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1000007795/2006-DR/BSB DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS Impresso Especial CORREIOS SindMédico-DF 1000007795/2006-DR/BSB Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano X - Março-Abril / 2009 - nº 74

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Page 1: Revista 74

1000007795/2006-DR/BSB

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

ImpressoEspecial

CORREIOSSindMédico-DF

1000007795/2006-DR/BSB

Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito FederalBrasília - Ano X - Março-Abril / 2009 - nº 74

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3 Revista Médico

Editorial

Os ensaios para privatização da Saúde da capital do país, promovido pelo secretário Augusto Carvalho, já estão na praça. Primeiro foi a construção do Hospital Regional de Santa Maria, considerado a segunda maior estrutura de atendimento da rede pública do DF e que promete

ser entregue para uma Organização Social para gestão terceirizada. Depois o GDF pretende agora refor-mular o sistema de gestão da Fundação de Ensino e Pesquisa da Secretaria de Saúde (FEPECS), para que ela tenha autonomia para gerenciar não só as faculdades de Medicina e Enfermagem, mas por tabela, os demais hospitais do sistema público da nossa cidade.

O mais curioso disso tudo, é que tais investidas são feitas contra exemplos que deveriam ser preserva-dos, ao invés de brutalmente atacados pelo governo, que procura a todo custo, deixar de ter responsabili-dade na promoção da saúde pública de qualidade à população. Vejamos o primeiro caso onde, dentro da filosofia que implantou o Sistema Único de Saúde (SUS) - devidamente protegido pela nova constituição do país - Brasília se tornou o melhor exemplo de descentralização e inclusão das populações menos assis-tidas ao acesso à Saúde. Com sua rede distrbuída por hospitais e centros de saúde, demos o exemplo de como fazer chegar assistência a toda comunidade do DF.

No outro caso, da FEPECS, a Secretaria de Saúde deseja entregar, para as chamadas entidades não estatais de direito privado, a gestão do fomento da educação, que se notablizou em tão poucos anos nos mais demais rankings qualificatórios pelo alto nível de ensino dado aos alunos. Tanto que em um dos exemplos de desempenho, a ESCS foi a escola que mais aprovou profissionais na prova de residência médica realizada pela própria SES/DF.

Como se não bastasse, o Governo do Distrito Federal aprovou o Projeto de Lei 1180 na Câmara Legis-lativa do Distrito Federal (CLDF) congelando os salários de todos os servidores públicos, com a desculpa que a crise financeira mundial atingiu a capacidade gerencial do governo e sua condição de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

No caso da saúde, está claro que há crise sim, mas da capacidade gerencial do secretário sobre a saúde pública do DF. E mais ainda, que o GDF não quer ter nenhuma responsabilidade em oferecer saúde digna aos usuários do sistema. Mesmo que para isso, tenha que afrontar a própria constituição do país e com ameaças aos parlamentares da base governista, para que votassem e aprovassem o projeto de congela-mento dos proventos pagos a quem faz a máquina pública, de fato, funcionar.

Na edição passada o Sindicato dos Médicos do DF retratou o real compromisso do atual governo com a saúde, quando vasculhou as centenas de páginas do orçamento encaminhado e aprovado na CLDF. An-tes da crise já estava escrito e distribuído a aplicação dos recursos públicos do executivo local para 2009, onde as verbas para saúde caíram 10%, contra as verbas destinadas a obras, que subiram 50%.

Ao adotar uma postura de “lobo em pele de cordeiro”, o GDF só se esqueceu de um pequeno deta-lhe. Que do outro lado, estão as pessoas que defendem a saúde da população e o bom uso dos recursos públicos. E como prediz a física de que toda ação provoca uma reação em sentido contrário, um resultado importante aconteceu diante de tantos ataques. Os servidores estão unidos contra as políticas de governo que desgastam os serviços públicos, com o intuito de sucateá-los para entregá-los ao empresariado, a fim da obtenção de lucro fácil. As entidades de representação criaram o Fórum em Defesa da Saúde, que estão do lado da maioria desassistida, contra os maus tratos promovidos aos trabalhadores, às unidades de atendimento e, consequentemente, junto com o povo do Distrito Federal.

Lobo em pele de cordeiro

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Março/ Abril 20094

Sumário Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

21

EstratégiaCFMF x ICPAAs glosas na vida das empresas

22

Vida MédicaAutomodelismoDiversão em quatro rodas

24

VinhosDr. Gil FábioVinho do Porto II

26

LiteráriasDr. Evaldo Alves de OliveiraPlanejar é preciso?

18

Regionais

10

JurídicoPrecatóriosFormada nova comissão

06

EntrevistaLairson Vilar RabeloPresidente da AMBr

08

FórumTodos em defesa do SUSCaravana parte de Brasília

05

OpiniãoAntônio José Francisco Pereira dos SantosTerceirizar não é a solução

16

AconteceuDia da MulherPalestra sobre cancêr de mama

12

CapaPrivatizaçãoFEPCS pode mudar de mãos

Sindicais

17Delegados RegionaisSindMédico mais perto do colega

Presidente (Licenciado)

Dr. César de Araújo Galvão

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da CostaPresidente em Exercício

Secretário GeralDr. Rafael de Aguiar Barbosa

Dr. Gustavo de Arantes Pereira.2ª Secretário

Dr. Gil Fábio de Oliveira FreitasTesoureiro

Dr. Luiz Gonzaga da Motta2º Tesoureiro

Dr. Antônio José Francisco P. dos SantosDiretor Jurídico

Dr. José Antônio Ribeiro FilhoDiretor de Inativos

Drª. Olga Messias Alves de OliveiraDiretor de Ação Social

Dr. Jomar Amorim FernandesDiretor de Relações Intersindicais

Dr. Lineu da Costa Araújo FilhoDiretor de Assuntos Acadêmicos

Drª. Adriana Domingues GrazianoDiretora de Imprensa e Divulgação

Dr. Jair Evangelista da RochaDiretor Cultural

Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. César Galvão, Dr. Francisco Rossi, Dr. Gil

Fábio Freitas, Dr. Gutemberg Fialho, Dr. Gus-tavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório

Rangel e Dr. José Antônio Ribeiro Filho.

Conselho Editorial

Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JPEditor Executivo

Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DFJornalista

Pedro Henrique Corrêa SarmentoDiagramação e Capa

Strattegia Consulting Projeto Gráfico e Editoração

(61) 3447.9000Anúncios

6.000 exemplaresTiragem

Gráfica CharbelGráfica

Gustavo Lima e divulgaçãoFotos

Centro Clínico MetrópolisSGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670

Tel.: (61) 3244.1998 Fax: (61) [email protected]

www.sindmedico.com.br

SindMédico/DF

Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Dr.

Martinho, Dr. Olavo, Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente, Dr. Tiago Neiva

Diretores Adjuntos

RadiologiaMédicos pedem socorro ao sindicato

Page 5: Revista 74

5 Revista Médico

Opinião

Terceirizar não é a solução

Em todo o Brasil as iniciativas de terceirização por meio das Orga-nizações Sociais (OS) apontaram,

até o momento, grandes falhas e prejuízos tan-to para o sistema como, e principalmente, para o usuário. Ao fugir à Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Licitações, as possibilidades de desvios ao erário hipertrofiam-se, a exemplo do que acontece na SES-DF com a Sanole, a Brasília e a Confederal - empresas que terceirizam mão-de-obra. Não temos dúvidas de que se há di-nheiro para bancar esquemas de terceirizações, que promoverão lucros aberrantes aos seus apli-cadores, também há para uma saúde pública, pú-blica, bem administrada e conduzida por gesto-res qualificados, bem remunerados e, totalmente engajados no Sistema Único de Saúde (SUS). Há falta de compromisso com a coisa pública e, de certo, não havendo lucro, extingue-se o serviço. Como o quase acontecido com o INCOR-DF e outros pelo Brasil afora.

Com a transformação da Fundação Hospi-talar de Saúde do Distrito Federal (FHDF) em Secretaria de Saúde, impingida goela abaixo, sa-be-se lá por que, criou-se um modelo de gestão altamente centralizado que acabou de vez, com qualquer iniciativa dos gestores, em quaisquer das esferas de atuação – primária, secundária ou terciária/especializada. O grau de centralização é tão grande que “se o gestor quiser comprar uma lâmpada, em caráter urgente, terá que usar seu próprio dinheiro”.

Outro grande entrave para a melhoria da saúde pública do DF é a escolha política dos ges-tores em todos os níveis. Não importa a capaci-dade, a experiência, o preparo, a atuação profis-sional ou outros atributos; porque o que conta é

o “QI- Quem Indica", normalmente um político local preocupado não com a saúde, mas com as próximas eleições. No presente (des)governo, o Secretário de Saúde nunca é um médico e o atual, Augusto Carvalho, assumiu o cargo com a missão de terceirizar a saúde, olvidando a popu-lação e o controle social do SUS, apesar das recomendações contrárias do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e do previsto no artigo 196 da nossa atual e vigente Constituição de que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”.

Além da falta de critério na escolha de gestores, a remuneração para cargos importantíssimos é pífia e o despreparo é intenso, em todos os níveis. Mas um agravante: não há política de valorização e de inves-timento na formação dos gestores.

O que fazer então? Para começar, o Secretário de Saúde deveria ser médico, residente e domiciliado no DF, de competência e caráter ili-bados, assessorado por um gestor administrativo de igual qualificação. Para comandar um sistema descentralizado, deveriam ser criados os cargos de Secretário Regional de Saúde e Secretário Regional Adminis-trativo, com autonomia financeira , com cumprimento de metas e fisca-lização do Executivo, além da responsabilidade pela estrutura da saúde da local – hospital, centros de saúde e PSF – inclusive para escolherem ocupantes dos cargos de chefia.

