revisão geológica e levantamento geofísico
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U F C G
SUPRA OMNES LUX LUCES
Rede Cooperativa de Pesquisa
COMPORTAMENTO DAS BACIAS SEDIMENTARES DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO
“HIDROGEOLOGIA DA BACIA SEDIMENTAR DO URUCUIA: BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS
ARROJADO E FORMOSO”
Meta B
Caracterização Geológica e Geométrica dos Aqüíferos - Revisão Geológica e Levantamento Geofísico -
Outubro / 2007
Ministério de
Minas e EnergiaMinistério da
Ciênica e Tecnologia
Rede Cooperativa de Pesquisa
COMPORTAMENTO DAS BACIAS SEDIMENTARES DA REGIÃO
SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO
“HIDROGEOLOGIA DA BACIA SEDIMENTAR DO URUCUIA: BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS
ARROJADO E FORMOSO”
Meta B
Caracterização Geológica e Geométrica dos Aqüíferos - Revisão Geológica e Levantamento Geofísico -
Execução:
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Outubro / 2007
REDE COOPERATIVA DE PESQUISA
“COMPORTAMENTO DAS BACIAS SEDIMENTARES DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO”
Coordenação: Período 2004/2005 – Dr. Waldir Duarte Costa Período 2006/2007 – MSc. Fernando A. C. Feitosa Instituições Participantes: Serviço Geológico do Brasil – CPRM Coordenação: MSc. Fernando A. C. Feitosa MSc. Jaime Quintas dos Santos Colares Universidade Federal da Bahia – UFBA Coordenadora: Dra. Joana Angélica Guimarães da Luz Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Coordenador: Dr. Vajapeyam Srirangachar Srinivasan Universidade Federal do Ceará – UFC Coordenadora: Dra. Maria Marlúcia Freitas Santiago Universidade Federal de Pernambuco– UFPE Coordenador: Dr. José Geilson Alves Demetrio Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Coordenador: Dr. José Geraldo de Melo Bacia Sedimentar do Urucuia “Hidrogeologia da Bacia Sedimentar do Urucuia: Bacias Hidrográficas dos Rios Arrojado e Formoso” Meta A – Relatório Diagnóstico do Estado da Arte Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM
Meta B – Caracterização Geológica e Geométrica dos Aqüíferos
Ítem1 – Revisão Geológica Autor: Dr. Ricardo Cunha Lopes – CPRM
Ítem2 – Levantamento Geofísico por Gravimetria Autor: Dr. Olivar Lima - UFBA
Meta C – Caracterização Hidrogeológica dos Aqüíferos Item 1 Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira – CPRM Item 2 Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM Item 3 MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM Itens 4, 5, 6, 7 Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM Item 8 Autor: Dr. João Manoel Filho - Consultor
Meta D – Caracterização Hidroquímica e de Vulnerabilidade Item 1 – Estudos Hidroquímicos e Isotópicos Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM Item 2 – Estudos de Vulnerabilidade e Riscos de Contaminação Autores: MSc. José Cláudio Viégas Campos- CPRM MSc. Leanize Teixeira Oliveira - CPRM
Meta E – Suporte ao Planejamento e a Gestão das Águas Subterrâneas Autor: Dr. João Manoel Filho - Consultor
Meta F – Estruturação e Alimentação da Base de Dados em SIG Coordenação: Francisco Edson Mendonça Gomes – CPRM Equipe: Eriveldo da Silva Mendonça Érika Gomes de Brito Antônio Celso Rodrigues de Melo Vicente Calixto Duarte Neto
SUMÁRIO DA META B
CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMÉTRICA DOS AQUÍFEROS
META B 1 – REVISÃO GEOLÓGICA 011. Estudos Geológicos – Litologia, Estratigrafia e Estrutural 01
1.1 - Métodos empregados 021.2 - Descrição das unidades geológicas 03
META B 2 - LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS 411. Geologia de subsuperfície 41
1.1 - Dados Geológicos de Poços 411.2 - Dados Geofísicos de Poços 42
2. Caracterização Geoelétrica 512.1 - Processamento e Interpretação dos Dados 532.2 - Resultados Geoelétricos 54
3. Caracterização gravimétrica 593.1 - Metodologia de Trabalho 613.2 - Processamento e Redução dos Dados 613.2 - Resultados Gravimétricos 64
4. Conclusões 68 Bibliografia 69 LISTA DE FIGURAS 01 - Distribuição dos caminhamentos e afloramentos na área do projeto 0102 - Geologia simplificada da borda oeste da Bacia Urucuia, região de São João
na divisa entre os estados de Goiás e Bahia 0403 - Geologia simplificada da borda leste da Bacia Urucuia, na região de
Correntina - Bahia 0504 - Cintilometria em arenitos das formações Posse (A) e Serra das Araras (B) 2805 - Diagrama de freqüência para as fraturas medidas no Grupo Urucuia 2906 - Arenito maciço fino a médio com matriz argilosa, possuindo um cimento
ferruginoso, com seixos angulosos a subangulosos dispersos. 3007 - Desenvolvimento de trechos do rio Arrojado, condicionados por estruturas
tectônicas NE; NW e E-W, bem como os afluentes provindos da chapada mostram controle NW. Comparar com o diagrama de fraturas 30
08 - Desenvolvimento de trechos do rio Arrojado, condicionados por estruturas tectônicas NE; NW e E-W. Comparar com o diagrama de fraturas 33
09 - Depósitos arenosos inconsolidados formados por retração da cuesta da Serra Geral de Goiás e morros-testemunho de arenitos da Fm. Posse na região da Lagoa do Pratudão. 33
10 - Depósitos arenosos inconsolidados formados por retração de cuesta no vale do Rio Pratudão sobre o chapadão, 12 km a nordeste da Lagoa do Pratudão 37
11 - Padrão de drenagem paralelo dos rios principais sobre a chapada Urucuia (geologia sobre MDT), marcando o caimento da superfície do planalto para nordeste 38
12 - Seção geológica entre Mambaí e Serra do Tombador, a sudeste de Damianópolis. O mergulho da superfície erosiva entre as formações Posse e Serra das Araras é estimado. O exagero vertical é de 20 vezes 39
13 - Seção geológica entre na cuesta da Serra Geral de Goiás ao sul de Rosário, flanco sudeste do vale do rio Arrojado. O mergulho da superfície erosiva entre as formações Posse e Serra das Araras foi obtido pelas cotas dos contatos nos afloramentos RL-20 e RL-22. O exagero vertical é de 20 vezes 39
14 - Alinhamento estrutural marcado pelo desvio dos cursos dos rios Itaguari (1), Formoso (2), Pratudão (3), Arrojado (4) e Corrente (5), e pelo curso alongado de afluentes destes rios quando comparados com os demais tributários (6a, b) 39
15 – Perfis geofísicos corridos no poço MO-02 que abastece a sede municipal de Luiz Eduardo Magalhães 42
16 – Perfis geofísicos corridos no poço PE-01 que abastece a vila de Perdizes, município de São Desidério. 43
17 – Parâmetros petrofísicos dos arenitos do Grupo Urucuia estimado dos perfis geofísicos do poço MO-02 47
18 – Parâmetros petrofísicos dos arenitos do Grupo Urucuia estimado dos perfis geofísicos do poço PE-01 48
19 – Mapa da função resistividade aparente observada com espaçamento AB/2 de 100 m. As linhas pretas identificam alguns dos lineamentos estruturais 52
20 – Dados observados nos três ramos da curva da sondagem elétrica SEU-15. 5321 – Dados corrigidos por suavização numérica da sondagem elétrica SEU-15. 5422 – Exemplos de curvas de SEVs típicas da área e modelos interpretados. 5523 – Exemplos de curvas de SEVs típicas da área e modelos finais interpretados 5524 – Seção geológica transversal A – A’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas 5625 – Seção geológica transversal B – B’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas 5726 – Seção geológica transversal C – C’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas 5727 – Seção geológica transversal D – D’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas 5728 – Seção geológica transversal E – E’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas 5829 – Mapa de contorno da profundidade do substrato condutor na área das sub-
bacias estudadas. As linhas pretas indicam alguns dos lineamentos. 5930 – Mapa mostrando a distribuição das estações gravimétricas e geodésicas
levantadas na área do projeto. 6031 – Mapa de isovalores da gravidade absoluta na área das sub-bacias dos rios
Arrojado e Formoso 6532 – Mapa das anomalias gravimétricas Bouguer na área das sub-bacias dos
rios Arrojado e Formoso. 6633 – Mapa das anomalias gravimétricas residuais gaussianas, na área das sub-
bacias dos rios Arrojado e Formoso 6734 – Mapa das anomalias gravimétricas residuais (segunda derivada de g∆ ), na
área das sub-bacias dos rios Arrojado e Formoso. 67
1
META B – CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMÉTRICA DOS AQUÍFEROS META B 1 – REVISÃO GEOLÓGICA 1. Estudos Geológicos – Litologia, Estratigrafia e Estrutural Autor: Ricardo da Cunha Lopes
Os estudos geológicos foram feitos em duas etapas de campo realizadas nos
meses de agosto e novembro de 2005 totalizando 34 dias, sendo 5 dias gastos em
deslocamento e 4,5 em atividade de revisão dos dados coletados para orientar novos
caminhamentos, que resultaram em 24,5 dias efetivos de coleta de dados.
Foram descritos 94 afloramentos, coletadas 53 amostras de rocha e tomadas 50
medidas de radioatividade natural. Os deslocamentos totalizaram 2.472 km e os
caminhamentos geológicos 1.418 km. A figura 1 apresentada a seguir mostra a
localização da área mapeada em escala 1:250.000, bem como a distribuição dos pontos
de afloramentos e caminhamentos realizados.
Os trabalhos de campo concentraram-se na região da cuesta da Serra Geral de
Goiás e nas bacias dos rios Arrojado e Formoso, até as cercanias das cidades de
Correntina, Santa Maria da Vitória e Coribe (BA). A principal unidade aflorante é o
Grupo Urucuia e seu embasamento constituído por ortognaisses de idade arqueana a
paleoproterozóica do Complexo Gnáissico-Migmatítico Correntina; granitos de idade
paleoproterozóica da Suíte Intrusiva Correntina; metassedimentos do Grupo Bambuí e
rochas sedimentares glaciais de idade paleozóica da Formação Santa Fé.
Na área o Grupo Urucuia está representado pelas suas duas formações: Posse
(basal) e Serra das Araras (superior). A seção apresentada por Spigolon & Alvarenga
(2002) ao longo de um afloramento na rodovia GO-362 foi visitada (Estação RL-34) e
tomada como referência para os trabalhos.
2
Figura 1 - Distribuição dos caminhamentos e afloramentos na área do projeto.
1.1 - Métodos empregados
A fase inicial constou de trabalho em escritório com a compilação de
informações de mapas geológicos e projetos de pesquisa mineral e acadêmica
executados na área, seguida de uma etapa de fotointerpretação na borda oeste da bacia,
utilizando-se de fotos na escala de 1:60.000 (USAF – 1967), com a finalidade de
identificar diferenças morfológicas que indicassem o contato entre as formações Posse e
Serra das Araras.
O levantamento de informações sobre a geologia das bacias dos rios Arrojado e
Formoso constou da compilação de mapas geológicos existentes, principalmente do
Mapa Geológico do Estado da Bahia (Souza et al. 2002 ) e da Folha Brasília SD.23
(Souza et al., 2004) e publicações em periódicos e congressos (Faria et al., 1986; Kiang
et al., 1992; Campos & Dardenne, 1993; Campos & Dardenne, 1997a; Campos &
3
Dardenne, 1997b; Campos & Dardenne, 1999; Sgarbi et al., 2001; Spigolon &
Alvarenga, 2002 e Bonfim & Gomes, 2004).
Os trabalhos de campo envolveram a descrição de afloramentos ao longo de
estradas da região, em áreas de cerrado, em áreas de cultivo e ao longo dos vales dos
rios Arrojado e Formoso e seus afluentes, além de caminhamentos na encosta da Serra
Geral de Goiás, para verificação do contato entre as formações Posse e Serra das Araras
ao longo da cuesta que separa os estados da Bahia e de Goiás.
Os afloramentos foram descritos quanto aos litótipos presentes, anotando-se
informações sobre granulação, cor, composição, esfericidade e arredondamento dos
grãos, geometria das camadas e estruturas sedimentares. Quando possível foram
tomadas medidas de paleocorrentes e atitude das camadas, bem como de fraturas e
falhas. Os afloramentos foram registrados através de fotografia digital, com vista geral
e, quando julgado necessário, com detalhe de feições consideradas significativas ou
características para a unidade. Os afloramentos e pontos de apoio ou intermediários
tiveram suas posições e cotas obtidas por GPS Garmin, modelo 12Map, utilizando-se
coordenadas UTM e como Datum o sistema WGS 84.
As informações obtidas foram diariamente transferidas para o programa
ArcView, fornecendo uma imediata visão de conjunto da área coberta e a distribuição
dos afloramentos encontrados, posicionados sobre as bases cartográficas digitais e
imagem de satélite TM Landsat.
Após cada etapa de campo as informações foram tratadas no escritório,
revisando-se a fotointerpretação frente aos dados de campo e imagem Landsat. O
procedimento final foi a implantação no mapa digital do traçado do contato entre as
formações Posse e Serra das Araras e os ajustes, onde necessário, do contato entre o
Grupo Urucuia e seu embasamento.
1.2 - Descrição das unidades geológicas
- O Embasamento da Bacia Urucuia
As rochas sedimentares do Grupo Urucuia assentam em discordância sobre
rochas gnáissicas e graníticas de idade arqueana a paleoproterozóica, sobre as rochas
metassedimentares neoproterozóicas do Grupo Bambuí e, de forma localizada na região
4
entre Posse e Rodovilândia (GO), sobre rochas sedimentares de idade paleozóica
(Carbonífero – Permiano) pertencentes à Formação Santa Fé.
Na região a oeste da cuesta da Serra Geral de Goiás o embasamento de idade
paleoproterozóica da Bacia Urucuia (Figura 2) é composto por rochas do Complexo
Almas-Cavalcante (Sideriano-Rhiaciano – TDM 2.400 – 2.200, U-Pb cf. Souza et al.,
2004). Segundo estes autores ocorrem, na faixa de afloramento entre as cidades de
Guarani de Goiás e Posse, ortognaisses com variações de composição mineralógica que
permitem classificá-los como tonalíticos, trondjemíticos, granodioríticos ou
monzograníticos.
.
Na porção leste da área estudada, já no Estado da Bahia, o embasamento de
idade arqueana a paleoproterozóica é constituído pelo Complexo Gnáissico-Migmatítico
Correntina e pela Suíte Intrusiva Correntina (Figura 3).
