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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas Departamento de Física Reunião Climática do Grupo de Pesquisas Climáticas da UFSM – GPC Simone E. Teleginski Ferraz e Nathalie Tissot Boiaski (responsáveis) Boletim e Previsão climática para o RS (INMET/ CPPMet-UFPel): Flávia Rosso, Douglas Ávila e William Moura Análise sinótica dos eventos extremos: Nicolle dos Reis, Elen Pelissaro e Carlos Júnior Monitoramento e Previsão de Variabilidades Climáticas: Elisângela Finotti, Sara de Araújo, Mauro de Castro Análise e Previsão climática para o Brasil: Anderson Bier, Tiago Robles e Suélen Farias Abril/2016

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Naturais e Exatas

Departamento de Física

Reunião Climática do Grupo de Pesquisas Climáticas da

UFSM – GPC

Simone E. Teleginski Ferraz e Nathalie Tissot Boiaski (responsáveis)

Boletim e Previsão climática para o RS (INMET/ CPPMet-UFPel): Flávia Rosso,

Douglas Ávila e William Moura

Análise sinótica dos eventos extremos: Nicolle dos Reis, Elen Pelissaro e Carlos

Júnior

Monitoramento e Previsão de Variabilidades Climáticas: Elisângela Finotti,

Sara de Araújo, Mauro de Castro

Análise e Previsão climática para o Brasil: Anderson Bier, Tiago Robles e

Suélen Farias

Abril/2016

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1. Condições meteorológicas observadas no trimestre JFM no RS.

No mês de janeiro, as precipitações no Rio Grande do Sul ficaram abaixo da média climatológica em

grande parte do Estado, apenas em áreas do norte, nordeste e noroeste (regiões de Cruz Alta, Passo Fundo,

Frederico Westphalen e Canela) e na região metropolitana de Porto alegre este padrão inverteu. Já no mês

de fevereiro as precipitações abaixo da média se concentraram no centro, Sul e Sudeste do Rio Grande do

Sul e em março apenas a região de São Gabriel ficou abaixo da média; nas demais regiões a precipitação

ficou acima da média. As temperaturas mínimas em janeiro e fevereiro ficaram acima da média

climatológica em praticamente do o Estado; em março este padrão inverteu acompanhando o aumento da

precipitação. As máximas ficaram pouco abaixo da média climatológica na região sudoeste (janeiro), na

região norte (fevereiro) e em todo o estado em março.

PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA

JAN

EIR

O

FEV

EREI

RO

MA

O

Anomalia de precipitação, Temperatura mínima e máxima mensal (isolinhas) e anomalias (cores) nos painéis a esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte INMET)

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2. Condições meteorológicas observadas no trimestre JFM no Brasil.

Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos meses do ano de 2015, janeiro apresentou

reversão nos padrões de circulação atmosférica e precipitação sobre o Brasil, com anomalias positivas da

precipitação sobre as Regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e negativas sobre parte da Região Sul e

Norte. Na costa do Nordeste houve a atuação de vórtices ciclônicos em altos níveis (VCAN) e a Zona de

convergência intertropical (ZCIT) oscilando em torno de sua posição climatológica. Sobre o Sudeste houve a

formação de um episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), todos relacionados a este

aumento de precipitação. Em fevereiro, o posicionamento dos VCANs e a influência da OMJ contribuíram

para o déficit pluviométrico na maior parte do Brasil e excesso de chuva em parte da Região Sul. Somente

no final do mês a atuação de um sistema frontal evoluiu para um fraco episódio de ZCAS no mês de março.

Na segunda quinzena de março estabeleceu-se uma condição de Bloqueio no Pacífico Sul que afetou o

regime de precipitação e temperatura durante o restante de março e meados de abril. Janeiro e fevereiro

apresentaram temperaturas mínimas acima da média em quase todo o Brasil, exceto na região Sul,

acompanhadas de temperatura máxima acima/abaixo da média em regiões com déficit/excesso de

precipitação.

PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA

JAN

EIR

O

FEV

EREI

RO

MA

O

Anomalia de precipitação, Anomalia de Temperatura mínima e máxima mensal nos painéis a esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte CPTEC)

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3. Eventos Meteorológicos Extremos – Global

Data: 14/12/2015 Tufão Melor nas Filipinas

Categoria 3, ventos de 178 a 208 km/h, 7 mil destruídas e retirada de mais de 730 mil

pessoas de suas casas

Data: 05/01/2016 Tempestade de Areia na

Bahia causada por chegada de forte frente fria

Data: 22-24/01/2016 Snowzilla- Nevasca nos EUA

85 milhões de pessoas afetadas, 19 mortos, 7500 voos cancelados, 56 cm de

neve em Washington

Data: 29/01/2016 Temporal em Porto Alegre

Ventos de 120 km/h 328 mil sem luz

Centenas de árvores derrubadas em toda a

cidade

Data: 20-21/02/2016 Ciclone Winston – Ilhas Fiji

Categoria 5 Ventos de 250km/h

Ondas de 12 m 21 mortos

Data: 11/03/2016 Frente Fria

21 mortos em SP, 5 no RJ

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Data: 04/2016 Bloqueio Atmosférico

Recordes de Temperatura máxima em todo Brasil

Data: 04/2016 Tornado em Dolores no

Uruguai 8 mortos

4 mil desabrigados

Data: 24/04/2016 Tornado nas Missões

Categoria F2, 250 km/h 8 feridos

Data: 04/2016 Primeira onda de frio do

ano Nevasca na Argentina

Friagem em Rondônia e Acre

Data: 21/04/2016 Onda de Calor na Índia 330 milhões atingidos Mais de 300 mortos

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4. Condições Oceânicas e atmosféricas globais – ENOS, Oscilação de Madden & Julian e

Oscilação Antártica

Anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) para os meses de janeiro (esquerda), fevereiro (centro) e março (direita).

Em janeiro o fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) ainda

apresentava anomalias de temperaturas entre 2°C e 3°C na região

equatorial do Pacífico Central (Niño 3.4), que foram

gradualmente diminuindo nos meses de fevereiro e março.

O índice de Oscilação Sul (IOS) iniciou janeiro com valores

superiores a 2, mas foi decaindo chegando a aproximadamente

1,5 em março. A componente atmosférica do ENOS, mostrou um

decaimento significativo em março, sugerindo a finalização deste

evento ENOS. As previsões da anomalia de TSM na região do Niño

3.4, para os próximos meses, mostram uma tendência de

diminuição no decorrer deste semestre. Alguns modelos estão indicando que possa haver a configuração e

La Niña no final de 2016. O modelo probabilístico do IRI também sugere a possibilidade de formação de La

Niña no fim de 2016, mas ainda com baixa probabilidade.

O ENSO tracker do governo Australiano indica nível de

atenção para formação de La Niña em desenvolvimento

em 2016. O ENSO tracker é baseado nos seguintes

critérios:

Estado atual do clima: fase ENOS é atualmente neutra ou

El Niño em declínio.

IOS: Dos 10 anos que se assemelham mais de perto o

padrão IOS atual, 4 ou mais mostraram características de La Niña.

Subsuperfície: resfriamento significativo da subsuperfície foi observado no Pacífico Oeste e / ou central.

Modelos: Um terço ou mais dos modelos climáticos pesquisados

mostram diminuição

da TSM de pelo menos

0,8 ° C abaixo da

média nas regiões do

Oceano Pacífico Niño 3

ou Niño 3.4 pelo final

do inverno ou

primavera.

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Para o primeiro trimestre de 2016 a Oscilação

Antártica, analisado pelo Índice da Oscilação

Antártica, se mostrou em sua grande maioria na fase

positiva - índice positivo, com algumas pequenas

exceções, considerado em fase negativa. Lembrando

que na fase negativa da AAO uma maior frequência

de ciclones extratropicais e frentes frias é esperado

em latitudes médias. Como no meio de abril a AAO

mudou de sinal, sugere-se que esta mudança esteja

relacionada com a primeira incursão de ar frio do

ano. O modelo de previsão de AAO indica que o

índice se manterá negativo na primeira metade de maio.

