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Somos todos AMOR! O nosso objetivo com esta edição, em primeiro lugar, é trazer informações que diminuam o preconceito, exercitem a inclusão e, ao mesmo tempo, nos levem à reflexão sobre a forma com que encaramos o Autismo e/ou Síndrome de Down. Eles vivem com algumas limitações, mas se divertem, estudam, passeiam, trabalham, namoram... O que chamou a atenção da nossa equipe para a escolha do tema, no caso do autismo, é o aumento da incidência de casos e a possibilidade de existirem muitos outros ainda escondidos, por desconhecimento acerca dos sinais e pela falta do diagnóstico com segurança.O grupo Laço Azul de Apoio aos Autistas, escolhido para ser beneficiado pela ação social desta edição da ATMA, tem feito um excelente trabalho em Uberaba esclarecendo e sendo um divisor de águas para as famílias com autistas em casa. Informação é tudo! É claro que respalda todos esses elementos o amor incondicional.

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REVISTA ATMA 09

ATMA ÍNDICE14 Trajetória Nossa HistóriaCalendário Guerreiras 2016

CAPA18 Lucas Ksenhuk: o autista artista

Autismo: O melhor é amar22 Grupo Laço Azul/Piquenique Laço Azul

28 Siamig BH - O doce equilíbrio do açúcar31 FISIOTERAPIA - Fisioprime / Pilates

32 ORTOMOLECULAR - A hora e a vez da suplementação34 HOMEOPATIA - Você conhece a homeopatia?

36 DIREITOS - A lei Berenice Piana40 FONOAUDIOLOGIA - A importância do diagnóstico precoce

ENTREVISTAS43 Andréa Werner

47 A hora da decisão - Mariangela Camargos54 Interesse Específico dos Autistas

56 Son Rise e seu efeito revolucionário59 Uma atitude acolhedora pode mudar vidas - Fausta Cristina

64 “Agimos focados no Lu e não no autismo” - Karla e Luiza Coelho

66 Ricardo Perdigão Filho: o querido e amado anjo azul68 Oi, Linda! Esta é Manu, a joia de Cássio e Dani

72 Pedro Henrique: o anjo guerreiro da família74 “Lucca nos ensinou o significado da

palavra amor” - Karine Assumpção76 Quando o silêncio fala mais do que palavras...

Marina Remiggi

78 ESTÉTICA - Tratamentos de estética para todas as estações79 Livro cultua alimentação para vida saudável - Dra Sandra de Sá

80 PSICOLOGIA - Tratamento multidisciplinar e sua eficácia82 Terapia com Animais - Dra Martina Sbrissa Bortolin

88 A nova era da Odontologia Especial - Dra Adriana ZinkNEUROLOGIA - Impacto de Down e autismo,

diferença entre pacientes - Dr. Janael Rodrigues92 CARDIOLOGIA - Síndrome de Down e

cardiopatia - Dr. Marcelo Marra94 CULTURA - Livros e Filmes

97 ARTE - Hélio Siqueira e Paulo Miranda

98 MOVIMENTO DOWNDiálogo e conscientização tiram inclusão do papel

HISTÓRIAS100 Amor incondicional ajuda a lidar com Down - Romário Faria

102 Viver é amar - Marcos Moreno106 Clara: meu bem mais precioso! - Alessandra Conradt

108 Ser diferente é normal - Kaká Carneiro111 EDITORIAL DE MODA - Fabiana Milazzo - Coleção Azul

116 INDÚSTRIA - Dr. Olavo Machado Júnior FIEMG122 ODONTOLOGIA - O Autismo e o tratamento

odontológico - Dr Fábio Azevedo124 GASTRONOMIA - Gnocchi sem glúten - Chef Luciano Muradas

125 SUSTENTABILIDADE - Arquitetura Viva - Luana Lousa de Almeida

127 EMPREENDEDORISMO - Inovações e oportunidades de novos negócios - Willian Rodrigues - SEBRAE

SOLIDARIEDADE 128 PROJETOS SOCIAIS - Franco Cartafina,

Caminhada Solidária River Auto Peças, Angela Dib - Menos palavras e mais amor, Lar Andé Luiz

132 ADMINISTRAÇÃO - Gestão de Crise - por Anne Roy134 GASTRONOMIA FUNCIONAL - Mirella Dellazzari

- Real Gastronomia139 ENGENHARIA - Reinaldo Ribeiro

140 ACESSIBILIDADE - Alisson Bessa, Pedro Arduini142 ARQUITETURA E DECORAÇÃO- Marcelo Pontes Luz

143 ARQUITETURA E URBANISMO - Lidiana Rosa144 PRÓXIMA EDIÇÃO - ALZHEIMER

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10 REVISTA ATMA

ATMA CARTA AO LEITOR

O nosso objetivo com esta edição, em primeiro lugar, é trazer informações

que diminuam o preconceito, exercitem a inclusão e, ao mesmo tempo,

nos levem à reflexão sobre a forma com que encaramos o Autismo e/ou

Síndrome de Down. Eles vivem com algumas limitações, mas se divertem,

estudam, passeiam, trabalham, namoram...

O que chamou a atenção da nossa equipe para a escolha do tema, no

caso do autismo, é o aumento da incidência de casos e a possibilidade

de existirem muitos outros ainda escondidos, por desconhecimento acerca

dos sinais e pela falta do diagnóstico com segurança.

Aliado a isso, também julgamos muito importante mostrar que a adoção

de novos hábitos que levem a uma alimentação saudável traz muito

mais benefícios do que imaginamos. Pode mudar a vida de uma pessoa,

especialmente aquelas que têm alergia a um ou outro alimento

e muitas vezes nem sabe.

O grupo Laço Azul de Apoio aos Autistas, escolhido para ser beneficiado

pela ação social desta edição da ATMA, tem feito um excelente trabalho

em Uberaba esclarecendo e sendo um divisor de águas para as famílias

com autistas em casa. Informação é tudo!

É claro que respalda todos esses elementos o amor incondicional. A

presença de uma pessoa com autismo ou Down na família abre espaço

para cultuar outros valores, os verdadeiramente essenciais para a vida.

Traz, invariavelmente, uma transformação positiva e de

forma plena.

Uma edição com conteúdo e ação indispensável para quem, como nós,

quer atingir o que diz o slogan da ATMA: Viver o Bem!

Boa leitura!

Somos todosAmor!

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REVISTA ATMA 11

DIRETORIAALÊ RÔSO

ELISA ARAÚJO EDITORA RESPONSÁVEL

ROSE DUTRAJP06415 MG

DIREÇÃO DE ARTE/CRIAÇÃOMÁRCIA FONSECA

PROJETO GRÁFICOARKA MARKETING

CONTEMPORÂNEOCONTATOS PUBLICITÁRIOS

KARINE GONÇALVESALEXANDRE CURY

THAIS CURIMARKETING

ARKA MARKETINGTHAÍS SCANDIUZZI

34 3314 9439PROJETOS/

RESPONSALIDADE SOCIALGICELE GOMES

MOBILIZAÇÃO SOCIALEDITORIAL DE MODA

FABIANA MILAZZOFOTOGRAFIASANDRÉ SANTOS

COLABORADORESMARIANGELA CAMARGOS

KARLA COELHOLUIZA COELHO

FERNANDA COELHO

IMPRESSÃOGRÁFICA R&C 34 3336 5083

TIRAGEM10 MIL EXEMPLARES

REVISTA ATMA É UMA PUBLICAÇÃO [email protected]

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CAPALUCAS KSENHUK

FOTOGRAFIAE PRODUÇÃO

TATIANA KSENHUK

ATMA EXPEDIENTE

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NOSSA

14 REVISTA ATMA

ATMA TRAJETÓRIA

Na primeira edição falamos sobre o Câncer, convidamos médicos, pacientes, psicólogos e os mais va-riados profissionais ligados a esse universo, incluindo moda e beleza direcionados ao público. O objeto de ação social trabalhado foi um calendário com fotos artísticas de verdadeiras mulheres guerreiras que lutam ou lutaram contra a doença. Toda a verba arrecadada com a venda dos calendários foi destina-da ao Hospital Dr. Hélio Angotti de Uberaba, referência em atendimento a pacientes em tratamento contra o câncer. A entrega da arrecadação com a venda dos calendários foi fei-ta pelas diretoras da ATMA ao Dr. Délcio Scandiuzzi (foto). Duran-te o processo de vendas e divulga-ção do Calendário disponibilizamos entrevistas e esclarecimentos para diversos meios de comunicação o que harmonizou uma nova edição do Calendário para 2016 de forma

independente feito pelas próprias Guerreiras. Na segunda edição, lançada em outubro de 2015, discutimos o HIV/Aids. Apresentamos o tema respalda-do pelos mais variados profissionais da área, entrevistamos pacientes, contamos histórias de superação e debatemos o preconceito. Em parce-ria firmada com a renomada estilista Patrícia Bonaldi, foi desenvolvida a estampa para a camiseta com arre-cadação revertida integralmente para a ONG Saiba Viver (Associação de Apoio às Pessoas Vivendo com HIV – AAPVHIV) em Uberaba, presidida por

A cada edição um tema é abordado em 360°Nilton Rezende (foto à direita). No decorrer da parceria firmada entre a ATMA e ONG Saiba Viver, articula-mos estande montado no Shopping Uberaba para venda das camisetas e divulgação do trabalhado realiza-do. Estivemos juntos na Ação de 1º de Dezembro – Dia Internacional de Combate à AIDS, que proporcionou à ONG visibilidade e também Projeto de Lei que instituiu o Dia Municipal de Combate à AIDS. Acompanhamos a entrega do terreno doado pela PMU e assumimos o compromisso de elabo-ração do projeto arquitetônico para a nova sede da Associação.

História

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REVISTA ATMA 15

ATMA TRAJETÓRIA

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nome dos patrocinadores e demais apoiadores do projeto.A Guerreira de 2015, Elaine Furta-do, comandou um dos momentos mais emocionantes da noite. Ela apresentou o desenho presenteado pela ilustradora Cristiane Goiatá, de Juiz de Fora, convidou Amanda, a filha da eterna Sissa, e contou que o nome escolhido para a top do desenho é Sissa. Em seguida, as modelos de 2015 e 2016 se abraçaram e se presen-tearam. Foram apresentados os agradecimentos à imprensa, aos patrocinadores NBC Supermerca-dos, EF Mix, Skinão Restaurante, Instituto Boa Fé e Gráfica 3Pinti, e aos profissionais voluntários Francis Prado (fotógrafa), Gio Mota (desig-ner gráfico), Rose Dutra (jornalista e mestre de cerimônias do evento), ao presidente das Indústrias Agro-nelli, Marco Tulio Paolinelli; à web-designer e fotógrafa Marcela Pena,

à fotógrafa Luciana Alves; às ma-quiadoras Elaine Estrela, da Art & Estilo e Gilvana Gouvea, diretora de Vendas da Mary Kay, e às as-sistentes de produção, Ana Flávia Quirino (que também atuou junto ao cerimonial do lançamento) e Ana Carolina Quirino. O encerramento contou com a declamação de um poema pela guerreira e capa da primeira edi-ção da revista ATMA, Arahilda Go-mes Alves.

A cerimônia de lançamento do Ca-lendário 2016, no Espaço Bookafé Uberaba, foi marcada por mui-ta emoção com a presença das Guerreiras 2015 e 2016, dos pre-sidentes Hospital Dr. Hélio Angotti, Délcio Scandiuzzi, acompanhado de sua esposa, Lúcia, e do INBF Instituto Boa Fé, Jônadan Ma, e esposa Angela; da secretária de Educação, professora Silvana Elias; do médico Luciano Luzes, diretor da Unimed, da Amanda, filha da eterna Guerreira, Sissa Rezende; da diretora da revista ATMA, Elisa Araújo, e muitos mais que se emo-cionaram ao som do músico We-ber Januário, e do duo instrumental com Elias Junior (piano) e Eduardo Coelho (bass). Os pronunciamen-tos deram o tom comovente ao evento. Valéria Cristina Silva falou em nome das estrelas de 2015, e Leonice Capucci em nome das estrelas de 2016, e Jônadan, em

16 REVISTA ATMA

ATMA TRAJETÓRIA

Guerreiras 2016Janeiro - Solange Moura de Menezes Fevereiro - Ruana Paula SilvaMarço - Mônica Rodrigues do Nascimento Abril - Melissa de Queiroz PaixãoMaio - Leonice Maria Pinheiro CapucciJunho - Maria Beatriz Lima BorgesJulho - Viviane Rodrigues CamposAgosto - Islaine Maria da SilvaSetembro - Patrícia Moraes A. F. RosaOutubro - Derocy Soares de SouzaNovembro - Patrícia Daniela Borges CamposDezembro - Marcia Helena Pena Gama

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ATMA GUERREIRAS

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ATMA CAPA

Lucas Ksenhuk: o autista artista

Você tem autismo e é um ar-tista. Suas obras são lindas. Onde você busca inspiração para tantas belas obras de arte?Minhas inspirações vêm dos meus cadernos de rascunho, e os dese-nhos dos rascunhos eu faço sempre que penso em alguma coisa dife-rente com relação aos movimentos da natureza. Família, amigos e colegas e professores devem estar muito orgulhosos de você. Como é o feedback deles com relação ao seu talento? Eu me sinto top hehe

Lucas Ksenhuk, 14 anos, tem como inspirações as obras de

Van Gogh e Romero Britto. Sua criatividade extrapola as telas e

vai para capacetes, tênis e até instrumentos musicais. Muita cor e formatos povoam a sua mente

brilhante e tantas belas obras já fizeram parte de exposições

por esses brasis. Para Lucas, o autismo não é uma doença,

parece um teste e ele fica muito feliz quando consegue transmitir

alegria pelas suas telas.

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REVISTA ATMA 19

ATMA CAPA

Você fez pinturas belíssimas em seus tênis, que bem pode-riam ser aprovados por marcas nacionais. Você os apresentou a eles, já obteve resposta da Nike ou da Adidas? Ainda não... E que sensação foi pintar os capacetes que foram os prê-mios para a Sampa Kart Race 2015?Foi muito legal e diferente para mim, eu espero que todos tenham ficado felizes. Como o desenho invadiu o seu coração? Com que idade co-meçou a desenhar?O Romero Britto me inspirou muito, e também Van Gogh. Minha irmã me ajudava a pesquisar. Eu ganhei livros dos meus tios e um caderno do meu amigo, e foi quando acon-

teceu tudo isso junto que eu tive muita vontade de desenhar. Com 9 anos. De que maneira você lida com o autismo, no que se refere ao preconceito que ainda ronda as pessoas com TEA? Como a sua família respalda você nes-se enfrentamento?Eu fico com dó das crianças com autismo muito grave. Elas precisam dos pais para ajudá-las. Então, eu penso muito nelas e não ligo para o preconceito comigo, mas já sofri muito quando era menor. Quando alguém fala alguma coisa eu finjo que não ligo, mas ao mesmo tempo eu fico com pena das crianças com autismo. Todo ser humano precisa ajudar outro ser humano, e eu gosta-ria de ajudá-los. Minha família me ajuda muito, e isso eu aprendi com eles. Meus pais são minha ins-piração. Você já realizou vários sonhos, como fazer exposições com a sua arte e conhecer o Romero Britto, pintor, escultor brasilei-ro muito conhecido nos Esta-dos Unidos. Como foi esse en-contro?Eu fiquei muito ansioso para encon-

trar o Romero Britto, eu congelei e não consegui falar muita coisa. Minha mãe me ajudou. Eu senti na pele o que é ter um sonho realiza-do, isso faz muito bem ao coração. E quais são os sonhos ainda não realizados?Fazer exposição em outros países, conhecer mais artistas, ter minhas artes em marcas, estudar numa es-cola bem legal de artes, ajudar pes-soas, e ter um iPhone 6, hehehe. A revista ATMA quer informar sobre o autismo e down com entrevistas de especialistas, mas também demonstrar que é possível vivenciar alegrias, realizar sonhos e ser feliz. Você é prova viva disso. Que opinião você tem sobre publi-cações assim?Para mim, o autismo não é uma doença, parece um teste. Eu fico muito feliz quando consigo transmi-tir alegria pelas minhas telas, e es-pero que todos se alegrem mesmo. Muito obrigado por me ajudarem a divulgar meu trabalho, eu espero que dê mais visibilidade também ao Grupo Laço Azul de Apoio aos Autistas, liderado por Luiza e Karla Coelho, e assim ajudar outras famí-lias também.

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ATMA CAPA

Os pais de autistas devem ir ao en-contro da dor, não vale a pena fugir. É melhor encontrá-la e aprender a lidar com ela, e então superar cada obstáculo. A avaliação é de Tatia-na Ksenhuk, mãe do Lucas, autista com a mente voltada para as artes. Ela observa que se a dor não for enfrentada, ela consome a todos e os faz ficarem rodando em volta de si mesmos sem solução. Tatiana diz ser preciso muita coragem para lidar com um diagnóstico, mas é o melhor a ser feito por amor aos filhos. “Tudo o que pode ser melhorado só é des-coberto depois que damos este pri-meiro passo. Encontrar outras famí-lias que passem pelo mesmo desafio é essencial.”Quando recebeu o diagnóstico do Lucas, Tatiana ficou desolada. Foi uma sensação de muita tristeza e in-segurança, sem saber muito o que fazer. Ela buscou ajuda em grupos de apoio para tentar entender o que re-almente este diagnóstico significava. Também recorreu a Deus, através de músicas, da própria Bíblia e também com orações pela vida do Lucas. Ela conta que o próprio filho, quando ti-nha 8 anos sempre que ela o busca-va na escola ele chorava no carro e dizia que gostaria de viver na época de Jesus para apenas tocar nas suas roupas e ser curado. “O Lucas tem várias experiências com Deus e acre-dita fielmente nele.”

Tatiana nunca imaginou que o Lu-cas teria uma mente voltada para as artes. Ela espera que ele tenha um futuro belo e que de alguma forma isto ajude outras pessoas. “Quem sabe ter um lugar muito legal para autistas...”. Qualquer tipo de julgamento é capaz

Autismo: o melhor é amar

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Lucas com os pais Tatiana e Hugo Ksenhuk

a pena entrar em discussões, pois as pessoas ouvem e veem só o que é confortável para elas. “Então, eu di-ria: sinto muito”. O que de fato im-porta é o sorriso do Lucas. É muito significativo para toda a família vê-lo trazendo para o papel o que ele tem em sua mente. “É uma dádiva para nós! Somos bem corujas rsrs”, fina-liza. E com razão! As obras de arte de Lucas são lindas e tem ganhado cada vez mais visibilidade.

de deixar Tatiana bem irritada, no entanto, perce-beu que não vale

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ATMA LAÇO AZUL

Grupo Laço AzulO Grupo Laço Azul chegou para

dar alento a pelo menos 70 famílias em Uberaba. A cidade praticamente não abordava o

assunto de forma esclarecedora. Não havia como trocar ideias,

pois não se tinha conhecimento da demanda de autistas no município. Em dezembro de

2014, a partir de uma reunião com alguns familiares de autistas,

surgiu a vontade de estreitar laços para trocas de experiências

permitindo aos seus membros se inteirar das necessidades uns

dos outros, na maioria das vezes parecidas, e até mesmo para

que tivessem um momento para desabafo e acolhimento.

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REVISTA ATMA 23

ATMA LAÇO AZUL

Durante os encontros, ficou eviden-te a carência de conscientização da comunidade como um todo e, em abril de 2015, o grupo, que se identificava como Grupo de Apoio aos Autistas de Uberaba, apro-veitou o Dia da Conscientização Mundial Sobre o Autismo para se

expressar.A intenção era mostrar que os autistas têm de ser reconhecidos como pertencentes à sociedade e se sentirem cada vez mais inte-grados e incluídos. Assim, os pais e familiares organizaram um pique-nique em uma praça de Uberaba.

Foi um sucesso e surgiram novos interessados em compartilhar des-sa luta por respeito e espaço. No mesmo ano, as atividades se in-tensificaram e o grupo articulou e realizou a vinda à cidade de uma médica especialista em tratamen-to integral para atender pessoas com autismo.Criou-se uma biblioteca para em-préstimos de livros e documentos; os encontros continuaram a acontecer e profissionais como terapeutas, pro-fessores e mediadoras escolares pas-saram a ser convidados para falar com as famílias; conversas com as secretarias de Saúde e de Educação foram fomentadas e eventos de con-fraternização foram realizados.Com a percepção da força dessa comunhão, o grupo sentiu a ne-cessidade de criar um nome que fugisse das siglas e, ao mesmo tempo, representasse a essência do trabalho que sempre realizou. Sur-giu então o Laço Azul, mostrando que o autismo, representado mun-dialmente com essa cor, não une as pessoas apenas pelas dificulda-des mas também por prazer, amor. Um elo entre todos os que buscam o mesmo ideal. Assim, é formada uma família.O símbolo escolhido, a estrela de cinco pontas, significa laço infinito e

Confraternização Grupo Laço Azul, membros da diretoria e familiares

Reunião Grupo Laço Azul e familiares

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ATMA LAÇO AZUL

representa a verdade e a proteção, demonstra a vontade de construção de novos conceitos para a educação, saúde e inclusão. O grande objetivo dessa união é mostrar para a cidade de Uberaba e região que é possível e necessário mudar muitas realidades do dia a dia dos autistas.

Quer saber mais sobre o Laço Azul? 34 3312.7360

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REVISTA ATMA 25

A segunda edição do Piquenique de Conscientização do Autismo pro-movido pelo grupo Laço Azul levou mais de 1000 pessoas à Praça Pôr do Sol, no dia 3 de abril de 2016. Foi uma manhã inteira de atrações, além de divulgação a respeito do transtorno. Karla e Luiza Coelho, que mantêm o blogestouautista.com.br, estiveram à frente da organização do evento. Ela são irmãs de Luiz Júnior, que é autista e motivo de estudo e empenho de toda a família para que ele tenha excelente qualidade de vida. O encontro evidenciou a união do grupo formado por familiares de autistas e simpatizantes e, sobretudo, de conscientização. Durante o piquenique, foram distribuídos panfletos informativos e houve espaço co-berto com equipe preparada para esclarecer dúvidas sobre a síndrome. As crianças se divertiram na cama elástica, tobogã, piscina de bolinhas, atividades físicas, música, dança, sorteios e muito mais.

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Envolto em mitos e muitas vezes culpado por ocasionar vários pro-blemas de saúde, o açúcar é visto na atualidade por muitos especia-listas como um dos carboidratos mais importantes para o corpo humano, porém, se consumido de forma equilibrada. “É preciso ter cautela antes de eleger um nu-triente ou alimento como bom ou ruim. A questão está no equilíbrio do consumo, seja qual for o grupo alimentar “, ensina a nutricionista, Márcia Daskal.Uma outra vertente que está sen-do agregada ao consumo de açú-car equilibrado é a importância da prática de exercício físico, a fim de evitar doenças graves como a obe-sidade, diabetes entre outras. De acordo com o professor de educa-ção física, Márcio Atalla, é impor-tante apostar na mudança de estilo

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ATMA SIAMIG BH

de vida, que é determinante para a saúde e o bem estar. “Não deve-mos responsabilizar um fator iso-lado, como um tipo de alimento”, diz Atalla.Segundo o educador físico, criador do quadro “Medida Certa” do Fan-tástico, na Globo, assim como não deve-se eleger vilões da alimenta-ção, é indevido eleger também as

grandes salvações, como tem ocor-rido hoje em dia com a chia e a quinoa, entre vários outros. “Muito pelo contrário, temos que pensar que é possível consumir to-dos os alimentos, como o açúcar, dentro de uma alimentação equili-brada, com todos os nutrientes, vi-taminas, minerais e fibras”, afirma Atalla. Sobretudo, reforça, manter--se fisicamente ativo, e ser, portanto, uma pessoa saudável, sendo isso o que ele chama de padrão de com-portamento, hábito, rotina e o que realmente constrói o estilo de vida.

Fonte de energiaFoi pensando em divulgar o concei-to de dieta equilibrada com o foco também na atividade física que foi desenvolvida a Campanha Doce Equilíbrio, promovida pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), com apoio da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), do Sindicato da Indústria de Fabricação de Eta-nol do Estado de Goiás (Sifaeg) e

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O doce equilíbrio do açúcar

Márcia DaskalMárcio Atalla

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como causador da obesidade, dia-betes ou outras doenças graves. Al-gumas instituições científicas, como ONU para a Alimentação e a Agri-cultura, Organização Mundial da Saúde (OMS), Instituto Americano de Medicina e Academia America-na de Nutrição e Dietética, já con-cluíram que essas doenças estão ligadas a diversos fatores, e não exclusivamente ao açúcar. Os consumidores podem obter maiores informações sobre o açú-car e receitas dos doces dessa ma-téria no site: www.campanha-doceequilibrio.com.br

Mário Camposé presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais.

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ATMA SIAMIG BH

• Açúcar cristal: apresenta-se como cristais maiores e transparen-tes, sendo mais difícil dissolvê-lo. No seu processo de fabricação, a etapa de cristalização elimina a maioria das impurezas presentes. • Açúcar refinado: esse é o tipo de açúcar mais comum nos super-mercados e utilizado em casa. No processo de refino, além da adição de novos produtos químicos, o açú-car cristal é dissolvido e recristaliza-do, visando torná-lo mais branco, pela remoção adicional dos com-postos coloridos presentes. • Açúcar de confeiteiro: já des-crito pelo nome, esse tipo de açú-car é mais utilizado para decorar receitas, como bolos, biscoitos e tortas. Os cristais são extremamen-te finos e com a aparência de pó. • Açúcar orgânico: em geral, se apresenta na forma de cristais maiores e mais escuros. Durante a sua produção, desde o plantio da cana até o produto embalado, não são utilizados agrotóxicos ou insu-mos não autorizados. • Açúcar light: é a combinação do açúcar refinado com adoçantes artificiais. Deve ser evitado por pes-soas que não podem ou não que-rem utilizar adoçantes. Por conta da presença dos edulcorantes, não tem o mesmo efeito culinário.• Açúcar mascavo: com a colo-ração mais escura parecida com o caramelo, o sabor do açúcar mascavo lembra o da rapadura. O açúcar mascavo tradicional é um alimento obtido diretamente da concentração do caldo de cana re-cém-extraído. • Açúcar demerara: tem grãos na cor marrom claro e o proces-so de produção é muito similar ao açúcar mascavo, porém passa tam-bém por um processo de tratamen-to leve, utilizando menor quantida-de de aditivos químicos. Fo

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Principais tipos de açúcar produzidos

do Sindicato da Indústria de Fabri-cação do Álcool do Estado da Pa-raíba (Sindalcool). “Esse é um pro-jeto de saúde, prazer e bem-estar”, diz o presidente da SIAMIG, Mário Campos, que defende o açúcar como a principal fonte de energia para o ser humano e fundamental no preparo dos alimentos ao fazer parte do dia a dia dos brasileiros.A Campanha Doce Equilíbrio ser-ve para desvendar muitos mitos em relação ao açúcar e colocar a pa-lavra equilíbrio no centro do deba-te sobre o assunto. Isoladamente, o açúcar não pode ser considerado

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Page 31: Revista Atma 3ª Edição

O método Pilates é essencial para a reabilitação, prevenção e condi-cionamento físico. Carlos Ernesto, proprietário da Fisio Prime Instituto, revela que quando o assunto autis-mo chega à sua mesa, a reação é de alegria, pois é um tema de extre-ma relevância por vários motivos, entre eles os fatos de segundo o site www.autism-society.org, 1% da po-pulação mundial ter algum tipo de autismo; de existir muito tabu sobre como lidar com quem tem a síndro-me; e que a prática de atividade fí-sica é extremamente benéfica para autistas e para qualquer pessoa que possua algum tipo de déficit de atenção e hiperatividade.

