revista cnt transporte atual - jun/2010

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C NT LEIA ENTREVISTA COM IVANILDO HESPANHOL, DOUTOR EM ENGENHARIA AMBIENTAL EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT ANO XVI NÚMERO 178 JUNHO 2010 Redescoberta TRANSPORT E ATUAL Investimentos previstos em infraestrutura e obras em transporte mudam o perfil econômico e aumentam as perspectivas de desenvolvimento para a região Norte TRA NSPORTE ATUAL

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Região Norte tem recebido investimentos em infraestrutura, com a implantação de usinas hidrelétricas e algumas obras de transporte, mas ainda caminha para conseguir romper com o isolamento e se integrar ao restante do país.

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Page 1: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT

LEIA ENTREVISTA COM IVANILDO HESPANHOL, DOUTOR EM ENGENHARIA AMBIENTAL

EDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

ANO XVI NÚMERO 178JUNHO 2010

Redescoberta

T R A N S P O R T E A T U A L

Investimentos previstos em infraestrutura e obras em transporte mudam o perfileconômico e aumentam as perspectivas de desenvolvimento para a região Norte

T R A N S P O R T E A T U A L

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 20104

CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Americo Ventura

[[email protected]]

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

PUBLICIDADEDelta Publicidade e MarketingJanira Chagas(31) 3262-2990 | 9667-9419

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]ção da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XVI | NÚMERO 178 | JUNHO 2010

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA VALE/DIVULGAÇÃO

Ivanildo Hespanhol,da USP, fala sobre oreúso da água

PÁGINA 10

ENTREVISTA

Paixão por trensexpressa em sites,blogs e associações

PÁGINA38

FERROVIA

Obras para oMundial no Brasilestão atrasadas

PÁGINA44

COPA-2014

Museus guardamrelíquias da históriados automóveis

PÁGINA 18

MEMÓRIA

GESTÃO SUSTENTÁVEL

Tema é abordadopelo pesquisadorJacques Colin

PÁGINA56

ÁGUA DE LASTRO • Regras visam conter o riscoque pode ser gerado pela água usada para proporcionarestabilidade e navegabilidade das embarcações

PÁGINA 34

Região Norte tem recebido investimentos em infraestrutura,com a implantação de usinas hidrelétricas e algumas obrasde transporte, mas ainda caminha para conseguir rompercom o isolamento e se integrar ao restante do país

Página24

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 5

T R A N S P O R T E A T U A L

Transportadorasinvestem em açõesde treinamento

PÁGINA58

DIREÇÃO SEGURA

MOBILIDADE RODOVIÁRIA • Michelin promove evento mundial no Rio de Janeiro, o Challenge Bibendum. CNT apresenta o Despoluir e participa das discussões

PÁGINA 50

Humor 7

Alexandre Garcia 8

Mais Transporte 14

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

Seções

AVIAÇÃO

Aeroporto de Natalserviu de baseaérea da 2ª Guerra

PÁGINA64

LOCAÇÃO

Abla lança anuário quemostra crescimentodo setor no país

PÁGINA68

SEST SENAT

Temática ambiental é abordada emnovo projeto

PÁGINA70

MUSEU DO TRANSPORTE

O Sest Senat disponibiliza aos empregadores e aostrabalhadores do setor dotransporte o Banco deTalentos. O serviço tem comometa oferecer oportunidadede uma colocação no mercado de trabalho. Confira as vagas oferecidas.

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E MAIS

Participe da pesquisa

www.cnt.org.br

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 7

Duke

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rasília (Alô) – Dizem que vão isentar deimpostos todas as reformas e construçõesde estádios destinados à próxima Copa doMundo, no Brasil. No dia em que a seleçãopassou por Brasília, antes de ir para a Áfri-

ca do Sul, o presidente Lula assinou os atos isen-tando a Fifa, as empresas organizadoras da Copae as obras nos estádios de todo tipo de imposto.Isso mostra que quando se quer alcançar umobjetivo, basta vontade política.

O governo é capaz de abrir mão de impostos eainda dá explicação para isso: o esforço pela Copavai gerar dividendos que vão compensar as isen-ções fiscais. O ministro dos Esportes informouque foi feito um estudo do impacto econômico daCopa, levando-se em conta os investimentos dire-tos, a circulação de recursos, a ativação decadeias produtivas, e a isenção de impostos aindavai gerar R$ 10 bilhões em tributos.

Tomara que a moda pegue. Onde se lê “Copa”,poderia se ler “infraestrutura de transportes”.Imaginem os resultados! Uma goleada de 10 a 0nas vantagens da Copa! Já imaginaram o quegeraria para o país uma isenção para o setordurante quatro anos? Para portos, ferrovias,hidrovias, rodovias, entrepostos, silos, armazéns,depósitos, produção de trens, caminhões, navios,metrôs... não apenas estímulos fiscais, como vezpor outra aparecem, mas isenção total, como seestabeleceu horas antes das despedidas do timede Dunga? Se foi feito com futebol, é porque épossível fazer – quando se quer mesmo.

O futebol, por aqui, é uma questão de Estado. Hábons motivos. Chega a Copa do Mundo e todo

mundo vira entendido, examinando cada nome esca-lado. Imagino que, se é possível ter esse escrutínio,por que não fazer o mesmo com cada candidato queesteja escolhido por um partido, para o dia 3 deoutubro? Reclamei, no balcão do cafezinho, que sóagora vejo bandeiras brasileiras nos carros, e não naSemana da Pátria; queixei-me de que não há omesmo entusiasmo para uma eleição. A moça aomeu lado explicou: o futebol nos dá alegrias; os polí-ticos não. Retruquei, argumentando que o timeescalado por Dunga não vai fazer o futuro do Brasil;o time que o eleitor escalar vai fazer diferença paraa nossa vida e as de nossos filhos e netos.

Copa do Mundo tem o dom de unir flamenguis-tas e vascaínos; colorados e gremistas; palmeiren-ses e corintianos. Por que uma eleição não poderiater o dom de unir os que querem expurgar os fichassujas, acabar com a falta de ética, punir os corrup-tos? Um estádio, como o Maracanã, tem o dom deser um grande tribunal popular. Ser aplaudido noMaracanã é uma aprovação gigantesca; vaiado, umsinal de que algo está errado com o alvo da vaia.Por que a urna não pode ser o grande tribunal dojuiz-eleitor? Futebol é democrático e transparente.Os jogadores estão ali submetidos ao julgamentoda torcida. Que aplaude ou vaia uma jogada, namesma hora. Por que o contribuinte-eleitor não seacostuma a acompanhar as jogadas do seu repre-sentante, do seu eleito? Futebol é o momento dasregras; quem faz falta, é punido. Pode receber car-tão amarelo ou até vermelho e ser expulso decampo. Por que não se pode acabar com a falta deregras na política, nem dar cartão vermelho a quemnão merece permanecer no mandato?

B

“Já imaginaram o que geraria para o país uma isenção para o setor de transportes durante quatro anos?”

Milagres do futebol

ALEXANDRE GARCIA

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ENTREVISTA IVANILDO HESPANHOL

Ouso mais moderadodos recursos hídricose a aplicação de siste-mas de reutilização

são práticas que se tornamcada vez mais urgentes, ao sepensar que a escassez de águaé um problema evidente emalgumas regiões e pode piorarcom o aquecimento global. Aspossibilidades de reúso sãoenormes, passando pela agri-cultura, indústria, área urbanae por medidas aplicadas dentrode casa. No transporte, porexemplo, uma empresa de ôni-bus pode economizar em tornode 40% da água, ao implantarum processo de reutilizaçãopara a lavagem dos veículos.Entretanto, de forma geral, oBrasil está atrasado em relaçãoà introdução de práticas dereúso, principalmente na agri-cultura, que utiliza 70% do con-sumo total de água. Para esti-

mular a conservação e oferecerrecursos técnicos sobre comoreutilizar, o Cirra (CentroInternacional de Referência emReúso de Água) desenvolvepesquisas e projetos. O centro évinculado à Escola Politécnicada USP (Universidade de SãoPaulo). Na avaliação do diretore fundador, Ivanildo Hespanhol,falta no Brasil vontade políticae também um arcabouço legal.Hespanhol é professor titularda Escola Politécnica, na áreade engenharia ambiental. Ele éengenheiro civil e sanitarista,doutor em engenharia ambien-tal. Leia a entrevista.

Ao falar de escassez derecurso hídrico, estamospensando exatamente emquê? Em um conceito que jáse aplica hoje em váriasregiões?

Esse é um problema um

pouco controverso. Já temosem algumas áreas, no OrienteMédio, no norte da África,regiões com estresse hídricogrande. A região metropolitanade São Paulo é crítica na ofertade água. Não é só o problemada quantidade, mas da qualida-de. Temos mananciais cada vezmais poluídos e vamos ter cadavez mais problemas para tratara água. São 20 milhões de habi-tantes e estamos na cabeceirado rio Tietê. A água disponívelnão é suficiente. Estamos entãotrazendo água cada vez demais longe. É o paradigma dosromanos, com os aquedutosromanos.

A escassez tende a piorarcom o aquecimento global?

Sem dúvida. Se acontecer oque está se falando do aqueci-mento global, vamos ter umapiora muito grande. Em ter-

mos de sustentabilidade, vaificar extremamente crítico.Vamos ter áreas com menosprecipitação, menos escoa-mento superficial.

Nesse contexto, o reúsotorna-se mais fundamental?

A região metropolitana deSão Paulo, por exemplo, éabastecida hoje com 70metros cúbicos por segundo,dos vários mananciais. São 70mil litros por segundo deágua considerada potável,que usamos para lavar rua,caminhão, para chafariz, parapreparar concreto, para abas-tecer as casas. Estimo que emtorno de 30 metros cúbicossão utilizados para fins potá-veis – beber, cozinhar, tomarbanho. Os outros 40 poderiamser água de reúso ou deoutras fontes, como águaspluviais. E, geralmente, 80%

“Precisamos de um arcabouço legal que especifique os tipos de reúso e estabeleçaos padrões de qualidade, baseado nas diretrizes da Organiza ção Mundial de Saúde”

POR CYNTHIA CASTRO

Em defesa do reúso da água

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IVANILDO HESPANHOL

“Precisamos de um arcabouço legal que especifique os tipos de reúso e estabeleçaos padrões de qualidade, baseado nas diretrizes da Organiza ção Mundial de Saúde”

desses 70 metros cúbicos porsegundo viram esgoto.

O senhor citaria algumsetor que tem aplicado oconceito do reúso no Brasil?

A indústria vem se preocu-pando com a questão de recur-sos hídricos e mudou um poucoo enfoque. Antes, gestãoambiental era considerada umtormento para o industrial ehoje virou ferramenta de pro-moção. Há empresas que deixa-ram de investir em propagandae marketing e passaram ainvestir na imagem ambiental,dizendo que trata efluentes,coleta água de chuva e reúsaos efluentes.

Qual exemplo o senhorcitaria?

A indústria, antes de pensarem reúso, tem trabalhado nagestão da demanda, com a

setorização do consumo. Hácinco ou dez anos, o industrialnão se preocupava com a água,que era abundante e não eracobrada. Grande parte dasindústrias não sabe onde gastaágua. Na setorização, a gentefaz um sistema telemétrico, on-line, para saber quanto elegasta para a lavagem de piso,de veículo, de peça. Isso é com-putado e há como controlar.Eventualmente, pode vir umamudança de processo. A indús-tria está trabalhando nas duaspontas. Procura economizarágua e reduzir a outorga decaptação. E procura tratar oefluente e reusar, com benefí-cio econômico e ambiental.

Dá para estimar a econo-mia?

Quando o industrial nosprocura, ele faz três pergun-tas: quanto eu vou gastar para

instalar uma estação de trata-mento, quanto tempo voudemorar para recuperar ocapital e quanto vou economi-zar depois. O centro tenta res-ponder essas perguntas. Mascada caso é um caso.

Na área de transporte,onde há maior potencial parao reúso?

Em São Paulo, Minas Geraise Rio de Janeiro, por exemplo,há muitos postos de gasolinafazendo o reúso. Algumasempresas (de ônibus) implanta-ram verdadeiras estações detratamento para coletar águade chuva ou na lavagem dechassis. Uma delas lava emtorno de 400 ônibus por dia egasta 400 litros de água paralavar um ônibus. Quando entra

no setor de lavagem, a água écoletada em uma canaleta, étratada e reusada.

É possível quantificar obenefício econômico?

Cada caso tem um investi-mento de tratamento dife-rente. Mas é possível econo-mizar pelo menos 40% deágua (ao reusar para lava-gem). Temos um dado emrelação ao reúso em edifica-ções, prédios comerciais ouresidenciais. Se a gentepegar o esgoto do prédio,tratar, fazer uma caixa sepa-rada e utilizar para descarga,há uma economia de 30% naconta de água. Se um condo-mínio grande utilizar a águareciclada para lavagem degaragem, de veículos e irri-

FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO

Em defesa do reúso da água

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gação de áreas verdes, a eco-nomia pode chegar a até 70%.

O senhor citaria outropotencial na área de trans-porte?

No Japão, a lavagem detrens é feita com água reusa-da. A empresa pode pegar opróprio esgoto dela, tratar ereusar.

Economicamente, é viávelimplantar um processo tec-nológico de reúso da água nalavagem de ônibus, porexemplo?

O retorno desse investi-mento é muito rápido. Emcerca de três anos, aproxima-damente. Depois, a economiade água poderia ser em tornode 40%.

Nos modais aquaviário eaéreo, o senhor citaria algumexemplo?

Estamos fazendo (o Cirra)o projeto do aeroporto deGuarulhos (SP). Guarulhostem dois terminais hoje. Como terminal 3, que será cons-truído, deve-se chegar acerca de 30 milhões de pas-sageiros/ano. Estamos fazen-do um estudo de reúso, cap-tação de água de chuva, dostelhados e da pista. Tambémpara tratar todo o esgoto doaeroporto.

Onde essa água será reu-tilizada?

Na lavagem de pista, queconsome uma quantidademuito grande de água porquetem aquelas ranhuras e temque ser lavada com alta pres-são. Também na lavagem deaeronaves e na irrigação deáreas verdes. Vai ser utilizadaainda nas torres de resfriamen-to do sistema de ar-condiciona-do de todo o aeroporto e nascaixas de descarga do terminaltrês. O potencial de reúso é demais de 50%. Estamos fazendoestudo piloto agora. A ideia éreplicar para 36 aeroportos.

Nos navios, o senhor cita-ria alguma experiência?

Navio faz muito reúso. Paraas piscinas, por exemplo, trata-se e usa-se água do mar.Também há sistemas de trata-mento de esgoto para usos nãopotáveis. Todo o setor de trans-porte, como aéreo, marítimo,ferroviário e rodoviário, podeimplantar práticas de reúso.

A agricultura merece prio-ridade nas ações no Brasil, jáque consome 70% da águautilizada?

O governo deveria desenvol-ver programas nessa área. Há,por exemplo, a possibilidade decoletar o esgoto, tratar e utili-zar na agricultura. O esgoto

tratado não leva somente água,leva o húmus. A matéria orgâni-ca aumenta a capacidade dosolo em reter água, qualificamelhor o solo, leva micronu-trientes. É extremamente bené-fico, sob o ponto de vista deprodutividade agrícola. E háainda o benefício de que ascidades teriam esgoto tratado.Mas há uma reação psicológica.Tem gente que fala ‘eu nãocomo alface irrigada com águade reúso’. Nossa cultura nãoaceita muito. Mas isso necessi-ta de uma elucidação, de edu-cação ambiental.

O que o senhor diria paraas pessoas que pensamassim?

Podemos tratar um esgotopara irrigar hortaliças que sãoingeridas cruas. Sabemos

CIRRA Centro Internacional de Referência em Reúso da Água, da USP

“Todo o setorde transporte,como aéreo,marítimo,ferroviário erodoviário,

pode implantarpráticas de reúso”

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chamada água de segunda qua-lidade. Eu visitei a Tunísia (naÁfrica) e eles têm água salobra,que não pode ser aplicada emplantas sensitivas ao sal. Maseles têm extensas plantaçõesde tâmara, por exemplo, e utili-zam essa água para irrigação. Atâmara cresce com solo e águade salinidade elevada.

O que precisa ser feito noBrasil em relação ao melhoraproveitamento dos recursoshídricos?

O novo paradigma paramim está baseado em duaspalavras-chave: conservação –usar a água com mais parci-mônia – e reúso. Na área deconservação, a primeira coisaé mudar nossa cultura deabundância. O brasileiro temuma cultura de abundância

infundada. Temos muita águano Norte, mas a grandedemanda aqui embaixo não ésatisfeita. Vejo então a educa-ção sanitária e a educaçãoambiental como fatoresimportantes.

Essa cultura do desper-dício ainda está presentetanto nas atitudes do cida-dão comum como na dasempresas?

De forma geral sim. Porexemplo, o meu símbolo da cul-tura de abundância é a válvulade descarga (a mais comum).Se tiver bem regulada, essa vál-vula gera 2 litros (de água) porsegundo. Se apertar o botão 10segundos, são 20 litros. Nossacultura não aceita muito acaixa acoplada, aquela que ficaatrás do vaso. É bem mais eco-nômica, mas nossa culturarecusa porque a vazão é peque-na, demora muito para encher,tem que esperar para usarnovamente. Outro problema daconservação são as perdas nossistemas. Parte delas acontecenos vazamentos, erros demedida etc.

Qual comparação o senhorfaria em relação ao reúso emoutros países?

No Brasil, o reúso é incipien-te. A indústria já entrou. Naagricultura, ainda está pouco

avançado. Estados Unidos,França e Alemanha têm grandereúso. Os países do norte daÁfrica também. No México, temo Vale do Mezquital. Todo oesgoto da Cidade do México,em torno de 80 metros cúbicospor segundo, é encaminhadopara lá. Ali é uma região árida,quase não tem chuva. A rendaper capita, que já chegou a serpraticamente zero, está hojeacima de US$ 2.000, por causada agricultura irrigada comesgoto.

O que falta no Brasil?O governo não tem metas.

Para ter um desenvolvimentogrande do reúso, falta primei-ramente ter vontade política.Precisa ter uma decisão parapromover o reúso sob o pontode vista macro. A AgênciaNacional de Águas teria quepromover a prática, desenvol-ver tecnologias. Os comitês debacias também poderiamfazer essa ação de promover aprática. Falta também umarcabouço legal. Não temosuma legislação adequada paraatestar o padrão de qualidadepara vários tipos de reúso.Muita gente quer aplicar a prá-tica e questiona qual a quali-dade da água para irrigar ashortaliças, para a lavagem depiso e de veículos. Não há aindaesses padrões oficiais. l

CIRRA Centro Internacional de Referência em Reúso da Água, da USP

CIRRA/DIVULGAÇÃO

como tratar isso e de formasegura. A OMS (OrganizaçãoMundial da Saúde) estabeleceuas diretrizes, visando a prote-ção da saúde pública. Hápadrões adotados, conformeessas diretrizes. Se os padrõesforem seguidos, não há porquese preocupar. Mas ainda nãotemos esse padrão no Brasil. Opaís tem apenas a portaria 54,que é genérica. Precisamos deum arcabouço legal que espe-cifique os tipos de reúso eestabeleça os padrões de qua-lidade, baseado nas diretrizesda OMS.

Quais exemplos o senhorcitaria no mundo?

Há sistemas no mundo intei-ro, em países desenvolvidos eem subdesenvolvidos. Elesusam não só o esgoto, mas a

“O brasileirotem uma cultura deabundânciade água

infundada”

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201014

MAIS TRANSPORTE

CONTROLE DE EMISSÕES

AFetranscarga (Federaçãodo Transporte de Cargasdo Estado do Rio de

Janeiro) assinou convênio coma Petrobras e os órgãosambientais do Estado do Riode Janeiro que vai possibili-tar a integração das ações demonitoramento das emissõesde poluentes realizadas pelosprogramas Conpet (ProgramaNacional de Racionalizaçãodo Uso de Derivados dePetróleo e do Gás Natural, daestatal) e Despoluir às deter-minações do Procon FumaçaPreta (Programa deAutocontrole de FumaçaPreta em Veículos de Ciclo

Diesel), do Inea (InstitutoEstadual do Ambiente).

Com o acordo, a federaçãopoderá implantar o ProgramaSelo Verde no segmento dotransporte de carga e certificaras empresas que operaremdentro dos limites de emissõesde poluentes estabelecidos nalegislação ambiental, além denotificar aquelas que estiveremfora dos padrões. O progra-ma já é adotado desde 2007pela Fetranspor (Federação dasEmpresas de Transportes dePassageiros do Estado do Riode Janeiro).

Responsável pelas ações doDespoluir junto às transporta-

doras fluminenses, aFetranscarga fará também ocontrole e o monitoramentoda qualidade do óleo dieselusado nos veículos de cargado Estado. O trabalho de medi-ção dos níveis de emissão depoluentes do Despoluir passa-rá a ser feito não apenas nafrota das empresas vinculadasà federação e a seus sindica-tos, mas a todos os 110 milcaminhões pertencentes atransportadoras, a autônomose a empresas que atuam emmodalidades, como o transpor-te de valores, ou operam comfrota própria para a entrega demercadorias.

SELO VERDE Empresas de carga serão certificadas pela Fetranscarga

Convênio credencia Fetranscarga

CLÁUDIO AGUIAR/FETRANSCARGA/DIVULGAÇÃO

PoluiçãoO Ministério da Ciência eTecnologia deverá incorporar aversão final do relatório sobreemissões de gases de efeito estufa no transporte aéreo, produzido pelo Núcleo de Estudosem Proteção Ambiental da Anac,ao Segundo Inventário Brasileirode Emissões e RemoçõesAntrópicas de Gases de EfeitosEstufa, que o governo brasileiropretende apresentar às NaçõesUnidas no segundo semestredeste ano. O relatório está emconsulta pública no site do ministério (www.mct.gov.br), onde deverá permanecer disponível para contribuições da sociedade até o dia 25 dejunho. O inventário de emissõesincluirá ainda estudos sobre aqueima de gases em setorescomo agricultura, produção de cimento e cal e combustíveis.

Inauguração A cidade de Biguaçu (SC) recebeuem maio a mais nova unidade daJamef Encomendas Urgentes, quefuncionava anteriormente nomunicípio catarinense de SãoJosé. A filial tem um modernoterminal de cargas, com estruturacinco vezes maior que a antigasede. Com 18 filiais e uma frotaformada por mais de 700 veícu-los, a transportadora atende osEstados do Sudeste e do Sul,Goiás e o Distrito Federal.

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 15

Dicionário de LogísticaJá está disponível nas livrarias edição revisada e ampliada da publicação Dicionário de Logística – Gestão da Cadeia de Suprimentos e Operações, do engenheiro, administrador e professor Carlos Eduardo Panitz. A obra publicada pela Clio Editora inclui novos termos, aplicações e conceitos em um guia rápido de consulta para profissionais da área. O livro pode ser adquirido também no site da editora, no endereço eletrônicowww.clioeditora.com.br<http:

//www.clioeditora.com.br>/ ao preço de R$ 34,90. Panitz é presidente doInstituto Brasileiro de Supply Chain.

Pesquisa feita pelaNTC&Logística (AssociaçãoNacional do Transporte deCargas e Logística) mostra queem 2009 as ocorrências deroubo de carga tiveram crescimento de 10% em relaçãoa 2008 e atingiram 13,5 milnotificações, com prejuízo deR$ 900 milhões para as empresas. A região Sudeste

registrou 81,38% dos casos eengordou as estatísticas decrescimento, ao lado da regiãoSul. Nas demais regiões, houveligeira queda nos índices.Alimentos, eletroeletrônicos,cigarros, produtos farmacêuticos,metalúrgicos, químicos, têxteise confecções, autopeças ecombustíveis são os principaisalvos das quadrilhas.

Crescimento do roubo de cargas

12ª Transpo-SulA sustentabilidade ambiental serádebatida em Porto Alegre (RS)por transportadores rodoviáriosde carga, operadores logísticos eprofissionais de diferentes especialidades, que participarãoda 12ª Transpo-Sul – Feira eCongresso de Transporte eLogística. O evento é promovidopelo Setcergs (Sindicato dasEmpresas de Transporte deCargas e Logística no Estado doRio Grande do Sul) e será

realizado no auditório da Fiergs(Federação das Indústrias do RioGrande do Sul), de 29 de junho a1º de julho próximos. A Transpo-Sul terá também umafeira de negócios, com espaçopara a exposição de novidadestecnológicas dos fabricantes decaminhões, de pneus e de implementos rodoviários; equipamentos de rastreamentode frota e distribuidores de combustíveis.

NEGÓCIOS Setcergs promove feira em Porto Alegre

SETCERGS/DIVULGAÇÃO

Seguro obrigatório no SetcescParentes e vítimas de acidentes de trânsito em território catarinense poderão encaminhar os pedidos de ressarcimento do seguro DPVAT (SeguroObrigatório de DanosPessoais Causados porVeículos Automotores de ViaTerrestre) por intermédio doSetcesc (Sindicato dasEmpresas de Logística eTransporte de Cargas noEstado de Santa Catarina),credenciado para receber assolicitações. Instituído por

lei, o seguro obrigatórioprevê indenizações pormorte e invalidez (até R$ 13,5mil) de motoristas, passageiros,pedestres e ciclistas, e cobertura para despesasmédicas suplementares (R$ 2.700). O serviço é gratuito e pode ser solicitadona sede do Setcesc, na ruaBuenos Aires, 321, bairroPonta Aguda – Blumenau.Informações podem ser obtidas pelo telefone (47)3322-7796 ou pelo e-mail [email protected].

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201016

Economia do Meio Ambiente -Teoria e PráticaResultado de trabalho entre professorese pesquisadores, trata do tema em umaperspectiva internacional, com enfoquedirecionado à realidade brasileira. De: Peter H. May, Ed. CampusElsevier, 400 pág., R$ 72

O Elefante e a Pulga Diante da nova realidade globalizada, oautor examina como os indivíduos – aspulgas em sua analogia – se relacionamcom os conglomerados multinacionais –os elefantes. De: Charles Handy, Ed. Actual, 272pág., R$ 35

MAIS TRANSPORTE

Anac oferece cursos para pilotosA Anac (Agência Nacional deAviação Civil) iniciou em maiocursos de formação de pilotoscomo examinadores credenciados,para preparar profissionais para aavaliação de novos pilotos deaviação civil. A agência oferece50 vagas para pilotos instrutoresde empresas aéreas, aeroclubes,escolas de aviação civil, centrosde treinamento e órgãos de

segurança pública. O curso incluiconduta do examinador, sistemade gerenciamento da segurançaoperacional, proficiência de pilotos e programa de treinamento. As inscrições podemser feitas pelo e-mail [email protected],após o preenchimento de formulário no site da Anac(www.anac.gov.br).

