revista agro e negócio 10ª edição

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Seleção Equina Por meio da transferência de embriões Soja Colheita inicia com perspectivas de redução na produtividade Fazendo a diferença na Integração Lavoura-Pecuária Comercialização com o produtor Antônio Roberto de Lima Querência Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12 passa pelo município Botulismo Está entre as principais causas de morte de bovinos no Brasil Café com o Empresário João Miguel relata 15 anos de sucesso da Volmaq Ano I - Nº 10 - Janeiro 2012 - Distribuição dirigida - R$ 5,00

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Publicação da 10ª edição da revista Agro e Negócio onde se fez presente a Dab Fertilizantes

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Page 1: Revista Agro e Negócio 10ª Edição

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Seleção EquinaPor meio da transferênciade embriões

SojaColheita inicia com perspectivas deredução na produtividade

Fazendo a diferença na Integração Lavoura-PecuáriaComercialização com o produtor Antônio Roberto de Lima

QuerênciaRally Ceagro/Expedição Safra 2011/12 passa pelo

município

BotulismoEstá entre as principais

causas de morte de bovinos no Brasil

Café com o Empresário

João Miguel relata 15 anos de sucesso da Volmaq

Ano I - Nº 10 - Janeiro 2012 - Distribuição dirigida - R$ 5,00

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SUMÁRIO

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06

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40

081646

Botulismo em bovinos

Cooperativismo Editorial

Café com o empresário

Cultivo deMaracujá

Produção de Leite

Capa

Transferência de embriões em equinos

Agenda

Esquilador: profissão quase extinta

Rally em Querência

Safra 2011/2012

Portal do Campo

Artigo UEG

Coluna João Geraldo

Envie sua sugestão de matériapara a Revista Agro&negócios:[email protected]

Leve essa ideia com você:

Errata: Ao contrário do que foi veiculado na Edição 09, na matéria “Jataí: muni-cípio que mais produz leite em Goiás”, localizada na página 10, os dados corretos são: Em 2010 Jataí produziu 119,256 milhões de litros de leite e a produção no Estado chegou a mais de três bilhões de litros. As informa-ções podem ser verificadas na matéria “Produção leiteira: Investimento = resultado positivo”, nesta Edição, na página 36.

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EDITORIAL

A Safra 2011/12 deixa bem claro as diferenças climáticas em um país continental como o Brasil. Seca no sul, chuvas em exces-so no Centro-Oeste, se bem que a severidade da estiagem foi muito mais prejudicial, ocasionando perdas irreparáveis nas la-

vouras e diminuição da capacidade da produção de leite e carne, por nós constatado in loco no final de dezembro, e que terá reflexos, pelo menos, durante o primeiro semestre do ano. Em Goiás e no Mato Grosso as chuvas torrenciais e bastante concentradas acendem a luz amarela, alertando para problemas já conhecidos quando do pico da colheita, como aconteceu com o feijão há poucos dias atrás e com a soja precoce, por hora.

Nesta edição nós destacamos os benefícios da Brachiaria ruzizien-sis na integração lavoura pecuária (ILP), tanto como alimento para o gado, quanto sua eficácia na cobertura de solos e no combate ao mofo-branco. A forrageira é comercializada pela Agropecuária Lima, de Jataí.

A transferência de embriões no aprimoramento genético de equi-nos dá um salto na multiplicação de plantel, proporcionando o aproveita-mento máximo do potencial reprodutivo de éguas que, normalmente, gera-riam um potro por ano.

O trabalho de “esquilador”, que para muitos pode ser novidade, mas já está praticamente extinto, ganha notoriedade pelas mãos do senhor José Daniel, gaúcho de Uruguaiana, que de passagem por Jataí tosquiou ove-lhas “a martelo” e foi por nós homenageado.

Nas pequenas propriedades, frutas como o maracujá incrementam a renda familiar com mercado garantido e lucro certo. Querência recebeu o Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, que ainda deve percorrer Goiás, Tocantins e Maranhão, num contato direto com o produtor na difusão de tendências para o setor. Por sinal, a Caramuru, através da Abrange e do programa soja livre, quer tornar o cultivo de soja convencional uma ten-dência para a safra 2012/13, enumerando vantagens como o prêmio que poderá chegar até R$ 3,00 (três reais) por saca na próxima temporada.

Temos ainda o aumento na produção de leite em Jataí, a coluna do professor João Geraldo e o café com o produtor, evidenciando o trabalho da Volmaq, na pessoa do empresário João Miguel. Ficaremos devendo o prome-tido artigo do secretário estadual de meio ambiente de Goiás. Leonardo Vi-lela preferiu aguardar a finalização das votações do código florestal. Espero que apreciem nosso trabalho que é feito para vocês produtores, que são os grandes responsáveis pela grandeza desse país.

Editor chefe: Peterson [email protected]

Diretor administrativo: Francis [email protected]

Direção de arte: Voz Propaganda

Reportagem: Tássia Fernandes (2703/GO)[email protected]

Diagramação:Voz Propaganda

Fotografia:Peterson Bueno

Revisão ortográfica:Vânia Carmem Lima

Colunista:João Geraldo

Artigos:Universidade Estadual de Goiás/Unidade MineirosLaercio DominguesCleverson Luiz Felippi

Colaboradores:

Ernesto LeightonAllan PaixãoEstância São JoséVoz PropagandaCalila PradoDayner CostaRosana CanterleMarília SlywitchYuri RibeiroUniversidade Federal de Goiás/Campus JataíKarina Kanashiro

Impressão: PoligráficaTiragem: 5.000Distribuição dirigida: Jataí, Rio Verde, Mineiros, Chapadão do Céu, Barra do Garças, Água Boa, Canarana e Querência.

Contato:(64) 8417 4977 – Francis Barros(64) 9948 7084 – Peterson Buenoe-mail: [email protected]

A Revista Agro&Negócios não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões presentes nos encartes publicitários, anúncios, artigos e colunas assinadas.

Edição 10 - Revista Agro&negócios - Ano 2012A&F Editora

Praça Clodoaldo Resende Q. 18 L.7a N. 20 st. Santa Maria

Jataí - GoiásCNPJ: 13.462.780/0001.33

Um semestre demuitas expectativas

Peterson Bueno

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Agenda

Janeiro / Fevereiro15º Show Tecnológico

de Verão – ABC

Acontecerá em Ponta Gros-sa-PR o 15º Show Tecnológico de Verão. O evento será realizado na Estação Demonstrativa e Experi-mental do município, nos dias 15 e 16 de fevereiro. O propósito do Show é difundir tecnologias agropecuárias voltadas para o segmento de pro-dução de alimentos e forragens, por meio da apresentação de alternati-vas para incrementar a produção. Mais informações pelo telefone: (42) 3232- 2662.

Festa da Uva 2012

Com o tema “Uva, cor, ação: a safra da vida na magia das cores”, a Festa da Uva terá início no dia 16 de fevereiro. O evento acontecerá no Parque Mário Bernardino Gomes, em Caxias do Sul-RS, e vai até o dia 04 de março.

Junto com a Festa acon-tecerá a Feira Agroindustrial, com participação de expositores de di-versas áreas do comércio da região. O evento também terá atrações musicais, dentre elas, apresentação das bandas: Sorriso Maroto, Capital Inicial, Calcinha preta e da dupla Milionário e José Rico.Mais informações pelo telefone: (54) 3021-2137.

22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz

A 22ª Abertura Oficial da Co-lheita do Arroz acontecerá de 23 a 25 de fevereiro, em Restinga Seca - RS. Durante a abertura serão realizados eventos simultâneos, voltados para a cultura do arroz, como, por exem-plo, a Vitrine Tecnológica, em que serão apresentadas novidades de insumos, máquinas, equipamentos agrícolas, produtos, serviços e tec-nologias.

Também acontecerão dias de campo, reuniões setoriais, pales-tras e jantar de homenagem ao “Ho-mem e Mulher do Arroz”.Mais informações pelos telefo-nes: (53) 3243-6002, (53) 3243-2562, (53) 9976-9115, ou pelos e-mails: [email protected], ou [email protected].

Expoinel Minas 2012

A Associação Mineira dos Criadores de Nelore promoverá, entre os dias 03 e 13 de fevereiro, a Expoinel Minas 2012, em Uberaba--MG. A Expoinel é considerada uma das maiores feiras de exposição da raça nelore no Brasil. A entrada dos animais está prevista para acontecer entre os dias 01 e 04 de fevereiro e os julgamentos serão entre os dias 06 e 12 de fevereiro.Mais informações pelo telefone: (31) 3286-5347, ou pelo e-mail: [email protected].

Programa Mais Leite

O Programa Mais Leite está promovendo um ciclo de palestras sobre a produção de leite. O even-to visa abordar as exigências de mercado, a capacitação de mão-de--obra, além de técnicas para a pro-dução lucrativa e de qualidade. Uma

das palestras está sendo organizada pelo Serviço Nacional de Aprendiza-gem de Mato Grosso do Sul e acon-tecerá em Camapuã-MS, no dia 02 de fevereiro, no auditório da Câmara Municipal.

O evento é voltado para pro-dutores rurais, técnicos, estudantes, empresários e comerciantes que es-tejam ligados à cadeia produtiva do leite. As inscrições para participação são gratuitas.Mais informações pelo telefone: (67) 3586-1168 ou pelo e-mail: [email protected].

Inseminação artificial em éguas

Acontecerá, entre 02 e 05 de fevereiro, em Viçosa-MG, o curso de inseminação artificial em éguas, jun-tamente com o curso de coleta, ava-liação e criopreservação de sêmen em garanhão. O evento é voltado para estudantes de medicina veteri-nária e profissionais formados.

O objetivo do curso é capa-citar os participantes, por meio de conhecimento teórico e treinamento prático, para a realização das técni-cas a campo, de acordo com as exi-gências do mercado, com a finalida-de de maximizar os resultados.Mais informações pelo telefone: (31) 3899-8300 ou pelo e-mail: [email protected].

Organizado pela Tropical Genética, o Fest Leite Tropical 2012 aconte-cerá em Uberlândia-MG, entre os dias 10 e 12 de fevereiro. O evento terá três leilões, shopping de animais, debates, palestras e seminários. Mais de mil animais das raças Gir Leiteiro e Girolando serão ofertados durante o Fest Leite, entre touros, bezerras, novilhas, doadoras e pre-nhezes.Mais informações pelos telefones: (34) 3211-5259 ou (66) 3468-6600.

3º Encontro de Produtores de Amendoim

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As sementes transgê-nicas ocupam, atual-mente, a maior parcela do mercado. Preocu-pados em utilizar va-

riedades resistentes a pragas e do-enças, os agricultores deixaram de lado o cultivo da soja convencional e experimentam a cada safra novas variedades geneticamente modifi-cadas que são lançadas.

Mas, deixando a lavoura e partindo para o mercado consu-midor, é possível encontrar muitas pessoas que ainda apresentam re-sistência aos produtos transgênicos, principalmente no exterior, como em países da Europa e da Ásia, que chegam a pagar um valor mais alto pelos produtos livres da transgenia.

Pensando em atender este nicho de mercado, as empresas que originam, esmagam e exportam pro-dutos convencionais se organizaram e criaram, há três anos, a Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange).

“A necessidade de ter uma entidade capaz de organizar este mercado e coordenar as atividades, principalmente as pesquisas com sementes de soja livre de transgêni-cos, levou à criação da Associação”, explica Ivan Paghi, diretor técnico da Abrange.

Ivan garante que a Asso-ciação não é contra os produtos transgênicos, mas acredita que é possível existir um equilíbrio entre as tecnologias, para que o produ-

tor tenha mais alternativas no

momento de escolher. “A Abrange veio para fomentar este

mercado, para que no futuro o pro-dutor não se arrependa de ficar nas mãos das empresas que dominam a tecnologia da transgenia”.

Segundo Ivan, a tendência é de que o produtor fique cada vez

mais dependente, econômica e tec-nologicamente, das empresas que trabalham com produtos transgêni-cos. Ele também afirma que os pre-ços destes produtos vão aumentar, principalmente devido aos royalties, taxa paga às empresas que desen-volveram as tecnologias.

O diretor da Abrange acre-dita que a soja transgênica tem um papel importante na agricultura, que é eliminar as pragas e doenças pre-sentes na área cultivada. Porém, ele destaca que depois de alguns anos utilizando as cultivares transgêni-cas, os agricultores podem voltar a utilizar soja convencional, que obte-rão resultados positivos.

“Em uma área de mil hecta-res de soja convencional o agricul-tor deixa de pagar em torno de R$ 24 mil de royalties para as empre-sas que detém a tecnologia e ainda pode ganhar R$ 2,00 de bonificação para cada saca de soja convencional produzida. Então, se ele produzir 55 mil sacas de soja, só de bonifica-ção poderá ganhar R$ 110 mil reais, mais os R$ 24 mil que economizou nos royalties. Portanto, ele terá uma lucratividade extra por volta de R$ 134 mil a cada mil hectares”, calcula Ivan.

De acordo com ele, a razão dos agricultores começarem a optar pela soja convencional é, justamen-te, a possibilidade de aumentarem a receita. “Hoje, um dos estados que mais planta soja convencional é o Mato Grosso”.

Em Goiás alguns produto-res já aderiram à ideia. No municí-pio de Jataí, a Caramuru é uma das empresas que trabalha com o rece-bimento da soja convencional, que é destinada, principalmente, para o mercado europeu.

