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EUA e URSS uma corrida que conturbou o mundo Fique por dentro da arte e da música que abalaram e deram no que falar O homem na Lua A Revanche dos Vietnamitas e a surpresa dos norte- americanos 1968

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Revista 1968

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Page 1: Revista 1968

EUA e URSSuma corrida que conturbou o mundo

Fique por dentro da arte e da música que abalaram e deram no que falar

O homem na Lua

A Revanche dos Vietnamitas e a surpresa dos norte-americanos

1968

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IntegrantesLucas Antunes de Souza

Conrado H. TarriconeArthur Nery de BritoVitor Ferreira Finotti

Pedro Rezende

4 Introdução

6 AI nº 5 O “Golpe dentro do golpe”

8 Passeata dos Cem Mil

10 Corrida Espacial

14 Corrida Armamentista

16 Ku Klux Klan

18 Movimento Negro

20 Movimento Feminista

22 Movimentos estudantis de Paris

24 Crise dos Mísseis de Cuba

26 Primavera de Praga

28 Ofensiva de Tet

30 Contracultura

32 Pop Art

34 Jovem Guarda

35 Tropicalismo

36 Rock n’ Roll

38 Cinema Novo

40 Realismo Socialista

42 Concretismo

44 Poesia Marginal

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o dia 13 de maio de 1968, era convocada a greve geral na França. O que antes era um movimento restrito ao meio universitário se espalhava pela

cidade e parecia ganhar proporções revolucionárias, questionando as estruturas de poder e os valores vigentes. Em seu auge, colocou em risco a autoridade do presidente Charles De Gaulle. O movimento não chegou a derrubar imediatamente o general De Gaulle, herói da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, mas seu governo ficou abalado e se manteve no poder apenas até abril de 1969. O maio francês foi um dos eventos mais significativos de um ano de mudanças em todo o mundo. Em 1968, protestava-se contra tudo e contra todos. E em toda a parte – para o jornalista Zuenir Ventura, foi o primeiro movimento do mundo globalizado. Polônia, Espanha, Itália, Alemanha Ocidental, Japão e México são alguns dos países em que os jovens foram às ruas, pelas mais diversas razões – pelo direito de ter dormitórios mistos nas Universidades, contra a Guerra do Vietnã, contra a ditadura, pelo direito das minorias... Entre os países mais marcados por aquele ano, estão a França, os Estados Unidos, a Tchecoslováquia e o Brasil. Na França, a agitação começou no dia 22 de março, quando um grupo de estudantes invadiu a reitoria da Universidade de Nanterre, subúrbio de Paris, para

protestar contra a prisão de um militante da Juventude Revolucionária Comunista, detido durante manifestação contra a Guerra do Vietnã, e também contra a decisão de proibir a visita de rapazes nos dormitórios femininos. No dia 27 de abril, Daniel Cohn-Bendit, líder da ocupação em Nanterre, foi preso e, no início de maio, a Universidade de Nanterre foi fechada. Os estudantes foram para as ruas protestar no dia 3 de maio, no Quartier Latin, em Paris, e tentaram ocupar a Universidade de Sorbonne. No dia 13, a greve geral foi convocada e a Sorbonne foi invadida pelos estudantes. Com muitos confrontos entre a polícia e os manifestantes, o movimento se estendeu até o final do mês, quando De Gaulle assinou um acordo com os trabalhadores, demitiu o ministro da Educação e dissolveu o Parlamento. Ele convocou eleições para junho, obtendo vitória esmagadora. Nos Estados Unidos, o ano foi marcado por protestos contra a Guerra do Vietnã e a favor dos direitos civis. No dia 4 abril, foi assassinado o reverendo Martin Luther King, principal liderança da luta contra o racismo no país. Na Tchecoslováquia, também em abril, o secretário-geral do Partido Comunista, Alexander Dubcek, anunciou a criação de um “socialismo de rosto humano”, iniciando um período que ficaria conhecido como “Primavera de Praga”. Foi feita uma reforma que permitiu liberdade expressão e organização fora do Partido Comunista. Em agosto, Praga

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foi invadida por tropas da União Soviética e aliados e Dubcek foi destituído do poder. A violência com que foi reprimida, faz com que o jornalista Zuenir Ventura compare a geração de Praga à geração brasileira. No Brasil, desde o início do ano, ganhavam força os protestos estudantis por mais verba para a educação e contra a ditadura. No dia 28 de março, um choque entre estudantes e policiais no Rio de Janeiro causou a morte do estudante Edson Luís. O assassinato de Edson Luís por um policial comoveu a cidade do Rio de Janeiro, gerando muitos protestos. Em 26 de junho, a “Passeata dos 100 mil”, no Rio de Janeiro, reuniu políticos, artistas, trabalhadores e estudantes para protestar contra a ditadura. No início de outubro, em São Paulo, aconteceu a “Batalha da Maria Antônia”, que opôs alunos da

Faculdade de Filosofia da USP a estudantes da Universidade Mackenzie, resultando em muitos feridos e na morte do estudante secundarista José Guimarães. Alguns dias depois, a polícia prendeu em Ibiúna, interior de São Paulo, cerca de mil estudantes que participavam do congresso da UNE, incluindo os principais líderes do Movimento Estudantil – José Dirceu, Flávio Travassos, Vladimir Palmeira, entre outros. No dia 13 de dezembro, o governo decretou o Ato Institucional número 5, o AI-5, em resposta a discurso contra as Forças Armadas proferido pelo deputado Márcio Moreira Alves. O AI-5 deu plenos poderes ao governo, fechou o Congresso e tirou liberdades individuais. Começavam então os “anos de chumbo” da ditadura, quando milhares foram presos e muitos torturados e mortos. O ato só foi revogado dez anos depois, em dezembro de 1978.

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1968 – AI Nº 5, O “Golpe dentro do golpe”

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m julho de 1968 ocorreu a primeira greve, esta de caráter operário-

estudantil, do governo militar, em Osasco. A linha dura, representada entre outros por Aurélio de Lira Tavares, ministro do exército e Emílio Garrastazu Médici, chefe do SNI, começou a exigir medidas mais repressivas e combate às idéias consideradas subversivas. A repressão se intensificou e em 30 de agosto a Universidade Federal de Minas foi fechada e a Universidade de Brasília invadida pela polícia.

Em 2 de setembro, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, pronunciou discurso na Câmara convocando o povo a um boicote ao militarismo e a não participar dos festejos de Independência do Brasil em 7 de setembro como forma de protesto. O discurso foi considerado como ofensivo pelos militares e o governo encaminhou ao congresso pedido para processar o deputado Márcio Moreira Alves, o que foi rejeitado na Câmara.

