revisão - tese 001€¦ · lista de figuras figura 3.1 - fluxograma das etapas do processo de...
TRANSCRIPT
REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – UEMG
TESE DE DOUTORADO
“Efeito de moagem de alta energia e da temperatura de
sinterização sobre a formação de fases (Co6W6C e Co3W3C) em
um compósito do tipo WC-10%Co”
Autor: Adriano Corrêa Batista
Orientador: Prof. Dr. Genivaldo Júlio Perpétuo
Coorientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Pinto
Coorientadora: Profa. Dra. Hellen Cristine Prata de Oliveira
16 de Agosto de 2018
REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – UEMG
Adriano Corrêa Batista
Efeito de moagem de alta energia e da temperatura de
sinterização sobre a formação de fases (Co6W6C e Co3W3C)
em um compósito do tipo WC-10%Co
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Materiais da
REDEMAT, como parte integrante dos
requisitos para a obtenção do título de
Doutor em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: Análise e seleção de materiais
Orientador: Prof. Dr. Genivaldo Júlio Perpétuo
Coorientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Pinto
Coorientadora: Profa. Dra. Hellen Cristine Prata de Oliveira
Ouro Preto, 16 de agosto de 2018.
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
B333e Batista, Adriano Corrêa. Efeito da moagem de alta energia e da temperatura de sinterização sobre a
formação de fases (Co6W6C e Co3W3C) em um compósito do tipo WC-10%Co [manuscrito] / Adriano Corrêa Batista. - 2018.
180f.: il.: color; grafs; tabs.
Orientador: Prof. Dr. Genivaldo Júlio Perpétuo.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. REDEMAT. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais.
Área de Concentração: Análise e Seleção de Materiais.
1. Método de Rietveld. 2. Difração de Raios X. 3. Metalurgia do Pó. 4. Metal Duro. 5. Fases Metaestáveis. I. Perpétuo, Genivaldo Júlio. II. Universidade Federal
CDU: 620
السالم عليك
Dedico este trabalho à Deus, minha esposa, meus pais e meu irmão.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Genivaldo Júlio Perpétuo amizade e orientação deste trabalho.
Às Professoras Hellen Cristine Prata de Oliveira e Maria Aparecida Pinto, pela coorientação
deste trabalho e pelo incentivo.
Aos Professores Paulo Santos Assis, André Cotta e Antônio Claret Sabione meu respeito e
grande admiração.
Ao Professor Geraldo Lúcio Faria e aos técnicos Graciliano e Paulo do Laboratório de
Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica do curso de Engenharia Metalurgia e de
Matérias da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP pela amizade, parceria e o grande
profissionalismo dedicado a meu projeto.
Aos meus colegas Anderson Cunha e André Sena pelas conquistas que tivemos cursando as
disciplinas do programa de pós-graduação.
À REDEMAT, UFOP e a CAPES pelo suporte de infraestrutura e financeiro na execução
deste trabalho.
A todos, que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.
RESUMO
O Compósito WC-10%Co é uma das composições mais produzidas pela indústria fabricante
de metal duro, entretanto sempre se busca o melhor entendimento sobre o efeito de
parâmetros de processo sobre as suas características estruturais, especialmente no que diz
respeito à formação de fases metaestáveis como as fases . Neste trabalho, avaliou-se o
efeito da moagem de alta energia e da temperatura de sinterização sobre as características
microestruturais do compósito. Amostras representativas deste compósito foram fabricadas
a verde a partir da mistura de pós de WC e de Co de alta pureza, em um processo de moagem
de alta energia. Em seguida, estas amostras foram sinterizadas nas temperaturas de 1350°C,
1400°C e 1450°C. Tanto as amostras produto da moagem, quanto as amostras sinterizadas
foram submetidas a análises por difratometria de raios X com refinamento Rietveld para
caracterização, em nível atômico, dos efeitos de cada etapa de processamento sobre a
estrutura do material. As amostras sinterizadas também foram analisadas ao microscópio
eletrônico de varredura e tiveram a porosidade e densidade de Arquimedes medidas. O
presente trabalho mostrou que a rota de caracterização empregada, em especial com a
aplicação do método de Rietveld, é eficiente para acompanhar a evolução estrutural deste
material durante o seu processamento. Foi possível observar que o processo de moagem de
alta energia pode ter acelerado o processo de dissolução de grande parte das partículas de
WC durante a sinterização, contribuindo para a formação acentuada das fases . Verificou-
se que, no processo de sinterização, houve aumento da dureza e da densidade de Arquimedes
com o aumento da temperatura de sinterização, tendo a densidade se aproximado da teórica
para a temperatura de 1450°C. A dissolução da fase WC na matriz de Co aliada à deficiência
de C, desencadeou a formação das fases , principalmente para a maior temperatura de
sinterização.
Palavras chaves: WC-10%Co. Moagem de alta energia. Sinterização convencional. Método
de Rietveld. Fases . Quantificação de Fases.
ABSTRACT
WC-10%Co composite is one of the most produced materials by the hard metal industry;
however, further understanding about effect of process parameters on its structural
characteristics has been continuously sought, especially with respect to the formation of
metastable phases such as the phases. In this context, this paper evaluated the effect of
high-energy milling and sintering temperature on the microstructural characteristics of WC-
10%Co. Representative samples of this composite were made by compaction with a mixture
of high-purity WC and Co powders through a high-energy milling process. These samples
were then sintered at temperatures of 1350°C, 1400°C and 1450°C. Both the milled samples
and the sintered samples were submitted to X-ray diffraction analysis with Rietveld
refinement in order to characterize, at the atomic level, the effects of each processing stage
on the material structure. Additionally, the sintered samples were analyzed using scanning
electron microscopy, and density and porosity measurements were performed as per
Archimedes’ Principle. This study showed that the route of characterization used, especially
with the Rietveld method, proved efficient to follow the structural evolution of this material
during its processing. It could be observed that the high-energy milling process may have
accelerated the dissolution process of a large part of the WC particles during sintering,
contributing to the marked formation of phases. In the sintering process, an increase in the
Archimedes’ density and hardness occurred as the sintering temperature increased, near the
theoretical density at a temperature of 1450°C. The WC phase dissolution in the Co matrix
allied to large reduction of C triggered the formation of phases, mainly at higher sintering
temperatures.
Keywords: WC-10%Co. High-Energy Milling. Conventional Sintering. Rietveld Method.
Phases. Phase Quantification.
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Fluxograma das etapas do processo de fabricação de peças com o
compósito do tipo WC-Co. 26
Figura 3.2 - Propriedades mecânicas em função do teor de C, fase e grafita livre [14].
28
Figura 3.3 - Fluxograma do processo de Produção de engrenagens para uso automotivo
por metalurgia do pó [25]. 32
Figura 3.4 - Etapa de Sinterização – Curva típica de sinterização [25]. 35
Figura 3.5 - Esquema do mecanismo de sinterização. 36
Figura 3.6 - Seção vertical do diagrama ternário W-C-Co [14]. 37
Figura 3.7 - Seção vertical entre a estequiométrica do WC e Co no diagrama de fase
WC-Co-C [7]. 38
Figura 3.8 - Microestrutura de metal duro com baixo teor de carbono prensado a quente
– 1270ºC [37]. 40
Figura 3.9 - Seção Vertical do sistema de tungsténio-cobalto-carbono (W-Co-C)
ternário, calculada com Thermo-Calc acoplado com SSOL4 base de dados
termodinâmico. O teor de cobalto é mantido constante a 10% em peso [42]. 41
Figura 3.10 - Módulo de Young versus a Força de Compressão que ilustra comparação
relativa de WC entre outras famílias de materiais [26]. 44
Figura 3.11 - Designação de cada classe com base no tamanho de grão do WC [9]. 46
Figura 3.12 - Desempenho mecânico dos diferentes tamanhos de grão e composição
de Co para carbonetos cementados. (a) dureza v.s. % em peso de Co; (b)
Tenacidade à fratura v.s. % em peso de Co [9]. 47
Figura 3.13 - O percentual de densificação do WC-Co, em função da temperatura
durante o aquecimento contínuo para vários tamanhos de partícula [50]. 48
Figura 3.14 - Dureza do metal duro com tamanho de grão ultrafino (0,2μm -0,5µm
WC), submicron (0,5μm -0,8µm WC) e fino (0,8μm -1,3µm WC) com
diferentes porcentagens de Co [53]. 50
Figura 3.15 - Dureza e Tenacidade à Fratura do metal duro (WC-10%pCo)
convencional e ultrafino [53]. 51
Figura 3.16 - Dureza Vickers em função da temperatura de trabalho do metal duro
convencional, fino, submicron e ultrafino [53]. 52
Figura 3.17 - Micrografia (a) e padrão de DRX (b) do pó do compósito de WC-10Co [69]. 57
Figura 3.18 - Padrões de DRX das ligas 1, 2 e 4, após a sinterização a 1400℃ durante
60min [69]. 58
Figura 3.19 - Padrões de difração de raios X do compósito WC-17% Co com partículas
do pó antes e após a moagem em moinho de bolas por diferentes tempos [70]. 58
v
Figura 3. 20 - Padrões de difração de raios X do compósito em pó de WC-17%Co: (a)
após 10h de moagem em moinho de bolas, (b) e (c) após o recozimento
isotérmico subsequente a 800°C durante 1h e 2h [70]. 59
Figura 3.21 - Padrões de difracção de raios X de WC-7,5%Co e WC-7,5%Co-nano
com suas respectivas temperaturas de sinterização [71]. 60
Figura 3.22 - Mudanças em: a) densidade relativa e b) dureza de Vickers de WC-
7.5%Co em relação à variação da temperatura de sinterização e tamanho de
partícula inicial do Co como parte da composição [71]. 61
Figura 3.23 - Representação esquemática mostrando o impacto entre as esferas e a
deformação dos pequenos compactos de pó [15]. 62
Figura 3. 24 - (A) Microestrutura de metal duro WC-10% em peso de Co e (B)
Micrografia da amostra de WC-10%Co com os pontos da análise de EDS [52]. 64
Figura 3.25 - Observado (curvas), calculados (círculos) e diferença (Iobs-Icalc, 1)
parâmetros de Rietveld ajuste para a mistura de carboneto em pó, extraído
eletroliticamente do aço 2.25Cr-1Mo-0.25V as-temperado durante (a) 2h,
(b) 5h e (c), 10h, respectivamente [86]. 67
Figura 3. 26 - Micrografias eletrônicas de transmissão da réplica extração do aço
2.25Cr-1Mo-0.25V temperado a (a) 2h, (b) 5h, e (c) 10h, respectivamente [74]. 68
Figura 3.27 - Padrão de difração para raios X e a imagem micrográfica de MEV do pó;
sem picos W2C visíveis; 6,07% em peso de C ligado, valor estequiométrico
no WC de 6,13% em peso de C [75]. 69
Figura 3.28 - Rede cristalina do WC, sombreada em destaque, a célula unitária do WC [75]. 70
Figura 3.29 - Os efeitos de uma vacância de carbono na estrutura do WC – em cinza o
W, em preto o C e em branco a vacância do carbono [75]. 71
Figura 3.30 - Os modelos de estruturas cristalinas para os carbetos η Co6W6C e
Co3W3C. Onde, X=M1 e Y=M2 representam dois tipos diferentes de átomos
do metal em 3D colocados nas posições 32(e) e 16(d) [5]. 72
Figura 3.31 – Produção de ferramentas de metal duro ultrafino no ano de 2000 [53]. 78
Figura 3.32 - Brocas para placa de circuito impresso com o diâmetro da ponta de
0,2mm, 0,25mm e 1mm [4]. 78
Figura 3.33 - Metal duro bruto utilizado em (a) Núcleos, buchas, blocos, blanks para
estampos, bicos de jato, cilindros, pastilhas e anéis. (b) Panela de moagem [9]. 79
Figura 3.34 - Metal duro retificado utilizado em (a) Regua "z" e roletes recravadores,
guias da calandra, para todos os tipos de máquinas. (b) Fieiras e mandris
para trefilação de barras e tubos com perfis redondos, quadrados,
retangulares, hexagonais e especiais. (c) Matrizes para fabricação de
parafusos e porcas, extrusão de bisnagas e também matrizes segmentadas.
(d) Matrizes com perfis especiais para indústria de autopeças. (e) Facas
rotativas para indústrias de embalagens metálicas e de papel. (f) Discos em
aço, com perfis especiais, lisos e roletes guia em metal duro [9]. 80
vi
Figura 3.35 - Aplicação dos inserts de WC em broca com cones cortantes, no detalhe
os diversos tipos de inserts para diferentes aplicações [93]. 81
Figura 3.36 - Broca de PDC – Polycristaline Diamond Cutter [93]. 81
Figura 3.37 - Número de brocas usadas por poço de petróleo, devido ao uso de metal
duro, PDC e design de broca melhorado [93]. 82
Figura 3.38 - Estabilizadores com laminas de desgaste revestidas com plaquetas de
WC [93]. 82
Figura 3.39 - Rolamento utilizado em motores de perfuração com faces internas
revestida com placas de WC [93]. 83
Figura 3.40 - Exemplos da contribuição da metalurgia do pó na indústria
automobilística [25]. 84
Figura 3.41 - Evolução da quantidade de peças sinterizadas por veículo e Região [24,25].
86
Figura 3.42 - Campos de atuação dos diversos processos em termos de resistência
mecânica e tolerâncias [95]. 90
Figura 3.43 - Comparação de resistência mecânica entre diversos materiais e 90
Figura 3.44 - Comparativos entre complexidade e produtividade de processos
metalúrgicos para obtenção de peças [96]. 91
Figura 3.45 - Custos de fabricação de componentes mecânicos relativos à
complexidade geométrica de diversos processos [97]. 92
Figura 3.46 - Competitividade da metalurgia do pó frente à usinagem em função do
volume fabricado [95]. 92
Figura 3.47 - Metalurgia do pó x fusão convencional [47]. 93
Figura 3.48 - Comparativo de processos metalúrgicos de produção de peças [25, 95]. 93
Figura 4.1 - Fluxograma da rota experimental utilizada neste trabalho. 98
Figura 4.2 - Modelo da matriz de aço utilizada na compactação dos pós de WC-
10%Co. 102
Figura 4.3 - Matriz de compactação. 103
Figura 4.4 - Volume da amostra compactada. 104
Figura 4.5 - Condições de sinterização para as amostras com tempo de 60 minutos nos
patamares de sinterização a 1350ºC, 1400ºC e 1450ºC. 106
Figura 4.6 - Ilustração do sistema utilizado para o cálculo da densidade aparente por
Arquimedes. 108
Figura 4.7 - Micrograficas representativas dos padrões de porosidade ISO 4505. 110
Figura 5.1 - Difratograma do pó nanométrico de WC. 115
Figura 5.2 - Micrografia do pó de WC com aumento de 30000x. 116
Figura 5.3 - Gráfico de Rietveld do pó de WC nanométrico. 117
Figura 5.4 - Difratogramas do pó de Co e referências. 118
Figura 5.5 - Pó de Cobalto produzido por atomização em água – formato ligamental. 119
vii
Figura 5.6 - Gráfico de Rietveld do pó de Co. 119
Figura 5.7 - Difratograma da mistura dos pós de WC e 10% em peso de Co. 120
Figura 5.8 - Gráfico de Rietveld da mistura dos pós de WC e Co. 122
Figura 5.9 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1350°C (Circulos - exemplos de
poros). 124
Figura 5.10 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1400°C. 124
Figura 5.11 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1450°C. 125
Figura 5.12 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1350ºC. 126
Figura 5.13 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada
a 1350ºC. 127
Figura 5.14 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1400ºC. 128
Figura 5.15 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada
a 1400ºC. 129
Figura 5.16 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1450ºC. 130
Figura 5.17 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada
a 1450ºC. 131
Figura 5.18 - Difratograma da amostra sinterizada a 1350ºC. 133
Figura 5.19 - Difratograma da amostra sinterizada a 1400ºC. 133
Figura 5.20 - Difratograma da amostra sinterizada a 1450ºC. 134
Figura 5.21 - Amostra sinterizada a 1350ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
17.80%, Rp 12.04%, 𝝌𝟐 1.49% e R(F2) 8.93%). 135
Figura 5.22 - Amostra sinterizada a 1400ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
19.25%, Rp 14.14%, 𝝌𝟐 1.65% e R(F2) 9.713%). 136
Figura 5.23 - Amostra sinterizada a 1450ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
20.53%, Rp 14.84%, 𝝌𝟐 1.84% e R(F2) 11.91%). 136
Figura 5.24 - Evolução das fases metaestáveis com o aumento da temperatura dos
patamares de sinterização. 142
Figura 5.25 - Seção Vertical entre a estequiométrica do WC e Co no diagrama de fase
WC-Co-C [22]. 143
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Propriedades mecânicas do WC e outros materiais duros comuns [26]. 43
Tabela 3.2 - Classificação dos tamanhos de grãos para o WC [45]. 45
Tabela 3.3 - Propriedades básicas de alguns cabetos e ligantes do metal duro [47]. 46
Tabela 3.4 - Composição nominal, densidade, tenacidade à fratura (K1C) e dureza
Vickers (HV30) de vários carbetos sinterizados, a partir de pós
nanométricos de WC [58]. 52
Tabela 3.5 - Dureza e tenacidade à fratura de WC-Co sinterizado por diferentes
processos usando pós nanométricos [4]. 54
Tabela 3. 6 - Análise quantitativa pontual por EDS para o metal duro WC-10Co [52]. 64
Tabela 3.7 - Refinamento dos parâmetros de célula unitária e fração de massa dos
carbonetos ao final do refinamento de Rietveld [74]. 67
Tabela 3.8 - Evolução da quantidade de carboneto durante a têmpera [74]. 68
Tabela 3.9 - Posições atômicas para o carbeto Cúbico Co3W3C e Co6W6C [5]. 71
Tabela 3.10 - Parâmetros de rede otimizados (a, em nm), o volume da célula (V, em
nm3), posições atômicas internas (x1 e x2, ver Tabela 3.9) e densidade
teórica (ρteor, em g/cm3) para carbetos cúbicos Co3W3C e Co6W6C, em
comparação com os dados experimentais [5]. 72
Tabela 3.11 - Propriedades requeridas de acordo com as áreas de aplicação para o metal
duro [49]. 77
Tabela 3.12 - Produtos sinterizados, aplicações e propriedades [47]. 87
Tabela 4.1 - Composição química do pó de WC nanométrico (% em peso). 99
Tabela 4.2 - Composição química do pó de Co (% em peso). 99
Tabela 4.3 - Valores das densidades teórica do WC, Co e compósito WC-10%Co. 100
Tabela 5.1 - Parâmetros de rede, volume e densidade de célula unitária do pó de WC
e após sua mistura com Co. 122
Tabela 5.2 - Densidade a verde teórica (VT) e densidade a verde (V) dos compactados.
123
Tabela 5.3 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1350ºC,
para os pontos de 1 a 5 indicados na Figura 5.12. 126
Tabela 5.4 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento
por raios X da amostra sinterizada a 1350ºC, para a Figura 5.13. 127
Tabela 5.5 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1400ºC,
para os pontos de 1 à 5 indicados na Figura 5.14. 128
Tabela 5.6 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento
de raios X da amostra sinterizada a 1400ºC, para a Figura 5.15. 130
Tabela 5.7 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1450ºC,
para os pontos de 1 à 5 indicados na Figura 5.16. 131
ix
Tabela 5.8 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento
por raios X da amostra sinterizada a 1450ºC, para a Figura 5.17. 132
Tabela 5.9 - Quantificação de fases obtidas com o método de Rietveld para as amostras
sinterizadas a 1350°C, 1400°C e 1450°C. 137
Tabela 5.10 - Informações dos parâmetros de rede obtidos pelo o método de Rietveld
para as amostras sinterizadas. 138
Tabela 5.11 - Informações de volume e densidade obtidas pelo método de Rietveld
para as amostras sinterizadas. 138
Tabela 5.12 - Propriedades Físicas dos sinterizados, densidade por Arquimedes
(𝝆𝑨𝒓𝒒) e porosidade (P). 140
Tabela 5.13 - Média dos valores de microdureza Vickers das amostras sinterizadas. 142
x
NOMENCLATURA
% - Porcentagem
- Ângulo theta
- Comprimento de onda
- Fase ligante Beta (solução sólida de Co com W e C)
- Fase metaestável eta
- Mícrons
A - Densidade aparente
Arq - Densidade aparente por Arquimedes
ohm cm – Micro ohm centímetro
R - Densidade relativa
T - Densidade teórica
v - Densidade a verde
VT - Densidade a verde teórica
𝐴𝑏 - Fator de absorção
𝐿𝑘 - Contém os fatores de Lorentz, polarização e multiplicidade
𝑃𝑘 - Função de orientação preferencial
𝑆𝑅 - Função para ajustar os efeitos de rugosidade de superfície
𝑆𝑝 - Fator de escala para cada fase
𝑦𝑏𝑖 - Contribuição de radiação de fundo
< - É menor que
> - É maior que
± - Mais ou menos
∅(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘) - Função de perfil que aproxima os efeitos das características instrumentais e
da amostra
µm – Micrômetros
Å – Ângstron
A – Área
A - Parâmetro de assimetria
a, b e c – Parâmetros de rede
ABET - Área de superfície específica do pó
AK - Função de correção de absorção
xi
Al – Alumínio
Al2O3 – Óxido de alumínio
Ar – Argônio
ASTM - American Society for Testing and Materials
B – Boro
BDEC - Bases de Estruturas Cristalinas
BET - Brunauer, Emmett e Teller
BSE - Backscattered electrons / elétrons retroespalhados
C – Carbono
Ca – Cálcio
cfc - Estrutura cúbica de face centrada
CIF - Crystallographic Information File
cm3 – Centímetro cúbico
Co – Cobalto
Co3W3C - Representação da fase eta ()
Co6W6C – Representação da fase eta ()
cps – Contagem por segundo
Cr – Cromo
CVD - Chemical Vapor Deposition
D - Densidade/Método de Arquimedes
D - Densificação
d – Diâmetro
DBET - Diâmetro esférico equivalente das partículas
DEMET – Departamento de Engenharia Metalúrgica
DRX - Difração de Raios X
EDS - Espectroscopia em Energia Dispersiva
EM – Escola de Minas
EUA – Estados Unidos da América
F – Força
Fc - Fator de compactação
Fe - Ferro
FWHM - Full width at half maximum / largura total a meia altura
FβK - Fator de estrutura
g – Gramas
xii
G (2) - Função de Gauss
g/cm3 – Gramas por centímetro cúbico
GOF - Goodness-of-fit
GPa – Gigapascal
GSAS - General Structure Analysis System
h – horas
H2 – Hidrogênio
hc - Estrutura hexagonal compacta
hf - Altura final
HFIHS - High frequency induction-heated sintering / sinterização por indução a alta
frequência
hi - Altura de enchimento
HIP - Prensagem isostática a quente
HK – Dureza Knoop
hp - Hexagonal primitiva
HP - Hot pressing / prensagem a quente
HV - Microdureza Vickers
HV30 - Microdureza Vickers
ISO - International Organization for Standardization
K - Reflexões Bragg indexadas
K1C - Tenacidade à fratura
kg – Quilograma
kgf – quilograma-força
kgf/mm2 – Quilograma-força por milímetro quadrado
kV – Quilo-volt
L – Fase líquida
L (2) – Função de Lorentz
L/C - Ligante/carbeto
LAMAV - Laboratório de Materiais Avançados
LCM - Livre caminho médio
LβK - Fator de Lorentz, polarização e fatores de multiplicidade
m - Massa
M4C, M6C, M12C, M23C6 – Isomorfismo da fase metaestável η
mA - Miliàmpere
xiii
mbar - Milibar
mC - Massa do carboneto extraído a partir do espécime
MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura
mi - Amostra imersa
MJ/kg – Megajoule por quilograma
mo - Massa original da amostra antes da eletrólise
Mo – Molibdênio
MP – Metalurgia do Pó
MPa - Megapascal
MPa.m1/2 – Megapascal vezes metro elevado à meio
MR - Método de Rietveld
ms - Massa a seco
mt - Massa final da amostra depois de eletrólise
Mα – Massa da fórmula unitária de cada fase α
Mβ=B.sen2 (θβ)/λ2 - Fator da temperatura global
N - Newton
Nb – Nióbio
NbC - Carbeto de nióbio
Ni – Níquel
Ni – Níquel
nm - nanômetros
nm3 – Nanometros ao cubo
º - Graus
O2 – Oxigênio
ºC – Graus Celsius
P - Porosidade
P – Porosidade
P – Pressão
P.M - Poder de Micro Forjamento
Pc - Pressão de compactação
PCB - Placas de circuito impresso
PDC - Cortador de diamante policristalino
ppm – Partes por milhão
PPS - Pulse plasma sintering / sinterização por plasma pulsado
xiv
PVD - Physical Vapor Deposition
PβK - Função de orientação preferencial
R – Índice R ou Critérios de Refinamento
R – Raio atômico
Resp - O melhor valor possível para 𝑅𝑤𝑝
Rexp – Parâmetros de qualidade do refinamento esperado
ROC – Rapid omni compaction / compactação rápida omni
Rp – Parâmetros de qualidade do refinamento padrão
Rwp – Parâmetros de qualidade do refinamento ponderando
S - Índice de qualidade do refinamento
SE - Secondary electrons / elétrons secundários
SiC – Carbeto de silício
SPS - Spark plasma sintering / sinterização com ignição de plasma
Sα – Fator de escala de Rietveld de cada fase α
Sβ - Fator de escala
t – Toneladas
Ta – Tântalo
TaC - Carbeto de tântalo
tf – Tonelada-força
Ti - Titânio
TiC – Carbeto de titânio
TiCN – Carbonitreto de titânio
TiN – Nitreto de titânio
UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense
UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
UPRC - Ultrahigh pressure rapid hot consolidation /consolidação a quente com ultrarrápida
pressão
V – Vanádio
V - Volume da célula
v.s. - Versus
VC - Carbeto de vanádio
Vα – Volume da célula unitária de cada fase α.
W – Tungstênio
W/m.K – Watt por metro por Kelvin
xv
WC – Carbeto de tungstênio
Wm-1 C-1 – Watt por metro por Celsius
x, y, z – Coordenadas da posição dos átomos na célula unitária
x1 e x2 - Posições atômicas internas
Ybi - Intensidade do background, no i passo
ycal – Padrão calculado teórico de qualidade do refinamento
Yi – Intensidade correspondente
Yicalc - Valor teoricamente previsto calculado em cada posição angular
yobs – Padrão observado de qualidade do refinamento
ZrC – Carbeto de zircônia
Zα – Número de células unitárias de cada fase α
α – Fase alpha
α, , - Ângulos entre os vetores
β - Fase
η - Função modificada de Thompson-Cox-Hastings
π – número Pi
Ρ - Densidade teórica
ρa – Densidade aparente
ρágua - Densidade da água
ρexp - Densidade experimental
ρteor - Densidade teórica
χα - Massa relativa da fase α
𝐴𝑠 - Função de assimetria de perfil
𝐹(ℎ𝑘𝑙) - Fator de estrutura
𝑁 - Número de pontos coletados
𝛽 - Fator de Debye-Waller
𝜎[𝑦𝑜𝑏𝑠] - Incerteza sobre 𝑦𝑜𝑏𝑠 ou incerteza padrão
xvi
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................... 18
CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS .............................................................................................. 20
2.1 - Objetivo Geral ......................................................................................................... 20
2.2 - Objetivos Específicos .............................................................................................. 20
CAPÍTULO 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 21
3.1 - Histórico – Metal Duro ........................................................................................... 22
3.2 Metal Duro – WC-Co ................................................................................................ 24
3.3 - Produção dos Pós de W, Co e WC .......................................................................... 26
3.4 - WC-Co Nanoestruturado ......................................................................................... 30
3.5 - Metalurgia do Pó ..................................................................................................... 31
3.6 - Mistura .................................................................................................................... 32
3.7 - Conformação ........................................................................................................... 33
3.8 - Sinterização ............................................................................................................. 34
3.9 - Fases eta () – Co6W6C e Co3W3C ......................................................................... 39
3.10 - Material Nanoparticulado ...................................................................................... 42
3.11 - Propriedades Gerais............................................................................................... 43
3.12 - Propriedades Mecânicas ........................................................................................ 45
3.13 - Densificação .......................................................................................................... 47
3.14 - Porosidade ............................................................................................................. 49
3.15 - Dureza e Tenacidade à Fratura .............................................................................. 49
3.16 - Caracterização Microestrutural ............................................................................. 55
3.17 - Moagem de Alta Energia....................................................................................... 61
3.18 - Modelagem Estrutural e Quantificação de Fases .................................................. 65
3.19 - Aplicações do Metal Duro – WC-Co .................................................................... 77
3.20 - Aplicação da Metalurgia do Pó - MP .................................................................... 84
3.20.1 - Vantagens e desvantagens da metalurgia do pó ............................................. 87
3.20.2 - Comparação com outros processos ................................................................ 89
3.21 - Método de Rietveld – MR ..................................................................................... 94
CAPÍTULO 4 - PARTE EXPERIMENTAL ....................................................................... 98
4.1 - Materiais Utilizados para a Confecção das Amostras ............................................. 98
4.2 - Preparo da Mistura ................................................................................................ 100
4.3 - Homogeneização dos Pós de WC e Co ................................................................. 101
4.4 - Compactação do Pó WC-10%Co e Determinação da Massa por Amostra
Compactada ................................................................................................................... 101
xvii
4.5 - Densidades a Verde – V ...................................................................................... 105
4.6 - Sinterização Convencional .................................................................................... 105
4.7 - Densidade Aparente – a ....................................................................................... 106
4.8 - Densidade Relativa – R ........................................................................................ 107
4.9 - Densidade aparente por Arquimedes – Arq .......................................................... 107
4.10 - Densificação – D ................................................................................................. 108
4.11 - Preparação Metalográfica .................................................................................... 109
4.12 - Porosidade ........................................................................................................... 109
4.13 - Dureza Vickers .................................................................................................... 111
4.14 - Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV..................................................... 111
4.15 - Espectroscopia por Dispersão de Energia – EDS ................................................ 112
4.16 - Difração de Raios X – DRX ................................................................................ 112
4.17 - Método de Rietveld – MR ................................................................................... 114
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 115
5.1 - Caracterização da Matéria-Prima .......................................................................... 115
5.1.1 - Análise do pó de WC ..................................................................................... 115
5.1.2 Análise do pó de Co.......................................................................................... 117
5.1.3 - Análise da mistura formadora do compósito WC-10%Co ............................. 120
5.2 - Compactação ......................................................................................................... 123
5.3 - Sinterização ........................................................................................................... 123
5.3.1 - Caracterização microestrutural dos sinterizados ............................................ 125
5.3.2 - Análise Qualitativa de Fases .......................................................................... 132
5.4 - Propriedades Físicas .............................................................................................. 140
5.5 - Propriedades Mecânicas ........................................................................................ 141
5.6 - Fases - Co6W6C e Co3W3C ................................................................................ 142
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES ....................................................................................... 147
CAPÍTULO 7 - CONTRIBUIÇÕES ORIGINAIS AO CONHECIMENTO .................... 148
CAPÍTULO 8 - RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS.................................................... 149
CAPÍTULO 9 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................... 150
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 151
PUBLICAÇÕES DO AUTOR RELACIONADAS COM O TRABALHO ..................... 162
ANEXOS ........................................................................................................................... 164
18
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
O Compósito WC-10%Co é uma das composições mais produzidas pela indústria
fabricante de metal duro, entretanto sempre se busca o melhor entendimento sobre o efeito
de parâmetros de processo sobre as suas características estruturais, especialmente no que diz
respeito à formação de fases metaestáveis como as fases Eta – [1-2].
A escolha desse compósito está ligada à sua versatilidade, tendo suas principais
características e propriedades variando de acordo com a quantidade de ligante, porosidade,
teor de carbono e granulometria. Esta composição do WC-Co é classificada pela
International Organization for Standardization (Norma ISO 513, 2004) como grupo G,
sendo a classe aplicada na área de conformação mecânica como insertos para matrizes de
forjamento a frio, estampos de conformação de chapas e insertos de ferramentas para
mineração [2].
O estudo deste compósito é relevante pelo fato de que o mesmo é utilizado em
inúmeros seguimentos da indústria de ferramentas de corte para usinagem, mineração,
construção civil, brocas e minibrocas, suportes, motores elétricos. Sendo fundamental no
desenvolvimento e aplicação em componentes de equipamentos da indústria de exploração
e produção de óleo e gás, principalmente na área de perfuração, sendo um excelente material
para trabalhos em cargas dinâmicas a quente. Também é largamente utilizado na indústria
automobilística e na usinagem geral de metais, sobretudo nas operações que requerem alta
remoção de materiais e altas rotações.
Contudo, as ferramentas de corte à base de metal duro, ainda são, em grande parte,
importadas, ressaltando a relevância do desenvolvimento tecnológico destas ferramentas no
país. Estes materiais oferecem propriedades mecânicas tais como dureza e tenacidade à
fratura que podem ser obtidas e melhoradas em função, sobretudo, dos seus aspectos
microestruturais, sendo de relevante importância o estudo e compreensão da formação de
suas microestruturas.
As técnicas utilizadas na caracterização dos materiais em pó e sinterizados foram a
Microscopia Eletrônica de Varredura / Espectroscopia em Energia Dispersiva (MEV/EDS),
a Difração de Raios X (DRX), o Método de Rietveld (MR), os ensaios de Microdureza
Vickers (HV), Porosidade/metalografia quantitativa (P) e Densidade/Método de Arquimedes
(D).
19
Neste sentido, o trabalho foi justificado em duas frentes:
I. Processamento do compósito do tipo WC-10%Co onde a literatura é escassa, e
exploratória para o uso do pó de WC com tamanho de partícula nanométrica
limitando-se, na maioria a medidas de propriedades mecânicas.
II. Análise da formação e caracterização das fases em função da moagem de alta
energia e das temperaturas de sinterização pelos métodos propostos.
O trabalho de caráter inédito concentra, em sua extensão, os efeitos da moagem de
alta energia e temperatura de sinterização em função da formação e transformação das fases
metaestáveis (Co6W6C e Co3W3C) e todo o banco de dados, a partir da análise pelo método
de Rietveld, relativo a estas fases apresentado em nível atômico. As informações obtidas a
partir de ferramentas consolidadas no universo da caracterização de materiais auxiliaram na
interpretação dos eventos ocorridos durante os processos de obtenção da matéria-prima e da
produção das peças sinterizadas assim como a interpretação das transformações
microestruturais ocorridas durante estas etapas.
20
CAPÍTULO 2 - OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
De forma geral, este trabalho visa a caracterização das fases metaestáveis ,
formadas a partir de um compósito do tipo WC-10%Co processado com o uso do pó de WC
com tamanho de partícula nanométrica, obtendo informações da formação de suas
microestruturas e o seu comportamento estrutural em função dos processos de moagem de
alta energia e das temperaturas de sinterização na matéria-prima e peças sinterizadas.
2.2 - Objetivos Específicos
✓ Utilizar a moagem de alta energia para induzir a formação das fases (Co6W6C e
Co3W3C).
✓ Utilizar o Método de Rietveld para quantificar e obter informações, em nível atômico,
da matéria-prima em pó e das peças sinterizadas.
✓ Utilizar bancos de dados cristalográficos, obtidos por meio do cálculo de primeiros
princípios Ab Initio, em substituição de dados experimentais para o refinamento dos
dados de difração de raios X via padrão interno.
✓ Estudar a influência das temperaturas de sinterização de 1350ºC, 1400ºC e 1450ºC na
formação das fases metaestáveis .
✓ Avaliação das propriedades físicas e mecânicas das amostras produzidas por meio das
medidas de densidade, porosidade e dureza.
21
CAPÍTULO 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo serão discutidas as etapas na sequência de execução do projeto, onde
citam-se referências bibliográficas que serviram de guia para a compreensão dos
procedimentos e resultados obtidos.
Embora o cerne da tese seja realizar o estudo ligado ao “Efeito de moagem de alta
energia e da temperatura de sinterização sobre a formação de fases (Co6W6C e Co3W3C)
em um compósito do tipo WC-10%Co”, vários estudos foram realizados, incluindo fatos
históricos, a produção dos pós de Carbeto de Tungstênio e de Cobalto, a metalurgia do pó,
todos os aparatos experimentais e as técnicas utilizadas para a obtenção dos resultados.
A predisposição de cada elemento componente nesta revisão estará indicada nos
subitens a seguir, construídos a partir de literaturas clássicas e recentes, em especial os
artigos “A História do Progresso Tecnológico do Metal Duro” (The history of the
technological progress of hardmetals), que relata o histórico e as rotas de processamento
industrial deste compósito [2]. O livro “Carbeto de Tungstênio – Estrutura, Propriedades e
Aplicações do Metal Duro” (Tungsten Carbides – Structure, Properties and Application in
Hardmetals) [3]. Também o artigo “Sinteses, sinterização, e propriedades mecânicas do
carbeto de tungstênio cementado nanocristalino – Uma revisão” (Synthesis, sintering, and
mechanical properties of nanocrystalline cemented tungsten carbide – A review), onde os
autores relatam, em revisão, os avanços obtidos com o metal duro e a nanotecnologia ligados
a este compósito nos quarenta anos que antecederam seu trabalho [4]. O trabalho de D.V.
Suetin [5] que forneceu seus artigos e seu banco de dados cristalográficos produzido via
cálculos de primeiros princípios (Ab Initio), o que permitiu alcançar um dos principais
objetivos desta tese – utilizar bancos de dados cristalográficos obtidos por meio do cálculo
de primeiros princípios Ab Initio em substituição a dados experimentais para o refinamento
dos dados de difração de raios X via padrão interno com método de Rietveld [5].
Estas e as demais referências bibliográficas foram organizadas de forma a indicar os
passos que auxiliaram a construção desta tese. Mesmo que extenso em quantidade de texto
teórico ou experimental, a revisão se justifica pelo fato de se tratar de um dos primeiros
trabalhos do programa de pós-graduação a utilizar a metalurgia do pó e o método de Rietveld.