A carga de trabalho semanal deveria ser cumprida em sua totalida-de e a marcação de consultas ambulatoriais agendadas de acordo com as diversas especialidades, de forma a garantir uma melhor distribuição pelo horário de atendimento. Também deveria ser implantada uma co-missão de melhoria do prontuário médico, garantindo-se formulários para As diversas modalidades e ordenamento cronológico das inter-venções. A qualificação de gestores deveria ser uma prioridade, inves-tindo nos profissionais que quiserem se dedicar aos centros de saúde e ao PSF, na forma de qualificação e remuneração não só como tem ocorrido, mas na super e subespecilização.

Outra sugestão é criar salas de acolhimento nos centros de saú-de, permitindo ao usuário a orientação e o socorro médico necessários, além de um esquema montado na referência e contra-referência, entre o hospital, os centros de saúde e o PSF, dando ênfase a atenção e preven-ção primárias. Já os hospitais, incluindo os da Asa Sul e da Asa Norte, reduziriam em 20% suas atuais equipes de plantonistas para atender às reais urgências e emergência e seriam criados prontos atendimentos nas enfermarias e ambulatórios de forma a resolver todo o nível secundário. Os hospitais de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, Gama (saída sul) e Sobradinho (saída norte) deveriam ir mais adiante como referência para estas regiões e o HBDF seria uma referência de atendimento terciário e especializado demandado apenas pelos demais hospitais, pelo SAMU e pelo pré-atendimento hospitalar do Corpo de Bombeiros.

Caberia ao Governo do DF a missão de viabilizar com os governos dos Estados e prefeituras das cidades do Entorno, um sistema estratifi-cado de saúde, similar e entrosado com o do DF, inclusive na questão econômico-financeira, para o atendimento à população, substituindo a atual "ambulancioterapia".

Como se pode ver, medidas simples, mas eficazes trariam de volta o bom atendimento da saúde púbica evitando o que o governo entregue a nossa saúde à iniciativa privada, com o argumento que a saúde pú-blica do Distrito Federal não tem condições de proporcionar um atendi-mento de qualidade. Definitivamente, a terceirização não é solução.

Antônio José Francisco Pereira dos SantosMédico pediatra, diretor jurídico do SindMédico/DF e da Fenam e ex-diretor do HRT

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Março / Abril 20096

Entrevista

“A privatização deixa o médico vulnerável”

O médico cardiologista, Laírson Vilar Rabelo, presidente da Asso-

ciação Médica de Brasília (AMBr), é contra a privatização da saúde. Segundo ele, as experiências de São Paulo e da Bahia mostram clara-mente que a gestão dos hospitais públicos por entidades privadas não tem sido bem sucedidas. São inúme-ras as denúncias de desvio de verbas e apadrinhamento político. Paraíba-no e há 37 anos em Brasília, Laírson Rabelo é um médico conceituado na Capital da República e está desde 2005 na presidência das AMBr, en-tidade para a qual foi reeleito para o biênio 2008/2011. Ele explicou por-que não aprova a terceirização.

Por Elisabel Ferriche

SindMédico - O GDF quer transferir a gestão da FEPECS para uma em-presa privada. Essa proposta não é o princípio da privatização da Saúde?

Dr. Laírson - É claro que sim. E com um agravante, sem nenhuma parti-cipação das entidades médicas, Con-selho de Saúde do DF, Comissão de Saúde da Câmara Legislativa, corpo

docente e discente da Escola Supe-rior de Ciência da Saúde (ESCS), en-fim, da sociedade organizada. Todos nós ficamos perplexos ao tomarmos ciência dos fatos através da mídia, contrariando palavras do secretário de Saúde, Augusto Carvalho, que em visita à sede do SindMédico, nos tinha prometido transparência e diá-logo nas decisões da Secretaria.

SindMédico – Como o senhor vê a transferência da gestão do serviço de saúde para empresas privadas?

Dr. Laírson - Com reservas, prin-cipalmente nos moldes em que foi feita com o Hospital de Santa Maria, sem licitação e contrária ao Conselho Nacional de Saúde do DF, deixando muitas dúvidas, em função das gra-

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7 Revista Médico

Entrevista

"queremos uma saúde pública de qualidade"

Lairson Vilar Rabelo - presidente da AMBr

ves denúncias que nos chegaram provenientes de fontes idôneas, num processo de escolha que foi concluí-do em apenas doze dias.

SindMédico – Que denúncias são essas?

Dr. Laírson - Denúncias feitas pela Controladoria Geral da República, mostraram que existem, pelo menos, treze formas de desvio do dinheiro público em beneficio da OS que ge-rencia os Hospitais de Salvador, a mesma que o Governo Arruda esco-lheu para administrar o Hospital Re-gional de Santa Maria. Em Salvador, além do desvio de dinheiro, foram constatados pagamentos indevidos a título de encargos sociais, sem documentos que comprovassem os custos. Com tantas denúncias, o Go-verno Arruda ainda assim, contrata a empresa para administrar o Hos-pital de Santa Maria. Deveria, pelo menos, esperar a conclusão dos pro-cessos.

SindMédico - Quais os malefícios dessa privatização para os médicos, para o serviço e, principalmente, para os usuários?

Dr. Laírson - Para o médico é ruim, pois com a privatização, o médico estatutário fica vulnerável, aumenta a possibilidade de demissões para os médicos celetistas e facilita as perse-guições políticas ou de outra ordem. Para os serviços e para os usuários, não há nenhum indicativo de me-lhoria no atendimento, como ocor-reu, por exemplo, em São Paulo e na Bahia.

SindMédico – Os governos alegam que a privatização economiza e me-lhora o atendimento. A classe médi-ca concorda com essa justificativa?

Dr. Laírson - Absolutamente não. Vejamos por que: o processo de ter-ceirização da saúde se iniciou em São Paulo, há 10 anos com o governo

Mário Covas, no Hospital de Pedrei-ra. Hoje, 13 hospitais naquele Estado são administrados por entidades pri-vadas, chamadas de Organizações Sociais (OS). Segundo informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, os gastos com a saú-de em hospitais administrados pelas OS, cresceram 114% entre os anos de 2000 e 2007. Onde está a economia? Pior ainda, em detrimento de inves-timentos no setor público, afetando o SUS. O mau uso de verbas públi-cas nesses contratos é denunciado a todo instante. Isso é economia?

SindMédico – O SindMédico/DF tem atuado para evitar a privatiza-ção. Como a AMBr pode ajudar nes-se sentido?

Dr. Laírson - A AMBr se ombreia com o SindMédico/DF nessa ques-tão. Podemos ajudar, esclarecendo a classe médica através dos nossos meios de comunicação, denuncian-do os fatos ao Ministério Público, aos Conselhos de Saúde e a socieda-de como um todo. Afinal somos for-madores de opinião.

SindMédico - O senhor não teme que depois dos serviços a atividade médica seja a próxima a ser terceiri-zada?

Dr. Laírson - Com toda certeza a in-tenção é essa. Já se coloca explicita-mente algumas especialidades mé-dicas como experiência piloto nessa questão.

SindMédico – A terceirização é um risco eminente ou pode ser evitada?

Dr. Laírson - Que é um risco eminen-te, isso é um fato, mas ainda pode ser evitado na medida em que as enti-dades médicas, sindicatos da saúde, Ministério Público, Conselhos de

Saúde, Câmara Legislativa, Comis-são de Saúde da Câmara e a socie-dade civil organizada cerrem fileiras contra essa excrescência.

SindMédico – Qual o problema da Saúde Pública? Falta de recursos ou falta de gestão?

Dr. Laírson - Falta de gerenciamento, não há dúvida. No formato geren-cial está o âmago da má assistência prestada. Vivemos um modelo de gerência falido, mas o Governo não faz nenhuma gestão para melhorar o modelo e fazer com que a saúde funcione e dê a resposta que a po-pulação precisa com a clara intenção de justificar que é preciso privatizar porque a situação das saúde hoje está falida.

SindMédico – O presidente do Sind-Médico/DF teme que a terceirização seja a porta de entrada para o apa-drinhamento e a corrupção. O que o senhor acha disso?

Dr. Laírson - O Dr. Gutemberg está correto na sua avaliação, pois os nú-meros são muito claros. Conclusões da CPI da Assembléia Legislativa de São Paulo comprovaram o mau uso de verbas públicas com as OS que administram hospitais paulistas e o apadrinhamento de pessoas ligadas ao esquema.

SindMédico - As decisões do gover-no pela terceirização têm recebido muitas críticas e ações do Ministério Público. E as entidades médicas o que estão fazendo para evitar as ter-ceirizações da Saúde Pública?

Dr. Laírson - Estamos empenhados na denúncia em todos os níveis da sociedade e hipotecando o nosso apoio as entidades e pessoas de boa fé que queiram se solidarizar com nossas ideias, em defesa da medicina pública e do SUS. O que queremos é uma saúde pública de qualidade e respeito com o dinheiro público.

Page 8: Revista 74

Março/ Abril 20098

Fórum

“Todos em defesa do SUS”, é o tema principal da caravana que este ano vai percorrer o Brasil, numa iniciativa do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O lançamento oficial foi em Brasília, no Congresso Nacional, no dia 12 de março. O diretor jurídico, Antônio José Francisco Pereira dos Santos e a conselheira Mari-ângela Delgado, representaram o SindMédico/DF na solenidade que reuniu entidades médicas de todo o país.

