de Phoma/Ascochyta.Tem havido interesse de produtores no cultivo de

cafeeiros robusta em regiões de altitudes mais elevadas, justificando estudos para observação dos problemas com doenças nessa nova condição ambiental de cultivo.

No presente trabalho relata-se as observações sobre a ocorrência e resistência a Phoma/Ascochyta em 2 regiões onde se cultiva cafeeiros robusta em altitudes mais elevadas.

As observações foram feitas em campo de produção de sementes de Apoatã em Marechal Floriano-ES, a 650 m de altitude e no CEPEC em Martins Soares a 740 m de altitude, também com Apoatã, e numa lavoura

A proteção com palha pode ser usada no replantio de falhas, como se observa na foto.A proteção com palha pode ser usada no replantio de falhas, como se observa na foto.

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12 PESQUISANDO

comercial, de conillon, a 520 m de altitude, também em Marechal Floriano.

No período frio do ano, de maio a agosto de 2009, foi avaliada a ocorrência de Phoma/Ascochyta, através da observação dos sintomas nas folhas, ramos e nos botões florais, com verificações em períodos pós-ocorrência de chuvas finas e continuadas, condição que favorece o ataque. As avaliações foram feitas sempre comparando o ataque nos cafeeiros robusta em relação a cafeeiros arábica na mesma área.

Resultados e conclusões:As observações de campo sobre a ocorrência de

Phoma/Ascochyta em cafeeiros robusta mostraram que não foram constatados sintomas da doença nos cafeeiros Apoatã, em nenhuma das áreas observadas, confirmando observações anteriores dos autores sobre provável resistência desse material genético a este complexo de fungos. Já, para os cafeeiros conillon, verificou-se um forte ataque da doença na condição de altitude um pouco mais elevada, atacando folhas, ramos e, principalmente,

afetando botões florais e inflorescências, queimando-as em nível grave. Nesse cultivar, ainda não foram observadas quaisquer plantas que apresentassem resistência. Verificou-se, somente, algumas plantas com menor ataque dentro da plantação. Em um talhão, da variedade Catuai, as plantas apresentavam ataque da doença em níveis muito inferiores, em relação ao forte ataque no Conillon, parecendo ser este cultivar robusta mais susceptível do que o padrão arábica.

Pode-se concluir que a cultivar de robusta Apoatã apresenta boa resistência ao complexo Phoma/Ascochyta, enquanto a cultivar Conillon pode ser severamente atacada por essa doença, quando cultivada em condições de temperatura e umidade favoráveis, as quais ocorrem em zonas de altitude mais elevadas.

Deste modo, deve-se adotar cuidados de acompanhamento e controle de Phoma/Ascochyta nas lavouras de conillon em altitudes mais elevadas, devendo-se buscar, no futuro, a adoção de plantio de clones obtidos de plantas de robustas mais resistentes a estas doenças.

ICATU IAC/PROCAFÈ 618 - TUIUIU, CULTIVAR COM BOAS CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E RESISTÊNCIA À

FERRUGEM, COM POTENCIAL DE PLANTIO COMERCIAL

J.B. Matiello, e S.R. Almeida, Engs. Ars. Mapa/Procafé, L.C. Fazuoli, Eng. Agr. IAC, A. R. Queiroz, Eng. Agr. Mapa/Procafé e C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa-Café.

A pesquisa para combinar resistência à ferrugem e produtividade em variedades de café foi iniciada, na Seção de Genética do IAC, mesmo antes do aparecimento da doença no Brasil, em 1970. Uma das linhas de trabalho desenvolvida foi aquela a partir de cruzamento inter-

especifico de arábica com o robusta, que deu origem ao material de Icatu.

Inúmeros ensaios foram conduzidos ao longo das 3 últimas décadas procurando avaliar a produtividade e a resistência de diferentes seleções doe Icatu. Algumas

Rosetas de frutinhos da cultivar Apoatã,sem ataque de PhomaRosetas de frutinhos da cultivar Apoatã,sem ataque de Phoma

Botões e frutinhos de conillon, a 520 m de altitude queimados por ataque de PhomaBotões e frutinhos de conillon, a 520 m de altitude queimados por ataque de Phoma

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13PESQUISANDO

linhagens foram lançadas, como os Icatus Vermelhos 4040 e 4045 e os amarelos 2944 e 3282(precoce). No geral, houve pouca aceitação do Icatu, tendo em vista sua produtividade inferior aos padrões Mundo Novo e Catuai, sua pequena tolerância à seca, seu porte alto, seus problemas de qualidade das sementes, com linhagens de frutos muito pequenos, como o 3282, ou com muitos conchas, como o 2944. Alem disso, a rápida perda de resistência à ferrugem foi a característica que mais pesou nas dificuldades de expansão dos plantios de Icatu.

Apesar dessas dificuldades os trabalhos de seleção foram continuados e no âmbito do Procafé foram destacadas 2 linhagens que tem apresentado ótima capacidade produtiva e resistência à ferrugem, tratando-se da Linhagem de Icatu Amarelo 2944 cv 859 cv 190, e da linhagem de Icatu Vermelho que se originou da LC 3696. A linhagem 2944-859-190 tem apresentado problemas de um índice elevado de conchas, tem diâmetro de saia muito grande e é menos tolerante a stress hídrico.

O objetivo do presente trabalho é relatar os bons resultados obtidos, ao longo de 24 anos, inicialmente no IBC e depois no Procafé, em parceria com o IAC, com a seleção dentro da linhagem 3696, visando melhorar suas características, buscando seu potencial de plantio em escala comercial.

A primeira referência de introdução da linhagem 3696, oriunda do IAC, data de 1985, no ex-IBC, em Londrina, no Paraná (Dr Kaiser). O numero de introdução foi 85009, tendo ali sido selecionada e enviada ao IBC, em Caratinga, a planta 85009-9, recebendo, então o numero FEX 1367. Daí as melhores plantas foram enviadas à FEX do IBC, atualmente Procafé, em Varginha.

Em Caratinga dispõe-se de dados de ensaio de competição com vários materiais, sendo a seleção de Icatu (FEX 1367) a segunda mais produtiva, com 27 sacas/ha, na média das 3 primeiras safras, perdendo apenas para a linhagem de Catuai amarelo 32, com 29 scs/ha.(Queiroz et alli, Anais do 22º CBPC, 1996).

Em Varginha, com material enviado de Caratinga, no primeiro ensaio de competição foi obtida a produtividade no Icatu de 14 scs/ha, contra 16 sacas no Catuai vermelho 81, na média das 3 primeiras safras (Almeida e Carvalho, Anais do 17º CBPC, 1991). Foi aí selecionada a cova 618, a qual foi colocada em outro ensaio em Varginha, produzindo 32 scs/ha, na média das 2 primeiras safras, contra 41 sacas/ha, no padrão Catuai Vermelho 144. (Matiello et alli, Anais do 26º CBPC, 2000).

A melhor planta do ensaio foi enviada para teste no CEPEC-Heringer, em Martins Soares, onde se dispõe de dados de produtividade média em 7 safras, tendo o Icatu 618 sido o terceiro mais produtivo do ensaio (com média de 103 scs/ha), só perdendo ligeiramente para o Catucai Amarelo 24/137 (101 scs/ha) e para o Icatu 859 cv 190 (95 scs/ha).( Matiello et alli, Anais do 35º CBPC,

2009). Neste ensaio a avaliação da infecção pela ferrugem, feita em 24 plantas da seleção do Icatu 618, não mostrou qualquer pústula de ferrugem nas plantas, enquanto nos materiais susceptíveis, como o Catuai amarelo 74 e o Acaiá 474/19, a infecção atingiu o nível de 95% das folhas. Outros Icatus no ensaio, como o 2945-5-5 e o 4287-788 e 108, foram igualmente susceptíveis, com 91-95% de infecção (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, p.9, 2008).. Certamente por isso, em função do controle da ferrugem, nos 4 últimos anos, ter sido feito de forma protetiva, com 3 aplicações foliares de fungicidas cúpricos, o padrão do ensaio, o Catuai amarelo/74 produziu, na média das 8 safras, 67 sacas/ha e o Acaiá 64 scs/ha.

Em ensaio em Varginha, da geração do Icatu 618, foram feitas mais 2 gerações, com a cova 403-cv581, esta resultando na produção média de 7,5 kg de frutos cereja/planta na média de 7 safras.

Os estudos feitos nos frutos do Icatu 618 mostraram ausência de defeitos, com favas de tamanho médio, com peneira ligeiramente superior ao padrão Catuai, com numero normal de grãos chatos, com baixos índices de chochos e conchas. A maturação dos frutos é média, semelhante ao Mundo Novo.

As plantas da seleção de Icatu 618 são de porte alto, porem com menor diâmetro de saia em relação aos demais Icatus.

Os resultados aqui apresentados mostram boas características produtivas e de resistência à ferrugem, da linhagem de Icatu denominada Icatu IAC/Procafé 618- Tuiuiu, podendo a mesma ser potencialmente adequada para plantios comerciais, inicialmente em pequena escala. Ela se torna especialmente indicada para aqueles produtores que tem preferência por variedades de porte alto, em substituição ao Mundo Novo, principalmente nos sistemas de safra zero, onde o vigor das brotações e a resistência à ferrugem são muito importantes.

A cultivar Icatu IAC;Procafé 618, Tuiuiu, vendo-se os cafeeiros no ensaio na FEX Varginha, mais atrás o tuiuiú, com alto vigor e na frente cafeeiros de variedades menos vigorosas de outras variedades (ensaio Mg-3-25). Cafeeiros com 10 anos de idade.

A cultivar Icatu IAC;Procafé 618, Tuiuiu, vendo-se os cafeeiros no ensaio na FEX Varginha, mais atrás o tuiuiú, com alto vigor e na frente cafeeiros de variedades menos vigorosas de outras variedades (ensaio Mg-3-25). Cafeeiros com 10 anos de idade.

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14 PESQUISANDO

MANEJO SIMPLIFICADO NO DESPOLPAMENTO E SECAGEM DO CAFÉ PÓS-COLHEITA, NA ZONA DA MATA DE MINAS

J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé e Ubiratan V. Barros, Eng. Agr. Central Campo

O sistema de preparo do café pós-colheita é importante na definição da qualidade do produto, especialmente nas regiões ou nos anos em que a umidade fica elevada no inverno, período da maturação e colheita. Com a preparação de cafés através do sistema cereja descascado ou do despolpamento, elimina-se boa parte da mucilagem e acelera-se a secagem, diminuindo a possibilidade de ocorrência de fermentações indesejáveis, que poderiam conduzir à formação de bebidas inferiores.

O despolpamento exige maquinário especial, gasta bastante água, gera custos adicionais e resulta em líquidos que podem se tornar poluentes das fontes de água.O objetivo do presente trabalho foi o de testar um manejo simplificado no pós-colheita do café, visando facilitar a secagem e favorecer a qualidade de café, a custo mais baixo, para atender ao pequeno produtor e nas condições onde a água é escassa, condições essa presentes na cafeicultura da Zona da Mata, em Minas Gerais.

Foi conduzido um trabalho no Sitio João de Barro, em Reduto-MG, onde foram testados 6 tipos de preparação dos frutos colhidos, conforme detalhado no quadro 1, constando do café da roça e do café cereja (separado no lavador), com preparo em 3 formas, por despolpamento pelo “debulhamento” no terreiro e o normal com os frutos indo direto para o terreiro.

O café foi colhido na fazenda, em junho de 2009, tendo 60% de frutos cereja, 20% de verdes e 20% de passas/secos. Em seguida foi levado à instalação de preparo, sendo ali separados ou não no lavador/separador, e utilizados os 6 tipos de preparo constantes do quadro 1. Cada tratamento constou de 900 litros de café.

O café “debulhado” ou preparo simplificado foi obtido através de 2 passadas sobre os frutos, no terreiro

cimentado, com o trator agrícola.A secagem, para todos os tipos de preparo, foi

feita em terreiro cimentado, utilizando a proporção de 30 litros de café por metro quadrado de superfície de terreiro. A secagem foi considerada completa quando cada tipo de café atingisse a umidade final de 12%, registrando-se o numero de dias gastos na secagem.

As amostram dos 6 tratamentos foram codificadas e distribuídas para 2 classificadores provadores experientes, da praça de Manhuaçu, os quais fizeram a determinação da bebida na forma usada no comércio regional, provando 8 xícaras ou copos de cada amostra.

Resultados e conclusões:Os resultados do tempo de secagem dos

diferentes tratamentos no pós-colheita e da bebida nas amostras desses café constam no quadro 1.

Quanto ao tempo de secagem, verificou-se uma redução de 2-5 dias de acordo com o sistema de preparo usado. Ao se comparar o tempo em matéria prima mais

Parcela de frutos cereja secos ao naturalParcela de frutos cereja secos ao natural

Parcela de frutos de cereja debulhados, para facilitar a secagem e melhorar a bebidaParcela de frutos de cereja debulhados, para facilitar a secagem e melhorar a bebida Parcela de frutos cereja descascadosParcela de frutos cereja descascados

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uniforme, no caso, os frutos cereja separados, verificou-se uma redução de 4 dias entre os frutos cereja secos ao natural ( trat 3, com 17 dias) e aqueles despolpados ou debulhados (trats. 4 e 5, com 13 dias), correspondente a uma redução de 23,5%. Merece destacar a semelhança do tempo entre o café despolpado e o “debulhado”, este último as cascas permanecendo junto às sementes.

