resumo processo civil

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Processo Civil

Princpios1 Processo e Direitos Fundamentais Estamos vivendo uma poca, nos estudos de direito constitucional, chamada de neoconstitucionalismo: 1- consolida-se a teoria dos direitos fundamentais (marco do direito constitucional contemporneo); 2 fora normativa da constituio (norma com fora normativa no uma carta de intenes); e 3 expanso da jurisdio constitucional. Esse movimento, chamado de neoconstitucionalismo, repercutiu em diversos ramos do direito. Hoje o estudo do processo tem de ser feito a partir destas novas premissas metodolgicas - Essa fase atual do direito processual chamada de neoprocessualismo. No Rio Grande do Sul, na UFRGS, fase do formalismo-valorativo. QUAL ENTO A RELAO ENTRE O PROCESSO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS? 1) Na pauta dos direitos fundamentais h diversos direitos fundamentais processuais, ou seja, de contedo processual (contraditrio, ampla defesa, proibio de prova ilcita...). 2) Os direitos fundamentais tm duas dimenses: a) Subjetiva os direitos fundamentais so direitos que as pessoas so titulares. b) Objetiva - os direitos fundamentais so normas que orientam a produo de toda a legislao infraconstitucional. Toda legislao infraconstitucional deve respeitar estes direitos. Assim, os direitos fundamentais so direitos em sua dimenso subjetiva (d minsculo) e so normas (Direito) na sua acepo objetiva. Processo tem que ser um bom instrumento para a tutela dos direitos fundamentais (dimenso subjetiva) e estar de acordo com estes (dimenso objetiva). 2 Princpios processuais em espcie, que so tambm direitos fundamentais: Devido Processo Legal - Due Process of law (rigorosamente law no lei Direito com D mausculo). Devido Processo Legal devido de acordo com constituio, com a lei etc. uma expresso que existe no direito ingls h oitocentos anos, tendo os EUA herdado. Em oitocentos anos de histria, foi a jurisprudncia estadunidense, inglesa, que

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disse o que devido. A partir deste texto due process of law- construmos todas as garantias e outras viro. O que o devido processo legal? uma clusula geral, um enunciado normativo aberto, cujo contedo definido pelo juiz de acordo com as circunstncias histricoculturais do momento da deciso. O que se pode saber o contedo mnimo do que seja devido processo legal, ou seja, aquilo que est consolidado. Hoje, devido processo legal um conjunto de garantias j consagradas, mas tbm uma clusula que se permite que se extraiam outras garantias. clusula geral, de contedo aberto, no obstante se tenha consagrado muitas coisas nos 800 anos. O que se entende por processo na clusula devido processo legal? Processo a significa mtodo ou meio de criao de normas jurdicas. O processo o meio pelo qual o direito se cria. O direito se cria processualmente, as normas jurdicas se criam processualmente. A todos garantido um devido processo legal legislativo, administrativo e jurisdicional. Nesta aula, vamos estudar o devido processo legal jurisdicional. Hoje h o devido processo legal privado (aplicado no mbito privado). Mesmo no mbito privado, por ex, a pessoa tem de ser ouvida antes de ser punida (condomnio aplicao de multa). Aplicao de direitos fundamentais ao mbito privado chamada de eficcia horizontal dos direitos fundamentais. A eficcia dos direitos fundamentais no mbito horizontal a eficcia no mbito privado. A eficcia vertical dos direitos fundamentais, que a eficcia nas relaes entre Estado e cidados. Dimenses do devido processo legal a) Formal ou processual - conjunto de garantias processuais que ns conhecemos (contraditrio, ampla defesa, proibio de prova ilcita). b) Substantiva, material, substancial Questo: Preencher apenas o devido processo legal processual no basta. preciso que a deciso seja devida, ou seja, razovel, equilibrada. preciso controlar o abuso do poder. O cidado deve ser protegido do ponto de vista processual, mas tambm substancial. Americanos ento dividiram em duas dimenses, instrumento para controlar o abuso do poder. O legislador no pode tudo, quem pode, no pode tudo, ou seja, pode dentro do razovel, de maneira equilibrada. O devido processo legal garante tbm que as decises devem ser equilibradas, razoveis. Diferenciar o princpio da proporcionalidade do devido processo legal substancial: O p. da proporcionalidade tem origem germnica. O devido processo legal substancial tem origem nos EUA, Inglaterra. Foi a resposta que estes povos deram necessidade de controlar o abuso de poder. H quem distinga. Todavia, eles chegam ao mesmo resultado. STF: O Estado no pode legislar abusivamente, eis que todas as normas emanadas do Poder Pblico devem ajustar-se clusula que consagra, em sua dimenso material, o princpio do "substantive due process of law" (CF, art. 5, LIV). O postulado da proporcionalidade qualifica-se 2

como parmetro de aferio da prpria constitucionalidade material dos atos estatais. Hiptese em que a legislao tributria reveste-se do necessrio coeficiente de razoabilidade. Princpio da Efetividade, Princpio da Adequao, Princpio da Durao Razovel do processo e Princpio da Lealdade: PROCESSO DEVIDO PROCESSO EFETIVO, ADEQUADO, TEMPESTIVO E LEAL. Princpio da Efetividade No est consagrado em texto expresso (corolrio do Devido Processo Legal). um direito de efetivar os seus direitos (direito fundamental a que seus direitos sejam efetivados). Hoje, se h um conflito entre efetividade e dignidade do devedor no h preponderncia entre os direitos fundamentais preciso ponderar no caso concreto. Princpio da Adequao (no tem previso expressa. um corolrio do devido processo legal). As regras processuais tm de ser adequadas. Trs critrios para se saber: 1) Critrio Objetivo de adequao de uma regra processual o processo tem de ser adequado ao direito que por ele tem de ser tutelado. No posso ter o mesmo processo para resolver problemas diferentes. Por isso temos processo penal, adequado s lides penais, e um processo civil, adequado s lides civis; 2) Critrio da Adequao subjetiva. O processo tem de ser adequado aos sujeitos que deles se valero, aos sujeitos do processo (tempo de um idoso diferente - prioridade aos processos que os envolvam); 3) Critrio da adequao teleolgica. O Processo tem de ser adequado em relao aos seus fins (garantir, executar, pequeno valor etc). A viso tradicional do princpio da adequao diz que cabe ao legislador criar regras processuais adequadas. Surgiu um aprimoramento do princpio, falando-se no princpio da adequao do processo jurisdicional. Cabe ao juiz do caso concreto, ao se deparar com uma regra inadequada, criar uma regra adequada. Abstrato e concreto (s se a primeira no der). Essa adequao jurisdicional do processo chamada por alguns doutrinadores de princpio da adaptabilidade do processo. Princpio da durao razovel do processo No princpio da rapidez (processo rpido). Processo rpido processo autoritrio, tirano. No vamos abrir mo de 800 anos de histria para que o processo seja rpido. importante para garantia de deciso mais correta possvel (direito ao contraditrio, produo de provas, aos recursos). Entretanto, a demora tem de ser razovel, fazendo com que se criasse este direito, corolrio do devido processo legal. A questo saber o que um processo com tempo razovel. Durao razovel um conceito aberto. Critrios para aferir se a durao razovel: a complexidade da causa. Demora razovel ou no a partir da complexidade da causa. b estrutura do rgo jurisdicional. 3

c comportamento do juiz. d comportamento das partes. preciso ver se as partes no fizeram com que o processo demorasse. Verificada que a durao irrazovel, o que fazer? Quais so os instrumentos postos disposio do cidado para fazer valer este princpio? Instrumentos de natureza administrativa representao administrativa contra o juiz por excesso de prazo. Art. 198 do CPC. Caso exaurido o mbito estadual CNJ , pode ser utilizado. Jurisdicionais HC no processo penal. No mbito processual civil MS contra a omisso judicial, para pedir que o juiz decida (tribunal pode dizer decida em 10 dias sob pena de multa), pois se est diante de direito fundamental.

Princpio da Lealdade ou da boa-f objetiva processual Boa-f objetiva uma norma de conduta. Todos os sujeitos da relao jurdica tm o dever de respeitar o outro sujeito da relao, agindo com lealdade tica de modo a proteger a confiana. O dever de respeitar o boa-f no processo decorre do devido processo legal. Em regra, para os civilistas brasileiros, o fundamento constitucional da boaf objetiva o p. da dignidade da pessoa humana. STF o devido processo legal impe o fair trial uma das faces do devido processo (assegura um modelo garantista de jurisdio). Todos devem agir de acordo com a boa-f objetiva. CPC, art. 14 So deveres das partes e de todos aqueles que, de qq forma, participem no processo II proceder com lealdade de boa f. Em 1973, o texto do inciso II se lia como uma exigncia de boas-intenes no processo era a exigncia de boa-f subjetiva. Com o passar do tempo, a leitura que se faz do inciso II de uma norma de conduta relacionada boa-f objetiva. Se no houvesse isso, j havia na CF, atravs do devido processo legal. Boa-f subjetiva elemento psicolgico, boa inteno.

Princpio do contraditrio Dupla dimenso: Dimenso formal: a que garante s partes o direito de participar do processo, de serem ouvidas. Garantia puramente formal. Dimenso substancial: garante s partes aquilo que se chama de PODER DE INFLUNCIA. poder convencer o juiz das razes, de produzir prova. Se no puder produzir prova, h apenas simulacro de contraditrio. Esse contraditrio substancial a chamada ampla defesa (contedo que seu contraditrio tem de ser para que seja um contraditrio efetivo, para que no seja apenas uma formalidade). 4

Existem questes que o juiz pode conhecer de ofcio, mas deve levar a questo s partes, para efetuar o contraditrio. Princpio da Cooperao Juno da boa-f com o contraditrio. Todos tm de cooperar para a melhor soluo do conflito. O p. da cooperao gera para o magistrado trs deveres: 1- dever de consulta; 2 - dever de esclarecimento; e 3- dever de proteo ou preveno quando o juiz se depara com uma falha no processo, ele tem o dever de apontar essa falha e dizer como ela deve ser corrigida (STJ juiz no pode indeferir a PI sem antes determinar a sua correo). Princpio da instrumentalidade Significa que o processo deve ser um instrumento de realizao do direito material. O processo no subordinado ao direito material, havendo entre eles uma relao de complementaridade. Um processo no oco, tem um destino, um propsito e este dado pelo direito material. Teoria circular dos planos material e processual: demonstra a relao entre eles uma relao de complementaridade, no uma relao de subordinao. circular graficamente. Princpio da precluso a perda de um poder jurdico processual. perda de um direito, s que a perda de um direito processual. Atinge as partes e o juiz. No existe processo em que no haja precluso. Ele tem de acabar um dia. Ele tem que andar pra frente e acabar. No pode ficar indo e voltando. O que pode existir processo mais ou menos preclusivo, mas no sem precluso. Varia conforme o tema. indispensvel organizao do processo. A doutrina costuma classificar a precluso de acordo com os fatos que a geram. Essa classificao divide a precluso em: a) precluso temporal - a perda de um poder jurdico processual pq vc perdeu um prazo no processo; b) precluso consumativa a perda de um poder jurdico processual por ter sido usado. Ex.Juiz sentencia, no pode mais fazer. claro que o direito pode relativizar isso. c) precluso lgica a perda de um poder em razo de um comportamento anterior que gerou a expectativa legtima de que esse poder no seria exerccio. A precluso lgica est intimamente ligada com o chamado venire contra factum proprium. importante em todos os ramos, no apenas no processo. possvel, contudo, identificar uma quarta espcie de precluso, que a precluso sano: precluso decorrente de ato ilcito ex. atentado, que um ato ilcito processual, 5

ex. a parte destri o bem penhorado, ela perde o direito de falar nos autos enquanto o atentado continuar a produzir efeitos. PRECLUSO E QUESTES DE ORDEM PBLICA: Este tema exige da gente resposta a duas perguntas: 1) Enquanto o processo estiver pendente, possvel examinar as questes de ordem pblica a qq tempo, no havendo falar em precluso. Com o fim do processo, no possvel examinar. Aplica-se o pargrafo 3, do art. 267 do CPC. 2) H precluso para o reexame das questes de ordem pblica? A questo j foi decidida, examinada, pode ser reexaminada? Primeira corrente majoritria, inclusive na jurisprudncia. Para essa corrente, no h precluso, possvel examinar e reexaminar. Efeito manada. Colocar na prova de marcar. Segunda corrente minoritria uma vez decidida a questo, h precluso. 3) Se o processo acabou, somente vou poder discutir em outro processo. Se for o caso, rescisria.