Pelo disposto no ato, os militares tinham o direito de decretar o recesso do Congresso, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais a qualquer momento. A censura dos meios de comunicação, da expressão intelectual e artística estavam agora extremamente eficientes, tendo sido retirada toda a estabilidade e independência do Poder Judiciário, pois o Executivo poderia mandar suspender habeas-corpus sob a acusação de crime político contra qualquer cidadão em qualquer momento. A cassação de direitos políticos, agora descentralizada, poderia ser decretada com extrema

rapidez e sem burocracia, o direito de defesa ampla ao acusado foi eliminado, suspeitos poderiam ter sua prisão decretada imediatamente, sem necessidade de ordem judicial, os direitos políticos do cidadão comum foram cancelados e os direitos individuais foram eliminados pela instituição do desacato à autoridade. Os militares assumiram definitivamente que não estavam dispostos a ser um poder moderador e sim uma ditadura, colocaram a engrenagem para rodar as teses da ESG, o desenvolvimentismo imposto à sociedade. Foram presos jornalistas e políticos que haviam se manifestado contra o regime, entre eles o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e ex-governador Carlos Lacerda, além de deputados estaduais e federais do MDB e mesmo da ARENA.

Lacerda foi preso e conduzido ao Regimento Marechal Caetano de Farias, da Polícia Militar do Estado da Guanabara, sendo libertado por estar com a saúde debilitada, após uma semana fazendo greve de fome.

No dia 30 de dezembro de 1968 foi divulgada uma lista de políticos cassados: 11 deputados federais, entre os quais Márcio Moreira Alves. Carlos Lacerda teve os direitos políticos suspensos. No dia seguinte, o presidente Costa e Silva falou em rede de rádio e TV, afirmando que o AI-5 havia sido não a melhor, mas a única solução e que havia salvado a democracia e estabelecido a volta às origens do regime.

No início de 1969 Lacerda viajou para a Europa e, em maio,

seguiu para a África como enviado especial de O Estado de São Paulo e do Jornal da Tarde.

Em 16 de janeiro de 1969 foi divulgada nova lista de 43 cassados com 35 deputados, 2 senadores e 1 ministro do STF, Peri Constant Bevilacqua.

O regime militar estava se tornando uma ditadura mais e mais violenta, a imprensa da época (Folha de São Paulo) veladamente afirmava que o AI-5 foi o “golpe dentro do golpe”, expressão esta que acabou sendo popularizada na época.

O Poder Judiciário passou a sofrer intervenções do Poder Executivo quando de seus julgamentos, o Superior Tribunal Federal começou a receber ordens de como deveria julgar toda e qualquer petição que lá chegasse.

Com a captura do embaixador norte-americano para troca de quinze presos políticos, também começou “a caça às bruxas”, onde qualquer cidadão poderia ser torturado nos porões da ditadura sob acusação de terrorismo, bastava desconfiar, bastava algum vizinho desafeto denunciar outro.

As famílias dos presos, mortos e desaparecidos nos anos de chumbo foram indenizadas pelo governo brasileiro na década de noventa, mas milhares ainda reivindicam o direito de reaver os restos mortais de seus entes queridos para oferecer-lhes um sepultamento digno, e outros tantos ainda sofrem pelas dolorosas memórias desse período negro do humanismo de nossa história.

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Passeata dos Cem Mil

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Passeata dos Cem Mil, realizada em 26 de junho de 1968, é

considerada a manifestação popular mais importante da resistência contra a ditadura militar. Ela marca o ponto alto do movimento estudantil e o início de sua derrocada. Edson, um dos estudantes envolvidos no seqüestro do embaixador americano Charles Burke, foi baleado pela polícia no dia 28 de março de 1968, aos 18 anos, enquanto jantava no restaurante Calabouço, que atendia estudantes de baixa renda vindos de outros estados. A partir de então, os estudantes se mobilizaram de vez. Em junho de 1968, o movimento estudantil começou a organizar um número cada vez maior de manifestações públicas. No dia 18, uma passeata, que terminou no Palácio da Cultura, também no Rio, foi reprimida pela polícia. O resultado foi a prisão do líder estudantil Jean Marc van der Weid. No dia seguinte, o movimento se reuniu na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) para organizar novos protestos e pedir a libertação de Jean e de outros alunos presos, mas o resultado foi a detenção de 300 estudantes ao final da assembléia. Três dias depois, alguns universitários foram recebidos com violência pela polícia em uma passeata que terminou em frente à embaixada norte-americana. A reação dos estudantes gerou um conflito que terminou com 28 mortos,

centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas. Aquele dia ficou conhecido como "Sexta-Feira Sangrenta". Diante da repercussão negativa do episódio, o comando militar acabou permitindo uma manifestação marcada para o dia 26 de junho. Segundo o general Luís França, 10 mil policiais estariam prontos para entrar em ação caso fosse necessário. Estas foram as primeiras notícias sobre aquela que ficaria conhecida como Passeata dos Cem Mil. Logo pela manhã, estudantes, artistas, religiosos e intelectuais já tomavam as ruas do centro do Rio. A passeata começou às 14h com cerca de 50 mil pessoas. Uma hora depois esse número já havia dobrado. Foi quando Vladimir Palmeira, um dos principais líderes daquele movimento, tomou o microfone para um discurso em frente à igreja da Candelária. Foram três horas de passeata que terminou sem conflitos em frente à Assembléia Legislativa. "A gente sabia que seria grande, mas não esperava aquelas 100 mil pessoas", afirma Palmeira. "Mesmo que o governo não permitisse, apareceria muita gente porque a população estava muito descontente com a repressão." Depois do evento, o então presidente Costa e Silva marcou uma reunião com líderes da sociedade civil - entre eles os universitários Franklin Martins e Marcos Medeiros. No encontro, foi pedida a libertação de estudantes presos,

o fim da censura e a abertura do restaurante Calabouço. Nenhuma reivindicação foi aceita. O resultado foi a realização de outra passeata, que na ocasião reuniu 50 mil pessoas. Era o início da repressão mais violenta contra o movimento estudantil. No mês seguinte, o governo proibiu oficialmente todo tipo de manifestação em território nacional. No dia 2 de agosto, Vladimir Palmeira foi preso. Logo em seguida, outros 650 estudantes foram para a cadeia. No dia 4, 300 alunos foram detidos em São Paulo. Mas os golpes mais duros contra o movimento ainda estavam por vir. O projeto de lei que concedia anistia aos estudantes e operários presos foi rejeitado pelo Congresso no dia 21 de agosto daquele ano. No dia 12 de outubro de 1968, mais de 400 estudantes foram detidos durante um congresso clandestino da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Ibiúna, interior de São Paulo. Entre os líderes estava Luis Travassos, o ex-ministro José Dirceu e Vladimir Palmeira, solto dias antes. O AI-5 (Ato Institucional nº 5), promulgado no dia 13 de dezembro de 1968, legalizou a repressão, e em fevereiro do ano seguinte foi baixado um decreto-lei que proibiu definitivamente toda e qualquer manifestação política dentro das universidades do país. Os militares tinham finalmente desarticulado o movimento estudantil.

