revista brasileira de quiropraxia 2014

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Publicação oficial da pesquisa e do desenvolviemnto da Quiropraxia

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Page 2: Revista Brasileira de Quiropraxia 2014

Revista brasileira de

Quiropraxia Brazilian Journal of Chiropractic

Apoio:

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REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF

CHIROPRACTIC

Volume V - Número 1 – Janeiro a Julho 2014

ÍNDICE – CONTENT

1. EDITORIAL E INSTRUÇÕES AOS AUTORES 01

2. REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

A Chiropractic Revolution: The History of Instrument Adjusting Arlan W. Fuhr, DC.

08

3. S.O.T.’S Visceral Organ Adjusting John Crescione, D.C. D.I.C.S.

13

4. ARTIGOS ORIGINAIS

Prevalência de efeitos adversos após ajuste quiroprático na coluna cervical Prevalence of adverse events following chiropractic adjustment of the cervical spine

Alexandre Zimmer, Ângela M. W. Noro

17

5. Eficácia do tratamento quiroprático na redução álgica na coluna vertebral em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica Effectiveness of chiropractic care in reducing algic spine in patients undergoing bariatric surgery

Kely Ana Mattei, Fábio Dal Bello

26

6. Prevalência de algias musculoesqueléticas em gestantes no segundo e terceiro trimestre de gravidez Prevalence of musculoskeletal pains in pregnant women in the second and third trimester of pregnancy

Gabriela Thomé Ferreira, Nara Isabel Gehlen

35

7 Alterações na temperatura cutânea na região lombar pré e pós-

ajuste quiroprático: Análise termográfica

Temperature Changes At Skin Lumbar Spine Pre and Post Chiropractic

Adjustment: Thermography (Infrared Camera) Analysis

Rodrigo Ludwig Tagliari, Milton A. Zaro e Rudnei Palhano

43

8. Análise da atuação dos quiropraxistas formados no Brasil no

papel de empreendedores

Analysis of the performance of chiropractors trained in Brazil in the role

of entrepreneurs

Choo H. Kim, Márcia Daniela C. de Almeida, Eduardo S. B. Bracher

52

9 Caracterização postural biomecânica em bailarinas clássicas: um

estudo de revisão

Postural biomechanical characterization of classical ballet dancers: a review study

Bruna Spadotto e Carina Helena Wasem Fraga

64

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EDITORIAL

A medicina baseada em evidências é conceituada como o elo entre a

boa pesquisa científica e a prática clínica.

Na área das Ciências da Saúde a evidência científica influencia de forma

significativa a conduta terapêutica adotada.

Temos incentivado a trajetória da Quiropraxia no caminhar científico

tornando possível ao graduando a publicação dos resultados de seus trabalhos

e trazendo atualizações apropriadas na área.

Nesta edição, apresentamos aos leitores duas atualizações de técnicas

complementares, redigidas por autores internacionais e seis artigos escritos por

egressos do curso de Quiropraxia.

Desta forma renovamos o compromisso de aprimorar a produção

científica fundamentados na perspectiva de contribuir para uma melhor

assistência ao paciente e consequentemente maior sucesso na profissão.

Reiteramos nosso interesse em compartilhar seus estudos e

agradecemos pelo apoio até então recebido.

Corpo Editorial

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REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF

CHIROPRACTIC

Corpo Editorial

Editor científico

Djalma José Fagundes

Editores assistentes

Ana Paula Albuquerque Facchinato

Evergisto Souto Maior Lopes

Jornalista científico

Anna Carolina Negrini Fagundes Martino

Consultor da língua inglesa

Ricardo Fujikawa

Conselho nacional de consultores (Brasil)

Eduardo S. Botelho Bracher

Fernando Redondo

Aline Pereira Labate Fernandes

Conselho internacional de consultores

David Chapman Smith

Reed Phillips

Fábio Dal Bello

Assessoria e Gerência Executiva

Mara Célia Paiva

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AGRADECIMENTOS

A Revista Brasileira de Quiropraxia publica trabalhos científicos e

culturais de interesse aos profissionais da área ósteomioarticular. A qualidade

das informações neles expressas é avaliada de forma sistemática por colegas

experientes. Todo trabalho de investigação ou revisão submetido à revista é

enviado a especialistas encarregados de revê-los de forma detalhada, visando

obter avaliações abalizadas sobre a qualidade técnica do texto.

Outros colegas também disponibilizam seu tempo para elaborar revisão

ortográfica e formatação dos textos.

Em reconhecimento à espontânea colaboração desses especialistas,

bem como a conduta ética demonstrada nesse processo, expressamos aqui o

nosso agradecimento.

Revisão científica

Carlos Podalirio B. de Almeida

Cley Jonir Foster Jardeweski

Daniel Facchini

Katherine Palmina Cassemiro Colomba

Marcos Vinícius Zirbes

Mariana Wentz Faoro

Revisão da língua inglesa

Rodrigo Alves da Cunha

Formatação de texto

Elisangela Zancanário

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Apresentação

A Revista Brasileira de Quiropraxia (Brazilian Journal of Chiropractic) é

uma entidade aberta de comunicação e divulgação de atividades científicas e

profissionais na área de Quiropraxia. Ela recebe colaboração em suas diversas

seções, após avaliação de pelo menos dois de seus membros do Conselho de

Consultores e que irão julgar a relevância, formatação e pertinência da

comunicação.

Os autores e coautores devem ter participação efetiva na elaboração do

trabalho publicado, seja no seu planejamento, seja na execução e

interpretação. O autor principal é o responsável pela lisura e consistência das

informações do artigo. Os indivíduos que prestaram apenas colaboração

técnica devem ser designados na secção de agradecimentos.

O original do artigo ou comunicação deve ser acompanhado de uma

carta ao editor-chefe apresentando o título do trabalho, autores e respectivos

graus acadêmicos, instituição de origem e motivo da submissão. Deve

acompanhar uma carta de cessão dos direitos autorais e compromisso de

exclusividade de publicação segundo o modelo:

Cessão de Direitos

Os autores abaixo assinados estão de acordo com a transferência dos

direitos autorais (Ato de Direitos Autorais /1976) do artigo intitulado:

........................................................................ à Revista Brasileira de

Quiropraxia. Por outro lado, garante ser o artigo original, não estar em

avaliação por outro periódico, não ser total ou parcialmente publicado

anteriormente e não ter conflito de interesses com terceiros. O artigo foi lido e

cada um dos autores confirma sua contribuição e está de acordo com as

disposições legais que regem a publicação.

Cidade, data

Nome legível e assinatura de todos os autores.

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Submissão de artigos

Os originais podem ser submetidos para a apreciação da revista por via

eletrônica (e-mail) ou por cópia em CD-ROM (ou equivalente),

preferencialmente em inglês e ser produzidos em editor de texto compatível

com Windows Word, em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, margens

superior e inferior de 2,5 cm e laterais 3,0 cm. Os parágrafos devem ser

separados por espaço duplo, não ultrapassando 12 (doze páginas incluindo

referências, figuras, tabelas e anexos). Estudos de casos não devem

ultrapassar 6 (seis) páginas digitadas em sua extensão total, incluindo

referências, figuras, tabelas e anexos.

Os artigos e comunicações enviadas serão analisados pelo editor-chefe;

sendo pertinentes e tendo respeitado as normas de formatação da Revista eles

serão encaminhados ao Conselho Consultivo da revista para avaliação do

mérito científico da publicação. Os originais poderão ser devolvidos para

correções e adaptações de acordo com a análise dos consultores ou podem

ser recusados. A Revista reserva o direito eventual de recusa sem a obrigação

de justificativa. Os artigos originais recusados serão devolvidos aos autores.

Figuras, Tabelas e Quadros

As figuras e tabelas devem ser enviadas em arquivos separados. As

imagens devem ser designadas como “Figuras”, numeradas em algarismos

arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto e enviadas em

arquivo JPG ou TIF com alta resolução.

As tabelas devem ser numeradas em algarismos romanos de acordo

com a ordem em que aparecem no texto. Quadros deve ser numerado em

algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto.

Formato do Artigo

Os originais devem conter um arquivo separado com a página de título

(title page) onde deve constar:

- o título do artigo (máximo de 80 caracteres)

- nome completo dos autores

- afiliação e mais alto grau acadêmico

- instituição de origem do trabalho

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- título abreviado (running title) máximo de quarenta caracteres

- fontes de financiamento

- conflito de interesses

- endereço completo do autor correspondente (endereço, telefone, fax e e-

mail).

Formato das Referências

As referências devem ser numeradas em algarismos arábicos de acordo

com a ordem em que aparecem no texto, no qual devem ser identificadas com

o mesmo número no formato sobrescrito. Os autores devem apresentar as

referências seguindo as normas básicas de Vancouver com Sobrenome,

Prenome do(s) autor (es). Título do artigo. Título do Periódico. Ano; Volume

(número); páginas inicial-final.

Exemplos de formatação:

Artigo: Santos C, Baccili A, Braga P V, Saad I A B, Ribeiro G O A, Conti B M

P, Oberg T D. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público

fundamental de Jaguariúna, São Paulo - Revista Paulista Pediatria. 2009;

27(1): 74-80.

Monografia (Livros, Manuais, Folhetos, Dicionários, Guias): Wyatt, L,

Handbook of clinical Chiropractic care, 2ª edição. United States: Jones and

Bartlett Pusblishers, 2005.

Resumo: Ostertag C. Advances on stereotactic irradiation of brain tumors. In:

Anais do 3° Simpósio International de Dor; São Paulo: 1997,p. 77 (abstr.).

Artigo em formato eletrônico: International Committee of Medical Journal

Editors: Uniform requirements for manuscripts submeted to biomedical journals.

Disponível em URL:

http://www.acponline.org/journals/annals/01jan97/unifreg.htm. Acessado em 15

de maio 2010.

Resumo (abstract)

Em arquivo separado deve ser enviado um resumo estruturado

(objetivos, métodos, resultados e conclusões) com no máximo 250 palavras.

Deverá ter uma versão em português e outra em inglês.

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Unitermos (key-words)

Ao final do resumo devem constar pelo menos cinco palavras - chaves

de acordo com a normatização dos Descritores em Ciências da Saúde da

BIREME (Biblioteca Regional de Medicina).

Texto

Devem constar de Introdução, Objetivos, Métodos, Resultados,

Discussão, Conclusão, Agradecimentos e Referências.

Comissão de ética

Os artigos devem trazer o número do protocolo da aprovação do Comitê

de Ética da Instituição de origem e declaração do preenchimento do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Contato

Revista Brasileira de Quiropraxia/Brazilian Journal of Chiropractic

Secretaria Geral: Rua Columbus, 82 - Vila Leopoldina.

CEP 05304-010, São Paulo, SP, Brasil.

E-mail: [email protected] - Tel.: +55(11)3641-7819

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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

Arlan W. Fuhr, DC, Co-Founder and Chief Executive Officer Activator Methods

International Ltd. President, National Institute of Chiropractic Research

A Chiropractic Revolution: The History of Instrument Adjusting

“Why did you develop an instrument to give a chiropractic adjustment?”

It’s a question that has been asked of Dr. Arlan Fuhr frequently in the 47

years since the Activator Method was first in development. The simple answer

is: after a day of patient adjustments, his body hurt too much. He had to find

another approach. The doctor had been adjusting a high volume of patients

using a thumb thrust generated by bringing the elbows together with quick

force. But after long days of using his thumb to make contact, and snapping his

elbows together, the wear and tear was taking its toll. In the morning, he would

soak his elbows in hot water to loosen up the joint ligaments, and at night he

would ice them by kneeling in front of the sink. Says Dr. Fuhr, “My dog was my

sole sympathizer. He would sit and watch me faithfully as I completed this daily

ritual.”

On one fateful evening, three years into his growing practice, he said, “no

more.” His elbow hurt more than usual, and he decided there had to be a more

effective way to administer the light force speed adjustment that had become

central to his practice. The search was now on for an object or instrument that

could provide the same speedy thrust at the end of the day just as it did at the

beginning. The first real success came quite by accident. “I was treating a local

dentist and relating to him how I was trying to find something to replace the

thrust I was giving with my thumbs and elbows,” remembers Dr. Fuhr. “After his

adjustment, he turned to me and said, ‘We may have just what you are looking

for.’”

The dentist described a surgical mallet that was used to split wisdom

teeth. He recommended that Dr. Fuhr take the scalpel out of the shank of the

mallet and replace it with something blunt. And that’s how the magic

happened. By replacing the scalpel with a brake shoe rivet and using a rubber

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tip from a doorstop, the first modern-day chiropractic adjusting instrument was

born.

It was not without its challenges. The surgical mallet, while effective for

short periods of time, was not engineered to sustain the volumes of patients Dr.

Fuhr was treating. It was clear that chiropractors needed an instrument –

designed specifically for them – that could withstand at least 1,000 thrusts a

day.

Several generations of Activator Adjusting Instruments later, that original

development process – and more importantly, the effort to continuously improve

– is ongoing today.

The first Activator Adjusting Instrument received a federal patent in 1976,

and the instrument has been used as the predicate device for all future FDA

registrations. Earning this patent was considered a pioneering event in

chiropractic, providing the basis for the development of later generations of

adjusting instruments. Another influential point in the history of the Activator was

the initiation of research to support its efficacy. At the beginning, there was no

formal research to underline the Activator’s effectiveness, other than clinical

experience using the instrument. In the mid-80s, Dr. Fuhr hired a PhD to

evaluate what the instrument actually accomplished. In those days, members of

the academic community were reluctant to get involved with chiropractic, but a

renegade from UCLA who had been exiled for challenging his department head

was attracted to the unique opportunity.

As it turned out, this PhD’s background did not really align with what Dr.

Fuhr and his team were trying to accomplish. His background was in

immunology and he was being asked to adapt to biomechanics. He was

naturally bright and because he was a hands-on researcher, he did the best he

could with the project. However, he readily admitted he was not the best fit, so

eventually a true biomechanical engineer was identified to help with the

analysis.

“That engineer taught me a valuable research lesson: You cannot force

an academic to do anything he or she is not naturally interested in to begin

with,” Dr. Fuhr remarks. “Fortunately, he was quite compelled by what we had

created, and led a decade’s worth of research on resonance frequency,

specifically how to align the frequency produced by the instrument with the

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natural frequency of the body.” In 1994, Dr. Fuhr patented another instrument

that had a special weight on the tip that caused it to resonate more closely with

the natural frequency of the body. He began to learn about the neurophysiology

of the body, and the more he discovered, the more he realized that additional

research was needed.

“I really appreciated that, through our research, we were getting tangible

answers about how far we moved a bone and what physiological effect the

instrument thrust had on the body,” says Dr. Fuhr.

