retorno à pátria espiritual – zêus wantuil

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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 129 • Nº 2.191 • Outubro 2011 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 7,00 ISSN 1413 - 1749

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Page 1: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 129 • Nº 2.191 • Outubro 2011D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

R$ 7,00

ISSN 1

413

- 1

749

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 129 / Outubro, 2011 / N o 2.191

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO,MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA E

SADY GUILHERME SCHMIDT

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

SumárioExpediente

Editorial

Testemunho de bom-senso, amor e perseverança

Entrevista: Marconi Gomes de Oliveira

Espiritismo no Acre

Presença de Chico Xavier

Oração ao Brasil – Ruy Barbosa

Esflorando o Evangelho

Não confundas – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Pai Nosso – Patro Nia – Affonso Soares

Seara Espírita

O Livro dos Médiuns – Obsessão (Capa)

Advertência aos médiuns –

Manoel Philomeno de Miranda

Fonte interna – Hernani T. Sant’Anna

Para que não se esvazie o planeta – Richard Simonetti

À Mocidade Espírita – Therezinha Radetic

Lei de Liberdade – Christiano Torchi

A influência dos pais espíritas na autoestima dos

filhos – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – Bullying – Conceito,

pessoas envolvidas, classificação, prevenção –

Marta Antunes Moura

Divulgação se expande – Equipamentos e arquivos se

“espiritualizam” – Antonio Cesar Perri de Carvalho

Aos moços – Castro Alves

Perfeccionista conformado – Geraldo Campetti Sobrinho

Retificando...

As diversas faces da mediunidade consoladora –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

Palavras de caridade – Auta de Souza

Sesquicentenário do Auto-de-fé em Barcelona

Eles também querem viver – Guilherme Scarance

Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

A FEB na XV Bienal do Livro do Rio de Janeiro

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 552,00Assinatura digital anual R$ 224,00Número avulso R$ 77,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 550,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

Page 4: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

EditorialTestemunho de bom-senso,

amor e perseverançaste ano de 2011, para o Movimento Espírita, não é somente lembrado peloSesquicentenário de O Livro dos Médiuns, mas também pelos 150 anos doAuto-de-fé ocorrido em Barcelona, em 9 de outubro de 1861, oportunidade

em que foram queimados, por ordem do Bispo daquela cidade, 300 livros espíritas,incluindo exemplares de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O que é oEspiritismo.1

O registro desse fato, todavia, não se destaca apenas pela manifestação de intole-rância, mas, acima de tudo, pelo exemplo de bom-senso, serenidade e perseverançade Allan Kardec, que se manteve seguro em sua ação, permanecendo no trabalho ereconhecendo nesse fato tão somente uma reação dos incomodados com o naturalcrescimento da novel Doutrina Espírita que começava a ser divulgada.

No ano seguinte de 1862, Kardec demonstraria o mesmo bom senso. Informadopor espíritas de Lyon (França), sobre uma publicação que fazia acusações levianase injustas à Doutrina Espírita e à sua obra, estes consultaram o Codificador sobrequal o caminho a tomar: se a resposta pela imprensa ou pelos tribunais. AllanKardec respondeu objetivamente: pelo desprezo. E observou, ainda, que se aDoutrina Espírita e suas obras não tivessem feito nenhum progresso, ninguém seinquietaria e nada diriam.2

Estes exemplos do Codificador, que seguiram o exemplo de Jesus, injustamentehumilhado e condenado à crucificação, e que pediu ao Pai que a todos perdoasse,já que não sabiam o que estavam fazendo, representam significativa referência paratodos que militam no Movimento Espírita.

Trabalhando voluntária, consciente e gratuitamente na difusão dos ensinos espí-ritas, visando pacificar o coração do ser humano e, por consequência, de todaa Humanidade, é natural que os espíritas enfrentem diuturnamente acusações,situações e procedimentos, os mais diversos, que visam ferir-lhes o ânimo e a sen-sibilidade, além de desviá-los do caminho reto da renovação interior que o Evan-gelho de Jesus, à luz do Espiritismo, nos oferece.

Nesses momentos de testemunho, tenhamos por referência os exemplos deixadospor Jesus e Kardec, permanecendo concentrados no trabalho libertador, que pro-move o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita, e prossigamos amando eajudando, cada vez mais e melhor, a Humanidade inteira.

E

4 Reformador • Outubro 2011336622

1KARDEC, Allan. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 4, p. 465, nov. 1861. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

2______.Viagem espírita de 1862 e outras viagens de Allan Kardec. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. p. 16.

Page 5: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

á-se o nome de obsessãoao “domínio que algunsEspíritos exercem sobre

certas pessoas”.1 Com estas pala-vras Allan Kardec inicia o capí-tulo XXIII, segunda parte, de OLivro dos Médiuns, antecedidaspelo esclarecimento de que aobsessão encontra-se na primei-ra linha das dificuldades da prá-tica espírita.1

Mais comum do que imagina-mos, a obsessão não se manifestasomente entre desencarnados eencarnados, enfoque dado na re-ferida obra, mas em ambos osplanos da vida, o físico e o espiri-tual, em razão de um fator pri-mordial: a imposição da vontade.Esta é a forma de agir do obses-sor, que gosta de dar ordens e deser obedecido.

[...] É praticada unicamente pe-

los Espíritos inferiores, que

procuram dominar, pois os Es-

píritos bons não impõem ne-

nhum constrangimento. Acon-

selham, combatem a influência

dos maus e, se não são ouvidos,

retiram-se. Os maus, ao contrá-

rio, agarram-se àqueles a quem

podem aprisionar. Se chegam a

dominar alguém, identificam-

-se com o Espírito deste e o

conduzem como se fora verda-

deira criança.1

O domínio obsessivo pode es-tar associado a muitos fatores:mágoa, revolta, ciúme, inveja, or-gulho, fraqueza de caráter etc., so-bretudo, à incapacidade de per-doar ou relevar ofensas. Daí a ob-sessão apresentar diferentes ca-racterísticas: desde uma simplesinfluência sem perceptíveis sinaisexteriores, até a perturbação com-pleta do organismo e das faculda-des mentais, “que é preciso distin-guir e que resultam do grau doconstrangimento e da naturezados efeitos que produz”.1

Dessa forma, “a palavra obses-são é, de certo modo, um termogenérico, pelo qual se designaesta espécie de fenômeno, cujasprincipais variedades são: a ob-sessão simples, a fascinação e asubjugação”.1

As causas da obsessão, portanto,

[...] variam de acordo com o

caráter do Espírito. Às vezes é

uma vingança que ele exerce

sobre a pessoa que o magoou

nesta vida ou em existências

anteriores. Muitas vezes, é o

simples desejo de fazer o mal;

como o Espírito sofre, quer fa-

zer que os outros também so-

fram; encontra uma espécie de

prazer em atormentá-los, em

humilhá-los, e a impaciência

que a vítima demonstra o exa-

cerba mais ainda, porque é esse

o objetivo que o obsessor tem

em vista, enquanto a paciência

acaba por cansá-lo. Ao irritar-se

e mostrar-se despeitado, o per-

seguido faz exatamente o que o

perseguidor deseja. Esses Espí-

ritos agem, não raras vezes, por

ódio e por inveja do bem, o que

os leva a lançarem suas vistas

malfazejas sobre as pessoas mais

honestas. [...]2

Na Obsessão simples, tambémconhecida como influência espi-

5Outubro 2011 • Reformador 336633

D

O Livrodos Médiuns

Obsessão

Capa

Page 6: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

ritual, a ação da entidade desen-carnada se manifesta de formaepisódica, inoportuna e desagra-dável, produzindo mal-estar ge-neralizado e inquietações ao ob-sidiado. Na prática mediúnica, aobsessão simples ocorre “quandoum Espírito malfazejo se impõea um médium, intromete-se con-tra a sua vontade nas comunicaçõesque ele recebe, impede-o de se co-municar com outros Espíritos”.3

Esta situação pode ser percebidapelo teor das comunicações que,usualmente, apresenta um mes-mo tipo de ideias, variáveis ape-nas quanto à forma, mas nãoquanto ao conteúdo. O Espíritocomunicante apresenta interpre-tações próprias a respeito dediferentes assuntos, nem sempre

condizentes com a orientação es-pírita. Kardec, contudo, pondera:

Ninguém está obsidiado pelo

simples fato de ser enganado por

um Espírito mentiroso. O melhor

médium se acha exposto a isso,

principalmente no começo,quan-

do ainda lhe falta a experiên-

cia necessária, do mesmo modo

que entre nós as pessoas mais

honestas podem ser enganadas

por espertalhões. Pode-se, pois,

ser enganado, sem estar obsidia-

do. A obsessão consiste na tena-

cidade de um Espírito, do qual

a pessoa sobre quem ele atua não

consegue desembaraçar-se.3

O Codificador considera tam-bém que

Na obsessão simples, o médium

sabe muito bem que está lidan-

do com um Espírito mentiroso

e este não se disfarça, nem dis-

simula de forma alguma suas

más intenções e seu propósito

de contrariar. O médium reco-

nhece a fraude sem dificuldade

e, como se mantém vigilante,

raramente é enganado. [...]3

A Fascinação é bem mais graveque a obsessão simples, caracteri-zando-se por “uma ilusão produ-zida pela ação direta do Espíritosobre o pensamento do médium eque de certa forma paralisa a suacapacidade de julgar as comuni-cações”.4 O obsessor age sobre amente do obsidiado projetandoimagens e pensamentos hipnoti-

6 Reformador • Outubro 2011336644

Capa

Page 7: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

zantes, alimentadores de ideiasfixas: o indivíduo fascinado “nãoacredita que esteja sendo engana-do; o Espírito tem a arte de lhe ins-pirar confiança cega, que o impedede ver o embuste e de compreendero absurdo do que escreve [ou doque faz], ainda quando esse absur-do salte aos olhos de todo mundo”.4

Não é fácil lidar com a fascinação.“[...] Para chegar a tais fins, é pre-ciso que o Espírito seja muito es-perto, astucioso e profundamentehipócrita, porque só pode enganare se impor à vítima por meio damáscara que toma e de uma falsaaparência de virtude.”4

Já dissemos que as consequên-

cias da fascinação são muito

mais graves. Com efeito, graças

à ilusão que dela resulta, o Es-

pírito dirige a pessoa que ele

conseguiu dominar, como faria

com um cego, podendo levá-la

a aceitar as doutrinas mais es-

tranhas, as teorias mais falsas,

como se fossem a única expres-

são da verdade. Mais ainda: po-

de arrastá-la a situações ridí-

culas, comprometedoras e até

perigosas.4

Para auxiliar a pessoa que seencontra sob fascinação espiritualé preciso tato, paciência e compai-xão, pois “o que o fascinador maisteme são as pessoas que veem ascoisas com clareza, de modo quea tática deles, quase sempre, con-siste em inspirar ao seu intérpre-te [obsidiado] o afastamento dequem quer que lhe possa abrir osolhos”.4

A Subjugação é grau maisaprofundado da obsessão, mani-festada como constrição ou opres-são, moral ou corpórea, “que para-lisa a vontade daquele que a sofree o faz agir contra a sua vontade.Numa palavra, o paciente fica sobum verdadeiro jugo”.5 Nestas con-dições, a assistência médica es-pecializada é requisitada, e deveser associada ao apoio espiritual,uma vez que a pessoa já não temdomínio sobre si mesma. Na sub-jugação moral, “o subjugado éconstrangido a tomar decisõesmuitas vezes absurdas e compro-metedoras que, por uma espéciede ilusão, ele julga sensatas”.5 Nasubjugação corpórea, “o Espíritoatua sobre os órgãos materiais eprovoca movimentos involuntá-rios. [...]

Algumas vezes, a subjugaçãocorpórea vai mais longe, poden-do levar a vítima aos atos maisridículos”.5

O médium obsidiado não deveparticipar das reuniões mediúni-cas enquanto durar o processoobsessivo porque “toda comuni-cação dada por um médium obsi-diado é de origem suspeita e nãomerece nenhuma confiança”.6 En-tretanto, não lhe deve faltar o am-paro do passe, da prece, da con-versa fraterna, do Evangelho nolar, da água magnetizada, do estu-do, do trabalho no bem.

“Os meios de se combater a ob-sessão variam de acordo com ocaráter que ela reveste”7 e a capa-cidade do obsidiado em se libertardo jugo, o que não é fácil, porque“as imperfeições morais do obsi-

diado constituem, quase sempre,um obstáculo à sua libertação”.8

Na obsessão simples dependedo esforço do obsidiado, que deve“provar ao Espírito que não estáiludido por ele e que não lhe serápossível enganar; depois, cansar asua paciência, mostrando-se maispaciente que ele”.7 Na fascinação,“a única coisa a fazer-se com a ví-tima é convencê-la de que estásendo ludibriada e reverter a suaobsessão ao nível de obsessãosimples. Isto, porém, nem sempreé fácil, para não dizer impossível,algumas vezes”.9 Na subjugação,“se torna necessária a intervençãode outra pessoa, que atue pelo mag-netismo ou pela força da sua pró-pria vontade. Em falta do concur-so do obsidiado, essa pessoa deveter predomínio sobre o Espírito;porém [...] só poderá ser exercidopor um ser moralmente superiorao Espírito [...]. É por isso que Je-sus tinha grande poder para ex-pulsar os que, naquela época, sechamavam demônios, isto é, osEspíritos maus obsessores”.10

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 23, it.

237.2______. ______. It. 245.3______. ______. It. 238.4______. ______. It. 239.5______. ______. It. 240.6______. ______. It. 242.7______. ______. It. 249.8______. ______. It. 252.9______. ______. It. 250.10______. ______. It. 251.

7Outubro 2011 • Reformador 336655

Capa

Page 8: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

llan Kardec afirmou comsabedoria que a mediuni-dade é simplesmente “uma

aptidão para servir de instrumen-to mais ou menos dúctil aos Es-píritos, em geral”.1

Por essa e outras razões, os mé-diuns não se podem vangloriar dehaverem sido eleitos como mis-sionários da Nova Era, deixando--se sucumbir aos tormentos dafascinação sutil ou extravagante.

A atividade mediúnica, por issomesmo, constitui oportunidadeabençoada para o aperfeiçoamen-to intelecto-moral do indivíduo,que se permitiu dislates em reen-carnações anteriores, comprome-tendo-se em lamentáveis situa-ções espirituais.

A mediunidade é, portanto, umensejo especial para a autorrecu-peração, devendo ser utilizada demaneira dignificante, em cujo mi-nistério de amor e de caridade se-rá encontrada a diretriz de segu-rança para o reequilíbrio do serhumano.

Quando se trata de mediunida-de ostensiva, com mais gravidadedevem ser assumidos os deveresque lhe dizem respeito, porquantomaior se apresenta a área de servi-ço a ser desenvolvido.

Em qualquer tipo de realizaçãonobilitante sempre se enfrentamdesafios e lutas, em razão do está-gio evolutivo em que se encon-tram os seres humanos e o plane-ta terrestre. É natural que haja al-guma indiferença pelo que é bome elevado, quando não se apresen-tam hostilidades em trabalho im-peditivo da sua divulgação.