Para divulgar o cultivo de soja convencional foi desenvolvido o Programa Soja Livre, que conta com diversos parceiros, entre eles a Em-

brapa. A empresa realiza diversas pesquisas com a finalidade de ob-ter variedades de soja convencional produtivas, precoces e resistentes a pragas e doenças. “Deixar morrer as variedades convencionais desenvol-vidas pela Embrapa é uma questão de segurança nacional, pois esta-remos perdendo um patrimônio do país”, alerta Ivan.

Marcos Antônio Mello, en-genheiro agrônomo e coordenador do departamento de insumos da Caramuru, explica que a pretensão da empresa é implantar uma política de recuperação em regiões onde o percentual de cultivo de transgêni-cos é elevado e adotar uma política de manutenção nas áreas onde o cultivo de soja convencional é satis-fatório.

“No caso de municípios como Jataí, onde há uma preferên-cia muito grande por transgênicos, temos que adotar uma política di-ferenciada, para mostrar ao produ-tor as vantagens de cultivar soja convencional e as oportunidades de negócio que ele vai ter com esta prá-tica”, esclarece.

Segundo Marcos, atualmen-te, a Caramuru está oferecendo uma bonificação em torno de R$ 2,50 por saca de soja convencional. Mas afir-ma que a pretensão é de aumentar este valor na próxima safra. “Divul-garemos um plano no qual, possi-velmente, este valor irá aumentar, podendo chegar a R$ 3,00 por saca”.

Para Ivan Paghi, o agricultor brasileiro precisa entender que ele tem nas mãos o poder de não dei-xar que as sementes convencionais acabem. O diretor da Abrange dis-cutiu a importância da soja conven-cional durante evento promovido pela Caramuru, no dia 11 de janeiro, em Jataí.

é opção rentável para o agricultorSoja livre de transgênicos

Trabalhos de difusão das variedades são capitaneados pela Abrange

Portal do Campo

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Por Tássia Fernandes

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A preocupação com a adu-bação das culturas é cada vez maior e visa o aumento de produtividade. Mas, na maioria das vezes, os resul-tados esperados não são obtidos, devido a algumas falhas no manejo.

Tratando-se do milho, o ni-trogênio (N) é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura, sendo necessário de 18 a 20 kg de N para cada tonelada de grãos produ-zida. O N possui papel fundamental no metabolismo vegetal, por partici-par diretamente da síntese de prote-ínas e de clorofila.

Geralmente, a adubação ni-trogenada é realizada no momento da semeadura e, posteriormente, também é realizada uma adubação de cobertura no estágio V6, mo-mento em que a cultura define o potencial produtivo e o tamanho de espiga.

O N é um nutriente bastante instável no solo, podendo ser perdi-

do por volatilização, lixiviação ou ni-trificação, sendo assim, grande parte do N não é absorvida pela planta.

Para mostrar os benefícios da utilização do Nitrogênio de Libe-ração Lenta (NITAMIN) na cultura do milho em pré-pendoamento, es-teve em Jataí o professor Dr. Césio Humberto de Brito, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Duran-te a palestra, foram apresentados resultados bastante satisfatórios da utilização de NITAMIN, além de vá-rios trabalhos científicos, que mos-traram a importância de se adubar

bem, ao invés de se adubar muito e de maneira inadequada, como tem sido feito.

A importância do Molibdê-nio (Mo) para o melhor aproveita-mento do N pela planta, uma vez que o Mo faz parte de reações para absorção do N pela planta, também foi discutida.

O evento aconteceu no dia 07 de dezembro de 2011 e foi pro-movido pela Campo Bom Insumos Agrícolas. Na ocasião estiveram presentes vários produtores e con-sultores de Jataí e região.

A arte de adubar com qualidade

Equipe Campo Bom ao lado de palestrantes

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A Volmaq está no mercado há 15 anos. A história teve início quando Veria-no de Oliveira Lima e Laurita Gomes de Lima vieram para o município de Jataí. O Transporte de madeiras e a comercialização de mercadorias foram as primeiras atividades desempenhadas até que Veriano abriu a empresa

Açucareira Lima e Cia Ltda, que empacotava e distribuía açúcar nos estados de Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Desde então, trabalham com ele os filhos Veriano Júnior e João Miguel e, mais recentemente, sua neta, Juliana Vilela Lima Guerini, dando forma à empresa familiar. Atualmente, a Volmaq possui seis lojas de revenda Massey Ferguson, em Goiás e no Mato Grosso. Para João Miguel, o sucesso do empreendimento familiar vem do compartilhamento de objetivos e do trabalho em conjunto.

Revista Agro&Negócios: Quan-do decidiram entrar para o ramo de comercialização de máqui-nas e de onde surgiu a ideia de representar a Massey Fergu-son?João Miguel: Iniciamos neste ramo de máquinas agrícolas no fi-nal de 1996, quando a revenda da Massey Ferguson nos foi oferecida, nas cidades de Jataí e Mineiros. Co-nhecendo a idoneidade da marca, a qualidade dos produtos disponibili-zados pela fábrica e acreditando no potencial agropecuário da região re-solvemos investir no negócio.

Revista Agro&Negócios: Qual atividade era desempenhada anteriormente?João Miguel: Eu e meu irmão, Ve-riano Júnior, começamos a trabalhar com meu pai, Veriano de Oliveira Lima, na Açucareira Lima. A em-presa, que permaneceu no mercado até 1998, empacotava açúcar vindo de São Paulo e distribuía em Goi-ás, Mato Grosso e Rondônia. Antes disso, meu pai já havia desenvolvi-do diversas outras atividades, como

transporte de madeiras, revenda de mercadorias e comercialização de secos e molhados. De maneira geral, sempre tivemos ligação com o agro-negócio e, além do açúcar, também trabalhávamos com o comércio de bebidas e com a pecuária.

Revista Agro&Negócios: A Vol-maq é uma empresa familiar. Qual a vantagem disto?João Miguel: Observando a Vol-maq hoje é possível afirmar que a principal vantagem de trabalhar em família é que todos têm os mesmos objetivos e trabalham em conjunto para alcançá-los.

Revista Agro&Negócios: A Vol-maq está expandindo os negó-cios para Mato Grosso. Porque optou pelo Estado?João Miguel: Já trabalhávamos com a venda de peças na região de Mato Grosso e, por já termos esta-belecido uma boa relação com os clientes, nos foi oferecida a oportu-nidade de adquirir a área de atendi-mento na região, onde começamos a atuar em março de 2011.

Revista Agro&Negócios: Quais são as perspectivas de mercado no Mato Grosso?João Miguel: O Estado vem se mostrando um grande potencial agrícola e tem se mantido como um dos maiores produtores do país. Com isso, o mercado fica aquecido e gera novas oportunidades de negó-cio. Portanto, as perspectivas são de obter resultados positivos na região.

Revista Agro&Negócios: Quan-tas revendas Massey Ferguson que a Volmaq possui?João Miguel: A Volmaq conta com seis lojas, sendo duas em Goiás – em Jataí e Mineiros - e quatro no Mato Grosso - Alto Taquari, Tangará da Serra, Nova Mutum e Campo Novo. Hoje a nossa participação na área de atuação é de mais de 30% de Share.

Revista Agro&Negócios: Como define a situação do mercado de máquinas atualmente?João Miguel: Os produtores estão sempre buscando inovações tecno-lógicas que agreguem soluções efi-

Volmaq15 anos de história

Café com o Empresário

Consolidação de um trabalho que passa de pai para filho

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cientes à lavoura. Isto faz com que a Massey Ferguson busque tais solu-ções, para que possamos atendê-los de forma eficiente e segura, já que é uma das fábricas que mais emprega tecnologia em seus equipamentos.

Revista Agro&Negócios: Como analisa a competitividade no mercado de máquinas?João Miguel: A concorrência atu-almente é acirrada, uma vez que a grande maioria dos produtos dispo-níveis no mercado apresenta altas tecnologias. O diferencial da Volmaq é que a empresa preza pelos clien-tes, prestando excelência na assis-tência pós-venda. Outra vantagem da empresa é a parceria com o Con-sórcio Nacional Massey Ferguson, que é uma excelente ferramenta de aquisição de máquinas agrícolas. Revista Agro&Negócios: Quais as novidades da Volmaq para 2012?João Miguel: Os planos para 2012

são de abrir mais duas lojas no Mato Grosso. Também pretendemos inovar e qualificar cada vez mais o nosso atendimento pós-venda, para melhor atendermos os nossos clien-tes.

Revista Agro&Negócios: Quais as principais dificuldades en-frentadas no ramo?João Miguel: A carga tributária, não só no nosso ramo de atividade, mas para todos os empresários, é muito alta. As burocracias de finan-ciamento também são um entrave para o nosso negócio. Muitas vezes, algumas operações levam mais de 90 dias para serem concretizadas. Outro fator que gera desconforto é a

instabilidade das commodities, pois ora estão em alta, ora estão em bai-xa, sem existir uma política segura para o produtor.

Revista Agro&Negócios: Como é a relação da Volmaq com o produtor rural?João Miguel: Estamos juntos há 15 anos, vendo a alegria do produtor em ter lucratividade nas suas atividades e vendo, também, seus anseios du-rante as instabilidades e inseguran-ças que enfrenta. Este convívio faz com que a Volmaq preze bastante o produtor rural, a empresa está sem-pre apoiando as lutas e atitudes da classe produtora.

“Estamos com o produtor rural há 15 anos. Este convívio faz com que a Volmaq preze bastante o profissional do campo. A empresa está sempre apoiando as lutas e atitudes da classe produtora”.

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O sistema cooperativis-ta está presente na agropecuária, na edu-cação, na saúde, no transporte, no turismo

e em diversas outras áreas. Com o propósito de focar nas necessida-des do grupo e não exclusivamente na obtenção de lucros, as coope-rativas são caracterizadas por não concentrarem a renda na mão de um único dono. Todos que aderem ao sistema tornam-se associados e,

Antônio Chavaglia, presi-dente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoes-te Goiano (Comigo), acredita que o reconhecimento da ONU é positivo para as cooperativas, pois vai con-tribuir com a divulgação dos bene-fícios que o sistema oferece para o associado.

“É importante, não só para o cooperativismo, mas também para os associados e para a sociedade. Atualmente, existem 13 ramos de

independente do produto ou serviço que a cooperativa oferece, os sócios possuem vantagens no momento de adquiri-los, além de que o lucro final obtido pela empresa é dividido entre todos, de acordo com o regimento interno pré-estabelecido.

No Brasil existem mais de seis mil cooperativas, de acordo com o levantamento realizado pela Orga-nização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 2010. Já o número de as-sociados ultrapassa os nove milhões

cooperativismo que atendem a so-ciedade como um todo, portanto, es-tamos todos envolvidos e o sistema traz bons resultados para a renda das pessoas”, garante.

Para Chavaglia, as coopera-tivas podem ser consideradas como distribuidoras de renda. “Os resulta-dos obtidos são sempre investidos em prol dos associados, no caso da Comigo, por exemplo, aplicamos na melhoria dos armazéns de re-cebimento de grãos, em indústrias,

e o de empregados é de quase 300 mil.

Avaliando a relevância do sistema no desenvolvimento econô-mico e social do país, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhe-ceu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. A declaração foi proferida durante a 64ª Assembleia Geral da ONU, realizada em dezem-bro de 2011.

equipamentos e outros. A Coopera-tiva deixa a renda na região, além de atrair investimentos, este é o seu diferencial”, destaca.

Alceu Ayres de Moraes é as-sociado da Comigo. Para ele, uma das grandes vantagens da Coopera-tiva é o retorno que o produtor rece-be, com base nos investimentos rea-lizados ao longo dos anos. “A partir dos produtos vendidos para a Coo-perativa e das compras realizadas, o produtor rural vai estabelecendo sua cota capital, que é como uma pou-pança futura. Depois de certo tempo como cooperado, a porcentagem de lucro acumulada retorna para ele”, explica.

Antônio Chavaglia concorda que compartilhar os lucros obtidos, por meio da cota capital, é um dos maiores benefícios que a Coopera-tiva fornece. “As empresas comuns estão cada vez mais concentrando a renda nas mãos de poucos proprie-tários e na Cooperativa acontece o contrário. A Comigo não tem apenas um dono, são mais de cinco mil, e os resultados são distribuídos entre eles”.

Dentre outras vantagens destacas por Chavaglia, está o fato de que a Cooperativa facilita o aces-so às linhas de crédito, paga um preço mais elevado no momento de

2012 Ano internacional das cooperativas

Sistemas cooperativistas possuem mais de nove milhões de associados em todo Brasil

• Cooperativismo no agronegócio

NÚMEROS DO COOPERATIVISMO POR RAMO DE ATIVIDADE (31/DEZ/2010)

Agropecuário

Ramo de Atividade

TOTAIS

Cooperativas Associados Empregados

Consumo

Crédito

Educacional

Especial

Habitacional

Infra-estrutura

Mineral

Produção

Saúde

Trabalho

Transporte

Turismo e Lazer

1.548

123

1.064

302

12

242

141

63

235

852

1.024

1.015

31

6.652 9.016.527 298.182

943.054

2.297.218

4.019.528

57.547

397

101.071

778.813

20.792

11.454

246.265

217.127

321.893

1.368

146.011

9.892

56.178

3.349

14

1.676

5.775

144

3.669

56.776

3.879

10.787

32

Fonte: Organizações estaduais e OCBElaboração: OCB/Gemerc

Por Tássia Fernandes

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13

comprar os produtos ofertados pelos cooperados e oferece preços mais atrativos nos produtos que vende. “A Cooperativa apresenta os preços re-ais para os associados, evitando que o produtor rural seja explorado”.