As observações feitas no terreiro mostraram que os frutos “debulhados” logo apresentam a casca inicialmente marrom depois preta, enquanto os cereja naturais permanecem vermelhos por muitos dias. A abertura/morte da casca, a expulsão de parte da polpa e sua exposição ao sol favorecem a redução no tempo de secagem.

Com relação à bebida, os provadores constataram a maioria de xícaras com bebida dura, porem, nos tratamentos 1, 3 e 6 apareceram 2-3 xicaras com bebida rio, coincidindo com os sistemas de preparo onde a seca

foi mais lenta (maior tempo) e onde a casca dos frutos permaneceu envolvendo as sementes (trats. 1 e 3), nessa condição com maior fermentação ligada ao gosto rio.

O despolpamento deu origem a amostras de café com bebida dura (limpa), ficando apenas ligeiramente inferior o café preparado pelo sistema simplificado, com 2 xicaras de duro-fermentado e, mesmo o “debulhamento” feito no café da roça resultou na eliminação da bebida rio.

Os resultados obtidos e as observações efetuadas no trabalho permitem concluir que é possível reduzir o tempo de seca e melhorar a bebida do café usando sistema simplificado de preparo no pós-colheita , a baixo custo.

Quadro 1 - Tempo médio de secagem, em dias para atingir a umidade de 12%, e bebida em amostras de café em 6 tipos de preparação no pós colheita, Reduto-MG, 2009.

PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO IRRIGADO SOB APLICAÇÃO DE DIFERENTES DOSES DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA

ALT Fernandes – Dr. Engenharia de Água e Solo, Prof. UNIUBE/FAZU ([email protected]), LCD Drumond - Professor Doutor UFV, Campus de Rio Paranaíba, LFS Coelho - Acadêmico Agronomia Faculdades

Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Café, EF Fraga Júnior - Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CNPq, JPAC Pereira Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Café,

OJ Barbosa Netto - Acadêmico Agronomia Faculdades Associadas de Uberaba, Bolsista CBPD Café

Por se tratar de uma forma de exploração pecuária intensiva, a suinocultura é uma atividade concentradora de dejetos, com grande quantidade de carga poluidora, e sua forma de aplicação sendo feita ambientalmente correta, estará transformando o resíduo de uma atividade em insumo de outra atividade dentro da propriedade agrícola.

Para que seja possível recomendar a melhor forma de aplicação de dejetos líquidos e a dosagem adequada sem prejuízo do meio ambiente, torna-se necessário se definir parâmetros básicos como: onde

aplicar, tipo de cultura, avaliação do crescimento e produção sob diferentes doses de água residuária de suinocultura (ARS) e possibilidade de aplicação via irrigação por aspersão.

O maior problema enfrentado por produtores e técnicos, tem sido a dificuldade de distribuir a ARS nas áreas da propriedade. Uma das formas que viabiliza a distribuição de dejetos líquidos é sistema de irrigação por aspersão em malha, por se tratar de um sistema de baixo custo de implantação, baixo consumo de energia e boa uniformidade de aplicação e que já é bastante utilizado em

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irrigação de café, pastagem, cana-de-açúcar e capineiras.A aplicação desses dejetos na cultura de café

pode diminuir substancialmente o custo com a adubação, dando sustentabilidade a integração das atividades suinícolas e cafeeiras. Neste sentido, buscou-se avaliar o desenvolvimento vegetativo e a produtividade do cafeeiro, sob diferentes doses de água residuária de suinocultura.

O experimento foi conduzido na Fazenda Escola da Universidade de Uberaba, localizada na rodovia BR 050 Km 045, altitude 750 m, em Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa, com café Catuaí 144, plantado em dezembro do 1998 no espaçamento de 4,0 x 0,5m. O sistema de irrigação utilizado no experimento é o de aspersão em malha. O sistema de irrigação é por aspersão semiportátil, isto é, linhas principais e laterais fixas enterradas, com mudança apenas dos aspersores, constituindo uma rede malhada. Esse sistema já se encontra instalado na área. O aspersor utilizado foi o NaanDan, modelo 5035, bocais 5,0 x 2,5 mm, pressão de serviço 280 kPa, vazão 1,874 m³ h-1, espaçamento 16 x 18 m, ângulo de inclinação do jato igual a 23º e intensidade de precipitação 5,78 mm h-1, compostos por um

regulador de pressão FABRIMAR de 280 kPa.Para efeito de comparação, foram mantidas para

os diferentes tratamentos as mesmas lâminas de água aplicadas no solo. As adubações foram realizadas com base no nível de extração, de acordo com a demanda da cultura. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado (DIC) onde as doses de água e de água residuária de suinocultura constituiu a fonte de variação, com 5 repetições para cada tratamento, conforme descrito:Os tratamentos utilizados foram:· T1 – 100 m³ ha-1 ano-1 de ARS (água residuária de suinocultura);· T2 – 200 m³ ha-1 ano-1 de ARS;· T3 – 400 m³ ha-1 ano-1 de ARS;· T4 – Sem aplicação de ARS.

Resultados e conclusões:Na avaliação do número de internódios, verifica-

se uma relação crescente entre o número de internódios e dose de aplicação de ARS, sempre verificando um maior número de internódio no tratamento com maior dose de ARS (T4), conforme a Figura 1.

FIGURA 1 - Variação do número de internódios em função de diferentes doses de ARS.

Na primeira avaliação não verificou-se diferença significativa entre os valores observados. Na segunda e terceira avaliação o T4 destaca-se com o maior número de internódios. Entre os T2 e T3, respectivamente 100 e 200 m³ ha-1 ano-1, não foi observado diferença entre ambos. O T1, que não recebeu aplicação de ARS, sempre aparece com o menor número de internódios, diferenciando-se estatisticamente do T4, porém não se diferenciando das duas doses intermediárias (T2 e T3) nas duas

ultimas avaliações realizadas.Esta taxa crescente de internódios reflete o

incremento imposto pela adição da ARS no solo, gerando um aumento da matéria orgânica no solo, proporcionando um aumento de qualidade físico-química do solo (VIEIRA, 1997).

Na Tabela 1, constam, respectivamente, as médias de produção por hectare em litros em cereja, quilos em cereja, quilos café em coco e sacas beneficiadas por hectare.

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17PESQUISANDO

*Médias seguidas de mesma letra não se diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Tabela 1 - Produtividade litros planta, médias Litros.ha-1, kilogramas Seco.ha-1, kilogramas Coco.ha-1 e Sacas beneficiadas.ha-1 para os diferentes tratamentos, Fazenda escola da Uniube, Uberaba-MG.

Na condição específica do experimento, pode-se concluir que:1 - O aumento da dose de ARS contribuiu linearmente o crescimento vegetativo do cafeeiro.2 - Nota-se que nas avaliações: L, Kg Seco e Kg Coco ha-1 o tratamento T4 (sem aplicação de ARS) diferiu estatisticamente dos tratamentos que receberam ARS.3 - Os tratamentos T2 e T3 proporcionam as maiores produtividades em sacas beneficiadas, não diferenciando-se estatisticamente.

EFEITO DA NUTRIRRIGAÇÃO POR PULSOS E CONVENCIONAL NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO, NO SUL DE MINAS GERAIS

C.E.J.Sanches – Engsº. Agrº. Netafim Brasil, R.N.Paiva e R.P.R.Junior – Engsº. Agrsº. Fundação Procafé, R.J. Andrade e S.V. Ramos - Técs. Agrs. Fundação Procafé

Nas regiões consideradas aptas à cafeicultura, tradicionalmente produtoras, como o sul de Minas Gerais, a ocorrência de estiagens prolongadas nas fases críticas de demanda de água pela cultura, tem promovido uma redução significativa na produção. Este fato, juntamente com os objetivos de se obter altas produtividades, tem provocado o interesse de técnicos e produtores no que diz respeito à irrigação de lavouras de café no Sul de Minas. Nas lavouras irrigadas o sistema mais usado é o gotejamento, devido suas características intrínsecas de eficiência e efetividade de água, energia e quimigação.

Para melhor avaliar o desempenho das plantas de café, instalou-se um experimento na Fazenda Experimental de Varginha, localizada no município de Varginha-MG. A precipitação anual média é de 1.500 mm, altitude média de 1.000 m e a temperatura média anual de 19,6 0C, com o objetivo de estudar a produtividade do cafeeiro submetido ao sistema de irrigação e fertirrigação por gotejamento.

Para a realização desse experimento foram Cafeeiros da parcela com uma linha de gotejoCafeeiros da parcela com uma linha de gotejo

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18 PESQUISANDO

irrigação localizada por gotejamento através de pulsos intensivos (T2, T3 e T4), sendo T0: tratamento sem irrigação, T1: 1 linha de gotejadores com vazão de 1,6 L/h, espaçados em 0,60 m, T2: 2 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazão de 2,00 L/h, espaçados em 0,20m, T3: 3 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazão de 1,25 L/h, espaçados em 0,20m, e finalmente T4: 4 linhas de gotejadores anti-drenantes com vazão de 1,25 L/h, espaçados em 0,20 m.

utilizadas plantas de café da variedade Catuaí Vermelho IAC 144 , espaçadas entre si em 3,50 x 0,70 m, e plantadas em 2006, compreendendo uma área de 0,5 hectare. Deu-se início ao ensaio em 01/03/2006 após o plantio da lavoura.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casaulizados, com 5 tratamentos e 7 repetições. As plantas foram irrigadas com irrigação localizada por gotejamento convencional (T1) e por

Figura 1 - Distribuição dos tubo gotejadores nas linhas de café, fazenda exprimental de Varginha.

O tratamento T1 recebeu uma lâmina de água de 270mm e 227mm anuais em 2006 e 2007 respectivamente , sendo esta estabelecida de acordo com a umidade do solo medida por tensiômetros, conectados ao sistema de monitoramento em tempo real - Irriwise, instalados nas profundidades de 15, 30 e 50 cm. O limites utilizados foram de 12-18 kpa

para determinação da faixa ótima de umidade ou capacidade de campo.

No ano agrícola de 2007/2008, os tratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lâmina diária de água , totalizando 1.600mm, 800mm e 1.200mm, respectivamente, também estabelecida de acordo com a umidade do solo medida por tensiômetros, instalados nas profundidades de 05, 15 e 40 cm e os limites utilizados foram de 7-12 kpa para determinação da faixa ótima de umidade. A distribuição da irrigação ocorreu entre o período das 7:00 ás 17:00 horas, portanto, utilizando-se apenas pulsos de irrigações nas horas quentes do dia, sendo esta de acordo com a curva de radiação solar.

A partir de 2007, utilizou-se um sistema de fertirrigação avançado, com injetores do tipo venturi, onde, o tratamento T1, de uma linha de gotejo recebeu 350 e 315 Kg de nitrogênio e de potássio por hectare, na forma de nitrato de amônio, e K2O na forma de cloreto de potássio branco, respectivamente, adicionados de três aplicações foliares com 1,0% de cobre, mais 0,5% de boro, zinco, cloreto de potássio; e em 2008/2009 foram aplicados 400 kg de N/ha e 350 kg de K2O/ha.

Detalhe da boa frutificação e crescimento dos ramos nos cafeeiros da parcela com uma linha de gotejamento.

Detalhe da boa frutificação e crescimento dos ramos nos cafeeiros da parcela com uma linha de gotejamento.

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19PESQUISANDO

No ciclo agrícola 2008/2009 o tratamento T1 recebeu uma lâmina de água de 200mm anuais, e os tratamentos por pulsos T2, T3 e T4 receberam lâmina diária de água, totalizando 1.600mm, 658mm e 1.159mm respectivamente. O regime pluviométrico registrado na Fazenda Experimental de Varginha neste período de setembro de 2008 a agosto de 2009 foi de 1.531mm anuais.

Também foi feito um tratamento fito-sanitário com a aplicação de um fungicida/inseticida de solo em novembro de 2006, 2007 e 2008, e 1 complementação por ano com um fungicida sistêmico aplicado via foliar. O tratamento T5 (sequeiro), recebeu o mesmo manejo, os mesmos tratos fito-sanitários, e as mesmas doses de adubações do tratamento T1 (1 linha gotejo convencional), porém as adubações de solo foram realizas em 3 etapas.

Os tratamentos de pulsos de irrigação (T2, T3 e T4), receberam todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento da cultura cafeeira, de forma contínua, sendo a dosagem efetuada por concentração na água de irrigação. A variação dessa concentração ao longo dos anos agrícolas de 2006 e 2007 ocorreram de acordo com as fases fenológicas da cultura. Para os teores de nitrogênio esses valores variaram de 15 a 50 ppm, os teores de fósforo entre 5 e 20 ppm e os teores de potássio entre 10 e 40 ppm, sendo para tal utilizado 1400 kg/ha de nitrato de cálcio e 2500 kg/ha de Café Rico cuja formulação apresenta 7,0; 7,0 e 12,0 % de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente, e micronutrientes.

No ano agrícola de 2007/2008, somando todas as fontes de fertilizantes, os tratamentos por pulsos se basearam na aplicação aproximada de 400 kg de N/ha, 160 kg de P2O5/ha e 310 kg de K2O/ha.

No ciclo de 2008/2009 o tratamento com pulsos T2 recebeu 457 kg de N/ha, 170 kg de P2O5/ha e 320 kg de K2O/há, o tratamento T3 recebeu 188 kg de N/ha, 70 kg de P2O5/ha e 131 kg de K2O/há e o tratamento T4 recebeu 331 kg de N/ha, 123 kg de P2O5/ha e 231 kg de K2O/há.Resultados e conclusões:

Os resultados referentes à produtividade da

safra de 2008, 2009 e média da lavoura de Catuaí Vermelho IAC 144 estão dispostos na tabela 1.