O Verdadeiro Poder O livro relata, por meio de cases eexemplos em que o autor esteve envolvido, questões importantes paraque uma empresa ou projeto possa sedesenvolver e crescer. De: Vicente Falconi Ed. INDG, 159pág., R$ 26,50

CertificaçãoA Coopercarga Logística obteve, no mês passado, arenovação da certificação doSistema de Gestão daQualidade ISO 9001:2008, apósauditoria realizada pelo órgãocertificador DNV (Det NorskeVeritas) na matriz catarinensee nas filiais de Concórdia eItajaí (SC), Curitiba (PR), SãoPaulo e Guarujá (SP) entre osdias 12 e 14 de maio. Válidopor dois anos, o certificadochancela a atuação da empresa no que diz respeitoà gestão de pessoal e de processos e à qualidade deatendimento. Criada em SantaCatarina, a cooperativa reúnetransportadores de carga queoperam nos três Estados.

Simulador Uma nova ferramenta eletrônicadisponível gratuitamente no siteda Volvo do Brasil promete ajudaro transportador brasileiro a planejar sua operação. OSimulador de Custo Operacionalda empresa permite ao visitantecalcular o valor do custo por quilômetro, por meio de simulações, após preencher oscampos com dados de operação,preço de compra, preço do diesel,impostos etc. O acesso ao programa pode ser feito no endereço eletrônicowww.volvo.com.br/custooperacional.

AÉREO Profissionais serão capacitados em São Paulo

Corrosão em aeronaves Mecânicos de manutenção, técnicos e engenheiros ligados ao setor aeronáutico poderãoparticipar em São Paulo, entre osdias 19 e 21 de julho próximo, docurso de Inspeção e Corrosão emAeronaves Data, ministrado pelaAbendi (Associação Brasileira deEnsaios Não Destrutivos eInspeção) e pela Abraco(Associação Brasileira deCorrosão). O curso terá 24 horas-aula e deverá abordar os

mecanismos de formação da corrosão e formas de controle edetecção. O instrutor será oengenheiro químico e funcionárioda Embraer Luis GustavoPacheco. Os interessados poderãoobter maiores informações nostelefones (11) 5586-3141/5586-3175,pelos e-mails [email protected] [email protected] e no endereço eletrônicohttp://www.abende.org.br/FrmEventoMan.php?evt_codigo=193

ABENDI/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 17

Equipaindústria ItajaíO município de Itajaí (SC) vaisediar, entre os dias 17 e 20 de agosto próximo, evento direcionado aos segmentos depetróleo e gás, petroquímica, química, construção naval, siderurgia, metal-mecânica, portos e meio ambiente.Organizado pela AGS3Promoções e Eventos, com oapoio da prefeitura local, doSebrae/SC, de associações de

classe, da Autoridade Portuária de Itajaí e do Itaesa (Instituto de Tecnologia Aplicada à Energia eSustentabilidade Socioambiental),o Equipaindústria Itajaí 2010 acontecerá no PavilhãoCentreventos, onde haverá exposição de produtos e serviços, além de rodadas de negócios entre os participantes.

O Codefat (Conselho Deliberativodo Fundo de Amparo aoTrabalhador) prorrogou para 31 dedezembro de 2010 o prazo para acontratação de recursos da linhade crédito FAT – Taxista. A linha édestinada à aquisição de veículosde passageiros ou de uso misto, de fabricação nacional; ao financiamento do seguro inicial do

bem e à conversão de motoresmovidos a gasolina e a álcool paraGNV (Gás Natural Veicular). O limitede financiamento é de 90% dovalor do bem em 60 meses, até olimite de R$ 60 mil. Os encargossão TJLP (Taxa de Juros de LongoPrazo) mais 4% ao ano. Para esteano, estão previstos R$ 100 milhõesem recursos do FAT.

Estação de tratamento A Mira Transportes instalou um sistema de tratamento na matriz daempresa em São Paulo capazde processar até 60 metroscúbicos de água por dia, comeconomia de até 70% no consumo. A empresa reutilizaa água usada na lavagem dosveículos, após submetê-la aum processo de purificação,

com a separação do óleo e dos resíduos sólidos. O tratamento é feito por meio de produtos como o cloro, o sulfato de alumínio e o aluminato de sódio, que ajudam a limpar a água e a separar os resíduos para o descarte seguro após a secagem.FINANCIAMENTO Codefat libera R$ 100 milhões

PURIFICAÇÃO Equipamento filtra água para reúso

Memória do transporte Já está disponível no portalda CNT (ConfederaçãoNacional do Transporte)questionário de pesquisapara identificar temas, objetos, fatos históricos ebibliografia de interesse dosetor que irão compor oMuseu Memória doTransporte. Empresas detransporte e transportadoresautônomos interessados em contribuir para a consolidação do acervo do empreendimento

poderão participar do processo, por meio de cadastro no site que daráacesso ao formulário eletrônico do levantamento.Os participantes poderãotambém indicar empresas eprofissionais que possamparticipar da enquete. OMuseu Memória doTransporte terá uma sede física localizada noEstado de São Paulo.

Leia mais na pág. 23

Linha de crédito prorrogada

MIRA TRANSPORTE/DIVULGAÇÃO

CODEFAT/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201018

Verdadeiras relíquiasnarram a trajetória demarcas que fizeram ahistória da indústria

automotiva. Os diversos mode-los estão espalhados por váriascidades, seja em prédios dearquitetura vanguardista, comvistas ao futuro, ou em salasque remetem os visitantes aopassado glorioso de grandesmontadoras, tornando osmuseus um elo único entre ascompanhias e os apaixonadospor automóveis.

Em Maranello, na provínciade Modena, Itália, está a GalleriaFerrari. A marca, que se tornouum mito do automobilismo, con-

centra em seu museu grandesraridades. A força da Ferrari étão intensa que o museu, ergui-do ao lado da fábrica em 1990,foi projetado pela CâmaraMunicipal de Maranello. A autar-quia foi proprietária do local porcinco anos, quando a Ferrariassumiu a gerência. A constru-ção ainda é uma propriedademunicipal.

A Galleria Ferrari tem umtotal de 2.500 metros quadra-dos onde os visitantes podemconferir mais de 40 modelos,dos mais prestigiados damarca. Os automóveis são divi-didos em cinco áreas: Fórmula1, Granturismo, inovação tecno-

lógica – que inclui também osveículos rodoviários especiais eos carros mais populares, expo-sições temporárias e exposi-ções fotográficas.

Um dos destaques é oF2005, modelo usado peloheptacampeão de Fórmula 1Michael Schumacher. PelaFerrari, o piloto alemãosagrou-se campeão da F-1 porcinco vezes. Schumacherencerrou sua carreira em2006, ficando com o vice-campeonato, também pelaescuderia. Fotografias e bilhe-tes redigidos por Enzo Ferrari,criador da marca, decoram asparedes da área dedicada à F-

POR LETICIA SIMÕES

MEMÓRIA

RaridadespreservadasMuseus remetem o visitante a passado glorioso esão elo entre montadoras e apaixonados por carros

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MERCEDES BENS/DIVULGAÇÃO

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1. Na parte direcionada à evo-lução tecnológica estãoexpostos veículos tradicionaiscomo o F50 e o 550 BarchettaPininfarina, além de modelosmais recentes, como o F430.

Na Galleria, os apaixonadospor automobilismo têm a opor-tunidade de participar de umacorrida de F-1 por meio de umsimulador. Outra atração sãoas fotos personalizadas feitasnuma cabine especial, comimagens originais de pilotosque se destacaram correndopela Ferrari.

Ainda na Itália, os apaixona-dos por carros podem conferiros raros modelos da Maserati.Expostos em um edifício no vila-rejo de Cittanova, Modena, estão23 carros da marca que, assimcomo a Ferrari, tem a histórialigada ao automobilismo. A sagados Maserati começou em 1926,quando Alfieri Maserati abando-nou as corridas para se dedicarexclusivamente à construção decarros. Neste ano, surgia o pri-meiro Maserati, chamado Tipo26. A marca passou a produzircarros de corrida e só a partir de

1968 passou a construir veículosde passeio.

Toda a história da montadoraitaliana pode ser vista no PaniniMuseum. Entre os destaques dacoleção está o Maserati Tipo 6cm. Apenas 27 exemplaresdesse carro foram construídosentre 1936 e 1939. O Maserati3.500 GT Carrozzeria Touringtambém é uma atração à parte.O carro mudou a história dacompanhia, já que foi um dosprimeiros modelos road going(homologado para as ruas) damontadora, lançado em 1957.

A coleção inclui o PaniniBora, produzido entre 1971 e1979 e, ainda, o único exemplodo Turbo Merak, protótipoexperimental desenvolvidopara o mercado norte-ameri-cano e equipado com ummotor turbo de 3.000 cc, quenunca chegou à fase de pro-dução.

Resgate à história comtoques de modernidade. Essafoi a aposta da Mercedes parafascinar o público que visita oMercedes-Benz Museum, ins-talado em Stuttgart,

EXPOSIÇÃO Modelos raros e modernos podem ser apreciadosAUDI Museu instalado no sul da Alemanha conta a história da montadora

AUDI/DIVULGAÇÃO

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No Brasil, as ações de memória são isoladasINICIATIVAS

No Brasil, as iniciativas deresgate histórico e memóriado transporte são registra-das por meio de ações inde-pendentes. Instituições ecolecionadores são os res-ponsáveis pela preservaçãoda história do transportenacional.

Eurico Galhardi, vice-pre-sidente da NTU (AssociaçãoNacional das Empresas deTransportes Urbanos), cole-ciona miniaturas que narrama história do transporte há35 anos. “O ser humano nãotem razão de ser sem a pre-sença do transporte. Minhacoleção abrange 5.500 anosde peças, desde o começo daroda, na Mesopotâmia”, diz.

A coleção de Galhardicontabiliza mais de 600 títu-los de livros e mais de 6.500peças. Ele “empresta” seuacervo para exposições.

Sua paixão pelo transpor-te é tão grande que ele man-tém uma equipe para repro-duzir algumas réplicas paraa coleção. Galhardi afirmaque pretende manter seu

acervo em uma exposiçãofixa, na sede da CNT, emBrasília. “Estou, junto à con-federação, estudando a via-bilidade de fazer da minhacoleção particular algo quealcance um número maior depessoas.”

Em relação às montado-ras nacionais, poucas tenta-ram ou pensam em viabilizarprojetos semelhantes aosmuseus europeus. Um raroexemplo teve suas ativida-des encerradas há poucotempo. A GM-Chevrolet man-tinha uma parceria com aUlbra (UniversidadeLuterana do Brasil), para aexposição de aproximada-mente 70 modelos da marcano conhecido Museu daTecnologia da Ulbra, emCanoas (RS).

Segundo a assessoria daUlbra, com a grave crisefinanceira pela qual a uni-versidade passou em mea-dos de 2009, a GM decidiupor fim à parceria. Ainda deacordo com a assessoria, amontadora, à época, justifi-

cou o término alegando queo contrato de concessãodas peças expostas haviaexpirado.

O processo de esvazia-mento teve início em junhode 2009 e se encerrou emmarço deste ano. Procuradapela reportagem, a GM, pormeio de sua assessoria,disse que não comenta ocaso, uma vez que a parceriaestá suspensa. A montadoranão revelou os motivos que afizeram romper a parceriacom a Ulbra. Questionada sepretende investir em projetosemelhante, a GM afirmaque, por ora, o assunto nãoestá sendo discutido.

A Fiat estuda inaugurarum museu da marca noBrasil. De acordo com aassessoria da montadora,o local ainda não está defi-nido, mas aproximadamen-te 20 veículos já estão naoficina da empresa rece-bendo manutenção. Aindasegundo a assessoria, aideia é resgatar a históriada Fiat no país.

Alemanha, em um conjuntoarquitetônico dos maismodernos.

O local concentra os primei-ros exemplares da marca e osmodelos que tanto fizeramsucesso nas corridas mundoafora, além dos automóveismais modernos, totalizando160 veículos.

A montadora reservou oandar térreo para expor os car-ros de corrida, entre eles, oW196, guiado pelo piloto argenti-no Juan Manuel Fangio, entre1954 e 1955. Fangio sagrou-se

EXPOSIÇÃO Modelos raros e modernos podem ser apreciados

AUDI/DIVULGAÇÃO

“É um tema importante para a memória do país” PEDRO MENDES DA ROCHA, ARQUITETO

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um especial para crianças, dis-ponível nos idiomas inglês e ale-mão. Faixas de áudio de váriasinstalações também são trans-mitidas via bluetooth.

Outra atração é o percursocronológico. Na divisão querecebeu o nome de “Legend” épossível conhecer o início dahistória da indústria automo-bilística, desde 1886, até osdias atuais.

O Museu Audi Mobile, emIngolstad, no sul da Alemanha,

campeão mundial de F-1 nasduas temporadas. Outro desta-que é o famoso modelo conheci-do como “Asa de Gaivota”, fabri-cado entre 1953 e 1957.

O conceito de interatividadepredomina durante a visita. Umguia de áudio acompanha aturnê pelo museu permitindoque o visitante obtenha infor-mações adicionais sobre asexposições, em quatro perfis:fundamentos, acontecimentoscontemporâneos, engenharia e

remonta a história da monta-dora alemã. Em meio a exposi-ções permanentes e temporá-rias, os visitantes se deparamcom raridades da marca, comoo primeiro modelo a adotar onome Audi – o Audi Type A.Exemplos da história primitivada marca, como o Audi FrontRoadster de 1935, que teve ape-nas dois exemplares produzi-dos, também podem ser vistos.O Audi Type, construído em 1913e segundo modelo mais velho,

é outro destaque da exposição.Esse carro permaneceu emprodução até 1924.

Em 2008, a BMW investiu naampliação de seu museu.Expandido em 5.000 metros qua-drados, o Museu BMW, instaladoem Munique, Alemanha, apresentaum novo conceito em arquitetura.

Seguindo a filosofia de cons-trução do arquiteto austríacoKarl Schwanzer, que projetou oinovador edifício da montadoraem 1973 – são quatro torres cir-

RARIDADES Museu BMW tem 120 peças em exposição VISITA Veículos podem ser vistos de vários ângulos

COLEÇÃO No Museu da Mercedes, há 160 peçasDIFERENCIAL Resgate da história e toque de modernidade

BMW/DIVULGAÇÃOBMW/DIVULGAÇÃO

MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO

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507 e o BMW 2002 são algunsdestaques. São aproximada-mente 120 peças, entre mode-los de série e de competição,além de alguns protótipos,divididos em sete áreas temáti-cas. O museu apresenta aindazonas de exibição fechadas eabertas, com rampas e amplavisibilidade, vistas panorâmi-cas e uma série de diferentesperspectivas que permite aosvisitantes admirar os detalhessob vários ângulos. l

culares, abertas dos quatrolados –, o entorno do museuganhou ruas e praças, pontes ecasas. O resultado é uma espé-cie de "complexo circulatório".Por seu desenho singular, olocal ficou conhecido como“museu-taça”.

O acervo do Museu BMWmostra a evolução histórica damarca. As conquistas nas com-petições automotivas não fica-ram de lado. Ícones da monta-dora como o BMW R32, o BMW

MASERATI Das pistas de automobilismo para a rua

Novo museu será interativoMEMÓRIA DO TRANSPORTE

No final de 1995, o empre-sário do setor de transportesAdalberto Panzan, então pre-sidente da NTC&Logística(Associação Nacional doTransporte de Cargas eLogística), teve a ideia demontar um museu do trans-porte. A iniciativa passou aser discutida entre as entida-des ligadas ao setor e, no anoseguinte, foi escolhido o localonde seria erguido o museu.Um terreno em Campinas(SP) fora adquirido pela CNTpara a construção.

Escolhida pela CNT paraser a curadora do museu, ElzaLúcia Vannucci Panzan, presi-dente da Fumtran (FundaçãoMemória do Transporte) – enti-dade responsável pelo projeto– diz que inúmeros imprevis-tos impediram que o planofosse executado. “Levaram-seanos para que pudéssemosdar início à concepção domuseu. Enfrentamos proble-mas com a escritura do terre-no. O documento foi lavradosomente no final de 2009.Nesse tempo, a Fumtran tra-tou de analisar propostas parao projeto arquitetônico”, afir-ma. O escritório de arquiteturaAthié Wohnrath, com sede emSão Paulo, será o responsávelpelo projeto.

Ela confirma que oMuseu Memória doTransporte não será con-vencional. “Trabalhamoscom uma concepção deinteratividade. Fizemos umapesquisa sobre os modais.Tudo está sendo elaboradocom acuidade.” A expografia(maneira como a exposiçãoserá executada) está a cargo

do escritório Arte 3, que tam-bém cuida do aspecto interati-vo. O arquiteto Pedro Mendesda Rocha afirma que osrecursos a serem aplicadosainda serão estudados. “Nospróximos dois meses deve-mos avançar na conceituaçãodo museu. A expectativa égrande, pois é um temaimportante para a cultura ememória do país.”

O escritório de Rocha éresponsável, entre outros,pelos projetos do Museu daLíngua Portuguesa, em SãoPaulo, pelo Memorial do RioGrande do Sul, em PortoAlegre, pelo Museu doEncontro, em Porto Seguro(BA), e pelo Centro Culturalde Belém.

Elza afirma que a captaçãode recursos só terá inícioquando o projeto estiver mais“amadurecido”. “Aguardo umestudo arquitetônico e expo-gráfico mais detalhado paradar início à captação. Vouapresentar a proposta paragrandes montadoras paraconseguir patrocínio. Por ora,a Fumtran conta com a verbada CNT e das federações, quecontribuem mensalmentecom a entidade.”

O terreno onde o MuseuMemória do Transporte seráconstruído possui 18 milmetros quadrados. A ideia,segundo Elza, é fazer umespaço multifuncional.“Pretendemos construirdois pavimentos, com res-taurante e espaço para reu-niões e palestras.” A expec-tativa da Fumtran é que atéo final deste ano o Museuseja inaugurado.

MASERATI/DIVULGAÇÃO

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O país olha para o NorteRegião que ocupa a maior área do Brasil recebe pe sados investimentos

em infraestrutura, mas ainda caminha para rom per isolamento

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Aregião que guarda a maior riqueza naturaldo Brasil e ocupa quase a metade do terri-tório nacional (45%), com os seus seteEstados, tem atraído mais os olhares para

investimentos em infraestrutura. A instalação deusinas hidrelétricas e algumas obras de transporteaumentam as perspectivas de desenvolvimento noNorte do país.

Entretanto, ainda falta muito para se romper como isolamento histórico e promover de fato a integra-ção ao restante do Brasil. E, também, para conseguirintegrar as cidades da própria região. O grandedesafio é estimular esse desenvolvimento, possibili-tar meios mais fáceis de locomoção e de escoamen-to de produção e conseguir manter preservada a flo-resta Amazônica.

Na área de transportes, a previsão de investimen-tos do governo federal entre 2007 e este ano naregião é de R$ 6,2 bilhões. Os recursos do PAC(Programa de Aceleração do Crescimento) estãosendo investidos em todos os modais. Em relação àshidrovias, por exemplo, está em execução a constru-ção de 35 terminais fluviais no Amazonas, três noPará e um em Rondônia.

Também deve ser concluída neste ano a constru-ção das eclusas de Tucuruí no rio Tocantins. Mais dametade das vias navegáveis do Brasil pertence àregião Norte, com destaque para as hidrovias dosrios Amazonas, Madeira, Tapajós, Negro, Solimões eTocantins.

Há pelo menos 16 intervenções previstas pararodovias. Em relação ao modal ferroviário, o prolon-gamento da Ferrovia Norte-Sul é uma obra funda-mental para estimular a eficiência do transporte decargas. E o Porto de Vila do Conde, no Pará, tambémestá sendo ampliado. Na área de energia, dois gran-des investimentos em execução na região Norte sãoas usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira,

POR CYNTHIA CASTRO

REPORTAGEM DE CAPA

O país olha para o NorteRegião que ocupa a maior área do Brasil recebe pe sados investimentos

em infraestrutura, mas ainda caminha para rom per isolamento

ANTONIO NETO/CONSÓRCIO RIO NEGRO/DIVULGAÇÃO

Ponte Manaus-Iranduba,sobre o rio Negro

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esteve esquecida no país eagora há um despertar deinteresses por novos projetos.

“As usinas do rio Madeirainseriram a região Norte nocontexto de produção deenergia, de forma bem inte-ressante. A ligação da ferro-via, do Norte ao Centro-Oeste,também é um exemplo impor-tante. Não há tantos projetosna região, mas esses em exe-cução serão bem positivos”,avalia.

Conforme Resende, o PAC é

em Rondônia, com previsõesde conclusão em 2012 e 2013,respectivamente.

De acordo com o doutorem planejamento de trans-portes e logística Paulo Tarsode Resende, coordenador doNúcleo de Infraestrutura eLogística da Fundação DomCabral, ainda que sejam insu-ficientes, as obras do PACrepresentam um alento para odesenvolvimento da regiãoNorte. Ele considera que porvárias décadas essa região

um começo, mas a região pre-cisa de planejamento estraté-gico para colocar em práticaos corredores logísticos, quepossibilitam um escoamentomais eficaz da produção. Eleexplica que o Norte temcaracterísticas para fornecerao Brasil um exemplo decomo o transporte multimo-dal pode funcionar, com aintegração das hidrovias, fer-rovias e rodovias.

“O Norte não pode serolhado de maneira isolada,

RAIO XConheça características do Norte e projetos sugeridos pelo Plano CNT de Logística 2008

Perfil Estados: Acre, Amapá, Amazonas,Pará, Rondônia, Roraima, TocantinsÁrea: 3,9 milhões de km2

População: 14,6 milhões (2007)PIB: 5,01% (em 2007)PIB per capita: R$ 9.134,62

EstadosAcre

Economia: Extrativismo vegetal. Osprincipais produtos são a borracha ea castanha. Pecuária e agriculturainfluenciam na economiaOcupação: Área de 152,6 mil km2,655,3 mil habitantes e 22 municípios

Alguns projetos sugeridos:• A maior intervenção é na BR-364 -construção de 210 km entre SenaMadureira e Feijó

• Recuperação de 292 km de pavimento entre Acrelândia e Sena Madureira

• Construção de terminaisrodoviários em Rio Branco eCruzeiro do Sul

AmapáEconomia: Extração de castanha-do-pará, madeira e mineração de manganêsOcupação: Área de 142,8 mil km2,

587,3 mil habitantes e 16 municípiosAlguns projetos sugeridos:• Ampliação do Porto de Santana• Pavimentação de 326 km da BR-156• Construção do terminal hidroviáriode Macapá

AmazonasEconomia: Atividade industrial concentra-se na produção da ZonaFranca de Manaus. O uso do transporte terrestre é restrito, sendonecessária a utilização de rios para movimentação de pessoas e mercadoriasOcupação: Área de 1,6 milhão km2, 3,2 milhões de habitantes e 62 municípios

Alguns projetos sugeridos:• Ampliação de terminais em Coari,Humaitá, Itacoatiara, Parintins,Tabatinga e Tefé

• Recuperação de 457 km da BR-174;de 177 km das BRs 364,317, 319; de240 km da AM-010

• Ampliação de calado das hidroviasdos rios Solimões e Madeira, qualificação da hidrovia do rioJuruá

• Construção de 16 projetos de terminais hidroviários para carga e passageiros

• Ampliação de seis terminais existentes

ParáEconomia: Extração de minerais(como ferro, bauxita, manganês, calcário e ouro) e de madeiraOcupação: Área de 1,2 milhão de km2,7,1 milhões de habitantes e 143municípios

Alguns projetos sugeridos:• Ampliação do aeroporto deSantarém

• Construção de mais de 402 km dotramo ferroviário entre Dom Eliseu(PA) e Curuçá (PA)

• Construção da eclusa de Tucuruí edo terminal marítimo de Espadarte

• Recuperação de 983 km do pavimento da BR-158 e das, PAs 150 e 475

RondôniaEconomia: Agricultura (café, cacau,arroz, mandioca, milho) e extrativismo da madeira e deminérios da borrachaOcupação: Área de 237,6 mil km2, 1,5milhão de habitantes e 52 municípios

Alguns projetos sugeridos:• Ampliação de calado da hidrovia dorio Madeira e dragagem e ampliaçãodos molhes no porto de Porto Velho

• Ampliação do AeroportoInternacional de Porto Velho, paraaumentar a movimentação de cargas e passageiros

RoraimaEconomia: Agricultura, pecuária eextrativismo. Destaque para produção de madeira, ouro, diamante e cassiteritaOcupação: Área de 224,3 mil km2,395,7 mil habitantes e 15 municípios

Alguns projetos sugeridos:• Ampliação do aeroporto de BoaVista

• Ampliação do calado da hidrovia do rio Branco e ampliação dos terminais intermodais de Boa Vista e Caracaraí

• Recuperação do pavimento dedois trechos da BR-174

TocantinsEconomia: Comércio, na agricultura(arroz, milho, feijão e principalmentesoja) e pecuária. Ocupação: Área de 277,6 mil km2, 1,2milhão de habitantes e 139 municípios

Alguns projetos sugeridos:• Construção de 688 km da Ferrovia

Norte-Sul• Qualificação da hidrovia Araguaia-Tocantins (dragagem, derrocamento,sinalização, balizamento)

• Construção da eclusa do Lajeado• Construção e ampliação de terminais intermodais para processamento de carga

• Implantação de faixas adicionaisem trechos da BR-153

“O Norte não podeser olhadode maneira isolada”

PAULO RESENDE, FUNDAÇÃO DOM CABRAL

Fontes: Plano CNT de Logística 2008/IBGE

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RONDÔNIA Obras na usina de Santo Antônio

Transportes do Ministério dosTransportes, MarceloPerrupato, afirmou que, sob oponto de vista socioeconômi-co, a região Amazônica des-perta hoje um interesse polí-tico maior do que no passado.Ele destacou que o governotem buscado uma estratégiapara ampliar os investimentosno modal hidroviário naregião Norte.

