revista brasil social iii

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Entrevista Abrigos públicos são realidade dicil no Brasil Universidades preparam para o terceiro setor José Targino conta a história da Orquestra Criança Cidadã Você sabia? Especial Edição 3 - ano 3 - setembro de 2008 Interview - José Targino tells the story of the Orchestra Criança Cidadã Did you know? - Universies prepare for the 3rd Sector Special Feature (ou só Special) - Public orphanages: a harsh reality in Brazil

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Revista Brasil Social III

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Page 1: Revista Brasil Social III

EntrevistaAbrigos públicos são realidade difícil no Brasil

Universidades preparam para o terceiro setor

José Targino conta a história da Orquestra Criança Cidadã

Você sabia? Especial

Edição 3 - ano 3 - setembro de 2008

Interview - José Targino tells the story of the Orchestra Criança Cidadã

Did you know? - Universities prepare for the 3rd Sector

Special Feature (ou só Special) - Public orphanages: a harsh reality in Brazil

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10- entrevista Interview

Música como instrumento de cidadaniaMusic as an instrument for citizenship

14 - você sabia? Did you know?

Universidades brasileiras preparam profissionais para o terceiro setorBrazilian universi ties prepare for the third sector

17 - enquete Survey

O empresariado da sua região é sensível ao investimento na área social?How sensitive is the private sector in your region to the social issues?

21 - artigo Article

Construção da VidaBuilding a life

22 - descobrindo quem faz / People in Action

Sua majestade, o circo! A arte como instrumento para a cidadaniaPeró: circus and art as intruments to citizenship

24 - participe do social Participating in the 3rd Sector

26 - prêmios e homenagens Prizes and Recognition

29 - especial Special Feature

Abrigos públicos: uma difícil realidade no BrasilPublic orphanages: a harsh reality in Brazil

34 - projeto casa da criançaPrograma Cia dos Anjos atua em instituições reformadasCia dos Anjos program in reformed institutions

36 - ação cultura Cultural Initiative

Afroreggae une arte e cultura na luta pela inclusão socialAfroreggae mixes art and culture in the fight for social inclusion

40 - conhecendo o terceiro setor Getting to know the 3rd Sector

Brasileira Célia Cruz é destaque no empreendedorismo socialBrazilian Célia Cruz – an outstanding social entrepreneur

42 - conhecendo uma unidade An Example

Projeto CASA DA CRIANÇA leva esperança ao tratamento oncológico no CearáCasa do Menino Jesus benefited by the Projeto CASA DA CRIANÇA in 2006

46 - ação saúde Health Initiative

NACPC atende crianças com paralisia cerebral, em Salvador (BA)

NACPC cares for children with cerebral palsy in Salvador (BA)

49 - aconteceu Happenings

53 - conhecendo o terceiro setor Brazil

Toda a beleza e a riqueza humana de Belém do ParáAll the beauty and humane riches of Belém do Pará

EntrevistaAbrigos públicos são realidade difícil no Brasil

Universidades preparam para o terceiro setor

José Targino conta a história da Orquestra Criança Cidadã

Você sabia? Especial

Edição 3 - ano 3 - setembro de 2008

Interview - José Targino tells the story of the Orchestra Criança Cidadã

Did you know? - Universities prepare for the 3rd Sector

Special Feature (ou só Special) - Public orphanages: a harsh reality in Brazil

Expediente

A revista Brasil Social é uma publicação semestral do Projeto CASA DA CRIANÇA.The Brasil Social magazine is a biannual publication of the Projeto CASA DA CRIANÇA.

Presidente: Patrícia ChalaçaVice-Presidente: Marcelo Souza LeãoSede: R. Dr. Raul Lafayette, 191 / Sala 1401Boa Viagem, Recife-PE - CEP: 51021-220Tel: + 55 81 3467-9968

Site: www.projetocasadacrianca.org.brEmail: [email protected] Jurídica/ Law consultants: Da Fonte Advogados

Equipe BRASIL SOCIAL/ Brasil Social Staff

Conselho Editorial/ Editorial CouncilPatrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão

Agência de publicidade/ Advertising agency PRONTO! Comunicação

Projeto Editorial/ Editorial ProjectEXECUTIVA PRESS Soluções em Comunicação www.executivapress.com.br

Jornalistas responsáveis/ Supervising JournalistsKarlla Barbosa – DRT/PE 2.129Fabiana Galvão – DRT/PE 1.888

Textos/ TextsAna Paula Dantas, Camille Soares, Fabiana Galvão, Giovanna Martorelli, Karlla Barbosa, Maria Isabel Queiroz, Michel Ribera, Rebeka Maciel

Tradução/Translation inglêsLaura Cavalcanti

Design gráfico e Ilustração/ Graphic design and illustrationsGideon Filho e Samuca

Fotos matéria Abrigos/ Photographer – Abrigos special feature Renato Stockler

Fotos matéria Belém (PA)/ Photgrapher – Belém (PA) articleArthur Alexander, Lucas Brandão, Roney Brito e Socorro Coutinho

Agradecimentos especiais/ Special thank youCarlos Félix e Luca Bonacini (Ação Saúde – NACPC), Norte Comunicação (Belém - PA), Full Time Comunicação (Casa do Menino Jesus, Fortaleza - CE), Lettera Comunicação Estratégica (SP), Salada Magazine (AL)

Esta publicação é inteiramente viabilizada por meio dos anúncios que nela constam, sendo distribuída gratuitamente.“This publication is made possible through the advertisements in its composition, and distributed entirely for free.”

Anuncie na próxima BRASIL SOCIAL Post an Ad in the next Brasil [email protected]

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Carta dos editores

Letter from the editors

Another dream come true. That’s how we see the BRASIL SOCIAL magazine. Carrying in its essence extraordinarily humanitarian initiatives, that transform lives, this publication, once again, lets us see we’re not alone. Creating and elaborating a new edition we notice there is a great portion of society immersed in this bigger feeling of “being human”, that there are people who dedicate their time to noble causes and touch us with their beauty and light implicit in each action. These are the people who give us hope when we, from the Projeto CASA DA CRIANÇA, think to ourselves “no matter how much we work for our Brazil, we are just one firefly in the darkness”. With each new project and initiative we become stronger and more certain that together we may shine a light upon the marginalized ones of our Brazil.This edition is a present we share with each reader of the different regions of Brazil, and from other countries as well. We went beyond and crossed boundaries, finding readers from other parts of the world and sharing with them our reality, which the Projeto CASA DA CRIANÇA has been trying to transform with dignity. In our quest to better understand the social universe, we have constantly met people and businesses who have brought change. We highlight Brazilian Célia Cruz, from Ashoka, a worldwide not for profit organization, and other prize winning organizations like Dr. Mauri Cortez’s and Rui Ferreira’s SOS Mão Criança. Each one of these people helps us find, right here, the Brazil that works. Its worth noting that among so many social inequalities there are victorious projects, untamable and transforming like Afrorregae, developed in the Rio de Janeiro slums, the NACPC which has been changing the lives of hundreds of children in Salvador, and the Orquestra Criança Cidadã, of the boys from the Coque community, in Recife’s periphery, whose story you can find out about in the interview with its idealizer, judge João José Targino. We are still discovering “People in action”, shining a light on characters like Peró from Maceió who, takes art and culture to a community inserted in a dump site. Finally the cover of this edition explores a polemic theme – which we had the opportunity to learn about up-close and personal throughout these nine years of work throughout the country – which is the reality of our shelters. Take the time to read it and think about it!The BRASIL SOCIAL magazine is a means to attain a bigger feeling in life. LIFE here understood as something much beyond the conquests of power and materialism. A life to be lived with love and hope, understanding that one cannot be happy alone, that one cannot close their eyes to the social and environmental issues. Here is our invitation: let us all, together, do something for a better life. I leave here my sincere appreciation to every friend of the Projeto CASA DA CRIANÇA,

my love and gratitude for all of those who contributed to the realization of this magazine

which reflects our social Brazil.

Mais um sonho concretizado. Assim é a BRA-SIL SOCIAL. Trazendo como essência ações

extraordinariamente humanitárias, que transfor-mam vidas, a publicação vem, mais uma vez, nos fazer acreditar que não estamos sós. Pensando e elaborando mais uma edição, percebemos que há uma grande massa da sociedade envolta por este sentimento maior que é o “ser humano”, que existem pessoas que dedicam seu tempo a causas nobres e nos emocionam com a bele-za e luz implícitas em cada uma delas. São essas pessoas que preenchem o vazio do Projeto CASA

DA CRIANÇA quando questionamos “por mais que façamos neste Brasil, somos apenas um vagalume na

escuridão”. É com as descobertas que fazemos ao longo de cada projeto que nos fortalecemos e sabemos que juntos podemos, sim, iluminar os excluídos do nosso Brasil.

Esta edição é um presente que dividimos com cada leitor das diferentes regiões do Brasil. E de fora dele também. Fomos além e cruzamos frontei-ras, encontrando leitores de outros países e dividindo com eles a nossa re-alidade, a qual o Projeto CASA DA CRIANÇA tem procurado levar transfor-mação e dignidade. Em nossa busca de conhecer melhor o universo social, vamos nos deparando com pessoas e empresas que têm feito diferença. É assim que destacamos a brasileira Célia Cruz, da organização sem fins lucrativos Ashoka, e organizações premiadas como a dos médicos Mauri Cortez e Rui Ferreira, do SOS Mão Criança . Cada um deles nos faz ver que encontramos aqui um Brasil que está dando certo.

Vale lembrar que no meio de tantas desigualdades sociais, há projetos vito-riosos, incansáveis e transformadores como o Afrorregae, desenvolvido nas favelas do Rio de Janeiro, o Núcleo de Atendimento às Crianças com Parali-sia Cerebral (NACPC), que vem mudado a vida de centenas de crianças em Salvador, e a Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, na periferia do Recife, cuja história pode ser conferida na entrevista com seu idealizador, o juiz João José Targino. Estamos ainda “Descobrindo quem faz”, mostrando personagens como Peró de Maceió que, mesmo ladeada pelo lixão, leva arte e cultura às comunidades através do circo. Por fim, a capa desta edição explora um tema polêmico – que tivemos a oportunidade de conhecer de perto ao longo destes nove anos de andanças pelo País – que é a realidade dos abrigos. Confira e reflita!

A BRASIL SOCIAL é um canal para se atingir o sentimento maior da vida. VIDA aqui compreendida como algo muito além das conquistas do poder e do ma-terialismo. Uma vida a ser vivida com amor e esperança, compreendendo-se que não se pode ser feliz sozinho, que não se pode fechar os olhos às ques-tões sociais e ambientais. Aqui fica o convite: façamos, todos, algo por uma vida melhor. Deixo aqui, meu agradecimento especial a cada amigo do Projeto CASA DA CRIANÇA, meu carinho e gratidão por todos aqueles que contribuí-ram com a realização desta revista, que traduz o nosso BRASIL SOCIAL.

Patrícia Chalaça Presidente-fundadora

Projeto CASA DA CRIANÇA

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Como a idéia começou a ser colocada em prática?Bem, eu sonhava em fazer esse trabalho em uma co-munidade pobre e, certo dia, vi uma apresentação de um grupo de jovens pobres da comunidade do Alto do Céu. Esse grupo foi constituído pelo maestro Cussy de Almeida, que hoje é o nosso coordenador musical. Eu disse: “é isso que sonho fazer”. No dia seguinte, con-versei com o maestro e iniciamos as tratativas.

Existe alguma contrapartida dessas crianças, seja em termos financeiros ou no âmbito educacional?

Todos os alunos são estudantes da rede pública estadual ou municipal. É condição indispensável estar matriculado

em uma escola pública do Coque. Quando começamos o pro-jeto, imaginávamos que as crianças – que nos foram mandadas pelas escolas como sendo as melhores – estavam em nível razoável. Crianças que estavam na quarta série não conheciam as letras do alfabeto. Nós tivemos que agregar ao projeto um viés que não estava previsto, que era o de ter uma pedagoga. Esse projeto Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Co-que busca imprimir, em primeiro lugar, a incorporação de valores que possam dar-lhes relevo no caráter. Depois trabalhamos o aspecto musical. Para isso, temos, além da pedagoga, uma psicóloga, porque os problemas de ordem psicológica são variados. Há o apoio pedagógico, o psicológico e o nutricional, porque não se pode exigir que se aprenda música se o aluno está com barriga vazia. Procuramos fazer com que o projeto fique blindado, sem furos.

entrevista

Música como instrumento de cidadaniaJuiz de Direito conduz orquestra com meninos pobres e inicia processo de mudança da realidade de uma das áreas mais carentes e violentas do Recife (PE)

Por Camille Soraes

Paraibano de nascença e pernambu-cano de coração, o juiz de direito da Justiça Estadual de Pernambuco João José Targino não esconde a alegria em falar sobre a Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, bairro pobre da região central do Recife (PE). Idea-lizador e coordenador do projeto que leva música clássica às crianças caren-tes, Targino acredita contribuir para a transformação de uma das comuni-dades mais violentas e com uma das piores posições no Índice de Desen-volvimento Humano (IDH) do Recife. Além disso, vê o projeto social como uma forma de transformar sua própria história. “Sou um homem melhor hoje que há oito anos” revela.

Com quase dois anos de criação, o projeto reúne 120 alunos, entre crian-ças e adolescentes de sete a 15 anos de idade. A Orquestra é ligada à As-sociação Beneficente Criança Cidadã (ABCC), entidade sem fins lucrativos criada pelo Poder Judiciário, na gestão do desembargador Nildo Nery como presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A partir da música clás-sica, esses meninos têm buscado for-mas de conquistar um futuro melhor. Alguns já vêem na música uma fonte de renda. Hoje, preparam-se para al-çar vôos muito maiores, que podem ultrapassar as fronteiras brasileiras.

A seguir, você conhece um pouco dos anseios que levaram o juiz a dar o ponta-pé inicial no projeto e os des-dobramentos desse sonho, que tem a admiração e o reconhecimento da pre-sidente do Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia Chalaça, que colaborou dire-

tamente na realização desta entre-vista.

O senhor falou sobre o apoio psicológico. Muitos desses problemas devem vir da estrutura familiar das crianças. De que forma o projeto envolve os pais dos meninos do Coque?O projeto traz um apoio muito forte à família. Mensalmente, nós fazemos reuniões com os pais dos alunos para ministrar conceitos de como devem proceder com os filhos. Além disso, queremos ouvir o que eles têm a dizer sobre o projeto. Temos que ter a grandeza de ouvir a crítica e tentar absorvê-la da melhor forma.

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Além de alfabetizar as crianças, como foi ensinar a música erudita? Foi um processo natural. O método utili-zado pelo maestro Cussy de Almeida é o Suzuki, que é um método muito lúdico. O aluno utiliza o instrumento como um brin-quedo. Houve uma aceitação muito boa dos garotos com relação ao método. Daí para eles tocarem o repertório clássico foi um passo rápido. Com 14 dias, a orquestra tocou a primeira música em apresentação no Porto de Suape (Complexo Industrial Portuário de Suape, na Região Metropoli-tana do Recife). Esse é um exemplo de que o projeto nasceu para ser vitorioso.

O senhor acredita que a música transfor-mou a comunidade do Coque?Está transformando. É um processo lento que está ocorrendo. Tenho certeza que se esse projeto for adiante, e irá, pela vonta-de de Deus e pela força dos homens, e se houver incentivo de ordem financeira para que outras crianças possam ser contrata-das, transformaremos o Coque de comuni-dade da violência em comunidade da boa música.

O projeto conta com o apoio de quem?O maior apoiador é o Exército Brasileiro. A escola funciona dentro do Exército, foi construída e doada pelo Exército. Em se-

guida vêm Chesf, Gerdau, Celpe, Pamesa, banco BGM e Total. Mas não temos apoio para fazer com que nossa fonte de custeio esteja completa. Esse é o grande sonho que esperamos alcançar até o fim do ano. Fazer com que tenhamos ao fim de cada mês R$ 100 mil para cobrir nossas despesas.

Qual é o custo de manutenção de cada criança?R$ 1 mil por mês. Aí você me pergunta qual o custo de um presidiário na Barreto Cam-pelo? R$ 2.600. Se você me pergunta qual a perspectiva de um aluno na escola? Eu res-pondo: ser um profissional da música e, aci-ma de tudo, um cidadão. Qual a perspectiva de um bandido na Penitenciária Professor Barreto Campelo (penitenciária localizada na Ilha de Itamaracá, área metropolitana do Recife)? Da forma como o sistema peni-tenciário está estruturado hoje, é sair muito pior e mais bandido do que entrou.

Dr. Targino, gostaríamos de mostrar um pouco da pessoa que idealizou o pro-jeto Orquestra Criança Cidadã dos Me-ninos do Coque. O senhor hoje é juiz, coordenador dos Juizados Especiais de Pernambuco. Como o senhor ingressou no Poder Judiciário?Ingressei no Judiciário por meio de concurso público. Prestei concurso aos 22 anos. Hoje,

tenho 38 anos. Com a minha profissão, eu pude ver que falta às pessoas oportunida-de. Oportunidade de transformação. Se houvesse uma política pública séria voltada para esses jovens, muitos processos que es-tão nas varas criminais não estariam.

O senhor se considera um exemplo para essas crianças e adolescentes?Na verdade, acredito que estou me elevando como pessoa. Hoje, sou uma pessoa melhor que há oito anos, quan-do ainda não participava de nenhum projeto. Sou uma pessoa que recebe muito mais bênçãos que antes de fazer um trabalho desses, principalmente, um trabalho que não busca contraparti-da. Eu sou muito devedor desse estado (Pernambuco). Sou um paraibano, nas-cido em Pombal, mas moro há 14 anos em Pernambuco. Fui recebido de forma muito carinhosa e alcancei posições que não teria alcançado no meu estado. Acho que essa é uma forma de retribuir essa dívida.

Como brasileiro e como Juiz de Direito, o senhor acredita que poderia haver uma união de forças entre o Poder Judiciário e as organizações de empreendedores sociais, em uma ação fortalecendo es-sas organizações e contribuindo com a desarticulação daqueles que denigrem a imagem do Brasil?Sou partidário da opinião de que todos os segmentos da sociedade, seja iniciati-va privada, setor público ou Estado, de-vem estar irmanados no enfrentamento da grave situação social que vivemos. Não se pode prescindir da responsabi-lidade social. A empresa e a instituição que não agirem dessa forma são retró-gradas, atrasadas. Os conceitos atuais de cidadania nos levam à convicção de que temos que ver que a questão social passa pela esfera de todos. É muito fácil culpar governo do Estado, Prefeitura e União pelo problema. Na verdade, eles são responsáveis, mas não são os úni-cos. Nós, que vivemos em sociedade, somos responsáveis pelo enfrentamen-to da situação.

Fotos: divulgação

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How did the idea of the Orquesta

come to be?

The idea of the project came up as a con-

sequence of a person who lives in a society

and understands that we should be pro-acti-

ve agents in this process. In this conception,

I have always strived to do work focused on

music with inhabitants of a lower income

community in Recife. Nothing better than

the Coque community, which has the lowest

HDI standard in Recife and the highest vio-

lence rates. That in itself is a good technical

criterion. It was also for a technical question

that we decided that the orchestra would be

formed by string instruments, because there

is little offer of string musicians all over the

world. We may not be idealistic and imagine

that the children from Coque are learning

music for their own enjoyment. Miguel de

Cervantes, in Don Quixote, says that where

there is music, there may not be bad things.

Music expels demons, the ailments within

people. And, secondly, we hope they will use

this apprenticeship in music to make a living.

How did you start to put this idea to work?

Well, I dreamed of doing this type of work

with a lower income community, an, one

day, I saw a concert by a group of underpri-

vileged teens from the Alto do Céu com-

munity. This group was formed by maestro

Cussy de Almeida, who is our musical coor-

dinator today. I said to myself: “this is what

I have been dreaming to do”. The next day I

had a talk with the maestro and we started

the process.

Is there any investment these children have

to make, in financial or educational terms?

Every orchestra member is a student in

the public school system. It’s an indispen-

sable condition to be enrolled in a public

school in the Coque community. When we

started this project, we imagined that the

children – sent to us through a selection of

the best students – were in a reasonable

instruction level. Children who were in the

fourth grade didn’t know all the letters in

the alphabet. We had to add to the project

an educationl branch that was not in the

original design. This Orchestra seeks to

imprint, in the first place, the incorporation

of values that can improve their characters.

After that we focus on the musical aspect.

That’s why we have, besides a pedagogue,

a psychologist, because the psychological

problems these children face are varied.

There is pedagogical, psychological and

nutritional support, because you cannot

expect a child to learn music if he’s hungry.

We try to make this project foul-proof.

You mentioned psychological support.

Many of these problems probably stem

from the family structure of these chil-

dren. In what way does the project involve

the parents?

