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PARA ALÉM DO PLANTIO, DA COLHEITA A CRISE: a cultura fumageira na Colônia Treze. *Idilene dos Santos 1 *Josefa Telma Santos Rodrigues 2 RESUMO A presente comunicação tem como objetivo apresentar a análise do processo de formação da cultura fumageira no povoado Colônia Treze, localizado no município de Lagarto, Sergipe no período de 1960 aos dias atuais. A trajetória do fumo no Brasil é antiga. Atualmente o Brasil mantém a segunda posição em termos de produção de fumo em folha, sendo que a região Sul é a que mais produz. Em Sergipe, segundo Nunes o fumo começou a desenvolver-se ainda na capitania de Sergipe del Rei no início do século XVII, como produto de exportação. A partir da segunda metade do século XVIII o fumo em Sergipe desenvolveu-se, neste momento o estado conheceu sua maior lavoura. No munícipio de Lagarto, a cultura do fumo possui relevância econômica, visto que esta alcançou seu auge na década de 70. Atrelado à história do fumo no município de Lagarto, está à história do fumo no povoado Colônia Treze, que se deu desde sua colonização com o fundador Antônio Martins de Menezes. Em 1962 houve a criação da cooperativa no povoado, seu primeiro presidente foi o Sr. José Firmino de Araújo e o principal produto cultivado pelos agricultores da localidade era o fumo, mas também cultivavam outros gêneros alimentícios, como mandioca, maracujá, feijão e laranja. PALAVRAS-CHAVE: Cultura Fumageira. Plantio. Crise. O FUMO NO BRASIL A agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo a procura da satisfação de suas necessidades. 3 Gilberto José dos Santos afirma que o processo produtivo é definido também como um sistema de preparar a terra para plantar, tratar e colher, com a finalidade de produzir alimentos para a subsistência do homem. Assim, o plantio do fumo fica caracterizado como cultura. O autor ainda caracteriza o plantio como cultura temporária, pois o ciclo é de no máximo um ano. 1 Graduada em licenciatura em História pela Faculdade José Augusto Vieira, [email protected] 2 Graduada em licenciatura em História pela Faculdade José Augusto Vieira, [email protected] 3 SANTOS, Gilberto José dos. Administração de custos na agropecuária / Gilberto José dos Santos; José Carlos Marion, Sonia Segatti. 3. Ed. São Paulo : Atlas. 2002.

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Page 1: RESUMO - snh2011.anpuh.org · RESUMO A presente comunicação tem como objetivo apresentar a análise do processo de formação da ... 6 FURTADO, Celso, 1920-2004. Formação Econômica

PARA ALÉM DO PLANTIO, DA COLHEITA A CRISE: a cultura fumageira na

Colônia Treze.

*Idilene dos Santos1

*Josefa Telma Santos Rodrigues2

RESUMO

A presente comunicação tem como objetivo apresentar a análise do processo de formação da

cultura fumageira no povoado Colônia Treze, localizado no município de Lagarto, Sergipe no

período de 1960 aos dias atuais. A trajetória do fumo no Brasil é antiga. Atualmente o Brasil

mantém a segunda posição em termos de produção de fumo em folha, sendo que a região Sul

é a que mais produz. Em Sergipe, segundo Nunes o fumo começou a desenvolver-se ainda na

capitania de Sergipe del Rei no início do século XVII, como produto de exportação. A partir

da segunda metade do século XVIII o fumo em Sergipe desenvolveu-se, neste momento o

estado conheceu sua maior lavoura. No munícipio de Lagarto, a cultura do fumo possui

relevância econômica, visto que esta alcançou seu auge na década de 70. Atrelado à história

do fumo no município de Lagarto, está à história do fumo no povoado Colônia Treze, que se

deu desde sua colonização com o fundador Antônio Martins de Menezes. Em 1962 houve a

criação da cooperativa no povoado, seu primeiro presidente foi o Sr. José Firmino de Araújo e

o principal produto cultivado pelos agricultores da localidade era o fumo, mas também

cultivavam outros gêneros alimentícios, como mandioca, maracujá, feijão e laranja.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura Fumageira. Plantio. Crise.

O FUMO NO BRASIL

A agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação

do homem sobre o processo produtivo a procura da satisfação de suas necessidades.3 Gilberto

José dos Santos afirma que o processo produtivo é definido também como um sistema de

preparar a terra para plantar, tratar e colher, com a finalidade de produzir alimentos para a

subsistência do homem. Assim, o plantio do fumo fica caracterizado como cultura. O autor

ainda caracteriza o plantio como cultura temporária, pois o ciclo é de no máximo um ano.

1 Graduada em licenciatura em História pela Faculdade José Augusto Vieira, [email protected] 2 Graduada em licenciatura em História pela Faculdade José Augusto Vieira, [email protected] 3 SANTOS, Gilberto José dos. Administração de custos na agropecuária / Gilberto José dos Santos; José Carlos

Marion, Sonia Segatti. – 3. Ed. – São Paulo : Atlas. 2002.

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A tarefa de encontrar uma ocupação econômica para as terras americanas ficou a cargo

de Portugal, a partir de medidas políticas iniciou-se a exploração agrícola. A colonização

brasileira se encaixa neste contexto. Segundo Maria Thétis Nunes a intenção dos

colonizadores não era de investir para que o mercado interno crescesse, e sim o mercado

externo, principalmente os solicitados pelo mercado europeu, produtos estes usados na

exportação. Ainda, Thétis Nunes afirma que:

A politica econômica de Portugal para a colônia brasileira objetivou faze-la

parte integrante da economia europeia. Assim, as principais medidas

tomadas não visavam ao seu desenvolvimento através da produção de

gêneros que contribuíssem para incrementar o mercado interno, mas,

principalmente, para incentivar os produtos solicitados pelo mercado externo

europeu. Daí, a atenção voltada para os produtos de exportação.4

No Brasil Colonial as terras tropicais eram boas para cultivo de algumas plantas

inclusive a do fumo. Durante o período colonial a agricultura era o elemento fundamental.

Com o passar dos anos, a agricultura tropical obteve grande desenvolvimento e bom

desempenho gerando uma boa margem de lucro.