The next improvement on the instrument came when an engineer and Dr.

Fuhr had the idea that something was needed to keep the clinician from

pushing too hard into the patient, which dampened the instrument’s thrust into

the patient. Dr. Fuhr and the engineer developed a pre-load frame on the

instrument that made it impossible to place an improper thrust into a patient.

This same pre-load assured that each thrust was the same, regardless of the

practitioner using the instrument.

Dr. Fuhr likens this reproducibility to companies like Starbucks and

McDonald’s. “You can travel to virtually any country and order a cup of coffee or

a cheeseburger that will look, taste and smell virtually the same as the one you

order at home,” comments Dr. Fuhr. “Of all my accomplishments, my proudest

is the fact that any patient receiving an Activator adjustment will receive the

same thrust, time after time, in every city in the world.”

Because Dr. Fuhr’s instrument development efforts ran parallel with his

research, his team commenced investigating instrument adjusting compared to

Diversified adjusting. He chose Diversified because of its widespread use and

the fact that it was the most heavily researched technique at the time.

“Our research yielded impressive findings, and we have numerous peer-

reviewed papers that demonstrate equivalency between the two techniques,”

says Dr. Fuhr. “Another interesting trend emerged from our research activities:

the appearance of multi-site testing. Projects have ranged from evaluating

techniques to relieve low back and neck pain to temporomandibular joint

disease.” In 1986, the National Institutes of Health awarded Dr. Fuhr their

Small Business Innovative Research Grant, the first funding ever given by NIH

to chiropractic. That was followed by the founding of the National Institute of

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Chiropractic Research, which 15 years helped raise $600,000 for preliminary

research on instrument adjusting.

“To demonstrate our progress,” comments Dr. Fuhr, “nearly that much

was granted to the profession in last year alone to fund research in instrument

adjusting.”

Throughout these decades of research and development, Dr. Fuhr came

to understand why his dear friend Dr. Joe Keating was always annoyed by the

saying “Chiropractic works.” “For years, we believed we didn’t need supporting

research because we just knew that chiropractic was effective,” opines Dr. Fuhr.

Clinicians hung their hats on that statement, but academics and others in

healthcare wanted proof of concept. Even today’s students require credible

evidence that something works – they are asking important questions like,

“What technique works best for what condition?”

Dr. Fuhr was so impassioned by what he discovered through those first

clinical trials that he committed to establishing a research base for the Activator

Method and the Activator Adjusting Instrument throughout his career. Today,

more than 100 peer-reviewed papers have been published on instrument

adjusting and specifically the Activator Method. This head start on research is

what has allowed instrument adjusting to become integrated into the curriculum

in chiropractic colleges and given Activator its position as the world’s most used

instrument adjusting technique. It has also differentiated the Activator Adjusting

Instrument in all its iterations as the only instrument on the market supported by

clinical trials.

Dr. Fuhr admits the journey has been rocky at times, rewarding at others.

“The most important thing is that chiropractic has staked its claim in the spine

care world, and I believe the research and development of the Activator has

played an influential role in establishing that position.”

At a recent dinner, a colleague told Dr. Fuhr that the general scientific

community and especially the medical community are becoming publicly

interested in manipulation. Says Dr. Fuhr, “My dream has always been to have

a substantive body of research to support instrument adjusting, empowering

spinal manipulation to become the treatment of choice, and to create the perfect

instrument to deliver that manipulation. All my dreams are coming true.”

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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

Dr. John Crescione, D.C. D.I.C.S.

S.O.T.’S Visceral Organ Adjusting

Originally called “Bloodless Surgery,” from old time Osteopathy, the

branch of Sacro Occipital Technique called Chiropractic Manipulative Reflex

Technique (CMRT), deals with the relationship between somatovisceral and

viscerosomatic reflexes and the relationship between the somatic and

autonomic nervous systems. Bloodless Surgery was historically used in

chiropractic as a term describing soft tissue treatment affecting an organ and its

related vertebral relationship.

Major Bertrand DeJarnette, DO, DC, founder and developer of Sacro

Occipital Technique, published a comprehensive book on the topic entitled,

“Technic and Practice of Bloodless Surgery” in 1939.

DeJarnette continued to teach, practice and refine bloodless surgery

through the 1940s and began to use more reflex applications and referred pain

indicators to affect organ symptomatology and function. By the 1960s,

DeJarnette modified Sacro Occipital Technique’s procedures so that they could

be done in a short period of time, unlike the old methodology which could take

up to 2 hours. DeJarnette changed the name of his method to Chiropractic

Manipulative Reflex Technique (CMRT).

Treatment involves location and analysis of an affected vertebra by SOT

Methods Occipital fiber muscular palpation. Once the vertebra and active reflex

arcs are located and identified, first the specific vertebra is treated and then the

related organ reflexes are treated through soft tissue and organ manipulation on

the front of the body. Nutritional support and diet change may also be needed.

Why and how CMRT Physiology works requires a book. This is a small

overview to explain some of the basic concepts and techniques. When new

practitioners do CMRT, many just put their hands on the places they have

learned and expect a miracle to happen. Many times it does, but more often it

doesn’t and it’s not CMRT’s fault. It’s usually the Drs’-then the patient’s.

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When looking at the work of CMRT, anatomy, neurology and physiology

have to be reexamined from a functional “Chiropractic eye” of understanding. A

few Points to consider when working on the front half of the body:

1) Skin and the Nervous system: both derive from ectoderm. That means the

same embryological origin which means there will be similar function. The

ectoderm splits into surface and neural ectoderm-skin and nervous tissue.

Within the skin, there are light touch and deep touch receptors which have

different spinal pathways.

A section of skin the size of a quarter contains:

a. 36 inches of blood vessels

b. 144 inches of nerves (4 yards)

c. 1300 nerve cells

d. 50 nerve endings

e. 100 sweat glands

f. Over 3 million cells

Receptors

Meissner’s corpuscles: light touch-anterior spinal thalamic tract which go into

the posterior columns-of the spinal cord and are concerned with pressure

touch, movement-vibration

Ruffini: heat and pressure-lateral spinal thalamic tract

Free Nerve ending: pain-lateral spinal thalamic tract

Pacinian Corpuscle: pressure-posterior columns

Krause End Bulb: cold- lateral spinal thalamic tract.

Merkel’s disc: pressure-posterior columns

2) Nerve Anatomy and Function-Pre and Post Ganglionic Nerves and

Corrective Technique

The Post Ganglionic Nerve runs from the spinal ganglion to the organ. In

the parasympathetic branch acetylcholine is the primary neurotransmitter. In

the sympathetic branch epinephrine and norepinephrine are the primary

neurotransmitters. Both neurotransmitters have a relaxing effect on visceral

tone.

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In the Post Ganglionic Corrective Technique, the practitioner is trying to

stimulate the Spinal Accessory and Vagus nerves to the reflex area of both

embryological origin reflexes and anatomical reflex areas through the

Sternocleidomastoids and Trapezius muscles. This will involve the

structures that leave the Jugular Foramen: Vagus, Spinal Accessory,

Glossopharyngeal and Sigmoid sinus (internal Jugular vein).

The Pre Ganglionic Nerve runs from the brain to the spinal ganglion.

All pre ganglionic fibers, in the sympathetic division or in the

parasympathetic, use acetylcholine as their neurotransmitter.

Acetylcholine acts to stimulate visceral tone through Vagal stimulation.

The Pre Ganglionic Corrective Technique involve rubbing and or

thumping the mid Sternum area while contacting Reflex area and it’s called

the “Motor Technique” due to it’s multiple stimulating effects and correlates

to the only neurotransmitter used in the motor division of the somatic

nervous system.

- Stimulates thymus/immune system response

- Thumping the Mid sternum is said to release Acetylcholine which is

produced in bone marrow as well as the more common sites of production

made in nerve tissue of Cns and Pns, especially at sites of IVF. It is

postulated that possible vibration into ribs to Tp’s to IVFs’ in the rib cage

stimulates nervous tissue and nerve response.

- Tapping stimulates Phrenic nerve (nerve to diaphragm) next to heart and

Vagus nerve stimulation as it passes in through Esophageal Hiatus.

3) Anatomical: All soft tissue corrections will involve stretching of fascia,

muscle, tendons and ligaments, even the ligaments that support the internal

visceral system. When correcting for a pseudo hiatus hernia, keep in mind

the involved anatomy that will be stretched and released (Phrenico-

Esophageal ligament, Gastro-Phrenic ligament, the Esophagus which

attaches to the cervical spine through the Diaphragm, and the Vagus nerve

goes through Thoracic Inlet through the hiatus as some examples).

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4) Chemistry Considerations: Post Ganglionic Nerve fibers are more sensory

in nature from spinal ganglion to organ. Epinephrine is secreted at synapse,

it is considered generally inhibitory to smooth muscle.

In a Post Ganglionic problem, the message leaves the organ but doesn’t get

to the brain.

A Pre Ganglionic Nerve problem is more of a motor function issue (a.k.a.

Motor Technique) from brain to ganglion. Acetylcholine is generally

considered an excitatory neurotransmitter for smooth muscle, which has its

receptor neurons found in visceral organ walls.

About 75% of all Parasympathetic fibers are found within the Vagus

nerves, the cranial nerves, especially 3,7,9, as well as the sacral plexus. In

a Pre Ganglionic problem, the message can’t get from Brain to Organ.

5) Adhesion Formation: Long standing irritation and inflammation, even on a

sub threshold level when caused by friction between two folds of

peritoneum rubbing results in adhesion formation, which causes more

inflammation to the surrounding tissue. This creates an immune system

response, which leads to tissue breakdown and scar tissue/adhesion

formation. Adhesions can be broken within itself; sometimes broken

completely, sometime stretched for more range of motion. Sometimes

surgery is the only option.

In summary, C.M.R.T. incorporates all the anatomy, physiology and

neurology from both a chiropractic and soft tissue manipulation

perspective in a total holistic package from a functional treatment plan

to harmonize the total human being from the back and the front of the

body.

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ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de efeitos adversos após ajuste quiroprático na coluna cervical

Prevalence of adverse events following chiropractic adjustment of the cervical spine

Alexandre ZimmerI, Ângela M. W. NoroII

I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade FEEVALE-Novo

Hamburgo-RS. Brasil.

II. Quiropraxista especialista e docente na Universidade FEEVALE.

E-mail do autor correspondente: [email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVES: OBJECTIVES: Identify the prevalence of adverse reactions associated with joint

manipulation after the first treatment session. METHODS: The data collection was performed by

completing a questionnaire of open and closed questions, answered by the patient. The sample

was composed for 30 people of both genders, age 18-70 who showed complaint of neck pain

and showed up for treatment at the clinic school of an University in the Vale dos Sinos.

RESULTS: The adverse effects reported were: pain / local discomfort (58.37%), headache

(33.33%), vertigo (16.66%), paresthesia (16.66%) and loss of strength (3%). Vision alteration,

difficulty to swallow and nausea were not reported. There was no necessary the use of medical

care and/or medication for the relief of the symptoms showed. CONCLUSION: Adverse effects

after the first chiropractic cervical manipulation are common, however, happens in a soft and

transient way, who demonstrate the articular manipulation therapy is safe in the parameter of

adverse reactions.

KEYWORDS: Spinal manipulation, adverse effects, neck pain, chiropractic.

RESUMO

OBJETIVOS: Identificar a prevalência de reações adversas associada à manipulação articular

após a primeira sessão de tratamento. MÉTODOS: A coleta de dados foi realizada com o

preenchimento de um questionário de perguntas abertas e fechadas respondido pelo paciente.

A amostra foi composta de 30 indivíduos de ambos os gêneros, com idades entre 18 a 70 que

apresentavam queixa de cervicalgia e se apresentaram para tratamento na clínica escola de

uma instituição de Ensino Superior do Vale dos Sinos. RESULTADOS: Os efeitos adversos

apresentados foram: dor/desconforto local (58,37%), cefaleia (33,33%), vertigem (16,66%),

parestesia (16,66%) e perda de força (3%). Alteração na visão, dificuldade na deglutição e

náusea não foram relatados. Não foi necessário atendimento médico ou ingestão de

medicação em decorrência dos sintomas apresentados. CONCLUSÕES: Efeitos adversos ao

ajuste quiroprático cervical são frequentes, contudo, ocorre de forma branda e transitória, o que

demonstra que a terapia de manipulação articular é segura no parâmetro reações adversas.

PALAVRAS-CHAVE: Manipulação espinhal, cervicalgia, efeitos adversos, quiropraxia.

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INTRODUÇÃO

A relação existente entre a

estrutura e a função no organismo

humano está muito clara quando se

trata da coluna vertebral. Com trinta

e três vértebras, diversos músculos

e ligamentos, a coluna é capaz de

sustentar a cabeça, os órgãos

internos, unir as extremidades

superiores e inferiores, permitir a

mobilidade e ainda proteger a

medula espinhal. Por realizar tantas

funções, ela é considerada

extremamente complexa1-3.

Por apresentar tal

complexidade, diversos

profissionais, cada qual com suas

habilidades, estão habilitados a

realizar diagnóstico, tratamento e

prevenção de doenças relacionadas

a este segmento corporal. Entre

estes incluem os médicos, em

diversas especializações,

fisioterapeutas, terapeutas

ocupacionais e os quiropraxistas4.

A cervicalgia é uma síndrome

caracterizada por dor e rigidez

transitória na região do pescoço.

Ocorre em 55% da população

adulta em alguma fase da vida,

tendo maior incidência no gênero

feminino. Estima-se que as queixas

na região cervical são superadas

apenas pelas da coluna lombar3,5,6.

A literatura biomédica

demonstra cientificamente que a

correção do posicionamento

articular promove o aumento da

mobilidade espinhal com

consequente aumento de atividade

nas fibras proprioceptivas

facetárias, inibindo a transmissão de

estímulos dolorosos7-10.

O exercício da Quiropraxia

adota um tratamento conservador

sem o uso de medicamentos e

procedimentos cirúrgicos e enfatiza

o poder de recuperação inerente ao

corpo para curar-se sem o uso de

medicamentos ou cirurgia11.

Segundo a Associação

Americana de Quiropraxia os

procedimentos específicos da

Quiropraxia incluem o ajuste

articular e a manipulação dos

tecidos moles adjacentes, sendo o

ajuste ou manipulação articular na

coluna vertebral seu diferencial

entre outras profissões12.

A referida manobra é

utilizada como forma de tratamento

para disfunções na coluna vertebral

e outras condições. Desconforto

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local, dor de cabeça, cansaço,

vertigem, náuseas e aumento da

temperatura na pele estão entre os

relatos mais comuns dos seus

efeitos adversos que, geralmente

são leves e passageiros13,14.

