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Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba Ano VIII • n. 334 • Uberaba/MG • Julho de 2007 Educação e responsabilidade social Anjos da Guarda garantem acolhida dos calouros na Universidade de Uberaba - pág. 2 Acompanhe a viagem dos professores Thássio e Therbio na pág. 8

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Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba. Julho de 2007

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Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de UberabaAno VIII • n. 334 • Uberaba/MG • Julho de 2007

Educação e responsabilidade social

Anjos da Guarda garantem acolhida dos calouros na Universidade de Uberaba - pág. 2

Acompanhe a viagem dos professores Thássio e Therbio na pág. 8

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Revelação - Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba

Uniube • Reitor: Marcelo Palmério ••• Pró-reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa ••• Coordenador do curso de Comunicação Social: Raul Osório Vargas ••• Assessorde Imprensa: Ricardo Aidar ••• Revelação • Professor orientador: André Azevedo da Fonseca (MTB MG-09912JP) ••• Produção e edição: Alunos do 3º período deJornalismo ••• Estagiária (diagramação e edição): Graziella Tavares ••• Revisão: Márcia Beatriz da Silva e Celi Camargo ••• Impressão: Gráfica Jornal da Manhã •••Redação • Universidade de Uberaba - Curso de Comunicação Social - Sala 2L18 - Av. Nene Sabino, 1801 - Uberaba - MG - 38055-500 • Telefone: (34) 3319 8953 •••Internet: www.revelacaoonline.uniube.br ••• E-mail: [email protected]

Revelação - Julho de 20072

Calourada 2007

Paulo Fernando Borges de Aquino2º Período de Jornalismo

Começar uma faculdade é muito bacana; porémnem sempre é fácil. Isso porque, nos primeiros dias,todos ficam um pouco perdidos no meio de tanta gentee tantas novidades. As perguntas são muitas: Ondefica minha sala? Onde ficam abiblioteca e a cantina? Comofuncionam o Teleduc e o Piac?E por aí vão as dúvidas. Possofalar por mim, que entrei nocomeço do ano: é um sufoco!

Mas seus problemas – pelomenos esses – acabaram! Pois,a partir desse semestre aUniube conta com o projetoAnjos da Guarda, uma equipede professores e alunos que assumiram ocompromisso de ajudar aqueles que estão ingressandona vida universitária.

Esse projeto surgiu em 1998, através de umaresolução da reitoria que pretendia acabar de vez comos trotes violentos na Uniube. Só para refrescar nossasmemórias, foi exatamente nessa época que umestudante da USP morreu afogado em uma piscinadurante um trote. Assim, o Anjos da Guarda foi criadopara garantir as boas-vindas aos novos alunos comatividades mais criativas e acolhedoras.

Entretanto, esses anjos não se limitam a dar

informações. Eles são, de fato, anjos da guarda nodecorrer de todo o período universitário. Um exemplodisso é o Programa de Atenção ao Estudante (PAE ),através do qual o aluno tem toda a assistência, sejaela médica, psicológica, pedagógica, etc. Outroexemplo de Anjo da Guarda em toda a trajetóriaacadêmica é a popular Assistente Pedagógica, também

conhecida pela sigla “Assped”.Essas profissionais oferecemao aluno toda a informaçãonecessária para que se possa tertranqüilidade no decorrer dossemestres. Se você tem dúvidasquanto aos horários de aulas,faltas, ou tem sugestões ereclamações quanto aorelacionamento entre alunos eprofessores em sala de aula,

basta procurá-las na secretaria do seu curso.Além de tudo isso, os próprios alunos que fazem

parte do projeto já estão planejando novas ações quevisem ao bem estar de todos os que entram nafaculdade, buscando, dessa forma, fazer com que oestudante não sofra tanto a mudança que auniversidade provoca na vida de todos. Por isso, essepessoal de camisa azul que estará presente no primeirodia de aula pode e deve ser procurado sempre queprecisar de qualquer tipo de apoio. Assim, os calourospodem ficar tranqüilos e contar com os seus Anjos daGuarda.

Anjos da guardarecebem novos alunosProjeto garante uma acolhida criativa aos calouros na Uniube

Projeto reúne equipe deprofessores e alunos queassumiram o compromissode ajudar aqueles que estãoingressando na universidade

A jornalista Erilene Rodrigues, ex-aluna da Uniube,é um dos membros da equipe dos Anjos da Guarda

Graziella Tavares

Bom desempenho no Enade confirma qualidade de cursosO bom desempenho apresentado pelos alunos da

Uniube nas últimas edições do Enade confirma aqualidade dos cursos de graduação oferecidos pelaInstituição.

No fechamento do ciclo de três anos, por exemplo,Terapia Ocupacional ficou com o conceito máximo doexame, enquanto Odontologia, Ciências Contábeis,

Destaque

História, Jornalismo, Psicologia, Arquitetura eUrbanismo, Medicina Veterinária e Nutriçãoalcançaram a pontuação quatro. Com nota trêsaparecem os cursos de Administração, Direito,Turismo, Publicidade e Propaganda e Biomedicina. Apontuação do Enade compreende notas de 0 a 5.

Em relação a Biomedicina, vale ressaltar que o

conceito quatro, alcançado no quesito IDD -Indicador de Diferença Entre os DesempenhosObservado e Esperado, fez com que o curso fosselistado pela UOL como sendo um dos dez melhoresdo Brasil. No mesmo ciclo de três anos de avaliações,o curso de Fisioterapia registrou pontuação máximano IDD.

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Mônica Suelen Salmazo2º período de Jornalismo

“Um ar de cansado, estressado... mas sempreacredito que, no final, tudo vai dar certo e que vaicompensar todo o esforço”. As palavras são de AirtonRusso Mano Martins Júnior, 26 anos, estudante do7° período de Direito da Universidade de Uberaba,descrevendo a sua dificuldade de estudar e trabalharao mesmo tempo. Mas Ailton é apenas mais um queengrossa a fileira dos alunos que precisam trabalharpara realizar o sonho de se formar.

A busca pelo crescimento profissional começadentro da própria empresa. Na tentativa de conquistarum cargo melhor e aumentar a qualificação e, porconseqüência, a remuneração, o trabalhador encontrana universidade o caminho mais viável para alcançaros seus objetivos. Mas ao mesmo tempo em queprocuram o conhecimento, se deparam com o cansaço.A cabeça, muitas vezes cansada, não conseguecompreender com facilidade o conteúdo apresentadoem sala de aula. Mas é claro que essa realidade nãopode ser generalizada. Normalmente, os professoresobservam que o estudante que enfrenta a duplajornada apresenta um desempenho melhor que osoutros alunos que não trabalham.

Segundo a psicóloga Janete Tranqüila, professoraque ministra aula em diversos cursos da Universidadede Uberaba (Uniube), os alunos que trabalhamapresentam mais senso de responsabilidade. “Ébastante notável a questão de eles saberemadministrar o seu tempo e suas áreas de importância.Eles sabem administrar o Eu profissional, o Euestudante, que tem prova, que tem entrega detrabalho, que tem horários e datas.” Segundo apsicóloga, esses alunos de dupla jornada sabemaproveitar os momentos de lazer melhor do queaqueles que só estudam. “Eles buscam um lazer commais sentido, um programa de entretenimento melhorselecionado, não sendo como os demais que vão assimno ôba-ôba”.

