revista cnt transporte atual-jul/2003

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A VEZ DA SOLIDARIEDADE C NT REVISTA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO VIII | NÚMERO 97 | JULHO 2003 A VEZ DA SOLIDARIEDADE NA AUSÊNCIA DO ESTADO, EMPRESAS PÕEM AÇÃO SOCIAL NA MESA DE TRABALHO

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É importante que a discussão das relações trabalhistas fique exatamente no âmbito das partes diretamente ligadas a ela e que o aparato estatal fiscalize essa relação.

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Page 1: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

AVEZDA

SOLIDARIEDADE

CNTREVIS

TA

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO VIII | NÚMERO 97 | JULHO 2003

AVEZDA

SOLIDARIEDADENA AUSÊNCIA DO ESTADO, EMPRESAS PÕEM AÇÃO SOCIAL NA MESA DE TRABALHO

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Page 4: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

PRESIDENTEClésio Soares de Andrade

PRESIDENTE DE HONRAThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Benedicto Dario FerrazSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOSEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho e Ilso Pedro MentaSEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti e Antônio Pereira de SiqueiraSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes e Mariano CostaSEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Renato Cézar Ferreira Bittencourt e Cláudio Roberto Fernandes Decourt SEÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira e Nélio Celso Carneiro TavaresSEÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO

Wolner José Pereira de Aguiar (vice-presidente no exercício da presidência)

CONSELHO FISCALTITULARES Waldemar Araújo, David Lopes de Oliveira, Éder Dal’Lago e René Adão Alves PintoSUPLENTES Getúlio Vargas de Moura Braatz, Robert Cyrill Higgin e José Hélio Fernandes

DIRETORIA

SEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Denisar de Almeida Arneiro, Eduardo FerreiraRebuzzi, Francisco Pelucio, Irani Bertolini, Jésu Ignácio de Araújo, Jorge Marques Trilha,Oswaldo Dias de Castro, Romeu Natal Panzan,Romeu Nerci Luft, Tânia Drumond, Augusto Dalçoquio Neto, Valmor Weiss, Paulo Vicente Caleffi e José Hélio Fernandes;

SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Aylmer Chieppe, Alfredo José Bezerra Leite, Narciso Gonçalves dos Santos, José Augusto Pinheiro, Marcus Vinícius Gravina, Oscar Conte,Tarcísio Schettino Ribeiro, Marco Antônio Gulin,Eudo Laranjeiras Costa, Antônio Carlos Melgaço Knitell, Abrão Abdo Izacc, João de Campos Palma, Francisco Saldanha Bezerra e Jerson Antonio Picoli

SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa, José Alexandrino Ferreira Neto, José Percides Rodrigues, Luiz Maldonado Marthos, Sandoval Geraldino dos Santos, José Veronez, Waldemar Stimamilio, André Luiz Costa, Armando Brocco, Heraldo GomesAndrade, Claudinei Natal Pelegrini, Getúlio Vargasde Moura Braatz, Celso Fernandes Neto e NeirmanMoreira da Silva

SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Cláudio Roberto Fernandes Decourt, Glen GordonFindlay, Luiz Rebelo Neto, Moacyr Bonelli, AlcyHagge Cavalcante, Carlos Affonso Cerveira,Marcelino José Lobato Nascimento, MaurícioMöckel Pascoal, Milton Ferreira Tito, Sílvio VascoCampos Jorge, Cláudio Martins Marote, JorgeLeônidas Melo Pinho, Ronaldo Mattos de OliveiraLima e Bruno Bastos Lima Rocha

CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo, Bernardino Rios Pim, Etevaldo Dias, Márcio Tadeu dos Santos, Maria Tereza Pantoja e Vanêssa Palhares

REDAÇÃOEDITOR RESPONSÁVEL

Almerindo Camilo (MG2709JP)EDITORES EXECUTIVOS

Ricardo Ballarine e Antonio Seara (Arte)REPÓRTERES

Eulene Hemétrio, Fábia Prates, Mônica D’AngeloBraga, Rodrigo Rievers, Rogério Maurício e WagnerSeixas (especial)FOTOGRAFIA

Paulo Fonseca, Agências Estado e Futura PressINFOGRAFIA

Agência GraffoDIAGRAMAÇÃO E PAGINAÇÃO

Antonio Dias e Wanderson F. Dias

PRODUÇÃO

Rafael Melgaço AlvimJúnia Letícia AugustoENDEREÇO

Rua Monteiro Lobato, 123/101 CEP 31.310-530 Belo Horizonte MGTELEFONES

(31) 3498-2931 e (31) 3498-3694 (Fax) E-MAILS

[email protected]@uol.com.brNA INTERNET

www.cnt.org.brASSINATURA

0800 78 2891ATUALIZE SEU ENDEREÇO

[email protected]

Marcelo Fontana - (0xx11) [email protected]

Publicação mensal da CNT, registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob onúmero 053, editada sob responsabilidade da AC&S Comunicação.

IMPRESSÃO WEB Editora TIRAGEM 40.000 exemplares

CNT Confederação Nacional do Transporte

Revista CNT

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VIAGEM QUASETRANQUILAA Nova Dutra tem asfaltoem boas condições eserviços de qualidade,mas sofre com roubos deplacas. E o motorista seassusta com o pedágio

Page 5: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

CNTREVIS

TA

CIDE AINDA GERA POLÊMICA 36

ALEXANDRE GARCIA 43

PESQUISA RODOVIÁRIA 2003 54

CRISE NO PORTO DE NATAL 56

SEST/SENAT 58

NEGÓCIOS 60

RESPEITO SOCIALCada vez mais empresasaderem ao chamado projetode responsabilidade social.Leia reportagem especialque detalha os trabalhosrealizados nesse setor e osbenefícios gerados a todosos envolvidos

8

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PAIXÃO FERROVIÁRIAAficcionados pormodelos que reproduzemlocomotivas revelam oshábitos desse hobbyque tem fábrica no Brasil,encontro nacional euma sociedade decolecionadores

PACÍFICO À VISTABrasil negociainvestimentos naregião Norte e noPeru para finalizar aestrada que irá ligaro país ao oceano.Integração é a palavrade ordem

ANO VIII | NÚMERO 97 | JULHO 2003

CAPA PAULO FONSECA

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APLICAR ANUNCIO “CNT INSTITUC” - ANÚNCIO 2003

Page 7: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

Em pre sá rios e cen trais sin di cais de ramum im por tan te pas so, no fi nal do mêspas sa do, ao se reu ni rem para dis cu tir te -mas im por tan tes para o se tor pro du ti vo

bra si lei ro e que fa rão par te do Fó rum Na cio nal doTra ba lho, a ser cria do pelo Go ver no ain da este ano,numa ini cia ti va dos pre si den tes das Con fe de ra çõespron ta men te acei ta pe los pe las cen trais sin di cais.

A ini cia ti va é das mais im por tan tes, mar co nare la ção ca pi tal-tra ba lho no País. Tra ta-se da cria çãode fó rum di re to e in de pen den te de con ver sa ção.

En tre os con sen sos já es ta be le ci dos está a ne -ces si da de de cria ção de cri té rios para ofi cia li zar are pre sen ta ti vi da de dos sin di ca tos. Para isto de vemser cria das câ ma ras de tra ba lha do res e câ ma ras deem pre sá rios que le gi ti ma riam as re pre sen ta ções eas or ga ni za ções sin di cais, de modo a re vi go rar efor ta le cer as suas po si ções em fu tu ras ne go cia -ções. É im por tan te que a dis cus são das re la çõestra ba lhis tas fi que exa ta men te no âm bi to das par tesdi re ta men te li ga das a ela e que o apa ra to es ta tal fis -ca li ze essa re la ção, mas as dis cus sões nes se âm bi -to de vem fi car para em pre sá rios e tra ba lha do res.

Ou tro con sen so é a ur gên cia da mo der ni za çãoda CLT de for ma a criar me ca nis mos mais atuais deem pre ga bi li da de no País. Nin guém nega a im por -tân cia que a CLT teve na vida pro du ti va bra si lei ra,es pe cial men te na ga ran tia dos di rei tos dos tra ba -lha do res, mas o mun do mu dou dras ti ca men te nasúl ti mas dé ca das, tor nan do a car ta tra ba lhis ta, senão ob so le ta, ao me nos em parte ul tra pas sa da.

Por tan to, é pre ci so mudá-la, ade quan do-aaos no vos tem pos. Em pre sá rios e tra ba lha do ressa bem que ape nas a mo der ni za ção da le gis la -

ção tra ba lhis ta não vai pro por cio nar um ce ná riome lhor de em pre ga bi li da de no País.

Aliás, ge ra ção de em pre go é um dos gran desnós do de sen vol vi men to na cio nal, pois mi lhões dejo vens são lan ça dos no mer ca do de tra ba lho anual -men te, sem que esse mer ca do pos sa lhes dar umares pos ta sa tis fa tó ria. Daí dis tor ções como a que seviu no iní cio des te mês de ju lho, quan do pro fis sio -nais al ta men te qua li fi ca dos - in clu si ve com pós-gra -dua ção - dis pu ta ram uma vaga num con cur so pú -bli co para gari no Es ta do do Rio de Ja nei ro.

Cla ro que a sim ples mu dan ça na CLT não serásu fi cien te para ge rar e ga ran tir mi lhões de em pre -gos. Será pre ci so en con trar ou tras so lu ções, quees tão sen do bus ca das nes ses en con tros.

O País já che gou a um grau de ma tu ri da de ede mo der ni da de que as fu tu ras que re las en trepa trões e em pre ga dos po dem, per fei ta men te, serdi ri mi das por eles mes mos. O con tra to co le ti vo eas no vas re la ções de tra ba lhos se rão as ques tõescen trais para as pró xi mas reu niões do gru po

Em pre sá rios e tra ba lha do res, sa be do res da im -por tân cia das re for mas que vêm por aí, não po de -riam fi car de fora, como não es tão fi can do.

Essa ati tu de deve de mo cra ti zar os de ba tes; asmu dan ças pro pos tas de ve rão ser mais trans pa ren -tes para a so cie da de e os avan ços, an sia dos peloPaís, de ve rão ser agi li za dos.

O en con tro foi uma de mons tra ção da ma tu ri da -de das re la ções en tre tra ba lha do res e em pre sá rios.Mais do que nun ca, ca pi tal e tra ba lho de vem an darjun tos, pro pon do so lu ções e rei vin di can do sua for -ça e re pre sen ta ti vi da de como prin ci pais ato res dosse to res pro du ti vos bra si lei ros.

É IM POR TAN TEQUE A DIS CUS SÃODAS RE LA ÇÕESTRA BA LHIS TASFI QUE EXA TA MEN TENO ÂM BI TODAS PAR TESI RE TA MEN TELI GA DAS A ELA EQUE O APA RA TOES TA TAL FIS CA LI ZEESSA RE LA ÇÃO

Capital e trabalho seunem pela empregabilidade

EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADEPRESIDENTE DA CNT

JULHO 2003 CNTREVISTA 7

Page 8: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

UMA JUSTA CONTRAPARTIDA INVESTIMENTO SOCIAL GANHA CONTORNOS DERESPONSA B

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

Page 9: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

NTRAPARTIDA BILIDADE NO PAÍS DOS IMPOSTOS POR WAGNER SEIXAS

Page 10: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

Q uan do a Nike foi des co ber ta na tor peex plo ra ção de mão-de-obra de tra ba -lha do res e crian ças asiá ti cas para apro du ção de ma te rial es por ti vo, a tor -

men ta da opi nião pú bli ca de sa bou so bre a em -pre sa. Por mui to pou co e às cus tas de uma bi -lio ná ria cam pa nha pu bli ci tá ria a fa bri can te detê nis não foi le va da à ban car ro ta. Em bo ra o casote nha sido tra ta do pela im pren sa in ter na cio nalhá mais de 10 anos, até hoje a Nike pur ga pelair res pon sa bi li da de so cial. Sua ima gem ain daestá vin cu la da a tra ba lho es cra vo e mui tos con -su mi do res se re cu sam a usar seus pro du tos.Uma nó doa in de lé vel, as sim como uma man chano ves ti do de noi va: nin guém re pa ra o bran co dotra je e ob ser va, ape nas, a mar ca des toan te. Oes cân da lo é uni ver sal men te ci ta do quan do oste mas so li da rie da de e de sem pe nho so cial dasem pre sas sur gem em ex po si ções so bre ge ren -cia men to mo der no. Sabe-se hoje - com nú me -ros e pes qui sas - que o efe ti vo en vol vi men to naqua li da de de vida dos fun cio ná rios, na de fe saam bien tal e na apli ca ção de in ves ti men tos so -ciais sig ni fi ca di vi den dos imen su rá veis.

Essa op ção so cial não se abri ga so men teno as pec to ins ti tu cio nal, ava liam es pe cia lis -tas. Os olhos do con su mi dor vão se tor nan domais agu ça dos para quem ado ta po lí ti cas so -ciais e es te ja, com pro va da men te, in te gra do àßco mu ni da de. Nos Es ta dos Uni dos, umapes qui sa rea li za da pela Cone Com mu ni ca -tions e Ro per Grou pe iden ti fi cou que 76%dos com pra do res pre fe rem mar cas, pro du tose pres ta do res de ser vi ço en vol vi dos com al -gum tipo de ação so cial, seja den tro da pró -pria em pre sa ou fora dela. No Bra sil esse ín -di ce ain da não é tão ele va do, mas dis se mi na-se a cada dia a vi são de “es co lher” o pra ti -can te da cha ma da “ci da da nia em pre sa rial”.Dado mais re cen te é o le van ta men to do In -ter na tio nal Fi nan ce Cor po ra tion (IFC). A rea -ção dos con su mi do res ain da é va riá vel, se -gun do a pes qui sa. Al guns bra si lei ros “cas ti -gam” (19% pela pes qui sa) e ou tros 24% fa -

ALGUNSBRASILEIROS“CASTIGAM”(19%) E OUTROS24% FAVORECEMAS EMPRESASCOM PERFORM-ANCE SOCIAL

EDUCAÇÃOIncentivo à escolaridadetem sido um dos alvosprincipais do apoio socialdas empresas

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

Page 11: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

vo re cem as em pre sas con for me a per for -man ce so cial. O res tan te, no en tan to, ig no ra.

Al gu mas em pre sas usam eti ca men te o mar -ke ting so cial, vin cu lan do sua mar ca a pro je toses pe cí fi cos. É o caso re cen te da mul ti na cio nalNes tlé. Ela ador na seus pro du tos e cam pa nhaspu bli ci tá rias com o selo do pro gra ma Fome Zero.Em con tra par ti da, a mul ti na cio nal doa ali men tospara o pro je to. O pró prio go ver no fe de ral es ti mu -la o uso da mar ca do Fome Zero, des de que es -te jam efe ti va men te co la bo ran do com o pro gra -ma. “É uma es tra té gia que con quis ta o con su -mi dor e ele va o con cei to da em pre sa jun to à po -pu la ção”, ava lia o pu bli ci tá rio Ro dri go Ze nó bio,di re tor da Ge raes Pu bli ci da de.

Se há al guns anos o pen sa men to so bre dis -pên dio com ati vi da des so ciais era co lo ca do naco lu na con tá bil das “per das” e ma ne ja do comodo na ti vos, hoje é tra ta do como um fun do de apli -ca ção que con tri bui para a con so li da ção do lu -cro e o re for ço de uma boa ima gem pú bli ca. “Ano ção de que a em pre sa tem por fi na li da de úni -ca o lu cro com base na 'ex plo ra ção' da mão-de-obra per ten ce aos pri mór dios de um ca pi ta lis mosel va gem e to tal men te ob so le to. Hoje, a em pre -sa que fun da men ta-se nes se con cei to será ra pi -da men te li qui da da pelo mer ca do. A Lei de Gér -son - a ob ses são em ti rar van ta gem -, foi abo li dae subs ti tuí da pela ci da da nia em pre sa rial. Aca -bou a es qui zo fre nia de o em preen de dor ser em -pre sá rio no tra ba lho e ci da dão fora dele”, des -cre ve o em pre sá rio Ro ber to Young, in te gran te daor ga ni za ção Pen sa men to Na cio nal das Ba sesEm pre sa riais (PNBE), cria da por em pre sá riospara guar ne cer os di rei tos do ci da dão e que es -ti mu la seus as so cia dos à rea li za ção de ope ra -ções so li dá rias jun to a co mu ni da de.

A in ter ven ção so cial das em pre sas de cor re,prin ci pal men te, de um fla gran te qua dro de im -po tên cia eco nô mi ca do Es ta do. Ape sar de o Bra -sil gas tar 21% do PIB na área so cial, boa par tedes se di nhei ro não al can ça seus ob je ti vos e geraenor mes ca rên cias nos se to res de edu ca ção,saú de e sa nea men to, além de uma in con tor ná -

JULHO 2003 CNTREVISTA 11

“ACABOU AESQUIZOFRENIA DEO EMPREENDEDORSER EMPRESÁRIONO TRABALHO ECIDADÃO FORA DELE”

EXEMPLOViviane Senna e criançasassistidas pelo institutoque leva o nome do irmão

PAULO

FONSE

CA/JORNAL O TEM

PO

DIVULGAÇÃO ASCOM/IAS

Page 12: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

vel de si gual da de. Como 12ª eco no mia do mun -do, ocu pa o de son ro so 64º lu gar no Índice deDe sen vol vi men to Hu ma no (IDH) da ONU. Jun -te-se a isso a uma glo ba li za ção eco nô mi ca queam plia o fos so en tre in cluí dos e ex cluí dos. Valeres sal tar que mais de 40% do PIB é for ma do porcar ga tri bu tá ria, nú me ro que deixa o Bra sil empri mei ro no ran king mun dial de im pos tos.

Para o pre si den te do Ins ti tu to Ethos, prin ci paldi fu sor da res pon sa bi li da de so cial jun to ao uni ver -so em pre sa rial, Oded Gra jew, “a so cie da de bra si -lei ra es pe ra que as em pre sas cum pram um novopa pel no pro ces so de de sen vol vi men to, se jamagen tes de uma nova cul tu ra, ato res de mu dan çaso cial e cons tru to res de uma so cie da de me lhor”.O re ca do en con tra res so nân cia em 59% das em -pre sas na cio nais que in ves tem de al gu ma for mapara ate nuar as ca rên cias da po pu la ção. O ins ti -tu to abri ga em pre sá rios que re pre sen tam 28% doPIB na cio nal e to dos eles es tão com pro mis sa doscom ações e cau sas so ciais.

Para Gra jew, hoje as ses sor es pe cial da Pre si -dên cia da Re pú bli ca, “agir de for ma éti ca, ba -sea da em prin cí pios e va lo res pes soais é a de fi -ni ção da res pon sa bi li da de so cial”. É um pon tode vis ta qua se mes siâ ni co e se en cai xa no adá -gio 'faça o bem sem olhar a quem'. Na opi niãodo em pre sá rio, o novo mo de lo de par ce ria so cialvem subs ti tuin do a an ti ga fi lan tro pia exer ci da nopas sa do pe las or ga ni za ções.

Se gun do le van ta men to do Ins ti tu to dePes qui sa Eco nô mi ca Apli ca da (Ipea), asações so ciais pa tro ci na das pe las em pre sasequi va lem a 0,43% do PIB, im pli can do re -cur sos aci ma dos US$ 3,5 bi lhões/ano.Dada as di men sões do Bra sil e às enor mesca rên cias da po pu la ção, es ses re cur sos sãodi luí dos em todo o ter ri tó rio e for mam umaqua se in vi sí vel teia de so li da rie da de. Sua vi -si bi li da de, po rém, tor na-se cla ra e abran -gen te para mi lha res de co mu ni da des ca ren -tes como a de Fu nil, na zona ru ral de Ala -goas, onde a Pas to ral da Crian ça de ZildaArns, li ga da à Igre ja Ca tó li ca e in di ca da pelo

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

Page 13: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

go ver no bra si lei ro para o Prê mio No bel daPaz, aten de crian ças em alto ris co.

