reuso de serragem e isopor para painÉis de madeira aglomerada

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    REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS PARA SEREMUTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: REUSO DE SERRAGEM

    E ISOPOR PARA PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA

    Jane Eliza de Almeida(1)

    ; Norman Barros Logsdon(2)

    (1) Arquiteta e Urbanista, Mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental, UNEMAT, Barra doBugres, MT, Brasil - [email protected]

    (2) Eng. Civil, Dr., Depto. de Engenharia Florestal, UFMT, Cuiabá, MT, Brasil [email protected] 

     Resumo

     A construção civil pode ser considerada uma das grandes vilãs quanto às questõesambientais, devido ao acúmulo de resíduos que gera, entretanto a busca por novas

    alternativas estimulam a utilização por materiais que possam amenizar tais problemas. Comisso, observa-se que produtos de potencialidade para reciclagem, podem ser utilizados para

     ser criado um novo painel de madeira aglomerada por meio da utilização de resíduos, paraobtenção de adesivos, e neste caso se encaixam os plásticos de poliestireno expandido,

    conhecidos como isopor. Considerando o reaproveitamento e os materiais que podem ser

    combinados - plástico e serragem - procurou-se elaborar um novo produto que pode ser

    aproveitado por cooperativas. Os procedimentos para os ensaios obedeceram aos princípios

    básicos da norma brasileira NBR 14.810 da ABNT. Como conclusões pode-se afirmar que é

     possível produzir painéis aglomerados utilizando serragem, com múltiplas espécies, como partículas, e EPS, como adesivo, dissolvidos em 2000 ml de gasolina e adição de 250 ml de

    água na proporção de 50% EPS e 50% serragem. A caracterização física desse painelmostrou-se compatível aos padrões recomendados pela norma brasileira e os valores muito

    baixos de inchamento em espessura tornam-no de uso promissor inclusive para áreas em que

    haja umidade. A caracterização mecânica indicou ligação interna (tração perpendicular)

    compatível com as recomendações das normas brasileiras, mostrando ser propício o uso do

    adesivo. O presente estudo pretende contribuir para um maior reaproveitamento de isopor

    descartado, diminuindo a quantidade de resíduos plásticos, bem como a redução do emprego

    de materiais naturais, uma vez que as partículas de madeira a serem utilizadas podem ser

    encontradas em abundância em serrarias. Ressalta-se ainda a viabilidade de produção detais painéis em cooperativas, visto que, pela maneira artesanal que se realiza, propicia a

     geração de empregos para comunidades de habitações de interesse social.

     Palavras-chave: Resíduos, reciclagem, painéis de madeira aglomerada.

     Abstract The construction can be considered one the great villains on environmental issues, due to theaccumulation of waste it generates, however the search for new alternatives stimulate the use

    of materials that can minimize such problems. Thus, it is observed that products potential for

    recycling may be used to create a new particleboard by use of waste, to obtain an adhesive, in

    which case the fit plastics polystyrene. Considering the reuse and materials that can be

    combined - plastic and sawdust - we tried to develop a new product that can be used by

    cooperatives. The procedures for the tests met the basic principles of the Brazilian standard

     NBR 14810 ABNT. In conclusion it can be stated that it is possible to produce pellets using

     sawing panels, with multiple species such as particles, and EPS, as an adhesive dissolved in

    2000 ml of gasoline and adding 250 ml of water in a proportion of 50% EPS and 50%

     sawdust. The physical characterization of this panel was compatible with the standardsrecommended by the Brazilian standard and very low values of thickness swelling makes it

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     promising to use even for areas where there is moisture. The mechanical characterization

    indicated internal link (traction perpendicular) consistent with the recommendations of the

     Brazilian norms, showing that the use of suitable adhesive. This study aims to contribute to a

     greater reuse of polystyrene discarded, reducing the amount of waste plastics, as well as

    reducing the use of natural materials such as wood particles to be used can be found in

    abundance in sawmills. It is worth noting the feasibility of producing such panels incooperatives, since, by the way craft that takes place, allows the generation of jobs for

    communities of social housing .