O Complexo Gnáissico-Migmatítico Correntina (Mesoarqueano a Rhyaciano cf.
Souza et al., 2004) é composto por ortognaisses migmatíticos contendo enclaves
máficos e ultramáficos. Aflora na região compreendida entre as cidades de Correntina,
ao norte da área, e Jaborandi ao sul, estendendo-se pelos vales do rio Arrojado até as
cercanias das vilas de Praia e Jatobá, e no vale do rio Formoso até as localidades de
Arrodeador e Gatos.
Grupo Bambuí
Complexo Almas-Cavalcante
Fm. Posse
Fm. Serra das Araras
Cobertura detrítica
Aluviões SÃO JOÃO
N
Figura 2 - Geologia simplificada da borda oeste da Bacia Urucuia, região de São João na divisa entre os estados de Goiás e Bahia
340.000
350.000
360.000
370.000
380.000
390.000
8.470.000
8.480.000
8.490.000
8.500.000
5
Figura 3: Embasamento da Bacia Urucuia no Estado da Bahia.
Grupo Bambuí
Complexo Correntina
Fm. Posse
Fm. Serra das Araras
Cobertura detrítica
Aluviões
Suíte Intrusiva Correntina
Correntina
N520.000 540.000 560.000 580.000 600.000
8.540.000
8.520.000
8.000.000
8.480.000
Figura 3 - Geologia simplificada da borda leste da Bacia Urucuia, na região de Correntina - Bahia.
Conforme Moraes Filho (1997) descreve para a região entre as cidades de
Coribe e Jaborandi, são encontrados: a) hornblenda-gnaisses de cor cinza esverdeado,
bandados, granulação grossa e compostos por feldspato, quartzo, hornblenda e biotita.
Apresentam bandas de anfibolito e são recortados por veios quartzo-feldsptáticos
grosseiros e de rocha granitóide, esta truncando o bandeamento gnáissico e, localmente,
englobando xenólitos biotita-anfibolito e dos veios de rocha granitóide como biotita
granito e tonalito; b) gnaisses miloníticos de coloração cinza esverdeada a rósea,
granulação fina a média, raramente grosseira e com biotita evidenciando a foliação
milonítica; c) migmatitos heterogêneos de coloração cinza róseo a creme com estrutura
estromática e dobras pitgmáticas, neossoma constituído por quartzo e feldspato de
granulação grosseira e paleossoma de granulação fina a média composto por quartzo,
feldspato, biotita e raramente anfibólio. Conforme este autor a paragênese destas rochas
é indicativa de metamorfismo regional da fácies anfibolito. Bonfim (1984) refere-se a
estes litótipos como gnaisses e migmatitos de composição granodiorítica, bandados e
rochas granítico-gnáissicas também de composição granodiorítica e estrutura bandada.
Afloramentos desta unidade encontrados durante este trabalho ao longo dos
vales e encostas dos rios Formoso, Arrojado e seus afluentes exemplificam os litótipos
acima mencionados.
6
A Suíte Intrusiva Correntina inclui as rochas granitóides de composição ácida a
intermediária com idade paleoproterozóica (Rhiaciano – Orosiriano, 2.250 Ma. cf.
Souza et al., 2004) que intrudiram o Complexo Gnáissico-Migmatítico Correntina
durante o Ciclo Transamazônico. Ocorre na região de Jaborandi e suas melhores
exposições são encontradas em encostas de morros e lajeados.
Os dados litoquímicos disponíveis indicam uma classificação como granitos
Tipo I na classificação de Chappel & White (1976). Posicionam-se essencialmente no
campo de ambiente sin a pós-colisionais, com raras amostras caindo no campo relativo
aos estágios finais de orogenia quando os dados são plotados no diagrama de variação
multicatiônica de La Roche et al. (1980).
O Grupo Bambuí compõe o embasamento de idade neoproterozóica
(Criogeniano cf. Souza et al., 2004) da Bacia Urucuia nas atuais bordas leste e oeste da
bacia (Figuras. 2 e 3), estando constituído por rochas sedimentares marinhas
carbonáticas e siliciclásticas com incipiente ou nenhum metamorfismo. Afloram na área
deste projeto as seguintes unidades do Grupo Bambuí: formações Jequitaí, Sete Lagoas,
Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade, Subgrupo Paraobeba e
Formação Três Marias. Com exceção da Formação Jequitaí, todas as demais contatam,
mesmo que de forma localizada, por discordância com o Grupo Urucuia.
Foto 2 - Lajeado de gnaisse na encosta sul do vale do Rio Arrojado, ao norte de Planalto.
Foto 1 - Afloramento de gnaisse na encosta sul do vale do Rio Arrojado, ao norte de Planalto.
7
O registro sedimentar da Fm. Jequitaí está restrito à calha do riacho São José a
sudeste da cidade de Jaborandi, compreendendo diamictitos maciços com clastos de
granitos, gnaisses, milonitos e quartzo, angulosos e facetados imersos em matriz síltica
de cores arroxeadas a esverdeadas, e sua espessura está em torno de 2m conforme
descreve Moraes Filho (1997).
A Fm. Sete Lagoas (740 Ma. U-Pb, Criogeniano cf. Souza et al., 2004) é
descrita por Moraes Filho (1997) na região de Coribe (BA) como composta por três
Associações de Fácies e sua espessura média é de 160m. A associação de fácies basal é
Foto 5 - Corte de estrada na região de Gatos com anfibolito injetado por veio de granito.
Foto 6 - Detalhe de anfibolito injetado por rocha granítica aflorando em corte de estrada na região de Gatos.
Foto 3 - Detalhe do bandamento em gnaisse granodiorítico. Encosta sul do vale do Rio Arrojado, ao norte de Planalto.
Foto 4 - Detalhe de gnaisse granodiorítico com banda de metamáfica. Encosta sul do vale do Rio Arrojado, ao norte de Planalto.
8
denominada pelo autor de Pelítica/Carbonática, constituída na base por ritmitos de
siltito e argilitos seguindo-se calcissiltitos, calcarenitos calcilutitos, laminitos algálicos e
dolomitos com intercalação de silexitos e pelitos no topo. As cores variam de cinza,
arroxeadas a avermelhadas na base, passando a cinza escuro e cinza claro a esverdeado
ou arroxeado nas porções medianas e superiores. O ambiente de deposição interpretado
pelo autor para os ritmitos basais foi transicional lagunar e de planície de marés
(intermaré a submaré) localmente com exposição subaérea ou ação de ondas de
tempestades para o restante do intervalo.
A Formação. Serra de Santa Helena é composta dominantemente por folhelhos e
argilitos com intercalações de siltitos, calcarenitos e margas. Tanto o contato inferior
com a Fm. Sete Lagoas quanto o superior com a Fm. Lagoa do Jacaré são descritos
como transicionais e sua espessura média é de 40m. Os folhelhos são de cor cinza
esverdeado a creme, com laminação planoparalela e físseis, enquanto os argilitos
apresentam-se com cor de alteração vermelha a arroxeada e laminação planoparalela.
No topo da unidade são mais freqüentes as intercalações de siltitos e calcarenitos com
estruturas wavy e linsen e camadas de calcarenitos com marcas onduladas e laminação
cruzada. O ambiente sedimentar interpretado por Moraes Filho (1997) é marinho abaixo
do nível de ação das ondas, representando o afogamento da área. No topo da unidade as
camadas de siltito e calcarenito indicam o início do raseamento com implantação de
depósitos de submaré com ação de ondas.
A Formação Lagoa do Jacaré está constituída por calcários, calcarenitos, margas
e siltitos, apresentando uma espessura média de 120m. Moraes Filho (1997)
individualizou duas Associações de Fácies nesta unidade na região de Coribe (BA),
denominando-as de Pelítica-Carbonática e Carbonática com Pelitos Subordinados. A
primeira é composta na base por calcarenitos pretos, finos a médios, seguindo-se
folhelhos cinza esverdeados e creme com laminação planoparalela e intercalações de
camadas de siltitos e margas. Calcarenitos pretos com lâminas, lentes e intraclastos de
calcissiltitos argilosos ocorrem na seção mediana intercalando ainda camadas de
calcarenito oncolítico com estratificação cruzada ou estratificação cruzada hummocky.
No topo desta associação predominam folhelhos cinza esverdeados com intercalações
de camadas de calcarenitos, calcissiltitos e calcilutitos. A associação de fácies de topo é
composta na base por camadas de calcarenito em camadas lenticulares amalgamadas,
localmente separadas por finas lâminas de argilito, na porção mediana intercalam-se
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camadas de calcarenitos intraclásticos/oncolíticos com estratificação cruzada
hummocky com camadas de folhelhos esverdeados e, na seção de topo predominam
folhelhos esverdeados laminados, calcissiltitos e calcarenitos finos. O ambiente de
sedimentação interpretado por Moraes Filho (1997) é de submaré com períodos
influenciados por tempestades.
A Formação Serra da Saudade ocorre de forma localizada no nordeste da área
estudada, ao norte/nordeste de Correntina. É constituída dominantemente por siltitos e
argilitos de cor verde, arenitos e calcários, constituindo a unidade mais nova do Grupo
Bambuí aflorante neste setor da bacia.
Na região noroeste do projeto, em território do Estado de Goiás, aflora ainda
pelo Grupo Bambuí um conjunto de rochas carbonáticas, abaixo da Fm. Sete Lagoas,
que foram cartografadas como Subgrupo Paraopeba indiferenciado por Souza et al.
(2004).
Rochas de idade paleozóica (Carbonífero-Permiano), pertencentes ao Grupo
Santa Fé, são encontradas em ocorrências isoladas sobre o Grupo Bambuí ao norte de
Posse e às margens da BR-020 ao sul desta cidade (RL-9), aonde afloram camadas de
siltitos e argilitos de cor creme e bordô em camadas tabulares com laminação
planoparalela e cruzada cavalgante. Na base do afloramento ocorrem blocos de calcário
não tendo sido possível verificar se são blocos imersos nos pelitos ou paleorelevo
aflorante devido à proximidade do contato com o Grupo Bambuí.
Foto 7 - Vista geral da área de afloramento da Fm. Lagoa do Jacaré na região de Bela Vista (GO).
Foto 8 - Vista de encosta sustentada por camadas de calcários e folhelhos da Fm. Lagoa do Jacaré na região de Bela Vista (GO).
10
Foto 9 - Vista geral de afloramento da Fm. Sete Lagoas na região entre Coribe e Descoberto (BA).
Foto 10 - Afloramento (RL-85) de calcarenitos da Fm. Sete Lagoas na região de Descoberto (BA).
Foto 11 - Afloramento de camada de calcarenito preto (Fm. Sete Lagoas) com desenvolvimento de alteração e solo avermelhado, proximidades do contato com a Fm. Serra das Araras (RL-88), sudeste de Coribe (BA).
Foto 12 - Detalhe de camada de calcarenito preto com laminação planoparalela e marcas onduladas (RL-85). Fm. Sete Lagoas, região de Descoberto (BA).
11
Grupo Urucuia
Na área o Grupo Urucuia está representado pelas suas duas formações: Posse
(basal) e Serra das Araras (superior). Como referência para os trabalhos foi tomada a
seção apresentada por Spigolon & Alvarenga (2002) na rodovia GO-362,
correspondendo ao afloramento RL-34 no perfil São Domingos – BR-020.
Formação Posse: a unidade basal do Grupo Urucuia é constituída na área
essencialmente por arenitos róseo a avermelhados, finos a médios, quartzosos
(quartzoarenitos), com grãos subarredondados a arredondados com boa esfericidade e
bem selecionados. Lâminas bimodais e estratificação cruzada de grande a muito grande
Foto 15 - Afloramento de arenito com estratificação cruzada acanalada da Fm. Três Marias, RL-60a, ao sul de Sítio da Abadia.
Foto 16 - Afloramento de siltitos e folhelhos da Fm. Três Marias, RL-60b, ao sul de Sítio da
Foto 13 - Arenitos finos com laminação cruzada cavalgante da Fm. Três Marias aflorantes a leste de Formoso (RL-57).
Foto 14 - Afloramento de camadas de siltitos e argilitos com intercalação de lâminas e lentes de arenito fino da Fm. Três Marias, RL-59 ao sul de Formoso
12
porte (variando entre 1 e 5 m). Normalmente friáveis e localmente silicificados junto ao
contato com a Fm. Serra das Araras. Afloram ao longo da rodovia BR-020 e na cuesta
da Serra Geral de Goiás, estendendo-se seus afloramentos no máximo 23 km para
nordeste ao longo do vale do rio Arrojado, a partir do eixo da BR-020.
Não foram encontrados afloramentos desta unidade nos vales dos rios Arrojado,
Formoso e seus tributários sobre o chapadão ou na região leste da chapada, ao longo da
cuesta entre as cidades de Correntina, Jaborandi e Coribe.
.
A espessura estimada para esta unidade, com base nos dados levantados na
rodovia GO-362 entre a cidade de São Domingos e a BR-020 é de 93 m (cota 682 m no
último afloramento de rochas metamórficas e cota 775 m do contato com entre as
Foto 17 - Arenito com estratificação cruzada de grande porte da Fm. Posse na BR-020 (RL-01).
Foto 18 - Detalhe das lâminas bimodais dos foresets e truncamento de camadas de arenito da Fm. Posse na BR-020 (RL-01).
Foto 19 - Arenito com estratificação cruzada de grande porte da Fm. Posse na base da Serra do Tombador (RL-31a).
Foto 20 - Detalhe da laminação dos foresets da estratificação cruzada de grande porte de arenitos da Fm. Posse na cuesta da Serra Geral de Goiás (RL-20).
13
formações Posse e Serra das Araras). Na BR-020, região de Posse, a espessura desta
unidade é estimada em 121 m, avaliada a partir do afloramento do Grupo Bambuí na
cota 799 m (RL-09) e o contato entre as formações Posse e Serra das Araras na cuesta
da Serra Geral de Goiás na cota aproximada de 920 m (RL-52). Na encosta entre do
ribeirão Palmeiras e córrego Cachoeira (RL-61) a espessura é estimada em 118 m entre
o topo da Fm. Posse (cota 943 m) e a base da cuesta aonde afloram rochas do
embasamento (800 m).
Duas amostras foram laminadas (RL-R-19 e RL-R-23) e apresentaram arenitos
com granulação fina a média (0,24 a o,42 mm), muito bem selecionados (lâminas
bimodais na amostra RL-R-23), grãos subangulares a arredondados com esfericidade
Foto 21 - Detalhe da laminação dos foresets da estratificação cruzada de grande porte de arenitos da Fm. Posse próximo à cidade de Mambaí (RL-23).