É importante destacar que a colônia estava agora designada a fornecer produtos

tropicais, artigos considerados lucrativos para o comercio europeu, tendo em vista que a

agricultura tropical tem por objetivo único a produção de certos gêneros de grande valor

comercial, sendo altamente lucrativos.5

Mediante esses empecilhos a empresa agrícola brasileira passou por dificuldades, mas

alcançaram êxito. A partir do momento que se alcançou bons resultados tornou-se atraente a

utilização econômica das terras. Um dos principais produtos cultivados considerado uma

especiaria era o açúcar. Furtado constata que:

Os portugueses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a produção,

em escala relativamente grande, nas ilhas do atlântico, de uma das

especiarias mais apreciadas no mercado europeu: o açúcar. Essa experiência

resultou ser de enorme importância, pois, demais de permitir a solução dos

problemas técnicos relacionados com a produção do açúcar, fomentou o

4 NUNES, Maria Thétis. Sergipe Colonial I. 2°ed São Cristovão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviedo

Teixeira, 2006. p.64 5 PRADO JUNIOR, Caio, 1907-1990 Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia / Caio Prado Junior. São

Paulo: Bresiliense, 2007.

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desenvolvimento em Portugal da indústria de equipamentos para os

engenhos açucareiros.6

À medida que a empresa agrícola crescia, com resultados obtidos, novos produtos

eram implantados na produção e havia a expansão do mercado. Assim surgiu uma

preocupação, a de encontrar artigos que pudessem ser produzidos em pequenas propriedades.7

Para os que financiavam os gastos iniciais para instalação da agricultura na região

Norte da América, os resultados não foram os melhores, não obtiveram o lucro que

desejavam, encontraram sérias dificuldades, uma delas foi que não encontraram nenhum

produto de exportação adaptável à região e ao clima, os artigos que eram produzidos nessa

região eram os mesmos produzidos na Europa.

Para Furtado as condições climáticas das Antilhas permitiam a produção de certo

número de artigos dos quais destacava o fumo. Além do fumo havia o algodão, o anil e o

café. O fumo era compatível com regime de pequena propriedade e proporcionava uma boa

margem de lucro aos colonizadores. Com o passar dos anos, a agricultura tropical cresceu,

principalmente a do fumo. Aos poucos por meio de um processo gradativo o fumo foi

tomando território e foi implantado na agricultura, tornando-se uma cultura.

O fumo tornou-se importante para a economia, pois em meados do século XVII ao ser

exportado em navios eram necessárias tropas para proteger a carga dos saqueadores, havia um

controle da mercadoria e medidas foram tomadas para realizar um rigoroso controle em torno

da exportação do fumo.

Com o passar dos anos a produção aumentou e consequentemente os impostos que

giravam em torno dessa produção também, no final do século XVII, formaram-se os circuitos

comerciais, a princípio o comércio não foi muito importante, todavia divulgou o fumo

brasileiro nos países do Norte da Europa.

Com o aumento da produção e dos impostos, houve então o início de contrabandos

que giravam em torno principalmente da fabricação do fumo em pó e na sua venda. Até

mesmo os religiosos da época acabaram se envolvendo Nardi expõe que:

6 FURTADO, Celso, 1920-2004. Formação Econômica do Brasil / Celso Furtado. – 34. Ed. – São Paulo:

Companhia das Letras, 2007, p.52 7 Iden

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Começou, então, o desenvolvimento do contrabando, que consistia

principalmente na fabricação do fumo em pó e na sua venda. Os padres e

freiras eram peritos nesse assunto, porque as autoridades da justiça não

podiam entrar nos conventos. No total o contrabando ocasionava a junta

perdas avaliadas em 200,000 cruzados por ano, ou seja, quase a metade da

contribuição que ela devia pagar com o fumo. 8

Buscaram muitos meios para exterminar o contrabando, pois o Brasil estava deixando

de obter “lucro”, devido à perda dos impostos. Uma medida foi uma produção em maior

escala, porém com um fumo de qualidade inferior. Outra solução adotada foi o aumento do

comércio do fumo na África, onde o produto funcionava como moeda para aquisição dos

escravos.

Em 1674, o consumo do fumo teve uma considerável queda, após o estabelecimento

da junta9. Passou de 844 arrobas para 413, havia ainda outro problema a ser resolvido, o

consumo interno havia crescido demasiadamente e tomado várias formas Nardi. Medidas

foram tomadas para tentar amenizar o problema, tentou-se proibir o consumo do fumo de toda

espécie, porém sem sucesso. A fabricação do fumo em casa também foi proibida e as vendas

foram limitadas a uma quarta de libra por pessoa conhecida e não negra de quinze em quinze

dias.

As medidas provocou revoltas violentas por parte dos moradores. Na capitania do Sul

a situação era diferente, em 1695 estabeleceu-se um contrato do Tabaco do Rio de Janeiro. A

cultura do fumo era proibida em todo o domínio do contrato exceto para o consumo dos

produtores e dos escravos. Apenas, em 1774 após várias tentativas de controle o comércio do

fumo foi novamente liberado. Nardi afirma que:

Após várias tentativas de controle, o comercio do fumo da Costa da Mina foi

finalmente liberado pela Provisão de 30 de março de 1756, limitando a carga

de cada navio a apenas três mil rolos de 2,5 arrobas. As exportações,

contudo, permaneceram em torno de 90 mil arrobas anuais.10

No Brasil, a situação estabilizou-se em 1751 com relação ao consumo interno, mas foi

apenas em 1757 que o contrato foi abolido definitivamente pelo Alvará de 10 de janeiro de

8 NARDI, Jean Baptiste Nardi. O Fumo no Brasil Colônia/ Jean Baptiste Nardi. Editora brasiliense S.A. São

Paulo. 1987, p.35 9 Medidas tomadas para resolver o problema do contrabando 10 Idem p.46

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1757. Então, com o fim do contrato, as importações de fumo da Bahia pelo Rio de Janeiro

aumentaram rapidamente.

Estima-se que no Brasil a cultura do fumo seja uma prática bastante antiga e que já

existia mesmo antes da “descoberta” dos europeus, começou a ser comercializado por volta

do século XVI. Nardi afirma que “o fumo foi descoberto pela expedição de Cristóvão

Colombo em 1492 na ilha de Cuba e gradativamente foi se expandindo por toda a Europa e

passou a ser consumido por todos ou pela maioria da população”. Com o tempo e aos poucos,

o fumo atravessou o continente e gradativamente se espalhou pelo mundo e logo estava em

todas as regiões. Os historiadores, Nardi, e André João Antonil11 afirmam que:

Pode-se ainda verificar que este produto teve uma introdução nos costumes

europeus de forma inusitada, pois foi inusitada por ter sido difundido de

baixo para cima, saindo dos rituais da cultura indígenas e chegando aos mais

requintados salões do mundo, ficando ate conhecido com a Eva da Rainha. 12

Segundo dados do SINDITABACO e da AFUBRA, atualmente, o Brasil é o segundo

maior produtor de fumo do mundo, e a maior parte dessa produção encontra-se na região

centro-sul com 730 municípios produtores. O país é líder em exportação desde 1993, dentro

desses municípios há cerca de 186.000 pequenos produtores. A produção do fumo possui

importância relativa para o crescimento da economia de nosso país, dados atuais da