Espera-se que estas contribuições sejam úteis pelo seu conteúdo para trabalhos acadêmicos
futuros, fortalecendo assim, a metalurgia do pó nesta instituição.
22
3.1 - Histórico – Metal Duro
O carbeto de tungstênio foi sintetizado pelo químico francês Ferdinand Frédéric
Henri Moissan, por volta de 1890, quando pesquisava uma técnica para síntese de diamantes.
Em 1923, a partir de pesquisas para a OSRAM Studiengesellschaft, na Alemanha,
Karl Schröter obteve êxito em produzir o primeiro metal duro, densificando o carbeto de
tungstênio durante a sinterização, usando cobalto como metal ligante. O material obtido
apresentava alta densidade e dureza [2,6].
A empresa KRUPP adquiriu os direitos da patente original e introduziu no mercado
o produto, em 1927, na Alemanha, sob o nome de WIDIA (contração de wie diamant,
significado de “como diamante”, do alemão, em alusão à alta dureza do material),
provocando grande impulso na área de materiais para ferramenta de corte, ao permitir o
emprego de maiores velocidades de corte. Após a Segunda Guerra Mundial, rapidamente
seu desenvolvimento expandiu-se para vários países. Poucos anos depois, surgiram novos
desenvolvimentos com a descoberta de Schwarzkopf de que, com a substituição de parte do
carbeto de tungstênio por outros carbetos, como TiC, TaC, VC e NbC, obtinham-se metais
duros com propriedades superiores que permitiam velocidades de corte ainda maiores [2,7].
Em 1951, apareceram os primeiros metais duros com alta resistência à corrosão,
constituídos por Cr3C2-Ni [2,6].
A partir de 1952, iniciaram-se as pesquisas em ligantes constituídos por associações
entre ferro, níquel e cobalto, atingindo também boas propriedades [2,8].
Em torno de 1960, os primeiros cermets chegam ao mercado, após pesquisas
realizadas por Humenik e Moskowitz, empregando TiC como fase de alta dureza e uma fase
ligante à base de níquel-molibdênio [2,7].
Em meados da década de 1960, ocorreu o desenvolvimento da tecnologia de
prensagem isostática a quente (HIP) em metais duros, possibilitando a fabricação de
componentes de alta densidade e excelentes propriedades [2,7].
No final desta década, com o avanço da tecnologia em processos CVD (Chemical
Vapor Deposition), surgem as aplicações de revestimentos em ferramentas de metais duros,
de materiais como TiC, TiN, TiCN Al2O3, com alta resistência ao desgaste, permitindo
maiores velocidades de corte e maior vida para as ferramentas. O processo de revestimento
PVD (Physical Vapor Deposition) também passou a ser introduzido, com o mesmo
propósito, a partir de 1970 [6].
23
Embora pesquisas com metais duros de tamanho de grão submicrométrico tenham
iniciado por volta de 1946, estudos mais sistemáticos têm sido realizados recentemente. Há
uma forte tendência em empregar tamanhos de grão cada vez mais finos, incluindo até
partículas de grandeza nanométrica (abaixo de 100nm), buscando compósitos que agreguem
alta dureza, alta resistência ao desgaste e boa tenacidade à fratura [2,7].
A produção de metais duros com partículas mais finas, entretanto, traz um desafio
tecnológico devido ao rápido crescimento de grão durante o processo de sinterização,
exigindo a dopagem com inibidores deste fenômeno [9].
A empresa sueca Sandvik Corporation é, atualmente, a maior fabricante de metais
duros no mundo [10].
O metal duro é uma classe de materiais obtidos a partir de carbetos de metais
refratários, como o Tungstênio (W), Molibdênio (Mo), Titânio (Ti), Vanádio (V), Nióbio
(Nb), Tântalo (Ta) e Cromo (Cr). É um compósito de matriz metálica composto por uma
fase dura, os carbetos, e uma fase dúctil, o metal ligante, podendo ser o Cobalto (Co), o Ferro
(Fe) ou o Níquel (Ni), exercendo o papel de ligante da fase dura, atribuindo, ao material,
tenacidade adequada [11].
Com relação aos aspectos econômicos, no ano de 2012, cerca de 50 a 55 mil toneladas
de WC-Co foram fabricadas no mundo. Em 2011, o volume global de vendas de
componentes e ferramentas de metais duros ultrapassou a marca de 22 bilhões de euros [20].
Em 2002, o mercado mundial de materiais destinados a compor a fase ligante de metais
duros ou a matriz de ferramentas diamantadas foi estimado em 6 mil toneladas/ano,
atingindo um valor de 250 a 300 milhões de euros. Deste montante, 67% foram direcionados
para a produção de metais duros. Além disto, 90% deste mercado foram compostos por
cobalto e suas ligas, sendo o restante composto por ferro, níquel, cobre e bronze [21].
Os metais duros representam 75% do mercado de ferramentas de corte [22]. Do
consumo mundial de metais duros, em 2008, 26% foram dirigidos a operações de usinagem
em rochas, 26% a operações de usinagem em madeiras e polímeros, 22% à usinagem de
metais, 17% a aplicações que exigem resistência ao desgaste e 9% ao setor de conformação.
Em contraste, a porção relativa à usinagem de metais abrange 65% dos valores negociados
[23].
24
3.2 Metal Duro – WC-Co
Metal Duro (Hardmetals) e/ou Carbetos Cementados (Cermentd Carbides)? Os dois
termos são equivalentes. No entanto, "Hardmetals" é preferencialmente utilizado na Europa
(em alemão, apenas a palavra "Hartmetall" é utilizada), enquanto que nos EUA e na literatura
Europeia Inglesa, "Cermentd Carbides" é utilizado [2,3].
Desde a sua descoberta por Schröter em 1923, metais duros que contêm uma fase de
WC dominante são geralmente denominados como "Carbonetos Cementados". O termo
"metal duro" é também usado para os materiais livres de ligante e cementado. O nome
cementado (cermets) foi introduzido após a Segunda Guerra Mundial. Ele é composto pelas
sílabas "cer" de cerâmica e "met" a partir de metal. Originalmente esta nova expressão foi
proposta para descrever materiais que combinam as propriedades favoráveis da cerâmica
(dureza e resistência ao desgaste) com as de metais (especialmente tenacidade). [26].
O WC-Co é composto por diferentes fases, sendo WC a fase dura e o Co a fase
ligante. Também podem ser usados outros carbetos diferentes do WC, tais como, TiC, TaC,
NbC e VC, os quais são incorporados para aplicação em altas temperaturas e atuam como
inibidores do crescimento de grão, melhoram a resistência à oxidação e aumentam a
estabilidade térmica [3,4,11].
O Cobalto é o metal mais frequentemente utilizado como fase ligante para a produção
deste compósito, devido à fácil molhabilidade do WC pelo Co líquido na temperatura de
sinterização. Em alguns casos, durante a sinterização, quantidades pequenas de outros
carbetos refratários são adicionadas para inibir o crescimento de grão do WC e modificar
algumas propriedades [4,12].
A produção de metal duro é realizada via metalurgia do pó, seguindo uma rota
convencional industrial, que consiste na preparação do pó de W e Co, seguido da
carbonização do W e, finalmente, a mistura entre WC e Co para formação do compósito. A
obtenção do metal duro normalmente ocorre por meio da sinterização em fase líquida à
temperatura de aproximadamente 1400ºC, na qual o Co difunde pela estrutura atingindo a
homogeneidade e a densidade desejadas [4,13].
Com o compósito já sinterizado, o mesmo apresenta propriedades de elevada dureza
e resistência ao desgaste, aliada à alta tenacidade e à estabilidade dimensional e térmica em
condições de trabalho a alta temperatura (750ºC a 900ºC), bem como boa resistência à
corrosão [14]. Suas principais aplicações são as brocas de perfuratrizes, matrizes, abrasivos,
ferramentas de corte para metal e madeiras, ferramentas dentárias, insertos cortantes,
25
microbrocas, ferramentas para indústria eletrônica e, mais recentemente, na indústria
microeletrônica, entre outras [4].
A principal classe de metal duro é o WC-Co, onde a quantidade de Co varia de 3% a
13% em peças para ferramentas de corte e de 3% a 30% para peças resistentes ao desgaste
[11].
As propriedades mecânicas do metal duro à base de WC-Co dependem da
microestrutura do material após a sinterização que, por sua vez, é influenciada pelas
características dos pós de partida. O aumento da dureza sem comprometer a tenacidade e
elevada resistência ao desgaste são as principais propriedades mecânicas desejadas na
fabricação desses produtos [4,15].
A tenacidade e a dureza aumentam simultaneamente com a diminuição do tamanho
da partícula do WC, sendo que o desenvolvimento do WC-Co nanoestruturado vem sendo
estudado [4,15,16]. Entre esses estudos estão a caracterização dos pós antes e depois da mistura
simples ou realizada com moagem de alta energia, com a intenção de identificar alterações
nas fases constituintes, tamanho de partículas, grau de encruamento, morfologia e demais
eventos ocorridos com a mecanossíntese [17].
Este compósito também apresenta limitações na escolha do teor de C, do ponto de
vista termodinâmico [18]. Com elevado teor de C, o grafite se torna estável e seus compostos
ficam presentes na microestrutura final do sinterizado. As microestruturas Co6W6C e
Co3W3C conhecidas como fases metaestáveis (Eta – ) se formam com baixo teor de C.
Estas fases não são desejáveis, pois as mesmas promovem redução nas propriedades
mecânicas do metal duro [19].
As propriedades mecânicas do metal duro são de elevada dureza, boa resistência ao
desgaste, aliada a uma boa tenacidade a fratura, além de serem utilizados em altas
temperaturas. Esse material vem sendo largamente utilizado na indústria devido à excelente
combinação de propriedades de resistência a abrasão, ao impacto, à compressão, ao seu alto
módulo de elasticidade, à resistência ao choque térmico e à corrosão [3,4,27].
As propriedades mecânicas e físicas do metal duro são dependentes da rota de
processamento para sua fabricação, da microestrutura e da composição final [4,11].
De maneira geral, a produção de metal duro consiste na mistura dos pós (carbetos e
o metal ligante) e na moagem que pode ser de baixa ou de alta energia. A moagem é
normalmente feita em meio líquido orgânico e um lubrificante, sendo o mais empregado a
parafina. Após a moagem o líquido é retirado por secagem. Em seguida a mistura segue os
26
passos normais da metalurgia do pó, sendo compactado, pré-sinterizado, onde ocorre a
eliminação da parafina e a sinterização final em atmosfera de hidrogênio ou a vácuo [11].
Na Figura 3.1 é mostrado o fluxograma do processo básico de fabricação de um
componente de metal duro do tipo WC-Co.
Figura 3.1 - Fluxograma das etapas do processo de fabricação de peças com o compósito
do tipo WC-Co.
3.3 - Produção dos Pós de W, Co e WC
A etapa inicial para a produção do metal duro é a obtenção dos pós de carbeto de
tungstênio e de cobalto. Atualmente, existe a tendência em fabricar metal duro com
tamanhos de grãos mais finos, essa estrutura pode ser obtida por meio de partículas de WC
nanométricas ou por meio da conversão de tamanhos de grãos mais grosseiros [4].
Nesse contexto, a etapa de obtenção do pó é de fundamental importância, pois as
propriedades do produto final estão ligadas à qualidade e às características dos materiais de
partida [4,15].
Os principais minérios que possuem tungstênio são a Chelita (Scheelite) e a
Wolfamita (Volframite). A purificação química é realizada geralmente com paratungstato
de amônia, (NH4)10H10W12O46 e ácido tungstico, H2WO4. O ácido tungstico é aquecido sem
atmosfera controlada, entre 600ºC e 900ºC para ser convertido, por redução, em óxido de
tungstênio (WO3). O paratungstato de amônia pode ser tratado similarmente para a forma
do WO3. Este é então combinado com o hidrogênio para formar tungstênio. O tungstênio
Produção e seleção dos pós de WC e Co
Mistura e adição de ligante dos pós
Compactação
Pré-sinterização
Sinterização
27
tem vários sub-óxidos e a redução deles geralmente é realizada por aquecimento em um tubo
contendo fluxo de hidrogênio [15].
O Co é o metal ligante mais utilizado na fabricação do metal duro devido à sua
elevada molhabilidade e solubilidade para com o WC, além disso, confere ao compósito boa
tenacidade. O teor de Co no metal duro pode variar, dependendo da aplicação, sendo em
geral inferior a 30% em peso.
O pó metálico de cobalto é obtido pela redução de seus óxidos com H2. Dentre os
óxidos de Co, o mais utilizado é o chamado heterogenite (óxidos negros), que contém em
torno de 70% deste metal. A temperatura de redução oscila entre 600ºC e 700ºC. O cobalto
pode existir em duas formas alotrópicas, a forma de estrutura hexagonal compacta (hc), que
predomina abaixo de aproximadamente 417ºC, e forma a fase α, de estrutura cúbica de face
centrada (cfc) [14,28], que predomina acima de 417C até o ponto de fusão.
Os parâmetros de rede, à temperatura ambiente, são 0,2707nm e 0,4060nm para a, b
e c na estrutura hc e 0,3545nm na cfc. A temperatura na qual a transformação alotrópica
ocorre depende da pureza e da velocidade de resfriamento. A fase cfc se estabiliza pela
presença de carbono e tungstênio na solução sólida de Co de maneira que a maioria dos
carbetos cementados existe na fase cfc. Quando submetido à deformação, o Co pode
transformar-se em hc, o que não é desejável por se tratar de uma fase mais frágil, que
favorece a propagação de trincas [28].
Embora seja possível produzir WC diretamente do minério, do óxido, do
paratungstato de amônia ou gases de carbonização, o método mais usado para produção de
carbeto de tungstênio é carbonizar o pó metálico de tungstênio por meio da adição controlada
de negro de fumo. Esta técnica confere bom controle da distribuição e tamanho de partícula
que, juntamente com o metal ligante, determinam as propriedades do metal duro produzido.
Um bom controle do teor de carbono é de fundamental importância, pois uma pequena
variação na quantidade ideal pode influenciar na ocorrência de grafita livre ou compostos
ternários, ambos indesejáveis, pois comprometem as propriedades do produto final. Assim,
a quantidade de carbono deve ser mantida dentro de estreitos limites para se obter o
compósito com propriedades ótimas [14,27].
A deficiência de C pode gerar dois tipos de fase (eta), a Co6W6C e a Co3W3C. Na
Co3W3C a composição pode variar dentro de uma faixa de Co3,2W2,8C a Co2W4C. A fase
Co3W3C não apenas fragiliza a estrutura pela substituição do ligante por uma fase frágil, mas
também reduz o efeito da contribuição do WC na resistência do compósito. Por outro lado,
a fase Co6W6C possui composição constante, é formada no estado sólido (durante o
28
resfriamento) como pequenos grãos distribuídos através da matriz, consequentemente
fragilizam menos o compósito. Estas fases afetam, em diferentes proporções, as
propriedades mecânicas do metal duro, se comparadas com as obtidas com o teor de carbono
correto, causando a queda abrupta na resistência à ruptura transversal e um leve aumento na
dureza [25].
Geralmente a ocorrência da grafita livre é mais bem tolerada do que as fases . A
Figura 3.2 mostra a dependência da dureza e da resistência à ruptura por flexão em função
do teor de C, para um metal duro com composição de WC-10%Co.
Figura 3.2 - Propriedades mecânicas em função do teor de C, fase e grafita livre [14].
Para evitar estas variações nas propriedades do compósito, é necessário um bom
controle do pó do tungstênio, bem como da distribuição do tamanho de partícula e da alta
quantidade do negro de fumo empregado (baixo teor de resíduos de combustão e enxofre).
Devido aos dois pós possuírem densidades significativamente diferentes (densidades para o
W e o C respectivamente de 19,26g/cm3 e 3,51g/cm3) deve ser assegurado uma boa
distribuição do carbono neste material [14].
Pós de tungstênio e carbono são colocados juntos em misturador rotativo ou no
moinho de esferas. Depois de misturados são colocados em um moinho de esferas, são
29
misturados e colocados em um forno a vácuo e aquecidos a aproximadamente 1550ºC para
carbonizar e formar o carbeto de tungstênio (WC). O propósito do processo de carbonização
é produzir uma estequiometria de WC com certo teor de carbono podendo ter um pequeno
excesso de carbono livre aproximadamente de 0,1% a 0,3% em peso.
A carbonização é realizada na presença de hidrogênio em temperaturas na faixa de
1400ºC a 1600ºC, mas durante o processo de produção deste pó, as temperaturas são
geralmente mantidas abaixo desta faixa para evitar o crescimento de grão no cristal de
carbeto de tungstênio recém-formado [14].
Existem outras técnicas para a produção de WC. Uma delas é chamada Menstruum,
que forma WC dentro de um metal auxiliar fundido com níquel ou cobalto. O minério de W
e o C são adicionados ao metal fundido e reagem em temperaturas próximas a 2000ºC. Existe
também uma técnica que emprega metais auxiliares que consiste na redução de uma mistura
de minério de W e óxido de Fe com Al metálico. Simultaneamente é feita a carbonização
pela adição de Ca e C. Outra técnica parte de precursores organometálicos para obtenção de
WC nanoparticulado [2,14].
Para obtenção do metal duro o processo utilizado pela indústria é o da sinterização
por fase líquida do pó de carbeto de tungstênio com o pó de cobalto, na temperatura de
aproximadamente 1500°C. Este sistema tem uma reação eutética ternária a 1275ºC, onde o
cobalto difunde entre os grãos de WC, envolvendo uma contração linear de 25% a 30%
atingindo a densidade desejada [2].
Sendo processado pela rota convencional da metalurgia do pó, os pós de partida são
misturados, compactados e na sequencia sinterizados em fase líquida na seguinte ordem:
I. Os pós são misturados em suas devidas proporções até completa
homogeneização.
II. A mistura é, então, compactada, com auxílio de uma matriz por meio de
prensagem uniaxial; com isso, o corpo já possuirá formato requerido e
resistência adequada para ser manuseado.
III. O corpo é levado a um forno, onde se realizará a sinterização do material, que
tem como objetivo principal promover a densificação do corpo prensado,
conferindo a este as propriedades requeridas.
30
3.4 - WC-Co Nanoestruturado
O metal duro conseguiu o que há algumas décadas parecia impossível, dotar uma
mesma ferramenta de dureza e tenacidade necessárias às operações de usinagem dentro dos
padrões de rapidez, qualidade e custos necessários a uma produção economicamente viável
aliado à nanotecnologia. Ao longo das últimas duas décadas, substanciais esforços de
investigação foram dirigidos para a síntese e sinterização de pós nanométricos de Carbeto
de Tungstênio, objetivando a fabricação de materiais com WC cementado, tendo em sua
estrutura grãos com dimensões nanométricas [3,4].
O WC cementado com tamanho de grão nanométrico tem o potencial de melhorar
significativamente as propriedades mecânicas destes materiais. Devido a sua importância
industrial, intensos esforços estão sendo feitos para produzir produtos à base de WC com
tamanho de grão nanométrico. As melhorias nas propriedades mecânicas visam aumentar o
tempo de vida e a robustez das ferramentas de WC [4].
No que diz respeito à síntese de pós nanométricos, muitas tecnologias e processos
diferentes foram introduzidos para a produção do pó WC nanoestruturado e do compósito.
Novas tecnologias e processos trouxeram melhorias na síntese de estado sólido
convencional, nas técnicas mais radicais como a “conversão de pulverização” (spray
conversion), “reação química de vapor” (chemical vapor reaction) e métodos de deposição.
Houve também uma grande quantidade de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos
significativos em relação à sinterização [4].
No entanto, os pós nanocristalinos de WC perdem suas características após
sinterização, devido ao crescimento de grão extremamente rápido. O controle do crescimento
de grão durante a sinterização e a produção em bulk de materiais duros nanocristalinos,
continua sendo um desafio tecnológico. Não é de se surpreender que a dureza dos materiais
fabricados a partir de pós nanométricos seja significativamente maior do que é conseguido
por meio do pó convencional. Há também fortes indícios de mudanças significantes no
comportamento mecânico quando o tamanho de grão do WC torna-se progressivamente
menor [3,4].
É notado que a densificação total de WC cementado com tamanhos de grãos
nanométricos (<30nm) é pouco explorado, por dificilmente serem produzidos. Para estes
materiais, especialmente a estrutura de materiais metálicos, a incapacidade para atingir
tamanhos de grãos nanométricos no estado sinterizado também tem prejudicado os esforços
31
para a caracterização e a compreensão do comportamento mecânico de materiais
nanoestruturados [3,4].
3.5 - Metalurgia do Pó
A metalurgia do pó é o processo metalúrgico de produção de peças metálicas e não
metálicas usando a matéria prima na forma de pós. Essa técnica se diferencia basicamente
dos processos convencionais pela ausência de fase líquida ou pela presença desta, apenas
durante o processamento. O processo de obtenção de ligas por metalurgia do pó possibilita
a obtenção de peças com características estruturais e físicas diferentes dos outros processos
metalúrgicos.
Essa técnica permite a produção de peças de alta qualidade, geometria complexa,
excelente rigor dimensional, alta versatilidade de aplicações e propriedades, variadas
combinações de elementos químicos (obtendo, assim, várias microestruturas) e materiais
compósitos. Esse processo possui outras características vantajosas como o baixo consumo
de energia, alta produtividade, baixo consumo de matérias-primas, melhor acabamento
superficial e maiores facilidades operacionais, além de um bom desempenho em condições
críticas de trabalho e de longa duração. Tais características têm tornado essa técnica muito
atrativa em termos econômicos. A metalurgia do pó também permite a produção de materiais
e componentes já na sua forma final, sem ou quase nenhuma operação secundária ou
acabamento posterior, e com alto índice de aproveitamento de material [24].
O processo de obtenção de peças via metalurgia do pó, pode ser dividido nas etapas
de fabricação dos pós, preparação, caracterização dos pós e consolidação do pó. Assim, o
processo de produção de peças, via metalurgia do pó, pode ser ilustrado de uma maneira
simplificada conforme mostrado na Figura 3.3, onde as etapas do processo estão numeradas
de 1 a 4.
A técnica da metalurgia do pó também possui algumas desvantagens como, limita a
forma geométrica da peça (tem que ser extraída de uma matriz) e o tamanho desta; obriga a
execução de grandes lotes de produção, devido ao custo elevado do ferramental, já que a
potência requerida na compactação é proporcional a área da seção transversal, além do que
peças grandes exigem máquinas de elevada potência para sua compactação [3,24].
32
Figura 3.3 - Fluxograma do processo de Produção de engrenagens para uso automotivo por
metalurgia do pó [25].
3.6 - Mistura
O processo de mistura dos pós precursores é de grande importância no processo de
fabricação do metal duro, pois ela define a homogeneidade microestrutural dispersando as
fases presentes e a distribuição do tamanho de partícula do WC e do Co. Essa etapa pode ser
realizada em moinho de esferas (baixa energia) e em moinhos de tipo Atritor, planetário e
SPEX (alta energia) [2,14].
A técnica e os parâmetros utilizados na mistura dos pós determinam a dispersão e a
distribuição de tamanho das partículas de WC e Co [14]. O moinho de baixa energia é mais
33
eficaz para promover a homogeneização da mistura e a moagem de alta energia atua no
refinamento das partículas presentes e nas alterações microestruturais [17].
A moagem de alta energia vem sendo estudada desde os anos 1960 e apresenta uma
vasta aplicação no que se refere à produção de compósitos e ligas comerciais importantes,
tais como, carbetos, silicetos, nitretos, boretos de metais de transição, em virtude,
principalmente, da eficiência das misturas em nível atômico, por consequência do intenso
trabalho mecânico efetuado sobre os materiais constituintes. As propriedades físicas destes
compostos dependem de suas características microestruturais, como tamanho de grão, forma
do grão e fração de volume da fase dura. Também é conhecido que a resistência ao desgaste
é de 5 a 10 vezes maior do que aço ferramenta [29].
3.7 - Conformação
Esta etapa tem como objetivo a obtenção da geometria da peça a partir da
densificação da mistura de pós em uma matriz de conformação. Após a mistura o material é
submetido a processos de conformação como: a compactação, a moldagem por injeção e a
extrusão [14].
Na compactação, o pó ou a mistura dos pós é colocado, em uma quantidade pré-
determinada na cavidade de uma matriz que possui a geometria final da peça desejada. A
matriz é colocada em uma prensa, que pode ser mecânica ou hidráulica, onde a compactação
ocorre pelo deslocamento oposto das punções. Os principais objetivos da compactação são
consolidar o pó no formato pré-determinado, estabelecendo tanto quanto possível as
dimensões finais para diminuir efeitos de variação dimensional na sinterização, atingir o
nível de porosidade desejada e dar resistência mecânica adequada ao manuseio do
compactado [11]. Após a compactação é obtido um produto denominado de corpo verde, que
possui densidade chamada de densidade verde, cujo valor obtido depende da pressão
aplicada e da conformabilidade ou da compressibilidade dos pós. As pressões de
compactação variam de 50MPa a 300MPa [14,16].
Com a intenção de evitar defeitos e aumentar a densidade verde do compactado é feito
o uso de 1,5% a 2,0% de parafina, ou outro aglomerante orgânico, que deve ser retirado por
meio do aquecimento abaixo da temperatura de sinterização desse material, até que ele seja
totalmente evaporado (pré-sinterização ±500C) [14].
34
Para pós dúcteis uma importante etapa de densificação é a compactação, mas em
materiais duros (cerâmica, tungstênio e ligas, compósitos particulados) a principal etapa de
densificação é a sinterização [29].
Na sinterização ocorre, normalmente, uma deformação do compactado que se
contrai. A mudança dimensional decorrente da sinterização está ligada ao processo de
diminuição da área superficial do sistema quando os poros existentes no interior do material
são eliminados, ocasionando a densificação. Para isto, a contração da estrutura deve ocorrer.
A densificação é um fator importante na produção de materiais obtidos via metalurgia do pó.
3.8 - Sinterização
A sinterização do metal duro está baseada nos mecanismos associados ao surgimento
da fase líquida, mas significativas mudanças microestruturais ocorrem no estado sólido.
O processo de sinterização tem por objetivo a formação de ligações químicas
primárias entre as partículas dos materiais sem levá-los à fusão. O processo termodinâmico
de não-equilíbrio, no qual um sistema de partículas (agregado de pó ou compactado) vem
adquirir uma estrutura sólida coerente, por meio da redução da área superficial específica,
resultando na formação de contornos de grão, crescimento dos pescoços e contração
volumétrica. A formação dos contornos de grão e crescimento dos pescoços entre partículas
ocorre por mecanismos de transporte de matéria. Normalmente processos difusionais
atômicos ativados termicamente, preenchem a região de contato entre as partículas (poros)
até o processo cessar [11].
A sinterização do metal duro está baseada nos mecanismos associados ao surgimento
da fase líquida, tais como o rearranjo das partículas sólidas, a dissolução e a precipitação de
partículas e o crescimento de grãos de WC [4,14]. A sinterização em fase líquida é muito
utilizada para consolidação do compósito. Geralmente é realizado em forno a vácuo ou em
atmosfera controlada com hidrogênio. O compactado é aquecido até a temperatura acima da
eutética do diagrama pseudo-binário WC-Co, onde ocorre a sinterização por fase líquida [27].
Na temperatura de transformação eutética o Co é fundido e se infiltra entre os grãos
de WC. Isso envolve uma contração linear de 25% a 30%. O metal duro sinteriza a
temperaturas de aproximadamente 1400ºC, nesta temperatura existem mudanças de
tamanho, forma e distribuição dos grãos de WC, como também na distribuição da fase
ligante. Durante o resfriamento, o WC dissolvido no líquido precipita e gera tensões
residuais, devido aos diferentes valores de coeficiente de expansão térmica entre as fases
35
presentes no material. Por meio da aplicação de pressão e alta temperatura, ocorre a
eliminação parcial ou total de poros na microestrutura, resultando em produtos com boas
propriedades mecânicas [11].
O processo de sinterização constitui-se de três etapas representadas numa típica curva
tempo/temperatura, mostrada na Figura 3.4. Na primeira etapa, “remoção de lubrificante”,
ocorre a eliminação do lubrificante/aglomerante orgânico que é adicionado para facilitar a
compactação e a redução do atrito entre as paredes da matriz.
Figura 3.4 - Etapa de Sinterização – Curva típica de sinterização [25].
Na segunda etapa, o “aquecimento” prolonga-se até a temperatura de sinterização. O
“patamar de sinterização” é atingido na terceira e última etapa, mantendo-se a temperatura
de sinterização para promover a densificação e fechamento de poros. Entretanto, longos
intervalos de tempo nesta etapa podem induzir o crescimento de grão [13].
Em alguns casos podem ser utilizadas pequenas quantidades de outros carbetos
refratários que atuam como inibidores de crescimento de grão de WC durante a sinterização,
36
tais como VC, TiC, ZrC, TaC dentre outros, ou para aumentar a tenacidade à fratura, dureza
e termo-estabilidade [12,13].
Na sinterização, a temperatura para este tipo de material varia entre 1350ºC a 1550°C,
com isso o Co forma um eutético com o W, C e promove o molhamento do WC; este
tratamento é chamado de sinterização por fase líquida [13]. O sistema WC-Co é um dos
melhores no que diz respeito ao metal duro. Isto é devido a três razões principais:
I. A facilidade que o cobalto tem de molhar o WC.
II. O Co dissolve uma significativa quantidade de WC, e este não dissolve Co.
III. Este sistema tem um ponto eutético ternário em 1275ºC.
As duas primeiras características contribuem para uma boa sinterabilidade, além de
aumentar a aderência entre as fases WC e Co, melhorando, assim, as propriedades
mecânicas. A terceira característica faz com que este sistema sinterize em temperaturas
significativamente mais baixas que o ponto de fusão do Co (1495ºC).
Ligas de metal duro são sinterizadas em um “ambiente de fase líquida”, porém uma
significativa difusão ocorre no estado sólido. A Figura 3.5 traz uma representação
esquemática do mecanismo de sinterização.
Figura 3.5 - Esquema do mecanismo de sinterização.
Corpo verde
37
Pode-se observar num corpo verde, partículas de Co (pequenas partículas pretas)
rodeada de partículas de WC. Que com o aumento da temperatura o Co começa a espalhar
sobre partículas de WC.
Seguindo, o Co continua a espalhar-se e o aglomerado de WC-Co é formado
tornando-se denso e, atingido o intervalo de temperatura final. Com as estruturas de
aglomerados que sinterizam formando grandes partículas e com isso são formados grandes
poros entre os aglomerados. Na sinterização do metal duro, a fase ligante desempenha o
papel mais importante. Ela é responsável pela densificação, por meio do molhamento,
espalhamento e formação de aglomerados [12].
A sinterização é geralmente realizada em vácuo ou num ambiente de baixa pressão
de gás. Utiliza-se, para o segundo caso, atmosfera de gás inerte como o argônio (Ar). Em
ambos os casos, o objetivo é reduzir a porosidade e propiciar um ambiente limpo de
sinterização, ausente de O2.
A sinterização a vácuo ou sob baixa pressão (até 0,1MPa) é adequada para um alto
nível de densificação, com pequena ou nenhuma porosidade aparente. Os valores de
densidade mostram que uma parte do processo de densificação ocorre no estágio inicial de
sinterização. Isto é explicado pela formação de aglomerados de WC e Co. Inicialmente a
fase ligante se espalha sobre as partículas de WC, formando então os aglomerados,
resultando na contração e densificação do material [30].
Figura 3.6 - Seção vertical do diagrama ternário W-C-Co [14].
38
Na Figura 3.6 é mostrado um corte vertical do diagrama ternário W-C-Co. Nota-se
uma região bifásica, onde coexistem WC e a fase ligante (solução sólida de Co com W e
C), indicada pela seta.
Porém, pelo diagrama de equilíbrio proposto não há como explicar o surgimento de
uma fase , no carbeto de tungstênio, após o resfriamento abrupto. A explicação que foi
dada afirma que a fase permaneceria em equilíbrio com WC+L (líquido), mesmo em uma
composição estequiométrica, numa faixa de temperatura aproximada de 1280ºC a 1450ºC.
Portanto, como a sinterização do carbeto de tungstênio ocorre nessa faixa de temperatura,
uma grande quantidade da fase pode ficar retida após a solidificação.
A Figura 3.7 mostra o diagrama de fase pseudo-binário do sistema WC-Co [7]. Para
os sistemas binários Co-C e Co-W, o Co também apresenta solubilidade muito baixa no
tungstênio. Por outro lado, tanto o carbono quanto o tungstênio apresentam solubilidade no
cobalto.
Figura 3.7 - Seção vertical entre a estequiométrica do WC e Co no diagrama de fase WC-
Co-C [7].
39
3.9 - Fases eta () – Co6W6C e Co3W3C
Resultado da deficiência de carbono durante a produção do metal duro, as fases
metaestáveis η podem apresentar-se morfologicamente desde partículas finamente dispersas
(no caso de baixa deficiência) até a ocupação de grandes áreas na microestrutura (caso de
alta deficiência) [7].
Sua origem reside na descarbonetação do WC, conduzindo à formação dos
compostos que, por sua vez, reagem com a fase ligante, gerando a fases metaestáveis η [31].
Essa fase apresenta muitos isomorfos, contendo ao menos dois tipos de átomos metálicos e,
dependendo do sistema, pode apresentar-se em estruturas distintas, como M4C, M6C, M12C,
M23C6 entre outras [32].
Como citado na literatura, a presença desta fase é nociva às propriedades mecânicas
do metal duro, implicando em perda de ductilidade e tenacidade à fratura. Em compósitos
de WC com grãos ultrafinos (0,4µm a 0,5µm), estas fases aumentam a dureza e a resistência
à abrasão, em detrimento da tenacidade à fratura.
No entanto, investigando o uso de aço inoxidável como fase ligante para metais
duros, foi verificado que a presença da fase intermetálica, em até 12%, não prejudicou as
propriedades mecânicas, aumentando inclusive a dureza do material, sem comprometer a
tenacidade à fratura [33].
Além disto, a literatura cita que o desempenho de ferramentas de corte de metal duro
é bastante beneficiado quando a composição deste material se encontra na região
subestequiométrica (onde se tem a fase metaestável) [34-36].
Carbetos cementados à base de WC-Co apresentam limitações na escolha do teor de
C, do ponto de vista termodinâmico [18]. Com elevado teor de C, o grafite se torna estável e
seus compostos ficam presentes na microestrutura final do sinterizado. O composto Co6W6C
se forma com baixo teor de C. Nem grafite ou fases são desejáveis, pois os mesmos
promovem o desequilíbrio nas propriedades mecânicas do metal duro [19].
Como exemplo, a Figura 3.8 mostra a microestrutura típica de metal duro com adição
de TiC, sinterizada a 1270C por prensagem a quente, onde ocorreu a depleção de C,
formando a fase M12C ou a fase M6C.
40
Figura 3.8 - Microestrutura de metal duro com baixo teor de carbono prensado a quente –
1270ºC [37].
Durante a sinterização do metal duro, muitos compostos podem ser formados. Dentre
eles, o primeiro a ser formado, devido à depleção de C, é o W2C, o qual é estável acima de
1250C (próximo ao eutético Co-W-C), o WC é o único carbeto de tungstênio estável a
temperatura ambiente. A dureza do WC é de 2400kgf/mm2 e do W2C é de 3000kgf/mm2 [34].
Apesar de ser menos duro, o WC é preferido por ser menos frágil que o W2C. Ou seja, houve
descarbonetação do WC pelo O. Isto leva a drástica redução de dureza e resistência à abrasão
do metal duro na fase W2C [36]. Estudos feitos mostraram que o WC se dissolve no Co
líquido. Assim, o C é removido do líquido seja pela reação com O, na interface líquido/gás,
seja pela difusão do O no núcleo do líquido eutético, formando CO. Durante a solidificação,
formam-se W2C, W, Co (W,C) todos compostos indesejáveis [39,40].
Estudos realizados sobre as fases no sistema W-Co-C, mostraram que com a
diminuição da quantidade de carbono, surgem duas fases : Co6W6C e Co2W4C, com
parâmetro de rede de 10,90Å e 17,20Å (cfc), respectivamente. A metaestabilidade dessas
fases a 1000ºC inclui também o surgimento da fase Co3W3C e o desaparecimento ocasional
em favor do equilíbrio das fases Co2W4C + W2C.
Como exemplo tem-se a resistência à ruptura transversal das ferramentas de
carboneto de tungstênio (WC) ligadas ao cobalto é uma função do teor de carbono. A
microestrutura desejada para este caso, é formada no resfriamento a partir da temperatura de
sinterização, que consiste em apenas duas fases: partículas de WC uniformemente
incorporadas na matriz de cobalto cúbico de face centrada (cfc). Esta microestrutura é
41
alcançada quando a relação entre átomos de tungstênio e carbono é próxima da composição
estequiométrica de WC [42].
Como mostrado na Figura 3.9, uma deficiência de carbono leva à formação de
carbonetos M6C (ou carbonetos M12C), enquanto que um excesso de carbono leva à
formação de grafite. A presença de carbonetos M6C em ferramentas de WC ligado com Co
é indesejável, pois diminui significativamente a resistência à ruptura [42].
Uma mistura estequiométrica de WC + 10% em peso de Co corresponde a 5,519%
em peso de C; o valor que é colocado dentro da região desejável de duas fases (WC+cfc)
para as temperaturas abaixo da linha solidus. Na prática, o carbono é frequentemente
adicionado à mistura de WC e Co, uma vez que quantidades de carbono reagem
inevitavelmente com o oxigênio durante a sinterização [42].
Figura 3.9 - Seção Vertical do sistema de tungsténio-cobalto-carbono (W-Co-C) ternário,
calculada com Thermo-Calc acoplado com SSOL4 base de dados termodinâmico. O teor
de cobalto é mantido constante a 10% em peso [42].
