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Apresentação

Vivemos hoje na esperança de construir um mundo melhor, justo, sustentável, e essa

democracia e na política.

Diante dos apelos para o consumo desenfreado, não é simples para as juventudes desvencilhar-se da cultura materialista que está dominando a humanidade e excluindo

de vida da juventude, apontando para a necessidade de novas políticas públicas, democráticas, que ampliem a visibilidade dos jovens como sujeitos de aprendizagens e de mudanças.

e possível, um mundo que pode começar a ser concebido por meio das juventudes, no qual seres humanos tenham o real direito à escolha. Na nossa sociedade, onde se preconizam a imagem e o consumo, as desigualdades sociais e as exclusões em todos os sentidos são invisíveis aos nossos olhos, passando a ser apenas uma questão, um dado que informa a porcentagem de jovens que estão fora do mercado de trabalho ou dos que vivem abaixo da linha da pobreza.

Para a consolidação de uma sociedade democrática, são necessárias ações direcionadas visando eliminar processos que multiplicam, produzem e reproduzem exclusões. Atualmente, as mudanças e transformações são constantes, operam-se minuto a minuto, exigindo uma permanente preparação de todos os que queiram participar ativa e politicamente na sociedade. O Ministério do Meio Ambiente, ao reconhecer essas necessidades, entende que a juventude será capaz de atuar neste mundo com vontade e conhecimento crítico do cotidiano em busca do bem-estar individual e coletivo.

Nessa perspectiva, a Coordenação da Agenda 21, ao apoiar a construção da Agenda 21 da Juventude, supõe a possibilidade de criar espaços nos quais os jovens possam questionar, propor e assumir responsabilidades diante da construção de um mundo melhor.

O resultado dessa potencialidade se traduz nos artigos produzidos por jovens de várias extrações sociais em que a ética, a sustentabilidade, a educação e a importância da atuação das juventudes na proteção do meio ambiente foram abordados com grande propriedade.

Assim, é com grande satisfação que lançamos a segunda edição da revista Agenda 21 e Juventudeque a juventude brasileira vem construindo sobre a temática Agenda 21. Com ela,

Nesse contexto, agradecemos a todos os jovens que se disponibilizaram a produzir artigos para compor esta revista. É indispensável que as juventudes continuem participando desse processo, trazendo seus conhecimentos, sentimentos, crenças, contradições, para suscitar um novo e contínuo diálogo entre gerações.

Hamilton Pereira da SilvaSecretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental/SAIC/MMA

Pedro Ivo de Souza BatistaDiretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental/DCRS/SAIC/MMA

Karla Monteiro MatosCoordenadora da Agenda 21/DCRS/SAIC/MMA

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Esta revista sai quando acaba a I Conferência Nacional de Juventude. Na conferência,

luta pelos direitos humanos, pela igualdade racial, pela liberdade de orientação sexual, pelo trabalho, pela educação e pela saúde. Cresce também o movimento de juventude ambientalista, que tem como bandeira uma nova política: a política ambiental.

Esse movimento conta com a participação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJ), que desde o início têm o apoio do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Coletivos Jovens formam um movimento autônomo, horizontal, auto-gestionado e que se articula em rede, a REJUMA – Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e a Sustentabilidade.

O movimento luta pelo seu direito de participar com voz ativa nos processos, projetos e ações que envolvem diretamente as juventudes, ampliando-os. Os CJs não querem apenas ser receptores – o famoso “público-alvo” –, nem mesmo serem chamados de protagonistas pelos produtores de projetos; promovem encontros de juventude e

redes... Propõem a Agenda 21 da Juventude e também atuam diretamente em ações educadoras e mobilizadoras em parceria com o MEC, no programa Vamos Cuidar do Brasil com as escolas.

Desde 2003, atuam com o objetivo de inserir uma nova pauta em seus movimentos: a transversalidade do meio ambiente. Desde então, os Coletivos Jovens mantêm essa ação e se orientam por três princípios:

Jovem educa jovem

de Círculos de Cultura (Paulo Freire), foi criada a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola, a COM-VIDA, um espaço estruturante e permanente dentro da escola, que, com os jovens, provoca a comunidade escolar a participar.

Jovem escolhe jovem – cabe aos jovens o processo de seleção dos delegados eleitos nas escolas para participarem da Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, em Brasília. Esse processo possibilitou inúmeros desdobramentos e inovações nas escolhas

comissões, trabalhos em escolas, entre outras situações. Essas eleições, sempre em

juventude de construir novas formas de convivialidade e de autogestão.

Uma geração aprende com a outra – a importância do diálogo e aprendizagem entre as diferentes gerações.

Agora, o momento é urgente e emergencial para levantar mais uma bandeira da juventude: o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente. O programa deve criar políticas capazes de dar respostas ao enfrentamento da grave crise socioambiental em que vivemos, com iniciativas que contribuam para a construção de sociedades sustentáveis. Para isso, é fundamental a viabilização do Programa, com recursos para sua gestão com institucionalização no PPA dos governos, de forma integrada com todas as políticas de juventude.

E a Agenda 21 da Juventude, com esta publicação, torna-se mais um espaço para essa luta.

Juventude Ambientalista e o Programa Nacional de Juventude eMeio Ambiente

Rachel TrajberCoordenadora-Geral de Educação Ambiental

SECAD/MEC

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Atualmente se ouve falar muito da Agenda 21. Esse documento, assina-do em 1992 na cidade do Rio de Ja-neiro pelos Chefes de Estado dos 179 países presentes na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), repre-senta um acordo internacional de compromissos para o Século XXI. O documento promove a idéia de plane-jamento participativo e incluía entre seus desdobramentos a realização de Agendas 21 em outros níveis – nacio-nais, regionais e locais – envolvendo instâncias públicas e privadas. Então, desde 1992 processos de construção de Agendas 21 locais se multiplicam em cidades, bairros, comunidades e escolas, acompanhados de uma de-manda crescente por maior transpa-rência e participação da sociedade civil em processos de planejamento e gestão territorial. O princípio básico que rege a elaboração de uma Agen-da 21 local parece ser bem simples: é necessário democratizar informações e decisões.

A simplicidade desse princípio contra-diz, entretanto, a complexidade en-volvida em sua concretização, essen-cialmente porque cada pessoa ou gru-po assume sua interpretação sobre o que seja um processo democrático. A participação se coloca como questão principal; porém, há, naturalmente, diferentes níveis de participação, e o que determinada pessoa considera como participação legítima da socie-dade num processo de Agenda 21 pro-vavelmente não será o mesmo do que outrem considerará. E isso é fácil de perceber ao se envolver em processos ditos “participativos”.

-sável pela condução de projetos de Agenda 21 ressaltará a importância da participação da sociedade em seus projetos. Entretanto, será muito co-mum encontrar certa contradição no

REFLEXÕES SOBRE PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO CJ-RJ NUM CURSO DE FORMAÇÃO EM AGENDA 21 ESCOLAR

REFLEXÕESSOBREPARTICIPAÇÃO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO CJ-RJ NUM CURSO DE FORMAÇÃO EM AGENDA 21 ESCOLAR

Alex BernalColetivo Jovem - RJRio de Janeiro

-mais participantes. Ora, para ele, a participação no projeto é atingida ao se conseguir um quantita-tivo de pessoas presentes no local onde se realizam os encontros da Agenda 21. Além disso, será normal

estejam direcionados a esse interlocutor principal.

Um outro interlocutor pode ter uma postura dife-rente, optando por realizar as reuniões sem locais d e s t a c a d o s para ele. Pre-fere organizar os participan-tes em círcu-lo, de modo que todos pos-sam se olhar diretamente. Quando esse interlocutor se dirige aos de-mais, ele pou-

faz, já que sua fala é proposi-talmente feita de questionamentos, questionamentos esses que são dinamicamente debatidos pelos presentes.

Para o primeiro interlocutor, o fato de ele ser o centro das atenções não comprometerá a construção daquela agenda. Já o segundo interlocutor se preocupará sempre em estar no mesmo nível dos demais, de modo que a horizontalidade indispensável a tal processo seja praticada. Assim, os outros participantes não tenderão a reconhecê-lo como o condutor principal do processo, trabalhando mais efetivamente a auto-organização do grupo. Os dois interlocutores crêem estar construindo agendas participativamente. Entretanto, há entre eles uma grande distância, mesmo que ambos debatam sobre conteúdos semelhantes.

relato a experiência do Coletivo Jovem de Meio Ambiente Rio de Janeiro (CJ-RJ) num curso de formação em Agenda 21 Escolar.

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Em 2007, as Secretarias de Estado do Ambiente e de Educação do Rio de Janeiro promoveram, em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o “Curso de Form-Ação em Educação Ambiental e Agenda 21: Elos de Cidadania”, com o intuito de capacitar professores e estudantes do ensino médio na construção de agendas 21 escolares. O CJ-RJ foi convidado a realizar a formação dos

formação em 5 encontros presenciais de aproximadamente 6 horas, pensar as atividades a serem realizadas com os estudantes tendo como base um conteúdo programático previamente estabelecido. Dez membros do CJ-RJ atuaram como instrutores, capacitando alunos de 150 escolas que foram representadas por 2 alunos cada uma.