Su por ta da por em pre sas-par cei ras e doa çõesde fiéis, a pas to ral tem um exér ci to de vo lun tá rios(cal cu la-se em 70 mil pes soas) e sua atua ção au -xi lia no des mon te de tra gé dias pro vo ca das pelami sé ria. Onde con se gue agir, o ín di ce de mor ta li -da de de crianças com menos de um ano de ida -de des pen ca para 18 óbi tos por mil nas ci men tos.Isso já ocor re em Fu nil, um oá sis dian te do ín di -ce es tar re ce dor em ou tras re giões ala goa nas: 85mor tes por mil, uma das maio res do mun do.

Di nhei ro so zi nho não re sol ve o pro ble ma dafalta de ali men tos. Os re cur sos de vem ter o acom -pa nha men to da cria ti vi da de e das ob ser va çõescul tu rais da re gião as sis ti da. Jun tos for mam o eli -xir da vida no com ba te à des nu tri ção em Ala goas- o Es ta do com os pio res IDH do país - e em ou -tros mu ni cí pios do Nor te-Nor des te as sis ti dos poragen tes da pas to ral. Des sa jun ção sur giu uma mi -la gro sa mul ti mis tu ra de fa re lo de tri go, mi lho ouar roz, fo lha de ma ca xei ra, cas ca de ovos e se -men te que tem sal va do da mor te mi lha res decrian ças. A or ga ni za ção atua em 31 mil co mu ni -da des, ou seja, 58% dos mu ni cí pios bra si lei ros.

“SOMENTESOBREVIVERÃOAS EMPRESASQUE POSSUÍREMUMA ESTRATÉGIASIMILAR”

PELAS CRIANÇASTrabalho de Zilda Arnsem Alagoas salva vidas

KATIE M

ULLER

/GAZE

TA DO POVO

/FUTU

RA PRES

S

Page 14: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

14 CNTREVISTA JULHO 2003

Em Con ta gem (MG), uma ex pe riên cia se me -lhan te tem re for ça do o pra to de mui tas fa mí lias.Por ini cia ti va de co mer cian tes da Cea sa, é pro -du zi da a Vi ta so pa, um com ple xo ali men tar que éfei to com so bras de mer ca do rias. Elas são cri te -rio sa men te se le cio na das, pro ces sa das e adi cio -na das de nu trien tes. É um con cen tra do semqual quer tipo de con ser van te. É um pro je to debai xo cus to que aten de a mui tas fa mí lias. “Issoé uma po si ti va res pos ta às pa la vras do evan ge -lho: 'Dai-lhes vós mes mos de co mer'”, diz ocardeal arcebis po de Belo Ho ri zon te, dom Se ra -fim Fer nan des de Araú jo, no lan ça men to deuma car ti lha con vo can do a po pu la ção mi nei rapara o Mu ti rão Na cio nal para a Su pe ra ção daMi sé ria e da Fome, que visa tor nar o ali men toum di rei to de to dos.

De 1998 e 2000, téc ni cos doIns ti tu to de Pes qui sa Eco nô mi -ca Apli ca da (Ipea) pro mo ve ram

a mais com ple ta - e úni ca - pes qui saso bre o en vol vi men to das em pre sasem ações so ciais. Os nú me ros re ve lama ten dên cia de os em pre sá rios ado ta -rem esse tipo de po lí ti ca, seja por ra -zões pes soais e hu ma ni tá rias ou pores tra té gia do ne gó cio. A "Re vis taCNT" pu bli ca o re su mo do es tu do noqual fica evi den te o de se jo de a ini cia -ti va pri va da ser "ator" de um pro fun dopro ces so da trans for ma ção so cial. Apes qui sa é as si na da pela so ció lo gaAna Ma ria Me dei ros Pe lia no.

De acor do com o tra ba lho, 59% dasem pre sas com um ou mais em pre ga -

dos de cla ram rea li zar, em ca rá ter vo lun -tá rio, al gum tipo de ação so cial - em nú -me ros ab so lu tos, 462 mil con tri buem nocam po so cial seja atra vés de doa çõeseven tuais a pes soas ca ren tes ou a ins ti -tui ções que exe cu tam pro je tos, até a pro -mo ção e pa tro cí nio de gran des pro gra -mas. Esse uni ver so apli cou, em 2000,apro xi ma da men te R$ 4,7 bi lhões. Se omon tan te de re cur sos é ex pres si vo, ain dapode cres cer, pois equi va le a 0,4% doPIB da que le ano. Pode cres cer e pro va -vel men te cres ce rá na me di da em que39% das em pre sas de cla ram que pre ten -dem am pliar sua atua ção no fu tu ro pró xi -mo. A pes qui sa re ve la, ain da, que os be -ne fí cios fis cais pou co con tri buem para fi -nan ciar as ações so ciais: o uso dos in -

cen ti vos fi cou res tri to a ape nas 6% dasem pre sas. Esse re sul ta do con fir ma que oen vol vi men to so cial do se tor pri va doacon te ce sem o Es ta do.

A con sul ta mos tra ser ex pres si va apar ti ci pa ção das em pre sas de gran depor te - mais de 500 em pre ga dos - emati vi da des de ca rá ter so cial. As sim é que88% fi nan ciam pro je tos ou apóiamações em be ne fí cio da co mu ni da de. Nasmi cro e pe que nas em pre sas, a atua çãoal can ça 54% das em pre sas com um adez em pre ga dos e 69% das com 11 a100 tra ba lha do res.

No aten di men to às co mu ni da des sãope que nas as di fe ren ças em ter mos depar ti ci pa ção no cam po so cial das em -pre sas dos se to res de co mér cio, in dús -

PESQUISA REFLETE VONTADE DO EMPRESARIADO, QUE

FUTU

RA PRES

S

Page 15: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

O fra de do mi ni ca no e es cri tor Frei Beto, du -ran te se mi ná rio in ter na cio nal so bre as di men -sões éti cas do de sen vol vi men to, rea li za doneste mês de ju lho em Belo Ho ri zon te e pro mo -vi do pela Fe de ra ção das In dús trias do Es ta dode Mi nas Ge rais (Fiemg), o Ban co In te ra me ri -ca no de De sen vol vi men to (BID) e o go ver no mi -nei ro, vin cu lou o Fome Zero ao pas so ini cialpara se fa zer o país cres cer. Ao de fen der o pro -je to no even to que teve o pre si den te Luiz Iná cioLula da Sil va na aber tu ra, cu tu cou os crí ti cos.“Eles com cer te za ima gi na vam um enor mecom boio de car re tas, do Sul para o Nor des te,car re ga do de co mi da. Mas o pro ces so é bemmais con sis ten te. Hoje te mos mais de 400 em -pre sas par cei ras, to das as cen trais sin di cais dopaís e uma gran de quan ti da de de ONGs, en ti -da des de clas se e ou tros or ga nis mos.” O FreiBeto ga ran te que o en vol vi men to da ini cia ti vapri va da é um sus ten tá cu lo ao êxi to do pro je to.

Re cen te pes qui sa do Ipea mos tra que oem pre sá rio tem “sa tis fa ção pes soal” em aju -dar e es ban ja oti mis mo com nú me ros po si ti vosde seus ba lan ce tes. De al gu ma for ma, to dosque rem con tri buir para ame ni zar os efei tos de -cor ren tes de cri ses eco nô mi cas ou da po bre -za. O mau exem plo da Nike é tão te mi do quan -to de sas tres fi nan cei ros. A res pon sa bi li da deso cial tor nou-se uma ma nia em pre sa rial emtodo o pla ne ta. De pois das ino va ções ge ren -ciais oca sio na das pela reen ge nha ria, dow-si -zings, pro gra mas de qua li da de ou adep tos dasi ner gia, sur ge ago ra, com in ten so res pal do daso cie da de, a ci da da nia em pre sa rial.

Para João Su cu pi ra, eco no mis ta e pes qui -sa dor do Ins ti tu to Bra si lei ro de Aná li se Só cio-Eco nô mi ca (Iba se), os em pre sá rios já per ce be -ram que boas prá ti cas em re la ção a seus co la -bo ra do res di re tos (em pre ga dos, for ne ce do rese con su mi do res), o cui da do am bien tal e açõesso ciais im pli cam “me lho ria da ima gem, au -men to de fi de li da de do con su mi dor e de pro -du ti vi da de dos fun cio ná rios, além de atrair no -vos in ves ti men tos”. O Iba se tor nou-se uma en -

O lan ça men to do Fome Zero co lo cou na or -dem do dia a ques tão da res pon sa bi li da de so -cial. Ga nhou o colo da mí dia e ge rou uma mo -bi li za ção na cio nal. E, quan do Gi se le Bünd -chen doou seu ca chê - um che que de R$ 170mil - para o pro je to, ins ta lou-se no país umacor ri da de sen frea da de so li da rie da de. Po rém,no iní cio dos anos 90, mui to an tes de a mo de -lo ser pro ta go nis ta de um ato al truís ta, cen te -nas de em pre sas já ado ta vam uma es tra té gianes se sen ti do e apli ca vam par te de seus lu -cros, a fun do per di do, em edu ca ção, saú de,cul tu ra e meio am bien te, seja jun to a seus fun -cio ná rios ou nas co mu ni da des. Para o es pe -cia lis ta em Re la ções do Tra ba lho, José LuizRic ca, “so men te so bre vi ve rão as em pre sasque pos suí rem uma es tra té gia si mi lar”.

ONG CONTRA A FOMELula e dona Marisalançam a ONG “Apoio Fome Zero”

tria e ser vi ços: 61%, 60% e 58%,res pec ti va men te, de cla ram rea li zaral gum tipo de ação so cial para o pú -bli co ex ter no. Já os se to res da agri -cul tu ra e da cons tru ção ci vil apre -sen tam ní veis de par ti ci pa ção umpou co mais mo des tos: 45% e 35%,res pec ti va men te.

Par ce ria e edu ca çãoA par ce ria de em pre sá rios pos si bi -

li ta o aten di men to a 1 mi lhão decrian ças. Essa é a mar ca que registrao Ins ti tu to Ayr ton Sen na (IAS), fun da -ção cria da pela irmã do pi lo to mor toem 1994. Pre si di da por Vi via ne Sen -na, a en ti da de apli cou no ano pas sa -do R$ 19 mi lhões em cen te nas de

pro je tos, com re cur sos ori gi ná riosdos ne gó cios da fa mí lia e da par ce riacom em pre sas como a Fiat. A mar caSen na, imor ta li za da por se gui do resem todo o mun do, é a for ça fi nan cei -ra do IAS.

Para Vi via ne, a tá bua de sal va çãoestá na edu ca ção. "Só as sim po de moscons truir um país me nos som brio, maislu mi no so. Não exis te vio lên cia maior doque o im pe di men to de ser o que nas ce -mos para ser." O IAS é re fe rên cia naárea edu ca cio nal. Seus téc ni cos e co la -bo ra do res for ma ram um la bo ra tó rio detec no lo gias so ciais. "Es ta mos aju dan doa com ba ter o maior ini mi go da edu ca -ção pú bli ca. A re pe tên cia ex ter mi na ofu tu ro das crian ças do Bra sil", ex pli ca.

ASSUMEPAPEL DO ESTADO

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

“EMPRESASPREOCUPADASCOM O LADOSOCIAL TÊMBAIXO RISCOFINANCEIRO”

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ti da de que em pres ta seu aval para as em pre -sas que di vul gam seus ba lan ços so ciais. “Lan -ça mos o pro je to em 1997. Hoje, de ze nas deem pre sas que re pre sen tam 10% do PIB na -cio nal e mo vi men tam mais de R$ 160 bi lhõeslan çam seus ba lan ços pelo Iba se.”

As si mi lan do a ten dên cia mun dial, 462 milem pre sas no Bra sil - en tre pe que nas, mé dias egran des -, se gun do pes qui sa do Ipea, des ti nampar te de seus di vi den dos para ocu par la cu nasdei xa das pelo Es ta do. Des se mo vi men to es pon -tâ neo nas cem as em pre sas ci da dãs, uma de -no mi na ção do Ins ti tu to Ethos e que ga nha im -por tan te sta tus jun to aos em pre sá rios. De olhones se in di ca dor, mui tas de las mon tam ge rên -cias es pe cia li za das na exe cu ção de pro je tos so -ciais, como é o caso da Ford do Bra sil. A gi gan -te da in dús tria au to mo bi lís ti ca criou um de par -ta men to de Res pon sa bi li da de So cial com au to -no mia para ge rar e au xi liar pro gra mas nasáreas de edu ca ção, saú de e meio am bien te.

Não se pode di fe ren ciar, pelo mon tan te dodi nhei ro apli ca do, o Bar do Sa lo mão, na zonasul de Belo Ho ri zon te, com sua cam pa nha dedo na ti vos para o Na tal das crian ças na fa ve lado Ca fe zal, com os mega-pla nos so ciais doBank Bos ton, da Fiat ou da Fun da ção Ro ber toMa ri nho. “São ações pro por cio nais e se equi -va lem no ob je ti vo fi nal”, diz a di re to ra exe cu ti -va da Fun da ção Ota cí lio Co ser, Ber na det te Co -ser de Orem. Para ela, “a res pon sa bi li da de so -cial é uma ati tu de es tra té gi ca e não ape nasuma pos tu ra le gal ou fi lan tró pi ca”.

A fi lan tro pia as sis ten cia lis ta, ge ral men tepro du zi da pe las mi cro e pe que nas em pre sas,cria uma sa tis fa ção pes soal em seus pro prie tá -rios. Eles con se guem ob ser var com mais cla re -za as me lho rias nas con di ções de vida da co -mu ni da de. Se gun do pes qui sa do Ipea, essetipo de en vol vi men to ocor re no co mér cio, com71% dos ca sos. As gran des em pre sas e o se -tor de ser vi ços têm uma ob ser va ção ma cro e

PARTICIPAÇÃOEsposas de funcionáriosparticipam de reunião em empresa no Paraná

DIVULGAÇÃO

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

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A MULTIMISTURATEM SALVADO DAMORTE MILHARESDE CRIANÇAS EMALAGOAS

te cor re to de as sis ti dos, mas es ti ma-se que pelome nos 1/3 da po pu la ção ca ren te seja be ne fi cia -da por pro gra mas ex clu si va men te pri va dos. Esseín di ce cres ce se fo rem con si de ra das as par cei -ras com o po der pú bli co, como o en vol vimentodas com pa nhias te le fô ni cas, em pre sas de in for -má ti ca e o go ver no atra vés da in ser ção de jo vensno mun do di gi tal.

Exis te uma con tra par ti da po si ti va para essetipo de en vol vi men to. Já se pode me dir, atra vésdas bol sas de va lo res, o va lor agre ga do queoca sio na ram as ações so ciais. Dois exem plosen fa ti zam o êxi to das em pre sas que op ta ram (eain da op tam) pela par ti ci pa ção co mu ni tá ria:en tre ja nei ro de 1994 e ju nho de 2002, o DowJo nes Sus tai na ble Glo bal In dex (ín di ce quemede o de sem pe nho das ações das em pre sascom preo cu pa ção so cial na Bol sa de NovaYork) teve va lo ri za ção anual de 2,6% aci ma doDow Jo nes. No Bra sil, o fe nô me no tam bémocor reu. No ano pas sa do, a que da de 17% doÍndice Bo ves pa con fron tou-se com a ren ta bi li -da de de 1,6% do ABN-Amro Ethi cal Fund,fun do de ações que reú ne as em pre sas comres pon sa bi li da de so cial e am bien tal. Luiz Ri -bei ro, ad mi nis tra dor des se fun do, ex pli ca queos re sul ta dos evi den ciam que “as em pre saspreo cu pa das com o lado so cial pos suem vi sãode lon go pra zo e têm bai xo ris co fi nan cei ro por -que o ní vel de en di vi da men to é me nor”. l

acre di tam no im pac to de suas ações na qua li -da de de vida dos ci da dãos.

Em 2000, a ini cia ti va pri va da bra si lei ra apli -cou US$ 3,5 bi lhões em ações so ciais, o equi va -len te a 0,43% do PIB. No mes mo pe río do, osEs ta dos Uni dos gas ta ram US$ 10,860 bi lhõesou 0,11% do PIB. Se gun do a Bu si ness Co mu -nity Ser vi ces, em pre sa de con sul to ria em fi lan -tro pia da Ca li fór nia (EUA), em mé dia, as em pre -sas ame ri ca nas doam 1% de seus lu cros bru tospara pro je tos so ciais.

A ten dên cia no Bra sil é de cres ci men to napar ti ci pa ção em pre sa rial. Es ti ma-se que pelome nos US$ 4,2 bi lhões/ano de ve rão ser gas tosem 2004 para mi ni mi zar a im po tên cia ofi cial.Os mi nis té rios so ciais do go ver no fe de ral têmes ti ca do a mão para a pro mo ção de par ce riascom a ini cia ti va pri va da. O mi nis tro da Edu ca -ção, Cris tó vão Buar que, de cla rou ser im pos sí -vel aten der à enor me de man da edu ca cio nalsem o so cor ro dos em pre sá rios. “Par ce ria é asal va ção”, con fi den ciou Buar que a Vi via neSen na, pre si den te do Ins ti tu to Ayr ton Sen na,du ran te um en con tro em que o MEC deu avala um pro je to con du zi do pela en ti da de.

A pa la vra so li da rie da de pas sa a fi gu rar in de -lé vel no di cio ná rio do em pre sá rio. Tan ta dis po si -ção - seja fi nan cei ra ou vo lun ta rio sa - aju da a for -mar uma cor ren te so cial que am pa ra boa par tedos ex cluí dos. Não há um nú me ro ab so lu ta men -

REFERÊNCIAO Ethos de Oded Grajewpelo desenvolvimento

JÚNIO LAGO/FUTU

RA PRES

S

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D e pois de per cor rermais de 2.300 km,pro ce den te do in te riordo Pa ra ná, o ca mi -

nho nei ro Ge ral do “Pe zão” Aze -ve do da Sil va, 39, es ta cio na suacar re ta no Auto Pos to Nova Gra -na da, na BR-153, Km 673, emCa ri ri (TO). Se ria uma pa ra daes tra té gi ca e mo men tâ nea, vi -san do ape nas o abas te ci men todo veí cu lo e a de gus ta ção de umpra to tí pi co da re gião. Po rém, olo cal é mui to mais do que ummero pos to de ser vi ços. O lu garé um re fú gio para ali viar a pe sa -da ro ti na do vo lan te, pois abri gauma uni da de de aten di men to doSer vi ço So cial do Trans por te(Sest) e Ser vi ço Na cio nal deApren di za gem do Trans por te(Se nat), en ti da des ad mi nis tra -das pela Con fe de ra ção Na cio naldo Trans por te (CNT).

Pelo rá dio, Ge ral do con vo -ca e pro vo ca ou tros mo to ris taspara uma “par ti di nha” de tru -

co. Por al gu mas ho ras, “Pe -zão” di vi de com ou tros co le -gas mo men tos de re la xa men toe la zer, além de tro car in for -ma ções so bre os pon tos con -tur ba dos da ro do via. É ca paz,ain da, de ser sub me ti do a umcheck-up para ava liar suascon di ções fí si cas e emo cio -nais para con ti nuar sua rota.“Isso aqui é um oá sis. Emqual quer via gem pro cu ro mein for mar onde exis te um pos -to”, re co men da. O mo to ris ta,com 19 anos de es tra da, re -cor da-se do so cor ro emer gen -cial pres ta do por um den tis tada uni da de de Pas so Fun do(RS), na BR-285. “Uma dorde den te in su por tá vel meacom pa nhou por mais de 150km. Pen sei até em de sis tir depe gar uma car ga em Uru -guaia na. Po rém, o dou tor re -sol veu meu pro ble ma den tá rioe pude pros se guir a via gem.”