“Estamos em um processoacelerado de entendimentoscom o setor de geração de

entraram em discussão naCâmara dos Deputados, emBrasília, durante o 4ºSimpósio Amazônia –Infraestrutura para oDesenvolvimento Sustentávele também em uma audiênciapública que discutiu a refor-ma da BR-319.

As implicações econômicase ambientais da logística detransporte na regiãoAmazônica permearam osdebates. O secretário dePolítica Nacional de

mas precisa ser tratado deforma estratégica e com umavisão de que pode ser inseri-do no contexto do desenvolvi-mento brasileiro por meio dosgrandes corredores logísti-cos”, diz Resende, ao defen-der que é possível fazer bonsprojetos de engenharia, quelevem desenvolvimento paraa região e também respeitemo meio ambiente.

No final de maio, questõesreferentes ao transporte elogística na região Norte

“A aviaçãoregional é fundamentalpara integrarum sistemaeconômico e social”

XANDO PEREIRA/A TARDE/FUTURA PRESS

SAMUEL PINHEIRO, MINISTRO-CHEFE DA SECRETARIA

DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS

Aumenta oferta em Rondônia

EMPREGO

O Estado de Rondônia, queestá implantando duas usinashidrelétricas no rio Madeira –a de Santo Antônio e Jirau –,tem experimentado um cres-cimento econômico nos últi-mos anos. Um dos númerosmais expressivos é o aumen-to na oferta de emprego.

Conforme dados daSecretaria de Desenvol-vimento do Estado, em2003, Rondônia tinha 3.258empregos com carteiraassinada. Em 2009, o núme-ro chegou a 58.067. O asses-sor especial da secretaria,Manoel Serra, reconheceque a implantação das usi-nas (previstas no PAC) éfundamental para o cenáriopositivo.

Entretanto, conformeSerra, o aumento da oferta

de emprego está relaciona-do também à produçãoagrícola na região e àindústria. “Aumentou muitoa produção de arroz, feijão,milho e café. No setorpecuário, são mais de 12milhões de cabeças debovinos”, diz.

De acordo com o assessorespecial da Secretaria deDesenvolvimento, os projetosdo PAC têm grande importân-cia para o Estado. Mas eleafirma que ainda falta muitoinvestimento para melhoraros acessos logísticos naregião Norte do país. “Muitasobras foram implantadas deforma parcial, como a BR-364. Precisamos duplicaressa rodovia, mas os inves-timentos não foram sufi-cientes ainda.”

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energia, que também olhapara a região Norte. Tentamosconciliar as usinas (a seremconstruídas) com a implanta-ção de eclusas”, dizPerrupato. Eclusa é uma espé-cie de dique destinado acomunicar dois cursos deágua com desnível, possibili-tando a subida ou a descidade embarcações de um nívelde água para o outro.

De acordo com o secretá-rio de Transportes, tambémestá sendo analisada a possi-bilidade de o poder público

TOCANTINS Construção de pátio de carregamento

Região precisa de R$ 41,2 bi

LOGÍSTICA

Para que o Norte possaimpulsionar o seu desen-volvimento, é necessárioum investimento mínimoem infraestrutura de R$41,2 bilhões. Esse é o valorsugerido pelo Plano CNTde Logística 2008 a serinvestido em obras emtodos os modais de trans-porte: aeroportuário, fer-roviário, hidroviário, por-tuário, rodoviário e tam-bém na intermodalidade,em todos os Estados quecompõem a região.

O Pará é o que deveriareceber o maior volume derecursos, R$ 18,1 bilhões. Sópara a abertura de canaishidroviários são sugeridosR$ 4,3 bilhões. Para oAmazonas, o plano prevê R$6,4 bilhões, com destaquepara a construção de pelomenos 16 terminais inter-modais e ampliação deoutros seis. Em Rondônia,deveriam ser investidos R$6 bilhões; em Roraima, R$2,3 bilhões; em Tocantins,R$ 6,9 bilhões. Acre eAmapá deveriam receber,respectivamente, R$ 1,5bilhão e R$ 685,3 milhões.

A região é responsávelpor 5% da produção deriquezas do país (númerosde 2005), ou R$ 106,5bilhões. Dados de 2007mostram que a região pro-duziu 3,3 milhões de tone-ladas de cereais, o querepresentou 2,5% da pro-

dução nacional. A soja, omilho e o arroz. estão entreos produtos agrícolas maiscultivados. O extrativismovegetal é uma importanteatividade econômica paraa região, sendo que em2006 foram produzidas91,9 mil toneladas de açaí,28,3 mil toneladas de cas-tanha-do-pará e 9,1 miltoneladas de piaçava.

A produção mineraltambém é muito importan-te, com destaque para ominério de ferro. Em rela-ção ao comércio externo,em 2007 a região exportouUS$ 9,8 bilhões e importouUS$ 7,7 bilhões. Com isso, oNorte foi responsável por5,3% do saldo da balançacomercial brasileira. Osprincipais produtos expor-tados foram minérios,madeiras e produtos doextrativismo vegetal.

Em relação aos eixosestruturantes, o Norte abri-ga sete dos nove propostospelo Plano CNT de Logística:eixo litorânio, norte-sul,amazônico, centro-norte,norte-sudeste, leste-oeste eeixo de cabotagem. Esteúltimo consiste na integra-ção dos principais portosdo Brasil em uma rota decabotagem, que inclui oPorto de Macapá, emSantana do Amapá, e oPorto de Vila do Conde,localizado no município deBarcarena, no Pará.

AGÊNCIA VALE/DIVULGAÇÃO

“Tentamosconciliar asusinas com aimplantaçãode eclusas”

MARCELO PERRUPATO, MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES

Page 29: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

implantar algumas instala-ções portuárias e aeropor-tuárias de pequeno portepara serem operadas depoispela iniciativa privada. “Mas,por enquanto, esse modeloainda não está trabalhado emdetalhes. É só uma possibili-dade estudada.”

Apesar de muitos olharesestarem voltados para oNorte do país, quando sepensa na integração daregião Amazônica, os desa-fios sob o ponto de vista dotransporte ainda são enor-

mes. Quem reconhece é oministro-chefe da Secretariade Assuntos Estratégicos,Samuel Pinheiro Guimarães,que foi secretário-geral dasRelações Exteriores noItamaraty, entre 2003 e 2009.

A extensa área da região, apopulação dispersa e osimpactos ambientais sãoapontados pelo ministro-chefe como os fatores quetornam complexa a ampliaçãodos modais de transporte.Além da necessidade de seinvestir mais nas hidrovias, ACRE Transporte fluvial é predominante no Norte

GLEILSON MIRANDA/FUTURA PRESS

PAC DO NORTE Veja dados do balanço de fevereiro de 2010

Fonte: Balanço de três anos do PAC, divulgado pelo governo federal em fevereiro

Região NorteRodoviasAcre BR-364 – Ligação entre o município de Tarauacá e a localidade de Rio Liberdade (concluída)BR-364 – Construção e pavimentação da rodovia entre osmunicípios de Sena Madureira eFeijó (em execução)

AmapáBR-156 – Pavimentação da rodovia Calçoene-Igarapé do Breu (concluída)BR-156 – Pavimentação da rodovia no município de Oiapoque(concluída)BR-156 – Construção de ponteinternacional sobre o rio Oiapoque(em execução)BR-156 – Pavimentação do trecho no KM-56 em Calçoene (em licitação)

AmazonasBR-317 – Pavimentação (em execução)BR-319 – Ponte sobre o rio Madeira (em licitação)BR-319 – Pavimentação (em execução)

ParáBR-163 – Pavimentação da rodoviana divisa MT/PA, partindo deSantarém, incluindo acesso a

Miritituba (em execução)BR-230 – Construção de pontesobre o rio Araguaia (em execução)BR-230 – Construção e pavimentação da rodovia entre as cidades de Marabá, Altamira,Medicilândia e Rurópolis (em licitação)

TocantinsBR-242 – Pavimentação no KM-223da rodovia no município de Peixe(em execução)

RondôniaBR-364 – Ponte sobre o rioCandeias (concluída)BR-364 – Travessia de Porto Velho(em execução)BR-429 – Pavimentação do entroncamento da BR-364, entre os municípios de Alvorada d´Oeste e São Miguel do Guaporé(em execução)

FerroviasSistema de bitola larga

Pará e TocantinsProlongamento norte da FerroviaNorte-Sul, entre Barcarena (PA) eAçailândia (TO) (estudos e projetosem execução)

RondôniaFerrovia de integração Centro-Oeste, entre Uruaçu (GO) e Vilhena (RO) (em execução)

TocantinsFerrovia Norte-Sul – Trecho Sul,no subtrecho Anápolis (GO) ePalmas (TO) (em execução)Ferrovia Norte-Sul - concessão doTrecho Sul, no subtrecho Palmas(TO) e Estrela do Oeste (SP) (açãopreparatória)Ferrovia Norte-Sul – Trecho Norte,no subtrecho Guaraí (TO) e Palmas(TO) (em execução)Ferrovia Norte-Sul – Trecho Norte,subtrecho Aguiarnópolis (TO) eGuaraí (TO) (ação concluída)Ferrovia Norte-Sul - concessão doTrecho Norte, no subtrechoAçailândia (MA) e Palmas (TO) (açãoconcluída)

Portos

ParáVila do Conde – Ampliação do píerprincipal (em execução), estudos eprojetos para construção do terminal de múltiplo uso (em execução), rampa roll-on/roll-off (ação concluída)

Hidrovias

AmazonasConstrução de 35 terminais fluviaisnos municípios de São Raimundo,Manacapuru, Itacoatiara, Coari,Manicoré, Tefé, Autazes, Borba,Lábrea, Boca do Acre, Maués, SantaIsabel, Fonte Boa, Humaitá,Manaquiri, Benjamin Constant,

Urucurituba (em execução)/Tabatinga, São Sebastião doUatumã, Nhamundá (obra concluída)/ Barreirinha, Boa Vistados Ramos, Itapiranga, Careiro daVárzea, Iranduba, Codajás, Tapauá,Canutama, São Gabriel daCachoeira, Guajará, Ipixuna,Itamarati, Carauari, Eirunepé, Berurí (licitação)

ParáConstrução de três terminais fluviais em Monte Alegre, Breves,Santarém (em execução)Construção de eclusas do Tucuruíno rio Tocantins (em execução)Dragagem e derrocamento dahidrovia do Tocantins (açãopreparatória)

RondôniaConstrução de um terminal emPorto Velho (em execução)

Aeroportos

AmazonasTerminal de passageiros emManaus (estudos e projetos emexecução)

AmapáTerminal de passageiros emMacapá, sistema viário e pátio(ação preparatória)

ParáTerminal de passageiros emSantarém (em execução)

RoraimaTerminal de passageiros em BoaVista (ação concluída)

Page 30: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201030

Guimarães considera primor-dial o desenvolvimento daaviação regional e tambémdas estradas vicinais, quepermitem o acesso aos corre-dores principais.

“A aviação regional é fun-damental para integrar umsistema econômico, político esocial de pessoas que estãocompletamente isoladas”,reconhece o ministro-chefe,ao comentar que algumas via-gens no interior da florestaAmazônica levam 14 dias de

INACABADA Rodovia Transamazônica é criticada por ter provocado muito desmatamento

Barro e poeira dominam rodovia

TRANSAMAZÔNICA

A rodovia Transamazônica(BR-230), que corta a floresta,nunca chegou a ser concluídano Pará e no Amazonas, ondeimpera a falta de pavimenta-ção. Projetada na época doregime militar e inauguradaem 1972, a obra foi chamadade faraônica, devido às pro-porções gigantescas.

A rodovia, que surgiucom o objetivo de conectaras regiões Norte e Nordestee também o Peru e oEquador, sempre recebeumuitas críticas devido aosenormes danos ambientaisque causou, como o desma-tamento exagerado, prejuí-zos às comunidades indíge-nas e falta de viabilidadeeconômica.

No ano passado, a revista“Veja” fez uma matéria espe-cial sobre a Amazônia. Aofalar da rodovia, a reporta-gem relatou que “quem viajapela Transamazônica tem aimpressão de trafegar sobreum esboço de estrada. Oasfalto só existe em trechosesparsos e a sinalização é umluxo inexistente”.

No Pará, por exemplo,são 1.569,6 km e apenas204,9 km pavimentados,conforme informações doDnit (DepartamentoNacional de Infraestruturade Transportes). NoAmazonas, são 831,6 km,de muita poeira ou barro.

A construção ou conser-vação das rodovias naAmazônia estão intimamen-

te ligadas às dificuldadesimpostas pelas grandesextensões territoriais erodoviárias, relata o Dnit. Oórgão ressalta ainda os pro-blemas peculiares da região,como o clima de muitas chu-vas, a dificuldade de se darum apoio logístico necessá-rio para as obras e o fato dea energia elétrica ser manti-da por geradores.

Na região Norte do país,devido ao alto índice de chu-vas, no período em que astempestades são maiscomuns, entre dezembro emaio, costuma haver inter-rupção de tráfego da rodovia,segundo o Dnit, devido aoaparecimento de atoleiros,bueiros e aterros rompidos.

O departamento informouque não há estimativa confiá-vel do atual volume de tráfe-go da Transamazônica. A BR-230 é chamada deTransamazônica no trechocompreendido no Norte dopaís, na região Amazônicados Estados do Amazonas edo Pará. Mas toda a BR-230corta sete Estados brasileiros.

São 4.995,7 km, começan-do em Cabedelo, na Paraíba,e terminando em BenjaminConstant, no Amazonas, nadivisa com o Peru. O trechodo Nordeste está concluído,conforme o Dnit. Ao falarde Transamazônica, algunsambientalistas defendemque se dê prioridade aosmodais hidroviário ou fer-roviário.

O Norteresponde

por

5%da produçãode riquezasdo país

Page 31: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

que haver um subsídio para aaviação.”

Segundo o ministro-chefede Assuntos Estratégicos,houve também redução dasligações aéreas regionais por-que muitos aeroportos daregião não conseguiram aten-der às normas da Anac(Agência Nacional de AviaçãoCivil). Na edição de novembrode 2009 (nº 171), a CNTTransporte Atual abordou oassunto. Na ocasião, a Anacinformou que o aumento das

res que são muito difíceis dechegar”, diz.

O deputado cita o municí-pio de São Gabriel daCachoeira (AM), no alto rioNegro, perto da Colômbia.“Você demora alguns diaspara chegar de barco. Quandoo rio está seco, você não con-segue chegar. Os mantimen-tos são enviados de avião euma Coca-Cola chega a custarR$ 10. O Brasil precisa enten-der que essas regiões preci-sam de compensações. Tem

barco, enquanto poderiamlevar três ou quatro horas deavião.

Um dos problemas, ressal-tados pelo presidente daComissão da Amazônia daCâmara, deputado MarceloSerafim (PSB-AM), é o altocusto das passagens. Por isso,ele defende que haja algumtipo de subsídio para que astarifas regionais sejam maisacessíveis. “Vinte e cincomilhões de pessoas vivem naAmazônia, isoladas. Há luga-

INACABADA Rodovia Transamazônica é criticada por ter provocado muito desmatamento

Ponte permitirá acesso terrestreINFRAESTRUTURA

No Amazonas, uma obraque está sendo executadana capital deve melhorar aqualidade de vida de muitosmoradores e também incen-tivar o desenvolvimentoeconômico da região. Até ofinal de novembro desteano, deve ser inaugurada aponte Manaus-Iranduba,sobre o rio Negro. São 3.600m de extensão.

A obra vai possibilitar oacesso terrestre de Manausao município de Iranduba.Atualmente, a travessia dorio Negro é feita por meio debalsas que gastam cerca de30 a 40 minutos. Com aponte, o percurso será feitoem apenas 5 minutos, con-forme informa a assessoriado Consórcio Rio Negro, daempresa de engenhariaCamargo Corrêa.

Há uma grande expecta-tiva de que a obra contribuapara incentivar a integraçãoregional, possibilitando oescoamento da produçãoagrícola, incrementando oturismo e o desenvolvimen-

to urbano.“Essa é uma área estra-

tégica do Estado. Então,muito mais do que ligarduas margens de um rio,essa ponte vai estimular aeconomia e incentivar aimplantação de indústriasem algumas cidades.Vamos ter agora a logísticanecessária para quevenham outras ativida-des”, diz o secretário-geralda região metropolitana deManaus, René Levy Aguiar.

Além de Manaus eIranduba, os municípios deManacapuru e Novo Airãoserão diretamente benefi-ciados, bem como outras30 cidades do entorno daregião metropolitana deManaus. A ponte Manaus-Iranduba é uma obra dogoverno do Amazonas, queconta com investimentosde R$ 574 milhões. Osrecursos são do governofederal, financiados peloBNDES (Banco Nacional deD e s e n v o l v i m e n t oEconômico e Social).

SINDARPA/DIVULGAÇÃO

Características

Comprimento total da

ponte: 3.600 m

Número de vãos: 73

Extensão do trecho

estaiado: 400 m

Altura do mastro

central: 103 m

Volume de concreto por

estaca: 2.800 sacos de

cimento

Curiosidades

Concreto estrutural: 138

mil m3 – equivalente a 25

prédios de 20 andares

Aço: 12,3 mil toneladas -

equivalente a 20 balsas

cheias de aço

Cimento: 1 milhão de sacas

Pilares/apoios: 74 unidades

Base de solo – areia e seixo:

47 mil m3

Revestimento

betuminoso: 72 mil

toneladas

Fonte: Consórcio Rio Negro

SAIBA MAISSOBRE A PONTE

“Vinte e cincomilhões de

pessoas vivemna Amazônia,isoladas”

MARCELO SERAFIM, COMISSÃO DA AMAZÕNIA, DA CÂMARA

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201032

devem ter uma aplicaçãomelhor.

Em relação ao incentivo aotransporte rodoviário naregião Norte do país, o PACprevê a construção e a recu-peração de algumas rodovias.Entretanto, algumas delasenfrentam dificuldades paraconseguir o licenciamentoambiental para a execução daobra. A BR-319, que passa pelocoração da florestaAmazônica, ligando Rondôniaao Amazonas é permeada degrande polêmica.

interdições de aeroportos éresultado de fiscalizaçõesmais severas.

O diretor-presidente daAbetar (Associação Brasileiradas Empresas de TransporteAéreo Regional), ApostoleLazaro Chryssafidis, afirmaque o governo brasileiro criouhá alguns anos o Profaa(Programa Federal de Auxílioa Aeroportos) para oferecercondições mínimas de opera-cionalidade aos aeroportossecundários. Entretanto, eleconsidera que os recursos

O PAC prevê a pavimenta-ção de um trecho intermediá-rio dessa rodovia, que estácompletamente abandonado.Mas a licença ambiental aindanão foi liberada e muitosambientalistas protestamcontra essa pavimentação.Além dos riscos à floresta,eles temem que não haja via-bilidade econômica.

O diretor de licenciamentoambiental Pedro AlbertoBignelli, do Ibama (InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais

Congresso aponta gargalos e discute incentivo para modalTRANSPORTE FLUVIAL

A necessidade de havermais investimentos paraincentivar o transporte flu-vial no Brasil foi uma dasprincipais discussões duran-te o Trans 2010, evento queinclui uma feira, e o 5ºCongresso Internacional deTransportes da Amazônia,realizado pelo Sindarpa(Sindicato das Empresas deNavegação Fluvial eLacustre das Agências deNavegação no Estado doPará).

Mais de 650 participan-tes, do Brasil e do exterior,estiveram reunidos emmaio, em Belém. Um docu-mento apontando os princi-pais gargalos, oportunida-des e também contendo

sugestões está sendo elabo-rado. Assim que for concluí-da, a Carta Belém 2010 seráentregue aos setores envol-vidos, públicos e privados.

De acordo com o vice-presidente do Sindarpa,Eduardo Lobato Carvalho, oincentivo ao transporte flu-vial é um assunto prioritá-rio, quando se fala em inves-timento em logística noNorte do país.

Ele diz que foi feita umaestimativa da quantidade decarga a ser transportadanos próximos anos naregião, a partir dos investi-mentos que têm sido feitospelo poder público, masprincipalmente pelo setorprivado. Citou, por exemplo,

a atuação de mineração,cimenteira e siderúrgica.

“Nem se emendar umcaminhão no outro será pos-sível transportar pelas rodo-vias todo o volume que serágerado daqui a alguns anos.Muitas obras já em execuçãoe outras que estão em fasede licenciamento ambientalvão trazer um grande volu-me de cargas. A soluçãosempre passa pela navega-ção fluvial”, diz.

Carvalho considera queas obras do PAC são impor-tantes para a região Norte,assim como para o restantedo país. Entretanto, ele res-salta que as intervençõesprevistas são insuficientesdiante da demanda.

No documento que estásendo elaborado, depois docongresso em Belém, cons-tam solicitações para váriasáreas ligadas ao transporte.Um pedido específico seráfeito ao Ministério daEducação. O vice-presidentedo Sindarpa diz que um dospleitos é o aumento devagas para engenharianaval, na UniversidadeFederal do Pará.

De acordo com Carvalho,esse curso foi aberto na ins-tituição depois de um pedi-do que surgiu no Trans 2003.“Esse curso é fundamental.Sentimos necessidade demão de obra especializada.Há muita embarcação poraqui e falta engenheiro.”

Encontro noPará reuniu

650participantes

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 33

análise técnica. “Não se apro-va nem se descarta nadaantes que passe por um sériocrivo técnico”, diz.

De acordo com Bignelli, aose analisar qualquer inter-venção de infraestrutura emuma região tão rica como afloresta Amazônica, é impres-cindível tomar todos os cui-dados e pensar sempre nodesenvolvimento sustentável.“Temos que avaliar tudo paranão acontecer o que ocorreuna Transamazônica. A rodoviaé necessária para a integra-ção nacional, mas não tevenenhum anteparo de prote-ção (durante a construção noregime militar). A degradaçãofoi muito além do necessárioe hoje temos muita área láabandonada”, diz o diretor delicenciamento ambiental doIbama.

Diante de todos os desafiosinseridos no contexto domaior desenvolvimento doNorte do país, o doutor em pla-nejamento de transportes elogística Paulo Tarso deResende considera que aregião ainda não está perto deum futuro de locomoção maisfácil. “O PAC e outros investi-mentos forneceram um com-bustível grande para a inser-ção amazônica no desenvolvi-mento brasileiro. É um come-ço, mas ainda está longe deuma integração efetiva.” l

Renováveis), participou deuma audiência pública naCâmara dos Deputados emmaio sobre a BR-319. Ele afir-mou que qualquer procedi-mento de asfaltamento derodovias como essa tem quepassar por um crivo rigorosoda área de meio ambientedevido à possibilidade con-creta de ligação com o des-matamento.

“Os bons acessos são veiasdiretas por onde o processode desmatamento avança.Melhoram, por exemplo, a

possibilidade de se transpor-tar madeira ilegalmente”, dizBignelli, ao ressaltar que estáem questão um trecho demais de 400 km de rodovia,localizado bem no centro dafloresta Amazônica, no Estadomais preservado do país.

Segundo ele, se não forematendidos todos os requisitospara a preservação ambien-tal, esse acesso pavimentadona BR-319 pode levar a umdesastre ambiental. Bignelliafirma que a posição atual doIbama em relação à 319 é de

INFRAESTRUTURA Eclusas do Tucuruí, no rio Tocantins, devem ser inauguradas neste ano

“Não se aprova nem sedescarta nadaantes depassar porsério crivotécnico”

PEDRO ALBERTO BIGNELLI, IBAMA

DNIT/DIVULGAÇÃO

Page 34: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201034

Aevolução do trânsitomarítimo proporcionouaumento considerável dovolume de cargas trans-

portado no mundo, culminando naampliação da capacidade dosnavios. Um componente em espe-cial é responsável pela estabilidadee a navegabilidade das embarca-ções – a água de lastro. Usada paracontrabalançar o peso do navioquando ele não está plenamentecarregado, ela tem despertado aatenção de autoridades marítimase ambientais pelo risco de epide-mias via invasão de espécies exóti-cas, já que a água é despejada nosportos de destino. A ConvençãoInternacional para Gerenciamento

da Água de Lastro e Sedimentos deNavios define diretrizes para queos males causados pela operaçãosejam mitigados.

A água de lastro é captada domar e fica distribuída em váriostanques ao longo do casco donavio. Ao sair do porto de origempara ser carregada, a embarcaçãoé abastecida por essa água paragarantir que o navio não afunde.Ao receber a carga no porto dedestino, o navio despeja a água delastro contida em seus tanques.“Isso criou uma troca de águaentre as baías do mundo”, diz aengenheira ambiental Sílvia Ziller,diretora-executiva e fundadora doInstituto Hórus, entidade que atua

no desenvolvimento de alternati-vas de conservação ambiental.

É exatamente nessa troca queocorre o risco de invasões deespécies exóticas. “A tecnologiados navios mudou. Antes, as via-gens eram mais longas e os orga-nismos não sobreviviam noambiente da água de lastro. Hoje,os tanques de lastro são limpos,quase um aquário, o que favorecea sobrevivência das espécies”, diz.“Essa invasão, além do risco epi-dêmico, tem impacto direto nabiodiversidade, pois as espéciesexóticas se reproduzem em gran-de quantidade, ocupando o espa-ço de espécies nativas, eliminan-do o seu habitat natural.”

Há também o fator econômico.Um dos exemplos foi a invasão deuma espécie de marisco, na regiãosul do Brasil. “O mexilhão dourado(Limnoperna fortunei), animal deágua doce, chegou à Argentinapela água de lastro de umaembarcação chinesa. Ele cresceem colônias dentro da tubulaçãodo sistema de água de PortoAlegre (RS) e da UsinaHidroelétrica de Itaipu. O custopara extraí-lo é alto, depois de ins-talado é difícil erradicar. A soluçãoé conviver com a espécie”, diz.