ABIFUMO e AFUBRA confirmam essa relevância. O site rural de agricultura destacou que o

Brasil bateu recorde de exportação do fumo em 2012:

Industrializadas no sul do Brasil, as folhas de tabaco foram responsáveis por

1,34% das exportações totais do país em 2012. Segundo dados da Secretaria

de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio (SECEX/MDIC), em todo o Brasil foram exportados US$ 3,26

bilhões de tabaco processado, montante recorde em 20 anos de hegemonia

brasileira na liderança mundial de exportação da folha. 13

Ao longo dos tempos a prática de cultivar produtos tropicais foi crescendo, tornando-

se cada vez mais frequente na vida dos agricultores. Em alguns estados o fumo apresentou

grande desenvolvimento socioeconômico, sendo que os dias atuais a lavoura do fumo tem

11 ANTONIL, André João, 1649 ou 50-1716. Cultura e Opulência do Brasil. 3.ed. Belo Horizonte : Ed. Itatiaia; São Paulo : Ed. Da Universidade de São Paulo, 1982 12 ANDRADE, Manuel Correia de, 1922- A terra e o Homem no Nordeste: Contribuição ao estudo da questão

agraria no Nordeste / Manuel Correia de Andrade. – 7. Ed. Ver. e aumentada – São Paulo: corteg, 2005. 13 RURAL BR, AGRICULTURA. 2013, p.01

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estimulado o desenvolvimento brasileiro. A região sul é a campeã na produção da folha do

fumo. Segundo o IBGE:

Com relação ao fumo, a produção brasileira concentra-se na região Sul, que

responde por quase 98% do total nacional, com cerca de 700 municípios

produtores. O maior produtor nacional é o Rio Grande do Sul. No conjunto

das unidades da federação envolvidas nesta pesquisa, a perspectiva nacional

para a cultura é de decréscimo da área plantada ou a plantar (-0,1%), em

relação à safra passada. Nesta avaliação da nova safra a produção esperada é

de 883.405 t, 13,8% superior à safra passada, sendo o rendimento esperado

de 1.977 kg/ha, 13,8% superior ao obtido na safra anterior14

De acordo com os dados do IBGE, a cultura do fumo está presente em 763 municípios

ou 65% dos municípios da região Sul. No caso da região Nordeste, haviam dois sistemas

introduzidos pelos portugueses no século XVII, estes definidos como cultura de exportação e

cultura de subsistência. Andrade15 diz que “A distribuição do sistema agrícola dividido no

Nordeste vem da influencia de vários fatores podemos citar três deles, as condições naturais

do clima e do solo, a acessibilidade aos mercados consumidores e o momento histórico”.

A região Nordeste teve pouco desenvolvimento industrial. Nos estados nordestinos a

agricultura é a principal atividade econômica desenvolvida, apresentando assim uma grande

contribuição à produção nacional e desenvolvimento do país, pois possui uma grande região

de áreas cultivadas de produtos alimentícios, cultivados para o consumo interno ou produtos

de culturas industriais usados para exportação. Por isso, Andrade explica que:

Os estados situados no nordeste brasileiro, excetuando-se Pernambuco e

Bahia, tem pequeno desenvolvimento industrial, sendo a agricultura a

principal atividade neles desenvolvida, contribuindo com mais de 40% da

renda regional.16

O autor ainda destaca que, dentre os principais produtos cultivamos na região

nordeste, há o arroz, banana, feijão, laranja, mandioca, milho, algodão, fumo, dentre outros,

destinados ao consumo e a exportação. Nardi esclarece que “a cultura do fumo é uma

atividade bastante tradicional no Nordeste brasileiro, junto com este produto está o açúcar”.

14 IBGE, 2011 15 ANDRADE, Manuel Correia de, Geografia econômica do Nordeste / Manuel Correia de Andrade. 3 ed.

editora Atlas S.A. 1977. p. 69-70 16 Idem p.65

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Dessa forma, a cultura do fumo não surgiu junto com as demais, com a cana-de-

açúcar, por exemplo, o fumo foi sendo introduzido no vulto comercial aos poucos, dos

quintais para a roça e assim sucessivamente. A população que fazia uso dessa planta pertencia

às camadas mais baixas. Aos poucos por meio de um processo gradativo e contínuo o fumo

foi introduzido nas demais classes sociais, sendo formada por mercadores, senhores de

engenho, funcionários, dentre outros. A cultura do fumo começou a progredir no Recôncavo

Baiano, Sergipe, Conde e Litoral Pernambucano do Rio São Francisco até Olinda, Alagoas;

algumas regiões do Maranhão no litoral centro-sul.

Portanto, o fumo possui uma longa caminhada, uma longa história, não existem muitas

obras que falem a respeito da história do fumo especificamente. No Brasil, o fumo conseguiu

aos poucos se sobressair por meio da agricultura familiar e mini fundiária conforme explica

Nardi. Não apenas no século XVIII, mas até os dias de hoje existem famílias inteiras que

estão ocupadas nas lavouras do fumo.

A Bahia que integra a região Nordeste foi uma das pioneiras na introdução dessa

cultura. Por volta do século XVIII à planta começou a ser comercializada, Segundo Oliveira17

(2003), essa cultura ainda existe, mas devido ao aumento das indústrias e o surgimento das

fábricas possui um grau menos elevado e é mantida em menor escala. Almeida evidencia que:

A intensificação, no Brasil, de modernas técnicas agrícolas, com a chamada

Revolução Verde, a partir dos anos de 1970, acabou por aprofundar as

diferenças entre pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, uma vez

que foi negado ao pequeno agricultor o acesso a essa modernização,

deixando-lhe renegado às mudanças que foram ocorrendo no meio rural.18

Conforme citado anteriormente, devido o aumento das técnicas agrícolas houve um

aumento no número de produtores pequenos, que trabalhavam junto com suas famílias, em

pequenas propriedades, este, porém sem possuir grandes acessos as novas técnicas. Essa

prática do cultivo do fumo está presente em muitos estados brasileiros, inclusive em Sergipe.

Assim, a região Nordeste se encaixa nesse perfil, pois esta possuía agricultura como principal

atividade que contribuem em 40% da renda regional como constatou Andrade (1977) na sua

afirmação:

17 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. / Ariovaldo Umbelino de

Oliveira. – 4 ed. Editora Ática S.A. 1995 18 ALMEIDA, Paulo Henrique de. Quatro séculos de cultivo e manufatura do fumo na História da Bahia: história

de um outro Recôncavo. Nexos Econômicos, Salvador: FCC/ UFBA, v.2, n° 4, p. 25, 36, nov. 2002.

