revista automotive business - edição 35

68
OUTUBRO 2015 • ANO 7 • NÚMERO 35 Automotive Automotive OUTUBRO DE 2015 ANO 7 • NÚMERO 35 •TECNOLOGIA ENCARA A CRISE NO CONGRESSO SAE •COM A OROCH, RENAULT VAI À BRIGA DAS PICAPES •MARKETING AUTOMOTIVO DEFINE NOVA ESTRATÉGIA JOERG HOFMANN, presidente da Audi Brasil, no escritório-modelo da empresa em São Paulo MODELOS DE GESTÃO DAS MONTADORAS TRAZEM MAIS LIBERDADE AOS FUNCIONÁRIOS E INCENTIVAM A CRIAÇÃO COLABORATIVA A NOVA FACE DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Upload: automotive-business

Post on 24-Jul-2016

232 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Revista Automotive Business - edição 35

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Automotive Business - edição 35

OU

TUBRO

2015 • AN

O 7 • N

ÚM

ERO 35

AutomotiveAutomotiveOUTUBRO DE 2015 ANO 7 • NÚMERO 35

• TECNOLOGIA ENCARA A CRISE NO CONGRESSO SAE

• COM A OROCH, RENAULT VAI À BRIGA DAS PICAPES

• MARKETING AUTOMOTIVO DEFINE NOVA ESTRATÉGIA

JOERG HOFMANN, presidente da Audi Brasil, no escritório-modelo da empresa em São Paulo

MODELOS DE GESTÃO DAS MONTADORAS TRAZEM MAIS LIBERDADE AOS FUNCIONÁRIOS E INCENTIVAM A CRIAÇÃO COLABORATIVA

A NOVA FACEDA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

AB35_CAPA_v3.indd 1 26/10/2015 21:58:35

Page 2: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 2 26/10/2015 22:15:04

Page 3: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 3 26/10/2015 22:15:34

Page 4: Revista Automotive Business - edição 35

4 • AutomotiveBUSINESS

ÍNDICEÍNDICE

LUIS

PRA

DO

8 FERNANDO CALMON ALTA RODA Erros e acertos

10 NO PORTAL

12 CARREIRA

16 NEGÓCIOS

28 DEBATE MUDANÇAS NO MARKETING Lições dos profissionais do setor

32 FÓRUM QUALIDADE AUTOMOTIVA Os novos desafios

44 CAPA | GESTÃO

A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MOSTRA A NOVA CARAEmpreendimentos recentes como Audi e Jeep adotam filosofia atual na administração de suas operações e trazem mudanças na forma de encarar o trabalho

TOYOTA apresentou um dos cases de sucesso do Fórum de Marketing

LUIS

PRA

DO

04-05_INDICE.indd 4 27/10/2015 14:01:59

Page 5: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 5

36 WORKSHOP AVANÇOS NA LEGISLAÇÃO Análise do PPE, Bloco K e P&D

CORREÇÃO – A fotografia creditada à Gestamp na página 68 da edição nº 34 de Automotive Business na verdade foi cedida pela Tower Automotive

58 CADERNO DE SERVIÇOS TERCEIRIZAÇÃO 60 Consultoria 61 Engenharia e projeto 62 Testes e simulações 63 Logística 64 Tecnologia da informação 66 Automação

40 CONGRESSO TECNOLOGIA CONTRA A CRISE O balanço da SAE Brasil

50 LANÇAMENTO PICAPE RENAULT NA BRIGA A nova proposta da Oroch

52 FENATRAN À ESPERA DA RETOMADA Montadoras faltam ao evento

56 FENABRAVE POUCA FESTA NO CONGRESSO As alternativas para sobreviver

POLÍTICAS industriais estiveram em pauta no workshop Legislação Automotiva

PED

RO B

ICU

DO

LUIS

PRA

DO

DIV

ULG

AÇÃO

/ T

EGM

A

04-05_INDICE.indd 5 27/10/2015 14:02:05

Page 6: Revista Automotive Business - edição 35

6 • AutomotiveBUSINESS

EDITORIAL

Filiada ao

REVISTA

Paulo Ricardo [email protected]

www.automotivebusiness.com.br

Editada por Automotive Business, empresa associada à All Right! Comunicação Ltda.

Tiragem de 12.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes

de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias,

empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico.

DiretoresMaria Theresa de Borthole Braga

Paula Braga PradoPaulo Ricardo Braga

Editor ResponsávelPaulo Ricardo Braga

(Jornalista, MTPS 8858)

Editora-AssistenteGiovanna Riato

RedaçãoMário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis

Editor de Notícias do PortalPedro Kutney

Colaboradores desta ediçãoAlexandre Akashi, Edileuza Soares e

Ricardo Panessa

Design gráficoRicardo Alves de Souza e

Josy Angélica(RS Oficina de Arte)

Fotografia

Estúdio Luis Prado

PublicidadeCarina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves

Atendimento ao leitorPatrícia Pedroso

WebTV Marcos Ambroselli

Comunicação e eventos

Carolina Piovacari

ImpressãoMargraf

DistribuiçãoDoor to Door

Administração, redação e publicidadeAv. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema,

04082-001, São Paulo, SP, tel. 11 5095-8888

[email protected]

Há muito tempo a indústria automobilística brasileira não inova na forma de criar e produzir. O alerta é de Letícia Costa, diretora da

Prada Assessoria, para quem a última grande mudança foi a introdução do condomínio industrial da MAN em Resende (RJ), que reúne sob o mesmo teto montadora e fornecedores. Se as transformações demoram a chegar às operações e ao chão de fábrica, nossa matéria de capa mostra que começam a surgir exemplos de modernização na gestão do pessoal, a maioria concentrada no ambiente da administração. É o que ocorre na Audi, cujos escritórios em São Paulo nada ficam a dever às melhores empresas para trabalhar no País.

Reconhecendo que as pessoas ficam mais tempo no local de trabalho do que com a família, o presidente da Audi Brasil, Joerg Hofmann, introduziu um modelo de gestão liberal, no qual a produtividade é mais importante do que o controle do horário. Não há separação entre os diversos setores nem mesmo territórios demarcados.

Como descobriu Giovanna Riato, editora-assistente de Automotive Business e autora do artigo da capa, em visita à montadora, os líderes estão sempre disponíveis na Audi e existe um grau expressivo de autonomia na tomada de decisões, enquanto os programas são desenvolvidos de forma colaborativa. A matéria de capa mostra também os avanços obtidos na gestão de pessoal na fábrica da Jeep, em Goiana (PE), e nos empreendimentos que acabam de ser inaugurados ou estão a caminho, como resultado de investimentos bilionários na indústria automobilística. Com um razoável grau de inovação, essas iniciativas reduzem a desvantagem do setor na infraestrutura e na maneira de trabalhar, aumentando a atratividade da carreira no setor, que vem sendo questionada nos últimos anos.

Esta edição dedica também atenção especial aos eventos realizados recentemente, entre os quais o workshop sobre as mudanças na legislação setorial e os fóruns da qualidade automotiva e das transformações do marketing na era digital. Vale destacar a cobertura dos congressos da SAE Brasil e da Fenabrave, além da prévia da Fenatran, a feira do transporte rodoviário de carga.

Destacamos o lançamento da picape da Renault, a Duster Oroch, e analisamos a evolução na prestação de serviços para a indústria automobilística, em caderno especial.

Boa leitura e até a próxima edição.

INOVAÇÃO NA GESTÃO

Filiada ao

06_EDITORIAL_EXPED_ras.indd 6 27/10/2015 14:05:18

Page 7: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 7 26/10/2015 22:18:58

Page 8: Revista Automotive Business - edição 35

8 • AutomotiveBUSINESS

LUIS

PRA

DO

FERNANDO CALMON é jornalista especializado na

indústria automobilística [email protected]

Leia a coluna Alta Roda também no portal

Automotive Business

PATROCINADORAS

também do aumento de custos a onerar compra-dores em cidades peque-nas e médias. No caso de caminhões, cada interes-sado achou soluções pró-prias. Também merece aplauso a criação do Re-gistro Nacional de Veícu-los em Estoque que dimi-nuiu custos na comerciali-zação de veículos usados.

Uma sugestão ao Con-tran é regulamentar o chamado espelhamen-to dos celulares em telas multimídias. Alguns fa-bricantes de veículos, por falta de clareza na lei, ini-bem a reprodução de ima-gens de aplicativos (Wa-ze, Google Maps e outros) muito úteis no traçado de rotas menos congestiona-das em tempo real. Se se permite fixar um telefo-ne no painel ou para-bri-sa com as mesmas infor-mações, por que não nu-ma tela mais nítida e se-gura de operar no painel dos veículos? Afinal, não se trata de imagens de filmes ou de TV, mas de mapas.

Algumas iniciativas do Congresso Nacional, po-rém, são desastrosas. Uma decisão puramen-te demagógica alterou o CTB e tornou falta gra-víssima a multa por cir-cular em qualquer fai-xa de ônibus. Antes havia uma graduação de mul-

tas – semelhante à velo-cidade em excesso – en-tre corredor (em geral do lado esquerdo e com es-tações de embarque) e faixas à direita. Não tem sentido igualar os dois ti-pos de infração. Faixas precisam ser interrompi-das antes e depois de vias transversais, além do trá-fego de entrada e saída de lojas, garagens e estacio-namentos que deixam a “infração” ao arbítrio de quem multa, fora os ca-sos controversos.

Entre os projetos que tramitam no Legislativo Federal está a de obriga-toriedade do uso de farol baixo em estradas duran-te o dia. Em países de al-ta incidência solar como o Brasil isso não tem senti-do, sem considerar que farol de uso diurno pre-cisa ser específico e dei-xar desligadas lanternas traseiras e dianteiras. Es-pecialistas dos EUA estu-daram o assunto e, ape-sar de 250 milhões de veí-culos que circulam por lá, descartaram essa medida.

O Contran poderia tor-nar obrigatórias as DRLs (luzes de uso diurno, em inglês), já vistas em vários modelos. Gastam pou-ca energia, sinalizam bem melhor e aumentam a se-gurança em estrada e ci-dade. Aceitas sem restri-ções em todos os países.

Enfim, boas notícias chegam de Brasí-lia. Se não nas áreas

política e econômica, pe-lo menos o otimismo vem de algumas regulamenta-ções que afetam 60 mi-lhões de brasileiros habi-litados a dirigir os 40 mi-lhões de veículos (sem in-cluir motos) que formam a frota real circulante, ex-cluídos os sucateados.

Sempre é bom reco-nhecer quando o Conse-lho Nacional de Trânsi-to (Contran) e seu órgão executivo máximo, o De-partamento Nacional de Trânsito (Denatran), acer-tam em decisões, mes-mo quando significa vol-tar atrás em regulamen-tações polêmicas ou em desacordo ao bom sen-so. Verdade que há mui-tas pressões políticas e de fundo econômico de se-tores, no ganha-e-perde com as Resoluções que têm força de lei, segundo o Código de Trânsito Bra-sileiro (CTB).

Depois da decisão que tornou o extintor de in-cêndio facultativo em au-tomóveis e comerciais le-ves, no mês passado, fi-nalmente revogou a exi-gência de que todos os veículos viessem de fá-brica com rastreador e bloqueador contra fur-tos e roubos. Já se sabia dos problemas técnicos e

ALTA RODA

ERROS E ACERTOS

08_09_ALTA RODA_[Fernando Calmon].indd 8 26/10/2015 22:20:36

Page 9: Revista Automotive Business - edição 35

FERNANDO CALMON

UMA NOVA arquitetura (maior por dentro, menor por fora), estilo menos amarrado ao padrão francês e itens sofisticados marcam os novos C4 Picasso e Grand C4 Picasso (7 lugares). Impostos altos e real desvalorizado puxaram os preços: R$ 111.900/117.900 e R$ 120.900/127.900, respectivamente, fora opcionais. Ousadia positiva é diferenciar o desenho das duas versões.

PROVA da virada da Volvo é o XC90. Além de imponente (4,95 m de comprimento), leva até 7 passageiros sem sacrificar demais os da terceira fileira. Motor 2 litros/320 cv usa turbo e compressor, mas sua sonoridade deixa a desejar; no entanto, lida bem com as duas toneladas de peso em ordem de marcha. Tela multimídia táctil vertical de 9 polegadas é um dos pontos altos.

QUEDA nas vendas vem atingindo ritmo de investimentos em fábricas novas ou novos produtos. Fornecedores acenam que o segundo SUV (Projeto 551) da Jeep, em Goiana (PE), está em compasso de espera. Já o subcompacto da Fiat (Projeto X1H), em Betim (MG), confirmado para início de 2016, sairá com motor 4-cilindros. O 3-cilindros (nova geração) só no final do próximo ano.

SUBARU WRX é daqueles carros feitos para quem gosta de explorar todas as virtudes de um sedã esportivo de verdade. Desenho pode não atrair tanto, mas mecanicamente conquista

RODA VIVA

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

UBA

RU

pela tração nas quatro rodas e o novo motor turbo de 2 L, 268 cv e 37,7 kgfm. Um automóvel totalmente previsível. Seu câmbio automático CVT é bom, mas em altos regimes não empolga.

LANÇADO sistema on-line de controle de autopeças, parte importante da Lei do Desmanche, do Estado de São Paulo, para inibir furto e roubo de veículos. Agora se pode consultar por QR Code de celulares e tabletes a procedência a partir de etiquetas afixadas em cada peça com número único de série. Uma garantia de compra com origem legal.

POUCOS sabem que a GM colocou na internet versões digitalizadas de manuais de proprietário de todos os seus modelos produzidos ou comercializados no Brasil de 2008 a 2016. Mão na roda para quem extraviou o livreto. E em outro site (www.reparadorchevrolet.com.br) há manuais completos de reparação com vista explodida para identificação de códigos das peças.

CONFORME esta coluna havia antecipado, Jaguar Land Rover confirmou que o Range Rover Evoque (já atualizado) será o

primeiro produto a sair de sua nova fábrica de Itatiaia (RJ), no início do segundo semestre de 2016. Virá, logo sem seguida, o novo Discovery Sport, de sete lugares. Jaguar XE continua nos planos para ser o terceiro produto do grupo inglês.

PREÇO ficou mais alto – R$ 183.900 – em versão única de sete lugares, mas nova geração do Kia Sorento ganhou bastante no refinamento de linhas. Com oito cm a mais de entre-eixos, os ocupantes têm mais espaço, ajudado pelo assoalho plano atrás. Motor V-6/270 cv e câmbio automático de seis marchas formam um conjunto silencioso e ágil para seus 4,78 m de comprimento.

REAÇÃO da Ford à chegada do HR-V e do Renegade foi rápida ao reconhecer o avanço de preferência de câmbio automático nesse segmento. Agora o EcoSport oferece essa opção, em versão automatizada de dupla embreagem e seis marchas, também com motor de 1,6 L (potência aumentada para 131 cv e torque, para 16,1 kgfm). Preço parte de R$ 68.690.

SUBARU WRX: um esportivo de verdade, com motor de 268 cve torque de 37,7 kgfm

08_09_ALTA RODA_[Fernando Calmon].indd 9 26/10/2015 22:20:38

Page 10: Revista Automotive Business - edição 35

10 • AutomotiveBUSINESS

AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR

EXCLUSIVO REDES SOCIAISQUEM É QUEMA ferramenta exclusiva e gratuita traz os contatos de quem comanda o setor automotivo. automotivebusiness.com.br/quemquem.aspx

ESTATÍSTICASAcompanhe a evolução das estatísticas das principais organizações do setor.automotivebusiness.com.br/estatisticas.aspx

LINKEDIN – Notícias, análises e a programação da ABTV agora são postadas diariamente na plataforma profissional.

TWITTER – Siga o Portal AB na rede social e veja os links e novidades postados pela nossa equipe. @automotiveb

PINTEREST – Acompanhe os painéis com as principais novidades do Portal, Revista e AB webTV.pinterest.com/automotiveb

MOBILE WEBSITE

Formato leve e adequado para quem acompanha as notícias pelo smartphone ou tablet.m.automotivebusiness.com.br

WEB TV

RHODIA EXPORTARÁ 25% DE SUA PRODUÇÃOCom política agressiva para reviver os melhores momentos de seus programas de

exportação, a Rhodia, do Grupo Solvay, vai destinar este ano 25% da sua produção local de plásticos a países como Estados Unidos, México, Colômbia e Argentina. Até recentemente a participação das vendas externas na receita da empresa mal passava dos 10%.

PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS

NOTICIÁRIOENTREVISTAEVENTO

www.automotivebusiness.com.br/abtv

TOYOTA FAZ RECALL GIGANTE POR CAUSA DE AIRBAGSA possibilidade do rompimento inadequado dos airbags levou a

Toyota a comunicar dois recalls distintos. No primeiro ela chama proprietários da Hilux, do SW4 e do Corolla. A segunda campanha foi motivada por falha semelhante, mas no airbag do passageiro. Estão envolvidas unidades do Corolla e da perua Fielder. As convocações abrangem 424,6 mil carros.

ANFIR ESPERA RECUPERAÇÃO APENAS EM 2017A indústria de implementos rodoviários enfrentou retração

de 41,02% no volume de produtos vendidos até setembro de 2015, acompanhando o mergulho do mercado de caminhões. Diante disso, Alcides Braga, presidente da Anfir, acredita que “recuperar a retração atual de mais de 40% é algo que não deverá acontecer antes de 2017”.

