revista capital a revista de brasília expediente · 2017-04-11 · 4 eista capital capa meireluce...

56
Editorial Brasília 57 Anos Expediente Nazareth Tunholi Revista Capital A revista de Brasília Edição de Jan/Fev/Março/2017 Presidente: jornalista Nazareth Tunholi – Registro Profissional: 2537/13/15-DF Fotografias: Nelson Fleury e Paulo Lima Revisão: Rogério de Menezes Tunholi Colaboradores: Palmerinda Donato e Alsimar Mello hps://www.facebook.com/Capital-Web/ hps://revistacapital.wordpress.com/ [email protected] - Fones: (61) 8251-8508 – 9257-1990 * As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores. Edições Revista Capital Para amar Brasília é preciso olhar o seu perfil al- vo e a bela convivência de seu povo - uma deliciosa mistura de gostos e costumes, vindos de cada can- nho deste nosso Brasil, a regar o movimento que dá vida à Capital Federal. Há 57 anos, o saudoso presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira inaugurava Bra- sília, erguida sobre o barro vermelho do Planalto Central, para sediar a cúpula dos três poderes e os sonhos de bravos imigrantes vindos das regiões brasileiras. Viver em Brasília é uma dádiva especial, tanto para os pioneiros que aqui chegaram nas primeiras décadas da cidade, quanto para os que nasceram aqui. Todos vemos o privilégio de testemunhar o desenvolvimento econômico, cultural e sico, com a força do trabalho, da coragem e competência a consolidar o porte e a organização desta Capital, ao longo destes 57 anos. A cultura do respeito em Brasília começa pela pa- rada de carros nas faixas de pedestres, passa pelo respeito às filas nos órgãos públicos, pelos cuidados com a terceira idade, gestantes e crianças. É claro que muitas pessoas são displicentes quanto a estes itens, mas aqui há normas específicas sobre isto. É intenso o movimento cultural nos bairros da ci- dade, envolvendo adultos e crianças numa parci- pação prazeirosa e compromissada com o culto às artes e ao conhecimento, até como forma de atrair os jovens para os caminhos saudáveis e fruferos da cultura. O esporte também tem o seu lugar no Distrito Federal e, aqui, já temos campeões no basquete, no judô, natação, canoagem, ginásca, hipismo e até no futebol. No Plano Piloto, onde Lúcio Costa projetou a Capi- tal Federal, vive-se muito bem, apesar dos equívo- cos que grassam pela políca, nossa vizinha, mag- nificamente instalada em suas suntuosas sedes. Novos bairros de classe média alta se desenvol- vem no DF, com padrões semelhantes aos do Plano Piloto, oferecendo grandes oportunidades de mo- radia e de acesso a escolas, bancos, hospitais etc. Viva Brasília!

Upload: vannhan

Post on 29-Jun-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Edito

rial

Brasília 57 AnosEx

pedi

ente

Nazareth Tunholi

Revista Capital – A revista de BrasíliaEdição de Jan/Fev/Março/2017Presidente: jornalista Nazareth Tunholi – Registro Profissional: 2537/13/15-DFFotografias: Nelson Fleury e Paulo LimaRevisão: Rogério de Menezes TunholiColaboradores: Palmerinda Donato e Alsimar Mello https://www.facebook.com/Capital-Web/ https://revistacapital.wordpress.com/[email protected] - Fones: (61) 8251-8508 – 9257-1990* As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores.

Edições Revista Capital

Para amar Brasília é preciso olhar o seu perfil alti-vo e a bela convivência de seu povo - uma deliciosa mistura de gostos e costumes, vindos de cada can-tinho deste nosso Brasil, a regar o movimento que dá vida à Capital Federal.

Há 57 anos, o saudoso presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira inaugurava Bra-sília, erguida sobre o barro vermelho do Planalto Central, para sediar a cúpula dos três poderes e os sonhos de bravos imigrantes vindos das regiões brasileiras.

Viver em Brasília é uma dádiva especial, tanto para os pioneiros que aqui chegaram nas primeiras décadas da cidade, quanto para os que nasceram aqui. Todos tivemos o privilégio de testemunhar o desenvolvimento econômico, cultural e físico, com a força do trabalho, da coragem e competência a consolidar o porte e a organização desta Capital, ao longo destes 57 anos.

A cultura do respeito em Brasília começa pela pa-rada de carros nas faixas de pedestres, passa pelo respeito às filas nos órgãos públicos, pelos cuidados

com a terceira idade, gestantes e crianças. É claro que muitas pessoas são displicentes quanto a estes itens, mas aqui há normas específicas sobre isto.

É intenso o movimento cultural nos bairros da ci-dade, envolvendo adultos e crianças numa partici-pação prazeirosa e compromissada com o culto às artes e ao conhecimento, até como forma de atrair os jovens para os caminhos saudáveis e frutíferos da cultura.

O esporte também tem o seu lugar no Distrito Federal e, aqui, já temos campeões no basquete, no judô, natação, canoagem, ginástica, hipismo e até no futebol.

No Plano Piloto, onde Lúcio Costa projetou a Capi-tal Federal, vive-se muito bem, apesar dos equívo-cos que grassam pela política, nossa vizinha, mag-nificamente instalada em suas suntuosas sedes.

Novos bairros de classe média alta se desenvol-vem no DF, com padrões semelhantes aos do Plano Piloto, oferecendo grandes oportunidades de mo-radia e de acesso a escolas, bancos, hospitais etc.

Viva Brasília!

Page 2: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Índi

ce ARTIGOS

A Falta que a Leitura faz ........................36

Fundamentos da Sociedade Civil ...........42

CAPA

Helena Miranda dos Santos.................... 3

CELEBRAÇÕES

A Inesquecível Festa de Eliana ........... 38 COLUNA

Canal Brasília Vip................................ 11CRÔNICAS

Humor Cinzento.................................... 31

Uma Enchente de Compaixão .............. 23

ELEGANCE

Os trajes das Mais Elegantes ............. 46EM MEMÓRIA

Serra Azul ............................................. 14

Maria de Lourdes Reis .......................... 15

FILOSOFIA

Tanta Pressa........................................... 6

FITNESS

A Caminhada......................................... 17

MODA

A Moda dos Profissionais II..................... 8

MÚSICA

Mônica – Pianista Homenageada........... 48

A Arte de se Ouvir Música................... 49PERSONA

Leonel Franca – Sacerdote e Educador... 53MEMORÁVEL Serra Azul........................ 14

Maria de Lourdes Reis........................... 15

Encontro com Palmerinda ................. 20Parabéns para Letícia ............................32

Recepção e Elegância............................ 25

Vinte Anos da AIC .............................. 44

CONTO

Com os meus respeitos ........................ 34

CULTURA

Ferreira Gullar...................................... 18

Page 3: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Cap

a

Helenapor Nazareth Tunholi

O VALOR DA AMIZADE

Com um semblante que lembra os traços exóticos da artista plástica mexicana Frida Kahlo, Helena Miranda dos Santos guarda em suas lembranças as experiências de uma vida de superações, dedicação e amor.

De origem humilde, ela é hoje muito atuan-te no Distrito Federal, transitando com de-senvoltura no meio cultural, onde possui vá-rios amigos. Helena tem como um dos seus maiores objetivos, manter viva a memória do escritor Aureo Mello, que foi um dos mais brilhantes senadores da República.É incansá-vel o seu compromisso em divulgar e perpe-tuar pelas gerações a obra literária do gran-de pensador, senhor de admirável oratória, bom na prosa e nos versos, que encantava a todos com os seus discursos, poemas, contos e artigos.

Conheci Helena, numa das tertúlias poéti-cas de Brasília, conduzida ao meio intelec-tual pelas mãos do saudoso Aureo Mello, ambiente que ela frequentou assiduamente, ao longo de sua convivência com o ilustre es-critor, continuando até hoje, mesmo após a morte dele.

Com a sua presença discreta, Helena é uma das maiores incentivadoras da Cultura no DF, mantendo-se próxima de academias de Le-tras e Artes, buscando oportunidades para fazer girar os livros de Aureo e alimentando

Foto de Capa: Nelson FleuryCabelo e Makeup: Jô Alencar - Gata Miú

o seu próprio gosto pela literatura.Amigas de Helena apresentam aqui suas impres-

sões sobre a pessoa e a atuação desta mulher acos-tumada a encarar os desafios da vida com coragem, compromisso e determinação, como o fez ao lado de Aureo Mello, até os últimos dias da vida dele.

Page 4: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

4 Revista Capital

Cap

a MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa sobre Helena:

“O que dizer dessa mulher forte e que nunca se abate – a nossa querida Helena Santos, uma baiana, com alma brasiliense, 48 anos vivendo em nossa capital? Aqui chegou no auge de seus 19 anos de idade. Diferenciada entre nós por suas nobres atitudes cristalinas, sempre ajudan-do os carentes, as pessoas que muito precisam, até mesmo de uma palavra amiga e não lhe fal-ta um sorriso nos lábios. Dona de uma sensibi-lidade exemplar, uma inteligência ímpar. Olha as pessoas nos olhos, tentando encontrar respostas emanadas do interior de seus interlocutores.

Mulher, que apesar da sua simplicidade e timi-dez sabe se impor e fazer a diferença, sempre participando e isto ela aprendeu com um grande Mestre, que foi o Senador Aureo Mello. Esta mu-lher guerreira e dinâmica venceu seus próprios obstáculos, seus medos e desafios, sempre bus-cando dias melhores.

Ela, como ser humano, persevera e não se dei-xar abater por qualquer problema, por mais com-plexo que seja. Sempre tem uma resposta sábia brotada de seu raciocínio perspicaz. Conversar com a querida Helena é reviver um pouco da his-tória de convivência, de muitos anos, com o sau-doso poeta, escritor e grande orador – o Senador Aureo Mello, que lhe abriu as portas para a parti-cipação nos movimentos culturais do Distrito Fe-deral, tornando-a atuante, mais que participativa

Elisângela, Aureo Melo, Helena, Nazareth e Meireluce, em evento da AIC no auditório da ANPPREV, em 2014

e promotora da cultura em nossa amada Brasília.” RAIMUNDA CEARÁ SERRA AZUL afirma:“Conheço a Helena Miranda dos Santos e o se-

nador Aureo Mello desde o ano de 1975, quan-do faziam compras no Supermercado da Cobal e também passeavam na Festa dos Estados. Depois passaram a frequentar a Casa do Poeta, iam aos saraus poéticos.

Mulher de fibra e boa índole, sempre levava ótimos lanches para as nossas congratulações, após as sessões de poesia. Muito quietinha, qua-se sem se manifestar em algo, porém, no dizer do poeta português Bocage que, em seu verso diz: “cala mais nesse mundo, quem mais o mun-do conhece”. É verdade, Helena impressiona a qualquer um, especialmente, pelo bem querer de seus familiares. Tenho viajado com ela e ob-servo como é benquista pelos seus. Também no aconselhamento aos serviçais, pondo-os todos a fazer economia, o que me deixa a compará-la a um economista. Ensina-os a poupar, a comprar imóveis, a não desperdiçar.

Tenho a maior admiração por esta minha ami-ga, por tudo que ela é: sensível, bondosa e inte-

Page 5: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 5

ligente. É capaz de qualquer sacrifício para aju-dar as pessoas. Isso eu tenho visto todo tempo. Obrigada, Helena, por sua amizade!... Conte com a minha, pois a considero muito. Desejo-lhe tudo de bom, você é um anjo.”

PALMERINDA VIDAL DONATO também fala so-bre Helena com especial carinho:

“Entre os anos 80 e 90, quando eu frequentava reuniões culturais promovidas pela Secretaria de Cultura, encantava-me com os “lançamentos de livros” na Rodoviária do Plano Piloto (lançamento mesmo). O povo se aglomerava e nós, os autores, jogávamos nossos livros. Eles amavam.

Nessas reuniões, conheci o inesquecível sena-dor Aureo Mello, sempre acompanhado de sua HELENA, companheira de todos os momentos: de dor, de aflição, de lutas, de vitórias e de amor.

A ela, ele dedicou os melhores instantes de sua vida. Conheceram-se como funcionários do INCRA e, a partir daí, suas almas se torna-ram gêmeas. Ele alugou uma casa para eles no Guará, local em que foram muito felizes.

Em suas campanhas políticas no AMAZONAS ela também estava ao seu lado.

Eu os convidava para os almoços da Marinha e eles compareciam, acompanhados por vários amigos.

