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Jornal laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba. 20 à 26 de maio de 2003

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Newton Luís Mamede

2 20 a 26 de maio de 2003

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba ([email protected])

Supervisora da Central de Produção: Alzira Borges Silva ([email protected]) • • • Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Projeto gráfico: André Azevedo ([email protected]) Diretor doCurso de Comunicação Social: Edvaldo Pereira Lima ([email protected]) • • • Coordenador da habilitação em Jornalismo: Raul Osório Vargas ([email protected]) • • •Coordenadora da habilitação em Publicidade e Propaganda: Érika Galvão Hinkle ([email protected]) • • • Professoras Orientadores: Norah Shallyamar Gamboa Vela ([email protected]), Neirimar deCastilho Ferreira ([email protected]) • • • Técnica do Laboratório de Fotografia: Neuza das Graças da Silva • • • Suporte de Informática: Cláudio Maia Leopoldo ([email protected]) • • •Reitor: Marcelo Palmério • • • Ombudsman da Universidade de Uberaba: Newton Mamede • • • Jornalista e Assessor de Imprensa: Ricardo Aidar • • • Impressão: Gráfica ImprimaFale conosco: Universidade de Uberaba - Curso de Comunicação Social - Jornal Revelação - Sala L 18 - Av. Nenê Sabino, 1801 - Uberaba/MG - CEP 38055-500 • • • Tel: (34)3319-8953http:/www.revelacaoonline.uniube.br • • • Escreva para o painel do leitor: [email protected] - As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

Universidade é, sempre, uma instituiçãode vanguarda. Está à frente, caminha adiantena produção ou geração de conhecimentos,tanto os de rigor científico quanto os demanifestações intelectuais e artísticas, naebulição cultural da sociedade. Já expusemos,com freqüência, os aspectos que configuramo universo que cons-titui a universidade,bem como a sua si-tuação fundamental,nuclear, essencial desede e centro de estu-dos elevados. E avan-çados.

A vanguarda dopercurso da universidade é em mão dupla: notempo e nos conteúdos do conhecimento. Ocaminhar adiante, no tempo, projeta auniversidade no pioneirismo e no ineditismodas novas descobertas, nos diversos campose áreas do saber. Faz com que ela se antecipea qualquer outra instituição social que tambémlide com o conhecimento ou com osresultados do conhecimento humano, deaplicação tecnológica ede construção do pro-gresso.

E a outra mão davanguarda da univer-sidade é a seriedade, aprofundidade, a confia-bilidade dos conteúdosdos conhecimentos queela gera e divulga, na construção da ciência.É a vanguarda ontológica que a identifica.Sede da ciência, a universidade é a instituição,o órgão que garante a pertinência, averacidade e a legitimidade de um conceito,de uma definição, de uma teoria, de uma lei,de uma nomenclatura, de todos esseselementos, enfim, que constituem oconhecimento organizado e digno de crédito:

a ciência. É a universidade que caminha àfrente na condução e orientação do estudocientífico e na aplicação de seus conteúdos.É a ela que reportam as notícias universais danovidade de uma revolução científicatransformadora da sociedade. É ela o famosoporto seguro do saber, da verdadeira e sólida

cultura intelectual.Tudo isso é que

confere à univer-sidade a posição devanguarda. É issoque deve constituir averdadeira univer-sidade. Ciência euniversalidade de

conhecimentos caminhando à frente, indoadiante na antropológica travessia cultural.Apontando caminhos, abrindo frentes,rompendo barreiras, desvendando verdades,fazendo ciência. A verdadeira universidade,a universidade viva, é sempre do futuro,mesmo que viva e atue no presente. Estásempre acontecendo e enxergando à frente,antes dos outros.

Esse é o ideal deuniversidade. Não háseparar pequenas e gran-des universidades, ouprivadas e públicas, oude interior e de capital.Universidade verdadeirapersegue o mesmo ideale trilha os mesmos cami-

nhos. Universidade verdadeira é universal.Agora: será que todas as universidades

aspiram ao mesmo ideal? Partilham a mesmaessência? Caminham sempre à frente? Sãoverdadeiras universidades?

Newton Luís Mamede é Ombudsman daUniversidade de Uberaba

Vanguardacultural

O caminhar adiante, no tempo,projeta a universidade nopioneirismo e no ineditismodas novas descobertas, nosdiversos campos e áreas do saber

A verdadeira universidade,a universidade viva, ésempre do futuro, mesmoque viva e atue no presente

A Central de Creches Comunitárias (Cres-cer) já acertou a data do terceiro encontro doFórum de Capacitação do Terceiro Setor comênfase na AssistênciaSocial. O evento serános dias 26 e 27 demaio, na AssociaçãoComercial e Industrialde Uberaba (ACIU).

O tema deste mêsserá: Participação e In-serção nas Políticas Públicas, Saúde, Edu-cação e Assistência Social através do Orça-mento Municipal. No dia 26 estão previstaspalestras sobre Políticas Públicas e Orça-mento Participativo, das 17h30 ás 20h30 e

no dia 27 será realizada uma oficina sobrePolíticas do Idoso, Políticas da Pessoa Por-tadora de Deficiência, Lei Orgânica da As-

sistência Social e Esta-tuto da Criança e doAdolescente.

Esta oficina tem oobjetivo de prepararas entidades de Assis-tência Social para ela-borarem propostas de

Políticas de Assistência Social na Confe-rência Municipal de Assistência Social queserá realizada em Julho. Maiores informa-ções pelos telefones 34 3338 2490, 343332 3737.

Fórum de capacitaçãojá tem data marcadaEvento será nos dias 26 e 27 de maio na ACIU

Oficina tem o objetivo depreparar as entidades paraelaborarem propostas dePolíticas de Assistência Social

Creches

Já dizia Monteiro Lobato, “Um país se fazcom homens e livros” .E são nestes caminhosda história, que a sociedade vem registrandocaracterísticas peculiares do seu modo devida, sonhos a seremconquistados e por aí vai.Tempos marcados naspáginas dos registroshistóricos.

Nesta jornada dotempo, muitos sededicam ao registro do presente. Isso mesmo.No caso de Uberaba e ao alcance de qualquercidadão, um acervo com mais de 37 mil itenspreserva passagens importantes da terra doZebu no contexto nacional.

A edição desta semana do Revelação alémde despertar a cosciência histórica traz osnúmeros da maior feira de gado Zebu domundo. Recordes superados, shows, vida de

peão, dinheiro e contrastes.O programa Fome Zero

– uma iniciativa doGoverno Federal, nocombate à fome em todo oterritório nacional tambémé abordado nesta edição.

Junto ao projeto, algumas ações paraminimizar a fome, como o desperdícioalimentar, tem mudado concepções e atraídoo interesse antifome de uma boa parcela dos“que tem o que comer”.

