rev 37 jul dez 2005 - hsvp · 2020. 11. 24. · rev mÉdica hsvp 2005; 17(37): 7-12. –7–...

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Instruções aos Autores ................................................................................................................................. 6 Artigo Original Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar ................................................. 7 Antonir Nolla , Antonio Severo , Osvandré Lech, Paulo Piluski , Jorge Borges . O Hipotireoidismo Esquecido ................................................................................................................... 13 Aline W. dos Reis, Anderson N. Rocha, Arthur S. Lazaretti, Carla R. Bürkle, Daniela T. Borges, Mateus F. Messinger, Paulo R. Weinert. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo .......................................... 16 César Augusto L. Pires, Loane Rottenfusser, Robson Rottenfusser, Eliezer N. Dertelmann, Rui Portes da Silva Filho. Orientações Fisioterapêuticas aos Cuidadores de Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral ................. 21 Cristiane dos Santos Paliga, Janaína Cardoso Costa. Relação entre a Goniometria do Arco Medial do Pé e a Pressão Plantar em Baropodometria ................ 25 Cristina Santin Bilibio, Daniela Bertol, Hugo Tourinho F°. Pico de Torque Supra-espinhoso no Teste de Jobe ................................................................................... 30 Adriana Pensin & Cássia Nardon. Resposta Cicatricial do Ultra-Som nas Úlceras de Pressão de Graus I e II ............................................... 34 Sílvia Lorenzini & Denise Martelli. Epidemiologia das Artroplastias Totais de Quadril no Hospital São Vicente de Paulo ............................. 40 Fabrício Perin da Rosa & Anderson Cattelan. Artigo de Revisão Modificações no Modelo de Tradução Gênica .......................................................................................... 44 Cristian F. Nunes, Angela Sanderson, Caroline Duarte, João G. Castellano, Tailize Menegazzo, César Augusto L. Pires. Doença do Refluxo Gastroesofágico em Lactentes ................................................................................... 50 Fernanda Luzzatto, Rochele G. Cruz, Viviane Rech. Intervenções Fisioterapêuticas em Fibromialgia ...................................................................................... 56 Adriana F. Dessuy, Lia Mara Wibelinger, Venelise A. Formighieri. Artigo Especial Reflexão Sobre o Cuidado de Enfermagem na Visão da Gestante Hipertensa ........................................ 65 Leila Juliana Antunes, Luciana Blanco, Lenir Maria Baruffi, Nelci Terezinha Zorzi. Relato de Caso Síndrome de Eagle .................................................................................................................................. 72 Roque Miguel Rhoden, Paulo Fogaça, Douglas Voss, Diego Pons, Vinícios Rhoden, Fernando Rhoden. Transtorno Conversivo em Criança ........................................................................................................... 75 Edson R. Dalberto, Luciane Miozzo, Aline J. Romagna, Cláudio J. Wagner. Reabilitação em Transplante Meniscal ....................................................................................................... 77 Daniela Delazeri, Gilnei Lopes Pimentel, César Antônio de Quadros Martins. Ação da Fonoforese Associada à Enzima Hialuronidase no Tratamento de Cicatrizes Inestéticas Tardias Provocadas por Queimaduras de Terceiro Grau ........................................ 82 Emanuele Mesquita, Cristiane Vicenzi, Sílvia Lorenzini. ÍNDICE Revista Médica Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005 Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005 Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005 Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005 Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005

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  • Instruções aos Autores .................................................................................................................................6

    Artigo Original

    Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar ................................................. 7Antonir Nolla , Antonio Severo , Osvandré Lech, Paulo Piluski , Jorge Borges†.

    O Hipotireoidismo Esquecido ................................................................................................................... 13Aline W. dos Reis, Anderson N. Rocha, Arthur S. Lazaretti, Carla R. Bürkle,Daniela T. Borges, Mateus F. Messinger, Paulo R. Weinert.

    Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.......................................... 16César Augusto L. Pires, Loane Rottenfusser, Robson Rottenfusser, Eliezer N. Dertelmann, Rui Portes da Silva Filho.

    Orientações Fisioterapêuticas aos Cuidadores de Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral ................. 21Cristiane dos Santos Paliga, Janaína Cardoso Costa.

    Relação entre a Goniometria do Arco Medial do Pé e a Pressão Plantar em Baropodometria ................ 25Cristina Santin Bilibio, Daniela Bertol, Hugo Tourinho F°.

    Pico de Torque Supra-espinhoso no Teste de Jobe ................................................................................... 30Adriana Pensin & Cássia Nardon.

    Resposta Cicatricial do Ultra-Som nas Úlceras de Pressão de Graus I e II ............................................... 34Sílvia Lorenzini & Denise Martelli.

    Epidemiologia das Artroplastias Totais de Quadril no Hospital São Vicente de Paulo ............................. 40Fabrício Perin da Rosa & Anderson Cattelan.

    Artigo de Revisão

    Modificações no Modelo de Tradução Gênica .......................................................................................... 44Cristian F. Nunes, Angela Sanderson, Caroline Duarte, João G. Castellano, Tailize Menegazzo, César Augusto L. Pires.

    Doença do Refluxo Gastroesofágico em Lactentes ................................................................................... 50Fernanda Luzzatto, Rochele G. Cruz, Viviane Rech.

    Intervenções Fisioterapêuticas em Fibromialgia ...................................................................................... 56Adriana F. Dessuy, Lia Mara Wibelinger, Venelise A. Formighieri.

    Artigo Especial

    Reflexão Sobre o Cuidado de Enfermagem na Visão da Gestante Hipertensa ........................................ 65Leila Juliana Antunes, Luciana Blanco, Lenir Maria Baruffi, Nelci Terezinha Zorzi.

    Relato de Caso

    Síndrome de Eagle .................................................................................................................................. 72Roque Miguel Rhoden, Paulo Fogaça, Douglas Voss, Diego Pons, Vinícios Rhoden, Fernando Rhoden.

    Transtorno Conversivo em Criança ........................................................................................................... 75Edson R. Dalberto, Luciane Miozzo, Aline J. Romagna, Cláudio J. Wagner.

    Reabilitação em Transplante Meniscal ....................................................................................................... 77Daniela Delazeri, Gilnei Lopes Pimentel, César Antônio de Quadros Martins.

    Ação da Fonoforese Associada à Enzima Hialuronidase no Tratamento deCicatrizes Inestéticas Tardias Provocadas por Queimaduras de Terceiro Grau ........................................ 82Emanuele Mesquita, Cristiane Vicenzi, Sílvia Lorenzini.

    ÍNDICE

    Revista MédicaAno XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005

  • –6– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    INSTRUÇÕES AOS AUTORES

    6.

    A Revista Médica do Hospital São Vicente de Paulopublica artigos enviados espontaneamente ou por solicitação eaprovados pela Editoria Científica que expressam,prioritariamente, a produção científica na área de saúde emnosso meio. Estrutura suas edições com conteúdos de aplicaçãoprática e de utilidade na rotina diária da maioria dos que arecebem, além de conteúdos científicos que sejam relevantes erelacionados. O aceite subentende a publicação exclusiva doartigo neste periódico. As afirmações contidas nos trabalhossão de responsabilidade exclusiva dos autores.

    As normas editoriais da Revista Médica seguem as reco-mendações do International Committee of Medical Journal Edi-tors (ICMJE: Uniform requeriments for manuscripts submitted tobiomedical journals. N Engl J Med 1997; 336:309-315).Também, podem ser obtidas na Internet (http://www.acponline.org).

    Os trabalhos deverão ser digitados em um editor detextos eletrônico (preferencialmente Word), dispensando-seformatação. Deverá ser enviada cópia impressa e em disquete31/2". Os disquetes não serão devolvidos. Os autores devemmanter cópias de todo material enviado (inclusive fotos e figuras).Os artigos enviados deverão, obrigatoriamente, incluir osseguintes itens:•Página Título: deverá conter título conciso e informativo;primeiro nome e sobrenome principal por extenso, com inicialde sobrenome secundário dos autores; instituição onde se realizouo trabalho (não deve constar a titulação dos autores); nome deum autor com endereço e telefone para correspondência.•Resumo e Summary: o resumo deverá ser apresentado emúnico parágrafo de não mais que 150 palavras, devendo serinformativo, trazendo, nos artigos originais, o objetivo, ametodologia, os resultados e as conclusões, enfatizando aspectosnovos e importantes. O summary deverá ser uma tradução doresumo para a língua inglesa, devendo trazer também o títulodo trabalho e os unitermos em inglês.•Unitermos: fornecer ao final do resumo uma lista de 3 a 10palavras ou frases curtas, que identifiquem os temas revisadoscom vistas à indexação. Procurar utilizar termos listados pelosDescritores em Ciências da Saúde (DeCs), editado anualmentepela BIREME/OPAS/OMS, São Paulo.

    Observar a redação e organização dos artigos conformepadrão da revista, como segue:

    Artigo Original: organização com Introdução, Material eMétodos, Resultados e Discussão, Referências. Evitar parágrafosmuito curtos (2 ou 3 linhas) e procurar reunir uma linha depensamento em um único parágrafo.Artigo de Revisão: organização com Introdução, Discussão,Conclusões e Referências.Relato de Caso: breve Introdução, Relato do Caso,Comentários e Conclusões e Referências.Referências Bibliográficas: trabalhos publicados citados notexto deverão ser numerados, uma referência para cada número,ordenados conforme ordem de aparecimento no texto.

    Os seguintes modelos devem ser adotados:

    Referências de Revistas:

    Palma L A S, Pilau J, Borges F G, Eickhoff C M. Pneumopatiapor Fármacos. Rev Médica HSVP 1999; 11(24): 65-68.

    O nome do periódico deve ser abreviado segundo aedição do List of Journals do Index Medicus (publicadoanualmente na edição de janeiro do Index Medicus) ou segundoo Index Medicus Latino-Americano.

    Referências de Resumos:Coleman RJ. Current drug therapy for Parkinson disease -a re-

    view (resumo ou "abstract"). Drugs Ag 1992; 2(2):112-24.Quando não publicado em periódico: publicação. Cidade em

    que foi publicado: publicadora, ano, página(s).

    Referência de Livros:Gilman AG, Rall TW, Nies AS & Taylor P. Pharmacological Basis

    of Therapeutics. 8th ed. USA: Pergamon, 1990.

    Referências de Capítulos de Livros:

    Brow, AC. Pain and Itch. In: Patton HD, Fuchs AF, Hille B, ScheramAM & Steiner R (Eds) - Textbook of Physiology. 21st ed. USA:WB Saunders Company, 1989; 1(16): 346-64.

