revista a lavoura 677

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Veículo oficial da Sociedade Nacional de Agricultura, com artigos técnicos e matérias do setor de agronegócios.

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Page 1: Revista A Lavoura 677

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Page 2: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 3A L

avoura

A Lavoura

ANO 113 - NO 677DIRETOR RESPONSÁVEL

Octavio Mello Alvarenga

EDITOR

Antonio Mello Alvarenga Neto

EDITORA ASSISTENTE

Cristina Baran

ENDEREÇO

Av. General Justo, 171 - 7º andar

20021-130 - Rio de Janeiro - RJ

Tel.: (21) 3231-6350

Fax: (21) 2240-4189

ENDEREÇO ELETRÔNICO

www.sna.agr.br

e-mails: [email protected]

[email protected]

DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Paulo Américo Magalhães

Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837

e-mail: [email protected]

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:

Antônio Cândido Cerqueira

Leite Ribeiro

Caio Albuquerque

Clarissa Lima Paes

Crébio José Ávila

Fabíola H. S. Fogaça

Guilherme Viana

Harley Nonato de Oliveira

Ibsen de Gusmão Câmara

Jacira Collaço

Joseani M. Antunes

Marcos Nogueira

Márcia Cristina de Azevedo Prata

Martha Z. de Miranda

Oriel Fajardo de Campos

Soraya Pereira

É proibida a reprodução parcial ou

total de qualquer forma, incluindo

os meios eletrônicos, sem prévia

autorização do editor.

ISSN 0023-9135

Os artigos assinados são de responsabi-

lidade exclusiva de seus autores, não tra-

duzindo necessariamente a opinião da

revista A Lavoura e/ou da Sociedade

Nacional de Agricultura

Capa: Foto: Quetila Ruiz

– Embrapa Rondônia

SNA 113 ANOS 06

PANORAMA 08

SOBRAPA 19

AGRONEGÓCIOS &

BIOTECNOLOGIA 27

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO 28

EMPRESAS 34

MEIO AMBIENTE

Controle racional de pragas da soja:

eficiência econômica e consciência

ecológica

A busca por formas alternativas de

controle de pragas visa minimizar a

utilização de agrotóxicos no

processo de produção

de alimentos 17

ALIMENTAÇÃO

A importância do manejo higiênico-

sanitário na qualidade do pescado

O baixo consumo de pescado no Brasil

é consequência da falta de políticas

públicas para o setor, além da

ausência de estabelecimentos

comerciais especializados 23

TRIGO

Nova variedade de trigo tem boas

características de uso industrial

Ótimo desempenho agronômico e

elevada produtividade de grãos são

algumas das características

da nova cultivar 30

PECUÁRIA LEITEIRA

Fases críticas na criação de

bezerras de rebanhos leiteiros 12

CASOS DE SUCESSO

Trilhando o caminho orgânico

sem desvios 34

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Page 3: Revista A Lavoura 677

4 ABRIL/2010 A Lavoura

DIRETORIA TÉCNICA

LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO

FRANCISCO JOSÉ V ILELA SANTOS

ROBERTO FERREIRA DA S ILVA P INTO

MARIA BEATRIZ BLEY MARTINS COSTA

ROSINA V ILLEMOR CORDEIRO GUERRA

SYLVIA WACHSNER

SYLVIA DE BOTTON BRAUTIGAM

RUY BARRETO

D ICK THOMPSON

JAIME ROTSTEIN

JOSÉ CARLOS DA FONSECA

ANTÔNIO DE ARAÚJO FREITAS JR .

DIRETORIA GERAL

P R E S I D E N T E

OCTAVIO MELLO ALVARENGA

1 ° V I C E - P R E S I D E N T E

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO

2° V ICE-PRES IDENTE

ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO

CÂMARA

3° V ICE-PRES IDENTE

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO

ALME IDA

4 ° V I C E - P R E S I D E N T E

JOEL NAEGELE

D I R E T O R E S

NESTOR JOST

RONALDO DE ALBUQUERQUE

SÉRGIO GOMES MALTA

LUIZ MARCUS SUPL ICY HAFERS

HÉL IO ME IRELLES CARDOSO

JOSÉ CARLOS A ZEVEDO DE MENEZES

COMISSÃO F ISCAL

ROBERTO PARA ÍSO ROCHA

CLAUDINE B I CHARA DE OL IVE IRA

PLÁC IDO MARCHON LEÃO

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasile-mail: [email protected] · http://www.sna.agr.brESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979

SNA - fundada em 1897

Sociedade Nacional

de Agricultura

Academia Nacional

de AgriculturaCADEIRA

01

02

03

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39

40

41

TITULAR

ROBERTO FERREIRA DA SILVA PINTO

JAIME ROTSTEIN

EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA

FRANCELINO PEREIRA

LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS

RONALDO DE ALBUQUERQUE

TITO BRUNO BANDEIRA RYFF

FLÁVIO MIRAGAIA PERRI

JOEL NAEGELE

MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAES

ROBERTO PAULO CÉZAR DE ANDRADE

RUBENS RICUPERO

PIERRE LANDOLT

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

ISRAEL KLABIN

SYLVIA WACHSNER

ANTONIO DELFIM NETTO

ROBERTO PARAÍSO ROCHA

JOÃO CARLOS FAVERET PORTO

NESTOR JOST

OCTAVIO MELLO ALVARENGA

ANTONIO CABRERA MANO FILHO

JÓRIO DAUSTER

ANTONIO CARREIRA

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO

IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA

DICK THOMPSON

JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES

AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO

ROBERTO RODRIGUES

JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES

LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO

ALYSSON PAOLINELLI

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA

DENISE FROSSARD

EDMUNDO BARBOSA DA SILVA

ERLING S. LORENTZEN

PATRONO

ENNES DE SOUZA

MOURA BRASIL

CAMPOS DA PAZ

BARÃO DE CAPANEMA

ANTONINO FIALHO

WENCESLÁO BELLO

SYLVIO RANGEL

PACHECO LEÃO

LAURO MULLER

MIGUEL CALMON

LYRA CASTRO

AUGUSTO RAMOS

SIMÕES LOPES

EDUARDO COTRIM

PEDRO OSÓRIO

TRAJANO DE MEDEIROS

PAULINO FERNANDES

FERNANDO COSTA

SÉRGIO DE CARVALHO

GUSTAVO DUTRA

JOSÉ AUGUSTO TRINDADE

IGNÁCIO TOSTA

JOSÉ SATURNINO BRITO

JOSÉ BONIFÁCIO

LUIZ DE QUEIROZ

CARLOS MOREIRA

ALBERTO SAMPAIO

EPAMINONDAS DE SOUZA

ALBERTO TORRES

CARLOS PEREIRA DE SÁ FORTES

THEODORO PECKOLT

RICARDO DE CARVALHO

BARBOSA RODRIGUES

GONZAGA DE CAMPOS

AMÉRICO BRAGA

NAVARRO DE ANDRADE

MELLO LEITÃO

ARISTIDES CAIRE

VITAL BRASIL

GETÚLIO VARGAS

EDGARD TEIXEIRA LEITE

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Page 4: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 5

Octavio Mello Alvarenga

SSSSSNANANANANACarta daCarta daCarta daCarta daCarta da

NNenhum programa de televisão

destinado à agricultura brasilei-

ra é mais amplo e mais bem

apresentado do que o dominical Globo

Rural. A SNA demonstrou isto publica-

mente quando, há 4 anos, durante o seu

8º Congresso de Agribusiness, entregou

um “Destaque A Lavoura” para o jorna-

lista Humberto Pereira, editor do pro-

grama, e seus competentes apresentado-

res, Nelson Araújo e Ellen Martins.

Neste número de A Lavoura a pecu-

ária leiteira merece um capítulo especi-

al abordando importantes aspectos da

criação de bezerras em rebanhos leitei-

ros. Como se sabe, a produção de leite no

Brasil envolve a participação de muitos

pequenos produtores que têm nessa ati-

vidade sua fonte de sobrevivência. É pre-

ciso que se realize mais investimentos

em pesquisas, melhorias genéticas e lo-

gística – da produção à comercialização

– para que nossa pecuária tome novo im-

pulso e venha a destacar-se no cenário

mundial, tal como acontece com outros

segmentos de nosso agronegócio.

Esta edição trata ainda da eficiência

econômica e consciência ecológica nos

controles racionais de pragas da soja. Há

também uma oportuna matéria sobre a

produção de uma nova variedade de tri-

go, desenvolvida pelo Instituto Agronô-

mico do Paraná e Fundação Meridional.

A anunciada retaliação do Brasil ao tri-

go americano pode abrir novas oportuni-

dades para o crescimento dessa cultura

no país.

Como sempre, trazemos as páginas,

sempre lúcidas, através das quais o al-

mirante Ibsen Gusmão Câmara, presi-

dente da Sobrapa, alerta e discorre sobre

a conservação do meio ambiente. Lem-

bramos que a seção Sobrapa é publicada

desde 1989. Foi em 1992 que se realizou,

no Rio de Janeiro, a Conferência das

Nações Unidas, a Eco 92, sob a coorde-

nação do conselheiro da SNA Flávio

Perri. Em 2012 realizar-se-á nesta cida-

de a Rio +20 e os temas sobre sustenta-

bilidade e conservação encartados em A

Lavoura continuam atuais e com impor-

tância cada vez maiores. Atualmente, e

cada vez mais, não pode haver discus-

sões sobre agronegócios desvinculados

da problemática ambiental.

Finalmente, esta edição A Lavoura

revive a trajetória do “Sítio do Moinho”,

um dos primeiros e mais ativos partici-

pantes do pioneiro projeto OrganicsNet,

da SNA. Com experiência acumulada

nos 21 anos de atuação no mercado de or-

gânicos, os proprietários, Angela e Dick

Thompson, continuam com o mesmo en-

tusiasmo de sempre, diversificando e

ampliando o leque de produtos do bem

sucedido negócio.

Boa leitura.

Nossa pecuária leiteira

merece mais atenção

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Page 5: Revista A Lavoura 677

6 ABRIL/2010 A Lavoura

Mais uma vez, a diretora da SNA

e coordenadora do projeto Or-

ganicsNet, Sylvia Wachsner, esteve pre-

sente na edição alemã da BioFach. Realiza-

da de 17 a 20 de fevereiro, na cidade de

Nuremberg, a maior feira especializada em pro-

dutos e negócios orgânicos recebeu mais de 43 mil vi-

sitantes, compradores de 121 países e 2557 exibidores.

Além dos estandes, visitantes e empreendedores puderam

participar de 180 eventos extras, como fóruns e palestras.

Já o setor dedicado especialmente ao bem-estar e cuida-

dos pessoais, VivaNess, atraiu um público interessado em

produtos com valor agregado, além do comércio justo e sus-

tentabilidade. Em 2010, os empreendedores esperam fe-

char mais 85% de seus negócios, um crescimento médio de

14% em relação ao ano passado, revelando o otimismo do

setor em meio à crise econômica internacional.

Agreco, o mais novo integrante do OrganicsNet, parti-

cipou do estande do MDA. A empresa marcou presença

para avaliar o mercado internacional de orgânicos, sem es-

quecer de traçar estratégias para o mercado nacional. Já

Sylvia Wachsner foi palestrante do seminário organizado

pelo MDA e o Planeta Orgânico, no qual abordou as van-

tagens dos compradores ao adquirirem alimentos orgâni-

cos das cooperativas de agricultores familiares. Além des-

se tema, a coordenadora do OrganicsNet teceu observações

sobre outros produtos presentes na BioFach: “se for feita

uma comparação direta, os produtos brasileiros ainda têm

SNA presente na BioFach da Al

Membro fundador da Sociedade Nacional

da Agricultura, este gaúcho abraçou diversas

iniciativas em prol da lavoura nacional, sendo

lembrado como um dos pioneiros na introdução

do eucalipto no Brasil. Contudo, suas contribui-

ções foram muito além, sendo um dos precur-

sores do desenvolvimento da indústria viníco-

la, defendendo sua viabilidade em solo brasi-

leiro.

A convite de D. Pedro II, exerceu a função

de pesquisador na área de botânica no Museu

Nacional. Também foi membro ativo da Socie-

dade Nacional de Aclimatação, onde trabalhou

na adaptação climática de espécies úteis ao de-

senvolvimento industrial do Brasil. Por três

Dezembro de 2009:

170 anos de Frederico Guilherme de Albuquerque

anos, de 1876 a 1879, escreveu para a Revista

de Horticultura, divulgando conhecimentos

fundamentais para os agricultores brasileiros.

Albuquerque desempenhou também a função

de administrador dos Jardins públicos de São

Paulo ao fim da monarquia e começo da repú-

blica.

O cientista, naturalista e botânico faleceu

precocemente aos 58 anos, em 1897. À SNA

coube fazer uma justa homenagem a este ho-

mem que fez da lavoura o sentido de sua vida:

hoje seu retrato faz parte da galeria de brasi-

leiros ilustres do Centro Cultural da Justiça

Eleitoral no Rio de Janeiro.

(ADAPTADO DO TEXTO DE LUÍS SEVERIANO SOARES RODRIGUES)

SYLVIA

WA

CH

SN

ER

Estande do OrganicsBrasil, do Ministério da Agricultura

!ALAV677-1-11.pmd 17/3/2010, 13:376

Page 6: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 7

da Alemanha

Parabéns aos mais recentes forman-

dos da Fagram. A cerimônia de

colação de grau dos novos Zootecnis-

tas foi realizada em 22 de fevereiro

último, na sede da Sociedade Nacio-

nal de Agricultura, no Rio de Janei-

ro. Na foto, Guilherme Campello de

Oliveira da Silva, a coordenadora de

curso Christianne Perali, o professor

Airton Antonio Castagna, o vice-pre-

sidente da SNA, Antonio Mello Alva-

renga, Danielle Baia de Freitas, o

professor Otavio Cabral Neto, Bruno

José Cid de Souza Barcelos e Rosiane

Rodrigues de Oliveira. Na mesma

turma também se graduaram Ildecir

Rangel Sias, Júlia Clark Ribeiro,

Leonardo da Silva Gonçalves e

Rosiane Rodrigues de Oliveira.

dificuldades para competir no exteri-

or.”, lamentou. A diretora da SNA con-

sidera embalagem e preço itens críti-

cos: no primeiro caso, ela ressaltou que

alguns produtos deveriam trabalhar

melhor sua imagem, profissionalizan-

do a rotulagem. Além disso, valorizar

a sustentabilidade do meio ambiente

é uma ação com cada vez mais peso

nos produtos orgânicos.

Quanto à questão do preço, que de-

pende de vários outros componentes,

ela pondera ser um entrave ainda mai-

or. A consequência é que, por enquan-

MA

RIA

HELEN

A E

LG

UESA

BEL

Da esquerda para a direita: Ming Liu (Organics Brasil), Nelton Friedrich (Itaipu), Ambassador

Everton Vargas, Sylvia Wachsner (Organics Net), Maria Beatriz Martins Costa (Planeta

Orgânico), Arnoldo Campos (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Claudia Calorio

(Ministério do Meio Ambiente)

Produtos do Projeto Água Boa da Itaipu

Binacional

Formandos

FAGRAM

to, o produto brasileiro dificilmente poderá competir com o europeu. “Nas pra-

teleiras dos supermercados observei barras de cereais, geleias, sucos orgâni-

cos custando consideravelmente menos do que os similares brasileiros. E ain-

da há a barreira dos sabores ‘desconhecidos’: apesar da ajuda dos surfistas, o

tropical açaí ainda não conquistou o consumidor do tradicional morango ale-

mão.”, lamenta.

Contudo, a diretora explica que mesmo as observações mais críticas podem

servir de sinal para mudanças e/ou aperfeiçoamento sejam implementados. Da

mesma forma, Sylvia Wachsner viu produtos brasileiros orgânicos, como o açú-

car Native, que recebeu investimentos pesados e um trabalho de longo prazo,

chegarem às mesas dos consumidores norte-americanos e europeus – e isso com

os mesmos envelopes verdes vendidos no mercado nacional.

SYLVIA

WA

CH

SN

ER

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Page 7: Revista A Lavoura 677

8 ABRIL/2010 A Lavoura

As novas cultivares são alternativas para sistemas de pro-

dução de forragem com excelente produtividade, alto valor nu-

tritivo, melhor digestibilidade e com tolerância ao míldio, uma

das principais doenças que atacam a cultura. O diferencial do

BRS 810 é a presença de uma pigmentação amarronzada na

nervura das folhas e na medula do caule devido à característica

BMR, que confere às plantas menor teor de lignina, possibilitan-

do melhores digestibilidade e conversão alimentar, o que resul-

ta em maior produção de carne e leite.

Já o BRS 802 apresenta alto potencial de produção de maté-

ria seca em cortes ou rebrotas sucessivas. Apresenta fácil esta-

belecimento, rápido crescimento a partir do 20º dia de vida, ex-

traordinária capacidade de rebrota e perfilhamento, alto valor

nutritivo, excelente aceitação pelos animais, alta tolerância a

estresses hídricos e a temperaturas elevadas e excelente adap-

tação a sistemas de pastejo rotativo ou diferido e palha persis-

tente no solo para cobertura morta e plantio direto. Abaixo, co-

nheça outras características desses materiais.