Novas e velhas rotinasComo no mercado de trabalho esse estudante já

lida com o rigor de horários e agendas apertadas, aadaptação à rotina escolar não é tão difícil. A assistentepedagógica dos cursos de Engenharia, JaquelineOliveira Lima, testemunha o desempenho dos alunosde dupla jornada. “Esses alunos não brincam emserviço. Quando você vê um ou outro sendo reprovado,é por pura dificuldade. É muito difícil encontrarmalandragem, no sentido puro da palavra.”

As oito habilitações do curso de Engenharia e maisos dois cursos tecnológicos somam cerca de 1.500alunos. Jaqueline sabe bem definir o perfil dessaclientela. Segundo a assistente,alunos que não trabalham sãodependentes dos pais e, talvezdevido a isso, às vezes aindaapresentam um perfil bastanteimaturo, o que os impede delevar o curso com maisseriedade. “Principalmentequem não é da cidade e vemmorar aqui. A comunidadeuniversitária oferece muitas opções de festa. Maistarde, uma parte do deslumbramento some e elesdescobrem que devem estudar, e muito! Eu tenhomais trabalho como assistente pedagógica com essesalunos do que com aqueles que trabalham”, afirma.

Quanto à saúde mental, a psicóloga Janete diz que

Estudantes trabalham paramanter o sonho do diplomaAtenção redobrada nas aulas e muita dedicação compensam falta de tempo

Dupla jornada

É cansativo sim, estressante,mas também é muitogratificante quando vemosos resultados na vida.

o cansaço é visível em universitários de dupla jornada.Às vezes, alguns deles até se desesperam, pois achamque não vão conseguir. “Mas eles sabem que devem

ficar tranqüilos, pois eles geral-mente trabalham e produzembastante durante o semestre e,no final, terão um desempenhosatisfatório”.

Esta certeza e otimismo é oque impulsiona Airton Júnior.“Sei que as outras pessoas têmum tempo maior pra poderestudar, se dedicar àquilo que os

professores explicaram e que eles não aprenderam nahora. Então, eu procuro aprender o máximo possívelquando estou na aula. É cansativo sim, estressante,mas também é muito gratificante quando vemos osresultados na vida. Todo o esforço de hoje é o nossosucesso de amanhã”

Rodrigo Nascimento, na maior correria, trabalha e estuda Publicidade na Uniube

Graziella Tavares

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Universidade e mercado

Revelação - Julho de 2007

Thassiana Macedo Abrahão5º período de Jornalismo

A prática do estágio tem se popularizado cada vezmais no meio empresarial de Uberaba. Além derepresentar uma economia financeira, já que aempresa não terá uma série de obrigações trabalhistas,o estágio também gera a possibilidade de treinarprofissionalmente um estudante.

Jadson Coutinho, professor e assessor em gestãoe economia, considera que estágio, além do caráterde emprego inicial, constitui uma peça fundamentale indissociável do ensino acadêmico. “Ele unifica oaprendizado teórico e acrescenta exatamente o quefalta na área de ensino hoje: a aquisição de experiênciaprática. Ele deveria começar desde o início do curso,capacitando o aluno através de avaliações regulares”,argumenta.

O estágio funciona como formação de mão-de-obratanto para o aluno como para a empresa. A presençadesse estagiário no mercado possibilita a renovaçãode conhecimentos teóricos e o desenvovimento deinivações em pesquisas e desenvolvimento detecnologias, que somente um aluno universitário podetrazer. O resultado é a melhoria da competitividadeda empresa.

Em Uberaba, dois órgãos promovem a integraçãoentre empresas e comunidade: o Centro de IntegraçãoEmpresa/Escola (CIEE), iniciado em 2002 e oPrograma de Empresa/Escola (PROEMPE), com

maior abrangência de cursos e instituições de ensino.Este último programa substituiu o antigo ProgramaComplementar de Estágio (PROE), que cuidava dosestudantes da Faculdade de Ciências Econômicas.Ambos realizam um cadastro de estagiários através efazem um cruzamento entre currículos e das empresasque oferecem vagas. Nesse cadastro se encontramestudantes de todas as áreas do conhecimento,contemplando o ensino médio,técnico, superior e de iniciaçãocientífica. Este cadastro não serestringe a Uberaba, mas englobatoda a região.

Atualmente, apenas o CIEE nãopossui representante direto nacidade. Assim, empresas e estu-dantes vinculados ao órgão pre-cisam buscar Uberlândia, o que difi-culta a avaliação dos estágios e a orientação dosestagiários.

Adaptação do mercadoEstudante do 1º ano do ensino médio na Escola

Estadual Corina de Oliveira, Bárbara Resende, 16 anos,há seis meses faz estágio remunerado no InstitutoNacional de Seguro Social (INSS) em Uberaba. Na

busca por conquistar a independência financeira econciliar trabalho e estudo, ela encontrou na propostade estágio do INSS a alternativa ideal.

Bárbara não tem conhecimento de todos os direitosque a lei de estágio dispõe. Ela segue somente aorientação da instituição onde trabalha. A desin-formação, na maioria dos casos, é a grande causa dosproblemas enfrentados por estagiários, que não sabem

a quem devem procurar se detec-tarem um problema mais grave.

A informação sobre estágio,segundo o professor Jadson Cou-tinho, é um direito do estudante.Além disso, é obrigação dainstituição de ensino e da empresarepassar, acompanhar e fiscalizaras atividades por meio da execuçãode treinamentos e avaliações

regulares. Mas o fato é que isso ainda não acontece coma freqüência que deveria, por desconhecimento dalegislação vigente, por parte da empresa, ou mesmo pelodesinteresse em seguir as normas, acreditando que afunção do estagiário é fazer o trabalho que faz umfuncionário efetivo.

Muitas empresas ainda contratam estagiáriosdiretamente, através de seleção própria, e muitas vezes

Cuidados com o estágioPara contribuir com a experiência acadêmica, empresas devem seguir regras bem claras

Fotos: Thassiana Macedo Abrahão

Bárbara Resende, 16 anos, há seis meses faz estágioremunerado no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS)

Sem o acompanhamentoda instituição de ensino ede um órgão fiscalizador,o estudante fica à mercêdos interesses da empresa

Na Epamig, estagiários participam ativamente de diversas etapas das atividades de pesquisa

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acabam descaracterizando o estágio, desviandofunções e explorando o estudante. Sem oacompanhamento da instituição de ensino e de umórgão fiscalizador, o estudante fica à mercê dosinteresses da empresa.

É certo que há, ainda, muitos problemas a seremsolucionados por empresas e estagiários. No entanto,as instituições que trabalham intermediandocomunidade e grupos empresariais percebem umavanço tanto no número de estagiários quanto aoesclarecimento das regras para este tipo decontratação.

Aos poucos, esta realidade está se adequando àsmudanças do mercado. De acordo com Márcia ElizaPantoja Cunha Barbosa, gerente do ProgramaEmpresa/Escola (PROEMPE), existem hoje emUberaba 300 empresas cadastradas para orecebimento e renovação de contratos de estágio. “Issoé extremamente vantajoso, pois aumentou o númerode vagas para estudantes interessados em ingressar nomercado de trabalho por meio da experiência noestágio e possibilitou a orientação dessas empresas norespeito à lei que rege o estágio acadêmico, além daproteção dos direitos dos estudantes”.

