revista cnt transporte atual - fevereiro/2012

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C NT Alternativa eficiente EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT LEIA ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ABCR, MOACYR SERVILHA DUARTE TRANSPORTE ATUAL ANO XVII NÚMERO 197 FEVEREIRO 2012 Transporte por ferrovias no Brasil cresce 85,6% a partir do início das concessões; investimento privado chega a R$ 24 bilhões desde 1997, aponta a Pesquisa CNT de Ferrovias 2011 Transporte por ferrovias no Brasil cresce 85,6% a partir do início das concessões; investimento privado chega a R$ 24 bilhões desde 1997, aponta a Pesquisa CNT de Ferrovias 2011

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Transporte por ferrovias no Brasil cresce 85,6% a partir do início das concessões; investimento privado chega a R$ 24 bi desde 97, aponta Pesquisa CNT de Ferrovias

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Page 1: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNTAlternativaeficiente

EDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

LEIA ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ABCR, MOACYR SERVILHA DUARTE

T R A N S P O R T E A T U A L

ANO XVII NÚMERO 197FEVEREIRO 2012

Transporte por ferrovias no Brasil cresce 85,6% apartir do início das concessões; investimento privado

chega a R$ 24 bilhões desde 1997, apontaa Pesquisa CNT de Ferrovias 2011

Transporte por ferrovias no Brasil cresce 85,6% apartir do início das concessões; investimento privado

chega a R$ 24 bilhões desde 1997, apontaa Pesquisa CNT de Ferrovias 2011

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 20124

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XVII | NÚMERO 197 | FEVEREIRO 2012

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA ANTF/DIVULGAÇÃO

Moacyr ServilhaDuarte, da ABCR, falasobre as rodovias

PÁGINA 10

ENTREVISTA

SAE AeroDesign estimula a inovaçãoentre universitários

PÁGINA 36

AEROVIÁRIO

Iniciativas para fazero trânsito maisagradável e cordial

PÁGINA 44

GENTILEZA URBANA

INFRAESTRUTURA

Brasil tem poucosprojetos de eclusasem andamento

PÁGINA 50

A ESCOLHA PERFEITA • Origem donome das empresas passa por homenagem àterra natal e outras experiências pessoais

PÁGINA 20

Pesquisa CNT de Ferrovias 2011 mostra a importância domodal para o crescimento econômico e o desenvolvimentodo país; investimento privado é 18,5 vezes maior que opúblico, desde o início das concessões

Página 26

CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Americo Ventura

[[email protected]]

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 5

T R A N S P O R T E A T U A L

Uma análise sobre asperspectivas no Brasile no mundo em 2012

PÁGINA 60

ECONOMIA

Humor 7

Alexandre Garcia 8

Mais Transporte 14

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

SeçõesSEST SENAT

Programa Taxista Nota 10 recebe mais de 4.000 inscrições

PÁGINA 68

TRANSPORTE DE CARGA • Troca de caminhãopor outro em melhores condições de uso e com menosidade exige a observação de itens importantes

PÁGINA 56Já sabe os valores dacontribuição sindical deste ano?Ela está prevista em lei e é recolhida, em janeiro, pelosempregadores e, em fevereiro,pelos trabalhadores autônomos.A tabela de 2012 já está disponível para download nosite da CNT. Confira em:http://www.cnt.org.br/Paginas/Contribuição-sindical.aspx

Projeto Despoluir• Conheça o programa• Acompanhe as notícias sobre

meio ambiente

Canal de Notícias• Textos, álbuns de fotos, boletins

de rádio e matérias em vídeosobre o setor de transporte no Brasil e no mundo.

Escola do Transporte• Conferências, palestras e

seminários• Cursos de Aperfeiçoamento• Estudos e pesquisas• Biblioteca do Transporte

Sest Senat• Educação, Saúde, Lazer

e Cultura• Notícias das unidades• Conheça o programa de

Enfrentamento à ExploraçãoSexual de Crianças e Adolescentes

CONTRIBUIÇÃOSINDICAL

BALANÇO

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

E MAIS

www.cnt.org.br

Quase 700 reportagens emtexto, 180 matérias de áudio,50 reportagens em vídeo postadas no Youtube e mais deseis mil visualizações de fotosno Flickr. Esse é um resumodas ações da Agência CNT deNotícias em 2011. Acesse onosso site e veja o ranking daspublicações mais acessadasnos últimos meses:http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia_Noticia.aspx?n=7999

PESQUISA CNTDE FERROVIASDivulgada no final de 2011, aPesquisa CNT de Ferroviasganhou um espaço especial nosite da Confederação Nacionaldo Transporte. Aos interessadosem conhecer uma radiografia dosistema ferroviário brasileiro,estão disponíveis para downloado estudo completo, os principaisdados do levantamento, a apresentação resumida da pesquisa e a galeria de fotos. Acesse e fique bem informado:http://www.cnt.org.br/Paginas/Pesquisas_Detalhes.aspx?p=7

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 7

Duke

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rasília (Alô) – Todo mundo sabeque a velocidade e o álcool sãoos causadores dos acidentes quedestroem vidas, veículos e car-gas. A matança no Brasil é supe-rior a qualquer guerra do plane-

ta. Só se pode entender como umaabsurda insensatez a posição de muitagente – políticos, autoridades e moto-ristas – que são contra a punição quedesestimularia a velocidade e o álcool.O Contran, arrependido da besteira quefoi feita por inspiração de um ministrobom-moço, orienta agora que já não seavisem da presença de pardais.Enquanto isso, Estados relutam emseguir o bom exemplo do Rio de Janeiroque, pela aplicação da Lei Seca, estásalvando mais vidas que a presença nasUPPs nos morros e favelas.

No Rio, quatro desembargadores doTribunal de Justiça já perderam a habili-tação por causa da Lei Seca. E o coman-dante da operação, ao ser convidado porSérgio Cabral, respondeu que só aceitariase o governador se comprometesse a nãoligar para ele durante ações que captura-ram motoristas alcoolizados. Esse exem-plo deveria acontecer no país inteiro. Nacapital do Brasil, o diretor do Detran queimplantou o exemplar respeito à faixa depedestre mesmo antes do novo código,Luiz Miura, nunca recebeu telefonema deautoridade porque tinha o apoio do

governador Cristovam Buarque para apli-car a lei em quem quer que fosse.

Pena que, na mesma Brasília, numainterpretação safada do Código deTrânsito, o Legislativo local tenha aprova-do lei do então deputado Luiz Estevão paraavisar os transgressores da presença depardal 300 metros antes. O código fala emprevenir barreira física, obstáculo na via.Criou-se com isso a cultura de acelerarentre um pardal e outro, frear perto dopardal e voltar a acelerar depois do con-trole. Mais gasto de freio e de combustível.E sem coibir a alta velocidade. O que ocódigo fala é em avisar que a via tem fisca-lização eletrônica. Prevenir a 300 metrosdo pardal é ser cúmplice do infrator. Écomo decidir que quarteirões policiadosdevam ter um aviso aos assaltantes. Quevão assaltar nos quarteirões sem o aviso.

Nos Estados Unidos, há o aviso: “estaestrada tem vigilância aérea”. Pronto.Ninguém arrisca afundar o pé no acelera-dor porque não sabe se há um balão, aviãoou satélite em constante vigilância. Já vium carro sair da estrada e capotar à minhafrente e mal eu havia parado para socor-rer, chegaram a polícia, os bombeiros e aambulância. Pensei que estavam invisíveise se materializaram no momento do aci-dente. Vigilância invisível seria uma boaideia para fazer o motorista brasileiro pen-sar duas vezes antes de apertar o pé nofundo ou beber e dirigir.

B

“Vigilância invisível seria uma boa ideia para fazer o motorista brasileiropensar duas vezes antes de apertar o pé no fundo ou beber e dirigir”

Velocidade e álcool

ALEXANDRE GARCIA

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ENTREVISTA MOACYR SERVILHA DUARTE

Mesmo afirmando que oBrasil poderia ampliaro Programa deConcessão Rodoviária

Federal por meio de PPPs(Parcerias Público-Privadas), odiretor-presidente da ABCR(Associação Brasileira dasConcessionárias de Rodovias),Moacyr Servilha Duarte, afirmaque o modelo adotado hoje nopaís é inovador.

De acordo com ele, diver-sos países visitaram o Brasilem 2011 para conhecer o pro-grama e tentar implantar omesmo modelo de gestão pri-vada em suas malhas rodoviá-rias federais. “Nós tambémtemos muito o que aprendercom países como os EstadosUnidos, mas o nosso sistemade concessão já serve deexemplo”, afirma ele.

Em entrevista à revistaCNT Transporte Atual,Duarte analisa os contratos

existentes no país e fala daavaliação positiva das rodo-vias privadas. Segundo aPesquisa CNT de Rodovias2011, 86,9% delas são consi-deradas ótimas ou boas,enquanto na gestão pública oíndice não ultrapassa 33,8%.

O primeiro ato de conces-são de rodovias no Brasil foiassinado em 1988, pelo entãopresidente José Sarney, maso processo ficou suspensopor vários anos. Foi somenteem 1993, no governo ItamarFranco, que o projeto foiretomado com a criação doPrograma de ConcessãoRodoviária Federal. O primei-ro contrato de concessão aentrar em vigor, em dezem-bro de 1994, foi o da ponteRio-Niterói. Hoje, existempouco mais de 55 contratosde concessão no país, segun-do a ABCR. Algumas conces-sionárias no Mato Grosso e

uma no Ceará não são asso-ciadas à instituição.

Acompanhe os principaistrechos da entrevista.

Mais uma vez, na pesquisaCNT de Rodovias, divulgadaem outubro de 2011, as rodo-vias privatizadas foram clas-sificadas como as melhoresdo país. A que pode ser atri-buído esse destaque?

Primeiro, evidentemente, achoque o destaque se deve à capaci-dade gerencial que é aplicada naadministração. As empresastocam aquilo como um empreen-dimento privado. Sem deméritopara os órgãos do governo, maseles têm toda uma questão buro-crática que as empresas privadasnão têm. Em segundo lugar, cadaempresa é responsável por umtrecho específico, então elas sãofocadas naquilo. O terceiroaspecto a ser considerado é ofato que você tem um fluxo de

caixa estável. Você tem a arreca-dação do pedágio que permiteuma programação de investi-mentos e de despesas e, alémdisso, pode ter a certeza que elesserão realizados. Não existe adependência de orçamentoanual, de liberação de verbaspúblicas. Acho que esses trêsfatores explicam a melhor quali-dade das rodovias concedidas.

Qual o valor arrecadadopelas concessionárias empedágio no último levanta-mento da ABCR?

A receita de pedágio das con-cessionárias, desde 1996 atéoutubro de 2011, é de R$ 69,3bilhões. O total de despesas e deinvestimentos no mesmo períodofoi de R$ 80,9 bilhões.

Quanto tem sido investidopelas concessionárias namanutenção, recuperação econstrução de rodovias no

“A receita de pedágio das concessionárias, desde 1996 até outubro de O total de despesas e de investimentos no mesmo período foi

“Concessões são inPOR LIVIA CEREZOLI

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MOACYR SEVILHA DUARTE

“A receita de pedágio das concessionárias, desde 1996 até outubro de 2011, é de R$ 69,3 bilhões.O total de despesas e de investimentos no mesmo período foi de R$ 80,9 bilhões”

país anualmente? Como essevalor é aplicado?

Desde 1996 até outubro de2011, as concessionárias investi-ram R$ 25,6 bilhões. As despesasoperacionais, também no mesmoperíodo, atingiram R$ 24,5bilhões. Ainda nesse período, asconcessionárias recolheram aoscofres públicos R$ 11,5 bilhões emtributos federais e municipais. Ospagamentos ao poder conceden-te foram de R$ 10,2 bilhões. Osencargos financeiros somam R$ 9bilhões. No período, foram execu-tados 3.102 quilômetros de pavi-mentação nova nas rodovias con-cedidas, construídos 639 mil m2

de pontes e viadutos novos, alémde serem recuperados aproxima-damente 2,9 milhões de m2 dessasobras. Quanto às realizações emsegurança, as concessionáriasimplantaram 1,2 milhão de metrosde barreiras de concreto novas e3,3 milhões de metros de defen-sas metálicas. Também foram ins-

taladas nas rodovias concedidas1.567 câmeras, 5.907 telefones deemergência, além de 308 radaresfixos e móveis. Visando confortoe atendimento aos usuários, asconcessionárias construíram 329SAUs (bases de atendimento aousuário). Se antes as rodoviaseram, em sua maioria, operadascom base em informações obti-das via rádio, hoje as informa-ções são conseguidas por meiode imagens de alta qualidade,gravadas digitalmente e transmi-tidas em tempo real por câmerasde monitoramento instaladas namalha rodoviária. Isso porque osetor conta com tecnologias deúltima geração, que permite omonitoramento contínuo dasrodovias pelos Centros deControle Operacional.

Como a ABCR avalia osmodelos de concessão adota-dos hoje no Brasil?

Existe um componente políti-

co em todo o processo de conces-são. Algumas esferas de poderpolítico querem privilegiar umatarifa baixa. Para isso, algunsaspectos acabam sendo minimi-zados, como a questão dos inves-timentos. Esse é um primeiro tipode programa. Outros modelospriorizam o investimento. Temossempre que pensar qual é o obje-tivo político do programa queserá adotado. Hoje, no Brasil,existem modelos distintos deconcessões. O governo federal,desde o início, em 1993, semprefez a licitação pela menor tarifa.Evidentemente que, em 2007, foilevado ainda mais a frente essabusca pela menor tarifa. Agora,nos casos de São Paulo, Paraná eRio Grande do Sul, no programa

inicial, o governo definia qual eraa menor tarifa e ganhava quemoferecesse, por exemplo, no casode São Paulo, a maior outorga.Também foram incluídos, emalguns casos, investimentosmuito grandes, como a descida daImigrantes, as marginais daCastelo Branco, o prolongamentoda Bandeirantes. No Paraná e noRio Grande do Sul, ganhava quemassumisse o maior número detrechos adicionais para conser-var. Evidentemente, é isso queacaba dando o tom do programaadotado.

É possível dizer qual seria omelhor modelo de programa deconcessão para o Brasil?

Isso é muito difícil. Vamos ana-

ABCR/DIVULGAÇÃO

“Concessões são in ovadoras”

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lisar novamente o caso de SãoPaulo. Pela Pesquisa CNT deRodovias, as dez melhores rodo-vias são paulistas. Isso é reflexodo modelo adotado que priorizouum investimento maior. É claroque isso leva a uma cobrança detarifa maior. Então, você vai dizerassim: do ponto de vista da quali-dade da rodovia, o modelo de SãoPaulo é melhor. No caso das con-cessões federais, o valor do pedá-gio é menor. Depende muito doque se quer. Se a opção for pelastarifas mais baixas, segue-se ummodelo. Se for pelos investimen-tos e por uma melhor qualidadenas rodovias, as tarifas de pedá-gio são maiores. Nos primeirosprogramas, tanto os de São Pauloquanto os federais, realizados emmeados da década de 1990, assituações econômica e institucio-nal eram diferentes. Existia infla-ção, as agências reguladorasestavam sendo criadas. Então,isso também impactou nos mode-los adotados, devido ao risco queos concessionários assumiram.Na segunda etapa do programa, oquadro já era mais estável, maisfavorável. Isso também contri-buiu para a diferenciação dosmodelos adotados.

Existem modelos adotadosem outros países que poderiamservir de exemplo?

Existem muitos exemplos, masisso depende das características

de cada país. Nos Estados Unidos,a maioria das rodovias pedagia-das é do governo federal e temum tipo de característica. Por lá,grande parte das concessões ébem parecida com o modelo deSão Paulo, baseado no valor deoutorga. Na Europa, as caracterís-ticas são diferentes. Por outrolado, para mim, o programa ado-tado no Brasil é inovador. Isso foicomprovado no 7º CongressoBrasileiro de Rodovias eConcessões que realizamos em2011. Nós contamos com a presen-ça de profissionais e autoridadesda área de transportes de 20 paí-ses: Alemanha, Argentina, Áus-tria, Canadá, Chile, China,Colômbia, Croácia, Eslovênia,Espanha, Estados Unidos, França,Nigéria, Panamá, Paraguai, Peru,Portugal, Sudão, Suécia e Vietnã.Todos esses países vieram conhe-cer o programa brasileiro paratentar atrair a iniciativa privadapara investir na infraestrutura detransporte.

Por que as PPPs (ParceriasPúblico-Privadas) ainda sãopouco usadas na concessão denovas rodovias brasileiras?

No caso das PPPs ou conces-sões patrocinadas (cobrança depedágio com complemento dereceita por parte do governo) ouadministrativas (governo pagaum valor fixo pela operação, masnão há cobrança de pedágio), é

preciso aportes de recursos dogoverno. Então, todos essesmodelos precisam de estudos deviabilidade, mas o governo nãotem promovido investimentosnessa área. Esse é um problemaque dificulta a implantação dasParcerias Público-Privadas. Masesse é um bom modelo, que deve-ria ser ampliado. Hoje, não exis-tem muitas rodovias que sejamviáveis para as concessõescomuns, como as que já são usa-das. Então, para dar continuida-de ao programa de participaçãoda iniciativa privada, o governovai precisar ampliar as conces-sões patrocinadas. Só que, paraisso, é preciso investir mais emestudos de viabilidade.

Na sua avaliação, quais osprincipais trechos de rodoviasestaduais ou federais compotencial para a concessão?

A ABCR não faz esse tipo de

AVALIAÇÃO Rodovias concedidas são as melhores, segundo a Pesquisa CNT 2011

“O setorconta comtecnologiasde última

geração, quepermitem o

monitoramentocontínuo das

rodovias”

Page 13: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

que estão há quatro anos emestudo, e o da BR-101, no EspíritoSanto, que tem uns dois anos e sóagora a licitação está saindo.

As rodovias operadas pelasconcessionárias estão concen-tradas na faixa leste do país,que vai desde o Rio Grande Sul,incluindo toda a região Sudeste,até Pernambuco. Há falta deinteresse das empresas emexpandir essa atuação nasregiões Nordeste, Centro-Oestee Norte do país?

Em Mato Grosso já existemtrês ou quatro concessões peque-nas. O problema não é a falta deinteresse. Pelo volume de tráfegoque apresentam, as rodovias des-sas outras regiões não são viá-veis para a concessão comum.Seria preciso fazer PPPs e aí vocêesbarra no problema da falta derecursos dos Estados. Eles terão

como garantir os pagamentos porperíodos longos? A iniciativa pri-vada tem interesse em participarde concessões desde que hajasegurança. É preciso ter viabilida-de financeira.

Quais os critérios utiliza-dos pelas concessionáriaspara definir as tarifas depedágios que serão cobradasnas rodovias?

As tarifas já são definidas eapresentadas na proposta da lici-tação. É preciso calcular o volumede tráfego para avaliar qual vaiser a receita. Depois são calcula-dos os custos dos investimentos ede operação e, com isso, chega-seà tarifa que será cobrada.

Por que as rodovias esta-duais, principalmente em SãoPaulo, têm tarifas tão altas depedágio (os valores ultrapas-sam os R$ 10 por trecho) e asfederais, como a Fernão Dias,têm tarifas de apenas R$ 1,40(de acordo com o reajuste rea-lizado em dezembro de 2011)?

Os estudos de tráfego emalgumas rodovias estavam bas-tante defasados. Quando as con-cessionárias foram fazer as pro-postas, elas verificaram que o trá-fego era, em média, 50% maiordo que aquele apresentado noestudo de viabilidade. Com essepercentual maior, aumenta tam-bém a receita. Portanto, é possí-

vel baixar a tarifa. Agora, a dife-rença entre rodovias estaduais efederais se deve ao interesse daconcessão. Geralmente, o gover-no federal trabalha com a menortarifa e o estadual, principalmen-te em São Paulo, o que conta é ovalor de outorga.