ROBERTO CORTES, presidente da MAN Latin America, fala dos lançamentos da companhia

EMPRESAS apostaram em tecnologia para driblar a crise durante o

Congresso SAE Brasil 2015

BALANÇO SEMANAL dos acontecimentos mais importantes do setor automotivo

NO

T

MAN

SAE

10_PORTAL-AB.indd 10 26/10/2015 22:24:44

Page 11: Revista Automotive Business - edição 35

10_PORTAL-AB.indd 11 26/10/2015 22:26:52

Page 12: Revista Automotive Business - edição 35

12 • AutomotiveBUSINESS

CARREIRA

P romover um ambiente de trabalho mais que agradável tem sido uma das missões do presidente

da Volvo Cars no Brasil, Luis Rezende, desde que assumiu o cargo, há quase dois anos. Ações de adequação dos horários de trabalho e alguns mimos são destaque em sua gestão: decretar o fim do expediente ao meio dia das sextas-feiras para todos os 60 funcionários, oferecer frutas e café a todos, além de trocar toda a mobília do escritório em São Paulo para o padrão sueco a fim de melhorar a ergonomia elevou para 97% o nível de aprovação dos funcionários.

“É meta da Volvo Cars ser uma empresa em que as pessoas escolheram trabalhar. Nosso rating de satisfação de gestão é alto e isso é resultado do processo de entender as necessidades de clima e preservar a saúde das pessoas. Me deixa orgulhoso, as pessoas são realmente felizes trabalhando aqui”, enfatiza Rezende. O executivo informa que toda a rede de concessionárias deverá também em breve adotar o padrão sueco de mobília: “O funcionário reconhecerá a empresa onde quer que ele esteja, seja no Brasil, seja da Suécia”, conclui. n

LUIS REZENDE VOLVO CARS AUMENTA ÍNDICE DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO

SUELI REIS

EXECUTIVOS

CHRISTOF WEBER (foto 3) assume a vice-presidência de desenvolvimento de caminhões e agregados (motores, câmbios e eixos) da Mercedes-Benz no Brasil, sucedendo a Walter Sladek, designado para a Alemanha.

ANTENOR FRASSON (foto 4) é o novo diretor de vendas da DAF no Brasil, no lugar de Jorge Medina, transferido para a marca Peterbilt, também do Grupo Paccar, nos Estados Unidos.

A Michelin tem novo presidente para a América do Sul, Central e Caribe: NOUR BOUHASSOUN (foto 5) assume o lugar de Jean-Philippe Ollier, que terá novas responsabilidades na companhia na França.

FABRÍCIO BIONDO (foto 9), diretor de marketing e produto da PSA Peugeot Citroën, passa a acumular a direção de comunicação e relações externas, área

unificada em seu departamento.

DIEGO LUIS VIGNATI (foto 10) assume a direção-geral da Nissan na

Argentina. Ele se reportará a Jose Roman, diretor-geral para América Latina e Caribe.

SÉRGIO ROCHA (foto 11) é o novo diretor superintendente da fábrica

da Continental Pneus em Camaçari (BA). Sucede a David Johnson, que se

aposenta após 35 anos de empresa.

STEFAN KETTER sucede CLEDORVINO BELINI (foto 1) na presidência do Grupo FCA na América Latina, acumulando os cargos de vice-presidente mundial de manufatura e membro do conselho executivo da companhia. Belini assume a presidência de desenvolvimento da FCA na região, cargo até agora inexistente na empresa.

FOTO

S: D

IVU

LGAÇ

ÃO

ANA THERESA BORSARI (foto 2) assume a direção-geral da Peugeot no Brasil. Ineditismo de nacionalidade e gênero: é a primeira mulher e brasileira a ocupar o cargo no País. Vai se reportar a Carlos Gomes, presidente da PSA Peugeot Citroën na América Latina.

THOMAS PÜSCHEL (foto 7) passa a responder pela direção de vendas da

MWM Motores Diesel para o mercado de reposição, acumulando o cargo de diretor

de vendas e de marketing da empresa. MARCO ANTONIO MARQUES (foto 8) é nomeado gerente para o aftermarket.

SANDRA MARIANI (foto 6) é nomeada nova CFO (diretora financeira corporativa) da

Navistar Mercosul, que controla as operações da International Caminhões e MWM Motores Diesel. Ela acumula a direção de RH e TI e em seu novo

cargo também se reportará a José Eduardo Luzzi, presidente e CEO da empresa na região.

11

9

10

87

12_CARREIRA.indd 12 26/10/2015 22:48:26

Page 13: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 13 26/10/2015 22:46:33

Page 14: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 14 27/10/2015 16:24:16

Page 15: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 15 27/10/2015 16:24:17

Page 16: Revista Automotive Business - edição 35

16 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

Acho muito difícil que o mercado interno chegue a 75 mil caminhões em 2015, mas não adianta chorar. É preciso se adaptar para contornar o momento difícil.”

PONTO DE VISTA

INTERESSE MANTIDO

DIV

ULG

AÇÃO

\ R

ENAU

LTG

ROUP

PHILLIPP SCHIEMER, presidente da Mercedes-Benz para o Brasil, ao indicar que as vendas de caminhões devem ficar próximas de 70 mil unidades, com forte retração de 49% sobre 2014.

JAC AINDA QUER CONSTRUIR FÁBRICA BAIANA

O atraso da JAC Motors para construir fábrica em Camaçari (BA) tirou credibilidade do projeto.

Ainda assim, a empresa assegura que o interesse no empreendimento está mantido. “Perdeu-se a pressa, mas o trabalho continua”, diz o diretor de assuntos corporativos, Eduardo Pincigher. A empresa aguarda empréstimo de R$ 120 milhões aprovado há mais de um ano pela Desenbahia, agência de fomento do Estado. O investimento total previsto era de R$ 1 bilhão. Em nota, a JAC informa que “vem trabalhado na reconfiguração de seu projeto fabril para a atual realidade do mercado automotivo brasileiro, o que envolve, naturalmente, novo cronograma de implantação de forma ‘faseada’”. (Mário Curcio)

A presidente Dilma Rousseff assinou acordo de comércio de veículos entre Brasil e Colômbia. A parceria foi

firmada com o presidente do país, Juan Manuel Santos. Com isso, será possível importar e exportar automóveis e comerciais leves sem taxação a partir de 2016, com validade de oito anos. A tarifa de importação entre os dois países será zerada para cota de 12 mil unidades em 2016, que subirá para 25 mil no segundo ano e para 50 mil a partir do terceiro ano em diante.

EXPORTAÇÕES

BRASIL E COLÔMBIA FIRMAM ACORDO AUTOMOTIVO

O Chevrolet Onix venceu pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Maior Valor de Revenda –

Autos, da Agência AutoInforme, que verifica o índice de depreciação do preço dos veículos após um ano de uso com base nos dados da Molicar. No total foram premiados 41 modelos em 14 categorias, além do campeão geral. A pesquisa considerou os modelos mais vendidos e seus preços praticados pelo mercado em agosto, não os de tabela. (Sueli Reis)

POUCA DEPRECIAÇÃO

CHEVROLET ONIX TEM MAIOR VALOR

DE REVENDA

MAIOR VALOR DE REVENDA 2015(10 MELHORES)

MODELO DEPRECIAÇÃO

1º Chevrolet Onix -7,6%

2º Hyundai HB20 -8%

3º Ford Fiesta -8,1%

4º Renault Sandero -8,2%

5º Volkswagen Up! -8,3%

6ºFiat Palio Evo

-8,4%Fiat Punto Evo

7º Toyota Etios -8,5%

8º Volkswagen Fox -8,8%

9ºFiat Palio Fire

-8,9%Ford Ka

10º Volkswagen Gol -9%Fonte: AutoInforme/Molicar

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 16 26/10/2015 23:03:04

Page 17: Revista Automotive Business - edição 35

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 17 26/10/2015 23:03:05

Page 18: Revista Automotive Business - edição 35

18 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

DIV

ULG

AÇÃO

/ F

IAT

TORO

NOVA FÁBRICA

WOODBRIDGE INVESTE R$ 16 MILHÕES NO BRASIL

O Grupo The WoodBridge inaugurou sua sexta fábrica no Brasil. Com investimento de R$ 16,2 milhões, a nova unidade dedicada à produção de espumas para assentos de veículos fica em Capivari (SP). Inicialmente, a

planta vai fabricar 500 mil kits por ano. Está prevista expansão para produzir também partes internas de automóveis, como encostos e descansos de braço.

EXPECTATIVAS

ANFAVEA JOGA A TOALHA E ADMITE QUEDA DE 27%

Diante da falta de reação na demanda por veículos, a Anfavea reduziu as

expectativas para este ano. A entidade dos fabricantes do setor espera que o mercado interno sofra queda de 27,4% na comparação com 2014, para 2,5 milhões de unidades, entre leves e pesados. Se confirmado, o volume fará o mercado interno voltar ao patamar

de 2007. A queda refletirá na produção de veículos. As exportações devem trazer o único número positivo por causa da renegociação de acordos de comércio e do estabelecimento de novas parcerias.

ASSISTA À ENTREVISTA

EXCLUSIVA COM LUIZ MOAN,

PRESIDENTE DA ANFAVEA

PROJEÇÃO 20152015 2014 VARIAÇÃO

PRODUÇÃO 2,41 milhões 3,14 milhões -23,2%VENDAS 2,54 milhões 3,49 milhões -27,4%EXPORTAÇÕES 375 mil 334 mil +12,2%

Fonte: Anfavea

NOVA GAMA

VW VAI ATUALIZAR GOL, VOYAGE E SAVEIRO

Fornecedores da Volkswagen já

têm encomendas de componentes para versões renovadas do Gol, Voyage e Saveiro, segundo informações obtidas por Automotive Business. Os modelos passam por trabalho de reengenharia e reestilização para entrar em produção em janeiro de 2016 e chegar ao mercado nos meses seguintes. Todos continuarão a ser fabricados sobre a plataforma PQ24. Fontes indicam que, na geração seguinte, em 2018 ou 2019, há planos de usar a base modular MQB na família brasileira de compactos. A estrutura é compartilhada por 43 modelos do Grupo VW, como Golf e Jetta. (Pedro Kutney)

A Fiat já produz unidades de teste da picape Toro na fábrica de Goiana (PE). O modelo chegará ao mercado

no início de 2016. A companhia quer iniciar um novo segmento com o veículo, o SUP, de Sport Utility Pick-Up, ou picape utilitária esporte. O modelo terá 4,915 metros de comprimento e deve ser equipada com o motor Multijet de 170 cavalos importado da Itália, presente em versões do Jeep Renegade. Com o lançamento, a Fiat segue os passos da Renault, que também fez sua investida no segmento de picapes médias com a Oroch (leia mais na página 50).

FIAT TORO CHEGA AO MERCADO EM 2016

PICAPE

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 18 26/10/2015 23:03:08

Page 19: Revista Automotive Business - edição 35

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 19 26/10/2015 23:03:09

Page 20: Revista Automotive Business - edição 35

20 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

FÁBRICA EM ITATIAIA

MINIVAN

RANGE ROVER EVOQUE SERÁ FEITO NO BRASIL

MERCEDES-BENZ VITO CHEGA ÀS CONCESSIONÁRIAS

A Jaguar Land Rover vai fabricar o Range Rover Evoque em Itatiaia (RJ). O modelo será o primeiro da gama a ser feito na fábrica brasileira,

semanas antes de o Discovery Sport entrar em linha. Os dois modelos compartilham a mesma plataforma e devem chegar ao mercado em versões nacionais ainda no primeiro semestre de 2016. A fabricante tem atualmente 42 concessionárias, com a previsão de que sejam abertas mais quatro até meados do ano que vem. (Sueli Reis)

IMPORTADOS

R$ 37,1 MILHÕES

O Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e

Social (BNDES) aprovou financia-mento de R$ 37,1 milhões à FPT Powertrain Technologies do Brasil, fabricante de motores controlada pela FCA Fiat Chrysler. O dinheiro será utilizado na modernização da fábrica de Campo Largo (PR) para produção de novos propulsores.

FCA RECEBE EMPRÉSTIMO DO BNDES

“É a pior crise já vivida pelo setor, não tenho dúvida disso. Depois dos 30 pontos de IPI (sobretaxação a carros importados imposta

pelo governo brasileiro desde 2012), o dólar a R$ 4 praticamente acaba com o negócio.” É assim que José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, avalia o momento atual dos importadores de veículos no País. Ele projeta para 2016 ano ainda mais difícil do que os últimos quatro, quando as vendas da Kia mergulharam de 85,8 mil unidades em 2011 para 23,8 mil em 2014. Mas ainda existem duas esperanças: a primeira é a importação de uma cota da fábrica que a Kia constrói no México com isenção dos 35% de alíquota de importação; a outra, menos segura, seria o fim da sobretaxa de IPI. (Pedro Kutney)

KIA PREVÊ 2016 AINDA MAIS DESAFIADOR

A Mercedes-Benz começa a vender no Brasil a Vito, que ampliará a gama de vans da

fabricante. A novidade chega em versões furgão para o transporte de cargas ou configuração Tourer, voltada ao transporte de passageiros, com oito ou nove lugares e motores turbodiesel de 114 cv ou turbo flex de 184 cv. Os preços começam em R$ 104.990. Fabricada na Argentina, a minivan ajudará a Mercedes-Benz a ganhar espaço em segmento pouco explorado do mercado brasileiro. “Há grande potencial tanto para uso profissional quanto para o particular, mas estamos testando o mercado. Ainda não temos uma projeção de vendas”, afirma Phillipp Schiemer, presidente da companhia no Brasil.

DIV

ULG

AÇÃO

ASSISTA À ENTREVISTA

EXCLUSIVA COM PHILLIPP SCHIEMER,

PRESIDENTE DA MERCEDES-BENZ

BRASIL

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 20 26/10/2015 23:03:13

Page 21: Revista Automotive Business - edição 35

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 21 26/10/2015 23:03:14

Page 22: Revista Automotive Business - edição 35

22 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

APIMENTADO

RENAULT QUER ESQUENTAR VENDAS COM SANDERO RS

INTERBRAND

VALOR DA MARCA NISSAN É O QUE MAIS CRESCEA Nissan é a empresa automotiva com o maior crescimento em valor de marca, de acordo com a edição

2015 do Best Global Brands Study, organizado pela Interbrand. Estimada em US$ 9 bilhões, a empresa teve valorização de 19% com relação ao último ano e subiu para a 49a posição no ranking geral das 100 maiores marcas globais. No Top 100, 15 marcas são diretamente ligadas ao setor automotivo. Uma delas é a Mini, que aparece pela primeira vez na lista. A Toyota continua como a montadora mais valiosa. O ranking geral é mais uma vez liderado por empresas do setor de tecnologia. Apple e Google ocupam 1o e 2o lugar, respectivamente.

C onfiante em agregar 2 mil vendas anuais à linha Sandero, a Renault lançou a versão esportiva

RS, com motor flex 2.0 aspirado de 150 cavalos e torque de 20,9 kgfm aliado ao câmbio manual de seis marchas. O carro vai de 0 a 100 km/h em oito segundos, com velocidade máxima de 202 km/h. A ideia é oferecer um “esportivo atingível” por R$ 58.880, já que não existem opções do gênero por menos de R$ 100 mil no mercado brasileiro. Mas parece contrassenso lançar compacto envenenado de fábrica com carroceria popular, com alto consumo de combustível e maior quantidade de

componentes importados (motor e câmbio vêm da França), justamente no momento em que a legislação brasileira, via Inovar-Auto, exige das montadoras aumento de compras locais e eficiência energética. A Renault garante que vale a pena: “Traz muito valor à marca”, diz Bruno Hohmann, diretor de marketing da fabricante.

O Sandero RS é o primeiro modelo desenvolvido pela divisão de alto desempenho da montadora, a Renault Sport, fabricado fora da França. A suspensão da versão RS foi redesenhada para garantir maior estabilidade, foram instalados parrudos freios a disco

nas quatro rodas, capazes de fazer o carro parar de 100 a 0 km/h em 37,4 metros. O modelo também conta com controle eletrônico de estabilidade e tração (ESP com ASR) e direção assistida eletro-hidráulica, que isola o volante do motor e não rouba potência. Na prática o Sandero RS é de fato bastante esperto, tem acelerações e retomadas fortes, entra justo e estável nas curvas, mas tudo dentro dos limites de um carro com motor de 150 cavalos. O acabamento interno de painel e portas segue sendo bastante simples. Apesar do bom trabalho da engenharia, o RS brasileiro continua a ter as limitações de um Sandero. (Pedro Kutney)

LEO

SPO

SITO

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 22 26/10/2015 23:03:15

Page 23: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 23

ESCÂNDALO

VOLKSWAGEN AINDA MEDE TAMANHO DA CRISEA tensão na Volkswagen é grande enquanto a

companhia calcula as consequências da crise que começou em setembro, após a descoberta de que a montadora adulterou carros equipados com o motor diesel EA 189 para que eles passassem em testes de emissões. O esquema é um dos maiores escândalos da indústria automotiva. Desde setembro, quando a fraude foi desmascarada, o grupo enfrenta avalanche de problemas.

Até a metade de outubro a montadora já havia perdido mais de t 21 bilhões em valor de mercado e estimativas indicavam que os custos da desonestidade passariam de t 35 bilhões nos próximos anos, considerando multas, processos e recalls. Há ainda

o dano à imagem e credibilidade da companhia, que afetará o plano da empresa de superar a Toyota para se tornar líder do mercado global de veículos até 2018.

A Volkswagen admitiu que vendeu globalmente 11 milhões de veículos das marcas Volkswagen, Audi, Seat e Skoda com a tecnologia para burlar os testes. A consultoria Focus2Move calcula, no entanto, que o número é bastante superior, chegando a 40 milhões de carros. Um software detectava quando os veículos estavam em análise nos laboratórios e reduzia o nível de poluentes, mas nas condições normais de rodagem os carros liberavam até 40 vezes mais óxido de nitrogênio do que o permitido pela legislação de vários países.