A Caravana em Defesa do SUS faz parte da agenda política do CNS e tem como tema central “A Defesa do SUS como Patrimônio Social e Cultural da Humanidade, bem como Gestão do Trabalho, Modelo de Atenção, Financiamento, Controle Social, Intersetoria-lidade, Complexo Produtivo da Saúde e Humanização do SUS.

O objetivo da caravana é promover debates sobre a atual con-juntura da saúde, considerando a crise e a falta de investimentos públicos na saúde.

Caravana em defesa do SUS

Os médicos deputados federais Rafa-el Guerra (PSDB/MG) e Lelo Coimbra (PMDB/ES) apresentaram na Câmara

dos Deputados, o Projeto de Decreto Legislativo nº 1380 para anular a Portaria Interministerial nº 383 dos ministros da Saúde e Educação, José Gomes Temporão e Fernando Haddad. A Portaria, de 19 de fevereiro de 2009, cria uma subcomissão para aprimorar o processo de revalidação de diplomas expedidos por instituições de ensino estrangeiras, especialmente do curso de me-dicina. Em sua justificativa, o Governo alega que a medi-da faz parte do Acordo de Cooperação Cultural e Edu-cacional entre os Governos do Brasil e de Cuba e “a ne-cessidade de se padronizar o processo de revalidação de diplomas médicos expedidos no exterior”.

Essa subcomissão é composta por treze mem-bros: dois representantes do Ministério da Saúde, dois do Ministério da Educação, um do Ministério das Rela-ções Exteriores, quatro da Andifes - Associação Nacional das Instituições Federais do Ensino Superior, e quatro especialistas em educação médica e avaliação, terá como principal objetivo, desenvolver um projeto piloto, ten-do como público-alvo única e exclusivamente “os alu-nos brasileiros formados em medicina na Escola Latino Americana de Medicina (ELAM), em Cuba”. Os médicos deputados autores do PDL alegam que a Portaria Interministerial é ilegal porque o Acordo Internacional entre Brasil e Cuba, ainda depende de au-torização do Congresso Nacional e que a subcomissão só foi criada com o único objetivo de revalidar os diplomas expedidos pela Escola de Medicina de Cuba.

Governo quer revalidar diplomas cubanos

A Comissão de Educação e Saúde (CES) visitou ontem de surpresa o Hospital Regional da Ceilândia e

comprovou porque a unidade é considerada a cam-peã de reclamações. Filas enormes, falta de médicos e carência de enfermeiros foram alguns dos problemas verificados pelos deputados distritais.

O presidente da Comissão, deputado Dr. Charles (PTB), não gostou nada do que viu. Para ele, a secreta-ria de Saúde não anda. "Tá parada. Chegamos ao caos absoluto", criticou. Segundo o deputado, na Clínica

Médica, que deveria ter seis médicos de plantão, ha-via somente um atendendo os pacientes. No Pronto-Socorro, na área de ortopedia, a Comissão encontrou pacientes há 30 dias aguardando procedimentos.

O hospital apresenta ainda déficit de 180 auxilia-res de enfermagem e de 50 enfermeiros. O deputado Cabo Patrício (PT), que também participou da vistoria, disse que o quadro é grave e se repete em outras cida-des. Patrício também criticou a postura do secretário de Saúde, Augusto Carvalho, que não tem participado de debates públicos sobre as questões da saúde.

Deputados comprovam irregularidades no Hospital Regional da Ceilândia

Movimento começou em Brasília e percorrerá o país.

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Page 9: Revista 74

9 Revista Médico

Fórum

Apesar de serem maioria no eleitora-do (51,7%) as mulheres são minorias das candidaturas (21,2%). O primei-

ro turno das eleições municipais de 2008, não muito diferente do 2º turno. Temos algumas ferramentas para analisar e constatar que a marginalização das mulheres no campo da política institucional ainda está longe de ser superada. Buscando compreender o significado de números tão insatisfatórios, apre-sentamos os dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados em 28/10/2008. Em relação as prefeituras, houve pequeno cres-cimento percentual de candidaturas femininas nas eleições de 2008 (11,2%) em relação a 2004 (9,5%). Em relação ao cargo de vereador houve leve decréscimo no número de candidaturas femininas (21,5%). Em ambos os casos, podemos afirmar que a situação é de estagnação. Os motivos vão desde fatores culturais até o sistema eleitoral, mas são sempre estruturais, anco-rados em valores de sistemas ideológicos excludentes com o machismo. A desigualdade entre os sexos não diz respeito somente às mulheres, ela atinge a demo-cracia como um todo. No Distrito Federal observamos uma dimi-nuição da participação política da mulher na políti-ca representativa. Na área médica não elegemos ne-nhuma mulher e aquelas já eleitas não conseguiram

se reeleger. Nas entidades médicas existe uma baixa representatividade de mulheres apesar de represen-tarem (39,4%) do total de médicas sindicalizadas, porém, três médicas na Diretoria do Sindicato, do total de vinte e nove diretores. No Conselho Regional de Medicina do DF são 9 médicas entre os 40 Conselheiros e na AMBr apenas uma médica na Diretoria. Na Secretaria de Saúde não há mulheres na direção dos hospitais. É preciso transformar o sistema político como um todo, de forma a torná-lo justo e demo-crático. Veja a participação da mulher nas instân-cias do poder no Brasil em 2007, mostrando a de-sigualdade na democracia que demonstra que de-vemos começar nossa empreitada aumentando a presença feminina para defendermos os interesses da população. Contudo, não se trata somente de eleger mais mulheres. É preciso combinar uma política de presença (mais mulheres) ou uma política de idéias (consciência de gênero), fim da desigualdade, apro-fundamento da democracia. Isso porque a capaci-dade de uma mulher representar outras mulheres não depende só do seu sexo e sim de sua disposição para politizar temas essenciais a coletividade femi-nina. Somente assim, estaremos a caminho de uma sociedade mais evoluída e igualitária.

Participação das mulheres na política

Mulheres e homens na instâncias doPoder do Brasil em 2007

PODERES DO ESTADO

CARGO/MANDATO MULHER ASSENTO %

HOMEM ASSENTO %

TOTAL

LEGISLATIVO SENADOR/SENADORA 10 12,34

71 87.66

81

DEPUTADO FEDERAL 45 8.77

468 91.23

513

DEPUTADO ESTADUAL/DISTRITAL

123 11.61

936 88.39

1059

EXECUTIVO GOVERNADORAGOVERNADOR

4 14.81

23 85.19

27

PREFEITA/PREFEITO 418 752

5141 92.48

5559

JUDICIARIO MINISTRA/MINISTROSTF

2 18.18

9 81.82

11

MINISTRA/MINISTROSTJ

04 12.12

29 87.88

33

MINISTRA/MINISTROTST

01 5.88

16 94.12

17

MINISTRA/MINISTROTSE

1 14.28

6 85.72

7

MINISTRA/MINISTROTSM

01 06.77

14 93.33

15

FONTE – TSE

MARIANGELA DELGADO A. CAVALCANTE Médica SanitaristaConselheira de Saúde eConselheira Fiscal do SindMédico/DF

Page 10: Revista 74

Março/ Abril 200910

Jurídico

Plantão da Assessoria Jurídica: 0800.601.8888

Formada nova comissão de precatórios

Uma comissão formada pelos médicos Idunaldo Diniz Filho; Dalmo de Almei-da; José Lôbo Furtado e Gil Fábio foi cria-

da no dia 12 de março, para trabalhar, em parceria com a diretoria do SindMédico/DF, na tentativa de abreviar o pagamento dos precatórios. Ela estará participando ativamente dos encontros e reuniões junto ao Juízo de Conciliação da Justiça do Trabalho para negociar futuros acordos que possam garantir o pagamento, a exemplo do que ocorreu em 2006, quando uma comissão igual foi formada com o mesmo objetivo.

O segundo precatório da classe é de R$ 84 milhões e tem 72 médicos. Uma primeira reunião já foi feita, no au-ditório do SindMédico/DF com o advogado Marco An-tônio Bilibio. Segundo ele, existem boas pespectivas do precatório ser pago, já que este ano, o Governo do Dis-trito Federal, quitará o primeiro precatório, cujo repas-se mensal é de R$ 1,5 milhão para quitar a dívida com os 512 médicos do primeiro grupo. “Como o Governo deixará de desembolsar R$18 milhões anuais, ficará com folga para dar continuidade ao pagamento dos precató-rios dos médicos já a partir de 2011” disse o advogado.

O precatório dos médicos do segundo grupo é o 121º da fila, tendo à frente outros R$ 97 milhões a serem pa-

O SindMédico/DF acaba de fe-char mais uma

parceria na área jurídica, desta vez com o Escritório Ailton Silva Advogados, especializado em direito empresarial. A partir de

agora, os médicos sindicalizados, donos de clínica de pequeno porte, com faturamento anual de até R$ 500 mil, e de médio porte, com faturamento anual de até R$ 1.000.000 mil, já têm assistência jurídica para a solução dos principais problemas, em especial, as glosas feitas

pelos convênios e empresas de auto-gestão.Levantamento feito pelo escritório mostra que os

convênios estão glosando até 20% do faturamento das empresas, causando enormes prejuízos à essas empresas e consequentemente aos médicos pessoa física.

Sem representante para discutir judicialmente as glosas, os médicos acabam sendo prejudicados. Essa é a proposta do Escritório Ailton Silva Advogados, discutir a legalidade das glosas e evitar os prejuízos causados aos médicos, possibilitando a cobrança do que lhe foi glosado de forma legal. Para mais informações sobre: documentos necessários, valores e a forma do trabalho, ligue no sindicato, contato com Raquel: (61) 3244 1998.