Nas uni da des, o tra ba lha dor

O OB JE TI VOÉ PRES TARSER VI ÇOS DEPRO MO ÇÃOSO CIAL E DEDE SEN VOL VI -MEN TO PARAO TRA BA -LHA DOR

DASESTRADASOÁSISNOCAOS

PARARELAXAR

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

FOTO

S DIVULG

AÇÃO

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ra cio nal de cor ren te da pres ta çãodi re ta de ser vi ços e da ce le bra -ção de con vê nios com en ti da despú bli cas ou pri va das, na cio naisou in ter na cio nais.

Par ce riaEm de zem bro do ano pas sa -

do, em Ita pe ce ri ca da Ser ra, oSe nat for mou 4.000 pes soas,ade quan do-as a uma nova qua -li fi ca ção pro fis sio nal. To dos osfor man dos fa zem par te de umenor me con tin gen te de de sem -pre ga dos que se ins cre ve ram noPro gra ma Fren tes do Tra ba lho,do go ver no de São Pau lo. Ins ti -ga do pelo go ver na dor Ge ral doAl ki min, o Se nat acei tou o de sa -fio de dar su por te lo gís ti co e ope -ra cio nal ao pro je to, cuja fi na li da -de é res ga tar tra ba lha do res emsi tua ção de de sem pre go. O pro -gra ma abran ge 39 mu ni cí piosque com põem a re gião me tro po -li ta na da ca pi tal pau lis ta. l

ENCONTROPostos são referência paratrabalhadoresdo transporte

COMUNIDADEUnidades têmlazer para a população dosmunicípios

A META ÉIDEN TI FI CARNE CES SI DA -DES PARAACELERARAS AÇÕES

e a sua fa mí lia dis põem de as -sis tên cia mé di ca, odon to ló gi cae of tal mo ló gi ca bá si ca, ati vi da -des de cul tu ra, la zer e es por te ede sen vol vi men to pro fis sio nalpor meio de cur sos pre sen ciaise ví deo au las. Nos dois pro gra -mas, o ob je ti vo é pres tar ser vi -ços de pro mo ção so cial e de de -sen vol vi men to pro fis sio nal aotra ba lha dor em trans por te ro do -viá rio, trans por ta dor au tô no mo(ca mi nho nei ro, ta xis ta) e seusde pen den tes.

O sis te ma Sest/Se nat tem pormeta iden ti fi car as ne ces si da desbá si cas e con cen trar es for çospara ace le rar seu aten di men to,be ne fi cian do o maior nú me ro detra ba lha do res. Es tas ati vi da descom ca rac te rís ti cas so ciais sósão exe qüí veis gra ças à con tri -bui ção com pul só ria das em pre -sas de trans por te ro do viá rio e dotrans por ta dor au tô no mo. Po demtam bém con tar com re cei ta ope -

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T rans por ta do res de car gaou de pas sa gei ros emtodo o país aju dam acom por, de for ma subs-

tan cial e efe ti va, o uni ver so das462 mil em pre sas que ado tam apo lí ti ca so cial em seus ne gó cios.Além da ca pa ci ta ção pro fis sio nalde seus em pre ga dos tam bématuam di re ta men te na me lho riada qua li da de de vida das co mu ni -da des e pa tro ci nam em preen di -men tos de ter cei ros, vol ta dos es -pe cial men te para a edu ca ção esaú de. Na ava lia ção de em pre sá -rios e lí de res clas sis tas, a ade são apro gra mas so ciais tem con tri buí -do para re for çar o bom re la cio na -men to com a po pu la ção.

Em Ame ri ca na (SP), a TATrans por tes de Car gas in se riu-sede for ma con sis ten te na co mu ni -da de. Criou um co mi tê de Éti ca eRes pon sa bi li da de So cial, cujamis são é pro mo ver ações di re cio -na das para o fu tu ro pro mis sor daso cie da de, es ti mu lan do vo lun tá -rios do Ter cei ro Se tor. Com o co -

bi ça do selo de "Em pre sa Ami gada Crian ça", con ce di do pelaAbrinq, a TA de sen vol ve pro je toscomo o "Brin can do com Qua li da -de" para en si nar con cei tos de ci -da da nia a crian ças de 7 a 10anos. Em 2001, 15 mil jo vens dees co las em ci da des onde a TAatua par ti ci pa ram do pro gra ma. Atrans por ta do ra tam bém im plan -tou um pla no de re cu pe ra ção dede pen den tes quí mi cos.

Mas a jóia da co roa da TA é aUni ver si da de do Trans por te, con -si de ra da por seus idea li za do res "ogran de veí cu lo de in te gra ção parapro fis sio nais do se tor de trans por -te e lo gís ti ca". Apon ta da como re -fe rên cia pelo Mi nis té rio da Edu ca -ção, o tra ba lho de sen vol vi do pelaUT uti li za a ex pe riên cia dos 60anos da trans por ta do ra, as simcomo a co la bo ra ção de for ne ce -do res, clien tes e par cei ros, di re ta ein di re ta men te, com a sua atua çãono se tor. Os alu nos re ce bem, alémde trei na men to, in for ma ções refe-ren tes a todo o mer ca do de trans -

por te e lo gís ti ca que con tri bui rãopara a for ma ção pro fis sio nal e hu -ma na.

Com in ves ti men tos em re ci cla -gens, apri mo ra men to pro fis sio nalde seus co la bo ra do res di re tos ein di re tos, e en vol vi men to em di -ver sos pro je tos so ciais (um de lesde as sis tên cia a 170 me no res), oEx pres so Jun diaí foi es ti mu la do aedi tar, em abril do ano pas sa do, oseu Ba lan ço So cial. A in ten ção dogru po era re ve lar a preo cu pa çãoda em pre sa em exer cer a res pon -sa bi li da de so cial e es ti mu lar ou-tras em pre sas a as su mir po si çõesse me lhan tes. En tre os pro gra mas

A ADESÃO APROGRAMASSOCIAISREFORÇAA RELAÇÃOCOM A POPULAÇÃO

EDUCAÇÃOEm Americana,a Universidadedo Transporte

CIDADÃO”VIRA“TRANSPORTE

REFERÊNCIA

ESPECIAL ESTADO PRIVADO

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JULHO 2003 CNTREVISTA 21

seus 1200 fun cio ná rios e de pen -den tes, a trans por ta do ra ain daapli ca-se a ope ra ções co mu ni tá -rias, es pe cial men te nos se to res deedu ca ção, saú de e ci da da nia. Umdes ses pro je tos, pre mia do pelaPre fei tu ra de Pon ta Gros sa, é aatua ção men sal, na rede mu ni ci -pal de en si no, no tra ba lho de in -cen ti vo à re ci cla gem.

A VCG se im põe me tas am bi -cio sas como for mar to dos os seusfun cio ná rios no en si no mé dioden tro de qua tro anos, ou es ti mu -lar o en vol vi men to dos pais a par -ti ci par da edu ca ção dos seus fi -lhos. A em pre sa es ta be le ceu ocha ma do "pac to da saú de" noqual to das as suas fun cio ná rias emu lhe res dos em pre ga dos se jamins ti ga das a fa zer, anual men te, oexa me pre ven ti do do cân cer demama e gi ne co ló gi co.

As as so cia ções de clas se tam -bém não se omi tem quan do otema so cial lhes é im pos to pela so -cie da de e sur ge como de sa fio. EmVi tó ria (ES), a Fe de ra ção das Em -pre sas de Trans por te do Es pí ri toSan to (Fe trans por tes) de ci diu agirfren te ao nú me ro as sus ta dor de

aci den tes ro do viá rios. O pro ble madeu ori gem ao Co mi tê Trans vi da,gru po com pos to por re pre sen tan -tes de vá rias ins ti tui ções pú bli case pri va das, para ava liar e de sen -vol ver ações des ti na das à re du çãode aci den tes.

Em Cam pi nas (SP), o Sin di ca -to das Em pre sas de Trans por te deCar gas da ci da de fi nan cia o Lar daCrian ça Fe liz e par ti ci pa da cam -pa nha "Edu ca ção é o trans por tedo fu tu ro". Em Mi nas Ge rais, a Fe -de ra ção de Trans por ta do res deCar gas do Es ta do aju dou as ví ti -mas das en chen tes ocor ri das noiní cio do ano e, além da co le ta deali men tos e rou pas, mo bi li zou asas so cia das a en viar os do na ti vosàs áreas atin gi das.

No Rio de Ja nei ro, o Sin di ca todas Em pre sas de Trans por ta do rasde Car gas age no in te res se pú bli -co. Seus re pre sen tan tes têmcomo ro ti na os con ta tos pes soaiscom au to ri da des e exe cu ti vos daci da de para dis cu tir e pro je tar me -lho rias para a ci da de e sua po pu -la ção. O sin di ca to tam bém éatuan te em en ti da des como o Mo -vi men to Viva Rio. l

CUIDADOSAtendimentomédico para funcionários daCampos Gerais

para os mais de 1.200 co la bo ra -do res, des ta ca-se o cur so de in for -má ti ca, onde os alu nos re ce bem,gra tui ta men te, todo o ma te rial es -co lar. Por cau sa des sas ações, elafoi a pri mei ra em pre sa de lo gís ti cade trans por te a re ce ber o selo"Ami go da Crian ça", au tor ga dopela Abrinq, em 1997.

A atua ção da Via ção Cam posGe rais, em Pon ta Gros sa (PR) me -re ceu elo gios de ins ti tui ções com -pro me ti das com a res pon-sa bi li -da de so cial, como o Iba se e o Ins -ti tu to Ethos. A em pre sa tor nou-sere fe rên cia. Além de man ter umex ten so pro gra ma de as sis tên cia a

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22 CNTREVISTA JULHO 2003

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JULHO 2003 CNTREVISTA 23

“U m va gão em bom es ta dode con ser va ção vale atéR$ 100. É caro por que épara co le ção. Você com pra

e guar da na pra te lei ra. Mas eu com pro compra zer. Gos to das mi nhas mi nia tu ras e sou ca -paz de pas sar ho ras olhan do os mí ni mos de ta -lhes de cada peça.”

O re la to aci ma é do en ge nhei ro agrô no moe fer reo mo de lis ta Mar cel lo Tá la mo, 41 anos,um con fes so apai xo na do por lo co mo ti vas,trens, lo co mo ti vas e pe ças afins. Há 17 anos,Tá la mo é co le cio na dor e hoje já con ta bi li zaapro xi ma da men te 120 lo co mo ti vas e 400 va -gões. Res pon sá vel pela pá gi na da So cie da deBra si lei ra de Fer reo mo de lis mo (SBF) na In ter -net, en ti da de cria da em 1960, o en ge nhei ropau lis ta re sol veu di vul gar a his tó ria do fer reo -mo de lis mo ao per ce ber que os pra ti can tes do

hobby es ta vam dis per sos e não se en con tra -vam para fa lar so bre o as sun to, pois não sa -biam como achar ou tros in te res sa dos.

“Não se sa bia que há 30 anos já exis tiamfá bri cas es pe cia li za das, e eu acre di to que éim por tan te co nhe cer um pou co da his tó ria dequal quer hobby que se te nha.”

Fer reo mo de lis mo é o ramo do mo de lis moque pro cu ra re pro du zir em es ca la to dos os as -pec tos do mun do fer ro viá rio real, ou seja, nãosig ni fi ca ape nas a mera re pro du ção es tá ti cade equi pa men tos como lo co mo ti vas ou va -gões, mas, sim, todo o am bien te que cer cauma fer ro via de ver da de. Pá tios, es ta ções, ra -mais, des vios e até a ope ra ção fer ro viá ria, in -cluin do a for ma ção de com po si ções, ma no -bras, en ga tes e de sen ga tes, car gas e des car -gas, par ti das e che ga das de car gas e pas sa -gei ros. A re cons ti tui ção exe cu ta da nos mí ni -

FERREOMODELISMO

HOBBY

QUANDO0TREM

VIRAMANIACOLECIONADORES FORMAM LEGIÃO QUE

AJUDA A PRESERVAR A MEMÓRIA

POR MÔNICA D'ANGELO BRAGA

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mos de ta lhes é a es sên cia do fer -reo mo de lis mo. Para tan to, são uti -li za das di ver sas es ca las de re du -ção de acor do com as ap ti dões,dis po ni bi li da de de es pa ço e fi nan -cei ra do afic cio na do.

Tec no lo giaO sur gi men to do pri mei ro mo -

de lo em mi nia tu ra de uma lo co -mo ti va ou um va gão é in cer to.Sabe-se ape nas que os pri mei rostrens em mi nia tu ra fo ram cons truí -dos por re lo joei ros ale mães en tre1850 e 1856, uti li zan do me ca nis -mos de cor da.

Se gun do Tá la mo, não exis temmu seus de fer reo mo de lis mo, masa tec no lo gia ca pa ci tou a re pro du -ção per fei ta de to dos os itens dohobby. Para o en ge nhei ro, o fer -reo mo de lis mo per mi te que cadaum “re pro du za os seus gos tos, assuas lem bran ças, a sua iden ti da -de”. “A pes soa pas sa para o hob-by toda a in fluên cia que re ce beuao lon go da vida.”

Tá la mo se au to con si de ra umdos maio res co le cio na do res demi nia tu ras da an ti ga fá bri caAtma, que co me çou suas ati vi da -des na dé ca da de 50 e en cer rouem mea dos de 1980. Com pos ta

por mo de los ra ros, sua co le çãoabran ge lo co mo ti vas, va gões decar ga, de pas sa gei ro e es ta ções.Uma lo co mo ti va com qua tro va -gões da Atma cus ta em tor no deUS$ 700 (cer ca de R$ 2.100).“Eu pro cu ro, vou a fei ras, lei lõese ten to res ga tar os ma te riais des -sas fir mas mais an ti gas.”

A co le ção tam bém abri ga itensmo der nos e ar te sa nais. Uma lo co -mo ti va fei ta de la tão por um ar te -são foi com pra da “com mui to pra -zer” por R$ 1.500. Os mo de los im -por ta dos va riam en tre US$ 2.000a US$ 3.000 (R$ 6.000 e R$9.000). “Tem uma lo co mo ti va quees tou na mo ran do que cus ta US$700, mas se eu com prar mi nhamu lher me mata.”

Rea li da deTam bém afic cio na do, mas por

pe ças de ta ma nhos na tu rais. Oem pre sá rio Ralf Men nuc ci Gies -brecht , 51 anos, é um apai xo na -do pe las fer ro vias reais. A apro xi -ma ção co me çou quan do ele her -dou o ar qui vo do avô, cheio dedo cu men ta ção e fo tos das fer ro -vias bra si lei ras. “Sem pre gos teida ar qui te tu ra fer ro viá ria e co me -cei a fo to gra far.” Men nuc ci é res -

PERFEIÇÃODetalhes dasconstruções sãoreproduzidos

Aúnica fábrica de ferreomodelismo do Brasil fica emRibeirão Preto, interior de São Paulo. O empresárioCelso Frateschi, 60, é o proprietário da empresa

que leva seu nome. O hobby, que já dura 35 anos, viroutrabalho. "A paixão por trens passa de geração em ge-ração. A fábrica começou com meu pai e, hoje, meu filhode 25 anos já trabalha comigo", diz. Sucessora da Fábricade Brinquedos Frateschi, fundada em 1958, a atividadeteve apoio do pai, quando a produção de ferreomodelismocomeçou em 1967 em função da paixão de Celso.

Entre as características essenciais para a longevidadeda fábrica, o empresário destaca a parceria entre merca-do e fabricante, facilitada pelo envolvimento das duaspartes no hobby. A mola que aciona a Frateschi, segundoele, é patrocinar um alastramento do ferreomodelismo,viabilizando sua prática a qualquer interessado. "O ferreo-modelismo não deve ser privilégio de poucos iluminadosque detêm a verdade e a habilidade. Essas virtudes serãodesenvolvidas por todos com o passar do tempo. O hob-by precisa crescer para não morrer, e todos são convida-dos a praticá-lo", diz Frateschi.

Na opinião do empresário, o ferreomodelismo não éum hobby caro se comparado a outros tipos de modelis-mos. "É possível comprar um trem elétrico por R$ 160,enquanto um aero-modelismo sair por R$ 3.000."

A Frateschi exporta para a Europa, que, na visão dodono, é o que traz equilíbrio e sustenta a vida financeirada fábrica. Ele admite que trabalhar com um hobby é difí-cil, pois, durante as crises econômicas atravessadas pelopaís nos 36 anos de atuação no modelismo, o brasileirosempre precisa se desapegar dos exageros e confortos ese ater ao imprescindível. Sobra para o hobby. Ao mesmotempo, ele afirmou que trabalhar com o que mais ama émuito gratificante. "Eu me considero completamente feliz.O meu nível de estresse é zero."

“MEU NIVELDEESTRESSEÉ ZERO”

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26 CNTREVISTA JULHO 2003

pon sá vel por um site so bre otema e já es cre veu dois li vros. Se -gun do o em pre sá rio, as fer ro vias,que ti ve ram pa pel fun da men talpara o de sen vol vi men to do Bra silno sé cu lo 19, es tão aban do na -das. “Hoje, fal ta in te res se do go -ver no para cui dar. Não exis teuma po lí ti ca de pla ne ja men to.”

Me mó ria que o pre si den te doCon se lho De li be ra ti vo da SBF, Ri -car do Pin to da Ro cha, luta paracul ti var. Mo de lis ta e co le cio na dorde mi nia tu ras, sua li nha de hob-by está li ga da às fer ro vias na cio -nais do Sul e Su des te do Bra sil,em uma co le ção que to ta li za 50lo co mo ti vas e 260 va gões. A SBFpos sui um acer vo com mais de300 fi tas com te mas fer ro viá rios,en tre do cu men tá rios, fil mes defic ção, re por ta gens de TV, na cio -nais e es tran gei ros, e uma pe -que na bi blio te ca.

Se gun do Ro cha, a SBF temhoje apro xi ma da men te 150 só -cios ati vos, pa gan tes que fre -quen tam re gu lar men te a sede.Fun da da em 1960, a SBF fica nomo de ló dro mo do Ibi ra pue ra, tra -di cio nal pon to de en con tro de en -tu sias tas do gê ne ro. A so cie da depos sui duas ma que tes, uma emes ca la HO (1:87), a mais uti li za -da, e ou tra em N (1:160). Só po -dem ro dar os trens os as so cia dos,que pa gam uma men sa li da de R$20 para ma nu ten ção da ma que -te. A maior par te dos só cios é deco le cio na do res de trens.

Ou tra ati vi da de da SBF acon -te ce todo mês de fe ve rei ro,quan to a so cie da de or ga ni zauma mos tra fo to grá fi ca e um

“A PESSOAPASSA PARAO HOBBYTODA AINFLUÊNCIADA VIDA”

AMBIENTAÇÃOModelistas nãodeixam escapar ovisual do hobby

A ÚNICAAlguns aficiona-dos colecionampeças de trensverdadeiros

DIVULGAÇÃO

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JULHO 2003 CNTREVISTA 27

con cur so de mo de los no Me mo -rial do Imi gran te.

Mais do que um co le cio na -dor, Jú lio Ce zar de Pai va, 47, éum fa bri can te de pe ças e mo -de los. A ati vi da de é con si de ra -da como pro fis são des de 1974,mas a pai xão vem dos tem pos decrian ça. “Gos ta va de re cor tar ma -té rias so bre trens, mas só ti nhatren zi nho de pi lha. Que ria mais.”Há 29 anos fa bri can do di ver sos ti -pos de mo de lo, Pai va afir mou quehoje não tem mais tan tas pe ças

em sua co le ção, mas as 60 quereú ne são re pre sen ta ti vas.

Pro du zi dos a par tir do la tão, amaio ria das re pro du ções é das fer -ro vias pau lis tas, como a Com pa -nhia Pau lis ta de Es tra da de Fer ro ea So ro ca ba na. Os pre ços de umva gão va riam de R$ 100 a R$ 150e uma lo co mo ti va po der sair poraté R$ 1.200. O va lor alto tem umaex pli ca ção. “São to das de me tal eo tra ba lho é mui to ar te sa nal.”