BRS 810

Híbrido de sorgo de corte e pastejo, tem ciclo anual, desen-

volve-se durante a estação do verão e alcança de 1,5 m a 3,7 m

de altura. Apresenta alta capacidade de rebrota, excelente

palatabilidade e aceitação pelos animais, alto valor nutritivo,

sendo altamente resistente à seca e adaptado à produção de

biomassa sob condições de estresse ambiental. Cresce muito

Novos híbridos de sorgo

de corte e pastejo para

maior produção de

carne e leite

Dois novos híbridos de sorgo para corte e

pastejo foram lançadas pela Embrapa

Milho e Sorgo: o BRS 802 e o BRS 810

rapidamente. Entre 30 e 40 dias, já fornece um pasto de alta

qualidade. Seu uso preferencial como forrageira é corte verde e

pastejo direto. Apresenta alto potencial de produção de matéria

seca em cortes ou rebrotas sucessivas. Boa resistência às prin-

cipais doenças foliares além da resistência ao míldio. Possui fo-

lhas abundantes, longas e delgadas, colmos finos e suculentos e

grande capacidade de perfilhamento.

BRS 802

Híbrido simples de sorgo de pastejo. Seu uso preferencial

como forrageira é corte verde e pastejo direto. Apresenta alto

potencial de produção de matéria seca em cortes ou rebrotas

sucessivas, podendo alcançar produtividades superiores a 20

toneladas de matéria seca ou 100 toneladas de matéria verde por

hectare. Produto versátil, adaptando-se facilmente a diversos

sistemas de produção de forragem e agrosilvopastoril, sendo

muito útil para a produção de cobertura morta. Boa resistência

às principais doenças foliares além da resistência ao míldio.

GUILHERME VIANA – EMBRAPA MILHO E SORGO

Sorgo BRS 810: excelente aceitação pelos animais

JO

SÉ A

VELIN

O S

AN

TO

S R

OD

RIG

UES/EM

BRA

PA

MIL

HO

E S

ORG

O

O Governo definiu o apoio à destila-

ção de 40 milhões de litros de vinho da

safra 2009/2010. São 34 milhões de litros

de vinho de mesa e 6 milhões de vinífero.

A medida vai permitir a produção de 4,8

milhões de litros de destilado vinífero, que

serão destinados a corrigir o vinho da

próxima safra 2010/2011.

A operação terá o aporte de R$ 38

milhões de recursos da Política de Garan-

tia de Preços Mínimos (PGPM) e estima-

se a correção em dois graus (2º) de álcool

em substituição ao uso do álcool oriundo

do açúcar. Para isto, está previsto o pa-

gamento de aproximadamente R$ 0,16/

litro para o destilado oriundo do vinho de

mesa e R$ 0,33/litro para o destilado pro-

duzido a partir do vinho vinífero. “Com

isso, nós estimamos que 200 milhões de

litros de melhor qualidade da safra 2010/

11 serão corrigidos, o que fará com que o

governo federal enxugue parte significa-

tiva do excesso de estoque, além de qua-

lificar o vinho da próxima safra”, avalia

o diretor de Política Agrícola e Informa-

ções (Dipai) da Conab, Silvio Porto.

Destilação

O Brasil é um dos poucos países que

utiliza esse método de correção do vinho,

que melhora a sua qualidade e permite o

escoamento por meio da comercialização.

Selo fiscal

Está em discussão a implementação

ainda em 2010 do selo fiscal para os vi-

nhos nacionais e importados. Os vinicul-

tores que são favoráveis à medida susten-

tam que ela poderá facilitar a identifica-

ção dos produtos, o que irá contribuir para

um melhor combate à falsificação e mai-

or fiscalização do mercado.

MARCOS NOGUEIRA – CONAB

Conab vai apoiar destilação de 40 milhões de litros de vinho

Destilação de

vinhos terá apoio

governamental

PA

ULO

SO

ARES /

ESA

LQ

!ALAV677-1-11.pmd 17/3/2010, 13:378

Page 8: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 9

Hábitos de vida saudáveis e

uma dieta balanceada, aliados

ao alto consumo de frutas e ve-

getais, estão associados à redu-

ção do risco de doenças e à ma-

nutenção da saúde. Além disso,

o controle de doenças cardio-

vasculares, por exemplo, pode

ser feito com maior possibilida-

de de êxito se tiver o auxílio de

medicamentos ou por meio de

dieta que, segundo pesquisado-

res, consiste na melhor forma

de prevenção. O consumo de ve-

getais, grãos e frutas pode as-

sim prevenir essas doenças,

uma vez que, em sua composi-

ção é marcante a presença de

f ibras e a lguns compostos

fitoquímicos como os esteróis,

ácido fítico, taninos, inibidores

de enzimas, saponinas, entre

outros.

Estudo publicado na Revis-

ta Ciência e Tecnologia de Ali-

mentos, e conduzido pela pro-

fessora Jocelem Mastrodi Sal-

gado, do departamento de

Agroindústria, Alimentos e Nu-

trição (LAN), da Escola Superi-

or de Agricultura “Luiz de

Queiroz” (USP/ESALQ), anali-

sando o óleo de abacate como

matéria-prima para a indústria

alimentícia, deve despertar in-

teresse no setor produtivo e em

todos aqueles preocupados em

buscar alternativas naturais

para manter uma melhor qua-

lidade de vida. Segundo Joce-

Pesquisa

avalia óleo

de abacate

Estudo da ESALQ

observa viabilidade

da substância

como matéria-prima

para a indústria

alimentícia

lem, “o óleo de abacate possui,

em sua composição, substânci-

as bioativas capazes de preve-

nir e controlar as dislipidemias

e, como existem poucas pesqui-

sas científicas avaliando o po-

tencial deste óleo para o consu-

mo humano, buscamos avaliar

os processos de extração e refi-

no dessa substância”.

Variedade Margarida

Para executar a pesquisa,

procedeu-se à separação da pol-

pa das outras partes da fruta.

A polpa fresca foi seca em estu-

fa e , posteriormente, moída

para a obtenção de um farelo. O

óleo obtido do farelo foi extraí-

do e caracterizado. O experi-

mento foi realizado nos labora-

tórios de Bromatologia e Óleos

e Gorduras da ESALQ e foram

utilizados frutos de abacate da

variedade Margarida, proveni-

entes da região de Piracicaba.

“Os abacates foram colhidos no

seu estado de maturação quan-

do ainda se apresentavam fir-

mes. Logo após foram armaze-

nados à temperatura ambiente,

até at ingirem seu ponto de

maturação, ou seja, quando os

frutos amolecem e cedem à leve

pressão feita com os dedos”,

revela a pesquisadora. A vari-

edade Margarida foi seleciona-

da por encontrar-se facilmente

disponível no mercado brasilei-

ro e apresentar teor de matéria

graxa ao redor de 20%.

Os resultados mostraram

que os processos de extração e

refino do óleo a partir dessa

variedade do abacate são tecni-

camente viáveis, o que o torna

excelente matéria-prima para a

indústria de alimentos. Além

disso, possui um perfil de áci-

dos graxos e esteróis muito se-

melhante ao perfil do azeite de

ol iva, podendo desta forma,

substituir o óleo de soja e ser

uti l izado juntamente com o

azeite de oliva nos óleos mistos,

oferecendo ao consumidor bra-

sileiro um produto de qualida-

CRIS

TIN

A B

ARA

N

de superior e com menor custo.

Fonte de vitamina

Concluiu-se ainda que o óleo

de abacate, da variedade estu-

dada, é uma boa fonte de vita-

mina E, pois 30 ml deste óleo

atendem a 18% das necessida-

des diárias de um adulto. Se-

gundo a ANVISA, que estabele-

ce diretrizes para os alimentos

que utilizam informação nutri-

cional complementar, para ser

considerado alimento rico ou

com alto teor de uma determi-

nada vitamina, o mesmo preci-

sa oferecer no mínimo 15% do

valor correspondente ao previs-

to na tabela de Ingestão Diária

Recomendada (IDR). Portanto,

caso esse óleo venha ser comer-

cializado no varejo, é possível

utilizar essa alegação em sua

rotulagem.

Os resultados confirmam a

possibilidade de utilizar o óleo

de abacate em substituição ao

azeite de oliva ou como maté-

ria-prima para a indústria ali-

mentícia, pois suas composi-

ções nutricionais são muito se-

melhantes. “No entanto, são

necessários mais estudos para

melhorar o sabor e o aroma des-

te óleo”, pondera Jocelem.

CAIO ALBUQUERQUE – ESALQ/USP

Abacate: matéria-prima para indústria

alimentícia

!ALAV677-1-11.pmd 17/3/2010, 13:379

Page 9: Revista A Lavoura 677

10 ABRIL/2010 A Lavoura

O Pará, maior produtor de pimenta-

do-reino do país, começa a substituir os

pimentais por cacaueiros. Bastante valo-

rizada pelo mercado internacional no

passado, a pimenta-do-reino foi uma va-

liosa fonte de renda para as famílias de

imigrantes japoneses que chegaram ao

estado há 80 anos. A partir da década de

70, entretanto, os pimentais começaram

a ser acometidos pela Fusariose, doença

que dizima a plantação e ainda não tem

cura.

Por conta disso, agricultores do Pará,

estão intercalando a lavoura de pimenta-

do-reino com o cultivo do cacau que tem

crescido expressivamente em todo o Pará.

Hoje, o Estado é um dos maiores produ-

tores de pimenta do Brasil, é também de

cacau.

Para ser cultivado, o cacau necessita

de sombreamento oferecido por espécies

de porte alto e de matéria orgânica, carac-

terísticas que fazem dele uma espécie

ecologicamente correta e possibilita o

plantio consorciado. Com isso, os agricul-

tores de Tomé-Açu puderam abandonar

a monocultura e implantar o Sistema

Pará substitui pimenta-do-reino

por cacau e vira exemplo de

agricultura sustentável

Agroflorestal, que combina o cultivo de es-

pécies frutíferas com espécies florestais,

proporcionando maior biodiversidade.

Isso os torna menos vulneráveis à

Fusariose que, instalada, compromete a

viabilidade econômica da propriedade.

A fazenda de Michinori Konagano

é um exemplo bem sucedido de plantio

consorciado. Ele tinha apenas dois

anos, quando chegou com sua família

do Japão, para plantar pimenta-do-

reino no Norte do país. A exemplo de

seu pai, Michinori ainda cultiva pi-

menta-do-reino, mas hoje a produção

de cacau de sua propriedade equivale

à da pimenta, 50 toneladas ao ano.

Além disso, ele introduziu o cultivo de

cupuaçu, laranja, coco, banana, mog-

no e castanheira. “A produção de cacau

deve ultrapassar à de pimenta-do-rei-

no no próximo ano e hoje já consigo

produzir mais de 20 espécies. Acho que

encontramos a solução para recuperar

as áreas alteradas pela agricultura”,

afirma Michinori com orgulho.

Essa forma de produzir, o chamado

Sistema Agroflorestal, ainda contribui

para a proteção dos recursos hídricos,

redução no uso de agrotóxico, aumento da

qualidade nutritiva dos alimentos e me-

nor erosão do solo. Quase todos os produ-

tores de Tomé-Açu já aderiram ao Siste-

ma Agroflorestal, tornando o município

referência internacional em termos de

agricultura sustentável.

MAIS INFORMAÇÕES: EX-LIBRIS COMUNICAÇÃO INTEGRADA

Pará substitui pimenta-do-reino

por cacau e vira exemplo de

agricultura sustentável

A Embrapa Agroindústria de Alimen-

tos e o CNPq (Conselho Nacional de De-

senvolvimento Científico e Tecnológico)

estão promovendo o II Simpósio Interna-

cional de Extrusão de Alimentos. A

extrusão é uma técnica de processamen-

to de matérias-primas que permite, entre

outras coisas, produzir alimentos sem

glúten como massas, doces e sopas instan-

tâneas. O tema interessa aos portadores

de doença celíaca (patologia que atrofia as

vilosidades da mucosa do intestino delga-

do prejudicando a absorção de nutrientes

e água). De acordo com a Associação de

Celíacos do Brasil , só no Brasil, existem

mais de 600 mil celíacos. O Simpósio será

de 23 a 25 de junho, no Rio de Janeiro, e

é dirigido a empresas de alimentos, téc-

nicos e pesquisadores ligados a nutrição,

engenharia de alimentos, química, biolo-

gia, agronomia e zootecnia.

Três grandes áreas agroindustriais

têm adotado a extrusão. A primeira visa

a produção de alimentos para consumo

humano como snacks, farinhas pré-

gelatinizadas, sopas instantâneas, mas-

Simpósio Internacional de

Extrusão de Alimentossas e bebidas de rápido preparo, sem

glúten, e elaboradas a partir da combina-

ção de cereais como milho, arroz, gerge-

lim, quinoa e soja.

Rações para animais

A segunda área tem foco na produção

de rações para animais de pequeno por-

te como cães, gatos, aves, suínos e peixes.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos,

por exemplo, tem pesquisado a extrusão

da torta de mamona para suplementar a

dieta de caprinos. A extrusão elimina a

toxidez contida na semente da mamona

que, dependendo da concentração, pode

causar alergias e morte dos animais.

A terceira e mais recente área diz res-

peito à extrusão de alimentos com propri-

edades funcionais a partir de compostos

de amidos, pectinas e proteínas. “O

Simpósio será uma oportunidade para

atualizar conhecimentos técnicos e cien-

tíficos. Novas tecnologias precisam ser

incorporadas ao setor produtivo e o mer-

cado consumidor tem que conhecer as

vantagens desse processo em relação aos

tradicionais na agroindustrialização de

alimentos”, afirmou José Luis Ascheri,

pesquisador da Embrapa.

O Simpósio contará com palestrantes

da França, Estados Unidos e Brasil que

estarão divididos em sessões de debate

ligadas a produtos proteicos na indústria

de extrusão de alimentos, novos produtos

derivados da extrusão, automação na

indústria de alimentos e elaboração de in-

gredientes funcionais por extrusão

termoplástica. Detalhes da programação

estão em http://www.isfex.com.br/.

Outras informações: 21 3622 9796.

SORAYA PEREIRA – EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS

Cacau: crescimento expressivo no Pará

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Biscoitos sem glúten

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Page 10: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 11

Recuperação de pastos pode

ter influência em 76% da

redução de gases no BrasilAlém de gerar baixo desempenho

econômico para o pecuarista, as pasta-

gens degradadas se tornaram elemen-

to-chave em um mundo preocupado

com as mudanças climáticas. A recupe-

ração delas e a integração lavoura-pe-

cuária (ILP) – duas tecnologias dispo-

níveis que contribuem para a resolução

do problema – vão, juntas, responder

por cerca de 12% do compromisso vo-

luntário do governo brasileiro de redu-

zir em até 38,9% a emissão de gases de

efeito estufa até 2020, segundo propos-

ta do Ministério do Meio Ambiente

(MMA).

Na prática, a contribuição dessas

ações deverá ser ainda maior. É o que

avalia o pesquisador Geraldo Martha,

da Embrapa Cerrados – unidade da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-

cuária (Embrapa), vinculada ao Minis-

tério da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento. Como atualmente a abertura

de novas áreas para pastagens é uma

das causas do desmatamento na Ama-

zônia e no Cerrado, a recuperação das

áreas de pecuária de baixa produtivida-

de já usadas atualmente vai ser fator

fundamental para liberar áreas para

acomodar a expansão de alimentos, fi-

bras e biocombustíveis sem a necessida-

de de novos desmatamentos.

Como a redução de desmatamento

na proposta do MMA vai ser responsá-

vel por 63,59% do compromisso de re-

dução na emissão de gases de efeito es-

tufa, a intensificação da produção ani-

mal em pastagens pode ser, direta ou

indiretamente, responsável por 76%

das ações de mitigação (NAMAs) pro-

postas pelo governo brasileiro para

2020. “Isso demonstra a importância e

urgência de investimentos em pesqui-

sa agrícola e em transferência de tecno-

logia para dar suporte a essas estraté-

gias de mitigação de gases de efeito es-

tufa, por um lado, e em linhas de finan-

ciamento adequadas e outros incenti-

vos para a adoção de boas práticas de

manejo em larga escala pelos produto-

res rurais, por outro”, ressalta Geraldo

Martha.

Com a integração lavoura-pecuária,

a ideia é que a intensificação do uso da

terra proporcione ganhos de produtivi-

dade. Isso deve evitar o deslocamento

direto ou indireto da pecuária para re-

giões de fronteira e liberar áreas já aber-

tas para aumentar a produção de ali-

mentos, fibras e biocombustíveis sem a

necessidade de novos desmatamentos.

De acordo com uma pesquisa realizada

pela Embrapa Cerrados, se um pasto de

baixa produtividade e com taxa de lota-

ção de 0,4 cabeça por hectare passa a

abrigar cinco animais na mesma unida-

de de área, cada hectare com essa taxa

de lotação que é recuperado pela inte-

gração lavoura-pecuária libera outros

oito para outros usos.

Além de contribuir na redução do

desmatamento, o crescimento de produ-

tividade em si redunda em benefícios

para o meio ambiente. “Um pasto pro-

dutivo pode ser tão eficiente na conser-

vação do solo e da água quanto uma flo-

resta”, explica Geraldo Martha. Segun-

do o pesquisador, a grande quantidade

de raízes no solo contribui para o au-

mento da matéria orgânica, o que

incrementa também a captura carbono

da atmosfera e melhora a eficiência de

uso da água e de nutrientes no sistema.

