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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA
Revisão e análise filogenética do gênero Ectecephalina
Paganelli, 2002 (Diptera: Chloropidae: Chloropinae)
Paula Raile Riccardi
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ciências, Área: Entomologia.
RIBEIRÃO PRETO - SP
2012
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA
Revisão e análise filogenética do gênero Ectecephalina
Paganelli, 2002 (Diptera: Chloropidae: Chloropinae)
Paula Raile Riccardi
Orientador: Dalton de Souza Amorim
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ciências, Área: Entomologia.
RIBEIRÃO PRETO - SP
2012
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Riccardi, Paula Raile Revisão e análise filogenética do gênero Ectecephalina Paganelli, 2002 (Diptera: Chloropidae: Chloropinae). Paula Raile Riccardi; orientador: Dalton de Souza Amorim. Ribeirão Preto, 2012. iv + 95 pp., 44 il. Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP, área de concentração: Entomologia. 1. Sistemática Filogenética. 2. Diptera. 3. Chloropidae. 4. Ectecephalina. 5.
Taxonomia. 6. Cladística.
i
Dedico este trabalho à Dra. Celuta Paganelli, por toda sua contribuição ao estudo dos cloropídeos neotropicais, bem como a seu apoio ao desenvolvimento desta Dissertação.
ii
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço aos meus familiares pelo apoio e por estarem presentes
sempre que possível. Em especial agradeço aos meus pais Helle e Roberto que
sempre se preocuparam com a minha formação;
Ao Dalton de Souza Amorim pelo apoio e orientação;
À Vera Cristina Silva por ceder material e bibliografia;
À Bel em se dispor a me ajudar a descobrir a melhor maneira de trabalhar com os
cloropídeos;
Todo o pessoal do laboratório de morfologia e evolução de Diptera (Danilo, Diego
I, Diego II, Rafaela, Renato, Sarah e Caleb), em especial aos agregados Mateus
Henrique pela ajuda com os mapas e outros programas, e Marco Aurélio por ajudar
a trabalhar no programa TNT. Com certeza todas as discussões foram muito
produtivas;
Ao curador do MZUSP Carlos Lamas, pelo empréstimo de material;
À Emilia Nartshuk pela disposição em enviar toda a bibliografia necessária;
Ao curador do INBio Manuel Zumbado, pelo empréstimo de material;
À responsável pelo material de Chloropidae do Muzeum i Instytut Zoologii
Dominika Mierzwa, se dispor a fotografar o material-tipo;
Ao Guilherme Cunha Ribeiro, quem gentilmente se dispôs a fotografar o material-
tipo presente no Smithsonian National Museum of Natural History;
Ao curador do Museum für Naturkunde Joachim Ziegler, pelo empréstimo do
material-tipo;
Ao curador do Harvard Museum of Natural History Philip Perkins, por ceder as
fotografias do material-tipo;
À curadora do Natural History Museum-Londres Erica McAlister, por fotografar o
material-tipo;
À curadora Franziska Anderle do Naturhistorisches Museum Wien, por fotografar
o material-tipo;
Ao curador Uwe Kallweit do Senckenberg Naturhistorische Sammlungen Dresden,
pelo empréstimo de material-tipo;
Ao Salvador Arias, por ajudar com dúvidas do programa TNT;
Ao curador do Museo Entomologico Jean-Michel Maes, pelo empréstimo de
material;
À Barbara e John Ismay, pela disposição em ajudar;
iii
Ao curador do Natural History Museum of Los Angeles Dr. Brian Brown, pelo
empréstimo de material e ajuda em coletas;
Ao Dr. Michael Tschirnaus, por toda a bibliografia cedida e ajuda com os termos
em alemão;
À professora Dra. Zilá Luz Paulino Simões, por ajudar a compreender melhor
morfologia interna da genitália feminina dos insetos;
À Dra. Carminda Cruz-Landim pela ajuda em assuntos de morfologia interna;
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo financiamento
deste estudo (projeto n° 2009/12298-9);
Ao programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP pelo apoio;
À Renata pelo apoio;
Aos meus queridos amigos: Lígia, Camilla, Bruna, Nathalia, Mayra, Mariana,
Fernanda, Rafinha, Marcelo, Gordo, Amanda e outros por estarem sempre
presentes de alguma forma;
À Lívia e Verônica por me abrigarem em São Paulo;
Ao professor Dr. Silvio Nihei por receber e guardar material.
iv
SUMÁRIO
1.Resumo............................................................................................................................... 1
2.Abstract.............................................................................................................................. 2
3.Introdução......................................................................................................................... 3
3.1. A Família Chloropidae....................................................................................... 3
3.2. A Subfamília Chloropinae Rondani................................................................. 4
3.3. O Gênero Ectecephalina Paganelli...................................................................... 5
4.Objetivos............................................................................................................................ 7
5.Materiais e Métodos....................................................................................................... 8
5.1. Material biológico............................................................................................... 8
5.2. Técnicas de preparo do material...................................................................... 9
5.3. Análise filogenética............................................................................................. 10
5.4. Montagem de mapas e distribuição................................................................. 11
5.5. Nomenclatura morfológica............................................................................... 11
6.Resultados e Discussão................................................................................................. 12
5.1. Morfologia e taxonomia.................................................................................... 12
5.2. Análise Cladística................................................................................................ 76
7.Conclusões........................................................................................................................ 91
8.Referências Bibliográficas............................................................................................ 92
Anexo..................................................................................................................................... 95
Tabela I Matriz de dados............................................................................... 95
1
1. RESUMO
A família Chloropidae tem distribuição mundial e é constituída atualmente de 2.863
espécies descritas, com grande riqueza morfológica, notável importância ecológica e
diversidade de biologias. As informações biológicas sobre a família, entretanto, são bastante
limitadas, o que é adicionalmente prejudicado pela falta de estrutura na taxonomia dentro
de cada subfamília. Os cloropídeos têm uma enorme diversidade taxonômica ainda não
descrita na região Neotropical. Na subfamília Chloropinae, o gênero Ectecephalina Paganelli
2002 tem 11 espécies conhecidas e não há uma revisão taxonômica publicada das espécies
ou estudo de relações filogenéticas dentro do gênero. As descrições não são padronizadas,
poucas são ilustradas, faltando informação sobre caracteres importantes tanto para
identificação, quanto para a compreensão da evolução do gênero. Neste trabalho, foram
reanalisados os tipos e material identificado de espécies descritas do gênero depositados em
instituições do Brasil e do exterior, que foram redescritas, descritas 11 espécies novas para
o gênero, apresentada uma chave de identificação para todas as espécies, e incluída uma
análise cuidadosa da morfologia, com um estudo detalhado da terminália masculina, de
maneira a permitir uma análise cladística do gênero. O resultado desta análise indica que
Ectecephalina deve ser parafilético em relação aos gêneros Ectecephala e Bothynocerus.
2
2. ABSTRACT
The family Chloropidae has cosmopolitan distribution, encompassing 2.863
described species. The family presents great morphological variation, ecological relevance,
and an enormous diversity of biologies. The biological data about the familyis still pretty
much limited, a problem that becomes even more critical due to the lack of taxonomical
structure within the subfamilies. There is a large chloropid diversity in the Neotropical
region still undescribed. Within the subfamily Chloropinae, Ectecephalina Paganelli 2002 has
11 known species and has no taxonomical revision for its species or a phylogenetic study
for the genus. The original descriptions of these species are far from being standardized,
and illustrations are patently wanting, with information missing for a number of important
features for identification purposes and for understanding of the evolution of the genus. In
this study, the type-material of described species was reanalysed and material from these
species in Brazililian and foreign collections was identified. We described 11 new species
for the genus and deliver an identification key for all the species of the genus. A careful
morphological study was made, including a detailed analysis of the male genitalia, in order
to perform a cladistic analysis of the genus. The result of this analysis shows that
Ectecephalina is probably paraphyletic in relation to Ectecephala and Bothynocerus.
3
3. INTRODUÇÃO
3.1. A Família Chloropidae
Os Chloropidae são braquíceros acaliptrados de modo geral de tamanho pequeno
(1,5-5,0 mm de comprimento), caracterizados pela presença de uma carena propleural, um
triângulo frontal desenvolvido e uma flexão na base CuA1 geralmente bem evidente.
Inserem-se dentro de Cyclorrhapha, na seção Schizophora—dípteros que emergem do
pupário por meio do ptilinium—, às vezes chamados de “Diptera superiores”, um enorme
grupo que inclui a moscas caliptradas e acaliptradas.
As sinapomorfias que sustentam Schizophora estão relacionadas principalmente a
essa forma de emergência (McAlpine, 1989), mas também há caracteres da genitália
masculina (Griffiths, 1972). Dentro de Schizophora, os Chloropidae pertencem aos
Acalyptratae, grupo cujo monofiletismo é pouco suportado na literatura (Yeates et al.,
2007). Acalyptratae é um grupo bastante diverso e complexo, abrigando cerca de metade
das famílias de Diptera (McAlpine, 1989). A maior diversidade de espécies nesse grupo
encontra-se distribuída em seis grandes famílias: Agromyzidae, Chloropidae, Drosophilidae,
Ephydridae, Lauxaniidae e Tephritidae (Yeates et al., 2007).
A família Chloropidae está inserida dentro de Carnoidea, ao lado de mais nove
famílias. É considerada grupo-irmão de Milichiidae (Buck, 2006), adicionando-se ainda, na
superfamília, Carnidae, Braulidae, Australimyzidae, Tethinidae, Canacidae, Risidae e
Cryptochetidae. McAlpine (1989) aponta esta última família, diferentemente de Buck
(2006), como irmã de Chloropidae.
Os cloropídeos são encontrados com frequência em vegetação baixa, como
gramíneas, mas também visitando flores. Já foram encontradas fêmeas de espécies
neotropicais de Chloropidae polinizando flores de Aristolochia pilosa e A. arcuata (Wolda &
Sabrosky, 1986). Algumas espécies de cloropídeos dos gêneros Hippelates Loew e
Liohoppelates Duda têm importância sanitária na região Neotropical, por veicular patógenos
ao pousarem nos olhos de pessoas, causando algumas oftalmias. Suas larvas apresentam
hábitos bem distintos, pois podem ser saprófagas, galhadoras, predadoras ou fitófagas
(Bruyn, 2005; Sabrosky & Paganelli, 1984).
Existem fósseis confirmados da família apenas da segunda metade do Terciário, do
Oligoceno e do Mioceno (Evenhuis, 1994). Atualmente há 137,991 espécies descritas de
Chloropidae no mundo (Evenhuis et al., 2012), sendo 57 gêneros e 428 espécies descritos
para a região Neotropical (Amorim et al., 2002). Muitos dos gêneros possuem todas ou
4
grande parte de suas espécies restritas à região Neotropical, tornando o estudo dessa região
indispensável para a construção de hipóteses filogenéticas e biogeográficas mais amplas
dentro da família.
A família Chloropidae é tradicionalmente dividida em três subfamílias: Chloropinae,
Oscinellinae e Siphonellopsinae. A subfamília Siphonellopsinae apresenta somente um
gênero com ampla distribuição, com 15 espécies na Neotrópica, sendo que os outros dois
gêneros são pouco expressivos em número de espécies, restritos a outras regiões.
Oscinellinae é a subfamília com a maior diversidade no mundo, com 43 gêneros e 342
espécies descritos para a Neotropical (Sabrosky & Paganelli, 1984). Alguns autores
propõem a divisão desse grupo em quatro subfamílias, mas essa classificação não encontra
suporte na literatura. Trabalhos taxonômicos acerca desta subfamília para a região
Neotropical estão sendo feitos mais recentemente, como a revisão do gênero Goniaspis
Duda (Mlynarek & Wheeler, 2009), a descrição dos gêneros Mendeventor Wheeler e Oscinicita
Wheeler (Wheeler, 2007) e a descrição de uma nova espécie de Pseudogaurax Malloch
predadora de ovos de Megaloptera oriunda do Brasil (Melo & Wheeler, 2009). As relações
filogenéticas entre seus gêneros no mundo é virtualmente ignorada.
A subfamília Chloropinae compreende atualmente 73 gêneros e 1026 espécies no
mundo, sendo que 18 gêneros são conhecidos para a região Neotropical, com 92 espécies
descritas. Como ocorre para a maior parte das famílias de Diptera, há uma grande
quantidade de espécies novas ainda por serem descritas em vários dos gêneros. A
subfamília apresenta uma chave de identificação para os gêneros neotropicais e foi
proposto um cladograma para as relações de parentesco entre os gêneros de Chloropinae
que ocorrem nesta região (Paganelli, 2002).
Filogeneticamente, Chloropinae é considerado grupo-irmão de Oscinellinae
(McAlpine, 1989). Cerdas orbitais numerosas e procurvadas e perda das três cerdas
dorsocentrais anteriores e outras cerdas torácicas e genitália masculina simétrica são
características compartilhadas pelos espécimes deste grupo (Andersson, 1977).
Provavelmente a simetria da terminalia masculina, compartilhada entre as duas subfamílias,
é uma plesiomorfia.
3.2. A Subfamília Chloropinae Rondani
As espécies da subfamília Chloropinae são em geral amareladas, com 3 a 5 manchas
longitudinais no escudo (Fig. 4). Seu comprimento total varia entre 3,0 e 11,5 mm, e a
nervura costal nunca atinge M1+2, têm cerdas ocelares divergentes e procurvadas, cerdas
5
escapulares, pré-suturais e pré-alares ausentes, assim como o órgão femoral e machos com
cercos fundidos formando o mesolobo não bilobado (Andersson, 1977). A biologia das
espécies da família é conhecida especialmente de espécies neárticas e paleárticas. As larvas
de algumas espécies são pragas de cereais, como trigo, centeio, cevada, aveia e arroz.
Os dados de biologia para as espécies Neotropicais na literatura são muito restritos
(Deeming, 1985; Aldrich, 1923), mas coletas recentes mostraram adultos sobre gramíneas
em áreas um pouco mais abertas dentro de florestas na região Neotropical. Os imaturos de
muitas espécies desta subfamília alimentam-se de Poaceae, mas alguns se encontram
associados a outras famílias de monocotiledôneas. São conhecidas 23 espécies de
cloropídeos galhadoras em regiões temperadas, pertencentes a cinco gêneros (Lipara,
Pseudoeurina, Eurina, Chlorops, Homaluroides), os últimos três de Chloropinae. Quase todas as
espécies estão associadas à Poaceae, mas Eurina está associada a Cyperaceae (Bruyn, 2005).
Apesar de a maior parte das formas imaturas serem fitófagas ou saprófagas, algumas
espécies de Thaumatomyia são carnívoras, alimentando-se de afídeos (Nartshuk & Yang,
2011).
Paganelli (2002) apresentou uma revisão dessa subfamília na região Neotropical, e
fez uma análise filogenética com uma amostragem taxonômica incluindo apenas os gêneros
neotropicais. Na revisão, ela redescreveu 12 gêneros e descreveu seis novos (Sagareocerus,
Ectecephalina, Bricelochlorops, Coroichlorops, Ischnochlorops e Bothynocerus), reconhecendo três
tribos para a subfamília: Mepachymerini Narchuk, Meromyzini Lioy e Chloropini Rondani.
Outros grupamentos menos inclusivos foram propostos, utilizando em grande escala
caracteres de terminália masculina.
3.3. O Gênero Ectecephalina Paganelli
A tribo Chloropini foi subdividida por Paganelli (2002) em vários grupos de gêneros:
grupo-Pachylophus, grupo-Diplotoxa, grupo-Chlorops, grupo-Thaumatomyia, grupo-Minda,
grupo-Coroichlorops, grupo-Psilochlorops e grupo-Ectecephala, sendo os grupos Ectecephala,
Coroichlorops e Psilochlorops de sua autoria (Paganelli, 2002).
O grupo-Ectecephala agrupa os gêneros Ectecephalina, Ectecephala, Homaluroides e
Bothynocerus, sendo Homaluroides irmãos de (Bothynocerus + (Ectecephala + Ectecephalina)). Esse
grupo encontra-se restrito às regiões Neártica e Neotropical, e é caracterizado por
apresentar: triângulo frontal pontuado, com sulco mais ou menos distinto, presença de
fosseta sensorial no primeiro flagelômero, mesonoto rugoso ou fortemente pontuado,
fronte fortemente projetada, pernas sem órgão tibial, padrão de terminália masculina
6
bastante uniforme com gonitos fundidos ao esclerito falapodêmico e ocorrência de
viviparidade em várias espécies (não verificado em Bothynocerus) (Paganelli, 2002).
O gênero Ectecephala foi proposto por Macquart (1851) para a espécie E. albistylum.
Sabrosky & Paganelli (1984) separaram as espécies no “grupo-albistylum”, com 12 espécies
(1+1 npl, R4+5 e M1+2 paralelas, triângulo frontal estreito), e no “grupo-capillata”, com 11
espécies (1+2 npl, R4+5 e M1+2 divergentes, triângulo frontal largo). O grupo-capillata foi
transformado em um gênero separado—Ectecephalina—por Paganelli (2002) a partir da
análise das relações entre os gêneros da subfamília. Das espécies do gênero, apenas E.
unicolor (Loew, 1863) tem distribuição na região Neártica, sendo que as demais têm
distribuição neotropical.
As espécies de Ectecephalina são amarelas, robustas com mesonoto piloso, pontuado e
brilhante, e escudo geralmente com as três manchas centrais evidentes. Este gênero foi
descrito por Paganelli (2002) com base na espécie-tipo E. capillata. A realocação dessas 11
espécies em um novo gênero deu-se principalmente com base em peculiaridades da
terminália masculina, como hipândrio largo e arredondado, surstilos espessos com base
larga e ponta afilada, basifalo esclerotizado e em forma de gancho, e pós-gonito com duas
projeções distais. Em Ectecephala, o epândrio tem forma de arco em ogiva, surstilos cônicos
e delgados, e basifalo em forma de gota.
Os trabalhos a respeito da biologia das espécies do gênero são raros. Foram
encontrados adultos e larvas de E. capillata associados a Paspalum fasciculatum (Poaceae)
(Deeming, 1985). Essa gramínea ocorre em áreas de várzea e encontra-se distribuída
amplamente na América Central e no norte e oeste da América do Sul. Outra espécie foi
documentada associada à cana-de-açúcar (E. tripunctata) (Aldrich, 1923).
Não há nenhuma análise filogenética publicada para a relação entre as espécies do
gênero e a maior parte das espécies descritas não possui a terminália masculina ilustrada,
sendo que as descrições disponíveis são bastante incompletas. Sendo assim, nota-se que há
uma lacuna no conhecimento desse gênero no que diz respeito à taxonomia, filogenia e
biologia de suas espécies. Isto proporciona a abordagem dos temas citados acima como
fonte nova de informação.
