resumos de psicologia do desenvolvimento...
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Resumos de Psicologia do Desenvolvimento II
Conceitos gerais do desenvolvimento
Desenvolvimento
Mudanças qualitativas: Mudanças estruturais (Piaget). Ex: Passar do gatinhar ao andar.
Mudanças quantitativas: Ex. Falar melhor e com vocabulário mais complexo.
Desenvolvimento Cognitivo
Estas estruturas lógicas passam por várias fases, ocorrem mudanças qualitativas até
conseguirmos pensar o mundo do ponto de vista lógico.
Piaget não quer saber nada do:
Questões principais
Mas sim, como é que eu conheço o mundo de um ponto de vista lógico.
Maturação: Para Piaget, a maturação está relacionada com o desenvolvimento
(embriogénese). Através da maturação que vai sofrendo ao nível do Sistema Nervoso, do
próprio corpo, etc., o sujeito vai-se desenvolvendo.
Totalidade: O desenvolvimento, para Piaget, é total, não se dá numa só estrutura num
determinado momento e ocorre de dentro para fora. Esta totalidade pressupõe uma
sequência, isto é, o passado tem influência no presente. Nenhuma criança passa de um estádio
para outro sem que o primeiro esteja bem consolidado.
Exercício e experiência adquirida: Agir sobre o meio à sua volta. A criança não se
limita a explorar o mundo e a forma como este funciona, mas constrói activamente uma
realidade com base nas suas experiências sobre o meio. O desenvolvimento cognitivo resulta
desta construção activa da realidade.
Papel da experiência:
Experiência Física: Permite-me agir directamente sobre o objecto e sou capaz de me
“apoderar” dele e de o representar mentalmente.
Experiência Lógico-Matemática: Já se centra nas acções que podem modificar o
objecto. Aqui, eu pondero que acção posso ter sobre aquele objecto. É mais abstracta, quais as
possibilidades que existem para explorar aquele objecto.
a
(O que se sabe) (Como se faz) (A cognição sobre a cognição)
Qual dos dois conhecimentos e mais desenvolvido? E no lógico-matemático, pois são
dimensões intrínsecas em todas as acções, são também dimensões intrínsecas à maioria das
suas actividades cognitivas, actividades estas que consistem por exemplo em, classificações,
seriações, quantificações, correspondências, inclusões, etc.
Interacção e transmissão social: Aparece associada em primeiro lugar à educação:
interfere no desenvolvimento. Por outro lado, aparece associada à linguagem. Mas, mais uma
vez, isto não explica totalmente o desenvolvimento.
Estas interacções criam situações de conflito pois pode não existir consenso numa
conversa.
Equilibração: (processo activo e de auto-regulação): A equilibração é o factor de
desenvolvimento piagetiano por excelência. Do ponto de vista cognitivo estamos em equilíbrio
mas por alguma razão, entramos em conflito, ou seja, a forma como percebia determinada
realidade deixa de fazer sentido e gera-se um conflito cognitivo, depois a criança vai
desenvolver esse conflito cognitivo, procurando uma nova solução para o problema. Na
procura de um novo equilíbrio a criança constrói um novo esquema cognitivo mais avançado
(equilibração majorante), sendo que existe uma motivação interna para o desenvolvimento de
novas estruturas. A equilibração só se chama majorante se se formar um esquema cognitivo
mais avançado, para isso a criança tem que interpretar, para conseguir criar esquemas
cognitivos mais avançados (não se pode fazer isto apenas por condicionamento, é preciso
construir a lógica para conseguir interpretar e construir esse novo esquema).
Assimilação: A incorporação de conhecimento nas estruturas pré-existentes.
Acomodação: A adaptação das estruturas pré-existentes ao nosso conhecimento.
Portanto, o conhecimento anterior não desaparece com o novo. É esta adaptação por
parte da criança que leva a que se atinja esse equilíbrio superior: o equilíbrio majorante.
Preciso de uma âncora para o novo conhecimento que adquiro, mas essa âncora anterior não
desaparece, é apenas ajustada, acomodada.