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Corrida espacial

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corrida espacial teve início Durante a Guerra Fria, guerra essa em que a paz era impossível e a guerra improvável. Tal clima

de medo, podendo até arriscar a dizer de terror, criava uma constante necessidade de os países se tentarem demonstrar superiores ao nível de vários setores, sendo essa a razão pela qual os EUA e a URSS deram início á corrida espacial.

A disputa entre Estados Unidos e União Soviética (URSS) pela conquista do espaço foi o grande impulso para a exploração espacial. Resultou em grandes avanços científicos e tecnológicos, além de descobertas importantes.

Em 1957, a URSS partiu em vantagem, lançando o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial a entrar em órbita. Uma semana depois, foi lançado o Sputnik 2, com a cadela Laika, tornando-se assim o primeiro ser vivo a ir para o espaço.

Os EUA tinham menosprezado a eficácia soviética, pois existia a noção, enraizada em toda a América, de

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que não só os americanos constituíam a vanguarda tecnológica do Mundo como a de que o povo soviético era particularmente atrasado em termos tecnológicos. Em plena Guerra Fria, e com este acontecimento, os americanos sentiram-se humilhados e vulneráveis até que, em 1958, os EUA reagiram com a criação da NASA, responsável pelo programa espacial do país. Nesse mesmo ano foi lançado o primeiro satélite artificial americano, o Explorer 1.

A partir de 1960, o principal objetivo das viagens espaciais passou a ser a ida do homem ao espaço.

Novamente a União Soviética sai em vantagem, em 1961, com a viagem tripulada por Iuri Gagarin na cápsula espacial Vostok 1.

A viagem durou uma hora e 48 minutos e percorreu cerca de 40 mil quilômetros em volta da Terra numa única órbita.

Como que se de um contra ataque se trata-se, em 1962, os americanos enviaram John Glenn para o espaço.

Surgiu então o projeto soviético para enviar o homem à Lua que começou com a nave Soyuz 1. Mal tomaram conhecimento, os Americanos iniciaram a missão Apollo. A principal missão do Projeto Apollo era levar homens à Lua e trazê-los de volta a salvo, mas a possibilidade de não dar certo era tão grande que o presidente dos EUA, Richard Nixon, já tinha um discurso pronto para cada uma das situações: o sucesso ou o fracasso da operação. Entretanto, a operação

foi bem sucedida e os americanos os primeiros a chegar á superfície lunar em 20 de Julho de 1969, quando o módulo lunar Eagle, da nave Apollo 11, pousou em solo lunar, e Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar a Lua.

A famosa frase do astronauta, proferida antes de dar o passo em direção ao satélite, tornou-se célebre na História do século XX: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a Humanidade”.

As viagens à Lua começaram bem antes das viagens a Marte e foram símbolo do domínio mundial americano, já que o contexto era o da Guerra Fria, na qual EUA e União Soviética disputavam o poder político e econômico.

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Corrida Armamentista

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or definição, corrida armamentista é o processo pelo qual um

país busca armar-se com o intuito de proteger-se de outro. Ao mesmo tempo, um país sente-se ameaçado pelo aumento do poder militar do primeiro, investindo em seu aparato de defesa. Com isso, surge um círculo vicioso, no qual ambos os países se armam em decorrência da desconfiança mútua.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras dispunham de uma enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas durante o conflito, tanto de fontes aliadas como obtidas em forma de espólio do eixo. Tanques, aviões, submarinos, navios de guerra constituíam as chamadas armas convencionais. Mas o grande destaque eram as chamadas armas não-convencionais, mais poderosas, eficientes, difíceis de serem fabricadas e extremamente caras. A principal dessas armas era a bomba atômica, a qual era exclusiva dos Estados Unidos o que aumentava em muito seu poderio bélico em relação a qualquer potência da época.

O início da corrida armamentista nuclear foi marcado por um apelo de Albert Einstein ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, numa carta enviada em 1939. O físico alemão mostrava-se preocupado com a

possibilidade de Hitler ter acesso à tecnologia nuclear antes dos americanos. Roosevelt decidiu ampliar os investimentos em pesquisas e determinou, em 1942, o início do Projeto Manhattan, voltado ao desenvolvimento da bomba atômica. A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também produzir a bomba atômica, o que conseguiu em poucos anos, em 1949.

Para muitos historiadores, o marco inicial da Guerra Fria foi o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nessa perspectiva, a destruição das duas cidades nada teve a ver com o Japão, já militarmente derrotado, e sim com a divisão geopolítica do mundo.

Mais pesquisas foram sendo feitas, tanto para aperfeiçoar a bomba atômica quanto para produzir novas bombas. Em pouco tempo os Estados Unidos fabricaram a bomba de hidrogênio, seguidos pela União Soviética. Essa corrida armamentista era motivada pelo receio recíproco de que o inimigo passasse à frente na produção de armas, provocando um desequilíbrio no cenário internacional. Se um deles tivesse mais armas, seria capaz de destruir o outro.

A corrida atingiu proporções tais que, já na década de 1960,

tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética tinham armas suficientes para vencer e destruir todos os países do mundo. Não só isso, tamanho era o arsenal desenvolvido que, em caso de um ataque nuclear da outra potência, a atacada teria possibilidade de sobreviver e, em seguida, lançar um ataque devastador sobre a outra. Essa “possibilidade” criou um medo mutuo dos dois lados, sendo entendido que não haveria um real “vencedor” de uma guerra nuclear, visto que caso esta ocorresse, ambos seriam destruídos. Tal compreensão fez com que se sintetizassem conceitos como “Defesa Mútua Assegurada”, ou “Equilíbrio do Terror”.

No Ocidente, a França e a China levaram adiante as pesquisas nucleares nos anos 90, a despeito da opinião pública mundial. Em setembro de 96, no entanto, finalmente as cinco potências do clube atômico assinaram na ONU o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares. O acordo traz uma perspectiva mais otimista de um novo século livre da sombra da bomba atômica. Com a conscientização da opinião pública, é possível que o bom senso prevaleça.

A energia nuclear, uma conquista científica importante, precisa ser utilizada para melhorar a qualidade de vida da Humanidade, e não para destruí-la.