Foto 22 - Estratificação cruzada de grande porte em arenito da Fm. Posse na cuesta da Serra Geral de Goiás (RL-49).
Foto 23 - Estratificação cruzada de grande porte em arenitos da Fm. Posse na rodovia GO-362 entre São Domingos e a BR-020 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 24 - Detalhe da laminação dos foresets de arenitos da Fm. Posse na rodovia GO-362 entre São Domingos e a BR-020 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
14
média a alta, contatos entre os grãos pontuais e tangenciais, empacotamento aberto
(índice de empacotamento Pp < 40). Arcabouço composto dominantemente por quartzo
límpido, dominando grãos monocristalinos (53 – 57%) sobre os policristalinos (2 – 3%),
extinção reta a ondulante, ocorrendo subordinadamente (traços) quartzo de origem
vulcânica, levemente turvos e com formas radiadas/esferulíticas, e quartzo metamórfico.
Os grãos de feldspatos são raros (traços) ocorrendo normalmente alterados por
argilização e caulinização, alguns grãos estão corroídos ou encontram-se completamente
alterados. Raros são os registros de fragmentos líticos (rocha sedimentar), chert, apatita
e zircão. A matriz quando presente é pseudomatriz formada a partir da alteração e
fragmentação dos grãos de feldspato. Como cimento ocorre overgrowth de quartzo,
óxido de ferro e caulinita intergranular. A porosidade é intergranular (12 - 18%) e
móldica (2 – 3%), raramente intragranular (traços). Classificam-se como
quartzoarenitos segundo Folk (1974).
O contato entre as formações Posse e Serra das Araras é abrupto e se dá através
de uma superfície erosiva, considerada por Spigolon & Alvarenga (2002) como uma
megassuperfície dentro do sistema desértico eólico. No afloramento da GO-362 esta
superfície tem um mergulho aparente de 2o para nordeste.
Foto 25 - Quartzoarenito da Fm Posse (RL19, 4x LN + zoom), aspecto geral dos grãos de quartzo, do cimento de hidróxido de ferro e da porosidade intergranular.
Foto 26 - Quartzoarenito da Fm Posse (RL23, 4x LN), aspecto da bimodalidade dos grãos de quartzo, cimento de óxido/hidróxido de ferro e da porosidade intergranular.
15
As diferentes cotas em que este contato foi observado ao longo da cuesta da
Serra Geral de Goiás: no norte da área 775m na GO-362 (RL-34); no centro da cuesta
940 m na BR-020 (RL-01) e 943 m no interflúvio do ribeirão Palmeiras e córrego
Cachoeira (RL-61); 945 m a leste da BR-020 (RL-20), 930 m no flanco sul do vale do
rio Arrojado (RL-23) e no sul da área, próximo a Mambaí (RL-31b), 762 m na cuesta da
Serra do Tombador, sugerem um controle estrutural da atual área de afloramento destas
unidades.
Foto 27 - Porosidade móldica (pm) por dissolução de grão de feldspato, marcada pela película de óxido/hidóxido de ferro (f), quartzoarenito da Fm. Posse (RL19, 20x LN).
Foto 8 - Poros agigantados (pg) resultantes da coalescência de poros gerados por dissolução de grãos de feldspato, quartzoarenito da Fm. Posse (RL19, 10x LN).
Foto 29 - Caulinita (c) preenchendo parcialmente poro em quartzoarenito da Fm. Posse, contribuindo para reduzir a porosidade intragranular, posterior ao cimento de óxido/hidróxido de ferro (f) (RL23, 40x LN).
c
pm pg pg
f
f
16
Formação Serra das Araras: unidade de topo do Grupo Urucuia está constituída
predominantemente por arenitos esbranquiçados a amarelados, quartzosos
(quartzoarenitos e subarcóseos), finos a médios, com grãos grossos dispersos,
eventualmente conglomeráticos na base, grãos subangulares a subarredondados,
esfericidade moderada a baixa, mal selecionados, normalmente com intensa cimentação
por sílica, principalmente quando em posição de topo do chapadão. As camadas são
lenticulares alongadas com espessuras entre 10 a 40 cm em média, maciços ou com
estratificação cruzada tangencial, separadas por superfícies de reativação horizontais ou
com baixa inclinação.
Fm Serra das
Fm. Posse
Fm. Serra das
Fm Posse
Foto 30 - Contato entre as formações Posse (arenitos róseos) e Serra das Araras (arenitos amarelados) na rodovia GO-362 entre São Domingos e a BR-020 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 31 - Contato entre as formações Posse (arenitos vermelhos) e Serra das Araras (arenitos brancos) na cuesta da Serra do Tombador (RL-31) a sudeste da cidade de Damianópolis.
Foto 32 - Cuesta da Serra Geral de Goiás: em primeiro plano arenitos vermelhos da Fm. Possse e, ao fundo, ressalto horizontal e desbarrancamento junto ao contato com a Fm. Serra das Araras (RL-52) na cota aproximada de 920 m.
Foto 33 - Cuesta da Serra Geral de Goiás na rodovia GO-362: contato entre as formações Posse e Serra das Araras na cota 775 m, demarcado pelo declive mais acentuado do relevo sustentado pelos arenitos da Fm. Serra das Araras.
17
Foto 34 - Cuesta da Serra Geral de Goiás a oeste da rodovia BR-020 (RL-61): contato entre as formações Posse e Serra das Araras na cota 943 m. Arenitos finos com estratificação cruzada de grande porte da Fm. Posse no canto inferior direito (af) e arenitos médios a grossos com estratificação cruzada acanalada de médio (am) porte da Fm. Serra das Araras no topo a esquerda.
Foto 35 - Cuesta da Serra Geral de Goiás a oeste da rodovia BR-020 (RL-61): detalhe do afloramento de quartzoarenito fino, bem selecionado, com estratificação cruzada de grande porte da Fm. Posse na cota 935 m, assinalado como af na foto 34.
af
am
Foto 36 - Detalhe do contato entre as formações Posse (arenitos vermelhos) e Serra das Araras (arenito amarelado no topo) na BR-020 (RL-01, cota 940 m), próximo ao topo do chapadão junto à localidade de Rosário. Observar a pouca espessura da Fm. Serra das Araras em comparação com as duas fotos anteriores.
Foto 37 - Contato entre as formações Posse (arenitos vermelhos) e Serra das Araras (arenito silicificados no topo) na BR-020 (RL-22, cota 930 m), no topo do chapadão antes vale do rio Arrojado. Observar a pouca espessura da Fm. Serra das Araras em comparação com as duas fotos anteriores.
18
Foto 38 - Afloramento da Fm. Serra das Araras na GO-362 (RL-34), observar as superfícies de reativação separando conjuntos de camadas de arenitos. Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 39 - Detalhe das camadas lenticulares de arenito da Fm. Serra das Araras na GO-362 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 40 - Detalhe da base conglomerática de arenito da Fm. Serra das Araras na GO-362 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 41 - Detalhe de arenito conglomerático da Fm. Serra das Araras na GO-362 (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
19
Foto 42 - Intercalação de camadas centimétricas de pelito vermelho entre camadas de arenito da Fm. Serra das Araras (RL-34) Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 43 - Camada de conglomerado intraformacional formada por fragmentos de pelito vermelho (RL-34). Afloramento referência do trabalho de Spigolon & Alvarenga (2002).
Foto 44 - Contato entre arenito da Fm Posse (abaixo da pá) e arenito conglomerático silicificado da Fm. Serra das Araras (bloco acima da pá) na BR-020, próximo à localidade de Rosário (RL-01).
Foto 45 - Detalhe do arenito silicificado da Fm. Serra das Araras, notar o seixo de quartzo e a estratificação cruzada. BR-020, próximo à localidade de Rosário (RL-01).
20
Neste litótipo predominante intercalam-se camadas de arenito fino a médio, com
matriz síltica, esbranquiçados, grãos subangulares a subarredondados, esfericidade
moderada a baixa, mal selecionados, com estratificação planoparalela e arenitos finos a
médios, quartzosos, grãos subarredondados com boa esfericidade e bem selecionados,
exibindo bimodalidade das lâminas dos foresets das estratificações cruzadas de médio
porte. Próximo à Lagoa do Pratudão (RL-29) ocorrem camadas de arenito muito grosso,
composto por grãos de quartzo e feldspato, conglomerático com grânulos e seixos de
arenito silicificado e silexito nos foresets das estratificações cruzadas tangenciais. No
afloramento da rodovia GO-362 (RL-34) ocorrem camadas centimétricas de pelito
vermelho e de conglomerado intraformacional constituído por fragmentos de pelito
vermelho, intercaladas localmente nos arenitos. Apenas um afloramento (RL-04)
caracterizou a presença de conglomerado constituído por seixos e matacões de
quartzoarenito, quartzito e silexito.
As camadas de arenito podem ocorrer com formato lenticular sigmoidal,
amalgamadas entre si, com espessura variando entre 30 e 35 cm em média, exibindo
marcas de carga no contato e com intercalação de arenitos com laminação planoparalela
(RL-16 e RL-47).
Foto 46 - Detalhe de camada de arenito conglomerático silicificado da Fm. Serra das Araras. BR-020, próximo à localidade de Rosário (RL-01).
Foto 47 - Detalhe de camada de arenito com estratificação cruzada acanalada da Fm. Serra das Araras, flanco noroeste do vale do rio Arrojado, próximo à localidade de Rosário (RL-35).
21
Foto 48 - Camadas lenticulares amalgamadas de arenito da Fm. Serra das Araras na encosta do vale do rio Arrojado (RL-16).
Foto 49 - Detalhe da estratificação cruzada em arenitos da Fm. Serra das Araras na encosta do vale do rio Arrojado (RL-16).
Foto 50 - Camadas lenticulares amalgamadas, com geometria sigmoidal, de arenito da Fm. Serra das Araras no vale do rio Pratudão (RL-47).
Foto 51 -Camada de arenito com laminação planoparalela associad a com camadas lenticulares de arenito da Fm. Serra das Araras no vale do rio Arrojado (RL-15).
22
Três amostras (RL-R-20b; RL-R-44; RL-R-52b) desta unidade foram laminadas
e as análises petrográficas indicaram arenitos de granulação fina a grossa (0,188 mm –
0,56 mm) e média a muito grossa (RL-R-20B, amostra da base da formação na cuesta
entre Posse e Rosário), grãos subangulares a arredondados, esfericidade variando de
baixa a média e alta, enquanto a seleção é de média a pobre. Composição do arcabouço
dominantemente por grãos de quartzo monocristalino (60 – 63%) límpidos e com
extinção reta e ondulante, subordinadamente ocorrem quartzo policristalino (2 – 3%) e
feldspato (1 – 4%), estes normalmente alterados por argilização, seritização e
caulinização, ocorrendo ainda parcialmente dissolvidos. Como acessórios (traços)
ocorrem fragmentos líticos (arenito), mica, chert, calcedônia, zircão e epidoto. Os
contatos entre os grãos são pontuais e tangenciais e o empacotamento é aberto (índice
de empacotamento Pp < 40). A presença de pseudomatriz formada por deformação de
grãos líticos é comum (traços a 1%). Como material autigênico ocorre overgrowth de
quartzo (traços a 3%), cimento por óxido/hidróxido de ferro capeando os grãos (1 –
5%) ou constituído por caulinita (ausente a 2%), clorita (ausente a 5%) e ilita (ausente a
traços) contribuem no fechamento dos poros. A porosidade principal é intergranular (19
– 24%), seguindo-se a móldica (2 – 3%) e intragranular (traços a 2%). Caracterizam-se
como quartzoarenitos (RL-R-44 e RL-R-52b) e subarcóseo (RL-R-20b) conforme a
classificação de Folk (1974).
Foto 52 - Arenito conglomerático com estratificação cruzada tabular da Fm. Serra das Araras nas cabeceiras do rio Pratudão (RL-29).
Foto 53 - Ortoconglomerado da Fm. Serra das Araras aflorando no flanco oeste do vale do rio Pratudão (RL-04).
23
As evidências de processos de dissolução de grãos de feldspatos geram um
incremento relativo de quartzo na contagem de pontos para a classificação petrográfica,
desta forma acreditamos que a classificação como quartzoarenitos das amostras RL-R-
44 e RL-R-52b seja fruto deste fato, quando em realidade deveriam, em sua origem, ter
uma composição subarcóseana.
Foto 54 - Subarcóseo da Fm. Serra das Araras (RL20b, 4x LN), mal selecionado com granulação variando de fina a muito grossa. Porosidade intergranular destacada pela cor azul da impregnação.
Foto 55 - Quartzoarenito da Fm. Serra das Araras (RL52b,4x LN), mal selecionado com granulação variando de fina a grossa. Porosidade intergranular destacada pela cor azul da impregnação.
Foto 56 - Porosidade móldica (pm) por dissolução de grãos de feldspato, marcada pela película de óxido/hidóxido de ferro (f), quartzoarenito da Fm. Serra das Araras (RL44, 20x LN).
Foto 57 - Poros agigantados (pg) resultantes da coalescência de poros gerados por dissolução de grãos de feldspato, quartzoarenito da Fm. Serra das Araras (RL52b, 20x LN).
pm
f
pg
24
A espessura estimada para esta unidade, com base nos dados levantados na
rodovia GO-362 entre o afloramento RL-34 e a BR-020 é de 115 m (cota 775 m no
contato entre as formações Posse e Serra das Araras e cota 890 m no afloramento de
arenito conglomerático no topo da chapada após o trevo com a BR-020). Na BR-020,
considerando-se a cota do mesmo contato (940 m em RL-01) e a cota do topo do
chapadão na localidade de Rosário (995 m) a espessura estimada é de 55 m.
Na cuesta da Serra Geral de Goiás, a espessura mínima desta unidade é de 37
metros, avaliada a partir do afloramento RL-52 (cota 920 m) e o topo do chapadão na
cota 957 m. Na região da Serra do Tombador a espessura é estimada em 154 m, com
base na cota do contato com a Fm. Posse no afloramento RL-31b (762 m) e o topo do
morro com cota de 916 m. Na região entre a cidade de Manbaí (RL-23, afloramento da
Fm. Posse na cota de 750 m) e as cabeceiras do rio Pratudão (RL-03, cota de 907 m), a
espessura estimada é de 150 m, uma vez que nas cotas de 841 m (RL-24) e 800 m (RL-
25) já afloram litótipos da Fm. Serra das Araras.
