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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)

SUMÁRIO

Erosão e valoração econômica de reposição nutricional em solo cultivado comcana queimada e não queimada em Campos dos Goytacazes – RJ. Niraldo JoséPonciano, Ana Carolina Guzzo Monteiro, Sérgio Gomes Tosto, Paulo Marcelo deSouza, Cláudio Roberto Marciano

6 - 15

Sanidade, germinação e vigor de sementes de feijão crioulo submetidas atratamento químico e biológico. Diego Trentin, Daiani Brandler, Silvionei Webber,Maurício Albertoni Scariot, Paola Mendes Milanesi

16 - 25

Enxertia de tomateiro em solanáceas silvestres no controle da murchabacteriana. Bruno dos Santos Fernandes, Jânia Lília da Silva Bentes

26 - 32

Avaliação do desempenho e das características da carcaça de suínos, utilizandorações com ractopamina na fase de terminação. Joselaine do Amaral Barberato,Antônio Carlos de Laurentiz, Otto Mack Junqueira, Lúcio Francelino Araujo,Rosemeire da Silva Filardi, Alan Peres Ferraz de Melo, Marília Oliveira FerreiraSilva, Affonso dos Santos Marcos

33 - 40

Adequação do tratamento pré-germinativo para sementes de Tamarindus indicaL. Anne Kelly da Silva, José Maria Gomes Neves, Wagner Rogério Leocádio SoaresPessoa, Sebastião Pereira do Nascimento, Marcondes Araújo da Silva, PaulaAparecida dos Santos

41 - 48

Ocorrência da Brucelose Bovina em Alagoas. Rafael Cunha Amancio, EmersonIsrael Mendes, José de Melo Lima Filho

49 - 55

Monitoramento de grãos de soja (Glycine max L. Merril) armazenados em silosmetálicos. Leticia Almeida Sorano, Rienni de Paula Queiroz, Guilherme AraújoBrustolin

56 - 64

Qualidade fisiológica e fitossanitária de sementes tratadas de Eugenia dysentericaDC. durante armazenamento. Évelin Cristiane de Castro Silva, José Carlos MoraesRufini, Nádia Nardely Lacerda Durães Parrella, Wânia dos Santos Neves

65 - 75

Manejo alimentar de carpa comum (Cyprinus carpio): frequência alimentar eporcentagem de arraçoamento. Adilson Reidel, Anderson Coldebella, CezarFonseca, Jakeline Marcela Azambuja de Freitas, Arcangelo Augusto Signor

76 - 83

Lipídios para vacas leiteiras – desempenho e composição do leite. Dhemerson daSilva Gonçalves, Rogério Mendes Murta, Camila Marques Oliveira, Hélio OliveiraNeves, Antônio Eustáquio Filho, Thiago Carlos e Silva

84 - 91

Avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal: uma revisãosistemática. Bruno Machado Araújo, Gustavo Costa de Oliveira, Paulo HenriqueCatunda

92 - 105

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

A Revista Agrária Acadêmica é um periódico científicopublicado bimensalmente destinada a divulgação detrabalhos técnico-científicos nas áreas de Agronomia,Medicina Veterinária, Zootecnia, Engenharia Florestal,Ambiental, Pesca e áreas afins.

Poderão ser submetidos trabalhos regionais, nacionais einternacionais (Artigos de Revisão, Artigos Científicos,Educação Continuada, Relatos de Caso, Nota Prévia eComunicação) ainda não publicados, nem encaminhados aoutras revistas para o mesmo fim.

Os manuscritos devem ser enviados para o [email protected].

A iniciativa visa contribuir na atualização técnico-científica dos profissionais nas universidades,instituições de pesquisa, agências de fomento e extensão, bem como na iniciativa privada. Objetivatambém tornar a informação mais acessível aos profissionais de campo.

A revista permite acesso livre a todo seu conteúdo, para que a pesquisa seja acessível ao público e paraum melhor intercâmbio de conhecimento. Assim, acredita no maior número de leitores e maior citaçãode trabalhos dos autores.

O título abreviado da Revista é Rev. Agr. Acad., forma que deve ser usada em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas. O endereço para correspondência da Revista é Rua Rio Grande do Norte, 1342, Sala 3, Mercado, Imperatriz – MA, Brasil, CEP 65901-280.

Todos os artigos e relatos dessa publicação são de inteira responsabilidade de seus autores não cabendo nenhuma responsabilidade legal sobre o conteúdo à Revista ou à Editora.

Foi adotada a formatação em coluna única, o que facilita a leitura on-line.

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

A Revista agradece o apoio permanente dos membros do Conselho Editorial e do Comitê Científico. Agradece também aos autores pelo envio dos trabalhos.

ISSN 2595-3125

DOI 10.32406

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CONSELHO EDITORIAL

EDITORES

Jailson Honorato – Doutorado em Ciência Animal – UI / USA

Luiz André Rodrigues de Lima – Doutorado em Biociência Animal – UFRPE

CONSELHO EDITORIAL

Alexander Stein de Luca (IFMT) – Doutorado em Ciências Biológicas – UFSCAR

Ana Maria Quessada (UNIPAR) – Doutorado em Medicina Veterinária – UNESP

André da Cruz França Lema (IFSULDEMINAS) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UNESP

Bruno Gomes Cunha (INCRA) – Doutorando em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) – UFS

Carlos Frederico de Souza Castro (IFGOIANO) – Doutorado em Química – UnB

Cícero Soares dos Santos (SENAR) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI

Clauber Rosanova (IFTO) – Doutorando em Ciências do Ambiente – UFT

Claudia Marinovic (FESAR) – Doutorado em Anatomia Animal – USP / Pós-Doutorado em Patologia Animal – UFT

Claudio Belmino Maia (UEMA) – Doutorado em Fitopatologia – UFV

Cristy Handson Pereira dos Santos (UNISULMA) – Mestrado em Tecnologia Ambiental – UFLA

Daniel Sá Freire Lamarca (ESALQ-USP) – Doutorando em Engenharia de Sistemas Agrícolas (ESALQ-USP)

Déborah Nava Soratto (UFMS) – Doutoranda em Ciência Florestal – UFV

Deyse Naira Mascarenhas Costa (UNITINS) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI

Edineia Goedert (UFPE) – Mestrado em Bioquímica e Fisiologia – UFPE

Elton Lima Santos (UFAL) – Doutorado em Zootecnia (Nutrição Animal) – UFRPE

Erasto Viana Silva Gama (IFBAIANO) – Doutorado em Ciências Agrárias – UFRB

Fábio Adriano Santos e Silva (IFGOIANO) – Doutorando em Ciências Agrárias – (IFGOIANO)

Fábio Janoni Carvalho (IFTM) – Doutorando em Agronomia (Fitotecnia) – (UFU)

Florisval Protásio da Silva Filho (IFMA) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UFRPE

Gabriela Braga de Sá (UFCG) – Mestranda em Ciências Florestais – UFCG

Givago Coutinho (UFLA) – Doutorado em Agronomia (Fitotecnia) – (UFLA)

Hébelys Ibiapina da Trindade (IFMA) – Doutorado em Ciência Animal (UFPI)

Itamara Gomes de França (UFMA) – Doutoranda em Biotecnologia – BIONORTE – UFMA

Izidro dos Santos de Lima Junior (IFMS) – Doutorado em Agronomia – UFGD

Luzimary de Jesus Ferreira Godinho Rocha (IFMA) – Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos – UNESP

Norivaldo Lima Santos (EMDAGRO) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UFPB

Rosana Leo de Santana (UFRPE) – Doutorado em Ciência Veterinária – UFRPE

Sarah Jacqueline Cavalcanti da Silva (UFAL) – Doutorado em Fitopatologia – UFRPE

Silvia Cristina Vieira (COATER) – Mestrado em Agronegócio e Desenvolvimento – UNESP

Yamê Fabres Robaina Sancler da Silva (UFV) – Doutorado em Ciência Veterinária – UK / USA

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CHAMADA PÚBLICA 04/2018 – SUBMISSÃO DE ARTIGOS – Novembro/Dezembro 2018

A Revista Agrária Acadêmica está recebendo artigos para a edição de Novembro/Dezembro 2018. Osautores interessados em submeter artigos para publicação devem encaminhar seus trabalhos para o e-mail [email protected]. Para essa edição, o prazo para submissão de trabalhos é até a data de 24de Outubro de 2018. Mais informações estão disponíveis em normas para publicação.

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/6-15/agrariacad

Erosão e valoração econômica de reposição nutricional em solo cultivado com canaqueimada e não queimada em Campos dos Goytacazes – RJ

Erosion and economic valuation of nutritional supplementation in cultivated soil with burned and non-burned sugarcane in Campos dos Goytacazes – RJ

Niraldo José Ponciano1, Ana Carolina Guzzo Monteiro2, Sérgio Gomes Tosto3, Paulo Marcelo de Souza4, Cláudio Roberto Marciano5

1- Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected] Doutoranda em Produção Vegetal – UENF, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected] Pesquisador Doutor da Embrapa Monitoramento por Satélite, Campinas, SP. E-mail: [email protected] Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected] Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected]___________________________________________________________________________________

ResumoÉ inquestionável a eficiência do Brasil na produção de açúcar e de etanol, no entanto, ainda persiste os desafios do manejoda queima da palhada na pré-colheita da cana-de-açúcar que tem gerado externalidades negativas. A erosão hídrica é umadas formas mais agressivas de degradação ambiental e que causa prejuízos econômicos. Este trabalho foi realizado nomunicípio de Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil, com o objetivo de estimar as perdas de erosão do solo em uma áreaplantada com cana-de-açúcar sob dois tipos de manejo. A Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) foi usada para obteras taxas de erosão e o Método de Custo de Reposição (MCR) para efetuar a valoração econômica do serviço ecossistêmico.Os resultados mostram que a taxa de perda de solo da cana-de-açúcar queimada foi quatro vezes maior quando comparada àtaxa para a cana-de-açúcar colhida crua para ambas as áreas estudadas. O custo de reposição dos nutrientes perdidos nocultivo da cana-de-açúcar sob sistema de colheita com queima prévia foi de R$ 6,73 e R$ 15,91 por hectare de baixada etabuleiro, respectivamente, enquanto no sistema de colheita da cana crua o custo por hectare foi de R$ 1,66 para a baixada ede R$ 7,56 para o tabuleiro. Conclui-se que o sistema de manejo da colheita influencia ambientalmente na preservação dafertilidade do solo e no custo de adubação da cultura.Palavras-chave: Saccharum officinarum L., valoração ambiental, perda de nutrientes, sistema colheita de cana,conservação de solo

AbstractThe efficiency of Brazil in the production of sugar and ethanol is unquestionable, however, the challenges still remain forthe management of the burning of the straw in the pre-harvest of sugarcane, which has generated negative externalities.Water erosion is one of the most aggressive forms of environmental degradation and which has caused huge losses. Thiswork was carried out in the municipality of Campos dos Goytacazes, RJ, Brazil, in order to estimate soil erosion losses in anarea planted with sugarcane under two types of crop management. The Universal Soil Loss Equation (EUPS) was used toobtain the erosion rates and the Replacement Cost Method (MCR) to carry out the economic valuation of the ecosystemservice.The results show that the rate of soil loss from sugarcane burned was four times greater when compared to the ratefor sugarcane harvested raw for both areas studied. The replacement cost of lost nutrients in the cultivation of sugarcaneunder harvesting system with previous burning was R$6.73 and R$15.91 per hectare of lowland and coastal tableland,respectively, while in the sugarcane harvesting unburned system the cost per hectare was R$ 1.66 for the lowland and R$7.56 per hectare for the coastal tableland. It is concluded that the crop management system influences environmentally thepreservation of soil fertility and the cost of fertilization of the crop.Keywords: Saccharum officinarum L., environmental valuation, loss of nutrients, sugarcane harvesting system, soilconservation___________________________________________________________________________________

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

IntroduçãoO Brasil é o principal produtor mundial de cana-de-açúcar, nas últimas dez safras (no período

de 2009 a 2018) produziu uma média anual de 618,5 milhões de toneladas de cana em 9,6 milhões dehectares. Essa cana foi processada gerando anualmente uma média de 26,8 milhões de metros cúbicosde etanol total e 36,1 milhões de toneladas de açúcar (UNICA, 2018). Não se questiona a eficiência doBrasil na produção de açúcar e de etanol, que é o País com maior produtividade do planeta. Apesardeste progresso, ainda persiste alguns desafios no que se refere ao manejo de colheita da cana-de-açúcar, tradicionalmente realizada após a queima da palha e que tem sido gradativamente substituídapela colheita sem uso do fogo, reduzindo a emissão de gases e promovendo o aumento do estoque decarbono no solo.

Os trabalhos de Canellas et al. (2003), Luca et al. (2008), Galdos et al. (2010) e Azevedo et al.(2015) evidenciaram que a colheita da cana-de-açúcar sem queima da palhada aumenta a quantidade deC no solo. O carbono armazenado no solo encontra-se principalmente na forma de compostosorgânicos, englobando resíduos frescos ou em diferentes estádios de decomposição, compostoshumificados e materiais carbonizados que podem estar associados à fração mineral e à fauna(ROSCOE, MACHADO, 2002).

Prado et al. (2015) enfatizaram que as pressões antrópicas sobre os ecossistemas tem causadodegradação dos recursos naturais, redução da biodiversidade e redução do bem estar humano.Alterações climáticas tem afetado os componentes econômicos, sociais e ambientais. Os estudos deserviços ecossistêmicos e ambientais tem sido relevantes para a agricultura brasileira. Entre outros,podem ser considerados como serviços ecossistêmicos: controle da erosão, retenção e formação desolo, regulação de nutrientes, oferta de água, polinização e controle biológico (COSTANZA, 1994;COSTANZA et al., 1997; de GROOT et al., 2002).

Em se tratando de erosão do solo no Brasil, a erosão hídrica é considerada a mais importante etem causado graves prejuízos, tanto em áreas agrícolas quanto nas cidades. O fenômeno da erosãocaracteriza-se pelo desprendimento e arraste de partículas de solo, decorrentes da ação das chuvas,sendo que vários pesquisadores tem trabalhado neste tema. Barreto et al. (2009) verificaram que doisterços das publicações geradas sobre erosão em cinco décadas, entre 1950 e 2000, referiam-se à temasobre a Equação Universal de Perda de Solo e, também, à comparações de manejos agrícolasrelacionados à erosão de solo.

É oportuno enfatizar que embora o cálculo da taxa de perdas de solo por erosão seja um pontorelevante nos estudos ambientais, a valoração econômica dessas perdas devem ser consideradaigualmente importante, principalmente quando se verifica que há escassez de estudos com este fim. Avaloração econômica de serviços ecossistêmicos se constitui numa importante ferramenta, não só naorganização de informações como também no fornecimento de métricas referentes à perdas ambientaise econômicas, que são fundamentais para ações de planejamento e gestão sustentáveis dos recursosnaturais, assim como as tomadas de decisão.

Neste contexto, o principal objetivo do trabalho foi estimar as perdas de solo por erosão nossistemas de colheita de cana-de-açúcar com e sem queima da palha e avaliar economicamente essasperdas nos dois tipos de manejos na cultura da cana-de-açúcar.

Material e métodos

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Os talhões com cana colhida crua têm sido cultivadas por 18 anos consecutivos utilizando essemanejo e os talhões que utilizam a queima antes da colheita de cana tem sido cultivadas com estemanejo por 20 anos consecutivos. A área de estudo, ilustrada na Figura 1, localiza-se no Município deCampos dos Goytacazes, RJ, incluindo talhões agrícolas cultivados com cana-de-açúcar, inseridos tantono ecossistema da Baixada Campista (de relevo plano e solos de textura argilo-siltosa, geralmenteclassificados como Cambissolos Háplicos) quanto no ecossistema dos Tabuleiros Costeiros (de relevosuave ondulado a ondulado e com solos de textura média/argilosa, geralmente Argissolos Amarelos eLatossolos Amarelos).

Figura 1. Talhões cultivados com cana-de-açúcar na área de estudo (imagem de satélite de altaresolução - Quick Bird, pixel 0,6 m por 0,6 m)

Segundo Lumbreras et al. (2003), o clima da Região Norte Fluminense é, de acordo com aclassificação de Koppen, do tipo Aw, quente e úmido, com período seco bem definido nos meses demaio a agosto, com ocorrência frequente de veranicos nos meses de janeiro e fevereiro. A temperaturamédia anual varia de 24-25 ºC. A precipitação média anual é de 1.080 mm, concentrando-se no períodode outubro a janeiro (OMETTO, 1981).

Utilizou-se no presente trabalho o Método do Custo de Reposição (MCR), que se caracterizapelos cálculos das perdas de solo, transformadas em perdas de nutrientes que devem serproporcionalmente repostos por meio de adubação com fertilizantes comerciais (Tôsto et al., 2009).Foram avaliados as taxas de erosão do solo (determinada a partir da EUPS - Equação Universal dePerda de Solo), dados de produção e de perda de nutrientes e de atributos edáficos da região.

Para Souza Lima (2004) deve se internalizar as externalidades pelo estabelecimento de preçosdo mercado. Nesse sentido, a partir das perdas físicas de solo expressas em t/ha/ano, calculou-se asperdas de nutrientes, utilizando os dados sobre o teor dos nutrientes: N, P, K, Ca e Mg para o cálculo,

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tendo por base os dados sugeridos por Bellinazzi Jr. et al. (1981). O total da perda dos nutrientes foitransformado em fertilizantes por meio de coeficientes técnicos da cultura na região. A equação docusto de reposição permitiu estimar o valor econômico das perdas de nutrientes do solo:

CR=∑ Pn∗Qn+CafnCR = Custo de Reposição, em R$/MgPn = Preço dos Fertilizantes, em R$/MgQn = Quantidade de fertilizante, em MgCafn = Custo da aplicação de fertilizantes, em R$/Mg

É importante destacar que a compreensão dos resultados obtidos a partir do cálculo davaloração econômica deve ser interpretada com os devidos cuidados, parte dos resultados da aplicaçãoprática das técnicas de valoração ambiental pode não refletir um único valor que represente oecossistema como um todo. Nesse sentido, atribuíram valores monetários a determinados serviçosambientais, colaborando na análise das motivações econômicas que levam à decisão do melhor uso dasdiferentes formas de sistema de manejo do solo.

Estimou-se a taxa de erosão do solo por meio da equação universal da perda de solo, na qual aperda média anual de solo foi obtida pelo produto de seis fatores determinantes, de acordo com aequação abaixo:

A= R*K*L*S*C*PA= Perda anual de solo, em Mg/ha.anoR= Fator erosividade da precipitação e da enxurrada, em MJ.mm/ha.h.anoK= Fator erodibilidade do solo, em Mg/ha (MJ/ha.mm/ha)L= Fator de comprimento da encosta, (adimensional) S= Fator grau de declividade, (adimensional) C= Fator de cobertura e manejo da cultura, (adimensional) P= Fator prática de controle de erosão, (adimensional)

Os fatores R, K, L e S dependem das condições naturais do clima, do solo e do relevo, edefinem em conjunto o potencial natural de erosão. Utilizou-se os fatores L e S combinados, já queestão diretamente vinculados à topografia. Os fatores C e P são antrópicos e se relacionam com asformas de ocupação e manejo das terras.

Os dados necessários para o cálculo do custo de reposição foram os seguintes: a área totalocupada com cana-de-açúcar colhida crua e queimada, as taxas de erosão do solo (determinada a partirda EUPS - Equação Universal de Perda de Solo), a composição do solo em termos de nutrientes, omontante de fertilizantes utilizados pelos sistemas de produção, os preços pagos na aquisição defertilizantes e o preço pago para aplicação destes fertilizantes. As cotações dos insumos e da mão deobra foram para o ano de 2015, no Município de Campos dos Goytacazes, RJ.

Resultados e discussão

Os resultados deste trabalho podem contribuir não apenas no acervo de conhecimento de áreasde pesquisa, mas também servir de parâmetros para tomadas de decisão com vistas à adoção de práticasconservacionistas e subsidiar planos de uso sustentáveis em propriedades agrícolas.

Estimou-se a taxa de erosão nas áreas de baixada e de tabuleiros dos talhões cultivados comcana-de-açúcar nos sistemas de colheita de cana crua e queimada. Para área de baixada, as estimativas

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da taxa de erosão hídrica do solo para o uso com cana crua foi de 2,08 t ha-1 ano-1 e para o uso com canaqueimada foi de 8,34 t ha-1 ano-1. Para área de tabuleiro esta taxa foi maior para ambos os sistemas decolheita, devido principalmente a maior declividade do terreno. As taxas para cana crua e queimadaforam respectivamente de 3,94 t ha-1ano-1 e 15,76 t ha-1 ano-1.

Utilizando a EUPS foi encontrada uma diferença significativa para a taxa de perda de solo paraos dois sistemas de colheita da cana em ambas as áreas. Os fatores que mais contribuíram para estadiferença são os antrópicos, o fator C que corresponde ao fator uso e manejo do solo e o fator P querepresenta as práticas conservacionistas. São fatores importantes na comparação da mesma cultura comsistemas de manejos distintos. O emprego dessas práticas de manejo que preserva o ambiente minimizao impacto da erosão hídrica no solo.

Tôsto et al. (2009), utilizando a EUPS e o método do custo de reposição de nutrientes, noMunicípio de Araras – SP, estimaram que a taxa de perda de solo para o cultivo da cana mecanizada equeimada foram 3,90 t ha-1 ano-1 e 14,90 t ha-1 ano-1, respectivamente. Nota-se que estes valores foramrelativamente próximos ao da pesquisa em Campos dos Goytacazes e evidencia a confirmação de que aforma de manejo influencia as taxas de erosão e perda de solo no sistema de colheita de cana.

Os resultados da pesquisa estão de acordo com os analisados por Canellas et al. (2007), queobservaram melhora na qualidade da matéria orgânica em áreas de cana crua, que pode ser atribuída aum aumento significativo na quantidade de carbono de compostos aromáticos, e que está relacionadocom o processo de humificação e estabilização da matéria orgânica do solo.

Wang et al. (2006) apontaram benefícios potenciais associados às lavouras sob manejoconservacionista, como sequestro de carbono, disponibilidade de nutrientes e resposta da produção.Canellas et al. (2003) revelaram que os nutrientes são mais facilmente assimiláveis pela cultura dacana-de-açúcar, o que pode reduzir a aplicação de fertilizantes químicos, além de aumentar o tempo derenovação da lavoura.

As tabelas 1 e 2 apresentam os resultados da mensuração de perdas totais de solos e nutrientes,nos manejos que adotam colheita de cana-de-açúcar crua e de queima na pré-colheita, em áreas debaixada e de tabuleiro no Município de Campos dos Goytacazes. A área de cana colhida crua nomunicípio é menos de 20% da área total. Comparou-se a perda por hectare e verificou maior perda denutrientes na área do sistema de colheita da cana queimada.

Tabela 1. Perda média anual de solo e de nutrientes em área de um hectare de baixada

Perda solo e nutrientes Cana crua (kg ha-1 ano-1) Cana queimada (kg ha-1 ano-1)

Perda de solo 2.080,000 8.340,000

Perda de N 0,269 1,084

Perda de P 0,067 0,275

Perda de K 0,233 0,942

Perda de Ca + Mg 1,683 6,755

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A região de baixada é constituída principalmente da classe de solo cambissolo, que apresentauma percentagem média no teor de nutrientes superior ao tipo de solo da região caracterizada comotabuleiro, onde as classes de solo predominante são os argissolos e latossolos. A maior taxa de perda desolo para região de tabuleiro pode ser atribuída às maiores erodibilidade, declividade e comprimento derampa. Enquanto que as áreas de baixada cultivadas com cana possuem declividades mais amenas,entre 0 e 3% de declive. Essa é a principal razão de menores movimentações de solos nas áreas debaixada, e consequentemente menores perdas de solos e de nutrientes.

Tabela 2. Perda média anual de solo e de nutrientes em área de um hectare de tabuleiro

Perda solo e nutrientes Cana crua (kg ha-1 ano-1) Cana queimada(kg ha-1 ano-1)

Perda de solo 3.940,000 15.760,000

Perda de N 1,024 4,097

Perda de P 0,050 0,205

Perda de K 1,717 2,049

Perda de Ca + Mg 4,798 10,874

Andrade et al. (2011) verificaram impactos técnico e econômico das perdas de solo e denutrientes por erosão no cultivo da cana-de-açúcar no Município de Catanduva, SP, em dois sistemas decolheita de cana crua e queimada. Os resultados foram semelhantes inclusive com valoresrelativamente superiores em perda de fósforo, de cálcio e de magnésio em relação aos valores dopresente trabalho. Os valores mais elevados de perdas de cálcio e de magnésio, em Catanduva, SP,podem ser atribuídos ao relevo relativamente mais inclinado.

Pugliesi et al. (2011) estimaram as perdas de nutrientes do solo sob diferentes formas de cultivode milho em seis safras, no período de 1990 a 1996. Observou que os tratamentos denominadosconservacionistas obtiveram as menores perdas de nutrientes em relação aos tratamentos convencionaisde manejo do solo. O valor da perda total de nitrogênio por hectare no tratamento conservacionista foide 9,39 kg ha-1, enquanto que no tratamento convencional foi de 44,26 kg ha-1. Esses valores foramsuperiores aos resultados encontrados no presente trabalho, mas com semelhança na proporção, no qualconstata perda de nutrientes inferiores nas áreas com práticas conservacionistas.

As tabelas 3 e 4 apresentam os resultados das quantidades necessárias de fertilizantes químicospara reposição da fertilidade do solo perdida no processo de erosão nos dois sistemas de colheita dacana para as duas áreas estudadas. A quantidade de fertilizante utilizada para repor os nutrientesperdidos em ambas as áreas nos fornece um indicativo monetário, que permite inferir em relação aosprocessos antrópicos que têm causado erosão na região estudada.

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Tabela 3. Quantidade média de fertilizantes para reposição dos nutrientes perdidos por erosão noscultivos de cana, em kilograma por hectare na baixada

Reposição de nutrientes Colheita cana crua (kg) Colheita cana queimada (kg)

Sulfato de amônia

(45% N)0,598 2,409

Superfosfato simples

(18% P2O5)0,372 1,528

Cloreto de potássio

(60% K2O)0,388 1,571

Calcário dolomítico

(28% CaO + 16% MgO)3,825 15,353

Tabela 4. Quantidade média de fertilizantes para reposição dos nutrientes perdidos por erosão noscultivos de cana, em kilograma por hectare no tabuleiro

Reposição de nutrientes Colheita cana crua (kg) Colheita cana queimada (kg)

Sulfato de amônia

(45% N)2,276 9,105

Superfosfato simples

(18% P2O5)0,278 1,138

Cloreto de potássio

(60% K2O)2,862 3,414

Calcário dolomítico

(28% CaO + 16% MgO)10,905 24,713

Os resultados indicam que os produtores locais continuam adotando práticas rudimentares comoa utilização de fogo na colheita da cana. A adoção da modernização da colheita da cana adicionada coma utilização de práticas conservacionista diminuiria a taxa de perda de solo, resultando em umaeconomia em longo prazo.

Bertol et al. (2007) analisaram as perdas de nutrientes e calcularam o custo financeiro dosuperfosfato triplo (P), cloreto de potássio (K) e de calcário (Ca e Mg), perdidos na erosão hídrica, emtrês sistemas de manejo do solo. No preparo convencional perderam-se US$ 24,94 por ano em cadahectare. No sistema de preparo mínimo, a perda foi de US$ 16,33 e no sistema semeadura direta, asperdas foram de US$ 14,83 por hectare por ano.

Utilizou-se o preço médio dos fertilizantes, sulfato de amônia, superfosfato simples, cloreto depotássio e do calcário dolomítico, para o ano de 2015, cotado no comércio de Campos dos Goytacazes.Para efeitos comparativos, calculou-se o custo de reposição dos nutrientes por hectare de área cultivadacom cana colhida crua e queimada para as regiões de baixada e tabuleiro, utilizando a média dos preços

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juntamente com a adição do custo de aplicação dos fertilizantes e do calcário. A tabela 5 apresenta aestimativa do custo de reposição de nutrientes incluindo o custo da aplicação dos mesmos, por hectare epor tipo de uso de solo na região.

Tabela 5. Estimativa do custo médio de reposição de nutrientes em área de um hectare de acordo com osistema de colheita de cana, em Campos dos Goytacazes - RJ.

Sistema de uso do solo e manejo Custo de reposição de nutrientes (R$ * ha-1)

Cana crua - Baixada 1,66

Cana queimada - Baixada 6,73

Cana crua - Tabuleiro 7,56

Cana queimada - Tabuleiro 15,91

Observa-se que o custo de reposição de nutrientes no cultivo da cana queimada é de cerca de75% maior quando comparado ao sistema de colheita da cana crua, nas áreas de baixadas e em torno de53% nas áreas de tabuleiros. Verifica-se gasto quatro vezes maiores para reposição dos nutrientesperdidos em função da queima da palha que protege a camada superficial do solo.

Os resultados evidenciaram argumentos favoráveis à modernização da colheita da cana e aomanejo conservacionista do solo. Dessa forma, constata a importância de pesquisas que utilizam ométodo de valoração econômica na estimativa de parâmetros responsáveis pela adoção de manejoracional, objetivando à sustentabilidade econômica, social e ambiental da cultura.

