revisão para o concurso do tj-dft

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 Revisão de véspera de prova  Concurso de Juiz do TJDFT 2014     P     á    g    i    n    a     1  REVISÃO PARA O CONCURSO DE JUIZ DE DIREITO TJDFT 2 14 Márcio André Lopes Cavalcante BLOCO I DIREITO CIVIL Direito à imagem: existe ofensa mesmo que a veiculação não tenha caráter vexatório A ofensa ao direito à imagem materializa-se com a mera utilização da imagem sem autorização, ainda que não tenha caráter vexatório ou que não viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde que o conteúdo exibido seja capaz de individualizar o ofendido. A obrigação de reparação decorre do próprio uso indevido do direito personalíssimo, não sendo devido exigir-se a prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida da imagem. STJ. REsp 794.586/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012 (Info 493 STJ). A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 do Código Civil de 2002, é a SELIC. A incidência da taxa Selic como juros moratórios exclui a correção monetária, sob pena de bis in idem, considerando que a referida taxa já é composta de juros e correção monetária. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1.025.298-RS, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 28/11/2012 (Info 510 STJ). Súmula 472-STJ: A cobrança de comissão de permanência  – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato  – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual. STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012. A medida de busca e apreensão prevista no art. 3º do DL 911/69 somente pode ser proposta por instituição financeira ou pessoa jurídica de direito público titular de créditos fiscais e previdenciários. Isso porque, de acordo com o art. 8º-A do referido DL, o procedimento ali previsto somente é aplicável quando se tratar de operações do mercado financeiro e de capitais ou de garantia de débitos fiscais ou previdenciários. STJ. 4ª Turma. REsp 1.101.375-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/6/2013 (Info 526). Sempre que ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano moral, não sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento. Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral presumido).     P     á    g    i    n    a     1  

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  • Reviso de vspera de prova Concurso de Juiz do TJDFT 2014

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    REVISO PARA O CONCURSO DE JUIZ DE DIREITO TJDFT 2014

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante

    BLOCO I

    DIREITO CIVIL

    Direito imagem: existe ofensa mesmo que a veiculao no tenha carter vexatrio A ofensa ao direito imagem materializa-se com a mera utilizao da imagem sem autorizao, ainda que no tenha carter vexatrio ou que no viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde que o contedo exibido seja capaz de individualizar o ofendido. A obrigao de reparao decorre do prprio uso indevido do direito personalssimo, no sendo devido exigir-se a prova da existncia de prejuzo ou dano. O dano a prpria utilizao indevida da imagem. STJ. REsp 794.586/RJ, Rel. Min. Raul Arajo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012 (Info 493 STJ).

    A taxa de juros moratrios a que se refere o art. 406 do Cdigo Civil de 2002, a SELIC. A incidncia da taxa Selic como juros moratrios exclui a correo monetria, sob pena de bis in idem, considerando que a referida taxa j composta de juros e correo monetria. STJ. 3 Turma. EDcl no REsp 1.025.298-RS, Rel. originrio Min. Massami Uyeda, Rel. para acrdo Min. Luis Felipe Salomo, julgados em 28/11/2012 (Info 510 STJ).

    Smula 472-STJ: A cobrana de comisso de permanncia cujo valor no pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratrios e moratrios previstos no contrato exclui a exigibilidade dos juros remuneratrios, moratrios e da multa contratual. STJ. 2 Seo, DJe 19.6.2012.

    A medida de busca e apreenso prevista no art. 3 do DL 911/69 somente pode ser proposta por instituio financeira ou pessoa jurdica de direito pblico titular de crditos fiscais e previdencirios. Isso porque, de acordo com o art. 8-A do referido DL, o procedimento ali previsto somente aplicvel quando se tratar de operaes do mercado financeiro e de capitais ou de garantia de dbitos fiscais ou previdencirios. STJ. 4 Turma. REsp 1.101.375-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 4/6/2013 (Info 526).

    Sempre que ocorrer ofensa injusta dignidade da pessoa humana restar configurado o dano moral, no sendo necessria a comprovao de dor e sofrimento. Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral presumido).

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    STJ. 3 Turma. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012 (Info 513 STJ).

    No constitui ato ilcito apto produo de danos morais a matria jornalstica sobre pessoa notria a qual, alm de encontrar apoio em matrias anteriormente publicadas por outros meios de comunicao, tenha cunho meramente investigativo, revestindo-se, ainda, de interesse pblico, sem nenhum sensacionalismo ou intromisso na privacidade do autor. STJ. 3 Turma. REsp 1.330.028-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 6/11/2012 (Info 508 STJ).

    A relao da Google com seus usurios uma relao de consumo, mesmo sendo gratuita. A Google no responde objetivamente pelos danos morais causados por mensagens ofensivas publicadas pelos usurios do Orkut. Ao oferecer um servio por meio do qual se possibilita que os usurios externem livremente sua opinio, deve o provedor de contedo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usurios. STJ. 3 Turma. REsp 1.306.066-MT, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 17/4/2012 (Info 495 STJ). No entanto, ao ser comunicada pelo ofendido de que determinado texto ou imagem que est em uma rede social (Orkut, Facebook, Twitter etc.) possui contedo ilcito, deve a empresa provedora da rede retirar a pgina do ar no prazo mximo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omisso praticada. STJ. 3 Turma. REsp 1.308.830-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2012 (Info 497 STJ).

    Os servios prestados pela Google na internet, como o caso de seu sistema de buscas, mesmo sendo gratuitos, configuram relao de consumo. O fato de o servio prestado pelo provedor de servio de Internet ser gratuito no desvirtua a relao de consumo, pois o termo mediante remunerao, contido no art. 3, 2, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. O provedor de pesquisa uma espcie do gnero provedor de contedo. A filtragem do contedo das pesquisas feitas por cada usurio no constitui atividade intrnseca ao servio prestado pelos provedores de pesquisa, de modo que no se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que no exerce esse controle sobre os resultados das buscas. Os provedores de pesquisa no podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da busca de determinado termo ou expresso, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou texto especfico. No se pode, sob o pretexto de dificultar a propagao de contedo ilcito ou ofensivo na web, reprimir o direito da coletividade informao. Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violao de cada um deles, o fiel da balana deve pender para a garantia da liberdade de informao assegurada pelo art. 220, 1, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet representa, hoje, importante veculo de comunicao social de massa. STJ. 3 Turma. REsp 1.316.921-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/6/2012 (Info 500 STJ).

    O titular de blog responsvel pela reparao dos danos morais decorrentes da insero, em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro. REsp 1.381.610-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013.

    No so permitidas indenizaes por danos morais ilimitadas que, a pretexto de repararem integralmente vtimas, mostrem-se desproporcionais. Em caso de dano moral decorrente de morte de parentes prximos, a indenizao deve ser arbitrada de forma global para a famlia da vtima, no devendo, de regra, ultrapassar o equivalente a 500 salrios

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    mnimos, podendo, porm, esse valor ser aumentado segundo as particularidades do caso concreto, dentre elas o grande nmero de familiares. STJ. 4 Turma. REsp 1.127.913-RS, Rel. originrio Min. Marco Buzzi, Rel. para acrdo Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 20/9/2012 (Info 505 STJ).

    O noivo no possui legitimidade para pedir indenizao por danos morais em razo do falecimento de sua noiva. STJ. 4 Turma. REsp 1.076.160-AM, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 10/4/2012 (Info 495 STJ).

    TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE O que a teoria da perda de uma chance? Trata-se de teoria inspirada na doutrina francesa (perte dune chance). Segundo esta teoria, se algum, praticando um ato ilcito, faz com que outra pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuzo, esta conduta enseja indenizao pelos danos causados. Em outras palavras, o autor do ato ilcito, com a sua conduta, faz com que a vtima perca a oportunidade de obter uma situao futura melhor. A teoria da perda de uma chance adotada no Brasil? SIM, esta teoria aplicada pelo STJ que exige, no entanto, que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juzo de probabilidade, e no mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra, no indenizvel (REsp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 9/6/2009). Em outros julgados, fala-se que a chance perdida deve ser REAL e SRIA, que proporcione ao lesado efetivas condies pessoais de concorrer situao futura esperada. (AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 17/03/2011) Natureza do dano O dano resultante da aplicao da teoria da perda de uma chance considerado dano emergente ou lucros cessantes? Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa responsabilizao do agente causador no de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermedirio entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posio mais vantajosa que muito provavelmente se alcanaria, no fosse o ato ilcito praticado. (STJ. 4 Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/11/2010) Exemplo de aplicao desta teoria Aplica-se a teoria da perda de uma chance ao caso de candidato a Vereador que deixa de ser eleito por reduzida diferena de oito votos aps atingido por notcia falsa publicada por jornal, resultando, por isso, a obrigao de indenizar. (STJ. 3 Turma, REsp 821.004/MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/08/2010) Perda de uma chance e perda do prazo pelo advogado O simples fato de um advogado ter perdido o prazo para a contestao ou para a interposio de um recurso enseja indenizao pela aplicao desta teoria? NO. Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo incerteza da vantagem no experimentada, as demandas que invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida anlise acerca das reais possibilidades de xito do processo, eventualmente perdidas em razo da desdia do causdico.

