resumo - protocolo comunitário do bailique e gestão territorial

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O PROTOCOLO COMUNITÁRIO DO BAILIQUE COMO FERRAMENTA DE GESTÃO TERRITORIAL Igor Alexandre Pinheiro Monteiro; Fellype Ramom Furtado; Ana Paula Brudnicki Barbosa Faculdade de Castanhal – FCAT; Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR Grupo de Trabalho Socioeconomia e Saberes Locais Resumo: O presente trabalho versa sobre o Protocolo Comunitário do Bailique, construído com o apoio do Grupo de Trabalhos Amazônicos durante outubro de 2013 e dezembro de 2014. O Protocolo Comunitário, da maneira como é previsto no artigo 12 do Protocolo de Nagoia, tem o condão de determinar as regras que serão obedecidas nos casos de acesso e repartição de benefícios. Entretanto, o Protocolo Comunitário do Bailique vai além deste conceito e abrange temas como identidade, regras de convivência, valores das comunidades, tomada de decisões, consulta prévia e uso dos recursos naturais, além de prever temas a serem discutidos posteriormente e adicionados ao documento por demanda das comunidades. O instrumento em estudo, de maneira sistemática e participativa, extrai dos comunitários as regras construídas por eles mesmos ao longo do processo cultural natural e dinâmico de suas comunidades e organiza em um documento para servir de molde nas relações com agentes externos, além de corrigir determinados modos de agir incompatíveis com o desenvolvimento sustentável e preservação do território que ocupam. A Gestão Territorial ganha força no instrumento quando a própria comunidade identifica os pontos positivos e negativos de sua relação com o território, revisita as regras já existentes e traça novas diretrizes para um desenvolvimento igualitário e sustentável de seu território. O escopo do trabalho é demonstrar a possibilidade de empoderar as comunidades de conhecimento necessário para a construção de um Protocolo Comunitário que tenha fim para eles próprios e inverta a habitual lógica “cima-baixo” de imposição de regras e diretrizes que estão submetidos na grande maioria das vezes. Este instrumento os capacita a dialogar em paridade de posições com os agentes externos e firma o direito consuetudinário em um documento a fim de expô-los para os agentes externos. Deste modo, propõe-se uma forma de democracia ambiental que inclua os povos e comunidades tradicionais no centro do debate, opinando e deliberando nos processos

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Resumo aprovado em congresso

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Page 1: Resumo - Protocolo Comunitário Do Bailique e Gestão Territorial

O PROTOCOLO COMUNITÁRIO DO BAILIQUE COMO FERRAMENTA DE GESTÃO TERRITORIAL

Igor Alexandre Pinheiro Monteiro; Fellype Ramom Furtado; Ana Paula Brudnicki Barbosa

Faculdade de Castanhal – FCAT; Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

Grupo de Trabalho Socioeconomia e Saberes Locais

Resumo: O presente trabalho versa sobre o Protocolo Comunitário do Bailique, construído com o apoio do Grupo de Trabalhos Amazônicos durante outubro de 2013 e dezembro de 2014. O Protocolo Comunitário, da maneira como é previsto no artigo 12 do Protocolo de Nagoia, tem o condão de determinar as regras que serão obedecidas nos casos de acesso e repartição de benefícios. Entretanto, o Protocolo Comunitário do Bailique vai além deste conceito e abrange temas como identidade, regras de convivência, valores das comunidades, tomada de decisões, consulta prévia e uso dos recursos naturais, além de prever temas a serem discutidos posteriormente e adicionados ao documento por demanda das comunidades. O instrumento em estudo, de maneira sistemática e participativa, extrai dos comunitários as regras construídas por eles mesmos ao longo do processo cultural natural e dinâmico de suas comunidades e organiza em um documento para servir de molde nas relações com agentes externos, além de corrigir determinados modos de agir incompatíveis com o desenvolvimento sustentável e preservação do território que ocupam. A Gestão Territorial ganha força no instrumento quando a própria comunidade identifica os pontos positivos e negativos de sua relação com o território, revisita as regras já existentes e traça novas diretrizes para um desenvolvimento igualitário e sustentável de seu território. O escopo do trabalho é demonstrar a possibilidade de empoderar as comunidades de conhecimento necessário para a construção de um Protocolo Comunitário que tenha fim para eles próprios e inverta a habitual lógica “cima-baixo” de imposição de regras e diretrizes que estão submetidos na grande maioria das vezes. Este instrumento os capacita a dialogar em paridade de posições com os agentes externos e firma o direito consuetudinário em um documento a fim de expô-los para os agentes externos. Deste modo, propõe-se uma forma de democracia ambiental que inclua os povos e comunidades tradicionais no centro do debate, opinando e deliberando nos processos de tomada de decisões que os atinjam direta ou indiretamente. Como metodologia para o trabalho foi feita uma pesquisa de campo no período em que ocorreu o Encontrão IV das comunidades do arquipélago, que deu início ao Ano 2 do projeto, bem como análise material do Protocolo Comunitário e bibliografia acerca do tema com o objetivo de traçar pontos em comum com outros Protocolos pelo mundo e inovações. Com a conclusão da análise de campo e bibliográfica, pôde-se compreender a aplicação fática dos princípios da informação - com a capacitação dos comunitários em entender temas diversos que os envolvem - e participação ambiental – com a interiorização, pelos comunitários, de suas funções no desenvolvimento do Protocolo Comunitário e a discussão das melhores soluções. Além disso, chegamos à conclusão de que, apesar de ser um trabalho minucioso a ser feito com milhares de comunidades por todo o território nacional, faz-se urgente e necessário capacitar e criar mecanismos de proteção a esses povos e comunidades, posto que a gestão territorial não pode ser decidida pelos agentes externos, mas, tão somente, pelos próprios comunitários.