revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

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A revisão de artroplastias da anca e as fraturas da extremidade proximal do úmero vão estar em foco, respetivamente, no Tema (pág. 18) e na Mesa-redonda (pág. 22) do 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, que tem lugar no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, de 29 a 31 de outubro. Outros pontos de destaque são a Sessão Magna dos Internos (pág. 20), organizada pela Comissão de Internos da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (CISPOT), e o Fórum EFORT (European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology), no qual se discutirão as fraturas toracolombares (pág. 24). Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal do úmero Promover o bom relacionamento entre os serviços de Ortopedia e os hospitais e projetar a SPOT a nível nacional e internacional são apostas da atual Direção Pág. 10 O Dr. Joaquim Rodrigues da Fonseca, presidente da SPOT no biénio 1997- -1998, fala sobre os marcos de uma carreira dedicada às doenças do pé e o seu gosto pela poesia Pág. 26 PRIORIDADES PARA O BIéNIO 2015-2016 ORTOPEDISTA COM DOM DE POETA OUTUBRO’15 | N.º 12 Distribuição gratuita aos sócios e no 35.º Congresso da SPOT SPOT Jornal da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia www.spot.pt Aceda à versão digital

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Page 1: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

A revisão de artroplastias da anca e as fraturas

da extremidade proximal do úmero vão estar em foco,

respetivamente, no Tema (pág. 18) e na Mesa-redonda

(pág. 22) do 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e

Traumatologia, que tem lugar no Centro de Congressos da

Alfândega do Porto, de 29 a 31 de outubro. Outros pontos

de destaque são a Sessão Magna dos Internos

(pág. 20), organizada pela Comissão de Internos da

Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

(CISPOT), e o Fórum EFORT (European Federation

of National Associations of Orthopaedics and

Traumatology), no qual se discutirão as fraturas

toracolombares (pág. 24).

Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal do úmero

Promover o bom relacionamento entre os serviços de Ortopedia e os hospitais e projetar a SPOT a nível nacional e internacional são apostas da atual Direção Pág. 10

O Dr. Joaquim Rodrigues da Fonseca, presidente da SPOT no biénio 1997--1998, fala sobre os marcos de uma carreira dedicada às doenças do pé e o seu gosto pela poesia Pág. 26

Prioridades Para o biénio 2015-2016

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Page 2: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Está na história de Portugal, país pequeno e à beira-mar plantado, e no sangue dos portugueses o desafio de ultrapassar as fronteiras e de

fazer chegar o seu nome a outros mundos e paragens. Os ortopedistas não fogem à regra e têm ocupado, nos últimos anos, ou ocupam, na atualidade, lugares de destaque em organiza-ções ortopédicas internacionais, tais como as presidências da EFORT (European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology), da ESSKA (European Society of Sports Traumatology, Knee Surgery & Arthroscopy), do EBOT (European Board of Orthopaedics and Traumatoloy) Examination, da UEMS (Union Européenne des Medécins Spécialistes) Specialist Section of Orthopa-edics and Traumatology e da FORTE (Federa-tion of Orthopaedic Trainees in Europe).

Também vários ortopedistas nacionais têm participado como faculty em eventos interna-cionais de relevo, como sejam congressos e cursos, e muitos têm feito comunicações em reuniões internacionais de alto nível. Exemplo disso mesmo foi o facto de Portugal ter sido o terceiro país com mais trabalhos submetidos ao Congresso da EFORT de 2015, em Praga.

Alguns ortopedistas portugueses fazem investigação em centros mundiais, culmi-nando em doutoramento, em alguns casos; assim como vários investigadores interna-cionais fazem research em diversos centros de investigação portugueses, resultando em PhD. Outros portugueses integram Education Committees de várias sociedades internacio-nais, tais como a EFORT e a ISAKOS (Interna-tional Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine).

Muitas publicações em revistas internacio-nais indexadas têm como primeiros autores ortopedistas ou internos portugueses e vá- rios especialistas nacionais são peer revie-wers de trabalhos submetidos a congressos da SICOT (Societé Internationale de Chirur-gie Orthopédique et de Traumatologie) da ISAKOS, da EFORT, da ESSKA, da EPOS (Euro-

pean Paediatric Orthopaedic Society) e a revistas internacionais da especialidade.

No futuro, a SPOT vai manter, e se possível aprofundar, as relações com a EFORT, a SECOT (Sociedad Española de Cirugía Orto-pédica y Traumatología), a SOLP (Sociedade Ortopédica de Língua Portuguesa), a SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumato-logia) e a AAOT (Asociación Argentina de Orto-pedia y Traumatología), com as quais tem proto-colos estabelecidos, que incluem a participação em mesas-redondas, conferências e formação em Ortopedia e traumatologia para internos e jovens especialistas. Mas pretendemos ir mais além e, com ousadia, vamos alargar as fronteiras da nossa participação:

1. A SPOT vai dar destaque ao relacionamento com a AAOS (American Academy of Orthopa-edic Surgeons), através de uma conferência proferida por um membro distinto e represen-tativo daquela que é a maior associação orto-pédica do mundo, no nosso 35.º Congresso, esperando assim alargar a colaboração com associações ortopédicas norte-americanas; 2. Portugal será sede da realização de even-tos científicos de nível internacional, como o 34th Annual Meeting of the European Bone and Joint Infection Society (EBJIS), que decor-reu no Estoril, em setembro passado, com cerca de 600 participantes;3. A SPOT fará parte do grupo de sociedades científicas internacionais que subscreverão e implementarão consensos, nomeadamente no tratamento de infeções osteoarticulares.A internacionalização da Ortopedia portu-

guesa e da SPOT é uma realidade, um motivo de orgulho, mas também um desafio e uma responsabilidade para o futuro.

SumárioInternacionalização da Ortopedia portuguesa

Ficha Técnica

PropriedadeRua dos Aventureiros, lote 3.10.10 – loja BParque das Nações • 1990 - 024 Lisboa Tel.: (+351) 218 958 666 • Fax: (+351) 218 958 667 [email protected]

Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

EdiçãoCampo Grande, n.º 56, 8.º B •1700 - 093 LisboaTel.: (+351) 219 172 815/Fax: (+351) 218 155 107 [email protected] • www.esferadasideias.pt • f EsferaDasIdeiasLdaDireção: Madalena Barbosa ([email protected]) Marketing e Publicidade: Ricardo Pereira ([email protected]) Coordenação: Luís Garcia ([email protected]) Redação: Ana Rita Lúcio, Luís Garcia e Marisa TeixeiraFotografia: Rui Jorge • Design/paginação: Susana ValeColaborações: Andreia Amaral e Inês Silva

Esta publicação está escrita segundo as regras do novo Acordo Ortográfico

Patrocinadores da edição:

Depósito Legal: N.º 338825/12

António Oliveira Presidente da SPOT

®O PINNACLE foi implantado em maisde 2 Milhões de pacientes

no mundo inteiro

Primeiro implante colocado em17 de Julho de 2000

Data Revisão : Junho 2015 * 15/JNT/019

3SPOT inFormaOutubro ‘15

ORTONOTÍCIAS4 O Dr. José Mesquita Montes recorda o percurso do Dr. Artur Côrte-Real5 Desenvolvimentos das campanhas públicas da SPOT6 O Prof. André Gomes assumiu a presidência do Colégio da Especialidade de Ortopedia da Ordem dos Médicos e o Dr. João Vide da FORTE7 Relato do EFORT Spring Travelling Fellowship 2015

ORTOEvENTOS8 Balanço do VI Congresso da SOLP, em Cabo Verde9 Maior participação portuguesa de sempre no 16.º Congresso da EFORT

vOZ DA SPOT10 O Prof. António Oliveira (presidente) e o Dr. Afonso Ruano (secretário-geral) adiantam as prioridades da Direção da SPOT para o atual mandato

GRUPOS DE ESTUDO12 Iniciativas e planos dos três grupos de estudo da SPOT

SECÇÕES13 Atividades recentes e participação no Congresso das secções da SPOT

DESTAQUE DE CAPA (29 outubro)18 Antecipação do Tema do Congresso «Revisão de artroplastias da anca»

35.º CONGRESSO (29 outubro)20 Formação em foco na Sessão Magna dos Internos- Terceira edição da Corrida da Ortopedia alerta para a importância do exercício físico

DESTAQUE DE CAPA (30 outubro)22 Principais tópicos da Mesa-redonda «Fraturas da extremidade proximal do úmero»

35.º CONGRESSO (30 outubro)24 Tratamento das fraturas toracolombares no Fórum EFORT25 Destaques da Sessão do Registo Português de Artroplastias

OSSOS DE vIDA26 Perfil do Dr. Joaquim Rodrigues da Fonseca, presidente da SPOT no biénio 1997-1998

Page 3: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

O novo ciclo do Programa Nacional de Apoio ao Internato Complementar de Ortope-

dia (PNAICO), referente ao triénio 2015-2017, arrancou no passado mês de janeiro com a realização de quatro sessões sobre anatomia cirúrgica, que decorreram no Instituto Nacio-nal de Medicina Legal, em Lisboa. O módulo

mais recente, dedicado aos distúrbios de mineralização, teve lugar no Centro Hos-pitalar e Universitário de Coimbra, no dia 12 de setem-bro (na foto). A próxima (e última) sessão deste ano decorrerá a 14 de novembro, no Porto, e será dedicada à imagiologia musculoesque-lética. Contudo, o calendário formativo deste ciclo pro-longa-se até 25 de novembro de 2017, estando previsto um total de 12 sessões, a realizar

nas cidades de Lisboa, Porto, Braga e Coimbra. Integrado na oferta formativa da SPOT, o

PNAICO poderá, em breve, ser alvo de uma atualização, como defende o novo presi-dente da Comissão de Ensino da SPOT. O Prof. José Guimarães Consciência, que assu-miu a liderança desta Comissão em março

deste ano, afirma: «Este é o momento de fazer um balanço com internos, diretores de ser-viço, tutores, ex-presidentes da Comissão e a própria Direção da SPOT, que nos permitirá saber onde estávamos, onde estamos e para onde queremos ir.»

Sem prejuízo do trabalho realizado desde a criação do PNAICO, em 2006, que con-sidera ser «digno dos maiores louvores», Guimarães Consciência avança: «De futuro, penso que todos poderemos beneficiar da aposta no ensino por e-learning, uma vez que, entre outras vantagens bem conhe-cidas, apresenta , muito provavelmente, a melhor relação custo/qualidade, mere-cendo naturalmente toda a nossa atenção.» A ssim , em sua opinião, «poder- se -á , em ciclos futuros, vir a transformar este apoio complementar da formação dos internos em módulos específicos de ensino online, complementados por ações práticas espe-cíficas e temáticas».

Novo ciclo do PNAICO arrancou com mudanças no horizonte

O Sonhador da Ortopedia Infantil em Portugal

«Natural de São Pedro do Sul, o Dr. Artur Côrte-Real desenvol-veu a sua atividade no Porto, onde constituiu família, num

espírito de compreensão e entreajuda que legou aos filhos e netos, a quem saúdo com amizade ao apresentar o preito da maior saudade e profunda mágoa pela perda irreparável. Conheci-o em 1957, no Ser-viço de Ortopedia do Hospital de Santo António, aquando do meu exame da especialidade, altura em que realizava o seu estágio neste Hospital e no Hospital Maria Pia.

Criou-se entre nós uma profunda empatia e amizade ao longo dos anos, fortalecidas quando o Serviço se transferiu para o Hospital de São João e o Hospital Maria Pia passou a prestar apoio em Pediatria. Estava criado o elo que durou até 2015, caldeado por uma forte ami-zade, em que um profundo respeito mútuo liderava as diferenças de opinião, que aparentemente nos separaram ao longo da vida. Foi este elo que esteve na base da criação de um novo Serviço de Ortopedia Pediátrica e na génese do movimento que levou à organização da Orto-pedia Infantil em Portugal.

O início de atividade no Hospital Maria Pia permitiu evidenciar as qua-lidades de trabalho do Dr. Côrte-Real que, em 1962, foi nomeado chefe de serviço, passando a diretor em 1969. O Serviço foi organizado em novos moldes, melhorou a assistência, a formação do staff, o ensino dos internos complementares da especialidade e reuniões interserviços a nível nacional. O crescimento assistencial e a organização dos interna-tos tornaram-se uma realidade e o Hospital Maria Pia passou a ser uma referência.

Naturalmente, surgiram as 1.as Jornadas de Atualização de Ortopedia Infantil, em 1979, em Espinho, as de Vimeiro, em 1981, e, dois anos mais tarde, em Miramar. O prestígio e a dinâmica do movimento criado no Hospital Maria Pia, que se estendeu a todo o País, gerou as condições para a criação, em 15 de novembro de 1983, da Secção para o Estudo

da Ortopedia Infantil (SEOI) da SPOT. O Dr. Côrte-Real foi nomeado presi-dente da SEOI, mantendo-se neste cargo até 1991. A Ortopedia Infantil, em que continuou profundamente envolvido, comemorou 30 anos em 2013, no Congresso Nacional de Ortopedia Infantil, em Guimarães, ao qual presidiu e, infelizmente, o último a que assistiu.

O Dr. Côrte-Real continuou a diri-gir o Serviço de Ortopedia Infan-til do Hospital Maria Pia até à sua jubilação, em 1995. Terá sido um período em que a instituição entrou em degradação e julgo que foi extremamente doloroso para o líder da Ortopedia Infantil em Portugal ver desaparecer o seu Hospital, ao ser integrado no Centro Hospitalar do Porto. O Serviço de Ortope-dia Infantil do Hospital Maria Pia, que teve um papel determinante e fundamental na criação da assistência à patologia do aparelho loco-motor em crescimento e na constituição e divulgação da Ortopedia Infantil em Portugal e também na Europa, desapareceu às mãos de uns “Próceres” da reorganização da nova rede hospitalar nacional.