Sendo a mediunidade um re-curso que possibilita o intercâm-bio entre o mundo físico e o espi-ritual, apesar de as mentes despre-venidas ou ainda arraigadas naperversidade tudo investirem pa-ra impedir que o fenômeno ocorrade maneira saudável, ela propor-ciona os meios para restabelecer aordem moral e confirmar a imor-talidade do Espírito, propondo--lhe equilíbrio e venturas no porvir.

Não são poucos os obstáculos aserem transpostos por todo aque-le que se candidata ao relevante

labor mediúnico. Os primeirosencontram-se no seu mundo ínti-mo, nos hábitos doentios a que seacostumou no pretérito, quandopermaneceu distanciado dos de-veres morais, criando problemaspara o próximo, que resultaramem inquietações para si mesmona atualidade. A luta a ser travada,para a superação do desafio nin-guém vê, exceto aquele que estáempenhado no combate em favorda autolibertação, impondo-se anecessidade de rigorosas discipli-nas que lhe possam proporcionarnovas condutas saudáveis, capazesde facilitar-lhe a execução das ta-refas espirituais sob a responsabi-lidade e o comando dos Mensa-geiros do Senhor.

O estudo consciente da facul-dade mediúnica e a vivência dosrequisitos morais são, a seguir,outro grande desafio, por impo-rem condições de humildade nodesempenho das tarefas, tomandosempre para si as informações eadvertências que lhe chegam doMais Além, ao invés de transferi--las para os outros.

O médium sincero, mais doque outro lidador laborioso em

8 Reformador • Outubro 2011336666

A

Advertênciaaos médiuns

1O evangelho segundo o espiritismo, de AllanKardec. Trad. Guillon Ribeiro. Ed. FEB.Cap. 24, it. 12. Nota do autor espiritual.

Page 9: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

qualquer área de ação, encontra--se em constante perigo, necessi-tando de aplicar a vigilância e aoração com frequência, de modoa manter-se em paz ante o cercodas Entidades ociosas e vingado-ras da erraticidade inferior. Istoporque, comprazendo-se na prá-tica do mal, a que se dedicam, asmesmas transformam-se em ini-migos gratuitos de todos aquelesque lhes parecem ameaçar a situa-ção em que se encontram.

Por isso mesmo, a prática me-diúnica reveste-se de seriedade ede entrega pessoal, não dando es-paço para o estrelismo, as compe-tições doentias e as tirânicas ati-tudes de agressão a quem querque seja...

Devendo ser passivo, o mé-dium, a fim de bem captar o pen-samento que verte das esferas su-periores, cuida do próprio com-portamento que se deve caracte-rizar pela jovialidade, pela com-preensão das dificuldades alheias,pela compaixão em favor de tu-do e de todos que encontre pelocaminho.

As rivalidades entre médiuns,que sempre existiram e conti-

nuam, defluem da inferioridademoral dos mesmos, porque a con-dição mais relevante a ser adquiri-da é a de servidor incansável, con-vidado ao trabalho na Seara poraquele que é o Senhor.

Examinar com cuidado as co-municações de que se faz porta-dor, evitando a divulgação insen-sata de temas geradores de polê-mica, a pretexto de revelações re-tumbantes, já que defendê-losconstitui inadvertência e presun-ção, por considerar-se como o va-so escolhido para as informações dealto coturno que o mundo espiri-tual libera, somente quando issose faz necessário. Jamais esquecer,quando incluído nessa categoria,que o caráter da universalidade doensino, conforme estabeleceu omestre de Lyon, é fundamentalpara demonstrar a qualidade e aorigem do ensinamento, se per-tencente a um Espírito ouse, em chegando omomento da suadivulgação entreas criaturas hu-manas, procededa Espiritualida-de superior.

Quando se sente inspirado aadotar comportamentos esdrúxu-los, informações fantasiosas e dedifícil confirmação, materializan-do o mundo espiritual como sefosse uma cópia do terrestre e nãoao contrário, certamente está adesserviço do Bem e da divulga-ção do Espiritismo.

O verdadeiro médium espíritaé discreto, como convém a todocidadão digno, evitando, quantopossível, o empenho em imporas revelações de que se diz ins-trumento.

De igual maneira, quando omédium passa a defender-se, a cri-ticar os outros, a autopromover--se, a considerar-se melhor do queos demais, encontra-se enfermoespiritualmente, a caminho de la-mentável transtorno obsessivo ouemocional.

A sua sensibilidade é conside-rada não apenas pelo fato

de receber os Espíritossuperiores, mas pela

facilidade de comu-nicar-se com todos

9Outubro 2011 • Reformador 336677

Page 10: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

os Espíritos, conforme acentua oinsigne Codificador.

Assim deve considerar, porquea mediunidade é, em si mesma,neutra, podendo ser encontradaem todos os tipos humanos, razãopela qual não se trata de uma fa-culdade espírita, porém, humana,que sempre existiu em todas asépocas da sociedade, desde os tem-pos mais remotos até os atuais.

No trabalho silencioso e discre-to do atendimento aos sofredores,seja no seu cotidiano em relaçãoaos companheiros da romagemcarnal, seja nas abençoadas reu-niões de atendimento aos desen-carnados em agonia, assim comoàqueles que se rebelaram contraas Leis da Vida, encontrará o me-dianeiro sincero inspiração e apoiopara a desincumbência da tarefaque abraça.

Dedicando-se ao labor da cari-dade sem jaça, granjeia o afetodos Espíritos elevados que passama protegê-lo sem alarde e a inspi-rá-lo nos momentos de dificulda-des e de sofrimentos, consolan-do-o nos testemunhos e na soli-dão que, não raro, dominam-lheas paisagens íntimas.

Consciente da responsabilida-de que lhe diz respeito, não sepreocupa com as louvaminhas eos aplausos da leviandade, emagradar aos poderosos e aos in-sensatos que o buscam, por com-preender que está a serviço da Ver-dade que, infelizmente, ainda, co-mo no passado, não existe lugarpara a sua instalação. Dessa for-ma, mantém-se fiel à sua implan-tação interna, vivendo-a de ma-

neira jovial e enriquecedora, dan-do mostras de que o Reino dosCéus instala-se a princípio no co-ração, de onde se expande para omundo transcendente.

Tem cuidado na maneira pelaqual exterioriza as informaçõesrecebidas, dando-lhes sempre otom de naturalidade e de equilí-brio, evitando o deslumbramen-to que a ignorância em torno dasua faculdade sempre revestecom brilho falso os que são seusportadores.

Jamais deve permitir-se a pre-sunção, acreditando-se irretocá-vel, herdeiro da memória e dosvalores dos missionários do pas-sado próximo ou remoto, tendoem Jesus Cristo e não em pessoaalguma o seu guia e modelo.

Despersonalizar-se para quenele se reflita a figura incompará-vel do Mestre de Nazaré, eis umadas metas a conquistar, recordan-do-se de João Batista, que infor-mou a necessidade de se diminuirpara que Ele crescesse [João, 3:30],considerando-se indigno de ataras amarras das suas sandálias...

A mediunidade é instrumentoque se pode transformar em vín-culo de luz entre a Terra e o Céu,ou em furna de perturbação e sofrimento onde se homiziam osinvigilantes e desalmados, emconflitos e pugnas contínuas.

A faculdade, em si mesma, éportadora de grande potenciali-dade para proporcionar a feli-cidade, quando o indivíduo que aaplica no Bem procura servir combondade e alegria, evitando adisputa das glórias mentirosas do

mundo físico, assim como os des-vios de conduta responsáveis pe-las quedas morais da sua aplica-ção indevida.

As trombetas do mundo espiri-tual ressoam hoje como em to-dos os tempos nas consciênciasalertas, convocando os coraçõesafetuosos para o grande empreen-dimento de iluminação de vidas ede sublimação de sentimentos,atenuando as dores expressivas des-te momento de transição de mun-do de provas e expiações para mundode regeneração.

Aos médiuns dignos e sinceroscabe a grande tarefa de preparar oadvento da Nova Era, conformeo fizeram aqueles que se torna-ram instrumento das mensagenslibertadoras que foram cataloga-das por Allan Kardec, nos seus dias,elaborando a Codificação Espíri-ta, e que se mantêm atuais aindahoje, prosseguindo certamentepelos dias do futuro.

Que os médiuns, pois, se desin-cumbam do compromisso e nãoda missão, como alguns leviana-mente o interpretam, gerando sim-patia e solidariedade, unindo aspessoas numa grande famíliaque a constituem, e sustentando--lhes a sede e a fome de luz e depaz, de esperança e de amor, comosomente sabem fazer os guias daHumanidade a serviço de Jesus.

Manoel Philomeno de Miranda

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na tarde de 16 de abril

de 2009, na Mansão do Caminho, em Sal-

vador, Bahia.)

10 Reformador • Outubro 2011336688

Page 11: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

Reformador: A Federação oferececursos em sua sede?Marconi: A Federação Espírita doEstado do Acre (FEEAC), atravésde sua diretoria, reconhece a neces-sidade do estudo da Doutrina Espí-rita, enquanto instrumento escla-recedor indispensável ao enten-dimento das principais questõesrelativas ao ser imortal. Importa

destacar a afirmativa contida emO Livro dos Médiuns de que “oEspiritismo é toda uma ciência,toda uma filosofia. Portanto, quemquiser conhecê-lo seriamente deve,como primeira condição, dispor-sea um estudo sério”.1 Atualmente aFEEAC oferece os cursos abaixorelacionados, com suas respecti-vas periodicidades: Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita:Turmas 1 e 2 (semanal); EstudoMinucioso do Evangelho de Jesus(semanal); Estudo e Prática da

Mediunidade (semanal); Estu-do de Atendimento Espiritual(mensal); Formação de Pas-sistas (anual); Formação deDirigentes de Reuniões Públi-cas e Recepcionistas (anual);

Formação de Expositores Es-píritas (anual); e Capacitaçãode Evangelizadores Espíritas(anual).

Reformador: E como funciona aação federativa pelo Estado?Marconi: A ação federativa atuaprincipalmente na Capital do Es-tado. Através de seus departamen-tos, a FEEAC oferece aos centrosespíritas apoio doutrinário que seefetiva por meio de reuniões, en-contros e treinamentos, obede-cendo a uma programação esta-belecida conjuntamente com osrepresentantes das casas espíritas.A ação federativa no Interior doEstado existe, mas ainda é peque-na. A atual diretoria da FEEACtem como uma de suas metas sefazer mais presente no Interior, oque já está acontecendo através decontatos e visitas aos centros espí-ritas. Pretende-se construir, embases fraternas, um programa deinteriorização que contribua parao fortalecimento do MovimentoEspírita acreano.

Reformador: Quantos centros in-tegram a Federação e há algumasações em comum entre eles?

MA RC O N I GO M E S D E OL I V E I R AEntrevista

EspiritismonoAcre

Marconi Gomes de Oliveira, presidente da Federação Espírita do Estado do Acre,relata as ações espíritas em seu Estado

11Outubro 2011 • Reformador 336699

1Op. cit. Trad. Evandro Noleto Bezerra.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. P. 1, cap. 3, it. 18.

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Marconi: Há 14 instituições espí-ritas no Acre, sendo 10 na Capitale 4 no Interior do Estado. Reconhe-cendo a importância da união en-tre os espíritas e da unificação dasações desenvolvidas pelos centrosespíritas, a Federação Espírita doAcre desde algum tempo vemconstruindo junto aos dirigentesdas casas espíritas um melhor en-tendimento dos verbos unir eunificar de maneira prática e ob-jetiva. O trabalho conjunto é, esempre será, um caminho a serpriorizado, permitindo a partici-pação de todos, des-de o planejamento àexecução das ativi-dades. Destacam-se,enquanto ações co-muns entre os cen-tros espíritas: plane-jamento e execuçãodo Encontro de Uni-ficação dos Espíri-tas do Acre (anual);planejamento e exe-cução do Encontroda Família (anual);realização do Projeto Divulgandoa Imortalidade (anual); reuniõesde vibração pelo Movimento Es-pírita, pela paz, pelos dependentesquímicos etc. (mensal); e realiza-ção do Arraial e da Festa da Pri-mavera (confraternização com asociedade acreana) (anual).

Reformador: Como é a procura delivros espíritas e de informaçõessobre o Espiritismo, pela mídia?Marconi: A procura por livros espí-ritas é constante, havendo intensotrabalho na Instituição. A Federa-

ção disponibiliza venda de livrosna Livraria da sede e na Banca deLivros “Allan Kardec”, no centrode Rio Branco. Há predominânciade procura de livros por parte desimpatizantes na Banca, enquantoque na Livraria da Federação a pro-cura é predominante dos espíri-tas. Também são realizadas, perio-dicamente, feiras de livros espíri-tas em ambiente público. Quantoàs informações na mídia, diaria-mente há em três emissoras de rá-dio o programa Momento Espírita,de boa aceitação pela sociedade.

A Federação Espírita do Acretambém utiliza a rede social daInternet para veicular informaçãosobre o Movimento espírita locale nacional.

Reformador: Há participação daFederação em eventos interreligiosos?Marconi: O Movimento Espíritaacreano integra, por intermédiode representantes da FederaçãoEspírita do Acre e de outras casasespíritas, o Instituto EcumênicoFé e Política do Acre. O Institutotem como princípio o “Compro-

misso com a Justiça Social e oRespeito à Diversidade Cultural eReligiosa”. A participação ocorrenos fóruns de discussão, nas reu-niões mensais, além de seminá-rios periódicos. Os últimos semi-nários tiveram como pauta dediscussão o “Estado Laico e o En-sino Religioso nas Escolas”. Nesteano de 2011, destaca-se a “I Con-ferência Estadual da DiversidadeReligiosa”, evento que ocorreráem novembro, onde haverá umdia destinado ao Espiritismo. Re-conhecemos como importante a

participação insti-tucional do Movi-mento Espírita nasociedade, levandosua cota de contri-buição às questõesde seu interesse.

Reformador: E emcampanhas e açõesconjuntas junto àsociedade?Marconi: Como jádito, é importante

a participação na sociedade, prin-cipalmente quando há a oportu-nidade da prática do bem, alémdos limites dos centros espíritas;nessas circunstâncias há visibili-dade do Espiritismo na socieda-de. Recentemente a FederaçãoEspírita participou de duas cam-panhas solidárias, de cunho so-cial, promovidas pela Prefeiturade Rio Branco e pelo Estado doAcre, voltadas para o socorroaos desabrigados de Rio Branco,decorrentes de alagação da partebaixa da cidade; como também

12 Reformador • Outubro 2011337700

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em socorro às vítimas da tragé-dia ocorrida no Estado do Riode Janeiro.

Reformador: Mantém contatosou intercâmbios com Estados daregião?Marconi: Apesar de existir bomrelacionamento com os amigosespíritas de outros Estados da Re-gião Norte, o intercâmbio institu-cional ainda é deficitário, necessi-tando, de nossa parte, a iniciativade aproximação e intercâmbio, oque trará grande contribuição aoMovimento Espírita acreano.