     Keywords: Waste, recycling, particleboard.

    1. INTRODUÇÃO

    A indústria da construção civil pode ser considerada uma das grandes responsáveis pelos problemas ambientais gerados, em função da quantidade de resíduos que fornece. O RelatórioCIB n° 237, do ano de 2000, relata que, além de consumir os recursos naturais, o setor aindautiliza energia de forma intensiva. Entretanto, esse quadro está se alterando graças às novas

    concepções e conscientização frente às dificuldades. Hoje as mudanças necessárias estão setornando realidade e o pensamento inovador está presente, atrelando desenvolvimentosustentável às construções (SATTLER e PEREIRA, 2006).

    Apesar de ultimamente o crescimento populacional apresentar-se em taxas decrescentes, aindao padrão de consumo é alto diante das facilidades da vida diária. Nota-se que a quantidade delixo gerada pela humanidade deu um grande salto que preocupa a sobrevivência e preservaçãodo meio ambiente. O lixo plástico é um grande causador de impactos ambientais, entretanto éum material que pode ser totalmente reaproveitado. Os plásticos podem ser considerados,dentre os resíduos sólidos, os que levam mais tempo para se decompor. Segundo Teixeira etal. (2002), apenas 15% dos plásticos são reciclados, o mesmo produto representa 3% do lixourbano gerado nas principais cidades do Brasil.

    Os resíduos gerados por serrarias ou por indústrias madeireiras são outro grande problema naatualidade. Seu gerenciamento é uma das principais dificuldades das indústrias brasileiras eseu aproveitamento, se bem gerenciado, evitaria problemas nos aterros sanitários e extraçõesdesnecessárias (PINHEIRO et al., 2008). Azambuja et al. (2006) afirmam que os resíduos

     provenientes de serrarias na forma de costaneiras, refilos e aparas podem ser aproveitados para a produção de chapas de aglomerados, gerando um produto de maior valor agregado.Barata (2008), entre outros, acredita ser de suma importância a prática de novas pesquisas, na

     busca de materiais ou tecnologias alternativas, derivadas dos recursos naturais renováveis,além da reciclagem de resíduos que podem ser incorporados nesses trabalhos.

    1.1 Materiais plásticos

    Os plásticos são materiais recentes se comparados a outros usuais em engenharia.Estruturalmente os primeiros materiais utilizados foram a madeira, depois os metais, entãovieram as cerâmicas, vidro e, enfim, os polímeros. Historicamente apenas nacontemporaneidade é que os polímeros foram realmente descobertos e utilizados (MANO,1991). Um dos problemas dos plásticos diz respeito à sua degradação, ou seja, a maioria ficaintacta por muitos anos, portanto, podem ser considerados grandes causadores de problemasambientais pela destinação final do lixo urbano.

     Neste caso, encaixam-se também o EPS, plástico celular rígido resultado do estireno

    expandido despolimerizado em água. Foi produzido pela primeira vez na Alemanha, em 1949 por Fritz Stastny e Karl Buchholz, químicos do laboratório Basf. No Brasil, o material é

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    conhecido como isopor, por sua fabricação ter sido primeiramente feita na empresa de mesmonome, hoje conhecida como Knauf-Isopor Ltda (KNAUF, 2010).

    Segundo dados da Associação Brasileira do Poliestireno Expandido – ABRAPEX (2010), o produto pode ser caracterizado como inodoro e não contaminante do solo, da água nem do ar,100% reaproveitável e reciclável podendo voltar à condição inicial de matéria-prima, através

    de tecnologia conhecida e simples. Sendo procedente do petróleo e derivado da natureza, nãoé prejudicial ao meio ambiente por ser reciclável, entretanto, se não reaproveitado de maneiracorreta, pode levar em média 150 anos para se decompor por não ser biodegradável.