Apesar de todos estes contratempos e desgostos, o Dr. Artur Côrte--Real resistiu estoicamente até à data da sua inesperada morte, no dia 6 de fevereiro deste ano, no Porto. Paz à sua Alma. Obrigado por tudo o que deu à Ciência do Aparelho Locomotor da Criança em Crescimento.»

Dr. José de Mesquita MontesDiretor clínico do Hospital de Santa Maria, no Porto

In memoriam - Dr. Artur Côrte-Real (11/9/1925 – 6/2/2015)

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4 SPOT inFormaOutubro ‘15

OrTOnOTícIaS

Page 4: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

SPOT continua a dinamizar campanhas de sensibilização

O ano de 2015 tem sido de continuidade e aprofundamento das campanhas de sensibiliza-ção da SPOT. O Prof. Jorge Mineiro, coordenador destas iniciativas até ao final deste ano,

enfatiza o «impacto muito positivo» das ações, com destaque para o sucesso da campanha de prevenção de quedas «Não Caia Nisso», mais dirigida à população idosa. Esta iniciativa, que visa «prevenir e alertar para os acidentes domésticos potenciados pelo número crescente de comorbi-lidades da população idosa», suscitou pedidos de divulgação de todos os pontos do País: «A SPOT percorreu desde centros para a terceira idade até universidades seniores, passando por casas de repouso, lares e outras instituições que têm solicitado a apresentação da campanha», descreve Jorge Mineiro. Coor-denada pelo Dr. Carlos Evangelista e a decorrer desde outubro de 2014, esta é a campanha mais recente da SPOT.

Também a campanha «Articule-se» continua a ser promovida, tendo sido dinamizado, no seu âmbito, o 1.º Passeio das Artroplastias, a 23 de maio passado, em Cascais. Com o objetivo de demonstrar que «as pessoas encontram vantagens psicológicas, sociais e motoras ao mobilizarem-se», a SPOT convocou os portadores de artroplastias da anca e do joelho, acompanhados por familiares e amigos, para uma caminhada que mobilizou cerca de 50 pessoas. «Creio que este tipo de atividade irá vingar. É um modelo que existe noutros países, com bastante sucesso», confirma Jorge Mineiro.

Direcionada para o público mais jovem, a campanha «Mergulho Seguro» (prevenção de acidentes de mergulho) continua a decorrer desde 2013, estando, inclusive, a ser divulgada na televisão pública, com o alerta «Nem sempre há água debaixo de água». Ainda não existe um balanço do seu reflexo, mas Jorge Mineiro defende a divulgação desta campanha em noutras línguas, nomeadamente inglês, e nas zonas balneares, uma vez que se verifica «a existência de alguns traumas vertebro-medulares acidentais em turistas, por falta de conhecimento dos locais em que mergulham». A SPOT está ainda a dar continuidade à Campanha de Prevenção da Sinistralidade Rodoviária.

Cerca de 50 pessoas com próteses, familiares ou amigos participaram no 1.º Passeio das Artroplastias,

em Cascais, no dia 23 de maio deste ano

PUB.

Page 5: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Depois de ter presidido à European Society of Sports Traumatology, Knee Surgery and Arthroscopy (ESSKA) durante dois anos, o Prof. João Espregueira-Mendes é agora o novo

tesoureiro da International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medi-cine (ISAKOS). A tomada de posse da nova Direção, liderada pelo Prof. Philippe Neyret, ortope-dista no Centre Albert Trillat, em Lyon (França), aconteceu no 10.º Congresso da ISAKOS, reali-zado nesta cidade gaulesa, entre 7 e 11 de junho passado.

Espregueira-Mendes explica que as suas responsabilidades neste mandato – que terminará em 2017, sendo renovável por mais dois anos – passarão não só pelas finanças (incluindo a anga-riação de recursos, «uma missão difícil nos tempos que correm»), como também pela gestão das relações da ISAKOS com a Amé-rica Latina, a África e a Índia. Estará ainda a cargo do português «a coordenação de todas as publicações desta Sociedade», com destaque para um conjunto de livros edita-dos pela Springer, «que constituem o estado da arte de determinadas patologias», com 16 obras agendadas para os próximos quatro anos. Outra missão de Espregueira-Mendes passará por «desenvolver programas edu-cativos em países mais carenciados, sendo que a ISAKOS investe cerca de dois milhões de dólares por ano nesta área».

L utar pela «dignificação da Ortopedia portuguesa» é o principal desígnio da atual Direção do Colégio da Especialidade de Ortopedia e Traumatologia da Ordem dos Médicos (CEOTOM),

eleita para o triénio 2015-2018 e presidida pelo Prof. André Gomes, ortopedista no Centro Hos-pitalar do Porto. Do Conselho Diretivo eleito a 26 de março passado fazem ainda parte os Drs. António Miranda, Eduardo Mendes, Francisco Mendes, José de Mesquita Montes, Nuno Paulo Silva, Paulo Felicíssimo (anterior presidente do CEOTOM), Paulo Lourenço e as Dr.as Inês Balacó e Isabel Rosa.

De acordo com André Gomes, a Direção do CEOTOM pretende contribuir para a resolução dos «problemas de relação médico/doente que a Ortopedia tem sentido com frequência, mercê, na maioria dos casos, não das competências dos médicos, mas das condições em que estes traba-lham». Segundo o responsável, «dar continuidade aos processos de recertificação e avaliação de serviços, lutar pelas carreiras médicas, pela formação adequada dos internos e pelo desenvolvi-mento da Ortopedia Infantil são também alguns dos eixos de ação prioritários» da nova Direção.

João Vide assume presidência da

FORTE

Novo delegado português na SICOT

Colégio quer melhorar condições dos ortopedistas

João Espregueira-Mendes eleito tesoureiro da ISAKOS

DR

Prof. Philippe Neyret (presidente da ISAKOS), Drs. Nicolaas Budhiparama (membro do Comité de Artroplastias do Joelho), Gian Luigi Canata (membro do Comité da Perna, Tornozelo e Pé) e Prof. João Espregueira- -Mendes (tesoureiro da ISAKOS) - da esq. para a dta.

6 SPOT inFormaOutubro ‘15

OrTOnOTícIaS

Depois do cargo de tesoureiro da FORTE (Federation of Orthopaedic Trainees in

Europe), no biénio 2014-2015, o Dr. João Vide, interno de Ortopedia no Centro Hospitalar do Algarve, em Faro, foi eleito presidente no dia 27 de maio deste ano, em Praga, durante o 16.º Congresso da European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology (EFORT).

Uma das prioridades do seu mandato é tornar a organização «mais dinâmica», pelo que já se procedeu à reestruturação interna, com a distribuição de uma equipa de mais de 40 pessoas, de 23 países europeus, por oito comités de ação. Estes grupos terão mis-sões tão diversas como «o estabelecimento de contacto próximo com os membros da FORTE, a melhoria dos canais sociais de comunicação ou a criação de uma plataforma de fellowships, entre outras iniciativas. Na calha está ainda uma ideia do próprio João Vide: a criação da primeira Escola de Verão Europeia de Ortopedia – FORTE Summer School –, cuja primeira edição terá lugar já em agosto de 2016, em Faro.

A Société Internationale de Chirurgie Orthopédique et de Traumatologie (SICOT) tem um novo delegado português indigitado em agosto de 2015. Ao fim de um mandato que se

prolongou por oito anos, o Prof. José Guimarães Consciência, diretor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental/Hospital de São Francisco Xavier, passou o testemunho ao Prof. Gilberto Costa, seu homólogo no Centro Hospitalar de São João, no Porto.

A indigitação, por um período de seis anos e realizada mediante um processo de consulta aos sócios portugueses, tornou-se oficial no 36.º Congresso Mundial de Ortopedia, organi-zado pela SICOT entre 17 a 19 de setembro passado, em Guangzhou, na China.

De acordo com Guimarães Consciência, «a SICOT tem vindo, paulatinamente, a assumir um lugar preponderante no panorama científico internacional e intercontinental», reunindo hoje membros de 110 nações. O responsável destaca, do seu mandato, em 2012, a realização de um Fórum SICOT em Portugal, no 37.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia e a sua participação, em 2014, como convidado de honra no Fórum SICOT da Sociedade Polaca de Ortopedia, conjuntamente com o ex-presidente da SICOT, Prof Cody Bunger. Guimarães Consciência acrescenta ainda que vê no aumento do número de membros ativos portugue-ses da SICOT «uma mais-valia para a comunidade ortopédica nacional».

Page 6: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

«Com este fellowship, cresci como ortopedista e como pessoa! O programa reuniu 13 fellows da Eslovénia, Eslováquia, Mace-

dónia, Sérvia, Malta, Ucrânia, Lituânia, Suíça, Holanda, Reino Unido, Portugal, Turquia e Alemanha. Fomos muito bem recebidos pelos organizadores, que se empenharam em partilhar conhecimentos, mas também em aprender com as nossas experiências.

Entre 22 e 25 de abril, participámos no Congresso SEEFORT [South East European Forum on Orthopaedics and Traumatology], em Dubro-vnik, e reunimos com vários especialistas europeus de referência. Em Osijek, fomos recebidos no Centro Hospitalar Universitário e, em Zagreb, visitámos o Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Universitário, o Centro de Trauma – Hospital Universitário Sestre Milosrdnice e o Hospital Universitário Pediátrico. Conhecemos ainda algumas unidades privadas na área metropolitana de Zagreb, como o Hospital Akromion, especializado em cirurgia ortopédica, em Kra-pinske Toplice, e o Hospital O r to pédico St . Catherine, em Zabrok.

Em todos os locais assistimos a palestras, participámos em deba-tes e acompanhámos cirurgias, o que nos permitiu conhecer diferentes realidades e abordagens. Foi uma experiência extremamente enrique-

Relato do EFORT Spring Travelling Fellowship 2015A Dr.ª vânia Oliveira, interna no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, representou Portugal no EFORT Spring

Travelling Fellowship 2015, que decorreu entre 22 e 30 de abril, na Croácia. Na primeira pessoa, relata a sua experiência.

Hospital de Braga foi última paragem do European Arthroscopy Fellowship

Patrocinado pela European Society of Sports Traumatology, Knee Sur-

gery and Arthroscopy (ESSK A) e a- poiado pelas sociedades nacionais de Ortopedia e Traumatologia de Portu-gal, Espanha, França, Alemanha e Itália, o European Arthroscopy Fellowship 2015 incluiu, pela primeira vez, um par-ticipante português e uma passagem pelo Hospital de Braga. A iniciativa, que visa aprofundar competências cirúr-gicas, arrancou a 17 de setembro, em Dresden, na Alemanha, e passou por centros de referência em Berlim, Paris, Toulouse, Florença, Bolonha e Sevilha. Os participantes foram depois recebi-dos em Braga, onde permaneceram por três dias, até à conclusão do fellowship, a 9 de outubro.

Segundo o Dr. Manuel Vieira da Silva, diretor do Serviço de Orto-pedia do Hospital de Braga e host desta edição do fellowship em Por-

tugal, este «é um reflexo da posição que o Hospital de Braga tem vindo a assumir, afirmando-se, cada vez mais, como um centro de referência na

artroscopia e cirurgia menos invasiva». O responsável, que sublinha «a prepa-ração do Serviço para apoiar a formação destes jovens», dá conta de que foram organizadas atividades como visitas a centros de investigação, em particular ao 3B's Research Group, sessões cirúrgicas e científicas, não descurando, obviamente, a parte cultural da visita.

A partilha de conhecimentos e a visita a centros de referência na área da artroscopia são as principais vantagens da iniciativa para o Dr. João Pedro Oliveira, ortopedista no Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra e primeiro representante português neste fellowship: «Há pequenos detalhes cirúrgicos que só se aprendem neste tipo de ocasiões. Estas ações possibi-litam o intercâmbio de experiências e a partilha do saber, permitindo aferir o estado da arte.»

Número recorde de candidatos

a fellow do EBOT

O Prof. Jorge Mineiro, chairman do Eu-ropean Board of Orthopaedics and

Traumatology (EBOT) Exam, acredita que existe um «afastamento cada vez maior dos médicos em relação à examinação dos doentes». Este é o motivo de base para a reestruturação do exame do EBOT agora em curso, com a análise da introdução de uma prova clínica. «Deve existir um orga-nismo europeu que traga mais rigor à exa-minação. O EBOT está a avaliar as provas clínicas já existentes e como estas podem ser integradas no exame europeu.»

Jorge Mineiro confirma que o EBOT está ainda a «abrir o exame a outras lín-guas, como francês e alemão», algo que não aconteceu em 2015 «por o número de inscritos ter sido insuficiente». «Alguns países são mais resistentes ao exame oral. No entanto, a Áustria, a França ou a Bélgica, por exemplo, estão já prestes a aceitá-lo», explica Jorge Mineiro. À prova escrita, que foi realizada online no dia 11 de junho passado, suceder-se-á a oral, a ter lugar em Roterdão, na Holanda, nos dias 3 e 4 de outubro.

Há dez anos, o exame do EBOT rece-bia 12 candidatos; em 2015, recebeu 120, informa o chairman, assegurando que este número constitui «um recorde». Por-tugal está, este ano, representado pelos Drs. João Neves, Andreia Ferreira, Filipe Duarte, José Miguel Sousa e Nuno Geada.

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GRUPO DE FEllOwS E ORGANIZAÇãO CROATA DO FEllOwShip NO CONGRESSO SEEFORT: a Dr.ª vânia Oliveira (quarta a partir da direita, na primeira fila) com o Prof. Robert Kolundzić, presidente da Sociedade Ortopédica Croata (à sua direita) e com o Prof. Miklós Szendröi, «pai» dos fellowships EFORT (segundo a contar da direita).

cedora, que viabilizou o contacto com colegas de outros países e a atu-alização de conhecimentos. E acredito que resultará em futuras colabo-rações. Por agora, reflete-se no papel ativo que assumi como elemento do Grupo de Jovens Especialistas da Sociedade Portuguesa de Ortope-dia e Traumatologia (JESPOT).»