Quatro grandes formas que podemos caracterizar:
Piaget não explica como as estruturas cognitivas funcionam num dado contexto.
Piaget estudou mais o sujeito epistémico que o sujeito psicológico.
(Como é que o ser humano ao longo da ontogénese conhece o mundo?)
Evolui assim, mas em cada estádio passa por um nível de preparação e, mais tarde de acabamento.
Sujeito epistémico: caracterizado como teórico, abstracto, é o modo como o indivíduo
vai construir conhecimento do mundo ao longo do seu desenvolvimento.
Sujeito psicológico: Sujeito real com capacidades cognitivas mas também é
influenciado por outras variáveis.
Sucessão invariante para todos ao longo do tempo: Apenas o ritmo pode variar.
Carácter integrador: O estádio seguinte integra/incorpora o anterior, há expensão
para níveis mais elevados de funcionamento cognitivo (vai no sentido de maior equilíbrio e
mobilidade).
Estrutura de conjunto: Estruturas formais descritivas. Os esquemas lógicos de cada
um dos níveis tem uma lógica interna que se define numa estrutura formal, a estrutura do
conjunto.
Nível de preparação e acabamento: Formação ou génese das estruturas e formas de
equilíbrio finais.
Desfasamentos horizontais: (Dentro do mesmo estádio) Ex. A criança já é operatória
concreta numas mas não em outras.
Desfasamentos verticais: (Estádios diferentes). O mesmo esquema vai ser construído
a níveis mais elevados, mais complexos.
Estruturalista: O conhecimento é sempre organizado. As estruturas têm uma lógica
interna.
Desenvolvimentista: Nenhum conhecimento começa ex abrupto (por geração
espontânea)
Construtivista: Conhecer é agir sobre a realidade.
Estádio Idade Conceitos base O que muda
I
Exercício dos reflexos
O
– 1
M Adualismo inicial: os bebes não
se distinguem do meio Reflexos: Base do
desenvolvimento cognitivo
Reflexos
Esquemas práticos
II As primeiras adaptações
adquiridas: reacções circulares mamárias
1M
– 4
M
Repetição das acções origina: - As primeiras adaptações realmente adquiridas;
- Os primeiros hábitos alimentares. Reacção circular primária: - Circular: Comportamentos que se repetem. - Primária: Comportamentos que exercem sobre o próprio corpo.
Condutos francamente aprendidas, já não faz sentido pensar em programação biológica mas sim em assimilação e acomodação psicológica
Estádios I e II Comportamentos pré-inteligentes
Sem intencionalidade Sem diferenciação entre meios e fins
Estádio Idade Conceitos base Inteligência Novidade cognitiva
III Adaptações sensório-motoras intencionais: reacções circulares secundárias
4M
– 8
M
Reacções circulares secundárias: Circular- Comportamentos que se repetem; Secundária: Exercem-se sobre o meio exterior (objectos que povoam o contexto em que o bebé vive.
Comportamentos tendencialmente inteligentes: - Manifestam já intencionalidade - Coordenação de meios (movimentos de flexão e extensão das pernas) para atingir certos fins (reproduzir espectáculo interessante) - Início furtuito
Aplicação de esquemas ao meio exterior; perpetua acontecimentos externos interessantes. Emerge a intencionalidade.
Estádio IV Coordenação dos esquemas secundários e aplicação a situações novas
8M
– 1
2M
Comportamentos inteligentes: - Manifesta intencionalidade; - Procura atingir fim fixado para si, não a repetição de algo que era interessante; - Clara distinção entre meios e fins.
Aplicação de esquemas secundários a situações novas.
Estádio Idade Conceitos base Esquemas
V Descoberta de novos meios por experimentação activa/ reacções circulares terciárias
12
M –
18
M
Reacções circulares terciárias: Circular: Comportamentos que se repete. Terciária: Variações nas repetições para ver o que daí resulta. Criança é um pequeno cientista. Estádio de experimentação activa.
