resumo ricardo

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1 Resumo Ricardo Capítulo 1 Seção 1 O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho A utilidade, portanto, não é a medida do valor de troca, embora lhe seja absolutamente essencial.Possuindo utilidade, as mercadorias derivam seu valor de troca de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária para obtê-las. Algumas mercadorias têm seu valor determinado somente pela escassez. Nenhum trabalho pode aumentar a quantidade de tais bens, e, portanto, seu valor não pode ser reduzido pelo aumento da oferta. Algumas estátuas e quadros famosos. Seu valor é totalmente independente da quantidade de trabalho originalmente necessária para produzi-los, e oscila com a modificação da riqueza e das preferências daqueles que desejam possuí-los.Essas mercadorias, no entanto, são uma parte muito pequena da massa de artigos diariamente trocados no mercado. Sem dúvida, a maioria dos bens que são demandados é produzida pelo trabalho. Referiremos somente àquelas mercadorias cuja quantidade pode ser aumentada pelo exercício da atividade humana, e em cuja produção a concorrência atua sem obstáculos. Nas etapas primitivas da sociedade, o valor de troca de tais mercadorias, ou a regra que determina que quantidade de uma deve ser dada em troca de outra, depende quase exclusivamente da quantidade comparativa de trabalho empregada a cada uma. a proporção entre as quantidades de trabalho necessárias para adquirir diferentes objetos parece a única circunstância capaz de fornecer uma regra para trocá-los um por outro. Se numa nação de caçadores, por exemplo, caçar um castor custa geralmente o dobro do trabalho de abater um gamo, um castor deveria naturalmente ser trocado por, ou valer, dois gamos. “É natural que aquilo que é habitualmente o produto do trabalho de dois dias ou de duas horas deva valer o dobro daquilo que é habitualmente o produto do trabalho de um dia ou de uma hora”. Se a quantidade de trabalho contida nas mercadorias determina o seu valor de troca, todo acréscimo nessa quantidade de trabalho deve aumentar o valor da mercadoria sobre a qual ela foi aplicada, assim como toda diminuição deve reduzi-lo. Se a remuneração do trabalhador fosse sempre proporcional ao que ele produz, a quantidade de trabalho empregada numa mercadoria e a quantidade de trabalho que essa mercadoria compraria seriam iguais e qualquer delas poderia medir com precisão a variação de outras coisas. Mas não são iguais. A primeira é, sob muitas circunstâncias, um padrão invariável (remuneração), que mostra corretamente as variações nas demais coisas. A segunda (quantidade de trabalho) é sujeita a tantas flutuações quanto as mercadorias que a ela sejam comparadas. O ouro e a prata , indubitavelmente, estão sujeitos a flutuações resultantes da descoberta de minas novas e mais abundantes. sujeitos a flutuações decorrentes de melhoramentos nos métodos e na maquinaria com que se exploram as minas, pois, em conseqüência deles, se pode obter maior quantidade desses metais com o mesmo trabalho.

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Resumo RicardoCaptulo 1Seo 1O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessrio para sua produo, e no da maior ou menor remunerao que paga por esse trabalhoA utilidade, portanto, no a medida do valor de troca, embora lhe seja absolutamente essencial.Possuindo utilidade, as mercadorias derivam seu valor de troca de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessria para obt-las.Algumas mercadorias tm seu valor determinado somente pela escassez. Nenhum trabalho pode aumentar a quantidade de tais bens, e, portanto, seu valor no pode ser reduzido pelo aumento da oferta. Algumas esttuas e quadros famosos. Seu valor totalmente independente da quantidade de trabalho originalmente necessria para produzi-los, e oscila com a modificao da riqueza e das preferncias daqueles que desejam possu-los.Essas mercadorias, no entanto, so uma parte muito pequena da massa de artigos diariamente trocados no mercado. Sem dvida, a maioria dos bens que so demandados produzida pelo trabalho.Referiremos somente quelas mercadorias cuja quantidade pode ser aumentada pelo exerccio da atividade humana, e em cuja produo a concorrncia atua sem obstculos.Nas etapas primitivas da sociedade, o valor de troca de tais mercadorias, ou a regra que determina que quantidade de uma deve ser dada em troca de outra, depende quase exclusivamente da quantidade comparativa de trabalho empregada a cada uma. a proporo entre as quantidades de trabalho necessrias para adquirir diferentes objetos parece a nica circunstncia capaz de fornecer uma regra para troc-los um por outro. Se numa nao de caadores, por exemplo, caar um castor custa geralmente o dobro do trabalho de abater um gamo, um castor deveria naturalmente ser trocado por, ou valer, dois gamos. natural que aquilo que habitualmente o produto do trabalho de dois dias ou de duas horas deva valer o dobro daquilo que habitualmente o produto do trabalho de um dia ou de uma hora. Se a quantidade de trabalho contida nas mercadorias determina o seu valor de troca, todo acrscimo nessa quantidade de trabalho deve aumentar o valor da mercadoria sobre a qual ela foi aplicada, assim como toda diminuio deve reduzi-lo.Se a remunerao do trabalhador fosse sempre proporcional ao que ele produz, a quantidade de trabalho empregada numa mercadoria e a quantidade de trabalho que essa mercadoria compraria seriam iguais e qualquer delas poderia medir com preciso a variao de outras coisas. Mas no so iguais. A primeira , sob muitas circunstncias, um padro invarivel (remunerao), que mostra corretamente as variaes nas demais coisas. A segunda (quantidade de trabalho) sujeita a tantas flutuaes quanto as mercadorias que a ela sejam comparadas.O ouro e a prata, indubitavelmente, esto sujeitos a flutuaes resultantes da descoberta de minas novas e mais abundantes. sujeitos a flutuaes decorrentes de melhoramentos nos mtodos e na maquinaria com que se exploram as minas, pois, em conseqncia deles, se pode obter maior quantidade desses metais com o mesmo trabalho.So sujeitos, alm disso, flutuao gerada pela produo decrescente das minas, depois que estas, por sucessivas geraes, proporcionaram ao mundo seu suprimento.Num mesmo pas, para a produo de uma dada quantidade de alimentos e de outros gneros de primeira necessidade, pode ser exigido, em determinada poca, o dobro do trabalho que seria preciso numa poca anterior, podendo, no entanto, diminuir muito pouco a remunerao do trabalhador. Se, na primeira poca, o salrio do trabalhador fosse constitudo por certa quantidade de alimentos e de outros gneros de primeira necessidade, possivelmente ele no subsistiria, se essa quantidade se reduzisse. Nesse caso, os alimentos e outros gneros de primeira necessidade teriam encarecido 100%, se fossem avaliados pela quantidade de trabalho necessria para sua produo, enquanto o aumento de valor teria sido muito pequeno, se este se medisse pela quantidadede trabalho pela qual poderiam ser trocados.No correto, portanto, dizer, como Adam Smith, que, como o trabalho muitas vezes poder comprar maior quantidade e outras vezes menor quantidade de bens, o que varia o valor deles e no o do trabalho que os adquire, e que, portanto, o trabalho, no variando jamais de valor, o nico e definitivo padro real pelo qual o valorde todas as mercadorias pode ser comparado e estimado em todos os tempos e em todos os lugares. Mas correto dizer, como dissera anteriormente Adam Smith, que a proporo entre as quantidades de trabalho necessrias para adquirir diferentes objetos parece ser a nica circunstncia capaz de oferecer alguma regra para troc-los uns pelosoutros, ou, em outras palavras, que a quantidade comparativa de mercadorias que o trabalho produzir que determina o valor relativo delas, presente ou passado, e no as quantidades comparativas de mercadorias que so entregues ao trabalhador em troca de seu trabalho.Duas mercadorias variam em valor relativo, e desejamos saber em qual delas a variao realmente ocorreu. Se compararmos o atual valor de uma delas com sapatos, meias, chapus, ferro, acar e todas as outras mercadorias, veremos que ela pode ser trocada exatamentepela mesma quantidade daqueles bens pela qual se trocava anteriormente. Se compararmos a outra com essas mesmas mercadorias, verificaremos que variou em relao a todas elas. Podemos, ento, com grande probabilidade, inferir que a variao ocorreu nesta mercadoria e no naquelas com as quais a comparamos. Se, ao examinar ainda mais detalhadamente todas as circunstncias ligadas produo dessas mercadorias, observamos que precisamente a mesma quantidade de trabalho e de capital necessria para a confeco de sapatos, meias, chapus, ferro, ao, acar etc., mas que no necessria a mesma quantidade que antes para produzir a nica mercadoria cujo valor relativo se alterou, a probabilidade se transforma em certeza, e podemos estar seguros de que a variao ocorreu naquela nica mercadoria.Ento, descobriremos