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Os estados situados no Nordeste brasileiro, excetuando-se Pernambuco e

Bahia, tem pequeno desenvolvimento industrial, sendo a agricultura a

principal atividade neles desenvolvida, contribuindo com mais de 40% da

renda regional.19

Não há como falar do fumo e de sua produção sem falar da cana-de-açúcar, pois se

percebe que este gênero esteve desde cedo frequente na produção brasileira, não se fala de

economia no período colonial sem falar da cana-de-açúcar bem como outros gêneros também.

A relação que possuem é que durante muitos anos essas duas culturas foram praticadas nas

mesmas regiões, a cana-de-açúcar, porém, com maior intensidade, pois esta se caracteriza por

ser uma cultura que favorece a concentração fundiária, sendo que nas áreas em que domina o

plantio da cana, encontram-se propriedades que se estendem por milhares e milhares de

hectares, na plantação da cana a maioria da população trabalha a terra como assalariada.

O que não é o caso da cultura fumageira, esta por sua vez é cultivada em pequenos

espaços, tratando-se de uma renda familiar e mini fundiária. Além disso, o fumo está entre os

principais produtos cultivados especialmente na região Nordeste. A princípio o fumo era

cultivado somente para o uso próprio da colônia, com o passar do tempo essa agricultura

passou de agricultura de subsistência para exportação.

Do plantio a comercialização, existem algumas etapas, que consistem em semear,

plantar, limpar, capar, desfolhar, colher, espinicar, torcer, virar, juntar, enrolar, encourar e

pisar, todos esses períodos requerem tempo e atenção por parte do agricultor, então se faz

necessário o envolvimento de toda a família no processo, tornando-se assim agricultura

familiar, veja a primeira e a segunda etapa consiste em semear e plantar. Antonil, aponta que:

Semeia-se esta em canteiros bem estercados, ou queimadas feitas no mato,

aonde há terra conveniente para isso e aparelhadas no mesmo ano em que há

de semear,... Tendo a planta já um palmo, ou pouco menos, de altura, se

passa dos canteiros, aonde nasceu, para os cercados ou currais, aonde se há

de criar, cuja terra, quanto mais estercada, é melhor [...]20

Por sua vez, o processo de produção de fumo especialmente quando se trata do

familiar é bastante minucioso, requer muita atenção, as folhas do tabaco precisam ser

quebradas próximas da hástia com o talo, após vinte quatro horas juntas, antes de secarem,

19 ANDRADE, Manuel Correia de, 1922- A terra e o Homem no Nordeste: Contribuição ao estudo da questão

agraria no Nordeste / Manuel Correia de Andrade. – 7. Ed. Ver. e aumentada – São Paulo: corteg, 2005. p. 73 20 ANTONIL, André João, 1649 ou 50-1716. Cultura e Opulência do Brasil. 3.ed. Belo Horizonte : Ed. Itatiaia;

São Paulo : Ed. Da Universidade de São Paulo, 1982. p. 149

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penduram-se em duas em duas pelo pé, metidas entre a palha, sendo que precisam ser

deixadas em local que possua vento, mas não sol, pois o sol as secaria muito rápido e as

mesmas perderiam a sustância.

Após estarem devidamente secas, retiram-se a maior parte dos talos, que segundo

Antonil chamam de espinicar, então se separam as melhores que servirão de capa para a corda

que é feita com as folhas, depois da formação da corda na qual as folhas tem que estar bem

unidas, igual e forte. É necessário para se obter um bom resultado, uma boa produção de

fumo, realizar durante um período de quinze dias pela manhã e pela noite a passagem da

corda de um pau para outro torcendo e apertando brandamente para que fique bem ligada e

dura. Depois disso, é necessário juntar três bolas de corda de tabaco em um pau, onde

permanece até chegar o tempo de enrolar.

Todas essas etapas devem ser devidamente cumpridas com atenção e cuidado, devido

esse processo exigir tempo e muita mão-de-obra, sendo que é preciso haver envolvimento de

toda a família de grandes a pequenos.

Vindo agora a falar das pessoas que se ocupam na fabrica e cultura do tabaco

ela é tal que a todos da o que fazer, porque nela trabalham grandes e

pequenos, homens e mulheres, feitores e servos. Mas nem todos servem para

qualquer ministério, dos que acima ficam referidos. 21

É importante explicar que a cultura fumageira no Brasil é bastante estimada e

valorizada, desde passado até os dias de hoje. Antonil destaca que o fumo havia pouco mais

de cem anos que começou a ser plantado, beneficiou a Bahia. Hoje, o fumo é exportado para a

Europa, e várias outras partes do mundo, há uma grande apreciação dos povos por esta planta,

sendo que já proporcionou grandes benefícios econômicos ao país e ainda nos dias atuais.

Apesar de essa cultura passar por um declínio em algumas regiões, ainda percebe-se a

forte influência da mesma sobre a economia. Contudo o fumo brasileiro é considerado um

produto de baixo valor, para alguns a produção do mesmo é considerada uma atividade

secundária. Porém, não é o que se percebe ao estudar a história do fumo, ele foi considerado

um gênero primordial.

21 Idem

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A cultura do fumo é bastante exigente quando se trata do clima, pois no momento de

cultivar a planta, de semear, de colher, todo o clima tem que estar favorável, nem muito

quente, nem muito frio. Na região Nordeste o fumo encontra condições favoráveis,

principalmente nos trecho do Agreste. Segundo Andrade o agreste nordestino possui solo

silicioso e uma estação úmida, que se estende por quatro ou cinco meses, desse modo à

cultura do fumo aparece concentrada em algumas regiões, como no município de Cruz das

Almas, Cachoeira, São Felix, Arapiraca em Alagoas, e em alguns municípios de Sergipe, e

Solanea-Bananeiras e Mari-Sapé, na Paraíba.

Os principais autores discutidos não apenas dialogam entre si, como também divergem

são eles, Sergio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Caio Prado Junior, e Manuel Correa de

Andrade. Ainda, Andrade atribuiu grande importância à agricultura nordestina, porém julga a

economia do fumo fraca, para ele os principais produtos eram arroz, laranja, feijão, banana e o

fumo estava no fim da lista, devido a sua baixa produção.

Os autores Furtado, Andrade e Prado Junior em suas obras citam a cana-de-açúcar, e

tratam desse artigo, como sendo um dos principais produzidos no Brasil, e é considerado

pelos mesmos o carro chefe da economia, principalmente na região das Antilhas, a qual era

conveniente o cultivo de determinados artigos devido ao clima da região, sendo que atrelado

ao cultivo da cana-de-açúcar está o cultivo do fumo.