Profissional extremamente liga-do a pesquisas científicas, Carlos Ernesto tenta manter seus atendi-mentos e equipe 100% voltados para práticas que se baseiem em comprovações científicas. Analisou mais de 15 artigos relacionados ao tema (Exercício físico x autismo) na base de dados PubMed e a gran-de maioria já confirmava o que na prática ele tem vivenciado. Não im-

porta qual atividade e nem o nível de autismo, pois existem vários, os efeitos da intervenção com ativida-de física em pacientes com autismo são benéficos em vários aspectos como socialização, diminuição de autoagressão, aumento da concen-tração, melhora da flexibilidade e da coordenação.

A verdade é que o método/concei-to Pilates, segundo Carlos Ernesto, parece se encaixar perfeitamente como uma atividade física inte-rativa. Acrescenta que o Pilates é divertido, podendo desenvolver habilidades sensório-motoras, de-pendendo de como é realizado. Ele ressalta que o paciente será exposto a um universo de novos movimen-tos em um ambiente extremamente calmo e controlado, reduzindo o estresse que locais com excesso de informação poderiam causar.

Outro benefício, de acordo com o profissional, seria a possibilidade de minimizar consideravelmente desvios posturais, por meio do re-equilíbrio das cadeias musculares,

realinhamento e consciência cor-poral. Observa que o paciente não deverá ficar sem acompanhamento familiar durante as sessões, até que ele esteja adaptado ao instrutor e ao ambiente. “Não tenho dúvida de que o Universo Pilates adaptado ao Universo Autismo seria uma troca de comunicação ativa entre ambas as partes (paciente x fisioterapeuta). Carlos Ernesto diz que o Pilates é divertido, podendo desenvolver ha-bilidades sensório-motoras, depen-dendo de como é realizado.

REVISTA ATMA 31

ATMA FISIOTERAPIA

Carlos Ernesto Gualberto ChavesCarlos é fisioterapeuta graduado pela - UNIUBE 2007, Instrutor Sênior do Método Pilates, Certificado Internacional TRX® - Suspension Training 2012, Certificado CoreAlign® pela Physio Pilates® 2013, Workshoop Pilates nas dinsfunções do envelhecimento (Gabrielle Pucci) 2014, Participante do II Congresso Brasileiro de Pilates e I Meeting Internacional de TF 2014, Participante do Curso IPC® – Temas Controversos em Cirurgia de Deformidades 2014 Pós Graduação em Fisioterapia Traumato-Ortopédica com Ênfase em Terapia Manual pela Barão de Mauá.

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Pilates: a interatividade que beneficia autistas

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ATMA ORTOMOLECULAR

Para quem nunca ouviu falar de suplementação para tratar crianças com TEA - Transtorno do Espectro Autista, a hora é agora! A doutora Camila Milagres revela que a su-plementação é cada dia mais ali-cerçada em protocolos com uma base científica forte. O tratamento é capaz de melhorar a qualidade de vida, reduzir os sintomas e pro-porcionar ótimos resultados, mas deve ser sempre acompanhado por profissional treinado. A médica também fala dobre o movimento DAN. Confira! Para quem é recomendado o uso de suplementação?A suplementação bem feita é be-néfica para qualquer criança e não apenas para aquelas que têm au-tismo. O mundo atual é fonte de

muitos contaminantes e as crianças por crescerem rápido, respirar mais e ter um metabolismo mais rápido, absorvem mais tóxicos que adultos. O que acontece é que crianças au-tistas têm uma incapacidade de de-sintoxicação maior que seus pares neurotípicos e, por isso, precisam ainda mais que as típicas. Como se chegou ao uso da su-plementação para tratar autis-tas?Remonta da década de 50 quando um grupo de médicos e pais criou o Movimento DAN (defeat the autism now) e passou a fazer intercone-xões entre o intestino e o cérebro e a testar vitaminas para controle de alguns sintomas. De lá para cá o que aconteceu é que a suplemen-tação é cada dia mais baseada em

protocolos com uma base científica forte. Eu descobri o DAN de ma-neira bastante pessoal, devido à formação científica e profissional em nutri e farmacogenômica, bio-química, medicina ortomolecular e fitoterapia. Assim acabei me envol-vendo com a filosofia do DAN. O tratamento biomolecular é indicado para todos os que têm a síndrome?Sim, mas a resposta ao tratamento é variável a depender da causa me-tabólica do autismo. Normalmen-te o tratamento é feito em ciclos de organização/desorganização - existe uma fase que é chama-da de die off, em que os efeitos da desintoxicação são ruins, es-pecialmente no comportamento, mas quando acaba, os ganhos aparecem. Não dá para identifi-car os ganhos que aparecerão, é quase uma loteria. Normalmente a criança ganha justo na área em que é mais fraca. Muitos tendem a reconhecer o autismo nas crianças, mas há adultos também com o trans-torno. Mesmo na fase adulta pode ser iniciado esse trata-mento?Pode sim, embora obviamente os resultados sejam mais lentos e me-nos perceptíveis. A adolescência, por exemplo, tem grande influência hormonal e por isso modular hor-mônios nessa fase pode ser impor-tante.

A hora e a vez da suplementação

Camila Milagres alerta que o mundo atual é fonte de muitos contaminantes e as crianças absorvem mais tóxicos que adultos

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REVISTA ATMA 33

ATMA ORTOMOLECULAR

Esse transtorno foi descoberto há cerca de 70 anos. Já foram identificadas as causas?Hoje se sabe que existe uma pre-disposição genética associada a múltiplos fatores ambientais. Exis-tem pesquisas recentes que dizem em 50% genética e 50% ambiente e, por isso, atuar no ambiente é tão importante. O tratamento bioquímico me-lhora a qualidade de vida de pacientes com doenças neu-ropsiquiátricas?Sim. A prática ortomolecular asso-ciada a uma ampla gama de ou-

O movimento DAN (Derrote o Autismo Agora) iniciou em 1940 com Bernard Rimland; que em 1967 fundou o Instituto de Pes-quisa em Autismo (ARI), e é fun-dador da Sociedade de Autismo da América (ASA, em 1965). A doutora Simone Pires, no blog Estou autista (www.estouautista.com.br), recomenda que para saber mais sobre o movimento, vale a pena acessar o site www.autism.com. Ela diz que não há mais treinamento médico pelo ARI, mas todo ano tem o con-gresso Autism One, em Chicago – EUA. Há indicações de livros também.Os primeiros passos do trata-mento, segundo ela, olhando pela filosofia do movimento DAN, são a limpeza de dieta e toxinas ambientais, dieta específica, su-plementos específicos para cada um, medicamentos necessários e exames para avaliar a parte bio-química.

Camila Milagres é médica fitoterapeuta e ortomolecular; atua em pediatria, distúrbios neuropsiquiátricos, autismo, TDAH e dislexia, em Belo Horizonte (MG). Recentemente, fez o curso da Medical Academy of Pediatric Special Needs, nos Estados Unidos.

tros tratamentos de cunho natural são pilares de uma abordagem individualizada que visa a corrigir defeitos bioquímicos e genéticos em vias metabólicas essenciais. O tratamento bioquímico das doen-ças neuropsiquiátricas em todas as fases da vida é capaz de melhorar a qualidade de vida, reduzir os sin-tomas e proporcionar resultados não esperados apenas com a me-dicina tradicional. Ele nada mais é do que uma otimização metabóli-ca através de suplementação. Não tem contra-indicações e deve ser sempre acompanhado por profis-sional treinado.

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l O que é DAN?

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ATMA HOMEOPATIA

O autismo há 20 e poucos anos era reconhecido por parte da po-pulação leiga por características como as do personagem Rain Man, filme de 1988 estrelado por Dus-tin Hoffman. Era tão incomum na população em geral que parecia distante da realidade. A homeo-pata e fisioterapeuta especialista em Neuropediatria, Maria Helena Rossi, observa que a incidência era de uma criança autista para cada 500 crianças em 1995. Entretanto, neste século, o aumento de casos de autismo foi impressionante pas-sando de uma criança afetada em cada 110 em 2006 para uma em cada 68 em 2014 e previsão de uma em cada 45 em 2016.Maria Helena explica que quando uma criança está sendo investi-gada em relação a um atraso no desenvolvimento global, pode re-ceber como impressão diagnóstica a sigla TEA (Transtorno do Espectro Autista), devido ao fato de haver comprometimento nas áreas da comunicação, interação social (fal-ta de interesse em outras pessoas,

dificuldade em manter contato vi-sual), comportamentos repetitivos, interesses restritos, dificuldade em mudanças na rotina e outros.Na prática, a especialista diz que a família percebe que a criança não está interagindo ou respondendo quando é chamada; que há atra-so na aquisição da comunicação

e fala ou regressão na fala. Alguns bebês, acrescenta, parecem já ter nascido muito chorões, com altera-ções no padrão de sono, e a famí-lia e o pediatra se desdobram ten-tando aliviar a causa, que parece ser cólica ou refluxo. História muito comum entre essas crianças, segundo Maria Helena, é a de que quando bebês tinham erupções na pele ou adoecimentos frequentes de garganta, ouvido e secreção abundante, eram comu-mente tratados com antibióticos e corticoides, como se tivessem sinu-site. Há ainda os casos nos quais os bebês eram muito tranquilos, pareciam ser muito calmos, mas que, na verdade, estavam apáticos. "Só quando o desenvolvimento es-tava discrepante para a idade, que os pais desconfiavam que havia algo errado." Ela sugere a leitura de sinais de alerta em alguns sites, para orientar quando há algo com que se preocupar. E, supondo que haja realmente motivo para pre-ocupação, que os pais procurem auxílio para estimular a criança da

Você conhece a homeopatia?

Ainda que o paciente não

tenha suspeita de autismo, a homeopatia

trará grandes benefícios ao

desenvolvimento dele

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ATMA HOMEOPATIA

forma mais adequada, de acordo com as áreas afetadas: fisioterapia com integração sensorial, neurop-sicologia, terapia ocupacional ou fonoaudiologia. Observa que um pediatra ou neuropediatra poderá indicar os terapeutas mais especia-lizados no assunto em cada cidade.Quem ainda não trata o bebê atra-vés da homeopatia, de acordo com Maria Helena, é hora de conhecer o assunto. Já se sabe que uma das causas deste transtorno tão comum hoje em dia é a intoxicação. Um bom homeopata irá orientar a ro-tina dos cuidados com a criança

frente a resfriados, estados febris e alimentação. Através do tratamen-to homeopático, destaca, o bebê terá a chance de melhorar a res-posta do corpo aos adoecimentos, sem medicações químicas, e ainda melhorar bastante em relação aos comportamentos e ao atraso no de-senvolvimento. Quanto mais cedo for tratado através da homeopatia, melhor se desenvolverá, garante. Entretanto, se ainda não estiver se desenvolvendo bem, pode ser que a intoxicação esteja sendo empe-cilho. Neste caso, ela sugere pro-curar um homeopata especializado em Homeopatia detox, que inicial-mente foi divulgada como CEASE (completa eliminação de sintomas do espectro autista) criado pelo ho-landês Tinus Smiths há mais de 15 anos.

Maria Helena diz que o tratamento homeopático detox (também cha-mado CEASE) é a união da home-opatia clássica à desintoxicação através da homeopatia. Para tanto, é traçado o perfil homeopático, o perfil de intoxicações e a cons-tituição física. Considera que as crianças com transtornos do de-senvolvimento estão bloqueadas por intoxicações; então, com a de-sintoxicação, elas vão melhorando

gradualmente com o uso da Home-opatia clássica.

Ainda que a pessoa não tenha si-nais de atraso no desenvolvimento e nem suspeita de autismo, a home-opatia e a alimentação saudável, pondera, trarão grandes benefícios ao desenvolvimento dela. E quan-do se fala em alimentação saudá-vel, a especialista se refere a dar apenas alimentos frescos - quanto mais naturais melhor - de prefe-rência orgânicos; e evitar corantes, conservantes, excessos de qualquer substância, principalmente açúcar e outros alimentos processados. Se a criança está no espectro, a homeopata cita que é importante evitar, ainda, leite animal, alimen-tos feitos com farinha de trigo (que contém glúten) e soja, por serem alimentos potencialmente inflama-tórios para o intestino dessas crian-ças. "Embora o diagnóstico seja bastante assustador a princípio, temos várias crianças tratadas atra-vés da homeopatia que perderam seus diagnósticos e várias que re-tomaram seu desenvolvimento nor-mal", acentua.

Maria Helena Rossié membro fundador Remedy Autism – Menlo 2015, cursou Homeopatia DETOX – Holanda 2013/2014; é homeopata pela Faculdade de Viçosa 2011, mestre em Fisioterapia – Unitri 2001 e fisioterapeuta especialista em Neuropediatria (Bobath e Integração Sensorial).

O número de casos de autismo

subiu de uma criança afetada em cada 110

em 2006 para a previsão de uma em cada 45 em

2016

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Berenice Piana

O que levou a senhora a fun-dar a primeira Clínica-Escola do Autista no Brasil?A necessidade de um local que fos-se referência para todo o país, no cumprimento da lei pela qual lu-tamos arduamente, foi a primeira intenção. Segundo, a dificuldade enfrentada pelas famílias diaria-mente, em busca de qualidade no atendimento de seus filhos. A saú-de e educação não podem jamais andar separadas, especialmente quando se trata de autismo. A Clí-nica-Escola do Autista vem trazer

a intersetorialidade, a troca de in-formações entre esses profissionais, aumentando a chance de progresso da pessoa com TEA-Transtorno do Espectro Autista.

A senhora é referência no país, quando o assunto é mãe de autista. A sua dedicação é ím-par, mas a senhora decidiu ir mais além para beneficiar ou-tros também com a criação da Lei 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Prote-ção dos Direitos da Pessoa com

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ATMA DIREITOS

Berenice Piana: “Quando prestarmos atenção nos autistas severos, quando não mais os ignorarmos e dermos tratamento e atenção adequados, eles deixarão de ser severos e

passarão a viver finalmente”

Na luta para assegurar os direitos do seu filho, ela conseguiu aprovar uma lei que

beneficia dois milhões de autistas no Brasil

Uma mulher à frente do seu tempo, que

empunha a bandeira de luta pelo filho autista e pelos dois milhões com

a síndrome no Brasil, em especial os sem recursos, desassistidos e excluídos. Ela é Berenice Piana, que

dá nome à lei de proteção aos direitos da pessoa

com autismo, sancionada em 27 de dezembro de

2012. Sempre que o tema está em alta, é ela a convidada para participar

de programas nacionais de televisão como o

“Encontro com Fátima Bernardes”, onde já esteve mais de uma vez. À revista ATMA, Berenice conta que entre os direitos que a lei

prevê estão a proteção contra qualquer forma

de abuso e exploração e acesso a ações e serviços

de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde.

Confira!

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Transtorno do Espectro Autista e que inclusive ganhou o seu nome.A luta foi dura, mas determinada. A lei tinha de acontecer e para isso, precisávamos de mobilização, de união das famílias. Muitas famílias do Brasil todo se moveram. O que fiz foi capitanear esse público para direcionar nossas intenções e ne-cessidades. Minha luta foi sempre pelos autistas que não têm recur-sos, pelos desassistidos e excluí-dos. Tudo o que faço é dedicado ao meu filho Dayan, é por respeito a ele, por amor, sempre... Desde a primeira audiência pública até o dia da publicação em Diário Ofi-cial, foram inúmeras noites sem dormir, muitas lágrimas e muita comemoração também. Eu diria que é um caminho que não tem volta. Quando a lei estava pronta, escrita para começar a tramitar, o desejo de ver isso ganhando corpo

REVISTA ATMA 37

ATMA DIREITOS

e beneficiando milhares de famílias é tão grande que supera todas as dificuldades. Poucas pessoas ou quase ninguém sabe o que passei durante esse período. Talvez nunca venham a saber...

Certamente que não. E que di-reitos a lei Berenice Piana ga-rante?Entre outros, reconhece a pessoa com autismo como pessoa com deficiência para todos os efeitos le-gais, já no artigo 1º. Eu diria que as maiores conquistas estão no artigo 3º, que trata dos direitos conferidos à pessoa com autismo, como vida digna, integridade física e moral, livre desenvolvimento da persona-lidade, segurança e lazer; proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; acesso a ações e ser-viços de saúde, com vistas à aten-ção integral às suas necessidades de saúde, incluindo o diagnóstico

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precoce, ainda que não definitivo, o atendimento multiprofissional, a nutrição adequada e a terapia nutricional, os medicamentos e as informações que auxiliem no diag-nóstico e no tratamento; acesso à educação e ao ensino profissiona-lizante; acesso à moradia, inclusive à residência protegida; acesso ao mercado de trabalho; e, acesso à Previdência Social e à assistência social.

Com certeza, um ganho imen-so, já que o número de casos de autismo tem crescido mui-to. Exatamente devido ao amor incondicional, as mães tendem a superproteger os filhos. Esse comportamento é benéfico ou não?As mães conhecem seus filhos. Não acredito que elas sejam elogiadas por protegerem, mas se por negli-gência, por descuido falharem e

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eles vierem a sofrer, serão pronta-mente acusadas por todos. Claro que não devemos fazer por eles aquilo que podem fazer sozinhos. Precisamos buscar sua independên-cia ao máximo, mas com coerên-cia, entendendo seus limites.

Seu filho se enquadra em que grau do autismo? Como tem sido esse aprendizado?Meu filho já foi autista severo e hoje está muito melhor. Não sei se ele se enquadraria entre o clás-

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ATMA DIREITOS

sico ou moderado... É difícil dizer, pois ele é não verbal. Está muito independente nas atividades de vida diária, mas ainda é limitado na noção de perigo real. Aprendi muito durante esse tempo e acho que nenhuma faculdade no mundo me daria esse conhecimento que fui adquirindo durante os 22 anos dele, entre pesquisas, workshops e conferências e convivência com centenas de famílias.

Mesmo um pouco distan-te da realidade, o que a se-nhora achou de o autismo ter sido tema de um dos núcleos da novela Amor à Vida, em 2014? Ela reduziu o precon-ceito? Eu não sei se reduziu o precon-ceito, mas que deu visibilidade à causa, isso é inegável. Sei de inú-meras pessoas que nunca ouvi-ram nada sobre autismo antes da novela. A intenção foi boa, ainda que um tanto fora da realidade, foi o primeiro passo e devíamos valorizar mais isso.

Que luta a senhora acha que ainda é preciso existir para que a sociedade reconheça a

Berenice Piana é mãe de três filhos, Diego, Shahla e Dayan, que é autista (hoje com 22 anos). Desde que recebeu o diagnóstico de seu filho luta pelos direitos das pessoas com autismo. Berenice estudou por anos o assunto e sugeriu ideias para a implantação de políticas públicas que levaram à criação da Lei 12.764/12.

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o importância de aprender a li-dar com autistas, que já são mais de dois milhões no Bra-sil?Essa luta já está começando, através do “Cinema Azul”, “Jantar Azul” e outros passos dados pelas famílias e associações. Isso é fan-tástico, pois aos poucos a socie-dade vai entendendo que é pre-ciso conviver de forma educada e pacífica com esses cidadãos. São seres humanos e têm todo o direi-to de estar em todos os lugares.

Que análise a senhora faz de publicações como a revis-ta ATMA, que quer contribuir com alertas, depoimentos e boas novas acerca de assun-tos como o autismo? Eu aplaudo de pé essas iniciati-vas! Só com essas publicações vamos atingir as massas, levando conhecimento e esclarecendo dú-vidas, desvendando mitos. Isso é o futuro, adequar-se à nova situ-ação e ao novo público que está vindo aí.

A luta foi dura, mas

determinada. A lei tinha

de acontecer e para isso,

precisávamos de mobilização.

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Que sinais os pais devem ob-servar nos filhos? Há forma de preveni-los?Muitas vezes os distúrbios de saúde mental na infância passam desa-percebidos, estudos recentes suge-rem que três em cada quatro crian-ças apresentam alguma alteração psiquiátrica que requer atenção

como o déficit de atenção, a hipe-ratividade, os distúrbios alimenta-res, distúrbios do sono, transtornos bipolares entre outros. Alguns dis-túrbios são reflexos comportamen-tais de um meio social inadequado somado à pré-disposição do indi-víduo. Quanto mais cedo a iden-tificação do transtorno psiquiátrico melhor é o prognóstico.

Quando o tratamento deve ser iniciado? Há diferenças de abordagens de acordo com os níveis de autismo? Como reconhecê-los? Os distúrbios psiquiátricos de alguma forma estão ligados ao autismo?O autismo é um Distúrbio Psiqui-átrico por ser uma patologia que compromete o comportamento. O

tratamento da criança dentro doEspectro Autista deve começar as-sim que os pais, cuidadores ou médicos identificarem o transtorno. Sabe-se que a criança que recebe estimulação correta o mais pre-cocemente possível tem maiores chances de superar as dificul-dades e ter uma vida social, es-colar e familiar sem muitos pre-juízos. Não é o nível de autismo que irá mostrar qual abordagem usar, e sim o que o profissional e pais acreditam ser o melhor. Atu-almente é preconizado o atendi-mento com a abordagem Applied Behavior Analysis Autism/ Análise Aplicada ao Comportamento para Autistas (ABA) por estudos e a prá-tica clínica mostrar que em curto e médio prazos ela traz resultados

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ATMA FONOAUDIOLOGIA

A importância do diagnóstico precoceO tratamento da criança

dentro do Espectro Autista deve começar

assim que os pais, cuidadores ou médicos

identificarem o transtorno. A fonoaudióloga Elaine

Regina Rodrigues, acrescenta que a criança que recebe estimulação

correta o mais precocemente possível

tem maiores chances de superar as dificuldades

e ter uma vida social, escolar e familiar

sem muitos prejuízos. Com frequência, os

autistas leves são muito inteligentes e sensíveis

a mudanças súbitas e a maioria leva uma vida

bem melhor. Alguns podem viver anos sem

receber o diagnóstico o que não é raro.

Confira!

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mais satisfatórios. No entanto, os pais devem se preocupar em pro-curar profissionais habilitados na metodologia.

Um autista severo, por exem-plo, com o tempo pode mudar de nível e ter uma vida melhor? E é fato que eles têm de estar sempre recebendo estímulos?O Autismo hoje é divido em graus de comprometimento e nenhum autista apresentará comportamen-tos iguais ao outro, por isso fala-mos que o Autismo está dentro de um Espectro. De um lado temos as formas mais leves que costu-mam cursar apenas com alguns sintomas mais evidentes, como por exemplo, um comprome-timento no comportamento. A criança pode manifestar algu-ma restrição na interação social e ter certa dificuldade para se relacionar com outras crianças, nas demais áreas como de lin-guagem e movimentos repeti-tivos e estereotipados pode-se observar alterações muito sutis ou inexistentes. Com frequência, os autistas leves são muito inte-ligentes e sensíveis a mudanças súbitas e a maioria leva uma vida bem melhor. Alguns podem viver anos sem receber o diag-nóstico, o que não é raro. Já os casos mais severos podem cursar com a deficiência intelectual gra-ve, ausência de contato com o ambiente ao redor, alguns agres-sivos consigo mesmos e os outroscom acessos de raiva, fúria e gri-tos ou em um estado de apatia e falta de interesse aos estímulos externos, sem qualquer interação social. A linguagem (comunicação verbal e não verbal) pode estar au-sente. Apresentam dificuldade com a mudança de rotina, interesses bizarros, seletividade alimentar, po-dem cheirar e levar à boca objetos

não comestíveis. Apresentam uma necessidade contínua de auxílio para iniciar e manter atividades. Todos dentro do Espectro Autista precisam de estimulação de longo prazo, o que vai variar é a quan-tidade de terapias preconizadas para cada caso.

Ao reconhecer o estímulo da fala, as crianças com autismo têm seus sistemas de recom-pensa ativados?Há 16 anos trabalhando com crian-ças autistas sei pela prática clínica e pela abordagem que uso Análi-se Aplicada ao Comportamento que eles apresentam vontade de se comunicar, de interagir, de partici-par. A dificuldade é que eles não sabem como fazer isso. A dificulda-de maior é que crianças dentro do Espectro não apresentam Teoria da Mente que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, inferindo crenças, desejos, sentimentos; mas quando lhes são ensinados eles apresentam uma grande mudança comportamental. Nosso trabalho no Geata segue o tripé de estimu-lação ABA-Pragmática e Teoria da Mente. Com essas três linhas de base no atendimento conseguimos

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ATMA FONOAUDIOLOGIA

ter respostas em curto prazo com a retirada de comportamentos que não são socialmente aceitos, o uso funcional da linguagem e principal-mente fazer com que a criança au-tista consiga enxergar no outro um par comunicativo, um parceiro de trocas afetivas, sociais e de apren-dizagem.

Elaine Regina Rodriguesfonoaudióloga clínica graduada UNIFESP, pós-graduada em Distúrbios Psiquiátricos da Infância eAdolescência pela FMUSP/SP, pós-graduada em ABA-Applied Behavior Analysis Autism – EUA, Cours de I´autisme de I’ Université de Paris, consultora e palestrante na área do Transtorno do Espectro Autista, Diretora Clínica do GEATA - Grupo Especializado no Atendimento Terapêutico ao Autismo.

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ATMA HISTÓRIAS

A luta pelos direitos de um filho, pela inclusão, muda a sociedade toda! Há muitos pais e mães de "di-ferentes" por aí ajudando o mundo a ser um lugar melhor! Entre eles, Andréa Werner, jornalista e escri-tora mineira, que mora no exterior desde 2013 (primeiro Londres e, depois Estocolmo) e prepara o lan-çamento de seu primeiro livro em julho. Ela é mãe do Theo, 7 anos, autista severo com quem viaja mui-to, sai e se diverte bastante. A re-ceita? Andréa revela: “Muitos pais

não saem com os filhos autistas, porque dá trabalho! E o olhar do outro - principalmente recriminató-rio, por não saber que se trata de uma criança autista - incomoda muito. Eles, às vezes, dão crises em público, não querem ficar sentadi-nhos no restaurante, mas se a gen-te não os tirar da zona de conforto, não vão aprender, nem se desen-volver. Temos os momentos difíceis, sim, mas eles passam. E o brilho das coisas boas, das conquistas e dos momentos gostosos é muito

maior que o lado ruim”!É claro que não foi sempre assim, houve momentos difíceis, veio o choro, depois o sofrimento e o luto pela perda do filho idealizado. Al-guns pais nunca aprendem a deixar de lado o filho idealizado e a abra-çar e amar o filho real. Ela conse-guiu!Oito meses após o diagnóstico de Theo, Andréa criou o blog Lagarta Vira Pupa com o objetivo de desa-bafar. Com o tempo percebeu que muitos pais a agradeciam porque

Autismo traz evolução humana

Andréa Werner: “Se os pais souberem enxergar os aprendizados dessa caminhada, tornam-se pessoas muito melhores”

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a sua visão de tudo os ajudavam a superar o próprio luto. “Mesmo sem saber, talvez eu tenha começa-do a escrever para dar a outros o suporte que eu não tive, já que me senti totalmente sozinha e perdida quando recebi o diagnóstico, em maio de 2010.” O blog cresceu, tem canal no YouTube e está no Fa-cebook com quase 45 mil curtidas.Andréa nunca achou que o Theo fosse andar de bicicleta, e ele já anda de triciclo numa boa! Nunca achou que ia andar de patinete e anda. Mexe no tablet, aprende a jogar os jogos sozinho e está sendo alfabetizado em sueco. E, nas últi-mas férias o viu entrar em uns to-boáguas que tiraram o fôlego dela. Coisas que parecem bobas para os outros pais, tomam uma dimensão enorme para os pais de autistas. “Aprendemos a comemorar cada coisinha!”