7
4. OBJETIVOS
Este projeto tem como objetivos realizar uma revisão taxonômica do gênero
Ectecephalina Paganelli (Diptera: Chloropidae), fazendo descrições das espécies novas e
redescrições das espécies conhecidas, a proposição de uma chave de identificação para as
espécies conhecidas, bem como a realização de uma análise filogenética do gênero, com a
verificação da monofilia do gênero e o estabelecimento das relações de parentesco entre
suas espécies.
8
5. MATERIAIS E MÉTODOS
A maior parte do material utilizado neste projeto foi obtido pelo Projeto Biota–
Diptera, coleção do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e Instituto
de Biodiversidad Costa Rica (INBio). Também foi utilizado material de outras instituições
do exterior. A maior parte do material está preservado em via seca, exceto material do
Biota-Diptera, e pequena parte do material do INBio que se encontra em álcool. Abaixo
estão listadas todas as instituições mencionadas e suas respectivas siglas.
BNHM — Berkeley Natural History Museums, Essig Museum of Entomology,
Berkeley, EUA.
CAS — California academy of Sciences, San Francisco, EUA.
CNC — Canadian National Colections of Insects, Arachinids and Nematodes,
Ottawa, Canada.
INBio — Instituto de Biodiversidad, San José, Costa Rica.
MCZ — Museum of Comparative Zoology, Harvard University, Harvard, EUA.
MPEG — Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém, Brasil.
MZUSP — Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
NHM — Natural History Museum of London, Londres, Inglaterra.
NMW — Naturhistorisches Museum Wien, Viena, Áustria.
SNSD — Senckenberg Naturhistorische Sammlungen Dresden, Alemanha.
USNM — National Museum of Natural History, Washington, EUA.
ZMHU — Museum für Naturkunde der Humbolt, Universität zu Berlin,
Alemanha.
5.1. Material biológico
O material de Chloropinae foi identificado até o nível de gênero utilizando-se uma
chave de identificação dos gêneros da subfamília na região Neotropical (Paganelli, 2002).
Existe uma chave para parte das espécies do gênero (Duda, 1930), no entanto esta chave
contém poucas informações, de maneira que a identificação foi feita a partir das descrições
originais e análise do material-tipo. O material do projeto Biota-Diptera apresenta vários
exemplares de duas espécies novas de Ectecephalina. Uma parte do material do gênero na
coleção do MZUSP foi identificado pela Dra. Paganelli. Ao todo foram identificados 204
espécimes e imagens de 8 exemplares. Alguns tipos não foram diretamente examinados,
mas foram fotografados pelos curadores das respectivas coleções depositárias. Ainda assim,
9
eles foram incluídos no Material Examinado de cada espécies por ter havido exame indireto
dos tipos. Os tipos de Ectecephalina argentina (NHM), E. brasiliensis (NMW), E. capillata
(USNM), E. transatlantica (NMW), E. tripunctata (USNM) e E. unicolor (MCZ), não puderam
ser mandados em empréstimo, mas foram fotografados em alta resolução, o que foi
suficiente para a identificação do material conspecífico.
5.2. Técnicas de preparo do material
Nos machos dissecados, o abdômen foi cortado entre o segundo e o terceiro
segmentos abdominais; o abdômen (com a terminália) foi colocado de 10 a 20 minutos em
KOH 10% a 40 ºC, passando, em seguida, por um banho de ácido acético 10%. A
terminália com parte do abdômen foi colocado a seguir em álcool 80% por 30 minutos e
em álcool absoluto I e II por cerca de 30 minutos cada. Após esse procedimento, a
terminália foi separada do abdômen com o auxílio de agulhas e pinças e o material foi
transferido para eppendorf contendo glicerina . As asas foram retiradas dos espécimes com
auxílio de pinças e agulhas, colocadas em álcool absoluto I e II por 30 minutos cada, e
depois em xilol I e II por 15 minutos cada. Após essas etapas, foi feita a montagem
permanente das asas entre lamínulas de 13 mm, que foram fixadas com cola branca em um
suporte de papel cartão, mantido junto ao espécime.
O habitus dos espécimes montados e detalhes das estruturas em lâmina foram
fotografados com equipamento de fotomicroscopia Leica (estereomicroscópio MZ16,
microscópio DM2500, filmadora DC500), utilizando o programa AutoMontage para a
construção de imagens com vários níveis em foco. As estruturas morfológicas foram
desenhadas utilizando camara lucida acoplada ao microscópio, depois vetorializadas com o
programa Adobe Illustrator 11.0. Parte das triagens e da preparação de lâminas contou com
a participação da Biologista Maria Isabel Protti de Andrade Balbi.
Para montagem da genitália masculina, a terminália foi colocada em lâminas com
quadrados de papel-vidro cortados com a mesma dimensão da largura de uma lâmina
tradicional, furados com um furador de triângulos, colados em lâminas tradicionais com
auxílio de um adesivo plástico, formando uma lâmina escavada em pequenas dimensões.
Isso permitiu a visualização do material em glicerina, sem a necessidade de montar lâminas
permanentes.
10
5.3. Análise filogenética
O estudo das relações filogenéticas entre as espécies de Ectecephalina foi feito
utilizando parcimônia, com o método cladístico sintetizados por diversos autores (Kitching
et al., 1998; Schuh & Brower, 2009; Scotland & Pennington, 2000; Amorim, 2002). A
informação sobre morfologia dos táxons terminais foram codificadas em uma matriz de
caracteres. A codificação e ordenação dos caracteres seguiram, caso a caso, os diferentes
métodos descritos na literatura (Scotland & Pennington, 2000).
A polaridade dos caracteres foi determinada com enraizamento pelo método de
comparação com grupos externos, com algumas modificações da abordagem de Nixon &
Carpenter (1993). Como grupos externos, foram utilizadas as seguintes espécies:
Psilochlorops paganellii
O gênero Psilochlorops Duda, pertence à subfamília Chloropinae, apresenta seis
espécies e é estritamente neotropical (Riccardi & Amorimi, 2011). Psilochlorops não
compartilha as características que unem o grupo-Ectecephala, apresentado um padrão de
terminália masculina bem diferente (peças não fundidas), plesiomorfias do plano-básico da
subfamília (Paganelli, 2002).
Ectecephala albistylum, Ectecephala borgemeieri, Ectecephala sulcifrons, Ectecephala tincta.
Este gênero é considerado por Paganelli (2002) irmão de Ectecephalina e tem 12
espécies distribuídas nas regiões Neártica e Neotropical. Para testar o monofiletismo de
Ectecephalina, foi incluída na matriz a espécie-tipo do gênero (Ectecephala albistylum) e outras
três espécies.
Homaluroides quinquepunctatus
Esse gênero conta com 16 espécies, é parte do grupo-Ectecephala e apresenta a
mesma distribuição de Ectecephala. Juntamente com Bothynocerus, forma um grupo
monofilético com o clado (Ectecephala + Ectecephalina) (Paganelli, 2002). Uma das
características marcantes deste gênero é a sutura ptilinial reta e profunda, mas nem todas as
espécies apresentam essa apomorfia (Sabrosky, 1980). Aparentemente, os limites do gênero
ainda são mal definidos, o que se reflete na chave para gêneros de Chloropidae da América
Central (Wheeler, 2010) quanto da Neártica (Sabrosky, 1987), uma vez que algumas
espécies de Ectecephalina pela chave caem neste gênero. Os dados desta espécie foram
11
obtidos atravéz da literatura (Paganelli, 2002), pois não foi possível ter acesso ao material
de Homaluroides.
Bothynocerus murinus
Bothynocerus pertence ao grupo Ectecephala e apresenta apenas uma espécie descrita,
restrita à região Neotropical.
A análise filogenética foi realizada no programa TNT (Tree Analysis Using New
Technology) versão 1.1 de Goloboff, Farris e Nixon. Todos os testes foram feitos com os
parâmetros hold 100000, random seed 0, repls. 10000 e tree bisection reconection (TBR).
Os cladogramas mais parcimoniosos foram obtidos através de algoritmos heurísticos. O
estudo das séries de transformação dos caracteres sobre a topologia foi feito com auxílio do
programa Winclada versão 1.89 de Nixon (2004).
5.4. Montagem de mapas e distribuição
Os mapas foram elaborados a partir da plotagem das coordenadas geográficas em
radianos no software DIVA-GIS versão 7.2.3.1, desenvolvido por Robert J. Hijmans. Cada
coordenada geográfica foi obtida através dos dados localidade presentes na etiqueta do
material, com auxílio do programa Google Earth.
5.5. Nomenclatura morfológica
A maior parte da nomenclatura morfológica utilizada segue Andersson (1977) e
Sabrosky (1987), com atualizações presentes no MCAD (Cumming & Wood, 2009) (Figs.
1-7).
12
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. Morfologia e taxonomia
Abaixo são apresentados esquemas representando partes do corpo de Chloropinae
como um todo, com as estruturas indicadas. Alguns dos desenhos de cabeça e tórax foram
modificados de Paganelli (2002). Esses esquemas foram feitos como um guia para as
descrições e redescrições, e também para melhor compreensão da discussão sobre a
genitália masculina.
Figura 1: Esquema da cabeça dorsal. Legendas: fr, fronte; fr tr, triângulo frontal; if, cerdas
interfrontais; oc, cerdas ocelares; oc tr, triângulo ocelar; ocp, occipício; orb, cerdas orbitais;
pvt: cerdas pós-verticais (ou pós-ocelares); vti: cerdas verticais internas; vte: cerdas verticais
externas. Modificado de Paganelli 2002.
Figura 2: Esquema da cabeça frontal. Legendas: fc, face; gn, gena; vi, vibrissa. Modificado
de Paganelli 2002.
13
Figura 3: Esquema do tórax em perfil. Legenda: sp, espiráculo. Modificado de Paganelli
2002.
Figura 4: Esquema do tórax dorsal de Psilochlorops sp. Legendas: anpl, cerda notopleural
anterior; apa, cerda pós-alar anterior; apsc, cerda escutelar apical; dc, cerda dorsocentral; h,
cerda umeral; lasc, cerda escutelar lateral; pnpl, cerda notopleutal posterior; ppa, cerda pós-
alar posterior.
14
Figura 5: Asa de Trigonomma sp. Setor 1, comprimento da base da asa à inserção de R1 na
C; setor 2, comprimento da inserção de R1 até R2+3; setor 3, comprimento de R2+3 até
R4+5; setor 4, comprimento de R4+5 até o ápice da asa.
Figura 6: Epândrio ventral de Ectecephalina sp. 7.
Figura 7: Hipândrio e complexo fálico de Trigonomma sp.
15
Paganelli (2002) caracterizou o grupo-Ectecephala por apresentar um conjunto de
caracteres: triângulo frontal pontuado; duas ou mais fileiras de if (exceto Bothynocerus);
mesonoto rugoso ou fortemente pontuado; fronte fortemente projetada; parafaciália visível
de perfil; pré-gonitos fundidos ao esclerito falapodêmico; pós-gonitos distalmente livres;
mesolobo grande, mais largo que alto; basifalo em forma de anel ou gota; surstilos dirigidos
para dentro, com lobo dorsal distinto, piloso, e lobo mediano cônico; viviparidade (não
verificado em Bothynocerus).
A análise de espécimes de todos os gêneros deste grupo permite rediscutir os
limites e a diagnose do grupo. Vale a pena ressaltar que, em todos os gêneros, as cerdas if
encontram-se dentro do triângulo frontal. Também, o triângulo frontal nas espécies de
todos os gêneros apresenta um sulco longitudinal mais ou menos distinto. A fosseta
sensorial mais ou menos distinta no primeiro flagelômero (mesmo em Ectecephala) está
presente e a fronte nem sempre é projetada, com a parafaciália nem sempre visível em
perfil. O padrão de terminália masculina é bastante uniforme, com surstilos cônicos com
cerdas esparsas, curtas e finas, e os gonitos fundidos entre si e ao esclerito falapodêmico. O
mesolobo em geral é mais largo que longo em forma de aba, mas também pode apresentar
formato quadrangular.
Através da análise da maior parte do material do clado (Ectecephala + Ectecephalina)
proposto por Paganelli (2002), foi possível observar várias características compartilhadas e
variáveis neste grupo. Abaixo, encontra-se a diagnose reformulada desse agrupamento.
Clado Ectecephalina + Ectecephala. Cabeça mais larga que longa em vista dorsal, oc tr
enegrecido, fr tr bem desenvolvido e, no geral, com formato de sino; olhos nus
arredondados ou elípticos; primeiro flagelômero orbicular ou reniforme com ápice do
escurecido; fosseta sensorial evidente ou pouco distinta; 1+2 npl; poucas cerdas na fr;
palpos amarelos cilíndricos com uma fileira de cerdas; oc divergentes; pvt proclinadas
divergentes ou paralelas; asa com as nervuras R4+5 e M1+2 variáveis; r-m e dm-cu não
aproximadas; setores 1 e 2 aproximadamente de mesmo comprimento; epândrio variável
em formato; mesolobo alargado ou quadrangular; surstilos em forma de cone com cerdas
finas, curtas e esparsas com ou sem microtríquia; hipândrio com braços variáveis em
extensão; basifalo arredondado ou em forma de gota; distifalo presente; gonitos fundidos
entre si pelo menos na base; gonitos aparentemente fundidos ao esclerito falapodêmico;
apódema do edeago variável em extensão.
16
Ectecephalina Paganelli
Ectecephalina Paganelli, 2002: 43. Espécie-tipo, Chlorops capillata Coquillett, 1904 (designação
original).
A maior parte das descrições de espécies para Ectecephalina é bastante sucinta e não
fazem menção a diversos caracteres importantes, principalmente de terminália masculina.
Chave de identificação para adultos das espécies de Ectecephalina
1. Pleura com manchas enegrecidas ou amarronzadas ........................................................... 2
— Pleura sem manchas escuras ................................................................................................. 13
2. Mancha abaixo do espiráculo anterior presente .................................................................. 3
— Mancha abaixo do espiráculo anterior ausente .................................................................. 10
3. Mancha no anepisterno presente ........................................................................................... 4
— Mancha no anepisterno ausente ............................................................................................ 6
4. Mancha na notopleura presente ................................................................................. E. sp. 4
— Mancha na notopleura ausente .............................................................................................. 5
5. Clípeo amarelo com um par de manchas enegrecidas .................... E. brasiliensis (Becker)
— Clípeo amarelo sem manchas ......................................................................... E. picta (Duda)
6. Mancha na notopleura presente ............................................................................................. 7
— Mancha na notopleura ausente .............................................................................................. 8
7. Triângulo frontal em forma de sino e com sulco longitudinal largo (Fig. 8 N)
......................................................................................................................... E. capillata (Coquillett)
— Triângulo frontal sinuoso e com sulco longitudinal bem estreito (Fig. 8 T) ...................
.............................................................................................................................. E. intermedia (Duda)
8. Triângulo frontal com ápice arredondado e if inseridas em manchas escuras (Fig. 8 S);
escudo marrom escuro ......................................................................................................... E. sp. 1
17
— Triângulo frontal em forma de sino e if sem manchas (Fig. 8 G); escudo amarelo
.................................................................................................................................................. 9
9. Triângulo frontal não chega ao ápice da fronte, com laterais longe da margem
posterior dos olhos (Fig. 8 G) .................................................................... E. tripunctata (Aldrich)
— Triângulo frontal chega ao ápice da fronte, com laterais próximas à margem posterior
dos olhos (Fig. 8 F) ............................................................................................................ E. sp. 9
10. Mancha no anepisterno presente ......................................................................................... 11
— Mancha na notopleura presente ........................................................................................... 12
11. Triângulo frontal com arestas retas e enegrecidas, com sulco longitudinal bem estreito
e com mancha enegrecida (Fig. 8 A) ........................................................... E. boliviensis (Becker)
— Triângulo frontal em forma de sino sem manchas, com sulco longitudinal alargado
(Fig. 8 B) ............................................................................................................................... E. sp. 8
12. Fronte muito alargada no ápice; triângulo frontal com sulco estreito (Fig. 8 L) .............
................................................................................................................................................... E. sp. 3
— Fronte pouco alargada no ápice; triângulo frontal com sulco largo (Fig. 8 K)
................................................................................................................................................. E. sp. 7
13. Parafaciália bem larga em perfil (Fig. 10 D) ....................................................................... 14
— Parafaciália estreita ou não visível em perfil (Fig. 10 I) ........................................... 15
14. primeiro flagelômero orbicular, arista pilosa (Fig. 12 D), olho arredondado com eixo
longitudinal quase vertical (Fig. 10 D) .......................................................... E. nitidifrons (Duda)
— primeiro flagelômero reniforme alongado, arista densamente pilosa (Fig. 12 Q), olho
elíptico com eixo longitudinal quase horizontal (Fig. 10 R) ............. E. transatlantica (Schiner)
15. Parafaciália estreita em perfil (Fig. 10 H); fronte projetada ou muito projetada
.................................................................................................................................................. 16
— Parafaciália não visível em perfil (Fig. 10 I); fronte pouco projetada
........................................................................................................................................................ 18
18
16. Fronte projetada; triângulo frontal amarronzado com mancha escura no centro (Fig. 8
P); primeiro flagelômero orbicular com fosseta sensorial bem evidente ............................... 17
— Fronte muito projetada; triângulo frontal amarelo sem manchas (Fig. 8 Q); primeiro
flagelômero reniforme com fosseta sensorial pouco evidente (Fig. 12 P) ................. E. sp. 10
17. Triângulo frontal amarronzado com mancha escurecida no centro (Fig. 8 H); primeiro
flagelômero orbicular (Fig. 12 G); pernas marrom-escuro; R4+5 e M1+2 bem divergentes (Fig.
30 G) .................................................................................................................................... E. sp. 2
— Triângulo frontal pouco avermelhado sem mancha (Fig 8 P); primeiro flagelômero
reniforme (Fig. 12 O); pernas amarelas; R4+5 e M1+2 pouco divergentes (Fig. 30 O)
................................................................................................................................ E. tenuiseta (Duda)
18. Triângulo frontal não chega até o ápice da fronte; escudo quadrangular ........................
.................................................................................................................................. E. unicolor (Loew)
— Triângulo frontal chega ao ápice da fronte; escudo pouco alongado ............................ 19
19. Triângulo frontal com base longe da margem dos olhos e arestas sinuosas (Fig. 8 O) ....
................................................................................................................................................. E. sp. 6
— Triângulo frontal com base próxima ou junto a margem dos olhos e arestas retas na
base (Fig. 8 E) ............................................................................................................................... 20
20. primeiro flagelômero reniforme (Fig. 12 E) ........................................................... E. sp. 5
— primeiro flagelômero orbicular (Fig. 12 H) ........................................................................ 21
21. Sulco do triângulo frontal bem estreito (Fig. 8 J); gena estreita em toda extensão
(Fig.10 J) ............................................................................................................................... E. sp. 11
— Sulco do triângulo frontal largo (Fig. 8 I); gena alargada posteriormente aos olhos (Fig.