Condutas típicas deste estágio: Conduta do suporte; Conduta do cordel; Conduta do bastão
VI Invenção de novos meios por combinação mental
18
/24
M –
30
M
Prevê o resultado de uma acção motora antes de a executar. Executa em termos mentais ou representativos o que já fazia antes em termos motores. Representação ou pensamento. Transição para estádio pré-operatório.
Capaz de chegar a novos esquemas cognitivos não por experimentação mas por descoberta súbita, ou seja, por invenção mental ou insight. As invenções já não se efectuam de modo prático, mas de forma mental.
Estádio Idade Conceito Explicação
I e II
0 –
4M
Nenhum comportamento especial face ao objecto. Não há permanência do objecto.
Quando desaparece, aniquilam em vez de mudarem de posição e continuarem a existir.
III
4M
-8M
Início da permanência Deixa procurar um objecto que desaparece totalmente do seu campo visual; Procura um objecto que tem uma parte visível; reconstituição de um todo (invisível) a partir de uma parte visível.
IV
8M
-12
M Procura activa dos
objectos desaparecidos Bebé procura activamente o objecto desaparecido; Não acompanha deslocamentos visíveis; Erro A não B.
V
12
M-1
8M
Toma em conta os deslocamentos visíveis
Tem em conta dos deslocamentos sucessivos percebidos no campo visual; procura o objecto na posição que resulta do último deslocamento visível.
VI
18
/20
M –
24
/30
M Toma em conta dos
deslocamentos invisíveis Procura objecto desaparecido mesmo quando este sofre diversos deslocamentos invisíveis.
Sistema de transformações que coordena diversas operações, segundo quatro
propriedades lógicas:
• Composição - O bebé compõe o deslocamento, somando movimentos: A + B + C, etc.
Para ele explorar precisa desta ideia, não consegue planear acções sem as concretizar. No
entanto, não são ainda operações, é o nascer da actividade operatória. O bebé soma
esquemas. Isto acontece porque o bebé não tem flexibilidade: ou concretiza ou não existe.
Operação directa: deslocamento de A para B, pode ser composta com deslocamento de B para
C. Uma operação inversa: A para B corresponde a um retorno de B para A. Em composição,
estas operações anulam-se.
• Reversibilidade - O bebé não a consegue antecipar, adquire-a através da prática.
• Identidade - Uma operação idêntica ou nula, a criança não se mexe. Quer prolongar
a acção, assimilar esquemas e ficar naquele sítio. Não aprende nada novo, lida com o “zero”
• Associatividade - A criança desloca-se de um ponto para o outro, mas nem sempre
pelo mesmo caminho, varia.
Começo da interiorização dos esquemas e solução de alguns problemas com paragem da acção
e compreensão da busca. Generalização do grupo prático dos deslocamentos com
incorporação, no sistema, de alguns deslocamentos não perceptíveis.
Este estádio é denominado de pré-inteligente, visto que é desprovido de qualquer tipo
de pensamento ou representação. É aqui que a inteligência se começa a formar. Piaget
considera-o um dos estádios mais importantes, já que, se eu não tiver as bases que me
permitam desenvolver, a inteligência não se desenvolverá correctamente.
É um estádio muito prático.
Outra razão da importância deste estádio é o facto do que aqui se desenvolve, serve
de base para futuros estádios. Contribui para se alcançar o equilíbrio majorante: esse
equilíbrio superior. Quando adquiro algo novo, o que já existe não desaparece, apenas se
ajusta.
É no sensório-motor que nasce o pensamento e o raciocínio.
Ausência do pensamento ou representação.
Ausência de linguagem e conceitos.
Ausência de função simbólica.
Ausência do passado e do futuro.
Ausência de distinção entre objectos estáveis e acontecimentos transitórios.
Indiferenciação entre o “eu” e o “não eu”.
É um estádio de ausências, apesar de também aparecerem coisas importantes.