Reformador: Houve algum eventosobre os 150 anos de O Livro dosMédiuns?Marconi: No primeiro semestrede 2011, em decorrência da pro-gramação voltada à comemora-ção de O Livro dos Médiuns,além de palestras públicas ocor-ridas na sede da Federação e noscentros espíritas, sobre a temá-tica mediunidade, foi realizadono mês de abril o X UNEACRE(Encontro de Unificação dosEspíritas do Acre) cujo temacentral foi “A Mediunidade comJesus”. Nesse evento foi oferecidoum Curso Básico sobre Mediu-nidade (destinado aos frequen-tadores das casas espíritas, queformaram três turmas) e para-lelamente ocorreu um Estudo eReflexão sobre a Prática da Me-diunidade com Jesus (destinadoaos estudantes de mediunidadee àqueles que já atuam em reu-niões mediúnicas, divididos emduas turmas).

13Outubro 2011 • Reformador 337711

Fonte: SANT’ANNA, Hernani T. Canções do alvorecer. 4. ed. 2. reimp. Rio de Ja-neiro: FEB, 2010. p. 102-103.

Fonte interna

Nossa vida é campo aberto,Por onde passam milhões:Fortes, fracos, ricos, pobres,Belos, feios, párias, nobres,Profetas, doutos, vilões...

Muitos deles vão à pressa,Vão outros devagarinho...Uns sorrindo, outros chorando,Mas vão todos precisandoDe incentivo e de carinho...

Vão famintos de amizade,Sedentos de entendimento,Cansados da luta rudePela posse da virtudeNa luz do conhecimento...

Por isso param, mui vezes,À tua frente, por verSe na fonte de tu’alma Poderão, de esp’rança e calma,Felizes, se abastecer...

Pois há no peito uma fonte Que se chama coração,De águas vis ou cristalinas,Tristes, letais, ou divinas,Para cada ser irmão.

Pode ser fonte de orgulho,De dor, de angústia, de pranto...De amor, de luz, de bondade,De paz, de sublimidade,Ou de fundo desencanto...

Pode ser fonte de bênçãos,Manancial de alegrias...E pode, se tu quiseres,Ser vala de misereres,Ou cipoal de agonias...

“Nossa vida é um campo aberto.Nosso coração é uma fonte.”

Bezerra de Menezes

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ala-se atualmente, no meioespírita, sobre grandes trans-formações que ocorrerão nes-

te século.Evoca-se a anunciada separa-

ção do joio e do trigo, dos bodese das ovelhas, como propunhaJesus.

Expurgado o planeta dos Es-píritos comprometidos com omal, estaríamos a caminho do Rei-no de Deus, da instalação do pa-raíso terrestre, onde todos vive-rão em paz, unidos e felizes parasempre.

Acontecimentos funestos, co-mo tsunamis, terremotos, aque-cimento global, furacões, secas,enchentes, deslizamentos, incên-dios, promovendo a morte de

multidões, seriam os sinais dagrande mudança.

Encaro com alguma reservaessas insólitas previsões.

O leitor amigo há de permitir--me algumas considerações.

Em princípio, os fenômenostelúricos que agitam as entra-nhas de nosso planeta, promo-vendo mortes e destruição, nãoconstituem novidade.

Ocorrem desde a formação daTerra, há aproximadamente qua-tro bilhões e quinhentos milhõesde anos, quando nosso plane-ta situava-se por massa de fogoincandescente.

No passado, antes mesmo doaparecimento do Homem, erammuito mais numerosos e violen-tos, não para castigar uma Huma-nidade que ainda não existia, mas,simplesmente, porque são própriosde nosso planeta.

14 Reformador • Outubro 2011337722

FRI C H A R D SI M O N E T T I

Para que não seesvazie o planeta

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Tivemos, por exemplo, erasglaciais em que nosso mundo vi-rou uma pedra de gelo.

Houve, também, períodos deerupções vulcânicas, quando asentranhas da Terra cuspiramfogo por todo o planeta e nãohavia ninguém aqui para torrar,no indeclinável propósito de res-gatar débitos cármicos.

Por outro lado, há uma observa-ção sumamente importante de Je-sus, nas “Bem-aventuranças”, em oSermão da Montanha (Mateus, 5:5):

Bem-aventurados os mansos,porque herdarão a Terra.

Salvo melhor juízo, Jesus esta-va proclamando que na grandetransição vão permanecer na Ter-ra os que houverem conquistadoa mansuetude.

Daí fica complicado, meu caro leitor, porquanto se essemagno evento ocorrer neste sécu-lo ou nos próximos, você podeimaginar o resultado:

A Terra quase deserta!O motivo é simples: raríssimos

são mansos.O vocábulo manso está tão des-

gastado que equivale a xingamento.Se eu chamar você de manso

provavelmente irá ofender-se, co-mo se estivesse a dizer-lhe que éum covardão, com sangue de ba-rata em suas veias, incapaz de rea-gir a ofensas e prejuízos que lhecausem.

Acontece pior quando alguémé traído pela gentil esposa e não a

agride e repudia ou mesmo cogitade matá-la, na legítima defesa dahonra, como pretendem os ma-chistas incorrigíveis.

No entanto, manso é simples-mente alguém que venceu a agres-sividade e guarda raízes de estabi-lidade em seu próprio íntimo,sem reações insensatas e intem-pestivas.

Bem sabemos que o elementogerador de todos os males huma-nos é o egoísmo, cuja manifesta-ção mais evidente é a agressivida-de, em gestos, pensamentos, pala-vras, ações...

Por isso, as pessoas se desen-tendem, os grupos se agridem, as

nações entram em guerra, a con-fusão reina no mundo.

Assim considerando, parece-me,leitor amigo, que a decantada civi-lização cristianizada do terceiro mi-lênio demorará ainda algum tempopara instalar-se, digamos algunsséculos, talvez até o final deste milênio.

Muita água rolará no rio dotempo até que soem as trombetasdo apocalipse a anunciar o adven-to do Reino Divino.

Por enquanto, parece-me quea Bondade Celeste está a esperarpor nossa adesão ao Evangelho,a fim de que não se esvazie oplaneta em indesejável limpezaespiritual extemporânea.

15Outubro 2011 • Reformador 337733

À Mocidade EspíritaNa escalada suprema da existência,cantando o Amor, louvando a Eternidade,deverás ascender, ó Mocidade!procurando de Deus a pura essência!

Então penetrarás na quintessênciados problemas da Dor e da Ansiedade.Perquirirás a vã finalidadedas leis materialistas da ciência.

Que possas tu, com exemplo e amor profundo,levar a Crença e a Fé a todo o mundo,numa renovação do próprio “eu”.

Que a tua voz ao longe seja ouvida,ressoando qual novo Prometeu,glorificando e eternizando a vida!

Fonte: O bem-me-quer do meu sonho. Rio de Janeiro: Editora Codepoe, 1987.p. 27.

Therezinha Radetic

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rasil! Quando os povos cultos e poderosos exi-bem o verbo da força pela boca dos canhões,revivendo milenários estigmas da destruição e da

morte, nós, os teus tutelados felizes, podemos exaltar--te o heroísmo silencioso. Adotaste-me por filho afortu-nado, quando te bati à porta acolhedora,1 fugindo aocéu borrascoso e sombrio do Velho Mundo. Deixava, nofumo do pretérito, os impérios coroados de ouro,que alimentam a ignorância e a miséria com o baraço eo cutelo dos carrascos da liberdade; a truculência ergui-da em governo das nações, asfixiando o impulso generosode comunidades progressistas; a tirania convertida emlegalidade nos tronos de rapina; a mentira e a astúciamascaradas de sacerdócio; a opressão inquisitorial dosperseguidores da fé livre,buscando perpetuar o negrumeda Idade Média; a fábula impiedosa pretendendo orien-tar as letras sagradas, e, por fantasma erradio, a revolta,dominando cérebros e corações, para, mais tarde, arre-meter de improviso aos gulosos comensais do poder.

Atravessei os pórticos do templo da fraternidade,que o teu clima de paz me oferecia. Deslumbrado à luzde teu céu, ajoelhei-me ante o Cruzeiro resplandecenteque te inspira, recordando o Divino Herói Crucificado.Aqui, o patíbulo não era o caminho dos sonhadores;o crime organizado não era a curul administrativa; astrevas das consciências não eram a expressão religiosa;o despotismo purpurado não era o refúgio à intolerância;o cativeiro das paixões inferiores não era a aristocraciada inteligência; o assassínio das opiniões não era a glóriado feudalismo jactancioso; a violência não era segu-rança; a carnificina não era o brilho do mando; o san-gue e o veneno, a prepotência e a traição não eram agaleria brilhante da política do terror; a fogueira nãoera o prêmio à investigação e à ciência; a condenaçãoà morte não era o salário dos mais dignos.

O perfume da terra misturava-se à claridade do fir-mamento, e orei, agradecendo à Providência Divina oacesso aos teus celeiros de pão e de luz, de compreensãoe de bondade. Em teus caminhos, rasgados pela renún-cia de apóstolos anônimos, estampavam-se os rastrosde todos os corações que se haviam fundido, no crisoldo amor sublime, para os teus primeiros dias de nacio-nalidade. Ouvi o cântico das três raças, que o trabalho,a simplicidade e o sofrimento consagraram para sem-pre em teu nascedouro, e recebi a honra de compartiro esforço de quantos te prelibaram a independência.

Por ti, em minha frágil estrutura de homem,amargueios tormentos do operário e as angústias do orientador. E,enquanto te acompanhava os vagidos no berço da eman-cipação que conquistaste sem sangue, por ti fui quinhoa-do com a graça do desfavor e do exílio,para voltar,depois,à cabeceira do infante que te guiaria os destinos, durantemeio século de probidade e sacrifício.2 Lidador novamentesentenciado ao ostracismo, aguardei a morte, com a sere-nidade do servo consciente, feliz pela exação no cumprirseu dever e crente na tua destinação de Terra Prometidaque o Rei Entronizado na Cruz estremece e amanha. Soba inspiração viva de teus dilatados horizontes de luz,jamais me alapei nas dobras da pusilanimidade quandose me exigisse valor; jamais urdi a ficção, refugindo à rea-lidade; jamais contubernei com a felonia contra a inocên-cia.E ardendo no propósito de servir-te,no resgate de mi-núscula parcela do meu débito imenso, entranhei-meventuroso no labirinto da reencarnação, ideando contigoa pátria da renovação humana. Reconstituído o templode carne, de cujo órgão se irradiariam as ondas do pensa-mento, devotei-me de novo ao culto de teu progresso in-cessante. Eu, que desfrutara o privilégio de sentar-me nasassembleias que te planejavam o grito libertador, assomeià tribuna de quantos te defendiam os ideais republicanos,filiando-te na legião dos povos cultos e determinadores.

16 Reformador • Outubro 2011 337744

B

Presença de Chico Xavier

Oração ao Brasil

1Refere-se o mensageiro espiritual à reencarnação anterior, delemesmo, no Brasil. 2Referência a D. Pedro II.

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Por ti,partilhei o governo,usei a autoridade,preservei aordem, louvei o patriotismo, encareci a democracia e con-fundi-me com o povo, vivendo-lhe as expectativas e aspi-rações. À invocação de teu nome, e acima de todas as co-gitações peculiares ao homem de Estado e ao filho honra-do da plebe laboriosa, que eu fui, advoguei, em tua com-panhia, a causa da liberdade, compreendendo o apos-tolado de amor universal com que subiste à tona da civi-lização. Nunca me honrei com aplausos e louros, que osnão mereci, mas vigiei, quanto pude, na preparação detua vitória,exercendo o ministério do direito a que te afei-çoaste, desde o sonho impreciso dos missionários expa-triados que te marcaram as primeiras linhas de evolução,voltados para o esplendor da Igreja primitiva.Incorporan-do-te à essência de meu sangue e de meu ideal,confiei-me– célula microscópica – à tua grandeza imperecível e tomeiassento nas lides da palavra e da pena, nos tribunais e naspraças, nos jornais e nos comícios, quase sempre sozinho,na guerra sem quartel daqueles que não conhecem o con-selho dos generais, nem o apoio das baionetas. Por ti, su-portei, orgulhoso, o peso de asfixiantes responsabilidadesque me feriram os ombros e me iluminaram o coração,na evidência e na obscuridade, aprendendo e sofrendocontigo, na escola da igualdade, da tolerância e da justiça.

E agora, que a ciência mortífera grava transitória su-premacia nos regimes, estimulando a política da forçapelo triunfo numérico; que a perversidade da inteligêncialança o descrédito nos fundamentos morais do mundo;que a crise do caráter emite vagas negras de perturbaçãoe desordem; que a toga desce da majestade dos seus prin-cípios, para dourar os instintos da barbárie nos tremen-dos conflitos internacionais que se agigantam no século;que a moral religiosa concorre ao pleito de dominação in-débita, imergindo nas trevas da discórdia as consciênciasque lhe cabe dirigir; que a doutrina do sílex substitui ostratados nas guerras sem declaração; que os dogmas detodos os matizes se insinuam nas conquistas ideológicasda Humanidade, preconizando a mordaça e o obscuran-tismo – agora ponho meus olhos em teu vasto futuro...

Possa continuar ecoando em teus santuários e parla-mentos, cidades e vilarejos, vales e montanhas, florestas ecaminhos, a palavra imortal do Mestre da Galileia!Conserva a tua vocação de fraternidade, para que osmananciais da bênção divina jorrem luz e paz sobre a

tua fronte dignificada pelo esforço cristão na concór-dia e na atividade fecunda. Guarda o teu augusto patri-mônio de liberdade a distância de todos os gigantesdo terror, dos deuses da carniça e dos gênios da bruta-lidade, que tentam ressuscitar os fósseis da tirania. Elegeo trabalho por bússola do progresso e da ordem, por-que de tuas arcas dadivosas manará novo alimento parao mundo irredimido. Templo de solidariedade huma-na, teu ministério de pacificação e redenção apenascomeça... Novo hino será desferido por tua voz no corodas nações. Nem Atenas adornada de filósofos, nemEsparta pejada de guerreiros. Nem estátuas impassíveis,nem espadas contundentes. Nem Roma, nem Cartago.Nem senhores, nem escravos. Desdobrem-se, isto sim,em teu solo amoroso os ramos viridentes da Árvore doEvangelho, a cuja sombra inviolável se mitigue a sedemultimilenar do homem fatigado e deprimido! Des-fralda o estrelado pavilhão que te assinala os destinose não te quebrantes à frente dos espetáculos cruentos,em que os povos desprevenidos da atualidade erguemcenotáfios e ossuários à própria grandeza. Descerrahospitaleiras portas aos ideais da bondade construtiva,do perdão edificante, do ilimitado bem, porque somosem ti a família venturosa do Cristianismo restaurado, e,por amor, se necessário, mil vezes nos confundiremosno pó abençoado e anônimo dos teus caminhos flo-ridos de esperança, empunhando o código da justiçapara o exercício varonil do direito, emergindo das som-bras da morte – celeiro sublime da vida renascente.

Grande Brasil! Berço de triunfos esplêndidos, aberto àglorificação do Cristo, seja Ele a tua inspiração redentora,o teu apoio infalível, a trave-mestra de tua segurança; e,enaltecendo o messianismo do teu povo fraterno, emcujo seio generoso se extinguem todos os ódios de raçae se expungem todas as fronteiras do separatismo des-truidor, que o Mestre encontre no âmago de teu coraçãoo sagrado poiso das Boas Novas de Salvação, descendo,enfim, da cruz de nossa impenitência multissecular paraconviver com a Humanidade terrestre, para sempre.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Falando à terra. Mensagens mediú-

nicas de vários Espíritos. 6. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. p. 11-16.