Relatos de complicações graves,

como acidente vascular cerebral,

síndrome da cauda equina e

agravamento de hérnia de disco,

são considerados raros e não

apresentaram objetivamente nexo

causal15. Um estudo de 1998

estimou que a cada 10 milhões de

manipulações na região superior da

coluna cervical ocorre lesão em 6,4

e na região lombar, uma em 100

milhões de manipulações16.

Em que pese à efetividade e

segurança do tratamento

quiroprático, estudos recentes

relacionaram o ajuste cervical a

riscos de complicações

neurológicas graves, e por esta

razão novas pesquisas têm

direcionado seus esforços para

quantificar o risco associado à

manipulação da coluna na

população em geral13.

Inseridos neste contexto o

presente estudo propôs investigar a

prevalência de reações adversas

imediatas à sessão de ajustes

quiropráticos em pacientes com

cervicalgia.

MÉTODOS

A pesquisa realizada pode

ser classificada como descritiva de

corte transversal. Os sujeitos foram

informados sobre o teor da pesquisa

e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Amostra

A amostra foi composta por

30 indivíduos, de ambos os

gêneros, entre 18 e setenta anos de

idade.

Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídos na amostra

os indivíduos que apresentavam

queixa de cervicalgia, e procuraram

os cuidados quiropráticos na Clínica

Escola de Quiropraxia no Centro

Universitário Feevale. Foram

excluídos aqueles que relataram

histórico de lesão cervical anterior,

os que não preencheram

corretamente o questionário

realizado e aqueles que não

retornaram aos atendimentos.

Procedimentos

Na primeira consulta além da

avaliação física e sinais vitais,

procedeu-se palpação muscular,

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 19 de 71

testes ortopédicos e de amplitude

de movimento ativo e passivo da

coluna cervical. Em seguida os

mesmos receberam ajuste

quiroprático nas subluxações

encontradas. Na consulta seguinte

os indivíduos preencheram um

questionário elaborado com

perguntas objetivas e subjetivas

capazes de avaliar possíveis

reações adversas ao tratamento

recebido.

Estatística

Foi realizada uma análise

descritiva de dados. A análise

comparativa foi realizada utilizando

o teste de Qui-Quadrado. O valor

de 5% (p<0,05) foi adotado como

limite para rejeição da hipótese de

nulidade.

RESULTADOS

Figura 1. Demonstrativo de reações adversas após a manipulação articular.

Figura 2 – Demonstrativo da prevalência de reações adversas.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 20 de 71

Figura 3 – Demonstrativo das reações adversas por gênero.

Figura 4 – Demonstrativo das reações adversas por faixa etária.

DISCUSSÃO

As formas de tratamento em

geral possuem algum risco de

causar dano ao paciente. Eles

podem ocorrer espontaneamente ou

como resultado do tratamento

quiroprático17-18. O risco destas

complicações pode variar dentro de

subgrupos de pacientes baseado na

sua apresentação clínica. O

principal foco para a prevenção de

complicações é o reconhecimento

dos bem conhecidos e

estabelecidos indicadores

denominados “bandeira vermelha”,

que podem requerer planejamentos

cuidadosos, mudanças no plano de

tratamento ou outras ações

apropriadas, como tratamento de

emergência ou encaminhamento a

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 21 de 71

outro profissional da área da saúde.

Ao ignorar as chamadas “bandeiras

vermelhas”, aumenta-se o risco de

causar dano ao paciente19.

Num universo de 30

indivíduos com queixa de

cervicalgia, doze (40%) apresentou

algum tipo de reação adversa ao

ajuste quiroprático cervical. Este

resultado supera ao encontrado em

200520, em que 30% dos

participantes apresentaram reações

adversas após a primeira semana

de tratamento, e mostrou-se inferior

aos achados de 1996, 2005 e

200821-23, que demonstraram

respectivamente 55%, 55,55% e

56%.

Corroborando com os

achados de 1996 e 2005 (figura 2),

as queixas mais comuns

apresentadas foram de dor ou

desconforto local, apresentados por

sete indivíduos (58,37%). Estes

achados podem ser atribuídos a

processos álgicos e inflamatórios

previamente instalados, que foram

temporariamente exacerbados pela

manipulação vertebral cervical e

consequente ativação de

nociceptores locais.

A cefaleia esteve presente

em 33,33% (N=4) e demais queixas

de menor prevalência como

parestesia e vertigem (N=2), ambos

com 16,66%, observou-se ainda um

relato de perda de força nos

membros superiores 3% (N=1).

Deve-se ressaltar que, apesar de

vertigem ser um sintoma frequente

nos processos patológicos mais

graves17, a região cervical alta

possui elevado número de

terminações proprioceptivas

localizadas em sua musculatura que

estão associadas a reflexos de

equilíbrio do Sistema Nervoso

Central24. Desta forma, pode o

ajuste na região ocasionar episódios

transitórios de vertigem,

especialmente em pacientes nunca

antes submetidos a este tipo de

tratamento. Náusea, dificuldade na

deglutição ou alteração na visão

não foram relatados durante a

pesquisa.

A amostra contou com 22

mulheres (73,33%), oito delas

(36,36%) e quatro homens (50%)

relataram reação adversa (figura 3).

Desta forma, 36,36% da amostra

feminina e 50% da amostra

masculina apresentaram reações

adversas. Pode-se atribuir este

dado ao fato de que o limiar

fisiológico de dor é

significativamente mais baixo no

gênero feminino25. Mesmo assim,

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os achados estão em desacordo

com a pesquisa de 199621, que

indica uma maior predisposição

feminina aos efeitos adversos após

o ajuste quiroprático cervical.

Sugere-se uma amostra maior em

ambos os gêneros para permitir

uma comparação mais fidedigna

com pesquisas de maior escala.

Na relação entre reação

adversa e faixa etária (figura 4) dos

pacientes com menos de 40 anos

(N=17), apenas cinco (29,41%)

apresentaram algum tipo de reação

adversa, enquanto que nos acima

desta faixa etária (N=13), sete

(53,84%). Processos degenerativos

como desgaste nas facetas e

estenose de canal medular são

mais prevalentes na população

acima de quarenta anos de idade24

e podem influenciar no processo de

recuperação do paciente. Outro

fator que pode influenciar na

ocorrência de reações adversas é o

tempo pregresso de determinada

queixa23. Desta forma, verificou-se

durante esta pesquisa que

indivíduos com problemas cervicais

há mais de dois anos apresentaram

26% de reações adversas,

enquanto que indivíduos com

menos de dois anos de queixa

apresentaram 13% de reações. Isto

pode estar relacionado a fatores

biomecânicos, que, se alterados em

longo prazo, podem influenciar no

aparecimento de reações adversas

e nos resultados do tratamento

quiroprático. Hipomobilidade

articular e padrões aberrantes de

propriocepção podem dar início a

diversas doenças e síndromes de

dor relacionadas à coluna19. Um dos

principais focos do tratamento

quiroprático é restabelecer o padrão

biomecânico normal do paciente26

e, apesar dos efeitos adversos

encontrados, estudos comparativos

já demonstraram a eficácia e

preferência pelo tratamento

quiroprático em pacientes crônicos

em comparação com outras

modalidades de tratamento que

também apresentam efeitos

adversos27. Não houve relato de

necessidade de medicamento ou

atendimento médico após a sessão

de Quiropraxia, o que sugere que os

efeitos adversos foram transitórios,

de intensidade leve ou moderada e

de forma transitória como sugerem

os estudos 200418.

CONCLUSÃO

A terapia de manipulação

articular quiroprática mostrou-se

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segura no parâmetro reações

adversas.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

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ARTIGO ORIGINAL

Eficácia do tratamento quiroprático na redução álgica na coluna vertebral em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Effectiveness of chiropractic care in reducing algic spine in patients undergoing bariatric surgery

Kely Ana MatteiI, Fábio Dal BelloII

I. Quiropraxista BC. Instituto de Ciências da Saúde FEEVALE-Novo

Hamburgo-RS. Brasil.

II. Quiropraxista DC.

E-mail do autor correspondente: [email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVES: The proposal of this assignment was to verify the reduction of algic complaint

recurrent due the big loss of weight in the post-operative of the Bariatric Surgery, by the

chiropractic treatment, besides checking the presence of spine pain, how long after the surgery

the complaints started and relate them to the big loss of weight. METHODS: It was used two

different groups, one was the control group and the other experimental, where the experimental

group received the treatment in eight appointments while the control group only made itself

present in two visits, they not received chiropractic treatment and it was serving as a

comparative parameter between the two groups. It was used a visual measure of the pain to

evaluate the decrease of the patients symptomatology and a questionnaire containing

information of the collaborators. RESULTS: The research demonstrated significant

improvement in the reduction of the spine pain in the patients of the experimental group

(p=0.002). CONCLUSION: The therapy joint manipulation showed effective in the reducing of

the algic box.

KEYWORDS: Spinal manipulation, chiropractic, neurology, pain.

RESUMO

OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho foi verificar a redução dessas queixas álgicas

decorrentes da grande perda de peso no pós-operatório tardio da Cirurgia Bariátrica, através

do tratamento quiroprático, além de verificar a presença de algias na coluna, quanto tempo

após a cirurgia iniciou as queixas e relacioná-las com a grandiosa perda de peso. MÉTODOS:

Foram utilizados dois grupos distintos, sendo um grupo controle e um experimental, onde o

grupo experimental recebeu o tratamento em oito consultas enquanto o grupo controle apenas

se fez presente em duas visitas, não recebendo o tratamento quiroprático e servindo de

parâmetro comparativo entre os dois grupos. Foi utilizada uma escala visual de dor para avaliar

a diminuição da sintomatologia dos pacientes e um questionário contendo informações sobre

os colaboradores. RESULTADOS: A pesquisa demonstrou melhora significativa na redução

álgica da coluna vertebral nos sujeitos do grupo experimental (p=0,002). CONCLUSÃO: A

terapia de manipulação articular mostrou-se eficaz na redução do quadro álgico.

PALAVRAS-CHAVE: Manipulação espinhal, Quiropraxia, neurologia, dor.

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INTRODUÇÃO

A obesidade é um problema

crônico grave, cuja incidência tem

aumentado a níveis alarmantes,

principalmente no mundo ocidental1.

Ainda que sua exata patogenia

esteja sob investigação, é sabido

que a mesma está associada a

inúmeras comorbidades2. A

Organização Mundial de Saúde

(OMS) classifica a obesidade

baseando-se no Índice de Massa

Corporal (IMC), assim, considera-se

obesidade quando o IMC encontra-

se acima de 30 kg/m2. Quanto à

gravidade, os níveis são grau I

quando o IMC situa-se entre 30 e

34,9 kg/m2, grau II entre 35 e 39,9

kg/m2 e, por fim, quando o IMC

ultrapassa 40kg/m2, obesidade grau

III3.

Os dados mundiais revelam

uma proporção crescente de

crianças e adultos com sobrepeso

ou realmente obesos. A prevalência

varia de acordo com a idade,

gênero, etnia e classes

socioeconômicas.

Aproximadamente 50% da

população adulta nos Estados

Unidos, Canadá e alguns países da

Europa Ocidental apresentam um

IMC de 25 kg/m2 ou mais. A

prevalência é ligeiramente inferior

em outros países da comunidade

Europeia, mas não corresponde a

um valor significativamente mais

baixo4. No Brasil dados de 2003

revelam que nos últimos 15 anos,

houve um aumento crescente de

obesos. Estima-se que

aproximadamente 32% dos

indivíduos adultos apresentem

algum grau de sobrepeso, destes,

8% apresentam obesidade2,5.

Tendo em vista a ineficácia

dos tratamentos dietéticos e a

resposta limitada aos tratamentos

medicamentosos, têm-se procurado

alternativas para auxiliar pacientes

obesos mórbidos a reduzir o

excesso de peso e evitar as

comorbidades associadas. Para

tanto, a cirurgia bariátrica tem-se

mostrado uma excelente opção2. Os

procedimentos cirúrgicos utilizados

nos dias de hoje são baseados em

técnicas desenvolvidas pelos

cirurgiões bariátricos pioneiros, que

iniciaram essa atividade há mais de

cinquenta anos6. No entanto, com

base nos dados estatísticos dos

pacientes operados e atentos para

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eventuais erros antes ocorridos,

inúmeros cirurgiões avançam em

busca de métodos mais modernos,

para tornar o procedimento mais

atualizado e efetivo7. Entre os tipos

de cirurgias destacam-se duas: a

bypass intestinal jejuno-ileal,

resultando na diminuição da área

absortiva do trato gastrointestinal8 e

a banda gástrica cuja proposta é

diminuir o compartimento estomacal

com a utilização de uma banda

gástrica de silicone que pode ser

regulada por um portal à distância9.

Estes procedimentos reduzem o

tamanho do estômago, fazendo com

que o indivíduo ingira menor

quantidade de alimento para saciar

seu apetite, resultando como

consequência a redução substancial

do peso corporal, em um curto

período de tempo10.

Após a perda de peso o

indivíduo inicia um processo de

retorno rápido de reestruturação

postural, porém sua estrutura

musculoesquelética, já sofrida pelo

período de sobrepeso, não

acompanha essa evolução por

apresentar sinais de

comprometimentos causados

anteriormente e, em muitas vezes,

irreversíveis. Assim, as algias

começam a se fazer presentes

principalmente nas regiões de maior

necessidade de suporte e maior

capacidade de sustentação: o

dorso, a pelve e os membros

inferiores11.

Tendo em vista as

alterações, sejam sistêmicas

viscerais ou musculoesqueléticas,

presentes no indivíduo submetido à

cirurgia bariátrica, este deverá ter

um acompanhamento profissional

adequado, incluindo nutricionistas,

psicólogos, o médico que prestou a

atividade cirúrgica, quiropraxistas e

outras especialidades, em que cada

profissional realiza as análises

pertinentes a sua especialidade12.

Um dos principais focos do

tratamento quiroprático é

restabelecer o padrão biomecânico

normal ao paciente13. Estudos

comparativos demonstraram a

eficácia e preferência pelo

tratamento quiroprático em

pacientes crônicos em comparação

com outras modalidades de

tratamento14. Além do aumento da

mobilidade espinhal a correção do

posicionamento articular aumenta a

atividade nas fibras proprioceptivas

facetárias inibindo a transmissão de

estímulos nervosos15,16.

A proposta desta pesquisa é

investigar se o tratamento

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quiroprático é eficaz na redução da

sintomatologia álgica na coluna

vertebral, evidenciada tardiamente,

pela readequação biomecânica e

estrutural após a perda excessiva

de peso, em pacientes submetidos

à cirurgia bariátrica.