PREMIAÇÃOPela sua profícua atuação no cenário cultural de

Brasília, prestigiando inúmeros eventos da Aca-demia Internacional de Cultura - AIC, do Instituto Histórico e Geográfico do DF - IHG/DF, da Aca-demia de Letras e Música do Brasil - ALMUB, da Casa do Poeta Brasileiro e da Associação Nacional dos Escritores - ANE, Helena foi agraciada com o Troféu do Mérito Palmerinda Donato, pela AIC, no dia 30 de março deste ano, na Sessão Solene comemorativa dos 20 anos da entidade, realizada na Câmara Legislativa - DF.

Como vice-presidente da AIC, tive a honra de passar às mãos da homenageada, o belo troféu premiando o mérito desta Senhora tão atuante, decidida e participativa.

Helena Miranda dos Santos recebendo o “Troféu do Mérito Cultural Palmerinda Donato”, no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal

Aureo foi o melhor orador que conheci em Bra-sília. Igual a ele só o também saudoso Deputado Ruy Ramos.

Atualmente, Helena continua a mesma. Solidá-ria, amiga, fiel... Após a morte do senador Aureo Mello, envida todos os esforços para preservar-lhe a memória.

É amiga inconfundível. A ela, todo o nosso reco-nhecimento e amizade.”

Cap

a

Page 6: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

6 Revista Capital

Filosofia

Lúcia Helena MayaDiretora Adjunta Nova Acrópole Brasil

Tanta Pressa...

Mais uma manhã, tarde e noite, indo e voltan-do, com carros que passam voando por mim. Um dia, minha filha me falou que as pessoas deve-riam colocar o número do seu celular no vidro... “- Para quê, minha filha?”, perguntei, sem captar o tom levemente irônico na voz: “- Para ligarmos e sabermos se deu tempo, mãe! Deve ser muito urgente o que ele vai fazer!”

É verdade; deve ser mais do que urgente: deve ser desesperador. Sem bairrismos, Brasília deve ter alguns dos mais belos amanhecereres e cre-púsculos do mundo; sempre se pode ouvir algum sabiá dobrando o trinado, pelo caminho; sempre se vê algum cãozinho desocupado rebolando de barriga para cima na grama úmida (deve ser mui-to bom, isso!). Mas nós... temos pressa.

Não vou aqui delinear o óbvio, que todos já preveem: a maioria absoluta não tem pressa ne-nhuma. Correm para a televisão, para a mecani-cidade, para o sono, para a solidão. Não há alvo a alcançar com essa correria; em geral, nada que seja urgente ou que tenhamos sabido tornar im-portante.

Depois de anos sem entender e nem mesmo me perguntar pelas razões disso, acabei convida-da, pelas circunstâncias, a uma resposta. Numa estrada vazia, um caminhão seguia a uns 40 ou 50 km; coloquei minha seta e o ultrapassei, como de praxe. Porém, ao passar ao seu lado, seu olhar me chamou a atenção: era raiva incontida que ha-via ali, era frustração, como se eu o humilhasse ao ultrapassá-lo. Numa descida, ele embalou seu caminhão e me passou a mais de 120 km, num lance que, mais que excesso de velocidade, de-monstrava triunfo e vingança.

Esse motorista me fez prestar atenção a este fato tão simples e cotidiano: ultrapassagens. Per-cebi que não se trata de pressa propriamente dita, mas de afirmação pessoal. Todo ser humano necessita de seu “minuto de glória”, de vitória, de superação de algo; no vazio de uma vida banal e sem objetivos, eu me afirmo superando o carro à minha frente; provo a ele, por um minuto, que sou melhor motorista, que tenho melhor carro, que sou especial. “- Passar na minha frente? Que desaforo! Está pensando o quê?”

É claro que esta competitividade selvagem que tanto nos escraviza não deve se mostrar apenas aí; este é apenas o seu momento de exibição mais ridícula (ou não?). Sem fôlego ou musculatura moral para superar a nós mesmos, sem vida in-terior para nos alimentarmos de alvoradas ou de crepúsculos, sem sonhos nem objetivos maiores,

Page 7: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Filosofia vivemos numa marcação palmo a palmo contra

aqueles que passam por nós. Sempre “contra”, e não “com”. Sempre sozinhos... e correndo para o nada. Não importa o destino, mas chegar primei-ro; e se o destino for um abismo?

Que insólito... os corredores compulsivos são, na verdade, sedentos compulsivos, querendo, inconscientemente, chegar a um lugar ao qual não se vai de carro: ao fundo de si mesmos, para encontrar seus sonhos, para alcançar um sentido maior e real para suas vidas. Concordo: isso é ur-gente, mesmo. Por isso e por tantas outras coisas, eu, agora, passando por um horizonte cravado

de raios vermelhos, como uma despedida tardia da luz que já se foi, levando mais um dia que nun-ca se repetirá, reflito comigo mesma: que bom motivo este para realizar o meu melhor, para ras-trear e encontrar este caminho e, depois de tudo, empenhar o meu melhor esforço... para construir um mapa. Isso é o ofício e o sonho dos aprendizes de filósofos, amantes de sabiás, de auroras e de vidas vividas sem pressa e sem pausa.

*Lúcia Helena Galvão Maywww.acropole.org.br

Gravada na Conferência do Dia Mundial da Filosofia

Acesse no You Tube a palestra:Convivência:

o mistério do outro como espelhocom o Prof. Luis Carlos Marques

http://www.acropole.org.br/

Page 8: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

8 Revista Capital

Maria Eva de Oliveira

Mod

a

Dando prosseguimento a nossa matéria sobre A Moda dos Profissionais, que prima pela elegância e conforto, iniciada em outubro/2016, apresen-tamos aqui mais três sugestões, lembrando que moda é fator coadjuvante no rol dos itens para atrair e agradar o público alvo de cada setor. Além das profissões que requerem indumentária espe-cifica para o trabalho, muitas outras, especial-mente as relacionadas aos segmentos fashion, também merecem uma roupa de trabalho, e ela pode ser bem estilosa, para compor a elegância

A Moda dos Profissionais II

de cabeleireiros, maquiadores, fotógrafos, costu-reiros, modelos, produtores de desfiles etc.

Há também profissões que têm, de repente, suas roupas na moda, como por exemplo, o fa-moso macacão (usado pelos mecânicos), que ga-nhou novas versões; os dolmas dos cozinheiros, com novos bordados e cores; até a famosa saia secretária; as botas e casacas do hipismo... Cria-ção ou não dos estilistas, são lançamentos que estão nos blogs, jornais e revistas!

Abraços para vocês, caros leitores.

Page 9: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 9

Mod

a SECRETÁRİAClássıca e Moderna

A Secretária da atualıdade é pratıcamente uma assessora para quem ela trabalha. Além de ge-renciar a qualidade das atividades que desen-volve na empresa, também administra a agenda particular da chefia. Trata-se, portanto, de uma tarefa de extrema confiança, que exige discrição na postura, o que deve se refletir na vestimenta.Com o uso da famosa “saia secretária” as camisas e acessórios foram ganhando destaque e se tor-nando mais estilosos.

JORNALİSTAGlamour na Informação

Profissionais da área de Jornalismo, que têm por hábito o tratamento das informações, seja pela imprensa, internet, rádio ou TV, deve mar-car a sua presença pelo bom gosto de sua indu-mentária, o que envolve tanto a moda masculina quanto a feminina.

Para as mulheres, nosso foco maior aqui nesta matéria é a saia estilosa ou famoso Terninho, com cartela de cores do preto ao rosa pink. São roupas que se renovam sempre e causam pura elegância, no âmbito da moda.

Page 10: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

10 Revista Capital

COSTUREİRAConfecção Arte

Trabalho que faz maravilha com o tecido. Essa profissional de coş-tura, existe desde o início da civi-lização. Antes, uma arte manual que foi acompanhando a história dos hábitos humanos nas socieda-des e nas cortes.

E a invenção da Alta Costura (Haute Couture), foi se impondo e conquistando seu espaço na alta sociedade, com a confecção de vestimentas sob medida e o apoio incondicional de Estilistas!

*Maria Eva Oliveira é historiadorae designer de modaReside na Capadócia - Turquia.

Page 11: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 11

Brasília VipBrasília Vip

ANALC

by

Nazareth Tunholi

O Canal Brasília Vip iniciou as suas atividades no dia sete de fevereiro deste ano, em alto estilo, cobrindo o lançamento do CD de Leila Chagas, no restaurante Steak Bull, com a pre-sença de cerca de 300 pessoas. (na foto abaixo, esta jornalis-ta entrevista a cantora no evento). O Canal possui também esta coluna na Revista Capital, para os destaques do movimento social de nossa Brasília.

Irene Borges em Singapura com as Embaxatri-zes Rosa Maria Damico e Laís Amaral

Page 12: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

12 Revista Capital

Coronel Arthur Vargas come-morou seu aniversário no Coco Bambu com amigos queridos.Marilana e Cel. Arthur Vargas

Victor Gimenez e Rogério Tunholi

O casal Vargas com Wilson Sarmet e Marco Antônio Mota

Dodoia Rezende recebeu as amigas em sua residência para requintado happy hour, no seu níver. Na foto abaixo: Idair Senna Bastos, a anfitriã e Sezinha Diniz

Dodoia entre as Embaixatrizes Kartezina(Polônia) e Rosa Maria (Guatemala) com esta jornalista

Lúcia Chaves recebeu as ami-gas na bela resi-dência de Anete Braga, com fino buffet, o cari-nho e alegria de sempre.

A aniversariane e Mônica Cruz

Amigos de Edy Amaro se reuni-ram em torno dele no restaurante Steak Bull para brindar sua nova idade. Na foto, com Cosete Gebrim

ANIVER

SÁRI

OS

Anete Braga, July Benevides,

esta jornalista e Meire Fernandes

prestigiando Lúcia Chaves

Patrícia Calmon, Rita Márcia, Do-

doia, Graci Franco e Mônica Cruz

Carmen Bo-corny, Idair, Dodoia e Mary Freitas

Page 13: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 13

Can

al B

VIP

Chapéus Cidália Varela e Margarita Bazzano Nilma Melo, esta jornalista e Nágela Maria

Dia 31.03, na Embaixada da Polônia, as senhoras da BPW, com apoio da Sociedade dos Amigos da Polônia, promoveram elegante evento para fes-tejar a Mulher, com cha-péus e muito estilo.

Lúcia Alasmar com muito bom gosto

Comissão de Eventos da Bpw Brasília: Cristina Melo, Cosete Ramos Gebrin, Katiuscia Leles Santos, Eliane Cunha Freitas, Ivonete Roos, Shirley Ramos Pontes, Wera Rakowitsch

Daqui, os meus parabéns a Marisa Jun-queira pelo seu aniversário, comemorado dia 05.04. Na foto, a anfitriã e as amigas Lúcia Itapary e Benigna Ve-nâncio Confraria do Vinho - Rosangela Borsari, esta jornalista,

Vera Estuqui, Deusemar D’Avila, Janete Garcia, Bruxinha Albuquerque e Cristina Braga

Page 14: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

14 Revista Capital

João Henrique Serra Azul foi homenage-ado dia 10 de fevereiro, na Embaixada do Panamá, no âmbito do “Encontro Cultural com Palmerinda Donato”, que publicou na contra capa de seu livro, dados e poemas do inesquecível poeta, para a alegria de Raimundinha Serra Azul. Na primeira filei-ra do auditório lotado, ela assistiu a pro-gramação, que contou com um belíssimo cordel composto e declamado pelo escritor Gustavo Dourado, que relata a trajetória de brilho e competência do Príncipe dos Poe-tas, João Henrique.

A anfitriã da noite, Palmerinda Donato, ladeada por Narme Gomide, Lenir Fonseca e

Raimundinha

Prestigiando o evento, Alice Ribeiro, Creuza Ferreira, Eliana Alves de Campos e Nazareth Tunholi

João Henrique, Marcelo e Raimunda Serra Azul, com Gustavo Dourado e Maria Felix Fontele mostrando a homenagem ao grande escritor O casal Alice e Elson Cascão com Raimunda

Memorável Serra Azul

Page 15: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 15

A minha querida amiga que foi para o céu era a presidente perpétua da Casa do Poeta.

Maria de Lourdes Reis foi apresentada ao meu marido, João Henrique Serra Azul, pela escritora Elvira Werneck, que o procurou para apresentá-lo à presidente da Casa do Poeta, nos idos dos anos 1973. Daí, foi uma amizade à primeira vista, que nunca mais acabou, até a morte dela. Lourdes dizia sempre que, quando ela precisasse deixar

a Casa, queria entregá-la ao Serra Azul, porque além da capacidade e confiança, o tinha como um irmão bastante estimado.