Rodrigues et al. (2009) verificaram, por meio do MCR, os custos ambientais ocasionados pelasexternalidades negativas da expansão da produção de soja em áreas de cerrados. Os custos ambientaisanuais no sistema de plantio convencional foram de R$ 169.415,50, sendo que por hectare este custofoi de R$ 4,58. Por outro lado, aplicando-se o sistema de plantio direto, o valor global diminui para R$4.294,37 ao ano, correspondendo a um custo médio por hectare de R$ 0,12.

Signor et al. (2016) avaliaram atributos químicos do solo em sistemas de colheita de cana-de-açúcar com ou sem queima. Observaram que o estoque de carbono a 0,0–0,3 m de profundidade, naárea queimada, foi 22% menor do que na área sem queima, aos 6 anos, e 43% menor, aos 12 anos. Osmaiores graus de humificação ocorreram na área sem queima por 19 anos. Constataram-se que afertilidade do solo aumentou em áreas de cana-de-açúcar sem queima, em razão da matéria orgânica dosolo mais humificada e da maior quantidade de grupamentos carboxílicos e fenólicos. Luca et al (2008)também encontraram resultados semelhantes, no qual o manejo sem queima da cana-de-açúcar resultouem melhorias nas propriedades dos solos com aumento do sequestro de carbono e de nitrogênio nacobertura e nas camadas superficiais dos solos.

A queima pré-colheita da cana-de-açúcar ainda é uma prática utilizada pela grande maioria dosprodutores da Região Norte Fluminense, com o intuito de facilitar e agilizar a colheita. Contudo estaprática ocasiona diversos impactos negativos, promovendo o empobrecimento do solo, prejudicando a

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ciclagem e a disponibilidade dos nutrientes. Há que se mencionar, ainda, que perdas de nutrientes porvolatilização durante a queima não foram contabilizados no presente trabalho, o que concorreria parauma vantagem financeira ainda maior em favor da cana colhida crua.

Essa prática tem provocado maior utilização de agrotóxicos (inseticidas e herbicidas) para ocontrole de pragas e de plantas invasoras que colonizam o solo rapidamente por não necessitarem degrande disponibilidade nutricional, afetando a própria sustentabilidade da cultura. Por outro lado, temocorrido pressão de alguns membros do Ministério Público por meio de ações judiciais, pela ação dascomunidades preocupadas com os efeitos negativos sobre a saúde, a segurança e o meio ambiente.

Conclusões

Constatou-se maior taxa de erosão do solo e perda mais elevada de nutrientes no sistema decolheita de cana queimada. Da mesma forma, ocorreu maior taxa de perda de solo para as áreas detabuleiro em comparação com as áreas de baixada, o mesmo ocorreu para os nutrientes nitrogênio,fósforo, potássio, cálcio e magnésio.

Para as áreas de baixada, o custo para reposição dos nutrientes sob sistema de colheita comqueima prévia foi quatro vezes maior do que no sistema de colheita da cana crua. Para as áreas detabuleiro o custo de reposição ainda foi maior em comparação com baixada.

A limitação do trabalho passa pela utilização de métodos reducionistas de economia ambiental.A valoração de nutrientes perdidos não reflete a totalidade de serviços ecossistêmicos ofertados pelosolo, pois outros benefícios relacionados a estruturação e a indicadores biológicos e ecológicos nãoforam totalmente captados pelo método de reposição.

Para pesquisas futuras, sugere-se avaliar os principais fatores técnicos que afetam a implantaçãodo sistema de colheita mecanizada da cana crua na região. Analisar possíveis externalidades negativasrelacionadas ao meio ambiente em conjunto com os fatores de competitividade que possa contribuirpara a viabilidade econômica da cultura acompanhada dos benefícios sociais e ambientais.

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Recebido em 23/08/2018Aceito em 10/09/2018

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/16-25/agrariacad

Sanidade, germinação e vigor de sementes de feijão crioulo submetidas atratamento químico e biológico

Sanity, germination and vigor of creole bean seeds submitted to chemical and biological treatment

Diego Trentin1, Daiani Brandler2, Silvionei Webber1, Maurício Albertoni Scariot3, Paola Mendes Milanesi4

1- Bacharel em Agronomia; Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Erechim, RS, Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected] 2- Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental (UFFS), Campus Erechim, RS, Brasil. E-mail: [email protected] Doutorando em Fitotecnia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected] Professora Adjunta, Laboratório de Fitopatologia (UFFS), Campus Erechim, RS, Brasil. Autor correspondente: [email protected]

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ResumoVariedades crioulas são importantes para a sobrevivência da agricultura familiar e por se tratar de uma produção de baixoinvestimento tecnológico, sendo a semente um potencial dispersor de patógenos, objetivou-se avaliar a microbiolização comTrichoderma harzianum, comparado ao tratamento químico, sobre a sanidade, germinação e vigor de sementes devariedades crioulas de feijão “Cavalo” e “Chumbinho” (grupo tipo carioca e preto, respectivamente). Estas foram recobertascom: T1) tratamento químico; T2) tratamento biológico; e T3) testemunha. O tratamento biológico (T2) reduziu a incidênciados fungos associados às sementes das variedades estudadas. Todavia, na dose de 200 mL de produto comercial houveredução no percentual germinativo e aumento de plântulas anormais.

Palavras-chave: Microbiolização, qualidade fisiológica, Trichoderma harzianum, variedades crioulas

Abstract Creole varieties are important for the survival of family farms and because it is a low technology investment, being the seeda potential dispersant of pathogens, the objective was to evaluate the microbiolization with Trichoderma harzianum,compared to the chemical treatment, sanity, germination and vigor of seeds of creole bean varieties "Cavalo" and"Chumbinho" (group type carioca and black, respectively). These were covered with: T1) chemical treatment; T2) biologicaltreatment; and T3) control. The biological treatment (T2) reduced the incidence of fungi associated with the seeds of thestudied varieties. However, at the dose of 200 mL of commercial product there was reduction in germination percentage andincrease of abnormal seedlings.

Keywords: Microbiolization, physiological quality, Trichoderma harzianum, creole varieties___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoAs variedades tradicionais, caseiras, landraces (raças da terra) ou crioulas são importantes para

a sobrevivência do agricultor familiar, haja vista que estas irão gerar a sua própria alimentação, dascriações, a manutenção de tradições, cultura e costumes, além de ser uma fonte de renda (PELWING etal., 2008; ANTONELLO et al., 2009). Quando utilizadas pelos agricultores, oriundas de safrasanteriores e sucessivamente selecionadas, podem ser caracterizadas como sementes crioulas (COELHOet al., 2010).

Como vantagens, o uso destas sementes pode trazer sustentabilidade de produção, maiorresistência a doenças e pragas e podem ser armazenadas para safras seguintes, diminuindo os custos deprodução (CARPENTIERI-PÍCOLO et al., 2010), além de serem importantes para a conservação dadiversidade genética intraespecífica.

Contudo, existem dúvidas sobre a utilização de sementes crioulas com relação a sua qualidade,o que pode refletir em baixa germinação e prejuízos ao estabelecimento da cultura, afetando suaprodutividade (MICHELS et al., 2014). Por se tratar de uma produção familiar, que usufrui de poucosrecursos tecnológicos, pode ocorrer maior propensão à disseminação de patógenos através destassementes, visto que ainda pouco se conhece sobre sua qualidade sanitária e fisiológica (CATÃO et al.,2013).

As sementes podem atuar como agentes dispersores de fitopatógenos, introduzindo doenças emáreas isentas e acarretando consequências epidemiológicas (JUNGES et al., 2014). Com isso, um dosmétodos que pode ser empregado para minimizar a disseminação de patógenos é o tratamento desementes, que se torna muito importante porque assegura a manutenção da qualidade fisiológica e dovigor.

A utilização de fungicidas no tratamento de sementes é uma prática bem difundida e jáestabelecida, mas pelo elevado custo desse tratamento convencional e o crescente consumo dealimentos orgânicos em busca de sustentabilidade, há necessidade de estudos que avaliem outrosprodutos que possam ser empregados para o tratamento de sementes (FLÁVIO et al., 2014). Assim, aaplicação de bioprotetores formulados a partir de agentes de controle biológico (microbiolização) emtratamento de sementes pode ser um método atrativo (GAVA; PINTO, 2016), haja vista que estesprodutos surgiram visando à redução do uso de agrotóxicos, diminuição dos riscos aos agricultores eimpactos ambientais (HENNING et al., 2009).

A microbiolização é uma técnica cujo princípio é a aplicação de micro-organismos benéficossobre as sementes, a fim de efetuar o controle de fitopatógenos e, adicionalmente promover ocrescimento de plântulas (MELLO, 1996). Neste sentido, o emprego de Trichoderma spp. através dessatécnica vem apresentando resultados promissores na promoção e crescimento de plântulas de milho,com redução do uso de agrotóxicos (JUNGES et al., 2014).

Sendo assim, objetivou-se avaliar a microbiolização com Trichoderma harzianum comparadoao tratamento químico sobre a sanidade, germinação e vigor de sementes de variedades crioulas defeijão.

Material e métodosO experimento foi conduzido em Erechim, RS (27° 37’ 50” S, 52° 14’ 11” O; altitude: 753 m),

na safra 2015/16. O clima do local é do tipo Cfa (clima temperado úmido com verão quente) conformeclassificação estabelecida por Köeppen, nos quais as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano(CEMETRS, 2012). O solo é do tipo Latossolo Vermelho Alumino férrico húmico (Oxisol)

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(EMBRAPA, 2013) e, conforme análise (profundidade 0,00-0,10 m), apresentou a seguintecaracterização química: pH: 5,4; matéria orgânica (MO): 3,6%; P: 5,7 mg dm -3; K: 89 cmolc dm-3;Al: 0,2 cmolc dm3; Ca: 5,6 cmolc dm-3; Mg: 2,8 cmolc dm-3; e CTC: 14,2 cmolc dm-3.

Foram utilizadas sementes de feijão crioulo, variedades “Cavalo” e “Chumbinho” (tipocarioca, ciclo de 55 dias e tipo preto, ciclo de 70 dias, respectivamente), adquiridas de umapropriedade familiar localizada na Linha Napoleão, município de Severiano de Almeida, RS, no anode 2015. Os tratamentos de sementes avaliados foram: T1) tratamento químico (fungicidaspiraclostrobina e metil tiofanato + inseticida fipronil); T2) tratamento biológico (produto à base deTrichoderma harzianum); e T3) testemunha (sem recobrimento), em esquema fatorial 3 x 2(tratamentos de sementes x variedades).

Para o tratamento químico (T1) foi utilizada a dose de 200 mL p.c./100 kg (100 mL i.a./100 kg)de sementes de feijão e, com relação à aplicação do tratamento à base de Trichoderma harzianum (T2)foi considerada a quantidade de 200 mL p.c./100 kg de sementes. As doses utilizadas seguiram arecomendação da bula dos produtos, No tratamento testemunha, foi feita apenas a adição de águadestilada e esterilizada, considerando-se o mesmo volume aplicado em T1 e T2.

Para a aplicação dos tratamentos químico e biológico, as sementes foram acondicionadas emsacos plásticos e após a adição dos respectivos tratamentos, foram agitadas para a mistura dos mesmosaté a completa cobertura das sementes. Antes da aplicação de cada tratamento, as sementes passarampor uma assepsia superficial, utilizando-se uma solução de álcool (70%) por 1 min, seguida porhipoclorito de sódio (1%) por 1 min e, na sequência, enxágue em água destilada e esterilizada (1 min).Para avaliação do desempenho dos tratamentos sobre as sementes de variedades crioulas de feijão, osseguintes testes foram realizados em duplicata:

Teste de sanidade: conforme metodologia adaptada do Manual para Análise Sanitária deSementes (BRASIL, 2009a), com oito repetições de 25 sementes de cada variedade. As sementes foramcolocadas em caixas “gerbox”, previamente desinfestadas com álcool (70%) e hipoclorito de sódio(1%), contendo duas folhas de papel germitest esterilizado. Após este procedimento, as sementes foramincubadas a 20 ± 2º C, com fotoperíodo de 12 h, durante sete dias e analisadas, com o auxílio demicroscópio estereoscópico e ótico. As estruturas morfológicas dos fungos foram observadas eidentificadas em nível de gênero, com o auxílio de bibliografia especializada (BARNETT; HUNTER,1999; BRASIL, 2009a), determinando-se o percentual de incidência de cada gênero fúngico portratamento.

Teste de germinação: oito repetições de 25 sementes para a variedade “Cavalo” e quatrorepetições de 50 sementes para a variedade “Chumbinho”, foram semeadas sobre duas folhas de papelgermitest esterilizado e umedecido com água destilada e esterilizada na proporção de 2,5 vezes o pesoseco do papel, conforme metodologia adaptada das Regras para Análise de Sementes - RAS (BRASIL,2009b). Em seguida, foram confeccionados rolos, contendo as sementes, que foram dispostos emincubadora a 25 ± 2º C e fotoperíodo de 12 h, sendo realizadas contagens aos cinco e aos nove dias(BRASIL, 2009b). Na primeira contagem foram contabilizadas todas as sementes germinadas e quederam origem a plântulas normais. Na segunda contagem, as plântulas foram classificadas em normais,anormais e sementes não germinadas (duras e mortas), para ambas as variedades avaliadas (BRASIL,2009b).

Comprimento de plântulas: foram semeadas em papel germistest, no terço superior da folha,quatro repetições de 20 sementes cada para ambas as variedades de feijão crioulo. As amostras forammantidas em câmara incubadora a 25 ± 2° C e fotoperíodo de 12 h e, no quinto dia, foram medidas,

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aleatoriamente, 10 plântulas normais por repetição. A mensuração foi feita com auxílio de réguagraduada em centímetros (cm) (NAKAGAWA, 1999).

Teste de emergência sob condições controladas: em bandejas plásticas (capacidade: 5 L) foifeita a semeadura em areia esterilizada, cuja umidade foi ajustada para 60% da sua capacidade deretenção de água. Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes por tratamento para a variedade“Chumbinho” e 8 repetições de 25 sementes para a variedade “Cavalo”. Após a semeadura, as bandejasforam mantidas em incubadora, com temperatura de 25 ± 2º C e fotoperíodo de 12 h. A partir do inícioda emergência foram realizadas avaliações diárias, computando-se o número de plântulas emergidas atéa estabilização (nenhuma plântula emergida após 2 dias). Para o cálculo do Índice de Velocidade deEmergência (IVE), utilizou-se a equação proposta por Maguire (1962).

Teste de emergência sob condições de campo: em canteiros, foram semeadas quatro repetiçõesde 40 sementes, distribuídas em sulcos longitudinais de 2 cm de profundidade e distanciados 20 cmentre si. A avaliação foi realizada aos 21 dias após a semeadura, computando-se o percentual (%) deplântulas emergidas, o comprimento de plântulas e a massa fresca e seca de parte aérea, conformemetodologia adaptada de Nakagawa (1999).

Para todos os testes descritos foi utilizado o delineamento experimental inteiramentecasualizado (DIC), sendo os dados submetidos à análise de variância, por meio do teste F (p ≤ 0,05) e,quando significativos, à comparação de médias pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05), por meio do softwareestatístico Assistat 7.7 beta (SILVA; AZEVEDO, 2009).

Resultados e discussãoNo teste de sanidade de sementes de feijão crioulo observou-se a incidência de quatro gêneros

fúngicos (Tabela 1), sendo que os tratamentos utilizados foram eficientes na redução da incidênciadestes. Na variedade “Cavalo”, o tratamento com Trichoderma harzianum suprimiu a incidência dePenicillium spp. (0,3%) e Fusarium spp. (0,6%), em relação ao tratamento químico. O tratamentobiológico foi eficiente na redução de Aspergillus spp. (13,3%), em relação a testemunha. Ademais, nassementes dessa variedade, o tratamento químico ocasionou aumento na incidência de Penicillium spp.(2,5%) e Fusarium spp. (9,6%).

Tabela 1. Incidência (%) de fungos em sementes de feijão crioulo variedades “Cavalo” e “Chumbinho”,submetidas a tratamento químico (fungicida/inseticida) e biológico (Trichoderma harzianum)

FungosTratamento de

SementesIncidência (%) C.V. (%)

Cavalo Chumbinho

Fusarium spp.Químico 9,6 aB1 22,8 bA

25,88Biológico 0,6 bB 12,5 cATestemunha 6,6 aB 49,6 aA

Penicillium spp.Químico 2,5 bA 0,9 bA

17,95Biológico 0,3 bA 1,4 bATestemunha 51,0 aA 40,0 aB

Aspergillus spp.Químico 10,4 cA 0,8 bB

18,58Biológico 13,3 bA 2,0 bBTestemunha 24,0 aA 25,3 aA

Trichoderma spp.Químico 0,3 ns 0,1 ns

12,48Biológico 83,4 87,0

Testemunha 0,3 0,3

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1Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não apresentam diferençaestatística significativa pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). ns não significativo.

Carvalho et al. (2011) verificaram que o tratamento químico a base de Vitavax®-Thiram foieficiente no controle de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli em sementes de feijão, chegando a umaredução de 73% na incidência do patógeno. Em sementes de variedades crioulas de milho, adiversidade de micro-organismos a elas associados, não necessariamente pode prejudicar a qualidadefisiológica, mas o tratamento antes da semeadura constitui uma etapa essencial para o adequadoestabelecimento da cultura (CATÃO et al., 2013).

O tratamento de sementes de soja com bioprotetor (Agrotrich® - Trichoderma spp.) e/oufungicida (Vitavax®-Thiram), foi eficiente no controle de Rhizopus spp., Aspergillus spp., Fusariumspp., Cladosporium spp., Rhizoctonia spp., Trichoderma spp. e Penicillium spp. quando aplicados deforma isolada ou combinada. Entretanto o tratamento com fungicida apresentou melhores resultados(BRAND et al., 2009).

Quanto à germinação, a variedade “Cavalo”, obteve os maiores percentuais em comparaçãocom a variedade “Chumbinho” (Tabela 2). Entretanto, não houve diferença entre a testemunha (65,0%)e o tratamento químico (65,0%), ocorrendo uma redução para o tratamento biológico (36,5%). Nocontrole de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli, in vitro, em sementes de feijão comum “Jalo precoce”,Carvalho et al. (2011) utilizaram diferentes isolados de Trichoderma harzianum em uma proporção de2 mL (2,5 x 108 conídios mL-1) para 100 g-1 de sementes. Os autores verificaram que não houvesintomas de toxidez ou prejuízo na germinação, sendo que os isolados CEN238, CEN240 e CEN241 eum produto comercial à base de T. harzianum, proporcionaram percentual de plântulas normaissuperiores as sementes não tratadas.

Contrariamente uma redução na taxa de germinação foi verificada por Marini et al. (2011),avaliando a qualidade fisiológica de sementes de trigo submetidos ao fungicida Carboxin+Thiram,sendo que para o genótipo CD108, houve redução da taxa de germinação com doses reduzidas dofungicida a partir da recomendada (270 mg L-1).

Na variedade “Chumbinho” o tratamento químico mostrou-se mais eficaz, proporcionando ummelhor percentual de germinação (48,5%,) seguido pela testemunha (31,5%) e tratamento biológico(17,8%). A utilização de fungicida e bioprotetor aplicados de forma isolada em aveia pretademonstraram que o percentual de germinação, para o tratamento fungicida proporcionou umaqualidade fisiológica superior (HENNING et al., 2009).

Para a variável plântulas anormais (Tabela 2), na variedade “Cavalo”, o tratamento biológicoapresentou maiores percentuais (51,3%), seguido pelo tratamento químico (27,3%) e testemunha(26,8%), que não diferiram entre si. Fato semelhante ocorreu na variedade “Chumbinho”, porémobservou-se que o tratamento biológico nesta variedade, teve a maior média (54,0%) seguido pelatestemunha (35,0%) e tratamento químico (26,0%). Isto pode estar relacionado ao fato de que o fungocolonizou totalmente as sementes avaliadas, provocando sua deterioração e, consequentemente,aumentando o percentual de plântulas anormais, bem como de sementes não germinadas (mortas eduras).

A colonização de sementes de milho por Trichoderma spp., obtida pela microbiolização com ouso de restrição hídrica, pode ter sido a provável causa na redução da germinação e vigor das plântulas(JUNGES et al., 2014). Contrariando estes resultados, Brand et al. (2009) verificaram que o percentualde plântulas anormais e sementes mortas não diferiram entre os tratamentos (combinações entre o

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fungicida comercial Vitavax-Thiram® 200 SC e o bioprotetor Agrotrich®), embora a porcentagem deplântulas anormais tenha sido reduzida em doze pontos percentuais no tratamento utilizando Agrotrich®

50% + Vitavax-Thiram® 50%.

Tabela 2. Germinação (G, %), plântulas normais de primeira contagem (PN 1ª cont., %), plântulasanormais (PA, %), sementes não germinadas (SNG, %), comprimento de plântulas (CP, cm) e Índice deVelocidade de Emergência (IVE) para sementes das variedades de feijão crioulo “Cavalo” e“Chumbinho”, submetidas a tratamento químico (fungicida/inseticida) e biológico (Trichodermaharzianum)

VariáveisTratamento de

sementesVariedades

CV (%)Cavalo Chumbinho

G (%)Químico 65,0 aA 48,5 aB

9,6Biológico 36,5 bA 17,8 cBTestemunha 65,0 aA 31,5 bB

PN 1ª cont. (%)Químico 48,3 aA1 41,3 aB

13,4Biológico 14,0 bA 14,8 cATestemunha 52,0 aA 29,5 bB

PA (%)Químico 27,3 bA 26,0 cA

5,7Biológico 51,3 aA 54,0 aATestemunha 26,6 bB 35,0 bA

SNG (%)Químico 7,8 ns 25,5 ns

21,4Biológico 12,3 28,3

Testemunha 8,3 33,5

CP (cm)Químico 18,2 ns 16,8 ns

3,7Biológico 14,9 14,0Testemunha 17,6 16,4

IVEQuímico 2,4 ns 7,0 ns

12,6Biológico 2,8 6,7

Testemunha 2,5 6,41Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não apresentam diferençaestatística significativa pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). ns não significativo.

Quanto às sementes não germinadas não houve diferença significativa, porém observou-se quena variedade “Cavalo” o tratamento biológico apresentou um maior valor percentual (12,3%). Issotambém ocorreu para o comprimento de plântulas, tanto para os tratamentos quanto na comparaçãoentre as variedades. Numericamente, porém, observou-se que as médias do tratamento biológico foraminferiores aos demais. Resultado semelhante foi obtido em um estudo sobre o tratamento de sementescom fungicidas e inseticidas em sementes de girassol, em que os tratamentos não tiveram diferençapara as variáveis de crescimento de parte aérea e radicular em plântulas (GRISI et al., 2009).

Para o Índice de Velocidade de Emergência (IVE), os resultados obtidos no estudo não foramsignificativos pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). Com relação ao percentual de plântulas normais emprimeira contagem (Tabela 2), na variedade “Cavalo” observou-se uma diminuição no percentualredução no tratamento biológico (14,0%), fato que poderia estar atrelado à dose de Trichodermaharzianum utilizada.

Tais resultados divergem de Grisi et al. (2009) que verificaram que não houve efeito dotratamento químico sobre a emergência de sementes de girassol. No entanto, em sementes de aveia

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preta tratadas com fungicida, Henning et al. (2009) observaram maior vigor em comparação comsementes tratadas com bioprotetor e a testemunha.

Singh et al. (2016) enfatizaram a escassez de resultados sobre efeitos positivos e/ou negativosde doses de Trichoderma spp., em função da concentração de esporos do fungo, ressaltando aimportância de elucidar a dose adequada de produtos biológicos, a fim de não prejudicar o crescimentoe o desenvolvimento de plântulas.

Em sementes de girassol, tratadas com fungicidas e inseticidas, Grisi et al. (2009) verificaramque não houve diferença significativa entre os tratamentos para a porcentagem de plântulas normais(fortes). Para a variedade “Chumbinho”, o tratamento químico apresentou o melhor resultado (41,3%)seguido da testemunha (29,5%), enquanto que o tratamento biológico (14,8%) reduziu o vigor dassementes.

Os processos de perda de vigor e deterioração podem estar relacionados com a forma decondução da lavoura, escolhida pelo agricultor, sendo que o processo de secagem das sementes ocorreuna própria planta, estando as sementes sob influência direta das condições climáticas, fato comum naagricultura familiar. Posteriormente a sua debulha as sementes foram acondicionados em sacos depolipropileno (ráfia). Tais condições podem ter propiciado a diminuição da qualidade final dassementes.

Avaliando a qualidade fisiológica de três lotes de sementes de milho crioulo, Stefanello et al.(2015) verificaram que estes sofreram efeito negativo sobre a germinação e o vigor durante os meses eas formas de armazenamento testados (saco de papel a 10º C e embalagem plástica a temperaturaambiente). Além disso, a incidência de fungos dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusariumtornaram mais rápida a deterioração e redução da qualidade fisiológica das sementes.

No teste de emergência a campo aos 21 dias (Tabela 3), observou-se que o percentual deplântulas emergidas para a variedade “Cavalo” no tratamento químico foi mais elevado (76,7%), porémnão diferiu estatisticamente da testemunha (75,0%).

Tabela 3. Percentual de plântulas emergidas (PE, %), massa fresca (MF, g-1), massa seca (MS, g-1) ecomprimento de planta (CP, cm), para sementes das variedades de feijão crioulo “Cavalo” e“Chumbinho”, submetidas a tratamento químico (fungicida) e biológico (Trichoderma harzianum), emteste de emergência a campo, aos 21 dias.

VariáveisTratamentode sementes

Variedades CV (%)Cavalo Chumbinho

PE (%)Químico 76,7 aA1 58,3 aB 2,94Biológico 69,4 bA 57,1 aB

Testemunha 75,0 aA 55,0 aB

MF (g-1)Químico 0,152 ns 0,067 ns

9,23Biológico 0,171 0,069

Testemunha 0,160 0,071

MS (g-1)Químico 0,019 ns 0,008 ns

6,15Biológico 0,020 0,009

Testemunha 0,019 0,009

CP (cm)Químico 23,5 bA 18,9 aB 2,59Biológico 24,6 aA 18,9 aB

Testemunha 23,3 bA 19,3 aB1Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não apresentam diferençaestatística significativa pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). ns não significativo.

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Entretanto, tais percentuais foram superiores ao obtido pelas sementes submetidas ao tratamentobiológico (69,4%), apresentando uma diferença de 7,3% em comparação ao tratamento químico. Acapacidade que o Trichoderma spp. possui para incrementar o crescimento e o desenvolvimento deplântulas está relacionado com a sua competência de estabelecimento na rizosfera. Nesse sentido,Hoyos-Carvajal et al. (2009), verificaram que entre 101 isolados de Trichoderma spp. obtidos naColômbia, apenas sete melhoraram o crescimento de plântulas de feijão. Para a variedade“Chumbinho” não houve diferença estatística entre os tratamentos, no entanto o incremento daemergência foi inferior (3,3%).

Resultado semelhante foi observado para a emergência a campo em sementes de soja tratadascom bioprotetor e fungicida, nos quais não houve diferença significativa entre os tratamentos, embora acombinação entre o produto a base de Trichoderma spp. (Agrotrich®), na dose de 50%, e o fungicidaVitavax®-Thiram na mesma dose, tenha-se mostrado superior em relação aos demais tratamentos(BRAND et al., 2009). Fato semelhante foi verificado por Grisi et al. (2009), em que o tratamentoquímico não afetou a porcentagem de plântulas de girassol emergidas em experimento conduzido emcasa de vegetação. Para as variáveis massa fresca e massa seca, os resultados não foram significativos,pois a variação entre os tratamentos e variedades foi inexpressiva.

Quanto ao comprimento de plântulas (Tabela 3), constatou-se que no tratamento biológico osvalores foram superiores na variedade “Cavalo”, seguido pelo tratamento químico e testemunha, quenão diferiram. A variedade “Cavalo” também apresentou as maiores médias para esta variável,entretanto para a variedade “Chumbinho”, os tratamentos não diferiram entre si. Couto et al. (2011)constataram que a altura de plantas de feijão, medida aos 21 dias após a semeadura, aumentou nasparcelas tratadas com fungicida e inseticida, em relação as não tratadas.

Os resultados obtidos nesse trabalho direcionam para a necessidade de maiores estudosrelacionados à dose de Trichoderma harzianum, a fim de que este seja eficiente tanto sobre o controlede patógenos associados às sementes, quanto ao estímulo à germinação de sementes e emergência deplântulas de feijão crioulo. A microbiolização constitui uma alternativa para produção agroecológica,assim como pode ser empregada no sistema de produção convencional para o controle de diversospatógenos transmitidos por sementes. Além disso, o controle biológico e o emprego de variedadescrioulas podem proporcionar maior autonomia ao agricultor, mas é necessário conhecer mais sobre adinâmica de disseminação de patógenos associados a sementes crioulas, assim como o seu impactosobre a qualidade fisiológica dessas sementes.

ConclusõesO tratamento biológico, a base de Trichoderma harzianum reduz a incidência dos fungos

associados às sementes em ambas as variedades estudadas, atingindo percentuais de controle superioresaos do tratamento químico.