Outro grande problema da pecuária

relacionado ao efeito estufa é a emissão

de metano pela digestão dos bovinos,

que também é diminuída pela melhor

qualidade das forragens. Estudos da

Embrapa apontam que a emissão do

gás pelos animais pode cair pela meta-

de quando eles são criados em sistemas

com elevada disponibilidade e valor

nutritivo de forragem, como em siste-

mas de integração lavoura-pecuária

bem manejados. “E a boa notícia é que

o aumento no desempenho animal em

pastagens, além de reduzir o impacto

ambiental negativo da pecuária, geral-

mente aumenta o retorno econômico do

empreendimento”, acrescenta Martha.

Para o pesquisador da Embrapa

Cerrados Lourival Vilela, que coorde-

na os estudos de pesquisa em inte-

gração lavoura-pecuária na Embra-

pa (Prodesilp), pelo menos metade

das pastagens brasileiras estão em

algum grau de degradação. Nessas

condições, o solo é geralmente de

baixa fertilidade e assim há menor

produtividade do capim, o que au-

menta o custo de produção, especial-

mente em pequenas propriedades.

Esse quadro de baixa produtividade

das pastagens ainda causa perda de

matéria orgânica, erosão e compacta-

ção do solo. Por outro lado, a integra-

ção lavoura-pecuária, além de bene-

ficiar o meio ambiente, permite mai-

or eficiência no uso de fertilizantes,

redução de plantas invasoras e ga-

nhos de produtividade tanto nas la-

vouras quanto na pecuária.CLARISSA LIMA PAES – EMBRAPA CERRADOSIntegração lavoura-pecuária: ganhos de produtividade

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Page 11: Revista A Lavoura 677

12 ABRIL/2010 A Lavoura

Pecuária leiteira

Fases críticas na criação de

bezerras de rebanhos leiteiros

Condições das instalações – limpas e secas –, fornecimento

adequado da alimentação, além de observações diárias e

cuidadosas de cada animal são sugestões de manejo que

minimizem problemas nesta fase da criação

ORIEL FAJARDO DE CAMPOS, MÁRCIA CRISTINA DE AZEVEDO PRATA E ANTÔNIO CÂNDIDO CERQUEIRA LEITE RIBEIRO

PESQUISADORES DA EMBRAPA GADO DE LEITE

A mão-de-obra encarregada de tratar dos bezerros tem que ser especialmente treinada

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Page 12: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 13

Pecuária leiteira

A criação de bezerras constitui-se

em importante segmento nos

sistemas de produção de leite.

Partindo-se do princípio que todo produ-

tor está sempre procurando melhorar ge-

neticamente seu rebanho, utilizando sê-

men ou cobrindo suas vacas com animais

melhoradores, é de se esperar que os ani-

mais nascidos tenham maior potencial

para a produção de leite. Assim, quanto

mais cedo estes animais entrarem em pro-

dução, substituindo os mais velhos e me-

nos produtivos, mais rapidamente o me-

lhoramento genético será incorporado ao

rebanho, resultando em maior produtivi-

dade. Disto depreende-se que, mais do que

custo, a criação de bezerras, e por exten-

são das novilhas, deve ser entendida como

um investimento.

Do nascimento até os três/quatro

meses de idade, as bezerras merecem

toda a atenção. A mão-de-obra encarrega-

da de tratar desses animais tem de ser

especialmente treinada com o objetivo de

propiciar todo um ambiente de conforto

para as bezerras. Isto significa principal-

mente: (a) observações diárias e cuidado-

sas de cada animal, para verificar se a

bezerra apresenta comportamento nor-

mal - qualquer mudança de comporta-

mento deve ser avaliada para a tomada

de medidas preventivas; (b) característi-

cas das fezes e possível presença de cor-

rimento nasal; (c) condições das instala-

ções, garantindo estarem limpas e secas;

(d) fornecimento da alimentação com cal-

ma e paciência, principalmente da ali-

mentação líquida; e (e) carinho no trato

com os animais.

Neste artigo são destacadas a seguir

as duas fases consideradas mais críticas

da criação de bezerras: as três primeiras

semanas de idade e aquela por ocasião do

desaleitamento, sendo sugeridas medidas

preventivas e de manejo que, se adotadas,

poderão minimizar os problemas mais

comumente observados. Vale ressaltar

que são enfocadas, principalmente, aque-

las propriedades que adotam o aleita-

mento artificial (dieta líquida fornecida

em baldes, mamadeiras ou bibeirões), de-

saleitamento precoce (por volta dos dois

meses de idade) e onde os bezerros são

mantidos em instalações individuais du-

rante a fase de aleitamento e depois do de-

saleitamento manejados em grupos.

As três primeiras semanas

de idade

As três primeiras semanas de vida

dos bezerros são críticas. Boa parte das

mortes e ocorrências de doenças, princi-

palmente diarreias e pneumonia, ocor-

rem neste período. O estresse do nasci-

mento e o fato dos anticorpos (proteção

contra os agentes causadores de doenças)

serem assimilados somente após o nasci-

mento, fazem com que os bezerros sejam

muito vulneráveis, e esta vulnerabilidade

aumenta com atitudes inadequadas de

manejo e alimentação.

Algumas sugestões para

minimizar os problemas nesta

fase:

• Local limpo e seco para o parto. O pi-

quete maternidade deve estar localiza-

do próximo a um estábulo ou residência,

ter alguma declividade para evitar

encharcamento, vegetação rasteira e do-

tar de sombra, bebedouro e cocho. No

caso de baias-maternidade, elas devem

ser limpas e desinfetadas entre um par-

to e outro.

• Imediatamente após o nascimento, de-

vem ser realizados o corte e a desinfecção

do umbigo, pois este é uma porta de en-

trada de micro-organismos causadores de

infecções que podem levar o animal à

morte. A desidratação do coto umbilical

por meio de massagens e de curativos com

álcool iodado nos primeiros quatro dias de

vida é o procedimento recomendado. O

uso de repelentes, principalmente nos

meses chuvosos, é importante para evitar

o estabelecimento de miíases.

• Fazer com que o bezerro mame o

colostro o mais cedo possível. O tratador

deve ser instruído para intervir, sempre

que necessário, assegurando-se que o be-

zerro mamou o colostro. Se ele presenciou

o parto, após aguardar alguns minutos,

e, assim que a vaca tiver lambido o bezer-

ro, colocar a boca do bezerro na teta, apoi-

ando o bezerro até que ele mame com in-

tensidade. Uma alternativa é ordenhar a

vaca e dar o colostro via mamadeira. O

bezerro deve mamar, no mínimo, dois

quilos de colostro logo após o nascimen-

to. O fornecimento de colostro deve ser es-

tendido o mais possível, uma vez ser

melhor alimento que o leite. O colostro

produzido deve ser dividido em dois reci-

pientes. Numa deve-se colocar o colostro

produzido por vacas paridas com no má-

ximo três dias (o mais rico em anticorpos),

e este deve ser fornecido aos bezerros com

até três dias de idade. O tratador deve se

empenhar para garantir a ingestão de

quantidades adequadas nas primeiras

24h e, principalmente, nas primeiras seis

horas de vida, quando o organismo ani-

mal tem mais capacidade de absorver os

anticorpos da mãe. O colostro produzido

pelas vacas com mais de três dias de pa-

ridas deve ser fornecido para os bezerros

com mais de três dias de nascidos.

• Manter os utensílios utilizados para

aleitar os bezerros (baldes, mamadeiras

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É aconselhável ter mais de um cocho, distanciado o suficiente para permitir que os bezerros

menos competitivos possam comer o concentrado com tranquilidade

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Page 13: Revista A Lavoura 677

14 ABRIL/2010 A Lavoura

Pecuária leiteira

ou biberões) sempre limpos. Fornecer, no

mínimo, quatro litros de dieta líquida por

animal por dia.

• Concentrado inicial de boa qualidade

deve ser fornecido à vontade desde a se-

gunda semana de idade, renovando-o

frequentemente no cocho para permitir o

oferecimento de alimento fresco, de me-

lhor palatabilidade.

• Manter os bezerros em instalações in-

dividuais durante os dois/três primeiros

meses de vida. A instalação deve ser

mantida limpa e seca, desinfetando-a,

com creolina a 5%, entre seu uso por be-

zerros diferentes.

• Como mencionado anteriormente, ob-

servar diariamente cada animal para

verificar se está tudo bem e se ele man-

tém comportamento normal. Qualquer

mudança de comportamento indica des-

conforto do animal, devendo-se tomar

medidas corretivas antes que a situação

se agrave.

• Plano de vacinação: nesta fase de vida,

o organismo animal não tem condições de

produzir anticorpos contra agentes de

doenças e, portanto, não devem ser admi-

nistradas vacinas. A proteção destes ani-

mais até por volta dos três a quatro me-

ses de idade é proporcionada pelos

anticorpos da mãe, ingeridos através do

colostro. Daí a importância do forneci-

mento de colostro em quantidades ade-

quadas por 72h, com especial atenção

para as primeiras 24h e, principalmente,

as primeiras seis horas de vida do animal.

• Combate a endo e ectoparasitas: bezer-

ros filhos de mães vacinadas e vermifu-

gadas, mantidos em ambiente

higienizado e que tenham recebido

colostro adequadamente, têm condições

de se proteger contra endo e ectoparasi-

tas. Aliado a isto, estes animais ainda não

desenvolveram o hábito de ingerir pasta-

gens, onde estão as larvas de vermes gas-

trintestinais e pulmonares. Portanto, o

risco de adquirir verminoses por esta via

é praticamente inexistente em condições

normais. Em situações de confinamento,

no entanto, pode ocorrer contaminação

por vermes da espécie Strongyloides

papillosus, que penetram ativamente

pela pele íntegra do animal. Por isso são

fundamentais limpeza e desinfecção diá-

rias do ambiente, além do controle de

umidade, penetração de raios solares e

ventilação. O uso de vermífugos é reco-

mendado somente como medida curativa,

para animais que apresentem sinais clí-

nicos de verminose, como diarreia, pros-

tração e pelos arrepiados e sem brilho. O

fornecimento de soro caseiro (5l de água,

250 g de açúcar, 45g de sal) em substitui-

ção à água de bebida é fundamental para

evitar a morte por desidratação. No en-

tanto, mais importante do que a adminis-

tração de medicamentos é a investigação

e a correção das causas do problema, que

não ocorreria em condições de manejo

adequado. Outro cuidado importante

para animais nesta fase é permitir que es-

tes tenham acesso ao pasto com frequên-

cia para que, ao serem parasitados por

carrapatos enquanto protegidos pelos

anticorpos do colostro, tenham condições

de se defender dos micro-organismos dos

gêneros Babesia e Anaplasma, agentes do

complexo “tristeza parasitária bovina”,

transmitidos pelos carrapatos.

A época do desaleitamento

Os bezerros podem ser desaleitados

(corte no fornecimento da dieta líquida)

com seis/oito semanas de idade, se um

bom concentrado inicial está sendo ofere-

cido desde a segunda semana de idade. O

desaleitamento é fator de estresse para os

É necessário renovar frequentemente a alimentação no cocho, para permitir o oferecimento de alimento mais fresco

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Page 14: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 15

Pecuária leiteira

bezerros e coincide com o momen-

to de mudá-los de instalações in-

dividuais para o manejo em gru-

pos. Em muitas propriedades,

depois de desaleitados, os bezer-

ros passam a conviver em grupos

em piquetes, enfrentando proble-

mas de competição e tendo mai-

or contato com carrapatos. Nesta

fase, aumentam as ocorrências de

doenças relacionadas com o com-

plexo tristeza.

Algumas sugestões para

minimizar os problemas

nesta fase:

• Não promova mais de uma mu-

dança de manejo ao mesmo tem-

po. Assim, quando cortar o forne-

cimento de dieta líquida, mante-

nha os animais na mesma insta-

lação por duas semanas para ve-

rificar se estão bem e se ajusta-

ram à dieta só com concentrado.

• Se houver mudança de concen-

trado após o desaleitamento, du-

rante as duas semanas pós-desa-

leitamento, misture em partes

iguais o concentrado inicial com

aquele que os animais receberão

quando mudarem para a nova

instalação. Isto permitirá adapta-

ção ao novo concentrado.

• A instalação a ser adotada deve

ingeridos pelo colostro. No Brasil, os re-

banhos bovinos leiteiros são vacinados,

principalmente, contra febre aftosa, rai-

va, brucelose e manqueira (ou carbúnculo

sintomático). Contra a manqueira ou

carbúnculo são feitas revacinações a cada

seis meses, até o animal completar 24

meses de idade. Contra a raiva, bastam

reforços anuais. Para evitar a brucelose,

a recomendação é que se vacinem somen-

te as fêmeas entre o terceiro e o oitavo

meses de idade. Finalmente, as vacina-

ções contra a febre aftosa devem seguir o

calendário definido pela Secretaria de

Agricultura do Estado. É importante res-

saltar, no entanto, que em cada região

deve ser traçado um esquema de vacina-

ção específico, direcionado para o combate

às doenças mais prevalentes na área,

além das quatro já citadas. Mesmo em re-

banhos devidamente imuniza-

dos, devem ser realizadas provas

sorológicas semestrais para iden-

tificação de animais positivos

para brucelose e prova alérgica

para tuberculose.

• Combate a endo e ectoparasi-

tas: o contato gradual destes ani-

mais com carrapatos deve ser

proporcionado pelo acesso fre-

quente aos pastos, para que estes

desenvolvam o sistema de defesa

contra os agentes da tristeza pa-

rasitária bovina, uma vez esta-

rem prestes a perder a proteção

conferida pelos anticorpos da

mãe. A partir dos três aos quatro

meses de idade, estes animais já

podem ser submetidos ao contro-

le estratégico de carrapatos, me-

dida preventiva fundamentada

na administração de cinco banhos

carrapaticidas, um a cada 21

dias, nos meses mais quentes do

ano. Com a mudança do hábito

alimentar, os bezerros passam a

ingerir larvas de vermes gastrin-

testinais e pulmonares junta-

mente com a pastagem, mas a

proteção conferida pelos

anticorpos da mãe ainda está pre-

sente. Os riscos de verminose co-

meçam a surgir, portanto, por

volta dos três a quatro meses,

ser limpa e sem encharcamento. No caso

de piquetes, deve-se optar por um com as

mesmas condições já descritas para o pi-

quete maternidade.

• Animais dos dois aos seis meses de ida-

de devem ser mantidos em dois grupos

separados, homogêneos principalmente

por tamanho.

• Propiciar espaço suficiente para

minimizar os efeitos da competição natu-

ral entre animais, principalmente quan-

to ao acesso ao alimento. A área de cocho

deve ser suficiente para que todos te-

nham fácil acesso ao alimento. É aconse-

lhável ter mais de um cocho, distanciados

o suficiente para permitir que os bezerros

menos competitivos possam comer o con-

centrado com tranquilidade.

• Plano de vacinação: A maioria das va-

cinas é aplicada nos animais a partir do

quarto mês de idade, quando cessa a pro-

teção conferida pelos anticorpos da mãe,

quando cessa a proteção conferida pelo

colostro. A preocupação deve ser maior

com bezerros que atingem essa idade nos

meses mais frios. Nesta época, é grande

o risco de infecção por vermes pulmona-

res. Daí a importância de se iniciar a

vermifugação estratégica por volta do

terceiro ou quarto meses de idade, con-

centrando-se os tratamentos nos meses

de abril, julho e setembro, até a época da

primeira parição. Em rebanhos com mai-

or grau de sangue europeu, deve-se rea-

lizar um quarto tratamento anual no mês

de dezembro, devido à maior susceptibi-

lidade destes animais à contaminação por

vermes.

Ao seguir as recomendações mencio-

nadas, certamente o produtor terá menos

gastos com medicamentos, a mortalida-

de de animais jovens será minimizada e

a rentabilidade da atividade leiteira será

bem maior.

A instalação ser limpa e sem encharcamento

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Page 15: Revista A Lavoura 677

16 ABRIL/2010 A Lavoura

Pecuária leiteira

Como prevenir a tristeza

parasitária, que reduz

a produtividade

do rebanho

O gado leiteiro costuma ser mais

acometido pela tristeza parasitária

do que o gado de corte

Transmitida principalmente por carrapatos, a tris-

teza parasitária bovina pode trazer grandes prejuízos

para os pecuaristas, reduzindo a produtividade do re-

banho. A anemia e a febre são um dos principais sin-

tomas da doença e, nos casos mais graves, o animal

chega a urinar sangue e pode morrer.

Na maioria das vezes, a doença surge em forma de

surtos, prejudicando todo o rebanho e não um único

animal. Pesquisas da Embrapa indicam que a melhor

forma de prevenir a tristeza parasitária bovina é re-

alizar o controle integrado do carrapato, onde se uti-

lizam várias estratégias de controle que possibilitam

manter os rebanhos com baixos níveis de infestação

durante todo o ano, sendo o controle estratégico, uma

das mais importantes práticas que deve ser adotada

nos rebanhos.