    Sua consistência provém de dois elementos químicos, carbono e hidrogênio, isento dequalquer produto tóxico. Em seu interior, o gás existente é o próprio ar e se utiliza como gásexpansor o pentano (ACEPE, 2010). Existem muitos mitos em relação aos gases utilizados

     para a expansão do poliestireno, matéria prima que, expandida, gera o EPS, entretanto o gásutilizado é um hidrocarboneto que rapidamente se deteriora pela reação fotoquímica oriundados raios solares, não comprometendo, assim, o meio ambiente (AVESANI NETO, 2008).

    Seu interior contém apenas 2% de plástico e 98% de ar. Por isso ocupa muito espaço e possui pouca serventia. Anualmente são consumidos cerca de 2,5 milhões de toneladas de EPS, nomundo. No Brasil houve um acréscimo de quase 300%, saltando de 9 mil toneladas paraaproximadamente 36,5 mil toneladas, nos últimos 15 anos (AMBIENTE BRASIL, 2010).

    O EPS é dissolvido por poucos tipos de líquidos, alguns deles são os solventes orgânicosderivados do petróleo como óleos, gasolina e diesel. Pode ser considerado inflamável, porém,se retirado da fonte de calor, sua chama se extingue, tornando-se novamente estável(AVESANI NETO, 2008).

    1.2 Estudos e inovações em painéis de madeiras aglomeradas e as novas possibilidades

    Com utilização muito difundida na construção civil e com a produção maior voltada paraindústria moveleira, os materiais empregados nos painéis de madeira aglomerada estãotornando-se inviáveis e, atualmente, sua capacidade de produção está muito próxima doconsumo (REMADE, 2010). Em conseqüência dessa nova situação, é de suma importânciaque maneiras diferenciadas sejam encontradas para a fabricação dessas chapas com autilização de partículas e de adesivos alternativos.

    O crescente aumento do consumo e a exploração inadequada das florestas brasileiras indicama necessidade de produzir painéis utilizando-se dos resíduos para melhor aproveitamento.Pedrazzi et al. (2006) sugerem que novas tecnologias sejam utilizadas para o bom emprego damatéria prima, não sendo observadas mudanças na qualidade em relação aos tipos de resíduosaproveitados, observados em suas pesquisas. Maciel et al. (2004b) analisam que, apesar de jáestarem estabilizados no mercado, novos produtos e técnicas têm sido desenvolvidos parasuprir as necessidades que atualmente a produção nacional não está alcançando. A próprianorma NBR 14.810 – parte 1, da ABNT (2006a, p. 1) aponta que “a geometria das partículase sua homogeneidade, os tipos de adesivos, a densidade e os processos de fabricação podemser modificados para fabricar produtos adequados aos usos finais específicos”. Tal afirmaçãotem fomentado novos trabalhos quanto a diferentes opções de partículas e/ou de adesivos.

    Muitos estudos existentes demonstram que há pesquisas com novas partículas de madeiras,não tão focadas para este fim, e estão sendo investigadas, com potencialidade para asubstituição das tradicionais. Outra questão também levantada são os novos tipos de resinasque estão sendo empregados. Apesar de haver ainda uma grande carência nessa área, há

    estudos direcionados indicando sua possibilidade. Observam-se resultados satisfatórios, provando-se que características tanto físicas como mecânicas podem atingir o nível exigido

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    em norma e até ultrapassar tais parâmetros, superando as expectativas de estudiosos com aindicação de poderem ser lançados no mercado. A utilização de novos materiais para chapasde madeira aglomerada está em grande avanço, mostrando a necessidade desses novosestudos. Este trabalho vem ao encontro dessa tendência criando um painel de madeiraaglomerada com a utilização de serragem seca ao ar, de espécies variadas e utilizadas

    aleatoriamente, juntamente com um material plástico que possa agir como adesivo para aaglutinação das partículas dando origem a um novo produto.