Foi nesse tempo, que ela se mudou para Goiâ-nia, para ficar perto da irmã que tinha ido morar lá. Como Lourdes já tinha apartamento próprio naquela cidade, resolveu fazer sua mudança e estar próxima à Toninha, sua mana mais nova. E foi. Mas não se deu bem porque logo adoeceu e

Maria de LourdesReis

*Raimunda Serra Azul

Dep. Abel Rafael Pinto, o casal Serra Azul e Maria de Lourdes Reis em noite de posse na Academia de Letras de Brasília

Page 16: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

16 Revista Capital

morreu, anos depois. Nós chegamos a visitá-la algumas vezes na nova cidade escolhida por ela. Lourdes pedia-nos para dar uma volta de carro na praça com ela, o que fazíamos com muito gosto e carinho. Tomávamos sorvete por lá.

Quando ela se despediu, o senador Aureo Mello, então vice-presidente da Casa do Poeta, elegeu Serra Azul como presidente. Eu, o embai-xador Estellita Lins e o próprio Aureo ficaríamos os três vice-presidentes. Eu, porém, declinei do convite alegando que gostaria muito mais de ser relações públicas, para dar meu melhor atendi-mento aos convidados e visitantes de nossa Casa do Poeta. E assim foi.

Lourdes, no exercício do seu mandato, era uma pessoa cativante, boníssima; comigo, especial-mente, me fazia todas as vontades.

Meu filho Marcelo Antônio, hoje procurador re-gional da República, estava fazendo Curso de Ma-gistratura no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Lourdes, então, deu toda cobertura a ele, colo-cando-o na casa da irmã dela, a Aparecida, que morava lá, para que ele não ficasse sozinho num apartamento que alugamos para fazer os referi-dos estudos.

Ao saber do centenário post mortem do meu sogro, que era poeta, ela organizou uma grande

festa para ele, no Instituto Histórico e Geográfico. Foi mesmo uma festança, havendo até dramati-zações com as poesias dele. Devo lembrar que as poesias do meu distinto sogro eram todas ou quase todas sobre temas científicos. Isso se deu em 1993.

Quando o meu marido foi transplantar um rim, doado pelo nosso filho primogênito, ela gentil-mente nos colocou em contato com o Dr. Marti-nho, sobrinho dela, um grande cirurgião lá do Rio Grande do Sul, mas já tínhamos optado por fazer o procedimento em São Paulo.

Assim era a minha amiga Mª de Lourdes Reis, inteligente, autora de uma quantidade de livros, solícita, bondosa com todas as qualidades possí-veis no seu desprendimento e amor ao próximo e a Deus. Quero registrar aqui o meu panegírico à pessoa mais pura de coração e espírito que já conheci na minha existência.

Lourdes, no céu onde deve ser seu lugar, per-mita-me Deus, ora pro nobis. Te amo, te amo, te amo.

*Raimunda Serra Azul é advogada, autora do livro “Nossa Cultura - Sabores do Nordeste”

Page 17: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 17

Fitn

ess A Caminhada

*Érwelley Andrade

Quantas e quantas vezes eu ouvi que não con-seguiria emagrecer. Quantas vezes ouvi risinhos a toa quando passava. Muitos apontamentos, mui-tas perguntas, mas o pior de tudo, era me olhar no espelho e não me reconhecer; ou pior, tentar pegar no sono e não conseguir por diversos mo-tivos.

Foram anos muito dolorosos, nos quais por pouco desisti. Arrastei por anos, uma inseguran-ça que só me afundava ainda mais e me afastava da minha vida familiar, dos amigos e do trabalho.

Mas como tudo na vida tem uma válvula de es-cape, a minha surgiu da pior maneira possível. Através de mais palavras duras e sem vírgulas.

Fui desafiada pela vida, a lutar com coragem e determinação. E a força de onde tirar?

Você já deve ter ouvido alguém citar este pen-samento “primeiro você coloca o pé, depois Deus

coloca o chão.“Eu não fazia ideia do que aconteceria,

nem mesmo se seria forte o suficiente. Apenas fui em frente.

Acreditei na força que me dizia: Lute! Acredite em você!

Eu hoje estou aqui para te dizer o mes-mo: LUTE!

ACREDITE EM VOCÊ E LUTE!Não espere a coragem chegar para ter

certeza do que quer. Não deixe a ociosida-de tomar conta de você.

Apenas dê o primeiro passo. Estalo!Aí você descobre que a vida pede LUTA.Se dá conta de quanto tempo deixou pas-

sar sem ao menos TENTAR.Olha para trás e percebe tudo que pode-

ria ter FEITO.Os passos em direção ao MAIS UMA VEZ.E então, você respira fundo e VAI!Resolve enfrentar as LUTAS e TENTAR MAIS

UMA VEZ.Então você cansa, cai e LEVANTA! RALA os joelhos, mas CONTINUA TENTANDO! TEIME consigo, TEIME com os desafios, TEIME

com a vida! SUPERE-SE e descubra o quão FORTE VOCÊ É, e

o quão LONGE CONSEGUE CHEGAR.TRANSPORTE suas dúvidas para além do que

acredita e REALIZE MAIS UMA VEZ O ATO de CO-RAGEM que mudará completamente sua VISÃO em relação à VIDA, aos OUTROS e a SI MESMO. Esses são os decisivos passos de sua caminhada.

*Érwelley Andrade é escritora blog: http://erwelley-escritora.zip.net/

Page 18: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

18 Revista Capital

Era manhã de domingo. Em 04 de dezembro, fui tocado por uma notícia: a morte de Ferreira Gullar, o meu melhor poeta. Com 86 anos, adqui-riu uma pneumonia fatal.

Gullar faleceu no início da semana. Justo no dia em que, há anos, publicava suas crônicas na Folha de São Paulo.

Na noite anterior, havia terminado de ler a últi-ma edição do seu livro “Toda Poesia”. Por meses, lia e parava. Refletia e relia. Engasgava e pros-seguia. Por vezes, os poemas me traziam uma pressão no tórax sem ser enfarte. Era a poesia de Gullar.

Não por acaso, a obra começa por “A Luta Cor-poral”, poemas escritos de 1950 a 1953. Em se-guida, “O Vil Metal” (1954-1960). “Romances de Cordel” (1962-1967). “Dentro da Noite Veloz” (1975). “Poema Sujo” (1976). “Na Vertigem do Dia” (1980). “Barulhos” (1987). “Muitas Vozes” (1999). Por último, “Em Alguma Parte Alguma” (2010). O autor optou por não inserir na coletâ-nea o seu livro inicial “Um Pouco Acima do Chão” (1949), pois o achava ingênuo. Modéstia.

Escritor maranhense, membro da Academia Brasileira de Letras, jornalista, cronista, crítico de

arte, está com Camões, Gonçalves Dias, Drum-mond, Bandeira e poucos outros no panteão dos poetas da Língua Portuguesa.

Acerca de seu pseudônimo, declarava: “Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobreno-me da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia por-que o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado; como a vida é inventada eu inventei o meu nome”. Homens como Ferreira Gullar morrem, mas não deixam de existir.

Teve o privilégio do reconhecimento em vida. Recebeu vários prêmios, como Camões, Macha-do de Assis e Jabuti. Chegou a ser indicado ao Nobel de Literatura, por indicação de professores americanos, brasileiros e portugueses. É nome de teatro a avenida. Doutor honoris causa, objeto de teses e livros.

Gullar era crítico contundente dos governos que não reputava corretos. Independente e coeren-te, usava verbo, história e coragem para apontar para a direita ou para a esquerda. Pagou o preço com exílio e incompreensão.

Os poemas de Gullar quebraram o paradigma da forma, ao revelarem que poesia é o que se es-creve. Não como se escreve. Estava certo, mesmo sem querer ter razão. Preferia ser feliz com a po-esia e por seus princípios.

Gullar era o poeta que alcançava a poesia mes-mo nas frutas que apodrecem na cozinha (tema recorrente em sua obra). Encontrava a poesia do cotidiano das ruas de São Luís e do Rio de Janeiro. Usava o poema como espada social, até quando

FERREIRA GULLAR

Cul

tura

* Daniel Blume

Page 19: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

C

ultu

ra descrevia um garfo que enferruja. Dizia que quan-to mais distante estava o homem, mais perto se encontrava de sua origem.

Em seu “Poema Sujo”, escrito no exílio na Ar-gentina, fala sobre seu “corpo/ nordestino/ mais que isso/ maranhense/ mais que isso/ sanluisen-se/ mais que isso/ ferreirense/ newtoniense/ alzi-rense”. Diz ainda que “O homem está na cidade/ como uma coisa está em outra/ e a cidade está no homem/ que está em outra cidade/ mas variados são os modos como uma coisa/ está em outra coi-

sa:/ o homem, por exemplo, não está na cidade/ bem como uma árvore está em qualquer uma de suas folhas.

Não conhecia Ferreira Gullar fisicamente, mas bem o conhecia pessoalmente, através de sua obra. Sua morte leva seu corpo. Sua poesia per-manece pessoalmente em nós. Não apenas entre nós.

*Daniel Blume é advogado e escritor.

facebook : @SalaodeBelezaGataMiùwww.instagram.com/joalencarmakeup/

Fone: (61) 99626-8439whatsapp: 99626-8439

Nossa missão é elevar a auto- estima das nossas clientes , através da beleza e serviços de execelência.

Lembre-se: “A pessoa mais especial e importante do mundo... é você!”

Beleza e bem estar: É o que toda mulher merece!

Profissional responsável “Jô Alencar” hair stylist makeup artist

Salão de Beleza Gata Miú

Atendimento com hora marcada, inclusive noturno

Profissional responsável: Jô Alencar - hair stylist makeup artist

QI 6 /Conj U / casa 24/ Gaurá 1

Guará - Distrito Federal

ENCONTRE-NOS

Page 20: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

20 Revista Capital

Cel

ebra

ção ENCONTRO COM P

No dia 10 de fevereiro a Embaixada do Panamá sediou o “Encontro Cultural com Palmerinda Donato”, que con-tou com a presença de cerca de 200 convidados que fo-ram prestigiar a grande escritora, a convite do Embaixa-dor Edwin Emilio Vergara Cárdenas. O evento foi aberto pelo Ministro Conselheiro Gerardo Vega (foto ao lado), que discorreu sobre o amplo currículo de Palmerinda. Na programação, a mostra das medalhas, títulos e hon-rarias que ela tem recebido, estrategicamente expostos em painéis verdes, no amplo salão (foto abaixo).

Matheus Donato (cavaquinho) e Thiago (ban-dolim) deram show.

Gilberto Amaral entrevistou a escritora para seu programa de TV

ALMERINDA

Presença dos Embaixadores de El Salvador, Cuba, Colômbia, Nicarágua, Guatemala e Barbados

Meireluce Fernandes e Nazareth Tunholi recitaram poemas de autoria de Palmerinda Donato

por Nazareth Tunholi

Page 21: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 21

Palmerinda ladeada por Marco e Carolina Donato. Em pé, Joyce Bandeira e Matheus Donato

O casal Gal. de Exército Ministro Lúcio Góes e Sra. Verônica

Embaixadora de Barbados, Yvette GoddardPalmerinda ladeada por Rita Márcia Machado,

Wanzenir Edler, Cosete Gebrim e Lourdinha Fernandes

Ivelise Longhi, Carmiha Manfredini e Olímpia Gardino

O casal Ester e Adilson Cândido Oliveira, com a escritora

Jacira Abrantes e Mônica Cortopassi com a escritora

Page 22: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

22 Revista Capital

Gracia Cantanhede e Odaíza Rodrigues Alves em torno da escritora

Alsimar Mello e Raimunda Serra Azul

O casal Lenir e Hélio Fonseca, cumprimentando Palmerinda

Janice Lamas e o seu abraço a Palmerinda

HOMENAGEM - Por ocasião da celebração dos 20 anos da AIC, foi instituído o “Mérito Cultural Palmerin-da Donato”, entregue a ilustres personalidades, em Ses-

são Solene na Câmara Legislativa/DF, com a presença de mais de cem pessoas, entre homenageados, convi-dados e acadêmicos.

Palmerinda entrega troféu à Emb. Diana VanegasPalmerinda ladeada pelo Embaixador do Gabão Jacques Michel e Sra.Julie Moudoute-Bell e Letícia Barbosa

Page 23: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 23

No dia 7 de abril de 2017 faz dezoito anos que Ele pisou em solo brasiliense. Nossa cidade inun-dou-se de bênçãos. A Universidade de Brasília conferiu ao Oceano de Compaixão o título de Doutor Honoris Causa.