10 I) ......................................................................................................... E. argentina (Malloch)
19
Figura 8: Esquema da cabeça dorsal de Ectecephalina. A, E. boliviensis; B, E. sp. 8; C, E. picta;
D, E. nitidifrons; E, E. sp. 5; F, E. sp. 9; G, E. tripunctata; H, E. sp. 2; I, E. argentina; J, E. sp.
11; K, E. sp. 7; L, E. sp. 3; M, E. sp. 4; N, E. capillata; O, E. sp. 6.
20
Figura 8: (Continuação) Esquema da cabeça dorsal de Ectecephalina. P, E. tenuiseta; Q, E. sp.
10; R, E. transatlantica; S, E. sp. 1; T, E. intermedia.
Figura 9: Esquema da cabeça dorsal dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. A,
Homaluroides quinquepunctatus (reproduzido de Paganelli, 2002); B, Bothynocerus murinus; C,
Ectecephala sulcifrons; D, Ectecephala tincta; E, Ectecephala albistylum; F, Ectecephala borgemeieri.
21
Figura 10: Esquema da cabeça em perfil de Ectecephalina. A, E. boliviensis; B, E. sp. 8; C, E.
picta; D, E. nitidifrons; E, E. sp. 5; F, E. sp. 9; G, E. tripunctata; H, E. sp. 2; I, E. argentina; J,
E. sp. 11; K, E. sp. 7; L, E. sp. 3; M, E. sp. 4; N, E. capillata; O, E. sp. 6.
22
Figura 10: (Continuação) Esquema da cabeça em perfil de Ectecephalina. P, E. tenuiseta; Q,
E. sp. 10; R, E. transatlantica; S, E. sp. 1; T, E. intermedia.
Figura 11: Esquema da cabeça dorsal dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. A,
Homaluroides quinquepunctatus (reproduzido de Paganelli, 2002); B, Bothynocerus murinus; C,
Ectecephala sulcifrons; D, Ectecephala tincta; E, Ectecephala albistylum; F, Ectecephala borgemeieri.
23
Figura 12: Antena de Ectecephalina. A, E. boliviensis; B, E. sp. 8; C, E. picta; D, E. nitidifrons;
E, E. sp. 5; F, E. sp. 9; G, E. sp 7; H, E. argentina; I, E. sp. 11; J, E. sp. 7; K, E. sp. 3; L, E.
sp. 4; M, E. capillata; N, E. sp. 6; O, E. tenuiseta; P, E. sp 20; Q, E. transatlantica; R, E. sp. 1.
24
Figura 13: Antena dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. A, Bothynocerus murinus; B,
Ectecephala sulcifrons; C, Ectecephala tincta; D, Ectecephala albistylum; E, Ectecephala borgemeieri.
Ectecephalina argentina (Malloch, 1934)
(Figs. 8 I; 10 I; 12 H; 14; 30 H)
Ectecephalina argentina (Malloch), 1934: 400 (Chlorops). Localidade-tipo: Argentina, Misiones.
Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Argentina e Paraguai. Holótipo ♂, NHM.
Diagnose. Fronte pouco projetada; triângulo frontal com sulco longitudinal largo; gena
alargada posteriormente aos olhos; primeiro flagelômero orbicular.
Material examinado: 2 parátipos ? (foto) Argentina, Misiones, Bompland, 13-14.i.1927,
coletor F. & M. Edwards [NHM]. Material adicional: 1 ♂, Argentina, Chaco, Colonia
Benitez, 03.xi.1949, coletor R. Golbach [MZUSP]; 1 ♂, mesmos dados exceto, 01-
07.xii.1948, coletor M. L. Aczel; 1 ♂, Argentina, Formosa, Clorinda, xi.1947, coletor R.
Golbach; 2 ♀ mesmos dados exceto, Tucumán, 21.xii.1950; 1 ♂ Paraguai, Colonia Piractá,
xii.1971, coletor L. E. Peña.
Redescrição. Tamanho 2,5 mm.
Cabeça. (Figs. 8 I; 10 I; 12 H) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil pouco mais alta que
comprida; fronte pouco projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e bem
arredondado; parafaciália não visível. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical.
Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da
fronte; margens pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco longitudinal
estreito e raso. Fronte bem estreita na base e alarga um pouco no ápice; com poucas cerdas.
25
Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte dispostas
em ângulo; 4 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena com vi indistinta. Antena com pedicelo
reduzido com bordas de mesmo comprimento; primeiro flagelômero orbicular marrom no
ápice, com fosseta sensorial bem evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita
até 2/3 superiores da face e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo
sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo-escuro. Escudo brilhante; pouco mais comprido
que largo; pouco pontuado; com manchas amarronzadas não bem definidas. Escutelo mais
largo que longo; com borda posterior triangular. Halter creme com haste amarronzada.
Pós-pronoto sem manchas. Quetotaxia: dc distinta; apa e ppa indistintas; 1 h distinta;
pilosidade clara, curta. Pleura sem manchas. Asa. (Fig. 30 H) Comprimento 2,8 mm.
Setores 1-2-3-4: 12-12-7-1. Hialina; R4+5 e M1+2 retas e divergentes. Pernas. Amarelas com
os tarsos enegrecidos. Abdômen. (Fig. 14) Marrom-claro. Terminália masculina com
epândrio aproximadamente quadrangular em vista dorsal; surstilo cônico com cerdas finas,
sem microtríquia; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas,
pouco piloso; hipândrio em forma de U com as extremidades pouco mais largas, com
projeções apicais interna e externa longas; gonitos totalmente fundidos entre si com duas
cerdas e vários poros na parte superior, com ápice reto em perfil; esclerito falapodêmico
bem largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, bem alongado; distifalo pouco
visível; apódema do edeago alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. Apesar poder analisar o material-tipo somente através de fotos, foi possível
observar com maior detalhamento o material adicional. Foi desenhada a genitália masculina
do exemplar de Argentina, Formosa, Clorinda; xi.1947, coletor R. Golbach. Além da
localidade do material-tipo, a ocorrência da espécie (Mapa 1) foi ampliada para três novas
localidades na Argentina e no Paraguai.
26
Figura 14: Genitália masculina de E. argentina. A, hipândrio + complexo fálico em vista
lateral esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
27
Mapa 1: Distribuição de E. argentina.
Ectecephalina boliviensis (Becker, 1912)
(Figs. 8 A; 10 A; 12 A; 15; 30 A)
Ectecephalina boliviensis (Becker), 1912a: 149 (Chlorops). Localidade-tipo: Bolívia. Referências:
Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002) (como
Ectecephalina). Distribuição: Costa Rica, Bolívia, Peru e Brasil (São Paulo, Amazonas e Santa
Catarina). Holótipo ♂, ZMHU.
Material examinado: Holótipo ♂ Bolívia, coletor S. V. Garlepp [ZMHU]. Material
adicional: 1 ♂ Costa Rica, Guanacaste, Sta. Cecilia; xi.1994, coletor P. Ríos [InBio]; 1 ♀
mesmos dados exceto, Guanacaste, 23.vi-6.vii.2003, Malaise, coletores J Gutiérrez & B.
28
Hernández; 1 ♀ mesmos dados exceto Limón, 17.i-17.ii.2000, Malaise, coletor F. Umaña; 1
♀ mesmos dados exceto Alajuela, Dos Rios, v.1990, coletor curso Parataxonomia; 1 ♂,
Peru, Cuzco, 13-31.viii.1962, coletor L. Pena [CNC]; 1♀, Brasil, Amazonas, Maues; 09-
10.xi.1975 [MZUSP]; 1 ♂ Brasil, São Paulo, Cubatão; iii.1945, coletor F. Lane; 1? e 1 ♂
mesmos dados exceto, Embu, 15.ii.1946; 1 ♂ mesmos dados exceto Itu, xi.1965, coletor
Exp. dep. Zool.; 1 ♂ Brasil, Santa Catarina, Nova Teutônia, x.1967, coletor F. Plaumann;
1? mesmos dados exceto 12.x.1938.
Diagnose. Triângulo frontal com laterais totalmente retas, com manchas enegrecidas nas
laterais e no centro; mancha enegrecida no anepisterno; epândrio triangular; mesolobo
quadrado.
Redescriçao. Tamanho: 4,2 mm.
Cabeça. (Figs. 8 A; 10 A; 12 A) Amarela. Cabeça em perfil pouco mais alta que longa;
fronte pouco projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado;
parafaciália estreita. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal
com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens
totalmente retas; com manchas enegrecidas nas laterais e no centro; sulco longitudinal
muito estreito e fundo. Fronte estreita na base e alarga no ápice; com cerdas. Occipício liso;
sem cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt divergentes; vti e vte quase paralelas; 8-10 orb; uma
fileira de cerdas pretas na gena com vi indistinta. Antena com pedicelo reduzido com
bordas de mesmo comprimento; primeiro flagelômero orbicular marrom no ápice, com
fosseta sensorial bem evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até 3/4
superiores da face e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem
manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo;
muito pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; com borda
posterior arredondada. Halter creme com haste amarronzada. Pós-pronoto com mancha
alaranjada. Quetotaxia: dc e apa distintas; ppa indistinta; h indistinta; pilosidade escura, densa.
Pleura com mancha enegrecida na borda curva do anepisterno. Asa. (Fig. 30 A)
Comprimento 4,5 mm. Setores 1-2-3-4: 13-13-6-1. Hialina; R4+5 curvada anteriormente;
M1+2 reta; R4+5 e M1+2 divergentes. Pernas. Amarelas. Abdômen. (Fig. 15) Amarelo.
Terminália masculina com epândrio aproximadamente triangular em vista dorsal; surstilo
cônico com cerdas finas; mesolobo quadrangular com cerdas esparsas; hipândrio em forma
de U com as extremidades pouco mais largas, ápice sem projeções; gonitos totalmente
fundidos entre si com uma cerda e vários poros na parte superior, ápice dos gonitos afilado
29
em perfil; esclerito falapodêmico pouco largo, parcialmente fundido aos gonitos; basifalo
arredondado; distifalo bem visível; apódema do edeago alongado abaixo do hipândrio.
Comentários. Foi possível analisar o material-tipo em mãos, e para preservá-lo, foi feita
lâmina de asa e dissecada somente a genitália masculina do exemplar de Brasil, São Paulo,
Itu, xi.1965 presente no material adicional. Em relação às outras espécies deste gênero, o
triângulo frontal com as arestas totalmente retas e o mesolobo quadrangular são
características exclusivas. A Bolívia que é localidade do holótipo não se encontra no mapa
de distribuição da espécie (Mapa 2), pois tem somente o país como referência de coleta.
Além da Bolívia, foi encontrado material desta espécie na Costa Rica, no Brasil e no Peru.
Figura 15: Genitália masculina de E. boliviensis. A, hipândrio + complexo fálico vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
30
Mapa 2: Distribuição de E. boliviensis.
Ectecephalina brasiliensis (Becker, 1912)
Ectecephalina brasiliensis (Becker), 1912a: 154 (Ectecephala). Localidade-tipo: Brasil, Santa
Catarina. Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli
(2002) (como Ectecephalina). Distribuição: Brasil (Santa Catarina). Holótipo ♀, NMW.
Material examinado: Holótipo ♀ (foto), Brasil, Santa Catarina, coletor Lüderwaldt.
[NMW].
Diagnose. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos, chega ao
ápice da fronte, com margens pouco sinuosas no ápice e retas na base; clípeo com um par
de manchas enegrecidas; manchas enegrecidas uma abaixo do espiráculo anterior e outra no
anepisterno.
31
Redescrição. Tamanho: 3,5 mm.
Cabeça. Amarelo-escuro. Cabeça em perfil com fronte projetada; gena, ângulo da vibrissa
e parafaciália não possíveis de observar. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical.
Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da
fronte; margens pouco convexas no ápice e retas na base; laterais levemente escurecidas;
sulco longitudinal largo e raso. Fronte bem estreita na base e alarga um pouco no ápice;
com poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; não foi
possível observar pvt, vti e vte, orb, cerdas da gena e vi. Antena com pedicelo com borda
dorsal duas vezes mais comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme alongado
enegrecido no ápice, com fosseta sensorial evidente; arista não possível de visualizar.
Carena facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face e larga posteriormente; atinge
o final da face. Clípeo amarelo com um par de manchas enegrecidas; brilhante. Tórax.
Amarelo-escuro. Escudo brilhante; pouco mais longo que largo; pontuado. Halter amarelo-
escuro. Pós-pronoto sem mancha. Quetotaxia: pilosidade regular, marrom, curta; h, dc apa e
ppa não possíveis de observar. Pleura com uma mancha enegrecida no espiráculo anterior e
outra no anepisterno. Asa. Comprimento 2,9 mm. Setores 1-2-3-4: 10-11-6-1,2. Hialina;
R4+5 curvada anteriormente; M1+2 com ápice curvado posteriormente. Pernas. Amarelas
com os tarsos do primeiro par de pernas enegrecidos. Abdômen. Marrom-claro.
Terminália masculina não foi possível observar.
Comentários. A redescrição foi feita com base apenas em fotografias do material-tipo
cedidas pelo NMW, portanto várias estruturas não puderam ser analisadas. Por causa da
posição do holótipo nas fotos, não foi possível desenhar a cabeça, nem utilizar as figuras de
asa e antena.
Ectecephalina capillata (Coquillett, 1904)
(Figs. 8 N; 10 N; 12 M; 16; 30 M)
Ectecephalina capillata (Coquillett), 1904b: 98 (Chlorops). Localidade-tipo: Nicarágua, Granada.
Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Belize, Costa Rica, Equador, Guatemala, México
(Veracruz, Nayarit) e Nicarágua. Holótipo ♀, USNM.
32
Material examinado: Holótipo (foto) ♀, Nicarágua, Granada, coletor Backer [USNM].
Material adicional: 1 ♀ México, Veracruz, Fortin de las Flores, 03.vii.1964, coletor L. W.
Swan [BNHM]; 1? México, Nayarit, Tepic; 27.iv.1961, coletores Howden & Martin [CNC];
1 ♂ Guatemala, Peten, El Mirador (Tikal ruins), 02.ix.1972, coletores G. F. & S. Hevel
[MZUSP]; 1 ♀ mesmos dados exceto, Taxisco, 31.viii.1972; 1 ♀, Costa Rica, coletor H.
Schmidt S. [MZUSP]; 1 ♂ Costa Rica, Cartago, Turrialba, 29.xi.1955 [BNHM]; 1? Costa
Rica, Heredia, Santo Domingo; 10-15.i.2004; Malaise, coletor D. M. Wood [InBio]. 1?
Costa Rica, Heredia, Belén; 12.x.2008; livre, coletor M. A. Zumbado [InBio]. 1? Costa Rica,
Puntarenas, R. Priv. Karen Morgensen; 9.vii.2003; livre, coletores M. A. Zumbado & W.
Porras [InBio]. 1? Costa Rica, Heredia, Santo Domingo; 25-30.i.2004, coletor D. M. Wood;
Malaise [InBio]; 1 ♂,1 ♀ Equador, Azuay, Giron, 05.xii.1970, coletor Peña [MZUSP].
Diagnose. Occipício rugoso; mancha enegrecida no espiráculo anterior e na notopleura;
gonito com ápice em forma de gancho.
Redescrição. Tamanho: 3,1 mm.
Cabeça. (Figs. 8 N; 10 N; 12 M) Amarela. Cabeça em perfil pouco mais longa que alta;
fronte projetada; gena pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado;
parafaciália estreita. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal
com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens
pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco longitudinal largo e raso.
Fronte bem estreita na base e alarga um pouco no ápice; com poucas cerdas. Occipício
rugoso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de if bem finas; pvt paralelas; vti e vte em
ângulo, vte um pouco mais comprida que vti; 5 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena com vi
indistinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral;
primeiro flagelômero reniforme pouco alongado enegrecido no ápice, com fosseta sensorial
evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até 2/3 superiores da face e
larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax.
Amarelo. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo; muito pontuado; com
manchas alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; com borda posterior arredondada.
Halter amarelo-claro. Pós-pronoto com mancha alaranjada. Quetotaxia: dc e apa distintas;
ppa pouco distinta; 1 h distinta; pilosidade escura, densa, bem curta. Pleura com manchas
enegrecidas no espiráculo anterior e na parte anterior da notopleura. Asa. (Fig. 30 M)
Comprimento 3,7 mm. Setores 1-2-3-4: 12-13-8-1,2. Hialina; R4+5 curvada anteriormente;
M1+2 reta; R4+5 e M1+2 bem divergentes. Pernas. Amarelas com todos os tarsos pouco
enegrecidos. Abdômen. (Fig. 16) Amarelo com o dorso dos tergos amarronzado.
33
Terminália masculina com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico com
cerdas finas; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco
piloso; hipândrio em forma de └┘com extremidades bem mais largas, ápice com projeção
externa curta e interna longa; gonitos totalmente fundidos entre si com duas cerdas, vários
poros na parte superior, ápice em forma de gancho; esclerito falapodêmico bem largo,
fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, pouco alongado; distifalo não visível;
apódema do edeago alongado abaixo do hipândrio.
Comentários. Foi analisado em mãos um parátipo do ZMHU, mas o exemplar estava sem
cabeça e abdômen, e com etiqueta de localidade ilegível (provavelmente da Georgia). A
terminália masculina do exemplar de Costa Rica, Cartago, Turrialba; 29.xi.1955, foi
dissecada e desenhada. Foram adicionadas as localidades da Costa Rica, Equador, Belize e
Guatemala na distribuição desta espécie (Mapa 3).
Figura 16: Genitália masculina de E. capillata. A, hipândrio + complexo fálico em vista
lateral esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
34
Mapa 3: Distribuição de E. capillata.
Ectecephalina intermedia (Duda, 1930)
(Figs. 8 T; 10 T; 17; 30 S)
Ectecephalina intermedia (Duda), 1930: 116 (Ectecephala). Localidade-tipo: Belize, Manatee.
Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Belize (Manatee). Holótipo ♂, ZMHU.
Material examinado: Holótipo ♂, Belize, coletor V. Rulla [ZMHU].