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Ku Klux Klan

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Ku Klux Klan

A organização sócio-religiosa Ku Klux Klan, surgiu como uma brincadeira, em 1865 na cidade de Pulaski, Tennessee, nos Estados Unidos. Um grupo de amigos, para sair da rotina, resolveu criar uma mini sociedade secreta, como se fosse uma maçonaria particular. O nome surgiu da palavra grega kyklos que significa círculo (no caso, de amigos). Durante a noite, o grupo de amigos saia para assustar e incomodar seus vizinhos vestidos com lençóis e fronhas brancas.O grupo cresceu e o controle e o ideário da sociedade se perdeu. Logo após a Guerra Civil Americana (Guerra de Secessão) vencida pelo Norte, estes libertaram os escravos, o movimento racista chegou ao auge, e a brincadeira noturna se transformou em perseguição a negros. A Ku Klux Klan apoiava a supremacia dos cristãos protestantes anglo-saxões. Passou a oprimir os escravos, promoviam estupros, castrações, linchamentos, incêndios, enforcamentos; impediam a integração social dos negros, impedindo seu direito de votar e adquirir terras. Em 1872 o grupo foi considerado terrorista pelo governo norte americano, foi banido e entrou em decadência. Em 1915, a Ku Klux Klan voltou de forma legal em Atlanta, Estado da Geórgia. Em 7 de junho de 1920, a sociedade passou a ser dirigida pelo jornalista E. Y. Clake que mobilizou uma forte repressão contra os negros, judeus, estrangeiros e contra a Igreja Católica. Em 1920 a Ku Klux Klan contava com cerca de 4 milhões de membros. Porém, houve mais linchamentos de negros nos EUA quando a Klan estava proibida do que quando ela voltou em 1915. Foram cerca de 2 mil entre 1890 e 1909; e "só" 400 entre 1920 e 1939.Mesmo após diversas tentativas de ressurreição, principalmente após a Crise de 29, a sociedade nunca mais foi a mesma. Sua doutrina já não pregava apenas o racismo, mais o nacionalismo e a xenofobia. Podemos ligar a decadência da sociedade com a mudança de pensamento dos norte-americanos, que passaram a notar a importância do negro para a nação. De forma bem menos atuante e perceptível na sociedade, a Ku Klux Klan existe até hoje.

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Movimento Negro

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ano de 1968 ficou marcado como uma época de luta contra a discriminação racial. Do ativista político norte-

americano, Mather Luther King, ao movimento revolucionário conhecido por: Panteras Negras, os EUA, viram seu conservadorismo e preconceito serem ameaçados de fato. Muitas coisas mudariam depois deste ano de movimentos e transformações na vida de negros e negras de todo o mundo. O reverendo, Martin Luther King, era um sonhador, um pacifista e também, um revolucionário. Foram 13 anos de lutas pelos direitos dos negros até conseguir a intervenção do Estado nas questões de discriminação racial. King protagonizou ações que ficaram na memória do mundo, no combate, pacífico, para acabar com as leis de segregação. Entre os boicotes e manifestações lideradas por King, destacam-se a passeata em Washington onde proferiu o seu histórico discurso a mais de 200.000 pessoas, onde afirmava: "I have a dream" - "Eu tenho um sonho". No discurso, realizado no racista estado do Alabama, ele afirmava sonhar com o dia em que crianças negras e brancas dariam as mãos e viveriam como irmãos. Entre as conquistas dos negros na época está, a Lei do Direito de Voto, em 1965, a qual extinguia o uso de exames que tentavam impedir os negros de votarem. Martin Luther King morreu em 4 de abril de 1968, após ser baleado num hotel na cidade de Memphis, onde hoje é a sede do Museu Nacional dos Direitos Civis. O assassino, James Earl Ray, foi preso e condenado a 99 anos de prisão. O movimento negro nos Estados Unidos ganhou força após a morte do reverendo Martin Luther King. Em reação à morte do líder, milhares de negros protestaram em dez Estados norte-americanos, pedindo igualdade de direitos, justiça e paz e relembrando que a luta de King era pacífica.O governo dos EUA mobilizou cerca de 72 mil soldados para conter as revoltas, que duraram três dias. Os manifestantes causaram incêndios e depredaram casas e estabelecimentos comerciais. Durante os confrontos com a polícia, 43 manifestantes foram mortos e cerca de 23 mil foram presos. Os protestos foram interrompidos em 9 de abril, o dia do cortejo fúnebre de Luther King.

Panteras Negras

O grupo conhecido como Partido Panteras Negras para a Auto-Defesa foi fundado em 1966 e após dois anos, durante a agitação do movimento negro nos EUA, os Panteras Negras passaram a contar com mais de 5000 membros, sendo que no inicio o grupo girava em torno de 400 militantes. Esse salto na organização política e social dentro do Movimento Negro se deu em boa parte pela conscientização dos direitos civis e da luta contra o capitalismo e a opressão promovida pelos brancos. Os panteras negras foram além da luta por direitos civis criando centros médicos e educacionais e fornecendo alimentação para as crianças, além de fazerem o patrulhamento armado das comunidades. Nos dez pontos programáticos do partido, os jovens e os trabalhadores negros sentiram espelhadas as suas dificuldades e conheceram uma organização capaz de lutar coletivamente contra as mazelas do imperialismo norte-americano. Entre elas, a luta por emprego, melhores condições de trabalho, assistência médica, educação igualitária e de qualidade, libertação dos prisioneiros negros, mudanças radicais no sistema judicial e fim da exploração capitalista, além da não-convocação para a Guerra do Vietnã. Um dos principais membros do partido "Panteras Negras" declarou publicamente o sentimento após a morte de Luther King, em seu discurso, Stokely Carmichael, demonstrou o sentimento de revolta vivenciado pelos negros: "Agora que levaram o Doutor King, está na hora de acabar com essa merda de não-violência”. A postura política e militante dos Panteras negras levaram o FBI a considerá-los uma "ameaça a segurança interna" nos EUA. As principais lideranças do movimento foram presas, mortas, torturadas ou obrigadas a se exilar devido a forte repressão. Um caso que chama a atenção da opinião pública há mais de 20 anos, é o da prisão e condenação a cadeira elétrica de Mumia Abu Jamal, preso por ter "supostamente" assassinado um policial que espancava o seu irmão. Em março de 2008 a sentença foi convertida em prisão perpétua, e foi concedido um novo julgamento a Mumia.

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feminismo é um movimento social que busca a igualdade

de direitos e status entre homens e mulheres. Este movimento já é conhecido a séculos, mas foi a partir de 1968 que tomou a forma de um movimento em que as mulheres lutavam por liberdade.