    Quando existir mais de um volume, deverá ser referidoimediatamente antes do número do capítulo, que ficará en-tre parênteses (exemplo acima).

    Comunicações pessoais:Só devem ser mencionadas no texto, entre parênteses.

    Tabelas: algarismos arábicos deverão ser usados para anumeração das tabelas, na ordem de aparecimento no texto.Cada tabela deverá ter um rodapé breve. Não utilizar linhashorizontais e/ou verticais dentro das tabelas. As tabelas nãodeverão duplicar o material do texto ou das ilustrações.

    Ilustrações: deverão ser referidas como Figuras e, para anumeração, deverão ser usados algarismos arábicos na ordemde aparecimento do texto. As figuras deverão ser desenhadasou fotografadas de modo profissional, como aparecerão naRevista. As legendas contendo título e explicações para as Figurasdeverão ser apresentadas em uma folha separada.

    Cada figura deverá ser impressa de forma que aimagem fique clara. Atrás das figuras deverá ser escrito a lápisou em etiqueta adesiva o nome do primeiro autor, o títuloreduzido, uma seta indicando a posiçao correta e o número dafigura.

    Agradecimentos: indivíduos ou instituições que contribuíramsignificativamente ao preparo do trabalho são identificados nestaseção.

    Os trabalhos que não se ajustem a estasdiretrizes não serão aceitos.

    OBS.: A Editoria Científica da revista reserva-se o direito deadotar medidas para aprimorar o conteúdo, estrutura eredação dos artigos.

  • –7–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): 7-12.

    Fraturas Diafisárias do Úmero tratadascom Fixador Externo Monopolar

    Antonir Nolla , Antonio Severo , Osvandré Lech, Paulo Piluski , Jorge Borges†.Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, Passo Fundo(RS).

    Resumo

    Existe uma grande diversidade de métodos para o tratamento de fraturas da diáfise doúmero, dentre eles, o método Sarmiento, osteossíntese com placas ou hastes, tração esqueléticae fixadores externos. O objetivo deste trabalho é avaliar casos de fratura da diáfise do úmerotratados pelo método de fixação externa. Foram tratadas 21 fraturas diafisárias de úmero como uso de fixador externo. Os fixadores utilizados foram o Ortofixr e o Tubular AOr. A consolidaçãoradiográfica foi obtida em 90,45% dos casos, com média de 4,15 meses (mínimo de três e máximode sete meses). O seguimento dos pacientes variou de 64 a 112 meses (média de 88 meses). Umpaciente evoluíu para pseudoartrose. A média de idade foi de 32,1 anos. Os resultado clínicose radiográficos tornam o método reproduzível, considerando-se a facilidade do uso com fixaçãominimamente invasiva e mais biológica. Este método, quando corretamente executado, tambémdiminui a quantidade de complicações, como lesão do nervo radial e infecções, além de permitirmobilidade precoce do ombro e cotovelo, evitando a rigidez articular.

    Unitermos: Diáfise, úmero, fixador externo.

    As fraturas diafisárias de úmero podem ser tratadasde várias maneiras, muitas controversas e conflitantes entresi no que se refere à indicação. Geralmente, opta-se pormétodos conservadores, sendo mais utilizado tratamentos ométodo de Sarmiento1,2. Os métodos cruentos utilizados sãoa osteossíntese com placas3, hastes intramedulares4 efixadores externos5.

    Os fixadores externos tem sido utilizados em fraturascomplexas de úmero, fraturas expostas, politraumatizados eem casos de pseudoartroses oligotróficas, com ou seminfecção. Por se tratar de método seguro e reproduzível,pouco invasivo, com técnica cirúrgica fácil e apresentar bonsresultados, têm merecido destaque no tratamento das fraturasdo úmero. A indicação do tratamento com fixador externonão reside apenas no fato de ser a fratura exposta ou fechada,mas sim na magnitude das lesões de partes moles que outrosmétodos podem acarretar.

    O objetivo deste trabalho foi avaliar os casos defraturas da diáfise do úmero com o uso de fixador externotratados no Instituo de Ortopedia e Traumatologia de PassoFundo(IOT) e Hospital São Vicente de Paulo(HSVP). Osfixadores utilizados foram o Ortofixr e o Tubular AOr, por seremdisponíveis e oferecidos em nosso local de trabalho.

    MATERIAL E MÉTODONo período de maio de 1995 a maio de 1999, 21

    pacientes com fraturas diafisárias de úmero foram tratadoscom fixador externo monopolar no serviço de cirurgia domembro superior, sob supervisão de um dos autores. Vintepacientes foram submetidos ao tratamento com fixadorexterno primariamente. Um paciente recebeu tratamentoprimário com fixação interna com placa e parafusos e evoluiupara pseudoartrose, sendo então tratado com fixador externo.Dos 21 pacientes, 13 eram do sexo masculino (62%) e oitoeram do sexo feminino (38%). Nove (42%) eram fraturasexpostas e 12 (58%) eram fraturas fechadas. A causa maisfreqüente do trauma foi o acidente automobilístico com 15casos (75%), seguido de queda de própria altura com quatrocasos (19%) e ferimento por arma de fogo (FAF) com doiscasos (6%). Catorze pacientes (66%) erampolitraumatizados. Todos foram tratados inicialmente naemergência do Hospital de acordo com o protocolo doAdvanced Trauma Life Support (ATLS) e em seguida tiveramsuas fraturas fixadas.

    A técnica de inserção dos pinos de Shanz (pinosauto-rosqueantes de 4,5 mm) foi a seguinte:

    1- Utiliza-se um trocater com protetor de partes moles

    Artigo Original

    ( †in memoriam)

  • –8– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    que é introduzido através de incisão de aproximadamenteum cm. A incisão deve ser ampla o suficiente para que nãoexista tensão em partes moles contra o pino a ser colocado;

    2- Retira-se o trocater e o orifício é utilizado comoguia para a colocação de uma broca de 3,5 mm que deveperfurar as duas corticais.

    3- Coloca-se o pino de Schanz manualmente; estedeve ser auto-rosqueante, pois desta forma evita-se o riscode se perder a rosca no canal feito pela broca, o queimplicaria novas perfurações. São utilizados no mínimo doispinos para cada fragmento ( proximal e distal).

    4- Coloca-se o conector que liga o pino a haste dofixador, permitindo assim a correção das deformidades. Ocontrole radiográfico da redução é realizado no atooperatório, através do intensificador de imagens.

    A seqüência dos passos de colocação do fixadorexterno deve ser seguida sistematicamente para evitardificuldades ou complicações futuras, sendo a mais freqüentea soltura dos pinos após necrose térmica do osso adjacente,que ocorre quando os pinos são colocados com perfuradoreselétricos1.

    Durante o acompanhamento, foram realizadosexames radiológicos a cada duas semanas no primeiro mês,a seguir, o controle era feito a cada quatro semanas. Oseguimento variou de 64 a 112 meses, com média de 88meses. Na reavaliação, foram utilizados parâmetros segundoBarbieri et al 6., como a cicatrização de partes moles e óssea,a amplitude dos movimentos ativos e passivos do ombro edo cotovelo e o grau de satisfação do paciente com relaçãoao resultado final do tratamento, classificando-se:

    Bom: fratura consolidada, sem complicações oudeformidades; mobilidades ativa e passiva irrestritas;

    Regular: fratura consolidada, com pequenadeformidade, sem complicações ou seqüelas neurológicas;mobilidade moderadamente diminuída (até 30% do normal);

    Mau: fratura não consolidada, ou consolidada comgrande deformidade, ou com complicação ou seqüelasneurológicas; mobilidade muito diminuída (60% ou mais donormal).

    RESULTADOSO tempo de consolidação médio das fraturas foi de

    4,1 meses. Não houve complicações neurológicas ou lesãonervosa por ocasião da colocação dos pinos. Um pacienteapresentou lesão do nervo radial (neuropraxia) devido aotrauma, evoluindo satisfatoriamente. Ao longo daconsolidação óssea a maioria iniciou mobilização precocedo braço (os pacientes politraumatizados que estavam emcuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram

    assistidos pela equipe de fisioterapia para mobilidadearticular imediata).

    Em quatro pacientes (19%) a extensão do cotoveloficou restrita, com perda de extensão de 25o e perda de flexãode 10o, porém, sem acarretar perda funcional do membro.

    O tempo de consolidação das fraturas expostas foidiscretamente superior ao das fraturas fechadas, porém, asfraturas expostas foram as que possuíam cominuição menor.A média em geral foi de 4,1 meses(Figura 1).

    Poucos pacientes queixaram-se de dor, que quasena totalidade foi aliviada por analgésicos e antiinflamatóriosassociada a repouso nos primeiros dias após a cirurgia.

    Infecção superficial dos pinos ocorreu em 10 pacientes(47%), sendo tratada com limpeza diária e uso de antibióticos.Apesar disto, não houve soltura dos pinos, casos de quebrados mesmos ou refratura após remoção do fixador.

    Em quatro pacientes (19%) houve infecção no localde exposição óssea, havendo necessidade dedebridamentos seriados e antibioticoterapia. O fechamentoocorreu por segunda intenção.

    Na série, um paciente evoluiu para pseudoartroseoligotrófica, onde o fixador externo foi substituído por placa decompressão mais enxerto ósseo autólogo. (Figura 2). Outropaciente foi inicialmente tratado com placa e parafusos eevoluiu para pseudoartrose tipo hipertrófica, sendo retiradomaterial de síntese e substituido pelo fixador externo(Figura 3). Ambos evoluíram para a consolidação após a trocade método.

    Os resultados funcionais obtidos foram de 15 (71%)de bons resultados, cinco (23%) de resultados regulares eum (4,7%) mau resultado. (Tabela 1).

    DISCUSSÃOO úmero é um dos ossos em que deformidades

    angulares relativamente grandes são aceitáveis, sendo quesegundo Zagorsky5, até 25o de varo pode ser aceitável semcomplicação cosmética; por isso, grande parte das fraturasfechadas ainda são tratadas conservadoramente comórteses5,7. A deformidade em valgo, contudo, causa problemafuncional devido distensão do nervo ulnar. As angulaçõespós-consolidação das fraturas tem sem mostrado melhorescom o uso de fixação interna e externa do que com o uso detratamento conservador, mesmo em casos de fraturascominutivas5. O uso de fixador externo para tratamento defraturas diafisárias do úmero tem aumentadosignificativamente nos últimos anos. Técnica fácil, baixo custo,fixação estável e mobilidade articular precoce são seusprincipais atrativos1. O objetivo primário do uso da fixaçãoexterna é dar estabilidade para a consolidação da fratura,

    Figura 1. Fratura cominutiva de úmero tratada com fixador externo. Evolução com consolidação após 4 meses.

    Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar.

    7-12.

  • –9–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    associado à mobilidade precoce do ombro, cotovelo, punho,mão e, particularmente, aos músculos circundantes no focode fratura. Isto é importante porque sabe-se que a realizaçãode micromovimentos no foco de fratura serve de estímulopara a produção de calo ósseo3. Seu uso pode ser temporáriopara o manejo inicial das fraturas e posteriormente utilizaçãode fixação interna, mas hoje existe a tendência da suautilização como tratamento definitivo, com ótimos resultados8.

    Milani et al.8 avaliaram 14 pacientes com fraturasdiafisárias do úmero fechadas tratadas com fixador externomonolateral tipo morsa interpotencial (MIP)R, que é umamodificação do fixador de Hoffmann. Onze eram não

    cominutivas e três eram cominutivas. Obtiveramconsolidação em todos os casos, com tempo que variou de44 a 120 dias, com média de 91 dias e sem complicações.Consideram o método de fácil aplicação e com poucascomplicações, sugerindo seu uso como método definitivo, enão apenas temporário, no tratamento das fraturas diafisáriasdo úmero.

    Barbieri et al.6 avaliaram seis pacientes submetidos atratamento com fixador externo monolateral para fraturasexpostas da diáfise do úmero. Em dois casos foi utilizadocomo método definitivo de tratamento, obtendo-se aconsolidação em nove e 12 semanas, respectivamente. Emtrês casos foi utilizado por período de oito a 12 semanas eposteriormente, substituído por uma imobilização gessadatipo “pinça de confeiteiro”. Em um paciente foi usado porquatro semanas e substituído por fixação interna com placa.Em dois casos tiveram infecção superficial no trajeto dospinos, noutro, retardo de consolidação e um caso de infecçãoprofunda. Consideram o fixador externo como o método deescolha no tratamento inicial de fraturas expostas e,ocasionalmente, adequado ao tratamento definitivo, noscasos de fratura cominutiva.

    Hungria Neto et al.1 utilizaram um fixador AO tubo-tubo simplificado (montagem monolateral) em três pacientespolitraumatizados, dois com fraturas expostas e um comfratura fechada. A consolidação foi obtida nos três casos após

    Figura 2-a. Fratura cominutiva de úmero por arma de fogo tratadacom fixador externo com evolução para pseudoartrose.

    Figura 3-a. Pseudoartrose hipertrófica pós-fratura do úmero tratadacom placa e parafusos.

    Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar.

    7-12.

    Figura 2-b. Substituição do fixador por placa, parafusos e enxertoósseo com resolução do quadro.

    Figura 3-b. Substituição do material de síntese por fixador externocom resolução do quadro.

  • –10– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    10, 12 e 20 semanas, respectivamente. No caso de fixaçãomais prolongada houve restrição da mobilidade do ombro.Consideram o método como sendo de boa indicação nasemergências, desde que sua instalação não agregue lesãotecidual, e a estabilização obtida seja suficiente.

    Wisniewski e Radziejowski9 avaliaram 38 pacientescom fraturas diafisárias cominutas, provocadas por arma defogo e tratados com fixador externo dos tipos HoffmannR,OrthofixR e AOR. Obtiveram consolidação em 34 pacientesnum período que variou de 12 a 24 semanas. Em dois casosocorreu retardo de consolidação e em outros doispseudoartrose, sendo então submetidos à fixação internacom placa. Cinco pacientes tiveram infecção superficial notrajeto dos pinos, dois tiveram infecção profunda e um evoluiucom osteomielite. Consideram o método adequado notratamento das fraturas ocasionadas por projéteis de baixavelocidade.

    Lenoble et al.10 apresentam os resultados de 39pacientes com fraturas diafisárias tratadas com fixadorexterno tipo HoffmanR. A consolidação óssea foi obtida em38 casos num período médio de 10,5 semanas. Um pacienteevoluiu para pseudoartrose e 14 tiveram consolidação emrotação interna do fragmento distal, com perda funcional daretroversão em média de 19 graus, em média. Seis pacientesnecessitaram reposicionamento do fixador devido a desviosecundário, evoluindo para consolidação. Consideram ométodo como de simples aplicação e alto grau de satisfação.Caso ocorram desvios dos fragmentos durante a evoluçãodo tratamento, estes são de fácil correção através damanipulação, sem necessidade de retirada do fixador.

    O tempo de evolução de fraturas tratadas com fixadorexterno observado em nossa casuística foi semelhante aosencontrados por outros autores5,9 e discretamente superiorao tempo das fraturas tratadas com método conservador².

    Acreditamos que isso ocorreu porque as fraturas tratadasnesta série em geral foram graves e cominutas.

    O ganho de mobilidade se mostrou rápido e de grandevantagem em relação à placa, pois fraturas cominutasestabilizadas com fixador externo foram liberadasprococemente para mobilização.

    Apesar da técnica se mostrar simples, deve-se termuita atenção em alguns detalhes de redução e colocaçãodos pinos, pois o úmero é circundado de uma abundânciade tecidos moles e estruturas neuro-vasculares importantes,como a artéria braquial, artéria braquial profunda e nervoradial, entre outras. Lesões nestas estruturas podem levar auma dificuldade técnica cirúrgica. O corredor de segurança(Guia) para inserção dos pinos, descrito por Green14, deveser utilizado. A técnica correta de instalação dos pinos deSchanz é essencial para que se evite a soltura precoce,evitando casos de pseudoartrose e infecção1,3,13.

    CONCLUSÃOA consolidação radiológica nas fraturas de úmero onde

    se utilizou o método de fixadores externos aconteceu em90% dos casos, tornando a fixação externa um métodoreprodutível, considerando-se a facilidade de uso, fixaçãomenos invasiva e mais biológica. Também houve umadiminuição das complicações e a possibilidade de iniciarmobilidade do ombro e cotovelo precocemente.

    A fixação externa pode ser utilizada como tratamentodefinitivo, mas também pode ser utilizada como um métodoalternativo na falha de consolidação de outra modalidadede tratamento, como casos de pseudoartrose hipertrófica oufratura infectada.

    O fixador externo é uma boa opção de tratamento tantona emergência bem como método de tratamento definitivopara as fraturas diafisárias do úmero.

    Tabela 1. Resultados . Auto = Trânsito - FAF = Ferimentos com arma de fogo.

    Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar.

    7-12.

  • –11–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Summary

    DIAPHYSEAL FRACTURES OF THE HUMERUS TREATEDWITH MONOPOLAR EXTERNAL FIXATION.

    There are many methods for the treatment of Humeral shaft fractures, among them, theSarmiento method (screw and plate fixation, bone traction and external fixation). The purposeof this study is to evaluate the cases of humeral shaft fracture treated by external fixation.Twenty one fractures were treated with external fixation. The fixators used were the OrtofixÔand the Tubular AOÔ. To verify the bone consolidation, a Roentgenogram was performed in90,45% of the cases, average time 4,15 months (minimum 3 and maximum 7 months). Thefollow-up had na average of 88 months ( 64 to 112 months). Two patients got anpseudoartrosis. The mean age was 32,1 years. The clinical and radiologic results make this areproductible method, concerning the easiness of use and a less invasive and more effectivebiological fixation. This method, when used in a correct form, also reduce the complications,like radial nerve lesions and infection. Moreover, this method permits an early mobility ofthe shoulder and elbow, avoiding joint stiffness.

    Keywords: Shaft, Humeral, External Fixation.

    Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar.

    7-12.

    Figura 4. Aspecto clínico pós-operatório.

  • –12– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    REFERÊNCIAS1. Neto JSH, Mercadante M, Teixeira AAA, Fregonese M,

    Abagge M, Costa K. Uso de fixador externo modularAO simplificado no atendimento de emergência dospolitraumatizados. Rev Bras Ortop 1996;31(8):655-661.

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    Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar.

    9. Wiskiewiski T, Radziejowki M. Gunshot Fractures of thehumeral shaft treated with external fixation. JOrthopaedic Trauma 1996;10(4):273-278.

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    15. Lavini F., Renzi B.L., Pizzoli A., Giotakis N., Bartolozzi P. :tratment of non union of the humero using the ortofixexternal fixator. Injury 2001; 32:(4)35-40.

    7-12.

  • –13–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Artigo Original

    O Hipotireoidismo Esquecido

    Aline W. dos Reis, Anderson N. Rocha, Arthur S. Lazaretti, Carla R. Bürkle,Daniela T. Borges, Mateus F. Messinger, Paulo R. Weinert.

    Ambulatório de Endocrinologia da Faculdade de Medicina, Universidade de Passo Fundo (RS).

    Resumo

    O hipotireoidismo pode apresentar-se com discreta ou nenhuma manifestação clínica,podendo passar desapercebido pelo médico. Alguns sintomas da doença como fadiga,fraqueza, sonolência, dificuldade de concentração, diminuição da memória e adinamiapodem ser confundidos com quadro unicamente depressivo e o paciente não receberreposição hormonal. Objetivou-se estudar a associação entre hipotireoidismo e os sintomascitados. Estudaram-se dezesseis pacientes consecutivas, encaminhadas ao consultório deendocrinologia com diagnóstico de hipotireoidismo, ainda sem tratamento hormonal. Aspacientes responderam a um questionário; quinze pacientes (94% da amostra) comdiagnóstico laboratorial de hipotireoidismo responderam sim a todos os sintomas em estudo.Os resultados desse estudo sugerem que pacientes com depressão sejam investigados parao diagnóstico de hipotireoidismo.

    Unitermos: Depressão, hipotireoidismo, tireóide.

    O quadro clínico de deficiência dos hormônios datireóide varia amplamente, podendo apresentar-se desdeuma gama enorme de sinais e sintomas até serassintomático.

    Na população de mulheres adultas, especialmente,são comuns as queixas de fadiga, fraqueza, sonolência,dificuldade de concentração, diminuição da memória evontade de não fazer nada. Estas queixas podem serrotuladas como estresse, nervosismo, ansiedade,depressão ou envelhecimento e não serem investigadasadequadamente1. Às vezes, mesmo sem diagnóstico, estaspacientes recebem tratamentos os mais diversos, comoansiolíticos e antidepressivos.