Não é muito consensual como se desenvolve a criança, se de dentro para fora ou o
inverso, já que Piaget e Vygotsky têm perspectivas distintas. Ao pensamento é dada uma maior
importância, a linguagem aparece posteriormente. Isto é um exemplo da perspectiva
Piagetiana: o desenvolvimento processa-se do interior (pensamento) para o exterior
(linguagem). Em Vygotsky é o oposto, a linguagem assume uma posição de destaque (aspecto
exterior); as palavras e significados estão no exterior e depois são apreendidas, ou seja, o
desenvolvimento processa-se do exterior para o interior. (Ausência de linguagem e conceitos).
A função simbólica está estreitamente relacionada com a representação e relação dos
objectos. Se não fossem as mudanças que ocorrem nesta fase, não seria possível mais tarde o
desenvolvimento desta função simbólica.
Actividade lúdica é essencial para o desenvolvimento e assume especial importância
nesta fase, visto que este estádio é muito prático.
Não há desenvolvimento para além do espaço onde o bebé está, segundo ele próprio.
O bebé “fecha-se” e centra-se nesse meio. O espaço e os objectos dependem apenas do
presente. (Ausência do passado e do futuro).
O bebé vai construindo a sua identidade à medida que constrói o objecto, sente essa
necessidade. Esta indiferenciação acompanha o bebé até ao final deste estádio, onde aí se
distingue completamente dos objectos. É um processo gradual e lento. Nessa altura, a criança
tem um espaço próprio independente do espaço do objecto. (Indiferenciação entre o “eu” e o
“não eu”).
Presença do objecto: Se não está presente fisicamente, “não existe”.
Percepção: É neste estádio que tem mais importância. Após isso, ela (a importância)
diminui porque já não estou tão dependente da presença física dos objectos.
Resolução de tarefas: O bebé vai conseguir arranjar formas de atingir os seus fins. Aqui
já há uma intenção, marca uma passagem do pré-inteligente para o inteligente, em
termos de actos.
Através da interacção física com o meio, a criança constrói um conjunto de estruturas
sensório-motoras, espácio-temporais e de causalidade, que constitui o grupo prático de
deslocamentos (inteligência sem representação nem conceitos) – lógica de acção.
Esquemas inatos – actividade reflexa. Actos pré-inteligentes. É através deles que a criança
chega ao conhecimento. A criança vai assimilá-los e são a base para a resolução de tarefas. Ex:
preensão, sucção.
(2 a 7 anos)
Principais características:
Estádio com representações muito baseadas na percepção, contudo já tem
pensamento (acções mentais), enfase nos aspectos perceptivos
1) Egocentrismo intelectual
Indiferenciação perspectiva do próprio e
do outro
Ex. Prova das 3 montanhas
2) Ausência de categorias lógicas
O mundo não se distribui em categorias lógicas gerais mas em elementos particulares,
individuais baseados na experiência pessoal;
Raciocínio pré-conceptual (pré-conceitos)
Ex. Prova das classificações
3) Centração
4) Ausência de reversibilidade do
pensamento – acções mentais, não operatório
Representações baseadas em configurações estáticas
(próximas da percepção); Triunfo da afirmação sobre a negação (percepção sobre a
inferência ou construção)
Ausência de reversibilidade
Ausência de reversibilidade
1ª fase: Pensamento simbólico
(2- 5 anos) Egocentrismo intelectual
Animismo: Tendência para perceber objectos como seres vivos (sentimentos e intenções). Artificialismo: Tudo é resultado da acção construtora do homem; Finalismo: Tudo tem uma função e uma finalidade que justifica a sua existência; não existe a possibilidade de acaso na natureza.
2ª fase: Pensamento intuitivo (5/6 – 7 anos)
Declínio do egocentrismo intelectual Criança atinge maior generalidade; intuição articulada; início de reversibilidade. Ainda domínio dos aspectos figurativos do pensamento em detrimento dos operativos. Ex. prova e afirmação/negação
Conservação de
quantidades contínuas
Conservação do
comprimento
Conservação
de quantidades numéricas
Conservaçõe
s
Seriações
Classificações
Operações concretas:
Operações: acções interiorizadas, reversíveis
Concretas: Embora executadas a um nível interno ou mental, aplicam-se a conteúdos
concretos.