REFLEXOS DO DIESELGATEPrimeiras consequências•Martin Winterkorn renuncia ao cargo de CEO e Matthias Müller assume •Companhia é obrigada a fazer recall de 8,5 milhões de carros na Europa •Empresa prepara plano de redução de custos com corte de t 3 bilhões em compras e corte nos investimentos nos próximos anos •União Europeia forma comissão para verificar se outras montadoras adotaram práticas parecidas

23-25_NEGOCIOS.indd 23 27/10/2015 15:58:31

Page 24: Revista Automotive Business - edição 35

24 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

RENOVADO

HB20 2016 PASSA POR REESTILIZAÇÃO

A Hyundai mudou itens de estilo e acabamento na linha 2016 do hatch HB20. Todas as versões

receberam grade dianteira e para-choques remodelados. O modelo fabricado em Piracicaba (SP) parte agora de R$ 38.995, valor pedido pelo 1.0 Comfort, que recebeu itens extras como vidros dianteiros com função um toque para o motorista e travas das portas com acionamento elétrico, mais aviso de manutenção no computador de bordo. Segundo a fabricante, o acréscimo foi de R$ 400.

Algumas mudanças importantes aplicadas à linha 2016 só beneficiaram os carros 1.6, como o câmbio manual de seis marchas e o sistema de partida a frio E-Start, que elimina o tanquinho auxiliar de gasolina. Mais completo, o HB20 1.6 Premium começa agora em R$ 59.455. Subiu R$ 3 mil ao receber ar-condicionado digital, retrovisores com rebatimento automático, airbags laterais, faróis e lanternas diferenciados e câmbio automático atualizado.

Para reduzir o consumo de combustível tanto do 1.0 como do 1.6 e manter o carro dentro das metas do Inovar-Auto, a Hyundai aplicou novos anéis e pistões, velas de irídio, um óleo de menor atrito e adotou sistema de gerenciamento do alternador. A fabricante também utilizou pneus Goodyear Efficient Grip, de baixa resistência ao rolamento.

Segundo a fabricante, o 1.6 manteve os 128 cavalos de potência máxima, mas ficou até 6,5% mais

econômico e migrou da letra B para a A no selo de eficiência energética. Os 1.0 também permaneceram com 80 cv, mas alcançaram redução de consumo até 6%, mantendo a letra A. “Do ano em que foi lançado até o momento, o HB20 saltou de 0,6% para 6,3% de participação de mercado. E a fatia da Hyundai cresceu de 3% para 8%”, recorda o gerente de produto Rodolfo Stopa. Enquanto as vendas de automóveis de janeiro a agosto recuaram 19,4%, as do Hyundai diminuíram bem menos, 7,5%. E as do HB20S, o sedã, registraram leve alta de 1,4%. Como resultado, a fábrica de Piracicaba permanece trabalhando em três turnos. (Mário Curcio)

A gama de carros premium fabricados no Brasil cresceu. A Audi retomou em outubro a produção

em São José dos Pinhais (PR). A unidade passou a fazer a geração atual do A3 Sedan com motor 1.4 TSFI Flex. No mesmo mês, o Grupo BMW, que já faz modelos da marca BMW desde 2014 em Araquari (SC), começou a produzir na unidade o Mini Countryman. O carro é o primeiro da marca inglesa a ser montado na planta do Sul do País, já responsável pela produção dos modelos Série 3, X1, Série 1 e X3.

PREMIUM

MODELOS DA AUDI E DA MINI SÃO FABRICADOS NO BRASIL

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 24 26/10/2015 23:05:32

Page 25: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 25

O Salão Duas Rodas enfrentou a crise nas vendas e ocorreu entre 7 e 12 de outubro em São Paulo. O

evento já começou encarando a realidade do mercado. A Abraciclo, associação que representa os fabricantes do segmento, anunciou na mostra novas projeções para este ano. A queda nas vendas deve chegar a 10,5% na comparação com 2014, para 1,28 milhão de motocicletas.

Entre os lançamentos importantes a BMW anunciou no Anhembi a produção de uma moto de média cilindrada baseada na Concept Stunt G 310. “Ela tem potencial para 80 mil unidades por ano”, acredita o diretor de vendas e marketing da BMW Motorrad, Heiner Faust. A Honda confirmou o início da produção de mais um scooter, o SH 300i, que chega no primeiro semestre de 2016. Assim

como ocorre com o modelo mais vendido da categoria, o PCX 150, o SH 300i usará componentes nacionalizados no Brasil mais os importados da Tailândia. A Yamaha levou alguns lançamentos antecipados recentemente como a

150 Factor e motos de alta cilindrada como a MT-09 Tracer e a esportiva R1.

Honda e Yamaha ficaram devendo, no entanto, mudanças em modelos abaixo de 150 cc. Da primeira eram aguardadas a Biz 100 e a CG 125 com injeção eletrônica. O mesmo se esperava dos modelos de 110 e 125 cc da Yamaha. Essas renovações eram esperadas por causa da

entrada em vigor em janeiro da segunda fase do Promot 4, programa de redução de emissões para motos. Os estoques na rede impediram a apresentação dessas novidades. (Mário Curcio)

MOTOS

SALÃO DUAS RODAS ENFRENTA ANO DE QUEDA

SCANIA LANÇA BIARTICULADODe olho em projetos de mobilidade urbana pelo Brasil,

a Scania estreia no segmento de ônibus biarticulado com o modelo F 360 HA. O chassi vem para brigar por uma fatia do mercado que até agora pertencia somente à Volvo. O novo ônibus é indicado para operar nos sistemas de transporte público BRT (Bus Rapid Transit), corredores exclusivos que vêm ganhando espaço em médias e grandes cidades. “Há muito tempo a Scania não desenvolvia algo 100% no Brasil. Este não é um veículo ‘tropicalizado’, ele começou do zero e agora temos uma completa gama para o transporte urbano com veículos a partir de 12 metros”, salienta Silvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus. O modelo roda com motor de 360 cv de potência. Segundo a Scania, o custo passageiro/km do biarticulado pode ser até 40% menor que o de um articulado. (Sueli Reis)

ÔNIBUS

ASSISTA À MATÉRIA ESPECIAL SOBRE O SALÃO

DUAS RODAS

23-25_NEGOCIOS.indd 25 27/10/2015 16:01:04

Page 26: Revista Automotive Business - edição 35

26 • AutomotiveBUSINESS

NEGÓCIOS

CADEIA PRODUTIVA

A Foton selecionou 34 fornecedores para a fabricação no Brasil do caminhão Foton 10 – 16DT, de 10

toneladas, cujo protótipo está em fase final de testes. A companhia garante que o modelo sairá de fábrica com mais de 65% de conteúdo nacional, índice que atende os requisitos do Inovar-Auto e o mínimo exigido pelo BNDES para financiamentos via Finame. A Foton planeja iniciar suas operações de produção no Brasil no primeiro semestre de 2016 em Guaíba (RS).

FOTON NOMEIA 34 FORNECEDORES NO BRASIL

FOTONFORNECEDORES CONFIRMADOS NO BRASIL

Cummins – motoresZF – transmissãoKnorr – conjunto de freiosSachs – embreagensMaxion – chassis e rodasDana – eixos e cardãsVoss – conexõesPirelli – pneusMonroe – amortecedoresBepo – tanque de combustívelRassini – feixes de molaHeliar – bateriasThyssenKrupp – barras estabilizadoras

LANÇAMENTO

ECOSPORT 1.6 AGORA TEM OPÇÃO AUTOMÁTICA

O aumento da concorrência levou a Ford a mudar a linha EcoSport 2016. O carro passou

a ter opção de câmbio automático Powershift de seis marchas combinada ao motor 1.6 com até 131 cavalos. Antes, a caixa automática só era disponível na versão 2.0. A novidade chega à rede com preços apontados para o Jeep Renegade. O valor inicial do 1.6 SE Direct é de R$ 68.690, o mesmo de um Renegade de entrada com câmbio manual. O novo conjunto motor-câmbio do Ford é oferecido em quatro opções. A mais completa, FreeStyle Plus, chega a R$ 80,3 mil, quase R$ 5 mil a menos que um Renegade automático com nível semelhante de equipamentos.

O restante da linha EcoSport teve preços reduzidos por volta de 3%. “O que fizemos foi basicamente alinhar a tabela com os valores que a rede vinha praticando”, afirma o gerente de marketing da Ford, Oswaldo Ramos. O motor 1.6 adotado na nova opção é o mesmo que equipa Fiesta e Focus. Faz parte da família Sigma e tem como principal diferença daquele utilizado no EcoSport manual (com até 115 cv) o duplo comando variável para as válvulas de admissão e escape. Ambos são feitos em Taubaté (SP). A transmissão Powershift vem do México. Com as novas versões, essa caixa deve tomar mais de 50% das vendas do EcoSport. “Na faixa de R$ 75 mil a R$ 80 mil, somente 4% dos carros vendidos têm câmbio manual”, diz Ramos. (Mário Curcio)

INVESTIGAÇÃO

A OMC, Organização Mundial do Comércio, deu parecer favorável ao pedido do Japão

para a abertura de investigação contra as medidas supostamente protecionistas adotadas no Brasil. Dessa forma, o país asiático passa a integrar processo já aberto a pedido da União Europeia e que tramita desde o fim de 2014. A alegação é que a política de incentivos fiscais dada pelo governo brasileiro aos setores automotivo, de telecomunicações e de tecnologia afeta as empresas estrangeiras de forma injusta, tendo o Inovar-Auto como foco principal da queixa.

OMC ACEITA DENÚNCIA DO JAPÃO CONTRA INOVAR-AUTO

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 26 26/10/2015 23:06:05

Page 27: Revista Automotive Business - edição 35

TECNOLOGIA

CHEVROLET CRUZE PASSA A CONTAR COM ONSTAR

A linha 2016 do Chevrolet Cruze incorporou o

OnStar, sistema de telemática que oferece serviços de segurança, navegação e conveniência. Os carros ficarão conectados 24 horas a uma central dedicada à GM, com gente de verdade do outro lado da linha. O sistema tem 7 milhões de usuários em todo o mundo. “No Brasil ele é parte de nosso plano de investimento de R$ 13 bilhões até 2019”, afirma o vice-presidente da montadora no País, Marcos Munhoz.

O sistema é operado a partir de três botões na base do retrovisor interno, um para realizar chamadas à central, outro para atendê-las e um terceiro para acionamento em caso de emergência. Há também aplicativo que transforma o smartphone em uma espécie de controle remoto para ações como travar ou destravar o carro, acionar faróis, buzina e outras ações. A GM pretende ampliar essas funcionalidades no futuro. Em caso de acidente com disparo de airbags ou do pré-tensionador do cinto de segurança, o OnStar alerta a central. Como em outros serviços de monitoramento ele pode detectar abertura forçada das portas e furto.

16-27_NEGOCIOS-v2.indd 27 26/10/2015 23:06:09

Page 28: Revista Automotive Business - edição 35

28 • AutomotiveBUSINESS

DEBATE

LIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO SETOR PARA ESCAPAR DAS DIFICULDADES NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

“C laro que no cenário atual alguma redução de investimento tem de

fazer, mas nunca silenciar.” O con-selho consta do “manual de sobrevi-vência” de Jaime Troiano, presiden-te da Troiano Branding e especia-lista em estratégia de marcas. Em sua apresentação no III Fórum de Marketing Automotivo, promovido por Automotive Business dia 28 de setembro, em São Paulo, ele desta-cou que é preciso manter as marcas ainda mais fortes em momentos de crise como a atual. “Só assim con-seguiremos sair dela mais fortes e preparados”, ponderou.

28 • AutomotiveBUSINESS

FOTO

S: L

UIS

PRA

DO

GIOVANNA RIATO, PEDRO KUTNEY E SUELI REIS

ESTRATÉGIAS DE

MARKETING EM ERA DE MUDANÇAS

Troiano lembrou que as marcas são consideradas a principal fer-ramenta de um negócio para 81% de executivos de diversas empresas ouvidos em uma pesquisa recen-te. Portanto, é fundamental manter a marca sempre viva e forte, com exposição que nem sempre exige altos investimentos. Ele aconselha também o perfeito engajamento de todos os empregados, que para ele são os grandes aliados na formação e exposição de uma marca. “As áre-as de RH são mais importantes do que nunca nessa tarefa. Os empre-gados devem ser vistos como após-tolos da marca”, defende.

Outro conselho de Troiano para enfrentar os tempos bicudos “é co-locar a barriga no balcão”. Para ele, a palavra de ordem é ir para a rua: “É uma obrigação ver ao vivo como o negócio acontece.” É também o mo-mento de manter o foco na especia-lidade que cada marca representa, “evitar a tentação de ir aonde não foi chamado” e aproveitar o momento para pensar melhor, buscar qualifica-ção e mais estudo.

MÍDIAS DIGITAISAs novas mídias, principalmente as de plataforma digital, se tornaram ferramentas fundamentais para as

28-30_FORUM-AB_[MARKETING].indd 28 26/10/2015 23:14:37

Page 29: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 29

estratégias do marketing automotivo, concordaram os palestrantes do pai-nel “Como o marketing das monta-doras enfrenta a crise”, durante o III Fórum de Marketing Automotivo.

“Embora a mídia digital exija muito mais investimento em produção do que uma peça para TV aberta, por exemplo, é necessário ter um nível maior de relevância e conteúdo para gerar engajamento”, afirmou Oswal-do Ramos, gerente-geral de marke-ting da Ford no Brasil.

Para Claudia Campos, gerente de marketing e comunicação para ca-minhões da Mercedes-Benz, o con-teúdo digital vem tomando um es-paço extraordinário de forma muito acelerada e independente da crise. A executiva elucida a situação como uma ação de guerrilha nunca antes travada em tais níveis e aponta que em fases de reavaliações das ações de marketing, toda a cadeia da em-presa precisa falar a mesma língua, gerando mudanças desde os mais altos escalões até a ponta da cadeia, como concessionárias e agentes de vendas e pós-venda.

RELACIONAMENTOA crise traz chance para que marcas reinventem o relacionamento com os seus consumidores. A recomen-dação foi dada por Sérgio Prandini, vice-presidente executivo da Grey Brasil. “Passamos por um ponto de virada histórico na comunicação, que muda o relacionamento das marcas com os clientes. É preciso trazer transparência e verdade, criar conexão, engajar as pessoas”, avalia.

O executivo lembra que, neste mo-mento, o mais importante está na palma da mão das pessoas: o celu-lar, que traz comunicação, serviços, informação e facilidades. Prandini recomenda que as empresas apro-veitem isso para se aproximar dos clientes. A abordagem, no entanto,

JEEP RECONSTRÓI IMAGEM NO PAÍSESTRATÉGIA LEVOU MARCA A ESCALADA METEÓRICA EM APENAS UM ANO

Em apenas um ano, a bem-sucedida estratégia traçada

pela Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para reconstruir a imagem da Jeep no Brasil levou a marca a uma escalada meteórica: pouco antes do fim de setembro ela já era a nona mais vendida do mercado nacional de automóveis e seu principal produto, o Renegade, fabricado em Goiana (PE), que chegou às concessionárias em maio passado, já figurava como décimo mais emplacado no mês.

No III Fórum de Marketing Automotivo, Marcella Campos, diretora de marketing da Jeep no Brasil, contou sobre a campanha que recriou a imagem da marca no País, cuja história remonta ao velho Jeep Willys fabricado por aqui entre 1954 e 1982. Ela diz que o trabalho começou na edição de 2014 do Salão do Automóvel de São Paulo, quando o Renegade foi mostrado ao público brasileiro pela primeira vez. Para fazer diferença, a estratégia foi criar uma comunicação diferente, em que a marca é mais importante do que a imagem dos carros que ela faz. Outro objetivo foi aliar à campanha a fábrica de Goiana – um investimento de R$ 7 bilhões da FCA em um dos complexos automotivos mais modernos e produtivos do mundo.

MARCELLA CAMPOS, da Jeep

28-30_FORUM-AB_[MARKETING].indd 29 26/10/2015 23:14:39

Page 30: Revista Automotive Business - edição 35

30 • AutomotiveBUSINESS

DEBATE

precisa ser inovadora. “Ninguém pa-ra mais para prestar atenção em pu-blicidade”, enfatiza. Ele aponta que esta interação tem de acontecer de forma mais natural e espontânea.

Integrar as atividades de marketing e alinhá-las às estratégias de negó-cios, tanto locais como globais, é peça-chave para alcançar os resul-tados esperados pelas empresas de autopeças também em tempos mais desafiadores, concordaram os repre-sentantes da Bosch, Carlos Abdalla, da MWM Motores Diesel, Thomas Püschel, e da ZF, Michel Haddad.

MOBILE É DECISIVO PARA O SUCESSO NA INTERNETGOOGLE: 15 MILHÕES DE CONSUMIDORES PROCURAM CARRO ON-LINE MENSALMENTE

O setor automotivo precisa dar mais atenção às interações com o consumidor que acessa a internet via mobile, por

smartphone ou tablet. O recado é de Bruna Terra, analista sênior para a indústria do Google Brasil. Ela garante que o uso de celulares para buscar informações tem crescido em ritmo acelerado. Ainda assim este meio só recebe 2% das verbas que as empresas investem em publicidade no País.

Segundo a especialista, em 2012 apenas 2% das buscas no Google eram realizadas via mobile. Esse número saltou para 45% este ano e a tendência é de crescimento. “No YouTube, 60% dos vídeos são vistos do celular”, conta. A empresa aponta que 15 milhões de brasileiros interessados em comprar carros navegam mensalmente em sites automotivos. Bruna assegura que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o acesso pelo smartphone é feito por consumidores de várias idades e faixas de renda. A empresa aponta que 38% do uso é de indivíduos das classes C, D e E.