tambm a causa da sua variao.Igualmente, se o valor do trabalho diminusse consideravelmente em relao a todas as outras coisas, e se descobrssemos que essa diminuio resultava de uma nova oferta abundante, estimulada pela grande facilidade com que eram produzidos o trigo e todos os outros gneros de primeira necessidade para o trabalhador, penso que seria correto afirmar que o valor do trigo e dos outros bens necessrios diminuiu por causa da menor quantidade de trabalho necessria para produzi-los, e que essa maior facilidade para suprir o sustento do trabalhador ocasionou uma reduo do valor do trabalho. contra essa afirmao que agora protesto. Observo que, precisamente como no caso do ouro, a causa da variao entre o trigo e outros bens a menor quantidade de trabalho requerida para produzi-lo e, logicamente, sou obrigado a considerar essa variao do trigo e do trabalho uma reduo em seu valor, e no elevao do valor das coisas com as quais foram comparados.Se contrato um trabalhador por uma semana, pagando-lhe 8 xelins em vez de 10, no ocorrendo nenhuma variao no valor do dinheiro, o trabalhador provavelmente poder conseguir mais alimentos e outros gneros de primeira necessidade com seus 8 xelins do que antes obtinha com 10. Isso, no entanto, no se deve a um aumento real de seu salrio, como afirmou Adam Smith, e, mais recentemente Malthus, porm a uma reduo do valor dos bens em que gasta o seu salrio coisas perfeitamente distintas. Contudo, se chamo a isso uma queda real no valor do salrio.Seo 2A estimativa do valor de diferentes qualidades de trabalho se ajusta rapidamente no mercado, com suficiente preciso para todos os fins prticos, e depende muito da habilidade comparativa do trabalhador e da intensidade do trabalho realizado. Uma vez constituda, essa escala fica sujeita a poucas variaes. Se um dia de trabalho de um joalheiro vale mais que um dia de trabalho de um trabalhador comum, esta relao foih muito tempo ajustada e colocada na devida posio na escala da valores. Ao comparar, portanto, o valor da mesma mercadoria em diferentes perodos, raramente ser necessrio levar em conta a habilidade comparativa e a intensidade do trabalho exigidas para a sua produo, pois esses fatores operam igualmente em ambos os perodos. Exemplo: Se uma pea de l valer hoje duas peas de linho, e se, dentro de dez anos, o valor de uma pea de l alcanar quatro peas de linho, poderemos com certeza concluir que ser necessrio mais trabalho para fabricar o pano, ou menos para fabricar as peas de linho, ou ainda que ambas as causas influram. qualquer que tenha sido a desigualdadeoriginal entre eles, qualquer que tenha sido a engenhosidade, a habilidadeou o tempo necessrio para adquirir destreza num tipo de trabalhomanual mais do que em outro, tal desigualdade se mantm aproximadamentea mesma de uma para outra gerao; ou, pelo menos, avariao muito pequena de um ano para outro, e portanto pode afetarmuito pouco, a curto prazo, o valor relativo das mercadorias.A proporo entre diferentes taxas de salrios e de lucros em diferentes empregos de trabalho e de capital parece no ser muito afetada, como j foi observado, pela riqueza, pela pobreza ou pelo estado progressivo, estacionrio ou decadente da sociedade. Tais revolues no bem-estar social, embora afetem as taxas gerais de salrios e de lucros, acabam, finalmente, por afet-las de modo igual em todas as diferentes atividades. A proporo entre elas deve, portanto permanecer a mesma, no podendo ser expressivamente alterada, ao menos por um prazo considervel, por nenhuma dessas revolues.Seo 3No s o trabalho aplicado diretamente s mercadorias afeta o seu valor, mas tambm o trabalho gasto em implementos, ferramentas e edifcios que contribuem para sua execuo.Mesmo no estgio primitivo ao qual se refere Adam Smith, algum capital, embora possivelmente fabricado e acumulado pelo prprio caador, seria necessrio para capacit-lo a matar sua presa. Sem uma arma, nem o castor nem o gamo poderia ser morto. Portanto, o valor desses animais deveria ser regulado no apenas pelo tempo e pelo trabalho necessrios sua captura, mas tambm pelo tempo e pelo trabalho necessrios produo do capital do caador: a arma, com a ajuda da qual a caa se realizava.Suponhamos que a arma necessria para matar o castor fosse produzida com muito mais trabalho que a arma necessria para matar o gamo, por causa da maior dificuldade de se aproximar do primeiro animal, e da conseqente necessidade de uma arma mais precisa. Um castor valeria naturalmente mais do que dois gamos, justamente porque, no total, mais trabalho seria exigido para mat-lo. Ou imaginemos que a mesma quantidade de trabalho fosse requerida para fabricar as duas armas, que teriam, no entanto, durabilidade muito diferente. Somente uma pequena parcela do valor do instrumento mais durvel seria transferida para a mercadoria, enquanto uma poro muito maior do valor do instrumento menos durvel seria adicionada mercadoria produzida com seu auxlio.O valor de troca das mercadorias produzidas seria proporcional ao trabalho dedicado sua produo no somente produo imediata, mas tambm fabricao de todos aqueles implementos ou mquinas necessrios realizao do trabalho prprio ao qual foram aplicados.Exemplo: Se considerarmos um estgio da sociedade no qual grandes progressos j foram realizados, e no qual florescem as artes e o comrcio, observaremos que o valor das mercadorias tambm varia segundo este princpio: ao estimar o valor de troca das meias, por exemplo, descobriremos que o seu valor, comparado com o de outras coisas, depende da quantidade total de trabalho necessria para fabric-las e lan-las no mercado. Primeiro, h o trabalho necessrio para cultivar a terra na qual cresce o algodo; segundo, o trabalho de levar o algodo ao lugar em que as meias so fabricadas no que se inclui o trabalho de construo do barco no qual se faz o transporte e que includo no frete dos bens ; terceiro, o trabalho do fiandeiro e do tecelo; quarto, uma parte do trabalho do engenheiro, do ferreiro e do carpinteiro que construram os prdios e a maquinaria usados na produo; quinto, o trabalho do varejista e de muitos outros que no vem ao caso mencionar. A soma de todas essas vrias espcies de trabalho determina a quantidade de outras coisas pelas quais as meias sero trocadas, enquanto a mesma considerao das vrias quantidades de trabalho utilizado nesses outros bens determinar igualmente a poro deles que se dar em troca das meias.progresso nos meios de reduzir trabalho: Elas(meias) tero menor valor porque foi necessria menor quantidade de trabalho para produzi-las, e, conseqentemente, sero trocadas por menor quantidade de mercadorias no afetadas por semelhante reduo de trabalho.A reduo na utilizao de trabalho sempre reduz o valor relativo de uma mercadoria, seja tal reduo realizada no trabalho necessrio para produzir a prpria mercadoria, seja no trabalho necessrio para a formao do capital que contribui para a sua produo.Suponhamos que, nos estgios primitivos da sociedade, o arco e as flechas do caador tivessem o mesmo valor e a mesma durabilidadeque a canoa e os instrumentos do pescador, sendo ambos produzidoscom a mesma quantidade de trabalho. Em tais circunstncias, o valor do gamo, produto de um dia de trabalho do caador, seria exatamente igual ao valor do peixe capturado num dia de trabalho do pescador. O valor comparativo do peixe e da caa seria inteiramente regulado pela quantidade de trabalho destinada a cada um, independentemente da quantidade produzida, ou dos salrios ou lucros altos ou baixos.Se, com a mesma quantidade de trabalho, se obtivesse menor quantidadede peixe, ou maior quantidade de caa, o valor do peixe aumentaria em comparao com o da caa. Se, ao contrrio, com a mesma quantidade de trabalho se conseguisse menor quantidade de caa ou maior de peixe, a caa se tornaria mais cara em comparao com o peixe.Se houvesse alguma mercadoria de valor invarivel, poderamos verificar, comparando seu valor ao do peixe e ao da caa, quanto da variao deveria ser atribudo causa que afetou o valor do peixe, e quanto causa que afetou o valor da caa.Se, portanto, tivssemos um padro invarivel, pelo qual pudssemos medir as variaes ocorridas nas outras mercadorias, veramos que o limite extremo at o qual elas poderiam aumentar desde que produzidas nas circunstncias supostas seria proporcional quantidade adicional de trabalho requerida para sua produo; e, a menos que fosse exigida uma quantidade maior de trabalho para produzi-las, no poderiam sofrer nenhum aumento. Um aumento de salrios no elevaria seu valor monetrio, nem em relao a quaisquer outras mercadorias cuja produo no exigisse nenhuma quantidade adicional de trabalho, e que utilizassem a mesma proporo de capital fixo de idntica durabilidade e de capital circulante. Se fosse necessrio mais ou menos trabalho para a produo de outra mercadoria, isso imediatamente ocasionaria, como j dissemos, uma alterao em seu valor relativo, mas essa alterao se deveria mudana na quantidade de trabalho requerida para produzi-la, e no ao aumento de salrios.