O ano de 1968 foi marcado por uma intensa revolução que ocorria em paralelo em diversos países como Brasil, Estados

Unidos, República Tcheca e Alemanha. Nesta revolução, jovens quebraram regras em forma de protesto, exigindo reformas políticas, e qualquer outra coisa que melhorasse a condição de vida em seus países. Foi então que grupos antes deixados de lado passaram a ter voz. Um deles era o das mulheres. Aquela era a chance que as mulheres tinham aparecer, e lutaram, como nenhum homem imaginara antes que podia ocorrer, pelo

direito à educação, empregos e salários iguais, revoltaram-se com a baixa instrução que lhes era destinada, exigindo o direito de votar e mais participação política.

O episódio mais marcante do feminismo em 1968 foi a Queima dos Sutiãs. O evento foi um protesto com cerca de 400 ativistas do Women’s Liberation Movement contra a realização do concurso de Miss America, em 7 de de setembro de 1968,

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em Atlantic City. A queima, literalmente falando, nunca ocorreu. A escolha da mulher mais bonita era considerada uma opressão às mulheres, pois esta era tida como uma escolha qualquer em relação à beleza da mulher, e uma exploração comercial.Depois disto, foi colocado no chão do espaço, sutiãs, sapatos de salto alto, maquiagens, cintas, entre outros. Aí alguém sugeriu que tocassem fogo, mas não aconteceu porque não houve permissão do lugar (que não era público) para isso. Ninguém tirou seu sutiã. Essas lendas urbanas surgiram porque, ao dar cobertura para o evento, a mídia o associou a outros movimentos

discriminadas, abusadas, desrespeitadas com até um preconceito também. As reivindicações das mulheres na sociedade atual, incluem o combate à violência doméstica, à exploração sexual e à situação precária ainda vivida por muitas mulheres em países maios conservadores, muitos aspectos da luta feminista inicial ainda são os mesmos, como a luta pelo direito ao aborto, e o salário que, na maioria dos casos, ainda é inferior ao dos homens.

Com isso tudo, com tamanhas vitórias, as mulheres podem dizer com orgulho, que 1968 realmente não terminou.

(como o da liberação sexual em que os jovens que queimaram seus cartões de segurança social em oposição à Guerra do Vietnã) e passou a chamá-lo de “bra-burning” (queima de sutiãs). Logo após a manchete do New York Post que estampou “BraBurners and Miss America” (Queimadoras de Sutiãs e Miss América), o evento ficou associado às mulheres sem sutiãs. A partir daí, o feminismo ficou ligado à “queima de sutiãs”.

Até hoje o movimento feminista existe. Muitos falam de “pós-feminismo” mas o feminismo ainda não terminou. Muitas mulheres ainda sofrem, são

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Movimentos estudantis em Paris As barricadas de Maio 1968

m 1965, na periferia da capital francesa, foi criada a Universidade de Nanterre para acolher os estudantes que, por muitas razões,

não podiam entrar nas Escolas Superiores tradicionais (Sorbonne, Escola Normal, Escola Politécnica, etc.).

Em 23 de Março de 1968, descontentes com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura acadêmica conservadora, os estudantes de Paris organizaram protestos e boicotaram as aulas. A polícia atacou os estudantes que ocupavam a Sorbonne e realizou prisões em massa.

Em 3 de Maio de 1968 a universidade de Sorbonne foi ocupada pelos seus alunos como resposta ao fecho

da universidade de Nanterre pelas autoridades, no dia anterior. Teve início uma onda de ocupações das universidades por toda a França. A polícia atacou brutalmente os estudantes. Estes desceram às ruas denunciando não só a brutalidade e a repressão policial, mas também a guerra do Vietnã e as políticas imperialistas do governo francês e americano. Este movimento estudantil espalhou-se às outras Faculdades originando greves e ocupações destas. A CRS, a polícia do presidente De Gaulle, usou de grande violência para restabelecer a ordem. O protesto estudantil contra o autoritarismo e o anacronismo das Academias rapidamente se transformou, com a adesão dos operários, numa contestação política ao regime gaulista. Foram ocupadas universidades, fábricas e

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outros sectores produtivos. Estudantes e trabalhadores aderiram a manifestações e estiveram unidos nas greves nas barricadas com que enfrentaram as chamadas forças da ordem.

Em 6 de Maio ocorreu um confronto entre 13 mil jovens e a polícia. Os polícias lançaram bombas de gás lacrimogêneo e os jovens responderam à pedrada.

Em 10 de Maio os estudantes ergueram barricadas nas ruas centrais de Paris que davam acesso ao Quartier Latin, centro universitário da cidade. A maior batalha entre a polícia e os manifestantes deu-se nesta área e ficou conhecida como a “Noite das barricadas”.

Em 13 de Maio deu-se a primeira manifestação conjunta de estudantes e trabalhadores. Mais de um milhão de trabalhadores e estudantes aderiram a uma greve geral e marcharam pelas ruas de Paris em protesto contra as ações policiais dos dias anteriores.Em 17 de Maio, mais 200 000 trabalhadores entraram em greve. Nos dias que se seguiram, o número de trabalhadores que aderiram à primeira greve geral na história da França foi aumentando. 11 milhões de trabalhadores se envolveram numa greve que durou mais de duas semanas.

Em 24 de Maio, o presidente De Gaulle anunciou que o governo levaria a cabo as reformas educacionais

pedidas pelos estudantes e garantiu um aumento salarial significativo para os trabalhadores grevistas. Enquanto isso, em Grenelle, delegados governamentais negociavam com os sindicatos uma série de melhorias sociais para pôr fim à greve geral dos trabalhadores e assim poder dividi-los e afastá-los dos estudantes.

Em 29 de Maio, o general De Gaulle viajou até as bases francesas na Alemanha para obter apoio do general Massu para uma intervenção militar em Paris. A situação foi controlada nos finais de Maio, com uma violenta repressão de que resultou mais de milhão e meio de feridos.

Em 30 de Maio, uma manifestação de cerca de 1 milhão de conservadores, a chamada “maioria silenciosa”, marchou em Paris contra a greve geral e as reivindicações dos estudantes. De Gaulle propôs uma solução eleitoral (eleições parlamentares) e graças a ela obteve uma significativa vitória nas eleições de 27 de Junho. Os gaullistas acabaram por aumentar a sua maioria, controlando 358 das 487 cadeiras.

A partir de então o movimento estudantil enfraqueceu. Mas o governo de De Gaulle, abalado por este movimento, acabou por cair. Em 27 de Abril de 1969 o general De Gaulle renunciou à presidência da Republica, depois de tê-la ocupado durante dez anos.

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Crise dos Mísseis de Cuba

primeira metade dos anos 60 provou ser uma das mais difíceis eras da corrida nuclear. Entre 1960 e 1964, França e China entraram para o

grupo de nações equipadas com armas nucleares, testando projetos próprios. Os soviéticos testaram a bomba mais poderosa que já foi explodida, um dispositivo de 58 megatons, detonado na atmosfera.