Para mim foi assim... Tinha a imagem Dele em sonhos junto a um povo simples e devoto. Gos-tava de imaginá-los. Por tempos procurei a sen-sação de ter a cabeça raspada, usar trajes rotos de linha crua e meditar. Queria uma atuação mais reflexiva e de busca, obter maior liberdade, ali-cerçar uma vida mais feliz. Pensava em organizar a mente, abrir o coração, silenciar. Relaxar com o cheiro de incenso, oferendas, momentos de paz, introversão e oração. Mergulhar na paz de minha própria natureza.

Na década de 80 os livros de Lobsang Rampa falavam sobre o Tibete, sobre a vida dos lamas

e sobre o governo do Dalai. Li-os todos, todos os dezenove. Assim, sem intenção definida, o Dalai Lama foi tomando espaço, uma dimensão em mi-nha vida que eu não conseguiria planejar. Uma religião, ou filosofia, e um homem que estava do outro lado do planeta imantaram minha imagi-nação. Estavam longe, lá longe, perto da Divina Mãe do Mundo. Na cadeia do Himalaia, junto ao monte Everest, ao lado da Índia, do Nepal, do Butão, com a comunidade Sherpa, Ele sendo da Mongólia, tudo no meu visionário mundo virtual! Só nos pareciam concretas as péssimas notícias do massacre que a China investira contra o povo santo. Fazer o quê?

Oceano de Sabedoria, Oceano de Compaixão, existiria nome mais lindo? Que graça carrega este monge cuja missão é fazer reconhecer os direitos de um povo a rezar, ser livre em sua própria terra,

Uma Enchente de Compaixão na Capital

*Nádima Nascimento

Crô

nica

Page 24: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

24 Revista Capital

não ser maculado?Neste cenário, outro encanto das lonjuras para

mim foi a beleza das Bandeiras de Oração. A ideia de odes elevada aos céus, a serem conduzidos pelos ventos, me inebriava!

Antes mesmo de conhecê-las, querendo imitar o bom hábito budista, e estando em uma fase difícil, resolvi concebê-las. Comprei metros de morim, canetas de escrever em tecido e fui bem longe buscar bambus para servir de suporte. Dis-pus-me a aventurar! Cortei o pano como fraldas, costurei, prendi na corda, arrumei os mastros de quase cinco metros de altura e ali estavam as “bandeiras”! Restava-me pensar no que escrever, nas orações e desejos.

Procedendo assim, meu sentimento assentou--se em Sua Santidade, o Dalai. Comecei a pensar na lista de pedidos, no que requisitar, achei preci-sar de tanto... Porém, o insight foi – Agradeça! De susto, em lugar de pedir, falar de minhas necessi-dades, eu comecei a agradecer aos amigos, filhos, amores, saúde, trabalhos, cursos, conhecimento, família...

Escrevi em nove grandes bandeiras reconheci-mentos e, imbuída de profunda gratidão, elevei-as ao ar. Hasteei todo meu sentimento do que era bom, do que dava sentido à minha vida, do que havia conseguido ou me havia sido dado. Desta forma, adentrei a dimensão maravilhosa da gra-tidão.

Não sei se um pouco antes ou um pouco depois, passei por uma faixa, em que haviam escrito o nome do Dalai Lama.

Morando na UnB, por muitos anos caminhara todos os dias pela manhã e pela a noite, quase à meia-noite, antes de dormir. As andadas da ma-nhã tinham o objetivo de trazer à memória os so-nhos, deveriam ser lentas, como que dormitan-do. Nas da noite, pretendia transmutar o dia, me preparar para o repouso de forma mais relaxada.

Ainda no escuro, ia até o bambuzal e depois retornava pelos prédios quando o dia começava a alumiar. Então descansava no Teatro de Arena, um espaço utilizado pelos estudantes para en-contro a céu aberto. Lá sentia e respirava o ar da manhã, quieta para ver e saudar o nascer do sol.

À noite, o caminho só tinha uma banda, eu ia até o bambuzal, parava para sentir o seu cheiro e ou-

vir o barulho do chacoalhar das folhas ao vento, à luz da lua. Nada obstante, voltava pelo mesmo caminho. Quando havia passado pela faixa, não a li. Achei que deveria ser algum filme ou palestra que dariam a respeito Dele. Esse itinerário era tão comum, normal e trivial, que não pensei poder reservar surpresas. Tolinha, eu estava enganada! Foi quando uma amiga, no final de semana, me chamou para ir até o Banco e passamos por baixo do tal anúncio. Ela, muito observadora, me disse: - Seu mestre vem aí. Não entendi. Ela apontou: - O Dalai Lama vem aqui!

Eu não poderia acreditar. Parei, li e chorei co-piosamente. O Oceano de Compaixão seria ho-menageado, se apresentaria exatamente aonde eu todo dia meditava para o oriente, na Arena.

Achei que nunca iria conseguir chegar à mon-tanha mais alta do mundo, mas ela veio a mim, a montanha veio a Maomé! E para eu não ter dúvi-das, veio no dia que minha filha fazia nove anos, em 1999. Ela até hoje reclama de eu não ter fei-to o café da manhã de homenagem costumeira. Contudo, veja só, adulta se tornou budista!

Petrifiquei ao vê-lo a tão pouca distância. O que falar com um homem desses?! Reclamar da vida, falar do tempo, da falta de dinheiro, dizer da be-leza da sua roupa, do corte do cabelo, de políticas de ensino?... De longe, fiz uma reverência ao sair. Meu Ser saudou o Ser Dele. Agradeci a sua exis-tência, a oportunidade de conhecê-lo, de estar-mos no mesmo planeta e ao mesmo tempo.

Como não ser grata com os brindes da vida? Pela prática, conhecimento, sensibilidade, deli-cadeza e generosidade desses exemplos de de-dicação. Pela felicidade ante a oportunidade de toque do mais profundo sentido da sabedoria. Nobre papel de um homem – abrir a represa da compaixão ilimitada para o Ocidente. Que tenha vida longa, próspera e feliz!

Oro com preces budistas... Que em vida alguma estejamos separados do perfeito Lama. Que con-sigamos reconhecer a preciosidade da existência humana que pudemos adquirir!

*Nádima Nascimento é escritora, graduada em Matemática e doutora em Desenvolvimento Sus-tentável.

Page 25: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 25

RECEPÇÃO e ELEGÂNCIA

Fiquei muito feliz com a presença de mais de cem amigos no meu even-to do dia 16.02. Comemorei 38 anos de formada em Jornalismo e auto-grafei a antologia “Siempre el Amor”. Levei o Canal Brasília Vip para co-brirmos a festa e servi aos presentes um delicioso bolo de aniversário.

Agradecendo o carinho de todos, apresento-lhes os registros fotográficos.

As elegantes Elinalva Simões, Meire Fernandes, Jacira Abrantes e Marli Vianna

no Carpe Diem

Rita Márcia, Cosete Ramos, Olímpia Gardino e Rosângela Meneghetti

por Nazareth Tunholi

Geraldo Iran e Marta Lígia Cardoso

Kátia Kouzak prestigiando

Cel

ebra

ção

Page 26: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

26 Revista Capital

Lúcia Bessa Jussara Carvalho Rachide Andrade Jacira Abrantes

Cleusa, Meireluce, July,Divanda, Irene e Suzana

Dayse e Palmerinda

Alsimar Mello prestigiando

Turma do Lago Norte:Rachide, Elza, Marilana e ÉdilaRaquel Alves, Suelene Guimarães e Alice Ribeiro

Kátia Kouzak, Trudy Mathias e Antônia Freire

Page 27: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 27

Ludmila Vinecka e José Guerra Vicente Alessandra , Danielle, Tathny e JulyJoão Henrique Serra Azul e a anfitriã

Mariana e Fernando BorgesAlice, Creuza e Lúcia

Rita Márcia Sílvia de MouraSuzana Valdez Cristina Melo

Page 28: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

28 Revista Capital

Cel

ebra

ção

Rita Márcia, Nazareth e CoseteAntonio Farias e Hosanah Lima

A anfitriã com Elza Kunze Divanda, Lenir e Sílvia

Ivonete Roos

Suelene Guimarães Lúcia Alasmar Roselyne Byrd Rosária Oliveira

Page 29: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 29

Mauro e Alessandra Amorim

Rachel AlvesDivanda, Irene, Lúcia, Nazareth, Antônia e Sílvia

A anfitriã apresenta as escritoras: a índia Lícia Braga e Nádima Nascimento

Page 30: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

30 Revista Capital

Ivaldelice da Silva e Lolô Fonseca

Nívia Cruz , José Ismar Jr e a anfitriãMercedes Cavalcante e Cecy de Alcântara com a escrtora

O casal Hélio e Lenir Fonseca com a escritora

Meire Lúcia Neme, Ivonete Ross, Cristina Melo, Eliane Cunha, Eunice Cruz e Cosete Ramos

Dayse Campante

Waldelice Luchini e Roselyne Byrd

Page 31: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 31

Tenho uma amiga socióloga que gosta de ves-tidos coloridos, os quais lhes caem muito bem, combinados à sua personalidade exuberante. Re-centemente, ela me contou algo: havia comprado dois vestidos estampados em tons escuros, mes-clados de cinza e preto. É verdade que saíra satis-feita da loja, pois dividira o valor da compra em dez vezes sem juros no cartão. Porém, quando chegou em casa percebeu a burrada: os vestidos eram praticamente da mesma cor. Sem perder a esportiva, disse: “Com certeza, o baixo astral dos brasileiros tem me contagiado”. Para ela, a grande maioria anda com a autoestima em que-da livre, com melancolia diante do vazio existen-cial que assola o mundo, repleto de terrorismo, intolerância, corrupção, violência e de desfaçatez chocante da classe política.

No Brasil, a tristeza e a ansiedade acentu-am-se porque pisamos em terreno minado e não sabemos o que vai acontecer em futuro próxi-mo. Enfim, parece que o humor da gente anda cinzento! E não é porque chegou o sóbrio outo-no! A alta costura internacional, cujos vestidos são vendidos a peso de ouro, mas que damos um jeitinho de copiá-los em tecidos baratinhos, tem apostado em vários tons coloridos.

Leitora voraz, essa amiga lembra que somos herdeiros da terra tupiniquim de Macunaíma, do herói sem nenhum caráter, do filho pobre do Brasil que nasceu sem infância, em meio a muita gente boa, mas também a uma multidão de aproveitadores espertalhões, políticos pi-caretas que se sobrepõem aos demais com sua lábia, piruetas e esquisitices, de fazer inveja aos

grandes vilões do cinema! Quem não fica triste? Com pesar, lembrou dos filmes existencialistas de Ingmar Bergman para ilustrar que vivemos tem-pos sombrios os quais parecem chocar uma espé-cie de “ovo da serpente”, em terra fértil ao caos político e econômico e ao surgimento de todo tipo de movimento, inclusive os fascistas.

Não aguento mais ver essa pequenez de ati-tudes de políticos sem ideais, a falta de lideran-ças, as brigas intestinas dos que usam sempre a mesma frase: “Seu partido roubou mais do que o meu”. Enquanto políticos denunciados amea-çam levar muitos com eles, de roldão. Essas coi-sas que, como dizia o escritor Mario de Andrade, criador de Macunaíma, “as pessoas não debatem conteúdo, apenas os rótulos”. E ainda comentou: “Estamos cada vez mais indignados com revela-ções de que políticos têm milhões de dólares, que roubaram até o dinheiro da merenda. São quan-tias exorbitantes, além do que possamos imagi-nar.

E a nave vai, do Brasil, pronta para cair no abismo, em transe felliniano, empurrada pelos oportunistas! Contudo, minha amiga voltou a ter aquele ânimo próprio dos brasileiros, dispostos a encontrar saídas, e lembrou da frase de Zygmunt Bauman: “Vivemos tempos líquidos, nada é para durar”. Enfim, que essa fase modorrenta passe logo, pois não suportamos mais conviver com po-litiqueiros tentando dirigir e escurecer as nossas vidas!

*Maria Félix Fontele é jornalista e escritora

HUMORCINZENTO

Por Maria Félix Fontele*

Crô

nica

Page 32: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

32 Revista Capital

Parabéns para Letícia

Marcella Carneiro e Daniela Faria

Letícia Tunhoi Maurício Sercheli

Mauro e Viviane Rocha

No dia 25 de janeiro, Letícia Tunho-li reuniu familiares e amigos para um happy hour na creperia In the Garden, na 413 Norte, em comemoração ao seu aniversário, que depois também foi festejado no final daquela semana.