7SPOT inFormaOutubro ‘15

Page 7: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

VI congresso da SOLP enalteceu «história comum» dos países lusófonos

As fraturas expostas foram o tema central do vI Congresso da Sociedade Ortopédica de Língua Portuguesa (SOLP), que se realizou a 22 e 23 de maio deste ano, na Ilha do Sal, em Cabo verde. Contra todas as dificuldades, esta Sociedade continua a implementar programas assistenciais e científicos na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O presidente cessante, Dr. Fernando Almeida, apela a uma cooperação ainda maior dos países desenvolvidos com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP): «Temos uma história em comum, indepen-dentemente dos nossos interesses.»Inês Silva

O VI Congresso da SOLP deveria ter decorrido em novembro de 2014, em Cabo Verde, país do Dr. Fernando

Almeida. Inesperadamente, o vírus ébola alastrou-se pelos países da África Ocidental e o Congresso foi adiado para maio de 2015. Por esta altura, a reunião foi novamente adiada e deslocalizada: os voos diretos para a Ilha da Boa Vista escasseavam.

A Ilha do Sal acabou por acolher, a 22 e 23 de maio, o VI Congresso da SOLP, com o mote «Ser solidário compartilhando a experiência» – a melhor maneira de dignificar a «história comum» dos povos da CPLP, reforça o presidente ces-sante da SOLP. O também diretor do Serviço de Ortopedia do Hospital Agostinho Neto (HAN), na cidade da Praia, continua a apelar à solida-riedade de Portugal e do Brasil, num reforço da cooperação sul-sul e sul-norte.

Para o Dr. Jorge F. Seabra, um dos fundadores da SOLP e uma das faces da cooperação portu-guesa, o VI Congresso representou «mais um importante contributo para o estreitamento das relações dos ortopedistas dos países lusó-fonos, dando um impulso a novas formas de organização, de que a histórica fundação da

Sociedade Cabo-verdiana de Ortopedia e Trau-matologia é um exemplo bem representativo [ver caixa]». Jorge Seabra destaca também a presença e cooperação que o Prof. Martin Kohl-mann, ortopedista no Wilhelminenspital, em Viena, tem desenvolvido em Cabo Verde, nos programas assistenciais da SOLP, tendo pro-ferido várias conferências. Foram ainda eleitos os corpos diretivos para o mandato 2015-2016: o Prof. Francisco Cândido, de Moçambique, é o presidente que organizará o VII Congresso, a ter lugar em Maputo, Moçambique, na primeira quinzena de setembro de 2016. «Incrementar o intercâmbio entre as sociedades ortopédi-cas dos países da SOLP, quer do ponto de vista organizacional quer científico, é o principal objetivo do mandato», afirma o ortopedista no Hospital Central de Maputo.

Programa científicoDo VI Congresso, que decorreu sob o tema central «Fraturas expostas», o Prof. Jacinto Monteiro, presidente da comissão científica e também diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospi-tal de Santa Maria, destaca a apresentação

«Escolioses e cifoses», um «trabalho magní-fico» apresentado pelo presidente da SPOT, Prof. António Oliveira. Jacinto Monteiro men-ciona também o trabalho «Osteomielite hema-togénica aguda», do Dr. Andrew Alfredo Tawa (Angola): «O entusiasmo com que este médico apresentou a sua experiência e as suas pro-postas foi uma mais-valia para todos nós. »

«Infeções hematógenas osteoarticulares graves», «Organização e tratamento dos trau-matismos vertebro-medulares nos PALOP» e «Tratamento do pé boto pelo método de Pon-seti» foram as mesas-redondas realizadas em torno dos programas assistenciais e científicos em curso nos PALOP. Decorreu ainda, na cidade da Praia, o Curso Pré-congresso de Traumato-logia Infantil, realizado com a colaboração de Jorge Seabra e transmitido por telemedicina para todo o arquipélago de Cabo Verde.

O Prof. Jacinto Monteiro admite que a institu-cionalização da SOLP junto da CPLP deverá ser um dos seus próximos objetivos, sendo aquele «o fórum apropriado para a agilização de pla-taformas de apoio». «Tal é importante também para que Portugal e Brasil possam ajudar os PALOP de forma oficial e institucional».

Um dos frutos da cooperação trazida pela SOLP foi a funda-ção, durante o seu VI Congresso, da Sociedade Cabo-ver-diana de Ortopedia e Traumatologia (SCOT). «A SOLP e o Dr. Jorge F. Seabra foram os grandes impulsionadores des-te projeto», admite Fernando Almeida, eleito primeiro pre-sidente da SCOT. Esta Sociedade agregará os 12 ortopedis-tas do arquipélago, pretendendo iniciar uma «participação ativa na Ortotraumatologia em Cabo Verde». «A SCOT será oficializada durante este ano, altura em que poderemos participar diretamente na atividade científica e organiza-tiva do País nesta área», sublinha.

nascimento da Sociedade cabo-verdiana de Ortopedia e Traumatologia

O Prof. Jacinto Monteiro proferiu uma conferência sobre traumatismos da coluna cervical por mergulho em águas rasas

REUNIãO DE FUNDAÇãO DA SCOT: à esquerda, o Dr. Graciano Cardoso, ortopedista no HAN (Praia); ao meio, de gravata, o Dr. Fernando Almeida, primeiro presidente da SCOT; à direita, o Dr. Tito Ramos Rodrigues, diretor do Serviço de Ortotraumatologia do Hospital Dr. Baptista de Sousa (Mindelo)

DR

DR

8 SPOT inFormaOutubro ‘15

OrTOeVenTOS

Page 8: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Estoril recebeu reunião internacional sobre infeções osteoarticulares

No passado mês de maio, tive a oportuni-dade de estar presente e de participar

em diversas mesas-redondas do 16.º Con-gresso da Federação Europeia de Ortopedia e Traumatologia (EFORT), no qual estiveram representadas sociedades de Ortopedia de todos os Estados-membros da União Euro-peia, bem como sociedades de outros paí-ses, como Turquia ou Israel.

Folheando o programa impresso, senti um orgulho enorme ao verificar que Por-tugal foi o terceiro país da Europa com o maior número de abstracts aceites para este Congresso. Um país com 10 milhões de habitantes, atravessando uma crise socio-económica tremenda, é capaz de se colocar em «bicos dos pés» perante um número

considerável de outras nações, bem maiores em dimensão, com um número muito supe-rior de Serviços de Ortopedia, e aparecer perante a comunidade científica como o terceiro país da Europa com maior produção científica neste evento (1.º: Reino Unido, com 1 005 abstracts; 2.º: Espanha, com 322 [8,4 %]; 3.º: Portugal, com 294 [7,6 %])!

Mas o meu orgulho não foi apenas desper-tado ao ler o programa do Congresso. Parti-cipei em algumas mesas-redondas e assisti a outras em que falaram palestrantes lusos. Foi de novo uma satisfação ver jovens espe-cialistas e internos portugueses a apresen-tarem temas com uma qualidade que muito apreciei! Este é o resultado do trabalho de casa que tem sido feito nas últimas déca-

das, nos diversos Serviços de Ortopedia, e do enorme empe-nho da SPOT. A organização dos serviços tem permitido elaborar projetos de inves-tigação clínica de qualidade, com resultados evidentes, que levantam bem alto o estan-darte da Ortopedia nacional, numa Europa muito compe -titiva. Por outro lado, também se tem produzido uma geração de ortopedistas verdadeira-

mente europeia, que nos enche de orgulho ao ver e ouvir! Gente nova bem formada, com brio, garra, determinação, know how e alta qualidade.

Na sessão da Federação Europeia dos Internos de Ortopedia (FORTE), presidida por um português, o Dr. João Vide, ver os internos de norte a sul do País a brilhar numa sessão de casos clínicos teve também um sabor muito especial para mim. Um dos colegas ingleses, cirurgião sénior, deu-me os parabéns e, em tom de graça, comentou: «Temos de nos por a pau, pois a FORTE, agora, vai ser dominada pelos portugueses!»

Por todos os factos que vos relatei e tendo também em consideração a perfor-mance anual dos internos e dos especialis-tas portugueses no exame do EBOT, penso que temos a nossa Ortopedia em muito boas mãos. Gostava de agradecer a todos aqueles que acreditaram que o lugar de Portugal é na Europa, virados de frente para este conti-nente, e que se empenharam em demonstrar que fazemos parte do grupo dos melhores.

Por fim, um agradecimento muito especial aos que representaram Portugal no 16.º Con-gresso da Federação Europeia em Praga, que nos encheram de alegria e nos fizeram sentir orgulhosos por sermos tão portugueses!

A Ortopedia Portuguesa está de parabéns

OPI

NIÃ

O

Prof. Jorge Mineiro | Presidente do European Board of Orthopaedics and Traumatology (EBOT) Exam

DR

Portugal foi o país escolhido para acolher a 34.ª Reunião Anual da European Bone &

Joint Infection Society (EBJIS). O evento decor-reu entre os passados dias 10 e 12 de setembro, no Centro de Congressos do Estoril, e abordou diferentes temas relacionados com as infeções osteoarticulares. De acordo com o Prof. Jorge Mineiro, presidente da comissão organizadora local, «esta foi uma das maiores reuniões da EBJIS». Falando sobre os possíveis impactos do evento, o responsável confessou: «Numa era em que se debatem tanto os problemas da anti-bioterapia e das infeções, tenho esperança de que esta reunião tenha alertado para a necessi-dade de termos centros de referenciação para esta patologia (infeções osteoarticulares) e para a utilização correta dos antibióticos.»

Na cerimónia de abertura, além do Dr. Heinz Winkler, presidente da EBJIS, participaram o Prof. António Oliveira, presidente da SPOT, e o Prof. José Artur Paiva, diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resis-

tência aos Antimicrobianos, da Direção-Geral da Saúde. Já a Dr.ª Catarina Gouveia, pediatra na Unidade de Infeciologia do Centro Hos-pitalar de Lisboa Central/Hospital de Dona Estefânia, e o Dr. Manuel Cassiano Neves, ex-presidente da European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology (EFORT), participaram na ses-são dedicada às infeções osteoarticulares em idade pediátrica.

No dia 12 de setembro, o Dr. Ricardo Sousa, membro da comissão organizadora local e orto-pedista no Centro Hospitalar do Porto/Hospi-tal de Santo António, moderou um debate e viu um trabalho do seu serviço ser apresentado na sessão dos dez melhores resumos, de entre 270 submetidos (40 dos quais portugueses). Este especialista sublinhou que «as infeções osteoar-ticulares são um problema muito atual e os orto-pedistas precisam de saber tratar estes casos, que são complexos e necessitam de abordagens multidisciplinares». Nesse sentido, durante a

reunião, lançou-se a versão portuguesa de um documento que, segundo Ricardo Sousa, «ajuda na prática clínica a lidar com infeções protési-cas». Intitula-se «Procedimentos da Reunião Internacional de Consenso sobre Infeções Proté-sicas» (do original «Proceedings of the Internatio-nal Consensus Meeting on Periprosthetic Joint Infection»). andreia amaral

O Dr. Heinz Winkler, presidente da EBJIS, deu as boas-vindas aos congressistas na cerimónia de abertura

9SPOT inFormaOutubro ‘15

Page 9: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

SPOT empenhada em fomentar bom relacionamento entre serviços de Ortopedia e hospitais

A organização de encontros regionais temáticos ou com discussão de casos clínicos e o seu alargamento a todo o País, é uma das novidades implementadas pela Direção da SPOT no mandato de 2015-2016. Em entrevista, o presidente e o secretário-geral, respetivamente Prof. António Oliveira e Dr. Afonso Ruano, adiantam os principais desígnios para o biénio, destacando a otimização da organização interna da SPOT e proximidade com os sócios.

Luís Garcia

Que novidades destacam no 35.º Congres-so Nacional de Ortopedia e Traumatologia, que vai decorrer entre 29 e 31 de outubro?Dr. Afonso Ruano (AR): Este ano, o Congresso decorre no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, galardoado em 2014 como «Melhor Centro de Congressos da Europa 2014», pela revista Business Destinations, e que oferece excelentes condições para a realização de um evento com a grandiosidade do Congresso Nacional da SPOT. Este ano, teremos o Tema do Congresso «Revisão de artroplastias da anca», a Mesa-redonda «Fraturas da extremidade proximal do úmero», o Fórum EFORT [European Federation of National Associations of Orthopa-edics and Traumatology], sob o tema «Advances in the management of thoracolumbar spi-nal fractures», e a sessão da SECOT [Sociedad Española de Cirugía Ortopédica y Traumato-logía] sobre «Metástasis óseas. Actualización del diagnóstico y tratamiento quirúrgico», com apresentação e discussão do estado da arte por «peritos nacionais e internacionais de renome. Vamos também ter o privilégio de assistir a con-ferências de convidados estrangeiros, que são altos dignatários da AAOS [American Academy

of Orthopaedic Surgeons], da SBOT [Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia], da SOLP [Sociedade Ortopédica de Língua Por-tuguesa] e da AAOT [Associación Argentina de Ortopedia y Traumatología].

Prof. António Oliveira (AO): Alterámos o organigrama do Congresso que, apesar de mais curto, terá mais espaço para comuni-cações livres e será aberto a novos partici-pantes e parceiros, com valores de inscrição mais apetecíveis. Pela primeira vez, existe a possibilidade de inscrição apenas para o dia da subespecialidade, para ortopedistas e médi-cos de outras especialidades que se interes-sem por uma área específica. É nossa intenção conciliar um Congresso de elevado nível cien-tífico com a «festa» da Ortopedia portuguesa.

A que nível consideram haver mais traba-lho para fazer na SPOT neste mandato?AO: Pretendemos melhorar a organização interna e a proximidade aos sócios. A SPOT tem de colaborar com os sócios, disponibili-zando todos os meios e influência que possa ter – e fazê-lo em tempo útil. Para isso, preci-

samos de mais e melhor organização interna, maior disponibilidade e proximidade. Aumen-taremos o tempo de trabalho do secretariado e, naturalmente, teremos de modernizar e operacionalizar o website da SPOT. Na atua-lidade, trata-se do melhor meio para a Socie-dade ter visibilidade, sendo útil para publicitar eventos, permitir a gestão de propriedade científica e mesmo estabelecer relações com a sociedade civil.