Durante o planejamento do curso pelo CJ-RJ, mudamos num primeiro instante o foco de nossa atenção dos conteúdos para as atividades que os estudantes deveriam vivenciar. Naquele momento, nossa maior preocupação não era o que os estudantes deveriam aprender, mas como iriam aprender. Percebendo que teríamos pouco tempo com eles, era importante possibilitar que os cursistas experimentassem uma nova forma de aprendizagem, uma pedagogia que os envolvesse como protagonistas do processo que ali se iniciaria. Tínhamos que ser coerentes com os preceitos da Agenda 21, pois, se a elaboração de agendas comunitárias é uma construção coletiva, era necessário que já no presente curso os alunos atuassem como atores principais, legitimando assim o que estava sendo iniciado.

curso? A questão não era transformar rapidamente alunos do ensino médio em lideranças locais, mas buscar que ao término do curso eles estivessem mais bem preparados para contribuir na construção de uma Agenda 21 Escolar. Deveriam, portanto, estar com um olhar mais sensível e crítico sobre seu ambiente escolar e os grupos envolvidos na teia que se desenvolve na escola e em seu

entorno, além de conhecer alguns instrumentos auxiliares do debate para melhor planejar e gerir suas localidades.

No transcorrer do curso, dinâmicas e debates foram, então, realizados sobre temas variados como meio ambiente, educação ambiental, os 3 R – reduzir, reutilizar e reciclar – consumo sustentável, Agenda

participativo etc. Particularmente interessante foi a confecção por cada dupla de alunos de mapas do entorno escolar. Partiu-se da elaboração de um mapa simples, no qual não eram dadas muitas recomendações aos alunos, deixando-os livres para alimentar seu mapa com aquilo que consideravam os elementos importantes da localidade. Em cada encontro, os mapas foram evoluindo, até chegar à confecção do último mapa, que deveria ser concebido relacionando a escola ao sistema da

foram aprofundando sua visão sobre os problemas e potencialidades da escola e seu entorno, iniciando, de fato, um processo de pesquisa-ação.

Na última atividade do curso, foi feita uma auto-avaliação pelos alunos e muitos comentaram que não tinham boas expectativas do curso, poisesperavam que, da mesma forma como acontece em

alguém lhes passar informações, neste caso, sobre meio ambiente e uma tal de Agenda 21. Essa falta de motivação dos estudantes ilustrou como os atuais modelos de aula não favorecem a autonomia do educando. Não o estimulam a ser mais curioso, criativo ou aventureiro. Trata-se de uma práxis educacional excessivamente conteudista e centrada no professor e que, portanto, não estimula as habilidades necessárias para a elaboração de Agendas 21.

certeza de que aprendi muito mais do que ensinei, talvez porque ouvi mais do que falei. E aprendi que para o educador, mais importante do que

e desenvolvam melhor suas idéias. Porém, o que se percebe é que mesmo os estudantes do ensino médio não vivenciam uma prática regular de debates em suas escolas. Então, como podemos

de aula não são lugares de diálogos permanentes? Vem sendo bastante discutida a urgência de maior controle social das políticas públicas de nosso país. Entretanto, para que esse controle social seja uma prática diária, devemos nos aprimorar como

da cidadania que deveria começar na escola.

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Desde que o homem deixou de ser nô-made, passou a interferir decisivamen-te no meio ambiente. Essa interferência desordenada foi motivada pela neces-sidade de gerar comodidade e usufruir melhor dos recursos oferecidos pela na-tureza. A princípio, essa busca se dava para atender às necessidades básicas dos seres humanos e posteriormente para atender aos interesses políticos e econômicos de nações que se considera-vam “o berço da civilização”.

Essa interferência desordenada vem provocando nos dias atuais diversos im-pactos ambientais, como aquecimento global, efeito estufa, degelo das calo-tas polares, escassez de água, entre outros fatores que tendem a agravar-se cada vez mais.

Diante desse cenário assustador que atinge os diferentes pontos do plane-ta, faz-se necessário que entidades organizadas e a sociedade civil de-senvolvam estratégias que visem ga-rantir a implementação de políticas públicas que promovam mudanças de

de cada cidadão.

Com esse objetivo, elaborou-se na Es-cola Municipal de Ensino Fundamental

VIVENCIANDO A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 ESCOLAR NO COTIDIANO DA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PAULO RODRIGUES DOS SANTOS - SANTARÉM - PA - AMAZÔNIA - BRASIL

VIVENCIANDOA CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 ESCOLAR NO COTIDIANODA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PAULO RODRIGUESDOS SANTOS - SANTARÉM - PA -AMAZÔNIA - BRASIL

Ernélison Angly SantosMaria Marlene MatosAlunos da EscolaMunicipal Paulo Rodrigues dos SantosPará

Paulo Rodrigues dos Santos, localizada no Estado do Pará, município de Santarém, no bairro da Flo-resta, a Agenda 21 na Escola, com tema “Cidadãoconsciente cuida do meio ambiente”, a qual foi construída de forma participativa junto à comuni-dade escolar, a partir de referenciais globais, na-cionais e municipais, visando implementar ações que contribuam para a diminuição dos fatores que motivam os impactos ambientais na comunidade onde a escola está inserida.

A Agenda 21 é um programa de ação para o meio ambiente e o desenvolvimento que se constitui na mais abrangente tentativa de promover um novo padrão de desenvolvimento para todo planeta. Ela tem 40 capítulos que tratam de tudo, do ar

estabelecer uma nova relação entre países ricos e pobres. Na Agenda 21, como em qualquer agenda, estão marcados os compromissos da Humanidade para o século XXI, visando garantir um futuro melhor para o planeta, respeitando o ser humano e o seu ambiente social.

Os primeiros estudos sobre Agenda 21 na Escola surgiram a partir de proposta da Secretaria Municipal de Educação e Desporto de Santarém, por meio da Coordenação de Educação Ambiental, no ano de 2007.

Vencida a primeira etapa, a gestão de nossa escola começou a mobilização da comunidade escolar para

Depois do estudo, foi escolhida, de forma democráti-ca, uma equipe de alunos que seriam os divulgadores da Agenda 21 para os demais alunos de nossa escola. Na oportunidade, pa-lestramos sobre a importância da Agenda 21, desta-cando que esta foi fruto da mobiliza-ção das utoridades governamentais e

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da sociedade civil organizada que du-

acordos de cooperação e cuidados com o meio ambiente. Destacamos ainda que, depois que as autoridades

cada país criar sua agenda nacional. No Brasil, além da Agenda Brasileira, os Estados, Municípios, comunidades e a escola foram convidados a cons-truir suas Agendas 21.

Na oportunidade, o nosso grupo falou da importância da Agenda 21 na escola para que nossos colegas começassem a entender a importância de se cuidar da natureza, bem como de seu ambiente social. Depois dessa importante experiência, vários alunos se candidataram para serem guardiões do ambiente escolar, comprometendo-se não apenas em cuidar desse ambiente, mas também de acompanhar as ações de seus colegas.

Concluída essa nova etapa, foi esco-lhida democraticamente uma Comis-são de Educação Ambiental formada por representantes de alunos, profes-sores, pessoal de apoio, membro da comunidade e gestor para conhecer e analisar as problemáticas ambien-tais vivenciadas pela comunidade na escola e no bairro, para que, a partir

-misso de cuidar do meio ambiente.

Uma vez que foi feito o reconhecimen-to da problemática, a comissão cons-tatou a existência de vários problemas ambientais que são extremamente prejudiciais à natureza e ao ser huma-no, tais como a presença de carvoarias a céu aberto no bairro, a presença de esgoto hospitalar, a falta de arbori-zação no entorno da escola e em sua área interna, poluição do ar pela usina

-las movelarias existentes no bairro, poluição e assoreamento dos igarapés

excesso de lixo nas ruas, desperdício de papel pelos alunos na escola.

A etapa seguinte foi reunir novamente a comunidade escolar juntamente com a Cordenação de Educação Ambiental da SEMED para analisar os problemas detectados. Depois de analisar a

problemática, a comunidade escolar elegeu as seguintes temáticas: cidadania e ética, água, arborização, poluição, horta e jardinagem, para que pudéssemos agendar nossos compromissos para serem executados no prazo de dois anos como experiência piloto. Nesse momento, constituiu-se a Agenda 21 escolar. Entretanto, como a nossa escola já desenvolvia um trabalho sobre educação ambiental há três anos, com a implementação de projetos de aprendizagem colaborativa realizados em parceria com a Informática Educativa, no qual foram realizadas várias experiências de sucesso, como a reciclagem de papel, coleta seletiva de

decidimos colocar em prática mais uma experiência a partir da problemática ambiental detectada,

escola, mas também no entorno desta.

A partir daí as temáti-cas foram distribuídas para que os alunos dos diferentes tur-nos omeçassem suas

práticas, nas quais alunos e professores puderam comprovar in loco a realidade diagnosticada em mo-mentos anteriores.

Ao iniciarmos as pesquisas de campo, tivemos a oportunidade de entrevistar carvoeiros, marceneiros, operários, gerentes das empresas, funcionários do Hospital Regional, moradores atingidos pela poluição expelidas por essas atividades, constatando na prática os problemas provocados por esse tipo de poluição. Desse modo, pudemos constatar o que havíamos diagnosticado em momentos anteriores

para que pudéssemos planejar ações para melhorar o ambiente escolar e do bairro, bem como produzir um novo conhecimento com base no que foi vivenciado.