JURISDIOCONCEITO E CARACTERSTICAS DA JURISDIO a) jurisdio um poder, uma funo atribuda algum. A funo de julgar uma funo inerente ao poder. b) um poder (funo) atribudo a terceiro imparcial. A jurisdio soluo de um problema por heterocomposio, pq quem soluciona o problema um terceiro. O juiz resolve o problema pelas partes - substitutividade. Jurisdio substitutiva, pq o juiz, terceiro, substitui as partes, a vontade das partes, pela sua vontade. No confundir imparcialidade com neutralidade, no so a mesma coisa. Juiz no deve ter interesse pessoal na causa. Esse terceiro, segundo muitos, sempre o Estado. A jurisdio monoplio do Estado, mas isso no quer dizer que ele a exerce apenas pelos seus agentes. Ele pode autorizar que outras pessoas exercitem o poder jurisdicional: ex.arbitragem no Brasil jurisdio. Marinoni no concorda. c) Ela se exerce aps um processo. No existe jurisdio instantnea (mtodo para controlar a jurisdio).

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d) Juiz no legislador. O juiz deve resolver problemas em concreto, no em abstrato. Isso uma marca da jurisdio. Expresso: Jurisdio atua sob encomenda. No existe jurisdio que no atue sobre um problema. Atua para reconhecer direitos (reconhecer se tem ou no), para efetivar direitos ou para proteger direitos (concretamente deduzidos, afirmados em juzo). e) a jurisdio atua sobre um problema que, normalmente, uma lide. O que uma lide? um conflito entre dois sujeitos. Normalmente o judicirio chamado a resolver um conflito entre dois sujeitos. Todavia, h processos que se instauram para resolver problemas que no so lide. f) A jurisdio insuscetvel de controle externo. Atos administrativos e uma lei no podem controlar uma deciso jurisdicional. o nico poder que tem esta caracterstica (juiz pode, por exemplo, atacar lei por inconstitucional, h controle de outro poder). g) A jurisdio o nico ato do poder que pode se tornar definitivo, indiscutvel, at mesmo para a prpria jurisdio. h) uma atividade criativa. O rgo jurisdicional, ao julgar, decide, inovando no ordenamento. O juiz cria uma norma jurdica nova, que vai regular aquele problema concreto a que foi submetida. O legislador cria normas gerais. Quais so essas duas maneiras em que a criatividade judicial se revela? 1 O Juiz, ao julgar, cria a norma jurdica do caso concreto, que uma norma individualizada. Est no dispositivo da deciso. 2 - Para o juiz criar a soluo para o caso concreto, o juiz tem de examinar o ordenamento jurdico como todo, a fim de identificar, dentro desse, qual a norma jurdica geral que fundamenta, que d base para a norma individual do caso concreto. NORMA GERAL DO CASO CONCRETO a norma criada pelo juiz a partir da interpretao do ordenamento jurdico para fundamentar sua deciso. NORMA GERAL criada pelo legislador ele cria normas gerais muito gerais que ignoram particularidades. O que jurisprudncia? Decises reiteradas dos tribunais a respeito de um assunto. Ora, nada mais do que uma norma geral de casos concretos, criada pelos tribunais. Precedente judicial exatamente a norma geral criada num caso concreto. Se for norma geral criada pelo STF, ter ainda mais fora. O que uma Smula? uma norma geral de caso concreto. No h smula de norma individual, mas da norma geral construda em casos concretos. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS So tcnicas de soluo de conflito, que no so jurisdicionais. Fazem as vezes de jurisdio, mas no o so. So quatro: 7

1 AUTOTUTELA: a soluo egosta do conflito, porque um dos conflitantes impe ao outro a soluo do conflito. Em princpio, ela vedada, criminosa inclusive o fazer justia com as prprias mos. Todavia, ainda sobrevivem hipteses excepcionais de autotutela permitida. o que acontece com a legtima defesa, com a greve, com o desforo incontinenti (reao do possuidor diante de uma violncia sua posse, imediata), com poder de execuo das prprias decises pela administrao pblica (carro estacionado no lugar errado, poder pblico pode ir l e guinchar seu carro auto-executoriedade, forma de autotutela), com a guerra (exemplo de autotutela permitida em algumas situaes). A autotutela, sempre que permitida, permite um controle jurisdicional do seu excesso. 2 AUTOCOMPOSIO: a soluo negocial do conflito. Ele resolvido pelos prprios litigantes, que pem fim ao conflito negocialmente. estimulada, incentivada, pq se entende que ela a melhor forma de soluo de conflitos (divrcio, separao consensuais em cartrio; acordo feito extrajudicialmente pode ser levado para homologao pelo juiz, tornando-se ttulo executivo judicial). Sigla que deve ser memorizada ADR em ingls alternative dispute resolution, ou seja, soluo alternativa do conflito (mais emblemtico a autocomposio, mas tbem arbitragem, mediao). A autocomposio pode ser feita dentro do processo, judicialmente, ou fora do processo, extrajudicialmente. A autocomposio ou se d por: a) transao, com ambas as partes fazendo concesses recprocas; b) por renncia ao direito; c) ou reconhecimento da procedncia do pedido (a e b uma parte abdica, voluntariamente, em nome da outra). 3 MEDIAO: consiste na interveno de um terceiro no conflito, o qual tem a funo de estimular um acordo, encaminhar os conflitantes ao acordo. incentivador do acordo. O Terceiro no decide, no soluciona nada. 4 - SOLUO DE CONFLITO POR TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: Atualmente a administrao pblica tem vrias instncias no seu mbito que resolvem conflitos. Tribunais administrativos julgam o conflito por heterocomposio. Embora sejam similares jurisdio, no o so porque no tm definitividade e porque podem ser controladas externamente. ARBITRAGEM Merece item prprio Lei 9.307/96. Na arbitragem, um terceiro, escolhido pelas partes, resolve o conflito. bem diferente de mediao (nesta o terceiro no resolve). uma soluo por heterocomposio ( um terceiro, um outro, que soluciona o conflito). A arbitragem nasce de um negcio jurdico que se chama conveno de arbitragem (fonte autonomia privada). Somente pessoas capazes podem optar por ela e apenas no caso de direitos disponveis. O rbitro pode ser qq pessoa capaz (pode ser uma junta arbitral etc.). Hoje, fala-se muito em arbitragem nos contratos administrativos, naquilo que a administrao atua negocialmente (leis que cuidam das concesses, nas parcerias pblico-privadas) estimulada tanto na CF quanto na legislao infraconstitucional.

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Parte polmica O que o juiz estatal pode fazer diante de uma deciso arbitral? Duas coisas: 1) O judicirio pode executar a deciso arbitral, pq ela um ttulo executivo judicial e o rbitro no tem poder para execut-lo; 2) O judicirio pode anular a sentena arbitral, invalid-la se ela tiver um vcio formal, at noventa dias da deciso arbitral, no podendo, contudo, alter-la, revis-la. A deciso do rbitro uma deciso que se torna estvel. Arbitragem no compulsria, de livre escolha. Pq ela no equivalente jurisdicional? Pq vc tem uma deciso proferida por um terceiro imparcial, sobre fato concreto, mediante um processo, com todas as garantias do devido processo legal e insuscetvel de controle. JURISDIO no Brasil (professor concorda, Marinoni no). Com a lei que trata da arbitragem, no mais precisa mais ser homologada. Duas espcies de conveno de arbitragem. Clusula compromissria - conveno de arbitragem para o futuro, para conflitos que ainda no existem. Se uma parte ignora a clusula e entra em juzo, sem que a outra a alegue, considera ter havido revogao tcita da clusula compromissria. Compromisso Arbitral - conveno de arbitragem que se refere a um conflito que j existe. As partes ento decidem que este vai ser resolvido por um rbitro.

PRINCPIOS DA JURISDICO Princpio da investidura: S pode exercer jurisdio quem tiver sido devidamente investido na funo jurisdicional. Princpio da inevitabilidade A deciso jurisdicional inevitvel, no havendo como se evitar seus efeitos. Se fosse possvel evit-la, ela seria um conselho. Princpio da indelegabilidade O rgo jurisdicional no pode delegar o exerccio das suas funes a ningum. O poder decisrio no pode ser delegado. Na arbitragem no se est delegando, ele o juiz da causa. Qdo se fala de indelegabilidade, esta a do poder decisrio. A CF permite, no seu art. 102, I, m, que o STF delegue a prtica de atos executivos a juzes, pq no so decisrios (todos os tribunais podem delegar prtica de atos executivos). O que no pode delegar o poder decisrio. Tbem possvel a delegao de poderes instrutrios. Os Tribunais costumam delegar ao juiz de primeira instncia o poder de produzir provas. Qdo juiz expede carta precatria no est delegando, mas pedindo ajuda (ele no tem jurisdio no outro local, pede ento para o que tem fazer para ele). Outro exemplo de delegao, art. 93, inciso XIV, CF/88, que prev que os servidores recebero delegao para a prtica de atos de administrao e de mero expediente sem carter decisrio. CPC tem regra igual neste sentido, art. 162, Pargrafo 4. Princpio da territorialidade 9