O cus to para os ini cian tespode as sus tar. O ma te rial es tran -

gei ro che ga ao país com pre çosen tre R$ 200 e R$ 500 para lo co -mo ti vas e R$ 30 e R$ 100 parava gões. Já uma lo co mo ti va na cio -nal pode ser en con tra da por R$90 e um va gão por R$ 20.

Mas a pai xão fala mais alto, re -ga da a um bom en ten di men todo més ti co. A pri mei ra lo co mo ti -va, con ta Pai va, le vou um ano emeio para fi car pron ta. Hoje, elecon se gue pro du zir o mo de lo emme nos de um mês.

A pro du ção de fer reo mo de lis -mos dis pu ta o tem po de Pai vacom sua pro fis são de 25 anos, quetam bém está li ga da aos tri lhos. Eleé su per vi sor téc ni co do me trô deSão Pau lo. “Na ver da de, eu sem -pre quis ser ma qui nis ta e hoje eujá não co lo co tan to a mão na mas -sa. Po nho a mão na ges tão.”

O me tro viá rio e fer reo mo de -lis ta con ta que fez um acor docom a mu lher, um pou co di fe -ren te de seu co le ga Mar cel loTá la mo. “O va lor que eu gas tocom o fer reo mo de lis mo é o va -lor que ela pre ci sa eco no mi zarno or ça men to do més ti co, se -não a fa mí lia iria en trar em co -lap so”, brin ca.

Se gun do Pai va, sua mu lher su -por ta seu “hobby-pro fis são”. Paracom pen sar, ele afir ma que a idéiaé gas tar consigo o que ga nha fa bri -can do o hobby dos ou tros. Pai vacom pa ra o fer reo mo de lis mo auma aman te. “Atra pa lha e, comotoda pai xão, co me te ex ces sos.Cer ca de 80% do meu tem po li vreeu gas to com os trens.” Ele re ve laque fica ho ras em seu mun do par -ti cu lar no só tão de casa. l

“NÃO EXISTE POLÍTICA DEPLANEJA-MENTO DOGOVERNO”

EVENTO REÚNE FÃS EM RIBEIRÃO

O 7º En con tro de Fer reo mo de lis moor ga ni za do pela fá bri ca Fra tes chiirá acon te cer no dia 23 de agos to,

em Ri bei rão Pre to, sede da em pre sa. Sãoes pe ra dos co le cio na do res de todo o Bra -sil. Se gun do um dos or ga ni za do res, Cel soFra tes chi, este ano, o even to irá apre sen -tar al gu mas no vi da des como, por exem -plo, a clí ni ca de fer reo mo de lis mo. Seráum am bien te no qual um fer reo mo de lis taex pe rien te es ta rá pas san do seus co nhe ci -men tos aos pre sen tes in te res sa dos. Ocon vi da do de es tréia José Age nor, edi torde “Trens & Mo de lis mo”, que irá mos trar,pas so a pas so, como se faz a trans for ma -ção de um FHD Fra tes chi em um va gãofe cha do ro me no da RFFSA.

Age nor es ta rá, ao lon go do dia, fa -zen do essa trans for ma ção ao mes motem po em que ex pli ca rá de ta lhes so brecomo cor tar, ajus tar as pe ças, co lar, li -

xar e pin tar, exi bin do to das es sas eta pasnum dis play.

A no vi da de, ex pli cou o or ga ni za dor, temdois ob je ti vos: trans fe rir ex pe riên cia aos in te -res sa dos, vi san do ele var o ní vel de qua li da dedos tra ba lhos apre sen ta dos, e pro por cio nar ocon ta to di re to dos no va tos com os mais ex pe -rien tes, de for ma na tu ral e des con traí da.

Du ran te o even to, ha ve rá o lan ça men todos li vros “Lo co mo ti vas Ar ti cu la das - As Gi -gan tes da Era do Va por no Bra sil” e “Ca mi -nho Para San ta Ve ri dia na - As Fer ro vias emSan ta Cruz das Pal mei ras”.

A par tir des te en con tro, a Fra tes chies ta rá in tro du zin do uma nova ca te go riaden tro do con cur so de fer reo mo de lis mo.Tra ta-se de uma su ges tão para que osmo de lis tas pos sam con cor rer em umtema es pe cí fi co, su ge ri do pela fá bri ca.Para este ano, o tema será o car ro Pull -man do Trem “R” da Pau lis ta.

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28 CNTREVISTA JULHO 2003

S e de pen der dos ven tos fa vo rá veisque so pram do quen te e seco doPla nal to Cen tral bra si lei ro, da friaCor di lhei ra dos An des pe rua na e

da úmi da sel va ama zô ni ca bo li via na, a tãopro pa la da in te gra ção fí si ca, co mer cial ecul tu ral sul-ame ri ca na pode re ce ber sig ni fi -ca ti vo im pul so nes te ano. Há, atual men te,uma sé rie de ne go cia ções em cur so que,se con cre ti za das, po dem, no mé dio pra zo,fa zer com que a so nha da saí da do Bra silpara o ocea no Pa cí fi co dei xe fi nal men te aes fe ra dos pro je tos go ver na men tais e setrans for me em rea li da de.

Há pers pec ti vas de in te gra ção fí si ca en -tre o Bra sil e o Pa cí fi co por pelo me nos trêsro tas di fe ren tes, que li ga riam a re gião Nor -te do país aos vi zi nhos Peru, Bo lí via, Equa -dor, Chi le e Co lôm bia. Uma de las se ria pelaEs tra da do Pa cí fi co (BR-317) ou “Car re te raDel Pa cí fi co” como é cha ma da a ro do via nolado pe rua no. Con cluí da, ela per mi ti ria es -ta be le cer a co ne xão ro do viá ria do Acre aospor tos de Illo e Ma ta na ri, si tua dos ao sul daca pi tal Lima.

As ou tras duas al ter na ti vas te riam tre -chos de in ter mo da li da de en tre ro do vias ehi dro vias. O cha ma do Eixo Mul ti mo dal doAma zo nas pas sa por Bra sil, Co lôm bia,Equa dor e Peru. Une os por tos de Pai ta eBa yó var, no Pa cí fi co, aos por tos bra si lei rosde Be lém (PA) e Ma ca pá (AP). Se fi na li za -da, se ria a li ga ção de fi ni ti va en tre os ocea -nos Atlân ti co e Pa cí fi co.

A ter cei ra rota de in te gra ção, ba ti za da

RUMO AO PAMÉRICA DO SUL

INTEGRAÇÃO

GOVERNO FEDERAL E ACRE INVESTEM PARA ABRIR POR RODRIGO RIEVERS

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JULHO 2003 CNTREVISTA 29

de Eixo In ter-Oceâ ni co, unin do Bra sil, Bo lí -via, Peru, Pa ra guai e Chi le, fa ria a li ga çãoen tre o ter ri tó rio bra si lei ro e por tos pe rua -nos e chi le nos no Pa cí fi co.

En tre to das as ro tas de in te gra ção, a li -ga ção en tre Bra sil e Peru pela Es tra da doPa cí fi co é a que está em es tá gio mais avan -ça do. Já no fi nal do ano pas sa do, o go ver -no bra si lei ro con cluiu a pa vi men ta ção de110 qui lô me tros da ro do via. Ao todo, a viatem 418 km do lado bra si lei ro. Co me ça nadi vi sa do Es ta do do Ama zo nas com o Acree vai até o mu ni cí pio de As sis Bra sil (AC),si tua do na fron tei ra com o Peru.

Da ex ten são to tal no lado bra si lei ro, 347km es tão pa vi men ta dos. Este trecho vai doentroncamento da BR 364 até a divisa doEstado do Acre. Até o mo men to, as obrasde cons tru ção da BR-317 con su mi ram in -ves ti men tos de R$ 100 mi lhões - cer ca de85% des se mon tan te re fe ren te a re cur sosdo go ver no fe de ral e o res tan te apli ca dopelo go ver no do Acre.

A pa vi men ta ção des se tre cho será fei taain da este ano. A obra já foi li ci ta da e deveter iní cio nes te mês. Se gun do o Mi nis té riodos Trans por tes, se rão gas tos R$ 21,1 mi -lhões, re cur sos que já es ta vam pre vis tos noor ça men to de 2003.

In ter-oceâ ni caO pas so mais im por tan te para con cluir a

es tra da pode ser dado em 25 de agos to,quan do o pre si den te Luiz Iná cio Lula da Sil -va fará vi si ta ofi cial ao co le ga pe rua no, Ale -jan dro To le do. O mi nis tro das Re la ções Ex -te rio res, Cel so Amo rim, já adian tou que,en tre ou tros as sun tos, es ta rá na pau ta dedis cus são dos dois che fes de Es ta do a pos -si bi li da de de con cluir a li ga ção en tre Bra sile Peru, via Es tra da do Pa cí fi co.

Dois pon tos im por tan tes para con clu sãoda es tra da de vem ser abor da dos: a cons -tru ção da pon te so bre o rio Acre e, prin ci -

PACÍFICO PARA ABRIR CAMINHO ATÉ O OCEANO

MAQUETE DA PONTE SOBRE O RIO ACRE, NA DIVISA COM O PERU, ESTRATÉGICA PARA LIGAR OS OCEANOS

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30 CNTREVISTA JULHO 2003

“O BRASIL ESTÁCUMPRINDO ASUA PARTE E HÁINTENÇÃO DEMAIS FINANCIA-MENTOS”

pal men te, as pers pec ti vas de fi nan cia men -to para fi na li zar a cha ma da via “in ter-oceâ -ni ca”, na qual Bra sil e Peru têm in te res se.

A cons tru ção da pon te in ter na cio nal so -bre o rio Acre está pre vis ta para ser ini cia -da este ano. Com de 350 me tros de ex ten -são, a pon te vai li gar As sis Bra sil à ci da dede Inã pa ri, si tua da no lado pe rua no. Será oelo de fi ni ti vo en tre a BR-317 e a cha ma da“Car re te ra del Pa cí fi co”. O pro je to, ela bo ra -do pelo go ver no acrea no, foi en via do ao go -ver no fe de ral e in clui a pa vi men ta ção de3,2 km de aces sos do lado bra si lei ro e 2,2km do lado pe rua no, além da cons tru çãode pos tos al fan de gá rios.

“O pro je to já se en con tra em aná li se noDe par ta men to Na cio nal de In fra-Es tru tu rade Trans por tes (DNIT). Até ago ra está tudoden tro das con for mi da des e a cons tru çãoserá ini cia da ain da este ano”, con fir ma ocoor de na dor ge ral de pla ne ja men to e con -ces sões da se cre ta ria de Trans por tes Ter -res tres do Mi nis té rio dos Trans por tes, Ed -son Dias Gon çal ves. Se gun do ele, a pon teso bre o rio Acre deve re ce ber in ves ti men tosde R$ 25 mi lhões.

Os re cur sos se rão do go ver no fe de ral e doEs ta do. A obra é uma das prio ri da des do go -ver no Lula, que pla ne ja a in te gra ção da Amé -ri ca do Sul. “Va mos tra ba lhar para que essapon te seja con cluí da este ano por que ela éfun da men tal para o país che gar mais rá pi doao mer ca do do Orien te”, as si na la Gon çal ves.

Es tra té giaO se cre tá rio de Pla ne ja men to e De sen -

vol vi men to Sus ten tá vel do Acre e um dosre pre sen tan tes nas ne go cia ções com os go -ver nos bra si lei ro e pe rua no, Gil ber to Si quei -ra, diz que a con clu são da Es tra da do Pa cí -fi co co lo ca ria o Acre de fi ni ti va men te comorota es tra té gi ca para in te gra ção sul-ame ri -ca na, em es pe cial com o Peru e a Bo lí via.

Si quei ra acre di ta que a cons tru ção da

pon te so bre o rio Acre deve ser vir de es tí -mu lo para ace le rar a con clu são da ro do viano tre cho pe rua no, que tem um to tal de1.900 km se pas sar por Cuz co ou de 1.500km, caso não pas se pela ci da de cons truí dape los in cas. O go ver no pe rua no, por suavez, já de mons trou que tem in te res se emexe cu tar os dois tra ça dos.

“To dos os acor dos al fan de gá rios com o

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JULHO 2003 CNTREVISTA 31

AS OBRAS DECONSTRUÇÃODA BR-317CONSUMIRAMR$ 100 MILHÕES

Peru já fo ram fir ma dos e o pro je to da pon -te já está em aná li se pelo DNIT. O Bra silestá cum prin do a sua par te e há, in clu si ve,a in ten ção do go ver no bra si lei ro, via Ban coNa cio nal de De sen vol vi men to Eco nô mi co eSo cial (BNDES) e Mi nis té rio dos Trans por -tes, de apoiar fi nan cei ra men te o Peru nacon clu são da pa vi men ta ção de um tre chode 800 km”, afir ma o se cre tá rio.

O s pro je tos de in te gra ção via Es tra da doPa cí fi co e Ei xos Mul ti mo dal do Ama zo -nas e In ter-Oceâ ni co Bra sil, Bo lí via,

Peru, Pa ra guai e Chi le tam bém po dem re ce berfi nan cia men to da en ti da de In te gra ção da In fra-Es tru tu ra Re gio nal Sul-Ame ri ca na (IIR SA), cujapro pos ta é in cen ti var e via bi li zar for mas de in te -gra ção dos paí ses sul-ame ri ca nos.

O Con se lho de Di re ção da IIR SA se reu niu napri mei ra se ma na de ju lho, em Ca ra cas, paraana li sar fi nan cia men to para cons tru ção de es tra -das e ins ta la ção de ca bos de trans mis são deener gia e su por te às te le co mu ni ca ções.

O che fe da di vi são da Amé ri ca Me ri dio nal 2(DAM-2) do Mi nis té rio das Re la ções Ex te rio res,José Eduar do Fe lí cio, que re pre sen tou o Bra si nareu nião, diz que há con di ções para for ta le cer ain te gra ção dos paí ses da Amé ri ca do Sul. Se gun -do Fe lí cio, “o en con tro mar cou o fim da fase depla ne ja men to do IIR SA, cu jas ações de vem sees ten der até 2020, e deu iní cio à fase de exe cu -ção dos pro je tos e for ta le cer, de ma nei ra in te gra -da, a eco no mia dos paí ses sul-ame ri ca nos”.

Na fase de pla ne ja men to, de acor do com Fe -lí cio, fo ram gas tos US$ 1,5 bi lhão com es tu dos epro je tos re fe ren tes aos pro gra mas de in te gra ção.A maior par te foi fi nan cia da pela Cor po ra ção An -di na de Fo men to (CAF) e pelo BID. Após re tor -nar da reu nião da IIR SA, Fe lí cio tam bém de cla -rou que o pre si den te bra si lei ro “tem to tal in te res -se no pro gra ma de in te gra ção sul-ame ri ca no”. Oche fe do DAM-2 dis se ain da que Lula pre ten deadian tar par te das con ver sa ções com os lí de ressul-ame ri ca nos du ran te a via gem que fará aoPa ra guai, no pró xi mo dia 15 de agos to, para apos se do novo pre si den te, Ni ca nor Fru tos.

INTEGRAÇÃO CONSOMEUS$ 1,5BIEM ESTUDO

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PROJETO IRÁ FAVORECERO MERCOSUL

O s eixos de ligação entre Brasil epaíses ao Norte da América do Sulcomo Peru, Bolívia, Equador e

Venezuela, além do Chile, trarão benefíciosque vão além do intercâmbio comercial ecultural entre essas nações. Se concretiza-dos, podem favorecer o próprio Mercosul,formado por Brasil, Argentina, Uruguai eParaguai, cujo fortalecimento é uma dasprioridades do atual governo. A avaliação édo economista, especialista em transportese professor-substituto do mestrado emTransportes da Universidade de Brasília(UnB), Carlos Eduardo Tavares, para quema ligação do Brasil com o oceano Pacíficoservirá de integração dos países andinoscom o Mercosul.

“A integração física da América do Sul

terá reflexos diretos para o Mercosul, poisfacilitará a introdução de novos países nobloco, o que virá a fortalecê-lo. Com isso, ospaíses sul-americanos terão maior poder debarganha no que diz respeito às negoci-ações para entrada da América do Sul naAlca (Área de Livre Comércio das Améri-cas”, aponta o professor da UnB. A poten-cial integração sul-americana via corredorespara o Pacífico, segundo Tavares, represen-tará um aumento na competitividade dosprodutos brasileiros nos mercados orientais,principalmente na China e Rússia.

Por esses corredores poderiam serescoadas a produção brasileira de soja,minério de ferro e até mesmo carne para aRússia, China e Japão. O “Estudo de Corre-dores Bioceânicos”, realizado em 1996 pela

extinta Empresa Brasileira de Planejamentode Transportes (GEIPOT), mostra que, coma abertura dos corredores do Pacífico, ligan-do o Brasil aos portos peruanos e chilenos,diminuiria em até 4.000 milhas oceânicas otrajeto entre o país e os portos do oriente.

No estudo foram considerados como por-tos de embarque Santos, Paranaguá e RioGrande e, como alternativas, Illo e Matarani,no Peru; e Arica, Iquique e Valparaíso, noChile. As rotas operadas via Atlântico passampelo Canal do Panamá ou pelo Cabo da BoaEsperança, na África do Sul. Tomado comoponto de desembarque o porto japonês deYokohama, as distâncias dos portos brasileirosvariam de 11.500 a 13.000 milhas. Se os pro-dutos nacionais saírem pelo Peru ou Chile,essa distância cai para 8.700 milhas.

32 CNTREVISTA JULHO 2003

Fi nan cia men to que pode se tor nar rea -li da de nos dias 6 e 8 de agos to, quan dore pre sen tan tes dos go ver nos de to dos ospaí ses da Amé ri ca do Sul - ex ce to o Bra -sil - irão à sede do BNDES, no Rio de Ja -nei ro, apre sen tar pro je tos para plei tear fi -nan cia men tos jun to a or ga nis mos comoCor po ra ção An di na de Fo men to (CAF),Ban co In te ra me ri ca no de De sen vol vi -men to (BID), Fun do Fi nan cei ro de De -sen vol vi men to da Ba cia do Pra ta (Fon pla -ta) e ao pró prio BNDES.

Pro gra ma çãoJai me Sparks de Las Ca sas, pri mei ro se -

cre tá rio da Em bai xa da do Peru no Bra sil,diz que o pe di do de fi nan cia men to para pa -

FOTOS J.DIAZ/ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO GOV. ACRE

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JULHO 2003 CNTREVISTA 33

vi men tar pelo me nos par te dos 800 km da“Car re te ra Del Pa cí fi co” no lado pe rua nodeve cons tar da pau ta da reu nião com ostéc ni cos do BNDES. Mas res sal ta que apau ta a ser apre sen ta da no Rio ain da nãofoi con fir ma da pelo go ver no pe rua no.

Se gun do Las Casa, a obra de pa vi men ta çãodes se tre cho está or ça da em US$ 800 mi lhões.Des se mon tan te, ape nas US$ 13 mi lhões es tãopro gra ma dos no or ça men to do go ver no pe rua -no. Daí a di fi cul da de de con cluir o tre cho, jáque o va lor res tan te ain da não está con tem pla -do em pro gra mas de fi nan cia men to. “O cus todi fi cul ta a con clu são, que é de in te res se tan todo Peru quan to do Bra sil”, afir ma Las Ca sas.

O se cre tá rio pe rua no re co nhe ce que há apers pec ti va de o go ver no bra si lei ro fi nan ciarpar te das obras da Es tra da do Pa cí fi co nopaís vi zi nho. Diz tam bém que as li ga ções fei -tas pe los ou tros ei xos de in te gra ção tam bémpo dem en trar na pau ta. Mas res sal ta que apos si bi li da de maior é que par te dos re cur sosseja re pas sa da pelo BID e pela CAF. l

TRANSFORMAÇÃOA Estrada do Pacíficoantes e depois dasobras no Acre

Em 1991, a Estrada do Pacífico não passavade um esboço. Mas, desde aquela época, oprofessor Adailton de Sousa Galvão, doutor

em Gestão Ambiental pela Universidade de SãoPaulo e integrante do Departamento de Geografiada Universidade Federal do Acre, tem realizadopesquisas sobre os impactos ambientais que pode-riam ocorrer com a abertura da rodovia. Impactosque, segundo ele, ocorrem mais em função doadensamento populacional de uma região até entãodesabitada do que da construção da estrada.