Verifica-se que, quanto a produtividade, no ano de 2008, o tratamento T5 não irrigado (sequeiro) obteve uma produtividade média de 12,6 sacas por hectare, produtividade esta inferior ao tratamento de irrigação convencional T1 com uma linha de gotejadores, de 47,7 sacas por hectare que por sua vez não se diferenciou estatisticamente do tratamento T3 de pulsos com 3 linhas com 51,0 sacas por hectare.

Observa-se também que não houve diferença significativa entre os tratamentos de pulsos de 2 e 4 linhas, T2 e T4 com 60,5 e 69,3 sacas por hectare, respectivamente, no entanto estes superaram a produtividade média de 51,0 sacas por hectare, do tratamento de 3 linhas.

No ano de 2009, os tratamentos T1 irrigação convencional (70,9 sc) e o T4 pulsos com 4 linhas (69,9 sc) produziram estatísticamente iguais a testemunha (sequeiro – 68,0 sc), e estes se mostraram superiores aos tratamentos T2 (38,3 sc) e T3 (40,7 sc), pulsos com 2 e 3 linhas de gotejadores.

Na média das duas safras os tratamentos T1 gotejamento convencional e T4 pulsos com 4 linhas de gotejo se mostraram superiores aos tratamentos T2, T3 e ao sequeiro.

ns - As médias seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si na coluna , pelo Teste Scott Knott a 5 % de probabilidade

Tabela 1 - Avaliação da produtividade das safras de 2008, 2009 e média de lavoura de Catuai Vermelho IAC 144 irrigada por gotejamento no sul de Minas Gerais. Varginha - MG, 2009.

Cafeiros do ensaio de irrigação, em primeiro plano plantas da testemunha, muito desfolhadas após à colheita e acima os cafeeiros gotejados, mais enfolhados.

Cafeiros do ensaio de irrigação, em primeiro plano plantas da testemunha, muito desfolhadas após à colheita e acima os cafeeiros gotejados, mais enfolhados.

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20 PESQUISANDO

Concluiu-se, preliminarmente, que:a) A irrigação por gotejamento convencional (59,3 sc/ha) foi eficiente, com incremento de 47% na produtividade média das duas safras, em relação ao tratamento sem irrigação (40,3 sc/ha).b) A irrigação por pulsos com 2 e 3 linhas de

gotejamento foram inferiores ao gotejamento convencional e ao pulso com 4 linhas na média das duas safras.c) Após estas duas safras o gotejamento convencional se assemelha ao pulso de 4 linhas não se diferenciando estatísticamente.

QUANTIFICAÇÃO DO PROCESSO DE RECICLAGEM DE FOLHAS EM CAFEZAIS

J.B.. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. Mapa/Procafé e G.N. Rosa. Eng. Agr. e Sinésio Leite filho, Tec. Agr. e E, C, Aguiar, R.A. Araújo e V. Josino, Tecs. Agropecuária São Thomé

O cafeeiro é uma planta de folhas perenes, diferentemente de outras plantas de folhas caducas, em que todos os anos, na mesma época, as folhas caem totalmente.

Sabe-se, entretanto, que nas condições normais de cultivo, as folhas de cafeeiro tem uma duração média de 1,5 ano, havendo desfolhas causadas por diferentes fatores de stress das plantas, como nutrição inadequada, deficiência de água no solo, carga excessiva das plantas, ataque de pragas/doenças, operação de colheita, etc.

Em lavouras sombreadas, a folhagem do cafeeiro permanece muito tempo, já, na condição de cafeicultura a pleno sol, como no Brasil, no período de pós-colheita é normal a ocorrência de desfolhas nas plantas, com queda de 30-70% das folhas e, em casos graves, de quase 100% das folhas.

As folhas caídas, ao se decomporem, fornecem ao solo e às plantas, os nutrientes nelas contidos, servindo para o crescimento e produção na safra seguinte. Os trabalhos de pesquisa que procuraram determinar a necessidade de nutrientes para vegetação do cafeeiro, através de análise de todas as partes das plantas que cresceram de um ano a outro, chegaram à conclusão que o total varia com a condição da lavoura, do numero de plantas e da sua produtividade. Para a condição de cafeicultura de sequeiro, com 34 scs/ha, a retirada para vegetação correspondeu a cerca de 60 kg de N, 4 kg de P2O5 e 40 kg de K20 por ha, enquanto em lavoura irrigada, com 75 sacas por ha, a retirada para vegetação correspondeu a 235 kg de N, 10 kg de P2 O5 e 160 kg de K20 Santinato et alli, Anais do 32º CBPC, 2006).

Considerando que a reciclagem de folhas pode ser aproveitada na economia da adubação, o objetivo do presente trabalho foi o de avaliar a quantidade de folhas caídas dos cafeeiros, em diferentes situações de lavouras e, em decorrência, conhecer o potencial de nutrientes na sua reciclagem.

O trabalho foi conduzido, nas safras de 2008 e 2009, em 2 áreas, sendo uma lavoura comercial, irrigada, em Pirapora e outra num ensaio de espaçamento, no Cepec-Heringer, na região Norte e Zona da Mata de Minas Gerais. Em Pirapora a coleta de folhas caídas foi feita em lavoura de Catuai vermelho IAC 144, aos 7 anos de idade, espaçamento de 3,6 x 0,5 m e produtividade média, nos 2 últimos anos, de 72 scs/ha. No Cepec, o ensaio compreende 3 espaçamentos na rua, sendo 4 m, 2 m e 1 im, e 3 distâncias na linha, de 0,5m, 0,75 m e 1,0 m. sendo a variedade Catuai Vermelho IAC 44, com idade de 13 anos.

Grande quantidade de folhas caídas, após a colheita, ao lado da linha de cafeeiros, em lavoura mecanizada, em Pirapora-MG

Grande quantidade de folhas caídas, após a colheita, ao lado da linha de cafeeiros, em lavoura mecanizada, em Pirapora-MG

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21PESQUISANDO

A metodologia foi simples, efetuando-se, em 2 anos seguidos, a coleta das folhas que se encontravam caídas no pós colheita, em ago/set, em uma porção de rua de cafeeiros, sendo adotadas 5 áreas em cada amostragem, para compor a média, rastelando todas as folhas, secando-as e pesando. Em seguida os números eram expandidos por hectare, observando o espaçamento. No Cepec retirou-se uma alíquota das folhas secas recolhidas e determinou-se, por contagem, o numero médio de folhas presentes.

Resultados e conclusões:Na lavoura em Pirapora, na média dos 2 anos,

a quantidade de matéria seca das folhas coletadas correspondeu a 7,4 toneladas por hectare, que, considerados os níveis médios comuns de NPK encontrados, de 3% de N, 1,7% de K e 0,12% de P, teríamos uma disponibilidade, pela reciclagem, de 222 kg de N, 8,9 kg de P e 125 kg de K.

Na condição dos espaçamentos do ensaio do Cepec, a quantidade de folhas correspondeu a 3,3 toneladas por hectare no espaçamento de 4 m de rua, 4,5 toneladas/ha no espaçamento de 2 m e 7 toneladas/ha no espaçamento de 1 m, mostrando que a quantidade de folhas caídas é maior na medida em que aumenta o numero de plantas por área. O mesmo cálculo pode ser aplicado para conhecer os nutrientes contidos nas folhas. Apenas para exemplificar com o nitrogênio, a reciclagem resultaria em 99 kg/ha no espaçamento de 4 m, 135 kg/ha no de 2m e 210 kg/ha no de 1m.

A contagem das folhas, em amostra de 100g resultou na média de 410 folhas secas, que expandia por hectare resulta em 13,5 milhões de folhas/ha para

o espaçamento de 4m, 18,4 milhões para 2m e 28,7 milões de folhas por hectare para 1m. um numero que resulta numa queda média, dos 3 espaçamentos, de 2600 folhas por planta. É possível que a quantidade de qeda seja ainda maior, pois folhas que caíram muito cedo no ciclo, que entraram em decomposição e outra que ainda venham a cair podem acrescentar 10-15% a mais na queda acumulada.

Verifica-se, assim, que a queda de folhas é muito significativa mesmo diante dos tratos racionais dispensados ás lavouras nas 2 condições estudadas.

Nas recomendações mais recentes de adubação, feitas pelos Técnicos do MAPA/Procafé, diante da conjuntura de baixos preços do café e da alta dos adubos, é indicado dispensar nos cálculos, nas lavouras adultas, a quantidade de nutrientes necessária à vegetação, justamente em função da reciclagem das folhas, outros restos de ramos e do próprio mato. Os resultados do presente trabalho mostram o acerto dessa indicação, dando base segura para uma adubação mais racional e econômica.Os resultados obtidos permitem concluir que:a) Ocorre uma grande queda de folhas em cafezais, mesmo sob tratos racionais, sendo a quantidade variável com o tipo da lavoura e espaçamentos.b) A reciclagem dos nutrientes, pela decomposição das folhas caídas, leva à incorporação de elevadas quantidades de nutrientes ao solo, sendo eles de origem orgânica e de bom aproveitamento pelas plantas.c) O fornecimento de nutrientes pela reciclagem pode dispensar a parcela do cálculo correspondente à extração de nutrientes para vegetação, tornando a indicação da adubação mais econômica.

Manto de folhas caídas sob os cafeeiros noensaio de espaçamento adensado (2x 0,5m), no CEPEC, em M. Soares-MG

Manto de folhas caídas sob os cafeeiros noensaio de espaçamento adensado (2x 0,5m), no CEPEC, em M. Soares-MG

No espaçamento super-adensado, de 1 x0,5 m, no ensaio do CEPEC, a reciclagem de folhas é muito elevada

No espaçamento super-adensado, de 1 x0,5 m, no ensaio do CEPEC, a reciclagem de folhas é muito elevada

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RESPONDEConsulte pelo E-mail:[email protected]

Sou responsável por um projeto de café aqui em Minas. Estou com problemas de ataque de alguma praga que come os ramos ponteiros dos cafeeiros. Os ramos laterais tem destruída uma porção do lenho, até a medula, dobram e acabam secando. O que pode ser?

Lázaro S. Pereira, Bocaiúva-MG

Coffea: Senhor Lázaro.

Pelos sintomas ou, mais propriamente, pelos sinais descritos por você, parece que o mais provável na sua lavoura é um ataque de ratos, conforme você já desconfiava

Em outros locais este mesmo ataque foi identificado, tratando-se de camundongos, ou pequenos ratos. Na lavoura fazem pequenos buracos no chão, sob a copa dos cafeeiros, ou, quando em áreas fechadas podem fazer seus ninhos na superfície, no meio do cisco.

O ataque nos ramos parece a última saída alimentar desses ratos. Eles roem os ramos longitudinalmente, sempre aqueles superiores, mais próximos ao ponteiro, talvez mais tenros, sempre destruindo a sua parte superior, desejando atingir e se alimentar da medula do ramo. Os ramos com o lenho destruído pendem, quebram e secam.

A situação mais comum desses ataques é o desequilíbrio, ou por falta de um outro alimento,

como milho e outros cereais na redondeza, ou pela ausência de cobras, suas predadoras Neste caso não se sabe o que é pior. Correr o risco das picadas de cobra ou ter os cafeeiros danificados pelos ratos. Brincadeira a parte, é curioso o fato do ataque de ratos em cafeeiros, pela sua raridade, sendo que poucos sabem reconhecer os sinais.

Quanto ao combate, duas alternativas podem ser adotadas: a primeira seria distribuir iscas específicas nos locais do ataque, para envenenar os ratos. A segunda, testada com sucesso na Bahia, foi a pulverização com enxofre, que parece dar uma repelência para ratos. Uma terceira seria colocar algumas espigas de milho como alimento alternativo, até para observar o nível de infestação da rataiada. No mais, ainda em tom de brincadeira, e fazendo trocadilho, seria a de colocar gatos na lavoura.

Agradecemos o envio da foto dos ramos atacados, o que vai facilitar a outras pessoas, no futuro, o reconhecimento das causas.

Detalhe do ataque, com destruição longitudinal do lenho, até a nervura do ramo

Detalhe do ataque, com destruição longitudinal do lenho, até a nervura do ramo

Isca raticida, pendurada na planta atacada, para controle dos ratos

Isca raticida, pendurada na planta atacada, para controle dos ratos

Ramos cortados e secando junto ao ponteiro do cafeeiro por ataque de ratosRamos cortados e secando junto ao ponteiro do cafeeiro por ataque de ratos

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23RECOMENDANDO

ONDE PLANTAR CAFÉ?

Muito embora a situação de rentabilidade da cultura cafeeira esteja em momento critico, com custos de produção altos e preços baixos do produto, sempre tem gente querendo plantar café.

Os plantios de café ocorrem, em sua maior parte, nas próprias propriedades que já possuem essa cultura, substituindo lavouras velhas ou ampliando áreas. Outro movimento importante é o de agricultores ou empresários de outros setores que querem entrar na cafeicultura.

Por isso, a resposta à pergunta onde plantar café compreende a análise em 2 situações distintas, ou seja, em 2 níveis:a) As condições técnico-economicas ligadas à escolha da região e da propriedade;b) As características agronômicas da área a ser destinada ao cafezal dentro da propriedade.

1 - Condições econômicas

A lavoura cafeeira no Brasil tem evoluído em ciclos, com fases de expansão e retração, nos plantios e tratos, influenciados pela condição econômica do balanço entre os preços do café e os custos de produção, que afeta, a médio prazo, o nível das safras e da oferta de café ao mercado.