Seo 4 O princpio de que a quantidade de trabalho empregada na produo de mercadorias regula seu valor relativo consideravelmente modificado pelo emprego de maquinaria e de outros capitais fixos e durveis.Na seo anterior, supusemos que os implementos e armas necessrios para capturar o gamo e o salmo tinham igual durao e resultavam da mesma quantidade de trabalho; vimos, ainda, que as variaes no valor relativo do gamo e do salmo dependiam unicamente das diferentes quantidades de trabalho necessrias para obt-los. Mas, em cada estgio da sociedade, as ferramentas, implementos, edificaes e maquinaria empregados em diferentes atividades podem ter vrios graus de durabilidade e exigir diferentes quantidades de trabalho para sua produo.Essa diferena no grau de durabilidade do capital fixo e as variaes nas proporesem que se podem combinar os dois tipos de capital introduzem outra causa, alm da maior ou menor quantidade de trabalho necessria produo de mercadorias, das variaes do valor relativo das mesmas:esta causa o aumento ou reduo do valor do trabalho.Os alimentos e as roupas consumidas pelo trabalhador, o edifcio em que ele trabalha e os instrumentos com os quais sua atividade realizada, so todos de natureza perecvel.Dependendo da rapidez com que perea, e a freqncia com que precise ser reproduzido, ou segundo a lentido com que se consome, o capital classificado como capital circulante ou fixo.Um fabricante de cerveja, cujas edificaes e maquinaria tm grande valor e so durveis, emprega uma grande parcela de capital fixo. Ao contrrio, um sapateiro, cujo capital principalmente empregado no pagamento de salrios, que so gastos em alimentos e em roupas, mercadorias mais perecveis que edifcios e maquinaria, utiliza uma grande proporode seu capital como capital circulante.Devemos considerar tambm que o capital circulante pode girar,ou voltar quele que o aplica, em perodos muito desiguais. O trigo comprado por um lavrador para semente um capital fixo em comparao com aquele comprado pelo padeiro para fazer po. O primeirolana-o terra e no obtm nenhum retorno durante um ano; o segundo pode transform-lo em farinha, vend-lo como po a seus fregueses e, em uma semana, ter seu capital livre para repetir o que fez ou comeara utiliz-lo de outra forma. Portanto, duas atividades podem utilizar o mesmo montante decapital, mas este pode ser dividido de modo muito diferente entre aparte fixa e a circulante.capitalcirculante:capital utilizado na manuteno do trabalhoDiminui-se o emprego de capital circulante quando emprega-se maquinaria.Noutra atividade, pode utilizar-se a mesma soma de capital, que ser utilizado basicamente para a manuteno do trabalho, investindo-se apenas uma pequena parte em implementos, mquinas e edificaes.Um aumento nos salrios no pode deixar de afetar desigualmente mercadorias produzidas em circunstncias to diferentes. Por outro lado, dois industriais podem empregar o mesmo montante de capital fixo e de capital circulante, sendo muito desigual, no entanto,A durabilidade dos seus capitais fixos. Um pode ter mquinas a vapor cujo valor de 10 mil libras, e o outro igual valor em embarcaes.Se os homens no empregassem maquinaria na produo, mas somente trabalho, e se demorassem o mesmo tempo at colocarem seus produtos no mercado, o valor de troca de seus produtos seria exatamente proporcional quantidade de trabalho consumida. Se eles empregassem capital fixo de idntico valor e durabilidade, os valores das mercadorias produzidas tambm seriam iguais, e variariam somente com a maior ou menor quantidade de trabalho empregada na sua produo.