Diagnose. Triângulo frontal com borda posterior longe da margem dos olhos, margens
pouco sinuosas no ápice, com sulco longitudinal muito estreito e fundo; manchas marrons
no espiráculo anterior e na base da notopleura; hipândrio com braços curtos.
35
Redescrição. Tamanho: 6,5 mm.
Cabeça. (Figs. 8 T; 10 T) Amarela. Cabeça em perfil mais longa que alta; fronte projetada;
gena pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e marcado; parafaciália estreita. Olhos
ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal com borda posterior pouco
próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens pouco convexas na base e
pouco sinuosas no ápice; um pouco escurecido; sulco longitudinal muito estreito e fundo.
Fronte pouco estreita da base ao ápice; com cerdas. Occipício rugoso; com poucas cerdas.
Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte: em ângulo (quase paralelas), vte um pouco
mais comprida; 7 orb; gena sem cerdas. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes
mais comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme enegrecido no ápice; arista
pilosa. Carena facial definida; estreita até 2/3 superiores da face e larga posteriormente;
atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo:
pouco brilhante; mais comprido que largo; pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo
arredondado. Halter creme com haste amarronzada. Pós-pronoto sem mancha. Quetotaxia:
dc, apa e ppa indistintas; 1 h distinta; pilosidade escura, densa; bem curta. Pleura com
manchas marrons no espiráculo anterior e na base da notopleura. Asa. (Fig. 30 S)
Comprimento 4,75 mm. Setores 1-2-3-4: 6-8-3-0,2. Um pouco esfumaçada; R4+5 pouco
curvada com uma sinuosidade distal; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 quase paralelas. Pernas.
Amarelas. Abdômen. (Fig. 17) Amarelo com manchas amarronzadas nos tergitos.
Terminália masculina com epândrio aproximadamente quadrangular em vista dorsal;
surstilo cônico com cerdas finas; mesolobo pouco delimitado, em forma de aba mais largo
que alto com cerdas esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de └┘ com as
extremidades mais largas, ápice com as projeções curtas; gonitos totalmente fundidos entre
si com duas cerdas, vários poros na parte superior, ápice arredondado em perfil; esclerito
falapodêmico pouco largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, pouco
alongado; distifalo pouco visível; apódema do edeago pouco alongado anteriormente a base
do hipândrio.
Comentários. Foi dissecada a genitália do material-tipo por falta de material adicional. A
antena do exemplar não estava completa, portanto a descrição desta parte ficou incompleta.
36
Figura 17: Genitália masculina de E. intermedia. A, hipândrio + complexo fálico em vista
lateral esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina nitidifrons (Duda, 1930)
(Figs. 8 D; 10 D; 12 D)
Ectecephalina nitidifrons (Duda), 1930: 116 (Ectecephala). Localidade-tipo: Brasil, Rio de
Janeiro, Petrópolis. Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala);
Paganelli (2002) (como Ectecephalina). Distribuição: Brasil (Rio de Janeiro). Lectótipo ♀,
MZUSP.
37
Material examinado: Lectótipo, ♀, Brasil, Rio de Janeiro, Petrópolis, 04.xii.1923, coletor
Borgmeier [MZUSP].
Diagnose. Fronte projetada; parafaciália larga; olhos ovais com eixo longitudinal quase
vertical; primeiro flagelômero aproximadamente orbicular, com fosseta sensorial pouco
evidente.
Redescrição. Tamanho: 3,75 mm.
Cabeça. (Figs. 8 D; 10 D; 12 D) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil pouco mais alta que
longa; fronte projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e bem arredondado;
parafaciália larga. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal com
borda posterior encosta na margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens bem
convexas no ápice e pouco sinuosas na base; sem manchas; sulco longitudinal largo e muito
raso. Fronte muito estreita da base ao ápice; sem cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas.
Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt divergentes; vti e vte: em ângulo; 1 fileira de cerdas claras na
gena com vi indistinta; orb ausente. Antena com pedicelo reduzido com bordas de mesmo
comprimento; primeiro flagelômero aproximadamente orbicular amarronzado no ápice, com
fosseta sensorial pouco evidente; arista pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 3/4
superiores da face; não atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax.
Amarelo. Escudo: brilhante; pouco mais comprido que largo; pouco pontuado; com manchas
alaranjadas indistintas. Escutelo: mais largo que longo; triangular. Halter todo amarronzado.
Pós-pronoto com mancha alaranjada. Quetotaxia: apa distinta; dc e ppa indistintas; h indistinta;
pilosidade escura, esparsa, bem curta. Pleura sem manchas. Asa. Não foi possível observar.
Pernas. Amarelas. Abdômen. Amarelo. Terminália masculina não possível de observar.
Comentários. O exemplar encontra-se sem as asas.
Ectecephalina picta (Duda, 1930)
(Figs. 8 C; 10 C; 12 C; 18; 30 C)
Ectecephalina picta (Duda), 1930: 115 (Ectecephala). Localidade-tipo: Argentina, Tucumán.
Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Argentina (Tucumán, Jujuy). Presumível holótipo no
Hungarian Natural History Museum, Budapest, Hungria.
38
Material examinado: 1 ♂ Argentina, Tucumán, Arroyo, 13-14.x.1968, coletor Pena
[CNC]; 1 ♂ mesmos dados exceto, Jujuy, Agua Caliente, 18-19.x.1968.
Diagnose. Triângulo frontal quase chega ao ápice da fronte; fronte muito projetada; gena
desenvolvida; mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior e no anepisterno; surstilo
com pouca microtríquia na base.
Redescrição. Tamanho: 3 mm.
Cabeça. (Figs. 8 C; 10 C; 12 C) Amarelo-claro. Cabeça em perfil tão alta quanto longa;
fronte muito projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa 90° e arredondado;
parafaciália larga. Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal com
borda posterior próxima a margem dos olhos; quase chega ao ápice da fronte; margens
pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco longitudinal estreito e raso.
Fronte muito estreita da base ao ápice; sem cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas.
Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte em ângulo; orb e cerdas na gena não
possíveis de visualizar. Antena com pedicelo reduzido com borda dorsal pouco mais
comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme pouco aloncado enegrecido no
ápice, com fosseta sensorial bem evidente; arista pilosa. Carena facial definida; estreita até
3/4 superiores da face e pouco larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo
sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo-claro. Escudo brilhante; pouco mais comprido
que largo; pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; com borda
posterior arredondada. Halter creme com haste amarronzada. Pós-pronoto com mancha
alaranjada. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h distinta; pilosidade escura. Pleura com
mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior e no anepisterno. Asa. (Fig. 30 C)
Comprimento 3,9 mm. Setores 1-2-3-4: 3-3-2-0,3. Hialina; R4+5 curvada anteriormente;
M1+2 reta; R4+5 e M1+2 bem divergentes. Pernas. Amarelas com todos os tarsos enegrecidos.
Abdômen. (Fig. 18) Amarelo. Terminália masculina com epândrio arredondado em vista
dorsal; surstilo cônico com cerdas finas e pouca microtríquia na base; mesolobo em forma
de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de └┘
com as extremidades mais largas, com as duas projeções apicais longas; gonitos totalmente
fundidos entre si com duas cerdas, sem poros na parte superior, com ápice afilado em
perfil; esclerito falapodêmico bem largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota,
bem alongado; distifalo não visível; apódema do edeago alongado abaixo do hipândrio.
Comentários. Provavelmente o holótipo está depositado no Hungarian Natural History
Museum, mas não foi possível entrar em contato com o responsável pela coleção nem ter
39
acesso a este material. Apesar disso foi possível identificar o material analisado através da
descrição de Duda (1930) para esta espécie.
Esta espécie encontra-se distribuída na Argentina (Mapa 4) e foi adicionada uma
localidade.
Figura 18: E. picta, genitália masculina. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
40
Mapa 4: Distribuição de E. picta.
Ectecephalina tenuiseta (Duda, 1930)
(Figs. 8 P; 10 P; 12 O; 30 O)
Ectecephalina tenuiseta (Duda), 1930: 115 (Ectecephala). Localidade-tipo: Bolívia, Mapiri.
Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Bolívia (Mapiri). Holótipo ♀, SNSD.
Material examinado: Holótipo ♀, Bolívia, Mapiri, Sarampioni, ii.1903, 700 m [SNSD].
Diagnose. Triângulo frontal vermelho-escuro, com borda posterior longe da margem dos
olhos, com margens pouco sinuosas na base, sulco longitudinal estreito e fundo; R4+5 e
M1+2 retas.
41
Redescrição. Tamanho: 6,55 mm.
Cabeça. (Figs. 8 P; 10 P; 12 O) Amarela. Cabeça em perfil tão alta quanto longa; fronte
pouco projetada; gena estreita, ângulo da vibrissa 90° e arredondado; parafaciália estreita.
Olhos ovais; com eixo longitudinal quase vertical. Triângulo frontal com borda posterior
pouco próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens pouco convexas na
base e pouco sinuosas no ápice; vermelho-escuro; sulco longitudinal estreito e fundo.
Fronte pouco estreita da base ao ápice; com cerdas. Occipício rugoso; sem cerdas.
Quetotaxia: 3 fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte em ângulo; sete orb; uma fileira de cerdas na
gena com vi indistinta. Antena com pedicelo regular, com bordas dorsal e ventral de mesmo
tamanho; primeiro flagelômero reniforme pouco alongado enegrecido no ápice, com
fosseta sensorial bem evidente; arista não possível de observar. Carena facial definida;
estreita até 3/4 superiores da face e pouco larga posteriormente; atinge o final da face.
Clípeo amarelo-escuro sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo-escuro. Escudo brilhante;
pouco mais comprido que largo; pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo mais largo
que longo, com marca em V na base, borda posterior arredondada. Halter creme com haste
amarelo-escuro. Pós-pronoto sem mancha. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h distinta;
pilosidade escura. Pleura com mancha pouco distinta avervelhada na notopleura. Asa. (Fig.
30 O) Comprimento 5 mm. Setores 1-2-3-4: 11-19-7-1. Hialina; R4+5 e M1+2 retas, pouco
divergentes. Pernas. Amarelas. Abdômen. Amarelo, com a parte posterior dos tergitos 2,
3, 4 e 5 avermelhada. Terminália masculina não foi possível observar.
Comentários. O triângulo frontal desta espécie se assemelha ao de E. intermedia, no
entanto R4+5 de E. tenuiseta não apresenta nenhuma sinuosidade. A arista do holótipo
encontra-se quebrada.
Ectecephalina transatlantica (Schiner, 1868)
(Figs. 8 R; 10 R; 12 Q; 30 Q)
Ectecephalina transatlantica (Schiner), 1868: 245 (Platycephala). Localidade-tipo: América do
Sul. Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: Brasil (Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo,
Minas Gerais). Sete síntipos ?, NMW e SNSD.
Material examinado: Dois síntipos (fotos), um deles com os dados da “América do Sul”
[NMW]. Dada a conspecificidade entre um dos sintipos e outros exemplares coletados no
42
Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais, é provável é que parte dos síntipos
provenha do Rio de Janeiro (Papavero, 1973) (ver discussão abaixo). Material adicional: 1
♀, Brasil, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; vi.1967 [MZUSP].1 ♀, Brasil, Mato Grosso do
Sul, Maracaju; ii.1937 [MZUSP]. 1 ♀ Brasil, São Paulo, Barueri; 10.xii.1965 [MZUSP]. 1 ♀
Brasil, Minas Gerais, Serra do Caraça; 28.xi.1972 [MZUSP]. 1 ♀ Brasil, Pará, Benevides;
14.v.1981 [MZUSP].1 ♀ Brasil, Rio de Janeiro, Nova Iguaçu; 23-25.i.1971 [MZUSP]. 1 ♀
Brasil, Rio de Janeiro, Nova Iguaçu; 23-25.i.1971 [MZUSP].
Diagnose. Parafaciália bem larga; fronte muito projetada; olhos elípticos, com eixo
longitudinal quase horizontal; manchas enegrecidas nas if.
Redescrição. Tamanho: 5,6 mm.
Cabeça. (Figs. 8 R; 10 R; 12 Q) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil mais longa que alta;
fronte muito projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado;
parafaciália bem larga. Olhos elípticos; com eixo longitudinal quase horizontal. Triângulo
frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte;
margens bem convexas no ápice e retas na base; laterais pouco escurecidas e manchas nas
if; sulco longitudinal bem largo e muito raso. Fronte muito estreita da base ao ápice; sem
cerdas. Occipício rugoso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vti e
vte: em ângulo com vte pouco mais longa; uma fileira de cerdas claras na gena com vi
indistinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral;
primeiro flagelômero reniforme alongado enegrecido no ápice, com fosseta sensorial pouco
evidente; arista muito pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face
e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo marrom-claro sem manchas; brilhante.
Tórax. Amarelo. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo; muito pontuado; com
manchas alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; pouco triangular. Halter: todo
amarronzado. Pós-pronoto com mancha marrom-claro. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1
h distinta; pilosidade escura, densa, bem curta. Pleura sem manchas enegrecidas. Asa. (Fig.
30 Q) Comprimento 5,9 mm. Setores 1-2-3-4: 3-3-1,6-0,3. Pouco esfumaçada; R4+5
curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 quase paralelas. Pernas. Amarelo-escuro
com todos os tarsos enegrecidos. Abdômen. Marrom-claro com os tergitos marrom-
escuro. Terminália masculina: não foi possível observar.
Comentários. Existem cinco síntipos no NMW (Viena, Áustria), sendo que dois outros
mencionados por Schiner (1868) estão no SNSD (Dresden, Alemanha). A redescrição foi
baseada em um dos dois síntipos fotografados. O outro síntipo (coletado em 1804 na
43
Venezuela, por Lindig) parece pertencer a uma espécie diferente, pois a parafaciália é
estreita. Foram adicionadas as quatro localidades do Brasil na distribuição desta espécie
(Mapa 5). Alguns dos síntipos de Viena apresentam na etiqueta de coleta somente América
do Sul. Sabe-se que estes espécimes foram coletados na expedição Novara em 1869
(Papavero, 1973), mas como não apresentam a data de coleta, não foi possível saber qual é
o país de coleta, pois podem pertencer ao Brasil (Rio de Janeiro), Chile ou Peru. É possível
que um dos síntipos de E. transatlântica, da Bolívia, distante das ocorrêcias do Brasil, não
corresponda à mesma espécie, como dito acima. Seria preciso examinar todos os sete
síntipos determinados por Schiner para saber quais são conspecíficos.
Mapa 5: Distribuição de E. transatlantica.
44
Ectecephalina tripunctata (Aldrich, 1923)
(Figs. 8 G; 10 G; 30 F)
Ectecephalina tripunctata (Aldrich), 1923: 22 (Ectecephala). Localidade-tipo: Costa Rica,
Talamanca. Referências: Sabrosky & Paganelli (1984), catálogo (como Ectecephala); Paganelli
(2002) (como Ectecephalina). Distribuição: Costa Rica. Holótipo ♀, USNM.
Material examinado: Holótipo ♀ (foto), Costa Rica, Talamanca; 26.v.1917, coletor C.
Williams [USNM].
Diagnose. Gena desenvolvida; triângulo frontal não chega ao ápice da fronte; ápice de
M1+2 curvado posteriormente.
Redescrição. Tamanho: não foi possível observar.
Cabeça. (Figs. 8 G; 10 G) Amarela. Cabeça em perfil pouco mais longa que alta; fronte
projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado; parafaciália estreita.
Triângulo frontal com borda posterior pouco próxima a margem dos olhos; quase chega ao
ápice da fronte; margens pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco
longitudinal largo e raso. Fronte estreita na base e alarga um pouco no ápice; com cerdas.
Occipício liso; com cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vte presente, vti não
observada; 9 orb; uma fileira de cerdas claras na gena com vi indistinta. Antena com
pedicelo alongado com borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral; primeiro
flagelômero reniforme enegrecido no ápice, com fosseta sensorial evidente; arista pilosa.
Carena facial definida; estreita na parte superior se alargando gradualmente posteriormente;
atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo
brilhante; pouco mais comprido que largo; muito pontuado; com manchas amarronzadas.
Escutelo mais largo que longo; triangular. Halter todo amarronzado. Pós-pronoto com
mancha alaranjada. Quetotaxia: dc e ppa distintas, apa indistinta; 1 h distinta; pilosidade
escura, densa. Pleura com mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior. Asa. (Fig. 30
F) Comprimento não possível de observar. Setores 1-2-3-4: 5-4-2-0,3. Hialina; R4+5 curvada
anteriormente; ápice de M1+2 curvado posteriormente; R4+5 e M1+2 quase paralelas. Pernas.
Amarelas. Abdômen. Amarelo-escuro. Terminália masculina não possível de observar.
Comentários. Foi vista uma foto do exemplar sem escala, portanto não foi possível
estimar o comprimento tanto do exemplar quando de sua asa.
45
Ectecephalina unicolor (Loew, 1863)
Ectecephalina unicolor (Loew), 1863a: 51 (Chlorops). Localidade-tipo: Estados Unidos,
Mississipi. Referências: Sabrosky (1965), catálogo (como Ectecephala); Paganelli (2002)
(como Ectecephalina). Distribuição: EUA. Holótipo ♀, MCZ.
Material examinado: Holótipo ♀ (foto), Estados Unidos, Mississipi, coletor Loew
[MCZ].
Diagnose. Coloração amarelo-escuro; parafaciália não visível em perfil; triângulo frontal
não chega ao ápice da fronte; escudo quadrangular.
Redescrição. Tamanho: 2 mm.
Cabeça. Amarelo-escuro. Cabeça em perfil pouco mais alta que longa; fronte pouco
projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa 90° e marcado; parafaciália não visível.
Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; quase chega ao ápice
da fronte; margens pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco
longitudinal pouco largo e raso. Fronte estreita da base ao ápice; sem cerdas. Occipício liso;
sem cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de if; pvt divergentes; vti e vte em ângulo com vte mais
comprida; não foi possível observar cerdas na gena e orb. Antena com pedicelo curto com
borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme
amarronzado no ápice. Tórax. Amarelo-escuro. Escudo quadrangular sem manchas
definidas; pouco pontuado. Escutelo mais largo que longo; triangular. Halter creme com a
haste amarronzada. Pós-pronoto sem mancha. Quetotaxia: pilosidade curta, clara, esparsa;
demais cerdas não possíveis de observar. Pleura sem manchas enegrecidas. Asa.
Comprimento 1,8 mm. Setores não foram possíveis de observar. Hialina; R4+5 reta e
divergente de M1+2. Pernas. Amarelo-escuro. Abdômen. Marrom-claro. Terminália
masculina não foi possível observar.