Nessa evolução, ao longo dos anos, a cultura cafeeira no pais tem mostrado seu caráter itinerante entre as regiões. Saiu da região Norte, do Pará, onde foi introduzida, em 1727, caminhando para o Centro-Sul, no Estado do Rio de Janeiro e Vale do Paraíba em São Paulo (1780-1920), depois se expandindo mais para o Sul, em São Paulo e no Paraná (1930-1960) e também para o Espírito Santo nessa época. Nos anos mais recentes, a partir da década de 1970 e, principalmente, da década de 1980 para cá, o café passou a ocupar as maiores áreas no eixo Minas Gerais-Espirito Santo-Bahia, com ainda áreas menores remanescentes e renovadas em São Paulo, Paraná e, também, em Rondônia..

No passado o fator econômico preponderante para a escolha de uma região para café era a existência de terras de mata, com boa fertilidade.Na cafeicultura atual, as lavouras ocupam regiões de solos pobres, como as regiões de cerrado, ou áreas empobrecidas pelo mau uso anterior, muitas com o próprio café, não existindo mais áreas férteis significativas disponíveis. Assim, são exigidos maiores investimentos no uso de insumos e de tecnologias adequadas.

Deste modo, sob os aspectos econômicos, a

escolha das regiões e das propriedades para plantar café deve levar em conta a disponibilidade/custo dos principais fatores de produção, citando-se como mais prioritários:a) O custo mais baixo das terras;b) Disponibilidade de áreas planas, com facilidade de mecanização, fator importante para reduzir custos de produção;c) A existência de financiamentos e/ou incentivos fiscais na região;d) A existência de boa infra-estrutura regional, de estradas, fornecedores de insumos próximos, facilidade de escoamento da safra, disponibilidade de mão de obra, braçal e especializada, presença de Cooperativas/e ou Empresas comercializadoras de café etc;e) Existência de pólos cafeeiros já instalados na região ou próximos;f) Existência e outorga de água para irrigação;g) Contar com consultoria/assistência técnica especializada.

A disponibilidade/custo dos fatores de produção apontados deve ser analisada diante do sistema de exploração a ser adotado, se vai ser uma cafeicultura empresarial, ou de médio produtor ou, então, uma cafeicultura familiar, variando dentre eles a importância de cada fator.

2 - Aspectos climáticos

Os fatores climáticos que influenciam no processo de crescimento e produção do cafeeiro são, principalmente, a temperatura e as chuvas e, em menor escala, os ventos, a umidade do ar e a luminosidade.

A ação climática ocorre diretamente sobre o cafeeiro e indiretamente, agindo sobre outros organismos que compõem o ambiente da lavoura (pragas/doenças, organismos responsáveis pelas fermentações etc.), havendo, assim, uma interação desses efeitos, sobre o desenvolvimento e a produtividade das plantas e sobre a qualidade dos cafés produzidos.

a) Efeito da temperaturaCom base nos conhecimentos obtidos da cafeicultura, no Brasil e no exterior, foram estabelecidos parâmetros térmicos para indicar a aptidão básica para a cultura cafeeira das espécies arabica e canephora (robusta), conforme quadro em seguida, sendo esses níveis de temperatura considerados nos trabalhos de zoneamento agro-climático efetuados para a cafeicultura brasileira.

J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida.

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24 RECOMENDANDO

Nas regiões com temperaturas médias anuais superiores a 22-23ºC é comum ocorrer problemas de abortamento das flores e formação de estrelinhas nos cafeeiros arábica, prejudicando sua frutificação. (Fig. 1)

Fig. 1 - Formação de flores anormais, tipo estrelinhas, em ramo de cafeeiro catuai, em região quente, sem stress hídrico.

No entanto, tem-se verificado que regiões com temperaturas mais altas se mostram adequadas a sistemas de cultivo de alta tecnologia, com irrigação, pois nessa condição os cafeeiros arábica respondem rapidamente aos tratos, crescem praticamente o ano todo, resultando em altos níveis de produtividade.

Veja-se os exemplos de produtividade em cafezais conduzidos em Utinga (BA), em condições de temperatura média próxima a 24º C, onde se obteve 42 sacas/ha na 1ª safra, 85 sacas na 2ª e 80 sacas na 3ª, em lavoura Catuaí 1,8 x 0,7m, irrigada por aspersão. Em Pirapora – MG (24,5°C) obteve-se, nas 5 primeiras safras, média de 74 scs/ha em lavoura 3,8 x 0,5m, irrigada sob pivô.

Da mesma forma que o café arábica pode descer a serra, cultivado em zonas de baixa altitude, o cafeeiro Conillon, caso desejável, pode ser cultivado em regiões de altitude elevada. Experiência na Zona da Mata de Minas, comparando a produtividade do Conillon ao Catuaí, a 240 e 760m de altitude (tª média de 24 e 21,5ºC), mostrou, nas 5 primeiras safras, média de 78 sacas/ha para o Conillon e 49 para o Catuaí, ambos no espaçamento 2 x 1m. Na área quente ou fria o Catuaí produziu de forma semelhante (q.1).

Quadro 1 - Produção, nas 5 primeiras safras, em cafeeiros Catuaí e Conillon, em 2 pisos altitudinais - em Mutum, 240m e Martins Soares, 740m de altitude– 2004.

Fonte: Matiello et alli, Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFÉ, 2004, P.15.

Em função dos bons resultados obtidos, das novas pesquisas e das observações em lavouras comerciais, nas regiões tradicionalmente consideradas termicamente inaptas, foi possível concluir que o abortamento floral ocorre devido aos botões florais amadurecerem rapidamente nessas regiões mais quentes, e, deste modo, estariam aptos a abrirem em flores mais cedo. Então, se não houver um diferencial hídrico adequado, o que se promove através de stress seguido de retomada de irrigação mais cedo, os botões abortam.

Deste modo, sob condições de cafezais irrigados, pode-se, com segurança, cultivar variedades apropriadas de café arábica em climas mais quentes, sendo indicado, ainda, para melhorar o micro-clima, o plantio adensado (auto-sombreamento) e a arborização.

Essas constatações atuais estão de acordo com o que se observava, antigamente, nas zonas baixas e quentes dos Estados do Espírito Santo e Rondônia. Na época, com solos de mata e períodos mais chuvosos, toda a produção nessas regiões era de cafés arábica. Somente o município de Colatina-ES, a 150m de altitude e com temperatura média de 23,6ºC, chegou a produzir 1,5 milhão de sacas de café arábica (na época Bourbon) nas décadas de 1950-60.

Deve-se considerar que sob condições de temperaturas mais elevadas a evapo-transpiração aumenta e também a exigência de água na irrigação é maior. É preciso aumentar a dose de adubo nitrogenado na adubação, ter cuidados com a escaldadura, com bicho-mineiro, com ácaros e com a cercosporiose e os ciclos de poda devem ser mais curtos, a intervalos menores.

O efeito de temperaturas altas sobre o cafeeiro foi aqui destacado, mesmo por que, com o fenômeno do aquecimento global, é previsto o aumento das temperaturas e os estudos de zoneamento estão prevendo o deslocamento da cafeicultura, especialmente a de café arábica, mais para o Sul do pais e, até, para paises vizinhos, como Argentina e Uruguai.

Não se pode esquecer, no entanto, nossa velha conhecida - a geada, que muitas vezes dizimou a cafeicultura no Paraná, em São Paulo e até no Sul de Minas. Embora pouco freqüentes nos últimos anos, sabe-

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25RECOMENDANDO

se que temperaturas baixas, abaixo de 2ºC (no abrigo), por geadas ou ventos frios, levam à queima dos tecidos do cafeeiro, podendo atingir folhas, ramos e o próprio tronco do cafeeiro.

No aspecto macro-climático os estudos de zoneamento para a cafeicultura em cada região, efetuados pelo convenio IAC/IBC nas décadas de 1970-80 e, mais recentemente, os efetuados pela Embrapa, dão uma idéia das regiões aptas, marginais e inaptas para a cafeicultura, seja para as variedades de arábica ou conillon. Ali são levados em conta: as faixas adequadas de temperatura e as chuvas e o melhor condicionamento climático que pode ser obtido, mesmo em áreas marginais, através da irrigação e da arborização.

b) Efeito das chuvas/déficit hídricoA necessidade de umidade no solo, para o

cafeeiro, é variável de acordo com as fases do ciclo da planta. No período de vegetação e frutificação, que vai de outubro a maio, o cafeeiro precisa de umidade disponível no solo. Na fase de colheita e repouso, de junho a setembro, a exigência é menor, o solo podendo ficar mais seco (até quase ao ponto de murcha), sem grandes prejuízos para a planta. Uma deficiência hídrica, nesse período, chega mesmo a estimular o abotoamento do cafeeiro, conduzindo, ainda, a uma florada mais uniforme, quando no reinicio das chuvas ou da irrigação. Nas regiões de inverno mais quentes, as pesquisas mostram que é preciso ter cuidado ao interromper as irrigações para promover o “stress”.

As regiões mais secas, no período de colheita,

produzem cafés de melhor qualidade (bebida dura para melhor), como ocorre nas zonas de “cerrado” em Minas Gerais (Sul de Minas e Triângulo Mineiro) e na Mogiana, em São Paulo e em outras regiões semelhantes (Oeste Baiano, Goiás etc).

No que diz respeito às áreas cafeeiras do Centro-Sul do país, chuvas anuais acima de 1200 mm podem ser consideradas adequadas ao bom desenvolvimento da cafeicultura de café arábica, enquanto as lavouras de robusta podem ser cultivadas em zonas com precipitações menores, acima de 900-1000 mm anuais. Deficiências hídricas de até 150 mm, no período de junho a setembro, podem ser bem suportadas pelo cafeeiro arábica e, até 400 mm, de forma marginal, pelas variedades robusta (Conillon).

Nas figuras 2 e 3 foram incluídos os dados de balanço hídrico em duas regiões típicas de cafeicultura, uma região onde teóricamente não seria necess[ario irrigar e outra onde a irrigação é imprescindível.

O balanço hídrico da região de Varginha (Sul de Minas) exemplifica uma região adequada ao café arábica. A curva do balanço normal indica excedentes hídricos nos meses chuvosos, sendo que o pequeno déficit hídrico no inverno, na fase de maturação (colheita) e dormência, é favorável, resultando em uma florada uniforme e maturação mais igualada. As curvas do balanço dos anos de 2006 e 07 exemplificam a ocorrência, nos últimos anos, de déficits acumulados de quase 400mm anuais, resultando, nos ensaios de irrigação de cafeeiros, conduzidos na Faz. Experimental, em acréscimos de produtividade de 37% na média de 8 safras nas parcelas irrigadas (quadro 2).

Quadro 2 - Níveis de deficits hídricos críticos nos anos e perda percentual de safra em cafeeiros, sem irrigação em relação aos irrigados. Varginha-MG, 2007.

Em Araguari, no Triângulo Mineiro, ocorre deficiência hídrica excessiva no inverno e na primavera, sendo necessárias duas a três irrigações suplementares, uma em maio e, depois, duas a três em agosto-setembro.

Com relação ao fator hídrico, as observações e as experiências efetuadas nas várias regiões cafeeiras permitiram chegar aos seguintes parâmetros de aptidão:

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26 RECOMENDANDO

Em complementação aos aspectos do macro clima, deve-se observar, também, as condições de topo-clima, buscando a localização das lavouras de acordo com a face de exposição do terreno e sua posição em relação ao declive, assim:a) Deve-se desprezar os fundos de terreno, pelo acúmulo de umidade e de ar frio (nas regiões sujeitas a geadas) e as baixadas, pela má drenagem no solo.b) Os topos de morro devem ser evitados, pois são terrenos mais secos e muito expostos a ventos frios, o que é importante em regiões mais sujeitas a esse fenômeno.c) Nas regiões montanhosas deve-se preferir faces de exposição leste a norte, batidas pelo sol da manhã e menos expostas ao sol da tarde, sendo esse aspecto mais importante nos extremos de altitude (áreas baixas ou muito altas).d) Deve-se escolher áreas com declive entre 5 e 50%, evitando áreas muito planas, nas chapadas, ou áreas muito inclinadas.

Fig. 2 - Disponibilidade de água no solo (mm), balanço médio da região e dos anos de 2008 (próximo do normal), 2006 e 2007(anos com maior déficit).

Fig. 3 – Curva do balanço hídrico (em mm) em Araguari-MG, alt. 820 m, ta média 21,9º

3 - Características do soloO solo, através de suas características físicas,

químicas e biológicas, deve fornecer suporte adequado ao cafeeiro, influindo diretamente sobre o volume e a profundidade das raízes e condicionando melhor desenvolvimento e produção na parte aérea da planta. São importantes no solo: a disponibilidade de água, de ar e de nutrientes. A água e o ar dependem das condições físicas, e os nutrientes, das condições químicas e biológicas do solo.

Na escolha das áreas devem ser observadas, com prioridade, as condições físicas do solo, que são difíceis de alterar. As características químicas e biológicas podem ser mais facilmente melhoradas, através de calagens, adubações e manejo correto do solo.

Nas condições físicas externas do solo deve-se verificar o relevo, a presença de pedras, cascalhos e o nível de erosão do terreno.

O relevo pode ser identificado dentro de 4 categorias: plano; suave ondulado a ondulado; forte ondulado e montanhoso.

Em relevo plano (declividade entre 0 e 2,5%) podem ocorrer áreas em forma de baixadas, de tabuleiros ou de chapadas. As baixadas e os tabuleiros são, geralmente, contra-indicados para o cafeeiro, por possuírem solos pesados e mal drenados e, também, por possibilitarem o acúmulo de ar frio. Essas áreas, entretanto, podem ser utilizadas nas regiões quentes e mais secas (áreas de café robusta). As chapadas podem apresentar problemas de adensamento sub-superficial (camada adensada a 50-60 cm), além de serem mais sujeitas a ventos frios, exigindo o emprego de quebra-ventos.