Na indústria automotiva, Bruna estima que o acesso mobile é responsável por grande transformação no processo de compra. Segundo ela, 85% dos consumidores pesquisam sobre o veículo que pretendem comprar antes de ir a uma concessionária. Em média, 40% do tempo dessa pesquisa é gasto via mobile e 41% dos clientes já chegam na revenda decididos sobre a aquisição, interessados apenas no test drive e na negociação de preço e financiamento.

Bruna destaca que 52% das pessoas usam celular para comparar opções de carros lendo avaliações e analisando

preços. O levantamento do Google indica que 44% dos consumidores mudam de opinião ao longo desse processo e acabam comprando um carro diferente do que queriam inicialmente.

O cenário traz desafios. Se em 2013 o cliente fazia em média quatro visitas às concessionárias antes de adquirir um automóvel, este ano o número caiu para 2,6 visitas. “É essencial preparar força de vendas para isso”, determina.

CRM FORTE“Ninguém faz mais nada sem o celular na mão.

Vivemos em uma sociedade conectada e multifacetada. É um novo ecossistema de consumo, em que precisamos resolver

o problema de quem busca um serviço ou produto no momento exato, de forma imediata quando se abre a oportunidade de venda”, avaliou Renata Bokel, vice-presidente de planejamento da Isobar, agência especializada em marketing digital que entre outros clientes atende Fiat e Jeep. Para exemplificar esse mercado on-line, ela lembra de uma mulher grávida de gêmeos, que postou essa situação em alguma rede social e, não por acaso, começa a receber em seu smartphone propagandas de carro grande, no qual caberá toda a nova família. “Para influenciar nessa decisão é fundamental ter um forte CRM (sistema de gestão de clientes), para interpretar esses dados e saber chegar com a oferta certa no momento certo. Hoje o cliente é mimado pela tecnologia, precisa que alguém sempre se ofereça para resolver seu problema de consumo.” n

SÉRGIO PRANDINI, da Grey

RENATA BOKEL, da Isobar

JAIME, da Troiano Branding

28-30_FORUM-AB_[MARKETING].indd 30 26/10/2015 23:14:43

Page 31: Revista Automotive Business - edição 35

28-30_FORUM-AB_[MARKETING].indd 31 26/10/2015 23:14:45

Page 32: Revista Automotive Business - edição 35

32 • AutomotiveBUSINESS

A qualidade será uma das áreas que sofrerão maior impacto dentro do processo produtivo da cadeia automotiva neste momento de crise. A constata-

ção é de Martin Bodewig, diretor da Roland Berger, em apresentação durante o III Fórum da Qualidade Auto-motiva, promovido pelo IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, dia 21 de setembro, em São Paulo. “A crise será mais profunda do que acreditávamos no início des-te ano. Ela vai aumentar a pressão por toda a cadeia e isso claramente vai ter consequências na qualidade”, afirmou, alertando que a não qualidade gera custos, in-

cluindo os crescentes recalls. Bodewig lembra que o nú-mero de chamadas para reparo começou a se elevar na Alemanha e nos Estados Unidos exatamente no período pós-crise de 2009.

Em sua contribuição ao evento, Rogério Rezende, vice-presidente da Anfavea, advertiu que para alcançar o mercado de exportação a cadeia não pode parar de investir em qualidade, conceito essencial para manu-tenção das fábricas instaladas no Brasil. “Esse deve ser um processo contínuo se quisermos ser competitivos no mercado global. Contudo, qualquer empresário só inves-

GIOVANNA RIATO E SUELI REIS

INDÚSTRIA DEBATE CAPACIDADE DE MANTER O NÍVEL DE PRODUTOS EM CENÁRIO ADVERSO

FÓRUM

OS DESAFIOS DA

QUALIDADE

AUTOMOTIVA

FOTO

S: L

UIS

PRA

DO

32-34_FORUM DA QUALIDADE.indd 32 27/10/2015 16:37:32

Page 33: Revista Automotive Business - edição 35

te quando há expectativa de retorno e é com razão que as empresas for-necedoras de nossa cadeia têm sido cautelosas quanto a investimentos neste momento, quando não há ex-pectativa referente à retomada.”

Na visão do Inmetro, o debate sobre a qualidade é contínuo, uma vez que o órgão regulamentador ligado ao gover-no encontrou em revisões internas no-vas formas de alcançar seus mesmos objetivos. Paulo Roberto Coscarelli, diretor de avaliação da conformidade, conta que novas ferramentas ajuda-ram o instituto a diminuir ou simplificar processos de certificação de conformi-dade, garantindo que todas as partes envolvidas – indústria, consumidor e governo – participem e contribuam pa-ra que o processo seja o menos impac-tante possível sob a ótica do custo.

CONFIABILIDADEPlanejar no longo prazo e apostar no potencial do mercado interno foram premissas para que o Grupo FCA trouxesse o Jeep Renegade ao Bra-sil. “Em seu primeiro teste do Latin NCAP o veículo alcançou as cinco estrelas, pontuação máxima em se-gurança. Desde o início buscamos muito isso no projeto: excelência na qualidade e na segurança de um produto que carrega no DNA a his-tória da marca. Trazer um produto realmente confiável, evitando re-calls, faz parte deste processo”, afir-mou Charleston Rodrigues, gerente responsável pela qualidade da linha de veículos da Jeep.

Luis Batista, diretor de qualidade da fábrica pernambucana da Jeep, lembra da importância do complexo

NA VISÃO DO INMETRO, O DEBATE SOBRE A QUALIDADE É CONTÍNUO, UMA VEZ QUE O ÓRGÃO REGULAMENTADOR

LIGADO AO GOVERNO

ENCONTROU EM REVISÕES INTERNAS NOVAS FORMAS DE

ALCANÇAR SEUS MESMOS OBJETIVOS

32-34_FORUM DA QUALIDADE.indd 33 27/10/2015 16:37:32

Page 34: Revista Automotive Business - edição 35

34 • AutomotiveBUSINESS

FÓRUM DE QUALIDADE

industrial com a presença das plan-tas dos fornecedores: “São parcei-ros que nos fornecem as peças mais críticas em termos de qualidade. Assim como na montagem de veí-culos, mantemos com nossos forne-cedores a prática de tolerância zero de defeitos a fim de garantir a plena satisfação”, detalha.

ANTECIPAR METAS“É necessário dar o primeiro passo antes mesmo que as melhorias se-jam impostas pela legislação”, ava-liou Richard Schwarzwald, diretor da qualidade assegurada da Volkswa-gen do Brasil durante o Fórum da Qualidade Automotiva. Ele destaca que isso ocorreu com o compacto Up!, que conquistou nota máxima em segurança no Latin NCAP e ago-ra incorpora o motor turbinado 1.0 TSI, com elevada eficiência ener-gética, antecipando as metas da le-

gislação. Na visão de Schwarzwald, trabalhar com plataformas globais e oferecer conectividade também são iniciativas essenciais para garantir a qualidade para o consumidor.

A Volkswagen enfatiza que garan-tir bom relacionamento com a ca-deia de fornecedores é outro aspec-to importante. “Lidamos com mais de 15 mil empresas, um total de 100 mil pessoas”, calcula Schwarzwald. Para tornar mais eficiente o fluxo de trabalho entre tantos elos, a compa-nhia investiu em um programa com os fornecedores. O trabalho come-çou em 2011 em parceria com a Bosch, que foi a empresa escolhida para atrair outros parceiros de elos mais distantes da cadeia produtiva.

AUTOPEÇAS Bosch e Schaeffler também defen-dem a necessidade de investir em qualidade e desenvolvimento sem

que precisem ser puxadas para is-so. “O mercado caiu, mas os volu-mes maiores vão voltar. Devemos estar preparados”, enfatizou Flávio Mateus, diretor executivo da Scha-effler durante o fórum. O executivo defende que a busca por excelência precisa estar no DNA de cada em-presa, como aspecto essencial para garantir a competitividade.

Bruno Neri, gerente da qualida-de corporativa na Bosch, concorda com a necessidade de colocar em primeiro plano a qualidade. O exe-cutivo acredita que, apesar do mo-mento de contração das vendas, as organizações precisam estar prontas para uma retomada. Ele recomenda que as fabricantes de autopeças aproveitem o momento para man-ter a mão de obra e os fornecedores qualificados, além de investir na me-lhoria dos produtos e na localização da produção.

BRASIL PRECISA GLOBALIZAR INDÚSTRIA AUTOMOTIVACONSULTORA LETÍCIA COSTA: SETOR TEM DE MELHORAR A QUALIDADE

A indústria automotiva nacional precisa se inserir no cenário global. Caso isso não aconteça, o setor continuará dependente apenas do mercado interno e exposto aos

altos e baixos que afetam qualquer nação emergente. O recado foi dado por Letícia Cos-ta, diretora da Prada Assessoria, durante o Fórum da Qualidade Automotiva.

A consultora acredita que investir em qualidade será determinante no longo prazo. “O Brasil tem um mercado fechado que vai se abrir nos próximos anos. Não sabemos em qual velocidade isso vai acontecer, mas sabemos que não há como fugir. Neste caso a melhoria da qualidade será questão de sobrevivência.” Letícia destaca ainda que será necessário investir em capital humano, com mais qualificação para a mão de obra, tra-balhar na gestão da mudança e ainda se empenhar para trazer inovação. “Falta proativi-dade na busca por soluções”, avalia. n

RICHARD SCHWARZWALD, diretor da qualidade

assegurada da Volkswagen

PAULO COSCARELLI, diretor de avaliação da conformidade, Inmetro

CHARLESTON RODRIGUES, gerente da qualidade

da linha Jeep

ROGÉRIO REZENDE, vice-presidente da Anfavea

32-34_FORUM DA QUALIDADE.indd 34 27/10/2015 16:37:34

Page 35: Revista Automotive Business - edição 35

32-34_FORUM DA QUALIDADE.indd 35 27/10/2015 16:37:35

Page 36: Revista Automotive Business - edição 35

36 • AutomotiveBUSINESS

WORKSHOP

O Sindipeças, que represen-ta as fabricantes de auto-peças no Brasil, entregou

ao Ministério do Trabalho uma pro-posta de revisão do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), reve-lou o assessor jurídico da entidade, Sérgio Graf, durante o workshop Os Desafios da Legislação Automotiva, promovido por Automotive Busi-ness em 14 de setembro para colo-car em dia os cenários, tendências e

FOTOS: LUIS PRADO

desafios que montadoras e empresas de autopeças vão enfrentar com os avanços nos regulamentos que disci-plinam as operações do setor.

As reivindicações do Sindipeças começam com a revisão do Indica-dor Líquido de Empregos (ILE) – do atual 1% para 5%. A proposta tam-bém pede a exclusão da obrigação das empresas em esgotar as férias vencidas ou o banco de horas, asse-gurando tais direitos ao empregado

mesmo após os seis meses de ade-são ao PPE, período máximo de vi-gência conforme a regulamentação.

O sindicato sugere que, durante a adesão ao PPE, seja possível que a empresa contrate pessoas em subs-tituição aos demissionários a fim de atender novas demandas ao longo da permanência no programa, o que atualmente não é permitido. “Tam-bém propomos que o programa se-ja menos burocrático e adotado em

EVENTO DEBATEU MUDANÇAS NO PPE, BLOCO K, RENOVAÇÃO DE FROTAS E P&D

GIOVANNA RIATO, MÁRIO CURCIO E SUELI REIS

OS AVANÇOS DA LEGISLAÇÃO

WORKSHOP SOBRE LEGISLAÇÃO avaliou os desafios para montadoras e autopeças

36-38_WORKSHOP-AB_[LEGISLACAO].indd 36 26/10/2015 23:28:33

Page 37: Revista Automotive Business - edição 35

caráter permanente, uma vez que adesões só serão aceitas até 31 de dezembro de 2015, conforme a MP”, esclarece Graf.

RENOVAÇÃO DE FROTANo evento de Automotive Business, a Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automo-tores, insistiu na necessidade de promover um programa eficiente de renovação de frota para retirar das ruas cerca de 230 mil caminhões com mais de 30 anos de idade, a maioria nas mãos de autônomos. “A intenção é sucatear 30 mil des-ses veículos a cada ano. No primeiro ano seriam mil, no segundo, 2 mil”, afirmou o vice-presidente da entida-de, Marco Saltini.

Pelo programa sugerido, que se SÉRGIO GRAF, do Sindipeças: revisão no Programa de Proteção ao Emprego (PPE)

MARCO SALTINI, da Anfavea: sucatear 30 mil caminhões por ano

36-38_WORKSHOP-AB_[LEGISLACAO].indd 37 26/10/2015 23:28:35

Page 38: Revista Automotive Business - edição 35

38 • AutomotiveBUSINESS

WORKSHOP

encontra em poder do governo, cada proprietário receberia crédito de R$ 30 mil para entregar seu caminhão, que seria sucateado. “Dinheiro para isso existe: aquele que é gasto hoje com a saúde pública em consequên-cia de acidentes e da poluição do ar”, defendeu Saltini.

BLOCO KSe não houver adiamento, passará a valer em janeiro de 2016 o Bloco K, o oitavo de nove conjuntos de infor-mações que comporão o Sped Fis-cal. Criado para impedir sonegações, ele exigirá bastante das áreas indus-trial e operacional das empresas. “Nele terá de constar tudo o que se produz e se usa para produzir”, disse o sócio-consultor da área tributarista e trabalhista da KPMG, Marcus Vini-cius Gonçalves, durante o workshop sobre a legislação automotiva.

Além do grande trabalho que terão para elaborar fichas técnicas de pro-dutos, algumas empresas temem que o Bloco K acabe revelando segredos industriais pelo extremo detalhamen-to de informações, que vão além do estoque de matéria-prima ou de pro-dutos acabados e incluem fórmula ou composição e itens consumidos.

Com essa novidade na área de le-gislação, a Receita Federal terá aces-so ao processo produtivo e à movi-mentação completa de cada item do estoque, possibilitando o cruzamen-to quantitativo dos saldos apurados eletronicamente pelo Sped com os informados pelas indústrias ou ata-cadistas pelo inventário.

AVANÇO EM P&DCriar equipes dedicadas e exclusivas para gerenciar os processos de inclu-são das companhias em programas de incentivo à pesquisa e desenvol-vimento (P&D) será o primeiro passo para que o setor automotivo possa aproveitar de forma plena todas as ferramentas disponíveis no Brasil, concordaram os participantes do painel O Desenvolvimento dos Pro-gramas de P&D e Inovação, durante o workshop.

“As empresas anseiam por in-centivos e para esta área estamos bem servidos, mas é preciso se or-ganizar para isso. As companhias precisam focar e entender que é o tipo de trabalho que não dá para fa-zer nas horas vagas: é burocrático, complexo e precisa ser tratado com pessoal competente”, afirmou Val-

ter Pieracciani, diretor da consulto-ria Pieracciani.

Para Bruno Bragazza, gerente de inovação e propriedade intelectual da Bosch América Latina, o trabalho exi-ge investimento em capacidade e co-nhecimento: “A gestão de incentivos consiste em entender os conceitos e objetivos da empresa em pesquisa, desenvolvimento e inovação e buscar oportunidades que viabilizam esses projetos. Há uma série de bons ins-trumentos e ferramentas disponíveis, mas ainda há pouco uso deles exa-tamente pela falta de conhecimen-to. É preciso estudar as leis e definir uma equipe especializada para isso”, pondera.

Thomas Schmidt, diretor regional de P&D e inovação da ZF América do Sul, concorda que não há falta de re-cursos para sustentar os programas de incentivo à pesquisa e ao desen-volvimento, mas que a burocracia, além da falta de conhecimento sobre a área, pode atrapalhar o acesso das empresas. Segundo Pieracciani, o governo está disposto a devolver de alguma forma 78% do que se gasta com P&D, como se observa na Lei do Bem ou mesmo no Inovar-Auto com o incentivo do IPI.n

VALTER PIERACCIANI, PEDRO KUTNEY, BRUNO BRAGAZZA e THOMAS SCHMIDT analisaram incentivo a P&D e inovação

36-38_WORKSHOP-AB_[LEGISLACAO].indd 38 26/10/2015 23:28:37

Page 39: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 39 27/10/2015 16:04:50

Page 40: Revista Automotive Business - edição 35

40 • AutomotiveBUSINESS

CONGRESSO SAE BRASIL

COM MOSTRA ESVAZIADA, EMPRESAS APRESENTARAM SOLUÇÕES PARA A INDÚSTRIA

P romover desenvolvimento tec-nológico e apresentar soluções em tempos de profundos cor-

tes de custos. Este é o maior desafio atual de todas as empresas da ca-deia automotiva no Brasil, espelha-do com precisão pela mostra tec-nológica do Congresso SAE Brasil 2015, maior evento no Hemisfério Sul da comunidade de engenharia da mobilidade. O encontro recebeu apenas 50 expositores – menos da metade do que já houve em anos recentes –, mas teve algumas no-vidades importantes a apresentar e continua a investir em tecnologia para encarar a crise, mesmo que de

40 • AutomotiveBUSINESS

TECNOLOGIAENFRENTA A CRISE

EVENTO DA MOBILIDADE ocorreu no Expo Center Norte, em São Paulo, de 22 a 24 de setembro

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

AE B

RASI

L

PEDRO KUTNEY

forma mais comedida. “Não há muito mais o que fazer

além de trabalhar para enfrentar esse momento e passar por ele. Ao menos estaremos melhor prepara-dos para o ano que vem. A solução para nós segue sendo o desenvolvi-mento tecnológico dos produtos pa-ra elevar receitas e exportar mais”, resume o sentimento geral Louren-ço Oricchio, diretor-geral da Sabó, uma das poucas empresas de auto-peças de capital nacional que resta-ram no País, graças à estratégia de extrapolar fronteiras e internaciona-lizar sua produção. Juntas e reten-tores com sofisticadas tecnologias

agregadas, com utilização em mer-cados do mundo todo, são a receita de sobrevivência da Sabó e foi justa-mente isso que a empresa colocou em exibição na pequena mostra do Congresso SAE.