    2. MATERIAIS E MÉTODOS

    As partículas de madeiras utilizadas neste trabalho foram extraídas de resíduo proveniente decortes ou acabamentos em madeiras maciças da empresa Madeireira Verdão, município deCuiabá – MT, das espécies Peroba e Cedrinho, e encontravam-se misturadas aleatoriamente ede tamanhos não selecionados. Optou-se por esse material para que cooperativas também

     possam utilizar partículas, de maneira aleatória e sem prévia separação para a execução deseus painéis. O adesivo utilizado foi o EPS (poliestireno expandido) e a escolha partiu da

     premissa de que este material encontra-se em abundância nos lixos urbanos e, desta maneira,seu custo torna-se praticamente nulo, se utilizados como resíduos.

    O adesivo dissolvido através de solvólise com gasolina misturado manualmente à serragem,foi a opção escolhida após análises de estudos feitos por Magalhães et. al (2009), em queutilizaram os mesmos materiais em seus experimentos, encontrando uma boa cola (goma) que

     pode ser aproveitada, juntamente com a serragem, formando uma mistura homogênea.

    A quantidade de adesivo foi feita por estudos e análises de ensaios físicos e mecânicos dos painéis prontos, para encontrar a ideal porcentagem, e o que obteve o melhor resultado foi o50/50 nos parâmetros EPS/serragem. Durante a mistura, houve adição de água para tornar oadesivo EPS, dissolvido em gasolina, mais viscoso, além de umedecer as partículas de

    madeira para facilitar a mistura dos materiais. A quantia utilizada de água e gasolina foiencontrada experimentalmente (até obter “ponto” para misturar), uma vez que não há bibliografia sobre o assunto. O peso total da placa final foi de 1500 gramas.

    Após a mistura das partículas com o adesivo, o mesmo foi espalhado e orientado ao acaso, emuma caixa de ferro para uma pré-prensagem com a da própria tampa da caixa com peso deaproximadamente 30 kg. Os colchões formados constituíram-se de quase 60 mm de altura esomente após 24 horas foram prensados e finalizados. O período de espera foi encontrado porexperimentação, pois as placas confeccionadas, quando prensadas cedo demais, apresentavamdefeitos como: derramamento excessivo do solvente; bolhas de ar, observadas ao retirar atampa da caixa; colagem da massa em locais indevidos (tampa ou fundo da forma), e outros

     problemas que inviabilizavam sua utilização. Na prensagem, os painéis foram submetidos àcarga de 480 _ kN, correspondendo a uma pressão de 4 MPa, por um período de 12 minutos. Otempo de prensagem e a carga necessária foram dosados com base na literatura sobre oassunto.

    Os painéis, depois de prontos, foram acondicionados no próprio laboratório, onde ficaramsecando ao ar, durante aproximadamente três semanas, para a cura do adesivo. O tempo foinecessário para que os painéis adquirissem estabilidade e pudessem ser cortados para seremrealizados os ensaios físicos e mecânicos.

    Os ensaios foram conduzidos conforme prescrito em Norma Brasileira 14.810-3, da ABNT(2006c), para a caracterização física das chapas (densidade, teor de umidade, absorção e

    inchamento), e para sua caracterização mecânica (cisalhamento, ligação interna ou tração perpendicular, compressão longitudinal, tração paralela, módulo de elasticidade e módulo de

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    ruptura na flexão estática). De cada chapa de 40 cm x 30 cm, foi preparado um corpo de prova para cada um dos ensaios. Apenas para o corpo de prova de cisalhamento, que nãoconsta em norma, foi previsto um tamanho semelhante ao previsto na NBR 7190, da ABNT(1997), embora com a espessura do painel.

    3. RESULTADOS GERAIS DOS ENSAIOS E DISCUSSÃOOs resultados apresentados foram todos obtidos conforme norma brasileira “NBR 14.810-2 – Chapa de madeira aglomerada Parte 2: Requisitos”, da ABNT (2006b). Assim, foramfornecidos os resultados dos 10 ensaios de cada tipo, sua média, desvio padrão, coeficiente devariação e intervalo de confiança da média com seus limites inferiores e superiores a 95% de

     probabilidade.

    3.1. Ensaios físicos

    Quanto à densidade, os valores encontrados foram obtidos pela relação entre massa e volume.