O passo seguinte foi organizar nossa Feira

a problemática socioambiental para o interior da escola mais uma vez, para ser socializada com toda a comunidade do bairro, oportunizando momentos

atingem não apenas a nossa realidade, mas o ambiente mundial, pois acreditamos que, se

ambiente, poderemos ter uma melhor qualidade

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O trabalho de defender uma causa e um grupo está, seguramente, ligado à visibilidade que eles têm na sociedade. Seja visibilidade em relação aos que já aderiram à causa e ao grupo; seja em relação àqueles que os desconhecem. Nesse sentido, trabalhar com a juventude convida a pensar, também, a necessidade de suporte para sua voz e o alcance dessa voz para além dos jovens envolvidos no debate sobre eles mesmos e sua ação no mundo. Tal necessidade de se criar e se consolidar uma espécie

de alargar o conhecimento sobre o tema a quem não lhe é familiar, não é uma idéia que vale apenas para a juventude, mas que, certamente, pode ser assim usada.

Jürgen Habermas (1962) usou da análise da esfera pública burguesa e

como se constitui a discussão pública e o que ela pode representar socialmente. A esfera pública, para o autor, seria como o campo do “entre”, a dimensão que captura e tematiza os problemas sociais fazendo a interação entre o Estado e a Sociedade Civil, que inclui um mundo subjetivo, único a cada indivíduo. Ela seria o locus da discussão e, mais que uma instituição,

Considerando o papel social da esfera pública, Habermas abarca suas transformações, que, em conjunto, serão denominadas, por ele, como a mudança estrutural. Em princípio, ela se teria constituído em função da busca da burguesia por participação nas decisões políticas, então restritas à nobreza. Com o passar do tempo, contudo, essa esfera pública,

AGENDA 21 E JUVENTUDE: A IMPORTÂNCIA DA VOZ NA DEMOCRACIA

AGENDA 21 E JUVENTUDE: A IMPORTÂNCIA DA VOZ NA DEMOCRACIA

Lorena LopesColetivo Jovem - MGMinas Gerais

mudanças. Como conseqüência do maior alcance da informação e da consolidação da cultura de massa, a mídia passaria a ser a principal arena de debate. Mas a comercialização do espaço midiático causaria um abandono da proposta fundante de uma esfera pública, que é a da discussão racional, e daria início ao uso da sedução e do espetáculo para buscar o convencimento.

Peter Burke (2002) entendeu que

pública numa única perspectiva e, conseqüentemente, homogeneizado a sociedade. Entre outros, o historiador ilustra a pluralidade social e as diversas manifestações comunicativas com o exemplo da atuação das mulheres islâmicas numa esfera pública por elas e para elas criada. “Excluídas de uma esfera pública mais formal, as mulheres

informal” (BURKE, 2002, Caderno Mais!, p.4). Os espaços de efetivação dessa esfera pública eram o poço público e os telhados planos das casas, onde elas trocavam informações, notícias, opiniões de temas que lhe eram caros.

Essa maior gama de esferas de comunicação (como Peter Burke, mesmo, disse semipúblicas), possivelmente subverte, como bem mostra o exemplo das mulheres islâmicas, o debate público ou desloca os limites de uma esfera pública dominada por vozes mais poderosas, estabelecendo uma relação tácita com aquilo que

por Burke desconsiderada, de esferas públicas mais ou menos especializadas.

A pluralidade de esferas públicas permite, em

com um tema para ser debatido na esfera pública hegemônica. Ou, ainda que essa contribuição

ampliação de sua agenda, essa pluralidade pode ser legitimada por veículos alternativos .

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Para Hannah Arendt, quando compreendemos, reconciliamo-nos com o mundo, não no sentido de perdoá-lo, mas de desconstruirmos a estranheza e o absurdo, tornando o que, então, era estranho e absurdo ao menos suportável. Assim, a compreensão encaminha

aquele que entendemos como sendo

por conseguinte, permite que nos situemos – processo esse que não se dá, em nenhum momento, de

interminável sempre.

A questão é que para compreender faz-se premente ouvir e enxergar o outro e daí a relação entre os conceitos de esfera pública e esferas

juventude. Muitas vezes, a voz que nos chega desse “outro” (a juventude) não nos chega por ele. O jornalismo dá voz a vários “outros”. São as fontes nas matérias e reportagens. Mas o jornalismo que dá a voz concede a ela um espaço na maioria das vezes de maneira arbitrária. As fontes acabam por dar depoimentos pontuais, na maioria das vezes. Ter

aproxima mais da possibilidade da compreensão. Pode-se compreender a partir do compartilhamento de uma realidade alheia àquele que inicia

compartilhamento é que o ser se aproxima um pouco da sensação do ser outro. É o reconhecimento do mundo: em sua multiplicidade e em nossa pequenez – não estéril, entretanto. Ampliamo-nos ao compreendermos, damos vastidão a nossa existência.

Um veículo que exista por um grupo não existe somente para esse grupo, pois, de maneira mais ou menos intensa, acaba por compartilhar as vozes que nele se expressam com aquele que se habilita a lê-las e a ouvi-las. Emerge-se

aí um momento de possibilidade da compreensão. Se os jovens reivindicam, suas reivindicações precisam ser antes, de fato, ouvidas, para depois serem atendidas ou não. Na primeira etapa, a desconstrução da estranheza e do absurdo. Na segunda, a iminência de transformações sociais.

e, possivelmente, também à manutenção de um veículo midiático da juventude. O Conselho da Juventude de Sabará - MG, já há um tempo, busca, ora com mais vigor, ora com menos, tal criação. E, pelo Brasil, não são muitos os que existem. Mãos à obra. Ser visto e ouvido vão bem além da vaidade.

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A Agenda 21 Escolar (A21E) se orienta dentro de parâmetros socioambientais e busca conscientizar a comunidade escolar por meio da sensibilização para as questões ambientais, trazendo, consigo, o planejamento de ações capazes de eliminar ou minimizar os danos ambientais ocasionados pelo ser humano em cada localidade. As escolas têm um papel primordial na ajuda à análise e à compreensão da realidade,

e disciplinar, e constituem-se, também, em modelos que servem de apoio na formação psíquica das crianças e jovens cidadãos, imbuídos de cidadania e aptos a entender e praticar, de maneira responsável, as formas de se viver corretamente em nosso habitat. Nessa linha de raciocínio, entende-se que o espaço

de convivência e ensinamentos primordiais à sobrevivência da espécie humana e que a A21E é um precioso instrumento para essa prática de proteção da vida.

Este texto, portanto, trata do plane-jamento, organização e implantação da A21E na Escola Pública de Edu-cação Básica Olavo Bilac, no bairro Pirabeiraba, em Joinville - SC. Para tanto, foram utilizadas quatro meto-

experiências e conhecimentos didáti--

das nas publicações: Programa Parâ-metros em Ação – Meio Ambiente na Escola (MEC); Formando COM-VIDA, construindo Agenda 21 na Escola (MEC/MMA); Guia per fer l´Agenda 21 Escolar (Prefeitura de Barcelona – Espanha) e Agenda 21 na Escola: Idéias para implementação (Escola Superior de Biotecnologia da Univer-

AGENDA 21 ESCOLAR: UMA AÇÃO COMPROMETIDA COM A EDUCAÇÃO, COM O MEIO AMBIENTE E COM A CIDADANIA

AGENDA 21 ESCOLAR:UMA AÇÃO COMPROMETIDA COM A EDUCAÇÃO,COM O MEIO AMBIENTEE COM A CIDADANIA

Adriana FranzoiColetivo Jovem - SCSanta Catarina

Um dos exemplos foi o trabalho realizado na Escola

do 1º ano do Ensino Médio (turma 4). Utilizando-se

Com esse método, que dá bons resultados na

A21E, analisou-se a situação da escola em geral, principalmente no quesito “situação ambiental”.

preencheram-na com respostas à questão: “Como é a escola dos nossos sonhos?”. A negociação coletiva dos “sonhos” mostrou quais objetivos deveriam ser alcançados pela Agenda 21 a ser implantada na Escola, para aquela turma (4). No passo seguinte, fez-se um cartaz com um grande ponto de interrogação, e nele se colocaram as situações negativas que os alunos levantaram. Essas foram “as pedras no caminho”. “Quais são

sonhos?” era a pergunta orientadora dessa etapa. Num terceiro momento, fez-se um novo cartaz, e nele se colocou quais as ações que seriam necessárias realizar para que os alunos chegassem à “Escola dos Sonhos”. As respostas foram as seguintes: 1) Melhoras no ambiente físico externo da escola; 2) Praça com jardim para a realização de aulas de leitura; 3) Horta escolar; 4) Mais jardim e melhores cuidados com as árvores existentes na escola; 5) Reciclagem dos papéis que são gerados e descartados pela escola”.

Esse método é válido pelo fato de os alunos te-rem colocado, em primeiro plano, “como” é a

-caram o que impede esse “sonho” de acontecer.