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    Vale dizer, no o s fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestao, como no caso em apreo, ou para a interposio de recursos, que enseja sua automtica responsabilizao civil com base na teoria da perda de uma chance. absolutamente necessria a ponderao acerca da probabilidade - que se supe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. (STJ. 4 Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/11/2010) Perda de uma chance nas relaes de direito pblico A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada nas relaes de direito pblico? SIM, existem alguns Ministros do STJ que defendem que a teoria da perda de uma chance poderia ser aplicada tambm nas relaes entre o Estado e o particular. Nesse sentido: Min. Mauro Campbell Marques e Min. Eliana Calmon. Perda de uma chance e erro mdico A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critrio para a apurao de responsabilidade civil ocasionada por erro mdico na hiptese em que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer em razo da doena tratada de maneira inadequada pelo mdico. STJ. 3 Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012. Caso concreto julgado pelo STJ: R, vivo de V, ajuizou ao de indenizao contra M, mdico responsvel pelo tratamento da falecida, que possua um cncer no seio. O autor alegou que, durante o tratamento da doena, M cometeu uma srie de erros mdicos, entre os quais se destacam os seguintes: aps o tratamento inicial da doena no foi recomendada quimioterapia; a mastectomia realizada foi parcial (quadrantectomia), quando seria recomendvel mastectomia radical; no foi transmitida paciente orientao para no mais engravidar; com o desaparecimento da doena, novamente o tratamento foi inadequado; o aparecimento de metstase foi negado pelo mdico; entre outras alegaes. O laudo pericial apontou que houve, de fato, erro mdico. O ru foi condenado por danos morais e materiais, tendo sido aplicada a teoria da perda de uma chance. Perda de uma chance clssica X Perda de uma chance por conta de erro mdico A aplicao da teoria da perda de uma chance no caso de erro mdico possui algumas diferenas da aplicao tradicional da teoria da perda de uma chance s demais hipteses (baseado nas lies da Min. Nancy Andrighi):

    Teoria da perda de uma chance CLSSICA (TRADICIONAL)

    Teoria da perda de uma chance no caso de ERRO MDICO

    Ocorre quando o agente frustrou a oportunidade da pessoa de auferir uma vantagem.

    Ocorre quando o mdico, por conta de um erro, fez com que a pessoa no tivesse um tratamento de sade adequado que poderia t-la curado e evitado a sua morte.

    H sempre certeza quanto autoria do fato que frustrou a oportunidade. Existe incerteza quanto existncia/extenso dos danos.

    Aqui, a extenso do dano j est definida (a pessoa morreu), e o que resta saber se esse dano teve como concausa a conduta do ru.

    No possvel pessoa jurdica de direito pblico pleitear, contra particular, indenizao por dano moral relacionado violao da honra ou da imagem. STJ. 4 Turma. REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 17/12/2013 (no divulgado em Info de 2013).

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    No abusiva a clusula de cobrana de juros compensatrios incidentes em perodo anterior entrega das chaves nos contratos de compromisso de compra e venda de imveis em construo sob o regime de incorporao imobiliria. Em outras palavras, os juros no p no so abusivos. STJ. 2 Seo. EREsp 670.117-PB, Rel. originrio Min. Sidnei Beneti, Rel. para acrdo Min. Antonio Carlos Ferreira, julgados em 13/6/2012 (Info 499 STJ).

    No contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, o segurado no tem direito indenizao caso, agindo de m-f, silencie a respeito de doena preexistente que venha a ocasionar o sinistro, ainda que a seguradora no exija exames mdicos no momento da contratao. STJ. AgRg no REsp 1.286.741-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 15/8/2013.

    possvel o reconhecimento da paternidade biolgica e a anulao do registro de nascimento na hiptese em que isso for pleiteado pelo filho que foi registrado conforme prtica conhecida como adoo brasileira. Caracteriza violao ao princpio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de conhecimento da origem gentica, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade psicolgica de se conhecer a verdade biolgica. STJ. 4 Turma. REsp 1.167.993-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 18/12/2012 (Info 512 STJ).

    Para que a ao negatria de paternidade seja julgada procedente no basta apenas que o DNA prove que o pai registral no o pai biolgico. necessrio tambm que fique provado que o pai registral nunca foi um pai socioafetivo, ou seja, que nunca foi construda uma relao socioafetiva entre pai e filho. STJ. 4 Turma. REsp 1.059.214-RS, Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/2/2012 (Info 491 STJ).

    possvel a flexibilizao da coisa julgada material nas aes de investigao de paternidade, na situao em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova. Contudo, no se admite o ajuizamento de nova ao para comprovar a paternidade mediante a utilizao de exame de DNA em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova pericial produzida de acordo com a tecnologia ento disponvel. STJ. 4 Turma. AgRg no REsp 929.773-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012; REsp 1.223.610-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012 (Info 512 STJ).

    O abandono afetivo decorrente da omisso do genitor no dever de cuidar da prole constitui elemento suficiente para caracterizar dano moral compensvel. STJ. 3 Turma. REsp 1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/4/2012 (Info 496 STJ).

    Trs concluses sobre este julgado: I O cmplice (amante) da esposa no tem o dever de indenizar o marido trado. Em que pese o alto grau de reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada, o cmplice da esposa infiel no responsvel a indenizar o marido trado, pois ele no era obrigado, por lei ou contrato, a zelar pela incolumidade do casamento alheio. II A esposa infiel no tem o dever de restituir ao marido trado os alimentos pagos por ele em favor de filho criado pelo casal, ainda que a adltera tenha ocultado do marido o fato de que a referida criana era filha biolgica sua e de seu cmplice (amante). III A esposa que traiu pode ser condenada a indenizar por danos morais o marido trado em hipteses excepcionais, como o caso julgado pelo STJ, no qual, alm de a traio ter ocorrido com um amigo do cnjuge, houve o nascimento de uma criana registrada erroneamente como descendente do marido, mas que era filho biolgico do amante. Na hiptese, a esposa ocultou do ex-marido por anos aps a separao, o fato de que a criana nascida durante o matrimnio e criada como filha biolgica do casal era, na verdade, filha sua e de seu cmplice.

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    STJ. 3 Turma. REsp 922.462-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 4/4/2013.

    Em se tratando de execuo de prestao alimentcia, o alimentando (credor) poder escolher, dentre quatro opes, o local onde ir ajuizar a execuo: a) o foro do seu domiclio ou de sua residncia; b) o juzo que proferiu a sentena exequenda; c) o juzo do local onde se encontram bens do alimentante sujeitos expropriao; ou d) o juzo do atual domiclio do alimentante. STJ. 2 Seo. CC 118.340-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/9/2013 (Info 531).

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Lei n. 12.810/2013:

    Vale destacar o novo art. 285-B do CPC, que foi inserido pela Lei n. 12.810/2013:

    Art. 285-B. Nos litgios que tenham por objeto obrigaes decorrentes de emprstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor dever discriminar na petio inicial, dentre as obrigaes contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso. Pargrafo nico. O valor incontroverso dever continuar sendo pago no tempo e modo contratados.

    A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventurio no pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-f pelas partes. Dessa forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventurios da Justia conduta pautada por lealdade e boa-f, sendo vedados os comportamentos contraditrios. Em outras palavras, aplica-se tambm o venire contra factum proprium para atos do juiz e dos serventurios da justia. STJ. 4 Turma. AgRg no AREsp 91.311-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2012.

    O STF entende que a OAB no uma autarquia. A Ordem um servio pblico independente, categoria nica no elenco das personalidades jurdicas existentes no direito brasileiro. No entanto, apesar disso, as funes atribudas OAB possuem natureza federal. Portanto, o Presidente da seccional da OAB exerce funo delegada federal, motivo pelo qual a competncia para o julgamento do mandado de segurana contra ele impetrado da Justia Federal. STF. 2 Turma. AgRg no REsp 1.255.052-AP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012.

    Ainda que proferida por juzo absolutamente incompetente, vlida a deciso que, em ao civil pblica proposta para a apurao de ato de improbidade administrativa, tenha determinado at que haja pronunciamento do juzo competente a indisponibilidade dos bens do ru a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimnio pblico. STJ. 2 Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013.

    No possvel a aplicao do art. 285-A do CPC quando o entendimento exposto na sentena, apesar de estar em consonncia com a jurisprudncia do STJ, divergir do entendimento do tribunal de origem. STJ. 3 Turma. REsp 1.225.227-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/5/2013.

    A Unio dever figurar como litisconsorte necessria em ao na qual se discute com particulares se determinada rea remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo que na ao j exista a presena da Fundao Cultural Palmares (fundao federal). STJ. 3 Turma. REsp 1.116.553-MT, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012.

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    Smula 481-STJ: Faz jus ao benefcio da justia gratuita a pessoa jurdica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

    nus do Estado arcar com os honorrios periciais na hiptese em que a sucumbncia recai sobre beneficirio da assistncia judiciria, tendo em vista o dever constitucional de prestar assistncia judiciria aos hipossuficientes. STJ. 2 Turma. EDcl no AgRg no REsp 1.327.281-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012.

    Se ocorrer alguma OMISSO, ATRASO ou EQUVOCO na divulgao da tramitao processual no site do Tribunal, isso constitui justa causa a ensejar a devoluo do prazo processual? Omisso ou atraso: NO H JUSTA CAUSA Equvoco: PODE CONFIGURAR JUSTA CAUSA STJ. 4 Turma. AgRg no AREsp 76.935-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 18/10/2012.

    Nas aes para fornecimento de medicamentos, apesar de a obrigao ser solidria entre Municpios, Estados e Unio, caso o autor tenha proposto a ao apenas contra o Estado, no cabe o chamamento ao processo da Unio, medida que apenas iria protelar a soluo da causa. STJ. 2 Turma. REsp 1.009.947-SC, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/2/2012.

    No possvel que o autor impetre um mandado de segurana para obter fornecimento de medicamentos para tratamento da doena que o acomete. Isso porque a instruo de MS somente com laudo mdico particular no configura prova pr-constituda da liquidez e certeza do direito do impetrante de obter do Poder Pblico determinados medicamentos e insumos para o tratamento de enfermidade. STJ. 2 Turma. RMS 30.746-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/11/2012.

    Independentemente de requerimento, os rus com diferentes procuradores tm prazo em dobro para contestar, mesmo sendo casados entre si. STJ. 4 Turma. REsp 973.465-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 4/10/2012.

    O recurso produz efeitos somente ao litisconsorte que recorre, ressalvadas as hipteses de litisconsrcio unitrio, em que se aplica a extenso prevista no art. 509 do CPC. O art. 509 do CPC aplica-se to somente s hipteses de litisconsrcio unitrio, no havendo espao para incidncia deste quando se trata de litisconsrcio simples. STJ. 3 Turma. AgRg no REsp 908.763-TO, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 18/10/2012.

    O autor ingressa com uma ao e pede a tutela antecipada. O juiz defere. Na sentena, o juiz julga improcedente a demanda e revoga a tutela antecipada. Ocorre que a tutela antecipada causou danos morais e materiais ao ru. O autor da ao tem a responsabilidade objetiva de indenizar o ru quanto a esses prejuzos, independentemente de pronunciamento judicial e pedido especfico da parte interessada. STJ. 4 Turma. REsp 1.191.262-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 25/9/2012.

