revista balô - edição 02

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Revista de divulgação artistica-cultural do Vale do Itajaí/SC

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Em sua primeira Publicação, a Balô já atingiu a marca de

mais de duas mil visualizações. Estamos felizes com o feito e com o primeiro resultado. Obri-gado!

Sabemos dos desafios de se manter como grupo artístico e como artista em uma cidade que possui muitas caracterís-ticas conservadoras e tradicio-nais. Artistas gostam de quebrar paradigmas, mexendo muitas vezes com o comportamento so-cial, buscando o novo e fazendo arte, onde acabam não sendo compreendidos, ou passam a serem vistos com outros olhos pelos “conservadores”. Tentando ser um pouco mais claro e ob-jetivo, refiro-me a seguinte si-tuação; quando alguém diz que não gostou de tal obra artística independente se for um quadro, uma música, um filme ou peça de teatro, será que ele não gos-tou realmente, ou a obra lhe in-comodou enquanto ser social? Pois a arte em seu papel de en-tregar/mostrar os erros e maze-las do homem muitas vezes não agrada.

Como comunicador e agente cultural percebo que a ativida-

de “arte” e a profissão “artista” estão ganhando espaço a cada dia. Percebo nos últimos tempos um crescimento significativo no aumento de pessoas frequen-tadoras de teatro, exposições - belíssimas por sinal - e por aí vai. Percebo, também, que os grupos artísticos da cidade es-tão se fortalecendo, criando mo-vimentos próprios em busca da quebra da barreira imposta pela tradição e pelo conservadorismo regional. Entendo que toda essa tradição que existe na cidade é considerada parte da cultura.

Existem muitas riquezas es-palhadas ao nosso redor que, às vezes, são insultadas sem saber ao certo sua origem ou do que se trata. Como no seguinte caso: certa vez o Grupo Capivara (gru-po de cultura rítmica) estava re-alizando um ensaio próximo de onde moro, o som ecoava pelos arranha-céus de pedra, fazen-do a música eclodir de norte a sul. De boa! Eu estava aos pulos dentro do apartamento e mara-vilhado com o som, quando de

repente o vizinho vai à janela e berra: VOU LIGAR PRA POLÍCIA, SEUS BARDENEIROS! – Logo pensei: atrapalhou o futebol! E claro, o som, o ritmo seguiu ca-minho.

Com tudo isso a arte vai ga-nhando seu espaço e se forta-lecendo, fazendo com que gru-pos artísticos, de todo o Brasil e até de outros países, venham contribuir à nossa região, dialo-gando, trocando conhecimento, culturas e informação. Propor-cionando a pluralidade artística. E isso conta também os artistas que saem daqui, em busca de aventuras pelo mundo, e voltam com uma bagagem mais do que carregada. Precisamos trocar essas informações e esses sa-beres. Afinal nada é ninguém e tudo é todos.

Boa Leitura! Ítalo Mongconãnn

Editorial

Expediente

REDAÇÃ[email protected]

Ítalo MongconãnnComunicação e [email protected]

[email protected]

CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR

[email protected]

Léo KufnerArte e Web Designer

[email protected]

William Anderson WesterkampArte e Editoração

[email protected]

Manoella BackProdutora Cultural

[email protected]

Marina MelzJornalista Responsável

[email protected]

SUMÁRIO

FITUB e a quinta arte em Blumenau

Fica a dica!

Independente das minhas contradições

O que é Maracatu?

p. 14

p. 09

p. 08

p. 10

Desta vez, dica musical

Opinião. Sobre o cinema francês.

Maracatu. Em Blumenau e no mundo

Um propósito no teatro em Blumenau

6 www.revistabalo.com.br

Projetos fotográficos como estímulo criativo

Cirkus Cirkos:a inspiração do contemporâneo

Ações culturais coletivas em Blumenau

Colaboradores

Azar de quem não lê

p. 26

P. 17

P. 32

P. 38

P. 24

Primeiro projeto fotográfico realizado por Sabrina Marthendal

Circo russo chega ao Teatro Carlos Gomes

A leitura. Entre o virtual e o real

Ações coletivas e culturais como Vamo siuni...

Os colaboradores desta edição

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Eu, particularmente, não considero a França um país interessante (falo isso num âmbito geral),

a não ser, é claro, pelos seus pontos turísticos, que são magníficos por sinal, como por exemplo, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Museu do Louvre (parada obrigatória para qualquer historiador).

