revista bombeiro profissional civil

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Revista voltada para o profissional Bombeiro Civil e demais profissionais de atendimento a emergências

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Page 1: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL
Page 2: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL
Page 3: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

R$. 50,00

Page 4: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

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Page 5: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

A Revista BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL, é uma publicação que vem de encontro às necessidades prementes de uma classe que anda esquecida e tem sido bombardeada por seguimento assemelhado de ordem pública, sem mere-cer. A Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras através de sua Divisão Social e de Cooperação vem com isso suprir uma necessidade que é real para toda a classe profissional de Bombeiros Civis. Esta publicação tem a intenção de não só levar ao Bombeiro Civil, mas para qualquer outro profissional da e-mergência informações que possam introduzir ao currículo do leitor uma ba-gagem dinâmica de conhecimentos. Estaremos chegando a bombeiros de todo o planeta de maneira totalmente gratuita e on-line, revista essa que poderá ser baixada diretamente em nosso blog a cada dois meses. Queremos convidar a todos os interessados em participar de nossas publi-cações, enviando elogios e criticas construtivas, idéias para pauta e muito mais. Essa é apenas nossa edição de lançamento, esperamos servir de instru-

mento do conhecimento continuado do profissional de emergência, principal-

mente do BOMBEIRO CIVIL.

Obrigado a todos os leitores e à aqueles

que tornaram esta publicação possível.

Divisão Social e de Cooperação:

BUSF-BRASIL 5

Page 6: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

BUSFBUSF--BRASILBRASIL

BOMBEIROS UNIDOS SEM FRONTEIRAS.

CNBCCNBC

CONSELHO NACIONAL DE BOMBEIROS CIVIS.

TERREMOTOTERREMOTO

O QUE SÃO?

APHAPH

CINEMÁTICA DO TRAUMA.

LEGISLAÇÃOLEGISLAÇÃO

LEI 11.901/09 BOMBEIRO CIVIL.

PREVENÇÃOPREVENÇÃO

GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO.

Page 7: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

Editoração Eletrônica:

Bolívar Fundão Filho

Presidente BUSF-BRASIL:

Bolívar Fundão Filho

Diretora Social e de Cooperação da

BUSF-BRASIL:

Carleci de Souza Silva

Diretor de Imprensa da BUSF-

BRASIL:

Isac Sena

Contatos:

[email protected]

Logomarca REVISTA BOMBEIRO

PROFISSIONAL CIVIL

Bolívar Filho

Blog REVISTA BOMBEIRO PROFIS-

SIONAL CIVIL

www.revistabpc.blogspot.com

Contato Comercial:

[email protected]

Mande sua sugestão para:

[email protected]

Fale Conosco:

55—11-2374-9844—Fixo

55-11-6688-0899—Oi

55-11-8913-5616—Claro

55-11-6065-7856—Tim

55-11-6847-9181—Vivo

Edição:

JUNHO/JULHO DE 2011

Page 8: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

Terremotos ou Abalos Sísmicos, são Terremotos ou Abalos Sísmicos, são

desastres naturais que mais ocor-desastres naturais que mais ocor-

rem no planeta, nem sempre senti-rem no planeta, nem sempre senti-

dos pela maioria da população, por dos pela maioria da população, por

serem de pouca magnitude, porém serem de pouca magnitude, porém

suas ocorrências podem não só cau-suas ocorrências podem não só cau-

sar os abalos, mas também dar ori-sar os abalos, mas também dar ori-

gem a grandes tsunamis e outros gem a grandes tsunamis e outros

desastres.desastres.

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Page 9: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

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Terremotos, também chamados de a-balos sísmicos, são tremores passageiros que ocorrem na superfície terrestre. Esse fenômeno natural pode ser desencadeado por fatores como atividade vulcânica, fa-lhas geológicas e, principalmente, pelo en-contro de diferentes placas tectônicas. Ou-tros motivos podem ser o grande desloca-mento de gases, atividades vulcânicas e ação antrópica (causados pelo homem), porem os causados pelo movimento das placas tectônicas são os terremotos mais intensos. Vamos entender melhor? Imagine que você tem uma régua na mão. Se você cur-var um pouco a régua, você sentirá uma tensão (uma força) deste objeto contra seu dedo. Se você soltar uma das pontas, a tensão fará a régua vibrar. A maioria dos terremotos acontece quando essa tensão é liberada. É como se essas placas, ao se choca-rem, exercessem uma pressão entre elas, mas ficam presas entre si. Em um determi-nado momento, essa força acumulada en-tre elas, vence o atrito e provoca um rápi-do deslizamento e libera a energia acumu-lada. Essa energia liberada desencadeia u-ma seqüência de ondas de choque e cau-

sam os tremores na terra. Existem também os terremotos cau-sados pelo homem, que se originam de explosões, extração de minérios, água, fós-seis entre outros, mas neste caso, os tremores são de magnitudes bem inferiores. Conforme a teoria da Deriva Continen-tal, a crosta terrestre é uma camada rocho-sa fragmentada, ou seja, ela é formada por vários blocos, denominados placas litosféri-cas ou placas tectônicas. Esses gigantescos blocos estão em constante movimento, po-dendo se afastar (zona de divergência) ou se aproximar (originando uma zona de convergência). Nas zonas de convergência pode ocor-rer o encontro (coalização) entre diferentes placas tectônicas ou a subducção (uma placa mais densa ―mergulha‖ sob uma me-nos densa). Esses fatos produzem acúmulo de pressão e descarga de energia, que se propaga em forma de ondas sísmicas, ca-racterizando o terremoto. O local onde há o encontro entre as placas tectônicas é chamado de hipocentro (no interior da Terra) e o epicentro é o ponto da superfície acima do hipocentro. As conseqüências podem ser sentidas a

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quilômetros de distância, de-pendendo da proximidade da superfície que ocorreu a coli-são (hipocentro) e da magnitu-de do terremoto. Milhares de terremotos o-correm diariamente no mundo. No entanto, a maioria apresen-ta baixa intensidade e tem hi-pocentro muito profundo, sen-do assim, os terremotos são pouco percebidos na superfície terrestre. O Japão, localizado em uma zona muito sísmica, é atingido por centenas de terre-motos por dia. Os lugares mais atingidos por terremo-tos são os territórios localizados em zonas de convergência de placas, em especial os países situados nos limites das placas tec-tônicas. Entre as nações que estão nessa situação podemos destacar o Japão, Indo-nésia, Índia, Filipinas, Papua Nova Guiné, Turquia, Estados Unidos da América, Haiti, Chile, entre outras. A magnitude é a quantidade de ener-gia liberada no foco do terremoto, sendo medida a partir de uma escala denominada Escala Richter. A intensidade é a conse-qüência causada pela ação do sismo, a destruição provocada por esse fenômeno. A escala mais utilizada para se classificar a intensidade é a de Mercalli. Já que falamos em magnitudes, os sismógrafos são os aparelhos utiliza-dos para registrar a hora, a duração e a amplitude das vibrações. A escala Rich-ter é a mais conhecida e varia de 0 à 9 pontos. Os terremotos de magnitude infe-riores a 3,5 quase não são sentidos, os que estão entre 6,1 e 6,9 afetam uma área de até cem quilômetros do epicentro e os aci-ma de 8,0 são destrutivos por um raio de centenas de quilômetros. Dois exemplos de terremotos recen-tes que tiveram uma destruição muito grande foram os que ocorreram no Haiti e

no Chile. O terremoto no Haiti teve magnitude de 7,0 na escala Richter enquanto que no Chile teve magnitude 8,8. O que o-correu no Haiti teve conseqüências mais pesadas do que o Chile. Entre os efeitos de um terremoto de grande magnitude em áreas povoadas es-tão a destruição da infraestrutura (ruas, estradas, pontes, casas, etc.), além de mortes.

Por que é raro ocorrer terremo-

tos no Brasil?

Tremores de terra ou abalos causados pela liberação de energia acumulada no in-terior da crosta terrestre não são raridades aqui. Ao contrário: o território nacional so-fre cerca de 90 tremores todos os anos. Incomuns, na verdade, são os sismos de grande magnitude porque o país está em uma zona intra-placas tectônicas, com maior estabilidade, afastado das zonas de contato ou de separação de platafor-mas (veja a ilustração ao lado, que tam-bém indica, com as setas vermelhas, o sentido de movimento das placas). Essas áreas de contato são muito ins-táveis, como é o caso do arquipélago japo-nês, que sofre com abalos fortes. Mas

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grandes terremotos já foram registrados a-qui. Em 1955, em Mato Grosso, um sismo atingiu 6,2 graus na escala Richter. Ele teria sido devastador se tivesse ocorrido em uma área mais povoada.

A Escala Richter.

Durante o anúncio de um terremoto, sempre é falado sobre quantos graus o fe-nômeno atingiu na escala Richter. Mas afi-nal, o que é e como funciona essa unidade de medida?

A escala Richter foi criada em 1935 pe-lo sismólogo estadunidense Charles F. Rich-ter, integrante do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Richter, para a realização de sua escala, analisou as ondas sísmicas e coletou números de vários terremotos anteriormen-te registrados. Essa escala foi desenvolvida para medir a magnitude dos terremotos, que consiste no ato de quantificar a energia liberada no foco do terremoto.

É uma escala que se inicia no grau zero e é infinita (teoricamente), no entanto, nun-ca foi registrado um terremoto igual ou su-perior a 10 graus na escala Richter. Um dos

Charles F. Richter, criador da escala Richter

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fatores é que ela se baseia num princípio logarítmico, ou seja, um terremoto de magnitude 6, por exemplo, produz efeitos dez vezes maiores que um outro de 5, e assim sucessivamente. Os terremotos mais violentos já registrados atingiram 9,2 graus, no Alasca, em 1964, e 9,5 graus, em 1960, no Chile. Os dois apresentam magnitudes altíssimas, podendo causar destruição total de lugares habitados, po-rém, no primeiro caso, o sismo atingiu uma região pouco habitada. Já o terremoto no Chile, em 1960, atingiu uma área muito habitada, causando a morte de, aproxima-damente, 5.700 pessoas, além de deixar mais de 2 milhões de feridos.

O poder de destruição de um terremo-to não está relacionado apenas à sua mag-nitude, ou seja, nem sempre um sismo de maior magnitude será mais destrutivo que um de menor magnitude. Vários fatores in-fluenciam nesse fenômeno: profundidade do hipocentro (ponto interior onde ocorre a fratura principal), a distância entre o ponto e o epicentro (local onde é registrada a maior magnitude dos abalos), as condições geológicas e a estrutura de engenharia dos edifícios atingidos.