Que planos têm para dar continuidade a essa estratégia de proximidade com os sócios e a sociedade civil?AR: Iremos prosseguir com os programas existentes e promover o relacionamento com outras sociedades, por forma a estabelecer protocolos de excelência para os nossos doen-tes. Pretendemos aumentar o diálogo com a sociedade civil para obter uma maior relevân-cia da Ortopedia portuguesa, que pensamos ser merecida. É vontade desta Direção sensi-bilizar a Tutela no sentido da criação de condi-ções para os jovens especialistas, com vista a evitar o êxodo de quadros tão necessários ao nosso País.

CORPOS GERENTES DA SPOT (da esq. para a dta.): Prof. José Guimarães Consciência (presidente da Assembleia-geral - AG), Dr.ª Cristina Alves (editora da RPOT), Dr. Paulo Rego (vogal), Prof. António Oliveira (presidente), Dr. Francisco Costa Almeida (tesoureiro), Dr. Nuno Neves (vogal), Dr. Afonso Ruano (secretário-geral) e Prof. Fernando Fonseca (presidente--eleito). Ausentes na foto: Inês Balacó (vogal da Direção), João Estrela Martins (vice-presidente da AG), Carlos Pintado e José Montes (secretários da AG), Fernando Judas (presidente do Conselho Fiscal), Carlos Sousa e Manuel vieira Silva (vogais do Conselho Fiscal)

10 SPOT inFormaOutubro ‘15

VOz da SPOT

Page 10: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

O desenvolvimento da atividade científica nacional em Ortopedia é uma das princi-pais preocupações de qualquer Direção da SPOT. Como vai procurar o atual elenco diretivo alcançar este objetivo?AO: Sendo a SPOT uma sociedade científica, o estímulo ao desenvolvimento da atividade científica é um objetivo fulcral. O cumprimento deste desígnio passará pela organização e patrocínio de congressos e reuniões científi-cas nacionais e internacionais, lançando temas com atualidade e relevância clínica, apresenta-dos por peritos portugueses e estrangeiros de reconhecido mérito, bem como pela apresenta-ção de trabalhos com cada vez mais qualidade.

Também estimularemos publicações, seja na RPOT (Revista Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia), remodelada e com uma nova editora [Dr.ª Cristina Alves – ver caixa], seja em revistas internacionais indexadas, o que tem vindo a acontecer nos últimos anos e com crescimento exponencial.

A promoção do bom relacionamento entre serviços de Ortopedia e hospitais é outra das diretrizes para este mandato. Como vi-sam pô-la em prática?AO: O bom relacionamento entre serviços de Ortopedia e hospitais será um excelente antí-doto para as dificuldades e constrangimentos atualmente existentes no exercício da Ortope-dia e Traumatologia em Portugal. No entanto, é nossa convicção que, na atualidade, este relacionamento não é o melhor, sobretudo em algumas regiões do nosso País. Como entidade agregadora e conciliadora, a SPOT pretende promover a realização, em todo o território nacional, de encontros regionais, temáticos ou de apresentação de casos clínicos – idealmente casos difíceis ou que não correram bem –, com discussão despretensiosa, leal, aberta e num ambiente de amizade, o que já acontece há anos em algumas zonas do País.

Também se pretende fomentar o estabele-cimento de protocolos e normas de referen-ciação de doentes do foro traumatológico e

ortopédico, regionais e nacionais, resultando, em última instância, no melhor tratamento dos doentes.

Que atividades serão desenvolvidas no âmbito da formação de internos e especia-listas?AR: Em primeiro lugar, vamos dar continuidade ao PNAICO [Programa Nacional de Apoio ao Internato Complementar de Ortopedia] e fomentar os cursos temáticos dirigidos aos internos, adequados às necessidades de forma-ção e utilizando os meios disponíveis nas várias áreas do País. Também pretendemos promover a formação interserviços para fomentar a diver-sidade e permitir uma diferenciação técnica e científica superior, utilizando as mais-valias de cada serviço e/ou grupos de serviços. Na forma-ção dos especialistas e no seguimento das alte-rações recentes por parte da Tutela, a SPOT irá articular com a Ordem dos Médicos os planos de formação e recertificação.

Como está a SPOT a adaptar-se à redução de apoios e aos constrangimentos finan-ceiros que se sentem, de modo generali- zado, na área da Saúde?AO: Daremos seguimento ao processo difícil, mas necessário, de contenção de despesas, encetado por Direções anteriores. Temos feito um trabalho pouco visível e delicado, mas felizmente frutífero, de cativar e persuadir a indústria farmacêutica e de material cirúr-gico para o patrocínio de eventos científicos organizados pela SPOT, secções e grupos de estudo afiliados. Conseguimos recuperar, e até melhorar, a colaboração com parceiros que, por diversos motivos, se tinha perdido. Por outro lado, haverá rigor na gestão financeira da SPOT neste mandato.

Como gostariam que esta Direção fosse lembrada no futuro?AO: Como uma Direção que implementou uma organização funcional e de proximidade, ao serviço das estruturas afiliadas e dos sócios, e projetou a SPOT para o exterior, a nível nacio-nal e internacional.

Prof. António Oliveira

Dr. Afonso Ruano

Cristina Alves é a nova editora

da RPOT

11SPOT inFormaOutubro ‘15

A Dr.ª Cristina Alves, ortopedista no Hos-pital Pediátrico de Coimbra, é, desde

dia 20 de abril deste ano, a nova editora da Revista Portuguesa de Ortopedia e Trau-matologia (RPOT), sucedendo neste cargo ao Dr. Paulo Lourenço. Em funções plenas desde junho, a especialista diz ser seu intuito «trabalhar no sentido de criar con-dições para que a RPOT possa ser futura-mente indexada na Medline», naquele que considera ser «o sonho de qualquer editor». Admitindo que a revista científica da SPOT ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar essa meta, Cristina Alves recorda, contudo, que a publicação já está indexada na SciELO (Scientific Electronic Library Online), uma plataforma eletrónica ibero-americana, que disponibiliza, gratui-tamente, revistas científicas.

De acordo com a nova responsável, o formato da revista manter-se-á, com um volume anual, dividido em quatro fascícu-los de periodicidade trimestral. No que diz respeito à linha editorial, Cristina Alves acredita que «a RPOT deverá privilegiar os artigos originais e poderá desempenhar um papel importante no estímulo à inves-tigação clínica multicêntrica em Portugal». Com esse objetivo, deverá proceder-se a uma reestruturação no Conselho Edito-rial e na equipa de revisores e iniciar-se o envio eletrónico da tabela de conteúdos da revista a todos os sócios da SPOT, após a publicação de cada fascículo. A melhoria da plataforma online, «de forma a facilitar a submissão e a revisão de artigos», é outra ação prioritária.

Page 11: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

A sessão do GET no 35.º Congresso Nacio-nal de Ortopedia e Traumatologia terá

como tema «Unidades de trauma geriátrico»

e decorrerá no sábado, dia 31 de outubro, entre as 8h30 e as 10h30, na sala D. Luís. Nesta mesa, pretendemos abordar a problemáti-ca do trauma na idade geriátrica, um enorme problema de saúde pública ao qual urge dar resposta, que ocupa parte importante da nos-sa prática clínica e enche as enfermarias dos nossos hospitais.

Além de discutir questões logísticas e orga-nizativas nesta área, vamos identificar os pro-blemas médicos particulares nesta população idosa e as suas repercussões na estratégia de tratamento, propondo soluções para a sua resolução. Mais uma vez, o tema da sessão do GET é atual e transversal à prática clínica dos ortopedistas. Mas o trauma não será abor-dado apenas nesta mesa; serão também apre-sentados no Congresso diversos trabalhos alusivos a esta área.

Dr. Miguel Marta

Os coordenadores do Grupo de Estudo da Cartilagem, Prevenção e Tratamento da Artrose (GECA), do Grupo de Estudo Médico-Legal (GEMEL) e Grupo de Estudo de Trauma (GET) comentam os seus projetos passados e futuros.

Atividade recente dos grupos de estudo

«O GEMEL, criado em maio do ano pas-sado, tem na sua génese o objetivo

de auxiliar os ortopedistas no conhecimento das regras, normas e nuances da perícia mé-dica, bem como das suas implicações médi-co-legais. Foi com esse intuito que este Gru-po organizou, no dia 17 de janeiro de 2015, o 1.º Encontro em Avaliação do Dano Corporal. O evento realizou-se em Coimbra e desta-cou-se pela forte participação, naquela que foi uma reunião de cariz prático e orientada para o debate de questões relacionadas, essencialmente, com as sequelas integradas nas tabelas de incapacidade.

Depois, no dia 18 de abril, este Grupo orga-nizou, no Porto, o seu 2.º Encontro, subor-dinado ao tema «A lombalgia e o conflito médico-legal». Esta reunião médico-jurídica resultou de uma ação conjunta da SPOT, do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciên-cias Forenses (INMLCF), tendo contado com as presenças dos respetivos presidentes. Teve como convidado de honra o Eng.º Bento Amaral, que, aos 26 anos, ficou tetraplégico. A sua conferência, sobre a felicidade, foi verdadeiramente enriquecedora e abrilhan-tou a reunião, que foi muito concorrida e participada pelas diversas áreas do saber. Bento Amaral será também convidado de honra da SPOT no 35.º Congresso Nacional.

A sessão do GEMEL [que decorrerá no dia 31 de outubro, entre as 11h00 e as 13h00, na sala D. Luís] irá concretizar-se num debate informal sobre a área da avaliação, aberto a todas as pessoas que queiram apresentar as suas experiências ou colocar questões que considerem pertinentes. Serão nossos convidados o Prof. Duarte Nuno Vieira, ex- -presidente do INMLCF e catedrático nesta matéria; o Dr. Cruz de Melo, ortopedista; Rui Machado, membro da Comissão Coordena-dora dos (d)Eficientes Indignados e cocriador do projeto ligado à desmistificação da sexua-lidade na deficiência, bem como a Dr.ª Goretti Pereira, procuradora da República.»

Dr. Francisco Lucas

GRuPO DE ESTuDO MéDICO-LEGAL

«Desde que o GECA foi oficializado, em finais de 2007, as suas atividades so-

mam já um total de 16. Graças ao empenho dos sócios fundadores, a que se associaram outros elementos, conseguimos atingir um prestígio que desejamos proveitoso para a comunidade ortopédica. Prova disso foi o convite do Prof. António Oliveira, presidente da SPOT, para a or-ganização de uma mesa-redonda sobre o tema da cartilagem articular no congresso da SECOT (Sociedad Española de Cirugía Ortopédica y Traumatología), decorrido em Valência, no pas-sado dia 25 de setembro.

As 3.as Jornadas do GECA, realizadas em Lis-boa, em novembro de 2014, abrangeram tam-bém a realização do 6.º Curso Teórico-Prático em Cartilagem Articular. Neste evento, foi premiada a comunicação livre «Viscossuple-mentação na gonartrose – eficácia a longo prazo», do Dr. Afonso Caetano, ortopedista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental/ /Hospital São Francisco Xavier, bem como o caso clínico «Lesão Osteocondral do Côndilo Femoral Externo. A propósito de um Caso Clí-nico», apresentado pela Dr.ª Fabíola Ferreira, ortopedista no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Os prémios foram entregues pelo Prof. Mats Brittberg, vice-presidente da International Cartilage Repair Society. As 4.as Jornadas do GECA e o 7.º Curso Teórico-Prático em Cartilagem Articular realizar-se-ão a 15 e 16 de abril de 2016. A participação dos centros de investigação nacionais e especiali-dades afins será imprescindível, bem como a cooperação da indústria farmacêutica, de cujo apoio temos beneficiado.»

Dr. João Salgueiro

GRuPO DE ESTuDO DA CARTILAGEM, PREVENçãO E TRATAMENTO DA ARTROSE

GRuPO DE ESTuDO DE TRAuMA

12 SPOT inFormaOutubro ‘15

GruPOS de eSTudO

Page 12: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Os coordenadores das Secções da SPOT fazem o balanço do último ano de atividade, apresentam os temas que discutirão no 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia e revelam algumas das iniciativas futuras das suas Secções.

Balanço e expectativas das secções da SPOT

«No presente ano de 2015, a Secção do Punho e Mão colaborou na organiza-

ção de dois cursos práticos de cirurgia da mão. No 2.º Curso Teórico e Prático de Cirurgia da Mão, do Centro Hospitalar do Porto, que de-correu no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, nos dias 5 a 7 de fevereiro, os internos da especialidade puderam praticar o treino em cadáver, que valorizamos bastante. A Secção também coorganizou o I Curso de Técnicas Cirúrgicas em Cirurgia da Mão, com o tema “Mão traumática e mão reumatoide”, coordenado pelo Dr. José Manuel Teixeira, ortopedista no Hospital da Arrábida, em Vila Nova de Gaia, formação esta que decorreu nos dias 9 e 10 de julho, no Centro de Cirurgia Experimental Avançada, em Vila do Conde. Estes foram eventos científicos muito procu-rados pelos internos, quer pelo seu valor curri-cular, quer pela possibilidade do treino prático das várias técnicas cirúrgicas.

Participámos ativamente no 8.º Congresso do Grupo de Estudo de Patologia da Extremi-dade Superior, nos dias 29 e 30 de maio, orga-nizado pelo Serviço de Ortopedia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho/Hospital de Santa Luzia de Viana do Castelo.

Para o 35.º Congresso Nacional da SPOT, teremos como convidados estrangeiros o Dr. Andrea Atzei (Itália) e o Prof. Luc Van Overstraeten (Bélgica). A Manhã do Punho e Mão decorrerá no dia 31 de outubro, entre as 8h30 e as 13h00, na sala Infante, e será organizada em conjunto com a Sociedade Portuguesa da Cirurgia da Mão. Deste pro-grama fará parte uma mesa-redonda com o tema “Avanços em artroscopia do punho”, um frente-a-frente sobre o tratamento cirúrgico da rizartrose e duas conferências dos convi-dados estrangeiros. Aguardamos com expec-tativa o Congresso Nacional de 2016, no qual um dos temas fortes serão as fraturas do

rádio distal. Faz ainda parte dos projetos da nossa Secção a participação na organiza- ção/patrocínio do próximo Congreso Ibero- -Latino-Americano de Cirurgia da Mão.»