Contudo, existe algo na França que perpassa as fronteiras de meu juízo de valor, o seu cinema! O cinema francês, em minha opinião, é o mais criativo. Os resultados comprovam tal afirmação, em termos de público, do número de filmes pro-duzidos, etc.

Recentemente ocorreu na cidade de Blumenau o Festival Varilux de Cinema Francês onde foram exibidos 14 filmes dos mais variados estilos. A pro-gramação se deu entre os dias 10 a 16 de maio, no Arcoplex Cinema, localizado no Shopping Park Europeu. Recebi o convite para a noite de aber-tura do Festival, onde teve a pré-estreia do filme Pedalando com Molière (Alceste à bicyclette).

O filme, conta a história de um respeitado ator, Serge Tanneur (FabriceLuchini), que decide se aposentar e viver isolado na pequena Ilha de Ré. Sua paz é interrompida quando Gauthier Valence (Lambert Wilson), um ator de televisão popular,

o convida para interpretar o papel principal de O Misantropo, de Molière. Num primeiro momento, ele recusa tal convite. Em seguida, propõe um desafio: de que ambos devem ensaiar a primei-ra cena da peça juntos, nos papéis de Philinte e Alceste, durante o período de cinco dias, ao tér-mino do prazo, ele dará sua resposta.

Ao desenrolar das cenas, é possível notar os jogos de interesses entre os dois homens.

Ao sair da sala, perguntei à minha amiga o que achou do filme, ela gostou, mas ainda sim preferia O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d'Amélie Poulain). É normal que algumas pessoas gostem e outras não. Exis-tem também aquelas que criam expectativas diferenciadas para o grand finale (acredito que tenha sido o caso dela), enfim.

Independente do que foi dito, sempre respon-do aquilo que eu mesma pergunto, posso estar certa, posso não estar. Não sei nem o porquê disso tudo, afinal estou sempre me contradizen-do. O fato é que todo filme possui uma tese, ele sempre tem algo a nos ensinar. E não vejo me-lhores preceitos do que o das produções france-sas. Pois só elas, conseguem explicitar bem as tramas da vida real, os interesses existentes, os valores humanos, etc.

Independente das minhas contradições

Por Ana Letícia Contador

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Mumford & Sons é uma banda inglesa de folk rock. Gosto das músicas por que as letras tem uma essência, falam do amor, da vida, de um jeito único. As canções são lindíssimas e o instrumental é de tirar o fôlego para quem gosta de um som mais acústico: com banjo, violão, baixo de corda, acordeão, bandolim. O astral que passa é de paz, alegria e me deixaanimada. É uma banda realmente incrível.

Para saber mais, acesse: mumfordandsonsbrasil.com

Fica a dica!

por Alethea Pistori Rossi

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Segundo o nosso amigo Aurélio, o Maracatu é um cortejo carnavalesco que baila aos sons de instrumentos de percussão. Porém, na verdade, percebe-se de longe que esta informação genérica não explica o Maracatu. Ritmo de origem afro e típica nos estados de Pernambuco e Recife, onde atualmente é mais forte, traz consigo aspectos culturais e religiosos. Por isso, se divide em duas vertentes: Maracatu Nação (baque virado) e Mara-catu Rural (de baque solto).

Este último tem aproximadamente um século e meio de tradição e nasceu no estado de Per-nambuco, na chamada Zona da Mata e, poste-riormente, em 1930, migrou para outras cida-des, junto com as pessoas que sofriam por conta das secas que assolavam a região. Nele, assim como no Maracatu Nação, os homens e mulheres vestem roupas mais chamativas, porém, com a miscigenação das culturas - natural, entre o cen-tro e sertão - eles absorvem o personagem do bumba-meu-boi.

Já o Maracatu Nação, ou de baque virado, possui um lado religioso bastante forte e mui-to ligado à origem do Maracatu. Com quase 300 anos de existência, ele surgiu para consagrar as rainhas e reis do Congo. Os rituais que coroa-vam os líderes das nações africanas aconteciam durante os festejos em homenagem a Nossa Se-nhora do Rosário. Após a cerimônia, um cortejo se travestia com as melhores roupas e percorria as ruas da cidade.

“A minha nação é nagô,A vocês eu vou apresentar,

Sou da nação Porto RicoFaço no apito os tambores falar.”

(Nagô é Minha Nação/Maracatu Nação Porto Rico)

Por Manoella Back

O que é Maracatu?