The project guarantees a strong support to

the family. Every month we hold meetings

with the students’ parents to discuss about

Music as an instrument for citizenship

Judge conducts orchestra with lower income children and initiates a trans-formation process in one of the most violent and needy communities in Recife (PE)

By Camille Soares

Originally from the state of Paraíba, but with Pernambuco in his heart, the Pernambuco State Judge João José Targino doesn’t hide his satisfaction in talking about the Orquestra Criança Cidadã (Child Citizen Orchestra) of the children from Coque, lower income neighborhood in the central area of Recife (PE). Creator and coordinator of the project that takes classical music to the children in need, Targino believes they are contributing for the transformation of one of the most violent communities, with lowest HDI (Human Development Index) stan-dards in Recife. Beyond that, Targino sees this project as a way to trans-form his own story. “I’m a better man today than I was eight years ago”, he reveals. With almost two years since its inception, this project brings together 120 students, children and teena-gers ranging from seven to fifteen years old. The Orchestra is linked to the Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC), a not for profit orga-nization created and administered by Nildo Nery, president of the Judiciary Branch in Pernambuco. From classical music, these children have sought forms to conquer a better future. Some already see in music, a form of revenue. Today, they prepare to go on higher flights, which may even go beyond Brazilian boundaries. Here you can get to know some of the yearnings that took judge Targino to give the initial step in the project and unfolding of this dream, which has the admiration and the recognition of the president of the Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia Chalaça, who

directly collaborated with the rea-lization of this interview.

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their family lives and how to make it heal-

thier. Its also a moment when we can hear

what they think of the project. We have to

be open to hearing their criticism and try to

digest it the best way possible.

Besides alphabetizing the children, how

has it been teaching classical music?

It was a natural process. The method used

by maestro Cussy de Almeida, the Suzuki

method, is very mischievous. The student

utuilizes the instrument as a toy. There

was wide acceptance from the children in

relation to the method. From then on, for

them to play a classic repertoire, it was a

quick step. Within 14 days, the orchestra

played their first concert in the Suape Port

(an industrial complex in the outskirts of

Recife). This is an example that the project

was born to be victorious.

Do you believe music has transformed

Coque community?

It is transforming. Its a slow process that

is taking place. Im sure that if this project

continues, and it will, by God’s will and

the power of men, and if there is financial

incentive so that other children may be a

part of it, we will transform Coque from a

violent to a musical community.

Who are the supporters of the project?

Our biggest supporter is the Brazilian Army.

The school functions within the Army buil-

dings, was built and donated by the Army.

Then comes Chesf, Gerdau, Chesf, Pamesa,

BGM bank and Total. But we don’t have

enough support in order have a complete

covering of all costs. This is our main goal to

attain until the end of the year: to have R$

100 thousand to cover our expenditures at

the end of the month.

What’s the maintenance cost per child?

R$ 1 thousand per month. Then you ask

yourself how much does it cost to maintain

a person in the Barreto Campelo prison?

R$2,600. If you then ask yourself what’s

the perspective of a student in the project?

I can answer you: to become a musician,

and, above all, a citizen. What’s the pers-

pective for a criminal in the prison (located

in Itamaracá island, on the outskirts of

Recife)? The way our penitentiary system is

built today, his/her perspective is to leave

prison much worse and more a criminal

than he/she entered.

Dr. Targino, we would like to let people

know a little about the person who idea-

lized the Orchestra Criança Cidadã of the

Coque Children. Today, you are a judge.

How did you come to where you are now?

I started in the judicial branch through a

public selection process when I was 22.

Today I’m 38 years old. In my profession, I

could see that what people need is op-

portunity. Opportunity to change. If there

were a serious public policy directed to

these youngsters, many processes that are

in going on in the criminal judicial courts

would not be happening.

Do you see yourself as a role model to

these children and adolescents?

In reality, I think I’m the one evolving

as a person. Today, I’m a better person

than I was eight years ago when I wasn’t

engaged. I’m a person who receives

many more blessings now than before,

now that I work in a field where I don’t

expect to receive any sort of reward.

I owe a lot to this state (Pernambu-

co). I’m from Paraíba, born in the city

of Pombal, but have lived here for 14

years. I had a very warm reception here

and reached positions I could not have

reached in my home state. I think this is

the best way to pay back this debt.

As a Brazilian and judge, do you believe

that there could be a union between

the judicial system and the organiza-

tion formed by social entrepreneurs in

an effort to strengthen these organiza-

tions and contribute to the disarticula-

tion of those who damage the image of

Brazil?

I’m of the opinion that all the segments

of a society, be it the private sector, the

public or State sector, should be united

in the fight for the improvement of the

grave social situation we live in. One

cannot escape from social responsi-

bility. Businesses and institutions that

are not socially responsible are a thing

of the past. The modern concept of

citizenship leads us to the conviction

that we all are responsible for the social

issues. It’s very easy to blame the State

government, city Hall and Union for the

problem. Us, who live in society, are all

responsible for facing these issues.

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vocÊ sabia?

Universidades brasileiras preparam profissionais para o terceiro setor

Cursos de formação em todo o país se expandem para atender a um merca-

do cada vez mais exigente, o terceiro setor, que responde por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo estudo rea-lizado pelo Programa Voluntários da ONU em parceria com o John Hopkins Center, em Maryland, nos EUA. Trabalhar em uma Organização Não Governamental (ONG) exi-ge esforço, dedicação e eficiência dos que fazem a causa. Esse esforço é visto diaria-mente nas páginas dos jornais, pode ser traduzido em ações importantes por todo o país junto aos setores público e privado, e é reflexo de um movimento que também está sendo registrado em nível nacional: a profissionalização do terceiro setor. Pesso-as e instituições estão deixando de lado o amadorismo e se profissionalizando, trans-formando o terceiro setor em um mercado cada vez mais forte.

Todos esses resultados mostram que a so-ciedade está despertando para uma consci-ência social. Corresponder a essa expectati-va, no entanto, exige eficiência. Administrar uma ONG ou OSCIP (Organização da Socie-dade Civil de Interesse Público), é diferente de assumir uma gestão administrativa de uma empresa multinacional, por exemplo. São necessários conhecimentos específicos de pessoas capacitadas e familiarizadas com o trabalho social. Treinamento, elaboração de projetos, legislação do terceiro setor... Toda esta demanda de conhecimento está despertando o interesse de várias universi-dades do país em construir núcleos do ter-ceiro setor, oferecendo cursos de pós-gra-duação stricto sensu e lato sensu, formando parcerias para elaboração de projetos e pes-quisas na área.

A Universidade de Pernambuco (UPE), em Recife (PE), por exemplo, formou o seu Nú-cleo de Extensão do Terceiro Setor há qua-tro anos e oferece os cursos de Gestão de Organização em Terceiro Setor, Gestão em Projetos Sociais e Gestão Financeira e Jurídi-ca do Terceiro Setor. O coordenador do Nú-

cleo, Adeilson Pereira Silva, fala que a pro-cura pelos cursos é grande e diversificada. “O público que procura esse tipo de curso são na maioria estudantes e profissionais liberais. Em muitas instituições atualmente, até para ser voluntário é preciso apresentar certo tipo de experiência” comenta o coor-denador.

Em São Paulo (SP), a faculdade Mackenzie também possui um núcleo especializado no segmento e oferece o curso de pós-gradu-ação em Gestão de Organização no Tercei-ro Setor, que envolve matérias teóricas e práticas como o Direito do Terceiro Setor e Gestão de Pessoas e Voluntariado. “Nossa pós-graduação sofreu recentemente uma formatação que gerou ainda mais profissio-nalização na área. O objetivo do curso é gerar algo positivo para as instituições do terceiro setor, como um planejamento estratégico para uma ONG, ou a elaboração de uma entidade.” diz a professora Silvia Domenico, que é coordenadora da pós-graduação.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) oferece, em seu Instituto de Econo-

mia, o curso de especialização de Responsa-bilidade Social e Terceiro Setor. O coordena-dor do curso, o professor Roberto Bartholo Júnior, diz que é freqüente a discussão para a necessidade de captação de recurso ade-quada para o segmento, que gera impactos positivos nos postos de trabalho. “Até bem pouco tempo, pesquisas realizadas por uni-versidades brasileiras diziam que os funcio-nários do terceiro setor são mal remunera-dos em relação ao setor empresarial. Estas instituições terão que gerir adequadamen-te seus recursos para alcançar os objetivos para os quais foram criadas”, fala Bartholo.

O público dos cursos, em geral, é compos-to por funcionários de empresas que traba-lham com responsabilidade social.

Em Salvador, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) lançou em 2001 o Programa de Desenvolvimento em Gestão Social, que conta com um curso de especialização em Gestão do desenvolvimento e Responsabili-dade Social e um Mestrado Multidisciplinar e Profissionalizante em Desenvolvimento Social, criado em 2004. Nos dois cursos,

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Graduation courses all over the country expand and get enhanced in order to reach

the needs of an increasingly demanding market, the non-profit market, which now comprises 5% of the Brazilian Gross National Product, according to a research by the UN Volunteers Program and the John Hopkins Center in Maryland, USA. And it keeps growing. To work in a not-for-profit organization takes effort, dedication and efficiency. This work ethic is reflected daily in the newspapers, in the significant activities realized through the unison of the private and non-profit sector, and is a reflection of a national

Brazilian universities prepare for the third sector

trend: the professionalizing of social workers. These professionals are leaving the amateur class and becoming more and more specialized, transforming the third sector into a much more solid market. All these results show that Brazilian society is finally being contaminated with a social conscience. To live up to the expectations, of course, requires a lot of preparation. To administer a non-governmental organization is different than taking on the direction of a multinational corporation. Knowledge in training, third sector legislation and regulations, project elaboration is extremely important, therefore, many universities are opening more and more space for third sector graduation and post-graduation courses, also forming partnerships for research in the area. In Recife (PE), for example, the University of Pernambuco (UPE) created the first Núcleo de Extensão do Terceiro Setor four years ago which offers courses like Managing Third Sector Organizations, Creating Social impact Projects and Legislative and Financial Third Sector Administration. Adeilson Pereira Silva, who coordinates the Núcleo, says that the demand for the courses is increasing and varied. “The people who are looking for these types of courses are mostly students and autonomous professionals.

os alunos cumprem disciplinas teóricas no primeiro ano e no segundo participam do programa de Residência Social para desen-volvimento da tese de conclusão.

A professora do mestrado na UFBA Paula Schommer diz que esta residência é realiza-da em outro estado, na especialização, e em outro país, no mestrado. “É necessário que o aluno interaja com a realidade política, so-cial e cultural de outro lugar para desenvol-ver a sua monografia. Orientamos também que as teses sejam trabalhadas em cima de problemas concretos da comunidade”, diz Paula. No primeiro ano em que a UFBA abriu as inscrições para o mestrado, em 2006, a procura foi intensa, com 468 candidatos para 20 vagas.

No Paraná, a Universidade Federal do Pa-raná (UFPR), possui o Núcleo Interdiscipli-nar de Estudos sobre o Terceiro Setor (NITS) desde 2002, com projetos de pesquisa de desenvolvimento comunitário, cidadania empresarial e economia solidária. O Cen-tro também oferece um curso que aborda a ONG desde sua criação, com os princípios fundamentais e toda a manutenção essen-cial para sua sustentabilidade. A coordena-dora do Núcleo, professora Ana Lúcia San-tana, explica que é necessário formar uma consciência social na sociedade civil. “Sou professora também do curso de economia e tenho influenciado meus alunos a escre-verem seus projetos de monografia com temas do terceiro setor. Isso ajuda no de-senvolvimento de pesquisas e do mercado deste segmento”, diz.

O Terceiro Setor ocupa 2,2% da mão de obra do Brasil e tem potencial para ocupar 7%, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Crescendo bastante, este segmento já é considerado uma boa opor-tunidade como potencial para o mercado de trabalho, uma vez que as instituições da área estão se fortalecendo. A professora Ana Lúcia Santana, coordenadora do NITS da UFPR relata que, em suas duas turmas já formadas do curso de extensão, alguns alu-nos já saíram empregados e remunerados em diversas instituições. “O nosso público é diversificado, há tanto pessoas que já traba-lham na área e querem se qualificar melhor, como aqueles que vêm por interesse pró-prio e já conseguem trabalhos interessantes em ONGs”.

Ashoka investe na formação de empreendedores sociais

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A ASHOKA, organização americana sediada em Washington que investe em líderes so-ciais no mundo, tem importante papel na profissionalização de líderes sociais do Brasil. Os líderes são identificados por meio de rigoroso processo de seleção, que considera suas iniciativas inovadoras e transformadoras. No Brasil são pouco mais de 300 fellows, como são chamados esses empreendedores sociais da rede Ashoka, que recebem por até três anos bolsas com remunerações equivalentes às das suas profissões.

O objetivo da Ashoka é que esses empreendedores se dediquem integralmente às ações sociais que desenvolvem e se profissionalizem. Para isso, a Ashoka oferece aos fellows cur-sos diversos nas áreas de gestão, captação de recursos, marketing, comunicação, políticas públicas, entre outros. O objetivo é proporcionar a profissionalização dos empreendedores e o conseqüente crescimento de suas organizações, gerando sua sustentabilidade. Em um ciclo natural, essas organizações passam não apenas a poder remunerar os idealizadores da organização, os fellows, como a contratar novos profissionais do mercado, para atender às crescentes ações sociais. Alguns exemplos de fellows Ashoka podem ser encontrados

neste exemplar da BRASIL SOCIAL, como Patricia Chalaça (Projeto CASA DA CRIANÇA), Pedro Guimarães (NACPC), José Júnior (AFROREGGAE). Mais informações podem ser

obtidas no site da entidade: www.ashoka.org.br.

Page 16: Revista Brasil Social III

Ashoka, an american not for profit

organization based in Washington D.C.

which invests in social leaders all over

the world, has an importatn role in the

professionalizing of Brazilian social

leaders. Their main goal is to enable

social enterpreneurs to act in their

area and develop their projetcts. Once

a social enterpreneur is selected to be

a part of the Ashoka Fellows network,

he or she has access to diverse courses

like management, fund-raising,

marketing, etc. In this manner, Ashoka

helps with the professionalizing of

these enterpreneurs and consequently

of the third sector in general. Some of

these Ashoka Fellows are mentioned

in the pages of the Brasil Social, like

Patrícia Chalaça (Projeto CASA DA

CRIANÇA), Pedro Guimarães (NACPC),

José Júnior (AFROREGGAE) and

others. For more information about

Ashoka: www.ashoka.org.

In many institutions, now, even to be a volunteer, they require you to show up with a certain degree of experience in the area”, he comments. In São Paulo (SP) Mackenzie College also has a center specialized in the third sector and offers post-graduation course in Management of Third Sector Organizations, which involves theory-oriented and practice-oriented disciplines like Law for the Third Sector or People and Volunteer Management. “Our post-graduation went through a reformulation recently which generated even more professionalism in the area. The objective of the course is to generate something positive for the nonprofit organizations, like a strategic plan for an NGO, or the creation of and institution,” says Silvia Domenico, coordinator of the post-graduation courses at Mackenzie. The Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) offers in its Economics Institute the specialization course: Social Responsibility and the Third Sector. The coordinator of the course, Professor Roberto Bartholo Junior says that there are frequent discussions about the need for fundraising in the sector. “Until recently, research conducted by Brazilian universities stated that the workers in the third sector were under paid in relation to workers in the private business sector. These institutions will have to find ways to manage their resources in order to reach the goals they were set out to achieve,” says Bartholo. The public for these courses, in general, is comprised of employees from corporations that work with social responsibility. In Salvador, the Federal University of Bahia (UFBA) launched in 2001, the Development in Social Management Program, which includes a specialization course and a multidisciplinary masters professionalizing degree in Social development, created in 2004. In both courses the students received theory-based orientation in the first year and in the second year participate in a Social Residency Program in order to elaborate their conclusion thesis.

Paula Schommer, Master’s Professor at UFBA, says that this residency program takes place in another state or country. She states that “it’s necessary that the student interacts with the political, social and cultural reality of a different place in order to develop their project. We recommend that they work on concrete problems affecting the community.” Since the first year they held the program at UFBA (when there were 468 candidates for 20 spots) there has been a high number of applicants. In Paraná, the Federal University of Paraná (UFPR) is home to the Third Sector Interdisciplinary Studies Center (NITS) since 2002, carrying out research projects aiming to the community’s development. NITS offers courses on creating an NGO from scratch, considering maintenance and sustainability needs. The third sector is composed of 2,2% of Brazil’s labor force, having the potential of up to 7,7%, according to data from the Getúlio Vargas Foundation (FGV). Consistently growing, this segment of work is considered a good opportunity to enter the job market. Professor Ana Lúcia Santana, coordinator of NITS at UFPR points out that many of her students complete the post-graduation courses with a job secured. She says “part of the people who seek our courses are already working in the third sector and looking for a higher qualification, and another part is just interested in the area and ends up finding a position in an NGO of interest.”

Ashoka invests in social entrepreneurs’ education

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Page 17: Revista Brasil Social III

O empresariado matogrossense é sen-

sível aos investimentos sociais, a partir do

momento que ele identifica a seriedade da

ação, sua finalidade, a estrutura organiza-

cional do projeto social e, principalmente,

passa a conviver e conhecer as pessoas que

estão em sua organização.

Lembro-me bem quando iniciamos o Pro-

jeto CASA DA CRIANÇA em Cuiabá, as pes-

soas perguntavam o porquê de estarmos à

frente dessa ação social, já que todos nós

franqueados éramos de família tradicional

e bem relacionados no meio social, como

que desconfiados de nosso propósito final.

Quando entregamos à comunidade o

Abrigo Bom Jesus, uma obra de 1200 m2

para atendimento a 150 crianças, em 2003,

a sensação de todos os empresários, em-

presas parceiras e voluntários era de extre-

ma satisfação e orgulho, não só pelo alcan-

ce da ação social e seu resultado, mss de

termos em nossa cidade um projeto social

de envergadura e credibilidade nacional.

Posso afirmar sem nenhuma dúvida que o

Projeto CASA DA CRIANÇA transmite a nós

franqueados, aos voluntários e aos dirigen-

tes das empresas parceiras uma sensação

de auto-estima muito grande, pois através

das ações que praticamos em nome dele

encontramos o verdadeiro propósito de

nossas vidas.

“Na época em que realizamos a re-

forma do abrigo EAPE, todos se mos-

traram muito dispostos. Não tivemos

problema em conseguir patrocínio,

doação de materiais e produtos com

as empresas da região.”

“When we carried out the remodeling at EAPE shelter, every business showed great willingness to help. We had no problem finding sponsors, material or product donations with the businesses in the region.”

enquete

Confira a opinião dos franqueados do Projeto CASA DA CRIANÇA, profissionais voluntários que coordenam as ações do projeto em suas regiões.

O empresariado da sua região é sensível ao investimento na área social?

Vagner Giglio - Empresário - Franqueado Social, Cuiabá- MT

“The businesses in Mato Grosso state are sensitive to social investments, when they are able to identify the seriousness of the initiative, its objective, the organization of the social project, and especially when they get to know the people responsible for the project better. I remember when we started the Projeto Casa da Criança in Cuiabá (capital of Mato Grosso), people used to ask us why we wanted to be involved with an NGO, since we all came from traditional, well-related families, as if they were all suspicious of our intentions. When we concluded the reform of the Bom Jesus orphanage, a building of 1200 square meters, able to house 150 children, back in 2003, the feeling among the business sector was of complete satisfaction and pride, not only for the social impact of the result, but because we had in our city a social project of national scale and credibility. I can attest, without hesitation, that the Projeto Casa da Criança transmits to us, franchisers, to the volunteers and directors of the partner businesses, a feeling of great self-esteem, because through the initiatives we carry out in its name, we find the true mission in our lives.”

Fátima Petrola - Arquiteta - Franqueada Social, Belém-PAO empresariado em Teresina não ape-

nas é sensível, como se envolve durante a atuação do Projeto CASA DA CRIANÇA. Te-mos exemplos maravilhosos de empresas socialmente responsáveis e fiéis à causa. Assim, sabemos que a cada ação do Pro-jeto CASA DA CRIANÇA em Teresina temos parceiros com quem podemos contar.

“The businesses in Teresina are not only sensitive, but also get involved with the initiatives of the Projeto Casa da Criança. We have wonderful examples of socially responsible businesses who are loyal to the cause, therefore we know that with every initiative of the Projeto Casa da Criança in Teresina we have partners we can count on.”

Ivna Gadelha - Arquiteta - Franqueada Social, Teresina - PI

How sensitive is the private sector in your region to the social issues?

Check out the opinions of the social franchisers, volunteering professionals who coordinate the initiatives of the Projeto in their regions.

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Page 18: Revista Brasil Social III

A sensibilidade do empresário depende de al-guns fatores:

CREDIBILIDADE NO TRABALHO – Hoje, as ONGS que fazem um trabalho sério têm que disputar espaço com gente desonesta, que quer tirar vantagem da boa vontade deles.

DESTINO DO INVESTIMENTO - Quando alguém ou alguma empresa investe no terceiro setor, precisa se certificar de que fez um bom inves-timento, que sua colaboração tem um destino correto.

RETORNO DO INVESTIMENTO - Todos nós, empresários ou não, fazemos investimentos no

terceiro setor com um propósito: transformar a dura realidade que vivemos. Se o investimento feito cumprir esse papel teremos cada vez mais parceiros dispostos a investir, a participar, a di-vulgar e multiplicar esse investimento.

Portanto, minha resposta a essa pergunta é SIM, o empresariado cearense é sensível, é par-ceiro do terceiro setor, desde que esse – como nós do Projeto CASA DA CRIANÇA, como Dora Andrade, do BALÉ EDISCA, e tantos outros pro-jetos sérios que passam por aqui – continue a fa-zer um trabalho sério, de resultados tão impor-tantes como esses e de outros lugares do Brasil.