Da histeria do Zebu aopaís das memórias

Acervo com mais de 37 militens preserva passagensda história da cidade

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3320 a 26 de maio de 2003

Yes, nós temosfamintos!O Brasil que produz alimento para o mundoproduz também uma classe de miseráveisAlgumas ações podem mudar este terrível quadro social

Nosso país

Wagner Fonseca6º período de Jornalismo

O combate à fome no Brasil tem superadointeresses capitalistas e feito do país um dosmais dispostos em todo o mundo, a combatera mais grotesca chaga social contemporânea.O levante antifome está gerando umsentimento de solidariedade e apoio a quemrealmente está inserido na miséria nacional.

Os números da fome no Brasil sãodivergentes. As informações de institutos secontradizem. Com base nos dados do InstitutoCidadania, ligado ao projeto Fome Zero,existem no país 44 milhões de pessoas quevivem na linha da pobreza. Gente com rendainferior a 1 dólar por dia. E nessa proporçãofamélica; de 15 a 20% de pessoas, na maioriacrianças, efetivamente passam fome.

Na verdade, o Brasil ainda sustenta o mitode país de esfomeados. Mas o que levou umdos mais produtivos países de todo o planetaa ter esse terrível reconhecimento? Por que oBrasil, com clima, solo, riquezas naturais,minerais e condições inigualáveis deprodução alimentar, abriga uma grande classede miseráveis?

Para o Ministro Extraordinário daSegurança Alimentar, José Graziano,entrevistado pelo Revelação durante asprogramações da Expozebu deste ano , aresposta pode ser o modelo dedesenvolvimento brasileiro, que concentrourenda e gerou odesemprego no país. Oresultado de tudo isso,tem sido o crescentenúmero de pessoas semcondições de garantir aprópria sobrevivência. Enessa famigeradacaminhada ao longo dos anos, um círculovicioso cravado no Brasil, alimenta e empurrapara a pobreza extrema milhares de família.

O ministro, sustenta a opinião de que essemesmo círculo vicioso, também leva parte dapopulação brasileira a consumir menoresquantidades de alimento, e se não bastasse,faz cair o preço de produtos agrícolas. Comisso, há o empobrecimento de milhares deprodutores que se vêem obrigados a migrarpara os grandes centros, a chamada “ marchapela sobrevivência”.

O presidente Lula, em discurso durante a

abertura da maior feira de gado zebu do país,definiu que há anos, nós brasileiros,alimentamos a idéia de sermos apenas um paísde Terceiro Mundo, imaginando que a culpapela miséria nacional está relacionada cominteresses estrangeiros. “Não é mais possívelaplicar a culpa da incompetência históricabrasileira nas nações desenvolvidas”,declarou o Presidente da República em meioaos gritos de apoio de uma multidão deseguidores.

Em cinco meses de programa Fome Zero,que é a prioridade para este ano do GovernoFederal, a arrecadação de fundos para ocombate à fome alcançou a casa dos 800 milreais e milhares de toneladas de produtosalimentares. O programa, segundo o ministroJosé Graziano, tem criado uma rede desolidariedade em todo o país.

“ Essa rede de solidariedade se rompeuao longo dos anos de crise e de disputa noBrasil. Hoje, nós podemos ter novamente umBrasil que se una em torno de um projetonacional como o Fome Zero”, comentou oministro.

Mesmo recém-lançado, o Fome Zero temcriado uma consciência igualitária na mentede inúmeros brasileiros. Essa posição de“Bom Samaritano” está congestionado aslinhas do “Ministério da Fome”. Para se teruma idéia , a cada dia, uma média de seis miltelefonemas de apoio ao projeto são atendidosno Ministério Extraordinário da Segurança

Alimentar( MESA) emBrasília.

As ligações sãooriginárias de váriasregiões. São propostas deprojetos, pedidos paratrabalhos voluntários euma série de iniciativas da

sociedade civil, ong‘s e empresas de todo oporte. O ministro da fome, aponta que essesapoios não são apenas um gesto único desolidariedade, mas de compromisso ao longodo ano com uma série de doações. O que éum bom começo.

Então, isso significa que a contribuiçãonacional vai resolver o problema da fome noBrasil? A resposta, infelizmente é negativa.

Enquanto estamos preocupados em saciarnossos famintos, ao mesmo tempo estamoscriando condições para aumentar o númerode miseráveis no Brasil. O maior exemplo é

o desperdício alimentar. Imagine que você,neste exato momento, esteja contribuindo dealguma forma com o desperdício de mais de39 mil toneladas de comida?

Só na cidade de São Paulo, são perdidos acada santo dia, 1000 toneladas de produtos.Comida suficiente para abastecer 4000famílias durante um mês. Pelo menos, nosresta o consolo de sermos o “ Rei doDesperdício”.

A nossa incultura alimentar, faz com quea sobra vá para o latão de lixo. Ou seja,oslixos brasileiros recebem mais comida do quegrande parte da população. Pelo menos comesta sobra, dá para se alimentar algunsroedores e uns gatos pingados queperambulam pela noite. Sem esquecer é claro,que alguns brasileiros sem teto, sem comidae sem nada, tambémaproveitam da nossa“boa vontade” .

Para o ministro JoséGraziano, o problemado desperdício no paíspode ser resolvido. Paraisso ele aposta nas mudanças das legislaçõesvigentes através da instituição do Estatuto doBom Samaritano.

A idéia foi baseada em leis de incentivosfiscais já conhecidas como o Programa deAlimentação do Trabalhador ( PAT ), as leisde incentivo à cultura e na legislaçãoamericana.

O estatuto resultou em quatro anteprojetosde lei e um anteprojeto de convênio relativoao ICMS que protege o doador de boa fé econcede isenções e incentivos fiscais. Este

anteprojeto foi aprovado pelo Senado daRepública (PL 4747/1998) e atualmente estátramitando na Câmara dos Deputados. Hoje,pelas leis vigentes, as doações de produtosalimentícios não estão isentas do pagamentode impostos como o ICMS E IPI.

“ Vamos tentar alterar as legislaçõesvigentes. Esse país não precisa continuarvivendo com a fome e a miséria”, declarou oministro Graziano.

Por outro lado, existe a necessidade decaráter urgente-urgentíssimo para que oCongresso Nacional crie mecanismos deregulamentação para evitar que algunsempresários aproveitem a lei para superfaturaras próprias doações, sonegar impostos, ou queOng´s revendam as doações que recebem.

Parece estapafúrdio, mas no Brasil defamintos, a indústria dasonegação teminteresse no processode erradicação da fome.