Andréa não faz parte da turma dos pessimistas. Ela tenta transmitir ale-gria, mostrar que a vida continua. Lê sobre coisas que pais de autistas abrem mão por ter um filho au-tista, que não a atingem, pois faz 44 REVISTA ATMA

ATMA HISTÓRIAS

tudo o que tem vontade ao lado do filho. O lado bom disso tudo, segundo ela, é que, se os pais se permitirem, se souberem enxergar os aprendizados dessa caminhada, tornam-se pessoas muito melhores. “Aprendemos o real valor de cada coisa.”

No site, a mãe do Theo responde às mais variadas perguntas de in-ternautas e repassa a sua experiên-cia, por exemplo, quando ocorrem crises. Em primeiro lugar, calma, ensina. Quando seu filho está em crise, você tem que ser a pessoa mais calma do mundo. Não há

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ATMA HISTÓRIAS

uma receita pronta para todas as mães, mas o que funciona aqui é NUNCA ignorar a crise. Eles têm muitas dificuldades em lidar com as sensações ruins, como a raiva e a frustração. Também não sabem reconhecer direito porque estão assim. "Costumo nomear a sen-sação: filho, você está assim por-que está com fome...ou tédio...ou sono. E vou falando de forma calma com ele até ele se acalmar também. Se nada disso funcionar, deito ao lado dele no chão e digo `mamãe não está conseguindo te ajudar, então ela vai só ficar aqui do seu lado`".

Livro“O financiamento coletivo tinha um prazo de 60 dias para ser finaliza-do, mas arrecadamos todo o valor em pouco mais de uma semana! O livro está impresso e os exemplares vendidos nesta pré-venda do finan-ciamento coletivo e já foram en-viados (quase 600 exemplares da primeira edição de 2 mil). O res-tante passará a ser vendido a partir do lançamento oficial do livro em julho no meu site: www.lagartavi-

rapupa.com.br. Haverá eventos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro”.

Blog“Aqui no exterior a carga é bem mais pesada, não temos família, empregada, nada disso. E meu ma-rido viaja muito! Então, eu não con-sigo mais escrever com a frequência que escrevia e nem responder a todos que me procuram. Mas o tempo que eu consigo dedicar, é 100%. Tenho total noção da responsabilidade que adquiri com o tempo”.

ATMA“Acredito que os pais de crianças diagnosticadas com deficiência precisam de ajuda para desenvol-ver a resiliência. A vida nem sem-

pre sai como a gente planejou, e temos que ter jogo de cintura para readequar as expectativas, ajustar as velas do barco e seguir. A vida não para e buscar a felicidade é nossa responsabilidade, e de mais ninguém. Qualquer publicação ou trabalho que ajude os pais neste processo é de vital importância”. Brasil X Exterior“Sou de Belo Horizonte, mas vivi um bom tempo da infância no in-terior (Governador Valadares e Di-vinópolis). Sou bem familiarizada com a terra vermelha do Triângulo Mineiro! A vida em Estocolmo é to-talmente diferente da que eu tinha em SP, onde passei meus últimos 11 anos. É uma vida mais simples, com muito menos desigualdade so-cial, menos regalias, mais contato com a natureza e mais segurança. Quanto à saúde, aqui ela é total-mente pública. O ponto positivo é que, se você tiver qualquer coi-sa séria, receberá atendimento de ponta. Quanto ao autismo, Theo tem um suporte que não teria no Brasil, com certeza”. Boa nova“A cada dia surgem mais descober-tas sobre a misteriosa genética do autismo. O tratamento com base na genética de cada um parece promissor. Ainda não temos algum medicamento focado em autismo, mas acredito que veremos algo bom neste sentido nos próximos anos”.

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ATMA ENTREVISTA

O que levou você a optar pela adoção? Eu tenho duas filhas biológicas. Casei-me com 17 anos, e antes de eu me casar eu já tinha muita vontade de adotar. Depois que eu me casei, a vida foi muito corrida. Nós tivemos que produzir muito para chegar numa situação média de vida. Para termos condições de ter uma escola adequada para a

família. Mas aquela vontade de adoção permanecia. Suas filhas moram em Ube-raba?A mais velha voltou. A outra mora em Florianópolis e já tem um filho. Eu tenho um netinho de três anos.E a ideia de adotar continuava...Sim. Eu sempre com aquela ideia fixa. Conversando com meu mari-do sobre isso. Nós precisamos pen-

sar na adoção, que é uma vonta-de muito grande que eu tenho. As meninas foram crescendo, fizeram faculdade, foram embora. Ficamos os dois sozinhos. Logo que tivemos a segunda filha, meu marido fez va-sectomia. Tínhamos muito medo de ter mais filhos e não conseguir cuidar adequadamente.Vocês achavam que para adotar o dinheiro fosse primordial?

A hora da decisãoMariangela Camargos

é conhecida pelo seu trabalho como voluntária atuante, como defensora

dos direitos da criança e do adolescente e

que abraça a causa da criança autista

integrando o grupo de apoio aos autistas de

Uberaba, Laço Azul. Sua atuação na cidade ganha

destaque devido ao seu desprendimento e seu interesse de beneficiar o outro. Em entrevista

à revista ATMA, ela revela os momentos

mais emocionantes da sua vida e divide com

os leitores a decisão de tirar do filho os remédios

alopáticos e de tratá-lo apenas com homeopatia

e dieta sem glútem e sem leite. Ela começou a ver o Luís Henrique, hoje com

10 anos, intensificar o brilho nos olhos. Confira!

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Mariangela com o marido Cleri e os filhos Ana Luisa e Luis Henrique

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ATMA ENTREVISTADepende muito do amor, da von-tade. Daquela vontade que tínha-mos. Então, percebemos que o dinheiro não era primordial. Teve um ano em que rezei muito. Pedi a Deus que encaminhasse, porque a gente já tinha realizado quase tudo na vida. Só faltava a adoção. Eu já tinha tido filhos, plantado uma ár-vore, tinha escrito um livro. Faltava realizar o sonho da adoção. Pedi a Deus para encaminhar e parece que Ele ouviu. Eu só fui perceber isso muitos meses depois. Em janei-ro eu fiz uma oração que faço no começo do ano pedindo orienta-ção. Dedicando a vida aos traba-lhos voluntários, naquele ano eu consegui ser remunerada profissio-nalmente nos trabalhos que eu gos-tava de fazer, no Instituto Agronelli.

Em que ano isso aconteceu? Em 2006. No comecinho de 2006 eu fiz toda essa retrospectiva da minha vida. Minha família cobrava que eu tivesse um trabalho remune-rado, porque eu era voluntária. Na época eu já era formada em Jor-nalismo e me especializei, porque com o meu trabalho voluntário eu não conseguia continuar desenvol-vendo apenas com o jornalismo. Eu me especializei em projetos so-ciais. Então eu fiquei tentando voltar a minha profissão para essa área,

na qual queria continuar. Cheguei a decidir que se eu tivesse que traba-lhar a vida inteira como voluntária, eu trabalharia. Mas naquele ano, então me chamaram para trabalhar no Instituto Agronelli, no fim do mês de abril. Eu ainda não tinha a visua-lização da adoção naquele ano. Então eu comecei a trabalhar e surgiu daí a 15 dias, a notícia dentro da minha casa. Um casal de gêmeos que estava internado precisava muito de ajuda. Como eu lido nessa área da criança e do adolescen-te, eu sempre ficava sabendo de uma questão ou outra. E aquilo me chamou a atenção e eu resolvi ir até lá.

E você então comentou com o seu marido? Sim. Disse que estava me chaman-do a atenção e precisávamos ir lá. Eu senti que era preciso ir. Precisá-vamos conhecer o caso para ajudar. E então, um dia eu estava saindo do trabalho, eles estavam internados e eu resolvi na hora. Liguei para o meu marido e disse para ele me esperar para irmos ao hospital co-nhecê-los, saber o que estava acon-tecendo e em que a gente poderia ajudar.Eles estavam bem novinhos?Estavam com 5 meses e meio. Daí fomos ao hospital. Consegui entrar para conhecer. Eles estavam com pneumonia se recuperando. Não

estavam ainda disponíveis para adoção, mas já estavam afastados da família e na Casa de Proteção. Eu entrei no quarto onde tinha uma funcionária da instituição com eles. Eu fiz algumas perguntas e perce-bi que teria que conversar com as médicas, com o pessoal da Casa de Proteção para saber direitinho no que eu poderia ajudar naquele momento. Meu marido estava muito apreensivo. Logo no começo ele ficou muito to-cado com aquela situação e eu tam-bém. Quando eu saí do quarto para me despedir eu olhei para o Luís Hen-rique e ele me olhou nos olhos. No fundo dos meus olhos. Eu não consi-go esquecer até hoje. A Ana Luísa es-tava deitada na cama pequenininha também. Estava dormindo. Aquilo me comoveu.

Eles estavam frágeis, nasceram com 29 semanas...Sim. Ele com 980 gramas e a Ana Luísa, com 1k15 gramas. Então eu perguntei para a médica se eu po-dia acompanhar e ajudar. Combi-nei com a médica e ia três vezes por dia: antes de trabalhar, na hora do almoço e à noite, na hora em que eu saia do trabalho. Tive a certeza de que eu precisava levá-los para casa. Fiz uma carta para o juiz, fa-lando da condição, citando o artigo do Estatuto da Criança e do Ado-lescente, mas era insuficiente. Tive-mos de constituir advogado e tudo o mais. O importante era impedir que eles voltassem para a Casa de Proteção. Lembro-me direitinho, às 7 horas da noite de sexta eu con-segui o documento da guarda. No sábado cedinho, dia 27 de maio de 2006, fomos ao hospital e os trou-xemos para casa.

Ali começava a história da mãe com os dois filhos gêmeos: Luís Henrique e Ana Luísa. Sim. Eu tinha noção de que eles podiam ter alguma deficiência. Nós que somos mães, pelo peso, pelo histórico. Não sabia qual ia ser o

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ATMA ENTREVISTAfuturo. Tudo que viesse para nós seria novo. Não pensamos nisso. Conversei com a assistente social, tive acesso aos relatórios. Sabía-mos do refluxo, das pneumonias e das deficiências, da desnutrição. O que estava ali para detectar, tive-mos acesso. Não nos preocupamos com o que ia ser. O que sabíamos é que eles precisavam de muitos tra-tamentos e isso nós justificamos na hora de solicitar a guarda. Porque se não tivesse a estimulação necessária ali, naquele momento, eles iam ficar muito mais comprometidos no futu-ro. Logo que chegaram eu os levei a todos os médicos. neurologista, fisioterapeuta, pediatra para poder acompanhar. Oftalmologista, desde pequenininhos, porque percebíamos que a Ana Luísa tinha baixa visão desde nenê. Ela usa óculos desde um ano. O Luís Henrique não gosta mui-to de colocar, mas a Ana Luísa, não fica sem os óculos. Ela tem 10 graus de miopia. Eles fizeram estimulação de tudo quanto foi jeito. Estimulação visual, coordenação motora, senso-rial.Devido à prematuridade, eles fi-caram com sequelas? Eles tiveram paralisia cerebral, então ficaram com sequelas, sim. A Ana Lu-ísa ficou com sequela motora, no ca-minhar, bem leve. E o Luís Henrique, no cognitivo, que estamos tratando com toda a estimulação necessária. E a questão emotiva.

Com quem você conta para te apoiar?Quando eles vieram eu pensei: meu Deus, agora que comecei a traba-lhar. Eu sempre fui dona de negó-cios. Trabalhei algumas vezes, mas eu sempre fui proprietária, na maio-ria das vezes. E agora, como é que eu faria com dois nenês, sendo fun-cionária, tendo que registrar ponto, com horário de trabalho. Pensei: será que continuo com o trabalho, pois ainda estava no contrato de experiência. Ou será que eu dei-xo o trabalho para poder me de-

dicar aos bebês? Então eu pensei muito. Eu ponderei e cheguei à conclusão de que se eu não con-tinuasse trabalhando, eu não teria a mesma condição de dar o que eu precisava dar para eles. Como autônoma, não teria garantia e nem o meu marido como autôno-mo não teria. Então eu optei por continuar trabalhando e contar com uma equipe para me ajudar. A mi-nha sogra me ajuda muito. E o meu marido – que trabalha em casa – se dedica o dia todo. Ele que carrega, que me ajuda, vai aos lugares que precisa. É assim até hoje.

As pessoas sempre falam que quem toma esse tipo de decisão, que tem esse tipo de desprendimento, geral-mente são espíritas. Mas às vezes

não. Qual é a sua religião?Eu sou espírita. Faço o culto aqui em casa toda semana, no domingo. Comecei há pouco tempo, há cer-ca de um ano, nós adotamos esse hábito. É muito bom. Eu deveria ter começado antes. Sempre tem um propósito. Eu acredito em reencar-nação, leio a respeito. Fui criada no catolicismo, fiz a 1ª comunhão. Minha avó era muito católica. Até os 13 anos eu sempre ia à missa, mas quando comecei a questionar a vida (eu sempre fui muito questio-nadora).Você não conseguia respostas.Não e aí comecei a ler a doutrina es-pírita, o Evangelho. Comecei a fre-quentar também algumas reuniões e eu realmente mudei. E tem uma coisa muito importante. Eu nunca consegui parar de fazer o meu vo-

InformaçãoAgora, a revista chegando às mãos das pessoas, elas vão começar a compreender e olhar com outros olhos. Considero que a humanidade evoluiu. Antes a gente escondia e às vezes nem entendia. Achávamos que a criança nascia diferente e que ela não se enquadrava na socieda-de e tinha que ficar escondida. Hoje, já temos uma outra visão. Você vê os shoppings sempre cheios de pessoas com deficiências física, visual, mental. Hoje já se tem um movimento grande de conscientização e as pessoas parecem que já se acostumaram a conviver com a diferença dentro dos lugares públicos.

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luntariado. Eu era depressiva quan-do adolescente. Ficava muito triste. Eu pensava em como daria conta disso. Precisava combater isso. Eu pensava: meu Deus, por quê? Eu questionava muito. E só a partir do momento em que eu comecei a me dedicar como voluntária fui perce-bendo. No começo eu tinha uma panificadora e sobrava muita coisa. Nós não vendíamos coisa de um dia para o outro, sempre fazíamos novos. E sobrava muita coisa, boa ainda para consumo. E pensava em quantas pessoas passando fome.

Vocês começaram a doar? Isso. A minha amiga, Paula Misson, que conheci na época, me falou de uma creche que precisava muito de alimento. Eu conheci essa cre-che em 1989. Fui lá visitar e nunca mais sai do voluntariado em cre-che. Depois da panificadora eu continuei. Depois nós fundamos também a Crescer – que foi a Cen-tral das Creches. Nós conhecemos as creches, os mesmos problemas e questões. Fundamos para poder trabalhar com as necessidades inerentes. Depois essa creche foi municipalizada. Tínhamos muita di-

ficuldade de mantê-la. A educação infantil passou a ser uma obrigação do município, e decidimos entregar a instituição para a prefeitura.

Seu voluntariado sempre en-volveu crianças?Sempre foi na área da criança e do adolescente. A partir da creche eu vi a necessidade de trabalhar a criança, porque a criança é o adulto de amanhã. É o futuro. Eu percebi que com o voluntariado eu conse-gui ficar mais feliz. Senti-me útil. Saí daquela sensação de vazio. Aque-la depressão que às vezes vinha e sempre me abatia... Acabou!

Laço AzulO Laço Azul, grupo de apoio aos autistas de Uberaba, é um avanço na questão da discussão e da mo-bilização, do direito em geral da criança autista, devido aos movi-mentos que o grupo desenvolve na cidade. “Há municípios onde nem se fala e não se reconhece o autis-mo.” Para Mariangela, falta apenas o Governo perceber que existe uma lei que precisa ser executada. A sociedade civil, o movimento social, podem mobilizar, podem

bater panelas, levar para a Câma-ra, podem marcar reuniões com o prefeito e o secretário, como já marcaram várias tanto no âmbito das creches, quanto no grupo Laço Azul, que é muito novo, mas tem colecionado conquistas.A mobilização social é inerente ao ser humano, o brasileiro é muito li-gado a isso, diz Mariangela. Se ele percebe uma necessidade, logo se junta e faz um movimento. É por isso que há muitas ONGs no Bra-sil. “Temos essa mobilização que de repente vira um CNPJ, que é o que vai acontecer com o Laço Azul agora.”A ONG só nasce por deficiência do Estado. Se o Estado não con-segue executar a política pública que a lei fala que ele deve fazer, a sociedade se rebela, se indigna e resolve agir formando grupos. O Laço Azul foi um grupo por um tempo. “Começamos a perceber que precisávamos de um CNPJ, para que possamos estar aptos a receber doações, a formalizar con-vênio.” O brasileiro, segundo ela, tem uma veia para a caridade, que está muitas vezes à frente desse es-tímulo, dessa mobilização. Se você tem um movimento que vai atender a população – virar uma ONG e atender a população – é preciso ter qualidade nesse atendimento, porque vamos atender uma política pública que não foi atendida pelo Governo. É preciso oferecer um serviço de qualidade.

A transformação da caridade, do assistencialismo para a profissiona-lização, para a assistência social, de acordo com Mariângela, evo-luiu nos anos 90, com o Estatuto da Criança e do Adolescente e a fiscalização e os prazos que a legis-lação dava para as instituições se profissionalizarem, foram ven-cendo. “A creche não pode mais ser um depósito de crianças.” Tem que ser uma instituição que oferece Educação Infantil. Num

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Mariangela Camargos é formada em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo com especialização em Projetos Sociais; é bacharel em Direito; coordenadora no Instituto Agronelli de Desenvolvimento Social, mãe biológica de duas filhas e mãe adotiva de um casal de gêmeos. É fundadora da Crescer-Central de Creches e membro do Laço Azul e da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, da qual participa ativamente das reuniões em Belo Horizonte. É casada com Cleri Camargos, com quem divide a vida, os filhos, o amor, há mais de três décadas.

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ATMAA decisão da ATMA de tratar o assunto é muito importante para que o autismo fique conhecido. A partir do momento que tivermos a mídia, os veículos de comunicação se importando com esse assunto ganhamos no-toriedade. Por exemplo, uma revista falando sobre isso, abordando os vá-rios aspectos, as várias formas. Isso vai ficar registrado. Nós vamos poder levar essa revista para vários lugares que frequentamos e mostrar para as pessoas. Vários assuntos numa revista só. São temas diferentes dentro do tema autismo e sobre down. Nós temos também o down com autismo. Vai contribuir para dar visibilidade ao autismo e para o trabalho que já vem sendo feito. Mostrar as deficiências para que o Governo possa atentar para o assunto.

MilitânciaMariangela começou a militância na área de direitos da criança e do adolescente fazendo o trabalho de voluntariado. Ela percebeu que a criança era o seu foco e foi se envolvendo primeiro com a creche. Na época ainda era caridade. Depois veio a Educação Infantil, a legisla-ção, a Constituição e a necessidade da mudança de todo o conceito de Direitos Humanos. Em 1987, a criança não tinha direitos. Em 1988, quando a Constituição foi promulgada ela já era um ser de direito. Veio o Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, reforçando esse direito. Começaram as mudanças dentro das creches. Ela achou fantástico e se envolveu com essa revolução. Acompanhou a mudança toda envolven-do legislação, procedimentos dentro de creche, tratamento de criança, políticas públicas voltadas para a criança, enfim.

ambiente de caridade pede-se de manhã para alimentar na hora do almoço. Uma diretoria social, geralmente não entende nada de administração e de admi-nistração pública, muito menos. “Nós tivemos um caos nos anos 90 e de 2000 até hoje nós temos problemas com as instituições que não conseguiram e que lu-tam para se profissionalizar”, diz. Explica que o presidente de uma instituição precisa do respaldo de um Executivo bem formado, com especialização e tudo o mais, porque lidar com uma criança em creche ou uma criança com um tratamento no Laço Azul é uma responsabilidade muito grande, porque está lidando com uma deficiência reconhecida recentemente que não tem muitos dados disponíveis.

Luis Henrique e Ana Luisa com toda a família

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Luciana Oliveira FerreiraProfessora Especialista em Educação Inclusiva. Professora da Sala Multifuncional do Centro Municipal de Educação Infantil - CEMEI Luciano Portelinha Mota. Neuropsicopedagoga no Centro de Referência em Educação Inclusiva-CREI. Conselheira e Primeira secretária do Conselho Municipal de Assistência Social-CMAS. Integrante do Núcleo de Gestores da cultura étnico-racial. Coordenadora do Projeto: acessibilidade no navegar, teclar e produzir.

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Decidi atuar na área meio por acaso, no ano de 1995. Desde a minha primeira experiência até hoje, houve muitas mudanças na educação inclusive e em minha opinião, positivas. No ano de 96, o governador do DF na época, Cristovam Buarque, teve a ideia de abrir as portas da escola re-gular para os alunos com Neces-sidades Educacionais Específicas--NEE, mas ainda segregados em salas separados, ou seja, estavam nas escolas comuns, mas não em salas de ensino regular, não era o ideal, mas era um começo. Iniciou então a mudança de paradigma para a escola inclusiva, que deve-ria atender a todos os alunos in-dependentemente de suas condi-ções físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas.

Em Uberaba, o trabalho é muito bem desenvolvido, somos referên-cia em Educação Inclusiva, aten-demos 39 municípios, prestando assessoria sempre que necessário. Temos um Centro de referência em educação inclusiva com uma equipe multiprofissional com: psi-cólogas, fonoaudiólogas, psico-pedagogas, neuropsicopedago-gas especialistas em baixa visão e estimulação motora. Ainda pode-mos contar com mais de 150 pro-fissionais de apoio que realizam intervenções com os alunos com NEE que estão matriculados em salas regulares, mais de 50 salas multifuncionais e 100% das esco-las municipais têm sala de Atendi-mento Educacional Especializado.

Em nosso município acabamos de lançar o “Projeto Labor: eis a nos-sa obra”, em que jovens com NEE, com mais de 14 anos, frequenta-rão cursos profissionalizantes em diversas áreas, dependendo das habilidades de cada um. Esse pro-jeto tem como objetivo principal inserir esses jovens no mercado de trabalho, muitos deles são ex-tremamente talentosos e apresen-tam altas habilidades em alguma área do conhecimento, isso signi-fica que serão ótimos profissionais e provavelmente trarão excelentes benefícios para nossa sociedade. Sendo assim, acreditamos que uma pessoa não tem que se des-tacar na escola regular, para ser um brilhante profissional, pois va-lorizamos as potencialidades e as especificidades de cada um, inde-pendente da sua deficiência. Para que a inclusão vire realidade sob todos os aspectos falta cre-dibilidade. É preciso intensificar o argumento de que a presença de estudantes com deficiência nas turmas regulares beneficia a todos os demais e futuramente esses mesmos alunos, incluídos numa sociedade poderão provo-car, nas pessoas, mudanças com-portamentais e organizacionais na estrutura física de uma cidade, enriquecendo provavelmente um ambiente social.Para os alunos a educação inclu-siva representa oportunidade e credibilidade, e como consequ-ência uma vida funcional, em que é possível humanizar, ensinar e transformar.

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ATMA INCLUSÃO

Educação Inclusiva: humaniza, ensina e

transforma

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ATMA INCLUSÃO

Renata Teixeira Junqueira FreireGraduada em Pedagogia pela Universidade de Uberaba(1992), especialização em A Construção do conhecimento da 0 a 10 anos pela Universidade Federal de Uberlândia(1994), mestrado em Educação (Psicologia da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(1997) e doutorado em EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(2004). Atualmente é da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenadora Pedagógica do Colégio Marista Diocesano de Uberaba MG, Docente de Graduação e Vice-Diretora Acadêmica da Fundação Municipal de Ensino Superior de Uberaba MG.

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A educação inclusiva tornou-se uma preocupação internacional e um desafio para os sistemas educacionais desde que acon-teceu na Espanha, em 1994, a Conferência Mundial sobre Ne-cessidades Educacionais e que gerou a Declaração de Salaman-ca. O enfoque dessa conferência foi a defesa de uma Educação para Todos.

Em 2007, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defici-ência aprovada pela ONU, da qual o Brasil foi signatário, deter-minou que fossem assegurados sistemas educativos inclusivos em todos os níveis para as pessoas com deficiência.

A conquista do direito do acesso das pessoas com deficiência às es-colas se constituiu avanço importan-te para o processo de inclusão.

Quase 20 anos depois, seminá-rios, congressos, pesquisas, estu-dos, debates têm sido realizados no intuito de aprofundar a re-flexão e de se buscar caminhos, para que a escola brasileira pos-sa ser efetivamente inclusiva no cotidiano escolar. A busca de parceria com as fa-mílias, o diálogo dos educadores com profissionais de diferentes áreas, a construção coletiva de um plano de desenvolvimento para cada aluno com deficiên-cia, a sensibilização da comuni-dade escolar para o acolhimento e integração com as diferenças, o estudo permanente dos educa-dores têm sido iniciativas impor-tantes no processo de inclusão de pessoas com deficiência. “Inclusão é sair da escola dos di-ferentes e promover a escola das diferenças.” MANTOAN.

A defesa de uma educação para todos

Somos diferentes. Somos seres singulares com possibilidades diversas. Embora esta constata-ção pareça óbvia, ainda perce-bemos uma busca por processos educativos homogêneos e pa-dronizados. Quando falamos em educação inclusiva não podemos restringir nosso olhar na ques-tão da inclusão das pessoas com deficiência. Uma educação para todos requer a compreensão an-tes de tudo que a diferença é ine-rente ao ser humano.