Quando o presidente Dwight Eisenhower deixou o posto, ele alertou a nação sobre o perigo de um complexo industrial-militar, um termo abrangente que descrevia uma larga rede de indivíduos e instituições que trabalhavam no desenvolvimento de armas e tecnologia bélica. Uma crescente conscientização quanto à tensão entre os países, especialmente entre os Estados Unidos e a Rússia, só serviu para aquecer ainda mais a guerra fria. Em certo momento, os norte-americanos foram encorajados pelo presidente Kennedy a construir ou comprar abrigos antibombas, como forma de evitar os perigos de um ataque nuclear. As pessoas acataram o

conselho e logo um frenesi de construção de abrigos (que durou cerca de um ano) tomou conta de muitos norte-americanos. Um dos primeiros grandes sustos na corrida nuclear começou com a invasão fracassada à Baía dos Porcos, em Cuba, em abril de 1961. O presidente John Kennedy, que havia acabado de assumir, aprovou um plano da CIA para derrubar o líder do país, Fidel Castro e substituí-lo por um governo não comunista, politicamente alinhado aos Estados Unidos. A CIA treinou um grupo de exilados cubanos para a invasão, mas o ataque falhou depois que os bombardeiros de apoio fracassaram em seus ataques

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e os invasores terminaram mortos ou capturados. Esse erro militar embaraçou Kennedy e conduziu a uma situação muito mais perigosa. No ano seguinte, em 14 de outubro, um avião de espionagem U-2, voando sobre Cuba, avistou bases de mísseis nucleares soviéticos em construção e começou o episódio que se tornaria conhecido como Crise dos Mísseis de Cuba. Os mísseis estavam apontados contra os EUA e uma ogiva nuclear poderia atingir facilmente o país em prazo bastante curto. Entre os dias 16 e 29 de outubro, o mundo assistiu a uma nervosa negociação entre o

presidente Kennedy e o líder do Partido Comunista e primeiro-ministro soviético Nikita

Khrushchev, que levou à remoção dos mísseis. Os soviéticos terminaram por

ceder, mas a crise foi o momento em que o mundo esteve mais perto de

uma guerra nuclear. Àquela altura, EUA e URSS reconheciam o conceito conhecido como Destruição Mútua

Assegurada, conhecido em inglês como MAD, ou "loucura". Caso um país realizasse um ataque nuclear, havia consideráveis chances de que o outro lado simplesmente contra-atacasse e a destruição de ambas as nações seria o resultado mais provável. Essa era a única coisa que impedia os dois países de se atacarem mutuamente e, no fim dos anos 60, surgiram novos esforços para desacelerar ou deter a corrida nuclear. Os dois rivais instalaram uma linha direta de contato para facilitar a negociação em caso de nova crise.

Em julho de 1968, foi assinado o Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares, em Washington , Moscou e Londres, para impedir qualquer país, até ali não equipado com armas nucleares, de adquiri-las. O primeiro Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (SALT1), entre os EUA e a URSS, também começou a ser negociado em Helsinki, Finlândia, em novembro de 1969 e o mundo estava a caminho da distensão nuclear, com um relaxamento da hostilidade entre os países e tentativas de compreensão mútua.

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m meados de 1968, a Tchecoslováquia fazia parte do bloco

comunista, sendo aliada da URSS e fazendo parte do Pacto de Varsóvia, estando sob uma ditadura extremamente conservadora. No dia 5 de abril, o Partido Comunista Tcheco surpreendeu a sociedade tcheca com uma proposta de “desestalinizar” o país, removendo vestígios de despotismo e autoritarismo, revisando a Constituição de forma a obter a liberdade do cidadão e os direitos civis e instituindo a liberdade política (fim do monopólio do partido socialista), a liberdade de imprensa, o poder judiciário independente e a tolerância religiosa. As propostas foram aceitas e apoiadas pela polulação. O movimento que propôs a mudança radical da Tchecoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram em favor da rápida democratização. No mês de junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores

De Praga

sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Eles acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para uma social-democracia aos moldes ocidentais. Com estas propostas, o líder do partido, Alexander Dubcek, tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.Temendo a solidificação de uma Tchecoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdades à sociedade, que pudesse ter influência sobre às nações socialistas e às "democracias populares", a União Soviética mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 21 de Agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscou. A reação da população foi não violente, embora adotando uma politica de não colaboração. Esta era orientada por uma programação de rádio, chamada Rádio Tchecoslováquia Livre, ficando no ar por não mais que 9 minutos, de forma a impedir a triangulação do sinal. Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político,

as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população tcheca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 se iniciou uma greve geral e no dia 26 se publicou o decálogo da não cooperação: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!A paralisação dos trens interrompeu a comunicação com os países aliados, e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas foram invertidas e depois pintadas com uma tinta fácil de se raspar, quando os soldados raspavam as tintas para verem a indicação correta, acabavam indo na direção de Moscou.Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população tcheca estava sendo massacrada como fora a população húngara 12 anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Tchecoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach ateou fogo ao próprio corpo numa praça de Praga em 16 de Janeiro de 1969.

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Ofensiva de Tet foi um ataque em três fases contra as forças norte-americanas e sul-vietnamitas em 31 de janeiro de 1968, durante a

Guerra do Vietnã.Em 1967 houve a forte intervenção norte-americana contra as forças do Vietnã Norte que as conteve. Utilizando a seu favor blindados, aviões, helicópteros e sistemas de armas sofisticados, os norte-americanos acreditavam em sua vitória.A liderança política e militar norte-vietnamita acreditava que a fraqueza na ameaça dos Estados Unidos era sua opinião pública. Então em julho de 1967 foi convocada uma reunião em Hanói, para traçar uma estratégia que retomasse a iniciativa do conflito para o Vietnã do Norte. No ano seguinte os guerrilheiros vietcongs e do Exército do Vietnã do Norte confrontaram as forças norte-americanas deixando claro o resultado da reunião.Deslocando forças norte-vietnamita para o sul, e sendo apoiadas em sua ofensiva pelos vietcongs, todas as províncias seriam envolvidas nos combates, aí incluindo todas as cidades do Vietnã do Sul, começando pela capital Saigon. O golpe final demoliria o Exército do Vietnã do Sul e seus aliados norte-americanos.Uma série de ataques marcaram os preparativos para o ataque final, marcado para o final de Janeiro, que tinham como objetivo, afastar as forças sul-vietnamitas de suas bases nos centros urbanos de porte médio e grande. Duas semanas antes do ataque, o ENV lançou duas divisões