42
3.10 - Material Nanoparticulado
A estrutura cristalina do WC é hexagonal compacta (hc) e do Co é cúbica de face
centrada (cfc) em condições normais (sem contaminante e distorções de rede). Em situação
nas quais é submetido à deformação, o Co pode apresentar-se com estrutura hc [4].
As características dos materiais nanoparticulados durante a compactação e a
sinterização são diferentes daquelas geradas pelos materiais grosseiros. Os efeitos
dimensionais são observados quando o tamanho de partícula se torna comparável com a
dimensão linear responsável por uma característica em especial do tipo discordâncias,
domínios magnéticos entre outros [4,43].
Pós nanoparticulados, abaixo de certo tamanho, são livres de discordâncias e estas
não podem ser geradas pela aplicação de tensão. Consequentemente, não ocorre deformação
plástica durante a compactação. Nesta etapa predominam os processos físicos entre as
superfícies das partículas. A área total de interfaces das partículas é de aproximadamente 104
a 105 vezes maior que os compactados de pós convencionais. Assim, as interfaces
representam o principal tipo de defeito [43].
Além das diferenças de comportamento durante a compactação, os pós
nanoparticulados também apresentam significativas diferenças durante a sinterização, dentre
elas podem ser citadas:
✓ A taxa de contração é menor comparado aos pós grosseiros.
✓ O coeficiente de difusão é estimado em sete ordens de magnitude maior do que
em pós grosseiros.
✓ Corpos sinterizados altamente densos são obtidos a partir de grãos extremamente
pequenos, o que pode ser alcançado por pós nanoparticulados.
✓ Na produção de compósitos nanoparticulados é necessário inibir o crescimento
das partículas e dos grãos durante a sinterização. Uma forma de tentar realizar
isto é manter as partículas dispersas em uma matriz.
O potencial técnico dos compósitos nanoparticulados, no que diz respeito às suas
propriedades mecânicas, químicas e magnéticas, é muito interessante. No entanto algumas
dificuldades devem ser superadas, tais como melhorar a fluidez dos pós, o que dificulta obter
valores bons para a densidade a verde, fazendo com que aumente a carga de compactação,
levando a grandes contrações e perigo de haver distorções. Além disso, possuem elevado
custo [4,43].
43
As propriedades físicas destes compostos dependem de suas características
estruturais, como tamanho de grão, forma do grão e fração de volume da fase dura. As
propriedades mecânicas do metal duro à base de WC-Co dependem da microestrutura do
material após a sinterização que, por sua vez, é influenciada pelas características dos pós
iniciais de WC e Co. A quantidade de cobalto está diretamente relacionada com as
propriedades do metal duro, ou seja, quando a quantidade de cobalto é aumentada a dureza
do material diminui e a tenacidade à fratura aumenta. O aumento da dureza sem
comprometer a tenacidade e elevada resistência ao desgaste, são as principais propriedades
mecânicas desejadas na fabricação desses produtos [15,44].
3.11 - Propriedades Gerais
As propriedades físicas e mecânicas básicas do WC incluem elevado módulo de
elasticidade, elevada dureza, e elevada condutividade térmica. A Tabela 3.1 lista os valores
destas propriedades básicas, juntamente com as de vários outros materiais duros comuns
para comparação.
Tabela 3.1 - Propriedades mecânicas do WC e outros materiais duros comuns [26].
Material
Módulo de
Elasticidade
(GPa)
Dureza
(HV)
Força de
Compressão
(MPa)
Condutividade
Térmica
(Wm-1C-1)
Resistividade
Elétrica
(ohm cm)
WC 625-700 2200-3600 3350-6830 55-80 20-100
Diamante 1220 10000 9000 2000 119-122
WC-Co 400-650 700-2200 3000-9000 70-120 16-20
Aço 150-200 240-300 250-1760 15-65 15-120
SiC 400-40 2300-2600 1000-4500 80-130 19-112
Al2O3 343-390 1200-2600 500-2700 26-38.5 120-122
A Figura 3.10 mostra o módulo de elasticidade versus a resistência à compressão de
diferentes famílias de materiais, colocando o WC numa perspectiva em relação a outros
superduros, duros, cerâmica, e materiais metálicos [26]. Ela mostra o WC como o material
mais duro, embora diamante e nitreto de boro cúbico tenham a dureza maior do que a do
WC, estes materiais não foram incluídos na base de dados usada para a Figura 3.10.
44
Figura 3.10 - Módulo de Young versus a Força de Compressão que ilustra comparação
relativa de WC entre outras famílias de materiais [26].
O WC excede os valores de dureza quando comparado com muitos materiais
cerâmicos, tais como SiC e alumina (Al2O3). O módulo de elasticidade e a dureza do WC
cementado (WC-Co) são mais baixos do que para o WC puro, devido aos efeitos do Co na
microestrutura composta.
Contudo, o módulo elástico e dureza do WC-Co são ainda muito maior do que para
muitos outros materiais de engenharia amplamente utilizados e, neste sistema, o Co melhora
significativamente a tenacidade à fratura. A variação da composição de Co dentro do sistema
de WC-Co fornece a este material uma variedade excepcional de propriedades mecânicas e,
portanto, a sua ampla utilização [26].
Outra diferença muito importante entre o WC e outros materiais cerâmicos é que o
WC é um excelente condutor térmico, enquanto a maioria das cerâmicas são isolantes
térmicos. Um fato pouco conhecido é que a condutividade térmica do WC é maior do que a
maioria dos metais, tais como Fe, Ni e Co. Consequentemente, quanto maior o teor da fase
ligante de Co em carbetos cementados, mais baixa é a condutividade térmica. Além disso, o
WC-Co apresenta condutividade térmica mais elevada do que o TiC-Co ou sistemas mistos
de carbetos [26].
A elevada condutividade térmica do WC é devido ao menor espalhamento de fónons
na estrutura cristalina hexagonal, que mostra uma baixa incidência de defeitos pontuais, ao
passo que, quando comparado ao TiC com a sua estrutura cúbica, tende a ter falta átomos de
45
C na estrutura que, aumentam a dispersão de fónons à temperatura ambiente, diminuindo,
assim, a condutividade térmica. As propriedades térmicas do WC desempenham um
importante papel na divisão dos materiais cerâmicos, visando aplicações que requerem bom
fluxo de calor para além da elevada dureza e/ou módulo de Young [26].
3.12 - Propriedades Mecânicas
O metal duro é constituído por grandes frações de volume de partículas de WC em
uma matriz metálica de Co. Seu comportamento é bem entendido no que diz respeito à
dureza, sendo inversamente proporcional ao seu tamanho de grão, e a tenacidade à fratura é
inversamente proporcional à dureza. A relação entre a dureza e tenacidade à fratura pode
não ser linear, quando os tamanhos de grão são extremamente pequenos.
Os mecanismos de deformação dependem do contorno de grão, do deslizamento de
partículas e do controle dos processos de difusão. Os contornos de grão em materiais
policristalinos também impedem o movimento das trincas, o que contribui para uma melhor
tenacidade à fratura. Portanto, a tenacidade à fratura do compósito WC-Co tem a tendência
de melhorar quando o tamanho de grão do WC atinge a escala nanométrica [4].
Uma variedade de termos é usada para descrever os pós sinterizados de metal duro
com diferentes tamanhos de grão. Na Tabela 3.2 tem-se a classificação de tamanho de grãos
de WC desenvolvida pela German Fachverband für Pulvermetallurgie.
Tabela 3.2 - Classificação dos tamanhos de grãos para o WC [45].
Designação Tamanho de grão WC (μm)
Nano < 0,20
Ultrafino 0,21 – 0,50
Submicron 0,51 – 0,80
Fino 0,81 – 1,30
Médio 1,31 – 2,50
Grosso 2,51 – 6,0
Extra Grosso > 6,10
46
Com a redução da granulometria do pó, o material passa a possuir maior área de
contornos de grãos, tornando-se mais duro e resistente. O contorno de grão atua como
barreira ao movimento das discordâncias, ocasionando menor deformação do material [45,46].
As principais características e propriedades do metal duro dependem de fatores como
a escolha dos elementos componentes, o tempo que a peça permanece na temperatura de
sinterização e estão relacionadas ao tamanho de grão do WC, a ligação interfacial entre as
fases e a fração de volume do ligante. A Tabela 3.3 apresenta as propriedades básicas de
alguns carbetos e ligantes do metal duro.
Tabela 3.3 - Propriedades básicas de alguns cabetos e ligantes do metal duro [47].
WC Co Ni NbC TiC
Dureza (HV) 50kg 2200 < 100 < 100 2000 3000
Estrutura cristalina HC CFC/HC CFC CFC CFC
Temperatura de fusão (°C) 2800 1495 1455 3600 3100
Densidade (g/cm3) 15,63 8,9 8,5 7,8 4,94
Modulo de Young (GPa) 696 207 207 338 451
Coeficiente de Expansão Térmica
(W/m.K) 5,2 16,0 15 6,7 7,7
Os efeitos do tamanho de grão nas propriedades mecânicas foram investigados em
diversos estudos (ver Figuras 3.11 e 3.12).
Nano Ultrafino Submicron Fino Médio Médio
Grosseiro
Grosseiro Extra
Grosseiro
<0.2m 0.2 – 0.5m 0.5 – 0.9m 1.0 – 1.3m 1.4 – 2.0m 2.1 – 3.4m 3.5 – 5.0m >5.0m
Figura 3.11 - Designação de cada classe com base no tamanho de grão do WC [9].
47
De modo geral, uma diminuição do tamanho do grão de WC corresponde a um aumento na
dureza, resistência à compressão e também na resistência a flexão, mas ocorre a diminuição
na resistência ao impacto, resistência à ruptura e tenacidade à fratura. Isso devido ao menor
tamanho de grãos do WC e do Co ligante fortalecendo o aumento da dissolução do W [48].
Figura 3.12 - Desempenho mecânico dos diferentes tamanhos de grão e composição de Co
para carbonetos cementados. (a) dureza v.s. % em peso de Co; (b) Tenacidade à fratura v.s.
% em peso de Co [9].
O aumento do teor de cobalto reduz a dureza, módulo de elasticidade (módulo de
Young) e resistência à compressão inferiores, mas aumenta a resistência à flexão e
tenacidade à fratura. Isto é devido ao aumento da fração da fase mais dúctil [48].
3.13 - Densificação
Em geral, a temperatura de sinterização de um material diminui com a redução do
tamanho das partículas. Até 85% de densificação do WC-Co é realizada abaixo de 1280ºC,
quando o tamanho médio dos grãos é menor que 0,3m, enquanto que até 70% da
densificação é realizada na mesma temperatura, quando o tamanho médio de grão é de
0,7µm, sugerindo que o início da sinterização é uma função do tamanho de grão [49].
Estudos sobre a sinterização de pós WC-10%Co, inicialmente com diferentes
tamanhos de partículas, são mostrados na Figura 3.13. O percentual de densificação em
função da temperatura de aquecimento contínuo, inicialmente de vários tamanhos de
partícula, são apresentados [50].
A faixa de temperatura de sinterização diminui progressivamente à medida que o
tamanho médio inicial das partículas diminuiu de 30m para 10nm. Parece, no entanto, que
Tenacidade à Fratura
% Co em peso % Co em peso 0 5 10 15 20 25 30
30
25
20
15
10
5
Ultrafino
Submicron
Médio
Extra Grosseiro
Grosseiro Médio
Ultrafino
Submicron
Médio
Grosseiro
Dureza (a) Tenacidade à Fratura (b)
48
há pouca diferença entre as temperaturas de início de sinterização de partículas maiores que
1µm. Pode ser visto que aproximadamente 90% de densificação foram atingidas em
sinterização de estado sólido com pó de tamanho de grão inicial de 10nm [50].
O acompanhamento da evolução na distribuição do tamanho de poro para a
sinterização de grão fino de WC cementado e do sistema WC-Co mostraram que, durante o
estágio intermediário de sinterização, uma considerável densificação é obtida primeiramente
ligado à remoção de pequenos poros, em vez da redução dos maiores poros [51].
Figura 3.13 - O percentual de densificação do WC-Co, em função da temperatura durante o
aquecimento contínuo para vários tamanhos de partícula [50].
Níveis de densificação encontrados para as amostras de WC-10%Co foram de
98,24%, sendo determinada por meio do Método Dimensional de acordo com a norma
ASTM C373-72. Porém, cabe ressaltar que variações nos resultados de densificação podem
ser explicadas devido ao manuseio dos pós, onde a mistura pode levar à segregação do
ligante, prejudicando a homogeneidade da mistura. A má distribuição do ligante pode levar
à deficiência da sinterização em fase líquida, promovendo menor fechamento dos poros e
reduzindo a densificação do material [52]. Após ser atingida a temperatura do eutético, o
cobalto líquido fluirá para molhar e formar um filme ao redor das partículas sólidas (WC).
O filme líquido fornece uma tensão superficial, resultando no rearranjo das partículas. Como
consequência, uma grande quantidade de porosidade é eliminada do compactado verde [12].
49
3.14 - Porosidade
A porosidade exerce grande influência sobre as propriedades mecânicas do material
sinterizado, principalmente na resistência mecânica e na dureza. Nos metais duros de melhor
qualidade, à base de WC-Co, o valor da densidade deve se aproximar de 99,5% da densidade
teórica. Além disto, a porosidade residual deve ser uniforme e estatísticamente bem
distribuída [6].
Teores baixos de ligante dificultam a eliminação dos poros, principalmente para
granulometrias finas de WC. Outros fatores que podem ser responsáveis pela porosidade são
o baixo teor de carbono, a moagem ineficiente, a presença de impurezas, os gases
aprisionados, a má distribuição do ligante e a temperatura de sinterização incorreta [6].
Dependendo da sua origem, os poros podem apresentar-se em diferentes formas e
tamanhos. A influência dos poros microscópicos nas propriedades mecânicas é menos
compreendida, pois é mascarada pela presença de poros macroscópicos e tamanhos maiores
de grão. No entanto, estes defeitos têm um papel importante no início de fraturas, tendo
considerável importância no controle de qualidade [7].
3.15 - Dureza e Tenacidade à Fratura
A dureza é a capacidade que o material tem de resistir à deformação plástica
localizada. O ensaio de dureza Vickers (HV) (ISO 3878) é o mais comum para o metal duro,
seguido em popularidade dureza Rockwell A (norma ISO 3738, ASTM B294). A dureza
Knoop (HK) (norma ISO 22394) também é utilizada quando a anisotropia do material é de
interesse, como é o caso em cristais de WC [26].
Cargas variando de 100kgf, 50kgf, 30kgf, 20kgf, 15kgf, 10kgf, e 1kgf são utilizados
para medir a HV, com a carga mais comum sendo de 30kg, indicados como HV30. A redução
da carga abaixo de 1kgf a 5kgf qualifica o ensaio como microdureza em carbetos cementado
[26]. HV varia tipicamente de cerca de 7GPa até 22GPa para carbonetos cementados e pode
chegar a cerca de 24GPa para o compósito WC-Co com pequenas quantidades de ligante,
WC com granulação nano e WC-Co com inibidores do crescimento de grão [26].
A dureza aumenta quando as diagonais da indentação é diminuída de várias centenas
de microns até um micron e após submicrons devido a ação das cargas sobre o penetrador
[26].
50
O efeito do tamanho de diagonal também é observado em microindentações em metal
duro. Para a micro indentações de ligas de WC-Co, as cargas devem ser inferiores a 1kg [26].
Na Figura 3.14 observa-se a superioridade da dureza do metal duro ultrafino (0,2μm
- 0,5μm) comparada com a dureza do submicron (0,5μm - 0,8μm) e fino (0,8μm - 1,3μm)
com diferentes porcentagens de Co.
Figura 3.14 - Dureza do metal duro com tamanho de grão ultrafino (0,2μm -0,5µm WC),
submicron (0,5μm -0,8µm WC) e fino (0,8μm -1,3µm WC) com diferentes porcentagens
de Co [53].
O metal duro exibe uma excelente resistência ao desgaste, pois reúne, em um só
material, alta dureza e elevados níveis de tenacidade à fratura [55]. As propriedades desse
material dependem da composição de seus constituintes, da quantidade relativa destes e de
outras características não menos importantes, como tamanho de partícula e tipo de rota de
processamento, por exemplo.
Elevando-se a porcentagem de Co, a dureza do metal duro diminui, mas observa-se
para partículas ultrafinas uma nova característica do pó, pois mesmo com aumento
considerável da porcentagem em peso de Co apresenta dureza satisfatória.
A tenacidade à fratura é a capacidade do material em resistir à propagação de trincas.
Existem duas formas do medir a tenacidade à fratura de metais duros. Em mecânica da
fratura de metais duros, a tenacidade à fratura representa o fator de intensidade de tensão
51
crítica K1C (ASTM B771 e ASTM E399) que é uma condição de estresse necessária para
uma trinca existente tornar-se crítica e causar a sua propagação descontrolada e falhas
catastróficas do espécime na condição de carga de tensão. Em alternativa, a tenacidade à
fratura pode ser medida a partir dos ensaios de tenacidade Palmqvist (ISO 28079) que é a
condição de tensão necessária para parar o crescimento da trinca subcrítica na superfície do
espécime.
Sabe-se que para os materiais convencionais a tenacidade à fratura diminui
geralmente enquanto sua dureza aumenta; mas para os materiais compósitos com nanogrão
pode-se conseguir maior tenacidade à fratura do que o esperado para determinado nível de
dureza (Figura 3.15) [54].
Figura 3.15 - Dureza e Tenacidade à Fratura do metal duro (WC-10%pCo) convencional e
ultrafino [53].
Observa-se na Figura 3.16 a elevada dureza para o metal duro ultrafino, mesmo em
condições de trabalho em altas temperaturas.
A Tabela 3.4 apresenta os resultados de algumas propriedades mecânicas (densidade,
dureza e tenacidade à fratura) que são mostrados para efeito de comparação.
52
Figura 3.16 - Dureza Vickers em função da temperatura de trabalho do metal duro
convencional, fino, submicron e ultrafino [53].
A Tabela 3.4, mostra amostras de WC-10%Co, citadas na literatura, contendo valores de
dureza para o metal duro com WC nanométrico e 10% em peso de Co, sinterizado
convencionalmente [12,56-58].
Tabela 3.4 - Composição nominal, densidade, tenacidade à fratura (K1C) e dureza Vickers
(HV30) de vários carbetos sinterizados, a partir de pós nanométricos de WC [58].
Material Densidade K1C
(MPam1/2)
Dureza
(GPa)
WC-10%pCo+0,1%pVC/Cr3C2/WC 0,1 m 98,85% 11,10 20,10
WC-8%pCo e 2%pAl 91% 10,50 12,80
WC-10%pCo -- 13,30 14,20
WC-10%pCo -- 12,70 10,80
WC-10%pCo/WC 0,8 m -- 10,50 15,50
WC-10%pCo/WC 2,5 m -- 15,20 14,00
WC-10%pCo 98% 14,20 12,56
WC-10%Co(HPHT)WC0,2m+0,2%VC 99,65% 15,00 19,10
WC-15%pCo/WC < 0,1m+0,8%pVC
-- -- 14,80
Usando pó nanométrico de WC, com adição de 10% em peso de Co, sinterizado
convencionalmente (1400ºC – 45minutos – 10-2mbar), encontraram-se valores de dureza
53
HV30 de 17,7GPa, K1C de 15,11MPa.m1/2, para uma densificação de aproximadamente 99%.
O valor mais baixo de dureza para as amostras sinterizadas convencionalmente é atribuído à
presença das fases eta (), Co6W6C e Co3W3C. Estas fases foram observadas via MEV e
DRX, confirmadas via EDS, e semiquantificadas via método das áreas, a partir do padrão de
difração de raios X [58].
A dureza e a tenacidade à fratura são as duas das mais importantes propriedades
mecânicas do WC cementado. Outras propriedades mecânicas, como resistência à flexão,
resistência ao desgaste e resistência ao impacto, são fundamentalmente dependentes da
dureza e da tenacidade à fratura.
As propriedades mecânicas dos compósitos de WC-Co nanoestruturados foram
relatadas em vários estudos [59,60].
A Tabela 3.5 lista alguns dos dados de propriedades mecânicas disponíveis na
literatura. Pode-se comparar as propriedades mecânicas dos materiais de WC-Co fabricados
a partir de pós nanométricos utilizando várias técnicas diferentes de compactação [4]. Alguns
dos valores de tenacidade à fratura relatados são muito elevados. Por exemplo, a tenacidade
à fratura da amostra compactada pelo processo de sinterização por indução a alta frequência
(High frequency induction-heated sintering - HFIHS) foi de 13,5MPamm1/2 e sua dureza HV
de 2030MPa. Outro valor excepcionalmente alto é o da tenacidade à fratura (K1C) e o da
dureza HV da amostra que foi sinterizada por plasma pulsado (PPS) onde o material
apresentou os valores de 15,3MPamm1/2 e 2250MPa [4].
Existem três categorias de possíveis mecanismos a partir dos quais as propriedades
mecânicas do WC-Co, com tamanhos de grãos nanométricos, podem ser melhoradas quando
comparadas a dos materiais convencionais de WC-Co.
O primeiro é baseado nos efeitos das falhas. Espera-se que os tamanhos das falhas,
por exemplo, tamanhos de poros no material sinterizado, começando com pó nanocristalinos
de WC-Co, sejam drasticamente reduzidos quando comparados com o WC-Co convencional
sinterizado.
Se o tamanho de grão é mantido menor que 30nm, o tamanho da falha será, então, de
alguns nanometros ou menos. Isso é benéfico para a tenacidade à fratura, independente da
dureza do material.
A segunda possibilidade é baseada nos efeitos de interfaces. Em pós nanométricos
há um enorme aumento na quantidade de interfaces entre os grãos de WC e Co, em
comparação com camadas equivalentes aos de granulação grosseira [4].
54
Tabela 3.5 - Dureza e tenacidade à fratura de WC-Co sinterizado por diferentes processos
usando pós nanométricos [4].
Processo de
Compactação
Tamanho de Grão
Sinterizado (nm)
Dureza
(HV30 MPa)
Tenacidade a Fratura
(MPa mm1/2)
HPg 169 2084 8.8
HPg 95 1100 14
HPg 780 1575 -
SPSa 780 1725 -
HIPb ~400 1740 -
HIP ~200 1910 -
SPS 230 2030 13.5
SPS 800 1450 10.9
SPS 470 1570 11.42
SPS 280 1569 9.3
SPS 170 1726 9.5
SPS 200 2030 -
SPS <100nm 1887 11.5
SPS ~350 1800 12
HFIHSc 323 1886 13.5
PPSd 50 2250 15.3
ROCe 0.15 1936 9.8
UPRCf ~97 1845 10.2
(a) Spark plasma sintering / sinterização com ignição de plasma (b) Hot isostatic pressing / prensagem
isostatica a quente (c) High frequency induction-heated sintering / sinterização por indução a alta frequência
(d) Pulse plasma sintering / sinterização por plasma pulsado (e) Rapid omni compaction / compactação rápida
omni (f) Ultrahigh pressure rapid hot consolidation /consolidação a quente com ultrarrápida pressão (g) Hot
pressing / prensagem a quente.
Através das trincas nas interfaces ligante/carbeto (L/C) em oposição a outras
interfaces ou trincas transgranulares aumentará consideravelmente no WC-Co
nanocristalinos. Tem sido mostrado que as trincas não avançam exatamente ao longo da
interface, mas prossegue no ligante, formando espaços estreitos na ondulação superficial do
WC-Co convencional [4].
Há uma quantidade apreciável de deformação plástica do ligante envolvido na fratura
através das interfaces L/C. O aumento nas distâncias através do caminho das interfaces L/C
55
contribuirá para uma quantidade significativa da energia no processo de fratura, o que
aumentará a tenacidade total do material [4].
A terceira possibilidade está também relacionada aos efeitos de interfaces que
envolvem os mecanismos de deformação. A geração convencional de discordâncias e a
migração de partículas é cada vez mais difícil com a redução de dimensões das partículas
rumo ao nano. Os mecanismos mais prováveis para a deformação serão o deslizamento dos
contornos de grão e difusão de curto alcance auxiliada por eventos como a rotação e o
ajustamento na forma dos grãos [63].
Para o WC-Co convencionalmente sinterizado, a tenacidade à fratura é uma função
do livre caminho médio (LCM) entre os grãos de WC. É dependente da deformação plástica
e da ruptura do ligante Co. Um grão pequeno resulta em menor LCM, em uma fração de
determinado volume constante de Co e zona de menor efeito plástico, portanto, menor
tenacidade à fratura. Para os nanocristalitos de WC-Co, o efeito dos mecanismos plásticos
do Co, sem dúvida, será reduzido a partir do ponto de vista do LCM.
Portanto, todos os mecanismos possíveis de contornos de grãos, incluindo
deslizamento e rotação, serão críticos para a sua tenacidade. A questão é saber se a energia
de fratura através dos limites de grãos será suficiente para compensar a perda de deformação
plástica da fase ligante, e qual seria a relação final entre a dureza e a tenacidade à fratura. As
respostas a estas questões terão grande importância, alcance científico e industrial não só
com relação aos materiais de WC-Co, mas também muitos outros sistemas e materiais [4].
3.16 - Caracterização Microestrutural
As cerâmicas, os metais, e os polímeros têm suas propriedades definidas pela
composição química e microestrutura que apresentam. A análise microestrutural, qualitativa
e quantitativa desses materiais, tem como base o desenvolvimento de metodologias
específicas em análises químicas, microestruturais (microscopias ótica e eletrônica),
identificação de fases (difração de raios X ou de nêutrons) e outros.
A caracterização da estrutura cristalina, no que se refere à densidade, distribuição
atômica e dimensões da célula unitária contribuem para o controle do processo de fabricação.
Além disso, constitui a base para identificação das fases, estruturas, distribuição de
estabilizantes, porosidades e avaliação do desempenho de materiais.
56
A difração de raios X é um método de análise muito utilizado na caracterização de
materiais. Esse método possibilita a análise qualitativa e quantitativa de fases, determinação
da cristalinidade, parâmetros da rede cristalina e medidas mais específicas, como tensão
residual e textura [64,65].
A análise quantitativa de mistura de fases por difração de raios X tem sido aplicada
desde 1925, quando foi implementada para determinação da quantidade de Mulita em
cerâmica refratária. A técnica tornou-se uma ferramenta analítica importante nas últimas
décadas, quando o controle de qualidade industrial e a pesquisa de materiais avançaram
significativamente. Além disso, foram desenvolvidos difratômetros de pó automáticos que
permitem a obtenção de dados para análise com rapidez e eficiência [66].
A quantificação das fases é uma etapa fundamental na determinação da estrutura,
propriedades e aplicações de um material. A análise quantitativa de fases é baseada no
cálculo das intensidades integradas dos picos de difração. As intensidades integradas de cada
fase na mistura são proporcionais à quantidade presente na mistura [63,67,68].
Rietveld, em 1969, desenvolveu um método para refinamento de estruturas que foi
estendido posteriormente para aplicação na análise quantitativa de fases e estudos de
microdeformação. A principal vantagem desse método é a obtenção de um padrão de
difração por modelos matemáticos, eliminando a necessidade da preparação de amostras
padrão para comparação das intensidades dos picos. A introdução de modelos matemáticos
permite também a correção entre efeitos de aberrações sistemáticas, provenientes da
estrutura de amostra e da geometria do difratômetro [64,67].
O método permite a definição das posições e intensidades das reflexões de Bragg, de
modo que, mesmo havendo sobreposição dos picos, as intensidades das reflexões de cada
fase podem ser avaliadas com boa precisão. A utilização de todo o padrão de difração
possibilita uma maior precisão nos resultados da análise quantitativa, quando comparado aos
métodos tradicionais que utilizam reflexões isoladas. A obtenção de dados digitais por
difratômetros automáticos e a evolução dos métodos de computação, estimularam o
desenvolvimento do Método de Rietveld [67,68].
O uso de informações geradas por cálculos de Primeiros princípios (Ab Initio) tem
sido utilizado com a finalidade de determinar as peculiaridades das propriedades magnéticas
eletrônicos estruturais e estabilidade para a família de carbonetos η relacionados M3W3C e
M6W6C (onde M = Co).
57
A potencialidade do Ab Initio gera dados referente a geometria das fases onde esses
dados são otimizados e os seus parâmetros estruturais como a densidade teórica, energias de
formação e coesão, as densidades de estados total e parcial, momentos atômicos e
magnéticos são obtidos e analisados, comparando-os com dados experimentais disponíveis
[5].
Seguindo, são mostrados trabalhos relatados na literatura onde foram utilizadas as
técnicas de caracterização para materiais com DRX, MEV, Primeiros Principios (Ab Initio)
e o Método de Rietveld mostrando o comportamento estrutural de materiais de interesse.
Na Figura 3.17 é mostrada a microestrutura e o padrão de difração de raios X da
clássica configuração do metal duro – WC-10%Co.
Figura 3.17 - Micrografia (a) e padrão de DRX (b) do pó do compósito de WC-10Co [69].
A intenção do trabalho foi avaliar a influência de inibidores de crescimento de grãos.
A observação com a MEV mostra que as partículas dos pós do compósito preparado são
pequenas e uniformes. O tamanho médio de partícula é de cerca de 400nm. As partículas de
WC apresentam morfologia esférica com uma distribuição de tamanho de partícula estreita.
A análise por difração de raios X mostra que as principais fases de pós compósitos são WC
e Co [69].
Num primeiro momento, a composição WC-10%Co foi preparada para servir de
referência, a partir do método de moagem planetária e sinterização durante 60 minutos a
1400℃. Utilizando difração de raios X, microscopia eletrônica de varredura e ensaios de
propriedade mecânica foi possível identificar a formação de uma fase metaestável.
Os padrões de DRX dos compósitos (liga 1, 2 e 4 - WC-10%Co), após a sinterização
durante 60 minutos a 1400℃ é apresentada na Figura 3.18. Os resultados mostram que o
metal duro contém as fases WC, Co e Co3W3C [69].
58
Figura 3.18 - Padrões de DRX das ligas 1, 2 e 4, após a sinterização a 1400℃ durante
60min [69].
O ligante Co, durante a sinterização, promove a dissolução do WC formando novas
fases. Também a área de superfície específica das nanopartículas de WC é muito maior do
que a de pó normal, ultrafino, aumentando a interação do Co com o WC. Durante o processo
de sinterização a vácuo, fases Co3W3C são geradas por causa da escassez de carbono [69].
Na Figura 3.19 é usada a DRX para avaliar os efeitos da moagem em moinho de
bolas sobre a microestrutura do compósito de WC nanoestruturado através de duas rotas
diferentes. A primeira rota envolveu a moagem para uma mistura pré-formada de WC com
17% em peso de pó de Co, enquanto que na segunda rota utilizou a mistura mecânica do pó
W-Co-C. Os resultados mostraram que a moagem em moinho de bolas para o WC com 17%
em peso de Co facilmente reduziu o tamanho das partículas de WC deixando-as com um
tamanho de cristalito de 15nm.
Figura 3.19 - Padrões de difração de raios X do compósito WC-17% Co com partículas do
pó antes e após a moagem em moinho de bolas por diferentes tempos [70].
Inte
nsi
dad
e
Inte
nsi
dad
e
59
O recozimento desta estrutura, no entanto, causou a transição da fase WC para a fase
Co6W6C indesejável. A mistura mecânica dos pós de W-Co-C não produziu a fase WC, mas
foi possível produzir a fase WC com um tamanho de cristalito de cerca de 10nm utilizando
a mistura mecânica dos pós de W-C (Figura 3.20) [70].
Figura 3. 20 - Padrões de difração de raios X do compósito em pó de WC-17%Co: (a) após
10h de moagem em moinho de bolas, (b) e (c) após o recozimento isotérmico subsequente
a 800°C durante 1h e 2h [70].
Observou-se neste trabalho que: A fase de WC nanocristalino pode ser obtida por
moagem com bolas do pó de WC-17%Co, embora tenha sido formada uma fase indesejável
após subsequente recozimento. Não foi possível produzir compostos de WC por mistura
mecânica dos pós de W-Co-C. No entanto, durante a mistura mecânica dos pós de W-C, o
tungstênio e a grafite reagiram para formar a fase nanocristalina de WC (Figura 3.21) [70].
As partículas de WC de 1μm-3μm foram misturadas com dois tamanhos diferentes
de partículas de Co e sinterizadas convencionalmente a duas temperaturas diferentes
(Figuras 3.21 e 3.22). A compactação inicial dos pós foi realizada utilizando o método de
compactação dinâmica, relativamente novo, chamada compactação pulsada magnética
(MPC). A dureza Vickers máxima encontrada para as amostras foi de 1353HV (13,27GPa),
enquanto a resistência máxima à fratura foi observada em 4,6 MPa m1/2 (Figura 3.22).
As mudanças acentuadas na densidade, dureza, tenacidade à fratura e comportamento
de trincas observadas nas amostras indicam fortes correlações entre o tamanho das
partículas, o processo de sinterização e as propriedades mecânicas dos carbonetos
cementados [71].
Inte
nsi
dad
e
60
Figura 3.21 - Padrões de difracção de raios X de WC-7,5%Co e WC-7,5%Co-nano com
suas respectivas temperaturas de sinterização [71].
O foco deste estudo foi observar como as mudanças na temperatura de sinterização
convencional e no tamanho da partícula do aglutinante afetam as propriedades mecânicas e
o comportamento microestrutural do WC-Co.
Durante o processo, verificou-se que o tamanho de partícula do aglutinante (Co)
possui uma relação inversamente proporcional com densidade e dureza, enquanto o
comprimento da trinca parece ter uma relação semelhante com a resistência à fratura. Os
valores mais baixos da tenacidade à fratura foram atribuídos à falta de grandes partículas de
Co que atuam como um bloqueador de trinca e também maiores porcentagens de contato
entre WC-WC nas amostras com aglutinantes de Co nanoparticulado.
As temperaturas de sinterização nas quais as amostras foram tratadas durante várias
horas, não pareciam ter um impacto suficiente nas propriedades e contribuíram
principalmente para estabilizar a homogeneidade do ponto de vista microestrutural. O WC
foi considerado a fase dominante em todas as amostras sinterizadas, embora Co tenha sido
distribuído homogeneamente como resultado combinado do uso de moagem de bolas de alta
energia, empregando MPC para précompactação e várias horas de sinterização convencional
para estabilização de fase [71].
Inte
nsi
da
de
(U.A
) Amostra 4
Amostra 3
Amostra 2
Amostra 1
61
Figura 3.22 - Mudanças em: a) densidade relativa e b) dureza de Vickers de WC-7.5%Co
em relação à variação da temperatura de sinterização e tamanho de partícula inicial do Co
como parte da composição [71].
3.17 - Moagem de Alta Energia
A moagem de alta energia consite em um método simples e eficaz de produzir
compósitos nanoestruturados a partir da mistura e moagem de pós de partida [15].
A técnica e os parâmetros utilizados na mistura e moagem dos pós determinam a
dispersão, o tamanho e a distribuição de tamanho das partículas do WC e do Co, resultando
em mudanças significativas na sua microestrutura, tais como, refinamento de partículas,
microdeformação da rede cristalina e a ocorrência de reações químicas.
Em proporções adequadas pós de partida são colocados no recipiente de moagem,
são adicionadas as esferas (ou cargas) de moagem, numa correta relação de proporção em
massa de esferas e da amostra (pó). Em seguida o recipiente de moagem é fechado, acoplado
no moinho e dá-se início ao processo de moagem, onde alguns parâmetros são previamente
definidos, como: tempo de moagem, velocidade, energia, temperatura, relação em massa de
bolas para massa de pó, uso de substâncias como agentes para controle de processo, dentre
outros.
Den
sid
ad
e R
elati
va (
%)
Du
reza
Vic
ks
(Hv
)
Número da amostra
Número da amostra
62
Durante o processo de mistura ou moagem os movimentos das esferas causam
colisões entre elas e os pós, formando, assim, compactos de pó. À medida que o tempo de
moagem aumenta, tende a haver um aumento desses compactos, ou seja, a soldagem das
partículas dos pós. Simultaneamente a formação dos compactos, e devido à repetição dos
impactos, ocorre deformação plástica nos compactos; com o passar do tempo, esses se
tornam encruados e dessa forma são levados ao fenômeno da fratura frágil e/ou falha por
fadiga (Figura 3.23).
Os fragmentos gerados por estes mecanismos continuam a ter seus tamanhos
reduzidos, chegando a um tamanho intermediário, entre as partículas refinadas e os
compactos. Neste estágio, a tendência à fratura é maior que a formação de compactos. Com
o aumento do tempo de moagem, é atingido o equilíbrio de forma-estado, quando é
alcançado um balanço na taxa de formação de compactos e de fragmentação, ou seja,
atingindo um tamanho tão pequeno, que não permita mais a nucleação e propagação de
trinca. Neste momento, pode-se dizer que o equilíbrio entre a formação de compactos e a
fratura foi alcançado e que, dependendo do tempo de moagem, as partículas podem estar na
escala nanométrica [15].
Figura 3.23 - Representação esquemática mostrando o impacto entre as esferas e a
deformação dos pequenos compactos de pó [15].
A moagem é um processo dinâmico, assim, torna-se um grande desafio estabelecer
modelos matemáticos que descrevam exatamente os vários mecanismos neste processo [15].
Os principais enfoques na qualificação e modelagem da moagem visam definir: (a)
em quanto tempo e qual a quantidade de energia é necessária para alcançar o refinamento da
estrutura das partículas dos pós, e (b) aperfeiçoar o desempenho do equipamento em função
dos parâmetros de moagem, tais como: número e tamanho de bolas, relação em peso da
massa de bolas e massa de pó, tamanho e forma do cadinho, entre outros [15].