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Page 12: Revista Agenda 21 e Juventude

Sabem que há “pedras no caminho” e buscam soluções para removê-las.

quais são as etapas mais importan-tes a se tratar para que essa “escola dos sonhos” possa se concretizar.

A proposta da “escola dos sonhos” foi apresentada à direção da escola, instância em que se iniciou o maior trabalho: integrar de fato meio am-biente e natureza na vida da escola.

A partir da experiência da implantação da A21E, os papéis que passaram a ser gerados e coletados no ambiente escolar (um trabalho de educação ambiental) não foram mais vistos como “lixo”, e sim como materiais a serem reaproveitados no ateliê de reciclagem, instalado num espaço lateral da escola que estava desativado. E, uma parte do pátio externo, que não tinha vida e nem uso algum, transformou-se em horta-jardim escolar, passando a fornecer

Nesse mesmo espaço, construiu-se, também, um círculo de bancos de concreto para recreação, leitura e interação entre os alunos.

Há aqui que se considerar, ainda, que as ações desenvolvidas pela A21E nessa escola aconteceram coinciden-temente com uma fase de obras de reformas. Assim, possibilitaram aliar as propostas de alunos, funcionários

-ceiros estaduais disponibilizados e com a técnica dos operários (homens capacitados, pagos para trabalharem na reforma da escola).

O resultado dessa parceria veio em benefício de toda a comuni-dade escolar, que ganhou um am-biente “mais limpo” e com novo

planejadas participativamente na Agenda 21 Escolar.

Em vista dessa experiência, percebe-se que educação, meio ambiente, saúde e cidadania estão interligadas. Essas palavras-chave foram correlacionadas em todas as atividades acontecidas durante a implantação da A21E, que é um documento orientador das medidas e ações que podem ser tomadas para a melhoria do ambiente e da qualidade de vida da comunidade escolar.

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Page 13: Revista Agenda 21 e Juventude

A discussão modelo de desenvolvi-mento para a sociedade é pauta da esquerda mundial há vários anos. Os espaços de grande importância, como

têm como eixo a discussão de que um outro mundo é possível, incorporam as questões ambientais em suas te-máticas, demonstrando que somente as mudanças dos modelos político,

para garantir a justiça, a eqüidade e a qualidade de vida para todos os ha-bitantes da terra.

De acordo com os estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Cli-máticas (IPCC) divulgados em 2007, o planeta apresenta um quadro pre-ocupante, principalmente para os países mais vulneráveis. A tempera-tura global tem aumentado de for-ma assustadora, sendo estimado um

século, ameaçando vários ecossiste-mas. Segundo o IPCC (2007), 90% das mudanças climáticas têm causa na ação humana.

A sustentabilidade, expressão que vem se popularizando, traz consigo a concepção de que é possível existir um processo de desenvolvimento que atenda as necessidades e as aspira-ções das gerações presentes e futu-ras. Busca-se outras formas de desen-volvimento que não acompanham a

-sumo do sistema capitalista fundada na exploração sistemática e ilimitada de todos os recursos da Terra, incluin-do os seres humanos.

Durante a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento rea-lizada no Rio de Janeiro em 1992, conhecida, também como Rio-92, a Agenda 21 foi um dos documentos

AGENDA 21 E JUVENTUDE: TRANSFORMAÇÕES PARA A SUSTENTABILIDADE

AGENDA 21 E JUVENTUDE:TRANSFORMAÇÕESPARA A SUSTENTABILIDADE

Rebeca RasoColetivo Jovem - CEJuventude AlternativaTerrazulCeará

centrais das discussão, juntamente com a Con-venção sobre Mudanças Climáticas e a Conven-

assinados por Chefes de Estado nesse evento. Esse trio tratou de praticamente todas as gran-des questões socioambientais, demonstrando a inter-relação entre eles e suas conseqüências em nossas vidas.

-

e político para temas e questões relacionadas à

biodiversidade (http://www.cdb.gov.br/CDB).A Convenção sobre Mudanças Climáticas, assina-da durante a Rio-92, entrou em vigor em 1994 propõe ações e diretrizes para o combate ao aquecimento global, por meio do protocolo de Quioto, e vem sendo discutida nas Conferências das Partes (COP).

A Agenda 21 Global é um documento que está voltado para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo de preparar o mundo para os de-

consen-so mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito ao desenvolvi-mento e à cooperação ambiental. Reconhece que o desenvolvimento sustentável e a prote-ção do meio ambiente somente serão viáveis

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Page 14: Revista Agenda 21 e Juventude

com o apoio das comunidades locais, que terão ações locais com a visão global dos problemas a serem en-frentados. Por isso, uma das grandes recomendações da Agenda 21 Global é que cada país signatário construa

tem a sua Agenda 21 e incentivo à construção de processos locais.

A Agenda 21 tem sido um instrumen-to importante para a transformação da realidade. Quando se pensa em

de que a maneira como está se vi-

a vida humana no planeta. É preci-so, além da mudança nas relações entre pessoas e a natureza, mudar

humanos, repensando princípios e valores vigentes na sociedade. A Agenda 21 brasileira tem seus prin-cípios baseados na Carta da Terra.

A Agenda 21 traz no caminhar dos seus passos (mobilização e sensibili-

-ticipativo; elaboração, implemen-tação e avaliação e monitoramento do plano de ação) a construção co-letiva da práxis em todo o processo de planejamento e ação que devem resultar na transformação da reali-dade, tendo em vista a construção de um mundo sustentável, diagnos-

envolvidos e pactuando formas de resolvê-los. O processo de Agenda

democracia participativa, coloca à mesa o poder público e os setores econômicos e sociais da sociedade, pactuando cada passo a ser dado.

A juventude não está deslocada dessa realidade. No Brasil, são 34 milhões de jovens, segundo dados do IBGE (2000). Esse segmento se organiza em diferentes espaços com o intuito de construir um mundo cada vez mais sustentável. Entre esses espaços, estão processos de Agenda 21 em escolas, comunidades, cidades, etc.

Atualmente tem se discutido a construção da Agenda 21 da Juventude Brasileira. Esse processo visa organizar as juventudes para a discussão da sua realidade dentro de uma perspectiva ambiental, com o intuito de construir ações que contribuam para a transformação da realidade, levando em consideração suas peculiaridades como segmento.

O tema mudanças climáticas também é pauta de discussão da juventude, uma vez que ela também sofre com o aquecimento global. Principalmente quando falamos de jovens das periferias das cida-des e jovens do campo. Estes, além de sentirem a opressão de classe, etária, étnica e de gênero, sentem com intensidade as conseqüências das ações humanas na natureza.

Por isso, a importância de construir um processo em que seja possível o diálogo entre as diversas juventudes, o estado e o setor privado na perspectiva de consensuar ações e políticas que estejam de acordo com a realidade desse segmento e as suas aspirações, sem comprometer as gerações futuras e repensando princípios e valores da sociedade.

A Agenda 21 da Juventude Brasileira é um passo para a construção da sustentabilidade. A discussão do modelo de desenvolvimento é a base para iniciar qualquer processo de Agenda 21, e no caso da juventude não deve ser diferente, o que contribui para a mudança de comportamentos, princípios e valores da sociedade.

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Page 15: Revista Agenda 21 e Juventude

A I e a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA) realizadas em 2003 e 2005, são, sim, ferramentas de intervenção socioam-bientais para a juventude brasileira.

Digo isso com a propriedade de quem foi delegado da I CNIJMA e participou na organização da II CNIJMA, e continua trabalhando para a realização da terceira.

de 2005, quando um jovem garoto de Goiânia foi um dos 14 escolhidos para representar o Estado de Goiás na I Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que aconteceria em Brasília.

Para culminar na ida a Brasília, esse jovem precisou produzir, com sua turma, um trabalho escolar que re-presentasse a visão dos alunos sobre a realidade e esperança que ainda ti-nham em relação à questão ambien-tal no Brasil.

Com grande apoio da direção escolar, que mobilizou os alunos para a I CNIJMA, os estudantes se organizaram e produziram vários trabalhos sobre as temáticas indicadas. Logo depois,

AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE COMO FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTALNO BRASIL

AS CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE COMO FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO BRASIL

Jorge Augusto JustinoColetivo Jovem - GOGoiás

reuniram-se e democraticamente escolheram o trabalho e o delegado que iria representar a escola.

O trabalho foi enviado para a COE (Comissão Organizadora Estadual da I CNIJMA), que era a responsável por receber os trabalhos de todas as escolas participantes do processo da I CNIJMA e escolher os delegados que iriam representar o estado. Um tempo depois, fomos comunicados pela COE de que a nossa escola era uma das 14 escolhidas para representar o estado de Goiás.

Para esse jovem, ir para a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente representando seu estado fez com que ele se abrisse à questão ambiental brasileira, assunto que, até então, não lhe despertava muita atenção. Para ele, aquilo tudo era um novo mundo que se abria, cheio de maravilhas naturais, matas, animais – foi então que se deu conta que essa área que lhe interessava, era o que queria para a sua vida.

A Conferência acabou e ele voltou pra casa, para a sua escola e para sua vida normal. Mas voltou para casa com uma semente plantada, a semente de Cuidar do Brasil. Logo depois, conseguiu um estágio no IBAMA, o que lhe deu a oportunidade de continuar cuidando do Brasil.