Isabel Figueredo - Empresária - Franqueada Social, Fortaleza-CE

“Involving the business executive depends on some factors. The credibility the NGO has: many honest and serious organizations today have to dispute against dishonest ones that can take advantage from their good-will. Destination of the investment: when a business or a person invests in the third sector, they need to make sure that they are doing a good investment that their collaboration has a precise goal. Return of investment: all of us, business people or not, invest in the third sector With one objective - to transform the harsh reality we live in. If the investment made helps us reach this goal, we will have ever more partners willing to invest, participate, advertise and multiply this initiative. Therefore, my answer to this question is yes, the business sector in Ceará is sensitive to the social cause, is a partner of the third sector, as long as, like us from the Projeto CASA DA CRIANÇA, like Dora Andrade from BALÉ EDISCA, and many other serious initiatives that come through here, these organizations continue doing serious work, bringing such important results to this and other regions of Brazil.

Acredito que sim. Isso foi demons-trado na primeira casa que intervimos

em Poços de Caldas, a Creche Rouxinol. Foi um projeto que mobilizou toda a so-ciedade e contou com inúmeros patro-cinadores. Para o tamanho da cidade, o investimento total do projeto foi muito significativo.

O empresariado está não só preocu-pado com a imagem institucional de sua empresa, mas também em ser co-respon-sável, juntamente com o Estado, em dimi-nuir a distância social que separa nossa população e provoca toda a problemática em que vivemos hoje.

Alexandre Senna - Publicitário - Franqueado Social, Poços de Caldas - MG

“I believe so. This was demonstrated in the first initiative we conducted in Poços de Caldas, with the Rouxinol Day-Care center. It was a project that mobilized all of society and had numerous sponsors. Considering the small size of the city, the total investment was outstanding. The business sector is not only worried with their public image, but also in being co-responsible with the State government in narrowing the social distance that separates our population generating all the problems we deal with today.”

“The private sector, with all the productive sectors, dream with a more participant society in the future of the country. We know that can only happen through education and improving the quality of life of the population. The businesses are aware that they need to collaborate in a more direct manner in order to diminish the social contrasts. We have seen up close the spontaneous and almost unanimous acceptance to sponsor every time we presented an initiative coordinated by the Projeto Casa da Criança in our city. And how many times did they ask us if there was going to be another remodeling...We constantly receive offerings of services and materials for when we need them, because they know their resources were utilized well and to help those who really need.”

Os empresários, como todos os setores produtivos, sonham com uma sociedade mais participativa no destino do país. Sabemos que isso só poderá acontecer através da educação e da melhoria de vida das pessoas. Os empresários têm consciência de que precisam colabo-rar de uma maneira mais direta para a diminuição dos contrastes sociais para benefício de todos. Temos visto de perto a adesão espontânea quase unânime dos empresários sempre que apresentamos uma ação do Projeto CASA DA CRIANÇA em nossa cidade e quantas vezes nos perguntam quando teremos outra ação. Sempre recebemos ofertas de serviço e de materiais para quando precisarmos, pois nota-se que suas doações foram bem utilizadas ajudando a quem real-mente precisa.

Rui Almeida - Arquiteto - Franqueado Social, Aracaju-SE

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Page 19: Revista Brasil Social III

O que temos sentido é que o empresaria-do vem se sensibilizado com as questões so-ciais. O que acontece, na maioria das vezes, é a falta de conhecimento acerca dos projetos sociais existentes na cidade e o esclarecimen-to sobre as formas como pode se dar a con-tribuição. Outro fator bastante importante é a credibilidade da ação social e sua abrangência, representada pela quantidade de pessoas be-neficiadas. Afinal, o que temos presenciado é o empresariado investindo em projetos que realmente fazem a diferença, como o Projeto CASA DA CRIANÇA.

“We feel that the private sector has been more and more responsive to social issues. What happens, in most cases, is the lack of knowledge of the existence of social projects in our city and of how to help these projects. Another important factor is the credibility of the initiative and its scope, best represented by the number of people benefited. What we have noticed is the private sector investing in projects that really make a difference, like the Projeto Casa da Criança.”

Em Maceió, desde o primeiro ano da franquia, em 2001, conquis-tamos em primeiro lugar os construtores. Apresentamos o Projeto Casa da Criança na ADEMI-AL, para cerca de 60 construtores e a adesão foi de 100%.

No que diz respeito aos fornecedores de materiais de construção, não foi diferente. Posso afirmar, com muito orgulho, que nunca saímos de uma única loja ou fábrica, sequer, sem termos nos tornado parcei-ros. Credito o nosso êxito à maneira como é formatado o Projeto CASA DA CRIANÇA e à sua credibilidade, conquistada em todo o país.

“In Maceió, since the first year of the franchise in 2001, we won the hearts of the contractors and construction companies. We presented the Projeto Casa da Criança to ADEMI-AL (Property Market Business Association in Alagoas) to about 60 different contractors and 100% of them agreed to help us. The construction material manufacturers reacted in much the same way. I can say, with much pride, that we never left a store or factory with less than a new partner. I credit our success to the way the Projeto Casa da Criança is and to its credibility all over the country.”

O povo brasileiro é sensível às causas sociais. O que falta é a credibilidade nas entidades. O Projeto CASA DA CRIANÇA conquistou a confian-ça da sociedade pela forma transparente como executa todos os seus projetos. Quando fizemos a nossa CASA DA CRIANÇA, percebemos a satisfa-ção de todos que estavam ajudando, porque eles tinham a certeza do destino de suas doações. Apesar de a nossa região não ser tão necessita-

da em comparação a outras regiões do país, o empresário e o povo são muito solidários. Talvez aí esteja o segredo de termos uma vida mais digna. “Mais gente se preocupando com mais gente.” Aproveito para agradecer a to-dos que nos ajudaram nesse projeto e pedir que continuem ajudando o Projeto CASA DA CRIANÇA de Norte a Sul desse Brasil sofrido, mas de um povo maravilhoso.

Brazilians in general are very sensitive to social causes. What is missing is the credibility in not-for-profit organizations. The Projeto Casa da Criança won society’s trust by the transparent way it executes its actions. When we remodeled our Casa da Criança, we noticed the satisfaction of all those involved in the project, because they were sure of where all the donations were going. Even though our region is not one of the most necessitated in comparison to other places in the country, the private sector and the people are very charitable. Maybe that’s the secret to a more dignified life. More and more people concerned about more and more people. I take the opportunity to thank all those who helped us in this project and to ask you to continue helping the Projeto Casa da Criança, from North to South of our suffering, but wonderful Brazil.

Roberto Reichert - Publicitário - Franqueado Social, Blumenau - SC

Cristina Piazza - Arquiteta - Franqueada Social, Florianópolis-SC

Patrícia Ramalho - Arquiteta - Franqueada Social, Maceió-AL

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“Como gerente nacional deste projeto, tenho o privilégio de testemunhar a adesão absoluta do empresariado em todas as regi-ões do país, e o mais gratificante é perceber que o exercício relacionado às questões so-ciais é realizado com extremo profissiona-lismo e ética. Certamente este é o caminho: juntos, podemos sim, transformar a infân-cia e juventude do Brasil.”

“As national executive of this organization, I have the privilege to witness the solid participation of the private sector in all regions of Brazil, and the most gratifying part is to realize that the fruition of social initiatives is conducted with extreme professionalism and ethics. Certainly, this is the way: together we may transform the youth of Brazil.”

Lavínia Mata de Petribú – Gerente Na-cional do Projeto CASA DA CRIANÇA

Page 20: Revista Brasil Social III

A inauguração do Complexo Estadual de Reabilitação em Saúde e Educação

Daniely Dias possibilita que milhares de pessoas com deficiência física e mental

possam se reintegrar ao mercado de trabalho, às escolas e ao convívio de suas

famílias. São crianças, jovens, adultos e idosos que, agora, vão ter acesso gratuito

a tratamentos especializados em saúde e educação. Complexo Estadual de

Reabilitação em Saúde e Educação Daniely Dias. É o Governo do Piauí

abraçando o desenvolvimento das pessoas com deficiência. w w w . c e i d . p i . g o v . b r

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Page 21: Revista Brasil Social III

Building a life

By Marcelo Souza Leão

Building a life brings us everyday more uncertainties and expectations. Everything begins in our childhood, a moment of uncountable discoveries. Touch, tastes, smells, crying, smiles, dependency. In this mix of sensations concepts form which will serve as a guide to our youth. Its time to learn the meaning of expressions like invincible, absence of fear, eternal friendships, first love and, inevitably, its time for the big questions, of the yeses and nos. This emotional conflict only strengthens the conviction that we are right in everything and that “adults” don’t realize or acknowledge our independence. Until we, ourselves, enter the so called adult phase. The moment is to reflect with

Construção da VidaPor Marcelo Souza Leão

A construção da vida nos traz cada dia mais incertezas e expectativas. Tudo começa na infância, um momento de incontáveis descobertas. Tato, sabores, odores, choro, sorriso, dependência. É nesse misto de sensações que surgem os conceitos que da-rão o norte para a juventude. É hora de aprender o significado de expressões como invencibilidade, inexistência do medo, amizades eternas, primeiro amor e, inevita-velmente, dos questionamentos da vida, do sim e do não. Esse conflito de emoções fortalece uma convicção de que estamos certos em tudo e os “adultos” não enxer-gam ou aceitam nossa independência!

Até que nós mesmos entramos na chamada fase adulta. O momento é de pensar com responsabilidade na profissão, nos sentimentos e na família. Ao longo do tempo,

somos preparados a constituir uma sólida carreira profissional. Temos, em um deter-minado momento, a responsabilidade de fazer uma escolha definitiva. Será ela que irá

nos proporcionar reconhecimento e uma estabilidade financeira – esta traduzida na casa própria, no carro do ano, e nas viagens inesquecíveis.

É ainda nesta fase da vida que buscamos a estabilidade emocional. Encontrar a alma gêmea, e ter filhos inteligentes, educados e saudáveis – os verdadeiros filhos do sonho – fazem parte desse momento, assim como chegar à terceira idade. A tradução da felicidade vem em uma vida financeiramente estável, mantendo o convívio com os amigos de infância, e reunindo a família nos almoços de domingo.

A nossa felicidade está praticamente escrita em um manual! No entanto, é hora de inserirmos nessas regras um objetivo maior. É hora de abrirmos espaço para questionamentos como o que fazer por uma criança com fome, um adolescente sem oportunidade, um homem sem dignidade, um velho sem teto? E a preservação dos rios, florestas e animais? Somos uma geração em transformação, que necessita incluir nos princípios básicos de construção da vida a participação direta em ações sociais, compreendendo que ela vai muito além da matéria.

Hoje em dia, a velha máxima “nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje” deve ser substituída para “nunca deixe de sonhar o amanhã”, pois os sonhos são os objetivos que ecoam na mente. Expresse seu amor publicamente, compartilhe suas sabedorias, ajude o próximo, agradeça a possibilidade de mais um dia de vida, pois o tempo não volta, e o futuro, este sim, lhe pertence.

* Marcelo Souza Leão é arquiteto e urbanista, fundador e vice-presidente do Projeto CASA DA CRIANÇA

responsibility about our profession, feelings and family. Through time we are prepared to build a solid professional career. There is, in a specific moment, the burden of making definitive choices. This choice will provide us with recognition and financial stability – represented as your own home, the newest car, and unforgettable trips. It’s also a phase in life when we seek emotional stability. To find your soul mate and have smart, polite and healthy children with – the kids of our dreams – are part of this moment, as is growing old. We project happiness as having a financially stable life, keeping in touch with childhood friends and bringing the family together for Sunday family lunches. We can practically find the way to happiness in a “how to” book. However, the time has come to add one more, bigger, goal to our path. Its time to make room for questions like what to do for a hungry child, a teenager without opportunity,

a man lacking dignity, an elder without a home? And the preservation of the rivers, forests and animals? Our generation is undergoing a transformation which requires us to include as a basic pillar of life the direct participation in social initiatives, understanding that it goes beyond material possessions. Today, the old saying “never put off until tomorrow, what you could do today” must be substituted by “never stop dreaming the future”, for out dreams are the objectives echoing in our minds. Express your love publicly, share your knowledge, help your neighbor, appreciate the possibility of one more day of life, for time does not come back, and the future, does actually rest in your hands.

* Marcelo is an architect and urban designer, founder and vice-president of the Projeto CASA DA CRIANÇA

artigo

Page 22: Revista Brasil Social III

Muito mais que aulas de trapézio, equilíbrio ou malabarismo: uma aula de cidadania. É assim

que Peronilda Batista, ou simplesmente Peró, como é chamada pelos jovens da comunidade de Vila Emater, trabalha na periferia de Maceió (AL). Lá, Peró mostrou que a chegada de um circo é capaz de transformar a realidade social de uma localidade.

Foi em 1998 que Peró começou a mudar a vida de crianças, adolescentes e adultos da Vila Emater. Naquele ano, montou uma lona na Travessa Mira-mar e não levou consigo só espetáculos. Começava, ali, o Projeto Sua Majestade, o Circo. Com ele, o nas-cimento de uma esperança que parecia perdida.

Hoje, cerca de 180 crianças e jovens das mais difer-entes idades participam do Projeto Sua Majestade, o Circo. Nele, aprendem mais do que técnicas da arte circense: aprendem a conviver em equipe e a res-peitar o próximo, lições que valem para a vida toda.

As portas do circo de Peró, no entanto, também estão abertas para os adultos. “Para se apaixonar pelo circo não tem idade certa. Não existe mínimo ou máximo, o que existe é o momento em que a pes-soa encontra o circo. Seja criança, jovem ou adulto”, conta Peró.Formada em Pedagogia, Peró já percorreu o Brasil como profissional do circo. Começou em Pernambu-co com o Grande Circo Popular do Brasil, do ator Mar-cos Frota. Com ele, passou dez anos viajando com o mundo do Circo. “Passei muitos anos da minha vida visitando diversas cidades com o circo. Chegou um momento em que eu vi que queria trabalhar com o social. Essa é a educação do futuro. A arte educação. Eu acredito que isso fará a diferença”, diz.

PERÓ: CIRCUS AND ART AS INTRUMENTS TO CITIZENSHIP

Much more than trapeze, balancing or juggling classes: citizenship classes. That’s how Peronilda Batista, or just Peró, as she is known by the youths of Vila Emater, a community in the outskirts of Maceió (AL). There, Peró showed that the arrival of a circus is capable of transforming the social reality of a community. In 1998 Peró started to change the reality of the children, adolescents and adults of Vila Emater. That year, she set up a circus tent at Travessa Miramar and brought more than just shows to present. That’s when the Sua Majestade, o Circo (Your Majesty, the Circus) project started. With it was reborn the hope once lost by the inhabitants of that community.Today, around 180 children and youths participate in the Sua Majestade, o Circo Project. With it they learn more than circus technique, they also learn to collaborate, to respect the other, and other lessons they translate to their lives. Peró’s circus is also open to adults. “There is no appropriate age to fall in love with the circus. There is no minimum or maximum age, there is just the moment the person meets the circus”, says Peró. Graduated in Pedagogy, Peró has traveled all over Brazil as a circus professional. With Marcos Frota of the Grande Circo Popular do Brasil (Great Popular Circus of Brazil), Peró spent ten years traveling the world. “I spent many years of my life visiting various cities with the circus. It came to a point when I realized I wanted to work with the third sector. This is the education of the future: art education. I believe it will make the difference”, she says.

SUA MAJESTADE, O CIRCO! A ARTE COMO INSTRUMENTO PARA A CIDADANIA

descobrindo quem faz

Por Giovanna Martorelli

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Page 23: Revista Brasil Social III

O Projeto Sua Majestade, o Circo faz parte de uma associação de ONGs

que está presente em vários países conside-rados subdesenvolvidos ou em desenvolvi-mento. É a Cirque Du Monde, com sede no Canadá, que trabalha com a profissionaliza-ção de jovens na arte do circo por meio do Cirque Du Soleil, considerado um dos maio-res do mundo.

A rede acredita que os jovens, educadores e lideranças em geral atuam como impor-tantes agentes de mudança na sociedade. O objetivo principal é desenvolver uma prática educativa que utilize a arte e a cultura como alternativa de profissionalização para jovens desfavorecidos socialmente.

Numa casa em que o lixão está a menos de um quilômetro da escola, que precisa utilizar o quintal do vizinho emprestado por falta de espaço, é que se constrói todo esse trabalho. O segredo está na perseverança e improvisa-ção. O lanche é providenciado graças ao pro-grama Mesa Brasil do SESC. A sede, que fun-ciona em uma casa do bairro, é pequena, e às vezes, as crianças têm que ensaiar na própria rua. “Quando um caminhão da coleta de lixo entra na nossa rua, já entra devagar, dando sinal para as crianças saírem da rua”, relata Peró. Apesar das adversidades, persistem e ainda exigem que toda criança seja matricu-lada na escola para a integração no projeto.

É a linguagem circense usada como instru-mento para uma pedagogia alternativa que ultrapassa ensinamentos técnicos. As lições, como diria Peró, são para a vida.

The Project is part of a not-for-profit association present in many countries classified as underdeveloped or developing countries: Cirque Du Monde. The Cirque Du Monde is based in Canada, and works professionalizing youths in the circus art through the Cirque Du Soleil, considered one of the biggest in the world. The association believes that the adolescents, educators and leaders in general act as important change agents in society. The main objective is to develop an educational practice that uses art and culture as an alternative to professionalize socially underprivileged youths. The school functions in a house that is less than a kilometer away from the garbage disposal area, and that doesn’t have enough room for practice, forcing the children to practice their numbers on the neighbor’s backyrad. The secret is in the perseverance and improvisation of the staff. The meals are provided thanks to the program Mesa Brasil, sponsored by SESC. The school building is one of the houses in the neighborhood and, occasionally, the children have to practice in the street. “When a garbage truck enters our street, they already slow down and signal for the children to go to the sidewalk”, says Peró. Even with all the adversities, they persist and require that every child be enrolled in the regular school system in order to participate in the project. It’s using circus language as instrument of an alternative pedagogy which surpasses technical teachings. The lessons, as Peró says, are lifelong.

O que é o projeto

What is the project

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COMO AJUDAR / HOW TO HELP Peronilda Batista (Peró) Tel: + 55 82 3221.3534Email: [email protected]

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O Programa Cia dos Anjos, elaborado pelo Projeto CASA DA CRIANÇA para fortalecer o atendimento em instituições de apoio a crianças e adolescentes menos favorecidos, além de ser apoiado pela Ticket Serviços, vem sendo beneficiado pe-los restaurantes de Fortale-za (CE) e João Pessoa (PB) da rede Pizza Hut. A campa-nha visa à arrecadação de recursos através da doação voluntária de R$ 1,00 adi-cionado à conta do cliente, envolvendo diretamente a sociedade na causa social.

O recurso arrecadado na campanha é destinado à implantação do Programa Cia dos Anjos, ini-cialmente nos abrigos públicos Casa de Ca-rolina (Recife-PE) e Tia Júlia (Fortaleza-CE). Ele está sendo aplicado em treinamentos e capacitação do corpo de funcionários das

Pizza Hut contribui com o Programa Cia dos Anjosinstituições para o melhor atendimento às crianças e captação de parcerias que enri-queçam as atividades de educação, arte, cultura, lazer e esportes.

Crianças da Casa de Carolina, abrigo públi-co do Recife, já desfrutam de resultados positivos do Programa Cia dos Anjos, dentre eles, atividades de educação (aulas de inglês), de lazer (festas dos aniver-sariantes do mês em buffet infantil) e de saúde (odon-tologia) continuadas.

O Abrigo Tia Júlia, do Go-verno do Estado do Ceará, como previsto pelo Cia dos

Anjos, está em fase de integração da equi-pe, objetivando o reconhecimento de cada funcionário e do grupo da instituição como um todo para a posterior implantação de parcerias.

The Cia dos Anjos Program, developed but the Projeto CASA DA CRIANÇA to strengthen the care provided by charitable institutions, besides being supported by Ticket Serviços, has been receiving aid from Pizza Hut restaurants in Fortaleza (CE) and Joao Pessoa (PB). This aid comes in the form of R$ 1.00 (approximately 50 dollar cents) added to each bill paid at the restaurants, directly involving the clients and society in general with the social cause. The resources are destined to the implementation of the Cia dos Anjos Program in the public shelters Casa de Carolina (Recife-PE) and Tia Júlia (Fortaleza-CE). More specifically, it’s being implemented through workshops and capacitating these institutions’ staff members in order to improve the care given to the children and their partnership forming abilities. The children of Casa de Carolina are already enjoying some positive results of the Cia dos Anjos Program, including education activities (English classes), leisure activities (monthly parties at a recreational center) and continuous health benefits (voluntary dentist services). The Tia Júlia orphanage, administered by the Ceará State Government, as prescribed in the Cia dos Anjos manual, is in the staff integration phase. The objective is to redefine every staff member as a part

of a whole, for future partnership and volunteers’ integration.

participe do social

Pizza Hut contributes with the Cia dos Anjos Program

Tilibra participa do social

Para Rodrigo Coube, Diretor da Tilibra, “é uma honra participar desse projeto. Nós, da Tilibra, somos muito gratos à Associação Rodrigo Mendes pela possibilidade de con-tribuir com uma pequena parcela ao traba-lho da escola”. Coube também destacou o exemplo de Rodrigo Mendes. “Se o Brasil tivesse mais Rodrigos como Rodrigo Men-des, a sociedade brasileira estaria muito melhor”.