    ASTREINTES

    O juiz pode arbitrar as astreintes de ofcio (STJ. REsp 1.198.880-MT).

    cabvel a cumulao de astreintes com juros de mora (STJ. REsp 1.198.880-MT).

    O destinatrio das astreintes o autor da demanda (STJ. REsp 949.509-RS).

    PRERROGATIVAS E PRIVILGIOS DA FAZENDA PBLICA

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    INTIMAO PESSOAL DE ADVOGADOS PBLICOS Alguns membros de determinadas carreiras possuem a prerrogativa da intimao pessoal: Advogados da Unio Procuradores da Fazenda Nacional Procuradores Federais Procuradores do Banco Central Defensores Pblicos Membros do Ministrio Pblico Os Procuradores do Estado/DF possuem a prerrogativa de somente serem intimados pessoalmente dos atos processuais? NO. O STJ possui entendimento consolidado de que no se aplica a prerrogativa de intimao pessoal aos Procuradores Estaduais, tendo em vista a ausncia de previso legal. Logo, eles so intimados por publicao na Imprensa Oficial. Excees: Ser obrigatria a intimao pessoal do Procurador do Estado/DF em duas hipteses: a) no caso de execuo fiscal, qualquer intimao ao representante judicial da Fazenda Pblica ser feita

    pessoalmente (art. 25 da Lei n. 6.830/80). b) no caso de mandado de segurana, o Procurador do Estado dever ser intimado pessoalmente:

    b.1) da sentena que conceder a segurana (para que possa apresentar apelao); ou b.2) caso tenha sido denegada a segurana e o impetrante tenha apelado (nesse caso, o Procurador intimado pessoalmente para apresentar contrarrazes da apelao).

    Ainda tratando sobre mandado de segurana, segundo o STJ, aps a intimao pessoal da sentena, ou da interposio da apelao pela impetrante, se for o caso, a intimao dos demais atos judiciais segue a sistemtica prevista no art. 236 do CPC, ou seja, a intimao via Imprensa Oficial. A intimao dos procuradores dos estados dever ser realizada por publicao em rgo oficial da imprensa, salvo as excees previstas em leis especiais. Inexistindo previso legal para a intimao pessoal, deve prevalecer a intimao realizada por publicao em rgo oficial da imprensa. STJ. 2 Turma. REsp 1.317.257-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/10/2012.

    A greve de advogados pblicos no constitui motivo de fora maior a ensejar a suspenso ou devoluo dos prazos processuais (art. 265, V, do CPC). STJ. 2 Turma. REsp 1.280.063-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/6/2013.

    A Fazenda Pblica no isenta do pagamento de emolumentos cartorrios, havendo, apenas, o diferimento deste para o final do processo, quando dever ser suportado pelo vencido. STJ. 1 Turma. AgRg no REsp 1.276.844-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 5/2/2013.

    O erro material passvel de ser corrigido de ofcio (art. 463, I, do CPC) e no sujeito precluso o reconhecido primu ictu oculi ( primeira vista, de maneira evidente), consistente em equvocos materiais sem contedo decisrio propriamente dito. STJ. 3 Turma. REsp 1.151.982-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2012.

    O juiz pode conceder ao autor benefcio previdencirio diverso do requerido na inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefcio concedido. Isso porque, tratando-se de matria

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    previdenciria, deve-se proceder, de forma menos rgida, anlise do pedido. Assim, nesse contexto, a deciso proferida no pode ser considerada como extra petita ou ultra petita. STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1.367.825-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/4/2013.

    Em regra, se a parte j possua o documento antes da propositura da ao original (o documento era preexistente), no tendo sido juntado por desdia, no ser permitido, em regra, que ajuze a ao rescisria trazendo esta prova como documento novo. De forma excepcional, o STJ entendeu que possvel ao tribunal, na ao rescisria, analisar documento novo para efeito de configurao de incio de prova material destinado comprovao do exerccio de atividade rural, ainda que esse documento seja preexistente propositura da ao em que proferida a deciso rescindenda referente concesso de aposentadoria rural por idade. Nesse caso, irrelevante o fato de o documento apresentado ser preexistente propositura da ao originria, pois devem ser consideradas as condies desiguais pelas quais passam os trabalhadores rurais, adotando-se a soluo pro misero. STJ. 3 Seo. AR 3.921-SP, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 24/4/2013.

    RECURSOS

    A protocolizao de peties e recursos deve ser efetuada dentro do horrio de expediente regulado pela lei local (art.172, 3, do CPC). Logo, intempestivo o recurso protocolizado aps o encerramento do expediente, no ltimo dia do prazo recursal, no regime do planto judicirio. STJ. 3 Turma. AgRg no AREsp 96.048-PI, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/8/2012.

    Mesmo que o advogado no tenha conseguido interpor o recurso, via fax, por conta de um problema tcnico do prprio Poder Judicirio, ele no ter oportunidade de ajuizar o recurso em outra data fora do prazo. Em outras palavras, o recurso interposto via fax fora do prazo recursal deve ser considerado intempestivo, ainda que tenha ocorrido eventual indisponibilidade do sistema de protocolo via fax do Tribunal no decorrer do referido perodo de tempo. So de responsabilidade de quem opta pelo sistema de comunicao por fax os riscos de que eventuais defeitos tcnicos possam impedir a perfeita recepo da petio. STJ. 2 Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 237.482-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/2/2013.

    Os honorrios advocatcios no so devidos Defensoria Pblica quando ela atua contra a pessoa jurdica de direito pblico qual pertena (Smula 421/STJ). Tambm no so devidos honorrios advocatcios Defensoria Pblica quando ela atua contra pessoa jurdica de direito pblico que integra a mesma Fazenda Pblica. STJ. 5 Turma. REsp 1.102.459-RJ, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ-RJ), julgado em 22/5/2012.

    Smula 484-STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia til subsequente, quando a interposio do recurso ocorrer aps o encerramento do expediente bancrio. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

    Smula 490-STJ: A dispensa de reexame necessrio, quando o valor da condenao ou do direito controvertido for inferior a 60 salrios mnimos, no se aplica a sentenas ilquidas. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

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    O 3 do art. 515 do CPC prev a chamada teoria da causa madura, nos seguintes termos: 3 Nos casos de extino do processo sem julgamento do mrito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questo exclusivamente de direito e estiver em condies de imediato julgamento. A redao literal do 3 exige que a causa verse sobre questo exclusivamente de direito. No entanto, o STJ amplia esta possibilidade e afirma que o mencionado dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 330, I, o qual permite ao magistrado julgar antecipadamente a lide se esta versar unicamente sobre questes de direito ou, sendo de direito e de fato, no houver necessidade de produzir prova em audincia. Logo, no exame de apelao interposta contra sentena que tenha julgado o processo sem resoluo de mrito, o Tribunal pode julgar desde logo a lide, mediante a aplicao do procedimento previsto no art. 515, 3, do CPC, na hiptese em que no houver necessidade de produo de provas (causa madura), ainda que, para a anlise do recurso, seja inevitvel a apreciao do acervo probatrio contido nos autos. STJ. Corte Especial. EREsp 874.507-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/6/2013.

    No possvel a homologao de pedido de desistncia de recurso j julgado, pendente apenas de publicao de acrdo. STJ. 2 Turma. AgRg no AgRg no Ag 1.392.645-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/2/2013.

    No possvel conhecer de recurso especial interposto sem assinatura de advogado. Se no consta a assinatura no recurso especial este deve ser considerado como inexistente. STJ. 4 Turma. AgRg no AREsp 219.496-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 11/4/2013 (Info 521).

    MANDADO DE SEGURANA

    No mandado de segurana, se o impetrante morre, os seus herdeiros no podem se habilitar para continuar o processo. Assim, falecendo o impetrante, o mandado de segurana ser extinto sem resoluo do mrito, ainda que j esteja em fase de recurso. Isso ocorre em razo do carter mandamental e da natureza personalssima do MS. STF. 1 Turma. RMS 26806 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 22/5/2012.

    O STF decidiu que o impetrante pode desistir de mandado de segurana a qualquer tempo, ainda que proferida deciso de mrito a ele favorvel, e sem anuncia da parte contrria. O mandado de segurana, enquanto ao constitucional, com base em alegado direito lquido e certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, no se reveste de lide, em sentido material. STF. Plenrio. RE 669367/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acrdo Min. Rosa Weber, 2/5/2013.

    A implementao de gratificao no contracheque de servidor pblico cujo direito foi reconhecido pelo Poder Judicirio, inclusive em sede de mandado de segurana, deve se dar aps o trnsito em julgado da deciso, nos termos do artigo 2-B da Lei n. 9.494/1997. STJ. Corte Especial. EREsp 1.132.607-RN, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 7/11/2012.

    CAUTELAR

    Smula 482-STJ: A falta de ajuizamento da ao principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da eficcia da liminar deferida e a extino do processo cautelar. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

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    EXECUO

    Na execuo de pagar quantia certa (ttulo extrajudicial), o art. 745-A do CPC prev expressamente a possibilidade do devedor parcelar em at seis vezes o valor cobrado na execuo, desde que depositado 30% do valor e preenchidos os demais requisitos legais. Apesar de no haver previso legal expressa, o STJ admite essa possibilidade de parcelamento tambm ao devedor no caso de cumprimento de sentena. STJ. 4 Turma. REsp 1.264.272-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 15/5/2012.

    Se foi tentada a penhora on line e no se conseguiu xito, novas tentativas de penhora eletrnica somente sero possveis se o exequente (credor) apresentar ao juzo provas ou indcios de que a situao econmica do executado (devedor) foi alterada, isto , se o exequente indicar que h motivos concretos para se acreditar que, desta vez, poder haver valores depositados em contas bancrias passveis de penhora. STJ. 3 Turma. REsp 1.284.587-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 16/2/2012.

    Smula 497-STJ: Os crditos das autarquias federais preferem aos crditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem. STJ. 1 Seo, 1 Seo, DJe 13/8/2012.

    Smula 487-STJ: O pargrafo nico do art. 741 do CPC no se aplica s sentenas transitadas em julgado em data anterior da sua vigncia. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

    IMPUGNAO

    Para que o devedor apresente IMPUGNAO (na fase de cumprimento de sentena) necessria a garantia do juzo, ou seja, indispensvel que haja prvia penhora, depsito ou cauo. STJ. 3 Turma. REsp 1.195.929-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012.