A abertura da BR-317 provocou um adensa-mento populacional numa região que, até o inícioda década de 90, era habitada apenas por índios ecomunidades ribeirinhas. Vieram as queimadaspara abertura de pastagens e a exploração indis-criminada da madeira. “A estrada se transformounuma via de acesso mais fácil para madeireiros epecuaristas, que penetraram em uma faixa do ter-ritório do Acre sem que houvesse um planejamen-to”, assinala Galvão.

Além das queimadas e da exploração demadeiras, que tem impacto ambiental mais visível,o pisoteio do gado, segundo Galvão, tem causadoproblemas de compactação do solo na região cor-tada pela BR-317. “Isso provoca erosões que, emúltima análise, podem prejudicar inclusive a estra-da, causando erosões nas margens da rodovia.”

Segundo ele, deveria haver, por parte do gover-no acreano, uma política de educação ambientalvoltada para as populações que ocuparam a áreacortada pela BR-317, que estabeleceria um calen-dário de queimadas na região. “É preciso reordenaressa faixa do território, não só apenas para pre-servá-lo do ponto de vista ambiental, mas tambémcomo forma de manutenção da BR-317.”

PROJETO ANALISAIMPACTO AMBIENTAL

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34 CNTREVISTA JULHO 2003

APLICAR ANÚNCIO DO DIA DO MOTORISTA ESTA NO CD DA CNT

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JULHO 2003 CNTREVISTA 35

APLICAR ANÚNCIO DO DIA DO MOTORISTAESTÁ NO CD DA CNT

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ONOSSO DINHEIRO OS R$ 8 BI DA CIDE NÃO CHEGAM AO SETOR DE TRANSPORTE.

“CONTRIBUIÇÃO” O dinheiro arrecadado a cada tanque cheio ainda não apresentou soluções para os problemas que o seto

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JULHO 2003 CNTREVISTA 37

O que an tes era con si de ra da a so lu çãopara os pro ble mas de fal ta de in ves ti -men to no sis te ma de trans por te bra si -lei ro é hoje mo ti vo de uma enor me

dor de ca be ça para o se tor. Ao in vés de fi nan ciarobras de re cu pe ra ção e am plia ção da ma lha na -cio nal, a Con tri bui ção de In ter ven ção no Do mí -nio Eco nô mi co (Cide) está pro vo can do uma ba -ta lha de li mi na res, pro je tos de lei, de cre tos e umenig ma. De olho na for tu na ar re ca dada, os Es ta -dos já ga ran ti ram uma par ce la, ain da que nãoseja para cum prir a lei ori gi nal. Mas o que maisim pres sio na é que cer ca de R$ 3,4 bi lhões daar re ca da ção do ano pas sa do es tão com des ti nodes co nhe ci do. E dos R$ 8 bi lhões que de ve rãoser pa gos pelo con tri buin te em 2003, R$ 2,64bi lhões es tão com rumo in cer to.

Vale lem brar que a Cide é um im pos to co bra -do so bre a co mer cia li za ção e im por ta ção de gásna tu ral, ál cool etí li co com bus tí vel, pe tró leo eseus de ri va dos. E foi cria da com um in tui to,como diz o 1º pa rá gra fo do ar ti go 1º da Lei10.336, de 19 de de zem bro de 2001, san cio na -

da por Fer nan do Hen ri que Car do so: “O pro du to da ar re ca da ção da Cide será des -

ti na da, na for ma da lei or ça men tá ria, ao:I - pa ga men to de sub sí dios a pre ços ou trans -

por te de ál cool com bus tí vel, de gás na tu ral eseus de ri va dos e de de ri va dos de pe tró leo;

II - fi nan cia men to de pro je tos am bien tais re -la cio na dos com a in dús tria do pe tró leo e do gás;

III - fi nan cia men to de pro gra mas de in fra-es -tru tu ra de trans por tes”.

Fora esse pe que no Triân gu lo das Ber mu dasins ta la do no co fre da União, os mo ti vos de as sé -dio a essa jóia da car tei ra de tri bu tos do Bra silsão mui tos e va ria dos. De um lado, o go ver noquer ga ran tir o su pe rá vit pri má rio de 4,25%acer ta do com o Fun do Mo ne tá rio In ter na cio nal(FMI) até 2006 e os go ver na do res so nham emau men tar a ar re ca da ção dos Es ta dos. Pelo ladodos trans por ta do res, a in ten ção é que o im pos tocum pra seu ob je ti vo ini cial.

De acor do com in for ma ções que cir cu lam noCon gres so, cer ca de 5,5 bi lhões do to tal das re -cei tas pre vis tas com a ar re ca da ção da Cide em

HEIRO SUMIU PIOR, NEM O GOVERNO SABE ONDE A VERBA FOI APLICADA

INVESTIMENTOS

POLÍTICA PÚBLICA

POR EULENE HEMÉTRIO

r transportador enfrenta

PAULO

FONSE

CA

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38 CNTREVISTA JULHO 2003

2003 de vem ser des ti na das a in ver sões fi nan cei -ras, amor ti za ção da dí vi da e for ma ção de re ser -va de con tin gên cia. A di vi são do bolo, no en tan -to, tem ge ra do uma enor me po lê mi ca en tre ospar la men ta res, já que o Pro je to de Lei nº 6.770,de 2002, de fi nia que, pelo me nos, 75% dos re -cur sos ori gi ná rios da Cide de ve riam ser uti li za -dos para fi nan ciar pro gra mas de in fra-es tru tu rade trans por te.

FHC sur ge no va men te no ce ná rio e san cio na,em 30 de de zem bro de 2002, pe núl ti mo dia doseu man da to, a Lei nº 10.636, que des vin cu la are cei ta da Cide dos in ves ti men tos no se tor trans -por ta dor. Os re cur sos, a par tir de en tão, de ve -riam com por o Cai xa Único da União, com ocon sen ti men to da equi pe de tran si ção do novogo ver no, que viu no im pos to uma for ma de ga -ran tir re cur sos para a ad mi nis tra ção pú bli ca.

A jus ti fi ca ti va para o ato, se gun do o en tãopre si den te, era que o go ver no não po de ria com -pro me ter 75% dos re cur sos da Cide, uma vezque al guns pro gra mas, como o Au xí lio-Gás, jáes ta vam em an da men to. De acor do com FHC, ata ri fa vi nha subs ti tuir a Par ce la de Pre ço Es pe cí -fi co do Pe tró leo, uti li za da como ins tru men to depo lí ti ca ener gé ti ca da União para, in clu si ve,amor te cer as os ci la ções do pre ço dos de ri va dosde pe tró leo e das flu tua ções cam biais.

Para “que brar o ga lho” do trans por ta dor, pre -ju di ca do com o veto, o Con gres so Na cio nal as -se gu rou, em ju nho des te ano, atra vés da Lei deDi re tri zes Or ça men tá rias (LDO), a apli ca ção de30% dos re cur sos da Cide em pro gra mas de in -ves ti men tos em trans por tes, mas a par tir de2004. O acor do, que aten deu à pres são de par -ti dos como o PMDB, PFL, PSDB, PP e PPS, as -se gu ra cer ca de R$ 3 bi lhões para o se tor nopró xi mo ano.

Or ça men toPara o se na dor Leo mar Quin ta ni lha (PFL-

TO), que está ba ta lhan do pela vin cu la ção dosre cur sos da Cide ao trans por te, o mon tan te nãoé su fi cien te, mas já é um avan ço nas ne go cia -

ções. “Es pe ro que pos sa mos en con trar o equi lí -brio para aten der de man das da po pu la ção. Ose tor de trans por tes é vi tal na re to ma da da eco -no mia. Ao in ves tir nas mul ti mo da li da des, tam -bém se está in ves tin do na in dús tria, no tra ba lho,no tu ris mo e na saú de”, diz o se na dor.

Quin ta ni lha des ta ca que os prin ci pais me ca -nis mos que vin cu la vam os in ves ti men tos nos di -ver sos mo dais fo ram ve ta dos por FHC, es go tan -do a úni ca fon te de re cur sos per ma nen tes queda ria con di ção para man ter o fun cio na men to dose tor. “O con tri buin te paga o tri bu to, mas as es -tra das con ti nuam num es ta do de ab so lu ta pre -ca rie da de”, apon ta o se na dor.

“Ape sar de ser con si de ra da uma prio ri da defe de ral, o go ver no está re sis tin do na apli ca ção

R$ 3,4 BI DAARRECADAÇÃODE 2002 ESTÃOCOM DESTINODESCONHECIDO

ABANDONOSem a Cide, ferroviasficam à mercê do tempo

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in te gral dos re cur sos. Fi ca mos a nos ques tio narso bre os mo ti vos des sa ati tu de, pois a Cide já ti -nha am pa ro le gal e foi ve ta da com o con sen ti -men to da equi pe de tran si ção. Se há ne ces si da -de do di nhei ro para ou tros fins, que tam bém sebus quem ou tras fon tes.”

O se na dor acre di ta que o pro ble ma pode sercon se qüên cia de uma fal ta do foco po lí ti co. “Ogo ver no sabe da ne ces si da de de in ves tir na ma -lha e re co nhe ce sua res pon sa bi li da de. Es ta mos,no en tan to, per den do um pou co do pa tri mô niopú bli co na cio nal a cada dia.”

Se gun do o senador, pro je tos de en ge nha riaque fo ram fei tos para a cons tru ção das es tra das,há mais de 20 anos, pre viam um de ter mi na doflu xo de veí cu los, mas a ca pa ci da de de trans por -te de car ga evo luiu mui to. “Hoje, pas sa um ca -mi nhão de até 90 to ne la das numa es tra da pla -ne ja da para até 6 to ne la das. Por não te rem tra -ta men to de base e sub-base, as ro do vias não su -por tam a de man da.”

O par la men tar res sal tou, ain da, que há umagran de ne ces si da de de in ves tir em ou tros meiosde trans por te por que o mo dal ro do viá rio está so -bre car re ga do. “O Mi nis té rio dos Trans por tes lan -çou, re cen te men te, um pro je to de re vi ta li za ção

AE

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40 CNTREVISTA JULHO 2003

de fer ro vias, mas, para isso, é pre ci so que hajare cur sos”, ob ser va. O pla no ne ces si ta de R$ 5bi lhões para co lo car em fun cio na men to a redefer ro viá ria com ca pa ci da de to tal. Mas des se to talape nas R$ 1,3 bi lhão está ga ran ti do, e pela ini -cia ti va pri va da.

Trans fe rên ciaEm 2002, a ar re ca da ção da Cide gi rou em

tor no de R$ 7,5 bi lhões. Des se mon tan te, cer cade R$ 1,7 bi lhão foi des ti na do aos Es ta dos e aoDis tri to Fe de ral em de cor rên cia da trans fe rên ciade do mí nio de par te da ma lha ro do viá ria fe de ral,con for me dis pos to na me di da pro vi só ria 82. AMP es tan cou a ira dos en tão go ver na do res Ita -mar Fran co (MG) e José Or cí lio Mi ran da dos

San tos, o Zeca do PT (MS), que exi giam o res -sar ci men to do di nhei ro in ves ti do em ro do vias fe -de rais de le ga das, como for ma de re du zir o dé fi -cit dos Es ta dos e ga ran tir o 13º sa lá rio.

A saí da para evi tar que ou tros Es ta dos tam -bém en tras sem no jogo e exi gis sem o pa ga men -to das des pe sas - que po de riam che gar a R$ 10bi lhões em todo o Bra sil, se gun do es ti ma ti va doMi nis té rio da Fa zen da - foi ofe re cer R$ 130 milpor qui lô me tro trans fe ri do, des de que o Es ta dode sis tis se do res sar ci men to e, in clu si ve, dos pro -ces sos ju di ciais con tra a União. O re sul ta do foipo si ti vo, ape sar de al gu mas re sis tên cias, e con -se guiu aba far tem po ra ria men te o pro ble ma.

O mon tan te de trans fe rên cias, no en tan to,cor res pon deu a apro xi ma da men te 44% de tudo

HÁ UMANECESSIDADEDE INVESTIR EMOUTROS MODAISPORQUE ORODOVIÁRIO ESTÁSOBRECARREGADO

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o que foi gas to em trans por tes dos re cur sos daCide no ano pas sa do - cer ca de R$ 3,9 bi lhõesdos R$ 7,5 bi lhões ar re ca da dos. Para onde foi ores to do di nhei ro? Nin guém sabe. A re por ta gemda “Re vis ta CNT” pro cu rou in sis ten te men te res -pos tas no Mi nis té rio da Fa zen da, que não in for -mou os nú me ros ofi ciais dos re cur sos. O Mi nis -té rio dos Trans por tes, por sua vez, afir ma, pormeio de sua as ses so ria, não ter re ce bi do um tos -tão da re cei ta da Cide até o iní cio de ju lho.

Em 2003, es ti ma-se que ape nas R$ 360 mi -lhões te nham sido gas tos in di re ta men te nostrans por tes, sen do R$ 138 mi lhões apli ca dos nopro gra ma do Au xí lio-Gás, R$ 137 mi lhões des ti -na dos à amor ti za ção e en car gos de fi nan cia -men to da Dí vi da Con tra tual Ex ter na do De par ta -men to Na cio nal de In fra-Es tru tu ra do Trans por te(DNIT) e Com pa nhia Bra si lei ra de Trens Ur ba -nos (CBTU) e R$ 85 mi lhões gas tos com des pe -sas ad mi nis tra ti vas.

Trans por ta do resPara evi tar a co bran ça in de vi da da con tri bui -

ção, a Con fe de ra ção Na cio nal do Trans por te(CNT) en trou com uma Ação Di re ta de In cons ti -tu cio na li da de (Adin) ques tio nan do a ar re ca da -ção da Cide. De acor do com o di re tor-exe cu ti voda As so cia ção Na cio nal de Trans por tes de Car -gas (NTC), Al fre do Pe res da Sil va, o so nho de re -cria ção do sis te ma ge rou uma mo bi li za ção mui -to gran de da ca te go ria. “Tra ba lha mos para apro -var e re gu la men tar a Cide por que, pelo me nos,te ría mos ga ran tia de re tor no. Ago ra os trans por -ta do res es tão de si lu di dos e se sen tin do en ga na -dos”, la men ta Sil va.

Se gun do ele, a Adin foi a saí da en con tra dapelo se tor para ga ran tir a des ti na ção dos re cur -sos ou dei xar de co brar, efe ti va men te, o im pos -to. “Da for ma como está, pou cos pri vi le gia doses tão se apro vei tan do da si tua ção. O con su mi -dor está pa gan do e nem o go ver no está ven do odi nhei ro por que gran de par te da ar re ca da çãoestá sen do en go li da pela má fia dos com bus tí -veis.” O país dei xa de ar re ca dar R$ 800 mi lhões

MOBILIZADO Alfredo Peres, da NTC, mostra desilusão

INVESTIMENTOS TRAVADOS

E m 2003, a pre vi são é queas obras de re cu pe ra çãoda ma lha ro do viá ria fe de ral

fi quem em pelo me nos R$ 1,4 bi -lhão, sen do que o or ça men to daUnião para este ano é de ape nasR$ 740 mi lhões. Para o Mi nis té riodos Trans por tes, a vin cu la ção daCide é in dis pen sá vel para o fi nan -cia men to das obras. Em apre sen -ta ção do pro je to ao pre si den teLuiz Iná cio Lula da Sil va em mar -ço, o mi nis tro An der son Adau tofez ques tão de des ta car que, parafins de pla ne ja men to e exe cu çãodo pro je to de re cu pe ra ção da ma -lha, tão im por tan te quan to a quan -ti da de de di nhei ro é a re gu la ri da -de da ver ba. “Com a pre vi si bi li da -de de re cur sos, é pos sí vel con tra -tar obras e ser vi ços com pra zos deexe cu ção de fi ni dos e cus tos sig ni -fi ca ti va men te mais bai xos”, dis sena épo ca.

Den tre as obras prio ri tá rias quede pen dem de re cur sos para se -

rem exe cu ta das, es tão a re cu pe ra -ção de tre chos de te rio ra dos naBR-060, em Goiás, onde o re ves ti -men to ne ces si ta de res tau ra çãope sa da, na BR-163, di vi sa doMato Gros so com o Pará, onde aes tra da en con tra-se em pés si mascon di ções de con ser va ção, e naBR-158, tam bém no Mato Gros so,onde há tre chos com re ves ti men topri má rio, ge ran do ato lei ros gi -gan tes.

De acor do com pla ne ja men todo Mi nis té rio dos Trans por tes, osin ves ti men tos ne ces sá rios para re -cu pe ra ção do se tor nos pró xi mosqua tro anos de vem gi rar em, nomí ni mo, R$ 22 bi lhões. Des semon tan te, R$ 14,5 bi lhões de vemser in ves ti dos em am plia ção da in -fra-es tru tu ra de trans por te, R$ 5,4bi lhões de vem ser re ver ti dos paraa re cu pe ra ção e ma nu ten ção dama lha ro do viá ria e mais R$ 2,8 bi -lhões se rão uti li za dos em açõeses pe ciais.

DIVULG

AÇÃO

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por ano em con se quên cia das li mi na res con ce -di das para o não-pa ga men to da Cide, con for memos trou a “Re vis ta CNT”, de junho de 2003.

Sil va res sal tou que a ação vai pro vo car umdes gas te mui to gran de no se tor, mas a en ti da detem o res pal do de toda a ca te go ria. “A CNT nãoen trou nes sa bri ga so zi nha. Pela pri mei ra vez,todo o se tor pro du ti vo está mo bi li za do. A in dús -tria está re cla man do e os agri cul to res tam bémpor que eles au men ta ram a pro du ti vi da de, re du -zi ram os pre ços, mas re sol ve ram o pro ble ma atéa por ta da fá bri ca ou a por tei ra da fa zen da. Doque adian ta re du zir os cus tos na pro du ção senão con se guem le var a car ga até o por to?”

Se gun do o di re tor da NTC, com a pre ca rie da -de das es tra das, o trans por ta dor está con su min -do 50% a mais de com bus tí vel, gas tan do 36% amais com ma nu ten ção dos veí cu los e le van domais que o do bro do tem po para che gar ao des -ti no fi nal. O ce ná rio re fle te em per das tan to parao trans por ta dor quan to para o dono da car ga. “Ore fle xo na in dús tria e no co mér cio é di re to por -que, ao não po der con tar com a mer ca do ria nodia mar ca do, é pre ci so ter um es to que gran de,com cus tos al tos.” No fi nal, a cor da ar re ben tapara o con su mi dor e pa ga dor de im pos tos.

Para Sil va, o se tor de trans por te é du pla men -te pu ni do. “O usuá rio paga pe dá gio de ro do viaspri va ti za das e tam bém a Cide, que não dei xa deser um pe dá gio vir tual, mas não ofe re ce con di -ções de ope rar. O nú me ro de aci den tes é enor -me e o trans por ta dor é que fica mais vul ne rá vel.”

Se gun do ele, a fro ta de ca mi nhões no Bra silre pre sen ta cer ca de 5% do to tal na cio nal, mas apar ti ci pa ção des ses veí cu los em aci den tes detrân si to che ga a 30%. “Para so bre vi ver no mer -ca do, o trans por ta dor está sen do obri ga do a so -bre car re gar seu veí cu lo, tra ba lhar ho ras a mais,eco no mi zar na ma nu ten ção dos ca mi nhões e di -mi nuir o fre te. É pre ci so in ter fe rir nis so por que opro ble ma não está atin gin do só trans por ta dor.Apa ren te men te, a so cie da de acha que está ten -do van ta gem com a eco no mia do fre te, maspaga mui to mais caro sem per ce ber.”