    Estas queixas são sugestivas de depressão; porém,o hipotireoidismo pode manifestar-se, unicamente, comessas mesmas manifestações clínicas2,3. Quando odiagnóstico é deficiência de hormônio da tireóide, nãoacompanhado de outra patologia, o tratamento comreposição hormonal é muito gratificante porque reverte,facilmente, os sinais e os sintomas da paciente4.

    É provável que muitas mulheres com hipotireoidismoe apenas as manifestações clínicas descritas não recebaminvestigação e este distúrbio possa ser esquecido!

    MATERIAL E MÉTODOSEstudaram-se todas as mulheres adultas, não

    grávidas, encaminhadas ao ambulatório de endocrinologia,no segundo semestre de 2003, já com diagnósticolaboratorial de hipotireoidismo, ainda sem tratamento comhormônio da tireóide. Os exames laboratoriais haviam sidosolicitados para estas pacientes como rotina médica para oseu médico ginecologista. O critério usado para diagnósticoda doença foi TSH igual ou maior que 10 µUI/ml podendo oT4 livre estar normal ou baixo. A técnica laboratorial para oT4 livre e o TSH foi a quimioluminiscência. Todas pacientessubmeteram-se ao exame físico geral e da glândulatireóide. Aquelas elegíveis para o estudo responderam aum formulário, contendo as perguntas: sente fadiga,fraqueza, sonolência, dif iculdade de concentração,diminuição da memória, vontade de não fazer nada(paraserem respondidas sim ou não). Os resultados foramanalisados em estatística descritiva.

    RESULTADOSA amostra ficou constituída de dezesseis mulheres

    com idade entre 26 e sessenta anos. Todas tiveram odiagnóstico de hipotireoidismo primário através da dosagem

    13-15.

  • –14– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    laboratorial do TSH e do T4 livre. Os valores encontrados deTSH variaram entre 10,04 e 76,46 µUI/ml e o T4 livre entre0,37 e 0,96 ng/dl. Quanto às manifestações clínicas emestudo, apenas uma paciente (6% da amostra), comdiagnóstico laboratorial de hipotireoidismo, não respondeusim a todas as questões do formulário.

    DISCUSSÃOManzoni e colaboladores4 estudaram 14 pacientes

    com hipotireoidismo sub-clínico, TSH de 8,8 ±1,5 µUI/ml eum grupo controle com função da tireóide normal, TSH de1,1± 0,4 µUI/ml. Num primeiro momento, as pacientes foramsubmetidas a bateria de testes para avaliar depressão eencontrou-se diferença significativa entre os grupos. Numsegundo momento, as mulheres com TSH elevadoreceberam reposição hormonal com tiroxina para atingiremtaxas normais de hormônio da tireóide. Quando reavaliadas,as diferenças entre os grupos desapareceram, mostrandoque o hipotireoidismo leve seria o responsável pelasmanifestações clínicas de depressão.

    Gold e colaboradores3 estudaram 250 pacientes,encaminhados a uma clínica psiquiátrica para tratamento dedepressão ou anergia; oito por cento apresentaram algumgrau de hipotireoidismo.

    Neste estudo, encontrou-se forte associação entrehipotireoidismo e as manifestações clínicas. Curiosamente,a única paciente da amostra que não apresentava ossintomas em estudo chegou ao consultório com

    hipotireoidismo primário bem estabelecido (TSH=76,46µUI/ml e T4livre=0,37ng/dl).

    O hipotireoidismo, na população adulta, podeocorrer com ou sem aumento de volume da glândula5. Apresença de bócio leva o médico a investigar a tireóide,porém as pacientes deste estudo foram cuidadosamenteexaminadas e nenhuma apresentou crescimentoglandular.

    As manifestações clínicas em estudo não sãoespecíficas de uma única doença; a literatura cita-as comosintomas de hipotireoidismo e, também, de depressão1,2.Deve-se ressaltar que estas duas doenças ocorremprincipalmente em mulheres, com o mesmo pico deincidência(aos cinqüenta anos de idade) e podem ocorrerjuntas ou de forma isolada6,7.

    Existe um potencial viés na associação. Ohipotireoidismo, na população de mulheres adultas, temelevada prevalência e os sintomas em estudo podem ocorrertambém em mulheres sem doença da tireóide. Porém,quando a associação existe, o tratamento com hormônio datireóide auxilia muito na melhora da paciente4.

    Na amostra estudada, encontrou-se forte associaçãoentre hipotireoidismo e os sintomas anteriormenteelencados. A quase totalidade das pacientes (94%) comdiagnóstico de hipotireoidismo apresentava asmanifestações clínicas. Sugere-se que, na população demulheres adultas que apresentam esses sintomas, deva serpesquisada a possibilidade de hipotireoidismo.

    Idade TSH T4 Fadiga Fraqueza Sonolência Dif. conc. Dim. memória Avolia

    52 10,72 0,78 Sim Sim Sim Sim Sim Sim53 13,75 0,77 Sim Sim Sim Sim Sim Sim53 17,84 0,7 Sim Sim Sim Sim Sim Sim50 10,04 0,96 Sim Sim Sim Sim Sim Sim41 33,82 0,65 Sim Sim Sim Sim Sim Sim39 76,46 0,37 Não Não Não Não Não Não57 55,21 0,65 Sim Sim Sim Sim Sim Sim60 14,48 0,92 Sim Sim Sim Sim Sim Sim39 17,81 0,71 Sim Sim Sim Sim Sim Sim42 15,1 0,82 Não Não Não Não Não Não58 32,16 0,66 Sim Sim Sim Sim Sim Sim43 27,62 0,69 Sim Sim Sim Sim Sim Sim26 19,26 0,76 Sim Sim Sim Sim Sim Sim57 14,1 0,81 Sim Sim Sim Sim Sim Sim50 16,4 0,9 Sim Sim Sim Sim Sim Sim46 17,2 0,87 Sim Sim Sim Sim Sim Sim

    Reis AW e cols. O Hipotireoidismo Esquecido.

    Tabela 1. Idade dos pacientes, níveis de TSH, T4 e sintomas referidos.

    13-15.

  • –15–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Summary

    THE FORGOTTEN HYPOTHYROIDISM

    Hypothyroidism can be presented with few or without any clinical manifestations,which can be unrecognized by the physician. Some symptoms of the disease like fatigue,weakness, sleepiness, concentration difficulties, decrease in memory and lack of volition canbe confused with a unique depressive state and the patient not getting hormonal replacement.The objective of this study was to analyze the association between Hypothyroidism and thesymptoms above described. Sixteen consecutive patients who were oriented to consult anEndocrinologist with the diagnosis of Hypothyroidism without treatment were studied. Thepatients answered a questionnaire which asked: do you feel fatigue, weakness, sleepiness,concentration difficulties, decrease in memory and lack of volition to perform activities?Fifteen patients (94% of the sample) with a laboratorial diagnosis of Hypothyroidism answeredyes to all the studied symptoms. In the studied sample, we found an association betweenHypothyroidism and the symptoms inquired. This study suggests that patients who presentdepressive symptoms must be investigated for Hypothyroidism.

    Keywords: Depression, Hypothyroidism, Thyroid.

    REFERÊNCIAS1. Wartofsky L. Diseases of thyroid. In: Isselbacher KJ,

    Braunwald E, Wilson JD, Martin JB, Fauci AS, KasperDL. Harrisons’s Principles of Internal Medicine, 13 ed,New York: McGraw-Hill, 1994.

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    7. Williams TF. Management of common problems in theeldery. In: In: Wyngaarden JB, Smith LH Jr. (eds) Cecil-Textbook of Medicine, 18 ed. Philadelphia, WBSaunders, 1988.

    Reis AW e cols. O Hipotireoidismo Esquecido.

    13-15.

  • –16– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Artigo Original

    Perfil do Atendimento na Unidade de AVCdo Hospital São Vicente de Paulo

    César Augusto L. Pires, Loane Rottenfusser, Robson Rottenfusser, Eliezer N. Dertelmann, Rui Portes da Silva Filho.Neurocentro, Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo(RS).

    Resumo

    As doenças vasculares cerebrais representam a principal causa não-traumáticade sequelas neurológicas do adulto. No Brasil ultrapassou as doenças cardiovasculares e ocâncer nas taxas de mortalidade. No ano de 2002 morreram 90 mil brasileiros de doençavascular cerebral e cerca de 60 mil de causas cardíacas. Acarreta enormes prejuízos pessoais,familiares e ao conjunto da sociedade. É imprescindível a atuação enérgica na conscientizaçãoda população quanto aos fatores de risco modificáveis. Por outro lado, as instituiçõeshospitalares de referência necessitam estruturarem-se para assistir os pacientes com doençavascular cerebral aguda como emergência médica, de forma coordenada e eficaz,organizando unidades de AVC. O Neurocentro coordenou a implantação da Unidade deAVC do Hospital São Vicente de Paulo(Projeto Neurovascular). Exibe-se a experiência doNeurocentro no atendimento de pacientes com doença vascular cerebral aguda, no períodode agosto de 2004 a julho de 2005. Os resultados mostram-se satisfatórios e semelhantesaos encontrados em centros de referência. São necessárias medidas educativas nacomunidade médica e leiga, especialmente em relação ao encaminhamento precoce para ocentro de referência regional.

    Unitermos: Doenças das artérias cerebrais, embolia e trombose cerebral, infartocerebral, hemorragia cerebral, distúrbios cerebrovasculares

    As doenças vasculares encefálicas são a terceiracausa de óbito em países desenvolvidos1,2. Conforme aOrganização Mundial da Saúde, cerca de 5 milhões depessoas morrem todos os anos devido a Acidente VascularCerebral(AVC). Morreram 162 mil americanos de AVC agudoem 2002. Existem 5 milhões e meio de americanos vivosque sofreram AVC. Ocorrem 700 mil casos a cada ano, sendoque 200 mil serão recorrentes. Estatísticas recentes mostramque no Brasil é a primeira causa de óbito2. Em 2002 morreram90 mil brasileiros devido ao AVC, enquanto o Infarto Agudodo Miocárdio determinou cerca de 60 mil óbitos. A cada 3mortes por eventos cardiovasculares duas ocorrem por AVCe uma por Infarto Agudo do Miocárdio. Apenas 30% dossobreviventes tem recuperação completa e, pelo menos, 60%dependerão de familiares ou cuidadores. Estima-se que amaioria dos indivíduos acometidos de AVC-agudo demore,em média, 12 horas para chegar a um hospital; ou,ainda,queapenas 30% dos casos sejam levados ao hospital nasprimeiras 6 horas(extrapolando as janelas terapêuticas parapossibilidade de tratamento trombolítico endovenoso-3 horasou intra-arterial-6 horas).