A jurisdio se exerce sempre sobre um determinado territrio, maior ou menor, mas sempre h um territrio sobre o qual recai. Ministro do STF, territrio todo. Desembargador SP Estado de SP. TPI todos os pases que esto sobre sua jurisdio. Esse territrio sobre o qual recai a jurisdio o FORO. Na justia estadual, os foros se chamam comarcas. As comarcas ou se referem a uma cidade ou a um grupo de cidades. Normalmente uma cidade s (Comarca de Salvador s Salvador). A comarca pode ser subdividida, chamando-se esta subdiviso de distrito. Distrito pode ser uma cidade, quando uma Comarca formada por vrias pequenas cidades, mas tambm um bairro, no caso de Comarca de cidade grande. Na justia federal, o foro se chama Seo Judiciria. Cada Seo Judiciria corresponde a um Estado. A Seo Judiciria pode ser subdividida em subsees, que sero as cidades do Estado (Seo judiciria sempre tem nome de Estado e a subseo sempre tem nome de cidade). Trs ponderaes sobre a territorialidade: 1 Art. 230 do CPC nas comarcas contguas, de fcil comunicao, e nas que se situam na mesma regio metropolitana, o oficial de justia pode efetuar citaes ou intimaes em qq delas. Pode ser de estados diferentes Juazeiro-Petrolina. 2 - Art. 107 do CPC se o imvel se achar em mais de um Estado ou comarca, determinar-se- o foro pela preveno, estendendo-se a competncia sobre a totalidade do imvel. 3 Deve-se distinguir o local da ao do local onde a deciso produzir efeitos. O local em que a deciso deve ser proferida delimita onde a ao deve ser proposta. Isso muito diferente de saber onde a deciso vai produzir efeitos. Ex. Casal divorcia em Salvador, tal deciso produz efeitos em qq lugar do pas (produz efeitos em todo o pas). Caso homologada uma sentena estrangeira pode produzir efeitos aqui (fora tambm h). Essa distino no foi levada em considerao pelo legislador no art. 16 da Lei de Ao Civil Pblica (art. 16 - a sentena civil far coisa julgada erga omnes, nos limites da competncia territorial do rgo prolator). uma excrescncia. Essa norma absolutamente no razovel. Ela torna invivel a ao coletiva. Se vc quiser produzir efeitos nacionalmente, vc teria de entrar com ao coletiva em cada comarca. desproporcional, no razovel e, portanto, inconstitucional. Deve dizer isso no concurso do MP. CUIDADO. Se for concurso para advocacia pblica. STJ aceita esse artigo. TEMA BVIO DE PROVA. STF, em deciso recente, afastou essa regra: REsp 411529 / SPProcesso civil e direito do consumidor. Ao civil pblica. Correo monetria dos expurgos inflacionrios nas cardenetas de poupana. Ao proposta por entidade com abrangncia nacional, discutindo direitos individuais homogneos. Eficcia da sentena. Ausncia de limitao. Distino entre os conceitos de eficcia da sentena e de coisa julgada. Recurso especial provido. - A Lei da Ao Civil Pblica, originariamente, foi criada para regular a defesa em juzo de direitos difusos e coletivos. A figura dos direitos individuais homogneos surgiu a partir do Cdigo de Defesa do Consumidor, como uma terceira categoria

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equiparada aos primeiros, porm ontologicamente diversa. - A distino, defendida inicialmente por Liebman, entre os conceitos de eficcia e de autoridade da sentena, torna inqua a limitao territorial dos efeitos da coisa julgada estabelecida pelo art. 16 da LAP. A coisa julgada meramente a imutabilidade dos efeitos da sentena. Mesmo limitada aquela, os efeitos da sentena produzem-se erga omnes, para alm dos limites da competncia territorial do rgo julgador. - O procedimento regulado pela Ao Civil Pblica pode ser utilizado para a defesa dos direitos do consumidor em juzo, porm somente no que no contrariar as regras do CDC, que contem, em seu art. 103, uma disciplina exaustiva para regular a produo de efeitos pela sentena que decide uma relao de consumo. Assim, no possvel a aplicao do art. 16 da LAP para essas hipteses. Recurso especial conhecido e provido.

Princpio da inafastabilidade Art. 5, inciso XXXV, CF/88 A lei no excluir da apreciao do PJ leso ou ameaa a direito (direito de ao constitucional). Isso um direito de acesso aos tribunais, um dos direitos mais importantes que existem. Atos administrativos discricionrios tambm podem ser levados ao judicirio. O controle se dar pela proporcionalidade, pela razoabilidade. O Devido processo legal substancial pode ser usado para controlar o contedo dos atos discricionrios. As questes desportivas, todavia, somente podem ser levadas ao judicirio aps o exaurimento das instancias administrativas. a prpria constituio que condiciona. Art. 217, pargrafo primeiro, CF. H uma srie de leis infraconstitucionais que condicionam a ida a o judicirio ao esgotamento administrativo da controvrsia. Ex. Lei do Habeas Data, do Mandado de Segurana, lei de Acidente de Trabalho, Lei da Smula Vinculante, comisso de conciliao prvia no plano trabalhista. Devem ser tais leis interpretadas de acordo com a Constituio. O que isso quer dizer? S so constitucionais se, no caso concreto, no houver urgncia. Princpio do Juiz Natural No tem inciso que cuide s dele, como o caso da inafastabilidade. Ele extrado do devido processo legal e de dois incisos do art. 5. Art. 5, inciso XXXVII no haver juzo ou tribunal de exceo (uma das manifestaes da garantia do juiz natural). Tribunal de exceo o rgo de jurisdio criado extraordinariamente para julgar determinada causa. o juzo ex post facto, prejudicando a imparcialidade do juiz. Ex. caso de Roraima, STF disse no havia juiz natural, pq ou eram rus na ao ou no eram ainda vitaliciados (falta de condies de independncia). Imparcialidade impossvel. Art. 5, inciso LIII ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente. Segundo aspecto do juiz natural, que garante o juiz competente para julgar a causa. O juiz age de acordo com a competncia atribuda pelo legislador. Competncia matria de lei. O processo distribudo para que no haja direcionamento (forma e garantir o juiz natural). 11

Juiz natural o juiz competente e imparcial. Elemento formal a competncia. Aspecto material a imparcialidade. JURISDICAO VOLUNTRIA Alguns atos jurdicos, para produzirem efeitos, exigem a fiscalizao do rgo jurisdicional, bem como de integrao. O papel da jurisdio, aqui, integrativo. Caractersticas gerais sobre as quais no paira qualquer tipo de controvrsia: 1 A Jurisdio voluntria, em regra, tem natureza constitutiva. Por ela, criam-se, extinguem-se ou modificam-se situaes jurdicas. 2 - A Jurisdio voluntria , em regra, necessria. Alguns atos jurdicos somente podem produzir efeitos diante do judicirio. Sem a jurisdio voluntria, a pessoa no chega ao seu objetivo. Ex. somente pode interditar algum perante o Judicirio. Todavia, h casos em que a jurisdio voluntria uma opo dada ao sujeito e no um caminho que tem que seguir. Ex. Caso da separao, do divrcio e do arrolamento de bens consensuais em cartrio, sem necessidade de ir ao judicirio, desde que no haja incapazes envolvidos; acordo extrajudicial pode ser levado homologao judicial (vale independente da homologao do juiz). 3 O Juiz da jurisdio voluntria tem as mesmas garantias que um juiz qualquer. Ele to juiz quanto qualquer outro (a doutrina mais tradicional tratava o juiz da jurisdio voluntria como um tabelio). 4 - Na jurisdio voluntria, h contraditrio. Os interessados, que podem sofrer algum tipo de conseqncia com a deciso, tm o direito de participar. Existe contraditrio, no discutvel. Art. 1105 do CPC: Sero citados, sob pena de nulidade, todos os interessados (10 dias), bem como o MP. 5 - A jurisdio voluntria um procedimento que se encerra por sentena, sujeita apelao. 6 - Existem vrios procedimentos de jurisdio voluntria que podem ser instaurados ex officio. Exemplos de alguns que podem ser de oficio: Art. 1129, 1142, 1160, etc. 7 - Art. 1109 do CPC: O juiz decidir o pedido no prazo de 10 dias; no , porm, obrigado a observar critrio de legalidade estrita, podendo adotar em casa caso a soluo que reputar mais conveniente e oportuna. Este artigo de 1973, cuja idia era dar mais elasticidade aos procedimentos de jurisdio voluntaria. Duas palavras que simbolizam bem este artigo: 1 Discricionariedade e 2 - juzo de eqidade (NO ESQUECER ISSO EM PROVA). No mesmo cdigo de 1973, existe o art. 126: O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento cabe-lhe aplicar as normas gerais, no havendo, deve aplicar a analogia, os costumes e os PGD. Art. 127: O 12

juiz somente decidir por equidade nos casos previstos em lei PERFIL DO CDIGO: Legalidade estrita, fechado. Hoje em dia, o juiz no julga mais com base na legalidade estrita. O que o Artigo 1109 do CPC previu para a voluntria aplicada em todos os casos. Hoje, em qualquer caso, o juiz decide com base nas peculiaridades e circunstncias do caso concreto, na anlise de valores, ponderao entre princpios. O perfil metodolgico atual o do art. 1109 do CPC, que no tem nada de mais. 8 - Art. 1105: Sero citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministrio Pblico. Da leitura do artigo, parece que o MP deve intervir em todos. No o caso, preciso que seja jurisdio voluntria e, alm disso, um caso em que o MP deva se manifestar. Ex: separao consensual em juzo, sem filhos, sem incapazes envolvidos, neste caso o Ministrio Pblico no obrigado a se manifestar. A alegao de que, em aes de estado, o MP se manifesta, vale para o ano 1973, no hoje. Naquela poca, o casamento era uma questo de ordem pblica, hoje voc pode casar e depois se separar em cartrio. Para o Estado o casamento uma questo ntima, privada. MP somente intervm quando necessrio. Ex. separao envolvendo incapazes. Questo clssica em concurso: O papel do MP na jurisdio voluntria. O MP somente intervm quando esta interveno necessria (se houver incapaz, interesse pblico). Somente por ser voluntria, no exige interveno. Questes contraditrias: 1 ) Natureza jurdica da jurisdio voluntria duas correntes: a) No jurisdicional. O Juiz, na jurisdio voluntria, atua como administrador de interesses privados. CONCEPO MAJORITRIA, mais tradicional, mais difundida. Peculiaridades desta concepo: - no jurisdio, porque no h lide; - no h ao, porque no h jurisdio, chamando-se de requerimento de jurisdio voluntria. - se no tem jurisdio, nem ao, no h, conseqentemente, processo. H apenas procedimento; - no h partes, mas interessados; - no h coisa julgada, porque no h ao, no h processo, no h partes. Uma coisa est emendada na outra. Na poca desta teoria, no havia processo administrativo. Ele foi incorporado nossa ordem jurdica em 1988 (ser observado o contraditrio nos p. adm). Mesmo que se adote esta concepo, dizer que no h processo um erro, repetir lio de outra poca. Processo, na poca, era s jurisdicional. b) Jurisdicional. A outra concepo a que defende que a jurisdio voluntria tem natureza jurisdicional. - Quanto lide: 1) h casos em que h lide na jurisdio voluntria; ex. h lide em muitos casos de interdio; tambm em retificao de registro imobilrio (vizinho 13

pode no concordar, citado obrig.); 2) A lide no necessria para jurisdio, o que importa que ela atue sobre uma situao concreta. - H ao (briga de comadres); - Se h contraditrio, existe processo; - Existem partes sim; - H coisa julgada. O problema est aqui. Artigo 1111 do CPC: A sentena poder ser modificada, sem prejuzo dos efeitos j produzidos, se ocorrerem circunstncias supervenientes. Corrente tradicional diz que esse artigo nega a coisa julgada, pois a sentena pode ser modificada. J a nova corrente diz que tal demonstra que h coisa julgada, pois somente pode ser modificada se houver circunstncia nova. EXPLICAO: Se o fato acontece depois da coisa julgada, posterior a ela, no tem nada a ver com a reviso da coisa julgada. No vou desconstituir uma coisa julgada por fato que posterior a ela. Se a sentena uma e vem outro fato, ele novo e vai exigir uma nova deciso. A sentena decide fatos que j ocorreram. A coisa julgada uma coisa que j existia e foi julgada. Se o fato passou a existir depois, se ter nova deciso sobre nova realidade. H coisa julgada em jurisdio voluntria. Fato superveniente coisa julgada no quer diz que ela no exista. Pergunta cabe ao rescisria em jurisdio voluntria? Pela corrente tradicional, no cabe rescisria. Se partir da outra concepo, h coisa julgada e, portanto, cabe rescisria.Ambas as correntes se baseiam no mesmo artigo 1111.