Em locais habitados, os terremotos po-dem ter, na maioria das vezes, os seguintes efeitos:

- Inferiores a 3,5 graus: raramente são no-tados.

- De 3,5 a 5,4 graus: geralmente sentido, mas raramente causa danos.

- Entre 5,5 a 6 graus: provocam pequenos danos em edifícios bem estruturados, no entanto, seus efeitos são arrasadores em edifícios de estrutura precária.

- De 6,1 a 6,9 graus: causa destruição em áreas de até 100 quilômetros de raio.

- De 8 a 8,5 graus: é considerado um abalo fortíssimo, causando destruição da infraes-trutura.

- De 9 graus: destruição total.

A Escala Mercalli.

A conhecida Escala Richter é conhecida por medir a magnitude de terremotos. A escala de Mercalli é utilizada para me-dir o nível de movimentação da terra em determinado lugar. É muito utilizada para

Giuseppe Mercalli, vulcanólogo italiano

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proporcionar uma visão quantificada dos danos decorrentes em estruturas imóveis e terrenos. Em linguagem técnica é uma escala que permite verificar a intensidade de um sismo verificando os efeitos de um terre-moto (movimento do terreno) sobre pesso-as, elementos da natureza e edificações. A escala de Mercalli foi concebida por Giu-seppe Mercalli, vulcanólogo italiano. Giuseppe Mercalli propôs uma altera-ção à escala Rossi-Forel referente à dez graus. A escala de Mercalli possibilitou uma maior precisão nas medições gerando uma nova divisão entre os graus. A escala é determinada pelos diferen-tes testemunhos das pessoas perante o terremoto, pois, cada pessoa percebe o terremoto por estar a uma distância dife-rente do epicentro. Basicamente, há três tipos de escalas de Mercalli: - Mercalli Cancani Sieberg (MCS) – referen-te às alterações sobre a definição de inter-valos de aceleração correspondentes aos efeitos destrutivos observados em determi-

nados terrenos italianos no início do século XX. Essa escala surgiu em 1903, pe-los estudos de Adolfo Cancanti, geofísico italiano. - Mercalli Wood Neumann – proveniente da escala Mercalli Sieberg, introdu-ziu conhecimentos referentes aos efeitos dos sismos ocorridos sobre edificações al-tas e veículos motorizados. Foi criada por Harry Wood e Frank Neumann, sismologis-tas norte-americanos. - Mercalli Modificada (MM ou MMS) – é a escala mais usada do mundo no setor de escala de intensidade sísmica. Possui três versões oficiais em três idiomas. Os efeitos sismológicos são classifica-dos e estudados em graus, definidos por meio de números romanos que variam de I a XII. Leia a seguir a descrição de cada es-cala:

Os 10 maiores Terremotos do

Mundo.

Chile (1960): 9,5 graus de magnitude Estados Unidos (1964): 9,2 Indonésia (2004): 9,1 Rússia (1952): 9 Japão (2011): 8,9 Chile (2010): 8,8 Equador (1906): 8,8 Estados Unidos (1965): 8,7 Indonésia (2005): 8,6 Índia (1950): 8,6 Como sabemos nem sempre o maior terremoto, causa a maior destruição, pode-mos ver pela lista acima, que não apresen-ta o terremoto do Haíti de 7,0 pontos na Escala Richter, mas que causou a morte de mais de 100 mil pessoas.

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O Presidente da Organização Bombeiros Unidos

Sem Fronteiras Bolívar F. Filho é Bombeiro Civil

a 26 anos, já participou de várias entidades de

atendimento a emergências, atuou em vários

desastres como a queda do vôo 402 da TAM e

os incêndios em Roraima no ano de 1998, den-

tre muitos outros. Presidiu duas entidades de

Bombeiros Voluntários, foi o responsável pela

equipe de Bombeiros Civis que atuou na rees-

truturação do Corpo de Bombeiros de Angola e

atualmente preside a BUSF-BRASIL. A Revista

BOMBEIRO CIVIL, realizou uma entrevista com

Bolívar Filho, para saber como atua os voluntá-

rios da organização que vem trabalhando pela

comunidade brasileira e internacional desde

sua criação em 2005 aqui no Brasil.

Por: Carleci Souza Silva

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Page 20: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

BC: O que é a BUSF-BRASIL? Bolívar: A Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – BUSF-BRASIL, é uma ONG, que foi criada para atender as neces-sidades de resposta a uma situação que foi exigida por conseqüência de um contrato com o Governo Angolano, que precisavam de reformulação de sua estrutura de Bom-beiros no país. Em razão disso, um grupo de pessoas resolveu criar baseado nos mol-des europeus da BUSF uma instituição que pudesse dar resposta a situações de emer-gência não só no Brasil, mas também em países de língua portuguesa, que além de Brasil e Portugal são mais 6 no mundo, sendo Angola um deles. BC: Como funciona a organiza-ção? Bolívar: A BUSF-BRASIL, é u-ma entidade formada por vo-luntários de vários seguimentos profissionais que sejam ligados direta ou indiretamente a res-posta a emergências. Temos Bombeiros Civis, Engenheiros e Técnicos de Segurança, Médi-cos, Enfermeiros, dente muitos outros, que possam utilizar seus conhecimentos em prol de uma resposta adequada a situações de ca-tástrofes, como Terremotos, Tsunamis, En-chentes, Deslizamentos e muitos outros. Esses profissionais se cadastram voluntari-amente, recebem um treinamento de ope-rações em catástrofes para fazerem parte de uma Força Tarefa para Emergências, quando solicitada. BC: Quem pode fazer parte? Bolívar: Bem como disse acima vários profissionais de áreas específicas, em nos-so blog, na pagina ―Como se Cadastrar‖ o interessado pode ter uma melhor noção

dos profissionais que são aceitos na institu-ição. BC: Como sobrevive a BUSF-BRASIL? Bolívar: A BUSF-BRASIL, é uma ONG, u-ma Organização formada apenas por vo-luntários, nós pagamos uma anuidade que gira em torno de R$. 100,00 e que possibi-lita algumas vantagens, que na verdade não são muitas, descontos em cursos são uma delas, vivemos de doações também de terceiros não só em dinheiro, mas em equipamentos e meios, por exemplo: A BUSF-BRASIL mandou para Teresópolis u-ma equipe de Bombeiros e Enfermeiros pa-ra ajudarem nos deslizamentos ocorridos

no início do ano de 2011 e as passagens foram doadas por uma empresa, tanto ida como volta. Agora estamos em uma campanha para formar uma e-quipe fixa de resposta imediata de 20 voluntários e estamos le-vantando fundos, para equipar dos pés a cabeça esses voluntá-rios. Além de vestimentas, tam-bém equipamentos e materiais para que tenhamos uma equipe pronta para resposta em menos de 12 horas para qualquer lugar do país.

BC: A instituição já realizou muitas ativida-des? Bolívar: Bem a instituição tem apenas 6 anos aqui no Brasil, mas seus membros possuem experiências diversas em várias situações de catástrofes, tanto dentro quanto fora do país. Esse ano além de en-via-mos voluntários para resposta a emer-gências na Região Serrana do Rio de Janei-ro, também estivemos prontos para embar-car para o Japão, para podermos ajudar nas buscas, porém em virtude da situação radioativa na região para onde iríamos en-

“ é uma entida-

de formada por

voluntários de

vários seguimen-

tos profissio-

nais ”

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viar os voluntários, tanto o governo japo-nês como a nossa diretoria achou por bem não enviarmos a equipe, mas se o governo japonês tivesse dado o start nós sem duvi-das teríamos enviado os 20 elementos que já estavam prontos. BC: Como é mobilizada essa equipe? Bolívar: Nós mantemos um cadastro de nossos voluntários e de outras organiza-ções também que tenham características semelhantes a nossa no Brasil. Assim quando acontece um desastre seja em Ter-ritório Nacional, ou fora do Brasil, nossa Di-retoria de Operações se mobiliza para inici-ar o plano de chamada, levanta-se quem esta disponível para ir e o tem-po que pode permanecer nas operações. Geralmente agimos como Força Tarefa, ou seja rea-lizamos o trabalho de salvamen-to nas primeiras 72 horas da o-corrência do desastre, em mé-dia a equipe permanece de 5 a 7 dias, porém a casos que pode durar mais dias dependendo da situação e dos meios envolvi-dos. BC: E a estrutura mobilizada? Bolívar: Bem ainda aqui no Brasil a insti-tuição esta apenas começando como toda ONG p início da caminhada é muito difícil, por essa razão estamos em campanha para que possamos montar essa equipe de pri-meira resposta que possa ser independente da estrutura local em matéria de alimenta-ção, alojamento, suporte médico e de co-municação. Assim quando conduzirmos pa-ra um local de emergência um grupo de voluntários especializados, não oferecere-mos dor de cabeça para as autoridades lo-cais e sim soluções de força de resposta imediata e colocando a disposição das au-toridades da Defesa Civil local um contin-

gente de profissionais qualificados, prepa-rados e devidamente equipados para a res-posta a populações atingida. BC: Como o trabalho da equipe em Ango-la? Bolívar: Em Angola foi um trabalho sui generis para a organização, mas que trou-xe bastante conhecimento a instituição, co-mo ofereceu de nosso melhor para o Servi-ço Nacional de Bombeiros de Angola. Co-meçamos em Angola com assessoria para treinamento de bombeiros no manuseio de um caminhão auto-escada que tinham ad-quirido no Brasil. E terminou com a criação de um corpo de instrutores da BUSF-

BRASIL que formou a primeira turma de oficiais instrutores da escola Nacional de Bombeiros de Angola. Isso foi marcante para a instituição e para seus membros também, ao total fica-mos em Angola 4 anos, isso proporcionou muito conheci-mento tanto transmitido quanto adquirido por nossos voluntá-rios. BC: O que pretende a BUSF-BRASIL para o ano de 2011?