Empresa privadaAs empresas particulares de grande, médio e, agora,

de pequeno porte são as que mais utilizam a chamada“mão-de-obra em qualificação”. Isto tem acontecidocada vez com mais freqüência, pois economicamenteé mais vantajoso para uma empresa, já que representagrande economia de capital com pagamento dosencargos de um funcionário contratado pelaConsolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Contudo, caso um estagiário esteja exercendo asfunções de um funcionário normal, ele precisaria serdispensado do estágio e incorporado ao quadro daempresa, ou desligado dela, segundo a Lei N° 6.494de 1977, conhecida como Lei do Estágio. Esta leiregulamenta a contratação dessa atividade no Brasil.

De acordo com a lei, o estágio deve ser super-visionado por um profissional da área e deve ter, acimade tudo, caráter educativo – o que nem sempre acon-tece. Mas a mesma lei que prevê fiscalização nãoespecifica nenhuma punição à empresa quedesrespeitar as normas federais.Isso leva à descaracterização doestágio com muito maisfacilidade.

Há também o lado bom,como o caso de algumas empre-sas que resolvem investir verbasconsideráveis no treinamento deestagiários, a fim de aumentar acompetitividade no mercado.Alguns alunos, como é o caso de Joelson da Silva Tosta,que trabalha na Dupont do Brasil, multinacionalinstalada em Uberaba, começou como estagiário. Elecursava a Faculdade de Ciências Econômicas quandose interessou pelo trabalho que desenvolvia naempresa. A Dupont pagou um curso específico voltadoao ramo da empresa e, percebendo o destaqueempreendedor de Joelson, assinou contrato assim queele se formou.

Na instituição públicaFlávia Elias Fachinelli, 19 anos, estudante de Direito

na Universidade de Uberaba (Uniube), começou oestágio no início do curso, à noite. Hoje, com um anoe oito meses trabalhando no INSS, diz que aprendeucom a prática o conteúdo que ela complementa nafaculdade.

“Facilitou muito o entendimento da teoria que,geralmente, não entendemos por não visualizar suaaplicação. No meu caso, foi o contrário, quandocomecei a aprender despacho de processos, játrabalhava com isso a um mês”, ressalta Flávia. “Aocontráro do que as pessoas pensam, os estagiáriostêm muita liberdade de sugerir soluções aos

problemas da empresa, quegeralmente são bem recebidose utilizados”.

Reginério Soares de Faria,coordenador de pesquisa eestágio da Empresa de Pes-quisas em Agropecuária deMinas Gerais (EPAMIG),trabalha com 31 estudantes,eu convivem com 80 funcio-

nários. Faria narra alguns episódios interessantesenvolvendo estagiários.

“Uma vez, duas alunas da Universidade Federalde Uberlândia (UFU), chegaram aqui e reclamaramque lavar a vidraria usada nas pesquisas, capinar umcampo ou costurar um saco de ração, não fazia partedo estágio. Mas se o profissional não sabe fazer detudo, como poderá comandar um grupo de funcio-nários em uma fazenda?”, contou ele,exemplificando a relutância que alguns estagiáriostêm em absorver tudo o que a empresa oferece. Sãoos chamados “estagiários de salto alto” que “não

querem colocar a mão na massa”, completa.Além disso, Soares comenta que muitos

estagiários chegam na instituição vendo nela umaescola e, assim, imaginam que o supervisor é comoum professor sempre a disposição. Nesses casos, oestagiário não demonstra iniciativa ou empre-endedorismo, esquecendo-se de que o estágio servejustamente para ter uma visão diferente da obtidana escola. “Ele precisa entender que ali começa omercado de trabalho, que exige muito de seusprofissionais”.

Estágio e a ética profissionalUma grande dificuldade nas parcerias de estágio é

o modelo educacional praticado no Brasil. “Com rarasexceções, o curso não contempla o aprendizadoprático, e o que o mercado tem buscado do profissionalpós-formado é justamente aquela dificuldade que vocêtem no primeiro emprego, que é: ‘precisa-se deprofissional com prática’. E onde está a prática? Noestágio acadêmico.” Para Coutinho, é tímida a formacomo as instituições de ensino impõem a práticaacadêmica.

Problema que tem início no ensino básico, quandoalunos não encontram significado no aprendizado, porexemplo, dos cálculos de função analítica emmatemática, por não visualizar sua utilização na vidacotidiana. E é essa prática que influencia diretamentea formação profissional. “O estágio é o momento noqual o aluno vai perceber se ele fez a escolha certa.Através do choque, o estágio desperta o interesse dapessoa, ‘eu não quero isso, não tem nada a ver comigo’,ou é aquilo que vai fazer com prazer, com amor, comdedicação. O resultado é melhor”.

De acordo com a lei, o estágiodeve ser supervisionado porum profissional da área edeve ter, acima de tudo,caráter educativo

Flávia Fachinelli, aluna de Direito na Uniube, diz que aprendeu com o estágio o conteúdo que ela estuda na faculdade

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O “X” da vaidadeIndústria da beleza masculina provoca transformações no mercado da moda

Lívia Nazareth4º período de JornalismoAmaranta Perez3º período de Relações Públicas

Um número cada vez maior de homens temparticipado do mercado da moda, devido às suascrescentes preocupações com a aparência. Issomostra que não é somente o cromossomo X quehá em comum entre homens e mulheres, mastambém a vaidade. Como prova disso, opercentual de homens, nesses últimos oito anos,que se submeteram a cirurgias plásticas subiu em20%, de acordo com a Sociedade Brasileira deCirurgia Plástica (SBCP).

A partir dos anos 1980 a moda brasileira tempassado por um progressivo processo deconsolidação. Esse fenômeno é vinculado àintensa globalização e à comunicação, que ganhouforça com essa conexão econômica e social entreos países do globo. Contudo, mesmo com essaafirmação da moda como algo essencial no mundomoderno, o pensamento de muitas pessoas sobreesse assunto não se libertou dos inúmeros clichêsexistentes na sociedade brasileira. “O Brasil aindaé machista. Um homem italiano pode ser vistocomo gay aqui”, conta uma professora, referindo-se ao preconceito que, algumas vezes, o estiloimpecável e requintado dos italianos sofre entreos brasileiros.

Entretanto, apesar de o campo da moda tersido, durante muitos anos, predominantementefeminino – o que explica em grande parte opreconceito que atinge muitos homens seguidoresde tendências – a sociedade liberta-se aos poucosdesses clichês, ajudada também pelo própriodesenvolvimento do setor. Um exemplo é ofenômeno da metrossexualidade, que não podeser confundido com a homossexualidade. Deacordo com a definição do colunista da Folha deS. Paulo, Lúcio Ribeiro, o termo metrossexual éuma “designação fashion-mercadológica para umhomem das grandes cidades que gasta mais de30% de seu salário com cosméticos e roupas,freqüenta manicures, aprecia um bom vinho,adora um shopping (...)”. Em outras palavras, a

única coisa que o metrossexual tem de femininoem si mesmo é a vaidade.

Extravagância “chic”O aluno do 6º período de Comunicação Social

com habilitação em Jornalismo pela Universidadede Uberaba, Paulo Henrique Soares de Almeida,24 anos, é o típico homem vaidoso que sempreprocura estar atualizado sobre as novidades domercado da moda. “Tenho paixão e ciúmes porminhas roupas. Toda semana eu compro alguma”,ressalta, lembrando também que possui mais decem camisas de manga comprida em sua casa.“Tenho roupas que até hoje estão com a etiqueta”.