Existem relatos de quetodas as rodovias federais queforam privatizadas com tarifasa baixo preço estão com asobras atrasadas. Como a ABCRavalia essa situação?

Não é por falta de dinheiroque essas obras estão atrasa-das. Todas as concessionárias jáassinaram contratos com oBNDES (Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial). A própria ANTT (AgênciaNacional de TransportesTerrestres) reconhece que osestudos de viabilidade tinhamimperfeições e que agora impac-tam na execução das obras. Nãose tinha projetos bem definidos, eas licenças ambientais são sempreproblemáticas. Além disso, abre-seuma discussão política porquesempre tem alguém para dizer nãofaz a duplicação aqui, faz lá etc. Asobras não estão sendo executadasconforme o cronograma inicial poresses problemas. Não vejo relaçãoentre preço do pedágio e prazo deobras. As concessionárias estãofazendo todo o esforço possívelpara finalizar os projetos. l

AVALIAÇÃO Rodovias concedidas são as melhores, segundo a Pesquisa CNT 2011

PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2011

levantamento. Trabalhamos sem-pre de acordo com os projetos dogoverno, e ele já estuda umasérie de novas concessões.Recentemente foi anunciada aconcessão da BR–101, no EspíritoSanto, cujo leilão estava marcadopara janeiro de 2012. O trecho aser licitado possui 475,9 quilôme-tros de extensão. Estão previstospara breve também a licitação deconcessão de trechos das BRs040 e 116, em Minas Gerais.

Por que há tanta demora nalicitação de novos trechos derodovias no Brasil?

Justamente porque o governotem dificuldade em fazer os estu-dos de viabilidade. Como eles nãosão satisfatórios, o TCU (Tribunalde Contas da União) questiona osprojetos e o processo tem quecomeçar todo novamente.Exemplo disso são os projetos dasBRs 116 e 040, em Minas Gerais,

“As ParceriasPúblico-

Privadas sãoum bom

modelo, quedeveria serampliado”

Page 14: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201214

MAIS TRANSPORTE

A Iveco firmou parceria com aCedec (Coordenadoria Estadualde Defesa Civil) de Minas Gerais.O contrato visa intensificar asações de enfrentamento aoperíodo chuvoso, utilizando umcaminhão com capacidade decarga para até 14 toneladas. Oveículo será usado pela Defesa

Civil no transporte de ajudahumanitária para os municípiosatingidos pelas chuvas e ficará à disposição da Cedecaté abril de 2012. A parceriaprevê que o caminhão seja utilizado em todos os municípios mineiros que necessitarem do auxílio.

Caminhão ajuda Defesa Civil/MG

A Ford vai investir R$ 800 milhõespara a produção de um novo veículo global em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). A montadora confirmou ainda quevai lançar esse veículo em 2012 eoutros três novos produtos, também globais, abrangendo 15

versões. “Até 2015, 100% dos nossos carros serão globais", dizMarcos de Oliveira, presidente daFord Brasil e Mercosul. Em 2011, amarca completou o lançamento doseu primeiro carro global, o NewFiesta, com a introdução da versão Hatch no mercado mundial.

Carro global produzido em SP A Randon S.A. foi escolhida como Fornecedora Revelação daMRS Logística. A escolha foi feitacom base na avaliação do IDF(Índice de Desempenho deFornecedores). O prêmio, que reconhece os melhores fornecedores do ano, foi entregue

ao diretor industrial daRandon, Celso Santa Catarina,durante o 3° Fórum deFornecedores. O evento reuniu grandes empresas brasileiras e internacionaisligadas ao setor ferroviário, em Juiz de Fora (MG).

Fornecedora revelação

A Abiquim (Associação Brasileirada Indústria Química) concedeu o Prêmio Mirtes SudaTransportadora AtuaçãoResponsável 2011 para a GoldenCargo na categoria transporte decarga embalada. Para a escolhados vencedores foram considerados critérios como aparticipação no programa“Atuação Responsável”, desenvolvido pela Abiquim, astaxas de acidente grave no

transporte, de frequência de acidentes com afastamento, deacidentes típicos de pessoal e terceiros, de gravidade, além daidade média e do gerenciamentoda frota. A Golden Cargo, especializada no gerenciamento e na operação da cadeia logística de mercadorias especiais, comodefensivos agrícolas e produtosquímicos embalados, disponibilizapara os motoristas, cerca de 80horas de treinamento por ano.

FÁBIO FÁVARO/DIVULGAÇÃO

FORD/DIVULGAÇÃO

DESTAQUE Golden Cargo é premiada pela Abiquim

IVECO/DIVULGAÇÃO

APOIO Iveco cede caminhão para período chuvoso

Prêmio Abiquim

NOVIDADE Ford prepara lançamento para 2012

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 15

HISTÓRIAS DE CAMINHONEIRO

Avivência de mais de30 anos pelas estra-das do Brasil inspira-

ram o ex-caminhoneiroAntônio Carlos Padilha a seaventurar por outros cami-nhos. Ele lançou o livro“Histórias de Boleia”, umprojeto que contempla,além do registro gráfico,um CD com as 16 históriasda publicação, narradaspelo próprio autor.

Os contos traçam as expe-riências vividas por um heróida estrada, com casos inusi-tados. Os textos são ilustra-dos para facilitar a com-preensão e o envolvimentodo leitor com as histórias.

Padilha diz que a ideiainicial era lançar um “livrofalado”. Quando o CD foifinalizado, ele percebeu queo conteúdo poderia renderuma publicação impressa.“Fui até a editora. Depois decontar uma parte dasminhas histórias, a empresadecidiu lançar o livro“Histórias da Boleia” com aversão em CD. É um projetoem homenagem aos colegascaminhoneiros.” O projetoconta com o apoio daMercedes-Benz.

A maioria dos casos,revela Padilha, foi vividopor ele ao longo dos muitosanos de profissão. Os temassão diversificados e contamtambém com algumas histó-rias do folclore brasileiro.

O autor se orgulha daobra. “Ficou maravilhosa eestá sendo elogiada não sópelos caminhoneiros, como

também por muita gente deoutros segmentos. Estoumuito grato e bastantesatisfeito com o resultado.”

Padilha afirma que o dia adia nas estradas foi fundamen-tal para a produção das histó-rias. “A experiência adquiridanas intermináveis viagensBrasil afora, por mais de 30anos, foi um incentivo e tanto.”

LEMBRANÇA Antônio Padilha conta sua experiência

Para ler e ouvir casos da boleiaO ex-caminhoneiro escre-

ve desde 2002 e diz que, apartir daí, não parou mais.“O contato e a convivênciacom brasileiros de todas asregiões contribuíram muitopara a conclusão da maioriadas minhas histórias.”

Ele pretende expandir oprojeto. “Desde quando crieios primeiros casos, senti queia dar certo. Estou disposto aestudar novos projetos paraproduzir outros volumes.”

(Letícia Simões)

SERVIÇOHistórias da Boleia Livro e CDAutor: Antônio Carlos PadilhaEditora: TT EditoraPáginas: 120Distribuição gratuita. A solicitaçõesdevem ser feitas pelo e-mail [email protected]

DIVULGAÇÃO

Page 16: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201216

MAIS TRANSPORTE

Administração na era dasgrandes transformaçõesLivro reúne artigos e entrevistas deDrucker sobre a administração emambientes de grandes mudanças. De: Peter Drucker, Ed. Campus,352 págs., R$ 77,90

MussoliniBiografia aborda a infância, o político,o combate na Primeira GuerraMundial, a fundação do fascismo, aaliança com Hitler na SegundaGuerra Mundial e seu assassinato.De: Pierre Milza, Ed. NovaFronteira, 496 págs., R$ 54,90

O Homem que venceuAuschwitzSoldado britânico se infiltrou nocampo de concentração e testemunhou a barbárie lá dentro.De: Denis Avey e Rob Broomby,Ed. Nova Fronteira, 272 págs., R$ 41,90

O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) VC-96, um Boeing 737-200, conhecido como Sucatinha, e quetransportou sete presidentes da República, no período de 1976 a 2010, está em exposição no Musal(Museu Aeroespacial), no município do Rio de Janeiro. A aeronave foi desativada em abril daquele ano.

Sucatinha vai para museu

AGÊNCIA FORÇA AÉREA/ARQUIVO/DIVULGAÇÃO

ALL amplia negócios A ALL se uniu às empresasTriunfo Participações eInvestimentos e VetorialMineração para criar a VetriaMineração S.A. A nova empresaserá responsável pela extração,transporte e comercializaçãode minério de ferro proveniente do Maciço doUrucum, em Corumbá (MS), via

Porto de Santos (SP). A Vetriajá possui uma mina operacional.A capacidade logística ferroviária da empresa estágarantida em contrato detransporte em longo prazo. Ominério será exportado pormeio de um terminal portuáriopróprio, a ser instalado emSantos. Para integrar mina,

ferrovia e porto, a Vetria estimainvestir aproximadamente R$ 7,6 bilhões. Parte dessemontante será destinada àampliação da capacidade damina, em 20 milhões de toneladas por ano. A ALL possui 50,4% de participaçãona nova empresa, a Vetorial33,8% e a Triunfo 15,8%.

Page 17: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 17

INFRAERO/DIVULGAÇÃO

GRÁTIS Infraero promete Internet em 17 aeroportos

A Infraero vai disponibilizar serviço gratuito de Internet semfio nos 17 principais aeroportos dopaís. A estimativa da empresa éque, até março, os passageirospossam se conectar gratuitamente antes de seus voos nesses terminais.

Atualmente, o Wi-Fi só é gratuito15 minutos antes do embarque. A nova proposta prevê o acessográtis somente para o aeroportode origem da viagem. Além disso,a Internet ficará disponível apenas na área de embarque,depois do raio X.

Wi-Fi ilimitado

A Sascar, especializada em soluções para o segmento de logística e de transporte, comemora o bom desempenho de2011. A empresa fechou o últimoano com crescimento recorde de35% no volume de negócios e deserviços em relação a 2010. Acompanhia investiu R$ 50 milhõesem novas soluções, tecnologia,compra de equipamentos e aprimoramento do atendimentoao cliente. Para os próximos trêsanos, a Sascar tem um plano de

negócios com previsão de investimentos superiores a R$ 150milhões. A maior parte do valorserá destinada à compra de equipamentos a serem cedidosem comodato aos usuários dassoluções. Adicionalmente, R$ 25 milhões serão gastos no desenvolvimento de uma plataforma de TI (Tecnologia daInformação) e novas soluções.Outros R$ 15 milhões serão direcionados ao aprimoramentodo atendimento ao cliente.

Balanço positivo

COMBUSTÍVEL

APetrobras ampliou o for-necimento do Diesel S-50(diesel com baixo teor de

enxofre), para todos os Estadosbrasileiros. O combustível, quecomeçou a ser distribuído gra-dativamente a partir de 2009,será disponibilizado para anova frota de veículos com tec-nologia P7, produzidos a partirdeste ano. A empresa confirmaque o Diesel S-50 estará dispo-nível, inicialmente, em mais de900 postos de serviçosPetrobras em todos os Estados.

A companhia também for-necerá o Arla 32, uma soluçãode ureia utilizada nos novosveículos pesados a diesel pararedução de emissões. A

Petrobras Distribuidora vaicomercializar o Arla 32 com amarca Flua, em sua rede depostos. Para a unidade de pro-dução do Flua, na fábrica defertilizantes de Camaçari (BA),a empresa investiu R$ 105milhões. A previsão é que aprodução em escala comercialchegue a 200 mil metros cúbi-cos a partir de outubro.

Segundo a Petrobras, o usodo Diesel S-50 nos novos moto-res vai resultar na redução de,no mínimo, 80% da emissão dematerial particulado; e o usodo Arla 32 permitirá reduzir ematé 98% a emissão de NOx (óxi-dos nitrosos), um dos gases deefeito estufa.

Diesel S-50 em todo o país

ADEQUAÇÃO Petrobras amplia abastecimento

JÚLIO FERNANDES/CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201218

MAIS TRANSPORTE

PARANAGUÁ

OMinistério do Desenvol-vimento, Indústria eComércio divulgou o

ranking nacional dos portosque mais exportam produtosdo complexo soja (soja, farelo eóleo). O Porto de Paranaguá(PR) lidera a classificaçãogeral. De janeiro a novembrode 2011, foram 11,6 milhões detoneladas de produtos expor-tados. Na sequência aparecemos portos de Santos (SP), RioGrande (RS) e São Francisco doSul (SC), respectivamente.

O volume movimentadopelo Porto de Paranaguá é 7%superior ao registrado em 2010e corresponde a 25% do volu-

me nacional exportado.Considerando os produtosseparadamente, Paranaguá élíder na exportação do farelode soja e no óleo de soja. Defarelo, até novembro do anopassado, foram exportados 4,2milhões de toneladas. O portoexportou até novembro último,732,8 mil toneladas de óleo desoja, o que corresponde a 46%do volume nacional exportado.Na exportação de soja em grão,Paranaguá ocupa a vice-lide-rança nacional. Até novembro,foram exportados 6,6 milhõesde toneladas, enquanto o Portode Santos enviou para fora dopaís 8,6 milhões de toneladas.

Líder exportador de soja

DESEMPENHO Volume de cargas cresceu 7%

ARQUIVO APPA/DIVULGAÇÃO

FERNANDO BATTISTETTI/PASSAREDO/DIVULGAÇÃO

SERVIÇO Companhia oferece atendimento 24 horas

A Passaredo Linhas Aéreas contacom um novo serviço ao cliente, com atendimento telefônico echat on-line 24 horas, todos osdias da semana, para o passageiroque deseja informações ou solicitações sobre os voos da companhia. A Alert Brasil ContactCenter é a empresa responsávelpela gestão dos atendimentos. APassaredo também passa a

oferecer a gravação e a disponibilização on-line de todasas ligações atendidas. “Em uma página na web, configurada especialmente para a Passaredo, háindicadores da fila de atendimento,relatórios de produtividade,número de agentes logados, tudo atualizado em tempo real”,diz Guilherme Gazeti, diretorcomercial da Alert Brasil.

Interatividade

A Renault do Brasil desenvolveuum aplicativo exclusivo paraiPhone, que atenderá os clientesdo Renault Assistance, programa de assistência técnica ede socorro da montadora. O aplicativo é gratuito e está disponível para download na AppStore. De acordo com a Renault, oprograma permite ao cliente acionar o serviço de emergênciapor GPS, acompanhar o

andamento da assistência com otempo de chegada do guincho,localizar a concessionária maispróxima da marca e ainda controlar o histórico de assistências do automóvel. A tecnologia pode ser aplicadatambém nos aparelhos iPad e iPod Touch. Para acessar esses modelos é necessário que os aparelhos estejam conectados à Internet.

Novo aplicativo

Page 19: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 19

LIVRO

Oengenheiro aeronáuticoNelson de Souza Taveira,que tem em seu currículo

mais de 50 anos dedicados àaviação, publicou o livro “Alémdos Manuais – Uma conversasobre segurança de voo”. Apublicação, dedicada aos novospilotos, pretende orientar seusleitores com uma descriçãomais simples sobre como evitaracidentes, saindo dos termostécnicos, muitas vezes cansati-vos para quem os estuda.

Piloto de provas por mui-tos anos, Taveira diz que foisua mulher quem o incentivoua divulgar sua experiênciapara os pilotos mais jovens.De acordo com ele, o maiordesafio de “Além dosManuais” foi tentar explicaros processos, sem complicar aelucidação das metodologiasda aviação. “Optei por escre-vê-lo em linguagem coloquial,para melhorar o conhecimen-to e o aprendizado. O público-alvo são pilotos iniciantes,mas acredito que os vetera-nos sempre podem aprenderalgo a mais.”

Taveira diz que sua obrapode ajudar a reduzir aci-dentes. “Acidentes como oda TAM, em 2007, e o da

AirFrance, em 2009, forammotivados por falhas huma-nas. A intenção do livro écontribuir para que algunsdesastres sejam evitados.”

Foi a partir dos documen-tos da época em que atuavacomo piloto de prova queTaveira iniciou seu processode pesquisa. “Consultei aindaalguns livros e recorri também

à Internet. Procurei transmitiro ensinamento nas váriasfases do voo (decolagem, rotae pouso).”

Cada capítulo apresenta umacidente aéreo ocorrido emuma das três fases de voo. Apartir do exemplo, Taveira pro-põe uma discussão do quepoderia ter acontecido no refe-rido desastre e quais ações

ORIENTAÇÃO Livro apresenta ações contra acidentes

Um outro olhar sobre segurança de voopoderiam ter sido tomadaspelos pilotos para evitá-las.

O autor acredita ter atingi-do seu objetivo. “Todos queleram, inclusive vários coman-dantes, disseram-me queaprenderam bastante. E o maisimportante é que um leitorindica o livro para outro oudiscute determinado exemplocom outras pessoas. Issoamplia o alcance da obra.”

(Letícia Simões)

SERVIÇOAlém dos Manuais – Uma conversasobre segurança de voo

Autor: Nelson de Souza TaveiraEditora: Somos EditoraPáginas: 264 Preço: R$ 45Site: www.somoseditora.com.br

DIVULGAÇÃO

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RODOVIÁRIO

POR CYNTHIA CASTRO

Aescolha do nome de umaempresa, seja ela detransporte ou de qual-quer outro ramo, nem

sempre é tarefa fácil. E esse nomedeve ser muito bem pensado, poisvai expressar a ideia que os pro-prietários querem passar paraseus clientes e concorrentes.

Na história do setor de trans-porte rodoviário de cargas doBrasil e também de passageiros, osnomes passam por experiênciaspessoais dos fundadores dasempresas, por curiosidades, fatosmarcantes ou mesmo pela home-nagem a algum membro da família.

Seja qual for o motivo quelevou à escolha do nome daempresa, o importante é buscarescolher bem. Ter um cuidadoespecial na hora da decisão pode

ser fundamental para contribuirpara o sucesso futuro.

“É uma escolha muito impor-tante, pois ajuda a empresa aobter sucesso. Tem que ser umnome que possa ser lembradofacilmente pelas pessoas”, consi-dera o presidente de honra da CNT,Thiers Fattori Costa.

Durante muitos anos, Thiersatuou no transporte rodoviáriode cargas e também na aviação.Ele lembra que, há algumasdécadas, era tradição colocar naempresa o nome da terra nataldo proprietário. Mas hoje a esco-lha está bem mais diversificada.Ele brinca que escolher não étarefa fácil e destaca tambémque o ideal é que o nome sejapreservado durante todo otempo que for possível.

Nomes de empresas são fundamentais para que amarca se consolide; origem passa por homenagem

à terra natal e outras experiências pessoais

Em busca daescolha certa

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201220

BOTAFOGO TRANSPORTESProprietários não sãobotafoguenses; nome foi dado por dono anterior

BOTAFOGO TRANSPORTESProprietários não sãobotafoguenses; nome foi dado por dono anterior

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 21

Referência ao futebol

Engana-se quem pensaque os atuais propri-etários da Botafogo

Transportes, com sede emBrasília (DF), são torcedores dotime carioca. José HélioFernandes, nascido em Goiânia,torce para o Cruzeiro, de MinasGerais. Os outros sócios sãoFluminense, Flamengo eAtlético Mineiro.