Foto: Grupo Capivara de Cultura Rítmica10 www.revistabalo.com.br

Foto: Grupo C

apivara de Cultura R

ítmica

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O Maracatu chegou ao Brasil com os es-cravos vindos da África nos séculos XVII e XVIII. Porém, nas terras tupiniquins ganhou um espírito de força e resistência cultural. Há quem diga que o maracatu era uma for-ma dos escravos louvarem suas divindades e elegerem seus “mestres”. Com a abolição da escravatura, o Maracatu passa a integrar os festejos carnavalescos do Nordeste.

“Salve o rei,

Salve a rainha

No Morro da Conceição

Eles descem o morro vibrando

Para sambar Maracatu”

(Clementina no Morro da Conceição/

Maracatu Estrela Brilhante)

No Brasil?

O Maracatu continuou na história brasileira. Na década de 70, com a instituição da produ-ção de álcool combustível (Proálcool) pelo go-verno militar, muitas famílias sertanejas per-deram suas terras e migraram para a Zona da Mata Pernambucana e beira de canaviais, onde se tornavam boias-frias. A vida desses boias--frias se tornava muito diferente quando che-gava fevereiro. Neste mês de Carnaval, saíam no cortejo de Maracatu feito pela população mestiça. Descendentes de portugueses, índios, escravos e holandeses criaram um “maracatu bem brasileiro” ao associar os Reis do Congo aos trabalhadores da cana e dar-lhes um sen-tido de vivência muito maior do que era dado pelo trabalho nos engenhos.

Para quem curte a riqueza da cultura afro--brasileira, vale a pena dar uma “ouvidinha” nas nações de maracatu espalhadas pelo país. São exemplos a Nação Porto Rico, Nação Estre-la Brilhante, Nação Leão Coroado e até mesmo a Nação Zumbi, do Chico Science, que ajudou a difundir este ritmo na década de 1990.

“Oh, eu sei!Minha origem é Nagô

É Nagô, é nagô, é nagô, á nagô, é! (...)Viva treze de Maio,

“negro livre no Brasil”!.Mas ao bem da verdade,

Foi um “primeiro de abril”.

(Maracatu Bloco de Pedra/Treze de Maio)

Foto: Mariella Curtipassi

Foto: Grupo Capivara de Cultura Rítmica

Foto: Grupo Capivara de Cultura Rítmica

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Desde 2007 nossa cidade desenvolve estudos acerca dos ritmos da percussão pernambucana por meio do Grupo Capivara de Cultura Rítmica. O grupo Capivara mantém atividades de viés cultural e so-cial, pois costuma se apresentar em eventos benefi-centes e organizar oficinas gratuitas para quem tem interesse em conhecer um pouco sobre os ritmos nordestinos, com foco no Maracatu. São trabalhados nas oficinas com os princípios básicos dos instru-mentos, passos de danças (loas) e até dicas para confeccionar os instrumentos.

O grupo Capivara conta com a participa-ção de músicos, professores, pesquisadores e profissionais das mais diversas áreas. Porém, todos trabalham no intuito de levar a arte do Maracatu para os vários cantos de Blumenau e, quando possível, para lugares mais distantes.

Atualmente, o grupo realiza seus ensaios na Sociedade Beneficente dos Subtenentes no bairro Garcia. É importante lembrar que os en-saios do Capivara são gratuitos e abertos ao público.

E em Blumenau, gente bonita?

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SOBRE O TEATRO EM BLUMENAU E O FIRME PROPÓSITO

DE UMA GENTE QUE NÃO SE

ENTREGA, NÃO.

parte 1

Sim, nossa terrinha também é um pouquinho de Brasil e as valentes, ou melhor, obstinadas pes-soas que fazem teatro aqui sabem - ou já deve-riam saber - das dores e delícias de estar inserido nesse contexto socioeconômico e cultural.

Iniciei minha carreira no teatro em 1986. No ano seguinte nasciam o FESTIVAL UNIVERSITÁ-RIO DE TEATRO DE BLUMENAU e os JOTE-TITAC (Jogos de Teatro – Texto, Interpretação e Técni-ca nas Artes Cênicas). Estes eventos foram meus grandes mestres. Assistindo a todas as apresenta-ções e debates, palestras, oficinas, conversas de corredor, apresentando-me e ouvindo as críticas, fui me formando na carreira teatral.