Segundo Regina CecereVianna, professora de direitointernacional e de direito do marda Furg-RS (Universidade Federal

AQUAVIÁRIO

Soluçãoà vista

POR LETICIA SIMÕES

Preocupado com epidemias causadas pela água delastro, mundo cria regras para conter o risco

RISCOS Preocupação com a gestão da água de lastro começou em 1989 e e agora se intensificou

Page 35: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

Controle e Gerenciamento da Águade Lastro e Sedimentos de Navios.Ela entrará em vigor 12 meses apósum mínimo de 30 países ratifica-rem a convenção. Esses paísesdevem significar, somados, umaporcentagem mínima de 35% domercado marítimo internacional.“O problema da água de lastro con-tinuará, caso os grandes responsá-veis pelo fluxo de mercadorias viatransporte marítimo não se res-ponsabilizarem pelas medidascabíveis” acredita Regina.

A proposta da organização,desde o início dos trabalhos, é deque a água de lastro seja trocadaem alto-mar, a 12 mil milhas dacosta. Como a salinidade das águasoceânicas é grande, a possibilidadede sobrevivência das espécies nostanques de lastro passa a sermenor. “É uma intervenção com-plexa. Existem limitações, pois aembarcação tem de reduzir a velo-cidade para a troca, implicando emcustos maiores, já que o tempo deviagem aumenta”, conta Oliveira,da Antaq. Para a operação da trocaem alto-mar, são necessários, emmédia, dois dias. Isso, segundoRegina, pode explicar a demora dealguns países em assinarem aConvenção.

O Congresso Nacional brasileiroaprovou o texto da ConvençãoInternacional para Gerenciamentoda Água de Lastro em 12 de março.O Brasil ratificou sua assinaturajunto à IMO em 14 de abril.Atualmente, 24 países têm a assi-

do Rio Grande), as consequênciasdessa invasão foram drásticas. “Oespraiamento (região de contor-no onde a espécie se instalou) domexilhão pela bacia hidrográficado Prata, por meio dos portos deRio Grande e Buenos Aires, aca-bou por limitar as atividades daUsina de Itaipu, comprometendoo abastecimento de energia elé-trica do Paraguai, que não possuisaída para o mar.”

O oceanógrafo Uirá CavalcanteOliveira, especialista em regulaçãoda gerência de meio ambiente daAntaq (Agência Nacional deTransportes Aquaviários), afirmaque a preocupação com a gestãoda água de lastro surgiu em mea-

dos de 1989. “Um caso mais conhe-cido se deu na Austrália, com umtipo de alga marinha. Ela provoca afloração de água nociva (marésvermelhas) e, ao se proliferar, libe-ra substâncias tóxicas provocandodiarreia, amnésia e paralisia,dependendo do tipo de alga.”

Segundo Oliveira, a partir deepisódios semelhantes, alguns paí-ses requisitaram à OMI(Organização MarítimaInternacional – IMO, na sigla eminglês), organismo ligado à ONU(Organização das Nações Unidas),que a água de lastro fosse conside-rada um tipo de poluição.

A entidade, então, deu início aotrabalho para definir como o

gerenciamento deveria ser execu-tado. “Por meio de um comitêorganizado pela IMO, um grupo foiformado para tratar exclusivamen-te da água de lastro. Foram desen-volvidas algumas diretrizes para atroca da água”, diz Oliveira. Porserem voluntárias, os países não seviam obrigados a cumpri-las.“Houve pouca adesão nessa época,mesmo porque os navios não esta-vam preparados para a operaçãoque propunha a troca da água emalto-mar.” Segundo estimativas daIMO, de 3 a 5 bilhões de toneladasde água são transportadas entreos oceanos, anualmente, por meiodo lastro dos navios. “As condiçõesdesse transporte permitem queuma infinidade de organismossobreviva dentro dos reservató-rios e que seja deslocada paraoutros ambientes costeiros”, dizRegina. Segundo a IMO, 7.000 espé-cies animais e vegetais são trans-portadas por ano, por meio do las-tro dos navios.

Apenas em 2004 a IMO adotou aConvenção Internacional para

ÁGUA DE LASTRO

30% do peso da cargaretirada de um navio écompensado por água de lastro

De 3 a 5 bilhões detoneladas de água: esse é o volume transportado, anualmente,pelo lastro dos navios, entre osoceanos de todo o planeta

7.000 espécies animais e vegetais: é a quantidade transportada por ano, por meio do lastro dos navios

24 é o número de países que ratificaram a assinatura junto à IMO

35% é a porcentagem mínimaque 30 países devem representarno mercado marítimo internacionalpara que a Convenção da IMO entreem vigor

Fonte: IMO

RISCOS Preocupação com a gestão da água de lastro começou em 1989 e e agora se intensificou

DIÁRIO DO LITORAL/FUTURA PRESS

Page 36: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

registradas. “As mais graves,como a não realização da trocade lastro pelos navios, são raras.Quando ocorrem, tais embarca-ções são expulsas das águas bra-sileiras e não têm direito deretornar, enquanto não cumpri-rem a legislação.”

Multas também são aplicadaspara situações menos graves,como ausência de informaçõesno formulário dos navios ou afalta de credenciamento de enti-dade reconhecida internacional-mente, que permita a navegabili-dade da embarcação. O valor dasmultas aplicadas varia de acordocom o tipo de infração. O geren-

De acordo com o último anuá-rio estatístico portuário elabora-do pela Antaq, em 2009, a movi-mentação de embarcações delongo curso (importação e expor-tação) nos portos brasileirossomou 19.265, enquanto a movi-mentação de cabotagem (nave-gação nacional) chegou a 15.163.Para o comandante, não há riscosmaiores devido a pouca disponi-bilidade de fiscais. “A autoridademarítima sempre troca informa-ções entre os blocos regionais.Essa comunicação auxilia no con-trole dos navios.” Ele afirma quedesde que a Normam 20 passou avigorar, 127 autuações foram

Autoridade Marítima), que trata dogerenciamento da água de lastroem águas brasileiras. A fiscalizaçãoé feita pela Anvisa (AgênciaNacional de Vigilância Sanitária)desde 2001, e pela Marinha, quedisponibilizam fiscais portuáriospara o controle. Segundo o coman-dante Fernando Araújo, da gerên-cia de meio ambiente da DPC(Diretoria de Portos e Costas), ape-sar do número reduzido de inspe-tores navais, a vistoria é efetiva.“Aproximadamente 20% dosnavios são fiscalizados. Isso ocorreporque o número de embarcaçõesque aportam diariamente no Brasilé muito grande.”

natura ratificada. Alexandre deCarvalho Leal Neto, engenheirocivil do Instituto Nacional dePesquisas Hidroviárias da SEP(Secretaria Especial de Portos),participou por quatro anos dosestudos da IMO no Brasil. “Apóspreparar a convenção, a organiza-ção se engajou na preparação deuma série de diretrizes de auxílioao texto original. Essas diretrizesvão facilitar os procedimentos deaplicação da convenção.”

O Brasil é membro da IMO desde2004 e, baseado nas diretrizesvoluntárias formuladas pela orga-nização, estabeleceu, no anoseguinte, a Normam 20 (Norma da

Os efeitos provocados pelaágua de lastro ao meio ambien-te, em virtude do transporte deespécies invasoras, foram detec-tados em diversas partes domundo. O biólogo RubensMendes Lopes, professor doutordo Instituto Oceanográfico daUSP (Universidade de São Paulo),afirma que a incidência dasespécies exóticas está relaciona-da ao volume do comércio marí-timo de cada país. “É natural quea maior parte das invasõestenha ocorrido entre países dohemisfério norte e do sudesteasiático, principais rotas danavegação mundial.”

Os danos ecológicos e eco-nômicos causados por taisinvasões são, de acordo comLopes, irreparáveis. NaAmérica do Sul, o caso demais destaque é o do mexi-lhão dourado (Limnopernafortunei). “Esse molusco vivepróximo a substratos duros,como rochas. Porém, suas lar-

vas vivem livres nas colunasde água (fora do fundo) e sãotransportadas nos tanques delastro. Oriundas de umaembarcação chinesa e despe-jadas em Buenos Aires, essaslarvas se desenvolveram e,adultas, fixaram-se nas estru-turas do porto argentino.”

Segundo o biólogo, ao seespalhar, o mexilhão causouimpactos ecológicos importan-tes. “Eles se alimentam dos orga-nismos soltos na água, pois têma capacidade de filtrá-la emgrande quantidade, causandoproblemas, como o rompimentodas cadeias alimentares.”

Apesar de o ambiente de las-tro ser diferente do habitat natu-ral das espécies, Lopes diz quemuitos organismos resistem pormuito tempo. “As plantas aquáti-cas, principalmente, dependemde luz e sobrevivem muito poucono lastro. No entanto, assimcomo alguns animais, essasplantas formam-se dentro do

navio como cistos de resistên-cias (sementes) e podem sedepositar no fundo do tanque.Quando lançados no ambientede destino, têm capacidade deeclodir novamente.”

De acordo com o professor,em média, aproximadamente30% do peso da carga retiradado navio é compensada por águade lastro. “Essa é a proporçãodivulgada pela IMO (OrganizaçãoMarítima Internacional). Valelembrar que o volume de lastromovimentado depende do volu-me de carga da embarcação.Existem operações de carga edescarga que possibilitam a libe-ração de maior quantidade deágua de lastro.”

Para Lopes, o controle do lan-çamento da água nos portos dedestino é mais preocupante doque a quantidade de organismosexistentes no tanque de lastro.“Há muito esforço para prepararas empresas para o tratamentoda água. Porém, os mercadores

têm de provar que a tecnologia éeficaz.” Navios fabricados a par-tir de 2009 já apresentam siste-ma para a troca de água de las-tro, obedecendo a um requisitoobrigatório da IMO.

O professor Rubens Lopesestá à frente de um trabalho vol-tado para o monitoramentodessa troca. “A tecnologia podese mostrar eficaz, mas não hácerteza se será para todas assituações e todo tipo de água. Oinstituto vai desenvolver um sis-tema de monitoração automati-zada em tempo real, para que ossistemas de tratamento da águade lastro sejam validados duran-te toda a vida útil do navio, faci-litando a operação das embarca-ções nos portos.”

Os primeiros resultadosdeverão ser apresentados nofinal de 2011. Conclusões prelimi-nares, segundo o professor,serão divulgadas no site doInstituto Oceanográfico, nodecorrer dos estudos.

Comércio marítimo gera aumento de invasões nas rotas mundiais

IMPACTO ECOLÓGICO

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da água de lastro. “A ConvençãoInternacional é importante por-que, hoje, cada país tem seu con-trole. Os termos desse documen-to estão no sistema legal brasilei-ro desde 2005 e a Normam 20tem força de uma lei interna. Elatomou medidas imediatas paraevitar um mal maior, como asinvasões provenientes da água delastro.” Newton Pereira, pesqui-sador do Departamento deEngenharia Naval e Oceânica daUSP (Universidade de São Paulo),acredita que a fiscalização maiseficiente da água de lastro ocorrenos EUA e na Austrália. “Eles têmmaiores restrições para entrada e

saída de navios. Em 2007, quase100% das embarcações queentraram nos grandes lagosnorte-americanos foram inspe-cionados para a troca de lastro.”

Ele fundou há pouco mais deum ano a ONG Água de LastroBrasil, com o objetivo de subsi-diar a sociedade de informaçõessobre o tema. Para ele, aConvenção Internacional é bem-vinda, mas ainda levará tempopara que os armadores se adap-tem. “A partir do momento emque a norma entrar em vigor, asembarcações terão de instalarequipamentos para a eliminaçãodas espécies que ficam nos tan-

ques de água de lastro. Naviosnovos, fabricados a partir de2009, já obedecem ao requisitoobrigatório de um sistema para atroca da água.

De acordo com a convenção, apartir de 2009, a construção denavios deve ser estruturada comtecnologia capaz de realizar atroca da água de lastro em alto-mar. “Já existem no mercado pro-jetos de implantação de sistemaspara a troca. Oito deles estão dis-poníveis, de acordo com as exi-gências da IMO. Desses, três têmindicação final já aprovada pelaorganização”, afirma UiráOliveira, da Antaq. l

te-geral de Portos, Aeroportos eFronteiras da Anvisa, PauloCoury, afirma que a fiscalizaçãoda agência ocorre quando existerecomendação específica ou evi-dência de risco sanitário. “A fis-calização pode ser realizadamediante análise documental(formulário de água de lastro) epor meio de inspeções físicas,inclusive, com coletas de amos-tras, se necessário.” SegundoCoury, nenhum surto provenien-te da água de lastro foi registra-do oficialmente no Brasil.

Para o comandante Araújo, oBrasil antecipou-se para tentarmitigar os problemas decorrentes

CELSO ÁVILA/FUTURAPRESS

CONTROLE Brasil não tem registrado nenhum surto de água de lastro

CARTA DE INTENÇÕESPaíses que ratificaram a assinatura na Convenção da IMO

Data País Participação mercante (%)*22/6/05 Maldivas 0,0130/8/05 São Cristóvão e Neves 0,0012/9/05 Síria 0,0714/9/05 Espanha 0,4513/10/05 Nigéria 0,072/12/05 Tuvalu 0,025/2/07 Quiribati 0,00129/3/07 Noruega 2,5211/5/07 Barbados 0,0818/5/07 Egito 0,1621/11/07 Serra Leoa 0,0414/1/08 Quênia 0,00118/3/08 México 0,1615/4/08 África do Sul 0,0218/9/08 Libéria 9,8824/9/08 França 0,8119/12/08 Antígua & Barbados 1,0015/1/09 Albânia 0,0723/11/09 Suécia 0,4426/11/09 Ilhas Marshall 5,1310/12/09 República da Coreia 2,07

*Valores de arqueação aproximados

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias

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MEMÓRIA

Sites, blogs, livros, asso-ciações. Os meios que osapaixonados pelo modalferroviário encontram

para expressar todo o seu encan-tamento são diversos. Seja comofor, o fascínio que a ferrovia des-perta acaba por unir seus fãs, quecompartilham informações e fotospela Internet e nos encontrosorganizados Brasil afora.

O químico Ralph Mennucci temum vasto acervo sobre as ferro-vias brasileiras disponíveis em seusite (veja na pág. 40). No ar hánove anos, seu endereço na redecomeçou a ser construído em1996. “Foi quando deixei a químicae passei a me dedicar mais (às fer-rovias). Sempre apreciei constru-ções antigas. Lia muito sobre otema, pesquisava e colecionavamatérias. A ideia era disponibilizaro conteúdo de alguma forma.”

Ele passou a viajar pelo interiorpaulista e, assim, foi conhecendomais sobre a história da ferrovia doEstado. “Observei que as ferrovias,de modo geral, eram uma grandefonte de informações. Comecei porSão Paulo e depois passei a percor-rer todo o Brasil”, diz.

Mennucci se considera umestudioso das ferrovias. “Para ir

Encanto pelaferrovia

Fãs compartilham fascínio e informações pelo modal em sites, blogs e associações

POR LETICIA SIMÕES

atrás das construções é necessá-rio conhecer a ferrovia como umtodo. Tenho meus momentos deestudo diariamente. Possuo umabiblioteca bastante extensa acer-ca do assunto.” O foco de suaspesquisas contínuas são as cons-truções ao longo das linhas fér-reas. “O conteúdo atual do sitedaria uma enciclopédia. Por lá, osfãs encontram assuntos fora douniverso ferroviário, mas a maio-ria é dedicada ao tema.” O site deMennucci possui, aproximada-mente, 5.000 páginas.

Ele conta que os admiradoresferroviários se conhecem maiscedo ou mais tarde, principalmen-te nos encontros realizados por

algumas associações. “Filiei-me aum grupo em 2000. Com isso, ovolume de informações aumentoue pude adquirir mais conteúdopara o site.” A Internet foi umagrande “aliciadora” de novos par-ceiros para o fomento de sua pági-na. “Dificilmente eu teria tantainformação se não fosse a rede.Recebo textos e fotos não só doBrasil, como do mundo todo.Dessa maneira, consigo atualizaro site constantemente.”

Em suas viagens, Mennucciconheceu muitos locais e histó-rias. Mas o que chama a atençãodo químico é a degradação dopatrimônio ferroviário. “Faltamrecursos financeiros para a pre-

servação. As iniciativas para essefim são isoladas.” Apesar do des-caso, ele acredita que o cenáriotem mudado. “Eu acompanho amemória da ferrovia desde adécada de 1980 e posso afirmarque houve melhoras. Acredito quevem acontecendo uma mudançade consciência, mas, comparandocom outros países, ainda há muitoque fazer.”

A ligação de Anderson AlvesConte com a ferrovia vem desde ainfância. Ex-bancário, Conte tor-nou-se membro da ABPF-SP(Associação Brasileira dePreservação Ferroviária, regionalSão Paulo) e hoje é chefe do TremCultural, mantido pela entidade.

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A máquina, uma Maria Fumaça,é operada durante os fins desemana e feriados no Memorial doImigrante, na capital paulista.“Meu bisavô italiano passou pelahospedaria, onde hoje é o memo-rial, e foi para a região deCampinas. Meu avô fez o caminhoinverso: veio para São Paulo traba-lhar nas indústrias. Ele visitava osparentes que ficaram no interiorde trem. Eu sempre estava junto.Tudo que faço hoje, como picotaro bilhete e soar o apito, faz parteda minha vivência, desde criança”,afirma Conte.

Ele diz que a operação do TremCultural só foi possível porquehouve o trabalho de preservação.

“A ABPF fez uma proposta à extin-ta RFFSA (Rede Ferroviária FederalS.A.) para que cedesse, em regimede comodato, locomotivas queestivessem fora de operação. Em1998, quando o governo do Estadofundou o memorial, a associaçãofoi convidada a ficar no local edesenvolveu o projeto do trem.”

Apesar do esforço da entidade,Conte acredita que, hoje em dia,iniciativas independentes são asprincipais responsáveis pela pre-servação ferroviária. “Somentepor meio do cooperativismo serápossível manter viva a história dotrem. Ações desse tipo estãoganhando fôlego em todo o Brasil,como o expresso turístico Luz-

Jundiaí, mantido pela CPTM(Companhia Paulista de TrensMetropolitanos). A empresa pediuapoio a ABPF para a seção de usode carros.” A associação cedeu àCPTM os dois vagões de inox quecompõem o expresso.

Rodrigo Vilaça, diretor-executi-vo da ANTF (Associação Nacionaldos Transportadores Ferroviários),afirma que iniciativas que primampela preservação ferroviária sãopoucas, mas existem. “Algunsexemplos têm ocorrido em váriascidades, fruto de ações das pró-prias concessionárias para a valo-rização do patrimônio histórico.”

Para Vilaça, a falta de recursostambém contribui para a deterio-

ração da memória. “Acompanhohá muito tempo as dificuldades demanutenção de bibliotecas eespaços culturais que necessitamde contribuições privadas paraserem preservados. O grande pro-blema é identificar potenciaispatrocinadores para esse fim.Acredito que haja um descuido naisenção tributária e despreparodas autoridades do ponto de vistacultural.”

É justamente a falta de aportefinanceiro, segundo Vilaça, queinibe projetos mais amplos para apreservação da memória e dopatrimônio ferroviário. “Infeliz-mente, nossa cultura não priorizaessa manutenção histórica.Iniciativas voluntárias, realizadaspelos fãs ferroviários, são de gran-de valor, mas ficam fragilizadas doponto de vista econômico.”

A coordenação geral de incor-poração da SPU (Secretaria doPatrimônio da União), órgão liga-do ao Ministério do Planejamento,não foi encontrada pela reporta-gem para se pronunciar acerca dopatrimônio ferroviário nacional. Aautarquia é responsável pelaadministração do patrimônio imo-biliário da União e por zelar porsua conservação.

Foi na adolescência que oengenheiro civil João Bosco Settipercebeu seu encantamento pelaferrovia. Desde então, ele passoua investigar com afinco o assunto.

PEDRO VILELA/LIGHTPRESS

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Ela cresceu em uma vila ferro-viária. “Morei na vila da Lapa (bair-ro de São Paulo) e visitava meu paino trabalho. Ele mostrava sua roti-na e me ensinou a respeitar a fer-rovia. Desde menina ouvia conver-sas que envolviam o modal.”

Maria Inês participou da for-mação dos centros de documenta-ção da RFFSA e lamenta que todoo trabalho documental tenhadesaparecido, com a extinção daRede, a partir de 1999. “Tudo foiperdido. Não houve a preocupa-

Em 1992, fundou a ONG MemóriaFerroviária. “A ideia é encorajaroutras pessoas a realizarem pes-quisas voltadas ao modal. O intui-to é estudar a história das ferro-vias.” A entidade, parceria de Setticom Ralph Mennucci, publicou oitolivros sobre ferrovias, todos,segundo o engenheiro, com recur-sos próprios.

Ele acredita que o modal ferro-viário está voltando à pauta, comomeio eficaz de transporte. “Asautoridades estão começando aver que o trem não é obsoleto, queele está fazendo falta, tanto notransporte de passageiros quantode cargas. O modal está, ainda quelentamente, voltando a ser reco-nhecido. A preservação da memó-ria e as pesquisas ligadas à ferro-via são fundamentais para darforça a essa retomada.”

Maria Inês Mazzoco, bibliotecá-ria e museóloga, trabalhou por 30anos na extinta RFFSA. Mas suapaixão pela ferrovia é bem ante-rior ao período em que atuou naempresa. “Pertenço à quarta gera-ção de ferroviários de minha famí-lia. Meus bisavós trabalhavam naferrovia paulista. Um era maqui-nista em Jundiaí (SP) e o outro tra-balhou em Paranapiacaba (distritode Santo André, em São Paulo, quefoi centro de controle operacionale residência para funcionários dacompanhia inglesa São PauloRailway). Meu pai trabalhava naEstação da Luz, na capital.”

ção de preservar os documentos.Havíamos implantado núcleosregionais em vários Estados.”

Sua paixão pela ferrovia conti-nua a mover suas ações. Ela pre-tende implantar na capital paulis-ta, em parceria com a ABPF, oMuseu Ferroviário de São Paulo.“O objetivo do museu é a preser-vação cultural da ferrovia e a valo-rização do modal. Serão contem-pladas a conservação, a recupera-ção e a difusão de todo o acervoferroviário do Estado.” A intenção,

RICARDO MELO ARAÚJO/APMF/DIVULGAÇÃO

FASCÍNIO Maquetes conquistam todas as idades

MANUAL DO FÃ

Onde encontrar dados históricos, fotos e depoimentoshttp://www.estacoesferroviarias.com.br/http://ferroviasdobrasil.blogspot.com/

Entidadeshttp://www.abpf.com.br/http://www.abpfsp.com.br/www.trem.org.brhttp://www.abottc.com.br

PasseiosMemorial do Imigrante (São Paulo) – Trem CulturalNos finais de semana e feriadosTel.: (11) 2695-1151

Livros“Ferrovias no Brasil: um século emeio de evolução”Publicado pela ONG MemóriaFerroviária, a publicação apresentamais de 330 fotos, na maioria, emcores. R$ 68.A lista dos locais onde a publicaçãopode ser adquirida está no site daentidade: www.trem.com.br. Maisinformações: [email protected] [email protected]

“A Formação das Estradas de Ferro noRio de Janeiro: o Resgate da suaMemória”Publicado pela ONG MemóriaFerroviária, o livro contém mais de 300 fotos e mapas em preto e branco. R$ 68.A lista dos locais onde a publicaçãopode ser adquirida está no site daentidade: www.trem.com.br. Maisinformações: [email protected] [email protected]

“Nos Trilhos do Progresso: a ferrovia no Brasil Imperial vista pela fotografia”Pedro Karp Vasquez, EditoraMetalivros. R$ 120.

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segundo ela, é implantá-lo nascidades paulistas onde existambases da associação. “Mais quepreservar, é preciso trabalhar todaa história material e imaterial, for-necendo subsídios para a pesqui-sa, abrangendo passado, presentee futuro.” Ainda não há previsãopara a inauguração.

Um aventureiro fanático porferrovia – esse é o cartunistaCarlos Latuff. Ele afirma tersonhos sucessivos com linhas fér-reas. Para extravasar essa paixão,

Latuff fez algumas loucuras. Eleviajou clandestinamente, porcinco vezes, em trens de carga. “Amaior parte dos fãs ferroviáriosnão tem essa disposição”, diz.Latuff foi descoberto algumasvezes por funcionários das vias,mas em nenhuma ocasião houvegrandes consequências.

“Na primeira viagem fui até oPorto de Sepetiba (RJ). Subi emum cargueiro de carvão semsaber o destino. Cheguei à Barrado Piraí (RJ), depois de sete horas

a ferrovia brasileira ao longo dosanos, são o foco da página.”

O cartunista vê a Internetcomo a melhor ferramenta para adifusão das informações ferroviá-rias entre os fãs. “Com esseadvento, o número de pessoas tro-cando conhecimento aumentou.Divulgamos e compartilhamosmuito mais do que antigamente.Esse material não pode ficar res-trito a ciclos pessoais, ele tem deser abrangente. O fã é um historia-dor informal da ferrovia.” l

Da Baroneza ao TAV, Brasil tem mais de 180 anos de ferroviaHISTÓRIA

de viagem. Estava de carvão atéos ossos, mas feliz,” relata.

Latuff mantém um blog (vejana pág. 40) onde posta fotos e his-tórias de suas “expedições” pelopaís. Na página estão estaçõesdesativadas, fatos históricos e asua visão acerca do que encontrapelas ferrovias. “Meu blog é umsite de crítica e de memória.Satisfação pessoal, defesa domodal como meio de transporteeficiente e minhas consideraçõessobre o que vem sendo feito com

As primeiras iniciativas paraa abertura da malha ferroviárianacional datam de 1828, quandoo governo imperial autorizou,por meio de uma Carta de Lei, aconstrução e exploração deestradas. O propósito era interli-gar as diversas regiões do país.

Em 1835, o governo vigenteconsolidou a concessão dasestradas de ferro, com o privilé-gio de exploração por 40 anos,às empresas que se propuses-sem a construí-las. Contudo, osempresários do Brasil Impérionão viram grandes chances delucros com a iniciativa.