Ainda segundo dados da OCB, o ramo agropecuário é o que possui maior número de cooperati-vas, sendo 1.548. Também é o que possui o maior número de empre-gados, 146.011, o que corresponde a quase metade do total de empre-gados do sistema cooperativista. Já o ramo com maior número de associados é o das cooperativas de crédito, são mais de quatro milhões de sócios.

Com o reconhecimento das cooperativas, a ONU pretende, dentre outros objetivos, evidenciar o sistema cooperativista como um meio alternativo de fazer negócios e promover o desenvolvimento socio-econômico. Com o este propósito, o lema escolhido para representar o Ano é “Empresas cooperativas constroem um mundo melhor”.

“Os resultados obtidos são sempre investidos em prol dos associados. A Cooperativa deixa a renda na região, além de atrair investimentos, este é o diferencial”

“O produtor rural que é cooperado vai estabelecendo sua cota capital, que é como uma poupança futura. Depois de certo tempo como cooperado, a porcentagem de lucro acumulada retorna para ele”

Antônio Chavaglia, presidente da Comigo

Alceu Ayres de Moraes, cooperado da Comigo

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BOTULISMOem bovinos

Doença está entre as três principais causas de mortalidade dos animais

confirmados oito casos, sendo qua-tro em Goiás, registrados em 2001, e quatro no Mato Grosso, registrados em 2002. Os dados foram divulgados pela Coordenação de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (COVEH), pelo Departa-mento de Vigilância Epidemiológica (DEVEP) e pela Secretaria de Vigi-lância em Saúde do Mato Grosso do Sul (SVS/MS).

doença tenha causado a morte de, aproximadamente, 195 mil vacas. Informações mais recentes, divul-gadas em 2009, apontam que, en-tre 1999 e 2008, foram confirmados 41 casos de botulismo no Brasil. A maioria, 20, ocorreu na região Su-deste. A quantidade é referente aos casos com diagnóstico laboratorial e representa uma porcentagem míni-ma dos casos reais em campo.

Em relação aos casos mais recentes, no Centro-Oeste, foram

Falta de coordenação, andar cambaleante e paralisia progressiva dos membros, do tórax, do pescoço e da

cabeça. Estes são os sinais do botu-lismo, doença que é considerada por pesquisadores como uma das três principais causas de mortalidade em bovinos, no Brasil. Isto, porque, de-pois de contaminados, dificilmente, os animais conseguem se recuperar.

Dados mostram que no Mato Grosso do Sul, entre 1996 e 1998, a

• Como acontece a contaminação?O botulismo é causado pela

ingestão da toxina botulínica, pro-duzida pela bactéria Clostridium botulinum, que pode ser encontrada em diversos locais, como na água e no solo, sob a forma de esporos. No entanto, a simples ingestão da bactéria não causa nenhum dano ao animal, pois a toxina só é produzida quando os esporos entram em con-tato com alguma matéria orgânica em decomposição.

O problema pode surgir quando, por exemplo, morre algum animal que tenha ingerido a bacté-ria, fornecendo, assim, condições propícias para a proliferação dos esporos. Bovinos com deficiências alimentares, principalmente, de fós-foro, podem desenvolver o hábito de roer ou chupar ossos e, ao consumi-rem a carcaça contaminada com a toxina botulínica, poderão desenvol-ver a doença.

Como explica Fabiano Sant’Ana, médico veterinário e pro-fessor da UFG/Campus Jataí, a in-gestão de carcaças de animais em decomposição no pasto é a princi-pal via de contaminação do gado no Brasil. Mas, também pode haver

contaminação por meio da ingestão de alimentos deteriorados, ou de águas paradas, que estejam conta-minadas por carcaças de pequenos animais, como roedores, aves, ou animais silvestres.

“Antes da proibição do uso da cama de frango na alimentação de ruminantes, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa) em 2002, essa alimen-tação também era uma importante fornecedora de toxinas para os bovi-nos, uma vez que, junto com a cama de frango, muitas vezes, carcaças de frangos mortos em decomposição eram encontradas. No Mato Grosso do Sul também foram observados al-guns casos de botulismo associados ao consumo de palhadas de milho”, acrescenta Fabiano.

De acordo com o professor, a contaminação tem sido observada mais frequentemente em criações extensivas. “Onde determina maio-res perdas econômicas, pois, nesta categoria, os animais se locomovem mais nos pastos e, caso ocorram condições predisponentes na pro-priedade, o risco de contaminação é maior”.

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Alguns animais podem co-meçar a apresentar os sinais da doença um dia após a ingestão do alimento contaminado, já outros, podem desenvolver a doença até 30 dias depois. “Quanto maior a quan-tidade de toxinas ingeridas, mais rápido e mais grave será o quadro clínico apresentado”, esclarece Fa-biano.

O sinal inicial é a dificuldade de locomoção, devido à paralisia dos membros pélvicos. A paralisia pode atingir os membros torácicos e o bo-vino passará a maior parte do tempo deitado, até não conseguir mais se levantar.

“Os sinais clínicos de altera-ção da locomoção são indicativos do botulismo, mas, os mesmos podem surgir em muitas outras doenças. Por isso, o produtor deve, o mais breve possível, chamar um médico

veterinário, para realizar um diag-nóstico preciso”, enfatiza o profes-sor. Para certificar de que se trata do botulismo, Fabiano aconselha a realização do diagnóstico diferencial com outras enfermidades que apre-sentam sinais clínicos semelhantes, como é o caso da raiva.

Para ele, o diagnóstico é fun-damental, pois vai indicar, de forma eficaz, quais as medidas terapêu-ticas e profiláticas que devem ser adotadas no plantel. “A necropsia dos animais que morrerem com sus-peita da doença também deve ser realizada por médicos veterinários habilitados. Várias amostras devem ser coletadas na necropsia, para diagnóstico laboratorial (histopato-lógico e identificação de toxinas) e para a confirmação da doença”.

Com a evolução da doença, os músculos da cabeça são afetados,

impedindo a mastigação e degluti-ção de alimentos. No estágio mais avançado, ocorre a paralisia flácida progressiva dos músculos esquelé-ticos, dificultando a respiração do animal, que poderá morrer por insu-ficiência e parada respiratória.

Fabiano destaca que, de-pendendo da quantidade de toxina ingerida e da precocidade no trata-mento dos bovinos contaminados, existe a possibilidade de sobrevi-vência. Segundo o professor, o tra-tamento fornecido aos animais é apenas de suporte e o profissional que atendê-los deverá optar pelo manejo mais adequado, levando em consideração o quadro geral do ani-mal e a quantidade de toxinas inge-ridas. “De fundamental importância é a preconização de medidas profi-láticas na propriedade, para evitar o surgimento de novos casos”, afirma.

• Como identificar se o animal contraiu a doença?

• Como prevenir?

Entretanto, também podem ocorrer casos da doença nos siste-mas de confinamento. “Caso sejam fornecidas rações contaminadas com as toxinas da bactéria, o proble-ma também pode surgir”. Isto acon-tece quando os alimentos, como silagem, feno ou ração, não são ar-mazenados em condições adequa-das, facilitando a presença de maté-ria orgânica em decomposição ou de carcaças de pequenos animais.

Segundo Fabiano, em áreas com carência de fósforo nas pasta-gens, o problema surge com maior frequência na época chuvosa, em função do crescimento abundante das pastagens.

Para evitar que os animais sejam contaminados com a toxina botulínica, é preciso adotar algumas medidas preventivas. A primeira é eliminar as fontes de contaminação, como cadáveres em decomposição. “O pecuarista deve enterrar e inci-nerar completamente as carcaças de animais mortos na propriedade, de preferência, após a necropsia dos mesmos”. A necropsia deve ser re-alizada para identificar a causa da morte dos animais.

Realizar a suplementação de fósforo do rebanho é outra medida que pode contribuir com a preven-ção da doença. “A mineralização do rebanho com fósforo evitará a defici-

ência nesse mineral e, consequente-mente, a prática de ingestão de os-sos”. Também é preciso armazenar a alimentação dos bovinos de maneira adequada, evitando que materiais em decomposição estejam presen-tes na mesma.

“O produtor rural não deve fornecer cama de frango para os ru-minantes; deve evitar que os bovi-nos tenham acesso a águas paradas de má qualidade, evitar colocar lotes de bovinos em palhadas de milho e, em propriedades onde ocorram surtos da doença frequentemente, a vacinação é recomendada”, comple-menta Fabiano.

A vacina contra botulismo

não faz parte do calendário de vaci-nas obrigatórias e também não exis-te uma época específica para reali-zar a imunização. “Nenhuma vacina é 100% eficaz, por diversos motivos. Mas, espera-se que um bovino ade-quadamente vacinado esteja mais bem protegido contra a doença”.

O professor Fabiano acres-centa que a UFG/Campus Jataí está à disposição dos produtores rurais, para auxiliá-los no diagnóstico e controle da enfermidade e para di-rimir quaisquer dúvidas. Os interes-sados podem ir ao Laboratório de Patologia Veterinária da universida-de, na Unidade Jatobá.

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Artigo Universidade Estadual de Goiás – Unidade de Mineiros

Alternativas daprodução de etanolA

temática sobre gera-ção de energias alter-nativas vem ganhando espaço na discussão sobre a reestruturação

da matriz energética nos últimos anos, principalmente tendo em vis-ta o esgotamento das reservas de combustíveis fósseis (petróleo, car-vão e gás natural). O Brasil vem se destacando no cenário econômico mundial como o principal produtor de álcool combustível (etanol), que é considerado fonte de energia limpa, renovável e economicamente viável.

O crescente interesse inter-nacional sobre o desenvolvimento e a utilização dos biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis, dada a pressão da socie-dade por combustíveis renováveis e menos poluentes, tem feito com que a atividade canavieira, principal matéria-prima do etanol brasileiro, apresente uma forte tendência de crescimento.

No Brasil, os dados mostram que a produção de cana-de-açúcar aumentou mais de 150% entre 1990 e 2009 e que a produção de etanol ultrapassou os 27 bilhões de litros em 2009 (aumento de mais de 138% em relação a 1990).

Entretanto, o objetivo deste artigo foi mostrar as fontes alterna-tivas da produção de etanol, bem como a importância que o etanol vem assumindo no mundo e as pers-pectivas das novas tecnologias da biomassa, com vistas ao desenvol-vimento de uma indústria de etanol competitiva.

Dentro do contexto de dis-cussão sobre fontes de energia reno-váveis, é cada vez maior o interesse pelos chamados biocombustíveis, dentre eles o etanol. Sua produção é considerada “limpa”, no sentido de que ela é de origem não fóssil e feita a partir de plantas, as quais também têm o potencial de retirada de car-bono da atmosfera através da fotos-síntese. Acredita-se que a produção de biocombustíveis possa amenizar as pressões sobre os combustíveis fósseis ao reduzir o ritmo de sua utilização, preservando suas fontes (já que estes são considerados não--renováveis, pelo menos na escala temporal humana) e diminuindo a quantidade de poluentes emitidos pela sua queima.

O etanol brasileiro, produzi-do a partir de cana-de-açúcar, tem sido apontado como um biocombus-tível promissor. O Brasil possui gran-des vantagens em sua produção, o que justifica o atual momento de grande dinamismo de sua produção.

O etanol já é hoje um grande sucesso no Brasil como substituto da gasolina e seu futuro é promissor com o advento das tecnologias de segunda geração. O biodiesel ainda tem um árduo caminho pela fren-te com as tecnologias de primeira geração e o futuro dependente de

outras matérias-primas para as tec-nologias de segunda geração; não devemos desanimar, mas não há ra-zões para ufanismo quando se trata de biodiesel.

O uso do álcool combustível é um tema em constante debate. Trinta anos depois do início do Pro-álcool, o Brasil vive agora um novo desafio, a expansão de novas cultu-ras com o objetivo de oferecer, em grande escala, um combustível al-ternativo.

O desenvolvimento das tec-nologias dos processos de produção e de usos do etanol e seus subprodu-tos devem estar acompanhados de demonstração da viabilidade econô-mica e sócio-ambiental, da compe-titividade e promoção da aceitação pelo mercado consumidor, sendo que o esforço governamental deve-rá estar concentrado em fomentar a tecnologia ampliando a competên-cia local para produzir biocombus-tíveis competitíveis, garantindo o preço e as condições de uso.

Autores: BORGES, Valdirene Oli-veira; CARVALHO, Vinícius Vilela; OLIVEIRA, Lucas Costa; PEREIRA, Hutson Syllas Machado; SANTOS, Evânia Silva; SOUZA, Glauceny Pe-reira; MARTINS, Wesley Alves.

Acredita-se que a produção de biocombustíveis possa amenizar as pressões sobre os combustí-

veis fósseis ao reduzir o ritmo de sua utilização, preservando suas fontes e diminuindo a quanti-

dade de poluentes emitidos pela sua queima.