Bolívar: Bem o ano de 2011 para a BUSF-BRASIL é o ano da organização interna, criamos nosso blog esse anão e o que que-remos com isso é nos tornarmos totalmen-te transparente para a comunidade. Assim acreditamos que poderemos dar o próximo passo, que é preparar a equipe de resposta imediata ou primeira resposta. Apesar de já existirmos a 6 anos, ainda não possuí-mos uma sede fixa, o que é uma das me-tas para o biênio 2011/2012. Há também o problema do aparelhamento da equipe e o número de voluntários que queremos am-pliar. Na verdade para esse resto de ano de 2011 e o ano de 2012 o que faremos e tra-

Emblema da FORTE

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balhar no tripé da organização operacional que é exatamente a sede operacional, o aparelhamento de equipe de primeira res-posta e a capacitação de voluntários em todo o Brasil. BC: Mas como vocês conseguem adminis-trar um voluntário que esta por exemplo na Paraíba? Bolívar: Com a globalização e o fácil a-cesso a internet tudo ficou mas a mão, fora isso nós temos em nosso quadros opera-cionais e administrativos a figura dos dele-gados que são eles delegado municipal, delegado estadual e delegados regionais, ainda não existem esses elementos pois foi uma das maneiras que achamos para reali-zarmos um feedback entre a sede da insti-tuição aqui em São Paulo e os membros voluntários dos demais estados da união. Pretendemos para breve promovermos um evento apenas para nosso voluntários que ainda não sabemos onde será, mas servirá para troca de experiências como também para realizarmos um grande treinamento em desastres. BC: Como é o trabalho entre os compo-nentes da organização com as autoridades públicas? Bolívar: Bem toda vez que deslocamos nossos voluntários para uma operação de resposta, comunicamos as autoridades lo-cais que estamos enviando para o local u-ma quantidade determinada de elementos e suas qualificações, além de informar quem esta responsável por esse grupo, po-rém ao chegar ao local, seja município, es-tado ou país, o nosso inspetor responsável ou delegado local deve colocar essa equipe a disposição d autoridade em comando e obedecer as solicitações dessa autoridade. Na maioria das vezes o grupo é colocado a disposição do responsável da Defesa Civil no local das operações. Então não há pro-

blemas pelo menos não até agora, mesmo porque nas situações em que atuamos, sempre existe a falta de mão de obra espe-cializada para atuar nas emergências com um tempo de resposta ideal. BC: Mas a BUSF-BRASIL tem uma Força Tarefa para atuar nessas emergências? Bolívar: Bem se formos ver a própria BUSF-BRASIL é uma Força Tarefa, porém como a instituição tem outros seguimen-tos, que são desenvolvidos pelas suas Divi-sões como a Social que promovem campa-nhas diversas, a de Formação que Oferece tanto formação profissional como continua-da e a de Saúde, responsável por desen-volvimento de campanhas e respostas a si-tuações de saúde e sanitária das popula-ções nos possuímos na Divisão de Opera-ções nossa Força Tarefa que tem a denomi-nação de ―ForTE‖ (Força Tarefa para Emer-gências), que é a responsável por todas as respostas operacionais em catástrofe da instituição. BC: E como ela age? Bolívar: Ela na verdade é a nossa Divisão de Operações e ForTE, foi instituída em 1998 ou seja ela vem desde o tempo em que eu era presidente da ABRAE – A Asso-ciação Brasileira de Resgate e Administra-ção de Emergências) e foi criado durante os incêndios em Roraima no ano de 1998, quando enviei para lá uma equipe de vá-rias outras instituições juntamente com um grupo de voluntários da Defesa Civil de Guarulhos, fomos o único grupo civil a atu-ar nas operações na selva amazônica em

Breve do curso da Forte de Atendimento a Catástrofes.

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Page 23: REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

Roraima. Quando deixei a ABRAE em 2004 para ir para Angola ela ficou esquecida, as-sim resolvemos assumi-la pela BUSF-BRASIL e dar continuidade ao tipo de ope-rações que desenvolvia e sua identidade visual. Depois da criação da ForTE em 1998, muitas outras entidades começaram a criar suas Forças Tarefas para respostas a emergências. Quero ressaltar que realiza-mos manobras militares com o Exército A-mericano e as Forças Armadas Angolanas em 2005, onde simulamos um grande tsu-nami com o envolvimento de mais de 5000 pessoas entre civis e miliatres. BC: O senhor não vê isso como um plágio de idéias? Bolívar: De maneira alguma, Força Tarefa significa um grupo de multiprofissionais trabalhando por uma determinada causa comum, no caso da área de emergência, trabalhando para proporcionar uma respos-ta adequada as populações atingidas. Acre-dito que quanto mais Forças Tarefas existi-rem melhor para todos, o único problema é que nem sempre essas equipes estão com-postas dentro do espírito de uma Força Ta-refa, que é emprego imediato dentro do mais curto espaço de tempo possível, inde-pendência de transporte, alimentação, co-municação, resposta médi-ca para pequenos ferimen-tos da equipe, alojamento e condições de se manter pe-lo menos por uma semana, sem depender das autori-dades locais. BC: O senhor que coorde-na todas essas operações? Bolívar: Não, já comandei muitas, mas hoje as ativi-dades de cursos, palestras

e treinamentos me consomem muito tem-po tanto no Brasil quanto fora em outros países, fora a administração da BUSF-BRASIL, que como disse não é apenas uma organização de resposta a emergências, mas sim de assistência social. Isso toma muito de meu tempo, não que dizer que não estou presente, mas deixo o comando operacional para dois profissionais Bombei-ros Civis que a Organização tem hoje em nossos quadros que também são diretores da BUSF-BRASIL e estão ligados direta-mente a Divisão de Operações e a Força Tarefa para Emergências. O Ricardo que é um Inspetor e Vice-Presidente da Organi-zação e o Antonio que também é nosso Inspetor e Diretor de Patrimônio da Institu-ição, são hoje os dois responsáveis pelas respostas operacionais. BC: O senhor mencionou Inspetor, como funciona essa hierarquia interna? Bolívar: Bem como toda organização seja civil ou militar, nos na BUSF-BRASIL, temos nossa hierarquia também. E ela é mais uti-lizada pelos membros locados a Divisão de Operações, isso serve para que possamos ter um quadro de responsabilidades hierár-quico e para respaldar os processos opera-cionais realizados pela organização quando

Instrutores brasileiros da BUSF-BRASIL

que foram a Angola para formar instruto-

res da Escola Nacional de Bombeiros. 23

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em atividades, dentro de uma disciplina que os trabalhos exigem. Assim essa hierarquia vai de Bombeiro a, Comandante de Geral de Operações, Inspetor é uma delas, além dos como já disse anteriormente os Delegados da Instituição. Essa função hierárquica é galgada dependendo de cada um em rela-ção as seu grau de envolvimento com a ins-tituição, conhecimento técnico, formação educacional e cultural dentre outras exigên-cias. BC: O que fazer para se tornar um membro da BUSF-BRASIL? Bolívar: A princípio deve o interessado ser maior de 18 anos e estar em dia com suas obrigações legais e sociais, possuir no míni-mo o nível médio do ensino e preencher u-ma ficha cadastral, se aprovado, nós envia-mos uma outra ficha mais completa e após ele preencher e reenviar para a instituição nós o cadastramos, ele recebe um certifica-do e uma carteira de cadastro na organiza-ção. Porém todo esse processo pode ser re-alizado através de nosso blog que é o www.busfbrasil.blogspot.com lá o interessa-do terá todas as informações. Quero lembrar também que nós todos pagamos uma anui-dade que é uma forma de manter a institui-ção. BC: Vimos no blog da BUSF-BRASIL, que vocês estão em um processo de transparên-cia total, o senhor acha isso necessário ex-por para todos, mesmo os que não perten-cem à instituição? Bolívar: Sem dúvida alguma, acredito que se todos os órgãos públicos trabalhassem dessa maneira, não veríamos os roubos que ocorrem hoje nos cofres públicos. Esse pro-cesso de transparência da organização é u-ma novidade, que ainda não esta totalmente como eu quero, futuramente tanto voluntá-rios, como doadores, ou mesmo o público em geral, poderão acompanhar até mesmo

nosso livro caixa real através do blog, esta-mos preparando todas as informações, elas vão entrando a medida que vamos transfor-mando o material e digitalizando, mas pre-tendemos ter tudo do ano de 2011 a dispo-sição até o final do ano para podermos co-meçar 2012 com todas as informações on-line em tempo real a medida que aconte-cem. Nos, somos uma organização que não visa lucro para nossos membros, assim sen-do tudo que adentra no caixa em forma de espécie ou através de bens doados devem ser de conhecimento público. É claro que te-mos planos e esses planos serão postos em pratica à medida que o caixa vai estando po-sitivo. Eu particularmente acredito que essa transparência fará a instituição ser mais res-peitada e crescer. BC: A BUSF-BRASIL ministra cursos, quais são? Bolívar: A nossa Divisão de Formação é composta por instrutores da instituição co-mo convidados de fora, desenvolvemos al-guns cursos de interesse da organização pa-ra a formação de voluntários nas áreas de atuação, principalmente em relação a Força Tarefa para Emergências, mas ministramos cursos também para interessados de fora como: Curso de Formação de Brigada de In-cêndio, Curso de Sobrevivência em Regiões Hostis como Selva e Regiões Áridas, Especi-alização de Bombeiros Civil para a Área do Petróleo e Gás, Curso de Operações em Ca-tástrofes ente outros. BC: O senhor acha que o Brasil esta prepa-rado para os Bombeiros Civis Voluntários? Bolívar: Vou dizer que o mundo não traba-lha sem voluntários, os governos não conse-guem oferecer respostas adequadas nem em países mais desenvolvidos como Suíça, Suécia, Alemanha, Inglaterra e EUA. Imagi-na o Brasil que possui uma extensão conti-nental mais de 5.400 municípios onde só e-

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xistem bombeiros do estado em pouco mais de 800. Eu acredito sim que Bombei-ros Civis sejam municipais, voluntários de empresas são a solução para uma adequa-da resposta às populações. O próprio go-verno federal através da Defesa Civil deve-ria incentivar as organizações e municípios a desenvolver corporações civis de bombei-ros, o custo é menor o envolvimento com as populações locais são maior e as resolu-ções são imediatas dentro da cadeia de co-mando, para compras de equipamentos e materiais. BC: O que o senhor acha da organização do Conselho Nacional de Bombeiros Civis? Bolívar: Bem eu participei da reunião que elaborou a criação do Conselho em 2009 e por vários motivos ele não foi para frente, o que não desmerece ninguém. Porém quando o atual presidente assumiu, toda a classe ficou esperando um posicionamento social por parte da nova diretoria, e pude-mos ver isso quando brilhantemente foi de-fendida perante bombeiros militares, Sena-dores e Deputados Federais o nome ―Bombeiro Civil‖ em Brasília em uma co-missão do senado. Isso bastou para que eu desse um voto de confiança e um crédito

ao Sr. Ivan Campos. Apesar de não fazer parte da Dire-toria atual do Conselho Na-cional de Bombeiros Civis eu sou um grande defensor, pois o que vier para ajudar a fazer com que a profissão seja reconhecida, respeitada e valorizada eu estarei sem-pre apoiando. Eu particular-mente não acredito muito no trabalho de nosso sindi-cato de classe, porque nun-

ca vi nada em prol da profissão, mas com o Conselho esta sendo diferente. BC: Fique a vontade para encerrar nossa entrevista apresentando um pouco mais da BUSF-BRASIL. Bolívar: Bem eu acredito que todas as perguntas respondidas foram pertinentes e com isso imagino que ficou bem claro o que seja a Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – BUSF-BRASIL. Quero dei-xar um convite para que visitem nosso blog, conheçam nosso trabalho e venham os interessados se juntar o nós. Para a Re-vista BOMBEIRO CIVIL quero parabenizar pela audácia de lançar uma publicação on-line e gratuita para a comunidade de Bom-beiros Civis, publicação que não vi até hoje no mercado. Espero que o sucesso seja marca presente nas próximas edições e me sinto honrado de estar abrindo a edição de lançamento. Obrigado a Revista BOMBEI-RO CIVIL e obrigado aos leitores que pres-tigiam essa publicação. CONTATOS PARA BOMBEIROS UNIDOS SEM FRONTEIRAS: Blog: www.busfbrasil.blogspot.com e.mail: [email protected]

Telefone de contato: 55-11-4352-2755

Assessoria nas manobras militares MEDFLAG 2005

EUA-ANGOLA da esquerda para a direita:

Representante da BUSF-BRASIL, Páraquedista

Angolano, Fuzileiro Naval Português e Forças Espe-

ciais Angolana.