Em julho de 1852, o governoproclamou lei que previa incen-tivos como isenções e garantiade juros sobre o capital investi-do para as empresas que seinteressassem em construir eexplorar estradas de ferro. Foientão que entrou em cenaIrineu Evangelista de Souza, oBarão de Mauá, que recebeu aconcessão do governo para aconstrução do que seria a pri-meira estrada de ferro do Brasil.

A primeira locomotiva brasi-leira recebeu o nome deBaroneza e foi inaugurada por

Dom Pedro 2º, em 1854. A loco-motiva também inaugurou aEstrada de Ferro Barão de Mauá,responsável pela primeira inter-modalidade brasileira. O trajetoinicial saía da Praça 15, no Rio deJaneiro, e seguia até a baía deGuanabara, no Porto de Estrela,onde o trem recebia a carga e aconduzia até Raiz da Serra, emPetrópolis. A Baroneza funcio-nou por 30 anos.

Entre 1858 e 1872 outrascinco ferrovias foram inaugura-das: de Recife ao São Francisco,a Dom Pedro 2º, da Bahia ao SãoFrancisco, de Santos a Jundiaí ea estrada de ferro daCompanhia Paulista.

A ligação férrea entre Rio deJaneiro e São Paulo data de1877, quando os trilhos daEstrada de Ferro São Paulo,inaugurada dez anos antes, uni-ram-se aos da Dom Pedro 2º.Até o final do século 19, outrasconcessões foram outorgadas,entre elas, as da CompanhiaMogiana (1875) e da FerroviaDona Tereza Cristina e doCorcovado, ambas em 1884.

No fim de 1888, a malha fer-roviária registrava 9.200 km em

exploração e 9.000 km em cons-trução ou em estudo de viabili-dade. Segundo dados do Dnit(Departamento Nacional deInfraestrutura de Transportes),em 1922, a malha tinha 29 milquilômetros de extensão com2.000 locomotivas a vapor e 30mil vagões em tráfego.

Em 1930, o governo Vargasiniciou um processo de reorga-nização da malha. Várias ferro-vias foram incorporadas aopatrimônio da União. No inícioda década de 1950, o governofederal decidiu unificar as 18estradas de ferro pertencentesà União, que totalizavam 37 milquilômetros de linhas.

Sete anos mais tarde, foicriada a RFFSA, para gerir o trá-fego das estradas de ferronacionais. O governo paulista,em 1971, decidiu regular suamalha de 5.000 km, criando aFepasa (Ferrovia Paulista S.A),que fora incorporada pelaRFFSA em 1998.

De 1980 a 1992, uma criseimpediu a RFFSA de gerar recur-sos suficientes para cobrir osserviços prestados. Com isso, ogoverno decidiu passar à inicia-

tiva privada a exploração damalha. A RFFSA foi incluída noPrograma Nacional deDesestatização em 1992. Omodelo de desestatização foiaprovado no ano seguinte peloSenado. A liquidação da RFFSAteve início em 1999.

Atualmente, as concessioná-rias exploram a malha ferroviá-ria, por um período de 30 anos,prorrogáveis por mais 30. Em2008, o governo federal insti-tuiu a Valec, vinculada aoMinistério dos Transportes res-ponsável pela construção eexploração da infraestruturaferroviária atual.

Uma das propostas para aretomada do modal ferroviárionacional, com foco no transpor-te de passageiros, é o TAV (Tremde Alta Velocidade), ligando Riode Janeiro, São Paulo eCampinas. Segundo a ANTT(Agência Nacional deTransportes Terrestres), os estu-dos técnicos estão sob análisedo TCU (Tribunal de Contas daUnião) e não há previsão para aaprovação. O investimento totalpara a implementação do TAV éde mais de R$ 34 bilhões.

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INFRAESTRUTURA

Na marca do pênaltiObras de mobilidade urbana e de melhorias nos aeroportos para a Copa-2014 estão atrasadas

Obras de reforma no entorno do estádio “Vivaldão”, em Manaus

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Na marca do pênalti

PREFEITURA DE MANAUS/DIVULGAÇÃO

Obras de mobilidade urbana e de melhorias nos aeroportos para a Copa-2014 estão atrasadas

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Abola já rolou na Áfricado Sul e isso coloca oBrasil ainda mais pertoda realização do sonho

de ser sede pela segunda vez deuma Copa do Mundo. Mas a poucomenos de quatro anos do Mundial,que acontece por aqui em 2014,ainda existe muita coisa por fazer.

Além dos atrasos nos estádios,as obras de mobilidade urbana ede melhorias nos aeroportos tam-bém caminham a passos lentosnas 12 cidades – São Paulo, Rio deJaneiro, Belo Horizonte, PortoAlegre, Curitiba, Manaus, Cuiabá,

Brasília, Natal, Fortaleza, Recife eSalvador – que receberão os jogos.

Dos 47 projetos previstos noPAC (Programa de Aceleração doCrescimento) da MobilidadeUrbana, lançado em janeirodeste ano pelo governo federal,nenhum havia sido contratadoaté o final de maio. A Secretariado Tesouro Nacional tem até odia 25 de junho para autorizar ounão a contratação que deve seriniciada até 2 de julho, prazofinal para autorização de obraspúblicas devido ao ano eleitoral.

Especialistas do setor garan-tem que quatro anos é um prazopossível, mas apertado para a

execução da maioria dos projetose fazem o alerta: é preciso pisarno acelerador. Para José RobertoBernasconi, presidente doSinaenco (Sindicato Nacional dasEmpresas de Arquitetura eEngenharia Consultiva), faltou pla-nejamento. “Há 30 meses o Brasilsabe que vai sediar a Copa, e háum ano sabemos quais seriam ascidades-sede, mas pouca coisa foifeita desde então”, diz ele.

Um dos projetos mais ousadosdo país, o TAV (Trem de AltaVelocidade), com proposta deligar São Paulo ao Rio de Janeiro,já foi definitivamente descartadopara o Mundial por falta de tempo

para a implantação do sistema.Para o engenheiro Wagner

Colombini, presidente da LogitConsultoria, responsável pelosestudos de implantação dos siste-mas de transportes em algumascidades da África do Sul, esse prazoé preocupante. Colombini acreditaque o Brasil pode ter problemassignificativos com a implantaçãodos projetos, principalmente nosaeroportos. “Leva-se um bomtempo para aumentar a capacidadede um terminal, e quanto mais oprazo aperta, mais o custo seeleva”, explica ele (leia mais sobreaeroportos na página 48).

Ao contrário da construção das

POR LIVIA CEREZOLI

PAC DA MOBILIDADEConfira as obras e os valores previstos em cada uma das 12 cidades-sede

BRASÍLIARecursos do PAC R$ 361 milhõesObras Linha de VLT ligando o aeroportointernacional ao terminal Asa Sul, ampliação viária da DF-047 e da OAE parafacilitar o acesso ao aeroportoSituação Financiamento aprovado

SÃO PAULORecursos do PAC R$ 1,08 bilhãoObras Construção do monotrilho e da avenida PerimetralSituação Aguarda aprovação de financiamento

RIO DE JANEIRORecursos do PAC R$ 1,19 bilhãoObras Implantação de uma linha de BRT,entre a Penha e a Barra da Tijuca, passando pelo Aeroporto Tom JobimSituação Aguarda aprovação de financiamento

CUIABÁRecursos do PAC R$ 454,7 milhõesObras Duas linhas de BRTs, duplicação darodovia Mário Andreazza, que dá acessoao estádio, reforma de pequenos pontosde acesso público, como terminais e passarelas Situação Aguarda aprovação de financiamento

MANAUSRecursos do PAC R$ 800 milhõesObras Implantação do monotrilho que ligará a zona norte ao centro de Manaus e construção do BRT conectando o centroà zona lesteSituação Aguarda aprovação de financiamento

SALVADOR Recursos do PAC R$ 541,8 milhõesObras Linha de BRT conectando oAeroporto Internacional de Salvador àzona norte da cidadeSituação Financiamento aprovado

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arenas esportivas, as melhoriasnos sistemas de transportes nãotêm prazos estabelecidos pela Fifa(Federação Internacional deFutebol). Porém, a entidade sem-pre afirmou que o transporte efi-ciente de turistas, delegações ecomissões técnicas seria essencialpara a realização do evento, comomostrou a reportagem da edição149 da CNT Transporte Atual.

No total, os investimentos dogoverno federal em infraestruturasomam R$ 33 bilhões, dos quais R$5,7 bilhões serão destinados àsobras de reforma e construçãodos estádios, R$ 11,6 bilhões àmobilidade urbana (com contra-

partidas de Estados e municípios)e R$ 5,5 bilhões aplicados em por-tos e aeroportos.

A maior parte dos recursos seráaplicada na implantação de siste-mas BRTs (Ônibus de TrânsitoRápido, da sigla em inglês). Pelomenos 20 dos 47 projetos apresen-tados estão relacionados a essetipo de meio de transporte baseadono modelo de Curitiba, implantadohá 40 anos. O restante será divididoem sistemas de transportes sobretrilhos, como os monotrilhos (trenselevados), que serão implantadosem São Paulo e Manaus, e de VLTs(Veículo Leve sobre Trilhos), emBrasília e Fortaleza.

O ministro das Cidades, MárcioFortes, rebate as críticas e afirmaque os prazos existentes sãoideais. De acordo com ele, naescolha dos projetos, foi levadaem consideração a viabilidade deque os sistemas sejam implanta-dos dentro do período para a Copade 2014. “Há esforço dos órgãosdo governo para contratar dentrodo prazo previsto”, afirma.

Por enquanto, apenas trêscidades – Brasília, Recife eSalvador – tiveram seus financia-mentos aprovados pelo Ministériodas Cidades. A capital federal vaireceber R$ 362 milhões para cons-trução do trecho 1 do VLT e a

duplicação da DF-047, que dáacesso ao aeroporto.

As obras no trecho 2 doVeículo Leve sobre Trilhos jáforam iniciadas em novembrode 2009, com recursos do pró-prio governo do Distrito Federale da Agência Francesa deDesenvolvimento, mas nãopuderam avançar devido anovos pedidos do MinistérioPúblico de estudos complemen-tares. A Cia do Metropolitano doDF tem até meados de julhopara entregar os estudos e reto-mar as obras, que devem ligar oaeroporto aos setores hotelei-ros sul e norte de Brasília. O tre-

BELO HORIZONTERecursos do PAC R$ 1,02 bilhão Obras Seis linhas de BRTs, obras viárias e ampliação da central de controle de tráfegoSituação Aguarda aprovação de financiamento

FORTALEZARecursos do PAC R$ 414,4 milhõesObras Linha de VLT Parangaba-Mucuripe, três linhas de BRTs e construção do corredor expressoNorte-Sul e das estações de metrôPadre Cícero e MonteseSituação Aguarda aprovação definanciamento

CURITIBARecursos do PAC R$ 440,6 milhõesObras Construção do corredor metropolitano queinterligará a capital a cidades da região metropolitanae do corredor expresso, que ligará o Aeroporto Afonso Pena ao terminal rodoferroviário, além de construção de linha de BRT, terminais, sistemas de monitoramento e obras viáriasSituação Aguarda aprovação de financiamento

PORTO ALEGRERecursos do PAC R$ 524,90 milhões Obras Construção de três corredores exclusivos de ônibus, duas linhas de BRTs e sistema de monitoramento de tráfegoSituação Aguarda aprovação de financiamento

NATALRecursos do PAC R$ 386 milhõesObras Ao todo serão 16 projetosque visam a melhoria dos acessosna cidade, como a ligação do novoaeroporto ao setor hoteleiro e aoestádioSituação Aguarda aprovação definanciamento

RECIFERecursos do PAC R$ 589 milhõesObras Serão realizadas cinco intervenções viárias, com doiscorredores expressos, duas linhasde BRTs e melhorias no terminalrodoviárioSituação Financiamento aprovado

Fonte: PAC da Mobilidade Urbana

Infraestrutura exemplarCOPA DA ALEMANHA

A Copa da Alemanha,realizada em 2006, nãotraz boas lembranças parao Brasil quando o assuntoé futebol. A seleção foi eli-minada pela França, por 1a 0, nas quartas de final,mas a eficiência em trans-porte oferecida pelo paísé um bom exemplo a serseguido.

Por lá, 12 cidades tam-bém sediaram os jogos e,mesmo com uma infraes-trutura de rodovias, fer-rovias e aeroportos jásuficiente para atender ademanda extra de 3milhões de turistas quevisitaram o país duranteo Mundial, o governo ale-mão investiu em melho-rias.

Foram aplicados cercade R$ 8 bilhões de euros(R$ 20 bilhões, em valoresatuais) em expansão deestradas, sinalização devias e trânsito local. Para

o evento, foi desenvolvidoum sistema especial desinalização e direciona-mento com o intuito dediluir o volume de veícu-los nas proximidades dosestádios de todas as cida-des-sede, além de nortearos torcedores que usavamo transporte público.

A rede ferroviária,administrada pelaDeutsche Bahn, tambémrecebeu investimentos eo governo alemão atingiua meta de interligartodas as 12 cidades portrens. Somente para aCopa foram renovadas 50estações.

Todo o planejamentoda operação de ajuste deinfraestrutura urbanacomeçou em 1998, logodepois de a Alemanha tersido anunciada como sededa Copa de 2006. A execu-ção de todos os projetosdemandou cinco anos.

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cho 3, que liga o setor hoteleiroà Asa Norte, não tem previsãopara ser iniciado, uma vez quenão existem recursos disponí-veis para o empreendimento.

Em Salvador, serão aplicadosR$ 541,8 milhões em linhas de BRTque devem conectar a zona norteda cidade ao aeroporto. No entan-to, mesmo com a liberação dosrecursos, as obras estão paradas.Segundo a Setin (SecretariaMunicipal de Transporte eInfraestrutura de Salvador), osprojetos estão sofrendo interven-

ções do Ministério Público quequestiona a execução das obrasem áreas de reserva ambiental.

Na capital pernambucana, alicitação para as obras de mobi-lidade previstas para a Copadeve ser iniciada em junho. Aotodo, cinco projetos estão incluí-dos no PAC da Mobilidade. Osinvestimentos do governo fede-ral somam R$ 589 milhões maisa contrapartida da prefeitura edo governo do Estado no valorde R$ 196,5 milhões.

Manaus, Fortaleza, Natal e

Porto Alegre ainda aguardam aaprovação do financiamento peloMinistério das Cidades para o iní-cio das obras que constam namatriz de responsabilidade assu-mida pelas cidades com o governofederal. Na capital gaúcha, das dezintervenções previstas no PAC daMobilidade, apenas uma foi inicia-da. Os dois primeiros trechos dalinha de BRT que será construídana avenida Edvaldo Pereira Paivajá estão em processo de licitação.Segundo a prefeitura, os recursospara essas obras fazem parte do

orçamento da União e foramgarantidos por meio de emendaparlamentar com contrapartidamunicipal. As obras terão inícioem agosto.

Cuiabá é mais uma cidade ondeas obras ainda não foram inicia-das. Segundo a Agecopa (AgênciaEstadual de Execução dos Projetosda Copa do Mundo do Pantanal), amaior parte dos projetos contem-pla intervenções em áreas deinfluência do Dnit (DepartamentoNacional de Infraestrutura deTransportes) e ainda aguarda

Obras atrasadas acendem sinal de alerta nos aeroportosTRANSPORTE AÉREO

Nos aeroportos, o cená-rio também é de alerta.Apenas 3 das 25 interven-ções programadas pelaInfraero (empresa estatalque administra 67 aeropor-tos no país) para as cidadesque receberão os jogos daCopa estavam sendo execu-tadas até o final de maio.Outras seis devem começarno segundo semestre desteano e o restante apenasentre 2011 e 2012.

Estão previstos investi-mentos de R$ 4,472 bilhõesem ampliação e reforma determinais, construção depistas e pátios e melhoriasnos aeroportos. Segundo aestatal, as obras previstasdevem atender a demandaprojetada até 2014, incluin-do a que surgirá com oevento esportivo.

Para José RobertoBernasconi, presidente doSinaenco, a situação dosaeroportos preocupa muitomais do que os estádios. Deacordo com ele, dadas asdimensões do Brasil e a

localidade das cidades ondeacontecerão os jogos daCopa, o transporte aéreoserá o meio mais utilizadopelos turistas e equipesesportivas e, por isso, preci-saria ser priorizado.“Nossos aeroportos estãosaturados há algum tempo.Precisam ser feitas obras degrande porte e para isso épreciso tempo”, diz ele.

Mas como ele é escasso,uma das soluções encontra-das pela Infraero para minimi-zar o problema da saturaçãoem alguns aeroportos foi aconstrução de módulos ope-racionais, ou seja, terminaisprovisórios pré-fabricadospara embarque e desembar-que. As estruturas devem serinstaladas nos aeroportosinternacionais de Brasília, SãoPaulo (Cumbica-Guarulhos) eViracopos, em Campinas.

De acordo com o diretor-técnico do Snea (SindicatoNacional das EmpresasAéreas), comandanteRonaldo Jenkins de Lemos, asolução não é a ideal, mas a

falta de planejamento fezcom que a situação chegassea esse limite. “A Iata(Associação de TransporteAéreo Internacional, da siglaem inglês) recomenda quetodos os aeroportos de gran-de porte tenham capacidade30% superior ao movimentonormal, justamente paraatender os picos duranteeventos e períodos de férias.Mas aqui no Brasil isso nãoexiste”, afirma, completandoque “há pelo menos cincoanos não são realizados estu-dos de demanda para osaeroportos nacionais”.

O superintendente deEstudos e Projetos deEngenharia da Infraero, JonasMaurício Lopes, rebate a faltade planejamento afirmandoque ele é realizado de formasistêmica para os períodos decinco anos subsequentes aoano atual, com revisões sem-pre que for julgado necessárioe com base em dados estatís-ticos do setor.

Lemos, do Snea, ressaltaainda que a preocupação do

setor não é só com a Copa,mas sim com a demanda cres-cente que tem sido verificadanos últimos anos. De acordocom ele, a previsão de cresci-mento anual do sindicato foisuperada nos quatro primei-ros meses deste ano. “Nossameta era atingir 13%, mas atéabril foram 20%”, diz.

Segundo dados da Anac(Agência Nacional de AviaçãoCivil), somente em abril, ademanda do transporte aéreodoméstico cresceu 23,48% emrelação ao mês anterior e onúmero de passageiros trans-portados atingiu 5.024.924.Nos quatro primeiros mesesdeste ano, o setor já acumulaalta de 32,22%. Ao todo, foramtransportados 22.043.768 pas-sageiros.

Nos voos internacionaisoperados pelas companhiasbrasileiras, a alta entre janei-ro e abril foi de 9,54% emrelação ao ano passado. Onúmero de passageiros trans-portados no mesmo períodofoi de 7.530.858. Em abril ototal alcançou 1.711.862.

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Em Curitiba, as obras de mobili-dade previstas no Pró-Cidades(Programa Integrado deDesenvolvimento Social e Urbano)já estão sendo licitadas e estarãoconcluídas antes da Copa, afirma aprefeitura da cidade. O programa éparcialmente financiado pelo BID(Banco Interamericano deDesenvolvimento). A Secretaria dePlanejamento do Estado de SãoPaulo afirma que os 21 projetos queestão sendo desenvolvidos inte-gram o programa Expansão SP eestarão prontos para a Copa. l

lação de BRT. Os editais de licita-ção para as linhas Transcarioca eTransoeste já foram iniciados. Noentanto, o primeiro está paralisa-do a pedido do TCM (Tribunal deContas do Município), para análisede documentos. A previsão é queas obras sejam iniciadas nosegundo semestre deste ano. Oprazo para conclusão é 2013. Alinha Transolímpica, que constaapenas no dossiê de candidaturada cidade para sediar asOlimpíadas, foi definitivamentedescartada para a Copa.

Outras cidades como BeloHorizonte, Curitiba e São Pauloestão com as obras um poucomais adiantadas. As três prefeitu-ras, em parceria com os governosestaduais, já mantinham projetosde melhorias nas redes de trans-portes públicos urbanos. “Muitasobras já vinham sendo executadasna cidade antes mesmo da suaescolha como uma das sedes daCopa”, afirma Tiago Lacerda, pre-sidente do Comitê ExecutivoMunicipal Copa do Mundo daPrefeitura de Belo Horizonte.

aprovação do órgão, vinculado aoMinistério dos Transportes, parainício de licitação.

A Agecopa afirma que a pro-posta encaminhada ao ministériotem um custo total de R$ 350milhões, mas a disponibilidadefinanceira neste momento alcan-çaria apenas R$ 286 milhões. Aagência afirma que a diferençadeve ser bancada com recursosdo governo do Estado.

O Rio de Janeiro, que tambémrecebe a Olimpíada em 2016, temtrês grandes projetos para a insta-

BRASÍLIA Obras do VLT não avançam na capital

JÚLIO FERNANDES/CNT

País tem soluções provisóriasÁFRICA DO SUL

A garantia de um trans-porte seguro e eficiente tam-bém era uma das maiorespreocupações da Fifa para arealização da Copa do Mundode 2010 na África do Sul. Opaís nunca teve um sistemade transporte público conso-lidado, mas conseguiu encon-trar soluções – mesmo queprovisórias – para transportaros cerca de 200 mil turistasque já circulam pelas novecidades que recebem osjogos do Mundial deste ano.

No total, o governo sul-africano investiu US$ 2,5bilhões em melhorias no sis-tema de transporte, incluindoaeroportos reformados, umalinha de Trem de AltaVelocidade e a implantaçãode sistemas BRTs.

Segundo o engenheiroWagner Colombini, presidenteda Logit Consultoria e res-ponsável pelos estudos deimplantação dos BRTs em seisdas nove cidades-sede dosjogos, o transporte realizadopor ônibus em corredores dealta capacidade foi o que

mais se adequou ao comple-xo sistema de transporteurbano no país. “Apenas 20%do transporte coletivo naÁfrica é realizado por ônibus.O restante funciona na infor-malidade, por meio de lota-ções, chamadas de táxis, semhorários fixos”, diz ele.

Isso, de acordo comColombini, atrasou as nego-ciações entre o governo erepresentantes do setor paradefinir de quem seria a ope-ração do sistema. EmJohannesburgo, uma dascidades-sede, foi montadoum projeto piloto para ofere-cer o serviço durante a Copa.“É uma operação de emer-gência para funcionar duran-te o Mundial. A operação defi-nitiva ainda será estabelecidae os benefícios para a popula-ção só chegarão depois”, afir-ma o engenheiro. Na cidade, oprojeto total do BRT custoucerca de US$ 300 milhões,sendo US$ 200 milhões para aimplantação da infraestrutru-ra e outros US$ 100 milhõespara compra dos ônibus.

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Evento mundial, promovido no Rio de Janeiro,expõe novidades do transporte e meio ambiente

MEIO AMBIENTE

Mobilidadesustentável

POR CYNTHIA CASTRO

As várias maneiras de sepromover mobilidaderodoviária sustentávelestiveram na pauta de

discussões na cidade do Rio deJaneiro, no início do mês de junho,durante o Challenge Bibendum. Oevento, promovido pela Michelin,reuniu pelo menos 4.000 pessoasdurante quatro dias, nos fóruns dediscussão, palestras, seminários eem uma exposição de tecnologia.

Para melhorar a mobilidadenas cidades, especialmente nosgrandes centros urbanos, aindústria automobilística, osetor transportador, organiza-ções não governamentais, entreoutros órgãos e entidades, tro-caram ideias sobre o que é pos-

sível fazer. O evento tambémabordou a melhoria da mobilida-de de forma lúdica.

Em um local apropriado, nasinstalações do centro de conven-ções e exposições Riocentro,todos os participantes que se inte-ressaram puderam experimentara bicicleta elétrica. Com o uso deuma bateria recarregável natomada e 30 km de autonomia, abicicleta dispensa as pedaladas namaior parte do percurso.

Sendo assim, é indicada paraquem deseja deixar o carro emcasa no dia a dia e ir para o tra-balho em um meio de transpor-te que polui menos, sem chegarsuado. Também foram realiza-dos testes-drives com veículos

que utilizam tecnologias maissustentáveis.

De acordo com o diretor-presi-dente da Michelin, Didier Miraton,o espírito do Challenge Bibendumfoi reunir a indústria, as autorida-des governamentais, as ONGs epesquisadores para pensarem ofuturo de forma mais sustentávele reunir todo o trabalho que vemsendo realizado por uma mobili-dade mais sustentável. “Você nãopode mudar nada sozinho.”

O primeiro ChallengeBibendum foi realizado em 1998,em Paris, na França, e o próximoserá em Berlim, na Alemanha. Esteano foi a primeira vez que o Brasilfoi sede. Miraton afirmou que, anoapós ano, o encontro tem ajudado

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201050

OPÇÃO Veículos alternativos apresentados durante o Challenge Bibendum, no Rio de Janeiro, permitem deixar o automóvel em casa

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a indústria automobilística, osinteressados e os países a pensa-rem em conjunto sobre o futuroda mobilidade. “O evento mostraagora o que é possível, o que éfactível e como podemos criar amobilidade sustentável.”

Em uma das palestras realiza-das no Riocentro, o setor de trans-porte expôs as propostas doDespoluir – Programa Ambientaldo Transporte (veja na página 52).O programa desenvolvido pelaCNT (Confederação Nacional doTransporte) coloca em práticaações para reduzir a emissão degases e também para conscienti-zar empresários e trabalhadoresdo setor sobre a importância dese pensar o transporte de formasustentável.

Mais de cem especialistasinternacionais e dezenas deoutros brasileiros participaram demesas-redondas que examinaramsoluções técnicas com o objetivode aumentar a eficiência energéti-ca, o uso de energias alternativase a melhoria do trânsito e dasegurança nas zonas urbanas.

Entre os assuntos em discus-são, estavam os avanços tecno-lógicos dos motores de combus-tão interna, os biocombustíveissustentáveis, os veículos elétri-cos e os desafios econômicosrelativos à energia e emissões dosetor de transporte.

Muitas novidades tecnológicas

FOTOS MMSALLES PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 51

OPÇÃO Veículos alternativos apresentados durante o Challenge Bibendum, no Rio de Janeiro, permitem deixar o automóvel em casa

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puderam ser conhecidas no cen-tro de exposição, montado noRiocentro. Havia cerca de 50 expo-sitores, apresentando o que há demais moderno em tecnologias deveículos, caminhões e ônibus,combustíveis e outros produtosligados ao setor de transporte.