O estatuto prevêainda ações de combateàs perdas pós-colheita,

que inclui os processos de transporte earmazenamento, outros fatores que geram odesperdício no país.

Então, entre as várias ações e propostaspara fazer calar o estômago de uma boaquantidade de brasileiros miseráveis, que talcontribuirmos de alguma forma? Uma simplesajuda, seria resparmos o prato do almoço e dojantar, afinal, tem muita gente sedenta porcomida ?

Fonte: www.icidadania.org.br

“Não é mais possível aplicara culpa da incompetênciahistórica brasileira nasnações desenvolvidas”

Os lixos brasileiros recebemmais comida do que grandeparte da população

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Renata Fonseca Costa6º período de Jornalismo

Os números comprovam o sucesso daExpozebu 2003. Durante doze dias de feiraforam movimentados 97,4 milhões de reais.A venda de áreas dentro do Parque FernandoCosta somou 1,5 milhão de reais, as centraisde inseminação contabilizaramaproximadamente 7,8 milhões, o comércio eos negócios realizados fora e dentro do parqueficaram perto de 20 milhões. Só com ofaturamento dos leilões, a Expozebuultrapassou o movimento do ano passado, quefoi de 65 milhões. Os arremates somaramquase 70 milhões de reais. Segundo oSuperintendente técnico da AssociaçãoBrasileira dos Criadores de Zebu, LuísAntônio Josahkian, os leilões superaram todosos prognósticos. “A expectativa era boaporque o mercado está muito sólido,mostrando sinais de consistência”, completou.

LeilõesA movimentação financeira dos leilões

mais que dobrou. No ano passado ofaturamento registrado foi de 33,5 milhões dereais. Este ano, o número é de exatamente68.192.935,96 milhões. Ao longo dos 39leilões oficializados pela ABCZ foramvendidos mais de dezoitomil animais.

A vaca Helen da TerraBoa foi o animal maiscaro da Expozebu. Ela foivendida por 1,19 milhãode reais no leilão Elo deRaça. Já o arremate que teve o maior volumede negociações foi o Noite dos Campeões,com faturamento de 8,6 milhões de reais.

PúblicoO povo compareceu em peso e a

Expozebu bateu recorde de público este ano.Cerca de 340 mil pessoas visitaram o parque

Mais uma expozebu de recordesA maior feira de gado zebu do mundo mostrou com números o bom momento da pecuária brasileira

Divulgação (ABCZ)

Vaca nelore Helen da Terra Boa foi vendida por R$ 1.190.000,00.Ela foicampeã em várias feiras e edições da ExpoZebu

e assistiram aos shows oferecidos pelaentidade. A tradicional Saideira, dia em que aentrada ao parque é feita através da doaçãode um quilo de alimento, foi que registrou o

maior número de pessoas,51.061. O show foi dadupla Di Paulo e Paulino.Os outros shows reali-zados foram: Gian eGiovani, Capital Inicial,Zeca Pagodinho, Rio

Negro e Solimões, Chiclete com Banana,Yasmin, Felipe e Falcão, Grupo Revelação,Gino e Geno e shows regionais.

Mercado InternacionalNa feira foi montado um salão

especialmente para receber visitantes deoutros países. Cerca de 227 estrangeiros

passaram pelo Salão Internacional. Opresidente da ABCZ, José Olavo BorgesMendes, acha altamente positiva a procuraque outras nações estão tendo pelo gado Zebu.“Isso é uma coisa inédita”,afirma. O Diretor deRelações Internacionais daABCZ, Silvio Castro CunhaJr., destacou as negociaçõesfeitas com alguns países. Sóo Senegal comprou 46animais em quatro leilões.Venezuela e Colômbia também compraramanimais. “O volume de negócios feitos comoutros países foi de 3 milhões de dólares”,disse Silvio Jr. Material genético como sêmene embriões também foi vendido a outrasnações.

Os estrangeiros vieram da África do Sul,Argentina, Austrália, Angola, Bolívia,Canadá, China, Colômbia, Costa Rica, ElSalvador, Espanha, Estados Unidos,Guatemala, Holanda, México, Nicarágua,Panamá, Paraguai, Portugal, Senegal, Uruguaie Venezuela. O Superintendente técnicoJosahkian disse que é muito bom para o Brasilter sua genética lá fora. “Eu acho fantásticoque realmente a gente está entrando nomercado internacional e consolidando umafatia desse mercado”.

A participação de 22 países a Expozebujustificou o tema deste ano, que foi

“Expozebu 2003 Rumo ao MercadoInternacional”.

AnimaisO número de animais julgados durante a

feira também cresceu em relação ao anopassado. Em 2002, foram inscritos 1.865animais. Este ano, com quase 600 a mais, onúmero passou para 2.400. Josahkiandeclarou que a parte técnica foi um sucesso.“A diretoria fez um esforço enorme paraacomodar esse superávit de animais econseguimos. Transcorreu tudo bem, semproblemas”. Oito raças zebuínas participaramda feira: nelore, nelore mocho, gir, gir mocho,tabapuã, guzerá, brahman e indubrasil. Forammais de 300 expositores. Josahkian tambémdestacou que “o julgamento deu sinais deamadurecimento muito grande, tanto dopúblico quanto do julgamento em si, que foieminentemente técnico”. Com o crescimentono número de animais a cada ano, a ABCZpretende buscar uma solução para o próximoano. Segundo o presidente José Olavo essa éa grande dúvida. “Ainda não se sabe se osjulgamentos serão em dois turnos ou se haveráuma pré-seleção dos animais”, diz ele.

Centrais de inseminaçãoO faturamento também foi bom para as

empresas que comer-cializam materiais genéticos.A contabilização das vendasainda não foi feita, mas aexpectativa é que ovolume de negociaçõesaumente em 30% emrelação a 2002. No ano

passado as centrais comercializaram 6milhões de reais. Oito centrais de inseminaçãoparticiparam da feira.

Ao todo foram vendidas 130 áreas para ainstalação de estandes.

Valorização do homemA ABCZ acha muito importante

valorizar o trabalho dos tratadores deanimais. “É uma questão de justiça, temosque reconhecer o valor dessas pessoas eeles merecem ser bem tratados”, disse JoséOlavo. Este ano, as empresas Fort Dodgee Lagoa da Serra ofereceram um churrascoa eles ao final da feira. O presidente daABCZ afirmou que a festa será incluídano calendário da Expozebu. Josahkiandisse que eles são fundamentais ecompletou: “Os tratadores são a essênciadessa festa”.