Descentração: A criança já consegue entender vários pontos de vista e dimensões.
.
Perspectivismo:
Reversibilidade:
Coordenação entre afirmações e negações:
A criança tem que inferir, tem que construir.
A criança já coordena estes dois tipo:
- Afirmação (o que lhe é dado directamente)
- Negação (o que ela infere, constrói)
Prova de afirmação-negação:
Quantas moedas eu tenho a mais:
+1 – pré-operatória
+2 – operatória concreta
Subordinação de configurações relativamente às transformações: Presa mais nas
transformações do que nas configurações.
Distinção entre transformações relevantes e irrelevantes:
Adolescência (11/12 anos)
Liberta-se dos constragimentos7limitações do pensamento concreto – vão poder
operar sobre conteúdos abstractos ou formais, estas estruturas são as mais avançadas.
O pináculo do desenvolvimento cognitivo está assim na adolescência (no final), onde
todos os enriquecimentos ao longo da vida baseiam-se em operações formais.
Piaget descreveu um processo de desenvolvimento que caracteriza formas diferentes
de ver o mundo.
Inteligência externa,
operativa e prática
Inteligência interna,
operatória e abstracta
Alguns esquemas do operatório formal:
Inverte o sentido entre o real e o possível:
Combinatório:
A criança no operatório formal usa um método sistemático para experimentar todas as
combinações possíveis. Ela consegue perceber que há várias combinações possíveis – Tem
pensamento combinatório.
Proposicional:
Hipotético-dedutivo:
Dissociação de factores ou variáveis envolvidas na produção de um certo fenómeno:
Qual dos factores determina o movimento de oscilação? O comprimento do fio. O
sujeito dissocia estas variáveis e consegue determinar qual é a variável em causa. Uma criança
operatória concreta não consegue isolar estas variáveis.
No estádio formal, a criança consegue pensar de acordo com os princípios da lógica.
É na teoria da epistemologia (forma como o sujeito conhece o mundo) genética
(génese e desenvolvimento das estruturas) que Piaget fala da formação e desenvolvimento das
formas de conhecer.
O que se desenvolve? Estruturas lógicas, a forma de conhecer o mundo do ponto de
vista lógico.
Como se desenvolve? Esquemas cognitivos da inteligência sensório motora, levam a
esquemas práticos que por sua vez levam a inteligência prática e depois a passagem pelos
esquemas cognitivos típicos de cada estágio.
Piaget disse que as interacções sociais eram importantes especialmente as interacções
sociais entre pares porque estas geram mais frequentemente conflito cognitivo, sendo que o
sujeito sente-se mais à vontade para discordar do que numa interacção vertical. Mas Piaget
não explicou muito mais.
(o próprio sujeito tem com as suas acções)
Primeiro começa numa origem social (interindividual) mas há uma passagem
para o intraindividual (o sujeito em acção sobre o meio).
As interacções são elementos constitutivos do desenvolvimento. Contudo
estas interacções (simétricas) potenciam mas não garantem os conflitos
cognitivos e confrontos directos – resolução activa. É mais provável surgir
desenvolvimento cognitivo numa interacção simétrica.
Estudo (Menéres e Peixoto)
A teoria da mente é uma crítica à teoria de Piaget. Vem da área da filosofia da mente.
Sendo a mente um sistema representativo, constituída por estados internos/ estados mentais.
Mas como é que esta capacidade de compreender os estados mentais em nós e nos
outros emerge e se desenvolve?
Os chimpanzés têm ou não uma teoria da mente?
Mas isto acontece de repente? Como é que isto se desenvolve?
Teoria da simulação: A criança vai vivendo acontecimentos semelhantes, e percebe o
que está a acontecer no outro. A experiência vai permitir compreender nos outros aquilo que
ela já compreende em si. Está relacionado com os neurónios espelho.