Montadoras, universidades,representantes da indústria deveículos, representantes dosetor de energia e das maisvariadas organizações interna-cionais apresentaram técnicasque ilustram o conceito de umamobilidade mais limpa, maissegura e mais integrada.

Um dos destaques tecnológi-cos foi o ônibus híbrido, movido ahidrogênio com pilha a combustí-vel. O ônibus foi desenvolvido pelaCoppe (Coordenação dosProgramas de Pós-Graduação deEngenharia), da UFRJ(Universidade Federal do Rio deJaneiro). Ele tem o tamanho e aaparência de um ônibus urbanoconvencional. Piso baixo, ar-condi-cionado, transporta 29 passagei-ros assentados e 40 em pé.

Esse ônibus híbrido é movido aenergia elétrica obtida de umatomada ligada na rede e comple-mentada com energia elétrica

ENERGIA SOLAR Veículo foi apresentado durante feira

CNT apresenta o Despoluir EXEMPLO

A CNT participou doChallenge Bibendum no Riode Janeiro, apresentando oDespoluir – ProgramaAmbiental do Transporte – etambém durante um seminá-rio sobre o presente e o futu-ro do transporte rodoviário.

A coordenadora de pro-jetos especiais da CNT,Marilei Menezes, ressaltou aimportância de as empre-sas estarem atentas paraincorporar ações de desen-volvimento sustentável àssuas atividades. Ela citouuma pesquisa do BostonConsulting Group, de 2009,com mais de 1.500 grandesorganizações mundiais.

Mais de 90% delas estãocom a atenção voltada paraesse tema e 68% afirmaramque conseguiram obtermelhorias no retorno finan-ceiro após as iniciativas emprol da sustentabilidade.

O Despoluir foi implantadopela CNT em julho de 2007.Desde então, o programa járealizou mais de 280 mil afe-rições veiculares em todo oBrasil. Atualmente, 10 miltransportadores, entre autô-nomos e empresas, partici-pam do programa.

Um dos objetivos é reduzira emissão de gases poluentese proporcionar o uso racionaldos combustíveis. Para isso,há um trabalho de aferiçãoveicular. “Ao reduzir as emis-sões, significa também queestá se reduzindo o consumode combustível.”

Outras ações do progra-ma visam incentivar o usode energia limpa pelo setor,

envolver os empresários eoutros trabalhadores dotransporte em atitudes desustentabilidade. O progra-ma também tem participa-do ativamente de fóruns dediscussão e da elaboraçãode políticas públicas queenvolvam transporte e meioambiente.

Durante o seminário sobretransporte rodoviário, a CNTapresentou alguns númerosdo Plano CNT de Logística2008. O plano estima que sãonecessários pelo menos R$280 bilhões para executar asobras prioritárias de infraes-trutura em transporte emtodo o Brasil. O incentivo aosmodais aquaviário e ferroviá-rio está entre as ações doplano, que elencou 587 proje-tos, no total.

Os participantes do semi-nário destacaram a importân-cia de se melhorar a eficiên-cia da logística de transporte.O convidado especial, o pro-fessor alemão BerndGottschalk, destacou que alogística está se tornandocada vez mais um fator eco-nômico de crescimento e deemprego.

Ele fez questão de desta-car o conceito da logísticapara que todos possamdesenvolver ações com esseobjetivo. “Logística é defini-da como o produto certo, nodevido lugar, no prazo certo,no menor custo”, disse. Eacrescentou ainda que oideal é que nesse processohaja um menor consumopossível de recursos, com amais baixa emissão.

“Ano após ano, a gente vem introdu zindo novas gerações de pneus de baixo consumo de combustível”DIDIER MIRATON, DIRETOR-PRESIDENTE DA MICHELIN

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produzida a bordo, por uma pilhaa combustível. Essa pilha é ali-mentada com hidrogênio.

De acordo com informações daCoppe, todo esse processo geraum veículo silencioso, com efi-ciência energética bem maior quea dos ônibus convencionais a die-sel, e ainda com emissão zero depoluentes.

O que sai do cano de descargaé apenas vapor de água. Comtodas essas características, con-forme a Coppe, esse ônibus é per-feito para trafegar nas grandesmetrópoles, onde os engarrafa-mentos habituais aumentam a

poluição do ar e também o des-perdício de energia.

Durante o evento, a organiza-dora Michelin também apresentoualgumas inovações que oferecemsoluções para alguns problemasdo transporte rodoviário. Entreelas, o pneu para automóvel combaixo consumo de combustível e aroda motorizada que permite umanova concepção de veículos, con-forme informações da empresa.

Segundo o diretor-presidenteda Michelin, Didier Miraton, emtodos os eventos, a empresa sem-pre propõe alguma inovação. “Anoapós ano, a gente vem introduzin-

do novas gerações de pneus debaixo consumo de combustível nomercado. Eles são substanciaispoupadores de energia, pois sãoprojetados para otimizar e reduziro consumo de combustível.”

Durante o ChallengeBibendum, a Michelin anunciouque irá inaugurar mais uma fábri-ca de pneus no Brasil, em Itatiaia(RJ), até 2012. O presidente mun-dial da empresa, Michel Rollier,afirmou que o Brasil representaráuma das mais importantes basesda produção mundial.

Em uma entrevista coletiva amais de cem jornalistas do

mundo inteiro, Rollier destacouque o Brasil deve vencer grandesdesafios do transporte sustentá-vel, que também são comuns aoutros países. Ele citou, porexemplo, a necessidade de sereduzir ou acabar com os engar-rafamentos e de se trabalhar pelodesenvolvimento de novos tiposde energia sustentável.

“Para isso, é importante quehaja sempre um envolvimentodas montadoras de automóveis,das universidades, de outrasinstituições de pesquisa, dasautoridades políticas”, afirmouo presidente mundial. l

“Ano após ano, a gente vem introdu zindo novas gerações de pneus de baixo consumo de combustível”

ACONTECEU

FÁBRICA EM ITATIAIADurante coletiva a jornalistasdo mundo inteiro, a Michelinanunciou o início das obraspara a construção de umanova fábrica de pneus de passeio e caminhonete, emItatiaia (RJ). Atualmente, ogrupo tem 6.000 funcionáriosna América do Sul. O início das atividadescomerciais no Brasil se deu em 1927.

PRESENÇA DO PRESIDENTEA décima edição do eventopromovido pela Michelin foioficialmente inaugurada coma presença do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. Pelo menos 4.000 pessoaspassaram pelo Riocentro nosdias do Challenge Bibendum.

BICICLETA ELÉTRICAA bicicleta elétrica em exposição durante oChallenge Bibendum custa em torno de R$ 1.800, conforme os expositores.Para recarregar, demora seishoras. Em terrenos planos,não é necessário pedalar e aaceleração é feita pelo guidom. Nas subidas, omotor ajuda, mas é precisopedalar um pouco.

RALIForam realizados testes emdiferentes percursos: de aceleração, dirigibilidade eruído, que demonstraram asbaixas emissões de veículosque utilizam alguns biocombustíveis, como etanol,e em veículos elétricos.

CTS-BRASILO Centro de TransporteSustentável do Brasil expôssuas ações para reduzir apoluição, melhorar a saúde epara criar espaços públicos urbanos, acessíveis e seguros. O CTS realizou coma CNT, em 2009, a OficinaNacional Transporte eMudanças Climáticas.

MOBILIZAÇÃO INFANTILA Michelin organizou umconcurso de desenhos comfilhos de funcionários eescolas municipais da cidadedo Rio de Janeiro, a fim desensibilizar os jovens para amobilidade na cidade deamanhã. Os desenhos maisbonitos foram expostos noChallenge Bibendum.

ECO-DRIVING CHALLENGETrês montadoras disponibilizaram para diferentes pilotos, com umpouco de experiência, veículos idênticos. A missãodeles era completar um percurso consumindo amenor quantidade de combustível. Eles provaramque o estilo de conduçãopermite fazer economia ereduzir as emissões.

SEGURANÇAA Polícia Rodoviária Federalfez um alerta para o risco deacidentes devido ao maucomportamento. O inspetorMarcos Moura ressaltou queos atropelamentos são osacidentes mais comuns nosgrandes centros urbanos.

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 53

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Em palestra no mês demaio na CNT (Confede-ração Nacional doTransporte), o professor

e pesquisador francês JacquesColin reforçou a tese cada vezmais popular entre especialis-tas em gestão de negócios eplanejadores, que veem na sus-tentabilidade a saída para amitigação dos impactos da ati-vidade produtiva sobre o meioambiente. Convidado para o 2ºCiclo de ConferênciasCNT/Escola do Transporte, Colindefendeu a necessidade de

pensar a logística de formasustentável e de priorizarinvestimentos em modalidadesde transporte menos agressi-vas ao meio ambiente, como aferrovia e a navegação decabotagem (ao longo da costa).

A exposição do professorde Ciências da Gestão naUniversité de La Méditerranéee pesquisador do Cret-Log(Centro de Pesquisa deTransporte e Logística) tevecomo tema “Os desafios dalogística na América do Sul”.Assistido por empresários,

especialistas, professores eestudantes universitários,Colin apontou a falta de inves-timentos em infraestrutura detransportes e a carência naformação de profissionais emlogística como os principaisproblemas do setor no Brasil enos demais países da AméricaLatina.

O professor disse que noBrasil os investimentos eminfraestrutura de transportescorrespondem a 0,6% do PIB(Produto Interno Bruto – asoma de tudo o que se produz

no país), quando deveriam ficarentre 5% e 6%. Fez, porém, aressalva de que, em regimesdemocráticos, mecanismoslegais e sociais de controle daação do Estado estabelecemlimites não observados em paí-ses como a China, onde a taxade investimento no programade infraestrutura atinge 17% doPIB. “Para ir além disso (6% doPIB), seria necessário quevocês tivessem uma ditadura.Um índice de 10% seria impos-sível passar em uma democra-cia”, afirmou Colin.

Gestãosustentável

POR SUELI MONTENEGRO

ESCOLA DO TRANSPORTE

Em conferência, Jacques Colin diz que prioridade éinvestimento menos agressivo ao meio ambiente

LOGÍSTICA Pesquisador francês Jacques Colin apontou carência na formação de profissionais

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Após advertir que “a logísti-ca pode ter impactos extrema-mente negativos para o meioambiente”, o pesquisador fran-cês destacou a importância daparticipação dos operadoresde transporte na busca de solu-ções que agreguem os fluxosde transporte, armazenagem edistribuição de forma sustentá-vel e com menor impactoambiental. Colin citou comoexemplo o programa de investi-mentos da União Europeia, queprevê a aplicação de 600bilhões de euros em 15 anos,

com parte dos recursos (225bilhões de euros) concentradosem 23 projetos na área de fer-rovias (inclusive trens de altavelocidade) e sete em aeropor-tos, portos, canais fluviais e nosistema de rastreamento porsatélite Galileu, futuro concor-rente do GPS norte-americano.

Jacques Colin acredita que60% desse total será efetiva-mente aplicado de acordo como planejamento. Ele observouque a visão nacionalista e aspolíticas locais de transportedos 27 países do bloco econô-

mico são um obstáculo à ideiade integração continental.

No caso do Brasil e dosdemais países latino-america-nos, a homogeneidade e aexistência de duas línguasprincipais (o português e oespanhol) serviriam como umtrunfo. Por outro lado, disse, énecessário ao país priorizarinvestimentos, não limitá-losao financiamento público, emelhorar a integração domercado interno. Colin tam-bém recomendou prudênciapara não orientar os investi-

mentos logísticos em proveitode outros países, com a cons-trução de infraestrutura desti-nada a abastecer o mercadoexterno de matéria-prima.

A conferência de Colin teve apresença de 120 participantes efoi a segunda realizada neste ano.Antes, Antônio Tovar, gerente doDepartamento de Transporte eLogística do BNDES (BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social), falou aosempresários sobre as linhas deapoio financeiro para o setor detransporte. l

JÚLIO FERNANDES/CNT

LOGÍSTICA Pesquisador francês Jacques Colin apontou carência na formação de profissionais

Kip Garland é novo conferencista INOVAÇÃO

A Escola do Transportepromove, no dia 23 de junho,a terceira palestra do 2ºCiclo de Conferências. Oevento será realizado a par-tir das 14h, no Edifício CNT,em Brasília. Com o tema“Inovação: construindo ofuturo”, a Escola doTransporte traz como confe-rencista desta edição KipGarland, diretor e fundadorda InnovationSEED®.

Kip Garland é um renoma-do consultor global de inova-ção. Liderou a implementaçãodo projeto de maior sucessode inovação e transformaçãodo atual contexto corporativoda América Latina. Em funçãodesse projeto, essa empresa,que consta na lista da Fortune500, foi capaz de dobrar seuvalor, adicionar US$ 3 bilhõesao ano em novas receitas, tor-nar-se uma das cem compa-nhias mais inovadoras domundo, segundo a revista“Business Week”, e ter trêscasos escritos pela HarvardBusiness School.

O consultor liderou aindaprojetos de inovação nasAméricas do Norte e do Sul,na Europa, na Ásia e noOriente Médio. Seu trabalhoé focado na criação deabordagens e estruturasque auxilie empresas atingi-rem melhores resultadospor meio de esforços basea-dos em inovação. Além defísico pela Califórnia StateUniversity, Kip Garland temmestrado em estratégiainternacional em adminis-tração de empresas pelaStockholm School ofEconomics, Esade(Espanha), FGV (FundaçãoGetúlio Vargas – Brasil) eUniversidade de Minnesota.

A InnovationSEED® é umaconsultoria especializada emprocessos de inovação.Derivada da consultorianorte-americana Strategos®de Gary Hamel, aInnovationSEED® busca aju-dar seus clientes a gerarnovas oportunidades decrescimento.

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201058

Adireção segura –que minimiza orisco de acidentes,preserva a vida, o

meio ambiente e pode contri-buir para melhorar a produti-vidade no transporte – é algoque tem sido priorizado pormuitas empresas. O ato dedirigir de maneira preventivae responsável gera inúmerosbenefícios, tanto para aempresa que transportacomo para o próprio motoris-ta do caminhão (autônomo ounão), transeuntes e outroscondutores.

Para conseguir estimularesses benefícios, os progra-mas de segurança têm sidoprática comum em muitasorganizações. Em algumasdelas, os números compro-vam que vale a pena implan-tar estratégias que visem acondução segura. No CentroLogístico Eichenberg &Transeich, há três anos não éregistrado nenhum acidentede maior proporção, comperdas de vida humana ou deprodutos de alto valor agre-gado.

Atualmente, são operados

cerca de 300 veículos por350 motoristas que rodamem todo o Brasil e ainda empaíses do Mercosul. Aocomentar sobre a estatísticade estar há 36 meses semgrandes acidentes, o gerentede frota, Jailson Rosa, nãohesita em relatar o motivo.“Isso é resultado do progra-ma de qualidade que aempresa implantou interna-mente e também da adesãoao projeto Transportadora daVida. Capacitamos e cons-cientizamos o motorista dotransporte rodoviário”, diz. O

programa próprio da empre-sa foi criado em 2002 e a par-tir de 2005 vem sendo aper-feiçoado.

Para que um programa dequalidade tenha resultadosefetivos, Rosa sugere que ametodologia englobe ques-tões fundamentais como obom recrutamento, capacita-ção, treinamento, fiscalizaçãoe remuneração. “É precisovalorizar o ser humano quetrabalha no transporte decarga.”

Pela estratégia do progra-ma, os motoristas de frota

POR CYNTHIA CASTRO

SEGURANÇA

Conduçãoresponsável Transportadoras investem em treinamento deseus motoristas para reduzir riscos ao volante

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a empresa tem ao investir emum projeto de segurança equalidade são a baixa rotativi-dade de profissionais e tam-bém a receptividade da comu-nidade. “Quando o caminhãoé bem operado, a sociedadepassa a ver esse veículo nãocomo um estorvo, mas simcomo uma importante ferra-menta de trabalho.”

A gerente de marketingEstela Levis destaca aindaque as ações voltadas para aqualidade são ótimas ferra-mentas para melhorar a ima-gem da empresa. “Nossosmotoristas são nosso cartãode visitas em relação aos nos-sos clientes. Um motoristacom uma qualificação e capa-citação levará uma melhorimagem da empresa.”

O centro logístico é umadas empresas certificadaspelo projeto Transportadorada Vida, lançado no primeirosemestre de 2006, no sul dopaís, pela Fundação Thiago deMoraes Gonzaga e o Setcergs(Sindicato das Empresas deTransportes de Carga eLogística no Estado do RioGrande do Sul).

A iniciativa estimula a edu-cação no trânsito, a partir dacriação de um selo para iden-tificar empresas do setor quetrabalham dentro do propósi-to de reconhecer, valorizar e

própria da empresa, que aten-dem a alguns critérios esta-belecidos, recebem uma pre-miação mensal. É uma gratifi-cação por bom desempenho,que pode atingir até R$ 700.

A supervisora da qualida-de, Cristina Silva, explica quesão avaliados critérios dequalidade da direção, comosegurança, dirigibilidade,direção defensiva. Até mesmoa saúde do motorista é anali-sada. “Quem atingir os objeti-vos recebe o dinheiro. Aolongo de um ano, investimosalgo em torno de R$ 500 mil.”

Fazer com que o profissio-nal se sinta valorizado pelotrabalho que executa e tam-bém reconheça o valor de terboas atitudes no trânsito sãoos pontos fortes do projeto.Há um cronograma anual detreinamentos.

De acordo com os repre-sentantes do Centro LogísticoEichenberg & Transeich,alguns dos grandes desafiosatuais de uma empresa detransportes são combater ouso de substâncias químicase álcool e também a explora-ção sexual de crianças e ado-

lescentes. Para isso, o centrologístico busca envolver afamília do motorista no pro-cesso de conscientização. Osfamiliares também passampor treinamento. “O envolvi-mento da família é fundamen-tal. Tentamos mostrar para osmotoristas que a vida dele émuito importante. Que elenão leva a família no cami-nhão, mas leva no coração.Então, tem que dirigir deforma segura”, diz Cristina.

Além da redução dos aci-dentes, o gerente de frotaafirma que outros ganhos que

QUIMITRANS/DIVULGAÇÃO

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incentivar ações educativasem prol da educação e segu-rança no trânsito.

Em 2007, o programa tevea adesão de 11 transportado-ras. Esse número passou para20 em 2008 e fechou 2009com 23 empresas. Entre osquesitos avaliados, estão aobtenção de certificados degestão de qualidade, a adoçãode políticas de segurança notrânsito, o monitoramentodas condições de saúde dosfuncionários, entre outrospontos.

Na empresa Braspress, oestímulo à direção segura eresponsável é uma práticaconstante. O gerente de

recursos humanos MiltonBraga afirma que os trabalha-dores em transportes fazemperiodicamente cursos queabordam conceitos comodireção defensiva e direçãoeconômica.

O despertar para a impor-tância dos cuidados com asaúde também faz parte dasações. Algumas palestras pro-movidas dentro da empresaabordam até mesmo a formamais saudável de se alimen-tar, o uso de alguns medica-mentos e os efeitos.Recentemente, um médico fezpalestra para os funcionáriossobre as doenças do sono eum profissional da área far-TREINAMENTO Tquim desenvolve Olho Vivo na Estrada

TQUIM/DIVULGAÇÃO

DIREÇÃO PREVENTIVA

Carga horária20 horas

Conteúdo/temas• Comportamento seguro e de risco

• Problemas das vias públicase atitudes adequadas

• Conduta preventiva no trânsito• Impacto dos acidentes navida das pessoas e naeconomia

• Atitudes que evitamacidentes com pedestres

• Componentes do veículo quedemandam manutenção periódica e preventiva

Público-alvoCondutores em geral

EXCELÊNCIA PROFISSIONALPARA MOTORISTAS DETRANSPORTE DE CARGAS

Carga horária40 horas

Conteúdo/temas • Aspectos da operação doveículo e da tecnologia que geram segurança e qualidade

• Excelência no trabalho• Motorista amigo do meioambiente

• Cuidados com a saúde esegurança pessoal

• Relacionamento produtivocom clientes e fornecedores

• Condução econômica esegura

Público-alvoCondutores de transportesde cargas

TRANSPORTADOR AUTÔNOMODE CARGAS - TAC

Carga horária84 horas

Conteúdo/temas• Gerenciamento eplanejamento da atividadedo transportador autônomo

• Função social do transporte• Diferentes modais e legislação específica

• Principais características dotransporte rodoviário decarga

• Responsabilidades do transportador

• Principais órgãos reguladores e fiscalizadores

Público-alvoCondutores autônomos detransportes de cargas

ITINERÁRIO FORMATIVO DETRANSPORTE DE CARGAS

Carga horáriaPode variar de 148 a 208horas, conforme a opção deespecialização

Alguns temas• Segurança, meio ambiente esaúde

• Prevenção ao roubo de cargas• Funcionamento emanutenção do veículo

• Gestão administrativa efinanceira

• Especialização no tipo decarga transportada: cargaviva, cana-de-açúcar, grãos,mudanças, verduras e frutas, veículos, lixo urbano, produtos farmacêuticos,transporte de valores, cargageral, carga frigorificada

Público-alvoCondutores que desejam seespecializar no tipo decarga transportada

ITINERÁRIO FORMATIVO DETRANSPORTE DE PRODUTOSPERIGOSOS

Carga horária246 horas

Alguns temas• Primeiros socorros, meioambiente e prevenção deincêndio

• Legislação e movimentaçãode produtos perigosos

• Prevenção de comportamentosinseguros

• Equipamentos de segurançae controle

• Custos operacionais dotransporte de produtosperigosos

• Especialização em uma dasclasses de risco: explosivos,gases, líquidos inflamáveis,sólidos inflamáveis, substâncias oxidantes, tóxicas e infectantes,radioativas, corrosivos esubstâncias perigosas diversas

Público-alvoCondutores que desejam seespecializar em alguma classe de risco

SEGURANÇA AO VOLANTE

Conheça alguns cursos oferecidos nas unidades do Sest Senat

Fonte: Sest Senat

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 61

Unidades oferecem cursosSEST SENAT

Nas unidades do SestSenat de todo o país, osmotoristas de caminhãopodem encontrar cursosque preparam o profissionalpara uma condução maissegura e responsável. Umdeles, Excelência Profissio-nal para Motorista deTransporte de Cargas, tem40 horas de duração.

“Esse é um treinamentomuito importante para osmotoristas que já têm algu-ma experiência e queremaprimorar os seus conheci-mentos”, diz a coordenado-ra de desenvolvimento pro-fissional da unidade ParqueNovo Mundo, em São Paulo,Maria Inês Pereira da Rocha.

Esse curso tem comoparceiros em São Paulo aMercedes-Benz, Randon,Pirelli e Omnilink. Maria Inêstambém destaca o cursoCondução Segura eEconômica, que possuiaulas práticas e teóricas. “Omotorista vai ser preparadopara entender o funciona-mento do veículo. Vai apren-der qual é a melhor formade dirigir para obter o maioraproveitamento, para redu-zir a quebra de peças e con-sumir menos combustível.”

Quem já fez cursos no SestSenat considera que a oportu-nidade oferecida é muitoimportante para o desenvolvi-mento profissional. ElisabeteFederici, 44, é motorista de

caminhão da Braspress e fez ocurso Condutores de Veículosde Transporte de ProdutosPerigosos (o MOPP –Movimentação de ProdutosPerigosos), no Sest Senat, naunidade São Paulo/SP.

Na opinião de Elisabete, éimportante que os profissio-nais do transporte sejam qua-lificados. Para isso, ela ressal-ta que o trabalho do SestSenat e a política da empresa(Braspress), voltada para oincentivo ao treinamento, sãograndes motivadores. “O pro-fissional se sente mais valori-zado, pois o conhecimentoninguém tira. É maravilhosopoder estudar. Acho que oSest Senat tem instrutoresmuito bem preparados paradar esses treinamentos.”

A colega dela, NeideAraújo dos Santos, 32, tam-bém é motorista da Braspresse diz que é muito importantepara o profissional ter a opor-tunidade de receber incentivodentro da empresa onde eletrabalha.

Recentemente, ela pas-sou pelo treinamento naBraspress sobre como con-duzir de forma econômica etambém já fez o curso MOPPno Sest Senat. “Não dirijotransportando produtosperigosos. Mas, durante ocurso, é passada muitacoisa sobre segurança. Tudopode me ajudar nas situa-ções de trânsito.”

macêutica sobre o uso demedicamentos de tarja pretae de anabolizantes.

“A empresa que quiserqualidade precisa investirnos treinamentos paramelhorar a segurança e esti-mular o conhecimento da tec-nologia. Os caminhões sãoextremamente ágeis, commuita tecnologia desenvolvi-da. Se a pessoa não tivercapacitação, não vai traba-lhar da melhor forma”, dizBraga. Segundo ele, os treina-mentos e palestras com focona segurança evitam aciden-tes e ainda contribuem deforma efetiva para a mudan-ça de comportamento.

O gerente de recursoshumanos cita o curso de dire-ção econômica e segura,desenvolvido na Braspress emparceria com a Mercedes-Benz, como uma iniciativa quealcança bons resultados. EmSão Paulo, os motoristas pas-saram pelo treinamento, queestá sendo levado para outrosEstados. “Os vários conceitospassados nesse curso acabamrepercutindo na questão dasegurança. O curso aborda,por exemplo, como passar amarcha corretamente, comose comportar em uma curva”,diz Braga. Outro curso impor-tante, destacado pelo gerentede recursos humanos da

PRODUTOS PERIGOSOS Profissionais precisam usar uniformes específicos

QUIMITRANS/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201062

explica que o programa se dáem uma parceria entre aindústria e o transporte. “Osmotoristas que irão participarpassam primeiro por treina-mentos em algumas unidadesdo Sest Senat”, comenta.

De acordo com Araújo, omotorista que está em via-gem leva um check-list com adescrição de 11 comportamen-tos a serem observados porele na estrada. Durante operíodo de viagem, sem per-

Braspress, é realizado emuma parceria com o SestSenat (Serviço Social doTransporte e Serviço Nacionalde Aprendizagem doTransporte).