EFICIÊNCIA MAIS BARATANo Brasil, apresentar soluções mais baratas para atingir metas de nacio-nalização de componentes e eficiên-cia energética continua a ser o foco principal da engenharia de diversas empresas, como é o caso da Bosch, que em seu estande mostrou pela pri-meira vez no Brasil um sistema avan-çado de injeção indireta de combustí-

40-42_CONGRESSO SAE_[Tecnologia].indd 40 26/10/2015 23:39:18

Page 41: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 41AutomotiveBUSINESS • 41

40-42_CONGRESSO SAE_[Tecnologia].indd 41 26/10/2015 23:39:19

Page 42: Revista Automotive Business - edição 35

42 • AutomotiveBUSINESS

CONGRESSO SAE BRASIL

42 • AutomotiveBUSINESS42 • AutomotiveBUSINESS

ENGENHARIA PREPARA VEÍCULO DE 2050NOVO PRESIDENTE DA SAE INTERNACIONAL FALA DE TENDÊNCIAS NA INDÚSTRIA

Os veículos de 2050, mais limpos, inteligentes e au-tônomos, já estão sendo concebidos por profissio-

nais da indústria automobilística, segundo Cuneyt Oge, eleito novo presidente da SAE Inter-nacional, que assumirá o posto em 2016. Ele abriu os trabalhos da ses-são internacional no 24o Congresso SAE Brasil anunciando que diversos fatores, especialmente a matriz ener-gética, vão alavancar as mudanças nos projetos: “Nos últimos 50 anos temos falado sobre a evolução dos motores a combustão. Pela primeira vez na história isso está mudando. Só nos Estados Unidos há 76 alternativas existentes de motores e estamos falando de híbridos, elé-tricos e, mais recentemente, células de hidrogênio”, disse.

Oge explica que a exigência de carros mais limpos criará a demanda necessária para que o veículo elétri-co obtenha custo total equivalente ao modelo atual de

combustão, o que deve acontecer já em 2020. Ele também indica que muitos investimentos já são feitos em novos materiais e que em 2030 a indústria estará muito mais avan-çada nesse sentido.

Devem surgir, ainda, importan-tes mudanças na cadeia de valor: “A cadeia baseada na eletricida-

de é muito mais barata, criando uma nova zona de players. Haverá muita concorrência no futuro. No-vas entrantes já são consideradas no presente, como Google, Apple e Tesla. (Sueli Reis) n

RELÓGIO TOMA PULSO DO CAMINHÃOA Scania levou ao Congresso SAE Brasil 2015 um relógio digital para o motorista, com

diversas informações relativas ao caminhão e sua condução. O Smart Watch, fabri-cado pela Sony, foi apresentado este ano na Suécia em edição limitada de 999 unidades. Conectado por Bluetooth a um laptop ou tablet com acesso à internet, o dispositivo inteli-gente recebe as mesmas informações do programa eletrônico de treinamento da fabrican-te. O aplicativo indica consumo instantâneo e média dos últimos sete dias, porcentual de condução em inércia (sem aceleração) e motor trabalhando em marcha lenta, relação de carga transportada e consumo em km/l, níveis de combustível e Arla 32, velocidade média, distância percorrida, relação de concessionárias Scania e informações de suporte como uso de freios e trocas de marchas.

DAN

IEL

DEA

K /

SAE

BRAS

IL

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

CAN

IA

vel, chamado Advanced PFI. “É uma combinação de tecnologias já conhe-cidas que a matriz começou a desen-volver na Alemanha e pode substituir a injeção direta com componentes to-talmente nacionais. Já existem quatro a cinco montadoras interessadas em utilizar aqui e estamos agora desen-volvendo para uso em motores flex gasolina-etanol”, explicou Martin Le-der, chefe de engenharia avançada da companhia no Brasil.

A alemã Schaeffler trouxe para a mostra da SAE componentes que espera poder produzir e vender no Brasil, como o rolamento de ter-ceira geração, que embute disco de freios e roda em uma só peça, uma tendência global já fornecida aqui – mas o conjunto ainda é im-portado da unidade da empresa na China. “Podemos fazer aqui, mas ainda estamos esperando por maior demanda para justificar o investi-

mento”, explica Marcelo Machado, vice-presidente sênior automotivo da empresa na América do Sul.

Os três dias do Congresso SAE fo-ram bem além de sua mostra tecno-lógica. Este ano o encontro teve 23 painéis e fóruns de discussões que abrangeram toda a cadeia automo-tiva, além da já tradicional apresen-tação de 144 trabalhos inéditos de engenharia de autores brasileiros e estrangeiros.

40-42_CONGRESSO SAE_[Tecnologia].indd 42 26/10/2015 23:39:20

Page 43: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 43 27/10/2015 14:38:26

Page 44: Revista Automotive Business - edição 35

44 • AutomotiveBUSINESS

GESTÃO

JOERGHOFMANN, presidente da Audi Brasil

EMPRESAS DO SETOR DÃO OS PRIMEIROS PASSOS EM BUSCA DE MAIS PRODUTIVIDADE E

ENGAJAMENTO DOS FUNCIONÁRIOSGIOVANNA RIATO

I magine trabalhar em uma empresa que não controla o horário dos colaboradores, apenas a produtividade. Essa companhia também não separa os setores de sua sede administrativa e evi-

ta demarcar o território dos funcionários em mesas fixas, tudo para motivar a interação e a troca de ideias. Há níveis hierárqui-cos, mas os líderes não são inatingíveis e existe autonomia para que todos os funcionários tomem decisões. A área de pesquisa e desenvolvimento trabalha de forma altamente colaborativa, com processos que extrapolam os limites dos laboratórios de testes e prototipagem. Se estas possibilidades soam distantes e até ine-ficientes, pode ser a hora de rever conceitos e conhecer novos

modelos de gestão.Longe de ser modismo, a atualização das operações é necessá-

ria. Quem garante é Valter Pieracciani, sócio da Pieracciani Desen-volvimento de Empresas, consultoria especializada em inovação. “As organizações mais jovens se relacionam de forma diferente em todas as frentes em que atuam, mobilizando funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, governo e assim por diante. É um ambiente

bom para os negócios. Nesse aspecto, a indústria automotiva é muito antiga”, avalia. Segundo ele há “uma legião de trabalhadores infelizes e empregadores quebrados. Os dois lados estão mal. Tem algo muito errado no modelo atual”.

Para ele, o setor está perdendo o bonde de um processo importante em curso nas empresas de tecnologia e startups. É isso o que faz do Google uma companhia tão inovadora e atrativa para os jovens profissionais. “A indústria automotiva não é bem vista pela nova geração como possibilida-

DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

A NOVA FACE LU

IS P

RAD

O

44-48_MATCAPA_v2.indd 44 26/10/2015 23:42:41

Page 45: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 45

NA VANGUARDA DA INOVAÇÃOA evolução chega devagar à indústria, mas algumas

empresas decidiram assumir a vanguarda. Uma de-las é a Audi, que entrou no que chama de nova era no Brasil. Em paralelo à retomada da produção na fábrica do Grupo Volkswagen no Paraná, a companhia mudou a sua sede administrativa em São Paulo (SP). A nova es-trutura reúne os 115 funcionários em um mesmo andar, sem baias separando as áreas. O coração da sede é a Audiplatz, espaço que reúne café, bar, mesa de sinuca, área para apresentação e para reuniões. “Muita gente passa mais tempo no escritório do que com a família. É preciso criar um ambiente do qual as pessoas gostem”, diz Joerg Hofmann, presidente da Audi Brasil desde 2013 e o grande entusiasta do novo modelo.

O executivo diz que constatou consistente aumento da satisfação dos funcionários desde a mudança, que aconteceu em agos-to. Com as pessoas mais próximas, a empresa ganhou agilidade. “Acre-dito que esse é um dos motivos para o nosso bom resultado no mercado. Somos mais rápidos do que os nossos concorrentes”, asse-gura Hofmann, ao comentar os re-cordes de vendas da Audi em pleno ano de crise no Brasil.

Um quadro no escritório da marca serve de banco de ideias. Quando percebe uma oportunidade ou possibilida-de de melhoria, o funcionário, independentemente da área, pode incluir sugestões ali. Todas elas são analisadas pelos líderes, que podem optar por implementar as propostas. Há um brainstorm constante. “Quanto mais gente contri-buindo com ideias, mais inovação temos”, comemora.

Hofmann dispensa o controle de horários dos funcio-nários. A empresa cumpre o que é imposto pela legis-lação, mas sem ficar de olho em cada intervalo que o colaborador faz ao longo do dia. “Se a pessoa sabe o que tem de fazer, não me importo se ela precisa de um respiro. Ela pode estender o horário do almoço para ir à academia ou fazer um intervalo para tomar uma cerveja na Audiplatz”, conta, destacando que o importante é o resultado e este ele acredita que cada funcionário sabe a melhor forma de entregar.

A Audi tem trabalhado em algo que Alexandre Pellaes, sócio da 99Jobs, destaca como essencial para qualquer companhia que deseja engajar colaboradores: deixar os

objetivos e valores claros. Uma vez por trimestre todo o time da Audi sai do escritório e vai para um espaço de eventos onde são apresentados os resultados da compa-nhia no período e as metas para a próxima etapa. A em-presa também cria oportunidades para a equipe interagir fora do ambiente de trabalho. “Uma sexta-feira por mês fechamos tudo mais cedo por aqui e passamos a tarde em um parque fazendo exercícios, praticando esportes.” O dirigente acumula mais uma função no time. Ele é vocalista da banda Audi, formada pelos funcionários. Segundo ele, atividades como esta mantêm o time moti-vado. “As pessoas trabalham duro, precisam se divertir.”

A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) também aprovei-tou momento de crescimento no Brasil para inovar em seu modelo de gestão. O Polo Automotivo Jeep, inau-

gurado em abril em Goiana (PE), foi a deixa para a companhia implemen-tar novas práticas em busca de uma indústria mais humana. Assim como acontece na Audi, o setor adminis-trativo do complexo industrial não é dividido por áreas. Os trabalhadores não têm local fixo, cada um trabalha com seu notebook na mesa que for mais conveniente naquele momento. A companhia estima que o sistema

trouxe melhora de 40% na comunicação, com menos e-mails e telefonemas e mais questões resolvidas em conversas olho no olho.

A roupa dos trabalhadores da Jeep demonstra a uni-dade que a empresa quer para o time. Desde o diretor até os trabalhadores do chão de fábrica, todos usam o mesmo uniforme. O objetivo é aproximar a equipe. Na produção as tarefas são divididas entre times de seis pessoas, com um líder para cada grupo. Este profissio-nal toma decisões e gerencia todos aspectos do posto de trabalho e da qualidade de vida do grupo. Segundo a Jeep, a ação valoriza as afinidades e reforça o elo en-tre os colaboradores e a empresa.

Pellaes avalia que dar algum nível de autonomia aos profissionais da produção é o caminho mais rápido para que os benefícios da modernização da gestão cheguem às fábricas. Na visão dele, é dessa forma que os colaboradores desenvolverão pensamento crítico e serão capazes de tomar decisões e contribuir para as melhorias.

É PRECISO CRIAR UM

AMBIENTE DO QUAL

AS PESSOAS GOSTEMJOERG HOFMANN, presidente da Audi Brasil

44-48_MATCAPA_v2.indd 45 26/10/2015 23:42:41

Page 46: Revista Automotive Business - edição 35

46 • AutomotiveBUSINESS

GESTÃO

de profissional e nem sempre chega a ser considerada. Há identificação com os produtos, mas não com o employer branding, que é a mar-ca empregadora de uma empresa”, esclarece Alexandre Pellaes, sócio da 99Jobs, especializada em recru-tamento, seleção e consultoria em modelos flexíveis para as empresas. Prova da baixa atratividade é que hoje apenas 54% dos engenheiros formados trabalham na indústria. O restante migra para outras áreas apa-rentemente mais atrativas.

O especialista acredita que a mu-dança-chave para modernizar o mo-

delo de gestão está na autonomia dos colaboradores. Acabou a história de “o chefe manda, os subordinados obedecem”. Na visão dele, a ten-dência é por outra distribuição, com mais responsabilidade para todo o time. “A hierarquia passa a ser de es-trutura, não de poder.” Pellaes explica que, nesse contexto horizontalizado, o papel de um diretor é agregar co-

A AUDIPLATZ, coração da nova sede administrativa da Audi em São Paulo, ilustra as transformações na gestão do setor automotivo. O espaço reúne café, bar, mesa de sinuca, área para apresentação e reuniões. O presidente da companhia, Joerg Hofmann, justifica: “Muita gente passa mais tempo no escritório do que com a família”

nhecimento, influenciar e consolidar informações, não ser apenas o dono da palavra final.

NOVA GESTÃOÉ justamente o interesse nos produ-tos, mas não em trabalhar nas mon-tadoras e empresas relacionadas, que acende o alerta para o setor automo-tivo. O panorama para os próximos

FOTO

S: L

UIS

PRA

DO

44-48_MATCAPA_v2.indd 46 26/10/2015 23:42:49

Page 47: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 47

É PRECISO ESTAR

ATENTO AO FATO

DE QUE O CARRO

CONECTADO VAI

MUDAR A NATUREZA

DO NEGÓCIO DA

MONTADORA

LETÍCIA COSTA, diretora, Prada Assessoria

anos é de automóveis conectados e evolução dos sistemas de assistência de direção, que tornarão a condução mais autônoma. Pieracciani acredita que, para entregar tanta inovação e se manter competitivas, as empresas terão de inovar também dos portões para dentro.

Para o consultor, o trabalho precisa começar a acontecer com velocida-de. Ele defende que as engenharias e área de desenvolvimento precisam se preocupar menos em manter se-gredos e começar a se abrir. “Temos de olhar para as empresas de gara-gem, as startups, que estão inovan-do e têm muito a contribuir. Elas são rápidas e capazes de garantir mais produtividade”, aponta. A sugestão dele é que, no lugar de internalizar todo o processo de desenvolvimen-to, as empresas devem ir atrás dos parceiros mais jovens, trabalhar de forma colaborativa. Ele garante que os resultados são surpreendentes e demandam investimento menor.

Letícia Costa, da Prada Assessoria, lembra que no Brasil o setor há mui-to tempo não inova em sua forma de criar e produzir. “A última grande mudança foi a operação no conceito de condomínio industrial, que reúne

montadora e fornecedores. Desde então só vemos melhorias incremen-tais nas áreas de qualidade e produ-tividade”, avalia. Ela concorda que a transformação é essencial para que as empresas acompanhem os de-safios que virão com a necessidade de evolução tecnológica. “É preciso estar atento ao fato de que o carro conectado vai mudar a natureza do negócio da montadora. Vemos a ten-dência clara de compartilhamento de veículos, o que deve fazer com que

as fabricantes de carros se tornem também gestoras de frotas”, projeta.

FÁBRICA DO FUTUROA indústria automotiva larga em des-vantagem na corrida pela moderniza-ção dos modelos de gestão. Enquan-to as empresas mais jovens nascem com essa orientação, as corporações que acumulam décadas de história têm dificuldade para acompanhar o ritmo. “Aprender é fácil. Desaprender é difícil”, destaca Pieracciani, ao falar do desafio de mudar culturas enrai-zadas. Esse aspecto deve fazer com que a indústria automotiva busque um ponto de equilíbrio próprio, que combine tradição e novidade.

“Uma empresa como a Fiat Chrys-ler Automobiles nunca será uma star-tup”, diz Paulo Matos, que passou pela gerência de inovação da com-panhia e agora é professor no Isvor, universidade corporativa que perten-ce ao grupo, mas não tem atuação restrita a ele. Márcia Neves, superin-tendente da organização, defende o olhar crítico em busca de um forma-to próprio, capaz de tornar a indústria mais eficiente, produtiva e inovadora. “Temos de decidir o que rearranjar, o que criar e descartar o que não faz mais sentido como processo, como modelo de gestão. Em alguns mo-mentos é preciso sair um pouco da planilha e ir para a elaboração mais abstrata, mais orgânica. As respostas ainda não estão prontas.”

Matos diz que a velocidade da rea-ção precisa mudar. “As empresas jo-vens têm em sua essência estrutura muito flexível, rápida e experimental. Elas não investem anos de desenvol-vimento para depois testar. Elas pro-totipam rápido para ver o conceito”, conta. É a filosofia fail fast, nascida

nas empresas do Vale do Silício. A ideia é que se o erro é inevitável, o melhor é falhar e corrigir rápido, sem tentar contornar decisões er-

ALEXANDRE PELLAES, sócio da 99Jobs

DIV

ULG

AÇÃO

/ 9

9JO

BS

44-48_MATCAPA_v2.indd 47 26/10/2015 23:42:51

Page 48: Revista Automotive Business - edição 35

48 • AutomotiveBUSINESS

GESTÃO

NOVOS MODELOSAÇÕES PARA ENGAJAR COLABORADORES E FOMENTAR A INOVAÇÃO

• Aumentar a autonomia dos colaboradores• Envolver a equipe com o propósito e os

objetivos da companhia• Estimular o pensamento crítico e a troca

de ideias•Aproximar a área de P&D de startups•Incentivar a criação colaborativa

radas, sejam elas no projeto de um novo veículo, em um serviço ou na contratação de um profissional.