contra a base de Khe Sahn, que ficou sob cerco por cerca de 11 semanas. O ataque foi desfechado em 30 de janeiro.Os ataques acabaram em uma semana, com exceção dos combates em Hué e em Khe Sahn. Houve então um balanço da guerra, e os governos do Vietnã Sul e dos Estados Unidos consideraram uma vitória política a não adesão da população aos atacantes, demonstrando o isolamento dos vietcongs. Militarmente foi uma vitória a resistência do ESV, abrindo a perspectiva de uma "vietnamização" do conflito, com a retirada dos EUA da linha de frente do conflito, o que viria a ter início em Janeiro de 1973. Para os norte-vietnamitas, a perda de 79.117 baixas não era dramática, pois em sua maioria pertenciam ao vietcong, o que os enfraquecia diante de Hanói. E se o resultado militar foi frustrante para eles, o impacto provocado na opinião pública norte-americana foi enorme, minando a determinação deles em permanecer no conflito. O "colapso político" do governo norte-americano foi tão violento que levou o General Giap, que já reconsiderava o retraimento de suas forças, a um novo e mais agessivo planejamento de suas operações de guerra. Além das mortes norte-vietnamitas, deveremos acrescentar as perdas fatais dos perto de 7.721 civis, 1.100 norte-americanos e aproximadamente 2.900 soldados sul-vietnamitas. Neste ponto do conflito, contava-se o expressivo número de 1.500.000 refugiados internos, sob a coordenação do governo do Vietnã do Sul.

A Ofensiva de TetA

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Contracultura

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urgida nos anos 60, a Contracultura não pode ser entendida como um

movimento homogêneo, mas sim como um princípio que era adotado em diversas expressões artísticas, o princípio da oposição à cultura vigente.

A juventude era a principal aliada da contracultura, pois tinha um caráter naturalmente inovador, provocante e revolucionário. Uma nova classe de jovens, inconformada com a realidade, se opunha ao consumismo, à televisão, e tudo quanto é tipo de imposição cultural e massificação.

Em linhas gerais, movimentos enraizados na Contracultura pregavam a valorização da natureza, demonstravam a possibilidade de ser eficiente a vida comunitária, respeitavam as mais diversas minorias sociais, lutavam pela manutenção da paz e da liberdade sexual, entre outras coisas. O vegetarianismo também era difundido em muitos grupos da contracultura.

Foi bem notada inclusive nos Estados Unidos, a sociedade do consumo, quando os próprios americanos resolviam negar o nacionalismo

perante conflitos como a Guerra do Vietnã, em que a opinião do governo era antagônica ao desejo de paz de boa parte da opinião pública.

As experiências com drogas eram freqüentes, pois os jovens buscavam uma fuga da realidade, ou simplesmente inspiração para novos pensamentos. A música era a principal ferramenta, a principal arma de protesto à tradição. Artistas como Janis Joplin, Jimi Hendrix e The Doors foram os responsáveis por difundir os ideais alternativos e libertários, além da crítica à cultura de massa.

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Pop Art foi uma manifestação artística, como o próprio nome indica, voltada para a cultura popular. Surgiu na segunda metade do século XX,

na Inglaterra, mas foi nos Estados Unidos que foi amplamente divulgada. Ficou conhecida devido a utilização de verdadeiras figuras e ícones da cultura pop. De maneira geral, as referências feitas aos símbolos culturais dominantes eram uma forma de crítica, pois muito se discutia e contestava sobre o consumismo desenfreado, principalmente norte-americano, difundido após os sentimentos de vitória e esperança do pós 2ª Guerra Mundial. Nessa visão, o chamado “American way of life” ultrapassaria diversos limites e atingiria as mais diversas culturas, resultando num modelo cultural global, na concepção capitalista, como um “Happy people way of life”. Pelo fato de ter surgido em uma época em que o consumo era muito discutido, esse movimento ficou muito próximo das realidades sociais, pois tratava justamente do cotidiano, tanto de pessoas comuns, como de celebridades. Foi muito criticada, pois não era considerada efetivamente uma arte, devido à ausência do tom erudito da maioria das obras, sendo taxada como um subgênero de uma atividade de publicidade. Essa reação à cultura convencional, massificada, também era expressa na maneira de se produzir uma obra do gênero pop: os artistas usavam cores vibrantes, como forma de chamar a atenção; às inovações tecnológicas eram amplamente utilizadas, fazendo com que houvesse uma substituição, mesmo que gradual, do trabalho manual pelo mecânico; as técnicas de repetição nas artes plásticas designavam a produção em série; a utilização de materiais “não convencionais” para a arte, como o poliéster e o látex, demonstravam uma ruptura também com os materiais tradicionais. Os principais expoentes dessa arte foram Andy Warhol e Roy Lichtenstein, que se baseavam principalmente no cinema, nos quadrinhos, na própria publicidade, e na realidade social. As obras em que são representadas latas de Coca Cola e da marca de sopa Campbell ficaram conhecidas no mundo inteiro. Artistas como Marilyn Monroe, Elvis Presley e Marlon Brando eram frequentemente retratados nessas obras. No Brasil, artistas como Duke Lee, Fajardo e Nasser utilizaram a Pop Art como forma de denúncia social, pois expunham a realidade do regime militar.

Pop ArtA

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ambém surgida nos anos 60, a Jovem Guarda esteve voltada para o público jovem. Diferentemente de outros estilos de sua época, não teve vínculos diretos com assuntos políticos e sociais. Estavam preocupados

mesmo em retratar o comportamento e as paixonites juvenis. Essa postura, muitas vezes era vista como alienante, pois se distanciava da realidade política conturbada do país no pós-64.A sua criação oficial foi em 1965, no programa de mesmo nome, da TV Record, substituindo transmissões de jogos de futebol. Seus apresentadores eram os irmãos Roberto e Erasmo Carlos, e Wanderléia. O Rock n Roll ganhava cada vez mais dimensão no mundo, tendo nos Beatles e nos Rolling Stones os maiores contagiantes dessa febre cultural. Ou seja, esse novo estilo foi praticamente a nacionalização dos fenômenos internacionais, mesclando MPB, Rock, Psicodelia, Soul Music, chamando a atenção das multidões, e por isso, ficou conhecido também pela expressão “iê, iê, iê”, referência à canção “A Hard Day’s Night”, dos Beatles. Os artistas nacionais, como Ronnie Von, Os Incríveis e Golden Boys, foram importantes pois popularizaram o uso de novos instrumentos musicais, como a guitarra elétrica. A canção “Quero que vá tudo pro inferno”, de Roberto Carlos, foi levada ao topo das paradas de sucesso, e deu dimensão nacional ao programa, ampliando a sua influência. Com o sucesso, eles conseguiram até mesmo obter lucro com essa tendência, pois começaram a lançar produtos com o logotipo Jovem Guarda, como bonecas e roupas.Como outras manifestações de sua época, passou a perder força quando o consumismo reiniciou o domínio sobre a cultura nacional. Seu esgotamento se deu em 1969, com o término do programa. A partir de então, os artistas passaram a ser mais “maduros”. Em 1995, após 30 anos de sua criação, a Jovem Guarda foi resgatada, quando artistas resolveram justamente comemorar esse aniversário, gravando novas versões dos clássicos da Jovem Guarda. Como exemplo temos Lulu Santos, que regravou “O Calhambeque”, e o grupo Blitz, que fez a sua versão de “Biquíni de Bolinha Amarelinha”.