63
Existem três sistemas de mistura na moagem de alta energia. São eles: dúctil-dúctil,
dúctil-frágil e frágil-frágil. Em todos eles os estágios de moagem acontecem da mesma
forma, diferindo apenas na intensidade de cada um deles. Por exemplo, nos sistemas com
materiais dúcteis, o estágio de formação de compactos (ou plaquetas) é mais intenso do que
no sistema frágil-frágil, neste o estágio predominante é o de fragmentação das partículas.
Partindo de um sistema dúctil-dúctil, nos primeiros passos da moagem, os
componentes são achatados e tornam-se plaquetas a partir de um processo de
microforjamento. Uma parte deste material é soldado à superfície das esferas de moagem
(que podem ser de aço, cerâmica ou carbeto de tungstênio, dependendo da aplicação)
formando uma camada, que é vantajosa, tendo em vista que previne o desgaste das esferas,
minimizando a contaminação. Na fase de formação das plaquetas é observado um aumento
no tamanho das partículas. Com o passar do tempo de moagem, as partículas tornam-se duras
devido à tensão interna gerada pelas colisões, consequentemente é alcançado um estado de
fragilidade, fazendo com que ocorra a fragmentação, resultando em partículas com
dimensões menores e mais uniformes.
A formação da liga começa a ocorrer nesta etapa, devido à diminuição das distâncias
interplanares, aumento da densidade de defeitos e ao aquecimento que ocorre durante o
processo de moagem propiciando a difusão [17].
A dureza e o tamanho da partícula tendem a atingir valores extremos nesta fase,
chamado de estágio de processo de estado sólido. Em seguida, dar-se-á início à formação da
liga em nível atômico, resultando na formação de uma solução sólida, de compostos
intermetálicos ou até mesmo de fases amorfas.
Passando para um sistema dúctil-frágil, no estágio inicial de moagem as partículas
dúcteis tendem a formas plaquetas, devido às colisões entre as esferas de moagem e o pó.
As partículas frágeis fraturam e são distribuídas ao logo das plaquetas de material dúctil.
Continuando o processo de moagem, as plaquetas dúcteis tornam-se aglomerados
duros e frágeis, ou seja, as plaquetas tornam-se uma mistura de componentes, nas quais vai
ocorrer o processo de difusão de curto alcance e a formação de uma solução sólida de matriz
dúctil.
As partículas geradas pelo processo de moagem possuem uma composição
homogênea da mistura dos pós de partida [17].
É apresentado o aspecto microestrutural do compósito WC-10%Co na Figura 3.24,
obtida com o MEV. Ilustra a morfologia do compósito sinterzado, com a presença de poros,
fase ligante de Co e WC.
64
Figura 3. 24 - (A) Microestrutura de metal duro WC-10% em peso de Co e (B) Micrografia
da amostra de WC-10%Co com os pontos da análise de EDS [52].
Na microanálise semiquantitativa via EDS realizada nos pontos mostrado na Figura
3.24 (B) tem-se a região cinza escuro com maior presença de Co no ponto 1; para o ponto 2,
região cinza claro, o WC; no ponto 3 o compósito WC-Co e no ponto 4 a formação da fase
W2C [52].
Na Tabela 3.6, é apresentada a quantificação dos elementos presentes na amostra
para os pontos da Figura 3.24 (B) [52].
Tabela 3. 6 - Análise quantitativa pontual por EDS para o metal duro WC-10Co [52].
% Atômica
Elemento Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
C 20.393 40.498 42.103 38.938
Co 43.311 13.648 14.430 9.379
W 36.296 45.854 43.467 51.683
A distribuição da fase ligante foi homogênea na maioria das amostras, levando à
formação de pequenos “lagos” de Co. Observa-se a considerável presença de poros (regiões
pretas), além de regiões onde houve o crescimento de grãos (regiões cinza-claras),
características intrínsecas ao metal duro.
O método de Rietveld é amplamente reconhecido como uma ferramenta poderosa
para análises estruturais para quase todos os materiais cristalinos não disponíveis na forma
monocristalina. Estudos da estrutura de fármacos, supercondutores, materiais magnéticos e
A B
65
tantos outros materiais são representativos da variedade de aplicações importantes do
Método de Rietveld, tanto com dados de difração de raios X quanto difração de nêutrons. O
método de Rietveld tem se firmado como uma ferramenta versátil e intensamente utilizada
em análise quantitativa de fases em diversas áreas do conhecimento, tais como Física,
Química e Engenharia e Ciência dos Materiais [67,68,72,73].
3.18 - Modelagem Estrutural e Quantificação de Fases
O uso do método de Rietveld na metalurgia é geralmente de difícil aplicação para
determinar quantitativamente a fração de massa de cada tipo de precipitados em aço por
meio de microscopia eletrônica de transmissão e/ou demais métodos tradicionais de análise
com a difração de raios X / método do pó. Foi empregado o algoritmo de Rietveld para
ajustar todo o padrão de difração de raios X para calcular as frações de massa relativas aos
precipitados formados no aço 2.25Cr-1Mo-0.25V [74]. Os resultados sugerem que as frações
de carbonetos MC, M7C3 e M23C6 foram avaliadas com precisão e de forma relativamente
rápida. Além disso, verificou-se que a fase fina MC foi dissolvida na matriz com a têmpera
prolongada.
Um refinamento realizado com o método de Rietveld envolve a análise do padrão de
difração experimental completo com perfis calculados e o background. O modelo utilizado
para descrever a intensidade correspondente ao i passo (Yi) pode ser escrita como na Equação
3.1:
𝑌𝑖 = 𝑌𝑏𝑖 + ∑ 𝑆𝛽
𝛽
∑ 𝐿𝛽𝐾
𝐾
|𝐹|𝛽𝐾2 𝑒−2𝑀𝛽𝑃𝛽𝐾𝐴𝐾𝜂(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝛽𝐾) 3.1
onde β e K são fase e as reflexões Bragg indexadas respectivamente, Sβ é o fator de escala,
LβK é o fator de Lorentz, polarização e fatores de multiplicidade, FβK é o fator de estrutura,
Mβ=B.sen2 (θβ)/λ2 é o fator da temperatura global e 𝛽 é o fator de Debye-Waller, PβK é a
função de orientação preferencial, AK representa a função de correção de absorção e η é a
modificada função de Thompson-Cox-Hastings.
A função de perfil Pseudo-Voigt é a que melhor descreve os efeitos instrumentais e
da amostra. Finalmente, Ybi representa a intensidade do background, no i passo [74,87].
66
Todos estes parâmetros são modificados em um processo de repetição a fim de
minimizar a diferença quadrática ponderada entre os dados experimentais e Yi o valor
teoricamente previsto Yicalc calculado em cada posição angular mostrado na Equação 3.2:
∑ 𝑤𝑖(𝑌𝑖 − 𝑌𝑖𝑐𝑎𝑙𝑐)2 = 𝑀𝑖𝑛𝑖𝑚𝑢𝑚 3.2
onde i varia de 1 ao número de observação, e wi=1/Yi é o recíproco da variância associada à
i observações.
A quantidade relativa de cada tipo de carboneto no resíduo é proporcional ao produto
do fator de escala, como os derivados da análise de Rietveld multicomponente do padrão de
difração do pó, com a massa e o volume da célula unitária. Se todas as fases são identificadas
e cristalinas, a fração χα de massa relativa da fase α é dado na Equação 3.3 por [74,87]:
𝜒𝛼 =𝑆𝛼𝑍𝛼𝑀𝛼𝑉𝛼
Σ𝛽𝑆𝛽𝑍𝛽𝑀𝛽𝑉𝛽 3.3
onde Sα, Zα, Mα e Vα são, respectivamente, o fator de escala de Rietveld, o número de
células unitárias, a massa da fórmula unitária e o volume da célula unitária de cada fase α.
O ajuste do padrão para aos precipitados formados no aço 2.25Cr-1Mo-0.25V foi
feito por meio do software, TOPAS, que é baseado no método de Rietveld. O refinamento
de Rietveld foi aplicado ao longo de um intervalo angular relativamente curto (30-90° 2θ)
para se obter resultados mais confiáveis. Os parâmetros de célula unitária iniciais para cada
fase estão apresentados na Tabela 3.7 [74].
Estes valores foram otimizados com o refinamento.
Os parâmetros globais comuns, os coeficientes do background, deslocamento do zero
ou porta amostra, fator de escala e fase e parâmetros de perfil (U, V, W e X, Y, Z) foram os
únicos parâmetros refinados durante a primeira etapa, até que uma convergência aparente
foi atingida. Após isso, a proporção atômica de ocupação foi optimizada. O ajuste do padrão
de difração realizado com o método de Rietveld é mostrado na Figura 3.25, onde Rexp
(esperado), RWP (ponderando), Rp (padrão) são os parâmetros de qualidade do refinamento
[74,86].
A partir das Figuras 3.25(a, b, c) e os fatores Rexp, Rwp e Rp, pode ser visto que o
método de Rietveld calcula o padrão de difração e pode modelar com sucesso os picos
severamente sobrepostos no padrão de difração observado.
67
Tabela 3.7 - Refinamento dos parâmetros de célula unitária e fração de massa dos
carbonetos ao final do refinamento de Rietveld [74].
Amostra Fase a (Å) b (Å) c (Å) Grupo
espacial
Fração de
massa (%)
QT2
MC 4,1870 4,1870 4,1870 Fm-3m 28,72
M7C3 7,0058 12,1445 4,5011 Pmcn 64,46
M23C6 10,5775 10,5775 10,5775 Fm-3m 6,82
QT5
MC 4,1884 4,1884 4,1884 Fm-3m 31,01
M7C3 7,0128 12,1477 4,5038 Pmcn 66,10
M23C6 10,5940 10,5940 10,5940 Fm-3m 2,89
QT10
MC 4,1932 4,1932 4,1932 Fm-3m 6,87
M7C3 7,0159 12,1520 4,5054 Pmcn 90,45
M23C6 10,6014 10,6014 10,6014 Fm-3m 2,68
O poder do método de Rietveld na realização de uma análise de fase quantitativa com
amostras multifásicas com fortes sobreposições é evidenciado neste estudo.
Figura 3.25 - Observado (curvas), calculados (círculos) e diferença (Iobs-Icalc, 1)
parâmetros de Rietveld ajuste para a mistura de carboneto em pó, extraído
eletroliticamente do aço 2.25Cr-1Mo-0.25V as-temperado durante (a) 2h, (b) 5h e (c), 10h,
respectivamente [86].
Inte
nsi
da
de
(cp
s)
2 Theta (θ)
68
As frações mássicas relativas dos carbonetos estão apresentados na Tabela 3.8 e
indicam a ocorrência de dissolução da fase fina MC após 10h de têmpera (Figura 3.26) [74,86].
Tabela 3.8 - Evolução da quantidade de carboneto durante a têmpera [74].
Amostra Fração de massa do
carboneto (%)
Fração de massa do
MC (%)
QT2 1.10 0.32
QT5 1.23 0.38
QT10 1.48 0.10
O estudo cita que a fração de massa dos carbonetos no aço pode ser calculado pela
Equação 3.4:
𝑓 =𝑚𝑐
𝑚𝑜 − 𝑚𝑡=
𝑚𝑐
Δ𝑚. 100% 3.4
onde mC é a massa do carboneto extraído a partir do espécime, mo é a massa original da
amostra antes da eletrólise e mt é a massa final da amostra depois de eletrólise [74].
Figura 3. 26 - Micrografias eletrônicas de transmissão da réplica extração do aço 2.25Cr-
1Mo-0.25V temperado a (a) 2h, (b) 5h, e (c) 10h, respectivamente [74].
Como conclusão o estudo afirma que a fração de massa relativa de cada tipo de
precipitados no aço 2.25Cr-1Mo-0.25V, após o tratamento térmico, foi determinada com
precisão e de forma confiável pelo padrão de difração de raio X e refinado com o método de
Rietveld. Também os resultados sugerem que o método de Rietveld pode ser uma técnica
poderosa para o estudo da cinética de precipitação de carbonetos [74].
O método de Rietveld foi utilizado para a analise de pós submicrons e ultrafinos de
WC utilizando o software TOPAS. Foram refinados os parâmetros de rede dos pós de WC
puros e dopados com Cr3C2. O efeito do tamanho das partículas no WC puro e dopado com
69
Cr foram avaliados em seus parâmetros de rede e as distorções causadas pelo Cr em peças
sinterizadas. Analisada a estrutura com base nos refinamentos de Rietveld dos dados de
difração, forneceram valiosas informações sobre a constituição e comportamento de peças
de WC sinterizadas com pós extremamente finos [75]. Quanto menor o tamanho de partícula
para o WC, os parâmetros da célula unitária hexagonal são alterados, esta mudança é
acompanhada pelo decréscimo da quantidade de C combinado [75].
Com a deficiência de carbono, era esperada uma fração de W2C que foi, em geral,
baixa (Figura 3.27) e, portanto, não pode ser usada como único argumento e indicativo de
um significativo grau de deficiência de carbono.
Figura 3.27 - Padrão de difração para raios X e a imagem micrográfica de MEV do pó; sem
picos W2C visíveis; 6,07% em peso de C ligado, valor estequiométrico no WC de 6,13%
em peso de C [75].
O carbeto de tungstênio cristaliza no grupo espacial hexagonal 𝑃6̅𝑚2 (187). A
estrutura consiste em um empacotamento de camadas alternadas de átomos de W e C no
plano (0001). Cada átomo de W é cercado por seis átomos de C, formando um prisma
trigonal, e cada átomo de carbono está rodeado por seis átomos de tungstênio. Os parâmetros
de rede são a = 2,9063Å, c = 2,8375Å e a distância entre o tungstênio e o carbono é 2,197Å
(Figura 3.28) [75].
Refinamentos de Rietveld realizados em pós muito finos WC demonstram que a rede
cristalina do WC puro apresenta uma expansão ao longo do eixo c e uma contração ao longo
do eixo a com uma diminuição do tamanho das partículas. Esse efeito se correlaciona com
os valores do carbono combinado dos respectivos pós, com a diminuição de
partícula/tamanho de grão do WC, resultando em uma estrutura de WC sub-estequiométrica.
70
Figura 3.28 - Rede cristalina do WC, sombreada em destaque, a célula unitária do WC [75].
O teor da sub-estequiometria do C implica em vacâncias na rede cristalina do WC.
Essas vacâncias do carbono resultam em ligações covalentes mais fracas entre as camadas
de carbono e tungstênio. Isto pode corresponder a um aumento do parâmetro c.
Simultaneamente, os átomos dentro da camada de tungstênio movem-se ligeiramente e o
parâmetro a torna-se menor.
Uma vez que a rede cristalina sobre a superfície dos grãos e nas interfaces é
ligeiramente diferente do interior da rede (idealizada), também é possível que a própria
superfície influencie os parâmetros de rede de pós muito finos. No entanto, o teor de carbono
sub-estequiométrico na estrutura WC fornece uma explicação suficiente para o efeito
observado na rede cristalina do WC.
Durante a sinterização, a maioria do Cr (inibidor de crescimento de grão) difunde no
líquido do ligante Co considerando que parte do Cr permanece junto ao WC. Foi utilizada a
técnica do Cálculo de Primeiros Princípios (Ab Initio), para modelar a célula unitária do
WC para pós mais fino, puro e dopados com Cr. Os resultados mostram que para pós mais
finos a estequiometria do WC é alterada de 1/1 para W 1 e C 0,95 gerando vacâncias em pós
puros (Figura 3.29) [75].
Como referência ao uso de informações geradas por cálculos de Primeiros princípios
(Ab Initio) FLAPW-GGA (Full-potential Linearized Augmented Plane Waves) método
dentro da GGA (Generalized Gradient Approximation) tem sido realizado com a finalidade
de determinar as peculiaridades das propriedades magnéticas eletrônicos estruturais e
estabilidade para a família de carbonetos η relacionados M3W3C e M6W6C (onde M = Co).
A geometria de todas as fases foi otimizada e os seus parâmetros estruturais como a
densidade teórica, energias de formação e coesão, as densidades de estados total e parcial,
71
momentos atômicos e magnéticos foram obtidos e analisados em comparação com dados e
experimentais disponíveis [5].
Figura 3.29 - Os efeitos de uma vacância de carbono na estrutura do WC – em cinza o W,
em preto o C e em branco a vacância do carbono [75].
De acordo com dados cristalográficos disponíveis, os carbetos (Co3W3C e
Co6W6C) adotam a simetria cúbica e grupo espacial 𝐹𝑑3̅𝑚 (227) e Z=16 (Co3W3C) e Z=8
(Co6W6C). Em ambas as estruturas cristalinas, os átomos de tungstênio ocupam o sitio 48f
e os átomos de Co estão nas posições 32e não-equivalente (Co1) e 16d (Co2) de seus
respectivos sítios, enquanto que o carbono está localizado no sítio 16c para a fase Co3W3C
ou no sitio 8a para a fase Co6W6C, de acordo com a Tabela 3.9 [5,77-79].
Tabela 3.9 - Posições atômicas para o carbeto Cúbico Co3W3C e Co6W6C [5].
Carbeto W X1 X2 C
Co3W3C 48f
(x1;0,125;0,125)
32e
(x2; x2; x2)
16d
(0,5;0,5;0,5)
16c
(0;0;0)
Co6W6C 48f
(x1;0,125;0,125)
32e
(x2; x2; x2)
16d
(0,5;0,5;0,5)
8ª
(0,125;0,125;0,125)
A estrutura ideal do carbeto η cúbico Co3W3C é mais complexa, composta por oito
octaedros regulares de átomos de tungstênio distribuídos em uma estrutura cúbica de face
centrada e oito tetraedros regulares de átomos de Co distribuídos na estrutura cúbica de face
centrada (Figura 3.30) [5].
72
Figura 3.30 - Os modelos de estruturas cristalinas para os carbetos η Co6W6C e Co3W3C.
Onde, X=M1 e Y=M2 representam dois tipos diferentes de átomos do metal em 3D
colocados nas posições 32(e) e 16(d) [5].
Dezesseis átomos adicionais de Co estão tetraedricamente coordenados com 16
átomos formando tetraedros e 16 átomos de carbono cercam os octaedros tungstênio em
coordenação tetraédrica. A única diferença entre as fases Co3W3C e Co6W6C é que essas
fases contêm 16 e 8 átomos de carbono por célula unitária, respectivamente, e para Co6W6C,
os átomos de carbono ocupam 8 sítios na coordenação octaédrica, estas estruturas são
mostradas na Figura 3.30 [5].
No estudo das propriedades estruturais e da densidade, como primeiro passo, as
constantes em equilíbrio da célula unitária (a) e o volume da célula (V) para a estequiometria
ideal dos carbetos Co3W3C e Co6W6C foram calculados. Os resultados são apresentados
na Tabela 3.10 [5].
Tabela 3.10 - Parâmetros de rede otimizados (a, em nm), o volume da célula (V, em nm3),
posições atômicas internas (x1 e x2, ver Tabela 3.9) e densidade teórica (ρteor, em g/cm3)
para carbetos cúbicos Co3W3C e Co6W6C, em comparação com os dados
experimentais [5].
Cabeto a V x1 x2
Co3W3C 1,1023 (1,1112) 0,3349 0,3314 0,7085 14,685
Co6W6C 1,0877 (1,0897) 0,3217 0,3248 0,7080 15,163
Como pode ser visto, a do Co3W3C e a do Co6W6C são resultados que podem ser
explicados pelos raios atômicos de metais 3d: R(Co)=1,25Å. Com os valores dos volumes
das células unitárias calculados, foram utilizados os valores para estimar a densidade teórica
(ρteor) das fases consideradas. Os dados obtidos mostraram que a densidade destes materiais
73
diminuiu na seguinte sequência: ρteor (Co6W6C) e ρteor (Co3W3C), bem como as fases com
um menor teor de carbono (ou seja, ρteor (Co6W6C)> que a ρteor (Co3W3C)). Ao mesmo
tempo, os dois carbetos η são mais leves que o carbeto de tungstênio, o WC hexagonal (ρteor
= 15,395g/cm3) e a densidade experimental (ρexp) variando de 15,5g/cm3 a 15,7g/cm3 [5].
Como resultado, os parâmetros estruturais foram otimizados, a densidade teórica, as
energias de coesão e de formação, as densidades total e parcial de estados e atômicas,
momentos magnéticos para os carbonetos M3W3C e M6W6C (onde M = Fe e Co) foram
obtidas e analisadas em comparação com os dados teóricos e experimentais disponíveis [5].
O Método de Rietveld baseia-se na simulação do difratograma de raios X a partir de
um modelo envolvendo parâmetros instrumentais e da amostra, também os parâmetros da
estrutura cristalina e as espécies atômicas que ocupam os sítios na rede [65,67,68,85,87].
Os requisitos básicos usualmente exigidos para o refinamento dos dados oriundos da
difração de raios X pelo método de Rietveld são [65,85]:
✓ Medidas precisas de intensidades dadas em intervalos fixos de 2,
✓ Um modelo inicial próximo à estrutura real do material,
✓ Um modelo que descreva a forma, largura e erros sistemáticos nas posições dos picos
de Bragg.
O uso deste método teve como objetivo produzir o refinamento ou ajuste dos
parâmetros de uma estrutura cristalina, a partir de dados obtidos pela difração de raios X das
amostras deste projeto, por meio do método dos mínimos quadrados [81,84]. O método permite
a construção de um padrão calculado, de acordo com o modelo estrutural. O padrão calculado
foi obtido pela introdução direta dos dados, como: parâmetros de estrutura, simetria espacial,
posições atômicas, posições de ocupação, parâmetros de rede, parâmetros do perfil das
reflexões, parâmetros globais e de intensidade [65,82,87].
Os parâmetros da estrutura cristalina incluem as coordenadas (x, y, z) da posição dos
átomos na célula unitária, os deslocamentos atômicos, a densidade ocupacional das posições
atômicas, as dimensões da célula unitária (a, b, c) e os ângulos (α, , ) entre os vetores,
tensões de deformações, textura, tamanho de cristalitos, discordância e defeitos planares
[65,82].
Os parâmetros de perfil de reflexões englobam a largura das reflexões e a forma do
pico. Os parâmetros globais incluem a função de radiação de fundo e parâmetros de correção
que abrangem o zero da escala 2, deslocamento da amostra e absorção. Os parâmetros de
intensidade compreendem o fator de escala que ajusta a altura de todas as reflexões do padrão
74
difratométrico e as do difratograma. Esses parâmetros permitem calcular um padrão
difratométrico adequado às fases estudadas, as quais são comparadas com o difratograma
observado. A diferença entre ambos é então minimizada fazendo variar os parâmetros no
modelo estabelecido a partir do processo baseado no princípio dos mínimos quadrados, até
obter a melhor concordância possível do padrão de difração teórico com o experimental
[82,87].
A quantificação das fases presentes é tradicionalmente realizada pelas técnicas de
metalografia quantitativa, extração seletiva das fases presentes e por difração de raios X.
Na análise por metalografia quantitativa é necessário distinguir as fases presentes na
microestrutura. Quando a observação microscópica da superfície polida da amostra não
permite a diferenciação das fases presentes empregam-se ataques superficiais que permitem
esta distinção. Realizada a distinção das fases pode-se quantificálas por meio do emprego da
contagem de pontos ou, se houver diferenciação de tonalidade entre as fases, a análise
computadorizada da imagem. A utilização da rede de pontos permite a obtenção da fração
de pontos enquanto que a análise da imagem fornece a fração em área.
A quantificação por meio da análise por difração de raios X parte do princípio que a
somatória da intensidade relativa integrada das reflexões das fases cristalinas é proporcional
à quantidade de células unitárias difratantes. Portanto, este método fornece a fração
volumétrica difratante das fases componentes do material. Para a quantificação com exatidão
das fases por esta técnica é necessário o uso de amostras-padrão, isto é, amostras com
quantidades conhecidas das fases que se pretende analisar, para a elaboração de uma curva
de calibração.
Diferentemente da quantificação por metalografia quantitativa e por difração de raios
X a extração de precipitados permite a quantificação em peso. A comparação entre os valores
de fração volumétrica e fração em peso depende do conhecimento da densidade real das
fases envolvidas. Para os aços rápidos, por conterem vários tipos de carbonetos e estes
apresentam substituições atômicas nos sítios dos átomos metálicos, esta conversão torna-se
ainda mais complexa.
A definição mais clara para o método de Rietveld “É um método de refinamento de
estruturas cristalinas, fazendo uso de dados de difração de raios X ou nêutrons, por pó. A
estrutura cristalina é refinada, de forma a fazer com que o difratograma calculado, com base
na estrutura cristalina, se aproxime o melhor possível do difratograma observado” [87,103].
Desta definição é possível estabelecer que para a utilização do método de Rietveld o
usuário necessitará de conhecimentos de cristalografia estrutural e de difração de raios X por
75
pó que permitam a interpretação dos resultados. O desenvolvimento de inúmeros programas
de computador utilizando o método de Rietveld permitiu a popularização do método nas
diversas áreas de estudos de materiais.
A eleição da estrutura modelo é o parâmetro de maior relevância para o refinamento.
A primeira pergunta do iniciante no estudo do método de Rietveld é: se é preciso conhecer
a estrutura cristalina, para que serve o método? Esta resposta está contida na própria
definição do método. O objetivo do método é refinar um modelo estrutural e não determinar
a estrutura cristalina por refinar. Entende-se estudar parâmetros estruturais como posição
atômica, fator de ocupação, fator de temperatura entre outros. Portanto para se iniciar os
cálculos é necessário o conhecimento de pelo menos o grupo espacial desta estrutura, a partir
do qual é possível obter-se as posições atômicas, que poderão ser confirmadas por meio de
outras técnicas de caracterização, isto é, o mais próximo possível que se pode chegar da idéia
de determinação da estrutura cristalina.
A eleição da estrutura cristalina pode ser feita de diversas maneiras:
✓ Em muitos casos a estrutura é conhecida e, neste caso, o método será empregado para
verificar alterações decorrentes da adição de átomos que entram em substituição ou
nos interstícios da estrutura e para a quantificação das fases presentes.
✓ A partir da utilização das bases de dados cristalográficos é possível eleger uma
estrutura isomorfa como modelo para a estrutura desconhecida.
✓ Realizar a determinação do grupo espacial por difração de elétrons utilizando
microscopia eletrônica de transmição ou difração de raios X no caso de grupos
espaciais com alta simetria.
Neste momento faz-se necessário breves comentários com a intenção de auxiliar a
leitura e avaliação dos resultados obtidos com o Método de Rietveld com relação aos índices
de avaliação a forma numérica e gráfica. Todas as duas são utilizadas para avaliar a qualidade
do refinamento dos dados de difração até a obtenção do modelo teórico (𝑦𝑐𝑎𝑙) final que
explica e fornece todas as informações ligadas às posições dos picos de cada fase, parâmetros
de rede, volume e densidade da célula unitária e a quantificação de cada fase presente no
material estudado. A minimização por mínimos quadrados gera os parâmetros necessários
para a avaliação do refinamento. Um bom ajuste depende do quão adequado é o modelo, ou
seja, se o modelo contém os parâmetros necessários para descrever a estrutura cristalina,
bem como do alcance do mínimo global e não local [65,87].
76
As amostras analisadas neste trabalho estavam na forma de pó e sinterizadas. Todas
estruturas distintas e que apresentam características que diferem uma das outras em tamanho
de grão, população estatística e disposição de fases, todas sendo variáveis que interferem e
diferem o refinamento para cada tipo de material. A qualidade dos dados de difração de raios
X é muito importante e leva a bons indicadores de qualidade do refinamento dos dados
estruturais com o Método de Rietveld [55,65].
O índice de qualidade do refinamento S associado ao modelo teórico (𝑦𝑐𝑎𝑙) obtido
com o método de Rietveld, em geral para valores menores que 1, indica ajustes inadequados
de radiação de fundo, tempo insuficiente de contagem ou utilização de maior número de
parâmetros que o necessário. Já valores do S maiores que 1,5 indicam inadequação do
modelo ou a existência de mínimo local. Logo, S deve estar próximo de 1 ao término do
refinamento, significando que nada mais pode ser melhorado [65,87].
Algumas características do padrão (difratograma) tais como picos muito estreitos e
de alta intensidade e o material de baixa densidade podem influenciar na coleta dos dados,
dificultando seu ajuste, consequentemente, o valor de S torna-se maior que 2. No entanto,
de uma forma geral, o refinamento é considerado adequado [82,87].
Para amostras mais complexas, com presença de fases não totalmente cristalinas e
fases minoritárias com baixa concentração como a fase Co, valores mais altos de S podem
ser aceitos.
A presença de fases em menor quantidade realmente traz dificuldades para se obter
bons resultados dos indicadores de qualidade. A menor intensidade dos picos diminui a
precisão no refinamento das fases minoritárias. Deve ser considerada a elevada sobreposição
de vários picos para as amostras aqui estudadas. Valores típicos de S, neste caso, podem
chegar a 1,7% ou muito próximos deste valor.
Além do índice S, tem-se outro valioso parâmetro utilizado para monitorar a evolução
do refinamento. É essencial que sejam observadas as diferenças entre os padrões calculados
(𝑦𝑐𝑎𝑙) e observados (𝑦𝑜𝑏𝑠), buscando detectar problemas de ajuste de linha de base e também
irregularidades da função perfil do pico. As diferenças observadas nos difratogramas
também são importantes para a verificação de fases que por ventura não tenham sido
incluídas no refinamento [82,85,87].
77
3.19 - Aplicações do Metal Duro – WC-Co
Durante os últimos anos, houve um grande aumento no uso do WC ultrafino e
nanométrico. Iniciando apenas com algumas aplicações como ferramentas de corte para
madeira e brocas de perfuração para concreto; quantidade como também a variedade de
aplicações e o pequeno desgaste destas ferramentas aumentaram sua demanda
consideravelmente [53].
O acelerado crescimento da aplicação do WC ultrafino e nanométrico é devido ao
aperfeiçoamento de seu desempenho, o qual, em muitas aplicações, excede o desempenho
do WC com maior tamanho de grão.
São diversas as aplicações do metal duro em dias atuais, e como já se viu, ele é
utilizado a mais de 80 anos. Isto é devido, principalmente, à sua adequabilidade ao trabalho
em condições severas, ou seja, mantêm suas propriedades fundamentais, mesmo em
condições adversas, garantindo a eficiência e qualidade no trabalho realizado. A Tabela 3.11
mostra, resumidamente, algumas aplicações com as propriedades requeridas para tais
finalidades.
Tabela 3.11 - Propriedades requeridas de acordo com as áreas de aplicação para o metal
duro [49].
Áreas de aplicação do metal duro
Conformação e peças antidesgaste – Aumento da dureza e resistência ao desgaste
Com micro e nanogrãos para aplicações especiais
Para tecnologias de conformação, proteção contra desgaste e corrosão
Para conformação e indústria de mineração
Corte e Usinagem – Aumento da tenacidade e resistência ao Impacto
Para corte de metais ferrosos de apara curta e metais não ferrosos
Para corte de metais ferrosos de apara longa
Para corte de metais ferrosos de apara curta ou longa
Foram produzidas mundialmente aproximadamente 12,5 toneladas de metal duro
ultrafino. A maioria da produção é de brocas de perfuração, em torno de 7,5 toneladas. Essas
brocas são utilizadas como, por exemplo, em metal-mecânica, que é um segmento da
indústria de ferramentas de corte que cresce consideravelmente, junto com mandris,
78
escavadores, insertos e outras ferramentas que, cada vez mais, substituem as ferramentas de
aços endurecidos, como o aço rápido [53].
Na Figura 3.31 observa-se o total da produção de ferramentas de metal duro ultrafino
no ano de 2000.
Figura 3.31 – Produção de ferramentas de metal duro ultrafino no ano de 2000 [53].
Devido a todas as excelentes propriedades do WC-Co, a mais nova e exigente
aplicação do metal duro ultrafino e nanométrico é na fabricação de brocas. A indústria tem
dado maior atenção para a fabricação de brocas para placas de circuito impresso (PCB), com
ponta muito fina, de 0,25mm, como mostrado na Figura 3.32 [4].
Figura 3.32 - Brocas para placa de circuito impresso com o diâmetro da ponta de 0,2mm,
0,25mm e 1mm [4].
Na Figura 3.33 são mostradas ferramentas de conformação para pós, produzidas em
metal duro.
79
Figura 3.33 - Metal duro bruto utilizado em (a) Núcleos, buchas, blocos, blanks para
estampos, bicos de jato, cilindros, pastilhas e anéis. (b) Panela de moagem [9].
Essas ferramentas são utilizadas para pós muito abrasivos ou na produção de grandes
séries. A vida útil das ferramentas é muito superior quando comparada com ferramentas de
aço convencional reduzindo, assim, drasticamente a frequência de substituição de
ferramentas, minimizando tempo e a quantidade de paradas da máquina.
Na Figura 3.34 são mostrados outros exemplos de peças e/ou ferramentas feitas em
metal duro, que minimizam problemas de desgaste e torna a produção otimizada, devido ao
fato de serem mais duradouras e permitirem qualidade uniforme no produto final.
Dentre as diversas áreas de atuação, o metal duro está fortemente presente na
indústria de mineração, do petróleo, metal-mecânica e inclusive no processamento de
materiais superduros.
Um bom exemplo destas aplicações são as brocas de perfuração de poços de óleo e
gás. São equipamentos que têm a função de promover a ruptura e desagregação das rochas
ou formações rochosas. O estudo das brocas, considerando o seu desempenho e economia,
é um dos fatores importantes na perfuração de poços de petróleo [91].
As brocas de perfuração são classificadas de acordo com sua dureza para perfurar
diversos tipos de formações: mole, média e dura. Estes são equipamentos que possuem um
dos maiores custos entre todo o ferramental utilizado neste tipo de operação, por isso é
necessário um estudo muito cuidadoso para sua utilização, para que possa ter menor uso
possível com maior rendimento [92].
a b
80
Figura 3.34 - Metal duro retificado utilizado em (a) Regua "z" e roletes recravadores, guias
da calandra, para todos os tipos de máquinas. (b) Fieiras e mandris para trefilação de barras
e tubos com perfis redondos, quadrados, retangulares, hexagonais e especiais. (c) Matrizes
para fabricação de parafusos e porcas, extrusão de bisnagas e também matrizes segmentadas.
(d) Matrizes com perfis especiais para indústria de autopeças. (e) Facas rotativas para
indústrias de embalagens metálicas e de papel. (f) Discos em aço, com perfis especiais, lisos
e roletes guia em metal duro [9].
Há o interesse na aplicação de insertos em brocas para esmagar e cortar rochas, outras
aplicações também importantes são nos componentes de bit com PDC (Polyrystalline
Diamond Compact), em copos revestidos com metal duro, em componentes da coluna de
perfuração minimizando o desgaste durante o contato com as paredes do poço e a proteção
contra o desgaste erosivo. Também no corte de tubos de aço, utilização em revestimentos de
a b
c
e
d
f
81
metal duro em estabilizadores, rolamentos radiais, peças de válvulas, ferramentas de corte e
de rolos alargadores, todas, necessidades da indústria do petróleo [92].
Brocas utilizadas na perfuração de poços de petróleo e gás tiveram sua eficiência
aumentada com a aplicação de metal duro em perfurações profundas (Figura 3.35).
Primeiro a broca com cones e, posteriormente, a broca com cortador de diamante
policristalino (PDC). O corpo de PDC é tipicamente feito de carbeto de tungstênio e um
material ligante. Ambos os tipos de brocas são mostrados nas Figuras 3.35 e 3.36.
Figura 3.35 - Aplicação dos inserts de WC em broca com cones cortantes, no detalhe os
diversos tipos de inserts para diferentes aplicações [93].
A maioria dos tipos de broca faz uso do metal duro para proteção contra desgaste,
bem como para material de corte, como material de apoio para os elementos PDC, e é
considerado crucial para o processo de perfuração.
Figura 3.36 - Broca de PDC – Polycristaline Diamond Cutter [93].
82
O WC gerou um impacto significativo, seu sucesso aumentou a produtividade e
confiabilidade das ferramentas e instrumentos de perfuração.
O aumento da utilização de metal duro nos últimos 50 anos indica o seu impacto
sobre a eficiência da perfuração. Isso é mostrado na Figura 3.37.
Figura 3.37 - Número de brocas usadas por poço de petróleo, devido ao uso de metal duro,
PDC e design de broca melhorado [93].
O metal duro não é apenas utilizado em brocas, mas também tem sido responsável
por um grande avanço na tecnologia de perfuração, onde sua aplicação é crucial.
O tipo e a espessura do revestimento duro são determinados pelas condições de
contato. O exemplo mais típico de uma ferramenta para contato constante com a parede do
poço é o estabilizador [91,93]. Estabilizadores com revestimento de metal duro em sua
superfície são mostrados na Figura 3.38.
Figura 3.38 - Estabilizadores com laminas de desgaste revestidas com plaquetas de WC [93].
83
O revestimento duro consiste na inserção de plaquetas de WC sendo anexado ao
corpo de aço da ferramenta por um ligante metálico resistente ao desgaste, normalmente uma
matriz com liga à base de níquel (Níquel-cromo-boro-silício).
Rolamentos do tipo radial e axial são outros exemplos de mais aplicações do metal
duro minimizando o desgaste. Estes tipos de rolamentos são utilizados nos motores das
bombas injetoras de lama e turbinas. Estes rolamentos são lubrificados pelo fluido de
perfuração que contém partículas abrasivas oriundas do processo de perfuração (Figura 3.39)
[93].
O rolamento radial é projetado tendo o formato cilíndrico, onde as superfícies de
contato do rolamento interno com o externo têm sua superfície revestida com pastilhas de
metal duro em matriz de Ni-Cr-B-Si-Co. Ao contrário de muitas outras aplicações, a erosão
é a principal modalidade de desgaste e, portanto, para uma elevada resistência à erosão faz-
se necessário o uso de peças contendo um baixo teor do ligante cobalto, acarretando maior
dureza à peça. Para esta aplicação o WC tem de suportar a maior ação erosiva, geradora de
forte desgaste [91,93]. Além das aplicações de britagem das rochas durante a perfuração, o
metal duro é utilizado de forma significativa na perfuração, prevenção abrasiva e erosiva, no
desgaste de ferramentas, corte de tubos de aço e como material de apoio estrutural para os
cortadores de PDC.