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Saiba como Levar esta campanha para o seu restaurante, contribua com o Projeto CASA DA CRIANÇA, ligue para 81.3467.9968

Desde 1997, a Tilibra - maior fabricante de artigos de papelaria do Brasil – produz, em parceria com o Instituto Rodrigo Mendes (SP), uma linha de cadernos universitários que têm suas capas ilustradas com pinturas dos alunos do Instituto e informações sobre o trabalho desenvolvido pela instituição. Parte da receita gerada com a venda destes cader-nos é revertida para a organização e para os alunos autores das obras reproduzidas nas

capas, na forma de direitos autorais. Isso dá ao aluno a possibilidade de obter um retorno financeiro por meio de seu trabalho.

“A relação entre a ARM e a Tilibra tem nos proporcionado muito sucesso pelo compro-metimento de qualidade dos produtos de ambas as partes, além disso, a iniciativa da Tilibra serve como exemplo para outras em-presas”, destaca Mendes (superintendente e fundador da ARM).

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A Editora NE Brasil, responsável pela publi-cação da revista Construir Nordeste - única do setor da construção civil direcionada para a região Nordeste do Brasil -, Revista Brasil Gypsum e outras revistas especializadas do setor da construção, é uma parceira ativa do Projeto CASA DA CRIANÇA. Foi em 2005 que a editora iniciou suas ações de responsabili-dade social e, até hoje, a empresa e o CASA DA CRIANÇA estão afinados.

A editora atua em prol do social de uma forma bastante condizente com seu ramo de atuação: dedicando em cada edição da revista Construir Nordeste uma página para matéria a respeito do Projeto CASA DA CRIANÇA. Dessa forma, a revista, dire-cionada à indústria da construção e distri-buída em todo o Nordeste, ajuda o Projeto CASA DA CRIANÇA a divulgar suas ações e

Parceria com a Revista Construir Nordestesensibilizar o empresariado da construção para o setor social.

”O trabalho incansável de Patrícia Chala-ça, sua equipe e patrocinadores, garante condições de salubridade, paz, dignidade e qualidade de vida a alguns pequenos bra-sileiros. O resultado é um futuro de digni-dade. Ao longo de quase 10 anos a frente da revista Construir Nordeste, acompanhei de perto os passos do CASA DA CRIANÇA desde seu nascimento. Isso me orgulha e gratifica! Parabéns a Patrícia e a todos os bravos guerreiros que, a cada ano, lutam e aperfeiçoam o projeto”, diz Elaine Lyra, editora chefe.

Esse é mais um exemplo de como cada um, cada empresa, cada profissional, pode contribuir com sua capacidade e expertise para o setor social no Brasil.

The NE Publisher, responsible for the publishing of Construir Nordeste Magazine (only one in the civil construction sector directed to the Northeast region of Brazil), of Gypsum Magazine and other construction specialized magazines, initiated its social responsibility program with the support to the Projeto CASA DA CRIANÇA in the year 2005. The publishing company takes action in a coherent manner with their line of work: dedicating one page in each edition of

Construir Nordeste magazine contibutes with the third sector

Since 1997 Tilibra – the largest manufacturer of paper products and school supplies in Brazil – has been manufacturing, in collaboration with the Rodrigo Mendes Institute, a line of notebooks illustrated with paintings made by the students of the Institute, as well as containing information about the work developed but this institution. Part of the profit from the sales of the notebooks is destined to the Institute and to the students, authors of the art works reproduced on the covers of the notebooks and planners. This way, the students have a financial incentive as well. “The relation between the Institute (ARM) and Tilibra has helped us be successful because of the

commitment to quality products from both sides, and, besides that, Tilibra’s initiative serves as an example to other companies”, says Mendes (superintendent and founder of the Institute). For Rodrigo Coube, director of Tilibra, “it’s an honor to be a part of this project. We, from Tilibra, are very grateful to the Rodrigo Mendes Institute for the opportunity to contribute, however timidly, with the work towards education“. Coube also exulted Rodrigo Mendes’ example. “If Brazil had more Rodrigos like Rodrigo Mendes, Brazilian society would be in much better shape now”.

TILIBRA PARTICIPATES IN THE THIRD SECTOR

Construir Magazine to the Projeto CASA DA CRIANÇA. This way, the magazine, directed to the construction industry and distributed all over the northeast region, helps the Projeto advertise its initiatives and involve the business sector with the social cause. “Patrícia Chalaça’s work, as well as the work of their staff and sponsors, guarantees healthy, peaceful and dignified living conditions to many little Brazilians. The result is a future with dignity. Along almost 10 years ahead of the Construir

Nordeste Magazine, I have watched closely the steps of the Projeto, since its beginning. That makes me proud and is very gratifying. Congratulations to Patrícia and all the fighters who, every year, struggle to make the Projeto better”, says Elaine Lyra, editor in chief of Construir Nordeste Magazine. This is one more example of how each one, each corporation, each professional, can contribute in their capacity and expertise to the third sector in Brazil.

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PRêMIOS E HOMENAGENS

Um reconhecimento, em nível nacio-nal, à presidente-fundadora do Pro-

jeto CASA DA CRIANÇA, a arquiteta Patrícia Chalaça. É esse o significado do Prêmio Vi-sionaris: Reconhecimento UBS ao Empreen-dedor Social, conferido pela UBS, uma das principais empresas financeiras do mundo, com sede na Suíça. Por seu trabalho no CASA DA CRIANÇA, Patrícia foi um dos cinco líderes empreendedores sociais escolhidos em todo o Brasil para receber a premiação em 2007.

“É uma iniciativa importante, porque dá visibilidade a uma série de projetos e ações que estão sendo desenvolvidas no país e, ao mesmo tempo, incentiva as pessoas a busca-rem meios de interferir no social, de modo a tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirma a arquiteta, que recebeu o prêmio de dez mil reais, a serem aplicados na organização, das mãos de Maximilian Martin, global head de Serviços Filantrópi-

Reconhecimento UBS

Patrícia Chalaça é finalistado Prêmio Visionaris 2007

Resendo Dias, Maximillian Martin, Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão, presidente e vice-presidente do Projeto CASA DA CRIANÇA.

cos do UBS, em solenidade realizada no Es-paço Fasano, em São Paulo (SP).

Dos cinco finalistas do Visionaris, o grande vencedor, que recebeu o maior prêmio mo-netário além do reconhecimento como ven-cedor 2007, foi Rodrigo de Mello Brito, fun-dador e diretor da Aliança Empreendedora. A organização desenvolve e realiza projetos de apoio ao empreendedorismo, geração de trabalho e renda e desenvolvimento local, por meio do suporte a microempreendedo-res e grupos produtivos de comunidades e públicos de baixa renda.

Os demais finalistas do Visionaris foram Anna Penido, da Cipó, Cláudia Cabral, da Associação Brasileira Terra dos Homens – ABTH, e Willy Pessoa Rodrigues, da Agência Mandalla DHSA. Como prêmio, eles também receberam um incentivo monetário e o re-conhecimento do público e empresariado.

O Visionaris: Reconhecimento UBS ao Empreendedor Social foi instituído pelo

UBS em 2004, no México e, em 2005, na Argentina e no Brasil, com a colaboração da organização internacional Ashoka*. Esta foi a 3ª edição da iniciativa, no Brasil. O tema deste ano foi “Prontos para a decola-gem: empreendedores sociais em uma via de crescimento de alto impacto”. O prêmio tem como objetivo ampliação o reconheci-mento ao empreendedorismo social e as possibilidades de investimento no setor social no Brasil.

O banco UBS está presente, hoje, em todos os importantes centros financeiros do mun-do, contando com escritórios em 50 países e uma equipe de mais de 71 mil funcionários. Foi uma das primeiras instituições a assinar o Pacto Mundial das Nações Unidas, uma iniciativa que une os governos, empresas, sindicatos e a sociedade civil para promover a adesão mundial aos princípios relaciona-dos aos direitos humanos e às normas sobre o meio ambiente e o trabalho.

Rodrigo de Mello Brito, fundador e diretor da Aliança Empreendedora, 1º lugar do

Prêmio Visionaris 2007

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A national level recognition of the Projeto CASA DA CRIANÇA and the work of its president/founder, the architect Patrícia Chalaça – that’s the significance of the Visionaris Prize, conferred by UBS, one of the major financial firms in the world, based in Switzerland. For the work done at the Projeto CASA DA CRIANÇA, Patrícia was one of the five social entrepreneurs in Brazil selected to receive the honor in the year 2007. “Its a significant initiative because it puts the spotlight on many social projects that are being developed in out country and, at the same time, motivates people to search for ways to act in the third sector, ways to try and improve people’s quality of life”, says Patrícia, who received the prize of 10,000.00 reais to be applied in the Projeto, from the hands of Maximilian Martin during an event in the Fasano Hotel in São Paulo (SP). UBS banks are present today in 50 countries and employs over 71 thousand people. It was one of the first institutions to sign the Global Compact of the United Nations, an initiative where companies are brought together with UN agencies, labor groups and civil society to adopt sustainable and Socially responsible policies, and to report on them.The Prize, originated from the collaboration between UBS and Ashoka* was first realized in Mexico, in 2004, and then in Argentina and Brazil in 2005. This was the third edition of the initiative in Brazil. This year’s theme was “Ready for takeoff: social entrepreneurs in a high impact growth path”. The prize aims at bringing more recognition to social entrepreneurship and investment possibilities to the Brazilian third sector.The other finalists were: Anna Penido, of Cipó Communictaions, Cláudia Cabral, of the Associação Brasileira Terra dos Homens, Rodrigo de Mello Brito, of Aliança Empreendedora and Willy Pessoa Rodrigues, of Agência Mandalla DHSA. As a prize they received monetary incentives and the recognition of society and the corporate world.

The big winner

The ultimate winner, which received a larger monetary incentive as well as recognition as winner of 2007, was Rodrigo de Mello Brito, founder and director of Aliança Empreendedora, a not-for-profit organization that develops and carries out projects in the areas of entrepreneurship and local development through the integration of businesses, low income groups, not-for-profit organizations, inspiring transformations that bring about social and economic development in Brazil. *Ashoka acts identifying and investing in social entrepreneurs (people with innovative ideas to bring about social change) all over the world in various areas of activity. Since 1980 Ashoka has assisted over 1.700 entrepreneurs in 70 different countries.

A Roca, empresa mãe da CELITE, patroci-nadora nacional do Projeto CASA DA CRIAN-ÇA, conquistou o Prêmio Planeta Casa 2007, na categoria Materiais de Construção, com o mecanismo de dupla descarga que equi-pa todas as bacias sanitárias com caixa aco-plada da marca. O sistema contribui para a utilização racional e sua conseqüente eco-nomia de água, pois possibilita ao usuário escolher o volume de água da descarga (3 ou 6 litros), de acordo com necessidade es-pecífica para cada uso.

O Prêmio Planeta Casa 2007 é uma inicia-tiva da Revista Casa Cláudia. “Sermos con-templados com o Prêmio Planeta Casa é uma satisfação muito grande, pois reforça a filosofia da Roca em ser, cada vez mais, uma empresa sustentável, não apenas com produtos ecológicos, mas também em seu processo de fabricação”, afirmou Eric Deu-ber, gerente de marketing da Roca Brasil e representante da marca que recebeu o troféu.

Roca, the mother corporation of CELITE, National Sponsor of the Projeto CASA DA CRIANÇA, received the Planeta Casa 2007 Prize in the construction materials category with the double flush system used in all the toilet lines of the brand. The system contributes to the economical use of water because it enables the user to choose the volume of water flushed with each discharge (3 or 6 liters), each time it’s used. The Planeta Casa 2007 Prize is an initiative of the Casa Claudia Magazine. “To win this prize is a great satisfaction because it reassures Roca’s philosophy of being, more and more, a sustainable company, not only through its ecological products but also in its manufacturing process”, said Eric Deuebr, marketing manager of Roca Brasil and representative who received the prize.

ROCA recebe “Prêmio Planeta Casa 2007”

ROCA receives “Planeta Casa 2007” (Planet Home) Prize

UBS RecognitionPatrícia Chalaça is one of the finalistsof the Visionaris Prize 2007

Como ajudar/How to help

• Aliança Empreendedora – Telefone/Fax: (41) 3013-2409 E-mail: [email protected]

• Cipó Comunicação interativa – Telefone/Fax: (11) 3819-1234 E-mail: [email protected]

• Associação Brasileira Terra dos Homens – Telefone/Fax: (21) 2524-1073 E-mail: [email protected]

• Agência Mandalla – Telefone/Fax: (83) 3243-2621 E-mail: [email protected]

• Projeto CASA DA CRIANÇA - Telefone/Fax: (81) 3467-9968 E-mail: [email protected]

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O Projeto CASA DA CRIANÇA, representa-do em Maceió por Káthia Oliveira, Patrícia Ramalho e Maria Regina Gonçalves, levou o prêmio Zumbi dos Palmares na categoria Ação Social pela sua atuação na área de arquitetura-social no Brasil. A premiação foi conferida pela Revista Salada Magazine, em Maceió (AL).

Em Maceió, o Projeto CASA DA CRIANÇA já beneficiou três instituições sociais: em 2001 a AMAI (Associação do Movimento de Am-paro à Infância), em 2003 a APALA (casa de apoio a crianças em tratamento do câncer), e em 2006 o Ambulatório de Quimioterapia Pediátrica do Hospital do Açúcar.

CASA DA CRIANÇA receives Zumbi dos Palmares prize

The Projeto CASA DA CRIANÇA, represented in Maceió by Káthia Oliveira, Patrícia Ramalho and Maria Regina Gonçalves, won the Zumbi dos Palmares prize in the Social Initiative category for its work in social architecture in Brazil. The prize was conferred but the Salada Magazine in Maceió (AL). In Maceió, the Projeto CASA DA CRIANÇA has benefited three charitable institutions: AMAI (2001), APALA (2003) and the Pediatric Oncology Ambulatory of the Açúcar Hospital (2006).

CASA DA CRIANÇA recebe o Zumbi dos Palmares AMANCO recebe Prêmio de Sustentabilidade da revista Exame

AMANCO recieves Sustainabiility Prize from Exame magazine

Amanco, National Sponsor of the Projeto CASA DA CRIANÇA, was elected by Exame magazine as one of the 20 model businesses in corporate social responsibility in Brazil in 2007. The research conducted showed that over 80% of Amanco’s production originates from environmentally secure certified systems, that there are meetings with community leaders in order to create the management projects of the manufacturing plants, and that the variable remuneration policy of the company is linked to the social and environmental aspects as well as production.The syrvey was conducted with 206 businesses and the result of the analysis is that the next sustainability step in Brazilian corporations is to establish objectives and monitor the results, not only in financial aspects, but also environmental and social.

A Amanco, patrocinadora nacional do Pro-jeto CASA DA CRIANÇA, foi eleita pela revista Exame como uma das 20 empresas-modelo em responsabilidade social corporativa no Brasil em 2007. Entre os destaques da em-presa, a pesquisa apontou que mais de 80% da produção da Amanco vem de processos cobertos por sistemas de gestão ambiental certificados, que o projeto de gerenciamen-to dos impactos na vizinhança das unidades fabris inclui reuniões com lideranças comu-nitárias, e que a política de remuneração variável dos colaboradores está atrelada ao desempenho da empresa nos aspectos so-cial e ambiental.

A pesquisa contou com a participação de 206 empresas e o grande resultado da aná-lise é que a próxima fronteira da sustenta-bilidade dentro das empresas brasileiras é justamente estabelecer objetivos e acom-panhar resultados, não apenas de aspectos financeiros, como também ambientais e sociais.

SOS Mão earns international recognition

The humanitarian missions developed by the SOS Mão (SOS Hands) Institute in Pernambuco were chosen by La Chaine de L’Espoir, a french NGO acting in African countries, southeast Asian areas and South America, as the best pilot project. The Institute’s initiative attends children aged 0 to 12 years old with congenital malformations in their hands that do not have the means to pay for treatment. Since 2005, when the first mission happened, 800 people were assisted and 300 operated on. The next mission shall happen still this

year under the coordination of the french doctor, Alain Gilbert, highest authority

in hand lesions in the world.

SOS Mão tem reconhecimento internacional

As missões humanitárias desen-volvidas pelo Instituto SOS Mão em Pernambuco foram eleitas o melhor projeto piloto pela La Chaine de L’Espoir, ONG francesa com atua-ção em países africanos, sudeste asiático e América do Sul. O tra-balho visa atender gratuitamente crianças entre 0 e 12 anos com pro-blemas congênitos e deformidades nas mãos que não têm condições de pagar por um tratamento. Desde 2005, quando foi criada, a ação já atendeu 800 pessoas e operou 300. A próxima missão deve acontecer ainda este ano com coordenação do médico francês Alain Gilbert, maior autoridade em lesões na mão do mundo.

O médico Alain Gilbert, da La Chaine de L’Espoir, ladeado pelos médicos Mauri Cortez e Rui Ferreira, do SOS Mão Criança.

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Abrigos públicos:uma difícil realidade no BrasilInstituições trabalham para mudar a vida de crianças e adolescentes e se preocupam em manter os laços entre os abrigados e suas famílias

A cena é mais do que comum ao coti-diano de um abrigo público de uma

cidade de porte médio ou grande no Brasil. Crianças de idades variadas, umas abando-nadas por suas famílias, outras vítimas de violências e abusos, lotam unidades priva-das ou vinculadas aos governos, sem muitas chances de mudar de vida. Elas vivem em espécies de “depósitos” de meninos e meni-nas, em sua maioria são negros e pobres, e sobrevivem em condições difíceis.

Mudar essa realidade exige muito esforço e dedicação e o Projeto CASA DA CRIANÇA está buscando fazer a sua parte. Diversas in-tervenções físicas já foram feitas em abrigos em todo o país e, para tentar minimizar o sofrimento de pais e crianças abrigadas, o Projeto CASA DA CRIANÇA, através do Pro-grama Cia dos Anjos, visa atender às famí-lias, oferecendo serviços de apoio no pró-prio abrigo. A idéia é preservar os vínculos das famílias com os filhos abrigados.

Segundo pesquisas do Instituto de Pes-

quisa Econômica Aplicada (IPEA), 86,7% das crianças acolhidas nos abrigos têm família e apenas 5,8% estão impedidos judicialmente de ver os familiares. Na maioria dos casos, estas famílias tão criticadas pela população são desequilibradas socialmente. São de-pendentes químicos que não conseguem largar o vício, prostitutas que não encon-tram outro meio de sobrevivência, ou pes-soas sem-teto que vagam pelas ruas em de-sespero, sem ter como nem onde proteger seus filhos dos sofrimentos do cotidiano.

Crianças que vivem em abrigos são, de fato, a ponta de uma difícil realidade social, que gera questionamentos simples, mas que cer-tamente demanda soluções estruturadas. Como famílias que nunca receberam nenhum tipo de assistência, e se desenvolveram sem qualquer base financeira, vivendo na misé-ria, percorrendo os lixões das cidades, seriam capazes de criar suas crianças decentemente, proporcionando-lhes uma educação apro-priada? Num primeiro olhar, estas mulheres abandonam seus filhos por falta de coração, numa análise crítica, observa-se que são estas, mulheres tão carentes de assistência e vítimas

de um país que não acolhe decentemente seu povo quanto as crianças abrigadas.O Cia dos Anjos investe na qualidade do aten-dimento às crianças e adolescentes das uni-dades reformadas pelo CASA DA CRIANÇA, com ações nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer, arte e cultura. O programa faz o acompanhamento posterior das unidades reformadas pelo Projeto. Visa oferecer além das atividades complementares às crianças, assistência aos seus pais, especialmente as mães, que são maioria em vínculo com as crianças, tentando proporcionar dupla opor-tunidade: curso profissionalizante e uma maior convivência com o filho abrigado, pois os cursos oferecidos são realizados no pró-prio abrigo. Os cursos proporcionam ainda geração de emprego e renda dentre os quais destacam-se corte e costura, manicure, ca-beleireiro e artesanato para as mães, como também oficinas de saúde e educativas como assistência a dependentes químicos forman-do parcerias com clínicas especializadas para tratamento, à respeito de questões como hi-giene, orientação sexual, tabagismo e alfabe-tização para adultos.

Por Maria Isabel QueirozFotos: Renato Stockler

especial

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Dificuldades de adaptaçãoAs dificuldades de adaptação das crianças

a um novo ambiente surgem desde a sua chegada aos abrigos. Inseri-las no grupo das outras crianças é sempre uma tarefa com-plexa. Afinal, para alguém que nunca teve a chance de conviver com outras crianças e sofreu maus-tratos dentro de casa, é difícil pensar em um ambiente em família equili-brado.

Sônia Pena Costa, diretora da Associação Mensageira do Amor Cristão (AMAC), abrigo beneficiado pelo Projeto CASA DA CRIANÇA em Salvador (BA), diz que, em geral, as crian-ças chegam ao abrigo bastante assustadas. “Todos recebem uma preparação psicológica, pois muitas vezes apresentam medo e angús-tia, não conseguem pensar que podem levar

uma vida normal aqui dentro”, explica ela. A coordenadora técnica do primeiro abrigo

atendido pelo CASA DA CRIANÇA, a Casa de Carolina – que atende mais de 70 crianças, a maioria de zero a sete anos - em Recife (PE), Tereza Cesse, fala que a negligência familiar é uma realidade dura dentro e fora dos abri-gos. “A maioria das crianças chegam aqui por abandono e maus tratos e muitas vezes os pais não têm interesse em se relacionar com os filhos depois que os entregam à institui-ção”, lamenta Tereza.