Assessoria jurídica agora para as empresas

Sindicato contabiliza sucesso nas ações criminais A Assessoria Jurídica do SindMédico/DF, feita pela Advocacia Riedel obteve total êxito em sua atuação na área criminal, apresentando 100% de absolvição em todos os processos julgados. Esse é mais um resultado positivo da parceria do escritório de advocacia com o SindMédico.

gos, sendo que só para os professores, o governo deve R$ 52 milhões. Atualmente, está à frente do juizo concilia-tório, o juiz Marcos Alberto Reis. Segundo o advogado do sindicato, nos últimos anos, o Poder Judiciário tem se empenhado junto ao GDF para a ampliação dos recursos destinados ao pagamento de precatórios. A diretoria do SindMédico/DF também tem feito gestões junto ao go-verno para aumentar o repasse trimestral de recursos para o pagamento dos precatórios dos médicos.

Membros da comissão compareceram ao auditório do sindicato

Page 11: Revista 74

Jurídico

11

Justiça determina que GCET não seja devolvida

Médicos ganham direito a insalubridade

O SindMédico/DF ganhou mais uma ação em favor dos seus sindicaliza-dos, como o direito do médico de

averbar o tempo de serviço prestado em condições insalubres, durante o período em que ele trabalhou regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), para efeito de aposentadoria. A decisão foi proferida pela juíza Danielle Ma-ranhão Costa, da 5ª Vara do Tribunal Regional Fede-

ral da 1ª Região. Em seu despacho, a juíza alega que a jurispru-dência reconhece por presunção que a profissão de mé-dico é considerada insalubre e “desnecessária compro-vação individual do exercício da profissão”. Por esta razão, a juíza considerou procedente o pedido obrigan-do o INSS a converter o tempo de serviço celetista que os médicos trabalharam em tais condições. Da decisão cabe recurso.

Os médicos do Centro de Saúde nº 5, de Taguatinga, ganharam o direito de não terem descontados os valores pagos da

GCET, Gratificação por Condições Especiais de Tra-balho. O Juiz Antônio Fernandes da Luz, da 1ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal, deferiu favo-rável a ação proposta pelo Sindicato dos Médicos do DF. Na decisão o juiz determina ao GDF que se abs-tenha de fazer qualquer desconto nos contracheques dos médicos de Taguatinga a título de devolução da GCET, até a decisão final do processo. Os médicos da Secretaria de Saúde que rece-bem GCET vêem sendo intimados a devolver a GCET. Por esta razão, o SindMédico/DF recomenda que aos médicos que recebem GCET, e que estejam sendo in-

timados a devolver as gratificações devem procurar o SindMédico imediatamente para que sejam formados grupos que irão integrar ações na Justiça garantindo os direitos dos médicos. A GCET é uma gratificação criada em 1999 pela extinta Fundação Hospitalar para os médicos com jornada de 40 horas semanais que trabalhavam nos Centros de Saúde onde existiam Programa Saúde da Família (PSF). Mesmo com a redução do PSF, a GCET continuou a ser paga normalmente e a Secretaria de Saúde quer que ela seja devolvida. Para que o SindMédico tome as providências, os médicos intimados pela Secretaria de Saúde deve-rão entrar em contato com a Assessoria Jurídica do sindicato pelo telefone: 3244-1998.

Prazo para remoção termina dia 30 de abril

Termina no dia 30 de abril, o prazo para a renovação do Cadastro Individual para Remoção, que deve ser feito anualmente,

sob pena do nome do médico sair da lista. Por isso, mesmo àqueles que já tenham preenchido o cadastro o ano passado, deverão fazê-lo novamente, sob o risco de sair da fila. As remoções dos médicos são disciplinadas pela Portaria n° 3 de 2007 e estabelece que a remoção poderá ocorrer, tanto a pedido do médico, ou a critério da Administração Pública para atender necessidades de serviço ou interesse da população. Pela portaria, as

remoções são feitas por pontuação, obedecendo a cri-térios de antiguidade; tempo de trabalho em regime de 40 horas semanais; participação em cursos, even-tos, comissões, estágios de aperfeiçoamento, palestras e seminários; trabalhos publicados; títulos de especia-lização; preceptoria; mestrado; doutorado; exercício em cargo comissionado; participação em conselhos e programas de saúde, além de avaliação de desem-penho. Caberá a Diretoria de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde divulgar até o dia 30 de julho, as vagas disponíveis nas unidades de saúde.

OBITUÁRIOCARLOS ROBERTO EDREIRA NEVESFaleceu no dia 1º de abril, após uma cirurgia eletiva, em Brasília, o médico dermatologista Carlos Roberto Edreira Neves. Natural de Ipameri (GO), o médico atuou durante muitos anos no Hospital Regional de Taguatinga e na Clínica Madel, em Taguatinga.Formando da 1ª turma de Medicina da UnB, Dr. Carlos Roberto passou a vida profissional atu-ando na Capital Federal. O médico, que não era casado, deixa mãe, irmão e três sobrinhos.

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12 Março / Abril 2009

Médicos, docentes e estudantes contra a privatização da Fepecs

Médicos, docentes e estudantes da Es-cola Superior de

Ciências da Saúde (ESCS), estão in-dignados e contra a idéia do Governo do Distrito Federal de privatizar a Fepecs, Fundação de Ensino e Pes-quisa em Ciências da Saúde, respon-sável pela gestão da ESCS. No dia 9 de março, eles lotaram o auditório do Sindicato dos Médicos para protes-tar contra a privatização. Portando faixas e cartazes, os médicos, docen-tes e estudantes prometem manter a mobilização para evitar a privatiza-ção. O encontro foi promovido pelo SindMédico/DF, preocupado com a proposta do GDF de tornar a Fepecs uma fundação pública de direito pri-vado, ampliando suas competências e alterando suas finalidades. “Isso pos-sibilitará que o executivo local contrate novos profissionais regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), promovendo instabilidade e provocando a insegurança nos médicos”, explicou o presidente em exercício do SindMé-dico/DF, Gutemberg Fialho.

O SindMédico/DF é contra a fundação estatal de direito privado pela inconstitucionalidade da proposta que autoriza a transferência direta de recursos públicos para a iniciativa priva-da, sem licitação. A proposta, inclusive, já recebeu parecer con-trário do Ministério Público do DF, segundo informou o promo-tor Jairo Bisol, presente na reunião. O deputado federal, Jofran Frejat, idealizador da Fepecs, dis-se que a solução para os problemas da saúde no DF, que vem se deteriorando ao longo dos anos, não passa pela entrega ao setor privado, à gerência dos serviços públicos de saúde. Para o pre-sidente em exercício do SindMédico/DF “os exemplos de outros estados, mostram que a privatização reduz os atendimentos e

exclui os excluídos”, além de tornar o atendimento à saúde inacessível, a privatização abre uma porta para o empreguismo e a corrupção”, alega. Os médicos docentes também estão preocupados com a privatização da Fepecs porque não sabem como ficará a situação dos alunos e professores. O ex-deputado federal e atual diretor da Anvisa, Agnelo Queiroz, também é contra a privatização bem como os deputados distritais Érika Kokay e Dr. Charles, que foram ao SindMédico apoiar o movimento, que conta com a participação também de representantes da Abramer, do presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr), Laírson Rabelo, da Associação Médica Brasileira (AMB), José Mestrinho, e do Conselho Regional de Medicina (CRM/DF), representados pelos médicos Gustavo Ber-nandes e Mirza Ramalho Gomes.

Alunos e profissionais lotaram auditório do SindMédico contra privatização da FEPECS

Discursos condenaram nova gestão

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13 Revista Médico

O processo de terceirização da saúde pública no Brasil começou em 26 de junho de 1998, quan-do o então governador Mário Covas inaugurou

na Zona Sul de São Paulo o Hospital Geral de Pedreira. A unidade foi construída, equipada e financiada pelo Estado, mas a administração - da contratação dos médicos à gestão do dinheiro - foi dada a uma entidade privada.

De lá para cá, o governo do Estado de São Paulo, pou-co a pouco, vem alterando o modelo de saúde paulista, exercido pelas Organizações Sociais (OS), entidades priva-das que recebem do Estado a concessão para administrar hospitais e as Unidades Básicas de Saúde.

Atualmente, sete OS’s administram treze hospitais em SP. Segundo a médica sanitarista Virgínia Junqueira, esse modelo de gestão da saúde pública parte do pressuposto de que tudo que é estatal é atrasado – o oposto do que apregoa o Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição de 1988 e tido como um modelo de referência mundial.

Dados do orçamento paulista mostram que o governo tucano prioriza o repasse a essas entidades em detrimen-to do investimento com o setor público. Entre os anos de 2000 e 2007, os gastos proporcionais com as OS’s cresce-ram 114,14%, saltando de 9,76% para 20,90% dos recursos gastos com saúde. Já os gastos com “pessoal e encargos so-ciais” caíram, proporcionalmente, para índices de 26,08%, saindo do patamar em 2000 de 53,58% para 39,6% em 2007. As informações constam do Sistema de Informações Ge-renciais da Execução Orçamentária (Sigeo), da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

A privatização da saúde pública em São Paulo gerou uma CPI da Remuneração dos Serviços Médico-Hospita-lares, instalada, em 2007, na Assembléia Legislativa para apurar a forma como o poder público tem remunerado os serviços prestados por entidades de direito público e pri-vado e por hospitais universitários. “Os números mostram uma intenção clara do governo do Estado em diminuir seu gasto e sua responsabilidade com o funcionalismo públi-co”, afirma Ciro Matsui Júnior, um dos assessores para a elaboração do sub-relatório do deputado estadual, Raul Marcelo (PSOL), incluído na CPI.