“Todo mundo pergunta.Sempre fica aquela brin-cadeira, se sou Botafogo. Masaqui não tem ninguémbotafoguense. O ex-sócio era

vascaíno”, comenta José Hélio,ao lembrar que escolheu torcerpelo time mineiro devido à faseboa do Cruzeiro, durante suaadolescência. “Foi uma épocaáurea do Cruzeiro, com Tostão,Piazza, Dirceu Lopes. O timeficou no sangue.”

Mas apesar de o Botafogonão ser o time do coração,José Hélio Fernandes contaque preferiu não mudar onome da empresa porque amarca já estava consolida-da. Ele acredita que o nomesurgiu em uma referência ao

futebol feita pelo antigoproprietário.

A Botafogo foi fundada em1968, logo depois da inaugu-ração de Brasília, por um fun-cionário público que eraleiloeiro. “Ele colocou essenome e, quando compramos, em1970, a marca já existia e decidi-mos não mudar o nome. Adedução que se faz é que ele erabotafoguense, já que tinhavindo do Rio de Janeiro.” ABotafogo Transportes tem filiaisem Goiânia (GO), Rio de Janeiro(RJ), São Paulo (SP) e Recife (PE).

JÚLIO FERNANDES/CNT

Page 22: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201222

EXPRESSO GARDÊNIA/DIVULGAÇÃO

AExpresso Gardenia,que faz viagens depassageiros para todo

o Sul de Minas Gerais e tam-bém para outras cidades doBrasil, foi batizada de últimahora. A empresa tem hojematriz em Belo Horizonte esurgiu em 1963, em PousoAlegre (MG) e Itapira (SP).

A gerente comercialClaudilene Carvalho de Assisconta que o fundador, JoãoEvangelista Germano, mineiro

de Pouso Alegre, foi registrara empresa de transporte depassageiros em Itapira, quan-do soube que precisava esco-lher um nome fantasia.

“No momento em que amoça do cartório falou sobreo nome fantasia, ele pergun-tou como ela se chamava. Amenina respondeu: Gardenia.Daí, ele se lembrou da flor etambém do tango e decidiuregistrar o nome comoGardenia”, diz.

Na década de 1980, aempresa mudou de dono,mas Claudilene conta que ofundador quis vender paraalguém que daria continui-dade ao trabalho realizadopela Expresso Gardenia. “OToninho da Gardenia, como éconhecido o atual dono(Antônio Afonso da Silva),sempre foi apaixonado porônibus. Ele comprou aempresa e decidiu manter onome”, afirma Claudilene.

ESCOLHA DE ÚLTIMA HORA

GARDENIA Funcionária de cartório ajudou indiretamente na escolha

Page 23: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

VIAÇÃO ITAPEMIRIM/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 23

Orio que passa pelo Estadodo Espírito Santo deunome a uma empresa

reconhecida nacionalmente naárea de transporte de passagei-ros. O empresário Camilo Cola,também deputado federal, nasceuem Conceição do Castelo, próxi-mo ao município de Cachoeiro doItapemirim.

Ele conta que quando decidiufundar a viação Itapemirim, hámais de 50 anos, quis fazer umahomenagem ao rio que passa

por sua terra natal. “É um nomemuito significativo. Tenho orgu-lho de tudo isso. E hoje não é sóItapemirim. Temos outrasempresas, no ramo da minera-ção, por exemplo.”

Além da referência a umacaracterística do lugar ondenasceu, Camilo Cola diz que onome tem um significadoimportante para o crescimen-to da empresa. “Em tupi-gua-rani, ita quer dizer pedra. Emirim, pequeno. Então, a

Itapemirim surgiu com a ideiade lapidarmos a pedra peque-na até que ela virasse um dia-mante. Era a ideia de crescer,de ser muito visível, estar emtodos os lugares”.

Hoje, além do transporte depassageiros, o Grupo Itapemirimtem atuação nas áreas de trans-porte de cargas, extração mineral,agropecuária, rede de restauran-tes e hotéis de estrada, turismo econcessionária de veículos e equi-pamentos automotivos.

HOMENAGEM AO RIO ITAPEMIRIM

ITAPEMIRIM Rio que passa na região de Conceição do Castelo (ES) trouxe inspiração

Page 24: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

GRUPO ÁGUIA BRANCA/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201224

Onascimento da viação ÁguiaBranca, em 1946, remete à históriada cidade de mesmo nome da

empresa, no Espírito Santo. No passado, omunicípio de Águia Branca era distrito deColatina. Ali se formou uma comunidadede imigrantes poloneses, conforme contao presidente da viação, Nilton Chieppe.

“Deram o nome ao local de ÁguiaBranca em homenagem a um símbolo daPolônia, que é uma águia branca”, diz

Chieppe. Ele lembra que quando a famí-lia dele adquiriu a empresa, em 1957, onome já havia sido dado.

Atualmente, a frota da viação ÁguiaBranca é composta por mais de 600 veí-culos, que transportam aproximada-mente 11 milhões de passageiros porano. São mais de 200 linhas distribuídasentre os Estados da Bahia, EspíritoSanto, Minas Gerais, Rio de Janeiro, SãoPaulo e Rondônia.

ORIGEM NO NOME DA CIDADE

Ao responder a per-gunta sobre a origemdo nome de sua

empresa de transporte urba-no de passageiros, AntônioCarlos Melgaço Knittel recor-re às boas lembranças dainfância e de outras fases desua vida. “Rio Vermelho é onome do bairro onde nasci,em Salvador. O lugar ondetenho as melhores recorda-ções da minha vida”, diz o

empresário, ao ressaltar quehoje o bairro oferece inúme-ras atrações turísticas paraquem visita a capital daBahia.

Knittel lembra queentrou no ramo do trans-porte na década de 1960.No início, ele chegou a diri-gir ônibus pela cidade. “Eraum trabalho duro, mastudo valeu muito a pena. Esobre o nome, não tive

dúvidas. Foi uma forma dehomenagear toda a minhavida no Rio Vermelho, nabeira da praia.”

A Viação Rio Vermelhofoi criada em 1991, depoisda fusão da empresa Beira-Mar, que gerou outras qua-tro empresas que atuam notransporte urbano de pas-sageiros. São 220 ônibus,mais de mil empregados e35 linhas em operação.

RECORDAÇÕES DA INFÂ NCIA

ÁGUIA BRANCA Referênciaao município, que homena-geou imigrantes poloneses

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BRASPRESS/DIVULGAÇÃO

VIAÇÃO RIO VERMELHO/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 25

“Há males que vêmpara o bem”, brinca odiretor-presidente

da Braspress, Urubatan Helou, aocomentar sobre a origem donome da empresa que completa35 anos agora, em 2012. Quandofundou a transportadora, ele que-ria homenagear um filme policialque gostava muito: “Murder onthe Orient Express” (“Assassinatono Expresso Oriente”).

A ideia era fazer o registro oficialcomo Brasil Express TransportesUrgentes, mas não foi possível por-que outra empresa, da área detransporte aéreo, já havia registra-do. A alternativa para não deixar defazer referência ao filme foi fundir

parte dos dois primeiros nomes quehavia pensando inicialmente.

“Braspress ficou até melhor. Émais curto, as pessoas assimi-lam mais. Brasil Express é umnome composto, mais difícil deser lembrado, uma marca menosforte”, diz o diretor-presidenteda transportadora, ao comentarque há muitos anos não assisteo filme que o inspirou a criar onome da empresa.

A Braspress tem sede em SãoPaulo e 103 filiais que cobrem todo oterritório nacional.

A transportadora atua na distri-buição de encomendas urgentes,operando com uma frota própria de1.200 veículos. l

UM FILME MARCANTE

Ao responder a per-gunta sobre a origemdo nome de sua

empresa de transporte urba-no de passageiros, AntônioCarlos Melgaço Knittel recor-re às boas lembranças dainfância e de outras fases desua vida. “Rio Vermelho é onome do bairro onde nasci,em Salvador. O lugar ondetenho as melhores recorda-ções da minha vida”, diz o

empresário, ao ressaltar quehoje o bairro oferece inúme-ras atrações turísticas paraquem visita a capital daBahia.

Knittel lembra queentrou no ramo do trans-porte na década de 1960.No início, ele chegou a diri-gir ônibus pela cidade. “Eraum trabalho duro, mastudo valeu muito a pena. Esobre o nome, não tive

dúvidas. Foi uma forma dehomenagear toda a minhavida no Rio Vermelho, nabeira da praia.”

A Viação Rio Vermelhofoi criada em 1991, depoisda fusão da empresa Beira-Mar, que gerou outras qua-tro empresas que atuam notransporte urbano de pas-sageiros. São 220 ônibus,mais de mil empregados e35 linhas em operação.

RECORDAÇÕES DA INFÂ NCIA

BRASPRESS Junção de nomes foi positiva para a empresa

RIO VERMELHO Bairro emSalvador serviu de inspiraçãopara o nome da empresa

Page 26: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

REPORTAGEM DE CAPA

Cresce o transp orte ferroviário

Page 27: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

Cresce o transp orte ferroviário

ARQUIVO ANTF/DIVULGAÇÃO

Pesquisa CNT de Ferrovias 2011 mostratambém que o investimento privado

é 18,5 vezes maior que o público

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201228

Desde o início dasconcessões para ainiciativa privada, asferrovias brasileiras

se consolidaram como umaalternativa eficiente e segurapara o transporte de cargasno Brasil. Considerando operíodo de 1997 a 2010, amovimentação total dos pro-dutos pelas estradas de ferrocresceu 85,6%, passando de253,3 milhões de TU (toneladaútil) para 470,1 milhões de TU.Em relação à produção dasconcessionárias ferroviárias,o aumento entre 1997 e 2010foi de 103%, de 137,2 bilhõesde TKU (toneladas por quilô-metro útil) para 278,4 bilhõesde TKU.

Os dados estão naPesquisa CNT de Ferrovias2011, divulgada no dia 15 dedezembro, em Brasília – oquarto estudo ferroviáriorealizado pela ConfederaçãoNacional do Transporte. Aexpectativa de crescimentona movimentação de cargastransportadas entre 2010 e2011 era de 12,7% na data dedivulgação da pesquisa.

Atualmente, o sistema fer-

roviário brasileiro totaliza30.051 km de extensão e écomposto por 12 malhas con-cedidas, sendo 11 à iniciativaprivada, somando 28.614 km.O minério de ferro é o princi-pal produto transportado,correspondendo a 71% dovolume total em 2010. Emseguida, estão os produtosagrícolas, como soja e farelode soja, açúcar, milho e tam-bém o carvão mineral.

O estudo da CNT fez uma

análise dos 13 principais corre-dores de escoamento de car-gas, comparando números de2006 a 2010 em relação a pro-dução ferroviária, carga embar-cada, extensão, número de ter-minais, velocidade médiacomercial, entre outros itens.Esses corredores, de movimen-tação expressiva, têm impor-tância estratégica para oescoamento da produçãonacional e todos têm como des-tino final algum porto.

DIVULGAÇÃO O presidente da seção de transporte ferroviário da CNT, Rodrigo Vilaça, e o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista

JÚLIO FERNANDES/CNT

POR CYNTHIA CASTRO

Mais de

60%usam asferrovias

há menos de20 anos

Page 29: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 29

DIVULGAÇÃO O presidente da seção de transporte ferroviário da CNT, Rodrigo Vilaça, e o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista

JÚLIO FERNANDES/CNT

São 1.856 passagens em nível e 355 invasões

GARGALOS

Os gargalos que inibem ocrescimento da produtividadedas ferrovias e inviabilizam amaior competitividade dessemodo na matriz de transporteforam destacados pelaPesquisa CNT de Ferrovias2011. As invasões de faixa dedomínio ocorridas desde aépoca da extinta RFFSA (RedeFerroviária Federal) represen-tam um dos piores problemas,causando prejuízos ao sistemae colocando a vida das pes-soas em risco.

Em alguns locais, os trenschegam a reduzir bruscamentea velocidade, de 40 km/h paraaté 5 km/h. As consequênciasvão desde o desgaste das loco-motivas, aumento do consumode combustível e da poluiçãoaté a ocorrência de acidentes eroubo de cargas.

Há pelo menos 355 inva-sões de faixa de domínio no

país. Conforme os dados doProsefer (Programa Nacionalde Segurança Ferroviária emÁreas Urbanas), há 1.856 passa-gens em nível urbanas (cruza-mento de ruas com a linha dotrem), das quais 279 são consi-deradas críticas.

Como solução para esseproblema, o estudo da CNTaponta a necessidade deimplementação de um pro-grama específico de obrasnesses cruzamentos, viabili-zando recursos físicos efinanceiros; a readequaçãoda sinalização e a constru-ção de passagens de nívelsuperior ou inferior.

Em relação às invasões nafaixa de domínio das ferrovias,a pesquisa indica a alienaçãode imóveis não operacionaisda RFFSA e o reassentamentoda população. Para que issoseja possível, é necessário

implementar parcerias entre aSEP (Secretaria de Portos),Ministério das Cidades, prefei-turas e concessionárias.

AcidentesApesar dos problemas gra-

ves que ainda existem nasrodovias e que contribuempara aumentar o risco, há umdado do levantamento da CNTque mostra outro lado positivodo desempenho ferroviáriobrasileiro nos últimos anos.Após as concessões, entre 1997e 2010, o índice de acidentescaiu 78,7%.

Em 2010, o índice médio deacidentes a cada 1 milhão dequilômetros percorridos foide 16,1 contra 75,5, em 1997. Oparâmetro internacional esta-belece que o índice razoávelfique entre 8 e 13 acidentes acada 1 milhão de quilômetrospercorridos.

Densidade do transporte ferroviárioO Brasil tem 3,5 km de ferrovia por 1.000 KM2 de área. Veja a comparação com outros países

Iniciativaprivadainvestiu

R$ 24 bidesde 1997

Page 30: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201230

A pesquisa não avalia espe-cificamente as concessioná-rias, mas, sim, as malhas inte-gradas, que formam os corre-dores mais importantes. Apartir de alguns indicadoresde desempenho, é possíveltambém fazer um comparati-vo entre os anos de 2006 e2010. No corredor Santos(bitola larga), por exemplo, oaumento de produção ferro-viária foi de 74,4% nesseperíodo. E no corredor Centro-Oeste–São Paulo, a produçãocresceu 38,1%.

RISCO Invasão de faixa de domínio é problema grave no Brasil; são 355 em todo o país

Estudo sugere R$ 151,3 bilhões

RECURSOS

Para sanar os atuaisgargalos logísticos e ope-racionais são estimadosinvestimentos da ordemde R$ 30,6 bilhões. Essesproblemas incluem não sóas passagens em nível e asinvasões de faixa de domí-nio, como também o com-prometimento do acessoaos portos e retroáreasdeficientes e a transposi-ção de grandes metrópo-les e compartilhamento delinhas de trens de carga epassageiros.

Ao somar os recursosnecessários para a constru-ção, duplicação e recupera-ção das ferrovias, bem

como projetos ferroviáriosurbanos de passageiros, omontante atinge aproxima-damente R$ 151,3 bilhões.Esse valor está sugerido noPlano CNT de Transporte eLogística 2011.

Estão incluídos proje-tos de integração nacional(construção e duplicaçãode ferrovia, eliminação degargalos e recuperação deestradas de ferro) e proje-tos urbanos (aquisição emelhoria de materialrodante, construção dotrem de alta velocidade,metrôs, trens urbanos,monotrilhos e veículosleves sobre trilhos).

PROSEFER/DIVULGAÇÃO

Movimentação de cargas transportadas pelas concessionárias (milhões de TU*)

* TU – unidade correspondente ao transporte de uma tonelada de carga

Page 31: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 31

Em relação à velocidademédia comercial, o corredorParanaguá registrou umaumento de 27,3 km/h para30,4 km/h, entre 2006 e 2010.Entretanto, no mesmo perío-do, a velocidade média comer-cial do corredor Corumbá-Santos (bitola estreita) caiude 22,4 km/h para 15,2 km/h.

Na comparação da movi-mentação nos corredores,entre os anos de 2006 e 2010,a quantidade de carga trans-portada pelo modal ferroviá-rio saltou de 404,2 milhões

de TU para 470,1 milhões deTU, o que representa umaumento de 16,3%. A produ-ção ferroviária cresceu nomesmo período, passando de232,2 bilhões de TKU para278,4 bilhões de TKU, o equi-valente a um crescimento de19,9%.

Também fazem parte dorelatório os resultados daavaliação do nível de serviçoprestado pelas ferrovias, combase nas respostas de umquestionário respondido por132 grandes clientes do modal

ferroviário. São usuários quetransportam os dez princi-pais produtos.

Mais de 60% disseram usaras ferrovias há menos de 20anos. “Isso mostra que essa éuma modalidade de transporteque ressurgiu a partir do pro-cesso de concessão (ocorridoentre 1996 e 1998)”, disse odiretor-executivo da CNT,Bruno Batista, durante a divul-gação da pesquisa em Brasília.E mais de 50% dos entrevista-dos classificaram de formapositiva o transporte. Em rela-

RISCO Invasão de faixa de domínio é problema grave no Brasil; são 355 em todo o país

PROSEFER/DIVULGAÇÃO

56,3%consideram asegurança ea integridade

das cargascomo boas

Produção das concessionárias ferroviárias (bilhões de TKU*)

* TKU – unidade de medida equivalente ao transporte de uma tonelada de carga à distância de um quilômetro

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201232

ção ao tempo de carga e des-carga, mais de 75% disseramestar satisfeitos. A pesquisatambém revelou que 94,4%dos clientes indicaram interes-se em investir em obras ferro-viárias, seja ramal particular,terminal intermodal ou ambos.

Bruno Batista destacou queo processo de desestatizaçãoresultou em ganhos dedesempenho operacional, PASSAGEM EM NÍVEL País tem 1.856 cruzamentos de ruas com linha de trem, em áreas urbanas

ANTF/DIVULGAÇÃO

ANTF/DIVULGAÇÃO

EXTENSÃO Concessões para a iniciativa privada somam 28.614 km

65,9%usam

terminaispróprios

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 33

Vilaça também é presidente-executivo da ANTF (AssociaçãoNacional dos TransportadoresFerroviários). Ele afirmou quehá um empenho do setor priva-do para continuar ampliando amalha ferroviária brasileira.

A pesquisa fez uma com-paração da densidade dotransporte ferroviário noBrasil e em outros países. NosEstados Unidos, por exemplo,

aumento da produtividade,redução dos tempos de imobi-lização, redução dos aciden-tes e de custos de produção.

Na avaliação do presidenteda seção de transporte ferro-viário da CNT, Rodrigo Vilaça,“com mais eficiência na ges-tão, a iniciativa privada pôdeproporcionar ações que trou-xeram maior competitividade emodernização do sistema”.PASSAGEM EM NÍVEL País tem 1.856 cruzamentos de ruas com linha de trem, em áreas urbanas

ANTF/DIVULGAÇÃO

Investimentos realizados após a concessão (R$ milhões)

Produção ferroviária (em milhões de TKU*)

Iniciativa privada: R$ 24 bilhõesUnião: R$ 1,3 bilhão

* TKU – unidade de medida equivalente ao transporte de uma tonelada de carga à distância de um quilômetro

76,7%não

gostariam de ter vagão

próprio

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201234

1. Corredor São Luís2. Corredor Intrarregional Nordeste3. Corredor Vitória4. Corredor Centro-Oeste - São Paulo5. Corredor São Paulo - Nordeste6. Corredor Rio de Janeiro

Belo Horizonte7. Corredor Rio de Janeiro - São Paulo8. Corredor Santos (bitola larga)9. Corredor Corumbá - Santos

(bitola estreita)10. Corredor Paranaguá11. Corredor São Francisco do Sul12. Corredor Ri o Grande13. Corredor Imbituba

MALHAFERROVIÁRIAAVALIADA

“Precisamosevoluir.