Em relevo suave ondulado a ondulado (declive de 2,5 a 12%) encontram-se áreas de terreno bastante adequadas ao café, principalmente aquelas acima de 5% de declividade, pois, nesse caso, não apresentam problemas de drenagem e de acúmulo de ar frio. São áreas perfeitamente apropriadas para lavouras mecanizáveis.

Em relevo forte ondulado (declives entre 12 e 50% ) encontram-se áreas ainda mecanizáveis ( até 15-20% declividade), aquelas entre 20 e 30% onde é possível o cultivo a tração animal, modalidade praticamente sem uso na cultura cafeeira, e acima de 30% onde só se aplicam os tratos manuais.

Em relevo montanhoso as áreas apresentam declives acima de 50%, dificultando o controle da erosão e a execução de todos os tratos do cafezal, como as pulverizações, a colheita etc., só devendo ser utilizadas em último caso.

Nas áreas com presença, em grande quantidade, de pedras e cascalhos, deve-se evitar o plantio de café, pois os tratos ficam dificultados e ocorre a redução da massa de solo, deixando-o extremamente drenado (seco) e dificulta, ainda, o desenvolvimento das raízes.

A erosão ocorre sob a forma laminar, em sulcos e em voçorocas. Nos dois primeiros graus pode-se, perfeitamente, usar as áreas para o plantio de café,

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27RECOMENDANDO

adotando cuidados especiais, a fim de interromper, imediatamente, as causas da erosão, usando o manejo do mato, os cordões, os sulcos, os renques etc. Nas áreas com voçorocas, comuns nas zonas de solo de arenito, deve-se, previamente, efetuar um trabalho de tapagem dos buracos, usando tratores com lâminas, ou, então, isolar as áreas próximas às voçorocas, protegendo-as com vegetação especial (bambu, eucalipto, napier etc).

Quanto às condições físicas internas do solo deve-se observar a textura, a estrutura, o gradiente textural , a profundidade e a porosidade na área onde se deseja plantar café. Sempre que necessário deve-se recorrer à análise física de amostras em laboratórios.

A textura é determinada pela quantidade e pelo tamanho das partículas (argila, silte e areia) na massa do solo, não podendo ser alterada de forma econômica. A textura é argilosa se o solo contiver mais de 35% de argila, arenosa se tiver mais de 85% de areia e barrenta se tiver menos de 35% de argila e menos de 85% de areia, existindo ainda várias classes intermediárias. Ela tem influência direta sobre: a retenção de nutrientes; a capacidade de armazenamento, liberação e infiltração da água; o arejamento do solo; a temperatura da superfície do solo e a resistência à erosão. No que diz respeito às práticas culturais, a textura influi sobre o rendimento do preparo das áreas e das capinas, o desgaste dos implementos e ferramentas e a evolução e disseminação de pragas e doenças das raízes. Quanto maior o número de partículas finas (argila e silte) maior será a capacidade do solo de retenção dos nutrientes (cátions) e da água. Os solos de partículas maiores (arenosos) têm pequena capacidade de armazenamento, não sendo, portanto, indicados para o cafeeiro os solos com menos de 15 a 20% de argila, salvo em condições especiais de suprimento de água, de matéria orgânica e de nutrientes. Os solos excessivamente argilosos (mais de 50% de argila) dificultam o desenvolvimento das raízes e, a menos que a estrutura e a porosidade sejam muito apropriadas, não são indicados para o café. De um modo geral, os solos com textura média são os mais favoráveis ao desenvolvimento das raízes do cafeeiro.

A estrutura indica a forma de arranjo das partículas do solo. Elas podem se agrupar formando grânulos, grumos e blocos. A agregação se deve, principalmente, à ação cimentante dos colóides minerais (argila) ou orgânicos (humus), sendo mais adequada a estrutura granular ou em grumos, de tamanho médio e moderadamente desenvolvida. Ela exerce influência sobre o armazenamento de água, de ar (arejamento) e de nutrientes no solo. Uma estrutura adequada pode reduzir os problemas causados por uma textura muito pesada. O gradiente textural é a relação entre o teor de argila dos horizontes A e B e reflete o adensamento do solo. O adensamento é influenciado pela textura, pela estrutura, pela porosidade e pelo manejo do solo, sendo bastante prejudicial e em certos

casos impeditivo do cultivo do cafeeiro. Pode-se verificar problemas de adensamento através de buracos (trincheiras) onde se testa, com uma lamina, a dureza das camadas no perfil do solo, ou com trado ou com penetrômetro, ou pelo aspecto das raízes das plantas, as quais, na presença de adensamento, se encurvam e crescem horizontalmente, logo acima da camada adensada. Em casos graves, um cafeeiro que cresceu em áreas com problema e depois foi arrancado pode permanecer de pé, em razão da forma das raízes, que se assemelham a um pé-de-galinha.

A profundidade do solo influi sobre a sua capacidade de armazenamento de água e nutrientes. O cafeeiro necessita pelo menos de 1,5m de profundidade de solo, em boas condições de textura e estrutura, para que possa manter um sistema radicular suficiente. Essa profundidade é mais importante nas regiões de clima seco, não se devendo plantar café em solos com pequena profundidade, a menos que se adote a irrigação. A maior parte das raízes ativas (finas) do cafeeiro concentra-se na primeira camada do solo, até 30 cm de profundidade, embora em cafeeiros adultos, em solos bem corrigidos e com boas condições físicas, existam raízes finas de importância até 2-2,5 m.

A porosidade do solo é oriunda do espaço, sob a forma de poros (macro e micro), ocupado pelo ar e pela água. Ela afeta o desenvolvimento das raízes, o armazenamento de água e ar no solo e a perda de nutrientes por infiltração/lixiviação. As raízes do cafeeiro precisam de um bom arejamento no solo, pois se desenvolvem melhor em meio oxidante. A cor do solo indica o seu nível de drenagem, sendo que as tonalidades amarelo-clara, esbranquiçada e acinzentada resultam de drenagem deficiente; as cores mosqueadas, ou seja, apresentando manchas, indicam períodos de baixa e alta umidade e as cores amarelo escuro e avermelhadas indicam boa drenagem . Um bom equilíbrio de partículas sólidas, água e ar acha-se em torno de 50% para a primeira e 25% para cada uma das demais.

4 - Condições agronômicas

As áreas escolhidas para plantio de cafezais, dentro da propriedade, devem atender a condições que ofereçam maior facilidade para a implantação e manejo futuro do cafezal. Deve-se observar, principalmente, a topografia, as vias de acesso, a cobertura vegetal presente, o uso anterior da área e a disponibilidade/proximidade de água.

As áreas devem ter topografia que facilitem a mecanização, pois as práticas mecanizadas, desde o plantio até a colheita, normalmente reduzem bastante o custo de produção do café, além de possibilitar a exploração em maior escala. Em regiões de montanha

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28 RECOMENDANDO

As facilidades no acesso à área escolhida para plantio favorecem todo o transporte de insumos para a lavoura e desta o café colhido para as instalações de preparo.

A disponibilidade de água próxima e, se possível, acima da área a plantar café, é importante para os tratamentos em pulverização, além de facilidade diante de uma necessidade para irrigação, tornando-se um fator estratégico para localização da lavoura nas regiões com problema de déficit hídrico. Na figura m5 pode-se observar a facilidade de água , oriunda do Rio São Francisco, para projeto de cafeicultura irrigada da Agropecuária São Thomé, em Pirapora-MG.

Fig. 4 - Raízes finas, de cafeeiros velhos, apresentando galhas pelo nematóide M. exígua.

Figura 5 - Vista aérea do projeto de cafeicultura irrigada da Agropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, vendo-se ao fundo o Rio São Francisco, que supre água ás lavouras.

adotar as áreas com topografia mais favorável, até 50 ou no máximo 70% de declividade.

A cobertura adequada é de pasto nativo ou capoeira leve; ou cultura anual, não devendo ser mata (pela questão ambiental e pela dificuldade e custo com desmate e tocos), devendo-se evitar, sempre que possível, àquelas com capins persistentes (brachiarias etc), se bem que com o uso de herbicidas pós-emergentes, que facilitam a desinfestação de ervas problemáticas, esse aspecto perdeu sua importância.

Quanto à cultura anterior, sendo lavoura de café velha, deve-se verificar se não há problemas de pragas de solo, como nematóides (fig. 4), cochonilhas, moscas, cigarras etc, e adotar, sempre que possível, um descanso ou rotação de culturas (1 ano), usando variedades tolerantes ou mudas enxertadas para o caso de nematóides ou usar produtos inseticidas-nematicidas e adubos orgânicos na cova/sulco de plantio.

A adubação da lavoura cafeeira deve ser racional e equilibrada

J.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs Agrs MAPA/Procafé e Luciano A. R.Tannuri, Eng. Agr. COOPADAP

A adubação racional, como o próprio nome indica, pressupõe uma nutrição mais adequada dos cafeeiros, através do uso conjunto dos variados nutrientes, oriundos dos corretivos e dos adubos apropriados, sempre de forma equilibrada e observando as necessidades, diante das características do solo e da lavoura a ser adubada. Busca, assim, evitar faltas ou excessos. Objetiva, também, associar

boa eficiência nutricional com um adequado retorno econômico dos gastos efetuados.

O sistema de manejo empregado no cafezal deve ser levado em conta na indicação da adubação, a fim de adota-la coincidindo modos e épocas apropriados, para facilitar e baratear sua execução. A integração da adubação com as demais práticas na lavoura, especialmente aquelas

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29RECOMENDANDO

que suprem água e as que protegem as plantas, também não deve ser esquecida, pois de nada adianta adubar bem se não houver bom supr imen to de água e se a s pragas/doenças/ervas promoverem, do outro lado, a desfolha e o desgaste dos cafeeiros.

Pela lei do mínimo, o crescimento e a produtividade das lavouras podem ficar limitados por apenas um ou poucos nutrientes, que se encontram em quantidades insuficientes, de nada adiantando ter aplicado muito dos demais.

Equilíbrios necessários

A adubação e a calagem devem suprir os nutrientes em quantidade suficiente, sem esquecer do equilíbrio adequado entre os vários nutrientes, visando seu melhor aproveitamento. O excesso de alguns é prejudicial, tanto pelo maior gasto necessário, como pelos desequilíbrios e antagonismos causados. A falta, igualmente, leva ao desequilíbrio e a deficiências.

É comum o produtor efetuar sua adubação sempre com uma fórmula padrão NPK e não prestar atenção nem na disponibilidade, já existente no solo, que pode influir na dose e na relação entre esses 3 nutrientes, nem se preocupar com o suprimento de outros nutrientes importantes, como o Ca e Mg e os micro-nutrientes. Além disso, essas aplicações padronizadas de NPK podem levar a desequilíbrios prejudiciais, afetando relações desejadas, como K/Ca/Mg, P/Zn etc.

Um trabalho de pesquisa pioneiro, realizado pelo IAC, em Batatais-SP, mostra (figura 1) que a maior produção de café foi obtida nos cafeeiros com adubação completa, onde foram utilizados adubações contendo NPK + Ca e Mg + Micro (Zn e B), caindo, progressivamente, quando faltaram os micro, ou os micro e a calagem (só NPK). Sem adubo, a lavoura, naquela área de cerrado, muito pobre, quase não produziu (só 2 sacas/ha).

Os principais desequilíbrios que podem ocorrer em lavouras de café são os seguintes:a) Excesso de calcário ou outro corretivo - deficiência de micro-nutrientes, Zn, B, Cu, Fe e Mn e provável

Figura 1 - Resultado pioneiro de resposta do cafeeiro à calagem , à adubação NPK e micro, em solos de campo-cerrado, Batatais-SP - 1956 (média de 10 produções).

Um exemplo clássico de desequilíbrio, que ocorre, muito freqüentemente, em cafezais, pode ser observado nos dados obtidos de pesquisa realizada em Martins Soares-MG (ver quadro 1). O teor de K se encontrava alto no solo e, assim, as doses da adubação potássica aplicadas não aumentaram a produção, ao contrário, provocaram reduções em relação às plantas da testemunha, as quais não receberam K. Pode-se verificar que, na condição do solo da lavoura ensaiada, os níveis de K se mantiveram muito altos nos tratamentos que receberam doses de K2O, enquanto os teores de Ca e Mg no solo se mantiveram baixos, em desequilíbrio. Por isso, deve-se, sempre, considerar a análise de solo para a recomendação correta.

CTC do solo= 11 eq mg ou cmolc/dm3Fonte: Matiello et alli – Anais 30ºCBPC, MAPA/PROCAFE, 2004, p.35.

Quadro 1 - Produção de café, na 1ª safra útil após as adubações, e teores de K no solo em ensaio de doses de K2O, Martins Soares - MG, 2004.

desequilíbrio para K (pelo antagonismo com Mg e Ca do calcário).b) Falta de correção do solo – Menor índice de aproveitamento dos adubos NPK aplicados.c) Excesso de nitrogênio - deficiência de B, Cu, Zn e Fe e maior susceptibilidade a Phoma e Pseudomonas.d) Excesso de P no plantio - deficiência de Zn e Cu. e) Excesso de K - deficiência de Mg e Ca e muitas vezes de B.f) Excesso de matéria orgânica - deficiência de cobre

A deficiência de magnésio é muito comum por excesso (desequilibrio) de K e Ca, vendo-se o amarelecimento entre nervuras das folhas velhas

A deficiência de magnésio é muito comum por excesso (desequilibrio) de K e Ca, vendo-se o amarelecimento entre nervuras das folhas velhas

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30 RECOMENDANDO

A lei do mínimo, já citada anteriormente, condiciona o desempenho vegetativo e produtivo do cafeeiro à situação daquele ou daqueles nutrientes que se encontram em falta e reforça a necessidade de orientar a adubação/calagem como um conjunto nutricional, que não deve esquecer, também: as condições já presentes no solo (químicas e físicas); as características da lavoura (idade, variedade, carga etc.); e a qualidade e modo de uso dos adubos/corretivos.