MÉTODOS

O estudo caracteriza-se

como quase experimental, seus

participantes fizeram parte do grupo

controle e análise com teste e

reteste após tratamento. O projeto

foi submetido ao Comitê de Ética

em Pesquisa e obteve o protocolo

de aprovação número

4000.307.867. Os sujeitos foram

informados sobre o teor da pesquisa

e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Amostra

A população foi composta por

14 voluntários, entre 27 e 60 anos

de idade, que passaram pelo

procedimento de cirurgia bariátrica e

apresentavam queixa álgica na

coluna vertebral em função da

redução de peso. Os sujeitos foram

divididos em dois grupos de sete,

sendo um grupo experimental, em

que foi realizado o tratamento

quiroprático, e um grupo controle,

que forneceu apenas os dados

solicitados com a finalidade de

comparar a eficácia do tratamento.

Foram realizados oito atendimentos,

no período de um mês, duas vezes

por semana, utilizando a técnica

diversificada na clínica Quirosaúde,

na cidade de Caxias do sul.

Critérios de inclusão

Foram incluídos na amostra

voluntários que apresentavam

queixa álgica na coluna vertebral no

período pós-operatório tardio de

cirurgia bariátrica, que realizaram o

procedimento cirúrgico em um

período mínimo de seis meses e

máximo de dois anos.

Procedimentos

No grupo experimental foi

realizada a avaliação física que

seguiu os procedimentos do

prontuário de atendimento e

procedimento quiroprático da clínica

escola. Em seguida foi preenchido

um questionário elaborado pela

pesquisadora com informações

sobre o quadro álgico dos

participantes, escala visual

analógica de dor (EVA) e demais

dados para o enquadramento do

estudo. O teste da EVA foi

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reaplicado na quarta e última

consulta. O grupo controle

preencheu o questionário e a EVA

na primeira e última consulta.

Estatística

De acordo com a natureza

das variáveis os dados foram

analisados pela frequência absoluta

e relativa e aplicado o teste

paramétrico “t” de Student para

verificar a ocorrência de diferenças

significativas nos níveis de dor. O

valor de 5% (p<0,05) foi adotado

como limite para rejeição da

hipótese de nulidade.

RESULTADOS

Os pacientes de número um a sete fizeram parte do grupo controle e os de oito

a quatorze do grupo experimental.

Tabela 1 – Dados pessoais do grupo controle.

Tabela 2 – Dados pessoais do grupo Experimental.

Pacientes Sexo Idade Meses Pós-Cirurgia

Tipo de Procedimento

*

Peso pré – cirúrgico

(Kg)

Peso Atual

P8 F 27 6 A 104 76

P9 F 47 7 B 87 67,6

P10 M 33 15 A 180 114

P11 F 47 12 A 113 72

P12 M 54 13 A 155 115

P13 F 33 14 A 99,4 58

P14 F 48 12 B 97 62

* A – Bypass Gástrico B – Banda Gástrica

Tabela 3 – Período do aparecimento das algias vertebrais após a cirurgia bariátrica.

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Grupo Controle Tempo (meses) Grupo Experimental Tempo (meses)

P1 5 P8 6

P2 6 P9 5

P3 5 P10 3

P4 3 P11 8

P5 5 P12 6

P6 6 P13 12

P7 6 P14 1

Gráfico 1 - Localização das queixas álgicas na coluna vertebral.

Gráfico 2 – Mensuração da dor pela EVA no grupo controle.

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Gráfico 3 – Mensuração da dor pela EVA no grupo experimental.

DISCUSSÃO

Após o levantamento do

referencial teórico não foram

encontrados artigos científicos

relacionados à atuação do

quiropraxista com a população ora

estudada. As tabelas 1 e 2

demonstram a prevalência do

gênero feminino em ambos os

grupos 78,57% o que corrobora com

achados na literatura de que a

obesidade é mais frequente entre as

mulheres2, todavia a patogenia

continua desconhecida4. O período

pós-cirúrgico, obteve uma média

geral de 10,21 meses, obedecendo

a um dos critérios de inclusão na

pesquisa. O tipo de procedimento

cirúrgico A (Bypass Gástrico)

prevaleceu em 85,71% dos

participantes. A média geral de

perda de peso foi de 36,55 quilos,

sendo que a perda mínima foi de

19,4 e a máxima de 66,

concordando com estudo de 2006

que afirma que a perda de peso

chega à média 40% do peso

corporal nos primeiros quatro meses

após a cirurgia bariátrica11.

Observou-se após a

aplicação do questionário que a

totalidade dos participantes

apresentava queixas álgicas na

coluna vertebral. No grupo controle,

57% relacionaram o aparecimento

da dor com a perda de peso,

Page 35: Revista Brasileira de Quiropraxia 2014

ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 32 de 71

enquanto 43% não fizeram a

mesma relação. No grupo

experimental, 28% relacionaram as

queixas com a perda de peso e 72%

não relacionaram. O Ex-obeso

apresenta dor e desconforto ao

caminhar, sentar e ficar em pé por

permanecer na mesma posição por

tempo prolongado11.

Ao analisar a tabela 3,

verifica-se o tempo em meses após

a cirurgia bariátrica em que

iniciaram as queixas álgicas. O

grupo controle obteve uma média

de 5,1 meses de início das queixas

de dor no pós-operatório, já no

grupo experimental, a média foi 5,8.

Devido à grandiosa perda de peso

em um curto período, promove o

desencadeamento de algias no

sistema musculoesquelético onde a

prevalência do aparecimento

dessas queixas é de 70% após seis

meses da redução gástrica1.

O gráfico 1 demonstra a

variação da localização das algias

vertebrais sendo a região lombar a

mais frequente em ambos os

grupos, o que concorda com os

achados de 1996 que afirma que, os

indivíduos com excesso de peso

apresentam maior risco de

desenvolverem doenças na coluna

vertebral, principalmente na região

lombar e membros inferiores17.

Os gráficos 2 e 3 apontam as

diferenças álgicas entre os grupos.

O grupo controle, não apresentou

alterações significativas nos níveis

de dor durante o período da

pesquisa, em compensação, o

grupo experimental exibiu redução

álgica estatisticamente significativa

(p= 0,002), o que evidencia mais

uma vez que o tratamento

quiroprático com ajuste articular

promove a redução álgica18.

Considerou-se fatores

limitantes dessa pesquisa os

hábitos dos pacientes, a ocupação

profissional, o período pós-cirúrgico,

a pequena amostra, o pouco tempo

disponibilizado à coleta de dados e

a pequena quantidade de literatura

relacionada com o objetivo da

pesquisa.

CONCLUSÕES

A Quiropraxia mostrou-se

eficaz na redução do quadro álgico

na coluna vertebral.

Sugere-se a realização de

novos estudos com amostra e

período de tempo pós-operatório

maior, com ênfase em algias

localizadas nas extremidades

inferiores.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 33 de 71

Tendo em vista os resultados

obtidos, propõe-se a inserção da

quiropraxia no acompanhamento

profissional adequado no período

pós-operatório de cirurgia bariátrica.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

REFERÊNCIAS

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 34 de 71

ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de algias musculoesqueléticas em gestantes no segundo e terceiro trimestre de gravidez Prevalence of musculoskeletal pains in pregnant women in the second and third trimester of pregnancy

Gabriela Thomé FerreiraI, Nara Isabel GehlenII

I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade FEEVALE. Rio Grande do Sul. Brasil II. Educadora Física. Especialista e docente na Universidade FEEVALE. E-mail do autor correspondente: [email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVES: To identify and characterize the prevalence of musculoskeletal pains in

pregnant in the second and in the third trimester of the pregnancy. METHODS: Cross sectional

descriptive research, made by 39 pregnant aged 18 to 43 years, held between March to May, in

a practice at a city on Serra Gaucha. The participants completed a questionnaire with open and

closed questions and received illustrative instructions about caring for the spine during the

pregnancy and postpartum aiming to avoid and relieve symptoms very characteristic in this

phase. It was calculated: the average, standard deviation, relative frequency and absolute of the

studied variables. For the associations between them was used the chi square test. The value

of 5% (p <0.05) was adopted as the limit for rejection of the nullity hypothesis. RESULTS: Of

the 30 - 13 pregnant (43.33%) pointed the lumbar region as source causes of musculoskeletal

pain and two groups of four (13.33%) in the lower limps and dorsal region. In relation of the

frequency of the pain symptoms 14 pregnant (46.7%) reported feeling them three or more times

during the week. The pain was more perceptible for 11 of them at night (36.7%). Showed some

symptoms of pain only during pregnancy 76.6%. CONCLUSION: The findings of this research

are consonance with the international biomedical literature.

KEYWORDS: Pregnant women, prevalence, musculoskeletal pain, postural changes.

RESUMO

OBJETIVOS: Identificar e caracterizar a prevalência de algias musculoesqueléticas em

gestantes no segundo e terceiro trimestre de gravidez. MÉTODOS: Pesquisa descritiva de

corte transversal, composta por 39 gestantes com idades entre 18 e 43 anos, realizada entre

os meses de marco a maio, em consultórios médicos de uma cidade da serra gaúcha. As

participantes preencheram um questionário com perguntas abertas e fechadas e receberam

instruções ilustrativas sobre cuidados com a coluna vertebral no período gestacional e pós-

parto visando evitar e aliviar sintomas característicos dessa fase. Foram calculadas: a média,

desvio padrão, frequência relativa e absoluta das variáveis estudadas. Para as associações

entre elas utilizou-se o teste qui quadrado. O valor de 5% (p<0,05) foi adotado como limite para

rejeição da hipótese de nulidade. RESULTADOS: Das 30 gestantes 13 (43,33%) apontaram a

região lombar como fonte causadora de dor musculoesquelética e dois grupos de quatro

(13,33%) nos membros inferiores e região dorsal. Em relação à frequência dos sintomas

álgicos 14 gestantes (46,7%) relataram senti-las três vezes ou mais durante a semana. No

período noturno a dor foi mais perceptível para 11 delas (36,7%). Apresentaram algum sintoma

de dor somente na gestação 76,6%. CONCLUSÃO: Os achados desta pesquisa estão em

consonância com os da literatura biomédica internacional.

PALAVRAS-CHAVES: Gestantes, prevalência, dor musculoesquelética, alterações posturais.

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INTRODUÇÃO

A gravidez é um período em

que ocorrem modificações

evidentes na fisiologia da mulher1

dentre elas estão: alterações

hormonais, corporais, cardiológicas,

pulmonares, edema e aumento de

peso. Essas alterações, juntamente

com o estresse da gestação, são

capazes de ocasionar distúrbios

mecânicos no tecido conjuntivo das

articulações e ligamentos,

promovendo o aumento da

mobilidade articular e elevando o

risco de lesão ligamentar1,2.

Os desconfortos

gestacionais ocorrem com mais

frequência e intensidade, na região

baixa do abdômen e se manifestam

como repuxos ou sensação de peso

na região sacroilíaca e pelve3. As

alterações musculoesqueléticas, em

geral, decorrem de adaptações

posturais. As queixas na região do

tronco, pernas e pés, além de

alterar o equilíbrio, podem induzir o

mau posicionamento dos pés, dores

na coluna e nos membros inferiores,

gerar variações na marcha e, até

mesmo impotência na realização de

certos movimentos2.

Há estudos epidemiológicos

que sugerem que a cada dez

mulheres, oito poderão apresentar

dor na coluna vertebral e pelve em

algum período da gestação,

influenciando na qualidade do sono,

disposição física, desempenho no

trabalho, vida social, tarefas

domésticas e lazer4. O mesmo autor

afirma que mulheres que já

mencionavam dores antes da

gestação apresentam risco duas

vezes maior de deparar-se com

estes sintomas durante o período

gestacional, podendo essa dor ser

mais intensa do que naquelas

mulheres que não relatavam história

pregressa4.

Entre as queixas álgicas da

coluna, a mais frequente é a

lombalgia podendo persistir no

período puerperal e permanecer

interferindo no dia-a-dia e, por

conseguinte, na qualidade de

vida5,6.

A quiropraxia tem um papel

crucial na saúde da mulher durante

a gestação e também para o recém-

nascido7. O tratamento é

considerado uma maneira segura e

eficaz de amenizar os sintomas

musculoesqueléticos comuns nessa

fase da vida8. Os ajustes articulares

são seguros e não causam danos

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 36 de 71

ao bebê9. Os cuidados específicos

durante a gravidez atuam com o

reforço da atividade do sistema

nervoso, contribuem na saúde da

mãe, da criança e no equilíbrio da

pelve da gestante, proporcionando

uma passagem segura ao bebê na

hora do parto10.

Pelas razões expostas

optou-se por desenvolver um estudo

para identificar e caracterizar a

prevalência de algias

musculoesqueléticas em gestantes

do segundo e terceiro trimestre.

MÉTODOS

O presente estudo

caracterizou-se como pesquisa

descritiva de corte transversal. Após

avaliação da banca examinadora do

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

na universidade Feevale, recebeu o

protocolo de aprovação de número

4.00.03.09.1567.

Amostra

Os dados obtidos no

presente estudo foram coletados

utilizando questionários

respondidos pelas participantes em

três consultórios médicos

particulares onde realizavam o pré-

natal. A amostra foi por

conveniência do tipo não

probabilístico, composta por 39

gestantes com idade entre 18 e 43

anos, sendo primigesta,

secundigesta, multigesta ou

geminigesta do segundo e terceiro

trimestre. .

Critérios de exclusão

Foram excluídas deste

estudo as gestantes que não se

enquadravam no período do

segundo e terceiro trimestre ou que

de acordo com a avaliação do

obstetra atravessavam gravidez de

alto risco, as que já sofreram

abortos e aquelas que não se

dispuseram a assinar o TCLE.

Procedimentos

Após consentimento do

CEP, foram contatados três

consultórios médicos da cidade para

viabilizar o desenvolvimento da

pesquisa. Os tais consultórios foram

utilizados para o preenchimento do

questionário. As gestantes

receberam explicações ilustrativas

sobre cuidados com a coluna

vertebral no período gestacional e

pós-parto para evitar e aliviar os

sintomas próprios do período

gestacional.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 37 de 71

Ao término da pesquisa os

resultados foram disponibilizados

para as participantes, obstetras

envolvidos, à comunidade científica

e demais interessados.

Estatística

De acordo com a natureza

das variáveis os dados foram

processados e submetidos à análise

descritiva. Foram calculadas: a

média, desvio padrão, frequência

relativa e absoluta das variáveis

estudadas. Para as associações

entre elas utilizou-se o teste qui

quadrado. O valor de 5% (p<0,05)

foi adotado como limite para

rejeição da hipótese de nulidade.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 39 gestantes com idade entre 18 e 43 anos

com uma média de 28,82 anos sendo que 23 destas (59%) encontravam-se no

segundo trimestre de gestação e 16 no terceiro (41%). Em relação ao número

de gestações das participantes, 24 eram primigestas (61,5%) e 15 multigestas

(38,5%). Apenas nove participantes (23,1%) praticavam atividade física

regularmente e 30 delas (76,9%) referiram algia musculoesquelética.