A situação é pior quando se tratam de crianças especiais, que são alvo de diversos preconceitos e maus tratos. No Abrigo Espe-cial Calabriano e Unidade de Referência Es-pecializada em Reabilitação Infantil (Ure-Rei),

beneficiado pelo Projeto CASA DA CRIANÇA em Belém (PA), atende a 30 portadores com problemas neurológicos em seu abrigo e mais outras 70 crianças no laboratório - to-dos que adentram a casa, além de realizarem exames médicos, têm o acompanhamento de terapeutas especiais, que realizam uma avaliação da criança nos primeiros meses de convivência no abrigo.

A diretora do espaço, Cecília Soraya Guima-rães, explica que é fundamental trabalhar a necessidade de cada criança individualmen-te. “Fazemos questão de proporcionar às crianças um atendimento de primeira quali-dade, sentindo o que cada um precisa. Todos sofreram bastante antes de chegar aqui, não podemos prejudicá-los”, comenta.

PUBLIC ORPHANAGES: A HARSH REALITY IN BRAZILInstitutions’ biggest problem is maintaining the family bondA common picture in the daily routine of a public orphanage of a big city in Brazil is the agglomeration of children of various ages, some abandoned by their families, some victims of domestic violence or abuse, living in crowded institutions (private or public) without much hope of a bright future. They live in what could be described as “deposits” for boys and girls, the majority of Africa-American descent and coming from lower-income families. To change this reality takes a lot of effort and dedication and the Projeto CASA DA CRIANÇA has been trying to at least do its part. Various physical transformations have been coordinated by the Projeto en different orphanages all over Brazil. The NGO has also worked to apply the Program Cia dos Anjos in order to help these institutions provide better care for the children and their families. The basic premise is to stimulate the family bond. According to research conducted by IPEA, 86.7% of children in the shelters have families, and only 5.8% are judicially prohibited of contacting their relatives. Most of the time, these families, criticized by society in general, are unable to care for their children because of financial instabilities or personal problems. Some of the parents abuse of illegal substances and have no way of paying for treatment. Others are driven to prostitution because of financial difficulties, and most simply live in such a state of poverty, they cannot provide for the basic necessities of their children.These children, who live in orphanages, are,

in fact, the tip f the iceberg of a harsh social reality which raises simplistic issues, but require structured solutions. How can their families, who never received any type of assistance before, and lived without a solid financial base, be able to care for them? One begins to realize these mothers are also abandoned by the government and society as much as their children.The Cia dos Anjos Program works on the quality of care given to the children and youths in the institutions previously reformed by the Projeto CASA DA CRIANÇA, through programs in the areas of education, health, sports, leisure, art and culture. Besides improving the quality of care given within the institutions, the Cia dos Anjos also works with the families of the children, especially the mothers, in order to maintain the bond with the child through courses offered within the orphanage. These courses not only help the families maintain contact with the children, but also give the parents a professionalizing opportunity, enabling them to become employed, therefore care for their children.

Adaptation difficulties

When the children enter the orphanage they suffer a period of adaptation. Integrating them with the children previously living there is a complex task. After all, for a child, who, before that, probably came from a hostile environment, its difficult to even conceive of a healthy family life.Sônia Pena Costa, superintendent of the

Associação Mensageira do Amor Cristão (AMAC), which runs a shelter and a day care center, both reformed by the Projeto CASA DA CRIANÇA, in Salvador (BA), says that, in general, the children arrive at the orphanage pretty scared. “Every one of them receives psychological care. Because of their fear and anxiety they don’t think they can lead a normal life here,” explains Sônia. Tereza Cesse, coordinator of the first orphanage remodeled by the Projeto CASA DA CRIANÇA, Casa de Carolina, which provides shelter for over 70 children, in Recife (PE), says that the families’ negligence is a harsh reality inside and outside the institutions. “Most of the children arrive here because of domestic violence and many times the parents aren’t interested in maintaining a close relationship with their children after they turn them in to the institution”, says Tereza. The situation gets worse when the children require special care, such as children with cerebral palsy, victims of discrimination as well as poor care at home. At EAPE, an orphanage reformed by the Projeto in Belém (PA) which provides shelter for 30 children suffering from cerebral palsy as well as serving over 70 children of the community, all that enter the institution, besides going through medical procedures, also receives specific psychological care. The institution’s superintendent, Cecília Soraya Guimarães explains that it is essential to work on the necessities of each child individually. “We make sure we are providing these children with the best possible care, feeling for what each one of them needs. All of them suffered so much before coming here, that we cannot even think of harming them”, she comments.

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O papel do abrigoMesmo com todas essas dificuldades, o

papel do abrigo é cuidar do desenvolvimen-to da criança, matriculando-a nas escolas da comunidade, oferecendo aulas de reforço e atividades sócio-educativas, como arte, edu-cação física e passeios pela cidade, criando além do laço comunitário, o sentimento de cidadania nos pequenos.

No abrigo Sorriso, beneficiado pelo Proje-to CASA DA CRIANÇA em Aracajú (SE), que atende 34 crianças de zero a seis anos, o pa-pel educativo é uma das prioridades. A di-retora do espaço, Margarida Rolim, diz que a programação mensal conta com visitas a museus e parques históricos. “É uma forma de sair um pouco da rotina e proporcionar um aprendizado diferente”, fala.

Ao contrário do que pode pensar o senso comum, os abrigos não têm o papel de pre-parar as crianças para adoção. A prioridade é fazer com que voltem para os seus lares de origem, já que a maioria das crianças enca-minhadas aos abrigos pelos agentes sociais

do Conselho Tutelar ou Ministério Público, possuem famílias, que por dificuldades fi-nanceiras ou qualquer outro problema que não esteja de acordo com as leis do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Nos dias de visita, os sentimentos de ale-gria e tristeza se misturam entre as crianças abrigadas. Para aqueles que têm pais aten-ciosos, um motivo para acordar ansiosos pelo grande momento de ter os pais por perto. Para os que têm, mas não são visi-tados, apreensão, angústia e expectativa. Ajudar a todos os pais é o desejo de todos os abrigos mas, de fato, é impossível em-pregar a todos. “Metade de nossas crianças recebem visitas dos pais. Nós orientamos a todos eles onde devem procurar emprego, e muitos até saem logo em busca de traba-lho, ansiosos por levarem suas crianças de volta para casa, mas infelizmente não temos condições de ajudá-los como gostaríamos”, explica Tereza Cesse, da Casa de Carolina, em Recife.

The orphanage’s role

Even with all these difficulties the role of the orphanage is to care for the development of the children, enrolling them in the community’s schools, offering extra classes and extra-curricular activities, like art, physical education and fieldtrips, inserting the children in the community. At Sorriso shelter, also remodeled by the Projeto, in Aracaju (SE), which cares for 34 children, a proper education is one of the highest priorities. Margarida Rolim, superintendent of the institution, says that every month, the children visit museums and historic parks. “It’s a way of getting out of the routine and providing a differentiated education”, she says. Contrary to what most people consider common sense, the shelter’s role is not to prepare children for adoption. The priority is to reintegrate the children with heir families, since most children sent to the orphanages by the government, do have families, which for financial (or other) problems are not apt to care for them.On visitation days, the children feel a mix of joy and sadness. For those who have loving parents, it’s an anxious day, when they wait for them to arrive. For those who have parents but are not visited, apprehension, anguish and frustrated expectations are all they receive. To help the parents is every orphanage’s wish, but, in fact, it’s impossible to find jobs for all of them and help them have good conditions to see their children. “Half of our children are visited by their parents. We instruct them where to go to find jobs, and some actually go after that, anxious to have their children back. But, unfortunately, we can’t help each and every family the way we would like to”, explains Tereza Cesse, from Casa de Carolina, in Recife.

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Atenção máximaNo abrigo Tia Júlia, beneficiado pelo Pro-

jeto CASA DA CRIANÇA em Fortaleza (CE), a ordem é dar atenção máxima aos pais das crianças. A pedagoga do espaço, Socor-ro Salgueiro, faz um trabalho de terapia e orientação com os parentes. “Somos aten-ciosos com as famílias, no entanto, a maio-ria não consegue ter suas crianças de volta por não apresentar condições financeiras suficientes”, fala Socorro.

Em Salvador, no AMAC, Sônia Costa diz que apesar da instituição prestar apoio aos parentes, a questão mais importante são os pais demonstrarem interesse em ter seus filhos de volta, não perdendo, assim, o vín-culo e os laços com a criança, fato a que os abrigos dão bastante importância. “Infeliz-mente, a minoria das famílias se preocupam em criar vínculos. Muitas mães, ao verem os filhos serem tão bem cuidados na insti-tuição, despreocupam-se achando que sua presença na vida das crianças não é mais necessária, já que talvez nunca possam pro-porcionar o que oferecemos às crianças”, fala a diretora.

Este ano, o Abrigo Sorriso, em Aracajú, está recebendo uma grande ajuda do Ministério Público, e encaminhando os parentes para empregos, estabilizando a situação finan-ceira de cada família. A diretora do abrigo, Margarida Rolim, lembra que o processo, no entanto é bastante lento. “Talvez seja a pri-meira vez que estas famílias estejam rece-bendo algum tipo de assistência, não pode-mos julgar ninguém, temos de tentar ajudar. É um sistema complicado”, explica.

Quando todas as alternativas para que a criança volte para o seu lar biológico foram tentadas, mas não se conseguiu muito su-cesso, os pequenos são encaminhados para a adoção. Este sistema, apesar das diversas burocracias que possui, passa a ser a única alternativa para aqueles que não têm uma família. “A sociedade civil também tem que ajudar neste processo e demonstrar interes-se, não depende só do poder público. As exi-gências são claras e de fato não podem ser menos rigorosas, afinal é o bem estar de uma criança que está em jogo” explica Cecília So-raya, diretora do Abrigo Especial Calabriano.

Highest Priority

At Tia Julia orphanage, in Fortaleza (CE), the priority is to care for the parents of the children as well. The pedagogical director of the institution, Socorro Salgueiro, carries out therapy and orientation work with the parents or relatives. “We care for the families, however, most of them still are unable to have their children back because they do not have the financial requirements”, says Socorro. In Salvador, in AMAC, Sônia Costa says that although the institution aids the children’s relatives, the most important issue is the parents demonstrating interest in having their children back. “Unfortunately, most of the families do not worry about maintaining a bond with their children. Many mothers, after seeing how well their children are cared for here, think that their presence in the child’s life is no longer necessary, since they won’t be able to offer what we offer to their children”, says the superintendent. This year, the Sorriso orphanage, will be receiving a great deal of help from the government, and indicating the relatives to jobs, stabilizing each family’s financial situation. Maragrida Rolim points out that the process however is fairly long and slow. “It’s probably the first time these families are receiving any kind of aid, we cannot judge anyone, and we have to help. It’s a complicated system”, she explains. When all the alternatives have been tried to return the children to their biological parents, but no success has been reached, the children are then put up for adoption. This system, even with all the bureaucracy, is the only alternative for those who do not have a family. “Society also has to help in this process; its success doesn’t depend solely on the government. The requirements are clear and cannot be less rigorous, after

all a child’s welfare is at stake”, explains Cecília Soraya, superintendents of the

EAPE shelter.

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After extensive research and diagnosis of different shelters and orphanages situated in different regions of the country, the Projeto CASA DA CRIANÇA developed a program that benefits these shelters directly focusing on the long term self sufficiency of these institutions: the Cia dos Anjos Program. The programs premise is the involvement of society (forming partnerships) and of the staff of the institutions. In this way, all the volunteer work is done with the participation of those who make up the institution. The program aims at integrating the staff, providing activities for the children in education, health, sports, leisure, art and culture, as well as social services for their families.

Fruto de uma vasta pesquisa em abrigos situados nas diferentes regiões do país, o Projeto CASA DA CRIANÇA desenvolveu um programa que beneficia diretamente os abrigos, o Programa Cia dos Anjos. O princípio do programa é o envolvimento da sociedade para gerar parcerias e, prin-cipalmente, o envolvimento direto daque-les que estão no abrigo no cotidiano: os funcionários. Dessa forma, todo o trabalho voluntário é realizado com o envolvimento dos que fazem a instituição.

O trabalho viabiliza desde atividades que buscam a integração da equipe e o maior en-volvimento com o trabalho até atendimento complementar as crianças, como aulas de inglês, balé, judô, futebol, parceria com cli-nicas odontológicas, etc., além de atividades voltadas para os pais das crianças.

O apoio do Projeto CASA DA CRIANÇA aos abrigos

Projeto CASA DA CRIANÇAcomes to the aid of the shelters

Adoption process in Brazil

More than an act of generosity, adopting is an act of love. Many families and single parents can only form a family through this process. Judge Sônia Stanford describes the main steps to adopting a child in Brazil.

Step 1: go to the Vara da Infância e Juventude (the government agency responsible for children and youth) in order to register for adoption.

Step 2: the agency will schedule an interview with a psychologist. On the interview day, you must bring:• copy of marriage or birth certificate• copy of I.D.• copy of a monthly paycheck• document attesting physical and mental health• declaration of moral integrity signed by two witnesses• document attesting no preceding criminal activity

Step 3: during the interview you can fill out a form through which you can describe the child you wish to adopt. You then enter the waiting list.

Step 4: when your form is approved, you are apt to adopt.

Also important noting:Only people over 18 years old, dingle or married, or in a proven stable union

The adoptee must be at least 16 years older than the adoptedSpouses or partners may adopt the other’s child

Por Rebeka Maciel

Mais do que um ato de generosidade, a adoção é um ato de amor. É muitas vezes por meio dela que casais ou mesmo pessoas solteiras conseguem construir uma família. Juíza da Vara de Infância e Juventude do município de Jaboatão dos Guara-rapes (PE), Sônia Stanford dá as dicas para quem deseja adotar uma criança:

Passo 1: Dirija-se até a Vara da Infância e Juventude mais próxima de sua casa para se inscrever no cadastro de adoção provisório.

Passo 2: A vara agendará uma data para uma entrevista com o psicólogo. No dia agendado, você deverá levar:• Cópia autenticada da certidão de casamento ou nascimento• Cópia do RG• Cópia do comprovante de renda mensal• Atestado de sanidade física e mental• Declaração de idoneidade moral assinada por duas testemunhas• Atestado de antecedentes cíveis e criminais

Passo 3: Durante a entrevista, você poderá preencher a ficha de triagem, por meio do qual poderá indicar o tipo físico, idade e sexo da criança que deseja adotar. Então, você entra para a lista de espera para adoção.

Passo 4: Aprovada a ficha, você está apto a adotar.

Também é importante saber que:• Estão aptos para adotar uma criança os maiores de 18 anos, solteiros, casados

ou com união estável comprovada• O adotante deve ser 16 anos mais velho do que o adotado• Cônjuge ou concubino pode adotar o filho do companheiro

O passo a passo para a adoção

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O Projeto CASA DA CRIANÇA vem, há nove anos, beneficiando instituições de atendi-mento a crianças e adolescentes, inicialmen-te a partir de reformas físicas e arquitetôni-cas. Essas reformas ganharam proporções humanas. Assim surgiu o Programa Cia dos Anjos, desenvolvido pelo Projeto CASA DA CRIANÇA para proporcionar melhor aten-dimento às crianças e adolescentes das instituições reformadas e/ou construídas, através de capacitação do quadro de fun-cionários e voluntários – os Anjos – para a mobilização social.

O programa é repassado às unidades aten-didas em treinamentos, o que proporciona troca de experiências e acesso a informa-ções sobre como criar novas oportunidades para captação de recursos e formação de parcerias. Em 2007, o programa foi repas-sado às unidades de Pernambuco – abrigo público Casa de Carolina, Lar de Clara, Ária Social e Núcleo Social Nassau – e à unidade do Ceará –abrigo público Tia Júlia.

São ações de mobilização de parcerias nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer, arte e cultura. “Percebemos que depois da reforma e da entrega dos imóveis que abrigam as crianças, elas precisavam tam-bém do suporte da sociedade para contri-buir com atividades às crianças, serviços de manutenção, etc. Então, criamos o Cia dos Anjos, fruto da experiência vivenciada com as unidades atendidas pelo Projeto CASA DA CRIANÇA”, explica Patrícia Chalaça, funda-dora-presidente do Projeto.

Abrigos públicos

O Projeto CASA DA CRIANÇA firmou Termo de Parceria com os governos dos estados de Pernambuco, para beneficiar o abrigo público Casa de Carolina, e do Ceará, para beneficiar o abrigo público Tia Júlia. A parceria, feita na modalidade Governos Atendidos, permite ao Projeto CASA DA CRIANÇA a implantação do Programa Cia dos Anjos em suas unidades de atendimento sem o investimento de recursos financeiros por parte dos governos.

O Cia dos Anjos dá atenção especial ao tra-

projeto casa da criança

Programa Cia dos Anjos atua em instituições reformadas

balho de reintegração familiar das crianças dos abrigos, entendendo que é um ponto essencial para a diminuição do número de crianças nos próprios abrigos. O programa indica cursos que podem ser oferecidos às mães como meio de aproximá-las de seus filhos e de terem condições de prover uma vida saudável e segura para eles.

Resultados do Programa Cia dos Anjos já podem ser observados no abrigo público Casa de Carolina, onde parcerias com em-presas e organizações sociais estão sendo implantadas. São aulas de balé com o Ária Social, aulas de inglês com a escola de idio-mas ELC, atividades com os palhaços da Cia do Riso, serviços de odontologia com den-tistas voluntárias, e festas mensais no buffet infantil Brinkaki. Tudo com a qualidade e dignidade que as crianças merecem.

Mais qualidade

Além do atendimento direto aos peque-nos, também são realizados serviços vol-tados à melhoria da qualidade do trabalho dos funcionários. Por exemplo, no abrigo Casa de Carolina, tem sido elaborado tra-balho com as arte-terapeutas Tânia Vargas e Márcia Accioly.

Arte-terapia é um processo de auto co-nhecimento onde os participantes são con-vidados a realizar atividades expressivas. No abrigo Casa de Carolina estão sendo reali-zadas oficinas semanais com um grupo de funcionários a fim de promover a maior in-tegração da equipe. Através da arte-terapia os funcionários do abrigo estão aprendendo que, quando o trabalho é realizado de modo colaborativo, é mais fácil atingir os objetivos desejados.

Apesar de tantas realizações, ainda há mui-to a ser feito para que as crianças abrigadas no Brasil tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento que as crianças mais favorecidas socialmente. O Projeto CASA DA CRIANÇA, através do Programa Cia dos Anjos, entende isso, e busca mobilizar cada vez mais parcerias para a realização desse trabalho.

Como ajudar/How to help

• Projeto CASA DA CRIANÇARua Dr. Raul Lafayette, 191 Sala 1401Recife-PE - CEP 51021-220Fone: (81) [email protected]

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CIA DOS ANJOS PROGRAM IN REFORMED INSTITUTIONS

The Projeto CASA DA CRIANÇA has been for nine years benefiting charitable institutions with physical and architectural reforms. These reforms, initially limited to the physical aspect, acquired humane proportions. That’s how the Programa Cia dos Anjos - Mobilização de Parcerias came to be, providing better assistance to the children and youths cared for at the institutions remodeled by the Projeto CASA DA CRIANÇA through the training of the staff of these institutions and volunteers to mobilize the private sector. It is presented in a workshop which provides training for the staff of an institution, providing an exchange of experiences and access to information on how to form partnerships with businesses and organizations which may help provide better assistance to the children and adolescents. In 2007 the Program was passed on to 04 institutions in Pernambuco: public shelter Casa de Carolina, Lar de Clara, Ária Social, Núcleo Social Nassau and to one institution in Ceará, the public shelter Tia Julia. The partnerships aim to improve the areas of education, health, sports, leisure, art and culture. “We noticed that after the reforms the institutions still needed the support of the community in order to develop continuous activities to the children, maintenance services, etc. So we created the Cia dos Anjos Program, a result of the experience we acquired through the reforms” explains Patrícia Chalaça, founder and president of the Projeto CASA DA CRIANÇA.

Special attention to the orphanages

The Projeto CASA DA CRIANÇA is collaborating with the state governments of Pernambuco, to benefit the public shelter Casa de Carolina, and of Ceará, to benefit the public shelter Tia Júlia. Both characterized as “Benefitted Government”, a partnership that allows the Projeto CASA DA CRIANÇA to implement the Programa Cia dos Anjos in the institutions it has assisted in those states, without any financial investments from the governments. Another important contribution of the Program is the work done to reintegrate the families and their children who are living in the orphanage through activities like professionalizing courses offered to the mothers in the orphanage, as means to bring the families together. Results are already visible at the public orphanage Casa de Carolina, where partnerships with businesses and other social organizations are being implemented like ballet classes, with Ária Social, English classes with ELC, activities with Cia do Riso clowns, dental work with volunteering professionals and monthly parties at Brinkaki, which caters specially for children’s parties. All provided with the quality and dignity the children deserve.