    Observando-se a tabela 1, nota-se, pelo coeficiente de variação ( , que os painéis seapresentam bastante homogêneo. A baixa variabilidade encontrada pode ser explicada pelofato de todos os painéis seguirem o mesmo processo de manufatura, idêntica pressão e igualtempo de prensagem. A densidade média de 602 kg/m³, das chapas propostas neste trabalho aclassifica como de média densidade de acordo com os parâmetros definidos na norma

     brasileira.

    Após a realização dos ensaios de teor de umidade em que os corpos de prova ficaram emestufa até que suas massas entrassem em estabilização, foram encontrados os valores de teorde umidade de cada uma das amostras. Os resultados, apresentados na Tabela 1, indicam quetodos os painéis atendem à norma brasileira que limita a umidade entre 5% e 11%, já que amédia obtida foi de 9,1%. O coeficiente de variação ( indica teor de umidade

     bastante homogêneo entre os painéis fabricados.

    Corpo deProva

    Densidade(kg/m³)

    Teor deUmidade (%)

    Absorção2h (%)

    Absorção24h (%)

    Inchamento2h (%)

    Inchamento24h (%)

    01 604 9,0 3,56 45,48 3,3 4,4702 642 9,0 6,45 40,89 2,6 2,8403 580 8,9 3,83 43,44 1,0 2,3604 595 9,5 5,73 24,24 1,6 2,4505 595 9,0 5,91 36,31 4,3 4,0406 612 9,0 4,58 21,86 1,2 2,3407 609 9,0 5,69 28,19 2,0 2,7608 614 9,4 4,92 30,27 1,3 2,94

    09 547 9,5 6,03 19,67 3,2 3,3910 623 9,0 4,35 23,18 2,9 3,73Referências 551 a 750(a) 5 a 11(a) 12 a 16(b)  27 a 50(b) 8(a) --Média 602 9,1 17,38 31,35 2,34 3,13Desvio padrão 25,79 0,24 6,32 9,52 1,09 0,74Coef. variação 0,04 0,03 0,36 0,30 0,47 0,24t (9,95%) 2,262 2,262 2,262 2,262 2,262 2,262Lim. Inf. (%) 584 8,96 24,54 24,54 1,56 2,60Lim. Sup. (%) 621 9,30 38,17 38,17 3,12 3,66

    * (a) Limites previstos na norma brasileira “NBR-14.810-2 - Chapa de madeira aglomerada Parte 2: Requisitos”,da ABNT (2006b). * (b) Nascimento (2003).

    Tabela 1 – Resultados dos ensaios físicos

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    Considerando os ensaios de estabilidade dimensional, quanto aos valores apresentados naTabela 1 de absorção de água, não há exigências, em norma, estipulados em 2 ou 24 horas.

     No entanto, Nascimento (2003), em sua pesquisa, exibiu valores médios para chapasindustrializadas de Pinus, 12% e 27% e Eucalipto, 16% e 50%, para absorção em 2 e 24horas, respectivamente. Neste trabalho, o valor médio encontrado em 2 horas apresenta-se

    um pouco acima dos citados, sendo de 17,38%. Já à absorção em 24 horas, o valor está abaixodos comerciais em Eucalipto e próximo aos de Pinus, com 31,35%.

    Para os resultados de inchamento em espessura, os valores encontrados conforme Tabela 1,observam-se elevados coeficientes de variação indicando

    grande variabilidade, ainda assim bem abaixo dos padrões exigidos na norma brasileira, sendode 8% para 2 horas, que não foram ultrapassados nem após 24 horas.

    Comparando-se inchamento em espessura com absorção de água, ressalta-se que apesar dehaver uma quantidade grande de absorção de água, o painel não incha. Por haver vazios nointerior do corpo de prova, o mesmo é preenchido com a água, mas não é absorvido pelas

     partículas, nem tão pouco pelo adesivo, já que este é provavelmente o responsável por tal

    ocorrência.