Tabela 1 - Algias musculoesqueléticas em gestantes do segundo e terceiro trimestre (n=30)

Região freq. %

Púbis 2 6,68%

Ciático 1 3,33%

Cervical 3 10%

Dorsal 4 13,33%

Costelas 3 10%

Lombar 13 43,33%

Quadril 0 0,00%

Membros superiores 0 0,00%

Membros inferiores 4 13,33%

Total 30 100,00%

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 38 de 71

Tabela 2 - Frequência semanal (n=30)

Freq. %

Uma vez ao dia 6 20%

Uma vez por semana 3 10%

Duas vezes por dia 4 13,3%

Duas vezes por semana 3 10%

Três vezes ou mais 14 46,7%

Total 30 100%

Tabela 3 - Parte do dia (n=30)

Freq. %

Manhã 1 3,3%

Tarde 8 26,7%

Noite 11 36,7%

Dia inteiro 10 33,3%

Total 30 100%

Tabela 4 - Algias musculoesqueléticas antes e durante a gestação (n=39)

Dor Freq. %

Durante sim 30 76,9%

não 9 23,1%

Antes sim 8 20,5%

não 31 79,5%

DISCUSSÃO

Para revisão das referências

foram utilizadas as bases de dados

da Literatura Latino-Americana e do

Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS), consultada pelo site da

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),

da Biblioteca Regional de Medicina

(BIREME), Literatura Internacional

em Ciências da Saúde (MEDLINE),

acessada por meio do PUBMED,

um serviço da Biblioteca Nacional

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 39 de 71

de Medicina (National Library of

Medicine) dos Estados Unidos.

Das 30 gestantes que

referiram algias

musculoesqueléticas 13 (43,33%)

apontaram a região lombar como

fonte causadora e dois grupos de

quatro (13,33%) nos membros

inferiores e região dorsal (tabela 1).

Estes dados se aproximam dos

encontrados em outros estudos

como um de 2002 que afirma que

50% das gestantes apresentam dor

na região lombar em algum

momento da gestação10. Segundo o

mesmo autor em 40% dos casos a

dor continua após o parto.

Corroborando com esses achados,

um estudo de 2006 relata que 70%

das gestantes referem lombalgia

sendo que 20% destas continuam

com estes sintomas após o parto.

Em relação à intensidade

sintomatológica dois estudos

apontam que um terço das

gestantes relatou dor intensa10,11.

Um estudo realizado com

203 gestantes, na cidade de

Paulínia-SP, em 2005, demonstrou

que 162 participantes (79,8%)

referiram dor em alguma parte da

coluna vertebral sendo a região

lombar relatada por 130

participantes (80,0%), seguida pela

região sacroilíaca 79 (49,1%) e

torácica 59 (36,7%)4.

Em relação à frequência dos

sintomas álgicos, na pesquisa atual,

14 gestantes (46,7%) relataram

senti-las três vezes ou mais durante

a semana (tabela 2). No quesito

período, o noturno foi o mais

perceptível para 11 delas (36,7%)

(tabela 3). Os achados do presente

estudo assemelham-se aos

encontrados em 2001 no que

concerne ao período do dia que as

dores ocorrem12 e discordam dos

achados de 2004, realizado na

maternidade Dona Íris, da cidade de

Goiânia-GO, que afirma que em

40,4% dos casos de dor lombar

ocorrem no período vespertino,

seguido pelo período da noite em

30,8%, e pela manhã em 26,9% das

participantes. Somente a dor lombar

foi considerada mais frequente a

noite, perceptível diariamente em

36,5% dos casos, semanalmente

em 46,2%, quinzenalmente em

5,8% e rara em 11,5%, das

gestantes13.

Na questão algias

musculoesqueléticas antes e

durante a gestação, 76,6%

apresentaram algum sintoma álgico

de origem musculoesquelética

durante a gestação e 20,5%

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 40 de 71

relataram ocorrência do mesmo

sintoma antes de engravidarem

(tabela 4). Estes dados não foram

estatisticamente significativos na

associação entre mulheres com

algias musculoesquelética antes e

durante a gravidez (p=0,243). Os

achados atuais corroboram com os

obtidos em 2005 na associação

entre dor antes da gestação e após

gravidez com aumento gradual de

intensidade no decorrer da

gestação4,5. O que é contestado por

outro achado que afirma que a dor

antes da gestação não está

relacionada com o surgimento e ou

piora dos sintomas durante a

gravidez14.

CONCLUSÕES Os achados desta pesquisa

estão em consonância com os na

literatura biomédica internacional.

As alterações posturais

adquiridas durante a gestação

influenciam diretamente nas dores

musculoesqueléticas.

Os cuidados quiropráticos

específicos são eficazes para

auxiliar a gestante no parto

puerpério, seja atenuando o quadro

sintomatológico ou prevenindo

complicações.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 42 de 71

ARTIGO ORIGINAL

Alterações na temperatura cutânea na região lombar pré e pós-ajuste

quiroprático: Análise termográfica

Temperature Changes at Skin Lumbar Spine Pre and Post Chiropractic

Adjustment: Thermography (Infrared Camera) Analysis

Rodrigo Ludwig TagliariI, Milton Antonio ZaroII e Rudnei PalhanoIII

I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade FEEVALE. Rio

Grande do Sul. Brasil.

II. Pós PhD em Engenharia. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

III. PhD em Engenharia. UFSC.

E-mail do autor correspondente:[email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVE: To check using the infrared thermography if the skin has a temperature reduction

in the lumbar region induced by chiropractic adjustment. METHODS: Research with 22 men

with complaints of low back pain. They were splitted into two groups: (a) the intervention group

consisted of 14 individuals who received lumbar spinal manipulation between the thermography

analysis and (b) the control group with eight individuals was submitted to the thermography

analysis. The comparative analysis of the results was performed using graphs and the

Kolmogorov-Smirnov and T-Student tests. RESULTS: The data presented in the control group

proved an average decrease in the lumbar temperature of (0.6°C), and that the temperature

average pre interval of 20 minutes was 30.5°C and the post temperature of 29.9ºC. The

temperature average value of the pre chiropractic adjust was 30.7ºC and the post was 30.1°C.

The statistic comparison values showed a significant difference between the average (p=0.009).

CONCLUSIONS: The articular therapy adjustment proved effective, presenting a significant

decrease of temperature in the lower back of the individuals at the intervention group when

compared to the control group. The thermography proved itself important in the analysis of the

results.

KEYWORDS: Chiropractic, inflammation, thermography, chiropractic manipulation.

RESUMO

OBJETIVO: Verificar utilizando a termografia infravermelha se há redução na temperatura

superficial cutânea na região lombar induzida por ajuste quiroprático. MÉTODOS: Estudo com

22 sujeitos do gênero masculino com queixas de lombalgia. Os mesmos foram divididos em

dois grupos: (a) grupo da intervenção, composto por 14 indivíduos que receberam manipulação

vertebral lombar entre as análises termográficas e (b) grupo controle, com oito indivíduos,

submetidos apenas às análises termográficas. A análise comparativa dos resultados foi

realizada utilizando gráficos e os testes de Kolmogorov-Smirnov e T de Student.

RESULTADOS: Os dados apresentados no grupo controle demonstraram diminuição média na

temperatura lombar de (0,6°C), sendo que a média da temperatura pré intervalo de 20 minutos

foi de 30,5°C e a pós de 29,9°C. O valor médio da temperatura pré-ajuste quiroprático foi de

30,7°C e pós-ajuste foi de 30,1°C. A comparação estatística apresentou diferença significativa

entre as médias (p=0,009). CONCLUSÕES: A terapia de ajuste articular mostrou-se efetiva,

apresentando diminuição significativa na temperatura cutânea na região lombar nos sujeitos do

grupo de intervenção quando comparados ao grupo controle. A termografia se mostrou

importante na análise dos resultados.

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PALAVRAS-CHAVE: Quiropraxia, inflamação, termografia, manipulação quiroprática.

INTRODUÇÃO

A medida da temperatura do

corpo humano foi documentada por

volta de 400 a.C. pelo médico grego

Hipócrates. Sir Isaac Newton

descreveu em carta à Royal Society

sua experiência realizada em 1666,

sobre a decomposição da luz solar

que, ao atravessar um prisma de

vidro, produziu uma sucessão de

raias coloridas: violeta, azul, verde,

amarelo, laranja e vermelho, ou

seja, as cores presentes no arco-

íris1,2.

Como a luz é um fenômeno

eletromagnético, sua visibilidade

corresponde a uma pequena parte

do espectro de frequências da

radiação eletromagnética. Boa parte

da radiação não é visível ao olho

humano; como exemplo cita-se os

raios-X, a radiação ɣ, as ondas de

rádio e o calor (faixa do

infravermelho). A temperatura está

associada à agitação de átomos

e/ou moléculas de um corpo e as

trocas térmicas normalmente

envolvem diferenças de temperatura

ou mudança de estado físico (fusão,

solidificação ou vaporização).

Quando dois corpos estão em

temperaturas diferentes, ocorre uma

troca térmica, com o fluxo de

transferência de calor ocorrendo do

corpo de maior temperatura para o

de menor temperatura. A

transferência de calor pode ocorrer

de três maneiras: (a) condução, (b)

convecção e (c) irradiação3.

Termografia infravermelha é

a técnica que envolve o uso de

dispositivos óptico-eletrônicos para

detectar e medir a radiação na faixa

do infravermelho e correlacioná-la

com a temperatura da superfície do

corpo que está emitindo essa

radiação. É uma modalidade de

imagem que permite a investigação

e o diagnóstico médico por meio da

análise das alterações de

temperatura na superfície do corpo.

Trata-se de um método diagnóstico

não invasivo, nem radioativo e

totalmente indolor, podendo ser

comparado a uma simples

fotografia, quando se captura a

radiação emitida ou refletida pelo

corpo em estudo4-8.

O controle da temperatura

corporal (termo regulação) resulta

numa distribuição simétrica de

temperaturas nos dois hemisférios e

qualquer assimetria térmica entre

pontos distintos da pele (0,5 a

0,9°C) deve ser considerada como

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 44 de 71

atípica e indicativa de uma possível

disfunção do Sistema Nervoso

Central (SNC)6,9.

Imagens termográficas

consideradas “anormais” podem

auxiliar no diagnóstico específico

sem o auxílio de outros métodos,

mas certamente, dependendo do

caso em avaliação, pode constituir

uma técnica combinada, para um

diagnóstico musculoesquelético

mais preciso, o que

consequentemente, contribuirá na

compreensão da fisiopatologia

associada6,10.

Na prática quiroprática esse

instrumento diagnóstico tem sido

utilizado desde a década de 20

quando BJ Palmer e Dossa Evans

desenvolveram o neurocalometer11.

A termografia mostra-se uma

excelente maneira de documentar

objetivamente o diagóstico

edemonstrar os resultados do

tratamento adotado12. A hipótese

que um padrão consistente de

assimetria na temperatura cutânea

ao longo da coluna vertebral sugere

uma disfunção somato-espinhal13e

que aponta a localização da

alteração14, que pode persistir até

que a mesma seja corrigida, é

defendida por alguns

investigadores15. O ajuste

quiroprático tem-se mostrado eficaz

na correção deste grupo de

alterações15.

Uma vez que a quiropraxia

procura solucionar as alterações

biomecânicas das articulações e

que a termografia é uma técnica

capaz de demonstrar o local do

complexo de subluxação articular,

buscou-se nesse contexto identificar

se, as possíveis alterações

termográficas observadas na coluna

lombar pré e pós-ajuste quiroprático

são significativas.

MÉTODOS

A presente pesquisa

caracterizou-se como um estudo

experimental exploratório. O

protocolo da pesquisa foi submetido

e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Feevale

e foi aprovado sob n°

11823312.1.0000.5348 - 2013.

Após o esclarecimento dos

objetivos e dos procedimentos do

ensaio, todos os indivíduos

assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido

(TCLE).

Amostra

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 45 de 71

A amostra foi composta por

22 sujeitos do gênero masculino,

selecionados de forma intencional,

com idade média de 30 anos e mais

ou menos dez anos apresentando

queixas de lombalgia.

Critérios de exclusão

Histórico de doença grave,

procedimento cirúrgico, qualquer

contraindicação ao ajuste

quiroprático e não concordância

com os dizeres do TCLE.

Procedimentos

A amostra foi dividida em

dois grupos: (a) grupo intervenção,

composto por 14 sujeitos, que

receberam manipulação vertebral

lombar entre as análises

termográficas e (b) grupo controle,

com oito, submetidos apenas às

análises termográficas. A pesquisa

foi realizada no laboratório de

Biomecânica no Instituto Brasileiro

de Tecnologia do Couro (IBTeC),

em Novo Hamburgo (RS), que

possui controle de temperatura

(23±2)°C e umidade (50± 5)%.

Acredita-se que durante a

aquisição dos dados não ocorreram

fatores que pudessem influenciar

nos resultados, como por exemplo,

a velocidade do ar, pois não

existiam fatores estimulantes de

correntes de ar, como janelas

abertas ou ventiladores. O

equipamento de ar condicionado

apresentava-se adequado às

necessidades: capacidade e

dimensão da sala (laboratório

acreditado pelo Inmetro, ABNT) e

Satra (Inglaterra). Na sala de

climatização e aquisição, as

lâmpadas instaladas eram as

fluorescentes frias.

Procurou-se posicionar o

sistema de medida e o sujeito de tal

maneira que minimizasse, ao

máximo, a influência de luz refletida

sobre a cútis do mesmo. Foi

utilizado um termômetro digital,

visível e a pequena distância do

local onde os sujeitos permaneciam,

propiciando assim o monitoramento

da temperatura ambiente mais

próxima ao ponto de aquisição. O

sistema de monitoramento foi

acoplado a um microcomputador

pertencente ao sistema de controle.

Neste ambiente, os sujeitos foram

instruídos a retirar as vestimentas

superiores (camisas) para que

pudessem ser submetidos ao

processo de termalização. Em

seguida, os mesmos assumiram a

posição sentada em um banco sem

encosto, com ambos os braços

apoiados sobre uma mesa com as

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 46 de 71

palmas das mãos voltadas para

baixo. Estes, a sua vez,

permaneceram nessa posição por

20 minutos. Durante o processo de

equalização térmica procedeu-se a

entrevista clínica.