17Outubro 2011 • Reformador 337755

Pelo Espírito Ruy Barbosa

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inegável que tanto a liberda-de como a igualdade cons-tituem apanágio dos povos

civilizados. Apesar de tantas con-quistas no campo dos direitos hu-manos, a Humanidade prosseguecom seus desníveis, suas contradi-ções, suas injustiças. Por que seráque isso ainda acontece? Refletin-do melhor sobre tal situação, con-cluímos que os ideais libertário eigualitário não se realizam com-pletamente sem o tempero da fra-ternidade, que é a base do edifí-cio moral de toda a Sociedade. Aotratar desse tema, Kardec asseve-rou, com a lucidez de sempre, queesses três princípios (liberdade,igualdade e fraternidade) são soli-dários entre si e se prestam mútuoapoio:

[...] sem a reunião deles o edifí-

cio social não estaria comple-

to. O da fraternidade não pode

ser praticado em toda a pureza,

com exclusão dos dois outros,

porquanto, sem a igualdade e a

liberdade, não há verdadeira

fraternidade. A liberdade sem a

fraternidade é rédea solta a to-

das as más paixões, que desde

então ficam sem freio; com a

fraternidade, o homem nenhum

mau uso faz da sua liberdade: é

a ordem; sem a fraternidade,

usa da liberdade para dar cur-

so a todas as suas torpezas: é a

anarquia, a licença. Por isso é

que as nações mais livres se

veem obrigadas a criar restri-

ções à liberdade. A igualdade,

sem a fraternidade, conduz aos

mesmos resultados, visto que

a igualdade reclama a liberda-

de; sob o pretexto de igualdade,

o pequeno rebaixa o grande,

para lhe tomar o lugar, e se tor-

na tirano por sua vez; tudo se

reduz a um deslocamento de

despotismo.1

No sentido comum, a liberdadeé o “poder que tem o cidadão deexercer a sua vontade dentro doslimites que lhe faculta a lei”.2

Do ponto de vista filosófico-mo-ral, o conceito de liberdade seexpande, podendo ser entendidocomo a faculdade de pensar, falare agir, livremente, sem desres-peitar a liberdade de outras pes-soas. A maior sensação de liber-dade que se pode experimentar éa consciência do dever cumprido,porque “a liberdade é um bemque reclama senso de adminis-tração, como acontece ao poder,ao dinheiro, à inteligência...”.3

O livre-arbítrio é um gênero deliberdade concedido ao Espíritoque lhe permite a autodetermina-ção, a escolha entre o bem e o mal.Essa liberdade, todavia, não é ab-soluta, porque, vivendo em socie-dade, é necessário respeitar os di-reitos alheios. Afinal, todos pre-cisamos uns dos outros, indepen-

ÉCH R I S T I A N O TO RC H I

Lei deLiberdade

18 Reformador • Outubro 2011 337766

1KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010. P. 1, Liberdade, igualdade,fraternidade, p. 261-262.2HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro deSalles. Dicionário Houaiss da língua

portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.Verbete “Liberdade”, p. 1.175.

3XAVIER, Francisco C. Estante da vida.Pelo Espírito Irmão X. 10. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 1, p. 14.Apud SOBRINHO, Geraldo C. (Coord.)O espiritismo de A a Z. 4. ed. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Verbete “Liberdade”,p. 505.

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dentemente de classe social. Con-tudo, a obrigação de respeitar osdireitos alheios não retira a liber-dade do homem, pois esta pro-vém da Natureza.

Existe, porém, uma exceção:a liberdade de pensar e de cons-ciência não tem limites. Pode-seimpedir alguém de expressar assuas ideias, mas não há como im-pedi-lo de pensar livremente. So-mente perante Deus o homem éresponsável pelo que pensa. Cer-cear a sua liberdade de consciên-cia, constrangê-lo a proceder emdesacordo com o seu modo depensar é fazê-lo hipócrita. Sem aliberdade de consciência nãohá civilização verdadeira nemprogresso.

Não se deve, todavia, con-fundir liberdade com indisci-plina ou licenciosidade de costu-mes, pois o direito de um indiví-duo termina onde começa o dooutro. Por isso, “a noção de mo-ralidade é inseparável da de liber-dade”4 e “o progresso não é outracoisa mais do que a extensão dolivre-arbítrio no indivíduo e nacoletividade”.4

Há aqueles que sustentam quetodos os acontecimentos da vidaestariam predeterminados. Se fos-se assim, o homem seria apenasum robô sem vontade própria esem responsabilidade, mero jo-guete de forças cegas e mecânicas.Seria a negação da sabedoria e daequidade das leis divinas:

Há, sem dúvida, leis gerais a que

o homem está fatalmente sub-

metido; mas é erro crer que as

menores circunstâncias da vida

estejam fixadas de antemão de

maneira irrevogável [...].5

Antes de encarnar, o Espíritoescolhe as provas de ordem mate-rial pelas quais deverá passar, oque constitui para ele uma espéciede destino ou fatalidade. O mes-mo já não acontece no tocante àsprovas morais e às tentações, poiso Espírito, conservando o livre--arbítrio quanto ao bem e ao mal,é sempre livre para ceder ou pararesistir:

A fatalidade é o freio imposto

ao homem por uma vontade

superior à sua, e mais sábia que

ele, em tudo o que não é deixa-

do à sua iniciativa; mas jamais é

um entrave ao exercício de seu

livre-arbítrio, no que concerne

às suas ações pessoais. [...]6

O livre-arbítrio é proporcionalà evolução intelecto-moral de ca-da um. Quanto mais conhecemose progredimos, mais expandimos onosso poder de decidir, aumen-

tando, consequentemente, a nossaresponsabilidade:

Quanto mais inteligência tem o

homem para compreender um

princípio, tanto menos descul-

pável será de não o aplicar a si

mesmo. Em verdade vos digo que

o homem simples, porém sin-

cero, está mais adiantado no ca-

minho de Deus, do que outro que

pretenda parecer o que não é.7

Se há um determinismo, naacepção absoluta do termo, este éo determinismo do progresso, pa-ra a felicidade de todos. Mesmoque façamos mau uso do livre-ar-bítrio, fatalmente, mais cedo oumais tarde, nos arrependeremos,expiaremos e repararemos nossoserros,8 motivo por que sempre es-taremos jungidos ao resultado fi-nal estabelecido pelo Criador, queinstituiu a Lei Maior de que “obem é o fim supremo da Nature-za”,9 o que implica na acepção deque “determinismo e livre-arbítriocoexistem na vida, entrosando-sena estrada dos destinos, para a ele-vação e redenção dos homens”.10

19Outubro 2011 • Reformador 337777

4DENIS, Léon. O problema do ser, do des-tino e da dor. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2010. P. 3, cap. 22, p. 477-478.

5KARDEC, Allan. Aquiescência à prece.In: Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 9, p. 213, mai. 1866. Trad.Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2009.

6Idem. A ciência da concordância dos nú-meros e a fatalidade. In: Revista espírita:jornal de estudos psicológicos, ano 11,p. 285, jul. 1868. Trad. Evandro NoletoBezerra. 2. ed. 2. reimp. atualizada. Rio deJaneiro: FEB, 2010.

7Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Ja-neiro: FEB, 2011. Q. 828a.

8Idem. O céu e o inferno. Trad. ManuelQuintão. 60. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. P. 1, cap. 7, Código penal davida futura, 16o código.

9DENIS, Léon. Depois da morte. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. P. 1, cap. 2,p. 41-42.

10XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Q. 132.

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Existiria relação entre o livre--arbítrio e o futuro? Em caso po-sitivo, qual seria essa relação?

Em princípio, o futuro é ocultoao homem e somente em casosraros e excepcionais Deus permiteque seja revelado. Se o homem co-nhecesse o futuro, negligenciariao presente e não obraria com li-berdade, o que lhe traria pertur-bação, porque ficaria paralisadodiante dos acontecimentos, acre-ditando que seria inútil ocupar-secom eles, ou então procuraria im-pedi-los de acontecer.

Apesar disso, é possível prever,de modo genérico, como será onosso futuro, pois ele depende decomo utilizamos o livre-arbítriono presente: será venturoso oudesditoso, conforme o bom ou omau emprego da liberdade de quedispomos, a qual se exerce dentrode restrições impostas pelas leisnaturais.

Essa parcela de liberdade daqual o Espírito desfruta dentrode certos limites não interfere nosgrandes eventos planejados pelaEspiritualidade superior com vis-tas ao progresso coletivo, que es-tão ocultos ao homem: “o porvir,sem estar rigorosamente determi-nado, está previsto nas suas linhasgerais”.11

Por tudo que vimos, a liberda-de é o instrumento que Deus con-cede à criatura humana, para queela exercite o intelecto e os senti-mentos, para que tenha mereci-mento na conquista da própria

perfeição, razão por que “o livre--arbítrio do homem é uma conse-quência da justiça de Deus”.12

Enfim, de um ponto de vistarelativo, o homem é livre para fa-zer o que quiser, mas estará inevi-tavelmente preso ao resultado desuas próprias ações:

O Espírito só estará verdadeira-

mente preparado para a liber-

dade no dia em que as leis uni-

versais, que lhe são externas, se

tornem internas e conscientes

pelo próprio fato de sua evolu-

ção. No dia em que ele se pene-

trar da lei e fizer dela a norma

de suas ações, terá atingido o

ponto moral em que o homem

se possui, domina e governa a si

mesmo. [...]

[...] Sem a disciplina moral que

cada qual deve impor a si mes-

mo, as liberdades não passam

de um logro [...].13

Em realidade, jamais gozamosde tanta liberdade. A questão ésaber o que temos feito dela.Estaríamos utilizando-a com otempero da fraternidade, que é uma das faces da caridade? Por-tanto, estejamos atentos ao usodesse patrimônio, no presente,pois isso determinará nosso fu-turo espiritual.

20 Reformador • Outubro 2011337788

11XAVIER, Francisco C. Emmanuel. PeloEspírito Emmanuel. 27. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. Cap. Doutrinando a Ciência, it. 33, subit. Determinismo elivre-arbítrio, p. 223.

12KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.55. ed. 2. reimp. Trad. Guillon Ribeiro. Riode Janeiro: FEB, 2009. Cap. 3, it. O ho-mem durante a vida terrena, q. 128.

13DENIS, Léon. O problema do ser, do des-tino e da dor. 3. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. P. 3, cap. 22, p. 483-484.

Page 21: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

21Outubro 2011 • Reformador 337799

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.”– PAULO. (ROMANOS, 10:11.)

Não confundas

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 13.

m todos os círculos do Cristianismo há formas diversas quanto à crença

individual.

Há católicos romanos que restringem ao padre o objeto de confiança;

reformistas evangélicos que se limitam à fórmula verbal e espiritistas que concen-

tram todas as expressões da fé na organização mediúnica.

É natural, portanto, a colheita de desilusões.

Em todos os lugares, há sacerdotes que não satisfazem, fórmulas verbalistas que

não atendem e médiuns que não solucionam todas as necessidades.

Além disso, temos a considerar que toda crença cega, distante do Cristo, pode

redundar em séria perturbação... Quase sempre, os devotos não pedem algo mais

que a satisfação egoística no culto comum, no sentimento rudimentar de religiosi-

dade, e, daí, os desastres do coração.

O discípulo sincero, em todas as circunstâncias, compreende a probabilidade de

falência na colaboração humana e, por isso, coloca o ensino de Jesus acima de tudo.

O Mestre não veio ao mundo operar a exaltação do egoísmo individual, e, sim,

traçar um roteiro definitivo às criaturas, instituindo trabalho edificante e revelando

os objetivos sublimes da vida.

Lembra sempre que a tua existência é jornada para Deus.

Em que objeto centralizas a tua crença, meu amigo?

Recorda que é necessário crer sinceramente em Jesus e segui-lo, para não sermos

confundidos.

E

Page 22: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

o retornarmos para a ro-magem física, esperamoster filhos que se ajustem

aos nossos ideais de pais. Quere-mos receber em nossos lares al-mas valorosas dotadas de belasaquisições morais, obtidas aolongo de suas vidas pregressas,por meio de lutas e sacrifícios eno-brecedores. Contudo, isso é qua-se impossível, pois, de acordocom a orientação de Allan Kar-dec, “o Espírito da criança podeser muito antigo e que traz, re-nascendo para vida corporal, asimperfeições de que se não tenhadespojado em suas precedentesexistências”.1

Fruto das incorreções, determi-nados Espíritos ao reencarna-rem trazem consigo as ligações degrupos espirituais dissonantes a

que se filiam, afinizando-se comas forças mentais que esses ajun-tamentos emitem e que interfe-rem no andamento de suas açõesmateriais, visto que as atividadesa serem exercidas no períodoreencarnatório, em forma de tra-balho e provas, lhes auxiliam oprogresso espiritual. Como reagirfrente à preponderância de com-panheiros desencarnados que as-sediam os nossos filhos, exercen-do forte motivação para que per-maneçam presos às tendências no-civas em que se comprazem? Emdecorrência dessa realidade, comoagir, sobretudo, na educação aministrar para sua corrigenda e regeneração?

Como pais, procedemos, quaseinvariavelmente, por amor e pelodesejo de fazer o bem. Isso, no en-

tanto, não nos permitirá nortearde forma mais segura a trajetóriaterrena de nossos rebentos, ten-do em vista que eles nos imi-tam as inclinações e a conduta,nem sempre irrepreensíveis denossa parte. Torna-se, pois, im-prescindível analisar a importân-cia do ambiente doméstico como“o mais vigoroso centro de indu-ção que conhecemos na Terra”.2

Sobre a questão, afirma o EspíritoAndré Luiz:

Se os pais guardam sintonia

com as forças a que se lhes

jungem fluidicamente os filhos,

a vida prossegue harmonio-

sa [...].

Entretanto, se há divergência,

passada a primeira infância, co-

meçam atritos e desencontros,

22 Reformador • Outubro 2011338800

ACL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

A influência dospais espíritas na

autoestima dos filhos“Ó espíritas! [...] compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que

nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres eponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão quevos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes.”

(Santo Agostinho, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, it. 9.)

Page 23: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

à face das interferências inevi-

táveis, com perturbações dos

circuitos em andamento.

Surgem as incompatibilidades e

disparidades que a genética não

consegue explicar.2

A par dessas preocupações, umdos maiores desafios a enfren-tar é permitir às crianças e aosjovens condições satisfatórias pa-ra que cresçam como pessoasque se sintam respeitadas e capa-zes de enfrentar os entraves natu-rais da sua existência atual. Esse“sentimento de valor que acom-panha essa percepção que temosde nós próprios se constitui nanossa autoestima”.3 A professoraLucia Moysés (2001), ao analisaraspectos sobre o tema, declara

que “a criança aprende com asatitudes e os rótulos recebidos,conforme se estabelecem as con-vivências entre ela e as demaispessoas”.3

Tais possibilidades virão à tonaquando o Espírito, no corpo decarne, na puerícia, vivenciar si-tuações familiares e sociais quelhes são oferecidas, adquirindoacuidades que se transformamem profundas emoções, expres-sas por meio de sentimentos dealegria, de amizade, de carinho, detristeza, de frustração, entre ou-tros, constituindo-se um mundoverdadeiro e cheio de contenta-

mento, ou um mundo assusta-dor e irreal pelas angústias queacarreta.