Rapidamente foi apresentado à Educação Ambiental, e percebeu, então, que era aquele o caminho para que se alcançasse o objetivo de todos os ambientalistas do mundo: que todos

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Page 16: Revista Agenda 21 e Juventude

os homens conheçam e respeitem o meio em que vivem.

Foi quando ele recebeu um convite para participar daquele que na ocasião era denominado Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás, que passava por um momento de rearticulação. Essa era a sua chance de realmente realizar um trabalho

a ser dividido com outros jovens que também compartilhavam com ele o mesmo sonho de sensibilizar pela educação ambiental o maior número possível de pessoas, dando um foco maior na juventude, público do qual faziam parte e, conseqüentemente, ao qual teriam mais fácil acesso.

O Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás, ou simplesmente CJ-Goiás, havia se desarticulado com o fim do processo de organização da I Conferência. Caíram no vazio de não ter mais motivos para se reunir, era a Conferência que os mantinha trabalhando unidos. Com isso, o CJ ficou meio “enferrujado”; assim como uma máquina parada, que ficou sem uso, acaba enferrujando. Mas felizmente alguns membros do CJ-Goiás resolveram rearticular o grupo, fazer com que ele voltasse a funcionar, pois não dava pra se perder pessoas jovens, interessadas em fazer a diferença, por falta de oportunidade de trabalho.

Porém, a maioria dos antigos membros do CJ-Goiás não quiseram trazê-lo de volta à ativa, não deram muita importância ao grupo. Então, aqueles que desejavam resolveram dar uma cara nova para o movimento, chamando novos jovens para se integrar ao grupo.

A partir de meados de 2006, o Conselho Jovem de Meio Ambiente de Goiás começou a reunir mais jovens para lutar em prol da causa ambiental, e não mais apenas deliberar quem seriam os representantes do estado para participar das CNIJMAs. Por isso, deixou de ser Conselho Jovem e passou a se chamar Coletivo Jovem, ainda sendo conhecido por CJ-Goiás, juntamente com os outros Coletivos Jovens do País, também CJs.

disseminação da Educação Ambiental pelo estado por meio da criação de novos Coletivos Jovens, nos municípios do interior. Seguindo o princípio Jovem Educa Jovem, o CJ-Goiás formou 25 CJs Locais pelo interior de Goiás, muitos desses graças a processos de mobilização para a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, usando desses momentos para despertar em mais jovens o sentimento de fazer algo para mudar a situação ambiental no local onde vivem, trabalhando no local, pensando no global.

Para a realização da II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, os Coletivos Jovens foram convidados a participar da organização delas, atuando como facilitadores das discussões dos jovens que vieram representar seus estados. Esses jovens tomaram como exemplo de organização a social juvenil, percebendo que ali também poderiam contribuir para um “mundo diferente” onde as

mas respeitem umas às outras, o espaço em que vivem, a vida em todas as suas formas.

ajudar os jovens a se encontrarem com eles mesmos, dando oportunidade de voz aos delegados junto ao Presidente da República, empoderando-os com ferramentas com as quais eles poderão disseminar as idéias e questões sobre o meio ambiente a outros jovens nas suas localidades.

Eu, Jorge Augusto, delegado do estado de Goiás, membro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente de

começando. Sei que ainda haverá outras centenas

uma oportunidade para realmente saber o que vão fazer na sua vida, como vão poder despertar em outros jovens garotos o sentimento de que temos que fazer algo pelo lugar onde moramos, nosso planeta, pela nossa vida nesse planeta.

Hoje meu desejo é agradecer às pessoas que organizaram as duas CNIJMA, que se preocuparam em criar espaços como esses, que certamente contribuem para a sensibilização e a formação de jovens pelo Brasil. E meu desejo é que essas pessoas sigam na realização de tais esforços, fazendo com que a Educação Ambiental chegue àqueles que ainda não a conhecem e estimulando a vontade de fazer a diferença e mudar o mundo.

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Page 17: Revista Agenda 21 e Juventude

A palavra sustentabilidade conso-lidou-se como ordem contra a de-gradação ambiental. Presente em discursos oficiais, em documentos das conferências internacionais, no ativismo ambientalista e na comu-nidade científica, ela tornou-se pú-blica, porém parece que a tomada de consciência da situação de de-gradação ambiental, cada ano mais crítica, estagnou-se. A sustentabi-lidade está perdendo seu sentido, sua razão, o motivo pelo qual exis-te hoje. Está vagando em meio à lista das inúmeras palavras criadas para definir apenas uma coisa: DE-SENVOLVIMENTO SIM, A QUALQUER CUSTO NÃO!

A garantia de sustentabilidade do patrimônio natural, aliada a um desenvolvimento econômico social

deles, o maior eu diria, implica a negociação de regras universais de uso sustentável dos recursos naturais que quase sempre são ignoradas pela

de exigir a adoção de uma posição de força, remete a um exame crítico da noção de necessidade e dos padrões de consumo atuais, o que envolve também mudança de atitudes individuais.

JOVENS, SUSTENTABILIDADE E AQUECIMENTO GLOBAL JOVENS,SUSTENTABILIDADE E AQUECIMENTO GLOBAL

Patrízia Torresda SilvaMembro do Comitê

do Baixo TietêSão Paulo

O crescimento econômico vem gerando muitas repercussões sociais que foram “abafadas” pela comodidade que ele proporciona. O que a sustentabilidade, proposta há muitos anos, valoriza é o benefício a todos, conduzindo a uma sociedade harmoniosa e eqüitativa, logo mais sustentável. Consumo e necessidades se confundem, não sabemos mais se o que consumimos é essencial, ou se é essencial consumirmos. Não parece haver disposição da humanidade para uma vida mais moderada, a expansão de um modelo de consumo mundial reforça a pressão sobre os recursos naturais,

temos grande parcela de culpa nisso. Estamos muito longe de nos preocuparmos apenas com o “comer”, o “vestir” ou o “ter onde morar”; no âmago de cada um dos jovens, está a vontade de consumir, estar na moda, usar a tecnologia, os prazeres que dela podemos aproveitar. Por

pensaremos na problemática ambiental e na colaboração que tivemos na degradação do

como não devemos fazer e como não deverão e

realidade nada positiva. Todo esse consumismo excessivo rendeu muitos impactos ao planeta, entre eles o aquecimento global. A catástrofe que esperávamos para dentro de trinta ou quarenta anos já começou, e atribuímos isso

à ação humana. Cada vez mais seus efeitos

mundo. Para evidenciar essa verdade, não há nada mais explícito que a redução das geleiras e

todos os “glaciares” da Terra estão derretendo, os furacões estão mais fortes, o Brasil está na rota dos ciclones, o nível do mar está subindo, os desertos avançam, a biodiversidade do mundo

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não está resistindo; infelizmente já podemos contar os mortos por causa das secas, inundações e outros fatores relacionados ao aquecimento global. Os efeitos são irreversíveis, o planeta é gigante, o equilíbrio é frágil, a saída é evitar que a situação piore. Devemos nos preocupar agora em como nos adaptar à vida em um planeta bem mais quente, e parar gradativamente de lançar na atmosfera os gases nocivos que contribuem para o aquecimento global.

Não podemos mudar o mundo, mas ao menos podemos tentar mudar o local em que vivemos; mobilizar é a palavra chave. Mais uma vez, o jovem tem a oportunidade: temos uma força incomparável. Ao longo da

que modestas em acontecimentos

do país: Diretas Já, Impeachment de Fernando Affonso Collor de Mello em 1992, embora naquela época os jovens fossem motivados por interesses de diversos setores da sociedade brasileira (partidos políticos, lideranças sindicais, civis e jornalísticas). Agora o que nos

sobrevivência da nossa geração e das futuras. Temos a força para mudar e o que direcionará o sentido da mudança, na minha opinião, é a esperança em de um mundo melhor.

Esperança de um mundo melhor ou, sendo mais radical, esperança de simplesmente podermos existir daqui a alguns poucos anos. Convoco todos os jovens do país para revolucionarmos, mudando

hábitos, disseminando informações e atitudes simples: reciclando nosso

socioambientais na comunidade, por meio das associações de bairro, na

em que estudamos, dos nossos pais,

nosso, vamos realizar a parte que nos cabe; somos muitos e juntos somos fortes. Sejamos todos conscientes, responsáveis e rápidos, antes que o preço pelos nossos equívocos e indiferença seja alto demais. Está nas nossas mãos.

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Page 19: Revista Agenda 21 e Juventude

permeiam o imaginário da juventude, ou melhor, das juventudes, já que estas

carregando consigo sonhos, anseios, aspirações, angústias e esperanças.

Ser jovem é ter vontade de fazer mais, é energia. É estado de espírito e respeito à diversidade, pois a juven-tude, na sua pluralidade, tem diver-sas tribos. Ser jovem é antes de tudo a tentativa de compreender o mundo a nossa volta. É nessa tentativa que surgem jovens mais preocupados com a vida do planeta e com disposição para transformá-lo.

Estas juventudes vivem atualmente num contexto muito interessante no Brasil, principalmente no que diz respeito ao seu envolvimento com as questões socioambientais. É fácil notar a temática ambiental como assunto emergente, pois esta questão vem sendo paulatinamente inserida em todos os meios de comunicação, nos processos educativos e sociais e no seio familiar, em virtude das problemáticas ambientais vigentes.