Após a termalização, foi

realizada a primeira coleta: uma

imagem termográfica (Figura 1a) da

região lombar. Levou-se em conta o

valor máximo da temperatura na

região entre L1 e L5. O termógrafo

esteve posicionado sobre um tripé,

a 1,0 m de distância e ângulo de

90° do sujeito. Em seguida, os

mesmos se posicionaram em

decúbito ventral na maca, o

quiropraxista realizou o exame

quiroprático na coluna lombar e

após a identificação da área

afetada, procedeu-se a correção

das subluxações encontradas.

Figura 1 – (a) paciente antes do ajuste e(b) 20 minutos após ajuste quiroprático

Após esse procedimento, os

sujeitos retornaram a posição inicial

da coleta (sentado no banco sem

encosto, com ambos os braços

apoiados sobre uma mesa com as

palmas das mãos voltadas para

baixo) e aguardaram mais 20

minutos para realização da segunda

imagem termográfica da coluna

lombar (Figura 1 b).

O grupo controle foi

submetido a duas medições: uma

logo após o período de termalização

e outra 20 minutos mais tarde,

sempre respeitando a posição inicial

da coleta (sentado no banco sem

encosto, com ambos os braços

apoiados sobre uma mesa com as

palmas das mãos viradas para

baixo).

Estudo Estatístico

Para a análise estatística foi

utilizado o software SPSS™ Versão

20.0. De acordo com a natureza das

variáveis os dados foram analisados

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 47 de 71

pela frequência absoluta e relativa e

aplicado os testes: não paramétrico

de Kolmogorov-Smirnov e o

paramétrico “t” de Student. O valor

de 5% (p<0,05) foi adotado como

limite para rejeição da hipótese de

nulidade.

RESULTADOS

Os dados apresentados na Tabela 01 (grupo controle) demonstraram

uma diminuição média na temperatura cutânea na região lombar dos sujeitos

do grupo controle de (0,6°C), sendo que a média da temperatura pré intervalo

de 20 minutos foi de 30,5°C e a média pós-intervalo foi de 29,9°C. Na

comparação estatística não foram encontradas diferenças significativas

(p=0,062).

Tabela 01 – Medidas de temperatura pré e pós intervalo de 20 minutos. Grupo Controle

Sujeitos Pré (oC) Pós (

oC)

1 31,3 29,6

2 29,5 29,4

3 30,4 31,0

4 31,0 30,5

5 29,6 29,0

6 30,0 29,9

7 31,8 30,6

8 30,4 29,7

Média 30,5 29,9

Desvio padrão 0,8 0,7

p 0.062

* p<0,05

A Tabela 02 (grupo intervenção) apresenta os valores de temperatura

obtidos antes e após ajuste quiroprático. O valor médio da temperatura pré-

ajuste quiroprático foi 30,7°C e pós-ajuste foi 30,1°C. Na comparação

estatística verificou-se diferença significativa entre as médias (p=0.009). Nota-

se ainda uma diminuição da temperatura na região lombar na maioria dos

casos. Os sujeitos número um e quatro não apresentaram qualquer variação de

temperatura, fugindo do padrão apresentado pelo grupo intervenção.

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Tabela 02 – Medidas de temperatura pré e pós-ajuste quiroprático. Grupo Intervenção.

*p<0,05

DISCUSSÃO

Após levantamento de

referências bibliográficas e bases de

dados eletrônicas, não foram

encontrados artigos científicos

relacionados à atuação do

quiropraxista, relativa à alteração na

temperatura cutânea pré e pós-

ajuste quiroprático.

Observaram-se nesta

pesquisa pelos dados da Tabela 01

(grupo controle) diminuição entre as

médias de temperatura pós-período

de 20 minutos, no entanto, não

foram encontradas diferenças

significativas entre as médias (p=

0,062). Este comportamento era

esperado, visto que os sujeitos da

pesquisa do grupo controle não

sofreram intervenção. Esta

diminuição da média de temperatura

está relacionada com a perda de

calor para o meio, visto que o

ambiente laboratorial apresentava

temperatura de aproximadamente

23°C e os sujeitos não estavam com

vestimenta na parte superior do

corpo16. Em relação aos resultados

da tabela 01, verificou-se o mesmo

comportamento do grupo controle,

no entanto, foi encontrada diferença

Sujeitos Pré (oC) Pós (

oC)

1 29,6 29,6

2 29,8 29,6

3 30,1 30,5

4 30,3 30,3

5 30,1 30,0

6 31,0 29,6

7 30,4 29,2

8 30,4 30,1

9 31,2 30,7

10 29,8 29,5

11 32,9 31,0

12 31,4 31,2

13 31,9 31,0

14 30,5 29,9

Média 30,7 30,1

Desvio padrão 0,9 0,6

p 0,009*

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significativa entre as médias de

temperatura (p=0,009). Desta

forma, utilizando-se da análise

estatística pode-se afirmar que o

ajuste quiroprático apresentou

influência na diminuição da

temperatura superficial na cútis da

região lombar. Esse dado corrobora

com relato que teoriza que

assimetrias de temperatura entre

pontos na coluna vertebral podem

indicar uma alteração somato-

espinhal, condição essa que pode

se beneficiar com o ajuste

quiroprático17.

CONCLUSÕES

A terapia de ajuste articular

mostrou-se efetiva, apresentando

diminuição significativa na

temperatura cutânea na região

lombar nos sujeitos do grupo de

intervenção quando comparados ao

grupo controle.

A termografia se mostrou

importante na análise dos

resultados.

Sugere-se maior investigação

científica na área a fim de obter

resultados mais conclusivos.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

_______________________________________________________________

REFERÊNCIAS

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Federal do Rio Grande do Sul, Porto

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Montréal; 2005.

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ARTIGO ORIGINAL

Análise da atuação dos quiropraxistas formados no Brasil no papel de

empreendedores

Analysis of the performance of chiropractors trained in Brazil in the role of

entrepreneurs

Choo Hyung KimI, Márcia Daniela C. de AlmeidaI, Eduardo S. Botelho BracherII

I. Quiropraxistas BC. Universidade Anhembi Morumbi.

II. Quiropraxista MD e PhD. Universidade de São Paulo.

E-mail do autor correspondente: [email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVE: To analyze the performance of the chiropractors graduated in Brazil as

entrepreneurs, the factors that difficult them to open their own business and the challenges to

maintain their occupation related to possible factors associated to the success as an

entrepreneur. METHODS: A standard questionnaire with 32 questions was sent by e-mail for all

the chiropractors graduated in Brazil from University courses (n = 341). A total of 215 answers

was received, they represent 63% of the totality of chiropractors in Brazil. RESULTS: Among

the interviewed 91% affirm practice the chiropractic, and that 84% described having non or

having reasonable difficulty to maintain their practice. 76% of the respondents have been using

advertisements and three quarters of them reported covering the costs with their own earnings.

77% of them shared the workplace with other professionals reported that the incoming obtained

was totally or partially sufficient to their sustenance, and 57% of them who practiced on their

own. 80% of the interviewed related a lack of managerial knowledge. CONCLUSIONS: The

achievement of this assignment enabled to draw characteristic profile points of the performance

of the graduated chiropractors for these nine years of implementation of the course in the

country. Both Universities offer good conditions for graduates to act as entrepreneurs; however,

we underline the need to redirection or redesign in the clinical management syllabus discipline,

according to the needs mentioned herein.

KEYWORDS: Chiropractic, entrepreneurs, analysis of performance, chiropractors in Brazil.

RESUMO

OBJETIVO: Analisar atuação dos quiropraxistas formados no Brasil como empreendedores, os

fatores que dificultam a abertura de um empreendimento próprio e os desafios para manter sua

atividade profissional relacionando possíveis fatores associados ao sucesso do mesmo como

empreendedor. MÉTODOS: Um questionário padronizado com 32 questões foi enviado por

mensagem eletrônica a todos os quiropraxistas graduados por cursos superiores no Brasil (n =

341). Um total de 215 respostas foram recebidas, perfazendo 63% da população total

estudada. RESULTADOS: Entre os entrevistados 91% afirmaram exercer a quiropraxia, sendo

que 84% relataram não ter ou ter dificuldade razoável para manter sua prática. Dos

entrevistados 76% utilizaram propaganda e três quartos destes relataram cobrir as despesas

com seu ganho. 77% dos que dividiam o espaço de trabalho com outros profissionais relataram

que a receita obtida era total ou parcialmente suficiente para o seu sustento, o mesmo ocorreu

com 57% dos que atuavam sozinhos. 80% dos entrevistados relataram que sentiram falta de

conhecimento gerencial. CONCLUSÕES: A realização deste trabalho possibilitou traçar um

perfil dos pontos característicos da atuação dos quiropraxistas formados nestes nove anos de

implantação do curso no país. Ambas as faculdades oferecem boas condições aos egressos

para atuarem como empreendedores, porém salienta-se a necessidade de um direcionamento

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ou reformulação no conteúdo programático na disciplina de gestão em clínica, de acordo com

as necessidades ora mencionadas.

PALAVRAS-CHAVE: Quiropraxia, empreendedores, análise da atuação, quiropraxistas no

Brasil

INTRODUÇÃO

A Quiropraxia é uma

profissão na área da Saúde que se

dedica ao diagnóstico, tratamento e

prevenção de alterações do sistema

musculoesquelético, e os efeitos

dessas alterações sobre o sistema

nervoso e a saúde em geral1. A

profissão foi criada nos Estados

Unidos da América em 1895 e está

agora estabelecida em mais de 70

países. No Brasil, a Associação

Brasileira de Quiropraxia (ABQ),

iniciou seus trabalhos em 1992, mas

somente em 1994 foi oficialmente

reconhecida pela Federação

Mundial de Quiropraxia, o que lhe

deu respaldo para intermediar

negociações entre universidades

brasileiras e faculdades norte-

americanas de Quiropraxia, visando

estabelecer cursos superiores da

ciência no país1.

No Brasil, em 1998, surgiu a

oportunidade de um curso de pós-

graduação no Centro Universitário

FEEVALE, em Novo Hamburgo, Rio

Grande do Sul, tendo o Palmer

College of Chiropractic como

parceiro. O curso superior de

Quiropraxia existe desde 2000, na

Universidade Anhembi Morumbi

(UAM), em São Paulo, e na

FEEVALE. Há um mínimo de

quatro anos e seis meses de

educação universitária, em que

ambos os cursos seguem a mesma

orientação curricular básica,

estipulada por Conselhos

Internacionais de Educação em

Quiropraxia e procuram fornecer a

melhor educação disponível na

área1. Segundo a coordenação dos

cursos, foram graduados 125

quiropraxistas pela UAM e 216 pela

FEEVALE, até o primeiro semestre

do ano de 2008, totalizando 341

quiropraxistas.

Os profissionais aqui

graduados atuam há menos de uma

década e os recém-formados se

deparam com a realidade comum à

maioria dos formados em outros

cursos: o ingresso no mercado de

trabalho. Por esta razão, vinculam-

se a clínicas multidisciplinares, para

que os pacientes que se utiliza de

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outros tipos de terapias passem a

conhecer a profissão. Para a

abertura de uma clínica são

necessários alguns pré-requisitos,

além da habilidade pessoal e

profissional, como o capital para

investir na compra ou aluguel de

sala, equipamentos para a clínica,

software, propaganda e contas

básicas como luz, água, telefone,

papelaria, pagamento de pessoal,

contador, cursos de atualização,

entre outros. É preciso saber se a

clínica terá boa visibilidade,

segurança e estacionamento para

os clientes. Outras questões a

serem abordadas pelo profissional

são: como fazer para que os

clientes em potencial descubram a

clínica, se os mesmos conhecem os

tratamentos que o profissional pode

oferecer e quanto cobrar pela

consulta2.

Este trabalho tem a proposta

de investigar junto aos

quiropraxistas formados no Brasil,

os pontos que necessitam ser

alavancados ou alterados no ensino

das ferramentas de gestão em

Quiropraxia no Brasil e na abertura

do mercado de trabalho para a

profissão.

MÉTODOS

Foram convidados a

participar do presente estudo os

quiropraxistas graduados no Brasil,

125 pela UAM e 216 pela

FEEVALE, entre o ano de 2000 até

o primeiro semestre de 2008, tendo

sido estes números informados pela

coordenação de ambos os cursos

de Quiropraxia. A proposta de

pesquisa foi submetida à apreciação

do Comitê de Ética em Pesquisa e

obteve o protocolo número

0130.0.201.000-08.

Procedimentos

Foi elaborado um

questionário estruturado e

utilizando-se de uma ferramenta

específica do site

http://www.google.com.br,

denominada Google Doc criou-se

um formulário eletrônico dentro de

uma conta de usuário. A conexão

(link) criada por esta ferramenta foi

enviada, para os graduados pelas

duas Instituições, por meio de

correio eletrônico, bem como o

Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Utilizando o link

citado, os participantes tinham

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acesso ao questionário e podiam

responder às questões,

simplesmente clicando nas

respostas. Estas eram recebidas

automaticamente neste ambiente,

que possibilita a exportação dos

dados em formato XLS (formato

Excel da Microsoft). A partir da

obtenção das respostas, iniciou-se a

compilação e análise dos dados.

Análise Estatística

Foi realizada uma análise

descritiva de dados incluindo o

cálculo de médias, desvio padrão,

medianas e valores mínimo e

máximo para variáveis quantitativas

e frequências absolutas e relativas

para variáveis qualitativas.

RESULTADOS

Num universo de 341 profissionais, 215 responderam ao questionário,

configurando 63% do total de quiropraxistas formados no Brasil. Destes, 99

profissionais (46%) eram formados pela UAM, e 116 (54%) pela FEEVALE.

Entre os entrevistados, 137 eram mulheres (64%). A idade variou entre 22 e

63 anos, com média de 29, mediana de 26 e desvio-padrão de 8,3 anos.

Tabela 1 - Distribuição por gênero dos 215 respondentes.

Masculino Feminino

Instituições n % n %

UAM 39 18,1 60 27,9

FEEVALE 39 18,1 77 35,8

Total 78 36,3 137 63,7

50,7

40,4

39,0

33,6

30,1

26,7

15,8

11,6

15,1

0 10 20 30 40 50 60

Fisioterapeuta

Médico

Massoterapeuta

Acupunturista

Nutricionista

Psicóloga

Esteticista

Fonoaudióloga

Outro

%50,7

40,4

39,0

33,6

30,1

26,7

15,8

11,6

15,1

0 10 20 30 40 50 60

Fisioterapeuta

Médico

Massoterapeuta

Acupunturista

Nutricionista

Psicóloga

Esteticista

Fonoaudióloga

Outro

%

Figura 1. - Profissionais da área da saúde que atuam com quiropraxistas no mesmo consultório.