As investigações conduzidas pela CPI da Assembléia paulista comprovaram o mau uso de verbas do Estado. Uma equipe visitou os hospitais de Francisco Morato, Ita-quaquecetuba, Itaim Paulista, Carapicuíba, Santo André, Grajaú e Vila Alpina e constatou irregularidades como OS que subcontratam empresas para prestação de serviço liga-das a pessoas da própria entidade privada. “Não há trans-parência. E essas organizações não estão submetidas à leis de licitações. As OS’s roubam dinheiro público”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaude), Benedito Au-gusto de Oliveira.

Segundo a CPI, nenhum dos hospitais geridos por OS’s visitados durante a investigação possui um Conselho

Gestor que siga as diretrizes da Lei 8142, de 1990. O Conse-lho Nacional de Saúde (CNS) também afirma que as OS’s e as OSCIP’s descumprem a legislação sobre a administração pública e os princípios e diretrizes do SUS. Um parecer da entidade enfatiza que “é flagrante a inconstitucionalidade e a ilegalidade” de ambas. No entanto, Estados como Tocan-tins, Rio de Janeiro, Bahia e Roraima também passaram a transferir serviços de saúde a entidades terceirizadas. Mes-mo uma década depois, a terceirização da saúde pública ainda recebe críticas. Ações que aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal tentam derrubar o modelo que, comprovadamente não deu certo.

Enfermeira denuncia cotidiano árduo das OS

Uma enfermeira que trabalha em um hospital paulis-ta gerido por uma OS, segundo o Sindsaúde, disse que a lógica da cadeia produtiva desqualifica o serviço público e explora o trabalhador da saúde e que a “produção de números” não significa um melhor atendimento de saúde. Além disso, a remuneração de cada hospital administrado pelas OS’s se dá pelo percentual de metas cumpridas. Se a entidade privada cumpre de 50% a 70% das metas realiza-das, por exemplo, vai receber 70% da verba pública rela-cionada. O percentual aumenta conforme a apresentação de mais números. A questão é que esse desempenho nem sempre dialoga com as necessidades da população.

No entanto, esse desempenho é obtido às custas de uma constante pressão sobre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e os demais trabalhadores da área de saúde. Sindicalistas paulistas afirmam que as OS exigem os “nú-meros”, mas não oferecem as condições compatíveis com a remuneração ou infra-estrutura de trabalho adequadas.

Justiça suspende contrato em São José dos Campos

O Tribunal Regional Federal de São Paulo suspendeu, em 2007, o acordo de gestão entre a prefeitura e a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medici-na) para controle do Hospital Municipal de São José dos Campos. A medida é uma resposta à ação civil pública im-petrada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São José dos Campos-CUT/SP e pelo Ministério Público Federal. Com isso a administração da saúde volta a ser res-ponsabilidade do município.

A suspensão do convênio fechado em julho de 2006 foi determinada devido à falta de transparência e irregularidades no processo de contratação da SPDM, realizada sem licitação e sem consulta ao Conselho Municipal de Saúde (COMUS), condições exigidas pela lei. O decreto municipal que reconhe-ce a SPDM como Organização Social, instrumento que am-para o convênio, também foi questionado na ação, já que a entidade não possui representantes da comunidade em seus conselhos administrativos, conforme determina a legislação.

O modelo que não deu certo

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Apesar da insistência do Governo do Dis-trito Federal em privatizar a FEPECS, que administra a Escola Superior de Ci-

ências da Saúde (ESCS) tem sido exemplo de resultado. Segundo a Coordenação de Pós-Graduação da ESCS, a escola foi a que mais aprovou estudantes no processo de residência médica da Secretaria de Saúde do DF. Das 244 vagas oferecidas pela SES/DF e passíveis de con-corrência pelos recém formados, 34 foram ocupadas por alunos da ESCS, o que representa 14% do total de vagas oferecidas. Em segundo lugar ficou a UnB,com 28 va-gas, o que representa 11%; 15 vagas foram preenchidas pelos estudantes da Universidade Católica de Brasília,

com 6%; e em quarto, ficou a UNIPLAC, com 10 vagas, ou seja, 4% do total. As outras 146 vagas (60%) foram ocupadas por estudantes de outras instituições de ensino superior fora do DF. Os médicos recém-formados pela ESCS conquis-taram vagas em cirurgia geral, clínica médica, obstetrí-cia e ginecologia, pediatria, ortopedia e traumatologia, anestesiologia, genética médica, medicina da família, of-talmologia e otorrinolaringologia. Mas os estudantes da ESCS não obtiveram êxito apenas em Brasília. Garanti-ram vaga também na USP, USP-Ribeirão, Hospital Uni-versitário de Brasília, entre outras, uma prova de que a ESCS tem cumprido seu papel institucional.

ESCS obtém maior aprovação em residência

O plenário da Câmara Legislativa do DF aprovou a proposta do governo que prevê o congelamento de salários e

benefícios de todos os servidores públicos, inclusive dos médicos. O texto aprovado foi um substitutivo assina-do por vários deputados da base governista ao projeto original do executivo (PL nº 1.180/09), que, entre outras modificações, cria uma comissão de avaliação da receita e das despesas, que analisará a cada três meses, a dispo-nibilidade orçamentária e financeira a que ficarão condi-cionados os reajustes salariais do funcionalismo.

O projeto foi aprovado com 20 votos favoráveis e quatro contrários – apenas os deputados da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) votaram contra.

O SindMédico/DF convocou a classe para acompa-nhar a votação, juntamente com outros profissionais da saúde que lotaram a galeria na tentativa de pressionar os deputados a votarem contra “o Projeto do Arrocho”.

Segundo o deputado Cabo Patrício (PT), vice-pre-sidente da Câmara, o Fundo do DF só será afetado em 2010. O parlamentar sustentou que o GDF tem hoje R$ 1,6 bilhões em caixa e está priorizando as obras, em de-trimento do serviço público. A líder do PT, Erika Kokay

alertou que o combate ao PL 1.180/2009 "não acabou" e que o PT vai recorrer à Justiça contra esta lei ilegal.

A maioria dos deputados rejeitou subemenda do deputado Reguffe (PDT) que buscava garantir direitos adquiridos, resguardando reajustes acordados anterior-mente. O texto votado suprime referência a prazos para vigência dos requisitos criados, afirmando que os rea-justes poderão ser concedidos "quando a arrecadação do DF possibilitar a alteração deste cenário".

Câmara aprova congelamento de salários

Os deputados distritais e médicos Roberto Lucena e Dr. Char-les foram à sede do SindMédico/DF, a convite da diretoria, para discutir a proposta do governo de tornar a Fepecs uma

fundação pública de direito privado. Para viabilizá-la, é preciso a aprovação de Projeto de Lei na Câmara Legislativa. Os dois deputados entendem que a proposta precisa ser amplamente discutida com as entidades médicas e se dispuseram a realizar audiência pública para ampliar os debates. “Precisa-mos do apoio da classe”, admitiu o deputado Dr. Charles.

Para Roberto Lucena, com a maioria na Câmara o governo não terá dificuldades de aprovar a projeto, por isso, acha que os médicos precisam se mobilizar para inviabilizá-lo. “Fica difícil lutar sozinho, apesar de ser contrário a medida”, explicou o deputado.

Distritais médicos contra a privatização

Dep. Roberto Lucena e Dr. Charles

Nem a pressão das galerias sensibilizou os deputados

Fábi

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Os contra-tos de gestão que vem sendo firmados entre o poder público e entidades de direito privado,

institucionalizam a privatização da prestação do serviço público de saúde dentro das próprias ins-tituições públicas, dando uma pseudo aparência de legalidade às relações com a administração pública. Com isso, as instituições privadas ficam autoriza-das a executar os serviços que seriam de obrigação do ente público, utilizando-se de bens, equipamen-tos, instalações e até de servidores públicos, sendo beneficiárias das transferências de recursos orça-mentários.

Logo, os atos de gerência administrativa e em-presarial dessas entidades privadas não necessita-riam de prévia autorização do poder público, fican-do sem os controles, algumas vezes rígidos e neces-sários, encontrados nas normas de administração da coisa pública. Neste modelo o Estado cede a ca-pacidade instalada, prédios, móveis, equipamentos e até pessoal, para a execução dos contratos, sendo dispensados em muitos casos o regular processo li-citatório para compra de materiais, equipamentos e execução do próprio contrato.

Por isso talvez seja crescente a preocupação dos órgãos de fiscalização com essa nova estrutu-ra, que expõe o erário às mais diversas formas de malversação do dinheiro público. É um cheque em branco dado aos administradores públicos, que sem a necessidade de concorrência escolhem as organi-zações sociais que desenvolverão as atividades liga-das à saúde.

Com esta outorga de poderes, o ente privado pode desenvolver as atividades sem observar as bases e diretrizes que regem o Sistema Único de Saúde e a administração pública. Princípios básicos

da Constituição Federal ficam ameaçados, como a impessoalidade, moralidade, economicidade, entre outros.

A regra legal é de que o Estado preste direta-mente os serviços de saúde que a população neces-sita. Não sendo suficiente, o Estado pode recorrer à iniciativa privada, preferencialmente a entidades fi-lantrópicas e sem fins lucrativos. Isto deveria impli-car em um aumento da oferta, posto que estaria em complemento à atividade estatal, o que não aconte-ce na terceirização, pois o ente público é substituído neste mister, não decorrendo daí qualquer aumento da capacidade já instalada.