A compreensão que a criança vai desenvolver sobre a mente baseia-se inicialmente no
desejo (teoria do desejo). Posteriormente isso muda, vai começar a acumular experiência que
não são incorporadas na teoria do desejo.
Criando assim uma teoria onde o comportamento é orientado pelo desejo e pelas
crenças.
O desenvolvimento para Piaget resulta da interacção dos factores biológicos e
ambientais.
Mas Vigotsky acrescenta que o desenvolvimento deve ser compreendido à luz da
cultura. Pois a cultura permite a apropriação de esquemas cognitivos que nos permitem
moldar o mundo.
Zona que surge a partir do que a criança já consegue fazer sozinha até o que a criança
consegue fazer com ajuda.
Para Vigotsky tal como para Piaget o desenvolvimento não pode ser explicado por
imitação, etc.
Lei geral do desenvolvimento: O desenvolvimento das funções psicológicas superiores
tem uma origem social, resulta da interacção com o outro.
Plano Individual ---------------------------------- Plano intraindividual
Pontos de contacto
Perspectiva genética Abordagem desenvolvimentista essencial para a compreensão dos fenómenos.
Abordagem dialéctica Interacção contínua de processos distintos mas interdependentes:
Assimilação- acomodação/interiorização-exteriorização
Visão não reducionista Inteligência, forma de organização e adaptação ao meio, não redutível a conjuntos
reflexos, nem às primeiras manifestações externas em que essas formas de organização
muitas vezes se expressam
Visão não dualista O sujeito individual e o seu contexto físico e social não são dicotomias ou polaridades
independentes e isoladas, são antes realidades interdependentes e relacionais
Importância da acção Na génese das diversas formas de inteligência e de todas as funções da consciência.
Primazia dos processos Não dos produtos do desenvolvimento. Pouca simpatia pelos testes psicométricos.
Foco nas mudanças qualitativas Ex. Operações formais/operações concretas Memória natural/ memória mediada
Pontos de ruptura
Origem do conhecimento/ Motor do desenvolvimento
Piaget: O próprio (Psicogénese): Equilibração majorante (progressão para formas mais avançadas de pensar resulta sobretudo de reestruturações internas). Vigotsky: O outro (Sociogénese): Scaffolding (progressão para formas mais avançadas de pensar resulta sobretudo de ajudas externas).
Método de análise Partilham abordagem genética enquanto método da compreensão dos fenómenos psicológicos. Estudo dos processos de desenvolvimento, não tanto para os resultados externos. Piaget (método clínico): Capta a emergência e génese das competências estruturais da criança. Vigotsky (método microgenético): Especialmente adaptado para se examinar quando é que certas competências intelectuais, ou o uso de certas estratégias de resolução de problemas beneficiam de um apoio de outro que sabe mais.
Relação valorizada Piaget: Simétrica (igualdade, respeito mútuo, cooperação). Vigotsky: Assimétrica (aquisições feitas a partir de uma definição formal e precisa fornecida por professores ou adultos – ZDP).
Aprendizagem e desenvolvimento Piaget: Desenvolvimento condição prévia da aprendizagem. Vigotsky: Aprendizagem condição prévia do desenvolvimento.
Para compreender o desenvolvimento moral, Piaget utilizou dois métodos:
- A observação
- A entrevista
Para Piaget: toda a moral consiste num sistema de regras, sendo da essência da
moralidade estudar o respeito que o indivíduo vai adquirindo por esses regras.
Moralidade heterónoma Moralidade Autónoma
Aborda as regras de forma rígida e absoluta Baseia-se na cooperação e respeito mútuo
As regras vêm das figuras de autoridade (polícia, pais, professores)
Admite que as regras são modificáveis em função das necessidades e do contexto
Julga os protagonistas segundo as consequências sem ter em conta as
intenções
As intenções são mais importantes do que os resultados materiais
Sanções expiatórias consideradas mais justas
As sanções mais justas são as sanções por reciprocidade