O FUMO NA CIDADE DE LAGARTO SERGIPE

Sergipe é um Estado, localizado na Região Nordeste do Brasil, sua economia baseia-se

na agricultura, pecuária e extrativismo, também outras atividades, todavia em menor escala e

com menos importância econômica, tais como, comércio, turismo e indústrias. (FRANÇA,

2002) Durante muitos anos a economia sergipana girou em torno da produção da cana-de-

Sergipe em meados do século XVI a meados do século XVII, teve como principais atividades

econômicas, a lavoura de subsistência com a lavoura do fumo.

O Passos Sobrinho aponta que, durante algum tempo, Sergipe começou a produzir

açúcar. Nesse período, a vila do Lagarto já existia, sendo que além dela a capital São

Cristóvão e mais seis vilas. Alguns anos mais tarde foram introduzidos em Sergipe outros

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artigos. Entretanto a pecuária ganha força, sendo que historicamente foi a primeira atividade

economia de Sergipe.22

O município de Lagarto-Sergipe está localizado no território Centro Sul. A agricultura,

a pecuária e o comércio central formam o tripé de sustentação da economia local. O

município conta com cerca de 7.000 pequenas propriedades, em que são cultivados: fumo,

laranja, mandioca, maracujá, acerola, entre outros. Com várias comunidades rurícolas bem

alicerçadas, Lagarto não sofre tanto com o êxodo rural, graças às suas peculiaridades

fundiárias.23 Lagarto destaca-se por vários aspectos, porém a ênfase neste momento é a

cultura fumageira, tendo em vista que o município foi uma das cidades que se destacou na

cultura do fumo. Assim, explica que é importante enfatizar aspectos do seu auge a crise.

A cultura fumageira é uma característica marcante na cidade de Lagarto, o

que faz uma das principais cidades sergipanas na produção de fumo. A isso

se soma a preocupação de resgatar dados relativos a esta cultura destacando

o potencial econômico desta produção para o desenvolvimento da cidade. O

Estado de Sergipe possui excelentes terras para a atividade agrícola, cultivos

como de laranja, cana-de-açúcar, coco e o fumo são produtos para a

exportação.24

Segundo Andrade o auge da produção do fumo em Lagarto aconteceu na década de 70, a

produção estava a todo vapor e os preços eram favoráveis para o vendedor. Na década de

noventa, o fumo tinha uma produção significativa, no município predomina a produção

familiar e Antonil aponta que a cultura do fumo é uma cultura que se iniciou nos quintais e foi

até a roça, sendo que eram famílias inteiras que trabalhavam na lavoura do fumo, desde

pequenos a grandes.

O povoado Colônia Treze pertencente ao município de Lagarto. No ano de 1922 o

governador do Estado, Graccho Cardoso teve a iniciativa de construir uma estrada que ligasse

o município de Salgado a Lagarto, visando viabilizar o acesso entre os municípios.25 Lisboa

ainda conta que, nenhum contratempo foi encontrado para a abertura da rodagem, pois já

havia no local uma estrada por onde passavam as carroças. No entanto, após o povoado Água

22 PASSOS SUBRINHO, Josué Modesto dos. História Econômica de Sergipe (1850-1930) Aracaju, UFS,

Programa Editorial da UFS, 1987. p. 23 GUIA DE INFORMAÇÕES DO MUNICÍPIO 24 ANDRADE, Manuel Correia de, 1922- A terra e o Homem no Nordeste: Contribuição ao estudo da questão

agraria no Nordeste / Manuel Correia de Andrade. – 7. Ed. Ver. e aumentada – São Paulo: corteg, 2005. 25 SANTANA, Leyla Menezes de. Tecendo a História da Colônia Treze./ Leyla Menezes de Andrade. 2010.

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Fria começaram as dificuldades, era necessário derrubar a mata que existia ali, para assim

construir a rodagem, ao atingir o quilômetro treze uma forte chuva obrigou os trabalhadores a

pararem o serviço interrompendo assim a construção da estrada, a partir dai surgiu a Colônia

Treze.

A autora conta ainda, que no ano de 1924 a estrada foi inaugurada. Porém, de Salgado

até o lugar onde os trabalhadores tiveram que parar a obra por causa da forte chuva havia uma

distancia de treze quilômetros, assim como desse lugar até a cidade de Lagarto, por este

motivo a estrada que ligava Salgado a Lagarto passava a ter um ponto referencial, o

quilometro treze. Após alguns anos, a estrada foi asfaltada, com o asfalto a distância foi

modificada, 15km da Colônia Treze para Lagarto e 8km para Salgado. Atualmente, a rodovia

foi reformada ficando conhecida como Rodovia Antônio Martins de Menezes. 26

Para Santana havia na Colônia Treze duas categorias, de um lado o colonizador, do

outro os colonos, para a autora dois momentos foram marcantes dentro do processo de

colonização da região, o primeiro:

As escrituras publicas de compra das terras do quilometro treze por Antônio

Martins de Menezes datam a partir de 1950. Antônio Martins de Menezes

era um grande comerciante de fumo e por ocasião de compra das terras,

convidou alguns dos seus trabalhadores para cultivar fumo nessa nova

região. O único compromisso exigido pelo comerciante era que toda a

produção final deveria ser vendida para ele. Porém, houve uma

superprodução e o comerciante teve um grande prejuízo, o que o fez vender

as terras para o Sr. Antônio Fraga Fontes conforme conta na escritura

publica que data de 08 de julho de 1952. E quanto aos trabalhadores, para

onde eles foram? Estes tiveram que voltar para os seus lugares de origem e

começaram a plantar através da pratica de meia.27

Além disso, o segundo momento foi quando o Sr. Fraga Fontes tomou posse das terras

e montou uma indústria de Sisal e uma de cerâmica, todavia não deu certo e os negócios

foram a falência, as terras estavam hipotecadas e foram a leilão. O Sr. Antônio Martins de

Menezes as arrematou voltando a ser novamente o dono, neste período ele havia sido eleito

prefeito do município de Lagarto e resolveu doar lotes de suas terras, a fim de estimular

26 Antônio Martins de Menezes nasceu em 28 de agosto de 1913, no povoado Itaperinha, município de Lagarto.

Filho de Porfírio Martins de Menezes e Eduvirgens Josefa de Araújo. Iniciou-se na politica, em 1948, pelo

partido da União Democrática Nacional (UDN). Em 1958, tornou-se Prefeito de Lagarto. (Por Antônio de

Medeiros e Danilo Sant’Anna, Matéria publicada no Jornal Lagartense - 4ª Edição) 27 Idem

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novamente os colonos para o desenvolvimento da Colônia Treze Agrícola. A partir desse

momento as doações aumentaram, a única exigência que faziam aos colonos era que

construíssem as casas em um único modelo arquitetônico.