Negócios

Durante doze dias defeira foram movimentados97,4 milhões de reais

O número de animaisjulgados durante a feiratambém cresceu emrelação ao ano passado

Jatinhos de pecuaristas que visitavam a Expozebu lotaram a pista do aeroporto de Uberaba

L. Adolfo/ABCZ (divulgação)

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Miriam Lins Caetano7 período de Jornalismo

Não seria novidade dizer que a Exposiçãode Gado Zebu (Expozebu) em Uberaba é amais famosa do mundo pelo alto preço queos animais são vendidos.A vaca Hélen, porexemplo, foi vendidapor mais de mais de 1milhão e meio de reais,que sustenta umatonelada de carne. Todoo porte depende daalimentação e decuidados devidos.

Para isso, além dos veterinários, sãonecessários os tratadores, que ficam por contade alimentar, dar água e banho, além de seguirà risca todas as orientações dadas pelosprofissionais.

Esta é a profissão de Nilton Antônio deOliveira, de São Sebastião do Paraíso, sul deMinas. Na semana passada, ele estava emCuiabá, no Mato Grosso, também para tratar

de gado. Como a festa de lá acabou, o peãofoi em busca de um novo trabalho naExpozebu. Ele conta que visita anualmenteem torno de 13 exposições e confirma que,em questão de movimento, Uberaba ganhadas outras cidades. Ainda segundo ele, Cuiabá

tem uma ótima estrutura.Mesmo correndo de

cidade em cidade, semmoradia fixa eacordando às cinco damanhã para descansarsomente às 10 da noite,ele garante que não se vêfazendo outra coisa.

Como Nilton sempremorou na fazenda, a vontade de ser peão foiapenas uma consequência. O que ele nãoesperava é que suas andanças pelo mundo ofizessem deixar a família. Saudades do filhoele sente, mas, convicto, afirma que suavocação pela estrada é maior.

E já que peão que se preza tem que estarapaixonado, Nilton confessa, meio tímido,que sempre deixa um amor em cada exposição

Segura Peão!!!!!!Muita gente acredita que vida de peão é ficar durante8 segundos em cima de um touro, mas não é bem assim

Comportamento

que visita. E mais ainda! Já prometeucompromisso a mais de 15 moças.

Com tanta paixão no coração, asdificuldades tornam-se pequenas. O tratadornão tem a carteira assinada nem direito aaposentadoria. Mas ele não se preocupa comisso. O que o incomoda, conta ainda com onariz entupido, é a serragem que lota as baiasonde ele dorme durante as festas.

E para não dizer que vida de peão é sótrabalho, o tratador explica que tem sempreas horas vagas para farrear, geralmente demadrugada. É quando os colegas se reúnempara tomar cerveja e azarar a mulherada. Ovício que ele não deixa de jeito nenhum é o

Sana Suzara7º período de Jornalismo

Para felicidade de algumas pessoas quequeriam aproximar-se do presidente, LuísInácio Lula da Silva quebrou, mais uma vez,o protocolo durante sua estada em Uberabano último sábado durante a inauguração da69ª Expozebu.Esse foi o caso dodesempregadoGeraldo Magela,após ser barradopelos segurançasno Parque Fer-nando Costa,entregou um terço ao presidente.

Antes de conseguir este feito, a emoçãode Geraldo se traduzia no nervosismo. Emmeio ao tumulto, ele circulava de um ladopara outro, trazendo no pescoço o crucifixobenzido por um padre de Franca (SP) e nobolso o terço, que conduzia as orações queele fazia em voz baixa para manter a calma.

Logo que o Presidente apareceu, ele

driblou o policiamento, passou por debaixodas cordas e deu de cara com fortesseguranças. Seu sonho estava por um triz. Maso presidente percebeu a movimentação eliberou a aproximação de Geraldo Magela.No nervosismo, ele entregou ao presidenteLula o terço e não o crucifixo. A troca nãotirou a satisfação do desempregado, que insistiu

e, na despedida dopresidente, conseguiuentregar o crucifixo.

A mesma satis-fação foi sentidapela professora San-dra Martins. Elaleciona para a pré-

escola e cursa a Faculdade de Filosofia, Ciênciase Letras de Ituverava (SP). Com um envelopenas mãos, contendo duas cartas – umareivindicando melhores salários para a categoriae outra de conteúdo sigiloso – ela conseguiuentregá-las no último momento, quando opresidente Lula já estava indo embora, noaeroporto. Antes, ela tentou, como Geraldo, seaproximar do governante no Parque Fernando

Costa. Persistente, ela acompanhou todos ospassos da comitiva, até conseguir seu intento.

Tiete mirimEntre as pessoas que estavam presentes

no aeroporto para se despedir do presidente,Letícia de Aguiar Ribeiro Manso. Ansiosa,aos 5 anos de idade não se continha deemoção. Com as mãozinhas trêmulas e o olharfixo no seu ídolo, Lula. Quando o presidentea viu, pegou-a no colo. Foi quando ela lhedisse: “Queria casar com ocê”. O presidentesorriu e brincou com a menina.

Segundo Rosangela Maria Goulart, tia deLetícia, desde a corrida eleitoral do anopassado Letícia sentia uma afeição muitogrande por Lula. Tentava convencer todos osseus familiares a votar nele. A todo instantefala do que aconteceu, e à noite, no dia davisita, quase não conseguiu dormir, achandoque havia sonhado. Entusiasmada, Letíciaespera a foto deles juntos, que o Presidenteprometeu enviá-la. Recordação desse dia,guarda os óculos e a roupa que usava, nãodeixando que ninguém lave ou toque-os.

cigarro, sempre disponível no bolso dacamisa. São estes os momentos de se trocaridéias, contar como foi o dia e algumas piadas,talvez. E Nilton se lembra do objetivo de vidaque guarda… deixar de ser empregado e serum verdadeiro criador de gado. “Tenho 33anos de idade, certamente ainda existe muitotempo para alcançar meu sonho”, suspira.

A festa acabou, mas a energia não. Então,lá se vai a peãozada de novo botar o pé naestrada rumo à próxima festa. É hora deembalar os laços e arreios, guardar na malaos endereços e telefones dos amores. Opróximo passo? “Onde tiver gado pra cuidar,estarei lá!” sorri animado.

E para não dizer que vida depeão é só trabalho, o tratadorexplica que tem sempre ashoras vagas para farrear,geralmente de madrugada

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Um instante ao lado do presidenteFãs an|ônimos insistem em furar o bloqueio para chegar perto de Lula

Exmo Sr Presidente

Venho através desta, parabenizá-lopelo seu programa de governo. Souprofessora da Educação Infantil deIgarapava- SP. Nós professores temos umagrande responsabilidade, pois somos oalicece da formação cultural brasileira.Pedimos a Vossa Excelência, quejuntamente com seu ministro, possaverificar com todo carinho a implantaçãode um programa para a Educação Infantil,assim como existe o Fundef para o EnsinoFfundamental. Por ter recebido umaexpressiva votação em minha cidade, daclasse a qual petenço, gostaríamos decontar com a colaboração. No decorrerde sua campanha, tivemos também o apoiodo Prefeito Municipal e sua equipe,acreditando no bom trabalho que VossaExcelência realizaria no decorrer de suaadministração.