AMEAÇA DA MUDANÇAOs especialistas garantem que, ao fazer a travessia para a gestão mais flexível, a indústria será bem recom-pensada. O processo, no entanto, é desafiador. “A mudança é inevitável e estamos claramente em uma fase de transição. Mas será necessário en-frentar conflitos de gestão e de gera-

ções”, acredita Pellaes. Segundo ele, é preciso fazer os profissionais irem além de seus cargos. “As pessoas devem ter liberdade para contribuir mesmo se aquilo não for exatamente a sua área.” O resultado, assegura, é o maior potencial para inovar e res-ponder a novas tendências e necessi-dades. Na linguagem dos negócios a tradução é: mais produtividade com menor custo.

Nas grandes organizações, ele re-comenda começar por uma área, fazer dela o laboratório da mudança. A receita, segundo ele, é trazer mais profissionais para o cérebro da orga-nização. “Quando incluímos colabo-radores na tomada de decisões abri-mos as portas para a criatividade e a diversidade. Se as mesmas pessoas sempre tomarem as decisões, tere-mos decisões parecidas.” O compro-metimento dos líderes é tido como essencial. “Existe alguma resistência à mudança, mas é preciso perder o medo. A competência de um grande profissional é a prontidão para apren-der em qualquer contexto. O endu-recimento não funciona”, destaca Márcia, apontando que o caminho é abraçar a evolução.

Pieracciani acredita que as áreas de engenharia e pesquisa e desenvol-

JEEP COMMUNICATION CENTER – Escritórios abertos

vimento sejam as portas de entrada ideais para os modelos mais flexíveis. Para ele, é ali que as companhias capazes de aumentar a colaboração entre os funcionários e os outros elos da cadeia vão colher os primeiros frutos. “Essa evolução está acon-tecendo muito mais rápido do que imaginamos. Não adianta tentar frear ou ir chorar para o governo. A tecno-logia vem para o bem. Vai melhorar a vida das pessoas, a produtividade e os resultados.” n

DIV

ULG

AÇÃO

/ F

CA

PAULO MATOS, professor no Isvor, universidade corporativa do grupo FCA

VALTER PIERACCIANI, sócio da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas

GLA

DST

ON

E C

AMPO

S /

REAL

PHO

TOS

CLELIO TOMAZ

44-48_MATCAPA_v2.indd 48 26/10/2015 23:42:55

Page 49: Revista Automotive Business - edição 35

Anuncio da Semcon para revista 35 _pagina 49.indd 1 28/10/2015 16:20:25

Page 50: Revista Automotive Business - edição 35

LANÇAMENTO

RICARDO PANESSA, do Rio de Janeiro

DUSTER OROCH TEM COMO PROPOSTA REUNIR O MELHOR DAS CONCORRENTES DE QUALQUER TAMANHO

ENTRA NA BRIGA DAS PICAPES

P ara disputar o concorrido seg-mento das picapes, a Renault lançou a Oroch. O modelo ori-

ginado do utilitário esportivo Duster tem como principal característica di-mensões e capacidades intermediárias entre as picapes pequenas, derivadas de automóveis, e os veículos maiores, considerados de porte médio.

Com visual praticamente idêntico

RENAULT

ao do Duster, a Oroch chega ao mer-cado em novembro em duas versões de acabamento (Expression e Dynami-que) e duas motorizações (1.6 e 2.0, ambas flex), a primeira com câmbio manual de cinco marchas e a segunda com câmbio manual de seis marchas.

Os preços sugeridos vão de R$ 62.290 (Expression 1.6) a R$ 70.790 (Dynamique 2.0). A opção interme-diária Dynamique 1.6 vai custar R$ 66.790. Versões superiores, com câmbio automático e tração 4x4, também estão no portfólio do mode-lo, mas só virão no meio do próximo

ano. A montadora não tem planos de lançar uma versão a diesel.

Fruto do ciclo de investimentos de R$ 500 milhões iniciado pela Renault em 2013, a Oroch (nome de uma tri-bo quase desconhecida nos confins da Rússia) é fabricada em São José dos Pinhais e também será exportada para outros mercados da América Latina.

Olivier Murguet, vice-presidente sênior e presidente do Conselho da Região Américas da Renault, desta-cou a importância do lançamento do novo veículo. “O Brasil é o maior mercado da marca no mundo depois

FOTO

S: P

EDRO

BIC

UD

O

50-51_LANCAMENTO_[Renault Oroch].indd 50 26/10/2015 23:48:29

Page 51: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 51

P esando entre 1.292 kg (versão 1.6) e 1.346 kg (versão 2.0), a

Oroch tem comportamento dinâ-mico praticamente igual ao de um automóvel. Assim como o Duster, a nova picape oferece dirigibilidade fácil e agradável.

Durante rápida avaliação do modelo pela orla marítima do Rio de Janeiro (RJ), conforto da cabi-ne, baixo nível de ruído ao rodar e suspensões com calibragem bem ajustada foram os destaques do modelo. A Oroch é firme sem ser excessivamente dura sobre pisos irregulares e macia sem ser mole demais sobre pisos bem pavimen-tados e curvas.

A caçamba tem 683 litros de ca-pacidade, pode carregar até 650 kg de carga, mas tem apenas 1,35 m de comprimento. Segundo o fabricante, é capaz de transportar volumes maiores, como motoci-cletas, por exemplo, utilizando um extensor que permite rodar com a tampa da caçamba aberta.

A Oroch oferece a mesma boa posição de dirigir, com comandos bem posicionados e grande visibi-

lidade, além de inesperado confor-to no banco traseiro – um de seus pontos fortes. Com quatro portas e lugar para cinco pessoas, o espa-ço interno é outro item positivo do modelo. A picape vem de fábrica equipada com o Media NAV Evolu-tion 2.0, nova geração do sistema multimídia exclusivo da Renault que, além de integrar o sistema de som e se conectar ao celular, também oferece GPS na tela co-lorida de sete polegadas sensível ao toque, acessa redes sociais como Facebook e Twitter e pode passar informações em tempo real sobre o trânsito em algumas cidades brasileiras.

Com motorização 2.0 de 148 cv de potência e 20,9 kgf.m de torque (com etanol), a Oroch respondeu bem ao acelerador tanto nos tre-chos urbanos como nas longas retas encontradas no percurso. Segundo a montadora, com esse conjunto motriz a Oroch é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e atingir velocidade máxima de 186 km/h, sem carga. Fôlego de sobra. n

AO VOLANTE, É COMO UM AUTOMÓVELda França. Com a Oroch, inaugura-mos um segmento entre os utilitá-rios, que vai ter papel fundamental para atingirmos nosso objetivo máxi-mo de alcançar 8% de market share até 2018”, disse. Segundo o executi-vo, no Brasil as picapes são respon-sáveis por 80% do mercado de co-merciais leves e por 13% do mercado total, com aproximadamente 450 mil veículos vendidos em 2014.

CONCORRÊNCIAA Duster Oroch está posicionada entre as picapes pequenas, como Fiat Stra-da e Volkswagen Saveiro, e as médias, como Toyota Hilux e Chevrolet S10. Utilizando a mesma plataforma do Duster, mas com distância entre ei-xos aumentada, o que a torna 38 cm mais comprida do que o SUV, a picape Renault tem como maior trunfo em relação às concorrentes pequenas a cabine dupla onde realmente podem se acomodar cinco adultos.

Mas a Oroch não poderá tirar van-tagem sozinha dessas qualidades durante muito tempo. A Fiat lançará também uma picape compacta-mé-dia, batizada de Toro, com algumas características herdadas do Jeep Re-negade, principalmente o motor 2.0 Multijet turbodiesel de 170 cavalos, entre outros recursos.

Informações do fabricante

FICHA TÉCNICA - RENAULT DUSTER OROCH 2.0Motor: 1.998 cc, 16 válvulas

Potência: 143 cv (gasolina) 148 cv (etanol)

Torque máximo: 20,2 kgfm (gasolina) 20,9 kgfm (etanol)

Consumo / Estrada: 10,8 km/l (gasolina) 7,3 km/l (etanol)

Consumo / Cidade: 9,2 km/l (gasolina) 6,4 km/l (etanol)

Velocidade máxima: 178 km/l (gasolina) 186 km/h (etanol)

Comprimento: 4.693 mmLargura: 1.821 mmEntre eixos: 2.829 mmPeso em ordem de marcha: 1.346 kg

Carga útil: 650 kgVolume da caçamba: 683 litrosTanque de combustível: 50 litrosTração dianteiraCâmbio: Manual, 6 velocidades

RODOLFO BUHRER / LA IMAGEM

50-51_LANCAMENTO_[Renault Oroch].indd 51 26/10/2015 23:48:29

Page 52: Revista Automotive Business - edição 35

52 • AutomotiveBUSINESS

FENATRAN

O s fracos resultados do mercado de caminhões até outubro não trazem o alento

esperado pela indústria de veículos e implementos à véspera do princi-pal evento do setor na América Lati-na – a Fenatran, salão voltado para soluções no transporte rodoviário de carga. A atual edição do encontro, no Anhembi, em São Paulo, de 9 a 13 de novembro, que poderia repre-sentar um marco na recuperação dos negócios, perde impacto com a ausência dos principais fabricantes

COM A AUSÊNCIA DE GRANDES FABRICANTES DE VEÍCULOS COMERCIAIS, A PRINCIPAL FEIRA DO TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGA PERDE O BRILHO

de caminhões, que tradicionalmente representam o maior atrativo da feira.

Com um olho na crise e outro no futuro, os empresários do setor vi-venciam panorama ainda bastante nebuloso, diante das incertezas po-líticas e econômicas e da retração do Produto Interno Bruto (PIB), que representa um termômetro para as vendas de caminhões. João Paulo Picolo, diretor da Fenatran, defende a importância do evento, tido por ele como fundamental para um debate sobre a retomada dos negócios no

RICARDO PANESSA

setor de transporte rodoviário de car-gas. “É a oportunidade de o merca-do se encontrar e discutir os novos cenários. Todo o espaço do evento será voltado para tomadas de deci-são na renovação de frotas de cami-nhões, implementos e serviços em geral”, afirma.

A Fenatran 2015 vai ocupar 80 mil m2 do Pavilhão de Exposições do Anhembi, com 300 marcas ex-positoras, sendo 260 nacionais e 40 internacionais. Cinquenta empre-sas participam pela primeira vez. A expectativa da promotora, a Reed Alcantara, é receber mais de 50 mil profissionais, a maioria dos quais constituída de compradores qualifi-cados. Espera-se que o público seja um pouco menor que o da edição anterior, de 61,3 mil pessoas. Em 2013 foram 370 as empresas parti-cipantes.

Para Picolo, o evento apresenta bons indicativos para todo o setor. “Mais de 95% de nossos expositores têm lançamentos de produtos e ser-viços, a maioria focando esforços e investimentos para gerar vendas du-rante a feira”, explica.

À ESPERADA RETOMADA

JOÃO PAULO PICOLO, diretor da Fenatran

DIV

ULG

AÇÃO

/ F

ERN

ATRA

N

52-54_FENATRAN.indd 52 26/10/2015 23:52:08

Page 53: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 53

VOLVO FOCA EM CONECTIVIDADEE ntre as montadoras de caminhões, de uma lista

de quase uma dezena de grandes marcas, apenas duas, Volvo e DAF, vão montar seus estandes este ano. Ocupando área de 4.000 m2, a Volvo mostra novos produtos e destaca os recursos de conectividade recentemente incorporados aos caminhões da marca. A montadora já apresentou durante o ano as primeiras novidades nessa área: o I-See, sistema que lê a topografia da estrada e a memoriza; o Dynafleet, que atua tanto para gerar relatórios de desempenho do veículo como do perfil de condução e consumo de combustível de cada motorista individualmente; e o My Truck, um aplicativo para smartphones que reproduz no aparelho funções exibidas no painel de instrumentos do veículo.

Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo, entende que o mercado começa a apresentar sinais

de estabilização e a Fenatran é uma boa oportunidade para divulgar as novas tecnologias e, principalmente, fechar negócios. Entre outras novidades, a montadora apresenta o sistema que permite a elevação do eixo tandem nas composições 6x4. Desenvolvido em conjunto com a Meritor, o sistema permite desativar e elevar o segundo eixo de tração, proporcionando melhor aderência ao piso e consumo de combustível até 4% inferior quando comparado ao caminhão conduzido sem carga. Lançado recentemente na Europa, o eixo suspensor tem como grande vantagem reduzir os custos em operações como transporte de madeira, construção ou mesmo granéis, quando o caminhão vai carregado, mas pode retornar vazio.

BERNARDO FEDALTO, diretor de caminhões da Volvo

VICTOR CARVALHO, diretor de vendas de

caminhões da Scania

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

CAN

IA

DIV

ULG

AÇÃO

/ V

OLV

O

AUSENTES, MAS NEM TANTOAs montadoras que não participam da Fenatran deste ano estão de olho nas oportunidades no mercado e à espera da retomada. As empresas tomaram medidas para se adequar à queda dos patamares de produção e vendas, mas não perderam o rumo. Roberto Cortes, CEO da MAN Latin America, foi enfáti-

co: “Não há como o mercado cair ain-da mais. Esta é apenas mais uma crise, entre muitas já enfrentadas, e também deve chegar ao fim em breve.” A afir-mação, feita em setembro durante co-letiva de imprensa para apresentação de novas versões da linha 2016, resu-me a postura da empresa para superar a atual crise do setor.

Entre outras medidas, a MAN redu-ziu a produção, a jornada de trabalho e os salários de funcionários, mas em compensação apresentou 18 no-vas versões na linha de caminhões 2016. “Também somos os primeiros a lançar o leasing operacional, para o MAN TGX, sem entrada e com pres-tações menores que as do Finame; nosso programa de investimentos de R$ 1 bilhão entre 2012 e 2016 conti-nua sendo aplicado”, ressaltou Cortes.

Outra gigante dos pesados, a Sca-nia, fica ausente do evento, mas tam-bém apresentou novidades durante o ano. A estratégia da montadora conti-nua embasada na proximidade com o cliente, para entender o seu negócio e entregar as melhores soluções. Segun-do Victor Carvalho, diretor de vendas de caminhões, a fabricante está volta-da, em 2015, à intensificação de ou-tras atividades de relacionamento em busca de maior presença e suporte aos transportadores.

Entre outras ações, a Scania lan-çou em julho o cavalo mecânico

52-54_FENATRAN.indd 53 26/10/2015 23:52:11

Page 54: Revista Automotive Business - edição 35

54 • AutomotiveBUSINESS

FENATRAN

RICARDO BARION, diretor de marketing para a América Latina, da Iveco

DAF EXPANDE PORTFÓLIOA DAF Caminhões Brasil prepara uma exposição de peso na

Fenatran. Mais esperado desde o lançamento do XF105, em 2013, o CF85 estreia no mercado brasileiro durante o evento. O pesado da DAF será vendido nas versões 6x2 e 4x2, equipado com motor Paccar MX 12,9 L, de 360 cv a 410 cv, transmissão ZF automatizada de 16 velocidades e duas opções de cabine.

Será a terceira participação e a maior presença da DAF Caminhões na mostra. Além do lançamento do CF85, a marca holandesa irá expandir o portfólio com as novas configurações do XF105. “A Fenatran é a principal feira de transporte de carga rodoviária e está totalmente relacionada aos nossos negócios. É uma grande oportunidade para fortalecermos a presença no Brasil, colocar a marca em evidência e também intensificar o relacionamento com o nosso público, sobretudo neste momento de crescimento da empresa”, comenta Luis Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões Brasil.

DIV

ULG

AÇÃO

/ D

AF

DIV

ULG

AÇÃO

/ IV

ECO

rodoviário 8x2 de fábrica, com capa-cidade para 54,5 toneladas de Peso Bruto Total Combinado (PBTC) e de 37 t de carga líquida. Em agosto foi a vez do anúncio da Griffin Edition, série limitada dos caminhões R440 e o R480 nas configurações 6x2, 6x4 e 8x2. Apenas 300 unidades serão produzidas e o período de encomen-das irá até dezembro. “Ainda para este ano vamos lançar oficialmente o semipesado com cabine estendida para as versões 4x2 e 6x2, dos mode-

los P 250 e P 310”, finaliza Carvalho.O esforço para contornar a crise

também está presente na Iveco. Ricar-do Barion, diretor de marketing da em-presa para a América Latina, destaca o investimento anunciado de R$ 650 milhões até 2016 na consolidação de suas bases. O aporte é voltado ao de-senvolvimento e aperfeiçoamento de produtos, localização de componen-tes, inauguração do campo de provas, em Sete Lagoas (MG), e na otimização dos processos produtivos. “Nossos

esforços foram concentrados em mi-nimizar os impactos causados pelo momento econômico desfavorável”, afirma o executivo.

Outra ausência de peso da Fenatran é da Mercedes-Benz. A empresa segue com seu programa focado fortemente no pós-venda e na apresentação de modelos. Num evento em outubro em São Bernardo do Campo (SP), do qual participou também o vice-presidente mundial, Stefan Buchner, a montadora mostrou de uma só vez sete modelos de caminhões e apresentou a inédita fa-mília de minivans Vito, além de destacar três serviços de manutenção e novida-des no consórcio da própria marca.