Paulo acredita que a moda, nos dias de hoje,além de ser questão de necessidade, é tambémdeterminante de status social. “A marca é aindamais valorizada pelos homens do que pelas

Hormônios à flor da pele

mulheres”, acredita o estudante, afirmando que amaioria das mulheres se vestem para as outrasmulheres, sendo que os homens procuram, pormeio da moda, garantir conforto e vestir-se deacordo com suas vontades.

Dotado de um estilo extrovertido e“cuidadosamente despreocupado”, Paulo discordaquando ouve das pessoas que ele se veste sempreda mesma maneira. “Eu visto o que me agradaem cada momento. Sei usar as roupas de acordocom o lugar. Por isso não tenho um único estilo,pois vou a vários lugares e me adapto a cadaocasião”, explica. Entretanto, deixa bem claro queousar e diversificar tem limites. “Em Roma comoos romanos”, brinca.

Muitos podem pensar que o estudante é alvode muitas críticas por adotar esse jeito audaciosode mostrar-se, mas ele afirma que não sofre

preconceito. “Desde criança minha mãe me vestiade uma maneira diferente”. Ele acredita que osconhecidos já esperam que ele seja diferente. “Émais fácil as pessoas notarem e falarem algumacoisa quando estou ‘normal’ ”.

Paulo, pelo que se percebe, interessa-sebastante por assuntos ligados à moda. E ele nãose engana ao dizer que os homens têmdesenvolvido mais a sua vaidade. “Mas emboratenham dado um grande passo, ainda nãoalcançaram o patamar da presença feminina”,completa. A gerente de uma loja de moda femininae masculina, em Uberaba, Rejane de Oliveira,concorda com o estudante. “A participação doshomens nas vendas da loja, nos últimos anos,aumentou. Contudo, ainda assim, a participaçãodas mulheres é maior”.

“Tenho paixão porminhas roupas.Toda semana eucompro alguma”

Reprodução

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Quando gerações se encontramentre cabides de guarda-roupasFilhas em roupas de mães, mães em roupas de filhas:gerações trocam estilos entre tapas e beijos

Larissa Carvalho4º período de Jornalismo

Danielle Cristine tem 18 anos e diz usar as mesmasroupas que a mãe. Ela não se incomoda com a situação,mas confessa que surgem desentendimentos quandoas duas querem usar os mesmos vestidos ao mesmotempo. Danielle diz que sua mãe, Renilda Ferreira,gerente de uma loja de roupas, é muito vaidosa e sepreocupa com o corpo. Mãe e filha usam muitas blusase calças em comum, mas o que elas mais dividem sãoos acessórios.

Segundo a coordenadora do curso de Negócios daModa da Universidade de Uberaba (Uniube), CarolinaGuidi, a moda comunica sobre o seu “eu” justamenteatravés das roupas e emoções que essas causam. Assim,as mulheres assumem várias personalidades, de acordocom as roupas que usam. Às vezes, para ficarem com aauto-estima em alta, buscam a jovialidade.“Antigamente, a filha imitava a mãe; hoje, a mãe imitaa filha”, diz Carolina, em relação às mulheres que,apesar da idade, usam roupas justas, decotadas e quesão usadas por suas filhas. A coordenadora não condenaestas mulheres, mas deixa claro que para seguir a modaé preciso ter coerência; e, para isso, encontrar um estiloé importante, pois a moda pode camuflar a identidadee a personalidade do indíviduo.

A dentista Elizabeth dos Santos, de 40 anos, temduas filhas gêmeas de 18 anos, e as três tambémdividem as mesmas roupas. Lethícia Silva, uma desuas filhas, acha que sua mãe está muito bemfisicamente. E diz que a mãe se veste bem e adora estarna moda, pedindo sempre conselhos e dicas para asfilhas. “Minha mãe usava algumas roupas antigas, ecalças muito altas, mas com o tempo ela corrigiu isso”,diz Lethícia. A filha diz que não é só com as roupasque Elizabeth se preocupa, ela também nuncaabandona sua beleza, usando sempre cremes, protetorsolar e controlando a alimentação.

O que é meu, é delasElizabeth diz ser uma verdadeira amiga de suas

filhas e confirma que os papéis chegam a seconfundir. Ela fala que se sente bem em saber quepode dividir roupas com suas filhas e ainda completa:“minha auto-estima se eleva quando as pessoas falamque estou bem.” A mãe de Lethícia diz que elasdividem blusinhas, saias, alguns calçados e todos osacessórios.

“O que é meu e o que é delas, simplesmente énosso.”, diz Elizabeth, quando perguntada se ela se

incomoda em dividir roupas e acessórios com suasfilhas. Ao falar de estilo, Elizabeth diz ser muitoversátil, usando as roupas conforme o seu estado deespírito e o momento que a cerca.Hoje em dia, diz estar usandoaquilo que a faz se sentir bonita eapresentável, e que se o que estána moda atende ao que elaprocura, ela veste. Porém elasempre toma cuidado para nãoparecer ridícula.

Falando sobre consumismo, ela diz que gosta de

Essa blusinha é minha!

comprar, mas que sempre tem cautela. “Não ligo paramarcas; então, quando gasto, levo peças mais barataspelo valor da etiqueta de uma marca.” Sobre vaidade,

Elizabeth diz que essa é essencialpara as mulheres, e que nuncaprivou isso das filhas. “Ser vaidosasignifica você gostar de si mesma,você buscar através de sua produçãouma roupa bonita ou um acessório‘legal’. Não importa a opinião dooutro porque o mais importante é

você se olhar e gostar”, finaliza Elizabeth.

“Antigamente afilha imitava a mãe.Hoje a mãe imita a filha”

Tatichelle de Moura Rodrigues, estudante de Direito, e a economista Elaine Ferreira de Moura, aluna do cursode Serviço Social na Uniube. Além de estudar na mesma universidade, mãe e filha trocam bijuterias, sapatos,maquiagem, bolsas, cintos e blusas. De vez em quando a mãe “briga” com a filha porque Tatichelle costumadeixar os vestidos jogados na cama. “Mas no geral é bom, porque economiza e não é preciso compraro dobro de roupas. Mesmo com a diferença de idade, os gostos são iguais”, diz Elaine.

Graziella Tavares

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Um caminho deterras e homensO Campus e o mundo

Professores da Uniube percorrem a Argentinade bicicleta e descobrem uma nova América Latina

Graziella Tavares4° período de Jornalismo

Imagine dois professores da Uniube fazendo umaviagem para a Argentina de bicicleta, encarandomais de 3.000 km de estrada, desde Foz do Iguaçu

até El Paso de Jama, fronteira com o Chile, tudo feitoem apenas 30 dias? Nada comum para quem está maishabituado às salas de aulas. Mas a paixão pela Históriae pelo Turismo fizeram com que Tássio e Therbiocombinassem essas duas formações na mesma bagageme partissem para uma viagem emocionante, onde osimprevistos superaram suas expectativas.

Therbio Felipe Moraes, nascido em Pelotas, RioGrande do Sul, é professor do Curso de Turismo daUniube. O uberabense Tássio Franchi é mestre emHistória, foi professor da Uniube e atualmente lecionana Universidade Estadual do Amazonas (UEA).Entrevistá-los, porém, seria outra aventura, pois Tássiosó poderia ser contatado por e-mail. Mas isso fez daentrevista uma experiência tão diferente quanto aviagem que fizeram.