Avaliação dos desequilíbriosA avaliação da ocorrência de desequilíbrios

nutricionais em uma lavoura cafeeira pode ser feita através do exame dos resultados das análises, quanto aos teores de nutrientes constatados no solo e nas folhas.

Para um técnico que atua em determinada região é possível avaliar os desequilíbrios mais comuns, também a nível regional. Basta colocar em uma planilha os resultados de análise de diversas lavouras e de diversos produtores.

Um exemplo deste trabalho pode ser observado no quadro 2, que reuniu os dados de resultados de análise de solo de 227 áreas na região da Cooperativa de São Gotardo, no Alto Paranaíba, em Minas. Nesta tabela estão colocados os resultados médios das análises dos parâmetros de fertilidade e as freqüências, percentuais, de ocorrência dos dados em 3 níveis: baixos, adequados e altos, com base na comparação feita com a tabela de padrões de fertilidade constante do livro “Manual de Recomendações Cultura de Café no Brasil“ (Matielo, Santinato, Garcia, Almeida e Fernandes, ed. 2005), do MAPA/Procafé.

Pode-se verificar que a saturação de bases nos solos, em sua maioria, é baixa, assim como são baixas as saturações de K, Ca e, principalmente, de magnésio, tornando suas relações desequilibradas. Observa-se que o alumínio está baixo, ou seja, de forma adequada, o enxofre está igualmente adequado ou até alto, sem problemas. O fósforo está em boa parte em níveis adequados e os micro-nutrientes se encontram em nível muito baixo, especialmente o manganês, o boro e o cobre. O Zinco, em grande parte, está deficiente ou muito alto.

Com base nos dados observados o Técnico poderia, fácilmente, concluir que: Existem problemas de solo a serem corrigidos nas lavouras de café na região, visando melhorar a saturação e o equilíbrio das bases, especialmente de magnésio. Pode verificar, ainda, que os micro-nutrientes boro, cobre e manganês, em falta, devem ser supridos e

Tabela 1 - Níveis médios e freqüências de resultados de análises de solo em 227 amostras (0-20 cm) em áreas cafeeiras da região de São Gotardo-MG, 2009

avaliados também por análises foliares, sendo que o zinco pode estar prejudicando, em alguns casos, por excesso.

A organização e a análise em conjunto dos resultados das amostras de solo constitui desta forma, uma metodologia adequada para o conhecimento da realidade numa região e para fornecer informações úteis aos Técnicos recomendantes.

Lavouras mal adubadas apresentam forte desfolha e stress depois da colheitaLavouras mal adubadas apresentam forte desfolha e stress depois da colheita

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PANORAMA 31

Programa Globo Repórter levanta a moral do café e da cadeia cafeeira

O programa Globo Repórter, da TV Globo, que foi ao ar na sexta, dia de teve grande repercussão, muito positiva, tanto sobre o publico em geral, na maioria consumidores da bebida café, como sobre os variados setores da economia cafeeira.

Apresentado pelo repórter Alberto Gaspar, ex-Globo Rural e ex-correspondente em Israel, a experiência dele e da equipe foi muito importante para enfocar aquilo que o café realmente é, ima bebida saudável, benéfica para estimular a inteligência e a capacidade de trabalho e para fornecer anti-oxidantes benéfico à saúde . Mostrou, alem disso, parte do processo de preparo dos cafés, desde a colheita e a importância do produto na geração de empregos e de receitas ao pais.

Na própria noite em que o programa foi ao ar e nas semanas seguintes foi possível avaliar a boa repercussão da matéria veiculada, por inúmeros telefonemas e-mails e mensagens tratando do esclarecimentos e de demonstrações de satisfação pelo bom nível das informações e da qualidade dos entrevistados e das imagens. Mantido no site da Globo e também do Peabirus o programa recebeu milhares de acessos.

Dos profissionais que conhecemos, destacamos a participação no programa do médico/professor Darcy Ribeiro, do Eng. Agr. J.B. Matiello e do colega Alaerte classificador-provador do ex- IBC.

Deixamos aqui nossos votos de louvor. À Rede Globo, à Equipe do Globo Repórter, em especial a Alberto Gaspar e Ana

Rita, e agradecemos a eles pelo alto padrão e o bom teor das informações. Foi, sem dívida, um programa muito benéfico, como o café. Ele levantou seu nome, Vamos, então, continuarmos a tomar aquele cafezinho, saudável e também saboroso.

Novas publicações sobre manejo na lavoura cafeeiraDuas novas publicações foram editadas,

recentemente, pelo MAPA/Fundação Procafé Trata-se do Boletim “Controle do mato em cafezais” e o livreto “Simplificando a irrigação em cafézais. O primeiro de autoria de J.B. Matiello, André Garcia e U.V. Barros e o segundo de J.B. Matiello, André Fernandes e R. Santinato, experientes técnicos que lidam na pesquisa e AT em cafeicultura.

O boletim de controle do mato trata dos prejuízos causados pelas ervas e sobre épocas e os métodos adequados de controle, contendo 48 páginas de texto e 12 de ilustrações, a cores. Seu objetivo é fornecer informações técnicas para o controle do mato, aproveitando as vantagens das ervas daninhas no cafezal, suprindo matéria orgânica e melhorando o ambiente.

O livreto “Facilitando a irrigação de cafezais”, como o nome indica, procurou tornar mais acessíveis as informações para permitir, mesmo aos técnicos de campo, com pouca experiência em irrigação, entender a importância da prática, como indica-la e orientar os processos mais adequados a cada caso, sempre levando em conta os custos/benefícios e o uso racional da água.

As informações ocupam 78 páginas de texto e 10 de ilustrações.Os recursos utilizados nas publicações vieram do

Convenio entre o MAPA e a Fundação Procafé.Os interessados nas publicações podem ter acesso a

elas na Fundação, através de pedidos pelo e-mail [email protected]

Catucai vermelho 19/8 cv 380 - Japi, vai bem na zona montanhosa do Espirito Santo

As observações de campo feitas, recentemente, em ensaios e em áreas de multiplicação de sementes implantados na região de Marechal Floriano-ES, mostram que a linhagem de catucai vermelho 19/8 cv 380, chamada de Japi, tem

apresentado boa adaptação àquelas condições de clima frio e úmido, onde ocorrem, simultaneamente as doenças Phoma/Ascochyta e a ferrugem. O material vem apresentando bom vigor e alta produtividade. A resistência à ferrugem é

A equipe do Globo Repórter, reunida na Fazenda Sertãozinho-MG, tendo ao centro Anarita Mendonça e sua colega, diretoras

da reportagem, logo à direita o Jornalista/repórter Alberto Gaspar, e os 2 cinegafistas na lateral direita. À esquerda os Engs. Agrs. Matiello

e José Renato, este com seu Filho.

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32 PANORAMA

elevada e parece que o material tem alguma tolerância à Phoma.Os campos e experimentos se encontram instalados na

localidade de Santa Maria do Marechal, nas propriedades do colega César Kroelling e de José Stockl, os quais recebem as visitas dos Técnicos especializados nas variedades, Saulo Almeida e J.B. Natiello. Eles tem feito o controle das produções e do vigor das diferentes variedades em teste. Uma observação interessante é a de que os cafeeiros da linhagem Japi sempre ficam com a folhagem bem verde, parecendo mais tolerantes aos períodos secos.

Na foto pode-se ver o exemplo de um cafeeiro da linhagem, bem vigoroso, no ensaio. Na média de 5 safras nesse ensaio, a linhagem Japi produziu, em média 44,5 scs/ha, enquanto o melhor catuai padrão, o catuai amarelo IAC 39 produziu 43,7scs/ha.

No passado, em terrenos de mata, era comum o plantio direto de sementes de café em covas fundas, visando, com a associação de matéria orgânica e ambiente sombrio, a germinação e crescimento das mudas em boas condições e a formação mais econômica da lavoura. Atualmente, o plantio de café é feito com o uso de mudas formadas nos viveiros e levadas ao campo com 6-8 meses de idade. Dois tipos de recipientes são os mais empregados: as sacolinhas plásticas e os tubetes.

A necessidade de aumentar a população de plantas de café por área (stand), objetivando adequar maiores produtividades em ciclos curtos, em sistemas de plantio adensado, super adensado, ou em safra-zero, justifica o estudo de novas alternativas para reduzir o custo das mudas e do plantio de cafeeiros.

Foram conduzidos 2 campos de observação, com 400 plantas cada, em uma área irrigada com gotejamento, na Agropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, a 520m de altitude e temperatura média anual de 24,3°C. Na primeira área foi estudado o semeio direto das sementes e no segundo foi feito o plantio de mudas de raiz-nua.

Para o semeio direto foram utilizadas 10 sementes junto à área de gotejo, sendo semeadas em linha, a 1cm de profundidade e, sobre a superfície do solo, após o semeio, colocou-se uma camada de mato seco, obtida no local. A

irrigação de gotejo foi aplicada da forma usual, com gotejadores a cada 0,7m e capacidade para gotejar 4 litros de água por hora. A área se encontrava com mamoeiros plantados a 3 x 2m. Após a germinação das sementes de café, no estágio palito de fósforo, retirou-se o capim e as mudas cresceram normalmente, até o 2º par de folhas, quando se efetuou o raleio, deixando 1 muda a cada 40-50 cm.

Para o campo de raiz-nua as mudas foram formadas em canteiro preparado com terra+esterco+super-simples, sendo o semeio em linhas, a cada 5 cm, e com sementes seguidas. Com 2 pares de folhas, as mudas receberam uma aplicação de Triadimenol (Bayfidan 250 CE) à razão de 1,5 ml para cada 100 mudas (através de regador, diluindo em água). Houve retenção no crescimento e amarelecimento das mudas, com grande formação de raízes finas. Elas foram arrancadas com cuidado e plantadas no campo, fazendo-se um furo com chucho de madeira. Foram estudadas 3 situações: Plantio sob a sombra de mamoeiros, sob sombra de hastes de palmeira e a pleno sol. Foi plantada uma muda a cada gotejador. (0,7m).

Completada a fase de formação dos cafeeiros com a avaliação da produção na primeira safra, em 2009, verificou-se, conforme quadro de resultados aqui apresentado, que a produtividade foi semelhante entre os diferentes sistemas de plantio, com ligeira superioridade do plantio direto de semente, seguindo-se as mudas de raiz nua com sombra, permanecendo um pouco inferior os cafeeiros plantados a pleno sol,

Pode-se verificar, portanto, que é possível formar lavoura de forma normal a partir de semeio direto ou com mudadas de raiz nua em área irrigada por gotejo e sob sombra de mamoeiros.

Quadro de resultados: Parâmetros de crescimento (altura das plantas) e primeira produção em cafeeiros sob diferentes sistemas de mudas e plantio, Pirapora-MG, 2009

Plantio direto de sementes e de mudas de raiz nua formam bem a lavoura de café irrigada

Vista geral da lavoura formada com semeio direto e com mudas de raiz nua, sob mamoeiros e com gotejamento, Pirapora-MG

Vista geral da lavoura formada com semeio direto e com mudas de raiz nua, sob mamoeiros e com gotejamento, Pirapora-MG

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ANÁLISE 33

Importância da irrigação em cafézais J. B. Matielo, R. Santinato e André L. Fernandes

A irrigação de lavouras de café era quase um tabu, até a década de 1990, dizendo-se que ela era desnecessária, onerosa e de difícil execução, devido à suficiência de chuvas nas regiões produtoras e ao caráter extensivo da cultura cafeeira.

Com a ampliação de áreas cafeeiras, em regiões mais secas, e com o aumento do déficit hídrico mesmo em regiões tradicionalmente aptas, o uso da prática de irrigação cresceu bastante, mostrando retornos produtivos vantajosos e com ótimo benefício/custo.

A utilização da irrigação, no entanto, não deve ser encarada apenas como uma maneira de aplicar água, para reduzir o déficit hídrico. Ela se inclui num conceito mais amplo, onde se torna essencial no aumento da produtividade e na rentabilidade, especialmente nos sistemas de p r o d u ç ã o d e c a f é m a i s t e c n i f i c a d o s , complementando efeitos e eliminando riscos sobre os investimentos realizados em todo o processo produtivo.

A tecnologia para a irrigação em cafezais também evolui muito, com melhores definições sobre os sistemas, épocas e quantidade de água aplicada, na forma mais adequada, visando, sempre, maior eficiência e economia.As pesquisas e a prática nas lavouras de café irrigadas mostram que ficou mais fácil irrigar.

Funções da água para o cafeeiro

Na lavoura cafeeira a água tem funções essenciais no desenvolvimento e na produção das plantas.

Sem a água o cafeeiro não absorve os nutrientes pelas raízes e nem transporta esses nutrientes para sua copa, ou seja, não se alimenta.