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Introdução: A equipe de bombeiros que atende a um poli-traumatizado dentro de sua área de atuação deve ter dois tipos de lesões em mente. O primeiro tipo são aquelas fa-cilmente identificáveis ao exame físico, per-mitindo tratamento precoce. Já o segundo tipo de lesões são aquelas ditas potenciais, ou seja, não são óbvias ao exame, porém podem estar presentes pelo mecanismo de trauma sofrido pelo vítima. Dependendo do grau de suspeita destas lesões pela equipe, danos menos aparentes podem passar des-percebidos, sendo tratadas tardiamente. Deste modo, ressalta-se a importância de se conhecer a história do acidente. Quando bem acurada e interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de ter contato direto com a vítima. A história no trauma divide-se em três fases: Pré-impacto: são os eventos que prece-dem o acidente, tais como ingestão de ál-cool e ou drogas, condições de saúde da vítima (doenças preexistentes), idade, etc. Estes dados terão influência significativa no resultado final. Impacto: deve constar o tipo de evento traumático (ex. colisão automobilística, a-tropelamento, queda, ferimento penetran-te, etc.). Deve-se também estimar a quan-tidade de energia trocada (ex. velocidade do veículo, altura da queda, calibre da ar-ma, etc.). Pós-impacto: ela se inicia após a vítima ter absorvido a energia do impacto. As in-

formações coletadas nas fases de pré-impacto e impacto são utilizadas para con-duzir as ações pré-hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode ser rá-pida ou lenta, dependendo em parte das ações tomadas nesta fase pela equipe de resgate. Portanto, as informações colhidas pe-las equipes de bombeiros a respeito dos danos externos e internos do veículo cons-tituem-se em pistas para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Com isto, a identifi-cação das lesões ocultas ou de diagnóstico mais difícil são facilitadas, permitindo trata-mento mais precoce reduzindo-se a morbi-mortalidade dos pacientes. Algumas obser-vações são muito comuns, tais como: de-formidades do volante de direção, sugerin-do trauma torácico, quebra com abaula-mento circular do pára-brisas indicando o impacto da cabeça, o que sugere lesão cer-vical e craniana, deformidades baixas do painel de instrumentos sugerindo luxação do joelho, quadril ou fratura de fêmur.

Energia e Leis Físicas: A fim de entender e interpretar as informações obtidas na história, faz-se ne-cessário considerar algumas leis da física: Um corpo em movimento ou em repouso tende a ficar neste estado até que uma e-nergia externa atue sobre ele essa é a 1ª Lei de Newton. A energia nunca é criada ou destruída, mas sim, pode mudar de forma. As formas mais comuns são mecânica, térmica, elétri-ca e química. A energia cinética é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade, dividido por dois. Com isso, a velocidade é mais importante fator gerador de energia cinética do que a massa, ou seja, a energia trocada em uma colisão em alta velocidade é muito maior do que uma em baixa veloci-dade. Já a diferença da massa dos ocupan-tes do veículo pouco interfere na energi-

CINEMÁTICA DO TRAUMA

1ª Parte

Por: Bolívar F. Filho BOMBEIRO CIVIL

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a de colisão. Uma força é igual ao produto da mas-sa pela sua aceleração (ou desaceleração). Outro fator a se considerar numa coli-são é a distância de parada. Antes da coli-são, o veículo e o ocupante viajam numa mesma velocidade. Durante o impacto, am-bos sofrem uma brusca desaceleração, até pararem. Portanto, aumentos da distância de parada, diminuem a força de desacele-ração sobre o veículo e seus ocupantes. A compressibilidade do material exerce influ-ência na distância de parada e conseqüen-temente na força de desaceleração. Ao o-correr à compressão do material, há um aumento na distância de parada, absorven-do parte da energia, impedindo que o cor-po absorva toda a energia, diminuindo as lesões no mesmo. Isto pode ser exemplifi-cado quando se compara a colisão contra um muro de concreto e uma barreira de neve.

Cavitação: Defini-se como o deslocamento violen-to dos tecidos do corpo humano para longe do local do impacto, devido à transmissão de energia. Este rápido movimento de fuga dos tecidos a partir da região do impacto leva a uma lesão por compressão tecidual e também à distância, pela expansão da cavidade e estiramento dos tecidos.

Este fenômeno gera dois ti-pos de cavidades (ou deforma-ções). As cavidades temporá-rias são formadas no momento do impacto, sendo que os teci-dos retornam a sua posição pré-via após o impacto. Este tipo de cavidade não é visto pela equipe de resgate e nem pelo médico ao exame físico. O outro tipo de ca-vidade é denomina-do permanente. Elas são causa-das pelo impacto e compressão dos tecidos e podem ser vistas

após o trauma. A diferença básica entre os dois tipos de cavidades é a elasticidade dos tecidos envolvidos. Por exemplo, um chute no abdome pode deformar profundamente a parede sem deixar marcas visíveis, pois após o golpe, a parede volta à sua posição original, gerando-se somente uma cavida-de temporária. Já quando um motoqueiro choca sua cabeça contra um obstáculo, ge-ram-se múltiplas fraturas de crânio, não permitindo o retorno dos ossos às suas po-sições originais (afundamento de crânio). Isto forma uma cavidade permanente que é facilmente identificável ao exame.

Permutas de energia: Ela depende de vários fatores, tais co-mo: Densidade: quanto maior a densidade do tecido, maior será o número de partículas que se chocará com o objeto em movimen-to, levando uma maior permuta de energia entre eles. Área de Superfície: similarmente o que ocorre com a densidade, quanto maior a área de contato entre os tecidos e o objeto em movimento, maior será o número de partículas envolvidas e conseqüentemente maior a permuta de energia.

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Esta área pode ser constante durante o impacto ou pode sofrer deformações, al-terando com isto permuta de energia. Um projétil de arma de fogo, por exemplo, ao atravessar os tecidos, vai sendo deforma-do, aumentando sua área e conseqüente-mente a permuta de energia no decorrer do seu trajeto. As munições ―Dum Dum‖ se expandem violentamente ao se chocarem com a pele, causando lesões internas mais extensas. Este tipo de munição expansível foi proibido em conflitos militares (Tratado de Petersburgo 1899 e Convenção de Ge-nebra). A área também pode variar pelo rolamento do projétil ao atravessar os teci-dos (rotação transversal). O projétil pene-tra na pele com sua menor área, mas ao atravessar os tecidos, sofre desvios no eixo transversal que aumentam sua área e con-seqüentemente a permuta de energia. Esta atinge seu máximo quando o projétil está a 90º (corresponde a maior área). Este fenô-meno denominado ―tumble‖ (cambalhota) ocorre pela mudança do centro de gravida-de do projétil ao atravessar os tecidos. Ou-tro fenômeno que pode ocorrer é a fragmentação do projétil. Quando isto o-

corre, ele se espalha numa maior área, causando maior lesão nos órgãos internos, pela maior permuta de energia. O conhecimento da ocorrência de per-muta de energia e de suas variáveis pela equipe de resgate tem grande importância prática. Isto pode ser evidenciado quando se compara duas equipes que atendem um motorista que se chocou violentamente contra o volante. A que conhece cinemática do trauma, mesmo não reconhecendo le-sões externas, saberá que ocorreu uma ca-vitação temporária e uma grande desacele-ração suspeitando de lesões de órgãos in-tratorácicos. Com isso, a conduta será mais agressiva, minimizando a morbi-mortalidade dos pacientes. Já a que não tem estes conhecimentos, não suspeitará de lesões de órgãos intra-torácicos, retar-dando o diagnóstico e conduta das mes-mas, influenciando diretamente na sobrevi-da dos pacientes.

Trauma Fechado: As forças físicas, cavitação e permuta de energia são similares nos traumas pene-

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trantes e fechados. Mas quando a energia é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a tensão superficial do tecido e penetrá-lo. Em ambos os tipos de trau-ma, ocorre cavitação temporária, mas so-mente no penetrante existe a formação da cavitação permanente. No trauma fechado, duas forças estão envolvidas no impacto: mudança brusca de velocidade (aceleração ou desaceleração) e compressão. Elas podem ser resultantes de quedas, colisões automobilísticas, aciden-tes com pedestres, agressões, etc.