Claro que quando digo isso, não estou negando as pessoas nelas envolvidas. Sobretudo, Alexan-dre Venera dos Santos e José Ronaldo Faleiro. E junto destes tantos outros companheiros incansá-veis, como: Carlos Jardim, Marcos Suchara, Ro-berto Murphy, Tadeu Bittencourt, Teresinha Hei-mann... Enfim, muita gente. Muita gente que fez e que ainda hoje faz o teatro em Blumenau acontecer.

Neste ambiente efer-vescente, era natural que formássemos gru-pos cheios de von-tade de expor nos-sas ideias e ideais, com a prepotência juvenil de querer ser a vanguarda do mundo, nós os filhos rebeldes de uma ditadura mi-litar recém-extin-ta. Integrante e professor do NuTE – Núcleo de Teatro e Escola, atuei em três espetáculos do ousado Grupo da Fusão Liturgia do Teatro & Pára--choques, uma metralhadora

bastante potente a disparar poe-sia e crítica com uma inventivi-dade que só a cabeça privi-legiada de Ale-xandre Venera poderia conceber. Este era o grupo principal do Núcleo, composto por seus atores-pesquisadores e dirigido por Alexandre. Mas a Escola passara a alimentar o elenco e gerar no-vos grupos, como o Arteatroz, dirigido por Giba de Oliveira e o Grupo Meu Grupo, sob minha direção.

O coletivo GRUPO MEU GRUPO continha em seu nome a ideia de ser o grupo de todos que dis-sessem “o meu grupo...” e de que todos os seus integrantes se sentissem tão donos quanto per-tencentes ao coletivo. O Grupo nasceu em 1991, ainda no NuTE (Núcleo de Teatro e Escola), tendo como conclusão de curso a montagem de Pique-nique no Campo, do espanhol Fernando Arrabal, depois montou Senhoras e Senhores (de Giba de Oliveira) e Negro Olhar (de Marcelo Fernando de Souza). A primeira participou do Festival Univer-

sitário de Teatro de Blumenau, recebeu prêmio de Direção Revelação no Festival Cata-

rinense de Teatro e de 3º. Melhor Espetáculo no Festival Nacio-

nal de Teatro de S. José dos Campos (SP). Senhoras

e Senhores venceu os JOTE-TITAC, o Festi-val Catarinense de Teatro, represen-tou SC no Festival de Teatro do Cone Sul, em Campo Grande (MS) e ganhou três prê-mios e várias in-dicações no Fes-tival Nacional de Teatro em São Ma-

teus (ES). E Negro Olhar, também ven-

cedor do Festival Ca-tarinense de Teatro fora

o espetáculo convidado a representar o Brasil no Festi-

“Isto aqui ôô... é um pouquinho de Brasil, Iaiá.”

(Ary Barroso em “Isto aqui, o que é?”)

por Pepe Sedrez

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se deu, não se pode negar. Fato é que deste grupo ain-da estão em atividade: Pe-dro Dias (fazendo teatro de bonecos na Bahia), Giba de Oliveira (light designer no Rio de Janeiro), Marcelo Fernan-do de Souza (diretor e ator na Cia Experimentus, em Itajaí), Sílvio José da Luz, Álvaro Al-ves de Andrade e Roberto Mo-rauer, diretores e atores em Blumenau.

Então, Roberto Morauer, Léo (Mariléia) Almeida e eu fundamos, em 1995, a Cia Carona de Teatro, com o pro-pósito inicial de apresentar muitas vezes, de experimen-tar o aprofundamento de cada personagem a partir das rea-presentações e de levar nos-so teatro a lugares que pouca ou nenhuma arte recebiam. E criamos o espetáculo Lendo e Aprendendo que, entre 1995 e 1999, levou à aproximada-mente 50 mil crianças de 30 municípios de SC e RS a ideia de que a leitura liberta.

Este ano a Cia Carona com-pletará 18 anos de plena ati-vidade teatral, tem em seu repertório seis espetáculos, administra sua Escola de Te-atro com mais de 120 alunos, distribuídos em 13 turmas e está sediada no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau.

val Internacional de Teatro em San Jose, na Costa Rica. Mas não chegou a ir. O Grupo Meu Grupo, em 1994, sucumbiu.

Era uma bela experiência--sonho de um grupo de jovens artistas que se dissipara no ar mais rapidamente do que a fumaça do charuto de Ber-tolt Brecht. Um dos principais motivos, além da dificuldade financeira, fora a dificuldade de apresentar mais vezes um mesmo espetáculo. Explico: a montagem de um espetáculo teatral, toda sua concepção, processo criativo, pesquisas, ensaios, enfim, exige um bom tempo. No caso do Grupo Meu Grupo, levava aproximada-mente um ano de preparo. Somam-se aí muitas e muitas horas de trabalho em casa, noites sem dormir e todo o in-vestimento pessoal... E tudo isso para apresentar três ou quatro vezes. Nessa época, em Blumenau, um espetácu-lo teatral que chegasse a 10 apresentações era um tre-mendo sucesso.