AtencisamenteSandra Martins Ferreira

Logo que o Presidente apareceu,ele driblou o policiamento, passoupor debaixo das cordas e deude cara com fortes seguranças

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Laura Pimenta5º período de Jornalismo

Sábias foram as palavras daquele que,diante uma fotografia afirmou que esta “nãoé uma imagem congelada e fria, mas ummomento eternizado e quente”.

Isto porque a fotografia, muito mais doque uma imagem, é uma vitrina desentimentos, culturas e emoções, que,dependendo do olhar, pode dar vida adiferentes conhecimentos e sensações.

Em Uberaba, um ótimo local paradescobrir o real significado da fotografia é odepartamento fotográfico do ArquivoPúblico, onde a memória de lugares,instituições e pessoas se mantém preservadadia após dia, ganhando em cada fração detempo um sentido e magia próprios.

O departamento fotográfico do ArquivoPúblico funciona em uma das salas dosegundo andar do imóvel localizado nonúmero 521, da rua Senador Pena, no centroda cidade.

Ali, alguns armários de arquivos rodeiamas paredes da sala, que guarda em seu interiorum raro arquivo fotográfico com mais de 37mil unidades, divididas entre fotografias,slides e negativos.

O mais recente levantamento realizadocom o objetivo de contabilizar a quantidadedestes materiais, foi feito no último dia 5 demaio. Neste levantamento ficou constatadoque o departamento possui um total de 37.789unidades fotográficas, sendo 7.376fotografias em preto e branco, 9.842fotografias coloridas, 571 slides, 18.662negativos e 1.338 contatos.

Entre as fotografias em preto e branco,podemos localizar verdadeiras raridadeshistóricas, que têm a importante missão deresgatar e preservar a história de Uberabae região.

Lá podem ser encontradas fotografias,desenhos e reproduções de várias épocas,como a unidade mais antiga do arquivo, queé uma reprodução retirada de um livro deimigrantes italianos e que retrata a vistaparcial de Uberaba no ano de 1880,mostrando ao fundo a praça Rui Barbosa e aIgreja Catedral.

Além desta, muitas fotografias históricaspodem ser apreciadas, como a do grupo decongo Penacho, de 1899, a fotografia da praça

do Grupo Brasil, da década de 20, da ruaManoel Borges ( antiga rua Municipal) e daIgreja de Santa Rita, ambas de 1890.

Mas não são so-mente as fotos antigas eraras que são preser-vadas pelo departa-mento. Isto porque todasas fotografias têm o seuvalor e cada qual a suaépoca. “Cada fotografia mostra uma linhaevolutiva e serve como prova documentária.

Através do próprio tempo a fotografia vaiconseguindo se valorizar. Então, mesmo seo arquivo recebe uma foto recente de

Uberaba, por exemplo,daqui a 50, 60 anos elavai estar servindo parafazer uma paralelo daUberaba de ontem e dacidade de hoje, servindopara pesquisadores,

historiadores e para a própria comunidadeem geral”, explicou João Eurípedes de

Araújo, coordenador de arquivos especiaishá doze anos.

No entanto, paraque estas fotografiassejam preservadas énecessário uma sériede cuidados especiais.O primeiro cuidadobásico, vem seguidopor três regras es-senciais.

No momento emque a foto chega ao departamento fotográfico,seja através de doação ou não, João Eurípedesrealiza um processo de investigação, para saber“quem” são os personagens que fazem parteda foto, e ainda “quando” e “onde” a fotografiafoi tirada.

Logo após o processo de investigação eidentificação dos elementos do documentofotográfico, acontece apreparação das foto-grafias, seguido doregistro em um livro detombo e o arquivamento.“Nós separamos as fotosatravés de uma listagemde 86 assuntos, comoagricultura, animais, eleição, esporte, carnaval,famílias, entre tantos outros que vão de A a Z”e logo após acondicionamos nos nossosarquivos”, lembra o coordenador de arquivosespeciais.

Os responsáveis pelo Arquivo Público epelo departamento fotográfico também têmgrande preocupação com a maneira como osdocumentos fotográficos são acondicionados.Para conservar os materiais, o departamentoprocura utilizar um plástico de poletileno,comprado no Rio de Janeiro, que não “agride”a fotografia por ser menos alcalino que umpapel comum.

Arquivo PúblicoArquivo PúblicoArquivo PúblicoArquivo PúblicoArquivo Público

Departamento fotográfico ajuda aconservar história de UberabaRaro arquivo fotográfico, com mais de 37 mil unidades, entre fotografias,slides e negativos, registra através de imagens a memória da cidade

“Cada fotografia mostrauma linha evolutiva e servecomo prova documentária”

Como só 10% dassão acondicionade poletileno, o pmais acessível, tacaba sendo util

Igreja Santa Rita

Na hora de pegaé importante o upara evitar o cohumano com as

fotos: Arquivo Público

6 20 a 26 de maio de 2003

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Como apenas 10% das fotografias dodepartamento estão acondicionadas neste tipo

de embalagem, o papelmanteiga, mais aces-sível, também acabasendo utilizado, apesarde, após alguns anos,começar a deteriorar asfotografias por seralcalino. “Como nãotemos poletileno paratodas as fotografias, nós

priorizamos as mais antigas, para que estas semantenham conservadas”, afirma JoãoEurípedes.

O coordenador de arquivos especiaislembra que o departamento fotográfico doArquivo Público de Uberaba não tem estruturapara seguir todas as exigências necessárias paraconservar da melhor forma possível as suas

relíquias. A sala dodepartamento nãopossui, por exemplo,uma estrutura eficazque evite incêndios, jáque as instalaçõeselétricas não são asmais adequadas.

Outro problema é o da climatização. Oambiente ideal para conservação dasfotografias seria uma temperatura média abaixo

de 25º e umidade de 65%, de acordo com asnomas de conservação de Ingrid Beck, mestreem arquivologia. Mas infelizmente isto não épossível.

Mesmo assim, cuidados no manuseio dosmateriais procuram serseguidos, de forma quea preservação dasfotografias não fiquetão prejudicada. Nahora de pegar nosmateriais, é importanteo uso de luvas, paraevitar o contato do suor humano com as fotos.As fotos também não podem ser xerocadas e

s fotografiasadas em plásticopapel manteiga,tambémlizado

scaneadas, já que a luz destes procedimentospode prejudicar as imagens.