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melhorar drasticamente em todas as áreas de aprendizagem, desenvolvi-mento, comunicação e aquisição de competências. Em alguns casos podemos falar em recuperação, sendo que a criança perde a sua condição inicial, em ou-tros casos, podemos falar em avan-ços significativos que reduzam a sua condição. Podem ter acesso a diversos estudos científicos, bem como, testemunhos de pais que implementaram o progra-ma, que comprovam os seus resulta-dos aqui:

1. http://goo.gl/c7MeLa2. http://goo.gl/SUuVAg3. http://goo.gl/ezRwV54. http://goo.gl/wlU0Ja5. http://goo.gl/NI86x96. http://goo.gl/wo1pXD7. https://goo.gl/PK5o5v8. https://goo.gl/pgC3Z19. https://goo.gl/gshNjp

É recomendado para todos os que têm a síndrome?O programa é recomendado para todas crianças com Perturbações do Espectro do Autismo, Perturbações In-vasivas do Desenvolvimento e outras dificuldades de desenvolvimento Qual é a importância dos pais no Son Rise?O The Programa Son-Rise® acredita que os pais são os maiores aliados da criança, assim este programa edu-cacional destina-se não somente às crianças mas aos pais também pois são eles quem melhor conhecem a criança. São dadas as ferramentas aos pais como utilizar técnicas e es-tratégias educacionais e atitudinais que os ajudem a ser os educadores mais efetivos que as crianças possam ter, possibilitando que suas crianças se aperfeiçoem em todas as áreas da aprendizagem, desenvolvimento,

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ATMA SON RISE

Como foi criado o Programa Son Rise? Quando e como ele foi im-plantado?No início da década de 1970 nos EUA, Barry e Samahria Kaufman ti-veram um filho, Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo dos 30. Apesar do prognóstico para o futuro do seu filho ser bastante ne-gro, o casal decidiu acreditar na sua capacidade ilimitada. Desta forma tentaram encontrar uma maneira de se aproximarem de Raun e acima de tudo perceber o seu mundo. Foi a partir desta abordagem e atitude, que há cerca de 30 anos que Barry e Samahria desenvolveram e aperfei-çoaram em casa, o The Son-RisePro-gram®. Após três anos da aplicação intensiva do programa, Raun recu-perou da sua condição inicial tendo tido um desenvolvimento completa-mente "normal" e sendo hoje em dia uma pessoa completamente autóno-ma e independente. Depois deste sucesso, Barry e Sa-mahria decidiram partilhar o método com mais pais e profissionais, fundan-do em Massachusetts, o Autism Treat-

ment Center of America™.Desde 1983, o Autism Treatment Cen-ter Of America™ tem providenciado programas de formação inovadores para profissionais e pais de crianças com Perturbações do Espectro do Au-tismo, Perturbações Invasivas do De-senvolvimento e outras dificuldades de desenvolvimento. Podem ver o filme que conta a história desta familia aqui:https://www.youtube.com/watch?-v=9auYQOlUKo4 Que resultados ele tem apresen-tado com relação ao autismo?Este Programa oferece técnicas edu-cacionais altamente eficazes, estraté-gias e princípios para a concepção, implementação e manutenção de um estimulante programa altamente enérgico centrado na criança, efetu-ado em regime domiciliário de um para um. Através de um sistema es-pecífico e abrangente de tratamento e educação, concebido para ajudar famílias e cuidadores, o The Son-Ri-se Program® proporciona ferramen-tas para que estas crianças possam

Son Rise e seu efeito revolucionário

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comunicação e aquisição de habili-dades. O método de ensino parece ser mais eficiente, pois une conhe-cimento e criatividade. Essa é a receita?O The Son-Rise Program® foi o pri-meiro a sugerir que as crianças com este tipo de diagnóstico têm um ex-traordinário potencial de crescimento e recuperação. Inovou na criação de uma modalidade educacional que in-clui juntar-se à criança em vez de ir contra ela, colocando os pais como a chave de todo o processo, ou seja, neste programa os pais são os profes-sores, terapeutas e diretores dos seus próprios programas e a casa é vista como o ambiente mais estimulante para que estes possam ajudar os seus filhos.

O The Son-Rise Program® sugere que o respeito e carinho profundos são os fatores mais importantes no sentido de motivar a criança a apren-der, enfatizando o amor e a aceita-ção como partes fundamentais para qualquer processo de aprendizagem. Através desta atitude, procura-se criar um vínculo e um ambiente seguro para, de seguida, aplicar estratégias de ensino desenvolvidas e testados pelo The Son-Rise Program®, sendo que estes princípios continuam a ser a base desta abordagem.

Desta forma a receita passa pe-los seguintes princípios:- Juntar-se aos comportamentos re-petitivos da criança fornece a cha-

ve para desvendar o mistério desses mesmos comportamentos, facilitando o contato ocular, o desenvolvimento social e a inclusão de outros nos jo-gos e brincadeiras;- Utilizar a motivação da criança fo-menta a aprendizagem e constrói os fundamentos para a educação e aqui-sição de competências;- Ensinar através da brincadeira intera-tiva resulta numa socialização e comu-nicação eficaz e significativa;- Usar energia, emoção e entusiasmo envolve a criança e inspira um amor contínuo de aprendizagem e interação;- Adotar uma atitude otimista e de não-julgamento (imparcial) maximi-za o prazer, a atenção e o desejo da criança na interação;- Colocar os pais como o recurso mais importante e estável da criança fornece um foco consistente e convin-cente para a formação, educação e inspiração;- Criar um ambiente seguro e livre de distrações facilita o ambiente ideal para a aprendizagem e crescimento. Como os interessados têm aces-so às ferramentas do programa?Para poderem colocar em prática o programa em contexto familiar, os pais podem estar de acordo numa primeira fase ao The Son-Rise Pro-gram® Start-Up. Este é um programa de formação de 5 dias para pais, fa-miliares e profissionais que procuram o progresso significativo dos seus fi-lhos (idades entre os 18 meses e os 60 anos) desafiados por Perturbações do Espectro do Autismo e outras rela-cionadas.

Emocionantes, inspiradoras e diver-sificadas apresentações de um grupo de professores experientes e dedica-dos do Autism Treatment Center of America™, irão dar-lhes estratégias, experiências, motivações e conhe-cimentos aperfeiçoados através de anos de trabalho com milhares de fa-mílias e crianças com desordens do espectro autista. No final deste curso, os pais terão todas as ferramentas necessárias para criar o seu próprio The Son-Rise Program® baseado em casa, bem como as habilidades e ati-tudes para implementar o crescimen-to do seu filho em todas as áreas de aprendizagem.

Pela quarta vez a Vencer Autismo traz a Portugal a Formação The Son Rise Program Start Up que se irá realizar no Porto, de 16 a 20 de Novembro de 2016 e terá como professores: Raun Kafman e Kate Wilde. A formação será dada em Inglês mas teremos tra-dução simultanêa em Português.

Poderão visualizar mais informa-ções sobre o evento aqui: https://goo.gl/MgSBVx.Para além da formação desde a Ven-cer Autismo colocamos diariamente na nossa página do facebook e no nosso blog informação gratuita e em Português para que pais e profissio-nais possam trabalhar mais eficaz-mente com estas crianças e consegui-rem que elas atinjam o seu máximo potencial.Acreditamos que o potencial de cada criança é ilimitado.

Dados de contacto:Associação Vencer Autismo

E-mail: [email protected]: associacaovencerautismoBlog: www.vencer-autismo.blogspot.pt

www.vencerautismo.tv

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ATMA ENTREVISTA

Como você avalia o fato de es-colas regulares abrirem suas portas para crianças com TEA--Transtorno do Espectro Autista ou sindrômicas de Down e ou-tras limitações?Não há como não avaliar positiva-mente quando um espaço social por excelência como é a escola em seu conceito mais básico, se abre para a sociedade tal qual ela é: DIVER-SA. Não é maquiando uma reali-dade que educaremos as crianças para a vida que terão que enfrentar. O mundo é feito de gente diferen-te, de gente que pensa, age e vive de forma diferente. Precisamos estar preparados para viver neste meio. Aceitar que alguém grita em alguns momentos, que alguém tem muita dificuldade em aprender algo que para nós parece tão simples, que alguém precise de ajuda para al-gumas coisas, é preparar a criança para uma vida adulta real, onde esta

Quem faz o bem atrai o bem,

dizem os grandes sábios. Por isso, seja você uma

fonte de bem, se informe sempre e seja parceiro

na luta por uma sociedade mais compreensiva

““

A criança com autismo transforma quem

convive com ela; faz as pessoas enxergarem o mundo com outros olhos, pois ninguém é perfeito e ninguém

precisa caber nesta forma para ser feliz.

É o que relata a psicopedagoga e

escritora Fausta Cristina, hoje morando em

Londres com a filha de 13 anos, Milena, que é autista. Na Inglaterra,

segundo Cristina, a comunidade está mais

amadurecida quanto à inclusão de pessoas

com dificuldades sejam elas no nível

que for. Ao se deparar com alguém com

um comportamento diferente, ela aconselha

não julgar, não acreditar que falta ação dos pais, ou

castigo ou palmada. “Não julgue, por favor.” Inúmeros são os momentos de comemoração

por parte de toda a família: quando Milena

sentou, engatinhou, andou, quando pegou

um brinquedo pela primeira vez... “Minha

filha me trouxe uma riqueza de significados

que me fizeram uma pessoa muito melhor”.

Uma atitude acolhedora pode

mudar vidas

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ATMA ENTREVISTA

flexibilidade será necessária quando ela estiver adulta e participando de outros espaços sociais. Estamos o tempo todo lidando com diferenças e crescer convivendo com pessoas especiais e com necessidades dife-rentes nos faz muito mais capazes de termos sucesso com todas as outras diferenças humanas. Escola só para alguns, escola que escolhe quem atende, escola que discrimina não é escola. O conceito de escola nasce do direito da educação para todos, se não for assim não é escola.

Como tem sido a sua experiên-cia como mãe de autista, no que se refere às dificuldades de lidar com o desconhecido? O que fez falta você saber para melhorar a qualidade de vida dela? Minha filha tem 13 anos. Consegui ver que ela era diferente ainda quan-do era um bebê e isso favoreceu o diagnóstico precoce que veio antes de um ano, o que é muito incomum no caso do autismo. Naquela época não havia muita informação dispo-nível, a literatura estava quase toda em língua estrangeira e os médicos não tinham muitas respostas sobre as dificuldades do dia a dia. Atual-

mente essa informação está muito disponível, a troca entre familiares é intensa nas redes sociais e isso faci-lita muito quando comparo a tudo o que passei com a desinformação. O que mais fez falta para mim foi saber

como me portar diante dos compor-tamentos que o autismo trazia a ela. Como por exemplo, a autoagressão. A dificuldade enorme em educar al-guém com autismo (o que leva mui-ta gente a pensar de forma errada, que todo autista é mal educado) que simplesmente não aceita o não pelo não e que não vai adiantar colocar de castigo, tirar o brinquedo, argu-mentar com barganhas do tipo você ganha tal coisa se fizer tal coisa… Eu tenho uma frase que coloca bem a minha maior dificuldade, eu que já era mãe de dois filhos: “até ter uma filha com autismo, todas as minhas teorias sobre educação eram váli-das”. Ou seja, eu tive que aprender a educar pelo exemplo, educar com ações, educar fazendo o que eu que-ria que minha filha fizesse, tive que aprender a esperar ela processar o meu pedido e fazer as coisas no tem-po dela, ou seja, tive que deixar de ser impositora. Nenhuma destas in-formações estava disponível. Isso foi o que mais me fez falta.

Morar fora do Brasil traz algum tipo de facilitador para a bus-ca de avanços com relação ao TEA?Para minha família e minha filha está fazendo toda a diferença. O sistema de ensino já considera cada aluno e sua individual dificuldade ou talento. A cultura aceita muito melhor o erro, a dificuldade, o que não é “perfeito” e desta forma temos apresentadores de TV de todas as idades, atores e protagonistas com deficiência sem que essa deficiência seja sequer co-mentada. O que quero dizer é que a comunidade está mais amadurecida quanto à inclusão de pessoas com dificuldades sejam estas dificulda-des no nível que for. A escola sabe o que fazer e os impostos que paga-mos (pagamos muito mais impostos aqui do que no Brasil) valem todos os atendimentos que a minha filha precisa, feitos na escola por uma equipe multiprofissional sem que eu tenha que pagar por isso.

Qual o maior aprendizado que

Eu tive que aprender a educar com ações, fazendo

o que eu queria que minha filha fizesse; tive que

aprender a esperar ela processar o meu

pedido e fazer as coisas no

tempo dela

Cristina: “As alegrias vêm da minha filha, as tristezas vêm do preconceito, do despreparo, ou seja, as tristezas vêm da sociedade”

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um filho autista proporciona aos seus pais?A criança com autismo transforma as pessoas que convivem com ela. Elas nos ensinam a dar valor a coisas diferentes, cada pequena conquista faz crescer em nós a admiração pelo esforço que elas precisam fazer, a alegria em ver o quanto cada uma destas pequenas conquistas são es-senciais e a gente nem sabia disso. Faz a gente enxergar o mundo com outros olhos ao ver que ninguém é perfeito e que o normal não existe e que ninguém, precisa caber nesta forma da normalidade para ser fe-liz. A gente descobre preconceitos escondidos quando por exemplo, ficamos envergonhados com algum comportamento do filho e finalmente começamos a questionar essa “ver-gonha”… a gente vai deixando esses preconceitos que muitos de nós nem sabiam que existiam e vai se tornan-do mais leve. Minha filha me ensi-nou a ver o mundo sem as lentes da normalidade e descobrir que é mui-to mais leve viver assim, me fez ver o poder absurdo que tem a alegria que nasce de uma conquista simples como uma troca de olhar ou um abraço espontâneo. Ela me trouxe uma riqueza de significados que me fizeram uma pessoa muito melhor.

Que fatos fizeram você come-morar durante o tratamento de sua filha?Um pergunta que daria um livro. Cada pequeno aprendizado que uma criança com desenvolvimento típico faz naturalmente, para alguém com autismo é preciso ensino, per-sistência e paciência. Milena nos fez muito felizes quando sentou, quando engatinhou, quando andou, quando pegou um brinquedo pela primeira vez, quando brincou com um brin-quedo pela primeira vez, o que de-morou muito… Cada vez que ela entendia um pedido, depois cada vez que atendia a um pedido, a pri-meira vez que ela apontou (apontar um objeto para compartilhar o in-teresse é uma importante base de comunicação e interação social). A

primeira vez que ela usou o banheiro para o “‘numero 1” e principalmente para o “número 2”… Somos a única família no planeta que teve uma fes-ta para comemorar um cocô rsrsrs E eu seguiria enumerando conquistas intermitentemente, pois ninguém que olha uma criança nos seus primeiros anos tem ideia do milagre que acon-tece a cada dia diante de um apren-dizado que vai durar a vida toda e fazer base para o adulto que virá.

O que sente ao ver o sorriso dela e suas manifestações de alegria e satisfação?Como escritora que sou, a minha grande frustração é não ser capaz de traduzir sentimentos em palavras. Quem dera eu pudesse responder a esta pergunta e compartilhar com o leitor o meu sentimento!!! Talvez a palavra completude caiba aqui, pois eu me sinto completa. Tenho uma sensação de missão cumpri-da, de sucesso, de competência de que tudo é possível e que o céu é o limite. Vivo um momento em que a esperança e o meu amor sem limi-tes tomam conta de mim, é maravi-lhoso poder viver isso. O leitor pode imaginar um momento de sua vida em que ele ou ela foi imensamen-te feliz. Esse é o meu sentimento a

cada simples momento em que vejo minha filha feliz. Viver essa alegria quase diariamente é uma dádiva que me abastece de energia para a toda parte menos feliz que vem no paco-te de ter um filho com deficiência. As alegrias vêm da minha filha, as tristezas vêm do preconceito, do des-preparo ou seja, as tristezas vêm da sociedade. A você que me lê, obri-gada por sua atenção, espero que você saiba que sua atitude compre-ensiva e acolhedora pode mudar vi-das. Ao ver alguém com deficiência, acolha com o olhar. Ao se deparar com alguém com um comportamen-to diferente não julgue, não acredite que falta ação dos pais, ou castigo ou palmada, não julgue, por favor. A sua atitude acolhedora e compre-ensiva pode fazer o momento difícil de alguém se tornar mais fácil e seu olhar ao acolher pode fornecer força para quem tem que lutar muito to-dos os dias. Quem faz o bem atrai o bem, dizem os grandes sábios. Por isso seja você uma fonte de bem, se informe sempre e seja parceiro na luta por uma sociedade mais com-preensiva e mais acolhedora e só assim teremos base para um mundo com mais paz.

Fausta Cristina, ou Cris, como prefere ser chamadaé mãe de três filhos e avó de uma garota. É casada, pedagoga, psicopedagoga e mantém há dez anos o blog Mundo da Mi (www.mundodami.com) em que compartilha a experiência de ser mãe de Milena, terceira filha dela, que tem autismo.

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Escola só para alguns, escola

que escolhe quem atende, escola que discrimina não é escola. O

conceito de escola nasce do direito

da educação para todos

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A chegada do Luiz Júnior foi uma festa para a família Coelho, que ga-nhava um garoto após três meninas. Ele nasceu saudável e lindo. Com o tempo, notaram algo diferente, pois ele crescia e não falava, não brin-cava de maneira convencional, ria do nada, não dormia à noite e mor-dia. Através de um filme “Meu Filho, Meu Mundo”, a família suspeitou de autismo e começou a estudar. Com dois anos e meio veio o diagnóstico médico. “Nosso luto foi bem rápido. Nos desesperamos pensando no fu-turo, pois tínhamos que desconstruir tudo que tínhamos criado, mas foi bem passageiro. Começamos a agir focados no Lu e não no autismo”, garantem as irmãs, Karla e Luiza.

Luiz Júnior começou a fazer terapias na APAE e no CRIA e elas começa-ram a estudar por conta própria em grupos específicos: primeiro um gru-po de e-mails do Yahoo Groups (Au-tismo Esperança) e depois nas redes sociais (Orkut, Facebook, Blogs e agora também no WhatsApp).

Karla e Luiza frequentam congressos e cursos sobre a síndrome e conclu-íram até uma pós-graduação em Educação Especial com Ênfase em Autismo e uma formação em Edu-cação Terapêutica e Terapia Social (Antroposofia). Em 2009 montaram o Blog (www.estouautista.com.br), pois perceberam que a internet pode ajudar e empoderar muitos familia-

res que estão perdidos. Temos tam-bém uma página no Facebook com o mesmo nome do blog.Bem positivas, as duas acreditam muito no potencial do Luiz Júnior. São amantes do Programa Son Rise e, por isso, trabalham com responsi-vidade, brincadeiras, valorizando os interesses do irmão delas. “Nunca nos desesperamos, sempre procura-mos estudar muito e nos apoiar nos profissionais e amigos que confia-mos para a troca de experiências e informações.”

Depois que participaram de um con-gresso biomédico e trouxeram infor-mações sobre a dieta sem glúten e sem leite, o Lu, como ele é carinho-

“Agimos focados no Lu e não no autismo”

Lu com os pais Eliana e Luiz e as irmãs Karla, Fernanda e Luiza

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samente chamado por elas, melho-rou muito. Foi um divisor de águas. Retiraram toda a alimentação vazia (chocolates, refrigerante, etc) e de-pois, aos poucos, foram retirando o glúten e o leite animal. A família toda colaborou. No começo foi difí-cil porque Lu é seletivo alimentar (co-mia apenas cinco alimentos e qua-tro continham glúten ou leite), mas, depois, as pessoas paravam as duas na rua para elogiar e saber o que haviam feito.

Lu sempre fez Terapia Ocupacional, hoje faz Integração Sensorial. Fez fono por dez anos, faz terapia com psicóloga, tem mediação escolar (escola comum) e faz Tratamento In-tegral do Autismo e Tratamento Es-pecífico de alergias.Tanto o tratamento Integral quanto o tratamento de alergias foram essen-ciais na melhora do Luiz Júnior. Ele toma suplementação, cuida de seu intestino e além da dieta sem glúten e sem leite, faz, atualmente, dieta de rotação de alimentos.

Karla e Luiza areditam que um tra-tamento holístico é fundamental e a participação e envolvimento da família na estimulação, autonomia, independência como também na busca de informações para entender o que os profissionais indicam e para praticarem com atenção e consciên-cia, são primordiais para que todos os passos sejam dados de forma se-gura. É importante uma equipe mul-tidisciplinar em que a família se sinta parte deste time e não terceirize os cuidados e nem seja passiva quanto aos tratamentos.

Cada passo e evolução do Lu são valorizados. “Nosso irmão veio nos ensinar a perceber cada deta-lhe. Mas, sem dúvida, as evoluções mais comemoradas foram quando ele andou e quando ele falou (com 5 anos).”. Mas também se emocio-naram quando ele começou a dia-logar, quando a comunicação ficou fluente, quando começou a entender duplo sentido, a se colocar no lugar

dos outros, a dividir seus interesses mostrando vídeos, máquinas, etc, falar gírias, interagir com amigos e familiares, dar sua opinião, comer algo diferente, tomar banho e se vestir sozinho, comer sozinho, dormir sozinho, ir ao banheiro sozinho, etc. “Fazemos festa pra tudo: pra uma letra bonita, uma leitura bem feita, uma opinião dada, uma piadinha...”

O segredo para a felicidade da famí-lia é a aceitação ativa. Esse é o fun-damento do Son Rise. O Lu é aceito como ele é e a família age por me-lhor qualidade de vida, acreditando sempre no seu potencial. Todos são fãs do Lu e aprendem diariamente com ele. Na família há conexão, sin-tonia, amor, e união. Sempre viven-cia o pensamento positivo e Lu é o mestre, que mostra a eles o papel de cada um no mundo, na luta pela jus-tiça social e quebra de paradigmas. “Ele nos fez dar valor às pequenas felicidades.”

A terceira edição da Revista ATMA tratar do autismo, para elas, é fan-tástico. Quanto mais a informação é espalhada, menor é o preconceito e maior a qualidade de vida dos au-tistas e seus familiares. O autismo, em si, não é o maior problema. Os grandes problemas são a falta de políticas públicas, falta de especia-listas que enxergam o autismo de forma holística, falta de inclusão escolar (inserção em sala de aula é diferente de inclusão) e a falta ge-neralizada de informação geran-do mitos a respeito dos autistas. “Agradecemos o apoio da Revista Atma à nossa causa e ao Laço Azul e torcemos para que iniciativas como essas inspirem empresários de todo o nosso país a colabora-rem com o próximo”, enfatizam, ressaltando que a venda da bolsa os ajudará muito a colocar em prá-tica os projetos, atendendo, cada vez mais, famílias e conscientizando a comunidade como um todo.

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Ricardo Antonio Marques Perdigão Filho, hoje com 22 anos, filho de Zaida e Ricardo nasceu com anó-xia, parto pélvico, e veio o silêncio absoluto no primeiro momento de três minutos e depois de sete. Foi um susto quando o choro dele não foi ouvido... Logo o choro veio. No entanto, naquele lapso de tempo ocorreu a falta de oxigenação no cérebro e lesou a parte frontal di-reita, diagnóstico confirmado aos oito meses, quando ele teve um desmaio demorado e nos meses

subsequentes várias convulsões. Começava a incessante busca pela cura e/ou uma melhor qualidade de vida para a estrela da família. Na época, eram poucas as opções. Procuraram um neuropediatra, que prescreveu medicamentos mui-to fortes, tarja preta e outros tarja vermelha de uso contínuo.

As convulsões foram controladas, mas a sequela permaneceu até os dias de hoje, apesar de intensa esti-mulação psicomotora, equoterapia,

fisio, fono, TO, método Padovan, Instituto Veras no Rio de Janeiro, Tratamento com estimulação senso-rial eletromagnética, em Brasília, e tratamentos espirituais. Ele continua sem falar, ainda não conseguiu ser alfabetizado e apresenta compor-tamento autista. “Apesar de toda busca jamais desistimos de procu-rar por tratamentos alternativos tais como homeopatia, alteração na ali-mentação tirando glúten e lactose e alimentos que causam alergias, diz Zaida.

Ricardo Perdigão Filho: o amado anjo azul

Zaida Perdigão diz que a busca por melhor qualidade de vida para Ricardo Filho é incessante.

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Agora, será iniciado o REAC que, segundo informações obtidas através de uma mãe de autista, e da médica especialista em Neurologia com es-pecialização em Florença (Itália), o método consiste em terapia que oti-miza a resposta do sistema nervoso por meio do uso de correntes radio-elétricas assimétricas tornando possí-vel a Otimização Neuro-Psico-Física Relacional. “Já marcamos a primeira consulta com a médica que trouxe a terapia ao Brasil.”

Os pais reconhecem que todas as estimulações surtiram efeito e me-lhoraram significativamente a pos-tura, salivação excessiva, agitação, insonia e etc do Ricardo Filho. Co-mentam que o mais difícil é a falta de informação e preparo da socie-dade para receber os autistas tanto em escolas, cinemas, shopping, ho-

téis etc.... Com a criação do grupo de pais e mães “Laço Azul” surgiu uma oportunidade maravilhosa de troca de informações, experiências, tra-tamentos, medos, ansiedades, de-sesperos e tantas outras situações vivenciadas no dia a dia da família. “Temos muito a agradecer a esse grupo que não mede esforços na busca de tratamentos, estimulações, terapias, e ainda, temos um sonho a ser realizado: a criação de uma Clí-nica Escola especializada para trata-mento dos nossos anjos azuis.”

Hoje, com uma visão mais espirituali-zada, Zaida deixa uma mensagem aos pais de autistas: “Quando você aceita de coração esse presente que Deus te enviou, o problema deixa de existir! E tem mais, Deus não escolhe os prepa-rados e sim, prepara os escolhidos”!Zaida ressalta que o filho estuda na Apae de Uberaba, em sala especial para autista, com atendimento multi-disciplinar, aula de música, natação, educação física e outras atividades da vida diária. Ela faz questão de registrar o seu agradecimento a todos os pro-fissionais da Apae “que estão sempre em busca de uma melhor qualidade de vida para nossos filhos mais que especiais.”

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...o mais difícil é a falta de informação

e preparo da sociedade para

receber os autistas tanto em escolas, cinemas, shopping, hotéis...

Quando você aceita de coração esse presente que Deus te enviou, o

problema deixa de existir! E tem mais, Deus não escolhe os preparados e sim, prepara os

escolhidos!