O de pu ta do fe de ral Car los San ta na (PT-RJ)re for ça a im por tân cia do en vol vi men to da so cie -da de para pres sio nar o go ver no a re gu la ri zaressa si tua ção. “To dos têm que par ti ci par do pro -ces so de re gu la men ta ção da Cide, in clu si ve osgo ver na do res, para que te nha mos um re sul ta dofa vo rá vel. O se tor de trans por te já está no seu li -mi te e não pode mais so frer ne nhum gol pe.” l

“DO QUE ADIANTAREDUZIR OSCUSTOS NAPRODUÇÃO SENÃO CONSEGUEMLEVAR A CARGAATÉ O PORTO?”

AUMENTOO consumo de combustível cresce com estradas ruins

PAULO

FONSE

CA

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JULHO 2003 CNTREVISTA 43

O imbróglio da Cide

ALEXANDRE GARCIA

OPINIÃO

Brasília (Alô) - Seja bem-vindaReforma da Previdência. Asestradas agradecem. Embora sejadifícil de acreditar, no ano passado

para cada real da Cide aplicado em investi-mento rodoviário, quase cinco foram destina-dos ao pagamento de pessoal aposentado epensionistas do serviço público. Para se teruma amostragem, até fim de agosto, no anopassado, em pagamentos liquidados, haviamsido destinados a estradas 240 milhões dereais da Cide. Ao pagamento de aposentado-rias e pensões de servidores civis, 1 bilhão110 milhões de reais.

Parece gozação de alguém, porque a talContribuição de Intervenção no DomínioEconômico (Cide), cobrada desde o início doano passado, foi criada por uma lei que esta-belece: o produto da arrecadação da Cideserá destinado ao financiamento de progra-mas de infra-estrutura de transportes, alémdo pagamento de e do financiamento de pro-jetos ambientais relacionados com a indús-tria do petróleo e do gás. Escandaliza essedesvirtuamento, porque envolve muito din-heiro. Neste ano, o orçamento prevê que aContribuição arrecada 8 bilhões e 807 mil-hões de reais. Mas a realidade mostra que aCide vai render mais de 12 bilhões para oscofres federais.

Poderia se fazer muito na infraestrutura detransportes, com tanto dinheiro, se ele fosseaplicado em suas finalidades legais. Assimcomo a CPMF foi criada para pagar os hospi-tais da rede SUS e teve suas finalidadesdesviadas, assim a Cide caiu num buracorodoviário, desviou-se pelo acostamento e

despencou na ribanceira. Agora, com a refor-ma tributária, é oportunidade de resgatar seusobjetivos. Como se chama esse imposto de"contribuição", o governo federal não ficaobrigado a dividi-lo com estados e municípios.Que agora, na reforma, reclamam sua parte,para investir nas estradas estaduais e munic-ipais. Afinal, a cada mês, a Cide gera umaarrecadação quase o dobro do IOF(Impostosobre Operações financeiras).

Outro problema é que a Cide serviria paraformar um fundo que compensaria altas decombustíveis, subsídios a preços ou transportede combustíveis e derivados, como diz a lei.Mas isso não aconteceu. A Cide está servindo,sim, também para pagar encargos financeirosda União. Com base nas despesas liquidadasno ano passado, para cada real de Cide investi-da, 1,37 reais serviram para pagar juros, amor-tizações e inversões financeiras. Como se vê, asigla da contribuição melhor seria representa-da por CMJ - Casa de Mãe Joana.

Agora é aproveitar a reforma tributária pararetornar essa estrada desviada à sua rota ide-al. Já que a Cide é inevitável, é preciso des-frutar dela e não pagar para os outros terem oprazer de gastar. As estradas e os portos estãoprecisando do dinheiro que os consumidoresde gasolina e diesel estão pagando. E paraque isso aconteça, é preciso agir na comissãoque trata da reforma. A oportunidade é agora.A falta de ação dos contribuintes vai cobrarcaro, no futuro, a sua passividade. É precisodeixar os gerentes do dinheiro do público bemamarrados à lei, para que não pratiquem maisdesvios que condenem os transportadores atrafegar pelos acostamentos.

PODERIA SE FAZERMUITO NA INFRA-ESTRUTURA DETRANSPORTES,COM TANTO DINHEIRO, SE ELEFOSSE APLICADOEM FINALIDADESLEGAIS

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44 CNTREVISTA JULHO 2003

A d mi nis tra da por umcon sór cio de em pre -sas pri va das há seteanos, a ro do via Pre si -

den te Du tra em nada lem bra amaior par te das es tra das dopaís. Nos 402 km que li gam asca pi tais São Pau lo e Rio de Ja -nei ro, a pis ta é de boa qua li da -de e há ser vi ços de aten di men -to aos usuá rios em todo o tre -cho. Foi con si de ra da a se gun dame lhor via de li ga ção na Pes qui -sa Ro do viá ria de 2002. Só não éexa ta men te uma es pé cie demun do ideal para quem tra fe ganela por cau sa dos cus tos. Um

car ro de pas seio que via ja en treas duas maio res ci da des bra si -lei ras paga qua se R$ 20 de pe -dá gio. E mes mo com a es tru tu rae uma equi pe que cir cu la du -ran te todo o dia, a ro do via nãoestá li vre de pro ble mas. O rou bode pla cas de alu mí nio é hoje umfan tas ma que ron da a es tra da.

Des de 2000, a em pre sa játeve pre juí zo de cer ca de R$300 mil com o rou bo de mais de940 me tros qua dra dos de pla -cas, cor res pon den tes a cer ca de500 uni da des. Sér gio Bo long -nie si, ge ren te de fis ca li za ção esi na li za ção da No va Du tra, con -

ces sio ná ria res pon sá vel pela ro -do via, acre di ta ha ver uma qua -dri lha que te nha se es pe cia li za -do no rou bo das pla cas. Ele as -so cia o epi só dio à cri se eco nô -mi ca. Isso por que até 2000 osrou bos eram es po rá di cos. Apar tir da que le ano, pas sa ram aser mais fre qüen tes e so fis ti ca -dos, com ações em pla cas degran des di men sões. Há em todaa ro do via 25 mil me tros qua dra -dos de pla cas, num to tal de 13mil pe ças.

Uma me di da que a em pre sates ta para pôr fim ao pro ble maé a subs ti tui ção do alu mí nio

QUE VALE O CARO PEDÁGIO

UMAESTRADA

CONCESSÃO

RODOVIAS

A NOVA DUTRA, VIA EM QUE 50% DO PIB CIRCULAM, ESTÁ EM BOAS CONDIÇÕES

POR FÁBIA PRATES

FOTO

S DIGNA IMAGEM

/DIVULG

AÇÃO

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Page 46: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

46 CNTREVISTA JULHO 2003

A EMPRESATEVE PRE-JUÍZO DER$ 300 MILCOM OROUBO DE940 M2 DEPLACAS

IMPRUDÊNCIAPassarelas refor-madas não evitam risco deatropelamento

por aço gal va ni za do, que nãotem va lor no mer ca do - as pla -cas de alu mí nio são ven di daspara fer ros-ve lhos. Tam bém es -tão sen do tes ta dos ou tros ma -te riais, como fi bra de vi dro ePVC. Para aten der ao con tra tode con ces são as si na do com ogo ver no, a em pre sa faz vis to -rias diá rias no tre cho e re põeas pe ças rou ba das num pra zomá xi mo de 24 ho ras.

Pas sam pela ro do via, to dosos dias, cer ca de 500 mil veí -cu los, dos quais 130 mil emum dos cin co pon tos de pe dá -gio. A es ti ma ti va do en ge nhei roSér gio Rezk, ge ren te de pla ne -ja men to da No va Du tra, é que50% do PIB do país cir cu lempela ro do via. Do to tal de car ros,49% são ca mi nhões. Não éape nas pon to de es coa men tode im por tan tes in dús trias, mastam bém ca mi nho para ci da destu rís ti cas, como Apa re ci da doNor te, li to ral nor te pau lis ta no eCam pos do Jor dão.

Para ad mi nis trar a gran dio si -da de do cor re dor e pres tar ser vi -ços ade qua dos aos usuá rios,con for me pre vê o con tra to decon ces são, a No va Du tra mon touuma es tru tu ra que já de man doure cur sos da or dem de R$ 1,4 bi -lhão des de 1996, dos quais R$759 mi lhões em obras e R$ 651mi lhões em cus tos ope ra cio naisda ro do via. Na es tra da, há te le -fo nes de emer gên cia à dis po si -ção dos usuá rios a cada qui lô -me tro, dos dois la dos da pis ta.São 800 apa re lhos com li ga çãodi re ta com a cen tral de aten di -

OPÇÃO À FALTA DE VERBAS

S em di nhei ro para in ves tirnas ro do vias, o go ver nopas sou a con ce der a par tir

de 1995 tre chos de maior mo vi -men to à ini cia ti va pri va da. Parator nar a idéia um bom ne gó cio aoin ves ti do r, criou um mo de lo noqual as em pre sas não pa ga m pelacon ces são. Obri gou in ves ti men tospara le var ser vi ços aos usuá rios eme lho rar as con di ções do as fal to eda si na li za ção. Além das ta ri fascom os pe dá gios, os con tra tos de -ram às em pre sas o di rei to de ex -plo rar pu bli ci da de em suas mar -gens. Es ses be ne fí cios, se gun doCar los Ser man, su pe rin ten den tede ex plo ra ção da in fra-es tru tu rada Agên cia Na cio nal de Trans por -tes Ter res tres (ANTT), ga ran temmo di ci da de ta ri fá ria. “Se as re cei -tas al ter na ti vas fi cas sem com aUnião, as ta ri fas de pe dá gio po de -riam es tar ain da mais al tas.”

A ANTT faz dois ti pos de fis ca -li za ção nas con ces sio ná rias: a téc -ni ca ope ra cio nal - em ins pe çõesse ma nais pe las ro do vias - e a eco -

nô mi ca fi nan cei ra. Um gru po, emBra sí lia, faz a ges tão dos con tra tose de fi ne o que da re cei ta tem queser re ver ti do em be ne fí cio.

O go ver no já con ce deu 1.680km de ro do vias. São sete con ces -sio ná rias, das quais cin co su bor di -na das à ANTT. As de mais são res -pon sa bi li da de dos go ver nos doRio Gran de do Sul e Pa ra ná. Opró xi mo lote de con ces são, tra ta -do a ba nho-ma ria no go ver no des -de 2000, re pas sa rá mais 2.700km, dos quais cer ca de 600 kmda ro do via Fer não Dias, que ligaSão Pau lo a Belo Ho ri zon te. Ou -tros 6.000 km es tão em es tu dopara con ces são. O Bra sil tem 55mil km de es tra das pa vi men ta das,sob res pon sa bi li da de da União.

O pre si den te da As so cia çãoBra si lei ra de Con ces sio ná rias Ro -do viá rias, Moa cir Duar te, afir maque as em pre sas ain da não re cu -pe ra ram os in ves ti men tos. “Noano pas sa do, o cai xa fe chou compre juí zo de R$ 920 mi lhões. Otem po de re tor no é de nove anos.”

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“SOU UMSOBREVIVENTE”

A n to nio Ro dri gues da Cos taper cor reu a Du tra por mais de20 anos. Ca mi nho nei ro au tô -

no mo, tra ba lha va com en tre gas parade pó si tos de cons tru ção na zona les -te de São Pau lo. O ma te rial, areia, pe -dra, ti jo los, era bus ca do na re gião deSan ta Isa bel (KM 195 da ro do via). Omo to ris ta en fren tou a Du tra es pe da -ça da e o “car pe te”, como gos ta decha mar a es tra da re for ma da pelacon ces sio ná ria nes te de poi men to deuma tes te mu nha que viu de tudo naex-ro do via da mor te.

“Vivo des de 1980 na Du tra. Fo ram3 ca mi nhões em 15 anos, mas des de1996 es tou com o mes mo, um Fordque não tem mais pro ble ma de sus -pen são, pneu des gas ta do e ou trosdes gas tes que só quem vive no in fer -no pode sa ber o que sig ni fi ca.

Além de não en fren tar mais a preo -cu pa ção com o meu pa tri mô nio e meiode so bre vi vên cia, o mais im por tan teago ra é que não te nho medo. Te nho se -gu ran ça e, pos so até di zer isso ago ra,pra zer. Al guns op tam pela pro fis sãoape nas por ne ces si da de e opor tu ni da -de. Ou tros por que gos tam da es tra da.É o meu caso. Di ri gir na Du tra me fazlem brar dos mo ti vos que me le va ram aser ca mi nho nei ro. Mui tos ami gos daspa ra das de Aru já sen tem o mes mo.

Já vi mui ta tra gé dia nes sa es tra da.Car ros ca po ta dos em ple na luz do dia,gen te es pa lha da pelo chão, san gue no

as fal to, com pa nhei ros cho ran do apósver seu ca mi nhão des truí do, era mui tatra gé dia e de ses pe ro para quem que -ria ape nas ga nhar a vida. Nem vou fa -lar dos bu ra cos e dos acos ta men toshor rí veis e pe ri go sos, da pis ta sem si -na li za ção no chão, por que é lem brarde uma épo ca mui to do lo ri da. Mi nhamu lher con ta que re za va toda dia dema nhã quan to eu saia para tra ba lhar equan do eu vol ta va à noi te. E so men tede pois de mui to tem po fui des co brirque ela cho rou mui to quan do eu che -

ga va atra sa do por con ta dos con ges tio -na men tos na en tra da de São Pau lo. Otrân si to pa ra va em Aru já e a gen te po -dia sa ber que ti nha acon te ci do um aci -den te. Como ela não sa bia o que ti nhaacon te ci do co mi go, cho ra va commedo de que eu ti ves se so fri do al gumaci den te.

Ago ra, pos so di zer que não hámais medo e cho ro. A reza tem, so -mos mui tos re li gio sos e agra de ce mossem pre a Deus por me pro te ger nes setem po todo. Sou um so bre vi ven te.”

HISTÓRIA Os perigos do passado não foram ainda de todo afastados

VALEPA

RAIBANO/FUTU

RA PRES

S

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48 CNTREVISTA JULHO 2003

A ESTIMATI-VA É QUE50% DO PIBDO PAÍS CIR-CULEM PELARODOVIA

APOIOEmpresa temguinchos eserviços deemergências (aolado)

men to da em pre sa e pe los quaisos usuá rios po dem, por exem -plo, so li ci tar ser vi ços de guin -chos e avi sar so bre aci den tes.

Atro pe la men tosO nú me ro de aci den tes re gis -

tra dos no sex to ano após a ad -mi nis tra ção pri va da é equi va len -te ao do iní cio da con ces são e àépo ca em que a res pon sa bi li da -de era da União. Para Rezk, “agra vi da de di mi nuiu con si de ra -vel men te, o que é um avan ço. Onú me ro de atro pe la men tos caiu46%”. Em 1997, fo ram 9.279aci den tes, com 5.074 fe ri dos e

481 mor tes, das quais 272 poratro pe la men to. No ano pas sa do,acon te ce ram 9.362 aci den tes(0,89% a mais) com 4.413 fe ri -dos (13% a me nos) e 260 mor -tes (45,9% a me nos), sen do148 por atro pe la men to (46% ame nos).

Rezk afir ma que pre ci sa sercon si de ra do que o trá fe go pelavia au men ta de 0,5% a 1% porano, o que tor na o nú me ro deaci den tes pro por cio nal men teme nor à quan ti da de de car rosque cir cu la. Para re du zir o nú -me ro de atro pe la men tos, a em -pre sa cons truiu 23 no vas pas sa -

re las, re for mou as 379 que jáexis tiam, des lo cou baias de ôni -bus para as pro xi mi da des de las,co lo cou pos tes de ilu mi na ção eins ta lou te las pro te to ras paraevi tar que os pe des tres pas sas -sem por bai xo das pas sa re las.

Para o ge ren te da con ces sio -ná ria, a co li são fron tal pra ti ca -men te aca bou. Isso por que fo -ram cons truí dos 285 km decan tei ro cen tral para se pa rarcom ple ta men te as pis tas emtodo o tre cho. Dos aci den tesocor ri dos em 2002, 46% en vol -viam um só veí cu lo. A Po lí ciaRo do viá ria Fe de ral (PRF) afir ma

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JULHO 2003 CNTREVISTA 49

que as me lho rias fei tas na Du traim pe di ram o au men to de aci -den tes, alta que po de ria ocor rercom uma maior fro ta cir cu lan te.Por in ter mé dio da as ses so ria deim pren sa, João Bos co Ri bei ro,su pe rin ten den te da PRF emSão Pau lo, diz que o fim das co -li sões fron tais é como “re sul ta doda cons tru ção de can tei ros cen -trais em toda a pis ta”. Se gun doele, é pre ci so res sal tar a for made di re ção de fen si va para re du -zir o nú me ro de aci den tes.

Al ter na ti vasDes de fim de ju nho, a em -

pre sa reú ne um gru po do qualpar ti ci pam a As so cia ção Ncio -nal dos Trans por ta do res de Car -gas e sin di ca tos de ca mi nho nei -ros para dis cu tir so lu ções paraas ques tões de in te res se co -mum. O acor do, que foi ho mo -lo ga do pela Agên cia Na cio nalde Trans por tes Ter res tres(ANTT), visa dis cu tir, por exem -plo, sis te mas al ter na ti vos de co -bran ça de pe dá gios, in ten si fi ca -ção da fis ca li za ção de peso dosveí cu los e saí das que dêemmaior se gu ran ça con tra rou bode car gas na ro do via.

Se gun do Moa cir Duar te, pre -si den te da As so cia ção Bra si lei radas Con ces sio ná rias de Ro do -via, o gru po dis cu ti rá tam bém aques tão dos rou bos das pla cas.O pro ble ma, se gun do ele, é co -mum a to dos as ro do vias, pri va -ti za das ou não.

O pre si den te da Fe de ra çãodas Em pre sas de Trans por te deCar gas do Es ta do de São Pau lo,

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50 CNTREVISTA JULHO 2003

EM8 ANOS,0,29%FOI CONCEDIDO

OBra sil pos sui a se gun -da maior ma lha ro do -viá ria do pla ne ta. São

1,8 mi lhão de qui lô me tros,mas ape nas 10% es tão as fal -ta dos. A fal ta de re cur sos dogo ver no para fa zer a ma nu ten -ção des sas es tra das es ti mu louo pro ces so de con ces são dero do vias, o maior do gê ne ro nomun do. São mais de 30 con -ces sio ná rias, cria das nos úl ti -mos anos para in ves tir e con -tro lar os ser vi ços e pe dá gios.

No to tal, 5.328 km fo ram con -ce di dos nos vá rios mo de los dopro gra ma - ape nas 3,23% dasro do vias pa vi men ta das ou0,29% do to tal de es tra das.

Há con ces sio ná rias que ad -mi nis tram tre chos es ta duais efe de rais, os cha ma dos pó losro do viá rios, con for me ocor reuno Pa ra ná e Rio Gran de doSul. O go ver no fe de ral tam bémcon ce deu al gu mas ro do vias nasua to ta li da de, como é o casoda Du tra (Rio-São Pau lo). Já

na BR-040, en tre o Rio de Ja -nei ro e Juiz de Fora, ape nasum tre cho pas sou para a ini -cia ti va pri va da.

O Pro gra ma de Con ces -sões de Ro do vias Fe de rais(Pro cro fe) co me çou a ser im -plan ta do em 1995, com a li ci -ta ção dos cin co tre chos queha viam sido pe da gia dos di re -ta men te pelo Mi nis té rio dosTrans por tes, numa ex ten sãoto tal de 854,5 km.

Es tu dos fo ram rea li za dospara iden ti fi car ou tros seg men -tos téc ni ca e eco no mi ca men teviá veis para a in clu são no pro -gra ma. Ini cial men te, fo ramana li sa dos 17.247 km de ro do -vias, dos quais 10.379 km fo -ram con si de ra dos viá veis paracon ces são e 6.868 km viá veisso men te para a con ces são dosser vi ços de ma nu ten ção.