Hoje em dia, esse debate ganha espaço nas discussões de diversos organismos da sociedade, com destaque especial para o envolvimento das juventudes organizadas. Na rua, na praça, na universidade ou em qualquer outro local de encontro desses atores sociais, é natural perceber o debate em torno

emergindo daí o sentimento de poder transformar a realidade, partindo para outro estágio do envolvimento d@s jovens com esta temática e estabelecendo uma nova forma de agir e de e organização social.

O modelo de organização social em rede foi a opção abraçada pela juventude ambientalista no Brasil, que, em virtude disso, passa a ter a oportunidade do diálogo, além

JUVENTUDE E MEIO AMBIENTE – CONEXÕES POSSÍVEIS JUVENTUDE E MEIO AMBIENTE - CONEXÕESPOSSÍVEIS

Diogo DamascenoPiresColetivo Jovem - GOGoiás

convergentes e alimentados pelo sentimento de transformação das juventudes, guiadas pelos princípios do pertencimento, da horizontalidade e do empoderamento. Segundo Viezzer e Ovalles (1995: 102), “a rede é comparável a um tecido

assemelham para todos os lados, sem que nenhum deles seja central”.

É neste sentido que a construção do movimento de juventude pelo meio ambiente vem ocupando espaço, pela

de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA), que tem como mola propulsora o diálogo aberto e o envolvimento de diversos movimentos e organizações de juventude espalhadas pelo País, com especial destaque à atuação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente nos estados.

A REJUMA nasceu em setembro de 2003, durante o I Encontro da Juventude pelo Meio Ambiente, em Luziânia - GO, no âmbito do processo de mo-bilização da I Conferência Nacional Infanto-Juve-nil pelo Meio Ambiente, ação do Programa Vamos Cuidar do Brasil.

Atualmente, a Rede conta com mais de 400 mem-bros de todas as unidades federativas do Brasil. Tem como objetivo fundamental fomentar as ações locais e nacionais dos jovens empenhados na cons-trução de sociedades sustentáveis, buscando en-volver, sensibilizar, fortalecer e instrumentalizar

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Page 20: Revista Agenda 21 e Juventude

jovens, grupos, movimentos e organi-zações juvenis para a atuação parti-cipativa na construção de um Brasil mais sustentável.

O que nos reúne – o movimento de juventude pelo meio ambiente – em rede são as temáticas “Juventude” e “Meio Ambiente”, buscando promover a troca de idéias, realidades e experiências acerca das questões socioambientais, além de fortalecer a Rede como espaço de discussão e articulação em nível local, regional e nacional.

Devido a sua capilaridade, abrangência

origem, a REJUMA possui grande potencial na parceria com programas de governo de abrangência nacional, como é o caso do Programa Vamos Cuidar do Brasil, “berço” da rede. Formando, assim, milhares de jovens, professores e escolas Brasil adentro para a criação das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA), Agendas 21 nas Escolas e a realização dos processos da Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que neste ano de 2008, parte para a sua terceira edição.

As intervenções da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade no cenário nacional se dão principal-mente por maio seguintes estratégias:1. Fomento e apoio à criação de re-

des locais num processo de capi-larização e empoderamento das juventudes para a ação socioam-biental.

2. Troca de experiências e parcerias.3. Encontros Nacionais da Rede.4. Representação em espaços de

proposição, construção e gestão de políticas públicas.

A partir da atuação em rede, essas intervenções ampliam o sentimento de estarmos no caminho certo, possi-bilitando o re-conhecimento das ju-ventudes como protagonistas de sua

-madoras em prol de um mundo me-lhor. Aumentando, portanto, a nos-sa responsabilidade, pois, como diz Sato (2006), por vezes a irreverência jovem e a responsabilidade adulta se apresentam separadas, mas juntas

formam nossas opções e escolhas para melhor li-dar com a vida.

Do ponto de vista político e socioeconômico-cultural, os sentimentos que congregam essa nova juventude ambientalista trazem animação e irreverência, diversidade, pluralidade e jeitos diferentes de ser de cada um; no entanto, é movida, sobretudo, pelo desejo compartilhado de tornar o mundo melhor de se viver, ambientalmente saudável, com sustentabilidade.

consolidar o movimento de juventude pelo meio ambiente, fortalecendo o espírito revolucionário e transformador que ainda se encontra presente no imaginário juvenil, reforçando os princípios: “Jovem Educa Jovem” e “Jovem Mobiliza Jovem”; também é necessário fortalecer o princípio de que “Uma Geração Aprende com a Outra” – somos todos aprendizes e em construção permanente, segundo nos aponta o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.

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Page 21: Revista Agenda 21 e Juventude

A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer ‘o modo de ser’, ‘o caráter’. Os romanos traduziram o “ethos” grego para o latim como “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer ‘costume’, da qual provém a palavra “moral”. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural. O homem não nasce com ele como se fosse um instinto; esse comportamento é “adquirido ou

2000). Portanto, ética e moral, pela

uma realidade humana que é construída

relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

No nosso dia-a-dia, não fazemos distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como sinônimas. Mas os estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras. Assim,

normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa. Enquanto a ética é

ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar, compreender,

aquilo que é bom e bem.

Bem é aquilo a que todas as coisas

que os homens fazem tudo o mais. Se

atingível pela atividade, e se há mais de um, eles são os bens atingíveis pelas atividades. “Bem é aquilo que aperfeiçoa uma natureza. Natureza é

JUVENTUDE E ÉTICA PARA A SUSTENTABILIDADE? JUVENTUDE E ÉTICA PARA A SUSTENTABILIDADE?

Janes Solon MalheirosColetivo Jovem - RS Rio Grande do Sul

1986). O bem está ligado ao ponto de vista de cada ser, a aonde esse ser quer chegar, qual o objetivo visado, para quê? E por quê?

buscar os “porquês” de nossas escolhas, dos comportamentos, dos valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e da tradição, tendendo a naturalizar a realidade social, política, econômica, cultural e ambiental. Com isso, perdemos nossa capacidade crítica diante da realidade. Em outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.

Por isso, o desenvolvimento sustentável vem sen-do divulgado por todo o planeta como uma forma mais racional de prover uma qualidade de vida equânime e socialmente justa.

O conceito de desenvolvimento sustentável, com-porta cinco aspectos fundamentais, quais sejam: sustentabilidade social; sustentabilidade econô-

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um desses subsistemas é interligado aos demais, formando, conformando e transformando o atual princípio do crescimento econômico e industrial ilimitado em um princípio de sustentabilidade.Sustentabilidade é o modo de sustentação, ou seja, da qualidade de manutenção de algo. Esse algo “so-

ociais. Obviamente que, também, incluemi-se no princípio da sustentabilidade o meio ambiente e as demais

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Page 22: Revista Agenda 21 e Juventude

-bora o ser humano possua autonomia de existência, não possui indepen-dência da natureza. Por mais que nos mostremos seres socioculturais, ainda

-manidade, com ênfase na Revolução Industrial, presencia-se um surto crescente de interferência no am-biente natural e cultural existen-te, sem preocupação alguma, um espírito de ganância desenfreada por conquistar espaços, na busca do exercício da hegemonia e do do-mínio sobre esses mesmos espaços, natureza e cultura.

A grande questão com que nos defrontamos atualmente é como articular a ética, “a mudança de costumes” com a sustentabilidade, “existência da vida”.

A Conferência de Estocolmo, em 1972,

para um novo entendimento das re-lações necessárias entre a humanida-de, o ambiente e o desenvolvimento. A palavra “codesenvolvimento” surge

proposta de desenvolvimento ecolo-gicamente orientado.

Essa concepção integrou seis aspec-tos para guiar o caminho do desenvol-vimento: 1º a satisfação das necessi-dades básicas; 2º a solidariedade com as gerações futuras; 3º a participação da população envolvida; 4º a preser-vação dos recursos naturais em geral; 5º a elaboração de um sistema social, garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e 6º um programa de educação, ou melhor, reeducação sobre os cuidados com o meio ambiente.

Essa foi uma tomada inicial de consci-ência sobre a necessidade urgente de mudança de comportamento frente à qualidade das relações do ser humano com a natureza.

Conforme o Capítulo 25 da Agenda 21, “A juventude representa cerca de 30% da população mundial. A participação da juventude atual na tomada de decisões sobre meio ambiente e desenvolvimento e na implementação de programas é decisiva para o sucesso a longo prazo da Agenda 21”.

A Agenda 21, que é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e sociedade civil, em todas as áreas onde o ser humano está inserido, é a maior tentativa já realizada de orientar um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo objetivo principal é a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Nesse contexto, os jovens deverão manter um diálogo com ela, por meio de ações e discussões na sociedade, pois daí sairá o começo de uma futura e nova ética, para uma posterior e real Sustentabilidade, pois além da sua contribuição intelectual e capacidade de mobilização, as juventudes trazem novas perspectivas para construção de um futuro melhor.

A mudança dependerá da atitude dos jovens, a atitude dependerá das informações recebidas pelos jovens e a crítica a essas informações será fundamental, para termos a mudança da ética com relação ao Meio Ambiente.