A Ford, lacônica, limitou-se a distri-buir um comunicado oficial pelo qual informa que “em razão da significativa queda dos níveis de produção e de vendas da indústria automotiva, parti-cularmente mais profunda no setor de veículos comerciais leves e pesados,

a Ford Caminhões optou por não participar da edição 2015 da Fe-natran. Com relação às novidades, no momento, não temos nenhum

anúncio para fazer”. n

52-54_FENATRAN.indd 54 26/10/2015 23:52:14

Page 55: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 55 27/10/2015 16:10:49

Page 56: Revista Automotive Business - edição 35

56 • AutomotiveBUSINESS

FENABRAVE

ENTIDADE ABRIU 25o CONGRESSO E EXPO E ANUNCIOU CRIAÇÃO DE FRENTE PARLAMENTAR

GIOVANNA RIATO e SUELI REIS

DISTRIBUIÇÃOBUSCA ALTERNATIVAS

PARA SOBREVIVERD

IVU

LGA

ÇÃ

O /

FEN

ABR

AV

E

ALARICO ASSUMPÇÃO, presidente da entidade

O Congresso e Expo Fena-brave, realizado dias 15 e 16 de setembro no Expo

Center Norte, em São Paulo, trouxe um tom mais preocupado do que em eventos anteriores. O encontro, chegou à 25a edição no mesmo ano em que a entidade que representa os distribuidores de veículos completa 50 anos. Os motivos para come-

ABRAÇANDO A CONVERSÃO DIGITAL

C onsumidores cada vez mais conectados começam a provocar mudanças profundas na forma de vender carros no mundo todo, o que

já está causando transformações nas concessionárias de todas as marcas, que precisam abraçar a conversão digital o quanto antes. “Essa mudança é rápida, implacável e a adaptação é perpétua. Melhor não lutar contra ela, mas abraçá-la, porque qualquer resistência é inútil”, aconselha Darren Slind, diretor sênior e líder para América Latina e Canadá da consultoria J.D. Power, especializada em pesquisa de consumo e satisfação no mercado automotivo. O consultor abordou a necessidade de conectar a rede de distribuição à nova realidade em sua palestra “Tecnologia, Transparência e a Transformação do Varejo Automotivo” no primeiro dia do Congresso Fenabrave.

De acordo com pesquisas da J.D. Power, um forte aliado tecnológico do vendedor é o tablet, que deve estar amarrado a um robusto sistema de informações com preços digitais e todos os detalhes dos veículos à venda. Slind aponta que várias fabricantes de veículos já estão promovendo essa mudança em sua rede, especialmente as de alto luxo como Lexus, BMW e Mercedes-Benz, mas também alguns concessionários investem pesadamente na digitalização das concessionárias. (Pedro Kutney) n

morar, no entanto, foram sufocados pela urgência em encontrar soluções capazes de amenizar os efeitos da ex-pressiva queda das vendas de veícu-los novos. O tema do evento, “Inove para Vencer”, destacou a necessidade de os empresários manterem o fôlego mesmo no momento difícil.

Alarico Assumpção, presidente da entidade, apontou que o setor gera mais de 420 mil empregos diretos e responde por 5,2% do PIB brasileiro. A Fenabrave estima que cerca de 350 concessionárias das mais de 8 mil ca-sas espalhadas pelo Brasil deixaram de operar ao longo de 2015. “Preci-samos nos unir e trabalhar na criação de uma agenda positiva, que devolva a confiança ao consumidor e estimu-le as vendas”, declarou na abertura do congresso.

A Fenabrave aproveitou o congres-so para anunciar a criação de uma frente parlamentar que defenderá os interesses dos distribuidores de

veículos no governo. O grupo será liderado pelo deputado federal Her-culano Passos e pretende melhorar a presença do setor da distribuição

no Congresso Nacional. O presi-dente da Fenabrave lembra que o segmento reúne 53 associações de marca, conta com 90% de capital nacional e precisa, portanto, garan-tir presença na tomada de decisões no País.

Anthony Portigliatti, reitor da Flo-rida Christian University, recordou durante apresentação no evento que crises como a atual são oportunida-des de transformação. Ele fez um pa-ralelo com a crise dos Estados Uni-dos iniciada em 2009 e que seguiu intensa até meados de 2011: “Pas-samos na época exatamente pelo que os brasileiros estão começando a enfrentar. O concessionário tem a oportunidade de escolher onde quer ficar: se no grupo da projeção que aponta que 450 casas devem fechar no próximo semestre ou entrar para a história daqueles que apertaram os cintos, reviram seus negócios, enxugaram suas máquinas, estuda-ram e utilizaram ferramentas digitais e se reposicionaram com estratégia sistêmica e uma nova modelagem empresarial.”

56-57_Fenabrave.indd 56 26/10/2015 23:56:43

Page 57: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 57

DIV

ULG

AÇÃO

/ H

YUN

DAIA Hyundai planeja estar entre as líderes da revolução prevista para o papel

do carro na sociedade, que deve acontecer nos próximos anos. O objetivo foi anunciado pelo vice-presidente global da companhia, Won Hong Cho, que fez a palestra magna do 25o Congresso e Expo Fenabrave. O executivo acredita que a indústria terá de se desenvolver tanto tecnologicamente, com carros mais conectados e funcionais, quanto em atendimento e relacionamento com o cliente. “A internet afetou a experiência de compra e a relação do consumidor com as concessionárias”, apontou. Ele falou de empresas como o Google, que há pouco tempo era uma ferramenta de busca, mas hoje já representa um verdadeiro concorrente das revendas. “Em breve será possível comprar um carro on-line”, prevê.

Em resposta ao cenário de rápida transformação, a Hyundai implementa novidades em sua rede e planeja modernizar globalmente suas concessionárias. O objetivo é melhorar a experiência do consumidor desde que ele entra na loja até quando senta no banco do automóvel. Como parte deste plano, a empresa implementará nos próximos cinco anos a Jornada de Experiência do Cliente, sistema de conectividade que acompanhará o consumidor desde o seu primeiro contato com a marca. (Giovanna Riato)

HYUNDAI PREVÊ ATUALIZAÇÃO DO PAPEL DO CARRO NA SOCIEDADE

REVOLUÇÃO NA EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR

ABRAÇANDO A CONVERSÃO DIGITAL

C onsumidores cada vez mais conectados começam a provocar mudanças profundas na forma de vender carros no mundo todo, o que

já está causando transformações nas concessionárias de todas as marcas, que precisam abraçar a conversão digital o quanto antes. “Essa mudança é rápida, implacável e a adaptação é perpétua. Melhor não lutar contra ela, mas abraçá-la, porque qualquer resistência é inútil”, aconselha Darren Slind, diretor sênior e líder para América Latina e Canadá da consultoria J.D. Power, especializada em pesquisa de consumo e satisfação no mercado automotivo. O consultor abordou a necessidade de conectar a rede de distribuição à nova realidade em sua palestra “Tecnologia, Transparência e a Transformação do Varejo Automotivo” no primeiro dia do Congresso Fenabrave.

De acordo com pesquisas da J.D. Power, um forte aliado tecnológico do vendedor é o tablet, que deve estar amarrado a um robusto sistema de informações com preços digitais e todos os detalhes dos veículos à venda. Slind aponta que várias fabricantes de veículos já estão promovendo essa mudança em sua rede, especialmente as de alto luxo como Lexus, BMW e Mercedes-Benz, mas também alguns concessionários investem pesadamente na digitalização das concessionárias. (Pedro Kutney) n

JD POWER APONTA QUE CONCESSIONÁRIA DEVE SE ADAPTAR AO CLIENTE CONECTADO

DIV

ULG

AÇÃO

/J.D

. PO

WER

WON HONG CHO, vice-presidente global da Hyundai

DARREN SLIND, diretor sênior e líder para América Latina e Canadá da consultoria J. D. Power

56-57_Fenabrave.indd 57 26/10/2015 23:56:45

Page 58: Revista Automotive Business - edição 35

58 • AutomotiveBUSINESS

SERVIÇOS|CADERNO ESPECIAL

GIOVANNA RIATO

são departamentos estratégicos que podem ganhar produtividade quando recebem atenção de uma empresa dedicada, contratada para cuidar daquilo.

ESTRATÉGIAAs fabricantes de veículos e com-ponentes ainda trabalham para amenizar o susto causado pelo tombo das vendas de veículos este ano. Os esforços da Merce-des-Benz para se adequar à nova

ESTRATÉGIAS NA COMPRA DE MATERIAIS PODEM TRAZER MAIS EFICIÊNCIA ÀS GRANDES COMPANHIAS

A resposta imediata das montadoras para a forte retração das vendas de ve-

ículos este ano é reduzir os inves-timentos em compras de materiais diretos e indiretos. Há, no entanto, oportunidade de ajustar os cus-tos ao terceirizar serviços. Quem garante é Maurício Muramoto, di-retor da Deloitte para a indústria automotiva. “As montadoras têm a chance de ficar mais concentradas em sua atividade principal. É um

jeito de transformar custo fixo em custo variável, que acompanha o ritmo do mercado. Em momento de retração da demanda, automa-ticamente há redução dos custos.”

Comprar serviços também asse-gura às fabricantes de veículos que algumas áreas que fogem da espe-cialidade da indústria sejam con-duzidas por empresas com a com-petência certa. Entre os exemplos estão os setores jurídico, contábil e de logística. Para a Deloitte, estes

COM SERVIÇOS AS MONTADORAS PODEM TRANSFORMAR CUSTO FIXO EM CUSTO VARIÁVEL, QUE ACOMPANHA O RITMO DO MERCADO

TERCEIRIZAR É OPORTUNIDADE PARAREDUZIR CUSTO FIXO

MAURÍCIO MURAMOTO, diretor da Deloitte para a indústria automotiva

MU

RAO

58-59_SERVICOS_[ABRE].indd 58 27/10/2015 00:05:18

Page 59: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 59

FAZEMOS DE TUDO PARA

ACOMODAR OS ESTOQUES E AS EMPRESAS TERCEIRIZADAS

NÃO DEVEM FICAR FORA DISSO

realidade do mercado vão refletir na contratação de serviços. “Es-tamos fazendo de tudo para aco-modar nossos estoques, como a redução da jornada de trabalho em nossa fábrica de São Bernar-do. As empresas terceirizadas não devem ficar fora disso”, avisa Ero-des Berbetz, diretor de compras da companhia no Brasil. Segundo ele, o investimento na aquisição de serviços deve diminuir cerca de 30% este ano na comparação com 2014.

Giulianno Ampudia, responsável por compras na Bosch, revela que o momento desafiador tem feito a empresa se esforçar para buscar so-luções com seus fornecedores. “Não queremos simplesmente comprar menos. Estamos estudando como comprar de forma diferente”, conta. A ideia é se debruçar sobre os con-tratos com a cadeia de serviços para encontrar maneiras criativas e mais inteligentes de atender as necessi-dades da sistemista.

As oportunidades para melhorar extrapolam os limites das fábricas e os acordos entre parceiros da ca-deia produtiva. Na Ford, a diretora de compras Roxana Molina aponta

que o custo-Brasil é um desafio que precisa ser superado. “Sempre bus-camos desenvolver e qualificar os nossos fornecedores para atendi-mento com padrão de eficiência e qualidade internacionais. Em geral, o nível de competitividade no Bra-sil é impactado fortemente pelos custos fixos que podem prejudicar a produtividade em comparação a outros fornecedores mundiais.”

Para a executiva, os problemas de fora da montadora afetam aspectos estratégicos, como os serviços logís-ticos. Muramoto aponta que outra área bastante sensível é a fiscal. É difícil para qualquer empresa acom-panhar o emaranhado da legislação brasileira, o que faz as companhias terem um time especializado no as-sunto, normalmente acompanhado por equipes terceirizadas. “Nos-sa complexidade é muito alta. Há quantidade enorme de leis e decre-tos que surgem diariamente.”

EVOLUÇÃOIvar Berntz, sócio-líder para o setor automotivo da Deloitte no Brasil, destaca que a compra de serviços deve ser grande aliada da indústria automotiva ao longo dos próximos

anos, período em que o setor en-frentará forte transformação. “Tu-do caminha para que a estratégia de aquisição de serviços seja bem mais enérgica, com as companhias evitando tudo o que a distraia de sua atividade principal”, acredita.

O consultor cita as empresas mais jovens e as startups. Segundo ele, estas organizações já nascem com uma cultura muito mais forte de ter-ceirizar. Um exemplo é a Apple, ícone de tecnologia e valor de marca. “É um objeto de desejo. Com um dis-positivo da marca você tem o design e a tecnologia ali, mas nem sequer sabe onde ou por qual empresa o aparelho foi produzido”, aponta. No setor automotivo há a Tesla, espe-cializada em carros elétricos de alta performance. “A companhia não tem tradição fabril, então é muito mais agressiva na aquisição de serviços”, observa Berntz.

Muramoto complementa: “Em 15 anos teremos os carros com direção autônoma rodando em vários mer-cados. Isso fará com que muitos serviços surjam ao redor de veículo para garantir mais funcionalidades e conteúdo. A indústria deve seguir pelo mesmo caminho.” n

ERODES BERBETZ, diretor de compras da Mercedes-Benz no Brasil

LUIS

PRA

DO

58-59_SERVICOS_[ABRE].indd 59 27/10/2015 00:05:21

Page 60: Revista Automotive Business - edição 35

60 • AutomotiveBUSINESS

SERVIÇOS | CONSULTORIA

TRANSFORMAÇÃO GLOBAL DITA NOVAS

TENDÊNCIAS DE GESTÃO

SUELI REIS

de recursos tecnológicos, como siste-mas capazes de realizar chamadas au-tomáticas de emergência em caso de acidente. Tais sinergias pedem uma re-lação cada vez mais rica com o clien-te, que inclua o momento da venda e também o pós-venda.

“Essas transformações estão acontecendo, claro que o ponto de partida é dado lá fora em diferentes proporções porque as situações eco-nômicas e financeiras são díspares, mas todas estão antenadas. As com-panhias de tecnologia estão mais acostumadas com mudanças velo-zes e as montadoras vão assumir es-se perfil, única e exclusivamente pela demanda do novo consumidor, que não quer ter menos do que já tem.”n

DE OLHO NO FUTURO, EMPRESAS JÁ SE PREPARAM PARA PROFUNDAS MUDANÇAS

E m tempos de profunda trans-formação da indústria global, as empresas intensificam a bus-

ca por serviços de consultorias espe-cializadas, que se adiantam para en-tender o novo status quo do cenário mundial. No Brasil o momento não é diferente, mas, diante de uma crise, muda o escopo de prioridades, hoje concentrado em ferramentas de su-peração ligadas à redução de custo, como revisão de processos ou mes-mo de planejamento logístico.

Para Ricardo Bacellar, diretor de relacionamento para o setor automo-tivo na KPMG, embora o País viva sua particularidade, a tendência mundial aponta para mudanças estratégicas importantes nos modelos de negó-cio, o que pode chegar por aqui com algum atraso, mas com a vantagem de estar em seu estado mais madu-ro. “Quem sair na frente para enten-der todo este novo movimento que estamos vivendo vai tirar mais pro-veito. E as consultorias estão aí para acelerar esse processo”, afirma.

Em sua análise, em alguns anos montadoras não serão tão numero-sas em consequência de um proces-so maciço de consolidação: prospec-ções entre Fiat e GM relatadas recen-temente já são sintomas dessa pro-funda transformação. “Daqui a dez anos, a questão não será se essa é

uma decisão a considerar e sim ‘por que não consideramos esse movi-mento antes?’. Além disso, empre-sas do ramo de tecnologia vão chegar com mais força, gerando transforma-ções em toda a cadeia.”

NOVAS POSTURASAs novas tecnologias já ditam as ne-cessidades de novas parcerias. Se-gundo Bacellar, os setores de econo-mia e negócio, tecnologia, telecomu-nicações e energia nunca estiveram tão próximos como agora. Neste con-texto há um relacionamento mais forte de setores que até então tinham pou-ca ligação com o mundo automotivo, como segurança e saúde, que passam a ficar integrados nos carros por meio

DIV

ULG

AÇÃO

/ K

PMG

QUEM SAIR NA FRENTE PARA ENTENDER TODO ESTE NOVO MOVIMENTO VAI TIRAR MAIS PROVEITO

RICARDO BACELLAR Diretor de Relacionamento, KPMG

60_SERVICOS_[Consultoria].indd 60 27/10/2015 00:08:27

Page 61: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 61

SERVIÇOS | ENGENHARIA E PROJETO

COMO CRESCER EM AMBIENTE HOSTIL

MÁRIO CURCIO

EMPRESAS ESPECIALIZADAS ATRAVESSAM MOMENTOS DISTINTOS

A lgumas em-presas espe-cializadas em

serviços de engenha-ria conseguem encon-trar espaço para crescer, apesar do ambiente hostil e da retração nas vendas, mas o período sugere cau-tela: “Nosso mercado é o de desenvolvimento de novos produtos e não está diretamen-te vinculado à produção. O ano de 2015 foi bom para a Autoform mesmo com a crise e apesar dos proble-mas com o contrato de uma montadora que reduziu drasticamente seu budget e nos atingiu significantemente. No entanto, outra montadora que abriu nova fábrica lançou um volume representativo de serviços, o que nos ajudou a manter nosso fôlego”, afirma o diretor-geral da Autoform, Fábio Vieira. A empresa é es-pecializada em softwares para estamparia e em suporte a essa área.

O gerente regio-nal da CD-adapco, Daniel Scuzzarello, garante: “Estamos crescendo. Fecha-mos o ano fiscal em se-tembro com alta de 35% entre softwares e serviços.” A empresa é especia-lizada em simulações de arrefecimento do motor, aero e vibroacústica, conforto térmico da cabine (que inclui de-sembaçamento e descongelamento), gerenciamento de água em áreas como portas, porta-malas e desempenho térmico com o carro em movimento ou parado, entre ou-

tros. Fornece os serviços de engenharia com equipe e softwares de simulação.