A dose de Trichoderma harzianum utilizada (200 mL/100 kg de sementes), reduz o percentualgerminativo das sementes de feijão crioulo (var. ‘Cavalo’ e ‘Chumbinho’) e prejudica odesenvolvimento de plântulas normais.

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Recebido em 23/08/2018Aceito em 10/09/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/26-32/agrariacad

Enxertia de tomateiro em solanáceas silvestres no controle da murcha bacteriana

Tomato grafting in wild solanaceae to control bacterial wilt

Bruno dos Santos Fernandes1, Jânia Lília da Silva Bentes1*

1*- Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropica/Faculdade de Ciências Agrárias/Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus, AM, Brasil. E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________________

ResumoA Ralstonia solanacearum é um dos principais patógenos de solo na cultura do tomateiro no Norte do Brasil. O controle édificultado devido não existirem cultivares resistentes no mercado nem produtos químicos eficientes. Neste trabalho foiavaliado o uso de Solanáceas silvestres, cubiu (Solanum sessiliflorum), jurubeba (Solanum viarum) e a cultivar de tomateiroYoshimatsu, como porta-enxertos para o controle da murcha bacteriana. A cv. Santa Cruz Kada Gigante, (SCKG) suscetívelà murcha bacteriana, foi usada como porta-enxerto, nas seguintes combinações: SCKG/cubiu, ‘SCKG/jurubeba,SCKG/Yoshimatsu, SCKG/auto-enxerto e SCKG pé-franco. Foi quantificada a incidência da doença e desenvolvimento dossintomas, altura e diâmetro das plantas, números de flores e de frutos por planta. Plantas enxertadas em cubiu nãodesenvolveram sintomas. A enxertia com a cv. Yoshimatsu apresentou resistência parcial, maior crescimento eprodutividade.

Palavras-chave: Porta-enxertos, Ralstonia solanacerum, resistência

Abstract The Ralstonia solanacearum is one of the main root pathogens of the tomato in North of Brazil. The control is dificultinstead, there are no resistant cultivars and no efficient chemicals control. In this study, the use of wild Solanaceas, cubiu(Solanum sessiliflorum), jurubeba (Solanum viarum) and tomato cultivar Yoshimatsu as rootstockswere evaluated. The cv.Santa Cruz Kada Gigante (SCKG), susceptible to bacterial wilt, were used in the graft and rootstock combinations:SCKG/cubiu, SCKG/jurubeba, SCKG/Yoshimatsu, SCKG/autograft and SCKG ungrafted. Were quantified the incidenceand symptom development, height and diameter of plants, numbers of flowers and fruits per plant. Plants grafted on cubiudid not develop symptoms of the disease. Yoshimatsu showed partial resistance and increased growth and productivity ingrafted plants.

Keywords: Rootstocks, Ralstonia solanacearum, resistance___________________________________________________________________________________

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

IntroduçãoO tomate (Solanum lycopersicum L.) é produzido em praticamente todas as regiões do Brasil

destacando-se como a segunda hortaliça mais cultivada no país, sendo superada apenas pela batata(Solanum tuberosum L.) (IBGE, 2015).

No Estado do Amazonas a murcha bacteriana causada por Ralstonia solanacearum ocorre emdiversas hortaliças de forma endêmica (COELHO NETO et al., 2004) incluindo o tomateiro,contribuindo para a redução da oferta e elevação dos preços do produto. É uma das doenças maisimportantes da cultura e ocorre praticamente em todo país. A bactéria habitante do solo, é disseminadapela água e implementos agrícolas, e atua no sistema vascular causando a interrupção do transporte deágua e minerais absorvidos pelas raízes, resultando no sintoma de murcha. É favorecida por altastemperaturas (26-37 ⁰C) e umidade elevada. O controle é feito basicamente com a rotação de culturas,já que o controle químico é ineficiente. (LOPES, REISFSCHNEIDER, 1999; BEDENDO, 2018).

A enxertia surge como alternativa, para controle da doença, onde o porta-enxerto resistente semantém sadio, assumindo a função de absorver água e nutrientes do solo, ao mesmo tempo em queisola a cultivar suscetível do patógeno presente no solo (PEIL, 2003; GOLSDSCHMIDT, 2014).

A enxertia na olericultura é uma técnica empregada para plantas das Famílias Solanaceae eCucurbitaceae, e objetiva conferir resistência às mudas. Desta forma, possibilita o cultivo em áreascontaminadas por patógenos de solo ou confere habilidades em relação a determinadas condiçõesedafoclimáticas (resistência à baixa temperatura, a seca, ao excesso de umidade e aumento dacapacidade de absorção de nutrientes). O principal objetivo da enxertia em hortaliças é obter resistênciaa patógenos que habitam o solo (PEIL, 2003).

O uso da enxertia em cultivo de tomate, usando como porta-enxerto espécies adaptadas àscondições edafoclimáticas da região Norte e com resistência à bactéria, como, o cubiu (Solanumsessiliflorum Dunal), jurubeba (Solanum viarum Dunal) e da cultivar de tomate Yoshimatsu, pode seruma alternativa de controle da doença. Este trabalho teve como objetivo avaliar o uso de cubiu,jurubeba e da cultivar de tomate Yoshimatsu como porta-enxerto do tomateiro para o controle demurcha bacteriana.

Material e métodos

Obtenção de Ralstonia solanacearumOs isolados de R. solaneacrum raça 1 biovar 1 utilizados neste estudo, foram cedidos pelo

Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia da Faculdade de Ciências Agrárias da UFAM, e forampreviamente caracterizados por Demosthenes; Bentes (2011, p.436). Preliminarmente foi realizado umtestes de agressividade com dez isolados visando selecionar os mais agressivos para os experimentosposteriores (dados não apresentados).

Preparo das mudas, enxertia e inoculaçãoForam utilizadas como porta-enxerto mudas de cubiu, de jurubeba e da cultivar de tomate

Yoshimatsu, resistente à murcha bacteriana. Para o enxerto foram utilizadas mudas de tomateiro dacultivar comercial Santa Cruz Kada Gigante (SCKG) (Feltrin®), suscetível à doença. As mudas foramproduzidas em bandejas de poliestireno expandido com 128 células, preenchidas com o substratoBasaplant®. Por apresentarem desenvolvimento mais lento, o cubiu e a jurubeba foram semeados 30dias antes do tomate SCKG e o tomate Yoshimatsu foi semeado 10 dias antes do enxerto.

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A enxertia foi realizada quando as mudas estavam com 10 cm de altura. O método utilizado foio de fenda simples (GOTO et al. 2003). Após a enxertia as mudas foram mantidas à sombra em casa devegetação durante quatro dias, com irrigação diária.

Após o pegamento da enxertia, as mudas foram transplantadas para vasos de plásticos comcapacidade e 10 kg contendo o substrato Basaplant®. Foi realizada adubação de plantio com 50 g deNPK na formulação 10-10-10, 4g de FTE e 20g calcário dolomítico (PRNT = 91%, CaO = 32% e MgO= 15%) por vaso.

Quando as mudas apresentavam cinco folhas definitivas, foram inoculadas com um isolado deR. solanacerum raça 1 biovar 1, previamente selecionado com base na agressividade, usando 10 mL desuspensão bacteriana na concentração de 108 ufc.mL-1 depositada no substrato ao redor do colo daplanta, mediante ferimento das raízes feitos uma lâmina de bisturi.

Experimento em casa de vegetaçãoO delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, com cinco tratamentos (1.

SCKG/cubiu, 2. SCKG/jurubeba, 3. SCKG/Yoshimatsu, 4. SCKG/ auto-enxerto e 5. SCKG pé-franco),com sete repetições, sendo cada planta uma repetição. A testemunha constou de plantas de cadacombinação de enxerto/porta-enxerto tratadas com água destilada esterilizada. O experimento foirepetido duas vezes.

Foi avaliada a incidência da murcha (% de plantas com sintomas) e o desenvolvimento dossintomas foi avaliado utilizando a escala de notas de Winstead; Kelman (1952, p. 629). As avaliaçõesforam diariamente, durante 30 dias. Com as notas obtidas foi calculada a área abaixo da curva deprogresso da doença (AACPD) de acordo com Campbell; Madden (1990, p.193). Os dados da AACPDforam submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5%,utilizando o programa estatístico ASSISTAT versão 7.7.

Foi avaliado o diâmetro do caule (mm) na altura do colo, diâmetro do caule 2 cm acima doponto de enxertia e a altura das plantas do colo ao ponteiro (cm), a cada sete dias utilizando paquímetrodigital e trena, respectivamente. Foram quantificados os números de flores e de frutos por planta, inícioda floração, início da frutificação e capação das plantas acima da oitava inflorescência, em semanasapós a enxertia.

Experimento de campoAs mudas foram produzidas conforme descrito anteriormente e aos 10 dias após a enxertia

foram e transplantadas para o campo, no setor de olericultura da Faculdade de Ciências Agrárias daUniversidade Federal do Amazonas, em Manaus-AM, onde o solo é naturalmente infestado com R.solanacearum. O plantio foi feito em canteiros com espaçamento de 100 cm entre linhas e 40 cm entreplantas. As plantas foram conduzidas em duas hastes, tutorada verticalmente com varas e fita de ráfia eo amarrio foi feito com fitilho. As brotações laterais foram retiradas à medida que surgiram.

Foi feita a adubação do solo mediante resultado da análise do solo e a recomendação deadubação para a cultura. O solo apresentou as seguintes características químicas: pH = 5,5; H + Al =1,6 cmolc/dm3; P = 667 mg/dm3; K = 94 mg/dm3; Ca = 6,3 cmolc/dm3; Mg = 2,1 cmolc/dm3; MO =2,9 g/kg; t = 8,64 cmolc/dm3; T = 10,24 cmolc/dm3; SB = 84,38%. A irrigação foi feita diariamente. Odelineamento experimental foi o de blocos ao acaso com cinco tratamentos (1. SCKG/cubiu, 2.SCKG/jurubeba, 3. SCKG/Yoshimatsu, 4. SCKG/ auto-enxerto e 5. SCKG - pé-franco) e cincorepetições, sendo a parcela experimental composta de quatro plantas.

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A avaliação do desenvolvimento dos sintomas, o cálculo da AACPD, a análise de variância e osfatores avaliados seguiram a mesma metodologia do experimento em casa de vegetação. Ao fim doexperimento foi feito o reisolamento do patógeno a partir das plantas que manifestaram sintomas dadoença para confirmação da presença da bactéria.

Resultados e discussão

Avaliação da murcha bacterianaAs plantas de SCKG - pé franco, SCKG - auto-enxerto e SCKG enxertada em jurubeba,

apresentaram sintomas e murcha aos três dias após a inoculação (d.a.i). No oitavo d.a.i, os doisprimeiros tratamentos já apresentavam 100% de incidência da doença. No tratamento SCKG enxertadoem jurubeba apresentou 85% de incidência de murcha ao final da avaliação. Plantas enxertadas emcubiu e na cv. Yoshimatsu não apresentaram sintomas da doença, indicando o potencial destes porta-enxerto no controle da murcha bacteriana em casa de vegetação (Tabela 1).

Temperatura entre 25 e 35° C favorecem o desenvolvimento da doença. Segundo Inmet (2016),a temperatura máxima média em Manaus durante a execução do experimento foi de 35º C e atemperatura mínima média de 26º C, com umidade relativa média do ar de 68%, tendo ambientefavorável para doença (TAKATSU; LOPES, 1997).

No experimento em campo, o sintoma de murcha bacteriana iniciou 15 dias após o transplantio(d.a.t.) em plantas do tratamento SCKG - auto-enxerto, e aos 16 dias no tratamento SCKG - pé franco.Em ambos os tratamentos as plantas apresentaram 100% de incidência aos 25 d.a.t. Os tomateirosenxertados na jurubeba apresentaram sintomas da doença a partir do 18º d.a.t., atingindo 40% deplantas mortas ao final do experimento. Plantas deste tratamento que sobreviveram no campo,apresentaram nanismo e amarelecimento de folhas murchas.

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A cv. Yoshimatsu proporcionou resistência parcial em plantas enxertadas, com 35% de plantasmortas ao final do experimento. A cultivar Yoshimatsu possui resistência horizontal ou poligênica(NODA, 2007) o que explica a menor incidência de plantas mortas ao final do experimento.

Plantas de tomate enxertadas em cubiu não desenvolveram sintomas de murcha bacteriana emcampo. È possível que esta resposta esteja relacionada com mecanismos de defesa físico comoespessamento das membranas no tecido do xilema (NAKAHO et al., 2004) ou tiloses (GRIMAULT etal., 1994), criando uma barreira física que pode impedir o movimento bacteriano, ou por meio demecanismos bioquímicos de aumento de atividade enzimática e compostos fenólicos (VANITHA et al.,2009).

Crescimento e produção No experimento em casa de vegetação as plantas foram avaliadas durante três semanas após o

transplantio quanto a altura, diâmetro do colo e o diâmetro do caule 2 cm acima do ponto de enxertia.Não houve diferença significativa (Tukey 5%) para a altura das plantas e diâmetro do colo, entre ostratamentos, com exceção às mudas de SCKG-auto-enxerto, que apresentaram crescimento mais lentoque os demais tratamentos, possivelmente devido ao rompimento dos vasos condutores, que podeocasionar o desenvolvimento mais lento das plantas (SIMÕES et al., 2014). A testemunha SCKG-pé-franco, não inoculada, foi a que apresentou o maior crescimento em altura, devido à ausência da doençae da enxertia (Tabela 2). Os resultados de altura e diâmetro de colo das plantas se repetiram noexperimento em campo.

Os porta-enxertos cubiu e jurubeba foram os que proporcionaram o maior desenvolvimento dodiâmetro do caule acima do ponto de enxertia para ambos os experimentos (Tabela 2). Foi observadoque nos tomateiros enxertados em cubiu e em jurubeba houve a formação de calo no ponto de enxertia,enquanto nos tratamentos que consistiam na enxertia de tomateiro sobre tomateiro, a cicatrização foiimperceptível.

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Todos os tratamentos apresentaram a emissão da primeira inflorescência entre 4 e 4,5 semanasapós o transplantio, em casa de vegetação. O início da frutificação ocorreu entre 5,5 e 6,5 semanas. Nãohouve diferença significativa entre os tratamentos para o número de flores por planta. Os tratamentosSCKG - auto-enxerto inoculado e SCKG - pé-franco inoculado não apresentaram produção de flores efrutos devido à morte das plantas causada pela doença, em campo e em casa de vegetação.

No experimento em campo a emissão da primeira inflorescência ocorreu entre 4 e 4,5 semanasapós o transplantio e a frutificação a partir da 7ª semana. O tratamento SCKG-jurubeba iniciou afloração a partir da 5ª semana e a frutificação após nove semanas. O tratamento SCKG-Yoshimatsu foio que apresentou o maior número de flores por planta, porém não diferiu estatisticamente do SCKG-cubiu. Plantas enxertadas em jurubeba foram as que apresentaram menor número de flores (Tabela 1).

Quanto ao número de frutos por planta, o tratamento SCKG-Yoshimatsu foi o que apresentou omaior número de frutos por planta, seguido do SCKG-cubiu. O tratamento SCKG-jurubeba nãoproduziu frutos (Tabela 1). Este resultado pode estar diretamente relacionado com a incidência damurcha bacteriana, que inviabilizou a produção de frutos em plantas enxertadas em jurubeba.

Conclusões A jurubeba não apresentou potencial para uso como porta-enxerto de tomateiro. Plantas

enxertadas no Yoshimatsu apresentaram resistência parcial à murcha bacteriana, podendo ser usadadentro de um programa de manejo da doença em cultivo de tomateiro. Tomateiros enxertados em cubiunão desenvolveram sintomas de murcha bacteriana, tendo potencial para uso como porta-enxerto paraprodução de mudas e plantio em áreas contaminadas com R. solanacearum.

AgradecimentoAo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela bolsa de

estudos.

Referências bibliográficas

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NODA, H. Melhoramento de hortaliças em climas desfavoráveis: o desafio do desenvolvimento de cultivares adaptadas àAmazônia. Melhoramento do Tomateiro para o Trópico Úmido Brasileiro. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 25.Resumos... Porto Seguro: SOB (CD-ROM). 2007.

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Recebido em 24/08/2018Aceito em 10/09/2018

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/33-40/agrariacad

Avaliação do desempenho e das características da carcaça de suínos, utilizandorações com ractopamina na fase de terminação

Evaluation of performance and characteristics of pork carces, using ractopamine rations in thetermination phase

Joselaine do Amaral Barberato1*, Antônio Carlos de Laurentiz2, Otto Mack Junqueira3, Lúcio Francelino Araujo4, Rosemeire da Silva Filardi5, Alan Peres Ferraz de Melo6, Marília Oliveira Ferreira Silva7, Affonso dos Santos Marcos8

1*- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil - [email protected] Departamento Biologia e Zootecnia, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista – UNESP – Ilha Solteira/SP – Brasil. [email protected] Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil3- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil4- FZEA - USP Pirassununga5- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil6- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil7- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil8- Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil___________________________________________________________________________________

ResumoO objetivo foi avaliar o efeito da adição de diferentes marcas comerciais de cloridrato de ractopamina sobre dietas parasuínos em terminação, avaliando desempenho e características de carcaça. Trinta e seis suínos da linhagem comercialDalland, peso inicial de 98,74 ± 0,68 kg foram utilizados. Delineamento experimental em blocos ao acaso, com trêstratamentos e seis repetições por tratamento, dois animais por parcela experimental. Amostras de carne – controle - ousuplementadas com 10ppm de ractopamina de dois laboratórios foram avaliadas com 2 de cloridrato de ractopamina.Verificou-se que a suplementação de 10 mg / kg de ractopamina 28 antes do abate melhorou a conversão alimentar e ascaracterísticas de carcaça.

Palavras-chave: beta-antagonista, desempenho, nutrição, tecido adiposo

AbstractThe objective was to evaluate the effect of the addition of different commercial brands of ractopamine hydrochloride ondiets for finishing pigs, evaluating performance and carcass characteristics. Thirty-six pigs of the commercial strain Dalland,initial weight of 98.74 ± 0.68 kg were used. Experimental design in randomized blocks with three treatments and sixreplicates per treatment, two animals per experimental plot. Meat samples - control - or supplemented with 10ppmractopamine from two laboratories were evaluated with 2 ractopamine hydrochloride. Supplementation of 10 mg / kgractopamine 28 prior to slaughter was found to have improved feed conversion and carcass characteristics

Keywords: beta-antagonist, performance, nutrition, adipose tissue___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoNos últimos anos, houve uma rápida modernização e profissionalização na cadeia de produção

dos suínos, destacando a genética, nutrição e o manejo como fatores importantes para o aumento dosíndices de produtividade da suinocultura brasileira e do mundo.

O peso de abate dos suínos pode variar de 60 a 160 kg de peso vivo, essa variação vai dependerdo mercado consumidor, no Brasil tradicionalmente são abatidos suínos de 90 a 120 kg de peso vivo.Este maior peso ao abate possibilita algumas vantagens como melhor rendimento dos cortes e umaeconomia na diluição dos custos gerais de produção, como abate e processamento sobre o maior pesodo produto final para ser comercializado (ELLIS; BERTOL, 2001).

Com o aumento da idade de abate dos suínos, também aumenta proporcionalmente a quantidadede gordura na carcaça, diferente da fase de crescimento onde os nutrientes de uma dieta balanceadaatravés do metabolismo do animal são direcionados principalmente para regeneração dos tecidos edeposição de massa muscular e com a maturidade do crescimento o suprimento dos nutrientes torna-seigual às necessidades oxidativas e de regeneração dos tecidos, aumentando assim a deposição do tecidoadiposo.

Uma maneira de alterar a repartição dos nutrientes da dieta na fase final dos suínos antes doabate é o uso de ractopamina que é um agonista beta-adrenérgico, classificado como promotor decrescimento que atua como modificador de carcaça (STEELE et al., 1990), agindo como modificadoresdo metabolismo do animal, melhorando o desempenho e a qualidade da carcaça aumentando aporcentagem de carne magra na carcaça (SCHINCKEL et al., 2001).

Os efeitos atribuídos a ractopamina são os aumentos da atividade lipolítica e inibição dalipogênese (LIU et al., 1989; MILLS; LIU, 1990; PETERLA; SCANES, 1990). Segundo Mills, Liu(1990) a ractopamina inibe a ligação da insulina no receptor adrenérgico dos adipócitos, e assim,antagoniza a ação da insulina diminuindo a síntese e deposição de gordura nos suínos. No metabolismoproteico há um aumento da síntese proteica (BERGEN et al., 1989), principalmente da actina e miosina(ANDERSON et al., 1989; ADEOLA et al., 1989), e como consequência dessas alterações metabólicas,há uma melhora da qualidade das carcaças dos animais submetidos à ação da ractopamina.

Os primeiros trabalhos realizados descrevendo o efeito do uso da ractopamina na produçãoanimal, são os de Ricks et al., (1984) e Baker et al., (1984), respectivamente, com novilhos e ovelhas.Numa revisão sobre o assunto (RAMOS; SILVEIRA, 2002) comentam que os suínos caracterizam-secomo os animais que mais respondem ao uso de agonistas beta-adrenérgicos, verificando-se que namaioria dos estudos o ganho médio de peso não é significativamente alterado o efeito principal ocorrena redução da gordura da carcaça e consequentemente aumento da percentagem de carne magra, sendoque o seu efeito é mais observado na gordura subcutânea e intermuscular do que na intramuscular(ENGESETH et al., 1992).

No desenvolvimento de produtos cárneos, produzir carcaças de animais com menor gordura,tem sido o objetivo de pesquisa de vários profissionais relacionados ao setor, onde o produtor e oconsumidor, são os grandes beneficiários. O produtor que ao produzir um animal com melhores índicesde conversão alimentar, que pode ser explicada em função do direcionamento dos nutrientes para adeposição de tecido muscular, onde a síntese de tecido magro requer menos nutrientes do que a síntesede gordura e para o consumidor pela aquisição de um produto com menor teor de gordura saturada,responsável direta pela incidência de doenças coronárias (ETHERTON, 1988).

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Os resultados obtidos por (BARK et al., 1992; ENGESETH et al., 1992 e STOLLER et al.,2003) indicam que a adição de ractopamina à dieta de suínos, melhora a conversão alimentar e ascaracterísticas da carcaça, especialmente se os suínos forem selecionados para produção de carnemagra, e os níveis de proteína bruta das dietas também são fatores importantes. Bellaver et al. (1991),concluíram que dietas com 13% de PB e 20 ppm de ractopamina proporcionaram menordisponibilidade de energia metabolizável e menor nitrogênio retido do que dietas com 16% PB, o queindica que animais submetidos a dietas com ractopamina requerem níveis proteicos superiores.

A maior parte dos resultados, quanto ao uso de ractopamina nas dietas para maximizarem adeposição de carne magra e conversão alimentar, são obtidos com níveis de 10 a 20 ppm deractopamina nas dietas (SCHINCKEL, et al., 2001; ARMSTRONG et al., 2004).

Trabalhos realizados por STOLLER et al., (2003), SEE et al., (2004), MIMBS et al., (2005) eCARR et al., (2005), observaram que o uso de ractopamina nas dietas de suínos na fase de terminação,aumenta a deposição muscular, reduz a deposição de gordura da carcaça, aumenta a porcentagem decarne magra da carcaça e melhoria na conversão alimentar, sem afetar a qualidade da carne suína, comopH inicial, cor, capacidade de retenção de água e frequência de PSE.

Considerando-se esses aspectos, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da adiçãode diferentes marcas comerciais de (cloridrato de ractopamina) nas dietas de suínos em terminação,avaliando as características de desempenho e da carcaça.

Material e métodosO experimento foi realizado no Setor de Suinocultura da FAZEA, USP, Campus de

Pirassununga – SP, durante os meses de março e abril de 2007. Foram utilizados 36 suínos (18 machoscastrados e 18 fêmeas) da linhagem comercial Dalland com peso inicial de 98,74 ± 0,68 kg, doisanimais por baia sendo um macho e uma fêmea, foram mantidos em baias (4,80 m2) com pisocimentado, bebedouro tipo chupeta e comedouros semiautomático. As características de desempenho eda carcaça dos animais foram avaliadas após 28 dias. A distribuição dos animais nos tratamentos foicom base no peso vivo e sexo.

Os tratamentos consistiram de uma dieta basal a base de milho e farelo de soja (0 ppm deractopamina – tratamento controle – T1) e duas dietas com inclusão de (10 ppm de Cloridrato deRactopamina) de dois diferentes laboratórios: T2 – ractopamina do Laboratório Veterinário Vansil (T2 –Rac – V) e T3 – ractopamina Elanco Saúde Animal (T3 – Rac – B), ambos produtos contém 2% deRactopamina (Cloridrato). As dietas experimentais fareladas foram formuladas baseadas na composiçãodos ingredientes e nas recomendações nutricionais mínimas para a fase de acordo com Rostagno et al.(2005) e são apresentadas na Tabela 1. A dieta e a água, foram fornecidas à vontade durante todo operíodo experimental.

No final da fase experimental de 28 dias os parâmetros de desempenho: ganho de peso médiodiário (GMD), consumo de ração médio diário (CRD) e conversão alimentar (CA) foram calculados.Ao término do experimento os suínos foram submetidos ao processo de abate, iniciando com jejumalimentar (12 horas) e líquido (6 horas). Com os animais devidamente identificados com brincosnumerados, teve início o processo: pesagem após jejum, atordoamento, sangria, higienização,evisceração, toalete, divisão em duas metades por um corte longitudinal na linha dorso-lombar, edepois pesagem da carcaça quente, tipificação eletrônica e resfriamento da carcaça em câmara fria comtemperatura de 3 a 5 0C por 24 horas para o estabelecimento do rigor mortis, como preconizado pela

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Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS, 1973). Por convenção, a cauda permaneceu nameia-carcaça esquerda.

Logo após todos os procedimentos de abate, as meias carcaças foram pesadas para obtenção dorendimento de carcaça quente e foi realizada à tipificação eletrônica da carcaça, obtida através dapistola automática Hennessy GP4/BP4 Didai®, esse equipamento possui um sensor óptico acoplado aponta perfurante e a medição de espessuras dos tecidos ocorre através da percepção de reflexão de luzdo sensor óptico. A pistola automática foi introduzida entre 6 e 8 cm da linha média, acima da últimacostela da carcaça esquerda de cada suíno devidamente identificado, analisando assim as característicasde espessura de toucinho (mm), espessura do músculo (mm), porcentagem de carne magra (%) ecoloração do músculo, as informações foram transmitidas, processadas e armazenadas em um coletorde dados com um software especifico.

Após 24 horas de refrigeração, as meias carcaças foram pesadas para a para calcular orendimento (%) da carcaça à frio, foi mensurado em (cm) o comprimento interno das carcaças atravésda distância máxima entre a borda cranial mediana até a sínfise pubiana, com uma fita métricametálica. Na dissecação da carcaça o pernil e o lombo foram pesados para avaliar seus respectivosrendimentos.

Durante o período experimental as baias foram lavadas diariamente e a ração fornecida duasvezes ao dia para evitar o desperdício. Para a coleta dos dejetos dos animais, foi realizada a seguintemetodologia, no meio do período experimental foi realizada a coleta dos dejetos de cada baia referenteao período de 24 horas. Após este intervalo o volume total de dejetos foi quantificado, tomando-se ocuidado de evitar a coleta de ração próximo ao comedouro. Depois da quantificação do volume totalpor parcela, uma amostra foi retirada, acondicionada em sacos plásticos, identificadas por repetição econgeladas. Ao término do período experimental, as amostras de cada parcela foram homogeneização edepois levadas à estufa de ventilação forçada a 55C, por 72 horas, a fim de proceder a pré-secagem,para determinar a amostra seca ao ar. A seguir as amostras foram moídas em moinho tipo faca, compeneira de 1 mm e enviadas ao laboratório, junto com as amostras das dietas, para determinação dosteores de matéria seca, nitrogênio e fósforo, de acordo com a metodologia descrita por Silva (2002).

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com três tratamentos e seisrepetições por tratamento, com dois animais por parcela experimental. As análises estatísticas dosresultados obtidos foram realizadas pelo programa estatístico SAEG, versão 7.1 (UFV, 1999),procedimento ANOVA e as médias comparadas pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Composição percentual e exigências nutricionais da dieta experimental.

Ingredientes %

Milho 75.62

Farelo de soja 21.00

Suimix® 1 3.00

L-Lisina HCL (78%) 0.28

DL-Metionina (98%) 0.05

Inerte* 2 0.05

Total 100,00

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Exigências Nutricionais

Energia metabolizável (kcal/kg) 3.200

Proteína bruta (%) 16

Cálcio (%) 0,63

Fósforo disponível (%) 0,33

Sódio (%) 0,15

Lisina total (%) 1,00

Metionina total (%) 0,37

1 Níveis de garantia por kg do produto: Vit. A – 180.000 U.I.; Vit. D3 – 30.000U.I.; Vit. E –900 mg; Vit. K – 45 mg; Vit. B – 30 mg; Vit. B12 – 480 mcg; Pantotenato de Cálcio – 400mg;Ácido fólico – 400 mg; Biotina – 3 mg; Colina – 6000 mg; Metionina – 20g; Iodo – 45mg; Selênio – 5 mg; Manganês – 2000mg; Cobre – 750mg; Ferro – 2000mg; Zinco – 2604mg; Lisina – 50g; Promotor de crescimento – 1000 mg; Cálcio – 180 g; Fósforo – 63 g;Sódio – 39g, Cloro – 60 g; Antioxidante – 250mg.2 O cloridrato de ractopamina foi incluído na dieta em substituição ao inerte (caulim), deacordo com a recomendação do fabricante 0,500kg do produto comercial por tonelada deração, garantindo 10ppm de ractopamina.