Este breve currículo do Grupo Meu Grupo deve dar ao leitor a impressão de um tra-balho bem sucedido, pleno de êxito e cheio de dificuldades, afinal, os obstáculos fazem parte de toda caminhada, en-fim... E, de certa forma isso

Vindo pela primeira vez ao Brasil, e quebrando as regras das apresentações de estreias serem

em grandes metrópoles, a companhia circense Cirkus Cirkör, estreia no país a turnê Wear It Like a Crown (o vista com uma coroa) na cidade de Blumenau e Pomerode. Sendo que, além dessa, a companhia, conta com uma segunda turnê Undermän (apenas na Europa).

Com estreia em abril de 2010 na Suécia, a turnê Wear It Like a Crown fez, mais de 200 apresentações naquele ano pela Europa. Em 2011 e 2012, a turnê circulou pela Europa e pela América do Norte, e agora em 2013 chega a América Latina com apresentações na Argentina, Uruguai e no Brasil, no nosso Vale.

O grupo sueco traz como proposta de apresentação e trabalho, “o corpo”. Desempenho este, em que os “artistas se apresentam em um palco giratório, movendo-se através de um mundo de ilusões, teatro de sombras, arremesso de facas, acrobacias, malabarismo e dramatização. Seis atores, logo interpretando seis personagens estranhos, criam um jogo de cena, sentindo-se

a inspiração do contemporâneo

Por Ítalo Mongconãnn

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como se fossem os mais solitários da terra, assim, lutam contra seus próprios dilemas”. Pois cada personagem cria uma maneira diferente de ser atingido e atingir o outro.

O espetáculo com direção de Tilde Björfors explora o caos e a ordem, “apontando as transformações de risco em oportunidades”. Também coloca em questão a vida com relação ao mundo do circo, buscando compreender “a ordem caótica do hemisfério cerebral direito”.

O grupo vem à região do Alto Vale do Itajaí, para três apresentações, duas em Blumenau e uma em Pomerode. Na cidade de Blumenau as apresentações ocorrem nos dias 13 e 14 de junho, no Teatro Carlos Gomes, às 20h30min. E em Pomerode, a apresentação ocorre no dia 16 de junho às 19h no Teatro Municipal de Pomerode.

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texto baseado na sinopse do espetáculo e informações adquiridas no site www.cirkor.se

Em Blumenau os ingressos poderão ser adquiridos na bilheteria do Teatro Carlos Gomes e no DCE da FURB, e em Pomerode na Farmalan. O valor da entrada custa R$ 100,00 reais e R$ 50,00 reais (meia-entrada).

A Balô Comunicação & Entretenimento deseja ao grupo Cirkus Cirkör muito sucesso - merda! - na sua vinda ao Brasil. E agradece a Atuar Produções e a Triz Brasil Entretenimento por proporcionar esse espetáculo à região.

Então! Corra e garanta os ingressos para essa tragicómica e absurda apresentação. Eu já tenho o meu!

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Direção:Música e letra:

Cenografia:Figurinos:

Maquiagem:Lighting design:

Técnico de iluminação:Design de som:

Palco & técnico de som:Cinema e projeções:

Dramaturgo:Coreografia:

Coreografia de Circo:Processamento de texto:

Prop design:Assistente de direção:

Palco & técnico de som:Montagem:

Adereços / Técnico:Assistentes de produção:

Produção técnica:Planejamento:

Produtor artístico e Executivo:Estágio técnico / motorista:

Guia de viagens:Produtora:

Tilde BjörforsRebekka Karijordequipe criativa e conjuntoAnna BonnevierHelena AnderssonUlf EnglundLenah BergstedtViktor SvälasOskar CressoJohan BaathCamilla DamkjaerCilla RoosMolly SaudekKajsa BolinTomas HelsingHanna ReiniusPatrik PetersonJoel JedströmPatric MartinssonSara Brobert / Rebecka Vestergren-AhlinStefan KarlströmFanny Senocq-GinsburgLars WassrinAnders SvensHammarström CamillaAnna Ljungqvist

Henrik Agger - Louise Bjurholm - David Eriksson - Jesper Nikolajeff Fouzia "Fofo" - Rakez, Manda Rydman

Elenco

Produção

O convite para escrever para este pe-riódico veio com uma tentadora su-

gestão de tema: o papel versus o digital. Tema que aparece a cada discussão so-bre a formação de leitores e que parece tentar responder a pergunta: os forma-tos físicos estão perdendo espaço para as versões virtuais¿ Isto é, os livros es-tão perdendo leitores?