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Mais do melhorTransferência de embriões garante melhoramento genético e aumento do

plantel em curto espaço de tempo

Aumentar o plantel. Não importa a espécie ou a raça, este é um dos principais objeti-vos de quem trabalha

com a criação de animais, seja com finalidades comerciais, esportivas, ou, até mesmo, por lazer. Junto com o apreço pela quantidade, vem o interesse pela qualidade e, quando algum animal se destaca em meio à criação, surge também o desejo de multiplicá-lo, ou seja, de obter outros animais com carga genética semelhante e que sejam tão bons quanto aquele em questão.

Até certo tempo, a reprodu-ção natural era a única alternativa para garantir a realização do desejo de ter mais animais da melhor quali-dade. Mas, o desenvolvimento cons-tante da ciência trouxe novos meios de reprodução, como a transferência de embriões e a fertilização in vitro.

As duas técnicas vêm de en-contro ao objetivo de vários produto-res rurais, que é aumentar a criação, e ainda permite que isto aconteça em um curto espaço de tempo, pelo menos se comparado à reprodução natural. “Comecei a procurar pelos serviços de reprodução em 2009”, conta João Lindolfo, produtor rural e criador de equinos, da raça Quarto de Milha.

A fertilização in vitro (FIV), na qual todo o procedimento de geração do embrião é realizado em laboratório, é a técnica desenvolvida mais recentemente. A FIV pode ser utilizada na reprodução de bovinos, mas, no caso da reprodução de equi-nos, pretensão de João, a alternativa tecnológica indicada é a transferên-cia de embriões.

Ao permitir que a égua fique prenha por meio da reprodução na-tural, o criador precisará esperar cer-

ca de dois anos para que o animal volte às atividades rotineiras. No caso de éguas competidoras, elas precisaram ficar afastadas das com-petições durante todo o período. Evitar o afastamento dos animais é uma das vantagens da transferência, já que em, aproximadamente, seis meses, o animal estará apto a com-petir novamente.

Outro benefício é que pela transferência de embriões o criador pode obter de quatro a cinco pro-dutos de uma égua por estação de monta. “Se a égua ciclar durante o ano todo é possível conseguir mais animais, porém, os equinos ciclam apenas durante a primavera e o ve-rão, que são períodos de alta lumino-sidade. A melhor época para realizar a transferência é entre outubro e fe-vereiro”, explica Karen Leão, médica veterinária e professora do Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde.

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Karen esclarece que a carac-terística básica da transferência é o fato de que o embrião não será gera-do no útero da égua mãe. Para isto, o criador precisa escolher as doado-ras, éguas que fornecerão os óvulos para fecundação; e as receptoras, éguas que irão gerar os embriões já concebidos.

O procedimento começa a partir do momento em que a égua doadora entra no cio e ovula. A pre-nhez pode acontecer por meio da monta natural, se o criador tiver um garanhão adequado na propriedade, ou por meio de inseminação, com sêmen adquirido de qualquer loca-lidade do país.

No oitavo dia após a ovula-ção é realizada a coleta para identi-ficar se houve fecundação e forma-ção de embrião. “Se o resultado for positivo, o embrião será lavado, em meio próprio, para que seja retirada qualquer sujidade presente nele, e depois será transferido para a recep-tora que vai gerá-lo”. No entanto, Karen pontua que a transferência não é garantia de prenhez. “A trans-ferência deve ser realizada no oitavo dia e é possível diagnosticar uma prenhez com 12 dias, utilizando o ul-trassom. Portanto, quatro dias após a transferência é possível identificar se a receptora está prenhe ou não”.

é um bom manejo nutricional”, afir-ma.

O acompanhamento dos animais, antes e depois da transfe-rência, também é necessário. Karen explica que a observação permite que haja compreensão do ciclo da égua e, assim, será possível identi-ficar quando o animal entra no cio, acompanhar o crescimento folicular e a ovulação.

“É recomendado que a re-ceptora também seja monitorada, pois o aconselhável é que no dia da transferência ela esteja com seis dias de ovulada, ou seja, que este-ja no cio junto com a doadora, de preferência, dois dias atrasada”. A transferência também pode ser re-alizada entre o 4º e o 8º dia após a ovulação da receptora.

O sucesso do procedimento depende de diversos fatores, sendo que um dos principais é a saúde dos animais, tanto das doadoras, quanto das receptoras. “O maior entrave é que, na maioria das vezes, o criador se preocupa com a doadora e acaba deixando as receptoras mais descui-dadas”, lamenta a médica veteriná-ria.

Karen enfatiza que apesar da carga genética do embrião ser proveniente da doadora, a receptora também precisa estar saudável, afi-nal, é ela quem vai sustentar o feto durante toda a gestação. A égua também precisa ser boa produtora de leite, para garantir a alimentação do potro após o nascimento. “Para garantir a saúde e o bom score cor-poral do rebanho, o melhor remédio

A partir do momento em que a égua começa a ciclar já é possível inseminá-la e obter embriões. Po-rém, a médica veterinária explica que para emprenhar um animal é preciso esperar até que o mesmo já esteja desenvolvido e apto para ge-rar um potro, porque, do contrário, a gestação poderá atrapalhar o desen-volvimento da égua.

Em relação à vida útil para realizar a coleta de embriões, Karen esclarece que não existe um período estabelecido. “A partir de 15 anos o equino é considerado senil, porém, esta questão é relativa. Éguas com 18 anos podem ser boas para repro-duzirem, bem como éguas com 11 anos podem ser ruins, depende mui-to de cada animal”, pontua.

• Procedimento

• Manejo Reprodutivo

Por meio da transferência de embriões o criador pode obter de quatro a cinco produtos de uma égua por estação de monta e as matrizes que participam de competições não precisam ficar afastadas das atividades cotidianas por períodos longos.

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• Resultados

• Vantagens de casa

Como em qualquer gestação, o resultado final é imprevisível. Mas, no caso dos equinos a incerteza é ainda maior e passa por duas fases. A primeira, em relação à expectativa se houve ou não fecundação e se o embrião foi formado, cujo percentual de resultado é denominado taxa de recuperação embrionária.

O segundo momento de dú-vida é depois de realizada a transfe-rência, quando a expectativa passa a ser se a receptora conseguirá man-ter o embrião no útero e gerá-lo até o nascimento, nesta fase o percentual do resultado é denominado taxa de prenhez.

Atualmente, muitos pecua-ristas transportam os animais para outras cidades ou estados com o intuito de efetuar a transferência de embriões. Quando decidiu partir para a realização do procedimento, a primeira experiência do criador João Lindolfo foi transportando a égua para ser inseminada em São Paulo. “Isto foi em 2009. Procurei o esta-do porque em Goiás ainda existiam

poucos profissionais que realizavam o trabalho e o índice de aproveita-mento aqui era muito baixo”, escla-rece.

Porém, a médica veteriná-ria Karen destaca que transportá-los não é a melhor alternativa, tanto no sentido econômico, quanto no sen-tido de garantir o bem-estar dos animais. “É mais viável que o cria-dor mantenha o animal em casa

sob seus cuidados, pois, ao serem colocados em caminhões, eles aca-bam se machucando, principalmen-te quando são éguas paridas. Além disso, existem gastos com o trans-porte de ida e volta e a relação custo benefício acaba ficando alta. Antes gastar para o sêmen vir, do que gas-tar com o transporte da égua”, afir-ma.

Diversos fatores podem in-fluenciar no resultado final, como o dia em que é realizada a coleta, o técnico que realiza o procedimen-to, o tipo de sêmen utilizado (se é monta natural, sêmen refrigerado ou congelado), as condições das éguas,

tanto das doadoras, como das re-ceptoras, entre outros. “Em condi-ções favoráveis, a taxa de recupe-ração embrionária fica em torno de 70% a 80%. O cavalo estando ao lado da égua é a melhor maneira de obter resultados positivos”, afirma Karen.

“Em 2011 obtive oito prenhezes, sendo seis com equinos e duas com

jumento nacional. Agora pretendo testar algo inédito e utilizar a mulas

como receptoras”João Lindolfo, criador de equinos da raça Quarto de Milha

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• Quarto de milha

• Novas experiências

Os equinos de João Lindol-fo são da raça Quarto de Milha e o criador participa constantemente de competições da raça. “Trabalho com os animais há muitos anos e já tenho um plantel bastante razoável. Já participei de diversas provas e fomos felizes em muitas delas, em 2011, inclusive, fomos premiados na competição Potro Futuro, com o Tro-vão Hobby Gray”, conta João.

Segundo ele, a competição Potro Futuro, específica do Quar-to de Milha e realizada no mês de agosto, é uma prova que influencia no procedimento de transferência de embriões. Participam da prova cavalos que tenham até 04 anos de

2011 foi um ano positivo para João Lindolfo. Por meio da transfe-rência, o criador conseguiu obter oito prenhezes, sendo seis com equinos e duas com jumento nacio-nal. Ele também tem investido na criação de muares e, para este ano, o objetivo é de seguir por um cami-nho novo e utilizar as mulas como

receptoras.“Estou com vontade de tes-

tar algo inédito. Já havia lido sobre isto e, agora, pretendo experimentar. Dizem que as mulas são excelentes mães. Neste ano tenho a pretensão de realizar esta experiência”, plane-ja.

As mulas são animais híbri-

dos e, por isso, elas não têm a capa-cidade de emprenhar. No entanto, o aparelho reprodutivo dos animais apresenta condições para gerar um embrião e é pensando nisto que João Lindolfo pretende colocar em prática a ideia, utilizando a transfe-rência de embriões.

idade. Se o criador seguir a risca o calendário e realizar a transferência no segundo semestre do ano, quan-do os animais estiverem aptos para competirem, serão seis meses mais velhos do que aqueles que foram concebidos no primeiro semestre do ano, e, como explica o criador, seis meses de treinamento para um equino faz toda a diferença durante a competição.

“Encerramos nossa tempo-rada de inseminação em dezembro, pois, assim, ficamos dentro do ca-lendário e teremos animais conside-rados bem nascidos. Pode acontecer de o criador estender os procedi-mentos até a segunda quinzena de

janeiro, mas, o aconselhável é que eles sejam encerrados no dia 31 de dezembro, pelo menos, no caso da geração de animais Quarto de Milha que irão participar do Potro Futuro”, explica João.

O mercado para a comercia-lização de equinos ainda é pequeno e participar de competições é uma das maneiras de ganhar visibilidade e fechar bons negócios. “As premia-ções recebidas valorizam muito os animais e nos abrem portas. Hoje já consigo vender para Goiânia e, até mesmo, para São Paulo, mas ainda assim em pequena escala”, destaca João.

Potro fruto de transferência de embriões 21

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As evoluções e revolu-ções que aconteceram ao longo dos séculos trouxeram diversos benefícios para a so-

ciedade e, de certa forma, facilita-ram a vida humana, afinal, inúmeras atividades, antes desempenhadas manualmente, passaram a ser reali-zadas por máquinas. A mecanização dos sistemas de produção teve início no século 18, na Inglaterra, durante a Revolução Industrial e, aos poucos, tomou conta de todo o mundo e de, praticamente, todas as atividades que, até então, eram artesanais.

Junto com o lado positivo, o das facilidades, veio também o lado negativo, a poluição, o êxodo rural e, talvez, o maior dos problemas: o de-semprego. A substituição da mão--de-obra humana pelas máquinas resultou na extinção de inúmeras profissões. A de esquilador é uma delas.

A tosquia ou esquila con-siste na retirada da lã das ovelhas e deve ser realizada, pelo menos, uma vez por ano. O procedimento tem a finalidade comercial da venda de lã, mas também é necessário para que os animais suportem melhor os dias quentes do verão, por isso, deve ser realizado entre os meses de outubro e dezembro.

Em alguns locais do país a esquila ainda é realizada, principal-mente, na região Sul, onde muitas pessoas criam ovelhas e a lã tem um valor comercial atrativo. O que

praticamente foi extinto é o ofício de esquilador, já que, atualmente, a lã é retirada com a máquina de esquila, como conta José Daniel Barbosa Darde, que é gaúcho, natural de Uru-guaiana, e desempenha a atividade há anos.

“A esquila manual, realizada com a tesoura, nós chamamos de esquila a martelo, mas ela está aca-bando, porque todas as fazendas já têm energia elétrica, então eles es-tão utilizando a máquina tocada a motor”.

José Daniel garante que o procedimento é fácil de ser realiza-do, só é preciso ter técnica para não se machucar, nem ferir o animal. “A gente puxa a pele da ovelha com a mão esquerda e com a direita corta-mos a lã. A tesoura tem que acom-panhar o movimento e é preciso puxar a pele direito, porque se não corta tudo, a lã e o couro das ove-lhas”, alerta o profissional.

A tosquia é realizada em etapas. Primeiramente, o animal é capturado e imobilizado. A tosa co-meça pelas laterais e pela parte de cima, denominadas velos. A parte de baixo, que compreende a região da barriga e das patas, é retirada por último.

Em cerca de quinze minutos José Daniel termina de esquilar uma ovelha e, apesar da experiência, não nega as pequenas falhas cometidas. “Claro que sempre tem algum cor-tezinho, é normal. Mas se afrouxar a mão e passar a tesoura, ai corta

tudo”, afirma.Segundo ele, ao utilizar a má-

quina de esquilar, o profissional pre-cisa ter ainda mais cuidado, já que o instrumento é elétrico. Outro fator também exige atenção quando o equipamento é utilizado. Os animais esquilados na máquina ficam mais descobertos e, consequentemen-te, mais susceptíveis a doenças no caso do clima esfriar, especialmente na região Sul.