ResultadosOs resultados de desempenho, para consumo de ração médio diário (CRD) em gramas, ganho de

peso médio diário (GMD) em gramas e a conversão alimentar (CA), encontram-se na Tabela 2. Houveefeito significativo (p<0,01, somente para a conversão alimentar, onde o tratamento controle (T1) seminclusão de ractopamina, proporcionou o pior resultado.

Tabela 2. Médias dos parâmetros de desempenho: consumo de ração médio diário (CRD), ganho depeso médio diário (GMD) e conversão alimentar (CA), para suínos na fase de terminação (período totalde 28 dias)

Tratamentos CRD (g) GMD (g) CA

T1 – Controle 4.100 960 4,30 b

T2 – Rac. V 4.030 1.080 3,73 a

T3 – Rac. B 4.070 1.000 4,07 a

CV (%) 8,63 9,96 8,16

NS NS **

Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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A melhor conversão alimentar obtida para os tratamentos T2 e T3 (dietas com inclusão deractopamina), independente da fonte ractopamina, em relação ao tratamento controle T1, ocorreupossivelmente pela menor quantidade de energia necessária para produzir o tecido magro em relação aotecido adiposo (MOSER et al., 1986). Dados semelhantes foram obtidos por Stoller et al., (2003),Armstrong et al., (2004), See et al., (2004), Carr et al., (2005) e Mimbs et al., (2005) onde verificaramdiferença significativa para conversão alimentar, melhorando a conversão alimentar quandoadicionaram ractopamina nas dietas, entretanto, para consumo de ração e ganho de peso os resultadossão contraditórios. Na Tabela 3 são apresentados os resultados para as características das carcaças,espessura de toucinho (ET) mm, as porcentagens de rendimentos de: carcaça (% RC); carne magra (%CM); pernil (%P) e lombo (%L) e comprimento da carcaça em cm (Comp.).

Para as características das carcaças os diferentes tratamentos afetaram significativamente(p<0,01), a espessura do toucinho e a porcentagem de carne magra, onde os tratamentos T2 e T3 (cominclusão de ractopamina independente da fonte) proporcionaram os melhores resultados, ao compararcom o tratamento controle T1, reduzindo a espessura do toucinho em 10,5% e aumentando em 8,6% aporcentagem de carne magra na carcaça, resultados semelhantes foram obtidos por (CARR et al.,2005).

Tabela 3. Médias para as características das carcaças: espessura do toucinho (ET) mm, as porcentagensde rendimentos de: carcaça (% RC); carne magra (% CM); pernil (%P) e lombo (%L) e comprimentoda carcaça em cm (Comp.), ao final do período experimental.

Tratamentos ET mm % RC % CM % P % L Comp.

T1 – Contr. 26,01 b 79,62 48,73 b 24,72 12,92 89,16

T2 – Rac. V 23,02 a 81,25 53,10 a 25,64 12,70 90,83

T3 – Rac. B 23,52 a 81,11 52,80 a 25,55 12,85 90,50

CV (%) 5,77 2,21 5,23 5,51 8,25 1,74

** NS ** NS NS NS

Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% deprobabilidade.

Esta alteração na carcaça de suínos alimentados com dietas contendo ractopamina, onde severifica uma maior deposição de tecido muscular, deve-se à maior retenção de nitrogênioproporcionada por este agonista beta-adrenérgico, o qual aumenta a relação músculo/gordura,direcionando a energia consumida mais para o crescimento do tecido magro do que para o tecidoadiposo (WILLIAN, 1994; RUTZ; XAVIER, 1999).

ConclusãoA adição de ractopamina nas dietas de suínos 28 dias antes do abate proporcionou melhora na

conversão alimentar e nas características da carcaça, independentemente das fontes utilizadas.

Referências bibliográficas

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Recebido em 23/08/2018Aceito em 10/09/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/41/48/agrariacad

Adequação do tratamento pré-germinativo para sementes de Tamarindus indica L.

Adequacy of pre-germinative treatment for seed Tamarindus indica L.

Anne Kelly da Silva1, José Maria Gomes Neves 2, Wagner Rogério Leocádio Soares Pessoa3, Sebastião Pereira do Nascimento4, Marcondes Araújo da Silva5, Paula Aparecida dos Santos6

1- Especialista, Departamento de Agricultura, Instituto Federal do Piauí (IFPI), Oeiras, PI, Brasil2- Doutor, Setor de Sementes, Professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Almenara, MG, Brasil. E-mail: [email protected] Doutor, Departamento de Agricultura, Professor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Picos, PI, Brasil4- Mestre, Departamento de Agricultura, Professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI), Oeiras, PI, Brasil 5- Doutor, Departamento de Agricultura, Professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI), Oeiras, PI, Brasil6- Graduanda em Biologia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG, Brasil ___________________________________________________________________________________

ResumoObjetivou-se com esse trabalho testar os métodos para a superação de dormência, bem como identificar o melhor tempo deimersão de sementes de tamarindo em ácido sulfúrico concentrado. O máximo potencial de emergência é obtido quando seemprega a imersão em ácido sulfúrico concentrado por 30 minutos ou cortes nos tegumentos. Para obtenção de mudas maisvigorosas o método por imersão em ácido sulfúrico concentrado por 30 minutos é o mais eficiente. O tempo de imersão dassementes de tamarindo em ácido sulfúrico deve ser de 36,6 minutos para obter a maior emergência e vigor.

Palavras-chave: Tamarindo, Germinação, Dormência, Acido sulfúrico

Abstract The objective of this work was to test the methods for overcoming dormancy, as well as to identify the best time forimmersion of tamarind seeds in concentrated sulfuric acid. The maximum potential for emergence is obtained by immersionin concentrated sulfuric acid for 30 minutes or cuts in the integuments. To obtain more vigorous seedlings the immersionmethod in concentrated sulfuric acid for 30 minutes is the most efficient. The immersion time of tamarind seeds in sulfuricacid should be 36.6 minutes for the greatest emergence and vigor.

Keywords: Tamarind, Germination, Dormancy, Sulfuric Acid___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoO tamarindeiro, conhecido também como tamarineiro, pertence à classe Dicotyledoneae, família

Fabaceae e seu nome científico é Tamarindus indica L. (GÓES et al., 2011). Originário da África doSul Tropical, contudo levado para Índia onde é cultivado extensivamente. O tamarindeiro é umaespécie cultivada em locais de clima quente, revelar-se ser uma árvore ideal para regiões semiáridas,tolerando de cinco a seis meses de condições de deficit hídrico (PEREIRA et al., 2007). Além de serconsiderada uma cultura de múltiplos usos, sendo empregadas como fonte de frutas, sementes, polpaspara sucos, extratos medicinais, potenciais componentes industriais e de madeira (SOUSA, 2008).

O processo de germinação da semente de tamarindo é do tipo epígea e ocorre entre 13º ao 45ºdias após a semeadura (EL-SIDDIG et al., 2001), mostrando ser uma germinação lenta e desuniforme.O provável motivo para esta desuniformidade seria a semente de tamarindo possuir o tegumentoimpermeável desta forma resistente a absorção de água sendo que este tipo de resistência é conhecidocomo dormência exógena física (HILHORST, 2007).

A dormência é um fenômeno pelo qual as sementes de determinada espécie, mesmo viáveis etendo todas as condições ambientais favoráveis a germinação, deixam de germinar (GOUDEL et al.,2013). Há nesses casos, a necessidade da utilização de tratamentos pré-germinativos com o objetivo depromover a superação da dormência com intuito de acelerar e uniformizar a germinação.

Entre os métodos mais utilizados para superação da dormência destacam-se a escarificaçãomecânica e química (imersão em substâncias ácidas) e a imersão das sementes em água (AZEREDO etal., 2010; DEWIR et al., 2011). Esses métodos facilitam o processo de embebição das sementesconstituindo este a etapa inicial do processo de germinação. De acordo com Eira et al. (1993), todosestes tratamentos apresentaram vantagens e desvantagens, de modo que cada um deles devem serestudado, levando-se em conta, também o custo efetivo e sua facilidade de execução. Além disso, paraum mesmo lote pode haver sementes com diferentes níveis de dormência. Sendo assim, o métodoempregado deve ser efetivo na superação da dormência, sem prejudicar as sementes com níveisinferiores, ou seja, que apresentam o menor grau de dormência.

Embora seja uma cultura de grande potencialidade econômica, existem poucos estudos naliteratura a respeito da superação de dormência de sementes de tamarindo. Assim, esse trabalhoobjetivou-se testar métodos para a superação de dormência, bem como identificar o melhor tempo deimersão de sementes de tamarindo em ácido sulfúrico concentrado.

Material e métodos O experimento foi conduzido na Unidade de Aulas Práticas e Pesquisas (07º01’30”S,

42º07’51”W) do Departamento de Agricultura e no Laboratório de Biologia do Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia do Piauí, Campus Oeiras.

O clima da cidade é tropical semiárido, este clima tem condição seca por apresentar índicespluviométricos médios anuais de 400 mm até 800 mm, com distribuição de precipitações concentradasem três ou quatro meses do ano. O período seco prolonga por oito ou nove meses do ano (IBGE, 2018).

Para obtenção das sementes de tamarindos, foram utilizados frutos maduros obtidos de uma feiralivre localizada no Município de Oeiras – PI. Após a aquisição, os frutos foram transportados para oLaboratório de Biologia, onde procedeu ao processo de despolpa manual, lavadas em água corrente atéa extração total do endocarpo, e colocadas para secar a sombra por 24 h, em seguida foi realizada umapré-seleção com objetivo de retirar as sementes que apresentavam algum tipo de má formação. Depoisas sementes de tamarindo foram armazenadas em garrafas pet e mantidas à temperatura de 5º C.

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O experimento foi dividido em dois ensaios independentes:1º ensaio: Tratamentos pré-germinativos em sementes de tamarindos.Antes da instalação dos testes para a superação da dormência das sementes, foi realizada a

determinação do teor de água das sementes, pelo método da estufa a 105º C durante 24 h, com quatrorepetições de 10 sementes, sendo os resultados expressos em percentagem de base úmida (% b.u.)(BRASIL, 2009).

Após o beneficiamento, as sementes de tamarindo foram submetidas aos seguintes tratamentospré-germinativos. T1: testemunha; T2: imersão em água por 24 h sem aeração; T3: imersão em água por24 h com areação; T4: imersão em ácido sulfúrico por 20 minutos; T5: imersão em ácido sulfúrico por30 minutos; T6: corte no tegumento apenas em um lateral ao embrião e T7: corte no tegumento nas duaslaterais ao embrião.

O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições de50 sementes para cada tratamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo testeF e as médias comparadas pelo teste de média Scott–Knott a 5% de probabilidade. Todas as análisesforam realizadas com o auxílio do software estatístico SISVAR, versão 5.3 (FERREIRA, 2010).

2º ensaio: Adequação do tempo de imersão das sementes tamarindo em ácido sulfúrico.Para o tratamento de superação de dormência por escarificação química, as sementes foram

retiradas da refrigeração, após um mês de armazenamento para realização do teste de identificação domelhor tempo de imersão das sementes em H2SO4 concentrado (98%) por períodos de 0, 10, 20, 30, 40e 60 minutos (FIGURA 1). Posteriormente as sementes tratadas, assim como a testemunha, foramlavadas em água corrente por cinco minutos.

Figura 1 – Tempo de imersão das sementes de tamarindo em ácido sulfúrico.

Os dados foram submetidos às análises de variância e de regressão, processadas pelo ProgramaSisvar (FERREIRA, 2000). Para as interações significativas dos tratamentos, procedeu-se ao ajuste deequações de regressão com os coeficientes significativos a 1 e 5% para os modelos de maior R2.

Nos ensaios 1 e 2 o teste de emergência foi realizado com quatro repetições de 50 sementes portratamentos. As sementes foram semeados em um canteiro dentro da casa de vegetação, com sombrite

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50% e dimensões de 3 m x 1,5 m, contendo como substrato área lavada, na profundidade de cinco cm.Os canteiros foram irrigados três vezes ao dia utilizando o sistema de irrigação por microaspersão.

As avaliações foram diárias a fim de verificar o número de sementes emergidas. Foram avaliadosa porcentagem de emergência de plântulas (% E); índice de velocidade de emergência (IVE), em queforam realizadas contagens diárias, considerando a emergência de plântulas quando os cotilédonesestavam acima de 0,5 cm do substrato e calculado de acordo com Maguire (1962); altura de plântula(AP), para medir a altura das plântulas úteis foi utilizada uma régua graduada em centímetros. A alturafoi estabelecida da base das plântulas de tamarindo até o ápice; diâmetro do caule (DC), ao final doperíodo de contagens, o diâmetro do colo das plântulas normais foi mensurado com auxílio de umpaquímetro e os resultados expressos em mm plântula-1; número de folhas (NF), obtido pela contagemdas folhas desenvolvidas e expresso em número de folhas plântula-1; comprimento da parte área (CPA)e da raiz (CR), as plântulas normais foram separadas em parte área e raiz por corte na inserção do colo,obtendo o comprimento com auxílio de régua graduada em milímetros; massa seca da parte aérea(MSPA) e da raiz (MSR). As plântulas foram acondicionadas em sacos de papel e submetidas àsecagem em estufa de circulação forçada de ar a 65°C por 72 h até atingir massa constante e, emseguida, a massa seca foi verificada em balança de precisão de 0,001g e os resultados expressos em gplântula-1.

Resultados e discussãoAs sementes de tamarindo empregadas nos tratamentos apresentavam o teor de água em torno de

7,8%. Conforme a aplicação dos tratamentos pré-germinativos pode-se observar que a escarificação

com ácido sulfúrico durante 30 minutos foi eficiente para promover o maior índice de velocidade deemergência (IVE) e massa seca de plântulas (TABELA 1). Em contrapartida, as sementes detamarindos que não recebeu nenhum tratamento (testemunhas) apresentaram pior IVE e sua emergênciafoi igual a 10%. Desta forma, existe a necessidade de algum método de superação de dormência paraque haja a germinação de um número adequado de sementes de tamarindo.

A escarificação com ácido sulfúrico (98%) por 10 minutos foi o tratamento que proporcionou asuperação da dormência das sementes de Leucaena leucocephala, cv. Cunningham, atingindo altosvalores de germinação (OLIVEIRA, 2009). Já em sementes de tamarindo, Silva et al. (2011)encontraram os melhores resultados que favoreceram a germinação quando aplicaram o tratamento comácido sulfúrico por 15 minutos. As sementes de Cochlospermum vitifolium (Willd.) que ficaramemersas em ácido por 20 minutos, proporcionaram tanto a maior porcentagem de germinação e IVE(SILVA et al., 2014).

Os tratamentos pré-germinativos em imersão em água com e sem aeração não foi eficiente paraaumentar o percentual de emergência e demais variáveis de vigor. Já o procedimento de cortes nalateral do tegumento favoreceu percentual de emergência superior a 90%.

No segundo ensaio conforme as equações ajustadas ao modelo quadrático foram possíveisobservar que o tempo de exposição do ácido sulfúrico apresentou efeito sobre as características deemergência e vigor das sementes de tamarindo.

Os resultados obtidos na figura 2 verificam-se que o tempo estimado para o máximo percentualde emergência, IVE, altura de plântulas (AP), número de folhas (NF), volume de raiz (CR) e massaseca total (MST) foram de 36,7; 36,6; 33; 32; 34 e 37,5 min. respectivamente, obtendo 100% deemergência; índice 3,15; 14 cm de AP; 3,95 de NF; 8,94 ml de VR e 15,20 g de MST de plântulas de

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tamarindo. Ao comparar com a testemunha (Tempo 0) constatou-se que houve um incremento de82,9% na emergência, 88% no IVE, 38,9% AP, 54,2% NF, 50,4% VR e 75,2% da MST.

Resultados semelhantes foram encontrados em Santos et al., (2014) que trabalhando comsementes de surucucu (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth) verificou o valor máximo de 98,19 % nagerminação no período de imersão de 35 minutos e o Índice de Velocidade de Germinação (IVG) comvalor máximo de 35,5, quando as sementes foram submetidas ao ácido sulfúrico durante 39 minutos.

Tabela 1. Resultados da emergência (E%), índice de velocidade de emergência (IVE), altura deplântulas (AP), número de folhas (NF), comprimento de raiz (CR) e massa seca total (MST) para osdiferentes tratamentos pré-germinativos em sementes de tamarindo Tratamentos E% IVE AP NF CR MS

T1 - Testemunha 10 C 0,7 E 8,2 B 0,7 B 6,6 B 1,2 C

T2 - Imersão em H2O sem aeração - 24 h 18 C 1,4 D 5,6 B 1,1 B 8,0 B 2,0 C

T3 - Imersão em H2O com aeração - 24 h 18 C 1,7 D 8,2 B 1,2 B 10,6 A 2,5 C

T4 - Imersão em H2SO4 - 20 min. 73 B 9,5 C 10,3 A 2,9 A 11,3 A 7,5 B

T5 - Imersão em H2SO4 - 30 min. 94 A 12,1 A 12,4 A 3,3 A 14,0 A 10,4 A

T6 - 1 Corte no tegumento 94 A 9,5 C 11,7 A 2,9 A 13,8 A 8,0 B

T7 - 2 Cortes no tegumento 94 A 10,7 B 11,5 A 3,1 A 13,5 A 8,2 B

CV(%) 24,1 12,2 18,6 18,6 12,6 15,1

As médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo testede Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

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Figura 2 - % Emergência (a), Índice de velocidade de emergência (IVG) (b), altura de plantas (AP) (c),número de folhas (NF) (d), volume de raiz (VR) (e) e massa seca total (MST) (f) de plântulas detamarindo obtidas por meio de sementes submetidas a tratamentos prévio à semeadura, definido pordiferentes tempos de exposição ao H2SO4.

A variável altura de plântulas é uma análise de crescimento fundamental importância nafisiologia de produção, uma vez que reflete a resposta da planta às condições ambientais (GONZAGANETO et al., 1982). Nesse sentido, observa-se que na figura 2 (c), o tempo de máxima eficiência deimersão do H2SO4 foi de 33 minutos sobre a variável altura de plântulas de tamarindo, demonstrandoque o maior tempo empregado não foi a que proporcionou o maior aumento crescimento das plântulas.Após as plantas terem atingido o comprimento máximo, verificou-se redução da altura à medida que seaumentou o tempo de imersão das sementes ao H2SO4. Concordando com Alves et al. (2009), quetrabalhando com superação de dormência em sementes de pau ferro (Caesalpinea ferrea Mart.ex Tu.var. leiostachya Benth.), verificaram que as sementes tratadas com H2SO4 deram origem a plântulascom maior altura.

Os dados de massa seca das plântulas ajustaram-se melhor ao modelo quadrático (Figura 1e),cujos maiores valores 75,2 g foram obtidos quando as sementes foram imersas no ácido por 37,5 min.e, após esse período, houve redução nos valores de massa seca das plântulas. Corroborando com Silva

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(2011) verificou que a massa seca da parte aérea obteve maior valor quando embebido em ácidosulfúrico para sementes de Tamarindus indica L.

ConclusõesO máximo potencial de emergência é obtido quando se emprega a imersão em ácido sulfúrico

concentrado por 30 minutos ou cortes nos tegumentos.Para obtenção de mudas mais vigorosas o método por imersão em ácido sulfúrico concentrado

por 30 minutos é o mais eficiente.O tempo de imersão das sementes de tamarindo em ácido sulfúrico deve ser de 36,6 minutos

para obter a maior emergência e vigor.

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Recebido em 08/08/2018

Aceito em 28/08/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/49-55/agrariacad

Ocorrência da brucelose bovina em alagoas

Occurrence of bovine brucellosis in Alagoas

Rafael Cunha Amancio1, Emerson Israel Mendes2, José de Melo Lima Filho3

1- Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado de Alagoas – ADEAL – São Luiz do Quitunde, AL, Brasil. E-mail:[email protected] 2- Faculdade Pio Décimo – Aracaju, SE, Brasil. E-mail: [email protected] 3- Professor Doutor – Recife, PE, Brasil. E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________________

ResumoA brucelose bovina é uma doença reprodutiva. Sua predileção por grupos ocupacionais faz com que a zoonose requeiraatuação dos órgãos da esfera da saúde pública. Avaliou-se a ocorrência, de sorte a subsidiar o Programa Estadual deControle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose em Alagoas. Procedeu-se a um levantamento epidemiológico paraverificar a ocorrência da brucelose bovina no Estado, referentes aos anos 2011 e 2012. Na análise estatística foi utilizado oteste Z para comparação de duas proporções, com nível de significância α=0,05. Os estudos demonstraram baixasocorrências da brucelose em Alagoas com 0,41% (89 casos) em 2011 e 0,12% (19 casos) em 2012, com diferençasignificativa.

Palavras-chave: bovino, AAT, zoonose, defesa sanitária, exame sorológico

AbstractBovine brucellosis is a disease of the reproductive nature. Its preferences for occupational groups cause consequentlyzoonosis demand for public health organs. Based in that scenery it was measured an occurrence seropositive of animal, as aresult, it was subsidized the Program of Estate Control and Eradication of Brucellosis and Tuberculosis of Alagoas. It wasstarted an epidemiological research to estimate the occurrence of bovine brucellosis of state, those databases were referringof 2011 and 2012 years. For the statistical evaluation, Z test method used to analyze for compare two proportion. With levelof significance α=0,05. The test revealed that there was a low prevalence of Brucellosis in Alagoas with 0,47% (89) in 2011and 0,14% (19) in 2012. There was significant difference.

Keywords: bovine, AAT, zoonosis, sanitary defense, serological test___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoAlagoas tem um rebanho bovídeo de aproximadamente de 1.290.000 animais (ALAGOAS,

2012).O Estado de Alagoas tem força econômica pautada nas atividades açucareira e pecuária, tem

uma população de 3.120.992 pessoas, distribuída em 102 municípios. Localizado no nordestebrasileiro, entre os paralelos S 80 48’ 47” e 100 30’ 09” e meridianos W 350 09’ 09” e 380 14’ 27”, é osegundo menor Estado brasileiro em dimensões territoriais. Limita-se ao norte com o Estado dePernambuco, ao sul com Sergipe, ao leste com o oceano Atlântico e a oeste com Pernambuco e Bahia(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2011).

As unidades federativas do Brasil são responsáveis pela promoção da sanidade animal e vegetalno âmbito de sua competência (BRASIL, 2009). Com exceção dos Estados de Sergipe e Bahia, que sãoreconhecidos internacionalmente como zona livre de febre aftosa com vacinação, os demais Estados doNordeste vêm desenvolvendo políticas de defesa sanitária, alcançando esse status sanitário no âmbitonacional (BRASIL, 2013).

A brucelose é considerada uma zoonose, com predileção por grupos ocupacionais, afetandoprofissionais em plena fase laborativa. Causa sinais clínicos de insônia, constipação, impotência sexual,anorexia, cefalalgia, artralgia, podendo atacar o sistema nervoso, o que pode deixar o paciente comirritação, nervosismo e depressão (ACHA; SZYFRES, 2001). No Brasil, no Centro Médico deCampinas, foi relatado um caso de endocardite por brucelose, de um trabalhador rural(DRAGOSAVAC et al., 2007) e num matadouro de Salvador encontrou-se prevalência de 10,58% entreos funcionários (SPINOLA; COSTA, 1972).

Viana et al. (2010) demonstraram fatores complicadores porque em um matadouro noTocantins, com fiscalização federal, encontraram prevalência de 16,8% (142/845) nos animais e estesnão apresentaram lesões ante ou post mortem nem as vacas tinham registro de vacinação, dificultandoum diagnóstico presumível.

O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT)aprovou o regulamento técnico em 2004 diante da necessidade de padronizar as ações sanitárias emrelação às espécies bovina e bubalina no combate da Brucelose e Tuberculose (BRASIL, 2009).

Diante da importância econômica e social desta zoonose, procurou-se estimar a ocorrência deanimais soropositivos, de sorte a subsidiar o Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelosee Tuberculose (PECEBT) em Alagoas.

Material e métodosO estudo da ocorrência da brucelose bovina foi realizado por meio de levantamentos

epidemiológicos dos informes mensais da ADEAL, nos anos de 2011 e 2012, e analisados em 2013.Esses informes foram elaborados a partir dos dados apresentados pelos médicos veterinários habilitadospelo MAPA e cadastrados na ADEAL.

ESTRUTURAÇÕES DOS DADOS EPIDEMIOLÓGICOSOs dados epidemiológicos foram agrupados conforme a estruturação organizacional do Estado.

A Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas, nesta ocasião, possuía 15 (quinze) UnidadesLocais de Sanidade Animal e Vegetal (ULSAV), distribuídas em 3 regionais, cujas sedes estavam emSantana do Ipanema, Arapiraca e União dos Palmares. Essas regionais representavam, de formaaproximada, as mesorregiões Sertão, Agreste e Leste Alagoano (Zona da Mata) (Fig. 1)

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(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2011).

Figura 1 – Mapa das mesorregiões do Estado de AlagoasFonte: http://www.baixarmapas.com.br/mapa-de-alagoas-mesorregioes/

A distribuição dos dados foi feita conforme as áreas de abrangência das três regionais, queforam representadas pelas letras: A, como a de Santana do Ipanema; B, como a de Arapiraca e C, comoa de União dos Palmares.

Análise estatísticaPara consolidação e interpretação dos resultados foram considerados todos os exames

solicitados (casos positivos e negativos). O resultado do exame em estudo é uma variável nominaldicotômica para cada animal. Considerando a realização de exames em n animais e supondo x dessesanimais com resultado positivo para brucelose, esses têm distribuição binomial com parâmetros n, p,sendo p̂=x /n. A variável p̂ é o estimador de máxima verossimilhança para p e tem distribuiçãoamostral aproximadamente normal

p̂ N(p , p (1− p)n )

Para realização do teste para comparação de duas proporções com aproximação Normal considera-se ahipótese nula p1= p2. Assim, sob a hipótese nula, tem distribuição normal com média μ = 0 edesvio padrão

onde p = p1 = p2 e n1, n2 são os tamanhos das respectivas amostras.

A estimativa do valor p é a média ponderada de e :

Este é o valor utilizado em lugar de p para o cálculo de σ. Portanto, o valor observado de Z é obtido por

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Z= p̂1− p̂2

√ p̂ (1− p̂ )n1

+p̂ (1− p̂ )n2

O teste de hipótese é concluído com o cálculo de ZObs, a verificação de Z tabelado para o nível de significância de α=0,05 e verificando se ZObs está localizado ou não na região de aceitação. Em caso afirmativo aceita-se a hipótese nula, caso contrário ela é rejeitada (MOOD et al., 1974; SAMPAIO, 2002; ARANGO, 2009).

Resultados e discussãoOs resultados do levantamento epidemiológico quanto à sorologia para a brucelose bovina, nas

diferentes regionais, nos anos de 2011 e 2012, no Estado de Alagoas, estão apresentados na tabela 1.Durante os anos estudados houve solicitação de exames sorológicos em todas as regionais.

A estruturação dos dados epidemiológicos para análise fora realizada conforme trabalhodesenvolvido por CHATE et al. (2009).

Tabela 1 – Resultados sorológicos para brucelose bovina, nos anos 2011 e 2012, em Alagoas eanalisados em 2013.Ano 2011 2012Regional Examinados Positivos % Examinados Positivo

s%

A 8.479 65 0,767 5.665 3 0,053B 10.288 24 0,233 8.172 16 0,196C 2.937 0 0 1.425 0 0Total 21.704 89 0,41 15.262 19 0,124

Fonte: dados dos levantamentos epidemiológicos dos informes mensais da ADEAL.

O diagnóstico da brucelose foi feito a partir de amostras de soro sanguíneo submetidas ao testeantígeno acidificado tamponado (AAT). Os exames sorológicos foram realizados mediante solicitaçãodos proprietários, conforme as suas necessidades (FIGUEIREDO et al., 2011). Nesses levantamentoshouve a possibilidade de um animal ser submetido mais de uma vez ao exame de AAT durante o ano.

A ausência de animais positivos na regional C, possivelmente foi devido a um menor número deexames realizados (Tab. 1), bem como ao fato de possuir um menor número de animais, 268.818,quando comparado com A (400.837) e com B (644.403), na média dos dois anos, tendo comoparâmetro: a média das estratificações de rebanho das etapas de vacinação contra febre aftosa dosreferidos anos (ALAGOAS, 2011-2012). Essa regional, também, sedia a capital alagoana, concentrauma maior área de produção álcool-açucareira do Estado e apresenta outros setores de desenvolvimentoeconômico. Essas características geopolíticas e econômicas, ora diminui a concentração de animais orademandam extensas áreas de terra (ALAGOAS, 2012). Ao contrário uma maior densidade de animaisfavorece o ingresso da doença (GONÇALVES et al., 2009b).