Queremosmais

corredores”

são 22,9 km de infraestruturapor 1.000 km2 de área. NoBrasil, esse índice é de 3,5, eem países como Rússia,Austrália e Canadá, os núme-ros são 5,1; 5,0 e 4,7.“Precisamos evoluir. Queremosmais corredores”, disse Vilaça.

InvestimentosA Pesquisa CNT de

Ferrovias 2011 mostra que aparticipação do capital priva-

do no modal ferroviário foi18,5 vezes maior do que osinvestimentos públicos. De1997 a 2010, as concessioná-rias investiram R$ 24 bilhões,enquanto no mesmo períodoos recursos aplicados pelaUnião na malha somaram ape-nas R$ 1,3 bilhão. Comparandoo ano de 2010 com o anterior,observa-se que os investi-mentos das concessionáriascresceram 17,7%, e os realiza-

dos pela União apresentaramqueda de 8,6%.

Durante a apresentação dapesquisa, o diretor-executivoda CNT destacou que enquan-to a movimentação por ferro-vias cresceu aproximadamen-te 85,6%, de 1997 para 2010, oPIB (Produto Interno Bruto)apresentou crescimento de48,7%. “O transporte estárelacionado ao bom desem-penho da economia, e o cres-RODRIGO VILAÇA, CNT E ANTF

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 35

cimento do transporte ferro-viário tem sido acima do PIB.Ou seja, existe uma demandareprimida por esse modal. Éum bom indicador de que aspossibilidades futuras dotransporte ferroviário sãobastante promissoras.”

Segundo o presidente daseção de transporte ferroviá-rio da CNT, a estimativa emmeados de dezembro era deque o ano de 2011 fecharia o

balanço com um investimentoprivado de pelo menos R$ 3bilhões, principalmente emmaterial rodante (locomoti-vas e vagões), vias, capacita-ção de pessoas e tecnologia.

“Em 2012, vamos continuarcrescendo acima do PIB”,disse Vilaça. Ele lembrou queem 15 anos de concessão, ainiciativa privada destinou R$11 bilhões à União, pelo paga-mento de tributos. Além

disso, foram aproximadamen-te R$ 5,6 bilhões pelo arren-damento da malha. “O setorgera condições valiosas parao governo, mostrando que osistema está funcionando”,avaliou.

A conclusão da PesquisaCNT de Ferrovias aponta que oaumento da produtividade, amelhoria do desempenhooperacional e a redução donúmero de acidentes sãoresultados dos esforçosempreendidos pelas empre-sas concessionárias, por meiode investimentos, da revitali-zação das estradas de ferro etambém das ações do gover-no para expandir a malha.

Entretanto, o estudo reco-nhece que, mesmo com osrecentes avanços, ainda sãomuitos os desafios para que otransporte ferroviário brasileiroalcance patamares internacio-nais de referência. A pequenadensidade das ferrovias, as pas-sagens em nível e as invasõesde faixa de domínio (leia napág. 29) são problemas sériosque precisam ser resolvidos. Noentendimento da CNT, as parce-rias das iniciativas pública eprivada são um caminho positi-vo para que as ferrovias atin-jam todo o seu potencial. l

Transporte ferroviário de cargas e PIB

Números do Plano CNT de Transporte e Logística 2011

“O sistemaferroviárioressurgiudepois das

concessões”BRUNO BATISTA, CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201236

seus quadros, por isso, aimportância em colaborar como evento. “O segmento precisade mão de obra especializada.O nível de competitividade éelevado e desafiador para osestudantes.”

O dirigente ressalta que amotivação da Embraer emapoiar a competição consisteem manter o interesse dos uni-versitários pelo mercado aero-

ASAE AeroDesign, com-petição universitáriaorganizada pela SAEBrasil (Sociedade de

Engenheiros da Mobilidade)desde 1999, apresenta a cadaano novas exigências noregulamento. As mudanças,que se aproximam ainda maisda realidade do mercadoaéreo, fazem a indústria vol-tar suas atenções para oevento, visando encontrarentre as dezenas de equipesparticipantes, futuros colabo-radores.

As empresas com atuaçãono modal têm apoiado a com-petição ano a ano e vêm ava-liando com afinco o desempe-nho dos universitários. AEmbraer é parceira daAeroDesign desde a primeiraedição. Emílio Matsuo, vice-presidente e engenheiro-chefeda fabricante de aeronaves,afirma que todo o setor tem anecessidade de contar comprofissionais gabaritados em

náutico. “Alguns líderes daempresa, como gerentes esupervisores, são ex-partici-pantes da competição.Empresas parceiras tambémcontam com engenheiros quepassaram pela AeroDesign. Oaproveitamento futuro dessesuniversitários pela indústria éconcreto.”

Segundo Matsuo, aAeroDesign vai além de des-

pertar o interesse pela tec-nologia aeronáutica. “A com-petição permite que os estu-dantes desenvolvam um tra-balho integrado de equipe.Considero o evento um nívelestratégico para a formaçãoprofissional dos universitá-rios participantes.”

A Parker, fabricante detecnologias e sistemas demovimento e controle indus-

SAE AeroDesign se consolida como estímuloà inovação tecnológica e oportunidade

para o ingresso no mercado aéreo

POR LETICIA SIMÕES

Talentosdo futuro

TECNOLOGIA

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UAI, SÔ FLY/DIVULGAÇÃO

EQUIPE UAI, SÔ FLY!, DA UFMG, VENCEUA CATEGORIA CLASSE REGULAR

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201238

Dedicação e criatividade no arPARTICIPAÇÃO

A AeroDesign 2011 consa-grou a equipe Uai, Sô Fly!, daUFMG (Universidade Federalde Minas Gerais), como acampeã na Classe Regular.Foram 80 equipes de todo opaís e outras três vindas daVenezuela e do México. Ocomitê organizador estabele-ceu mudanças em relaçãoaos anos anteriores. A distân-cia para a decolagem ficoumais curta. Além disso, foipreciso que os estudanteselaborassem aviões maisleves e, ao mesmo tempo,capazes de transportar omaior peso da carga.

As provas aconteceram napista de táxi do aeroporto doDCTA (Departamento de Ciênciae Tecnologia Aeroespacial), emSão José dos Campos (SP). Asmudanças na regra, segundoo comitê organizador, garan-tiram aos projetos maiordesenvolvimento de compo-nentes, otimização do uso demateriais e mais possibilida-des de recursos tecnológicos.

Foi apostando nessas ino-vações que a equipe daUFMG conseguiu o primeirolugar na Classe Regular. Acapitã da Uai, Sô Fly!, Letíciada Costa Mello, estudante do6º período do curso deengenharia aeroespacial,afirma que a aplicação dewinglets, componente aero-dinâmico posicionado naextremidade livre da asa,que tem a função de dimi-nuir o atrito da aeronave na

decolagem, foi fundamentalpara o êxito da equipe. “Comesse recurso, conseguimostambém aumentar a capaci-dade da carga.”

Os aviões da ClasseRegular são monomotores,com cilindrada padronizadaem 10 cc (10 centímetros cúbi-cos). A distância máxima dedecolagem é 50 metros. Oavião dos estudantes minei-ros tem capacidade de cargade 15,300 quilos e pesa poucomais de 2 quilos.

A AeroDesign conta comoutras duas categorias: asclasses Avançada e Micro. Deacordo com o regulamento,as equipes que concorrem na“Avançada” também devemrealizar a decolagem doavião a uma distância de 50metros. As aeronaves devemter instrumentos para mediro tempo de voo. Na “Micro”,o lançamento dos aviões éfeito à mão.

A equipe Leviatã, do ITA(Instituto Tecnológico deAeronáutica), de São José dosCampos, foi a vencedora daClasse Avançada. A capitãJuliana Nepomuceno, estu-dante do 6º período do cursode engenharia aeronáutica,afirma que o grupo vencedoré composto por 15 estudan-tes, que estão entre o primei-ro e o quinto ano do curso.

O avião do ITA teve comomatéria-prima madeira balsa(um tipo de madeira leve eresistente) e fibra de carbo-

no. A aeronave pesa 5,6 qui-los e tem capacidade decarga de 35 quilos.

Juliana ressalta a impor-tância da competição para osuniversitários. “A AeroDesignpossibilita que o conhecimen-to adquirido nos livros sejaaplicado ao vivo. Projetamose calculamos tudo que é pre-visto para um avião comer-cial, em escala menor. Oaprendizado é imensurável.”

A equipe Teperá Baby, doInstituto Federal Educacionalde Ciência e Tecnologia deSão Paulo, da cidade paulistade Salto, sagrou-se campeãna categoria Micro. O capitãoJosé Mário Ferraz Júnior,que cursa o último ano detecnologia em gestão daprodução industrial, diz queo projeto exigiu do grupomuito tempo e dedicação.“O primordial para essacolocação foi trabalhar comuma aeronave mais robusta.Foi preciso chegar ao limiteda resistência do avião paraconseguir que ele levasseuma maior quantidade decarga.”

A aeronave, que tem omesmo nome da equipe(uma referência ao pássaroconhecido também porandorinha do campo), conse-guiu transportar um volumede carga três vezes maiorque seu peso, de apenas 400gramas. O Teperá Baby temuma capacidade de cargatotal de 1,5 quilo.

“O nível decompetição é

elevado edesafiador

para os estudantes”

EMÍLIO MATSUO, VICE-PRESIDENTE DA EMBRAER

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triais e aeroespaciais, patro-cina a AeroDesign há noveanos. “Trata-se de uma opor-tunidade inigualável para osjovens estudantes de dife-rentes modalidades de cur-sos de engenharia. Eles exer-citam, em ambiente competi-tivo e de alto conteúdo tec-nológico, atributos que lhesserão indispensáveis emsuas carreiras profissionais”,diz Guilherme Bonatto, dire-tor da Divisão Aerospace daParker no Brasil.

Segundo Bonatto, asempresas que acompanham oevento acabam se tornando“beneficiárias” de todo o pro-cesso, pois, a partir de umaedição, podem surgir novosengenheiros para todo osetor. “A Parker já contratouparticipantes da AeroDesigntão logo se concretizou a con-clusão dos respectivos cur-sos. A disputa é uma excelen-te preparação para os futurosengenheiros.”

De acordo com ele, a Parker

depende do contínuo cresci-mento da indústria nacional ede mão de obra especializadacada vez mais treinada.“Quanto maior for o contin-gente de estudantes se exerci-tando em projetos com o nívelque tem a SAE AeroDesign,melhor será o universo de pro-fissionais no mercado.” Aempresa conta, atualmente,com nove engenheiros dediversas áreas, inclusive aaeronáutica.

O engenheiro mecânicocom especialização em aero-náutica André van de Schepop,diretor técnico da SAEAeroDesign, afirma que a com-petição tem como objetivocontribuir ativamente para aformação profissional detodos os participantes. “A dis-puta não é apenas um incenti-vo à formação na área técnica,mas também nos aspectosorganizacionais, como desen-volver a capacidade de lide-rança e planejamento, e detrabalho em equipe, itens cadavez mais importantes no atualuniverso da engenharia.”

Ele ressalta que a SAEAeroDesign tornou-se umevento crescente em quanti-dade e qualidade dos projetosparticipantes. “Essa evoluçãofoi uma resposta direta às exi-

CRIATIVIDADE Equipe Leviatã, do ITA (SP), foi a campeã na Classe Avançada

SÉRGIO FUJIKI/DIVULGAÇÃO

“Projetar, construir efazer voar

uma aeronavenão é tarefa

simples”

ANDRÉ VAN DE SCHEPOP, DIRETOR DA SAE

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gências técnicas da competi-ção. A melhora, presente nasaeronaves atuais frente asuas precursoras, é conside-rável. Tanto sob o ponto devista construtivo como tam-bém nos métodos de projetoutilizados.”

Para Schepop, a cada edi-ção, são apresentadas ideiasque contemplam o uso de fer-ramentas sofisticadas, criadaspelas próprias equipes.

O diretor define a competi-ção como um incentivo aosalunos, para ingressarem naárea da engenharia aeronáu-tica. “O evento forma pessoascom uma visão mais comple-ta de projeto aeronáutico,com ênfase em aeronavesnão tripuladas.”

O diretor ratifica que oaproveitamento de projetosfeitos exclusivamente para aAeroDesign pela indústria nãoocorre devido à especialidadepara qual as aeronaves sãoprojetadas. “Hoje, na área deVants (Veículos Aéreos nãoTripulados), a troca de expe-riência e tecnologia ocorrecom mais facilidade. Os ex-participantes colaborammuito com a indústria nesseaspecto.”

Ele diz que a primeira edi-ção contou com dez equipes. À

época, o regulamento erabaseado quase que integral-mente nas regras da competi-ção realizada nos EstadosUnidos. “Em 2011, a AeroDesignteve a participação de, aproxi-madamente, 1.400 estudantesde diversos cursos de enge-nharia do Brasil e do exterior.O regulamento atual é inde-pendente e totalmente elabo-rado pela Comissão Técnica daSAE Brasil.” Essa edição conta-bilizou 97 inscrições. Dessas,

80 equipes seguiram para adisputa.

As mudanças nas regras,segundo o diretor, foramnecessárias em função do cres-cente nível técnico das equipesparticipantes, ao longo dos 13anos de SAE AeroDesign.“Quanto mais as equipes foramrespondendo bem aos desafiospropostos, mais o regulamentose aproximou do processousado na indústria para con-cepção de aviões.”

PERSISTÊNCIA A equipe Teperá Baby, de Salto (SP), venceu na Classe Micro

SÉRGIO FUJIKI/DIVULGAÇÃO

Participaramda última

AeroDesign

1.400estudantes

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Schepop diz que o eventotem características multidisci-plinares, e isso é também umdiferencial para os participan-tes. “As equipes devem aten-der a exigências de váriasáreas ao mesmo tempo. Muitasvezes, esse processo é confli-tante. O desafio de projetar,construir e fazer voar umaaeronave para a AereoDesignnão é uma tarefa simples.”

Para os universitários, acompetição fortalece o currí-

culo de quem participa. “É umevento de alto grau tecnológi-co, e a indústria está atenta”,diz José Mário Ferraz Júnior,capitão da equipe Teperá Baby,vencedora da Classe Micro.

Letícia da Costa Mello, capi-tã da equipe Uai, Sô Fly!, cam-peã na Classe Regular, acreditaque as participações serão umdiferencial para a carreira. “Aindústria leva em conta o tra-balho desenvolvido. Alémdisso, a AeroDesign prepara

os futuros engenheiros para omercado, pois trabalhamoscom opiniões diferentes, pra-zos e limitações financeiras.”

Schepop afirma que o inter-câmbio entre academia e mer-cado é extremamente positivo.“Os estudantes se beneficiamda maior proximidade com osprofissionais da indústria, e aindústria também utiliza acompetição como um celeirode talentos.”

Os vencedores da etapabrasileira da SAE AeroDesignconcorrem com equipes dosEstados Unidos e da Europa,na SAE AeroDesign EastCompetition, que acontece emabril, no Estado da Geórgia.

Na edição brasileira de 2011,sagraram-se campeãs as equi-pes Uai, Sô Fly!, da UFMG(Universidade Federal de MinasGerais), e Aerofeg, da Unesp(Universidade Estadual Paulista),campus Guaratinguetá (SP), pri-meira e segunda colocadas, res-pectivamente, na Classe Regular;Leviatã, do ITA (InstitutoTecnológico de Aeronáutica), deSão José dos Campos (SP), ven-cedora da Classe Avançada; eTeperá Baby, do Instituto FederalEducacional de Ciência eTecnologia de São Paulo, da cida-de paulista de Salto, campeã nacategoria Micro. l

EMPREGO Empresas já contrataram participantes da feira

TEPERÁ BABY/DIVULGAÇÃO

“É um eventode alto grau

tecnológico, ea indústria

está atenta”

JOSÉ MÁRIO FERRAZ, ESTUDANTE

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Amaioria das pessoasjá ouviu ou leu pelomenos uma vez afrase que dá título a

esta reportagem. E depoisdisso é bem provável quemuita gente tenha se pergun-tado: o que fazer para gerargentileza?

Atitudes simples como darum bom dia, ceder o lugarpara uma pessoa idosa na fila,no ônibus ou no metrô, res-peitar a faixa de pedestre edar passagem para o carro dafrente em um cruzamento,isso só para citar exemplosrelacionados ao transporte,podem responder a questão.

Porém, o famoso “dia a diacorrido” impõe uma crise àsrelações humanas, e essasgentilezas acabam sendo dei-xadas de lado. Com frequên-cia observamos discussões notrânsito, carros estacionadosem locais indevidos, pedes-tres se arriscando em aveni-das movimentadas e usuáriosou profissionais do transpor-te coletivo negando o cumpri-mento oferecido.

“Pode parecer estranho,mas é muito mais fácil negardo que dar a opção de rece-ber uma gentileza”, afirmaLeonardo Guelman, professor

POR LIVIA CEREZOLI

CIDADANIA

Iniciativas estimulam a cordialidade e procuram tornar o dia a dia nas cidades e no trânsito mais agradável

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JÚLIO FERNANDES/CNT

Iniciativas estimulam a cordialidade e procuram tornar o dia a dia nas cidades e no trânsito mais agradável

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201246

“Gentileza gera gentileza” foicriada por ele. Nos anos de1980, o profeta iniciou um tra-balho de pintura das mensa-gens sobre o tema nas pilas-tras do viaduto doGasômetro, localizado entre oTerminal Rodoviário Novo Rioe o bairro do Caju. As frases,além de pregar a gentileza,denunciam o capitalismo,chamado pelo profeta deCapeta Capital.

Depois da morte dele, em1996, a Companhia de LimpezaUrbana do Rio pintou todos os

do Departamento de Artes daUFF (Universidade FederalFluminense) e coordenador domovimento Rio com Gentileza(www.riocomgentileza.com.br),lançado em 1999 para recupe-rar o trabalho iniciado nadécada de 1960 por JoséDatrino, popularmente conhe-cido como Profeta Gentileza.

Datrino sempre afirmouter recebido um chamadodivino e passou a espalharmensagens sobre a gentilezaem locais públicos do Rio deJaneiro (RJ). A máxima

A história de um profetaBIOGRAFIA

O idealizador da campa-nha “Gentileza gera genti-leza” era um empresário,dono de uma transporta-dora de cargas no Rio deJaneiro. Depois da queimade um grande circo nacidade de Niterói (RJ), quecompletou 50 anos emdezembro de 2011, JoséDatrino iniciou seu projetohumanitário.

Segundo dos 11 filhos dePaulo Datrino e Maria Pim,nascido em 11 de abril de1917, em Cafelândia, inte-rior de São Paulo, aos 20anos ele deixou a família eseguiu rumo à cidademaravilhosa, onde casou eteve cinco filhos – trêsmulheres e dois homens.

Conta-se que, depois doocorrido, ele recebeu umchamado divino para dei-xar tudo que possuía eviver uma missão na Terra,assumindo uma nova iden-tidade. Foi a partir daí queDatrino passou a ser JozzeAgradecido ou aindaGentileza. Sua atribuição:“vir como São José repre-

sentar Jesus de Nazaré naTerra”.

A partir da década de1960, Gentileza se apresen-tava em lugares públicoscomo representante deDeus e anunciador de umnovo tempo. Aos poucos, o“profeta” torna-se um per-sonagem popular. Foi emmeados dos anos 1980 queele passou a pintar suasfrases e provérbios sobrea gentileza nas pilastrasdo viaduto do Gasômetro,entre a rodoviária NovoRio e o Caju. Ao todo, numaextensão de 1,5 km, foramcriados 56 painéis, quehoje são chamados deLivro Urbano.