COMPETNCIA a quantidade (medida) de poder atribuda a um determinado ente, a um determinado rgo. Da se fala em competncia legislativa, administrativa e jurisdicional. No CPC, estuda-se a jurisdicional, ou seja, a competncia para o exerccio da jurisdio. Est intimamente relacionada ao controle do poder. No Estado de Direito, como o nosso, quem tem poderes somente pode exerc-los nos limites de sua competncia. Se no houvesse limite, medida de poder, estaramos numa tirania. A competncia regida por dois princpios bsicos: 1) P. da indisponibilidade da competncia: As regras de competncia no esto disposio do rgo. Ele no pode abrir mo ou escolher sua competncia. No ficam a critrio de quem tem poder. o legislador, que cria as regras de competncia, que pode dar a elas maior flexibilidade. No o titular do poder que o faz. 2) P. da Tipicidade das competncias: As competncias decorrem do direito positivo, no de um direito natural. Existem competncias tpicas implcitas, que, embora no previstas expressamente, esto contidas no sistema (CF prev que STF pode delegar a juzes competncia para executar seus julgados, o que se aplica ao STJ, embora no haja regra expressa). No h vcuo de competncia. No possvel imaginar uma situao para a qual no h rgo competente, para tanto existem as competncias implcitas.

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Distribuio da competncia: tarefa legislativa. CF faz a primeira grande distribuio de competncia quando cria as cinco justias. Cria-se a Justia Federal, a Justia do Trabalho, a Justia Eleitoral, a Justia Militar e a Justia Estadual. A competncia desta ltima residual, ser dela o que no for das outras justias. Problema O juiz, atuando fora da sua competncia constitucional, produz decises nulas ou decises inexistentes? Ada Pelegrinni Grinover entende que esta deciso inexistente, pois em desrespeito as regras de competncia constitucional. A corrente majoritria considera nula (existe, mas viciada). Sendo nula, faz CJ e cabe rescisria. Se considerar inexistente, nem em coisa julgada se pode falar. Aps a CF, fazem esta distribuio a Leis Federais, as constituies estaduais e as leis estaduais, at se chegar a um regimento interno de um Tribunal. O regimento interno distribui a competncia atribuda a um Tribunal internamente. Determinao e fixao da competncia a concretizao da competncia, identificao de qual rgo vai julgar determinada causa. Tal se d pela leitura do artigo 87 do Cdigo de Processo Civil. Art. 87: estudo por partes:Art. 87. Determina-se a competncia no momento em que a ao proposta (263 da distribuio ou despacho). So irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente (perpetuao da jurisdio), salvo quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia.

Determina-se a competncia no momento em que a ao proposta. O momento da propositura da ao o momento da distribuio ou o momento do despacho inicial nos casos em que s houver um juiz e um juzo. Art. 263 do CPC (deve ser combinado com o 87): Considera-se proposta a ao tanto que a petio inicial seja despachada pelo juiz ou simplesmente distribuda onde houver mais de uma vara. So irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente isso quer dizer que, fixada a competncia, pouco importa o que acontecer depois, a causa ficar naquele juzo. uma regra de estabilidade do processo, para evitar que fatos sobrevenham e faam com que o processo fique mudando de juzo. Esta segunda parte do art. 87 estabelece a chamada PERPETUAO DA JURISDIO. Excees perpetuao (final 87): 1) permite a quebra da perpetuao se houver supresso do rgo judicirio (se havia processos em uma vara e ela foi extinta, claro que devem ser distribudos); 2) se houver mudana superveniente de competncia absoluta, quebra-se a perpetuao e a causa ser remetida a outro juzo no decorar em razo da matria e da hierarquia, mas pensar em 15

competncia absoluta. Ex. EC 45/04 transferiu causas da justia estadual para justia do trabalho alterou regras de competncia absoluta, incidindo nos processos e fazendo com que as causas fossem remetidas de uma justia para outra, no tendo sido remetidos apenas os que j tinham sentena. Sempre que vc for falar em validade de um ato jurdico agente capaz, objeto lcito e forma prescrita em lei vc est analisando o ato no momento em que ele foi praticado. NO EXISTE INVALIDADE POR MOTIVO SUPERVENIENTE AO ATO. Exemplos - contrato com pessoa lcida, capaz, que, dois anos depois, fica demente no invalida contrato fato superveniente. A sentena proferida pelo juiz estadual antes da EC 45/04 vlida, pois era competente ao tempo da deciso. No existe nulidade por fato superveniente. No cumprimento de contrato jamais pode invalid-lo, pode at resolv-lo. NA INVALIDADE, O ATO NASCE DEFEITUOSO, O DEFEITO CONGNITO. Classificao da Competncia a) Competncia absoluta e competncia relativa Absoluta as regras de competncia absoluta so regras criadas para atender o interesse pblico, no podendo alteradas pela vontade das partes. O vcio to grave que, se o processo terminar, cabe rescisria. No h forma preestabelecida para alegar a incompetncia absoluta. Relativa as regras de competncia relativa so regras criadas para atender o interesse particular e, portanto, podem ser alteradas pela vontade das partes. A incompetncia relativa no pode ser conhecida ex officio (Smula 33 do STJ). Somente o ru pode alegar incompetncia relativa. Ele somente pode fazer no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de precluso. Com a precluso, o juiz incompetente relativamente torna-se competente. A sua alegao deve ser por exceo de incompetncia ( o que est na lei). A jurisprudncia pacfica do STJ no sentido de que possvel conhecer a incompetncia relativa alegada no bojo da contestao, se isso no gerar prejuzo ao autor. O que fazer no concurso? Se, na prova, tiver, secamente, a incompetncia relativa se alega por exceo, est certo. Se disser, a incompetncia relativa pode ser alegada sem exceo, salvo se no provocar prejuzo a outra parte, ta ok tbm. Qual seria o prejuzo? Nenhum. O autor vai se manifestar, seja a alegao feita apartadamente, seja no bojo da contestao. O MP pode alegar a incompetncia relativa? Se o ru for incapaz, em favor dele. b)Aspectos da incompetncia: Kompetenzkompetenz: a chamada competncia da competncia, competncia sobre a competncia, ou seja, todo juiz sempre tem competncia para julgar a prpria competncia. O juiz tem a competncia para se reconhecer incompetente. Na absoluta, ele faz de ofcio. Na relativa, ele tambm controla, mas controla/examina por provocao. A incompetncia no gera extino do processo. Os autos so, nestes casos, remetidos a outro juzo. H duas excees: 1 nos juizados a incompetncia gera extino; 2 a incompetncia internacional tambm gera extino (lgico). 16

A incompetncia absoluta, alm de gerar remessa dos autos a outro juzo, gera tambm a anulao dos autos decisrios (prova no ). A relativa s gera a remessa, no anulao dos atos decisrios (professor pediu liminar em comarca vizinha que no estava em greve, pois no anula na relativa nem ato decisrio). Quanto incompetncia relativa, pode ocorrer sua modificao tcita e expressa: Tcita silencio do ru, ao no se opor a propositura equivocada da ao, mudou a competncia. Expressa por meio do chamado foro de eleio. uma clusula contratual escrita, na qual os negociantes escolhem em que territrio as causas relacionadas quele negcio devem ser ajuizadas. Foro de eleio unidade territorial (territrio) de eleio, no frum de eleio. possvel dois foros de eleio em um contrato. OBS Foro de eleio e contratos de adeso: muito comum nesses contratos a clusula de foro de eleio. Estes contratos geralmente so de consumo, em que h desequilibro entre as partes da relao. Admite-se o foro, mas no pode ser abusivo. CDC nulidade clusulas abusivas. O juiz pode reconhecer a nulidade de clusula abusiva de foro de eleio, mas isso no seria reconhecimento da incompetncia relativa ex officio? STJ considerou correto. Todavia, isso no mais problema, pois, em 2006, o CPC foi alterado, sendo-lhe acrescentado ao artigo 112 o pargrafo nico: A nulidade de clusula de eleio de foro, em contrato de adeso, pode ser declarada de ofcio pelo juiz, que declinar de competncia para o juzo de domiclio do ru. Consagra essa evoluo da jurisprudncia, mas com uma diferena, no s contrato de consumo, qq contrato de adeso. Entretanto, o art. 114 tambm foi alterado: Prorrogar-se- a competncia se dela o juiz no declinar na forma do pargrafo nico do artigo 112 desta lei ou o ru no opuser exceo declinatria nos casos e formas legais. Est dito que o Juiz pode, de imediato, anular a clusula e remeter ao domiclio do ru, todavia, no o fazendo e citando o ru, se este nada alegar, prorroga-se a competncia. Cria-se um sistema misto, hbrido. um caso em que a incompetncia pode ser reconhecida de ofcio, mas no pode a qualquer tempo. c) Distino entre competncia originria e competncia derivada. Originria: a competncia para conhecer e julgar as causas em primeiro lugar. RG juzos singulares. H excees em que cabe aos Tribunais. Derivada: a competncia para julgar os recursos. H casos em que a competncia derivada de um juiz singular. Excees execues fiscais at 500 reais, o recurso contra sentena julgado pelo prprio juiz da causa (lei 6.830/80, artigo 34) e embargos declaratrios. CUIDADO a competncia derivada nos juizados especiais no derivada para juzes, mas sim de outro rgo, que recebe o nome de turma recursal.