“Se os animais ficarem sol-tos, vier uma invernada grande e eles tomarem chuva, o risco é fatal, pois eles ficam com pneumonia. Já quando a esquila é a martelo não tem este problema, pois os animais ainda ficam com cerca de dois a três centímetros de lã, que vai protegê--los do frio”, explica.

Apesar de ter aprendido a profissão manualmente, com o sur-gimento da máquina de esquilar, José Daniel logo descobriu como utilizá-la. “Aprendi a realizar o ser-viço utilizando a esquila a martelo. Meu pai trabalhou mais de 40 anos em uma fazenda, então me criei des-de pequeno lá e aprendi toda a lida de campo com ele. Quando tive que passar da tesoura para a máquina não achei difícil, porque a técnica é praticamente a mesma, só precisa ter mais cuidado”.

José Daniel também afirma que o equipamento tem vantagens. O tempo gasto para finalizar o ser-viço é a principal delas. “Na esquila a martelo eu finalizo em torno de 30 ovelhas por dia, já com a máquina, consigo esquilar mais de cem ani-mais diariamente”.

Atualmente, o profissional re-side na Bahia, mas, frequentemente, vem até Goiás, para esquilar as ove-lhas disponíveis na região. O preço pago pelo serviço fica em torno de R$ 5 por ovelha. A remuneração é baixa e ele afirma que em Goiás não é possível sobreviver da profissão.

Já na região Sul ele acredita que ainda é possível apostar na ati-vidade como fonte de renda. “Lá tem a época certa de esquilar e, além de receber pelo serviço, também é pos-sível vender a lã, que deve estar em torno de R$ 30 a peça”, conclui.

Esquilador: profissão quase extintaModernização dos equipamentos dispensa a presença do profissional

José Daniel Barbosa Darde, esquilador

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Brachiaria ruziziensisIntegração Lavoura-Pecuária (ILP)

faz a diferença na

O nome é bastante co-nhecido, os benefícios, porém, nem tanto, pelo menos, em algu-mas regiões do país,

à exceção de Mato Grosso, onde a Integração Lavoura Pecuária (ILP) já é implantada em larga escala e com resultados satisfatórios. No Mato Grosso do Sul o sistema também tem destaque e, na modalidade de rotação, o estado é um dos pioneiros em ILP, principalmente, devido ao incentivo de entidades como a Fun-dação – MS, a Embrapa Dourados e a Embrapa Gado de Corte.

A integração do plantio de culturas anuais com o plantio de forrageiras, para a exploração da pe-cuária de corte ou de leite, também pode ser uma opção para os produ-tores que atuam nas áreas do cerra-do, como em Goiás, por exemplo.

Como explica Matheus Lima, engenheiro agrônomo, o plantio da Brachiaria ruziziensis, em áreas onde são cultivadas outras culturas, como soja e milho, pode ser realizado

em duas situações. A primeira delas é quando o produtor não vai realizar a segunda safra. “Neste caso, será feita uma sobressemeadura na área de soja e as sementes de braquiária devem ser lançadas quando a soja começar a amarelar”, pontua.

Mesmo que o produtor opte por realizar a segunda safra, cul-tivando milho, não precisa abrir mão da braquiária. Nesta situação, o plantio da forrageira pode ser no momento de realizar a adubação, ou seja, as sementes podem ser mistu-radas no adubo. O produtor também pode colocar uma linha de milho e outra de sementes de braquiária ou, ainda, jogar as sementes antes e, de-pois, plantar o milho por cima.

“Várias pesquisas realizadas pela Embrapa avaliaram se o culti-vo de braquiária junto com o milho pode resultar na queda de produtivi-dade do grão, mas, pelo contrário, os resultados mostraram que as produ-ções aumentaram quando há o culti-vo da forrageira”, garante Matheus.

Segundo o engenheiro agrô-

nomo, no consórcio do milho com a braquiária, o produtor terá um custo de, aproximadamente, R$ 35 por hectare. Já quando o produtor substitui a segunda safra pelo culti-vo da forrageira, o custo será maior, em virtude da necessidade de uma quantidade maior de sementes para ocupar a área, ficando em torno de R$ 70 por hectare.

As vantagens do sistema de ILP com a utilização da Brachiaria ruziziensis são inúmeras. A primeira delas é que o produtor vai garantir uma alimentação de qualidade para o gado no período da seca, resultan-do no ganho de peso real. “Como é um pasto que vem de uma área de soja, ele é rico em nitrogênio e pos-sui alto teor de proteína, sem contar a redução de custos, já que a cria-ção de gado a pasto é mais barata do que em confinamento, reduzindo, também, a necessidade de máqui-nas e de mão de obra”, pontua Ma-theus.

A formação de palhada de qualidade é outro benefício da for-

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rageira e vai garantir a proteção do solo em áreas onde a segunda safra não será cultivada. A braqui-ária também impede o surgimento de plantas daninhas, além de reter maior umidade no solo, diminuindo os efeitos do estresse hídrico, bene-fício que poderá ser notado na cultu-ra seguinte, ou seja, na soja que será plantada sobre a palhada.

É neste momento que a efi-ciência da Brachiaria ruziziensis é notada, por possuir um sistema radicular agressivo, superando a profundidade de dois metros, na maioria dos casos. O fato de a planta apresentar um contínuo crescimen-to radicular também contribui com a descompactação do solo e com a recuperação do potássio lixiviado.

Além disso, ao ser desseca-da, a forrageira possui alta capacida-de de produção de matéria orgânica, fator positivo para o solo. Porém, Matheus destaca que é importante dessecar a braquiária, no mínimo, 25 dias antes do plantio da cultura subsequente, para evitar quaisquer problemas com Nematóides ou Aleloplatia. “A braquiária apresenta todos esses benefícios secundários e ainda produz dinheiro no sistema de pastagem, engordando o boi no pasto”, enfatiza Matheus.

Há anos o empresário e agro-pecuarista Antônio Roberto de Lima segue à risca as recomendações téc-nicas para utilização da Brachiaria ruziziensis. O resultado foi positivo e hoje ele comercializa sementes de alto padrão para produtores rurais que buscam resultados verdadeiros, tanto no sistema de consórcio com o milho, quanto na sobressemeadura

na cultura da soja.De acordo com Matheus, os

custos para investir no cultivo da forrageira são baixos e se tornam ainda menores quando as sementes são adquiridas de produtores regis-trados junto ao Ministério de Agri-cultura e Pecuária, ficando cerca de 30% mais baratas. “As sementes provenientes de produtores registra-dos também são mais puras e ana-lisadas antes da comercialização”, afirma.

Devido aos benefícios do plantio da Brachiaria ruziziensis, a procura pela forrageira vem aque-cendo a cada temporada, inclusive, despertando a curiosidade de so-jicultores que visam o controle do mofo-branco (Sclerotinia sclerotio-rum) e que utilizam a gramínea, jun-to com o fungo Tricoderma, como elemento supressor do patógeno, combatendo de maneira natural o aparecimento da doença.

“Se observarmos o custo por hectare, a utilização da forrageira fica em conta. Com custo baixo e di-versos benefícios, investir no plantio da ruziziensis é apostar na lucrati-vidade”, relata Matheus Lima, que divide com o pai e o irmão, a admi-nistração da agropecuária, onde as sementes de braquiária podem ser encontradas.

A utilização da Brachiaria ruziziensis no sistema de integração lavoura-pecuária é eficaz, barata e lucrativa, além de beneficiar ambas as atividades, seguindo os pilares da diversificação, rotação, consor-ciação ou sucessão das atividades agropecuárias.

Estudo publicado pela Embrapa, no ano de 2009, em uma Circular Téc-nica da instituição, mostrou que o plantio de Brachiaria ruziziensis,

sobre a palhada de soja, é uma prática cul-tural adequada ao manejo do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum). A doença ataca culturas como soja, feijão e algodão e é con-siderada altamente destrutiva. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universida-de Federal de Goiás/Campus Jataí, em par-ceria com pesquisadores da Embrapa.

A contaminação com mofo-branco se dá, principalmente, por sementes in-fectadas e a doença pode permanecer no solo por tempo indeterminado, por meio de estruturas denominadas escleródios, que aumentam a cada plantio de culturas hos-pedeiras. No ensaio realizado pelos pesqui-sadores, foi identificado que no manejo de controle utilizando a braquiária 80,1% dos escleródios estavam mortos, já no trata-mento sem a forrageira, esta porcentagem cai para 41,91%.

De acordo com o estudo, a desse-cação da forrageira forma uma palhada de volume adequado e decomposição mais lenta, em comparação com outras espé-cies. A mesma vai agir como uma barreira física, reduzido a formação das estruturas responsáveis pela produção dos esporos causadores do mofo-branco, denominadas apotéticos do Sclerotinia sclerotiorum.

Braquiária também é eficiente no controle doMOFO-BRANCO

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ArtigoCleverson Luiz Felippi

Laercio Domingues

Gerente Regional de Vendas Nitral Urbana Laboratórios Ltda.

Gerente Técnico Nitral Urbana Laboratórios Ltda.

Inoculante Gelfix GramíneasTecnologia biológica de fornecer nitrogênio para o milho

A capacidade de fixação bio-lógica de nitrogênio do Azospirillum brasilense (bactéria que está pre-sente no Inoculante Gelfix Gramí-neas) se deve a presença da enzima nitrogenase que atua na reação da redução de N2 atmosférico (não as-similado pela planta) em NH4

+ que é uma das formas absorvida pelas plantas. Estas bactérias são orga-nismos endofíticos facultativos que colonizam tanto o interior quanto a superfície das raízes (não formam nódulos). Apresentam boa compa-tibilidade com fungicidas e inseti-cidas comumente usados no trata-mento de sementes de milho e não sofrem inibição significativa com adubação acentuada de N na base (até 40 kg/ha de N) como ocorre com bactérias fixadoras de nitrogênio em leguminosas. Quanto à forma de uso, tanto a aplicação nas sementes como no sulco de semeadura (utili-zar o dobro da dose) se mostraram eficientes. (Sandini e Novakowiski, 2011). Também temos resultados preliminares indicando que a aplica-ção foliar também é uma alternativa

tecnicamente viável. Em experimentos realizados

em Primavera do Leste – MT obser-vou-se que a inoculação do milho com Gelfix Gramíneas (Azospirillum brasilense, Estirpe BR – 11005, sp 245) resultou em um incremento to-tal de 10% no teor de N no tecido ve-getal – somando o aumento na folha e na raiz (Pelotto, 2010). Em experi-mentos de produtividade realizados pela Embrapa Dourados (Figura 1) pode-se observar que a cultura res-pondeu ao Gelfix Gramíneas mesmo utilizando adubação nitrogenada mineral, comprovando que houve aporte de N durante o ciclo da cultu-ra fornecido pela Fixação Biológica.

Já na Safrinha de 2011, em experimento realizado pela Funda-ção Mato Grosso (Figura 2), obser-vou-se que o uso de Gelfix Gramí-neas sem adubação de cobertura (Tratamento 3), resultou em acrés-cimo de 3,2 sacas ha-1 em relação a testemunha. Já o tratamento com Gelfix Gramíneas + 30 kg ha-1 de N em cobertura (Tratamento 4) pro-duziu 1 saco ha-1 a mais que o tra-

tamento onde somente foi aplicado 60 kg ha-1 de N em cobertura. Isso mostra a eficiência do Azospirillum brasilense Estirpe BR – 11005, sp 245 (bactéria presente no Gelfix Gra-míneas) em fixar N, com capacidade de suplementar o fornecimento des-te elemento para a cultura ou, até mesmo, um potencial experimental de substituir em até 50% o forneci-mento de fertilizantes nitrogenados, dependendo do potencial produtivo almejado. O tratamento 5 foi o que apresentou maior produtividade e eficiência econômica, com incre-mento de 16,7% em relação a teste-munha. Neste estavam combinados o Gelfix Gramíneas no Tratamento de Sementes + 30 kg ha-1 de N em cobertura + 3 litros ha-1 de NFix (fer-tilizante líquido com 39% de nitro-gênio na formulação).

Além dos efeitos de FBN, outras características apresentadas pelas plantas principalmente fisio-lógicas são atribuídas à inoculação com bactérias desse gênero. Na ino-culação das sementes de milho e de outras gramíneas, com Azospirillum

Eficiência Agronômica da Inoculação de Azospirillum brasilense na cultura do Milho

Saca

s/h

a

Testemunha

67,7

86,8 88,8 92,5

Azos + Fung + Ins

Figura 1: Eficiência agronômica da Inoculação de Azospirillum brasilense no rendimento da Cultura do Milho. Safrinha 2009 – Dourados – MS (Adaptado Embrapa Dourados, 2009).

Azos + 50 kg N100 kg de N

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brasiliense tem-se observado um maior desenvolvimento da cultura, um aumento no volume e na matéria seca de raízes, no peso seco da parte aérea e, consequentemente, um au-mento na taxa de acúmulo de maté-ria seca. Esses efeitos adicionais do

Azospirillum brasiliense nas plantas são atribuídos à produção, pela bac-téria, de substâncias promotoras de crescimento ou fitormônios.