    EXECUO FISCAL

    Existe uma ordem de prioridades na citao do executado na execuo fiscal. Inicialmente, deve-se tentar a citao pelo correio. Se no for possvel, deve-se buscar a citao por Oficial de Justia. Caso esta tambm reste infrutfera, realiza-se a citao por edital. Vale ressaltar, no entanto, que no necessrio o exaurimento de todos os meios para que o Oficial de Justia tente localizar o paradeiro do executado para se admitir a citao por edital. O meirinho procura o devedor em seu domiclio fiscal e, se no o encontrar, a citao por edital possvel. STJ. 1 Turma. AgRg no AREsp 206.770-RS, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado em 13/11/2012; AgRg no AREsp 198.239-MG, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 13/11/2012.

    A caracterizao de m-f do terceiro adquirente, ou mesmo a prova do conluio, no necessria para caracterizao da fraude execuo fiscal. A natureza jurdica do crdito tributrio conduz a que a simples alienao de bens pelo sujeito passivo por quantia inscrita em dvida ativa, sem a reserva de meios para quitao do dbito, gere a presuno absoluta de fraude execuo. STJ. 2 Turma. AgRg no AREsp 241.691/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/11/2012, DJe 04/12/2012. Assim, na execuo fiscal, para que se presuma a fraude basta que o devedor tenha alienado ou onerado os bens ou rendas aps o dbito ter sido inscrito na dvida ativa e fique sem ter patrimnio para pagar a Fazenda. No necessrio discutir se houve m-f do terceiro adquirente. STJ. 1 Turma. REsp 1.341.624-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 6/11/2012.

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    O representante judicial de conselho de fiscalizao profissional possui a prerrogativa de ser intimado pessoalmente no mbito de execuo fiscal promovida pela entidade. STJ. 1 Seo. REsp 1.330.473-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 12/6/2013.

    Em execuo fiscal, o juiz no pode indeferir o pedido de substituio de bem penhorado se a Fazenda Pblica concordar com a pretendida substituio. STJ. 2 Turma. REsp 1.377.626-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/6/2013.

    A oposio de embargos execuo fiscal depois da penhora de bens do executado no suspende automaticamente os atos executivos, fazendo-se necessrio que o embargante demonstre a relevncia de seus argumentos ("fumus boni juris") e que o prosseguimento da execuo poder lhe causar dano de difcil ou de incerta reparao ("periculum in mora"). STJ. 1 Seo. REsp 1.272.827-PE, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013 (recurso repetitivo).

    AO CIVIL PBLICA

    possvel a instaurao e o prosseguimento de inqurito civil com a finalidade de apurar possvel incompatibilidade entre a evoluo patrimonial de vereadores e seus respectivos rendimentos, ainda que o referido procedimento tenha se originado a partir de denncia annima, na hiptese em que realizadas administrativamente as investigaes necessrias para a formao de juzo de valor sobre a veracidade da notcia. Ressalte-se que o art. 13 da Lei de Improbidade obriga os agentes pblicos a disponibilizarem periodicamente informaes sobre seus bens e evoluo patrimonial. Vale destacar que os agentes polticos sujeitam-se a uma diminuio na esfera de privacidade e intimidade, de modo que se mostra ilegtima a pretenso de no revelar fatos relacionados evoluo patrimonial. STJ. 2 Turma. RMS 38.010-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 4/4/2013.

    A competncia para processar e julgar ao civil pblica absoluta e se d em funo do local onde ocorreu o dano. STJ. 1 Seo. AgRg nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 14/11/2012.

    Smula 489-STJ: Reconhecida a continncia, devem ser reunidas na Justia Federal as aes civis pblicas propostas nesta e na Justia estadual. STJ. Corte Especial, DJe 1/8/2012.

    possvel determinar a suspenso do andamento de processos individuais at o julgamento, no mbito de ao coletiva, da questo jurdica de fundo neles discutida. STJ. 1 Seo. REsp 1.353.801-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/8/2013.

    PRAZO PARA IMPETRAO DO MANDADO DE SEGURANA

    A Lei n. 12.016/2009 prev um prazo para o ajuizamento do MS:

    Art. 23. O direito de requerer mandado de segurana extinguir-se- decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da cincia, pelo interessado, do ato impugnado.

    Prazo do MS: 120 dias.

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    Natureza deste prazo: A posio majoritria afirma que se trata de prazo decadencial. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ afirma que, se o marco final do prazo do MS terminar em sbado, domingo ou feriado, ele dever ser prorrogado para o primeiro dia til seguinte:

    (...) 4. O termo inicial para a impetrao a data da cincia do ato, mas a contagem s tem incio no primeiro dia til seguinte e, caso o termo final recaia em feriado forense ou dia no til (sbado ou domingo), prorroga-se automaticamente o trmino do prazo para o primeiro dia til que se seguir. A observncia do prazo inicial e final para o exerccio do direito ao de mandado de segurana no deve se afastar do que dispe o artigo 184 do CPC (...) (MS 14.828/DF, Rel. Min. Benedito Gonalves, 1 Seo, julgado em 08/09/2010).

    A previso de um prazo para o MS constitucional? SIM. Smula 632-STF: constitucional lei que fixa o prazo de decadncia para a impetrao de mandado de segurana. Termo inicial do prazo: O prazo para impetrar o MS inicia-se na data em que o prejudicado toma cincia do ato coator praticado.

    (...) Considerou, ainda, que a ofensa ao direito lquido e certo no se conta a partir da expedio da resoluo (ato impugnado no mandado de segurana), mas sim do momento em que produzir efeitos. Tal entendimento harmoniza-se com a jurisprudncia do STJ de que o prazo decadencial no mandado de segurana tem incio na data em que o interessado teve cincia inequvoca do ato atacado. (...) REsp 1.088.620-SP, Rel. para o acrdo Min. Castro Meira, julgado em 18/11/2008.

    O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor ato nico ou prestao de trato sucessivo? Como contado o prazo para o MS no caso de a Administrao Pblica suprimir ou reduzir determinada vantagem paga ao servidor? Para o STJ preciso fazer a seguinte distino:

    Ato que SUPRIME vantagem

    Ato que REDUZ vantagem Ato que reajusta benefcio em valor inferior ao devido

    Ato nico. Prestao de trato sucessivo.

    Prestao de trato sucessivo.

    O prazo para o MS contado da data em que o prejudicado toma cincia do ato.

    O prazo para o MS renova-se ms a ms (periodicamente).

    O prazo para o MS renova-se ms a ms (periodicamente).

    PRECATRIOS

    A expresso na data de expedio do precatrio constante no 2 do art. 100 da CF/88 foi declarada INCONSTITUCIONAL. O STF entendeu que esta limitao at a data da expedio do precatrio viola o princpio da igualdade e que esta superpreferncia deveria ser estendida a todos credores que completassem 60 anos de idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do precatrio de natureza alimentcia. O STF entendeu que os 9 e 10 do art. 100 so INCONSTITUCIONAIS. Para o Supremo, este regime de compensao obrigatria trazido pelos 9 e 10, ao estabelecer uma enorme superioridade processual Fazenda Pblica, viola a garantia do devido processo legal, do contraditrio, da ampla defesa, da coisa julgada, da isonomia e afeta o princpio da separao dos Poderes. O STF declarou a inconstitucionalidade da expresso ndice oficial de remunerao bsica da caderneta de poupana, constante do 12 do art. 100 da CF.

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    Logo, com a declarao de inconstitucionalidade do 12 do art. 100 da CF, o STF tambm declarou

    inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequncia lgica), o art. 5 da Lei n. 11.960/2009,

    que deu a redao atual ao art. 1-F. da Lei n. 9.494/97. O STF tambm declarou a inconstitucionalidade da expresso independentemente de sua natureza, presente no 12 do art. 100 da CF, com o objetivo de deixar claro que, para os precatrios de natureza tributria se aplicam os mesmos juros de mora incidentes sobre o crdito tributrio. O Supremo declarou inconstitucionais o 15 do art. 100 da CF/88 e todo o art. 97 do ADCT. STF. Plenrio. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, Min. Luiz Fux, 14/3/2013.

    No possvel a compensao de precatrios estaduais com dvidas oriundas de tributos federais. Isso porque, nessa hiptese, no h identidade entre devedor e credor. STJ. AgRg no AREsp 334.227-RS, Rel. Min. Srgio Kukina, julgado em 6/8/2013.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    Conceito de consumidor e teoria finalista aprofundada Em regra, somente pode ser considerado consumidor, para fins de aplicao do CDC, o destinatrio ftico e econmico do bem ou servio, seja ele pessoa fsica ou jurdica. Com isso, em regra, fica excludo da proteo do CDC o consumo intermedirio, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produo e distribuio, compondo o custo (e, portanto, o preo final) de um novo bem ou servio. Embora consagre o critrio finalista para interpretao do conceito de consumidor, a jurisprudncia do STJ tambm reconhece a necessidade de, em situaes especficas, abrandar o rigor desse critrio para admitir a aplicabilidade do CDC nas relaes entre fornecedores e sociedades empresrias em que, mesmo a sociedade empresria utilizando os bens ou servios para suas atividades econmicas, fique evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada. STJ. 3 Turma. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012 (Info 510 STJ).

    possvel aplicar o CDC relao entre proprietrio de imvel e a imobiliria contratada por ele para administrar o bem. Em outras palavras, a pessoa que contrata uma empresa administradora de imveis pode ser considerada consumidora. STJ. 3 Turma. REsp 509.304-PR, Rel. Min. Villas Bas Cueva, julgado em 16/5/2013.

    Se houver descredenciamento de mdicos ou hospitais, a operadora de plano de sade tem o dever de informar esse fato individualmente a cada um dos associados. STJ. 3 Turma. REsp 1.144.840-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/3/2012 (Info 493 STJ).