Mas, por que a Argentina? E por que de bicicletas?A resposta foi imediata: “Somos apaixonados pelaAmérica Latina e por bikes. Resolvemos aliar as duascoisas ligando as águas de Foz do Iguaçu com às águasdo Pacífico”, responde Therbio. No seu mestrado, Tássioestudou as relações de movimentos sociais latino-americanos com a mídia e sempre se interessou muitopor História Contemporânea. Daí o interesse pelaArgentina. Mesmo com todas as experiências anteriorese as viagens que já haviam feito, Therbio e Tássio nãoconheciam o país vizinho. E andar por uma das estradasmais bonitas do mundo — a Rota 12, que vai desde Fozdo Iguaçu até São Pedro de Atacama, no Chile — seriauma aventura e tanto para os brasileiros. Mas como elesmesmos diriam, o caminho se encarregou de mostrar adireção.

A preparação e a saídaDemorou um mês até que os professores decidissem

o caminho que percorreriam. Inicialmente, montaram17 roteiros diferentes. No entanto, eram aquelesmesmos trajetos tradicionais que os turistas comunsfaziam. Então, os dois não queriam repeti-los. “É quenão queríamos conhecer a fronteira da Argentina, e sim,o interior do país”, explica Tássio. Para aproveitar aomáximo toda a paisagem ,eles pensaram desde o

preparo físico até a organização da viagem, os caminhospelos quais passariam e qual equipamento fotográficoera ideal, além de pesquisar váriospontos de estadia.

Depois de receber apoio defisioterapeutas, nutricionistas ecuidados físicos, os professorescompraram equipamentos bási-cos, como cantis, barracas,mochilas (chamadas de alforges),isolantes térmicos, medicamen-tos, um fogareiro, pequenas peçasde reposição para as bicicletas ematerial fotográfico. Era quase 40 kg em cada um dosalforges, sendo 10 kg só de câmeras, filmes e outros

equipamentos. Mas um “detalhe” preocupava os amigos.Therbio é epiléptico e Tássio é alérgico a tudo. Seria um

grande desafio, mas a esperançaera de que nada de malacontecesse. “A idéia surgiu demaneira inóspita. Eu e o Tássioresolvemos ousar. Nós prati-camos esportes, mas, às vezes, avida profissional exige tanto denós, que precisamos parar detrabalhar e aproveitar melhor avida”, diz Therbio. Feito o check-up geral, eles estavam prontos

para colocar o pé na estrada. Assim, foram paraFlorianópolis no dia 20 de dezembro de 2006 e saíram,

Um “detalhe” preocupava osamigos. Therbio é epilépticoe Tássio é alérgico a tudo.Seria um grande desafio,mas a esperança era deque nada de mal acontecesse.

Fotos: arquivo pessoal

Ao som das canções de Chico César, Therbio fez a maior festa com turistas na praça de Purmamarca

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CICLOTURISMO

O cicloturismo surgiu no final daSegunda Guerra Mundial. É um estilodiferente de viagem para turistas exigentes,que gostam de estar em contato com anatureza, apreciar a paisagem e se integrarcom o ambiente. Existem vários sites declubes de cicloturismo com informaçõessobre roteiros, equipamentos, circuitos ehistórias de quem já rodou o mundo debicicleta.

Confira nos endereços eletrônicos:

www.clubedecicloturismo.com.brwww.escoladebicicleta.com.brwww.trilhaseaventuras.com.br

de bicicleta, para a maior aventura de suas vidas.Osprofessores não levaram nenhum guia – a não ser umGPS (que perdeu-se no caminho) – e viajaram seguindoo próprio espírito de aventura. Por isso, era importanteque se estabelecesse um diálogo com as pessoas quepassassem por eles. Dessa forma, conseguiam comida,moradia por alguns dias e novas amizades: não foi à toaque dormiram em postos de gasolina e garagens demoradores das vilas. E assim também tomavam banhoe comiam. Levaram um pouco de dinheiro, quaseR$1.000. O restante seria pago com cartão de crédito.Mas somente em território argentino eles descobriramque os cartões não funcionavam porque os terminaisnão estavam interligados aos do Brasil. Na moedaargentina, o que tinham no bolso, chegava a 1.800 pesos,o suficiente para as necessidades básicas.

O caminhoEm todos os lugares por onde passaram os climas

oscilavam violentamente. A cada 12 horas estavamsujeitos a um novo ambiente. Fazia calor, depois choviae assim foi por toda a viagem. Os professores chegarama ter queimaduras na pele e infecções respiratórias.Tássio deve uma disenteria durante os primeiros diasde viagem por conta de um “suculento oleoso bife deparmegiana” que comeu no caminho de El Alcazar.

A famosa Rota 12 ajudou a descobrir uma paisagemde vilas pitorescas e capelas históricas. “Não tenho outrapalavra para resumir, senão ‘apaixonante’ ”, emociona-se Therbio ao falar das pequenas cidades queconheceram à beira da estrada. San Ignácio, Ituzaingó(onde as casas não tinham muro, bem no meio doPantanal), o Pucará de Tilcará e a praça de Humauacaforam os lugares que mais impressionaram Tássio. Aprimeira parada foi em um posto de gasolina e, comoera noite de Natal, a cidade de Porto Esperanza estavatoda fechada. O jeito foi improvisar. No dia seguinte,foram muito bem recebidos pelos argentinos queofereceram pratos típicos e frutas frescas. Aliás, umcostume que existe no país é colocar as frutas na verticalformando grandes mosaicos que podem ser vistos ao

longe. “Eles não mediram esforços para seremhospitaleiros, companheiros e para nos auxiliar quandoprecisamos.”Depois de 6 a 8 horaspedalando, o cansaço incomodavae eram obrigados a parar emcampings, que por sinal eram bemestruturados; além da área parabarracas, ofereciam alojamentoscoletivos e quartos ou chalésindividuais. No dia 31, Tássio eTherbio foram a um balneário, emItuzaingó, às margens do rioParaná, e conheceram o señorMiguel que os convidou para passar o Reveillon comsua família. Mas os professores ficaram desesperados

porque levaram apenas um agasalho e bermudas: nãopoderiam ir a casa do anfitrião vestidos daquele jeito.

Então pegaram suas roupas sujas,lavaram-nas ali mesmo, perto dobalneário, e depois passaram todascom um ferro para que secassem até anoite. Compraram algumas garrafas devinho e foram para a casa do señorMiguel. Passaram a noite conversandoe, quando iam embora, foramconvidados a voltar na hora do almoço.Passar o primeiro dia do ano na casade pessoas que nunca viram antes, mas

que os acolheram com toda a atenção, era muitogratificante.

Depois de 6 a 8 horaspedalando, o cansaçoincomodava e eles eramobrigados a parar emcampings, que por sinaleram bem estruturados

Paisagens exuberantes e localidadesinusitadas foram o cenário dessa aventura

continua >>>

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Expostos à extrema aridez do caminho, osprofessores nem pensavam na possibilidade de sofrerum assalto. Tinham muitos equipamentos caros, comouma câmera especial da Yashica, com lente objetivade 700 mm e tudo mais. Mas nada aconteceu. Sóperderam o GPS, por distração, na única vez queandaram de ônibus. E Therbio ainda diz que ele nãofez muita falta. “O mapa estava sempre errado. Íamosparar num lugar totalmente diferente do quepensávamos. Foi até melhor, porque quando algumacoisa dava errado, ou quando surgia um problema,sempre outra coisa dava certo ou havia um apoio. Eraincrível.”