Uma queda, em 1993, fra-gilizou ainda mais a saúdede Gentileza, que já sentiadificuldades em andar devi-do a problemas circulató-rios. Três anos depois, oprofeta decide retornar aMirandópolis, em São Paulo,cidade próxima de sua terranatal, onde vem a falecerno dia 29 de maio de 1996,aos 79 anos.

LIVRO URBANO Profeta pintou 56 painéis em pilastras de viaduto no Rio de Janeiro com mensagens sobre a gentileza urbana e as relações humanas

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 47

empresas das mais diversasáreas. A conscientização éfeita por meio de atividadescomo oficinas, teatro e dança.“A gentileza é uma questão desaúde. A palavra gentil vemde gente. Dizer que gentilezagera gentileza é o mesmo quegente gera gente”. Guelmantambém é autor do livro“Univvverrsso Gentileza” queconta a história do profeta.

E se a gentileza ainda nãoé uma atitude tão comum,pelo menos a mensagemsobre ela já ganhou as ruas

painéis de cinza, com a justifi-cativa de um trabalho de limpe-za das pichações da cidade. ORio com Gentileza conseguiuapagar a pintura e recuperar osescritos. “O Gentileza é mais doque um símbolo do patrimôniocultural da cidade, ele é prati-camente um modo de vida. Elepregou a ideia da coletividadenão só no Rio, mas em todo oBrasil”, conta Guelman.

De acordo com ele, dentrodo movimento, o tema genti-leza é trabalhado de formabem ampla em escolas e

das cidades. Não é raro veralguém circulando por aí como famoso adesivo “Gentilezagera gentileza” grudado nalataria ou nos vidros do carro.

A economista FrancyGuimarães Teixeira ganhou oadesivo de uma amiga nofinal de 2010 e, desde então, omantém no carro para trans-mitir a mensagem da cordiali-dade. “Além de gostar e acre-ditar na frase, tenho percebi-do uma mudança no trânsito.Ele está cada dia mais terrí-vel. As pessoas precisamentender que é importantedar passagem para o outro,por isso passo a mensagempara frente”, afirma ela.Francy é tão adepta da máxi-ma do profeta Gentileza que,no Natal de 2011, presenteouaproximadamente 50 pessoascom o adesivo.

Dias antes de tambémganhar o adesivo de umamigo, a estudante brasilien-se Khauã Reis, de 20 anos, foivítima da falta de gentileza notrânsito. “Eu estava em umretorno tentando entrar naavenida quando um homembateu na traseira do meucarro. Ele simplesmente des-viou e seguiu. Não parou nempara pedir desculpa”, contaela. Khauã anotou a placa eagora aguarda o andamentodo processo. Segundo ela, não

RIO COM GENTILEZA/DIVULGAÇÃO

“A gentileza éuma questão de saúde. A

palavra gentilvem de gente”

LEONARDO GUELMAN,MOVIMENTO RIO COM GENTILEZA

LIVRO URBANO Profeta pintou 56 painéis em pilastras de viaduto no Rio de Janeiro com mensagens sobre a gentileza urbana e as relações humanas

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é feita por funcionários daPorto Seguro em diversoslocais de grandes cidades bra-sileiras. “Nossos promotersconvidam os motoristas a secomprometer com a ação ecolocar o adesivo no carro”,explica Tanyze.

Em Minas Gerais, uma ini-ciativa do IAB-MG (Institutode Arquitetos do Brasil) pre-mia atitudes gentis pratica-das por pessoas físicas oujurídicas que contribuam sig-nificativamente para amelhoria da qualidade de

é o prejuízo material o queconta, mas a falta de respeito.“O trânsito está cada dia maiscaótico, e as pessoas cada diamais intolerantes. Com certe-za, tudo seria melhor se hou-vesse mais gentileza”.

Outras iniciativas tambémcontribuem para a melhora dotrânsito e, consequentemen-te, da qualidade de vida daspessoas. Lançada em 2009,pela seguradora Porto Seguro,a campanha “Trânsito+gentil”já distribuiu mais de 13milhões de adesivos e ganhouadeptos em quase todo o país.“Começamos com ações pon-tuais na cidade de São Paulo.Era uma campanha só pelaInternet, mas a aceitação foitão grande que hoje já esta-mos em todas as grandescidades do Brasil. É gratifican-te ver a proporção que acampanha tomou”, contaTanyze Marconato, gerentede Marketing da empresa.

A ideia da ação surgiu dosrelatos dos mais de 1.700motoristas de guincho e car-ros de serviço que atendem aseguradora. De acordo comTanyze, eles sempre comenta-vam que encontravam osclientes estressados demaisna hora de prestar socorroem acidentes ou em casos deproblemas técnicos do veícu-

lo. “Precisamos de mais tran-quilidade em todas as situa-ções. Acreditamos que sergentil é relevar, é deixar pra láa ofensa do outro e não seenvolver em brigas”.

E é exatamente esse o focodas ações. O blog da campanha(www.transitomaisgentil.com.br)dá as seguintes sugestões paraum trânsito mais gentil: “e sevocê ouvisse uma música, emvez de buzinar? Ou apontasseo erro, em vez de xingar?Gentileza gera gentileza e semultiplica”. A conscientização

MOBILIZAÇÃO Campanha “Trânsito+gentil”, lançada por seguradora, já distribuiu mais de 13 milhões de adesivos em todo o país

“Ser gentil é relevar, é

deixar pra lá a ofensa dooutro e não se envolver em brigas”

TANYZE MARCONATO,GERENTE DE MARKETING DA PORTO SEGURO

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vida urbana. São ações rela-cionadas à preservação dopatrimônio público, à cidada-nia, ao respeito ao cidadão ede mobilização social.

Segundo Cláudia Pires,arquiteta e urbanista, direto-ra-administrativa e financeirado IAB-MG, o prêmio, iniciadoem 1993, tem como objetivoprincipal suscitar nas pes-soas a vontade de fazer obem. “Gentileza é aquilo quese faz com espontaneidade enão por obrigação. Essa é aideia do prêmio: que as pes-

soas façam o bem de formanatural sempre”.

Em 2011, foram premiados19 trabalhos nas categoriasgenerosidade, respeito àmemória e ao patrimônio,cidadania, direito à paisagemurbana e ao meio ambiente,arquitetura e urbanidade,meio ambiente e cidadania, esustentabilidade ambiental.

Entre os trabalhos premia-dos ao longo desses 18 anosrelacionados ao trânsito etransporte, estão os projetos“Placas nos Pontos de ônibus

em Braile” (1995), “TransporteColetivo em Vilas e Favelas”(2000), “Arte no ônibus”(2001) e “Um dia sem carro”(2004).

E o trabalho do IAB-MG feztanto sucesso que outrasentidades aderiram ao movi-mento. A premiação tambémé realizada pelo IAB do Cearáe ainda na cidade deLiverpool, na Inglaterra. “Nósdetemos a marca do prêmio,mas as iniciativas se espa-lham por todo o mundo”, res-salta Cláudia. l

JÚLIO FERNANDES/CNT

MOBILIZAÇÃO Campanha “Trânsito+gentil”, lançada por seguradora, já distribuiu mais de 13 milhões de adesivos em todo o país NAS RUAS Pessoas aderiram à iniciativa e carregam a mensagem nos próprios veículos

“Gentileza éaquilo que sefaz de forma espontânea e não por

obrigação”

CLÁUDIA PIRES,DIRETORA DO IAB-MG

PORTO SEGURO/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201250

AQUAVIÁRIO

Com novos projetos deconstrução de usinashidrelétricas nas hidro-vias brasileiras, a viabili-

dade da implantação de eclusasao longo das barragens tambémpassa a ser discutida. Esses reser-vatórios, com formato semelhanteao de uma câmara, permitem queuma embarcação transponha osdesníveis naturais, ou aquelescausados pelos barramentos doscursos-d’água, por meio do enchi-mento ou do esvaziamento dacomporta. Um dos planos maisrecentes e que ainda passa porrevisão é o da hidrovia Teles

Pires–Tapajós, que prevê a instala-ção de sete eclusas, com vistas aotransporte de pessoas e ao escoa-mento da carga provenientedaquela área de influência.

O projeto da TelesPires–Tapajós, que cobre regiõesdos Estados do Mato Grosso e doPará, tem apenas uma barragem jálicitada. O plano inicial, que previaduas hidrelétricas para o trechode, aproximadamente, 400 km deextensão, não tem previsão parasair do papel.

De acordo com AdalbertoTokarski, superintendente denavegação interior da Antaq

(Agência Nacional de TransportesAquaviários), os projetos privile-giam a geração de energia. “Nãose faz um planejamento adequadoe integrado, que leve em conta aboa geração de energia e a boanavegação. Este não é um aspectoespecífico da Teles Pires-Tapajós."

Francisco Lopes Viana, superin-tendente da área de regulação daANA (Agência Nacional de Águas),órgão responsável pela concessãode outorgas para a construção deeclusas, afirma que as obras obe-decem à legislação vigente. "Parase outorgar o direito do uso daágua, deve-se observar, entre

SoluçãoindispensávelEclusas são essenciais para a navegabilidade dos

rios após a instalação de usinas hidrelétricas

POR LETICIA SIMÕES

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 51

ELETRONORTE/DIVULGAÇÃO

RECENTE Eclusa do Tucuruí, inaugurada em 2010, está instalada na região entre Belém e Marabá (PA)

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outros aspectos, a manutenção dascondições de transporte da regiãoafetada. É obrigatório que segaranta o transbordo das embar-cações que trafegam nos rios inse-ridos em qualquer projeto queinterfira nas rotas."

Segundo ele, os planos denovas hidrelétricas seguem duasfrentes de trabalho, definidas pelosministérios de Minas e Energia edos Transportes. "No que se refereà trafegabilidade nos rios, oMinistério dos Transportes apre-senta à ANA um projeto básico. Porisso, afirmo que há articulaçãoentre as duas pastas no planeja-mento das obras hidroviárias."

Tokarski diz que a Antaq, com oMinistério dos Transportes e o Dnit(Departamento Nacional deInfraestrutura de Transportes),órgão responsável pela viabilidadetécnica dessas construções, vairealizar um estudo geral sobre aimplantação do projeto da hidroviaTeles Pires-Tapajós. “Atualmente,existe uma navegação feita deSantarém até Miritituba (PA). Umtrecho desse transporte é feitopela rodovia BR-163.”

Para o dirigente, a obra éimprescindível para a economia daregião. “O norte do Mato Grossoconcentra a maior produção degrãos do país. Além disso, a locali-zação dessa hidrovia vai diminuir ocusto desse transporte. Os produ-tores que conduzem sua carga deSinop (MT) a Santarém (PA), porexemplo, terão a vantagem de ter

imprescindíveis em situações comodesníveis, presença de corredeiras,saltos e barramentos, como tam-bém em locais onde há variaçõesimpostas pelo ciclo hidrológico.”

Uma apresentação daSecretaria de Gestão dosProgramas de Transportes, vincula-da ao Departamento de Programasde Transportes Aquaviários doMinistério dos Transportes, datadade julho de 2010 e publicada no sitedo Ministério da Agricultura, revelaque o custo previsto para a implan-tação das eclusas da hidrovia Teles

uma via mais ao norte, com portosmenos distantes de seus consumi-dores estrangeiros, como os EUA eos países da Europa. Outra vanta-gem é que a rota vai estar muitopróxima ao Canal do Panamá”, diz.

O doutor em Engenharia HídricaGilberto Loguercio Collares, profes-sor titular da Faculdade deEngenharia Hídrica da UFPel(Universidade Federal de Pelotas),afirma que as eclusas, quandonecessárias, são indispensáveispara o estabelecimento de umahidrovia. “Esses reservatórios são

MARCOS MACHADO/PREFEITURA BARRA BONITA/DIVULGAÇÃO

DINAMISMO Eclusa em Barra Bonita (SP) torna o rio Tietê navegável em grande parte de sua extensão

“Afirmar que construir

eclusas é caro é uma

falácia”

RUI GELEHRTER LOPES, CONSULTOR

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 53

Pires–Tapajós é de mais de R$ 5,4milhões. Todo o projeto, segundodados do trabalho, está orçado emR$ 50 milhões.

Segundo Collares, os custospara a construção de eclusasvariam conforme as necessidadeslocais. “Os investimentos são dire-tamente relacionados com a natu-reza dos problemas do local. O des-nível a ser vencido é que vai deter-minar quais estruturas e estraté-gias serão aplicadas, podendo aobra ser mais barata quando há

MARCOS MACHADO/PREFEITURA BARRA BONITA/DIVULGAÇÃO

DINAMISMO Eclusa em Barra Bonita (SP) torna o rio Tietê navegável em grande parte de sua extensão

Terminais prontos para o escoamentoCAPACIDADE

A construção de eclusaspara dinamizar a navegaçãointerior muda a rota em destinoaos portos brasileiros. Hápouco mais de um ano, com aconclusão das obras da hidro-via de Tucuruí, no Pará, os por-tos de Vila do Conde/Barcarena,Belém e Miramar, no Pará,Santana, no Amapá, e terminaisprivativos da região, além doPorto de Marabá, localizado àmontante (acima da corrente-za), estão preparados parareceber a carga transportadapela hidrovia, segundo afirmao Ministério dos Transportes.

A pasta, por meio de suaassessoria, informa que aseclusas de Tucuruí têm capa-cidade para comboios de até20 mil toneladas. Ainda deacordo com o ministério,pelas rotas da hidroviapodem passar todo tipo decarga, como granel (sólido elíquido), contêineres, cargageral e Ro-Ro (roll-on/roll-off,cargueiro para o transportede veículos que permite aentrada e a saída dessesautomóveis da embarcação).

Gilberto Loguercio Collares,professor da Faculdade deEngenharia Hídrica da UFPel,diz que a capacidade hídricado país precisa ser potenciali-zada. “O modal propicia

desenvolvimento econômicocom base em condiçõesambientais mais sustentáveis.As hidrovias possuem grandesvantagens em relação aoutros modos, como maiortempo de vida útil dos veícu-los, menores custos deimplantação, menor consumode combustível e menor nívelde ruídos.”

O urbanista José WagnerFerreira, especialista em nave-gação interior e consultor emlogística e transporte, afirmaque as eclusas permitem umapolítica nacional de melhoriano sistema de transportes,com vistas à exportação eimportação, pelos portos loca-lizados nas áreas de influênciadas hidrovias. “É preciso des-tacar a importância do usocomercial dos rios e discutirquais os canais de navega-ção que o país deve cons-truir em médio e longo pra-zos, para auxiliar o sistemade movimentação de cargaspor água.”

Ferreira cita como exemploo que foi feito nos EstadosUnidos. Os norte-americanoscriaram canais de navegaçãoparalelos ao rio Mississipi,ligando o rio Tennessee com oMobile, no Golfo do México.“Esse sistema tornou-se

importante para a distribuiçãode bens, desde o meio oesteamericano até as águas inter-nacionais. Outro exemplo é amaior obra hidroviária em exe-cução no mundo: a ligação deParis, na França, Antuérpia, naBélgica, e Londres, no ReinoUnido, por meio de uma sériede canais e eclusas. A obraleva em consideração a retifi-cação de trechos dos rios quecompõem esse sistema.”

Para o superintendentede Navegação Interior daAntaq, Adalberto Tokarski, asobras da hidrovia TelesPires–Tapajós vão reordenaro escoamento das cargasdaquela região. “Portos,como o de Santos, poderãoficar concentrados nas car-gas de maior valor agregado,deixando a logística dosgrãos produzidos na área deinfluência dessa hidroviapara os portos localizadosmais ao norte do país.”

Collares destaca que, com aampliação do modal hidroviá-rio, diversos benefícios serãoobtidos para a economia bra-sileira. “Esse investimentovai gerar dinamismo e efi-ciência no escoamento deprodutos e cargas, além deaproximar os diferentespolos produtores do país.”

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201254

que, atualmente, o governo federalestabelece critérios de viabilidadetécnico-econômicos mais rigoro-sos para avalizar uma obra.

A pasta confirma que, sem aeclusa de Estreito, a de Lajeadoatenderia apenas a uma pequenaregião, afetando os municípios dePalma e Peixe (a montante, ou seja,rio acima), e até Estreito, a jusante.A extensão é de quase 700 quilô-metros. Não há cronograma previs-to para as obras.

Quanto à eclusa de Ilha Solteira,o ministério afirma que, enquanto ademanda for baixa (menor que 10

desníveis menores, por exemplo.”Para ele, a viabilidade econômi-

ca de uma eclusa deve estar ampa-rada nas possibilidades técnicasapontadas pela engenharia, comoaspectos relacionados à hidrologiae hidráulica. “Esse investimento sebaliza por políticas públicas e ava-liações macroeconômicas, que sãoestratégicas para o desenvolvi-mento e para o crescimento dopaís. A viabilidade ambiental dequalquer projeto também não deveser posta de lado.”

O engenheiro naval RuiGelehrter Lopes, consultor e ex-diretor do IPT (Instituto dePesquisas Tecnológicas) da USP(Universidade de São Paulo), ratifi-ca que a Constituição brasileiradetermina que o preço estabeleci-do para a implantação de uma bar-ragem já deve incorporar o custoda transposição. “Afirmar queconstruir eclusas é caro é umafalácia. Os governos federal e esta-duais estão conscientes da exis-tência do transporte hidroviário eda necessidade de sua integraçãocom os demais modos terrestres.”

O Dnit confirma que estão emoperação, atualmente, 13 eclusasem todo o Brasil. De acordo com ogoverno federal, apenas 13 mil qui-lômetros, dos aproximadamente,40 mil quilômetros de vias, sãocomercialmente navegáveis. Aeclusa de Tucuruí, inaugurada em2010, é a mais recente. Ela está ins-

talada na região entre Belém eMarabá (PA) e possui um desnívelde 75 metros.

Além das eclusas em operação,o modal aquaviário brasileiroregistra outras três, com obras ini-ciadas e, atualmente, paralisadas.Duas delas estão, há duas décadas,interrompidas.

Segundo o Dnit, a eclusa deLajeado (TO), no rio Tocantins, estáem processo de manutenção docanteiro de obras. Já as eclusas deIlha Solteira, no noroeste paulista,e a de Boa Esperança, no Piauí,estão paradas há mais de 20 anos.O órgão afirma, por meio de suaassessoria de comunicação, que asobras não foram realizadas peloDnit, criado em 2002.

O Ministério dos Transportes,também por meio de sua assesso-ria, alega que a obra da eclusa deLajeado não se justifica, caso nãoseja construída a eclusa de Estreito(MA). Segundo a pasta, é precisoque se faça a previsão de eclusasnos aproveitamentos hidroelétri-cos de Marabá (PA) e SerraQuebrada (TO), para que as eclusassejam viabilizadas.

O ministério informa que quan-do o projeto de Lajeado foi concluí-do, a eclusa de Estreito ainda nãoestava prevista e não havia nenhu-ma barragem a jusante (rio abaixo).De acordo com a assessoria, em2000, ano em que a obra foi inicia-da, as exigências eram diferentes e

EXEMPLO Sistema de três eclusas permite a travessia do Canal do Panamá por desníveis de até 26 metros entre os oceanos Atlântico e Pacífico

“É precisodestacar a

importância douso comercial

dos rios"

JOSÉ WAGNER FERREIRA, URBANISTA

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milhões de toneladas ao ano), é pos-sível que as embarcações passempelo canal de Pereira Barreto (SP).Já em relação à eclusa de BoaEsperança, a assessoria afirma queexiste um projeto para realização deequipamentos eletromecânicos dacomporta. O ministério confirmaque as obras civis foram concluídas.