Rogério, Nazareth e Orlando Tunholi

Cel

ebra

ção

Page 33: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 33

Vanessa Tunhoi Rafael Rocha

Fernanda Espindula e Emmanoel Perez

Loara Passo e Daniel Barbosa

Patrícia Lima, Fran Moraes e Maria Carolina

Presença do Canal Brasília Vip, cobrindo o evento e entrevistando a bela aniversariante Letícia

Page 34: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

34 Revista Capital

Con

to

*Gracia Cantanhede

Ele era alto e magro. Também sério. E era a se-riedade, sob os cabelos castanhos, liso, soltos, que lhe emprestava um fascínio, algo que eu não sabia definir. E sorria contido. Como era interes-sante um homem sem alaridos, sem estridência. Nem precisava falar. O gesto de alisar os cabe-los com a palma da mão grande e ossuda já me encantava. Aos dezesseis anos eu queria olhar e olhar esse homem de trinta e tantos e parar cada vez mais, cada vez mais, como se fosse adivinhar seus pensamentos. Eu ficava tão coquete! Empi-nava o corpo para os seios ficarem grandes, colo-cava salto alto para parecer mais velha. Mas era ingênua demais para disfarçar o interesse que aumentava dia a dia. E ele falava de autores que eu ia buscar na biblioteca do colégio e não encon-trava e me embrenhava nos livros das pratelei-ras de uma vizinha para tentar encontrar Freud, Kafka, Flaubert e uma tal de Madame Bovary, cruzes, pensava, como seria essa mulher? Ele fa-lava desses assuntos que eu mentia entender e perdia o sono tentando imaginar um diálogo de igual para igual, hipótese totalmente absurda. Perfeitamente impossível. Mas eu era manhosa, sabia ouvir, eram instigantes demais aquelas ho-ras. Para mim, vê-lo beber café e fumar e soltar aqueles espirais de fumaça no ar eram um encan-tamento. Eu tinha uma leve suspeita de que ele me achava bonita e interessante. Foi assim que decorei umas frases e gostava de rechear minhas falas com elas. Eu dizia, sobre a mulher, citando Schopenhauer: “Como o sexo mais frágil, elas são levadas a se fiar não só na força como na astúcia; daí sua sutileza instintiva e sua tendência incorri-

gível a contar mentiras”. Isso quando ele descon-fiava das minhas afirmações.

Ou querendo mostrar erudição, repetia Simone de Beauvoir: Não se nasce mulher: torna-se.

As conversas duravam pouco, talvez porque ele tivesse alguém a esperá-lo, à noite.

Certa vez, nos encontramos em uma lanchone-te e eu lhe disse que iria tomar um suco, quase implorando que ele dissesse que me faria com-panhia.

Então ele foi me seguindo até uma mesa cober-ta com toalha xadrez de azul e branco. Quando começamos a conversar, ele clareou meus dezes-seis anos na tarde fria e cinzenta de então.

Um gesto súbito me fez corar quando ele pas-sou a mão na minha testa para afastar um fiapo teimoso de cabelo que me cobria os olhos. Eu precisava disfarçar, reagir com inteligência àque-la oportunidade de ficar sozinha com ele. Pedi um copo de laranjada e distraída, quase entornei de vez o açúcar daquela vasilhinha bojuda, por-que minha mão tremia.

A serenidade foi pouco a pouco voltando. E com ela, uma profunda e emocionante certeza de amor. E deseja viver o momento até esgotá-lo, até exaurir-me.

Depois de nos separarmos, voltei devagar para casa, inquieta, maldizendo minha rou-pa sem graça perto da surpresa do encontro.

COM OS MEUS RESPEITOS(Da série: Contos de Bolso)

Page 35: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 35

Mas certa de que o combinado para o dia seguin-te seria o triunfo e a glória na manhã que demo-rou a chegar pela longa noite ainda a atravessar com planos e artimanhas à vista.

E vesti roupa florida, pensando se ele me acha-ria fútil por usar batom, e pulseira e brinco de bola e sandálias vermelhas.

Mas o que eu precisava era testar aquele ho-mem sério, de longas pernas e passos gigantes, enquanto eu pequena e leve, andava devagar, querendo perpetuar o trajeto do clube. Veríamos um jogo de basquete, com gente demais à nossa volta, com gritos e aplausos, o que não combi-nava com o desejo do meu coração. A volta foi lenta, ele parecia meio envergonhado por estar ao lado de uma ninfeta e citou Nabakov e me chamou de Lolita e manteve um ar que me in-trigou: estaria apaixonado? Arrependido? Dese-jaria fugir daquela arapuca? E foi então que ele

me disse:-Você é uma garota linda, inteligente, precoce, mas não tenho o direito de ir além do que já chegamos.

Só consegui usar uma frase de Quintana, à quei-ma roupa, desastradamente: “Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo”…

Durante dois dias pensei sobre tudo isso sem cessar.

Queria achar uma fórmula para mudar e salvá-lo e salvar-me. Pensei nos meios que usaria para prendê-lo. Tudo me parecia porém estéril. Pior é que ele falava francamente de seus pontos fracos. Por onde atacá-lo então, se ele se conhecia?

Nunca mais nos encontramos.

*Gracia Cantanhede é escritora de contos, po-emas e ensaios e aguarda o lançamento do seu romance juvenil “Madonna Chegou”.

LIMPAPELE TIRA MANCHAS ESCURAS DO ROSTOVisite nossa loja e conheça nossos produtos

LIMPAPELEQuadra 705/905 Sul Bloco B Loja 11 Asa Sul - Brasília/DF

www.limpapelecosmeticos.com.br / (61) 3242-9694

Page 36: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

36 Revista Capital

A falta que a leitura faz

Segundo Elias Canetti: ”Para dizer algo sobre este mundo que tenha algum valor, o escritor não pode afastá-lo de si ou evitá-lo. Tem de carregá-lo enquanto caos”. Pois o escritor tem “A vontade de responsabilizar-se por tudo aquilo que é apreen-sível em palavras”. Ele acha que “Num mundo onde importam a especialização e a produtivida-de o múltiplo e o autêntico estão embaciados”.

Quanta verdade há nessas palavras! Porque o caos é injustiça, e é por justiça que lutamos.

Sempre concebi o mundo como um lugar onde a verdade devesse prevalecer. Um mundo onde eu pudesse ler meus livros e escrever meus tex-tos, buscando a autenticidade – por mais difícil, doloroso e caro que isso seja. Fugi, e ainda fujo, da especialização técnica como o diabo da cruz, porque ela mata a liberdade e a individualidade. Quantos são aqueles que não conseguem mais escrever algo que não seja sobre sua própria es-pecialidade, e se desesperam por saberem que perderam sua capacidade de metamorfosear-se, perceber-se e interagir com os outros homens? O escritor tem de ser um homem livre. Mais ou menos o que diz Jacques, em Como Gostais: “Mi-nha liberdade deve ser total. Devo ser tão livre quanto o vento”.

Numa época de Facebook ficou fácil ver o quan-

to as pessoas não sabem escrever. Vemos o so-frimento daqueles que se perderam na jornada, em busca de “uma vida sem riscos”, que ainda acham que podem encontrar o caminho de vol-ta, e escrever alguma coisa que valha a pena ser lida, já que, na juventude, queriam ser livres, mas foram engolidos pela “segurança”. Moro em uma cidade, Brasília, em que as pessoas acham que só existe vida para quem trabalha para o Estado. Ou seja, só existe vida na “segurança” do serviço público. São pessoas que fazem pareceres para o estado, governos ou petições para juízes. Ativida-des louváveis, respeitáveis e necessárias. Mas es-crever com liberdade, livre de peias, é outra coisa bem diferente.

Existe outra turma que não aprendeu sequer a escrever. São os que pensam que sabem. Os que postam textos totalmente desprovidos de con-teúdo que valha a pena ser levado a sério, que ainda ferem de morte a língua portuguesa. Des-ses, abstenho-me de falar. E existe uma turma prostituída – a grande maioria – vendendo seus textos para quem paga mais. Quase todos viven-do dentro das redações de jornais e blogs!

Perdemos recentemente importantes es-critores. Um deles, nosso maior roman-cista, João Ubaldo Ribeiro; Ariano Suassu-

*Theófilo Silva

Art

igo

Page 37: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 37

na, um louco genial, de tão autêntico; o tradutor Ivan Junqueira; e um lutador como Rubem Alves. O Brasil ficou mais pobre. Muito mais pobre. João Ubaldo Ribeiro não tinha rivais.

A mediocridade avança a passos largos. Temos poucas referências agora. Ferreira Gullar, nosso poeta maior, também já não está conosco. Con-fesso que, no momento, não me ocorre o nome de nenhum escritor brasileiro que reputo como notável ou fora de série. É possível que exis-ta. Mas até onde vai meu conhecimento, não é possível avistá-lo. O terreno ficou fértil para que a burrice prospere ainda mais. Gente sem ne-nhuma leitura – condição básica para escrever –

*Theófilo Silva é escritor, especialista em Shakespeare e análises históricas.Blog: Shakespeare Indignado

continua posando de escritor. Uma desgraça, até mesmo porque estamos cercados de analfabetos funcionais.

Espero que a leitura não morra, que não seja o fim de uma era. Que o ato de passar os dias alisando um smartphone não seja o nosso futuro, e que a forma de comunicação entre as pessoas volte a ser pessoal e calorosa – mais humana. E que tudo isso seja apenas uma fase de transição para algo maior. Espero que a tecnologia não nos engula. Porque estamos todos assustados com nossa dependência dessas maquininhas maravi-lhosas e viciantes. Muitos acham que elas podem fazer tudo por nós. Inclusive escrever! E para es-crever de verdade, criar, é preciso ser múltiplo e autêntico como quer Elias Canetti!

Page 38: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

38 Revista Capital

Cel

ebra

ção A Inesquecível Festa de

Eliana de CamposOs filhos de Eliana Alves de Campos, Simone, Humber-

to e Gustavo assinaram o belo convite para a espetacu-lar festa de 80 anos de sua dedicada mãe.

Uma das personalidades mais atuantes de Brasília, Eliana reuniu, no espaço Villa Rizza, cerca de 300 con-

vidados, entre familiares e amigos das diversas associa-ções de que participa. Foi uma comemoração calorosa, em alto estilo, com missa, requintes, música, finos sabo-res e homenagens em forma de poesia e palavras carre-gadas de amor.

Edna Batista, Diana Dalva Moraes e Alessandra Amorim Maria Luiza Mathias, Marlene Souza e Lúcia Moriconi

Page 39: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 39

Emb. da Polônia Andrzej Braiter e Sra. Kartazyna, a anfitriã,Emb. da Guatemala Julio Armando Martini Herrera e Sra. Rosa Maria Gisleine e Gustavo de Campos

Gabriel, Ana Luísa, Rafael, Gisleine, Gustavo, Eliana(com o traje que usou na missa), Simone, Vanessa, Humberto, Henrique e Maitê

Page 40: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

40 Revista Capital

Linda Folador, Dodoia Rezende e Ronaldo Pena Costa

Ana Cecília, Lúcia Choairy e Antonia Freire

Odílio e Cibele LunkesEliana com o filho Humberto

José e Zely Ornelas com Maria Olímpia e Mário Gardino

Marilu Arruda e Kátia KouzakRita Márcia e Francisco Machado

Page 41: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 41

Marisa Macedo, Aurinete Leite e Carmen Minuzzi

Vanessa e Humberto

Gustavo Dourado e Maria Felix

Heloísa Hargreaves e Zeza SantanaJosé Carneiro e Carminha Manfredini

José Carlos Brito, Meire Fernandes, Rogério e Nazareth Tunholi

Page 42: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

42 Revista Capital

Não há consenso na proclamação de que o “homem é por natureza um animal político (an-thropos physei politikon zoon)”, fundada na visão Aristotélica e holística da polis (cidade-estado), à procura do bem melhor; ou um “animal natural-mente social (homo naturaliter est animal socia-le)”, na visão de Tomás de Aquino. Na visão Aristo-télica, o homem como animal racional complexo, único com o dom da palavra, para exprimir ale-gria, prazer e dor, a manifestação do útil e do pre-judicial, o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e doutras noções morais, pode reunir essas capacidades para gerar família e constituir a polis. Nestes fundamentos, os gregos construí-ram a doutrina da sociedade civil, como se, para a preservação da paz e o governo dos homens, não houvesse outra necessidade para estabele-cer, concordar e firmar algumas condições e con-venções comuns, que se denominariam leis civis.