Mesmo com todas as limitações, odepartamento fotográfico do Arquivo Públicode Uberaba recebe muitas visitas, já que pode

ser qualificado como umdos melhores do interior,sendo indicado até mes-mo pelo Arquivo PúblicoMineiro, localizado emBelo Horizonte.

Os visitantes sãopesquisadores, historia-

dores, estudantes de todas as idades e tipos degraduação, uberabenses, “forasteiros”.

“Aqui também recebemos muitaspessoas de idade, que vêm com oobjetivo de recordar os velhos tempos eque, ao ver as fotos, acabam seemocionando e até chorando”, relembraAraújo.

É por estas e outras, que sábias foramas palavras daquele que, diante umafotografia afirmou que esta “não é umaimagem congelada e fria, mas ummomento eternizado e quente”. Maissábios serão aqueles que, diante umafotografia, irão fazer o possível parapreservá-la, e assim, o nosso passado, anossa história.

ar nos materiais,uso de luvas,ntato do suor

s fotos

“Aqui também recebemosmuitas pessoas de idade.Ao ver as fotos acabam seemocionando, e até chorando”

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Jamil Idaló Júnior2º ano de História

A grande discussão atual e um dosparadigmas da educação neste inicio de séculoé a postura do professor/educador. SegundoRubem Alves, o professor é um especialistano domínio de técnicas, enquanto o educadortraz consigo a vocação, a paixão em ensinar.Nessa mesma linha de raciocínio, CarlosRodrigues Brandão diz que o objeto centraldo ensino é o aluno, e não o conhecimento,que para o primeiro devem ser dadas todas asatenções, para que ele possa ter um maiordiscernimento sobre o segundo. Extrapolandoesta dualidade professor/educador,encontramos o mestre. Pois se o professor/educador tem alunos, o mestre tem discípulos.E é exatamente centrada na figura da mestraEliane Marquez, da qual me sinto honrado eorgulhoso de ser seu discípulo, que discorrereiminha narrativa.

A maioria dos es-tudantes de História seinteressa pela disci-plina por causa daIdade Média. A arqui-tetura gótica de seuscastelos e igrejas, osinteressantes embatesde espadachins, o deslumbrante vestuário daépoca e o enigmático poder da Igreja sobre asociedade do medievo são símbolos que

povoam a imaginação e que fazem seusestudantes optarem por esta Ciência. AHistória do Brasil, quase sempre, está emsegundo plano: é apenas uma coadjuvanteofuscada pelo brilho da História Geral. Istoporque nunca assistiram a uma aula da mestraacima citada!

Sua preocupação em nos ensinar “aHistória que não foi contada” ou o “outro ladoda História do Brasil”, quebra o mito de quenossa História é mentirosa. Quando souquestionado por outras pessoas do porquê deestudar uma disciplina tida como enganosa,respondo-lhes que isto não é verdade, que amaioria do povo não conhece realmente nossaHistória. Pois nossa oligarquia dominante, deposse de uma ideologia positivista, quasesempre mascarou nossas verdades.

Concomitantemente a isto, os jargõesutilizados pela referida mestra, tais como:“vou contar uma fofoca histórica”, quando

aborda fatos defiguras históricasilustres, que nãoaparecem na his-toriografia, ou“Agora vocês vãolevar um susto”,quando sabe quevai dizer algo con-

traditório ao que conhecíamos anteriormente,ou até mesmo quando diz “Eu, Eliane, amigade vocês...”, quando quer dar sua opinião

pessoal sobre assuntos que foram exploradosde outras formas por historiadores anterioresa ela, inserem no nosso contexto curricularpeculiaridades ímpares, que nos auxiliamnuma melhor compreensão do conteúdo doconhecimento estudado. Pois seu objetivo éfazer com que tenhamos “orgasmosintelectuais”. Sua variação de dinâmica deaula também contribui de modo efetivo paraque não fiquemos numa mesmice, quetornaria as aulas desinteres-santes. Soma-se a isso suapreocupação com aformação continuada, sem-pre procurando novas abor-dagens históricas de assun-tos muito explorados e le-vando-as à sala de aula para nossa apreciação.

Tudo o que foi acima citado contribui paradespertar em nós um grande interesse emestudarmos nossas raízes, para que de posse

Professora Eliane Marquez traz vidae paixão ao ensino da História do país

Enfim, descobrimoso Brasil!

desses conhecimentos tenhamos condições decontribuirmos para transformarmos o real.Entretanto, a meu ver, o grande mérito damestra é a sua preocupação com aaprendizagem da turma em um todo, pois denada adianta alguns aprenderem e outros não.

Talvez ao citar estes fatos, tenha dado aimpressão de querer elogiar em demasiaminha professora, mas isto não é verdade. Averdade é que perder 10 minutos de sua aula

é uma grande perda. E que amesma é um exemplo a serseguido por todos nós.

Tomo a liberdade deplagiá-la, dizendo que, aofalar de sua pessoa atravésdo jornal-laboratório do

curso de Comunicação Social, estourealizando uma “fofoca histórica!” E queimagino que, quando ela ler este artigo noRevelação, “vai levar um susto!”

A verdade é que perder10 minutos de sua aulaé uma grande perda

Sua preocupação em nos ensinar“a História que não foi contada”ou o “outro lado da História doBrasil”, quebra o mito de quenossa História é mentirosa

O prazer do saber

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“A verdade é queperder 10 minutosde sua aula é umagrande perda”

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Karla Marília Meneses6º Período de Jornalismo

“A música eletrônica, com todas suasnuances e tendências, tem seus adeptos emUberaba”, garante Rodrigo Biase, o DJ Tonto.Maio, período de ExpoZebu, DJ Tontorealizou uma festa beneficente em sua casa:cada participante levaria três quilos dealimentos destinados à Associação dosVoluntários de Combate ao Câncer. 950 quilosde alimentos foram arrecadados. DJs dacidade animaram o evento e os presentespoderam confirmar a atuação de Patife,reconhecido como o fera do gênero musical.

Tecno, drum ‘n’ bass e house são algumasdas ferramentas de trabalho de Rodrigo, ou seja,DJ Tonto, que faz da música a sua profissão. “Até parei de estudar, trabalheina área de hotelaria, massobrevivo mesmo damúsica.”, afirma. Iniciou em1989, fazendo festas em casa.Em 92, foi contratado paratocar na boate do Uirapuru,conhecido clube da cidade. “Tudo foi muito rápido. De 92 a 95 comecei atocar na boate Hangar, um som não comercial.Tinha um público cativo da música alternativa.”,ele conta. O próximo passo foram as festasitinerantes em galpões desativados e em suaprópria casa. “ Era no quintal! E todo mundoia… dançavam no meio das hortas e canteiros,mas dançavam!”, o DJ afirma entre risos.