A região estava crescendo, foram sendo construídas casas e implantando novas

plantações, dentre as quais podemos destacar o fumo. Inicialmente os colonos trabalhavam

para o então fundador da Colônia Treze, Antônio Martins de Menezes em seu depósito de

fumo, devido a isso não foi difícil para os trabalhadores iniciarem uma cultura na região.

Os colonos que vieram para a região, trabalhavam inicialmente para o

fundador da colônia, em seu depósito de fumo no povoado Sobrado, região

pertencente ao município de Lagarto. Por isso, não foi difícil implantar ali o

cultivo do fumo, uma vez que os agricultores já tinham prática nesta

atividade agrícola. Assim partiram para a região inexplorada.28

À medida que o tempo ia passando a região ia se desenvolvendo. Porém, algumas

crises de ordem natural desnortearam o desenvolvimento em 1962, uma tempestade destruiu

90 das 109 casas que existiam na região, deixando também um rastro de destruição nas

lavouras implantadas. Santana conta que muitos moradores que tiveram suas casas destruídas

nas tempestades acabaram fugindo do local por conta da dívida com o Banco do Brasil. Após

reuniões de órgãos do governo e do grupo de trabalhadores criado para analisar a situação

visando encontrar uma solução. Assim, decidiram então criar a Cooperativa a fim de enfrentar

a crise social e econômica.

O Banco do Brasil era o principal assessor e financiador da cooperativa como afirma

Santana. Porém, a agricultura era simples e básica, e em pouco tempo os donos das terras

foram arrendando suas propriedades colocando-se assim nas mãos dos latifundiários, em troca

do arrendamento recebiam parte da produção, como fala um morador da Colônia Treze. As

culturas que predominavam era o fumo em corda, a mandioca, o maracujá, e a laranja, sendo

que os comerciantes de fumo que compravam o mesmo dos agricultores forneciam também

adubo ao arrendado, torta de mamona, certa quantia em dinheiro para a manutenção da sua

família e em troca exigia parte da produção.

28 MEDEIROS, Antônio de. SANT’ANNA, Danilo. Colônia Treze Cinquenta anos, Lagarto- SE, 2011. 2 p.

Disponível em: < http://www.lagartense.com.br/?irPara=noticias&cod=4088 > acesso em: 05- jun- 2013.

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A exploração agrícola era a mais rudimentar possível e, em curto espaço de tempo, a maioria

das famílias se encontra nas mãos dos senhores latifundiários. Logo os donos da terra arrendavam

pequenos lotes, e em troca recebiam parte da produção: as culturas predominantes eram. O Fumo em

corda e a Mandioca, Maracujá e Laranja, por outro lado os intermediários geralmente comerciantes de

fumo exploravam também os pequenos produtores, fornecendo-lhes o adubo, torta de mamona

praticamente utilizada na época e muitas vezes lhes adiantando certo valor em dinheiro, para a

manutenção de suas famílias exigindo em troca parte da produção.

A Cultura do Fumo na Colônia 13

As culturas de subsistência se tornaram importantes para a ocupação das regiões

interioranas do agreste, intermediarias a zona da mata e a caatinga, sendo que essa ocupação

foi feita na base da pequena propriedade, cultivada por colonizadores que dispunham de

poucos recursos, conforme afirma Nunes. A história do fumo na Colônia Treze é antiga, essa

cultura está presente desde seu surgimento com o fundador Antônio Martins de Menezes que

era agricultor e possuía um depósito de fumo no Sobrado, situado no município de Lagarto,

onde os homens que o acompanharam até a região onde hoje é a Colônia Treze já trabalhavam

com o fumo nesses depósitos, devido a esse fator não foi difícil à implantação do fumo na

Colônia Agrícola do Treze.29

Na Colônia treze predominava o sistema cooperativista, sendo que a cooperativa foi

criada em 1962, visando ajudar os agricultores da região, ou seja, sendo que a Cooperativa

Mista dos agricultores dos Treze LTDA – Coopertreze era uma sociedade formal com

interesses comuns, organizada com a participação de trabalhadores rurais. Os produtores

produziam vários gêneros, porém o que mais se destacava era o fumo.

Em entrevista um morador denominado, Erasmo de Almeida, explicou como

funcionava o processo de venda do fumo na Colônia Treze através da cooperativa, o fumo era

pesado e repassado para a cooperativa, sendo que era armazenado e depois vendido. De

acordo com os moradores entrevistados da Colônia Treze, que trabalhavam com a plantação

de fumo, os mesmos acordavam geralmente às quatro da manhã, especialmente quando

chegava o momento de preparar a corda do fumo. A princípio plantavam a semente do fumo

29 MEDEIROS, Antônio de. SANT’ANNA, Danilo. Colônia Treze Cinquenta anos, Lagarto- SE, 2011. 2 p.

Disponível em: < http://www.lagartense.com.br/?irPara=noticias&cod=4088 > acesso em: 05- jun- 2013.

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em canteiros, preparavam a terra com o adubo, com a mamona quando os possuíam, os que

não possuíam o adubo utilizavam apenas a mamona. Quando a planta já estava grande e

considerada forte o suficiente, era levada para ser plantada na roça.

Essa era uma atividade bastante comum entre os produtores, em entrevista o Senhor

Jozino Bispo explicou que caso o valor da dívida excedesse o valor da produção, o pequeno

produtor ficaria devendo ao fornecedor, com a garantia de pagar sua dívida no ano seguinte

com a safra de fumo. A produção era basicamente familiar, até mesmo as crianças ajudavam

seus pais, começavam desde cedo na labuta, a produção familiar representava boa parte da

economia da região assim como no Brasil como nos mostra o autor Oliveira na sua afirmativa.

Para exemplificar esse fato, basta lembrarmos o caso brasileiro, em que ela

representa mais de 80% da força de trabalho empregada na agricultura, ou

então recorrermos ao exemplo norte-americano, cujas pesquisas recentes

mostram uma participação massiva Family farms, isto é, da produção

baseada no trabalho familiar.30

A Colônia Treze teve um desenvolvimento baseado em várias ações dentre estas,

podemos destacar a pequena produção familiar como cita o autor Santos:

Colônia Treze teve seu desenvolvimento marcado por varias situações dentre

as quais se destacam: o trabalho em conjunto, coletivo, proveniente das

ações obtidas pelo homem como um todo, pois uma vez que a força de

vontade e coragem mutua foi a maior arma de desenvolvimento para a

formação e a consolidação da Colônia Treze, colônia essa que fora

conhecida internacionalmente pelas suas ações desenvolvidas pelo processo

cooperativista da Cooperativa Agrícola do Treze – COOPERTREZE, que

teve seu nome como um marco histórico em Sergipe em meados dos anos

60, 70 e 80, com enfoque marcante nos processos desenvolvidos pela

agricultura tendo como base de sustentação a ação sustentável, o plantio de

fumo, maracujá e citros.31

Pode-se colocar que o fumo em corda foi um dos principais produtos que trouxe o

desenvolvimento da região, em entrevistas os ex-agricultores, confirmaram o que o autor

Santos enfatizou em seu trabalho, disseram que a cultura era muito forte na região.