No entanto, embora mercadorias produzidas em circunstnciasidnticas no variassem uma em relao outra, a no ser em virtudedo aumento ou da reduo da quantidade de trabalho necessria para produzir uma ou outra, se forem comparadas com outras mercadoriasno produzidas com a mesma quantidade proporcional de capital fixo, elas variariam por outra causa que mencionei anteriormente, a saber: um aumento no valor do trabalho, ainda que nem mais nem menos trabalho tenha sido empregado na produo de qualquer delas.Quanto mais tempo a mercadoria demora a chegar no mercado mais cara ela fica. Levando- se em conta, portanto, os diferentes graus de durabilidade dos seus capitais, ou, o que a mesma coisa, o tempo que deve transcorrer antes que um conjunto de mercadorias possa chegar ao mercado, os produtos tero valor no na exata proporo da quantidade de trabalhogasto na sua produo: eles no estaro na proporo de 2 para 1,13 mas numa proporo um pouco superior, para compensar o prazo maior que deve transcorrer at que o produto de maior valor chegue ao mercado.Os capitalistas empregaram exatamente a mesma quantidade anualde trabalho na produo de suas mercadorias, mas os bens produzidos diferem em valor por causa das diferentes quantidades de capital fixo, trabalho acumulado, empregadas respectivamente por cada um. O tecido de l e os produtos de algodo tm o mesmo valor por serem produzidos com idnticas quantidades de trabalho e de capital fixo. O trigo, no entanto, no tem o mesmo valor que essas mercadorias, pois produzido, no que se refere ao capital fixo, em circunstncias diferentes.No pode haver um aumento no valor do trabalho sem uma diminuio nos lucros.Como o trigo continuaria a ser vendido a 5 500 libras, os produtos manufaturados, nos quais seempregou mais capital fixo, diminuiriam em relao ao trigo ou a qualquer outro produto no qual se usou menor poro de capital fixo. O grau de variao no valor relativo dos produtos, como resultado de um encarecimento ou barateamento do trabalho, depender da proporoem que o capital fixo participar do capital total. Todas as mercadorias produzidas com maquinaria de grande valor, ou em edificaes muito valiosas ou que devam demorar longo tempo at serem lanadas no mercado, diminuiro seu valor relativo, enquanto aumentaro o detodas aquelas produzidas principalmente com o trabalho, ou que possam ser rapidamente lanadas no mercado. Concluso: Aumenta salrio, diminui lucro, diminui valor das mercadorias produzidas com uso de capital fixo alm do capital circulante. Aumenta valor das mercadorias produzidas com capital circulante, pois houve um aumento nos salrios .O mesmo no acontece com a outra grande causa de variao no valor relativo das mercadorias, a saber: o aumento ou diminuio na quantidade de trabalho necessrio para produzi-las. Se, para produzir o trigo, fossem necessrios 80 trabalhadores em vez de 100, o valor do trigo diminuiria 20%, passando de 5 500 libras para 4 400 libras.Se, para produzir o pano, em vez de 100 bastasse o trabalho de 80 trabalhadores, o mesmo diminuiria de 6 050 libras para 4 950 libras. Uma alterao de qualquer magnitude na taxa corrente de lucro efeito de causas que somente operam ao longo de anos, enquanto alteraesna quantidade de trabalho necessrio para produzir as mercadoriasocorrem diariamente. Todo melhoramento na maquinaria, nas ferramentas, nas edificaes e na obteno de matrias-primas poupa trabalho, permitindo-nos produzir mais facilmente a mercadoria qual se aplicou a melhoria e, em conseqncia, o seu valor se altera. Aoavaliar, portanto, as causas das variaes no valor das mercadorias, seria errneo omitir totalmente o efeito produzido pelo encarecimento ou barateamento do trabalho, mas seria igualmente errneo atribuir-lhe muita importncia. Assim, embora apenas ocasionalmente mencione essa causa na parte restante desta obra, considerarei todas as grandes variaes que ocorrem no valor relativo das mercadorias como sendo produzidas pela maior ou menor quantidade de trabalho que, em pocas diferentes, seja necessria para produzi-las.As mercadorias que tem a mesma quantidade de trabalho gasta em sua produo tero valores de trocas diferentes, se no puderem ser lanadas no mercado ao mesmo tempo.Quanto mais tempo a mercadoria vai ao mercado mais cara ela vai ser, ou seja, o preo superior de uma mercadoria se deve ao maior prazo que deve transcorrer at que se possa lan-la no mercado. diferena de valor surge,em ambos os casos, dos lucros acumulados como capital, e apenas uma justa compensao pelo tempo em que os lucros permaneceram retidos.

Parece, portanto, que a diviso do capital em diferentes propores de capital fixo e circulante, empregada em diferentes atividades, introduz uma considervel modificao na regra, de aplicao universal quando se emprega quase exclusivamente trabalho na produo: as mercadorias jamais variaro de valor, a menos que maior ou menor quantidade de trabalho seja necessria para a sua produo. Nesta seo, demonstrou-seque, sendo invarivel a quantidade de trabalho, o aumento do seu valor ocasionar simplesmente uma diminuio no valor de troca das mercadoriasem cuja produo se emprega capital fixo; e que, quanto maior foro montante de capital fixo, maior ser essa diminuio.

Seo 5O princpio de que o valor no varia com o aumento ou com a queda de salrios modificado tambm pela desigual durabilidade do capital e pela desigual rapidez de seuretorno ao aplicadorNa ltima seo supusemos que dois capitais iguais aplicadosem duas diferentes atividades mantinham desiguais propores de capital fixo e circulante. Suponhamos agora que essas propores sejam as mesmas, porm que a durabilidade seja desigual. Quanto menosdurvel for o capital fixo, mais se aproximar da natureza do capital circulante: ser consumido e seu valor reproduzido num prazo mais curto, para que seja reconstitudo o capital do fabricante. Acabamos de ver que, na medida em que o capital fixo prepondera em uma indstria, o valor das mercadorias ali produzidas ser, em caso de aumento de salrios, relativamente menor que o daquelas fabricadas em indstrias onde prepondera o capital circulante. Na medida em que o capital fixo for menos durvel e se aproximar da natureza do capital circulante, o mesmo efeito ser produzido pela mesma causa.Se o capital fixo no for de natureza durvel, ser necessriamaior quantidade anual de trabalho para mant-lo em seu estado original de eficincia, mas o trabalho assim despendido deve ser considerado como realmente gasto na mercadoria fabricada, a qual deve conter um valor proporcional a esse trabalho. Ou seja, ser necessrio utilizar trabalhadores para repor peas estragadas, os preos vo ser acrecidos. Um aumento de salrios, contudo, no afetaria igualmente asmercadorias produzidas com maquinaria de desgaste rpido e as fabricadas com maquinaria de desgaste lento. Num caso, uma grande quantidade de trabalho seria continuamente transferida ao produto; no outro, a quantidade transferida seria muito pequena. Portanto, todo aumento de salrios ou, o que a mesma coisa, toda queda nos lucros reduzir o valor relativo das mercadorias produzidas com capital de natureza durvel, e elevar proporcionalmente o valor relativo das produzidas com capital mais perecvel. Uma reduo nos salrios ter precisamente o efeito contrrio.Quanto mais durvel for o capital fixo maior a queda do valor de troca das mercadorias em relao a mercadorias produzidas com capital fixo menos durvel, ou seja, a mercadoria produzida com capital mais durvel ser mais barata pois no ser necessrio que trabalhadores concerte a maquina sempre encarecendo o produto.Capital fixo tem vrios graus de durabilidade.Se, portanto, o fabricante da mquina aumentasse seu preo em consequncia de um aumento de salrios, uma quantidade anormal de capital seria empregada na construo dessas mquinas, at que seu preo propiciasse somente a taxa corrente de lucros. Vemos, portanto, que as mquinas no aumentaro de preo em conseqncia de um aumento de salrios.Todas as mercadorias produzidas por maquinas diminuem na proporo em que estas sejam durveis.nos estgios primitivos da sociedade, antes da utilizao de muita maquinaria ou de muito capital durvel, as mercadorias produzidas com capitais iguais tero aproximadamente o mesmo valor, e umas em relao s outras diminuiro ou aumentarosegundo mais ou menos trabalho seja necessrio para produzi-las. Mas, depois da introduo desses instrumentos dispendiosos e durveis, as mercadorias produzidas com o emprego de capitais iguais tero valores desiguais e, embora umas em relao s outras ainda possam aumentar ou diminuir na medida em que mais ou menos trabalho seja necessriopara a sua produo, elas estaro tambm sujeitas a uma outra variao, embora menor, causada pelo aumento ou pela diminuio dos salrios e dos lucros.Percebe-se tambm que, na proporo da durabilidade do capital empregado em qualquer produo, os preos relativos das mercadorias nas quais se utiliza o capital durvel devero variar inversamente em relao aos salrios; diminuiro quando os salrios aumentarem, e aumentaro quando os salrios diminurem. Ao contrrio, as mercadorias produzidas principalmente com trabalho e com menor capital fixo ou com capital fixo de natureza menos durvel que a mdia utilizada na estimativa do preo , aumentaro quando os salrios aumentarem e diminuiro quando os salrios diminurem. Quando o capital fixo mais durvel e h aumento nos salrios os preos das mercadorias que se utiliza mquinas na fabricao ser menor em relao aquelas mercadorias produzidas com mais trabalho, lembrando que houve um aumento nos salrios.