Figura 3.39 - Rolamento utilizado em motores de perfuração com faces internas revestida
com placas de WC [93].
Em todas as aplicações onde se faz necessário a resistência ao desgaste, dureza,
resistência à compressão e rigidez e a combinações destas propriedades, o metal duro leva
grande vantagem sobre outros materiais duros [91, 93].
84
3.20 - Aplicação da Metalurgia do Pó - MP
Um grande exemplo do universo da metalurgia do pó (MP) é a indústria
automobilística onde a lista de componentes que utilizam peças sinterizadas é bem extensa:
amortecedores, bielas do motor, capas de mancal do virabrequim, polia sincronizadora do
comando de válvula, rotores da bomba d’água e de óleo, injeção eletrônica, anéis do sensor
do freio ABS, sistemas de freio, peças para caixas de mudança manual e automática, cubo
de polias, motores elétricos, motor de arranque, velas de ignição, filamentos de lâmpadas,
assentos de válvula, relês elétricos, pastilhas de freio e discos de embreagem [25]. Alguns
exemplos de aplicações são mostrados na Figura 3.40.
Figura 3.40 - Exemplos da contribuição da metalurgia do pó na indústria automobilística [25].
85
Outros exemplos de aplicação da Metalurgia do Pó em produtos que fazem parte do
cotidiano das pessoas. Entretanto, a decisão de se optar ou não por esta tecnologia segue
inicialmente duas condições:
A MP é o único processo tecnicamente viável de fabricação de um determinado
produto ou material. Ex.: metal duro, cerâmicas, filtros, filamentos de lâmpadas, ímãs,
pastilhas de freio e contatos elétricos.
A MP apresenta-se como uma opção dentre outros processos de fabricação, ou seja,
a sua viabilidade deve levar em conta vários fatores, como: formato da peça, tamanho da
peça, tolerâncias geométricas, composição do material, aplicação e ambiente de trabalho,
propriedades mecânicas exigidas e tamanho do lote a ser fabricado
Na MP a conformação do pó pode ser feita de várias maneiras e os fatores acima
listados também determinam qual processo é o mais adequado para a fabricação do produto.
Logo, estes processos não competem entre si, pois para cada produto existe um processo de
conformação de pó mais adequado [25].
A utilização da MP cresce no mundo inteiro como reflexo da pressão da indústria
automotiva por redução de custo. Na América do Norte, o uso de peças fabricadas via MP
em peso por veículo é praticamente igual à soma de todas as outras regiões do mundo. Isto
é explicado, em parte, pelo intenso uso de aços sinterizados em caixas de câmbio automático
(Figura 3.41). Além disso, materiais inovadores com alta resistência mecânica estão criando
novas oportunidades de aplicação para peças sinterizadas.
Em um automóvel são utilizados, em média, 65 componentes sinterizados
(amortecedores, engrenagens, bombas de direção hidráulica e de óleo, sistemas de freios e
câmbio...etc).
No Brasil, um carro possui em sua composição aproximadamente 12 kg de
componentes sinterizados, o que representa menos da metade do que utiliza, hoje, um carro
produzido nos EUA (~ 26kg) [24,47,95].
86
Figura 3.41 - Evolução da quantidade de peças sinterizadas por veículo e Região [24,25].
A Tabela 3.12 oferece uma visão geral das principais aplicações da MP, bem como
os materiais utilizados e suas propriedades específicas. Com exceção das peças estruturais,
todos os produtos listados só podem ser obtidos por meio dessa técnica.
O setor de metalurgia do pó vem experimentando desenvolvimento tecnológico
significativo no sentido de otimizar as propriedades dos materiais e desempenho em serviço,
a fim de atender a indústrias altamente sofisticadas como aeroespacial, eletrônica e nuclear.
87
Tabela 3.12 - Produtos sinterizados, aplicações e propriedades [47].
Produtos Aplicações Material Propriedades
Peças
estruturais
Veículos motorizados
Veículos ferroviários
Eletrodomésticos
Máquinas agrícolas
Mecânica fina – máquinas de escrever
e de calcular, fotocopiadoras e
computadores
Fe puro
Fe-Cu-Ni
Fe-Cu-Ni-Mo e
Fe-Cu-P
Boa resistência mecânica
Peças
porosas
Filtros metálicos
Mancais e buchas autolubrificantes
Condensadores
Próteses para uso medicinal
Eletrodomésticos
Ligas de Cu e Ni
Ligas ferrosas
inoxidáveis
Alta tensão de capilaridade
Materiais
refratários
Indústria bélicas e nuclear
Filamento de lâmpadas
Resistência de fornos
Proteções contra radiação
Ferramentas ativibratórias
Lâminas para turbinas à vapor
Ligas de W-Mo,
Nb e Ta
Ligas de W com
adições de Cu, Ni
e Fe
Alta resistência mecânica
em temperaturas elevadas e
à corrosão
Alto ponto de fusão
Capacidade de absorver
radiação
Materiais
de fricção
Freios e embreagens para veículos
automotivos e aviões
Peças para barcos, guindastes,
locomotivas, máquinas industriais e
motores elétricos
Ligas de Cu e Fe-
Cu com adições de
SiC, SiO2 e Al2O3
Alto coeficiente de fricção
Boa resistência mecânica e
ao desgaste
Boa condutividade térmica
Contatos
elétricos
Reguladores de voltagem
Interruptores de ignição
Relés, disjuntores e contadores
elétricos
Peças para indústria automobilística
Ag e W puros
Ligas de Ag-W,
Ag-WC
Ag-Ni, Cu-W e
Cu-WC
Boa resistência mecânica
Boa condutividade elétrica e
térmica
Metal duro
Ferramentas para mineração e
perfuração
Ferramentas para laminação, trefilação
e extrusão
Matrizes e punções para forjamento,
estampagem, corte e compactação de
pós
Insertos para fresa
Liga WC-Co
Elevada dureza e resistência
ao desgaste
Boa resistência mecânica
Alto ponto de fusão
3.20.1 - Vantagens e desvantagens da metalurgia do pó
Aseguir estão listadas as principais vantagens e desvantagens no uso da MP na
fabricação de peças [25,47]. Como vantagens:
88
✓ São fabricados produtos que não podem ser processados via fusão, por exemplo,
metais refratários, carbetos, produtos porosos, combinação de materiais insolúveis
em outro no estado líquido, e combinações de metais e cerâmicos;
✓ Há produtos que são fabricados com maior economia via MP, por exemplo, peças
estruturais e peças magnéticas, produzidas sob estreita tolerância dimensional;
✓ Fabricação de peças cujas propriedades são superiores quando produzidos via MP,
devido às limitações da fusão;
✓ Garantia do controle dimensional, eliminando total ou parcialmente a etapa posterior
de usinagem;
✓ Garantia do controle de tamanho e distribuição de tamanho de grão – controle de
microestrutura;
✓ Fácil controle da composição química do material;
✓ Perda mínima de matéria-prima;
✓ Temperatura de sinterização baixa;
✓ Componentes de geometria complexa;
✓ Versatilidade: diferentes peças podem ser fabricadas com o mesmo equipamento,
trocando apenas as matrizes;
✓ Processo produtivo de fácil automação;
✓ Evita segregações (aços ligas e inoxidáveis);
✓ Uso mais eficiente de matérias primas e de energia, favorecendo o menor custo;
✓ Processo alternativo mais econômico para a produção de peças em grandes séries;
✓ Produtos obtidos com alta pureza.
✓ Garantia do controle de porosidade: filtros, peneiras, capacitores, etc;
✓ Única técnica de fabricação que permite obter porosidade e densidade controladas –
característica intrínseca do material.
Como desvantagens:
✓ Alto custo inicial do ferramental obrigando à execução de grandes séries de produção
para tornar o processo economicamente favorável (Acima de 10.000 peças
sinterizadas em série).
89
✓ Limita-se o tamanho (peso) da peça – dimensões de matriz de compactação e de
forno de sinterização. A peça deve ser extraída da matriz com até 2,5kg.
✓ Prensas convencionais limitam o tamanho da peça. Potências requeridas para
compactação são proporcionais à área transversal (P= F/A), logo requer-se máquinas
de elevada potência para produzir peças grandes.
3.20.2 - Comparação com outros processos
O setor de metalurgia do pó vem experimentando desenvolvimento tecnológico
significativo no sentido de otimizar as propriedades dos materiais e seu desempenho em
serviço, a fim de atender indústrias altamente sofisticadas como aeroespacial, eletrônica e
nuclear.
Os principais avanços incluem os novos processos de consolidação, as recentes
técnicas para produção de pós e superligas com propriedades superiores aquelas fabricadas
pelos processos metalúrgicos tradicionais.
As pesquisas visam desenvolver novos materiais para novas aplicações e elevar o
desempenho dos materiais já conhecidos e em uso corrente na engenharia. Isto implica maior
conhecimento da correlação entre composição química, estrutura e microestrutura e
parâmetros de processamento do material, bem como maior conhecimento das solicitações
efetivamente presentes na aplicação e, por fim, no aperfeiçoamento dos processos de
fabricação.
O estado avançado do desenvolvimento tecnológico requer uso mais racional dos
materiais, que passam então a serem projetados especificamente para cada aplicação
particular, maximizando o desempenho do material. As ligas produzidas pela metalurgia do
pó entram nesse contexto e vêm se desenvolvendo muito nos últimos tempos [94].
A metalurgia do pó tornou-se um dos processos mais competitivos para produção de
peças com formas complexas, peso de até 1kg e volumes preferencialmente acima de 10.000
peças/mês. Existem casos onde a metalurgia do pó se viabilizou em volumes inferiores face,
principalmente, às peças perfeitas para a fabricação via metalurgia do pó e/ou acordos sobre
lotes mínimos para fornecimento [94,95].
Do ponto de vista de tolerâncias dimensionais, a metalurgia do pó é superior aos
processos de forjamento ou fundição e pode atingir os mesmos patamares de resistência
mecânica de componentes forjados ou usinados. Peças em plástico são competidoras do
90
ponto de vista de tolerâncias, porém não suportam aplicações com carregamento elevado ou
cíclico [25, 95].
As Figuras 3.42 e 3.43 mostram, respectivamente, os valores típicos de tolerâncias,
resistência mecânica e campo de atuação da MP frente aos processos de fabricação
competidores.
Figura 3.42 - Campos de atuação dos diversos processos em termos de resistência mecânica e tolerâncias [95].
Percebe-se que a metalurgia do pó pode produzir peças com alta resistência aliada a
uma boa tolerância dimensional.
Figura 3.43 - Comparação de resistência mecânica entre diversos materiais e processos [25,95].
Limite de Resistência à Tração [MPa]
91
Os aços sinterizados apresentam um maior limite de resistência à tração comparado
aos processos apresentados.
Os materiais fundidos apresentam falhas resultantes das diferentes capacidades dos
constituintes de se solidificarem a partir da fase líquida. No caso de produtos sinterizados a
mistura adequada de pós e sinterização com transformações na fase sólida permitem um alto
grau de uniformidade do material com homogeneidade de microestrutura e,
consequentemente, melhores propriedades mecânicas.
A metalurgia do pó é utilizada quando se deseja peças com geometrias complexas e
alta produtividade, principalmente na moldagem por injeção de pós metálicos, como mostra
a Figura 3.44.
Figura 3.44 - Comparativos entre complexidade e produtividade de processos metalúrgicos
para obtenção de peças [96].
Na Figura 3.45, pode-se verificar os custos de fabricação de componentes mecânicos
relativos à complexidade geométrica obtidos por usinagem, fundição, moldagem de pós por
injeção e metalurgia do pó convencional [97].
O processo de usinagem é o competidor mais forte em relação ao processo da
metalurgia do pó, produzindo peças com resistência mecânica elevada e precisão
dimensional.
A MP assegura sua competitividade reduzindo custos por meio do aproveitamento
da matéria-prima inicial e redução de etapas de fabricação. A diferença no custo da peça é
proporcional aos volumes produzidos.
Pro
du
ção
de p
eç
as /
pro
ces
so
s m
eta
lúrg
ico
s
Fundição sob
pressão
92
Figura 3.45 - Custos de fabricação de componentes mecânicos relativos à complexidade
geométrica de diversos processos [97].
Na Figura 3.46 é apresentada uma comparação entre os processos de usinagem e
metalurgia do pó quanto aos custos de cada processo, onde o custo relativo por peça diminui
à medida que se aumenta a produção em série de peças iguais por mês, indicando a
metalurgia do pó como o processo mais econômico a partir de 10.000 peças/mês.
Figura 3.46 - Competitividade da metalurgia do pó frente à usinagem em função do
volume fabricado [95].
Durante a fabricação de uma peça pelo processo da MP e fusão convencional, a
matéria-prima utilizada é muito menor na MP, Figura 3.47.
93
Figura 3.47 - Metalurgia do pó x fusão convencional [47].
Durante o processo, percebe-se o quanto é descartado pelo processo convencional, o
que justifica a viabilidade do processo da MP.
Do ponto de vista de utilização de matéria prima e o consequente consumo de
energia, a MP também é superior aos processos competidores, Figura 3.48.
Figura 3.48 - Comparativo de processos metalúrgicos de produção de peças [25, 95].
Normalmente utiliza-se mais de 95% da matéria prima original resultando em um
consumo de energia de apenas 29MJ/kg de material processado.
Assim, é comum relacionar a MP à tecnologia verde e sustentabilidade devido à MP
ser um processo ecologicamente correto, pois apresenta baixo impacto ambiental, baixa
energia de transformação e aproveitamento da matéria-prima acima de 95% e que permite
reciclagem completa dos seus produtos.
Um exemplo prático de todo este processo é a empresa Metalpó/Combustol, situada
em São Paulo, que produz pós metálicos e não ferrosos atomizados e peças sinterizadas (de
94
baixa a alta complexidade). É possível afirmar que hoje, qualquer veículo ou eletrodoméstico
produzido no Brasil tem pelo menos um componente produzido pela Metalpó. A Metalpó
oferece uma linha de peças sinterizadas com produção média mensal de 11 milhões de
unidades (dados de 2015).
3.21 - Método de Rietveld – MR
O método de Rietveld é reconhecido como uma ferramenta efetiva na análise
estrutural de materiais policristalinos. O método baseia-se no refinamento de parâmetros
instrumentais e da amostra, definidos a partir de modelos matemáticos, que procuram
descrever a forma do padrão total de difração, coletado a partir de métodos do tipo pó. Como
resultado, podem ser obtidas diversas informações sobre as fases presentes em um
determinado material como suas características cristalográficas, grau de deformação
estrutural, tamanho de cristalito, bem como a quantificação da composição de fases desse
material [80,81].
Rietveld (1969) [67] propôs inicialmente para a função de perfil uma distribuição
Gaussiana com FWHM (full width at half maximum – largura total a meia altura), descrita
por Caglioti e colaboradores (1958) [82]. A evolução do método passou a descrever o pico
como uma função de distribuição Pseudo-Voigt, combinação linear da função Gaussiana e
Lorentziana, onde a contribuição da distribuição de Gauss e de Lorentz é função linear em
2 [83-85,87].
A quantificação baseia-se no fato que cada fase tem seu próprio padrão de difração
caracterizado por picos com posições e intensidades relativas específicas. O padrão de
difração resultante é uma superposição dos padrões de difração de cada fase, sendo a
intensidade integral (área) dos picos de cada fase proporcional à sua porcentagem na
amostra, que pode ser expressa em termos volumétricos ou mássicos [86,87].
O método de Rietveld consiste no ajuste dos picos de difração teóricos, calculados a
partir de informações cristalográficas, ao padrão de difração medido experimentalmente [83].
O critério para esse ajuste é a minimização da soma dos quadrados das diferenças entre as
contagens calculadas e observadas na faixa angular medida, conforme Equação 3.5 [84,86,88],
𝑆𝑦 = ∑ 𝑤𝑖(𝑦𝑜𝑏𝑠 − 𝑦𝑐𝑎𝑙)2
𝑖 3.5
95
onde
𝑤𝑖 =1
√𝑦𝑜𝑏𝑠 é uma função de peso.
𝑦𝑜𝑏𝑠 é a contagem observada no i-ésimo passo.
𝑦𝑐𝑎𝑙 é a contagem calculada no i-ésimo passo.
A quantidade 𝑦𝑜𝑏𝑠 é obtida diretamente a partir dos dados coletados no difratômetro.
A quantidade 𝑦𝑐𝑎𝑙 é fornecida pela Equação 3.6 [64,84],
𝑦𝑐𝑎𝑙 = 𝑆𝑅 ∑ 𝑆𝑝𝐴𝑏 ∑ |𝐹(ℎ𝑘𝑙)|2∅(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘)𝐴𝑠𝐿𝑘𝑃𝑘 + 𝑦𝑏𝑖𝑘𝑝
3.6
onde
𝑆𝑅 é uma função para ajustar os efeitos de rugosidade de superfície, pois essa trata-se de uma
característica da amostra e não de cada fase e está fora do somatório.
𝑆𝑝 é o fator de escala para cada fase.
𝑦𝑜𝑏𝑠 é proporcional a 𝑦𝑐𝑎𝑙, sendo a constante de proporcionalidade 𝑆𝑝, a relação entre 𝑦𝑜𝑏𝑠
e 𝑦𝑐𝑎𝑙, conforme Equação 3.7.
𝑦𝑐𝑎𝑙 = 𝑆𝑝𝑦𝑜𝑏𝑠 3.7
𝐴𝑏 é um fator de absorção, que no caso de uma medida usando uma geometria do tipo Bragg-
Brentano, corresponde ao inverso do coeficiente de absorção da amostra.
𝐹(ℎ𝑘𝑙) é o fator de estrutura.
∅(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘) é a função de perfil que aproxima os efeitos das características instrumentais
e da amostra.
𝐴𝑠 é uma função de assimetria de perfil.
𝐿𝑘 contém os fatores de Lorentz, polarização e multiplicidade.
𝑃𝑘 é uma função de orientação preferencial.
𝑦𝑏𝑖 é a contribuição de radiação de fundo.
96
A partir da utilização de um difratograma de boa qualidade, as informações de cada
fase, previamente identificadas, são inseridas e, então, iniciam-se os ciclos de refinamento.
Os primeiros ciclos devem ser realizados com os coeficientes de linha de base (background)
e fator de escala. Após a convergência destes indicadores, o deslocamento ou o zero de
goniômetro podem ser refinados, dando início ao refinamento de perfis de pico e assimetria.
A partir destes resultados, iniciam-se os ciclos de refinamento para a célula unitária de cada
fase identificada [80].
Neste trabalho foram utilizadas funções de perfil Pseudo-Voigt, a partir de uma
convolução de uma função de Gauss G (2) e uma Lorentz L (2), conforme Equações 3.8,
3.9 e 3.10 em que G representa a função Gaussiana e L a função Lorentziana. Também foram
utilizados modelos de perfis isotrópicos, baseados em trabalhos citados em literatura
especializada [64,87],
∅(2𝜃) = ∫ 𝐺(2𝜃)𝐿(2𝜃)𝑑2 3.8
𝐺 =√4𝑙𝑛2
𝐻𝑘√𝜋𝑒 (
4𝑙𝑛2(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘)
𝐻𝑘)
2
3.9
𝐿 =2
𝜋𝐻𝑘[1 +
4(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘)2
𝐻𝑘2 ]
−1
3.10
O refinamento da assimetria dos picos de difração, causados por aberrações
instrumentais e físicas das amostras foi realizado de acordo com as Equações 3.11 e 3.12
[64,67,87].
𝐴𝑠 = 1 −𝐴[𝑠𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒(2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘)](2𝜃𝑖 − 2𝜃𝑘)2
𝑡𝑎𝑛𝜃𝑘 3.11
onde A é o parâmetro de assimetria que também é ajustado no procedimento de mínimos
quadrados [64,87].
∑𝑓𝑖𝐴𝑠
𝑡𝑔(2𝜃)𝑖 3.12
onde 𝐴𝑠 é o termo refinável e o somatório dos termos 𝑓𝑖 dependerá da magnitude da
assimetria.
97
A qualidade do refinamento deve ser acompanhada pelos indicadores numéricos do
refinamento, obtidos a cada ciclo. Esses indicadores são conhecidos como Índices R ou
Critérios de Refinamento. Em uma análise de Rietveld tem-se uma incerteza sobre 𝑦𝑜𝑏𝑠
denominada de 𝜎[𝑦𝑜𝑏𝑠] ou incerteza padrão. O primeiro índice 𝑅 de discordância é o 𝑅𝑤𝑝,
dado pela Equação 3.13, origina-se da função de minimização e normalizado pelas
intensidades observadas, e avalia a qualidade do refinamento calculando a diferença
percentual da contagem calculada e observada ponto a ponto [84,87,89].
𝑅𝑤𝑝2 =
∑ 𝑤𝑖(𝑦𝑜𝑏𝑠 − 𝑦𝑐𝑎𝑙)2
𝑖
∑ 𝑤𝑖(𝑦𝑜𝑏𝑠)2𝑖
3.13
No caso de um modelo ideal, o valor médio de (𝑦𝑐𝑎𝑙 − 𝑦𝑜𝑏𝑠)2, pode ser igual a
𝜎[𝑦𝑜𝑏𝑠], e o valor esperado de 𝑤𝑖(𝑦𝑜𝑏𝑠 − 𝑦𝑐𝑎𝑙)2 é igual a um. O que se poderia obter com
este modelo ideal é, portanto, o melhor valor possível que não pode ser obtido para um
conjunto de dados reais. O melhor valor possível para 𝑅𝑤𝑝 é chamado de 𝑅 – esperado, ou
𝑅𝑒𝑠𝑝, conforme Equação 3.14 [64,84,87],
𝑅𝑒𝑠𝑝2 =
𝑁
∑ 𝑤𝑖(𝑦𝑜𝑏𝑠)2𝑖
3.14
onde 𝑁 é o número de pontos coletados.
Das grandezas 𝑅𝑤𝑝 e 𝑅𝑒𝑠𝑝 pode-se atribuir um fator de qualidade do refinamento,
GOF (goodness-of-fit) dado pela Equação 3.15 [84,87,90],
𝐺𝑂𝐹 =𝑅𝑤𝑝
𝑅𝑒𝑠𝑝 3.15
Na literatura é relatado um problema referente a este fator. Baixos valores de 𝑅𝑒𝑠𝑝,
provenientes de uma boa coleta de dados, podem superestimar valores de GOF, e o contrário
também ocorre, pois, altos valores de 𝑅𝑒𝑠𝑝 implicam em baixos valores para GOF. Devido
a esse problema, em geral, fica o critério da boa concordância visual entre os ajustes
realizados, observando-se a curva de função 𝑦𝑜𝑏𝑠 − 𝑦𝑐𝑎𝑙 [84,87,90].
O refinamento dos dados é aplicado ao intervalo angular total do difratograma,
aumentando a precisão dos dados obtidos, minimizando problemas de sobreposição de picos,
e permitindo extrair o máximo de informações do perfil de difração de todas as fases
presentes após a sinterização [28,87].
98
CAPÍTULO 4 - PARTE EXPERIMENTAL
A Figura 4.1 mostra a rota que foi adotada para o desenvolvimento deste trabalho.
Foram processados, por sinterização convencional, amostras de metal duro utilizando pó de
WC nanométrico e 10% em peso de Co ultrafino, com o objetivo de verificar a efetivação
da sinterização, caracterização, quantificação das fases metaestáveis e as correlações com as
propriedades mecânicas.
Figura 4.1 - Fluxograma da rota experimental utilizada neste trabalho.
As amostras foram preparadas com área mínima necessária, evitando desperdícios de
material e atendendo as necessidades das técnicas de caracterização como a metalografia,
difração de raios X, microscopia eletrônica de varredura, espectroscopia de energia
dispersiva, microscopia ótica e para os ensaios de dureza.
As amostras compactadas ficaram com formato cilíndrico e dimensões de 5mm de
diâmetro e 4mm de altura divididas em três grupos onde foram sinterizadas em três
temperaturas diferentes (1350C, 1400C e 1450C).
4.1 - Materiais Utilizados para a Confecção das Amostras
Para o processamento do Metal Duro foram utilizados pós de WC nanométrico
fornecido pela Sumitomo – WC05NR/Lot. Nº A-05119, com tamanho médio de partículas
de 125nm. O pó de Co ultrafino foi fornecido pela Umicore com tamanho médio de partícula
Mistura dos Pós
de WC e Co
Compactação
Sinterização Convencional a
Vácuo
Preparo Metalográfico
Caracterização
99
de 3,6μm. Nas Tabelas 4.1 e 4.2 são apresentadas as composições químicas dos pós,
fornecidas pelos fabricantes.
Tabela 4.1 - Composição química do pó de WC nanométrico (% em peso).
Elemento CTotal CLivre O Al Ca Cr Fe Mo Ni Si Sn W
Quantidade 6,18 0,14 0,10 2 2 10 35 12 4 <5 <2 Base
Unidade % % % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
Tabela 4.2 - Composição química do pó de Co ultrafino (% em peso).
Elemento O2 C S Ni Fe Cu Zn Mn Na Mg Ca Co
Quantidade 0,55 1500 30 500 <10 <20 <20 <10 <10 <10 <10 Base
Unidade % ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm
As medidas de área específica superficial foram realizadas pelo método de adsorção
física de gás desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET). Com esta técnica, foram
realizadas medidas com o equipamento Brunauer –Emmett – Teller (BET – Gemini 2360, V
5.00), onde todo pó fica em contato com o gás, e a medida é determinada via adsorção por
um gás, que causa perda de carga e fornece a área de superfície específica, com a qual foi
determinado o tamanho médio equivalente esférico de partícula [56,58].
Assim foi determinado o tamanho de partícula para o WC como sendo de 125nm. O
cálculo utilizado para esta verificação, foi feito a partir da Equação 4.1.
𝐷𝐵𝐸𝑇 =6
𝐴𝐵𝐸𝑇 4.1
sendo
DBET diâmetro esférico equivalente das partículas de WC em μm,
ABET área de superfície específica do pó de WC, em m2/g,
ρ densidade teórica do WC, em g/cm3.
Cálculo para WC:
100
𝐷𝐵𝐸𝑇 =6
15,7. 3,052
𝐷𝐵𝐸𝑇 = 0,125µ𝑚 𝑜𝑢 125𝑛𝑚
4.2 - Preparo da Mistura
As densidades teóricas do WC (TA) e do Co (TB) são 15,7g/cm3 e 8,9g/cm3,
respectivamente. Segundo a regra das misturas para sistemas particulados [64], tem-se para a
estequiometria do compósito WC-10%Co, a densidade teórica (T) obtida por meio da regra
das misturas conforme mostra a Equação 4.2.
𝑇 =𝑚𝐴 + 𝑚𝐵𝑚𝐴
𝑇𝐴
+𝑚𝐵
𝑇𝐵
4.2
Considerando a massa total de 100g para efeito de cálculo, sendo a massa (mA) de 90g de
WC e a massa (mB) de 10g para o Co, utilizando os valores teóricos de densidade
apresentadas acima, tem-se:
𝑇 =90% + 10%
90%15,7𝑔/𝑐𝑚3 +
10%8,9𝑔/𝑐𝑚3
𝑇 = 14,6𝑔/𝑐𝑚3
A partir do cálculo, chegou-se ao valor aproximado de 14,6g/cm3, para a densidade teórica
do compósito WC-10%Co. A Tabela 4.3 apresenta as densidades teóricas dos materiais.
Tabela 4.3 - Valores das densidades teórica do WC, Co e compósito WC-10%Co.
WC Co WC-10%Co
T (g/cm3) 15,7 8,9 14,6
101
4.3 - Homogeneização dos Pós de WC e Co
A mistura dos pós foi realizada em um moinho de esferas de alta energia – SPEX
8000 (Laboratório do Departamento de Engenharia Civil / UFOP) a seco durante 40 minutos.
A relação entre a quantidade de massa dos pós e esferas dentro do reservatório é de 3g de
esferas por 1g de amostra, até preencher aproximadamente 25% do reservatório que possui
volume interno de 51cm3. O evento promoveu uma homogeneização adequada, sem o risco
de qualquer tipo de contaminação, sendo que o reservatório do moinho utilizado era de metal
duro (WC).
Ao final de cada moagem, as esferas e o reservatório do moinho foram lavados com
álcool etílico, para a retirada do pó aderido em sua superfície. O reservatório com as esferas
e o álcool foi acoplado ao moinho por um período de 2 minutos. O procedimento de lavagem
foi repetido por duas vezes e promoveu a retirada de de todo o pó que pudesse vir a interferir
nas proporções das misturas seguintes.
Foi utilizado o valor de Poder de Micro Forjamento (P.M) de 3:1 para o tempo de
mistura de 40 minutos. O reservatório de moagem, após ser fechado, foi acoplado ao moinho
SPEX 8000 para se realizar a homogeneização dos pós de WC, Co e da cânfora. Para evitar
um superaquecimento do equipamento e controlar a temperatura do processo, evitando que
a temperatura interna do reservatório ficasse muito elevada, foi utilizado um temporizador
ligado ao equipamento. Isto permitiu controlar o tempo de processamento do moinho, o que
possibilitou programar intervalos de 10 minutos de funcionamento, seguidos de intervalos
de tempo onde o moinho ficou desligado até o resfriamento do reservatório [15,44].
4.4 - Compactação do Pó WC-10%Co e Determinação da Massa por Amostra
Compactada
As amostras foram compactadas em matriz cilíndrica de aço com dimensões internas
de 5mm de diâmetro e 4mm de profundidade, utilizando uma prensa hidráulica uniaxial
DAN-PRESSE (Laboratório de Materiais Avançados – LAMAV/UENF), com capacidade
de prensagem de até 20t. Segue a descrição do procedimento.
Foram produzidos corpos verdes com diâmetro de 5mm e comprimento de 4mm [16,17].
A Figura 4.2 apresenta um esquema do processo de compactação das misturas formadoras
do compósito WC-10%Co.
102
Durante a compactação, para diminuir o atrito entre o pó do compósito de WC-Co e
a parede da matriz, foram utilizados 2% do valor da massa total de canfora. Foi confinado a
massa de 0,77g da mistura de WC-10%Co no orifício da matriz de aço.
Figura 4.2 - Modelo da matriz de aço utilizada na compactação dos pós de WC-10%Co.
A prensa hidráulica uniaxial DAN-PRESSE expressa os valores de pressão em
toneladas força. Fez-se necessário a conversão do valor da pressão para MPa (Foram
utilizados 300MPa).
Definindo a área da punção:
𝐴 = 𝜋. (𝑑2) 4⁄
𝐴 = 𝜋. (52) 4⁄
𝐴 = 19,63𝑚𝑚2
4.3
sendo que
𝑃 𝑒𝑚 𝑀𝑃𝑎 𝑁𝑚𝑚2⁄⁄ → 𝐹 = 𝑘𝑔𝑓 4.4
logo
𝑃𝑀𝑃𝑎 =300𝑀𝑃𝑎
9,8 𝑁 (𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑘𝑔𝑓)
𝑃𝑀𝑃𝑎 = 30,61 𝑘𝑔𝑓 𝑚𝑚2⁄
Tem-se
103
𝐹 = 𝑃. 𝐴
𝐹 = 30,61 .19,63
𝐹 = 600,87𝑘𝑔𝑓
4.5
sendo 500 kgf igual a 0,5 tf chegamos a:
𝑃𝑟𝑒𝑛𝑠𝑎 =600,87
500. 0,5
Prensa = 0,6t (valor em que a prensa foi calibrada)
Pressão de compactação (Pc):
𝑃𝑐 =𝐹
𝐴 4.6
onde
F força
A área da punção
Fator de compactação (Fc):
𝐹𝑐 =ℎ𝑖
ℎ𝑓=
𝑣
𝐴
4.7
Figura 4.3 - Matriz de compactação.
104
sendo
hi altura de enchimento
hf altura final
v densidade a verde
A densidade aparente
Considerando o fator de compactação (FC) de 60%, [44] tem-se densidade a verde
teórica (VT) de:
𝑉𝑇 = 𝑇 . 𝐹𝐶 4.8
𝑉𝑇 = 14,6𝑔/𝑐𝑚3. 60%
𝑉𝑇 = 8,76𝑔/𝑐𝑚3
A partir das dimensões da amostra compactada foi calculado o volume de cada
amostra pela Equação 4.9 do volume do cilindro (Figura 4.4) e esse volume foi utilizado
para o cáculo da massa de cada amostra a partir da Equação 4.10.
𝑉 = 𝜋. 𝑑2. ℎ 4⁄ 4.9
𝑉 = 𝜋. 5𝑚𝑚2. 4𝑚𝑚 4⁄
𝑉 = 78,54𝑚𝑚3 𝑜𝑢 0,078𝑐𝑚3
Figura 4.4 - Volume da amostra compactada.
Foi calculada a massa de cada corpo de prova pela equação:
𝑚 = 𝑉𝑇. 𝑉 4.10
𝑚 = 8,76𝑔/𝑐𝑚3 . 0,078𝑐𝑚3
𝑚 = 0,68𝑔
105
Considerando eventuais perdas de pequenas quantidades dos pós da mistura e no
enchimento da matriz de compactação, a massa de cada amostra a ser compactada teve um
acréscimo em sua massa de 0,09g passando de 0,68g para 0,77g.
A massa total de pós (mt) para a confecção das 15 amostras previstas no projeto foi
11,55g da mistura WC-Co, sendo 10,40g de WC (90%) e 1,15g de Co (10%).
4.5 - Densidades a Verde – V
As amostras compactadas (a verde) foram caracterizadas por medidas de densidade
a verde (V), determinada geometricamente a partir da medida de suas dimensões com
paquímetro de precisão de ± 0,005mm, e a massa medida em balança digital Scaltec de
precisão 0,0001g. A densidade a verde foi calculada de acordo com a Equação 4.11
𝑉 =𝑚
𝜋𝑑2 ℎ4
4.11
sendo m a massa e (𝜋𝑑2 ℎ
4) o volume da amostra.
4.6 - Sinterização Convencional
As amostras foram obtidas via metalurgia do pó com sinterização convencional com
os seguintes parâmetros:
✓ Temperaturas dos patamares de sinterização de 1350ºC, 1400ºC e 1450ºC.
✓ Tempo de duração do patamar de sinterização sendo 60 minutos.
✓ Forno resistivo tubular da fabricante bp engenharia a vácuo com pressão constante
de 10-2mbar.
As condições acima definidas são as mesmas observadas em muitos artigos da
literatura e por estarem entre as utilizadas na indústria (Figura 4.5) [80,83].
106
Figura 4.5 - Condições de sinterização para as amostras com tempo de 60 minutos nos
patamares de sinterização a 1350ºC, 1400ºC e 1450ºC.
4.7 - Densidade Aparente – a
A densidade aparente (ρa) é definida como uma razão entre a massa e volume total
do material sinterizado, Equação 4.12. Nesta definição de densidade se enquadram as
situações reais, nas quais a amostra é composta por poros, trincas, defeitos cristalinos, fases
amorfas, etc. O método usado para determinar esta densidade deve considerar todos os tipos
de porosidade presentes na amostra.
Após sinterização os corpos de prova foram novamente medidos para a determinação
da densidade aparente (A) onde, a partir da medida de suas dimensões realizadas com
paquímetro de precisão de ± 0,005mm e a massa medida em balança digital Scaltec de
precisão 0,0001g, a densidade aparente foi calculada de acordo com a Equação 4.12:
𝑎 =𝑚
𝜋𝑑2 ℎ4
4.12
sendo m a massa em gramas e (𝜋𝑑2 ℎ
4) o volume da amostra em cm3. a é dada em g/cm3.
Os valores obtidos da densidade aparente estão relacionados com as propriedades
mecânicas dos materiais sinterizados. Isto é, representa um dos requisitos necessários para
se ter boas propriedades mecânicas onde a densidade da amostra sinterizada deve ser o mais
próximo possível da densidade teórica do material.
107
4.8 - Densidade Relativa – R
Com os valores obtidos para a densidade aparente (a) tem-se a diferença de
porcentagem entre a densidade teórica (T) e a densidade alcançada durante a sinterização
através da Equação 4.13:
𝑅 =
𝑎
𝑇
4.13
onde ρa é a densidade aparente em g/cm3; ρT é a densidade teórica em g/cm3 e ρR é a densidade
relativa em g/cm3.
Outra expressão, Equação 4.14, pode ser usada para obter os mesmos resultados para
a densidade relativa, basta ter os valores corresponde à porosidade da amostra.
𝜌R = 100 − 𝑃 4.14
onde, P é a porosidade e ρR é a densidade relativa em g/cm3.
4.9 - Densidade aparente por Arquimedes – Arq
O cálculo da densidade aparente por Arquimedes (Arq) foi realizado utilizando o
princípio de Arquimedes, com a imersão das amostras sinterizadas em água destilada.
Após a pesagem das amostras a seco, elas são inseridas em um recipiente com água
e pesadas novamente. O sistema utilizado para pesar as amostras imersas compreende, além
da balança, uma haste com um receptor central, o qual é introduzido dentro de um béquer
contendo água. Esse receptor deve estar a meia altura da água e mantendo uma certa distância
do fundo do recipiente, conforme mostrado na Figura 4.6.
As amostras ficam dentro da água sobre esse receptor, que pode ser plano ou não, e
então é feita a pesagem da amostra imersa (mi). A temperatura da água, neste caso, era de
23,5°C.
108
Figura 4.6 - Ilustração do sistema utilizado para o cálculo da densidade aparente por
Arquimedes.
Com os dados em mãos, usa-se a Equação 4.15 para determinar o valor da densidade
aparente por Arquimedes (ρArq).
𝜌𝐴𝑟𝑞 =𝑚𝑠 𝜌á𝑔𝑢𝑎
𝑚𝑠 − 𝑚𝑖
4.15
onde ρArq é a densidade aparente por Arquimedes em g/cm3; ms é a massa a seco em g; mi é
a massa imersa em g; ρágua é a densidade da água a 23,5°C cujo valor é 0,997418g/cm3.As
medidas foram realizadas em balança digital Scaltec de precisão 0,0001g.