No Norte, por exemplo, o controle integrado do car-

rapato dos bovinos, onde o controle estratégico deve

ser realizado no período que antecede o início das

chuvas, entre os meses de agosto e setembro, no meio

deste período, e em seu final. “Utilizando uma série

de estratégias, como o controle estratégico, rotação de

pastagens e utilização de animais “aspiradores” de

larvas nas pastagens, assim como a utilização de car-

rapaticidas de alta eficiência para o controle das po-

pulações de carrapatos nas propriedades consegue-se

um bom controle desse ectoparasita nos rebanhos em

Rondônia, evitando que haja uma grande concentra-

ção de carrapatos nos animais e nas pastagens, per-

mitindo que se faça também um bom controle da tris-

teza parasitária”, conforme explica Luciana Gatto

Brito, pesquisadora da Embrapa Rondônia.

Controle integrado

O controle integrado do carrapato também é a me-

lhor forma de combater a tristeza parasitária porque

os rebanhos não podem ficar totalmente livres desses

parasitos, uma vez que eles funcionam como uma es-

pécie de vacina natural, ajudando o animal a desen-

volver resistência contra a doença. Em número redu-

zido, o carrapato ajuda na manutenção da circulação

dos agentes causais da tristeza parasitária nos reba-

nhos em níveis tão baixos que eles não chegam a ado-

ecer, uma vez que estarão com o sistema imunológico

do animal ativo contra a doença.

O gado leiteiro costuma ser mais acometido pela

tristeza parasitária do que o gado de corte. “A gente

sabe que os bovinos de leite têm uma infestação por

carrapatos muito maior do que os bovinos de corte”,

explica a pesquisadora da Embrapa Rondônia. “Eles

são muito mais susceptíveis à ocorrência da doença,

principalmente os animais mais jovens porque ainda

estão descobertos pela proteção do sistema imunoló-

gico”.

Os produtores devem ficar atentos aos sintomas da

tristeza parasitária e, em caso de suspeita de sua

ocorrência, procurar um especialista para que seja

dado o tratamento adequado, evitando maiores danos

ao rebanho e prejuízos à sua produção.Banho carrapaticida: uma das estratégias de controle

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O controle integrado do carrapato é a melhor forma de prevenir

a tristeza parasitária bovina

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Page 16: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 17

Meio ambiente

Hoje, é crescente a pre-

ocupação com rela-

ção à conservação

do ambiente, o que repercute di-

retamente no setor agropecuá-

rio, que busca formas alternativas

de controle de pragas visando

minimizar ou diminuir a utilização

de agrotóxicos no processo de produ-

ção de alimentos, fibras e matérias-pri-

mas dos diversos processos industriais,

com o objetivo de suprir as necessidades

humanas.

Para obter um sistema de produção que

contemple a sustentabilidade ambiental deve-

se adotar técnicas que promovam a agrobiodi-

versidade, a utilização dos processos biológicos

naturais e o uso racional de insumos externos.

Em resposta a essa busca, surgiu o Manejo Inte-

grado de Pragas (MIP), que consiste na utilização

inteligente de várias medidas de controle, visan-

do reduzir as populações de pragas nos agroecos-

sistemas com eficiência econômica e consciência

ecológica e social.

No entanto, apesar da grande disponibilidade de

técnicas disponíveis e das cobranças cada vez mais

crescentes por uma agricultura mais limpa, ainda se

utilizam agrotóxicos de amplo espectro, devido ao bai-

xo custo e facilidade de utilização. O uso

indiscriminado destes produtos nos cultivos pode oca-

sionar desequilíbrios biológicos, impedindo a atuação e

o desenvolvimento de inimigos naturais.

Justamente devido a essa atuação, pragas que anteri-

ormente eram consideradas de menor importância, passa-

ram a ter alta incidência, causando perdas nas lavouras,

como verificado com a cultura da soja nos Estados de Mato

Grosso do Sul, Goiás e Paraná com relação a lagarta fal-

sa-medideira, Pseudoplusia includens. Essa praga teve sua

população aumentada devido à utilização de inseticidas de

amplo espectro, os quais proporcionaram desequilíbrios bi-

ológicos no agroecossistema, impedindo ou prejudicando o

HARLEY NONATO DE OLIVEIRA E CRÉBIO JOSÉ ÁVILA

PESQUISADORES DA EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE

EM

BRA

PA

A

GRO

PEC

RIA

O

ESTE

Controle racional de pragas

da soja: eficiência econômica

e consciência ecológica

Controle racional de pragas

da soja: eficiência econômica

e consciência ecológica

H

Uma das alternativas para o

controle da lagarta falsa-medideira

é a utilização de predadores que

causam a mortalidade das lagartas

!ALAV677-17-18-MeioAmbiente.pmd 17/3/2010, 13:4217

Page 17: Revista A Lavoura 677

18 ABRIL/2010 A Lavoura

EM

BRA

PA

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GRO

PEC

RIA

O

ESTE

Meio ambiente

estabelecimento de inimigos naturais. Aliado a isso, estudos recentes têm

evidenciado que a utilização de fungicidas, especialmente para a ferru-

gem asiática, estão também afetando negativamente o desenvolvimento

de fungos benéficos, como por exemplo o Nomuraea rileyi, conhecido como

fungo causador da doença branca na lagarta.

O Controle Biológico é uma importante estratégia que, através da li-

beração, incremento e conservação de parasitoides, predadores e micro-

organismos, pode impedir que os insetos-praga atinjam níveis capazes

de causar dano econômico. Essa estratégia de controle tem como princi-

pais vantagens o fato de não deixar resíduo, ser mais específico, assim

como permanente, entre outras. No entanto, para o seu sucesso a cultu-

ra deve ser manejada de forma integrada, buscando a associação entre

os diversos fatores e meios de controle.

Para o controle da lagarta falsa-medideira, deve-se não somente

minimizar a utilização de agrotóxicos, buscando a utilização de forma ra-

cional, mas também viabilizar outras formas de controle que possam man-

ter a população do inseto em níveis abaixo daqueles considerados dano-

sos à cultura. Sendo assim, pesquisas tem sido realizadas buscando al-

ternativas que possam ser utilizadas no controle desse inseto, entre as

quais pode-se destacar a utilização de espécies de Trichogramma que

atuam parasitando os ovos da praga, a utilização de Baculovirus sp. e de

predadores que causam a mortalidade das lagartas e de parasitoides de

pupas que ao ser parasitada evita a emergência de adultos da lagarta

falsa-medideira. A associação destes diferentes agentes de controle bio-

lógico nas diferentes fases do inseto pode manter a população de P.

includens abaixo dos níveis que causam redução na produtividade da soja.

Todavia, essas pesquisas estão ainda sendo avaliadas, mas o resultados

obtidos, até então, são promissores para a implementação do controle bi-

ológico da praga.

EM

BRA

PA

A

GRO

PEC

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O

ESTE

EM

BRA

PA

A

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PEC

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ESTE

Utilização do Baculovirus para o controle da lagarta falsa-medideira

... casulo...

... e adulto

EM

BRA

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Lagarta falsa-medideira e suas fases de

desenvolvimento...

EM

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.. pupa...

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Page 18: Revista A Lavoura 677

A Lavoura FEVEREIRO/2010 19

Carta da S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Ibsen de Gusmão Câmara

Presidente

A Organização das Nações Unidas declarou 2010

como o Ano Internacional da Biodiversidade, numa

tentativa de alertar a humanidade para o nível as-

sustador de extinção de espécies e as graves reper-

cussões desse fato sobre todos nós.

O homem, no que pese o crescimento incessan-

te da tecnologia e o avanço acelerado da urbani-

zação afastarem-no cada vez do convívio com a na-

tureza, continua totalmente dependente dos pro-

cessos naturais que vêm sustentando a vida na

Terra nos últimos dois e meio bilhões de anos. Os

ciclos naturais da água, do carbono, do nitrogênio,

o oxigênio da atmosfera, a vida microbiana nos

solos, tudo depende de tais processos vitais. Bas-

ta lembrar que sem a fotossíntese, pela qual as

plantas geram continuamente o oxigênio indispen-

sável às nossas vidas, esse elemento altamente

reativo, na sua forma molecular, desapareceria da

atmosfera em prazo geologicamente muito curto.

Essa dependência, no entanto, está sob risco.

Avalia-se que 60% dos serviços prestados pelos

ecossistemas naturais já foram degradados pelo

homem, em sua maior parte nos últimos 50 anos

e, embora faltem dados globais precisos, estima-

se que o ritmo de extinções de espécies chegue a

ser mil vezes maior do que seu valor médio antes

da existência humana.

Em face de tamanhos desequilíbrios ambien-

tais, na oportunidade do lançamento do Ano Inter-

nacional da Biodiversidade, a União Mundial para

a Conservação da Natureza – IUCN elaborou uma

relação de ações necessárias à defesa do

patrimônio genético e dos ecossistemas, adiante

resumidas, a serem efetivadas por todas as nações,

a sociedade em geral, instituições, empresários e

pessoas físicas que, nas esferas de suas atribuições

e atividades, possam contribuir para sua

efetivação:

• Aumentar e divulgar a informação científica so-

bre o verdadeiro valor, o status e as tendências

da biodiversidade, e as consequências de sua

perda.

• Incluir nos currículos escolares as informações

necessárias sobre o valor da biodiversidade, as

medidas para conservá-la e as suas repercussões

sobre o bem-estar humano.

2010, Ano Internacional

da Biodiversidade• Proteger de alguma forma pelo menos 50% das

terras e dos oceanos, incluindo as áreas críticas

para a biodiversidade.

• Estancar a perda e a redução dos habitats natu-

rais.

• Conter as pressões sobre os recursos marinhos

e eliminar a sobrepesca.

• Banir a exploração excessiva dos recursos terres-

tres.

• Salvaguardar ou restaurar os ecossistemas que

provêem serviços naturais críticos e que contri-

buem para a adaptação das espécies às mudan-

ças climáticas.

• Reduzir o impacto das mudanças climáticas so-

bre os ecossistemas e a acidificação dos oceanos.

• Impedir a extinção das espécies já ameaçadas e

coibir sua comercialização.

• Incentivar a eficiência na produção de todos os

bens e utilizar os recursos naturais dentro dos li-

mites impostos pelas necessidades ecológicas.

• Reconhecer que a agricultura e a exploração flo-

restal devem ser conduzidas sob critérios ecoló-

gicos.

• Não ultrapassar os limites críticos para os ecos-

sistemas da poluição causada pelo excesso de nu-

trientes, especialmente fósforo e nitrogênio.

• Deter a introdução de espécies exóticas e identi-

ficar as já existentes com o propósito de erradicá-

las ou controlá-las.

• Conservar a diversidade genética das espécies

domesticadas.

• Contribuir para o sequestro de carbono da at-

mosfera.

Esta relação, uma verdadeira análise dos pro-

blemas que levam à perda de biodiversidade, de-

monstra como são abrangentes e complexas as

ações necessárias para protegê-la e impedir que

continue a degradar-se o patrimônio biológico do

planeta, indispensável aos seres humanos.

Resta a esperança de que, para o bem de to-

dos, os apelos da ONU e da IUCN sejam compre-

endidos e acatados por todos aqueles que, de al-

gum modo, possam cooperar para a sua concre-

tização.

!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4419

Page 19: Revista A Lavoura 677

20 FEVEREIRO/2010 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Citações

Em reportagem publicada no jornal O Globo, em 4 de ju-nho de 2009, foi atribuída ao ex-ministro Gustavo Krause aseguinte frase:

A primeira grande dificuldade do Ministro do Meio Am-biente é que ele trata de uma questão central para a humani-dade e periférica para os governos.

Tem absoluta razão o ex-ministro, que bem teve vivênciado problema. Os governos, sempre preocupados com os pro-blemas imediatos e com as artimanhas da política, esquecem-se de que as continuadas agressões à natureza afetam, emlongo prazo, a própria habitabilidade do planeta, e de quemuitos dos desmandos hoje contra ela perpetrados a cada diacausam danos irreversíveis. É imprescindível que a corretagestão ambiental seja uma política de governo, a ser tratadade forma transversal por todos os agentes executivos, e nãorelegada a um escaninho administrativo com pouca influên-cia na esfera governamental e por alguns desavisados consi-derado um entrave ao “progresso”.Natureza em perigo

A jacutinga (hoje denominada Aburria jacutinga, em-bora o antigo nome científico – Pipile jacutinga - ainda sejausado) é um dos mais belos representantes da família doscracídeos, à qual pertencem também os mais conhecidosjacus e mutuns. É uma ave grande, com mais de 70 centí-metros e pesando até perto de 1,5 kg. Sua cor é preta, coma base do bico azulada e a região em torno dos olhos bran-ca. A característica mais marcante é uma barbela, verme-lha na parte posterior e azul ou lilás no restante, sendo essacoloração mais viva na época de reprodução. É uma aveendêmica da Mata Atlântica e foi amplamente distribuí-da e comum no passado, desde a Bahia até o Rio Grandedo Sul, penetrando para o interior nas Regiões Sul e Su-deste, e podendo ser encontrada até a 1.000 metros de al-titude. É essencialmente frugívora, sendo os frutos dopalmiteiro (Euterpe edulis) um dos seus alimentos favori-tos, e assim contribui para a dispersão dessa utilíssima pal-meira. Essencialmente arborícola, desce das árvores ape-nas para se alimentar ou beber água.

Nas últimas décadas, não são mais conhecidos registrosconfirmados de sua presença nos estados da Bahia, EspíritoSanto, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo considerada ex-tinta na maioria dos outros locais em que habitava. A caça ea destruição da Mata Atlântica são as principais razões deseu extermínio parcial, havendo relatos em Santa Catarinade abates em tempos passados de até 50.000 indivíduos emuma só temporada de caça.

Felizmente, porém, encontra-se hoje abrigada, emboracom baixas populações, em diversas unidades de conserva-ção situadas em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, ain-da que a caça ilegal continue dentro dessas áreas suposta-mente protegidas. Sem confirmação, há possibilidade queainda possa sobreviver em algumas unidades no Rio deJaneiro, Minas e Rio Grande do Sul. Tem havido tentativasde reintrodução em Minas Gerais e no Rio de Janeiro comexemplares nascidos em cativeiro, aparentemente bem su-cedidas.

A jacutinga é considerada “Ameaçada” na lista oficial bra-sileira e “Em Perigo” na da União Mundial para a Conserva-ção da Natureza– IUCN.Riqueza biológica das regiõesinsulares

O estudo da ocorrência de espécies endêmicas – ou seja,aquelas que somente existem em uma determinada região –permitiu comparar a riqueza biológica das regiões insularescom a do globo em geral.

Um estudo abrangendo plantas vasculares e vertebradosde todas as áreas terrestres do planeta, excetuada aAntártida, mostrou que o endemismo nas ilhas excede o exis-tente nas áreas continentais por um fator de aproximadamen-te 9,3 %, e que o de plantas e de vertebrados estão fortemen-te correlacionados.

Examinando-se o impacto humano presente e passadoem toda a Terra, verificou-se que o índice de perturbação nasregiões insulares é significativamente maior e que tende aincrementar no futuro. Considerando-se a maior diversidadebiológica nessas regiões, devido ao seu maior grau deendemismos, o estudo sugere que as medidas de conserva-ção das espécies deveriam ter nelas maior prioridade.

Fonte: Proceedings of National Academy of Sciences of the USA (2009).

O massacre dos elefantes

Admite-se que antes da colonização europeia da África,cerca de dez milhões de elefantes existiam nesse continente.No final dos anos 80 do século passado, este número haviasido reduzido para 600.000, em decorrência da ocupação pe-los humanos das áreas de ocorrência desses animais e adizimação pela caça, basicamente em busca do marfim. So-mente entre 1979 e 1989, 700.000 elefantes foram sacrifica-dos na África. Nem mesmo no interior das áreas supostamen-te protegidas, esses gigantes estavam a salvo. A ironia dasituação reside no fato de que o comércio do marfim, bárbaroe ilegal, destina-se apenas à produção de peças de adorno oupara a confecção de hankos, carimbos individuais com osquais os chineses e japoneses tradicionalmente validam seusdocumentos.

Em face da enorme mortandade e da ameaça deextinção do elefante africano, a Convenção sobre o Comér-cio Internacional das Espécies Ameaçadas da Fauna e Flo-ra Selvagens – CITES baniu o comércio internacional des-ses animais e de seus produtos, e durante algum tempo ainfame atividade reduziu-se significantemente, passandona prática a limitar-se à caça e ao comércio ilegais. Sob apressão de alguns países africanos, que desejavam venderseu marfim, e de algumas nações do Oriente, que visavamimportá-lo, a CITES permitiu a comercialização controla-da dos estoques já existentes provenientes de mortes na-turais ou de operações de controle populacional. A vigilân-cia, porém, mostrou-se insuficiente e, por volta de 2006, acaça ilegal se tornou ainda mais intensa do que antes dobanimento do comércio. Teme-se que as populações de ele-fantes estejam sendo dizimadas como nunca antes acon-teceu.

Agora, as investigações sobre quais regiões e países fa-zem vista grossa sobre a caça de elefantes estão sendo con-

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Page 20: Revista A Lavoura 677

A Lavoura FEVEREIRO/2010 21

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

duzidas com meios sofisticados de identificação de DNA, per-mitindo localizar de que populações selvagens provém o mar-fim ilegal, para que medidas corretivas possam vir a ser ado-tadas.