Seo 6 Sobre uma medida invarivel de valor.Quando o valor relativo das mercadorias varia, seria importante dispor de meios para averiguar com certeza qual delas diminuiu e qual aumentou em seu valor real. Isso s seria possvel pela comparao de cada uma delas com algum padro invarivel de medida de valor que no fosse,ele mesmo, sujeito s flutuaes s quais esto expostas as demais mercadorias. impossvel obter tal medida, pois no h mercadoria que no seja suscetvel s mesmas variaes como aquelas cujo valor deve ser verificado; ou seja, no h nenhuma que deixe derequerer mais ou menos trabalho para sua produo. Todas as circunstancias abaixo desqualificam qualquer produto como medida perfeitamente precisa de valor:essa medida estaria sujeita a variaes relativas provocadas por aumentos ou quedas de salrios, segundo as diferentespropores de capital fixo necessrias no s para produzi-la, como paraproduzir as demais mercadorias cujas mudanas de valor desejssemos verificar. Poderia estar sujeita, ainda, a variaes provocadas pela mesma causa, segundo os diferentes graus de durabilidade do capital utilizado nela e nas demais mercadorias com as quais devesse comparar-se, ou ainda segundo o tempo necessrio para coloc-la no mercado fosse mais ou menos longo que o requerido para colocar as outras mercadorias cuja variao tivesse de ser determinada. Todas essas circunstncias desqualificam qualquer produto como uma medida perfeitamente precisa de valor.Porque o ouro no pode ser essa medida?se adotasse o ouro como padro, evidente que no se trataria seno de uma mercadoria obtida nas mesmas circunstncias que qualquer outra, necessitando-se de trabalho e de capital fixo para a sua produo. Como no caso de qualquer outra mercadoria, podem ser aplicados sua produo aperfeioamentos que poupem trabalho, e, conseqentemente, seu valor relativo pode diminuir em relao ao de outras mercadorias, unicamente segundo a maior ou menor facilidade com que possa ser produzida.ele no seria produzido precisamente com as mesmas combinaes de capital fixo e de capitalcirculante que seriam utilizadas em todos os demais; nem com capital fixo da mesma durabilidade; nem demoraria exatamente o mesmo tempopara ser colocada no mercado. Se, por exemplo, o ouro fosse produzido sob as mesmas circunstncias que consideramos necessrias para fabricar tecidos de l e produtos de algodo, seria uma medida perfeita para esses produtos, mas no para o trigo, o carvo e outras mercadorias produzidas com menor ou maior proporo de capital fixo, porque, como j vimos, qualquer alterao na taxa corrente de lucro teria algum efeito no valor relativo de tais mercadorias, independentemente de qualquer mudana na quantidade de trabalho empregada em sua produo.s aumentariam aquelas mercadorias nas quais se utiliza menos capital fixo que na medida-padro pela qual se estima o preo, e que todas aquelas nas quais se empregasse mais capital fixo teriam seu preo positivamente reduzido quando os salrios aumentassem.Ao contrrio, se os salrios diminurem, somente diminuiro as mercadorias nas quais se empregou menor proporo de capital fixo do que aquela utilizada na medida-padro pela qual o preo estimado; aquelas em que maior proporo foi usada aumentaro positivamente de preo.

Seo 7Embora, como j expliquei, eu venha a considerar o dinheiro umvalor invarivel, com a finalidade de indicar mais claramente as causas das variaes relativas no valor de outros produtos, pode ser til observar os diferentes efeitos que resultaro das alteraes dos preosdas mercadorias pelas causas que j apontei as diferentes quantidades de trabalho exigidas para produzi-las e das alteraes resultantes de uma variao no valor do prprio dinheiro.Sendo o dinheiro uma mercadoria varivel, o aumento dos salriosmonetrios ser freqentemente ocasionado por uma diminuio no valor do dinheiro. Um aumento de salrios resultante dessa causa ser efetivamente acompanhado por uma elevao no preo das mercadorias, mas, em tais casos, verificaremos que o trabalho e todas as mercadoriasno tero variado o primeiro em relao s ltimas e que a variao se limitou ao dinheiro.Um aumento nos salrios, resultante de uma alterao no valor do dinheiro, produz um efeito geral sobre os preos e, por essa razo, no provoca nenhum efeito real sobre os lucros. Ao contrrio, um aumento salarial resultante do fato de serem os trabalhadores mais liberalmente remunerados, ou de uma dificuldade de obter os gneros de primeiranecessidade nos quais os salrios so gastos, no provoca, exceto em algumas situaes, uma elevao nos preos, podendo, sim, resultar numa reduo dos lucros. No primeiro caso, a proporo do produto anual do pas destinada ao sustento dos trabalhadores no sofre nenhum aumento; no segundo, uma parcela maior dedicada a esse fim.No pela quantidade absoluta do produto obtida por cada classeque avaliaremos com exatido a taxa de lucro, de renda e de salrios, mas pela quantidade de trabalho necessria para a obteno daquele produto. O produto total pode ser duplicado mediante aperfeioamentosna maquinaria e na agricultura, mas, se os salrios, a renda e o lucro tambm duplicarem, os trs conservaro as mesmas propores entre si, e nenhum ter variado em termos relativos.Os salrios devem ser estimados por seu valor real, isto , pela quantidade de trabalho e de capital empregados para produzi-los, e no pelo seu valor nominal em chapus, casacos, dinheiro ou cereal.Se, com um capital de determinado valor, ele pode, pela economia de trabalho, duplicar a quantidade do produto, e se o preo deste cai metade do anterior, o capital participar no produto na mesma proporo de antes, e conseqentemente a taxa de lucro permanecer a mesma. Se, ao mesmo tempo que duplica a quantidade de produto pelo emprego do mesmo capital, o valor do dinheiro, por alguma circunstncia, se reduz metade, o produto ser vendido pelo dobro da quantidade de dinheiro pela qual era anteriormente vendido; mas o capital empregado para produzi-lo tambm ter o dobro do valor monetrio anterior. Tambm nesse caso, portanto, o valor do produto manter a mesma proporo de antes em relao ao valor do capital, e, embora o produto tenha duplicado, a renda, os salrios e os lucros variarosomente na medida em que variarem as propores em que o produto duplicado possa dividir-se entre as trs classes que dele partilham.