Bom, a primeira coisa a pontuar é que para um escritor que afirma que não há leitores seria mais prudente deixar de ser escritor e assumir posturas mais in-centivadoras da leitura. Minha aposta é que há leitores sim, a cada dia mais, leitores de textos impressos no quase ancião papel, inclusive. Indício disso é o fato de que nunca antes tivemos tantas livrarias e, portanto, nunca se comprou tantos livros. Mas claro, há ponderações a serem feitas.

A primeira e mais simples delas é que o aumento na venda de livros apenas sugere que a população tem lido mais. De forma alguma se pode insinuar que se tem lido melhor. Até porque o concei-to de melhor literatura é uma daquelas coisas que podem ser relativizadas sem fim. O fato é que o livro também passou a ser objeto de desejo por insinuar uma identificação com um determinado gru-po: o intelectual. Falácia, mas, adiante.

É óbvio também que a literatura con-

temporânea escorregou do tipógra-fo e adotou novos suportes. A rua, por exemplo. Na década de 60, Mario Lago estreia sua carreira literária publicando “O povo escreve a história nas paredes”. Já na década de 80, Paulo Leminski vai fazer partir do Paraná uma força que devolve os muros para a poesia. Desde então – aliás, desde que o primeiro ca-sal escreveu seus nomes no tronco de uma árvore – a poesia, e assim a litera-tura, assumem que lugar de literatura é todo aquele onde é possível ler. Durante a Revolução da Informação não pode-ria ser diferente. A fastlife contemporâ-nea sustenta a ilusão de que tudo está a dois cliques daqui. Com os livros não seria diferente. Sobre esse aspecto, há que se ressaltar, contudo, que diferentes suportes exigem diferentes linguagens. Sinceramente, eu jamais leria Marx num iPad. Por coerência e por que deve ser absurdamente chato.

É a partir dos dois pontos de vistas anteriores que ouso sugerir que parece mais sensato pensar na expressão papel versus digital substituindo o versus, de oposição, pelos versos, na polissemia do termo. Já é possível pensar essas duas plataformas em associação, inclusive, com as várias outras. Por exemplo: al-guns poemas são infinitamente melho-res quando narrados nas músicas de Ma-ria Bethânia, na minha opinião. Prefiro ouvir Ferreira Gullar lendo Poema Sujo num vídeo no Youtube a ler fisicamente.

Azar de quem não lê!

Por Max Jaques

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Nelson Rodrigues fica bom é perfeito no li-vro e no palco. E por aí daria para seguir uma infinidade de exemplos.

O Vale do Itajaí carrega a agridoce fama de ser “uma região bastante europeia”, negligenciando o papel fundamental das etnias não-europeias na constituição da nossa cultura e, muitas vezes, fazendo um forte movimento de preservação de tra-dições que convêm. As distintas histórias de diferentes nações tem mostrado que o aumento do nível cultural está diretamen-te relacionado à capacidade de “empode-ramento” de cada cidadão sobre sua vida. Esse “empoderamento” é fortemente in-fluenciado pela capacidade de representar o mundo em letras e, principalmente, pela

capacidade de contar histórias, in-clusive a própria. Livros são, nada mais, que histórias escritas e, as-sim, a literatura é feita de histórias contadas com cuidado estético com a linguagem usada.

Parece claro que os produtos da leitura são mais importantes que o suporte que se utiliza e, mais que isso, que o próprio hábito de ler. Então, no contexto neoliberal con-temporâneo em que vivemos, arris-co o último chiste a favor de quem chegou neste ponto do texto: agora que alcançamos este momento de rica produção literária multimeios: azar de quem não lê!

Projetos fotográficos como estímulo criativo

Por Sabrina Marthendal

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Na última edição falei um pouco sobre uma viagem que fiz no início do ano, mais especificamente sobre um ponto específico do roteiro: um vilarejo na África do Sul. Durante os três meses na estrada eu foto-grafei de forma descompromissada. Nunca pensei na viagem como uma forma de projeto fotográfico, com metas a serem alcançadas (embora admire muito al-

guns fotógrafos que fazem isso). Foi uma escolha tomada a partir de um momento específico. Ge-ralmente em fotografia de rua é difícil encontrar harmonia entre imagens produzidas, justamente pelo fato de que a rua é um ambiente democráti-co, um espaço de todos onde as vozes que gritam não são somente a do fotógrafo e fotografado.