Para a região de Correntina, atual borda leste desta bacia, as espessuras situam-
se na ordem de 110 m considerando que na encosta sul do vale do rio Arrojado (Vila de
Ponte do Grilo) rochas gnáissicas afloram desde o rio (cota de 525 m) até a cota de
608m (RL-71a) e que na de 629 m (RL-71b) já ocorrem arenitos da Fm. Serra das
Araras (ausentes os arenitos da Fm. Posse), que se estendem até a cota de 687 m na
Foto 58 - Caulinita obstruindo poros em arenito da Fm.Serra das Araras (RL20b, 40x LN).
Foto 59 - Pseudomatriz a partir da deformação de grãos líticos obstruindo poros em arenito da Fm. Serra das Araras (RL20b,
25
saída de Correntina (RL-72 na BR-349), tendo como limite o topo da Serra Vermelha na
cota de 726 m.
Outra avaliação é feita no interflúvio Arrojado-Formoso a partir dos dados de
afloramentos na região da vila Jatobá (rio Arrojado) aonde aflora granito entre as cotas
de 609 m e 660 m, e a fazenda da Onça (rio Formoso) aonde em corredeira (RL-81)
afloram blocos e lajeado de gnaisse na cota 622 m, tendo como referência para as rochas
sedimentares o afloramento RL-77 situado no topo do interflúvio (cota 721 m) e o
afloramento RL-68 (cota 639 m), primeira ocorrência de arenitos acima do granito
aflorante a oeste da localidade de Gatos, ambos com arenitos da Fm. Serra das Araras.
Estas informações indicam uma espessura mínima de 61 m e máxima de 99 m para a
Fm. Serra das Araras nesta área.
Uma estimativa da espessura mínima (uma vez que o contato com, ou a Fm.
Posse, não foi encontrado aflorando) desta unidade dentro do chapadão pode ser feita a
partir das cotas dos afloramentos encontrados nos vales dos rios Arrojado (RL-17 e RL-
44), Pratudão (RL-46) e Formoso (RL-50) e as cotas médias para o topo do chapadão
nos interflúvios destes cursos d’água.
No rio Arrojado, para o afloramento RL-17 (Folha Rio Arrojado) a cota é de 805
m e o topo do chapadão na área encontra-se em cota máxima de 899 m no interflúvio
noroeste e 897 m no de sudeste, conferindo uma espessura mínima entre 94 e 92 m para
a Fm. Serra das Araras. Para a área do afloramento RL-44 (Folha Arrojolândia), a cota é
de 662 m e o topo do chapadão encontra-se com cota máxima de 779 m tanto no
interflúvio a norte quanto a sul, o que perfaz uma espessura mínima de 117m.
No rio Pratudão o afloramento RL-46 (Folha Arrojolândia) tem cota de 689 m e
o topo do chapadão tem, na área, cota máxima nos interflúvios de 788m a norte e 795 m
a sul do rio, perfazendo uma espessura mínima entre 99m e 106m. Para o rio Formoso,
o afloramento RL-50 (Folha Vereda Funda) tem cota de 750 m e o topo do chapadão
está em cota de 798 no interflúvio noroeste e de 797 no sudoeste, conferindo uma
espessura mínima de 47 m em ambos interflúvios.
26
1 mm0
B
A
C
D
E
Foto 60 - A) RL-R-19, detalhe da seleção e da porosidade intergranular em arenito da Fm. Posse (4x LN com zoom). B até E)- Comparação (4x LN) entre a granulação, seleção e porosidade de arenitos das formações Posse: B) RL-R-23; e Serra das Araras: C) RL-R-20b, D) RL-R-44 e E) RL-R-52b. A porosidade está destacada pela cor azul da impregnação.
27
As espessuras mínimas sobre do chapadão devem ser consideradas com ressalvas, pois,
como informado acima, não foram encontrados afloramentos que pudessem ser
relacionados com a Fm. Posse, permitindo-se avaliar que a Fm. Serra das Araras
apresenta-se com espessuras superiores aos 100 m, podendo atingir mais de 150 m,
encontrando-se em contato por discordância com rochas do Grupo Bambuí, Suíte
Intrusiva Correntina e do Complexo Gnáissico-Migmatítico Correntina.
Uma característica presente nos arenitos desta unidade quando em posição de
topo no chapadão é uma intensa silicificação da parte superficial destas rochas, em com
média 50 cm de espessura que, quando em processo de erosão constitui relevo
ruiniforme e, juntamente com a presença de crostas lateríticas, sustenta o relevo nos
interflúvios.
Ambientes deposicionais: os trabalhos de Elói & Dardenne (2000) e Spigolon &
Alvarenga (2002) interpretam a Fm. Posse como constituída dominantemente por
depósitos de dunas eólicas em um deserto seco, enquanto que para a Fm. Serra das
Araras interpretam um contexto flúvio-eólico em deserto úmido, com predomínio de
depósitos de rios entrelaçados e sob regime de enxurradas.
Foto 61 - Relevo ruiniforme em área de afloramento de arenitos silicificados da Fm. Serra das Araras sustentando o chapadão no interflúvio dos rios Formoso e Itaguari (RL-54).
Foto 62 - Detalhe da silicificação em arenito da Fm. Serra das Araras na região entre Arrodeador e Gatos (RL-70), encosta oeste do córrego do Ribeirão.
28
Os afloramentos visitados levam a concordar com estas interpretações,
ressaltando-se que os afloramentos do vale do rio Pratudão (RL-46 e RL-47) e do rio
Arrojado (RL-16) conduzem a uma interpretação para a Fm. Serra das Araras da
presença de corpos d’água, permanentes ou não, aos quais aportavam rios construindo
depósitos deltaicos.
Cintilometria: o levantamento radiométrico não foi sistemático em todos os
afloramentos pois, basicamente, o equipamento utilizado não possui a acuidade
necessária face aos baixos valores de radioatividade presentes nas rochas, fornecendo
sempre oscilações de leitura que tiveram que ser referidas como intervalos ou médias de
leitura. O ideal seria realizar este levantamento com equipamento que disponha de
tecnologia digital, de modo que o próprio equipamento calcule e forneça o valor da
leitura pela média das detecções em cada ponto.
De forma geral os valores das contagens não ultrapassam 15 cps, sendo que a
distribuição dos valores na Fm. Posse é mais regular do que na Fm. Serra das Araras,
conforme demonstram os gráficos da Figura 4.
Figura 4 - Cintilometria em arenitos das formações Posse (A) e Serra das Araras (B).
A média para os arenitos da Fm. Posse ficou em 6,6 cps e para os da Fm. Serra
das Araras em 7,5 cps. Esta diferença é muito pequena e prevê-se que a distinção em um
perfil de Raios Gama que venha a ser corrido nos poços deva se dar em termos de
formato da curva, com os arenitos da Fm. Posse apresentando uma curva mais regular,
provavelmente em forma de caixa, enquanto os arenitos da Fm. Serra das Araras devem
produzir um padrão irregular ou serrilhado.
Cintolometria - Fm. Posse
0
5
10
15
1 4 7 10 13 16 19 22 25
Medida
cps
Cintilometria - Fm. Serra das Araras
0
5
10
15
1 4 7 10 13 16 19 22 25
Medida
cps
A B
29
Estrutural: em que pese não haver nos mapas geológicos compilados pelo Projeto GIS-
Brasil para a região, nenhum traço estrutural relacionado com o Grupo Urucuia, trechos
dos cursos dos rios apresentam-se retilíneos e formando ângulos com trechos seguintes,
de forma semelhante, os afluentes que provêm da chapada para os principais cursos
d’água, apresentam-se com curso perpendicular aos vales. Estes condicionamentos
indicam, ao menos, um controle parcial por sistemas de fraturas.
Nos afloramentos foram tomadas medidas de fraturas e em um afloramento (RL-
30) próximo à cidade de Mambaí foi encontrada uma falha inversa de alto ângulo, a
qual deve ser indicativa de que, ao menos, a Fm. Posse do Grupo Urucuia foi afetada
por tectônica transcorrente.
Fraturas são comuns tanto na Fm. Posse quanto na Serra das Araras, e pelas suas
dimensões o afloramento da GO-362 (RL-34) é recomendado para uma análise
estrutural mais detalhada, bem como o afloramento da saibreira a noroeste da localidade
de Machado pela presença de falhas inversas de alto ângulo (RL-30).
Figura 5 - Diagrama de freqüência para as fraturas medidas no Grupo Urucuia.
30
Campos & Dardenne (1997) posicionam a geração do sítio de deposição para o
Grupo Urucuia no Albiano-Cenomaniano, durante a fase pós-rifte de evolução da
Margem Continental Atlântica, com a ocorrência da inversão do campo de tensões de
extensivo para compressivo, resultando em que os esforços intraplaca amplificassem a
subsidência flexural gerando espaço de acomodação na forma de uma calha ampla e
rasa.
Estes autores interpretam a movimentação tectônica ocorrida durante o
Neógeno-Paleógeno, como responsável pela reativação de estruturas preexistentes,
notadamente o fraturamento N50o-60oE presente no Grupo Bambuí, resultando no
condicionamento do curso dos rios da chapada.
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ú
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N%$
Figura 7 - Desenvolvimento de trechos do rio Arrojado, condicionados por estruturas tectônicas NE; NW e E-W. Comparar com o diagrama de fraturas.
Figura 6 - Desenvolvimento de trechos do rio Arrojado, condicionados por estruturas tectônicas NE; NW e E-W, bem como os afluentes provindos da chapada mostram controle NW. Comparar com o diagrama de fraturas.
31
Foto 63 - Sistema de fraturas N60oW em arenitos da Fm. Serra das Araras na rodovia GO-362, parede sudoeste (RL-
Foto 64 - Sistema de fraturas N60oW em arenitos da Fm. Serra das Araras na rodovia GO-362, parede noroeste (RL-34). Observar o par conjugado com mergulhos para NE e SW.
NESW SW NE
Foto 66 - Fraturas N14oE;38oSE em arenitos da Fm. Posse, nas proximidades da cidade de Mambaí, a noroeste da ponte sobre o córrego Riachão (RL-23).
Foto 65 - Fraturas em arenitos da Fm. Posse na BR-020 (RL-11).
32
Formação Chapadão: unidade litoestratigráfica que engloba os depósitos sedimentares
semi a inconsolidados, de idade neógena-paleógena, que recobrem indistintamente as
rochas das formações Posse e Serra das Araras. Constitui depósitos eluviais, coluviais e
aluviais, de cor avermelhada a rósea, constituída dominantemente por areias quartzosas
oriundas da desintegração e erosão dos arenitos do Grupo Urucuia. Sua espessura é
muito variável dependendo do paleorelevo sob o qual está desenvolvido. Na estação
RL19 foram medidos 17 m de areias sobre arenitos da Fm. Serra das Araras.
No sopé da Serra Geral de Goiás ocorrem depósitos arenosos inconsolidados
recobrindo indistintamente rochas dos grupos Bambuí e Urucuia e do Complexo
Almas–Cavalcate, formados a partir da erosão e retração da cuesta.
A retração da cuesta da Serra Geral de Goiás e das cuestas ao longo dos vales
dos rios Arrojado e Formoso e seus tributários tende a se acelerar em função do
desmatamento realizado para a formação de áreas de plantio de soja e algodão, caso não
haja a manutenção de uma faixa de vegetação junto as suas bordas.
Foto 68 -Drag de falha inversa em arenitos da Fm. Posse, saibreira a noroeste da localidade de Machado (RL-30).
Foto 67 - Sistema de fraturas N84oE;48oSE em arenitos da Fm. Posse, saibreira a noroeste da localidade de Machado (RL-30).
33
Foto 69 - Depósito coluvial da Fm. Chapadão sobre arenitos da Fm. Posse, constituído por areia quartzosa e seixos de arenito (RL-20).
Foto 70 - Desagregação de arenitos da Fm. Posse (a estratificação cruzada de grande porte ainda é visível na porção inferior direita da foto) para compor depósitos arenosos eluviais e aluviais, região da BR-020 (RL-11).
Figura 8 - Depósitos arenosos inconsolidados formados por retração da cuesta da Serra Geral de Goiás e morros-testemunho de arenitos da Fm. Posse na região da Lagoa do Pratudão.
Figura 9 - Depósitos arenosos inconsolidados formados por retração de cuesta no vale do Rio Pratudão sobre o chapadão, 12 km a nordeste da Lagoa do Pratudão.
N
N
3 km
34
Depósitos Detrítico-Lateríticos (Lateritas): no topo do chapadão são comuns crostas
lateríticas desenvolvidas sobre arenitos do Grupo Urucuia. Estas crostas, juntamente
com os arenitos silicificados do Grupo Urucuia, são responsáveis pela sustentação do
relevo nos interflúvios sobre a chapada.
Na cuesta da Serra Geral de Goiás foi possível avaliar uma espessura média de 6
m para a camada de laterita observada na encosta da Serra Geral de Goiás na região de
Posse (RL-22, RL-51 e RL-52) e Rosário (RL-61). Na porção sul da área, na região do
Marco de Tríjunção situado a leste de Formoso (MG), ocorre uma extensa crosta
laterítica, com uma espessura de 19 m (RL-58) que sustenta o chapadão no interflúvio
dos rios Formoso e Itaguari, região sudoeste do Projeto, nas cotas superiores a 900 m,
abrangendo parte das folhas Damianópolis e Lagoa do Formoso (1;100.000).
Estas crostas são largamente utilizadas como material de revestimento para as
estradas da região, colocadas diretamente sobre o solo arenoso resultante da
desagregação dos arenitos da Fm. Serra das Araras.
Foto 71 - Vista para nordeste da espessa crosta laterítica na região do Marco de Trijunção (RL-58), no local há uma piçarreira de onde é retirada da crosta para uso como revestimento nas estradas da região.
Foto 72 - Detalhe da crosta laterítica na região do Marco de Trijunção (RL-58).
35
O processo de laterização desenvolve-se também sobre areias resultantes da
desagregação dos arenitos da Fm. Serra das Araras e que compõem os depósitos
eluviais e aluvias da Fm. Chapadão, como observado na encosta sudeste do vale do
riacho dos Três Galhos, interflúvio com o rio Itaguari (RL-53a, nordeste da Folha
Vereda Funda).
Foto 73 - Crosta laterítica sobre arenitos da Fm. Serra das Araras (RL-22).
Foto 74 - Crosta laterítica sobre arenitos da Fm. Serra das Araras (RL-51) na cuesta da Serra Geral de Goiás.
Foto 73 - Crosta laterítica sobre arenitos da Fm. Serra das Araras (RL-51) ) na cuesta da Serra Geral de Goiás.
Foto 74 Crosta laterítica desenvolvida na chapada sobre arenitos da Fm. Serra das Araras, região do interflúvio do arroio da Onça e córrego do Ribeirão, a oeste de Gatos.