Logo podemos concluir que com a utilização do inoculan-te Gelfix Gramíneas, teremos um

aporte de Nitrogênio para a cultura durante todo o ciclo e promovere-mos um maior desenvolvimento radicular, aumentando a densidade dos pelos absorventes, o número e o volume das raízes laterais, o que resultará em uma maior absorção de nutrientes e uma maior resistência das plantas ao estresse hídrico. Em Jataí, o inoculante Gelfix Gramíneas pode ser encontrado na revenda Sa-fra Forte.

Figura 2: Produtividade de Milho Safrinha com Inoculante Gelfix Gramíneas (Azospirillum brasilense). Híbrido DOW 2B688. Estação Experimental Cachoeira, Itiquira - MT- Safrinha 2011 (Adaptado Fundação Mato Grosso, 2011).

“Com a utilização do inoculante Gelfix Gramí-neas, teremos um aporte de Nitrogênio para a cultura durante todo o ciclo e promoveremos um maior desenvolvimento radicular”

Revenda Nitral Urbana

Tratamentos1- Testemunha (sem inoculante + 0 Kg ha-1 de N em cobertura);

2- Sem Inoculante + 60 kg ha-1 de N em cobertura3- Com Inoculante + 0 kg ha-1 de N em cobertura4- Com Inoculante + 30 kg ha-1 de N em cobertura

5- Com Inoculante + 30 kg ha-1 de N em cobertura + 3L NFix via foliar (V4)

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RALLYno cerrado matogrossense

Municípios de Querência e Canarana, no Vale do Araguaia, são cenários de rally técnico que busca levar ao produtor informações qualificadas e de tendências do

setor. Goiás, Tocantins e Maranhão também vão receber etapas do projeto

Em Querência, o Rally foi realizado no dia 09 de dezembro e reuniu cerca de 50 produtores. Um comboio de 25 caminhonetes que-brou o clima de tranquilidade das estradas rurais que cortam proprie-dades de soja e milho do município. Alguns participantes viajaram mais de horas para integrar o comboio. Foi o caso de produtor de soja Arlin-do Osalen, do município de Gaúcha do Norte. O catarinense vive no Vale do Araguaia há mais de duas déca-das e, junto com os dois filhos, cuida de uma área de mil hectares. “Quase não temos eventos desse tipo por aqui, que trazem novidades para o produtor. Precisamos nos atualizar”, afirmou.

Sustentabilidade – A eta-pa de Querência teve início com uma palestra de Marco Antônio Conejero, professor do Ibmec e consultor da Price Water House Coopers. A temá-tica principal do evento, “Soluções sustentáveis e integradas para o agronegócio”, pautou as discussões. O professor explicou que o mercado está exigindo cada vez mais que o agricultor produza de forma ade-quada e afirmou que o campo deve estar preparado mesmo antes que a sustentabilidade seja exigida por lei. Ele afirma que para isso são neces-sárias parcerias entre produtores, empresas e cooperativas. “É preciso disseminar informações do que está acontecendo no campo, investir em infraestrutura, preparar o produtor

por meio de treinamento e identi-ficar a as necessidades de cada re-gião produtiva”, explica Conejero.

Na estrada – Acompanha-dos de técnicos, parceiros, forne-cedores e jornalistas, os produtores visitaram também campos experi-mentais em propriedades da região, onde conheceram seis unidades de-monstrativas com novas tecnologias e acompanharam in loco o que está sendo desenvolvido. Ao final do dia, o comboio havia percorrido mais de 100 km entre os municípios de Querência e Canarana. “Foi um dia muito produtivo. Os participantes ti-veram acesso a muitas informações novas e a propriedades que eles não conheceriam sozinhos”, disse o CEO da Ceagro, Paulo Fachin.

Milho Verão – Com pouca tradição na região, o milho de verão foi um dos destaques da programa-ção. Entre as vantagens do plantio do cereal na primeira safra, segundo os técnicos, estão a descompacta-ção do solo e o equilíbrio químico com o aumento da matéria orgâ-nica. Os produtores conheceram ainda uma área degradada, que era voltada à pastagem e hoje está sen-do restaurada para com o cultivo de soja e milho. “A recuperação desse tipo de área é um investimento em longo prazo. Já estamos pensando

•Querência

1 ª etapa do Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, em Querência-MT

Por Karina Kanashiro

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Aventura, informação e troca de experiências. Esses são os ingredientes principais do Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12, que teve início em dezembro do ano passado no muni-

cípio de Querência, no Mato Grosso. O evento técnico foi o primeiro de uma série de cinco que serão realiza-dos até o início do mês de março, movimentando a roti-na de produtores de grãos dos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Maranhão.

nos nossos filhos. Para mim, isso é sustentabilidade”, disse o jovem produtor rural Fabiano Brunetta.

Canarana - Durante o de-senvolvimento da safra, até o mês de março, o Rally Ceagro/Expedi-ção Safra 2011/12 vai realizar cinco eventos de campo. A próxima etapa será em Canarana, Mato Grosso, no dia 26 de janeiro. O dia de campo iti-nerante promete ser bem dinâmico, com a realização de uma palestra e seis visitas de campo em proprieda-des localizadas nos municípios de Canarana, Água Boa e Xavantina. Em cada uma delas será montado um estande para receber os partici-pantes e serão discutidos assuntos relevantes à região. “Vamos levar palestras e assuntos que realmente

interessem ao produtor, que possam ser aplicados em suas proprieda-des”, afirma Cassiano Prado, gerente comercial da Ceagro.

A palestra de abertura será com a economista Vanessa Nardy, do Centro de Inteligência do Agro-negócio da Price Water House Co-opers, sobre a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Durante o dia os produtores rurais vão conhe-cer cultivares super precoces, com maior adaptação para o sistema soja/safrinha; variedades resistentes aos principais tipos de lagartas; cul-tivares que prometem mais ramos produtivos; entre outros assuntos relacionados. A programação terá início às 8 horas, em Canarana, e o encerramento está previsto para as 18 horas, em Nova Xavantina.

• Rally Ceagro/Expedição Safra 2011/12Os cinco eventos técnicos de

campo são resultado de uma alian-ça estratégica entre a Ceagro Grupo Losgrobo e o Agronegócio Gazeta do Povo, que somam esforços de know-how e expertise com foco no desenvolvimento tecnológico e sus-tentável do agronegócio brasileiro. A iniciativa conjunta tem como área de abrangência as regiões Centro--Oeste e Centro-Norte do país, onde estão as grandes fronteiras agríco-las do Brasil, mas especificamente os estados do Mato Grosso, Goiás,

Piauí, Tocantins e Maranhão. Entre técnicos, produtores e representan-tes das empresas parceiras dos dois projetos, a expectativa é impactar diretamente mais de 400 pessoas somando todas as etapas. Em sua maioria, multiplicadores das ações e informações que serão desenvolvi-das nas palestras e na programação de campo.

“A intenção dos grupos é aliar conhecimento e experiência na promoção de ações com conteú-do diferenciado”, explica o gerente

de agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Sa-fra, Giovani Ferreira. Segundo ele, a pretensão é orientar e auxiliar o produtor na tomada de decisão, falar de tendências e propiciar o contato com novas tecnologias de cultivo. Ao lado da maior capilaridade no campo e do reforço no relaciona-mento com a cadeia produtiva, a transferência de tecnologia está en-tre os principais ganhos da parceria.

Município / Estado Data

Querência (MT)(Realizado)

Canarana (MT)

Goiatuba (GO)

Guaraí (TO)

Balsas (MA)

09/12/2011

26/01/2012

09/02/2012

01/03/2012

08/03/2012

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Maracujáconquista agricultura familiar

O consumo de maracujá traz diversos benéficos para saúde. De acor-do com a nutricionis-ta Juliana Guimarães

Gouveia, a parte branca da casca da fruta é rica em substâncias como pectina, niacina (vitamina B3), fer-ro, cálcio e fósforo. “A niacina atua no crescimento e na produção de hormônios, previne problemas gas-trointestinais, melhora a ansiedade, ajuda no crescimento das crianças, protege as paredes do estômago e ajuda a diminuir a taxa de açúcar no sangue”, enumera.

As fibras encontradas na fru-ta também podem prevenir doenças cardiovasculares, câncer de colón, diabetes e obesidade. “Já a pecti-na, quando ingerida, se transforma numa espécie de gel não digerível, que provoca sensação de saciedade e é responsável por inibir a absorção de gorduras encontradas em alguns

alimentos, sendo eficaz em dietas alimentares restritivas de calorias”, acrescenta.

Mas, entre tantos benefícios, a principal característica atribuída à fruta pelo senso comum é de que o maracujá é um calmante natural. Segundo a nutricionista, a sabedoria popular tem fundamento e a fruta realmente possui propriedades cal-mantes em sua composição. “O ma-racujá possui algumas vitaminas e sais minerais que atuam diminuindo o estresse e a ansiedade nos seres humanos”, explica.

No entanto, as propriedades calmantes do maracujá vão além dos benefícios para o organismo, pelo menos no caso dos agricultores da Associação São Domingos, em Jataí, que a partir do cultivo da fru-ta conseguiram, também, acalmar a situação financeira ao complemen-tarem o orçamento com mais uma fonte de renda: a comercialização da fruta, in natura e em polpa.

O cultivo começou há cerca de dois anos, impulsionado pelo de-sejo da agricultora Margarett Apa-recida Rabelo. “Vi uma reportagem sobre a fruta e, desde então, decidi que era no cultivo do maracujá que

eu queria investir”, afirma.Ela conta que, no início, hou-

ve resistência por parte dos demais produtores da Associação, inclusive do esposo, que acreditava que apos-tar na cultura não seria uma boa alternativa. “Mas, fomos em frente com o projeto e as pessoas perce-beram que era uma boa ideia e logo começaram a plantar também”.

Margarett cultiva a fruta em um dos nove hectares que possui. A área abriga cerca de 800 pés de ma-racujá. A comercialização da fruta in natura é feita, principalmente, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, do governo federal, que compra a produção de agricultores familiares.

Já a polpa é vendida por en-comenda e preparada horas antes de chegar às mãos do consumidor, que recebe o produto fresquinho, como garante Margarett. Apesar de existir a preocupação com a qualidade da mercadoria, a polpa é transportada fresca porque Margarett não pos-sui energia elétrica na propriedade, evitando que o produto possa ser preparado com antecedência e ar-mazenado no freezer, o que garanti-ria a conservação. “O que mais falta para podermos trabalhar melhor é a energia”, reclama.

Márcio Ferreira Batista tam-bém decidiu investir na fruta e, atualmente, cultiva 600 pés de ma-racujá. O produtor garante que o in-vestimento já está trazendo retorno. “Na última colheita consegui 50 qui-los da fruta em cada pé”, comemora.

Assim como Margarett, o produtor comercializa a fruta in na-tura e em polpa. A venda é realizada na Feira Municipal. “No dia da feira consigo vender de 10 a 15 sacos de maracujá. A polpa sai por cerca de

“Pode ter o problema que for, mas eu não paro de plantar maracujá”

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Por Tássia Fernandes

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R$ 2, na embalagem com 350 gra-mas, e a fruta eu vendo em torno de sete unidades por R$ 2”.

O produtor está certo de que o cultivo da fruta é promissor. “Pes-quisamos e percebemos que o in-teresse pelo maracujá tem crescido e, por isso, resolvi aumentar a área cultivada. A fruta é rústica, o que me faz acreditar que seja uma atividade segura”. Márcio destaca que o se-gredo do cultivo é estar sempre de

olho nas plantas, para identificar, o quanto antes, qualquer alteração que possa surgir.

Margarett concorda e afirma que a cultura requer atenção. “O

cultivo do maracujá é como se fosse um casamento, você não pode plan-tar e abandonar, é preciso ter muito cuidado. Mas é muito bom lidar com a fruta”.

• Manejo da culturaO maracujá pertence ao gê-

nero Passiflora, que é formado por 24 subgêneros e 465 espécies. De acordo com recomendações da Em-brapa, o plantio da fruta deve ser realizado na época das chuvas, mas, em condições de irrigação, pode ser realizado em qualquer época do ano. Já a colheita poderá acontecer de seis a nove meses após o plantio, dependendo da região e das condi-ções climáticas.

Para a obtenção de uma boa produtividade, a polinização é uma prática importante na cultura do maracujá. Os insetos polinizadores são aqueles que realizam a transfe-rência de pólen entre as flores e, para esta atividade, as mamangavas são

consideradas as mais eficientes.Onde não há presença de

insetos, é preciso realizar a polini-zação artificial, pois, de acordo com a Embrapa, a polinização realizada pelo vento não traz bons resultados quando se trata do maracujá, já que os grãos de pólen da fruta são gran-des e viscosos. “Aqui na Associação somos beneficiados com a presença das mamangavas, então não pre-cisamos nos preocupar com esta questão”, pontua Márcio.

Para aprender a lidar com o maracujá e também com as demais variedades cultivadas na proprieda-de, Márcio, Margarett e os demais moradores da Associação São Do-mingos realizam, constantemente,

cursos profissionalizantes disponibi-lizados, principalmente, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O sistema de irrigação, a adubação, o controle de pragas e doenças e outros detalhes foram planejados com base nos conheci-mentos obtidos nos cursos.