Existem infinitas possibilidades de luzes e cores, infinitas vozes. Tudo muda o tempo todo. Como pla-nejar a iluminação desta forma, por exemplo? É claro que é possível, mas boa parte do trabalho inevita-velmente fica por conta da mãe natureza. Bem, uma

coisa é fato: fotógrafos experientes ou não, esta-mos todos na eterna busca de nossa identidade visual. Criação, e execução de projetos fotográfi-cos, pode ser uma maneira maravilhosa de trilhar esta busca.

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Projetos fotográficos são onde artistas do mundo inteiro podem imprimir suas ideias de forma mais planejada e concreta. O tema escolhido, a luz, as tonalidades e formas... Tudo isso pode ser estudado previamente. Nesta pesquisa tanto teórica quanto prática, passamos por experiências que nos fazem aprimorar o trabalho. Alguns projetos (de ideias

nem tão interessantes assim) morrem antes mesmo de chegarem ao fim. Outros, em con-traponto, são mantidos durante toda a vida do fotógrafo. Não existe fórmula. O artista faz as suas regras. A liberdade é seu ponto de parti-da. E, cá entre nós, existe muita coisa sendo dita através da fotografia. Vale a pesquisa.

As fotos que seguem fazem parte do meu pri-meiro projeto fotográfico, em 2011. Foi a primeira vez que tirei retratos a partir de um tema especí-fico: Amuletos. Serviu de experiência. Executei as fotos em uma semana, contando com a participa-

ção de meus amigos queridos. Como eu queria luz natural (o que pode

ser instável) usei a pouca profundidade de campo e o jogo de tons para ajudar na har-monia entre as fotos.

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Por Márcio José Cubiak

O município de Blumenau tem um histórico muito interessante de associativismo civil que refletiu na Cultura Política local. O NEPEMOS – Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Mo-vimentos Sociais – da FURB possui pesquisas e publicações que comprovam este interesse associativo . Já nas manifestações culturais de Blumenau, destaque maior para a Oktoberfest, exagero de gente! Mas, na Cultura, nem só de desfiles (apenas entre setembro e outubro são oito desfiles) ou de Stammtisch vivem os blumenauenses. No campo das artes e cultura

podemos citar, apenas entre 2007 e 2012, as ações coletivas: Um Escambau; Coletivo Nosso Inverno/ Devolvam Nossos Braços; VamuSiuní; e o Colmeia, em preparação para edição de 2013. Cabe, então, registrar as boas memórias desses momentos.

Iniciando pelo mais recente, 18 e 19 de agosto de 2012, o movimento “Colmeia” reuniu pessoas oriundas de diversas lin-guagens artísticas como teatro, música, artes visuais, literatura, cinema, hip hop, performance, numa ação coletiva com du-ração de 24 horas, aberta e gratuita a toda

Ações Culturais Coletivas em Blumenau

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comunidade. De acordo com a descrição do projeto, “Coletivo Laboral Multicultural de Experimentações e Intervenções Ar-tísticas – COLMEIA é um projeto visando a interação e confluência, público e artis-ta, construído de forma plural, dialética e coletiva nos espaços do Teatro Carlos Go-mes. A proposta para o cronograma con-siderou que uma das premissas da arte contemporânea é o vivo contato dialoga-do entre público, obra e artista”. A ação mobilizou mais de 450 artistas e agentes culturais, com o objetivo de apresentar a produção artística e intelectual de Blume-nau e região, numa ocupação de todos os espaços do Teatro Carlos Gomes. E pro-mete ser maior ainda em 2013.

E quem não se lembra das tardes co-letivas de domingo na Prainha? Hoje, a Prainha está fechada, preparando-se para ser privada e asséptica, para que o turista consuma. Mas ela reuniu incrí-veis momentos de ócio criativo! Ocorre-ram diversas edições, entre 2011 e 2012, sempre muito prestigiadas pela comuni-dade local e regional de todas as idades e segmentos artísticos. Era um projeto sem grandes hierarquias, cuja organização e mobilização foram potencializadas pela utilização de Redes Sociais, como o Face-book. Participavam do projeto atividades e pessoas ligadas à música, teatro, artes visuais, dança, vídeo, contando também com oficinas.