Better quality

Besides working directly with the children, the Programa Cia dos Anjos also improves the staff’s quality of work. For example, at Casa de Carolina, a group of staff members has been working with the art-therapists Tânia Vargas and Márcia Accioly in order to improve their time at work. Art-therapy is a process of self-discovery, when the participants are motivated to do expressive art work. In the Casa de Carolina orphanage, every week there is an art-therapy workshop, which aims at helping this group of employees to be better integrated and to work more collaboratively. In spite of all this improvement, there is much more to be done so that the children in Brazilian orphanages and shelters have the same opportunities of development as those who live with their families. The Projeto CASA DA CRIANÇA, through the Cia dos Anjos Program, understands that and takes action to mobilize more and more partners to this cause.

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Afroreggae une arte e cultura na luta pela inclusão socialAfroreggae une arte e cultura na luta pela inclusão social

ação cultura

Por Giovanna Martorelli

Atuando, hoje, em comunidades cariocas - Vigário Geral, Parada de Lucas, Complexo do Alemão e Cantagalo-Pavão-Pavãozinho – a organização atende cerca de 2 mil jovens socialmente desfavorecidos, tendo reconhe-cimento internacional

Nascido na periferia do Rio de Janeiro, em um ambiente cercado por drogas e marcado pela violência. É nesse contexto social, co-mum a tantos outros milhões de brasileiros, que está José Júnior, um jovem que, mais tarde, faria a diferença. Ele é um dos funda-dores do Projeto Afroreggae, uma organiza-ção social que trabalha para desviar jovens

do caminho do narcotráfico e do subempre-go por meio de ações culturais, no Rio de Janeiro (RJ).

Com ele, começou, em 1993, a trajetória de um grupo que, mais tarde, seria reconhe-cido como um dos maiores projetos sociais do Brasil. A produção de um jornal sobre a cultura afro-brasileira foi o início de uma atividade cultural que romperia fronteiras, formando diversos grupos para a profissio-nalização de jovens socialmente desfavo-recidos, com aulas de dança e música. Na retaguarda, o precioso apoio de empresas financiadoras como a Natura, Banco Real, Petrobrás e Vale do Rio Doce.

Hoje, o AfroReggae possui quatro núcleos de Cultura, nas comunidades cariocas de

Vigário Geral, Parada de Lucas, Complexo do Alemão e Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. A sede de Vigário Geral foi demolida e, em seu lugar, construído o Centro Cultural Waly Salomão. O espaço é o maior centro cultural construído dentro de uma favela na América Latina e já está sendo chamado de “o Gug-genheim da favela” – em uma referência aos museus Guggenheim pertencentes à Funda-ção Solomon R. Guggenheim e espalhados pelo mundo. Foi projetado para substituir a sede de Vigário Geral.

O AfroReggae possui mais de 70 projetos socioculturais e 13 grupos artísticos, sen-do oito bandas, uma companhia de dança, uma trupe de teatro, duas trupes de circo e um bloco de carnaval - Afro Circo, Afro Lata,

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Afro Mangue, Afro Samba, AfroReggae, Ako-ní, Bloco Afroreggae, Kitôto, Levantando a Lona, Makala Música&Dança, Párvati, Tribo Negra, Trupe Teatro Afroreggae. Juntos, eles atendem cerca de 2 mil jovens.

Quase todas essas atividades culturais começaram com aulas de entretenimento, mas tomaram proporção de profissionali-zação dos jovens alunos. Hoje, são lançados no mercado profissionais formados através da iniciativa do Projeto Afroreggae. Do Afro-Circo e do Levantando a Lona, saem jovens que trabalham nos circos do Brasil inteiro e até do exterior. “Já tivemos um jovem que fez parte do Cirque du Soleil. Há um outro jovem que está no maior circo do mundo, o Ringling Brothers”, afirma Jose Júnior.

Ações paralelas

O projeto conta ainda com ações parale-las. Em Minas Gerais, por exemplo, o GCAR

assina o “Juventude e Polícia em Minas Ge-rais”, que tem o objetivo de aproximar poli-ciais de jovens moradores de favela através da cultura e da arte. Fora do país, o grupo firmou parceria com o Barbican Centre, em Londres, um dos mais importantes centros culturais da Europa. Com isso, o Afroreggae irá todos os anos à Inglaterra levar seu show e oferecer oficinas a jovens moradores de comunidades locais até 2012, quando acon-tecem os Jogos Olímpicos em Londres.

Diante de tantas atividades, é notória a

força e eficiência da linguagem da arte e da cultura brasileira para a inclusão e justiça social. “As organizações sociais têm papel importante num processo em que as co-munidades menos favorecidas são um pólo gerador de cultura, economia e arte. Nes-ses quase 15 anos de vida, temos tido bons resultados no trabalho com jovens mora-dores de comunidades, criando pontes que unam as diferenças e sirvam como alicer-ces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania”, acredita José Júnior.

Como ajudar/How to help

• AfroreggaeAv. Marechal Câmara, 3507º andar - sala 703 - Castelo - Rio de Janeiro (RJ) - Brasil - CEP: 20020-080Tel: +55 21 2532.0171 / 2532.0422 / 2532.7534 Email: [email protected]

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Born in the Rio de Janeiro projects in an environment rampant with drugs and violence. That’s the social context, common to millions of Brazilians, where José Júnior grew up, so that years later, he could bring about change in his community. He is one of the founders of Afroreggae, a not for profit organization that works towards keeping the youth of the poorer communities in Rio de Janeiro away from drugs and illegal activities through cultural appropriation.In 1993 a group came together which later would be one of Brazil’s most important social organizations. It all started with the production of a news journal directed to the afro-brazilian cultural issues and evolved to dance and music classes as well as various professionalizing courses benefiting the underprivileged youth of the surrounding communities. To accomplish all this, over the years different private organizations joined the team of Afrorreggae supporters: Natura, Banco Real, Petrobrás and Vale do Rio Doce. Today, AfroReggae runs four cultural centers in Vigário Geral, Parada de Lucas, Complexo do Alemão and Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, all underprivileged communities in Rio de Janeiro. The Vigário Geral center is being transformed into the Waly Salomão Cultural Center, the biggest cultural center built in a slum in Latin America, and is already being called the “Guggenheim of the Slums” in reference to the Guggenheim Museums all over the world. AfroReggae is responsible for over 70 social-cultural projects and 13 artistic groups (8 bands, one dance company, one theatre group, two circus groups and a carnaval group): Afro Circo, Afro Lata, Afro Mangue, Afro Samba, AfroReggae, Akoní, Bloco Afroreggae, Kitôto, Levantando a Lona, Makala Música&Dança, Párvati, Tribo Negra, Trupe Teatro Afroreggae. All together, 2,000 youths are involved in the AfroReggae projects.

Afroreggae mixes art and culture in the fight for social inclusion

By Giovanna Martorelli

The NGO is active in five low-income communities in Rio de Janeiro, Brazil, reaching about 2 thousand socially underprivileged youths and gaining international recognition

Almost all the activities began as entertainment, but started to gain professional level. Today, the teenagers that are part of AfroReggae end up entering the artistic job market. From AfroCirco and Levantando a Lona (both train for circus art) the young adults go on to work for various circus groups of Brazil and even abroad. “We have had a student who worked for Cirque du Soleil. Another one is in the biggest circus group in the world today, the Ringling Brothers”, says José Júnior.

Parallel ActivitiesBesides the artistic professional training, AfroReggae also carries out activities that like the “Juventude e Polícia em Minas Gerais” program that aims at integrating the teenagers who live in the slums and the police officers who work in the area through arts and cultural activities. In a different direction, the group has formed a partnership with the Barbican Theatre in London seeing that every year AfroReggae brings its show and offers workshops to the children and adolescents of the local communities until 2012, when the city will host the Olympic Games. With so many activities working positively, it becomes note-worthy how Brazilian art and culture can work for social inclusion. “Not for profit organizations have a crucial role in developing the cultural, economic and artistic potential of underprivileged communities. In almost 15 years of activities we have had good results in the work with the children and adolescents of these communities, building bridges that narrow the social disparities and serve as pillars to sustainability and citizenship”, says José Júnior.

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Brasileira Célia Cruz é destaqueno empreendedorismo social

CONHECENDO o 3o SETOR

O tema empreendedorismo social é relati-vamente novo no mundo e falar nele, hoje, ainda implica em despertar dúvidas e receio por parte de grandes empresários. Tentar virar a casaca e fazer com que investidores importantes mudem este pensamento, en-xergando o terceiro setor como um bom meio de investimento, é difícil. Mas quando a captação de recursos é feita por pessoas que sabem trabalhar e se dedicam àquela causa, o sucesso sempre bate à porta. Um exemplo de alguém que abraçou a causa com profissionalismo e dedicação e atual-mente é referência mundial no mercado do terceiro setor é o da brasileira Célia Cruz.

Formada em economia pela Universidade de São Paulo (USP), e mestra em economia empresarial na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Célia iniciou seu trabalho na entida-de atuando como voluntária em 1995, mi-nistrando cursos de captação de financia-mento para os empreendedores sociais e nomeando candidatos. Antes de assumir o cargo da diretoria, ela era coordenadora do Programa Doar, do Instituto para o Desen-volvimento do Investimento Social (IDIS).

Atualmente, Célia atua no Canadá como Global Fellowship Managing Director da Ashoka. A instituição está presente em 63 países, com 23 escritórios e 1.924 empre-endedores sociais com temas e demandas distintos, que vão desde o projeto de uma canadense que luta para que grandes edi-toras publiquem seus livros usando papel reciclado - e teve sucesso com o novo livro da série Harry Potter – a uma sul-africana que constrói organizações ao lado de cada delegacia para acompanhar os casos que envolvam mulheres, uma nepalesa que de-fende mulheres viúvas em seu país, ou uma tailandesa que aborda a pesca e o turismo comunitário.

Ampliando impactos

“Meu trabalho é uma riqueza. O melhor de tudo é estimular o trabalho colaborati-vo no setor social e ampliar o impacto de projetos individuais ou coletivos”, diz Célia. A acionista social já teve a oportunidade também de montar o seu próprio projeto, fundando a Associação Brasileira de Cap-tação de Recursos (ABCR), com colegas de trabalho, antes de entrar na Ashoka, daí a vasta experiência que adquiriu nesta área.

Para atender a tantos projetos sociais interessantes, a Ashoka cria pontes entre os empreendedores sociais e as empresas, tentando ampliar uma consciência social e trilhando novos caminhos para causar um impacto social. A instituição tem uma par-ceria com a Mckinsey, consultoria para em-preendedores sociais da Ashoka, que reali-za treinamentos entre os próprios fellows ou destes para o setor social. Existe tam-bém a competição de planos de negócios, o Prêmio Empreendedor Social.

Célia chama atenção para o terceiro se-tor brasileiro que é bastante criativo e se desenvolve com tão poucos recursos e para as parcerias entre organizações des-

te tipo, que podem fortalecer o mercado. “Acho que todos devem estudar um pou-co de gestão para adaptar-se às ferramen-tas da necessidade deste setor. As técni-cas que aprendi me ajudaram bastante a ampliar o meu domínio em organizações dessa área”, fala.

Além de ser uma profissional de sucesso do segmento, com um salário competiti-vo e uma missão nobre, Célia Cruz tam-bém teve a chance de poder se qualificar e ser valorizada em campo que ainda não recebeu atenção suficiente para um bom desenvolvimento no Brasil. “Este é um se-tor crescente e estratégico para o mundo todo. Para emprego, para trazer inovação e eficiência para o público, que pode criar parcerias inovadoras com o privado, geran-do novos produtos que contribuam com a inclusão social de comunidades de baixa renda”, afirma ela.

Valores diferenciados

Para aqueles que pretendem trabalhar neste setor, Célia explica que não há dife-renças entre as preparações para se traba-lhar em qualquer outra organização, mas há os valores diferenciados da área, que os profissionais precisam entender.

Quando terminar a sua missão no Ca-nadá, daqui a três anos, Célia retorna ao Brasil para continuar o seu trabalho no país. “A região Norte ainda precisa de atenção da Ashoka. Precisamos captar mais recursos por lá”, diz ela, sempre pen-sando no futuro. Quanto à satisfação de estar cumprindo com o seu papel social, ela diz simplesmente: “Eu trabalho no se-tor social e sempre tive um salário e uma missão. Meus amigos que continuaram na economia ou em bancos com certeza ga-nham mais do que eu, mas sentem falta de ter uma missão de vida alinhada com seu trabalho”.

Por Maria Isabel Queiroz

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By Maria Isabel Queiroz

Social entrepreneurship is still a relatively new topic which is often still viewed with some skepticism by many in the business sector. Therefore, to try and change this reality persuading businesses to invest in the third sector is not an easy feat. But, when such an activity is carried out by competent and dedicated professionals, success is often reached. An example of someone who has been working with such professionalism and dedication that she has become a globally recognized reference for professionals in the third sector is the Brazilian Célia Cruz.An economist graduated from the University of São Paulo (USP), with a masters in Business Economy by the Getúlio Vargas Foundation (FGV), she started her work in Ashoka as a volunteer, back in 1995, teaching courses directed to fund-raising techniques for social entrepreneurs. Before becoming the Ahoka director for Paraguay and Brazil, she was coordinator of the Doar Program, of the Institute for the Development of Social Investment (IDIS).Today, Célia works as the Global Fellowship Managing Director for Ashoka, based in Canada. Ashoka is a not for profit organization present in 63 countries world wide, with 23 base offices and 1,924 social entrepreneurs working for varied causes from publishing books with recycled paper to building community centers near police stations to attend to women in need, and many others.

Increasing Impact

“My job is rich. The best part is stimulating collaborative work in the social sector and amplifying the impact of individual or collective projects,” says Célia. She has also had the opportunity to manage her own social project, the Brazilian Fund-Raising Association (ABCR), before joining Ashoka, drawing from her experience in the area.In order to aid so many varied social projects, Ashoka builds bridges between the social entrepreneurs and businesses, trying to generate a social consciousness and design new ways to create social impact. Ashoka’s partner, McKinsey & Company, provides training for the social entrepreneurs as well as financial advice. There is also the Social Entrepreneur Prize, given out each year in many different countries where Ashoka is present.Célia points out the expansion of the third sector in Brazil, which is becoming more and more creative, developing with such scarce resources. “I believe everyone should study management in order to adapt to the needs of this sector. The techniques I learned helped me increase efficiency in not for profit organizations,” states Célia.

Besides being a successful

professional in the area, with a competitive salary

and a noble mission, Célia Cruz also had the chance to be recognized for her hard work in a field that as of yet does not have enough recognition for a significant development in Brazil. “This is a growing sector all over the world. Its

strategic for career development, in bringing innovation and efficiency to the public, and may generate innovative partnerships with the private sector, bringing about new products directed to social inclusion of communities in need,” says Célia.Outstanding ValuesFor those who intend to work in the social sector, Célia explains that there is virtually no difference between preparation to work in this area or in private organizations, but that there are differences in the values that guide the not for profit organizations, which need to be understood. After completing her assignment in Canada, in three years, Célia returns to Brazil to continue her work in her home country. Célia remembers that “in Brazil, especially the North region needs Ashoka’s attention.” When asked about the satisfaction of working in the social area, she simply says: “I love working for the third sector and have always had a salary and a mission. My friends who went on to work as economists, or in banks, surely make more money than I do, but they miss having a mission in life that is linked to their line of work.”

Brazilian Célia Cruz – an outstanding social entrepreneur

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CONHECENDO uma unidade

Projeto Casa da Criança leva esperança ao tratamento oncológico no Ceará

Por Ana Paula DantasFotos: Paulo Wilson

Com alegria e muito mais esperança no presente e futuro. É assim que se sentem as 120 crianças e 80 adolescentes em trata-mento oncológico na Casa do Menino Jesus – instituição sem fins lucrativos, coordena-da pelas irmãs da Congregação Obra das Filhas do Amor de Jesus Cristo – desde que ganharam uma nova casa do Projeto CASA DA CRIANÇA, em parceria com o Instituto

as “Salas de soninho”. Tudo isso graças ao importante voluntariado, empenho e de-dicação de 94 profissionais de arquitetura, mais de 50 construtoras e mais de 90 pa-trocinadores nacionais e oficiais (isso sem levar em conta um número incalculável de patrocinadores de ambientes) que ajuda-ram o Projeto CASA DA CRIANÇA a cons-truir a sede.

Segundo Paulo Pepino, franqueado social local do Projeto, a obra foi orçada em R$ 3,5 milhões em doações de produtos e serviços e conta com suítes, ambulatório, farmácia, recepção, jardim, área de apoio, lavanderia, sala de voluntários, capela, brinquedoteca, biblioteca, sala de tevê, capela, refeitório e cozinha conjugados, banheiros e praça de recreação, permitindo que crianças, jovens e seus acompanhantes recebam alimenta-ção, vestuário, lazer, companhamento psi-cológico e religioso.

Os franqueados sociais do Ceará André Verçosa, Augusto Souza, Isabel Figueiredo, João Mendonça e Paulo Pepino realizaram, como já é tradição no Projeto CASA DA CRIANÇA, um evento envolvendo os filhos dos colaboradores da construção da nova casa através do “Pintando o Sete” – um momento onde todas as crianças puderam pintar nos painéis distribuídos pela casa. Segundo André Verçosa, a iniciativa permi-tiu que os pequenos deixassem desenhos e mensagens de incentivo para os novos ha-bitantes da casa. “Além de incentivar a so-lidariedade, eles ficam conhecendo o local em que trabalhamos em muitas das nossas horas vagas”, diz.

Parceria com o Instituto Ronald McDonald

A Casa do Menino Jesus é a segunda atuação do Projeto CASA DA CRIANÇA em Fortaleza, já tendo beneficiado em 2002 o Abrigo Tia Júlia, que cuida de crianças em situação de risco ou de abandono. Dentre as 30 instituições beneficiadas pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, a Casa do Menino Jesus é a 6ª instituição de atendimento ao câncer infantil, sendo as demais localizadas em Te-resina, Maceió, Aracaju e Cuiabá todas em parceria com o Instituto Ronald McDonald.

Nesta parceria, o Instituto Ronald McDo-

Ronald McDonald, em Fortaleza (CE). A instituição é a maior construção reali-

zada pela organização. A obra foi realizada em 2006. “Foi construída uma nova casa realmente, visto que a antiga necessitou ser demolida porque não teríamos condi-ções de aproveitar as antigas fundações”, explica a arquiteta Isabel Figueiredo, uma das franqueadas locais do Projeto.

Trata-se de uma casa com dois pavimen-tos e 73 ambientes especiais – como os espaços “Xô, dodói”, o “Saber brincar” e

Projeto: Beto Fernandes

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nald entra com seu conhecimento sobre o cenário do câncer infanto-juvenil no país, identificando e indicando ao Projeto CASA DA CRIANÇA as localidades e instituições com projetos prioritários na assistência à oncologia pediátrica no Brasil. O Instituto Ronald McDonald (IRM) é uma sociedade civil sem fins lucrativos que tem o objetivo de captar e destinar recursos a instituições cadastradas em todo o Brasil, que aten-dem milhares de crianças em tratamen-to de câncer. Tem como missão propiciar, com dignidade e conforto, o tratamento de crianças e adolescentes portadores da do-ença no Brasil.

A Casa do Menino Jesus é orgulho para todos que fazem o Projeto CASA DA CRIAN-ÇA. É uma casa de apoio digna que expele amor em cada detalhe arquitetônico e em cada toque de amor e vida passado pelas Irmãs da Congregação Obra das Filhas do Amor de Jesus Cristo, que são um exemplo e um estímulo para que o Projeto CASA DA CRIANÇA continue levando sua contribui-ção a outras unidades de atendimento ao câncer infantil.

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Projeto: Edcarla Hilnusa e Andréa Sales

Projeto: Chaguinha Silveira e Caroline Silveira

Projeto: Sandra Viana, Monica Braga e Ana Maria Gereissati

Projeto: Eliana Braga, João Almeida, Ana M. Ramalho, Inês Câmara,Cristiane Borie e Odete Aragão

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With joy and much more hope in the future. That’s how the 120 children and 80 adolescents undergoing oncology treatment at the Casa do Menino Jesus feel. It’s a not for profit institution that cares for children with cancer, run by the Congregation Obra das Filhas do Amor de Jesus Cristo, and totally constructed through a partnership between the Projeto CASA DA CRIANÇA and the Ronald McDonald Institute (a chapter of the Ronald McDonald House Charities in Brazil). The Casa do Menino Jesus is its biggest construction. “The old house’s foundation was too old, so we went ahead and built a new structure”, explains Isabel Figueredo, one of the architects and social franchisers of the Projeto in Fortaleza, who helped to coordinate the construction. In seven months of construction, 73 different spaces were created through the donations

CASA DO MENINO JESUSBenefited by the Projeto CASA DA CRIANÇA in 2006

and volunteer work of 94 architects, over 50 construction companies and 90 manufacturers. According to Paulo Pepino, another social franchisers in Fortaleza, the construction’s budget estimate was of 1.75 million dollars (at the time), all in the form of donated products and services. The house now has an ambulatory, a pharmacy, reception, gardens, volunteer meeting room, a chapel, and library as well as a play room, all designed so that the children feel comfortable and are able to receive adequate psychological and religious assistance.