Outro aspecto negativo na privatização da rede pública de saúde é a possível desvinculação dos profissionais ao regime estatutário, que estabelece relativa segurança na manutenção e continuidade da relação de trabalho. O administrador tem que agir motivadamente, sempre no interesse comum, afastando-se assim as perseguições ou retaliações àqueles que eventualmente se contrapõem às mu-danças, especialmente aquelas de caráter político. A privatização traz em si a submissão dos profissio-nais ao regime celetista, que sabidamente expõem o trabalhador aos humores e conveniências nem sempre legítimas daqueles que administram a ins-tituição.

Distorções remuneratórias também podem ser evidenciadas, em detrimento do servidor público, que deixa de receber reajuste em seus vencimentos sob o argumento de que a Lei de Responsabilidade Fiscal impõe limites com o gasto da folha de paga-mento. Tal impedimento não existe no caso dos ter-ceirizados, impondo sentimento de extremo deses-tímulo àquele que se dedica à mesma atividade na área pública.

Para concluir, parafrasea-se Maria Sylvia Za-nella Di Pietro, que em sua análise à lei que autoriza a terceirização, coloca-a na zona fronteiriça entre a ilegalidade e a imoralidade administrativa.

Os aspectos negativos daterceirização da saúde

Marco Antônio BilibioAdvogado/Assessoria Jurídica do SindMédico/DF

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Aconteceu

Sociedade de Ortopedia tem nova diretoria

Palestra sobre câncer de mamano Dia Internacional da Mulher

O mastologista, José Antônio Ribeiro Filho (foto ao lado), diretor de Inativos do SindMédico, foi um dos convidados do Ciclo de Palestras

MP Mulher, realizado no dia 10 de março, como parte das co-memorações do Ministério Público do Distrito Federal e Terri-tórios (MPDFT), em homenagem ao Dia Internacional da Mu-lher. O médico destacou a importância do evento para motivar as mulheres a lutarem contra a doença. “O câncer de mama é o que mais mata, o que mais tem prevalência, e o mais temido pelas mulheres, por ser muito grave e mais ainda por tirar a feminilidade”. Coordenada pela Promotora de Defesa da Saú-de, Cátia Gisele Martins Vergara, o MP Mulher deste ano teve como tema, a saúde feminina.

O médico Manuel Lopes de Santana é o novo diretor do Hospital Regional de Taguatinga (foto à esquerda). Ele tomou

posse no dia 12 de janeiro último. Mineiro de Uberlân-dia, Manuel Santana, tem especialização em Ecografia e Gestação de Alto Risco e em Gestão de Ações Básicas. Seu primeiro contrato com a SES foi em 1980, quando atuou na Regional de Saúde Sobradinho como ginecologista e obstetra; foi gerente do centro de saúde 2 de Sobradinho entre 1991 e 1993 e chefe do Serviço de Medicina Integrada do HRS de 1994 a 1996. Em 2002 foi trabalhar, a pedido, na Regional de Saúde de Santa Ma-ria. Em 2007 assumiu a Diretoria de Procedimentos de Alta Complexidade (Dipas/SES) e no ano seguinte vol-tou para Santa Maria como diretor regional, onde ficou até janeiro deste ano. SAMAMBAIA - Já a direção do Hospital Regio-nal de Samambaia está agora nas mãos do médico pneu-mologista Otávio Augusto de Siqueira Rodrigues (foto à direita). Natural de Belém, no Pará, Otávio Rodrigues assumiu a Diretoria Regional de Samambaia no dia 10

de fevereiro de 2009, com a proposta de ampliar e me-lhorar o atendimento de saúde àquela cidade. A idéia é implantar novas especialidades no ambulatório do HR-Sam, como por exemplo a dermatologia e a neurologia. Há 26 anos na Secretaria, Otávio também quer fazer com que a cobertura do Programa Saúde da Famí-lia seja estendida em toda Samambaia. Outra meta é re-forçar a manutenção da informatização, que já englobou toda a regional: o Hospital de Samambaia e os quatro centros de saúde a ele interligados.

Novos gestores para os hospitais de Taguatinga e Samambaia

Foi realizada no dia 20 de março, a solenidade de posse da nova diretoria da Sociedade Brasiliense de Ortopedia e Traumatologia (SBOT/DF) para o biênio 2009-2010. O evento ocorreu no audi-tório do Conselho Federal de Medicina e contou com a presença de representante das principais entidades médicas nacionais e regionais e com o presidente da SBOT, Romeu Krause Gonçal-ves. A SBOT/DF prestou uma homenagem especial ao médico Euler Costa Vidigal pelos relevantes serviços prestados a ortope-dia do Distrito Federal e ao médico Romeu Krause pelo incenti-vo e apoio ao desenvolvimento da ortopedia na região.

Dr Joao Eduardo Simionatto, Dr Ériko Filgueira, Dr Luciano Ferrer, Dr Paulo Lobo, Dr Augusto Braga (SBOT GO ) e Dr Sydney Haje

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Sindicais

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A partir de agora, o SindMédico/DF, contará com o apoio dos delegados sindicais, que terão a responsa-bilidade de receber as informações, reclamações ou

reivindicações da classe no hospital em que trabalham e encaminhá-las ao sindicato. Eles começaram tomaram posse no dia 5 de março, na sede da instituição. Nomeados pela diretoria executiva, os novos delegados sin-dicais terão mandato de um ano e irão representar o sindicato junto aos hospitais e centros de saúde. Eles terão a missão de representar os médicos junto ao sindicato e aproximá-los da entidade sindical com informes, atualizando os médicos da programação e decisões do sindicato. “O objetivo da proposta e ouvir as sugestões dos médicos para a melhoria das condições de trabalho”, explicou o presidente em exercício, Gutemberg Fialho.

Delegados sindicais tomam posse

Confira o representante sindical do seu hospital*

Hospital Regional da Asa NorteMárcio Almeida Paes – “O delegado sin-dical é uma referência para os médicos levarem as suas reivindicações. É impor-tante porque ajuda a inteirá-los das deci-sões que estão sendo tomadas evitando comunicações distorcidas”

Hospital Regional de PlanaltinaEduardo dos Reis Peixoto – “Os médicos estão muito desmobilizados, desde o úl-timo movimento. Por isso os delegados vão trabalhar no sentido de mantê-los in-formados e animados com o movimento sindical”.

Hospital Regional de CeilândiaJosé Gilberto Hartmann – “Os médicos querem ficar longe de qualquer movi-mento, mas é preciso entender que não há outro caminho, senão a mobilização e o diálogo entre a classe”.

Hospital Regional de SamambaiaKarlo Josefo Quadro de Almeida – “A figura do delegado sindical vai facilitar o diálogo, a comunicação entre o sindi-cato e os médicos e ajudar a encontrar soluções para problemas antigos, como as más condições de trabalho”.

Hospital Regional do ParanoáMário César Cinelli – O ambiente no Paranoá mudou, mas os problemas continuam os mesmos. O SindMédico precisa se empenhar para resolver esses problemas junto à SES/DF e o delegado sindical vai ajudar a melhorar a comu-nicação da entidade com a base”.

Unidade Mista de São Sebastião Ike Baris Pedreira - “Os médicos estão desanimados e as condições de trabalho são precárias e os delegados sindicais poderão ajudar levando as reivindica-ções da classe até à diretoria.

Hospital Regional de BrazlândiaRicardo Barcellos Café – “A figura do delegado sindical é importante para aproximar o sindicato dos médicos, que estão desmotivados”.

Hospital Regional de Sobradinho Wandesio Luiz Correa

Hospital Regional do Paranoá -Glouver Rodrigues da Rocha

Hospital Regional da Asa SulFabrício Prado Monteiro – “O delegado sindical vai ajudar muito, principalmen-te do ponto de vista científico”.

(*)Os que ainda não têm representantes serão escolhidos em breve.

Delegados farão a ponte do sindicato com a classe médica

Hospital Regional da Asa Norte Orlando Lopata

Hospital Regional do Guará Ana Cristina de Carvalho

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Regionais

Em carta encaminhada ao presi-dente em exercício, Gutemberg Fialho, o diretor do Hospital Re-

gional da Asa Sul, Alberto Henrique Barbosa, endossa as informações da Revista Médico em matéria publicada na edição passada sobre o desabamento do teto da UTI Neonatal e do blo-co materno infantil do hospital. “Esta direção encaminhou a SES, vários documentos infor-mando da situação caótica do telhado do bloco materno infantil que apresentou problemas de vazamento, desde a inauguração e foi objeto de inúmeras vistorias por parte dos engenhei-ros da Secretaria de Saúde, sem uma solução definitiva”, informa a carta em seu primeiro parágrafo. O mesmo que disse a matéria da Re-vista Médico, informada pela Dra. Olga Messias, médica do hospital e diretora do sindicato. “O problema não é novo. Desde que a nova ala da maternidade do HRAS foi inaugurada, há dez anos, estamos alertando a Secretaria de Saúde para a situação e nada foi feito”. A reportagem, no entanto, reconhece que houve um equívo-co, quando mencionou que a transferência das 34 crianças que estavam no berçário tinha sido feita sem a autorização da direção do hospital, quando foi justamente ao contrário, conforme informa o diretor na carta. O SindMédico/DF reconhece os esfor-ços do diretor do HRAS em solucionar o pro-blema mas sabe que, sem autonomia, só resta esperar uma solução definitiva da Secretaria de Saúde para um problema antigo. O teto da UTI Neonatal do HRAS caiu no dia 11 de janeiro de 2008 e a Secretaria de Saúde deu início às obras de recuperação.