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A Manuela demorou a andar e, se-gundo os médicos, ela tinha uma hipotonia nas pernas, ou seja, uma diminuição do tônus muscular e da força. Aos três anos, os pais, Cás-sio Fedrigo e Daniela começaram a notar as diferenças. Na comparação dos amiguinhos, via-se que ela era diferente. E começou a maratona aos médicos. O casal fez exames, pois são primos e queriam eliminar o fator genético e de fato nada tem a ver. Quando ela estava com quase seis anos conseguiram um psiquia-tra em Franca (SP). “Eu precisava de um norte. Eu sabia que minha filha era diferente, mas eu não sa-bia o que ela tinha, nem como tratar, como lidar”, disse Cássio. Na tercei-ra consulta, o médico diagnosticou autismo atípico, porque ela olha as pessoas nos olhos, diferentemente da maioria com a síndrome.Desde então, Cássio e Dani come-çaram o tratamento com remédios de tarja preta que eram medicamen-tos “punks” para uma criança de 6,7 anos. Foi quando o casal conheceu o grupo Laço Azul, coordenado pe-las gêmeas Karla e Luiza Coelho.Cássio e Dani contam que esse en-contro abriu os caminhos para o tra-tamento da Manu. Eles retiraram a medicação e hoje aos 9 anos ela faz uma dieta regulada. Há um ano e dois meses eles começaram a perce-ber as mudanças positivas. “Ela não se sentava assim, como você está vendo”, disse Cássio, acrescentan-do que Manu estaria agitada e aos gritos. Ela está supertranquila sen-do tratada apenas com suplemento ortomolecular que a Dra. Camila

Milagres, que é de Belo Horizonte, recomenda. Os pais fizeram uma limpeza no corpo dela retirando alimentos pre-judiciais, pois o autista é muito alér-gico. Tiraram leite, glúten, açúcares. Hoje, ela é tratada só com alimento orgânico, tudo natural.Além do tratamento diferenciado, o casal conta que o grupo Laço Azul é aberto para terapias, para agregar conhecimento. Na casa da Manu há o quadro de rotinas, em todos os móveis há algo escrito, todos os móveis com os nomes. O banheiro é cheio de figuras. Aprendizado con-seguido nos encontros do Laço Azul, que reúne pelo menos 70 famílias. Manu faz diversas terapias, estuda na rede municipal, na escola Ri-cardo Misson, cuja diretora, segun-do eles, é fantástica, e a professora

também. Eles têm o projeto Atendi-mento Educacional Especializado (AEE) que hoje está com a tia Floren-ce. É inclusão social de verdade. Ela tem o material adaptado dela e está no 3º ano.Dani lembra que até saber como tra-tar, foi angustiante. Para saber o que ela tinha, o que fazer para lhe dar uma qualidade de vida melhor. Foi um choque. Por mais abertos que os pais sejam, é por amor. Eles sofrem mais por pensar que a filha sofre. O preconceito que ela enfrenta. “Ela é apaixonante, feliz, alegre, não tem tempo ruim para ela. O “oi, linda” dela é o mais famoso de todos.”O Laço Azul trouxe um alento à fa-mília, que agora tem contato com outros autistas. “Com 5 anos quan-do ela foi diagnosticada, eu não ti-nha contato com nenhum autista. Eu

Oi, Linda! Esta é Manu, a joia de Cássio e Dani

Manu na foto com os pais Dani e Cássio está sendo tratada apenas com suplemento ortomolecular

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às vezes via na rua, encontrava em lugares públicos ou na casa de al-guém. Mas não sabia que era autis-ta apenas via que era diferente, mas hoje a gente tem essa troca; de ver os pais com os filhos, de trocar ex-periências mesmo com os pais. De viver a mesma coisa.”Antes do Laço Azul, Cássio diz que estavam perdidos, totalmente perdi-dos. Ele sempre foi muito ativo. Nun-ca teve esse negócio de mimimi, de ai, tadinho. Nada disso. “Eu sempre corri atrás. Mas era muito sem rumo. Sem norte mesmo.” Agora, a Manu só progride. Está em fase de alfabe-tização, faz musicalização, já tirou a fralda durante o dia, já pede para ir ao banheiro. São ganhos bem pe-quenos, mas que para a família, são muito grandes. A família é espírita, o que faz toda a diferença. Desde quando ela esta-va no ventre da mãe dela que eles fazem esse tratamento. É um passe.

Comparando com o católico que ele foi e o espírita que é, vê as coisas muito mais claras. Cássio e Dani le-vam Manu a todos os lugares a que vão, inclusive festas e bares, pois a família toda adora música e a Manu, por exemplo, é fã do cantor Tito Rios. Cássio acha sensacional que a re-vista ATMA tenha escolhido falar de autismo nesta edição. Quanto mais informação, melhor. No pi-quenique, havia mais de mil pesso-as. Há cinco anos se você falasse de autismo eu não sabia. “Eu era o mais ignorante do planeta, enten-deu? E assim eu vejo um monte de gente, hoje. Os autistas são tidos como mal-educados birrentos. Muitos acham que as crianças não têm limites que os pais não ligam. Quem não tem conhecimento, acaba julgando”, comenta. Quan-to mais pessoas, revistas e eventos como o piquenique divulgarem a pa-lavra autismo, melhor.

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Depois de Manu, Cássio e Dani são muito melhores. Conseguem ver o próximo. Cássio diz que era egoísta, tinha a cabeça fechada. Querendo fazer sua vida, ganhar seu dinheiro. “Hoje eu vejo amor em tudo.” Eles sonham que Manu consiga ter uma qualidade de vida boa, ser inde-pendente. “Não sonhamos com ela médica, advogada, mas que ela tenha qualidade de vida.”

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Ao observar que a medicação es-tava deixando o filho Pedro Hen-rique dopado e paralisando os seus movimentos, Leane Beatriz da Silva Cruz ficou desesperada. Não sabia o que fazer, não tinha

a quem recorrer em busca de aju-da. Foi quando soube da existência do grupo Laço Azul. Com o filho diagnosticado com autismo grau leve, Leane já havia levado Pedro a equipes multidisciplinares, mas não

encontrava uma alternativa que o deixasse com brilho nos olhos. De-pois de ouvir os relatos das mâes do Grupo Laço Azul, ela retirou a medicação e o inseriu na dieta sem glúten, sem leite e outros produtos que causam alergia influencian-do o comportamento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A vida voltou a fazer sen-tido. Pedro melhorou, desenvolveu a fala e no geral. Os autistas são tão especiais, que, segundo Leane, começa-se a dar valor em qualquer evolução. Conta que treinou um ano para ele bater palmas, quando ele bateu foi uma festa.

Sem o Grupo, estava perdida. Não havia um local que pudesse orientar os pais a respeito do autis-mo. Um dia integrantes de órgãos como Conselho Tutelar estiveram na escola em que trabalha e ela perguntou se eles conheciam al-gum lugar. A resposta na hora foi negativa, mas uma delas passou depois os contatos do Laço Azul, primeiro pelo Facebook, depois pessoalmente. “Eu não sabia nada. O Laço Azul é tudo pra nós. A gra-tidão é tão grande que não vai ca-ber nessa vida”.

O diagnóstico do Pedro chegou quando ele já tinha quase três anos, hoje tem cinco. Desde os seis meses, Leane achava que havia

Pedro Henrique: o anjo guerreiro

da família

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Leane e os filhos vibram a cada conquista de Pedro Henrique, hoje com cinco anos

algo diferente nele, mas os médicos não encontravam nada. Começava a maratona de exames, terapias, fono, terapia ocupacional e fisiote-rapia, pois com nove meses ele não sentava. “Quando fui à fisio ela disse que o Pedro não era normal, que o problema dele era neuroló-gico e perguntou se eu havia usado drogas durante a gravidez. Um hor-ror. Disse que sem avaliação de um neuro não olharia ele”, conta. O neuro reiterou que era a paralisia cerebral. Pedro ficou um ano na Apae e se desenvolveu bem, só não falava. Permaneceu com a fono e foi ma-triculado numa escola de ensino regular. Mas, como não dormia, estava sempre muito nervoso, não falava, Leane pediu à escola uma declaração e voltou ao neurolo-gista. Com a reclamação dela e da escola o médico diagnosticou autismo grau leve. Até esse dia, o

sofrimento de toda a família era muito grande. “É claro que cho-rei muito, mas outras pessoas me animavam dizendo que tem autista médico, jogador de futebol e fui me acalmando.” O sonho de Leane é ver o filho na faculdade e é possí-vel, porque o cognitivo dele não foi afetado.

Além de Pedro, Leane tem um filho na faculdade, Rodrigo e Cecília, que a ajuda bastante. A família é espírita e tem hábito de fazer o Cul-to no Lar.A gravidez de Pedro foi tranquila, mas Leane sentia um peso muito grande, às vezes não conseguia le-vantar-se da cama. No dia do par-to a anestesia não fazia efeito. “A enfermeira segurou na minha mão e começamos a rezar. Foi muito di-fícil, mas ele tinha de vir, eu orava e dizia que o aceitaria como ele vies-se. E veio um anjo guerreiro.”

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Me lembro uma vez quando em

uma loja de departamento um garotinho estava aos prantos com a mãe pedindo um simples carrinho, e ela por sua vez

dando aquela bronca no menino.

Eu ali pensei como eu queria que o Lucca me

pedisse algo para comprar.

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O Lucca veio não só para somar mas para ensinar a família o sig-nificado da palavra amor. É o que garante a mãe do Lucca, Karine Ferreira Assumpção. Ela conta que a luta não é fácil mas vale a pena cada tentativa e esforço, pois sempre vem a recompensa. "Quem conhece o Lucca sabe do que estou falando!"A família soube do autismo quando ele estava com um ano e oito meses. É que nele a síndrome veio como regressão, porque Lucca estava com desenvolvimento normal até um ano. Depois regrediu na fala, nos comandos, choro constante, desinteresse, estranhar pessoas, não suportar barulho e cada vez mais características do espectro se aflorou. O diagnóstico assustou a família ini-cialmente. "Não tínhamos noção do novo universo que iriamos entrar", diz. Mas em nenhum momento hou-ve o querer tapar o sol com a penei-ra, pelo contrário saíram à procura do melhor para ele e declararam a todos que o filho é autista.Lucca sempre foi uma criança muito tranquila. O que mais intranquilizava a família eram as inúmeras noites de insônia, que por sinal melhoram no início deste ano.Karine comenta que sempre valeu a pena qualquer tipo de tratamento, pois a esperança da melhora é sem-pre enorme. São inúmeros tratamen-tos. O que mais a impressionou foi a homeopatia Cease (sigla inglesa de Complete Elimination of Autistic SpectrumExpression – que significa

Eliminação Completa dos Sintomas do Espectro do Autismo) é um trata-mento homeopático criado pelo ho-meopata holandês Tinus Smits.A cada reação positiva de Lucca a felicidade dos pais transborda! Um simples gesto, um olhar, um sorriso

já é motivo de comemoração, afinal são anos na expectativa de algum sinal assim. "Me lembro uma vez quando em uma loja de departamento um garo-tinho estava aos prantos com a mãe pedindo um simples carrinho , e ela por sua vez dando aquela bronca no menino. Eu ali pensei como eu queria que o Lucca me pedisse algo para comprar." Ela revela que ele já teve um grande avanço desde o iní-cio do diagnóstico. Hoje ele obe-dece a comandos, entende o que é dito a ele, tem total independência do vaso sanitário, a fala está sain-do aos poucos, a identificação das coisas ao seu redor. "Tantas conquis-tas!!!! ....Ah já me pediu (gestual-mente)um brinquedo na loja. Lógico comprei na hora!" Outros motivos de comemorações envolvem ver o amor dos colegui-nhas da escola com ele. Cenas que ficam na memória de seus pais, bem como quando alguém diz: o Lucca me abraçou, o Lucca me mandou um bei-jo, falou oi. Ele sabe cativar o próximo! São várias passagens que a família vive com o Lucca, de aprendizagem a paciência! A mais recente delas foi a melhora expressiva da insônia e que-rer brincar com a irmã.Karine acha magnífico que a Revis-ta ATMA tenha escolhido o assunto para tema central desta edição. Ela diz que a causa é muito nobre e são milhares de crianças dentro do es-pectro autista e milhares de pessoas não têm noção desse universo. "O Laço Azul é nosso esteio aqui em Uberaba."

“Lucca nos ensinou o significado da palavra amor”

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Karine Assumpção (na foto com o marido e Lucca) “Não tínhamos

noção do novo universo que iriamos entrar”

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Vitor, como o próprio nome já diz, é vitorioso, guerreiro, conquistador! Todas as suas conquistas por meno-res que sejam são comemoradas com fervor. Desmamou do peito sozinho com 9 meses e meio, a família vibrou quando andou com 1 ano e 5 meses; quando largou a mamadeira com 2 anos e 2 meses; quando largou a chu-peta com 2 anos e 4 meses; quando passou do berço para a cama aos 2 anos e meio; quando entrou na escola aos 3 anos e adaptou - se após duros 2 meses; quando participou das apre-sentações na escola, quando desfral-dou aos 4 anos e assim por diante...Marina Soares Remiggi percebeu que Vitor comportava-se diferente desde os 3 meses de idade, pois chorava muito,

não aceitava o colo de outras pessoas sem ser o dela; não gostava de mamar, olhava fixamente para imagens colori-das e estímulos de DVDs musicais. Devido ao seu refluxo severo desde os primeiros dias de vida até 9 meses e meio, Marina conta que ele foi pouco estimulado, pois precisava de todos os cuidados posturais na tentativa de evi-tar os vômitos, sendo assim demorou um pouco mais para sentar, engatinhar e andar. Após os 8 meses ela teve a certeza de que Vitor estava autista, pois já fazia flapping de mãos, não estabe-lecia contato visual, foi parando de fazer coisas que tinha começado, tipo dar tchau, mandar beijo, barulho de carro com a boca, se interessou por objetos ou brinquedos que giravam,

Quando o silêncio fala mais do que palavras...

colocava tudo na boca, mas nessa idade nenhum profissional da região fechava o diagnóstico.

Com 1ano e meio, Vitor foi levado à Dra. Carolina Funayama, neuropedia-tra em Ribeirão Preto. Ela avaliou Vitor e me disse que ele estava um pouco AUTISTA. Que algumas características ainda poderiam ser da etapa do de-senvolvimento dele, mas que a partir daquele momento ele deveria ser colo-cado nas terapias de estimulação.A partir de então, Vitor iniciou equo-terapia, fonoaudióloga, terapia ocu-pacional, integração sensorial, neu-ropsicóloga, musicalização infantil, ABA, discotecagem e com 3 anos foi matriculado na escola regular, Marista.

Marina diz que Vitor os ensina a serem mais e melhores dia após dia, a valorizar cada detalhe da vida, a viver um dia após o outro

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ATMA ENTREVISTA

Além disso, faz dieta sem glúten, sem leite, sem soja, sem açúcar; Home-opatia Detox com acompanhamento de Maria Helena Rossi; Tratamento Integral do Autismo com Dra. Camila Milagres, Dieta de exclusão e rotação com Dr. Aderbal Sabrá e REAC com Dra. Marcia Gravatá.

Ao longo do tratamento, houve preocupação, especialmente quan-do no início de janeiro deste ano Vitor começou a ter uns distúrbios de movimentos no sono e foi preci-so investigar se eram crises convulsivas ou mioclonias benignas do sono. Os pais, Marina e Guilherme o levaram à neuropediatra, que solicitou eletro-encefalograma e polissonografia e descartaram a possibilidade de crises convulsivas.

Marina tem uma visão transdisciplinar do tratamento do Vitor e acredita mui-to na complementaridade de todas as áreas que escolheu para proporcionar a melhora do bem-estar e da qualidade de vida dele. Ela diz que tudo tem sido válido desde o início, pois a cada dia vê Vitor um pouco melhor. Suas conquistas, sua autonomia, sua compreensão, inte-ração, contato visual, intenção comuni-cativa, ampliação de sons funcionais, aprendizado de atividades de vida di-ária, paciência, tolerância, flexibilidade, interesses, enfim.

Revela que quando ele iniciou o trata-mento tinha um ATEC (questionário de avaliação do sucesso dos tratamentos - quanto menor pontuação, melhor) de 86 pontos, o que o classificava como 75% autista. Hoje, após 2 anos de tratamento, está com ATEC de 26 pontos, menos de 10% autista!!!! "Todo empenho, amor e dedicação valem muito a pena!!!!"

A família reúne amor, dedicação e re-núncia e Vitor é a razão de suas vidas. Ele os impulsiona, estimula e os ensina a ser mais e melhores dia após dia. Com ele, aprendem a valorizar cada detalhe da vida, a viver um dia após o outro e a compreender que muitas ve-zes o silêncio ou um gesto valem mais que palavras.

Como cofundadora do Laço Azul, Marina diz ter gratidão imensa pela iniciativa da revista ATMA de abordar o autismo e apoiar a causa. Ela explica que todos estão engajados na inspira-ção pela inclusão social e escolar, pelo diagnóstico precoce, pelas políticas públicas, pela capacitação profissio-nal, pela ampliação dos tratamentos, pelo respeito e luta contra o preconcei-to. "A revista será uma oportunidade de mais uma vez externalizarmos tudo isso para nossa sociedade e irmos ga-nhando cada vez mais espaço e cre-dibilidade por essa causa tão nobre."

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ATMA ESTÉTICA

Tratamentos de estética para todas as estações

Máscara corporal e para o rostoA máscara deve ser feita semanalmente, após a esfoliação. Máscara de argila verde, comprar o pó de argila e fazer em casa. Ela pode ser aplicada no corpo e no rosto. Não é indicada para peles secas e sensíveis a menos que seja usada a argila rosa ou branca, pois resseca muito a pele, é indicada particularmente para quem tem a pele oleosa. É indicada corporalmente para tratamentos de adiposidade e de celulite.

Máscara de iogurteTodos temos iogurte em casa, e podemos usar como máscara facial, pois é muito hidratante, e tonificante se estiver frio. Ótimo também para quem sofre de pernas cansadas, aplicar iogurte frio, não muito frio sobre as pernas alivia muito e evita a formação de varicosas. Experimente já hoje, cuide do seu corpo o seu corpo agradece.

O sal grosso é recomendado para quem tem a pele oleosa e apenas para o corpo, o sal fino para quem têm a pele seca e muito sensível e para além de ser aplicado no corpo pode também ser aplicado no rosto. Depois de misturar o sal com o óleo, aplique no corpo com movimentos circulares, e passar por água. Indicações: Melhora a circulação sanguínea e purifica e remove as células mortas.

Esfoliação- tratamento de estética recomendado semanalmente, remove as células mortas e prepara a pele para os tratamentos específicos, hidratação, tonificação….

Em casa, todos podemos fazer, sem comprar produtos, apenas com o sal grosso da nossa cozinha ou o sal fino, e um pouco de óleo corporal.

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O livro “Alimentação Australopiteca” surgiu com o sonho de contribuir de al-guma forma para os que têm Transtor-no do Espectro Autista (TEA). A autora é Sandra de Sá, massoterapeuta auxi-liar de fisioterapia. Com os pacientes, ela teve a oportunidade de conhecer uma força de vida exuberante. “O li-vro nasceu do meu sonho e da interação de outro sonho”.

Sandra observa que as dificuldades de coordenação motora e de aten-ção estão entre os sintomas de quem tem TEA. Muitos pacientes sofrem também de alguns distúrbios tanto do sono como gastrointestinais. Ao longo de sua pequena experiência na área da saúde, teve oportunida-de de encontrar pacientes com esta patologia em lar de idosos, clínica de fisioterapia, clubes desportivos. Ela diz que são pacientes queridos e especiais, têm uma visão diferente da vida.Sandra conta que conheceu uma pa-ciente que todos os dias acordava con-tente estivesse sol ou chuva. Contagia-va todos ao seu redor com um enorme entusiasmo de viver.A alimentação, de acordo com a mas-soterapeuta, é um fator preponderante em qualquer doença, em qualquer in-divíduo saudável, em qualquer gênero e faixa etária.

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ATMA ALIMENTAÇÃO

O CEO de uma empresa de sumos naturais em Portugal Rui Amaral (foi Advisory Board Member na empresa produto do ano de 2008 a 2009 em São Paulo no Brasil, foi CEO da em-presa de Sumos Naturais em Portugal Sumo Pontífice e atualmente é marke-ting coordinator at Walk of Fame), sonhador e muito empreendedor, a convidou para fazer parte do proje-to. Investiram tempo e conhecimen-tos adquiridos ao longo do processo profissional e pessoal neste livro.

Sandra de Sá é esteticista cosmetologista pelo Instituto de Formação Profissional; massoterapeuta auxiliar de fisioterapia pelo Instituto de Medicina Natural. Ela trabalhou na Liga de Algés Clube de hóquei em patins, na Residência Orquídea lar de idosos, no Centro de reabilitação Dom Vasco, no Spa Aquae Hotel Dom Pedro, no Cellulem block, no Body Concept, no Opencel, no Spa Asia, e no Centro de estética Beleza Natural. Foi vendedora de cosméticos Obey your body e trabalhou na Sumo Pontífice e atualmente estuda relações públicas e comunicação empresarial na Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa, Portugal.

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Livro cultua alimentação para vida saudável

Sandra revela que convidaram uma cúpula de autores que contribuem com o seu vasto conhecimento em diferen-tes áreas profissionais e caracterizam a alimentação como um elemento de primor e de excelência em qualquer fase da vida da humanidade.

No livro estão histórias de autores rele-vantes na sua área profissional, como a fadista Mafalda Aurnauth; a atleta Rita Borralho, o economista Luís Louren-ço, entre outros, além da engenheira de produto Diana Bedoya, criadora das receitas dos sumos detox inclu-ídas no livro, que será editado em breve.

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ATMA PSICOLOGIA

A psicoterapia infantil compor-ta, através da ludoterapia, toda a ferramenta necessária para um tratamento efetivo também com crianças autistas, desde que o pro-fissional tenha um entendimento profundo sobre o funcionamento mental da síndrome, suas particu-laridades e idiossincrasias. A psicó-loga Luana Kefalás Barbosa Diniz, que tem mestrado em psicoterapia infantil, acrescenta que o trabalho com autismo deve ser multidiscipli-nar, pois o desenvolvimento e suas diversas áreas estão comprometi-dos de maneira global. Portanto, outros profissionais especializados devem ser envolvidos no tratamen-to e entre eles é fundamental que haja um diálogo com afinidade e uma maneira complementar de tra-balho.A função da área da socialização no autismo, segundo Luana, é a mais prejudicada, seja em menor ou maior grau, e, portanto, as áre-as das socializações e suas possi-bilidades de comunicação devem ser essencialmente cuidadas no tra-tamento psicoterapêutico. Pode ser por meio de relações de trocas e vínculos que se deem da maneira mais assertiva, respeitosa, afetiva e generosa possível e abranger um leque de formas de comunicação e expressão que vão desde a lingua-gem verbal e não verbal, ao co-nhecimento dos mundos que com-

partilhamos culturalmente, com brincadeiras, músicas, escolas, am-bientes públicos, parques, cinemas, internet, etc. A psicoterapia especializada em autismo deve envolver a psicologia vincular no enfoque psicodinâmico e neurodesenvolvimental ao sus-tentar que a formação de estruturas mentais (cognitivas e emocionais) se constroem a partir das expe-riências de trocas e relações com o Outro. “ Outro com a letra “o” maiúscula porque representa o mundo, as pessoas e as coisas”.

Luana observa que se a psicotera-pia é, por assim dizer, focada no desenvolvimento da comunicação social, que permitirá trabalhar im-portantes regulações do comporta-mento em geral e instâncias mais flexíveis do pensamento mental au-tístico, as orientações com este foco devem envolver necessariamente a família e a escola.A psicóloga complementa ressal-tando que o trabalho de Tutoria Clínico Escolar, se possível, tam-bém deve ser contemplado no tratamento, levando-se em consi-deração a busca de uma verdadei-ra inclusão em que os valores de desenvolvimento estejam pauta-dos nas análises dos processos de aprendizagens internos psiconeuro-desenvolvimentais em lugar de so-mente os conteúdos pedagógicos.

A trajetória de Luana Kefalás ex-pressa as principais diferentes abordagens e metodologias tera-pêuticas que existem e é por isso que ela se faz valer dela para divul-gar os variados caminhos que po-dem ser trilhados pelas famílias que buscam o melhor tratamento para seus filhos.Há mais de dez anos quando cur-

Acredito que não há certo ou errado, mas sim

aquele tratamento ou metodologia

que melhor responde em

conformidade às diferentes visões

de mundo

Tratamento multidisciplinar e sua eficácia

sava a Faculdade de Psicologia o interesse dela por Transtornos Globais do Desenvol-vimento (TGD) surgiu

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ATMA PSICOLOGIA

nas aulas de psicopatologia. No último ano, escolheu o núcleo de Psicanálise e fez parte de um pro-grama na clínica da PUC-SP que trabalhava com crianças (TGD) em diferentes oficinas culturais. Havia oficinas de música, teatro, expres-são corporal, dentre outras. Nas reflexões teóricas com relação à prática, Luana lembra que falava-se do autismo, porém ainda sem defi-ni-lo como Transtorno do Espectro Autista (TEA), que tem por base um funcionamento neurológico muito específico. “Esta classificação ain-da não existia como tal e o autismo era incluído em TGD”. A psicanáli-se ocupava-se prioritariamente das questões emocionais envolvidas com a criança, os familiares e seu entor-no.Luana foi para o México e naquele país trabalhou em uma clínica de autismo e, em busca de novas ferra-mentas psicoterapêuticas, aprendeu muitas coisas. Ela ficou surpresa, em especial com relação à aborda-gem cognitivo comportamental, que é a linha terapêutica considerada mais aplicada. Ela coordenou um

grupo de crianças com autismo de alto funcionamento, quando obte-ve conhecimento sobre a Teoria da Mente (capacidade do ser humano de compreender a mente alheia) e as possíveis técnicas empregadas às falhas que a mente autista apresenta. Todas elas seguem os pressupostos de aquisição dos processos desen-volvimentais de Jean Piaget. A psicóloga conta que na metodo-logia de tratamento e educação, também eram utilizadas as técnicas de Applied Behavior Analysis (ABA) e Treatment and Education of Autistic and related Communication-handi-capped Children (Teacch). Embora acompanhasse os resultados das in-tervenções, havia nela uma inquieta-ção com relação às evoluções. É que às vezes lhe pareciam muito condi-cionadas a determinado modelo, o que caracterizava nas crianças uma certa perda da espontaneidade em geral e do processo de aprendiza-gem por meio da precedente inter-nalização.Assim, ingressou no mestrado em Psi-cologia Clínica com especialização em Psicoterapia Infantil na Universi-dade Nacional Autônoma do México (UNAM). Concluiu que a visão da Psicodinâmica estava epistemolo-gicamente mais de acordo com as suas observações em relação às res-postas terapêuticas alcançadas nas crianças. Além de se formar comoPsicoterapeuta Infantil desenvolveu aprendizado voltado a orientar pais e famílias.Quando regressou ao Brasil, em São Paulo/SP, atuou como Acompa-nhante Terapêutica (AT) em escola com criança autista e esse trabalho acrescentou muito à carreira dela, principalmente duas importantes fer-ramentas: perceber e reconhecer as reais dificuldades sobre os processos de inclusões escolares e estar em contato intenso com os processos de aprendizagens sociais da criança com autismo em tempo real e ime-diato.

Em outra instituição na qual também trabalhou, realizava-se uma moda-

lidade de tratamento com autismo divulgada como a “terceira via” de intervenção com base neurodesen-volvimental, através de uma metodo-logia de terapia chamada Terapia de Troca e Desenvolvimento (TED). Ela vem importada da França de Bar-thélémy e Lelord, e que no Brasil é representada pela “CARI - Psicologia e Educação”. Com essa experiência, a visão do autismo de Luana foi am-pliada quanto ao entendimento mais profundo das funções neurodesen-volvimentais, em um trabalho com equipe multidisciplinar, contando com outros profissionais da área da saúde e educação, tais como: neu-ropediatras, terapeutas ocupacio-nais, musicoterapeutas, educadores físicos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, além dos psicólogos.Com essa trajetória profissional so-bre o autismo e a que ainda está por vir, Luana vai formando suas próprias ideias acerca do tratamento que con-sidera mais indicado com algumas convicções e com outras em constan-te processo de construção. “Acredito que não há certo ou errado, mas sim aquele tratamento ou metodologia que melhor responde em conformi-dade às diferentes visões de mundo, de ser humano e de entendimento do próprio autismo por cada um. O tra-tamento deve se adequar às necessi-dades de cada caso”.