Fonte: Scientific American, 07-2009

Energia solar na Índia

O primeiro-ministro da Índia anunciou um plano no va-lor de dezenove bilhões de dólares para tornar o país um lí-der na energia solar. Anunciado em meados do ano findo, oprograma almeja aumentar a potência atualmente instala-da de cinco megawatts, para 20 megawatts em 2020, 100gigawatts em 2030 e 200 gigawatts em 2050, embora os pla-nos até agora existentes visem apenas à primeira etapa.

A ideia é criar um órgão especial para executar o progra-ma e expandir o atual centro de energia solar existente emNova Delhi para transformá-lo em um instituto que contro-lará as pesquisas e a colaboração com o exterior.

Visualiza-se para isto dar prioridade aos empréstimosbancários vinculados com projetos de energia solar e permi-tir a importação livre de impostos para os materiais neces-sários.

Fonte: Nature, 06-08-2009

Explosão populacional

O Bureau de Referência Populacional, com sede em Wa-shington, em comunicado publicado em agosto de 2009, pre-viu que as regiões do globo menos desenvolvidas, envolven-do 49 países, aumentarão suas populações de 828 milhõespara 1,66 bilhão até 2050. A África engloba 33 desses países.

As projeções feitas indicam que no mesmo período as na-ções mais desenvolvidas pouco incrementarão suas popula-ções, passando de 1,23 para apenas 1,32 bilhão, principalmen-te devido à imigração. Os EUA são, dentre os desenvolvidos,o país que tem as mais altas taxas de fertilidade.

A população mundial poderá atingir 9,4 bilhões em 2050,em comparação com os atuais 6,8 bilhões, que se tornarão setebilhões já em meados de 2011. Em 2050, a Índia deverá ultra-passar a China, tornando-se o país mais populoso do mundo.Desmatamento

O Google anunciou ter criado uma nova tecnologia quepermitirá o dimensionamento das áreas desmatadas, per-mitindo assim a redução das emissões de gases do efeitoestufa. Somente as emissões provenientes da destruiçãodas florestas tropicais equivalem às de toda a Europa e sãomaiores do que o total emitido por todos os carros, cami-nhões, aviões e navios do mundo.

Essa tecnologia tem potencial para facilitar o REED (Re-dução das Emissões por Desmatamento e Degradação Flores-tal em Países em Desenvolvimento), projeto das Nações Uni-das que se propõe a oferecer inventivos financeiros aos paí-ses em desenvolvimento que protejam suas florestas.

O sistema REED só poderá efetivar-se se cada nação ti-ver a possibilidade de monitorar a situação das respectivasflorestas ao longo do tempo e se for possível verificá-la inde-pendentemente.

A tecnologia desenvolvida se baseia na do Google Earthque exibe imagens de qualquer local do planeta. Qualquerpessoa poderá acessar por computador, em minutos, as infor-

mações relativas aos últimos 30 dias, esperando-se que o sis-tema se torne operativo em 2010.

Fonte: Embrapa Florestas

Ameaças para os peixes de água-doce

Estima-se que os peixes, em geral, totalizem cerca de32.500 espécies, das quais algo como 43% existem em ambi-entes de água-doce, um percentual extraordinário se consi-derarmos que eles englobam apenas 0,01% das áreas aquá-ticas do planeta, e que somente nos últimos 30 anos foramdescobertas 5.000 novas espécies neles residentes.

A razão dessa enorme diversidade de espécies é oferece-rem os hábitats de água-doce uma multiplicidade de nichosecológicos e os peixes terem-se mostrado capazes de bem ex-plorar este potencial. Contudo, muitos destes nichos se situ-am em ambientes muito restritos geograficamente, implican-do em populações reduzidas, ainda que diversificadas, e tor-nando-as mais vulneráveis à extinção. Há situações extremas,como o peixe mexicano “picote-de-tequila, que habita apenasum minúsculo “lago” de apenas quatro metros de diâmetro,com uma população total de poucas centenas de indivíduos.

Essas peculiaridades fazem com que muitos dos peixes deágua-doce estejam seriamente ameaçados. Não existem da-dos que permitam avaliar a situação no Brasil, de uma for-ma global, mas no continente norte-americano uma avalia-ção feita em 2008 indicou que 40% de seus peixes de água-doce podem estar em risco ou, mesmo, já extintos, significandoum aumento de 92% em relação a uma estimativa semelhanteelaborada em 1989. A degradação de hábitats emerge comouma das razões importantes dessa situação, bem como a in-trodução de espécies exóticas competidoras. As condiçõesprevalecentes na Europa são semelhantes.

Tudo isto está a indicar a necessidade de ser dada maioratenção às condições das faunas de água-doce.

Fonte: Science, 04-09-2009

Os efeitos benéficos das áreas de reservalegal e de preservação permanente

Tendo em vista as pressões que hoje ocorrem contra a exis-tência obrigatória de áreas com vegetação nativa nas propri-edades agrícolas, é oportuno divulgar informações publica-das pela Sociedade Brasileira de Silvicultura, em seu Infor-mativo datado de 10-02-2010, afirmando que não são apenascaprichos dos ambientalistas as determinações constantes doCódigo Florestal.

Segundo o prof. Paulo Kageyama, da Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz (Ealq/USP), a biodiversidade na-tiva existente em tais áreas pode ser importante para o su-cesso das atividades agrícolas nas áreas próximas. Em expe-riência executada com a reposição de mata ciliar usando cemespécies diferentes por hectare, conseguiu-se evitar a ocorrên-cia de pragas e doenças. Para a pecuária, a recuperação dasÁreas de Preservação Permanente e as Reservas Legais tam-bém podem também ser benéficas, inclusive pela maior dis-ponibilidade de água.

A enga. Florestal Maria José Zakia comprovou, em sua tesede Doutorado na USP, que o Código Florestal acerta em deter-minar a existência de uma mata ciliar de 30 metros ao longodos rios com menos de 10 metros de largura, e que ela se mos-trou bastante eficiente na proteção do solo e da água; no en-

!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4421

Page 21: Revista A Lavoura 677

22 FEVEREIRO/2010 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

SOBRAPA

Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental

CONSELHO DIRETOR

PRESIDENTE

Ibsen de Gusmão Câmara

DIRETORES

Octavio Mello Alvarenga

Maria Colares Felipe da Conceição

Olympio Faissol Pinto

Cecília Beatriz Veiga Soares

Malena Barreto

Flávio Miragaia Perri

Elton Leme Filho

Rogério Marinho

CONSELHO FISCAL

Luiz Carlos dos Santos

Ricardo Cravo Albin

SUPLENTES

Jonathas do Rego Monteiro

Luiz Felipe Carvalho

Pedro Augusto Graña Drummond

tanto, defende que os proprietários sejam incentivados a man-ter as áreas verdes mediante o pagamento pelos serviços am-bientais por elas providos para a comunidade em geral.Custeio para adaptação àsmudanças climática

O custo global para enfrentar as adaptações indispensá-veis em razão das mudanças climática pode ser duas a trêsvezes maior do que antes foi avaliado. Em 2007, a ONU su-geriu que o custo anual dessas adaptações, a partir de 2030,deveria situar-se entre US$ 49 bilhões e US$ 171 bilhões.

Novas avaliações indicam que esses valores são totalmen-te insuficientes para as necessidades de alguns setores, taiscomo energia, indústria, turismo e ecossistemas. Somente asdespesas para a proteção dos ecossistemas e dos serviços poreles providos poderá exigir mais de US$ 350 bilhões anuais.A estimativa inicial de US$ 11 bilhões anuais para a área demanejo hídrico sequer considerou os gastos com inundaçõese a transferência de água para as áreas onde ela será escas-sa. Outras carências foram também apontadas, especialmen-te as relativas ao aumento de despesas com o setor de saúdenas regiões menos desenvolvidas, nas quais se espera o au-mento da desnutrição e da ocorrência de determinadas doen-ças que serão agravadas pelas mudanças climáticas.

O Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o De-senvolvimento, de Londres, que divulgou as novas avaliaçõese as deficiências constatadas, no entanto não apresentou asnovas estimativas globais do que será necessário.Produtividade e lucros daagricultura mundial

Um recente levantamento da FAO indicou que hoje maisde um bilhão de pessoas sofrem de deficiência alimentar, ape-sar da queda de preços dos alimentos em 2008. O crescimentoda demanda por produtos agrícolas deriva do aumento da po-pulação mundial e do crescimento econômico, especialmentenos países da Ásia, agravado pela produção de biocombustí-veis. O atendimento a essa demanda aumentada tem sidodevido principalmente pelo crescimento de produtividade naagricultura, mas já se constatou que este aumento vem sendodesacelerado. Se tal tendência persistir, são previstas profun-das implicações no preço dos produtos agrícolas no futuro.

A produção global de milho, arroz, trigo e soja, por hecta-re, cresceu rapidamente entre 1961 e 2007. No entanto, emrelação e estes quatro produtos, e tanto nos países desenvol-vidos quanto nos em desenvolvimento, o ritmo de crescimen-to entre 1990 e 2007 foi menor do que entre 1961 e 1990. Alémdisto, a desaceleração foi maior em parte dos países respon-sáveis pelo maior volume de produção. Em paralelo com a pro-dução mundial, a produtividade da terra também cresceumais devagar entre 1990 e 2007, em comparação com o perí-odo de 1960 e 1990. Somente na China as tendências foraminversas; não considerando esse país, a desaceleração no restodo mundo seria ainda maior.

Muitos fatores contribuíram para a desaceleração do cres-cimento de produtividade, incluindo alterações no clima, de-gradação dos solos, mudanças dos cultivos para ambientesmais desfavoráveis, escassez ou aumento de preço nos insu-mos e aumento de pragas e doenças.

Um fator importante foi o arrefecimento dos investimen-tos em pesquisa e desenvolvimento (R&D). Como exemplo, osEUA, em 1975, aplicaram 66% dos recursos voltados para apesquisa agrícola somente em produtividade, percentual quecaiu para 57% em 2007. Coisa semelhante ocorreu no Japãoe, em menor grau, na Europa. A revitalização de R&D volta-da para o crescimento da produtividade poderá mitigar a fomee a pobreza, e reduzir as pressões sobre os recursos naturais.

Fonte: Science, 04-09-09.

Uma nova fonte de energia?

Em amplas áreas, nas profundezas dos oceanos, ocorremimensas quantidades de hidrato de metano, substância quese forma com água e metano, sob condições de baixas tempe-raturas e elevadas pressões. Dificuldades de exploração têmimpedido o aproveitamento econômico dessa possível novafonte de combustível. As estimativas quanto à quantidade dehidratos de metano existente nos mares atinge o monstruo-so volume de 20.000 trilhões de metros cúbicos; a título decomparação, o consumo anual de gás nos Estados Unidos éda ordem de “apenas” 600 bilhões de metros cúbicos.

As perspectivas de extração do hidrato de metano aumen-taram quando os japoneses, em 1999, verificaram a existên-cia de grandes quantidades da substância em areias na cos-ta do Japão, com a atrativa característica de se acumular emgrandes concentrações. Se demonstrada a viabilidade de ex-ploração comercial, o hidrato de metano poderá servir de “pon-te” entre o presente uso maciço de carvão e petróleo e o su-primento futuro de energias sustentáveis.

Fonte: Science, 21-08-2009

!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4422

Page 22: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 23

A importância do manejo

higiênico-sanitário

na qualidade do pescado

A importância do manejo

higiênico-sanitário

na qualidade do pescadoFABÍOLA H. S. FOGAÇA

PESQUISADORA EMBRAPA MEIO-NORTE/NÚCLEO DE AQUICULTURA

[email protected]

CRIS

TIN

A B

ARA

N

O setor pesqueiro brasileiro é

responsável por gerar um

milhão de empregos diretos e

uma renda anual de R$ 5 bilhões, segun-

do estatísticas da Secretaria Especial de

Aquicultura e Pesca (SEAP/PR, 2008). No

entanto, a ausência de assistência técni-

ca adequada e de políticas públicas vol-

tadas ao setor levou ao seu crescimento

desordenado, resultando em elevados ín-

dices de exclusão, empobrecimento da

pesca artesanal e esgotamento dos prin-

O

Alimentação

Por ser um alimento

de fácil decomposição,

o pescado exige

cuidados relacionados

à manipulação

e conservação

cipais estoques naturais de pescado. Além

disso, as precárias condições de manipu-

lação após a captura ou despesca, durante

o transporte e, principalmente, a falta de

higiene no processamento dos peixes, le-

vam à veiculação de inúmeras doenças

aos próprios manipuladores, pescadores

e consumidores desses produtos.

O baixo consumo de pescado brasilei-

ro, causado dentre outros fatores por ra-

zões culturais e socioeconômicas, também

é consequência da falta de políticas públi-

cas voltadas ao setor, ausência de estabe-

lecimentos comerciais especializados na

venda de pescado e falta de qualidade dos

produtos encontrados em feiras livres e

entrepostos.

O consumo de peixes é importante

devido ao seu alto valor nutritivo, pois

possuem elevados teores de vitamina A

e D, gordura insaturada, proteína de ex-

celente valor biológico, além de serem

fonte de cálcio e fósforo. A proteína de

pescado é considerada de excelente qua-

O

!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4623

Page 23: Revista A Lavoura 677

24 ABRIL/2010 A Lavoura

Alimentação

lidade por conter todos os aminoácidos

necessários ao desenvolvimento e manu-

tenção dos músculos, e ser de fácil diges-

tão. Os lipídios, em sua maioria, são

compostos por ácidos graxos insatura-

dos, conhecidos popularmente por

ômega três e seis, são importantes na

prevenção de doenças cardiovasculares

e circulatórios.

Problemas com manuseio

inapropriado

Apesar de conter nutrientes essenci-

ais para alimentação humana, o pescado

também pode veicular uma gama enorme

de micro-organismos patogênicos, a mai-

or parte deles fruto da contaminação do

ambiente ou pelo manuseio inapropriado.

Dentre os agentes transmitidos por pes-

cado encontram-se os endoparasitos, as

biotoxinas, os poluentes químicos e me-

tais tóxicos. Alguns contaminantes po-

dem causar uma pequena e passageira

intoxicação alimentar, enquanto outras

substâncias (como as biotoxinas) podem

provocar um problema neurológico grave.

O ideal seria apenas consumir pesca-

do de lugares com garantia de origem

comprovada, de produções ou extrativis-

mo livres de contaminantes e de águas

não poluídas. Porém, isso se torna qua-

se impossível no mundo atual. Assim, al-

gumas medidas poderiam minimizar a

contaminação do pescado, ou mesmo im-

pedir a veiculação de certas doenças, di-

minuindo o risco de ingestão de um pro-

duto contendo algum tipo de patógeno ou

toxina, como: cuidados na manipulação

do pescado desde sua captura ou

despesca, utilizando-se estruturas bem

higienizadas, funcionários asseados e

manejo dos peixes de forma a garantir o

mínimo de injúrias e cortes na pele, evi-

tando-se a contaminação do músculo; hi-

giene no recebimento do produto; todas

essas atividades devem ser realizadas

com o uso de gelo e o armazenamento

deve ser imediato, em temperaturas pró-

ximas de zero graus celsius, sob refrige-

ração constante.

Baixas temperaturas inibem a ação

prejudicial dos micro-organismos e de

suas enzimas proteolíticas (que degra-

dam a proteína). Porém, alguns tipos de

pescado podem sofrer alterações de sabor

e cor durante a estocagem congelada, por

isso mais estudos aplicados nessa área

devem ser realizados no intuito de garan-

tir não só segurança alimentar, mas tam-

bém qualidade sensorial do pescado refri-

gerados e congelados.

Fiscalização

A ingestão de pescado cru também

não é aconselhável, já que estão sujeitos

à contaminação pelos mais variados mi-

cro-organismos que podem ser inativados

pelo tratamento térmico ou cozimento. Do

mesmo modo, faz-se necessária maior fis-

calização na importação de produtos,

principalmente aqueles oriundos de paí-

ses onde existam doenças endêmicas vei-

culadas pela ingestão de organismos

aquáticos contaminados, e no abate e pro-

cessamento do pescado.

SEA

API

A manipulação, o processamento e a conservação do pescado exigem cuidados especiais

A higiene também é essencial na limpeza

do peixe no mercado especializado

O pescado exige cuidados relaciona-

dos à manipulação e conservação por ser

um alimento de fácil decomposição. Tal-

vez a conscientização dos consumidores

seja uma maneira de pressionar os mer-

cados a oferecer produtos de qualidade

e, assim, melhorar a higiene dos produ-

tos vendidos. Fiscalização sanitária e

educação alimentar também podem con-

tribuir para aumentar o consumo de

peixes de forma ordenada e segura, e aí

sim proporcionar mais saúde aos seus

consumidores.

CRIS

TIN

A B

ARA

N

!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4624

Page 24: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 25

Alimentação

O interesse pelo pescado como alimento aumentou

após a expansão da ciência da nutrição, constatan-

do-se o seu importante valor nutritivo, principalmente

pelos altos teores de vitaminas A e D, cálcio e fósforo,

baixa quantidade e considerável qualidade dos lipídios,

bem como pela presença de proteínas de elevado valor

biológico. É o que aponta Cristiane Rodrigues Pinheiro

Neiva, pesquisadora e diretora da Unidade Laboratori-

al de Referência em Tecnologia do Pescado do Instituto

de Pesca, órgão ligado à Agência Paulista de Tecnolo-

gia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento do Estado (IB/Apta/SAA).