Lesões por mudança de velocidade

A mudança brusca de velocidade cria uma grande aceleração ou desaceleração podendo causar lesões em diferentes par-tes do corpo. Cabeça: O impacto do crânio com algum anteparo, leva à desaceleração brusca do mesmo. Com isto, o crânio pára, mas o cé-rebro continua a se mover para frente. A parte do cérebro mais próxima do local de impacto sofre compressão, contusão ou la-ceração. Já a parte simetricamente oposta ao local de impacto se afasta do crânio, le-vando ao estiramento e laceração dos va-sos, causando hemorragias epidurais ou subaracnóideas. Os sinais de suspeita dessas lesões são as contusões visíveis no couro cabelu-do e face e quebra do pára-brisas do veícu-lo, formando um abaulamento circular no vidro. Pescoço: O crânio é suficientemente forte para absorver os impactos sofridos. Entre-tanto, sendo a coluna cervical muito mais flexível, não tolera grandes pressões de im-pacto sem sofrer angulações ou compres-sões. Movimentos de hiperextensão ou hi-perflexão do pescoço levam a angulações importantes, podendo resultar em fraturas

ou deslocamentos das vértebras. As com-pressões com as vértebras alinhadas po-dem resultar em esmagamento de corpos vertebrais. Todas estas lesões podem de-sestabilizar a coluna, permitindo a colisão dessas estruturas com a medula espinhal, causando lesões irreversíveis. Em impactos laterais, a cabeça se aproxima do ponto de impacto em relação ao eixo lateral e ântero-posterior (devido à rotação). Esses movi-mentos levam à separação dos corpos ver-tebrais do lado oposto ao impacto, rom-pendo ligamentos e, à compressão do lado do impacto, resultando em fraturas. Tórax: Impactos na região do tórax atin-gem inicialmente o esterno. Ele absorve grande parte da energia e pára abrupta-mente. No entanto, a parede posterior do tórax e os órgãos na cavidade torácica con-tinuam a se mover para frente. O coração e a aorta ascendente são relativamente ―soltos‖ na cavidade torácica, mas a aorta descendente é firmemente fixada à parede posterior. Com isto, quando se cria uma grande aceleração (ex.: impactos laterais) ou grandes desacelerações (ex.: colisões frontais), produz-se um momento entre o complexo arco aórtico e a aorta descen-dente, levando a uma secção total ou par-cial da aorta nesta região (próximo ao liga-mento arterioso). Quando total, há um

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grande sangramento e o paciente morre no local do acidente. Já quando parcial, forma-se um aneurisma traumático, que pode se romper minutos, horas ou dias após. Cerca de 80% dos pacientes morrem no local do acidente. Do restante, um terço morre seis horas após, um terço morrem em 24 horas, e um terço vive por três dias ou mais. Por-tanto, pelo mecanismo de trauma, deve-se suspeitar pelo tipo de lesão, permitindo in-vestigação e tratamento em tempo hábil. Compressões da parede torácica resul-tam freqüentemente em pneumotórax. Isto porque há um fechamento involuntário da glote no momento do impacto, aumentan-do a pressão dos pulmões durante a com-pressão, levando à ruptura. Isso pode ser comparado ao que ocorre quando estoura-mos um saco de papel cheio de ar entre as mãos. Por esse motivo esse efeito é deno-minado ―paper bag‖. As compressões ex-ternas do tórax podem levar ainda à fratu-ra de algumas costelas. Quando múltiplas, existe a possibilidade de se desenvolver

um quadro denominado tórax instável. Ór-gãos internos também podem ser atingi-dos, como por exemplo o coração. Contu-sões cardíacas são muito graves pois po-dem levar à arritmias potencialmente fa-tais. Abdome: Como ocorre em outros locais, quando há uma desaceleração brusca as vísceras abdominais continuam a se movi-

mentar para a frente. Com isso gera-se u-ma força de cisalhamento nos locais de fi-xação dos órgãos, geralmente localizados nos seus pedículos. Isso ocorre, por exem-plo, com os rins, baço, e intestinos delgado e grosso. O fígado também pode sofrer la-cerações na região do ligamento redondo. Isto porque é fixado principalmente no diafragma. Como esse músculo possui grande mobilidade, permite a movimenta-ção do fígado para frente, forçando-o con-tra o ligamento redondo. Fraturas pélvicas podem levar a lesões de bexiga e de vasos da cavidade pélvica. Alguns órgãos podem ser comprimidos contra a coluna vertebral, tais como pân-creas, baço, fígado e rim. As paredes anterior, lateral, posterior e inferior do abdome são extremamente for-tes. Mas a parede superior é composta pe-lo diafragma, que é um músculo de aproxi-madamente 5 mm de espessura, corres-pondendo a parede mais fraca. Com isto, o aumento da pressão abdominal pode levar à: · perda do trabalho ventilatório do dia-fragma; · ruptura do diafragma, ocorrendo a passagem das vísceras abdominais para a cavidade torácica, reduzindo a expansibili-dade dos pulmões; · isquemia de alguns órgãos pela com-pressão ou estiramento dos vasos devido ao deslocamento dos órgãos; · hemotórax devido à hemorragias ab-dominais. O aumento exagerado da pres-são abdominal pode levar ainda à rupturas esofágicas (Síndrome de Boerhave) ou rup-tura da valva aórtica pelo refluxo sangüí-neo.

Colisões de Veículos Automotores

Colisão do ocupante: Quando um veícu-lo se choca contra um obstáculo fixo, ocor-rem duas colisões. A primeira entre a

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vítima e o veículo e a segunda entre os ór-gãos da vítima e a estrutura de seu corpo. As colisões automobilísticas podem ser de seis tipos: · impacto frontal · impacto traseiro · impacto lateral · impacto angular · capotamento · ejeção Impacto frontal: corresponde à colisão contra um obstáculo que se encontra à frente do veículo. Se o ocupante não esti-ver utilizando mecanismos de contenção (ex. cinto de segurança), ele irá se chocar contra alguma parte do veículo ou poderá ser ejetado para fora do veículo (primeira lei de Newton). O impacto da vítima com a cabine do veículo ocorre em dois tempos: A vítima escorrega para baixo de tal forma que suas extremidades inferiores (joelho e pés) sejam o primeiro ponto de impacto. Nestas condições, as lesões mais comuns são: fratura - luxação do tornozelo, luxação do joelho, fratura de fêmur e luxação pos-terior do acetábulo. Após a trajetória acima, a vítima é projetada para frente e seu tronco se cho-ca contra o volante ou painel. Desta forma, seu crânio se choca contra o pára-brisa, le-vando a lesões do segmento cefálico e/ou coluna cervical. Ao mesmo tempo, o tórax e o abdome se chocam contra o volante ou painel. Impacto lateral: se refere às colisões do lado do veículo capazes de imprimir ao o-cupante uma aceleração que o afasta do ponto de impacto. Dele podem resultar le-sões semelhantes às do impacto frontal, mas além destas, podem ocorrer lesões de compressão do tronco e de pelve do lado de colisão. Por exemplo, impactos do lado do motorista podem levar a fraturas de ar-

cos costais esquerdo, lesão esplênica e le-sões esqueléticas esquerdas (ex. pelve). Na mesma situação o passageiro terá mais lesões direitas (principalmente hepáticas). Impacto traseiro: geralmente este im-pacto ocorre quando um veículo parado é atingido por trás por outro veículo. Nestas condições o assento carrega o tronco dos ocupantes para a frente com grande acele-ração, mas a cabeça não acompanha este movimento, ocorrendo uma hiperextensão do pescoço. Este movimento leva à lesões pelo mecanismo de chicote (―Whiplash‖). Este tipo de lesão é evitado com o uso cor-reto do suporte de cabeça. Impacto angular: neste tipo de impacto, ocorre um misto dos padrões estudados acima. Capotamento: nestas situações, o ocu-

pante se choca contra qualquer parte da cabine, causando deslocamentos violentos e múltiplos, o que leva à lesões mais gra-ves. Ejeção: a vítima nestes casos sofre lesões decorrentes da ejeção do veículo propria-mente dito e do seu choque com o solo. A probabilidade de lesões aumenta em mais de 300% e há grandes chances de ocorrer

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lesões ocultas.

Colisões de motocicletas

Podem ocorrer lesões por compressão, a-leração/desaceleraçãdesaceleração e cisa-lhamento. Porém, menor será o risco de ocorrerem, quan-to maior for o núme-ro de equipamentos de proteção utiliza-dos no momento do impacto (ex. capace-te, botas, luvas, rou-pas, etc.). Os mecanismos de lesão são: Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca contra um anteparo, a motocicleta pára subitamente. Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua seu movimento para frente, até bater con-tra um objeto ou com o solo. Durante esta projeção, sua cabeça, tórax ou abdome po-dem se chocar contra o guidão. Se for eje-tado da motocicleta, seus membros inferio-res batem no guidão podendo levar a fra-turas bilaterais de fêmur. Posteriormente ao se chocar com o solo, múltiplas lesões podem ocorrer. Impacto Lateral/ejeção: podem ocorrer as mesmas lesões do impacto lateral em um automóvel. Porém são muito freqüen-tes as fraturas e esmagamentos dos mem-bros inferiores. Se for ejetado da moto, po-de sofrer múltiplas lesões. Derrapada Lateral: neste mecanismo, o motociclista pode sofrer graves abrasões e até mesmo avulsões dos tecidos.

Pedestres As lesões ocorrem em três fases: Impacto com o pára-choque diantei-ro: depende diretamente da altura do pára-choque e da vítima. Geralmente em adul-tos as lesões costumam acometer regiões entre as pernas e a pelve. Em crianças as lesões torácicas e abdominais são mais co-muns. Impacto com o capô e pára-brisas: o-correm lesões do tronco e cabeça. Impacto com o solo: lesões de cabeça e coluna. Como visto anteriormente, podem e-xistir lesões viscerais pela aceleração/desaceleração e compressão. NÃO PERCAM NA PRÓXIMA EDIÇÃO DE BOMBEIROS CIVIS A 2ª PARTE DESSA MATÉRIA.

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Ivan Campos, 39 anos, nascido em São Paulo-SP, foi atendente de enferma-gem no final dos anos 80, auxiliar nos anos 90 onde trabalhou principalmente em UTIs, no final dos anos 90 fez parte de um grupo de resgate civil voluntário, onde se envol-veu mais com as áreas de emergência sen-do coordenador de grupo de ensino a no-vos voluntários, apaixonado por áreas de emergência e ensino iniciou a graduação em Enfermagem, no inicio dos anos 2000 se envolveu com a profissão de Bombeiro Civil, onde percebeu carência de informa-ções sobre emergências tanto aos profis-sionais de enfermagem quanto aos Bom-beiros Civis, criou em 2004 o Instituto Bra-sileiro de Pesquisas em Emergências Prof. Ivan Campos, participou ativamente da re-visão da ABNT/NBR 14608 Bombeiro Civil - Requisitos, norma nacional ainda em vigor, foi articulador na criação do Conselho Na-cional de Bombeiros Civis em 2009 e assu-miu a presidência da entidade em março de 2011, projetando o Conselho como prin-cipal entidade de representação da profis-são em todo País, defendeu a profissão de Bombeiro Civil em audiência pública no Se-nado Federal contra a mudança do nome. Hoje além do trabalho no Conselho e no Instituto de Pesquisas, atua como ins-trutor em Suporte Básico a Vida e APH, e como consultor nos temas Bombeiro Civil, DEA e Planos de Emergência. A REVISTA BOMBEIRO PROFISSIO-NAL CIVIL, entrevistou o Sr. Ivan Campo sobre o Conselho Nacional de Bombeiro Ci-vil que hoje esta sendo a instituição que procura dar respaldo e promover a regula-mentação em nível federal da profissão. BPC: O que é o Conselho Nacional de Bombeiros Civis? IVAN CAMPOS: O Conselho é uma enti-dade de direito civil, sem fins lucrativos, le-galmente constituída com estatuto registra-