Em 97, a prefeitura proibiu as noitadas daboate de Tonto. Desiludido, foi para São Paulotrabalhar no ramo da hotelaria. Encontrando

um amigo, seis meses depois, lá estava eletocando novamente: o colega o chamou parainaugurar uma casa noturna. Ficou dois anosna boate. Rodrigo Tonto tocou em casasfamosas de São Paulo, entre elas o Fábrica 5,

Popular e Donna. Era DJresidente, que, na gíria eletro,significa contratado.

Transitando na noitepaulistana, ‘esbarrou’ comgente de peso como DJ MarkyMark, Anderson Noise, Gaboe Denise e, é claro, Patife, de

quem se tornou amigo. Em 2001, Tontoabandona a hotelaria e entra de cabeça naprofissão. Uma vez por mês, ele realiza na suacasa de Uberaba, já adaptada para receber osconvidados, a festa Respect, que neste anocomemora a sua sétima edição. DJ Patife, entreuma turnê e outra, dá uma passadinha por aqui.Aliás, em uma das edições da festa Respectfoi comemorado o aniversário de Patife.

Fortemente influenciado pelo amigo,Tonto segue a linha House e Tecno House.Em sua casa não se toca Cds. O grande lanceé o disco de vinil, comprado em casase s p e c i a l i z a d a s .Tudo o que há denovo no estiloeletrônico pode serencontrado emdiscos de vinil.“Hoje parece fácilser DJ: basta baixaruma música em MP3 e enfiar uma batidas nomeio. Nâo é assim. DJ tem pesquisa ehistória.”, ressalta. Ele diz que não se podeconfundir um genuíno DJ, que pesquisa,estuda e ousa tendências novas, com os caça-níqueis que colocam uma música após outradesordenadamente, sem entenderem o quefazem. Tonto afirma que os DJs são apenasinstrumentos da indústria fonográfica, já quetocam apenas as músicas comerciais por elasimpostas. O DJ é um artista, mesmo que seuinstrumento seja a música eletrônica. A ordem

é ousar, criar tendências e estilos.E por falar em tendências e estilos, seria

surreal demais – se não tivesse acontecido:no Baile do Cowboy deste ano o som ficoupor conta da dupla Bruno e Marrone e… DJPatife. Isso mesmo. Prova mais que concretaque a linguagem musical ultrapassa toda equalquer barreira cultural. Rodrigo Tontocultiva genuina admiração pelo colega Patife,que lançou com Marky o álbum duploSambaloco, com músicas sofisticadas emelódicas. Patife, com vocal de FernandaPorto cantando Só tinha que ser com vocêde Tom Jobim, faz um mix do eletro com amúsica brasileira.

Atualmente, Rodrigo Tonto toca na boatepaulistana Namata Café, onde uma banda

formada por inte-grantes do Karnak eFunk como LeGusta também seapresenta no projetoVitrola Esterofônica.Está empenhado nofechamento de sua

parceria com a promoter Elaine Scalon paraprojetar tendas na versão do Skol Beats emUberaba. “Na Skol Beats, após o show do ZéRamalho, tendas com DJs estarão a disposiçãoda galera. Quero projetar o som, luz até o line-up, ou seja: apresentação dos DJs. É claro quequero trazer os “tops” prá festa!”, Tonto avisaanimado. Ressalta que nem sempre um eventocaro significa qualidade. “ Nós DJs preferimostocar para uma só pessoa que curte e entende orecado, do que para uma pista cheia de milpessoas que não estão nem aí”, finaliza.

A música eletrônicavirou uma patifaria…. . . . . . E . . . . . . deixa . . . . . . todo . . . . . . mundo . . . . . . tonto . . . . . .

Papo EletroAfter hour – festas organizadas em clubes

que geralmente começam ás 4 da manhã evão até o final da tarde.

Rave – festas feitas longe de centrosurbanos que iniciam às 8 da noite de umdia e terminam ás 15 horas do outro dia.

Club – casa noturna, onde se encontra umtipo de tribo.

Cyber – garotos num estilo futurista,geralmente com coturnos, roupa preta e estilomoicano.

Trance – feminino de cyber. Elas usam saiascoloridas, botas, tranças e óculos coloridos.

Dub – estilo musical que usa as batidas doreggae.

4 x 4 – sabe aquela batida “tuntistun” ? é a 4x 4 . Encontra-se no Tecno, House e Trance.

Trance – música cadenciada que leva aspessoas a um “transe”. Um exemplo é JunoReactor, papa do gênero.

Techno – composições produzidas commaterial sintetizado ( teclados,computador). Geralmente não hávocal.Beat – batida, ritmo.

Sampler – formato diferenciado de umamúsica, distorção do som para alcançar umresultado diferenciado.

Chart – relação de músicas favoritas de um DJ.Lema da tribo – Peace/ Love/ Union/

Respect and Resistence ( Paz/ Amor/ União/Respect and Resistence.

www.namata.com.brwww.geocities.com/djtontobr

fotos: arquivo pessoal

Tonto na Mata Café

Tudo o que há de novono estilo eletrônicopode ser encontradoem discos de vinil

“Hoje parece fácil ser DJ: bastabaixar uma música em MP3 e enfiaruma batidas no meio. Nâo é assim.DJ tem pesquisa e história”

DJ Tonto em ação

Bate-estaca

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Fernando Machado6º período de Jornalismo

O livro A Luta do norte-americanoNorman Mailer não é uma reportagemordinária: o livro, na verdade, é um disco deblues. Ou então um livro para se ouvir comose ouve rádio: imaginando, visualizando ascenas, ouvindo as vozes e todo o barulho queenvolveram o confronto entre Mohamed Alie George Foreman em 1969, no Congo. Nãoé difícil perceber que algumas letras decanções de blues norte-americano não sediferem muito de algumas das maislamentáveis composições baianas decarnaval. Quase sempre a única diferença é aforça da palavra empregada e os sentimentosque vêm embutidos nas notas. Ao reportar aatmosfera de uma luta de boxe – quesimbolizou um embate entre o establishmentnorte-americano, representado pelo hojepastor presbiteriano George Foreman e a ânsiade liberdade do povo negro, incorporada nafigura de Ali, um negro muçulmano incutidode libertar seu povo da opressão social –Mailer escolhe as me-lhores notas e aspalavras mais pode-rosas, o mesmo que faznascer o melhor bluesde seus melhores instru-mentistas.