Em artigo, Cristiane explica que a composição do pes-

cado varia entre 60 e 85% de umidade, aproximadamen-

te 20% de proteína bruta, 1 a 2% de cinzas e 0,6 a 36%

de lipídios. Em relação aos aminoácidos essenciais, a com-

posição do pescado é completa, balanceada e bastante se-

melhante entre as espécies de água doce e do mar.

“A carne de pescado apresenta boa digestibilidade

por conter menos tecido conjuntivo (3%) em compara-

ção com a de mamíferos (17%). Apresenta ainda, em

média, 5% de gordura (cerca de 1/3 da apresentada por

mamíferos), 26% de proteína, todos os aminoácidos (1

a 5 mg de aminoácidos livres/grama de proteína), ele-

vados teores de vitaminas do complexo B e menos do que

1,5% de matéria mineral, embora seja excelente fonte

de cálcio e fósforo”, complementa.

A pesquisadora alerta, ainda, que o pescado tem ele-

vado teor de lisina, “sendo, por isso, necessário na die-

Cresce interesse

pelos aspectos nutricionais do pescadota brasileira, constituída basicamente de arroz”. A di-

gestibilidade é alta, acima de 95% conforme a espécie,

e maior que a das carnes em geral e do leite.

O teor de lipídios varia em função da espécie, tipo de

músculo, sexo, idade, época do ano, habitat e dieta. Eles

são importantes como fonte de energia, como constitu-

intes de membranas celulares, nutrientes essenciais,

substâncias controladoras do metabolismo, substânci-

as isolantes de temperatura e protetores contra danos

mecânicos externos. Podem estar associados, positiva ou

negativamente, a diversas propriedades como sabor, cor,

características emulsificantes e conteúdo calórico.

E o diferencial nos pescados é a presença de ácidos

graxos poli-insaturados, correlacionados à baixa inci-

dência de doenças cardiovasculares nos esquimós e ja-

poneses, povos com elevado consumo. “A partir da dé-

cada de 50, pesquisas começaram a demonstrar a influ-

ência dos ácidos graxos insaturados na redução das ta-

xas séricas do colesterol, enquanto outras demonstra-

ram que esses ácidos também reduziram o risco de do-

enças como artrite e câncer. Apesar de necessários para

inúmeras reações bioquímicas, o ser humano precisa

ingerir ácidos graxos essenciais, pois eles não são pro-

duzidos pelo organismo”.

Os ácidos graxos têm uma série de funções no orga-

nismo humano, como atuar na construção de células, de-

senvolvimento do cérebro e da retina, e a ausência cau-

sa uma série de anomalias fisiológicas e bioquímicas,

prejudicando o crescimento e a fertilidade, por exemplo.

Além de peixes, vários outros alimen-

tos disponibilizam esses ácidos graxos,

conforme Cristiane, como o óleo de linha-

ça, nozes, sementes de abóbora, semen-

tes de gergelim, abacate, óleo de canola

não-refinado e extraído a frio, mostarda

e alguns vegetais verde escuros, mas os

animais marinhos, especialmente peixes

como salmão, cavala, sardinha, anchova

e atum, são “campeões”.

Cristiane dá uma informação

preocupante: pesquisas de caracteriza-

ção da alimentação complementar para

o primeiro ano de vida da criança rela-

taram que o peixe foi um dos alimen-

tos mais rejeitado, sendo que 85,4%

das mães entrevistadas admitiram não

ter interesse na inclusão de peixe na

dieta infantil. Embora não haja con-

senso na literatura sobre o melhor pe-

ríodo da vida para a introdução do pei-

xe na dieta, segundo ela, é desejável

que ocorra gradualmente a partir do

sexto mês de vida.

Peixe é alimento de alto valor nutritivo e pode ser preparado de diversas e saborosas

maneiras

CRIS

TIN

A B

ARA

N

!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4625

Page 25: Revista A Lavoura 677

26 FEVEREIRO/2010 A Lavoura

!ALAV677-26-AN-OrganicsNet.pmd 17/3/2010, 13:4926

Page 26: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 27

POR JACIRA COLLAÇO

M É D I C A V E T E R I N Á R I A

A busca pela sustentabili-

dade tem atiçado a cria-

tividade (e muita pesquisa) em

diversas atividades, seja dimi-

nuindo o consumo de água nas

empresas ou reaproveitando

papéis. Com as embalagens,

coadjuvantes das “estrelas” –

os produtos –, não poderia ser

diferente.

Usando um ponto de vista

brasileiro, megaeventos como a

Copa do Mundo de 2014 e as

Olimpíadas de 2016 são a opor-

tunidade perfeita para colher

os frutos de sementes lançadas

agora. Não há tempo a perder

para implementar conceitos de

sustentabilidade em grande

escala, com materiais recicla-

dos, novos e, principalmente, com menos

desperdício.

O engenheiro holandês Anton

Steeman, atualmente residindo no Ama-

zonas, vem dedicando suas análises téc-

nicas a embalagens mais “verdes”. Entre

os fatores que ele destaca, há a possibili-

dade de reciclagem (que chega a 100% no

vidro), reutilização, conservação de subs-

tâncias ativas e, é claro, do produto em si.

Um exemplo é a iniciativa do laticínio

inglês Marybelle Dairy de adotar a

GreenBottle (Garrafa Verde, em tradução

literal), um revestimento rígido de papel

reciclado para revestir os saquinhos de

leite. Na Inglaterra, o leite é normalmen-

te vendido em garrafas plásticas de dois

litros, gerando 5 milhões de toneladas de

lixo não biodegradável por ano. Já a

GreenBottle, além de ser biodegradável

em semanas, consome 2/3 a menos de

energia para sua fabricação e tem uma

pegada de carbono 48% menor do que a

plástica.

Contudo, mesmo às vésperas de im-

plantar sua nova embalagem em 2008, a

Marybelle Dairy temia a rejeição dos con-

sumidores, acostumados à tradicional

garrafa. Mas a empresa teve uma agra-

dável surpresa com a ótima acolhida da

GreenBottle, afirmando que seus consu-

midores passaram a vê-la como uma al-

ternativa de consumo mais ecológica. Se-

guindo os passos dos ingleses, o laticínio

californiano orgânico Straus Organic

Dairy já elaborou sua versão de embala-

gem ecológica, de textura semelhante às

caixas de ovos, bem conhecidas dos bra-

sileiros. Vale lembrar que, se ambas em-

presas usam saquinhos plásticos, estes

podem ser feitos de amido de milho – um

material biodegradável – e até polipropi-

leno, que permite reciclagem. Infelizmen-

te, o laticínio Straus terá que enfrentar

um obstáculo concreto: o próprio consu-

midor americano, que em outras oportu-

nidades já rejeitou embalagens sustentá-

veis de leite. Algumas pesquisas apontam

que o público não vê o papelão como uma

embalagem compatível com o produto.

Não só o mercado do leite, internaci-

onal ou nacional, pode se aproveitar de

inovações mais simpáticas ao meio ambi-

ente. Anton Steeman acredita que a in-

dústria em 2010 deve se guiar pela men-

talidade dos 6 “R”s: repensar, redesenhar,

reduzir, reutilizar, (uso de) refil

e reciclar. Nesse sentido, o en-

genheiro comemora o projeto da

rede Wal Mart no Brasil, que

convidou nove fornecedores

para o seguinte desafio: anali-

sar e aprimorar a sustentabili-

dade de toda a cadeia de alguns

de seus produtos mais famosos.

Isso significou a participa-

ção de marcas líderes no merca-

do de chocolate em pó,

amaciantes, água, curativos,

desinfetantes, esponjas, fral-

das, óleo, mate orgânico e sabão

em pó. Dentre as diversas me-

didas, destacam-se: uma versão

mais concentrada do amacian-

te, com embalagem menor, re-

duziu em 37% o gasto em plás-

tico e em 63% o de papelão para as cai-

xas; a esponja, um lançamento, aumen-

tou em 198% o uso de materiais

recicláveis nas caixas (certificadas pelo

FSC) e reduziu 52% do consumo de ele-

tricidade no processo de fabricação. No

caso do óleo vegetal, a empresa aprimo-

rou seus processos industriais, diminuin-

do em 26% do consumo de água e 56% em

combustível, pois usou biomassa para

extrair energia.

Esses são apenas alguns dos ganhos

citados pelas empresas, cujos valores

completos para cada produto podem ser

conferidos, em inglês, em http://

bestinpackaging.wordpress.com/2010/01/

28/walmart-brasil’s-next-step-in-the-

”green-world”/#more-1479. Contudo, em

seu site, Steeman lamenta que o sabão

em pó de marca própria do Wal Mart não

tenha atingido boas cifras em embala-

gem. Apesar disso, ele espera que a inici-

ativa possa provocar ações semelhantes

de outras redes, e não só no Brasil. Con-

siderando apenas os ganhos econômicos,

o “efeito colateral” do ganho ecológico

para o planeta seria invejável.

Fonte: http://www.amsteeman.com/?tag=walmart-brasil

Um novo pensar nas embalagensUm novo pensar nas embalagens

Suco de limão em embalagem plástica biodegradável e tampa de

amido, apresentado na Biofach alemã

!ALAV677-27-Agroneg.pmd 17/3/2010, 13:5027

Page 27: Revista A Lavoura 677

28 ABRIL/2010 A Lavoura

Depois de um dia longe de casa e da

saudade do seu companheiro de todas as

horas, a alegria extravasa. Mas se o cão

esteve em contato com outros animais, ain-

da que num passeio pela pracinha, é impor-

tante certificar-se de que ele está livre de do-

enças infecciosas. Muito comum, a tosse

canina, a erliquiose e a leptospirose são do-

enças transmissíveis, que põem a saúde do

animal, e às vezes a do dono, em risco.

Meu cachorro está com tosse

Este é o sintoma de uma infecção respi-

ratória bastante comum. Quando muitos

cães são mantidos em um mesmo espaço

físico, como canis, abrigos e mesmo lojas, a

transmissão é mais propícia. Conhecida

como tosse canina ou tosse dos canis, a

traqueobronquite prejudica o sistema res-

piratório, produzindo crises de tosse.

A infecção, cuja responsável é uma bac-

téria, a Bordetella bronchiseptica, acome-

te animais de todas as faixas etárias, prin-

cipalmente os filhotes recém desmamados

e adultos com baixa imunidade. Os sinto-

mas aparecem normalmente entre o quin-

to e o décimo dia após a transmissão e vão

de uma tosse seca e repetida a descarga de

secreções e a presença de febre.

Perigos das doenças infecciosas

para os pets e seus donosAmbientes frequentados por cães estão repletos de micro-organismos, agentes que se

aproveitam da queda do sistema de imunidade dos animais para se hospedarem e causarem

doenças infecciosas. Saiba identificar os sintomas da Leptospirose, Traqueobronquite e Erliquiose

para você e seu cão desfrutarem de uma vida saudável

Além da prevenção, que inclui uma di-

eta balanceada e vacina contra a gripe ca-

nina, o tratamento requer repouso e anti-

bióticos.

Tem carrapato no meu cão

Erliquiose é uma doença bastante co-

mum em cães e pode ser transmitida por

carrapatos. O carrapato Rhipicephalus

sanguineus é o transmissor do agente

Erhlichia canis, bactéria que afeta as célu-

las sanguíneas. A doença pode ocorrer du-

rante todo o ano, porém nas épocas mais

quentes observa-se uma incidência maior

da doença, devido a uma maior proliferação

dos carrapatos.

Dentre os principais sintomas nos cães

doentes estão falta de apetite, perda de

peso, febre, sangramentos e o desenvolvi-

mento de anemia grave, que pode ser

verificada pela palidez das mucosas do ani-

mal. O período de incubação varia entre

uma e três semanas e o diagnóstico se ba-

seia na suspeita clínica, confirmada por exa-

me de sangue.

O não tratamento da enfermidade pode

causar a morte do animal. Os casos clínicos,

devidamente monitorados pelo médico ve-

terinário, costumam ser bem-sucedidos e re-

sultar na cura dos cães, na maioria dos ca-

sos. A prevenção se dá pelo controle das

infestações de carrapatos no cachorro e pela

higienização do ambiente.

A campeã em popularidade

A leptospirose, uma doença infecciosa

bastante conhecida, é uma zoonose, isto é,

pode ser transmitida dos animais para aos

humanos. A transmissão se dá por meio do

contato com a urina de ratos infectados e

pela ingestão de água e alimentos contami-

nados. Os sintomas mais evidentes são ic-

terícia (mucosas amareladas), febre, dor

muscular, falta de ânimo e com a evolução

do processo, o cão pode apresentar diferen-

tes graus de comprometimento renal.

O tratamento da doença requer o uso de

antibióticos e a hospitalização do pet

infectado, inclusive como garantia de que

não haja transmissão para o homem. Mes-

mo depois de tratado, o cão pode ser porta-

dor da leptospirose por até um ano. Por isso

é indispensável o acompanhamento do

médico veterinário, inclusive para aconse-

lhamento no trato do animal para evitar

infecções posteriores à sua recuperação.

Cachorros de estimação podem colocar em risco saúde do dono

DIV

ULG

ÃO

VETN

IL

DIV

ULG

ÃO

VETN

IL

Cão debilitado por acometimento de doença

!ALAV677-28-29-Animais.pmd 17/3/2010, 13:5228

Page 28: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 29

A Vetnil, laboratório fabricante de

medicamentos e suplementos para ani-

mais de estimação, desenvolveu uma

nova fórmula especial para o Probiótico

Vetnil Cães e Gatos, que conta com qua-

tro diferentes bactérias benéficas natu-

ralmente presentes no trato intestinal

dos animais, além da adição de levedu-

ras vivas. Esses novos ingredientes dão

um reforço especial à ação do produto na

prevenção da colonização das bactérias

causadoras de doenças e, consequente-

mente, melhoram a absorção de nutri-

entes.

O Probiótico Vetnil Cães e Gatos é

muito eficiente para filhotes, em oca-

siões como o nascimento, para rápida

colonização da flora intestinal e desma-

me, em que a mudança repentina da ali-

mentação do leite para sólido causa um

grande desequilíbrio na flora intestinal.

“O produto também é indicado para pe-

ríodos de troca de rações, pois proporci-

ona uma rápida adaptação entre as mu-

danças da alimentação, gerando um

melhor aproveitamento nutricional”,

informa Cristiano de Sá, diretor de

marketing e veterinário da Vetnil.

Em casos de cirurgias, que geralmen-

te causam alterações metabólicas levan-

do o animal ao desequilíbrio da flora in-

testinal e prejudicando a recuperação, o

Probiótico Vetnil Cães e Gatos também

acelera o processo de recuperação. Ani-

mais debilitados, com diarreia ou estresse

decorrente de transportes, feiras, exposi-

ções, competições, mudança de ambiente,

vacinação, entre outros, também podem

se beneficiar da ação do produto.

O aditivo probiótico deve ser aplica-

do diretamente na boca do animal e uti-

lizado continuadamente ou a critério do

veterinário responsável. O produto está

disponível em apresentação de bisnaga

de 14g. Para mais informações, acesse

www.vetnil.com.br ou entre em contato

pelo SAC 0800 10 91 97.

Suplementação

alimentar evita

disfunções

intestinais

em pets

A Pet Society, empresa especializa-

da em produtos para higiene, em-

belezamento e saúde animal, lança o

Sistema Inteligente de Alimentação de-

senvolvido para acoplar ao já consagra-

do Bebedouro Inteligente – produto que

já é sucesso nos pet shops de todo Bra-

sil.

O grande diferencial do Comedouro

apresenta um divisor removível, que

possibilita disponibilizar dois tipos di-

ferentes de alimentos para o animal (ra-

ção seca, ração úmida, frutas e petis-

cos). Esta divisória também funciona

como moderador para animais ansiosos

e de apetite exagerado, pois limita o ta-

manho da bocada do animal.

Fabricado em material plástico re-

sistente e de fácil higienização, o Siste-

ma Inteligente de Alimentação possui

quatro ventosas que aderem ao piso,

evitando a sua movimentação enquan-

to o animal se alimenta. O comedouro

Sistema inteligente

de alimentação

PET SO

CIE

TY

Produto possibilita

disponibilizar dois tipos

diferentes de alimentos, além de ser acoplado

ao “Bebedouro Inteligent”

também possui um sistema antiformiga

que ao ser preenchido com água, evita

que o inseto tenha acesso ao alimento.

O Sistema Inteligente de Alimenta-

ção está disponível nas cores rosa e azul

e o preço sugerido ao consumidor final

é de aproximadamente R$ 30,00 – refe-

rente à base com comedouro, sendo que

o Bebedouro Inteligente deve ser adqui-

rido separadamente.

www.petsociety.com.br

Max Cat Sabores do Mar é o novo ali-

mento para gatos da Total Alimentos.

É preparado com atum, salmão e camarão,

proteínas de excelente digestibilidade.