    O AVC pode ser classificado quanto a etiologia,sendo de maior incidência os isquêmicos3. O AtaqueIsquêmico Transitório (AIT) difere-se do acidente vascular

    cerebral (AVC) por haver melhora da sintomatologia ematé 24h, o que não ocorre no AVC isquêmico ouhemorrágico. O AVC compartilha vários fatores de risco coma doença arterial coronariana3, além de ser mais incidentena população do sexo masculino, com história prévia deAVC, AIT ou IAM e com história familiar de AVC3. Odiagnóstico clínico pode ser feito através dos sinais focaisneurológicos e quadro geral, sendo mais comuns asparesias, queda do nível de consciência, síncope, afasia,disfasia, disartria, disfagia, cefaléia, distúrbios visuais,vert igem, ataxia, vômitos e crise convulsiva,respectivamente1,3.

    O AVC é uma emergência médica e deve ser conduzidoprontamente por equipe médica neurovascular. Recomenda-se o desenvolvimento de Unidades de AVC em todos oscentros hospitalares que sejam referência para esta doença1,2.A melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos dacascata de lesão isquêmica e a determinação temporal daviabilidade da região de penumbra, bem como as evidênciasdo benefício do uso do ativador do plasminogênio tissularrecombinante (rtPA) nas primeiras três horas do infarto cerebralou, mais, recentemente, a trombólise intra-arterial, acarretarama necessidade de nova postura e estruturação para oatendimento aos pacientes com AVC.

    16-20.

  • –17–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Projeto Neurovascular do Hospital São Vicente de PauloAs doenças cerebrovasculares agudas incluem-se

    entre as principais causas de morte e invalidez. No Brasil, oacidente vascular cerebral (AVC) supera o Infarto doMiocárdio e, segundo dados do Datasus de 1997, são aprincipal causa de morte não-violenta entre os brasileiros. Amortalidade do AVC hemorrágico atinge 50% em 30 dias e62% em um ano. O AVC isquêmico determina mortalidadede 12% em 30 dias e cerca de 18% em 6 meses. A taxa deindivíduos mortos ou dependentes após um ano é de 50%no AVC isquêmico e 74% no AVC hemorrágico. Com o intuitode modificar essa realidade, uma série de iniciativas emvários centros nacionais e internacionais tem sidoimplementadas, buscando diminuir os graves efeitosdeletérios desta patologia. O modelo implantado no HospitalSão Vicente de Paulo, coordenado pelo Neurocentro, a partirde 2003, privilegia o paciente no sentido de proporcionar oatendimento de forma rápida e eficaz, utilizando recursoshumanos qualificados e a melhor infra-estrutura disponívelna instituição. O diagnóstico precoce, além de possibilitar aopção por medidas terapêuticas modernas, permite o manejoclínico otimizado na fase aguda, além de proporcionar oatendimento em área específica assistida por equipemultidisciplinar. São 3 equipes médicas distintas que prestamplantões de 24 horas, em escala específica para atendimentode AVC agudo. Seguem-se protocolos escritos e algoritmos,desde a admissão no setor de emergência, até a decisãoterapêutica(baseados nas diretrizes da Sociedade Brasileirade Doenças Cerebrovasculares-Academia Brasileira deNeurologia e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia).

    Unidade de AVCA unidade de AVC possui área física específica,

    localizada no subsolo do hospital, junto ao Centro deCuidados Intensivos de Enfermagem (CCIE). Estãodisponíveis para internação 3 leitos. Cada leito dispõe demonitorização cardíaca e oximetria, além de acesso à redede oxigênio e ar comprimido. Os pacientes são assistidospor equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeirose técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e

    Sintoma Prevalência (%)Paresia 90Red. Consciência 47,5Afasia 35Cefaléia 27,5Disfasia 25Distúrbios visuais 15Vômitos 15Paralisia facial 12,5Disfagia 12,5Disartria 12,5Síncope 7,5Ataxia 7,5Vertigem 5Convulsão 2,5

    Tabela 1. Prevalência da sintomatologia

    Fator de Risco Prevalência (%)HAS 82,5Cardiopatias 35Arteriopatias 35Hipercolesterolemia 27,5Diabetes mellitus 25Fibrilação atrial 25Hipertrigliceridemia 22,5Tabagismo 20AVC prévio 20AIT prévio 12,5Uso de álcool 5Distúrbio de coagulação 5IAM prévio 5História familiar 2,5

    Tabela 2. Prevalência dos fatores de risco

    fonoaudiólogos. São realizados treinamentos e semináriosde ensino aos profissionais envolvidos com a Unidade deAVC, objetivando proporcionar aquisição de conhecimentose motivação. A assistência médica, de enfermagem efisioterapia encontra-se, também, associada aos programasde ensino dos cursos respectivos da Universidade de PassoFundo (UPF).

    Na Unidade de AVC estão estabelecidos protocolosespecíficos para o manejo clínico de pacientes com AVCagudo, inclusive com disponibilidade de usar métodosterapêuticos modernos e mais eficazes como a trombóliseendovenosa ou trombólise intra-arterial seletiva porcateterismo percutâneo (Neurointervenção vascular).

    Os pacientes internados na Unidade de AVC sãoassistidos por médico neurologista e/ou neurocirurgião.Admitem-se, conforme disponibilidade de leito, pacientescom AVC agudo, isquêmico ou hemorrágico, confirmadospor exames laboratoriais e de neuroimagem, com até 24horas de evolução a partir do início dos sintomasneurológicos, que apresentem indicação de tratamentoconservador. A unidade não está equipada e não objetivaadmitir pacientes com necessidade de monitoração invasivae terapia intensiva como, por exemplo, ventilação mecânica.

    São admitidos com alta prioridade pacientes comdiagnóstico confirmado de AVC isquêmico agudo, com atéseis horas de evolução desde o início dos sintomas e que,após avaliação pelo protocolo específico e obtenção deconsentimento informado receberão tratamento comtrombolítico endovenoso ou trombólise intra-arterial.

    Em 2003 avaliou-se os primeiros seis meses deimplantação da Unidade de AVC – Projeto Neurovasculardo HSVP. Os resultados relacionados ao tempo de internaçãoe freqüência de complicações foram extremamente positivosquando comparados à literatura. Entre as complicaçõesverificadas, observou-se que as infecções estavam presentesdesde a admissão sendo, portanto, por definição,comunitárias. É importante salientar que o tempo médio deinternação na unidade foi de apenas 5,5 dias e 78,6% dospacientes tiveram alta diretamente para o domicílio,reduzindo-se riscos e custos. O número de pacientes que

    Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.

    16-20.

  • –18– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    receberam tratamento trombolítico endovenoso foi reduzidoem função do pequeno contingente de pacientes admitidosdentro da janela terapêutica (3 horas), já que não ocorreuatraso intra-hospitalar como causa da não realização detrombólise. Possivelmente, com a melhora do nível deconhecimento da comunidade sobre as manifestaçõesiniciais do AVC e a conscientização quanto a necessidadede imediata procura por um centro especializado dediagnóstico e tratamento, deve aumentar o número debeneficiados por esta opção terapêutica.

    O Projeto Neurovascular do Hospital São Vicente dePaulo(HSVP), coordenado pelo Neurocentro, teve o objetivode propor o desenvolvimento de um Centro de Referênciapara o atendimento de Doenças Vasculares Cerebrais, comrecursos humanos, infra-estrutura e organização para tratarpacientes com AVC agudo, rápida e eficientemente. Osobjetivos iniciais foram plenamente atingidos, sendo o HospitalSão Vicente de Paulo o primeiro hospital do interior do estadodo Rio Grande do Sul a contar com estruturação de Unidadede AVC, conforme as exigências técnico - científicaspreconizadas pela Sociedade Brasileira de DoençasCerebrovasculares. A sistematização do atendimento do AVCagudo, desde a admissão no Setor de Emergência até ainternação na Unidade de AVC, foi adequadamente assimiladapelo pessoal médico e equipes multi-profissionais de apoio,ensejando atividade coordenada e eficaz. Os pacientesadmitidos foram adequadamente assistidos, não severificando complicações graves nos poucos tratamentostrombolíticos realizados (as indicações seguiram rigidamenteos protocolos). O advento da Neurointervenção vascularagregou valor inestimável aos recursos diagnósticos e,especialmente, terapêuticos, com a perspectiva de utilizaçãoda trombólise intra-arterial percutânea por cateterismo seletivo(diminuindo os riscos da trombólise endovenosa e ampliandoa janela terapêutica para 6 horas). Também, oportunizatratamento diferenciado de outras patologias vasculares, dealta morbi-mortalidade, como aneurismas ou mal-formaçõesvasculares cerebrais. Os recursos humanos e a infra-estruturaobtida permitem a instituição situar-se na classificação daSociedade Brasileira de Doenças Cérebro - Vasculares comoCentro de Referência nível A, para diagnóstico e tratamentode doenças encéfalo-vasculares.

    METODOLOGIAEstudo descrit ivo e retrospectivo que incluiu

    pacientes internados na Unidade de AVC do Hospital SãoVicente de Paulo, aos cuidados da Equipe do Neurocentro,no período de agosto de 2004 a julho de 2005. Os critériosde inclusão foram idade entre 18 e 90 anos, AVC agudo,escala NIHSS 4 a 22, indicação de tratamento conservador.Através de busca ativa nos prontuários dos pacientesarrolados, analisaram-se as variáveis: sintomatologia,fatores de risco, comorbidades, tempo de internaçãohospitalar, tempo entre avaliação neurológica e exames deneuroimagem, uso de trombolítico; na formulação doquestionário, valeu-se do Primeiro Consenso Brasileiro doTratamento da Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebralde setembro de 2001.