Resultados com prevalência baixa, também, foram encontrados em Minas Gerais (1,1% -226/20.643) (GONÇALVES et al., 2009b) e no Distrito Federal (0,16% - 7/2.019) (GONÇALVES etal., 2009a), porém esses estudos foram realizados com delineamentos experimentais e testesconfirmatórios. No primeiro estudo, creditaram essa baixa prevalência ao programa estadual devacinação, utilizando a vacina B19 em bezerras de 3 a 8 meses de idade, que teve início na década de

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90, antes mesmo da adoção do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose eTuberculose (BRASIL, 2009). No segundo, disseram que, possivelmente, o baixo contingente animal(98.740) tenha influenciado o resultado. Nos dois trabalhos foram sugeridos a continuação do PNCEBTque é a certificação de propriedades livres de brucelose.

Em outros Estados da União, pesquisas com delineamento estatístico, foram realizadas eencontradas prevalências maiores. No Estado do Mato Grosso do Sul obteve-se prevalência aparente de6,6% (157/2.376) e real de 5,6% (MONTEIRO et al., 2006) e São Paulo apresentou prevalênciaaparente de 3,8% (187/8.761) (DIAS et al., 2009). É importante salientar que o rebanho da época era de24,9 milhões e 12,8 milhões de bovinos, respectivamente. No Mato Grosso do Sul a prevalência maiorfoi em rebanhos de corte, mas não houve correlação com o trânsito de animais, porém em São Pauloessa variável foi considerada.

Olascoaga (1976) ressaltou que para o Programa de brucelose ser efetivo seria necessário o usode mais de um teste de diagnóstico por animal. O PNCEBT sugere o uso do antígeno acidificadotamponado como teste de triagem e os 2-mercaptoetanol (2-ME) e o fixação de complemento comotestes confirmatórios (BRASIL, 2009). Em Alagoas, a comunicação à ADEAL, quanto à sorologia paradiagnóstico da brucelose, era realizada com o exame do antígeno acidificado tamponado, pelos médicosveterinários habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ecadastrados na ADEAL.

Os resultados estatísticos demonstraram haver diferença significativa de ocorrências entre asregionais A e B nos anos avaliados quanto aos animais soropositivos. Em 2011 na regional A (0,77) foimaior que na B (0,23), porém no ano seguinte houve a inversão dos resultados, na B (0,20) enquanto naA (0,05). Em 2011 o Zobs foi igual a 5,30 e em 2012 o Zobs foi igual a -2,23.

Quando comparadas as taxas de ocorrências regionalmente nos dois anos, observou-se quehouve diferença significativa na regional A (0,77 em 2011 contra 0,05 em 2012), porém na regional Bnão houve diferença significativa (0,23 em 2011 e 0,20 em 2012). Na regional A o Zobs foi igual a 6,01e na B, Zobs foi igual a 1,04×10-6.

Resultados próximos, também, foram encontrados na Paraíba em estudo com delineamentoamostral e testes confirmatórios, com prevalência de 0,34% (8/2 343) (LEITE et al., 2003). Estesautores encontraram pelo menos um animal positivo por região estudada e consideraram que a doençaestava disseminada em todo o Estado. Como o presente trabalho foi pautado em levantamentosepidemiológicos e não houve um delineamento amostral, seria precipitado aferir que a regional Cestivesse isenta de animais com brucelose.

No levantamento epidemiológico, deste trabalho, dentre os animais positivos apenas um foimacho, fato ocorrido em 2011, na regional A. Reduzidos números de machos positivos também foramencontrados por Minervino et al. (2011), 3,5% (21/596) contra 10,8% (768/7.136) de fêmeas, no Estadodo Pará, e por Figueiredo et al. (2011), que encontraram 0,04% (5/14.076) contra 0,47% (194/41.615),no Estado da Paraíba. Os primeiros alegaram que, por serem reprodutores de propriedades, esses seriamsubmetidos a testes prévios, os outros disseram que comparativamente as fêmeas apresentavam maiorpré-disposição à doença, especialmente quando prenhas.

Olascoaga (1976) citou que os touros, geralmente, apresentavam títulos baixos nos examessorológicos, tendo que recorrer ao exame do plasma seminal, espermoaglutinação e ou bacteriológico.Por causa dessa informação e devido aos baixos índices encontrados por outros pesquisadores,anteriormente citados, optou-se por agrupar todos os resultados independentemente do gênero.

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Na oportunidade foi feito o levantamento epidemiológico de dois anos consecutivos, comocorrências de p= 0,41 no ano de 2011 e p= 0,12 no ano 2012 e questionado se houve diferençasignificativa de positivos nestes dois anos. Então, foi feita a comparação dessas duas ocorrências aonível de significância de α= 0,05. Foi obtido Zobs= 5,01, concluiu-se que houve diferença significativa.No ano de 2012 teve menos casos positivos que em 2011 em relação ao diagnóstico de animais combrucelose.

Experimentos, citados nesse trabalho, foram realizados no Mato Grosso do Sul e Paraíba emmais de uma oportunidade. O primeiro Estado obteve prevalência de 4,5% (259/5.754), em 1998(CHATE et al., 2009) e de 6,6% (157/2.376), em 2003-2004 (MONTEIRO et al., 2006) e o segundoEstado as prevalências foram de 0,34% (8/2.343), em 2000 (LEITE et al., 2003) e de 0,36% (199/55691), no período de 2008-2009 (FIGUEIREDO et al., 2011), porém nesses trabalhos não foramrealizadas comparações entre as prevalências. Talvez por considerarem trabalhos distintos e com osdelineamentos estatísticos diferentes, no entanto esses demonstraram a presença da brucelose em seusrespectivos Estados e consequentes proposições.

ConclusõesOs resultados demonstraram que o território alagoano teve baixas ocorrências em relação à

brucelose, tendo o segundo ano estudado menos casos positivos. Os dados coligidos permitem aAlagoas realizar outros estudos com delineamentos experimentais para certificar esses baixos índices,bem como análise de fatores de risco para caracterização da enfermidade no Estado e seguir naprogressão do programa de controle e habilitar-se para a erradicação da doença.

As baixas ocorrências encontradas e o fato do rebanho alagoano ser vacinado contra brucelose,possibilitam diagnósticos falsos positivos. Portanto, seria interessante que o Estado estimulasse arealização de exames confirmatórios para os animais positivos.

Como o trabalho foi feito através de levantamentos epidemiológicos, é recomendável acontinuidade do programa de vacinação, pois essa medida preventiva é primordial para impedir futurasinfecções.

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Recebido em 26/06/2018Aceito em 19/07/2018

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/56-64/agrariacad

Monitoramento de grãos de soja (Glycine max L. Merril) armazenados em silosmetálicos

Monitoring of soybean grains (Glycine max L. Merril) stored in metal silos

Letícia Almeida Sorano¹*, Rienni de Paula Queiroz², Guilherme Araújo Brustolin³

1*- Tecnóloga em produção de grãos e estudante de Agronomia; Instituto Federal do Mato Grosso do Sul; Nova Andradina, MS; [email protected] Orientadora; Instituto Federal do Mato Grosso do Sul; Nova Andradina, MS3- Co-Orientador; Coopergrãos – Cooperativa Agropecuária Regional dos Produtores de Grãos; Nova Andradina, MS___________________________________________________________________________________

ResumoA principal preocupação pós-colheita é com o beneficiamento e a armazenagem, que tem papel fundamental, pois procuramgarantir a qualidade do produto que vem do campo. O processo da armazenagem é a atividade que estoca e conserva osgrãos, visando garantir a qualidade do produto independente do tempo que este seja mantido em armazenamento(BROOKER, 1992 apud LIMA, 2013). O trabalho tem por objetivo monitorar a classificação, temperatura e umidade dosgrãos de soja na Cooperativa Coopergrãos, situada em Nova Andradina – MS e como essas variáveis interferem naqualidade e longevidade dos grãos armazenados em silos metálicos. As temperaturas foram obtidas através da termometriarealizada com o aparelho Termo Coletor MOD. V5 FOCKINK, onde semanalmente, durante os meses de maio, junho ejulho eram monitorados as temperaturas correspondentes a cada cabo e seus respectivos sensores. Durante esse período demonitoramento, foram coletadas duas amostras de grãos de soja em diferentes dias no mês de junho para aferir a umidade.As amostras foram retiradas com o intervalo de 20 minutos para expressar representativamente o material presente no silo, eforam coletadas no fim da correia transportadora. Não houve proliferação de microrganismos nem de insetos-praga, onde amassa de grãos não apresentava umidade favorável e a temperatura estava abaixo do ótimo para sua proliferação. Naclassificação, encontramos o total de avariados acima do permitido para soja, porém foi enquadrado como Fora de Tipo oque não impede a venda de grãos para outros usos na comercialização.Palavras-chave: Glycine max (L) Merril, Armazenagem, Qualidade de grãos

AbstractThe main post-harvest concern is with the processing and storage, which plays a fundamental role, since they seek toguarantee the quality of the product that comes from the field. The storage process is the activity that stores and conservesthe grains, aiming to guarantee the quality of the product regardless of the time it is kept in storage (BROOKER, 1992 apudLIMA, 2013). The objective of this work is to monitor the classification, temperature and humidity of soybeans at theCoopergrãos Cooperative, located in Nova Andradina – MS, and how these variables interfere with the quality and longevityof grains stored in silos. The temperatures were obtained through thermometry performed with the Thermo Collector MOD.V5 FOCKINK, where weekly temperatures during the months of May, June and July were monitored for each cable and itsrespective sensors. During this monitoring period, two samples of soybean grains were collected on different days in June togauge moisture. The samples were withdrawn with the interval of 20 minutes to representatively express the materialpresent in the silo, and were collected at the end of the conveyor belt. There was no proliferation of microorganisms orinsect pests, where the grain mass did not present favorable humidity and the temperature was below the optimum for itsproliferation. In the classification, we found the total number of defects above the allowed for soybean, but it was framed asOut of Type which does not prevent the sale of grains for other uses in the commercialization.Keywords: Glycine max (L) Merril, Storage, Grain quality___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoNo Brasil a safra de soja 2016/2017 apresentou um crescimento na área plantada de 1,9%,

comparado com o observado na safra anterior, e obteve uma produção de 113,9 milhões de toneladasaté o momento (CONAB, 2017).

Para garantir o sucesso dessa produção a pós-colheita tem grande relevância, pois é a forma dearmazenagem que garante a qualidade e longevidade dos grãos, em função do tempo dearmazenamento.

A armazenagem impacta diretamente na conservação e longevidade dos grãos, estas associadasà deterioração, pois diversas variáveis interferem na qualidade dos grãos, as variáveis físicas(temperatura e umidade) e as externas (microrganismos, insetos, etc) são as que mais causam danos aosgrãos (FARONI, 1998). Mantendo os aspectos qualitativos e quantitativos dos grãos, proporcionandocondições desfavoráveis ao desenvolvimento de insetos, roedores e microrganismos.

Para que os grãos estejam aptos a serem estocados no silo deve-se passar por todos os processosnecessários de armazenagem, que segundo Elias (2003), é o processo de guardar o produto, associada auma sequência de operações, tais como: limpeza, secagem, tratamento fitossanitário, transporte,classificação, dentre outros, com o intuito de preservar as qualidades físicas e químicas da colheita, atéo abastecimento. Considerando as variáveis físicas são realizadas medidas de temperatura para avaliar edetectar a deterioração dos grãos, pois por possuir baixa condutividade térmica, a deterioração começaem pequenos focos localizados, podendo aumentar a temperatura somente onde está acontecendo oprocesso de degradação.

Para Sinha (1973) citado por Faroni (1998), o grau de deterioração depende da taxa de aumentodestas variáveis que, por sua vez, são principalmente afetadas pela interação da temperatura e umidadee secundariamente pela inter-relação deles com o grão, entre eles, e com a estrutura do silo. Uma vezque, a umidade influencia no aparecimento de microrganismos e insetos que também provocam adeterioração do grão, degradando o material de interesse, que é a sua massa.

Quando não ocorre o manejo correto para evitar os insetos e microrganismos, os principaisinsetos primários que surgem são, Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e S. zeamais e Plodiainterpunctella, as secundárias que podem aparecer são, Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilussurinamensis e Tribolium castaneum (LORINI, 2008 citado por LORINI, 2015). Os microrganismosmais frequentes são Aspergillus restrictus, A. glaucus (Eurotium), A. candidus, A. ochraceus, A. flavus.E. Penicillium.

Material e métodosO trabalho foi desenvolvido na Cooperativa Coopergrãos – Cooperativa Agropecuária Regional

dos Produtores de Grãos, localizada na Rodovia MS 376 em Nova Andradina – MS, durante os mesesde maio a julho de 2017. A área possui latitude 22°15’58.19”S e longitude 53°21’53.94”O.

Nesse estudo foi avaliada a influência de temperatura e umidade dos grãos de soja armazenadosem silos metálicos. As temperaturas foram obtidas através da termometria realizada com o aparelhoTermo Coletor MOD. V5 FOCKINK, onde semanalmente, durante os meses de maio, junho e julhoforam monitoradas as temperaturas correspondentes a cada cabo e seus respectivos sensores, comoobservado na Figura 1.

Durante esse período de monitoramento, foram coletadas no mês de junho duas amostras degrãos de soja em diferentes dias que seriam necessários para aferir a umidade. Os critérios

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estabelecidos para a retirada das amostras foram: coletar os grãos no fim da correia transportadora, como intervalo de retirada dos grãos de 20 minutos para expressar representativamente a massa de grãos nosilo e que posteriormente seria levado ao embarque.

Em seguida, essas amostras foram encaminhadas à sala de classificação, onde ocorreu ahomogeneização da amostra e separados 250g de grãos que passaram pelas peneiras de 0,5 e 0,3mmpara a retirada das impurezas e matérias estranhas (pedra, insetos mortos, palha, etc). Os grãos livres deimpurezas foram colocadas no Medidor de Umidade MOTOMCO Modelo 999-ES para obter valoresprecisos de umidade (11,8%) e pH (0,684g/hL), representando como estariam armazenados os grãosdentro do silo.

Figura 1 – Ilustração do silo metálico para mensuração de temperatura matutina e vespertina.

lFonte: Coopergrãos (2017).

Para medir o pH, usamos a balança de peso Hectolitro e em seguida a amostra foi colocada nomedidor de umidade citado acima. Essas amostras foram separadas em 250g e classificadas de acordocom a Instrução Normativa Nº 11, de 15 de maio de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (BRASIL, 2007) onde puderam ser observadas as características físicas e qualidade dosgrãos (fermentados, esverdeados, picados de percevejo, entre outros).

Resultados e discussãoNo Gráfico 1, verifica-se a classificação das amostras de grãos de soja, em avariados

(fermentados, danificados e imaturos), esverdeados e matéria estranha e impurezas (palhas, pedras,insetos mortos e fragmentos de vagens) coletados e analisados em junho de 2017, na Coopergrãosunidade de Nova Andradina – MS.

Esses grãos pertencem ao Grupo II, que são destinadas a outros usos (óleo, farelo, entre outros)e não para consumo in natura (BRASIL, 2007).

Conforme os dados abaixo, segundo a classificação observou-se que o total de avariados(fermentados, danificados e imaturos) está acima do limite permitido estipulado pelo Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que é de 8%.

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Na Instrução Normativa 11, de 15 de maio de 2007, com a IN 37, de 27 de julho de 2007, Art.08, diz que grãos de outros usos com defeitos graves permitem-se até 40% para comercialização, assim,foi enquadrada como Fora de Tipo. Podendo ser: rebeneficiada, desdobrada ou recomposta para efeitode enquadramento em tipo II. Já, os esverdeados, matérias estranhas e impurezas estão bem inferioresao limite permitido, praticamente nulo.

Dentro desses avariados, o maior percentual é de grãos fermentados (25%), seguido dos grãospicados de percevejo (5,2%) e os imaturos (1%). Os grãos picados de percevejo favorecem o ataque defungos e insetos secundários, por deixarem canais abertos no grão, o que facilita a fermentação e perdade massa. Os grãos que já estão no estágio de fermentação perdem qualidade, pois o seu material dereserva encontra-se deteriorado.

Elias (2003) observou que os fungos estão entre as principais causas de deterioração dos grãosarmazenados. Em consonância Márcia e Lázzari (1998), ressaltam que os fungos provocam grandesperdas na qualidade e quantidade de sementes e grãos de soja, consomem gordura, proteína ecarboidratos, aumento o teor de acidez do óleo e consumem matéria seca reduzindo o peso do grão.

Para Queiroz et al., (2009), matéria estranha e impurezas podem ser fragmentos de insetos,vidros, pedras e materiais estranhos. Esse material pode retardar o processo de secagem, acelerar osurgimento e desenvolvimento de microrganismos e facilitar a proliferação de insetos (REGINATO etal., 2014).

O produto contendo impurezas e matérias estranhas são portadores de maior quantidade demicrorganismos e apresentam condições que aceleram sua deterioração, pois matérias estranhasapresentam teores de umidade mais elevados que o produto quando sob mesmas condições (FARONI;SILVA, 2008).

E como o nível da matéria estranha e impureza estão bem abaixo do permitido pode-se afirmarque a pré-limpeza realizada na Cooperativa é eficiente. A pré-limpeza, antes do armazenamento,

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diminui os riscos de deterioração e reduz o uso indevido de espaço útil do silo (MANDARINO;HIRAKURI; ROESSING, 2015).

Os grãos esverdeados são grãos ou pedaços de grãos com desenvolvimento fisiológico completoque apresentam coloração totalmente esverdeada no cotilédone (BRASIL, 2007).

Como os grãos avaliados são usados pelas indústrias, os grãos esverdeados trazem problemas deperdas, porque o óleo com elevado teor de clorofila, proveniente da extração de grãos verdes, sofreredução em sua estabilidade oxidativa, levando o produto ao processo de rancificação e,consequentemente, reduzindo a vida útil de prateleira. Além disso, confere coloração indesejável (maisescura), e comercialmente inadequada e diminui o processo de hidrogenação. A remoção dos pigmentosverdes por adsorção em agentes clarificantes eleva o custo de refinação (ENDO et al., 1984; USUKI etal., 1984; WARD et al., 1992 e 1995; JALINK et al., 1999; SINNECKER, 2002 citado por ZORATO,2003).

No acompanhamento realizado entre maio e julho obteve-se valores médios correspondentes àtemperatura dos grãos que encontra-se em contato com os sensores localizados em pontos distintos dosilo (Gráfico 2) e valores da umidade relativa do ar, encontradas no INMET (Instituto Nacional deMeteorologia) (Gráfico 3).

De acordo com Faroni e Silva (2008) o surgimento de fungos e de insetos-praga depende devariáveis como temperatura e umidade relativa do ar. Em concordância, Soares Júnior et al. (2008) eElias et al. (2010) citado por Coradi (2015), acreditam que o efeito combinado da umidade relativa doar intergranular e da temperatura de armazenamento determinam a atividade de todos os componentesbióticos do sistema, que levam a um armazenamento seguro ou a perdas de produto.

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Segundo o Gráfico 2, as temperaturas encontradas nos pontos dentro do silo estão abaixo dovalor médio considerado como ótimo (30°C) para o seu desenvolvimento. Conforme Faroni e Silva(2008) os limites de sobrevivência de fungos são de -2 a 55° C e para os insetos são de 8 a 41°C.

A temperatura média ótima para o desenvolvimento dos fungos de grãos armazenados se situaentre 30º C. As condições que possibilitam o desenvolvimento dos fungos de armazenamento de grãossão: a umidade; a temperatura; a integridade física; as condições de armazenamento; a quantidade deimpurezas na massa de grãos e a presença de organismos estranhos. E os principais danos causados,nos grãos, por fungos, são: aquecimento e emboloramento; alterações na coloração e aparecimento demanchas; alterações no odor e no sabor; alterações da composição química; perdas de matéria seca;diminuição do poder germinativo e produção de toxinas (REGINATO et al., 2014).

Temperaturas muito altas e muito baixas inibem o desenvolvimento para a maioria dos fungos(FARONI, 1998). A temperatura é capaz de interferir na qualidade dos grãos durante o armazenamentovisto que acelera as reações bioquímicas e metabólicas dos mesmos, pelas quais reservas armazenadasno tecido de sustentação são desdobradas, transportadas e ressintetizadas no eixo embrionário(CAMARGO et al., 2014; ROCKENBACH et al., 2014).

Para as condições brasileiras, o teor de umidade ideal para a armazenagem de grãos e sementesé de 13%. Este valor foi estipulado por estabilizar a atividade aquosa do produto (Aa) e assiminviabilizar, principalmente, o desenvolvimento de fungos e bactérias (REGINATO et al., 2014; SILVA,2005). E na cooperativa eles estão armazenados a 11,8%, portanto, esses grãos tendem a sofrer menosataques por estarem mais secos.

¹ As informações tiveram como parâmetro de comparação dados extraídos do site do INMET (EstaçãoA709 – Ivinhema, 2003).

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Os fungos necessitam um mínimo e um ótimo de umidade relativa e de temperatura para sedesenvolverem.

Já a Umidade Relativa (UR%) nos dias 31 de maio (81%), 06 de junho (87%) e 14 de julho(89%) estavam acima da capacidade ótima e dentro da taxa de sobrevivência dos fungos, e nos demaisdias estavam abaixo do considerado ótimo para a sua proliferação, respectivamente, 76%, 50% e 43%.

Quanto aos insetos, nas quatro primeiras leituras a UR% estava à cima do considerado ótimopara a sua proliferação (81%, 87%, 89% e 76%) e nas duas últimas as leituras abaixo do ótimo (50% e43%), mas estava dentro do seu limite de sobrevivência.

Mesmo com as taxas variáveis a favor da sobrevivência dos insetos e fungos, não houvenenhum indício de ataque de pragas, e nem de fungos ao longo do processo de armazenamento no silo.Os fungos poderiam estar presentes, porém não se desenvolveram, mostrando a eficiência e controle deT e umidade dos grãos dentro do silo na Cooperativa, onde a mesma efetua a limpeza do silo naentressafra com Deltametrina.

Deltametrina é um inseticida piretróide, concentrado emulsionável, indicado para o controlepreventivo de insetos.

Após a limpeza total das instalações onde os grãos serão armazenados, aplica-se o inseticidapreventivo nas paredes, chão, teto, cantos, etc., com um pulverizador costal ou estacionário, manual oumotorizado dotado de mangueira de extensão e pistola (K-OBIOL, 2002).

Para Fontes et al. (2003) as perdas causadas pelos insetos-praga, durante o armazenamento dosgrãos, podem equivaler ou mesmo superar aquelas provocadas pelas pragas que atacam a cultura nocampo.

Considerações finaisO manejo do silo metálico no período avaliado demonstrou-se de forma coerente não havendo

focos de proliferação de insetos e fungos no armazenamento;A umidade no silo está abaixo do permitido para grãos estocados, considerado seco, não

proporcionando ambiente favorável aos agentes deteriorantes; Quanto à temperatura no silo, considera-se abaixo do valor ótimo para o desenvolvimento dos

insetos-pragas e fungos;A Umidade Relativa do ar que apresentavam elevação em alguns dias não influenciaram no

ataque aos grãos, e; As variáveis analisadas não interferiram na qualidade dos grãos proporcionando longevidade no

armazenamento em silos metálicos.

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Recebido em 25/06/2018Aceito em 19/07/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/65-75/agrariacad

Qualidade fisiológica e fitossanitária de sementes tratadas de Eugenia dysentericaDC. durante armazenamento

Physiological and phytosanitary quality of treated seeds of Eugenia dysenterica DC. during storage

Évelin Cristiane Castro Silva¹, José Carlos Moraes Rufini², Nádia Nardely Lacerda Durães Parrella³, Wânia dos Santos Neves4

1- Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias – PPGCA/ Universidade Federal de São João del Rei UFSJ – Sete Lagoas, MG, Brasil. E-mail: [email protected] 2- Fruticultura/ Universidade Federal de São João del Rei UFSJ – Sete Lagoas, MG, Brasil. E-mail: [email protected] 3- Produção e Tecnologia de Sementes/ Universidade Federal de São João del Rei UFSJ – Sete Lagoas, MG, Brasil. E-mail: [email protected] 4- Fitopatologia/Nematologia/ Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG/ Unidade Regional Centro-Oeste, MG, Brasil. E-mail: [email protected] ___________________________________________________________________________________

ResumoEste trabalho analisou a qualidade fisiológica e fitossanitária nas sementes de Eugenia dysenterica DC. Os tratamentosutilizados foram testemunha, secagem, fungicida Cercobin® e termoterapia. Foram identificados os gêneros Aspergillus,Fusarium, Penicillium e Rhizopus associadas às sementes no tratamento usado como testemunha. A secagem não foieficiente no controle fitossanitário e causou danos na qualidade fisiológica das sementes. A aplicação de fungicida foi maiseficiente nas sementes antes do armazenamento. O tratamento com termoterapia anulou a presença dos gêneros Aspergilluse Rhizopus aos 100 dias de armazenamento e não causou perdas significativas na qualidade fisiológica das sementes quandocomparadas com a aplicação de fungicida e à testemunha.

Palavras-chave: Cagaiteira, fungicida, termoterapia

AbstractThis study analyzed the physiological quality and plant in Eugenia dysenterica DC seeds. The treatments were control,drying, fungicide Cercobin® and thermotherapy. It was identified the genus Aspergillus, Fusarium, Penicillium andRhizopus associated with seed treatment used as a witness. Drying was not an effective phytosanitary control and causeddamage to the physiological quality of seeds. The fungicide was more efficient in the seeds prior to storage. Treatment withthermotherapy annulled the presence of Aspergillus and Rhizopus after 100 days of storage and did not cause significantlosses in seed quality when compared with fungicide and witness.

Keywords: cagaiteira, fungicide, thermotherapy___________________________________________________________________________________

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Introdução

Devido à intensa degradação ambiental do bioma Cerrado, cada vez mais são escassas as áreasde preservação nativa. Espera-se que em um futuro breve a demanda por sementes de espéciesflorestais nativas do Cerrado seja ainda mais elevada, visando a atender os programas de compensaçãoflorestal.

A cagaiteira, Eugenia dysenterica DC, é uma espécie nativa do Cerrado brasileiro. Possui frutossaborosos, que são utilizados na culinária pela população local. Sua cor amarelada e abundantefrutificação tornam-se atrativos para insetos e animais. Por ser típica do Cerrado, é resistente acondições de estresse ambiental e possui germinação relativamente rápida. Suas mudas desenvolvem-semelhor em áreas de pleno sol (SANO et al., 1995), possuem preferência por substratos à base de areia eargila (NIETSCHE et al., 2004), tem crescimento em altura e diâmetro lento (SOUSA et al., 2002) epossuem características interessantes na seleção de espécies usadas em programas de recuperaçãoambiental. Porém, suas sementes têm caráter recalcitrante (ANDRADE et al., 2003), o que torna difícilo armazenamento. Estas necessitam de técnicas de armazenamento apropriadas, pois são sensíveis àdessecação e a baixas temperaturas (BARBEDO; MARCOS FILHO, 1998).

A qualidade das sementes é determinada por fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários(MARCOS FILHO, 2005). O armazenamento visa a manter ao máximo a qualidade fisiológica dassementes, de modo que ainda tenha um bom desempenho no campo, após o armazenamento(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Porém condições inapropriadas de armazenagem, como altaumidade relativa do ar e temperatura favorecem a proliferação de patógenos nas sementes. Entre osmicrorganismos encontrados associados às sementes, os fungos representam o maior grupo e podeminterferir negativamente na germinação das sementes e na qualidade final das mudas (MACHADO,1988). Esses patógenos normalmente causam a deterioração, o que leva a perda de vigor e queda nagerminação da semente. Além disso, tornam a semente um eficiente veículo de disseminação depatógenos para diferentes regiões.

A falta de fungicidas registrados para as espécies florestais requer estudos sobre métodos decontroles fitossanitários alternativos. O mercado de produção de mudas nativas encontra-se em plenaexpansão. A crescente necessidade de mudas, para fins de recuperação de áreas degradadas, encontrasérias dificuldades devido à falta de sementes de espécies florestais nativas. Aliado a isso, existe ainsegurança sobre a qualidade fisiológica e sanitária dos lotes de sementes florestais, o que prejudica obom desenvolvimento da cadeia de produção de mudas. São importantes estudos que avaliem aqualidade sanitária e fisiológica das sementes de espécies florestais nativas, durante o armazenamento,bem como o comportamento dessas, diante de tratamentos alternativos de patógenos.

Os principais gêneros de fungos encontrados associados às sementes de espécies florestais sãoAspergillus, Penicillium e Fusarium (GALLO et al., 2013; NASCIMENTO et al., 2006; OLIVEIRA etal., 2009; SANTOS et al., 2001; SILVA et al., 2011). Os fungos Aspergillus sp. e Penicillium sp. sãofungos de armazenamento, xerofíticos e não se desenvolvem no campo, pois perdem na competiçãopor outros fungos que atacam as sementes com altos teores de umidade. Eles podem causar oenfraquecimento e morte do embrião, descoloração da semente, bolor e apodrecimento, o que leva aperda da viabilidade das sementes (DHINGRA, 1985).

