resumo sobre a teologia da libertaÇÃo

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  • 7/30/2019 RESUMO SOBRE A TEOLOGIA DA LIBERTAO

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    RESUMO SOBRE A TEOLOGIA DA LIBERTAO

    A Teologia da Libertao nasceu da influncia de trs frentes de

    pensamento, o Evangelho Social das igrejas norte-americanas, trazido aoBrasil pelo missionrio e telogo presbiteriano Richard Shaull; a Teologia daEsperana, do telogo reformado Jrgen Moltmann; e a teologia antropo-poltica que tinha como seus grandes expoentes o telogo catlico JohannBaptist Metz, na Europa, e o telogo batista Harvey Cox, nos Estados Unidos,especialmente a publicao em 1965, a chamada A Cidade Secular, comocontraposio obra clssica de Santo Agostinho, De Civitate Dei, na qualdefende que a diviso entre a cidade dos homens (o mundo terreno) e a cidadede Deus (o mundo espiritual), segundo ele a partir do sculo XX essa visoencontra-se superada pela contraposio entre a cidade dos operriosoprimidos (o mundo proletrio), a cidade dos donos do poder (o mundogeopoltico) e a cidade dos capatazes opressores (o mundo burgus).

    O marco do nascedouro da Teologia da Libertao, porm, est napublicao da obra Da Esperana, de Rubem Alves, que tinha o ttulo deTeologia da Libertao, criticando a praxis infra-metafsica de uma forma gerale propondo o nascimento ex-nihilo de novas comunidades de cristos,animados por uma viso e por uma paixo pela libertao humana e cujalinguagem teolgica se tornava histrica.

    A primeira participao catlica no lanamento da Teologia daLibertao foi a publicao da Teologia da Revoluo, em 1970, pelo telogobelga radicado no Brasil Jos Comblin. Em 1971, Gustavo Gutirrez publicouTeologia da Libertao. Somente em 1972, Leonardo Boff surge no cenrioteolgico com a publicao de Jesus Cristo Libertador. Como Rubem Alvesestava asilado nos EUA neste perodo, Boff passou a ser o mais conhecidorepresentante desta corrente teolgica que vivia no Brasil, devido proteorecebida pela ordem dos franciscanos, qual ele pertencia.

    O mtodo destas teologias indutivo: no parte da Revelao e daTradio eclesial para fazer interpretaes teolgicas e aplic-las realidade,mas partem da interpretao da realidade da pobreza e excluso e docompromisso com a libertao para fazer a reflexo teolgica e convidar ao transformadora desta mesma realidade. Ocorre tambm uma crtica teologia moderna e sua pretenso de universalidade. Consideram esta teologiaeurocntrica e desconectada da realidade dos pases perifricos

    Dentro do pensamento marxista, a religio e a teologia fazem parte deuma superestrutura, de algo que no faz parte da infraestrutura que move a

    histria, ou seja, a economia. O pensamento revolucionrio posterior a Marx,porm, comeou a perceber a importncia da cultura, da superestrutura. Marx

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    considerava a religio como pio do povo. Na Rssia, o stalinismo/leninismotentou abolir a religio, mas Gramsci e a escola de Frankfurt descobriram que acultura , de alguma forma, a religio exteriorizada. Todos parecem ter umaviso religiosa do mundo e a cultura seria a exteriorizao desta viso demundo.

    Feuerbach afirmava que toda a teologia uma antropologia, pois diziaque tudo aquilo que se afirmava a respeito de Deus, que todas as afirmaesreligiosas podiam ser reduzidas a afirmaes antropolgicas. A religio parece,desta forma, ser uma projeo da humanidade na divindade. Feuerbachentende que a teologia uma antropologia alienada. A Teologia da Libertaose esfora para seguir essa cartilha, pois a imanentizao da religio crist ede qualquer outra religio. Tudo aquilo que se refere a Deus relido em chaveantropolgica, mais especificamente em linguagem sociolgica. Todo o

    contedo do sagrado e do transcendente esvaziado na imanncia humana.Assim, uma das caractersticas bsicas da Teologia da libertao a

    negao de uma esperana transcendente. No se espera o reino de Deus natranscendncia, mas sim na imanncia deste mundo. Seu golpe, porm, secaracteriza pelo fato de se afirmar que a transcendncia se encontra no futuro.Mas, o futuro tambm imanente, pois pertence realidade desse mundo.

    Essa afirmao do futuro como transcendente prpria do marxismo, aose utilizar de um imanentismo fraco, afirmando que o sentido do hoje est no

    amanh. O marxista adia a crise de sentido diante de uma possibilidade defuturo. Mas, se o sentido do hoje o amanh, qual o sentido do amanh? Qualo sentido da sociedade do futuro? Se a vida tem sentido, este sentido,necessria e logicamente, estar fora da vida. O nico caminho para que ahistria tenha sentido falar de uma meta-histria, de algo transcendente.

    O Reino dos Cus, contedo da f crist, no o reino do amanh, mas o reino do alm, da eternidade, eternidade que irrompeu na histria humanae se fez carne. O transcendente, o sentido de tudo, o logos se fez presente nahistria humana. Exatamente por isso tornou-se alcanvel, tangvel. O esforo

    da teologia ser o de mostrar que esta aparente contradio no trai aracionalidade, mas a aperfeioa. A verdadeira teologia uma tentativa dereflexo que tenta conciliar os paradoxos e aparentes contradies da f com aracionalidade.

    Um "telogo" da libertao no se move por esse mesmo caminho. Suaargumentao ir mudar quantas vezes forem necessrias at a realizao doseu intento. No existe nenhuma dificuldade em abandonar qualqueresteretipo. Tudo o que for necessrio para favorecer a revoluo ser feito,pois qualquer argumento s tem validade enquanto convence. Se no

    convencer ser descartado. por isso que os telogos tradicionais tem umadificuldade imensa de compreender a forma de pensar de um telogo da

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    libertao, pois a lgica aristotlico-tomista, a todo o momento, percebe a faltade coerncia lgica dos marxistas. Na realidade, no seguem a lgica deAristteles, pois Gramsci j indicou o caminho: bom aquilo que ajuda arevoluo, mau aquilo que atrapalha.

    Para se dialogar com um marxista preciso inverter o caminhocostumeiro da argumentao, j que ele parte do primado da prxis sobre ateoria, sabendo o que quer fazer e, num segundo momento, cria a teoria parajustificar a sua prxis. E, nesse caminho, o grande adversrio a ser combatido o cristianismo, pio do povo, pois aliena 'o povo' da luta pela implantao deuma sociedade justa e sem classes atravs da pregao do reino dos cus.Tudo o que faa com que o povo no lute, no serve e no deve existir.

    O povo deve ser engajado num processo de engenharia social e areligio deve ser metamorfoseada quantas vezes forem necessrias paraajudar nesse processo. O revolucionrio no busca a verdade, pois no cr emsua existncia. E uma vez que o marxismo viu que no conseguia destruir aIgreja a partir de fora (Revoluo Russa, Gulags, Guerra Civil Espanhola) partiupara uma nova ttica: infiltrar-se na Igreja, atravs da teologia da libertao,que se constituiu num projeto de engenharia social que, a partir da prpriaIgreja, buscou fazer com que a Igreja mudasse a sua prpria natureza,constituindo-se numa fora para ajudar a concretizar a revoluo social. Atentativa: fazer com que o cristianismo deixe de ser visto como , umacontecimento e passe a ser visto como uma realidade mental.