Em estudos sobre a teoria daaprendizagem social, o desenvolvi-mento de dependência começacom o fato de que é a mãe quemcuida da criança e faz muitas coi-sas agradáveis para ela.4 Essa de-pendência psicológica se eviden-cia pelo comportamento de buscade atenção, quando a criança pedeao adulto que olhe para ela oupara o que fez. Outro sinal de de-pendência é que a atenção dadapelo adulto ou a afeição são refor-çadores que podem ser usados pa-ra ensinar à criança outros tiposde comportamentos. A partir daíé que ela passa a perceber e apren-der a distinção entre aprovação ereprovação dos pais. Assim, a efi-ciência do elogio e da censura dosgenitores, especialmente da mãe,como reforço ou para provocarangústia, dão à criança um pode-roso instrumento a fim de que co-nheça as regras necessárias paraa vida social. A necessidade de

23Outubro 2011 • Reformador 338811

Page 24: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

autoestima, pois, está grandemen-te centrada em torno do núcleofamiliar e depois com os demaisindivíduos com quem a criançatem relações. É por meio das suasligações com os outros que apren-derá a granjear o acatamento e aapreciação do próximo.

Infelizmente, os erros dos fi-lhos, na maioria das vezes, sãotambém nossos! Há progenitoresque não se precatam por acredita-rem na força do dinheiro fácil,que tudo pode comprar, como aquererem suprir, em mimos e re-galias, as condições de segurançaafetiva e bem-estar que só umacondução carinhosa e atenção as-sídua podem propiciar. Determi-nadas crianças que não tenhambom acompanhamento dos paispodem apresentar problemas dedepressão. Afirmam alguns espe-cialistas em comportamento in-fantil: “a depressão impede o de-senvolvimento da personalidade[...], retardando o processo de so-cialização da criança de como in-teragir com as demais pessoas asua volta”.5

Ao nos alertarem para a in-fluência que exercemos sobre a fi-lharada,6 os benfeitores espiri-tuais, sabiamente, mostram-nos aurgência de contribuirmos para o seu progresso, oferecendo-lhe,concorde a orientação de Kardec,uma educação que infunda hábi-tos, “porquanto a educação é oconjunto de hábitos adquiridos”,7

para mudança de suas caracterís-ticas morais. Da mesma maneira,chamam atenção se porventuravenhamos a falir em nossos inten-

tos, tornando-nos culpados pornão termos conseguido atingirobjetivos plenos que encaminhemesses Espíritos, sob a nossa guar-da, pela senda do bem.8 A verda-deira felicidade dos filhos consis-te, antes de tudo, em honrar suasvidas no trabalho, na educação ena evangelização com que venha-mos a motivá-los na execução dasboas realizações, envidando esfor-ços para ensiná-los a viver res-peitando e auxiliando a todos,de modo a afastá-los da sombra dapreguiça e do vício da ingratidão eda indiferença. O insigne EspíritoEmmanuel alerta-nos para o pro-blema, trazendo conselhos indis-pensáveis à orientação dos seresque amamos:

• Não desdenhar “a energiaquando necessária no proces-so da educação, reconhecidaa heterogeneidade das ten-dências e a diversidade dostemperamentos”.

• Ensinar que “toda dor é res-peitável, que todo trabalhoedificante é divino, e que to-do desperdício é falta grave”.

• Encaminhar para que com-preendam o “infortúnio alheio,para que sejam igualmenteamparados no mundo, nahora de amargura que osespera, comum a todos os Es-píritos encarnados”.

• E não deve dar razão a qual-quer queixa dos filhos [...],levantando-lhes os sentimen-tos para Deus, sem permitirque estacionem na futilida-de ou nos prejuízos morais

das situações transitórias domundo”.9

O reduto doméstico, bem sabe-mos, tem suas edificações planeja-das na esfera espiritual. Nessemeio, devem estar todos aquelesque se comprometeram na execu-ção de tarefas enobrecidas, viven-ciando renúncias e sacrifícios pes-soais em prol da família, à luz doEvangelho.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 25. ed.

de bolso. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. 8, it. 3, p. 158.2XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. ed. esp. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2010. Cap. 16, its. Centro in-

dutor do lar e Outros centros indutores,

p. 113, 114-115, respectivamente.3MOYSÉS, Lucia. A autoestima se constrói

passo a passo. Campinas, SP: Papirus,

2001. Cap. 1, p. 20.4BALDWIN, Alfred. Teorias de desenvolvi-

mento da criança. São Paulo: Pioneiras

de Ciências Sociais, 1973.5SOLOMON, Andrew. O demônio do meio-

-dia. Trad. Myriam Campello. ed. de bol-

so. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

Cap. 5, Populações, p. 279.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. 2. reimp. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Q. 208.7______. ______. Comentário de Allan

Kardec à q. 685a.8______. ______. Q. 208.9XAVIER, Francisco C. O consolador.

Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 3.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 189.

24 Reformador • Outubro 2011338822

Page 25: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

a língua portuguesa não hátradução exata para Bullying(do verbo inglês, to bully =

intimidar), expressão que traz oconceito de assédio moral, vincula-do à prática de atos intencionais erepetidos causadores de sofrimentoe angústia, consequentes de violênciafísica e/ou psicológica. O bullyingdifere das brincadeiras, piadas oudesrespeitos inconsequentes. Aocontrário, caracteriza-se por “casosde violência física e/ou moral, emmuitos casos, de forma velada, pra-ticada por agressores contra víti-mas”.1 É importante, pois, saber di-ferenciar o bullying que é semprerevestido da intenção de ferir, dosconflitos comuns que ocorrem,sobretudo, entre crianças e adoles-centes, visto que “o conflito é, fre-quente e erroneamente associadoà existência de violência, fazendo-senecessário diferenciá-lo de suas for-mas não positivas de mediação”.2

O termo bullying descreve uma

ampla variedade de comporta-

mentos que podem ter impacto

sobre a propriedade e o status

social de uma pessoa. Bullying é

forma de comportamento agres-

sivo e direto que é intencional,

doloroso e persistente (repetido).

Crianças vítimas de maus-tratos

são debochadas,assediadas, social-

mente rejeitadas, ameaçadas, calu-

niadas e assaltadas ou atacadas

(verbal, física e psicologicamente)

por um ou mais indivíduos. Há

níveis desiguais de reação (isto é,

a vítima fica perturbada e aborre-

cida, enquanto o perpetrador se

mantém calmo) e um frequente

desequilíbrio de força (poder e

dominação). Esse desequilíbrio

pode ser físico ou psicológico

[...]. Algumas palavras-chave em

nossa definição de bullying são

intencional, doloroso, persistente

e desequilíbrio de força.3

A propósito, pondera Emmanuel:

[...] violência é sempre o mal

em ação, ainda mesmo quando

pareça construir um atalho para

o bem. Enquanto o Sol, sem pala-

vras, consegue inspirar con-

fiança ao viajor, o vento ruido-

so e forte, provoca medo e rea-

ção por onde passa.4

Por sua vez, o Espírito Carlos Tor-res Pastorino comenta sobre o signi-ficado histórico do termo violência:

Violentia é a palavra latina que

se traduz como violência, que foi

criada por volta de 1215, para

melhor expressar a desrespeito-

sa utilização da força em detri-

mento dos direitos do cidadão.

Posteriormente, quase trezentos

anos transcorridos, passou a sig-

nificar qualquer tipo de abuso

exercido arbitrariamente contra

outrem, impondo-lhe a vontade,

desconsiderando-lhe os valores

e usando a força para submetê-lo

cruelmente.

Na atualidade tornou-se uma

verdadeira epidemia, transfor-

mando-se em constrangimento,

agressividade, insulto, dos quais

resultem danos psicológicos, mo-

rais, sociais, econômicos, mate-

riais e quase sempre culminando

em morte. [...]5

Os estudos sobre bullying foramintroduzidos pelo psicólogo sue-co Dan Akke Olweus (nascido emKalmar-Suécia, em 1831), a partir

N

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Bullying

25Outubro 2011 • Reformador 338833

Conceito, pessoas envolvidas, classificação, prevenção

Page 26: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

de resultados obtidos dapesquisa realizada naUniversidade de Bergen,Noruega, em que inves-tigou causas das taxasde suicídio em crianças,ocorridas na Noruega,na década de 1970. Nestetrabalho, Olweus definiuos principais critérios damanifestação do bul-lying: físicos (bater, rou-bar, agredir, vandalizaretc.), verbais (insultar,ofender, ameaçar etc.) epsicológicos (humilhar,perseguir, agredir, tira-nizar, chantagear etc.).

Os envolvidos no bullying podemser classificados em quatro grupos:agressores, vítimas, espectadores pas-sivos e vítimas-agressoras.6 Conhecidocomo bully (plural, bullies), o “agres-sor de ambos os sexos, costuma serum indivíduo que manifesta poucaempatia.Frequentemente é membrode família desestruturada,em que hápouco ou nenhum relacionamentoafetivo. [...] Custa a adaptar-se àsnormas; não aceita ser contrariado[...]. É considerado malvado, duroe mostra pouca simpatia para comsuas vítimas. Adota condutas an-tissociais, incluindo o roubo, o van-dalismo e o uso de álcool, além deser atraído pelas más companhias”.6

Para o Espiritismo o ofensor éuma alma enferma cuja cura de-manda tempo:

O ofensor pode ser a criatura que

está sob lastimáveis processos ob-

sessivos, que carrega enfermida-

des ocultas, que age ao impulso

de tremendos enganos, que atra-

vessa a nuvem do chamado mo-

mento infeliz, e, quando assim

não seja, é alguém que traz a visão

espiritual enevoada pela poeira

da ignorância, o que, no mundo,

é uma infelicidade como qualquer

outra. Cabem, ainda, ao ofensor

o pesadelo do arrependimento, o

desgosto íntimo, o anseio de ree-

quilíbrio e a frustração agrava-

da pela certeza de haver lesado

espiritualmente a si próprio.7

As vítimas usuais dos bullies“não precisam fazer nada para se-rem escolhidas. Os agressores sim-plesmente as elegem no meio de umgrupo para serem alvos de seus ata-ques. Essas agressões, então, não têmum motivo especial, uma origem”.8

Ensina-nos Emmanuel que há vá-rios tipos de pessoas que perseguemoutras, condição que reflete o seuatraso moral:

Entre os perseguidores, contam-

-se os obsidiados, os intempe-

rantes, os depravados, os infeli-

zes, os caluniadores, os calculis-

tas e os criminosos, que descem

pelas torrentes do remorso para

a necessária refundição mental

nos alambiques do tempo, mas,

entre os perseguidos sem razão,

enumeram-se quase todos aque-

les que lançam nova luz sobre

as rotas da vida.9

Os espectadores passivos, tam-bém conhecidos como testemu-nhas silenciosas, representam umgrupo maior, “formado por pes-soas que ao mesmo tempo são, decerta forma, vítimas e testemunhasdos fatos. A grande maioria nãoconcorda com as agressões, maspreferem ficar em silêncio, pois têmmedo de que os agressores, em casode saída em defesa das vítimas, as‘eleja’ também para esses ata-ques”.10 Pelo fato de as testemunhas

26 Reformador • Outubro 2011338844

Page 27: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

silenciosas conviverem, no mesmoambiente, com os agressores e comas vítimas, podem, por sua vez,apresentar diferentes graus deestresse e de medo, por temer osbullies e por se apiedar das vítimas.

As vítimas-agressoras são “pes-soas que foram vitimizadas pelobullying e passaram a ser agresso-ras de outras pessoas. Aprenderamo comportamento do bullying e poralgum motivo passaram a reprodu-zir o comportamento e atacar outraspessoas”.11 É preciso muita cautelapara não se deixar contaminar pelomal, sobretudo quando se é vítimade sua ações.Pais, educadores,médi-cos e psicólogos, juristas, a socie-dade como um todo, devem empe-nhar-se para auxiliar os que foramatingidos pela perseguição, a fim deque a vítima consiga superar o abusoa que foi submetida, como nos aler-ta o esclarecido Espírito orientador:

E, então, a pessoa, invigilante e

infeliz, assim transformada em

temível fantasma de incompreen-

são e de intransigência, enrodi-

lha-se na própria sombra, como

a tartaruga na carapaça, e, em las-

timável isolamento de espírito,

não sabe entender ou perdoar

para ser também perdoada e en-

tendida, enquistando-se na in-

conformação, que se lhe amplia

no pensamento e na atitude, na

palavra e nos atos, tiranizando-

-lhe a vida, como a enfermida-

de letal que se agiganta no corpo

pela multiplicação indiscrimi-

nada de perigosos bacilos.

Atingido esse estado de alma, não

adota outro rumo que não seja

o da crueldade com que, muitas

vezes, se arroja ao despenhadei-

ro da delinquência, associando-

-se a todos aqueles que se lhe afi-

nam com as vibrações deprimen-

tes, em largas simbioses de desu-

manidade e loucura, formando

o pavoroso inferno do crime.12

O bullying pode ser classificadoem tipos, segundo as especificidadesdo local onde se manifesta: escola,trabalho, penitenciária, meio militar,internet (cyberbullying), ou das víti-mas: bullying homofóbico, racial,religioso, sexual, socioeconômicoetc. Em razão dos diferentes fatoresenvolvidos, os tipos de bullying serãoanalisados em artigo específico.

A prevenção do bullying é denatureza educativa e contínua,abrangendo todos os seguimentosda sociedade, dando-se ênfase: “àtolerância, ao respeito à diversida-de, à comunicação eficaz, a autoes-tima, à mediação de conflitos, à pro-moção da paz e da cidadania”.13

Educação assim entendida:

[...] com o cultivo da inteligên-

cia e com o aperfeiçoamento do

campo íntimo, em exaltação de

conhecimento e bondade, saber

e virtude [que] não será conse-

guida tão-só à força de instrução,

que se imponha de fora para den-

tro, mas sim com a consciente

adesão da vontade [...].14

Referências:1CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que vo-

cê precisa saber: identificação, prevenção

e repressão. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus,

2010. Cap. 1, it. 1.2, p. 6.

2MIRANDA, Simão; DUSI, Miriam. Previna

o bullying: jogos para uma cultura de

paz. Campinas, SP: Papirus, 2011. Introdu-

ção, p. 13.3BEANE, Allan L. Proteja seu filho do bul-

lying. Trad. Débora Guimarães Isidoro. Rio de

Janeiro: Best Seller, 2010. Cap. 1, p. 18-19.4XAVIER, Francisco C. Assim vencerás. Pe-

lo Espírito Emmanuel. São Paulo: Editora

André Luiz. Cap. 17, p. 48-49.5FRANCO, Divaldo P. Impermanência e

imortalidade. Pelo Espírito Carlos Torres

Pastorino. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

Cap. Violência humana, p. 109.6CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que vo-

cê precisa saber: identificação, prevenção

e repressão. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus,

2010. Cap. 1, it. 1.3, p. 9.7XAVIER, Francisco C. Alma e coração. Pe-

lo Espírito Emmanuel. São Paulo: Editora

Pensamento-Cultrix, 2006. Cap. 47, p. 103.8CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que vo-

cê precisa saber: identificação, prevenção

e repressão. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus,

2010. Cap. 1, it. 1.3, p. 10.9XAVIER, Francisco C. Religião dos espíri-

tos. Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed. 2.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.