A pro mul ga ção da Lei9.277, de maio de 1996 (de -no mi na da Lei das De le ga -ções), criou a pos si bi li da de deEs ta dos, mu ni cí pios e o Dis tri toFe de ral so li ci tar a de le ga çãode tre chos de ro do vias fe de raispara in cluí-los em seus pro gra -mas. A Por ta ria 368/96, do Mi -nis té rio dos Trans por tes, de fi -niu os pro ce di men tos para ade le ga ção. En tre 1996 e 1998fo ram as si na dos con vê nios

com Rio Gran de do Sul, Pa ra -ná, San ta Ca ta ri na, Mi nas eMato Gros so do Sul.

A ANTT (Agên cia Na cio nalde Trans por tes Ter res tres) ad -mi nis tra as con ces sões de10.706,4 km de es tra das. São1.680,1 km de con ces sões,2.718,1 km em li ci ta ção e ou -tros 6.308,2 km em es tu do.

Os Es ta dos con tro lam3.647,9 km de ro do vias fe de -rais de le ga das. Des se to tal,3.007,5 km já fo ram li ci ta dos,5,4 km são ope ra das pe los pró -prios Es ta dos e 625 km es tãoem ne go cia ção.

São Pau lo tem a maior ex -ten são de ro do vias con ce di das.São 3.708 km. As em pre sasirão in ves tir R$ 6,7 bi lhões nos20 ou 25 anos da con ces são. ORio tem 996 km sob con tro leda ini cia ti va pri va da (R$ 2,02bi lhões de in ves ti men to). O RioGran de do Sul já pas sou3.708 km de es tra das para ascon ces sio ná rias, que pro me -tem in ves tir R$ 929 mi lhões.San ta Ca ta ri na (650 km, comin ves ti men tos de R$ 918,5mi lhões), Pa ra ná (2.051 km eR$ 3,8 bi lhões), Ba hia (217km e R$ 62 mi lhões) e Es pí ri -to San to (68 km e R$ 148 mi -lhões) com ple tam a ma lha dasro do vias con ce di das.

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JULHO 2003 CNTREVISTA 51

Flá vio Be nat ti, afir ma que é ine -gá vel a me lho ria da ro do via de -pois da ad mi nis tra ção pri va da.“An tes, era co nhe ci da comocor re dor da mor te. Era es bu ra -ca da e mal-si na li za da. Umcaos”, diz Be nat ti. Se gun do o di -ri gen te, o pro ble ma no va lor dope dá gio da Du tra é que os pa -gan tes são a mi no ria da que lesque tra fe gam por ela. A maiorpar te dos usuá rios não pas sa porpos tos de pe dá gios, o que fazcom que os cus tos se jam di luí -dos para um uni ver so que nãoche ga a um ter ço dos veí cu los.“É pre ci so criar um me ca nis mopara aque les que não pa gam

pe per ma nen te men te de di ca daa cor ri gir da nos na si na li za ção.

Na sua ex ten são, 21 câ me -ras de cir cui to in ter no de TV nospon tos de maior mo vi men to fis -ca li zam as con di ções da es tra -da, con ges tio na men tos e aci -den tes, com o apoio de 30 pai -néis ele trô ni cos que in for mam ousuá rio so bre a si tua ção da pis -ta. Há tam bém qua tro es ta çõesme teo ro ló gi cas para in for mar ascon di ções do tem po. Para fa zero aten di men to na pis ta, a No va -Du tra tem mais de cem via tu ras,in cluin do guin chos le ves e pe sa -dos, car ros de res ga te, am bu -lân cias e 13 UTIs. l

pas sem a pa gar. Isso vai one rarto dos que pas sam pela ro do via enão ape nas quem a uti li za depon ta a pon ta.”

Ser vi çosPara fis ca li zar os ca mi nhões,

atri bui ção con jun ta da em pre sae da PRF, há qua tro ba lan ças fi -xas e duas mó veis. A em pre satem ain da uma equi pe res pon -sá vel pela ca pi na e ro ça do damar gem ao lon go dos 402 qui lô -me tros. Ou tra se en car re ga dama nu ten ção de buei ros, ca na le -tas e bo cas de lobo e uma ter -cei ra é res pon sá vel por ta parbu ra cos. Há tam bém uma equi -

MOACIR DUARTERetorno em nove anos

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52 CNTREVISTA JULHO 2003

PAINELOs custos variáveis do transporte rodoviáriode cargas, medidos pelaFipe/USP cresceram 32,19%nos últimos 12 meses. Ainformação é do ConselhoNacional de Estudos deTransporte e Tarifas, órgãoconsultivo da NTC. De acordo com a pesquisa, os

maiores aumentos foramconstatados nos preços dodiesel (41,65%), pneus erecapagem (18,3%), peças(13,19%), lubrificantes(32,69%). O peso do dieselno custo variável, que erade 54,1% em janeiro de2.001, aumentou para62,22% em junho deste ano.

A quinta edição daTranspo-Sul - Feira eCongresso de Transporte e Logística promovida peloSindicato e a Federaçãodas Empresas de Transportede Cargas no Estado doRio Grande do Sul, teve comodestaque a reunião extra-ordinária da Subcomissão deRoubo de Cargas da CâmaraFederal, que, autorizada pelapresidência do CongressoNacional, aconteceu no dia 20de junho, encerramento doevento, em Bento Gonçalves.Durante a reunião, foramanunciados a criação daDelegacia Federal de Roubode Cargas, o lançamentoda Frente Nacional deRecuperação do TransporteRodoviário de Cargas e adivulgação do Projeto deLei 187, que cria o FundoNacional de Combate aoRoubo de Cargas. Em 2002,foram registrados 12 milroubos, causando prejuízosde R$ 575 milhões. SãoPaulo, com 44,82% e Riode Janeiro, 35,87%, regis-tram os maiores índices. Aregião Sul é onde per-centualmente mais cresceas ações das quadrilhasespecializadas - no anopassado, ocorreram 358delitos, com prejuízos deR$ 24,6 milhões.

CUSTOS AUMENTAMROUBO DE CARGAS

DESTAQUEFeira tevereunião especialsobre roubo de cargas

SETECERS/DIVULGAÇÃO

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JULHO 2003 CNTREVISTA 53

Pela primeira vez em todoo país, motoristas decaminhões de transportede gado participaram detreinamentos para amelhoria da qualidade dosserviços. A ação do NúcleoGestor da Cadeia da Carne

de Mato Grosso do Sulaconteceu em junho, nasede da instituição, emCampo Grande.O treinamento tevecomo objetivo esclarecera importância do elo detransporte da cadeia.

PROFISSIONALIZAÇÃO

Mesmo não tendo fechado osnúmeros oficiais, tudo indicaque o movimento de carga noprimeiro semestre cresceu emrelação a 2002. Pelos dados queestão sendo analisados pelaCodesp, o porto operou mais de27 milhões de toneladas nos seisprimeiros meses do ano, contra23,7 milhões em igual período doano passado. O desempenhomostra o acerto de quem apostouno porto paulista.

PORTO DE SANTOS

O ministro das Cidades,Olívio Dutra, apresentou aoministro da Justiça, MárcioThomaz Bastos, a propostade instalação de um chip nosautomóveis, possibilitando aidentificação automática. Oobjetivo é reduzir o roubo e ofurto de veículos, o uso dessescarros em atos criminosos ecoibir a impunidade dosque descumprem o Códigode Trânsito.

ROUBO DE CARROS

Mais 12 postos de gasolina foraminterditados no Rio de Janeiro.Dentre os motivos da ação -constatados pela ANP, pela CPIdos Combustíveis da Câmara dosDeputados e pela Delegacia deDefesa dos Serviços Delegados -,estão a venda de combustíveladulterado e a falta de autoriza-ção de funcionamento. Os postosficaram sujeitos a multas quepodem chegar a R$ 5 milhões.

INTERDIÇÃO

O Instituto de Pesos eMedidas do Estado de MinasGerais (Ipem), recebeu novosveículos. A doação foi feitapelo Instituto Nacional deMetrologia, Normalização eQualidade Industrial(Inmetro), em consonância

com a política de articulaçãoda Secretaria de Estadode Ciência e Tecnologia.O trabalho do Ipem estavasendo comprometido pelaprecariedade de conservaçãoe pela reduzida quotade automóveis.

IPEM

DESEMPENHOSantos cresceuem 2002

FUTU

RA PRES

S

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54 CNTREVISTA JULHO 2003

RADIOGRAFIALANÇAMENTO

PESQUISA CNT

DO CAOSLEVANTAMENTO IRÁ AVALIAR A SITUAÇÃO DE 57 MIL QUILÔMETROS DE RODOVIAS

POR RODRIGO RIEVERS

A Con fe de ra ção Na cio naldo Trans por te (CNT)deu iní cio à oi ta va edi -ção da Pes qui sa Ro do -

viá ria, maior e mais com ple todiag nós ti co da si tua ção das es tra -das es ta duais e fe de rais. Des de odia 7 de ju lho, 11 equi pes de pes -qui sa do res per cor rem os prin ci -pais cor re do res de trans por te decar gas e pas sa gei ros do país paraava liar as atuais con di ções e tra -çar os pon tos crí ti cos do sis te made trans por te ro do viá rio bra si lei ro.

Com re la ção à pes qui sa rea li -za da no ano pas sa do, ha ve rá umau men to de 5.000 qui lô me tros notre cho to tal a ser ava lia do pe lospes qui sa do res, que, ao fi nal do le -van ta men to, te rão per cor ri do 57mil qui lô me tros do to tal de164.988 qui lô me tros pa vi men ta -dos - ao todo, o Bra sil pos sui1.724.929 qui lô me tros de ro do -vias. As equi pes - for ma das porum pes qui sa dor mu ni do de GPS

(sis te ma de po si cio na men to glo -bal por sa té li te) e por um mo to ris -ta - saí ram do Dis tri to Fe de ral e deFlo ria nó po lis, Cu ri ti ba, Sal va dor,Rio de Ja nei ro e Vi tó ria.

A co le ta de da dos ter mi na emagos to e a aná li se deve ser fi na li -za da até ou tu bro. “A pre vi são éque o re sul ta do seja di vul ga do en -tre ou tu bro e no vem bro des teano”, in for ma o coor de na dor dede sen vol vi men to do trans por te daCNT, Bru no Ba tis ta.

Os pes qui sa do res ana li sa rãotrês gran des gru pos: geo me tria davia, qua li da de do pa vi men to e si -na li za ção. No caso da aná li se dageo me tria da via, ava lia-se o tipode ro do via - pis ta com can tei rocen tral, du pla com bar rei ra cen -tral, fai xa cen tral, ve lo ci da de que otra ça do per mi te, re du ções brus -cas de ve lo ci da de. O mes mo de ta -lha men to ocor re nos gru pos pa vi -men to e si na li za ção. “É uma aná -li se mi nu cio sa, pois são ava lia doscada 10 qui lô me tros de um de ter -mi na do tre cho”, as si na la Ba tis ta.

Nes te ano, os pes qui sa do respo de rão vol tar com os GPS empon tos crí ti cos iden ti fi ca dos pelole van ta men to de 2002 e, comisso, ve ri fi car se al gu ma pro vi dên -cia foi to ma da para eli mi ná-los. “Apes qui sa está mais de ta lha da e,por isso, irá via bi li zar aná li sesmais apro fun da das”, ar gu men ta.

Ou tra no vi da de é que a pes qui -sa irá per cor rer tre chos que o Mi -nis té rio dos Trans por tes ele geucomo os 20% pio res - após con -sul tas à CNT, aos Mi nis té rios daAgri cul tu ra e do Tu ris mo, ao DNITe às se cre ta riais es ta duais. l

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AULAS DENEGÓCIOSIDAQ PROMOVE CURSO PARA PROFISSIONAIS DO SETOR

POR

RODRIGO RIEVERSF oi-se o tem po em que asati vi da des eram me ra -men te re pe ti ti vas, comono fil me “Tem pos Mo der -

nos”, de Char les Cha plin. Foi-setam bém a era dos che fes queman da vam e dos su bor di na dosque obe de ciam. Hoje, é pre ci soini cia ti va para so bre vi ver. Ini cia ti vaque, em mui tos ca sos, tra duz-seem sa ber ne go ciar. E bons ne go -cia do res, se jam eles ge ren tes,ven de do res, téc ni cos ou co mer -cian tes são cada vez mais va lo ri -za dos no mer ca do.

E é jus ta men te para dar sub sí -dios aos pro fis sio nais que ne go -ciam no dia-a-dia que o Ins ti tu tode De sen vol vi men to, As sis tên ciaTéc ni ca e Qua li da de em Trans por -te (Idaq), vin cu la do à Con fe de ra -ção Na cio nal do Trans por te(CNT), pro mo ve de 14 a 16 de

agos to, em Bra sí lia, o cur so “Ne -go cia ção: Cha ve para o Su ces so”.O curso é par te da es tra té gia doIdaq no sentido de oferecer temasdi ver si fi cados para os educandos.Os te mas são frutos de estudosrealizados pelo Instituto para iden-tificar assuntos significativos nodesenvolvimento gerencial dosetor de transportes.

“A par tir do mo men to em quea cul tu ra or ga ni za cio nal saiu dopa drão do man do e do con tro le,ne go ciar tor nou-se fun da men tal”,afir ma o instrutor do cur so, Flá vioCou ti nho de Car va lho. Du ran te ocur so, os par ti ci pan tes re ce bemorien ta ções so bre as pec tos téc ni -cos e emo cio nais que en vol vemuma ne go cia ção.

Se rão de sen vol vi das com pe -tên cias bá si cas para for mar ne go -cia do res, ha bi li da des con ver sa -

cio nais (sa ber fa lar, es cu tar, for -mu lar, in ter pre tar juí zos, pe dir eofe re cer) e iden ti fi car as es tra té -gias e tá ti cas que po dem ser uti li -za das no am bien te de tra ba lho eno con ta to com clien tes.

Economista e es pe cia lis taem on to lo gia da lin gua gem peloThe New field Group, de Ca ra -cas (Ve ne zue la), Flávio Coutin-ho diz que os pro fis sio nais dasmais di ver sas áreas pas sam70% do tem po no tra ba lho en -vol vi dos em ne go cia ções. Mas,por não te rem de sen vol vi do ha -bi li da des es pe cí fi cas, ape nas30% das ne go cia ções têm re -sul ta dos efe ti vos.In for ma çõesTel: (61) 315-7139Fax (61) 315-7066Site www.cnt.org.brE-mail cur so si [email protected] t

APÓS A CULTURAORGANIZA-CIONAL SAIRDE CENA,NEGOCIARTORNOU-SEESSENCIAL

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56 CNTREVISTA JULHO 2003

“ESSASAÇÕES TÊMASPECTOSOCIALINIGUALÁVELPARA ACIDADE”

A BR-101 é uma das prin -ci pais vias de li ga ção en -tre o Sul e Su des te como Nor des te do país. O in -

ten so vai-e-vem de mer ca do rias epes soas é mar ca da ro do via. E foijus ta men te para dar apoio aospro fis sio nais do trans por te quetra fe gam pelo tre cho da Ba hia ede Ser gi pe que o Sest/Se nat aca -

ba de inau gu rar mais uma uni da -de de aten di men to.

Ins ta la da no mu ni cí pio ser gi -pa no de Es tân cia, que fica no en -tron ca men to da BR-101 com a Li -nha Ver de (a 69 km de Ara ca jú e249 km Sal va dor), essa é a 96ªuni da de do Sest/Se nat em ope ra -ção no país e a nona do Con se lhoRe gio nal Nor des te 4.

As sim como as de mais uni da -des Sest/Se nat, a de Es tân cia vaiofe re cer cur sos de ca pa ci ta çãopara os pro fis sio nais de trans por -te. A gra de está sen do for ma ta dae os cur sos de vem ter iní cio emagos to. A ca pa ci da de ope ra cio nalna área de cur sos e trei na men tosserá de 176 ho ras/aula por mês. Auni da de tam bém vai dar su por te

HORAEVEZDEECIDADE DE SERGIPE RECEBE A 96ª UNIDADE DO SISTEMA, QUE ESPERA ATENDER 15 MIL

FOTOS DIVULGAÇÃO

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JULHO 2003 CNTREVISTA 57

ao Pro gra ma de En si no a Dis tân -cia, da Rede Trans por te.

A uni da de de Es tân cia estáequi pa da para ofe re cer aten di -men to mé di co e odon to ló gi co,com pre vi são de 528 con sul tasem cada área - para o tra ta men toodon to ló gi co, o nú me ro se tra duzem 1584 pro ce di men tos den tá -rios por mês. Esse ser vi ço serárea li za do por dois mé di cos e doisden tis tas.

A ex pec ta ti va é que o Sest/Se -nat de Es tân cia aten da 15 milpes soas por ano, 3.000 tra ba lha -do res em trans por te e 12 mil de -pen den tes. “Como esse é um tre -cho bas tan te mo vi men ta do daBR-101, nos sa prio ri da de será oca mi nho nei ro. Mas tam bém va -mos es ten der o aten di men to aosmo ra do res”, in for ma a coor de na -

do ra da uni da de, Thay sa Fon tesde Sou sa e Sil va.

CrescimentoA uni da de de Es tân cia foi ins ta -

la da no pos to de com bus tí veis Es -tan cia no, de ban dei ra Pe tro brás,de pro prie da de do em pre sá rioLuiz Fer nan do Men des de Mo -raes, no KM 155 da BR-101. O lo -cal re ce be nú me ro sig ni fi ca ti vo deca mi nho nei ros que so bem pelaBR-101 em di re ção ao Nor des te.

“Ações como as do Sest/Se nattêm um as pec to so cial ini gua lá vel,tan to para os ca mi nho nei ros comopara a po pu la ção do mu ni cí pio,0que terá con sul tas mé di cas eodon to ló gi cas a pre ços sub si dia -dos”, ava lia o em pre sá rio, que es -pe ra cres ci men to de 50% no mo -vi men to do pos to. l

O de par ta men to exe cu ti vo do Sest/Se natini ciou as ati vi da des de ela bo ra ção eatua li za ção do pa drão grá fi co e do con -

teú do di dá ti co dos cur sos ofe re ci dos pela en ti da -de. Com a par ti ci pa ção de 14 coor de na do res re -pre sen tan do os Con se lhos Re gio nais do sis te ma,fo ram ins ta la dos os Nú cleos Pe da gó gi cos de De -sen vol vi men to Pro fis sio nal, que se rão res pon sá -veis pela re for mu la ção dos cur sos.

Elei tos du ran te se mi ná rio do Sest/Se nat, es ses14 coor de na do res se rão res pon sá veis pelo acom -pa nha men to das ati vi da des do nú cleo pe da gó gi -co. Em maio, a área téc ni ca do de par ta men to exe -cu ti vo apre sen tou e dis cu tiu com os coor de na do -res a for ma como será rea li za da a re for mu la ção decur sos e do ma te rial di dá ti co.

Fi cou acer ta do que os nú cleos pe da gó gi cos fi -ca rão res pon sá veis pela elaboração e formataçãode novos cursos. A meta é ela bo rar 14 no vos cur -sos pre sen ciais, além da atua li zar to dos os cur -sos dos Cen tros de For ma ção de Con du to res. Asapos ti las se rão re for mu la das e te rão um vi sualmais mo der no e atraen te.

Ou tro di fe ren cial a ser im plan ta do é o doste mas trans ver sais. SerNao abordados temascomo: Princípios Éticos, Defesa da Cidadania,Defesa do Meio Ambiente, Valorização Pessoale Profissional, além de In clu são Di gi tal.