Dr. César Silva

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DO PuNHO E MãO

SecçõeS

PUB.

Page 13: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

«Um dos momentos mais altos da Secção para o Estudo da Ortopedia Infantil (SEOI)

no 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Trau-matologia será a sua passagem a Sociedade Por-tuguesa de Ortopedia Pediátrica, tornando-se uma sociedade afiliada da SPOT. Cientificamente, o grande foco da sessão da SEOI neste Congresso (dia 31 de outubro, entre as 11h00 e as 13h00, na sala D. Maria) será a abordagem da instabilidade rotuliana e da patologia desportiva do joelho em idade pediátrica. Como tal, a Secção convidou o Dr. Gorka Knorr, diretor do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Sant Joan de Déu, em Bar-celona, um expert europeu em joelho pediátrico e artroscopia. É também de salientar a criação, no passado dia 19 de junho, da subespecialidade de Ortopedia Infantil pelo Conselho Nacional Execu-tivo da Ordem dos Médicos. É assim reconhecida

a especificidade e necessidade de formação, dife-renciação e experiência nesta área.

A 12 de dezembro de 2014, a SEOI apoiou a realização do XIV Curso Básico de Ortopedia Infantil do Hospital Pediátrico do Centro Hospi-talar e Universitário de Coimbra. A 27 de março de 2015, participámos nas II Jornadas da Secção para o Estudo da Patologia da Anca. Em abril, durante o Congresso da European Pediatric Orthopaedics Society (EPOS), a nossa Secção participou no EPOS National Society Display and Lunch, em Marselha. Em julho, organizámos o Encontro Informal da SEOI, em Torres Vedras, tendo como anfitriã a Dr.ª Margarida Carvalho (ortopedista no Centro Hospitalar do Oeste/ /Hospital de Torres Vedras). Atribuímos nesse encontro uma bolsa para que um interno fre-quentasse o EPOS-BAT Course, em Viena.»

Dr.ª Cristina Alves

SECçãO PARA O ESTuDO DA ORTOPEDIA INFANTIL

O Hotel Meliã Ria, em Aveiro, acolheu o III Congresso Na-cional e as XX Jornadas de Ortopedia Infantil. De 5 a 7 de março deste ano, 190 especialistas e internos de todo o País estiveram reunidos para debater os tumores ósseos e as malformações congénitas da mão em idade pediátrica, com palestrantes nacionais e internacionais «de elevada reputação técnica e científica», sublinha a Dr.ª Cristina Alves. Entre os oradores estiveram os Drs. Francisco Sol-dado (Barcelona), Julio Duart (Navarra), Ignacio Martinez- -Caballero (Madrid), Mikel San Julián (Navarra) e Sevan Hopyan (Toronto). O evento incluiu um curso pré-congres-so de Reumatologia Pediátrica e um workshop de técnicas cirúrgicas. «Foi um evento altamente estimulante e agre-gador para a Ortopedia Pediátrica portuguesa», afirma a coordenadora da SEOI.

Congresso abordou tumores ósseos e malformações da mão

DR

Grupo de ortopedistas dedicados à Ortopedia Pediátrica, de diversos hospitais do País, reunidos no III Congresso Nacional e XX Jornadas de Ortopedia Infantil, no Hotel Meliã Ria, em Aveiro

«Dando continuidade à estreita colabo-ração que tem unido a Secção para o

Estudo da Patologia do Tornozelo e Pé, a Socie-

Dr. Paulo Amado

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DO TORNOzELO E Pé

dade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé e a Sociedad Española de Medicina y Cirugía del Pie y Tobillo, estas entidades voltaram a con-gregar esforços, desta feita para a realização das VII Jornadas do Pé Porto-Barcelona, que tiveram lugar no dia 21 de março passado, em Macedo de Cavaleiros. Com a adesão de mais de 150 participantes, este encontro hispano- -português contou com a organização do Ser-viço de Ortopedia da Unidade Local de Saúde do Nordeste/Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros, protagonizada pelos Drs. Afonso Ruano (diretor) e António Andrade.

A internacionalização é uma das nossas preo-cupações, pelo que a Secção não pôde também deixar de marcar presença no VII Congresso da Federacíon Latinoamericana de Medicina y Cirugía de la Pierna y el Pie (FLAMECIPP), que

decorreu de 14 a 18 de abril deste ano, em Mar del Plata, na Argentina. Além destas importan-tes iniciativas, temos ainda procurado alargar a aposta na formação e na atualização de inter-nos e especialistas a outras frentes. Exemplo disso é o Curso de Cirurgia Minimamente Inva-siva do Pé, levado a cabo pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, em Almada, a 25 e 26 de setembro último, com a chancela científica da nossa Secção.

Esse mesmo intuito de promover a transmis-são de conhecimentos e a troca de experiências voltará a presidir às atividades desta Secção, no âmbito do 35.º Congresso Nacional de Ortope-dia e Traumatologia, nas quais se privilegiará a apresentação e a discussão – o mais interativas possível – de casos clínicos (no dia 31 de outubro, entre as 8h30 e as 13h00, na sala D. João).»

14 SPOT inFormaOutubro ‘15

SecçõeS

Page 14: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DO OMBRO E COTOVELO

Dr. Pedro Pimentão

Presente pela primeira vez em Portugal, o Dr. Bogdan Ambrozic foi um dos convidados de maior destaque nas X Jornadas do Ombro e Cotovelo, tendo abordado a técnica extra-articular na tenodese da longa porção do bicípite (LPB), a mais utilizada no Hospital Valdoltra Orthopaedic em Ankaran, na Eslovénia. «Não se sabe exatamente qual é a melhor técnica. Utilizamos esta no hospital em que exerço por ser uma cirurgia rápida e segura», explicou.

Segundo o Dr. Pedro Pimentão, «o programa das Jornadas pro-curou incluir patologias pouco abordadas, mas muito frequentes na prática clínica, nomeadamente tratamento artroscópico das fraturas ar-ticulares do cotovelo, lesões da cartilagem, lesões do ombro no despor-tista ou outras (como tendinites cálcicas)». A comissão organizadora, que contou com elementos do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental/ /Hospital de São Francisco Xavier (CHLO/HSFX) e do Hospital CUF Infante Santo, destaca ainda a transmissão ao vivo de uma artroplas-tia do ombro. A Dr.ª Carla Madaíl, ortopedista no CHLO/HSFX, descreve esta intervenção como «uma cirurgia relativamente inovadora na área, por ser personalizada para cada doente». O procedimento foi executado por uma equipa do Hospital CUF Infante Santo, liderada pelo Dr. Carlos Amaral.

Lesões da cartilagem e tendinites cálcicas nas X Jornadas do Ombro e Cotovelo

«Esta Secção tem um lugar de destaque no 35.º Congresso Nacional, pois a sua

sessão será integrada na Mesa-redonda. Com o tema “Fraturas da extremidade proximal do úmero”, esta sessão está a ser organizada pelo Dr. Rui Claro, responsável pelo Grupo de Patologia do Ombro do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, e vai decor-rer no dia 30 de outubro, entre as 10h00 e as 12h00, na sala Arquivo.

As X Jornadas do Ombro e Cotovelo, que decorreram nos dias 8 e 9 de maio passado, no Ever Caparica Hotel, foram o ponto alto da atividade da Secção no último ano [ver caixa abaixo], recebendo cerca de 200 parti-

cipantes. A escolha do local para este evento foi feita através de uma votação online; no entanto, por motivos de compliance, não foi possível realizar as Jornadas no sítio mais votado (Açores). A segunda cidade com mais votos foi Braga, que receberá as Jornadas em 2016, nas quais estará incluída a realização de um curso em cadáver.

A Secção apoiará ainda outros eventos, como o Shoulder Course 2015/Shoulder Arthroplasty – What’s new?, a realizar-se no dia 10 do corrente mês de outubro, no auditó-rio do Hospital da Luz, em Lisboa, com orga-nização conjunta desta unidade e do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.»

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DA COLuNA VERTEBRAL

Dr. Pedro Fernandes

«Com a remodelação que o Congresso Nacional de Ortopedia e Traumato-

logia apresenta este ano, como forma de rentabilizar o tempo e espaço disponíveis, a nossa Secção colabora no Fórum EFORT (European Federation of National Associa-tions of Orthopaedics and Traumatology). Esta sessão realiza-se na sexta-feira, dia 30 de outubro, entre as 15h00 e as 17h00, na sala Arquivo, e tem como tema «Fraturas toraco-lombares». O Fórum conta com a presença de três convidados internacionais: Dr. Thomas Blattert (Alemanha), Dr. Jorrit--Jan Verlaan (Holanda) e Prof. Kevyan Mazda (França). No fundo, esta inserção da nossa sessão no Fórum EFORT evita a eventual repetição dos temas discutidos ao longo do Congresso.

Iremos abordar o trauma vertebro-medu-lar, cuja incidência cremos estar a aumentar. É importante que debatamos este tema no Congresso Nacional, porque consideramos haver espaço para melhorias na abordagem do traumatizado vertebro-medular em Por-tugal. É nossa intenção relançar um curso bianual de trauma vertebro-medular no pró-ximo ano. Com esta iniciativa, procuraremos melhorar os cuidados prestados aos doentes e a agilização da referenciação desta patolo-gia. Deixaremos para o Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia de 2016 o tema das deformidades da coluna, que procurare-mos ver desenvolvido com a colaboração dos diferentes Serviços do País, que realizam cirurgia neste âmbito.»

A Dr.ª Carla Madaíl e o Dr. Miguel vieira falaram sobre a estabilização coraco-clavicular nas fraturas do terço externo da clavícula

15SPOT inFormaOutubro ‘15

Page 15: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

SECçãO PARA O ESTuDO DOS TuMORES DO APARELHO LOCOMOTOR

Dr. Pedro Cardoso

«A nossa reunião no 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumato-logia vai dedicar-se, em especial, aos tumores dos tecidos moles dos mem-bros, estando em foco a multidisciplinaridade desta área, com a colaboração de patologistas, oncologistas e radio-oncologistas»

«A Secção para o Estudo dos Tumores do Aparelho Locomotor tem, como é habi-

tual, o foco da sua atividade anual no Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia. Assim,

na edição de 2015, a nossa reunião [dia 31 de ou-tubro, entre as 8h30 e as 10h30, na sala D. Maria] vai dedicar-se, em especial, aos tumores dos tecidos moles dos membros e as intervenções andarão em redor deste tema. Estará ainda em foco a multidisciplinaridade desta área, requeren-do a colaboração de patologistas, oncologistas, radio-oncologistas e ortopedistas, entre outros especialistas. Neste sentido, a Secção estará em articulação com o Grupo Português de Estudo de Sarcomas (GPES). Teremos ainda a presença de cirurgiões gerais, que intervêm nos sarcomas dos tecidos moles, tanto nos membros como no tronco.

A Secção para o Estudo dos Tumores do Apa-relho Locomotor privilegia o Congresso Nacio-nal como o período anual de troca de conheci-mento e divulgação da atividade nacional no âmbito da Oncologia ortopédica. No entanto, e no geral, os seus elementos reúnem-se regu-larmente, de forma informal, para o debate de casos clínicos mais difíceis. Relacionado

A Secção para o Estudo da Patologia da Anca organizou, pela segunda vez, um curso prático, que decorreu no dia 27 de março deste ano, no Teatro Anatómico da Facul-dade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lis-boa. Os formandos tiveram a oportunidade de adquirir e aprofundar conhecimentos sobre as melhores técnicas cirúrgicas na abordagem à patologia da anca. O módulo da manhã foi subordinado à artroscopia, enquanto, à tar-de, as atenções se centraram nas artroplastias primárias e de revisão da anca. O curso realizou-se no dia seguinte às II Jornadas da Secção da Anca, um evento que colocou em discussão temas como: exame clínico, imagiologia, ar-troscopia, cirurgia conservadora, patologias da anca em crianças, fraturas peritrocantéricas, artroplastia e com-plicações.

Artroscopia e artroplastias em destaque no II Curso Prático da Secção da Anca

DR

«Nos últimos três anos, esta Secção tem assumido um papel preponderante na

formação, sobretudo dos internos e especia-listas mais jovens. Este ano, num trabalho de continuidade face ao passado, organizámos as II Jornadas e o II Curso Prático da Secção da Anca, uma iniciativa à qual se pretende dar continuidade no próximo ano [ver caixa abaixo]. Depois de a edição de 2015 ter sido dedicada à cirurgia conservadora e à artroplastia primária e de revisão da anca, pretende-se abordar, nas próximas Jornadas, a traumatologia da bacia e as fraturas do acetábulo, através da organiza-

ção de várias sessões teóricas, mas também de um curso prático com cirurgia em cadáver.

A Secção pretende ainda levar a cabo a rea-lização de fellowships na área da cirurgia da anca, oferecendo aos jovens a oportunidade de participarem em estágios internacionais, inte-grados na atividade da European Hip Society. Neste 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, vários elementos da Secção estão a colaborar ativamente no Tema do Con-gresso. No dia 29 de outubro, entre as 10h00 e as 12h00, na sala Arquivo, será abordada a revi-são das artroplastias da anca.»

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DA ANCA

Dr. Pedro Dantas

com esta patologia está o Registo Oncológico Nacional de Tumores do Aparelho Locomotor (RONTAL), ao qual a nossa Secção está a ten-tar imprimir maior dinamismo e eficácia.»