Em relação ao sinal da oscilação

de Madden & Julian (OMJ), observou-se

que este permaneceu fraco durante

última semana de abril. Como a OMJ

tende a ser mais ativa em anos neutros é

de se esperar que nos próximos meses a

sua influência sobre a precipitação seja

mais pronunciada.

Em janeiro o padrão de convecção tropical foi

altamente consistente com o esperado durante um ENOS.

No início de fevereiro, um sinal da OMJ emergindo

resultou em convecção aumentada no Índico leste e sobre

o Pacífico Equatorial. E no final de fevereiro a atividade da

OMJ resultou em diminuição da convecção sobre o norte

da Austrália, maior parte da Indonésia e Brasil. Durante o

início de março, interferência destrutiva entre a OMJ e o

ENOS levou a convecção suprimida sobre o Índico e na

região da ZCPS, que teve uma ligeira inversão no meio de

março. Na América do Sul foi observada uma ZCAS fraca

neste mesmo período. No final de março, esta convecção

suprimida voltou para o Oceano Índico equatorial e

alguma convecção foi observada na América do Sul.

Durante o início de abril, o aumento da convecção

retornou para sudeste do Oceano Índico e se expandiu a

leste da linha de data através do Pacífico, enquanto a convecção suprimida

prevaleceu em grande parte do continente marítimo (região entre o Índico e o

pacífico que compreende a Indonésia, Filipinas e Papua Nova Guiné; figura ao

lado).

A zona de convergência do Pacífico Sul (ZCPS) é claramente observada

durante o meio de abril e uma convecção anômala é observada sobre a América do Sul. Durante os últimos

dez dias de abril persistiu a convecção ao longo da ZCPS e sobre a América Central e Caribe.

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5. Previsão Climática

O CPPMet/UFPel indica para os meses de maio, junho e julho valores acumulados de precipitações

dentro do padrão climatológico em todo o Estado. O prognóstico regional para as temperaturas mínimas

aponta para no mês de maio valores pouco abaixo da média no oeste e noroeste, predominando dentro do

padrão climatológico nas demais regiões do Estado. Para os meses de junho e julho a tendência é oscilar

valores dentro do padrão na maior parte do Estado. No mês de maio são previstas pelo CPPMet/UFPel

temperaturas máximas pouco abaixo do padrão no centro e oeste, e dentro do normal nas demais regiões.

Para os meses de junho e julho a tendência é de predominar temperaturas máximas dentro do padrão

climatológico na maior parte do Estado.

PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA MÍNIMA TEMPERATURA MÁXIMA

MA

IO

JUN

HO

JULH

O

Previsão da Anomalia de precipitação, Temperatura mínima e máxima, esquerda, centro e direita, respectivamente. (Fonte CPPMET e INMET)

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O modelo Eta (CPTEC/INPE) indica anomalias negativas de

precipitação para o Nordeste Brasileiro e anomalias positivas para o

norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná para o trimestre

MJJ/2016. Estas anomalias negativas no Nordeste também são

indicadas pelo

modelo CFSv2 do

NCEP (não

mostrada). Já o

modelo probabilístico

do INMET apresenta

valores acima do

normal em boa parte

do pais, exceto no

extremo norte da

região Norte e região Nordeste. Valores próximos a média

são indicados em pontos dispersos do País. A previsão por

consenso elaborada pelo Grupo de Trabalho em Previsão

Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação (GTPCS/MCTI) para o trimestre MJJ/2016 indica

maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer

na categoria abaixo da normal climatológica em parte do

semiárido da Região Nordeste, e na faixa leste que vai do

Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Para o nordeste do

Amazonas, centro-norte do Pará, Roraima e Amapá, a

previsão indica maior probabilidade dos totais

pluviométricos no trimestre ocorrerem na categoria

dentro da normal climatológica. Para a Região Sul, a

previsão também indica maior probabilidade na

categoria dentro da normal climatológica, porém a

distribuição é de 35%, 40% e 25% para as categorias

acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica,

respectivamente. As demais áreas do País (área cinza do

mapa) apresentam baixa previsibilidade para o referido

trimestre, o que implica igual probabilidade para as três

categorias.