Comentários. Nas fotos cedidas pelo MCZ, o holótipo está com as asas bem fechadas,
portanto não foi possível observar vários caracteres de venação alar. Devido à posição do
exemplar, não foi possível fazer os desenhos de cabeça nem utilizar as fotos de antena e
asa.
Ectecephalina sp. 1
(Figs. 8 S; 10 S; 12 R; 19; 30 R)
46
Material examinado: Holótipo ♂, Brasil, São Paulo, Descalvado; 19.x.2006; Moericke,
col. N. Perioto [Biota]. Material adicional: 3 parátipos ♀, mesmos dados do holótipo; 1 ♂,
8 ♀ idem, exceto 11.xii.2006; 13 ♀, idem, exceto 06.x.2006; 7 ♀, idem, exceto 26.ii.2007.
Diagnose. Fronte pouco projetada; triângulo frontal com laterais pouco escurecidas e
manchas enegrecidas nas if; occipício rugoso; mancha enegrecida abaixo do espiráculo
anterior; tórax marrom escuro com manchas pouco visíveis.
Descrição. Tamanho: 3,75 mm.
Cabeça. (Figs. 8 S; 10 S; 12 R) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil pouco mais alta que longa;
fronte pouco projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa 90° e arredondado; parafaciália
estreita. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice
da fronte; margens convexas no ápice e retas na base; laterais pouco escurecidas e manchas
nas if ; sulco longitudinal largo e muito raso. Fronte muito estreita na base e alarga um pouco
no ápice; com poucas cerdas. Occipício rugoso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de
if; pvt paralelas; vti e vte paralelas, com vte pouco mais longa; 8 orb; uma fileira de cerdas escuras
na gena com vi pouco distinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais
comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme alongado enegrecido no ápice, com
fosseta sensorial pouco evidente; arista pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 3/4
superiores da face e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo marrom-claro sem
manchas; brilhante. Tórax. Marrom-escuro. Escudo brilhante; pouco mais comprido que
largo; muito pontuado; com manchas pouco visíveis. Escutelo mais longo que largo; com
porção posterior arredondada. Halter creme com haste amarronzada. Pós-pronoto todo
marrom-escuro. Quetotaxia: dc e apa distintas; ppa indistinta; 1 h distinta; pilosidade escura,
densa, bem curta. Pleura com mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior. Asa. (Fig. 30
R) Comprimento 5,4 mm. Setores 1-2-3-4: 6-8-3-0,4. Pouco esfumaçada; R4+5 e M1+2 retas e
divergentes. Pernas. Amarelas com todos os tarsos pouco enegrecidos. Abdômen. (Fig. 19)
Amarelo com a parte posterior dos tergitos amarronzada. Terminália masculina com
epândrio aproximadamente quadrangular em vista dorsal; surstilo cônico com cerdas finas;
mesolobo pouco delimitado, em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas,
pouco piloso; hipândrio em forma de └┘ com as extremidades mais largas, com as duas
projeções apicais curtas; gonitos totalmente fundidos entre si com duas cerdas, vários poros
na parte superior, com ápice arredondado em perfil; esclerito falapodêmico pouco largo,
fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, pouco alongado; distifalo pouco visível;
apódema do edeago pouco alongado anterior a base do hipândrio e projetado ventralmente.
47
Comentários. Esta espécie foge aos padrões de coloração do tórax das demais espécies de
Ectecephalina, por apresentar o tórax bem escuro com as manchas do noto pouco visíveis.
Esta coloração mais escura está presente em espécies de Ectecephala. As manchas nas if são
semelhantes as de E. transatlantica.
Figura 19: Genitália masculina de E. sp. 1. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 2
(Figs. 8 H; 10 H; 12 G; 20; 30 G)
48
Material examinado: Holótipo ♂, Costa Rica, Guanacaste, Sta. Cecilia, 9-20.i.1994,
coletor P. Ríos [InBio].
Diagnose. Triângulo frontal com manchas enegrecidas nas laterais e no centro; gena
desenvolvida; mesolobo com uma projeção pontiaguda no centro.
Descrição. Tamanho: 4,1 mm.
Cabeça. (Figs. 8 H; 10 H; 12 G) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil pouco mais longa que
alta; fronte projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado;
parafaciália estreita. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos;
chega ao ápice da fronte; margens convexas no ápice e retas na base; com manchas
enegrecidas nas laterais e no centro; sulco longitudinal largo e muito raso. Fronte estreita na
base e alarga um pouco no ápice; com poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas.
Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt divergentes; vti e vte em ângulo, com vte pouco mais longa; 5
orb; uma fileira de cerdas claras na gena com vi indistinta. Antena com pedicelo com bordas
de mesmo comprimento; primeiro flagelômero quase orbicular enegrecido no ápice, com
fosseta sensorial bem evidente; arista pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 3/4
superiores da face e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem
manchas; brilhante. Tórax. Marrom. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo;
pouco pontuado; com manchas pouco visíveis. Escutelo mais largo que longo; triangular.
Halter creme com haste amarronzada. Pós-pronoto com mancha alaranjada. Quetotaxia: dc,
apa e ppa distintas; 1 h pouco distinta; pilosidade clara, esparsa. Pleura sem manchas
enegrecidas. Asa. (Fig. 30 G) Comprimento 3,5 mm. Setores 1-2-3-4: 6-5-4-0,7.
Esfumaçada; R4+5 curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 bem divergentes. Pernas.
Marrom-escuro com todos os tarsos enegrecidos. Abdômen. (Fig. 20) Marrom. Terminália
masculina com epândrio aproximadamente quadrangular em vista dorsal; surstilo cônico
com cerdas finas; mesolobo pouco delimitado em forma de aba mais largo que alto com
uma projeção pontiaguda no centro, com cerdas esparsas, pouco piloso; hipândrio em
forma de └┘ com as extremidades mais largas, projeção apical externa curta e interna
longa; gonitos totalmente fundidos entre si com duas cerdas e alguns poros na parte
superior, ápice bífido em perfil com projeção ventral mais longa que a dorsal; esclerito
falapodêmico bem largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, alongado;
distifalo não visível; apódema do edeago alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. A presença de uma projeção pontiaguda no centro do mesolobo confere a
esta espécie um caráter único.
49
Figura 20: Genitália masculina de E. sp. 2. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 3
(Figs. 8 L; 10 L; 12 K; 21; 30 K)
Material examinado: Holótipo ♂, Brasil, Pará, 26-30.xi.1970, Malaise, coletor T. H. G.
Aitken [USNM]. Material adicional (parátipos): 3 ♀, 1 ♂ mesmos dados do holótipo.
50
Diagnose. Triângulo frontal com margens e pouco sinuosas no ápice; fronte alargada no
ápice; fosseta sensorial pouco evidente; mancha enegrecida na base da notopleura; par de
manchas esbranquiçadas no escudo; gonitos fundidos entre si somente na base.
Descrição. Tamanho: 4,1 mm.
Cabeça. (Figs. 8 L; 10 L; 12 K) Amarelo-claro. Cabeça em perfil pouco mais comprida que
alta; fronte muito projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado;
parafaciália estreita. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos;
chega ao ápice da fronte; margens pouco convexas na base e pouco sinuosas no ápice; um
pouco escurecido nas laterais; sulco longitudinal estreito e raso. Fronte estreita na base e
alargada no ápice. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de if; pvt
paralelas; vte desenvolvida; 5 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena sem vi distinta. Antena
com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral; primeiro
flagelômero reniforme alongado enegrecido no ápice, com fosseta sensorial pouco
evidente; arista muito pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face
e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhate.
Tórax. Amarelo. Escudo com 1 par de manchas ovais e esbranquiçadas anteriormente;
brilhante; pouco mais comprido que largo; pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo
mais largo que longo; com borda posterior arredondada. Halter creme com haste
amarronzada. Pós-pronoto sem manchas. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h pouco
distinta; pilosidade escura, pouco densa. Pleura com uma mancha enegrecida na base da
notopleura. Asa. (Fig. 30 K) Comprimento 4,6 mm. Setores 1-2-3-4: 5-5-3,5-0,5. Hialina;
R4+5 curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 quase paralelas. Pernas. Amarelas com
todos os tarsos enegrecidos. Abdômen. (Fig. 21) Amarelo com as extremidades dos
tergitos amarronzadas. Terminália masculina com epândrio aproximadamente quadrangular
em vista dorsal, com área nua entre a base do surstilo e o mesolobo; surstilo cônico com
cerdas finas, sem microtríquia; mesolobo em forma de aba mais largo que alto, com cerdas
esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de └┘ com as extremidades mais largas,
projeção interna do ápice longa e externa curta; gonitos fundidos entre si somente na base,
com duas cerdas, sem poros na parte superior, ápice arredondado em perfil; esclerito
falapodêmico bem largo e fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, bem alongado;
distifalo não visível; apódema do edeago alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. A presença da fronte bem alargada no ápice é uma autapomorfia desta
espécie, assim como o pequeno grau de fusão entre os gonitos.
51
Figura 21: Genitália masculina de E. sp. 3. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 4
(Figs. 8 M; 10 M; 12 L; 22; 30 L)
Material examinado: Holótipo ♂, Costa Rica, Limon, P.N. Tortuguero; iv.1991, coletor J.
Solano [InBio].
52
Diagnose. Fronte projetada; gena pouco desenvolvida; manchas enegrecidas na base da
notopleura, abaixo do espiráculo anterior e no anepisterno; M1+2 com ápice curvado
posteriormente; surstilo com microtríquia presente na metade basal.
Descrição. Tamanho: 5,5 mm.
Cabeça. (Figs. 8 M; 10 M; 12 L) Amarela. Cabeça em perfil mais longa que alta; fronte
projetada; gena pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado; parafaciália
não visível. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao
ápice da fronte; margens pouco convexas na base e retas no ápice; sem manchas; sulco
longitudinal largo e muito raso. Fronte estreita na base e alarga um pouco no ápice; com
poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2-3 fileiras de if; pvt paralelas;
vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 8 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena com vi
distinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral;
primeiro flagelômero reniforme pouco alongado enegrecido no ápice, com fosseta sensorial
evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até 2/3 superiores da face e larga
posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax.
Amarelo-claro. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo; pontuado; com manchas
alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; triangular. Halter creme com haste amarronzada.
Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h pouco distinta; pilosidade escura, pouco densa. Pós-
pronoto com mancha alaranjada. Pleura com manchas enegrecidas na base da notopleura,
abaixo do espiráculo anterior e no anepisterno. Asa. (Fig. 30 L) Comprimento 4,2 mm.
Setores 1-2-3-4: 4-5-2,5-0,5. Hialina; R4+5 curvada anteriormente; M1+2 com ápice curvado
posteriormente; R4+5 e M1+2 quase paralelas. Pernas. Amarelas com os tarsos anteriores
enegrecidos. Abdômen. (Fig. 22) Amarelo com tergitos pouco escurecidos. Terminália
masculina com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico, piloso com cerdas
finas e microtríquia presente na metade basal; mesolobo em forma de aba mais largo que alto
com cerdas esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de U com as extremidades mais
largas, ápice com projeção externa curta e interna longa; gonitos totalmente fundidos entre si
com três cerdas no ápice, alguns poros na parte superior, ápice bífido em perfil com projeção
ventral pouco mais longa que a dorsal; esclerito falapodêmico bem largo, fundido aos
gonitos; basifalo em forma de gota, bem alongado; distifalo pouco visível; apódema do
edeago alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. As cerdas nos gonitos estão no ápice, assim como em E. sp. 7, mas nesta
espécie os gonitos estão totalmente fundidos e, em E. sp. 7 estão fundidos somente na
base.
53
Figura 22: Genitália masculina de E. sp. 4. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 5
(Figs. 8 E; 10 E; 12 E; 23; 30 D)
Material examinado: Holótipo ♂ Costa Rica, Puntarenas, Pen. Osa; iii.1994, coletor M.
Segura [InBio].
54
Diagnose. Fronte pouco projetada; gena pouco desenvolvida; pedicelo com borda dorsal
duas vezes mais comprida que a ventral; halter amarronzado com haste marrom-escuro;
M1+2 com ápice curvado posteriormente.
Descrição. Tamanho: 5,2 mm.
Cabeça. (Figs. 8 E; 10 E; 12 E) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil mais longa que alta;
fronte pouco projetada; gena pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e
arredondado; parafaciália não visível. Triângulo frontal com borda posterior próxima a
margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens convexas no ápice e retas na base;
sem manchas; sulco longitudinal largo e raso. Fronte bem estreita na base e alarga um
pouco no ápice; com poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2
fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 6 orb; 1 fileira de
cerdas claras na gena com vi pouco distinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas
vezes mais comprida que a ventral; primeiro flagelômero reniforme pouco alongado
enegrecido no ápice, com fosseta sensorial bem evidente; arista pinada. Carena facial
definida; estreita até 1/2 superiores da face e se alargando posteriormente; atinge o final da
face. Clípeo marrom sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo brilhante; pouco
mais comprido que largo; pontuado; com manchas amarronzadas. Escutelo mais largo que
longo; com borda posterior arredondada. Halter amarronzado com haste marrom-escuro.
Pós-pronoto com mancha alaranjada. Quetotaxia: dc e ppa distintas, apa indistinta; 1 h
pouco distinta; pilosidade escura, pouco densa. Pleura sem manchas enegrecidas. Asa. (Fig.
30 D) Comprimento 3,7 mm. Setores 1-2-3-4: 4-4,5-2,5-0,5. Hialina; R4+5 curvada
anteriormente; M1+2 com ápice curvado posteriormente; R4+5 e M1+2 bem divergentes.
Pernas. Amarelo-escuro com todos os tarsos amarronzados. Abdômen. (Fig. 23) Marrom.
Terminália masculina com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico com
cerdas finas; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco
piloso; hipândrio em forma de └┘ com as extremidades bem mais largas, ápice com
projeção interna longa e externa curta; gonitos totalmente fundidos entre si com duas
cerdas, alguns poros na parte superior, ápice em perfil na forma de gancho; esclerito
falapodêmico bem largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, bem alongado;
distifalo não visível; apódema do edeago alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. Os surstilos se cruzam até quase a metade do próprio comprimento. Esta
característica foi observada somente para esta espécie.
55
Figura 23: Genitália masculina de E. sp. 5. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 6
(Figs. 8 O; 10 O; 12 N; 24; 30 N)
Material examinado: Holótipo ♂, Costa Rica, Guanacaste, Rincón de la Vieja; 4-
6.xii.2001, puçá, coletor D. Briceño [InBio].
56
Diagnose. Triângulo frontal com borda posterior longe da margem dos olhos, margens
pouco sinuosas na base, com sulco longitudinal muito estreito e fundo; gena muito pouco
desenvolvida; pós-pronoto com mancha marrom; surstilos com cerdas compridas na base.
Descrição. Tamanho: 5,7 mm.
Cabeça. (Figs. 8 O; 10 O; 12 N) Amarelo-escuro. Cabeça em perfil tão longa quanto alta;
fronte pouco projetada; gena muito pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa 90° e
arredondado; parafaciália não visível. Triângulo frontal com borda posterior pouco
próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens pouco convexas na base e
pouco sinuosas no ápice; um pouco escurecido; sulco longitudinal muito estreito e fundo.
Fronte pouco estreita da base ao ápice; com cerdas. Occipício rugoso; com poucas cerdas.
Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas; vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 5 orb; 1
fileira de cerdas claras na gena com vi pouco distinta. Antena com pedicelo reduzido com
bordas de mesmo comprimento; primeiro flagelômero quase orbicular enegrecido no ápice,
com fosseta sensorial bem evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até
3/4 superiores da face; não atinge o final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante.
Tórax. Marrom. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo; pouco pontuado; com
manchas pouco visíveis. Escutelo: mais largo que longo; pouco triangular. Halter todo
amarronzado. Pós-pronoto com mancha marrom. Quetotaxia: dc, apa e ppa indistintas; 1 h
distinta; pilosidade escura, esparsa. Pleura sem manchas enegrecidas. Asa. (Fig. 30 N)
Comprimento 4,3 mm. Setores 1-2-3-4: 4,5-6-3-0,5. Hialina; R4+5 curvada anteriormente;
M1+2 reta; R4+5 e M1+2 divergentes. Pernas. Amarelas com todos os tarsos enegrecidos.
Abdômen. (Fig. 24) Marrom-claro. Terminália masculina com epândrio arredondado em
vista dorsal; surstilo cônico com três cerdas compridas na base e cerdas curtas no restante;
mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco piloso;
hipândrio em forma de └┘ com as extremidades mais largas, ápice com projeções curtas;
gonitos totalmente fundidos entre si com duas cerdas, vários poros na parte superior, ápice
arredondado em perfil; esclerito falapodêmico pouco largo, fundido aos gonitos, com duas
projeções afuniladas na base; basifalo em forma de gota, pouco alongado; distifalo não
visível; apódema do edeago pouco alongado anteriormente a base do hipândrio.
Comentários. Esta espécie apresenta a genitália masculina e o formato do triângulo frontal
semelhantes à E. intermedia, no entanto a projeção da fronte e a gena são bem distintas entre
elas.
57
Figura 24: Genitália masculina de E. sp. 6. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 7
(Figs. 8 K; 10 K; 12 J; 25; 30 J)
Material examinado: Holótipo♂ Brasil, Santa Catarina, Nova Teutônia, xii.1970, coletor F.