Está na ética a explicação do caos no planeta, e talvez esteja na ética e na juventude, ou melhor, na ética da juventude, uma possível solução!

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Page 23: Revista Agenda 21 e Juventude

Nos últimos anos, o tema meio am-biente passou a ser foco central. Esse tema tem interfaces com todas as áreas do conhecimento e não tem a ver apenas com as disciplinas como biologia, economia ou ecologia, mas tem a ver principalmente com a rela-

com os outros e com a natureza.

Hoje muito se ouve falar em “Desen-volvimento Sustentável” e estamos um momento de grande preocupação com o planeta e sua sustentabilidade e não nos conta que a sustentabili-dade está mais voltada para garantir a continuidade da nossa espécie e da vida na Terra é hoje.

A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro, e por esse motivo é inadiável e urgente que novos valores e comportamentos sejam incorporados para construirmos sociedades que sejam sustentáveis. A preocupação perpassa desde as grandes empresas multinacionais até a pequena padaria da esquina, incluindo pessoas comuns, jovens como eu e você. Pessoas de todas as nacionalidades têm feito apelos mundo afora, inconformadas com a inércia dos governos de muitos países em relação ao assunto.

Devemos incluir nessa lista os artis-

chamar atenção para esse problema emblemático. O artista, ao produzir suas obras, está sempre impelido por alguma força que faz dele, perma-nentemente, um espírito irrequieto, inconformado e insatisfeito. Ele está constantemente atento e conectado a contingências do meio e a suas in-

-biliza o homem, mesmo que ele não a compreenda imediatamente, ela é

ARTE E SUSTENTABILIDADE ARTE ESUSTENTABILIDADE

Natália TolentinoAluna da Faculdade de Artes Dulcina de MoraesDistrito Federalum instrumento poderoso, que pode ser utilizado

para levar conhecimento e trazer soluções para diversos problemas sociais e ambientais. O teatro,

facilita o diálogo, sendo que uma das suas funções

meio de suas mensagens, ele pode le-var a com-p r e e n s ã o crítica do seu papel na so-ciedade.

A arte cênica pode ser um div isor de águas quan-do nos orien-ta no sentido da responsabilidade que temos em re-lação ao desenvolvimento sustetável, podendo ser debatida de diversas formas, atingindo crianças, que são seres em desenvolvimento, e adultos, que podem mudar seus velhos hábitos. Muitas vezes, es-quecemos que preservar o meio ambiente é também preservar a nossa espécie e muitas outras formas de vidas que estão entrando em extinção graças às nossas atitudes errôneas e irresponsáveis.

Nas artes plásticas, nomes de brasileiros conhecidos como Emmanuel Nassar e sua poesia da gambiarra, Frans Krajcberg (um artista cuja residência é uma árvore, sonho de muitos meninos!), com suas esculturas de árvores mortas, Eduardo Srur, com suas intervenções urbanas, como os caiaques colocados em 2006 no Rio Pinheiros em São Paulo, são apenas alguns nomes entre o de muitos artistas que se preocupam com a conservação e a preservação do planeta e do ser humano; todos demonstram esse sentimento por maio da arte. Suas obras são um alerta para a nossa realidade. No entanto, não apenas artistas famosos fazem da preocupação com a sustentabilidade sua prioridade. Um centro de produções culturais na cidade-satélite de Taguatinga, Distrito Federal, a 21 km de Brasília, mantém uma escola de artes que se apropria do reaproveitamento de materiais recicláveis para produzir Arte. Chamado Centro

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Cultural Invenção Brasileira, o local ensina música, dança, literatura e a fabricação de objetos de arte com diferentes tipos de materiais. Dentro

Eco Arte, que é uma escola de ofício onde há mais de oito anos se pesquisa e se faz arte a partir da reutilização

A especialidade é a técnica de transformar papelão e sacos de

peças artísticas e utilitárias. A principal idéia é sensibilizar e conscientizar os alunos e a comunidade da importância do reaproveitamento do lixo; além disso, os alunos trabalham produzindo

Assim como o exemplo do Tempo Eco Arte, os empreendimentos humanos sustentáveis devem ser: ecologica-mente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e cultu-ralmente aceitos.

Além de transformar nossa postura no dia-a-dia: economizando água, energia, separando o lixo, não jogando lixo nas ruas, andando mais de transporte público para desobstruir o trânsito, diminuir a poluição. Podemos também discutir sobre o consumo, os tipos de indústrias, os combustíveis que podem ser mais ofensivos à atmosfera, nosso modelo de desenvolvimento; participar de projetos limpos, e assim contribuir para construção de um mundo melhor e para real melhoria da qualidade de vida.

que a tecnologia nos trás, é mais do que isso: qualidade de vida é saúde, é justiça social, é justiça econômica, é meio ambiente saudável, é vida.

Por meio dos exemplos citados aqui, foi possível perceber a importância da arte em parceria com a sustenta-bilidade do planeta.

De acordo com a Doutora em Arte-Educação Ana Mae Barbosa (2003), por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade e ampliar a criatividade de maneira a transformar seu meio ambiente. A Arte visa principalmente sensibilizar o homem, fazer com que ele pense, questione, realize descobertas.

jovens, para defendermos o meio ambiente tanto quanto o direito à vida. A Agenda 21 está fazendo

Conscientize-se e passe adiante esta mensagem!

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Galera, a coisa tá feia! Os mais céticos dirão — Lá vem mais um alarmista verde dizendo que o mundo vai acabar! Quem dera fosse “apenas” um delírio obsessivo. Mas, enquanto nos deliciamos com nossa sociedade do consumo, estamos caminhando para o tão famoso, e antes ridicularizado, cataclismo global.

as mudanças climáticas farão o nível as águas de todos os continentes subir aproximadamente 7 metros, devido ao derretimento das geleiras na

equador, sofreremos com o aumento de doenças como malária, dengue e febre amarela. Isso devido ao aumento dos locais onde os mosquitos transmissores podem se reproduzir. Tomem como exemplo a recente endemia no Rio de Janeiro. Daqui a 50 anos, a temperatura do planeta tenderá a aproximadamente 50 ºCelsius no verão. Durante essa época, teremos de compartilhar os recursos mundiais, cada vez mais escassos, com cerca de 8 bilhões de pessoas.

SURDA INOCÊNCIA À BEIRA DO ABISMO SURDA INOCÊNCIA À BEIRA DO ABISMO

Fabrício Alves da CruzColetivo Jovem - RORondônia

As pessoas da minha idade, daqui a meio século, terão aproximadamente 70 anos. A expectativa de vida do brasileiro, segundo o IBGE, é de 71 anos. Para essas pessoas, todos os conhecidos com idade superior provavelmente haverão

integrantes da parcela socioeconômica ativa do mundo, faltarão às mudanças climáticas do

nem seguer sofreram com isso. Desconheço se isso é sorte ou azar, porém é, com certeza, um dos motivos que os levam a ignorar o futuro da

tão banalizado que pode ser mais um atributo dessa indiferença.

A imprensa, e/ou a falta de olhar crítico a ela, leva as pessoas a assistirem na TV aos desastres e culparem os governantes. Isso quando não

do mundo. Servem-se da ilusão de segurança que a tela de vidro oferece. Imagino a surpresa dos que presenciaram furações no sul do país e a seca na Amazônia. Quem diria?!... Me pergunto como os céticos explicam isso.

Adeptos de soluções políticas pouco elaboradas ainda crêem que o modelo partidarista irá sanar os problemas administrativos e governamentais

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tiva a incoerência social. Não é à toa que se vejam tanta corrupção, demagogia e hipocrisia nos cenários políticos. Muitas boas idéias foram desacreditadas por conta desse modelo. E esse é o caso do termo “desenvolvimento sustentável”, e os exemplos são inúmeros. Cons-troem-se hidrelétricas, queimam-se

e abrem-se pastos para criação de gado às custas desse termo.

Ao mesmo tempo, famílias campo-nesas humildes, e outros povos da

-burrecida” lei, acusados de crimes ambientais. São pegos por secreta-rias corruptas a degradarem seus lotes, na perspectiva de plantar seu sustento, e sobreviver à indiferença do Eetado, em terras esquecidas no “meio do mato”, como costumam dizer os urbanóides.

Esses exemplos mostram que, junto à mudança para a sustentabilidade, deve ocorrer uma reforma política completa. Assim, esse termo pode-

às questões ambientais, mas na sua forma mais ampla, abordando se-tores sociais e econômicos. A sus-tentabilidade deve ser transversal, inter e multidisciplinar. Deve en-volver a participação popular em políticas públicas e tornar eficien-te o aparato administrativo gover-namental. A sustentabilidade deve, acima de tudo, conter a ganância do homem e levá-lo a focar seus es-forços para o seu desenvolvimento interior, como civilização!

Nossa sociedade carnívora tribal —

Edward Osborne Wilson —, ainda per-siste a crença no “desenvolvimento” a qualquer custo. James Lovelock, autor de “A Vingança de Gaia”, de-fende que há duzentos anos, quando as mudanças eram mínimas, talvez houvesse tempo de estabelecer um desenvolvimento sustentável. Hoje chegamos no límite. Somos 6,5 bi-

lhões de pessoas a consumir recursos naturais, gerar lixo e emitir gazes na atmosfera. Você tem dimensão do que é isso? Tudo bem. Poucos têm, tantos somos.