Tabela 2 - Dificuldade financeira para manter a prática de Quiropraxia.

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Dificuldade financeira para manter a prática de Quiropraxia †

Não Sim Total

n % n % n %

Trabalham c/ outros 65 44,5 81 55,5 146 74,9

Trabalham sozinho 18 36,7 31 63,3 49 25,1

Total 195 100,0

† p = 0,340

Tabela 3. Quantidade de atendimento por mês e frequência do uso de propaganda por ano.

Frequência do uso de propaganda

n Total de atendimentos por mês

Média por mês

1 vez por ano 37 3704 100,1

2 vezes por ano 20 2004 100,2

3 vezes por ano 11 812 73,8

mais que 3 vezes por ano 95 9532 100,3

Total 16

3

16052 98,5

Frequência do uso de propaganda

n Total de atendimentos por mês

Média por mês

Nunca fez 27 980 36,3

Total 27 980 36,3

48,1

73,6

51,9

26,4

0

20

40

60

80

100

Faz

propaganda

Não faz

propaganda

%Cobre despesas Não cobre despesas

48,1

73,6

51,9

26,4

0

20

40

60

80

100

Faz

propaganda

Não faz

propaganda

%Cobre despesas Não cobre despesas

Figura 2. Capacidade de cobrir despesas com o ganho por realização de propaganda.

Tabela 4 - Tempo de permanência com o consultório em funcionamento, entre os participantes que encerraram o funcionamento de suas clínicas.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 56 de 71

Tempo permanência com o consultório antes de fechar *

n %

Até 6 meses 2 1,4

Até 1 ano 7 5,0

1 - 2 anos 4 2,9

Mais de 2 anos 2 1,4

Total 15 10,7

* Entre total de 140 respondentes que já possuíram ou possuem consultório próprio.

55,2

52,9

41,3

37,8

37,2

12,8

0 10 20 30 40 50 60

Propaganda e

marketing

Regularização do

estabelecimento

Leis trabalhistas

Normas de

vigilância sanitária

Contabilidade e

finanças

Lay-out da clínica

%

55,2

52,9

41,3

37,8

37,2

12,8

0 10 20 30 40 50 60

Propaganda e

marketing

Regularização do

estabelecimento

Leis trabalhistas

Normas de

vigilância sanitária

Contabilidade e

finanças

Lay-out da clínica

%

Figura 3. Conhecimentos carentes no momento da abertura ou na administração do consultório.

Tabela 5. Comentários dos entrevistados.

Comentários* n %

Dificuldade de iniciar a prática após Graduação 14 26,4

Profissão de Quiropraxia pouco conhecida 13 24,5

Falta de regulamentação da profissão 12 22,6

Ensino deficiente nas Instituições 12 22,6

Elogio ao tema desta pesquisa 10 18,9

Dificuldade de retorno financeiro 4 7,5

União dos quiropraxistas após a Graduação 4 7,5

Importância de atualizar-se profissionalmente 1 1,9

Total 69 130,2

* 53 (25%) participantes comentaram um ou mais assuntos e 162 (75%) não comentaram.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 57 de 71

DISCUSSÃO

Este trabalho foi motivado

pela constatação da importância de

investigar a situação profissional

dos quiropraxistas, considerando-se

que a Quiropraxia, é uma profissão

centenária, porém de implantação

recente no Brasil, onde permanece

não regulamentada e pouco

conhecida pela população. A

pesquisa contou com a participação

de 63% dos quiropraxistas

graduados no Brasil até o primeiro

semestre de 2008. Foram

realizados esforços para obter o

máximo de respostas possíveis.

Entre os 126 quiropraxistas que não

responderam o questionário, alguns

não foram contatados por falta de

registro de endereço residencial,

eletrônico ou telefone. Várias

mensagens eletrônicas foram

devolvidas. Os profissionais que

não respondiam ao questionário e

aqueles cujas mensagens

eletrônicas foram devolvidas foram

ainda contatados por telefone.

Vários profissionais responderam,

alguns não se dispuseram a

responder por motivo desconhecido

e em alguns casos o número de

telefone era inexistente.

Entre os quiropraxistas

formados no Brasil, a proporção

entre homens e mulheres é de

38,4% (n = 131) e 61,6% (n = 210),

respectivamente (Tabela 1). Esta

relação é comparável à nossa

amostra (36% de homens e 64% de

mulheres). Este dado sugere que a

amostra estudada representa de

maneira adequada à população

estudada. A proporção de

graduados pela FEEVALE / UAM

[(63% (n = 216) / 37% (n = 125)],

entretanto, difere daquela dos

participantes deste estudo [53,7% (n

= 116) / 79,2% (n = 99)]. Observou-

se no presente estudo, uma

porcentagem maior de graduados

pela UAM entre os participantes, em

comparação de graduados pela

FEEVALE na população total de

quiropraxistas graduados no Brasil.

É possível que a maior participação

dos graduados da UAM seja devido

ao convívio mais estreito com os

pesquisadores durante o curso e

pelos contatos que estes colegas

fizeram com outros, colaborando

para a presente pesquisa.

Um dos elementos estudados

foi a importância de quiropraxistas

atuarem com outros profissionais na

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 58 de 71

área da saúde. O presente estudo

indica que a maioria dos

quiropraxistas formados no Brasil

trabalha em um ambiente

multiprofissional: 75% dos

profissionais da amostra estudada

dividem o espaço de trabalho com

outros profissionais da área da

saúde como fisioterapeutas,

médicos e outros terapeutas

(Figura 2). Neste quesito, Chapman

sugere que o futuro de tratamentos

eficientes nos Estados Unidos

encontra-se na Medicina Integrada,

a qual combina tratamento médico

com a Quiropraxia, Acupuntura,

Homeopatia e outras formas

estabelecidas de terapias

complementares, e que as clínicas

bem sucedidas deveriam incluir

estas abordagens, já que haveria

maior demanda com o passar dos

anos1. Também, um estudo do

National Board of Chiropractic

Examiners mostra que em 1998

havia 4,4% de quiropraxistas

atuando em clínicas

multidisciplinares nos Estados

Unidos3, e que em 2003 houve um

crescimento de 2% neste índice, ao

mesmo tempo em que houve uma

queda de 2% no índice de

quiropraxistas que atuavam

sozinhos ou com outros

quiropraxistas4.

O Ministério da Saúde

normatizou por meio da portaria

número 971, de 03 de maio de

2006, aprovação da prática de

algumas terapias alternativas para

população nas unidades do Sistema

Único de Saúde (SUS)5. É possível

que, no Brasil, quiropraxistas que

trabalham em conjunto com outros

profissionais na área da saúde,

tenham maior chance de tornarem a

prática mais conhecida do grande

público, já que a procura por

medicina complementar aumentou.

Os dados obtidos com o

presente estudo sugerem que

pessoas que dividem o espaço de

trabalho com profissionais de outras

áreas mantêm melhor o sustento de

suas despesas profissionais e

pessoais do que aqueles que atuam

sozinhos. 45% daqueles que atuam

com outros profissionais na área da

saúde, não referiram dificuldades

para manter financeiramente a

prática, enquanto apenas 37% dos

que atuam sozinhos relataram não

ter dificuldade financeira para

manter sua prática. Da mesma

forma, 77% dos quiropraxistas que

dividem o espaço de trabalho com

outros profissionais obtêm seu

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 59 de 71

sustento pessoal parcial ou

totalmente pela Quiropraxia,

enquanto 57% dos que atuam

sozinhos conseguem isto (Tabela

2). Estes achados indicam que seria

vantajoso dividir o espaço de

atuação profissional com outros

profissionais, comparativamente a

ter uma clínica apenas de

Quiropraxia.

Os quiropraxistas que fizeram

algum tipo de propaganda

atenderam, em média, 99 pacientes,

enquanto uma média mensal de 36

atendimentos foi relatada por

aqueles que não fizeram

propaganda, ou seja, menos do que

a metade de pacientes para este

último grupo. É importante ressaltar

que, independentemente do número

de vezes que foi feito algum tipo de

propaganda ao ano, a média de

número de pacientes atendidos por

mês foi semelhante entre aqueles

que fizeram propaganda (Tabela 3).

As campanhas de propaganda

servem, sobretudo, para conquistar

ou manter a posição de liderança,

assim como para diferenciar e

aumentar o nível de conhecimento

de produtos ou serviços num

mercado cada vez mais competitivo.

A propaganda constitui, assim, um

instrumento de ajuda às empresas

para vender, ao mesmo tempo em

que permite aos consumidores

aumentarem o conhecimento sobre

os produtos e saberem distingui-

los6.

Observou-se que 86% dos

respondentes informaram ter feito

algum tipo de propaganda. Destes,

apenas 26% referiram que não

conseguiam cobrir suas despesas

com seu ganho. Por outro lado,

mais da metade (52%) dos que

nunca fizeram propaganda

pertencem ao grupo dos que não

conseguiam cobrir suas despesas

com seu ganho (Figura 2). Estes

dados apontam que a realização de

propaganda possibilita o aumento

no número de pacientes atendidos

e, portanto, a renda destes

profissionais. De acordo com o

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresas (SEBRAE),

qualquer marca ou produto presente

no mercado necessita de

propaganda para aumentar a

procura, evitar perda de mercado,

ou manter-se vivo e saudável junto

ao consumidor7. Outro fator

analisado pelo nosso trabalho foi a

importância do conhecimento sobre

gestão empresarial e em clínica. No

presente estudo, dos 140

entrevistados que possuíam ou

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 60 de 71

possuem consultório, 13 (9,3%)

informaram ter fechado o

consultório próprio com dois anos

ou menos de funcionamento

(Tabela 4). Estudos da Federação

das Indústrias do Estado de São

Paulo (FIESP) demonstram que a

cada 100 micro, pequenas e médias

empresas abertas no Brasil, 60

fecham as portas nos dois primeiros

anos, principalmente pela

deficiência na formação profissional

tanto de empregados quanto de

empresários8. Observa-se, assim,

que a proporção de quiropraxistas

que encerram seus

estabelecimentos é

significativamente inferior à

proporção de empresas que fazem

o mesmo, quando comparados aos

dados da FIESP. Entre aqueles

que indicaram dificuldade de

gerenciamento, 53% não haviam

conseguido abrir consultório próprio

e atuavam como autônomos

comissionados, home-care,

empregados assalariados ou em

sua residência. Estes entrevistados

responderam que sentiram falta de

conhecimentos sobre regularização

do estabelecimento, propaganda e

marketing, leis trabalhistas e

contabilidade (Figura 3). Estes

dados indicam a existência de duas

deficiências na formação de

profissionais: a primeira da parte

das Instituições em preparar seus

alunos com conhecimentos em

gestão. E, da parte dos formados a

busca por conhecimento adicional.

A FIESP, em 2006, constatou que

apenas 17% dos micro e pequenos

empreendedores brasileiros

participaram de algum programa de

formação em gestão empresarial8.

No espaço aberto para se

expressarem os participantes (n =

53, 25%) destacaram a importância

de regulamentar a profissão (n = 12,

23%), pois, em vista de não estar

regulamentada, a Quiropraxia além

de ter dificuldade em ser conhecida

pelo público, está sendo prejudicada

pelos profissionais sem

conhecimento adequado (Tabela 5).

Algumas diferenças significativas

foram observadas entre os

graduados pela UAM e a FEEVALE:

o maior número de graduados que

não exerciam a profissão foram

graduados pela UAM; o valor

cobrado pelas consultas de retorno

dos formados pela FEEVALE era

menor; havia maior número de

graduados pela FEEVALE

exercendo a profissão como únicos

proprietários de seu consultório;

havia maior quantidade de

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 61 de 71

graduados pela UAM atuando como

autônomos comissionados e home-

care.

Futuramente, pesquisa

similar poderá ser realizada para

medir o grau de evolução dos

quiropraxistas formados no Brasil

quanto à capacidade de

empreendedorismo, procurando

abranger o maior número possível

de graduados. Também, nesse

caso, poderá ser verificado se

houve direcionamento ou

reformulação do conteúdo

programático nas disciplinas de

gestão em clínica, de acordo com

as necessidades dos quiropraxistas.

CONCLUSÕES

A realização deste trabalho

possibilitou traçar um perfil dos

pontos característicos da atuação

dos quiropraxistas formados nestes

nove anos de implantação do curso

no país.

Ambas as faculdades

oferecem boas condições aos

egressos para atuarem como

empreendedores, porém salienta-se

a necessidade de um

direcionamento ou reformulação no

conteúdo programático na disciplina

de gestão em clínica, de acordo

com as necessidades ora

mencionadas.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

REFERÊNCIAS

1. Chapman-Smith D. Quiropraxia - Uma

Profissão na área da saúde. São Paulo: Ed.

Anhembi Morumbi; 2001, p.1,2,131-7,140-

1,158-64.

2. Mercage. Sua clínica sob a ótica do

paciente. [Internet] Acesso em: 17 de

Agosto de 2008. Disponível em:

<http://www.mercage.com.br/blog/index.ph

p/2008/05/25/comunicacao-eficaz-para-

clinicas/#more-35>.

3. National Board of Chiropractic

Examiners. Job Analysis of Chiropractic.

Colorado, EUA; 2000, p.67.

4. National Board of Chiropractic

Examiners. The Chiropractic Practitioner.

[Internet] Acesso em: 15 de Abril de 2009.

Disponível em:

<http://www.nbce.org/publication/job-

analysis.html> em PDF

<http://www.nbce.org/pdfs/job

analysis/chapter_7.pdf>.

5. Gabinete do Ministro, Portaria n°971 -

03/05/06, Aprova a Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares

(PNPIC) no sistema Único de Saúde.

[Internet] Acesso em: 15 de Abril de 2009.

Disponível em:

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 62 de 71

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/p

df/portariafito.pdf>

6. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas. Como planejar uma

estratégia de propaganda. [Internet] Acesso

em: 09 de Maio de 2009. Disponível em:

<http://www.sebraesp.com.br/midiateca/pub

licacoes/artigos/marketing_vendas/planejar

_estrategia_propaganda>.

7. Serviço brasileiro de apoio às micro e

pequenas empresas. Como planejar uma

estratégia de propaganda.[Internet]. Acesso

em: 09 de Maio de 2009. Disponível em:

<http://www.sebraesp.com.br/midiateca/pub

licacoes/artigos/

marketing_vendas/planejar_estrategia_pro

paganda>.

8 - Federação das Indústrias do Estado de

São Paulo. [Internet] Acesso em: 25 de

Abril de 2009. Disponível em:

<http://www.fiesp.com.br/agencianoticias/2

008/09/01/teboul-palestra-gestao-

empresarial.ntc>.