36
Geomorfologia: A região ocupada pelas rochas sedimentares do Gr. Urucuia constitui-
se em um planalto com altitudes na borda oeste da cuesta da Serra Geral de Goiás,
dentro da área deste Projeto, entre 1.014 m (oeste de Rosário - BA) e 930 m (leste de
Damianópolis e Sítio da Abadia - GO), enquanto sua borda leste exibe altitudes da
ordem de 722 m na Serra Vermelha (oeste de Correntina – BA), 766 m na Serra do Saco
Comprido (norte de Jaborandi –BA) e 765 m no interflúvio dos rios Formoso e Itaguari
a sudoeste de Coribe, perfazendo para o chapadão um caimento para nordeste com um
declive médio de 0,14%. A vegetação nativa dominante é a tipo savana (cerrado)
desenvolvida sobre solo arenoso formado a partir da desagregação dos arenitos da Fm.
Serra das Araras (Gr. Urucuia). As áreas planas do topo do chapadão são hoje objeto de
intensa atividade de plantio de soja e algodão e portanto, áreas sensíveis quanto a
processos erosivos.
A drenagem principal segue esta pendente, formando vales no interior do
chapadão com direção geral SO-NE, constituindo um padrão paralelo de drenagem,
enquanto seus afluentes provindos das áreas laterais aportam de forma perpendicular,
encaixados em fraturas SE-NW. Nas regiões aonde os rios correm sobre as rochas
sedimentares do Gr. Urucuia os vales apresentam fundo chato e uma vegetação
composta por mata-galeria desenvolvida sobre solos hidromórficos e depósitos aluviais.
Foto 75 - Laterização sobre areias da Fm. Chapadão (RL-53a), sustentando relevo no interflúvio do riacho dos Três Galhos com o rio Itaguari.
Foto 76 - Crosta laterítica sobre areias da Fm. Chapadão (RL-53a), sustentando relevo no interflúvio do riacho dos Três Galhos com o rio Itaguari.
37
Figura 10 - Padrão de drenagem paralelo dos rios principais sobre a chapada Urucuia (geologia sobre MDT), marcando o caimento da superfície do planalto para nordeste.
Considerações sobre o Grupo Urucuia na bacia dos rios Arrojado e Formoso:
1- A primeira questão prende-se à área de ocorrência da Fm. Posse em
subsuperfície, uma vez que aflora apenas no flanco oeste da cuesta e ao longo do vale
do rio Arrojado, e neste por não mais do que 23 km a nordeste a partir da ponte da BR-
20 sobre o rio Arrojado, não tendo sido encontrados litótipos correlacionáveis a esta
unidade no flanco leste da chapada, região entre Correntina, Jaborandi e Coribe.
Desta forma, interpreta-se que a Fm. Posse encontra-se erodida pela Fm. Serra
das Araras em uma posição central na chapada ou que também termine por
acunhamento de suas camadas ou de encontro a um bloco elevado do embasamento. A
obtenção de dados diretos ou indiretos de subsuperfície poderá contribuir para a solução
desta questão.
2- A Fm. Serra das Araras assenta, por discordância, sobre rochas do
embasamento proterozóico no flanco leste da chapada, ausente como já descrito a Fm.
Posse. Portanto as espessuras do Gr. Urucuia a partir da cuesta leste entre Correntina,
Jaborandi e Coribe, são as espessuras da Fm. Serra das Araras até, ao menos ao longo
do vale do rio Formoso até 18 km a sudoeste da localidade de Gatos (RL-81) aonde
Correntina
Posse
38
afloram no leito do rio blocos e lajeado de gnaisse e no topo da chapada (RL-77)
arenitos silicificados da Fm.Serra das Araras.
3- Quanto às espessuras das formações Posse e Serra das Araras, a primeira não
ultrapassa em sua área de exposição mais do que 121 m, enquanto que a segunda desde
a cuesta leste até a região a oeste de Gatos não ultrapassa os 110m, sendo que suas
maiores espessuras calculadas situam-se na região da Lagoa do Pratudão e a sudeste de
Damianópolis, em 150 m e 154 m respectivamente.
4- No conjunto de suas formações o Grupo Urucuia apresenta uma espessura
máxima de 275 m, valor este que deve ser esperado de ser encontrado na região central
da chapada onde estejam presentes as formações Posse e Serra das Araras. Esta região
de maior espessura é interpretada como situada a oeste de um conjunto de alinhamentos
SE-NW refletidos nos traçado de cursos d’água que englobam parte do curso do rio
Itaguari na região centro-leste da Folha Rio Itaguari; a região da confluência dos rios
Pratudão e Formoso bem como curso de seus afluentes riachos Melancia, Grande,
Cascavel e Bonita no setor sudoeste da Folha Gatos; estendendo-se ao norte da área do
Projeto na inflexão para sudoeste do rio Corrente no extremo norte da Folha
Arrojolândia. Esta região coincide com a interpretação de um alto gravimétrico no mapa
Bouguer da Bahia.
Figura 11 - Seção geológica entre Mambaí e Serra do Tombador, a sudeste de Damianópolis. O mergulho da superfície erosiva entre as formações Posse e Serra das Araras é estimado. O exagero vertical é de 20 vezes.
39
Figura 12 - Seção geológica entre na cuesta da Serra Geral de Goiás ao sul de Rosário, flanco sudeste do vale do rio Arrojado. O mergulho da superfície erosiva entre as formações Posse e Serra das Araras foi obtido pelas cotas dos contatos nos afloramentos RL-20 e RL-22. O exagero vertical é de 20 vezes.
Figura 13 - Alinhamento estrutural marcado pelo desvio dos cursos dos rios Itaguari (1), Formoso (2), Pratudão (3), Arrojado (4) e Corrente (5), e pelo curso alongado de afluentes destes rios quando comparados com os demais tributários (6a, b).
GATOSARROJOLÂNDIAR. ARROJADO
R. ITAGUARIVEREDA FUNDAL. PRATUDÃO
13 30’o
14 00’o
14 30’o
13 30’o
14 00’o
14 30’o
46 00’o 45 30’o 45 00’o 44 30’o
46 00’o 45 30’o 45 00’o 44 30’o
1
2 3
4 5
6a
6b
5
4
40
Figura 14 - Extrato do Mapa Bouguer da região oeste da Bahia para localização da estrutura descrita para a região das folhas Rio Itaguari, Gatos e Arrojolândia como provável condicionadora da preservação da Fm. Posse no bloco baixo situado a sudoeste. Legenda para o bloco alto a nordeste: + - alto gravimétrico; ++++++ - alinhamento de alto gravimétrico; / / / / / / - baixo gravimétrico; A - bloco alto; B - bloco baixo; --------- estrutura interpretada.
GATOSARROJOLÂNDIAR. ARROJADO
R. ITAGUARIVEREDA FUNDAL. PRATUDÃO
13 00’o
13 30’o
14 00’o
14 30’o
13 00’o
13 30’o
14 00’o
14 30’o
46 30’o 46 00’o 45 30’o 45 00’o 44 30’o 43 30’o44 00’o
46 30’o 46 00’o 45 30’o 45 00’o 44 30’o 43 30’o44 00’o
GUARANI DE GOIÁS
POSSE
CORIBE
CORRENTINASTA. MARIA DAVITÓRIA
A B
41
META B 2 - LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS Autor: Olivar A. L. de Lima
1. Geologia de Subsuperfície
A configuração geométrico-estrutural e a heterogeneidade faciológica dos
arenitos do Grupo Urucuia foram estudadas com base em perfis litológicos e geofísicos
de poços. Dados de perfis geofísicos de dois poços profundos perfurados nas sub-bacias
do rio das Fêmeas e dos Cachorros localizadas a norte da área de estudo, e dados
geológicos de poços das sub-bacias aqui estudadas, serviram de base para essa
caracterização litoestratigráfica e hidrogeofísica.
1.1 - Dados Geológicos de Poços
Seções litológicas representativas de poços profundos perfurados na área de
estudo estão apresentadas no relatório da Hidrogeologia da área. Dada à distribuição
espacial desses furos eles podem ser úteis para caracterizar a variabilidade faciológica
do Grupo Urucuia. As colunas mostram os principais horizontes reconhecidos por
amostragem de calha, com uma descrição sucinta da litologia, conforme fichas de
sondagens desses poços. As colunas, que atingem até quase 300 m de profundidade, são
dominadas por pacotes arenosos de granulação fina a média e de cores variando de
vermelho a cinza-esbranquiçado. Apesar das dificuldades inerentes a amostragem de
calha, se tem reconhecido variabilidades verticais na granulometria e na argilosidade
desses arenitos.
As águas superficial e subterrânea, na área estudada, estão muito pouco
mineralizadas. A condutância elétrica específica das amostras analisadas varia entre 3 e
30 S/m com totais de sólidos dissolvidos entre 4,0 e 140 mg/l. São águas neutras a
levemente ácidas (pH entre 5,2 e 6,6) com os cátions principais, em geral, na ordem Na
> Ca > Mg. Para os ânions não se percebe um ordenamento regular, havendo amostras
com HCO3 > Cl > SO4 e outras com relação exatamente oposta. Os dados químicos e
isotópicos disponíveis mostram que é difícil diferenciar a água subterrânea da água
superficial, e estas de uma chuva do interior continental.
42
1.2 - Dados Geofísicos de Poços
As figuras 15 e 16 mostram as colunas litológicas e os perfis geofísicos
executados nos poços produtores MO-02, que abastece a sede do município Luiz
Eduardo Magalhães, e PE-01 usado na localidade de Perdizes, município de São
Desidério. Nesses poços de quase 280 m de profundidades foram corridos perfis
elétricos (resistividades aparentes, normal curta (SN) e indução (ILD), e potencial
espontâneo (SP)), radioativo (radiação gama), sônico compensado e calibre do diâmetro
do furo.
1 100 10000Rhoa (Ohm.m)
280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
10 30 50GR (API)
-180 -80
SP (mV)
80 120 160∆t (ms/pé)
GR
SP
RSN
RIL
D
Zona deTransição
Fm Serra das Araras Fm Posse Fm Geribá
Figura 15 – Perfis geofísicos corridos no poço MO-02 que abastece a sede municipal de Luiz Eduardo Magalhães.
43
GR
SP
RS
N
RIL
D
Formação Posse Formação Geribá
Zona de Transição
1 100 10000Rhoa (Ohm.m)
280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 40 80GR (API)
-100 0 100
SP (mV)
80 120 160∆t (ms/pé)
Figura 16 – Perfis geofísicos corridos no poço PE-01 que abastece a vila de Perdizes, município de São Desidério.
As colunas litológicas nos centros das figuras foram definidas com base na
descrição de amostras de calha fornecidas pelos perfuradores, complementadas com a
análise desses dados geofísicos. Esses dois poços, que distam entre si cerca de 100 km,
mostram excelentes correlações faciológicas e atestam à validade regional da presente
análise.
O perfil de radiação gama é um bom indicador da variabilidade litológica
vertical ao longo de um furo. Em sucessões areno-argilosas, o aumento na contagem
API da radiação gama detectada, corresponde a um aumento na proporção de argila na
formação (Asquith, 1990). O conteúdo de argila ou argilosidade de um arenito pode ser
avaliado desses perfis usando uma equação empírica não-linear, conforme descrito em
44
Asquith e Gibson (1982). Inicialmente, se calcula um índice de radiação gama pela
fórmula
minmax
minlog
GRGRGRGR
IGR −
−= ,
(1)
onde, GRlog é a leitura do perfil e GRmin e GRmax são, respectivamente, as leituras
mínima e máxima observadas no intervalo perfilado. A fração volumétrica de argila na
matriz é calculada então da seguinte expressão
20,33 2 1,0GRI
clV = − .
(2)
Os dados dos perfis elétricos corridos vêm mostrados nas duas faixas à direita
das colunas litológicas dos furos, representadas nas Figuras 16 e 17. Usando esses dados
e o modelo de condutividade volumétrica para arenitos argilosos proposto por Lima e
Sharma (1990; 1992), e retrabalhado por Lima e Sri Niwas (2000) e Lima et al. (2005),
foram computadas a porosidade efetiva e a permeabilidade dos arenitos através das
relações
1/ 1/
1/ 1/
mm m
mf cs xoe m m
xo cs mf
ρ ρ ρφρ ρ ρ
− = − ,
(3)
e
q
csc
qme
ok
+=
+−
σδφ
α1
)/11(
.
(4)
Nas equações (3) e (4), xoρ e k são, respectivamente, a resistividade elétrica da
zona lavada e a permeabilidade intrínseca da rocha, mfρ a resistividade do eletrólito
45
intersticial (filtrado da lama) e 1/cs csρ σ= a resistividade (condutividade) equivalente
dos sólidos de sua matriz. A grandeza eφ é a porosidade efetiva do arenito e cδ um
parâmetro característico do tipo de argila presente na matriz da formação. As constantes
oα , m e q são determinadas empiricamente. As equações (3) e (4) foram usadas para
computar distribuições de porosidade efetiva e de permeabilidade intrínseca dos arenitos
ao longo dos dois furos. A condutividade da matriz ( csσ ) foi determinada adotando uma
estrutura de grãos de areia capeados por folhelhos, com proporção dada pela
argilosidade calculada dos perfis de radiação gama conforme proposto por Lima e
Sharma (1992).
Os perfis sônicos compensados vêm mostrados nas segundas faixas da direita,
ao lado dos perfis elétricos (Figuras 15 e 16). Eles representam o tempo médio de
propagação (∆t) ao longo de 1,0 pés de formação penetrada pelo som emitido de um
transmissor na sonda. Nos trechos mais regulares dos dois perfis os dados de ∆t
permitiram computar valores confiáveis de porosidade total dos arenitos usando a
fórmula do tempo médio (Wyllie et al., 1956) dada por
1t tm xt t Bm f cp
φ∆ −∆
=∆ −∆
,
(5)
onde ∆t é o tempo lido em cada ponto do perfil, ∆tm o tempo de transito da onda P na
matriz sólida da rocha (∆tm = 55 ms/pé para arenitos quartzosos), ∆tf o tempo de transito
no fluido dos poros (∆tf = 189 ms/pé para água doce) e Bcp é um fator de correção para a
compactação do pacote. O valor de Bcp é estimado do tempo de propagação observado
nos horizontes argilosos da seção (Schlumberger, 1989).