30 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. / Ariovaldo Umbelino de

Oliveira. – 4 ed. Editora Ática S.A. 1995 31 SANTOS, Gilberto José dos. Administração de custos na agropecuária / Gilberto José dos Santos; José Carlos

Marion, Sonia Segatti. – 3. Ed. – São Paulo : Atlas. 2002. p.35

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A senhora Josefa de Lisboa ainda afirma ter sido criada na roça desde os dez anos de

idade, ela e as irmãs trabalhavam com o pai e faziam todo o serviço desde semear, a cortar o

fumo, como destaca no relato abaixo:

Quando eu trabaiava com meu marido eu só trabaiava de tarde, quando

botava dento de casa pa fazer a bola eu pegava mais de me dia pa tarde

porque di manha ate mei dia era na cozinha cuidando do almoço, porque

gente sempre de fora almoçava aqui. Mas na roça era difícil. Quando eu tava

trabaiano com o esposo eu só trabalhava pra distalar na roça sempre eu num

ia por caso que ia cuidá do almoço. Assim eu num podia saí pra roça. Mas

quando eu trabalhava mais meu pai, quando eu comecei com dez ano eu ia

pa roça, nós ia pa roça cortá fumo, limpá fumo, nois32 limpava fumo, nois

cortava, dizoiava fumo, dizoiá num era tanto, era os homem que fazia porque

as costa num guentava. Mas todo tipo de serviço de fumo nós já fez.33

Mas não somente as mulheres tinham um papel na plantação do fumo, as crianças

também desempenhavam seu papel na história do fumo da Colônia Treze, pois trabalhavam

junto a seus pais executando tarefas mais leves e quando cresciam já estavam engajadas no

serviço e davam continuidade à cultura. Elas ajudavam principalmente no momento de fazer a

corda do fumo, eram necessárias crianças para entregarem as capas para que a corda fosse

formada.

Para algumas, o serviço não era considerado um trabalho, quando foi perguntado ao

senhor Jozino Bispo34 se era comum o trabalho das crianças na época que ele plantava, o

mesmo afirmou que as crianças não trabalhavam, apenas entregavam as capas de fumo para

formarem a corda.

Durante anos o fumo moveu a economia do povoado Colônia Treze, porém em

entrevistas a alguns moradores, constatou-se que o fumo em alguns casos não gera uma boa

margem de lucro ou riqueza, alguns até citaram que o que ganhavam mal dava para o

bocado35. A senhora Maria da Silva Andrade afirma que, o que ganhavam dava apenas para

sobreviver, “o fumo só dava trabaio, dava não, dá”, enfatizou a entrevistada. Já, para o senhor

Jozino Bispo, a renda do fumo também não gerava lucros, dava somente para sobreviver. Em

32 Quando a senhora Josefa de Lisboa diz nós, estava se referindo a ela e as irmãs, que desde cedo já trabalhavam

na roça, ajudando os pais em serviços leves. 33 Lisboa, Josefa. Entrevista concedida a autora em 08/04/2013 34 Jozino Bispo dos Santos, morador da Colônia Treze.

10 Significado de Bocado: s.m. Quantidade de alimento que cabe na boca. Boa porção. Certa quantidade. Parte

do freio que entra na boca das cavalgaduras.

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contrapartida, o senhor Martiliano36 e sua esposa dona Josefa37 alegaram ter conseguido

realizar a compra de um sítio com a renda do fumo. “É porque, nós compramos aquele sítio lá

do Luiz Freire por causa que plantava fumo né, ai fomos ajuntando até que compramos o sítio

né.”38 “Tinha, sempre tinha lucro que eu sempre plantava quando eu comecei a plantar ai eu

sempre plantava era de meia com as pessoa né, ai depois eu me, fiz proposta no banco na

cooperativa mesmo e depois passei a planta fumo de minha conta própria né rapaz.”39

Dessa forma, a cultura do fumo predominou na Colônia Treze por aproximadamente

cinquenta anos. Para os moradores da região a plantação de fumo era à base da economia, em

entrevista a senhora Maria da Silva Andrade foi-lhes indagado porque havia começado a

trabalhar como o fumo, e ela respondeu que era a cultura predominante na época. Conforme

destacado em sua afirmação: “Todos estavam plantando fumo não tinha outra coisa”40.

O senhor José Freire de Paixão afirmou que a lavra de fumo ocupa muita gente por

conta da atenção que exige, se esta não receber toda a atenção devidamente merecida, não da

uma boa safra, não gera uma boa renda. Segundo o senhor José Andrade a Colônia Treze já

foi o lugar que mais produziu o fumo, que mais progrediu em relação à produção do fumo.

Hoje a realidade é outra “se tive dez trabaiado, dez plantador de fumo hoje no Treze é muito”,

conforme relato de José Freire de Paixão.

Além da cooperativa havia outros sistemas de cooperação entre os produtores da

Colônia Treze, havia o sistema de parceria, que consistia em ajudar uns aos outros, quando as

famílias começavam a produzir o fumo, no momento que o fumo era retirado da seva e se

iniciava o processo de produção da corda do fumo, as famílias se uniam e faziam uma troca

de favores, hoje eles trabalhavam em uma casa, amanhã em outra e assim as famílias

formavam o sistema de parceria, “era uma festa alega uma das entrevistadas41” a outra

36 Martiliano Alves dos Santos, morador da colônia Treze, ex-plantador de fumo. 37 Josefa Alves dos Santos, moradora da Colônia Treze, casada com o senhor Martiliano Alves dos Santos,

ambos são ex-cultivadores de fumo. 38 Lisboa, Josefa. Entrevista concedida a autora em 08/04/2013 39 Alves, Martiliano. Entrevista concedida a autora em 08/04/2013 40 Maria da Silva Andrade referencia 41 Maria da Silva Andrade, entrevistada moradora da Colônia Treze e ex-agricultora de fumo.

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afirmou “era muito bom, engraçado, todo mundo reunido, cantando, tirano proza, era uma

festa42”.