Um desses apoios foi o señor Jimenéz. Com astemperaturas oscilantes e as chuvas constantes, osdois tomavam água em qualquer lugar. Isso afetou oorganismo de Tássio, que foi “salvo” pelo chá de arencodo señor Rimenez, uma bebida forte usada para curaras enfermidades do estômago, feito com uma plantamuito amarga, típica da região. “Mas é tiro e queda.Fiquei bom em 5 dias”, lembra Tássio. Depois doterceiro dia em Ituzaingó eles decidiram ir embora.Mas sempre que estavam saindo alguém os convidavapara ficar para o almoço, aí estendiam até o jantar, ecomo já havia escurecido, o jeito era esperar atéamanhecer.

No quinto dia saíram sem avisar. Enquantodeixavam a cidade, a emoção tomou conta dosprofessores. Depois de uma hora pedalando, eles sederam conta do quanto aquilo havia tocado os seuscorações. “Foi nesse momento que eu percebi que ocaminho transformou nossa irmandade (a amizadecom o Tássio) em eternidade. Demos muito mais valoràs coisas simples. Tiramos velhas mágoas, doresantigas dos nossos corações e nos sentimos aliviadospor isso”, conta Therbio. Por um instante, lembraramdas construções jesuíticas, datadas de 1691, em SanIgnácio. A emoção de Tássio ao constatar que todosos seus estudos sobre o lugar estavam ali, diante de

Uma viagem paraficar na história

Diário de bordo

“O mapa estava sempre errado.Íamos parar num lugar totalmentediferente do que pensávamos. Foi atémelhor porque quando alguma coisadava errado, ou quando surgia umproblema, sempre outra coisa davacerto ou havia um apoio. Era incrível”.

Entre montanhas, desfiladeiros e povoados, professores colecionaram amigos e aventurasFotos: arquivo pessoal

Os professores visitaram o Monumento Humauaquense, na Quebrada de Humauaca, cidade criada em 1590

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seus olhos, era incomparável. “É impossível para mimnão pensar em todo o jogo de interesses políticos quelevaram à destruição das misiones no final do séculoXVIII”, emociona-se ao falar das ruínas de uma dasmaiores reduciones jesuíticas, San Ignácio Mini. Nemmesmo fotos explicaram esse momento.

Purmamarca: a união de todos os povosDepois das emoções vividas em Ituzaingó, era hora

de conhecer outros lugares. No caminho osprofessores encontram várias cobras e outros animaisà beira da estrada. Era impressionante a quantidadede animais selvagens. “Uma coisa que nos impres-sionou na Rota 12, que seguimossaindo de Ituzaingó até Corrientes,foi a quantidade de cobras e jacarésmortos na estrada. O número eraincontável e os tamanhos varia-vam”, conta Tássio. Mais adianteeles encontraram uma jibóia vivano meio da estrada e tentaram levá-la de volta para o chaco, lugar ondehá água suja e estagnada. “Comoessa espécie de cobra não tem veneno, mas umamordida dói muito, peguei-a pela cauda e a arrasteide volta ao banhado enquanto Therbio fotografavatudo. Essa é uma faceta que só uma viagem de bicicletapode te mostrar, pois, de ônibus ou carro jamaisveríamos este belo animal tão de perto!” Tãoimpressionante também era o número de turistas queparavam para tirar foto com os professores, queviraram atração turística. As pessoas paravam seuscarros, saíam com máquinas digitais e garrafas comchá mate para oferecer a eles enquanto tiravam fotos.Seguindo viagem, viram a famosa “neve eterna” (neveno pico das montanhas). Nas descidas, a sensaçãotérmica era de 5 graus positivos, a 4.170 metros dealtura. Therbio tem pânico de altura, mas não resistiuàs grandes montanhas e subiu nas mais altas. Elespararam para tomar café em Corrientes e, chegandoem Purmamarca, puderam apreciar paisagens mara-vilhosas e comidas deliciosas. O que mais comiam eracarne de lhama (bem parecida com carne de tatu elagarto) batata frita, tolos (sopa de milho), pamonha

(bem típica por lá) e frutas. Os pratos não saíam maisde quatro reais e os vinhos também. “Realmente émuito barato fazer uma refeição apetitosa naArgentina”, confirma Therbio. Para quem estácansado, qualquer lugar serve para descansar. Mashavia tantas coisas para serem vistas em Purmamarcaque era impossível parar. As manifestações religiosase culturais foram marcantes. Os professores viramigrejas cristãs com abóbadas maçônicas, feiras detecidos, ervas medicinais, tudo vendido em praças,exposto em barracas improvisadas, como nas feiraslivres do nosso país. Depois encontraram pessoas domundo todo, sentados nos bancos, no chão,

compartilhando tudo o quetinham, comida, música e alegria.

Cuba, França, Grécia, Itália,Espanha e tantos outros paísesjuntos na melodia dos violões e namúsica de Chico César. Foi assimque começou uma grande festa aoar livre em Purmamarca, coman-dada por Tássio e Therbio. Osprofessores pegaram um violão e

as pessoas começaram a se aglomerar em volta dapraça, cantando e acompanhando as músicas. Quandoderam conta, perceberam que estavam reunidos commais de 250 pessoas, nativos e estrangeiros, todosespalhados pelo local. Ali, eles puderam dividir, alémdas experiências, grandes histórias de vida.

A voltaSaindo de Purmamarca seguiram para Jujuy,

Salta e, depois de 140 km percorridos de uma só vez,ficaram totalmente esgotados. Era hora de voltar,estavam sem dinheiro e a energia que tinham erasuficiente apenas para entrar em um ônibus, diretopara Florianópolis, e descansar. Vinte e quatro horasde viagem e eles finalmente estavam em solobrasileiro. Passaram na casa da família de Therbio,em Balneário Camburiú, para comer uma picanha evoltaram de carro para Uberaba.

Os amigos trouxeram da Argentina mais de 3 milfotos digitais e analógicas, um vídeo com vinte seishoras de gravação e muitas lembranças. E depois de

tanta coisa presenciada, os professores não podiamdeixar de afirmar que a viagem serviu como um grandeaprendizado. “Essa viagem, acima de tudo, foi umaprova de humanidade.” Tássio ainda diz daimportância de conhecer outras culturas de perto, que,no caso deles, foi possível através do cicloturismo.“Mas não importa se você vai viajar de bicicleta ou deavião... importa que, esteja onde estiver, você saibareconhecer e respeitar a cultura do outro. Que saibainteragir e trocar experiências de forma horizontal,franca e despretensiosa. Acredito que só poderemosconstruir um mundo onde caibam muitos no dia queconhecermos e respeitarmos estes muitos mundos queexistem, estejam eles na Argentina ou na zona ruralpróxima a nossas cidades. E não tenho dúvidas que aviagem de bicicleta é um ótimo instrumento deinteração”, finaliza Tássio. (Graziella Tavares)

Tássio retirou uma jibóia da estradapara evitar que ela fosse atropelada

A emoção de Tássio aoconstatar que todos osseus estudos sobre o lugarestavam ali, diante dosolhos, era indescritível.