Formulado com Taurina, aminoácido

importante para a saúde da visão e para o

bom funcionamento cardíaco, possui tam-

bém substâncias que controlam a acidez do

Atum, salmão

e camarão para

gatos

Probiótico Vetnil Cães e Gatos

DIVULGAÇÃO VETNIL

Max Cat: alimento...

TO

TA

L A

LIM

EN

TO

S bém com Yucca Shidigera, uma planta que rea-

ge com a amônia das fezes, diminuindo seu odor.

Max Cat Sabores do Mar é enriquecido com

azeite de oliva, fonte natural de tocoferol (vi-

tamina E). Juntamente com o selênio, esta

substância possui ação antioxidante e ajuda a

combater os radicais livres, evitando o envelhe-

cimento precoce.

www.totalalimentos.com.br

pH da urina. Para

manter a beleza da

pele e pelagem do

animal, possui óleo

de girassol e semen-

te de linhaça, fontes

de Ômegas 3 e 6.

É formulado tam-

CRIS

TIN

A B

ARA

N

... para manter a beleza da

pelagem em gatos

!ALAV677-28-29-Animais.pmd 17/3/2010, 13:5229

Page 29: Revista A Lavoura 677

30 ABRIL/2010 A Lavoura

Trigo

Nova variedade de trigo

tem boas características

de uso industrial

A nova cultivar tem grãos do tipo duro e ótima força

de glúten, apropriada para a indústria panificadora

O Instituto Agronômico do Pa-

raná (IAPAR) e a Fundação

Meridional de Apoio à Pes-

quisa Agropecuárias lançaram a varie-

dade de trigo IPR 144, que terá semen-

tes à disposição dos produtores já na pró-

xima safra. Segundo o pesquisador

Carlos Roberto Riede, o novo material

apresenta ótimo desempenho agronômi-

co, elevada produtividade de grãos, boas

características de uso industrial, modera-

da resistência às principais doenças da

cultura e, ainda, grande amplitude de

adaptação, sendo indicada para os esta-

dos do Paraná, de São Paulo e do Mato

Grosso do Sul.

Riede explica que a IPR 144 tem por-

te baixo e ciclo precoce, ficando pronta para

colheita em cerca de 113 dias. O potencial

produtivo obtido em ensaios foi de 4 t/ha -

podendo chegar até a 5 t/ha nas melhores

condições de plantio e sob irrigação. É mo-

deradamente resistente ao acamamento e

à debulha natural, mas necessita atenção

devido à moderada suscetibilidade à ger-

minação na espiga e à baixa tolerância à

presença de alumínio no solo.

No quesito doenças, é moderadamen-

te resistente à brusone e apresenta mo-

derada suscetibilidade a manchas

foliares, ferrugem da folha e oídio.

Giberela exige um pouco mais de atenção

dos triticultores, já que a variedade é

suscetível à moléstia que, segundo o pes-

quisador, ocorre “em ambientes de climas

mais frios”.

OM

AN

OEL B

ASSO

I / E

MBRA

PA

SO

JA

Campo de melhoramento de linhagens, com várias cultivares de trigo para pesquisa

!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5430

Page 30: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 31

Riede acrescenta que, do ponto de vis-

ta industrial, IPR 144 tem características

da classe comercial “tipo pão”, apropria-

da para a indústria panificadora. “É uma

cultivar que tem grãos do tipo duro e óti-

ma força de glúten, com valor W médio de

287 e 18 minutos de estabilidade

farinográfica”, conclui.

A IPR 144 pode ser cultivada no Pa-

raná (regiões I, II e III), São Paulo (re-

giões II e III) e Mato Grosso do Sul (re-

gião III).

Faixas expositivas

Produtores rurais, engenheiros agrô-

nomos e técnicos agrícolas que desejam

conhecer outras variedades de trigo como

a BRS Tangará, BRS Pardela, IPR 130 e

IPR 136 - desenvolvidas pela parceria

Embrapa, Iapar e Fundação Meridional

- já contam com mais uma ferramenta de

acesso a estas cultivares: as Faixas

Expositivas.

Sete locais estratégicos foram defini-

dos em áreas de produtores atendidos

pelos colaboradores da Fundação Meri-

dional. “São faixas com muitas novida-

des para o cultivo do trigo e que devem

gerar boas expectativas nos produtores

rurais”, afirma Wanderley Jorge Olivei-

ra, técnico agropecuário e analista de de-

senvolvimento de mercado da Fundação

Meridional.

As faixas expositivas de trigo estão

localizadas nas seguintes regiões: Cam-

pos Novos e Xanxerê, em Santa

Catarina; Cascavel, Guarapuava,

Mamborê, Pato Branco, Ponta Grossa e

Tamarana, no Paraná; Dourados, no

Mato Grosso do Sul; e Itaberá em São

Paulo. Estes locais serão identificados

pela Fundação Meridional, facilitando o

acesso e a visualização para todos os

interessados.

As sementes da BRS Pardela e da

BRS Tangará também já estão disponí-

veis nesta safra para os produtores de

grãos do Paraná. “Nos experimentos, es-

tas cultivares alcançaram média de pro-

dutividade de 4mil Kg/ha. Isto quer dizer

que há potencial para aumentar a produ-

tividade no Paraná”, calcula o pesquisa-

dor Manoel Bassoi, da Embrapa Soja.

Pão francês

Segundo ele, a BRS Pardela é uma

opção para o mercado de farinha para o

fabrico de pão francês, porque possui ele-

vada força de glúten (capacidade de vo-

lume e qualidade industrial para produ-

ção de pão) e boa estabilidade de farinha.

Também pode ser utilizada na fabricação

de massas em geral e como mistura de

farinhas com menor força de glúten.

“Esta cultivar também destaca-se por

apresentar boa resistência ao oídio, à fer-

rugem da folha, com moderada resistên-

cia à brusone e às manchas foliares”, des-

taca Bassoi.

A BRS Tangará também se destaca

por suas características industriais

como boa qualidade para panificação.

“Associado a isto, apresenta boa sanida-

de, com destaque para resistência da

ferrugem da folha e oídio. Também tem

ampla adaptação geográfica, mas seu

pico de rendimento é em locais com tem-

peratura mais amenas”, enfatiza

Bassoi.

Unidades de Observação

Especial –UOE

Além das faixas expositivas de trigo,

ainda é feito um trabalho com Unidades

de Observação Especial (UOE). São oito

locais nos quais estão instaladas parcelas

com variedades em pré-lançamento. “O

objetivo é que os colaboradores da Fun-

dação Meridional fiquem conhecendo as

características agronômicas das varieda-

des antes do lançamento oficial e da dis-

tribuição de sementes básicas”, ressalta

Oliveira.

Informações sobre as localidades das

faixas expositivas com as variedades de

trigo podem ser obtidas junto à equipe

técnica da Fundação Meridional pelo te-

lefone: (43) 3323-7171 ou no site:

www.fundacaomeridional.com.br

FU

ND

ÃO

M

ERID

ION

AL

Trigo

Cultivar de trigo IPR 144: elevada produtividade de grãos

!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5431

Page 31: Revista A Lavoura 677

32 ABRIL/2010 A Lavoura

Trigo

MARTHA Z. DE MIRANDA

PESQUISADORA DA EMBRAPA TRIGO

CRIS

TIN

A B

ARA

N

Ingrediente funcional ou aditivo é qual-

quer substância sintética ou natural,

adicionada em pequenas quantidades

na produção de determinado alimento

para melhorar algum aspecto de pro-

cessamento (manipulação, maquinabi-

lidade, etc) ou para realçar caracterís-

ticas do produto final (cor, aroma, sa-

bor, textura, estrutura, vida de prate-

leira ou conservação e aspecto geral

dos alimentos). No caso da farinha de

trigo, pode-se usar esses produtos para

adequar determinada farinha ao pro-

duto final ou para melhorar a sua qua-

lidade tecnológica.

O ideal é que sempre fosse produzi-

da farinha semelhante pelos moinhos,

ou seja, com constância na sua qualida-

de, e esta, por sua vez, fosse adequada

para os diferentes produtos finais (pão,

bolo, biscoito, massas alimentícias, etc).

Porém, sabe-se que isso nem sempre

ocorre. Dependendo das variedades de

trigo plantadas, das condições edafocli-

máticas, de transporte e de armazena-

mento do trigo, em cada safra, farinhas

com qualidade bem distintas podem ser

obtidas. Assim, dependendo da qualida-

de do trigo, pode ser necessária a adição

de algum ingrediente funcional, que terá

impacto nas formulações e na eficiência

de produção.

Se a farinha de trigo apresentar

qualidade tecnológica inadequada

para determinado produto, não há

muito o que fazer, pois não se consegue

melhorar uma matéria-prima de qua-

lidade inadequada. Por exemplo, fari-

nha obtida de trigo altamente germi-

nado não poderá ser usada para pro-

duzir massas alimentícias e na pani-

ficação industrial, talvez em mesclas

para biscoitos ou para produtos alter-

nativos. Por outro lado, quando os pro-

blemas são funcionais, muitas vezes é

menos oneroso usar ingredientes fun-

cionais do que buscar outras soluções,

como importar trigo para fazer deter-

minadas mesclas. Tudo dependerá das

características da farinha e do produ-

to final em questão. Para cada situa-

ção será usado determinado tipo e

quantidade de ingrediente funcional (é

feito um estudo caso a caso).

Ingredientes funcionais

Os ingredientes funcionais poderão

ser adicionados no moinho que já produz

a farinha de trigo (com adição de ferro e

de ácido fólico, como exige a legislação

brasileira) pronta para uso, ou seja, ade-

quada para cada produto final; podem

ser adicionados pelo padeiro (pois são

vendidos prontos, sendo geralmente

uma combinação de enzima, maturador

e emulsificante) ou ser adicionado na

indústria de produto final, estudo caso

a caso.

Como exemplos destes ingredientes,

podemos citar, a enzima alfa-amilase,

que age sobre o amido produzindo

dextrinas e açúcares; a enzima lipoxige-

nase, que oxida pigmentos carotenoides

presentes na farinha, provocando o

clareamento da massa (enzima encon-

trada na farinha de soja enzimaticamen-

te ativa); os maturadores ácido ascórbico

(Vit. C) e azodicarbonamida, que refor-

çam a massa, aumentando a sua elasti-

cidade e melhorando a retenção de ga-

ses na fermentação - todos estes melho-

ram o volume, a textura, a cor (do miolo

e/ou crosta) e o sabor do produto final.

Enquanto que os emulsificantes, como

lecetina e estearoil lactato de sódio, pos-

sibilitam misturar gordura à água da

massa, permitindo a conservação do pão

por mais tempo.

Pré-mistura

Considera-se pré-mistura, a mistu-

ra da farinha de trigo com ingredientes

para panificação pronta para a venda.

Estas facilitam a padronização dos pro-

dutos finais, podendo facilitar o traba-

lho das donas de casa e dos padeiros,

uma vez que os ingredientes já estão

adicionados à farinha nas quantidades

ideais e pré-testadas pelos fabricantes.

Por exemplo, uma pré-mistura para

pães, além dos três grupos de ingredi-

entes citados, pode ser adicionada de

cloreto de sódio (sal de cozinha), de açú-

car e de lipídios. Em geral, a pré-mis-

tura deve permitir a elaboração do pro-

duto final (como pão francês, pão inte-

gral, pão de hambúrger, bolo, etc) com

a adição posterior somente de água e de

fermento.

Conceitos equivocados sobre o que

é pré-mistura foram detectados em no-

vembro de 2002, em fraude relaciona-

da à farinha de trigo importada da Ar-

gentina. A farinha de trigo pagava 20%

de imposto, enquanto que a “pré-mis-

tura” (considerada a farinha com adi-

ção somente de 0,3% de cloreto de

sódio) era tributada em apenas 5%.

Como consequência, as importações de

farinha de trigo da Argentina naque-

le ano foram reduzidas e, coincidente-

mente, as importações desta “pré-mis-

tura” saltaram algumas mil toneladas.

Isto ocorreu até outubro de 2006, quan-

do o governo argentino equiparou o

imposto de exportação em 10%, tanto

para a farinha como para a pré-mistu-

ra e a fiscalização da Receita Federal

no Brasil sobre a entrada de pré-mis-

tura da Argentina foi intensificada.

Ingredientes funcionais e pré-misturas

com farinha de trigo

Pães e biscoitos produzidos com farinha de trigo

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Page 32: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 33

Trigo

Um levantamento divulgado pela

Comissão Estadual de Sementes

e Mudas (CSM), junto com a Associa-

ção dos Produtores e Comerciantes de

Sementes e Mudas do RS (APASSUL)

mostra que, pela primeira vez na his-

tória da triticultura gaúcha, o produ-

tor conta com mais da metade do vo-

lume de sementes certificadas com

classe industrial de trigo pão. Para a

safra 2010 estão disponíveis mais de

107 mil toneladas de sementes de 29

cultivares. A BRS Guamirim, da Em-

brapa, foi a cultivar que conquistou a

maior área para sementes na última

safra, gerando um volume estimado

em 22.800 toneladas.

O número de cultivares em produ-

ção no Rio Grande do Sul diminuiu de

45 na safra 2006 para 29 na safra

2008. Reduziu em número, mas au-

mentou em qualidade com a maior

oferta de cultivares da classe comer-

cial pão, preferida pela indústria e

com maior valor no mercado. “Histo-

ricamente, o Rio Grande do Sul tem

se mostrado como produtor de trigo

brando, resultado de fatores como

ambiente e clima. O melhoramento

genético das empresas trabalha no

desenvolvimento de cultivares que

atendam as exigências da indústria,

mas continuem rentáveis ao produ-

tor. O aumento da oferta de semen-

tes de trigo pão mostra o esforço da

pesquisa para tornar o trigo gaúcho

mais competitivo”, avalia o pesquisa-

dor da Embrapa Trigo, Pedro

Scheeren.

O mercado de sementes de trigo

no Estado é abastecido por quatro

obtentores: Fundacep, OR-Sementes,

Embrapa e Coodetec, ligados a 125

produtores (média dos últimos três

anos). O volume de sementes certifi-

cadas tem ficado em torno de 100 mil

toneladas, com média de 38% da clas-

se comercial pão. Para a próxima sa-

fra, o produtor conta com 53% de tri-

go pão, 40% de trigo brando e 6% de

trigo melhorador. “Estima-se que

70% da área com trigo no RS usa se-

mente certificada, então o volume

RS vai

plantar mais

trigo pão

em 2010

disponível para esta safra é suficien-

te e pode até gerar algum excedente,

que poderá ser comercializado para

outros estados”, explica o gerente da

Embrapa Transferência de Tecnolo-

gia, Francisco Tenório Falcão, do es-

critório de negócios de Passo Fundo.

Escolha da cultivar

A grande oferta de cultivares

pode confundir o produtor no mo-

mento de definir a compra da semen-

te. A Embrapa Trigo orienta a impor-

tância de fazer escalonamento na se-

meadura, optando por cultivares

com ciclos diferentes. A estratégia

ajuda a evitar perdas maiores por

doenças, granizo ou chuva na colhei-

ta, além de permitir o planejamen-

to da semeadura de verão. O local de

cultivo também afeta a escolha, já

que lavouras de baixadas vão preci-

sar de cultivares resistentes à gea-

da, assim como regiões mais úmidas

vão exigir resistência a doenças.

“Como a geada causa maiores preju-

ízos na fase reprodutiva (principal-

mente no florescimento e formação

de grãos) do trigo, o produtor pode

verificar o histórico da região para

tentar escapar da geada adequando

melhor a época de semeadura”, ex-

plica o agrometeorologista da Em-

brapa Trigo, Gilberto Cunha.

A definição da cultivar precisa

considerar, ainda, o investimento

tecnológico que cada cultivar exige.

Algumas cultivares, como o BRS

Guamirim, respondem ao investi-

mento, com porte baixo que permi-

te aumentar o volume de N, garan-

tindo bom rendimento e deixando

residual do adubo para a lavoura de

verão. Mas se a capacidade de in-

vestimento for pequena, deve-se

optar por cultivares mais rústicas,

aptas a áreas de baixa fertilidade e

grande resistência a doenças, como

a BRS 208, BRS Umbu, BRS 276 ou

a nova cultivar de oferta pública

BRS 296.

Qualquer que seja a escolha, é

fundamental olhar para o mercado,

atendendo a quesitos como qualida-

de e estabilidade no trigo produzido.

“Uma planta pode apresentar exce-

lente porte agronômico, alta produti-

vidade, mas se apresentar baixo PH

e baixa força de glúten estará fora do

mercado”, conclui a analista de

marketing da Embrapa Trigo,

Lisandra Lunardi.

JOSEANI M. ANTUNES – EMBRAPA TRIGO

Escolha da cultivar precisa considerar as demandas do mercado

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Page 33: Revista A Lavoura 677

34 ABRIL/2010 A Lavoura

POR JACIRA COLLAÇO

M É D I C A V E T E R I N Á R I A

CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso

Trilhando o caminho orFoi um longo caminho desde o primeiro

contato de A Lavoura com o Sítio do Moinho,

há sete anos. Depois de muitos produtos,

negócios, novidades, mudanças corajosas

e a participação no projeto OrganicsNet da

SNA, o empreendedor Dick Thompson conta

sua trajetória, marcada pela paixão sempre

renovada pelo mundo orgânico.