Com os romanos, perdeu-se anterior sentido holístico da polis (Aristotélico), dado que a civitas romana reduziu-se a uma acepção mais societá-ria, ou atomística. Hobbes, por sua vez, proclama que o axioma Aristotélico, embora repetido por maioria, é falso; um erro procedente de consi-

deração superficial sobre a natureza humana. Se um homem devesse amar outro por lei de Natu-reza, não haveria razão para que não amasse a todos de mesma maneira, por serem, igualmen-te, humanos. Assim, não buscaríamos a socieda-de naturalmente, por si própria, mas, o objeto da vontade geral, o que cada um dos que se reúnem propõe como bem comum; tudo que é agradável aos sentidos e à mente. Todo prazer intelectual seria glória vã, nada além de uma boa opinião de si mesmo, ou referindo-se a ela. Outros prazeres remeteriam à sensualidade, tidos por convenien-tes à vida no Mundo. A sociedade teria, portanto, um senso de utilidade, para o lucro ou a vangló-ria; não tanto por amor ao próximo, quanto pelo amor por nós mesmos. As condições e leis de Natureza fundamentais sobre o propósito da so-ciedade civil, da república, da construção do bem comum e da paz humana, em tempos atuais de crise, no país, nos remetem à organização social em cidades-estado da antiga Grécia, constituídas por cidadãos livres (politikos) que discutiam e aprovavam, diretamente, as suas leis. No Brasil, é preciso rever o contrato social civil, e refundar a república! De modo objetivo, é preciso reco-

Fundamentos daSociedade Civil & Reforma Política

* Luiz Carlos Ballock

“O homem nasceu livre, mas em toda a parte está a ferros.”(Jean Jacques Rousseau)

Art

igo

Page 43: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 43

nhecer que as cogitações em curso, no congresso nacional, em torno de uma reforma política, não passam de último suspiro na autopreservação dos privilégios da classe política, que ferem de morte a democracia. E devem ser repudiadas pela socie-dade civil, por tratar-se de verdadeiro embuste para tornar os contribuintes, ainda mais, reféns da ditadura dos “donos de partidos políticos”.

A vida pública pressupõe a inseparabilidade en-tre ética e política, ou seja, entre a conduta do agente político e os valores da sociedade. A “éti-ca” filosoficamente se refere a “caráter”, “índole”, “natureza”, traduzindo a atitude humana diante de situações da vida, o modo como nos relaciona-mos; é postura pessoal que pressupõe liberdade de escolha. Contudo, nenhum desses fundamen-tos de ação política são mais reconhecidos na atuação do congresso nacional brasileiro, o que naturalmente o descredencia para arrogar-se no ilegítimo intento de uma reforma política para o país. Somente uma assembleia nacional cons-tituinte, exclusiva e independente de legislatura

(ANCE&IL), precedida de amplo esclarecimento, sem açodamentos, e mediante prévia consulta facultativa à população, para ficar adstrita a ter-mos de referência social e a contrato de manda-to expresso, cujo resultado final a sociedade civil poderá acolher ou rejeitar, terá poder para uma ruptura com degradado modelo político atual.

O poder constituinte, quando originário, esta-belece nova ordem jurídica, rompendo comple-tamente com a ordem jurídica anterior, para fazer nascer um novo estado e modernizar o sistema político sob a perspectiva dos contribuintes, que pagam a conta. Assim, conforme a ética e a mo-ral, poderemos vir a ser, como sociedade civil ou política, o resultado de nossas escolhas.

* Luiz Carlos Ballock é administrador, consultor, ideólogo, fundador e atual presidente do Instituto ALIANÇA LIVRE, e do Movimento de União dos Contribuintes da República (UCR), para o estudo de cenários visando ao aperfeiçoamento do regime de estado e da democracia.

Art

igo

Page 44: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

44 Revista Capital

20 ANOS DA AIC

Ilustres Personalidades: Estênio Campelo, Chico Vigilante, Meire Fernandes, Diana Vanegas, Mônica Mendonça, Helena Santos, Arlete Sívia, Raimunda Serra Azul,Jacira Abrantes, Flávio Rezende, Antonio Rodrigues e Janice Lamas

Cleusa Carvalho, Vânia Vieira Bellosi, Shirlene Rodopoulos e Nazareth Tunholi Romildo Teixeira de Azevedo e Lucy

Gorayeb Mourão e seus troféusPalmerinda Donato,que dá nome ao troféu

No dia 30 de março, a Academia Internacional de Cultura - AIC comemorou os seus 20 anos com uma Sessão Solene na Câmara Legislativa do DF, proposta pelo Deputado Chico Vigilante.

O evento contou com a entrega do “Mérito Cultural Palmerinda Donato”, com a Mostra de banners de aca-dêmicos, a Banda dos Fuzileiros Navais, o Coral Alegria

e requintado coquetel.Na mesa diretora, Dep. Chico Vigilante ladeado pelo

Embaixador do Gabão Jacques Michel e Sra. Julie Mou-doute-Bell, Embaixadora Diana Vanegas, Presidente da AIC Meireluce Fernandes, Embaixador da Bolívia, José Kinn Franco, a criadora da AIC Nazareth Tunholi e a Embaixadora de Barbados, Yvette Goddard.

Cel

ebra

ção

Page 45: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 45

A belíssima Mostra de banners de acadêmicos da AIC Em torno do bolo dos 20 anos da AIC, Clotilde Chaparro, Meire Fernandes, Nazareth Tunholi, Lourdes Fonseca e Lícia Braga

A marcante presença do Coral Alegria A Banda Fuzi, dos Fuzileiros Navais, animou o coquetel

Alsimar Mello, Raimunda Serra Azul e Padre Aleixo O casal Sônia e Hiroshi TakanoDivanda e Basilina PereiraMarli Vianna, Ana Boccucci, Meireluce, Divanda Pereira e Irene Maia

Estênio Campelo com a esposa Ana Cristina e o filho João Gabriel

Page 46: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

46 Revista Capital

Os trajes das + Elegantes

Cosete Ramos Gebrim, Antônia Freire, Aldaceli de Paula, Sônia Gontijo Chagas, Lúcia Alas-mar, ana Paula Guedes, Alessandra Amorim e Lia Dinorah

O Baile das Mais Elegantes da Capital marcou o glamour de Brasília dia 21.11.16, com o esmero da organização e da ele-gância das charmosas eleitas para vestir a faixa entregue por esta revista Capital, no Clube de Engenharia.

Na programação, o sorteio de uma jóia oferecida pela Dona Beja Jóias, gentilmen-te entregue à ganhadora July Benevides, pela empresária Rita Escorpião (foto à es-querda).

As preciosas peças foram exibidas pela chiquérrima Ludimila Oliveira (foto à direi-ta), que usou um lindo vestido composê da griffe Cláudia Galdina, puro bom gosto!

Daremos aqui os nomes de cada ítem da produção dessas mulheres cheias de char-me.July Benevides

recebe jóia das mãos de Rita Escorpião

Eleg

ance

por Nazareth Tunholi

Page 47: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 47

Vestido: Acervo pessoalCalçado: ÁvidaCabelo e Makeup: Esmalteria Brasil SudoesteJóias: Via Romana

Vestido: LaRoseCalçado: DiorJóias: Acervo pessoal

Vestido: Ane FernandesCalçado: Christian LouboutinJóias: Natália Chaim

Vestido: Arthur CalimanCalçado: Christian LouboutinJóias: Dolce Gabbana eDior

Vestido: MignonCalçado: ValentinoJóias: Cartier, Benigna Venâncio e Carla Amorim

Vestido: Arte SacraCalçado: Luiza BarcelosClutch: BalanciadaCabelo e Makeup: Lady (206 Sul)Jóias: Matê Alencar

Vestido:Patrícia BonaldiCalçado: DiorJóias: Acervo pessoal

Vestido: Nágela MariaCalçado: FezzutiJóias: Tiffani Co. e acervopessoal

Page 48: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

48 Revista Capital

MÔNICA PIANISTA HOMENAGEADANo dia 13 de fevereiro, Mônica Mendonça apre-

sentou-se mais uma vez no programa “Um Piano ao Cair da Noite”, da Brasília Super Rádio FM, no Con-junto Nacional. Com um repertório de músicas clás-sicas e populares, Mônica encantou o anoitecer dos presentes e dos fiéis ouvintes da Rádio.

No dia 30.03, a pianista foi uma da seleta turma de agraciados com o Troféu do Mérito Cultural Palme-rinda Donato, comemorativo dos 20 anos da Acade-mia Internacional de Cultura, em Sessão Solene, na Câmara Legislativa. Com um currículo que inclui sua destacada formação e a carreira na Escola de Mú-sica de Brasília, como professora de piano, Monica fez jus à homenagem, pelo seu talento e dedicação.

Mônica ,na primeira fila do Plenário, entre o Dr. Antonio Rodrigues e Helena Miranda

Recebendo o Mérito Cultural Palmerinda Donato das mãos da presidente da AIC, Meireluce Fernandes

Mônica com a Embaixadora de El Salvador, Diana Vanegas, Willian Gsaint e Palmerinda Donato

Page 49: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 49

Mús

ica

No chuvoso sábado de Carnaval deste ano, a presença dos cantores caiu pela metade no ensaio do nosso Coral ParkinSom, o que ensejou vários assuntos e questionamentos sobre a música em geral, já que não dispúnhamos do naipe mínimo de vozes masculinas e femininas para alcançar o nível de qualidade que estamos já acostumados.

Aí entrou em pauta o assunto da escuta da música, em particular, o que se deve fazer para apreciar ao máximo as gloriosas peças musicais dos grandes compositores, mormente aque-les denominados “Clássicos”- como Beethoven, Mozart, Brahms, Haydn, Handel, Tchaikovsky, Rimsky-Korsakoff, Schubert, Rachmaninov, Chopin, Villa-Lobos e... o maior dentre todos - Johann Sebastian Bach!

O mais incrível é notarmos que autores secun-dários, desconhecidos mesmo, por vezes apare-cem com peças absolutamente inacreditáveis. Um exemplo que me vem à mente é o de Samuel

A ARTE DE SE OUVIR MÚSICA

Barber, pouco conhecido autor Norte-Americano (faleceu em 1981), que escreveu uma belíssima Serenata para Cordas e o fantástico “Agnus Dei” – peça que J.S Bach se orgulharia de tê-la assi-nado. Isto para mim PROVA QUE A MÚSICA VER-DADEIRA vem de Deus mesmo! O Compositor é uma espécie de “receptor” que ouve e capta, diretamente de Deus, as belas composições que posteriormente nos revela.

Creio que é preciso procurarmos conhecer o Universo Musical Ocidental, que nada tem a ver com aquele outro Oriental, desde suas origens, dos séculos XV ao XX - incluindo a Música da Igreja e das Cortes dos Reis e Ducados, a Música Barroca, a Clássica, a Romântica e finalmente a Moderna. Cada uma dessas tem muito a nos di-zer. Sugiro que o leitor caso se interesse, procure adentrar o site “www.youtube.com” que tem um imenso banco de dados com TODA música oci-dental, apenas a um clique do ouvinte, e melhor,

* Duilio Baroni

Page 50: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

50 Revista Capital

Mús

ica totalmente gratuito! Isso é muito diferente do

meu tempo de jovem, quando tinha de comprar (e nunca foi barato) cada peça que quisesse ouvir, ou então ouvia as rádios especializadas em mú-sica clássica, como a nossa excelente Rádio MEC, além dos frequentes concertos gratuitos por Or-questras Estaduais como havia em Belo Horizon-te, Rio de Janeiro e São Paulo, apenas para men-cionar as mais conhecidas.

O que gostaria de citar é que a música dita clás-sica difere um tanto da música popular, o que exige um comportamento diferente do ouvinte para conseguir, aos poucos, aprender a ouvir, ou melhor, a “Ver”, a “enxergar”, a extrair “a pintura” que o compositor traça na sua memória auditiva.

-Engraçado né? Pintura? Que pintura? Não es-tamos é falando de música? Acho que esse cara deve estar doido...

-Mas é a mais pura verdade. O compositor, An-tonio Vivaldi (1678-1741) por exemplo, compôs muitos concertos para violino e cordas, dentre os quais está o célebre “AS QUATRO ESTAÇÕES”. Como o nome indica, são 4 movimentos que re-tratam com incrível maestria, as 4 estações do ano- Primavera, Verão, Outono e Inverno. Muito bem. Se você quiser “ver” se as 4 estações estão mesmo ali “pintadas” terá que ser paciente em primeiro lugar, ouvir a peça toda várias vezes, num local tranquilo, de luz bem branda, em silên-cio, sem pessoas conversando ou vendo TV.

Aliás, que já se diga - TV é o maior destruidor da sensação do que a música causa no ouvinte. A TV usa a música profissionalmente para mexer com seus sentimentos. E o faz de forma absolutamen-te desabrida, apenas usando trechos que atinjam os objetivos do teatro em apresentação. Portan-to, saiba : MÚSICA NADA TEM A VER COM TV!

Pois bem. Se você ouvir o Verão, aos poucos você conseguirá reconhecer a “tempestade de verão” com seus trovões e o vento soprando... É inacreditável. Ele desenhou essa tempestade em sons na sua memória! Não é fantástico?