Initiatives

The social franchisers from Ceará André Verçosa, Augusto Souza, Isabel Figueiredo, João Mendonça and Paulo Pepino realized, as is traditionally done by the Projeto, na event

involving the children of all collaborators participating in the construction of the new house, the “Pintando o Sete” – a moment where the children painted pannels distributed throughout the house. According to André Verçosa, the initiative allowed the children to leave their message of hope to the owners of the new house. “Besides motivating social awareness, this event allows our sons and daughters to know where we have been working all this while”, he says. This is the second time the Projeto CASA DA CRIANÇA has benefitted an institution in the state of Fortaleza, having in 2002 promoted the reform of the public Tia Júlia orphanage, which cares for abandoned or at-risk children. It’s the 28th institution assisted by the Projeto CASA DA CRIANÇA and the 6th one in partnership with the Ronald McDonald Institute, the others being located in Teresina, Maceió, Aracaju and Cuiabá. In this collaborative effort, the Instituto Ronald McDonald advises the Projeto CASA DA

Projeto: Márcia Cavalcanti, Regina Costa e Silva e Cláudia Brasil

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CRIANÇA about the geographical gaps that need to be filled in order for there to be a complete treatment cycle in a region with ambulatory, housing and hospitalization available to the children and their families. The Instituto Ronald McDonald is a not-for-profit organization that aims at fund-raising and redistributing resources to institutions all over Brazil that provide care to thousands of children with cancer. Its mission is to provide with dignity and comfort for the adequate treatment of these children and youths with cancer in the country. The Menino Jesus house is a reason to be proud for all of those who make up the Projeto CASA DA CRIANÇA. It’s a support home that expresses love in every architectural detail, as well as in every action of the sisters of the Congregação Obra das Filhas do Amor de Jesus Cristo. This congregation is an example and inspiration for the Projeto CASA DA CRIANÇA, so that it can continue benefiting other institutions that care for children with cancer.

Como ajudar / How to help

• Casa do Menino Jesus

Rua Idelfonso Albano, 3052, Piedade, Fortaleza (CE) CEP: 60.115-001

Tel: + 55 85 3253.4082 / 3253.6018

Projeto: Águeda Muniz, Beatriz Sabóia e Ruth Torres

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AÇÃO SAÚDE

NACPC atende crianças com paralisiacerebral, em Salvador (BA)Por Rebeka Maciel

Considerada uma condição especial, a pa-ralisia cerebral vem atingindo sete crianças em cada mil nascimentos. De acordo com da-dos do Departamento de Neurologia Infantil da Universidade de São Paulo (USP), estima-se o surgimento de 26 mil casos por ano, no Brasil. Essa condição especial, que provoca déficits motores e influência no comporta-mento emocional e social da pessoa porta-dora, resultando em um desenvolvimento global atrasado, requer cuidados especiais. Atendendo de forma gratuita em Salvador, Bahia, o Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC) foi criado com o objetivo de promover ações multidis-ciplinares para melhorar a qualidade de vida de jovens com essa condição. Assim, busca proporcionar a integração das crianças com paralisia cerebral e suas famílias ao convívio social e contexto econômico-cultural.

A freqüência de casos de paralisias ce-rebrais em países em desenvolvimento, como o Brasil, é bem maior do que em pa-íses desenvolvidos, pois o atendimento e acompanhamento pré-natal são precários, bem como as condições sócio-econômicas baixas. Baseadas em estimativas de índi-ces de nascidos vivos pelo IBGE, Salvador apresenta cerca de 30 mil pessoas com pa-ralisia cerebral, com índice de nascimento

aproximado de 500 crianças com paralisia cerebral por ano. Somente na Bahia, são 1588 por ano.

Fundado em 2001, pelo médico Pedro Guimarães e sua esposa Daniela Matsuda, o núcleo conta com uma equipe ampla, composta por fisioterapeutas, psicólogos,

educadores e pedagogos, oferecendo todo o serviço médico, de reabilitação, peda-gógico e psicopedagógico. A finalidade é minimizar o impacto das limitações físicas, desenvolver e estimular as potencialidades dessas crianças, tornando-as pessoas mais independentes e capazes, fornecendo a elas as condições necessárias à inclusão social e educacional, bem como assistência total às suas famílias, com aulas de informática, hi-droginástica, vivências psico-corporais, ciclo de palestras informativas e educacionais, oficinas de culinária e de artes, entre outras atividades.

“A decisão de montar o NACPC surgiu du-rante uma viagem a São Paulo, onde conhe-cemos uma instituição que já prestava esse tipo de apoio a crianças com paralisia cere-bral. Quando retornamos à Bahia, quisemos ver como os jovens de Salvador portadores dessa condição eram atendidos e percebe-mos que não havia uma estrutura ideal para esse trabalho”, lembra Pedro Guimarães. “Assim, montamos o núcleo, onde realiza-

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Instituição tem parceria com a AMAC e o Projeto CASA DA CRIANÇA

Desde 2006, o Núcleo de Atendi-mento à Criança com Paralisia Cerebral – NACPC – atua em parceria com a As-sociação Mensageira do Amor Cristão (AMAC), localizada também em Salva-dor (BA), em um trabalho de orienta-ção e atendimento às crianças. Com mais de 30 anos, a AMAC, faz parte da rede de instituições atendidas pelo Projeto CASA DA CRIANÇA. A AMAC atua com uma creche e um abrigo na comunidade carente da Bahia conhe-cida como Alto de Ondina. No ano de 2002, o Projeto CASA DA CRIANÇA re-alizou uma reforma humanizadora nas casas da instituição, transformando os espaços e adequando-os ao público que atende.

A ação do Projeto CASA DA CRIANÇA reformou uma área de 1.780 m², mobi-lizando 120 arquitetos e 18 construto-ras voluntárias, em uma iniciativa que teria custado R$ 2,5 milhões. Após a re-forma realizada pelo Projeto CASA DA CRIANÇA, a creche e o abrigo passaram a atender 160 crianças de 3 a 12 anos.

Atendendo a um pedido do Projeto CASA DA CRIANÇA, o médico Pedro Guimarães concedeu apoio à AMAC e envolveu-se cada vez mais ao conhe-cer suas dirigentes, como D. Sônia e D. Eulina, que se dedicam há 30 anos às crianças de baixa renda da Bahia. Senhoras guerreiras, anônimas para muitos, inspiradoras para quem conhe-ce o seu trabalho ou atua na área so-cial. Acreditando que a sociedade deve possibilitar às crianças em risco social as mesmas oportunidades, o NACPC estendeu à AMAC todo o apoio tera-pêutico e educacional da instituição, acompanhando, atuando e intervindo no processo de desenvolvimento glo-bal das crianças. Esse apoio acontece dentro da creche e abrigo e também no NACPC, fortalecendo o trabalho com a diversidade, a prática da inclusão e da cidadania.

Como ajudar/How to help

• Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral - NACPCRua do Sangradouro, 12Santo Agostinho, Salvador-BA - BrasilCEP 40.255-210Tel: + 55 71 3611.2901 / [email protected]

mos um atendimento individualizado a es-sas crianças. Com esse trabalho, notamos uma melhora desses jovens, que passam a ter uma vida mais independente.”

Reconhecido com importante chancela da UNICEF e UNESCO, devido à qualidade do trabalho desenvolvido e o impacto so-cial que obtém, o Modelo Interdisciplinar do NACPC destina sua atenção à qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral e do seu meio ambiente, assim como a re-lação da equipe de saúde e educação com a comunidade, especialmente as famílias, além das relações interdisciplinares institu-cionais. É um modelo que realiza ações con-vergentes com proposta atual de Modelo de Saúde (OMS) e Modelo Educacional Inclusi-

vo, contribuindo com os novos paradigmas da Saúde e Educação na construção do de-senvolvimento biopsicossocial das crianças com essa condição.

Uma vez estabelecida, a paralisia cerebral não progride, podendo apresentar regres-são com melhora do quadro clínico geral. Por isso, o trabalho com crianças portado-ras dessa condição exige certos cuidados e atenções que não são comuns a todos os jo-vens, devendo abranger todos os aspectos do desenvolvimento: motor, psicológico, da comunicação, social e cultural. O tratamen-to varia para cada paciente, mas deve visar sempre a maior independência e melhor qualidade de vida para os jovens com para-lisia cerebral.

O médido Pedro Guimarães e sua esposa, Daniela Matsuda, fundadores do NACPC

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By Rebeka Maciel

Considered a special condition, seven in every thousand children born are born with cerebral palsy. According to data from the Infant Neurology Department of the University of São Paulo (USP), 26 thousand new cases of cerebral palsy are expected per year in Brazil. This special condition, which spurs motor difficulties and affects the emotional and social behavior of the person with CP, generally retarding the development of the child, requires special care. Providing free care in Salvador (BA), the Care Center for Children with Cerebral Palsy (NACPC) was created to promote multidisciplinary activities in order to improve the quality of life of children and youths in that condition. Through this, they intend to promote the integration of children with CP and their families with the general social, economical and cultural context. The incidence of cerebral palsy cases in developing countries, like Brazil, is much bigger than in developed countries, due to many reasons, especially to the poor pre-natal care treatments. Based on birth-rate estimates by IBGE, Salvador is home to about 30 thousand people with CP, with an incidence of 500 children with cerebral palsy born per year in the city. In the entire state of Bahia, the estimate is of 1588 births per year. Founded in 2001 by Dr. Pedro Guimarães and his wife, Daniela Matsuda, the center

has a large team of employees, including physiotherapists, psychologists, educators and pedagogues, offering all medical services, rehabilitation, ´pedagogical and psycho-pedagogical services. The objective is to minimize the impact of their physical limitations, develop and stimulate their potentials, making these children more independent and capable people, providing them with the necessary conditions for social inclusion and education, as well as total assistance to their families with computer classes, water aerobics, workshops and educational discussions, culinary and art activities, among others. “The deicison of creating NACPC came up during a trip to São Paulo, where we visited an institution which provided exceptional care for children with CP. When we returned to Bahia we decided to go see how youths who have this condition in Salvador were treated and noticed there was no ideal treatment being provided”, remembers Pedro Guimarães. “So we set up the center, where we provide individual care and assistance to these children. We have noticed their improvement, and how they becoming more and more able to have an independent life”. Recognized by UNESCO and UNICEF, due to the quality of work developed and the social impact it has, the Interdisciplinary Model of NACPC is centered on the quality of life of children with Cerebral Palsy, as well as the relationship of the health and educational staff with the community,

NACPC Cares for children with cerebral palsy in Salvador-BA

Since 2006 the NACPC has worked in collaboration with the Messangers of Christ’s Love Association (AMAC), located in Salvador (BA), providing orientation and care for the children. With over 30 years of existence, AMAC is part of the network of institutions benefited by the Projeto CASA DA CRIANÇA. It administers a day-care center and a shelter in the impoverished community Alto de Ondina in Salvador. In 2002 the Projeto reformed both houses, transforming the spaces into more adequate children’s homes. The Projeto CASA DA CRIANÇA initiative remodeled an are of 1,780m², uniting 120 architects and 18 volunteer contractors in what would have cost R$ 2.5 million (approximately $1.5 million dollars at the time) to build. After the transformation, the day-care center and orphanage were able to raise the number of children assisted to 160,

Institution has partnership with AMAC and theProjeto CASA DA CRIANÇA

between the ages of 3 and 12 years old. Consenting a wish of the Projeto CASA DA CRIANÇA, Dr. Pedro Guimarães extended support to AMAC, became even more involved when he met Ms. Sônia and Ms. Eulina, the directors of AMAC, who have dedicated 30 years to the underprivileged children in Bahia: true warriors, anonymous for most people, inspiring for those who know them and their work. Believing that society must enable children in a position of social vulnerability the same opportunities, NACPC extended to the children of AMAC all the therapeutic and educational programs it implemented, monitoring and helping the total development of those children. This support happens within the AMAC buildings as well as in the NACPC center, strengthening the concepts of diversity, inclusion and citizenship.

especially the families of the children. It’s a model that realizes convergent practices in line with the present Health Model (OMS) and Inclusive Educational Model, contributing with the new paradigms of Health and Education in the construction and development of children under these conditions. Once established, cerebral palsy does not progress, and may even present a regression with the improvement of the general condition of the child. Therefore the work with children with CP requires certain care and attention uncommon to most youths, focusing on all aspects of development: motor, psychological, communicative, social and cultural. The treatment varies for each patient, but in general it must aim at providing more independence and a better quality of life for children with cerebral palsy.

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aconteceu

Lar de Maria é a 30ª unidade inaugurada pelo Projeto CASA DA CRIANÇA

A 30ª entidade beneficiada pelo PROJETO CASA DA CRIANÇA, inaugurada no final de 2007, foi a Casa de Apoio à Criança com Câncer - Lar de Maria, que atende crianças de 0 a 18 anos, porta-doras de câncer, em Teresina (PI).

A casa onde agora está instalado o Lar de Maria tem uma área beneficiada pelo Projeto CASA DA CRIANÇA de 800m², dis-tribuídos em 34 ambientes, todos cuidadosamente projetados por 58 arquitetos. O espaço inclui brinquedoteca, auditório, refeitório, quartos, entre outras áreas dedicadas às crianças e adolescentes.

Os franqueados sociais responsáveis por essa ação no Piauí são Júlio Medeiros, Lígia Veras, Andrade Júnior e Ivna Gadelha. O Lar de Maria foi indicado ao Projeto CASA DA CRIANÇA pelo Instituto Ronald Mcdonald. As construtoras que participaram da reforma são Duocom, Sólida e Sucesso.

30th Institution Inaugurated – Lar de MariaThe 30th institution benefited by the Projeto CASA DA CRIANÇA is the Support Home for Children with Cancer – Lar de Maria, which cares for children with the disease.The house where the institution is now located has a reformed area of 800m², distributed throughout 34 rooms (a playroom, bedrooms, lunch area, and others), all carefully designed by 58 architects and interior designers. The social franchisers responsible for coordinating this initiative in the state of Piauí are Júlio Medeiros, Lígia Veras, Andrade Júnior and Ivna Gadelha. The Lar de Maria institution was nominated for the assistance by the Institute Ronald McDonald (the Brazilian chapter

of the Ronald McDonald House Charities). The construction companies that donated their services to the remodeling were

Duocom, Sólida and Sucesso.

A creche Lar de Clara, no município do Cabo de Santo Agostinho (PE), também foi beneficiada em 2007 pelo Projeto CASA DA CRIANÇA. Essa foi uma grande ação liderada por Sílvia Marques, Cristina Melo, Virginie Marques e Wanuyre Bernardo, que possibi-litou a expansão da instituição e o atendi-

Lar de Clara tem nova sede no Cabo de Santo Agostinho (PE)

Lar de Clara has new home in Cabo de Santo Agostinho-PEThe day-care center for underprivileged children, Lar de Clara, in the state of Pernambuco, also was remodeled by the Projeto CASA DA CRIANÇA. This great initiative was lead by Sílvia Marques, Cristina Melo, Virginie Marques and Wanuyre Berardo, allowing the institution to increase the number of children assisted to 350. It was inaugurated in 2007 with new rooms and space that enable the organization

to provide different activities in education, health, sports, leisure, arts and culture, as well as assistance to the families of the children. The new day-care center has an area of 1,500m² and is divided into five different blocks planned and designed through the collaboration of 60 volunteer architects, designers and landscapers. The construction companies that donated their services to the realization of the reform were Rio Ave, Queiroz

Galvão, Santo Antônio, L.Priori, Moura Dubeux, Vale do Ave and Pernambuco Construtora.The Lar de Clara is an example of a charitable institution in Brazil that prioritizes quality and efficiency in the treatment offered to the low-income children. All the spaces created by the Projeto CASA DA CRIANÇA are in perfect use, generating great satisfaction to all who were involved in this initiative.

mento a 350 crianças em sistema de creche. A instituição oferece atividades nas áreas de educação, saúde, esportes, lazer, artes e cultura, além de serviços às famílias das crianças.

Com 1.500m² de área construída, a nova sede é dividida em cinco blocos, todos pro-jetados e decorados com a colaboração de 60 arquitetos, designers e paisagistas. As construtoras que doaram seus serviços para a realização da reforma foram a Rio Ave, Queiroz Galvão, Santo Antônio, L.Priori, Moura Dubeux, Vale do Ave e Pernambuco Construtora.

O Lar de Clara é um exemplo de instituição no Brasil que prima pela qualidade e eficiên-cia no atendimento oferecido às crianças de baixa renda. Todos os espaços criados pelo Projeto CASA DA CRIANÇA estão em perfei-to uso, gerando imensa satisfação a todos que se envolveram nessa ação.

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Convenção Nacional do Projeto CASA DA CRIANÇA reúne franqueados sociais

O Projeto CASA DA CRIANÇA realiza anual-mente uma Convenção Nacional com os

Franqueados Sociais dos diferentes es-tados do Brasil. A 7ª convenção aconteceu em 2007, na pousada Xalés de Maracaípe no município de Ipojuca, em Pernambuco, e reuniu cerca de 50 profissionais (arquite-tos, construtores, empresários socialmente responsáveis e mobilizadores sociais) de 12 estados brasileiros.

Durante o evento foram discutidas ques-tões como novas ações do projeto e uma maior abrangência nas áreas de educação, atendendo a escolas públicas simultanea-mente para viabilizar bibliotecas e laborató-rios de informática, em uma ação nacional do CASA DA CRIANÇA. Esta ação inicialmente dará prioridade para a região Nordeste, nos estados do Piauí e Ceará. Também foram di-vulgadas novas metas para o Programa Cia. dos Anjos. O suporte às unidades sociais já atendidas pelo Projeto CASA DA CRIANÇA e os temas creche e abrigo foram outros as-suntos enfocados.

O Instituto Ronald McDonald também marcou presença na Convenção Nacional do Projeto CASA DA CRIANÇA. Estiveram

The National Convention of the Projeto CASA DA CRIANÇA happens annually bringing together the Social Franchisers that represent the Projeto in the different states. The last meeting, which took place in the Xalés de Maracaípe hotel in Pernambuco, brought together about50 social franchisers of the organization (architects, business executives, etc.) from 12 different states of Brazil.During the event they discussed important issues like the Projeto’s future towards improving education through the creation of libraries and computer labs in various public schools within a state. This initiative will, initially, prioritize the northeast states of Piauí and Ceará. The objectives regarding the Cia dos Anjos program.The topics of orphanages and day-care centers and the social impact of the reforms were also discussed. The Ronald McDonald Institute (the Brazilian chapter of the Ronald McDonaldHouse Charities) was also present at the 7th National Convention of the Projeto CASA DACRIANÇA. Their representatives met with the Social Franchisers who were workingor had worked benefiting institutions that care for children with cancer in order to establish new goals.The Social Franchisers who participated of the Convention had the opportunity to visit the Ária Social Dance School, in Jaboatão dos Guararapes (PE), a non-profit organization that acts in the social transformation of youths through art, generating means of revenue and job opportunities. They also visited the Núcleo Social Nassau, in Goiana (PE), a center for the education and artistic development of underprivileged children and youth resident in the region. The Núcleo was built by the Projeto CASA DA CRIANÇA in collaboration with the Nassau Cement manufacturer and the city hall of Goiana.

Projeto CASA DA CRIANÇA National Convention

presentes Roberto Mack, gerente geral do Instituto Ronald McDonald, Cláudia Lóssio, gerente de projetos, e Vanúsia Castro, as-sessora de administração e finanças. Eles se reuniram com os franqueados do CASA DA CRIANÇA que estão envolvidos com institui-ções de combate ao câncer infanto-juvenil para troca de idéias e alinhamento de novas metas.

Os Franqueados Sociais participantes da Convenção Nacional do Projeto CASA DA CRIANÇA-2007 tiveram a oportunidade de visitar a sede do Ária Social, organização sem fins lucrativos situada no bairro de Pie-dade, município de Jaboatão dos Guarara-pes (PE), que atua com transformação social de jovens através da arte, gerando emprego e renda. Também visitaram o Núcleo Social Nassau, no município de Goiana, no litoral norte de Pernambuco, onde puderam ob-servar a fabricação de papel reciclado, pro-dução de caixas do mesmo material, e escul-turas feitas a partir do papel reaproveitado de sacos de cimento e outros materiais.

A Convenção Nacional de 2008 (Agosto, Fortaleza-CE), será destaque na próxima edição da Revista BRASIL SOCIAL.

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O Núcleo Social Nassau, instalado no mu-nicípio de Goiana (PE), está sempre mar-cando presença em eventos e feiras para a divulgação de seu trabalho e a comer-cialização dos artesanatos confeccionados pelos jovens por ele atendidos. A Fenearte reuniu cerca de 200 mil visitantes, em 10 dias, e contou com estandes de artesãos de mais de 17 países diferentes. No estande do Núcleo Social Nassau foram comerciali-zados esculturas e produtos utilitários, pro-duzidos em papel reciclado pelos jovens do núcleo. Também funcionou uma oficina onde um aluno desenvolveu trabalhos em papel reciclado.

O Núcleo Social Nassau foi construído numa parceria entre o Projeto CASA DA CRIANÇA e o Cimento Nassau, em 2004. Sua construção contou com o apoio das construtoras Aveloz, Queiroz Galvão, Mou-ra Dubeux, GC Tenório, Hermano Nasci-mento, Santo Antônio e Vale do Ave.