    RESULTADOS E DISCUSSÃOAvaliaram-se 40 pacientes, com idade média de 67 ±

    13 anos [40;87] com prevalência maior do sexo feminino(62,5%). O tempo de avaliação clínica foi de 14 ± 25h [1;97]e neurológica de 17 ± 23h [1,5;97], pois uma paciente foiatendida com 4 dias de evolução. Cerca de 85% dosdiagnósticos clínicos foram de AVC isquêmico. Quanto aapresentação, 84% tiveram início súbito da sintomatologia e60% apresentaram evolução na chegada ao hospital compersistência de sinais. Conforme observa-se na Tabela 1, aparesia foi o sintoma mais prevalente, em cerca de 90% dospacientes. Entre os fatores de risco, encontrou-se a HAScomo a mais prevalente (acima de 80%). Como achadotomográfico mais comum, encontrou-se hipodensidade noterritório da artéria cerebral média (aproximadamente 25%),seguido de infarto capsulo-ganglionar, doença vascularcerebral difusa, hemorragia subaracnóidea, infarto lacunarantigo, infarto do tronco cerebral e infarto cerebelar. Nãoforam encontrados alterações patológicas significativas em17,9% dos exames de neuroimagem, achado emconformidade com a literatura5,6, já que o AVC pode demoraraté 72h para se traduzir em tomografia computadorizada.Em nenhum dos pacientes da amostra em foco foi realizadatrombólise, sendo que 57,5% dos pacientes ocorreu exclusãopor perda da janela terapêutica e 42,5% por contra-indicaçãoa terapia trombolítica. Verificou-se ocorrência de AIT em12,5% dos casos, corroborando-se com a literatura queaponta ocorrência de até 26%. O risco de AVC após AIT é de8% no primeiro mês, 13% durante o primeiro ano e até 29%em cinco anos. Os pacientes de maior risco são idosos, AIT"crescendo", doença carotídea severa, cardiopatia, fibrilaçãoatrial, fonte cardioembólica definida e AIT hemisférico1,2.

    Como complicação clínica mais comum encontrou-sebroncopneumonia(33%), seguido de conversão hemorrágica,sepsis, infecções do trato urinário, bexiga neurogênica e outrasinfecções, respectivamente. O tempo de permanência naUnidade de AVC foi de 5,7±3,9 dias, com taxa de mortalidadede 15%. Cerca de 75% dos pacientes apresentaram melhorasintomática no momento da alta.

    O AVC agudo isquêmico(cerca de 85% dos casos) éuma síndrome de múltiplas etiologias e manifestaçõesclínicas variáveis. É possível identificar-se os pacientes comrisco elevado de AVC isquêmico(Figura 1). O principal fatorfisiopatogênico é a aterosclerose de artérias de grande epequeno calibre. A doença aórtica proximal pode estarenvolvida como fonte embolígena aterogênica. Gravesestenoses ou oclusões ateroscleróticas e tromboseassociada ou embolia artério-arterial podem determinarrepercussões isquêmicas ao encéfalo. O microateroma, alipo-hialinose e outras doenças oclusivas das pequenasartérias cerebrais penetrantes determinam infartos lacunaressubcorticais. Cerca de 20% dos AVCs isquêmicos devem-seà embolia cardiogênica, especialmente fibrilação atrial.Ainda, cerca de 30% dos AVCs isquêmicos permanecemsem etiologia definida (criptogênicos), ensejando anecessidade de considerar etiologias menos frequentes ou,ainda, a serem desvendadas7,8,9,10.

    O AVC hemorrágico(cerca de 15%) encontra-se

    Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.

    16-20.

  • –19–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    relacionado com a doença hipertensiva, na maioria doscasos. Hemorragias em núcleos da base e/ou cápsula internaou lobares são mais comuns. A hemorragia subaracnóideatem uma incidência anual de até 20 casos/100 mil habitantes;15% dos pacientes morrem em nível pré-hospitalar, 10%dentro das primeiras 24h, geralmente em razão deressangramento de aneurisma cerebral(85%). A mortalidadegeral é de até 60% nos primeiros 30 dias e 50% dossobreviventes apresentarão déficit neurológicoincapacitante. Os objetivos terapêuticos principais são aprevenção do ressangramento e do déficit neurológicoisquêmico tardio1,2,3.

    Usualmente o AVC agudo tem etiologia conhecida,decorrendo de fatores de risco bem estabelecidos. Diversosestudos internacionais, como o de Framingham,demonstraram o inquestionável papel da doençahipertensiva, tabagismo, dislipidemias, diabetes mellitus eidade como fatores de risco independentes. A hipertensãoarterial sistêmica é o principal fator implicado. Os fatorespredisponentes incluem a obesidade, sedentarismo, históriafamiliar precoce de AVC ou doença cardiovascular, etnia efatores psicossociais. Outro grupo de fatores de riscocondicionais, com papel provável na aterogênese, incluihipertrigliceridemia, lipoproteína, homocisteína, LDLpequena e densa, fibrinogênio e fatores inflamatórios.Possivelmente o climatério possa ser fator de riscoindependente para mulheres3,7,8.

    Evidências recentes sugerem que até 15% dosacidentes vasculares cerebrais que ocorrem em indivíduosabaixo dos 45 anos estejam relacionados à migrânea comaura(infartos migranosos). Mulheres jovens com migrâneaque fumam tem um aumento de aproximadamente 10 vezesno risco de AVC e aquelas com migrânea em uso decontraceptivos orais o risco é de quatorze vezes maior queno grupo controle4. Curiosamente, na presente série, os doiscasos de infartos migranosos ocorreram em homens.

    Apenas o controle da doença hipertensiva diminuiu oAVC em 42%, o controle do colesterol em cerca de 30% e a

    Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.

    16-20.

    retirada do fumo em até 70%. Dados americanos indicamque apenas 25% dos portadores de hipertensão arterialapresentam doença controlada3. A situação geral entre osbrasileiros, quanto a estes fatores de risco, devem sersemelhantes. São necessárias ações enérgicas deconscientização da população quanto a relação direta dosfatores de risco e as doenças vasculares cerebrais ecardiovasculares.

    CONCLUSÕESA Unidade de AVC do HSVP e o atendimento

    emergencial aos pacientes estão funcionando próximo aosparâmetros desejados, podendo haver melhora no tempode avaliação neurológica e no intervalo entre a avaliaçãoinicial médica e o exame de neuroimagem. Há uma grandenecessidade de educação popular quanto aos fatores derisco e sintomatologia do AVC, a fim de que a populaçãoprocure o atendimento competente em tempo de avaliar-sea possibil idade de serem uti l izadas as técnicas detrombólise endovenosa ou intra-arterial com rtPA. Alémdisso, os cuidados e intervenções precoces, em unidadede AVC, asseguram manuseio adequado do AVC agudo.Em relação às políticas de saúde pública, urge o controleda HAS, dislipidemia e cessação do tabagismo, por seremfatores de risco modificáveis e de elevada relevância napatogênese do AVC agudo. Faz-se, também, necessáriaconscientização da comunidade médica quanto asvantagens do manejo e tratamento de AVC-agudo nasunidades de atendimento especial, para que os pacientessejam prontamente encaminhados. Os casos graves de AVCagudo(sinais focais densos, hipertensão intracraniana,comatosos, etc), com elevada morbi-mortalidade per se,costumam ser encaminhados rapidamente. Todavia, oscasos leves e moderados(escala de AVC do NationalInstitute of Health-USA entre 4 e 22), especialmente comAVC agudo isquêmico, seriam os maiores beneficiados, emrazão de diagnóstico e conduta terapêutica em tempo hábilde socorrer o tecido cerebral isquêmico, reduzindo a áreado infarto, prevenindo e solucionando complicaçõesprecocemente e, então, reduzindo sequelas e amortalidade.

    Figura 1. Risco anual de AVC ou morte entre pacientes de váriossubgrupos de alto risco. Adaptado de Albers GW et al. ApudWilterdink e Easton.

    Risco elevado Risco pequenoFibrilação atrial Prolapso da válvula mitralEstenose mitral Calcificação do anel mitralPróteses valvares mecânicas Forame oval patenteIAM recente Aneurisma do septo atrialTrombo em ventr.esquerdo Estenose aórtica calcificadaMixoma atrial Filamentos da valva mitralEndocardite infecciosaMiocardiopatias dilatadasEndocardite marântica

    Tabela 3. Fontes Cardioembólicas(modificado de Albers GW et al.7)

  • –20– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    REFERÊNCIAS1. Dion JE. Management of Ischemic Stroke in the Next

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    Summary

    PATIENTS PROFILE AND ASSISTENCE IN STROKE UNIT OFSÃO VICENTE DE PAULO HOSPITAL, PASSO FUNDO(RS), BRAZIL.

    The cerebral vascular disease represents the principal cause of neurological non-traumatic sequelae in adults. In Brazil overshoted cardiovascular disease and cancer inmortality rates. In 2002, 90.000 brazilians died of stroke and 60.000 of cardiac diseases. Itcause significant personal, familial and society impairment. Is necessary energic actions incomunity, about modificable risk factors. The reference Hospitals needs disposable structureto assistence patients with stroke as a medical emergency and that have a Stroke Unit. Theauthors show the experiences in patients care with stroke, during one year(august 2004-july2005). The results showed satisfactory and similar with others reference centers, for diagnosisand treatment of stroke. Is necessary educationals actions for the community and healthprofessionals, especially for precocious assistence in regional reference center.

    Keywords: Cerebral artery diseases, cerebral emboly and trombosis ,cerebral infarction, cerebral haemorragy, cerebrovascular disturbances.

    7. Albers GW, Amarenco P, Easton D, Sacco RL, Teal P.Antithrobotic and Trombolitic Therapy in Stroke. Chest2001;119:300s-320s.

    8. Santos Filho RD & Martinez TLR. Fatores de Risco paraDoença Cardiovascular: Velhos e Novos Fatores deRisco, Velhos Problemas! Arq Bras Endocrinol Metab2002;46:3.

    9. Weimar C, König IR, Kraywinkel K, Ziegler A, Diener HC.Age and National Institutes of Health Stroke Scale ScoreWithin 6 Hours After Onset Are Accurate Predictors ofOutcome After Cerebral Ischemia: Development andExternal Validation of Prognostic Models. Stroke2004;35:158-162.

    10. Lattimore SU et col. Impact of Establishing a Primary StrokeCenter at a Community Hospital on the Use ofThrombolytic Therapy: The NINDS Suburban HospitalStroke Center Experience. Stroke 2003;34:e55-e57.

    Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.

    16-20.

  • –21–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Orientações fisioterapêuticas aos cuidadoresde crianças portadoras de paralisia cerebral

    Cristiane dos Santos Paliga & Janaína Cardoso Costa.Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo(RS).