Captulo 2

Renda da terraResta considerar, no entanto, se a apropriao da terra e a consequente criao de renda ocasionaro alguma variao no valor relativo das mercadorias, independentemente da quantidade de trabalho necessria sua produo.Essa renda a poro do produto da terra paga ao seu proprietrio pelo uso das foras originais e indestrutveis do solo.Se, de duas fazendas vizinhas com a mesma extenso e idntica fertilidade natural, uma contasse com todas as vantagens de edificaes agrcolas, e se, alm disso, estivesse devidamente drenada e adubada e adequadamente repartida por sebes, cercas e muros, enquanto a outra no apresentasse nenhuma dessas benfeitorias, naturalmente maior remunerao seria paga pelo uso da primeira; no obstante, em ambos os casos essa remunerao seria chamada renda. evidente, contudo, que somente uma parte do dinheiro pago anualmente pela fazenda com benfeitorias seria dada em troca das foras originais e indestrutveis da terra; a outra parcela seria paga pela utilizao do capital empregado para melhorar a qualidade da terra e para a construo de edificaes necessrias segurana e preservao dos produtos.Em todas as naes adiantadas, aquilo que se paga anualmenteao proprietrio da terra e que participa de ambas as caractersticas da renda da terra e do lucro se mantm, algumas vezes, estacionrio, graas aos efeitos de causas contrrias; em outras pocasavana ou retrocede, na medida em que uma dessas causas prevalece. Quando, portanto, mais adiante, eu me referir renda da terra, deve entender-se que falo da compensao paga ao seu proprietrio pelo uso das foras originais e indestrutveis da terra.Na colonizao de um pas bem dotado de terras ricas e frteis, das quais apenas uma pequena parte necessita ser cultivada para o sustento da populao, e que pode ser cultivada com o capital de que essa populao dispe, no haver renda: ningum pagar pelo uso daterra, enquanto ainda houver uma grande extenso no ocupada e, portanto, ao alcance de quem deseja cultiv-la. Segundo os princpios da oferta e da demanda, nenhuma renda seria paga por essa terra, pela razo, j conhecida, de que nada se d em troca do uso do ar e da gua, ou de quaisquer outros bens naturais existentes em quantidade ilimitada.Na colonizao de um pas bem dotado de terras ricas e frteis, das quais apenas uma pequena parte necessita ser cultivada para o sustento da populao, e que pode ser cultivada com o capital de que essa populao dispe, no haver renda: ningum pagar pelo uso daterra, enquanto ainda houver uma grande extenso no ocupada e, portanto, ao alcance de quem deseja cultiv-la. Segundo os princpios da oferta e da demanda, nenhuma renda seria paga por essa terra, pela razo, j conhecida, de que nada se d em troca do uso do ar e da gua, ou de quaisquer outros bens naturais existentes em quantidade ilimitada.Quando uma terra de terceira qualidade comea a ser cultivada, imediatamente aparece renda na de segunda, regulando-se como no caso anterior, pela diferena entre as foras produtivas de uma e de outra. Ao mesmo tempo, aumenta a renda da terra de primeira qualidade, pois esta deve ser sempre superior renda da segundacada avano do crescimento da populao, que obrigar o pas a recorrer terra de piorqualidade para aumentar a oferta de alimentos, aumentar a renda de todas as terras mais frteis.Na realidade, ocorre com freqncia que, antes de entrarem emcultivo as terras n 2, 3, 4 ou 5, ou ainda as de pior qualidade, o capital seja empregado mais produtivamente naquelas terras j em uso.Nesse caso, o capital ser preferivelmente empregado na terra antiga e produzir igualmente uma renda, pois esta sempre a diferena entre os produtos obtidos com o emprego de duas quantidades iguais de capital e de trabalho.o ltimo capital empregado no paga renda.Se, portanto, existisse terra frtil em quantidade muito maior do que a requerida para a produo de alimentos para uma populao crescente, ou se o capital pudesse ser aplicado indefinidamente na terra antiga sem retornos decrescentes, no poderia haver elevao darenda, pois esta procede invariavelmente do emprego de uma quantidade adicional de trabalho com um retorno proporcionalmente menor. As terras mais frteis e mais favoravelmente localizadas sero cultivadasprimeiro, e o valor de troca de seus produtos ser ajustado da mesma forma que o de todas as demais mercadorias, isto , pela quantidade total de trabalho necessrio, sob vrias formas, da primeira ltima, para produzi-los e coloc-los no mercado. Quando a terra de qualidadeinferior comea a ser cultivada, o valor de troca dos produtos agrcolas aumenta, pois torna-se necessrio mais trabalho para produzi-los. O valor de troca de todas as mercadorias manufaturadas, originrias das minas ou obtidas da terra sempre regulado no pelamenor quantidade de trabalho que bastaria para produzi-las em condies altamente favorveis, desfrutadas por aqueles que tm particulares facilidades de produo, mas pela maior quantidade necessariamente aplicada por aqueles que no dispem de tais facilidades e continuam a produzi-las nas condies mais desfavorveis. Entende-se por circunstncias mais desfavorveis aquelas circunstncias sob as quais se deve operar para obter a quantidade necessria do produto. verdade que, na melhor terra, o mesmo produto seria ainda obtido com o mesmo trabalho utilizado anteriormente, mas seu valor aumentaria, por causa dos retornos decrescentes obtidos por aqueles que aplicaram trabalho e capital na terra de menor fertilidade. Noentanto, e apesar das vantagens das terras frteis sobre as de inferior qualidade no se haverem perdido, mas apenas transferido do cultivador ou do consumidor ao proprietrio da terra, e como se requer mais trabalho nas terras de inferior qualidade, e como, alm disso, somente com essas terras que podemos suprir-nos de uma quantidade adicional de produtos agrcolas, o valor comparativo de tais produtos se manter permanentemente acima do nvel anterior, e permitir troc- los por mais chapus, roupas, sapatos etc. cuja produo no exigiu uma quantidade adicional de trabalho.Portanto, a razo pela qual h aumento no valor comparativo dos produtos agrcolas o emprego de mais trabalho para produzir a ltima poro obtida e no o pagamento de renda ao proprietrio da terra. O valor do trigo regulado pela quantidade de trabalho aplicada sua produo naquela qualidade de terra, ou com aquela poro de capital que no paga renda. O trigo no encarece por causa do pagamento da renda, mas, ao contrrio, a renda paga porque o trigo torna-se mais caro, e, como foi observado,23 nenhuma reduo ocorreria no preo do trigo, mesmo que os proprietrios de terras renunciassem totalidade de suas rendas.quando a terra muito abundante, muito produtiva e frtil, no produz renda alguma.Somente quando suas foras diminuem, e quando se obtm menor retorno com o trabalho, uma parcela da produo original das faixas mais frteis destinada ao pagamento da renda.Com a utilizao de qualidades sucessivamente piores, aumentaria o valor das mercadorias com elas produzidas, pois a mesma quantidade de trabalho seria ento menos produtiva. O homem trabalharia mais com o suor de seu rosto, a natureza ajudaria menos, e a terra deixaria de ter uma posio privilegiada devido limitao de sua capacidade produtiva.O aumento da renda da terra decorre sempre do aumento da riqueza de um pas e da dificuldade de produzir alimentos para uma populao crescente. um sintoma, nunca uma causa de riqueza, pois esta frequentemente cresce com maior rapidez, enquanto a renda permanece estacionria ou mesmo decresce. A renda cresce mais rapidamente quando as terras disponveis se empobrecem em capacidade produtiva. A riqueza aumenta mais depressa nos pases em que a terra disponvel mais frtil, onde as importaes sofrem menos restries, onde, graas aos aperfeioamentos na agricultura, a produo pode ser multiplicada sem nenhum aumento na quantidade proporcional de trabalho; onde, conseqentemente, o progresso da renda lento.renda no entra nem pode entrar de forma alguma como parte componente daquele preo.renda no parte componente do preo das mercadorias.com cada poro de capital adicional que se precisa empregar na terra de menor retorno, a renda aumenta.A populao se regula pelos fundos destinados ao seu emprego, e, portanto, sempre cresce ou diminui de acordo com o aumento ou diminuio do capital. Toda reduo de capital , por isso, seguida necessariamente por uma menor demanda de trigo, por uma queda de preos e por uma reduo do cultivo. Na ordem inversa quela em que a acumulao de capital eleva a renda, se a acumulao diminui, a renda baixar. As terras mais improdutivas sero sucessivamente abandonadas,o valor de troca da produo cair cultivando-se, em ltimolugar, a terra de qualidade superior, aquela, ento, pela qual no se pagar renda.quando aumentam a riqueza e a populao de um pas, desde que sejam acompanhados, na agricultura, de aperfeioamentos to marcantes que tenham o poder de reduzir a necessidade de cultivar as terras mais pobres, ou de empregar o mesmo montante de capital no cultivo das faixas menos frteis.se ainda for descoberto depois que, com um melhoramento, se torna possvel obter o mesmo produto nas faixas n 1 e n 2, sem empregar a n 3, evidente que o efeito imediato deve ser uma reduo da renda, pois a terra n 2, em vez da n 3, que ser cultivada sem pagamento de renda; e a renda da n 1, em vez de ser a diferena entre as produes da n 3 e da n 1, ser a diferena entre as produes da n 2 e da n 1. Mantendo-se a populao constante,no haver procura adicional por nenhuma quantidade de trigo. O capital e o trabalho empregados na faixa n 3 sero dedicados produo de outras mercadorias desejveis pela comunidade, e no tero o efeito de elevar a renda, a menos que a matria-prima com a qual so fabricadas no possa ser obtida sem empregar capital menos vantajosamente na terra caso em que a faixa n 3 dever ser novamente cultivada.No h dvida de que a reduo nos preos relativos dos produtosagrcolas, em conseqncia de melhoramentos na agricultura, ou como resultado de menor utilizao de trabalho na sua produo, conduziria, naturalmente, a um aumento na acumulao, pois os lucros do capital cresceriam consideravelmente. Essa acumulao levaria a uma maiordemanda de trabalho, a salrios mais elevados, a um aumento demogrfico, a uma maior procura de produtos bsicos e a um aumento no cultivo. Portanto, somente aps o aumento da populao a renda voltaria a ser to grande quanto antes, ou seja, depois que a faixa n 3 fosse outra vez cultivada. Os melhoramentos na agricultura, porm, so de dois tipos: osque aumentam a capacidade produtiva da terra, e os que nos permitem, pelo aperfeioamento da maquinaria, obter o produto com menos trabalho. Ambos levam a uma diminuio no preo dos produtos agrcolas e ambos afetam a renda, mas no a afetam da mesma maneira.Melhoramentos: sua caracterstica essencial diminuir a quantidade de trabalho exigida para produzir uammercadoria e esta diminuio no pode ocorrer sem uma queda no seu preo ou valor relativo.As melhorias que aumentam a capacidade produtiva da terra so, por exemplo, a rotao mais eficiente das culturas ou a escolha mais cuidadosa dos fertilizantes. Tais melhoramentos permitem obter a mesma produo de uma extenso menor de terra.Mas, como j observei, no necessrio que a terra seja deixada sem cultivo para produzir a renda: para obter esse efeito basta que sucessivas pores de capital sejam empregadas na mesma terra com diferentes resultados, e que a poro que proporcionou omenor resultado seja retirada. Se, pela introduo do plantio de nabos, ou pela utilizao de adubos mais eficazes, posso obter a mesma produo com menos capital, sem afetar a diferena entre as capacidades produtivas das sucessivas pores de capital, provocarei uma reduona renda, pois uma poro diferente e mais produtiva ser o padro pelo qual todas as outras sero avaliadas.Existem, porm, aperfeioamentos que podem reduzir o valor relativo do produto sem reduzir a renda em trigo, embora diminuam a renda da terra em termos monetrios. Tais aperfeioamentos no aumentam a capacidade produtiva da terra, mas permitem obter seu produto com menos trabalho .exemplo: implementos agrcolas.Menos capital, que o mesmo que menos trabalho, ser empregado na terra, mas, para se obter o mesmo produto, no se poder cultivar menor extenso de terra.Mas, se os aperfeioamentos fossem tais que permitissem realizar toda a economia na poro do capital empregada com menor produtividade, a renda em trigo diminuiria imediatamente, pois a diferena entre o capital mais produtivo e o menos produtivo seria reduzida, e essa diferena que constitui a renda.qualquer fato que diminua a desigualdade entre os produtos obtidos com sucessivas pores de capital empregadas na mesma terra ou em novas terras tende a reduzir a renda, e que qualquer fator que aumente aquela desigualdade necessariamente produz o efeito oposto, tendendo a elev-la. Ao referir renda do proprietrio da terra, ns a consideramos mais uma proporo do produto obtido com determinado capital numa propriedade agrcola determinada, sem nenhuma referncia a seu valor de troca. Mas, uma vez que a mesma causa a dificuldade de produo eleva o valor de troca do produto agrcola, aumentando tambm a proporo desse produto paga ao proprietrio da terra como renda, evidente que este ltimo duplamente beneficiado pela dificuldade da produo. Em primeiro lugar, ele obtm uma parcela maior; em segundo, a mercadoria com que ele pago tem maior valor

Captulo 4Sobre o preo natural e de mercado*nenhuma mercadoria deixa de sofrer variaes acidentais e temporrias de preo. somente em conseqncia de tais variaes que o capital distribudo na proporo exata necessria produo das diferentes mercadoriasprocuradas. Com o aumento ou queda de preos, os lucros se elevamou caem abaixo de seu nvel corrente, o que estimula o capital a participarou a sair daquela atividade em que a variao se verificou.naturalmente, buscar a aplicao mais vantajosa,e ficar insatisfeito com um lucro de 10%, se, transferindo seucapital, puder obter um lucro de 15%. Esse constante desejo de todosos aplicadores de capital deixar um negcio menos vantajoso por ummais vantajoso tende fortemente a igualar as taxas de lucro ou a fix-lasem tais propores que compensem.Exemplo;Quando aumenta a demanda de seda e diminui a deoutros tipos de tecido, o produtor deste no transfere seu capital para onegcio de seda, mas demite alguns de seus operrios e interrompe suademanda por emprstimos de banqueiros e de homens endinheirados.Com o produtor de seda acontece o inverso: ele necessita empregar mais trabalhadores e, portanto, sua motivao para tomar emprstimos aumenta.Ele pede mais emprstimos e dessa forma o capital transferidode um emprego para outro, sem que um fabricante necessariamente abandonesua ocupao habitual.Se, considerando tais circunstncias, os lucros do capital se ajustassemde tal forma que fossem 20% numa aplicao, 25% noutra e30% numa terceira, essas taxas provavelmente manteriam permanentementeessas diferenas relativas, e apenas essas. Se alguma causaelevasse o lucro de qualquer desses negcios em 10%, ou esses lucrosseriam temporrios e logo voltariam a seu nvel normal, ou os dasoutras aplicaes seriam aumentados na mesma proporo.Suponhamos que todas as mercadorias sejam vendidas por seupreo natural e que, conseqentemente, os lucros se apresentem emtodos os empregos de capital na mesma taxa, ou ainda difiram segundojulgamento das partes, de acordo com qualquer vantagem real ou imaginriaque possuam ou qual renunciem. Suponhamos agora que uma mudana na moda aumente a demanda de seda e diminua a detecidos de l. O preo natural, isto , a quantidade de trabalho necessria produo de cada um, permaneceria o mesmo, mas o preo demercado da seda aumentaria e o dos tecidos de l diminuiria. Emconseqncia, os lucros do fabricante de seda ficariam acima da taxageral de lucros, enquanto os do fabricante de tecidos de l ficariamabaixo. No somente os lucros, mas tambm os salrios seriam afetadosnaqueles setores. A maior demanda de seda seria logo atendida pelatransferncia de capital e de mo-de-obra provenientes das manufaturasde l. Ento, os preos de mercado da seda e dos tecidos de l seaproximariam novamente de seus preos naturais, e os lucros habituaisseriam outra vez obtidos pelos fabricantes daquelas mercadorias.Ao referir-me, portanto, ao valor de troca das mercadorias ou aopoder de compra possudo por uma mercadoria qualquer, designareisempre aquele poder que ela teria se no fosse perturbada por qualquercausa temporria e acidental, e que o seu preo natural.