do em 28/03/11 e CNPJ conferido em 01-/04/2011, cuja objetivo é “conscientização, defesa e desenvolvimento da profissão de Bombeiro Civil em todo Brasil e tem toda forma de atuação, seja o empregado em empresas, seja em serviço publico nos Cor-pos de Bombeiros Civis Municipais, seja co-mo Bombeiro Voluntário nas Associações que prestam serviço a sociedade. BPC: O Conselho pode fiscalizar a pro-fissão e aplicar multas? IVAN CAMPOS: O Conselho começa co-mo tantos outros Conselhos começaram, sem poderes de Lei sobre a profissão, mas que com trabalho sério ganhou respeito e apoio de autoridades e de toda a socieda-de, principalmente da classe que represen-ta, no caso do CNBC seguimos os mesmos passos da ABNT ou da OAB, que não são órgãos Federais mais que por trabalho de excelência feito durante sua história hoje são os gigantes que são, as normas da ABNT são exigidas por leis estaduais, mu-nicipais e federais. Recentemente o MTE Ministério do Trabalho e Emprego mudou a NR23 exigindo cumprimento destas nor-mas, já a OAB é hoje a entidade responsá-vel pelo exercício da profissão de advogado no País, trabalhamos para que em breve Leis estaduais e em breve Federal, conce-dam ao Conselho estes poderes. Um dos preceitos do conselho é defen-der a sociedade e os bons profissionais de maus profissionais ou de qualquer ação contra profissão, como fizemos no Senado Federal. BPC: Qual foi a participação do Conse-lho no Senado Federal? IVAN CAMPOS: Quando a lei da profissão de Bombeiro Civil, a Lei Federal 11901 de 01/2009, foi sancionada, e profissão teve uma projeção ainda maior, algumas pesso-as em posição de comando em alguns Cor-

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pos de Bombeiros Militares, tiveram atitude no mínimo insana, de tentar a todo custo extinguir a profissão no País, e por pouco estes inimigos da profissão e bem dizer do País não tiveram êxito, como todo mundo quer ajudar os Bombeiros, chegam os ofici-ais pedindo que políticos assinem tal Lei que vai ―ajudar os Bombeiros‖ e todo mun-do assina, infelizmente há pessoas inescru-pulosas também entre estes oficiais, da tal forma que temos Leis Federais e Normas Técnicas Nacionais sendo pisadas por ins-truções técnicas do corpo de bombeiros militares e decretos estaduais, muitos ver-dadeiramente criminosos pois descumprem leis em vigor e a própria Constituição deste País, estas manobras que entendo como criminosas, culminaram num projeto de Lei que tinha como único objetivo mudar o no-me da profissão de Bombeiro Civil para Bri-gadista Particular, isso iria extinguir a profissão de Bombeiro Civil no Brasil, e estes inimigos da profissão usando de inverdades e ocultando informações relevantes induziram Deputados Federais a aprovarem essa mudança na Câmara, e agindo com a mesma má-fé já anunciaram que o nome havia mudado, porém nada mudou, para mudança acontecer teria que ser aprovado também no Senado Federal, e NÃO foi a-provado no Senado, então NADA MUDOU, diversas entidades se uniram de todo País para enfrentar esse absurdo e consegui-mos mostrar aos Senadores o erro em que estavam sendo direcionados por estes ini-migos da profissão em atitude indigna de sua posição. Esse foi um dia histórico para a profissão, pois tivemos a oportunidade de apresentar a diversas autoridades do Governo a profissão de Bombeiro Civil e sua importância para o Pais, e diversas a-ções ilegais contra profissão foram denun-

ciadas em especial do comando de bom-beiros militares do Distrito Federal, creio que muito ira mudar ainda esse semestre em favor da profissão. A bem do País, precisamos construir um novo tipo de relacionamento entre Bombeiros Civis e Militares, e a bem dos bons Bombeiros Militares precisamos de-nunciar e levar a punição as más ações de comandantes de bombeiros militares que põe em risco muito mais que o bom nome conquistado justamente pela corporação. BPC: O que esses maus comandantes de corporações de bombeiros milita-res põe em risco? IVAN CAMPOS: A própria sociedade, a partir do momento que publicam Instru-

ções Técnicas que vão contra Leis Federais ou Normas Técnicas nacio-nais em vigor, e por pressão exigem que a sociedade cumpra estes instruções criadas, exigi-das e fiscalizadas por e-les mesmos, sobre as mais diversas penas, for-çam comércios, industri-

as e toda sociedade ao erro senão a ação criminosa, afinal é crime quando se desres-peita uma lei não é? Infelizmente algo que deveria ser um instrumento para segurança da sociedade, se tornou um instrumento de repressão e até extorsão em mãos inescru-pulosas, falo do AVCB que é o Auto de Vis-toria do Corpo de Bombeiros, documento exigido por prefeituras para liberação do alvará ao imóvel, como o AVCB é emitido pelo corpo de bombeiros militar, eles po-dem e exigem o que e da forma que que-rem, afinal por incrível que pareça eles mesmo se fiscalizam, isso foi deixado bem claro em audiência no Senado, então qual-quer comando de bombeiros militares sem escrúpulos, pode bem instituir qualquer

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instrução técnica própria da forma que a-char melhor, e tem o AVCB para obrigar a sociedade a aceitá-la, ou senão articulam com facilidade junto ao governo do estado para conseguirem decretos estaduais lhes conferindo mais poderes. Infelizmente existe esse lado muito ru-im em alguns comandos de Bombeiros Mili-tares, e em defesa da sociedade, e dos bons Bombeiros Militares, estas ações pre-cisam ser denunciados e punidas a altura, e a sociedade e governos precisam preve-nir que essa situação de sociedade refém de um serviço que deveria servi-la existem dois passos para sanar e fortalecer os bombeiros militares: Primeiro— As prefeituras precisam trazer de volta para si a responsabilidade de vis-toria de imóveis, com secretarias especiali-zadas como a exemplo a Secretaria Munici-pal de Controle e Liberação de Uso de Imó-veis e Áreas, onde Engenheiros, Técnicos e outros profissionais vistoriam e liberam o uso destes imóveis e áreas, com base em Leis e Normas Técnicas Nacionais, assim se extingue o AVCB e a não há mais como se obrigar a sociedade aos mandos de coro-néis equivocados em seu real papel para sociedade.

Segundo— O Governo Estadual criar os comitês, ou secretárias ou conselhos ou

outros órgãos de fiscalização dos serviços de bombeiros militares, estes órgãos seri-am compostos por CIVIS, políticos, repre-sentantes de diversas entidades de classes e representação social, como OAB, Comer-cio, Industriais, líderes de comunidades, e outros. Assim os corpos de bombeiros mili-tares passam a servir e a prestar contas a sociedade de forma transparente, ao con-trário ao que acontece hoje em muitos es-tados onde eles mesmo se fiscaliza e pres-tam contas a si mesmos.

Estas ações serviriam para sanar os serviços militares de Bombeiros, evitando que invadam competência que são de Pre-feituras, Estado e Federação, é algo neces-sário a bem da sociedade e da manutenção do bom nome e da credibilidade que os serviços de Bombeiros Militares tem junto a sociedade e não pode ser manchado por ações insanas de alguns comandantes, a-credito que esta campanha tenha muito a-poio tanto da sociedade quanto dos bons bombeiros militares que também querem o melhor. BPC: O que o Conselho faz pela profis-são de Bombeiro Civil? IVAN CAMPOS: São 3 bases, a conscien-tização da profissão, a defesa da sociedade e do bom profissional e o desenvolvimento

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da classe profissional. Destas são realiza-das campanhas, constituindo grupos de trabalho contínuo e seguimos assim sem descanso. Hoje acontecem: No pilar da conscien-tização e do desenvolvimento a organiza-ção de 3 encontros Pró Bombeiros agen-dados para 3 Estados no próximo mês, e muitos mais nos meses seguintes, o Código de Ética será lançado em Brasília no próxi-mo mês, várias resoluções estão em traba-lho, o site e o serviço de atendimento por e-mail e telefone já funcionam. No pilar da Defesa, estamos acompanhando toda mo-vimentação no Senado Federal e também em nível Estadual, constituímos um corpo jurídico e estamos em conversação com outras entidades de classe e de represen-tação social, mesmo com menos de 6 me-ses da atual gestão o Conselho já tem mui-to a oferecer. Vamos trabalhar muito na melhora de Leis e Normas sobre a profissão. Estamos ajudando grupos em vários Estados a fun-darem seus Sindicatos, ajudando escolas a melhorar seu nível técnico e a sociedade a conhecer a profissão, também há campa-nha para constituição e manutenção de Bombeiros Civis em municípios, sejam mu-nicipais ou voluntários, as obrigações do Conselho vão além da profissão de Bom-beiro Civil em si, há real compromisso com a sociedade e com o País, que fica mais se-guro a cada Bombeiro Civil que inicia ativi-dades ou que se aperfeiçoa. O registro de bombeiros civis junto ao Conselho para emissão do cartão de Regis-tro Nacional de Bombeiros Civis é uma das principais ações do Conselho. BPC: O que é o cartão de registro no conselho? IVAN CAMPOS: É um cartão emitido para Bombeiro Civil que apresente solicitação preenchida acompanhada de cópia de al-guns documentos, incluindo do certificado

de curso de forma-ção de Bombeiro Civil, que é verifica-do quanto a sua autenticidade e se a grade atende a nor-ma nacional em vi-gor na ocasião, as-sim tanto o Bom-beiro Civil tem um documento emitido pelo Conselho que atesta sua condi-ção, quanto o mer-cado de trabalho, autoridades e a própria sociedade tem um documento de referenci-a sobre a condição desse profissional, as-sim combateremos a venda e o transito de falsos certificados,outro bom fato é que no verso do cartão de registro esta a descri-ção sumária da profissão e o a lei do Bom-beiro Civil, estes itens são um escudo con-tra a desinformações sobre a profissão. O registro pode ser solicitado preenchendo e seguindo as instruções em cfbc.org.br/registro BPC: Onde é o endereço do Conselho? IVAN CAMPOS: O Conselho ainda não tem endereço próprio, nossas reuniões e atividades acontecem em espaços cedidos por entidades amigas em varias regiões, por isso endereço de correio é uma caixa postal locada no Correio Central em São Paulo-SP, estávamos com dois endereços em vista pra a sede São Paulo e a Sede ABCD, mas todos os recursos foram dire-cionados para sede Brasília-DF, tão crítica é a situação da profissão na região, e pela necessidade do Conselho Nacional ter sede em Brasília como todos os Conselhos tem para acompanhamento de Leis Federais e maior contato com Senadores e Deputados Federais, esse endereços será inaugurado em 1 de agosto, mesma semana da publi-cação do código de ética, dai o próximo