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Simulaçõesde personalidadePirataria falsifica grifes famosaspara fingir o status social da marca

Carla de Matos RibeiroLetícia Kelly Lemos4º período de Jornalismo

A prática da cópia, venda ou distribuição dematerial sem o pagamento dos direitos autoraisincomoda cada vez mais o mundo da moda. Segundoa Sociedade Brasileira de Administração e Proteçãode Direitos Intelectuais (Socimpro), a pirataria faz comque, a cada ano, o Brasil perca R$ 1 bilhão. No mundo,a indústria de cópias ilegais contribui para que maisde 20 milhões de pessoas não tenham trabalho. Dadosda Socimpro informam também que essa práticacriminosa afeta setores produtivos do Brasil e causasérios problemas para diversas áreas comercias,principalmente no setor coureiro calçadista.

De acordo com a consultora jurídica da AssociaçãoBrasileira de Combate à Falsificação, Andréia Gobi,os tênis pirateados tinham, em 1997, uma fatia de 7%do mercado. Hoje, a estimativa é de que sejam 50%.Alguns consultores de moda dizem que o alto índicede pirataria prejudica diretamente a moda, pois asmarcas perdem o valor em relação à exclusividade doproduto. No entanto, a pirataria também podeoferecer benefícios, isso porque, de alguma forma,acaba tornando a marca mais conhecida.

Mesmo a pirataria sendo maléfica para aindústria, muitos consumidores ainda optam peloproduto falsificado, a fim de obterem o status damarca e, conseqüentemente, realizar seus desejos deconsumo, mesmo sabendo que várias dessasmercadorias podem até mesmo causar danos à saúde.Especialistas da área ortopédica alertam que tênisfalsificados podem provocarlesões nas articulações e nacoluna; problemas no cal-canhar; entorses (distensãoviolenta dos ligamentos deuma articulação) e outrosdanos nos joelhos. Alémdisso, devido à péssimaventilação, esses calçadosfavorecem o aparecimento defungos e irritações na pele.

De acordo com Paulo de Oliveira, gerente devendas de uma loja de artigos esportivos, tênisoriginais fazem a diferença, pois são testados emlaboratório e por isso são menos propícios à danos.

Além disso, normalmente passam por um teste dequalidade durante meses, para enfim serem lançadoscom bom material, mais leves e com um eficaz sistemade amortecimento, oferecendo, assim, conforto ao

usuário.

Falsificações baratas“O barato pode sair caro”,

diz o gerente. “É preferívelpagar um pouco mais paraadquirir algo de qualidade erealmente confiável, ao invésde economizar inicialmentee ter elevados gastos e sérios

problemas no futuro”.O funcionário de uma banca de calçados

falsificados, que preferiu não ser identificado, admiteque seus produtos são inferiores e podem prejudicaro consumidor. Ciente disso, ele diz que sempre alerta

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Em busca de um estilo

o usuário sobre esses possíveis problemas e avisa quea responsabilidade é do próprio consumidor. Mesmosabendo que essa prática é ilegal, o funcionário afirmaser essa a sua única fonte de renda e a garantia dosustento da família.

Em suma, se o mercado da moda movimenta umaeconomia expressiva, gera empregos e rendesignificativa carga tributária ao Estado, o mercadopirata proporciona a realização de desejosconsumistas das classes menos favorecidas emovimenta o mercado informal. Ainda assim,empresas defendem o combate à pirataria, porquesó assim serão evitados desempregos, sonegação deimpostos, prática à concorrência desleal, roubo deidéias e, por fim, o engano ao consumidor. Valelembrar que ao comprar um produto pirata, nãoestarão asseguradas as conquistas obtidas para ocódigo do consumidor, quanto à garantia e satisfaçãodo consumo.

Muitos consumidores aindaoptam pelo produto falsificado, afim de obterem o status da marcae, conseqüentemente, realizarseus desejos de consumo

Necessidade de ostentar marcas famosas à qualquer custo acaba levando consumidores compulsivos aos produtos piratas

Scottgcain2005

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Flashback nos cabidesParece uma contradição, mas é bem simples: a moda cria novidadescopiando o antigo com toques de modernidade. Entendeu?

Geórgia Kerollin Queiroz Santos4º período de Jornalismo

Não se assuste se um dia ou outro ouvir por aí queas saias balonês, as ombreiras, osvestidos de malha e os terninhosde linho estão para se tornar o quehá de mais contemporâneo nomundo fashion do século 21. Amoda sempre lança novos olharessobre trajes “fora de moda” parapensar as tendências contem-porâneas. Isso significa que aspeças que foram muito popularesno passado sempre podem voltar a ser moda agora,porém com detalhes diferentes e mais modernos.

Para lançar, ou melhor, para relançar um modelitode antigamente, realiza-se um estudo averiguando astendências – pois os estilistas apostam na moda semter realmente a certeza de que virá a ser um estouro

na estação. O estilo “reciclado” pode até ser o mesmodo passado, mas com uma pitada da época atual, pois,com o passar das décadas, os tecidos se modernizamjunto com a moda. Por exemplo, os materiais

utilizados na saias rodadas dasadolescentes dos anos 1960 não sãoos mesmos que serão usados na novacoleção, pois, por mais que asinfluências sejam evidentes, ostempos são outros. “A moda é umreflexo da situação cultural, social,econômica e política de uma época”,explica Ângela Pena, administradorado Ateliê Ângelas.

No momento, voltaram a ser populares asindumentárias que eram usadas na década de 1960:saias rodadas na cintura com cava entrada, pulseirasde plástico, brincos de argola e brincos de bola... tudoisso está fazendo sucesso nos manequins de hoje. Amoda é um vai-e-vem. E como diz Ângela Pena, muito

do que se usava nos anos 1920 e 1930 permanece atéhoje, pois a sociedade ainda se interessa pelos bordados,vestidos abaixo do joelho, além do “Chanel” da época.

Parece um paradoxo, mas a coisa é bem simples.A moda sempre trabalha com o novo. É necessáriocriarnovas tendências continuamente, mesmo que sejapor influência de roupas já criadas anteriormente. Osestilistas trabalham em cima de uma roupa antiga efazem com que ela se encaixe na sociedade atual.

É comum deparar-se com fotos antigas, nas quaisas pessoas estão com vestidos semelhantes aos usadosatualmente. “É engraçado pensar que estou usandoroupas que a minha mãe usava quando era jovem”,disse a cabeleireira Fernanda Gomes Rodrigues, de 20anos. Portanto, pode esperar-se que a próxima geraçãoesteja usando roupas que fazem a moda do presenteou até mesmo do nosso passado. Sendo assim, cuidadocom a língua: aquelas breguices dos anos 1980 podemtornar-se vestimentas chiquérrimas nas próximasestações. Quem viver, verá.

A atitude está na caraTobias Ferraz4º período de Jornalismo

Nas alamedas das grandes cidades, nas salas deMBA e nos clubes mais seletivos ela está presente. Nasruas, vielas, festas e reuniões informais, também láestá ela dialogando e se fazendo ver. A moda não fazdistinção de classe social, grupo, cor e raça. Cada tribotem sua marca, independente de religião ou ideologia.

É com esse olhar antropológico que muitosestilistas interpretam a linguagem de uma geração oude um tempo, a partir dos códigos e mensagensconstruídos em torno dos modelos das roupas cujafunção primordial é afirmar uma postura. Ou seja:moda é pura atitude.