Direção do HRAS encaminha carta ao SindMédico

Em maio o projeto de sindicato itinerante (SindMédico & Você) começa a percorrer os hospitais do Distrito Federal ao longo de

2009. O objetivo é aproximar a instituição dos médicos e ouvir as principais reivindicações da classe. O primeiro hospital a ser visitado será o Paranoá.

Durante esse período, os médicos poderão aprovei-tar a visita do projeto para atualizar seu cadastro, tirar dú-vidas jurídicas, colocar em dia as mensalidades, solicitar a 2ª via da carteirinha, aderir aos produtos oferecidos como:

UTI Vida, Planos de Saúde e Bancorbrás, além de dialogar com a diretoria sobre suas necessidades.

O presidente em exercício, Gutemberg Fialho escla-rece que a criação do sindicato itinerante atende a uma reivindicação da classe que vem solicitando uma maior presença do sindicato junto aos hospitais. “Queremos ver in loco as condições de trabalho do médico, o que o sindi-cato pode fazer para melhorar este aspecto, além de dar maior conforto ao colega para que realize suas atividades junto ao sindicato, no seu próprio local de trabalho”.

SindMédico &Você começa pelo hospital do Paranoá

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Regionais

20 Março / Abril 2009

A Clínica de Radiologia do Hospital Regio-nal da Asa Norte (HRAN) perdeu mais de 300 exames que estavam armazenados

no sistema de memória da tomografia computadorizada e da estação de trabalho. Isso ocorreu porque o aparelho, sem impressora (quebrada há oito meses), não possibilita imprimir os laudos dos pacientes que foram armazenados na memória do aparelho, que esgotada, necessitou de nova formatação. A denúncia dos médicos radiologistas foi feita ao presidente em exercício do SindMédico, Gutemberg Fia-lho, que já pediu providências ao CRM/DF.

Além do prejuízo para a Secretaria de Saúde, que irá ar-car com os custos de um novo exame, há prejuízos também para os pacientes que estão expostos a radiação desnecessá-ria e aos riscos inerentes ao uso de contraste iodado, como também os médicos, que estão sendo impedidos de fornecer o laudo aos pacientes, o qual faz parte do Ato Médico.

Pelo Art. 8, do Código de Ética Médico, “o médico não pode, em qualquer circunstância, ou sob qualquer pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restrições ou imposições possam prejudicar a efi-cácia e correção de seu trabalho”.

O problema da clínica de radiologia do HRAN não é novo, e não é único. Faltam filmes em todos os hospitais da rede pública. Em dezembro do ano passado, os médicos do HRAN encaminharam documento à Secretaria de Saúde relatando os fatos e pedindo providências. Além da impres-sora da tomografia, a ecografia do hospital também está pa-rada pelo mesmo período e a mamografia não funciona há seis meses. Segundo os médicos, a SES/DF manda conser-tar, funciona uma semana e o aparelho para de novo.

Esta semana, os médicos foram ao sindicato pedir apoio da entidade na tentativa de solucionar o problema. “Aceitamos trabalhar em condições precárias por acreditar na rápida normalização do uso da impressora da tomogra-fia computadorizada e o acesso pleno aos exames armaze-nados na memória do aparelho para eventual revisão. Até hoje, porém, a impressora não foi consertada”, diz o docu-mento entregue ao sindicato e assinado por 10 médicos.

Além da impossibilidade de dar laudos aos exames, os médicos trabalham visualizando diretamente a tela do computador com “degradação da qualidade de imagem” e estão sendo responsabilizados e constrangidos por um pro-blema cuja solução cabe exclusivamente à SES/DF.

Médicos radiologistas do HRAN pedem socorro

Os médicos da rede pública, principal-mente dos hospitais do Gama, Taguatin-ga e Samambaia vão precisar de atenção redobrada. Eles estão ameaçados de desen-volverem doenças como tendites e bu-sites, caso continuem

utilizando os computadores colocados na sala de atendi-mento. Os equipamentos fazem parte do Projeto de Moder-nização Tecnológica das Unidades Assistenciais de Saúde, criado há quatro anos pelo GDF.

O projeto foi anunciado pelo governo como a solução para melhorar a qualidade de atendimento e facilitar o tra-balho dos médicos que teriam mais acesso aos pacientes com o prontuário eletrônico, mas não foi isso que aconteceu. Os computadores foram jogados em cima de mesas velhas sem que um projeto ergonômico fosse feito e o mobiliário adap-tado para recebê-los. As mesas são impróprias para uso de computador, impossibilitando que o monitor fique posicio-nado na altura apropriada, os teclados e mouses em local inadequados, obrigando os médicos a ficarem em posição desconfortáveis, muitas vezes com a cabeça torta. As cadei-ras velhas também não obedecem às condições mínimas ne-cessárias de ergonomia. Elas não têm regulagem de altura e

não acompanham as curvaturas normais da coluna.Há dois anos, o então presidente, César Galvão, co-

brou do secretário de Saúde, Geraldo Maciel, um projeto ergonômico para ser implantado junto com a Modernização Tecnológica. No mesmo momento, ele chamou o sub-secre-tário Rubem Iglesias (que continua na direção da SES/DF) que prometeu implantá-lo. Mas, se o projeto existe, até hoje não saiu do papel. “Desde que o projeto de Modernização Tecnológica foi posto em prática, nenhuma providência foi tomada, demonstrando o descaso do Governo com a saú-de dos seus médicos servidores”, lembrou Gutemberg, que também participou do encontro à época.

“Ambientes com condições ergonômicas ruins podem agravar o surgimento de patologias como tendinites, busi-tes e doenças ocupacionais relacionadas à má postura no trabalho”, explicou o médico do trabalho Francisco da Silva Leal Junior.

Dr. Gutemberg Fialho, que é médico do trabalho, além de ginecologista obstetra, sabe que uma má postura e con-dições de trabalho inadequadas levam a incapacidade total e permanente para o trabalho. É isso que os médicos da rede pública estão sujeitos hoje, inclusive a Lesões por Esforço Repetitivo (LER), hoje considerado o mal do século.

Quando da implantação do Projeto de Modernização Tecnológica, o SindMédico/DF cobrou do coordenador do sistema, um projeto ergonômico para os hospitais da rede pú-blica. A resposta dada foi: “projeto ergonômico, o que é isso? Não estou sabendo de nada não.” Os médicos que se virem....

Computadores nos hospitais trazemmais problemas do que soluções

Computadores instalados sem ergonomia ao médico

Page 21: Revista 74

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Leu o título acima e achou que troquei as letras da Contribuição Provisória de Movi-mentação Financeira (CPMF), que não tinha

nada de provisória e nem de destinada a financiar saú-de brasileira; e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que até hoje é um dos indicadores para acompa-nhamento da variação da inflação. A bem da verdade, o plágio intencional das siglas é o que podemos dizer de livre adaptação do autor, para chamar a sua atenção sobre um aspecto muito peculiar nas interações econômicas entre empresas prestadoras de um lado e os planos de saú-de do outro: a glosa.

Acompanhando diversas delas como consultor neste segmento, observei uma in-teressante correlação da importância como o primeiro gerencia o seu empreendimento frente ao se-gundo e a recíproca na qualidade das receitas pagas por este para com o primeiro. Aliás, sendo mais direto, do quanto consultórios, clínicas e hospitais são proporcio-nalmente glosados em virtude da maneira como admi-nistram as rotinas e processos para cobrar e receber.

Foi aí que criei estas duas variáveis que demonstram a Capacidade de Fazer Mal Feito (CFMF) dos prestadores, impactando na mesma proporção, o Índice de Cara-de-Pau Aplicado (ICPA) dos planos de saúde, ao fazerem os repasses pelos serviços prestados aos pacientes. Ou seja, quanto pior é o modelo e a forma de administrar os con-vênios, mais brechas são criadas para que os planos de saúde digam não ao repasse de verbas. E com o detalhe: com o ambiente de incerteza e descontrole criado den-tro e pelas próprias empresas prestadoras, que muita

CFMF x ICPA

“a favor dosconvênios estáo cartório da

negativa”

das vezes sequer sabem o que fizeram, o que cobraram ou o que receberam, esse dinheiro que deixa de ir para o cofre delas, financiando indevidamente e por tempo indeterminado, o caixa das operadoras.

Os significados das siglas podem causar impac-to para uns, mas é a melhor forma de fixar na mente dos gestores e profissionais de saúde que se preocupem mais em administrar o faturamento de suas estruturas,

eliminando artifícios, amadorismos e ou-tras "gambiarras" que venham futuramen-te dar um curto-circuito nas finanças das empresas, colocando em risco, até mesmo, a sobrevivência delas no mercado.

Isto não quer dizer que os planos de saúde sejam ilhas de excelência na manu-tenção de modelos e sistemas de gerencia-

mento. A realidade de algumas delas, dizem inclusive o contrário, mas a favor dos convênios, está o cartório da negativa, que seguramente vai escolher para aplicar o seu ICPA, aqueles que mais praticam a CFMF. E não es-tarão errados, pois os componentes da burocracia tam-bém rezam a favor, com a diversidade de formulários, regras, códigos e modelos, que os profissionais de saúde precisam saber lhe dar diariamente.

Então vai aí um recado importante: pode ser você e não a alta da inflação e do custos dos insumos, que pre-judicam o desempenho financeiro do seu negócio.