Captulo5

Sobre Salrios O trabalho tem seu preo natural e seu preo de mercado.Preo natural: aquele necessrio para permitir que os trabalhadores, em geral, subsistam e perpetuem sua descendncia, sem aumento ou diminuio.A capacidade que tem o trabalhador de sustentar a si e famlia que pode ser necessria para conservar o nmero de trabalhadores no depende da quantidade de dinheiro que ele possa receber comosalrio, mas da quantidade de alimentos, gneros de primeira necessidade e confortos materiais que, devido ao hbito, se tornaram para ele indispensveis e que aquele dinheiro poder comprar. O preo naturaldo trabalho, portanto, depende do preo dos alimentos, dos gnerosde primeira necessidade e das comodidades exigidas para sustentar otrabalhador e sua famlia. Com um aumento no preo dos alimentose dos gneros de primeira necessidade, o preo natural do trabalhoaumentar. Com uma queda no preo daqueles bens, cair o preonatural do trabalho. Com o desenvolvimento da sociedade, o preo natural do trabalhotende sempre a crescer, pois uma das principais mercadorias que regulao seu preo natural tende a tornar-se mais cara, devido crescente dificuldade para sua produo. Como, entretanto, os aperfeioamentos na agricultura e a descoberta de novos mercados de onde os gneros de primeira necessidade podem ser importados conseguem conter temporariamente a tendncia altista desses ltimos e inclusive fazer baixar o seu preo natural, assim tambm as mesmas causas produziro os efeitos correspondentes no preo natural do trabalho.O preo natural de todas as mercadorias com exceo dos produtos agrcolas, e do trabalho tende a cair com o aumento da riqueza e da populao, pois, embora de um lado aumentem em valor real quando o preo natural da matria-prima de que so feitas seeleva, isso mais do que compensado pelos aperfeioamentos da maquinaria, pela melhor diviso e distribuio do trabalho e pela crescente qualificao cientfica e tcnica dos produtores.O preo de mercado do trabalho aquele realmente pago por este, como resultado da interao natural das propores entre a oferta e a demanda. O trabalho caro quando escasso, e barato quando abundante. Por mais que o preo de mercado do trabalho possa desviar-sedo preo natural, ele tende a igualar-se a este, como ocorre com as demais mercadorias.Quando o preo de mercado do trabalho excede o preo natural, a condio do trabalhador prspera e feliz, e ele pode desfrutar de grande quantidade de bens de primeira necessidade e dos prazeres da vida, e, portanto, sustentar uma famlia saudvel e numerosa. Quando,entretanto, pelo estmulo que os altos salrios do ao aumento populacional,cresce o nmero de trabalhadores, os salrios baixam outra vez at seu preo natural e, s vezes, por um efeito de reao, at abaixo dele.Quando o preo de mercado do trabalho inferior ao seu preo natural, a situao dos trabalhadores torna-se miservel: sua pobreza priva-os daqueles confortos que o hbito torna absolutamente necessrios. Somente depois que as privaes reduziram o nmero de trabalhadores, ou aps haver crescido a demanda de trabalho, o preo de mercado do trabalho subir at o preo natural, e o trabalhador ento ter os confortos moderados que a taxa natural de salrios lhe permite.se o aumento de capital for gradual e constante, a demanda de trabalho pode ser um estmulo contnuo para o crescimento da populao.O capital a parte da riqueza de um pas empregada na produo, e consiste em alimentos, roupas, ferramentas, matrias-primas, maquinariaetc., necessrios realizao do trabalho. O capital pode aumentar em quantidade ao mesmo tempo que cresce o seu valor. Pode haver em um pas um aumento da produo de alimentos e roupas, ao mesmo tempo que requerido mais trabalho do que antes para produzir a quantidade adicional. Nesse caso, no apenas se elevar a quantidade, mas tambm o valor do capital. O capital pode tambm aumentar sem que ocorra o mesmo com o seu valor, ou ainda quando o seu valor estiver diminuindo. Os alimentos e roupas em determinado pas podem no apenas aumentar, mas faz-lo com o auxlio de maquinaria, sem nenhuma elevao e at mesmo com diminuio absoluta da quantidade proporcional de trabalho necessria para produzi-los. A quantidade de capital pode aumentar sem que a totalidade ou alguma frao dele tenha maior valor do que antes, podendo inclusive ter um valor ainda menor.No primeiro caso, o preo natural do trabalho, que sempre depende do valor da alimentao, do vesturio e de outros bens de primeira necessidade, sofrer um aumento. No segundo, permanecer estacionrio ou cair. Em ambos os casos, contudo, a taxa de mercado dos salrios se elevar, pois a demanda de trabalho aumentar na mesma proporo em que aumentar o capital: a demanda de trabalhadores variar na proporo do trabalho a ser feito. Em ambos os casos, tambm o preo de mercado do trabalho subir alm do preo natural, e tender a ajustar-se a esse preo, mas, no primeiro caso, esse ajustamento ocorrer com maior rapidez. A situao do trabalhador melhorar, mas no muito, pois o preo aumentado dos alimentos e de bens de primeira necessidade absorver uma grande parcela dos salrios aumentados.No segundo caso, a situao do trabalhador melhorar muito. Ele receber maiores salrios monetrios, sem ter que pagar preos mais elevados, Somente se a populao tiver registrado um grande aumento que o preo de mercado do trabalho voltar a corresponder ao seu preo natural, ento reduzido.Assim, pois, na medida em que a sociedade progride e que aumenta o seu capital, os salrios de mercado do trabalho subiro, mas a permanncia dessa elevao depender de que o preo natural do trabalho tambm aumente. E isso depender de uma elevao do preo.Pelo constante barateamento das mercadorias manufaturadas eo permanente encarecimento dos produtos agrcolas, surge com o desenvolvimentoda sociedade a longo prazo tal desproporo entre seus valores relativos que, nos pases ricos, o trabalhador consegue atender generosamente a todas as suas demais necessidades sacrificando apenas uma pequena parte de sua alimentao.os salrios aumentam ou diminuem por duas causas:1) a oferta e a demanda de trabalhadores;2) o preo das mercadorias nas quais os salrios so gastos.Em diferentes fases da sociedade, a acumulao de capital ou dos meios de empregar trabalho mais ou menos rpida, dependendo em todos os casos da capacidade produtiva do trabalho. Essa capacidade produtiva geralmente maior quando a terra frtil abundante: em tais perodos, a acumulao por vezes to rpida que a oferta de trabalhadores se expande menos rapidamente que a do capital.Sob as mesmas circunstncias favorveis, contudo, a totalidade do capital de um pas pode dobrar possivelmente num perodo menor. Nesse caso, os salrios tendero a aumentar durante todo o perodo, pois a demanda de trabalho crescer mais rapidamente do que sua oferta.Em novas colnias, o capital tende provavelmente a crescer mais rapidamente que a populao. Se essa falta de trabalhadores no fosse superada por intermdio de pases mais populosos,aquela tendncia provocaria uma grande elevao no preo do trabalho. Na medida em que esses pases se tornam mais povoados, e em que se passa a cultivar terras de pior qualidade, diminui a tendncia ao crescimento do capital, j que o produto excedente, aps satisfeitas asnecessidades da populao, deve ser necessariamente proporcional s facilidades de produo, isto , ao menor nmero de pessoas agora nela empregadas.Em pases onde as terras so frteis so abundantes mas onde os indivduos se expem a todos os males da indigncia. No primeiro caso, o mal decorre de um mau governo, da insegurana da propriedade e da necessidade de educao de todas as camadas do povo. Para serem mais felizes, essas pessoas necessitariam apenas de melhor governo e de instruo, pois o resultado inevitvel seria um aumento de capital maior do que o da populao. Nenhum aumento populacional ser demasiadamente grande, enquanto a capacidade produtiva for ainda maior. No outro caso, a populao cresce mais rapidamente que os recursos necessrios ao seu sustento. Ento, qualquer esforo produtivo apenas agrava o mal, a menos que seja acompanhado de menor taxa de crescimento da populao, pois a produo no pode acompanhar seu ritmo.Com a populao pressionando os meios de subsistncia, os nicos remdios so ou a reduo do nmero de habitantes ou uma acumulao de capital mais rpida. Nos pases ricos, onde as terras frteis j so cultivadas, este ltimo remdio no muito praticvel nem tampouco desejvel, pois seu efeito seria, se levado muito longe, tornar todas as classes igualmente pobres. Mas, nos pases pobres, onde h abundantes reservas de meios de produo, por haver terras frteis ainda incultas, aquele seria o nico meio seguro e eficaz de eliminar o mal, especialmente na medida em que o resultado de sua aplicao elevasse o padrode vida de todas as classes sociais.Com o desenvolvimento natural da sociedade, os salrios do trabalho, sendo regulados pela oferta e pela demanda, tendem a diminuir, pois a oferta de trabalhadores continuar a crescer mesma taxa, enquanto a demanda aumentar a uma taxa menor.estacionrio, quando ento aconteceria o mesmo com os salrios, que seriam apenas suficientes para manter o atual nmero de habitantes. Em tais circunstncias, os salrios diminuiriam se fossem regulados apenas pela oferta e demanda de trabalhadores; no devemos esquecer, no entanto, queso regulados tambm pelos preos das mercadorias em que so gastos.Com o crescimento da populao, o preo desses bens de primeira necessidade aumentar constantemente, pois mais trabalho ser necessrio para produzi-los. Se, portanto, os salrios monetrios diminussem, enquanto aumentassem todas as mercadorias em que so gastos, o trabalhador seria duplamente afetado, e logo estaria totalmente privado de meios de subsistncia. No entanto, em vez de carem, os salrios monetrios subiro, mas no o bastante para permitir que o trabalhador compre tantos gneros de primeira necessidade e desfrute de tanto conforto como acontecia antes de aumentarem os preos dessas mercadorias. Ele teria recebido, portanto, um aumento em seu salrio monetrio, embora com esse aumento ele no pudesse adquirir a mesma quantidade de trigo e de outras mercadorias que anteriormente consumia com sua famlia.Portanto, embora o trabalhador fosse menos bem remunerado, ainda assim o aumento de seu salrio necessariamente reduziria os lucros do fabricante, pois os seus produtos no seriam vendidos a um preos mais alto, mesmo tendo aumentado seus custos de produo. Isso, entretanto, ser analisado quando examinarmos os princpios que regulam os lucros.Observa-se, pois, que a mesma causa que eleva a renda, isto , a crescente dificuldade de prover uma quantidade adicional de alimentos com a mesma quantidade proporcional de trabalho, tambm elevar os salrios. Portanto, se o dinheiro tiver um valor invarivel, a renda e os salrios tendero a aumentar com o progresso da riqueza e da populao.O aumento no valor monetrio da renda acompanhado por uma parcela maior do produto: cresce no apenas a renda monetria do proprietrio da terra, mas tambm sua renda trigo.A sorte do trabalhador ser menos favorvel, seu poder aquisitivo de trigo dever piorar. Se o preo do trigo aumentar 10%, os salrios sempre crescero menos, e a renda sempre mais do que 10%. Assim, a situao do trabalhador tender a piorar, e a do proprietrio deterras, sempre a melhorarNa medida em que o trigo encarecesse, o trabalhador receberiamenores salrios em trigo, mas seus salrios monetrios sempre aumentariam,embora o seu padro de consumo, de acordo com o que supusemos anteriormente, fosse precisamente o mesmo. No entanto, como as demais mercadorias subiriam de preo, na proporo em que produtos agrcolas participassem de sua elaborao, o trabalhador deveriapagar mais por algumas delas. Embora o ch, o acar, o sabo, as velas e o aluguel da casa provavelmente no ficassem mais caros, ele pagaria mais para adquirir toucinho, queijo, manteiga, roupa branca, sapatos e tecidos. Portanto, mesmo com o aumento de salrio, sua situao seria comparativamente pior..os salrios sobem porque o aumento da riqueza e do capital ocasionou uma demanda adicional de trabalho, que infalivelmente ser acompanhada de maior produo de mercadorias. Para fazer circular as mercadorias adicionais, ainda que aos mesmos preos de antes, necessita-se de mais dinheiro, isto , de maior quantidade daquele produto estrangeiro do qual o dinheiro feito, e que somente se pode obter pela importao. Sempre que uma mercadoria necessriaem maior abundncia do que antes, seu valor relativo aumenta em relao ao daquelas com as quais ela comprada. Se houvesse demanda de mais chapus, seu preo aumentaria, e mais ouro seriadado em troca deles.dizer que as mercadorias subiro porque sobem os salrios seria incorrer numa verdadeiracontradio: pois dizemos primeiro que o valor relativo do ouro aumentar por causa da demanda e depois que o seu valor relativo diminuir porque os preos aumentaro dois efeitos totalmente incompatveis um com o outro.Se, portanto, todas as mercadorias aumentassem de preo, o ouro no viria de fora para comprar essas mercadorias mais caras, mas fluiria para o exterior para ser empregado com vantagem na compra dos produtos estrangeiros comparativamente mais baratos. o aumento de salrios no elevar os preos das mercadorias, seja o metal com o qual se faz o dinheiro produzido no pas, seja fora dele. Todas as mercadorias no podem subir ao mesmo tempo, sem que haja um acrscimo na quantidade de dinheiro. Para obter qualquer quantidade adicional de ouro do exterior, os produtos nacionais devem ser mais baratos, e no mais caros.Como todos os demais contratos, os salrios deveriam ser deixados justa e livre concorrncia do mercado, e jamais deveriam ser controlados pela interferncia da legislao.A lei dos pobres tornaram toda conteno suprflua e deram estmulo imprudncia oferecendo-lhe parte dos salrios que deveriam caber prudncia e perseverana. No entanto, se o nosso progresso se tornassemais lento, e se atingssemos um estado estacionrio, do qual acredito estarmos ainda muito distantes, ento a natureza perniciosa dessas leis se tornaria mais evidente e alarmante. Ento, sua revogao seria impedida por muitas dificuldades adicionais.Captulo6