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ARTIGO ORIGINAL

Caracterização postural biomecânica em bailarinas clássicas: um estudo

de revisão

Postural biomechanical characterization of classical ballet dancers: a review study

Bruna SpadottoI e Carina Helena Wasem FragaII

I. Quiropraxista BC. Pós-graduada em Biomecânica, atividade física e saúde.

Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro. Brasil.

II. PHD em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho. São Paulo. Brasil.

E-mail da autora correspondente: [email protected]

ABSTRACT

OBJECTIVES: To characterize postural pattern of classical dancers and identify which is the

main injuries that affect this particular group. METHODS: Literature revision based on an

international electronic database independent of language. It was selected to the research 28

assignments that discoursed about biomechanics posture, ballet and injuries. RESULTS: It was

selected to the research 28 assignments that discoursed about biomechanics posture, ballet

and injuries. It was detected that practice of ballet is capable to exert influence in the body

posture, because exists a postural tendency adopted by the most of classical dancers, like body

extension and pelvis anteversion which results in biomechanical stress in the joints, what often

results in dysfunction. The injuries associated to prevalent are foot and ankle; follow by knee,

hip and spine, lastly, the upper limb. CONCLUSION: The classical ballet although follow correct

biomechanical patterns, when not well instructed and oriented, predisposing their practitioners

to the characterize injuries and irreversible postural changes.

KEYWORDS: Ballet, ballet dancers, posture, biomechanics, injury.

RESUMO

OBJETIVOS: Caracterizar um padrão postural em bailarinas clássicas e identificar quais são as

principais lesões que acometem esse determinado grupo. MÉTODOS: Revisão da literatura

realizada em banco de dados eletrônicos independente da linguagem. Revisão da literatura

realizada em banco de dados eletrônicos independente da linguagem. Foram selecionados

para esta pesquisa 28 trabalhos que discorriam sobre postura biomecânica, ballet e lesões.

RESULTADOS: Foram selecionados 28 trabalhos que discorriam sobre postura e

biomecânica, ballet e lesões. Detectou-se que a prática do ballet é capaz de exercer influência

na postura corporal, pois existem tendências posturais adotadas pela maioria das bailarinas,

como extensão de tronco e anteversão da pelve que propiciam estresse biomecânico nas

articulações, o que frequentemente resulta em disfunções. As lesões associadas prevalentes

são as de pé e tornozelo, seguidas pelas de joelho, quadril coluna e, por último, as do membro

superior. CONCLUSÃO: O ballet clássico apesar de seguir padrões biomecânicos corretos,

quando não bem instruído e orientado, predispõe seus praticantes a lesões características e

alterações posturais irreversíveis.

PALAVRAS-CHAVE: Ballet, bailarinas clássicas, postura, biomecânica, lesões.

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INTRODUÇÃO

O conceito de atividade física

está associado a qualquer

movimento corporal, produzido pela

musculatura esquelética voluntária

que resulta em gasto energético

acima dos níveis de repouso. As

possibilidades para movimentar o

corpo e afastar o sedentarismo são

múltiplas: caminhada, trote,

alongamento, lutas, esportes em

grupo ou dança, entre outras.

Todavia, o ritmo acelerado de vida,

combinado com a falta de tempo

generalizada da população,

contribui para que cada vez menos

as pessoas pratiquem alguma

atividade1.

A dança é considerada a arte

mais antiga e remota, dentre todas

as existentes é a única que

dispensa quaisquer tipos de

materiais ou instrumentos, sendo

classificada como intrínseca ao ser

humano2. A arte em questão é

avaliada como uma forma de

atividade e exige alto desempenho

físico de quem a pratica. Ela

colabora no desenvolvimento da

sensualidade, musicalidade,

percepção, coordenação, equilíbrio,

tônus, lateralidade, noção espacial e

temporal, ritmo, relaxamento e

respiração3. A prática de ballet

clássico propõe o desenvolvimento

de exercícios bilaterais com

equilíbrio simétrico, semelhante a

alguns outros esportes. Deste

modo, esse estilo de dança se torna

não apenas uma arte, mas também

uma condição atlética e como tal

deve ser tratada4.

Para evitar lesões é

necessário o dimensionamento

preciso entre flexibilidade e força,

combinado com excelência na

execução dos passos com

perfeição4. Buscando melhor

desempenho, as bailarinas adotam

uma postura alongada e

constantemente ereta, que pode

levar ao desenvolvimento de vícios

posturais e alterações anatômicas,

biomecânicas, morfológicas e

físicas5. A postura inadequada

geralmente é aprendida e reforçada

a partir de desequilíbrios nos

tecidos moles que ocorrem com o

tempo e provocam desconforto, dor

e instalação de padrões de

compensação6.

O aprimoramento das

técnicas da dança clássica pode

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 65 de 71

interferir nas curvaturas fisiológicas

da coluna vertebral, especialmente

na região lombar, promovendo

hiperlordose em decorrência do

gesto postural exacerbado de

arqueamento da coluna

toracolombar, repetido inúmeras

vezes durante os ensaios

coreográficos10. A desigualdade no

desenvolvimento da flexibilidade

pode ocasionar problemas no

quadril devido à abdução e rotação

lateral exigida. Como consequência

desse desequilíbrio pode ocorrer a

pronação do pé, que por sua vez,

prejudica o movimento fisiológico do

quadril11.

As lesões decorrentes da

prática do ballet clássico vêm sendo

investigadas por pesquisadores na

Europa e América do Norte4,12,13. A

maioria decorre de falha técnica e

ocorre durante os treinamentos, o

giro forçado é o erro mais frequente.

A rotação lateral forçada do pé no

solo, à custa dos joelhos, quadris e

costas, provoca um padrão

previsível de lesões: tendinite no

flexor do quadril, irritação das

facetas articulares, fraturas por

estresse nas porções

interarticulares, inflamação crônica

do ligamento colateral medial e

síndrome de estresse tibial medial12.

As lesões mais frequentes são as

de pé e tornozelo, seguidas das de

joelho e quadril, e as que menos

ocorrem são as de membro

superior13.

Objetivando aperfeiçoar a

técnica e a execução dos

movimentos, as bailarinas, com

frequência, sobrecarregam o lado

dominante na tentativa de

amortecer o impacto dos saltos e

piruetas. A repetição deste gestual

aumenta a suscetibilidade às lesões

e desvios posturais recorrentes5.

O en dehors é o

posicionamento base da prática de

ballet clássico, cujo significado, é

aprender a virar as pernas

lateralmente, com a ponta dos pés

para fora, calcanhares para dentro e

os joelhos e coxas acompanhando

as pontas dos pés7. O grau de

rotação lateral na articulação

coxofemoral em indivíduos normais

é, em geral, de 40 a 50 graus,

perfazendo um ângulo de 80 a 100

graus. A bailarina, na chamada

primeira posição, chega a atingir

180 graus7. A posição en pointe

envolve elevada descarga de peso

na ponta dos pés, diminui a base de

apoio corporal e constitui mais um

fator comprometedor na

manutenção postural, pois a

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 66 de 71

instabilidade aumenta exigindo mais

condicionamento físico e equilíbrio

dos praticantes8,9.

A literatura biomédica relata

que as lesões musculoesqueléticas

localizadas nos joelhos e pés, são

consideradas de evolução mais

simples, quando comparadas com

as lesões no quadril e coluna

vertebral16,17.

Na análise em relação à dor,

um estudo de 2007 demonstrou que

a coluna lombar é a primeira região

mais dolorosa entre as bailarinas

clássicas, seguida pelos joelhos,

pescoço, quadris e pés18. Quanto à

intensidade dos sintomas álgicos as

queixas variam de moderada a

intensa19.

O desenvolvimento desse

breve estudo revisional tem como

objetivo caracterizar um padrão

postural em bailarinas e as

possíveis lesões que podem ocorrer

em função da prática do ballet

clássico.

MÉTODOS

Os livros-textos consultados

foram retirados na biblioteca real e

virtual do Instituto de Ciências da

Saúde-Feevale e na Universidade

do Vale dos Sinos (Unisinos). As

bases de dados consultadas foram:

Scielo, Medline, Pubmed e Lilacs

sob os descritores: ballet, bailarinas

clássicas, postura, biomecânica e

lesões. Considerando a natureza da

pesquisa, foi dispensada a

apreciação da Comissão de Ética

da Universidade Gama Filho.

Os critérios de inclusão dos

artigos foram o idioma (português e

inglês) e a relação entre o título e

resumo com a área da pesquisa.

RESULTADOS

Foram selecionados para esta pesquisa 28 trabalhos que discorriam

sobre postura biomecânica, ballet e lesões. O estudo apontou que a prática do

ballet é capaz de exercer influência na postura corporal, pois as tendências

posturais adotadas pela maioria das bailarinas, propiciam estresse

biomecânico nas articulações, o que frequentemente resulta em disfunções. As

lesões associadas mais frequentes são as de pé e tornozelo, seguidas pelas de

joelho, quadril coluna e, por último, as do membro superior.

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 67 de 71

Figura 1. Tendências posturais: (A) Posição en pointe e (B) Posição en demi-plie.

DISCUSSÃO

Espera-se que a

caracterização dos principais

agravos provocados pela prática

desta atividade promova mudanças

no estilo e padrão dos movimentos

adotados até o momento atual.

Alguns profissionais da área vêm

incentivando a utilização da

sapatilha de meia ponta no intuito

de prevenir lesões20.

Uma investigação realizada

no ano de 2000 detectou que a

coluna lombar trabalha adotando

uma postura arqueada durante a

dança clássica o que favorece o

desenvolvimento de curva lombar

hiperlordótica10, tal afirmação

encontrou apoio em um estudo

anterior, que acrescenta que isso

ocorre como resultado de diversas

repetições realizadas durante os

ensaios coreográficos 21.

A hiperlordose lombar

precede à obliquidade da pelve, e

quando este ângulo supera 20

graus, além do aumento da lordose

ocorre também o deslocamento

anterior do centro de gravidade com

consequente realinhamento das

curvaturas torácica e cervical22-23.

Na busca pelo reequilíbrio, a

bailarina projeta o tronco para trás,

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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume V, n. 1 - Página 68 de 71

promovendo acentuada obliquidade

pélvica e alteração no

posicionamento da quinta vértebra

lombar e nas demais

consequentemente25.

Corroborando com este esse

raciocínio destaca-se um relato de

2001 que afirma que o treinamento

especifico para musculatura

abdominal é relevado a segundo

plano quando comparado ao

realizado para obtenção da

extensão da coluna lombar,

provocando um desequilíbrio

muscular nestes dois importantes

grupos musculares, mantenedores

da postura da coluna lombar,

expondo a mesma a lesões26.

O mais corriqueiro em termos

de lesões trata-se de estiramentos

que podem levar a problemas nos

discos intervertebrais, nas fóveas

articulares, músculos longos e

ligamentos4. A lombalgia mecânica,

ciatalgias, Espondilolistese

degenerativa e espondilólise

também são citadas27. Com relação

à articulação do quadril, os dois

principais agravos são: a artrite

degenerativa articular decorrente de

traumatismos, infecções,

hereditariedade ou sequela de

reabilitação inadequada. O quadril

estalante, comum entre as

dançarinas, é resultado de

movimentos executados com

técnica pobre, alinhamento postural

defeituoso e/ou extensão excessiva

da pelve28.

Durante o en dehors, ou seja,

a rotação lateral associada à

abdução da articulação coxofemoral

é essencial que os músculos

envolvidos no movimento estejam

fortalecidos e desenvolvidos. Caso

isso não ocorra, será produzida

inclinação medial do joelho,

principalmente durante o pliê e

saltos26.

A hiperextensão dos joelhos

pode produzir o genu recurvatum e

perda de estabilidade. Quando isso

ocorre, a dançarina gira o joelho

para alcançar a direção do pé que

se encontra lateralizado. Esta ação

altera a cadeia cinética e tensiona o

ligamento colateral medial,

causando dor27.

A pronação do tornozelo é

uma adaptação do pé a fim de

aumentar a base de contato com a

superfície de apoio para melhorar o

equilíbrio10. Isso pode levar a

tendinite no tendão de Aquiles,

neuroma de Morton, sesamoidites e

entorses de tornozelo4. As

sapatilhas de ponta acentuam o

risco, propiciando o desequilíbrio e

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o tombo em aterrisagem

inadequada ultrapassando o limite

fisiológico articular, podendo

resultar em entorse de tornozelo,

luxação ou fratura4.

Com relação ao desnível

entre os ombros encontrou-se

concordância entre dois autores que

admitem que a diferença ocorra

principalmente pela preferência

dada ao lado dominante durante a

execução dos passos e giros, o que

possibilita o desenvolvimento de

hipertrofias, desvios e dores

musculares 10,26. A alteração da

cifose torácica pode estar

relacionada com a falta de

alongamento dos músculos

peitorais, ou então, confrontando

essa afirmação, podemos encontrar

retificação da torácica que ocorre

pela simples imposição da postura

constantemente ereta adotada

durante a execução dos

movimentos5.

A anteriorização cefálica não

é citada em muitos estudos, supõe-

se que a mesma ocorra pela

exigência de palco durante as

apresentações em que as bailarinas

estendem sutilmente a porção

superior da cervical5.

O ballet clássico possui

fundamentos biomecânicos e físicos

cientificamente corretos, porém

sabe-se que toda e qualquer

atividade física quando não bem

orientada e executada pode causar

transtornos à saúde3.

O ponto forte desta pesquisa

foi a aquisição de conhecimentos

mais consistentes sobre esta

modalidade de exercício físico o que

possibilita a aplicação de cuidados

quiroprático mais efetivos e que

preconizem as prioridades das

bailarinas e a introdução de hábitos

posturais corretos buscando

diminuir a instalação de padrões de

postura exacerbados comumente

vistos no grupo em questão. Entre

as limitações da pesquisa, citamos

que o referencial teórico sobre o

assunto ainda é diminuto e isso

pode ser considerado uma

dificuldade nesse ramo de pesquisa.

CONCLUSÕES

A revisão da literatura

biomédica possibilitou a

identificação de 28 trabalhos que

selecionamos como representativos

para a atividade das bailarinas. O

ballet clássico apesar de seguir

padrões biomecânicos corretos,

quando não bem instruído e

orientado, predispõe seus

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praticantes a lesões características

e alterações posturais.

Os pontos básicos comuns

sobre o padrão postural e lesões

prevalentes ora descritos têm como

objetivo fornecer ao profissional da

área musculoesquelética uma

ferramenta capaz de direcioná-lo a

um tratamento mais adequado para

as doenças características dos

bailarinos.

CONFLITOS DE INTERESSES:

Não há.

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