Outro sistema já citado anteriormente é o que era realizado pela troca do produto pelo

fumo, ou por arroba. Segundo o senhor Jozino Bispo esse sistema consistia em uma parceria

do pequeno produtor com um investidor, este fornecia ao pequeno produtor a mamona e o

adubo, e lhes fornecia também uma quantia em dinheiro para os gastos com a produção e para

que pudesse se manter e sustentar sua família, no final da produção, os gastos eram calculados

e pagos em arrobas de fumo.43

Havia também o sistema de parceria com o banco, este era menos utilizado pelos

moradores da Colônia Treze, pois o mesmo oferecia riscos de perda maiores, caso o produtor

pegasse o dinheiro emprestado com o banco e não pagasse sua dívida à escritura de suas terras

ou de sua casa lhes era retirada. Havia ainda o produtor que plantava por conta própria, este

por sua vez era o que obtinha melhores resultados em relação aos lucros obtidos, pois no final

da produção não tinha que passar nenhum valor para ninguém, somente o pagamento das

despesas. “Sempre dava pra comprar alguma coisinha”44. Só não dava aquele que já plantava

apertado.

No decorrer da pesquisa ao longo das entrevistas, os agricultores citaram os nomes de

alguns compradores da região de Lagarto Sergipe, que compravam o fumo dos agricultores,

os que eram associados não tinha a preocupação de procurar um comprador para seu fumo,

pois uma vez que o fumo em corda estava pronto para ser vendido era armazenado nos

depósitos da cooperativa, esse fumo era exportado, levado para outros estados, não apenas as

bolas de fumo, mas também o fumo já cortado e empacotado, pois na cooperativa havia

máquinas para realizar esse processo.

Vejamos o que diz o senhor Erasmo Carmo de Almeida presidente da cooperativa no

ano de 1971:

42 Celestina Alves de Souza, da Colônia Treze, aposentada trabalhou durante 40 anos no plantio de fumo. 43 Bispo, Jozino. Entrevista concedida a autora em 08/04/2013

44 Freire, José. Entrevista concedida a autora em 22/04/2013

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A gente entregava o fumo a cooperativa, a cooperativa repassava todo,

vendia tudinho para esse povo ai45, fora os depósitos que a cooperativa tinha

lá também toda semana ia dois, três, caminhão de fumo pra lá pra Maranhão.

Já ia o fumo empacotadinho cortadinho, tudo disfiado, só era chegar lá e

fazer o cigarro, ali hoje onde tem aquele Ponto Com, ali era o salão onde as

mulheres trabalhava a vida toda empacotano fumo era uma maquina

empacotano outra preecheno.46

Segundo o senhor Erasmo de Almeida, o fumo produzido na cooperativa e exportado

tinha o nome de fumo caipora, além do Maranhão, o fumo caipora também era levado para

São Paulo. A base da economia era familiar, quando a família era pequena contratavam

trabalhadores. A senhora Maria da Silva Andrade afirmou que no período de plantar fumo

todas as famílias estavam trabalhando com o fumo, porém sempre tinha alguém disponível

para ser contratado, no caso um homem.

Em entrevista o senhor José Freire afirmou que, atualmente está mais difícil plantar o

fumo, porque está difícil encontrar alguém que queira trabalhar na roça, especialmente na

lavoura do fumo, segundo ele as pessoas não querem mais trabalhar, só querem estudar.

Além disso, os agricultores plantavam por curral, um curral equivale a vinte cinco

carreiras de cinco covas, que daria aproximadamente 25 metros quadrados, ou seja, em média

os moradores da Colônia Treze plantavam doze a quinze currais, não plantavam apenas o

fumo, sempre destinavam uma parte de suas terras para plantar outros gêneros, duas tarefas ou

três para plantar maracujá, feijão, plantavam também a laranja, que segundo o senhor José da

Silva Andrade, dava uma boa renda.

Em entrevistas a ex-agricultores perguntou sê-lhes o porquê da cultura fumageira se

encontra em declínio, a resposta foi uma só, a maioria dos moradores são jovens, e os jovens

querem estudar. De acordo com um dos entrevistados falta trabalhador, porque nos dias atuais

ninguém mais quer trabalhar na roça.

45 Quando seu Erasmo Carmo de Almeida fala esse povo ai é porque já havia citados antes na entrevista, eles

eram de Lagarto Sergipe e de regiões próximas ao município. Eram eles: Zé Grande, Elizeu do Cachimbo, Flor

do Gavião, Zezé Rocha, Zé Augusto. 46 Almeida, Erasmo de. Entrevista concedida a autora em 20/04/2013

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CONCLUSÃO

A cultura fumageira no Brasil permaneceu forte durante muitos anos, muitos estados

lidaram com o cultivo do fumo. Segundo dados da AFUBRA, a produção do fumo hoje no

Brasil é principalmente para a exportação. Atualmente, o Brasil ocupa o segundo lugar no

ranking de produção, porém a produção caiu consideravelmente nos últimos anos.

Em Sergipe foi semelhante, pois a princípio o fumo era produzido junto à cana-de-

açúcar, produto bastante cultivado e cuja economia se assentava, além desses gêneros havia

no Estado a produção de outros gêneros alimentícios, estes produzidos para a agricultura de

subsistência. O fumo formou-se, ao lado do gado, no esteio da economia sergipana.47 No

decorrer do século XVIII houve um declínio da participação do fumo na economia sergipana,

tais motivos se deram devido o fumo sergipano não possuir condições suficientemente

necessárias para concorrer com o fumo produzido em outras regiões.48

Após seu declínio, o fumo continuou a ser produzido em Sergipe, porém em escala

menor. Já, em Lagarto, a cultura fumageira demonstrou forte influencia econômica, o fumo

era um dos principais produtos produzidos pelos agricultores lagartenses, sendo que este não

era produzido apenas em grandes propriedades, mas também nas pequenas. Em Lagarto, o

sistema que predominava era o da agricultura de subsistência, além da produção do fumo

havia também a de outros gêneros alimentícios. Por sua vez, na Colônia Treze o fumo foi

durante muitos anos o principal gênero produzido. No entanto, com a urbanização, a expansão

do comércio, o desenvolvimento da região e as campanhas do governo contra o tabagismo

contribuiram para que essa cultura fosse entrando em decadência, sendo que atualmente são

poucos os que trabalham com o fumo na região.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ANDRADE, Manuel Correia de, 1922- A terra e o Homem no Nordeste: Contribuição ao estudo da questão agraria no Nordeste / Manuel Correia de Andrade. – 7. Ed. Ver. e aumentada – São Paulo: corteg, 2005. 47 NUNES, Maria Thétis. Sergipe Colonial I. 2°ed São Cristovão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviedo

Teixeira, 2006. p.150 48 Idem p. 151

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