Sobre os lucros,os lucros do capital, em diferentes atividades, so proporcionais entre si e tendem a variar no mesmo grau e no mesmo sentido, resta considerar qual a causa das permanentes variaes na taxa de lucro e as resultantes variaes permanentes na taxa de juros.O valor total de suas mercadorias dividido apenas em duas pores :os lucros do capital e os salrios do trabalho.O preo das mercadorias aumenta e diminui na medida em que mais ou menos trabalho necessrio para a sua produo.Se o trigo e os produtos manufaturados fossem vendidos sempre pelos mesmos preos, os lucros seriam altos ou baixos, na medida em que fossem baixos ou altos os salrios. Mas, embora o preo do trigo aumente quando mais trabalho for necessrio para produzi-lo, essa causa no elevar o preo dos artigos manufaturados cuja produo no exigiu maior quantidade de trabalho. Se, portanto, os salrios permanecerem os mesmos, os lucros dos fabricantes tambm no se alteraro. Se, no entanto, como absolutamente certo, os salrios aumentarem com o aumento do trigo, ento os lucros necessariamente diminuiro. Assim na medida em que os salrios aumentassem, os lucros diminuiriam.Seus lucros seriam menores quando os salrios atingissem 800 libras do que quando ele pagava 600 libras. Assim, na medida em que os salrios aumentassem, os lucros diminuiriam.nos estgios primitivos da sociedade, tanto a participao do proprietrio quanto a do trabalhador no valor do produto da terra seria pequena, e que aumentaria na medida do desenvolvimento da riqueza e da dificuldade de produzir alimentos. Mostramos tambm que, embora o valor da poro correspondente ao trabalhador deva crescer com o aumento do valor do alimento, sua participao real diminuir, enquanto a do proprietrio no apenas aumentar em valor como tambm em quantidade.A quantidade remanescente do produto da terra, aps o pagamento ao proprietrio e ao trabalhador, pertence necessariamente ao arrendatrio, constituindo os lucros de seu capital. Poder-se-ia, no entanto, argumentar que, embora a participao do arrendatrio no produto total, com o desenvolvimento da sociedade, diminua, ainda assim, como o valor de toda a produo aumentar, ele poder receber um valor maior, da mesma forma que o proprietrio da terra e o trabalhador.Assim, embora o proprietrio e o trabalhador obtivessem efetivamente um valor maior como renda e como salrio, o valor do lucro do arrendatrio poderia tambm ter aumentado. Isso, no entanto, impossvel, como tentarei mostrar em seguida.Em primeiro lugar, o preo do trigo aumentaria apenas na medida em que aumentassem as dificuldades de produzi-lo ao se cultivar uma terra de pior qualidade.sua taxa de lucro diminui na proporo do aumento do preo dos cereais.Portanto, creio haver sido claramente demonstrado que um aumento no preo do trigo, ao aumentar os salrios monetrios, diminui o valor em dinheiro dos lucros do arrendatrio. por isso que qualquer aumento no preo do trigo, em consequncia da necessidade de empregar mais trabalho e mais capital para obter determinada quantidade adicional de produto, ser sempre igualado em valor, pela renda adicional, ou pelo trabalho adicional empregado.Portanto, vemos que, se o produto pertencente ao arrendatrio for 180, 170, 160 ou 150 quarters, ele sempre obter a mesma soma de 720 libras, com o preo aumentado em proporo inversa quantidade.Conclumos, pois, que a renda sempre onera o consumidor, e nunca o arrendatrio, visto que, se o produto de sua fazenda for uniformemente 180 quarters, com o aumento de preo ele conservar o valor de menor quantidade, dando valor de maior quantidade ao proprietrio da terra. Essa deduo, contudo, sempre lhe deixaria a mesma soma de 720 libras. Vemos tambm que, em todos os casos, a soma de 720 libras deve ser dividida entre salrios e lucros. Quer aumentem ou diminuam os salrios ou lucros, desta soma de 720 libras que ambos devem ser obtidos. Por um lado, os lucros nunca podem aumentar tanto que absorvam uma parte to grande das 720 libras, que no reste com que suprir os trabalhadores com gneros de primeira necessidade. Por outro, os salrios nunca podemsubir tanto que no deixem uma parte do total para os lucros.Em qualquer caso, pois, tanto os lucros dos arrendatrios como os dos industriais sero reduzidos por uma elevao no preo dos produtos agrcolas, se esta for seguida de um aumento de salrios.43 Se o arrendatrio no obtm nenhum valor adicional pelo trigo que lhe sobra depois de pagar a renda; se o industrial no consegue nenhum valor a mais pelos bens que produz; se ambos so obrigados a pagar um valor maior em salrios, pode haver algo mais evidente que a queda dos lucros quando os salrios aumentam? Portanto, embora o arrendatrio no pague nenhuma parte da renda do proprietrio, que sempre regulada pelo preo do produto e sempre recai sobre os consumidores, ele tem sempre grande interesse em manter baixa a renda, ou melhor, em manter baixo o preo natural do produto.A taxa de lucros, no entanto, diminuiria ainda mais, pois o capital do arrendatrio no devemos esquecer formado, em grande parte, por produtos agrcolas, tais como cereais, montes de feno, trigo e cevada no debulhados, cavalos e vacas, todos os quais poderiam aumentar de preo em conseqncia do encarecimento da produo. Os lucros absolutos do arrendatrio diminuiriam de 480 libras para 445 15 s.; se, porm, devido causa que acabo de assinalar, seu capital aumentasse de 3 mil libras para 3 200 libras, sua taxa de lucros ficaria abaixo de 14% quando o trigo custasse 5 2 s. 10 d.Se um fabricante tambm empregasse 3 mil libras em seu negcio, seria obrigado, em conseqncia da elevao dos salrios, a aumentar seu capital para poder continuar na mesma atividade. Se as suas mercadoriasfossem antes vendidas por 720 libras, continuariam a s-lo ao mesmo preo. Os salrios, no entanto, que antes somavam 240 libras, aumentariam para 274 5 s., quando o trigo custasse 5 2 s. 10 d. No primeiro caso, haveria um saldo de 480 libras como lucro sobre as 3 mil libras. No segundo, o lucro seria de apenas 445 15 s. sobre um capital maior, e, portanto, seu lucro se ajustaria taxa modificada obtida pelo arrendatrio.Produtos agrcolas entra na confeco da maioria dos bens.Em todos os casos, as mercadorias encarecem porque gasto mais trabalho na sua produo, e no porque o trabalho nelas empregado tenha um valor maior. Artigos de joalheria, de ferro, de prata e de cobre no aumentaro, pois nenhum dos produtos agrcolas da superfcieda terra participa de sua produo. Poder-se-ia dizer que parto do princpio de que os salrios monetrios aumentaro quando aumentar o preo dos produtos agrcolas, mas que isso no , de modo algum, uma conseqncia necessria, j que o trabalhador pode contentar-se com um consumo mais reduzido. verdade que os salrios podem ter estado anteriormente num nvel mais alto, podendo suportar alguma reduo. Assim sendo, a queda dos lucros seria contida. impossvel admitir, porm, que o preo em dinheiro dos salrios viesse a diminuir, ou permanecer estacionrio, com um aumento gradual do preo dos bens de primeira necessidade. Portanto, podemos tomar como certo que, em circunstncias normais, todo aumento permanente dos bens de primeira necessidade ocasiona um aumento de salrios, ou por este ocasionado.Os efeitos sobre os lucros seriam os mesmos, ou quase os mesmos, se houvesse um aumento naqueles outros produtos de primeira necessidade, alm dos alimentos, nos quais se gastam os salrios. Sendoobrigado a pagar mais por essas mercadorias, o trabalhador teria de pedir salrios maiores, e qualquer fator que aumente os salrios necessariamente reduz os lucros.Os elevados lucros obtidos pelo capital empregado na produo dessa mercadoria naturalmente atrairo capital para tal atividade. Assim, to logo a soma de capital requerido seja alcanada, e to logo a quantidade de mercadorias aumente devidamente, seu preo diminuir, e os lucros da atividade se ajustaro ao nvel geral. Uma queda na taxa geral de lucros no de forma alguma incompatvel com um aumento parcial dos lucros numa atividade particular. pela desigualdade de lucros que o capital se movimenta de uma para outra atividade. Logo, enquanto os lucros gerais esto diminuindo e colocando-se num nvel inferior, em conseqncia do aumento de salrios e da dificuldade cada vez maior de abastecer com gneros de primeira necessidade uma populao crescente, os lucros do arrendatrio podem, por um breve intervalo, permanecer acima do nvel anterior. Pode tambm acontecer que uma atividade particular do comrcio exterior ou colonial receba, por algum tempo, um estmulo extraordinrio, mas a aceitao desse fato no invalida a teoria de que os lucros dependem de salrios altos,.ou baixos, os salrios dependem do preo dos bens essenciais, e o preo desses bens depende principalmente do preo dos alimentos, j que a quantidade de todas as outras coisas pode aumentar quase ilimitadamente.os preos sempre variam no mercado, em primeiro lugar, por causa da situao relativa entre demanda e oferta.Seu preo pode aumentar para 60 ou 80 xelins... Os fabricantes de tecidos tero lucros anormalmente elevados por algum tempo, mas o capital naturalmente fluir para esse negcio, at que a oferta e a demanda atinjam novamente um nvel normal, quando ento o peo do tecido diminuir novamente para 40 xelins, que o seu preo natural ou necessrio. Da mesma forma, sempre que aumentar a demanda do trigo, o preo pode aumentar o bastante para propiciar ao arrendatrio mais que os lucros correntes. Se houver muita terra frtil, o preo do trigo baixar novamente ao nvel anterior, depois que a quantidade necessria de capital houver sido empregada na sua produo, e os lucros sero como anteriormente. Mas, se no houver abundncia de terras frteis, e se, para produzir a quantidade adicional procurada, for necessrio utilizar capital e trabalho em quantidades maiores que as habituais, o preo do trigo no voltar ao nvel anterior. Seu preo natural aumentar e o arrendatrio, em vez de obter permanentemente maiores lucros, ser obrigado a satisfazer-se com a taxa menor que resulta inevitavelmente do aumento de salrios causado pelo encarecimento dos gneros de primeira necessidade.A tendncia natural dos lucros, portanto, diminuir, pois, com o desenvolvimento da sociedade e da riqueza, a quantidade adicional de alimentos requerida se obtm com o sacrifcio de mais e mais trabalho. Essa tendncia, como se os lucros obedecessem lei da gravidade, felizmente contida, a intervalos que se repetem, pelos aperfeioamentos das maquinarias usadas na produo dos gneros de primeira necessidade, assim como pelas descobertas da cincia da agricultura, que nos permitem prescindir de uma parcela do trabalho antes necessrio,e, portanto, reduzir para o trabalhador o preo daqueles bens. O aumento do preo de tais bens e dos salrios entretanto limitado, pois quando os salrios chegassem (como no caso apresentado anteriormente) a 720 libras, isto , equivalessem s receitas totais do arrendatrio,a acumulao terminaria, uma vez que nenhum capital obteria lucro, no haveria nenhuma demanda adicional de trabalho e, conseqentemente, a populao teria atingido seu ponto mais elevado. De fato, bem antes dessa fase, a baixssima taxa de lucros teria detido toda acumulao, e quase todo o produto do pas, aps o pagamento dos trabalhadores, pertenceria aos proprietrios de terra e aos cobradores de dzimos e impostos.Sem motivao no haveria acumulao e em consequncia tal situao de preos jamais ocorreria.A motivao para a acumulao diminuiria a cada reduo do lucro, e cessaria totalmente quando os lucros fossem to baixos que j no compensassem os esforos do arrendatrio e do industrial, nem o risco que devessem enfrentar no emprego produtivo de seu capital.Depois que o capital se acumulou em grande volume, com a conseqente queda dos lucros, estes diminuiro, em valor global, com novas acumulaes. Exemplo:com sucessivas adies de 100 mil libras ao capital, e com a reduo da taxa de lucros de 20% para 19, 18, 17% etc., as produes obtidas anualmente crescero em quantidade, e contero um aumento total de valor maior do que aquele que, segundo se calculou, o capital adicional deveria produzir.no pode haver acumulao de capital enquanto este no proporcionar algum lucro, se no proporcionar, alm do aumento do produto, tambm um acrscimo de valor.Enquanto a terra produzabundantemente, os salrios podem aumentar temporariamente, e os produtores podem consumir mais do que habitualmente, mas o estmulo que isso d populao rapidamente obrigar os trabalhadores a conformar- se com o seu consumo anterior. Contudo, quando as terras pobres comeam a ser cultivadas, ou quando so gastos na terra antiga mais capital e mais trabalho, com menor retorno em produto, o efeito deve ser permanente. Uma proporo maior da frao da produo que sobra para ser dividida, aps o pagamento da renda, entre osproprietrios do capital e os trabalhadores, caber a estes ltimos. Cada homem poder ter e provavelmente ter uma menor quantidadeabsoluta. Mas, como mais trabalhadores so empregados proporcionalmente ao produto total retido pelo arrendatrio, os salrios absorvero o valor de uma frao maior da produo global, e uma parte menor, portanto, sobrar para os lucros. Isso necessariamente se tornar permanente, em virtude das leis da natureza que limitama capacidade produtiva da terra.Portanto, chegamos novamente mesma concluso que j havamos antes tentado estabelecer: que em todos os pases e em todas as pocas, os lucros dependem da quantidade de trabalho exigida para prover os trabalhadores com gneros de primeira necessidade, naquelaterra ou com aquele capital que no proporciona renda. Os efeitos da acumulao, portanto, sero diferentes em pases diferentes, e dependero basicamente da fertilidade da terra. Por mais extenso que seja um pas, se suas terras forem de baixa fertilidade e se a importaode alimentos for proibida, a menor acumulao de capital ser acompanhada de grandes redues na taxa de lucros e de um rpido aumento da renda. Inversamente, num pas pequeno, porm frtil, especialmente se a importao de alimentos for livre, poder ser acumulado um grande estoque de capital sem nenhuma reduo elevada da taxa de lucros nem grande aumento da renda da terra. No captulo sobre salrios tentamos mostrar que o preo em dinheiro das mercadorias no seria aumentado por uma elevao salarial, tanto no caso de ser o ouro padro monetrio produzido no pas, quanto no caso de ser importado. Se assim no fosse, isto , se os preos das mercadorias fossem permanentemente aumentados por causa dos altos salrios, no seria menos verdadeira a proposio segundo a qual salrios elevados invariavelmente afetam aqueles que empregam trabalhadores, privando-se de uma parcela de seus lucros reais.que um aumento salarial no elevaria os preos das mercadorias, mas invariavelmente reduziria os lucros; e, em seguida, que, se os preos de todas as mercadorias pudessem aumentar, o efeito sobre os lucros ainda seria o mesmo, e, de fato, somente teria seu valor reduzido o meio pelo qual preos e lucros so avaliados.

Captulo7

Comercio ExteriorNenhuma ampliao do comrcio exterior aumentar imediatamente o montante do valor em um pas, embora contribua poderosamente para ampliar o volume de mercadorias, e, portanto, a soma de satisfaes. Como o valor de todos os bens estrangeiros medido pela quantidade de produtos de nossa terra e de nosso trabalho dados em troca deles, no obteramos mais valor se, pela descoberta de novos mercados, consegussemos duplicar os bens estrangeiros recebidos em troca de determinada quantidade dos nossos.