O trabalho de Tutoria

Clínico Escolar, se possível,

também deve ser contemplado no tratamento, levando-se em consideração a busca de uma

verdadeira inclusão

Luana Kefalás Barbosa Diniz é psicóloga formada pela PUC/SP, com mestrado em Psicoterapia Infantil pela Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM).

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Terapia com

O tratamento para crianças e ado-lescentes com diagnóstico de Trans-torno do Espectro Autista (TEA) é baseado nos fundamentos da Aná-lise do Comportamento Aplicada (ABA) juntamente com técnicas da Terapia Assistida por Animais (TAA).

Em crianças com Autismo os be-nefícios são a estimulação do de-senvolvimento psicomotor, lingua-gem, comunicação não-verbal e mais elevados níveis de auto-esti-ma e competência social. Em um estudo com crianças com TEA em tratamento com cães, observou-se menos comportamentos indicativos de estresse e um maior número de comportamentos sociais em com-paração a terapia sem o cão pre-sente.

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Com o cão ativamente envolvi-do nas atividades como mediador entre o terapeuta e a criança, o percentual de vezes que a criança realiza as instruções do terapeuta passa de 20% para quase 80% se a instrução implica interagir com o cão, facilitando o desenvolvimento das atividades e alcançando os ob-jetivos terapêuticos mais facilmente.

Além disso, a TAA com crianças Autista traz benefícios como: au-mento do contato visual, aumento de condutas afetivas, sorrisos, di-minuição de condutas negativas como condutas auto agressivas e auto estimulatórias, agressões ver-bais, agressões físicas ao terapeuta e a objetos e diminuição do isola-mento.

Martina Sbrissa Bortolin - Psicóloga e Treinadora, Especialista em Terapia Assistida por Animais/ Espanha.

www.terapiacomanimais.com.br

Animais

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Arthur Santos de Ávila7 anos

Mães: Ana Cláudia Santose Cecilia ÁvilaGato Chicão

O Chicão veio bem novinho e apesar de ser um pouco arredio com as

pessoas, se entrosou rapidamente com o Arthur. E até hoje brincam muito e o Arthur é muito carinhoso com ele.

Muitas vezes quando o Arthur começa a rir na cama, já tarde da noite, podemos

ter certeza: é o Chicão que pula a janela e corre para a cama dele.

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ATMA TERAPIA

Luis Gustavo - 7anos Mãe: Flávia Rosana Fatureto

Pai: Luis Renato Ortiz Cavalo Arcor

Luis Gustavo faz equoterapia na APAE há 1ano e a relação dele com o cavalo proporcionou melhora no comportamento e principalmente na socialização pois a terapeuta passa

confiança, o animal é bem escolhido para lidar com crianças especiais, é

manso e gosta de carinho. Luis Gustavo também aprendeu a ter paciência e

espera a sessão acabar, coisa que ele não fazia no início. Ele usa o chapéu de proteção, o que é difícil para um autista sensível e isso também é uma vitória! Esse contato com a natureza é

muito importante pois valorizo demais o respeito e o lado humano e lá eu vejo que ele aprende esse lado também.

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Gabriel Moura - 9 anosMãe: Polyanna

Pai: ValmirPapagaio Zeca

Nosso papagaio é o Zeca, mas o Gabri só o chama de Zequinha, foi a primeira

coisa que chamou nossa atenção. A chegada dele despertou uma amizade

e cumplicidade, que não existia. É amor incondicional, eles olham um no fundo do olho do outro, por minutos. O cuidado e preocupação do Gabri com ele é incrível, se expressa melhor.

Existe um elo entre eles que é impossível explicar. Tudo para o Gabri é o Zeca. O Gabri morre de medo de chuva, então quando chove ele sofre dobrado, pelo medo dele e pelo Zeca, pois ele acha

que o Zeca tem medo.

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Manuella Augusta - 4 anosMãe: Viviane Menezes

Pai: Rodrigo Moura MarquesCadela Maia

As duas gostam de brincar e correr juntas. A Maia mudou totalmente nossas vidas, ela ajudou a Manuella em todos

os sentidos, a Manuella ficou mais calma, passou a interagir melhor com animais e com as pessoas, começou a

demonstrar sentimentos. Ela se preocupa em alimentar e tudo que vamos fazer

passeios, viagens, ela sempre se preocupa com a Maia, que praticamente

vai em todos lugares com a gente!

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Como é possível atrair o paciente com o TEA-Transtorno do Espectro Autista ao consultório, uma vez que os habituais estímulos não são fil-trados por ele? Como é feito esse trabalho?O trabalho do cirurgião dentista espe-cialista em Odontologia para pacien-tes com necessidades especiais está baseado no uso de técnicas lúdicas de condicionamento para essa abor-

A nova era da Odontologia Especial

Após o contato visual, o paciente com Transtorno do Espectro Autista começa a interagir mais e a participar melhor das atividades

dagem. Alguns estímulos presentes no consultório odontológico são real-mente difíceis de aceitação por muitos pacientes no espectro (como o barulho do motor, alguns odores, a textura do algodão colocado na boca, etc) por isso indicamos uma dessensibilização e antecipação das fases do tratamen-to para minimizar o estresse e o medo do desconhecido. Quando a pessoa no espectro autista tem conhecimen-to prévio dos fatos, a sua ansiedade é minimizada. Individualizamos todos os atendimentos, não existem pessoas iguais, dessa forma não podem existir tratamentos iguais. Trabalho com pes-soas no espectro autista desde 2003 e tenho mais de 250 prontuários no con-sultório, mesmo assim estou aprenden-do a cada dia.

A dor de dente pode desorganizar um autista tonando-o agressivo inclusive com ele próprio?Sim, a dor de dente desorganiza qual-quer ser humano, em particular a pes-soa no espectro por ser difícil a sua comunicação e às vezes sua família ou

cuidadores não conseguem identificar o que está acontecendo. Já recebi mui-tos pacientes desorganizados por dor, alguns muito agressivos e principal-mente autoagressivos com mordidas enormes nos braços, pernas e lábios, hematomas na cabeça e face. Algumas crianças alteram seu comportamento na escola ou nas terapias e a causa pode ser dor em algum local do corpo, inclusive dente. Sempre que a criança está com quadro comportamental mui-to diferente do seu normal eu indico que procure um dentista para excluir a possibilidade de ser dor de dente.

O método Son-Rise, criado nos Estados Unidos nos anos 70 pelos pais de um autista, inspirou a se-nhora. Por quê?Li muito sobre o método SonRise® e assisti a muitos vídeos inclusive o filme. Achei tudo fantástico e trouxe tudo o que podia para a Odontologia. Fui a primeira dentista a buscar o contato vi-sual da pessoa no espectro autista du-rante a primeira abordagem e alcancei resultados incríveis com isso. Após a

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ATMA ODONTOLOGIA

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Cris

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Seg

attoA dor de dente pode

desorganizar a pessoa com TEA-Transtorno do Espectro

Autista. A afirmação é da especialista em Odontologia

para Pacientes Especiais, Adriana Zink, em entrevista

à revista ATMA. Ela tem apelido de “encantadora de autistas”, e é militante

na causa tendo ajudado a aprovar em São Paulo, a

Lei municipal 16380/2016 de Proteção à saúde

bucal da pessoa com deficiência. Adriana alerta

ser necessário motivar o graduando em Odontologia

a se especializar em Odontologia para pessoas

com necessidades especiais, pois há no país 2 milhões

de pessoas com TEA, além dos sindrômicos, os com

doenças infectocontagiosas e os sistemicamente

comprometidos.

Adriana Zink é a primeira dentista a buscar o contato visual da pessoa no espectro autista durante a primeira abordagem e alcança ótimos resultados

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ATMA ODONTOLOGIA

busca do contato visual, a pessoa com autismo começa a interagir mais e par-ticipar melhor das atividades. Mensurei isso em minha dissertação do mestra-do em que atendi 26 pessoas com o transtorno e agora na tese do douto-rado em que estou trabalhando com 40 pessoas. Todo o foi mensurado. Em todos priorizo o contato visual como primeira forma de comunicação do dentista com a pessoa com TEA. Neste ano publiquei um artigo em uma revis-ta internacional (Special Care in Den-tistry) e cito o uso do método SonRise® na abordagem inicial.

Como a senhora se apresenta para os pacientes com TEA? A antecipação da “figura dentista” é feita pelos pais ou cuidadores, com-binamos isso em uma consulta sem a presença da pessoa com TEA. Quan-do o paciente chega ao consultório ele já teve contato com algumas imagens prévias e isso diminui sua ansiedade. Esse foi meu trabalho de mestrado que realizei na Unicsul sob orientação da professora doutora Renata Guaré.

Ainda hoje ainda é pequeno o número de dentistas que atendem autistas e demais pacientes sin-drômicos? É extremamente reduzido, costumo di-zer que é um problema de saúde pú-blica, porque não temos o profissional para acolher uma população que não para de crescer. No Brasil somos em torno de 600 especialistas para uma população de 2 milhões de pessoas com TEA, mas não atendemos apenas essas pessoas, também temos outros

precisando de nossos cuidados como os sindrômicos (Down, West, etc), os pacientes com doenças infectoconta-giosas (HIV, Hepatites etc), os sistemica-mente comprometidos e aí vai aumentan-do o número. Sem contar a população com microcefalia que vem aumentando e também é acolhida por nós.

O que se pode fazer para reverter esse quadro?Temos que incentivar a especialidade nas universidades, motivar o graduan-do em Odontologia a se especializar em Odontologia para pacientes com necessidades especiais. É uma discipli-na abrangente que requer muito estu-do, dedicação e amor no que se faz. Muitas universidades não têm a disci-plina nem mesmo na grade curricular da graduação. Isso dificulta muito por-que a formação não inclui e o profis-sional não incluirá também.

A senhora é conhecida por ter um dom especial, pois consegue con-trolar uma criança com TEA, que se acalma ao seu lado. A que a senhora atribui essa facilidade de se relacionar, sobretudo com os especiais?Recebi o apelido de “encantadora de autistas”, na verdade eles que me encantam. Posso te dizer apenas que Deus orienta meus atendimentos, peço ajuda antes e agradeço depois. Faço a minha parte estudando muito e aco-lhendo. Assim será até quando Deus permitir.

A senhora ganhou o VI Prêmio Orgulho Autista Brasil e possui vários títulos relacionados à sua dedicação no aprendizado e es-pecialização para tratar pacientes especiais. O que a levou a tomar essa decisão?Sou a única dentista a ganhar esse Prêmio e foi uma honra essa home-nagem. Não tive nenhum “start” para iniciar esses atendimentos. Assim que me especializei começaram a aparecer pessoas no espectro autista para eu atender e eu tinha muita dificuldade então fui estudar, ler, assistir a filmes e palestras. Hoje desenvolvi uma técnica própria para esse atendimento e estou dividindo com meus colegas a minha experiência. É uma conquista por dia. Ainda erro muito, mas tenho que errar para tentar acertar. Quero uma odon-tologia mais humanizada.

A senhora tem ampliado a sua atenção em defesa dos autistas. Como tem sido essa trajetória?Nessa caminhada já dei palestras em vários lugares e estive com mães de pessoas com TEA em Massachussets, Seattle, Lima, Santiago, Quito, Orlan-do e quase todos os estados do Brasil. Levo e trago conhecimento sobre TEA. Aprendo muito com as mães, afinal elas convivem 24h com eles e têm ex-periência para dar e vender. Aqui em São Paulo organizei alguns fóruns so-bre o tema e com a ajuda do Dr. Na-talini conseguimos a aprovação da Lei municipal 16380/2016 de Proteção à saúde bucal da pessoa com deficiên-cia. Estou lutando para que essa Lei seja federal e beneficie o país todo. Sou militante na causa.

E que alerta a senhora deixa à so-ciedade em geral?Temos que atuar na prevenção da saú-de bucal: cárie e periodontal, dar con-dições que as mães escovem os dentes de seus filhos, orientar como fazer. A visita ao dentista precisa estar na roti-na da criança com TEA. Dessa forma vamos diminuir o número de atendi-mentos com uso de restrição física ou necessidade de anestesia geral para que o atendimento seja possível. Famí-lia, dentista, pessoa com TEA e os de-mais profissionais que trabalham com ela devem trocar experiências e atuar multiprofissionalmente.

Adriana Zink é especialista em Odontologia para Pacientes Especiais, mestre em Ciências da Saúde, doutoranda em Odontopediatria, presidente da Câmara técnica de Odonto para PNE do CROSP e responsável pelo blog Autismo e Odontologia (www.adrianazink.blogspot.com).

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Aprendo muito com as mães de quem tem

TEA, afinal, elas convivem 24h com eles e têm

experiência para dar e vender

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Qual a diferença entre a sín-drome de Down e o autismo? São síndrome distintas: a Síndrome de Down é a anormalidade cromos-

sômica mais comum entre os re-cém-nascidos vivos. É a forma mais frequente de deficiência intelectual. Síndrome de Down é caracterizada por uma variedade de caracterís-ticas dismórficas, malformações congênitas, e outros problemas de saúde e condições médicas. Nem todos eles estão presentes em cada indivíduo acometido. O impacto da Síndrome de Down para cada pessoa é individual, com alguns indivíduos que estão sendo profun-damente afetados, enquanto outros são saudáveis e capazes de viver de forma independente como adultos. Em geral, os indivíduos com Down estão com melhores oportunidades secundárias a melhores programas de educação, avanços da medicina, recursos da comunidade, e o apoio da família e amigos. Transtorno do Espectro Autista é uma desordem do desenvolvimento neurológico de base biológica caracterizada por deficiências em dois domínios principais: déficits na comunicação social e interação social e restrição a padrões repetitivos de comporta-mento, interesses e atividades.

Essas síndromes têm fator ge-nético?Ambas possuem características ge-néticas. A síndrome de Down con-siste na trissomia do cromossomo 21. A patogênese do autismo não é completamente compreendida. O consenso geral é que há uma etiologia genética, o que altera o desenvolvimento do cérebro, afe-tando o desenvolvimento social e comunicação e levando a interes-ses restritos e comportamentos re-

petitivos. Isso é apoiado pela teoria epigenética.

Nos últimos anos, tem havi-do um aumento no número de crianças com Síndrome de Down que estão sendo diagnosticadas com autismo ou Transtorno do Espectro Autista?O autismo é uma comorbidade co-mum da Síndrome de Down, afe-tando até 7 por cento das crianças com Down. O diagnóstico é mui-tas vezes atrasado em comparação com as crianças sem Down.

Então, é possível haver esse duplo diagnóstico?Algumas crianças com Down apresentam nos anos em idade escolar o desencadeamento ou agravamento de características autistas-like, declínio cognitivo ao ponto de demência e insônia de início recente. O termo Sín-drome de Down desordem de-sintegrativa" tem sido sugerido para descrever este conjunto de resultados clínicos, embora não esteja claro se isto é um trans-torno único ou vários transtor-nos diferentes com apresenta-ções semelhantes. A etiologia é desconhecida, mas a auto-imu-nidade é suspeita. Não há diag-nóstico ou tratamento recomen-dações estabelecidas para esta associação clínica.

É fácil diagnosticar o autismo em crianças que já têm uma dificuldade de aprendizagem?Autismo e transtorno do espectro autista pode ocorrer em pessoas

Impacto de Downe autismo

O autismo é uma comorbidade comum

da Síndrome de Down, afetando até 7% das

crianças com Down. O diagnóstico é muitas vezes atrasado em comparação

com as crianças sem Down. A avaliação é do médico

Janael Rodrigues, formado pela Universidade Federal

do Triângulo Mineiro (2007), com experiência em Neurologia, inclusive possui

o título de especialista em Neurologia pela

Academia Brasileira de Neurologia. Em entrevista

À ATMA, Dr. Janael observa que o tratamento

para o Transtorno do Espectro Autista concentra-

se em intervenções comportamentais e

educacionais. Ele ressalta que a Síndrome de Down

pode ser diagnosticada no nascimento, já o autismo requer uma observação

maior, mas nos dois casos o impacto é deferente de um paciente para outro .

Confira!

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ATMA NEUROLOGIAcom déficit intelectual. As desor-dens de habilidades sociais e de comunicação que caracterizam o autismo devem ser distinguidas das habilidades sociais e de comuni-cação com atraso de desenvolvi-mento que normalmente afetam as crianças com deficiência intelectu-al. Além disso, o quociente de inte-ligência (QI) pode ser menos está-vel, onde ambos déficit intelectual e autismo estão presentes, espe-cialmente em crianças peque-nas. Em um estudo, nos Estados Unidos, 28 por cento das crian-ças com deficiência intelectual tinha transtorno autista, e meta-de destes casos não foi diagnos-ticada durante o atendimento de rotina. O transtorno autista ocorre mais comumente em deficiência intelectual sindrô-mica (por exemplo, em 25 a 47 por cento das pessoas com a síndrome do X frágil, de 5 a 10 por cento das pessoas com síndrome de Down); indivíduos com esclerose tuberosa, sín-drome de Angelman, síndrome de Rett, síndrome de Joubert, e síndrome de Cohen também são mais propensos a ter autismo.

Com que idade pode ser diagnosticado o autismo e o Down? Há casos de a doença

surgir em adultos ou é sem-pre diagnóstico tardio?Síndrome de Down pode ser diag-nosticado desde o nascimento, com testes de cariotipagem (ge-nético). Diagnóstico de autismo requer observação do cuidador e nem sempre as condições clínicas e sociais permitem o diagnóstico precoce. Além disso, os sinais e sintomas do autismo podem sur-gir em idades mais avançadas, mas o diagnóstico no adulto é sempre tardio. Por que o neurologista deve ser procurado?O neurologista, mais notada-mente o neuropediatra tem o papel de fazer o diagnóstico, bem como solicitar avaliações de outros profissionais e realizar avaliação complementar (labo-ratorial, neuroimagem, eletro-encefalograma) para confirmar o diagnóstico ou encontrar diagnós-ticos diferenciais.

Que tratamentos são eficazes para crianças autistas?O tratamento para o transtorno do espectro autista concentra-se em intervenções comportamen-tais e educacionais que têm como alvo os sintomas princi-pais, ou seja, os déficits na co-

municação social/interação e restrição, padrões repetitivos de comportamento, interesses. Inter-venções farmacológicas podem ser utilizados para tratar comorbi-dades médicas oupsiquiátricas ou fornecer o con-trole dos sintomas, mas não tratar os déficits principais. Além disso, muitas famílias procuram terapias alternativas ou complementares. Programas de tratamento específi-cos devem ser individualizadas de acordo com o funcionamento e as necessidades da criança. Os pro-gramas de tratamento devem ser monitorados para garantir uma resposta adequada à terapia. O programa deve ser revisto e modi-ficado conforme as necessidades da criança mudem com o tempo.

Além do neurologista que outros profissionais devem ser procurados para o tra-tamento?Pediatra, neurologista infantil, psiquiatra infantil, psicólogo ou neuropsicólogo, geneticista, fo-noaudiólogo, terapeuta ocupa-cional, assistente social e outros profissionais médicos que possam tratar as comorbidades de outros sistemas do corpo humano como otorrinolaringologistas, cardiolo-gistas, etc.

Dr. Janael Rodrigues Neurologista - CRM MG 46064acha importante que o tratamento seja feito por equipe multidisciplinar

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A prevalência da Síndrome de Down é de uma por 700 crianças nascidas vivas e é considerada a alteração genética mais comum e que pode acometer os bebês de gestantes acima de 35 anos de idade e gestantes com maior expo-sição à radiação ionizante. Quem afirma é o cardiologista Marce-lo Marra, acrescentando que nas gestantes citadas recomenda-se a investigação intrafetal da síndrome de Down, através de utrassonogra-fia que mede a quantidade de um líquido atrás do pescoço do bebê chamado “translucência nucal”. De acordo com o médico, os fetos com a síndrome tendem a apresen-tar uma maior quantidade dessa substância. Outros exames são a biopsia do vilo corial, que analisa uma pequena amostra da placenta, e a amniocentese, que testa o líqui-do amniótico que envolve o bebê. Recentemente, com o avanço da tecnologia em genética, segundo Marra, desenvolveu-se o teste não invasivo de trissomia em sangue

materno capaz de avaliar os cro-mossomos do bebê e que pode ser realizado a partir da décima sema-na de gestação.A cardiopatia congênita ocorre en-tre 40 e 60% dos recém-nascidos com Síndrome de Down e o cardio-logista diz que é a principal causa de mortalidade nos primeiros anos de vida, dependendo do grau de acometimento cardíaco. As cardio-patias mais frequentes são o defeito do septo atrial, a comunicação inte-ratrial, a comunicação interventricu-lar e a persistência do canal arterial que aumentam o shunt (fluxo sanguí-neo) do lado esquerdo para o lado direito do coração, causando hiper-fluxo pulmonar, desconforto respira-tório e infecções respiratórias.Marra observa que fazendo o diag-nóstico de Síndrome de Down intra-fetal com acometimento cardíaco, é possível escolher um hospital com recursos de UTI neonatal e serviço de cirurgia cardíaca para melhor suporte clínico e intervenção preco-ce, melhorando a sobrevida dos re-

cém-nascidos. Quando o diagnós-tico de Síndrome de Down é feito após o nascimento recomenda-se fazer um eletrocardiograma e um raios-x de tórax ou ecocardiograma para investigação de malformação cardíaca.O cardiologista alerta que nos adultos, o hipotireoidismo é uma afecção comum e pode levar a alterações cardíacas como cardio-megalia (aumento do coração), bradicardia e sintomas de insufici-ência cardíaca. Também é impor-tante uma orientação dietética e controle do peso para evitar a obe-sidade e aparecimento de síndrome metabólica (obesidade, glicemia de jejum elevada, hipertrigliceride-mia), que aumenta a incidência de doenças cardiovasculares. Com modernos recursos diag-nósticos, intervenções cirúrgicas, prevenções das infecções respira-tórias e cuidados dos familiares e profissionais especializados, o mé-dico destaca que o Down adquiriu inclusão social e maior expectativa de vida.

ATMA CARDIOLOGIA

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Dr. Marcelo Marra Cardiologista – CRM MG 26298O médico garante que fazendo o diagnóstico de Síndrome de Down intrafetal com acometimento cardíaco, é possível melhorar a sobrevida dos recém-nascidos

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Síndrome de Down e cardiopatia

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ATMA CULTURA

Mundo Singular Primeiro livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa escrito em parceria com especialistas da sua equipe, com experiência em crianças e adolescentes, Mundo singular, é um guia voltado para o público leigo, com foco no funcionamento mental da criança com autismo.

Autismo na Escola Este livro busca discutir o trabalho do professor, com base em questões fundamentalmente pedagógicas, apontando alguns caminhos diante dos desafios do autismo. Em razão disso, procuramos abordar as práticas de ensino, estabelecendo vínculos com situações concretas da escola. Vínculos, principalmente, com a condição do aluno.

Autismo Esperança Pela Nutrição O filho da autora, então com 5 anos de idade foi diagnosticado como Autista e partir daí Claudia , sua mãe, passou a dar um atenção muito especial a alimentação do menino , e desenvolveu uma serie de receitas de comidas que tem proporcionado a seu filho uma melhor qualidade de vida.

O Desenvolvimento do AutismoO livro traz todas as informações que pais e profissionais que lidam com a síndrome precisam para conhecer a infinidade de caminhos que existem em todas as áreas, inclusive médicas!

Mary and MaxCinebiografia da jovem autista Temple Grandin (Claire Danes) que tinha sua maneira particular de ver o mundo, se distanciou dos humanos, mas chegou a conseguir, entre outras conquistas, defender seu doutorado. Com uma percepção de vida totalmente diferenciada, dedicou-se aos animais e revolucionou os métodos de manejo do gado com técnicas que surpreenderam experientes criadores e ajudaram a indústria da pecuária americana.

Um Certo OlharAlex (Alan Rickman) é um taciturno inglês que está no Canadá para se encontrar com a mãe de seu falecido filho. No caminho ele dá carona para Vivienne (Emily Hampshire), jovem que vai visitar a mãe. Na viagem um caminhão atinge o carro, matando Vivienne. Alex sai então à procura da mãe da jovem. Ao encontrá-la, descobre que ela (Sigourney Weaver) é autista. Linda não tem qualquer reação ao saber da tragédia, mas Alex decide ficar com ela até o funeral. É quando ele conhece Maggie (Carrie-Anne Moss), a vizinha sexy com quem se envolve.

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ATMA ARTE

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ATMA MOVIMENTO DOWN

O Movimento Down foi criado em 2012. Atualmente, a sede fica no bairro Cidade Nova, Rio de Janei-ro. A organização, apesar de con-centrada no Rio de Janeiro, atua no Brasil todo através de profissionais e instituições parceiras, e, principal-mente, com a rede de ativadores.A rede de ativadores é o braço do Movimento no país. São grupos de voluntários que visitam consultórios médicos, hospitais, escolas e outros levando informação a quem preci-sa. A bandeira é a da inclusão!O Movimento Down produz con-teúdos informativos para auxiliar famílias, profissionais e o público em geral a combater preconceitos

e garantir a inclusão. Nesse sen-tido, os materiais produzidos pela organização são uma ferramenta importante do processo de efetiva-ção da inclusão e foram reconhe-cidos até mesmo pela ONU, ao passo em que tiveram destaque na Conferência do Dia Internacional da Síndrome de Down.O Movimento acredita que o ensi-

senvolver plenamente. É um exercício constante de com-bate ao preconceito e de formação de um corpo educacional inclusivo, que forma jovens aptos a atuar na construção de uma sociedade que garanta que a inclusão saia do pa-pel em todos os sentidos.Para isso, o Movimento acredita no diálogo e na conscientização como elementos-chave do processo. Grande parte das barreiras à edu-cação de pessoas com deficiência é imposta pela própria sociedade, que, através de comportamentos preconceituosos, faz com que a pessoa sinta que não pertence a nenhum lugar. Além de uma cons-cientização individual e construída

Diálogo e conscientizaçãotiram inclusão do papel

Síndrome de Down

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no em escolas regulares deve ser regra para todas as pessoas, já que é um importante instrumento de socialização e de conscientização para todos os envolvidos. Assim, as crianças e jovens reconhecem atra-vés da convivência com seus cole-gas que as pessoas são diferentes, têm diferentes etnias, crenças, ori-gens e diferentes formas de se de-

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ATMA MOVIMENTO DOWN

no seio familiar, é necessário o fomento de políticas públicas que atuem nesse sentido e, também, de forma a minimizar barreiras físicas, tendo como referência o conceito de Desenho Universal.As iniciativas da organização não se restringem a temas específicos e são bastante abrangentes, varian-do de questões de saúde a garantia de direitos no trabalho ou na esco-la. Além disso, alguns projetos vão além do papel, promovendo for-mas criativas de estimulação. É o caso do TO Brincando, apenas um dos diversos projetos desenvolvidos pelo Movimento Down.