Para a estilista e costureira Maria CarolinaFinocchio, jovem empresária no ramo da moda emBragança Paulista, a relação entre moda e atitude étão evidente que hoje em dia já não se fala em modasem falar em atitude e comportamento. “Para usarcerto tipo de roupa é necessário determinada atitude”– diz a estilista.

Os skatistas ilustram, e muito bem, essa afirmação,com um estilo próprio e que tem relação objetiva como esporte (roupas largas, costuras reforçadas). Nessecaso, mais do que apenas proporcionar certo conforto,

a roupa serve para caracterizar a personalidade,enfatizar comportamento, identificar modos de pensare agir.

Mas as influências não param por aí, explicaCarolina. “Grupos musicais são identificadosprimeiramente pela aparência, que desencadeia umcerto tipo de atitude. Os rockers posers dos anos 1980servem como exemplo de moda em primeiro planopara o estilo musical. Exemplo atual são os gruposEmo, que usam a moda para enfatizar a atitude dos

jovens melancólicos, de temperamento depressivo. Osindies expressam a moda com o estilo dos sapatos,marcas de roupas e de cervejas para ter atitude indie”.

Ainda segundo a estilista, a moda sempre estevepresente nas relações de pensar e agir dos grupossociais. Sejam aqueles “comunistas” que usam Prada– intelectuais de gosto refinado, mas que não gostamda aparência neo-burguesa; sejam aquelesdeslumbrados que usam Dior e Dolce Gabana; sejamaté mesmo os relaxados que se vestem de qualquerjeito, não ligam para marcas e têm uma atitude dedesprezo com a moda; o fato é que até estes últimostambém têm uma linguagem particular decomportamento que, de uma forma ou de outra,constituem-se em uma espécie de moda, ainda que seconfigure em uma “não-moda – conclui Carolina.Portanto, a moda é tão presente em nosso dia-a-diaque até mesmo sua negação é fator de atitude e estilo.

Estilos pessoais estão carregados de discursos políticos, ideológicos e comportamentais

Revelação - Julho de 2007

Eu sou você, amanhã...

Aquelas “breguices”dos anos 1980 podemtornar-se acessórioschiquérrimos naspróximas estações

A moda não faz distinçãode classe social, grupo,cor e raça. Cada tribo temsua marca, independentede religião ou ideologia

Estilo dos EMOs marca uma busca pela personalidade

O corpo fala

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Moda e Cultura

A moda aos olhos da culturaEstudos sobre as roupas mostram aspectos interessantes da identidade cultural da sociedade

Náire Belarmino de Carvalho4º período de Jornalismo

Para muitos, moda e futilidade são termosinseparáveis. Mas, ao ser analisada por outras óticas,o estudo dessa indústria da vaidade conseguetranscender os estereótipos. A moda não se apresentasomente em acessórios e vestimentas, mas está ligadaaos valores, tradições e sobretudoàs transformações culturais deuma época.

No século 20 a moda despontoucomo um dos principais agentesresponsáveis pelas transformaçõescomportamentais na sociedade. Amulher libertou-se da opressãoassumindo ares independentes eadotou trajes consideradosmasculinos, inspirada nas criações da estilista CocoChanel (1883-1971). Outra transformação significativafoi a explosão de contracultura dos anos 1960, quandoos jovens insurgiram contra o sistema usando a modacomo símbolo de manifestações culturais. Essa rebeldiafoi marcada pelo uso das calças jeans, que até entãoeram exclusividade dos operários das minas de carvãodos Estados Unidos. Para as novas gerações, essatransgressão nos modos de se vestir passou a sersinônimo de liberdade e juventude. Mudanças comoessas revolucionaram toda uma geração, contrapondo-se às tradições e disseminando o novo.

Segundo a professora de sociologia da Universidadede Uberaba (Uniube), Natália Morato, o vestuário é umevidente elemento de identificação cultural. "Numasociedade em que o primeiro contato é visual, éimagético, a moda tem um papel fundamental deaproximar ou afastar as pessoas". A escolha do trajeajuda a marcar transformações; por isso, as escolhasexercem influência sobre a mentalidade do indivíduo à

medida que este vai identificando-se com determinado grupo social.Mesmo sendo efêmera, aindaassim as tendências da estaçãocontribuem para essa formação."A moda marca toda uma mu-dança de mentalidade, de umpadrão cultural", acrescentaMorato.

A nova acepção de um certo tipode homem moderno, designado metrossexual, é exemplode que os preconceitos e paradigmas tradicionais estãosendo eliminados por imposição das novas tendências.Quando a pessoa inicia uma mudança psicológica,podemos perceber que a primeira mudança é naaparência. De acordo com a professora, o homemexpressa suas crenças através das vestimentas e, quandoprocura integrar-se a uma cultura, resgata não só seusestilos como também seus valores e sua filosofia. Estudarmoda, portanto, é procurar compreender elementosimportantes das transformações históricas quemovimentam as culturas.

A estilista Coco Chanel (1883-1971) provocouo mundo da moda ao criar roupas femininascom características consideradas masculinas

"Numa sociedade em queo primeiro contato é visual,a moda tem um papelfundamental de aproximarou afastar as pessoas"

Reprodução

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Larissa Muniz e Vinícius Flausino6º período de Publicidade

ENUTEC resgata a memória da Uniube

O Encontro Uniube de Tecnologia (ENUTEC),realizado no Campus Fundinho de Uberlândia,conseguiu trazer para a Instituição empresas epessoas externas para contar a história da Uniube.A idéia surgiu da necessidade de fazer com que osalunos, professores e até mesmo colaboradorestécnicos e administrativos conhecessem aUniversidade desde seu nascimento, quem afundou, como começou e quem foi Mário Palmério.

Para a montagem do estande foram utilizadosmateriais básicos, porém com bastante história.Objetos como escrivanias, livros, placas dasprimeiras turmas, cadeiras de dentista da primeiraclínica de odontologia da Uniube e também muitasfotos antigas e atuais foram resgatados. O públicoatingido foi bastante abrangente, além de alunos eprofessores também pessoas e empresas externasprestigiaram o evento.

“O estande foi importante pois conseguimoscontar a história da Uniube de uma formadescontraída e isso fez com que conseguimosdivulgar para todos que a Universidade tem todauma trajetória por trás do sucesso de hoje”, afirmaa coordenadora do evento Ana Paula VilelaAndrade.

Estande reuniu fotos antigas, livros e objetos das primeiras turmas da Universidadee despertou o interesse dos alunos para a história da instituição e do seu fundador

Revelação - Julho de 2007 15

Campus Uberlândia

Alunos observam objetos e documentos de Mário Palmério:

Da redação

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Noturno

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Confira as salas das aulas inauguraisProcessos gerenciais-gestão de agronegócios -2G02Psicologia - 2i02Publicidade e propaganda - Anfiteatro 2C01Serviço social - campus rodoviáriaSistemas de informação - Anfiteatro 2D02Tec.produção sucroalcooleira - Anfiteatro 2d02Terapia ocupacional - 2n23

Multiperiódico

Direito - 2A106Enfermagem - 2Z209Engenharia de computação - 2Z109Medicina - 2S315Medicina veterinária - Hospital veterinárioOdontologia - 2Z207

Calourada 2007