Apesar de não transportarcarga química perigosa, aBraspress decidiu que osmotoristas passem pelo MOPP(Movimentação de ProdutosPerigosos) – o nome oficial docurso é Condutores deVeículos de Transporte de

Produtos Perigosos. Na ava-liação do gerente de recursoshumanos, ao participar dessetreinamento, os motoristascomeçam a ter uma visãomais abrangente sobre os ris-cos nas estradas.

Para tentar conscientizaros motoristas, a Abiquim(Associação Brasileira daIndústria Química) desenvolveo programa Olho Vivo naEstrada há pelo menos cincoanos. A ideia surgiu em uma

multinacional de produtosquímicos, foi abraçada pelaAbiquim e hoje se estende avários profissionais do trans-porte, sejam eles transporta-dores de produtos químicosperigosos ou não.

Segundo o coordenador dogrupo de trabalho do progra-ma, Douglas Tavares deAraújo, o objetivo é conseguircorrigir as falhas de compor-tamento dos motoristas, pormeio da conscientização. Ele

SEGURANÇA Empresas de transporte investem em programas de treinamento para melhorar habilidade e evitar acidentes

Carga exige cuidado redobrado e treino especial PRODUTOS PERIGOSOS

Se para dirigir qualquerveículo é necessário ter habi-lidade e seriedade ao volante,ao se falar de caminhões quetransportam cargas perigo-sas, o cuidado precisa serredobrado. Produtos comolíquidos e sólidos inflamáveis,corrosivos e explosivos ofere-cem uma série de riscos amais à vida e ao meioambiente.

Na Tquim Transportes,com sede em Diadema (SP),é desenvolvido um planoespecial de treinamentopara os motoristas.“Transportamos produtosquímicos. Parte deles éagressiva e representaalgum tipo de perigo namanipulação feita pelo serhumano e também ao meio

ambiente. É importante ocuidado e treinamento”, diza gerente de qualidade daempresa, Luciene Lemes deOliveira.

O pré-requisito mínimopara trabalhar na empresaé já ter feito o curso MOPP(Movimentação de ProdutosPerigosos). Assim que éadmitido, o motorista passapor um treinamento deintegração, de 40 horas.Inicialmente, funcionáriosde diferentes setores daempresa vão explicar qual aligação de cada área com afunção do motorista.

Depois, conformeLuciene, o novo funcionáriovai acompanhar um moto-rista mais experiente emalguma viagem. “Nosso

treinamento visa muito asegurança, o cumprimentoda legislação, as noções dedireção preventiva. Manterdistância do veículo dafrente, por exemplo, é algoque precisa ser ainda maisrespeitado ao se transpor-tar produtos perigosos.”

O diretor-geral daQuimitrans Transporte,José Maria Gomes, reforçaque os motoristas precisamestar bem informadossobre a legislação referentea produtos perigosos etambém sobre como proce-der em situações de emer-gência. “Os treinamentosabordam questões comorelacionamento humano,responsabilidade e meioambiente, legislação.”

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 63

Estrada visa a melhoria contí-nua do comportamento narodovia, prevenindo atitudesinseguras e buscando atingir onível zero em acidentes sérios.De acordo com a Abiquim, háestimativas apontando queocorrem entre 50 e 100 aciden-tes menores para cada acidentesério. A associação consideraque é muito importante mantertambém a atenção sobre os aci-dentes de menor porte, paraevitar problemas maiores. l

rodovia está ocorrendo muitoo uso de telefone celular aovolante, a empresa poderámontar alguma ação para coi-bir esse hábito entre os moto-ristas dela. “Qual ação a seradotada ficará a critério decada transportadora. Podeser palestra ou curso. Ou tam-bém dar um prêmio para omotorista que não se envolveem acidente em um períododeterminado”, diz Araújo.

O programa Olho Vivo na

der a atenção, o motoristaobserva o comportamentodos colegas que cruzam comele nas rodovias.

Devem ser observados,por exemplo, o desrespeito àsinalização, a direção comvelocidade inadequada, indí-cios de sonolência ao volantee falta de distância de segu-rança. Nos momentos em queo motorista para de dirigir,para almoçar ou descansar ànoite, ele marca no check-list

os comportamentos que pre-senciou.

“Ao final da viagem, eleentrega esse check-list àtransportadora, que conse-guirá obter estatísticassobre os comportamentosmais comuns nas rodoviaspor onde aquele caminhãopassou”, diz o coordenadordo grupo de trabalho do pro-grama.

Se ficar observado, porexemplo, que em determinada

SEGURANÇA Empresas de transporte investem em programas de treinamento para melhorar habilidade e evitar acidentes

Práticas que devem ser evitadas

• Velocidade acima do limite(estabelecido para caminhões)

• Velocidade inadequada (parasituações inseguras, como curvas e cruzamentos)

• Velocidade menor que a mínima (aceitável somente em condições consideradasinseguras)

• Desrespeito à sinalização• Sono, cansaço, falta deatenção

• Dirigir sem cinto de segurança• Não manter distância segurado veículo da frente

• Dirigir agressivamente (desrespeitando veículosmenores, sob efeito de drogas,brincando, no celular, fumando, comendo)

• Outros problemas (dirigir dechinelo, pneu liso, veículo emmau estado de conservação,não sinalizar em acidentes,fazer pernoite em local inadequado)

Fonte: Abiquim

CUIDADOS

QUIMITRANS/DIVULGAÇÃO

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OAeroporto InternacionalAugusto Severo, locali-zado em Parnamirim, a18 km de Natal (RN), traz

consigo uma história peculiar.Antes da atual estrutura, o localserviu como base aérea das tro-pas norte-americanas durante aSegunda Guerra Mundial (1939-1945). O ponto foi escolhido porsua localização estratégica, jáque, segundo análises feitas pelosEstados Unidos, a região deParnamirim era a distância maiscurta para a travessia aérea sobreo oceano Atlântico. Daí a origemdo apelido “Trampolim da Vitória”recebido pela base. O destino dastropas era o continente africano eo objetivo era a missão de patru-lhamento nos mares que circun-davam a África, pois submarinosalemães e italianos trafegavamnaquela região.

A construção da Bant (BaseAérea de Natal) teve início em1942, com a declaração do estadode guerra do governo brasileirocontra Alemanha, Itália e Japão,tratados à época da SegundaGuerra Mundial como países doEixo. Aparecido CamazanoAlamino, coronel-aviador da reser-va da FAB (Força Aérea Brasileira),tornou-se um historiador aero-náutico e conhece bem a históriada base potiguar. “A Bant é desuma importância para a aviação

brasileira, pois sua história e a doaeroporto Augusto Severo se con-fundem, tendo em vista que sem-pre operaram em paralelo e apoia-ram um ao outro.” Alamino escre-ve em revistas especializadas e éconsiderado um expert no assun-to pela FAB.

Alamino remonta a constru-ção da Bant. “Foram erguidascentenas de edificações parapossibilitar todo tipo de apoio.As duas pistas de pouso foramasfaltadas, com a resistênciarequerida pelos norte-america-

nos, para a operação de aerona-ves de grande porte. Um enor-me pátio de estacionamento foiconstruído, com capacidadepara comportar mais de 500aeronaves ao mesmo tempo.” Aconstrução levou cinco meses eas atividades da Bant tiveraminício em 1942.

O texto do decreto-lei de cria-ção da Bant previa que a basefosse guarnecida, inicialmente,com um corpo de base aéreaconstituído por militares recruta-dos e transferidos de outras uni-

dades da FAB. A base incorporouuma Companhia de Infantaria deGuarda para realizar a sua segu-rança. “A estrutura possuía insta-lações para propiciar o apoio dealimentação, alojamento, manu-tenção de aeronaves, materialbélico, saúde – fora construído umhospital – e as demais atividadesadministrativas e operacionaisnecessárias para a atuação em umestado de guerra”, descreve ocoronel.

Segundo ele, todo esse cená-rio motivou o governo brasileiro

Trampolim da VitóriaEsse é o apelido do aeroporto internacional de Natal, que serviu de base aérea na 2ª Guerra Mundial

POR LETICIA SIMÕES

AVIAÇÃO

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a criar uma base de apoio paraassumir, gradativamente, asações de defesa e de patrulha-mento da área. “A base brasileirapassou a ocupar o lado oeste dabase norte-americana. Com adeclaração do estado de guerra,houve a necessidade de umincremento das ações bélicas doBrasil, com a utilização de aero-naves da FAB, que foram destina-das à nova base.”

Fernando Hippólyto, coronel-aviador da reserva da FAB, afirmaque o aumento bélico para a base

brasileira foi um pedido do presi-dente Getúlio Vargas ao presiden-te norte-americano FranklinRoosevelt. “Eles se reuniram paradefinir qual seria o apoio do Brasilaos aliados (referência à aliançamilitar que compreendia os paísesque lutavam contra Alemanha,Itália e Japão). Vargas disse que opaís não possuía força armadasuficiente para a implantação dabase. Foi então que os EstadosUnidos enviaram navios de guerrae aviões novos. Assim, conquista-ram a permissão para utilizar as

instalações de Natal.” Hippólyto járodou o país ministrando pales-tras sobre a Bant.

“O movimento Natal-BaseAérea era tão expressivo que osnorte-americanos asfaltaram aestrada de acesso e fizeram umgasoduto para o transporte doscombustíveis, que eram desem-barcados no Porto de Natal ebombeados para a Bant. O obje-tivo era abastecer as aeronavesque lá operavam ou faziamescala com destino à África ouaos Estados Unidos”, afirma

Trampolim da VitóriaEsse é o apelido do aeroporto internacional de Natal, que serviu de base aérea na 2ª Guerra Mundial

CANIND

É SO

ARES/FUT

URA PR

ESS

Raio X

Aeroporto InternacionalAugusto Severo

Aviação civilPousos diários: 26 Decolagens diárias: 26

Aviação militarMédia diária: superior a 100pousos e decolagens

Destinos nacionais (voosdiretos)Rio de Janeiro, Salvador,Brasília, Recife, São Paulo,Campinas, Fortaleza, Aracaju,Belo Horizonte e Fernando deNoronha

Companhias que operam nosdestinos nacionaisTAM, Gol, Webjet, Trip e Azul

Destinos internacionais(voos diretos)*Lisboa (Portugal) e Amsterdã(Holanda)* A partir de julho, o aeroportopassa a oferecer voos com ligação direta paraMiami (EUA)

Companhias que operam nosdestinos internacionaisTAP: cinco frequências semanais ArkeFly: uma frequência semanal

Fonte: Superintendência do Aeroporto

Internacional Augusto Severo

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201066

Alamino. A travessia entreNatal-Dacar (África) levava umdia ou uma noite inteiros.

A Bant tinha uma rotina inten-sa. De acordo com o coronelAlamino, a base funcionava por 24horas com a chegada e saída diá-rias de, aproximadamente, 800aviões com destino a Dacar, ouque regressavam aos EUA. “Asvisitas estavam totalmente proibi-das, tendo em vista o estado deguerra e os cuidados necessáriospara evitar as atividades de sabo-tagem e de espionagem do inimi-go. Somente as pessoas ligadasdiretamente à FAB ou à Usaaf(Força Aérea do Exército Norte-Americano) eram autorizadas afrequentar ou trabalhar na grandebase”, diz.

Segundo o coronel, os norte-americanos utilizavam diversos

tipos de aeronaves, como aDouglas C-47 e C-54 e a Curtiss C-46. “Elas transportavam cargasestratégicas para a frente de bata-lha, como armamentos. Haviatambém aeronaves operacionais,notadamente aparelhos de bom-bardeio de grande porte, que pos-suíam autonomia para cruzar otodo o oceano Atlântico.”

Dificilmente as aeronavesque partiam de Natal transpor-tavam delegações. O transportede militares norte-americanosferidos fora realizado em rarasocasiões. Os soldados brasilei-ros que combateram naSegunda Guerra embarcavam edesembarcavam no Rio deJaneiro, com destino à Itália.

O coronel Hippólyto destacaque a presença norte-americanaem Natal mudou a rotina da

MOVIMENTO Aeroporto de Natal ocupa a 17ª posição em volume de passageiros entre os 67 aeroportos da Infraero

Terminal passará por reformaINFRAESTRUTURA

A atual estrutura doAeroporto InternacionalAugusto Severo é compostapor um terminal de passagei-ros com 12 mil metros quadra-dos, quatro pontes de embar-que e desembarque, pátio deestacionamento para a avia-ção civil, com capacidade paradez aeronaves, e pátio deestacionamento para a avia-ção geral e executiva, com 16posições. O aeroporto possuiainda um terminal de cargasde 1.780 metros quadrados,com áreas segregadas paraimportação e exportação ecarga nacional. A capacidadede armazenamento é de,aproximadamente, 220 tone-ladas diárias.

A área do aeroporto écompartilhada com a Bant(Base Aérea de Natal). “AInfraero administra o aeró-dromo e realiza as manuten-ções dos sistemas para a suaoperacionalidade. À Bant,cabe o controle de tráfegoaéreo, com a coordenação detoda a movimentação aero-náutica do local, além dasmanutenções e intervençõesnecessárias”, diz Usiel PauloVieira, superintendente doaeroporto.

De acordo com o dirigente,o terminal passará por refor-mas. Estão previstas a amplia-ção das salas de embarque edesembarque doméstico einternacional, a criação dedez novos balcões de check-in, nova entrada para as salasde embarque, aumento dasáreas públicas para a circula-

ção e a adequação e substitui-ção de equipamentos. “Comas intervenções, aumentare-mos a capacidade de proces-samento de passageiros emmais de 60%, melhorando oconforto e a segurança dosusuários”, afirma Vieira.

Segundo o superinten-dente, a participação doaeroporto na logística nacio-nal ainda é pequena. “A áreade logística de carga não étão expressiva, já que osgrandes volumes estão cen-tralizados nos hubs (aero-portos que agrupam sedes ehangares de empresasaéreas, concentrando maiornúmero de voos dessas insti-tuições) do país”.

Quando o assunto são osvoos comerciais, o terminalse destaca. “O aeroporto deNatal está em uma posiçãoestratégica, pois está locali-zado próximo aos grandescentros consumidores domundo, como Europa eAmérica do Norte. Somam-seainda o turismo e a infraes-trutura favorável a essa ativi-dade. Por isso, o terminal ficaem evidência no quesitomovimentação de passagei-ros domésticos e internacio-nais”, diz Vieira.

Segundo dados daInfraero, o aeroporto de Natalocupa a 10ª colocação emvoos internacionais e a 17ªcolocação em movimentaçãode passageiros domésticos einternacionais, entre os 67aeroportos administradospela empresa.

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 67

população. “Os costumes foramsendo transformados. Shorts,camisas coloridas, vestidos semmanga, chicletes, óculos Ray Ban,nada disso fazia parte do cotidia-no natalense e foi introduzido nacultura local pelos militaresnorte-americanos.” Foi nesseperíodo, segundo Hippólyto, queNatal conheceu novos ritmoscomo o foxtrot e o swing. “O fun-cionamento da base impulsionoutambém o comércio, pois os mili-tares traziam grandes quantida-des de itens variados, comocigarros, e revendiam na cidade.”

Para ele, os militares brasilei-ros também foram favorecidospela presença norte-americana.“No quesito segurança, o Brasilcresceu muito, pois os soldadosnorte-americanos repassaramtáticas de guerra e instruções

de utilização dos aviões quemovimentavam a base.”

Com o final da Segunda GuerraMundial, vencida pelos Aliados, osnorte-americanos entregaram olado leste da base, com todas assuas edificações e infraestrutura,para a FAB. “O aeroporto de Natalpassou a utilizar a estrutura, comopistas, pátios e uma pequena esta-ção de embarque e desembarquede passageiros, que ficava no extre-mo sul do enorme pátio de estacio-namento da Bant”, diz Alamino.

Hoje, o principal foco da Banté a instrução de pilotos de caça ede helicópteros da FAB. “Umesquadrão operacional de caçatambém atua na base. São utili-zados os últimos jatos Embraer(EMB-326GB/ AT-26 Xavante) daFAB, responsáveis pela defesaaérea do Nordeste brasileiro”,

completa o coronel. O EsquadrãoPacau passou a operar na Bant apartir de 2002. De acordo com aFAB, a unidade cumpre missõesde caça e ataque.

Atualmente, a Bant é sede detrês unidades aéreas do GAV(Grupo de Aviação). Tambémestão sediados na área o 1° e o 3°Grupos de Comunicação eControle, o Esquadrão Morcego,responsável pelo suporte às ope-rações aéreas, o Gite (Grupo deInstrução Tática Especializada),que ministra o curso de TáticaAérea, a FAE-1 (Primeira ForçaAérea), coordenadora dos esqua-drões de instrução da ForçaAérea, e o DTCEA-NT(Destacamento de Controle doEspaço Aéreo).

PassageirosOs primeiros traçados do que

viria a ser o aeroporto de Nataltiveram início em 1946, com ainauguração da Estação dePassageiros da Base Aérea deNatal. O local servia exclusivamen-te à aviação militar. “Seis anosdepois, a estação de passageirosfoi elevada à condição de aeropor-to internacional, em 24 de novem-bro de 1951. A administração doaeroporto passou a ser responsa-bilidade da Aeronáutica, por meiodo extinto Departamento deAviação Civil”, diz Usiel PauloVieira, superintendente doAeroporto Internacional Augusto

Severo. A partir de 1980, o termi-nal passou a ser administradopela Infraero.

De acordo com Vieira, a neces-sidade de um terminal civil surgiupara que a circulação de passagei-ros pela área militar fosse inter-rompida. “Os poucos civis quepassaram pela Bant estavam liga-dos aos esforços de guerra. Asituação mudou com o fim do con-flito, e o comando da base, com osdirigentes das companhias deaviação comercial, percebeu queseria necessário um terminal paraatender à população em geral”,diz o superintendente.

Na opinião do coronelAparecido Camazano Alamino, arica história da Bant fica restritaao âmbito regional. “Infelizmente,esse importante cenário da avia-ção brasileira é muito poucoconhecido por pessoas que nãopertencem à FAB, como também,pelas novas gerações. Os estran-geiros admiram e conhecemmuito mais a história da Bant doque a maioria dos brasileiros”,afirma.

Em 1997, a Comubia TriStarFilmes do Brasil lançou a película“For All – O Trampolim da Vitória”.O filme narra a convivência entreos natalenses e os soldadosnorte-americanos instalados naBase Aérea de Natal e como esseconvívio alterou os hábitoslocais, durante o período daSegunda Guerra Mundial. l

MOVIMENTO Aeroporto de Natal ocupa a 17ª posição em volume de passageiros entre os 67 aeroportos da Infraero

INFRAERO/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201068

Osetor de locação deautomóveis no Brasilregistrou em 2009 umcrescimento de 13,98%,

ao se analisar itens como fatura-mento, aquisição de frota e inves-timentos. Ao longo de todo o anopassado, o número de locadorasno país saltou de 1.893 (em 2008)para 1.955. E o faturamento de umano para o outro subiu de R$ 3,99bilhões para R$ 4,37 bilhões.

Esses números estão noAnuário 2010, lançado pela Abla(Associação Brasileira dasLocadoras de Automóveis) emmaio. O lançamento aconteceusimultaneamente em 20 capitaisbrasileiras. Em Brasília, a solenida-de ocorreu no edifício sede da CNT,

onde também funciona um escri-tório de representação da Abla.

De acordo com o diretor-adjunto da associação das locado-ras, Weber Mesquita, o setor estáotimista para este ano. “As pers-pectivas de crescimento hoje sãoainda maiores do que no início de2009”, disse, em Brasília. O setorde locação está presente emtodas as regiões do país. São 16,8milhões de usuários.

O percentual de participaçãona compra de automóveis no anopassado foi de 9,02%. Ou seja, detudo que a indústria automobilís-tica produziu no país, as locadorasadquiriram 9,02%, conforme aAbla. “Isso significa que, a cadaum minuto e meio, compramos um

carro (pelos números de 2009)”,comentou o diretor-adjunto. Afrota do setor, cuja idade média éde 16,5 meses, passou de 318.865(2008) para 363.456 (2009).

Em relação à oportunidade detrabalho, o anuário aponta que em2009 foram gerados 240.644empregos diretos e indiretos. Noano anterior, o número foi de209.061. A Abla diz ainda que em2009 o recolhimento de impostossomou R$ 1,4 bilhão.

Sobre o perfil do negócio, amaior parte dos clientes é terceiri-zada. Empresas ou órgãos públi-cos que alugam os carros repre-sentam 52% dos clientes. O turis-mo de lazer soma 22% e o turismode negócios, 26%. Este último

teve um aumento considerável,conforme destaca o diretor-adjun-to. “Em 2008 o índice era de 18%.”

De acordo com Mesquita, oshomens representam a maioriados clientes (80%). Entretanto, asmulheres têm aumentado a parti-cipação. “Principalmente para oturismo de lazer, as mulheresestão utilizando mais o setor delocação de automóveis”, afirmou.A faixa etária predominante entreas pessoas que alugam carrosestá entre 25 e 45 anos (85%).

Durante o lançamento doanuário em Brasília, o diretor-exe-cutivo da CNT, Bruno Batista, disseque poucos setores da economiabrasileira têm crescido no ritmodo setor de locação e destacou a

Mercadoem alta

POR CYNTHIA CASTRO

LOCAÇÃO

Setor cresce 13,98% em 2009; são 1.955 lojas deautomóveis em todo o Brasil e 16,8 milhões de usuários

BALANÇO O diretor-adjunto da Abla, Weber Mesquita, durante lançamento do Anuário

Page 69: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

importância da elaboração de umdocumento com números e infor-mações relevantes sobre o seg-mento. Ele comentou ainda que aCNT utiliza os serviços prestadospelas empresas de locação. NaPesquisa CNT de Rodovias, queestá com os pesquisadores emcampo atualmente, os carros quepercorrem as estradas brasileirassão alugados.

Além das estatísticas, o anuá-rio da Abla traz ainda dicas doCesvi Brasil (Centro deExperimentação e SegurançaViária) sobre como preservar osveículos durante tempestades,informações sobre seguros,números da indústria automobilís-tica, entre outros assuntos.

Um dos caminhos para que osetor de locação de automóveiscontinue crescendo diz respeitoao aperfeiçoamento dos recursoshumanos, avalia o diretor-adjuntoda Abla. Por isso, a associação daslocadoras está investindo em umprojeto de qualificação dos profis-sionais que atuam em todas asdiferentes regiões do país.

A Abla desenvolve o ProgramaNacional de Qualificação eCapacitação em parceria com oMinistério do Turismo, e a Escolado Transporte, vinculada à CNT,está elaborando as pesquisas paraa construção de um plano pedagó-gico. “A formação profissional parao setor é um importante desafio,principalmente com estes grandes

eventos programados – a Copa doMundo de 2014 e as Olimpíadas de2016”, disse Mesquita.

A diretora da Escola doTransporte, Lucimar Coutinho,também destacou durante o lan-çamento do anuário que “o profis-sional bem qualificado só traráganhos para a empresa”. As açõesdo programa começaram de fatono ano passado. Foram realizadosseminários de apresentação, coma participação de empresários ede outros profissionais do setor.

Os participantes colaboraramcom o desenho de estratégias doprojeto. Inicialmente, a partir dotrabalho desenvolvido, a Escola doTransporte identificou 16 diferen-tes ocupações do setor, comogerentes, coordenador de moto-ristas, chefe de manutenção elavador de carros.

Atualmente, está sendo prepa-rado o Mapa de Ocupações eCompetências, com a realizaçãode uma pesquisa para conhecerquais são os conhecimentos, habi-

lidades e atitudes necessários aodesempenho das atividades des-sas 16 ocupações. Essa pesquisasubsidiará um diagnóstico dasnecessidades de capacitação.

Os profissionais que atuam nosetor (em todas as ocupações) etêm interesse em participarpodem responder a um questioná-rio pela Internet. Os formulárioseletrônicos são acessados peloportal da Abla (www.abla.com.br)ou pelo blog do projeto(www.abla.com.br/blog).

A partir da realização dessapesquisa, a Escola do Transportedefinirá qual será a estratégiapara cada uma das ocupações dalocação de automóveis. SegundoMesquita, o grande desafio nestemomento é conseguir a adesão domaior número possível de profis-sionais do setor para participar dapesquisa. “Para construir deforma responsável as condiçõespara continuar crescendo, o cami-nho é o aperfeiçoamento dosrecursos humanos”, afirmou. l

JÚLIO FERNANDES/CNT

BALANÇO O diretor-adjunto da Abla, Weber Mesquita, durante lançamento do Anuário

ANUÁRIO DA ABLA

Veja alguns númerosPerfil do negócio (%)

Terceirização Turismo (lazer) Turismo (negócio)

Crescimento 2008 2009Faturamento* 3,99 4,37Locadoras 1.893 1.955Frota 318.865 363.456Usuários** 16,2 16,8

*em bilhões / **em milhões

Faixa etáriaEntre 21 e 24 anos Entre 25 e 45 anos Acima de 45 anos

SexoMasculino Feminino

2008 3,99 1.893 318.865 16,22009 4,37 1.955 363.456 16,8

Faturamento(em R$ bilhões)Ano Locadoras

existentesFrota

Usuários(em milhões)

5226

22

85%

4%11%

Fonte: Anuário Abla

80%

20%

Page 70: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201070

As comemorações doDia Mundial do MeioAmbiente em 5 dejunho último foram o

ponto de partida do projeto demobilização do Sest (ServiçoSocial do Transporte) e doSenat (Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte)para a discussão da temáticaambiental entre colaborado-res, empresas, trabalhadoresem transporte e comunidadeem geral. Denominado “SestSenat pelo Meio Ambiente”, oprojeto envolve desde a pro-

moção de seminários itineran-tes para empresas do setortransportador em 14 cidadesaté a elaboração de uma polí-tica ambiental.

Com programação previstapara as cidades de Goiânia(GO), Londrina (PR), São Paulo(SP), Petrolina (PE), Caxias doSul (RS), Chapecó (SC),Teresina (PI), Brasília (DF),Aracaju (SE), Cachoeiro doItapemirim (ES), Contagem(MG), São Gonçalo (RJ), Cuiabá(MT) e Belém (PA), o seminário“Meio ambiente: da sustenta-

bilidade à lucratividade” serárealizado entre junho edezembro de 2010. Serãoministradas as palestras“Construindo uma empresasocial e ambientalmente res-ponsável”, “Legislaçãoambiental”, “Marketingambiental: estratégias criati-vas e eficientes” e “Casos desucesso – histórias possíveis”.