    3.2. Ensaios mecânicos

    Os resultados dos ensaios de cisalhamento são apresentados na Tabela 2. Os corpos de provae os respectivos ensaios (Figura 1) foram adaptados aos dos métodos definidos na NBR 7190

     – Projeto de estruturas de madeira, da ABNT (1997). Os valores seguiram uma média de 3,96MPa com variação de 22%. Por falta de parâmetros, os dados apenas foram observados, semqualquer análise de comparação.

    Corpo de prova posicionado para ensaio Corpo de prova rompido

    Figura 1 – Ensaio de cisalhamento

    Quanto aos ensaios de tração paralela às faces, embora a norma brasileira não estabeleçalimite, os resultados obtidos, de média de 1,21 MPa, estão muito abaixo dos obtidos por

     Nascimento (2003), que estudou aglomerados e comparou resultados com a norma americana“ASTM 1037: Tensile Strength Parallel to Surface” (Resistência à tração paralela àsuperfície), da ASTM (1996), que recomenda aos fabricantes tensões entre 40 e 55 _ daN/cm²,ou seja, 4 e 5,5 MPa. Provavelmente os baixos valores obtidos no presente trabalho se devemà baixa resistência mecânica do EPS, usado como adesivo. Outro fator importante a ser citadorefere-se ao elevado coeficiente de variação observado (49%), indicando grande

    heterogeneidade nos resultados. Provavelmente duas são as razões para este fato: (i) falta dehomogeneidade na mistura de cada placa tendo em vista terem sido artesanalmente

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     produzidas, uma vez que a resistência à tração está intimamente associada a defeitoslocalizados no interior da placa; e, (ii) deficiências do ensaio de tração, que podem introduziresforços secundários de torção ou de flexão, devido a falhas de produção do corpo de provaou de seu posicionamento na máquina de ensaios.

    Como a norma brasileira não estabelece valores de tolerância para a resistência à compressão

    longitudinal, os resultados obtidos, apresentados na Tabela _ 2, servem para análise isoladasem padrão de comparação. Observa-se uma resistência média de compressão normal de 2,04MPa e um coeficiente de variação de 41%. O valor relativamente alto no coeficiente devariação pode ser atribuído à heterogeneidade da mistura na confecção artesanal das placas.

    Os resultados obtidos pela tração perpendicular (ligação interna) são apresentados na Tabela2. Conforme norma, os valores variam de 0,20 _ MPa a 0,40 MPa, dependendo da espessura do

     painel. Para as chapas com espessura entre 5 e 13 mm, como também entre 14 e 20 mm,devem apresentar valores mínimos de 0,40 MPa e 0,35 MPa, respectivamente ABNT (2006b).A maioria dos corpos de provas ensaiados, como também sua média final, alcançaram valoresacima dos citados. Entretanto, observa-se que a variabilidade dos resultados, obtida pelo

    coeficiente de variação, apresentou-se elevada (38%), possivelmente, devido àheterogeneidade na produção artesanal das placas. Assim, pode-se afirmar que a resistência àtração perpendicular foi compatível aos valores apresentados por norma brasileira.

    A norma brasileira limita o valor de MOR, na flexão estática, em 16 _ MPa para chapas comespessuras entre 14 e 20 mm. Nos resultados da Tabela 2, apesar do baixo coeficiente devariação (14%) que indica homogeneidade de resultados, os valores de MOR estão muitoabaixo dos exigidos, apresentando média de 4,52 MPa, possivelmente devido à baixaresistência do EPS usado como adesivo.

    Resistência à

    flexão estáticaCorpo deProva

    Resistência ao

    Cisalhamento(MPa)

    Resistência à

    Tração Paralela(MPa)

    Resistência à

    Compressão(MPa)

    Resistência à

    Traçãoperpendicular(MPa)

    MOR (MPa)

    MOE(MPa)

    01 3,03 0,81 1,49 0,49 3,36 415,7902 5,38 1,61 1,57 0,28 5,39 441,7503 3,99 1,29 3,22 0,33 4,53 404,8104 3,82 1,69 1,17 0,44 3,94 337,8005 4,36 0,95 1,88 0,27 5,09 401,8306 4,54 1,41 1,79 0,71 4,96 365,0007 4,92 0,74 1,84 0,30 4,73 475,7608 3,78 2,43 3,82 0,67 4,48 377,1509 2,86 0,39 1,46 0,34 4,96 472,6410 2,93 0,82 2,12 0,33 3,75 479,88