    O plano de sade solidariamente responsvel pelos danos causados aos associados pela sua rede credenciada de mdicos e hospitais. Assim, no caso de erro mdico cometido por profissional credenciado, a operadora responder, solidariamente, com o mdico, pelos danos causados ao paciente. O plano de sade possui responsabilidade objetiva perante o consumidor, podendo, em ao regressiva, averiguar a culpa do mdico ou do hospital. STJ. 4 Turma. REsp 866.371-RS, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 27/3/2012.

    abusiva a clusula do contrato de seguro-sade (plano de sade) que estabelea limite de valor para o custeio de despesas com tratamento clnico, cirrgico e de internao hospitalar. STJ. 4 Turma. REsp 735.750-SP, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 14/2/2012 (Info 492 STJ).

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    Plano de sade no pode negar o custeio de cirurgia de gastroplastia (indicada para tratamento de obesidade mrbida) Assim, abusiva a negativa do plano de sade em cobrir as despesas de interveno cirrgica de gastroplastia, necessria garantia da sobrevivncia do segurado. STJ. 3 Turma. REsp 1.249.701-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2012 (Info 511 STJ).

    vedado o envio de carto de crdito, ainda que bloqueado, residncia do consumidor sem prvia e expressa solicitao. STJ. 3 Turma. REsp 1.199.117-SP, Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/12/2012 (Info 511 STJ).

    A legislao permite que o contrato estipule prazo de carncia nos contratos de planos de sade e de seguros privados de sade. No entanto, mesmo havendo carncia, as operadoras so obrigadas a oferecer cobertura nos casos de urgncia e emergncia a partir de 24 horas depois de ter sido assinado o

    contrato (art. 12, V, c, da Lei n. 9.656/98). STJ. 4 Turma. REsp 962.980-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 13/3/2012 (Info 493 STJ).

    O banco pode ser condenado a pagar reparao por dano moral coletivo, em ao civil pblica, pelo fato de oferecer, em sua agncia, atendimento inadequado aos consumidores idosos, deficientes fsicos e com dificuldade de locomoo. STJ. 3 Turma. REsp 1.221.756-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/2/2012 (Info 490 STJ).

    A instituio financeira no pode ser responsabilizada por assalto sofrido por sua correntista em via pblica, isto , fora das dependncias de sua agncia bancria, aps a retirada, na agncia, de valores em espcie, sem que tenha havido qualquer falha determinante para a ocorrncia do sinistro no sistema de segurana da instituio. STJ. 3 Turma. REsp 1.284.962-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2012 (Info 512 STJ).

    A inverso do nus da prova de que trata o art. 6, VIII, do CDC REGRA DE INSTRUO, devendo a deciso judicial que determin-la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar parte a quem no incumbia inicialmente o encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos. STJ. 2 Seo. EREsp 422.778-SP, Rel. para o acrdo Min. Maria Isabel Gallotti (art. 52, IV, b, do RISTJ), julgados em 29/2/2012 (Info 492 STJ).

    Smula 479-STJ: As instituies financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no mbito de operaes bancrias. STJ. 2 Seo, DJe 1/8/2012.

    Qual o prazo prescricional para que moradores de casas atingidas por queda de avio ajuzem ao de indenizao contra a companhia area? 5 anos (art. 27 do CDC). Os moradores, embora no tenham utilizado o servio da companhia area como destinatrios finais, equiparam-se a consumidores pelo simples fato de serem vtimas do evento. So conhecidos como bystanders (art. 17 do CDC). No se aplica o prazo prescricional do Cdigo Brasileiro de Aeronutica quando a relao jurdica envolvida for de consumo. STJ. 3 Turma. REsp 1.202.013-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/6/2013.

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    Smula 477-STJ: A decadncia do artigo 26 do CDC no aplicvel prestao de contas para obter esclarecimentos sobre cobrana de taxas, tarifas e encargos bancrios. STJ. 2 Seo, DJe 19/6/2012.

    I Na ao regressiva, devem ser aplicadas as mesmas regras do CDC que seriam utilizadas em eventual ao judicial promovida pelo segurado (consumidor) contra o restaurante (fornecedor). Isso porque, aps o pagamento do valor contratado, ocorre sub-rogao, transferindo-se seguradora todos os direitos, aes, privilgios e garantias do segurado em relao dvida contra o restaurante, de acordo com o disposto no art. 349 do CC. II O restaurante que oferea servio de manobrista (valet parking) prestado em via pblica no poder ser civilmente responsabilizado na hiptese de roubo de veculo de cliente deixado sob sua responsabilidade, caso no tenha concorrido para o evento danoso. STJ. 3 Turma. REsp 1.321.739-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 5/9/2013 (Info 530).

    Responsabilidade civil do mdico em caso de cirurgia plstica I A obrigao nas cirurgias meramente estticas de resultado, comprometendo-se o mdico com o efeito embelezador prometido. II Embora a obrigao seja de resultado, a responsabilidade do cirurgio plstico permanece subjetiva, com inverso do nus da prova (responsabilidade com culpa presumida) (no responsabilidade objetiva). III O caso fortuito e a fora maior, apesar de no estarem expressamente previstos no CDC, podem ser invocados como causas excludentes de responsabilidade. STJ. 4 Turma. REsp 985.888-SP, Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/2/2012 (Info 491 STJ).

    vedada a denunciao da lide para que ingresse terceiro em processo de autoria do consumidor, cuidando-se de relao de consumo, propiciando ampla dilao probatria que no interessa ao hipossuficiente e que apenas lhe causa prejuzo. STJ. 4 Turma. REsp 1305780/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 04/04/2013.

    No cabe a denunciao da lide nas aes indenizatrias decorrentes da relao de consumo, seja no caso de responsabilidade pelo fato do produto, seja no caso de responsabilidade pelo fato do servio (arts. 12 a 17 do CDC). Assim, a vedao denunciao da lide prevista no art. 88 do CDC no se restringe responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicvel tambm nas demais hipteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC). STJ. 3 Turma. REsp 1.165.279-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/5/2012 (Info 498 STJ).

    A responsabilidade por dbito relativo ao consumo de gua e servio de esgoto de quem efetivamente obteve a prestao do servio. Trata-se de obrigao de natureza pessoal, no se caracterizando como obrigao propter rem. Assim, no se pode responsabilizar o atual usurio por dbitos antigos contrados pelo morador anterior do imvel. STJ. 1 Turma. AgRg no REsp 1.313.235-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 20/9/2012 (Info 505 STJ).

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas incluam no cadastro de inadimplentes os consumidores em dbito que estejam discutindo judicialmente a dvida. Trata-se da defesa de direitos individuais homogneos de consumidores, havendo interesse social (relevncia social) no caso. STJ. 3 Turma. REsp 1.148.179-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/2/2013 (Info 516 STJ).

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    Os Conselhos Seccionais da OAB podem ajuizar ACP em relao aos temas que afetem a sua esfera local

    (art. 45, 2, da Lei n. 8.906/84). Vale ressaltar que a legitimidade ativa para propositura de aes civis pblicas por parte da OAB, seja pelo Conselho Federal, seja pelos Conselhos Seccionais, deve ser lida de forma abrangente, em razo das finalidades outorgadas pelo legislador entidade, que possui carter peculiar no mundo jurdico. No possvel limitar a atuao da OAB em razo de pertinncia temtica, uma vez que a ela corresponde a defesa, inclusive judicial, da Constituio Federal, do Estado de Direito e da justia social, o que, inexoravelmente, inclui todos os direitos coletivos e difusos. STJ. 2 Turma. REsp 1351760/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/11/2013 (no divulgado em Info em 2013)

    ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Conforme autoriza o art. 149 do ECA, o juiz pode disciplinar, por portaria, a entrada e permanncia de criana ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsveis em estdios, bailes, boates, teatros etc. No entanto, essa portaria dever ser fundamentada, caso a caso, sendo vedada que ela tenha determinaes de carter geral ( 2 do art. 149). STJ. 1 Turma. REsp 1.292.143-SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/6/2012.

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para promover ao civil pblica a fim de obter compensao por dano moral difuso decorrente da submisso de adolescentes a tratamento desumano e vexatrio levado a efeito durante rebelies ocorridas em unidade de internao. STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1.368.769-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/8/2013.

    O simples fato de um maior de idade ter se utilizado da participao de um menor de 18 anos na prtica de infrao penal j suficiente para que haja a consumao do crime de corrupo de menores (previsto inicialmente no art. 1 da revogada Lei n. 2.252/1954 e atualmente tipificado no art. 244-B do ECA). Assim, para a configurao do delito no se exige prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido. Isso porque o delito de corrupo de menores considerado formal. STJ. 6 Turma. HC 159.620-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/3/2013.

    APURAO DE ATO INFRACIONAL Ato infracional Quando uma criana ou adolescente pratica um fato previsto em lei como crime ou contraveno penal, esta conduta chamada de ato infracional. Assim, juridicamente, no se deve dizer que a criana ou adolescente cometeu um crime ou contraveno penal, mas sim ato infracional. Criana: a pessoa que tem at 12 anos de idade incompletos. Adolescente: a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade. Quando uma criana ou adolescente pratica um ato infracional, no receber uma pena (sano penal), considerando que no pratica crime nem contraveno. O que acontece ento?

    Criana: receber uma medida protetiva (art. 101 do ECA).

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    Adolescente: receber uma medida socioeducativa (art. 112 do ECA) e/ou medida protetiva (art. 101 do ECA).

    Procedimento aplicvel no caso de apurao de ato infracional A apurao de ato infracional praticado por criana ou adolescente regulada por alguns dispositivos do ECA. No entanto, como o Estatuto no tratou de forma detalhada sobre o tema, o art. 152 determina que sejam aplicadas subsidiariamente as normas gerais previstas na legislao processual pertinente. No caso de apurao de ato infracional, aplica-se subsidiariamente o CPP ou o CPC? Depende. Aplica-se:

    o CPP para o processo de conhecimento (representao, produo de provas, memoriais, sentena);

    o CPC para as regras do sistema recursal (art. 198 do ECA). Resumindo: 1 opo: normas do ECA. Na falta de normas especficas:

    CPP: Para regular o processo de conhecimento.

    CPC: para regular o sistema recursal. Procedimento no caso de uma criana praticar ato infracional 1) Dever ser encaminhada ao Conselho Tutelar (art. 136, I, do ECA). 2) aconselhvel que o Conselho Tutelar registre a ocorrncia do ato infracional na Delegacia de Polcia,

    sem a presena da criana. 3) O Conselho Tutelar poder aplicar criana as medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII, do ECA.