    Resumo

    Objetivou-se verificar e demonstrar a importância das orientaçõesfisioterapêuticas aos cuidadores das crianças portadoras de paralisia cerebral, nomanuseio e como coadjuvante no tratamento e desenvolvimento neuropsicomotor;também observar as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores ao manusear acriança portadora de paralisia cerebral. O estudo foi desenvolvido na APAE deErechim, tendo seu início em abril e término em agosto/2005; seis cuidadores foramincluídos na amostra. Os encontros foram realizados três vezes por semana, comduração de uma hora; enquanto a criança estava na sessão de fisioterapia, oscuidadores participaram dos encontros. Realizou-se a avaliação fisioterapêutica eos cuidadores receberam um questionário com questões referentes aos cuidados navida diária da criança, salientando dúvidas e inseguranças em manusear a criançadiariamente. Após, foi elaborado um programa de orientações fisioterapêuticas,utilizando-se um folder, com figuras ilustrativas, com as posições e maneiras corretasde manusear a criança em seu âmbito familiar. Ao término desta pesquisa, pôde-seobservar melhora significativa em relação ao manuseio dos cuidadores para com acriança portadora de paralisia cerebral, além de contribuir positivamente para odesenvolvimento motor de tais crianças.

    Unitermos: Paralisia cerebral, orientações, fisioterapia.

    Paralisia Cerebral é o termo usado para designar umgrupo de distúrbios motores não-progressivos, porémsujeitos a mudanças, resultante de uma lesão no cérebronos primeiros estágios do seu desenvolvimento1.

    É uma desordem do movimento e da postura devidoa um defeito ou lesão no cérebro imaturo. A lesão cerebralnão é progressiva e provoca debilitação variável nacoordenação da ação muscular, com resultante incapacidadeda criança em manter posturas e realizar movimentosnormais. Esta deficiência motora central está freqüentementeassociada a problemas da fala, visão e audição, com váriostipos de distúrbios da percepção, um certo grau de retardomental e/ou epilepsia2,3.

    Ter que cuidar de uma criança com paralisia cerebral

    é origem de muitos problemas para os pais que exibiamexpectativa e ansiedade pela chegada de uma criançanormal. Uma criança excepcional, do ponto de vista físicoou intelectual, gera muitos transtornos pela necessidade deadaptação a um fato indesejado. É importante que os paisse conscientizem de que rejeitar ou ignorar aexcepcionalidade de uma criança apenas irá aumentar oproblema4.

    Sem ajuda especializada, muitos pais angustiadostendem a amenizar sua angústia deturpando a relação coma criança deficiente e com o restante da família. A aceitaçãodo problema e o estabelecimento de relações satisfatóriasentre a criança e a família permitem que sua personalidadese desenvolva em um ambiente mais favorável5.

    Artigo Original

    21-24.

  • –22– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    MATERIAL E MÉTODOSO estudo foi desenvolvido na APAE de Erechim(RS),

    sendo que seis cuidadores foram incluídos na amostra,responsáveis por crianças com idade entre zero e quatroanos(quatro portadoras de quadriplegia espástica, umahemiplegia espástica e outra quadriplegia atetóide). Osencontros foram realizados três vezes por semana, comduração de uma hora, sendo que, enquanto a criança estavana sessão de fisioterapia, os cuidadores participaram dosencontros.

    No primeiro contato com os responsáveis pelascrianças, os cuidadores receberam o termo de consentimentolivre e informado, contendo as informações à respeito dapesquisa, seus benefícios, independência para desistir departicipar a qualquer momento, sem qualquer prejuízo oudanos. Posteriormente, realizou-se a avaliaçãofisioterapêutica e os cuidadores receberam um questionáriocom questões referentes aos cuidados na vida diária dacriança, salientando dúvidas e inseguranças dos mesmosem manusear a criança diariamente.

    No decorrer dos encontros, os cuidadores foramquestionados quanto à dificuldades encontradas no dia-diapara manusear a criança. Após, foi elaborado um programade orientações fisioterapêuticas, utilizando-se um folder, comfiguras ilustrativas, com as posições e maneiras corretas demanusear a criança em seu âmbito familiar.

    De acordo com os dados obtidos no questionário, amaior dificuldade encontrada pelos mesmos em manuseara criança tornou-se evidente ao vestir e no transportar. Nodecorrer dos encontros, de acordo com as dificuldadesapresentadas pelos cuidadores, foi elaborado um programade orientações fisioterapêuticas, utilizando-se um folder,contendo figuras ilustrativas, com as posições e maneirascorretas de manusear a criança portadora de paralisiacerebral diariamente, em seu âmbito familiar.

    Após um período de cinco meses, de adaptação doscuidadores às orientações, utilizou-se novamente umquestionário verbal, através de uma entrevista informal, parasaber por parte dos cuidadores sua sincera opinião sobreas orientações fornecidas e se houve alguma contribuiçãopara o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, no seuponto de vista, sem que a pergunta influenciasse suaresposta.

    RESULTADOS E DISCUSSÃOAo término desta pesquisa, foi possível observar e

    comprovar a real contribuição das orientações fisiotera-pêuticas ao desenvolvimento neuropsicomotor da criançaportadora de paralisia cerebral.

    Em cinco meses de orientações passadas aoscuidadores e seguidas no ambiente familiar, todas ascrianças obtiveram melhora do seu quadro clínico, variandoconforme o seu grau de comprometimento neurológico.

    Os cuidadores obtiveram consciência de que o tempode sessão da fisioterapia é importante, porém insuficientepara obter ganhos ou, pelo menos, fornecer uma qualidadede vida à criança. Compreenderam, também, que o manuseiocorreto da criança em seu ambiente familiar e a fisioterapia

    são fatores que devem estar sempre juntos, com o mesmoobjetivo: a qualidade de vida da criança, respeitando suaslimitações.

    A intervenção precoce ou essencial é um tipo deprevenção secundária, cujos objetivos são evitar e/ouamenizar distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor,bem como a identificação dos sinais iniciais provocados pelalesão. O tratamento precoce é indicado como uma forma deaumentar a interação do organismo com o ambiente, obtendorespostas motoras próximas ao padrão de normalidade eprevenindo a aprendizagem de padrões anormais demovimento e postura6,7.

    O termo “essencial” determina que o início daintervenção ocorra antes do sexto mês de idade, preferen-cialmente no primeiro trimestre, antes que seja estabelecida,por completo, a patologia, especialmente nos casos deParalisia Cerebral9. Portanto, a intervenção deve serrealizada logo que sejam notados os primeiros desvios nodesenvolvimento, de forma a prevenir a adoção decomportamentos sensório- motores não-funcionais,determinados pelas alterações tônicas e sensoriais10. Alémdisto, quanto mais imediata a intervenção, maiores serão asprobabilidades de habilitação da criança com paralisiacerebral devido a este ser o período de maior plasticidadecerebral11,12.

    De acordo com os resultados obtidos, pode-seperceber a importância do diagnóstico médico preciso, a fimde detectar precocemente a existência de alterações nodesenvolvimento da criança, para posterior intervençãofisioterapêutica, seja como tratamento e/ou sob orientaçõesaos cuidadores. Se a criança com paralisia cerebral nãoreceber tratamento adequado precocemente, suas fasesmotora, intelectual e psíquica serão estimuladas depois domomento ideal para isto e, inevitavelmente, se desenvolveráabaixo de suas possibilidades5,6.

    Contraturas e deformidades também atingirão acriança com maior intensidade e freqüência caso ela nãoseja estimulada pelos terapeutas nos momentos apropriadose num ritmo constante. O amadurecimento do sistema nervosoacontece, principalmente, antes dos sete anos de idade,sendo que os primeiros três anos são os mais importantes7.

    O manuseio é um termo aplicável a comportamentosseqüenciais, com objetivos definidos para a obtenção derespostas relacionadas ao ajustamento. No entanto, aeficiência do manuseio em crianças com alteraçõesposturais, de equilíbrio, força e movimento, como ocorre naparalisia cerebral, pressupõe procedimentos definidos eorganizados, para que a resposta não ocorra distorcida8,9.

    É de grande ajuda orientar e esclarecer aos pais,quanto à posições do corpo adotadas pela criança durante odia e durante o sono. A maneira correta de manipular acriança, ao carregar, dar banho, trocar, etc.; ao ser aprendidabeneficia a criança e é mais um ponto de auxílio em seudesenvolvimento.A fisioterapia exerce papel fundamental notratamento de crianças portadoras de paralisia cerebral11-12.

    O fisioterapeuta ajuda os pais alertando para anecessidade, quando preciso, de uma consulta aoortopedista; é capaz de fornecer orientação quanto à

    Paliga C S e cols. Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral.

    21-24.

  • –23–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    conveniência ou não de cadeira de rodas, colchões ou redesque estejam sendo usadas e avaliar se estão ajudando ouprejudicando a criança14.

    CONCLUSÃOApós a análise dos resultados e discussões, pode-se

    concluir que as orientações fisioterapêuticas desempenhamum fator imprescindível para a melhora no desenvolvimentodas crianças com paralisia cerebral, sendo que quanto maisprecocemente os cuidadores colocarem em prática asorientações, maior será a chance de a criança obter umaqualidade de vida, com suas limitações e incapacidadesreduzidas diariamente14,15.

    Com o tratamento adequado e com o devido apoioemocional por parte dos pais, manuseando a criançacorretamente, pode-se evoluir muito no tratamento e na

    recuperação da criança com paralisia cerebral.Não épossível afirmar qual a capacidade de evolução de umacriança comprometida, pois não se pode saber com exatidãosuas potencialidades, percepções, sentimentos epensamentos. Entretanto, é possível afirmar com certeza que,após a confusão inicial da descoberta da afecção, é possívelintegrar agradavelmente as crianças portadoras de qualquerquadro ao nosso cotidiano e torná-las felizes17.

    Diante da importância atribuída às orientaçõesfisioterapêuticas e à quantidade ínfima de trabalhos depesquisa realizados sobre tal abordagem, torna-serelevante a realização de outros estudos semelhantes,focalizando o tripé terapêutico criança-família-fisioterapia,projetando, desta forma, maior austeridade e eficácia notratamento holístico da criança portadora de paralisiacerebral19.

    Summary

    PHYSIOTHERAPY ORIENTATION TO THE CARETAKERSOF CHILDREN WITH BRAIN PARALYSIS.

    The aim of this study,was to verify and to demonstrate the importance of thephysiotherapeutic orientation for the caretakers of children having brain paralysis, handlingthem and as a helper in the treatment and psychomotor development as well as to observethe difficulties faced by the caretakers to handle children having a brain damage. This studywas developed at APAE in Erechim, beginning in April 2005 and ending in August 2005,where six caretakers were included in the samples. Meetings were performed three times aweek, with the duration of one hour, where, while a child was in a section of physiotherapy,the caretakers attended the meetings. Then, a physiotherapeutic evaluation was carried outand,the caretakers received a questionnaire with questions referring to the daily care ofchildren, pointing out doubts and insecurities that they have, to take care of children. Afterthat, a program of physiotherapeutic orientations was elaborated, using a folder, withillustrative pictures, with the positions and correct manners to handle a child in a homeenvironment. In the end of this research, it was possible to observe a significant improvementreferring to the handling of the children by the caretakers, besides positively contributing tothe motor development of these children.