A água entra no processo de produção de energia, através da fotossíntese. Ela é responsável pela manutenção da temperatura nas folhas, pela transpiração, promovendo o resfriamento da folhagem, evitando a desidratação dos tecidos, .à semelhança do que ocorre com o organismo humano. A folhagem do cafeeiro possui cerca de 85% de água e os frutos maduros 60%.Sem a água a planta murcha, perde folhas, ocorre a seca de folhas e ramos, o crescimento diminui e a produção também cai muito.

Com falta de água, e com poucas folhas no cafeeiro, a produção de energia para a planta fica reduzida, o bombeamento de água é diminuído e o pegamento da florada e, consequentemente, a carga de frutos, ficam prejudicados.

No processo de floração/frutificação, a falta de água prejudica a indução floral, provoca a queda de botões florais e de chumbinhos, causa a formação de flores anormais ( estrelinhas ou pequenas), as

Na foto aérea pode-se ver um projeto com grande número de pivôs, sistema que viabiliza a cafeicultura irrigada em grandes fazendas, como esta no Oeste da Bahia.

Na foto aérea pode-se ver um projeto com grande número de pivôs, sistema que viabiliza a cafeicultura irrigada em grandes fazendas, como esta no Oeste da Bahia.

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34 ANÁLISE

quais não se abrem normalmente, provoca o chochamento e o coração negro em frutos e reduz seu tamanho.

O planeta terra vem se aquecendo, com aumentos de temperaturas esperados nos próximos anos. Com tempo mais quente as plantas transpiram mais e, assim, precisam de mais água.

Sabemos que para suprir a água a maneira mais segura é a irrigação, reduzindo a dependência e complementando o suprimento natural, pelas chuvas, muitas vezes insuficientes e irregulares.

As novas lavouras de café, sempre que possível, devem ser implantadas em locais onde exista uma boa fonte de água, devendo-se passar a localizar os cafezais em áreas mais próximas dessas águas.

Necessidade de irrigação e regiões cafeeiras prioritárias

A utilização da irrigação em cafezais deve ser precedida de uma análise de risco, com base no registro histórico de chuvas e de balanços hídricos para uma determinada área, avaliando-se o risco de falta de água para o cafeeiro. Por exemplo, em um local que apresentava, no período l980 a l995, ou seja, em l5 anos, 6 anos com déficits de l50-200 mm, 3 anos acima de 200 mm e 6 anos menor que l00 mm anuais, significa que há 20% de risco de perdas graves e 40% de perdas parciais, o que indica que a irrigação vai compensar.

O cafeicultor deve, assim, ficar atento e analisar, em cada região e em sua propriedade, o risco que a área oferece quanto à deficiência de água, que possa resultar em perdas significativas, analisando, por outro lado, os custos e os benefícios da irrigação, sempre levando em conta o investimento a ser efetuado e a conjuntura cafeeira

(preços do café etc).As regiões cafeeiras no Brasil prioritárias

para irrigação, onde a prática tem se tornando necessária e com boas respostas são:a) Alto Paranaiba, Triângulo Mineiro, Norte e Noroeste de Minas e Goiás.b) Região cafeeira no Nordeste do país - Bahia, Pernambuco e Ceará.c) Zona de café Conillon - Na maior parte do Estado do Espirito Santo, extremo-sul da Bahia e até em certas áreas em Rondônia e Mato Grosso.d) Áreas de café arábica da Zona da Mata de Minas, do Jequitinhonha, E.Santo e Estado do Rio de Janeiro, situadas nos limites mais baixos de altitude, nas faces continentais das serras (sombras de chuva).e) Áreas de altitude mais baixa no Oeste e Sul de Minas, na Mogiana e Araraquarense em São Paulo, também em bolsões de seca.

Embora não se tenham t rabalhos experimentais, a longo prazo, mostrando respostas à irrigação em variadas condições de déficit pode-se estimar que:l) Áreas com déficit anuais inferiores a l00 mm não respondem à irrigação.2) Áreas com déficit de l00-l50 mm respondem a irrigações eventuais, normalmente. na pré e pós-florada.3) Áreas com l50-200 mm de déficit necessitam de irrigações sistemáticas.4) Áreas com déficit acima de 200mm são consideradas não aptas para café arábica e só devem ser exploradas com base em irrigações previamente planejadas.

Para o cafeeiro Conillon, até l50-200 mm de déficit não ocorrem problemas sensíveis e entre 200-300 mm é necessário irrigar, com prioridade nos períodos críticos, de florada e granação.

Detalhe do terminal de irrigação por aspersão em malha larga, vendo-se o tubo de subida, de 50 mm de diâmetro, o registro, e o aspersor (8 m3 /h).funcionando, a cada 36 m. (Utinga-BA)

Detalhe do terminal de irrigação por aspersão em malha larga, vendo-se o tubo de subida, de 50 mm de diâmetro, o registro, e o aspersor (8 m3 /h).funcionando, a cada 36 m. (Utinga-BA)

Efeito da irrigação no desenvolvimento e retenção foliar em cafeeiros, vendo-se à direita talhão irrigado, bem enfolhado e preparado par a próxima safra e à esquerda sem irrigação., já com desfolha acentuada.

Efeito da irrigação no desenvolvimento e retenção foliar em cafeeiros, vendo-se à direita talhão irrigado, bem enfolhado e preparado par a próxima safra e à esquerda sem irrigação., já com desfolha acentuada.

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35ANÁLISE

Sou agrônomo ou Engenheiro Agrônomo?J.B. Matiello- Eng. Agr. MAPA/Procafé

Recebi do colega Hélio Casale um comunicado em que o MEC- Ministério da Educação estava querendo mudar o nome do curso de ENGENHARIA AGRONÔMICA para AGRONOMIA e da titulação de ENGENHEIRO AGRÔNOMO para AGRÔNOMO. Pedia para que votássemos, via internet, manifestando ao MEC nossa vontade para que o curso e a denominação do profissional permanecessem como estão. Pedia, assim, para que empregassemos alguns minutos nesse encaminhamento em defesa de nossa profissão.

Achei oportuna a defesa, porem considerei mais adequado aconselhar ao MEC que use seu tempo, e não o nosso, fazendo coisas mais úteis, melhorando o ensino e, não, simplesmente, mudando nomes.

Pensei, também, na necessidade de nós mesmos fazermos uma análise sobre que tipo de profissional deveríamos ser, não em relação ao nome, mas, sim, em relação às nossas atividades junto ao setor agropecuário.

Ano que vem faço 45 anos de formado. Faz muito tempo que sai da Universidade. É quase uma vida, onde aprendi e ensinei. Fiz um pouco de tudo. Fiz planejamento e gerenciamento de programas de desenvolvimento agrícola. Fiz pesquisas e assistência técnica. Escrevi livros, boletins, trabalhos científicos. Fiz muitas palestras e ministrei centenas de cursos. Conheci, convivi e trabalhei com milhares de colegas.

Assim, com minha experiência, e diante da discussão do tema levantado, quanto à nossa profissão, faço aqui uma breve análise sobre como deveríamos atuar e sobre os tipos de profissionais que tenho encontrado atuando.

A profissão do futuro no presenteAssim como se diz que o Brasil é o pais do futuro,

se fala que a profissão agronômica também o é. Isso por que a agro-pecuária é a fonte de suprimento dos alimentos para a sobrevivência da humanidade, onde a população está sempre crescente.

Nessa condição, o profissional de agronomia encontra extraordinárias possibilidades de trabalho, porem, também, muitas dificuldades, diante do esgotamento dos recursos naturais, do empobrecimento dos solos, do desequilíbrio climático e do crescente problema com as pragas e doenças, que em conjunto, afetam os cultivos e dificultam as soluções destinadas à garantia alimentar..

Se por um lado se abrem muitas potencialidades para uso dos conhecimentos, da inteligência, da criatividade e da dinâmica de trabalho, por outro, o profissional de agronomia ainda se mostra muito lento e despreparado para assumir seu papel, aquele de mostrar os caminhos para que os resultados, a colheita e os frutos

do seu trabalho, se tornem cada vez mais presentes.

Tipos de profissionaisComo já dissemos, a convivência no trabalho

pode indicar o agrupamento de atuação dos profissionais de agronomia em 6 tipos principais: O Agrônomo sabe-tudo, o Agrônomo vendedor, o Agrônomo agricultor, o

Agrônomo voador, o Agrônomo ecologeiro, e o Agrônomo tecnológico.

Não vai aqui qualquer critica, apenas a constatação, mesmo por que, cada um pode se enquadrar ou se ajustar a seu tipo preferido. Eu mesmo, acho, tenho um pouco de vários dos 6 tipos.

Então, aqui vai a definição do primeiro: o Agrônomo sabe- tudo. Este tipo de atuação é muito comum nos recém-formados e, também, nos pós graduados, mestres ou doutores. Os recém-formados saem das faculdades com pouca vivencia prática. Indo a campo, acham, por ter seu titulo, que podem chegar logo dando aulas ao produtor. ou aquela receita que só ele sabe. Ledo engano. Muitos produtores, pelo seu conhecimento prático, sabem mais do que ele e, assim, ficam sabendo que ele, na realidade, pouco sabe. O comportamento adequado aos recém formados é o de ouvir mais e falar menos, aproveitando a experiência do produtor e sobre ela procurar acrescentar algo mais técnico e racional. Já os pós-graduados colocam logo o seu titulo antes do próprio nome.

Engs. Agrs. César Krohling e José Onofre, com diferentes atividades, o primeiro faz consultorias e pesquisas, privadas, enquanto o segundo assiste produtores através de AT oficial, da INCAPER. Na foto observando O Catucai 2 SL, plantado para comemorar o dia de campo realizado há 2 anos, em Santa Maria do Marechal-ES. Foto, Nov de 2009

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36 ANÁLISE

Eles se esquecem que um pouco mais de estatística ou de metodologia que aprendem em seus cursos e mostram em suas teses, na maioria das vezes pouco aproveitáveis, não substituem o conhecimento da realidade, o qual só chega como fruto do seu interesse, no dia a dia do seu trabalho.

O segundo tipo, o Agrônomo vendedor, tem hoje uma importância grande, pois, como a assistência técnica oficial está pouco presente, este profissional acaba tendo maior contato com os produtores, podendo influir bastante no uso de tecnologia. Algumas empresas, nesse sentido, vem preparando seus profissionais, para uma chamada venda assistida, fazendo-o conhecer outros aspectos ligados ao sucesso da cultura e não apenas aquele ligado à venda do determinado produto. Ocorre, no entanto, que em função das metas de venda, a necessidade do emprego e, muitas vezes, diante da existência de produtos não muito confiáveis, acabam tendo que vender gato por lebre. Muitos acabam se especializando num linguajar pouco técnico e mais parecem um pastor daqueles que vendem milagres. Sabemos que parte dessa culpa recai sobre os Órgãos registradores e reguladores, pois muitas coisas autorizadas a vender nem sempre foram adequadamente testadas.. Ai, falando em animais, o agricultor é quem paga o pato.

O terceiro tipo é definido como Agrônomo voador, no sentido de que está sempre mudando suas idéias, o que em parte é bom, pelo estilo inovador, porem em excesso prejudica. Sempre que fala vem logo com uma novidade, lida aqui ou ali, assistida pela tv, obtida num seminário etc. É preciso que saiba que o processo de adoção de tecnologia deve partir de uma base, que chamamos feijão com arroz, e sobre ela adicionar novos ganhos, gradativamente. Muita novidade, alguns sonhos, podem confundir o produtor e podem levar à perda do foco principal.

O quarto tipo, muito comum, este nos profissionais mais velhos, é o Agrônomo agricultor. Ele decorre, em boa parte, da própria função exercida junto aos produtores, especialmente pelos serviços de Assistência técnica no interior. Deixados atuar sem uma atualização técnica adequada, os profissionais acabam, naturalmente, absorvendo muito do que pensa o produtor e acabam falando como ele. Normalmente compram um sitio, o qual,

tocado com os poucos recursos de que dispõe e, ainda mais, sem a presença imprescindível do dono, acabam em fracasso, e, assim, realimentam suas idéias como produtor. Não sou especialista em extensão, mas a vivencia mostra que é, sim, importante compreender como o agricultor pensa e age, para usar esse conhecimento na mudança tecnológica a ser implantada.

O quinto tipo é o Agrônomo chamado de ecologeiro. É aquele que jogou fora todo o conhecimento técnico e a ciência que aprendeu na escola e passa a se guiar mais pela ideologia. Dá valor apenas à natureza, quando sabe que o homem, ele mesmo, é um ser estranho à ela. Fala só de orgânico, de ONGs, de produtos naturais, mas age ao contrário. Gosta de trabalhar com ar condicionado, mas combate as hidroelétricas, gosta de tomar os melhores wiskies, andar sempre alinhado, mas condena a vida moderna. Eles ensinam aos produtores os métodos mais atrasados, querem que eles usem as sementes e as plantas nativas, menos produtivas e eficientes, quando se sabe que o sustento da humanidade, sempre crescente, depende do progresso dos fertilizantes, defensivos e da biotecnologia, para o desenvolvimento e a proteção das plantações, que, assim, garantirão os alimentos necessários.

O sexto tipo de profissional é o meu preferido. Trata-se do Agrônomo tecnológico, caracterizado como aquele que associa seus conhecimentos técnicos aos aspectos práticos das questões. É o profissional que dá importância à tecnologia, assim, procurando sempre estar atento às inovações, porem indica o mais racional, aquilo que se aplica, aquilo mais econômico. Ele procura conhecer os problemas do campo, entende o que o agricultor pensa, mas, gradativamente, procura melhorar o nível do seu assistido.

Um sétimo tipo de Agrônomo, não vou dizer o nome, porem muitos colegas do ex-IBC vão entender por que. Acho um desperdício usar profissionais tão bem preparados nessa função nada técnica, a qual poucos resultados traz ao setor agrícola e onde qualquer pessoa poderia atuar.