A participação do Núcleo Social Nassau em eventos desse tipo tem sido uma constante. Em outubro de 2007, mostrou seu trabalho na IV Bienal do Livro de Pernambuco expondo suas esculturas, todas feitas de papel recicla-do e pelos próprios alunos do Núcleo. Os jo-vens da instituição, que têm de 16 a 24 anos, apresentaram esculturas em papel reciclado como bonecas com menção às Heroínas de

Núcleo Social Nassau participa de eventos importantes

Tejucupapo - mulheres do município de mes-mo nome que lutaram em batalha contra os holandeses em Per-nambuco, em 1645 - e utilitários como ban-dejas em formatos de frutas.

O Núcleo Social Nas-sau é uma OSCIP (Or-ganização de Socieda-de Civil de Interesse Público) que atende a crianças e adoles-centes socialmente desfavorecidos. Está localizado em Goiana (PE), próximo à pri-meira fábrica da Cimento Nassau, que é a instituição mantenedora da OSCIP. Realiza atividades profissionalizantes, de reforço escolar, informática, música, dança, artesa-nato, papel reciclado e inglês.

Desde 1999, quando o Cimento Nassau tornou-se empresa Patrocinadora Nacional do Projeto CASA DA CRIANÇA, foram doadas toneladas de cimento às obras de reforma e construção do Projeto em todo o territó-rio nacional. A empresa contribui, também, com o importante apoio como Parceiro Máster, investindo recursos financeiros e

auxiliando na expansão do Projeto CASA DA CRIANÇA, que caminha para os 10 anos de atividades abrangendo o atendimento a mais de 10 mil crianças e adolescentes de todas as regiões do país.

The Núcleo Social Nassau (Social Center Nassau), located in the district of Goiana, in Pernambuco, has been present in various events and fairs in order to showcase their work and commercialize the artifacts manufactured by the youths who are enrolled in the center. Last july, the Núcleo was present, with their own stand, at the IX Feira Nacional de Negócios de Artesanato (National Fair of Business and Artifacts), also known as Fenearte, one of the largest artistic and commercial fairs in Brazil. In this edition, Fenearte brought together around 200 thousand visitors, in 10 days, and received artisans from over 17 different countries. In the Núcleo Social Nassau’s

stand, there were sculptures and utilitarian products being sold, all

made from recycled paper, by

Núcleo Social Nassau participates in important eventsthe youths of the center. There was also a small workshop when a student from the Núcleo Nassau developed pieces in recycled paper right then at the fair. The Núcleo Social Nassau was built in a partnership between the Projeto CASA DA CRIANÇA and the Nassau Cement Corporation, in 2004. The construction companies Aveloz, Queiroz Galvão, Moura Dubeux, GC Tenório, Hermano Nascimento, Santo Antônio and Vale do Ave, all donated support with their workers and materials. The Nucleo’s participation in events like this has been a constant practice. In october 2007, they displayed and sold their work in the IV Bienal do Livro de Pernambuco (Pernambuco’s Book and Arts fair), including recycled paper sculptures, all hand-made by the students from the Núcleo. The young artists enrolled in the

institution, between 16 and 24 years old, presented their sculptures of the Heroines of Tejucupapo - brave women from the region that bears the same name, who fought in a famous battle against the dutch invasion of Pernambuco in 1645 - as well as other more utilitarian products like trays and fruit bowls. The Núcleo Social Nassau is an OSCIP (Social Civil Organization of Public Interest) that provides services for children and teenagers who are socially underprivileged. It’s located next to the first Nassau Cement plant, which is also the company that maintains the OSCIP. It offers professionalizing courses, school reinforcement classes, computer classes, music, dance, artifacts and english lessons as well as recycled paper manufacturing workshops.

Como ajudar/How to help• Núcleo Social NassauEndereço: Rodovia PE-49, Tejucupapo, Goiana/PE – CEP 55.905.000Site: http://www.nassau.com.brTel: + 55 81 3224.8177 Ramal 451

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Em maio de 2008, 120 arquitetos, deco-radores, empresários e representantes do poder público em Minas Gerais prestigia-ram o lançamento de mais uma ação do Projeto CASA DA CRIANÇA: a reforma do Galpão das Artes. A instituição atende ado-lescentes de comunidades carentes de Po-ços de Caldas no horário posterior à escola, além de desenvolver programas de apoio às famílias dos jovens.

Durante o evento, realizado no Pala-ce Hotel - parceiro do Projeto em Poços de Caldas –, os Franqueados Sociais do Projeto em Minas Gerais apresentaram a ação e a instituição a ser beneficiada. Isa-bel Figueiredo, Conselheira e Franqueada Social do Projeto no Ceará, apresentou o projeto em nome da Coordenação Nacio-nal. Também falaram Ricardo Vieira Costa, em nome dos patrocinadores locais, Sal-

Last May, 120 architects, designers, business executives and representatives of the state government of Minas Gerais, attended the launching of one more initiative of the Projeto CASA DA CRIANÇA, the reform of the Galpão das Artes.During the event, realized in the Palace Hotel (partner of the Projeto in Poços de Caldas) the Social Franchisers of the Projeto in Minas Gerais, presented the initiative and the institution that is going to be assisted. Isabel Figueiredo, Counselor and Social Franchiser in the state of Ceará, presented the Projeto in the name of the National Coordination. Ricardo Vieira Costa spoke on behalf of the local sponsors, Salma Neder, on behalf of the Mayor Sebastião Navarro, and Dona Gláucia Carneiro on behalf of the Galpão das Artes. The initiative, which will transform the Galpão das Artes (institution that assists youths from the low-income communities of Poços de Caldas and also develops activities with their families), is being coordinated by the Social Franchisers of the Projeto CASA DA CRIANÇA, Luciana Dabdab, Alexandre Senna, Pedro Ponce e Cida Duarte.

Lançada a 2ª unidade beneficiada em Poços de Caldas (MG)

Launching of the 2nd institution assisted in Poços de Caldas-MG

ma Neder, em nome do prefeito Sebastião Navarro, e D. Gláucia Carneiro, em nome do Galpão das Artes.

A ação que reformará o Galpão das Ar-tes está sendo coordenada pelos Franque-ados Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA, Luciana Dabdab, Alexandre Senna, Pedro Ponce e Cida Duarte.

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CONHECENDO O 30 SETOR

Toda a beleza e a riqueza humana de Belém do ParáCores, cheiros e encantos misturados à tranqüilidade amazônica e a modernidade de um grande centro urbano resultam em um leque de diversidade cultural com festas populares, religiosas, folclore, culinária e exemplos de amor ao próximo.

Por Michel Ribera

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Santa Maria de Belém do Grão Pará, ou simplesmente Belém é conhecida como a cidade das mangueiras. Para se ter uma idéia, as árvores espalhadas ao longo de ruas e avenidas chegam a formar verdadei-ros túneis verdes que fornecem sombra, atenuam o calor e, de quebra, ainda forne-cem frutos fresquinhos que não há paraen-se que resista.

Situada às margens da Baía de Guajará, a capital paraense é um exemplo de perfeita harmonia entre duas fases distintas de sua história. De um lado, uma cidade moderna que cresce em ritmo acelerado e em total equilíbrio com a natureza, digna de uma metrópole amazônica. Do outro, o bairro da Cidade Velha, centro histórico que ainda preserva os traços de quase quatro séculos de história.

Caminhando pelas estreitas ruas de para-lelepípedo do bairro da Cidade velha pode-se dizer que o tempo não tem pressa de pas-sar, e a vida segue num ritmo tranqüilo que permite ao visitante descobrir uma arqui-tetura de origem nitidamente portuguesa,

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onde, os casarões neoclássicos, fizeram de Belém a mais francesa de todas as cidades brasileiras durante a Belle Époque, período áureo do ciclo da borracha na Amazônia.

No bairro, é possível encontrar ainda o

Complexo Feliz Lusitânia, que depois de uma reforma, passou a ser um centro de la-zer e entretenimento adaptado para bares, restaurantes, salas de exposição e espaço para shows, tudo respeitando as caracterís-ticas seculares. O complexo abriga o Forte do Castelo, a primeira fortificação erguida para a defesa das prováveis invasões, se transformou hoje em um dos lugares predi-letos para quem quer apreciar o pôr-do-sol às margens da baia do Guajará. A Igreja de Santo Alexandre, um antigo convento jesuíta do século XVII, passou a abrigar o Museu de Arte Sacra, com um acervo de mais de 350 peças, e a Casa das 11 Janelas, construção no século XVIII, que já foi um hospital militar e quartel do Exército, agora é um espaço de lazer, que faz badalar a noite da capital.

No mais conhecido cartão postal de Be-lém, o Mercado do Ver-o-Peso, maior feira livre da América Latina, cheiros e cores en-cantam milhares de turistas que o visistam e onde também encontra-se desde cerâmica marajoara à comidas tipicas e o tradicional peixe frito com açaí, base da alimetação dos

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All the beauty and humane riches of Belém do Pará

Colors, smells and charm combined with Amazonian tranquility and the modernity of a big urban center result in an array of cultural diversity with popular, folkloric, religious and gastronomic fairs as well as examples of love for others.

By Michel Ribera

Santa Maria de Belém do Grão Pará, or simply Belém, also known as the city of the mango trees. The trees spread along streets and avenues form actual green tunnels which provide nice shadow in the smoldering heat, as well as providing fresh fruit which no paraense (of Pará) person can resist. Situated on the margins of the Guajará Bay, the paraense capital is an example of perfect harmony between two distinct phases of its history. On one side, the modern city grows in an accelerated rhythm and in total harmony with nature; a true Amazon metropolis. On the other side of the bay, the Cidade Velha (Old City) neighborhood is the historic area which still maintains the traces of almost four hundred years of history. Walking through the narrow cobblestone streets of the Old City neighborhood, one notices time has no rush and life follows a peaceful rhythm which allows the visitor to discover a notably Portuguese architecture where the neoclassical homes made of Belém the most French of all the Brazilian cities during the Belle Époque, period when Amazons rubber extraction reached its peak. Here, it’s possible to find the Complexo Feliz Lusitânia, which, after a reform, became a leisure center adapted to host bars, restaurants, expo rooms and spaces for concerts, while respecting the secular characteristics. Within this complex is the Forte do Castelo (Castle Fort), the first fort built to defend the area from probable invader, transformed today in one of the best places to watch the sunset at the margin of Guajará Bay. Saint Alexandre church, an old Jesuit convent from the 17th century, is now the Arte Sacra (holy art) Museum, with over 350 different pieces, and the House of 11 windows, a

ribeirinhos que chegam à cidade, trazendo em suas embarcações produtos agrícolas que serão vendidos nas feiras livres da cida-de. O grande atrativo do local são mesmo as barracas que vendem ervas exóticas e as famosas garrafadas. É possivel se encontrar cura para todos os males, do corpo aos da alma, é o que garantem as vendedoras que aprenderam com seus antepassados a arte de manipular os beneficios da natureza para determinados fins.

Logo ali, ao lado do Ver-o-Peso, uma cons-trução moderna chama a atenção. Em uma área de mais de 32 mil m² e 500 metros de orla fluvial, três antigos galpões em ferro inglês das Docas do Pará, que impediam a visão da baía do Guajará, foram totalmen-te restaurados em 2000, e atualmente são um dos pontos turísticos mais visitados por abrigar um complexo de bares, restaurantes, cinema, local para shows, apresentações ro-das de carimbó, dança típica do Estado, ou simplesmente, contemplar as águas que ba-nham a cidade saboreando um típico sorvete de cupuaçu. E por falar em saborear, Belém é uma cidade onde a gastronomia é prato cheio. Tucupi, tacacá, maniçoba, pato no tucupi, açaí, castanha-do-Pará, pupunha, en-

fim, uma infinidade de sabores e descobertas para quem aprecia a arte de comer bem.

Mas Belém não é só a cidade das manguei-ras. É também lugar de importantes marcos da história da cultura no Brasil, como o The-atro da Paz, erguido em 1868 que já foi palco para a apresentação de importantes nomes das artes. Localizado em frente à Praça da República, que aos domingos se transforma em uma feira de artesanato, o teatro é o ce-nário predileto para turistas registrarem sua passagem pela Cidade Morena. Além da Praça da República, Belém abriga um recan-to de beleza e tranqüilidade. A Praça Batista Campos é famosa por seus coretos em ferro inglês de estilo art noveau, lagos, árvores e pássaros que dão ao local um toque de ro-mantismo e bucolismo, característicos do verdadeiro espírito francês tão desejado, há séculos, pelos barões da borracha. Hoje é o destino predileto de casais apaixonados.

Além de belas praças, a cidade ainda tem um bosque jardim botânico em pleno cen-tro urbano. O Bosque Rodrigues Alves como é conhecido preserva mais de 2.500 espé-cies de árvores nativas da região e é refugio preferido das famílias para um passeio aos finais de semana.

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gundo domingo de outubro, sai uma peque-na imagem com 35 centímetros de altura e que faz a cidade parar para acompanhar seu traslado. É Nossa Senhora de Nazaré que leva para as ruas mais de dois milhões de ro-meiros que vêm simplesmente pedir prote-ção ou agradecer por uma graça alcançada na corda que puxa a berlinda, onde a Santa fica durante o percurso que sai da Basílica em destino à Igreja da Sé, percorrendo as principais ruas da cidade.

Além de grandes atrativos culturais, gas-tronômicos e de lazer, a Cidade das Man-gueiras ainda guarda riquezas humanas. É o caso da aposentada Nilza Sacramento Cor-rea, a popular Anastácia da Pedreira, que cansada de ver as dificuldades pelas quais passavam as pessoas do bairro onde reside,

Cidade de maioria católica, Belém possui diversas igrejas, muitas datadas do período da colonização da região amazônica. Duas delas receberam assinatura do arquiteto italiano Antônio Landi, a Igreja de N. Sra do Carmo e a Catedral Metropolitana de Belém ou Igreja da Sé que possui estilo barroco e neoclássico, considerada uma das mais be-las do Brasil em arquitetura e artes sacras. Ainda continuando o tour pelas igrejas da cidade, no bairro de Nazaré, encontramos uma cópia fiel à Basílica de São Pedro, lo-calizada no Vaticano, salvo as proporções. A Basílica Santuário de Nazaré, única da Ama-zônia Brasileira, é uma construção de 1852 que foi erguida no local onde a imagem que dá nome ao bairro foi encontrada. E é deste santuário de fé que todos os anos, no se-

has a botanical garden in the middle of the downtown area. The Rodrigues Alves garden, as it is known, preserves over 2,500 tree species native of the region and is the preferred refuge for family weekend strolls. Mostly a catholic city, Belém is home to various churches, many dating from the colonial period of the Amazon region. Two of them were projected by the Italian architect Antônio Landi, the Our Mother of Carmo and the Metropolitan

Cathedral of Belém (also know as Sé church), which has a baroque and neoclassical style, considered one of the most beautiful works of architecture in Brazil. Continuing the church tour through the city, in the Nazaré neighborhood one can find an exact reduced replica of the Saint Peter Basilica located in the Vatican. Its unique in the Amazon region and was constructed in 1852. It is from this sanctuary of faith that, every year, on the second Sunday in October, a 35 centimeter tall statue of Saint Nazareth is accompanied by a procession that stops the entire city. More than two million faithful people go see her to ask for protection or thank a blessing. The city of the mango trees also reserves many human riches. It’s the case of Nilza Sacramento Correa, mostly known as Anastácia da Pedreira, who, tired of seeing the difficulties through which the people of her neighborhood had to go through, founded the Community Center Anastácia da Pedreira, where meetings are held to discuss the problems that afflict the community. Another example of people with caring hearts can be seen at Oásis Infantil Dom Antônio Farina located in the outskirts of Belém. The Oásis day care center for underprivileged children was founded in 1986 and assists children between 0 and 2 years old, victims of poor nourishment. According to sister Regina Célis, one of the directors of the center, the lack of nourishment the children arrive with is so high sometimes that many are unwilling to talk or laugh. Today, 45 children are assisted, besides receiving an extra dose of love.

fundou o “Centro Comunitário Anastácia da Pedreira”, onde acontecem pequenos en-contros para discutir os problemas que mais afligem a comunidade.

Outro belo exemplo de quem faz o bem sem olhar a quem é a Creche Oásis Infantil Dom Antônio Farina, localizada no bairro do Guamá, periferia de Belém. A Creche Oásis, como é conhecida, foi fundada em 1986 e atende crianças de 0 aos 2 anos de idade, vítimas de desnutrição infantil.

Segundo a Irmã Regina Célis, uma das respon-sáveis pela creche, as crianças que chegam até eles muitas vezes não conseguem nem falar ou rir, tão grave é estado de perda protéico-calóri-ca causada pela desnutrição. Hoje, 45 crianças são assistidas e além de ganhar cuidados espe-ciais, recebem uma dose extra de amor.

construction from the 18th century which has been used as a hospital and army base and now is home to one of the city’s most popular clubs. However, Belém’s most well-known postcard is the Ver-o-Peso market, the largest open fair in Latin America, with smells and colors that charm thousands of tourists who visit it. It’s also where one can find marajoara ceramics and regional food, like the tradition fried fish with açaí (Amazon fruit), the basic diet of the river people who come to the city bringing in their boats, the produce sold in the fair. Right next to Ver-o-Peso, is an eye-catching modern construction. In an area with over 500 meters of river banks, three ancient warehouses built in British iron, in the Docas do Pará (Pará Port), which used to block the view of Guajará Bay, were restored in 2000, and today, are one of the most visited tourist spots because of its bars, restaurants, movie theatres, concert areas, typical dance presentations, or simply because of the view of the Bay. But Belém can’t be reduced to just mango trees. It’s also the stage to important events in Brazilian historic culture, like the Theatro da Paz, built in 1868. Facing the Republic square, which on Sundays hosts a big artifacts fair, the theater is the one of the favorite monuments for tourists to register their visit to Belém. Besides the Republic square, Belém is home to a peace and tranquility refuge: the Batista Campos square. It’s famous for the art nouveau architecture, lakes, trees and birds, which give it a bucolic air. Today, most couples like to spend some time there. Besides the beautiful squares, the city also

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O Projeto CASA DA CRIANÇA em Belém

Quem também se dedica, em Belém, de corpo e alma à ajuda ao próximo é a assistente social Soraya de Almeida Guimarães que, desde 2006, assumiu a gerência do Abrigo Especial Calabre-ano, antigo Espaço de Acolhimento Provisório Especial (EAPE), que trabalha na reabilitação de crianças e jovens portadores de transtornos neurológicos. O abrigo foi a instituição escolhida pelo Projeto CASA DA CRIANÇA para ser restaurada e oferecer maior conforto às mais de 150 crianças atendidas.

O espaço, localizado no bairro do Telégrafo, que antes era de apenas 400 m², passou para 1.100 m², comportando, ainda, uma Unidade de Referência de Reabilitação composta por ambulatório médico, salas de terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, pediatria, enfermagem, brinquedoteca e piscina. Tudo fruto de parceria entre governo, iniciativa privada e voluntariado.

O valor total da obra superou R$ 1,5 milhão na doação de pro-dutos, serviços, móveis e equipamentos do abrigo, mas para So-raya, o retorno superou este valor. “O bom de tudo isso é ver o quanto eles melhoram depois do nosso trabalho. Olhá-los e ver que o esforço de todos os dias vale a pena, é só acreditar”. A ação em Belém foi coordenada pela Franqueadas Sociais do Projeto CASA DA CRIANÇA Bete Grunvald, Lílian Almeida, Fátima Petrola, Roberta Frigeri e Conceição Barbosa.

Another person who dedicates herself body and soul in order to help people is the social service agent Soraya de Almeida Guimarães who, since 2006, took over the direction of Abrigo Especial Calabriano, old EAPE, which works with the rehabilitation of children and youths with cerebral palsy. The shelter was one of the institutions benefited with a remodeling by the Casa da Criança in order to offer more comfort to the 150 plus children who are cared for and live there. The institution, located in the Telégrafo neighborhood, which before the reform, occupied only 400m², grew to occupy an area of 1,100m², gaining a Rehabilitation Unit considered a model unit with medical ambulatory, occupation therapy rooms, physiotherapy, speech therapy, psychology, pediatrics, nurseries, a play room and a pool. All of it built and equipped through alliances with the government of the state, the private sector and the third sector. The total expenditures for the reform of the shelter would have cost over 750 thousand dollars (at the time) but, instead of raising the money, all was donated in the form of products, services, furniture, equipment for the shelter, etc. But, for Soraya, the benefits surpassed that amount by far. “The best thing is realizing how much better off these children are. It makes our every day work truly worth while.” The initiative in Belém was coordinated by the Social Franchisers of the Projeto CASA DA CRIANÇA Bete Grunvald, Lílian Almeida, Fátima Petrola, Roberta Frigeri e Conceição Barbosa.

Projeto CASA DA CRIANÇA in Belém

Como ajudar/How to help

• Creche Oásis Infantil Dom Antônio FarinaPassagem Virgílio Mendonça 155, Belém - PA – BrasilCEP: 66.073-395 - Tel: +55 91 3253.0133Email: [email protected]

•EAPE / Abrigo Especial CalabreanoAv. Senador Lemos n° 1431, Telegrafo, Belém – PA – BrasilCEP: 66.113-000 - Tel: +55 91 3244.5714Email: [email protected]

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www.projetocasadacrianca.org.br

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