Plaumann [MZUSP]. Material adicional (parátipos): 2♀, 1♂ mesmos dados do holótipo exceto,
xi.1971; 1♂, 2♀ mesmos dados exceto, vii.1970; 1♀ mesmos dados exceto, xi.1968; 1♀
mesmos dados exceto, iii.1967; 1♂ mesmos dados exceto, vi.1970; 1♀ mesmos dados exceto,
58
vii.1971; 4♀, 1♂ mesmos dados exceto, xi.1970; 1♂, 1♀ mesmos dados exceto, x.1970; 1♂
mesmos dados exceto, x.1971; 1? mesmos dados exceto, v.1971; 2♀ mesmos dados exceto,
ix.1971; 3♀ mesmos dados exceto, iii.1971; 1? mesmos dados exceto, vii.1972; 1? mesmos
dados exceto, viii.1971; 1? mesmos dados exceto, xi.1970; 1♂ mesmos dados exceto, xii.1970;
1? mesmos dados exceto, ix.1967; 1♂ mesmos dados exceto, 22.ii.1937; 1♂ mesmos dados mas
falta a data; 1♂ mesmos dados exceto, 17.xi.1937; 1♀ mesmos dados exceto, 27.vii.1937
[NHM]; 1♀ mesmos dados exceto, 10.vii.1937; 1♂ mesmos dados exceto, 1.vi.1938; 1♂
mesmos dados exceto, 25.ix.1938; 1♀ mesmos dados exceto, 18.xi.1938; 1♂ mesmos dados
exceto, 20.xi.1937; 1♀ mesmos dados exceto, 4.xi.1938; 1♀ mesmos dados exceto, xi.1948
[USNM]. Material adicional: 1♀ Peru, Leoncio Prado, Tingo Maria, 21.x.1954 [MZUSP]; 1♂
Brasil, Pará, Belém, 23.i.1978, Malaise, T.H.G. Aitken col. [MZUSP]; 1♂ mesmos dados que
anterior exceto 04.ii.1981; 3♂ mesmos dados exceto 12.i.1971, coletor T. Pimentel; 1♂
mesmos dados exceto 07-11.x.1982 armadilha suspensa 30 [MPEG]; 5♂ e 1♀ Brasil, Sergipe,
Santa Luzia do Itanhy, coletores M.T. Tavares & eq., 02-05.viii.2001 ; 3♂ e 4♀ mesmos dados
que o anterior exceto, 31.vii.2001; 4♂ e 1♀ mesmos dados que o anterior exceto, 30.vii-
02.viii.2001; 2♂ e 5♀ mesmos dados que o anterior exceto, 01.viii.2001; 2♀ Brasil, Minas
Gerais, Pedra Azul, xi.1972, malaise, coletores Seabra & Oliveira ; 1♀ Brasil, Minas Gerais,
Presidente Olegário, 02-05.iv.2007, armadilha luminosa; coletores Amorim, Ribeiro, Capellari &
Berbert ; 1♀ Brasil, Minas Gerais, Cabo Verde, 07-10.ix.2006, col. Amorim, Ribeiro, Falaschi &
Oliveira ; 1♂ Brasil, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, viii.1934, coletor H.S. Lopes [MZUSP]; 1♀
e 1♂ Brasil, São Paulo, Salesópolis, 01-04.xii.2008, sweeping, coletores Amorim, Falaschi &
Miranda ; 1? Brasil, São Paulo, Barueri; 7.iv.1957, coletor K. Lenko [MZUSP]; 1♀ mesmos
dados exceto 2.i.1966; 1? Brasil, São Paulo, Itapetininga, xii.1966, coletor E.X. Rabello
[MZUSP]; 1♀ Brasil, São Paulo, Poa, 25.iv.1965, coletor H.S. Lopes [MZUSP]; 1♀ Brasil, São
Paulo, São Paulo, x.1945 [MZUSP]; 2♀ Brasil, São Paulo; 4.i.1977, coletor Alin [MZUSP]; 1♀
Brasil, São Paulo, Itaporanga, i.1946, coletor M.P. Barretto [MZUSP]; 1♀ Brasil, São Paulo,
Itapetininga, xii.1965, coletor E.X. Rabello [MZUSP]; 1♀ Brasil, Paraná, Castro, 13-19.iv.1984,
malaise mata, coletores Malkowski, Motta & Lara [MZUSP].
Diagnose. Fronte projetada; gena desenvolvida; parafaciália estreita; mancha enegrecida ao
longo da notopleura.
Descrição. Tamanho: 4,8 mm.
Cabeça. (Figs. 8 K; 10 K; 12 J) Amarela. Cabeça em perfil mais longa que alta; fronte
projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado; parafaciália estreita.
Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da
59
fronte; margens convexas no ápice e retas na base; laterais pouco escurecidas; sulco
longitudinal largo e raso. Fronte bem estreita na base e alarga um pouco no ápice; com
poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2-3 fileiras de if; pvt paralelas;
vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 5 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena com vi
pouco distinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a
ventral; primeiro flagelômero reniforme alongado amarronzado no ápice, com fosseta
sensorial pouco evidente; arista muito pilosa. Carena facial bem definida; estreita até 2/3
superiores da face e larga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo sem
manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo;
pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo mais largo que longo; pouco triangular. Halter
creme com haste amarronzada. Pós-pronoto com mancha alaranjada. Quetotaxia: dc distinta,
apa e ppa indistintas; 1 h distinta; pilosidade escura, pouco densa, bem curta. Pleura com
mancha marrom ou enegrecida ao longo da notopleura. Asa. (Fig. 30 J) Comprimento 4 mm.
Setores 1-2-3-4: 5-5-3-0,5. Hialina; R4+5 curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2
divergentes. Pernas. Amarelas com todos os tarsos enegrecidos. Abdômen. (Fig. 25)
Marrom. Terminália masculina com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico
com cerdas finas; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco
piloso; hipândrio em forma de └┘ com as extremidades bem mais largas; gonitos fundidos
entre si somente na base, com duas cerdas, alguns poros na parte superior; esclerito
falapodêmico bem largo, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, bem alongado;
distifalo não visível; apódema do edeago alongado abaixo do hipândrio.
Comentários. A mancha ao longo da notopleura é variável em cor e em extensão. Apesar
desta variação, a genitália masculina do material analisado se mostrou uniforme. A espécie
nova E. sp. 7 apresenta ampla distribuição (Mapa 6) sendo que alguns espécimens foram
encontrados em regiões que apresentam condições climático vegetacionais distintas (Perú e
Pará). Entre essas regiões existem condições geográficas distintas que podem funcionar
como barreiras naturais a distribuição dessa espécie. Porém, os dados morfológicos não
foram suficientes para a separação no nível de espécie. Esse pode ser um caso onde
encontramos espécies crípticas com alta semelhança morfológica e nesses casos, análises
com marcadores moleculares podem ser úteis na correta identificação dessas espécies
(Manfrin & Sene, 2006).
60
Figura 25: Genitália masculina de E. sp. 7. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
61
Mapa 6: Distribuição de E. sp. 7.
Ectecephalina sp. 8
(Figs. 8 B; 10 B; 12 B; 26; 30 B)
Material examinado: Holótipo ♂ Brasil, Santa Catarina, Nova Teutônia; 19.ix.1938,
coletor F. Plaumann [MZUSP (NHM)]. Material adicional (parátipos): 1 ♂ mesmos dados
que o holótipo; 1 ♀ mesmos dados exceto, 19.i.1938; 1 ♀ mesmos dados exceto,
10.ix.1937; 1 ♂ mesmos dados exceto, 19.iii.1937; 1 ♀ mesmos dados exceto, iv.1971
[MZUSP]; 1? mesmos dados exceto, vi.1972; 1? mesmos dados exceto, vii.1970.
Diagnose. Gena muito pouco desenvolvida; triângulo frontal com borda posterior longe
da margem dos olhos; mancha enegrecida no anepisterno; par de cerdas na base do
hipândrio.
62
Descrição. Tamanho: 5,8 mm.
Cabeça. (Figs. 8 B; 10 B; 12 B) Amarela. Cabeça em perfil pouco mais alta que longa;
fronte pouco projetada; gena muito pouco desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e
arredondado; parafaciália estreita. Triângulo frontal com borda posterior pouco próxima a
margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens pouco convexas no ápice e retas na
base; sem manchas; sulco longitudinal largo e raso. Fronte estreita na base e alarga um
pouco no ápice; com cerdas. Occipício liso; com cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de if; pvt
paralelas; vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 7 orb; uma fileira de cerdas claras na
gena com vi distinta. Antena com pedicelo reduzido com bordas de mesmo comprimento;
primeiro flagelômero orbicular amarronzado no ápice, com fosseta sensorial evidente;
arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face; não atinge o
final da face. Clípeo amarelo sem manchas; brilhante. Tórax. Amarelo. Escudo brilhante;
pouco mais comprido que largo; muito pontuado; com manchas alaranjadas. Escutelo
pouco mais largo que longo; com borda posterior arredondada. Halter creme com haste
amarronzada. Pós-pronoto com mancha enegrecida. Quetotaxia: dc e apa distintas, ppa
indistinta; 1 h pouco distinta; pilosidade escura, densa. Pleura com mancha enegrecida no
anepisterno. Asa. (Fig. 30 B) Comprimento 5 mm. Setores 1-2-3-4: 4,5-5-3-0,5. Hialina;
R4+5 e M1+2 retas e divergentes. Pernas. Amarelas. Abdômen. (Fig. 26) Marrom.
Terminália masculina com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico, com
microtríquia na metade basal, com cerdas finas; mesolobo em forma de aba mais largo que
alto com cerdas esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de U com as extremidades
pouco mais largas, um par de cerdas na base; gonitos totalmente fundidos entre si com três
cerdas, vários poros na parte superior; esclerito falapodêmico pouco largo e fundido aos
gonitos; basifalo em forma de gota, pouco alongado; distifalo não visível; apódema do
edeago alongado abaixo do hipândrio.
Comentários. O par de cerdas na base do hipândrio é uma autapomorfia desta espécie.
Assim como E. boliviensis, esta espécie não apresenta projeções no ápice do hipândrio.
63
Figura 26: Genitália masculina de E. sp. 8. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
Ectecephalina sp. 9
(Figs. 8 F; 10 F; 12 F; 27; 30 E)
Material examinado: Holótipo ♂ Brasil, Paraná, Curitiba, 18-24.xi.1979 [MZUSP].
Material adicional: 3 (parátipos) ♂ mesmos dados do holótipo, coletor A. F. Yamamoto. 1
(parátipo) ♂ mesmos dados exceto, 17.ii-09.iii.1979; 1 (parátipo) ♂ mesmos dados exceto,
64
29.viii-01.ix.1978; 3 (parátipos) ♂ mesmos dados exceto, 28.x-03.xi.1978; 1 (parátipo) ♂
mesmos dados exceto, 02-15.xii.1978, coletor desconhecido; 1 (parátipo) ♂ mesmos dados
exceto, 18-24.x.1979; 1 ♂ Equador, Puerto Bolivar, xii.1955, [USNM]; 1 ♂ Panamá, Isla
Barro Colorado, 24.vii.1963 [CAS]; 1 ♀, 1 ♂ Brasil, Mato Grosso, Cuiabá, 17.xi.1990, puçá,
coletor C. H. Paganelli [MZUSP]; 2 ♀ mesmos dados exceto, 12.v.1990, coletor grupo B.
P. F.
Diagnose. Fronte projetada; gena desenvolvida; parafaciália estreita; triângulo frontal com
sulco longitudinal estreito; mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior; surstilo com
microtríquiapresente na metade basal.
Descrição. Tamanho: 4,7 mm.
Cabeça. (Figs. 8 F; 10 F; 12 F) Amarelo-claro. Cabeça em perfil tão longa quanto alta;
fronte projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado; parafaciália
estreita. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao
ápice da fronte; margens convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco
longitudinal estreito e fundo. Fronte bem estreita na base e alarga um pouco no ápice; com
poucas cerdas. Occipício liso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt paralelas;
vti e vte em ângulo, com vte mais comprida; 5 orb; 1 fileira de cerdas claras na gena com vi
distinta. Antena com pedicelo com bordas de mesmo comprimento; primeiro flagelômero
reniforme amarronzado no ápice, com fosseta sensorial bem evidente; arista pinada. Carena
facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face e larga posteriormente; atinge o final
da face. Clípeo com duas manchas marrom-claro; brilhante. Tórax. Amarelo-claro. Escudo
brilhante; pouco mais comprido que largo; pouco pontuado; com manchas alaranjadas.
Escutelo mais largo que longo; triangular. Halter creme com haste amarronzada. Pós-
pronoto sem mancha. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h pouco distinta; pilosidade
escura, densa. Pleura com mancha enegrecida abaixo do espiráculo anterior. Asa. (Fig. 30
E) Comprimento 4,5 mm. Setores 1-2-3-4: 3,5-3,5-2-0,5. Hialina; R4+5 curvada
anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 divergentes. Pernas. Amarelo-claro com todos os
tarsos pouco enegrecidos. Abdômen. (Fig. 27) Amarelo. Terminália masculina com
epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico com cerdas finas e microtríquia
presente na metade basal; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas
esparsas, pouco piloso; hipândrio em forma de └┘ com as extremidades mais largas;
gonitos totalmente fundidos entre si com duas cerdas, poucos poros na parte superior;
esclerito falapodêmico estreito, fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, alongado;
distifalo pouco visível; apódema do edeago alongado abaixo do hipândrio.
65
Comentários. A base do esclerito falapodêmico desta espécie, é bem distante do
hipândrio. Nas outras espécies esta base é próxima ou até sobreposta com o hipândrio. A
distribuição desta espécie apresenta pontos com condições climáticas muito distintas (mapa
7). O mesmo ocorre com E. sp. 7, assim, seria interessante analisar os dados moleculares
dos indivíduos para verificar se estes fazem parte da mesma espécie.
Figura 27: Genitália masculina de E. sp. 9. A, hipândrio + complexo fálico em vista lateral
esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
66
Mapa 7: Distribuição de E. sp. 9.
Ectecephalina sp. 10
(Figs. 8 Q; 10 Q; 12 P; 30 P)
Material examinado: Holótipo ♀ Brasil, São Paulo, Ribeirão Preto; xii.1953, coletor M. P.
Barreto [MZUSP]. Material adicional (parátipos): 4 ♀ mesmos dados do holótipo exceto,
Cajuru; ii.1947; 1 ♀ mesmos dados exceto, xi.1954; 1 ♀ mesmos dados exceto, Coqueiros,
1960, coletor E. Rabello.
Diagnose. Fronte bem projetada; gena desenvolvida; parafaciália estreita; pedicelo com
borda dorsal duas vezes mais comprida que a ventral; fosseta sensorial pouco evidente.
Descrição. Tamanho: 7,5 mm.
Cabeça. (Figs. 8 Q; 10 Q; 12 P) Amarela. Cabeça em perfil bem mais longa que alta; fronte
bem projetada; gena desenvolvida; ângulo da vibrissa obtuso e bem arredondado;
67
parafaciália estreita. Triângulo frontal com borda posterior próxima a margem dos olhos;
chega ao ápice da fronte; margens bem convexas no ápice e retas na base; sem manchas;
sulco longitudinal bem largo e muito raso. Fronte muito estreita da base ao ápice; sem
cerdas. Occipício rugoso; com poucas cerdas. Quetotaxia: 3 fileiras de if; pvt divergentes; vti
e vte em ângulo, com vte mais comprida; 4 orb; uma fileira de cerdas claras na gena com vi
pouco distinta. Antena com pedicelo com borda dorsal duas vezes mais comprida que a
ventral; primeiro flagelômero reniforme alongado amarronzado no ápice, com fosseta
sensorial pouco evidente; arista pilosa. Carena facial definida; estreita até 1/2 superior da
face e se alarga posteriormente; atinge o final da face. Clípeo amarelo escuro sem manchas;
brilhante. Tórax. Amarelo-escuro. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo;
muito pontuado; com manchas amarronzadas. Escutelo mais largo que longo; com borda
posterior arredondada. Halter todo amarronzado. Pós-pronoto com mancha amarronzada
pouco distinta. Quetotaxia: dc, apa e ppa distintas; 1 h distinta; pilosidade escura, densa, bem
curta. Pleura sem manchas enegrecidas. Asa. (Fig. 30 P) Comprimento 4,9 mm. Setores 1-
2-3-4: 4-4,5-2,5-0,5. Hialina; R4+5 curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 bem
divergentes. Pernas. Amarelo-escuro. Abdômen. Amarelo-escuro com a borda posterior
dos tergitos amarronzada. Terminália masculina não foi possível visualisar.
Comentários. O triângulo frontal e a grande extensão da fronte são muito semelhantes a
E. transatlantica, no entanto a parafaciália e a gena são bem menos desenvolvidas nesta
espécie.
68
Mapa 8: Distribuição de E. sp. 10.
Ectecephalina sp. 11
(Figs. 8 J; 10 J; 12 I; 28; 30 I)
Material examinado: Holótipo ♂ Trinidade e Tobago, Plarco, 29.x.1937, coletor J. Smart.
[NHM]. Material adicional (parátipos): 2 ♂ mesmos dados do holótipo.
Diagnose. Gena estreita; parafaciália não visível; primeiro flagelômero orbicular; apódema
do edeago bem curto basal ao hipândrio.
Descrição. Tamanho: 3,8 mm.
Cabeça. (Figs. 8 J; 10 J; 12 I) Amarela. Cabeça em perfil tão alta quanto longa; gena
estreita; ângulo da vibrissa obtuso e arredondado; parafaciália não visível. Triângulo frontal
com borda posterior próxima a margem dos olhos; chega ao ápice da fronte; margens bem
pouco convexas no ápice e retas na base; sem manchas; sulco longitudinal estreito e muito
raso. Fronte bem estreita na base e alarga no ápice; com poucas cerdas. Occipício liso; com
69
poucas cerdas. Quetotaxia: 2 fileiras de if; pvt divergentes; vti e vte em ângulo; 5 orb; gena
sem cerdas com vi pouco distinta. Antena com pedicelo reduzido com bordas de mesmo
comprimento; primeiro flagelômero orbicular marrom no ápice, com fosseta sensorial bem
evidente; arista pinada. Carena facial bem definida; estreita até 3/4 superiores da face; não
atinge o final da face. Clípeo amarelo com um par de manchas amarronzadas; brilhante.
Tórax. Amarelo. Escudo brilhante; pouco mais comprido que largo; pouco pontuado; com
manchas alaranjadas. Escutelo: mais largo que longo; com a borda posterior arredondada.
Halter todo amarronzado. Pós-pronoto com mancha marrom. Quetotaxia: dc e apa
distintas, ppa indistintas; h indistinta; pilosidade escura, esparsa. Pleura sem manchas
enegrecidas. Asa. (Fig. 30 I) Comprimento: 3,2 mm. Setores 1-2-3-4: 45-46-33-1. Hialina;
R4+5 curvada anteriormente; M1+2 reta; R4+5 e M1+2 divergentes. Pernas. Amarelas com
todos os tarsos pouco enegrecidos. Abdômen. (Fig. 28) Amarelo. Terminália masculina
com epândrio arredondado em vista dorsal; surstilo cônico com cerdas finas, sem
microtríquia; mesolobo em forma de aba mais largo que alto com cerdas esparsas, pouco
piloso; hipândrio em forma de V com as extremidades de mesma largura; gonitos
totalmente fundidos entre si com uma cerda, poucos poros na parte superior; esclerito
falapodêmico estreito e fundido aos gonitos; basifalo em forma de gota, alongado; distifalo
pouco visível; apódema do edeago bem curto anteriormente a base do hipândrio, projetado
dorsalmente.
Comentários. Esta espécie assemelha-se a E. argentina muito devido ao comprimento
diminuto e pleura sem manchas, mas é distinta por apresentar a projeção interna do
hipândrio e extensão do apódema do edeago encurtados.