A pesquisa da diretora da SNA Sylvia

Wachsner por produtores dedica-

dos aos orgânicos levou A Lavoura até

Petrópolis, em 2003. Lá encontrou Dick

e Ângela Thompson, do Sítio do Moinho,

começando a firmar os primeiros passos

no fornecimento a supermercados, uma

tarefa bastante exigente para qualquer

empresa.

O Sítio já era conhecido, e crescia, com

a entrega em domicílio de hortaliças e

legumes. Outros alimentos, não produzi-

dos na fazenda, eram adquiridos de ter-

ceiros. Contudo, em sua visão, Thompson

acreditava que a empresa deveria abrir

um leque maior de opções ao consumidor

– e aos poucos preparou-se para isso.

Tanto que, em fins de 2004, se contava

com 30 produtos, hoje a oferta chega a

mais de 400. “Encaro o Sítio como um ‘su-

permercado virtual’, pois não quero que

o cliente fique restrito apenas aos

hortifrutis”, explica Thompson.

Outra decisão de grande porte foi a

inauguração da primeira panificadora

orgânica do Brasil, em 2004, a Molino

d’Oro. Foi um enorme passo empresari-

al, que contou com consultoria e padeiro

italianos, dois engenheiros e a dedicação

integral do casal Thompson. Manter a

panificadora envolveu até a importação

de máquinas específicas para duas linhas

de pães, assados e semi-assados. Mas

essa iniciativa significou outro trabalho

de base, como classifica Thompson, para

“nacionalizar” a panificadora em fases.

Ainda que toda a matéria-prima e maqui-

nário sejam importados, atualmente o

know-how da fabricação está em mãos de

um padeiro brasileiro, bem como o con-

trole administrativo, mantido pelo casal

Thompson. Apenas um detalhe que os

entusiastas da indústria nacional podem

lamentar: a qualidade da farinha brasi-

leira ainda não rivaliza com a italiana.

Brasileiro ou não, parafraseando a

piada, produzir pães de diversos sabores,

como integral de fibra e de passas, não é

biscoito. É preciso um esquema de entre-

ga eficiente e ágil, dadas as condições

particulares dos pães orgânicos, que não

têm conservantes nem aditivos em sua

fórmula. Sua validade chega apenas a

sete dias – exceto os semi-assados, cuja

refrigeração confere 25 dias de prazo –,

enquanto os pães comuns chegam a 15.

Desta empreitada, apenas saiu de linha

o pão de forma branco, por menor procu-

ra, mas continuam em plena produção os

semi-assados, baguetes, pães italianos di-

versos e outros 12 tipos.

SYLVIA

WA

CH

SN

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Presença do Sítio do Moinho na BioFach América Latina-SP no final do ano passado

SYLVIA

WA

CH

SN

ER

!ALAV677-34-35-Casos.pmd 17/3/2010, 13:5534

Page 34: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 35

CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso

ho orgânico sem desvios

Em relação às importações, a empre-

sa mantém uma grande diversidade de

demandas. Aproveitando o contato com

o consórcio Bio Itália, num mesmo

contêiner de 20 toneladas de capacidade,

no qual metade é ocupada pela farinha

italiana, chegam ao Brasil caixas de azei-

te extra-virgem, óleo de girassol, massas,

azeitonas, molhos diversos, grãos, etc. De

novo, Thompson guia-se pela intenção de

aumentar a diversidade de produtos para

os clientes: “os grãos e sementes que im-

portamos da Europa nos permitiram cri-

ar uma linha de granola que está rece-

bendo boa aceitação”, comemora.

Grande mudança,

grandes efeitos

Em abril de 2006, Dick, Angela e

seu Sítio do Moinho, já fornecedores es-

táveis para supermercados, tomaram

uma decisão crítica: abandonar o gran-

de varejo, movidos pelo germe da insa-

tisfação. “Quisemos nos dirigir mais às

pessoas que entendessem um conceito

que vem mostrando os benefícios de

consumir um produto mais nobre, o que

justifica seu preço mais elevado, uma

vida nova”, revelou Thompson. De 110

empregados, chegaram a 60, concen-

trando-se na venda domiciliar, entregas

especializadas e algo maior: a idéia de

abrir uma loja própria.

De novo com muito planejamento, o

sonho se concretizou em dezembro de

2008 na forma de uma loja no Leblon,

bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro.

“Para isso, considero que foi fundamen-

tal trabalhar no grande varejo. Foi uma

maneira do orgânico chegar ao conheci-

mento do grande público; talvez nem che-

gássemos ao que somos agora sem pas-

sar por esse estágio”, ressaltou.

Com essa bagagem de mercado, o Sí-

tio do Moinho olha para o presente, o ano

de 2010. Com o apoio do Sebrae e da SNA,

o gerente administrativo Cléber Miranda

foi enviado para negociar com mexicanos

que produzem agave, uma substância

extraída de um cacto local, mais famoso

por ser a matéria-prima da tequila. A

ótima surpresa é que sua cachopa, pro-

cessada, produz um xarope de baixa ca-

loria e reduzido índice glicêmico, provo-

cando sua lenta absorção pelo sangue.

Isso permite seu uso por pessoas diabé-

ticas ou para quem queira utilizar um

substituto realmente saudável do açúcar.

Thompson comemora a representação

exclusiva da empresa Endul no Brasil,

comercializando o xarope do agave em

garrafas plásticas: “o 2O contêiner está es-

perando a liberação na alfândega e já

pensamos em pedir o 3O.”

Agora, na mente de Dick Thompson,

o processo de fortalecer a imagem de “pro-

dutos Sítio do Moinho” ocupa cada vez

mais espaço. “Ainda estudamos esta pos-

sibilidade em alguns produtos, mas no

momento também nos dedicamos ao pro-

jeto de uma outra loja, no O2 Centro

Empresarial, na Barra da Tijuca, na

Zona Oeste do Rio.”, revela. O que

Thompson não revela é sua “carta na

manga” em termos de mercados saudá-

vel, que pretende lançar em seis meses.

Apesar da experiência acumulada

no mercado orgânico, Thompson tem

consciência de seu principal desafio,

ainda comum a todos os produtores: o

preço final do produto. “É óbvio que o

orgânico custa mais. Mas se o consumi-

dor não estiver a par de todas as van-

tagens que poderia ter ao consumir o

orgânico, não poderá compreender que,

na verdade, isso o torna barato em com-

paração”, alerta.

Curioso é saber que o entusiasmo que

Thompson mostra pelo setor hoje nem

existia em 1989, ano em que pediu um

estudo de viabilidade econômica de sua

área em Petrópolis para a empresa

Agrossuisse, do diretor Fábio Ramos.

Aposentado do mercado financeiro, não

pensava em parar de trabalhar, mas

plantar hortaliças e legumes em seu sí-

tio também não lhe parecia nada atraen-

te. Apenas depois que Ramos expôs os

conceitos e filosofia orgânica foi que sua

paixão se iniciou – ou mais duradouro

que isso, um amor de 21 anos.

Produtos

diversificados,

uma característica

da marca

O mais novo lançamento: o agave, adoçante

de baixa caloria e reduzido índice glicêmico

SÍT

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!ALAV677-34-35-Casos.pmd 17/3/2010, 13:5535

Page 35: Revista A Lavoura 677

36 ABRIL/2010 A Lavoura

Ter à mão ferramentas adequadas faz toda a diferença na rotina de quem lida

com a colheita de flores e frutos na agricultura. Preocupada em oferecer as me-

lhores soluções para facilitar esse trabalho, a Bellota lança uma linha completa de

ferramentas exclusivas no mercado nacional, com diferenciais em design,

ergonomia e qualidade. As novidades incluem ferramentas compactas de fibra de

vidro e de alumínio, afiador para todos os tipos de ferramentas de poda e corte,

ferramentas com grip (sistema antideslizante), além de tesouras para colheita de

pomares e flores.

Os lançamentos Bellota aliam pesquisa e tecnologia de ponta às melhores maté-

rias-primas para produzir ferramentas duráveis e resistentes, primando pela se-

gurança de consumidores e ressaltando a excelência e a confiança de uma mar-

ca presente nos cinco continentes. A linha de tesouras é um exemplo disso: inclui

modelos de poda para uma e duas mãos, todas com avanços no sistema de ajuste.

Ergonômicas e com amortecedores, as tesouras requerem menor esforço no corte

e reduzem o cansaço pelo uso contínuo.

Além dos modelos de tesouras especialmente desenvolvidos para a colheita de

flores e frutos, a Bellota traz novidades para a linha de poda em geral, com tesou-

ras para poda de cerca viva, com afiamento preciso e poda de grama, com lâmi-

nas reafiáveis. As opções também incluem ferramentas para cortes de diâmetro

grande e para podas em áreas inacessíveis, como a tesoura de poda aérea de

longo alcance.

Colheita de frutos com tesoura especial

BELLO

TA

Perigo constante para o rebanho e

prejuízo certo para o pecuarista. É des-

sa forma que as clostridioses devem

ser encaradas. Conhecidas popular-

mente como “manqueira”, “morte sú-

bita”, “mal de ano”, “carbúnculo” en-

tre outras, as clostridioses causam

grandes perdas econômicas, muitas

vezes decorrentes de “surtos” no re-

banho. São infecções e intoxicações

causadas por bactérias anaeróbias do

gênero Clostridium chamadas clostri-

dioses e são altamente letais. Por te-

Ferramentas para poda de flores e

trabalho em pomares

desencadear as enfermidades. Justamente por isso que a prevenção

é tão importante. A Coopers Saúde Animal está disponibilizando ao pro-

dutor brasileiro o que há de mais eficaz e moderno no combate às clos-

tridioses: Vision 7.

Programa de vacinação

“A única garantia que o produtor pode ter sobre a sanidade de seus ani-

mais é a utilização de um programa de vacinação preventivo. A Vision 7

pode ser aplicada em todas as categorias de animais com toda a segu-

rança, dentro de um programa de vacinação”, esclarece Lineu Padovese,

gerente de mercado da companhia. A vacina Vision 7 traz algumas no-

vidades para o mercado brasileiro. A principal é o SPUR, adjuvante ex-

clusivo que substitui os adjuvantes atuais, como por exemplo, o hidróxido

de alumínio com muitas vantagens, tais como, menor dosagem (2 ml)

em relação às vacinas atuais de 5 ml, melhor homogeneidade da vaci-

na, melhor resposta imunológica, menor ocorrência de reações vacinais

indesejáveis, como as cicatrizes no local da injeção, reduzindo as per-

das de tecido no abate.

A outra novidade fica por conta do APS (Antigen Purge System), um

avançado processo de produção que garante altos níveis de pureza na

adição de antígenos ao adjuvante SPUR, e envolve três etapas impor-

tantes, concentração de antígenos, agrupamento e padronização de cada

antígeno e nova tecnologia de filtragem que reduz a dose sem diminuir

a concentração de antígenos.

Vacina contra clostridioses

Uma das empresas pioneiras em introduzir no mer-

cado brasileiro o conceito de palmito cultivado, a

Inaceres inovou e lançou a tampa para varejo com o

dispositivo “abre fácil - fecha fácil” em toda a sua Li-

nha de Palmitos GINI. Com o objetivo de facilitar a aber-

tura de seus frascos – proporcionando mais comodi-

Nova tampa é encontrada

nos frascos de palmitos

da tradicional Linha GINI

dade aos seus consumidores. A empresa havia impor-

tado da Espanha o dispositivo “abre fácil”, ou ring pull,

que permite arrancar a tampa de uma só vez, utilizado

no Palmito Premium GINI Rótulo Preto.

Segundo a empresa, a tampa metálica GINI ga-

nhou um lacre que ao ser levantado libera o ar, fa-

cilitando a sua aber tura. Como a tampa é de garra,

permite o fechamento adequado do frasco após

aber to, podendo, inclusive, ser reaproveitado pos-

teriormente.

www.inaceres.com.br

Tampa “abre fácil - fecha fácil”

INA

CERES

Vision 7: para combate à

“manqueira” de bovinos

CO

OPERS

rem a habilidade de se manter viáveis no meio ambiente na forma de

“esporo” se mantêm potencialmente infectantes no solo por longos

períodos, representando um risco significativo para a população ani-

mal e humana. Muitos micro-organismos deste grupo podem estar nor-

malmente presentes no trato intestinal destas espécies. O controle e a

profilaxia devem basear-se em medidas adequadas de manejo e vaci-

nações sistemáticas de todo o rebanho, já que os animais estão em

permanente contato com os agentes e com os fatores que poderão

Os lançamentos Bellota contam ainda com uma linha profissional de ferramen-

tas para cultivo com cabo de madeira, como enxadinhas e pás de camping, arcos

de serra e serrotes. Outra novidade é o afiador que permite ao profissional ou

hobbista amolar suas ferramentas de corte e poda sempre que achar necessário.

Mais informações: www.bellota.com.br

!ALAV677-36-37-Empresas.pmd 17/3/2010, 13:5736

Page 36: Revista A Lavoura 677

A Lavoura ABRIL/2010 37

Aditivo orgânico

para vacas em lactação

A Premix Técnica em Suplementação lançou no mer-

cado o aditivo orgânico Premiphos Leite Premium,

núcleo mineral indicado para vacas leiteiras em perío-

do de lactação. Segundo o fabricante, o novo produto

é composto com vitaminas e minerais, acrescido de

biotina, virginiamicina, Fator Premium, cromo e zinco

orgânicos, elementos fundamentais para garantir bom

desempenho na produção de leite.

O fabricante esclarece que o Premiphos Leite

Premium é um produto rentável para o pecuarista que

pretende ampliar a produtividade na produção leiteira.

O fornecimento pode ser por ingestão diária de 250 a

300 g por vaca/dia ou misturado na formação de ra-

ções, em torno de 2% a 4%.

Informações adicionais: www.premix.com.br

Rebanho de fêmeas da raça Simental

PREM

IX

Sementes de milho para

solos de baixa fertilidade

O Grupo Matsuda, que produz e comercializa

sementes forrageiras tropicais, ampliou a sua li-

nha de produtos, lançando a semente de milho

Triton, do cultivar AL Bandeirante, recomendada

para solos de baixa e alta fertilidade. A semente

de milho Triton apresenta pequeno índice de plan-

tas acamadas e quebradas e, além disso, possui

rusticidade e adaptabilidade a diversos ambien-

tes. Ela tem resistência e tolerância à maior par-

te das doenças.

De acordo com a Matsuda, a variedade AL

Bandeirante possui também maior quantidade de

palha, fator que protege o milho da infiltração de

água e impossibilita o aparecimento de fungos.

Variedade AL Bandeirante: boa adaptação

a diversos ambientes

GRU

PO

M

ATSU

DA

Preocupada sempre em de-

senvolver produtos de alta

qualidade e valor agregado, a

Intervet/Schering-Plough Ani-

mal Health lançou o Gama

Horse. O produto auxilia no

desempenho dos cavalos em

esportes equestres, na repro-

dução, bem como daqueles

que vão a leilão e exposição.

Segundo o fabricante, na

primeira situação, o Gama

Horse aumenta a massa mus-

cular, preserva a condição

cardiovascular, reduz o

estresse oxidativo, sendo to-

talmente seguro e recomen-

dado aos animais de compe-

Produto melhora desempenho dos equinos

nal sempre é para melhorar o

desempenho do animal na ati-

vidade escolhida por seu cri-

ador”, conta Rui Vincenzi, ge-

rente de produto de pecuária

da Intervet/Schering-Plough

Animal Health.

Os componentes do pro-

duto são:

• Gama-Orizanol:

- Ação antioxidante (combate

radicais livres).

- Promove aumento de mas-

sa muscular (efeito ergogêni-

co).

- Sem efeitos colaterais.

• Vitamina E:

- Ação antioxidante (combate

tição. A suplementação com óleo de arroz na

dieta de equinos impede o aumento de lactato

após o exercício, aumentando a performance.

Já para os cavalos que vão a leilão ou exposi-

ção, o produto proporciona outras vantagens

como, melhora no brilho do pelo, escore cor-

poral, restabelecimento do metabolismo da

pele e redução do tempo de preparo dos ani-

mais para eventos.

O Gama Horse também proporciona me-

lhoras significativas no que diz respeito à re-

produção. Melhora as características

espermáticas em garanhões, “O produto pode

ser usado para fins diferentes, mas que no fi-

radicais livres).

- Óleo de arroz é a fonte de gordura vegetal que

fornece a maior concentração de vitamina E.

- O Gama Horse é fonte natural de vitamina

E .

• Ácidos graxos insaturados:

- Ômegas 3 - 6 - 9 (ácido linoleico, ácido

linolênico e ácido oleico).

- Ação imunomoduladora.

- Preserva o sistema cardiovascular (eicosa-

noides).

- Melhora condição de pele e pelos.

- O Gama Horse possui equilíbrio de ácidos

graxos de acordo com recomendação.

Gama Horse pode ser usado

para fins diferentes

INTERVET/SC

HERIN

G-PLO

UG

H A

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AL H

EA

LTH

!ALAV677-36-37-Empresas.pmd 17/3/2010, 13:5737

Page 37: Revista A Lavoura 677

38 OUTUBRO/2009 A Lavoura

!ALAV677-38-AssineALAVOURA.pmd 17/3/2010, 13:5838