Atualmente, há dois projetos deeclusas sendo encaminhados peloDnit. O projeto executivo da eclusada barragem de Estreito, no rioTocantins, está licitado e em fasede obtenção de recursos para queas obras sejam iniciadas. O da eclu-

sa das barragens de Jirau (a 150 kmde Porto Velho) e Santo Antônio, norio Madeira, passa por revisão.

Segundo o Ministério dosTransportes, a eclusa do Madeira seencontra em fase final de ajustes eestá concluída. Operada pelaEletronorte, ela foi inaugurada emabril de 2011, quando entrou emoperação comercial, período emque a empresa realizou testes nacomporta. A pasta informa que ocusto das obras do rio Madeira e daeclusa de Estreito somam juntas R$1,6 bilhão.

Adão Magnus Marcondes

Proença, diretor de InfraestruturaAquaviária do Dnit, defende a cons-trução das eclusas. De acordo comele, para que os projetos ganhemdinamismo, é preciso considerartodo o sistema de transporte brasi-leiro. “A economia de tempo e dedinheiro para o produtor da regiãoafetada pela hidrovia é evidente,devido à maior capacidade detransporte do sistema. Um com-boio hidroviário, com um empurra-dor, chega a transportar 48 miltoneladas de grãos, substituindo2.100 caminhões.”

Para o urbanista José Wagner

Ferreira, especialista em navega-ção interior e consultor em logísti-ca e transporte, apesar de reco-nhecer a viabilidade das hidrovias,o Brasil “não tem mentalidadeaquaviária”. “O país nega a impor-tância desse modal, premido peloantiquado regime de priorização àgeração de energia elétrica, emdetrimento da moderna logísticade movimentação de cargas.”

Tokarski, da Antaq, afirma queas autoridades estão atentas aomodal aquaviário e que a matriz dotransporte nacional de cargas serámodificada “paulatinamente”.

Hoje, o modal rodoviário res-ponde por mais de 60% da matriz,seguido pelo ferroviário, com maisde 20%, e pelo aquaviário, comquase 14%. Os modais dutoviário eaeroviário representam 4,2% e 4%,respectivamente. Os valores têmcomo referência o mês de outubrode 2011, calculados em milhões deTKU (tonelada por quilômetro útil).

Ferreira destaca que há aindamuitas hidrovias dependentes deeclusas para que a navegação inte-rior seja bem explorada. “Há váriospontos nos rios Tocantins eAraguaia, na hidrovia Teles Pires-Tapajós, no rio Grande (SP-MG), norio Doce (MG-ES) e no rioParanapanema (SP-PR). Todos elespassam por províncias agrícolas damaior importância no mundo, hojetão necessitado de alimentos abaixo custo.” l

EXEMPLO Sistema de três eclusas permite a travessia do Canal do Panamá por desníveis de até 26 metros entre os oceanos Atlântico e Pacífico

EMBAIXADA DO PANAMÁ/DIVULGAÇÃO

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Renovação con stante

Troca de um caminhão por outro em melhores condições de uso exige a observação de itens importantes

Renovação con stante

Troca de um caminhão por outro em melhores condições de uso exige a observação de itens importantes

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 57

Atroca de carro é umsonho almejado pormilhares de brasileiros. Aaspiração por veículos

mais novos também alimenta o diaa dia do caminhoneiro autônomo.De acordo com entidades ligadasao setor, a busca por um caminhãoem melhores condições de uso,com foco na renovação da frota, éuma constante entre os profissio-nais da categoria. A maioria optapelos seminovos. Para adquirir umcaminhão usado é necessárioobservar itens importantes, como omodelo adequado ao segmento decarga e a procedência. Dessamaneira, o profissional pode evitarproblemas de desgaste e dificulda-des com a documentação.

O engenheiro mecânico AntônioCarlos Canale, professor da EESC(Escola de Engenharia de SãoCarlos), da USP (Universidade deSão Paulo), enfatiza que o caminho-neiro precisa se atentar, entreoutros itens, para as dimensões doveículo, as configurações dos eixose de tração, a suspensão, os disposi-tivos de segurança, os pneus e ochassi. “O caminhoneiro deve ava-liar algumas variáveis. Muitasempresas não contratam, por exem-plo, veículos que vão transportarprodutos perigosos sem determina-dos dispositivos de segurança,como o ABS. O transporte de produ-tos frágeis pode necessitar de umcaminhão com uma suspensão a ar.

Outros, que serão usados emregiões com declives longos e seve-ros, vão precisar de retardadores esistemas de tração 6x4. Por isso,adquirir o caminhão adequado aosegmento da carga a ser transpor-tada é imprescindível.”

Ele diz que o processo para acompra de um caminhão usado nãose difere muito das regras paraquem vai adquirir um carro semino-vo. Canale indica consultar um espe-cialista para garantir uma escolhamais apropriada.

Segundo ele, apesar de exigirdo proprietário uma manutençãomaior, o capital investido nousado é menor, o que pode com-pensar, em parte, o custo para aconservação do caminhão. “Ocaminhoneiro deve dar especialatenção ao consumo de combustí-vel. Veículos mais novos conso-mem menos e isso também podeser um diferencial importante.”

Na opinião do engenheiro, ocaminhão usado não representaperda de segurança para o motoris-ta, se as manutenções preventivas ecorretivas forem realizadas. “O veí-culo é projetado para manter a suamargem de segurança ao longo desua vida útil. Essa conservação deveser realizada por profissionais capa-citados e credenciados, usando-se,em trocas e reposições, produtos ecomponentes certificados pelo pró-prio fabricante do caminhão.”

Luiz Carlos Neves, presidente daFenacat (Federação Nacional dasAssociações e Cooperativas de

POR LETICIA SIMÕES

JÚLIO FERNANDES/CNT

Renovação con stante

CARGA

Renovação con stante

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201258

Caminhoneiros e Transportadores),também considera que a segurançanão é comprometida com a aquisi-ção do caminhão usado. “Todarevenda tem que oferecer a garan-tia do produto vendido por 90 dias.De todo modo, nunca é demais veri-ficar o estado dos itens que podemafetar a segurança do veículo.”

Canale afirma que a escolhado caminhão usado deve priori-zar, dentro das possibilidadesfinanceiras do caminhoneiro, oveículo mais novo possível ecom o maior número de acessó-rios de segurança. “Os modelosmais recentes, que possuemdispositivos de segurança,abrem possibilidades de novosnegócios.”

José da Fonseca Lopes, pre-sidente da Abcam (AssociaçãoNacional dos Caminhoneiros),afirma que somente a minoriados autônomos consegueadquirir um veículo zero quilô-metro. “O Procaminhoneiro ofe-rece condições de financiamen-to para um caminhão novo etambém financia o usado ematé oito anos. O problema é quegrande parte dos caminhonei-ros, devido às dificuldades ine-rentes à profissão, não conse-gue comprovar renda e finan-ciar pelo programa.”

O Procaminhoneiro, criadopelo BNDES (Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial), é um programa definanciamento de caminhõesdirecionado aos motoristas

autônomos e microempresá-rios do setor. O programa ofe-rece taxa fixa de juros anuais a7%, opção de compra de cami-nhões usados com idade médiade até 15 anos e uma comple-mentação de garantia chama-da FGI (Fundo Garantidor para oInvestimento).

O BNDES, por meio de suaassessoria, diz que a institui - ção reconhece a dificuldadedo autônomo em comprovarsua renda. O banco ressaltaque o Procaminhoneiro é umprograma indireto, sendo queas exigências para o financia-mento são de responsabilida-

SUSTENTABILIDADE Veículos mais novos consomem menos combustíveis

• Escolher o modelo conforme o segmento da carga a ser transportada

• Ouvir especialistas, como engenheiros e mecânicos de confiança, paragarantir uma escolha mais adequada

• Dentro do orçamento disponível, priorizar modelos mais novos e com maiornúmero de itens de segurança

• Não adquirir caminhões com mais de 1 milhão de quilômetro rodado. Comtal quilometragem, é provável que o motor já tenha sofrido intervençõesmecânicas

• Verificar as condições do motor, da caixa de câmbio, do número de proprietários e que tipo de carga o caminhão transportava anteriormente

• Checar se não há ruído estranho, ou acima do normal. Trocar, preventivamente, o óleo lubrificante

• Quebra ou travamento de um rolamento pode ser muito perigoso e danificacomponentes importantes e caros do veículo. Recomenda-se averiguar sehá ruídos estranhos com o caminhão desengatado e em movimento, sobreum asfalto em boas condições

• Verificar se não há falta de dispositivos de fixação da suspensão e dasmolas. A presença de molas quebradas é perigosa e diminui a estabilidadedo caminhão

• Inspecionar cuidadosamente os pneus. Pneus com bolhas ou saliências nosflancos (laterais) devem ser trocados. Eles devem ser substituídos quando abanda de rodagem estiver descolando ou desgastada

• Verificar se a luz de advertência de mau funcionamento do ABS no paineldo veículo está ativada. Se estiver acesa, uma manutenção nesse sistemaserá necessária

• Todo o circuito de freio deve ser inspecionado, assim como a instalação elétrica e todos os componentes do sistema de direção

• Consultar o Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) do caminhão, antes de concluir a compra

DICAS DE COMPRAO que observar na hora de adquirir um caminhão usado

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 59

de das 21 instituições financei-ras aptas a executá-lo.

Ainda segundo a entidade, oFGI foi uma das ferramentascriadas para auxiliar o caminho-neiro que adquire o veículo pormeio do programa. A garantiado BNDES/FGI varia conforme oprazo e o valor garantido, sendofinanciado nas mesmas condi-ções do caminhão e, na média,representa um acréscimo nocusto efetivo de 0,18% ao mês.

De acordo com Lopes, daAbcam, os autônomos estãomais habituados a adquirir ocaminhão usado nas revendas.“Antes da troca, os veículos têm

média de idade de 23 anos. Pararenovar, o motorista buscacaminhões de 5 a 6 anos de uso.Muitas vezes, eles não oferecema tecnologia disponível nosmodelos mais novos.”

Fabiano Chinelato, vice-pre-sidente da Abacet (AssociaçãoBaiana dos Caminhoneiros eTransportadores), diz que omodelo usado mais procuradopela categoria é o veículo fron-tal e trucado. Esse tipo de cami-nhão possui o motor instaladoembaixo do assento e tem seupara-brisa rente. Essa versãofacilita as manobras e reduz ocomprimento do caminhão.

Ronildo Silva, gerente devendas da Carga Pesada, reven-dedora de caminhões usados,com sedes na capital paulista eem Campinas (SP), afirma que oveículo trucado tem maiorcapacidade de carga, por issoleva vantagem na escolha doscompradores. “Tanto autôno-mos quanto empresas detransporte buscam um cami-nhão que possa maximizar ovolume de carga”. De acordocom Silva, caminhões do tipocustam a partir de R$ 120 mil.Os valores variam conforme oano e a marca.

Chinelato diz que o caminho-neiro deve considerar a partede força do veículo (motor-caixa de câmbio) na hora dacompra, pois ela é determinantepara a vida útil do caminhão.

Na opinião do dirigente, atroca de caminhão deve ocor-rer quando o veículo atingeseis anos ou 1 milhão de quilô-metro rodado. Outra dica deChinelato é consultar oRenavam (Registro Nacionalde Veículos Automotores)antes de concluir a compra.“Por esse cadastro é possívelsaber se o caminhão tem pen-dências jurídicas e/ou finan-ceiras. Também indico a con-sulta de, no mínimo, trêsagentes financeiros antes defechar o negócio. Dessamaneira, o motorista terá umcomparativo para fazer amelhor escolha.”

Essas orientações tambémsão indicadas pelo caminhonei-ro Luciano Teixeira, que possui25 anos de profissão. Ele afir-ma que o autônomo se sentemais atraído pelo caminhãousado devido às condiçõesfinanceiras. “Enquanto a pres-tação de um zero quilômetropode chegar a R$ 6.000, umusado custa a metade.”

De acordo com o caminho-neiro, para verificar as condi-ções do usado pretendido, éfundamental conferir a proce-dência, o número de proprietá-rios e saber que tipo de serviçoe carga o caminhão transporta-va anteriormente .

Em relação às condições definanciamento, Neves, daFenacat, afirma que as melho-res taxas oferecidas atualmen-te no mercado são a doProcaminhoneiro; do Finame(Financiamento de Máquinas eEquipamentos), criado tam-bém pelo BNDES, que oferecelinhas de financiamento espe-cíficas; o leasing (arrendamen-to mercantil, em que o pro-prietário do bem negociado ocede a um terceiro, recebendoem troca uma contrapresta-ção); e o CDC (Crédito Diretoao Consumidor). “Entre essasmodalidades, o CDC tem amaior taxa de juros. Portanto,cabe verificar qual instituiçãofinanceira oferece melhorescondições, com valores maisreduzidos.” l

SUSTENTABILIDADE Veículos mais novos consomem menos combustíveis

MAN/DIVULGAÇÃO

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O economista José Luis Oreiro,professor do Departamento deEconomia da UnB (Universidadede Brasília) e diretor da InvaCapital, diz que, apesar do agitadocenário internacional, o Brasilmanterá o crescimento, mesmoque em ritmo moderado. “Esteano o crescimento será lento. O

Marcado pela turbu-lência com a crisena zona do euro edos esforços norte-

americanos para lidar com asconsequências do grave colap-so econômico de três anosatrás, 2011 deixou no ar ummisto de desconfiança e come-dimento no que se refere àsexpectativas para este ano.Além das incertezas interna-cionais, o PIB (Produto InternoBruto, ou seja, a soma de tudoque é produzido pela econo-mia de um país) brasileiroficou estagnado em 0% no últi-mo trimestre do ano passado,quando comparado aos trêsmeses anteriores. Entidadesligadas aos modais do trans-porte têm opiniões diversifica-das ao avaliar o que 2012 poderepresentar para o setor, assimcomo economistas, que tam-bém se dividem ao opinarsobre as decorrências de todoesse panorama para a econo-mia nacional.

país deve atingir um aumento de3% no PIB.”

Oreiro afirma, porém, quecaso haja ruptura na área doeuro, com a saída de algumagrande economia do grupo,como a italiana ou a espanhola,o cenário muda. “Os efeitossobre os fluxos internacionais

de crédito seriam devastadorese uma repetição, talvez emescala ampliada, da crise de2008, poderá ser sentida. Nessecaso, a economia brasileiraentra em recessão.”

O economista analisa que acrise no bloco europeu afetou oestado de confiança dos empre-

Especialistas e dirigentes do setor de transporte analisam a situação econômica mundial e o que pode acontecer no Brasil

POR LETICIA SIMÕES

Expectativas e previsões para 2012

ECONOMIA

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sários. “Isso leva a uma ligeiraredução da taxa de crescimentodo investimento em capital fixo(bens duráveis já produzidos eusados na produção de merca-dorias ou serviços). Esse efeitoirá continuar em 2012.”

Para Oreiro, enquanto a criseinternacional não for resolvida,

a alternativa é desvalorizar ocâmbio (operação de troca demoeda de um país pela moedade outra nação).

As estimativas do economis-ta para o setor de transporte decarga são negativas. “Alémdesse modal, a indústria detransformação e a construção

civil são os setores que maisvão sentir os efeitos do cenáriopouco favorável de 2011.”

Newton Gibson, presidenteda ABTC (Associação Brasileirade Logística e Transporte deCarga), rechaça a opinião deOreiro e acredita em um anopositivo para o setor de car-

gas. “Apesar de a crise econô-mica continuar atingindograndes economias mundiais,especialmente os países euro-peus, o Brasil prossegue comsua economia em ritmo acele-rado. Os aportes público-pri-vados em infraestrutura e aprofissionalização permane-

Especialistas e dirigentes do setor de transporte analisam a situação econômica mundial e o que pode acontecer no Brasil

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Expectativas e previsões para 2012

Movimentoem shopping

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201262

meio das perdas que grandescompanhias sofrerem. O mundoé globalizado, e se o panoramase prolongar na Europa, a eco-nomia nacional vai sentir seusefeitos.”

Para Rodrigo Vilaça, presi-dente-executivo da ANTF(Associação Nacional dosTransportadores Ferroviários),tanto a desestabilidade na zonado euro quanto a crise america-na vão refletir no modal ferro-viário este ano. “O setor vai sen-

Barbosa é cauteloso ao ava-liar as condições do Brasil parasuportar possíveis choquesexternos. “É difícil prever se opaís está preparado para essecenário, porque o mercadointerno depende de emprego.Os empregos dependem deempresas internacionais quesão empregadores de peso. Aspequenas empresas, que sãograndes empregadoras, depen-dem das maiores para sobrevi-ver. A interferência virá por

setor. Tudo isso faz crer queeste será um ano com grandesinvestimentos. O avanço tecno-lógico será um dos pontos quevai gerar maior competitividadeno segmento.”

O dirigente reconhece, noentanto, que a crise internacio-nal tem afetado diretamente oconsumo de implementos rodo-viários no Brasil. “A taxa decâmbio pode influenciar nofrete dos produtos importados.É necessário definir estratégiasde atuação que gerem incenti-vos à inovação, ao desenvolvi-mento de um setor produtivo ecompetitivo internacionalmen-te. As medidas vão tirar o paísda trajetória de fornecedor deprodutos primários e compra-dor de manufaturados.”

O doutor em EngenhariaRenaud Barbosa, professor daEbape (Escola Brasileira deAdministração Pública) da FGV(Fundação Getúlio Vargas), afir-ma que a crise interfere na áreaindustrial e no setor de servi-ços. “A saída é o mercado inter-no. A dependência econômicainterior é pequena, por isso opaís escapou dos efeitos maio-res da turbulência. Se a crise seprolongar, o cenário pode rever-ter radicalmente.”

cem na pauta, e espera-se queo país continue investindocada vez mais, a fim de tornar-se uma grande potência.”

Mesmo com a estagnaçãodo PIB no último trimestre de2011, uma pesquisa divulgadano final de dezembro pelaEconomist Intelligence Unit,empresa de consultoria britâ-nica ligada à revista “TheEconomist”, apontou o Brasilcomo a sexta maior economiado mundo, ultrapassando aGrã-Bretanha na classificação.O país está atrás dos EstadosUnidos, da China, do Japão, daAlemanha e da França.

De acordo com o estudo, oPIB brasileiro supera o inglêsem, aproximadamente, US$ 37bilhões. A imprensa inglesaafirmou, à época, que a trocano ranking está ligada mais àcrise econômica que afetaaquele país desde 2008 do queao crescimento brasileiro pro-priamente dito.

Segundo Gibson, da ABTC, ootimismo do modal rodoviáriode cargas se pauta nos investi-mentos que as empresas vêmrealizando. “A reposição dafrota está em plena renovação.Constata-se também a evoluçãotecnológica disponível para o

PREVISÃO Bolsa de Valores foi o pior investimento em 2011, mas deve se beneficiar da queda dos juros

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 63

tir as consequências porquetransporta commodities agríco-las e minerais para países euro-peus e para os Estados Unidos.”

O fato de a China ter alcan-çado um índice de crescimen-to menor do que o esperadoem 2011 também é motivo decerta apreensão por parte daentidade. “O mercado chinês émuito significativo para omodal ferroviário de cargas.Esperamos que a crise nãoafete tanto esse país.”

O economista CláudioFrischtak, presidente da Inter.BConsultoria Internacional deNegócios, afirma que não hámotivos para receio quanto àsexportações para a China. “Ascommodities exportadas paraos chineses vão continuar indu-zindo o crescimento da econo-mia brasileira como um todo.Não há precedentes para umperíodo tão longo de cresci-mento, a taxas tão elevadas,quanto os registrados pela

China. Foram 30 anos de plenaexpansão econômica.”

Segundo Frischtak, o gover-no chinês estima 8% de cresci-mento em 2012, o que é umpatamar elevado para o atualcenário econômico mundial.