Em 01 e 02 de agosto de 2010 ocor-reu a ação do Coletivo “Nosso Inverno/Devolvam Nossos Braços”, reunindo, também, artistas mobilizados durante 24 horas seguidas em atividades abertas e gratuitas a comunidade. Foi organiza-do como uma resposta da sociedade ao descaso municipal com a área cultural e com o cancelamento do FITUB - Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau - que teve edição cancelada na época. Para resumir, apresenta-se trecho da matéria no Jornal de Santa Catarina: “No palco do grande auditório, 12 grupos

de teatro mostraram cenas que lembraram a falta do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (FITUB) este ano e questionaram as políticas públicas de cultura. (...) O protesto ocorreu durante as 24 horas. Na maioria dos espetáculos, ar-tistas lembravam dos motivos da realização do evento. Além disso, era possível encon-trar pelos corredores, auditórios e salões do teatro integrantes simulando a falta dos braços. Também circulou um abaixo-assi-nado, em prol de melhores políticas públi-cas” . O Nosso Inverno mobilizou mais de 200 artistas e produtores. Dele, gerou-se o “Devolvam Nossos Braços” que teve alguns desdobramentos, aparecendo no Grito dos Excluídos e na 4ª Conferência Municipal de Cultura de Blumenau, em 2009 e; em 2010, durante algumas manifestações e protestos contra a FCB e o governo municipal.

Outra ação coletiva foi o “Um Escam-bau”, cuja intenção era promover a troca de informações, arte e afeto, em estilo in-formal de festa, com música, apresenta-ções e intervenções artísticas, tendo quatro edições (2007 – 2010). Vale sublinhar que o “Um Escambau” teve dois tipos de ação: as festas presenciais, entre 2007 e 2010; e o ativismo virtual, através do blogue, a partir de 2008. Nas festas, uma infinida-de de perfis, com a participação de artis-tas de Teatro, Música, Visuais, Fotografia, Moda, Produtores Culturais, historiadores, cientistas sociais, estudantes universitários e públicos em geral. As festas ocorreram até a 4ª edição e previam apresentações musicais, exposições de artes visuais, li-teratura, moda e estilismo, brechó e artes cênicas. Já o Blogue foi muito ativo entre os anos de 2008 e 2011, com grande fluxo diário de visitantes, número de postagens e assuntos abordados, publicando de 850 postagens. As tags mais populares eram "políticas culturais", "agenda", "artes visu-ais", "música" e "literatura". Representou um importante registro escrito agregando, também, imagens, charges, vídeos e divul-gação de eventos locais, regionais e esta-duais. A escrita era coletiva, com diversos autores participando, contribuindo a partir de seu olhar da área.

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Mas não foram só estes: se hou-vesse mais espaço, daria para co-mentar sobre o “Clio no Cio” ocorrido entre os anos de 2009 e 2010, com foco na reflexão, discussão e pesquisa sobre o corpo (2009/2010), amizade e transgressão (2010). O objetivo do Grupo era incentivar a realização de pesquisas, inclusive com novas pu-blicações de artigos ou obras sobre o tema. Ou os Bazares, que represen-taram um movimento bastante pro-fícuo, relacionado à moda, música e artes visuais em Blumenau, durante algum tempo. Um dos principais foi promovido pelo “Estilo Arte Ateliê”, com diversas edições entre os anos de ate 2011. Reunia moda, artes vi-suais, fotografia, música, vídeo, lan-çamentos de livros e inúmeras outras atividades, sempre reunindo muita gente ao longo do dia. Ou o “Sarau-Facamolada” projeto multicultural que vem promovendo o encontro de variadas manifestações artísticas em um único ambiente, informal, aberto, livre e gratuito, desde 2009.

São sinais do interesse coletivo em Blumenau, materializando-se na Arte e na Cultura. Foram e são va-lorosos territórios de encontro, troca, contestação e afirmação das pesso-as, estejam elas envolvidas direta ou indiretamente. Trazem movimento e pluralidade num município que insiste no estereótipo neoxaimel.

“Boatus Duma Beata”Por Beli Lessa - Em Setembro

Ana Letícia ContadorAlethea Pistori Rossi

Beli Lessa

Manoella Back

Nane Pereira

Max Jaques

Marcio José Cubiak

Ítalo Mongconãnn

Pepe Sedrez

Sabrina Mathendal

Colaboradores

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