Assim, do perfil de radiação gama, foi possível demarcar horizontes contendo
argilas, ao longo das seções colunares dos poços MO-02 e PE-01. Além disso, foi
possível constatar que o pacote arenoso que se estende de 82 a 230 m de profundidade
no poço MO-01 e de 0 a 143 m no poço PE-01, corresponde ao trecho mais limpo e
uniforme das duas seções. O pacote argilo-arenoso do topo da coluna de MO-01, com
20 m de espessura, mostra um crescimento, da base para o topo, na argilosidade da
formação. Esse intervalo não é reconhecido no poço PE-01. Nos intervalos de
profundidade entre 240 e 280 m, em MO-01 e de 190 – 230 m, em PE-01, ocorrem
46
arenitos argilosos finos e mal selecionados, intercalados com folhelhos e siltitos
avermelhados. Níveis argilosos esporádicos ocorrem ao longo de todo o pacote Urucuia.
Os valores de resistividade aparente, nas primeiras faixas da direita, mostram
que as leituras da ferramenta IEL, de maior raio de investigação, são muito elevados,
indicando que a maior parte do Grupo Urucuia é muito resistiva. Deflexões geradas por
horizontes mais condutivos distribuídos entre 25 e 85 m de profundidade, em MO-01, e
entre 30 – 56 m, em PE-01, parecem representar zonas alternadas de arenitos friáveis
com níveis arenosos muito silicificados. Essas zonas possuem baixa argilosidade e se
associam a intervalos de intensas irregulares nas paredes do furo, conforme se infere do
comportamento dos perfis sônicos mostrados nas segundas faixas da direita nas Figuras
15 e 16. Os dados de SP e de resistividade SN são menos diagnósticos, dada às
resistividades relativamente elevadas dos arenitos, mas, qualitativamente, apontam para
a mesma variação de composição descrita.
A porosidade total varia de 25 a 35% nos intervalos arenosos mais limpos,
podendo alcançar até 40% nos trechos com argilas disseminadas e mais de 50% nos
horizontes dominados por argilas. A porosidade efetiva, computada dos dados elétricos,
é válida apenas para os intervalos areno-argilosos, e varia entre 20 e 25% na maior parte
da seção. Os intervalos de granulometria mais fina e de melhor seleção tem porosidades
efetivas maiores (cerca de 5%) do que àquelas de grãos mais grosseiros e de menor
seleção.
47
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5Porosidade (u.p.)
280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1Vcl (u.p.)
0 1
1 10 100 1000 10000Permeabilidade (mD)
Vcl
φ ef,e
l
φ
Fm Serra das Araras Fm Posse Fm Geribá
Sônico
φeElétrico
k
Figura 17 – Parâmetros petrofísicos dos arenitos do Grupo Urucuia estimado dos
perfis geofísicos do poço MO-02.
48
Formação Posse Formação Geribá
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5Porosidade (u.p.)
280
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1Vcl (u.p.)
0 1
1 10 100 1000 10000Permeabilidade (mD)
Vcl
φef
φ
Elétrico
Sônico
Figura 18 – Parâmetros petrofísicos dos arenitos do Grupo Urucuia estimado dos
perfis geofísicos do poço PE-01.
Integrando os dados geofísicos observados nos poços MO-02 e PE-01, com os
parâmetros petrofísicos deles computados, foi possível verificar que, efetivamente, o
Grupo Urucuia na bacia do São Francisco, é constituído por três fácies geofísicos
distintos, cada um deles constituindo uma formação geológica de características
litológicas específicas assim definidas:
(i) Facies Superior (Formação Serra das Araras) – Presente nos dois poços está
mais bem caracterizada no perfil do poço MO-02. Corresponde a uma
sucessão de arenitos avermelhados, de granulação média a fina, friáveis,
argilosos e estratificados em bancos de 2 a 4 m de espessura, nos quais,
geralmente, o teor de argila aumenta da base para o topo do banco. É
49
comum a presença de níveis silicificados intercalados, identificados por
fortes crescimentos na resistividade ILD e por anomalias distintas nas curvas
de velocidade sônica. Alcança uma espessura de 82 m em MO-02 e possui,
no topo, uma camada guia de alta argilosidade e aproximadamente 20 m de
espessura. Essa camada superior de maior condutividade foi reconhecida em
quase todas as sondagens elétricas realizadas na área. Esta unidade se separa
do facies intermediário por meio de uma superfície erosiva definida em
termos dos contrastes físicos manifestados nos perfis radioativos, elétricos e
sônico.
(ii) Facies Intermediário (Formação Posse) – Identificado nos dois poços,
alcança uma espessura aproximada de 130 m. Compõe-se de arenitos rosa-
acinzentados, de granulação média a fina, com proporção de argila bem
menor que a do facies superior (<10%). Localmente, pode conter horizontes
com argilosidade um pouco mais alta (15 a 30%). Pode se identificado pelo
empilhamento de corpos arenosos com algumas dezenas de metros de
espessura. A porosidade efetiva ao longo da seção varia de 8 a 22%,
enquanto a permeabilidade oscila entre menos de 100 a um pouco mais de
1,0 Darcy.
(iii) Facies Inferior (Formação Geribá) - Parcialmente penetrado pelos dois
poços, tem espessura mínima de 110 m. Compõe-se de arenitos argilosos (15
a 30% de argilas), de granulação fina, com intercalações delgadas de
horizontes argilosos avermelhados. Estes gradam, em direção a base da
seção, para espessos argilitos ou folhelhos (com 60 a 100% de argilas)
marrom-avermelhados, contendo intercalações de arenitos finos e siltitos. Na
base de PE-01 foi identificado um nível conglomerático de matriz areno-
argilosa fina contendo seixos de quartzo, silexitos e carbonatos. Faz contato
transicional com o facies intermediário, conforme indicado pelas
propriedades físicas medidas nos furos. Essa zona de transição tem cerca de
20 m de espessura e, através dela, tanto a porosidade quanto a
permeabilidade passam por valores bem pequenos (Figuras 17 e 18).
Com o fim de dar suporte à interpretação dos dados gravimétricos, as densidades
médias em massa das formações definidas acima foram computadas a partir dos dados
de porosidade efetiva usando a expressão
50
( )o s e s wµ µ φ µ µ= + − ,
(6)
onde, oµ é a densidade saturada da formação, sµ a densidade média dos componentes
sólidos ( para quartzo sµ = 2,65 g/cm3) e wµ a densidade da água de saturação ( wµ = 1,0
g/cm3). Os valores médios ponderados encontrados para a seqüência do Grupo Urucuia
nos dois poços foram: (i) Uoµ = 2,56 g/cm3 (Poço MO-02); (ii) U
oµ = 2,54 g/cm3 (poço
PE-01).
Os dados litológicos e hídricos levantados neste projeto indicam que os arenitos
do Grupo Urucuia não obedecem à lei de Archie (Archie, 1942),
mo w eρ ρ φ −= ,
(7)
na qual ρo e ρw são as resistividades da formação e de sua água de saturação, eφ é a
porosidade efetiva e m é uma constante empírica, referida como índice de cimentação.
A razão / mo w eFρ ρ φ −= = , Archie denominou de fator de resistividade da formação.
Os dados petrofísicos computados para o poço MO-2 podem ser usados na
verificação de tal afirmação. Tomando m = 1,8 (valor típico para arenitos de grãos
arredondados a subarredondados) e os valores estimados da porosidade sônica na parte
mais limpa do perfil, se obtém F variando de 7,7 a 22, ao longo do furo. Com ρw =
1.560 ohm.m, conforme medido em amostra de água coletada do poço se tem que a
resistividade do aqüífero deveria variar entre 12.000 a 34.000 ohm.m. Entretanto o valor
médio de ρo inferido de uma sondagem elétrica vizinha a MO-02 é de apenas 2.600
ohm.m. Assim, o grau de dissolução da água e a presença de argila tornam a relação ρo -
ρw não-linear, diferentemente da lei de Archie. Isso faz com que a água na formação
pareça ser mais condutora do que realmente ela é. Uma alternativa viável é a de
modificar a expressão de Archie para
mo we eρ ρ φ −= ,
(8)
com a introdução de uma resistividade equivalente para a água, ρwe, quando em contato
com os poros das formações. Essa resistividade ρwe varia de forma não-linear com ρw
51
(por exemplo, we wa αρ ρ= ). Diversos trabalhos têm demonstrado a validade prática
dessa transformação (Lima e Nery, 1999; Lima et al., 2005). Conhecida a relação ρwe -
ρw de uma dada formação, a equação (7) poder ser usada para estimar a variabilidade
espacial de eφ a partir da resistividade do aqüífero determinada via sondagens elétricas
verticais.
2. Caracterização Geoelétrica
A condução de eletricidade nas rochas da crosta terrestre é basicamente
determinada pelo conteúdo e salinidade dos eletrólitos aquosos normalmente nelas
presentes, pelo volume total e conectividade dos espaços vazios, expressos em termos
de suas porosidades efetivas, e pela proporção de minerais possuidores de uma
condutividade elétrica superficial, dispersos em suas matrizes sólidas. Por causa da
possibilidade concreta de se poder descriminar e determinar esses elementos, os
métodos geofísicos elétricos têm tido amplos sucessos em hidrogeologia e em estudos
de poluição ambiental (Ward, 1990; Meju et al., 1999, 1997; Pereira e Lima, 2007).
Os equipamentos utilizados nas aquisições dos dados geoelétricos no campo
foram os sistemas SYSCAL R-2 e SYSCAL-PRO, ambos fabricados pela Iris
Instruments, de propriedade do CPGG/UFBA. Esses sistemas são alimentados por
baterias comuns de 12V acopladas a conversores de voltagem DC-DC. Operam com
correntes contínuas, medindo simultaneamente a resistividade e a polarizibilidade
aparentes do subsolo. As tensões máximas de saída desses sistemas podem atingir,
respectivamente 800V e 1.000V, sob potência de 250W. Como eletrodos de corrente e
de potencial foram usadas barras metálicas de aço revestidas com cobre, enterradas no
solo, ligadas aos sistemas por cabos condutores isolados de baixa resistência específica.
Para reduzir os efeitos de maus contatos entre os eletrodos e a terra, os buracos de
aterramentos foram sempre molhados com água salgada.
Sessenta e cinco centros de sondagens elétricas verticais foram distribuídos na
área da bacia com o objetivo de auxiliar na caracterização estratigráfica e estrutural do
sistema aqüífero Urucuia. O arranjo de eletrodos utilizado em campo foi o de
Schlumberger, expandido até um espaçamento AB/2 máximo de 1.000 m. Essa
amostragem geofísica foi estabelecida ao longo de rodovias principais e secundárias da
área, com uma distribuição espacial suficiente para poder representar os resultados em
52
termos de mapas e em, pelo menos, cinco perfís geológicos transversais. Algumas
dessas sondagens foram locadas próximas a poços de produção de água, para servirem
de base na redução da ambigüidade da interpretação geoelétrica final.
340000 365000 390000 415000 440000 465000 490000 515000 5400008360000
8385000
8410000
8435000
8460000
8485000
8510000
SE-01SE-02
SE-03SE-04SE-05
SE-06SE-07
SE-08 SE-09
SE-10SE-11
SE-12
SE-13
SE-14
SE-15
SE-16SE-17
SE-18SE-19
SE-20
SE-21
SE-22
SE-23
SE-24
SE-25
SE-26SE-27SE-28
SE-29SE-30
SE-31SE-32
SE-33SE-34SE-35
SE-36SE-37SE-38
SE-39
SE-40SE-41SE-42
SE-43
SE-44
SE-45
SE-46
SE-47SE-48
SE-49
SE-50
SE-51
SE-52SE-53
SE-54
SE-55SE-56
SE-57
SE-58SE-59
SE-60
SE-61 SE-62SE-63
SE-64
SE-65
1500
2500
4000
6000
8000
10000
20000
Resistividade aparente (ohm.m)
Figura 19 – Mapa da função resistividade aparente observada com espaçamento
AB/2 de 100 m. As linhas pretas identificam alguns dos lineamentos estruturais.
A Figura 19 é um mapa que mostra a variação espacial da função resistividade
aparente observada na área estudada, para espaçamentos de corrente AB/2 de 100 m, o
que reflete uma profundidade de investigação próxima de 50 m. Os valores de aρ , em
geral, são muito elevados (acima de 2.000 ohm.m), indicando um subsolo de
constituição arenosa, total ou parcialmente saturado com água de baixa salinidade. A
resistividade cresce de modo regular de leste para oeste, principalmente em função do
aprofundamento do nível freático do aqüífero, no sentido indicado. Além disso, a
existência de zonas com contornos fechados de iso-resistividades sugerem a presença de
fortes contrastes elétricos laterais, possivelmente relacionados a estruturas regionais de
blocos falhados. As linhas pretas na Figura 20 representam algumas das principais
estruturas lineares e interpretadas como possíveis zonas de falhas. Portanto, mesmo da
53
função aρ bruta, é possível extrair informações qualitativas sobre variações litológicas,
de conteúdo de água ou da presença de zonas locais de intensas variações laterais.
2.1 - Processamento e Interpretação dos Dados
Praticamente todas as sondagens elétricas efetuadas na área apresentam comportamento
regular e suave, compatível com modelos estratificados de camadas subhorizontais.
Todavia, devido a variações laterais na resistência de contato com os solos subsaturados
em água, algumas dessas curvas apresentam fortes deslocamentos de ramos quando da
mudança dos eletrodos de potencial M e N, conforme representado na Figura 21. Para
essas situações, foi aplicado um processamento de redução, de modo a deslocar
numericamente os ramos afetados por quantidades constantes, conforme se mostra na
Figura 21.
1 10 100 1000100
1000
10000
100000
SEU-15
Figura 20 – Dados observados nos três ramos da curva da sondagem elétrica SEU-
15.
Todas as sondagens elétricas executadas foram invertidas unidimensionalmente
usando os softwares: (i) RES1D da Geotomo Softwares, para compor modelos
estruturais iniciais a serem submetidos à inversão; (ii) RESIST 1.0, programa de
domínio público elaborado por Vander Velper (1988) para efetuar a inversão não-linear
54
por mínimos quadráticos. Alguns dos resultados práticos obtidos são discutidos na
seção que se segue:.
1 10 100 1000
Espaçamento AB/2 (m)
100
1000
10000
100000
Res
istiv
idad
e ap
aren
te (o
hm.m
)
Figura 21 – Dados corrigidos por suavização numérica da sondagem elétrica SEU-
15.
2.2 - Resultados Geoelétricos
A maioria das curvas de sondagens obtidas tem a forma de uma dupla de colinas com
uma depressão central refletindo, basicamente, as variações litológicas no Grupo
Urucuia. As colinas correspondem a pacotes arenosos mais limpos sendo a primeira,
geralmente representante da zona não-saturada do aqüífero. A depressão central se deve
a uma redução na resistividade do aqüífero, associada a um aumento na argilosidade
característico da Formação Serra das Araras. Quase todas as sondagens apresentam
ramos terminais descendentes indicando a existência de um pacote regional muito mais
condutor, interpretado como a Formação Geribá, suportando os pacotes mais arenosos.