4.10 - Densificação – D
O cálculo da densificação (D) foi realizado considerando a razão entre a densidade
aparente por Arquimedes e a densidade teórica das amostras (Equação 4.16).
𝐷 =𝜌𝐴𝑟𝑞
𝜌𝑇. 100
4.16
onde D é a densificação em %; ρT é a densidade teórica em g/cm3 e ρArq é a densidade aparente
por Arquimedes em g/cm3.
109
4.11 - Preparação Metalográfica
Após a sinterização, iniciou-se a preparação das amostras para análise metalográfica,
onde as amostras sinterizadas foram embutidas em massa plástica automotiva.
Após o embutimento, iniciou-se a preparação metalográfica das amostras conforme
procedimento padrão. O polimento das amostras foi feito manualmente com pasta
diamantada de granulometrias de 1,0µm e 1/4µm, em pano DP-DUR. Com as amostras
devidamente preparadas, realizou-se os ensaios de Microdureza Vickers HV30 e Tenacidade
a Fratura K1C (Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica e Nanolab do
Departamento de Engenharia Metalurgia e Materiais – DEMET/UFOP) [16,17].
4.12 - Porosidade
A porosidade (P) é uma estimativa da quantidade de poros existentes nos materiais,
que se obtém a partir da densidade aparente (a) e da densidade teórica (T), conforme
indicado na Equação 4.17.
𝑃 = (1 −ρ
a
ρT
) . 100 4.17
onde, ρa é a densidade aparente em g/cm3; ρT é a densidade teórica em g/cm3 e P é a
porosidade em %.
Essa porosidade revela o quão poroso está o material, podendo ser observada na
microestrutura e pela redução da intensidade das propriedades mecânicas, podendo conduzir
à fragilização do material dependendo da quantidade de poros presentes.
A porosidade para as classes de metal duro pode ser classificada em acordo com a
determinação metalográfica para poros e carbono não combinado (ISO 4505). Este teste
envolve um exame visual da superfície polida. É indicado como "A" microporosidade,
macroporosidade "B" ou "C" como carbono livre na microestrutura, Figura 4.7.
O termo "porosidade" simplesmente refere-se à presença de poros microscópicos no
Carboneto de Tungstênio/ matriz de Cobalt. Se a porosidade total ou se o volume dos poros
maiores presentes exceder um valor crítico, as propriedades do material podem ser afetadas.
A porosidade é tipicamente classificada em três tipos diferentes e em diferentes
níveis, de acordo com o volume total estimado de porosidade na amostra.
110
Tipo A – refere-se a poros com menos de 10 de diâmetro. Classificadas de A01 a A08.
Tipo B – refere-se a poros entre 10 e 40 de diâmetro. Classificadas de B00 a B08.
Tipo C – Não é verdadeiramente porosidade. Em vez disso, a porosidade de carbono consiste
de áreas discretas de concentração de grafite na microestrutura resultante de excesso de
carbono. Classificadas de C00 a C08. São avaliadas de acordo com o teor de carbono em
excesso.
Por exemplo, uma amostra classificada em A-02, B-00 e C-00 tem porosidade
inferior a 10 de diâmetro, com um volume total de poros de 0,02% da amostra. Uma
classificação de A-04, B-02 e C-00 indica um volume de poros total de 0,06% de poros com
diâmetro inferior a 10 de diâmetro, 0,02% de poros entre 10 e 25 e um volume total de
poro de 0,08%.
Figura 4.7 - Micrograficas representativas dos padrões de porosidade ISO 4505.
Para mensurar a porosidade foi utilizado o método das áreas [98]. As micrografias
foram transformadas em imagens binárias seguido do ajuste de threshold de forma que os
poros realçassem o contraste negro em relação às demais áreas das imagens. O software foi
calibrado para reconhecer todos os pontos com coloração e contraste idênticos como poros.
O software então calcula a área destes pontos reconhecidos e divide pela área total da
imagem. A fração obtida é considerada a fração de poros medida pelo método das áreas. O
software utilizado foi o LAS V4.6 da Leica.
Porosidade A Porosidade B
Porosidade C
111
4.13 - Dureza Vickers
A dureza pode ser medida por diversos métodos que geram escalas diferentes. Uma
destas escalas é a Vickers, cujo ensaio é aplicável a todos os materiais metálicos com
quaisquer durezas, especialmente materiais muito duros, ou corpos-de-prova pequenos e
irregulares [52]. Por este motivo, foram feitos ensaios de microdureza Vickers, compatíveis
com a maioria das medidas dos dados da literatura, para metal duro.
A microdureza Vickers baseia-se na resistência que o material oferece à penetração
de uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136º, utilizando
cargas menores de 1kgf.
Neste método, as cargas podem ser de qualquer valor, pois as impressões são sempre
proporcionais à carga, para um mesmo material. Deste modo, o valor de dureza será o
mesmo, independentemente da carga utilizada.
Seguindo as recomendações da norma internacional ASTM E384-16, foi realizado o
ensaio de microdureza Vickers para avaliar a resistência à deformação plástica localizada. A
partir da análise das dimensões das impressões foi possível calcular o valor da microdureza.
Nos ensaios executados neste trabalho, utilizou-se a carga de 200gf durante 10 segundos [99-
101]. Os testes de microdureza Vickers foram realizados em um microdurômetro Pantec,
modelo HXD-1000TM, a partir de um penetrador de diamante, com formato de uma
pirâmide localizado no Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica do
Departamento de Engenharia Metalurgia e Materiais da UFOP.
4.14 - Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV
Com a micoscopia eletrônica de varredura – MEV foram observados detalhes da
morfologia das amostras processadas, avaliando a efetividade da sinterização a partir dos
componentes estruturais como porosidade e a indicação da formação de novas
microestruturas após a sinterização. Foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura
VEGA 3 - Tescan (Laboratório Nanolab do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de
Materiais – DEMET/UFOP). As imagens foram obtidas por meio de elétrons secundários
(SE-Secondary Electrons) que auxiliaram na análise da microestrutura geral e porosidade,
bem como por elétrons retro-espalhados (BSE-back scattered electrons) que foram
utilizadas para análise das diferentes regiões das amostras.
112
4.15 - Espectroscopia por Dispersão de Energia – EDS
A espectroscopia de energia dispersiva de raios X – EDS (espectrômetro acoplado
ao MEV Tescan (Laboratório Nanolab do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de
Materiais – DEMET/UFOP), foi utilizada para análise química semiquantitativa pontual e
por mapeamento sobre regiões de interesse das amostras (WC, matriz de Co, e fases ), em
imagens obtidas via BSE, com o objetivo de identificar possíveis regiões com presença de
fases e a distribuição dos elementos nas amostras [18,19].
4.16 - Difração de Raios X – DRX
O uso da Difração de Raios X (DRX) teve como objetivo a caracterização qualitativa
das amostras em pó e sinterizadas [1].
O difratômetro utilizado foi o Panalytical X’Pert Powder (Laboratório de Difração
de Raios X do Departamento de Física / UFOP), configurado com radiação convencional
CuK, com filtro de níquel e demais parâmetros como: voltagem de 40kV, corrente de
30mA, 2 variando de 5º a 120º com passo de 0,01º e tempo de 3 segundo por ponto [1,72,73].
A determinação das características dos difratogramas e a identificação das fases
presentes nas amostras foram realizadas com o auxílio das fichas cristalográficas do banco
de dados da Bases de Estruturas Cristalinas (BDEC)/Crystmet [102].
A análise qualitativa por difração de raios X foi utilizada para identificar as fases
cristalinas presentes nos pós de WC, Co, do compósito WC-10%Co em pó e dos grupos de
amostras sinterizadas, 1350ºC, 1400ºC e 1450ºC, sendo que cada grupo teve 3 amostras
analisadas, todas apresentando o mesmo comportamento quando comparadas com as outras
amostras do mesmo grupo.
Os difratogramas obtidos dos pós e das amostras sinterizadas foram comparados com
arquivos CIF (Crystallographic Information File) presentes nas Bases de Estruturas
Cristalinas (BDEC) [102]. O procedimento de análise para a comparação foi feito entre as
posições 2 dos picos, distâncias interplanares e a intensidade relativa de cada pico.
As posições dos picos nos difratogramas são dependentes do comprimento de onda
utilizado, enquanto que as distâncias interplanares dependem apenas das dimensões da célula
unitária de cada fase cristalina. Fazendo uso da Lei de Bragg calculou-se, com os valores de
113
2 medidos nos difratogramas, os respectivos espaçamentos interplanares e, em seguida,
comparados com os arquivos CIF dos bancos de dados cristalográficos.
As intensidades dos picos dependem das posições dos átomos e da quantidade de
planos cristalográficos repetidos na cela unitária, de forma que fases diferentes podem
acontecer em picos com posições próximas, mas não terão as mesmas intensidades relativas.
Estruturas isomorfas, com formas iguais podem ter também intensidades relativas muito
parecidas, e as diferenças poderão ser tão pequenas que não poderão ser comparadas com o
banco cristalográfico de fichas ou cartões em formato PDF.
O comprimento de onda pode alterar a posição dos picos quando da comparação com
o banco de dados. Neste trabalho o comprimento de onda () utilizado para a coleta dos
dados e na comparação com os arquivos CIF foi o do Cobre com 1,5406Å. Este fato exige
certa atenção na análise qualitativa durante a comparação dos difratogramas obtidos com
arquivos dos bancos de dados cristalográficos.
O difratômetro utilizado foi um PANalytical X’Pert Powder, com geometria Bragg-
Brentano, o que exige atenção com relação à microabsorção que pode alterar a intensidade
relativa dos picos. Uma das causas da microabsorção é a rugosidade superficial, onde os
picos em 2 mais baixos terão sua intensidade relativa reduzidas. Se for a microabsorção
causada por partículas de fases com diferenças significativas de absorção, a intensidade
relativa de todo o padrão de difração dessa fase com relação a outra será reduzida. Neste
trabalho, estes efeitos foram reduzidos ao mínimo possível, tanto para os pós e amostras
sinterizadas, com cuidados na sua deposição no porta-amostra antes das medidas, e com as
amostras sinterizadas que tiveram a superfície polida com muito cuidado.
Os resultados obtidos com o auxílio do Highscore / ICDD-PDF instalado no
computador acoplado ao difratômetro foram úteis para os pós de WC e Co, mas muitos
cartões indicaram a presença de alguns conponentes não existentes nos pós e peças
investigadas. Neste contexto, as análises feitas por difração de raios X dos pós foram
previamente analisadas com o MEV/EDS, confirmando a composição química indicada pelo
fabricante, tendo a variação a composição química como sendo relativamente baixa e
incapaz de gerar estruturas que pudessem ser identificadas nos difratogramas.
Outros cuidados foram considerados nessa identificação de fases. Os bancos de dados
com fichas tipo PDF, largamente utilizadas para esse fim, possuem limitações significativas
não sendo adequados para a qualidade das análises requeridas neste trabalho. Frente ao grau
de complexidade da formulação dos picos para as amostras sinterizadas, fez-se necessário a
114
utilização de programas como o Diamond, que permitiram a comparação precisa acerca dos
dados obtidos.
4.17 - Método de Rietveld – MR
O emprego do método de Rietveld é justificado pela qualidade e quantidade de
informações estruturais e da avaliação do comportamento da formação da fase (Co3W3C
e Co6W6C), fornecendo os principais parâmetros e características do material estudado,
como [18,87]:
✓ Parâmetros de rede;
✓ Posições atômicas;
✓ Densidade e volume;
✓ Análise quantitativa de fases.
O refinamento dos dados foi aplicado ao intervalo angular total do difratograma,
aumentando a precisão dos dados obtidos, minimizando problemas de sobreposição de picos,
e permitindo extrair o máximo de informações do perfil de difração das fases .
O Método de Rietveld foi aplicado na análise quantitativa de fases, ajuste de
parâmetros de célula e estudos estruturais.
Para a análise quantitativa de fases pelo Método de Rietveld, foi utilizado o programa
General Structure Analysis System – GSAS [65]. Os parâmetros de refinamento selecionados
durante a quantificação das fases incluem os fatores de escala, a função polinomial que
define a radiação de fundo, o deslocamento da amostra, os parâmetros de rede de cada fase,
parâmetros que definem a largura e o perfil dos picos calculados, e funções de orientação
preferencial e assimetria. A função de perfil Pseudo-Voigt – 4/GSAS foi escolhida para o
refinamento das fases para todas as amostras estudadas neste trabalho, devido à sua
potencialidade de modelar picos com as funções Lorentiziana e Gaussiana juntamente com
funções de assimetria [65,87].
Os dados obtidos por difração de raios X foram utilizados para a determinação dos
parâmetros cristalográficos pelo método de Rietveld utilizando o algoritmo implementado
no programa GSAS [65]. As condições experimentais utilizadas e suas justificativas serão
descritas nos itens a seguir.
115
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão mostrados num primeiro momento os resultados obtidos na
sequência de execução desta pesquisa, a qual teve início com a análise da matéria-prima
utilizada. Num segundo momento, o capítulo terá seu desfecho com uma discussão
integrando todos os resultados.
5.1 - Caracterização da Matéria-Prima
Inicia-se a exposição dos resultados com a caracterização do pó de WC com a análise
qualitativa de difração de raios X com a intensão de identificar a fase e obter dados de boa
qualidade para uso com o método de Rietveld.
5.1.1 - Análise do pó de WC
O difratograma do pó de WC mostrado na Figura 5.1 apresentou um background
pouco ruidoso com a fase WC bem definida, picos pouco alargados e consideráveis
intensidades indicando boa cristalinidade.
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
1000025 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120
0
1000
2000
3000
4000
5000
Inte
nsi
da
de
(cp
s)
2 theta ()
WCexperimental
WC 187crystmet - 9013303
Figura 5.1 – (a) Difratograma do pó nanométrico de WC e (b) sua referência no banco de
dados cristalografico.
a
b
116
Após a análise utilizando informações da Bases de Estruturas Cristalinas (BDEC)
[102] observa-se que o comportamento estrutural deste pó apresenta pequenas variações
toleráveis nas posições dos picos e distâncias interplanares o que pode ser observado nas
Tabelas do Anexo A.
Com a análise qualitativa do padrão de difração de raios X deste material, identificou-
se a fase WC hexagonal primitiva (hp) referente ao arquivo CIF 9013303 da
BDEC/Crystmet.
O tungstênio possui, em sua forma metálica, estruturra cristalina cúbica de corpo
centrado. No caso deste metal, a inserção do carbono para a formação de WC implica no
estabelecimento de uma nova estrutura cristalina que minimize a energia interna do sistema.
Para este elemento a inserção de carbono resulta principalmente em carbonetos
subestequiométricos que implicam na formação de diversas fases cristalinas em função da
estequiometria.
Na Tabela 1 do Anexo A, são indicadas as posições em 2, intensidades, distâncias
interplanares do padrão de difração de raios X do pó de WC e as referências da BDEC
utilizadas para a identificação desta fase.
Com o uso do MEV foi obtida a micrografia, Figura 5.2, onde pode-se observar a
morfologia do pó de WC, indicando o pequeno tamanho das partículas e as aglomerações
das mesmas.
Figura 5.2 - Micrografia do pó de WC com aumento de 30000x.
Seguindo, com os dados de difração de raios X implementou-se o método de Rietveld
nesta pesquisa com a intenção de obter dados a partir dos quais fosse possível conhecer e
117
monitorar seus parâmetros de rede, posições atômicas, densidade e volume de célula unitária.
Estes dados são apresentados na Tabela 1 do Anexo B.
Desta forma, na Figura 5.3 é mostrado o gráfico de Rietveld, um dos indicadores de
qualidade do refinamento, onde pode-se notar, em vermelho, o padrão calculado (𝑦𝑐𝑎𝑙)
fornecendo o modelo teórico da fase de WC com boa aproximação ao padrão experimental
(𝑦𝑜𝑏𝑠).
40 60 80 100 120
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
inte
nsid
ade
(cps
)
2 (o)
Figura 5.3 - Gráfico de Rietveld do pó de WC nanométrico.
5.1.2 Análise do pó de Co
Seguindo a mesma rotina de caracterização do pó de WC, buscou-se as mesmas
informações para o pó de Co a partir da técnica de difração de raios X.
O difratograma do pó de Cobalto, Figura 5.4, apresentou um o background ruidoso
e picos alargados com pouca intensidade e uma considerável fração de amorfo.
Após a análise das Bases de Estruturas Cristalinas (BDEC) [102] observou-se que o
comportamento estrutural deste pó não é bem definido, possuindo duas fases, uma cúbica de
face centrada (cfc) e outra hexagonal compacta (hc). O pico com a posição 51,56º manifesta-
se apenas na estrutura do Co (cfc) formada acima de 427C e retida na estrutura deste
material devido ao rápido resfriamento sofrido durante o processo de produção (Tabela 2 do
Anexo A).
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒆 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
WChp
118
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
0
1000
2000
3000
4000
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
0
1000
2000
3000
4000
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
0
100
200
300
400
500
600
700
Co 194crystmet - 9008492
Inte
nsid
ade (
cps)
Co 225crystmet - 9010968
2 theta ()
Coexperimental
Figura 5.4 – (a) Difratograma do pó de Co e referências das fases identificadas (b)
Co/hc/9010968 e (c) Co/cfc/90008492.
Os demais picos com intensidade abaixo de 84cps representam o princípio do estágio
de formação e/ou aumento de cristalinidade da fase hexagonal compacta, promovida pelo
processo de produção do pó por atomização em água. Esta fase manifesta-se a temperatura
ambiente. No processo de produção, o material é fundido abaixo de 1600C e com a rápida
extração do calor e obtem-se partículas com formato irregular (ligamental – Figura 5.5) e
alguma oxidação (neste caso 0,55% em peso – Tabela 4.1).
Utlizando o MEV, foi obtida a micrografia da Figura 5.5 que mostra a morfologia do
pó de Co com partículas maiores que as do pó de WC e também aglomeradas.
c
b
a
119
Figura 5.5 - Micrografia com aumento de 50000x do pó de Cobalto produzido por
atomização em água – formato ligamental.
Na Figura 5.6 é mostrado o gráfico de Rietveld para o pó de Co. Nota-se a baixa
cristalinidade deste material pela baixa intensidade dos picos, o elevado ruído do
background, indicando certa porção de amorfo e a base alargada dos picos, mostrando a má
formação dos mesmos.
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
inte
nsid
ade
(cps
)
2 (o)
Figura 5.6 - Gráfico de Rietveld do pó de Co.
A partir dos dados da Tabela 2 do Anexo B observa-se os resultados do refinamento
para o pó de Co e a presença de duas fases, uma do Co (hc) com 75,6% da constituição
cristalina da amostra e a fase de Co (cfc) com 24,4%.
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒆 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
Cohc Cocfc
120
5.1.3 - Análise da mistura formadora do compósito WC-10%Co
A mistura (90% de WC e 10% de Co, em peso) destes materiais foi promovida pela
moagem de alta energia onde neste processo as partículas são repetidamente esmagadas,
soldadas a frio, fraturadas e soldadas novamente. Desta forma o Co é distribuído por toda a
composição da mistura e a homogeneidade adequada é atingida. A influência da moagem na
composição das fases ao término deste procedimento foi avaliada por meio da aplicação de
difração de raios X e do Método de Rietveld.
Na Figura 5.7 é mostrado o difratograma da mistura dos pós formadora do compósito
WC-10Co que, apresenta background pouco ruidoso com as fases WC (hp) e Co (hc) bem
definida, apresentando picos pouco alargados e consideráveis intensidades.
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125
0
1000
2000
3000
4000
5000
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125
0
1000
2000
3000
4000
5000
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125
0
1000
2000
3000
4000
5000
2 theta ()
WC10Coexperimental
Inte
nsid
ad
e (
cp
s)
WC 187crystmet - 9013303
Co 194crystmet - 9008492
Figura 5.7 – (a) Difratograma da mistura dos pós de WC e 10% em peso de Co e a
identificação de suas fases (b) WC/hp/9013303 e (c) Co/hc/9008492.
Na Tabela 3 do Anexo A são indicadas as posições em 2, intensidades, distâncias
interplanares do padrão de difração de raios X da mistura e as referências da BDEC utilizadas
c
b
a
121
para a identificação das fases. Após a análise da Bases de Estruturas Cristalinas (BDEC)
[102], observa-se a sobreposição de picos de WC e Co no intervalo de 46º a 85º, gerando leve
alargamento nos mesmos. Os demais picos estão em acordo com os bancos de dados
cristalograficos, representando a composição da fase WC (hp) bem definida juntamente com
a fase do Co (hc).
O procedimento de mistura dos pós de WC (hp) e Co (hc) realizado com o moinho
de esferas de alta energia, embora tenha sido utilizado apenas para misturar os pós, gerou
efeito térmico não intenso, mas possivelmente suficiente para promover o rearranjo da
estrutura Co (cfc) e da fração amorfa para a fase Co (hc). Tratamentos térmicos com
temperaturas relativamente baixas, entre 100C e 200C, são usados para relaxar estruturas
de pós produzidos por síntese e outros métodos permitindo a reorganização da estrutura
destes materiais. Neste momento aumentou-se a intensidade e a complexidade do uso das
ferramentas propostas para a execução deste projeto com a intensão de avaliar os efeitos da
moagem de alta energia a nível atômico e implementar a quantificação de fases verificando
também a nível atômico as proporções do compósito (90% de WC e 10% de Co) (Tabela 3
do Anexo B).
Na Figura 5.8 é mostrado o gráfico de Rietveld, com o padrão de difração de raios X
do compósito em pó (𝑦𝑜𝑏𝑠) e o modelo calculado (𝑦𝑐𝑎𝑙) para a quantificação das fases
presentes.
A fase WC (hp) teve sua quantidade indicada pelo refinamento em 90,51% e a
quantidade da fase Co (hc) em 9,49%. A fase de Co (cfc) não foi aceita pelo refinamento
gerando fortes divergências e impossibilitando o mesmo, indicando a ausência desta fase na
constituição deste material.
Com as informações obtidas no refinamento do padrão de difração de raios X do pó
de WC e da mistura com o Co, foi observado aumento da densidade de célula unitária do
WC presente na mistura, passando de 16,52g/cm3 para 20,35g/cm3. Os parâmetros de rede
a, b e c e os valores do volume da célula unitária pouco variaram, como pode ser visto na
Tabela 5.1.
122
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
inte
nsid
ade
(cps
)
2 (o)
Figura 5.8 - Gráfico de Rietveld da mistura dos pós de WC e Co.
A partir dos dados da Tabela 5.1, considerando as quantidades de átomos de W e C
mais um átomo de Co por célula unitária, obtém-se o valor de densidade da célula unitária
do pó de WC na mistura, pelo método de Rietveld de 20,35g/cm3, levando em consideração
o resíduo do refinamento dos dados para a mistura como sendo de 1,26%.
Tabela 5.1 - Parâmetros de rede, volume e densidade de célula unitária do pó de WC e
após sua mistura com Co.
Pó WC Mistura WC-10%Co
a (Å) 2,9051(1) a (Å) 2,905(6)
b (Å) 2,9051(1) b (Å) 2,905(6)
c (Å) 2,8387(2) c (Å) 2,839(3)
Volume (Å3) 20,74(8) Volume (Å3) 20,71(4)
Densidade (g/cm3) 16,52(3) Densidade (g/cm3) 20,35(9)
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 − 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝒚𝒐𝒃𝒔 𝒆 𝒚𝒄𝒂𝒍 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
WChp Cohc
123
Este evento teve origem a partir da etapa de mistura dos pós, realizada com
moagem de alta energia, através do efeito térmico e fortes colisões provocado por este
processo.
5.2 - Compactação
Nesta etapa, partindo do estudo teórico de preparo do experimento foram
determinadas as densidades teóricas e a verde dos compactados (Tabela 5.2).
Tabela 5.2 - Densidade a verde teórica (VT) e densidade a verde (V) dos compactados.
Teórico VT (g/cm3)
8,760
Compactado V (g/cm3)
p/1350C 8,713
p/1400C 8,741
p/1450C 8,788
O processo de compactação foi efetivo, como pode ser observado na Tabela 5.2, onde
as densidades a verde dos compactados se aproximam do valor da densidade a verde teórica
(VT) e também devido aos valores de densidade a verde (V) alcançarem aproximadamente
60% do valor da densidade teórica (14,6g/cm3), como proposto (Subitem 4.2).
5.3 - Sinterização
Com o auxílio das micrografias obtidas por MEV, foi possível avaliar o processo de
sinterização com relação à formação e eliminação de poros e à morfologia dos grãos de WC.
O compósito WC-10Co sinterizado a 1350°C apresenta aglomerações de partículas
de WC (região mais clara) dispersos na matriz de Co (região mais escura), como mostrado
na Figura 5.9. Observa-se a presença de poros de diferentes tamanhos com bordas
arredondadas.
124
Figura 5.9 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1350°C (Circulos - exemplos de
poros).
Na Figura 5.10 é apresentado o compósito sinterizado a 1400°C, onde a quantidade
de aglomerados de WC (região mais clara) diminuiu, possuindo morfologia arredondada
dispersos na matriz de Co, indicando que nesta temperatura, a dissolução dos aglomerados
de WC pelo Co foi intensificada.
Os poros apresentam bordas na forma arredondada, distribuídos por toda a amostra,
com tamanhos menores e em maior quantidade quando comparados com a amostra
sinterizada a 1350°C.
Figura 5.10 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1400°C.
Na Figura 5.11, o compósito sinterizado a 1450°C mostra o estágio onde iniciou-se
o crescimento dos grãos de WC, dispersos por toda a matriz de Co, cuja morfologia difere
125
das demais amostras. Observa-se ainda a presença de pequenos poros arredondados
dispersos por toda a amostra, indicando a efetividade da sinterização.
Figura 5.11 - Micrografia do WC-10%Co sinterizado a 1450°C.
No que diz respeito à efetividade da sinterização, observou-se que as temperaturas
de 1350°C e 1400°C não foram suficientes para consolidar a estrutura do sinterizado. Isso
pode ser notado pela presença de grandes poros dispersos pela amostra de forma
heterogênea. À temperatura de 1450°C a estrutura do sinterizado quase atingiu a plena
consolidação da estrutura, com pequenos poros de formato arredondado e dispersos por toda
a amostra.
5.3.1 - Caracterização microestrutural dos sinterizados
Na microestrutura da amostra sinterizada a 1350ºC, observa-se (Figura 5.12) poros e
as aglomerações de partículas de WC, região mais clara, dispersas na matriz de Co junto a
manifestação das fases , região cinza escuro que percola o WC. Na Figura 5.12 pode ser
observada a morfologia dos grãos de WC e a identificação das regiões onde foi realizada a
análise pontual por EDS.
126
Figura 5.12 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1350ºC.
Na Tabela 5.3 são mostrados os resultados da análise química semiquantitativa
pontual, as quais apontam nas regiões cinza claro com grande concentração de W (Figura
5.12) indicando a presença dos grãos de WC, e regiões cinza escuro com a presença de Co
quase sempre acompanhada de quantidades proporcionais de W (% atômica), sendo
possíveis regiões de formação das fases .
Tabela 5.3 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1350ºC, para
os pontos de 1 a 5 indicados na Figura 5.12.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5
Elemento % atômica % atômica % atômica % atômica % atômica
C 64,464 60,315 57,014 56,552 47,880
Co 9,700 12,186 17,997 19,074 24,727
W 25,836 27,499 24,989 24,374 27,393
No ponto 1, embora tenha coloração cinza escuro típica de regiões com elevada
concentração de Co, a análise química por EDS indica a presença de grãos de WC.
O ponto 2 mostra uma região cinza claro, onde a quantidade de W indica a formação
do grão WC.
Os pontos 3, 4 e 5 mostram regiões cinza escuro com quantidades de Co e W
próximas, indicando a possível estequiometria das fases Co3W3C e Co6W6C.
127
A Figura 5.13 mostra a imagem da microestrutura obtida por MEV com elétrons
secundários com aumento de 10000x, onde foi realizada a análise de mapeamento por raios
X característicos para o C, Co e W. Pode-se observar a boa dispersão dos elementos na
amostra, sendo que para os elementos W e Co foi possível verificar aglomerações dos
mesmos em regiões bem definidas, sendo as regiões em vermelho pertencem
majoritariamente ao Co enquanto que as regiões em azul pertencem ao W e C.
Figura 5.13 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada a
1350ºC.
A Tabela 5.4 contem informações obtidas por meio do mapeamento por emissão
característica de raios X dos elementos C, Co e W, onde pode ser notada intensa distribuição
do Co pela composição da amostra promovido pela moagem de alta energia. Este fato
permitiu sua maior interação com a estrutura das partículas do WC, possibilitando a
formação de regiões com a estequiometria próxima entre o W e Co, o que sugere a presença
de compostos metaestáveis.
Tabela 5.4 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento por
raios X da amostra sinterizada a 1350ºC, para a Figura 5.13.
Elemento % peso
C 14,0
Co 9,0
W 77,0
128
A Tabela 5.4 mostra valores da % em peso que mantém a proximidade da relação da
composição de 90% de WC e 10% de Co indicando a boa mistura dos pós, componentes do
compósito.
A microestrutura da amostra sinterizada a 1400ºC é mostrada na Figura 5.14. São
observados os grãos de WC nas regiões mais claras, possuindo morfologia arredondada,
indicando a dissolução dos grãos de WC pelo Co e a identificação das regiões onde foi
realizada a análise pontual por EDS.
Figura 5.14 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1400ºC.
A Tabela 5.5 mostra os resultados da análise química semiquantitativa pontual, as
quais comprovam a presença de regiões com grande concentração de W, e regiões com a
presença de Co acompanhada por quantidades muito próximas de W (% atômica).
Tabela 5.5 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1400ºC, para
os pontos de 1 à 5 indicados na Figura 5.14.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Elemento % atômica % atômica % atômica % atômica
C 49,535 75,856 40,769 47,172
Co 18,820 2,922 26,696 20,481
W 31,645 21,222 32,535 32,347
129
O ponto 1, embora tenha coloração cinza escuro típica de regiões com elevada
concentração de Co, indica a presença de grãos de WC.
O ponto 2 mostra uma região cinza clara com quantidades de W e C muito elevadas,
indicando a região de formação de grãos de WC.
Os pontos 3 e 4 mostram regiões cinza escuro com quantidades de Co e W próximas,
indicando a possível estequiometria das fases Co3W3C e Co6W6C.
A Figura 5.15 mostra a imagem da microestrutura obtida por MEV em elétrons
secundários com o aumento de 10000x. Foi realizada a análise de mapeamento por raios X
característicos de C, Co e W.
Figura 5.15 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada a
1400ºC.
Por meio do mapeamento de raios X dos elementos Co, C e W, pode-se notar uma
intensa distribuição do Co pela estrutura da amostra, permitindo a uma maior interação com
os grãos de WC, possibilitando uma considerável formação de novos compostos notada pela
redução da quantidade de grãos de WC quando comparada com a amostra sinterizada a
1350C. A Tabela 5.6 mostra valores da % em peso, sendo que a interação entre o Co, C e
W sugere a formação de novos compostos.
130
Tabela 5.6 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento de
raios X da amostra sinterizada a 1400ºC, para a Figura 5.15.
Elemento % peso
C 4,3
Co 12,5
W 83,2
A microestrutura da amostra sinterizada a 1450ºC, mostrada na Figura 5.16,
apresenta os grãos de WC com morfologia poligonal mais bem definida quando comparada
às amostras sinterizadas a 1350C e 1400C. Esta temperatura de sinterização promoveu o
crescimento dos grãos de WC.
Figura 5.16 - Microestrutura da amostra sinterizada a 1450ºC.
Na Tabela 5.7 são mostrados os resultados da análise química semiquantitativa
pontual, as quais comprovam a presença de regiões com grande concentração de W e regiões
com a presença de Co sempre acompanhada de quantidades proporcionais de W.
Os pontos 1, 2, 4 e 5 mostram regiões cinza um pouco mais escuro que os demais
com quantidades de Co e W muito próximas, indicando a possível estequiométrica das fases
Co3W3C e Co6W6C.
O ponto 3 mostra uma região cinza clara com elevada quantidade de W e presença
de C indicando a região de um grão de WC.
131
Tabela 5.7 - Análise química semiquantitativa (EDS) da amostra sinterizada a 1450ºC, para
os pontos de 1 a 5 indicados na Figura 5.16.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5
Elemento % atômica % atômica % atômica % atômica % atômica
C 58,200 53,017 70,518 45,269 44,189
O 15,893 17,791 - 22,017 16,790
Co 14,075 14,076 - 16,267 16,802
W 11,832 15,116 29,482 16,447 22,219
A Figura 5.17 mostra a imagem da microestrutura obtida por MEV com elétrons
secundários sendo o aumento de 10000x. Nesta região foi realizada a análise por
mapeamento por raios X característicos. A emissão característica de raios X para a área
selecionada, observando a concentração dos elementos de W e Co em regiões distintas e bem
definidas, indica o aumento da quantidade de grãos de WC, enquanto que o C está disperso
por toda a superfície da amostra.
Figura 5.17 - Mapeamento por emissão característica de raios X da amostra sinterizada a
1450ºC.
A Tabela 5.8 aliada a Figura 5.17 mostra valores da % em peso, onde há considerável
quantidade de W e Co (regiões rosada) possivelmente homogeneizados sugerindo a
formação de novos compostos.
132
Tabela 5.8 - Análise química semiquantitativa (EDS) composicional por mapeamento por
raios X da amostra sinterizada a 1450ºC, para a Figura 5.17.
Elemento % peso
C 5,6
Co 10,7
W 83,7
O uso do MEV, com os módulos de EDS e Mapeamento por raios X permitiu obter
informações, que mostram a intensa distribuição do Co pela composição da amostra
promovida pela moagem de alta energia. Este fato permitiu sua maior interação com a
estrutura das partículas do WC, possibilitando, durante a sinterização, a formação de regiões
com a estequiometria próxima entre o W e Co, o que sugere a presença de novos compostos.
5.3.2 - Análise Qualitativa de Fases
A identificação das fases presentes na amostra sinterizada a 1350ºC ofereceu certo
grau de dificuldade (Figura 5.18). Com o auxílio de softwares, foi possível a análise dos
arquivos CIF do banco de dados cristalográfico da BDEC para as fases WC (9013303/hp),
Co (9008492/hc), Co6W6C (165459/cfc) e Co3W3C (165457/cfc).
O difratograma da amostra apresenta certo grau de complexidade junto ao
background, apresentando muitos picos com intensidades abaixo de 80cps. Neste trabalho
foram considerados picos com a intensidade de até 60cps sendo necessário o uso de
programas que permitiram a realização de análise minuciosa e sistemática do difratograma.
Por todo o difratograma há a sobreposição de picos e manifestações de picos de fases
diferentes com valores em 2 muito próximos.
Os picos com contagens abaixo de 80cps apresentam certo alargamento característico
de fases não bem formadas, gerando pequenas diferenças na posição em 2, quando
comparadas às informações dos bancos de dados. Também deve ser notada a baixa
intensidade dos picos de WC e o surgimento dos picos das fases Co6W6C e da Co3W3C,
quando comparado ao difratograma da mistura dos pós de WC-10%Co. Na Tabela 4 do
Anexo A, onde as linhas em cinza mostram a dimensão da contribuição das fases neste
material, este fato será discutido adiante com o Método de Rietveld.
133
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000In
tens
idad
e (c
ps)
2 Theta ()
Figura 5.18 - Difratograma da amostra sinterizada a 1350ºC.
No geral, a diminuição das intensidades da fase WC deve-se, em sua grande maioria,
ao fato da população estatística dos planos refletores ter diminuído com a sinterização, onde
o Co dissolve o WC ocorrendo a formação das fases .
Na identificação das fases presentes para a amostra sinterizada a 1400ºC, verificou-
se o mesmo grau de dificuldade (Figura 5.19).
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Inte
nsida
de (c
ps)
2 Theta ()
Figura 5.19 - Difratograma da amostra sinterizada a 1400ºC.
WChp
Cohc
Co3W3Ccfc
Co6W6Ccfc
WChp
Cohc
Co3W3Ccfc
Co6W6Ccfc
134
Com base no comportamento da estrutura da amostra sinterizada a 1350C, Nota-se
o aumento na intensidade das fases Co6W6C e da Co3W3C, diminuindo a presença das fases
WC e Co.
Com o auxílio da Tabela 5 do Anexo A, onde, é possível observar que por todo o
difratograma há a sobreposição entre todas as fases e manifestações de picos com valor de
2 muito próximos. Poucos picos com contagens abaixo de 80 cps são notados, indicando a
consolidação e a evolução na formação das fases .
Na Figura 5.20 observa-se o difratograma da amostra sinterizada a 1450ºC. Neste
caso, verificou-se o mesmo grau de dificuldade na identificação das fases presentes.
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Inte
nsid
ade
(cps
)
2 Theta ()
Figura 5.20 - Difratograma da amostra sinterizada a 1450ºC.
A exemplo da amostra sinterizada a 1400C, o difratograma da amostra sinterizada
a 1450C apresenta certo grau de complexidade, apresentando poucos picos com
intensidades abaixo de 80cps. Assim como nas outras análises, foram considerados picos
com até 60cps, permitindo a realização de análise minuciosa e sistemática do difratograma.
Na Tabela 6 do Anexo A, as linhas em cinza mostram a dimensão da contribuição das fases
neste material.
Nos difratogramas das amostras sinterizadas a 1350ºC, 1400°C e 1450°C foram
identificadas, além das duas fases iniciais de WC e Co, duas outras fases metaestáveis,
Co6W6C e Co3W3C, ambas formadas a partir da dissolução das partículas de WC pelo Co.