Ele afirma que o Brasil temcondições de suportar interfe-rências externas, por contarcom um conjunto de estabiliza-dores fiscais. “A economia bra-sileira é caracterizada portransferências fiscais massivas,

como aposentadorias e progra-mas sociais. O montante sãobilhões de reais transferidospara o mercado interno onde háo consumo das famílias.”

Na opinião do economista, opaís conta com um regime fiscalrazoavelmente em ordem, o quepode “segurar” interposiçõesde outras economias. “O paísregistra um déficit nominal dosetor público de 2,5%. O idealseria que esse número fossezero. Mas, ao compará-lo com oregistrado pelos países emcrise, que têm déficit público de8%, não é um valor tão ruim.”

Apesar de temer maioresinterferências no modal ferro-viário, Vilaça, da ANTF, diz que aindústria europeia de imple-mentos ferroviários, em virtudede futuros projetos em algunsEstados, tem firmado negócioscom o mercado brasileiro. “OBrasil tem alguns planos deimplantação de trens de passa-geiros, como o VLT (Veículo Levesobre Trilhos), o TAV (Trem deAlta Velocidade) e outros meioscomo metrô e trens regionais.Esses negócios podem prolon-gar o momento satisfatório daindústria ferroviária.”

O dirigente afirma que,durante o ano passado, o

PREVISÃO Bolsa de Valores foi o pior investimento em 2011, mas deve se beneficiar da queda dos juros

ELISA RODRIGUES/FUTURA PRESS

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201264

Brasil conviveu com perspec-tivas de continuidade demovimentação e crescimentode investimentos no modalferroviário, tanto de cargaquanto de passageiros. “Osetor necessita de investi-mentos superiores a R$ 150bilhões, para sanar seus prin-cipais gargalos. Mas as obrasprevistas fazem com queoutros países busquem opor-tunidades no sistema metro-ferroviário brasileiro. A previ-são é de uma demanda contí-nua de crescimento ao longodessa década.”

Diferente das expectativasdo modal ferroviário, o setoraéreo já sente os efeitos dacrise econômica europeia enorte-americana, conforme afir-ma José Márcio Mollo, presiden-te do Snea (Sindicato Nacionaldas Empresas Aeroviárias). “Osegmento não está otimistapara 2012. Acredito que as con-sequências da turbulência eco-nômica vão afetar o modalaeroviário de forma mais inten-sa, uma vez que os efeitos jáforam sentidos. As companhiasaéreas baixaram os valores dastarifas e registraram prejuízosno último trimestre de 2011.”

Dirigentes das duas princi-pais companhias aéreas do paíscomprovam o momento vivido

a setembro de 2011, o cresci-mento foi de 19%.

Mollo confirma que algumascompanhias suspenderaminvestimentos previstos para arenovação de suas frotas. “ATAM tinha planos de adquirirquatro ou cinco novos aviões edecidiu suspender as aquisi-ções. A Gol fará apenas a subs-tituição de aviões e tambémnão vai aumentar sua frota.”

Ele acredita que as criseseuropeia e norte-americana vão

se estender por mais tempo. “Osetor, tanto nacional comointernacional, está em estadode alerta”, diz.

O economista e consultor definanças Newton Marques, pro-fessor de Economia da UnB(Universidade de Brasília), afir-ma que as soluções propostaspelos analistas para tentar porfim à crise no bloco europeuestão sendo marcadas por mui-tos desencontros de diagnósti-cos. “A Alemanha e a França

pelo modal. Libano Barroso,diretor-executivo da TAM, afir-ma que o mercado de aviaçãodoméstica deve registrar umcrescimento de 8% para 12%este ano. Constantino deOliveira Júnior, diretor-executi-vo da Gol, estima que o mercadocresça de 7% para 9%.

As expectativas marcam umadesaceleração expressiva emrelação ao crescimento dosvoos domésticos, registrado em2010, que foi de 24%. De janeiro

AJUDA Consumo interno deve receber incentivos do governo para manter o PIB acima dos 3% em 2012

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 65

consideraram que se tratava deum problema localizado noschamados Piigs (Portugal,Irlanda, Itália, Grécia eEspanha). Vai muito além disso,pois a turbulência contaminouas suas economias também. Aquestão não é somente fiscal.”

Para Marques, a competitivi-dade alemã e francesa deve seravaliada de maneira maisimportante para a sobrevivên-cia do euro. “Essa questãoesbarra na existência da moeda

única com Estados soberanos.”De acordo com ele, as medi-

das de incentivo ao consumoque o governo brasileiro vemoferecendo, como reduções dataxa Selic (índice das taxas dejuros cobradas pelo mercado),do IOF (Imposto sobreOperações Financeiras) e doIPI (Imposto sobre ProdutosIndustrializados), entreoutras, podem ser suficientespara retomar o ritmo da ativi-dade econômica em 2012. “Mas

ainda existe o temor de des-controle inflacionário, quepode limitar a eficácia dessesincentivos. É indispensávelque os governos dos paísesnorte-americano e europeusconsigam resolver os seusdesequilíbrios macroeconômi-cos, bem como a saúde finan-ceira e patrimonial dos ban-cos, para que o ciclo econômi-co se torne virtuoso.”

Meton Soares, presidente daFenavega (Federação Nacionaldas Empresas de NavegaçãoMarítima, Fluvial, Lacustre e deTráfego Portuário), diz que osetor teme que as crises refli-tam negativamente no modalaquaviário em 2012. “A balançacomercial evolui porque temcomprador. Com isso, há maiorvolume de exportação. Casohaja recessão, o volume deexportação e importação cai.Sem poder de competição, dimi-nui a produtividade no Brasil,gerando desemprego em diver-sos setores. Por isso, o equilí-brio internacional é imprescin-dível para as atividades dotransporte.”

Apesar do receio, Soaresacredita que o cenário terásolução antes que maiores con-sequências sejam sentidas noBrasil. “As cúpulas norte-ameri-cana e europeia estão se esfor-

çando para encontrar as alter-nativas viáveis. Este ano será demuita preocupação, mas o paísvai superar possíveis turbulên-cias internacionais.”

No que se refere ao modalaquaviário, o dirigente destacaque os debates para que setorevolua estão acontecendo. “Opoder público está aberto aodiálogo, e as entidades têm tidoa chance de expor suas preocu-pações para tentar crescer cadavez mais. Um dos principaisdesafios de 2012 será discutirinvestimentos para as hidroviasbrasileiras e reestruturar amatriz do transporte com focona intermodalidade.”

Para Marques, setoresdinâmicos como tecnologia,energia e commodities vãosentir mais intensamente osefeitos da crise. De acordocom ele, a retomada brasilei-ra aos patamares esperadospara o crédito e para o con-sumo internos será lenta.“Tudo vai depender da cria-ção das pré-condições parareativar o ciclo. Tem quehaver demanda e recursosfinanceiros para reativar aoferta de bens e serviços. Aspolíticas públicas são funda-mentais, mas precisam estaradequadas ao financiamentode seus recursos.” l

AJUDA Consumo interno deve receber incentivos do governo para manter o PIB acima dos 3% em 2012

JOÁ SOUZA/ FUTURA PRESS

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201268

OPrograma Taxista Nota10, uma parceria da CNT,da Escola do Transporte,do Sest Senat e do

Sebrae (Serviço Brasileiro deApoio às Micro e PequenasEmpresas), comemora os bonsresultados de 2011. Nos dois pri-meiros meses do programa, maisde 4.000 profissionais já estavaminscritos nos cursos gratuitos de

idiomas (inglês e espanhol) e degestão de negócios.

O programa tem como objetivoaprimorar os conhecimentos eaumentar a qualidade dos servi-ços prestados pelos taxistas,sejam eles empreendedores indi-viduais, autônomos ou membrosde cooperativas. A meta é qualifi-car 80 mil taxistas até 2013.

O foco principal do programa

são as cidades-sede da Copa de2014 e aquelas com maior apeloturístico. Os cursos estão sendooferecidos nas unidades do SestSenat tipo A e B, em todos osEstado do Brasil.

Segundo as entidades envolvi-das no programa, a expectativa éque o taxista esteja mais prepara-do para gerenciar seu próprionegócio e se tornar um autêntico

cartão de visitas das cidades bra-sileiras não só durante a Copa,mas em todas as ocasiões em queo Brasil recebe turistas. São essesprofissionais que dão as boas-vin-das e deixam aquela primeiraimpressão da cidade.

Para o presidente da Fencavir(Federação Nacional dos Taxistase Transportadores Autônomos dePassageiros), Edgar Ferreira de

Aprovaçãonacional

POR LIVIA CEREZOLI

SEST SENAT

Programa de qualificação de taxistaspara a Copa de 2014 já contabiliza

mais de 4.000 inscrições

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 69

Todo o programa educacionalfoi desenvolvido na modalidade adistância para facilitar o acessodos taxistas. Apostilas, CDs deáudio e jornais impressos permi-tem que os profissionais estudemem casa e até mesmo nos pontosde táxi, entre uma corrida e outra.

Com a inscrição realizada noSest Senat Recife (PE), o taxistaJúlio Silva Filho afirma que o for-

Sousa, os cursos de capacitação,além de preparar os profissionaispara oferecerem um melhor aten-dimento aos clientes, garantemmelhores níveis de lucratividade erentabilidade. “Os taxistas preci-sam perceber que oferecer umbom serviço é tão importantequanto ter um veículo moderno”.

O presidente da CooperativaRádio Táxi de Fortaleza (CE), João

Romão Neto, também acredita quea qualificação é essencial para ocrescimento profissional. “Ficamossatisfeitos em ver o nosso setorsendo lembrado com essas iniciati-vas. Há alguns anos, não se falavaem capacitar os taxistas. Agora,isso é primordial para se manter naprofissão”, ressalta ele que se pre-para para fazer os cursos de idio-mas e de gestão de negócios.

SEST SENAT FORTALEZA/DIVULGAÇÃO

CAPACITAÇÃO O taxista João Romão Neto, de Fortaleza (CE), aproveita o tempo livre para aprender espanhol dentro do seu carro

“Todo oaprendizadoé bom paravalorizar a

nossacategoria”

CÉLIO BATISTA DE ARAÚJO, TAXISTA

Page 70: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201270

fazer os cursos de idiomas. “Todoo aprendizado é bom para valori-zar a nossa categoria. Aprenderinglês e espanhol vai ser útil parao meu dia a dia profissional. Aquiem Brasília, recebemos turistas devárias partes do mundo e saberatendê-los é essencial”, afirma ele.

O programa educacional degestão está baseado em material

gos e em situações vividas diaria-mente pelos profissionais. O prazode conclusão pode variar de trêsmeses a um ano. Para a obtençãodo certificado, o taxista deve pas-sar por uma avaliação escrita epresencial na unidade do SestSenat onde fez a sua inscrição.

Há 30 anos na profissão, CélioBatista de Araújo se prepara para

mato do curso foi o grande atrati-vo. “Sempre soube da importânciade ter uma qualificação profissio-nal, mas nunca tinha tempo paraestar dentro da sala de aula.Agora, com esse material, possoestudar dentro do meu carro”.

Os cursos de inglês e espanhol,com 120 horas/aula cada, abordamo vocabulário utilizado em diálo-

educativo em formato de jornalimpresso. Dentro do conteúdodisponibilizado estão assuntosrelacionados aos diversos temasque fazem parte do cotidiano dotaxista, como gestão de serviçosde táxi, empreendedorismo, pon-tos turísticos e hospitalidade,planejamento financeiro, situa-ções interessantes sobre a Copa

ATENDIMENTO Taxistas são preparados para receber os turistas que visitarão o país durante a Copa

Saiba mais sobre o programa

CURSOS OFERECIDOS

Língua estrangeira (inglês ou espanhol)

• Modalidade a distância, com material didático impresso e CD de áudio

• Carga horária de 120 horas

• Período de até 1 ano para conclusão

• Avaliação presencial para obtenção de certificado

Gestão de negócios para taxistas

• Modalidade a distância

• Estruturado em formato de edições de jornal

• 15 edições, mensais, acompanhadas de selos colecionáveis

• Certificação de conclusão será entregue mediante a apresentação de todos

os selos que acompanham as publicações

COMO PARTICIPAR

Curso de língua estrangeira

• As inscrições podem ser feitas pessoalmente em uma das unidades do

Sest Senat participantes do programa

Curso de gestão

• As inscrições podem ser feitas pessoalmente em uma das unidades do Sest

Senat participantes do programa ou nos pontos de atendimento do Sebrae

INFORMAÇÕES

• Sest Senat - 0800 728 2891

• Sebare - 0800 570 0800

Fontes: Escola do Transporte, Sest Senat

TAXISTA NOTA 10

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CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 71

de 2014, novas tecnologias parao serviço por táxi, noções demecânica, direção segura e eco-nômica, saúde e qualidade devida etc. O material tambémapresenta jogos e outras ativida-des de passatempo educativocomo meio de fixação do conteú-do aprendido, espaço destinadoao humor e dicas de turismo.

O jornal tem periodicidademensal com a circulação de 15edições. Todas as edições sãoacompanhadas de um selo que otaxista deve colecionar paraque, ao final das 15 publicações,ele possa fazer a troca do mate-rial pelo adesivo de participaçãono programa. O mesmo pode serfixado no táxi, identificando o

profissional como um TaxistaNota 10 e indicando que ele estámelhor preparado para o merca-do de trabalho.

As inscrições para o curso degestão podem ser feitas nas uni-dades do Sest Senat participan-tes do programa, nos postos deatendimento do Sebrae em todoo país ou pelos telefones 0800

728 2891 (Sest Senat) e 0800 5700800 (Sebrae). Para os cursos delínguas, as inscrições somentepodem ser feitas nas unidadesdo Sest Senat. Nos dois casos énecessário preencher um cadas-tro com os dados dos documen-tos pessoais (RG, CPF e carteirade habilitação) e o documentode registro de taxista. l

ATENDIMENTO Taxistas são preparados para receber os turistas que visitarão o país durante a Copa MATERIAL Programa oferece apostilas, CDs e jornais informativos

FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

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Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental

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BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 63.117 13.337 76.454Estadual Coincidente 17.417 5.488 22.905 Estadual 106.548 113.451 219.999Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 213.909 1.367.194 1.581.103

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KMAdminstrada por concessionárias privadas 15.114Administrada por operadoras estaduais 1.195

FROTA DE VEÍCULOSCaminhão 2.230.647Cavalo mecânico 443.044Reboque 836.464Semi-reboque 650.886Ônibus interestaduais 13.976Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo misto 122

Portos 37

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 139

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA

Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

Total Nacional 29.637Total Concedida 28.465Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMALL do Brasil S.A. 11.738FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 8.066MRS Logística S.A. 1.674Outras 6.987Total 28.465

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 92.814Locomotivas 2.919Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289Críticas 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 32Domésticos 35Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES - UNIDADESA jato 873 Turbo Hélice 1.783Pistão 9.513Total 12.505

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

DEZEMBRO - 2011

Page 74: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201274

BOLETIM ECONÔMICO

Investimentos em Transporte da União(dados atualizados dezembro/2011)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Autorizado

valores pagos em infraestrutura (CIDE)

não utilizado (CIDE)

Total PagoValor Pago do ExercícioObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

Arrecadação Acumulada CIDE

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente écobrada sobre a comercialização e importação de gasolina (R$ 0,091/liltro) e diesel (R$ 0,047/litro)conforme Decreto nº 7.591 (out-2011). Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transportede combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte. Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES(PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)

Investimento Pago Acumulado

121086R$

bil

hões

420

20181614

5,13

17,70

60

403020

R$ b

ilhõ

es

100

2002 2003

20042005

20062007

20082009

2010 2011

8070

50

8

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo

0,02(0,2%)

0,11(1,0%)

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

Observações:

1 - Taxa de Crescimento do PIB 2011 e acumulada em 12 meses

2 - Taxa Selic conforme Copom 30/11/2011

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até dezembro/2011

4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até dezembro/2011

5 - Posição dezembro/2010 e dezembro/2011 em US$ bilhões

6 - Câmbio de fim de período dezembro/2011, média entre compra e venda

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (novembro/2011), IBGE e

Focus - (Relatório de Mercado 23/12/11), Banco Central do Brasil.

Investimentos em Transporte da União por Modal(total pago acumulado - até dezembro/2011)

(R$ 12,06 bilhões)

1,39(11,6%)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - DEZEMBRO/2011

2010 acumuladoem 2011

últimos12 meses

expectativapara 2011

PIB (% cresc a.a.)1 7,50 3,20 3,73 2,90

Selic (% a.a.)2 10,75 11,00 11,00

IPCA (%)3 5,91 5,97 6,64 6,54

Balança Comercial4 16,88 25,97 31,31 29,00Reservas Internacionais5 288,58 351,49 -

Câmbio (R$/US$)6 1,75 1,84 1,81

0,59(4,9%)

6,93

12,06

Restos a Pagar Pagos

Outros

9,93(82,4%)

CIDE - 2011 (R$ Milhões)Arrecadação no mês novembro/2011 637,0

Arrecadação no ano (2011) 8.498,0

Investimentos em transportes total pago (2011)* 4.194,0

CIDE não utilizada em transportes (2011) 4.304,0

Total Acumulado CIDE (desde 2002) 72.847,0

51% 49%

Obs.: são considerados todos os recursos nãoinvestidos em infraestrutura de transporte.

* O Total Pago inclui valores pagos do exercícioatual e restos a pagar pagos de anos anteriores.

36,5

72,8

Page 75: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 75

1,92,0

BOLETIM DO DESPOLUIR

DESPOLUIR

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

PROJETOS

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos

• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador

• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais

de transporte

• Cidadania para o meio ambiente

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato coma Federação que atende o seu Estado

NÚMEROS DE AFERIÇÕES ESTRUTURA

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

392.510ATÉ NOVEMBRO DEZEMBRO

20112007 A 2010 TOTAL

Aprovação no período

182.405 13.461 588.376

87,05% 88,24% 89,66% 88,34%

Federações participantes 21

Unidades de atendimento 72

Empresas atendidas 7.840

Caminhoneiros autônomos atendidos 9.350

Em 2012, está prevista para entrar em vigor afase P7 do Programa de Controle de Poluiçãodo Ar por Veículos Automotores (Proconve)para veículos pesados. A ConfederaçãoNacional do Transporte (CNT) considera queeste fato terá impactos significativos nosetor, uma vez que novos elementos farãoparte do dia a dia do transportador rodoviá-rio. Nesse contexto, a CNT elaborou a presen-te publicação, com o objetivo de disseminarinformações importantes sobre o que estápor vir. O trabalho apresenta ao setor asnovas tecnologias e as implicações da faseP7 em relação aos veículos, combustíveis eaos ganhos para o meio ambiente.