Bem, assim são todos compositores. Cada um deles NUNCA se assentou para escrever uma “mú-sica clássica”. Aliás, fomos nós, e não eles, que demos esses títulos de barroca, clássica, moder-na etc. O Compositor escreveu o que ele SENTIA E PT saudações. O resto agora é com o ouvinte!

O compositor russo Rimsky-Korsakoff, conside-

rado o maior orquestrador, compôs uma peça lin-díssima chamada SHEHERAZADE. É também uma peça de 4 movimentos, baseados nos contos das Mil e Uma Noites, o último dos quais é o “SIM-BAD O MARUJO”. Aí está “pintado” o naufrágio do Simbad, você ouve o vento, as ondas castigan-do seu navio e, finalmente, o afundamento e a bonança que vem a seguir. Simplesmente genial!

Para facilitar, te informo que o violino represen-ta a Sheherazade, aquela que conta a história a cada noite para evitar que seu irmão seja execu-tado pelo Emir.

Sugiro a você começar a aprender a usar o YOU-TUBE com a Sheherazade. Uma coisa eu garanto. Você vai ouvi-la muitas vezes, porque à hora que você “entender” uma passagem codificada, você sentirá um calafrio percorrendo sua espinha e te dará um enorme prazer. Isso não apenas no Sim-bad, mas em toda e qualquer música dita clássica!

Você pode perguntar porque a música popular não é assim? Acho que é porque ela não tem nem melodia nem harmonia minimamente expressa. O que tem mesmo é apenas rítmo. Uma vez eu estava na porta de uma loja de roupas e a minha esposa lá comprando. Tocava um disco de Toqui-nho e Vinicius. A música era “Regra Três”. Como eu estava ali parado, obrigado a ouvir, comecei aos poucos a prestar atenção ao poema do Vinicius (ou seja, a letra). Aí, num estalo eu compreendi o que ele pintava! Fiquei arrepiado, pois o que ele diz é verdade factual, que Vinicius certamente já vivenciara! E estava me dizendo pra eu não cair naquela esparrela, pois ia doer muito... Até sugiro um CD deles: “10 Anos de Toquinho e Vinicius”, onde os autores explicam no meio das músicas alguns interessantes conceitos musicais. O CD é um Philips 838 286-2.

Logo, na música popular, pelo menos nas me-lhores, tem sim uma “pintura” ali codificada... Talvez mais fraca e difusa, mas acho que tem sim. Acho mesmo que a música popular se vale da le-tra, em português, para levar o ouvinte ao enten-dimento do que ele quer transmitir e o faz, NÃO pela música em si, mas apenas pelas palavras. A música é apenas um acompanhamento sonoro, fazendo quando muito, de segunda voz. Mas a música em si é vazia.

Já o compositor “clássico” tem que usar apenas a expressão musical, pois a maioria das músicas

Page 51: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 51

Mús

ica são apenas orquestrais, tal como as 4 Estações ou

a Sheherazade acima mencionadas.COMO OUVIR MÚSICA

Vamos agora dar umas ideias sobre como ou-vir música clássica. Em primeiro lugar, ela exige um ambiente tranquilo, silencioso, sem TV, de luz reduzida (No escuro, Não!), com assento con-fortável; de modo a permitir que o ouvinte pos-sa refletir sobre o que ele está ouvindo, deixan-do seu pensamento voar para onde quiser, mas sem procurar analisar tecnicamente a música. NÃO! Deixe-se penetrar pela melodia, e deixe sua alma - (sim! Escutamos é com a alma! O ouvido apenas transforma ou traduz a onda mecânica do som na sala que faz vibrar seus tímpanos e estes, pela ação do ouvido interno, converte as vibrações em impulsos elétricos que são condu-zidos pelos nervos auditivos ao córtex cerebral, onde de alguma forma ainda não compreen-dida, são “lidos” pela mente ou alma.) se em-balar na melodia e ir sentindo e captando tudo aquilo que ela te sugere. Outra coisa, as pessoas presentes NÃO PODEM CONVERSAR! Quando a peça acabar, acendem-se as luzes, conversem, troquem opiniões, tomem um cafezinho ou li-cor e pronto. Acabada a tertúlia, vamos para a segunda parte do “concerto”, ou seja, a final.

Outra coisa importantíssima: OUÇA A PEÇA TODA DO INÍCIO AO FIM, SEM INTERROMPE-LA!

Lembre-se – o compositor está “pintando um quadro” na sua memória. Se você interrompe, talvez o quadro vire uma história em quadri-nhos... Não é o que você deseja, não é? Aos pou-cos, um dia qualquer, você está ouvindo aquele concerto, aquela música pela enésima vez. E en-tão, sem nenhum aviso, um calafrio percorre sua

espinha dorsal indo até a base do cérebro deixan-do-o arrepiado – Viva ! Você conseguiu captar uma página do quadro pintado na sua memória. Você acaba de “entender” o que o autor queria te dizer! E daí decorre um imenso prazer espiritual que só a verdadeira música é capaz de conceder.

Na medida em que isso se repete com outras peças – umas mais fáceis; outras mais difíceis, é que você compreenderá que a Música Clássica é superior à melhor popular e que você daí em diante jamais abandonará a escuta consciente da Música Clássica, pois ela é NON PLUS ULTRA!

Uma última coisa: gosto de comparar uma audi-ção musical com um jantar de luxo, ou banquete, pois é a comparação mais adequada e contribui-rá para seu entendimento sobre o que é mesmo a música clássica, E COMO FAZER PARA OUVI-LA PRODUTIVAMENTE.

Uma audição deve ser preparada tal qual um banquete o é: a Entrada; Prato Frio; Prato Quen-te; Sobremesa; Café e Licores. Na música, a Entra-da pode ser até uma peça popular de bom gosto, ou uma música clássica ligeira tal como uma valsa ou Noturno de Chopin, A Rapsódia Húngara nº 2 de Franz Liszt etc.

O segundo prato já é mais substancial: um con-certo de Aranjuez, uma Ouverture de qualquer compositor clássico, uma peça como o Bolero de Ravel, peças barrocas, Haendel etc. No total, tudo gasta uns 30 a 45 minutos, não mais.

Aí se insere agora o intervalo. As luzes são ace-sas, todos podem conversar, comentar o que ou-viram, suas impressões. Talvez se possa servir um cafezinho com biscoitos. Mas coisa rápida de não mais que 10 a 15 minutos.

Para o Prato Quente será servido o alimen-

Johann Sebastian Bach Franz Schubert Frédéric Chopin Joseph Haydn BeethovenJohannes Brahms

Page 52: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

52 Revista Capital

to mais substancial da noite (o filé). Na música, seria a peça mais pesada, forte, como um Con-certo de Piano de qualquer autor clássico, uma sinfonia mais leve como as de Haydn, Mozart, em seguida alguma mais densa como Brahms, Beethoven, Schubert etc. Caso se tenha tem-po para complementar, ai se poderia colocar uma “peça de câmara”- são as Sonatas, Duos, Trios, ou Quartetos - de qualquer autor clássi-co, pois estas são o ponto mais alto da música na Terra. E tenho certeza que você terá muito a ganhar ouvindo-as. Afinal, são “o filé da alma”!

Finalmente, a Sobremesa – aí entra uma peça de J. S. Bach. Este autor alemão (1685 a 1750) é com toda certeza o mais espantoso e fenomenal compositor jamais nascido neste Planeta. Ele tem obras religiosas (Cantatas, peças para Orgão etc) para serem ouvidas nas salas de concerto (como os Concertos de Brandemburgo). Suas obras de órgão são as mais espetaculares e ninguém, mas ninguém mesmo, já lhe chegou aos pés! Por exemplo, procure ouvir a celebérrima TOCATA E FUGA EM RÉ MENOR. (D Minor em inglês). É sim-plesmente de arrepiar. E você vai querer repetí-la, não uma nem duas, mas diversas vezes, até quase decorá-la. É uma obra digna de Deus. Aliás foi o próprio Bach mesmo que afirmou: “Toda música foi feita para a maior glória de Deus”!

Quer os licores? Então sirva-se de uma CANTA-TA, de J. S. Bach é claro. Elas são equivalentes a um banquete de 300 talheres... Se você não conhe-ce nenhuma, sugiro a 140 (Existem mais de 210 cantatas gravadas e muitas estão no Youtube). É da 140 que tiraram o celebérrimo “Jesus Alegria dos Homens”. Vale a pena ir conhecendo as ou-tras cantatas. Uma coisa eu sei—vai se enamorar delas, porque elas falam à sua alma! Eu aliás, me converti aos 18 anos ouvindo a Cantata 4 (a única que tinha em casa). É a Cantata da Páscoa. Bach, morto há mais de 220 anos, me provou naquela época, através da cantata que Deus existe! E isso mudou a minha vida! Agradeço, pois, de coração ao Senhor João Sebastião Ribeiro, pelo imenso bem que ele me fez. Tenho certeza que ainda hei de agradecer-lhe pessoalmente um dia...

Quanto a você caro leitor e, espero, futuro ou-vinte, procure também conhecer a 169, a 51, a 131, a 156, a 199... enfim, TODAS ! Pode ter cer-

teza – Elas mudarão a sua vida!

PEQUENA NOTA TÉCNICA: Se você vai escutar muita coisa pelo seu computador nos sites de música (além do Youtube, existem dezenas de ou-tros, rádios etc.) ADQUIRA um conjunto de caixas de som especiais para uso em computador, dota-do de caixa de graves, para melhorar a qualidade da reprodução, pois os autofalantes do compu-tador são pequeninos e incapazes de reproduzir notas graves, o que atrapalhará bastante o seu prazer. É um pequeno investimento mas que fará milagres em seu som.

OBSERVAÇÃO: Participo de um grupo de ami-gos que formam o Coral ParkinSom. Reunimo-nos aos sábados à tarde para aprendermos a cantar as belas canções de nossa Terra, dos mais reno-mados autores como: Tom Jobin, Lupicínio Ro-drigues, Luis Gonzaga, Vinicius de Moraes, Noel Rosa, entre outros.

Como pacientes da doença neurológica de Parkinson, o canto se revela um excelente exer-cício para nossas cordas vocais, pois sabe-se que esta doença afeta a voz, o que dificulta a comuni-cação oral e acaba por isolar o portador em sua própria casa. Isto termina por gerar depressão, di-ficultando que o portador tenha uma vida normal.

A solução proposta passa pelos exercícios de fonoaudiologia e, admirem-se, também do can-to, seja individual, seja no coral. Felizmente con-tamos para tanto, com a imensa ajuda da Asso-ciação Parkinson Brasília, fundada pelo nosso admirado Cel. Aer. Carlos Anibal P. Patto que, há anos, mantem o nosso coral ParkinSom, com a indispensável ajuda do nosso dedicado regente e músico Givas Demore, que com inusitada pa-ciência e competência técnica, nos tem ajudado a manter essa linha de defesa contra essa doença e que tem se mostrado extremamente eficaz em manter a quali-dade de nossa voz e, portanto, da nossa comunicação oral, dis-tanciando-nos assim da temida depressão.

* Duilio Baroni

Mús

ica

Page 53: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 53

*José Carlos Brandi Aleixo

LEONEL FRANCA: SACERDOTE E EDUCADOR

A alma da educação é a educação da alma.

Introdução. Em 2018 ocorrerão o 70º aniversário do falecimento de Leonel Franca e o centenário do lançamento do seu esmerado livro Noções de História de Filosofia. É relevante assinalar que no úl-timo de seus 55 anos de vida (1893-1948) foi agraciado pela renomada Academia Brasileira de Letras com o grande prêmio de Machado de Assis.1

São inúmeros e altamente abalizados os testemunhos sobre ele. Valha o exemplo eloquente de Al-ceu Amoroso Lima, também conhecido pelo pseudônimo de “Tristão de Athayde”. Asseverou ele, em 3 de setembro de 1948, à beira do túmulo, falando em nome de várias entidades:

Sua missão, Padre Franca, foi pôr ordem em nossos espíritos inquietos e paz em nossos corações atormentados. Estranho paradoxo o seu. No meio de nossa geração, de homens nascidos no últi-mo decênio do século passado e que iríamos desferir voo, como adultos, entre as mais incríveis e imprevistas tempestades, no meio de uma geração angustiada, sofredora, inquieta, o Sr. foi o sinal luminoso da serenidade, da harmonia, do equilíbrio. Olhávamos para o Sr. como o navegante olha para o farol, na passagem dos abrolhos difíceis.2

Origens. Terceiro filho de Justino de Oliveira Franca e de Maria José de Macedo Franca, Leonel Edgard da Silveira Franca nasceu, em 6 de janeiro de 1893, na cidade gaúcha de São Gabriel. O pai, engenheiro civil, foi professor da Escola Politécnica e Inspetor da Viação do Estado da Bahia. Em 1893 dirigiu, no Rio Grande do Sul, a construção da ferrovia entre Cacequi e Bagé. São do mesmo ano seus futuros grandes amigos Alceu Amoroso Lima e Heráclito da Fontoura Sobral Pinto.