O projeto de mobilizaçãopara 2010 vai envolver todasas unidades do Sest Senat nopaís em atividades como adistribuição de material edu-

cativo em cursos, palestras edemais eventos previstospara este ano, com orienta-ções sobre o consumo cons-ciente de água e energia elé-trica em casa e no trabalho, aseparação de materiais reci-cláveis e o plantio de árvores.Todas as unidades deverãoadotar em sua prática diáriaas diretrizes da políticaambiental da instituição emrelação à preservação domeio ambiente, à qualidadede vida e à sustentabilidade.

Para isso, estão previstas

Mobilizaçãonacional

POR SUELI MONTENEGRO

SEST SENAT

Projeto “Sest Senat pelo Meio Ambiente” abordaa temática ambiental nas unidades do país

Page 71: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 71

ações como a instalação derecipientes para a coleta sele-tiva de lixo nas cores azul(papel e papelão), vermelho(plástico), amarelo (metal),verde (vidro) e marrom (orgâ-nico); e de coletor para pilhase baterias.

Como forma de incentivar aadoção de novos comportamen-tos entre seus colaboradores, oSest e o Senat também vão pro-mover concurso entre todas asunidades instaladas no Brasilpara a redução em pelo menos5% do consumo de água e de

energia elétrica. As açõesincluem ainda a criação decurso on-line gratuito sobre aquestão ambiental, disponívelna página do Sest Senat naInternet (www.sestsenat.org.br)para funcionários de empresasdo setor de transportes, traba-lhadores autônomos e demaisinteressados; e a produção deum curta-metragem sobre o t-

A programação vai se esten-der a eventos tradicionais docalendário do setor como asfestas do Caminhoneiro deIconha (ES), Guarulhos (SP) e de

Itabaiana (SE), e a do Carreteiro,de Aparecida do Norte (SP),onde serão ministradas pales-tras educativas para motoristasprofissionais sobre a responsa-bilidade de cada um em relaçãoao meio ambiente.

Além disso, aproximada-mente 200 mil sementes deárvores brasileiras serão dis-tribuídas pelas unidades espa-lhadas pelo país. O materialserá entregue para a popula-ção junto com planfletos edu-cativos que informações sobrea questão ambiental. l

SAIBA MAIS

Ações previstas para o projeto “Sest Senat pelo Meio Ambiente”

• Lançamento do programa durante as comemorações do Dia Mundialdo Meio Ambiente (5/6).

• Seminários itinerantes sobre o tema “Meio ambiente: da sustentabilidade à lucratividade” em 14 unidades Sest Senat nascidades de Goiânia (GO), Londrina (PR), São Paulo (SP), Petrolina (PE),Caxias do Sul (RS), Chapecó (SC),Teresina (PI), Brasília (DF), Aracaju(SE), Cachoeiro do Itapemirim (ES), Contagem (MG), São Gonçalo (RJ),Cuiabá (MT) e Belém (PA) , entre junho e dezembro de 2010.

• Instituição de uma política ambiental para o Sest Senat

• Criação de curso on-line gratuito para profissionais do setor e para o público em geral

• Promoção de concurso interno para a redução do consumo de água e de energia elétrica nas unidades do Sest Senat

• Produção de filme curta metragem sobre a temática ambiental

• Palestras educativas para motoristas de caminhão nas festas do caminhoneiro de Iconha (ES), Aparecida do Norte (SP), Guarulhos (SP) e Itabaiana (SE)

• Distribuição de material educativo sobre consumo consciente em cursos, palestras e eventos realizados nas unidades Sest Senat

Concurso premiará asunidades quereduzirem empelo menos

5%o consumo de água eenergia

Page 72: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201072

Impulsionado pelo transportede outras cargas, que cres-ceu 4,6% entre março eabril, a movimentação total

de cargas rodoviárias alcançoupela primeira vez um volumemaior do que o anterior à crise.Em abril de 2010, o setor movi-mentou 2,2% e 6,7% a mais doque o mesmo mês nos anos de2008 e 2009, respectivamente.Isso representou um acréscimode 1,5% no total transportado emrelação a março deste ano.

Pela análise desagregada dosetor, observa-se que o transpor-te rodoviário de cargas industriaispor terceiros caiu 1,9% em abril.No entanto, vale notar que, pro-porcionalmente, sua queda foi81,5% menor do que a ocorridaem 2008 e 62% menor que a em2009. Resultado positivo, princi-palmente se for lembrado que omovimento estava consideravel-mente acentuado antes da crise.Já o transporte de outras cargas

deixou a tendência de estabilida-de, uma vez que não apresentavauma variação superior a 3% nomês desde outubro de 2008. Emcontraste com o movimento decargas industriais, que manteve ocomportamento sazonal de abril,o crescimento no transporte deoutras cargas demonstra a recu-peração do setor.

Acompanhando o comporta-mento do ano anterior, o trans-porte rodoviário de passageiroscaiu 8,6% em relação ao mês demarço. Deste modo, abril de 2010movimentou apenas 0,8% a maisde passageiro que o mesmo mêsdo ano anterior. O transporterodoviário intermunicipal de pas-sageiros manteve o comporta-mento sazonal e caiu 2,1% emrelação ao mês anterior. Noentanto, o setor transporta signi-ficativamente mais neste primeiroquadrimestre quando comparadocom os dois anos anteriores,16,3% e 11% a mais que em 2008 e

Movimentação decargas em alta

IDET

Volumes transportados ultrapassam o período anterior à crise

2009, respectivamente. Já o trans-porte rodoviário interestadual depassageiros manteve-se estável,crescendo 1,1% em relação amarço. O número de passageirostransportados mantém-se supe-rior a anos anteriores, o mês deabril de 2010 movimentou 4,6%mais passageiros que o mesmomês no ano anterior e 10,3% amais que 2008.

O transporte ferroviário de car-gas voltou a crescer, 9,6% entrefevereiro e março e se aproximouainda mais do patamar de 2008, ototal movimentado ficou apenas2,2% menor do que o mesmo mêsnaquele ano. O primeiro trimestrede 2010 mostra bastante atividadee movimentou 19,4% a mais que omesmo período de 2009. Istoimplicou em alta no índice deemprego do setor ferroviárioneste mês, 4,8% maior que o demarço do ano passado.

Em março, o transporteaquaviário de cargas manteve o

comportamento ascendente,crescendo mais 18,1% no totaltransportado. O principal desta-que é para o Estado do EspíritoSanto, responsável por 21,8% dototal movimentado pelos portosbrasileiros no mês de março. Noentanto, deve-se observar quealguns portos não informaram ototal de cargas transportadas,cabendo retificação dos valoresapresentados em publicaçãoposterior.

Este mês a Infraero não divul-gou os dados referentes aotransporte aeroviário de março.O Idet CNT/Fipe-USP é um indica-dor mensal do nível de atividadeeconômica do setor de transpor-te no Brasil. l

8

Para a versão completa daanálise, acesse www.cnt.org.br.Para o download dos dados,www.fipe.org.br

Page 73: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 73

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO

Transporte Rodoviário de Cargas - Total

Milhões de Toneladas

110

90

95

100

105

85

80

jan fev mar abr mai jun jul

2008 2009 2010

ago set out nov dez

Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano

Milhões de Passageiro

s

1.050

930

990

870

810

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Rodoviário de Outras Cargas

Milhões de to

neladas

60

50

55

40

45

30

35

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros

Milhões de Passageiro

s

8

7

7,5

6

6,5

5

5,5

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Ferroviário de Cargas

Milhões de Toneladas

50

30

35

40

45

25

20

jan fev mar *abr *mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Aquaviário de Cargas

Milhões de Toneladas

75

65

45

55

25

35

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2008 2009 2010 2008 2009 2010

2008 2009 2010

2008 2009 2010

2008 2009 2010

Page 74: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201074

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 61.920 13.775 75.695 Estadual Coincidente 17.197 6.224 23.421 Estadual 111.375 111.474 222.849 Municipal 27.342 1.236.128 1.263.470Total 217.834 1.367.601 1.585.435

Malha rodoviária concessionada 15.809Adminstrada por concessionárias privadas* 14.745Administrada por operadoras estaduais 1.064

FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADESCaminhão 2.016.493Cavalo mecânico 363.717Reboque 674.451Semi-reboque 584.083Ônibus interestaduais 13.907Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo 42

Portos 40

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 141

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA

Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM*

Total Nacional* 29.817Total Concedida* 28.314Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMCompanhia Vale do Rio Doce/FCA 9.863MRS Logística S.A. 1.674ALL do Brasil S.A. 7.304Outras 9.473Total 28.314

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 87.150Locomotivas 2.624 Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.273Críticas 2.611

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 33Domésticos 33Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES - UNIDADESA jato 820 Turbo Hélice 1.700Pistão 9.354Total 11.874

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

Page 75: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 75

BOLETIM ECONÔMICO

Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Abril/2010)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - ABRIL/2010

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Autorizado Investimento liquidado Total pagoObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.

Arrecadação Acumulada

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente écobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinaçãodos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria decombustíveis e investimentos em transportes.

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)

Investimento Pago Acumulado

14,012,0

8,06,04,0

R$ bilhõe

s

2,00,0

16,0

10,0

0,5

13,9

3,1

60

403020R

$ bilhõe

s

100

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

70

50

23,9

8

2009 acumuladoem 2010

últimos12 meses

Expectativapara 2010

59,1

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

CIDE (R$ Milhões)Arrecadação no mês Março/2010 562

Arrecadação no ano (2010) 2.518,0

Investimentos em transportes pagos (2010) 811,4

CIDE não utilizada em transportes (2010) 1.706,7

Total Acumulado CIDE (desde 2002) 59.129,0

Valores Pagos (CIDE)

Não Utilizado

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Outros

R$ 515,58(94,9%) R$ 22,80

(4,2%)

R$ 3,75(0,7%)

R$ 1,09 (0,2%)

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

PIB (% cresc a.a.) -0,2 -(1) -(1) 6,26

Selic (% a.a.) 8,75 9,50(2) 11,75

IPCA (%) 4,31 2,65(3) 5,26(3) 5,50

Balança Comercial(4) 25,3 2,176(5) 20,8(5) 13,00

Reservas Internacionais

Câmbio (R$/US$) 1,74 1,80(7) 1,85

Observações:

1 - Dados de 2010 ainda não disponíveis.

2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 27/04/2010

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até Abril/2010

4- Em US$ Bilhões

5 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Abril/2010

6 - Posição dezembro/2009 e abril/2010 em US$ Bilhões

7 - Câmbio de fim de períodoAbril/2010, média entre compra e venda.

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (acumulados até 10/04/2010), IBGE e Focus - Relatório de Mercado (07/05/10), Banco Central do Brasil.

239,64(6) 249,22(6) - -

Investimentos da União por Modal acumulados no ano até abril/2010 (R$ 543,2 milhões) - Liquidados (em R$ milhões)

32%68%

Page 76: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201076

BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO

* Em partes por milhão de S - ppm de S

Estrutura do Despoluir

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - ABRIL 2010

AL AM

% NC

AP BA CE DF ES GO MA

MG MS

MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Brasil

7,1

1,5

1,2

4,6

0,7

1,6

2,4 2,2

0,9

2,9

2,0 1,4

4,1

6,2

4,4

AC

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - ABRIL 2010

0

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

0,9

10,3

0,5

4,8

0

2,8

0

12

9

6

0

3

15

7,9

0

Corante 10,8%2,3%

8,5%

Aspecto 25,6%

Pt. Fulgor 13,1%

Enxofre 8,5%

Teor de Biodiesel 39,8%Outros 2,3%

39,8%25,6

13,1%

10,8%

1,2

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

NÚMEROS DE AFERIÇÕES

228.772 35.801 11.522 276.095

85,61% 88,63% 88,78% 87,67%

Federações participantes 21Unidades de atendimento 67Empresas atendidas 4.844Caminhoneiros autônomos atendidos 5.855

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*

Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S

Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, BeloHorizonte e Salvador. Regiões metropolitanasde São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano (grandes centros urbanos)

Diesel interior (substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)

Brasil

1.800 ppm de S

500 ppm de S

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 776,33 75,4Transporte 94,32 9,2Industrial 74,07 7,2Outros setores 42,51 4,1Energia 25,60 2,5Processos industriais 16,87 1,6Total 1.029,71 100

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 83,30 88,3Aéreo 6,20 6,6Marítimo 3,56 3,8Ferroviário 1,26 1,3Total 94,32 100

VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44Veículos leves 32,49 39Comerciais leves - Diesel 8,33 10Ônibus 5,83 7Total 83,30 100

50 ppm de S

MODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,6Ferroviário 0,69 2Hidroviário 0,48 1,4Total 33,88 100

TIPO 2006 2007 2008 2009 2010(ATÉ ABRIL)

Diesel 39,01 41,56 44,76 44,29 15,17

Gasolina 24,01 24,32 25,17 25,40 9,92Álcool 6,19 9,37 13,29 16,47 4,02

9,8

5,4

ATÉ MARÇO ABRIL20102007 A 2009 TOTAL

Aprovação no período

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM MILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

Page 77: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010
Page 78: Revista CNT Transporte Atual - Jun/2010

Aresposta inicial que mevem à mente é umquestionamento à pró-pria indagação. A des-

peito de certas dificuldades – eaté da falta de costume recente –para a sustentação de taxasassim tão elevadas, não ousariaresponder afirmativamente.

É certo que o país tem certosgargalos. Todos nós sabemos quehá deficiências em relação à cha-mada infraestrutura: energia,transportes, comunicações. Mashá outras que são seculares, his-tóricas e culturais, que terão deser enfrentadas a longo prazo,durante e com a alavancagem doprocesso de crescimento, como,por exemplo, em matéria de for-mação educacional e qualifica-ção para o mercado de trabalho.

Não me deslumbro com taxasde crescimento “chinesas”: prefi-ro algo mais moderado, mas con-tinuado consistente, que promo-va mais equilíbrio e harmonia.Por exemplo, parte dos desequilí-brios recentes decorre de políti-cas voluntaristas, de falta de pla-nejamento, do imediatismo tãocaracterístico da brasilidade. Seconcedemos incentivos fiscais ecreditícios que deslocam e con-centram a demanda em determi-

ROBERTO BOCACCIO PISCITELLI

nados produtos e setores, esta-mos criando ou agravando ostais gargalos. Se a falta de plane-jamento genuíno e de perspecti-vas a longo prazo, a descontinui-dade, a desconexão entre asadministrações, no tempo e noespaço, nos levam a pretendereliminar o déficit habitacional,fatalmente haverá escassez deprodutos ou de matéria-prima,elevação especulativa de preços,queda da qualidade das constru-ções e maiores dificuldades noacompanhamento e monitora-mento de qualquer programa.

A maior parte dos indicadoresindustriais, sem dúvida, está emexpansão: faturamento, empre-go, horas trabalhadas. Mas é pre-ciso notar que, não obstante ataxa de investimentos em 2009ter-se situado em 16,7% do PIB enossas taxas de poupança sereminferiores às de outros emergen-tes e de vários países asiáticos,ela está elevando-se e – o que émais importante – seu cresci-mento tem sido acentuadamentemaior do que o aumento do PIB, oque é revelador de que:

•os investidores privadosestão acreditando na sustentabi-lidade do processo de crescimen-to, isto é, que vale a pena ampliar

a capacidade instalada, poishaverá demanda para a sua pro-dução adicional;

•embora o ritmo de matura-ção dos investimentos seja maislento que a expansão do consu-mo – determinada pelo aumentodo emprego e da renda, pelamaior estabilidade representadapela formalização das relaçõesde trabalho e pelo estímulo pro-porcionado pelo crédito – condi-ções estão sendo criadas paraum novo patamar de equilíbrioentre a oferta e a demanda, semmaiores pressões inflacionárias.

É relevante considerar quecom o grau de abertura brasileiraé mais viável recorrer ao aprovi-sionamento externo dos insumose das máquinas e equipamentospara a execução de projetos deinstalação, ampliação, moderni-zação e diversificação. Em suma,podemos ser moderadamenteotimistas, o que não exclui abusca de uma parceria mais cons-trutiva e responsável entre ossetores público e privado, e umamaior mobilização e engajamen-to da sociedade civil no processode transformações econômicas,sociais e políticas que poderão,enfim, realizar no presente a eter-na utopia do país do futuro.

DEBATE Por que o Brasil não está preparado para crescer a uma taxa de 7% ao ano?

ROBERTO BOCACCIO PISCITELLIEconomista e professor doDepartamento de Ciências Contábeis e Atuariais da UnB(Universidade de Brasília)

Prefiro algo mais moderado,mas continuado consistente

“Há deficiências históricas e culturais, que terão de ser enfrentadas alongo prazo, durante e com a alavancagem do processo de crescimento”

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Por que o Brasil não está preparado para crescer a uma taxa de 7% ao ano?

Arecente informaçãodivulgada pelo IBGE(Instituto Brasileirode Geografia e

Estatística), sobre o compor-tamento do PIB (ProdutoInterno Bruto) do Brasil, rea-cendeu uma recorrente dis-cussão entre autoridades eeconomistas brasileiros. É dese lamentar a reação provo-cada entre esses agentessempre que a taxa de cresci-mento do PIB brasileiroameaça ultrapassar a barrei-ra dos 5% ao ano em con-traste com o crescimentochinês, que somente no pri-meiro trimestre deste anoatingiu praticamente 12%,em comparação com idênticoperíodo de 2009.

Vale lembrar que nos últi-mos 15 anos, entre o grupode países que compõem oBric (Brasil, Rússia, Índia eChina), estamos crescendo auma taxa média que corres-ponde a menos da metadedaquela alcançada pelos osnossos parceiros. Enquantoo nosso crescimento anualmédio per capita foi de 3%,os outros três países cresce-ram 7%.

política econômica (taxa dejuros) diante da necessidadede controlar a expansão dademanda agregada para evi-tar que a inflação temporáriase torne persistente, masnada nos assegura que noatual contexto a elevação dataxa de juros seja a medidamais correta.

Atualmente, existem duasameaças que podem inter-romper a aceleração susten-tada do crescimento: infla-ção e déficit em transaçõescorrentes. A elevação da taxade juros fatalmente irá afe-tar negativamente a recupe-ração da taxa de investimen-to em andamento. O que vaigarantir o controle da infla-ção será a ampliação dacapacidade produtiva.

O que precisamos é deuma política fiscal que dimi-nua as despesas de pessoale custeio, que reduziria nãosó o nível de demanda, mastambém a sua composição.Uma mudança estrutural,abrindo espaço não inflacio-nário para ampliação dataxa de investimento e redu-ção do déficit em transa-ções correntes.

CARLOS ROBERTO DE CASTROEconomista e conselheiro do Cofecon(Conselho Federal de Economia)

O Brasil poderá crescer nosmesmos índices da China?

“Duas ameaças que podem interromper a aceleração sustentada do crescimento: inflação e déficit em transações correntes”

De acordo com o IBGE, aeconomia brasileira cresceu2,7% no primeiro trimestredeste ano, na comparaçãocom o quarto trimestre doano passado. Em relação aomesmo período de 2009, oPIB do Brasil, que representaa produção de bens e servi-ços em todo o país, subiu eem março de 2010, a econo-mia cresceu 2,4%. No acu-mulado dos últimos quatrotrimestres, houve alta de2,4%, frente à retração de0,2% em 2009.

Esses dados não só conso-lidam o processo de recupe-ração da economia comoconfirmam as grandes trans-formações ocorridas nosúltimos anos. Depois de umlongo período dominado pelaespeculação financeira, esta-mos vivendo um período detransição com a economiaredescobrindo o seu poten-cial de crescimento e gra-dualmente caminhando parao crescimento.

Admito que o BancoCentral tem uma missão acumprir (manter a taxa deinflação dentro da meta) eapenas um instrumento de

CARLOS ROBERTO DE CASTRO

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OPINIÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 2010 81

JOSÉ FIORAVANTIOPINIÃO

Brasil vive um momento de crescimento econômicomuito especial. Há projeções para expansão anualdo PIB, em 2010, de até 7,5%. Somente no primeirotrimestre deste ano, o resultado foi extraordinárioe alcançou 9%. O Brasil vem sendo apontado comoum país de economia próspera e atraente para

investidores internacionais.Em cada setor da atividade econômica do país, há

perspectivas de ampliação dos negócios e de novos inves-timentos. Contudo, apesar de todo o cenário favorável,ainda não está montado o “espetáculo do crescimento”,como espera o presidente Lula. Falta sustentabilidade.

Especialista em gestão logística, o professor francêsJacques Colin, da Université de La Méditerranée, pales-trante do mês de maio, do Ciclo de Conferências da Escolado Transporte da CNT, apontou a falta de investimentosem infraestrutura de transporte e a carência na formaçãode profissionais em logística como entraves ao desenvol-vimento efetivo da América Latina. Dura realidade quepode ser traduzida para o Brasil, com mais ou menosintensidade que os demais países.

Por enquanto, o que temos (se não for muito, tam-bém não é desalentador) é que o atual governo temmostrado boa vontade em mudar essa situação. Temospercebido por meio da Pesquisa CNT de Rodovias umaevolução na melhora da malha rodoviária, não o sufi-ciente, mas um indicativo de que o Brasil pode rompercom o atraso na infraestrutura de transporte.

A confirmar as impressões do professor Colin, estu-do recente da Fundação Dom Cabral indica que o aque-cimento econômico e a consequente decisão dasempresas em ampliar seus investimentos revelaram aindisponibilidade de profissionais especializados. Nosetor de transporte, 67% das empresas estão enfren-

tando problemas para contratar pessoal. Evidente queesta situação pode inviabilizar a sustentabilidade docrescimento econômico.

A CNT, por meio do Sest Senat, vem empenhandomuito dos seus esforços para a preparação de mão deobra para o setor transportador. O Sest Senat oferece,em suas quase 140 unidades distribuídas por todo o ter-ritório nacional, mais de 300 cursos, inclusive comatualização técnica para operação das modernas tec-nologias dos novos caminhões. A Escola do Transportemantém cursos voltados ao aperfeiçoamento profissio-nal de executivos e gestores de negócios de transporte.Cada vez mais, empresas têm encaminhado seus profis-sionais para atualização em nossa Escola.

Desta forma, se está efetivamente contribuindonão só para a preparação profissional de trabalhado-res e executivos das empresas transportadoras, masajudando a gerar empregos, renda e empregabilidade,sobretudo, em regiões onde a economia apresentacrescimento mais intenso, o empenho das entidadesfiliadas à CNT é intensificado de modo a preparar pes-soas para atender às demandas de mercado.

A necessidade de qualificação e especialização demão de obra não é problema exclusivo do setor transpor-tador, mas carência de uma economia cada vez mais com-petitiva e globalizada. Trata-se de questão que envolvetambém a indústria da construção e a siderurgia, a pro-dução de bens de consumo, o setor de serviços, entreoutros. Os transportadores desejam participação maiorde toda a sociedade e dos governos na preparação dosfuturos profissionais para que o país definitivamente seinsira no contexto internacional como a nação do futuro.

José Fioravanti é presidente em exercício da CNT

OCrescimento esustentabilidade

“A qualificação de mão de obra não é problema exclusivo dosetor, mas carência de uma economia cada vez mais globalizada”

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CNT TRANSPORTE ATUAL JUNHO 201082

PRÁTICOS

A revista CNT Transporte Atualestá de parabéns pela matéria"Profissão Habilidosa", publicada na edição nº 177. Alémde ter ficado muito boa, mostra claramente os prós e os contras que envolvem a profissão do prático; o pequenonúmero de empresas de praticagem no Brasil e o que isso representa no setor deexportação.

Débora BarbosaBelém/PA

AVIAÇÃO

Gostei muito da matéria"Mercado Crescente" da revistaCNT Transporte Atual (edição nº 177), que aborda a expansão da malha aérea regional. Com a oferta de voospara as cidades no interior dopaís, com certeza, os turistasbrasileiros e estrangeiros visitarão mais as nossas cidadeshistóricas e turísticas, além decontribuir com o desenvolvimentodo setor e da economia local.

Gabriel GomesRecife/PE

INSPEÇÃO VEICULAR

Está excelente a reportagem decapa da revista CNT TransporteAtual, nº 177. Realmente, após a

implantação do Programa deInspeção Veicular Ambiental os motoristas passaram a frequentar mais as oficinasmecânicas. A população e omeio ambiente agradecem tanto a obrigatoriedade da inspeção veicular no Brasil quanto as propostas de melhoria naslinhas de financiamentos para profissionais autônomos e de reciclagens dos caminhões antigos.

Marcos CoimbraItu/SP

COMJOVEM

Parabenizo a CNT TransporteAtual pela matéria "Juventude no comando". Com os eventos, o Comjovem mostra, claramente, que os nossosjovens gestores estão capacitados e interessados em unir ideias ousadas à experiência dos antigos empresários.

Marcos AntônioCuritiba/PR

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

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CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTE EM EXERCÍCIOJosé Fioravanti

PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio GulinTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiAntônio Pereira de SiqueiraTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay

Hernani Goulart Fortuna

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

DIRETORIA

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Jacob Barata Filho

José Augusto Pinheiro

Marcus Vinícius Gravina

Tarcísio Schettino Ribeiro

José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellAbrão Abdo IzaccFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJosé Nolar SchedlerMário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Paulo Brondani

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa

José Alexandrino Ferreira Neto

José Percides Rodrigues

Luiz Maldonado Marthos

Sandoval Geraldino dos Santos

Dirceu Efigenio Reis

Éder Dal’ Lago

André Luiz Costa

José da Fonseca Lopes

Claudinei Natal Pelegrini

Getúlio Vargas de Moura Braatz

Nilton Noel da Rocha

Neirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

José Carlos Ribeiro Gomes

Paulo Sergio de Mello Cotta

Marcelino José Lobato Nascimento

Ronaldo Mattos de Oliveira Lima

José Eduardo Lopes

Fernando Ferreira Becker

Pedro Henrique Garcia de Jesus

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Eclésio da Silva

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