Embora existam na literatura trabalhos sobre a eficiência dos diferentes métodos de controlefitossanitário, faltam evidências dos efeitos de cada técnica em relação a alterações fisiológicas nassementes. Aliado a isso, não existem informações sobre o emprego do tratamento de secagem e

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termoterapia quanto à qualidade fisiológica e sanitária de sementes de E. dysenterica. Sendo assim, oobjetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes tratamentos fitossanitários na qualidadefisiológica das sementes de E. dysenterica durante o armazenamento.

Material e Métodos

Frutos maduros de E. dysenterica foram coletados no chão no campus da Universidade Federalde São João Del Rei no município de Sete Lagoas - MG (UFSJ/CSL), localizada a 761 m de altitude ecoordenadas geográficas de 19° 27’ 57” de latitude e 44° 14’ 48” de longitude. A coleta ocorreu duranteo mês de outubro de 2014. O clima da região é do tipo Cwa (mesotérmico úmido) segundoclassificação de Köppen. A precipitação média anual é de 1.367 mm. O período chuvoso tem início emoutubro e o seco em abril. A temperatura média anual é de 21°C (PANOSO et al., 2002).

Após coleta dos frutos, as sementes foram extraídas manualmente com auxílio de peneira e águacorrente, e armazenadas em câmara fria a 10±2°C até o início dos experimentos, não excedendo setedias.

As sementes foram divididas em quatro sublotes utilizando-se quatro tratamentos para controlefitossanitário. Os tratamentos foram: Testemunha (sementes não tratadas); Secagem (sementes secasdurante 40 horas a 40±2°C em estufa de ventilação forçada); Fungicida (sementes imersas em caldafúngica de Cercobin®, na concentração de 5% por um período de 10 minutos). Como não há fungicidasrecomendados para espécies florestais, foi utilizada a concentração de fungicida recomendada porGomide et al. (1994); e Termoterapia (sementes acondicionadas em um béquer com água aquecida àtemperatura de 60° C imersas por 20 minutos em banho maria (OLIVEIRA et al., 2011). Os sublotesforam armazenados durante 120 dias em câmara fria e seca (7±1°C e 45 ± 7% UR). As sementes forammantidas em sacos plásticos de polietileno (espessura 2 mm) perfurados (10 furos de,aproximadamente, 1 mm) e fechados. Aos 0, 60, 80, 100 e 120 dias foram realizados avaliações daqualidade fisiológica das sementes (adaptado de BARBEDO et al., 1998).

Os testes de germinação foram realizados no Laboratório de Análises de Sementes daUFSJ/CSL. Estes foram conduzidos em rolos de papel previamente umedecidos até a saturação, comduas folhas de papel de germinação na base e uma de cobertura, em estufa incubadora BOD, no escuroe na temperatura de 24±1°C (ANDRADE et al., 2003). Utilizaram-se cinco repetições de 20 sementes,por tratamento. As leituras da germinação foram realizadas a cada dois dias no período de 30 dias. Ocritério utilizado para germinação foi a emergência do epicótilo (DUARTE et al., 2006).

Os dados foram utilizados para cálculo da porcentagem (%) e do tempo médio de germinação(TMG) mediante fórmula: ∑niti)/∑ni, onde ni = número de sementes germinadas por dia, e ti = tempode incubação (dias). O cálculo de primeira contagem de germinação foi realizado com o número deplântulas normais obtidos aos 30 dias e da porcentagem final de germinação aos 50 dias. Após esteperíodo, foram medidos o comprimento da parte aérea e raiz das plântulas, com o auxílio de umpaquímetro digital.

Para o teste de fitossanidade, amostras de cada tratamento foram levadas antes e após 100 diasde armazenamento, para o Laboratório de Fitopatologia da Unidade Regional EPAMIG Centro – Oeste,na Fazenda Experimental de Santa Rita, localizada na cidade de Prudente de Moraes – MG. O métodoaplicado para análise foi o de incubação em substrato de papel filtro (Blotter Test). Para a realizaçãodesse teste foi utilizado, como substrato, uma folha de papel filtro previamente esterilizada. Assementes foram acondicionadas em caixas de acrílico tipo “gerbox”, previamente desinfestadas comálcool 70%, distribuídas uniformemente sobre o substrato de papel, em quatro repetições sendo cada

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repetição representada por uma caixa com 25 sementes, totalizando 100 sementes sem desinfestaçãosuperficial. As sementes foram submetidas à lavagem com água destilada esterilizada e semeadas sobrepapel filtro. Após a semeadura, as caixas de acrílico foram tampadas e distribuídas, aleatoriamente, nacâmara de incubação com temperatura de 20 ± 2°C e mantidas por sete dias sob regime alternado de 12h de luz e 12 h de escuro. Após esse período, foram realizadas as avaliações examinandoindividualmente as sementes ao microscópio estereoscópico, para identificação morfológica deestruturas fúngicas em nível de gênero. O resultado foi expresso em porcentagem de sementesinfectadas para cada tempo de armazenamento.

O delineamento experimental utilizado em ambos os experimentos foi o inteiramentecasualizado. Para avaliação da qualidade fisiológica, foi utilizado esquema fatorial associando-setratamento fitossanitário e o armazenamento (4 x 5). Os dados obtidos foram submetidos à análise devariância e análise de regressão polinominal. Para avaliação dos tratamentos fitossanitários, foiutilizado esquema fatorial associando-se tratamento, os gêneros de fungos e os tempos dearmazenamento (4x4x2). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadasentre si pelo teste de Scott Knott. Para ambos os experimentos, utilizou-se nível de 5% deprobabilidade de erro e o software Sisvar versão 5.3 para a realização das análises (FERREIRA, 2010).

Resultados e DiscussãoA análise de variância demonstrou efeitos significativos dos diferentes tratamentos

fitossanitários na qualidade fisiológica das sementes de E. dysenterica para todas as variáveisanalisadas (Tabela 1). Aparentemente as porcentagens de incidência do fungo Aspergillus sp. e dofungo Penicillium sp., não prejudicaram o vigor das sementes ao longo do tempo no tratamentotestemunha. A porcentagem de germinação e de primeira contagem de germinação, o tempo médio degerminação, e os comprimentos da parte aérea e raiz das plântulas, sofreram leves alterações ao longodos 120 dias de armazenamento para esse tratamento (Figura 1). Foram identificados os gênerosAspergillus, Fusarium, Penicillium e Rhizopus associadas às sementes de cagaiteira no tratamentousado como testemunha (Tabela 2).

A secagem das sementes de E. dysenterica causou prejuízos significativos em sua qualidadefisiológica. Foi observada uma queda constante nas curvas de germinação, primeira contagem degerminação, e comprimento da parte aérea e raiz das plântulas, bem como o aumento do tempo médiode germinação dessas sementes (Figura 1). Houve semelhança nos valores de incidência de fungosentre a testemunha e a secagem (Tabela 2). O que indica ineficiência deste tratamento no controlefitossanitário das sementes.

Com a aplicação de fungicida, foi observada queda na porcentagem de germinação e no vigornas sementes após os 60 dias de armazenamento, medido pelo teste de primeira contagem degerminação e pelos valores dos comprimentos da parte aérea e raiz das plântulas (Figura 1). A aplicaçãode fungicida foi mais eficiente no controle dos fungos Aspergillus sp. e Penicillium sp. antes doarmazenamento das sementes. Na análise aos 100 dias o fungo Fusarium sp. apresentou incidênciaestatisticamente igual aos fungo Asperillus sp. e não foi observada a presença do fungo Rhizopus sp.(Tabela 2).

No tratamento com termoterapia foi observada uma melhora na germinação e qualidadefisiológica das sementes após os 60 dias de armazenamento, sendo que o valor de porcentagem degerminação foi muito próximo ao valor encontrado na testemunha, ao final de 120 dias dearmazenamento (Figura 1). O que mostra que a termoterapia, com imersão das sementes de E.

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dysenterica em água quente a 60°C durante 20 minutos, não causou prejuízos à qualidade fisiológicadestas sementes ao final de 120 dias de armazenamento.

A termoterapia não promoveu diferenças na porcentagem de incidência entre os gêneros defungos ao zero dia de armazenamento, contrário aos resultados de 100 dias, em que houve aumento daincidência do gênero Penicillium e o gênero Fusarium manteve incidência próxima às iniciais. Essetratamento foi eficiente no controle dos gêneros Aspergillus e Rhizopus, os quais não foramencontrados nas sementes de E. dysenterica aos 100 dias de armazenamento (Tabela 2).

Os resultados sugerem que as condições de armazenamento das sementes de E. dysenterica(7°C e 45%UR) foram eficientes em manter a qualidade fisiológica dessas sementes durante oarmazenamento. De acordo com resultados encontrados por Neto et al. (1991), a melhor forma para oarmazenamento de sementes de E. dysenterica é em câmara fria a 10°C/60% UR, porém foi observadaqueda acentuada na germinação e vigor das sementes nos primeiros 100 dias, chegando ao final destescom apenas 30% de germinação. Andrade et al. (2003) armazenaram sementes de E. dysenterica noestado hidratado (45% UR), e observaram que houve perda da viabilidade após 150 dias, independenteda temperatura durante o armazenamento.

Resultados fitossanitários divergentes ao deste trabalho foram encontrados por Gomide et al.(1994) em sementes de E. dysenterica, nos quais os gêneros Alternaria, Aspergillus, Cladosporium,Curvularia, Helmintosporium, Mucor, Nigrospora, Penicillium e Rhizopus foram identificados pelométodo de incubação das sementes em meio BDA, após 50 dias de armazenamento em câmara fria.

É possível que a maior quantidade de gêneros encontrados por Gomide et al.(1994), comparadacom este trabalho, seja devido à diferença entre os métodos de identificação utilizados. A competiçãoentre fungos também é uma possível explicação. A incidência de fungos secundários e saprófitospodem ter inibido o desenvolvimento de outros fungos e assim, mascarado os resultados neste trabalho.A coleta dos frutos de E. dysenterica do solo, como recomendado por Duarte et al. (2006), pode terfavorecido a contaminação das sementes. Não foi relatado por Gomide et al. (1994) o modo como assementes foram coletadas.

Sementes de acácia negra (Acacia mearnsii), oriundas de coleta do solo tiveram maiorcontaminação por fungos, quando comparada a outros tipos de colheita (SANTOS et al., 2001).Sugerem-se estudos que comparem diferentes métodos de identificação dos fungos associados àssementes de E. dysenterica, bem como, sobre a qualidade sanitária destas sementes oriundas de frutosem diferentes estágios de maturação, o que pode permitir a coleta dos frutos na árvore. Issominimizaria as chances de infecção inicial por fungos de armazenamento, que estão altamenterelacionados com a perda de viabilidade das sementes (DHINGRA, 1985).

Os resultados da secagem foram semelhantes aos encontrados em sementes de Eugeniabrasiliensis, quando submetidas à secagem durante 40 horas a 36°C em estufa. Estas diminuíram seuteor de água inicial de 48,9% para 35%, e tiveram elevada queda de vigor, medido pela primeiracontagem de germinação (KOHAMA et al., 2006). Não houve alterações na sensibilidade a dessecaçãodos diásporos de Eugenia involucrata submetidas à secagem controlada de 30 ou 40°C (MALUF et al.,2003), o que indica que provavelmente a temperatura elevada em si não influenciou a queda naqualidade fisiológica de sementes de E. dysenterica, mas sim o tempo em que estas ficaram submetidasàs elevadas temperaturas.

Percebe-se que a secagem das sementes de E. dysenterica em estufa de ventilação forçada a40°C durante 40 horas não foi eficaz no controle dos fungos. Lopes et al. (2004), observou aineficiência do tratamento térmico para eliminar patógenos em sementes de tomate expostas a 70°C

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durante 48 horas em estufa de ventilação forçada, além de ter causado danos na germinação dassementes de algumas cultivares. Porém o controle de patógenos em sementes de cedro (Cedrela fissilis)via calor seco a 70°C durante 48 horas é recomendado e não causou danos na germinação(LAZAROTTO et al., 2009).

Provavelmente a temperatura de 40°C não foi suficiente para causar a morte significativa dosfungos. Carvalho e Nakagawa (2000) comentam que os tratamentos fitossanitários que usam calor secoencontram maior dificuldade para entrar em contato com os tecidos mais internos das sementes. Issoocorre devido à má condutividade térmica desses tecidos que exige maiores valores de energia do calorseco quando comparado com a mesma temperatura, porém oriunda de calor úmido.

Pode-se sugerir que nos tecidos mais internos existam fungos que não são afetados pelo calorseco. Dhingra (1985) corrobora com essa hipótese, ao afirmar que os fungos das espécies deAspergillus são os principais fungos de armazenamento, e que estes atacam preferencialmente oembrião.

Contrário aos resultados da aplicação de fungicida deste trabalho, Gomide et al. (1994)observou que sementes de E. dysenterica armazenadas durante 50 dias em câmara fria apresentarammelhores índices de germinação, vigor e controle dos fungos, através do tratamento com solução defungicida Benomil® na concentração de 5% durante dez minutos, quando comparados à aplicação deoutros tipos de fungicida e à aplicação de hipoclorito de sódio. Para fins de comparação, o fungicidaCercobin®, utilizado neste trabalho apresenta a mesma natureza química (Benzimidazol) do fungicidaBenomil®.

Apesar da comprovada eficiência da aplicação de fungicidas, o uso contínuo pode desencadearo surgimento de formas resistentes de patógenos. Além disso, o efeito residual de alguns fungicidaspode provocar alterações fisiológicas nas sementes. Deuner et al. (2014) mostraram que a redução dagerminação e do vigor de sementes de milho, condicionada por inseticidas e fungicida utilizados notratamento das sementes, variou em função do produto e do tempo em que as sementes permaneceramarmazenadas.

A resposta ao tratamento com fungicida também pode variar de acordo com a espécie florestal,como o que ocorreu com as sementes de Jacarandá-da-Bahia (Dalbergia nigra) e Ipê-roxo (Tabebuiaheptaphylla) que responderam melhor ao tratamento com fungicidas do que as espécies de AngicoVermelho (Anadenanthera macrocarpa) e Cássia-do-sultão (Senna siamea), relatado por Silva et al.(2011). Sementes de Peroba-mica (Aspidosperma desmanthum) tiveram baixos índices de germinação,o que foi justificado devido à fitotoxidade dos fungicidas utilizados (GALLO et al., 2013).

Pode-se deduzir que o fungicida possui maior eficiência no controle dos fungos antes doarmazenamento. Resultados semelhantes foram encontrados em sementes de espécies florestais daMata Atlântica nas quais foram detectados os gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium nassementes tratadas com diferentes fungicidas, sendo que o gênero Aspergillus foi o que apresentoumenor incidência (SILVA et al., 2011).

O tratamento de termoterapia pode ser interessante do ponto de vista econômico, pois além denão causar grandes prejuízos à qualidade fisiológica das sementes, apresenta simplicidade de operação,baixo custo e não causa danos ambientais. O tratamento térmico com imersão de sementes de Eugeniabrasiliensis (grumixameira), E. pyriformis (uvaieira) e E. uniflora (pitangueira), em água quente a 65°Cdurante 30 minutos não afetou a germinação dessas sementes, porém também ocorreu o aumento naincidência do fungos do gênero Penicillium (OLIVEIRA et al., 2011).

Sementes de mulungu (Erytrina velutina), espécie florestal nativa do semi-árido, submetidas à

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imersão em água quente a 60°C durante 20 minutos, não tiveram bons resultados, pois houve reduçãona germinação e primeira contagem de germinação (OLIVEIRA et al., 2009).

A termoterapia com a imersão de sementes em água quente a 60°C durante 20 minutos forameficientes em sementes de milho, porém causaram danos na qualidade fisiológica dessas sementes,devido a possíveis danos no sistema de suas membranas (COUTINHO et al., 2007).

A termoterapia com a imersão das sementes de pinhão manso, em água quente nas temperaturasde 45°C, 50°C e 55°C durante 15 minutos, após 0, 90, 180, 270 e 360 dias de armazenamento emcâmara fria, contribuiu para a conservação do vigor destas sementes. Nessas temperaturas houve ocontrole do fungo Penicillium sp. e na temperatura de 55°C o controle do fungo Aspergillus sp. nosperíodos de armazenamento de 180 e 270 dias (SCHNEIDER et al., 2015).

Sugerem-se novos estudos com tratamentos térmicos em sementes de E. dysenterica, comreaplicação da termoterapia durante o armazenamento, já que esse tratamento não possui efeito residualcomo o tratamento com fungicida.

Tabela 1. Análise de variância para porcentagem de germinação (% G), porcentagem da primeiracontagem de germinação (% PC), tempo médio de germinação em dias (TMG), tamanho da parte aéreadas plântulas em centímetros – PA (cm), e tamanho da raiz das plântulas em centímetros – R (cm) desementes de E. dysenterica, submetidas a quatro tratamentos fitossanitários e a cinco tempos dearmazenamento.

FV GL Quadrado Médio% G % PC TMG PA (cm) R (cm)

Tratamento 3 3890,2** 7376,3** 335,7** 36,8** 43,1**Tempo 4 769,4** 1119,0** 174,9** 6,7** 15,2**

Tratamento*Tempo 12 995,0** 1303,8** 29,4** 11,2** 16,5**Erro 80 57,2 61,25 1,63 0,3 0,4Total 99

CV(%) 8,77 9,70 11,17 11,44 9,2Média Geral 86,2 80,7 11,4 4,7 7,12

** Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F

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Figura 1. Equações representativas das modificações ocorridas durante 120 dias de armazenamento dassementes de E. dysenterica. Porcentagem de germinação (%G), porcentagem de primeira contagem degerminação (%PC), tempo médio de germinação em dias (TMG (dias)), comprimento em centímetrosda parte aérea (PA(cm)) e raiz (R (cm)) das plântulas de cagaiteira após 50 dias de semeio.

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Tabela 2. Porcentagem de incidência aos 0 e 100 dias de armazenamento, por diferentes gêneros defungos em sementes de E. dysenterica, submetidas a quatro tratamentos fitossanitários (Testemunha,secagem, fungicida e termoterapia).

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si peloTeste de Scott Knott, ao nível de significância 5%.

Considerações finais

A secagem não é eficiente no controle fitossanitário e causa danos na qualidade fisiológica dassementes de cagaiteira. A aplicação de fungicida é mais eficiente no controle fitossanitário dassementes antes do armazenamento. O tratamento de termoterapia anula a presença dos gênerosAspergillus e Rhizopus aos 100 dias de armazenamento e não causa perdas significativas na qualidadefisiológica das sementes, quando comparadas com a aplicação de fungicida e à testemunha.

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DIAS 0 100 0 100Aspergilus Testemunha

Testemunha 97 a A 98 a A Aspergillus sp. 97 a 98 aSecagem 98 a A 100 a A Fusarium sp. 23 b 34 bFungicida 0 c B 42 b A Penicillium sp. 93 a 98 aTermoterapia 64 b A 0 c B Rhizopus sp. 14 b 0 c

Fusarium SecagemTestemunha 23 b A 34 a A Aspergillus sp. 98 a 100 aSecagem 18 b A 30 a A Fusarium sp. 18 b 30 bFungicida 13 b A 24 a A Penicillium sp. 98 a 100 aTermoterapia 52 a A 50 a A Rhizopus sp. 0 b 0 c

Penicillium FungicidaTestemunha 93 a A 98 a A Aspergillus sp. 0 a 42 bSecagem 98 a A 100 a A Fusarium sp. 13 a 24 bFungicida 10 c B 98 a A Penicillium sp. 10 a 98 aTermoterapia 44 b B 96 a A Rhizopus sp. 1 a 0 c

Rhizopus TermoterapiaTestemunha 14 b A 0 a A Aspergillus sp. 64 a 0 cSecagem 0 b A 0 a A Fusarium sp. 52 a 50 bFungicida 1 b A 0 a A Penicillium sp. 44 a 96 aTermoterapia 47 a A 0 a B Rhizopus sp. 47 a 0 c

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Recebido em 04/06/2018Aceito em 25/06/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.3, Set/Out (2018)

Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/76-83/agrariacad

Manejo alimentar de carpa comum (Cyprinus carpio): frequência alimentar eporcentagem de arraçoamento

Common carp food management (Cyprinus carpio): food frequency and weighting percentage

Adilson Reidel1, Anderson Coldebella1, Cezar Fonseca1, Jakeline Marcela Azambuja de Freitas2, Arcangelo Augusto Signor1

1- Instituto Federal do Paraná – Departamento de Aquicultura, Av. Araucária, 780, Foz do Iguaçu. [email protected] Copacol Cooperativa Agroindustrial Consolata, Nova Aurora.___________________________________________________________________________________

ResumoO objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da frequência alimentar e da porcentagem de arraçoamento sobre odesempenho zootécnico de juvenis de carpa comum (Cyprinus carpio). 192 juvenis foram alimentados com raçõesextrusadas, em esquema fatorial (2 x 4 x 4): sendo duas frequências alimentares (uma e duas vezes ao dia), quatroporcentagens de arraçoamento (1, 2, 3 e 4%) e quatro repetições. Recomenda-se para juvenis de carpa comum, 4% dearraçoamento em duas frequências alimentares diárias, em função do melhor ganho de peso.

Palavras-chave: Arraçoamento, manejo alimentar, piscicultura

AbstractThe objective of the present work was to evaluate the effect of feeding frequency and percentage of feeding on thezootechnical performance of common carp juveniles (Cyprinus carpio). 192 juveniles were fed extruded rations in afactorial scheme (2 x 4 x 4): two feed frequencies (one and two times a day), four percentages of nutrition (1, 2, 3 and 4%)and four replications. It is recommended for juveniles of common carp, 4% of feeding in two daily food frequencies, due tothe best gain of weight.

Keywords: Feeding, feed management, fish farming___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoNa piscicultura a frequência e o percentual de arraçoamento são aspectos fundamentais para

definir a melhor manejo alimentar a ser adotado, que maximize o retorno econômico ao produtor(SIGNOR et al., 2018). Alimentação insuficiente ou em excesso afetam o crescimento e a qualidade daágua e elevam o custo de produção em função das sobras de rações. A frequência alimentar representa onúmero de alimentações diárias, variando conforme a espécie, idade, qualidade da água e temperatura(HAYASHI et al., 2004), além de, condicionar o peixe a buscar alimentos em momentos pré-determinados, reduzindo o índice de conversão alimentar aparente em função de reduzir o desperdíciodas rações (DIETERICH et al., 2013). Neste sentido, a ração não consumida em contado com a água,lixiviará seus nutrientes reduzindo a qualidade da água (ROCHA LOURES et al., 2001).

O fornecimento diário de alimentos varia com o estágio de desenvolvimento dos peixes (DENGet al., 2003), sendo que larvas e alevinos necessitam maior frequência alimentar, em virtude da maioratividade metabólica comparado a peixes adultos (MURAI & ANDREWS, 1976), e estes percentuaisvariam diretamente com a temperatura da água (HAYASHI et al., 2004), necessitando constantesajustes no fornecimento de rações aos animais (SALARO et al., 2008).

A porcentagem de alimentação ideal é aquela que proporciona o melhor ganho de peso, commenor índice de conversão alimentar aparente (SIGNOR et al., 2018). A porcentagem de arraçoamentoinfluência no crescimento (NG et al., 2000; QIAN et al., 2001; VAN HAM et al., 2003), e na conversãoalimentar aparente (MARQUES et al., 2004; MEURER et al., 2005), que normalmente apresentammelhores resultados nestes parâmetros quando alimentados mais de uma vez ao dia (LEE et al., 2000a;LEE et al., 2000b; DWYER et al., 2002; BITTENCOURT et al., 2013; SOUZA e SILVA et al., 2014,SANTOS et al., 2015). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o percentual de arraçoamento e afrequência alimentar para a carpa comum (Cyprinus carpio).

Material e MétodosO experimento foi desenvolvido no Laboratório de Aquicultura e Desempenho Zootécnico do

Instituto Federal do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, por período de 74 dias.Foram utilizados 192 juvenis, com peso inicial de 44,35±0,37 g, distribuídos aleatoriamente em

24 aquários de 250 L, com sistema de recirculação da água. Os peixes foram arraçoados com uma raçãocomercial de 32% de proteína bruta, e submetidos a oito manejos alimentares (duas frequências (9 e 17horas) e quatro percentuais de alimentação (1, 2, 3, e 4% do peso vivo) (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos manejos alimentares

Manejo alimentarPorcentagem de arraçoamento (%

peso vivo)Horários de alimentação 9h 17h

1%1X 1 X -1%2X 1 X X2%1X 2 X -2%2X 2 X X3%1X 3 X -3%2X 3 X X4%1X 4 X -4%2X 4 X X

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A correção da quantidade de ração fornecida aos peixes foi realizada a cada 14 dias, compesagem total dos peixes de cada unidade experimental.

Os parâmetros físico-químicos como pH, condutividade elétrica (μS/cm) e oxigênio dissolvido(mg/L) foram mensurados semanalmente, enquanto que a temperatura (º C) foi monitorada diariamenteantes da primeira e última alimentação. Os valores médios de 8,94±0,54 mg/L para oxigênio dissolvido,6,78±0,05 para o pH e 132,92±36,12 µS/cm para a condutividade elétrica. As médias de temperaturasforam de 18,52±2,30º C pela manhã e 19,19±2,31º C à tarde.

A cada 14 dias e ao final do período experimental os peixes foram mantidos em jejum por 12horas para o esvaziamento do trato digestório, capturados, anestesiados em benzocaína (60 mg/L)(GOMES et al., 2001), posteriormente pesados, possibilitando calcular o ganho de peso e a conversãoalimentar aparente. Ao final os animais foram capturados, anestesiados em benzocaína (60 mg/L)(GOMES et al., 2001), contados e medidos individualmente, permitindo realizar os cálculos decomprimento final e fator de condição, além da sobrevivência.

Os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) bifatorial ao nível de 5% designificância e, em caso de diferenças significativas aplicou-se o teste de comparação de médias deTukey. As análises foram realizadas utilizando-se o software Statistic 7.0 (StatSoft, 2004).

ResultadosOs parâmetros como ganho em peso e conversão alimentar aparente avaliados em cada biometria,

demonstra que o porcentual de arraçoamento influencia nos primeiros dias do arraçoamento, em funçãoda falta de alimento para crescimento, em contrapartida, apresenta melhor aproveitamento dosnutrientes, culminando com menor índice de conversão alimentar aparente. De maneira geral aquelesque receberam 4% de ração, sempre apresentaram os melhores resultados, porém, após os 42 dias decultivo este tratamento se sobressai (P<0,001) em relação aos demais (Tabela 2). Com relação aconversão alimentar aparente, aqueles arraçoados com 1% de ração apresentaram os melhoresresultados aos 28 e 54 dias, não diferindo (P<0,001) dos que receberam 2%, porém, diferente dosoutros percentuais de rações adotado. No entanto, aos 74 dias, o melhor índice de conversão alimentarfoi observado para aqueles alimentados com 1% de ração, diferindo (P<0,05) dos outros percentuaisadotados.

A frequência alimentar, influencia no ganho de peso a partir dos 42 dias e na conversão alimentaraos 54 dias, ambos com melhores resultados para aqueles alimentados 2 vezes ao dia.

Observou-se interação entre o percentual de arraçoamento e frequência alimentar para o ganhoem peso aos 42, 56 e 74 dias e para a conversão alimentar aos 56 e 74 dias de cultivo (Tabela 2). Odesdobramento da interação demonstra que os melhores resultados foram obtidos para aqueles quereceberam 4%2X ao dia, aos 56 e 74 dias, porém, aos 42 dias, o tratamento com 4%2X não diferedaqueles alimentados com 3%2X, porém, difere (P>0,001) dos outros percentuais de ração adotados.Para a conversão alimentar aparente, os melhores resultados foram observados para aquelesalimentados com 1%1X e 1%2X, porém, não diferem (P>0,001) daqueles alimentados com 2%1X,2%2X e 3%2X, diferindo (P>0,001) dos outros tratamentos.