A cidade de São Gabriel situa-se a 320 km de Porto Alegre. Havia nela cultivo de arroz, trigo, uva e erva-mate, assim como pastoreio de gado. A 125 metros de altitude, próxima ao Rio Vacacaí, contava, então, com cerca de 3.500 habitantes.3

Formação. Em Salvador, aos 19 de maio de 1893, na capela particular dos avós maternos, na paró-quia da Vitória, Leonel foi batizado pelo tio e padrinho, Cônego Antônio de Macedo Costa.

Foi aluno, no curso primário, do Colégio Alemão e do Colégio Vieira.Em 29 de novembro de 1905, quando estudava no Ginásio da Bahia, faleceu sua piedosa mãe. Ela

1 D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da Silveira. O Padre Leonel Franca S.J. Rio de Janeiro: Agir, 1953, p. 322.2 D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da Silveira. Op. cit. p. 509.3Entre outras pessoas ilustres, nasceram nela também: Presidente Hermes da Fonseca; Marechal Mascarenhas de Morais (Comandante, na Itália, da Força Expedicionária Brasileira); Hélio Prates da Silveira (primeiro Governador de Brasília); e o escritor Joaquim Francisco de Assis Brasil.

Page 54: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

54 Revista Capital

deixava aos cuidados do diligente esposo nove filhos de dezesseis a um ano de idade.4 Leonel, Leopol-do, Leovigildo e Luís foram matriculados, como internos, no célebre Colégio Anchieta, da cidade flu-minense de Nova Friburgo, dirigido por jesuítas.

No Colégio Anchieta distinguiu-se como excelente aluno. Contudo, após partida de futebol, em cam-po umedecido por chuvas leves e frias, sentiu dores reumáticas que perturbaram seu coração, de que sofria desde criança. Nessa crise quase morreu. Enquanto, enfermo, esteve retido em quarto próximo de uma capela. Sentiu fortemente o chamado de Cristo. E comunicou ao Reitor da Casa seu desejo de ingressar na Companhia de Jesus.

Em 12 de novembro de 1908 entrou, em São Paulo, no Noviciado. Aos 13 de novembro de 1910 pro-nunciou seus primeiros votos religiosos. Logo principiou o Curso de Letras. Em 27 de agosto de 1912 seguiu para Roma, onde cursou o triênio de Filosofia na Gregoriana, considerada mãe das universida-des eclesiásticas. Viveu, na Itália, os inícios da Guerra Mundial. Em 28 de junho de 1915 prestou seu exame de “Universa Philosophia”. Em fins de julho empreendeu o retorno ao Brasil.

De 1915 a 1919 exerceu o magistério na Capital Federal, no Colégio Santo Inácio, à Rua São Clemen-te 226. Lecionou Religião, Física, Química, Álgebra, Filosofia.

Em 1920 retornou a Roma. Na mesma Universidade Gregoriana, estudou Teologia. Tanto se desta-cou entre os colegas que, em 1924, só ele foi designado para prestar o exame final público na pre-sença do Papa Pio XI. Em razão de grave crise cardíaca, por parecer médico, foi impedido de fazê-lo. Em 1924, cumpridas todas as exigências acadêmicas, recebeu o título de doutor em Teologia e em Filosofia.

Concluiu sua formação de jesuíta na cidade espanhola de Oya, com um ano chamado de “Terceira Provação”. Nele dedicou-se à Ascética, à Mística e ao estudo do Instituto da Ordem.

Plasmou-se um verdadeiro Varão de Plutarco, de profunda vida interior, disciplinado, senhor de só-lidas virtudes, entre as quais exímia humildade.

Produção Literária. A grande abrangência de temas estudados por Leonel Franca já se manifesta em dois livros seus publicados durante o magistério no Colégio Santo Inácio: Noções de História de Filosofia (1918) e Apontamentos de Química Geral (1919). Demonstrou ele incomum capacidade de tratar de ciências tão abstratas como a Filosofia e de outras tão concretas como a Química. Sua preo-cupação era proporcionar aos alunos valiosos instrumentos de estudo. Escreveu ele: “Foi no intuito de lhes facilitar este estudo teórico e geral que redigi estas notas, esforçando-me por conciliar nelas a exatidão e o rigor científico com a feição elementar que as tornasse acessíveis às inteligências novas”.5

O Padre Luiz Gonzaga da Silveira D’Elboux, em sua importante biografia do Padre Leonel Franca, inclui o apêndice III que apresenta “Elenco dos Escritos e Alocuções do Pe. Franca”.6 Sob o título de “Obras Completas” do Padre Leonel Franca S.J., a Editora Agir colocou as seguintes quinze categorias: I. Noções da História da Filosofia; II. A Igreja, a Reforma e a Civilização; III. Polêmicas; IV Divórcio; V Alocuções e Artigos; VI Catolicismo e Protestantismo; VII. O Protestantismo no Brasil. Lutero e o Sr. Frederico Hansen; VIII. A Psicologia da Fé; IX. A Crise do Mundo Moderno; X. O Método Pedagógico dos Jesuítas; XI. O livro dos Salmos; XII. Liberdade e Determinismo; XIII O problema de Deus; XIV. Imi-tação de Cristo; XV. A formação da Personalidade. Trabalhos do Padre Leonel Franca foram publicados em países como Argentina, Espanha, Holanda, Itália e Portugal.

De particular importância foi sua obra, de 1941, A Crise do Mundo Moderno. A primeira edição dela, de três mil exemplares, esgotou-se logo. A segunda saiu em 1942. Em 1944, em Buenos Aires,

4 MAIA, Pedro Américo. Padre Leonel Franca. São Paulo: Loyola, 1982, p. 10.5 MAIA, Pedro Américo. Op. cit. p. 20.6D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da Silveira. Op. cit. p. 489.

Pers

ona

Page 55: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

Revista Capital 55

Pers

ona foi estampada em espanhol. Em Lisboa, a Editora “Professor Domo” lançou-a em 1945. Saiu do prelo

na Espanha em 1948. Na apreciação do renomado filósofo, Padre Henrique Cláudio de Lima Vaz:

(…) foi a última obra escrita por Leonel Franca e é não somente a mais ambiciosa doutrinariamen-te como também representa uma espécie de “Summa” do pensamento francano, erigido nesse terreno entre todos difícil em que o essencial da visão cristã, na sua conceptualização filosófico-teológica, é confrontado com os aspectos fundamentais do novo ciclo civilizatório que o Ocidente vinha cumprindo desde alguns séculos, e que era então conhecido como mundo moderno e hoje é designado como modernidade.7

Poucos anos depois, comentou o mesmo autor:

da ideia diretriz do pensamento cristão nos anos 30, a ideia do humanismo cristão. Sem dúvida a obra mais significativa de produção intelectual de Leonel Franca e que representa entre nós como que o ponto de chegada de um primeiro ciclo do amadurecimento teórico do Catolicismo brasilei-ro que se desenvolveu em torno.8

É muito expressivo que, em meio a numerosas e complexas atividades, Padre Franca haja encontra-do tempo para traduzir, do latim ao português, a obra clássica A Imitação de Cristo. Em 8 de abril de 1943 ele registrou, em seu Diário, a publicação dela.9 Na época, foi comentado que o Padre Franca era um grande exemplo de Imitação de Cristo.10

Exemplos de Atividades Cívicas. A partir de junho de 1931, trabalhou, durante 17 anos, no Conselho Nacional de Educação. Desde 16 de janeiro de 1937, pertenceu ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 28 de maio de 1938, tomou posse no Palácio Monroe, na Comissão Censitária Nacional. Em 21 de dezembro de 1943, por unanimidade dos 37 votantes presentes na reunião, foi eleito membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).11 A 26 de junho de 1946 foi empossado no Itamaraty no posto de Delegado do Governo no Instituto Brasileiro de Edu-cação, Cinema e Cultura (IBCC), órgão nacional em articulação com a UNESCO, criado pela ONU. Em 1939 foi membro da Comissão Nacional do Livro Didático.

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. De 1930 a 1940 várias iniciativas e atividades pe-dagógicas do Padre Franca foram prelúdio para o surgimento da Universidade Católica no Rio de Janei-ro. Na Pastoral Coletiva do Episcopado Brasileiro de 1939, para cuja redação ele muito contribuiu, lê-se:

“De nossas escolas e colégios tratamos como de um fato; da nossa Universidade só nos é permitido falar como de uma esperança. Esperança ainda, mas que se quer imediatamente realizada...”12

Em uma das reuniões preparatórias da futura Universidade Católica, disse o Cardeal Leme: “Pre-cisamos de muita coisa: alunos, professores, sede própria, dinheiro, legalização etc. Mas já temos o essencial, um Santo”.13

7 VAZ, Henrique Cláudio de Lima. “Uma Filosofia Cristã da Cultura: Leonel Franca”. Síntese. Nova Fase. Belo Hori-zonte, 22 (71), 1995, p. 443. 8 VAZ, Henrique Cláudio de Lima. “Leonel Franca, a Cultura Católica no Brasil”. Síntese: Nova Fase. Belo Horizon-te, 25 (82), 1998, p. 325-6.9 MAIA, Pedro Américo. Op. cit. p. 63.10 Vale recordar a sentença de São Paulo Apóstolo: “Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1ª Coríntios XI, 1).11 MAIA, Pedro Américo. Op. cit. p. 62.12 Cor — revista eclesiástica brasileira. Petrópolis: Vozes. Ano I, Vol. II, 15. ago. 1939, p.483-484.13 LIMA, Alceu Amoroso. (Tristão de Athayde) “Um futuro Santo?” Folha de S. Paulo. São Paulo, 25 set. 1981, p. 3.

Page 56: Revista Capital A revista de Brasília Expediente · 2017-04-11 · 4 eista Capital Capa MEIRELUCE FERNANDES DA SILVA, presiden-te da Academia Internacional de Cultura, assim se expressa

56 Revista Capital

Aos 22 de dezembro de 1940 o Padre Franca recebeu a Provisão do Cardeal Leme, nomeando-o Rei-tor das Faculdades Católicas desde o anterior dia 12.14 Em outubro de 1946, por decreto do Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, surgiu a Universidade “pleno jure”. Decreto “Laeta Coelo Ridens”, de 20 de janeiro de 1947, concedeu a ela o título de Pontifícia.

Considerações Finais. Junto ao túmulo do Padre Leonel Franca houve numerosas orações fúnebres. A Sra. Lúcia Jordão Vilela enfatizou nele “o homem de Deus”:

A sua direção, tão suave quanto segura e firme, elevava a alma ao plano sobrenatural, em que ele próprio se movia. A sua palavra, serena, concisa e clara, era mais que um incentivo ao bem; era uma força viva que, emanando de sua íntima união a Deus, ia mansamente destruindo os obstáculos nas almas e nelas configurando o Cristo. O poderoso influxo da graça que irradiava de sua pessoa — em si mesma, vivo símbolo de virtudes e ascetismo — atraía, fortalecia, elevava os corações, fixando-os em Deus e no seu amor.15

Encerra-se esse esboço biográfico citando, novamente, egrégia personalidade da nossa literatura que conheceu, de perto e profundamente, o Padre Leonel Franca:

em um céu sem estrelas ou de estrelas em desordem, Leonel Franca veio a ser, para grande parte de nossa geração, a estrela-guia de um novo astrolábio. Veio trazer-nos o espírito de certeza e de afirmação, em vez do espírito de dúvida ou de negação, em que tínhamos sido formados. Esse novo espírito, porém, nada tinha de dogmático ou de arrogante, mas ao contrário, de segurança na liberdade. Essa segurança na liberdade é que iria, ao longo de três decênios, manifestar Leonel Franca nos seus livros; em sua organização da Universidade Católica; em suas polêmicas… mas so-bretudo na meia-luz das confidências e das confissões; pois Franca foi sempre um extraordinário diretor das consciências.16

14 D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da Silveira. Op. cit. p. 248.15 D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da Silveira. Op. cit. p. 512.16 LIMA, Alceu Amoroso. (Tristão de Athayde). Um futuro Santo? Folha de S. Paulo. São Paulo, 25 set. 1981, p. 3.

José Carlos Brandi Aleixoé padre e Professor Emérito da Univer-

sidade de Brasília

Pers

ona