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endereço será em São Paulo-SP pela necessi-dade de acompanhamento das revisões de normas na ABNT. Nesse momento o endere-ço só site ativo é cfbc.org.br e em breve também cnbc.org.br. BPC: Em alguns lugares aparece como Conselho Federativo e outros como Conselho Nacional, são duas entidades? IVAN CAMPOS: Não, é a mesma entidade, acontece que tanto no Estatuto quanto no CNPJ constam os dois nomes, Conselho Fe-derativo como razão social e Conselho Nacio-nal como nome fantasia, como em março deste ano houve a posse da nova diretoria na ocasião se achou melhor adotar o nome Federativo para marcar a nova fase da enti-dade, porém houveram complicações como pessoas confundindo com entidade do Go-verno Federal, ou confundindo com a FEBRA-BOM que é a Federação Brasileira de Bom-beiros e outros, de forma que se decidiu vol-tar ao nome de origem Conselho Nacional. BPC: Para encerrar nossa entrevista, o Senhor tem alguma mensagem? IVAN CAMPOS: Tenho uma muito impor-tante; Acredite na profissão de Bombeiro Ci-vil seja você empregado, voluntário, munici-pal ou qualquer outro seguimento. O Bom-beiro Civil no Brasil conta hoje com um Con-selho Nacional de Bombeiros Civis, forte, sé-rio, muito empenhado e que já mostra bons resultados e que continua cada vez mais a luta pela profissão, isso em todo País e onde e com quem for necessário.

Receba gratuitamente O DVD

DA AUDIÊNCIA

PUBLICA NO

SENADO

FEDERAL

Solicite uma cópia do DVD com 2:40h, da

audiência no Senado Federal onde foi defen-

dida a profissão de Bombeiro Civil, pelo

http://www.cfbc.org.br/

CNBC

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Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 11.901, DE 12 DE JANEIRO DE 2009.

Dispõe sobre a profissão de

Bombeiro Civil e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O exercício da profissão de Bombeiro Civil reger-se-á pelo disposto nesta Lei. Art. 2o Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos desta Lei, exer-

ça, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incên-dio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, socieda-des de economia mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de preven-ção e combate a incêndio.

§ 1o (VETADO) § 2o No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros Civis e o

Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a direção das ações caberão, com exclusivi-dade e em qualquer hipótese, à corporação militar.

Art. 3o (VETADO) Art. 4o As funções de Bombeiro Civil são assim classificadas: I - Bombeiro Civil, nível básico, combatente direto ou não do fogo; II - Bombeiro Civil Líder, o formado como técnico em prevenção e combate a incêndio,

em nível de ensino médio, comandante de guarnição em seu horário de trabalho; III - Bombeiro Civil Mestre, o formado em engenharia com especialização em preven-

ção e combate a incêndio, responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate a In-cêndio.

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Art. 5o A jornada do Bombeiro Civil é de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis) horas semanais.

Art. 6o É assegurado ao Bombeiro Civil: I - uniforme especial a expensas do empregador; II - seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador; III - adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salário mensal sem os

acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa; IV - o direito à reciclagem periódica. Art. 7o (VETADO) Art. 8o As empresas especializadas e os cursos de formação de Bombeiro Civil, bem

como os cursos técnicos de segundo grau de prevenção e combate a incêndio que infringi-rem as disposições desta Lei, ficarão sujeitos às seguintes penalidades:

I - advertência; II - (VETADO) III - proibição temporária de funcionamento; IV - cancelamento da autorização e registro para funcionar. Art. 9o As empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de Bombeiro Civil

poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territó-rios e do Distrito Federal, para assistência técnica a seus profissionais.

Art. 10. (VETADO) Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de janeiro de 2009; 188o da Independência e 121o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso Genro Carlos Lupi João Bernardo de Azevedo Bringel José Antonio Dias Toffoli

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Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

MENSAGEM Nº 6, DE 12 DE JANEIRO DE 2009.

Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, deci-

di vetar parcialmente, por inconstitucionalidade, o Projeto de Lei no 2.084, de 1991 (no 30/95 no Senado Federal), que ―Dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil e dá ou-tras providências‖.

Ouvidos, os Ministérios da Justiça, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Trabalho

e Emprego e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto aos seguintes disposi-tivos:

§ 1o do art. 2º

―Art. 2o ..................................................... § 1o É privativo do Bombeiro Civil, habilitado nos termos desta Lei, o exercício de cargo público que tenha por atribuições as atividades enumeradas no caput deste artigo. ................................................................................ ”

Razões do veto

―O § 1o do art. 2o viola o § 1o do art. 61 da Constituição, que dispõe que são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentado-ria. Ademais, ao impor requisitos para a contratação de servidores pelos demais entes, o dispositivo ofende o pacto federativo, resguardado nos arts. 18 e 60, § 4o, I, da Constitui-ção.‖ Os Ministérios da Justiça, do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Trabalho e Emprego também manifestaram-se pelo veto aos seguintes dispositivos:

Arts. 3º e 7º

―Art. 3o O exercício da profissão de Bombeiro Civil depende de prévio registro profissional no órgão competente do Poder Executivo.

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§ 1o O registro a que se refere o caput deste artigo será efetuado a requerimento do inte-ressado e instruído com documentos comprobatórios dos seguintes requisitos: I - instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; II - aprovação em exame de saúde física e mental; III - aprovação em curso de formação de Bombeiro Civil. § 2o Os requisitos enumerados no § 1o deste artigo não serão exigidos dos Bombeiros Ci-vis admitidos até a promulgação desta Lei. § 3o Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do Bombeiro Civil serão anotados o seu salário mensal, suas atribuições profissionais, a data de sua admissão, o início e o término de suas férias e a data da sua dispensa.‖ ―Art. 7o Cabe ao órgão competente do Poder Executivo: I - autorizar o funcionamento de: a) empresas especializadas em serviços de prevenção e combate a incêndio; b) cursos de formação de Bombeiro Civil; II - fiscalizar as empresas e cursos de formação de Bombeiro Civil e aplicar as penalidades previstas nesta Lei; III - aprovar uniformes de Bombeiro Civil; IV - fixar o currículo dos cursos de formação de Bombeiro Civil e dos cursos técnicos de ensino médio de prevenção e combate a incêndio. Parágrafo único. As empresas e cursos em funcionamento procederão à adaptação de su-as atividades aos preceitos desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data em que entrar em vigor o regulamento previsto no art. 10 desta Lei.‖

Razões dos vetos

―O caput do art. 3o do Projeto de Lei em questão, estabelece que o exercício da profissão de Bombeiro Civil depende de prévio registro profissional no órgão competente do Poder Executivo, impondo à Administração Pública o ônus de criar e manter um registro profis-sional cuja necessidade e funcionalidade não restam demonstradas. No mesmo sentido segue a redação proposta no art. 7o, cujo texto não apenas incorre nos mesmos problemas, mas também afronta a independência dos Poderes, ao definir compe-tências a órgão do Poder Executivo, colidindo com o art. 84, VI, ‗a‘, da Constituição Fede-ral.‖

Inciso II do art. 8º

―Art. 8o .........................................

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................................................................. II - multa de até 1.000 (mil) UFIR; .................................................................... ”

Razões do veto

―A Unidade Fiscal de Referência – UFIR foi extinta em decorrência do § 3o do art. 29 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, tal impropriedade inviabiliza a penalidade pecuniá-ria e, por conseguinte, o sistema coercitivo do texto proposto.‖ Os Ministérios da Justiça e do Planejamento, Orçamento e Gestão manifestaram-se ainda pelo veto ao seguinte dispositivo:

Art. 10

―Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta Lei dentro de 90 (noventa) dias a contar de sua entrada em vigor.‖

Razões do veto

―O dispositivo ao pretender estabelecer prazo ao Poder Executivo para regulamentação da proposta legislativa em tela, afigura-se inconstitucional, por afrontar o princípio da inter-dependência e harmonia entre os Poderes da República, consoante jurisprudência consoli-dada do Supremo Tribunal Federal (Nesse sentido, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.394/AM, rel. Min. Eros Grau, julgada em 02/04/2007,DJ de 24/08/2007).‖

Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os dispositivos acima

mencionados do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senho-res Membros do Congresso Nacional.

Brasília, 12 de janeiro de 2009.

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Gás Liquefeito de PetróleoGás Liquefeito de Petróleo

Uma das atividades do Bombeiro Civil, é

treinar Brigadas de Incêndio. Saber infor-

mações básicas sobre o GLP é fundamen-

tal para o instrutor de brigada.

Material:

Bombeiros Unidos Sem Fronteiras

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O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), ou co-mumente chamado, gás de cozinha, con-siste em uma mistura gasosa de hidrocar-boneto obtido do gás natural das reservas do sub-solo, ou do processo de refino do petróleo cru nas refinarias. É acondiciona-do dentro de cilindros em estado líquido. Esse cilindro quando cheio, contém em seu interior 85% de GLP em estado líquido e 15% em estado de vapor. Em seu estado líquido começa a se transformar em vapor a medida que os aparelhos a gás vão sen-do utilizados. Uma característica marcante do GLP é não possuir cor nem cheiro próprio. No en-tanto, por motivo de segurança, uma subs-tância do grupo Mercaptan é adicionada ao GLP ainda nas refinarias. Ela produz um cheiro característico de ovo podre quando há um vazamento de gás. O Methanethiol (também conhecido como metil mercaptano) é um gás incolor com um cheiro de repolho podre, É uma subs-tância natural encontrada no sangue e cé-rebro dos seres humanos e alguns animais, bem como tecidos vegetais. Esse composto é eliminado através das fezes. Sua ocorrên-cia é natural em alguns alimentos, como nozes e queijos. É uma das principais subs-tâncias químicas responsáveis pelo mau hálito e o cheiro de flatulências. A fórmula química para o methanethiol é CH3SH, é classificado como tiol. Podendo ser abrevi-ado como MeSH. O Gás Liquefeito de Petróleo não é u-ma substância corrosiva, poluente ou tóxi-ca, porém se inalado em grande quantida-de, produz efeito anestésico. Pois ele é as-fixiante, e por ser mais pesado que o ar ele ao entrar no sistema respiratório, tende a tomar lugar do oxigênio nos alvéolos pul-monares. Em casos de inalação, deve-se procu-rar remover a vítima para um local arejado, caso não esteja respirando, aplique ventila-ção artificial, caso a mesma esteja respi-rando com dificuldade, administre oxigênio

a vazão de 10 a 15/lm, e procure assistên-cia médica imediata. O GLP é formado pela mistura basica-mente de dois outros gases,obtidos de for-ma natural ou por conta do refino do óleo cru, são eles o Propano e o Butano + Buti-leno e o odorizante Etanotiol. Assim podemos verificar que uma mo-lécula de butano é mais pesada do que u-ma molécula de propano e a sua tendência em uma mistura é a de ficar depositada no fundo do recipiente de armazenagem. Ao percentual de mistura desses dois gases chama-se densidade relacionado ao

conceito de densidade que é = massa por volume. Quanto maior a presença percentual de propano na mistura, menor é a densi-dade do produto e, é claro, conseqüente-mente menor o peso do mesmo. Ao con-trário, quanto maior o percentual de buta-no na mistura maior a densidade e obvia-mente o seu peso. O GPL ou GLP é um dos sub-produtos do petróleo como a gasolina, diesel e