    Deve-se lembrar que as crianas no esto submetidas s medidas socioeducativas, ainda que tenham praticado ato infracional.

    4) Para a aplicao das medidas protetivas previstas no art. 101, I a VII do ECA, o Conselho Tutelar no precisa da interveno do Poder Judicirio, que somente ser necessria nas hipteses de incluso em programa de acolhimento familiar (inciso VIII) e colocao em famlia substituta (inciso IX).

    Procedimento no caso de um adolescente praticar ato infracional 1) Se o adolescente foi apreendido em flagrante: dever ser, desde logo, encaminhado autoridade

    policial competente (art. 172 do ECA). 2) Se o ato infracional foi praticado mediante violncia ou grave ameaa pessoa:

    A autoridade policial dever (art. 173): I - lavrar auto de apreenso, ouvidos as testemunhas e o adolescente ( como se fosse um auto de priso em flagrante); II - apreender o produto e os instrumentos da infrao; III - requisitar os exames ou percias necessrios comprovao da materialidade e autoria da infrao.

    3) Se o ato infracional foi praticado sem violncia ou grave ameaa pessoa: Regra: o adolescente ser prontamente liberado, devendo, no entanto, o pai, a me ou outro responsvel pelo menor assinar um termo de compromisso e responsabilidade no qual fica estabelecido que o adolescente ir se apresentar ao representante do Ministrio Pblico, naquele mesmo dia ou, sendo impossvel, no primeiro dia til imediato (art. 174). Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhar imediatamente ao representante do Ministrio Pblico cpia do auto de apreenso ou boletim de ocorrncia (art. 176). Exceo: mesmo o ato infracional tendo sido praticado sem violncia ou grave ameaa pessoa, a autoridade policial poder decidir, com base na gravidade do ato infracional e em sua repercusso social, que o adolescente deve ficar internado a fim de garantir:

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    a) a sua segurana pessoal; ou b) a manuteno da ordem pblica.

    4) Caso o menor NO tenha sido liberado: o Delegado encaminhar, desde logo, o adolescente ao

    representante do Ministrio Pblico, juntamente com cpia do auto de apreenso ou boletim de ocorrncia (art. 175). Sendo impossvel a apresentao imediata, a autoridade policial encaminhar o adolescente entidade de atendimento, que far a apresentao ao representante do Ministrio Pblico no prazo de 24 horas. Nas localidades onde no houver entidade de atendimento, a apresentao far-se- pela autoridade policial. falta de repartio policial especializada, o adolescente aguardar a apresentao em dependncia separada da destinada a maiores, no podendo, em qualquer hiptese, exceder o prazo de 24 horas.

    5) Peas de informao:

    Na apurao de ato infracional, o procedimento de investigao feito na polcia com a colheita dos depoimentos e juntada de outras provas no recebe a denominao de inqurito policial, sendo chamado de peas de informao, que devero ser encaminhadas pelo Delegado ao MP.

    6) Oitiva informal do menor pelo MP: Como visto acima, o adolescente apontado como autor de ato infracional dever ser ouvido pelo MP. Assim, apresentado o adolescente, o representante do Ministrio Pblico proceder imediata e informalmente sua oitiva e, em sendo possvel, de seus pais ou responsvel, vtima e testemunhas. Pode parecer estranho, inclusive gerando dvidas nos candidatos quando aparece nas provas de concurso, mas o art. 179 do ECA afirma que essa oitiva do adolescente, feita pelo MP, informal. Por isso, alguns autores defendem que no necessrio que esse ato seja reduzido a escrito, podendo o Promotor de Justia ouvir o menor sem registro formal.

    7) Providncias adotadas pelo Promotor de Justia (art. 180): Aps ouvir o menor, o representante do Ministrio Pblico poder: I - promover o arquivamento dos autos; II - conceder a remisso; III - representar autoridade judiciria para aplicao de medida socioeducativa. Obs: alm dessas trs situaes previstas no ECA, a doutrina afirma tambm que o MP poder determinar a realizao de novas diligncias investigatrias.

    8) Remisso ministerial: Remisso, no ECA, o ato de perdoar o ato praticado pelo adolescente e que ir gerar a excluso, a extino ou a suspenso do processo, a depender da fase em que esteja. A remisso no significa necessariamente que esteja se reconhecendo que o adolescente praticou aquela conduta nem serve para efeito de antecedentes. A remisso de que estamos tratando neste momento a remisso concedida pelo Ministrio Pblico como forma de excluso do processo, ou seja, para que este nem se inicie. Encontra-se prevista nos arts. 126 e 127 do ECA:

    Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apurao de ato infracional, o representante do Ministrio Pblico poder conceder a remisso, como forma de excluso do processo, atendendo s circunstncias e consequncias do fato, ao contexto social, bem como personalidade do adolescente e sua maior ou menor participao no ato infracional. Pargrafo nico. Iniciado o procedimento, a concesso da remisso pela autoridade judiciria importar na suspenso ou extino do processo. Art. 127. A remisso no implica necessariamente o reconhecimento ou comprovao da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a

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    aplicao de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocao em regime de semiliberdade e a internao.

    Segundo decidiu o STJ, possvel cumular a remisso com a aplicao de medida socioeducativa que no implique restrio liberdade do adolescente infrator. Em outras palavras, possvel a concesso de remisso cumulada com medida socioeducativa, desde que no a semiliberdade e a internao. STJ. 6 Turma. HC 177.611-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 1/3/2012. Cumpre relembrar a existncia de smula sobre o tema:

    Smula 108-STJ: A aplicao de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prtica de ato infracional, da competncia exclusiva do juiz.

    9) Representao:

    O art. 182 do ECA determina que, se o representante do Ministrio Pblico no promover o arquivamento ou conceder a remisso, oferecer representao ao juiz, propondo a instaurao de procedimento para aplicao da medida socioeducativa que se afigurar mais adequada. A representao de que trata o ECA como se fosse a denncia no processo penal. A representao ser oferecida por petio, que conter o breve resumo dos fatos e a classificao do ato infracional e, quando necessrio, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sesso diria instalada pela autoridade judiciria ( 1 do art. 182). A representao independe de prova pr-constituda da autoria e materialidade ( 2 do art. 182).

    10) Juiz designa audincia de apresentao: Oferecida a representao, se o juiz entender que no o caso de rejeio da pea, designar audincia de apresentao do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretao ou manuteno da internao (art. 184 do ECA). 1 O adolescente e seus pais ou responsvel sero cientificados do teor da representao, e notificados a comparecer audincia, acompanhados de advogado. 2 Se os pais ou responsvel no forem localizados, a autoridade judiciria dar curador especial ao adolescente. 3 No sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciria expedir mandado de busca e apreenso, determinando o sobrestamento do feito, at a efetiva apresentao. 4 Estando o adolescente internado, ser requisitada a sua apresentao, sem prejuzo da notificao dos pais ou responsvel.

    11) Audincia de apresentao O art. 186 do ECA determina que, na audincia de apresentao, o juiz ir ouvir o adolescente, seus pais ou responsvel, podendo solicitar opinio de profissional qualificado. A realizao desse estudo (opinio de profissional qualificado) de que trata o art. 186 do ECA obrigatria? NO. Segundo decidiu a 1 Turma do STF, o referido estudo serve para auxiliar o juiz, especialmente para avaliar a medida socioeducativa mais adequada, no sendo, contudo, obrigatrio. Assim, no h nulidade do processo por falta desse laudo tcnico, uma vez que se trata de faculdade do magistrado, podendo a deciso ser tomada com base em outros elementos constantes dos autos (STF. Primeira Turma. HC 107473/MG, rel. Min. Rosa Weber, 11/12/2012).

    12) Possibilidade de ser concedida remisso judicial

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    Segundo o 1 do art. 186 do ECA, a autoridade judiciria, aps ouvir o representante do Ministrio Pblico, poder proferir deciso concedendo a remisso. Neste caso, trata-se da remisso judicial que funciona como forma de suspenso ou extino do processo. A remisso, como forma de extino ou suspenso do processo, poder ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentena (art. 186 do ECA). 13) Instruo e debates No sendo o caso de se conceder a remisso, ser realizada a instruo. Depois da instruo haver os debates entre Ministrio Pblico e defesa. 14) Sentena possvel a aplicao do princpio da insignificncia para os atos infracionais. STF. Segunda Turma. HC 112400/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 22/5/2012. Trata-se de posio pacfica no STF e no STJ.

    MEDIDAS PROTETIVAS O juiz da infncia e juventude tem o poder de determinar, de ofcio, a realizao de providncias em favor de criana ou adolescente em situao de risco (no caso concreto, matrcula em escola pblica), sem que isso signifique violao do princpio dispositivo. STJ. 2 Turma. RMS 36.949-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 13/3/2012. O juiz da infncia e juventude expediu ofcio ao Municpio X requisitando que fossem providenciadas vagas em escola pblica em favor de certos menores que estariam sob medida de proteo. As medidas de proteo so aplicveis a crianas ou adolescentes em situao de risco, ou seja, quando seus direitos estiverem ameaados ou violados: I - por ao ou omisso da sociedade ou do Estado; II - por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel; III - em razo de sua conduta. As medidas de proteo esto previstas no art. 101 do ECA. O Municpio insurgiu-se contra o ofcio expedido pelo Juiz, alegando que somente seria obrigado a cumprir qualquer mandamento do juzo se a referida determinao fosse derivada de um processo judicial. Alegou que em nenhum momento houve a propositura de ao judicial, de modo que a ordem exarada teria sido tomada sem que houvesse ocorrido o ajuizamento da ao judicial cabvel, seja pelos menores, seja pelo Ministrio Pblico. A polmica que chegou ao STJ, portanto, foi a seguinte: pode o juiz da infncia e da juventude requisitar, de ofcio, providncias ao Municpio para atender interesses de crianas e adolescentes mesmo sem processo judicial em curso? SIM. Com base no art. 153 do ECA:

    Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada no corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciria poder investigar os fatos e ordenar de ofcio as providncias necessrias, ouvido o Ministrio Pblico.

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    Desse modo, com base neste dispositivo, cabe ao magistrado adotar a iniciativa para investigar os fatos e ordenar de ofcio as providncias necessrias. Neste ponto, o ECA conferiu ao juiz um papel mais ativo, no dependendo de provocao do MP ou dos menores. O Ministro Relator afirmou ainda que a doutrina especializada pacfica no sentido de que o juzo da infncia pode agir de ofcio para demandar providncias em prol dos direitos de crianas e de adolescentes.

    MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Quais so as medidas socioeducativas que implicam privao de liberdade Semiliberdade; Internao.

    Semiliberdade (art. 120 do ECA) Pelo regime da semiliberdade, o adolescente realiza atividades externas durante o dia, sob superviso de equipe multidisciplinar, e fica recolhido noite. O regime de semiliberdade pode ser determinado como medida inicial imposta pelo juiz ao adolescente infrator, ou como forma de transio para o meio aberto (uma espcie de progresso).

    Internao (arts. 121 e 122 do ECA) Por esse regime, o adolescente fica recolhido na unidade de internao. A internao constitui medida privativa da liberdade e se sujeita aos princpios de brevidade, excepcionalidade e respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento. Pode ser permitida a realizao de atividades externas, a critrio da equipe tcnica da entidade, salvo expressa determinao judicial em contrrio. A medida no comporta prazo determinado, devendo sua manuteno ser reavaliada, mediante deciso fundamentada, no mximo a cada seis meses. Em nenhuma hiptese o perodo mximo de internao exceder a trs anos. Se o interno completar 21 anos, dever ser obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internao. Para o STJ, o juiz somente pode aplicar a medida de internao ao adolescente infrator nas hipteses taxativamente previstas no art. 122 do ECA, pois a segregao do adolescente medida de exceo, devendo ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade, em observncia ao esprito do Estatuto, que visa reintegrao do menor sociedade (HC 213778):

    Art. 122. A medida de internao s poder ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaa ou violncia a pessoa; II - por reiterao no cometimento de outras infraes graves; III - por descumprimento reiterado e injustificvel da medida anteriormente imposta.

    Observa-se com frequncia, na prtica, diversas sentenas que aplicam a medida de internao ao adolescente pela prtica de trfico de drogas, valendo-se como nico argumento o de que tal ato infracional muito grave e possui natureza hedionda. O STJ no concorda com este entendimento e tem decidido, reiteradamente, que no admitida a internao com base unicamente na alegao da gravidade abstrata ou na natureza hedionda do ato infracional perpetrado. O tema revelou-se to frequente que a Corte decidiu editar a Smula 492 expondo esta concluso: Smula 492-STJ: O ato infracional anlogo ao trfico de drogas, por si s, no conduz obrigatoriamente imposio de medida socioeducativa de internao do adolescente. STJ. 3 Seo, DJe 13/8/2012

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    Logo, o adolescente que pratica trfico de drogas pode at receber a medida de internao, no entanto, para que isso ocorra, o juiz dever vislumbrar, no caso concreto, e fundamentar sua deciso em alguma das hipteses do art. 122 do ECA.

    AO DE DESTITUIO DO PODER FAMILIAR Na ao de destituio do poder familiar proposta pelo Ministrio Pblico no cabe a nomeao da Defensoria Pblica para atuar como curadora especial do menor. STJ. 4 Turma. REsp 1.176.512-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/3/2012. Caso o Ministrio Pblico perceba que os pais do menor no esto cumprindo regularmente suas atribuies e que a criana ou o adolescente encontra-se em situao de risco, poder ajuizar ao de destituio do poder familiar. Sendo ajuizada ao de destituio do poder familiar contra ambos os pais, ser necessrio nomear a Defensoria Pblica como curadora especial deste menor? NO.

    Argumentos: No existe prejuzo ao menor apto a justificar a nomeao de curador especial, considerando que a

    proteo dos direitos da criana e do adolescente uma das funes institucionais do MP (arts. 201 a 205 do ECA);

    Cabe ao MP promover e acompanhar o procedimento de destituio do poder familiar, atuando o representante do Parquet como autor, na qualidade de substituto processual, sem prejuzo do seu papel como fiscal da lei;

    Dessa forma, promovida a ao no exclusivo interesse do menor, despicienda a participao de outro rgo para defender exatamente o mesmo interesse pelo qual zela o autor da ao;

    No h sequer respaldo legal para a nomeao de curador especial no rito prescrito pelo ECA para ao de destituio.

    A Relatora entendeu que a nomeao de curador ao menor deve ocorrer nos casos previstos no art. 142, pargrafo nico do ECA, o que no se verificava no caso.

    ADOO ADOO CONJUNTA FEITA POR DOIS IRMOS Pelo texto do ECA, a adoo conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados ou vivam em unio estvel. No entanto, a 3 Turma do STJ relativizou essa regra do ECA e permitiu a adoo por parte de duas pessoas que no eram casadas nem viviam em unio estvel. Na verdade, eram dois irmos (um homem e uma mulher) que criavam um menor h alguns anos e, com ele, desenvolveram relaes de afeto. STJ. 3 Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012. Conceito de adoo Adoo um ato jurdico em sentido estrito, que depende sempre de uma deciso judicial constitutiva, por meio do qual se cria um vnculo jurdico irrevogvel de pai e filho(a) ou de me e filho(a) e cujos efeitos so exatamente os mesmos decorrentes de uma filiao biolgica. Regime jurdico A adoo de crianas e adolescentes ser deferida na forma prevista pelo ECA. A adoo de pessoas maiores de 18 anos tambm acaba observando as regras trazidas pelo ECA, considerando que, atualmente, o Cdigo Civil quase nada disciplina sobre o tema.

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    Capacidade para adotar Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. O adotante h de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando. Ex: se o adotando tiver 4 anos, o adotante dever ter, no mnimo, 20 anos. O que adoo unilateral? aquela realizada por uma s pessoa. Nesse caso, o adotante deve ter mais de 18 anos. O que adoo bilateral (conjunta)? aquela realizada por duas pessoas conjuntamente. Ex: um casal, que no pode ter filhos biolgicos, decide adotar uma criana. Dois irmos podem adotar um menor? Exemplo hipottico: Jlia (25 anos) e Pedro (30 anos) so irmos e, por serem solteiros, ainda moram juntos. Jlia e Pedro criam, h alguns anos, um menor que encontraram na porta de sua casa. Jlia e Pedro podem adotar esse menor? Segundo o texto do ECA: NO Segundo a literalidade do ECA, a adoo conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados ou vivam em unio estvel ( 2 do art. 42). Excepcionalmente, a Lei permite que adotem se j estiverem separados, mas desde que o estgio de convivncia com o menor tenha comeado durante o relacionamento amoroso ( 4 do art. 42).

    Art. 42 (...) 2 Para adoo conjunta, indispensvel que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham unio estvel, comprovada a estabilidade da famlia. 4 Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estgio de convivncia tenha sido iniciado na constncia do perodo de convivncia e que seja comprovada a existncia de vnculos de afinidade e afetividade com aquele no detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concesso.

    Segundo entendeu o STJ: SIM O conceito de ncleo familiar estvel no pode ficar restrito s frmulas clssicas de famlia, devendo ser ampliado para abarcar a noo plena de famlia, apreendida nas suas bases sociolgicas. O simples fato de os adotantes serem casados ou companheiros, apenas gera a presuno de que exista um ncleo familiar estvel, o que nem sempre se verifica na prtica. Desse modo, o que importa realmente para definir se h um ncleo familiar estvel que possa receber o menor so os elementos subjetivos, que podem ou no existir, independentemente do estado civil das partes. Nesse sentido, a chamada famlia anaparental (ou seja, sem a presena de um ascendente), quando constatado os vnculos subjetivos que remetem famlia, merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares descritos no art. 42, 2, do ECA. Em suma, o STJ relativizou a proibio contida no 2 do art. 42 e permitiu a adoo por parte de duas pessoas que no eram casadas nem viviam em unio estvel. Na verdade, eram dois irmos (um homem e uma mulher) que criavam um menor h alguns anos e, com ele, desenvolveram relaes de afeto. ADOO POST MORTEM MESMO QUE O ADOTANTE NO TENHA INICIADO O PROCEDIMENTO FORMAL ENQUANTO VIVO

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    Pelo texto do ECA, a adoo post mortem (aps a morte do adotante) somente poder ocorrer se o adotante, em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar e iniciou o procedimento de adoo, vindo a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentena. Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o menor, poder ocorrer a adoo post mortem mesmo que no tenha iniciado o procedimento de adoo quando vivo. STJ. 3 Turma. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012. Adoo pstuma ou nuncupativa Adoo pstuma (ou adoo nuncupativa) aquela que se aperfeioa mesmo tendo o adotante j falecido. Essa possibilidade trazida pelo art. 42, 6, do ECA:

    6 A adoo poder ser deferida ao adotante que, aps inequvoca manifestao de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentena.

    Requisitos para que ocorra a adoo pstuma segundo o texto do ECA: a) O adotante, ainda em vida, manifesta inequivocamente a vontade de adotar aquele menor; b) O adotante, ainda em vida, d incio ao procedimento judicial de adoo; c) Aps iniciar formalmente o procedimento e antes de ele chegar ao fim, o adotante morre. Nesse caso,

    o procedimento poder continuar e a adoo ser concretizada mesmo o adotante j tendo morrido. Requisitos para que ocorra a adoo pstuma segundo a jurisprudncia do STJ: Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o menor, poder ocorrer a adoo post mortem, mesmo que no tenha iniciado o procedimento de adoo quando vivo. O que pode ser considerado como manifestao inequvoca da vontade de adotar? a) O adotante trata o menor como se fosse seu filho; b) H um conhecimento pblico dessa condio, ou seja, a comunidade sabe que o adotante considera o

    menor como se fosse seu filho. Nesse caso, a jurisprudncia permite que o procedimento de adoo seja iniciado mesmo aps a morte do adotante, ou seja, no necessrio que o adotante tenha comeado o procedimento antes de morrer. No julgado deste informativo, o STJ reafirma esse entendimento. A Min. Nancy Andrighi explica que o pedido de adoo antes da morte do adotante dispensvel se, em vida, ficou inequivocamente demonstrada a inteno de adotar: Vigem aqui, como comprovao da inequvoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas regras que comprovam a filiao socioafetiva: o tratamento do menor como se filho fosse e o conhecimento pblico dessa condio. O pedido judicial de adoo, antes do bito, apenas selaria com o manto da certeza, qualquer debate que porventura pudesse existir em relao vontade do adotante. Sua ausncia, porm, no impede o reconhecimento, no plano substancial, do desejo de adotar, mas apenas remete para uma perquirio quanto efetiva inteno do possvel adotante em relao ao recorrido/adotado. ADOO HOMOAFETIVA possvel a adoo de uma criana por casal homoafetivo. possvel tambm a adoo unilateral do filho biolgico da companheira homoafetiva. Ex: Joo filho biolgico de Maria. A criana foi fruto de uma inseminao artificial heterloga com doador desconhecido. Maria mantm unio estvel homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor. STJ. 3 Turma. REsp 1.281.093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/12/2012.