WChp
Cohc
Co3W3Ccfc
Co6W6Ccfc
135
As fases identificadas nas peças sinterizadas a 1350C, 1400C e 1450C têm a
configuração cristalográfica descrita pelos grupos espaciais P6̅𝑚2 (187) para a fase WC
(hp), 𝑃63/𝑚𝑚𝑐 (194) para a fase Co (hc), 𝐹𝑑3̅𝑚 (227) para as fases Co6W6C (cfc) e
Co3W3C (fcc).
5.3.3 - Análise quantitativa de fases – Método de Rietveld
Nas Figuras 5.21, 5.22 e 5.23 são mostrados os gráficos de Rietveld, os índices de
qualidade dos refinamentos, com 𝒚𝒄𝒂𝒍 modelando 𝒚𝒐𝒃𝒔 e o valor de 𝝌𝟐 representando a
diferença entre eles.
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
-500
-250
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
Inte
nsid
ade
(cps
)
2 Theta (o)
Figura 5.21 - Amostra sinterizada a 1350ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
17.80%, Rp 12.04%, 𝝌𝟐 1.49% e R(F2) 8.93%).
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒐𝒃𝒔) 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒄𝒂𝒍)
𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝝌𝟐(𝒚𝒐𝒃𝒔 − 𝒚𝒄𝒂𝒍) 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
WChp Cohc
Co3W3Cfcc Co6W6Cfcc
136
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Inte
nsid
ade
(cps
)
2 Theta (o)
Figura 5.22 - Amostra sinterizada a 1400ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
19.25%, Rp 14.14%, 𝝌𝟐 1.65% e R(F2) 9.713%).
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Inte
nsid
ade
(cps
)
2 Theta (o)
Figura 5.23 - Amostra sinterizada a 1450ºC (Índices de qualidade do refinamento: Rwp
20.53%, Rp 14.84%, 𝝌𝟐 1.84% e R(F2) 11.91%).
Nas Tabelas 4, 5 e 6 do Anexo B, pode-se observar os parâmetros obtidos com o
refinamento, mostrando as informações de todas as fases identificadas na estrutura do metal
duro após a sinterização, levando em consideração todas as variáveis pertinentes a este
sistema.
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒐𝒃𝒔) 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒄𝒂𝒍)
𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝝌𝟐(𝒚𝒐𝒃𝒔 − 𝒚𝒄𝒂𝒍) 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
WChp Cohc
Co3W3Cfcc Co6W6Cfcc
𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒐𝒃𝒔) 𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 (𝒚𝒄𝒂𝒍)
𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏ç𝒂 𝝌𝟐(𝒚𝒐𝒃𝒔 − 𝒚𝒄𝒂𝒍) 𝒃𝒂𝒄𝒌𝒈𝒓𝒐𝒖𝒏𝒅
WChp Cohc
Co3W3Cfcc Co6W6Cfcc
137
Com os dados obtidos pelo refinamento dos dados de difração de raios X pelo método
de Rietveld, apresentados na Tabela 4 Anexo B, observou-se as transformações ocorridas
nas microestruturas por meio da quantificação das fases presentes, revelando a constante
produção de fases metaestáveis com o aumento da temperatura de sinterização.
Na Tabela 5.9, nota-se a pequena quantidade da fase Co (hc) nas amostras
sinterizadas a 1400°C e 1450°C. Apesar de sua pequena quantidade (0,303% e 0,104%),
como indicado pelo refinamento, sua presença na rotina de refinamento foi essencial. Sem
ela fortes divergências ocorreram e o refinamento foi interrompido.
Tabela 5.9 - Quantificação de fases obtidas com o método de Rietveld para as amostras
sinterizadas a 1350°C, 1400°C e 1450°C.
Temperatura de sinterização 1350°C 1400°C 1450°C
Quantidade das
Fases Presentes
(%)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 63,619 (6) 52,456 (8) 40,212 (9)
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑐𝑓𝑐) 24,820 (1) 1,188 (4) 14,330 (1)
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑐𝑓𝑐) 9,312 (9) 46,053 (9) 45,340 (1)
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 2,240 (2) 0,303 (1) 0,104 (1)
O carbono e o tungstênio possuem elevada solubilidade no cobalto, sendo o
tungstênio mais solúvel [104]. O Co tem capacidade de dissolver cerca de 40% em peso de
tungstênio em solução sólida na temperatura eutética de 1480ºC [105].
Além da quantificação das fases, o método de Rietveld também forneceu os valores
dos parâmetros de rede, densidade e volume de célula unitária (Tabelas 5.10 e 5.11).
Com estas informações observou-se a relação existente entre parâmetros de rede,
volume e densidade de célula unitária, mostrando, em nível atômico, os efeitos do processo
de sinterização nas microestruturas do WC e do Co, levando em consideração todas as
variáveis do processo de produção pertinentes a este sistema.
A dissolução da fase WC pelo Co chegou a 26,38% a 1350°C, 37,54% a 1400°C e
49,79% a 1450°C, como pode ser observado na Tabela 6 Anexo B. Os fatores que
contribuíram para estes valores foram o tamanho de partícula nanométrico do pó de WC,
que permitiu maior interação de suas partículas com as do Co, associada à moagem de alta
energia, difundindo os átomos de cobalto na estrutura do WC ainda em pó.
138
Tabela 5.10 - Informações dos parâmetros de rede obtidos pelo o método de Rietveld para
as amostras sinterizadas.
Parâmetros Fase 1350°C 1400°C 1450°C
a (Å)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 2,90512(2) 2,90433 (2) 2,90453 (3)
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 10,8994 (1) 10,971 (1) 10,8885 (2)
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 11,0690 (5) 11,1949 (1) 11,0506 (1)
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 2,500 (1) 2,5061 (3) 2,500 (1)
b (Å)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 2,90512(2) 2,90433 (2) 2,90453 (3)
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 10,8994 (1) 10,971 (1) 10,8885 (2)
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 11,0690 (5) 11,1949 (1) 11,0506 (1)
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 2,500 (1) 2,5061 (3) 2,500 (1)
c (Å)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 2,83616(3) 2,83562 (4) 2,83604 (4)
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 10,8994 (1) 10,971 (1) 10,8885 (2)
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 11,0690 (5) 11,1949 (1) 11,0506 (1)
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 4,092 (3) 4,0303 (8) 4,092 (3)
Também a quantidade de Oxigênio retida nas estruturas dos pós de Co (0,55% em peso) e
WC (0,10% em peso) que, somada ao Oxigênio incorporado e retido durante a prensagem
dos pós produzindo as peças verdes, facilitaram o processo de carreamento dos átomos de C
durante o processo de sinterização tendo como resultado a grande deficiência de C, indicador
da condição mais favorável a produção de fases - Co6W6C e Co3W3C.
Tabela 5.11 - Informações de volume e densidade obtidas pelo método de Rietveld para as
amostras sinterizadas.
Fase 1350°C 1400°C 1450°C
Volume
(Å3)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 20,73 (0) 20,714 (0) 20,720 (0)
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 1294,81 (5) 1320,6 (4) 1290,94 (8)
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 1356,2 (2) 1403,047 (6) 1349,48 (4)
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 22,16 (2) 21,923 (7) 21,548 (3)
Densidade
(g/cm3)
𝑊𝐶 (ℎ𝑝) 22,860 20,745 21,785
𝐶𝑜6𝑊6𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 15,491 10,390 15,331
𝐶𝑜3𝑊3𝐶 (𝑓𝑐𝑐) 14,689 15,156 15,542
𝐶𝑜 (ℎ𝑐) 8,201 8,611 8,837
139
Durante o processo de sinterização, a dissolução da fase de WC, aliada à deficiência
de C, desencadeou a formação das fases Co6W6C que a 1350°C contribui com 24,82% das
fases presentes no sinterizado, acompanhada da fase Co3W3C com 9,31%. Esta dinâmica de
formação de fases metaestáveis evolui e ganha certa complexidade com o aumento da
temperatura de sinterização onde, além da produção, acontece a transformação da fase
Co6W6C produzindo grandes quantidades da fase Co3W3C a 1400°C [41]. A 1450°C a fase
Co3W3C estabiliza e a fase Co6W6C volta a ser formada. A transformação de fase citada
pode ser observada pela oscilação dos parâmetros de rede das fases mostrados nas Tabelas
5 e 6 Anexo B. A 1400C a fase Co6W6C têm seu maior valor de parâmetro de rede a e de
volume, sua densidade é a menor indicando flutuação da energia de coesão da célula unitária
acarretando o rearranjo da mesma para a fase Co3W3C.
Comparando os valores dos parâmetros de rede e de volume de célula unitária
(Tabelas 4 e 6 do Anexo B) para as três temperaturas de sinterização, nota-se que a fase WC
apresenta os maiores valores para os parâmetros de rede e volume a 1350°C e 1450°C,
indicando dinâmicas diferenciadas na dissolução e formação de fases metaestáveis, aqui
divididas em três estágios.
No primeiro estágio, a 1350°C, o sinterizado apresentou a maior densidade de célula
unitária, indicando que o processo de dissolução não atingiu o auge de sua dinâmica, sendo
que a difusão do Co ocorreu de forma mais lenta. Isso refletiu na menor produção de fases
metaestáveis aliado ao maior volume e flutuação do parâmetro de rede c da célula unitária e
à menor densidade da fase Co, fatores estes que promoveram a instabilidade no arranjo
atômico destas fases para as temperaturas de sinterização aqui adotadas.
No segundo estágio, a 1400°C, a fase WC apresentou os menores valores para os
parâmetros de rede, volume e densidade (Tabelas 4, 5 e 6 do Anexo B). A esta temperatura
a fase WC apresenta certa estabilidade em sua estrutura. O Co continua interagindo
fortemente com o W e o C livre promovendo intensa formação e transformação das fases de
Co6W6C para Co3W3C com maior intensidade, conforme já discutido [41,105].
No terceiro estágio, a 1450°C, o WC se reagrupa havendo o crescimento dos grãos.
O processo de difusão diminui, o que pode ser observado por meio do aumento da densidade
da célula unitária do WC em meio ao rearranjo atômico ocorrido entre as fases metaestáveis
onde também ocorreos a flutuação dos valores dos parâmetros de rede, do volume de célula
unitária e a quase que total dissolução da fase Co (Tabelas 5 e 6 do Anexo B).
140
As fases metaestáveis não apenas fragilizam a estrutura pela substituição do ligante
por uma fase frágil, mas também reduzem o efeito da contribuição do WC na resistência do
compósito, como descrito por outras literaturas [5,41,74].
Durante o resfriamento das amostras sinterizadas são estabelecidas tensões residuais
entre todas as microestruturas. Tais eventos promovem distorções nas células unitárias,
estabelecendo variações nos valores em 2, gerando a sobreposição dos picos, dificultando
a análise dos dados de difração de raios X. Com o uso do método de Rietveld estas
dificuldades e a falta de precisão das demais técnicas foram superadas, e todos os picos de
cada difratograma foram modelados e as respectivas contribuições de cada microestrutura
foram calculadas em nível atômico.
Com relação à qualidade dos bancos de dados cristalográficos utilizados neste
trabalho, tem-se como base a pesquisa de D.V. Suetin do Instituto de Química do Estado
Sólido da Rússia. Em seus artigos é descrita a forma na qual seu banco de dados
cristalográficos foi gerado a partir do tratamento de dados experimentais tratados com o
Cálculo de Primeiros Princípios (Ab Initio) [5]. Este material foi suma importância para a
execução deste trabalho com todos os processos ligados à modelagem estrutural via Método
de Rietveld.
5.4 - Propriedades Físicas
Com o objetivo de avaliar a efetividade da sinterização, foram medidas a densidade
(método de Arquimedes) e a porosidade total (Tabela 5.12).
Tabela 5.12 - Propriedades Físicas dos sinterizados, densidade por Arquimedes (𝝆𝑨𝒓𝒒) e
porosidade (P).
Temperatura de
Sinterização 𝝆𝑨𝒓𝒒 (g/cm3) σ (g/cm3) P (%) σ (%)
1350C 12,08 0,75 20,10 2,45
1400C 13,13 0,83 14,23 0,83
1450C 14,59 0,10 0,31 0,20
Obs: Densidade teórica (ρT) obtida pela Lei das misturas é igual a 14,6g/cm3. σ é o desvio padrão e P é a fração
volumétrica de poros medida por metalografia quantitativa.
141
Na temperatura de cada patamar de sinterização, observou-se nas peças o aumento
do valor da densidade. Isto pode ser observado nas microestruturas dos sinterizados onde
ocorre aglomeração de partículas e o transporte de matéria, promovendo o fechamento dos
poros.
O principal objetivo da sinterização é promover a total densificação. Pode ser
observado que os valores da densidade por Arquimedes (𝜌𝐴𝑟𝑞) evoluem em função da
temperatura chegando próximos da densidade teórica prevista para este compósito.
Verificou-se que o sinterizado a 1450C apresentar o melhor resultado da propriedade física
medida. Espera-se que as propriedades mecânicas sejam melhores para este sinterizado, pois
à medida que se diminui a porosidade aumenta-se a densificação dando mais consistência a
estrutura do sinterizado, comforme já discutido [98,106].
5.5 - Propriedades Mecânicas
Os valores de dureza dos sinterizados (Tabela 5.13) aumentaram à medida que a
temperatura e as quantidades de fases metaestáveis aumentam, acompanhada do decréscimo
da porosidade.
O valor do desvio padrão para o ensaio de microdureza é justificado em três
momentos.
Para a temperatura de sinterização a 1350C (ver Figura 5.9) a estrutura do
sinterizado apresenta 20% de porosidade. O início da consolidação das partículas de WC
associado à formação das fases metaestáveis, indicadas pelo MEV, e à quantificação de fases
pelo método de Rietveld (ver Tabela 5.3 e 5.9) [41] contribuíram para obter o valor mais
baixo.
Para a temperatura de 1400C (ver Figura 5.10) a porosidade diminui chegando a
14%. A esta temperatura, é desencadeada intensa dissolução das partículas de WC e a
transição da fase Co6W6C para a fase Co3W3C (ver Tabelas 5.5 e 5.9) aumentando a dureza
do compósito, como previsto [41,105].
A temperatura de 1450C (ver Figura 5.11) a porosidade diminui drasticamente
chegando a 0,3%, onde o compósito atinge sua máxima densificação. Esta temperatura
promoveu a formação de grande quantidade da fase Co3W3C (ver Tabelas 5.7 e 5.9) que,
associada ao reagrupamento e retomada do crescimento dos grãos de WC, alcança o maior
valor de dureza para este compósito neste trabalho, em acordo com as literaturas [41,105].
142
Tabela 5.13 - Média dos valores de microdureza Vickers das amostras sinterizadas.
Temperatura de
Sinterização HV (GPa) Desvio Padrão (GPa)
1350°C 12,5 0,9
1400°C 15,4 1,6
1450°C 16,7 0,9
5.6 - Fases - Co6W6C e Co3W3C
As fases Co6W6C e Co3W3C foram ambas descritas na literatura como tendo estrutura
cúbica, sendo carbetos intermediários muito comuns e presentes no sistema W-Co-C. A fase
Co6W6C começa a se formar a 650°C, com aumento da temperatura, a 700ºC, ocorre a
conversão para Co3W3C [22,41,107,108]. A fase Co6W6C continua a aumentar até 750°C,
enquanto que, a fase Co3W3C aumenta acima de 700ºC e depois diminui a 750°C. A
diminuição da fase Co3W3C é acompanhada pela formação das fases W2C e WC. Isso sugere
que parte da fase Co3W3C é transformada em W2C acima de 750°C. A 750°C, traços de WC
podem ser identificados, indicando que ocorre a conversão de W2C para WC [22,41,107].
1350
1400
1450
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
63,61%
9,31%
52,45%
46,05%
24,82%
2,24%
1,18%
0,37%
40,21%
45,34%
14,33%
Quantidade de Fase (%)
Pa
tam
ar
de
Sin
teri
zaçã
o (
oC
)
Co
Co6W
6C
Co3W
3C
WC
0,104%
Figura 5.24 - Evolução das fases metaestáveis com o aumento da temperatura dos
patamares de sinterização.
143
Numa visão geral, pode-se observar no gráfico da Figura 5.24 a evolução das fases
metaestáveis com o aumento da temperatura dos patamares de sinterização utilizados neste
trabalho.
No diagrama de fases, para a temperatura de 1350ºC é previsto aproximadamente
86% de WC e aproximadamente 14% de Líquido + . Para a temperatura de 1400ºC é
previsto aproximadamente 85% de WC e aproximadamente 15% de Líquido + , e para a
temperatura de 1450ºC é previsto aproximadamente 84% de WC e aproximadamente 16%
de Líquido + (Figura 5.25).
Figura 5.25 - Seção Vertical entre a estequiométrica do WC e Co no diagrama de fase WC-
Co-C [22].
No entanto, os valores das quantificações da fase WC nas amostras sinterizadas com
o Método de Rietveld, para o metal duro processado com pó WC nanométrico, são de
63,61%, 52,45% e 40,21% para as temperatras de sinterização de 1350C, 1400C e 1450C,
respectivamente, para um patamar de sinterização de 60 minutos, mantidos sob vácuo com
pressão constante de 10-2 mbar. Vale lembrar que o processo de sinterização tem por objetivo
a formação de ligações químicas primárias entre as partículas da amostra sem levá-las à
fusão e gerando significativas mudanças microestruturais, sendo um processo
termodinâmico fora do equilíbrio.
144
A fase permanece em equilíbrio com WC+L (líquido), mesmo em uma composição
estequiométrica, numa faixa de temperatura aproximada de 1280ºC a 1450ºC, portanto,
como a sinterização do carbeto de tungstênio ocorre nessa faixa de temperatura, uma área
grande da fase pode ficar retida após a solidificação [22,41]. Este fato pode ser notado pelos
valores obtidos com a quantificação das fases Co3W3C e Co6W6C realizados no estudo desta
tese demonstrando que o aumento destas fases possivelmente pode ser correlacionado ao
aumento de temperatura entre os intervalos de 1350C, 1400C e 1450ºC, adotados neste
trabalho.
Deve-se pensar também na possibilidade, de que o tamanho de grão do pó de WC
tenha uma parcela considerável na formação das fases Co3W3C e Co6W6C, podendo vir a
ser correlacionado com as significativas mudanças microestruturais, ligado a um processo
termodinâmico de não-equilíbrio citado por [22,23,41].
Estudos realizados afirmam que o carbono e o cobalto também apresentam
solubilidade muito baixa no tungstênio. Por outro lado, tanto o carbono quanto o tungstênio
apresentam uma elevada solubilidade no cobalto. Foi observado que o cobalto líquido
dissolve aproximadamente 3% em peso de carbono no ponto de fusão. Com isso a
temperatura de solidificação é reduzida em conseqüência do carbono dissolvido. Em 1309ºC
ocorre à transformação eutética da forma Co + C, onde é retido cerca de 1% de carbono pelo
Co [22,23,41].
No caso do tungstênio sobre o cobalto essa solubilidade é ainda maior. Dissolve cerca
de 40% do peso do tungstênio em solução sólida na temperatura eutética de 1480ºC quando
está em equilíbrio com o composto Co7W6 [105]. As propriedades termodinâmicas, que
descrevem as fases do sistema Co-W, foram estudadas em 1978. Porém os resultados por
eles apresentados divergem nos cálculos das fases [26].
Durante a sinterização do metal duro, muitos compostos podem ser formados.
Devido às interações complexas entre os elementos constituintes, e a reação destes com o
oxigênio do ar, surgem microestruturas multifásicas, quando produziu coberturas de WC-Co
por spray de plasma sem atmosfera controlada. Neste experimento formou-se W2C, W2 (C,
O), Co6W6C e Co3W3C, ou seja, houve descarbonetação do WC pelo O [41].
Durante a sinterização, variações da composição inicial de WC e Co resultam da
depleção em C do material das partes do forno de sinterização e de C e H provenientes da
decomposição dos aglomerantes orgânicos, bem como do O adsorvido nos pós ou presente
na atmosfera de sinterização [7]. No caso particular deste trabalho, a maior contribuição à
145
descarburização do WC deve-se à depleção de C pelo O adsorvido e trapeado pelo ar do
ambiente.
Estudos mostraram que o WC se dissolve no Co líquido. Assim, o C é removido do
líquido seja pela reação com O, na interface líquido/gás, seja pela difusão do O no núcleo do
líquido eutético, formando CO [22,105].
Estudos realizados sobre as fases no sistema W-Co-C mostraram que, com a
diminuição da quantidade de carbono, surgiam duas fases , a Co6W6C e Co2W4C, com
parâmetro de rede de 10,90Å e 17,20Å. A metaestabilidade dessas fases a 1000ºC inclui
também o surgimento da fase Co3W3C e o desaparecimento ocasional em favor do equilíbrio
das fases Co2W4C + W2C [29].
Os resultados são consistentes com os estudos citados, ou seja, Co3W é uma fase
estável na faixa de temperatura de 1000ºC e pode ser carburetada contribuindo para a
formação da fase Co6W6C [7,29]. Também pode ser explicada a formação da fase Co3W3C
sendo formada a partir da fase Co6W6C, podendo ser mais caburetada para formar a fase
W2C [30].
Carbetos cementados à base de WC-Co apresentam limitações na escolha do teor de
C, do ponto de vista termodinâmico. Com elevado teor de C, o grafite se torna estável e seus
compostos ficam presentes na microestrutura final do sinterizado. O composto Co6W6C (fase
) se forma com baixo teor de C. Nem grafite ou fase são desejáveis, pois os mesmos
promovem redução nas propriedades mecânicas do metal duro [12].
A deficiência de C pode gerar dois tipos de fase , a Co3W3C e a Co6W6C. Na
Co3W3C a composição pode variar dentro de uma faixa de Co3,2W2,8C a Co2W4C [13]. O
equilíbrio com a fase líquida que pode nuclear e crescer durante o processo de sinterização.
Esta fase não apenas fragiliza a estrutura pela substituição do ligante por uma fase frágil,
mas também reduz o efeito da contribuição do WC na resistência do compósito. Por outro
lado, a fase Co6W6C possui composição constante, é formada no estado sólido (durante o
resfriamento) como pequenos grãos distribuídos através da matriz, conseqüentemente
afetam menos a fragilização do compósito [13].
Os resultados obtidos neste trabalho com a quantificação de fases e outros dados
estruturais como densidade e volume da célula unitária obtidas com o Método de Rietveld
estão em acordo com a literatura, onde pode-se observar, com o modelo matemático
estrutural proposto, para cada intervalo de temperatura deste trabalho o comportamento das
fases Co6W6C e Co3W3C, as quais, dependendo das suas quantidades presentes na amostra,
146
fazem variar as propriedades mecânicas do metal duro – WC-10%Co sinterizado
convencionalmente.
147
CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES
O uso em conjunto das técnicas de caracterização empregadas neste trabalho
mostraram-se efetivas na avaliação das causas e efeitos gerados nas microestruturas das
matérias-primas e amostras sinterizadoas.
Os efeitos da moagem de alta energia sobre a mistura dos pós de WC e Co foram
observados pela comparação entre o refinamento dos dados de DRX do pó de WC, Co e a
mistura do pó de WC com o de Co. Foi mostrado que a moagem de alta energia forçou os
átomos de Co a ocupar os interstícios das células unitárias hp do pó de WC. Este efeito pode
ser notado no valor de densidade de célula unitária do pó de WC após a mistura e moagem
com o pó de Co. Este evento pode ter acelerado o processo de dissolução de grande parte
das partículas de WC durante a sinterização, contribuindo para a elevada formação das fases
– Co6W6C e Co3W3C.
Outros fatores contribuíram para todas as transformações ocorridas no compósito
sendo eles o tamanho de partícula nanométrico do pó de WC, que permitiu maior interação
de suas partículas com as do Co, e a quantidade de Oxigênio retida nas estruturas dos pós de
Co (0,55% em peso) e WC (0,10% em peso) que, somada ao Oxigênio incorporado e retido
nas peças verdes durante a prensagem dos pós, promoveu o processo de carreamento dos
átomos de C para fora das peças durante o processo de sinterização, acarretando, como
resultado, a grande deficiência de C, indicador da condição mais favorável à produção das
fases - Co6W6C e Co3W3C.
As transformações ocorridas nas microestruturas do compósito WC-10%Co foram
qualificadas e quantificadas com o uso em conjunto das técnicas aqui utilizadas gerando
informações em nível atômico. Destaca-se o uso do banco de dados cristalográfico oriundos
do trabalho de Suetin, D.V. et al [5], onde o Cálculo de Primeiros Princípios foi utilizado
pelos autores para modelar as fases Co6W6C e Co3W3C de forma teórica, atingindo, assim,
a configuração de célula unitária mais estável para estas duas fases. As configurações de
células unitárias mais estáveis, assim estabelecidas, constituíram o melhor arquivo de
entrada para o refinamento destas duas fases, livres das diversas imperfeições
cristalográficas produzidas pelos processos de fabricação destes materiais permitindo, assim,
os bons resultados alcançados com os refinamentos realizados para este compósito.
148
CAPÍTULO 7 - CONTRIBUIÇÕES ORIGINAIS AO CONHECIMENTO
✓ Uso da moagem de alta energia para induzir a formação das fases (Co6W6C e Co3W3C).
✓ Utilizar o Método de Rietveld para quantificar e obter informações em nível atômico de
peças sinterizadas.
✓ Utilizar bancos de dados cristalográficos obtidos por meio do cálculo de primeiros
princípios (Ab Initio) em substituição de dados experimentais para o refinamento dos
dados de difração de raios X via padrão interno.
149
CAPÍTULO 8 - RELEVÂNCIA DOS RESULTADOS
Com os resultados foram obtidas informações dos parâmetros de rede, volume e
densidade de células unitárias, a possibilidade de observar numericamente transformações
de fase, modelar e quantificar fases em todas as etapas da produção do compósito sinterizado
via metalurgia do pó.
Levando em conta os efeitos da moagem de alta energia sobre a matéria-prima em
pó e posteriormente nas peças sinterizadas, a Difração de Raios X aliada ao Método de
Rietveld e ao banco de dados teóricos mostraram sua efetividade na caracterização de
materiais.
Os procedimentos de modelagem cristalográfica das transformações de fase são de
grande importância tecnológica, pois permitem auxiliar o planejamento de processamentos
mecânicos e térmicos, visando desenvolver microestruturas específicas para cada compósito,
em cada aplicação, abrindo, assim, o caminho para o controle e otimização do
comportamento mecânico através das transformações de fase.
150
CAPÍTULO 9 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Implementação das técnicas de:
I. Cálculo de primeiros princípios – Ab Initio
II. Estátistica
III. Termodinâmicas e Cinética de formação das fases – Computational
Thermodynamics.
151
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BRAGG, W.L. The Diffraction of Short Electromagnetic Waves by a Crystal.
Proceedings of the Cambridge Philosophical Society. v.17, p.43–57, 1913.
[2] ORTNER, H.M.; ETTMAYER, P.; KOLASKA, H. The history of the technological
progress of hardmetals. International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.44,
p.148-159, 2014.
[3] KURLOV, A.S.; GUSEV A. I. Tungsten Carbides – Structure, Properties and
Application in Hardmetals. 1 ed. Switzerland: Springer International Publishing, 2013.
p.253, v.184. DOI: 10.1007/978-3-319-00524-9.
[4] FANG, Z. Z.; WANG, X.; RYU, T.; HWANG, K. S.; SOHN, H. Y. Synthesis, sintering,
and mechanical properties of nanocrystalline cemented tungsten carbide – A review.
International Journal of Refractory Metals & Hard Materials, v.27(2), p.288-299, 2009.DOI:
10.1016/j.ijrmhm.2008.07.011.
[5] SUETIN, D.V.; SHEIN, I.R.; IVANOVSKII A.L. Structural, electronic and magnetic
properties of η carbides (Fe3W3C, Fe6W6C, Co3W3C and Co6W6C) from first principles
calculations. Physica B: Condensed Matter, v.404, p.3544-3549, 2009.
http://dx.doi.org/10.1016/j.physb.2009.05.051.
[6] SANTOS, J.N. Desenvolvimento de metais duros sem cobalto. Tese (Doutorado em
Engenharia Mecânica) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 1990. p.171.
[7] UPADHYAYA, G.S. Cemented tungsten carbides - Production, properties and testing.
Noyes Publications, Westwood, NJ. 1997. p.406.
[8] TORRES, C. S. Estudo da moagem de alta energia e sinterização de metal duro WC-Ni.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais) - Escola de
Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2009. p.81.
[9] SANDVIK HARD MATERIALS. Understanding Cemented Carbide. Disponível em:
<http://www.hardmaterials.sandvik.com>. Último acesso em: 25 setembro de 2017.
[10] SHENZHEN GEM HIGH-TECH CO. LTD. Kennametal paid a visit to Jingmen Gem
cobalt powder manufacturing base. Disponível em:
152
http://www.gemchina.com/en/html/2013-11-21/313_3398.html. Último acesso em: 25
setembro de 2017.
[11] GOMES, U. U. Tecnologia dos Pós – Fundamentos e Aplicações. UFRN Editora
Universitária. 1995. p.160.
[12] DA SILVA, A.G.P.; Schubert, W. D.; Lux, B. The Role of Binder Phase in the WC-Co
Sintering. Materials Research, v.4, p.59-62, 2001.
[13] ALLIBERT C.H. Sintering features of cemented carbides WC–Co processed from fine
powders. In International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.19, p.53-61,
2001. https://doi.org/10.1016/S0263-4368(01)00004-X.
[14] GUTIÉRREZ, J. A. E. Extração de Ligantes e Sinterização por Plasma de Metal Duro.
Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis. 2002. p.188.
[15] ZHANG, F. L.; WANG C. Y.; ZHU M. Nanostructured WC/Co composite Powder
Prepared By high energy Ball Milling. Scripta Materialia, v.49, p.1123-1128, 2004.
https://doi.org/10.1016/j.scriptamat.2003.08.009.
[16] KIM, C. Microstructural-Mechanical Property Relationships in WC-Co Composites.
PhD Tesis (PhD in Materiaals Science and Engineering) – Materials Science and
Engineering Department, Carnegie Mellon University, Pittsburgh, PA 15213, USA. p.214.
2004.
[17] SURYANARAYANA, C. Mechanical alloying and milling. Progress in Materials
Science, v.46, p.1-184, 2001. https://doi.org/10.1016/S0079-6425(99)00010-9.
[18] UHRENIUS, B. Phase equilibria and the sintering of cemented carbides. Proceedings
of 1994 Powder Metallurgy World Congress. PM 94 Les Vlis: Les Editions de Physique,
1994. p.1443-1450, v.2.
[19] GURLAND, J. A study of effect of carbon content on the structure and properties of
sintered WC-Co alloys. Transactions of the American Institute of Mining and Metallurgical
Engineers. v.200, p.285-290, 1954.
153
[20] EUROPEAN POWDER METALLURGY ASSOCIATION. Hardmetals - An intensive
short course. Disponível em: http://www.epma.com/shortcourse_2015. Último acesso em:
25 setembro 2017.
[21] UMICORE. ADVANCED MATERIALS. Disponível em:
http://www.umicore.com/investorrelations/en/newsPublications. Último acesso em: 25 de
setembro 2017.
[22] ISHIDA, T.; MORIGUCHI, H.; IKEGAYA, A. Development of cemented carbide tool
of reduced rare metal usage. SEI Technical Review, n.73, p.52, 2011.
[23] SCHUBERT, W.D.; LASSNER, E.; BÖHLKE, W. Cemented carbides - A success
story. International Tungsten Industry Association, 2010. p.12.
[24] GRUPO SETORIAL DE METALURGIA DO PÓ. A metalurgia do pó: alternativa
econômica com menor impacto ambiental. 1th ed. São Paulo: Editora Metallun eventos
técnicos e científicos, 2009. p. 320.
[25] GRUPO SETORIAL DE METALURGIA DO PÓ. Disponível em
http://www.metalurgiadopo.com.br. Último acessado em setembro 2017.
[26] COMPREHENSIVE HARD MATERIALS. HARDMETALS. London: Elsevier Ltd.
2014. p559, v.1.
[27] YAO, Z.; STIGLICH, J. J.; SUDARSHAN, T. S. Nano-grained Tungsten Carbide-
Cobalt (WC/Co). Materials Modification, Inc. 2929 Eskridge Road, P-1. Faiefax, VA 22031,
2003.
[28] SIVAPRAHASAM, D., CHANDRASEKAR, S. B., SUNDARESAN, R. Microstruture
and mechanical properties of nanocrystalline WC-12Co consolidated by spark plasma
sintering. International Journal of Refractory Metals & Hard Materials, v.25, p.144-152,
2007. https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2006.03.008.
[29] GALIOTTO A. Estudo da Sinterabilidade de Materiais Ferrosos Contendo Elevados
Teores de Sulfetos como Aditivos. Dissertação (Engenharia Mecânica) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. p.76.
154
[30] NORTH, B.; PFOUTS, W.R.; GREENFIELD, M.S. Pressure Sinter and HIP on
Cemented carbides. Metal Powder Report. PM Special Feature. v.46, p.40-45, 1991.
https://doi.org/10.1016/0026-0657(91)91663-Q.
[31] FERNANDES, C. M. S. Caracterização e processamento de pós de carboneto de
tungstênio revestidos com aço inoxidável. 241 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Materiais) - Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal. 2002. p.139.
[32] FERNANDES, C. M.; SENOS, A. M. R. Cemented carbides phase diagrams: A review.
International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.29, p.405-418, 2011.
https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2011.02.004.
[33] MARQUES, B. J. O aço inoxidável como ligante no metal duro. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Materiais) - Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal. 2010. p.66.
[34] TU, D.; CHANG, S.; CHAO, C.; LIN, C. Tungsten carbide phase transformation during
the plasma spray process. Journal of Vascuum Science & Technology A: Vacuum, Surfaces
and Films 3, v.6, p.2479-2482, 1985. http://dx.doi.org/10.1116/1.572862.
[35] PENRICE, T.W. Alternative binders for hard metals. Journal Materials Shaping
Technology, v.5, p.35-39, 1987.
[36] PENRICE, T. W. Some characteristics of the binder phase in cemented carbides.
International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v. 15, p. 113-121, 1997.
https://doi.org/10.1016/S0263-4368(97)81232-2.
[37] PETERSSON, A.; JANSSON, B.; QVICK, J.; ZACKRISSON, J. M6C Formation
During Sintering of Cemented Carbides containing (Ti, W)C. International Journal of
Refractory Metals and Hard Materials, v.22, p21-26, 2004.
https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2003.11.001.
[38] YU, L.G.; KHOR, K. A.; LI, H.; PAY, K. C. Restoring WC in plasma sprayed WC-Co
coatings through spark plasma sintering (SPS). Surface and Coatings Technology, v.182,
p.308-317, 2004.
[39] LAVERGNE, O.; ROBAUT, F.; HODAJ, F.; ALLIBERT, C.H. Mechanism of solid-
state dissolution of WC in Co-based solutions, Acta Materialia, v.50, p.1683-1692, 2002.
https://doi.org/10.1016/S1359-6454(02)00011-3.
155
[40] KEAR, B.H. Factors controlling decarburization in HVOF sprayed nano WC-Cohard
coatings. Scripta Materialia. v.44, p.1703-1707, 2001. https://doi.org/10.1016/S1359-
6462(01)00867-3.
[41] POLLOCK C.B.; STADELMAIER H. H. The eta carbides in the Fe–W–C and Co–W–
C systems. Metallurgical and Materials Transactions B. v.1, nº.14, p. 767, 1970.
https://doi.org/10.1007/BF02811752
[42] COMPUTATIONAL THERMODYNAMICS – Calculation of Phase Diagrams using
the CALPHAD Methos. http://www.calphad.com/tungsten-cobalt-carbon.html. Último
acesso em 25 setembro 2017.
[43] THUMMLER, F.; OBERACKER, R. An Introduction Powder Metallurgy. Book 490.
Lodon: Maney Publishing for IOM3. The Institute of Materials, Minerals and Mining. 1993.
p.268.
[44] MILHEIRO, F.A.C. Produção e caracterização de pós compósitos nanoestruturados do
metal duro WC-10%Co por moagem de alta energia. Dissertação (Mestrado em Engenharia
e Ciências dos Materiais) – Departamento de Engenharia e Ciências dos Materiais,
Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. 2006.
p.91.
[45] VOIGT, K.; KIPPERER, K.; PITONAK R. Nano-Technology enters the Hardmetal
Industry. International Journal of Refractory Metals & Hard Materials, v.23, p.143-145,
2005.
[46] CALLISTER, W. D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5th ed. Rio
de Janeiro: editora LTC, 2002. p.578.
[47] CHIAVERINI, V. Metalurgia do Pó. 4th ed. São Paulo: Associação Brasileira de
Metalurgia e Materiais, 2001. p.326.
[48] ALMOND, E.A.; ROEBUCK, B. Identification of Optimum Binder Phase
Compositions for Improved WC Hard Metals. Materials Science and Engineering A, v.105-
106, p. 237-248, 1988. https://doi.org/10.1016/0025-5416(88)90502-2.
[49] SCHUBERT WD. In: 2000 International conference on tungsten hard metals and
refractory alloys. Annapolis, MD, USA. 2000.
156
[50] MAHESHWARI, P.; FANG, Z. Z.; SOHN, H. Y. Early-stage sintering densification
and grain growth of nanosized WC-Co powders. International Journal of Powder Metallurgy.
Princeton, New Jersey, v.43(2), p.41-47, 2007.
[51] PETERSSON, A.; AGREN, J. Rearrangement and pore size evolution during WC–Co
sintering below the eutectic temperature. Acta Materialia, v.53, p.1673–1683, 2005.
https://doi.org/10.1016/j.actamat.2004.12.017.