16 SPOT inFormaOutubro ‘15

SecçõeS

Page 16: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

«Em conjunto com a Sociedade Portu-guesa de Artroscopia e Traumatologia

Desportiva (SPAT) e a Sociedade Portuguesa do Joelho (SPJ), a nossa Secção organizou o 3.º Congresso do Joelho na magnífica cidade de Castelo Branco, no dia 1 de novembro de 2014. Com esta escolha, pretendemos descentralizar a localização dos eventos, tendo contado com o apoio inexcedível   do presidente da Câmara Municipal, Dr. Luís Correia, e a colaboração lo-cal do nosso colega Dr. Moisés Fernandes.

O Congresso contou com 290 participan-tes e teve como ponto alto a presença do

Prof. Chris Dodd, ortopedista no Nuffield Orthopaedic Centre, em Oxford (Reino Unido). Este especialista, considerado uma referên- cia mundial na artroplastia unicompartimen-tal do joelho, fez a apresentação do estado da arte desta técnica cirúrgica. Outro high-light do evento foi a avaliação funcional in vivo do ligamento cruzado anterior, realizada pelo Prof. João Espregueira-Mendes, ex-pre-sidente da European Society for Sports Trau-matology, Knee Surgery and Arthroscopy (ESSKA).

No 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, abordaremos (no dia 31 de outubro, entre as 8h30 e as 13h00, na sala Arquivo) as osteotomias do joelho, um tema de importância vital em doentes jovens e ativos e que não deve ser esquecido, dado ter uma curva de aprendi-zagem difícil e uma gestão pós--operatória complexa.

Como a Secção é, desde 2014 e graças ao enorme contributo do Prof. Espregueira-Mendes, afiliada da ESSKA, participará ativamente no próximo con-gresso desta Sociedade, que terá lugar em Barcelona, de 4 a 7 de maio de 2016. O Dr. Alfredo

Figueiredo, ortopedista no Centro Hospita-lar e Universitário de Coimbra, será o nosso representante e fará uma apresentação sobre fraturas dos planaltos tibiais.

A nossa Secção tem apoiado a maioria das reuniões da área da patologia do joelho realizadas no nosso País. Mas a minha visão passa por afirmar também a nossa presença a nível internacional. Só esta atitude permite dar visibilidade e credibilidade  a um país pequeno e periférico como Portugal, sendo nossa responsabilidade incutir este espírito nas gerações mais novas.»

Dr. Ricardo Varatojo

SECçãO PARA O ESTuDO DA PATOLOGIA DO JOELHO

DR

ALGUNS ORADORES DO 3.º CONGRESSO DO JOELHO (da esq. para a dta.): Dr. Ricardo varatojo, Prof. Chris Dodd, Dr. José Filipe Salreta e Dr. Manuel Mendonça

PUB.

Page 17: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Diferentes técnicas na revisão de artroplastias da anca

A longevidade da população e a colocação de próteses na anca em jovens têm vindo a aumentar, pelo que se prevê um acréscimo da revisão de artroplastias nos próximos anos. Este procedimento, transversal a praticamente toda a classe ortopédica, foi escolhido para Tema do 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia e será discutido no dia 29 de outubro, entre as 10h00 e as 12h00, na sala Arquivo.

Marisa Teixeira

Prof. Rui Lemos

Some time ago, after over 20 years of practice concentrated on hip and knee

pathology with a large referral basis, I star-ted to suspect that many prosthetic failures were related to the use of technologies that proved to be wanting, and many others were associated with a poor technical execution of the procedure. And to assess this hypothesis I thought it was worthwhile to undertake a review of revision hip arthroplasty procedu-res in a practice I knew very well, my own.

This analysis of the period bet ween 1-1-1999 and 12-31-2004 of my practice of revision hip arthroplasty includes 400 revi-son hip arthroplasties of all types in 352 patients (371 hips). This means that some

Why do hip prosthesis fail?

Dr. Miguel Cabanela | Mayo Clinic, Rochester, Minnesota (USA)

A palestra de abertura estará a cargo D r. José Roxo Neves , dire to r d o Serviço 2  de Ortopedia do Hospital

de Sant’Ana, Parede, que versará sobre a doença das partículas (ver artigo de opi-nião na página ao lado). De acordo com o Prof. Rui Lemos, organizador do Tema deste

Congresso e ortopedista no Centro Hospita-lar do Porto/Hospital de Santo António, o pri-meiro palestrante, «expert na matéria, trans-mitirá informação relevante em relação a manifestações clínicas e radiográficas, dete-ção precoce e opções de conduta perante um problema que está na ordem do dia».

Seg uir- se -á um painel que aborda as técnicas utilizadas com mais frequência em revisão não cimentada de artroplastia total da anca. «Convidei para esta discussão cinco especialistas reconhecidos na cirurgia proté-tica da anca, com trabalhos publicados sobre a matéria. Vão partilhar a sua experiência sobre o procedimento que mais utilizam, nomeadamente quanto às indicações, limita-ções e detalhes/dicas de execução cirúrgica», adianta Rui Lemos. Cúpulas hemisféricas de grande diâmetro com ou sem acrescen-tos metálicos na revisão do lado acetabular (Dr. Pedro Dantas – ver artigo de opinião na página ao lado) e reconstrução acetabular com aloenxertos estruturais (Dr. Joaquim Ramos, ortopedista no Hospital de Santa Maria, no

Porto) vão ser as técnicas apresentadas, bem como a reconstrução acetabular com anéis de reforço e aloenxerto fragmentado (Dr. António Figueiredo – ver artigo de opinião na página ao lado), a revisão femoral com has-tes cónicas (Dr. Bartol Tinoco, ortopedista no Hospital de Braga) e a revisão femoral com has-tes de bypass (Dr. António Mateus, ortopedista no Centro Hospitalar de São João, no Porto).

Lembrando que são colocadas próteses da anca em indivíduos cada vez mais jovens, o organizador do Tema prevê que «as revisões de artroplastias da anca vão, com certeza, aumen-tar nos próximos anos, como indicam, aliás, as estimativas internacionais». Além disso, a fra-tura da anca é das mais prevalentes nos idosos e, como explica Rui Lemos, «o aumento da lon-gevidade faz com que se façam cada vez mais revisões nesta população».

No final da sessão terá lugar a palestra magistral do Dr. Miguel Cabanela, ortopedista norte-americano, que fará a análise das causas de fracasso das próteses (ver artigo de opinião abaixo).

patients were revised more than once during this period of time. In this group of patients the most common etiology of revision was component loosening followed by wear/ /osteolysis, instability, and infection in that order. This duplicates the findings of others, both in very large national joint registries and large individual practices.

However, a careful and lengthy study of the records and the preoperative X-rays made me realize that there were basically three types of failure: follow-up failures, technology failures and technical failures.

These are the numbers I obtained: Normal use: 113 (30,5%) – 17,5 years; Technology: 103 (27,7%) – 8,9 years;

Technique: 91 (24,5%) – 3,8 years; Multiple surgery: 26 (7,0%); Infection: 20 (5,4%); Trauma: 4 (1,1%); Unknown: 14 (4,0%).

Thoughts that occur to me after this study: Since technical and technological failures represent a significant percentage of the failures in this largely referral practice, this reinforces the need to reassess the balance between innovation and introduc-tion of new technologies to clinical use. There is still room to improve the teaching of good technical execution of the arthro-plast y. This would have a sig nif icant impact on outcomes.

OPI

NIO

N

DR

18 SPOT inFormaOutubro ‘15

DESTAQUE DE CAPA | 35.º CONgRESSO | 29 DE OUTUbRO

Page 18: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

A maioria das revisões por descolamento acetabular pode resolver-se com a uti-

lização de cúpulas hemisféricas não cimen-tadas. Trata-se de uma técnica versátil, pois possibilita o tratamento de defeitos ósseos acetabulares cavitários e segmentares com extensões diversas. Estes implantes podem ser fabricados em titânio ou tântalo, com uma microestrutura altamente porosa, apresen-tando elasticidade, porosidade e coeficiente de fricção elevados quando comparados com os componentes porosos não cimentados convencionais. Estas características per-

mitem uma melhor fixação primária e uma osteointegração mais rápida e extensa.

Assim, é possível utilizar estes implantes em defeitos ósseos mais extensos e com menor área de contacto com o osso do hospedeiro. Realço que a integração destes implantes depende do seu contacto com o osso do hos-pedeiro e não com o aloenxerto. Contudo, pre-sentemente, não é possível definir uma área mínima de contacto para permitir a osteointe-gração. Recomendo a utilização sistemática de parafusos para reforçar a estabilidade primá-ria e facilitar a osteointegração.

Os novos materiais ocupam hoje o lugar de primeira escolha na revisão aceta-

bular. No entanto, são fundamentais para o seu sucesso o contacto com o osso hospe-deiro e a estabilidade primária. Nas situa-ções de graves perdas ósseas, em que estas condições muitas vezes não se verificam, e nos casos em que haja previsão de futuras revisões, os anéis de reconstrução (cages) continuam a demonstrar as suas mais-valias.

A técnica envolve enxerto ósseo, uma cage e cimentação de uma cúpula neste anel. O aloen-xerto esponjoso e fragmentado é aplicado num leito vivo e estável, sendo devidamente impac-

Cúpulas hemisféricas de grande diâmetro com ou sem acrescentos metálicos na revisão do lado acetabular

Revisão acetabular com anéis de reconstrução e enxerto alógeno fragmentado

Dr. Pedro Dantas | Responsável pela Consulta de Patologia da Anca do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital Curry Cabral

Dr. António Figueiredo | Ortopedista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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tado. A cage apresenta uma vasta área de contacto com o osso hospedeiro, permitindo maiores possibilidades de aparafusamento e uma área mais ampla para distribuição pelo osso dos stresses transmitidos ao implante; graças às duas aletas proximal e distal, passa sobre o acetábulo com uma ponte. Assim, pro-tege mecanicamente o enxerto, criando as con-dições necessárias para a sua incorporação.

A cúpula cimentada permite otimizar a orientação e o centro de rotação, indepen-dentemente da orientação da cage. As van-tagens da combinação do cimento com o osso esponjoso fragmentado e impactado são bem

conhecidas. O enxerto incorpora e adquire capacidade de suporte mecânico a longo prazo, um comportamento altamente reprodutível. A cage resiste mecanicamente, mesmo em doen-tes com significativa atividade física.

O comportamento dos casos com mais de dez anos confirma a validade da técnica. As cages mantêm a sua validade como o último recurso nas situações mais graves antes da artroplastia de ressecção. Em caso de falência, manterão a porta aberta à revisão. Um notável passo em frente seria, provavelmente, dado com a combi-nação da filosofia do complexo enxerto-cage-cimento com os novos materiais.

A artroplastia total da anca é conside-rada uma das melhores terapêuti-

cas cirúrgicas da ciência médica atual. O seu maior inconveniente é a limitação do tempo em que a prótese se mantém fun-cional e bem fixa, acabando por se soltar devido à destruição óssea local periproté-sica, num processo designado por osteó-lise, que é devido à doença das partículas.

Esta patologia torna necessária a revi-são cirúrgica, um dos maiores problemas da cirurgia ortopédica atual, pela elevada

Doença das partículas

Dr. Roxo Neves | Diretor do Serviço 2 de Ortopedia do Hospital de Sant’Ana, Parede

dificuldade de resolução, pelo acrescido risco de complicações e pelo crescente número de casos e custos associados.

Esta questão tem sido impulsionadora da investigação de novos materiais constituin-tes do par articular. Todavia, estes trouxeram novos problemas, como, por exemplo, no caso do metal-metal, em que a frequente exuberân-cia da doença das partículas libertadas levou à revisão cirúrgica de muitas destas próteses. Atualmente, definem-se com cada vez maior detalhe protocolos clínicos, analíticos e

radiológicos de acompanha-mento dos doentes submetidos a artroplastia.

Por outro lado, debatem-se ainda, nos encontros ortopédicos, as normas que deve-rão regular o aparecimento e o lançamento controlado de novos materiais e implantes, bem como a definição do tempo mínimo de seguimento dos resultados deste novos implantes, antes que possam ser utilizados com segurança por todos os outros centros ortopédicos.

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Com este tipo de implantes, é possível uti-lizar aumentos metálicos para complementar o suporte mecânico e associar enxerto ósseo para preencher os defeitos acetabulares, per-mitindo restaurar o centro de rotação da arti-culação. O uso destes acetábulos de maior diâ-metro possibilita ainda acomodar uma cabeça femoral maior, reduzindo o risco de luxação. É importante que os cirurgiões que se dedicam a artroplastias de revisão da anca dominem esta técnica. Todavia, por vezes, é necessário recorrer a outras opções, como os anéis de reconstrução e as redes acetabulares.

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Page 19: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

III Corrida da Ortopedia percorre marginal do DouroO segundo dia do 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia vai começar mais cedo. Pelas 7h00 do dia 30 de outubro tem início a III Corrida da Ortopedia, um evento que já se vai tornando habitual na reunião anual da SPOT, no qual têm participado dezenas de congressistas. O percurso deste ano, com início no edifício da Alfândega do Porto, terá uma distância de aproximadamente cinco quilómetros ao longo da marginal do rio Douro.

A corrida é, mais uma vez, organizada pela CISPOT. Segundo o Dr. João Duarte Silva, a corrida destina-se «a todos os interessados, pretendendo promover um agradável convívio entre colegas e amigos, aproximando várias gerações de ortopedistas», além de alertar para os benefícios da prática regular de exercício físico.

Estado da arte da formação na Sessão Magna dos Internos

Eleita no dia 20 de março deste ano, a atual Direção da Comissão de Internos da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (CISPOT) organiza a Sessão Magna dos Internos, que irá decorrer a 29 de outubro, entre as 18h30 e as 19h30, na sala D. João. «A formação atual em Ortopedia» é o tema da sessão, atestando a demanda dos internos por uma educação médica mais sólida e com maior qualidade, quer em Portugal quer no contexto europeu.andreia amaral

A atual Direção da CISPOT tomou posse para o mandato de 2015/2016 durante a Assembleia-Geral da SPOT do dia

21 de março. O Dr. João Duarte Silva, interno no Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar de São João, no Porto, é o diretor para a Zona Norte. O Dr. Marcos Carvalho, interno no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, é o responsável pela Zona Centro, enquanto o Dr. André Couto, interno no Centro Hospitalar do Algarve/Hospital de Faro, tem a seu cargo a Zona Sul e Ilhas.