Em relação à irrigação, por exemplo, Márcio esclarece que a cultura não necessita de muita água e, por meio de gotejamento, ele molha a área duas vezes por se-mana, durante cerca de uma hora. “No curso aprendemos a calcular a quantidade de água que cai em um determinado espaço de tempo. Du-rante uma hora cai em torno de nove litros de água”, afirma.

“Estou com 600 pés de maracujá e na última colheita consegui 50 quilos da fruta em cada pé.

O interesse pelo maracujá tem crescido e, por isso, pretendo aumentar a área cultivada”

Márcio Ferreira Batista, produtor rural

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Mas, nem tudo o que é aprendido é realizado ao pé da letra. Márcio conta que durante um dos cursos ministrados foi ensinado que era preciso podar os ramos ladrões, aqueles que apresentam crescimen-to vertical superior aos demais. No entanto, com o tempo, o produtor observou que a atitude prejudicava a cultura, já que as frutas ficavam descobertas. “O excesso de sol é um dos fatores que pode resultar na perda de produção, por isso, decidi não retirar os ramos ladrões. No meu caso eles têm a finalidade de prote-ger o maracujá do sol”, esclarece.

O que foi ensinado com ou-tras finalidades também é colocado em prática no cultivo do maracujá.

Para isso, a observação e a experi-ência são parceiras dos produtores. “Você aprende um tipo de coisa e vai aprimorando, por exemplo, fiz o curso de horta orgânica e o que eu aprendi utilizei no maracujá”.

Márcio se refere à utiliza-ção de adubos e defensivos prepara-dos na propriedade com substâncias que não são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Dentre eles estão os biofertilizantes, como os estercos; a calda bordalesa, produzida com sul-fato de cobre e cal virgem; e calda sulfocálcica, preparada com cálcio e enxofre dissolvidos na água, que age como fungicida e também combate insetos sugadores e brocas.

Ainda assim, Márcio afir-

ma que alguns produtos químicos precisam ser adquiridos para com-plementar o tratamento da cultura e, segundo Margarett, aqueles es-pecíficos não são encontrados no município, o que acaba sendo uma dificuldade para os agricultores. “Quando precisamos comprar algo, nos reunimos, compramos uma quantidade maior e depois dividi-mos o produto, já que é muito caro”, pontua.

Em relação às doenças e pragas, existem várias que atacam o maracujazeiro, mas, na Associação São Domingos, as mais evidentes são aquelas causadas por fungos, como a antracnose (Colletotrichum gloesporioides Penz) e a verrugose (Cladosporium spp). Entre as pra-gas, a abelha é uma das principais.

Apesar dos problemas que surgem, os agricultores seguem fir-me no cultivo da fruta. “Pode ter doença, o problema que for, mas eu não paro de plantar maracujá. Sou apaixonado pelo maracujá”, afirma Márcio.

• FuturoA paixão pela fruta é tama-

nha que os agricultores já estão pla-nejando dar um novo passo. Como a maioria dos moradores da Associa-ção cultiva maracujá, a pretensão agora é reunir a produção para dar início à industrialização de polpas. “A Associação São Domingos é a terra do maracujá, ao todo temos sete hectares cultivados com a fru-ta. Pretendemos adquirir uma des-polpadeira e montar uma estrutura

de produção na cidade”, explica Márcio.

A expectativa é de que den-tro de um ano a pequena fábrica já esteja instalada. “Precisamos me-lhorar, não podemos viver sempre da mesma maneira. A pretensão é continuar investindo no maracujá, porque até hoje tem dado lucro”, destaca o agricultor.

Apesar de querer melhorar, Márcio garante que não vai aban-

donar as origens e vai continuar comercializando a fruta in natura, na Feira Municipal. “Quando você começa a ser feirante, nunca mais quer deixar a profissão. No domingo que eu não vou à feira, fico sempre com a sensação de que está faltan-do alguma coisa. E, além de tudo, eu não posso deixar de ir porque eu sou o homem do maracujá, todo mundo que me conhece me chama assim”, afirma satisfeito.

Agricultores decidem investir na fruta que tem trazido bons rendimentos e pretendem partir para a industrialização de polpas, a partir da aquisição de uma despolpadeira. A expectativa é de que dentro de um ano a fábrica já esteja instalada.

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Jataí está no topo do Ranking de Produção de Leite do Estado de Goiás, segundo a Pesquisa Pecu-ária Municipal, divulgada

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O primeiro lugar foi garantido devido à produção de 119,256 milhões de litros de leite em 2010, o que dá uma produção média diária superior a 326 mil litros. Já na listagem de vacas ordenhadas, o município ocupa o quarto lugar, com 47.040 mil cabeças, ficando atrás de Morrinhos (90.500), Piracanjuba (77.500) e Orizona (50.000), respecti-vamente, sendo o total de 2.479.869 milhões de cabeças em Goiás. A produção no Estado chegou a mais de três bilhões de litros em 2010.

O investimento em tecnolo-gias e a qualidade dos rebanhos são alguns dos motivos que levaram o município a ocupar o primeiro lugar no Ranking, segundo Carlos Henri-que Miranda, secretário municipal de agricultura e pecuária de Jataí. Para o presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Federação de Agricultura e Pecuária de Goi-ás (Faeg), Antônio da Silva Pinto, a melhoria genética do rebanho e o trabalho de assistência que é de-sempenhado na região contribuíram

PRODUÇÃO LEIT EIRAInvestimento = resul tado positivo

Produção diária de Jataí supera os 326 mil litros

com a classificação.Ambos também destacam o

fato do município ser um dos maio-res produtores de grãos do Estado, matéria-prima utilizada na alimen-tação dos bovinos, o que facilita e reduz os custos da atividade. “Cin-co produtores de Jataí representam 40% da produção de leite do muni-cípio e todos eles são empresários e produtores de grãos. A tendência em algumas regiões do Estado é de que a atividade fique concentrada nas mãos de produtores de grãos”, afirma Antônio da Silva Pinto.

A classificação é relevan-te para a economia de Jataí, já que tudo o que é produzido no município contribui com o aumento da receita. Segundo o presidente da Comissão, 90% do lucro da comercialização do leite é investido no próprio municí-pio.

Fernando Baraldi Lopes, produtor rural e médico veteriná-rio, consultor em pecuária leiteira concorda. “A colocação é muito importante e acaba estimulando os próprios produtores de Jataí a pro-duzirem mais. Também atrairá in-vestimentos de novas empresas que atuam no mercado de leite. Acredito que a tendência seja de crescimento da produção”, afirma.

Segundo Fernando, o núme-ro de produtores de leite diminui a cada ano, mas os produtores tra-dicionais estão sempre realizando investimentos e aqueles que estão entrando na atividade agora têm uma visão diferente a respeito do negócio. “O objetivo tem sido pro-duzir com tecnologia e em alta es-cala. Dos dez maiores produtores do município, em torno da metade está trabalhando com leite há menos de seis ou oito anos. Quem entra na ati-vidade, entra para produzir. O “tira-dor de leite” está deixando de existir e aqueles com baixa escala de pro-dução só permanecerão na ativida-de no caso da agricultura familiar”, destaca.

Fernando trabalha com a pe-cuária leiteira há cerca de 18 anos, junto com o pai Ubiraci Pedro Lopes. “Desde que iniciamos com a produ-ção de leite nossa propriedade re-cebe investimentos constantes, nos últimos anos os principais foram em equipamentos de ordenha e refrige-ração, pastagem, cochos, máquinas, galpões, em animais e sêmen de melhor qualidade”, enumera. O re-banho de Fernando é formado por Girolandos, com grau sanguíneo 7/8 e 15/16, poucos Girolandos 3/4 e al-guns animais da raça Jersey.

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Por Tássia Fernandes

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PRODUÇÃO LEIT EIRAInvestimento = resul tado positivo

De acordo com Fernando Ba-raldi, a média de produção da pro-priedade não é o que determina o sucesso da atividade. “A média é im-portante dentro do sistema, mas não é tudo. Atualmente estamos com a média de 18 kg por vaca/dia, porém, com um DEL (Dias Em Lactação) em torno de 220 dias”. Segundo ele, isso acontece devido à concentração de partos no início do período da seca. “Em torno de 80% das matrizes tem o parto concentrado em três meses, iniciando no final de abril”.

O produtor afirma que o re-banho tem potencial para médias de produção entre 25 e 30 kg por vaca/dia, mas destaca que a falta de chuvas prejudicou a atividade, com a redução de crescimento dos pas-tos. “Hoje estamos produzindo 2.200 litros de leite/dia. A previsão para 2012 é de que no meio do ano a pro-dução seja de 3.500 litros e no final do terceiro trimestre seja de, aproxi-madamente, 4.000 litros”.

Para o produtor Antônio Ademar dos Santos, alta produção também não é sinônimo de bons rendimentos. “O lucro depende do manejo”. Segundo ele, vacas que produzem 50 kg de leite/dia podem trazer prejuízos para o produtor se os custos com a alimentação do ani-mal forem elevados. “Às vezes você tem uma vaca que produz 15 kg por dia e te dá lucro, principalmente, se for criada a pasto, já que o custo de produção será menor”.

A média de produção de An-tônio é de 5.000 kg de leite/dia, mas a meta do produtor é atingir 10.000 kg/dia. “É uma questão estratégica, pensando em investimentos futuros. A minha estrutura física já permite atingir a meta e já tenho 70% do rebanho para isto, porém, não pre-tendo adquirir mais animais e sim trabalhar a genética do gado”.

• Produção

Antônio Ademar dos Santos, produtor rural e empresário

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Fernando Baraldi pontua que quem deseja entrar para o ramo precisa de três pré-requisitos. “O primeiro é a dedicação, o segundo é o planejamento e o terceiro é a capa-cidade de investimento. O restante são detalhes dentro do sistema de produção”. Para ele, caso a atividade seja desempenhada com dedicação e profissionalismo pode ser uma op-ção positiva para o produtor rural. “Do contrário, ele só irá acumular prejuízos, como ocorre com várias pessoas”.

No momento de dar início à atividade, o produtor tem duas op-ções de manejo, ou trabalha com o gado confinado, ou a pasto. Segun-do Antônio Ademar dos Santos, não existe uma opção mais viável para ser indicada. “O melhor manejo é aquele que dá mais lucro. De repen-te um produtor tem lucro no cocho e outro na pastagem, vai depender da

Além de comercializar a ma-téria-prima, Antônio também pre-tende disponibilizar matrizes para o mercado. “Quando a produção de leite está em alta, muitos produtores decidem investir na atividade, a pro-cura por matrizes aumenta e é nessa hora que eu quero ter o produto para oferecer. Temos que aproveitar as oportunidades, porque a atividade é oscilante”.

Jersolando e Girolando são as raças que Antônio deseja comer-cializar. O Jersolando é o produto do

estrutura que ele possui. Cada um deve adequar o manejo de acordo com suas possibilidades”, explica.

O produtor sempre traba-lhou com o gado confinado, mas, agora, pretende passar para o semi-confinamento. “Às vezes você preci-sa readequar a estrutura e o manejo em virtude das intempéries que a natureza te oferece. Meu problema com o cocho é o barro e a lama, que na época das chuvas dificulta a ati-vidade”. A partir deste ano, o gado ficará no pasto durante as chuvas e,

cruzamento do Jersey com o Holan-dês. “O resultado é um animal de porte médio, com a rusticidade e os sólidos do Jersey e a capacidade produtiva do Girolando”. Segundo o produtor, o mercado remunera me-lhor o leite que possui mais sólido, ou seja, mais proteínas e gorduras e, por isso, o Jersolando é uma boa opção. “Já o Girolando, é o gado que o mercado mais absorve, por isso, estou investindo na produção de matrizes da raça”, afirma.

A classificação no Ranking

na época da seca, volta para o confi-namento.

Para levar o gado para o campo, o produtor precisou inves-tir nas reformas de pastagem, com o propósito de garantir alimenta-ção de qualidade e em abundância para o gado. “Estamos investindo na pastagem com Tifton e ampliando a área cultivada com a variedade, que é tão boa quanto o Mombaça e ain-da é menos exigente, de fácil manejo e de resposta rápida”.

de Produção de Leite do Estado de Goiás motivou as Secretarias de Agricultura e Pecuária e de Indús-tria e Comércio a procurarem por empresas que trabalham com a in-dustrialização do leite e que tenham interesse em investir no município. De acordo com o secretário, Carlos Henrique Miranda, o objetivo agora é divulgar o potencial produtivo de Jataí, visando atrair novos investi-mentos que possam impulsionar a economia municipal.

• Ingresso na atividade

• Novos rumos

“O primeiro pré-requisito para quem deseja entrar para a atividade é a dedicação, o

segundo é o planejamento e o terceiro é a capacidade de investimento. Se for

desempenhada com profissionalismo, a pecuária leiteira pode ser uma boa opção”,

Fernando Baraldi, produtor rural e médico veterinário

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Mais áreas cultivadas, menos produção

Clima é responsável pela redução dos grãos produzidos na safra 2011/12

Com o início da colheita da safra de verão, novos índi-ces de produção e produ-tividade começam a ser

traçados. Para algumas regiões do país, as previsões são preocupantes, devido à situação climática desfavo-rável que segue desde novembro de 2011. É o caso do Sul, onde a falta de chuva prejudicou o desenvolvimen-to de algumas culturas.