Dessa forma, os que devem também ser sensibili-zados e educados, social e ambientalmente, são nossos líderes e representantes. São as pessoas

em sua comunidade ou no mundo. Talvez assim ocorra a “mega” mobilização esperada para a reviravolta social, tal como aconteceu no Brasil na época das Diretas. Nesse período, rivais polí-ticos, de diferentes partidos, se uniram contra a ditadura para estabelecer eleições diretas para presidente. Se isso pôde acontecer frente a um inimigo da liberdade humana, nada impede que

-da, pois, como já disse Gandhi, a única revolu-ção possível é a interior.

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Em vários países, a preocupação com a preservação do Planeta mostra a importância do rumo ao desenvolvi-mento sustentável em resposta aos desmatamentos, emissões de CO2, ao desperdício e ao uso irresponsáveldos recursos naturais.

A reciclagem é fundamental para consolidação do desenvolvimento sustentável. É o processo no qual a matéria já transformada torna-se novamente matéria-prima em uma cadeia de produção. Diversos ma-teriais podem ser reciclados, entre eles o plástico. O plástico é um dos materiais mais utilizados no mun-do, e devido à sua resistência e à praticidade está presente em vários produtos. Mas o uso não consciente desse material tem conseqüências graves para o meio ambiente. Em sua grande maioria, a embalagem e o produto em plástico não são reci-clados e acabam inadequadamente nos lixões e aterros, rios, florestas e outros ambientes naturais, e a sua decomposição demora de 100 a 450 anos.

DA RECICLAGEM À MADEIRA PLÁSTICA: A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA E DE AÇÕES EM PROL DO MEIO AMBIENTE PARA INTEGRAÇÃO DE JOVENS NO MUNDO

DA RECICLAGEM À MADEIRA PLÁSTICA: A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA E DE AÇÕES EM PROL DO MEIO AMBIENTE PARA INTEGRAÇÃODE JOVENS NO MUNDO

Hyrla Marianna SilvaMembro do Núcleo de Design Voltado para Questões SocioambientaisDistrito Federal

O Brasil não recicla nem 30% do plástico consumido, por ainda faltar informações, conscientização à maioria dos brasileiros a respeito da importância da reciclagem, processo que tem como benefício a redução do consumo de energia e dos recursos naturais. Além disso, com a reciclagem do plástico, produz-se a madeira plástica – material composto que tem propriedades mecânicas semelhantes às da madeira natural.

Aqui, a madeira plástica é estudada desde a dé-cada de 80. Uma informação importante desses estudos é que esse material pode ser produzi-

embalagens descartadas) e de resíduos plásticos industriais. A utilização destas matérias-prima estimula a coleta seletiva e evita o seu desti-no incorreto. Portanto, é necessário que hajam ações no sentido de ampliar essa utilização, de-corrente do estímulo à reciclagem pelo gover-no, por cooperativas de catadores, por ONGs e por outras entidades, pois desse modo o mate-rial plástico será reaproveitado em quantidade expressiva e não irá poluir o meio ambiente.

-mulas de composição da madeira plástica e que no processo de reciclagem do plástico po-

dem ser adicionadas cargas vegetais de resíduos de madeira, de casca de arroz, de bagaço de cana-de-açúcar.

A principal aplicação da madeira plásti-ca é em substituição à madeira natural, o que contribui para evitar o desmata-

para praças, paletes, assoalhos, esqua-drias, lixeiras, mesas. A madeira plástica apresenta uma série de vantagens quan-do comparada à madeira natural, como maior durabilidade, impermeabilidade e resistência a cupins e fungos.

Com o estudo que elaborei sobre recicla-gem de plásticos e uso da madeira plás-tica com foco na importância para edu-cação ambiental, na mudança cultural

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que se pode promover e na opor-tunidade da expansão do mercado desse material, fui selecionada pelo programa Bayer Young Envi-ronmental Envoy (Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais),que tem parceria com o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No Brasil, apre-sentei o estudo na cerimônia de premiação, da qual participaram os três outros universitários bra-sileiros que tiveram seus projetos também selecionados pelo Progra-ma. Na Alemanha, em novembro de 2007, onde permaneci por uma semana, participei do Encontro In-ternacional de Jovens Embaixado-res Ambientais, com outros estu-dantes de 17 países.

Naquele país, foram realizadas vi--

gãos ambientais, a universidades e assistidas palestras para vivenciar como a proteção ambiental é pra-ticada pelo governo, comunidade e indústria. Assim pudemos conhecer as perspectivas e ações para o de-senvolvimento sustentável pratica-das pela Alemanha, o que se tornou referência para os estudantes que participaram do Programa.

Nas apresentações do Encontro, tive a oportunidade de conhecer os trabalhos desenvolvidos pelos jovens em seus respectivos países em prol do meio ambiente. São

e na política e que têm, acima de tudo, o objetivo e a vontade de transformação da qualidade de vida das pessoas, da melhoria da sociedade, dos serviços, do meio

da Terra.

Esse programa de intercâmbio e aprendizado do qual participei ampliou a minha esperança de um futuro melhor, pois convivi com jovens empenhados em preservar o meio

ambiente em seus países. Foi uma experiência única e enriquecedora por unir dezenas de jovens de diferentes culturas que se entenderam numa mesma língua, a do meio ambiente.

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Todos os seres vivos transformam de algum modo o ambiente, buscando organizar seu espaço vital de acordo

O ser humano, porém, transforma o espaço natural de forma diferente.

apenas do instinto, de interações

intencionalidades.

espaço natural por meio do trabalho, segundo o projeto de sociedade que desejam construir para si. Em muitas culturas, como a dos índios ianomâmis, a utilização de técnicas e instrumentos obedece a um princípio de manutenção da simbiose dos seres humanos com o meio natural. Em sociedades como essa, a transformação do ambiente por meio

de acumulação, mas ao princípio de utilização racional e equilibrada dos recursos disponíveis. Os indivíduos trabalham para garantir a vida, e não para acumular excedentes, o que difere das sociedades modernas.

AS SOCIEDADES HUMANAS E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

AS SOCIEDADES HUMANAS E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

Eduardo AmorimRepresentante da Juventude no Fórum da

OtoniMinas Gerais

O progresso técnico tem sido utilizado para produzir mais e mais, ainda que às custas da degradação do ambiente. Numa sociedade que

se utilizam da natureza apenas pela necessidade de uma melhor qualidade de vida ou até para a subsistência estranhamente são destruídos ou

do mercado é do lucro, que hoje tem dimensões planetárias, é a base da nossa organização socioeconômica e da nossa forma de apropriação e transformação da natureza.

não é fato novo, nem se restringe à era da industrialização. A novidade, hoje, é que os

sociais de predação se aperfeiçoaram. A partir

da globalização da economia e da comunicação exigem que as questões da sustentabilidade e da ecologia sejam pensadas em escala planetária.

Felizmente, a mesma ciência que trouxe

degradação ambiental trouxe para o homem do século XX a consciência de que a Terra é uma

de calor solar absorvida pelas águas desse oceano

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e pode trazer alterações climáticas

um acidente nuclear afeta a vida em pontos distantes do local em que ocorreu. Assim como a poluição

formas de vida que ele abriga, mas a população humana que se organiza a partir dele.

O ambiente natural, as relações sociais e a subjetividade fazem parte da teia da vida, que é tecida pelas interações sociais entre os seres humanos e pelas relações intrapessoais de cada ser individual. É necessário trabalhar pela ampliação da consciência de que a realidade natural, psíquica, é um sistema, ou seja, um conjunto complexo de interações em contínua interdependência e reorganização.

uma ecologia das idéias danosas assim como existe uma ecologia das ervas daninhas” (Apud Félix Guattari). Quando uma espécie desaparece do planeta, desaparece com ela parte

levou bilhões de anos para construir.

Somos responsáveis pela preservação da diversidade da vida. Sempre que o ser humano perde o sentido do comprometimento com a vida, sobrevém a morte da cultura e o desaparecimento das civilizações. Com a eclosão do pensamento

ser humano e a natureza, entre o cultural e o natural foi jogado por terra. Começamos a perceber que

seres humanos, mas também ao destino das demais espécies vivas e

que está ocorrendo no planeta Terra: a globalização excedente associada a propagandas apelativas, visando ao au-mento do consumo – quando o homem, ao produzir, não se preocupa com a degradação do meio ambiente gerada pela extração e dispensação dos seus produtos (lixo) – causa poluição que leva ao aquecimento global, ocasionan-do grande desequilíbrio natural.

É necessário que juntemos ao objetivo comum de poluir menos, incentivar a reciclagem, plan-tar árvores em vez de cortá-las, o objetivo de, ao despertar o desejo do consumo, perguntar a si mesmo: “Eu preciso disso?”. Que a cada ma-

de ambiente deixaremos para nossos sucessores. Salvemos a Terra antes que a espécie humana desapareça dela! Jovens consumistas dos sabe-res da tecnologia e de pouco compromisso com o

protagonistas da sustentabilidade futura do nosso planeta, por isso abusem de suas inteligências, vistam a camisa da responsabilidade da promoção de um ambiente saudável e bom para viver.

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