    Referências -- 5,50(b)

    -- 0,20 a 0,40(a)

    16(a)

    2450(c)

    Média 3,96 1,21 2,04 0,42 4,52 417,24Desvio padrão 0,86 0,60 0,84 0,16 0,65 49,51Coef. variação 0,22 0,49 0,41 0,38 0,14 0,12t (9,95%) 2,262 2,262 2,262 2,262 2,262 2,262Lim. Inf. (%) 3,35 0,79 1,44 0,30 4,05 381,83Lim. Sup. (%) 4,57 1,64 2,64 0,53 4,98 452,65

    * (a) Limites previstos na norma brasileira “NBR-14.810-2 - Chapa de madeira aglomerada Parte 2: Requisitos”,da ABNT (2006b). * (b) Nascimento (2003), segundo norma americana “ASTM 1037: Tensile Strength Parallelto Surface” (Resistência à tração paralela à superfície), da ASTM (1996). * (c) Limites previstos na normacomercial CS 236-66 (Commercial Standart, 1968).

    Tabela 2 – Resultados dos ensaios mecânicos

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    Também para MOE na flexão estática, a norma brasileira não estabelece limite mínimo, poroutro lado, Nascimento (2003) e Dias (2005) compararam seus resultados à norma comercialCS 236 – 66, que limita MOE em 2450 MPa para os aglomerados com densidade de 0,60 e0,80 g/cm³. Os valores obtidos para MOE, neste trabalho, apresentaram-se bem inferiores aosexigidos na norma americana. Esta ocorrência pode ser explicado pelo fato do adesivo

    utilizado possuir baixa resistência ao módulo de elasticidade, transferindo, desta maneira, as propriedades para a chapa. Assim, torna-se imprescindível a adição de substâncias queaumentem sua resistência final, agregando maiores características às chapas.

    4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

    Como conclusões do trabalho realizado, pode-se afirmar que é possível produzir painéisaglomerados utilizando serragem, com múltiplas espécies, como partículas, e EPS, dissolvidoem gasolina, como adesivo. Para melhorar a viscosidade da mistura pode-se adicionar água.

    A caracterização física desse painel mostrou-se compatível aos padrões recomendados pelanorma brasileira para o comércio. Os valores muito baixos de inchamento em espessura

    tornam estes painéis de uso promissor inclusive para áreas em que haja umidade, emboratenham apresentado elevados valores de absorção. Recomenda-se o uso deimpermeabilizantes, testando-se a relação custo/benefício. A caracterização mecânica dos

     painéis indicou ligação interna (tração perpendicular) compatível com as recomendações dasnormas brasileiras.

    Quanto ao solvente do adesivo, adverte-se que o EPS é dissolvido por poucos tipos delíquidos, por conseqüência de sua composição. O emprego desses solventes pode elevar osníveis dos riscos envolvidos no processo de produção e de utilização. Assim, é de sumaimportância o cuidado no momento de manufatura do painel sendo recomendável o empregode aditivos retardantes de fogo, que podem ser incorporados ao processo de produção, ou

    impregnados nos painéis após a prensagem, bem como os equipamentos de proteçãoindividual (EPIs), para a garantia de maior segurança. Quanto à cura, recomenda-se autilização de temperatura para a diminuição do tempo do processo, como também, a procurade um endurecedor para viabilizar a utilização após a manufatura. Recomendam-se, nestecaso, testes futuros para verificar a quantidade de gases emanados pós-cura dos painéis.

    Ressalta-se ainda a viabilidade de produção de tais painéis em cooperativas, visto que, pelamaneira artesanal que se realiza, propicia a geração de empregos para comunidades dehabitações de interesse social.

    6. BIBLIOGRAFIA REVER FORMATAÇÃO

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