70
Figura 28: Genitália masculina de E. sp. 11. A, hipândrio + complexo fálico em vista
lateral esquerda; B, epândrio ventral; C, hipândrio + complexo fálico ventral.
71
Figura 29: Genitália masculina dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. A-B,
Homaluroides quinqueounctatus (reproduzido de Paganelli, 2002); C-E, Bothynocerus murinus.
72
Figura 29: (Continuação) Genitália masculina dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. F-
G, Ectecephala sulcifrons; H-I, Ectecephala tincta.
73
Figura 29: (Continuação) Genitália masculina dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. J-
L, Ectecephala albistylum; M-O, Ectecephala borgemeieri.
74
Figura 30: Asa de Ectecephalina. A, E. boliviensis; B, E. sp. 8; C, E. picta; D, E. sp. 5; E, E. sp.
9; F, E. tripunctata; G, E. sp. 2; H, E. argentina; I, E. sp. 11; J, E. sp. 7.
75
Figura 30: (Continuação) Asa de Ectecephalina. K, E. sp. 3; L, E. sp. 4; M, E. capillata; N, E.
sp. 6; O, E. tenuiseta; P, E. sp. 10; Q, E. transatlantica; R, E. sp. 1; S, E. intermedia.
76
Figura 31: Asa dos grupos-externos do grupo-Ectecephala. A, Homaluroides quinquepunctatus
(reproduzido de Paganelli, 2002); B, Bothynocerus murinus; C, Ectecephala sulcifrons; D,
Ectecephala tincta; E, Ectecephala albistylum; F, Ectecephala borgemeieri.
6.2. Análise Cladística
Lista de caracteres
Cabeça
1. Parte posterior do triângulo frontal: (0) com laterais retas ou com uma leve
convexidade (Fig. 8I); (1) com uma concavidade (Fig. 8O). IC e IR: 0,25.
O estado 1 é apomórfico e tem quatro surgimentos: em (E. sp. 6+E. tenuiseta), E.
nitidifrons, E. intermedia e Ectecephala sulcifrons.
77
2. Extremidade anterior do triângulo frontal: (0) estreita, formato triangular; (1) larga,
formato trapezoidal. IC e IR: 1.
O estado 1 (Figs. 9D; 9E; 9F) é sinapomórfico para (Ectecephala tincta + E. albystilum
+ E. borgmeieri), havendo um único surgimento desse caráter.
3. Distância da parte posterior da lateral do triângulo frontal em relação à margem
dos olhos: (0) maior que a largura do triângulo ocelar (Fig. 8P); (1) menor ou igual que a
largura do triângulo ocelar (Fig. 8K). IC: 0,55/ IR: 0,72.
A condição 0 deste caráter foi apresentada por Paganelli (2002) como
compartilhado pelas espécies de Ectecephala e o estado 1, por Ectecephalina. De fato, a
maioria das espécies de Ectecephalina apresenta a condição 1, mas nem todas, e há alguma
variação dentro de cada estado. Bothynocerus, por sua vez, também tem a condição 0, bem
como Ectecephalina boliviensis, E. sp. 8, E. sp. 6, E. sp. 2 e E. tenuiseta, além das espécies
externas Homaluroides quinquepunctatus e Psilochlorops paganelliae.
4. Sulco longitudinal no triângulo frontal: (0) ausente; (1) presente. IC: 0,5/ IR: 0.
A condição apomórfica deste caráter é encontrada em todos os membros
analisados do grupo-Ectecephala (Figs. 8-9) exceto E. tincta, estando ausente, entre os grupos
analisados, apenas em Psilochlorops paganelliae. A ausência de resolução da grande politomia
da filogenia de Chloropinae impede que se possa determinar com precisão qual das duas
condições é a plesiomórfica nesse nível da evolução de Chloropidae.
5. Largura do sulco longitudinal no triângulo frontal: (0) ampla; (1) estreita. IC: 0,25/
IR: 0,57.
Esse caráter, evidentemente, só pode ser verificado nos espécimes que têm sulco
longitudinal (caráter 3). Há sulcos de diferentes larguras, mas a condição chamada aqui de
“estreita” se restringe a uma linha (Figs. 8O). O estado 1 é apomórfico e encontrado no
clado 6 (Fig. 33), E. boliviensis, E. sp. 3 e E. sp. 6.
6. Área do sulco longitudinal no triângulo frontal: (0) com a mesma coloração que o
restante do triângulo frontal; (1) com mancha enegrecida. IC: 0,2/ IR: 0,2.
Como o anterior, este caráter só é verificável nas espécies que têm sulco
longitudinal. A presença da macha define o clado (E. sulcifrons + B. murinus), mas também
78
aparece independentemente em E. sp. 1, E. sp. 2, E. boliviensis (Figs. 8A; 8S; 8H) e H.
quinquepunctatus.
7. Laterais do triângulo frontal posteriormente: (0) com a mesma coloração que o
restante do triângulo frontal; (1) com coloração enegrecida. IC e IR: 0,2.
Esse caráter é pouco informativo, sendo que a condição apomórfica (estado 1)
aparece cinco vezes independentemente: E. boliviensis, E. sp. 2, E. sp. 1, B. murinus + E.
sulcifrons e E. borgemeieri.
8. Cerdas interfrontais dentro do triângulo frontal: (0) ausentes; (1) presentes.
A condição 1 desse caráter é encontrada em todas as espécies do grupo-Ectecephala.
Na matriz, apenas Psilochlorops paganelliae tem a condição 0. O estudo dessa característica no
restante dos Chloropinae mostra que alguns gêneros têm espécies com a condição 1, mas,
mesmo nesses casos, a condição plesiomórfica é predominante. Além disso, a maior parte
dos gêneros, inclusive Meromyza, em um nível mais externo na filogenia da subfamília
(Paganelli 2002), têm apenas cerdas interfrontais fora do triângulo frontal. Isso permite
tomar a presença de cerdas interfrontais dentro do triângulo como provavelmente uma
sinapomorfia do grupo-Ectecephala.
9. Base das cerdas interfrontais: (0) com mesma cor que o restante do triângulo frontal;
(1) com mancha enegrecida. IC: 0,5/ IR: 0.
O estado 1 é apomórfico (Figs. 8R; 8S), encontrado em Ectecephalina transatlantica e
E. sp. 1. No consenso, essas duas espécies fazem parte, com E. sp. 10, de uma tricotomia,
mas é possível que essa condição tenha um único surgimento e, portanto, essas duas
espécies formem um pequeno clado.
10. Número de fileiras de cerdas interfrontais: (0) 1; (1) 2-3; (2) mais de 3. IC: 0,66/ IR:
0.
Este caráter foi utilizado na análise de Paganelli (2002), mas com uma codificação
um pouco diferente dos caracteres. A condição 0 desse caráter é conhecida para Psilochlorops
e, dentro do grupo-Ectecephala, apenas para Bothynocerus. Essa mesma condição é conhecida
para a maior parte dos demais gêneros de Chloropinae. Isso indica que a presença de 2 ou
3 fileiras é outra sinapomorfia para o grupo-Ectecephala, com uma reversão em Bothynocerus.
79
A condição 2 é conhecida em mais de um caso no gênero Homaluroides, representada na
matriz por uma única espécie.
11. Occipício: (0) liso; (1) rugoso. IC e IR: 1.
A condição rugosa do occipício é evidentemente apomórfica e é compartilhada pelo
clado 3 (Fig. 33).
12. Parte anterior do triângulo frontal: (0) com laterais retas; (1) com laterais mais ou
menos convexas. IC e IR: 0,33.
O estado 1 é apomórfico, com dois surgimentos: no clado 1 (Fig. 33) (com uma
reversão em B. murinus) e em E. sp. 8.
13. Pedicelo: (0) margens superior e inferior aproximadamente de mesmo tamanho; (1)
margem superior cerca de 1,5 mais longa (ou mais) que a inferior. IC: 0,16/ IR: 0,54.
O estado 0 é plesiomórfico e é a condição presente na base do grupo-Ectecephala. O
estado 1 é apomórfico em sete espécies do clado 2 além de todo o clado 5 (Fig. 33).
14. Primeiro flagelômero: (0) comprimento mais ou menos igual à altura; (1)
comprimento pelo menos 1.2 vezes a altura. IC: 0,33/ IR: 0,6.
O estado 0 é referente ao primeiro flagelômero orbicular (Fig. 12H), plesiomórfico
dentro da subfamília. O estado 1 (Fig. 12J) é sinapomórfico para o clado 1 (Fig. 33), com
reversões em (E. argentina + E. sp. 11) e E. tenuiseta.
15. Fosseta sensorial do primeiro flagelômero: (0) ausente; (1) bem evidente; (2) pouco
distinta. IC: 0,4/ IR: 0,66.
O estado 0 é plesiomórfico. Tanto o estado 1 (Fig. 12C) quanto o 2 (Fig. 12Q)
indicam a presença desta estrutura> Pela distribuição dessas características na topologia, a
interpretação mais parcimoniosa é que o estado 2 é uma derivação do estado 1. O estado 2
está presente no clado 5 (Fig. 33) com perdas secundárias em B. murinus, (E. sp. 7 + E. sp.
3) e E. nitidifrons.
16. Arista: (0) com pilosidade esparsa; (1) com pilosidade densa. IC: 0,33/ IR: 0,6.
O estado 1 (Fig. 12J) teve surgimentos em três clados distintos: (E. sp. 7 + E. sp.
3), E. transatlantica e em (E. tincta + (E. borgemeieri + E. albistylum)).
80
17. Carena facial: (0) ausente; (1) presente. IC: 0,33/ IR: 0.
Este caráter foi referido por Paganelli (2002), mas não utilizado formalmente em
sua análise. A carena facial está presente em vários gêneros de Chloropinae, embora esteja
ausente em alguns grupos. Sua presença pode ser plesiomórfica no grupo-Ectecephala, sendo
os casos de Ectecephala tincta e E. albistylum aparentemente resultado de perda secundária da
carena. Essas duas espécies estão em uma tricotomia com E. borgmeieri, de maneira que a
perda da carena pode ou não ser um evento único no clado.
18. Fronte, em sua projeção além da linha que liga os olhos anteriormente: (0) menor
que a metade do maior comprimento dos olhos dorsal (Fig. 8I); (1) projeção igual ou pouco
maior que a metade do comprimento dos olhos (Fig. 8C); (2) igual ou maior que a metade
do comprimento dos olhos (Fig. 8R). IC: 0,2/ IR: 0.
Este caráter foi referido por Andersson (1977) e Paganelli (2002), mas não utilizado
formalmente. O estado 1 apresenta cinco surgimentos independentes como autapomorfias.
19. Fronte totalmente dividida pelo triângulo frontal: (0) sim; (1) não. IC: 0,2/ IR: 0,2.
O estado 1 é apomórfico para (E. boliviensis + E. sp. 8) e tem outros quatro
surgimentos independentes como autapomorfias, sendo pouco informativo na análise.
20. Formato dos olhos: (0) arredondado; (1) elíptico. IC e IR: 0,25.
O estado 1 (Fig. 11B) é apomórfico para (E. sulcifrons + B. murinus), com outros três
surgimentos independentes.
21. Gena: (0) estreita, com altura inferior à 1/4 do diâmetro do olho (Fig. 10A); (1) larga
com altura igual ou superior à 1/4 do diâmetro do olho (Fig. 10R). IC: 0,11/ IR: 0,27.
Esse caráter foi originalmente apontado por Andersson (1977). A medida foi
tomada à altura do ponto mais ventral do olho composto. Contudo, em diferentes espécies,
esse ponto pode ser um pouco mais anterior ou um pouco mais posterior, resultando em
um possível problema de não homologia. O estado 0 é plesiomórfico e está presente na
base do grupo-Ectecephala. Essa condição está presente também como reversão em várias
espécies do clado 2 (Fig. 33).
Tórax
81
22. Formato do escudo: (0) mais longo que largo; (1) pouco mais longo que largo; (2)
quadrado. IC: 0,4/ IR: 0,5.
Este caráter foi utilizado na análise de Paganelli (2002), mas com os estados 0 e 1
codificados em um mesmo estado. O estado 0 é encontrado em P. paganelliae e, como
reversão, no clado 7 (Fig. 33) exceto B. murinus. O estado 1 é uma sinapomorfia do grupo-
Ectecephala, com modificações para o estado 2 em H. quinquepunctatus e Ectecephalina unicolor.
23. Pontuação do escudo: (0) regular; (1) esparsa; (2) densa. IC: 0,18/ IR: 0,4.
Esse caráter foi utilizado na análise de Paganelli (2002), mas com codificação
somente de presença/ausência, havendo muita variação. O estado 0 é plesiomórfico, sendo
que o estado 1 é uma sinapomorfia do clado 2 (Fig. 33); o estado 2 apresentado quatro
surgimentos independentes: (E. boliviensis + E. sp. 8), (E. sp. 10 + E. transatlantica + E. sp.
1), E. tripunctata e E. capillata.
24. Pruinosidade do escudo: (0) ausente; (1) presente. IC e IR: 1.
Esse caráter foi mencionado por Paganelli (2002), mas não utilizado formalmente
em sua análise. O estado 1 é sinapomórfico para o clado 7 (Fig. 33).
25. Par de manchas claras arredondadas próximo à margem anterior do escudo: (0)
ausente; (1) presente. IC: 0,25/ IR: 0.
Esse caráter tem três surgimentos, em E. sp. 3, em E. sp. 2 e em (E. borgemeieri + E.
albistylum).
26. Mancha enegrecida no anepisterno: (0) ausente; (1) presente. IC: 0,33/ IR: 0,77.
A presença dessa mancha é plesiomórfica na base do grupo-Ectecephala. Ela é
perdida na base do clado 2, reaparecendo nos clados (E. sp. 4 + E. brasiliensis) (Fig. 33), em
E. sp. 2 e em todo o clado que inclui Ectecephala e Bothynocerus.
27. Mancha enegrecida na notopleura: (0) ausente; (1) presente. IC: 0,2/ IR: 0,2.
O estado 1 tem quatro surgimentos no grupo-Ectecephala: E. sp. 4, E. intermedia, E.
capillata e (E. sp. 7 + E. sp. 3).
Asa
82
28. Ápice de M1+2: (0) reto (Fig. 30G); (1) curvado posteriormente (Fig. 30F). IC e IR:
0,25.
A condição plesiomórfica desse caráter é vista em boa parte dos gêneros de
Chloropinae, incluindo Psilochlorops, utilizado aqui como grupo-externo. O ápice curvado
posteriormente, apomórfico, tem quatro surgimentos no grupo-Ectecephala: E. tripunctata,
(E. sp. 4 + E. brasiliensis), E. sp. 5 e E. sulcifrons.
29. R4+5: (0) reta (Fig. 30H); (1) curvada anteriormente (Fig. 30M); (2) curvada com uma
sinuosidade distal (Fig. 30S). IC: 0,28/ IR: 0,37.
O estado 1 é plesiomórfico, sendo que o estado 0 tem cinco surgimentos
independentes. O estado 2 é sinapomórfico para o clado 6 (Fig. 33) exceto B. murinus.
30. R4+5 e M1+2: (0) divergentes (Fig. 30M); (1) paralelas ou sub-paralelas (Fig. 30S). IC:
0,14/ IR: 0,45.
Esse caráter foi referido por Paganelli (2002), mas não utilizado em sua análise.
Aqui, R4+5 e M1+2 foram consideradas divergentes ou paralelas do ponto entre dm-cu até o
ápice. O estado 0 é plesiomórfico, sendo que o estado 1 é sinapomórfico para o clado 6
(Fig. 33), com outros seis surgimentos independentes.
Abdômen
31. Formato do epândrio: (0) arredondado; (1) triangular; (2) quadrangular. IC e IR: 0,5.
O formato arredondado é a condição na base do grupo-Ectecephala. A condição
triangular é exclusiva, neste nível da análise, de Ectecephalina boliviensis, sendo que o formato
quadrangular parece ser uma sinapomorfia do clado 1 (Fig. 33), com algumas reversões.
32. Formato do mesolobo: (0) quadrangular com laterais retas; (1) quadrangular com
margem posterior bilobada; (2) retangular.
Esse caráter foi referido por Paganelli (2002), mas não utilizado formalmente em
sua análise. Com exceção de E. boliviensis (Fig. 15B) e B. murinus, todo o grupo-Ectecephala
apresenta mesolobo retangular, sendo esses dois casos modificações secundárias
independentes.
33. Surstilo: (0) digitiforme, relativamente tão largo no ápice quanto na base; (1)
relativamente cônico, afilando em direção ao ápice.
83
O formato cônico, não digitiforme, do surstilo é uma sinapomorfia do grupo-
Ectecephala. Essa condição foi referida por Paganelli (2002), mas ela não utilizou
formalmente como caráter.
34. Microtríquia no surstilo: (0) ausente; (1) presente. IC e IR: 0,25.
Na análise numérica da matriz, esse caráter foi desativado devido à quantidade de
táxons para os quais faltava informação. Há um número importante de espécies na análise
que não puderam ser verificadas para este caráter. Ele foi mantido aqui como registro.
35. Comprimento do hipândrio (medidos da base à linha que liga os braços), em
vista ventral: (0) tão longo quanto largo; (1) mais longo que largo; (2) mais largo que
longo. IC: 0,33/ IR: 0,6.
Estado 0 (Fig. 26C) é plesiomórfico, enquanto que o estado 2 (Fig. 21C) aparece
duas vezes, uma no clado 3 (com reversão em Ectecephala. sulcifrons) e outra em E. sp. 8. O
estado 1 (Fig. 15C) apresenta três surgimentos independentes em Ectecephlaina. boliviensis, H.
quinquepunctatus e E. sp. 11.
36. Ápice dos braços do hipândrio: (0) com projeção interna longa; (1) com projeção
interna curta ou ausente. IC: 0,2/ IR: 0,6.
O estado 0 é plesiomórfico no grupo-Ectecephala. A redução da projeção interna do
hipândrio (estado 1) é sinapomórfica para o clado 4 (Fig. 33) (com reversão em Ectecephala
tincta) e para (Ectecephalina boliviensis + E. sp. 8), com dois outros surgimentos independentes
como autapomorfias, em E. sp. 9 e E. sp. 11.
37. Laterais do hipândrio na margem anterior: (0) curtas; (1) relativamente largas. IC:
0,25/ IR: 0,57.
Em algumas espécies do grupo-Ectecephala, é possível verificar em perfil um
aumento da lateral posterior do hipândrio (Fig. 27A) em diferentes graus (estado 1). O
estado 1 é sinapomórfico para o clado 3 (Fig. 33), com outros três surgimentos
independentes.