As figuras 22 e 23 contêm gráficos representativos de algumas das sondagens
elétricas invertidas unidimensionalmente usando os procedimentos computacionais
mencionados (Vozoff, 1958; Koefoed, 1979). Em geral, apesar dos contrastes de
resistividade elevados entre os diferentes horizontes da subsuperfície, as inversões
foram satisfatórias em função do uso das informações de controle disponíveis. Nas
55
sondagens paramétricas, os dados de aρ foram ajustados, com erros médios quadráticos
inferiores a 2%, se fixando a profundidade do nível freático e se ajustando os valores de
resistividade das camadas até um limite de erro prefixado de 1%. Os dados observados
(símbolos coloridos nos gráficos) se ajustam com muito boa precisão as curvas teóricas
computadas para os modelos geoelétricos interpretados (curvas cheias). Os modelos
finais para todas as sondagens realizadas, em termos de colunas verticais de
resistividade versus profundidade, estão agrupados no documento Apêndice 1.
1 10 100 1000Espaçamento AB/2 (m)
50
500
5000
50000
Res
istiv
idad
e ap
aren
te (o
hm.m
)
0,7 2,0 13 56 349
2928 787 5124 18.786 8915 678 SEU-11
565 5.101 5.876 339 SEU-214,2 9,7 355
1,7 59 115
309 5.175 343 SEU-3927.685
SEU-11
SEU-21
SEU-39
Figura 22 – Exemplos de curvas de SEVs típicas da área e modelos interpretados.
1 10 100 100050
500
5000
50000
0,5 2,8 24 85 217
4.705 22.637 5.618 9.879 4.847 287 SEU-16
833 5.127 5.156 311 SEU-190,5 16 309
1,2 54 320
1.495 5.275 343 SEU-244.104
SEU-16
SEU-19
SEU-24
47
5.948
7,5
11.765
20
23.397
Figura 23 – Exemplos de curvas de SEVs típicas da área e modelos finais
interpretados.
56
Cinco seções geoelétricas transversais formadas por SEVs, eqüidistantes em
média de 8 km, foram construídas para representar a estrutura geológica da área. As
figuras 24 e 24 mostram as seções transversais A - A’ e B – B’, construídas,
respectivamente, com 9 e 10 SEVs obtidas ao longo da rodovia Posse – Correntina
orientada, praticamente, de sul-sudoeste para nordeste-leste. As duas seções combinadas
mostram que a seqüência arenosa superior do Grupo Urucuia, é bem delgada no
extremo leste do perfil, mas se espessa progressivamente em direção oeste, podendo
alcançar, próximo à escarpa da Serra Geral, mais de 500 m de espessura. O substrato do
sistema aqüífero é invariavelmente representado como um pacote muito condutor que,
por controle dos dados dos poços MO-02 e PE-01, é interpretado corresponder a
seqüência argilosa da Formação Geribá. Nas seções da metade da área para leste (Figs.
25 e 26), este pacote condutor repousa sobre litologias mais resistivas, interpretadas
como carbonatos do Grupo Bambuí.
SEU-11SEU-09SEU-08SEU-07SEU-06SEU-05
SEU-04SEU-14
340
54
365
55
376
65
385375
384382
111
370
137
447
900
800
700
600
500
Ele
vaçã
o (m
)
A
A'
700
600
500
0 4 8 km
Distância Horizontal
24.489
8.263
129
3.786
4.32316.150
5.280
298
22.19651
5.040
8.329
5.813
319
7.77852
63.87557
8.307SEU-12
21.334
235
5.7258.290
757
12.555
5.6375.674
15.942
260317
5.718
293
423.483
4.692
285
1423
1311
1015
15
Figura 24 – Seção geológica transversal A – A’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas.
Uma expressão da estrutura transversal do sistema Urucuia está mostrada na
figura 28, construída usando dados de oito SEVs. A seção cruza através da parte oeste
da sub-bacia, onde o pacote arenoso atinge as maiores espessuras. Nesse caso, ao invés
de uma estrutura uniformemente inclinada, aparecem duas grandes falhas com
deslocamentos diferenciais estimados em 100 a 300 m, ao longo da seção. Essas falhas
delimitam um “graben” ao longo do qual o pacote condutor e o substrato do Grupo
Urucuia foram correspondentemente soerguidos.
57
SEU-35
B
1836
114
150
463
800
700
600
500
400
Ele
vaçã
o (m
)
600
500
400
0 4 8 km
Distância Horizontal
361334
304
77
273
22
77
255
SEU-32
22
168
12.96182
250
SEU-34
32
71
249
45.5105.200
SEU-33
132
379
B'
5.284
172287
5.410 5.313
148
15.611
5.302
399365
5.326
12.256 10.470
6.590
278
5.257
505
185
5.692
33.600
197
4.508
5.500
6.830
5.228
57
SEU-2713.34528.347
68
34
SEU-28
29.68617
61
SEU-29
14
SEU-3016.213
SEU-317,5
26.0495.396
SEU-26
24.05018
56
Figura 25 – Seção geológica transversal B – B’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas.
0 2 4 6 8 km
Distância horizontal
SEU-42C
700
600
500
400
Ele
vaçã
o (m
)
17
62
381
SEU-41SEU-40
19
64
263
16
68
199
SEU-37SEU-38SEU-43SEU-39
59
168
43
152
67
16090
311
SEU-36
27
300
9.815 700
600
500
400
C'22.993
5.285
197
27.100
5.286
398
59.146
5.300
166
27.685
5.175
343
18.145
5.685
307
56.00021
5.298
402
3.957
4.05036
176
5.390
31.803
3.139
306
Figura 26 – Seção geológica transversal C – C’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas.
800
700
600
500
400
Elev
ação
(m)
117
423
457 447
134
900
SEU-14SEU-01SEU-63
D
315.501 8,5
105
137
11 SEU-20SEU-15SEU-13 D'23
96
3.26422
6647SEU-22
0 2 4 6 8 km
Distância horizontal
23.397
4.104SEU-24
20
54
5.275
320
108
8.453
5.760
360104
26.493
5.403
247225
17.596
5.730
230
197
16.875
5.57152
86110
12.066
24.448
8.263
106
15.773
6.632
298
23.027
5.117
742
Figura 27 – Seção geológica transversal D – D’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas.
58
Em todas as seções construídas se observa que o nível estático das águas
subterrâneas varia de menos de 20 m nas proximidades dos vales, a mais de 180 m
próximo a Serra Geral, em estreita relação com a topografia do terreno. Tal
comportamento, atesta um caráter regional não-confinado para o sistema aqüífero.
Ainda como aspectos hidrológicos importantes destacam-se: (i) as resistividades
elevadas das camadas, em função do caráter muito doce de suas águas (salinidades
menores que 200 mg/l, em geral); (ii) a espessa zona vadosa do sistema na parte mais
alta do chapadão, que protege suas águas da evapotranspiração; (iii) a presença de um
divisor interno no fluxo subterrâneo na bacia em posição diferente da do divisor das
águas superficiais (Figuras 24 e 28).
900
800
700
600
500
35
85
244
448
5.978
14.530
8.303SEU-47SEU-49SEU-45
SEU-46SEU-44SEU-25SEU-24SEU-23
3.111
23.017
5.275
343
17
60
283
16.498
5.243
196
45
288
2.665
12.699
6.193
656
13
54
251
4.460
8.525
5.849
137
28
54
226
4.78710.550
6.161
244
16
45
258
5.490
6.368
6.537
261
2948
200
33.630
5.089
309
11
42
212
800
700
600
Elev
ação
(m)
0 2 4 6 8 km
Distância horizontal
Figura 28 – Seção geológica transversal E – E’ construída com base nos dados das
sondagens elétricas indicadas.
A disposição espacial da superfície freática do aqüífero está representada em
mapa constante do relatório de Hidrogeologia. Ele foi construído com base em dados de
poços, das sondagens elétricas verticais e dos padrões de afloramento da mesma nas
drenagens. As linhas equipotenciais hidráulicas indicam haver, na área estudada, um
forte relacionamento entre os fluxos superficial e subterrâneo. Todavia, se destaca a
presença de uma zona de divergência, orientada praticamente de norte para sul
dividindo o fluxo subterrâneo nas sub-bacia em duas partes: (i) uma, de maior extensão,
na qual o fluxo ocorre de oeste para leste, em concordância com a drenagem superficial;
(ii) outra, na qual o fluxo se processa em direção a Serra Geral dirigindo as águas
subterrâneas para o estado de Goiás.
O mapa da figura 29 ilustra a configuração da topografia do substrato condutivo
do sistema aqüífero (topo da Formação Geribá). Ele define a orientação estrutural de
uma extensa rampa de caimento geral para ENE, acompanhando o caimento da
59
superfície topográfica, perturbada por deslocamentos subverticais ao longo de falhas
regionais, numa estrutura de blocos falhados. É inferido que este pacote condutor atue
como uma base impermeável para o aqüífero.
340000 365000 390000 415000 440000 465000 490000 515000 5400008360000
8385000
8410000
8435000
8460000
8485000
8510000
SE-01SE-02
SE-03SE-04SE-05
SE-06SE-07
SE-08 SE-09
SE-10SE-11
SE-12
SE-13
SE-14
SE-15
SE-16SE-17
SE-18SE-19
SE-20
SE-21
SE-22
SE-23
SE-24
SE-25
SE-26SE-27SE-28
SE-29SE-30
SE-31SE-32
SE-33SE-34 SE-35
SE-36SE-37SE-38
SE-39
SE-40SE-41SE-42
SE-43
SE-44
SE-45
SE-46
SE-47SE-48
SE-49
SE-50
SE-51
SE-52SE-53
SE-54
SE-55SE-56
SE-57
SE-58SE-59
SE-60
SE-61 SE-62SE-63
SE-64
SE-65
25 75 125
175
225
275
325
375
425
475
525
Figura 29 – Mapa de contorno da profundidade do substrato condutor na área das sub-bacias estudadas. As linhas pretas indicam alguns dos lineamentos.
3. CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA
O estado da Bahia já foi objeto de vários levantamentos gravimétricos regionais
conduzidos por diferentes organismos, tais como os da Petrobrás nas bacias do
Recôncavo-Tucano-Jatobá (Petrobrás, 1969; 1970), e CPRM e IAG/USP em grandes
áreas do estado (Molina et al, 1979; Gomes e Mota, 1980). O Observatório Nacional
(ON) também tem realizado medidas gravimétricas absolutas para compor a rede
nacional de estações gravimétricas (RENEGA). Algumas das estações da RENEGA
estão sendo utilizadas para calibração do levantamento enfocado. Em adição, nos
termos do contrato firmado, a CPRM transferiu para o CPGG/UFBA um Relatório
Diagnóstico do Estado da Arte para a área do projeto, cujos dados foram úteis para
60
avaliar o conhecimento geofísico da área e planejar a estratégia de execução dos
trabalhos de campo (CPRM, 2006).
Este projeto incluiu realização de um amplo levantamento gravimétrico regional
objetivando auxiliar na análise da estrutura geológica do Aqüífero Urucuia e de seu
substrato, na área do entorno das sub-bacias estudadas. Este levantamento foi realizado
conjuntamente com um levantamento geodésico usando GPSs diferenciais, para precisa
definição das coordenadas geográficas das estações de medição. No total foram
levantadas 565 estações, conforme ilustrado no mapa da figura 30. Os dados
gravimétricos foram obtidos com uso de dois gravímetros Lacoste-Roberg, um cedido e
operado no campo por técnico do Observatório Nacional/CNPq e outro cedido e
operado por técnico do Centro de Geociências da UFPA, e um gravímetro Scintrex de
propriedade do CPGG/UFBA.
AR11AR12
AR13AR14AR15AR16
AR17
AR18
AR19AR20
AR21
AR22
AR23
AR24
AR25
AR26
AR27
AR28AR29
AR30
AR31AR32
AR33
AR34
AR36
AR39
AR40
AR41
AR42AR43 AR44 AR45
AR46AR47
AR48
AR49AR51
AR52
AR53AR54
AR55
AR56AR57AR58
AR59
AR81
AR82
AR83AR84
AR85
AR86
AR87
AR88
AR89
AR90
AR91
DA23
DA22
DA32
DA34DA35
DA36
DA41
DA43
DA44
DA45
DA46
DA52
DA57
GA00GA12
GA13
GA16
GA17GA18
GA19GA20
GA22
GA23
GA24GA27
GA28
GA29
GA30GA31
GA34
GA35
GA36
GA37GA38
GA39GA40
GA42
GA44
GA45GA46
GA47GA48 GA49
GA50
GA55GA56
GA57
GA63
GA64GA73
GA74
GA75
GA76
GA77
GA78
GA79GA80
GA81
GA82GA83
GA84
GA85
GA86
GA87
GA88
GA89
GA90GA91
GA92GA93GA94
GA95
GA96
GA97GA98
GA99
GG01GG02
GG15
GG16
GG17
GG21
GG25
GG26
GG27
GG31
GG32
GG33
GG34
GG35
GG36
GG37
GG47
GG52
GG53
GG54
GG55
GG56GG57
GG61
GG62
GG63
GG64
GG65
GG67
GG71
GG72
GG81
LF11
LF12
LF13
LF14
LF15LF16
LF21
LF22
LF23
LF24
LF25
LF31
LF32LF33
LF34
LF42
LF43
LF51
LF52
LF53
LP14
LP15
LP16
LP17
LP18
LP19
LP20
LP21
LP22
LP23
LP24
LP25
LP26
LP27
LP28
LP29
LP30
LP32
LP33
LP34LP35
LP36
LP37
LP38
LP39
LP40
LP41LP42
LP43
LP44LP45
LP46
LP47
LP48 LP49LP50
LP51
LP52
LP53LP54
LP55
LP56 LP57
LP61 LP71
LP81LP82
LP83
LP84
LP85LP86LP87
LP88LP89LP90
AEROESPOPO11
PO12
PO14
PO15
PO16
PO17
PO22
PO24
PO26PO27
PO32
PO33
PO34
PO35
PO36
PO41
PO42
PO44
PO45
PO46
PO52
PO54
PO56
PO57
PO61
PO62
PO63
PO67
PO72PO73
PO81 PO82 PO83
PO84
PO85
PO86
PO87 PO88PO89
PO90
RA05RA07
RA11RA12
RA13
RA14RA15 RA16
RA17
RA18
RA19
RA20
RA21
RA22RA23RA24 RA25
RA26RA27
RA28
RA29
RA30RA31
RA32RA33
RA34
RA35
RA36RA37
RA38RA39
RA81
RA82RA83
RA84
RA85RA86
RA87
RA88RA89
RA90
RA91
RA92
RA93RA94
RA95
RA96
RA97 RA98RA99
RI45RI46
RI47
RI48RI49
RI50
RI51
RI52
RI53
RI54
RI55
RI56 RI57
RI58
RI59
RI60
RI61
RI62RI63
RI64
RI65
RI66
RI67
RI68
RI69
RI70
RI71
RI72
RI73
RI74RI75
RI76
RI77
RI78RI79
RI80
RI81RI82
RI83RI84
RI85
RI86
RI87
RI88
RI89
VF09VF10
VF11
VF12
VF13VF14VF15
VF16VF17
VF18
VF19
VF20VF21
VF22
VF23
VF24
VF25
VF26VF27 VF28 VF29
VF30
VF31
VF32
VF33VF34
VF35
VF36
VF37VF38 VF39
VF40 VF41VF42
360000 414500 469000 523500
8360000
8418000
8476000
Legenda
Estações Geodésicas e Gravimétricas
Estações Gravimétricas em Perfis
Figura 30 – Mapa mostrando a distribuição das estações gravimétricas e geodésicas levantadas na área do projeto.