A narrativa tambémé completamente diferente das usadas nasreportagens convencionais: Normam deixa a

si próprio em observação na terceira pessoa,atuando como personagem ao lado dosprotagonistas. “Na noite em que correra com

Ali – cinco noites atrás?– , Ali dissera, depois:“Para você será umagrande experiência sa-ber que correu com oCampeão só alguns diasantes da luta”, e naquelemomento pensara que

havia sido um comentário peculiarmentepesado, mas agora reconhecia que poderia ser

Um livro para se ouvirA Luta, de Norman Mailer, evoca imagens e sons do ringue de Mohamed Ali

possível que Ali tivesse acertado mais umavez – Nornam já começava a pensar naquilocom afeição”.

Nem a mais remota idéia de isençãoou de imparcialidade passou pela cabeçado autor quando escreveu o livro. Seriaimpossível e até desonesto para Normamesconder a preferência por Ali. Dois anosantes da luta na África, Mohamed tiveraseu t í tulo mundial revogado por serecusar a a tender a convocação doexérci to nor te-americano durante aGuerra do Vietnã, e Norman fora parar nacadeia por participar de manifestaçõescontra a mesma guerra.

O leitor – ou o ouvinte – entra em contatocom o poder da palavra através da fala dospersonagens e torna-se impossível não vê-los e ouvi-los em seus discursoscontundentes. Mailer sabe valorizar o modode expressão dos negros do mundo do boxe,espécie de irmãos dos negros do blues.Diferentemente dos colegas jornalistas, orepórter Mailer, um expoente do newjournalism, não tinha de obedecer nenhumprazo de entrega domaterial. E ao longo das222 páginas, paira acontradição do silêncio deForeman, “seu olhargrande, pesado como amorte, opressivo como obater da tampa da tumba”e o falatório incessante de Ali, um homemcrente da sua predestinação divina. Até o

final do livro, o leitor aguarda ansiosamenteo vencedor da luta e, assim como o autor,chega a temer por Ali, o negro que pretendia

cumprir os desígnios de seuDeus dentro do ringue.

*A Luta (The Fight)Norman Mailer, EUA,1975, 222 páginas

*Disponível na Biblioteca Central daUniversidade de Uberaba

Caricatura de Norman Mailer

A narrativa tambémé completamentediferente das usadas nasreportagens convencionais

“seu olhar grande,pesado como a morte,opressivo como o baterda tampa da tumba”

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Luís Flávio Assis Moura2º período de Jornalismo

(....)olho para os corvos que nãoexistem sobrevoando minha varanda, éuma escuridão enlouquecedora. Isso emplena tarde. E está chegando o inverno,é uma estação tão estranha o inverno.Vivo todos os dias esperando pelo friode junho, junho que amo tanto porrepresentar um intermezzo delicado. Éuma estação de allegros e minuetos,apesar da melancolia do frio. Então, eumesmo irei arriscar um allegro, não umallegro demasiadamente colorido, masalgo mais tranqüilo – um allegro semallegro, uma melodia cantabile, sem umesplendor colorido, mas uma melancoliaagradável. Começa assim: as pessoas seolham na rua e estou andandotranqüilamente, sem lágrimas e há umvento que corta meu rosto com tantaeducação, tanta polidez que eu sintovontade de agradecer – é tão belo ver obom grado da ação mais sutil de umfragmento da natureza, que se distanciade nós por nossa própria escolha. Amenina nasce chorando pela dor de seuspulmões, chora de fome e a mãe só fazamamentá-la com avidez, dando-se opróprio dever que substitui a placentaem sua consistência de leve colosso – oleite é algo tão denso. Enquanto isso,outras crianças nascem, da mesmaforma, famintas, doridas e dotadas deseu único instrumento de existência: oestertor.

E algumas delas estão em latas delixo, outras já nem têm mais comochorar, porque estão mortas de fome, osangue já não tem mais a força de pulsarcom o mundo, e uma pequena linha dateia sedosa da vida se desfaz com a tênuegraça de uma estrela que descansa umexato instante-já após sua supernova. Éum destino trágico, mas nada possofazer: somente esboço um melancólicoallegro que trai a natureza da música.

E as mães que não têm como dar avida aos filhos cantam, sob a águasalgada e corpórea que embebe seusrostos marcados a ferro com a culpa deum crime do qual elas não tiveramnenhuma culpa – a vida não pode serjusta, e a existência é feita dossobreviventes e dos preteridos. Desígnioperverso do Deus, mas ele sabe o quefaz. E eu? Nada posso fazer – mas é oallegro que as mães cantam, buscando a

salvação beatífica. Allegro em forma decantilena.

E os olhos frios e azulados da vidanoturna e as pequenas gaivotas que seamealham em volta dos céus de umazulado purpúreo, está tudo em volta deum simples momento, e as crianças querecebem o leite can-tam com seu corpopor ser descoberto amesma melodia queas mães africanasreverberam, e oribombo dos tam-bores que toca. Aplacenta une o sofri-mento, mas até issoé um sorriso, existir é algo que ultrapassaa compreensão para ser somente umritual maravilhoso e infinito. O viver é.

As crianças, as crianças que existem,com ou sem placenta, elas estão, estão,e aqueles que vêem as notas com dó epiedade de si, além do lá que abriga as

Um Allegro...*CADERNO LITERÁRIO

Noite - óleo de Simie Maryles (reprodução)

crianças esquecidas no sol. E o pianotoca, toca as notas todas, a menina quecanta como a ré que espera suacondenação em uma alegria melancólicapor estar viva – um assobio, um pequenoestalar da língua que gera a canção. Eisque a canção é tudo – o que existe em

volta dela é sim-plesmente a vida. Oreverberar dos sons,a música com osabor uno da vida,e ela continua, con-tinua e continua.

Acabou. Termi-nei este allegro.Coisa simples, allegro

sem allegro, sem a música, só aincompreensão das palavras de câmara– isto que te escrevo é música semmúsica, é a melodia que não existe masé ouvida quando não há sons – mas aindaé allegro, porque é uma espécie defelicidade desmaiada, a alegria que

precede a dor abundante e esplendorosado existir. Estou em paz agora. E seterminei o allegro, a música continua.Porque ela nunca começou, e nunca vaiacabar. Somente continua, continua,continua. Assim como eu. E como tu.Sempre existirá o és-tu. Até depois damorte. Porque viver é sempre morrer, ea morte é a vida que volta todos os diasdepois da escuridão. A escuridão quetanto me fascina.

*Trecho retirado de um “romance”escrito por mim há um ano. Aos que meleram durante este período, dedico estetexto a vós. Dedico este texto também – eespecialmente – a Maria AuxiliadoraGontijo, a Dôra, uma das professoras maisimportantes que já tive em minha vida.Minha gratidão, respeito e admiração sãopouco para fazer jus à sua riqueza deespírito.

estou andando tranqüilamente,sem lágrimas e há um ventoque corta meu rosto com tantaeducação, tanta polidez que eusinto vontade de agradecer

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