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Tabela 2. Valores médios dos efeitos das diferentes biometrias para as variáveis ganho em peso (GP),conversão alimentar aparente (CA) e desdobramento da interação

Biometrias 14 dias 28 dias 42 dias 54 dias 74 dias - final

GP CA GP CA GP CA GP CA GP CAArraçoamento (%)1 9,17b 0,99 16,67c 0,92a 19,87c 1,56 23,04d 1,41a 26,65d 1,65c2 15,92ab 0,96 25,83b 1,22ab 31,67b 1,57 43,58c 1,64a 50,25c 2,09b3 18,50a 1,25 30,37ab 1,62bc 38,67b 1,86 52,83b 2,26b 70,08b 2,42b4 20,58a 1,4 35,58a 1,91c 49,42a 1,98 65,42a 2,55b 84,21a 2,96aFrequência alimentar1X 15,79 1,15 25,4 1,51 31,46b 1,93 39,27b 2,19a 46,75b 2,58a2X 16,29 1,14 28,83 1,33 38,35a 1,55 53,17a 1,73b 68,83a 1,97bSEM 1,22 0,07 1,78 0,09 2,71 0,11 3,9 0,12 5,94 0,13Probabilidade Arç. <0,01 0,069 <0,001 <0,001 <0,001 0,322 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001Freq. 0,770 0,957 0,088 0,097 <0,01 0,059 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001Arç.*Freq. 0,160 0,084 0,090 0,127 <0,01 0,159 <0,001 <0,001 <0,001 <0,01Desdobramento da interação1%1X 22,83de 23,67e 1,42a 27,58de 1,65a1%2X 16,92e 22,42e 1,41a 25,67e 1,66a2%1X 31,33cde 42,83c 1,65ab 53,14c 2,33abc2%2X 32,00bcd 44,33c 1,63ab 55,92c 1,85ab3%1X 30,75cde 39,67c 2,73c 53,67c 2,81b

3%2X 46,58ab 66,00b 1,79ab 86,50b 2,02ab4%1X 40,92bc 50,92c 2,98c 61,17c 3,54c4%2X 57,92a 79,92a 2,11b 107,25a 2,37bc

Arç: porcentagem de arraçoamento; Freq.: frequência alimentar; 1%1X: 1% de ração em função dopeso vivo e alimentados uma vez ao dia; 1%2X: 1% de ração em função do peso vivo e alimentadosduas vezes ao dia; 2%1X: 2% de ração em função do peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 2%2X:2% de ração em função do peso vivo e alimentados duas vezes ao dia; 3%1X: 3% de ração em funçãodo peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 3%2X: 3% de ração em função do peso vivo e alimentadosduas vezes ao dia; 4%1X: 4% de ração em função do peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 4%2X:4% de ração em função do peso vivo e alimentados duas vezes ao dia; Médias seguidas de letras porletras distintas na coluna indicam diferença significativa (P<0,05) pelo teste de Tukey. SEM: Erropadrão da média

Com relação a influência da porcentagem de arraçoamento sobre o peso final, ganho em pesodiário, comprimento final e fator de condição, observou-se melhores resultados para aqueles quereceberam 4% de arraçoamento (Tabela 3). Porém, a sobrevivência e rendimento de carcaça não foraminfluenciados. Com relação a frequência alimentar os melhores resultados para o peso final, ganho empeso diário e comprimento foram observados para peixes alimentados 2X ao dia (Tabela 3). Ocorreuinteração entre os manejos alimentares adotados para o peso final, ganho em peso diário e comprimento

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final, porém, o desdobramento da interação, demonstrou melhores resultados para aqueles alimentados4%2X ao dia diferindo (P<0,01) dos demais manejos alimentares adotados.

Tabela 3. Desempenho produtivo, probabilidade e desdobramento da interação para as carpasalimentadas com diferentes frequências alimentares e percentual de arraçoamento

PI PF GP GPd CAA CF FC SO RCArraçoamento1% 45,25 71,87d 26,65d 0,36d 1,65c 16,54c 1,59c 100,00 85,242% 44,75 99,28c 50,25c 0,74c 2,09b 17,85b 1,74b 95,83 85,343% 44,79 114,87b 70,08b 0,95b 2,42b 18,38ab 1,84ab 100,00 86,924% 44,62 128,83a 84,21a 1,14a 2,96a 18,78a 1,92a 100,00 85,48Frequência alimentar1X 44,75 93,64b 46,75b 0,66b 2,58a 17,53b 1,73 97,92 84,822X 44,96 113,79a 68,83a 0,93a 1,97b 18,25a 1,82 100,00 86,66SEM 0,16 5,39 5,94 0,07 0,13 0,21 0,03 1,04 0,89ProbabilidadeArraçoamento 0,617 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,418 0,902Frequência 0,559 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,015 0,332 0,327Arç. * Freq. 0,628 <0,001 <0,001 <0,001 <0,01 <0,001 0,095 0,418 0,257Desdobramento da interação1%1X 72,67d 27,58de 0,37d 1,65a 16,52c1%2X 71,08d 25,67e 0,35d 1,66a 16,56c2%1X 97,64c 53,14c 0,72c 2,33abc 17,87b2%2X 100,92c 55,92c 0,76c 1,85ab 17,83b3%1X 97,75c 53,67c 0,72c 2,81b 17,82b3%2X 131,00b 86,50b 1,17b 2,02ab 18,94a4%1X 105,50c 61,17c 0,83c 3,54c 17,90b4%2X 152,17a 107,25a 1,45a 2,37bc 19,67a

PI: peso inicial; GPd: ganho de peso diário ((Peso final – peso inicial/dias de cultivo)); CF:Comprimento final; FC: Fator de condição ((Peso final/comprimento final3)*100); SO: Sobrevivência((número final/número inicial)*100); RC: Rendimento de carcaça ((peso da carcaça/peso final)*100);Arç: porcentagem de arraçoamento; Freq.: frequência alimentar; 1%1X: 1% de ração em função dopeso vivo e alimentados uma vez ao dia; 1%2X: 1% de ração em função do peso vivo e alimentadosduas vezes ao dia; 2%1X: 2% de ração em função do peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 2%2X:2% de ração em função do peso vivo e alimentados duas vezes ao dia; 3%1X: 3% de ração em funçãodo peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 3%2X: 3% de ração em função do peso vivo e alimentadosduas vezes ao dia; 4%1X: 4% de ração em função do peso vivo e alimentados uma vez ao dia; 4%2X:4% de ração em função do peso vivo e alimentados duas vezes ao dia; Médias seguidas de letras porletras distintas na coluna indicam diferença significativa (P<0,05) pelo teste de Tukey. SEM: Erropadrão da média

DiscussãoOs resultados observados no presente trabalho, seguem um padrão lógico no que tange o

metabolismo animal, os peixes que receberam 4% de arraçoamento apresentam os melhores resultadosde peso final, ganho de peso, ganho de peso diário e conversão alimentar aparente, pois receberam maisração e este maior crescimento e esperado. Por outro lado, observou-se maiores índices de conversãoalimentar aparente, para aqueles peixes que receberam maiores percentuais de ração, demonstrando que

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houve alimentação além do necessário para os animais. Os resultados observados para o ganho de peso,são similares aos relatados por Marques et al. (2004) avaliando níveis de arraçoamento para carpacapim, onde recomendam 6% de ração para alevinos de uma grama. Por outro lado, Chagas et al.(2007) avaliando o percentual de ração para o tambaqui em tanques-rede recomendam 1% do peso vivopara peixes acima de 200g e Salaro et al. (2008) recomendam 4% do peso vivo para juvenis de trairão.As variações nas respostas de crescimento observadas, variam em função da fase de crescimento dopeixe (DENG et al., 2003) o que explica as diferentes porcentagens de arraçoamento.

A determinação do manejo alimentar independente da espécie de peixes a ser cultivada, éfundamental para a obtenção de uma produção eficiente, pois a necessidade nutricional é diretamenteinfluenciada pela disponibilidade alimentar (SALARO et al., 2008), sendo fundamental estabelecer aquantidade de ração e a frequência a ser fornecida.

A porcentagem de alimentação influencia no crescimento (NG et al., 2000; QIAN et al., 2001;VAN HAM et al., 2003) na conversão alimentar aparente (MARQUES et al., 2004; MEURER et al.,2005), na qualidade de água, tornando os peixes suscetíveis a doenças (MEURER et al., 2005), sendoque este parâmetro é influenciado pela temperatura da água (HIDALGO et al., 1987; SANTIAGO etal., 1987) e qualidade de água.

A frequência de alimentação influenciou positivamente no desempenho de várias espécies depeixes, de maneira geral os melhores resultados são observados para aqueles peixes que recebemmaiores parcelas diárias de ração, pois o intervalo entre os arraçoamentos reduz, conforme observadopara a carpa, que apresentam maior desempenho para aqueles que receberam duas alimentações diárias.Porém, vários autores relatam melhorias no desempenho, quando o intervalo entre o fornecimento deração é mais próximo, ou seja, mais arraçoamentos diários. Bittencourt et al. (2013) relatam que acarpa comum apresenta melhor peso final e consequentemente ganho em peso para aqueles alimentadosquatro vezes ao dia. Marques et al. (2008) recomenda no mínimo quatro arraçoamentos diários paraalevinos de carpa capim. Zaminham et al. (2011) recomendam quatro alimentações diárias paraalevinos de piapara. Canton et al. (2007) para juvenis de jundiá recomendam 2 vezes ao dia. Estesresultados demonstram a importância de dividir os arraçoamentos em maiores parcelas diárias, poisaliado ao fornecimento de ração, existe o custo com o manejo da alimentação com mão de obra queaumenta conforme aumenta a frequência alimentar. Outra característica que deve ser observada e queinfluencia é o hábito alimentar dos peixes, pois peixes com estômago pequeno necessitam maioresparcelas de alimentação comparados a peixes com hábitos carnívoros, que possuem estômago grande.

O aumento na frequência de fornecimento do alimento permite maior contato visual do produtorcom o peixe, possibilitando melhor acompanhamento do estado de saúde dos animais, no entanto,salienta que haverá aumento nos custos referentes à mão de obra que devem ser considerados(CARNEIRO; MIKOS, 2005).

Conhecendo-se o efeito do percentual de arraçoamento em função do peso vivo, é possívelestabelecer tabelas de referência para a espécie em questão, porém, o percentual por si só não significaum efeito positivo no desempenho, pois a forma frequência de fornecimento influirá nos resultados.Fato este observado no atual trabalho, pois os peixes que receberam 4%2X ao dia, apresentam ganhoem peso superior (174,92%) e conversão alimentar aparente inferior (33,05%) comparado aquelespeixes que receberam 4%1X ao dia, demonstrando a importância não só da quantidade de ração, mastambém do número de parcelas diárias. Outro fator interessante é que a maior frequência alimentarreduz a disparidade do peso final dos peixes, facilitando os manejos e a comercialização (HAYASHI etal., 2004), fator este que não sofreu influência de uma ou duas alimentações diárias.

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ConclusãoPara juvenis de carpa comum (Cyprinus carpio), recomenda-se o fornecimento de alimentação

4% de arraçoamento duas vezes ao dia, por proporcionar melhor ganho em peso dos peixes, porém, omelhor índice de conversão alimentar aparente ocorre quando alimentados com 1% de raçãoalimentado uma ou duas vezes ao dia.

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Recebido em 25/06/2018Aceito em 19/07/2018

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/84-91/agrariacad

Lipídios para vacas leiteiras – desempenho e composição do leite

Lipids for dairy cows – performance and milk composition

Dhemerson da Silva Gonçalves1*, Rogério Mendes Murta2, Camila Marques Oliveira3, Hélio Oliveira Neves4, Antônio Eustáquio Filho2, Thiago Carlos e Silva3

1*- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Januária, MG, Brasil. E-mail: [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Salinas, MG, Brasil.3- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Januária, MG, Brasil. 4- Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – Janaúba, MG, Brasil. ___________________________________________________________________________________

ResumoO objetivo desta revisão é estudar e comparar os efeitos da utilização de diferentes níveis e fontes lipídicas na produção ecomposição do leite em vacas leiteiras. Usar lipídios visa aumentar o desempenho produtivo por animal e a concentraçãoenergética da dieta para suprir o déficit de energia no início da lactação e obter maior eficiência de produção de leite.Diversas fontes são usadas, como caroço de algodão, soja, girassol, óleos vegetais e sais de cálcio de ácidos graxos decadeia longa. Trabalho recente sugere maior porcentagem de gordura na dieta variando de 8-9%. A utilização de gorduras nadieta, no início da lactação traz benefícios no desempenho dos animais.

Palavras-chave: Dieta, Ruminantes, Bovinos, Gordura

AbstractThe objective of this revision is to study and compare the effects of the use of different levels and lipid sources in theproduction and composition of milk in dairy cows. Using lipids aims to increase the productive performance per animal andthe energy concentration of the diet to supply the energy deficit at the beginning of lactation and to obtain greater efficiencyof milk production. Several sources are used, such as lump of cotton, soybeans, sunflower, vegetable oils and calcium saltsof long-chain fatty acids. Recent work suggests higher percentage of fat in the diet ranging from 8-9%. The use of fats in thediet at the beginning of lactation brings benefits in the performance of animals.

Keywords: Diet, Ruminants, Bovine, Fat___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoA inclusão de fontes de gordura na dieta de vacas leiteiras tem despertado interesse nos últimos

anos. A despeito dos benefícios não-calóricos (melhora no desempenho reprodutivo e alteração noperfil de ácidos graxos no leite), o motivo da suplementação com gordura tem sido a possibilidade deaumentar a produção de leite por vaca e a necessidade de aumentar a concentração energética da dieta,especialmente durante a fase inicial da lactação, quando o consumo de matéria seca (MS) não atende asexigências de produção de vacas de alto mérito genético (MACHADO, 2012, p. 27). Após o parto, aprodução de leite e o consumo de alimentos aumentam consideravelmente. O animal busca em suasreservas corporais, suprir essa deficiência (BARBOSA et al., 2016, p. 5). Retiradas incessantes dasreservas corporais podem ocasionar desordem no metabolismo, como acetonemia e fígado adiposo(SCHEIN, 2012, p. 2). Para suprir esses nutrientes, é necessário que eleve o consumo de alimentos deboa qualidade e de alta densidade energética.

Para aumentar a densidade energética da dieta pode-se elevar a proporção de alimentosconcentrados. Contudo, o fornecimento máximo de concentrado deve ser limitado, respeitando anecessidade de um mínimo de fibra para o funcionamento ideal do ambiente ruminal e a manutençãodos teores de gordura no leite. Usar gordura na suplementação de vacas leiteiras é uma alternativa paraelevar o teor energético da dieta (SARTORI; GUARDIEIRO; 2010, p. 426). Lipídios (óleo ou gordura)têm sido utilizados para aumentar a densidade energética das dietas.

O uso de óleo de soja em pequenas quantidades na dieta reduz o consumo de alimento, tornandomais eficiente a produção de leite. Usar óleo de soja modificará a composição do leite, inclusive aconcentração de gordura (SILVA et al., 2010, p. 52).

A adição de fontes de lipídeos em dietas de vacas leiteiras é uma alternativa utilizada, poisaumenta a capacidade de absorção de vitaminas lipossolúveis; fornece ácidos graxos essenciais, osquais atuam como componentes das membranas celulares e precursores das moléculas regulatórias; eaumenta a eficiência de deposição de gordura no leite, levando a um aumento parcial da eficiência deprodução do leite. O uso de lipídeos em rações apresenta efeitos desejáveis, como inibição da produçãode metano (MACHADO et al., 2011, p. 35), redução da concentração de NH3 ruminal (MESSANA etal., 2013, p. 209), e aumento de ácido linoleico conjugado (CLA) (OLIVEIRA et al., 2012, p. 34), noentanto, sem influenciar a síntese de proteína microbiana (D’ANGELO, 2009, p. 80). Por outro lado,reduz a digestibilidade da matéria seca (MS) e redução na relação acetato:propionato com consequentediminuição da gordura do leite (MORAIS et al., 2012, p. 9).

Existem várias fontes de lipídios que podem ser adicionadas na dieta, buscando aumentar aingestão de energia pelo aumento da densidade energética da dieta sem reduzir o conteúdo de fibras.Sementes de oleaginosas como caroço de algodão, soja, girassol, entre outras podem ser usadas comosuplementos lipídicos. Também podem ser utilizadas na dieta os óleos vegetais e os sais de cálcio deácidos graxos de cadeia longa (MEDEIROS et al., 2015, p. 74 e 75). Em vacas leiteiras em lactação,aumentar a densidade energética da dieta através da suplementação lipídica é uma prática utilizada,para suprir o deficit de energia no início da lactação e obter maior eficiência de produção de leite.Suplementação de gordura deve levar em consideração a quantidade e fonte de lipídios para que hajaum efeito mínimo na fermentação ruminal, já que as gorduras insaturadas possuem efeitos inibitóriossobre os microrganismos celulolíticos (ANGELI, 2014, p. 6).

Segundo o NRC (2001, p. 30), as respostas produtivas à suplementação de gordura nas dietas devacas em lactação dependem da dieta basal, do estágio de lactação, do balanço energético, dacomposição e quantidade da fonte de gordura utilizada.

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Objetivou-se com esta revisão estudar os efeitos da utilização de diferentes níveis e fonteslipídicas sobre a produção e composição do leite em vacas leiteiras.

Desenvolvimento

Desempenho de vacas leiteiras alimentadas com diferentes fontes lipídicas A suplementação de gordura tem elevado a produção de leite, alguns estudos, entretanto, as

respostas têm sido variáveis. Algumas das variações talvez sejam devidas à redução na ingestão dealimento devido a aspectos ligados à motilidade intestinal, aceitabilidade das dietas suplementadas comgordura, liberação de hormônios intestinais e oxidação das gorduras pelo fígado (ARAUJO et al., 2010,p. 4124).

Ao efetuar a inclusão de uma fonte de lipídio, deve-se reformular a dieta, inclusive para o teorde proteína não degradável no rúmen, pois poderá haver redução da síntese de proteína microbiana. Talfato se deve à redução na quantidade de carboidratos não fibrosos, fonte de energia rapidamenteutilizável pelas bactérias, e porque lipídeos não são fontes de energia para crescimento microbiano. Aquantidade recomendada de adição de gordura, na dieta de vacas lactantes de alta produção, éinteressante que seja menos de 5% do conteúdo de MS, aproximadamente 50 gramas de gordura por diapara cada quilograma de matéria seca, devendo-se cuidar para que o conteúdo máximo de gordura naração não exceda 6% do conteúdo de MS desta (MEDEIROS et al., 2015, p. 67, 68 e 75). Outrotrabalho sugere maior porcentagem de gordura na dieta, conforme Ferreira et al. (2009, p. 3), vacas dealta produção necessitam de níveis maiores de energia na matéria seca da dieta, variando de 8-9%.

Altas concentrações de gordura podem causar efeito tóxico de ácidos graxos de cadeia longasobre as bactérias ruminais, fundamentalmente sobre as metanogênicas e celulolíticas (BASSI et al.,2012, p. 354), quando os níveis de gordura disponível no rúmen são superiores a 6% da MS da dieta,sob a forma de gorduras não-protegidas (BASSI et al., 2012, p. 354). A toxidez ocorre em função dapossibilidade de formar uma capa sobre as partículas dos alimentos, interferindo, na aderência dosmicrorganismos, com consequente redução da digestão microbiana da fibra (DEVENDRA; LEWIS,1974, p. 68). Portanto, uma fonte ideal de gordura para vacas em lactação é aquela que não interfere nadigestibilidade dos demais nutrientes, mas que apresenta elevada digestibilidade intestinal. Tambémnão modifique o pH ruminal, pois assim interfere na absorção dos nutrientes que compõem a dieta(NRC, 2001, p. 31).

A primeira razão para o aumento de produção é a melhor eficiência de utilização da gorduradietética, onde as perdas energéticas durante o metabolismo são menores em relação à utilização degrãos comumente utilizados em concentrados e em volumosos. Para Dijkstra et al. (2014, p. 1) O usode óleo vegetal na alimentação de vacas leiteiras proporciona aumento na densidade energética dasrações devido à presença dos extratos secos totais. Sendo assim, usar gordura vegetal pode ser uma boaalternativa para reduzir o balanço energético negativo no período inicial da lactação e aumenta odesempenho de produção e reprodução após o parto, tendo cuidado para não exceder as quantidadesrecomendadas de lipídios na dieta (DIAS, 2015, p. 17).

Efeito dos Lipídios nas diferentes fases de lactaçãoÉ preciso enfatizar que as diferentes fases de lactação podem influenciar o aproveitamento de

energia devido ao balanço de energia em que o animal se encontra. Fornecer ração, adicionadas defontes de gordura para vacas leiteiras no início da lactação, aumenta positivamente a digestão da

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matéria seca, a absorção de nutrientes, melhora o balanço energético e maior desempenho deprodutividade (D'ANGELO, 2009, p. 80). A maior produção de leite durante os primeiros 65 dias delactação, quando se usa gordura protegida na dieta (SILVEIRA et al., 2014, p. 813).

Efeitos dos Lipídios na composição do leiteCom relação a variações na composição do leite, o teor de gordura e proteína do leite são as

frações que estão sujeitas as maiores alterações durante a suplementação com gordura nas dietas. Oprocesso de biohidrogenação ruminal pode causar indiretamente variações no teor de gordura do leite(MACHADO, 2012, p. 24). Segundo Machado (2012, p. 15), o processo de biohidrogenação é maisintenso, sendo maior de 90%, quando se fornece óleos nas rações. Esse processo pode ser realizado porrota alternativa, produzindo ácidos graxos específicos cis-9, trans-11- CLA e o trans-10, cis-12 CLA.Estudos demonstraram que o isômero trans-10, cis -12 CLA produzido durante o processo debiohidrogenação têm efeito inibidor sobre a síntese da gordura do leite na glândula mamária(HARVATINE et al., 2009, p. 43).

Onetti e Grummer (2003, p. 2956) verificaram que sais de cálcio de ácidos graxos em dietascom média de 3,6% de extrato etéreo tem menor impacto sobre a população microbiana no rúmen econsequentemente, não são esperadas reduções na síntese de gordura do leite. Entretanto, o processo debiohidrogenação é mais intenso com suplementos de gordura altamente insaturadas no rúmen comoóleos vegetais (COSTA; FONTES, 2010, p. 16).

Ocorre redução nos níveis de gordura no leite (D'ANGELO, 2009, p. 80). O uso de fontes degordura nas rações de vacas leiteiras pode também promover redução no teor de proteína do leite.Mudanças nas frações proteicas, como a concentração de caseína, ou nas variações nas concentraçõesde alguns hormônios que podem promover mudanças fisiológicas que afetam a síntese de proteína doleite (DEITOS et al., 2010, p. 27).

A hipótese mais aceita envolve o aumento no fornecimento de energia, consiste no suprimentode aminoácidos, onde este último não consegue atender a demanda para síntese de proteína na mesmaintensidade na qual ocorre aumento do consumo de energia (SWANEPOEL et al., 2010, p. 92). Onetti eGrummer (2004, p. 74) utilizaram fontes de gordura e observaram baixa concentração de N-NH3

ruminal como consequência de dietas com alta quantidade de silagem de milho e presença de ácidosgraxos insaturados, que pode reduzir o crescimento microbiano e consequentemente o aproveitamentode aminoácidos disponíveis para a glândula mamária e para síntese de proteína. Estes autoresverificaram redução no teor de proteína do leite para os animais suplementados com gordura.

DiscussãoDiversos trabalhos têm avaliado o uso de lipídios na suplementação de vacas leiteiras, avaliando

o desempenho produtivo, também a digestibilidade e a composição do leite, usando dietas enriquecidascom fontes de lipídios.

Murta (2012, p. 50) testou diferentes dietas lipídicas com caroço de algodão, óleo de soja e óleode soja de fritura, corrigidas para atender as exigências de mantença e produção de 15 kg/leite/dia, com3,5% de gordura. O uso de dietas lipídicas ocasionou redução da digestibilidade aparente de MS, semdiferenças significativas entre os tratamentos, não alterando o consumo de MS e a produção de leite.

De acordo com Onetti e Grummer (2004, p. 66), a resposta positiva à suplementação de gorduradietética deve ser esperada, em virtude da maior disponibilidade de energia líquida, desde que nãoocorra redução no consumo de matéria seca. Santos et al. (2009, p. 1371) concluíram que a utilização

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de óleo de soja em rações para vacas no período de transição não influencia o consumo nem odesempenho produtivo, mas aumenta a ingestão de energia e melhora o balanço de nutrientes durante oinício da lactação.

Murta (2012, p. 52) observou que o fornecimento de diferentes fontes lipídicas não influenciouna produção de leite, quando utilizado na quantidade de 5,5% da dieta. Pesquisas demonstram que osácidos graxos a ser suplementada na ração de vacas leiteiras devem ser equivalentes à quantidade deácidos graxos contida no leite. Cerca de 60% dos ácidos graxos dietéticos são diretamente incorporadosna gordura do leite, isso levando em consideração uma digestibilidade média de 80% para os ácidosgraxos, e uma absorção de 75%. A quantidade de suplementação lipídica pode ser calculada através dafórmula:

% gordura suplementar = _____6 x % FDA______ % total de AGI na gordura suplementar

Deve-se atentar ao fato de que a suplementação não pode ser feita de forma excessiva com fontes delipídeos ricas em ácidos graxos insaturados, pois pode ocorrer inibição dos microrganismos quedegradam a fibra e comprometer a biohidrogenação (PALMQUIST; MATTOS, 2006, p. 287-310).

A suplementação lipídica deve ser adotada para vacas de alta produção até aproximadamente120 dias após o parto. Deve-se dar prioridade a alimentos como caroço de algodão, e sementes de soja,girassol ou canola. É necessário que a suplementação lipídica seja adotada de forma gradativa em 10 a15 dias (MEDEIROS et al., 2015, p. 75).

A resposta produtiva da utilização de gordura dietética suplementar para vacas em lactação poderesultar em acréscimos na produção de leite de até 1,32 kg/vaca/dia, condicionando estes resultados aadaptação dos animais às dietas contendo gordura e ao tempo suficiente de avaliação para responderemas dietas ricas em energia (NORNBERG et al., 2006, p. 1435).

A pesquisa tem demonstrado que a depressão da gordura do leite é uma realidade quando se falaem suplementação lipídica. O alto consumo de ácidos graxos insaturados e o baixo pH ruminal levam aformação do isômero CLA trans-10 cis-12 18:2 que é provavelmente um poderoso inibidor da síntesede gordura do leite. Por isso, deve-se ter muita atenção nas fontes lipídicas utilizadas na suplementação.Fontes ricas em ácidos graxos insaturados não devem ser fornecidas em excesso, pois podem causar adepressão da gordura do leite. Por outro lado, fontes ricas em ácidos graxos saturados ou mais inertesno rúmen podem aumentar a gordura do leite (OLIVEIRA et al., 2004, p. 77).

A depressão da gordura do leite também está associada ao fornecimento de dietas com baixoteor de fibra em detergente neutro, alto teor de amido e, a animais excessivamente gordos e comlaminite (RODRIGUES, 2014, p. 17).

Santos et al. (2009, p. 1369) observaram que o teor de gordura no leite diferiu entre vacassubmetidas a dietas com 2,5 e 5,5% de EE no período de transição (quatro semanas pré-parto até novesemanas pós-parto) e foi significativo a partir da quarta semana de lactação, quando a diferença naprodução total de leite se tornou expressiva.

O aumento da absorção dos ácidos graxos trans no sangue induz à diminuição do teor degordura do leite. A utilização de óleo de soja degomado (7% EE na MS da dieta) aumenta o teor deCLA na gordura do leite, em comparação aos teores encontrados em dietas com grão de soja com omesmo nível de inclusão e controle (3% EE na MS da dieta) (SANTOS et al., 2001, p. 1937).

Considerações finais

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Considerando-se os elevados custos dos alimentos concentrados, especialmente milho e sorgo, asubstituição parcial ou total destes alimentos por produtos de menores custos pode aumentar aeficiência do sistema de produção de leite em regiões onde não se tem a produção destes grãos.

A utilização de fontes de gorduras na dieta de vacas lactantes, principalmente no início dalactação traz benefícios no desempenho dos animais. É preciso ter atenção nos níveis e fontes lipídicaspara que não ocorram efeitos negativos na digestão da fibra e composição do leite.

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Recebido em 25/06/2018

Aceito em 19/07/2018

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Revista Agrária AcadêmicaAgrarian Academic Journal

Volume 1 – Número 3 – Set/Out (2018)___________________________________________________________________________________

doi: 10.32406/v1n32018/92-105/agrariacad

Avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal: uma revisão sistemática

Ergonomic evaluation in plant suppression activities: a systematic review

Bruno Machado Araújo1*, Gustavo Costa de Oliveira2, Paulo Henrique Catunda3

1*- Programa de Pós-graduação em Agricultura e Ambiente/Centro de Estudos Superiores de Balsas – CESBA/UniversidadeEstadual do Maranhão – UEMA – Endereço: Praça Gonçalves Dias, s/n – Balsas, MA, CEP: [email protected] Programa de Pós-graduação em Agricultura e Ambiente/Centro de Estudos Superiores de Balsas – CESBA/UniversidadeEstadual do Maranhão – UEMA 3- Centro de Ciências Agrárias – CCA, Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, São Luís, MA___________________________________________________________________________________

ResumoO presente trabalho teve como objetivo a elaboração de uma revisão bibliográfica sistemática de artigos referentes àavaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal e discussão dos fatores de risco. A identificação dos artigos einclusão dos mesmos ocorreu no período de agosto a dezembro de 2016. As bases de dados eletrônicas utilizadas foram:SciELO; PubMed; PLOS ONE e Google Acadêmico. As buscas foram conduzidas através de descritores catalogados noDescritor em Ciências da Saúde (DeCS). Diante da complexidade e da importância das atividades de supressão vegetal seravaliadas ergonomicamente, destaca-se aqui a extrema necessidade de desenvolvimento e publicação de mais trabalhos naárea em questão.

Palavras-chave: Ergonomia, Supressão vegetal, Riscos

AbstractThe present work had as objective the elaboration of a systematic bibliographical revision of articles referring to theergonomic evaluation in activities of vegetal suppression and discussion of the risk factors. The identification of articles andtheir inclusion occurred in the period from August to December 2016. The electronic databases used were: SciELO;PubMed; PLOS ONE and Google academic. The searches were conducted through descriptors cataloged in the Descriptor inHealth Sciences (DeCS). In view of the complexity and importance of the plant suppression activities being evaluatedergonomically, the extreme need to develop and publish more works in the area in question is highlighted here.