Perseguidos, p. 143.10CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que

você precisa saber: identificação, preven-

ção e repressão. 2. ed. Niterói, RJ: Impetus,

2010. Cap. 1, it. 1.3, p. 11.11______. ______. p. 12.12XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos.

Pelo Espírito Emmanuel. 21. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Cap. Carrasco, p. 76-77.13MIRANDA, Simão; DUSI, Miriam. Previna

o bullying: jogos para uma cultura de

paz. Campinas, SP: Papirus, 2011. Introdu-

ção, p. 20-26.14XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.

Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 5, p. 27.

27Outubro 2011 • Reformador 338855

Page 28: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

início dos anos 50 viu o lançamento, nos cír-culos do Movimento Espírita brasileiro, deuma das mais delicadas e profundas obras

mediúnicas de nossa literatura: vinha a lume, sob aautoria do Espírito Meimei e psicografado por ChicoXavier, o livro Pai Nosso. Embora dedicado à infân-cia, ele transcende faixas etárias e se mostra comouma mensagem educativa e consoladora para ho-mens e mulheres dos 8 aos 80 anos, principalmentese atentarmos para o fato de que ainda nos debate-mos numa espécie de infância espiritual.

Mas não somente por isso: o conteúdo de tãoluminosa peça busca ilustrar – e o faz de maneirabrilhante – o pensamento do Divino Mestre, vazadona beleza incomparável da prece que ensinou aosseus discípulos.

Meimei consegue capturar résteas dessa luz, con-densando-as em pequenas histórias, lendas, comen-tários simples e profundos, observações e, comocoroamento artístico de cada capítulo, singelas qua-drinhas impregnadas do seu sentimento maternal.

Foi-nos dada a honra de verter esse substanciosotexto para a Língua Internacional Neutra Esperantoe vê-lo publicado pela Sociedade Editora Espírita F.V. Lorenz, a fim de que também a literatura da genialcriação de Lázaro Luís Zamenhof ainda tivesse maisfortalecido o ideal nela encerrado, todo tecido deuma das mais belas manifestações do amor – a Fra-ternidade –, evocada por Jesus ao nos revelar Deuscomo o Pai de todas as criaturas e, assim, atribuir--nos a condição de filhos do Altíssimo.

Nosso foco principal neste despretensioso arti-guete é justamente apresentar ao leitor, ou relem-brar-lhe se já conhece o livro, as citadas quadrinhas,apondo-lhes a respectiva tradução em esperanto eencimando cada uma com a respectiva expressão daPrece de Jesus, igualmente nas duas línguas. E, comoo Espírito Meimei, na sua sabedoria, entendeu denão encerrar o último capítulo com uma quadrinha,tomamos a liberdade de fazê-lo, a título de exercícioe para abranger todo o texto com essa simples e deli-cada forma poética.

Pai Nosso – Patro Nia

O

28 Reformador • Outubro 2011338866

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

PA I NO S S O

Pai Nosso, que estás nos céus

Em nossa terna Mãezinha,Cheia de santa afeição,Sentimos que Deus nos falaNo fundo do coração.

Santificado seja o teu nome

No canto dos passarinhos,No campo, no mar, na flor,A vida está repetindo:– Louvado seja o Senhor!...

PAT RO NI A

Patro Nia, kiu estas en la /ielo

En patrineto plej milda,Plena de sankta inklino,Vibras la vo/o de DioEn 7ia kor’, en la sino.

Sanktigita estu via nomo

Per la kanto de l’ birdetojSur maro, kampo, /e l’ floro,La vivo ade ripetas:– La9datu nia Sinjoro!...

Page 29: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

Venha a nós o teu Reino

Toda bondade mais simples,Sincera, nobre, leal,Ajuda na construçãoDo Reino Celestial.

Seja feita a tua vontade, assim na terra como noCéu

Quem ajuda sem cessar,Cada hora, todo o dia,Está cumprindo a vontadeDa Eterna Sabedoria.

O pão nosso de cada dia dá-nos hoje

Quem lança a boa palavraDe amor e consolação,Espalha por toda a TerraOs dons do Divino Pão.

Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamosaos nossos devedores

O perdão, em qualquer tempo,É sempre um traço de luz,Conduzindo a nossa vidaÀ comunhão com Jesus.

Não nos deixes cair em tentação

Quem move as mãos no serviço,Foge à treva e à tentação.Trabalho de cada diaÉ senda de perfeição.

Livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder e aglória, para sempre. Assim seja.

Para livrar-nos do mal,Jesus assim nos ensina:– Conforma a tua vontadeCom a Vontade Divina.

Venu via regno

0ia bonfaro, plej simpla,Nobla, lojala, sincera,Helpas por la konstruadoDe l’ luma Regno 0iela.

Plenumi1u via volo, kiel en la /ielo, tiel anka9 sur latero.

Kiu helpas tuj, sen/ese,0iam, /ie, kun kura1o,Plenumadas ja la VolonDe l’ Eterna, Dia Sa1o.

Nian panon /iutagan donu al ni hodia9

Semante la bonan vorton,Konsolan, plenan de amo,Vi ver7as tra l’ tuta mondoLa benojn de l’ Dia Pano.

Pardonu al ni niajn 7uldojn, kiel anka9 ni pardonasal niaj 7uldantoj

La pardon’ en /iu tempoEstas kiel lumradio,Kondukanta nian vivonAl unui1o kun Dio.

Ne forlasu nin en tento

Nobla servad’ anstata9asTenton, mallumon, per 1ojo.La /iutaga laboro,Jen la perfektiga vojo.

Liberigu nin de la malbono, /ar via estas la regno,kaj la potenco, kaj la gloro eterne. Tiel estu!

Por for7ovi la malbonon,Jesu’ admonas al ni:– Vian volon konformiguAl la sa1a Vol’ de Di’!

29Outubro 2011 • Reformador 338877

Page 30: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

30 Reformador • Outubro 2011338888

a magistral obra psicográ-fica de Francisco CândidoXavier há inumeráveis ob-

servações avançadas para a épocae também predecessoras de al-guns acontecimentos e invenções.

Em livros dos idos de 1944, háregistros de equipamentos pare-cidos com nossos rádios, mas des-tinados a captar programações deserviços e mensagens da Espiri-tualidade superior1 e de apare-lhos que assinalam a aproximaçãode grandes tempestades magné-ticas.2 Em 1945, há referência apequenos aparelhos de grande po-tencial elétrico para a realizaçãoda ozonização de ambientes como fim de permitir a materializa-ção de entidades elevadas.3 EmObreiros da Vida Eterna4 há des-crição de minúsculos equipamen-tos geradores de energia eletro-magnética destinados a gerarforças defensivas. No livro Ação eReação5 é apresentado um apare-lho tipo televisão que mostra noreceptor uma sequência de qua-dros semelhantes a “miragenstécnicas”. Com finalidades diag-nósticas e terapêuticas, AndréLuiz se refere ao psicoscópio,para auscultação da alma,6 e a

diversos aparelhos: de precisãopara exame dos tecidos psicosso-máticos,7 para registro de pensa-mentos,8 para aplicação de raiosna cabeça,9 para emissão de raioscurativos,10 e para realização defiltragens no organismo.11

As descrições sobre o mundoespiritual a partir do livro NossoLar provocaram sensações varia-das nas pessoas, um estímulo paraas reflexões e a compreensão dascondições do mundo incorpóreoe de suas relações com nossa di-mensão corpórea. Os rápidos des-taques da obra do Espírito AndréLuiz vieram às telas das nossas re-cordações de leituras, em face doperceptível ingresso de nossa Ci-vilização em um cenário de admi-rável desenvolvimento científico etecnológico.

Na Área da Saúde há progres-sos impressionantes e a análisedesse contexto com ênfase naÁrea da Comunicação provoca--nos reações impactantes.

A difusão das ideias passou porfases marcantes, das anotaçõesem papiro, das cópias em papel,da invenção da imprensa, dasvariadas formas de mídia e, maisrecente e especificamente, para a

forma digital e circulando pelaInternet.

A Doutrina Espírita funda-menta-se nos livros elaboradospelo Codificador Allan Kardec.A expansão do Espiritismo é de-vida, principalmente, aos livrosespíritas. Haja vista as avaliaçõessobre o impacto das obras psico-gráficas de Francisco CândidoXavier no Brasil – onde foram umverdadeiro “divisor de águas” – eno Movimento Espírita de váriospaíses.

Com o emprego de recursos di-gitais e da Internet, abre-se umnovo e amplo cenário para a difu-são do Espiritismo. Vejamos algu-mas ilustrações na Área Federa-tiva nacional e internacional. NoPortal da FEB,12 já está disponí-vel a assinatura digital da revistamensal Reformador. Livros edita-dos pela FEB, numa parceria coma Editora do Conselho Espírita In-ternacional, e os próprios livrosda EDICEI13 estão sendo disponi-bilizados em forma digital – oseBooks –, em várias distribuidorasespecializadas. Além dos seus li-vros, o Conselho Espírita Interna-cional também se prepara para atransformação em edição digital

NAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Divulgação se expandeEquipamentos e arquivos se “espiritualizam”

Page 31: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

de sua publicação – a Revista Espí-rita –, nos idiomas inglês e francês.A FEB, o CEI e muitas instituiçõesmantêm boletins eletrônicos.

Por outro lado, em níveis na-cional e internacional, não apenasos eBooks, mas também os livrosespíritas impressos das editorascitadas, já estão sendo comerciali-zados pela Internet porempresas desse ramo.

A página eletrônica En-ciclopédia Espírita (Ency-clopédie Spirite),14 em idio-ma francês, é muita procu-rada por interessados emEspiritismo e oferece, en-tre muitos subsídios, as co-leções digitalizadas da Re-vista Espírita, fundada porKardec.

Atualmente, as Entida-des Federativas EspíritasEstaduais e inúmeras insti-tuições espíritas dispõemde páginas eletrônicas, atémesmo com a possibilidadede transmissão de ativida-des ao vivo.

Em outra frente de di-vulgação, há vários anos, aTVCEI15 – como uma webtv–, oferece intensa progra-mação em vários idiomas paratodo o mundo, viabilizando oacesso pelo computador caseiro,e, mais recentemente, no caso doBrasil, também via satélite. Há re-gistros de eventos com transmis-são ao vivo sendo acessados porpessoas de mais de 50 países.

Neste ano, a Federação Espíri-ta Brasileira lançou seu primeirocurso a distância, através de seu

Portal,16 e o participante poderealizá-lo em qualquer parte doPlaneta, acessando pelo seu com-putador. Os centros espíritas, osespíritas e os simpatizantes, dequalquer região do mundo, agoradispõem de várias formas demanter contato com as ideias es-píritas até mesmo para obter

recomendações sobre a organiza-ção e o funcionamento dos cen-tros e do Movimento Espírita.

Além dos computadores casei-ros e dos netbooks – cada vez me-nores –, os arquivos digitais po-dem ser armazenados em pen dri-ves, minúsculos chips com altacapacidade de “memória”, algu-mas formas de telefones celularesjá são minicomputadores, permi-

tindo também o acesso ao vastomundo da Internet e surgem osequipamentos leitores de eBooks,disponibilizando vastas bibliote-cas virtuais.

Com esses novos recursos, adifusão dos princípios espíritasultrapassa mais aceleradamenteas barreiras materiais, as frontei-

ras geográficas e políticas.Seria inimaginável que,num prazo curto, apare-lhos similares aos descri-tos por André Luiz, já es-tejam sendo dominados pe-la técnica especializada denossos dias.

Ao comentar que “amente é o espelho da vi-da”, Emmanuel destacaque “respiramos no mun-do das imagens que pro-jetamos e recebemos”.17

Vivemos num emaranha-do de energias eletromag-néticas de variadas grada-ções, emanadas pela men-te humana e por equipa-mentos criados pelo ho-mem. Os recursos tecno-lógicos de nossos dias co-meçam “a esbarrar”em re-gistros mentais/espirituais

e já manipulam algumas formasde ondas geradas por aparelhoscriados pelo homem. Até pode-mos dizer que a Tecnologia e osequipamentos se “espirituali-zam”, porque os arquivos são di-gitais – armazenados em peçasminúsculas e a distância –, e po-dem ser acessados a qualquermomento e em qualquer partedo mundo!

31Outubro 2011 • Reformador 338899

Portal da FEB

Page 32: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

Referências:1XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-

pírito André Luiz. 4. ed. esp. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 23.2______. Os mensageiros. Pelo Espírito

André Luiz. 2. ed. esp. 5. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2011. Cap. 18.3______. Missionários da luz. Pelo Espíri-

to André Luiz. 3. ed. esp. 3. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2012. Cap. 10.4______. Obreiros da vida eterna. Pelo

Espírito André Luiz. 2. ed. esp. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 10.5______. Ação e reação. Pelo Espírito

André Luiz. 2. ed. esp. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Cap. 8.6______. Nos domínios da mediunidade.

Pelo Espírito André Luiz. ed. esp. 4.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 2.7______. Evolução em dois mundos. Pelo

Espírito André Luiz. ed. esp. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. P. 2, cap. 19.8______. E a vida continua... Pelo Espírito

André Luiz. ed. esp. 3. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2010. Cap. 10.9______. ______. Cap. 6.10______. Nos domínios da mediunida-

de. Pelo Espírito André Luiz. ed. esp.

4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. 28. 11______. Ação e reação. Pelo Espírito

André Luiz. 2. ed. esp. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2010. Cap. 19.12Portal da FEB: <www.febnet.org.br>.13Página eletrônica: <www.edicei.com>.14Página eletrônica: <www.spiritisme.net>.15Página eletrônica: <www.tvcei.com>.16Disponível em: <www.febnet.org.br/ges

tao>.17XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.

Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 1, p. 11.

32 Reformador • Outubro 2011339900

Castro AlvesFonte: SANT’ANNA, Hernani T. Correio entre dois mundos. Diversos Espíritos. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 20-21.

Aos moçosJuventude espiritistaDo meu Brasil grande e forte,Faze luz no val da morte,Prepara a senda ao porvir! Abre caminhos segurosNos pauis da dor humana,Para a excelsa caravana Dos arautos que hão de vir!

Ó bendita precursoraDa nova era divina! Mensageira peregrinaDe sublimado arrebol!Na inspiração do Evangelho Move os braços, ergue a fronte,Até surgir no horizonteDo amor triunfante o sol!

Na guerra aos terrenos males,Não mais tropéis, clarinadas,Nem bandeiras desfraldadas,Nem sabres em mãos cruéis...Só corações generosos,Amor fraterno e fecundo,Pensando as chagas do mundo,Sem fanfarras, sem lauréis...