São eles: Escola para TodosReúne conteúdo sobre os direitos dos alunos na escola, que foram reforçados com a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão.

www.movimentodown.org.br

Cartilha sobre o direito dos trabalhadoresEm parceria com o Ministério Pú-blico do Trabalho, a cartilha reúne direitos da pessoa com síndrome de Down no trabalho. Desde do-cumentos a garantias no dia a dia, são apresentados conteúdos em fá-cil leitura para que a inclusão fique na ponta da língua de todos.

TO BrincandoConta com o apoio institucional da UFRJ e congrega Terapia Ocupa-cional com brincadeiras que visam a estimular a capacidade cognitiva, a motora e a memória das crian-ças.

Cartilhas de saúdeEm parceria com profissionais do Hospital Albert Einstein, o mate-rial é dividido em 13 categorias.

Dentro dessas categorias, há uma introdução em que são apresenta-dos os mais frequentes problemas de saúde das pessoas com síndro-me de Down e 12 áreas de aten-ção, divididas em “Problemas do Sono”, “Problemas de Visão”, “Pro-blemas de Audição”, “Problemas Cardíacos”, “Espasmos Epiléticos”, “Disfunções na Tireóide”, “Questões Gastrointestinais”, “Diabetes”, “Cui-dados com a Saúde Bucal”, “Altera-ções Ortopédicas”, “Alterações no Sangue” e “Alterações Dermatoló-gicas”.

Três Vivas para o BebêPreparada por pais e mães que têm filhos com síndrome de Down, a publicação apresenta o relato sobre o que eles sentiram, além de informações que gosta-riam de ter adquirido quando o bebê nasceu.

Guia de EstimulaçãoElaborado em parceria com espe-cialistas em estimulação, o Guia conta com dicas para o desenvol-vimento de crianças com síndrome de Down desde o nascimento até três anos de idade.

ColaboreO projeto busca formar uma rede de apoio à organização, que atua-ria através de doações com ou sem recompensa e que levaria a men-sagem da inclusão para o mundo.

Filme Colegas - Rita Pokk com o marido Ariel Goldenberg

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ATMA ENTREVISTA

Qual foi sua reação ao re-ceber o diagnóstico de Sín-drome de Down da prince-sa Ivy? Seu nascimento era esperado com entusiasmo, mas com cer-ta tranquilidade, afinal, eu já não era um marinheiro de pri-meira viagem. Ivy, no entanto, tinha algo diferente. Fisicamen-te enxergamos olhos puxados e mãos muito pequenas. Eram os traços da Síndrome de Down e isso me causou um grande sus-to. Fui sugado para um mundo novo, onde eu nada conhecia, exceto o modo de amar. E foi assim, amando incondicional-mente, que aprendi tudo sobre essa característica genética.

Amor incondicional ajuda a lidar com Down,

diz RomárioRomário de Souza Faria, o Baixinho, o Peixe, o artilheiro

de gols e de votos, mas, sobretudo, o pai especial,

amoroso e exemplar! Quando a sua princesinha Ivy nasceu, apesar de já ter cinco filhos, se sentiu diferente. “Ela deu

um novo colorido à minha vida”. Houve quem pensasse que o tetracampeão mundial

de futebol evitaria a exposição do fato, mas foi justamente

o contrário. Ele convocou entrevista para contar sobre

o nascimento da filha e da alteração genética. Este gesto,

mais a comemoração do gol na sua despedida da Seleção contra a Guatemala, quando

homenageou Ivy, ajudaram os pais e diminuiu o preconceito

dos outros em relação aos que têm Síndrome de Down.

Romário conta que Ivy é brincalhona, feliz e alegre. Que

deu a ele a estabilidade para se tornar um homem menos

egoísta, mais calmo e para melhorar sua relação com os

seus outros filhos. Para entender quais seriam as limitações da filha e os cuidados especiais

que precisariam ser tomados, o tetracampeão recorreu a um geneticista e a fóruns sobre o assunto na internet. Contudo, o mais importante foi o apoio

da família. Romário tem consciência de que sua atitude

foi importante para que pais e irmãos com down sejam

vistos com mais frequência em shoppings, parques e ruas.

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ATMA ENTREVISTA

Você pessoalmente mudou em relação a esse Universo?Mudei minha relação com o mun-do depois da Ivy. Hoje sou uma pessoa mais atenta e uso minha imagem para ajudar outras pes-soas. Para lançar luz sobre temas que têm pouca ou nenhuma visi-bilidade. Como pessoa pública hoje, qual o seu trabalho em prol da causa?Tenho um mandato a serviço das pessoas com deficiência e doen-

ças raras. Estou na vida pública para garantir políticas públicas de quali-dade voltadas a essas pessoas. Com relação à alimentação da Ivy, existe alguma restrição, dieta específica?Nós garantimos que ela tenha uma alimentação saudável. Isso garante que ela tenha um peso adequado e previne doenças no futuro. Que avaliação você faz do tra-balho desenvolvido pela Revis-ta ATMA?Gosto bastante de veículos que tra-tem de temas humanos com sensi-bilidade e responsabilidade social. Parabéns a toda equipe! A importância da prática de esportes O geneticista Zan Musttacchi, au-tor dos livros Genética Baseada em Evidências - Síndromes e Heranças e Síndrome de Down - Aspectos Clínicos e Odontológicos, afirmou à FOXSports.com.br, que praticar esportes é essencial para as pesso-as com a síndrome. “Esporte é fun-damental, tão importante quanto a alimentação. Além do benefício do prazer, da boa sensação de ener-gia, o individuo terá sua função de equilíbrio emocional muito bem

Nós pensamos que as pessoas com Síndrome de Down é que são diferentes,

mas os diferentes somos nós. Eles vivem em um

mundo de paz, amor, felicidade

e harmonia

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traduzida e se sentirá bem du-rante a atividade em que estará compartilhando e competindo”, afirmou.Contudo, o médico ressaltou que não deve ocorrer choque ou trau-matismo corporal nas atividades escolhidas. Segundo ele, as mo-dalidades mais indicadas são o vôlei e natação. “Para entrar na natação, quanto mais cedo, me-lhor. Os outros esportes devem ser introduzidos a partir dos cinco anos de idade”, completou.O primeiro passo, porém, é a re-alização de uma avaliação pré-via determinada pelo Ministério da Saúde. Trata-se de um raios x para afastar o risco de instabili-dade entre a primeira e a segun-da vértebra da coluna cervical. O exame é exigido aos três e aos 10 anos de idade, mas pode ser feito em qualquer momento em que o down ou os responsáveis julga-rem necessário.Ivy pratica natação e ecoterapia, realizada com passeios a cavalo na casa do avô materno. A filha de Romário segue com acompa-nhamento de fonoaudiólogo e com terapia ocupacional. Porém, seu esporte favorito é dançar.

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102 REVISTA ATMA

ATMA HISTÓRIAS

Há alguns anos, Maria Cristina Borges Moreno, a cunhada do jornalista e

colunista Marcos Moreno, em um exame de rotina de gravidez do seu segundo

filho, recebeu a notícia impactante de que o bebê, do sexo masculino, teria

Síndrome de Down. No primeiro momento, o susto. O irmão de Marcos,

Fernando Moreno, deu a notícia para a família. Sim, houve lágrimas,

questionamentos, mas, em momento algum, rejeição. Pelo contrário, a

constatação de que a criança nasceria no lugar certo, no seio de uma família

que o amaria incondicionalmente. “É fantástico ver a interação perfeita entre

ele, Tiago, e sua irmã mais velha, Maria Fernanda”, ressalta Marcos Moreno.

Ele acredita que o amor - que é a manifestação de Deus - é o grande milagre

da vida. E assim se expressou no texto que escreveu e dedicou a ele, naquele

momento em que Deus, em Sua infinita misericórdia, presenteava a família

com um ser tão especial. O tio costuma dizer que Tiago não é especial por que

tem esse cromossomo a mais. Ele tem esse cromossomo porque É especial.

Convidado pela revista ATMA para falar sobre o tema, Marcos Moreno reedita

o texto assinado por ele, que traduz não só o seu sentimento, mas o de toda a

família. “Tiaguinho veio para coroar de bênçãos a nossa família.”

Viver é Amar

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ATMA HISTÓRIASDentro dos padrões ocidentais na con-temporaneidade, a união pelo casa-mento de um homem e uma mulher gera a expectativa de filhos belos, inte-ligentes e saudáveis que irão dar con-tinuidade ao clã. Padrões que, mesmo alicerçados na base tradicional da fa-mília, vêm sendo modificados paula-tinamente, exatamente pela mudança comportamental, de ortodoxa para um sem número de opções e/ou con-dições de vida. Mas ainda é maior o número de casamentos que respeitam a tradição, o sonho, e tudo o que isso implica. Mas se as alianças e as pa-lavras do juiz, padre, pastor, ou outra categoria de celebrante das núpcias, em nada garantem o compromisso assumido, o que se dirá da vida em re-lação aos filhos, frutos da união? Nas-cem então as meninas que, por mais humildes que sejam os pais, vão que-rer enfeitá-las de cor-de- rosa. Nascem os meninos, que são esperados para acompanhar o pai ao estádio de fute-bol. Expectativas de uma infância.

Crescem os filhos e a expectativa con-tinua, naturalmente. Passa pela ado-lescência e chega à idade adulta, às profissões, ao sucesso, aos seus ca-samentos e netos. Mas, novamente, se os padrões de comportamento es-tabelecidos nesse tipo de sociedade não podem ser controlados, quanto mais a vida, ainda mais independente

da vontade humana. Isso sem falar na imaturidade de muitos pais que insis-tem em pensar pelos filhos como se “donos” deles e de suas vidas fossem. Aquele filho saudável e bonito, presen-te de Deus, pode ser arrebatado do seio familiar trágica e repentinamente, ou por algum desumano mal que fere de morte qualquer expectativa. Aquela linda e esperada filha pode se revoltar contra todo esse sistema e também frustrar, de maneira irreversível os an-seios dos pais.

A vida é assim, não dá receita, não es-tabelece regras, não tem sobrenome. Enfim, as expectativas dos pais têm infi-nitas maneiras de ser frustradas. Desse modo, ela, a vida, pode golpear quem a gera a qualquer momento, desde o nascimento dos filhos esperados. E esses golpes são absolutamente impar-ciais e, inclementes, nada ou ninguém perdoam. Portanto, receber um filho sem as características idealizadas e/ou esperadas, ou perdê-lo para a vida ou para a morte em seus mais varia-dos e sofisticados métodos, é apenas

uma questão de item. É o paradoxo maior que junta dor e amor. Que não pode ser explicado, expresso em pala-vras, lágrimas ou risos. Mas, claro, a vida também usa seus métodos para nos fortalecer. Ou nos fortalecemos à mercê dela, pelo instinto de preservar quem recebeu dela seu sopro, e pela autossobrevivência.Iluminados por uma subjetiva luz que acredita-se Divina, esses pais que ge-ram outras vidas superam toda e qual-quer dor, armados pela mais podero-sa arma contra esses golpes, o amor. Sem esse arsenal de sentimentos não dá para seguir adiante e a vulnerabili-dade faz tombar no caminho. Os pais, desde que aceitam o direito de dar a vida, perdem automaticamente o direi-to de cansar. É a escolha que, claro, vem sempre acompanhada da renún-cia. A escolha dos homens e não da vida porque essa não escolhe, cumpre apenas o seu destino.

A vida não dá garantias. O que nos garante sobre ela é única e exclusiva-mente o amor. E a escolha do amor é a vida. Viver é amar. Com muito amor no coração dedico esse texto ao meu sobrinho Tiago, que nasceu no dia 22 de fevereiro de 2008 para me dar a alegria e a bênção de apadrinhá-lo.

Por Marcos Moreno

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Clara: meu bem mais precioso!

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ATMA HISTÓRIAS

Essa semana minha filha completou 4 anos! Uma menina saudável, esperta, carinhosa e tão encan-tadora que transformou a nossa vida!! Como acontece com a maioria das mães, essa data me remete àquele dia, uma quinta--feira, feriado de Corpus Chris-ti, em que a minha médica me ligou enquanto eu acabava de limpar o apartamento, que ti-nha passado por uma reforma.

Naquele feriado seria feita a mudança. O ultra-som, feito no dia anterior, indicava que Clara estava muito abaixo do peso es-perado para as 37 semanas de gestação, e ela poderia estar em sofrimento. Era chegada a hora. Clara deveria nascer.

Correria, angústia, hospital, médicos, luzes e... um choro! O choro dela, forte e seguro! Nos-

so rápido encontro ali na sala de parto e logo Rodrigo já deveria levá-la para o berçário! Depois de poucas horas separados, estávamos todos juntos no quarto ! Nossa nova família, e vários amigos e familiares todos alegres comemorando!! O quarto cheio de balões de uma decoração improvisada! Parecia uma festa! Alegria, alegria, alegria!

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ATMA HISTÓRIAS

No dia seguinte, veio o inesperado! O pediatra veio nos ver e examinar a Clara... mexeu, virou e revirou a pequena. Disse algumas coisas que ouvíamos orgulhosos e atentos!! Em seguida ele usou outro tom... sombrio e preocupado... Trissomia do 21, ele disse. Depois não me lembro mais de muita coisa! Um buraco se abriu e eu continuava a me afundar nele à medida que eram feitos mais exames: cardiopatia grave! Seria um pesadelo? Fiquei anestesiada por algum tempo .... chorei muito e tive muito medo!

Estava de luto por minha filha, aque-la pela qual sonhamos e construímos toda uma vida imaginária! A partir daquele momento, teríamos que re-fazer os nossos sonhos, redefinir con-ceitos, nos livrar de preconceitos. Um processo complexo de redefinição detoda uma vida. Demorado, rápido?

Só sei que um dia percebi que não havia chorado, e que não tinha mais vontade de chorar.

Minha vontade agora era viver, era caminhar, era estar ao lado do meu bem mais precioso: minha filha.Desse dia em diante, tudo ficou mais fácil e nossa vida se transformou no-vamente. Veio a cirurgia cardíaca, com Clara ainda bebê, com 7 me-ses, mas já com a determinação de viver!! A força dela nos dava mais impulso e nos fazia vibrar a cada conquista! Vejo na minha filha um exemplo de determinação e força. Me orgulho imensamente das suas conquistas e das suas lutas. Ela passa por tudo com um sorriso no rosto, e tem sempre um carinho pra dar!Ela me deu a oportunidade de co-nhecer pessoas maravilhosas. Mães e pais, terapeutas, crianças e adul-tos com SD! Um mundo que era desconhecido pra mim, e que ago-

ra nos pertence também! Me envol-vi na organização do grupo Minas Down, como gestora de projetos de informação relacionadas a direitos, saúde e educação de pessoas com Síndrome de Down. Promovemos palestras, cursos e encontros festivos para família.

Essa convivência nos faz sonhar com um mundo um pouco diferente. Esse mundo poderia ser nosso se todos mudassem um pouco o seu olhar. Um mundo surpreendente, onde o importante é acreditar no outro e na sua capacidade. Esse lugar onde não existem olhares estra-nhos, prejulgamentos nem pre-conceitos, um lugar onde não se limita a pessoa por sua caracte-rística física ou intelectual. Onde se estimula o saber, a convivência com o outro, com o diferente. Será sonho? Porque se tudo fosse igual não seria tão legal!!

Um mundo surpreendente, em que o importante

é acreditar no outro e na sua

capacidade. Um lugar onde não existem olhares

estranhos, prejulgamentos

nem preconceitos, onde não se limita a pessoa por sua característica física

ou intelectual.

Alessandra Conradt é gestora de projetos do Grupo Minas Down e mãe da linda Clarinha

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ATMA HISTÓRIAS

Kaká faz questão de parabenizar a revista ATMA por trazer à tona te-mas importantes para a sociedade uberabense. Observa que em 1976, quando o Ju nasceu, a medicina não tinha muita informação. Na época não existia Síndrome de Down. “Eles eram chamados mongolóides, já pelo nome era uma discriminação”, cita. Os médicos chamaram seus pais e disseram que o garoto vive-ria até 15/16 anos, o que deixou o jovem casal assustado. Ju já tinha 4 anos quando começou a andar. O nascimento de Kaká, sete anos depois, foi importante para que ele tivesse companhia para brincar. Ju não passa por nenhum tipo de tra-tamento ou terapia alternativa. Ele é perfeito, não toma remédio contro-lado, nada, apenas um sal de frutas quando precisa de ajuda para fazer a digestão.A mãe abriu mão de sua vida pesso-al e profissional para cuidar da famí-lia e, em especial, do Ju. Na época,

Ser diferente é sernormalA felicidade sempre foi o primeiro pilar na família de Edmur da Silva Carneiro Júnior, o Ju. Aliás, é ele a alegria da casa em que mora com os pais, o irmão, Edcarlo, o Kaká, que é amigo e o “pai”. Quem tem down é feliz por natureza, pelo instinto deles, pois são muito puros, adoram música, dança, shows, pura alegria e festa. “Eles já vêm com uma felicidade incorporada em seu espírito”. A inclusão social do Ju aconteceu naturalmen-te, nunca o esconderam. Ele está sempre junto em tudo o que a família faz. “Pensamos primeiro nele, depois nos demais. Tudo o que podemos fazer pra ele ter qualidade de vida, nós fazemos. O segredo da nossa felicidade é o Ju e quem tem um down em casa sabe o que estou falando”, enfatiza Kaká.

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ATMA HISTÓRIAS

não havia profissionais especialistas, havia poucos no mundo que enten-diam de down. Assim, quando o Ju tem de ir ao médico, vai a um mé-dico comum; ele tem independência e frequenta o que eu frequento, diz Kaká, acrescentando que tem essa estrela dentro da sua casa, que ilu-mina toda a família. É uma dádiva, uma bênção. A vida do Ju vale uma festa todos os dias. A família celebra a vida, só de estar com ele todos os dias, convivendo com ele, já é uma vitória. O segredo da felicidade da família está no dia a dia, pois Ju é o ouro deles. É a luz que ilumina o caminho deles, a estrela maior. “Ele é meu irmão, mas o considero como meu primeiro filho. É o grande amor da minha vida.” O vereador Kaká cumprimenta a revista por ter elenca-do esse maravilhoso tema que hoje a sociedade respeita, afinal “Ser dife-rente é ser normal”.

Quem tem down é feliz por natureza, pelo instinto deles, pois são muito puros, adoram música, dança,

shows, pura alegria e festa.Eles já vêm com uma felicidade incorporada em

seu espírito.

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FABIANAMILLAZZO

A estilista Fabiana Milazzo, desde criança brincava

desenhando, criando e vestindo suas bonecas. O que a

princípio era apenas uma brincadeira, transformou-se na

vontade de empreender e fazer do seu sonho,

realidade, criando assim sua própria marca.

Graduada em moda pela Academia Italiana de Moda, Arte e

Design, especialista em modelagem pelo Instituto Callegari,

também na Itália, Fabiana sempre foi apaixonada por criar,

não só roupas, mas tudo que envolvesse

qualquer tipo de processo criativo.

O grande interesse por arte e vontade de inovar

fez com que ela desenvolvesse novas técnicas de

bordados, associadas às tradicionais, resultando em

um hand made de efeito único nas texturas, relevos

e padronagens coloridas. A natureza também é uma

grande fonte de inspiração, nela, busca a magnitude do

simples. Por isso a vontade de criar roupas de festas mais

leves, jovens, sofisticadas sim, mas ao

mesmo tempo, despretensiosas.

Fabiana se preocupa sempre com a qualidade, beleza,

conforto, sofisticação e originalidade das peças que cria, no

intuito de oferecer às suas clientes o que ela acredita que

deve estar presente em um produto de luxo.

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ATMA MODA

34. 3231-6541 / 34. 9 9817-8686www.fabianamilazzo.com.br

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PROPOSTAS DAINDÚSTRIA

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O Brasil celebra em 25 de maio o Dia da Indústria, instituíd o pelo presidente Juscelino Kubitschek em 1957. Mais de meio século depois comemoramos a data em um ce-nário de grave crise e preocupa-ção. O país sofre a mais profunda recessão em 25 anos. O PIB re-gistrou queda de 3,8% em 2015 e este ano não será diferente.O tombo da indústria de transfor-mação - a que mais produz ino-vação, avanço tecnológico, gera empregos de qualidade e agre-ga valor aos produtos – foi ainda maior, de 6,2%. Os investimentos caíram 14,1%. Na verdade a par-ticipação da indústria de transfor-mação no PIB não para de cair. Nos anos 80, o percentual chegou a 35%. Em 2005 regrediu a 18%, para chegar a 11,7% em 2014 e a apenas 11,1% ano passado. Mesmo assim achamos que ainda cabe o otimismo responsável e re-alista ser formos capazes de fazer o for preciso ser feito. É isso que move a indústria e entidades como a FIEMG.

É também, cenário que pode ser revertido se trabalharmos com competência e compromisso com o país – e o primeiro passo é jus-tamente entender e compreender a capacidade da indústria em propa-gar o progresso econômico social – e é isso que estamos fazendo. Com base em propostas dos presidentes dos 137 sindicatos de indústria fi-liados à FIEMG e naturalmente dos milhares de empresas a eles asso-ciados em todas as regiões minei-ras, estamos concluindo a elabora-ção de um documento propositivo

a ser encaminhado ao presidente Michel Temer.

Nossa disposição é contribuir para que o Brasil inicie um novo ciclo de prosperidade. A proposta elabora-da pela FIEMG e seus sindicatos associados alerta para a necessida-de de ações de curtíssimo, médio e longo prazo, abordando as ques-tões políticas, fiscal, investimentos e microeconômica, conformando uma agenda que contemple as ur-gências do país neste momento.O primeiro desafio é a reconquis-ta da confiança da população e dos agentes econômicos. Para isso é necessário firme compromisso com princípios e valores éticos, com o equilíbrio fiscal e controle da inflação – estas são ações in-dispensáveis para a reconquista da governabilidade perdida. A ações de médio e longo prazo precisam contemplar, obrigatoriamente, uma agenda mínima de reformas estru-turantes e indutoras da melhoria do ambiente de negócios.

Nossa disposição é

contribuir para que o Brasil

inicie um novo ciclo de prosperidade.

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Dr. Olavo Machado JúniorPresidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – Sistema FIEMG. Publicação do Jornal Estado de Minas dia 25/05/2016

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No campo fiscal, devemos começar pela revisão das vinculações cons-titucionais previstas no orçamento público federal, da ordem 91% dos desembolsos realizados. Igualmen-te necessária é a revisão dos gastos públicos, custeio da máquina públi-ca e a revisão das regras de reajus-tet do salário mínimo, bem como a reforma da Previdência, com a discussão de temas fundamentais, especialmente a idade mínima de aposentadoria.

No campo da política, a agenda começa pela continuidade das in-vestigações da Operação Lava--Jato, pela aprovação da Lei de Responsabilidade das Estatais, atu-almente em discussão no congresso nacional, com o objetivo de asse-gurar transparência e governança a essas empresas. Também deve inte-grar a agenda política a aprovação de uma lei anticorrupção que tenha por base a proposta do Ministério Público Federal, da qual a FIEMG é signatária.

Na área dos investimentos, as prioridades são muitas: aperfeiço-amento dos marcos regulatórios relacionados aos investimentos na infraestrutura, criação de lei geral das agências reguladoras, amplia-ção do programa de privatizações e concessões (portos, aeroportos, saneamento).Na agenda microeconômica que impacta fortemente o cotidiano das empresas o destaque é para o cré-dito e financiamento, redução do spread bancário, incentivo à con-cessão de capital de giro na eco-nomia por meio da utilização de parcela dos depósitos compulsórios e revisão do papel do BNDES, que deve concentrar seus financiamen-tos nas micro e pequenas empre-sas, bem como nas empresas ino-vadoras.Na área trabalhista, a principal su-gestão é a prevalência dos acordos coletivos sobre as normas legais, regulamentação da terceirização e a revisão das Normas Regulamen-taras, n° 8, 9, 12, 13, 17, 24 e 28.

Na área tributária, propomos a re-forma do ICMS visando à simplifi-cação do sistema harmonização das normas dos diferentes estados, eliminação do tributo como instru-mento de guerra fiscal, estadual e agilização da recuperação de cré-ditos tributários.

Há questões igualmente prioritárias nas áreas do comercio exterior – novos acordos de livre comércio, reinstituição do Reintegra e a cria-ção do programa de internaciona-lização da indústria brasileira. Na área do Meio Ambiente, é urgente a melhoria do ambiente regulató-rio, especialmente na simplificação dos processos de licenciamento ambiental, com atenção prioritária aos empreendimentos de infraes-trutura.

Há, como se vê, uma longa agen-da a ser cumprida, no seu dia, a indústria mineira renova e reafirma o seu compromisso com o Brasil e com os brasileiros. Em essência aas medidas que propomos visam ge-rar crescimento econômico, riqueza para o Brasil e empregos de quali-dade.

Que os políticos nos ouçam e não atrapalhem!

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O Autismo e o tratamento odontológicoExistem situações em que as pessoas com necessidades es-peciais possuem grande difi-culdade na hora de encontrar um atendimento personaliza-do, inclusive na área odonto-lógica. Entre as situações que exigem um tratamento espe-cial do profissional odontoló-gico está o autismo.

O autismo infantil é um transtorno global do desenvolvimento carac-terizado por um desenvolvimento alterado, manifestado antes dos três anos de idade, e apresentan-do uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comporta-mento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações, por exemplo: fo-bias, perturbações de sono ou da alimentação, hetero ou autoagres-sividade, hand flapping (agitar as mãos), rodopiar etc.

Onde entra a Odontologia?Devido à dificuldade de relaciona-mentos das crianças com autismo

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ATMA ODONTOLOGIA

infantil, o tratamento odontológico fica comprometido, pois as ações do profissional são consideradas invasivas. Situação esta que, muitas vezes, exige que o tratamento seja feito em ambiente hospitalar, sob anestesia geral.

A aversão ao tratamento dentário pode ser menor quando o pacien-te acostuma-se com o ambiente odontológico desde pequeno, o que muitas vezes não acontece. Como a criança com autismo apre-senta outras dificuldades, o trata-mento odontológico é deixado de lado, por ser considerado menos importante. A criança só fará sua primeira visita ao cirurgião dentista quando sentir algum dente doen-do, quando a criança já está com mais de sete anos. Nesses casos, o problema dentário é mais grave e exige um tratamento mais intensivo e, consequentemente, mais invasi-vo para a criança.

O correto seria que o contato com o profissional acontecesse desde o nascimento dos primeiros dentes, como deve ser com qualquer crian-ça. Assim, haveria um maior con-tato com o profissional e a aversão passa a ser menor, portanto os tratamentos se tornariam mais sim-ples, sem a necessidade de aneste-sia geral.

Os autistas são pessoas

hipersensíveis, que se sentem incomodados

facilmente. Por isso, contatos físicos, ou até mesmo determinados sons, podem

transformar-se em tortura para

eles. Até mesmo o uso de perfumes pode incomodar

e dificultar o tratamento.