    Uniterms: Brain Paralysis, Orientations, Physiotherapy.

    Paliga C S e cols. Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral.

    21-24.

  • –24– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

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    Paliga C S e cols. Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral.

    21-24.

  • –25–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    Relação Goniometria do Arco Medial doPé e Pressão Plantar em Baropodometria

    Cristina Santin Bilibio1, Daniela Bertol2, Hugo Tourinho F°3.Serviço de Fisioterapia1, Residência de Fisioterapia, Instituto de Cardiologia, Porto Alegre(RS)2,

    Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo(RS)3.

    Resumo

    O desenvolvimento do arco longitudinal medial (ALM) foi o primeiro passo na evoluçãodo homem para a postura bípede e forneceu aos pés a capacidade de absorver os impactoscausados pela postura ereta. Isto têm feito do ALM objeto de interesse clínico e de pesquisa.Assim, buscou-se verificar a relação entre o teste de goniometria do ALM do pé com o examedas pressões plantares por baropodometria computadorizada. Selecionou-se amostrarandomizada de dez indivíduos adultos, com idades entre 20 e 30 anos e IMC entre 18,5 e30. Mensurou-se goniometricamente o ALM através do ângulo obtuso entre a primeiraarticulação metatarso-falangeana, porção medial do navicular e porção medial do maléolomedial. Para a baropodometria computadorizada utilizou-se o F-Scan versão 4.22 Windows95 Tekscan®, Boston, MA. Pode-se verificar que a goniometria do ALM do pé apresentarelação regular (r = -0,43; p£0,05) quando comparada com meios mais precisos demensuração, como o Modified Arch Index calculado através da baropodometria, de formaque deve ser utilizada com cautela.

    Unitermos: Pés, arco medial do pé, goniometria, baropodometria.

    Uma das mais importantes características estruturaisdo pé é o arco longitudinal medial e por esse motivo váriastécnicas têm sido propostas para avaliar os tipos de arcosplantares. Sabe-se que a aparência visual do pé não é tãoimportante como suas funções posturais e, neste contexto,cabe ressaltar que estudos têm demonstrado que pés comarcos aumentados ou reduzidos desenvolvemdiferentemente suas funções1. Nesse sentido, o métodoclínico mais usado para avaliar o arco longitudinal medialdo pé é mensurar a distância entre um ponto do navicular oudo tálus e o solo com o indivíduo em postura ereta. Porém,este método apresenta algumas desvantagens, tais como, asubjetividade da palpação e a experiência do avaliador. Abusca de um método que atingisse medidas precisas ereprodutíveis da forma e função do pé foi sempre umaconstante, pois os meios existentes mostravam-se úteis,porém inadequados e obsoletos para uma avaliaçãoseqüencial ou para ser comparada por diferentesobservadores, pois estes, tendo a mesma visão poderiamter diagnósticos diferentes2.

    Segundo Williams e McClay3 dentro das experiênciasclínicas utilizadas na classificação dos tipos de pé, a maiscorriqueira é a classificação visual, porém é muitoinconsistente para que todo um tratamento seja baseado na

    mesma.Na presente pesquisa comparou-se a goniometria do

    arco longitudinal medial do pé, método fácil e bastantedifundido, com o exame de baropodometria computadorizadaque é um método que permite a mensuração das pressõesexercidas em vários pontos anatômicos da superfície plantarcom medidas precisas sendo capaz de realizar umaavaliação objetiva por meio de sensores pressóricos de altasensibilidade2. Por meio da comparação entre ambos osmétodos procurou-se verificar a validade da goniometria namensuração do arco longitudinal medial do pé.

    MATERIAIS E MÉTODOSRealizou-se estudo descritivo observacional e

    comparativo, considerando-se que, foram analisados dadosobjetivos compostos por duas avaliações específicas: agoniometria do arco longitudinal medial do pé e abaropodometria das pressões plantares por meio do cálculodo Modified Arch Index (MAI).

    A amostra foi composta por dez indivíduos adultosjovens, com idades entre 20 e 30 anos, sendo funcionários ealunos da Faculdade de Educação Física e de Fisioterapiada Universidade de Passo Fundo, com índice de massacorporal (IMC) entre 18,5 e 30, sendo quatro do sexo

    Artigo Original

    25-29.

  • –26– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    masculino e seis do sexo feminino.Após terem assinado o termo de consentimento os

    indivíduos foram encaminhados ao Laboratório I deBiomecânica da Faculdade de Educação Física e Fisioterapiada Universidade de Passo Fundo, onde realizaramavaliações em três momentos distintos.

    Primeiramente foram submetidos à entrevista e examefísico onde foram aferidos os dados necessários parainclusão do indivíduo na amostra, ou seja, ter idade entre 20e 30 anos, pois nesta idade segundo Palmer e Epler [4] háum platô na ADM, e, ter IMC entre 18,5 e 30, pois acima de30 é considerado obesidade, além de não ter histórico delesões graves em membros inferiores.

    Em um segundo momento realizou-se a avaliaçãogoniométrica, por meio de um Goniômetro Universal da marcaTrident® (figura 1). Durante a avaliação goniométrica osindivíduos ficaram descalços, vestindo bermuda e camiseta,permanecendo em bipedestação estática ao nível do solo,com os pés afastados quinze centímetros entre si.

    Foi realizada palpação para localização dasestruturas que segundo Hunt, Fahey e Smith5 delimitam oângulo do arco longitudinal medial do pé e a marcação destespontos com lápis dermográfico para facilitar a mensuração(figura 1). Estes autores definem o ângulo do arco medialcomo o ângulo obtuso formado pela porção mais medial domaléolo medial, tuberosidade do navicular e linha articularmédia da cabeça do primeiro metatarso.

    Figura 1. Marcações das medidas do ângulo do ALM do pé.

    Foram realizadas três mensurações do ângulo doALM do pé e anotadas, e para fins estatísticos foi utilizado ovalor intermediário entre as três medidas. Tais mensuraçõesforam realizadas em ambos os membros para posteriorestudo comparativo.

    A partir do exame goniométrico foram obtidos valoresem graus referentes ao ângulo do arco longitudinal medial,que de acordo com Hunt, Fahey e Smith5 classificam-se em:pé plano para valores = que 120o; pé normal para valoresentre 120o e 150o; e pé cavo para valores = 150o.

    Após a avaliação goniométrica realizou-se aavaliação baropodométrica, por meio de um sistema debaropodometria computadorizada - F-Scan versão 4.22Windows 95 Tekscan®, utilizando-se palmilhas com sensoresde pressão. Para a avaliação baropodométrica, ainda

    descalços, os indivíduos permaneceram em pé sobre aspalmilhas centradas, com quinze centímetros de distânciaentre elas, em uma superfície nivelada[6,7,8,9].Permaneceram nesta posição por dez segundos, temponecessário para o computador registrar os dados.

    A partir do exame baropodométrico foi calculado oModified Arch Index (MAI) de cada pé de todos os indivíduos,já que esta é uma das formas mais precisas para classificaro arco plantar e é também a que apresenta maior correlaçãoestatisticamente significativa quando comparado com osoutros parâmetros descritos em literatura[1]. O Modified ArchIndex (MAI) é definido como a proporção da pressão do terçomédio em relação à pressão total, excluindo os dedos[1].Cavanagh e Rodgers[6] definiram os critérios paraclassificação dos tipos embasados nos valores do MAI e AIcomo arco medial aumentado MAI < 0,21, arco medial normal0,21 £ MAI £ 0,26, e arco medial diminuído MAI ³ 0,26.

    Qualidade dos DadosPara verificar a fidedignidade e a objetividade da

    avaliação goniométrica, foi realizada avaliação goniométricaem uma amostra a parte, a fim de realizar o cálculo do errointra (fidedignidade) e interavaliador (objetividade).

    Para tal análise foi selecionada uma amostra de dezindivíduos aleatória e diferente da amostra utilizada noestudo. Foi realizada três vezes a mesma medida utilizadano estudo do ALM em cada pé de todos os indivíduos, sendoutilizado para fins estatísticos o valor intermediário. Cadaavaliadora mediu os dez indivíduos num mesmo dia em horasdistintas, para reduzir as variáveis de temperatura e umidadedo ar que, segundo a literatura, tem grande influência nacorreta marcação dos pontos de referência, logo, no valorfinal encontrado [10].

    Os resultados obtidos, na verificação do Erro Técnicoda Medida(ETM) da mensuração goniométrica, conformetabela 1 indicaram um r = 0.96, o que corresponde a um errode para 1,86ú para o pé direito, e, um r = 0.92, o quecorresponde a um erro de 2.19ú para o pé esquerdo (p =0,05). Indicando uma correlação muito forte entre os dadosavaliados por ambas as avaliadoras, após terem sidodevidamente treinadas.

    Tabela 1. Tabela do Cálculo do Erro Técnico da Medida (p =0,05).

    Pé D Avaliador 1

    Pé D Avaliador 2

    Pé E Av 1

    Pé E Av 2

    Av1 X Av2 Pé D

    Av1 X Av2 Pé E

    PrimeiraAvaliaçãoX = 136,44°

    Dp = 8,8°X = 138,66°

    Dp = 8,3°X = 141,77°Dp = 8,07°

    X = 141,33°Dp = 7,48°

    -

    -

    SegundaAvaliaçãoX = 136,44°Dp = 7,97°X = 137,55°Dp = 7,29°X = 141,44°

    Dp = 8,6°X = 141,11°Dp = 8,9°

    -

    -

    r

    0,96

    0,95

    0,97

    0,96

    0,96

    0,92

    ETM

    1,58°

    1,82°

    1,37°

    1,87°

    1,86°

    2,19°

    Bilibio C S e cols. Relação Goniometria do Arco Medial do Pé e Pressão Plantar em Baropodometria.

    25-29.

  • –27–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37):

    RESULTADOS E DISCUSSÃOA tabela 2 apresenta a média dos valores da

    mensuração do arco longitudinal medial (ALM) do pé pelagoniometria, e, valores de Modified Arch Index (MAI)calculado através da baropodometria dos pés, direito eesquerdo, dos dez indivíduos que participaram da amostra.

    Amostra Baropometria GoniometriaMAI

    Média 0,153 137,95Desvio Padrão 0,09 6,61

    Tabela 2. Média dos valores referentes à mensuração d