Keywords: Ergonomics, Vegetal supression, Scratchs___________________________________________________________________________________

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IntroduçãoA Norma Regulamentadora (NR-17) visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo aproporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalhoincluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aosequipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho. Paraavaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo,as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora (NR 17, 2009).

As pesquisas da Ergonomia da Atividade fizeram surgir três níveis de trabalho: o teórico, oprescrito e o realizado. O primeiro é definido como aquele existente nas representações sociais, combase no cidadão comum, no trabalhador ou nos conceptores de prescrições. Já o segundo, o prescrito, éaquele definido por normas, por regras, por documentos, nas organizações de trabalho. Por sua vez, orealizado é conceituado como aquele que o trabalhador efetivamente realiza de acordo com asprescrições que são dadas (MUNIZ-OLIVEIRA, 2010; TEIGER, 1993).

Para o estabelecimento das atividades humanas faz-se necessário intervenções no meio naturalcom uso ou retirada dos recursos naturais. Várias atividades são inerentes ao processo desteestabelecimento, seja através da exploração mineral, uso do solo, uso de recursos florestais dentreoutros. Em áreas nativas vários são os conceitos para este estabelecimento inicial da atividade humanatambém conhecida como antropização, sendo geralmente associados a danos ao meio ambiente.

Na atividade florestal, em especial na exploração florestal, principalmente nas atividadesreferentes ao corte (derrubada) da madeira, o conceito de Segurança do Trabalho foi considerado pormuito tempo como não sendo pertencente a esta atividade, o que levou ao desconhecimento de talconceito por parte dos operadores de motosserra (SILVA, 2013).

A modernização das operações de colheita florestal teve início na década de 1970, quando aindústria nacional começou a produzir maquinário de portes leve e médio. Neste período surgiram asmotosserras profissionais, os skidders e os autocarregáveis (FREITAS, 2008). Todavia, com a aberturadas importações em 1994, o aumento no custo da mão de obra, a necessidade de executar o trabalho deforma mais ergonômica, de se ter maior eficiência e diminuição dos custos de produção, muitasempresas iniciaram a mecanização da colheita de forma mais intensiva (MACHADO; LOPES, 2008).

O procedimento correto para as intervenções do homem no meio ambiente é denominadosupressão autorizada, no qual o órgão ambiental dá a anuência prévia para início do corte de indivíduosarbóreos com procedimentos pré-definidos e acompanhamento por profissionais habilitados. Os termosutilizados apesar da terminologia para o mesmo processo divergem eventualmente sendo chamado desupressão vegetal, desflorestamento, desmatamento, sendo que todos se referem a retirada continua davegetação superficial de uma determinada área para estabelecimento de atividades humanas.

Para as atividades de desflorestamento fazem necessárias várias atividades que dependem deesforço físico e posturas inadequadas. Caso a atividade seja semi-mecanizada com uso de tratores emáquinas pesadas o corte inicial dos indivíduos arbóreos leva menos esforço por parte dostrabalhadores, mas após esta primeira atividade há ainda o destopo e traçamento do material desupressão vegetal, que exigem cuidado quanto aos requisitos ergonômicos e monitoramento de fadiga.

Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo a elaboração de uma revisãobibliográfica sistemática de artigos referentes à avaliação ergonômica em atividades de supressãovegetal e discutir sobre os aspectos dos riscos ao trabalhador em cada estudo.

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Material e métodos

Desenho do estudoEstudo de revisão bibliográfica sistemática em diferentes bases de dados eletrônicas científicas,

através de descritores referentes à avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal. Aidentificação dos artigos e inclusão dos mesmos ocorreu no período de agosto a dezembro de 2016.

Bases de dados eletrônicasA pesquisa bibliográfica foi conduzida nas seguintes bases de dados eletrônicas:

(1) Scientific Electronic Library Online (SciELO); (2) U.S. National Library of Medicine (PubMed);(3) Public Library Of Science (PLOS ONE);(4) Google Acadêmico.

Informações complementares foram obtidas a partir de pesquisas em sites da AssociaçãoBrasileira de Ergonomia (ABERGO), International Ergonomics Association (IEA), relatórios doMinistério do Trabalho e Emprego (MET), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério daSaúde (MS). Realizou-se também busca manual com base nas referências listadas nos artigos inclusosna revisão.

Estratégia de buscaAs buscas foram conduzidas através de descritores catalogados no Descritor em Ciências da

Saúde (DeCS), em português e em inglês contidos no título ou nos resumos dos estudos. Utilizou-se ooperador booleano “AND” e “OR”, além da utilização das aspas a fim de facilitar a busca aosmanuscritos. A combinação de termos utilizados juntos ou separados nas respectivas bases de dados(SciELO, PubMed, PLOS e Google Acadêmico) foram:

“Ergonomy (ergonomia)”;

“Deforestation (desmatamento)”.

Seleção e análise das publicaçõesPara a seleção dos artigos construiu-se um formulário com as seguintes informações: autor e

ano, título, período de desenvolvimento do estudo, unidade federativa, cidade e área da pesquisa,desenho do estudo, descritor utilizado para localizar a publicação, método de análise estatística,objetivo e principais resultados. Utilizou-se como critério de inclusão artigos do tipo original,publicados em periódicos internacionais ou nacionais, nos idiomas inglês ou português, publicadosentre 2010 e 2016, indexados em uma das bases anteriormente citadas. Foram selecionados pararevisão somente os artigos que relacionavam com transtornos de estresse em profissionais de saúde desistemas médicos de emergência.

AmostragemForam identificados inicialmente 214.312 artigos científicos sobre avaliação ergonômica em

atividades de supressão vegetal no Brasil e no mundo, pesquisados nas bases de dados e com osdescritores anteriormente citados, desses artigos iniciais, muitos foram removidos por não ter haver

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com o tema pesquisado, por não terem sido publicados entre os anos de 2010 e 2016, ou por estaremindexados em mais de uma base de dados. Assim, 07 trabalhos foram selecionados para a presenterevisão de literatura sistemática.

Resultados e discussãoOs resultados obtidos com a aplicação da estratégia de busca descrita estão apresentados no

quadro lógico do estudo (Figura 1).

Figura 1. Quadro lógico da revisão sistemática, estudos sobre avaliação ergonômica em atividades desupressão vegetal entre os anos de 2010 a 2016.

Grande parte da produção científica sobre saúde do trabalhador, ergonomia e supressão vegetalnão são divulgadas em revistas indexadas, sendo necessário inserir também teses e dissertações paraauxiliar na discussão do tema em questão.

Percebe-se que é extenso o número de trabalhos encontrados inicialmente sobre o tema deavaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal. Porém, com o estudo em específico de cadaartigo, percebeu-se que muitos não se tratavam do tema em questão. Tal problemática deve-se ao fatode grande abertura das áreas definidas pelas bases de dados pesquisadas. Com a metodologia aplicadafoi possível escolher os trabalhos que realmente se tratavam do tema.

Segue abaixo a Tabela com a apresentação dos trabalhos escolhidos para a presente revisão,descrevendo os objetivos, os principais resultados e conclusões.

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Publicações científicas sobre avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal publicados entre2010 e 2016

Artigos publicados (n=214.312):.“Ergonomy (ergonomia)”;

.“Deforestation (desmatamento)”.

Quantidade de artigos nas bases de dados eletrônicas:

(1) SciELO (284);

(2) PubMed (80.322);

(3) PLOS ONE (17.306);

(4) Google Acadêmico (116.400).

Artigos publicados entre os anos de 2010 e 2016 selecionados para a presente revisãosistemática (n=07)

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Tabela 1. Estudos sobre avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal entre os anos de2010 a 2016.Nº Referência Objetivos Principais resultados/conclusões1 GEMMA, S. F. B.;

TERESO, M. J. A.; ABRAHÃO, R. F. Ergonomia e complexidade: o trabalho do gestor na agricultura orgânica na região de Campinas – SP. Ciência Rural, v.40, n.2, fev, 2010.

A pesquisa de campopermitiu investigar otrabalho dos gestores emUnidades de ProduçãoAgrícola Orgânica(UPAO) do interior deSão Paulo, por meio daadaptação do método daAnálise Ergonômica doTrabalho (AET) e deentrevistas estruturadas.

O trabalho executado pelos gestoresé caracterizado pela diversidade deatividades que precisam serrealizadas e integradas dentro domacrossistema, em associação comos determinantes do processo decertificação num contexto de faltade tecnologia adequada e decenários incertos e variados. Cabeao gestor incorporar e transformarem práticas de trabalho os preceitosecológicos, econômicos e sociais desustentabilidade, que podem sercontraditórios entre si, integraressas múltiplas dimensões, pormeio do desenvolvimento e daconexão de variados saberes ecompetências, e elaborar estratégiaspara superar as diversasdificuldades relacionadas com osaspectos tecnológicos, financeiros ehumanos na agricultura orgânica.

2 FILIPE, A. P.; SILVA, J. R. M.; TRUGILHO, P. F.; FIEDLER, N. C.; RABELO,G. F.; BOTREL, D. A. Avaliação de ruído em fábricas de móveis. CERNE, v. 20 n. 4, p. 551-556, 2014.

Na análise do ruído, éimportante verificar aintensidade desse agentede risco, ao qual ostrabalhadores ficamexpostos ao longo da suajornada de trabalho,caracterizada como dosediária. Objetivou-se,nesse trabalho, avaliar aexposição ao ruídointermitente, ao qual ostrabalhadores de fábricasde móveis estão sujeitos.Esta pesquisa foirealizada em 14 fábricasde móveis, sendo 8 nopolo moveleiro deCruzília e 6 em Lavras,

A dose de exposição aos ruídoscontínuos em todas as fábricas demóveis foram maiores que aestabelecida pelo Anexo 1 da NR-15 (Brasil, 2008), exigindo açãocorretiva como o isolamento dasfontes de ruído. Constatou-se que78,9% das máquinas das fábricas demóveis avaliadas apresentaramvalores de ruídos contínuossuperiores ao limite de tolerância de85 dB(A), estabelecido pelo Anexo1 da NR 15, para uma jornada detrabalho de 8 horas. O risco deruído ocupacional é grave eeminente, sendo obrigatória autilização de proteção auditiva paratodos os trabalhadores durante aexecução de suas tarefas.

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ambos situados na regiãoSul, de Minas Gerais.

3 PONTES, J. C.; FILHO, J. L. R.; SILVA, J. A. L.; MEDEIROS, M. C. S.; LIMA, V. L. A. Desmonte de rocha com técnicas de produção mais limpa: umacontribuição para a saúde do trabalhador. Estudos Geológicos, v. 22(2), 2012.

Analisar como aaplicação da Produçãomais Limpa na atividadedo desmonte de rochapode contribuir paramelhorar a saúde dotrabalhador. Com arealização desse estudoespera-se obter comoresultado os indicadoresque levarão a umaProdução mais Limpaaplicada no desmonte derocha, os quaiscontribuirão para umamelhor gestão integrada eparticipativa nestaatividade.

A aplicação da Produção maisLimpa é de fundamentalimportância para minimizar osimpactos ambientais e sensibilizar asociedade para melhor aproveitar osrecursos naturais existentes, poisvisa reduzir custos operacionais,além de buscar soluçõeseconomicamente viáveis para aredução da geração dos resíduos, ouaté mesmo a não geração de“sobras” nas etapas ao longo doprocesso. Portanto, a aplicaçãodessa ferramenta de gestãoambiental contribuirá para ageração de uma gestão integrada eparticipativa nesta atividade,oportunizando melhor contribuiçãopara a saúde do trabalhador.

4 SILVA, J. L. Identificaçãodos Riscos Associados aoCorte Semimecanizado naConversão de Áreas, paraImplantação de FlorestasComercias. 2013. 45.Monografia Especializaçãoem Engenharia de Segurançado Trabalho - UniversidadeTecnológica Federal doParaná. Curitiba, 2013.

Identificar a existência deriscos aos operadores demotosserras em atividadede supressão devegetação na conversãode áreas para implantaçãode reflorestamentos noMunicípio de Imperatriz/MA. Avaliar a aplicaçãode medidas de proteção eutilização dosEquipamentos deProteção Individual naatividade de uso demotosserras; apontar, deacordo com a abordagemdas NormasRegulamentadoras, osriscos associados ao usode motosserras; Levantaros riscos físicos,químicos, ergonômicos ede acidentes aos quais

A realização deste estudo mostrouque a atividade de operador demotosserra envolve uma gamaextensa de riscos, entre eles naoperação de corte, mesmo comacompanhamento e comtreinamento, os acidentes sãopresentes, entre os trabalhadores.Os principais riscos que osoperadores de motosserra estãoexpostos são:Riscos físicos (ruído, vibração);Riscos químicos (poeiras); Riscosergonômicos (postura inadequada,esforço físico); além de Riscos deacidente (queda de galhos, rebote,corte com a corrente damotosserra). Observou-se que oposto de trabalho é desfavorável emrelação à segurança dos operadores,devido ao fato de haver no localexploração florestal em partemecanizada e em outras semi-

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estão expostos osoperadores demotosserras; qualificar equantificar os acidentesassociados aosoperadores de motosserrae a segurança do trabalhona atividade de extraçãode madeira utilizandomotosserras.

mecanizada. Ainda assim o númerode acidentes relatados está abaixodo observado em trabalhossemelhantes. Porém, acaracterização desses acidentessegue uma tendência nacional,sendo que, em maior porcentagemos acidentes ocorreram nosmembros inferiores. Por fim,observou-se que o nível deconscientização quanto aimportância e o uso regular dosEPIs é alto, e isso possivelmente sedeve ao porte da cadeia produtivaenvolvida.

5 ANDRADE, L. S. Avaliação de operações de supressão em florestas nativas licenciadas. 2014. 59f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais, 2014.

Avaliar as operações desupressão em florestasnativas licenciadas,localizadas nosmunicípios de Alvoradade Minas e Conceição doMato Dentro (MG).Analisar a forma como éexecutada e os principaisproblemas decorrentes dasupressão de florestasnativas licenciadas, juntoa uma empresa do setorde mineração; Analisar oPlano de Desmate daempresa e averiguar se osprocedimentosmencionados estão sendocumpridos quando daexecução da supressão;Avaliar os sistemas desupressão e as máquinasutilizadas; Analisar seexiste alguma situação oucomportamento de riscodurante a execução dasoperações de supressãoflorestal; Analisar odestino final da madeira

Todas as etapas da supressão estãointerligadas, e caso uma etapaapresente falhas durante a suaexecução, irá refletir na execuçãoda etapa posterior; o sistema desupressão utilizado é o de torascurtas, sendo as árvores depequenos diâmetros; a motosserrafoi a máquina utilizada nasoperações de abate eprocessamento, enquanto para acubagem e a extração utilizou-seum carregador florestal e um tratoragrícola adaptado com guinchoarrastador; os principais problemasda atividade de supressão estãorelacionados ao não cumprimentodos procedimentos apresentados noPlano de Desmate; um dosprincipais problemas observados é alimpeza da área onde está sendoexecutada cada atividade. Em todasas etapas avaliadas, o trabalhadorprecisou complementar a limpeza;A etapa do empilhamento foi a queapresentou maiores problemas,principalmente por ser umaatividade executada por tarefa,sendo esta a principal reclamação

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oriunda da supressãovegetal na empresaestudada; Avaliar seexiste maximização nautilização da madeira, deacordo com as exigênciase legais; Avaliar orendimento operacionaldas seguintes etapas dasupressão florestal: abate,processamento eempilhamento. No casodo empilhamento, avaliarainda se houve diferençasignificativa entre orendimento da atividaderealizado por duplas ouindividualmente.

dos trabalhadores e deve serreavaliada. Não houve diferençasignificativa entre o rendimento doempilhamento, realizado por duplasou individualmente; aindarelacionado à etapa deempilhamento, a medição da pilhadeve seguir a Portaria INMETROnº 130 de 07 de dezembro de 1999,sendo medidas as três dimensões decada pilha: altura, largura ecomprimento; o rendimentooperacional do abate sofreuinfluência das árvores queencontravam presas a cipós; Astoras que possuem diâmetros iguaisou maiores a 20 cm de diâmetro sãodoadas para a restauração dopatrimônio histórico, as dediâmetros menores a este valorfixado pela empresa que realiza asupressão geralmente sãoconvertidas em lenha; Foramobservadas diversas situações oucomportamentos de risco, sendonecessária a criação deprocedimentos.

6 LIMA, A. S.; SANTOS, K. P. P.; CASTRO, A. A. J. F. Aspectos socioambientais da produção de carvão vegetal de origem nativa em uma área de cerrado em Jerumenha, Piauí/Brasil. Espacios. V. 37 (03), 2016, p.18.

Considerando aexpressiva produção decarvão vegetal no Estadodo Piauí através doaproveitamento lenhosode áreas desmatadas noCerrado, e que estudossobre a caracterização daatividade bem como oprocesso de trabalho nascarvoarias sãoinexistentes, o objetivodeste artigo consiste emverificar a atividade decarvoejamento em trêscarvoarias pertencentesao município de

Tratando-se da caracterização dosprofissionais presentes nascarvoarias estudadas em Jerumenha(PI), constatou-se que a maior parteé do sexo masculino, casado, comfaixa etária de 19 a 29 anos,oriundos do Maranhão. A opçãopela atividade ocorreu devido amaior remuneração e as garantiassalariais. Entretanto, existe uma altarotatividade de funcionários, devidoos trabalhadores considerarem aatividade extenuante. O Piauí é umdos poucos estados que autoriza aatividade através de licenciamentoespecífico, sendo este condicionadoa um projeto de uso alternativo do

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Jerumenha (PI), bemcomo caracterizar osaspectos socioambientaisenvolvidos no processode produção de carvão.

solo. A atividade envolve umgrande número de trabalhadores,com funções específicas para cadacargo a ser desempenhado. Apesarda maior parte dos carvoeirosconsiderarem sua saúde boa,existem problemas de saúdeinerentes à atividade que devem serinvestigados, como a fumaçainalada durante o período decarbonização e carga de trabalho, afim de se fornecer informaçõessobre o estado de saúde e assimpropor medidas que auxiliam noprocesso de reabilitação destes. Osprodutores de carvão alegam queuma das grandes dificuldades seriao preconceito e a falta deconhecimento, por parte dapopulação e proprietários de terrapor acreditarem que a atividade émarginalizada e ilegal.Considerando que o Estado do Piauíocupa posição de destaque naprodução de carvão vegetal noNordeste, estudos sobre a atividadede origem nativa em outras regiõesfaz-se necessário a fim de secaracterizar a atividade bem comoos impactos decorrentes destaatividade na população envolvidadireta e indiretamente nesta.

7 REIS, A. D. C. Análise da atividade cognitiva do operador de sala de controle da produção de controle da produção de petróleo on-shore: uma abordagem da ergonomia para a gestão das restrições do sistema sociotécnico. 2015. 177f. Dissertação (Mestrado em

Analisar a atividade dosoperadores de uma salade controle da produçãoon-shore de petróleo, comfoco nas restrições aocurso da ação dosoperadores, nos processosde cognição e de tomadade decisão e nasestratégias (individual ecoletiva) para regular e

Os resultados evidenciaram que aatividade de supervisão e controledo processo de injeção de vaporsuperaquecido representa ocontexto de maior complexidade,pelas demandas de maior atenção,concentração, cálculos,comparações, análise de tendênciase tomada de decisão. A atividade éconstruída coletivamente entre ooperador da sala de controle, o

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Engenharia de Produção) - Centro de Tecnologia, Universidade Federal do RioGrande do Norte, Natal, 2015.

manter a ação requerida ea segurança desse sistemasociotécnico.

operador de campo e a empresafornecedora de vapor. A pesquisaevidenciou que os processos decomunicação e colaboração entre ooperador da sala de controle, osoperadores de campo e as equipesde apoio são elementosestruturantes dessa atividade. Oestudo evidenciou que osoperadores dispõem da autonomia edos elementos necessários aotrabalho; que existe permanenteinvestimento para melhoria datecnologia utilizada; e que osoperadores relatam distúrbios desono em decorrência da exposiçãocrônica ao trabalho noturno. Oestudo contribuiu com propostas detransformação dessa atividade notocante à instalação de uma área deapoio às refeições na Sala deControle; à atualização das telas dossupervisórios para a condiçãooperacional atual; às visitasperiódicas dos operadores da salano campo; à padronização derelatórios de produção; aodesenvolvimento de sistemas deajuda; e à padronização dasnomenclaturas das estaçõescontroladoras de vapor, visandomelhorar tanto as condições derealização da atividade, como aqualidade dos produtos produzidospelos operadores, além decontribuir para reduzir apossibilidade de lapsos ou desviosna atividade.

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é oriunda da escola franco-belga de ergonomia e sefundamenta na análise das situações reais de trabalho, o que possibilita sua compreensão etransformação (GUÉRIN et al., 2001). Esse método é composto de três fases principais: a análise dademanda, a análise da tarefa e a análise da atividade. A análise da demanda consiste em analisar oproblema inicialmente proposto pelos demandantes, delimitar o objeto de estudo e esclarecer suas

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finalidades. A análise da tarefa corresponde ao levantamento dos dados referentes aos objetivos eresultados esperados do trabalho e os meios disponíveis para realizá-lo. A análise da atividade consisteem compreender o trabalho que é efetivamente realizado, as dificuldades encontradas e as estratégiasutilizadas para superá-las. No final, os dados levantados permitem formular hipóteses de trabalho quedelineiam os rumos a serem seguidos, para que, ao final da análise, seja possível elaborar umdiagnóstico e fornecer recomendações ergonômicas (GEMMA; TERESO; ABRAHÃO, 2010). Taisrecomendações são de extrema importância e complexidade para os gestores de agricultura orgânica.

A legislação brasileira, por meio da Norma Regulamentadora NR-15, determina que o ambientede trabalho seja adaptado aos funcionários, para minimizar os riscos biológicos, ergonômicos, físicos,químicos e de acidentes (FILIPE et al., 2014). Nesse contexto, faz-se de grande importância verificar aintensidade do ruído como agente de risco.

Quando se trata de risco para a saúde do trabalhador, pode-se constatar diversos riscos para asaúde, dentre eles: físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos. Os riscos físicos são efeitosgerados por máquinas, equipamentos e condições físicas características do local de trabalho, que podemcausar danos à saúde do trabalhador. Os riscos químicos são representados pelas substâncias químicasque se encontram nas formas líquida, sólida e gasosa. Os riscos biológicos são causados pormicrorganismos invisíveis a olho nu, como bactérias, fungos, vírus e bacilos. Os riscos mecânicosocorrem em função das condições físicas do ambiente do trabalho e tecnologias impróprias, capazes decolocar em perigo a integridade física do trabalhador. E finalmente, os riscos ergonômicos sãocontrários às técnicas de ergonomia, que propõem que os ambientes de trabalho devem adaptar aohomem, propiciando bem estar físico e psicológico (PONTES et al., 2012).

Dentre os riscos físicos, destaca-se o uso de motosserras. Apesar do baixo índice de acidentescom motosserras, faz-se importante destacar os cuidados que os operadores devem ter. E com o intuitode diminuir o risco de acidentes e de lesões no trabalho com motosserra, os EPI`s foram desenvolvidoscom as seguintes características (SILVA, 2013):• Capacete com viseira e protetor auricular: deve ser confeccionado com material de alta resistênciapara proteger a cabeça do operador contra o impacto de galhos e mesmo de árvores, os olhos e a face departículas de madeira e, o ouvido do excesso de ruído que, na maioria das vezes, chega a mais de 100dBA. Cabe salientar que o máximo permitido pela Legislação brasileira para 8 horas de trabalho é de85 dBA.• Blusa: vestimenta geralmente de manga comprida de algodão (absorver o suor) e com cores quefacilitam a visualização do trabalhador no interior da área florestal.• Luvas: confeccionada em vaqueta e nylon, palma 100% de vaqueta e, dorso e punho em poliamida esobre forro de jersey. Vestimenta para proteção das mãos contra cortes e perfurações.• Calça especial: calça com diversas camadas de nylon, com proteção interna na frente e panturrilhaem camadas de malha e poliésteres, permitindo boa ventilação e alta resistência. Assim, quando acorrente pega na calça, enrola no nylon e não atinge o operador.• Caneleira: confeccionada em fibra de vidro ou couro, cuja função é proteger as pernas do operador.• Coturno: calçado em couro com biqueira de aço para resistir ao impacto da corrente, acolchoadointernamente com uma camada de espuma e solado anti-derrapante. Visa proteger os pés do operadorcontra cortes e perfurações.

Outro risco para a saúde do trabalhador são as operações de supressão vegetal. Por se tratar deuma atividade complexa, as operações da colheita de madeira possuem a influência de inúmerosfatores, sejam eles técnicos, econômicos, ambientais e ergonômicos. Por isso, é essencial ter

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conhecimento e controle sobre os mesmos, possibilitando a realização otimizada do trabalho e de suasestratégias (MACHADO; LOPES, 2008). Os mesmos autores citam alguns fatores que influenciam nosrendimentos: floresta, terreno, finalidade da madeira, demanda de madeira, estradas, manutençãomecânica, custos operacionais, condições climáticas, capacidade de suporte do terreno e grau demecanização, entre outros (ANDRADE, 2014). Quanto aos fatores ambientais e ergonômicos, osprincipais problemas da atividade de supressão estão relacionados ao não cumprimento dosprocedimentos apresentados no Plano de Desmate, bem como a realização de diversas situações oucomportamentos de riscos.

Uma atividade oriunda da supressão vegetal é a produção de carvão que também gera riscos àsaúde do trabalhador. A produção de carvão é realizada do mesmo modo que era no século passado,através da combustão incompleta da madeira. Neste processo, a lenha é carbonizada em espaçofechado, durante três dias, com pequena ou com quantidade controlada de oxigênio, em temperaturasque ultrapassam 300º C, ocorrendo o desprendimento de gases não condensáveis, líquidos orgânicos epor fim como resíduo originado sobra o carvão (CASTRO et al., 2007; SANTOS; HATAKEYAMA,2012). Esse processo rudimentar, dependente da mão-de-obra humana, expõe os carvoeiros ao contatopermanente com a fumaça oriunda dos fornos, duras jornadas de trabalho, condições insalubres, sendoconsiderada como uma atividade desumana (DUBOC et al. 2008; SOUZA et al., 2010).

Quanto à saúde do trabalhador, pode-se observar que a atividade de produção de carvão eradesenvolvida por carvoeiros de idades que variaram de 19 a 53 anos, com média de 31,68 anos. Estevalor, se aproxima do encontrado por Pimenta et al., 2006), analisando a ação ergonômica detrabalhadores de carvoarias em Buritizeiro, Minas Gerais, com média de 32 anos. A faixa etária demaior número de indivíduos foi de 19 a 29 anos, com 44% dos entrevistados, este fato pode serexplicado pela rotina de trabalho na carvoaria, exigindo assim trabalhadores mais jovens. Trabalhos queenvolvem agropecuária e colheita florestal caracterizam por atividades que dependem de grandeesforço físico por parte do trabalhador (SILVA et al., 2010).

A manipulação do petróleo também gera riscos à saúde do trabalhador. A atividade em foco notrabalho avaliado envolveu a supervisão e o controle da produção de milhares de barris/dia de petróleoem uma complexa e dispersa estrutura de produção construída numa extensão de 80 km. Esse contextooperacional evidencia a importância da atividade dos operadores da sala de controle no cumprimentodas metas locais e corporativas de integridade, de eficiência, de segurança e de respeito ao meioambiente e saúde. A pesquisa teve natureza qualitativa, abordagem exploratória e descritiva, utilizandoa metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, técnicas observacionais e interacionais. Apopulação do estudo foi formada pelos operadores da sala de controle de uma empresa de petróleobrasileira (REIS, 2015). Faz-se necessário a realização de mais estudos para comprovar e buscarmelhorias para o problema relatado pelos operadores quanto aos distúrbios de sono em decorrência daexposição crônica ao trabalho noturno.

Considerações finaisA maior parte da produção científica em saúde do trabalhador não é objeto de divulgação em

revistas indexadas ou material de fácil acesso. Assim sendo, a realização de uma síntese desseconhecimento permite, além da compreensão de tendências gerais, melhor divulgação desse importanteproduto da pesquisa.

Após a análise e discussões dos resultados obtidos, pode-se concluir que é diminuto o númerode trabalhos sobre avaliação ergonômica em atividades de supressão vegetal contemplando cada fase

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do processo avaliando o âmbito ergonômico associado à saúde do trabalhador que realizada atividadesde supressão vegetal publicados entre os anos de 2010 e 2016 no Brasil e no mundo.

Diante a complexidade e da importância das atividades de supressão vegetal ser avaliadasergonomicamente, destaca-se aqui a extrema necessidade de desenvolvimento e publicação de maistrabalhos na área em questão.

Através de novos estudos e análises aplicadas a cada processo da atividade de supressão vegetalpode-se melhorar às condições de trabalho e desenvolvimento de EPI’s adequados ergonomicamente,havendo também melhorias na normatização vigente (NR 17).

Referências bibliográficas

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