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22 Março / Abril 2009

Vida Médica

Imagine o que é dirigir em alta velocidade um car-ro de corridas sem cinto de segurança e capacete sem que isso represente um risco de vida? Esse

sonho de muita gente e realidade para um grupo de pilotos da cidade, entre eles o médico ortopedista e traumatologista, Antônio Eduardo Sabino dos San-tos. Ele é piloto e disputa campeonatos de automo-delismo, mini-carros movidos a combustão que che-gam a atingir até 110 quilômetros, dependendo dos acessórios e da destreza do piloto. Anualmente são realizados campeonatos nacionais e regionais. O Campeonato Brasiliense de Automodelismo, com início marcado para o dia 4 de abril, terá doze etapas e vai durar o ano todo, com a presença de pilotos da cidade na categoria RTR. Cada percurso dura 30 minutos, e como os

Automodelismo: miniaturas perfeitas que se assemelham aos carros equipados para corrida em tamanho natural

A mecânica é feita com muito cuidado e preparo

Page 23: Revista 74

23 Revista Médico

Vida Médica

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carros têm autonomia para 7 minutos, são necessá-rios, no mínimo sete pit stops por etapa. O médico Antônio Eduardo, que durante a semana corre por três diferentes hospitais, nos sábados pára um pouco para pilotar seu Fórmula Um de brinquedo. “Sempre gostei de veículos ra-dio controlados e através de um colega, descobri os prazeres e as emoções do automodelismo”. Se-manalmente o médico estaciona na pista que fica ao lado da Mutifeira e aciona a sua máquina. Não importa o tempo que esteja fazendo, os pilotos não se cansam de ficar horas guiando os mini-carros. São pequenas potências com tração nas qua-tro rodas, rolamentos, amortecedores a óleo, mo-tor com 10 mil rotações por minuto, frente blocada

para auxiliar nas curvas, diferencial traseiro, rádio e uma marcha só, mas muito forte. “Na pista consi-go distrair, aliviamos o estrese do dia-a-dia e ainda fazemos amizade”, comenta o médico. Em Brasília existem duas boas pistas onde o médico Antônio Eduardo costuma treinar e compe-tir: no final da L2 Sul e ao lado da MultiFeira. Com 250 metros de extensão, a pista de off road apresenta alta qualidade técnica aliada a excelente estrutura geral. “A segurança no local é importante, os pilo-tos manobram seus carros do alto de um palanque com capacidade de até 12 pilotos, com ótima visão da pista. Não há box e as mesas e cadeiras são leva-das de casa, geralmente pela namoradas ou mulhe-res que acompanham os pilotos. Para quem quiser assistir a uma das etapas do Campeonato Brasiliense de Automodelismo, basta ir até a pista da Mutifeira, no sábado à tarde. A diver-são é gratuita, mas para quem quiser se aventurar na brincadeira, a diversão sai entre R$ 800 e R$ 1,8 mil reais, que é quanto custo um desses modelos. Vai depender da ousadia e do bolso do piloto.

Máquinas turbinadas podem chegar a mais de 110 Km/h

Pilotos comandam carros do alto de uma torre de controle

Page 24: Revista 74

Março/ Abril 200924

Vinhos Dr. Gil Fábio

No artigo anterior escrevemos bre-vemente uma parte da história do vinho do porto, citando que

seria indispensável sua importância, para o po-der econômico e comercial de Portugal. A criação do Instituto do Vinho do Porto e a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1756 pelo Marques de Pombal. A demarcação da região de produ-ção do vinho. Posteriormente em 1933 a criação da Casa do Douro , o Grêmio dos exportadores e o Insti-tuto do Vinho do Porto, órgãos oficiais respon-sáveis pelo cultivo das uvas e da produção do vinho. Foi também estabelecida a câmara dos provadores para testar e classificar a qualidade dos vinhos em seis classes de A a F. Não podemos deixar de citar de nenhu-ma maneira, a importância da cooperação dos ingleses para o aperfeiçoamento da qualidade dos tipos de vinhos, que até hoje permanecem no mercado.Ressaltamos também o decisivo fato da continuidade do cultivo das vinhas e o apri-moramento constante realizado nos mosteiros pelos padres especialmente Jesuítas, Beneditinos e Dominicanos. A região do Douro é o berço comum de dois tipos de vinho, que começa a partir da ci-dade de Peso da Régua,que se situa aproxima-damente a 100 km a leste da cidade do Porto e Vila Nova de Gaia e vai até a fronteira da Espa-nha. O Primeiro Douro, que é um vinho de mesa seco com teor alcoólico de 11 a 13°; e segundo, o Vinho do Porto, que é fortificado, doce, e com a adição de aguardente de uva até um teor alcoóli-co de 19 a 22°. A produção do Vinho do Porto ocupa cerca de 29.000 hectares dessa região. O Porto é

uma das glórias de vinicultura de Portugal, pro-duzindo os melhores do mundo em sua catego-ria. O seu nome deriva da cidade de Porto da foz desse grande rio, de onde é exportado. As vinhas são plantadas nas encostas ín-gremes e escarpadas do rio Douro oferecendo um espetáculo magnífico. O solo é pedregoso, cons-truído por pedras de xisto e ardósia, que tiveram que ser trituradas num trabalho duro e árduo, para propiciar o crescimento das plantações das videiras e também o cultivo das oliveiras. Plan-tar vinhas nessas terras não foi fácil, mas o gênio e a raça dessa gente portuguesa conseguiram, a “ferro e fogo”, como se diz na região. As uvas produzidas nessa região são cer-ca de 80 tipos diferentes, sendo 20 recomenda-das, consideradas as melhores, e mais de 32 ape-nas autorizadas. O vinicultor Jose Rosas Pinto e seu sobri-nho João Nicolau de Almeida (filho do criador da Barca Velha) realizaram minucioso estudo das uvas tintas, que aliado a outras experiên-cias posteriores, fo-ram consideradas as melhores uvas, as que são usadas nos vinhe-dos: Touriga Nacio-nal (a de mais classe), Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão. A Tinto Roriz é a mesma Tenpranillo espanho-la, a única estrangeira. As brancas Gouveio, Malvasia Fina e Vi-nhosinho são consi-deradas as melhores para o Porto branco.

Vinho do Porto II

Vinhos & Histórias

Page 25: Revista 74

25 Revista Médico

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Page 26: Revista 74

Março / Abril 200926

Literárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

INSTITUIÇÕES DE SAÚDEPlanejar é preciso?

Medicina em Prosa

Operários desempregados, artesãos sem clientela, intelectuais desinteressados da glória, funcionários públicos ex-

pulsos das repartições por falta de cadeiras, bacharéis subjugados pelo peso de uma ciência estéril. Hordas de migrantes vindas de todas as províncias – cheios de ilusões dementes sobre a prosperidade de uma capital transformada em formigueiro – tinham-se aglutinado à população nativa e praticavam um nomadismo urbano desastrosamente pitoresco. Nesse ambiente perturba-do de selvageria, os carros avançavam como se fossem máquinas descontroladas, sem se importar com os se-máforos, transformando assim qualquer veleidade do pedestre para atravessar a rua em um gesto suicida. Foi nesse ambiente em que Ossama, um jovem de 23 anos, resolveu, por pura estratégia de sobrevi-vência, tornar-se ladrão. Não um ladrão legalista da estirpe dos ministros, banqueiros, homens de negó-cios, especuladores ou promotores imobiliários, mas apenas um modesto ladrão de rendimentos aleató-rios. ...Ossama compreendera que, vestindo-se com elegância, à maneira dos larápios do povo sem car-teirinha, conseguiria escapar aos olhares desconfiados de uma polícia para a qual todo indivíduo de aspecto miserável era automaticamente suspeito. Ossama partiu de uma constatação: os pobres persistiam em sua pobreza por uma razão simples – não sabiam roubar. Foi, então, que teve a idéia de definir seu futuro negócio e sua estratégia: vestiu-se com roupas da moda – um terno de linho bege, uma camisa de seda natural combinando com uma gravata rubra e sapatos de pelica marrom -, adotou como per-sonal trainer um antigo mestre, Nimr, o maior batedor de carteiras que havia na cidade, mapeou os locais em que atuaria, e as pessoas a serem assaltadas – nada

de pobres diabos iguais a ele. Vagando, meditativo, pelas ruas do Cairo, bateria as polpudas carteiras de inescrupulosos granfinos, e sem qualquer tipo de vio-lência. Apenas um imperceptível e levíssimo esbar-rão. Ossama realizara, a seu modo, um planejamento completo de seu futuro e arriscado negócio. É desse modo que Albert Cossery, em As Cores da Infâmia, descreve a odisséia de um jovem que leva-va uma vida miserável na cidade do Cairo, até decidir tornar-se ladrão. Palavra da moda, o planejamento ocupa hoje um papel importante na implementação e desenvol-vimento das ações de qualquer instituição, de grande ou pequeno porte, pública ou privada, comercial ou hospitalar, inclusive de centros de saúde. Neste caso, o que temos, no Distrito Federal, são unidades de saú-de onde falta quase tudo, de médicos e enfermeiros a luminárias e equipamentos básicos, culminando com funcionários desmotivados. As organizações de saúde não são uma estru-tura rígida com missões e funções invariáveis com o tempo. As estruturas têm de ser flexíveis, que não só permitam estabelecer relações verticais, mas também horizontais, e que adotem como centro nevrálgico o cliente externo ou usuário (OPAS). Há necessidade de um efetivo questionamento sobre as atividades de cada unidade de saúde, sua adequação às necessida-des locais, abrindo espaço para discussão das reais ne-cessidades da população, com discussão séria e cria-tiva dos resultados a serem alcançados, em função do capital humano disponível. Podemos pensar em uma mudança que leve ao desenvolvimento de abordagens metodológicas que juntem estrutura, objetivos e processos? Podemos. Ossama pôde...

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