38. Esclerito falapodêmico: (0) independente dos gonitos; (1) fundido aos gonitos.
Esse caráter foi referido por Paganelli (2002), mas não foi utilizado formalmente
em sua análise. Com o uso de apenas uma espécie externa ao grupo-Ectecephala, a análise
84
não consegue determinar formalmente qual dos dois estados é plesiomórfico. Contudo, o
estudo da terminália masculina no restante dos gêneros de Chloropinae permite verificar
que os escleritos falapodêmicos são originalmente independentes dos gonitos, de maneira
que a fusão é obviamente a condição apomórfica. O estado 1, assim, é sinapomórfico para
o grupo-Ectecephala.
39. Base do esclerito falapodêmico: (0) estreita; (1) larga. IC: 0,33/ IR: 0,77.
A condição de base larga do esclerito falapodêmico é a mais amplamente distribuída
em Chloropinae. A redução na largura da base desse esclerito (estado 0), portanto a
condição apomórfica, ocorre três vezes independentemente na evolução do grupo-
Ectecephala: (E. boliviensis + E. sp. 8), E. sp. 9 e grupo 4 (Fig. 33).
40. Pré e pós-gonitos: (0) independentes; (1) fundidos.
Na matriz, está incluída uma única espécie externa ao grupo-Ectecephala, de maneira
que, na análise numérica, este caráter aparece como não informativo. Entretanto, a
condição encontrada na maior parte dos Chloropinae é do pré-gonito separado do pós-
gonito. Ainda que haja alguns casos paralelos de fusão em outros gêneros, a fusão entre pré
e pós-gonito, o estado 1, é sinapomórfica para o grupo-Ectecephala.
41. Formato do ápice dos gonitos: (0) arredondado (Fig. 28A); (1) em forma de gancho
(Fig. 16A); (2) afilado (Fig. 15A); (3) reto (Fig. 26A); (4) bífido (Fig. 23A). IC: 0,5/ IR: 0,42.
O formato dos gonitos foi determinado aqui com a genitália em vista lateral. Na
base do grupo-Ectecephala, o formato mais plesiomórfico é evidentemente o estado 2. A
partir dessa condição, o formato modifica-se várias vezes, sendo que o formato
arrendondado (estado 0) está presente no clado 4 (Fig. 33).
42. Formato do basifalo: (0) redondo; (1) gota; (2) gota alongado. IC: 0,5/ IR: 0,81.
Esse caráter foi apontado por Paganelli (2002). O basifalo com um formato
semelhante a uma gota (estados 1 e 2) é apomórfico em relação ao redondo (estado 0). O
estado 2 está presente na base do clado 1 (Fig. 33), com uma modificação para o estado 1
como sinapomorfia para o grupo 3 (Fig. 33), com uma redução em B. murinus.
43. Extensão da base do apódema do edeago anteriormente à margem anterior do
hipândrio: (0) longa; (1) média; (2) curta. IC: 0,5/IR: 0,71.
85
A extensão da base do apódema do edeago foi considerada longa quanto seu
comprimento é igual ou maior ao do braço do hipândrio (Fig. 15C); a extensão foi
considerada média quando o comprimento é próximo à metade do comprimento do braço
do hipândrio (Fig. 24C); finalmente, o estado de extensão curta é quando é próxima à
margem anterior do hipândrio (Fig. 28C). Nos demais gêneros de Chloropinae, o apódema
de modo geral é longo, condição vista em Psilochlorops. A extensão média é apomórfica,
sinapomórfica para o clado 4 (Fig. 33).
Topologias
A matriz de dados (Tabela I) conta com um total de 43 caracteres morfológicos,
sendo 13 exclusivos para machos. O enraizamento das séries de transformação, conforme
apontado acima, foi feito considerando a espécie de Psilochlorops com ramo mais externo,
baseado na filogenia proposta por Paganelli (2002).
Foi executada uma busca heurística com pesos iguais incluindo todos os táxons.
Esta busca resultou em oito topologias, com 154 passos cada, índice de consistência 0,36 e
índice de retenção 0,59. O consenso estrito (Figs. 32- 33) resultante apresenta 172 passos,
com IC 0,32 e IR 0,51.
86
Figura 32: Consenso estrito dos oito cladogramas mais parcimoniosos, com todos os
táxons, tendo 172 passos, IC 0,32 e IR 0,51. Como as espécies dos gêneros de Ectecephala e
Ectecephalina têm o mesmo sufixo, foi utilizado “E.” para as espécies de Ectecephala e “Ec.”
para as espécies de Ectecephalina na topologia apresentada.
87
Figura 33: Consenso estrito dos oito cladogramas mais parcimoniosos. Em vermelho está
indicado o grupo-Ectecephala; os círculos verdes numerados correspondem aos nós que
serão utilizados na discussão. Como as espécies dos gêneros de Ectecephala e Ectecephalina
têm o mesmo sufixo, foi utilizado “E.” para as espécies de Ectecephala e “Ec.” para as
espécies de Ectecephalina na topologia apresentada.
88
Ainda que esta análise não tenha utilizado mais de uma espécie externa ao grupo-
Ectecephala para gerar formalmente enraizamento da base desse grupo, sua monofilia está
fundamentada por várias sinapomorfias, segundo se pôde inferir por comparação com
espécies dos demais gêneros de Chloropinae: presença de sulco longitudinal no triângulo
frontal (caráter 4), fosseta sensorial presente (caráter 15), surstilo articulado cônico (caráter
33), cerdas interfrontais dentro do triângulo frontal (caráter 8) e fusão entre os gonitos
(caráter 40). Outras características presentes na maioria de seus integrantes e que devem ter
perdas secundárias é o mesolobo alargado em forma de aba (caráter 32; reversão em B.
murinus e E. boliviensis), parte anterior do triângulo frontal com laterais conexas (caráter 12) e
carena facial presente (caráter 17; reversão em E. tincta e E. albistylum). A robustez desse
táxon é importante especialmente para análises ulteriores das relações entre gêneros de
Chloropinae, além de definir o grupo dentro da qual estava originalmente delimitada esta
análise, do gênero Ectecephalina.
É interessante comentar que o grupo-Platycephala proposto por Anderson (1977) é
composto por oito gêneros (Platycephala, Eurina, Trichieurina, Camarota, Meromyzella,
Meromyza, Pachylophus e Platycephalisca) e está distribuído nas regiões Paleártica, Afrotropical,
Oriental e Australiana. Seus espécimes compartilham entre si o fêmur do terceiro par de
pernas alargado e com duas fileiras de espinho (Andersson, 1977). Esses gêneros
apresentam uma semelhança bastante considerável com o grupo-Ectecephala. Vários de seus
representantes apresentam corpo alongado, cerdas interfrontais numerosas dentro do
triângulo frontal e arista muito pilosa. No entanto, somente algumas espécies dos gêneros
Platycephala e Eurina apresentam os gonitos fundidos entre si e o esclerito falapodêmico
fundidos aos gonitos (Andersson, 1977). Outra semelhança é a ocorrência de viviparidade
em Pachylophus (Meier et. al., 1999). Outros gêneros, como Centorisoma Andersson 1977,
apresentam os gonitos fundidos entre si. Aparentemente essa fusão ocorreu mais de uma
vez na evolução dos Chloropinae. Nesse nível, pode-se dizer que a posição do grupo-
Ectecephala continua incerta, dentro do âmbito da subfamília.
O gênero Ectecephalina mostrou merofilético em relação a Ectecephala em todas as
topologias obtidas. As espécies de Ectecephalina precisarão ser transferidas para Ectecephala
em futuras publicações. , sendo que Ectecephalina, mantida essa topologia, seria colocado na
sinonímia de Ectecephala, bem como Bothynocerus.
O pequeno clado constituído de E. boliviensis e E. sp. 8 tem sua posição mais basal
que a inserção de Homaluroides. Assim, essas duas espécies filogeneticamente não integram
Ectecephala (ou mesmo Ectecephalina). É possível que ambas, a confirmar sua posição em
89
uma análise mais abrangente, precisem ser incluídas em um novo táxon com status genérico.
Entretanto, seria conveniente a inclusão na análise de ao menos parte das outras 14
espécies de Homaluroides, gênero com distribuição nas regiões Neártica e Neotropical, pois
esse gênero não apresenta uma diagnose clara, e outros gêneros como grupos ainda mais
externos (por exemplo, gêneros do grupo-Platycephala). Ou seja, o sinal filogenético na base
do grupo-Ectecephala precisaria ser um pouco mais robusto, com a indicação de que
Homaluroides seja monofilético, por exemplo, para dar mais consistência à proposição de um
novo gênero dentro do grupo.
A posição de Ectecephalina picta é curiosa, como irmã de todo o clado que inclui as
espécies de Ectecephalina, Ectecephala e Bothynocerus. O clado mais inclusivo, que inclui E. picta,
e o menos inclusivo, com o restante das espécies são ambos relativamente bem
sustentados. Assim, é possível que essa espécie seja irmã de todo o restante do clado, ainda
que, como comentado, o aumento da amostragem taxonômica de Homaluroides possa trazer
alguma mudança em caracteres nesse nível da filogenia e, portanto, na robustez dos ramos.
Os estados do caráter relativo ao alongamento do flagelômero e à parte anterior do
triângulo frontal convexa―caracteres 14 e 12 respectivamente―são compartilhados pelo
clado 1. Já o basifalo em forma de gota alongado, correspondente ao caráter 42, está
presente na base desse clado e sofre modificação no clado 3.
A presença de mancha enegrecida no anepisterno (caráter 26) é o estado de caráter
mais importante que sustenta o clado 2. Esse grupo apresenta uma grande politomia, com
10 ramos e poucos caracteres compartilhados. É possível que a politomia na base do clado
2 esteja sendo causada pelo desconhecimento de caracteres de genitália masculina em sete
das 24 espécies presentes no clado—isto é, pela quantidade de estados “inaplicáveis” na
matriz.
Todas as espécies do clado 3 têm o occipício rugoso (caráter 11). Esse clado tem
como suporte também os caracteres 37 e 42, representados pelas laterais na margem
anterior do hipândrio largas e basifalo em forma de gota.
O clado 4 é o grupo que apresenta maior quantidade de caracteres (36, 39, 41 e 43)
compartilhados. Todas as características que definem esse clado são referentes à genitália
masculina e três dessas representam a redução de alguma estrutura. Os estados de
caracteres compartilhados por esse grupo são: ápice dos braços do hipândrio com a
projeção interna reduzida, largura da base do esclerito falapodêmico reduzida, ápice dos
gonitos arredondado e apódema do edeago com extensão média ventralmente. A redução
da parte anterior do apódema (extensão média) é uma condição exclusiva para esse clado.
90
Os caracteres 13 e 15 relacionados à antena definem o clado 5. Os estados de
caráter pedicelo com margem superior mais longa que a inferior e fosseta sensorial pouco
distinta, além de compartilhados por este clado, também estão presentes em outras espécies
do clado 2.
A veia R4+5 curvada com uma sinuosidade distal―caráter 29― é exclusiva do clado
6. O sulco longitudinal do triângulo frontal estreito e R4+5 e M1+2 paralelas, referentes aos
caracteres 5 e 30, respectivamente, também definem este clado mas apresentam mais de
um surgimento na topologia apresentada.
O escudo mais longo que largo e pruinoso―caracteres 22 e 24―e o reaparecimento
de uma mancha enegrecida no anepisterno―caráter 26―, são compartilhados pelo clado 7.
Esse clado corresponde ao grupo-albistylum, proposto por Sabrosky & Paganelli (1984),
exceto por B. murinus. Apesar de o clado 7, que inclui todas as espécies de Ectecephala
utilizadas nesta análise, ter se mantido constante nas topologias, B. murinus não compartilha
o caráter 22 com as demais espécies. O caráter 24 está presente em algumas espécies de
Homaluroides (Paganelli, 2002) e a mancha enegrecida no anespisterno (caráter 26) apresenta
mais de um surgimento no grupo. Bothynocerus também apresenta reversão nos caracteres
12, 15, 22, 29, 32 e 42, tornando a posição desse gênero na topologia ainda um pouco
incerta.
A presença apontada por Paganelli (2002) da combinação de 1+2 cerdas
notopleurais (Fig. 4) em Ectecephalina (plesiomórfico), que é 1+1 em Ectecephala
(supostamente apomórfico), não foi utilizada aqui, pois as quatro espécies examinadas de
Ectecephala apresentam a mesma condição que em Ectecephalina, com 1+2 cerdas
notopleurais.
Algumas das características diagnósticas de Ectecephalina propostas por Paganelli
(2002), como essa combinação de 1+2 cerdas notopleurais, escudo brilhante e R4+5 e M1+2
divergentes, revelaram-se, ao final, plesiomorfias. Isso é um dos motivos subjacentes ao
uso de um número grande de espécies de Ectecephala e outros gêneros próximos, além
daquelas de Ectecephalina, na análise aqui realizada, uma vez que o foco do estudo de
Paganelli (2002) eram as relações entre gêneros de Chloropinae, havendo, assim, alguma
subamostragem de espécies dos diversos gêneros considerados.
91
7. CONCLUSÕES
Este trabalho resultou na primeira proposta de relações filogenéticas entre as espécies
de Ectecephalina. Ainda que o grupo interno taxonômico, entretanto, definido inicialmente
fosse Ectecephalina, houve amostragem cuidadosa o suficiente de todo o grupo-Ectecephala
para que fosse possível testar a monofilia do gênero. A hipótese de monofilia do grupo-
Ectecephala mostrou-se bem fundamentada, sustentada por vários caracteres. É possível que
esse clado tenha maior afinidade com grupos de gêneros não neotropicais de Chloropinae.
A monofilia de Homaluroides não pôde ser testada, pois teve apenas uma espécie incluída na
análise. É possível que o status genérico de Bothynocerus possa não ser mantido, pois, nos
resultados obtidos, o gênero corresponde a um subgrupo de Ectecephala. Nas topologias
encontradas, o gênero Ectecephalina sustenta-se basicamente por plesiomorfias e o gênero
mostrou-se merofilético em relação à (Ectecephala + Bothynocerus). Ectecephalina, portanto,
deve corresponder a um sinônimo-júnior de Ectecephala. Em outras palavras, o grupo-
capillata foi desfeito, enquanto que a monofilia do grupo-albistylum (clado 7) parece robusta.
O clado que inclui as espécies Ectecephalina boliviensis e E. sp. 8 tem uma posição mais
externa que o clado que inclui Homaluroides, Ectecephalina, Ectecephala e Bothynocerus, de
maneira que é possível que essas duas espécies precisem ser incluídas em um táxon com
status genérico.
92
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95
Tabela I: Matriz de dados.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 0
1 1
1 2
1 3
1 4
1 5
1 6
1 7
1 8
1 9
2 0
2 1
2 2
2 3
2 4
2 5
2 6
2 7
2 8
2 9
3 0
3 1
3 2
3 3
3 4
3 5
3 6
3 7
3 8
3 9
4 0
4 1
4 2
4 3
P. paganelli 0 0 0 0 - - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 2 2 0 0 0 0 ? 0 1 0 0 0 2 Ec. boliviensis 0 0 0 1 1 1 1 1 0 1 ? 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 2 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 ? 1 1 0 1 0 1 2 0 0 Ec. sp. 8 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 2 0 ? 1 0 0 0 0 2 2 1 1 0 1 0 1 0 1 3 1 0 H. quinquepunctatus 0 0 0 1 0 1 0 1 0 2 ? 0 0 ? ? 0 1 0 0 1 1 2 0 ? 0 ? ? 0 0 1 ? 2 1 ? 1 0 ? 1 ? 1 2 0 0 Ec. picta 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 2 1 0 0 0 0 1 1 1 2 2 0 Ec. nitidifrons 1 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 2 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. unicolor 0 0 1 1 0 0 0 1 0 ? ? 1 ? 1 ? ? ? 0 1 0 1 2 ? 0 0 0 0 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. sp. 5 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 2 1 ? 0 0 0 1 1 1 4 2 0 Ec. sp. 9 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 ? 0 0 0 1 0 0 2 1 1 0 1 1 1 0 1 0 2 0 Ec. tripunctata 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 2 0 0 0 0 1 1 1 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. sp. 2 0 0 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 0 0 1 0 0 2 1 ? 0 0 1 1 1 1 4 2 0 Ec. argentina 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 1 1 1 3 2 0 Ec. sp. 11 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 2 1 0 1 1 0 1 1 1 0 2 2 Ec. sp. 7 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 2 1 1 0 0 0 0 1 0 0 ? 0 1 0 1 0 0 2 1 ? 0 0 0 1 1 1 4 2 0 Ec. sp. 3 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 0 1 1 1 2 1 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0 2 1 0 2 0 1 1 1 1 4 2 0 Ec. brasiliensis 0 0 ? ? ? 0 0 1 0 1 0 1 1 1 ? ? 1 0 0 0 0 1 ? 0 0 1 0 1 1 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. sp. 4 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 ? 1 1 1 1 1 0 2 1 1 0 0 0 1 1 1 4 2 0 Ec. capillata 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 1 2 0 0 0 1 0 1 0 0 2 1 ? 2 0 1 1 1 1 1 1 0 Ec. sp. 6 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 ? 0 0 0 1 0 0 2 1 ? 2 1 1 1 0 1 0 1 1 Ec. tenuiseta 1 0 0 1 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 1 ? 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. sp. 10 0 0 1 1 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 2 0 1 1 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 1 0 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. transatlantica 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 0 1 1 1 2 0 0 0 0 0 1 1 ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Ec. sp. 1 0 0 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0 1 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 2 2 1 ? 2 1 1 1 0 1 0 1 1 Ec. intermedia 1 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 1 ? ? 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 2 1 2 2 1 ? 2 1 1 1 0 1 0 1 1 B. murinus 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 ? 0 1 1 1 0 1 0 0 1 1 2 1 1 0 1 0 0 1 1 2 1 1 0 2 1 1 1 0 1 0 0 1 E. sulcifrons 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 ? 1 2 ? 1 0 0 1 1 0 0 1 ? 1 0 1 2 1 ? 2 1 ? 0 1 1 1 0 1 0 1 0 E. tincta 0 1 0 0 - 0 0 1 0 1 1 - 1 1 2 1 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 2 1 ? 2 1 ? 2 0 1 1 0 1 0 1 1 E. albistylum 0 1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 - 1 1 2 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 ? ? 0 2 1 0 2 1 1 2 1 ? 1 0 1 0 1 1 E. borgemeieri 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 - 1 1 2 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 2 1 0 2 1 1 2 1 1 1 0 1 0 1 1