Afinal, quem somos?Nós somos aquilo que queremos e muito o que

fazemos. Nossa função depende de cada um. Somos verdadeiros Engenheiros quando usamos

as ferramentas de planejamento, execução e controle dos projetos agropecuários. Quando desenvolvemos novas variedades, novos produtos e métodos culturais mais racionais, aplicando os conhecimentos tecnológicos em beneficio do produtor e de toda a cadeia agrícola, finalizando no alimento adequado ao consumidor. Trabalhamos com seres vivos, plantas e animais, e com todo o ambiente que os rodeiam. Lidamos com biologia, uma ciência complexa, muito mais difícil de entender do que as exatas matemática e física, dominadas pelos doutos Engenheiros. Somos até um pouco mais do que eles, pois dependem de nós, do alimento que ajudamos a produzir, eles e os burocratas que desejam mudar nossa carreira.

O eng. Agr. Lázaro Soares vai ao campo, com o Técnico agrícola, avaliar as pragas no cafeeiro, na atividade de gerenciamento de projeto agrícola em Bocaiuva-MG, Nov 2009

O eng. Agr. Lázaro Soares vai ao campo, com o Técnico agrícola, avaliar as pragas no cafeeiro, na atividade de gerenciamento de projeto agrícola em Bocaiuva-MG, Nov 2009

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SÉRIE CLIMÁTICA 37

Chuva de inverno provoca perdas de qualidade dos cafés da safra 2009 e menor e desigual floração para a safra de 2010

J.B. Matiello e L.B. Japiassu- Engs. Agrs. Mapa e Fundação Procafé

Falta de chuva é ruim, e excesso também. Isto é verdade na lavoura cafeeira.

Neste ano de 2009 foi o excesso de chuvas, em período de inverno, que causou problemas. Primeiro na qualidade do café da colheita, feita em período de maior umidade, condição em que os frutos de café demoram a secar, tanto aqueles da planta, como, especialmente, os que caem ao chão. Com chuvas a queda de frutos é maior e aumenta a proporção de cafés de varrição.

Com a umidade ocorrem as fermentações indesejáveis e piora a bebida do café. O excesso de umidade também piora o tipo, com maior presença de grãos ardidos e pretos, alem de prejudicar o aspecto dos grãos que ficam com uma cor chumbo, chamados de cafés chuvados.

Grande proporção de cafés de bebida riada e rio, de qualidade inferior, foi constatada nos cafés recebidos pelas Cooperativas de Cafeicultores na região Sul de Minas, onde os padrões de bebida predominante normalmente são de duro a mole.

A observação dos dados de chuva no período de abril a setembro/outubro, na estação meteorológica da Fundação Procafé, em Varginha, mostra o diferencial registrado em 2009 em relação à média normal, dos últimos 25 anos, conforme pode ser verificado no gráfico aqui incluído.

Também em função dessa anormalidade das chuvas, tem-se observado uma grande irregularidade na floração, que dará origem à safra de 2010. Como

se conhece, as gemas florais do cafeeiro são seriadas e sua maturação em botões se dá gradualmente. Um período seco na pré-florada, de julho a setembro, favorece a uniformização no abotoamento e, em seguida, com as chuvas, de outubro/novembro a florada vem mais uniforme.

Neste ano observou-se pequenas florações, desde agosto até agora, e temos ainda botões para abrir, junto a frutinhos já formados. Isto pode prejudicar a produtividade do ano que vem, pois quanto mais uniforme a frutificação tanto maior é a queda de frutos. Alem disso, florada desigual vai dificultar a operação de colheita e a qualidade da próxima safra. Na época, se colher cedo, vai ter bastante frutos verdes. Se atrasar vai ter muito café no chão, aqueles que amadureceram antes.

Precipitação (mm) registrada na média normal (período 1974 a 2008) e chuva observada no mesmo período no ano de 2009 - Fazenda Experimental de Varginha, MG

Florada desigual, vista no ramo, onde se observa frutos em 2 estágios, chumbão e chumbinhos e ainda botões para abrirem futuramente, leva a problemas na colheita

Florada desigual, vista no ramo, onde se observa frutos em 2 estágios, chumbão e chumbinhos e ainda botões para abrirem futuramente, leva a problemas na colheita

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38 ENTREVISTA

O Eng. Agr. Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro é um exemplo de profissional voltado para as atividades associativistas na cafeicultura.

Oswaldo é natural de Varginha-MG, importante pólo cafeeiro da principal região produtora, o Sul de Minas. Ele é filho de cafeicultores, do Seu Pedro e Dona Dalva, de quem herdou a tradição no café e seguiu na carreira agronômica do produto, assistindo e liderando os produtores. Em 1969 formou-se pela UFV e em 1970 foi trabalhar na Emater, até 1973, quando ingressou na Cooperativa de Patrocínio Paulista, no Convenio com o IBC, sendo em 1975 transferido para o Escritório de Assistência Técnica da Autarquia em Varginha. Em 1992 com a extinção do IBC, foi transferido para o MAPA, onde trabalhou até se aposentar, em 1998.

Durante sua vida profissional nosso colega Oswaldo Henrique desempenhou, por 4 anos a presidência do CNC-Conselho Nacional do Café e também por 15 anos a presidência da Cooperativa dos Cafeicultores de Varginha. Atualmente ocupa a Diretoria da Fundação Procafé

Pela sua experiência profissional, nossa revista achou oportuno conhecer a visão atual de Oswaldo Henrique sobre as ações de apoio governamental à lavoura cafeeira. Vamos a ela.

Oswaldo cita como importantes os programas de alongamento das dividas contraídas no passado pelos produtores; o sistema PEPRO, que concede uma margem de nos preços do café; e o sistema de opções de compra. No entanto, considera ainda insuficientes as metas de troca de divida por café, cujo preço do café estipulado para a troca é baixo. Ele indica que a política governamental deveria, de fato, estabelecer uma garantia de preços para aquisição efetiva do café, a preços compatíveis com os custos de produção, e sua retirada temporária do mercado, regulando a oferta e favorecendo, em seguida, a recuperação nos preços. O quantitativo para aquisição deveria ser ao redor de 10 milhões de sacas, admitindo a compra de cafés de padrão inferiores, aqueles que vem tendo maior dificuldade de venda e de preços no mercado e cuja origem se deve a problemas de chuvas no período de colheita da safra em 2009.

Como Eng. Agr. e participante, na época do IBC, no trabalho de previsão de safra e no cadastramento de produtores, considera essencial

Oswaldo Henrique mostra sua visão sobre o apoio governamental à cafeicultura

dispor de um sistema mais confiável para o dimensionamento real do parque cafeeiro e de suas safras, elementos influentes no mercado e na tomada de decisão pelos produtores quanto à redução ou expansão de suas lavouras.

No setor tecnológico do café, Oswaldo defende o aperfeiçoamento do sistema do atual Consórcio das Instituições de Pesquisa, evoluindo para a implantação de um Centro Coordenador e Executor das ações de desenvolvimento e difusão de tecnologia cafeeira, com vistas a integrar os conhecimentos, visando resolver os problemas de forma mais eficiente e econômica, evitando duplicidades nos trabalhos e o uso de recursos, oriundos do setor(FUNCAFÉ), em projetos que atendam prioridades levantadas no campo e não na preferência dos pesquisadores ou de interesse de suas teses.

Finalmente, ele enxerga que, a médio prazo, a cafeicultura deixará sua atual fase de crise, cumprindo seu papel de geradora de renda e de empregos nas regiões cafeeiras. Enquanto isso, cita a necessidade do produtor selecionar suas lavouras, aquelas que respondem aos tratos, para alcançar maiores níveis de produtividade e racionalizar os custos de produção.

Page 41: Revista Coffea - Número 16

PRODUTOS E EQUIPAMENTOS 39

Moto virador de café no terreiro

Uma idéia até certo ponto simples, mas muito criativa é a motocicleta adaptada para revolver o café no terreiro, durante a seca.

As empresas que montam este equipamento, sendo a principal de Araguari-MG, usam motos descartadas, especialmente aquelas sem documentação em dia, que compram em leilões, ai adaptam um tipo de rastelo metálico ou de madeira, grande, na parte traseira e 2 rodas para sustentação, ficando como um triciclo.

Nova sacaria para acondicionar o caféA sacaria usual para acondicionar os grãos de

café é fabricada com fibras vegetais, sendo no Brasil, de juta ou malva e na Colômbia de sisal. O uso dessa matéria prima foi defendido em vistas da sua produção na Amazônia, porem, ultimamente essa produção decaiu e as fibras, em sua maioria, são importadas de paises asiáticos. Foi desenvolvida e está sendo comercializado um novo tipo de sacaria, feita com fibra sintética, de poli-propileno.

O desenvolvimento foi feito pela empresa Sacaria Imperial. A cor e as malhas ficaram muito semelhante à sacaria de juta, sendo o peso de sómente cerca de 250g, enquanto a normal pesa cerca de 0,5 kg,. A embalagem não apresenta qualquer cheiro estranho, Outra característica da fibra sintética, toda produzida no Brasil, é a de não ser atacada por insetos-traças, o que é comum na sacaria de fibras vegetais.

Matiello examina uma saca de café feita de poli-propileno na instalação de beneficio da Fazenda Sertãozinho-MG.

Matiello examina uma saca de café feita de poli-propileno na instalação de beneficio da Fazenda Sertãozinho-MG.

A operação é feita por uma pessoa, pode ser até um jovem, que monta na moto e ela vai andando na direção desejada, sobre a camada de frutos no terreiro, fazendo as mexidas e reviradas do café, para expor, melhor, os frutos ao sol, facilitando a seca.

O mais curioso é que com a adaptação na caixa de marcha ela anda, também, de ré, o que facilita as manobras e dá boa eficiência operacional.

Moto riscador de café operando em terreiro de café, no Sitio João de Barro, em Reduto-MG

Moto riscador de café operando em terreiro de café, no Sitio João de Barro, em Reduto-MG

Page 42: Revista Coffea - Número 16

40 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS

Esqueletadeira e decotadeira acopladas numa só operação, na poda de cafézais

Tem surgido, ultimamente, no mercado, equipamentos hibridos e conjugados com o objetivo de reduzir os custos operacionais, os quais estão cada vez mais elevados. Alem disso, os equipamentos estão levando em conta a boa qualidade final do trabalho.

Nesse sentido foi integrada a esqueletadeira e a decotadeira para efetuar as 2 podas simultâneamente.

A esqueletadeira é acoplada na dianteira do trator e acionada pelo sistema hidráulico. A decotadeira vem atrás do trator acionada pela TDF. Sendo a esqueletadeira diianteira ficou fácil conjugá-la com a Decotadeira trabalhando ao mesmo tempo . Assim a decotadeira pode atuar nas 2 passadas da esqueletadeira, de cada lado da linha, com isso elimina-se praticamente todo o repasse manual que era feito para o decote de ponteiros desalinhados. Aqueles que não forem decotados na primeira passada certamente não escaparão da serra decotadeira na segunda.

Outras vantagens da esqueletadeira dianteira

Dois novos inseticidas, em desenvolvimento e lançamento, para controle do bicho-mineiro do cafeeiro.

Dois novos inseticidas, de grupos químicos diferenciados dos atuais, estarão, brevemente, no mercado, para o controle do bicho-mineiro do cafeeiro, praga mais importante desta lavoura. O primeiro, recentemente lançado, da Empresa Dupont é o produto Altacor, nome técnico Rynaxypyr, indicado na dose de 90 g/há, tendo apresentado, nos ensaios, boa eficiência e bom efeito residual de controle.

O segundo é o produto Belt, da Bayer, que ainda está em fase de testes, e vem apresentando boa eficiência de controle, tendo a formulação 480, do técnico Flubendiazole, sendo eficiente na dose de 150 ml do pc/ha.

A entrada de novos grupos químicos inseticidas para controle do bicho mineiro é importante pois tem havido problemas de eficiência de vários produtos atualmente no mercado. Parece, sem comprovação, que as populações estão ficando

mais resistentes aos produtos inseticidas. Em alguns casos, nas regiões problemas como o cerrado mineiro e norte de Minas, produtores tem usado até 12 aplicações ao ano sem bons resultados.

são: suas navalhas/facas que fazem um corte perfeito sem lascar os ramos; ainda, facilita o alinhamento da máquina na linha de cafeeiros oferecendo ao operador boa visão de operação e ajuste na distância de corte desejada. Maiores informações no site www. mundo.uaivip.com.br ou tel : (34) 88053436 e (34) 91064546.

Na foto pode-se observar o acoplamento duplo no trator, da esqueletadeira dianteira e do decotador trazeiro.

Na foto pode-se observar o acoplamento duplo no trator, da esqueletadeira dianteira e do decotador trazeiro.

Cafeeiros com ponteiros desfolhados por forte ataque de bicho mineiro, á direita e com bom controle à esquerda

Cafeeiros com ponteiros desfolhados por forte ataque de bicho mineiro, á direita e com bom controle à esquerda

Page 43: Revista Coffea - Número 16

Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas e acompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças no Sul de Minas.

Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro e micronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026-400 - Varginha, MG.

Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte a disponibilidade.

S e r v i ç o d e A t e n d i m e n t o e C o n s u l t a s p o r e - m a i l ([email protected]) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou 0xx21-2233-8593).

Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino do País, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humana a serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério da Educação como “Centro de Excelência”.

Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária, Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e Ciências Biológicas.

Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU, STRICTO SENSU e Doutorado.