[52] LAMIM, J. D.; DE OLIVEIRA, H. C. P.; BATISTA, A. C.; GUIMARÃES, R. S.;
FILGUEIRA, M. Use of Ti in hard metal alloys – Part II: mechanical properties. Titan in
Hartmetallen – Teil II: Mechanische Eigenschaften. Mat.-wiss. u. Werkstofftech., v.41,
p.666–669, 2010. DOI:10.1002/mawe.201000586
[53] GILLE, G.; SZESNY, B.; DREYER, K.; VAN DEN BERG, H.; SCHMIDT, J.;
GESTRICH, T.; LEITNER, G. Submicron and ultrafine grained hardmetals for microdrills
and metal cutting inserts. International Journal of Refractory Metals and Hard Materials,
v.20, p.3-22, 2002. https://doi.org/10.1016/S0263-4368(01)00066-X.
[54] JIA, K.; FISCHER, T. E.; GALLOIS, B. Microstructure, Hardness and Toughness of
Nanostructured and Conventional WC-Co Composities. NanoStructured Materials, v.10,
p.875-891, 1998. https://doi.org/10.1016/S0965-9773(98)00123-8.
[55] HANYALOGLU, C.; AKSAKAL, B.; BOLTON, J.D. Production and indentation
analysis of WC/Fe–Mn as an alternative to cobalt-bonded hardmetals. Materials
Characterization, v.47, p.315-322, 2001. https://doi.org/10.1016/S1044-5803(02)00181-X.
[56] PARK, S.J.; COWAN, K.; JOHNSON, J.L.; GERMAN, R.M. Grain size measurement
methods and models for nanograined WC–Co. International Journal of Refractory Metals
and Hard Materials, v.26, p.152-163, 2008. https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2007.05.010.
[57] GILLE, G.; BREDTHAUER, J.; GRIES, B.; MENDE, B.; HEINRICH, W. Advanced
and new grades of WC and binder powder – their properties and application. International
Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.18, p.87-102, 2000.
https://doi.org/10.1016/S0263-4368(00)00002-0.
[58] SÁNCHEZ, J.M.; ORDÓNEZ, A.; GONZÁLEZ, R. HIP After Sintering of Ultrafine
WC-Co Hardmetals International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.23,
p.193-198, 2005. https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2005.03.001.
157
[59] BORGES, L.H.F.; OLIVEIRA, H.C.P.; GUIMARÃES, R.S.; KOBAYASHI, T.;
FILGUEIRA, M. Pressure Aided Sintering of Ultrafine Powders of WC with Addition of
Co. Materials Science Forum, v.591-593, p.308-313, 2008. DOI:
10.4028/www.scientific.net/MSF.591-593.308
[60] FANG, Z.; EASON, J.W. Study of nanostructured WC-Co composites. International
Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.13, p.297-303, 1995.
https://doi.org/10.1016/0263-4368(95)92675-A.
[61] ZHAO, S.; SONG, X.; ZHANG, J.; LIU, X. Effects of scale combination and contact
condition of raw powders on SPS sintered near-nanocrystalline WC–Co alloy. Materials
Science and Engineering: A, v.473, p.323-329, 2008.
https://doi.org/10.1016/j.msea.2007.04.094.
[62] MICHALSKI, A.; SIEMIASZKO, D. Nanocrystalline cemented carbides sintered by
the pulse plasma method. International Journal of Refractory Metals and Hard Materials,
v.25, p.153-158, 2007. https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2006.03.007.
[63] GLEITER, H. Materials with ultrafine microstructures: retrospectives and perspectives.
Nanostructured Materials, v.1, p.1-19, 1992. https://doi.org/10.1016/0965-9773(92)90045-
Y.
[64] YOUNG R.A.; LARSON, A.C.; PAIVA-SANTOS, C.O. User's guide to program
dbws-9807a for Rietveld analysis of x-ray and neutron powder diffraction patterns with a
`pc' and various other computers. Atlanta: School of Physics, Georgia Institute of
Technology., GA 30332, EUA, 2000. p.59.
[65] LARSON, A.C.; VON DREELE, R.B. General Structure Analysis Systen (GSAS). Los
Alamos: Los Alamos National Laboratory Report LAUR, 2004. p.86-748.
[66] SMITH, K.D. Metals Handbook: Diffraction Methods. London: John Willey, 1981.
p.326-355, v.10.
[67] RIETVELD, H. M. Line profiles of neutron poder-diffraction peaks for structure
refinement. Acta Crystallographica, v.22, p.151-152, 1967.
[68] RIETVELD, H. M. A profile refinement method for nuclear and magnetic structures.
Acta Crystallographica, v.2, p.65-71, 1969.
158
[69] XIAO, D.H.; HE, Y.H.; LUO, W.H.; SONG, M. Effect of VC and NbC additions on
microstructure and properties of ultrafine WC-10Co cemented carbides. Transactions of
Nonferrous Metals Society of China, v.19, p.1520-1525, 2009.
https://doi.org/10.1016/S1003-6326(09)60063-7.
[70] ENAYATI, M.H.; ARYANPOUR, G.R.; EBNONNASIR, A. Production of
nanostructured WC–Co powder by ball milling. In International Journal of Refractory
Metals and Hard Materials, v.27, p.159-163, 2009.
https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2008.06.005.
[71] Md. RAIHANUZZAMAN, R.; HAN, S.T.; GHOMASHCHI, R.; KIM, H.S.; HONG,
S.J. Conventional sintering of WC with nano-sized Co binder: Characterization and
mechanical behavior. In International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.53,
Part A, p.2-6, 2015. https://doi.org/10.1016/j.ijrmhm.2015.04.033.
[72] CULLITY, B. D.; STOCK, S.R. Elements of X Ray Diffraction. 3th ed. Harlow: ©
Pearson Education Limited, 2014. p.654.
[73] BATISTA, A.C. Caracterização Química e Estrutural de Quartzos. Dissertação
(Mestrado em Física) – Departamento de Física, Universidade Federal de Mato Grosso,
Cuiabá. 2008. p.140.
[74] YONGTAO, Z.; HAIBO, H.; LEDE, M.; HANQIAN, Z.; JINFU, L. Quantitative
carbide analysis using the Rietveld method for 2.25Cr–1Mo–0.25V steel, In Materials
Characterization, v.60, p.953-956, 2009.
[75] TÜKÖR, Z.; HALWAX, E.; SCHUBERT, W.D.; BICHERL, A.; BOCK, A.; ZEILER,
B. Structural Analysis of Submicron and Ultrafine WC Powders Basead on Rietveld
Refinements. Institute of Chemical Technologies and Analytics, Vienna University of
Technology, Austria and Wolfram Bergbau-und Hütten GmbH Nfg. KG, Austria – 17th
Plansee Seminar, v.3, 2009.
[76] SOMMER, M.; SCHUBERT, W.D.; ZOBETZ. E.; WARBICHLER, P. On the
formation of very large WC crystals during sintering of ultrafine WC–Co alloys. In
International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v.20, p.41-50, 2002.
https://doi.org/10.1016/S0263-4368(01)00069-5.
159
[77] YANG, Q.-B.; ANDERSSON, S.; STENBERG, L. An Alternative Description of the
Structure of NaCd2. Acta Crystallography B. B43, p.14-16, 1987. DOI:
10.1107/S0108768187098379.
[78] LECIEJEWICZ, J. Positions of the carbon atoms in Fe6W6C. Journal of the Less
Common Metals, v.7, p.318-320, 1964. https://doi.org/10.1016/0022-5088(64)90028-1.
[79] PERDEW, J.P.; BURKE K.; ERNZERHOF, M. Generalized Gradient Approximation
Made Simple. Physical Review Letters, v.77, p.3865, 19976.
DOI:https://doi.org/10.1103/PhysRevLett.78.1396.
[80] BISH, D. L.; POST, J. E. Quantitative mineralogical analysis using the Rietveld
fullpattern fitting method. American Mineralogist, v.78, p.932-940, 1993.
[81] DINNEBIER, R. E.; BILLINGE, S. J. L. Powder Diffraction: theory and practice.
Cambridge: The Royal Society of Chemistry, 2009.
[82] CAGLIOTI, G.; PAOLETTI, A.; RICCI, F.P. Choice of collimators for a Crystal
spectrometer for neutron diffraction. In Nuclear Instruments and Methods, v.3, p.223-228,
1958. https://doi.org/10.1016/0369-643X(58)90029-X.
[83]. LEITE, W.C. Qualidade do refinamento do Método de Rietveld em amostras de solo.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Departamento de Física, Universidade Estadual de
Ponta Grossa, Paraná. 2012. p.113.
[84] CORDEIRO, L.N.P. Análise da variação do índice de amorfismo da cinza da casca de
arroz sobre a atividade pozolânica. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2009. p.98.
[85] YOUNG, R. The Rietveld Method. New York: Oxford University Press, USA,
International Union of Crystallography Monographs on Crystallography Monographs on
Criystallography, 1995. p.309.
[86] PHILLIPPO, S.; NAUD, J.; VERKAEREN, J. Geochemical evaluation of the Lueshe
niobium deposit (Zaire) by Rietveld quantitative X-ray diffraction. In Applied
Geochemistry, v.12, p.175-180, 1997. https://doi.org/10.1016/S0883-2927(96)00063-7.
[87] McCUSKER, L. B.; VON-DREELE, R. B.; COX, D. E.; LOUER, D.; SCARDI, P.
Rietveld refinement guidelines. Journal of Applied Crystallography, v.32, p.36-50, 1999.
160
[88] WILL, G. Powder Diffraction: The Rietveld method and the Two-Stage method. Berlin:
Springer, 2006. p.231.
[89] SCHWARZENBACH, D.; ABRAHAMS, S. C.; FLACK, H.D.; GONSCHOREK, W.;
HAHN, T.; HUML, K.; MARSH, R.E.; PRINCE, E.; ROBERTSON, B.; ROLLET, J.S.;
WILSON, A.J.C. Statistical descriptors in Crystallography. Report of the International
Union of crystallography subcommittee on statistical descriptors. Acta Crystallographica A,
v.45, p.63–75, 1989. https://doi.org/10.1107/S0108767388009596.
[90] JANSEN, E.; SCHÄFER, W.; WILL, G. R values in analysis of poder diffraction data
using Rietveld refinement. Journal Applied Crystallography., v.27, n.4, p.492-496, 1994.
https://doi.org/10.1107/S0021889893012348)
[91] THOMAS, J.E. Fundamentos de Engenharia de petróleo. 2th ed. Rio de Janeiro, Editora
interciência, 2004. p.272.
[92] CORRÊA, O.L.S. Noções sobre exploração, perfuração, produção e microbiologia. 1th
ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2003. p.102.
[93] HENDRIK J.; JIMMY W. E.; DAN E. S. Tungsten Carbide in Oil and Gas Drilling
Applications. Baker Hughes Incorporated, Houston, USA. 17th Plansee Seminar, v 2, 2009.
[94] PARUCKER, M. L.; KLEIN, A. N. Desenvolvimento de ligas sinterizadas de níquel
para aplicações como matriz de materiais compósitos. Revista Eletrônica de Materiais e
Processos, v.9, n.1, p.16–21, 2014.
[95] PALLINI, M.A.T.; CARVALHO, M.A.T. Cost reduction in the Automotive Industry
through Sintering / A Redução de custo na indústria automotiva através do sinterizado.
Society of Automotive Engineers, 2006-01-2585, p.1-6, 2006.
[96] LUCIANETTI, R. M. Estudo da densificação da liga permendur através da adição de
pós-elementares de ferro e cobalto. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de Samta Catarina, Florianópolis, 2004,
p.40.
[97] MAFRA, M. Sinterização por Plasma Ar-H2 do Aço Inoxidável AISI 316L, obtido em
Moldagem por Injeção. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 1999. p.84.
161
[98] WANG, D.; LIU, W.; FENG, Q.; DONG, C.; LIU, Q.; DUAN, L.; HUANG, J.; ZHU,
W.; LI, Z.; XIONG, J.; LIANG, Y.; CHEN, J.; SUN, R.; BIAN, L.; WANG, D.; Effect of
inorganic/organic ratio and chemical coupling on the performance of porous silica/chitosan
hybrid scaffolds. Materials Science and Engineering: C, v.70, p.969-975, 2017.
http://dx.doi.org/10.1016/j.msec.2016.04.010.
[99] ASTM E384-16: Standard Test Method for Microindentantion Hardness of Materials.
ASTM International, USA, 2016. p.28.
[100] PETER, J.; LAWN, B. R. Microindentation Techniques in Materials Science
Engineering. Philadelphia: 889th ed. A Symposium Sponsored by ASTM Committee E-4 on
Metallography and by the International Metallographic Society, 1984. p.303.
[101] KENNEDY, R.G.; MARROTTE, N.W. The Effect of Vibration on Microhardness
Testing. Materials Research and Standards. v.9, p.18-23, 1969.
[102] BASES DE ESTRUTURAS CRISTALINAS http://bdec.dotlib.com.br/ Último acesso
em: 25 de setembro 2017.
[103] YOUNG, R.A.; LARSON, A.C.; PAIVA-SANTOS, C.O. Rietveld analysis of X-ray
and neutron powder diffraction patterns. Atlanta (GA): School of Physics, Georgia Institute
of Technology. 1998.
[104] BETTERIDGE, W. Cobalt and Its Alloys (Ellis Horwood series in industrials). 1th ed.
United Kingdom: Ellis Horwood Ltd, 1982. p.160.
[105] GUILLERMET, A.F. Thermodynamic Properties of the Co-W-C system.
Metallurgical Transactions A, v.20, p.935, 1989. https://doi.org/10.1007/BF02651660.
[106] EMANI, S.V.; WANG, C.; SHAW, L.L.; CHEN, Z. On the hardness of
submicrometer-sized WC–Co materials. Materials Science and Engineering: A, v.628, p.98-
103, 2015. http://dx.doi.org/10.1016/j.msea.2014.12.106.
[107] BAN, Z.G.; SHAW, L.L. On the reaction sequence of WC–Co formation using an
integrated mechanical and thermal activation process. In Acta Materialia, v.49, p.2933-2939,
2001. https://doi.org/10.1016/S1359-6454(01)00209-9.
[108] MASSALSKI, T.B. Binary Alloy Phase Diagram. Ohio: American Society for Metals,
Materials Park, 1990. v.2. p.1129.
162
PUBLICAÇÕES DO AUTOR RELACIONADAS COM O TRABALHO
Artigo completo publicado em periódico
1. Adriano Corrêa Batista, Hellen Cristine Prata de Oliveira, Macello Filgueira, Maria
Aparecida Pinto, Geraldo Lúcio Faria, Genivaldo Júlio Perpétuo. Effect of high-
energy milling and sintering temperature on the structure of a hardmetal. Indian
Journal of Applied Research, Agosto 2018.
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
1. BATISTA, A.C.; OLIVEIRA, H. C. P.; LEOCADIO, R.; PERPETUO, G. J.
Structural Behavior and Microstructural Hard Metal Sintered at 1350°C from the
Powder of Nanometer WC With 10 wt% Co. In: 21 Congresso Brasileiro de
Engenharia e Ciências dos Materiais, 2014, Cuiabá. 21 CBECiMat - Congresso
Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Cuiabá-MT. Brasil, 2014. v. 1. p.
2692-2701.
2. BATISTA, A.C.; OLIVEIRA, H. C. P.; SILVA, T.R.G.; PERPETUO, G. J. The use
of the Rietveld Method as an evaluation tool in the stages of production of
nanostructured Hard Metal. In: 21 Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciências
dos Materiais, 2014, Cuiabá. 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia
e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil, 2014. v.
1. p. 2681-2691.
Resumos expandidos publicados em anais de congressos
1. BATISTA, A. C.; PINTO, D. F.; PINTO, M. A. O uso da Difração de raios X na
determinação dos Níveis de Tensão Residual em Arames de Aço SAE1008
Trefilados sob Diferentes Velocidades. In: XXII Brazilian Crystallographic
Association (ABCr) Meeting and I Latin American Crystallographic Association
(LACA) Meeting, 2015, São Paulo. Abstract book - XXII Brazilian Crystallographic
Association (ABCr) Meeting and I Latin American Crystallographic Association
(LACA) Meeting, 2015. v. 1. p. POLY01-POLY01.
163
2. BATISTA, A. C.; OLIVEIRA, H. C. P.; PERPETUO, G. J. Quantification of phases
of WC-10% Co composite sintered at 1350C using the Rietveld method. In: XXII
Brazilian Crystallographic Association (ABCR) Meeting and I Latin American
Crystallographic Association (LACA) Meeting, 2015, São Paulo. Abstract book -
XXII Brazilian Crystallographic Association (ABCR) Meeting and I Latin American
Crystallographic Association (LACA) Meeting, 2015. v. 1. p. POLY05-POLY05.
3. BATISTA, A.C.; PERPETUO, G. J.; ARAUJO, F. G. S.; OLIVEIRA, H. C. P.
Caracterização do Compósito WC-10%Co utilizando o Método de Rietveld. In: 21
Reunião da Associação Brasileira de Cristalografia - ABCr, 2013, Goiânia - GO. 21
Reunião da ABCr, 2013. p. 42-42.
Qualificações de Mestrado
1. BATISTA, A. C.; OLIVEIRA, H. C. P.; FERREIRA, C. R.; ASSIS, P.S. Participação
em banca de Amanda Maia Aguiar. Análise estrutural de peças sinterizadas
convencionalmente de WC-10%Co. 2017. Exame de qualificação (Mestrando em
Engenharia de Materiais) - Universidade Federal de Ouro Preto.
Coorientação de Mestrado
1. Amanda Maia Aguiar. Análise estrutural de peças sinterizadas convencionalmente
de WC-10%Co. Mestrando em Engenharia de Materiais - Universidade Federal de
Ouro Preto. Em andamento (2018).
164
ANEXOS
ANEXO A – Análise qualitativa de Difração de Raios X
Tabela 1 – Posições de 2 (°), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å), do pó de
WC e as referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases do WC
(9013303/hp).
WCPó WCref
2 (°) Int. (cps) d (Å) 2ref (°) dref (Å)
31,55 4544 2,83 31,57 2,83
35,69 9450 2,51 35,69 2,51
48,35 8976 1,88 48,39 1,87
64,09 1402 1,45 64,12 1,45
65,81 554 1,41 65,93 1,41
73,16 1850 1,29 73,24 1,29
75,56 850 1,25 75,61 1,25
77,12 1454 1,23 77,30 1,23
84,13 1052 1,14 84,23 1,14
98,79 826 1,01 98,97 1,01
108,56 420 0,94 108,56 0,94
109,85 708 0,94 109,42 0,94
117,36 1068 0,90 117,59 0,90
120,94 554 0,88 120,72 0,88
165
Tabela 2 – Posições de 2 (°), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å), do pó de Co
e as referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases do Co (9010968/cfc) e
Co (9008492/hc).
CoPó Cocfc-ref Cohc-ref
2 (°) Int. (cps) d (Å) 2ref (°) dref (Å) 2ref (°) dref (Å)
41,64 344 2,16 - - 41,56 2,17
44,47 586 2,02 44,22 2,04 44,50 2,03
47,50 570 1,91 - - 47,42 1,91
51,56 168 1,77 51,53 1,77 - -
62,88 64 1,47 - - 62,51 1,48
75,89 236 1,25 75,86 1,25 75,83 1,25
84,32 82 1,14 - - 84,08 1,15
90,73 62 1,08 - - 90,39 1,08
92,42 212 1,06 92,24 1,06 92,40 1,06
94,58 84 1,04 - - 94,51 1,04
97,64 58 1,02 97,68 1,02 - -
Tabela 3 – Posições de 2 (), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å) da mistura
dos pós de WC-10%Co e referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases de
WC (9013303/hp), Co (9008492/hc).
WC-10%Comistura WCref Coref
2 () Int. (cps) d (Å) 2ref (°) dref (Å) 2ref (°) dref (Å)
31,52 2650 2,83 31,57 2,83 - -
35,70 5054 2,51 35,69 2,51 - -
41,62 84 2,16 - - 41,56 2,17
44,58 106 2,03 - - 44,50 2,03
48,36 4650 1,88 48,39 1,87 - -
64,13 728 1,45 64,12 1,45 - -
65,76 324 1,41 65,93 1,41 - -
73,16 948 1,29 73,24 1,29 - -
75,60 472 1,25 75,61 1,25 75,83 1,25
77,13 782 1,23 77,30 1,23 - -
84,11 550 1,15 84,23 1,14 84,08 1,15
98,77 422 1,01 98,97 1,01 98,65 1,01
108,18 306 0,95 108,37 0,94 108,44 0,94
109,88 356 0,94 109,42 0,94 - -
117,42 554 0,90 117,59 0,90 - -
120,90 310 0,88 120,72 0,88 - -
166
Tabela 4 – Posições de 2 (), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å), da amostra
7701 sinterizada a 1350ºC e referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases
de WC (9013303/hp), Co (9008492/hc), Co3W3C (165457/cfc) e a da Co6W6C
(165459/cfc).
1350ºC
2 () Int.
(cps)
d
(Å) WC
d
(Å) Co
d
(Å) Co3W3C
d
(Å) Co6W6C
d
(Å)
23,28 72 3,81 - - - - - - 23,11 3,84
31,71 824 2,81 31,57 2,83 - - - - - -
32,45 78 2,75 - - - - 32,46 2,75 - -
33,05 196 2,82 - - - - - - 32,83 2,84
35,74 2008 2,51 35,69 2,51 - - - - - -
39,95 94 2,28 - - - - 40,04 2,25 - -
40,71 334 2,21 - - - - - - 40,60 2,22
42,50 184 2,12 - - - - 42,58 2,12 - -
43,24 594 2,09 - - - - - - 43,18 2,09
46,52 82 1,95 - - - - 46,57 1,94 - -
47,21 226 1,92 - - - - - - 47,12 1,92
48,47 1898 1,87 48,39 1,87 - - - - - -
60,82 88 1,52 - - - - - 60,72 1,52
64,20 382 1,44 64,12 1,45 - - - - - -
65,95 212 1,41 65,93 1,41 - - - - - -
70,93 80 1,32 - - - - - - 70,85 1,32
72,47 74 1,30 - - - - 72,73 1,29 - -
73,27 446 1,29 73,24 1,29 - - - - - -
73,81 218 1,28 - - - - - - 73,87 1,28
75,67 268 1,25 75,61 1,25 75,83 1,25 - - - -
77,30 358 1,23 77,30 1,23 - - - - - -
84,23 294 1,14 84,23 1,14 84,08 1,15 - - - -
89,48 74 1,09 - - - - - - 89,60 1,09
92,34 70 1,06 - - - - - - 92,47 1,06
94,05 62 1,05 - - - - - - 94,20 1,05
98,90 228 1,01 98,97 1,01 98,65 1,01 - - - -
108,31 182 0,95 108,37 0,94 108,44 0,94 - - - -
109,88 160 0,94 109,42 0,94 - - - - - -
117,51 298 0,90 117,59 0,90 - - - - - -
121,12 210 0,88 121,36 0,88 - - - - - -
167
Tabela 5 – Posições de 2 (), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å) da amostra
7702 sinterizada a 1400ºC e referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases
de WC (9013303/hp), Co (9008492/hc), Co3W3C (165457/cfc) e a da Co6W6C
(165459/cfc).
1400ºC
2 () Int.
(cps)
d
(Å) WC
d
(Å) Co
d
(Å) Co3W3C
d
(Å) Co6W6C
d
(Å)
22,77 78 3,90 - - - - 22,80 3,89 - -
31,67 502 2,82 31,57 2,83 - - - - - -
32,38 118 2,76 - - - - 32,46 2,75 - -
35,30 306 2,54 - - - - - - 35,56 2,52
35,83 1252 2,50 35,69 2,51 - - - - - -
39,60 392 2,27 - - - - 40,04 2,25 - -
42,30 668 2,13 - - - - 42,58 2,12 - -
45,96 282 1,97 - - - - 46,27 1,96 - -
48,47 1386 1,87 48,39 1,87 - - - - - -
51,97 68 1,75 - - - - 52,06 1,75 - -
54,50 73 1,68 - - - - 54,54 1,68 - -
59,42 72 1,55 - - - - 59,87 1,54 - -
64,19 316 1,44 64,12 1,45 - - - - - -
65,95 108 1,41 65,93 1,41 - - - - - -
68,91 114 1,36 - - - - - 69,02 1,35
71,53 256 1,31 - - - - - - 71,46 1,31
73,31 430 1,29 73,24 1,29 - - - - - -
75,67 156 1,25 75,61 1,25 75,83 1,25 - - - -
77,30 250 1,23 77,30 1,23 - - - - - -
80,03 62 1,19 - - - - 79,65 1,20 - -
84,25 228 1,14 84,23 1,14 84,08 1,15 - - - -
86,45 108 1,12 - - - - 86,42 1,12 - -
89,37 66 1,09 - - - - - - 89,60 1,09
91,21 70 1,07 - - - - 90,90 1,08 - -
98,87 150 1,01 98,97 1,01 98,65 1,01 - - - -
104,22 54 0,97 - - - - 104,48 0,97 - -
108,31 120 0,95 108,37 0,94 108,44 0,94 - - - -
109,93 122 0,94 109,42 0,94 - - - - - -
111,31 76 0,93 - - - - - - 111,42 0,93
113,76 67 0,91 - - - - 113,98 0,91 - -
115,99 88 0,90 - - - - 115,83 0,90 - -
117,45 226 0,90 117,59 0,90 - - - - - -
121,06 130 0,88 121,36 0,88 - - - - - -
168
Tabela 6 – Posições de 2 (), intensidades (cps), distâncias interplanares (Å) da amostra
7703 sinterizada a 1450ºC e referências da BDEC utilizadas para a identificação das fases
de WC (9013303/hp), Co (9008492/hc), Co3W3C (165457/cfc) e a da Co6W6C
(165459/cfc).
1450ºC
2 () Int. (cps) d (Å) WC d (Å) Co d (Å) Co3W3C d (Å) Co6W6C d (Å)
22,91 118 3,88 - - - - 22,80 3,89 - -
31,70 520 2,82 31,57 2,83 - - - - - -
32,49 262 2,75 - - - - 32,46 2,75 - -
33,02 136 2,71 - - - - 32,91 2,71 - -
35,50 342 2,52 - - - - 35,46 2,52 - -
35,83 1252 2,50 35,69 2,51 - - - - - -
40,08 743 2,24 - - - - 40,04 2,24 - -
40,68 253 2,21 - - - - - - 40,60 2,21
42,58 1052 2,12 - - - - 42,58 2,12 - -
43,29 398 2,08 - - - - - - 43,18 2,09
46,55 502 1,94 - - - - 46,57 1,94 - -
47,31 173 1,91 - - - - - - 47,23 1,92
48,49 1272 1,87 48,39 1,87 - - - - - -
49,53 65 1,83 - - - - - - 49,53 1,83
55,19 56 1,66 - - - - 55,23 1,66 - -
59,82 160 1,54 - - - - 59,87 1,54 - -
60,78 62 1,52 - - - - - - 60,76 1,52
64,23 264 1,44 64,12 1,45 - - - - - -
64,79 148 1,43 - - - - 64,92 1,43 - -
65,93 140 1,41 65,93 1,41 - - - - - -
69,63 122 1,34 - - - - 69,78 1,34 - -
70,91 69 1,32 - - - - - - 70,85 1,32
72,57 350 1,30 - - - - 72,73 1,29 - -
73,30 308 1,29 73,24 1,29 - - - - - -
73,89 150 1,28 - - - - - - 73,87 1,28
74,27 110 1,27 - - - - 74,48 1,27 - -
75,70 182 1,25 75,61 1,25 75,83 1,25 - - - -
77,32 246 1,23 77,30 1,23 - - - - - -
78,91 67 1,21 - - - - 79,08 1,21 - -
84,30 204 1,14 84,23 1,14 84,08 1,15 - - - -
87,82 104 1,11 - - - - - - 87,87 1,11
89,51 71 1,09 - - - - - - 89,60 1,09
90,61 76 1,08 - - - - - - 90,33 1,08
92,34 110 1,06 - - - - 92,58 1,06 - -
94,19 70 1,05 - - - - - - 94,20 1,05
98,91 154 1,01 98,97 1,01 98,65 1,01 - - - -
99,26 108 1,01 - - - - - - 99,41 1,01
101,45 42 0,99 - - - - 101,61 0,99 - -
105,98 49 0,96 - - - - 106,27 0,96 - -
108,54 144 0,95 108,37 0,95 108,44 0,95 - - - -
110,03 124 0,94 109,42 0,94 - - - - - -
113,45 79 0,92 - - - - - - 113,22 0,92
115,68 81 0,91 - - - - 115,81 0,91 - -
169
ANEXO B – Informações obtidas com o método de Rietveld
Tabela 1 – Parâmetros de rede e índices de refinamento do pó de WC nanométrico.
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑾𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝐏�̅�𝒎𝟐 (𝟏𝟖𝟕) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂𝒍
a (Å) b (Å) c (Å)
2.90511(2) 2.90511(2) 2.83873(3)
x (W) y (W) z (W)
0.0000(0) 0.0000 (0) 0.0000 (0)
x (C) y (C) z (C)
0.6667 (0) 0.3333(0) 0.5000(0)
Volume (Å3) Densidade (g/cm3) Fase (%)
20.748(0) 16.523 100
Indicadores de qualidade do refinamento
𝑅𝑤𝑝 𝑅𝑒 𝑅𝐵 𝜒2
13,43% 8,09% 2,73% 1,66%
Tabela 2 – Parâmetros de rede e índices de refinamento do pó de Co.
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑷𝟔𝟑/𝒎𝒎𝒄 (𝟏𝟗𝟒) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂
a (Å) b (Å) c (Å)
2.5082(2) 2.5082(2) 4.0742(3)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.3333(0) 0.6667(0) 0.2500(0)
Volume (Å3) Densidade (g/cm3) % da fase
22.197(4) 8.819 75.6(5)
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒎�̅�𝒎 (𝟐𝟐𝟓) − 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂
a (Å) b (Å) c (Å)
3.5445(3) 3.5445(3) 3.5445(3)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.0000(0) 0.0000(0) 0.0000(0)
Volume (Å3) Densidade (g/cm3) Fase (%)
44.531(9) 8.790 24.4(6)
Indicadores de qualidade do refinamento
𝑅𝑤𝑝 𝑅𝑒 𝑅𝐵 𝜒2
18.81% 15.80% 1.69% 1,19%
170
Tabela 3 – Parâmetros de rede e índices de refinamento da mistura dos pós de WC e Co.
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑾𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝐏�̅�𝒎𝟐 (𝟏𝟖𝟕) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂𝒍 − {𝑺 = 𝟏, 𝟐𝟔%}
a (Å) b (Å) c (Å)
2.9056(6) 2.9056(6) 2.8393(3)
x (W) y (W) z (W)
0.0000(0) 0.0000(0) 0.0000(0)
x (C) y (C) z (C)
0.6667 0.3333 0.5000
Volume (Å3) Densidade (g/cm3) Fase (%)
20.71 20.36 90.51
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑷𝟔𝟑/𝒎𝒎𝒄 (𝟏𝟗𝟒) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂 − {𝑺 = 𝟏, 𝟐𝟔%}
a (Å) b (Å) c (Å)
2.5458 2.5458 4.1464
x (Co) y (Co) z (Co)
0.3333 0.6667 0.2500
Volume (Å3) Densidade (g/cm3) Fase (%)
23.27 10.01 9.49
Indicadores de qualidade do refinamento
𝑅𝑤𝑝 𝑅𝑒 𝑅𝐵 𝜒2
12.27% 9.73% 3.94% 1.26%
171
Tabela 4 – Parâmetros de rede e índices de refinamento da amostra sinterizada 7701.
Amostra sinterizada – 1350ºC
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑾𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝐏�̅�𝒎𝟐 (𝟏𝟖𝟕) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟒𝟗%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.90512(2) 2.90512(2) 2.83616(3) 20.73 (0)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.0000 0.0000 0.0000 22.860
x (C) y (C) z (C) Quantidade da fase (%)
0.6667 0.3333 0.5000 63.619 (6)
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟔𝑾𝟔𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎 (𝟐𝟐𝟕) – 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟒𝟗%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
10.8994 (1) 10.8994 (1) 10.8994 (1) 1294.81 (5)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.3218(1) 0.1250 0.1250 15.491
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.7057 (3) 0.7057 (3) 0.7057 (3) 24.82 (1)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.1250 0.1250 0.1250
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟑𝑾𝟑𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎(𝟐𝟐𝟕) − 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟒𝟗%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
11.0690 (5) 11.0690 (5) 11.0690 (5) 1356.2 (2)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.3218(3) 0.1250 0.1250 14.689
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.7123(9) 0.7123(9) 0.7123(9) 9.312 (9)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.0000 0.0000 0.0000
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑷𝟔𝟑/𝒎𝒎𝒄 (𝟏𝟗𝟒) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟒𝟗%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.500 (1) 2.500 (1) 4.092 (3) 22.16 (2)
x (Co) y (Co) z (Co) Densidade (g/cm3)
0.3333 0.6667 0.2500 8.201
Quantidade da fase (%)
2.24 (2)
Referência CIF – BDEC
2100639/WChp
Referência CIF – BDEC
9008492/Cohc
Ref. CIF – BDEC 165459/Co6W6Ccfc
Ref. CIF – BDEC 165457/Co3W3Ccfc
172
Tabela 5 – Parâmetros de rede e índices de refinamento da amostra sinterizada 7702.
Amostra sinterizada – 1400ºC
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑾𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝐏�̅�𝒎𝟐 (𝟏𝟖𝟕) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟔𝟓%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.90433 (2) 2.90433 (2) 2.83562 (4) 20.714 (0)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.0000 0.0000 0.0000 20.745
x (C) y (C) z (C) Quantidade da fase (%)
0.6667 0.3333 0.5000 52.456 (8)
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟔𝑾𝟔𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎 (𝟐𝟐𝟕) – 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟔𝟓%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
10.971 (1) 10.971 (1) 10.971 (1) 1320.6 (4)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.283 (1) 0.1250 0.1250 10.390
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.703 (3) 0.703 (3) 0.703 (3) 1.188 (4)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.1250 0.1250 0.1250
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟑𝑾𝟑𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎(𝟐𝟐𝟕) − 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟔𝟓%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
11.1949 (1) 11.1949 (1) 11.1949 (1) 1403.047 (6)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.3183(1) 0.1250 0.1250 15.156
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.7068 (2) 0.7068 (2) 0.7068 (2) 46.053 (9)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.0000 0.0000 0.0000
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑷𝟔𝟑/𝒎𝒎𝒄 (𝟏𝟗𝟒) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟔𝟓%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.5061 (3) 2.5061 (3) 4.0303 (8) 21.923 (7)
x (Co) y (Co) z (Co) Densidade (g/cm3)
0.3333 0.6667 0.2500 8.611
Quantidade da fase (%)
0.303 (1)
Referência CIF – BDEC
2100639/WChp
Referência CIF – BDEC
9008492/Cohc
Ref. CIF – BDEC 165459/Co6W6Ccfc
Ref. CIF – BDEC 165457/Co3W3Ccfc
173
Tabela 6 – Parâmetros de rede e índices de refinamento da amostra sinterizada 7703.
Amostra sinterizada – 1450ºC
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑾𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝐏�̅�𝒎𝟐 (𝟏𝟖𝟕) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒊𝒕𝒊𝒗𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟖𝟒%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.90453 (3) 2.90453 (3) 2.83604 (4) 20.720 (0)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.0000 0.0000 0.0000 21.785
x (C) y (C) z (C) Quantidade da fase (%)
0.6667 0.3333 0.5000 40.212 (9)
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟔𝑾𝟔𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎 (𝟐𝟐𝟕) – 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟖𝟒%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
10.8885 (2) 10.8885 (2) 10.8885 (2) 1290.94 (8)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.3223 (3) 0.1250 0.1250 15.331
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.7054 (5) 0.7054 (5) 0.7054 (5) 14.33 (1)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.1250 0.1250 0.1250
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐𝟑𝑾𝟑𝑪 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑭𝒅�̅�𝒎(𝟐𝟐𝟕) − 𝒄ú𝒃𝒊𝒄𝒂 𝒅𝒆 𝒇𝒂𝒄𝒆 𝒄𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟖𝟒%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
11.0506 (1) 11.0506 (1) 11.0506 (1) 1349.48 (4)
x (W) y (W) z (W) Densidade (g/cm3)
0.3216 (1) 0.1250 0.1250 15.542
x (Co) y (Co) z (Co) Quantidade da fase (%)
0.7076 (2) 0.7076 (2) 0.7076 (2) 45.34 (1)
x (Co) y (Co) z (Co)
0.5000 0.5000 0.5000
x (C) y (C) z (C)
0.0000 0.0000 0.0000
𝑭𝒂𝒔𝒆 𝑪𝒐 − 𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑬𝒔𝒑𝒂𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑷𝟔𝟑/𝒎𝒎𝒄 (𝟏𝟗𝟒) − 𝒉𝒆𝒙𝒂𝒈𝒐𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒂𝒄𝒕𝒂 − {𝑺 = 𝟏. 𝟖𝟒%}
a (Å) b (Å) c (Å) Volume (Å3)
2.500 (1) 2.500 (1) 4.092 (3) 21.548 (3)
x (Co) y (Co) z (Co) Densidade (g/cm3)
0.3333 0.6667 0.2500 8.837
Quantidade da fase (%)
0,10474 (1)
Referência CIF – BDEC
2100639/WChp
Referência CIF – BDEC
9008492/Cohc
Ref. CIF – BDEC 165459/Co6W6Ccfc
Ref. CIF – BDEC 165457/Co3W3Ccfc
174
ANEXO C – Difratogramas
Figura 1 – Difratograma do pó nanométrico de WC.
Figura 2 – Difratograma do pó de Co.
175
Figura 3 – Difratograma da mistura dos pós de WC e 10% em peso de Co.
Figura 4 – Difratograma da amostra sinterizada a 1350ºC.
176
Figura 5 – Difratograma da amostra sinterizada a 1400ºC.
Figura 6 – Difratograma da amostra sinterizada a 1450ºC.
177
ANEXO D – Metalografia Quantitativa
Figura 1 – Análise de porosidade das amostras sinterizadas a 1350°C.
Figura 2 – Análise de porosidade das amostras sinterizadas a 1400°C.
Figura 3 – Análise de porosidade das amostras sinterizadas a 1450°C.