No Rio Grande do Sul, a soja, por exemplo, poderá ter uma redu-ção de produtividade de 15,6% em relação à safra passada. No Paraná a queda de produtividade da cultura poderá chegar a 10,7% e em Santa

Catarina a 7,7%. Os dados são do quarto levantamento de grãos, di-vulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Porém, consultores e analistas de mercado locais consideram que as perdas po-derão ser superiores aos números da Conab.

Na região Centro-Oeste, a estiagem em alguns pontos foi res-ponsável por perdas e replantios, mas, de um modo geral, a Conab classifica a situação climática para os estados de Goiás e Mato Grosso como favorável. A previsão é de que as lavouras goianas produzam 16,10 milhões de toneladas de grãos, co-

locando Goiás em segundo lugar no índice de produção do Centro-Oes-te. A primeira posição é do Mato Grosso, para o qual a estimativa é de que sejam produzidas 31,53 milhões de toneladas de grãos.

A produção total da região deverá ficar em torno de 57,86 mi-lhões de toneladas, o que correspon-de ao aumento de 1,8% em relação à safra passada. Já a produção nacio-nal poderá ter uma queda de cerca de 2,8%. A estimativa é de que se-jam produzidas 158,45 milhões de toneladas de grãos, 4,51 milhões de toneladas a menos do que na safra 2010/11.

• GoiásPara Mozart Carvalho, so-

jicultor e vice-presidente da Fede-ração de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o município de Jataí é o ponto limite para classificar a situ-

ação da safra no Estado.“De Jataí para

cima, ou seja, para o norte, não fo-

ram perce-bidos tantos p r o b l e m a s

com veranico. Mas, se obser-vamos os muni-

cípios que ficam ao sul de Jataí, como Chapadão do

Céu, por exemplo, a situação climá-tica foi mais prejudicial e chegou a faltar chuva por mais de 20 dias em algumas localidades, o que vai com-prometer a produção”, explica.

Já no próprio município, apesar de Jataí ter enfrentado al-guns problemas pontuais no início do plantio, o clima tem sido favo-rável. “A falta de chuva em alguns momentos fez com que os stands de soja não ficassem muito bons. Portanto, acredito que a produtivi-dade da cultura não será igual a do ano passado, que foi muito boa, mas deverá ficar dentro da média histó-rica da região, em torno de 53 sacas

por hectare”. Isso, se o excesso de chuvas no momento da colheita não comprometer a produção.

De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio Carlos Bernar-des, em Rio Verde a falta de chuva também prejudicou o desenvolvi-mento da cultura em algumas áreas onde, normalmente, o problema não acontecia. Ainda assim, a expectati-va é de que a média de produtivida-de seja a mesma da safra passada, que ficou acima de 55 sacas por hectare na região de chapadão e em torno de 52 sacas por hectare nas demais regiões.

Mozart Carvalho, produtor rural e vice-presidente da Faeg40

Por Tássia Fernandes

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• Área cultivadaEm relação à área cultiva-

da, houve uma expansão de 742,3 mil hectares em todo o país. O total deverá ficar em torno de 50,66 mi-lhões de hectares cultivados, o que corresponde ao aumento de 1,5%. O milho verão é a cultura que apresen-ta maior acréscimo em termos per-centuais, 9,1%, o que, segundo a Co-nab, representa uma área recorde de plantio de 8,63 milhões de hectares.

Os estados onde os aumen-tos foram mais significativos são Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. No entanto, assim como a soja, a cultura também foi prejudicada na região Sul, devido à

falta de chuva em fases importantes como floração e frutificação.

Os investimentos maiores no cultivo de milho são decorrentes dos bons preços oferecidos pelo merca-do e da expectativa dos produtores de que o grão fique em alta, como ocorreu na safra passada, quando a saca chegou a ser comercializada por R$ 23 em algumas regiões. Se-gundo o vice-presidente da Faeg, visando uma remuneração satisfa-tória, além de aumentar a área cul-tivada com a cultura, os produtores também investiram mais em aduba-ção e realizaram os tratos culturais corretamente.

Encurtar o ciclo da soja tem sido o obje-tivo dos produtores do nordeste mato grossense para aumentar a renda. Com variedades superprecoces, que podem

ser colhidas em até 90 dias, será possível garan-tir uma segunda safra sem grandes riscos climá-ticos na região.

Ao contrário do que ocorre em outras áreas do Mato Grosso, no Vale do Araguaia, onde estão localizados os municípios de Querência, Canarana, Nova Xavantina e Água Boa, a safra de soja é realizada apenas uma vez por ano. Mas a região é a que apresenta o maior potencial de crescimento da agricultura no estado; e com a recuperação de áreas degradas e o investimento dos produtores em variedades de soja de ciclo mais curto, a tendência é que a região cresça consideravelmente nas próximas temporadas.

De acordo com o IMEA – Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária, na última safra na região, a área de soja aumentou 26%, passando de 72 mil hectares para 90,8 mil hec-tares.

“Com cultivares tardios, com ciclos de 110 dias em média, era quase impossível viabili-zar uma segunda safra”, explica o produtor Eloir Brunetta, do município de Querência. Porém, com a variedade superprecoce, de no máximo três meses, o agricultor passou a cultivar o milho safrinha e no próximo inverno deve plantar 3,5 mil hectares.

O investimento no milho como alternati-va para complementar a renda é uma tendência geral na região. De acordo com fontes locais, a área de milho segunda safra, só no município de Querência, deve ocupar entre 50 mil e 54 mil hectares em 2012, contra 35 mil hectares na sa-fra passada.

O nordeste do Mato Grosso responde hoje por 13% da produção de soja, estimada pela Expedição Safra Gazeta do Povo em 21, 4 mi-lhões de toneladas. Estimativas regionais pro-jetam uma área de 1,5 milhões de hectares com potencial para agricultura no Vale do Araguaia.

Área (Em mil ha)

Safra 2010/11 Safra 2011/12

Goiás

Mato Grosso

Brasil

4.173,4 4.255,4

9.638,8 9.947,1

49.919,0 50.661,3

Produção (Em mil t)

Safra 2010/11 Safra 2011/12

Goiás

Mato Grosso

Brasil

16.126,0 16.103,2

30.949,1 31.535,2

162.958,1 158.446,5

Produtores apostam em soja superprecoce para viabilizar

safrinha de milho

Comparativo de área

Comparativo de produção

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Por Karina Kanashiro

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Sucesso! Assim podemos definir o 2 º Dia-de-Campo realizado em Jataí pela TEC AGRO, em parceria com o agricultor Osvino

Sandri. Novamente, o evento foi pal-co do que há de mais moderno em tecnologias voltadas para a agricul-tura.

O evento foi realizado no dia 13 de janeiro de 2012, contando com a presença de cerca de 230 convida-

dos, entre agricultores e consultores técnicos. Foi feito em parceria com a Sementes Goiás, Bayer Cropscience, Monsanto, Sementes Agroceres e Biosoja, que enriqueceram o evento com informações e novidades, inclu-sive com o que há de mais recente em biotecnologia, o Milho PRO2.

Ainda nesta edição do even-to, os convidados puderam acom-panhar em tempo real o Tratamento Industrial de Sementes no stand da

Sementes Goiás, através da máqui-na de Tratamento Industrial disponi-bilizada pela Bayer.

O evento, que vem se tornan-do tradicional, recebeu ilustres con-vidados, o que é motivo de grande orgulho e demonstra a credibilidade que a TEC AGRO vem conquistando em Jataí.

É a TEC AGRO mais uma vez acreditando na força do campo!

2ºDia de CampoTec Agro/Osvino Sandri

Roberson, Jederson e Miguel

Lauro, Glenio, Fernando e Wilson

Equipe Comercial Grupo Tec Agro

Fernando, Lauro, Alan e Valmir

Magnos, Roberson e Plínio

Renato, Alexandre, Fernando e Reginaldo

Vilson, Fernando, Wilson e Píndaro Ortiz

Dirceu, Arcides, Fernando e Celso Dirceu, Gustavo, Lauro e Werther

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“A Tec Agro está de parabéns pela iniciativa, foi um evento muito completo. Acredito que os Dias de Campo

são importantes, porque, além de apresentarem novas tecnologias, também dão ao produtor a oportunidade de

questionar com os técnicos das empresas fabricantes sobre os produtos que estão oferecendo. Esta é a chance

que a empresa tem de cativar e fidelizar a clientela”

Vitor Gaiardo, produtor rural

www.grupotecagro.com.br

Vitor Gaiardo, Fernando, Wilson, Antônio e Onildo

Márcio, Osvino, Toninho, Dirceu, Ivone e EveraldoDirceu, André e Fernando

Antônio, Dirceu e José Manoel

Lauro e Mauro

Diogo e Lauro José Luiz e Fernando Alleoni e DirceuGislaine, Roberson, Elvardo e Josiane

Antônio Gazarini e Antônio Pimenta

Dirceu, Clodoaldo e Tiago

Elen, Fernando e ErlanDejair e Renata

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O ano de 2011, na opi-nião dos dirigentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), chega

ao fim com números alvissareiros e grandes conquistas para o setor agropecuário. Foi um ano de muitos debates e discussões, produtivida-de recorde, consumo interno e ex-portações crescentes, que exigiram do setor agropecuário não somente a força e a competitividade, mas o dinamismo e a competência neces-sários para continuar produzindo alimentos de qualidade e a baixo custo.

Apesar do baixo dinamismo do cenário internacional em 2011, o Brasil está em boas condições para enfrentar os efeitos da crise mun-dial. As reservas internacionais es-tão em patamares historicamente elevados, o que possibilita contrapor uma fuga de capitais, que favorece uma valorização cambial. A econo-mia nacional, segundo relatório da CNA, passa por um período de desa-celeração e deverá crescer cerca de 3,1% no ano que se finda, enquan-to o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro chegará a R$ 822,9 bilhões, apresentando cresci-mento de 6,12%.

Análises econômicas proje-tam para este ano um crescimento da economia mundial de 4%. Esta previsão de desempenho não parece tão ruim para um mundo em crise, onde as nuvens negras da recessão estão estacionadas sobre o velho continente.

É nítida a demonstração de preocupação do setor do agrone-gócio com os reflexos na economia brasileira da crise econômica que

atinge a Europa, principalmente quanto ao risco de diminuição da oferta de crédito para financiar a próxima safra, pois a safra brasilei-ra depende de financiamentos das tradings e de bancos com sede na Europa. Outra preocupação exposta pelo setor foi com a desaceleração da economia da China, país destino de 19% das exportações brasileiras. Mesmo diante desse cenário, a CNA estima que as exportações do agro-negócio somarão US$ 92,9 bilhões, em 2012, com crescimento de 2,22% em relação ao resultado de US$ 90,3 bilhões, de 2011.

Entretanto, o ano de 2012 inicia com preocupações no setor agrícola brasileiro. A seca de dois meses no Sul do país já afeta a pro-dução. Fala-se em quebra de safra de alguns produtos importantes. A região Sul é responsável por 20% da produção do país. Esta semana, a Conab divulgou nova previsão de safra, dizendo que ela será 2,8% me-nor do que a de 2011, mas o número não registrou ainda todo o impacto dos extremos climáticos, ou seja, seca no Sul e chuvas excessivas na Região Sudeste.

A preocupação no meio econômico é que está aumentando a demanda global por alimentos, como também o consumo nacional. Se houver quebra de safra significa-tiva nessas regiões produtoras, os preços podem ser afetados. No ano passado, vivemos esse cenário, que pode voltar a ocorrer. Isso pode ter impacto na exportação, na inflação e na capacidade produtiva de regiões importantes com vocação agrícola, trazendo reflexos aos demais ramos da economia local.

A economia goiana teve um

grande destaque em 2011, crescen-do acima da média brasileira e com boas promessas para 2012. De acor-do com dados oficiais, o PIB do esta-do fecha o ano em torno dos R$ 100 bilhões, com o setor agropecuário contribuindo de forma significativa para esse crescimento.

A estes resultados, atri-buem-se a conjuntura de preços das commodities favoráveis no início do ano, somada à produção recorde de grãos na safra 2010/2011, de 15,2 milhões de toneladas de grãos. No acumulado do ano, até novembro de 2011, o Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário de Goi-ás somou R$ 24 bilhões, 26% maior do que em 2010. A agricultura teve maior peso com R$ 14 bilhões; a pe-cuária contribuiu com R$ 10 bilhões.

O setor também voltou a ga-rantir o saldo positivo na balança co-mercial de Goiás. O agronegócio ex-portou mais de US$ 3,8 bilhões, 73% de tudo que foi exportado durante o ano, com um crescimento 35% su-perior ao mesmo período de 2010. Esse bom desempenho também se refletiu na criação de postos de tra-balho. No ano de 2011, o setor abriu quase 73 mil vagas, índice superior as 65 mil geradas em 2010, 12,3% de crescimento.

Especialistas do agronegó-cio afirmam que, muitos foram os desafios e conquistas nos últimos anos e não será diferente em 2012. O avanço no preço dos insumos, que eleva os custos de produção, o clima que tem se mostrado adverso e as tendências econômicas internacio-nais pedem cautela ao produtor de grãos. Prudência é a palavra chave para este ano!

ColunaJoão Geraldo

Mestrando em Economia pela UNB, professor de economia no Cesut e analista econômico

Feliz ano velho... Perspectiva para o

agronegócio em 2012

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