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIRConheça abaixo uma das diversas publicaçõesambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Autônomo

Carga

FENACAMFETRANSPORTESFETRABASEFETCESPFETRANCESCFETRANSPARFETRANSULFETRACANFETCEMGFENATACFETRANSCARGAFETRAMAZFETRANSPORTESFETRABASEFETRANSPORFETRONORFETRAMFEPASCCEPIMARFETRAMARFETRANORTEFETRASULFETERGS

PR e MGES

BA e SESPSCPRRS

AL, CE, PB, PE, PI, RN e MAMG

DF, TO, MS, MT e GORJ

AC, AM, RR, RO, AP e PAES

BA e SERJ

RN, PB, PE e ALMG

SC e PRCE, MA e PIMS, MT e RO

AM, AC, PA, RR e APDF, GO, SP e TO

RS

41.3347-142227.2125-764371.3341-623811.2632-101048.3248-110441.3333-290051.3374-808081.3441-361431.3490-033061.3361-529521.3869-807392.2125-100927.2125-764371.3341-623821.3221-630084.3234-249331.3274-272741.3244-684485.3261-706665.3027-297892.3584-650462.3598-267751.3228-0622

Passageiro

FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS TELEFONESETOR

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

Page 76: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201276

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,35Industrial* 140,05 8,90Transporte 136,15 8,65Geração de energia 48,45 3,07Outros setores 47,76 3,03Total 1.574,54 100,00

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100,00

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

*Inclui processos industriais e uso de energia

BOLETIM AMBIEN TAL

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009 EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009

* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - NOVEMBRO 2011

Corante 2,2%

80%70%60%50%40%30%20%

Aspecto 51,8%

Pt. Fulgor 32,8%Enxofre 4,4%

Teor de Biodiesel 4,4%Outros 4,4%

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (EM PPM DE S)*

Japão 10EUA 15Europa 10 a 50

Brasil** 50

CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Choronzinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo doAmarante, Pindoretama e Cascavel.PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu,Paulista, Ipojuca, Itamaracá, São Lourenço da Mata.Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, SãoGonçalo, Magé, são João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, NovaOdessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do BomJesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, SantaBárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, SantoAndré, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, SãoJosé dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba,Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.

10%0%

Automóveis Comerciais Leves (Otto) GNVMotocicletas CaminhõesPesados

Caminhõesmédios

Comerciais Leves(Diesel)

ÔnibusRodoviários

CaminhõesLeves

ÔnibusUrbanos

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

NOxNMHcCOCH4

CO2

NOxCONMHcMP

CO2

AL AM

% N

C

AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil

1,6 2,80,0 0,4 3,81,0

3,70,0 1,6 1,3

2,7 2,9 2,1

AC4,9 3,6 0,0 0,1 0,7 0,9 0,7 0,0 0,8 1,6 2,8 5,9 2,1 0,4 3,8 1,0 1,2 2,7 3,7 0,0 2,6 1,6 1,3 2,7 2,9 8,1 2,10,02,7 2,5 0,0 0,3 0,5 0,9 0,5 2,5 0,8 1,8 1,6 5,7 2,3 1,8 3,3 0,8 1,5 2,8 2,8 0,0 2,8 1,3 1,6 4,7 2,7 5,6 2,00,0

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

0,9 0,8 2,10,10,04,9

0,00

10

20

25

15

50,7

8,1

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

0,72,7 2,6

5,9

1,2

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - NOVEMBRO 2011

3,6

TIPO 2007 2008 2009 2010 2011

Diesel 41,56 44,76 44,29 49,23 47,55

Gasolina 24,32 25,17 25,40 29,84 31,91

Etanol 9,37 13,29 16,47 15,07 9,76

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*

(ATÉ NOVEMBRO)

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)

Rodoviário 38,49 97% 34,46 97% 17,26 97%

Ferroviário 0,83 2% 1,08 3% 0,55 3%

Hidroviário 0,49 1% 0,14 0% 0,06 0%

Total 39,81 100% 35,68 100% 17,87 100%

2009VOLUMEMODAL % VOLUME % VOLUME %

2010 2011(ATÉ JUNHO)

4,4%

4,4% 4,4% 2,2%

51,8%32,8%

* Em partes por milhão de S - ppm de S** Para Diesel S500 e S1800 consultar a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br

Page 77: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE

POLUENTES PRINCIPAIS FONTES CARACTERÍSTICASEFEITOS

SAÚDE HUMANA MEIO AMBIENTE

Resultado do processo decombustão de fonte móveis1

e de fontes fixas industriais2.Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandesquantidades pode causar a morte.

Dióxido deCarbono

(CO2)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis1

e de fontes fixas industriais2.Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano(CH4)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis1

e fixas2, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais3.

Gás tóxico, sem cor, sem odor.Quando adicionado a águatorna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca,inconsciência e até mesmo danosno sistema nervoso central, se inalado.

Compostosorgânicosvoláteis(COVs)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis1

e processos industriais3.

Composto por uma grandevariedade de moléculas a basede carbono, como aldeídos,cetonas e outroshidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canaisrespiratórios. Em contato com a pele podedeixar a pele sensível e enrugada e quandoingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago,traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,perda de consciência e desmaios.

Óxidos denitrogênio

(NOx)

Formado pela reação do óxido denitrogênio e do oxigênio reativopresentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel.O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte eirritante, muito tóxico. O N2O éum gás incolor, conhecidopopularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões ediminui a resistência às infecçõesrespiratórias. A exposição continuada oufrequente a níveis elevados pode provocartendência para problemas respiratórios.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.Causadores da chuva ácida4.

Ozônio(O3)

Formado pela quebra dasmoléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes,como combustão de gasolina ediesel. Sua formação éfavorecida pela incidência deluz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperaturaambiente, instável, altamentereativo e oxidante.

Provoca problemas respiratórios,irritação aos olhos, nariz e garganta.

Causa destruição e afeta odesenvolvimento de plantas eanimais, devido a sua naturezacorrosiva.

Dióxido de enxofre(SO2)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis1

e processos industriais3.

Gás denso, incolor, não inflamávele altamente tóxico.

Provoca irritação e aumento naprodução de muco, desconforto narespiração e agravamento deproblemas respiratórios ecardiovasculares.

Causa o aquecimento global, porser um gás de efeito estufa.Causador da chuva ácida4, quedeteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provocadestruição de florestas.

Materialparticulado

(MP)

Resultado da queimaincompleta de combustíveise de seus aditivos, deprocessos industriais e dodesgaste de pneus e freios.

1. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.2. Fontes fixas: Centrais elétricas e termoeléctricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.3. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.4. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico

resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Conjunto de poluentes constituídode poeira, fumaça e todo tipo dematerial sólido e líquido que semantém suspenso. Possuemdiversos tamanhos emsuspensão na atmosfera. Otamanho das partículas estádiretamente associado ao seupotencial para causar problemasà saúde, quanto menores,maiores os efeitos provocados.

Incômodo e irritação no nariz egarganta são causados pelaspartículas mais grossas. Poeirasmais finas causam danos aoaparelho respiratório e carregamoutros poluentes para os alvéolospulmonares, provocando efeitoscrônicos como doençasrespiratórias, cardíacas e câncer.

Altera o pH, os níveis depigmentação e a fotossíntesedas plantas, devido a poeiradepositada nas folhas.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.

Monóxido decarbono

(CO)

Page 78: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

Quando 2011 teve início,havia otimismo emrelação à economiamundial. Muitos ava-

liavam que a atividade econô-mica iria engrenar nos EUA, naEuropa e no Japão, ajudando acicatrizar as feridas da grandecrise financeira iniciada em2007: o recuo do desempregoinjetaria confiança nos consu-midores; o aumento das vendasanimaria as empresas a inves-tir; o sistema financeiro, sanea-do, reativaria a oferta de crédi-to; e, por fim, os governos dospaíses ricos contariam com umaumento da arrecadação parareequilibrar as suas finanças,abaladas pela crise.

Agora, sabemos que essasesperanças foram frustradas.As economias ricas crescerambem menos do que se antevia. E2012 irá se iniciar num clima degrande incerteza.

Dois elementos parecem tersido os principais responsáveispelo fato de investidores,empresas e consumidoresterem retomado, ao longo de2011, uma atitude de grandecautela. O primeiro foi a percep-ção – que despontou em mea-dos do ano e desde então se

FERNANDO SAMPAIO

avolumou – de que os governosde diversos países teriam difi-culdade para rolar suas dívidas.

Desde 2007, a dívida públicadesses países – como Grécia,Portugal, Irlanda, Espanha,Itália e mesmo os EstadosUnidos – aumentou muito. Issoaconteceu por causa da quedade arrecadação suscitada pelacrise e também devido às medi-das adotadas para combater acrise. Para reverter o pânicoque se seguiu à quebra dobanco Lehman, em setembro de2008, além de derrubar astaxas de juros, os governosmundo afora apelaram a agres-sivos cortes de impostos eaumentos de gastos. Nos paísesem que o sistema financeiro seviu fragilizado, os governostambém injetaram trilhões dedólares nos bancos para evitaroutras quebras.

O outro elemento que temalimentado o medo é a dificul-dade que os sistemas políticosdos países ricos têm reveladopara aprovar medidas que aju-dem a reanimar a atividade eco-nômica e a restaurar a confian-ça nas dívidas dos governos. Énotório o impasse no Congressodos EUA entre os democratas,

majoritários na Câmara, e osopositores republicanos, quedominam o Senado. E, naEuropa, a França e a Alemanhanão têm conseguido tomar deci-sões com a efetividade e a agili-dade que a crise demanda.

Tudo isso prenuncia um anoem que o crescimento nos paí-ses ricos será, na melhor hipó-tese, bastante fraco; e, na pior,negativo – uma nova recaídarecessiva é um risco real.

E nos países ditos “emer-gentes”, qual a perspectiva? NoBrasil, na China e em outrospaíses, os governos estavam,até recentemente, preocupa-dos em conter a inflação. Essapreocupação diminuiu, eganhou prioridade o estímuloao crescimento. A situaçãodelicada dos países ricos indicaque será mais difícil exportar,atrair capitais e obter crédito.É por isso que voltaram a seradotadas, em vários países,medidas para estimular ademanda interna. A dependerdo andar da carruagem nospaíses ricos, novas rodadasdesse tipo de medidas despon-tarão ao longo de 2012. O resul-tado tenderá a ser crescimentomais modesto que em 2011.

DEBATE O que esperar da economia mundial em 2012?

FERNANDO SAMPAIOEconomista, sócio-diretorda LCA Consultores

Ainda às voltas com asferidas da crise financeira

“A situação delicada dos países ricos indica que serámais difícil exportar, atrair capitais e obter crédito”

Page 79: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

O que esperar da economia mundial em 2012?

Desde a eclosão dacrise financeira inter-nacional, a tarefa deprojetar o futuro tem

se revelado cada vez mais ingló-ria para os economistas. Noentanto, apesar das dificuldadesintrínsecas ao momento atual,podemos traçar alguns cenáriospara o ano que se inicia.

Inicialmente, as atençõesde todos seguirão voltadas àzona do euro. Os últimosdois anos foram marcadospor inúmeras reuniões “defi-nitivas” para os problemasda região, todas elas sucedi-das pelo anúncio de algumasboas intenções, insuficien-tes para combater os doisprincipais problemas daregião: falta de integraçãofiscal e baixo crescimentopotencial, principalmenteem economias como Grécia,Portugal e Itália. No entanto,no início de dezembro, oslíderes da região finalmenteatacaram diretamente umdos pivôs da crise, ao anun-ciar medidas que deverãogarantir maior rigor à con-dução da política fiscal.

No entanto, embora funda-mental para o crescimento em

em injetar novos estímuloseconômicos. Com as medidasadicionais que serão anuncia-das ao longo de 2012, a Chinaseguirá como principal loco-motiva do crescimento mun-dial, com crescimento do PIBnovamente acima de 8%.

Mas afinal, como esse cená-rio deve atingir o Brasil? Após oespetacular crescimento em2010, o país encerrou 2011 cominflação alta e crescimentoabaixo de 3%. No entanto, adesaceleração observada foiresultado principalmente dasmedidas do governo para corri-gir os desequilíbrios geradosao longo de 2010. Em 2012, aretomada do investimentopúblico, com os incentivos fis-cais e a menor taxa de juro,deverá levar o crescimentopara algo entre 3,5% e 4%, comforte aceleração na segundametade do ano. Como, infeliz-mente, não existe almoço grá-tis, essa nova postura das polí-ticas públicas deverá acarretarem mais um ano de inflaçãoelevada, o que poderá acarre-tar, posteriormente, em novafreada brusca na economia. Noentanto, esse é um assuntoapenas para 2013.

FERNANDO GENTA DOS SANTOSDoutor em Economia pela Universidadede São Paulo e economista daMCM Consultores

China seguirá como principallocomotiva do crescimento

“Embora fundamental para o crescimento em longo prazo, o remédiofiscal é amargo e contribuirá para uma nova recessão na Europa”

longo prazo, o remédio fiscal éamargo e contribuirá para umanova recessão, já no início de2012. Para evitar a ruptura doeuro, o BCE (Banco CentralEuropeu), amparado pelo acor-do fiscal, deverá finalmenteintervir e intensificar o ritmode aquisição dos títulos de paí-ses em dificuldade de rolarsuas dívidas, afastando o riscode default.

Essa postura do BCE evitaráuma nova ruptura do mercadointernacional de crédito, limi-tando o contágio da recessãoeuropeia ao canal do comércioexterno. Com isso, a economianorte-americana, notoriamen-te fechada, não deverá sermuito prejudicada. Destaforma, os EUA deverão seguirsua lenta recuperação, semcontudo flertar com novarecessão. Já a China surpreen-derá (novamente) os analistaspessimistas e crescerá maisque 8% em 2012. A desacelera-ção dos últimos trimestres foirigorosamente planejada porPequim, com o objetivo de tra-zer a inflação para a meta de4% e combater uma eventualbolha imobiliária. Missão cum-prida, o governo não tardou

FERNANDO GENTA DOS SANTOS

Page 80: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012
Page 81: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 2012 81

CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO

Pesquisa CNT de Ferrovias 2011 apresentoua real situação do sistema ferroviário bra-sileiro, com análises técnicas e interpreta-ções para que empresas, governos e toda asociedade tenham uma visão ampla do fun-cionamento e do potencial do modal para o

desenvolvimento do país. O estudo avaliou a satisfação dos clientes

que utilizam o transporte ferroviário namovimentação de suas cargas e constatouque mais da metade deles se dizem atendi-dos em suas expectativas.

A malha ferroviária brasileira possui poucomais de 30 mil km de extensão, nos quais operam11 empresas privadas administrando 28,6 mil kmde ferrovias. São essas empresas que têm asse-gurado o aumento da produtividade do sistema,comprovando a viabilidade e a eficiência dotransporte por trilhos.

O transporte ferroviário cumpre papel fun-damental na economia nacional, pela sua altacapacidade de transportar cargas em grandesvolumes, especialmente minérios e grãos.Mesmo com as limitações impostas pela infra-estrutura insuficiente, o sistema vem experi-mentando avanços consideráveis. Desde o iní-cio do processo de concessão à iniciativa priva-da, em 1997 até 2010, o transporte ferroviáriode carga cresceu 86%, fruto do investimentode R$ 24 bilhões das concessionárias no setor.

Desde então, tem registrado aumentos sig-

nificativos da quantidade de carga transporta-da e de produtividade, conforme mostra olevantamento da CNT.

Os investimentos das empresas concessioná-rias têm garantido a aquisição de mais locomoti-vas e vagões, promovido a recuperação da frota ea melhoria dos trilhos. Os recursos destinados àtecnologia têm melhorado significatimente asegurança e garantido a trafegabilidade.

Os problemas constatados pela Pesquisa CNTde Ferrovias são em sua totalidade aquelesrepassados pelo poder público quando da con-cessão à iniciativa privada. Invasões de faixa dedomínio que obrigam a reduções extremas develocidade, desgastando locomotivas, aumen-tando o consumo de combustível e facilitando oroubo de cargas. Há também quase 1,9 mil pas-sagens de nível urbanas, das quais 279 são crí-ticas. Portanto, gargalos que merecem soluçõesimediatas quando se pensa na necessáriaexpansão do transporte ferroviário.

Toda a evolução que o transporte ferroviárioconheceu, desde quando passou a ser operadopela iniciativa privada, precisa ser levada adian-te, sobretudo com ampliação dos investimentospúblicos para o aumento da malha. É urgenteque o governo reflita e aja para o crescimentodo transporte ferroviário brasileiro. Os trans-portadores brasileiros são convictos que maistrem significa um patamar superior de cresci-mento para o país.

AO Brasil nos trilhos

“A evolução que o transporte ferroviário conheceu, desde quando passoua ser operado pela iniciativa privada, precisa ser levada adiante”

Page 82: Revista CNT Transporte Atual - Fevereiro/2012

CNT TRANSPORTE ATUAL FEVEREIRO 201282

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

PRÊMIO DE JORNALISMO

Lembro de ter acompanhado naTV algumas das reportagensvencedoras do Prêmio CNT deJornalismo 2011 e ter ficadoassustada, principalmente comos problemas dos nossosaeroportos e o que anda acontecendo com os táxis nasgrandes cidades. Parabéns àconfederação pela iniciativa depremiar trabalhos tão importantespara o esclarecimento da população. Parabéns aos jornalistas pelo esforço.

Luciana ValePelotas/RS

SEST SENAT

Sou motorista de caminhão há20 anos e usuário dos serviçosdo Sest Senat no Estado de SãoPaulo. Já fiz cursos de capacitação profissional, como o de movimentação de produtosperigosos, e fico muito satisfeito de perceber que a cada ano cresce o número de pessoas que estão sendoatendidas pela instituição, como mostrou a reportagem daedição de janeiro da revista CNT Transporte Atual. Nos dias de hoje, na minha profissão, estar bem preparadoé condição essencial para seconseguir um bom emprego.

Henrique AmaralRegistro/SP

TECNOLOGIA EM EMPRESAS

Gostei muito da reportagemsobre as tecnologias que auxiliamna gestão das empresas de transportes publicada na revistaCNT Transporte Atual, em janeiro.Há algum tempo procuro serviçosdesse tipo para facilitar o dia a diana empresa onde trabalho. Depoisde ler a reportagem, esclarecialgumas dúvidas e acredito queagora será mais fácil escolher qual sistema adotar.

Antônio Augusto SoutoVitória da Conquista/BA

PARCEIROS ECONÔMICOS

O Brasil realmente é a bola da vez.E isso é muito bom para a nossaeconomia. Saber dos interesseschineses em ampliar os investimentos que já são feitos por aqui, como mostrouentrevista publicada na revistaCNT Transporte Atual, só aumentamas nossas expectativas de alcançaros primeiros lugares entre aseconomias mundiais nos próximosanos. Torço para que o dinheiroque chegar seja bem empregado.

Mariana MacedoResende/RJ

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTE Clésio Andrade

PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata FilhoTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiPedro José de Oliveira LopesTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de SousaTRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon FindlayPaulo Cabral RebeloTRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo VilaçaJúlio Fontana NetoTRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)David Lopes de OliveiraÉder Dal’lagoLuiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)Waldemar AraújoAndré Luiz Zanin de OliveiraJosé VeronezEduardo Ferreira Rebuzzi

DIRETORIATRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner ChieppeAlfredo José Bezerra LeiteLelis Marcos TeixeiraJosé Augusto Pinheiro

Victorino Aldo SaccolJosé Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellEurico GalhardiFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJoão Rezende FilhoMário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo TrombiniUrubatan HelouIrani BertoliniPedro José de Oliveira LopesPaulo Sérgio Ribeiro da SilvaEduardo Ferreira RebuzziOswaldo Dias de CastroDaniel Luís CarvalhoAugusto Emílio DalçóquioGeraldo Aguiar Brito VianaAugusto Dalçóquio NetoEuclides HaissPaulo Vicente CaleffiFrancisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de SousaJosé Alexandrino Ferreira NetoJosé Percides RodriguesLuiz Maldonado MarthosSandoval Geraldino dos SantosÉder Dal’ LagoAndré Luiz CostaDiumar Deléo Cunha BuenoClaudinei Natal PelegriniGetúlio Vargas de Moura BratzNilton Noel da RochaNeirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

George Alberto Takahashi

José Carlos Ribeiro Gomes

Roberto Sffair

Luiz Ivan Janaú Barbosa

José Roque

Fernando Ferreira Becker

Raimundo Holanda Cavacante Filho

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Alcy Hagge Cavalcante

Eclésio da Silva

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