Critrios de determinao da competncia 17

Doutrina tradicional objetivo, funcional e territorial. Bastante consagrada. 1) Critrio objetivo de distribuio de competncia objetivo pq toma por base um dado objetivo que a demanda. A demanda, que a provocao ao judicirio, tem trs elementos, quais sejam: partes, pedido e causa de pedir. Qualquer um destes elementos da demanda pode ser levado em considerao pelo legislador para distribuir a competncia. Partes competncia em razo da pessoa, que leva em considerao uma determinada parte para atribuio da competncia. Ex. Varas privativas da Fazenda Pblica, juiz federal em razo de ente federal. Pedido- critrio em razo do valor da causa. o valor da causa determinado pelo pedido que indicar a competncia. Ex. Dos juizados especiais. Causa de pedir a competncia em razo da matria (a competncia pela natureza jurdica da relao discutida). Ex. causa de famlia vara de famlia; causa trabalhista- vara trabalho; causa cvel vara cvel. OBSERVAES 1) A competncia em razo da matria e da pessoa competncia absoluta. Entretanto, no que refere competncia em razo do valor, o tema um pouco complexo. Na nossa realidade, competncia em razo do valor acabou ficando para o juizado. No se tem casos de incompetncia em razo do valor fora do juizado. No que refere competncia da Justia Estadual, nas causas que estiverem dentro do teto, o demandante pode optar entre juzo o comum ou o juizado especial. Entretanto, tal opo no se d nos juizados federais, pois, se estiverem abaixo de teto, devem ser neles processadas. A competncia pelo valor da causa, mas obrigatria, no opo. Sempre foi opo, mas nos federais a demanda obrigatria, competncia absoluta. Por isso essa competncia pelo valor da causa cheia de nuances. 2) O legislador utiliza, em certos casos, vrios destes critrios (vara da Fazenda pblica matria - que s julga servidores). 3) A competncia objetiva pessoa/valor/matria sempre uma competncia de Vara. Os prprios juizados no deixam de ser uma vara. 4 OBS) Smula 206 do STJ: A existncia de vara privativa (da faz. Pub), instituda por lei estadual, no altera a competncia territorial resultante das leis de processo. O fato de existir vara privativa (ex. Fazenda Pblica) em uma comarca no significa que todas causas tm de ir pra aquela comarca. Fica na vara privativa se proposta no local onde tem (vara cvel etc.).

2) Critrio Funcional 18

a competncia decorrente da distribuio, pelo legislador, de funes que devem ser exercidas em um processo entre vrios rgos. Funes de receber a PI, de instruir, de julgar, de executar, julgar recurso, julgar a reconveno, julgar ao cautelar se ajuizada, etc. Duas dimenses: 1) Vertical: visualizada entre instncias originria e derivada, recursos etc.; 2) Horizontal: a distribuio que se faz na mesma instncia, no mesmo nvel. Ex: processo penal - jri em que juiz pronuncia, o jri condena e o juiz dosa a pena. 3) Critrio Territorial competncia territorial aquele que vai identificar em que lugar a causa deve ser processada. Qual o foro, lugar, comarca onde a causa deve ser processada. A competncia territorial , em regra, relativa. H casos excepcionais em que ela absoluta, tais como: - Competncia para ao coletiva (civil pblica), que do local do dano, absoluta. - ECA art. 209 segue a linha da lei da ao civil pblica ao coletiva, foro do local do dano, competncia absoluta. - Estatuto do Idoso art. 80, aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do domiclio do idoso, cujo juzo ter competncia absoluta. Peculiaridade este artigo 80, em sua literalidade, tem que ser aplicado em aes coletivas (tradicionalmente ocorre foro do local do idoso ao coletiva, etc), mas tambm pode ser aplicado para aes individuais (captulo da proteo dos interesses difusos, coletivos, individuais indisponveis ou homogneos). Discusso, ser que, para ao individual proposta por idoso, tem de ser no domiclio dele? Se vc quer proteger indivduo, vc no pode estabelecer competncia absoluta de seu domiclio. Deve ser uma opo, direito. uma interpretao que gera uma conseqncia sem sentido. Padro qdo para proteger o indivduo deve ser uma opo para ele. Na prtica a pessoa vai entrar com ao em seu domiclio, mas pode ocorrer que no o queira. Duas regras gerais de competncia territorial: Art. 94 do CPC: Domiclio do ru o local geral para as aes pessoais e as aes reais mobilirias (direitos reais envolvendo mveis avio mvel, embora hipotecvel por valer muito, carro). Art. 94. A ao fundada em direito pessoal e a ao fundada em direito real sobre bens mveis sero propostas, em regra, no foro do domiclio do ru. 1o Tendo mais de um domiclio, o ru ser demandado no foro de qualquer deles. 2o Sendo incerto ou desconhecido o domiclio do ru, ele ser demandado onde for encontrado ou no foro do domiclio do autor. 3o Quando o ru no tiver domiclio nem residncia no Brasil, a ao ser proposta no foro do domiclio do autor. Se este tambm residir fora do Brasil, a ao ser proposta em qualquer foro. 19

4o Havendo dois ou mais rus, com diferentes domiclios, sero demandados no foro de qualquer deles, escolha do autor. Art. 95 do CPC: Cuida das aes reais imobilirias. Quando a ao veicula um direito real sobre imvel a causa tem que ser processada no foro da situao da coisa, forum rei sitae. Art. 95. Nas aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro da situao da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domiclio ou de eleio, no recaindo o litgio sobre direito de propriedade, vizinhana, servido, posse, diviso e demarcao de terras e nunciao de obra nova. Nestas sete opes a competncia territorial absoluta. Decorar professor time de futebol Propriedade no gol, posse e servido na zaga, direito de vizinhana e nunciao de obra nova no meio de campo e no ataque demarcao e diviso. Demais aes reais, como, por ex, usufruto e locao, no so objeto de competncia absoluta. Dica, no CPC de Nelson Nery, na parte que ele fala de ao possessria, traz uma tabela s com os nomes de todas as aes reais.

Conflito de competncia uma situao em que dois ou mais rgos jurisdicionais discutem em torno da competncia, para julgar uma ou mais de uma causa. Esse conflito pode ser positivo (para julgar) ou negativo (para no julgar a causa). O conflito um incidente processual de competncia originria de um Tribunal. Sempre ser resolvido por um Tribunal, podendo ser provocado pelas partes, pelo Ministrio Pblico ou pelos prprios rgos conflitantes. caso de interveno obrigatria do MP. Art. 117. No pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceo de incompetncia. (A parte no pode, ao mesmo tempo, suscitar conflito e oferecer exceo de incompetncia). Art. 120,pargrafo nico: Pargrafo nico. Havendo jurisprudncia dominante do tribunal sobre a questo suscitada, o relator poder decidir de plano o conflito de competncia, cabendo agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimao da deciso s partes, para o rgo recursal competente. (Includo pela Lei n 9.756, de 1998) Smula 59 do STF No h conflito de competncia se h sentena transitada em julgado proferida por um dos juzos conflitantes. No existe conflito se houver diferena hierrquica entre os conflitantes Se um dos conflitantes revisa as decises do outro, no h conflito. Prevalece a deciso de quem fala por ltimo, hierarquicamente superior (STJ sobre TJ e TRF). 20

Diferente o caso de STJ e TRT. Pode ter conflito, pois o STJ no rev as decises do TRT (no esto em uma mesma linha hierrquica). TST e juiz federal tm conflito, pois no h diferena hierrquica. A Justia Federal se divide em 5 regies necessrio saber para conflito vai subindo 4 regio da JF: PR, SC e RS; 3 regio MS e So Paulo; 2 Regio RJ e ES; 5 regio SE, AL, PE, PB, RN e CE (seis estados, de Sergipe ao Cear); e a 1 Regio o restante do Brasil (BA, MG, GO, DF, TO, PI, MA, PA, AP, AM, RR, AC, RO, MT). Em processo Civil somente nos interessa saber a competncia do STF, STJ e do TRF/TJ. Conflito de competncia de tribunal, assim, ele vai ser julgado em um destes trs nveis. 1 Regra STF conflitos entre tribunais superiores: Se um conflito envolve Tribunal Superior STF. Basta ter um Tribunal Superior, para ser o STF. (STJ e TST, STJ e juiz do trabalho). 2 Regra TJ e TRF conflitos entre juzes a eles vinculados, no tribunais/STJ conflito entre Tribunais ou juzes vinculados a tribunais diversos sempre competncia para julgar conflito entre juzes, primeira questo. Se tiver tribunal no meio, j no TJ e TRF. S vai para TJ e para o TRF conflito de juzes vinculados quele Tribunal. Se forem vinculados a Tribunais diversos, a no TJ e TRF (ser STJ). Juiz Federal de Salvador conflita com juiz Federal de Aracaju STJ julga, pois so juzes vinculados a tribunais diversos. Aracaju 5 regio, salvador 1 regio. Juiz Estadual da Bahia conflita com juiz federal da Bahia STJ, pois so juzes vinculados a tribunais diversos TJ e TRF. Juiz Federal de Juazeiro (BA) e Juiz Federal de Petrolina (PE) STJ, pois, no obstante a proximidade, so vinculados a tribunais diversos (1 e 5 regio). Juiz Federal de Tabatinga (Amazonas) e Juiz Federal de BH (MG) o TRF da 1 regio, pois, no obstante a distancia, so juzes vinculados ao mesmo tribunal TRF 1 regio. TJ SP e juiz Salvador tem tribunal no meio, no pode ser TJ, nem TRF. O Tribunal no superior (no pode ser STF). Assim, o conflito cabe ao STJ. TJ-BA, conflitando com juiz da Bahia- NO H CONFLITO. Existe uma figura de juiz estadual que julga causas federais. Neste caso, o recuso vai para o TRF. Juiz estadual investido de jurisdio federal na BA conflitando com juiz federal de Rio Branco no Acre. TRF1a Regio. Se for investido de jurisdio federal com federal da mesma regio TRF. Se fosse de regies diferentes STJ. Smula 3 do STJ compete ao TRF dirimir conflito de competncia verificado na mesma regio de juiz estadual investido de jurisdio federal e juiz federal. Questo sem regra expressa Juiz de juizado e juiz estadual, juiz de juizado federal e juiz federal muito comum Juiz de juizado fica vinculado a turma recursal e o outro ao seu tribunal, mas tudo da mesma justia. STJ acabou assumindo tal competncia. No confundir competncia para julgar recurso, que do TJ.