Nos átrios da Nova Idade,Nem Ciros, nem Bonapartes...Somente o brilho das artesE os louros do bem-fazer! Sem pompas de culto externo,Sem Cresos, sem barras d’ouro,Teremos o grão tesouroDa bondade e do dever.

Novos cristãos doutra estirpe,Não viveremos em pranto...Ergueremos nosso cantoDe bom ânimo e de fé! Jovens infantes do Cristo,Seguiremos, face erguida,Cantando a glória da vida E pelejando de pé!

Do Anjo Ismael fitamosO lábaro constelado,Para sempre desfraldado Aos ventos do céu de anil,A tremular, refulgente,Com as bênçãos do Cordeiro,Sob os clarões do Cruzeiro,No coração do Brasil!

Page 33: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

oda vez que fazemos algo,seja a realização de um ser-viço ou a geração de um

produto, procuramos executar damelhor forma possível. Sobretu-do, quando somos perfeccionistas.A busca pela perfeição é quase in-finita, e parece que nunca estamostotalmente satisfeitos com os re-sultados alcançados.

O perfeccionismo, longe de seruma qualidade positiva, podeser visto, sob determinado ângulo,como uma característica negativa.Geralmente, o perfil perfeccionistanunca está satisfeito com sua ação,principalmente com o que os ou-tros fazem. Por uma razão simples:não ficou do jeito que ele gostariaque ficasse. Daí a insistência em serefazer inúmeras vezes, sob os pa-radigmas já estabelecidos, espéciesde dogmas inquestionáveis.

Por trás do perfeccionismo po-de estar guardada uma série dequestões a serem trabalhadas comvistas à autoeducação espiritual doindivíduo. A centralização é umadelas: geralmente, o perfeccionistaé uma pessoa que costuma fazeras coisas a seu modo e apenas essejeito é o melhor, senão o único.Não costuma confiar na realizaçãodo serviço por outrem.

A desconfiança quanto à quali-dade de seu próprio trabalho e dolabor alheio também persegue e,simultaneamente, é alimentadapor esse comportamento, queparece nunca estar satisfeito.

A insegurança é outra marca re-gistrada desse perfil. O indivíduoestá sempre se questionando e per-guntando a terceiros sobre a tare-fa em andamento. Será que estábom, mesmo? Eu acho que aindanão está como eu gostaria. Que lheparece? E nunca consegue concluir...É uma insegurança enorme.

Certa vez, ouvi a expressão “per-feccionista conformado”, e ela seencaixou feito uma luva para mim,pois traduzia exatamente a ideiade que eu necessitava para enten-der o comportamento mais ade-quado de um perfeccionista.

Aprendi que, embora tenhamosas características de um sujeitoperfeccionista, sendo metódicos eorganizados, exigentes e teimosos,é necessário dar andamento aosprojetos, serviços, atribuições e atudo que esteja sob nossa responsa-bilidade, acreditando na viabilidadede aperfeiçoar os empreendimen-tos. Todavia, não devemos esperar

a perfeição suscetível à criatura,pois ainda estamos distantes dela,o que não nos impede de impri-mir qualidade aos nossos afazeres.

Quando lidamos como instru-mentos do estudo, da difusão e daprática do Espiritismo, sentimo--nos responsáveis pela obrigaçãode desenvolver a função compe-tentemente. É imprescindível bus-car fazer o melhor dentro de nos-sas possibilidades, não nos caben-do esperar que o resultado seja im-pecável. Sempre haverá o que apri-morar. A evolução é uma lei natu-ral. Não obstante, tenhamos a cons-ciência de nos dedicar com zelo edisciplina ao cumprimento de nos-sa tarefa, na certeza de que Jesussempre ampara os esforços dos co-laboradores de sua abençoada Sea-ra de consolação e esclarecimento.

Ao indagar o Espírito de Verda-de sobre o objetivo da encarnaçãodos Espíritos, Allan Kardec obtevea seguinte resposta, como ensinopara todos nós:

Deus lhes impõe a encarnação

com o fim de fazê-los chegar à

perfeição. Para uns, é expiação;

para outros, missão. Mas, para

alcançarem essa perfeição, têm

que sofrer todas as vicissitudes da

33Outubro 2011 • Reformador 339911

TGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Perfeccionistaconformado

Page 34: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

34 Reformador • Outubro 2011339922

existência corporal: nisso é que

está a expiação. Visa ainda outro

fim a encarnação: o de pôr o Es-

pírito em condições de suportar

a parte que lhe toca na obra da

criação. Para executá-la é que, em

cada mundo, toma o Espírito um

instrumento, de harmonia com a

matéria essencial desse mundo,

a fim de aí cumprir, daquele pon-

to de vista, as ordens de Deus.

É assim que, concorrendo para a

obra geral, ele próprio se adianta.1

A nossa caminhada rumo à per-feição relativa, a que estamos des-tinados pela vontade do Criador,é longa. Teremos muito tempo pelafrente, a depender de nossa vonta-de e desempenho. Para se atingiro grau de pureza, o estado de puroEspírito, uma encarnação apenas éinsuficiente. Foi o esclarecimentoque o Codificador assentou, sob acoordenação dos Espíritos superio-res, na obra basilar do Espiritismo:

[...] o que o homem julga per-

feito longe está da perfeição. Há

qualidades que lhe são desco-

nhecidas e incompreensíveis.

Poderá ser tão perfeito quanto

o comporte a sua natureza ter-

rena, mas isso não é a perfeição

absoluta. Dá-se com o Espírito

o que se verifica com a criança

que, por mais precoce que seja,

tem de passar pela juventude,

antes de chegar à idade da ma-

dureza; e também com o enfer-

mo que, para recobrar a saúde,

tem que passar pela convales-

cença. Demais, ao Espírito cum-

pre progredir em ciência e em

moral. Se somente se adiantou

num sentido, importa se adian-

te no outro, para atingir o extre-

mo superior da escala. Contudo,

quanto mais o homem se adian-

tar na sua vida atual, tanto me-

nos longas e penosas lhe serão

as provas que se seguirem.2

Observamos, assim, que o pro-gresso é gradativo, mas nunca dei-xa de ocorrer. Mesmo que o indi-víduo se utilize da liberdade para“estacionar” quase indefinidamen-te, chegará o momento em quenão terá como fugir à imperiosanecessidade de prosseguir na ca-minhada ascensional, por ser estaa única fatalidade prevista nas leisdivinas, acompanhada das virtu-des do amor e do bem.

Esta gradual progressão foi anun-ciada pelos benfeitores espirituais:

Todos [os Espíritos] têm que

percorrer os diferentes graus da

escala, para se aperfeiçoarem.

Deus, que é justo, não poderia

ter dado a uns a ciência sem

trabalho, destinando outros a só

a adquirirem com esforço.3

E o Codificador arremata emnota explicativa, a fim de que nãopaire qualquer dúvida:

É o que sucede entre os ho-

mens, onde ninguém chega ao

supremo grau de perfeição nu-

ma arte qualquer, sem que te-

nha adquirido os conhecimen-

tos necessários, praticando os

rudimentos dessa arte.

Estamos a caminho, em pleno“campo de batalha”, lutando, so-bretudo, para superar as imperfei-ções e conquistar as virtudes queainda nos faltam. Não desanime-mos ante as abençoadas provas docaminho, pois elas representamdesafios indispensáveis ao nossoconstante aperfeiçoamento.

Prezado leitor, a sensação domomento é a de que este textoainda não ficou bom. Poderia aper-feiçoá-lo, com certeza. Mas vou--me lembrar da lição do “perfeccio-nista conformado” que, com mui-to custo, estou tentando vivenciarpara a minha felicidade e alíviodaqueles que comigo convivem.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. Q. 132.2______. ______. Q. 192.3______. ______. Q. 561.

Retificando...No artigo “A mulher na concepção espírita”, de Christiano Torchi

(Reformador de setembro de 2011, p. 9, 2a coluna, nota de rodapé

n. 3), onde se lê “A mediunidade revela a mulher de verdade” leia-se

“A medicina revela a mulher de verdade”.

Page 35: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

35Outubro 2011 • Reformador 339933

empre veiculando a con-solação, a mediunidade doChico exerceu essa função

de forma intensa, quando trouxe,para algumas mães, mensagens deseus filhos e filhas que foram pre-maturamente levados para o ou-tro lado da vida, rompendo com oque, habitualmente, se espera nasdesencarnações familiares: que ospais antecipem aos filhos, seguindoà chamada “ordem natural das coi-sas”. Naquelas situações, a atuaçãodo médium mineiro foi de impor-

tância fundamental, não somen-te pelo amparo prestado àquelasmães angustiadas por notícias dosque partiram, mas por conta de suaimprescindível colaboração no tra-balho de difusão do Espiritismo.

Tudo isso nos faz lembrar outrocaso envolvendo o aspecto conso-lador da mediunidade, e que tevea médium Ana Rebello Prado co-mo instrumento para que a con-solação se desse. Do outro lado,estavam o comerciante e empresá-rio Frederico Fígner (1866-1947),

conhecido como Fred Fígner, esua família.

Fred Fígner nascera na Boêmia– região hoje correspondente àparte da República Tcheca. Filhode judeus, migrou para os EstadosUnidos, onde conheceu o fonógra-fo – precursor do toca-discos, doCD-PLAYER etc. –, inventado pe-lo norte-americano Thomas AlvaEdison (1847-1931). Fred não tevedúvidas, de posse de alguns apare-lhos e de cilindros de gravação, saiucomercializando-os pela América

SLI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

As diversas faces damediunidade consoladora

Da esquerda para a direita: 1) Srta. Antonina Prado (médium psicográfica); 2) Eurípedes Prado; 3) Sra. Prado (a médium); 4) Srta. Alice Prado; 5) Eratóstenes Prado

Foto

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Page 36: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

Latina, até chegar ao Brasil, esta-belecendo aqui domicílio definiti-vo. Logo, casou-se com a brasilei-ra Esther de F. Reys e fundou aCasa Edison – estabelecimento des-tinado à venda de equipamentosde som, máquinas de escrever eeletrodomésticos, tendo sido a pri-meira empresa a realizar gravaçõesmusicais no Brasil.

A história de Fred Fígner identi-fica-se não somente com a da mú-sica brasileira, mas também com ado Espiritismo, pois, logo o empre-sário vinculou-se à Federação Es-pírita Brasileira, exercendo tarefasna Assistência aos Necessitados.

A mudança dramática na vidada família Fígner, que os levariaa encontrar-se com a mediuni-dade de Ana Prado, deu-se quan-do sua filha Rachel desencarnou,prematuramente, em março de1920. A partida da jovem pertur-bou a ordem familiar de tal for-ma que obrigou Fred a buscar al-guma alternativa, particularmen-te, para atender à angústia de suaesposa.

Nessa época, a capacidade me-diúnica de materialização de Es-píritos de Ana Prado já havia setornado conhecida, nacional e in-ternacionalmente. Diante da pos-sibilidade de rever sua filha, Fredembarcou com a família para Be-lém, capital do Pará, buscando aconsolação por meio da materia-lização espiritual de sua filha. Po-rém a distância pregou-lhes umapeça, pois a médium havia se mu-dado para Parintins, no Amazo-nas. Auxiliados pelos espíritas be-lenenses, contatou-se a família

Prado, que retornou a Belém, pre-dispondo-se a auxiliar os Fígner.

Graças aos recursos da mé-dium Ana Prado, e transcorridasalgumas sessões, em 4 de maio de1921, o Espírito Rachel propiciouuma materialização tão clara quefindou por convencer a todos ospresentes. Dois dias depois, quan-do os Fígner se preparavam pararetornar ao Rio de Janeiro, foi pos-sível beijar as mãos da Rachel ma-terializada. Mais uma vez a me-diunidade se evidenciava comoum instrumento capaz de pacifi-car os corações atormentados pelaangustiosa saudade.

A história desses encontrostransformou-se em um dos maisimportantes registros sobre a me-

diunidade voltada para mitigar ador alheia. Os relatos sobre essesencontros foram regiamente do-cumentados, figurando no livroO Trabalho dos Mortos (O Livro doJoão), Ed. FEB, escrito por Noguei-ra de Faria, um dos participantesdaqueles memoráveis encontros.

Referências:FARIA, Nogueira de. O trabalho dos mor-

tos: (O livro do João). 6. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2002.

LOUREIRO, Carlos Bernardo. As mulheres

médiuns. 3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2008. Médiuns para vozes diretas,

Ana Prado, p. 255-264.

WANTUIL, Zêus. (Organizador.) Grandes

espíritas do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2002. Frederico Fígner.

36 Reformador • Outubro 2011339944

Palavras de caridade

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. Diversos Espíritos. 4. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Cap. 35.

Auta de Souza

O apoio... A simpatia... Uma oração apenas,Carregada de fé na Bondade Divina...A bênção do sorriso... A página que ensinaA vencer o amargor das lágrimas terrenas...

O minuto de paz... O auxílio que armazenas,Na supressão do mal, ao trabalho em surdina...O bilhete fraterno... Uma flor pequenina...O socorro... A brandura... As palavras serenas...

A esmola... A roupa usada... O copo de água fria...O pão... O entendimento... Um raio de alegria...Um fio de esperança... A atitude sincera...

Da migalha mais pobre à dádiva mais rica,Tudo aquilo que dás a vida multiplicaNos tesouros de amor da glória que te espera!...

Page 37: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

37Outubro 2011 • Reformador 339955

ada informamos aos leito-res sobre esse fato, que jánão o saibam através da

imprensa. O que é de admirar éque certos jornais, que geralmentepassam por bem informados, otenham posto em dúvida. A dúvi-da não nos surpreende, mas o fatoem si mesmo parece tão estranhoao tempo em que vivemos, está detal modo longe de nossos costu-mes que, por maior cegueira re-conheçamos no fanatismo, pen-samos sonhar ao ouvir dizer queas fogueiras da Inquisição aindase acendem em 1861, às portas daFrança. [...]

[...]Eis o relato que nos foi dirigido

pessoalmente:“Hoje, nove de outubro de mil

oitocentos e sessenta e um, às dezhoras e meia da manhã, na espla-nada da cidade de Barcelona, lu-gar onde são executados os crimi-nosos condenados ao último su-plício, e por ordem do bispo destacidade, foram queimados trezen-tos volumes e brochuras sobre oEspiritismo, a saber:

“A Revista Espírita, diretorAllan Kardec;

“A Revista Espiritualista, dire-tor Piérard;

“O Livro dos Espíritos, porAllan Kardec;

“O Livro dos Médiuns, pelomesmo;

“O que é o Espiritismo, pelomesmo;

“Fragmentos de sonata di-tada pelo Espírito Mozart;

“Carta de um católico sobreo Espiritismo, pelo Dr. Grand;

“A História de Joana d’Arc,ditada por ela mesma à Srta.Ermance Dufau;1

“A realidade dos Espíritos de-monstrada pela escrita direta,pelo Barão de Guldenstubbé.

“Assistiram ao auto-de-fé:“Um sacerdote com os há-

bitos sacerdotais, empunhan-do a cruz numa mão e umatocha na outra;

“Um escrivão encarregado deredigir a ata do auto-de-fé;

“Um ajudante do escrivão;“Um empregado superior da

administração das alfândegas;“Três serventes da alfândega,

encarregados de alimentar o fogo;“Um agente da alfândega re-

presentando o proprietário dasobras condenadas pelo bispo.