A companhia tem expectativa positiva para os próximos meses. Percebe o

crescimento da demanda de sof-twares pelos novos clientes e

de prestação de serviços pelos clientes atuais. Já presta serviços a uma fabricante do segmen-to premium e vem ne-

gociando com outras. Nesse ponto, Vieira, da

Autoform, é mais cauteloso: “O ano de 2016 é uma gran-

de incógnita. Em princípio o volume de serviço de novos projetos demandará uma quantidade significativa de traba-

lho, mas acredito que alguns de nossos clientes do mer-

cado de autopeças te-rão sérias dificulda-des em sobreviver, com caixa suficiente para se manterem até

o dinheiro de novos programas chegar em

suas mãos (...) A flutua-ção da taxa de câmbio torna 2016 um

ano ainda mais imprevisível.” O diretor de engenharia da divisão

powertrain da Delphi para a América do Sul, Roberto Stein, também vê com apreensão o momento atual: “Existem

muitas incertezas com relação a mercado, economia e política que estão afetando as decisões das empre-sas. Portanto, não têm surgido novas demandas.” Co-mo outras empresas, a Delphi teve de adequar seus quadros de engenharia ao momento econômico. n

FLUIDODINÂMICA computacional é uma das especialidades da CD-adapco

PORTAS: Autoform desenvolve softwares para estamparia e dá suporte nesta área

61_SERVICOS_[Engenharia eProjeto]_v2.indd 61 27/10/2015 00:13:24

Page 62: Revista Automotive Business - edição 35

62 • AutomotiveBUSINESS

SERVIÇOS | TESTES E SIMULAÇÕES

ESPAÇO PARA DEMANDAS

MÁRIO CURCIO

vendas da empresa, Raul Arozi Mo-raes.

Para a indústria automobilística, a Autodesk fornece softwares para simulação de processos produtivos e injeção de peças plásticas, entre outros. Moraes recorda que a com-panhia percebeu recentemente a necessidade de mudar o plano de negócios.

“Até algum tempo só vendíamos os softwares, mas passamos a alugá--los. Foi uma forma de nos proteger-mos da instabilidade do mercado.” O custo da locação, por ser mais baixo, ainda ajudou na redução do uso de licenças irregulares.

O diretor de engenharia da Virtual-CAE, Valmir Fleischmann, percebeu este ano uma redução na busca de simulações proporcional à queda do mercado, quando o ideal era ter au-mentado. “O uso das simulações re-duz o custo do desenvolvimento (...) A crise deveria ser um motivador pa-ra a utilização dessas tecnologias.”n

RETRAÇÃO DE MERCADO ATINGE EMPRESAS E SETORES EM PROPORÇÕES DIFERENTES

A retração no mercado nacional afetou uma parte importante de empresas e setores espe-

cializados em testes e simulações, mas há quem continue trabalhando embalado por causa das atualizações de projeto em curso: “Estamos em uma fase de mercado aquecido para desenvolvimento automotivo, prin-cipalmente powertrain”, afirma o en-genheiro do centro de pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Romio.

Ele recorda que o Inovar-Auto trouxe ao Brasil muitos motores no-vos e tanto a nacionalização desses propulsores como o desenvolvimen-to para melhoria da eficiência ener-gética têm exigido investimentos constantes, sobretudo na área de ensaios em dinamômetro de banca-da. “Grande parte do esforço do IMT está sendo aplicada na contratação e desenvolvimento de mão de obra”, diz Romio.

O gerente de testes especiais da Ford, Gilberto Geri, afirma que as simulações no campo de provas da montadora em Tatuí (SP) não dimi-

nuíram: “Elas sempre aumentam por conta da demanda, seja por novos projetos, seja por novas metodolo-gias de simulação. Há claramente um direcional de aumento na utiliza-ção de simulações. Portanto, é pre-ciso que elas estejam cada vez mais correlatas aos testes físicos”, diz.

Para a Autodesk, que fornece softwa-res de simulação, a demanda perma-neceu normal até o primeiro semes-tre. “Mas na segunda metade do ano caiu a procura, houve cancelamento ou adiamento de negociações para

o próximo ano fiscal”, afirma o técnico especialista de

LABORATÓRIO EM TATUÍ analisa dados como consumo e emissões

DIV

ULG

AÇÃO

/ F

ORD

SOFTWARE DA AUTODESK simula áreas de maior tensão em componente

62_SERVICOS_[Testes e Simulacao].indd 62 27/10/2015 00:16:34

Page 63: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 63

SERVIÇOS | LOGÍSTICA

APERTANDO OS CINTOS

SUELI REIS

do mercado automotivo são menores. “Além disso, sempre estamos atentos às novas indústrias que porventura se instalem no Brasil”, recorda.

Por outro lado, é em momentos co-mo este, de menor atividade, que surge a oportunidade de arrumar a casa, já que o setor de logística carece de me-lhoras constantes em todos os modais, incluindo integrações eficientes. Para Oddone, o Programa de Investimen-tos em Logística, anunciado em junho pelo governo e que prevê a inserção de R$ 198 bilhões em concessões nos pró-ximos anos, pode representar o avanço tão esperado na infraestrutura.

“Qualquer medida que venha no sentido de melhorar a qualidade da logística no Brasil, principalmente no modal rodoviário, será positiva para a empresa, pois permitirá que as entre-gas sejam feitas de forma mais rápida, beneficiando nossos clientes, os clien-tes de nossos clientes e a nossa pró-pria companhia”, conclui. n

EMPRESA DEDICADA AO TRANSPORTE DE VEÍCULOS MANTÉM FOCO NA RACIONALIDADE

DOS CUSTOS PARA SUPORTAR SOLAVANCOS

O encolhimento da demanda por veículos novos em todo o País, cujas vendas devem

cair quase 28% neste ano com relação ao ano passado, de acordo com esti-mativas da própria indústria automotiva nacional, diminui bastante as atividades de toda a cadeia e isso não exclui o seg-mento logístico. Com operações que cobrem desde fábricas até seus centros de distribuição, empresas dedicadas ao ramo e responsáveis pela distribuição e chegada dos veículos ou mesmo de autopeças para reposição nas conces-sionárias travam uma batalha diária contra o tempo e, agora, contra a crise.

Esse é o caso da Tegma, empresa que há 45 anos se dedica ao transpor-te de veículos novos e que detém um terço do negócio no País. Em 2014, a receita líquida da empresa recuou 9% com relação ao ano anterior, para R$ 1,44 bilhão. “Este ano está sendo muito desafiador para nós e para to-do o mercado, diante da queda de cerca de 20% das vendas de veículos novos até setembro. Um de nossos focos continua sendo a racionalidade dos custos e das operações”, afirma o diretor-presidente, Gennaro Oddo-ne, que reassumiu a função em junho deste ano, após ter ocupado o mesmo cargo entre 2003 e 2013.

O executivo enfatiza que em perío-dos de reequilíbrio das contas a em-presa não deixa de observar os diver-sos movimentos do próprio mercado, a fim de também ajustar suas bases de custo e investimentos visando à ma-

nutenção de geração de caixa em um patamar adequado e saudável para su-portar os solavancos futuros. Embora a crise atinja o País como um todo, o fato de estar presente em todas as regi-ões é vantajoso, uma vez que a empre-sa possui capilaridade em importantes locais, como o Norte, Nordeste e Cen-tro-Oeste, onde os índices de queda

DIV

ULG

AÇÃO

/ T

EGM

A

GENNARO ODDONE, diretor-presidente da Tegma

TEGMA detém um terço do transporte de veículos novos no País

DIV

ULG

AÇÃO

/ T

EGM

A

63_SERVICOS_[Logistica].indd 63 27/10/2015 00:23:28

Page 64: Revista Automotive Business - edição 35

64 • AutomotiveBUSINESS

SERVIÇOS | TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

ALAVANCAR O MOMENTO ATUAL

EDILEUZA SOARES

FABRICANTES BUSCAM SOLUÇÕES PARA REDUZIR CUSTOS E MELHORAR A EFICIÊNCIA OPERACIONAL

E m tempos de crise aumenta a pressão por rentabilidade e re-dução de custos na indústria

automotiva. Uma das alternativas buscadas pelo setor para amortecer os efeitos da desaceleração é a ado-ção de novas soluções de Tecnologia da Informação (TI) para automatizar processos, fisgar compradores de veículos e melhorar a eficiência ope-racional.

A queda das vendas de veículos e o aperto aos cintos fizeram com que algumas indústrias recorressem à T-Systems em busca de soluções para reduzir custos. Camilo Rubim, vice-presidente de vendas para o setor automotivo da prestadora de

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

YSTE

MS

TEMOS SIDO DESAFIADOS POR EXECUTIVOS DE TI A APRESENTAR SOLUÇÕES QUE TRAGAM RESULTADOS RÁPIDOSCAMILO RUBIM, da T-Systems

serviços de TI Brasil, mencio-na a procura pela terceirização de mão de obra especializada para o suporte técnico dos sistemas de gestão empresa-rial (ERP). Em vez de manter equipes internas dedicadas a essa atividade, montado-ras como Honda, Mercedes e Volkswagen passaram a com-prar pacote mensal de horas com recursos humanos para atendimento aos chamados técnicos da empresa.

“Temos sido desafiados por alguns executivos de TI da in-

dústria automotiva a apre-sentar soluções que tragam resultados rápidos”, informa

Rubim. Entre elas estão tecno-logias e serviços para melho-rar a eficiência operacional e

vender mais carros com modelo de contratação mais flexível, já que os orçamentos para investimentos em tecnologia tiveram uma queda de 30% este ano, segundo estimativas do executivo.

Com menos dinheiro, as monta-doras estão tentando trocar Capex (despesas com capital) por Opex (custos operacionais) para as novas aquisições de TI. Essa demanda tem sido atendida, principalmente pela computação em nuvem, que permi-te uso de aplicações pelo modelo de

PLATAFORMA CEM,da T-Systems

64-65_SERVICOS_[Tecnologia da Informacao]_v2.indd 64 27/10/2015 00:26:23

Page 65: Revista Automotive Business - edição 35

AutomotiveBUSINESS • 65

AJUSTE FINO SEM CORRERIAD aniel Bio, geren-

te de produtos pa-ra a indústria automo-tiva da SAP, fornecedo-ra de ERP, que proces-sa operações de diver-sas montadoras no Bra-sil, observa que o mo-mento de ociosidade é oportuno para ajudar as fabricantes a revisar sis-temas informatizados e deixá-los mais robustos

para quando acontecer a retomada do mercado. “As montadoras devem aproveitar a queda das vendas pa-ra repensar os negócios e fazer ajustes que não conse-guem fazer quando estão na correria para atender as altas demandas do mercado”, aconselha o executivo.

Enquanto anda na marcha lenta, Bio orienta os fabri-cantes a avaliar se o fluxo de produção está funcionando conforme planejado e se os relatórios de estoques estão 100%, por exemplo. “Agora é a hora certa de olhar a ope-ração mais profundamente para descobrir o que pode ser feito de forma automatizada e melhor para reduzir erros”, diz o executivo da SAP.

Entre as tecnologias que Bio acredita que haja opor-tunidade para investimentos no setor atual estão os sis-temas de monitoramento de equipamentos do chão de fábrica via M2M (máquina a máquina). A vantagem da tecnologia é o acompanhamento em tempo real dessas máquinas com dados sobre a manutenção e temperatu-ra, por exemplo, para adoção de medidas com antece-

dência em caso de falhas, evitando prejuízos nos proces-sos produtivos.

“As indústrias precisam ficar mais ágeis e produtivas ainda mais em momentos de crise. Elas têm de integrar sistemas e funcionar com soluções mais robustas”, des-taca André Veiga, diretor do segmento de Varejo da To-tvs, produtora nacional de ERP, que atende montadoras, fornecedores de autopeças e concessionárias de veículos.

Segundo ele, a companhia está recebendo demanda dos clientes por novas ferramentas para ganhar mais ve-locidade e acelerar processos internos. Veiga aponta a plataforma Fluig, uma ferramenta de produtividade e co-laboração que unifica a gestão de processos, documen-tos e identidades, podendo ser acessada também por dis-positivos móveis. O sistema Fluig cria portais para que as empresas se comuniquem on-line com suas comunida-des. Veiga constata que uma das dificuldades das mon-tadoras é o envio dos catálogos de produtos para as con-cessionárias, que podem ser liberados por meio da nova plataforma, sem a necessidade do uso de e-mail. A tecnologia é uma rede social corpora-tiva criada para dar mais velocidade ao fluxo de documentos e compar-tilhamento de informa-ções. Seu objetivo é fazer com que as decisões de negócios sejam tomadas mais rapidamente.n

serviço, sem necessidade da compra de hardware ou software.

Rubim conta que alguns clientes perguntaram: “Como vocês podem ajudar a vender mais?” Uma das respostas da T-Systems foi o lan-çamento no Brasil da plataforma Customer Experience Management Automotive (CEM), importada da matriz, na Alemanha. A tecnologia integra pela nuvem fabricantes, ofi-

cinas, concessionárias e clientes, com o objetivo de incrementar os negócios, melhorar a qualidade dos produtos e oferecer melhor atendi-mento aos clientes. Pelo sistema, o consumidor não depende mais de vendedor em lojas para escolher o carro dos seus sonhos. Por meio de um aplicativo baixado em seu smartphone ele consegue se aproximar do veículo e explorar todos os seus

recursos, com ajuda de um dispo-sitivo móvel chamado beacon, que conecta o celular com o automóvel.

As informações do CEM alimen-tam a equipe comercial, que tra-ça estratégias para atrair potenciais compradores de carros. Segundo a T-Systems, a tecnologia pode incre-mentar vendas em até 18% e tem si-do bem aceita por indústrias na Eu-ropa, como Audi, BMW e Renault.

DIV

ULG

AÇÃO

/ T

OTV

S

DIV

ULG

AÇÃO

/ S

AP

64-65_SERVICOS_[Tecnologia da Informacao]_v2.indd 65 27/10/2015 00:26:26

Page 66: Revista Automotive Business - edição 35

66 • AutomotiveBUSINESS

SERVIÇOS | AUTOMAÇÃO

SINAIS DE OPORTUNIDADE

ALEXANDRE AKASHI

milares aos de 2014 e final de 2013”, revela.

Cesar Mingione, gerente de marketing da Balluff, comenta que a companhia adota uma nova postura, procurando ser mais sim-ples, objetiva, voltada às necessidades do cliente, para propor soluções sob medida. “Estamos mais próximos dos usuários de nossos serviços e procura-mos comprovar alto nível

de eficiência. Estes diferenciais estão nos tornando mais e mais presentes no mercado “, afirma.

O gerente da Balluff acredita que 2016 será um ano desafiador e de muito trabalho, uma vez que após a explosão de consumo em 2012 e 2013 o atual período está sendo marcado por ajustes econômicos e expressiva retração nas vendas da in-dústria automobilística. Apesar desse cenário negativo, ele admite que ha-verá uma nova onda de automação nas montadoras, seja para ganho de eficiência, redução de custos ou ade-quação das linhas a novos produtos globais”, diz. Mingione entende ainda que a nova situação cambial coloca o Brasil em posição extremamente competitiva ante os demais países produtores de veículos.n

CESAR MINGIONE, gerente de marketing da Balluff

APESAR DO RECUO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA, FORNECEDORES DE ROBÔS TÊM EXPECTATIVA

DE RETOMADA NOS NEGÓCIOS

O s robôs no processo pro-dutivo da in-

dústria automobilística são uma realidade sem volta. No mundo, a mé-dia de utilização é de 64 braços automatizados para cada 10.000 trabalhadores humanos. Com nível se-te vezes menor, o Brasil é um mar de oportuni-dades para quem atua na área de automação industrial. Mas o negócio não é tão simples assim.

Segundo Edouard Mekhalian, ma-naging director da Kuka Roboter, é preciso vencer barreiras culturais e econômicas para aumentar o núme-ro de robôs nas linhas de produção industriais brasileiras e aproveitar as oportunidades. “É um desafio justificar o retorno sobre o investimento no Bra-sil”, diz. Fato é que o País possui diver-sos fatores de risco que são analisados e pesam contra investimentos deste tipo, como juros altos, instabilidade cambial e insegurança de mercado.

Esses fatores, aliados à crise que o setor industrial vive atualmente, incluin-do as montadoras de veículos, com volumes de vendas repetindo os níveis de 2008, têm impactado negativamen-te os fornecedores de componentes de

automatização como Kuka e Balluff – pelo menos por enquanto.

Mekhalian afirma que os negócios em 2015 serão 20% inferiores ao pre-visto no início do ano e a saída tem sido buscar novos mercados, como as indústrias alimentícia, farmacêuti-ca, de cosméticos, metalúrgica e ele-troeletrônica. “Muitos projetos que tí-nhamos com o segmento automotivo foram adiados”, explica, observando porém ter certeza de que esses pro-gramas ainda serão realizados.

Para o executivo há um certo otimis-mo em relação a 2016. “Acredito que será um ano bom, pois representantes de diferentes setores com quem tenho conversado dizem estar prontos para investir e melhorar a produtividade e competitividade. Assim, esperamos obter no ano que vem resultados si-

DIV

ULG

AÇÃO

/BAL

LUFF

66_SERVIÇOS_[Automacao].indd 66 27/10/2015 00:30:20

Page 67: Revista Automotive Business - edição 35

Job: 2014-Iveco-Junho -- Empresa: Leo Burnett -- Arquivo: 29773-044-Iveco-Tector-Vaca-AutoBusiness-410x275_pag001.pdfRegistro: 149294 -- Data: 11:18:40 16/06/2014

_Anuncio_Fechamento.indd 67 27/10/2015 00:39:42

Page 68: Revista Automotive Business - edição 35

_Anuncio_Fechamento.indd 68 27/10/2015 00:37:53