Conexo e continncia - vnculo de semelhana entre causas distintas e pendentes que pode acarretar a modificao da competncia relativa (reunio) Introduo sobre o assunto. 21

Litispendncia Quando duas causas pendentes so iguais est-se diante de uma situao nominada de litispendncia. Uma das causas deve ser extinta. H um outro sentido da palavra litispendncia, qual seja, de perodo de tempo que vai do nascimento morte do processo (fluir da existncia do processo). Dica questo de concurso o recurso prolonga a litispendncia verdadeiro (no deixa o processo morrer). Prova de Procurador da Repblica escrita quais so os efeitos da litispendncia em relao a terceiros (queriam a litispendncia no sentido de vida do processo). Sero estudados em outubro os efeitos do processo em relao a terceiros. NO EXISTE nome para a pendncia de causas totalmente diferentes, pois no tem importncia, no acarreta nada. Conexo e continncia Entre os extremos h o meio termo, qual seja, pendncia de causas semelhantes. A conexo essa relao entre causas distintas que esto pendentes. O efeito da conexo reunir causas que esto tramitando em juzos diversos em um nico juzo. A conexo um fato jurdico que gera a reunio de causas em um nico juzo com propsito de poupar energia e de evitar decises contraditrias. Na conexo, uma causa sai de um juzo e vai para outro. Um juiz perde sua competncia e outro ganha competncia para uma causa. Por isso que se diz que a conexo uma situao que acarreta a modificao da competncia. Modifica apenas COMPETENCIA RELATIVA. Se os dois juzos tiverem competncia relativa diferente, no tem problema, rene. Todavia, se implicar mudana de competncia absoluta, no posso reunir as causas. necessrio distinguir a conexo (vnculo, semelhana) de sua conseqncia, que a reunio de processos. Reunio no a conexo, o efeito. que pode haver conexo sem reunio, como no caso diferena de competncia absoluta entre um juzo e outro (causas conexas famlia e cvel conexo com competncia material distinta insuscetvel de reunio/ cvel penal, consumidor trabalhista, penal civil). Tambm no h como reunir causas conexas em que uma est em tribunal e outra perante o juiz, pois h competncia funcional distinta, que absoluta. Smula 235 do STJ: A conexo no determina a reunio dos processos, se um deles j foi julgado. Quando h conexo, sem que seja possvel reunir, pode haver a suspenso de uma das causas para evitar decises contraditrias. Uma fica suspensa, para que se espere a deciso da outra (comum em penal, no caso de conexo com causa cvel). A reunio o principal efeito, mas pode ocorrer tambm esse. Ao alegar a conexo, est-se dizendo que houve modificao da competncia relativa, ou seja, o juiz, que era efetivamente competente para determinada causa, no mais devido a conexo desta com outra. Essa alegao de modificao de competncia relativa, de conexo ( era competente, mas perdeu por conta da conexo), no tem nada a ver com incompetncia relativa (pois aqui se diz que no o competente desde o incio). A conexo (com o efeito de modificao da competncia) pode ser conhecida de ofcio pelo juiz, bem como suscitada por qq das partes. O autor, inclusive, costuma aleg-la na PI, pedindo a distribuio por dependncia. Juiz pode conhecer de ofcio a qq tempo, enquanto no for julgada uma delas. Como alega? Em PRELIMINAR DE

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CONTESTAO e na PETIO INICIAL. No h falar em exceo de incompetncia por conexo. E a incompetncia relativa somente o ru pode alegar e no pode a qualquer tempo, pois est sujeita precluso. alegvel mediante exceo de incompetncia. O juiz no pode reconhec-la de ofcio. Alegar conexo no alegar incompetncia relativa, alegar modificao da competncia relativa. CPC resolveu conceituar conexo no seu Art. 103:Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Basta que um dos elementos objetivos causa de pedir ou pedido seja igual para haver conexo. Sucede que o CPC trouxe tambm, em seu art. 104, o instituto da continncia, que se d quando h identidade de partes, mesma causa de pedir e pedido de uma mais abrangente que o da outra. Na continncia, as causas so quase iguais, s que o pedido abrange o do outro. Ex. em uma se pede para anular o contrato inteiro e em outra uma clusula. Mais rigoroso que conexo. Situao CPC conceitua e parece informar como coisas diversas, mas d a eles o mesmo tratamento. O conceito de continncia mais rigoroso, mas o regime jurdico o mesmo. Toda continncia uma conexo, mas o inverso no verdadeiro. Continncia uma espcie de conexo, que tem o mesmo tratamento de outras espcies. J, nem toda conexo no uma continncia.

Conexo fora do conceito do art. 103 Prejudicialidade: REGRA DUAS CAUSAS para ver se so conexas deve-se verificar se a soluo de uma interfere de alguma maneira na soluo de outra. Se a soluo de uma causa interfere na outra, h conexo. 1 exemplo ao de alimentos e ao de investigao de paternidade. Nestas duas aes, os pedidos so distintos (alimentos e reconhecimento da paternidade), bem como tambm o so as causas de pedir (uma coisa a necessidade de alimentos, outra coisa no ter pai e querer ter reconhecido). Todavia, h conexo ntida neste caso. J pensou se o juiz diz que o cara no pai e o outro juiz o manda pagar alimentos. Tipo da situao em que h conexo fora das hipteses do artigo 103. Caso clssico, no questo polmica. Outro caso despejo por falta de pagamento e consignao em pagamento dos aluguis. Os pedidos so diferentes e as causas de pedir tambm. Pedir para consignar no igual a despejar. A falta de pagamento no igual a falta de recebimento pelo credor. H conexo entre as aes sem dvida. Imagina se um juiz manda despejar e outro juiz manda consignar os aluguis. um caso de conexo em que no h pedido igual, nem causa de pedir igual. Chama-se de prejudicialidade a situao em que a soluo de uma causa interfere na de outra. A prejudicialidade implica conexo. Existe conexo por prejudicialidade, em razo deste vnculo entre causas. Vale ressaltar que a conexo somente produz seus efeitos (modificao da competncia) se NO disser respeito uma COMPETNCIA ABSOLUTA. 23

Conexo versus causas repetitivas: OBS ex. Um contribuinte vai a juzo pedindo para no pagar determinado tributo em razo de uma inconstitucionalidade. Um outro contribuinte vai a juzo pedindo para no pagar o mesmo tributo sob o fundamento de que inconstitucional. Temos a duas aes propostas por contribuintes diversos pedindo para no pagar o mesmo tributo sob o fundamento de que inconstitucional. H CONEXAO EM UMA SITUAO COMO ESSA? Nos termos do artigo 103 do CPC, no h conexo porque nem os pedidos nem as causas de pedir so iguais. Os pedidos so diferentes - um pedir para Joo no pagar e outro pedir para Antonio no pagar. As causas de pedir so diferentes, pois Joo afirma que ele no deve o tributo (ele no tem relao com o fisco) e Francisco diz que ele no deve o tributo (ele no tem relao com o fisco). No h conexo prevista no artigo 103. Pergunta aqui: a soluo de uma causa interfere na outra? Um pode ganhar, outro pode perder. Neste caso indiferente a soluo de uma causa soluo de outra. Fcil ver, pois normal ver solues diferentes. Trata-se de caso quem que, sob uma perspectiva tradicional, no h conexo por prejudicialidade. Tradicionalmente, no h conexo, nem de um jeito (103), nem de outro (prejudicialidade). Outros casos similares: dois segurados previdncia pede para reajustar o mesmo benefcio no mesmo percentual no mesmo ano, dois consumidores de empresa de telefonia pedem para no pagar telefonia bsica, dos funcionrios pblicos pedem o mesmo reajuste salarial, dois titulares de conta de FGTS pedem o reajuste em suas contas de FGTS etc...). Esses exemplos revelam aquilo que hoje se chama de CAUSAS REPETITIVAS. O que so causas repetitivas? So causas em que praticamente somente se muda o autor, as quais geram as sentenas repetitivas, as sentenas chapa. Essas causas se parecem, mas no se vinculam entre si, no havendo interferncia de uma na soluo de outra. H entre elas afinidade e no prejudicialidade. Esse fenmeno de causas repetitivas um fenmeno atual (ltimos 20 anos). At muito pouco tempo atrs a Justia Brasileira no estava inundada por este tipo de ao. O judicirio passou a se ver entulhado delas, pois foi pensado em uma poca em que poucos iam a juzo (letrados, ricos, etc.). Toda a teoria sobre conexo foi construda para uma poca distinta da nossa. Por isso, esse fenmeno no consegue se encaixar na teoria da conexo. uma situao nova, que exige do pensamento um novo tratamento. As causas repetitivas so hoje o grande objeto de investigao doutrinria. Est surgindo nos ltimos 4 anos um novo sistema de processamento de causas repetitivas, o qual repercute na conexo, pois se discute acerca da convenincia ou no de sua reunio. Institutos novos que servem como exemplo desse novo tipo de processo que est surgindo: 1) Smula vinculante; 2) Artigo 285-A do CPC (trata do julgamento liminar de causas repetitivas); 3) Art. 543-B e 543-C duas regras previstas no CPC que criaram um novo tipo de conexo, uma conexo para causas repetitivas, um outro modelo, adaptado para essa realidade dos processos repetitivos, que so em milhares. Imagina se fosse aplicada a reunio destas causas repetitivas em um mesmo juzo? Seria uma loucura. Havendo recursos extraordinrios repetitivos, os Tribunais Superiores podem escolher um ou alguns destes recursos como recursos modelo (amostras) e esses modelos sero julgados. Enquanto isso os demais ficam parados. O julgamento que se der a eles vale para todos. A 24

conexo (por afinidade) muda a disciplina da conexo que, ao invs de reunir, pra tudo. uma forma de racionalizar o julgamento de causas repetitivas, redimensionando o regramento da conexo. Isso uma grande novidade. Reunio por conexo de uma ao de conhecimento e uma de execuo Se h conexo entre elas, tal possvel? Ex. execuo de um contrato (ao de execuo) e anulao de um contrato (se anulo no posso executar). H uma ntida prejudicialidade entre elas. Havendo, caso de reunir? Sim, caso de reunir. Isso muito difundido no STJ. Como se rene para haver um processamento simultneo? O juzo vai process-las paralelamente, mas, como est no mesmo juzo, vai evitar que haja decises contraditrias. No vai reunir para que ambas caminhem no mesmo procedimento. o que ocorre com os embargos e a execuo, que caminham juntos, sendo que uma de conhecimento e outra de execuo. STJ admite reunio por conexo de causa de conhecimento com execuo. Juzo competente para julgamento das causas conexas reunio Elas sero reunidas no juzo onde se operou a preveno. A preveno no modificao de competncia. O que modifica a competncia a conexo/continncia. A preveno um critrio de escolha do juzo onde as causas sero reunidas. J teve pergunta de concurso perguntando se preveno era hiptese de modificao de competncia no , critrio de escolha. O CPC prev duas regras de preveno (artigos 106 e 210): 1 regra de preveno: se as causas conexas estiverem na mesma comarca, prevento o juzo que primeiro despachou; 2) se as causas conexas estiverem em comarcas distintas (SP e RJ, por ex.), prevento o juzo onde primeiro ocorreu a citao vlida. Na lei de Ao Civil Pblica h um terceiro critrio aplicvel somente para as aes coletivas. Prevento o juzo da primeira ao proposta. (art. 2, pargrafo nico, da Lei de ACP). Ultimo assunto sobre competncia:

Competncia da Justia Federal Est prevista no artigo 109 e 108 da CF. O artigo 109 prev a competncia dos juzes federais. O Artigo 108 do TRF. A competncia dos juzes federais se divide em: a) competncia em razo da pessoa (incisos I, II e VIII do artigo 109); b) em razo da matria (incisos III, VA, X e XI); e competncia funcional (inciso X tambm). Sero examinados os sete incisos civis dos onze (restante criminal). Antes de examin-los: OBS Existe uma figura esdrxula chamada de juiz estadual investido de jurisdio federal. Essa figura nos causa alguns problemas. Quando que juiz estadual julga estas causas federais? Pargrafo 3 do artigo 109 da CF que prev tal possibilidade. Para que isso acontea preciso que se preencham dois 25

pressupostos: 1) preciso que, na localidade, no haja sede da Justia Federal; e 2) preciso de autorizao legal expressa. Preenchidos estes dois requisitos, o juiz estadual julga a causa com recurso para o TRF. Se uma vara federal for criada depois, os processos sero remetidos para ela, pois somente podem ficar na vara estadual enquanto no houver Vara Federal na Cidade. Quais so as autorizaes legais expressas? 1) Na CF existe uma autorizao constitucional expressa no caso de causas entre segurado e INSS (podem tramitar na estadual se l no houver vara federal, tanto de causas previdencirias quanto assistenciais); 2) h leis federais que trazem outras autorizaes, pois tal a CF permite que lei federal o faa: exemplos: a) execuo fiscal, usucapio especial rural, cumprimento de cartas precatrias federais, justificaes, etc. Trs graves problemas: -Smula 216 do TFR: Compete Justia Federal processar e julgar mandado de segurana contra ato de autoridade previdenciria ainda que localizada em comarca do interior. De acordo com essa Smula, no se aplica ao MS a regra que permite que causas previdencirias sejam julgadas por juiz estadual onde no houver JF. Assim, se quiser propor ao ordinria prope no seu domiclio; se quiser MS (que um dir. fundamental), deve ser proposta na Justia Federal. Essa smula, que continua sendo aplicada, uma excrescncia. - Smula 689 do STF: O segurado pode ajuizar ao contra instituio previdenciria perante o juzo federal do seu domiclio ou nas varas federais da capital do estado-membro. Se eu moro numa cidade do interior que tem vara federal, posso demandar contra o INSS nessa Vara Federal, mas tambm na Capital (opo entre duas varas federais do domiclio ou da capital). Tal entendimento tambm se aplica no caso de quem tem domiclio em cidade que no tem Vara Federal, pois pode propor ao perante juiz estadual (benefcio), mas, se quiser, pode ir para a Capital (no est obrigado a demandar em seu domiclio contra o INSS). CUIDADO: Ao coletiva: NO POSSVEL demandar perante o juzo estadual se no houver sede da Justia Federal no local, pois no h LEI QUE AUTORIZE. Ao civil pblica federal na Justia Federal. Cuidado com a Smula 183 do STJ, pq essa Smula diz o contrrio, todavia ela foi cancelada h oito anos, por entender que no havia autorizao legal expressa. Questo pacfica. AGU se a pea prtica for ao coletiva verifique se no colocaram ao coletiva em comarca de interior que no sede de justia federal preliminar de incompetncia absoluta. Exame dos sete incisos do artigo 109: Aos juzes federais compete processar e julgar: Competncia em razo da pessoa: Inciso I: Em razo da pessoa: as causas em que a Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ou opoentes, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas a Justia Eleitoral e Justia do Trabalho.

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O inciso fala em empresa pblica (justia federal), no sociedade de economia mista (competncia da Justia Estadual, ex. Petrobrs, Banco do Brasil etc.). Empresa pblica federal justia Federal: Caixa Econmica Federal, Infraero, Correios. Entidade autrquica gnero em que se incluem as autarquias, as fundaes, os conselhos de fiscalizao profissional e as agncias reguladoras federais (so entidades autrquicas). MPF no nenhum destes entes. Assim, a presena do MPF em juzo no faz com que haja a competncia da Justia Federal. No sua presena como parte que torna a causa da JF. Se ela se encaixa em uma das hipteses dos incisos do 109, a ser da JF. O MPF pode estar em processo que tramita na Justia Estadual. Historinha das trs Smulas: um belo dia existia um processo que tramitava na Justia Estadual quando, de repente, um ente federal pede para intervir nele. A o juiz estadual, diante de um pedido de um ente federal para intervir, tem de remeter a causa Justia Federal, pois ele no tem competncia para avaliar se o ente federal pode ou no intervir (Smula 150 do STJ: compete Justia Federal decidir sobre a existncia de interesse jurdico que justifique a presena, no processo, da Unio, suas autarquias e empresas pblicas). Todavia, chegando na JF, pode acontecer de o juiz federal no aceitar a interveno do ente. Ele, ento, no aceitou e excluiu o ente federal do processo. A partir deste momento, os autos tm de ser devolvidos ao juiz estadual, pois j no h mais razo para a presena do juiz federal (Smula 224 do STJ: Excludo do feito o ente federal cuja presena levara o juiz estadual a declinar da competncia, deve o juiz federal restituir os autos e no suscitar conflito). O que o juiz estadual deve, ento, fazer? No pode fazer mais nada, tem de aceitar a deciso do juiz federal, no cabendo a ele discutir a deciso do juiz federal que no considerou o ente federal interessado (Smula 254 do STJ: deciso do juzo federal que exclui da relao processual ente federal no pode ser reexaminada no juzo estadual). Excees competncia da JF mesmo que se esteja diante das pessoas referidas no inciso acima: A Constituio Federal prev, neste inciso, quatro excees, ou seja, quatro situaes em que a causa no vai para a Justia Federal, embora se trate das pessoas referidas: 1 exceo: causas de falncia falncia uma causa que sempre processada na Justia Estadual, mesmo que haja interesse federal em jogo. Onde se l falncia, leia-se tambm insolvncia civil e recuperao empresarial. 2 exceo: causas eleitorais so na justia eleitoral. 3 exceo: causas trabalhistas sempre na justia do trabalho. Qual a dvida a? As empresas pblicas tm regime celetista, assim, ao trabalhista em face delas se dar na Justia do trabalho. A Justia federal julga causas no trabalhistas que envolvam empresas pblicas. Se a causa for estatutria (para discutir regime estatutrio, de servidor) a Justia Comum (Federal se o servidor for federal, estadual se municipal e estadual). 4 exceo: as causas relativas a acidente do trabalho. A JF no julga causas relativas em acidente de trabalho em que for interessado ente federal.

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Uma ao acidentria pode ser: a) trabalhista (se o acidente ocorrer em razo de uma relao de trabalho) e, b) acidente de outra natureza (que no decorra de relao de trabalho). No caso de acidente de trabalho, h dois direitos: a) direito indenizao face ao empregador, em que o acidentado prope ao acidentria trabalhista indenizatria para que o empregador responda pelos prejuzos decorrentes do acidente do trabalho JUSTIA DO TRABALHO; e b) um direito previdencirio, em que o acidentado prope ao para buscar benefcio previdencirio decorrente do acidente de trabalho em face do INSS. Nessa hiptese, embora haja INSS, autarquia federal, no pode ser julgada na Justia Federal, dada vedao expressa na CF. Desta feita, tramitar na JUSTIA ESTADUAL ( uma esquisitice constitucional). Isso tambm inclui as aes de reviso de benefcio previdencirio acidentrio (tbm na Justia Estadual). Quando o acidente foi de outra natureza, ou seja, no trabalhista, tambm surge para a vtima uma pretenso indenizatria e uma pretenso previdenciria. Neste caso: a) indenizao pelos prejuzos decorrentes do acidente: 1)responsvel pelo acidente for empresa privada, particular, ser justia estadual; 2) se o causador do acidente for ente pblico federal, ser da justia federal. b) no caso de ao previdenciria em virtude desse acidente (no pode mais trabalhar etc.), ser a JF competente, pois a constituio somente excepciona a competncia da JF para as aes acidentrias trabalhistas. Assim, a JF no julgar aes previdencirias face ao INSS decorrentes de acidente de trabalho (JE). J as aes previdencirias face ao INSS decorrentes de outros acidentes, que no de trabalho, vo para a JF. Quanto s aes indenizatrias face aos causadores, responsveis pelo acidente, vai depender se estes so particulares (JE), Estados (JE) ou adm. direta, autarquias e EP da Unio (JF). II as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Municpio ou pessoa domiciliada ou residente no Pas; No h nenhum ente federal a, mas so causas que tramitam na Justia Federal. uma opo da CF, por envolverem organismo internacional ou estado estrangeiro. Gracinha: os recursos nestas causas vo para o STJ e no para o TRF. O STJ funciona, aqui, como segunda instncia. Ao invs de manter a regra que vai para o TRF. Aqui no, optou-se pelo STJ (Pegadinha). OBS muito importante: Aprende-se, em direito internacional, que o Estado estrangeiro no pode se submeter Justia de outro Estado (p. de imunidade de Jurisdio p. do dir. internacional). Se tal existe, pq a CF previu causas em que o Estado estrangeiro pode ser demandado? que tal princpio no se aplica quando se discutem atos privados do Estado estrangeiro, quem que ele atua como ente privado. A imunidade de jurisdio para impedir que se discutam questes adstritas soberania do outro estado (ex. negativa de visto dos EUA para entrar l, no h como obrigar o Estado soberano a dar visto). Todavia, nos atos privados, como no caso de contrato de aluguel 28

entre repblica da Franca e particular, eventual ao envolvendo tal contrato ser perante a JF ( ato privado do estado estrangeiro). Outro exemplo: carro da embaixada americana bate e danifica o seu carro, vc entra com ao de indenizao contra os EUA na JF. VIII compete aos juzes federais processar os mandados de segurana e habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais Segredo O que autoridade federal? H autoridades federais privadas, ou seja, que no so funcionrias pblicas federais. Pode-se ter MS contra autoridade privada desde que ela exera poder federal. O exemplo mais conhecido de autoridade federal privada so as autoridades das Instituies de Ensino Superior Privadas (ex. Reitor de uma Universidade Catlica). Isso est sumulado Smula 15 do TFR. A Smula 60 do antigo TFR prev que mandado de segurana contra autoridade privada federal da justia federal. Confirma que possvel haver autoridade federal privada, dando aplicabilidade a este inciso.