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Dr. Fabio AzevedoÉ cirurgião dentista - CRO MG 24974. Pós-graduado em Ortodontia, implantodontia, e estetica orofacial(34) 3322 9935

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O tratamento de quem tem autismo infantil pode ser feito por qualquer profissional, desde que ele esteja disposto a buscar informações e adaptar o tratamento tomando al-guns cuidados:Os autistas são pessoas hipersen-síveis, que se sentem incomodados facilmente. Por isso, contatos físicos, ou até mesmo determinados sons, podem transformar-se em tortura para esses pacientes. Até mesmo o uso de perfumes pode incomodar e dificultar o tratamento.

Um requisito principal para o su-cesso da consulta é manter o pa-ciente calmo. Para isso, escolha um ambiente tranquilo e evitando ao máximo mudar os móveis de lugar, pois os autistas são muito sensíveis a qualquer tipo de mudança, e não costumam reagir de maneira positiva. “Ainda no campo das mu-danças, é muito importante que o paciente seja atendido sempre pelo mesmo profissional e no mesmo consultório, para que ele se habitue e crie uma identificação com o local.“ Não se pode esquecer que cada indiví-duo é único, e isso também vale para os pacientes autistas. É necessário le-var em consideração alguns aspectos

como idade, grau de severidade da síndrome e as habilidades específicas de cada indivíduo.

O profissional precisa entrar no mundo do autista, fazendo-o se sentir ‘em casa ‘, seja usando desde brincadeiras lúdicas, usar sempre a mesma vestimenta, usar tom de voz calmo, evitar movimentos bruscos, sempre fazer elogios, ou seja con-quistar o paciente de forma amiga, trazendo a confiança deste pacien-te especial junto com estimulos de aconchego e segurança!

Um tratamento diferenciado

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Gnocchi de mandioca,mandioquinha, batata doce, inhame ou cará sem glútenIngredientes• 1 quilo do tubérculo que agrade mais o paladar• 50 gramas de amido de milho, fécula de batata ou polvilho doce• Sal a gosto (de 10 a 20 gramas)• Farinha de arroz, creme ou farelo de ar-roz ( o quanto baste)• 20 gramas de óleo de coco• 2 gemas de ovos (opcional)

Modo de preparoColoque 2 litros de água para ferver com 30 gramas de sal em uma panela de pres-são. Descasque o tubérculo de sua prefe-rência. Quando a água já estiver fervendo coloque o tubérculo para cozinhar com a panela fechada por 15 minutos. Passe o tu-bérculo cozido no espremedor ou moedor ainda quente. Coloque os outros ingredien-tes todos com a massa ainda quente e mis-

ARQUITETURA

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lGnocchi sem glútenEspere a massa esfriar fora da geladeira. Leve uma outra panela com 2 litros de água para ferver. Deixe ao lado uma tigela com dois litros de água e algumas pedras de gelo. Em uma mesa,coloque uma tábua de corte e coloque um punhado de fari-nha, creme ou farelo de arroz (50 gramas). Coloque uma colherada grande (100 a 150 gramas) da massa sobre o arroz. Mis-ture e deixe homogêneo. Com o auxílio das mãos, faça rolinhos com a massa e corte--os para que virem pequenos pedaços que lembrem quadrados. Leve para cozinhar na água fervente onde eles afundarão. Quan-do boiarem pode retirar e colocar na água gelada. Na próxima vez que colocar os gnocchis na água fervente retire os que es-tavam na água gelada e coloque em uma travessa seca. Repita o processo até fina-lizar a massa. Regue com azeite de oliva para que não grudem. Esquente um molho de sua preferência e estarão prontos para serem servidos.Bom apetite!

Chef Luciano Muradas é professor de gastronomia no Senac de Porto Seguro e ministra seus cursos de gastronomia funcional e diversos outros temas pelo Brasil. Foi o chefe de cozinha responsável pela alimentação da seleção alemã de futebol que ganhou a copa em 2014. Possui um Buffet especializado em casamentos que atende aos noivos de Trancoso e de outras cidades de nossa região. Faz consultorias para resorts, hotéis e restaurantes onde melhora a qualidade da comida, reduz custos e treina os profissionais da equipe.Para conhecer melhor o trabalho do nosso chefe: @lmuradas no instagram e Muradas Gastronomia no facebookDúvidas e contato para os cursos: [email protected] ou whatsapp: 073 9 8815 9471

ture bem com o auxílio de uma colher ou espátula de silicone.

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ARQUITETURAEm um mundo cada vez mais ar-tificial e eletrônico parece malu-quice falar em construções com terra crua, iluminação natural, ventilação cruzada, hortas orgâ-nicas, paisagismo comestível, mas é isso!!! Esse é o movimento das arquiteturas vivas, saudáveis, per-maculturais, bio compatíveis, slow construccion. Como o slow food, o couchsurfing, carona solidária, economia criativa, movimentos co-laborativos, enfim, como diversos outros que compõem o mesmo pa-cote. A busca é pela qualidade da rela-ção, em seu mais amplo espectro, seja ela com o próximo, consigo mesmo, com o tempo, com aquilo que se nutre, com quem convive ou com as paredes de onde se mora ou trabalha, a busca é essa, por um espaço que contribua de forma positiva com aquele que a habita.Este perfil de projeto demanda um estudo não só de toda a cadeia produtiva dos materiais especifica-dos, da forma como eles afetam o planeta, sua pegada de carbono ou sua composição química, vai além, busca cada vez mais como

estes materiais irão interagir com as pessoas em níveis mais sutis. A for-ma com que cada experiência pos-sa ser traduzida por cada um que passe por aquele espaço, através de texturas, cheiros, sons, cores, pelas sensações que cada elemen-to que compõe aquele espaço pos-sa provocar. A intenção maior é esta, espaços projetados de forma a interagir, mesmo que sutilmente, com seus usuários. A experiência de cada ser, em sua frequência específica, deve ser observada e se possível proje-tada, de forma que seja a melhor. É desta forma que buscamos de-senvolver cada projeto, identifican-do na relação homem x espaço as diretrizes para o partido arquite-tônico, buscando a harmonia e o bem estar integral de cada ser que por ali passa. Acreditamos que a arquitetura saudável, viva, é o pró-ximo passo da arquitetura sustentá-vel. Onde o sutil ganha a mesma importância do material de alto de-sempenho e assim, o desempenho humano entra em um novo nível!

Luana Lousa De Almeida Arquiteta e urbanista, formada pela PUC-Goiás, pós-graduada em Planejamento Urbano e Ambiental pela PUC, especializando em Construçõess sustentáveis pelo UNIP-INBEC, Permacultora e Bioarquiteta pelo Instituto IPEC(Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado)e TIBÁ(Instituto de tecnologias Intuitivas e Bioarquitetura) em Nova Friburgo-Bom Jardi. Whatsapp (62) 999221384www.arquiteturaviva.com.br

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Naturalmente quando ouvimos algo relacionado à inovação, ra-pidamente tendemos a nos ligar em novos produtos, invenções ou algum aperfeiçoamento de ordem tecnológica. Sim, estas particula-ridades também representam ino-vações significativas, porém nada mais novo e mutante do que o com-portamento humano, suas atitudes cotidianas, sua forma de olhar o mundo e participar dele, bem como seus hábitos de consumo.

Os indivíduos atualmente, principal-mente a nova geração, literalmente tem deixado os estatísticos e os econo-mistas de cabelo em pé. A meu juízo, a ciência não mais será capaz prever o desvio padrão (variação em relação à média) ou a elasticidade do consumo (mede a reação dos consumidores) de forma coerente, pois a regra é a efe-meridade. Segundo o escritor e profis-sional Walter Longo, a efemeridade é uma das mais intensas tendências do mundo moderno, e só serão capazes de se perenizar no ramo de negócios aqueles que forem igualmente efême-ros no acompanhamento das tendên-cias e do comportamento humano.

Produtos e/ou serviços tidos como es-senciais perdem, da noite para o dia, sua unanimidade, e passam a ser questionados, seja por questões de utilidade ou mesmo pela qualidade e preço de sua prestação. O exemplo mais comum e amplamente conhecido no país talvez seja a história do UBER. Um novo modelo de negócio que co-lidiu “de frente” com os serviços de taxi. A legislação Brasileira ainda não foi capaz de regular esta situação e o que vemos é uma batalha campal por nichos de negócios. Em vão essa briga, o consumidor vai definir a maneira que deseja usar...Fácil enumerar outros tantos novos

negócios seja para contratar um local para se hospedar (AIRBNB), seja para fazer um pedido, comprar algo onli-ne, baixar algumas músicas, jogos ou filmes, arranjar um namoro ou outras atividades antes só realizadas pessoal-mente.Assunto para outro texto é o fenôme-no “a revolução blockchain” e a “era bitcoin”, pouco conhecida do cidadão comum, esta linguagem e prática já está na área desde 2009. Tratam-se das transações de negócios via “dinheiro pri-vado”. As mais impactadas por este as-sunto serão as transações bancárias. As instituições financeiras e as cooperativas de crédito que se preparem. Os consu-midores não mais aceitarão os serviços que hoje lhes são oferecidos e entrarão de cabeça nesta nova era (ver matéria inovação HSM edição especial maio/junho 2016).Ademais, apresento aqui dois atribu-tos, dentre outros, que devem ser con-siderados por qualquer desejoso em ter seu próprio negócio: experimenta-ção e personalização.

EXPERIMENTAÇÃO - É importan-te que o cliente sinta o produto ou o serviço, que ele seja capaz de experi-mentar antes de TER, que seja criada uma identidade de valor no consumo do mesmo. Esta é a ideia que os pro-dutores de café, a exemplo do Cerrado Mineiro apresentam. Trata-se de café feito com atitude, que respeita as re-gras e os limites de aplicação de in-sumos de controle, que respeita e va-loriza os trabalhadores envolvidos em todo seu processo de produção. Isto gera uma identidade com o produto e consequente fidelidade às marcas.

PERSONALIZAÇÃO - A questão da personalização é outro atributo que seduz a muitos. Algo que produzido com alto valor agregado, mas é único, é meu estilo. Feito do jeito que pedi.

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ATMA EMPREENDEDORISMO

As grandes marcas e a moda, de uma maneira geral, tem se atentado para estes detalhes.

De fato, o novo conceito de consumo colaborativo (por Elisabeth Leite), veio para ficar e modificar completamente as relações de consumo. Uma nova re-gra que valoriza o SER em detrimento do TER. Importará mais a capacidade de experimentação do que a capaci-dade de aquisição, então melhor que o consumo seja compartilhado. Mais atual que o velho jargão - “o suces-so do passado não garante o futuro” – impossível.Fique atento, atualize-se, ouça os jo-vens e observe seus comportamentos. O comportamento dos mais tradicionais também tem acompanhado uma acen-tuada curva de mudanças e adaptações. Do contrário, diminuirão as chances de permanecer mais tempo no mercado. O comportamento dos políticos evoluiu pouco e pagarão caro por isso, vide no-ticiário diário. Outro assunto que merece atenção é o respeito às mulheres e à sua condição. Nada mais velho, obseno e nojentas certas práticas inaceitáveis, que devem sem punidas exemplarmente.Pensem nisso!!

Inovações e oportunidades de novos negócios

William Rodrigues de BritoGerente Sebrae Regional Triângulo

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Franco CartafinaA aprovação do projeto do vereador Franco Cartafina, que cria o Dia Muni-cipal do Autismo, em 2 de abril, muda a história dos autistas em Uberaba. A avaliação é de Luiza Coelho, que in-tegra o Grupo Laço Azul-Grupo de Apoio aos Autistas, após a votação do projeto aprovado por unanimida-de no Plenário da CMU, em 2015. Ela diz que a medida torna possível conseguir apoio da PMU, das secre-tarias e da população de um modo geral.

“Agradecemos muito ao vereador Franco Cartafina, que abriu as portas da Câmara Municipal para nós e tem nos ajudado de forma efetiva nessa luta. Estamos mui-to felizes por poder contar com o

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ATMA PROJETOS SOCIAIS

apoio dele”, frisa. Conta que o vere-ador os ajudou a realizar um piqueni-que em prol da conscientização, com a distribuição de panfletos explicativos, e que atraiu mais de 200 pessoas em 2015 e mais de 1000 em 2016. Lui-za acrescenta que o grupo continuará envolvendo a população para que todos saibam as características de autismo e também para engajar fu-turos trabalhos visando a melhorar a educação, a saúde.

Luiza explica que ela, sua irmã Karla e sua mãe fazem parte do Laço Azul, grupo de mães com filhos autistas, nú-mero que cresce a cada dia e muitos não sabem ou não conhecem as difi-culdades e as necessidades da área. Ela argumenta que é preciso melhorar muito o diagnóstico e o encaminha-mento das famílias para os profissio-nais adequados e melhorar o Caps da cidade, onde há uma fila imensa, que não consegue atender a todos. O vereador Franco destaca que trabalha para melhorar Uberaba e apoiar sua gente. Considera o Laço Azul e a re-vista ATMA importantes, pois difundem informações sobre o autismo ajudando as famílias da cidade.

Criação do Dia Municipal do Autismo

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Angela Dib Rezende

Caminhada Solidária

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Menos Palavras e mais Amor

River Auto PeçasCom a proposta de ser uma empresa socialmente responsável a River Auto Peças realiza desde 2008 a Caminhada Solidária River. Considerando o caráter de solidariedade que permeia o município de Uberaba, bem como o anseio das empresas em realizar ações e projetos de responsabilidade social, a CAMINHADA SOLIDÁRIA visa estabelecer parcerias para evento, em que todos os en-volvidos possam assumir uma postura ética comprometida com o resgate da cidadania. O Projeto vem se consolidando ano após ano devido ao interesse tanto da comunidade em fazer parte desse momento de solidariedade quanto das empresas parceiras de Uberaba e região que apoiam e patrocinam. Para os di-retores da River, Nereu Alves, Miguel Faria e Nilvio Alves, a importância das empresas e da comunidade se envolverem no projeto está diretamente relacionada com a grande contribuição que chegam até as Instituições

por meio dos alimentos arrecadados em cada edição da Caminhada Solidária, bem como incentivar a prática de atividade física tão im-portante para nossa saúde.

Profissional da área de Educação Física, ar-ticulada e ousada com histórico acadêmico com relevantes experiências profissionais na área de atividade física, Angela Dib, há mais de 15 anos dedica-se ao trabalho voluntário

e assistencial. Altamente comprometida com os ideais de vida e sempre em busca de novos desafios para geração deresultados positivos no campo pessoal e pro-fissional.Casada com o engenheiro Joaquim Alberto, mãe de Juliana (internacionalista) e José Neto (veterinário), Angela não mede esforços para que sua família seja sempre o alicerce para a realização de todos os seus sonhos. Atual-mente, atua como assessora de Novos Proje-tos da Prefeitura Municipal de Uberaba, espa-ço em que se permite realizar um conceituado trabalho junto ao Terceiro Setor, envolvendo todas as organizações não governamentais da cidade, bem como as organizações da sociedade civil. “Parceria Cidadã – Pessoas Cuidando de Pessoas”, poe exemplo, é um “movimento” inovador na forma de se traba-lhar com as ONGs e pelas ONGs. “Devemos dar espaço para a construção de uma nova história, com valores dignos e honestos,mas não usando “ideologias” como palco de comoções.”Angela entende que o trabalho que reali-za é uma forma de empoderamento para as ONGs, pois ele lhes dá voz própria e as instrumentaliza para transformar realidades e como se não bastasse, nos “alimenta a alma”. Explica que atende pela Prefeitura, mais de 50 organizações, de diversos segmentos e movi-mentos, sem distinção de valores, crenças,

raças ou gênero, tendo o compromisso com o desenvolvimento das Organizações do Ter-ceiro Setor.

Presidente do Conselho Municipal dos Direi-tos da Pessoa com Deficiência, Angela coor-dena ações de prevençãoe eliminação de todas as formas de discrimi-nação contra a pessoa com deficiência propi-ciando sua plena inclusão àsociedade; estimulando que todas as políticas públicas e os programas contemplem a pro-moção, a proteção e a defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Atuo também como presidente do Lions Clube de Uberaba Cen-tro, trabalhando continuamente para destacar os problemas que afetam a comunidade, co-laborando para a solução deles.

Atividades como “Como engajar os Jovens”, “Mutirão da Saúde”, “Criança Feliz” ou “Ali-vio à Fome” são destaques em meio a tan-tas campanhas que Angela realiza junto à comunidade mais carente e em situação de vulnerabilidade social e pessoal. “A realização de ações sociais, na certeza de que podemos transformar vidas com um pequeno gesto, faz com que sempre tenhamos em mente os deveres de cidadania, devotando lealdade em palavras, atitudes e conduta. Dedicando assim desinteressadamente meu tempo, meu trabalho e meus recursos.”

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Lar André Luiz

O Lar André Luiz, instituição sem fins lucrativos, é uma (ILPI- Instituição de Longa Permanência de Idosos), sendo um departamento da Comunhão Espí-rita Cristã, fundado em 18/04/1959. A Ata de Fundação foi assinada por 10(dez) pessoas entre elas Chico Xa-vier e Dalva Borges que hoje reside no LAR com mais de 28 idosos, sendo a maioria mulheres. O trabalho de assis-tência aos idosos consiste em: Serviço de enfermagem 24 horas, assistência social, acompanhamento médico, psi-cológico, fisioterapêutico, nutricional, enfermagem, lazer e recreação dentro e fora da instituição. Atividades ocu-pacionais terapêuticas e de inclusão social.

Com intuito de promover em parte sua sustentabilidade a Diretoria do Lar idealizou no ano de 2015 junto aos seus colaboradores e voluntários a Ca-minhada de Apoio ao Lar André Luiz tendo como objetivo arrecadar fraldas geriátricas e assim garantir a qualidade dos serviços prestados aos seus usuá-rios.

Para o ano de 2016 o projeto da Ca-minhada já toma forma e as articu-lações e parcerias estão sendo feitas para que até o mês de novembro no-vamente possa haver um momento de lazer, saúde e fraternidade onde todos os envolvidos colaboram diretamente com o bem-estar dos idosos abrigados no Lar.

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ATMA PROJETOS SOCIAIS

Caminhada em prol da instituição

A primeira edição foi um sucesso atraindo centenas de participantes.

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GESTÃO DE CRISE

Seja na empresa ou em casa, a situação atual exige reações apropriadas. Podemos falar que o Brasil esta passando por uma crise política e econômica. Como administrar essa crise?

Politicamente, vou até me atrever a dar palpites. As instituições políticas brasi-leiras precisam passar por uma remo-delagem profunda de maneira que o povo tenha voz. Participar mais das de-cisões políticas da comunidade, da ci-dade, do estado e da união são diretri-zes urgentes para enxergar a saída da crise. Participar no Facebook não seria a melhor opção no meu entender, mas participar ativamente “Hic et Nunc”, aqui e agora, quer dizer em casa, na minha empresa, no meu bairro, na mi-nha cidade, hoje e já. Neste exato mo-mento, você conhece sua associação de bairro? Você já participou de uma reunião de vizinhos? Participa das au-diências públicas? Você quer melhorar a situação da sua rua, da sua empresa, do seu setor, o que você faz para isso? É importante perceber que a política não é o privilégio de alguns, mas sim um dever de todos. Só assim o Brasil poderá caminhar até uma democracia madura. Deixar que alguns decidam para todos sem olhar e sem controlar não dá certo. Vamos procurar as insti-tuições, os sindicatos, as associações! E se não existirem, vamos reunirmos para criar e fazer acontecer.Economicamente, a crise se manifesta cruelmente através da inflação: o custo

Definição: Gestão é a ciência social que estuda e sistematiza as práticas usadas para administrar. Crise é

uma mudança de situação brutal de bom para ruim.

A Gestão da crise é a ciência de administrar as mudanças brutais que apareceram agora e fizeram que

nosso mundo passasse de bom, para ruim.

de vida aumentou e muito (de 5% em 2012 para mais de 10% em 2015), o custo do dinheiro também (a taxa SELIC passou de 2,75% em 2012 a 9,45% em 2016). A renda média do brasileiro baixou, o desemprego e a estagnação dos salários fazem hoje, que uma família brasileira tenha me-nos dinheiro para comprar produtos mais caros. No setor empresarial, os investimentos estão estagnando também, assim como as vendas e o lucro. Os juros altos não incentivam as empresas a investir. Contenção de gastos, estagnação das contratações, desligamento de funcionários, e o cir-culo vicioso começa a rodar: Menos emprego, menos renda, menos consu-mo, menos clientes, menos produção, menos contratações...

O que fazer? Primeiro, é importante conhecer sua estrutura econômica. O que entra, o que sai? Quais são os gastos fixos e os custos variáveis, quais são os valores que eu posso baixar e os que não. Nada mais importante, em tempo de crise então do que por tudo direitinho na ponta do lápis para caçar o desperdício e os famosos custos es-condidos (gastos escondidos em itens não centrais de uma despesa). Um belo exemplo de custo escondido: Para economizar 10 centavos em um pro-duto de limpeza, eu faço 7 kilômetros a mais com meu carro... A gasolina é um dos maiores gastos domésticos dos custos variáveis e geralmente não é considerado como tal. Em tempo

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ATMA ADMINISTRAÇÃO

de crise, temos que aprender a caçar o desperdício. Luzes acesas, água va-zando, telefone exagerado, comida sobrando, insumos armazenados... É uma verdadeira cultura da economia que tem que enxergar e por em prática diariamente. Além de economizar facil-mente 20% dos seus gastos fixos, você estará fazendo sua parte para o meio ambiente! Chegou a hora de agir!

No mundo empresarial, cada funcio-nário é um centro de custo, e tem que se tornar um centro de lucro. Em tem-pos de crise, a cultura do resultado se torna imprescindível. Na hora de con-tratar ou de ser contratado, a empresa/ou candidato deve enxergar o quanto ele vai trazer para a empresa, e não o quanto ela vai custar para a empresa. Isso deve ser tabelado e devidamente valorizado de maneira contínua. Então, também está na hora de se for-mar, ler e aprender não gasta dinheiro.

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Anne RoyFormada na École de Management De Lyon e Pós Graduada na FGV (Fundação Getulio Vargas) em São Paulo. Trabalhou em grandes grupos na França como Carrefour e Decathlon, trabalhou 7 anos na Espanha, como chefe de mercado para uma empresa francesa de gastronomia e virou empresária quando se mudou para o Brasil, antes de entrar no Governo Piau, como Assessora em Comércio Exterior e Gerente de Projetos. Hoje é Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Uberaba (COMDESU) e desenvolve projetos na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEDEC).

Por exemplo, a Sala do Empreendedor em Uberaba (rua Vigário Silva, 309) oferece cursos gratuitos de desenvol-vimento administrativo e de como ela-borar controles financeiros em parceria com o Sebrae e o Sindicato dos con-tabilistas, é só um exemplo das muitas maneiras que existem para se informar e se capacitar sem gastar.

Os tempos de crise, por fim tem que ser vislumbrados como invernos. Na Euro-pa, o inverno é frio, escuro, chuvoso, as árvores secas, o verde inexistente e os animais recolhidos. Após o inverno chega a primavera com o renascimen-to da natureza, o verde brota com seu lote de cores florais e cheiros vege-tais, o sol volta a esquentar a vida que acaba explodindo numa sinfonia de produção e reprodução. Não adianta deprimir, tem que aguentar firme e se manter aquecido, recolhido, até che-gar a primavera!

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ATMA GASTRONOMIA

Partilharemos uma receita, fácil, muito saudável e que todo mundo pode fazer em casa!

Super saboroso e muito nutritivo ele ainda tem uma capacidade de saciar a fome fenomenal. Afinal, é a combinação perfeita de gordura, proteína, e triglicerídeos de cadeia média (do coco), então tá aí, per-feito para autistas, pra quem preci-sa emagrecer, ou tem intolerância a glúten e leite.

Ingredientes• 1 ovo caipira• 1 colher de sobremesa óleo de coco (ou manteiga clarificada/ghee)• 1 colher de sopa cheia de farinha de coco ou outra farinha sem glúten ou coco ralado (NÃO adoçado!!)• 1/3 colher de chá de fermento químico• 1 colher de sopa de mel

Por Real Gastronomia

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Mirella Granato Dellazzari Soutoé mãe do Bento e do José. Advogada, empresária, pós graduanda em nutrição e cozinheira. Selma Granatoé chef de cozinha e empresária.Real Gastronomia Funcional ~ whats 34 9 9922-1548 e instagram @realgastronomiafuncional

• 1/2 banana orgânica madurinha Opcionais- 3 castanhas do Pará- Uma colher de sobremesa de goji berry ou passas

Modo de preparoE aí mais fácil impossível! Amasse a bana-na e coloque na caneca, ali misture O ovo, o óleo, o mel, farinha de coco, fermento e se quiser, castanhas quebradinhas e o goji.Mexa bem e coloque no micro-ondas por 2minutos e 20 segundos potencia alta (ob-serve seu micro, varia de acordo com cada aparelho).E delicie-se!!

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ALZHEIMER...

O Alzheimer é uma doença dege-nerativa grave e ainda incurável, que costuma se manifestar a partir dos 65 anos. Mas cada vez mais, o Alzheimer em jovens tem sido diag-nosticada.Caracterizada pela degeneração progressiva e irreversível de certas funções cerebrais como memória, aprendizado, linguagem e pensa-mento abstrato, a patologia se divi-de em dois tipos: o primeiro, deno-

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mimado “familiar”, acomete diversos membros de uma mesma família e tem relação direta com o fator here-ditário e atinge toda faixa etária.

O outro é considerado “esporá-dico” e apresenta causas ainda indeterminadas, atacando somen-te pessoas a partir dos 50 anos, sem relação genética. Atualmente, a proporção de ocorrências é de apenas 5% para casos familiares,

enquanto os demais 95% são clas-sificados como esporádicos.

Dicas de prevenção da doença

O caminho mais seguro para evitar Alzheimer em jovens, assim como em idosos, é a prevenção, que deve começar desde cedo, através de um estilo de vida com hábitos saudáveis e, principalmente, estí-mulos cotidianos ao cérebro. Con-fira algumas dicas:

Atividades intelectuais - Manter o cérebro ativo, com pelo menos 15 minutos diários de estímulos cogni-tivos, é essencial. Procure sempre novos desafios, como aprender um novo idioma ou instrumento. Lei-tura, jogos de estratégia, quebra--cabeças ou memorização também são bastante indicados.

Exercícios físicos - Atividades fí-sicas regulares reduzem o risco de Alzheimer em jovens em até 50%, conforme especialistas. Exercícios moderados, com prioridade para jogos em equipe, com duração mí-nima de 30 minutos, entre 3 e 5 ve-zes por semana já são o suficiente para resguardar a saúde cerebral.

Dieta do Mediterrâneo - A cha-mada dieta mediterrânea, rica em vegetais, peixes e frutas contribui efetivamente para a nutrição do cérebro, prevenindo diversos males e, principalmente, todos os tipos de demência.

Vinho tinto - Uma taça da bebida por dia é também uma boa aliada na prevenção, graças aos flavonóides e outros antioxidantes que oferece. Eles ajudam a proteger a atividade neuro-lógica e previnem lesões cerebrais.

Fonte: www.doutissima.com.br

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