Este ano, a Sessão Magna dos Internos no Congresso da SPOT é dedicada ao tema «A formação atual em Ortopedia» e vai procurar, segundo Marcos Carvalho, «repensar a for-mação, o rumo a seguir e as melhorias a ado-tar para um internato sólido, num contexto de fragilidade, dificuldade e desigualdade na con-tratação hospitalar». Também André Couto sublinha a prioridade de aferir o estado da arte da formação a nível nacional, no sentido de se traçar o caminho rumo «a uma formação cada vez mais uniforme e com mais qualidade». Este responsável assegura que «as recentes altera-ções introduzidas no campo legal do internato médico obrigam a essa discussão».

A CISPOT convidou cinco convidados de renome para a sua Sessão Magna: Prof. Jorge Mineiro, presidente do EBOT (European Board of Orthopaedics and Traumatology) Exam; Prof. André Gomes, presidente do Colégio da Especialidade de Ortopedia e Traumatologia da Ordem dos Médicos; Prof. António Oliveira, presidente da SPOT; Dr.ª Helena Donato, dire-

tora do Serviço de Documentação do Cen-tro Hospitalar e Universitário de Coimbra; e Dr. João Vide, presidente da Federation of Orthopaedic Trainees in Europe (FORTE).

Um mandato de proximidadeA evolução da qualidade formativa é o mote da atual Direção da CISPOT, que procurará aus-cultar as preocupações, expectativas e ideias de todos os internos da especialidade, numa postura de proximidade. É com esse intuito que os novos órgãos sociais estão a proceder à atualização das bases de dados e à nomeação de delegados nas diferentes unidades hospi-talares, que façam a ligação entre os internos desses serviços e o respetivo diretor de zona.

«A aposta na maior partilha de informação e na discussão de tópicos por intermédio de uma plataforma online, simplificada e de fácil acesso, é um dos principais projetos para este mandato», explica André Couto. Assim, a Dire-ção pretende criar, ao abrigo do website da SPOT, um novo espaço que «permita um con-tacto de maior proximidade entre os internos».

Por seu lado, João Duarte Silva explica que outro dos objetivos passa por «atualizar o manual de apoio ao internato complemen-tar de Or topedia, tornando-o uma refe-rência para preparar a avaliação de conhe-cimentos adquiridos durante o período de formação». E adianta ainda: «Iremos propor atividades de atualização e de formação con-tínua. Pretendemos reunir periodicamente para divulgarmos cursos e ações formativas de âmbito nacional e internacional».

DR

DR

A segunda edição da Corrida da Ortopedia, em 2014, contou com cerca de 100 participantes

Dr. João Duarte Silva

Dr. Marcos Carvalho

Dr. André Couto

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35.º CONgRESSO | 29 DE OUTUbRO

Page 20: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

deSTaque de caPa 34.º cOnGreSSO25 OuTubrO

Desafios da maior prevalência das fraturas da extremidade proximal do úmero

A Mesa-redonda do 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, que decorre na sexta-feira, 30 de outubro, entre as 10h00 e 12h00, na sala Arquivo, será dedicada às fraturas da extremidade proximal do úmero. Trata-se de uma lesão cada vez mais frequente, principalmente devido ao envelhecimento crescente, afetando já 4% da população mundial.

Marisa Teixeira

Prof. Jacinto MonteiroDr. Rui Claro

Programa da Mesa-redonda«Padrão de fratura e desvio dos fragmentos como fatores de prognóstico»Prof. Antonio Foruria (Fundación Jiménez Díaz, Madrid)

«Haverá lugar para o tratamento conservador?»Prof. Jacinto Monteiro (Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria)

«Osteossíntese com placa – técnicas augmentation»Dr. Martin Jaeger (Universidade de Freiburg, Suíça)

«Hemiartroplastia cefálica – tratamento em desuso?»Dr. Carlos Amaral (Hospital CUF Infante Santo, Lisboa)

«Qual a altura ideal para a haste umeral no tratamento com artroplastia invertida?»Prof. Manuel Gutierres (Centro Hospitalar de São João, Porto)

«Tratamento das sequelas»Prof. Mark Tauber (Atos Clinic, Munique, Alemanha)

Mulher de 75 anos - Raio-X revela fratura cominutiva

da extemidade proximal do úmero esquerdo

Mulher de 72 anos - Raio-X revela osteossíntese com placa de fratura da extremidade proximal do úmero direito

DR

22 SPOT inFormaOutubro ‘15

DESTAQUE DE CAPA | 35.º CONgRESSO | 30 DE OUTUbRO

«É um tema bastante atual porque as fraturas da extremidade proximal do úmero têm uma prevalência

crescente e são o terceiro tipo de fratura mais frequente na população com idade avançada, sendo que cerca de 70% incidem em indiví-duos com mais de 70 anos, principalmente em mulheres.» É desta forma que o Dr. Rui Claro, ortopedista no Centro Hospitalar do Porto/ /Hospital de Santo António e coordenador da Mesa-redonda, justifica a escolha deste assunto para debate.

Rui Claro chama também a atenção para o peso económico considerável destas fratu-ras, «tendo em conta a limitação funcional, o

tempo de imobilização e os internamentos que acarretam». De acordo com este ortope-dista, o principal objetivo da sessão é abordar os vários tratamentos possíveis para este tipo de lesão. «Antes disso, é também importante refletir sobre as classificações destas fratu-ras, tendo em conta as suas características, o número e posição dos fragmentos, pois podem determinar a escolha entre um ou outro trata-mento, tópico que será apresentado pelo Dr. Antonio Foruria [ver artigo de opinião na página ao lado].»

«Haverá lugar para o tratamento conser-vador?» Esta questão será levantada pelo Prof. Jacinto Monteiro, diretor do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Centro Hospi-talar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria. «A polémica em torno das fraturas da extre-

midade proximal do úmero mantém-se e tem vindo “a lume” em alguns artigos prospetivos que fizeram a revisão dos outcomes destes doentes», refere. Segundo este orador, «em algumas casuísticas, concluiu-se que, em ter-mos de outcome e de função, os resultados de doentes tratados por cirurgia ou de modo conservador eram sobreponíveis em determi-nados padrões de fratura».

Jacinto Monteiro recorda que estas são fraturas geralmente encontradas no idoso osteoporótico, com múltiplos fragmentos e de reconstrução muito difícil. Ao invés de defen-der uma terapêutica em particular, este ortope-dista, que utiliza todos os métodos disponíveis, ressalva que o mais importante é «a aposta num tratamento cada vez mais personalizado, olhando, em primeiro lugar, para o doente».

DR

Page 21: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Since proximal humerus fractures are increasing, posttraumatic conditions

have to be faced in a growing number by orthopedic surgeons, as well. For the patients’ satisfaction two factors are rel-evant: pain and shoulder function. Usually, with increasing age, the functional expec-tations of the patients decrease. Thus, for elderly patients, priority in posttraumatic case management should focus on a low pain level and shoulder function should at least allow for performance of daily activi-ties.

Posttraumatic conditions after either surgical or non-surgical treatment show a broad spectrum and sometimes more pathologies or conditions can overlap. According to Boileau four different types of fracture sequelae of the proximal humerus can be distinguished: 1. posttraumatic avas-cular necrosis (PAVN), 2. chronic locked frac-ture or fracture-dislocation, 3. surgical neck nonunion, and 4. severe tuberosity malalign-

ment/nonunion. A further type is repre-sented by severe varus or valgus malalign-ment of the head itself. Treatment is always patient-specific and often dependent from multiple factors.

Basically, according to the actual litera-ture treatment of PAVN is humeral head replacement in advanced stages. Results after total shoulder replacement are supe-rior to hemi arthroplasty. Important for a reliable functional result is an anatomic position of the tuberosities with an intact rotator cuff. Type II sequelae are best treated by arthroplasty, especially in the elderly. In cases with associated rotator cuff deficiency reverse shoulder arthro-plasty (RSA) is recommended. In young patients, shoulder reconstruction with bone grafting of the humeral and glenoid bone defects can be tried. However, soft tissue management represents an important and often challenging aspect in these patholo-gies. Also the treatment of type III is age-

dependent. Basically, angular blade plate osteosynthesis with/without bone graft-ing represents the treatment of choice, but in elderly patients RSA seems to be a valid alternative with shorter rehabilita-tion time.

Finally, severe tuberosity malunion or nonunion is best treated by arthroplasty. Surgical reconstruction, including tuberos-ity osteotomy, should be avoided due to poor functional outcomes. Usually, the attached rotator cuff muscles developed atrophy and fatty infiltration resulting in functional dis-ability and irreversible degeneration. Thus, RSA often is the only exit strategy from these severely disabling posttraumatic conditions. Isolated valgus or varus mal-unions at the level of the surgical neck are best treated by correction osteotomy and plate fixation. Hereby, varus types are more disabling than valgus types. 2-plane or even 3-plane osteotomies are possible, but tech-nical challenging.

We conducted a prospective study including a consecutive series of 93

patients treated conservatively with a year of follow-up, in which standardized x-rays and tri-dimensional CT scans were performed. We obtained a representative spectrum of injuries from our sample, as 40% of the shoulders had a displaced fracture accord-ing to Neer s criteria. The same physician with the same home-based exercise program treated all patients non-surgically.

A set of standardized measurements was performed with dedicated software both in x-rays and CT scans, and these values were related with clinical data, represented as the variation of function, motion, pain and strength obtained by comparing the status

«previous» to the injury to that at one year of follow-up. Our study identified four main fracture types including 90% of fractures: 1. posteromedial varus impaction with or without tuberosities involvement – 54%; 2. valgus impaction – 14%; 3. isolated frac-tures of the greater tuberosity – 16%; 4. anteromedial impaction – 9%.

Different fracture patterns had different outcome. 54% of valgus impacted fractures had an unsatisfactory result, as well as 25% of posteromedial varus impacted fractures. The great majority of isolated greater tuber-osity and anteromedial-impacted fractures had excellent results.

In posteromedial varus impacted frac-tures specific fragment displacements

correlated with loss of specific outcome parameters. Motion loss was related to the change of orientation of the cephalic seg-ment and the interference between frag-ments surrounding structures. Up to 57% of outcome variability could be explained just by the initial morphology of the fracture. Other patient, treatment, fracture healing process or environmental factors could be influencing the final outcome after a proxi-mal humeral fracture.

In a subsequent analysis of image test – x-ray and CT scan – performed at one year of follow up in the same patient group, we observed that initial humeral neck defor-mity increased during fracture healing in a significant amount of patients.

Proximal humerus fractures: treatment of the sequelae

Prognostic value of fracture pattern and fragment displacement in proximal humeral fractures

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Prof. Mark Tauber | Atos Clinic, Munich

Prof. Antonio Foruria | Hospital Universitario Fundación Jiménez Díaz, Madrid

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Page 22: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Tratamento das fraturas toracolombares no Fórum EFORT

É devido ao seu peso individual e social que as fraturas toracolombares são o tema do Fórum EFORT (European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology) deste ano. A sessão, que decorre a 30 de outubro, entre as 15h00 e as 17h00, na sala Arquivo, vai abordar as novidades no diagnóstico, a classificação e as técnicas para o tratamento destas fraturas, com avanços cimentados nos últimos anos.Inês Silva

As fraturas toracolombares têm «um poten-cial de complicações que não deve ser des-curado: podem implicar lesões neurológi-

cas, estar relacionadas com incapacidade e, a longo prazo, com dor e deformidades da coluna vertebral». É por representarem «uma carga significativa» para os indivíduos e para a sociedade que, «natural-mente, o tema teria de ser abordado», assegura o Dr. Nuno Neves, organizador do Fórum EFORT e orto-pedista no Centro Hospitalar de São João, no Porto. Fatores como «o aparecimento de novas classifica-ções, a utilização de materiais biológicos ou o recurso a técnicas minimamente invasivas» estão a mudar o tratamento, pelo que se torna necessário fazer um balanço dos avanços registados nos últimos anos.

Qual a evidência existente para a cirurgia mini-mamente invasiva das fraturas toracolombares? A comunicação do Dr. Pedro Varanda, ortopedista no Hospital de Braga, irá centrar-se nos vários estu-dos que têm comprovado a eficácia das técnicas de aumento ósseo (comummente designadas por cimentação) e de fixação pedicular percutânea. Estas técnicas, que «surgiram em força a partir dos anos 2006 e 2007, tendo aproximadamente dez anos de implementação», atingem, segundo o especia-lista, «os mesmos objetivos que a cirurgia clássica, com menor agressividade sobre o doente, o que se traduz não só num enorme benefício durante a cirur-gia, mas também no pós-operatório».

Também a comunicação do Dr. Pedro Fernandes, ortopedista no Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hos-pital de Santa Maria, versará sobre os avanços técni-cos, desta feita no tratamento das fraturas toraco-lombares de tipo burst. O especialista afirma que esta é uma fratura muito prevalente em Portugal, «devida a quedas de altura, acidentes de viação e de trabalho, quer nos escalões etários mais jovens quer nos mais idosos». Segundo Pedro Fernandes, «existem hoje melhores condições para distinguir a fratura que deve ser tratada de modo conservador ou cirúrgico, mas a evolução na abordagem da fratura tipo burst levou a uma atitude crescentemente conservadora e/ou mini-mamente invasiva no seu tratamento, com resultados igualmente satisfatórios».

A sessão contará ainda com a presença de três especialistas estrangeiros: o Prof. Thomas Blattert, ortopedista na Clínica Ortopédica Schwarzach, na Alemanha («Tips and tricks of minimally invasive surgery in thoracolumbar fractures»); o Dr. Keyvan Mazda, diretor do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Universitário Robert Debré, em Paris («What is the role of minimally invasive surgery in pediatric thoracolumbar spinal fractures?»); e o Dr. Jorrit-Jan Verlaan, ortopedista no Centro Médico Universitário de Utrecht, na Holanda («Technology developments in vertebral augmentation procedu-res for traumatic thoracolumbar fractures» – ver artigo de opinião abaixo).