QUANTIDADE COMBUSTÍVEL PODER CALORÍFICO

1 Kg1 Kg

GLPGLP

11.500 KCal11.500 KCal

1 m³1 m³ Gás NaturalGás Natural 9.400 KCal9.400 KCal

1 m³1 m³ Gás de RuaGás de Rua 4.200 KCal4.200 KCal

1 Kg1 Kg Óleo DieselÓleo Diesel 10.200 KCal10.200 KCal

1 Kg1 Kg CarvãoCarvão 5.000 KCal5.000 KCal

1 Kg1 Kg LenhaLenha 2.900 KCal2.900 KCal

1 Kw1 Kw

Energia ElétricaEnergia Elétrica

860 KCal860 KCal

Propano: Propano: C3H8 Butano: Butano: C4H10

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os óleos lubrificantes, sendo retirado do mesmo através de refino em uma refinaria de petróleo. Torna-se liquefeito apenas quando é armazenado em bilhas/botijões ou tanques de aço em pressões de 6 a 8 atmosferas (6 a 8 kgf/cm²). Para sua armazenagem são utilizados recipientes fabricados em aço de várias ca-pacidades volumétricas e formas. Na cons-trução desses recipientes utilizam-se mate-riais com capacidade mecânica para a-güentarem pressões de até 17 kgf/cm², por dois principais motivos: segurança com relação a eventuais possibilidades de rompimento (manuseio inadequado ou ex-cesso de pressão no enchimento) e facili-tação da vaporização do produto que é es-sencial para a sua utilização. Todos os recipientes que contém GLP são cheios até 85% de sua máxima capaci-dade. Os outros 15% de espaço livre são utilizados na evaporação do produto que ocorre com a troca de calor entre a parede do recipiente e o GLP armazenado na for-ma líquida - evaporação natural. Quanto maior a temperatura externa do recipiente maior a velocidade de evaporação do GLP. A evaporação também é diretamente proporcional a quantidade de superfície de contato do recipiente com o GLP (parede molhada). Por exemplo: um botijão de 13 kg de GLP, considerada uma temperatu-ra externa constante, evaporará mais gás quando cheio do que quando estiver com 50% de sua carga, pois o GLP terá apenas a metade da superfície de contato com o recipiente para a sua possível troca de ca-lor e eventual evaporação do líquido. Em grandes consumos, onde não é su-ficiente a evaporação natural para atender a demanda, são utilizados aparelhos cha-mados de vaporizadores que possibilitam a evaporação do produto. O princípio básico de um vaporizador é o seguinte: o GLP passa por dentro do a-parelho através de um duto aquecido, ge-ralmente por uma resistência elétrica, troca

calor com este duto aquecido e vaporiza-se permitindo o atendimento da demanda, o que chama-se de vaporização forçada. A tabela acima mostra a capacidade de evaporação natural de alguns tipos de botijão a uma temperatura ambiente de 20°C. A capacidade do botijão de GLP é ex-pressa em quilos, existem botijões com vá-rias capacidades, atualmente esses são os modelos mais comuns: O botijão P-90 está em desuso e sen-do substituído por cilindros estacionários da mesma capacidade ou superior que são abastecidos no local por caminhões (venda a granel). No Brasil o uso de GLP é proibido para uso em veículos auto-motores com ex-ceção de empi-lhadeiras movidas a GLP aonde são utilizados botijões tipo P-20, este botijão é o único que se utiliza na

Código Capacidade Capacidade de vaporização a

20°C

P-2 2 kg 0,20,2 kg de gás por horakg de gás por hora

P-5 5 kg 0,40,4 kg de gás por horakg de gás por hora

P-13 13 kg 0,60,6 kg de gás por horakg de gás por hora

P-45 45 kg 1,01,0 kg de gás por horakg de gás por hora

P-90 90 kg 2,02,0 kg de gás por horakg de gás por hora

P-190 190 kg 3,53,5 kg de gás por horakg de gás por hora

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horizontal. Recentemente lançado no mercado brasileiro o P-8 para consumo residencial, tem capacidade para 8 kg de GLP e a apa-rência é a mesma do P13, só que um pou-co ―mais estreito‖.O objetivo deste lança-mento é atender principalmente a parcela da população de mais baixa renda, que busca um produto mais barato para aten-der suas necessidades e pessoas que de-mandam pouco consumo de gás. O novo produto pode ser também uma alternativa de botijão reserva nas residências. Os botijões podem ser associados em baterias colocando-se dois ou mais botijões ligados a um tubo coletor para fornecer u-ma quantidade de gás em fase vapor maior do que apenas um botijão poderia fornecer. Por norma, apenas podem ser associa-dos em baterias os cilindros P-45 ou acima, mas é possível encontrar baterias de P-13, especialmente em pequenas instalações.

Válvulas e mecanismos de Válvulas e mecanismos de

segurança do botijão.segurança do botijão.

P-2: A válvula do botijão P-2 (NBR 8614) é do tipo automática, ou seja, quando o en-gate é rosqueado ele empurra um pino que libera a saída do gás, esta válvula possui uma rosca especifica para ser acoplada a dispositivos como lampiões, fogareiros e maçaricos em alta pressão, este botijão não deve ser utilizado com regulador e não conta com válvula de segurança para sobre pressão ou aquecimento. P-5 e P13: A válvula destes botijões (NBR 8614) também é do tipo automática e é própria para que seja encaixado um regu-lador de pressão domestico, estes botijões possuem um 'parafuso fusível' que se der-rete se a temperatura do botijão chegar perto de 70°C liberando o gás e evitando que o botijão exploda em caso de incêndio. P-45 e P-90: A válvula destes botijões (NBR 13794) é um registro com abertura manual e é própria para ser ligada a uma mangueira (rabicho) que irá interligar o bo-tijão a um tubo coletor, no corpo do regis-tro existe um dispositivo de segurança que libera o gás se a pressão dentro do botijão

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ultrapassar um certo limite evitando assim que o botijão exploda em caso de incêndio. O GLP distribuído em botijões deve ter

sua pressão diminuída para que seja utili-

zado na maioria dos aparelhos

(fogões, aquecedores, etc.), porém no caso

do P-2, P-5 e P-13 é admitida sua utiliza-

ção em alta pressão (sem regulador) em

alguns aparelhos fabricados para uso em

alta pressão como maçaricos, fogarei-

ros, lampiões e alguns fogões industriais.

A pressão de utilização do GLP nos a-parelhos de baixa pressão deve ser de 280 mmca (milímetros de coluna de água) ou 2,74 kPa (kilopascal). A diminuição da pressão do GLP na sa-ída do botijão para a pressão de utilização dos aparelhos é feita por um dispositivo chamado. regulador de pressão. O regulador de GLP para uso domésti-co costuma ser vendido na forma de um kit contendo um regulador para 1 kg/h e 1,25 metros de uma mangueira especifica a ser utilizada para ligação da saída do regulador a entrada do fogão ou outro aparelho e a-inda duas braçadeiras para fixação das ex-tremidades da mangueira. Também podem ser encontrados regu-ladores de maior capacidade, para instala-ções comerciais, industriais e residenciais de maior porte aonde o regulador é fixado a uma tubulação que ira distribuir o gás para os vários aparelhos de utilização, nes-tes casos é comum encontrar o regulador acoplado a válvulas de segurança OPSO (bloqueio por sobre pressão, mais comum) e ainda UPSO (bloqueio por supressão).

Norma Assunto Ano

NBR 15526NBR 15526

Redes de distribuição interna para gases combustíveis

em instalações residenciais e comerciais - Projeto e

execução

2009

NBR 8473NBR 8473 Regulador de baixa pressão para GLP com capacidade

ate 4 kg/H 2001

NBR 8613NBR 8613 Mangueiras de PVC para instalações domesticas de

GLP 1999

NBR 8614NBR 8614 Válvulas automáticas para recipientes transportáveis

para 2 kg, 5 kg e 13 kg de GLP 1999

NBR 14536NBR 14536 Registros para recipientes transportáveis para 20 kg

de GLP 2000

NBR 13794NBR 13794 Registro para recipientes transportáveis para 45 kg e

90 kg de GLP 1997

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Resumo

A publicação, tipo cartilha, apresenta os

símbolos gráficos correspondentes aos de-sastres que ocorrem no Brasil e no mundo. Os desastres simbolizados referem-se aos constantes da Classificação Geral dos De-sastres e da Codificação de Desastres, A-meaças e Riscos -CODAR (Anexos A e B) da Política Nacional de Defesa Civil. Entre os objetivos dessa publicação, destacam-se:

• a uniformização da Simbologia dos Desastres, Ameaças e Riscos; • o desenvolvimento de bancos de da-dos sobre Desastres, Ameaças e Riscos em • programas informatizados relaciona-dos com cartografia;

• a facilidade no intercâmbio de informações relacionadas com mapas temáticos de riscos.

Característica

1 Volume - 32 páginas Autor: Antônio Luiz Coimbra de Castro 1ª Edição, 2004 Conteúdo A cartilha de Simbologia dos Desastres apresenta os símbolos correspondentes aos seguintes desastres:

• Desastres Naturais • De origem sideral • Relacionados com a geodinâmica terrestre interna

• Relacionados com os desequilíbrios da biocenose • Desastres Humanos (Antropogênicos) • De natureza tecnológica • De natureza social • De natureza biológica • Desastres Mistos • Relacionados com a geodinâmica terrestre externa • Relacionados com a geodinâmica terrestre interna

Para baixar gratuitamente o Manual clique na imagem do Manual:

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