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    Adoo homoafetiva possvel a adoo de uma criana por casal homoafetivo (dois homens ou duas mulheres)? SIM. O STF j decidiu que a unio homoafetiva possui os mesmos direitos da unio heteroafetiva e est includa no conceito de famlia (ADI 4277, Rel. Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011). Assim, plenamente possvel a adoo realizada por um casal homoafetivo, nos mesmos moldes do que ocorre com casais heteroafetivos. Melhor interesse da criana A adoo (seja ela feita por homossexuais ou heterossexuais) somente ser deferida quando atender ao melhor interesse da criana, nos termos do art. 43 do ECA:

    Art. 43. A adoo ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legtimos.

    O juiz pode negar o pedido sob a alegao genrica de que adoo por casais homoafetivos pode gerar problemas psicolgicos na criana? NO. Este argumento genrico no acolhido pelos Tribunais Superiores porque os diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em fortes bases cientficas (realizados na Universidade de Virgnia, na Universidade de Valncia, na Academia Americana de Pediatria), no indicam qualquer inconveniente em que crianas sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vnculo e do afeto que permeia o meio familiar em que sero inseridas e que as liga a seus cuidadores (REsp 889.852/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, Quarta Turma, julgado em 27/04/2010). Adoo unilateral homoafetiva possvel a adoo unilateral do filho biolgico da companheira homoafetiva? Ex: Joo filho biolgico de Maria. A criana foi fruto de uma inseminao artificial heterloga com doador desconhecido. Maria mantm unio estvel homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor. possvel? SIM, considerando que, se esta possibilidade prevista para os casais heteroafetivos, tambm deve ser estendida aos homoafetivos. A Min. Nancy Andrighi afirma que, se determinada situao possvel faixa heterossexual da populao brasileira, tambm o frao homossexual, assexual ou transexual (REsp 1.281.093-SP). CADASTRO DE ADOTANTES A observncia do cadastro de adotantes, ou seja, a preferncia das pessoas cronologicamente cadastradas para adotar determinada criana, no absoluta. A regra comporta excees determinadas pelo princpio do melhor interesse da criana, base de todo o sistema de proteo. Tal hiptese configura-se, por exemplo, quando j formado forte vnculo afetivo entre a criana e o pretendente adoo, ainda que no decorrer do processo judicial. STJ. 3 Turma. REsp 1.347.228-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 6/11/2012. Cadastro de adotantes (art. 50 do ECA) O art. 50 do ECA prev que o indivduo interessado em adotar dever procurar a Vara (ou Juizado) da Infncia e Juventude e passar por um perodo de preparao psicossocial e jurdica. Aps isso, ser ouvido o Ministrio Pblico e, caso o interessado satisfaa os requisitos legais e no haja nenhum impedimento, ele ser habilitado e includo no cadastro de adotantes. A autoridade judiciria manter, em cada comarca ou foro regional, um cadastro com as pessoas interessadas na adoo.

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    Vale ressaltar que a alimentao do cadastro e a convocao criteriosa dos postulantes adoo sero fiscalizadas pelo Ministrio Pblico (custo legis). Segundo arguta lio do Min. Sidnei Beneti, O referido Cadastro de adotantes visa observncia do interesse do menor, concedendo vantagens ao procedimento legal da adoo e avaliando previamente os pretensos adotantes por uma comisso tcnica multidisciplinar, o que minimiza consideravelmente a possibilidade de eventual trfico de crianas ou mesmo a adoo por intermdio de influncias escusas, bem como propicia a igualdade de condies queles que pretendem adotar. (REsp 1.347.228-SC, julgado em 6/11/2012) Justamente por isso, em regra, toda e qualquer adoo dever observar rigorosamente a ordem de preferncia do cadastro de adotantes. Vale transcrever o art. 197-E do ECA:

    Art. 197-E. Deferida a habilitao, o postulante ser inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocao para a adoo feita de acordo com ordem cronolgica de habilitao e conforme a disponibilidade de crianas ou adolescentes adotveis.

    Excees legais ao cadastro de adotantes O 13 do art. 50 do ECA traz trs hipteses nas quais poder ser deferida a adoo mesmo sem que o interessado esteja includo no cadastro de adotantes:

    13. Somente poder ser deferida adoo em favor de candidato domiciliado no Brasil no cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: I - se tratar de pedido de adoo unilateral; II - for formulada por parente com o qual a criana ou adolescente mantenha vnculos de afinidade e afetividade; III - oriundo o pedido de quem detm a tutela ou guarda legal de criana maior de 3 (trs) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivncia comprove a fixao de laos de afinidade e afetividade, e no seja constatada a ocorrncia de m-f ou qualquer das situaes previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. 14. Nas hipteses previstas no 13 deste artigo, o candidato dever comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessrios adoo, conforme previsto nesta Lei.

    E se o caso concreto envolver uma situao no abarcada pelo 13 do art. 50 do ECA? O que acontece, por exemplo, se um casal ingressa com o pedido de adoo de uma criana por eles criada desde o nascimento, mas este casal, que no parente do menor, no se encontra inscrito no cadastro de adotantes? A adoo dever ser negada por esse motivo? Essa criana dever ser adotada pelo primeiro casal da fila do cadastro? Mesmo no se enquadrando nas hipteses do 13 do art. 50 acima transcrito, o STJ, com extremo acerto e sensibilidade, j decidiu que a observncia de tal cadastro, ou seja, a preferncia das pessoas cronologicamente cadastradas para adotar determinada criana, no absoluta. Assim, no exemplo dado, a regra legal deve ser excepcionada em prol do princpio do melhor interesse da criana, base de todo o sistema de proteo ao menor. No caso em estudo, restou configurado o vnculo afetivo entre a criana e o casal pretendente adoo, o que justifica seja excepcionada a exigncia da ordem do cadastro. Confira trecho da ementa do precedente do STJ: (...) A observncia do cadastro de adotantes, vale dizer, a preferncia das pessoas cronologicamente cadastradas para adotar determinada criana no absoluta. Excepciona-se tal regramento, em observncia ao princpio do melhor interesse do menor, basilar e norteador de todo o sistema protecionista do menor, na hiptese de existir vnculo afetivo entre a criana e o pretendente adoo, ainda que este no se encontre sequer cadastrado no referido registro; (...) (REsp 1172067/MG, Rel. Min. Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em 18/03/2010)

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    BLOCO II

    DIREITO PENAL

    PRINCIPAIS NOVIDADES LEGISLATIVAS SOBRE DIREITO PENAL DE 2012 E 2013 LEI 12.650/2012 (PRESCRIO PENAL) Os termos iniciais da prescrio esto previstos nos incisos do art. 111 do Cdigo Penal: Art. 111 - A prescrio, antes de transitar em julgado a sentena final, comea a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanncia; IV - nos de bigamia e nos de falsificao ou alterao de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. Este artigo, em sua redao original, traz:

    Uma regra geral para os crimes consumados (ou seja, regra vlida para quase todos os crimes consumados); e

    Uma regra geral para os crimes tentados (ou seja, regra vlida para quase todos os crimes tentados);

    Trs excees (ou seja, trs regras especficas para alguns tipos de crimes). As regras e as excees so as seguintes:

    Regra geral no caso de crimes consumados

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que o crime se CONSUMOU.

    Regra geral no caso de crimes tentados

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que CESSOU A ATIVIDADE CRIMINOSA.

    1 regra especfica: crimes permanentes

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que CESSOU A PERMANNCIA.

    2 regra especfica: crime de bigamia

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que O FATO SE TORNOU CONHECIDO.

    3 regra especfica: crime de falsificao ou alterao de assentamento do registro civil

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que O FATO SE TORNOU CONHECIDO.

    Obs: existem outras regras de termo inicial estabelecidas por leis especiais, como a Lei de Falncia (p. ex.), ou por conta de entendimentos jurisprudenciais, como no caso dos crimes habituais. Vamos nos concentrar, no entanto, apenas nas regras previstas no Cdigo Penal.

    O que fez a Lei n. 12.650/2012?

    A Lei n. 12.650/2012 acrescentou o inciso V no art. 111 do Cdigo Penal prevendo uma nova regra especfica para o termo inicial da prescrio: Art. 111 - A prescrio, antes de transitar em julgado a sentena final, comea a correr:

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    V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianas e adolescentes, previstos neste Cdigo ou em legislao especial, da data em que a vtima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo j houver sido proposta a ao penal.

    4 regra especfica: crimes contra a dignidade sexual

    de crianas e adolescentes

    O prazo prescricional comea a correr do dia em que a vtima completar 18 (dezoito) anos,

    salvo se a esse tempo j houver sido proposta a ao penal.

    LEI 12.653/2012 (ART. 135-A DO CP)

    A Lei n. 12.653/2012 incluiu um novo tipo no Cdigo Penal: o crime de condicionamento de atendimento mdico-hospitalar emergencial.

    Art. 135-A. Exigir cheque-cauo, nota promissria ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prvio de formulrios administrativos, como condio para o atendimento mdico-hospitalar emergencial: Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa. Pargrafo nico. A pena aumentada at o dobro se da negativa de atendimento resulta leso corporal de natureza grave, e at o triplo se resulta a morte.

    LEI 12.737/2012 (INVASO DE DISPOSITIVO INFORMTICO)

    Art. 154-A. Invadir dispositivo informtico alheio, conectado ou no rede de computadores, mediante violao indevida de mecanismo de segurana e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informaes sem autorizao expressa ou tcita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilcita: Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa.

    PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE DIREITO PENAL DE 2012 E 2013

    SMULA 500-STJ: A configurao do crime previsto no artigo 244-B do Estat