Traumatic thoracolumbar fractures are serious injuries which may cause pain, deformity, neurological deficit and loss of previous employ-ment or activity. The optimal treatment of traumatic thoracolumbar fractures is unknown, although some general principles from extrem-

ity fracture treatment may apply to the spine as well. Short term goals of treatment include relieving pain and promoting early mobility, while long term goals should include preventing deformity, resuming function and enabling lasting employment and activity.

According to systematic reviews, surgical stabilization of traumatic spinal fractures is safe and effective nowadays. In the last decade less invasive surgical techniques have been introduced to provide mechanical stability to spinal fractures while minimizing surgical insult, thereby reducing the rate of complications and patient discomfort. The use of percutaneously introduced pedicle screw systems, for exam-ple, has substantially reduced operating time, blood loss and the need for soft tissue dissection, while providing similar mechanical stability. Not all fractures, however, are amenable for treatment with pedicle screw systems, as mechanical instability caused by bony defects of the anterior column cannot be addressed directly. In this lecture, the rationale and step-by-step development of the balloon-assisted endplate reduction technique and subsequent vertebral augmentation procedure as an adjunct to treatment of traumatic thoracolumbar fractures will be presented.

Technology developments in vertebral augmentation procedures for traumatic thoracolumbar fractures

Dr.Jorrit-Jan Verlaan | UMC (Universitair Medisch Centrum) Utrecht

Dr. Pedro Fernandes

Dr. Pedro Varanda

Dr. Nuno Neves

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35.º CONgRESSO | 30 DE OUTUbRO

Page 23: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Troca de experiências de registoA sessão do Registo Português de Artroplastias (RPA) no 35.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia terá lugar no sábado, dia 30 de outubro, entre as 17h30 e as 18h30, na sala D. Luís. À mesa estarão representantes dos três hospitais que mais registos efetuaram em 2014.Inês Silva

Entre a apresentação de dados e a exposi-ção de experiências no registo das artro-plastias, a sessão dedicada ao RPA no

Congresso deste ano será essencialmente de reflexão sobre o caminho a seguir, passados os primeiros cinco anos de existência. O Dr. Mário Tapadinhas, coordenador do RPA, convocou para esta sessão representantes dos Serviços de Ortopedia dos três hospitais que mais registaram as artroplastias efetuadas em 2014. Desta forma, o responsável continua a apelar à adesão ao RPA: «Se a informação se encontrar registada, podere-mos ter, dentro de cinco ou dez anos, dados com-parativos de grande valor», sublinha.

O Hospital da Prelada, no Porto (ver entre-vista em baixo), foi o que mais registos efe-tuou em 2014 (685 procedimentos, com

uma taxa de registo de 100%). Seguem-se o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, com 683 procedimentos registados, e o Cen-tro Hospitalar Leiria, com 670.

Para Mário Tapadinhas, uma das vias para tornar o RPA mais dinâmico e consolidado junto dos médicos será, eventualmente, a sua integração e gestão oficial por entidades estatais da Saúde. «Se o RPA e os seus relató-rios tiverem mais apoio das entidades oficiais, talvez seja possível “dar o salto” necessário ao registo.» Durante esta sessão, será ainda feita a apresentação, pelo coordenador do RPA, dos registos efetuados em 2014: um total de 4 468 artroplastias da anca; 3 732 do joelho; 232 do ombro; 48 de punho e mão; 19 do cotovelo; 10 do tornozelo e pé; e 8 da coluna.

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A que se deve a adesão de 100% do Hospital da Prelada ao RPA?O RPA é uma ferramenta fundamental na avaliação qualitativa das artroplastias e da performance/semivida dos implantes que utilizamos nas cirurgias protésicas. Todo o trabalho que tem sido desenvolvido neste registo é centrado no doente e seu bem-estar, que é o fator mais importante para nós. É por este motivo que o Serviço de Ortopedia do Hospital da Prelada aderiu de forma tão enfá-tica ao RPA.

Um dos primeiros impulsionadores do RPA em Portugal foi o Dr. Alberto Lemos, elemento do nosso Serviço. Foi ele uma das pessoas que mais nos sensibilizou e alertou para a necessi-dade de evoluirmos, no sentido de termos em Portugal um registo de artroplastias de quali-dade internacional. Eu próprio tive o privilégio de cooperar com o RPA, durante a coordena-ção do Dr. José Costa Ribeiro, interiorizando de forma clara essa necessidade e transmi-tindo-a aos colegas.

Como descreve a população abrangida pelo Hospital da Prelada, em termos de patologia osteoarticular?O Hospital da Prelada tem algumas particu-laridades, que se prendem com a ausência de Serviços de Urgência e de Pediatria. Dessa forma, a população abrangida é, essencial-mente, constituída por doentes de média e terceira idades, candidatos a cirurgia eletiva.

Crê que algum aspeto do RPA deva ser melhorado?O RPA tem vindo a cumprir o seu trajeto e amadurecimento de forma correta e consis-tente. Contudo, existem sempre aspetos que podem ser alterados com vista ao aperfeiço-amento. Isso passa, por um lado, pela maior participação dos colegas ortopedistas, no intuito de nos aproximarmos dos 100% de registos, e, por outro lado, pela melhoria do acesso e realização do registo das artroplas-tias. A introdução de novas tecnologias que permitem identificar os implantes através

de detetores de código de barras e o registo oral com recurso a dictafone são algumas ideias que podem facilitar o acesso e tornar o registo mais rápido.

Quais pensa serem os maiores entraves à adesão dos ortopedistas ao RPA?Penso que a falta de adesão se deve a vários fatores; no entanto, a demora e a complexi-dade do processo de registo numa altura de exigência de trabalho crescente, bem como a falta de sensibilização de alguns colegas para as vantagens de um registo de quali-dade, são, em minha opinião, as causas mais relevantes.

Segundo os dados de 2014 do Registo Português de Artroplastias (RPA), o Hospital da Prelada, no Porto, foi aquele que, entre colocação e revisão de artroplastias, mais registos efetuou. O Dr. José Tulha, ortopedista e diretor do Bloco Operatório, explica o que motiva a equipa que esteve por detrás dos 685 registos.

«O RPA pode ser mais rápido e acessível»

Inês Silva

Page 24: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Dr. Joaquim Rodrigues FonsecaPresidente da SPOT no biénio 1997/1998

...sem nunca perder o pé

um longo caminho...

O Dr. Joaquim Rodrigues Fonseca dedicou-se com afinco ao estudo e ao tratamento das doenças do pé, tornando-se uma referência nesta área da Ortopedia. Numa conversa repleta de memórias, partilhou com o SpOT inForma vários momentos da sua vida, em que nem os percalços de saúde lhe roubaram o entusiasmo e o sentido de humor a este ortopedista com talento para a poesia.

Marisa Teixeira

Quem nos abriu a porta foi Maria Paulo, casada com Joaquim Rodrigues Fonseca há 54 anos. Com simpatia,

encaminhou-nos até à sala de estar, onde o entrevistado nos esperava. Recebeu-nos com um sorriso e rapidamente começou a falar das suas origens. Natural da Figueira da Foz e quinto filho de uma família de cesteiros, reve-lou ter usufruído «do privilégio e da sorte de poder prosseguir os estudos».

Talvez devido à sua maneira de ser, com base nos valores que lhe foram transmitidos pelos pais, assentes na importância de prestar auxílio, Rodrigues Fonseca escolheu a Medicina como carreira. «Se não fosse médico, poderia ser enfermeiro ou ajudante em outra área. A possibi-lidade de seguir este ramo deveu-se à minha pro-fessora primária, que sempre deu conta de que eu era um rapazinho estudioso. O meu pai e os meus irmãos foram-me pagando o curso e con-segui ter acesso a algumas bolsas de estudo», recorda.

A sua visão sobre o que significa ser médico está expressa num poema da sua autoria. Joaquim Rodrigues Fonseca sempre gostou de escrever: alguns textos apelida de poemas, por terem sido mais refletidos; outros trata

como simples versos que escrevinha em pou-cos minutos. Muitos deles, explica o autor, têm um intuito pedagógico para os doentes. E dá o exemplo: «Hallux valgus, joanete. Dói, não dói, eis a questão! Se na escala de dez, que é feita para os pés, em toda a semana dói sete, é melhor a operação. Mas se apenas dói dois (às vezes sim, outras não), um sapato sem tacão e todo biqueira larga é a melhor solução.»

Este ortopedista vai além das rimas, pois regista também momentos de humor que se transformaram em verdadeiras anedotas, das quais tem vários exemplos para mostrar. Um deles relata a história de uma doente que entrou no gabinete de Rodrigues Fonseca já com resposta para as suas queixas. «Afirmou solenemente: “Senhor doutor, não estou bem, mas já sei o que é. Tenho uma avaria no termos-tato”. Perplexo, ia esboçar um sorriso, mas silenciei-me a tempo de o evitar. Que queria a senhora dizer com tal afirmação? Demorei alguns minutos a perceber. Afinal, a “avaria do termostato” que tanto a molestava era apenas uma avaria do lombostato.»

Piadas à parte, Joaquim Rodrigues Fonseca prossegue com a descrição do seu percurso. «Rumei a Coimbra para estudar Medicina, em

1954, completando a formatura e o estágio em 1961, ano em que casei», explica. Dois anos mais tarde, foi mobilizado para Angola, como médico. «Construí uma leprosaria em Caconda, que albergou dezenas de doentes, mas acaba-ram por lá serem tratados milhares de leprosos ao longo dos anos», lembra. Por outro lado, pas-sou por outras experiências que chegaram até a deixá-lo hesitante sobre o rumo que deveria seguir enquanto médico. «Fui um parteiro fan-tástico e ajudei muitas crianças a vir ao mundo, inclusive o meu segundo filho», recorda, orgu-lhoso, acrescentando que Maria Paulo foi para Angola quando o ambiente ficou mais seguro. Atualmente, têm três filhos e nove netos.

Em 1965, regressou à cidade dos estudantes e a escassez de especialistas em Ortopedia não lhe deixou margem para dúvidas quanto ao rumo a seguir. E foi em 20 de junho de 1978, outra data que nunca esquecerá, que se decidiu pela subes-pecialidade. «O Prof. Canha, na altura diretor do Serviço de Ortopedia dos Hospitais da Univer-sidade de Coimbra, chamou a equipa e declarou que, para sermos os melhores, teríamos de esco-lher uma área mais específica», recorda.

A coluna teria sido a primeira opção, mas, como foi selecionada primeiro por outro colega,

26 SPOT inFormaOutubro ‘15

OSSOS de VIda

Page 25: Revisão de artroplastias da anca e fraturas da extremidade proximal

Joaquim Rodrigues Fonseca deu por si a dizer pé. «Ainda hoje não sei como me ocorreu... E até o Prof. Canha ficou espantado: “Mas percebe alguma coisa de pé?” Respondi: “Não, mas vou aprender”». E assim foi. «Nesse mesmo ano, fre-quentei o Serviço do Prof. Antonio Viladot, em Barcelona, conhecido como a "catedral mundial" do pé, bem como outros serviços europeus, em Bruxelas, Bolonha e Genebra, por exemplo.»

À medida que ia acumulando estas experi-ências, foi convidado para ministrar cursos nas várias cidades por onde passou e, em pou-cos anos, tornou-se num expert nestas maté-rias, tendo apresentado alguns trabalhos

ainda hoje reconhecidos internacionalmente. É o caso do estudo dinâmico do pé plano, divulgado em 1982 ‒ que ficou conhecido pelo sinal do português ou o sinal de Fonseca ‒, e, no mesmo ano, o protótipo de prótese total do tornozelo, que antecedeu as próteses de segunda geração, entre outros feitos.

Joaquim Rodrigues Fonseca ocupou também alguns lugares de destaque, chegando a vice-presidente do Colégio Internacional do Pé para a área da Europa em 1989, cargo que teve de abandonar em 1992, por lhe ter sido diagnosti-cado um tumor maligno da próstata. «Fui ope-rado. Foi-me dado o veredicto de que morreria

amizade que perduraAo longo da conversa com o SPOT InForma, Joaquim Rodrigues Fonseca, que fez toda a sua carreira nos Hospitais da Universida-de de Coimbra (HUC), chegando a chefe de serviço em 1977, recor-dou várias vezes o seu mentor, Prof. Norberto Canha, diretor do Serviço de Ortopedia nos HUC quando lá entrou, e com quem criou uma forte relação. Por acaso do destino, quando se falava do assun-to, a campainha tocou.... E lá estava ele. «Desde que tive o AVC, o Prof. Canha vem visitar-me todas as semanas, é um grande amigo», con-fessou Rodrigues Fonseca. Não pudemos deixar de aproveitar o inesperado encontro para questionar Norberto Canha, que também foi presidente da SPOT, no biénio 1985-1986: «O que nos pode dizer sobre o nosso entrevistado?». A resposta foi imediata: «É um homem ímpar, leal, frontal. Julgo que até era ca-paz de dar a sua saúde por mim, como talvez eu por ele. O problema do mundo atual é a falta de gratidão, mas o Dr. Joaquim Rodrigues Fonseca cultiva em alto grau a gratidão e a amizade.»

em breve. Mas, afinal, ainda cá estou para as curvas, como se costuma dizer!»

Desde então, este ortopedista foi presi-dente da SPOT nos anos 1997/1998 e conti-nuou a exercer a sua profissão até há dois anos, visto ter sido vítima de um acidente vascular cerebral. «Estive muito mal. Feliz-mente, recuperei e tenho tido uma sorte fantástica, também graças à ajuda da minha mulher, dos meus filhos, dos meus netos e de muitos amigos. Ainda tenho algumas dificul-dades, mas poderia ter ficado muito pior. Pas-sei a considerar a vida algo de muito especial; cada dia é uma riqueza.»

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