Jovem Guarda

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tropicalismo é fruto das culturas de vanguarda. Teve seu início com o Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, no

ano de 1967. Por ser um movimento à frente de sua época, foi uma contestação, e uma clara resposta, ao domínio que a bossa nova exercia no território nacional, com todo o seu tradicionalismo. Foi a abertura para que os anseios dos jovens, interessados numa maior participação na MPB, pudessem ser atendidos. Era uma clara resposta também à imposição cultural dos EUA e da Europa. Não se restringindo somente à condição musical, o tropicalismo foi um verdadeiro ditador comportamental,

se refletindo também no cinema e no teatro. Grandes nomes desse movimento são: Gilberto Gil, Os Mutantes, Tom Zé e Caetano Veloso, que, após o lançamento da canção “Tropicália”, marcou essa geração. Esses artistas tinham em comum o desejo de definir o verdadeiro caráter da cultura brasileira, atualizando-o, após reconhecer as novas tendências musicais que surgiam a cada dia.Mesmo sem ter um pulso político, o tropicalismo foi barrado pelo regime militar, pois tanto adorava a liberdade. Gil e Caetano foram presos, e se exilaram na Inglaterra. Anos mais tarde foi redescoberto, quando, em 1997, foram lançados livros contando as história e trajetória do movimento.

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Rock, desde o seu nascimento, teve inúmeros subgêneros. O que é

importante ressaltar no contexto dos anos 60 é o seu espírito comovente e moralizador. Quando se ouve o termo “rock”, geralmente são associadas noções de atitude, protesto, e até mesmo diversão. E foi exatamente isso que o Rock representou pros anos 60: atitude contra a dominação, protesto contra a guerra, e diversão, pois era o verdadeiro combustível de sua época. Era a melhor forma de a juventude se expressar plenamente, demonstrando todas as suas intenções. Os artistas que vestiam o uniforme do Rock n Roll determinavam comportamentos a serem seguidos, modas a serem universalizadas, e insatisfações que deveriam ser resolvidas. Rolling Stones, Beatles, Beach

Boys, Pink Floyd e Bod Dylan são apenas alguns dos nomes que tanto habitavam as cabeças de jovens do mundo inteiro. Os valores burgueses eram questionados, e guerras, como a do Vietnã, eram colocadas em cheque nas discussões. Nessa época, instrumentos musicais passaram a ser mais amplamente utilizados, principalmente após Jimi Hendrix ter potencializado o uso da guitarra, fazendo com que a inovação e a originalidade fossem marcos do Rock n Roll. Mesmo sendo divulgado pela televisão, que passava a ser o meio de comunicação oficial da massa, o Rock n roll foi, acima de tudo, a revolução que desacreditou de toda a realidade de seu tempo.

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Cinema Novo

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Cinema Novo, como ficou conhecido no Brasil

(em Portugal se chamava “Novo Cinema”), foi uma iniciativa de jovens cineastas, que desejavam que a sua arte se voltasse para a realidade, tendo um leque maior de conteúdos, pois a indústria cinematográfica estava indo de encontro à falência. Uma síntese para esse movimento é a frase “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, pois, para os jovens artistas, era isso que bastava, pois eles visavam também a diminuição de custos nas produções.

Estavam interessados em registrar a condição de subdesenvolvimento do Brasil, para que o povo reconhecesse o próprio povo. Tinha essa postura pois receberam grandes influências do neo-realismo do cinema italiano. Os filmes “Rio, 40 graus” e “Vidas Secas”, ambos de Nelson Pereira dos Santos, foram grandes representantes do povo, pois tinham uma linguagem bem direta e simplificada. O segundo foi o representante nacional no Festival de Cannes, em 1964. Outra obra notória da época foi “Deus e o Diabo

na terra do sol”, de Glauber Rocha. Com o regime militar instalado, o cinema não poderia fazer outra coisa, senão refletir e retratar a realidade. E como muito da realidade queria ser preservada pelos militares, o movimento passou a ser caçado, e muitos de seus expoentes foram presos e exilados. Ainda assim não foi silenciado, pois passou a receber outra denominação, a de “cinema marginal”, pois não mais circulava nos meios convencionais de comunicação, estando à beira da sociedade.

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Realismo Socialistarealismo socialista esteve presente em diversas formas de se fazer arte. Manifestou-se na pintura, na música, na literatura, e até mesmo no cinema

e na arquitetura. Seu maior intuito era propagar o ideal comunista, fazendo com que o povo acreditasse seriamente que esse sistema seria eficiente e válido. Por utilizar uma linguagem simples, em qualquer obra de arte, foi capaz de atingir e fazer refletir todas as camadas intelectuais.Sua origem remete ao 1º Congresso da União dos Escritores Soviéticos, de 1934, em que foi determinado que, a partir dessa data, os artistas teriam o dever de produzir obras embasadas no comunismo.

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ConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismoConcretismo

Concretismo

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urgido na década de 50, mas com auge na década de 60, o concretismo, ou poesia concreta, foi um movimento,

como vários outros de sua época, de vanguarda, mas diferindo da maioria destes por ser voltado especificamente para a poesia, que deveria ser mais “palpável” e utilizável. Os idealizadores do concretismo defendiam a busca por uma nova linguagem, ligada a temas sociais. Rejeitavam o expressionismo, o abstracionismo e a subjetividade, pois acreditavam que estes de nada acrescentavam na realidade humana. “Não há arte revolucionária sem forma revolucionária”. Essa frase, do poeta russo

Vladimir Mayakovsky, definia todo o caráter do movimento. Havia a valorização da forma e da visualização, sendo que, em muitos trabalhos, o conteúdo propriamente dito era colocado em segundo plano. Os poetas passavam a abolir o verso, valorizar a geometria e a posição das palavras, fazendo com que a poesia se aproximasse da arquitetura e da escultura. O espaço em branco nas páginas era um recurso comumente utilizado, e representava alguns fins estéticos. No Brasil, a revista Noigandres revelou talentos como os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.

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