61
Nesta seção são discutidos os resultados dos levantamentos plani-altimétricos e
gravimétricos realizados na área de estudo, o processamento numérico de redução e a
representação cartográfica dos dados adquiridos, assim como uma interpretação semi-
quantitativa dos resultados gravimétricos, na forma de mapas e de perfis.
3.1 - Metodologia de Trabalho
Os trabalhos referentes ao levantamento proposto foram efetivamente
iniciados em Fevereiro de 2006. O levantamento completo envolveu um total de 85 dias
de trabalho de campo, com pelo menos duas equipes trabalhando simultaneamente. A
área do projeto foi subdividida em 10 quadrículas de ½ grau de lado referidas, no
mapeamento do IBGE na escala de 1:100.000, pelas seguintes denominações: Guarani
de Goiás, Rio Arrojado, Arrojolândia, Gatos, Posse, Lagoa do Pratudão, Vereda Funda,
Rio Itaquari, Damianopólis e Lagoa do Formoso. Dentro de cada uma delas se
estabeleceu o número médio de 50 estações de geodésia e gravimetria, regularmente
equiespaçadas cerca de 8 km entre si. O planejamento do trabalho de campo, em termos
das estradas de todos os tipos a serem percorridas, drenagens, fazendas, vilas e cidades
locais de pernoite, assim como todas as estações de referência disponíveis na área, foi
configurado nos mapas plani-altimétricos na escala de 1:100.000 do IBGE, que constam
do CDROM anexo ao presente relatório. Para orientar a navegação e fixar as estações
nos trabalhos de campo foi usado um “notebook” com o pacote “Google Earth”. O
sistema de referências adotado para todo o levantamento geodésico foi o WGS-84. O
trabalho ora analisado, leva em conta informações de 565 estações adquiridas com os
gravímetros do ON, na primeira campanha, do CPGG/UFBA nas primeira e segunda
campanhas, e com o da UFPA na terceira campanha, respectivamente.
3.2 - Processamento e Redução dos Dados
O posicionamento em campo das estações de levantamento foi efetuado com
GPSs diferenciais usando transferência geodésica de estações complementares a partir
de marcos de referência do IBGE referidos como SAT-93080, SAT-91655 e SAT-
93168. Foram normalmente utilizados dois equipamentos GPSs, sendo um fixado numa
estação da rede altimétrica do IBGE ou numa estação fixa transferida para cada
quadrícula, e um móvel, ao longo dos caminhamentos. Foram usadas leituras contínuas
62
com 20 – 30 minutos de amostragem temporal dos sinais de satélites em cada estação,
de modo que as precisões planimétrica e altimétrica alcançadas foram melhores do que
5 m nas coordenadas geográficas, e 10 cm na altitude elipsoidal.
Na coleta de dados GPS foram utilizadas as técnicas estática e “stop and go”, a
primeira nas determinações de estações de apoio, e a segunda nas demais estações.
Como o relevo, na maior parte da área, é aplainado e a cobertura vegetal é rala, isso
favorece a aplicação da segunda técnica, com ganhos efetivos no tempo de rastreio dos
satélites. Diariamente, os dados adquiridos foram pré-processados (correção
diferencial), de modo a garantir a qualidade dos dados durante o processamento final.
Os dados dos registros automáticos obtidos com os GPSs diferenciais foram
devidamente processados, usando os “softwares” comerciais de ajuste Track-maker e
Ashtech Solutions, pelos executores dos serviços especializados, devidamente
contratados. Os dados de registro e os resultados plani-altimétricos computados nas três
campanhas de campo estão especificados nas planilhas elaboradas para cada uma das
quadrículas do levantamento considerado.
Para converter os dados altimétricos referidos ao elipsóide WGS-84, para
altitudes ortométricas ou geoidais foi utilizado o seguinte procedimento. Através do
aplicativo MAPGEO-2004, desenvolvido pelo IBGE, se calculou o valor da ondulação
geoidal (N) de cada estação de medição. A altitude geoidal (H) de cada estação foi então
calculada pela expressão H = h – N, com h sendo a altitude elipsoidal. As altitudes
finais obtidas podem ter variações de ± 1,0 m, de acordo com a precisão do mapa
geoidal construído pelo IBGE em torno da área do projeto.
Na aquisição dos dados gravimétricos foram utilizadas as estações de Santana e
de Santa Maria da Vitória, que fazem parte da Rede Gravimétrica Brasileira e as de
Correntina e Posse, transferidas pelo CPGG/UFBA utilizando, nas operações de
transferência, três ocupações intermediárias em períodos de tempo de menos de 12
horas. Dessa forma, a precisão geral dos dados adquiridos é superior a 0,1 mgal.
As leituras gravimétricas com o sistema CG3M foram realizadas com 120
medidas a cada segundo, com atualização de média e desvio padrão a cada 12 medidas.
O equipamento efetua automaticamente as correções de deriva, de maré e de inclinação
das bolhas de nível X e Y. Os valores de gravidade observados em cada estação com o
Lacoste-Romberg foram inicialmente corrigidos das seguintes variações sistemáticas e
temporais: constante de calibração instrumental, altura da base do instrumento, derivas
63
estáticas e dinâmicas, e efeitos das marés terrestres. Os dados gravimétricos obtidos
com o equipamento da UFPA foram corrigidos com a constante de calibração e os
efeitos de deriva. A correção de maré foi realizada com programa desenvolvido pelo
geofísico José Gouvêa Luiz da UFPA. Os dados da gravidade absoluta em cada estação
levantada também constam das planilhas constantes do CDROM anexo. No cálculo da
anomalia Bouguer foram incluídas as correções da gravidade teórica local, e as
variações de ar livre e da placa Bouguer, usando um valor de densidade média estimada
para as rochas sedimentares em 2,56 g/cm3.
As correções de latitude, ar-livre e de Bouguer foram aplicadas aos dados
medidos de gravidade absoluta para obter valores de gravidade Bouguer através da
expressão,
BTAB cggg +−= ,
(9)
onde, Bg corresponde ao valor da gravidade Bouguer, Ag é o valor medido da
gravidade absoluta, Tg representa a gravidade teórica na mesma latitude ϕ em
radianos, e Bc representa as correções de ar-livre (que leva em conta as diferenças de
elevação entre as estações) e de Bouguer (que inclui as atrações do material geológico
entre as estações e o geóide), respectivamente. O valor da gravidade teórica é calculado
pela seguinte equação
( )2 4978031,85 1 0,005278895 0,000023462Tg sen senϕ ϕ= + + ,
(10)
enquanto o fator combinado de correção Bc é dado por
(0,3086 2,56 0,04185)Bc H= − × ,
(11)
para pontos situados a uma elevação ortométrica H e uma cobertura crustal acima do
geoide com massa específica de 2,67 g/cm3.
64
A correção de terreno é normalmente realizada subdividindo a região em torno
de cada estação por pequenos corpos de geometria simples, de modo que se possa
calcular facilmente sua atração. Usando os dados altimétricos geoidais foi construído
um modelo digital do terreno para a área levantada, o qual foi estatisticamente calibrado
usando o pacote Dapple da Geosoft e uma imagem DTM construída com dados de
satélites georeferenciados.
As correções descritas acima, em sua forma final, foram efetuadas em
computador, utilizando o software OASIS MONTAJ v 4.2 licenciado pela Geosoft para
o CPGG/UFBA, em conformidade com o Termo de Referência estabelecido pela
CPRM para este levantamento (CPRM, 2005). A separação regional residual foi
efetuada de duas maneiras. A primeira por redução analítica com um ajuste polinomial
gaussiano e a segunda tomando a segunda derivada de g.
3.2 - Resultados Gravimétricos
Conforme mencionado anteriormente os dados tratados no presente relatório
estão distribuídos em dez quadrículas constituintes da área. Destas, seis estão
praticamente atendendo ao esquema de distribuição da amostragem programado. Mas
em quatro, por dificuldades de acesso, as folhas de Damianópolis (13), Guarani de
Goias (32), Lagoa do Formoso (20) e Vereda Funda (34) ficaram com densidades de
amostragem mais baixas.
Os valores absolutos da gravidade observada nas 565 estações da área estão
apresentados na forma de um mapa de contorno com imagem a cores na Figura 32.
Esses resultados foram computados e representados graficamente usando o software
SURFER 8. O mapa das anomalias gravimétricas Bourger construído do mesmo modo,
consta da Figura 32. Na re-amostragem e interpolação dos dados das figuras 31 a 34 foi
usado o procedimento estatístico da krigagem com as opções “default” do programa
SURFER, adotando-se uma malha regular de 500 m de separação nas coordenadas
horizontais. No processamento final global usando OÁSIS MONTAJ foi efetuada uma
análise de dependência espacial mais rigorosa dos dados, com determinação de
variogramas para melhor controlar o processo de krigagem.
65
340000 390000 440000 490000 540000
8360000
8410000
8460000
9780
00
9780
20
9780
40
9780
60
9780
80
9781
00
9781
20
9781
40
9781
60
9781
80
9782
00Gravidade asbsoluta (mGal)
Figura 31 – Mapa de isovalores da gravidade absoluta na área das sub-bacias dos
rios Arrojado e Formoso.
Na Figura 31 se verifica que os valores mais baixos de gravidade ocorrem no
setor noroeste do mapa quase que demarcando o limite da Serra Geral de Goiás. Os
valores crescem, em geral, de noroeste para sul e sudeste com oscilações locais ligadas a
flutuações na profundidade do substrato cristalino mais denso. No mapa de anomalias
Bourger (Figura 32), construído após as correções de ar livre, Bouguer e das
irregularidades do terreno, se observa melhor as irregularidades na topografia do
embasamento assim como a orientação geral dos principais lineamentos estruturais.
66
340000 390000 440000 490000 540000
8360000
8410000
8460000
-145
-125
-105
-85
-65
-45
-25
-5Anomalia Bouguer (mGal)
Figura 32 – Mapa das anomalias gravimétricas Bouguer na área das sub-bacias
dos rios Arrojado e Formoso.
Nas figuras 33 e 34 estão mostradas as anomalias residuais produzidas pelas
rochas e estruturas dominantes nas coberturas sedimentar e meta-sedimentar do
embasamento cristalino, cujo efeito foi reduzido supondo um comportamento regional
aproximado por um polinômio de primeiro grau. Nesses dois mapas estão demarcados
os principais lineamentos do tipo falha, inferidos da geometria das anomalias. Essas
feições são melhores demarcadas no mapa da Figura 34 pelos contornos nulos da
segunda derivada de g∆ . Se observa que tais lineamentos praticamente coincidem com
linhas de drenagem superficial, suportando a hipótese de que as mesmas seriam
estruturalmente controladas.
67
340000 390000 440000 490000 540000
8360000
8410000
8460000
SE-01SE-02
SE-03SE-04SE-05
SE-06SE-07
SE-08 SE-09
SE-10SE-11
SE-12
SE-13
SE-14
SE-15
SE-16SE-17
SE-18SE-19
SE-20
SE-21
SE-22
SE-23
SE-24
SE-25
SE-26SE-27SE-28
SE-29SE-30
SE-31SE-32
SE-33 SE-34 SE-35
SE-36SE-37SE-38
SE-39
SE-40SE-41SE-42
SE-43
SE-44
SE-45
SE-46
SE-47SE-48
SE-49
SE-50
SE-51
SE-52SE-53
SE-54
SE-55SE-56
SE-57
SE-58SE-59
SE-60
SE-61 SE-62SE-63
SE-64
SE-65
-20
-16
-12
-8-4-1.5
-0.5
0.5
1.5
48121620Residual gaussiano (mGal)
Figura 33 – Mapa das anomalias gravimétricas residuais gaussianas, na área das
sub-bacias dos rios Arrojado e Formoso.
340000 390000 440000 490000 540000
8360000
8410000
8460000
-5.1E-006
-4.1E-006
-3.1E-006
-2.1E-006
-1.1E-006
-1E-007
4E-007
1.4E-006
2.4E-006
3.4E-006
4.4E-006
Segunda Derivada
Figura 34 – Mapa das anomalias gravimétricas residuais (segunda derivada de
g∆ ), na área das sub-bacias dos rios Arrojado e Formoso.
68
4. CONCLUSÕES
Os dados elétricos e gravimétricos adquiridos e usados neste trabalho,
permitiram definir a estrutura regional do sistema aqüífero Urucuia como um pacote
permeável acunhado, com espessura saturada variando de cerca de 500 m ao longo de
um alto divisor de fluxo a zero na porção leste terminal da bacia. Os resultados elétricos
estão bem controlados por informações hidrogeológicas de poços e serviram de base
para orientar a interpretação dos dados gravimétricos.
O Grupo Urucuia pode alcançar mais de 500 m de espessura, nas proximidades
da escarpa da Serra Geral, diminuindo até zero na parte oriental das sub-bacias. Foi aqui
dividido em três formações geológicas, designadas como Serra das Araras, Posse e
Geribá, de características litológicas e geoelétricas distintas. Parece ter sofrido uma
tectônica de ruptura, com falhas normais de 0 a mais de 300 m de rejeito máximo. Tanto
a geofísica elétrica quanto a de gravimetria revelam a presença de altos e baixos
estruturais controlados por tal tectônica.
Dois comportamentos aqüíferos distribuídos em profundidade foram
identificados na sub-bacia: (i) um sistema de superfície livre, desenvolvido nos níveis
arenosos superiores da Formação Urucuia; (ii) um sistema parcialmente confinado, nos
mesmos arenitos do Urucuia, controlado por intervalos arenosos muito silicificados.
69
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