“Uma multidão incalculávelenchia as calçadas e cobria aimensa esplanada onde se erguiaa fogueira.

“Quando o fogo consumiu ostrezentos volumes ou brochurasespíritas, o sacerdote e seus aju-dantes se retiraram, cobertos pe-las vaias e maldições de numero-sos assistentes, que gritavam: Abai-xo a Inquisição!

“Em seguida, várias pessoas seaproximaram da fogueira e reco-lheram as suas cinzas.”

Fonte: KARDEC, Allan. Resquícios da ida-

de média. Auto-de-fé das obras espíritas

em Barcelona. In: Revista espírita: jornal

de estudos psicológicos, ano 4, p. 465-

-470, nov. 1861. Trad. Evandro Noleto

Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. (Transcrição parcial.)

N

Sesquicentenário do

Auto-de-fé em Barcelona

1N. do T.: Dufau, no original. O correto éDufaux (Ermance Dufaux).

Ilust

raçã

o re

tirad

a do

liv

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Kard

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Fran

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o Th

iese

n, E

d. F

EB

Page 38: Retorno à Pátria Espiritual – Zêus Wantuil

odos os dias a Medicina,cada vez mais especializa-da, salva vidas

com os transplan-tes e medica-mentos de úl-tima gera-ção. Agoramesmo,

em todo o mundo, médicos dealto gabarito lutam para salvar vi-

das de recém-nascidos, nasUTIs. Gastam-se verda-

deiras fortunas em pes-quisas, estudos e equi-pamentos novos. Porque, então, a socieda-de não se sensibiliza,do mesmo modo, pe-los milhares de peque-

nos seres mortos antesde nascer, pelo aborto

criminoso?O tema voltou forte-

mente este ano com proje-tos que preveem a descri-minação do aborto. Porisso, nos arriscamos a lan-çar um apelo aos compa-nheiros: precisamos nos

informar mais para firmar-mos as nossas posições e

assentarmos a nossa opinião –quando questionados sobre o te-ma – em argumentos sólidos. Te-mos uma verdadeira preciosida-de em nossas mãos, o livro O quedizem os Espíritos sobre o Aborto,editado pela Federação EspíritaBrasileira (FEB). Ao folheá-lo,pela primeira vez, é impossívelnão pensar: “Por que não o des-cobri antes?”. É, realmente, umapena... Triste vê-lo ainda na pri-meira edição.

Não nos cabe, aqui, fazer umaresenha desse excelente compên-dio de tudo o que há de mais re-levante sobre o tema. Em suaspáginas, estão registradas as abor-dagens das obras básicas do Es-piritismo; os exemplos, chocan-tes, das obras subsidiárias de An-dré Luiz, Manoel Philomeno deMiranda e outros; sem falar emreprodução de artigos publica-dos nesta respeitável revista, alémde reportagens e estatísticas. Há,como sabemos, inúmeras outrasobras sobre este tema, produzi-das por editoras espíritas igual-

T

“O bem é tudo quanto estimula a vida, produz para a vida,respeita e dignifica a vida.”1

GU I L H E R M E SC A R A N C E

Eles tambémquerem viver

1FRANCO, Divaldo P. Lampa-dário espírita. Pelo EspíritoJoanna de Ângelis. 8. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB,2005. Cap. 34, p. 144.

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mente respeitáveis. Essa, porém,é imprescindível, sem deméritodas demais, tanto pelo conteú-do, pela organização, como pelasreferências bibliográficas. Vamoslê-la!

Não julguemos ninguém nes-te momento, quando tantos sesubmetem a esta prática abomi-nável. “O mal é a consequênciada imperfeição humana”,2 ensi-nou Léon Denis, mas todos co-lhem as consequências... Não es-tamos, de certa forma, quitan-do débitos na Terra? Não impor-ta julgar, mas corrigir o passadoinstruindo e praticando o bem.Não tenhamos dúvida de que es-te é um livro que pode salvar mui-tas vidas, se lido por quem passapor uma gravidez “indesejada”.Impossível não se emocionarante os relatos do plano espiri-tual. Os dramas, as obsessões, ossofrimentos e torturas morais dospais. E o filho, como problema,seria o resgate de tantos outrosequívocos...

Vem da própria Codificação oalerta de que os maus e equivoca-dos não têm medo de se expor e,enquanto os bons não se posicio-narem, o erro continuará a vigo-rar. Caso vençam os defensores dainterrupção da gravidez, os débi-tos coletivos serão grandes e nóspodemos desde já prever sofri-mentos atrozes. Portanto, nos in-formemos para opinar melhor,sem preconceitos nem julgamen-tos, mas com argumentos capazes

de, ao menos, levar a sociedadea refletir mais. Deus não arranca ovéu de quem quer se manter nacegueira moral, nem os Espíritossuperiores: logo, não seremos nósa agredir quem quer que seja. Masinstruamos, com amor, na medidado possível.

Como habitaremos um plane-ta de regeneração, se o aborto forconsiderado corriqueiro e acei-tável? O mundo vê a morte demães nas clínicas clandestinas emuitos clamam pela legalizaçãoda prática, para evitar mais óbi-

tos, mas essa é apenas parte da ver-dade. Se há um problema de saú-de pública, existe igualmente, aser considerada, a defesa dosque ainda não sabem se protegersozinhos. Eles também queremviver. Por isso, saibamos nos po-sicionar. Vamos estudar e divul-gar esta preciosidade da FEB pa-ra que, aos poucos, as suas se-mentes se espalhem, contribuin-do decisivamente para afastar asameaças atuais a fim de que, en-fim, possamos todos viver em paz,como irmãos.

39Outubro 2011 • Reformador 339977

Desencarnou no Rio de Janei-ro, na madrugada de 1o de se-tembro, aos 86 anos, o confradeZêus Wantuil.

Nascido em berço espírita,filho do ex-presidente da FEB,Antônio Wantuil de Freitas, nos-so querido irmão dedicou, assimcomo o pai, toda a sua vida àCasa de Ismael, e deixou obrasfecundas em diferentes setoresde sua atividade, notabilizando--se, principalmente, por suas pes-quisas em torno da história doEspiritismo, no Brasil e no Ex-terior. A esta obra nos referire-mos com detalhes na biografia aser publicada em próximo nú-mero de Reformador.

Ao velório, ocorrido na Ca-pela 3 do Cemitério da OrdemTerceira da Penitência, no bair-ro carioca do Caju, comparece-ram parentes, amigos, diretorese funcionários da FEB, em no-me da qual se pronunciaram osdiretores Ilcio Bianchi e Affon-so Soares, cabendo a este últi-mo proferir a prece que prece-deu o sepultamento no Cemité-rio do Caju.

Ao caríssimo irmão Zêus en-viamos nosso pensamento deafeto, rogando a Jesus que ocubra com suas bênçãos nas re-giões espirituais onde prosse-guirá nos serviços em prol dacausa do Consolador.

Zêus Wantuil

Retorno à Pátria Espiritual

2DENIS, Léon. O grande enigma. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 9, p. 108.

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No período de 1o a 11 de setem-bro, mais de 670 mil pessoas pas-saram pelo Riocentro, visitandoos três pavilhões da XV Bienal doLivro do Rio de Janeiro, conside-rada a maior feira literária do País.

A Federação Espírita Brasileiraparticipou mais uma vez da Bienal,ocupando um espaço de 300m2,muito bem dividido, proporcio-nando ampla visibilidade dos títu-los e conforto aos seus visitantes.

Destaques na Bienal

Logo após a Abertura da Bie-nal, no momento em que a presi-dente Dilma Rousseff passava emfrente ao estande, o presidente daFEB, Nestor João Masotti, presen-teou-a com o livro Brasil, Coraçãodo Mundo, Pátria do Evangelho,

ditado pelo EspíritoHumberto deCampos epsicogra-fado porC h i c oXavier.

O dia7 de se-tembro,f e r i a d oda Inde-pendênc i ado Brasil, desta-cou-se pela quan-tidade de pessoasque estiveram noRiocentro. Nessedia, compareceram ao nosso es-tande Divaldo Pereira Franco eJosé Raul Teixeira que, juntos, au-tografaram mais de 1.200 títulos.

Lançamentos eautógrafos

Este ano a FEB Edi-tora lançou Gotas deOtimismo e Paz, deLucy Dias Ramos, AParábola do Bom Sa-maritano, de DaniellaPriolli, O Pica-Pau e a

Coruja, de Tieloy, eRespiga de Luz, de

João J. Mouti-nho. Estive-

ram pre-sentes, au-tografan-do suasobras econquis-

tando opúblico com

o seu carisma,Adeilson Salles(11 títulos, du-rante todo o pe-ríodo do Evento),Daniella Priolli (A

Parábola do Bom Samaritano, O Fi-lho Pródigo e Meu Avô Desencarnou),e Etna Lacerda (Os dois Franciscos).

Espaço infantil

A FEB inovou o seu espaço in-fantil, apresentando o Sapo Eleo-tério, personagem que ilustra OMaior Brejo do Mundo, livro deAdeilson Salles. O jornal O Globo,de 11 de setembro, em seu CadernoO Globo-Barra, deu destaque parao Sapo Eleotério na notícia “A tro-pa que opera nos bastidores”, p. 26.

A FEB na XV Bienaldo Livro do Rio de Janeiro

O presidente da FEB, NestorJoão Masotti, e a presidente

Dilma Rousseff

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Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira nasessão de autógrafos

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41Outubro 2011 • Reformador 339999

A Onça-Pintada, do livro O Segre-do da Onça-Pintada, também da-quele mesmo autor, foi companhei-ra de brincadeiras do Sapo Eleo-tério, para a alegria da criançada.

Concurso de poesias, distribui-ção de brindes, contação de histó-rias, oficinas, pinturas, entre outrasatividades, fizeram parte do en-tretenimento no espaço infantil.

Reformador na Bienal

Nessa Bienal a FEB ofereceu,além da assinatura impressa, a

Assinatura Digital da nossa revis-ta. Com essa novidade foram rea-lizadas mais de 200 assinaturas.

Novidade na Bienal

A Editora do Conselho Espí-rita Internacional (EDICEI) te-ve participação no estande daFEB, divulgando os seus maisde 100 eBooks (livros digitaliza-dos), disponíveis nas principaislojas virtuais, e também o seuCatálogo com obras em outrosidiomas.

Sucesso de venda

Numa ação inédita, a FEB Edi-tora lança no mercado editorial aAgenda 2012, emc o m e m o r a ç ã odos 70 anos doemocionante ro-mance Paulo eEstêvão – dita-do pelo Espí-rito Emma-nuel e psico-grafado por ChicoXavier –, que nessa Bienal ga-nhou destaque de venda. Este anoa FEB Editora levou ao públicoseus mais de 600 títulos. Ao todoforam vendidos mais de 22 millivros.

Todo o sucesso alcançado na-queles dez dias, com entreteni-mento, autógrafos, atividades in-fantis e muita literatura espírita,deve-se, em parte, ao esforço deuma equipe que teve como objeti-vo principal divulgar a DoutrinaEspírita.

Estande da FEB

O Sapo Eleotério e a Onça-Pintada no espaço infantil

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42 Reformador • Outubro 2011440000

CEI: Comissão Executiva define CongressoMundial

Realizou-se em Miami (EUA) a reunião da ComissãoExecutiva do Conselho Espírita Internacional nosdias 19, 20 e 21 de agosto, oportunidade em que fo-ram analisadas várias ações para a difusão do Espiri-tismo. Foi definido que o 7o Congresso Espírita Mun-dial será realizado em Havana (Cuba), de 23 a 25 demarço de 2013, tendo como tema central: “A Educa-ção Espiritual e a Caridade na Construção de umMundo de Paz. 150 anos de O Evangelho segundo oEspiritismo”. A reunião foi dirigida pelo secretário--geral do CEI, Nestor João Masotti. Na oportunida-de, também ocorreram palestras dos diretores doCEI Charles Kempf e Antonio Cesar Perri deCarvalho, na região de Miami. Informações: <[email protected]>.

FEB: Sesquicentenário de O Livro dosMédiuns

A FEB promoveu em sua sede, em Brasília, uma sériede atividades, contando com atuação de Suely CaldasSchubert, nos dias 26, 27 e 28 de agosto. Ocorrerampalestras sobre O Livro dos Espíritos, os 150 anos deO Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiri-tismo e encontro com coordenadores de reuniõesmediúnicas. Informações: <www.febnet.org.br>.

Maranhão: Congresso EspíritaA Federação Espírita do Estado do Maranhão reali-zou, de 23 a 25 de setembro, o 2o Congresso Espíritado Estado. Ocorreram palestras por Alberto Almei-da, Divaldo Pereira Franco, Marcel Mariano, JoséRaul Teixeira e Suely Caldas Schubert. Realizadono Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, nacidade de São Luís, fez parte das comemorações dos“150 anos de O Livro dos Médiuns” que ocorrem du-rante o ano. Informações: <www.femar.org.br>.

Rio de Janeiro: Encontro de Mocidades Espíritas

Nos dias 17 e 18 de setembro foi realizado o 22o

Encontro de Mocidades Espíritas de Santa Cruz como tema “Quem sabe pode muito, quem ama podemais”. Contando com apoio do Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro (CEERJ), teve como princi-pal objetivo promover o estudo da Doutrina, a con-fraternização e a unificação dos jovens espíritas.Informações: <www.ceerj.org.br>.

Tocantins: Congresso EspíritaO 2o Congresso Espírita do Estado do Tocantins foirealizado durante os dias 16, 17 e 18 de setembrona Associação Tocantinense dos Municípios (ATM) nacidade de Palmas. O evento, sobre o tema “Mediuni-dade e Evolução”, promovido e realizado pela Fede-ração Espírita do Estado do Tocantins, contou comatuação de José Raul Teixeira e Suely Caldas Schubert.Informações: <www.congresso.feetins.org.br>.

Ceará: Oficinas para facilitadores do ESDEA Coordenação do ESDE da Federação Espírita doEstado do Ceará realizou, no dia 4 de setembro, múl-tiplas oficinas voltadas a facilitadores do ESDE, no-vatos e veteranos. As oficinas oferecidas, com dura-ção até 50 minutos, contaram com aulas práticasao público participante. Informações: <www.feec.org.br>.

Pernambuco: Mostra EspíritaA Federação Espírita Pernambucana promoveu nosdias 9, 10 e 11 de setembro, no Centro de Conven-ções de Pernambuco, a Mostra Espírita 2011, ho-menageando os “150 anos de O Livro dos Médiuns”.“Mediunidade Ponte de Intercâmbio com osImortais” foi o tema dos palestrantes: AdrianaMoura, Alberto Almeida, Alisson Guedes, Frederi-co Menezes, Karla Júlia Marcelino, Marcelo Mota,Nazareno Feitosa, Sérgio Ramos, Wagner Gomesda Paixão, e os diretores da FEB Marta Antunes deMoura e Antonio Cesar Perri de Carvalho. O even-to contou também com a participação especial deNando Cordel. Informações: <www.federacaoespiritape.org>.

Seara Espírita

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