“A in clu são di gi tal será um dos prin ci pais te -mas trans ver sais a ser tra ba lha do du ran te oscur sos”, re ve la Ká tia Jac coud, que in te gra a áreatéc ni ca do de par ta men to exe cu ti vo do Sest/Se -nat. Com isso, os pro fis sio nais do trans por te,prin ci pal men te mo to ris tas e ca mi nho nei ros, te -rão a opor tu ni da de de pren der a ope rar um mi -cro-com pu ta dor e aces sar a In ter net.

CURSOS PASSARÃO POR REFORMULAÇÃO

STÂNCIA PESSOAS POR ANO POR RODRIGO RIEVERS

INAUGURAÇÃONova unidadedará apoio aosmotoristas quepassarem peloNordeste

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58 CNTREVISTA JULHO 2003

o Brasil terá que importar o produto.Administrado pela Companhia Docas do

Rio Grande do Norte (Codern), o porto foiinaugurado em setembro de 1974 e, desdeentão, opera durante as 24 horas do dia inin-terruptamente. Nos últimos 15 anos, o vo-lume de carga triplicou, mas os recursos li-berados pelo governo federal - a Codern é lig-ada ao Ministério dos Transportes - paramanutenção da infra-estrutura não acom-panharam o mesmo ritmo. O problema é queos equipamentos sofrem grande depreciaçãopor causa da corrosão resultante da combi-nação de sal e sol. O porto é um emaranhadometálico em pleno oceano Atlântico.

Segundo o gerente do porto, AugustoCésar Lemos, a corrosão ocorre de forma

A edição 96 da “Revista CNT”mostrou o “alerta laranja” nos por-tos brasileiros. Assim como acon-tece com a malha rodoviária, o sis-

tema portuário nacional corre risco de um“apagão” operacional frente à ausência deinvestimentos em infra-estrutura. E oprimeiro reflexo desse possível “apagão”poderá ser sentido na mesa, ou melhor, nopaladar da população. O Brasil corre o riscode ficar literalmente sem sal, por causa dafalta de investimento no Porto de Areia Bran-ca, que fica no mar a 26 km da costa dacidade que dá nome ao estuário, no RioGrande do Norte. O porto escoa toda a pro-dução de sal do Estado, que corresponde a95% da produção brasileira. Se o porto parar,

“HERDAMOSUMA SITUAÇÃOPRECÁRIA,MAS NÃO VAMOSPERMITIR QUE OPORTO FECHE”

NEMO SALESESTRUTURA COMPROMETE PORTO DO RN, RESPONSÁVEL POR 9

POR ROGÉRIO MAURÍCIO

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totalmente cientes dessa responsabilidade.Herdamos uma situação precária, mas nãovamos permitir que o porto feche. Faremostudo o que humanamente tiver que ser feitopara evitar a paralisação do porto”, garante.

Um dos maiores conhecedores da reali-dade da ilha de metal e concreto no mar, opresidente da Associação dos Práticos do RioGrande do Norte em Areia Branca, vereadorCleodon Bezerra, afirma que o estado daestrutura metálica do porto é crítica, porqueos equipamentos são antigos. Ele argumentaque a recuperação dessa estrutura exigeuma quantia vultosa.

Para tentar sensibilizar o governo para oproblema, a bancada potiguar no Senado -Fernando Bezerra (PTB), José Agripino (PFL)e Garibaldi Alves Filho (PMDB) - se reuniuem junho com o ministro dos Transportes,Anderson Adauto. Eles solicitaram a libe-ração de R$ 16 milhões para a recuperaçãodo Terminal Salineiro de Areia Branca.Segundo Bezerra, ex-presidente da Confe-deração Nacional da Indústria (CNI), o Mi-nistério do Trabalho chegou a interditar o por-to, devido às inexistentes condições de segu-rança do trabalho. Mas concordou em adiara interdição para que o escoamento de salnão fosse paralisado.

Uma semana após a audiência dossenadores com Adauto, o Ministério dosTransportes anunciou a liberação de R$ 5,5milhões para o setor. Desse total, R$ 2,469milhões serão destinados para obras de recu-peração do porto. Segundo a assessoria deimprensa do Ministério, a verba já foi empe-nhada, ou seja, a Codern pôde contratar oserviço e o governo pagará o trabalho.

Safieh disse que as obras de manutenção jáestão em andamento, mas os R$ 2,46 milhõesvão dar apenas para o começo. Seriamnecessários mais R$ 14 milhões para as obras.O Ministério dos Transportes teria prometidoliberar esse montante em 90 dias. l

JULHO 2003 CNTREVISTA 59

PERIGOSituação caótica põe emrisco escoamento do salatravés dos portos do RioGrande do Norte CAPA

R 95% DA PRODUÇÃOgeométrica. “Corremos o risco de parar tudopor falta de investimentos”, alerta. Mas elegarante que o porto está funcionando emplena capacidade. Lemos disse que em ju-nho foram embarcadas 226 toneladas de sal.“O terminal tem uma série de problemas deestrutura e equipamentos, já que o porto éuma ilha artificial de estrutura arrojada e pas-sa por um período sem investimentos.”

O diretor-técnico da Codern, HannaSafieh, disse que uma equipe de enge-nheiros está mobilizada 24 horas para nãopermitir que o porto pare totalmente. Segun-do ele, no início de julho, três motorespararam e o porto chegou a ficar fechado porseis horas. “A nossa responsabilidade égrande junto à indústria química. Estamos

ASC

OM CODER

N

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60 CNTREVISTA JULHO 2003

NEGÓCIOSA TEAD TerminaisAduaneiros do Brasilvenceu a concorrência paraoperar o terminal de cargasdo Aeroporto InternacionalLeite Lopes, em RibeirãoPreto (SP). Pelo contrato,que tem validade de 15 anoscom a possibilidade derenovação, a TEAD realizaráo armazenamento de cargae a movimentaçãoaeroportuária de mercadoriasimportadas e exportadase pretende investirUS$ 2 milhões na construçãode um armazém paraalfândega.

INVESTIMENTOS

Enquanto os brasileiros reduzi-ram as viagens a Nova York,para a Guiana Francesa o vol-ume vem aumentando signi-ficativamente. As empresas aéreas Meta e Penta, quetransportam brasileiros daregião Norte para o país vizinho, registraram crescimen-to no volume de passageiros de20% e 47% respectivamente.Além disso, a Puma Air, quefaz vôos regionais entre o

Amapá e o Pará, já negocia acolocação de duas aeronavesem funcionamento em Brasília.Com isso, a companhia pre-tende iniciar vôos para aGuiana Francesa e dobrar areceita, que foi de R$ 1,2 mil-hão no ano passado. Para aPuma, existe potencial para osegmento de aviação regionalno Norte já que as empresasaéreas de grande portedeixaram de operar na região.

GUIANA FRANCESA

Estão abertas até o dia 31de julho as inscriçõespara o curso "Logísticaem Transporte",desenvolvido pelo Idaqem parceira com aUniversidade Católica deBrasília. Os interessadosem participar podem seinscrever nos siteswww.cnt.org.br ouwww.catolicavirtual.br.O curso analisa o sistemade distribuição, transporte etransferência de produtose discute as tendênciasda logística, entreoutros temas.

CURSO DE LOGÍSTICA

EXPANSÃORibeirão Pretoterá aeroportoampliado

FUTURA PRESS

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A empresa catarinense CuritibaBattistella lançou no mercadoum novo tipo de piso, todo emmadeira, especialmenteprojetado para ônibus urbanose rodoviários, motor-homes evagões ferroviários. O produto,com 15 anos de garantia, éfabricado com yellow pine,tipo de pinus que é maisleve e custa 30% menos queo alumínio.

O fórum Santos Export2003, que aconteceu noinício de julho, procuroualternativas para contribuircom o crescimento docomplexo portuário santista.Segundo o presidente daBrasil Ferrovias, Nelson deSampaio Bastos, sãonecessários investimentospara ampliar a capacidadede exportação do terminal,que opera no limite. A BrasilFerrovias, controladora daFerronorte, está desenvol-vendo o projeto de instalaçãodo Terminal de Granéis doGuarujá, na margem esquerdado estuário. Participaram doevento o ministro dosTransportes, AndersonAdauto, o secretário deTransportes de São Paulo,Dario Rais Lopes, e osecretário executivo daCamex, Mario Mugnaini Jr..s

NOVIDADEEmpresas aéreas acreditamque 2003 será o pior dosúltimos anos. De uma formageral, a expectativa é que, namelhor das hipóteses, o volumede passageiros seja igual a2002. A Gol possui uma dasperspectivas mais negativaspara o ano. Tomando comobase o primeiro semestre, queteve queda de 9% na demandade passageiros, o ano deveráser o primeiro a registrar baixa

nos últimos anos. Desde 1999,o mercado doméstico brasileirotem registrado crescimento noíndice de passageiros, segundodados comparativos do Departamento de Aviação Civil.Mesmo no ano passado,quando o setor reclamou dequeda no volume de pas-sageiros, no acumulado dos 12meses, houve aumento nademanda de 0,9%, volume foiconsiderado pequeno.

PESSIMISMO

LOGÍSTICA

DEBATE EM SANTOS

LOGÍSTICAOs debates marcaramencontro emNovo Hamburgo

Com o objetivo de promover ointercâmbio de idéias, políticas eestratégias que proporcionem oaperfeiçoamento e a expansãoda participação brasileira nosmercados mundiais, aconteceuem Porto Alegre, no final dejunho, o 4º CongressoInternacional de Multilogísticae Comércio Exterior. Ao lado daExpocargo 2003 (4ª Feira deMovimentação, Armazenagem eTerminais de Cargas, Transporte

e Logística), que será realizadaem outubro, em Novo Hamburgo,os eventos são os dois maisimportantes encontros dosegmento da região do Mercosul.Entre os participantes doCongresso o secretário dosTransportes do Rio Grande doSul, Jair Foscarini, o presidenteda Aslog, Carlos Alberto Mira,e Madeleine Onclinx, conselheirado Porto de Antuérpia,na Bélgica.

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ILSO

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ENDES

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AÇÃO

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62 CNTREVISTA JULHO 2003

IDET

ESTATÍSTICA

A mo vi men ta ção de car -gas pe las em pre sas detrans por te ro do viá rioatin giu, em maio, 36,8

mi lhões de to ne la das. O re sul ta dore pre sen ta um au men to de 0,6%so bre a mo vi men ta ção do mêsan te rior e está di re ta men te re la -cio na do à ace le ra ção do rit mo dasex por ta ções bra si lei ras.

Em abril e maio, o vo lu me dasex por ta ções re gis trou cres ci men -to de 11,3%, en quan to as im por -ta ções ti ve ram re du ção de 2,3%.Com isso, a ex pec ta ti va de que amo vi men ta ção no mo dal ro do viá -rio (por con ta das em pre sas decar ga) su pe re os 442 mi lhões deto ne la das se con so li da.

Ain da no mo dal ro do viá rio, ovo lu me de car ga no Es ta do deSão Pau lo em maio fi cou pró xi maa 22,7 mi lhões de to ne la das.

Após o for te au men to re gis tra -do no mês de mar ço (21,2%),quan do su pe rou a casa das 29,3

mi lhões de to ne la das, o mo dal fer -ro viá rio de car ga apre sen tou re du -ção em abril (0,3%), com vo lu mede 29,2 mi lhões de to ne la das.

A bai xa ca pi la ri da de da ma -lha fer ro viá ria bra si lei ra tem sidoum dos prin ci pais li mi ta do resna uti li za ção do mo dal. Ain daas sim, a car ga mo vi men ta dasu pe rou os 108 mi lhões de to -ne la das nos pri mei ros qua trome ses do ano.

A mo vi men ta ção de car ganos ae ro por tos e por tos em abrilfoi, res pec ti va men te, de 41.092to ne la das (5,5% me nor que nomês an te rior) e de 38,1 mi lhõesde to ne la das (cres ci men to de0,22%). A alta re fle te o es for çoex por ta dor do país.

No ae ro viá rio, os des ta ques fo -ram os de sem pe nho dos ae ro por -tos das re giões Nor te e Su des te,que apre sen ta ram re du ção no vo -lu me mo vi men ta do em re la ção aomês an te rior. Como as car gas nos

ae ro por tos pos suem maior va loragre ga do, o re sul ta do terá con se -qüên cia na ba lan ça co mer cial.

O mo dal ro do viá rio de pas sa -gei ros (seg men to in te res ta dual)re gis trou, em maio, apro xi ma -da men te 6,6 mi lhões de via -gens (2,8% me nor que o nú me -ro re gis tra do no mês de abril).Os prin ci pais des ti nos dos pas -sa gei ros em bar ca dos no Bra silfo ram os Es ta dos da Re gião Su -des te, se gui dos por Pa ra ná,Per nam bu co e Ba hia.

No trans por te co le ti vo ur ba no(ôni bus) fo ram re gis tra dos, apro xi -ma da men te, 912,4 mi lhões dedes lo ca men tos em maio (43,45mi lhões de des lo ca men tos por diaútil). Esse cres ci men to pode serex pli ca do pelo maior nú me ro dedias úteis no mês. A qui lo me tra -gem ro da da pe las em pre sas con -ces sio ná rias nos mu ni cí pios bra si -lei ros su pe rou a mar ca dos 508,3mi lhões de qui lô me tros.

O Índice de Pas sa gei ros Qui lô -me tro (IPK) mé dio para o pe río dofoi de 1,749. O IPK os ci lou en tre1,303, na re gião me tro po li ta na doRio de Ja nei ro, e 2,566, no RioGran de do Sul. O IPK es ta be le ceuma re la ção en tre a de man da portrans por te co le ti vo, nú me ro depas sa gei ros trans por ta dos, e aofer ta, re pre sen ta da pela qui lo me -tra gem per cor ri da ou pro du çãoqui lo mé tri ca. A mé dia his tó ri ca doIPK no Bra sil é de 2,3.

Para mais in for ma ções edown load das ta be las com ple tasdo Idet, aces se o site da CNT(www.cnt.org.br) ou da Fipe/USP(www.fipe.com.br). l

ESTRADASNO RITMODE ALTA

A EXPECTATI-VA DE QUE AMOVIMEN-TAÇÃO DECARGASUPERE 442MILHÕES DETONELADAS

Page 63: Revista CNT Transporte Atual-JUL/2003

TRANSPORTE COLETIVO URBANO (IDET/FIPE/CNT)

REGIÃO NORTE 29,270,849 15,797,959 1.853

REGIÃO CENTRO-OESTE 30,655,620 12,625,165 2.070

TOTAL REGIÃO NORDESTE 182,936,982 94,788,939 1.909

RIO DE JANEIRO - TOTAL ESTADO 158,362,728 124,738,681 1.349

TOTAL REGIÃO SUDESTE 509,587,832 309,555,733 1.543

RIO GRANDE DO SUL - TOTAL ESTADO 77,612,859 34,106,789 2.566

TOTAL REGIÃO SUL 160,013,155 75,618,526 2.319

TOTAL BRASIL 912,464,438 508,386,322 1.749

BASE GEOGRÁFICA PASSAGEIRO QUILOMETRAGEM RODADA IPK MÉDIO

MODAL RODOVIÁRIO DE CARGA (IDET/FIPE/CNT)(MAIO /2003)

TONELADAS TRANSPORTADAS

MODAL RODOVIÁRIO DE CARGA (IDET/FIPE/CNT)(ABRIL/2003)

TONELADAS TRANSPORTADAS

UF PA MA ES MG BRASIL

PA 1.220 5.082 6.302 - -

MA 367 152 519 - -

ES 493 714 1.212 - -

MG 6.949 4.682 12.416 - -

BRASIL 1.587 5.234 7.443 5.463 29.219

ORIGE

M DESTINO

UF MG RJ SP PR RS SC BRASIL

MG 2.750.161 118.582 720.070 15.859 30.008 1.718 4.038.866

RJ 333.601 1.081.186 1.015.890 123.799 84.003 149.518 2.934.723

SP 694.745 950.077 12.617.194 868.509 1.111.477 412.523 17.904.394

PR 33.419 124.782 745.597 2.459.173 42.357 833.860 4.343.671

RS 54.090 122.341 767.362 59.876 1.179.418 100.278 2.397.792

SC 105.769 37.643 362.836 118.217 148.826 779.246 1.565.706

BRASIL 4.438.322 2.583.188 17.382.336 3.660.084 2.613.563 2.293.979 36.813.715

ORIGE

M DESTINO

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JULHO 2003 CNTREVISTA 65

DESTAQUES • AGOSTO 2003

SEST/SENAT

DESENVOLVIMENTOGERENCIALDias 21 a 28 de agosto, • 09 hreprise • 13h45 • PEAD 1Dias 04 a 11 de agosto • 12h15reprise • 14h50 • PEAD 2

O curso de Desenvolvi-mento Gerencial possui29 aulas sobre a habili-dade de gerenciar. Asvídeo-aulas trazeminformações sobre asformas de comunicação eliderança, sobre comoadministrar a motivaçãodas pessoas e comoreconhecer o queprovoca o desperdíciode tempo.

OPERADOR DEEMPILHADEIRADias 04 e 05 de agosto • 09hreprise • 13h45 • PEAD 1Dias 14 e 15 de agosto • 12h15reprise • 14h50 • PEAD 2

Este curso tem o objeti-vo de melhorar o desem-penho do profissional,por meio do conheci-mento do equipamentooperado por ele e daimportância da suafunção no sistema detransporte.

IDAQ

Programa de bate papo comespecialistas, ao vivo ! Participeenviando perguntas pelo 0800 •782891, pelo fax: 0 XX 61 - 3217951, ou pelo e-mail:[email protected]. Todas asterças -feiras, de 14h50 • 15h30.

NOVIDADES NA PROGRAMAÇÃO:BRASILIANA:Diariamente, • 11h 45.

Produzido pela STV - Rede Sesc-Senac de Televisão, o programamostra a cultura, os valores e ahistória do Brasil, contados em lin-guagem de documentário, na vozde seus próprios protagonistas.Edições temáticas revelam as ori-gens e o desenvolvimento dosciclos econômicos, do trabalho,dos costumes e da formaçãodo “caráter” brasileiro.

PROJETO SEST/SENAT DEGINÁSTICA LABORALDia 05 de agosto

Prevenir o desenvolvimento dedoenças por meio da educaçãoe do esclarecimento é uma dasestratégias utilizadas peloSEST/SENAT para diminuir osproblemas relacionados com asaúde dos trabalhadores. Estaestratégia resultou em iniciativascomo o Projeto SEST/SENAT

nas Empresas, entre outras, cujavocação é promover a saúde e amelhoria da qualidade de vida dostrabalhadores.

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃODia 12/08 : Organização de Eventos - Dia 19/08:

Marketing Direto -Dia 26/08 : Imprensa.

Os trabalhos de assessoria deimprensa, de marketing direto, e deorganização de eventos serãocomentados por profissionais decada uma das áreas. Durante umahora, os convidados irão falar sobrecomo agir em relação a essasações de comunicação e responderàs perguntas enviadas.

MELHORANDO O DESEMPENHODE VEÍCULOSDias 19 e 20 de agosto, • 10h10 e reprise • 16h30

Analisa o rendimento dos moder-nos motores de combustão eseu uso eficiente face àscondições de tráfego, às limitaçõesde velocidade, ao aspecto legal ede mecânica do veículo, às limi-tações de peso e de seus efeitossobre o desempenho, consumo edurabilidade. Trata também das lim-itações impostas pelo ambiente epelas trajetórias, das melhoriasaerodinâmicas com a utilização deacessórios adequados e da deterio-ração com os inadequados, taiscomo a influência na inércia, na fre-nagem, no tráfego, na dirigibilidade,na estabilidade, etc.

NOVO CURSO CNT DEBATE

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66 CNTREVISTA JULHO 2003

HUMOR

LUKAS é chargista do jornal DIÁRIO DE MARINGÁ (PR)

LUKAS

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JULHO 2003 CNTREVISTA 67

ANUNCIO REDE TRANSPORTE - ESTÁ NO CD DA CNT

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68 CNTREVISTA JULHO 2003

ANUNCIO IDAQ - ESTÁ NO CD DA CNT