Competncia em razo da matria: III: da justia federal a competncia para julgar as causas que se fundam em tratado ou contrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional. Problema: existe tratado sobre quase tudo, inclusive sobre dando moral. complicado aplicar este inciso ao p-da-letra, pois praticamente tudo tem um tratado que o regule. O inciso III foi ento restringido jurisprudencialmente. Ir para a JF se a causa apenas se fundar em tratado. Se houver legislao interna que cuide do tema no vai para a JF. Exemplo famoso: alimentos internacionais, criana domiciliada na Inglaterra que pede alimentos de pai que mora no Brasil Justia Federal pq quem trata deste tema a Conveno de Nova Iorque. E se o pai mora nos EUA (no pode propor aqui, pq vai morrer de fome, pois da JF vai para STJ citar com traduo). V-A: compete JF processar e julgar as causas relativas a direitos humanos a que se refere o pargrafo 5 deste artigo. Pargrafo 5: Nas hipteses de grave violao de direitos humanos, o PGR, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigaes decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poder suscitar, perante o STJ, em qq fase do inqurito ou do processo, incidente de deslocamento de competncia para a Justia Federal. A causa no nasce na JF, ela pode ir se o PGR pedir e o STJ entender que h realmente grave violao de direitos humanos. hiptese de competncia no mbito civil e penal. No tem muito sentido tal dispositivo. muito criticado, pois desrespeita Justia Estadual, como se ela fosse incompetente. O que aconteceu? Houve o assassinato da freira americana no Par. Tal inqurito tramita na Justia Estadual do Par. O PGR pediu o deslocamento. Neste primeiro pedido 29

de deslocamento, o STJ proferiu deciso importante: s pode haver o deslocamento caso provada a ineficincia ou inaptido das autoridades estaduais. Identificou pressuposto implcito de aplicao do pargrafo 5 do artigo 109 da CF necessidade de prova de ineficincia ou inaptido das autoridades estaduais. Inciso X dois casos de competncia em razo da matria causas referentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao so causas que devem tramitar na JF. Parte final do inciso. Inciso XI compete JF julgar e processar: a disputa sobre direitos indgenas. Diz respeito aos direitos dos ndios coletivamente considerados. Direito de um ndio s, Justia Estadual. JF direitos de demarcao de terras indgenas. Por que o STF esta julgando o caso da Serra da Raposa e no a JF? Porque aqui h conflito federativo entre Roraima e a Unio. Uma tribo indgena pode ser parte (no pessoa jurdica, nem fsica). Tribo um tipo de sujeito de direito diferente da PJ e da PF. Ela pode ser parte. Smula 140 do STJ: Compete Justia comum estadual processar e julgar crime em que o indgena figure como autor ou vtima. Pq? Porque um ndio s como vitima ou autor. Competncia funcional: Tambm est no inciso X, parte inicial: cumprir carta rogatria e executar sentena estrangeira. Pouco importa a matria, pouco importa as pessoas. O importante que se trate destes dois casos. sempre um juiz federal que faz isso. TRF. Competncia. Caso da competncia do artigo 108 da CF, incisos I e II ( do TRF): Pouco importa a matria, pouco importa quem so as pessoas, a competncia sempre funcional derivada ou originria. Inciso I trata da competncia originria do TRF. Inciso II trata da competncia derivada do TRF. Competncia originria do TRF: o inciso I tem 5 letras. Interessam para o cvel as letras b, c e e. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juzes federais da rea de sua jurisdio, includos os da Justia Militar e da Justia do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministrio Pblico da Unio, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; b) as revises criminais e as aes rescisrias de julgados seus ou dos juzes federais da regio; c) os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato do prprio Tribunal ou de juiz federal; d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal; 30

e) os conflitos de competncia entre juzes federais vinculados ao Tribunal; Letra b ao rescisria, letra c mandado de segurana ou HC e letra econflito de competncia (J estudamos na aula passada). Quanto competncia do TRF para rescisria e para MS ou HD seguem o mesmo padro. O TRF ser competente nestes casos sempre que o alvo destes for ato do Tribunal ou de juiz federal. Onde se l juiz federal aqui, leia tambm juiz estadual investido de jurisdio federal. No h excees: qualquer tribunal (STF, STJ, TRF, TJ) sempre competente para julgar rescisria de seus julgados e para julgar MS e HD de seus atos. Questo correio parcial de juiz estadual investido de jurisdio federal TJ, pq correio medida disciplinar. CF fala, portanto, em MS ou HD. Caso TJ da Bahia julga uma causa. Vem a Unio e quer entrar com rescisria de deciso do TJ da Bahia (quer rescindir como terceiro interessado). Essa rescisria ser proposta onde? No TJ da Bahia, no h exceo, quem julga rescisria o tribunal que proferiu a deciso que se pretende rescindir. A Unio propor uma rescisria no TJ. Unio autora JF se a causa for de Juiz Federal, que da se aplica o artigo 109. Ao rescisria no competncia de Juiz, de tribunal (se l, neste caso, o artigo 108, no o artigo 109). TRF s julga rescisria de seus julgados (108), pq TJ julga dos seus. Competncia derivada do TRF, art. 108, II: O TRF tem competncia derivada para julgar recursos provenientes de juiz federal ou de juiz estadual investido de jurisdio federal. II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juzes federais e pelos juzes estaduais no exerccio da competncia federal da rea de sua jurisdio.

TEORIA DA AO1) ACEPES DA PALAVRA AO a) Acepo constitucional da palavra ao. o direito de acesso Justia. O direito de ir ao judicirio. O direito de acesso justia foi estudado quando estudamos o princpio da inafastabilidade (visto na aula de jurisdio). Este princpio garante o direito de todos irem ao judicirio alegando, afirmando seus direitos. Este direito de ao, j estudado, um direito pblico (oponvel contra o Estado), abstrato (de levar qualquer afirmao, qualquer problema ao judicirio, no se refere a 31

nenhuma situao especfica, concreta), autnomo (tenho direito de ir a juzo mesmo que eu no tiver o direito que eu levo, alego, afirmo). o direito de acesso justia, direito a um processo rpido, adequado, devido, de ter um juiz imparcial. O direito de ao traz todas as garantias j vistas no curso. O direito de ao (constitucional), de acesso justia, nos editais de concursos, no est no item ao, pois est dentro dos itens jurisdio e processo. Ao, no edital, a processual. b) Acepo processual a que se pede nos concursos o que se chama de demanda. O que a demanda? o ato do exerccio do direito de ao. o exerccio do direito de ao. O ato de provocar a atividade jurisdicional. Uma coisa o direito de ir, outra coisa a ida ao judicirio. A ida ao judicirio um ato de provocao da atividade jurisdicional e este ato se chama demanda. A demanda, ao em sentido processual, que o agir concreto (est agindo, provocando a atividade jurisdicional), se relaciona com o sentido constitucional da palavra ao. Isto porque a demanda o ato que concretiza o direito de ir ao judicirio. Outrossim, a demanda tambm se relaciona com a acepo material da palavra ao, por uma razo simples, qual seja, quando eu concretamente vou ao judicirio, eu levo a afirmao de um direito. Eu no vou ao judicirio com uma petio em branco, ela vai afirmando alguma coisa, ou seja, a afirmao de um direito (d minsculo). , portanto, importante relacion-la ao sentido material. Pela demanda eu veiculo a ao em sentido material e a ao constitucional. Demanda carrega este direito material ao juzo. Demanda o exerccio do direito de ir a juzo com a afirmao de uma ao material contra o ru. Por isso, para compreend-la, preciso entender as outras duas acepes (desguam na demanda). Por isso ela sempre concreta, no abstrata, ela sempre se refere a uma situao, sempre digo algo ao demandar. A ao em sentido processual sempre concreta. A ao em sentido constitucional sempre abstrata. A demanda, que sempre concreta, condicionada. No qualquer demanda que ser considerada, existem condies da demanda. esta ao que aparece nos concursos quando trata deste ponto, elementos da ao, condies da ao, classificao das aes. As classificaes so das demandas, o direito de ao nico. As condies da ao so da demanda. Os elementos so da demanda. Sempre se pergunta estes trs pontos que se pergunta no concurso: elementos, condies e classificao das aes. c) Sentido material: O sentido material da palavra ao o sentido de situao jurdica substancial ativa. Significa um direito com d minsculo (direito de crdito, de anular um contrato, de cobrar uma dvida, de se separar, qq direito). Foi dito que o direito de ao um direito autnomo do direito que levo a juzo. A acepo material da palavra ao do direito que se leva a juzo. Vide art. 195 do CC, que utiliza ao neste sentido material: os relativamente incapazes e as pessoas jurdicas tm ao contra seus assistentes ou seus representantes 32

legais, que serem causa prescrio ou no alegarem oportunamente. TER ACAO NO SENTIDO DE DIREITO CONTRA O REPRESENTANTE OU ASSITENTE. No uma acepo processual. No essa acepo que vamos estudar em processo civil.

2) ELEMENTOS DA DEMANDA (AO) Em cada demanda, veicula-se a afirmao de ao menos uma relao jurdica. Quando eu demando, eu levo para o judicirio uma relao jurdica (muitas vezes mais de uma relao jurdica). Uma relao jurdica (assunto estudado em civil) tem trs elementos, quais sejam: sujeitos, objeto e o fato desta relao ( um fato que vincula sujeitos em torno de um objeto). A parte geral do Cdigo Civil, curiosamente, dividida em trs partes (das pessoas, dos bens, fato jurdico). A parte geral do cdigo civil , portanto, a disciplina das relaes jurdicas. Assim, quando algum vai ao judicirio est afirmando ao menos uma relao jurdica, isso quer dizer que: afirma um fato que vincula pessoas em torno de um objeto (em toda demanda deve haver meno a estes trs elementos). Os elementos da demanda surgem exatamente desta premissa, pois ela veicula afirmao de relao jurdica. Trs so os elementos da demanda, pq trs so os elementos da relao jurdica a ser decidida. O elemento da demanda que tem a ver com sujeitos, com pessoas: PARTES. E o que tem a ver com objeto, bens: PEDIDO. E o que tem a ver com fato jurdico, fato: CAUSA DE PEDIR. So trs os elementos da ao, porque so trs os elementos da relao jurdica discutida. Quantas so as condies da ao? So trs tambm, se relacionam aos elementos. 1) legitimidade das partes (tem a ver com os sujeitos). 2) possibilidade jurdica do pedido (tem a ver com o objeto, pedido). 3) Interesse de agir (tem a ver com a causa de pedir, fato jurdico). Quais so os sub-critrios objetivos de distribuio da competncia? Competncia em razo da pessoa, competncia em razo do valor da causa (pedido) e competncia em razo da matria (causa de pedir).

Os elementos da demanda so o reflexo da relao jurdica discutida. Relao jurdica Partes Objeto Parte Geral do Elementos CC Pessoas Bens Ao Partes Pedido da Condies Ao Legitimidade das partes Possibilidade jurdica pedido 33 do da Sub-critrios de competncia Em relao pessoa Valor da causa

Fato (vinculativo das partes em torno objeto) do

Fatos jurdicos

Causa de pedir

Interesse agir

de Matria

Elementos da demanda em espcie: a) Partes Sujeito parcial do contraditrio (se estabelece entre as partes e o juiz). As partes principais do processo so o demandante e o demandado. Tambm existe parte auxiliar (que no demandante e demandado). o caso do assistente. No confundir parte do processo com parte do litgio. H quem seja parte do litigo sem ser parte do processo. o caso de ao de alimentos proposta pelo MP. Ele o demandante, sem ser o litigante (quem est brigando, litigando o menor e o pai). Parte do litgio parte em sentido material. No confundir parte com parte legtima. Tanto parte legtima quanto ilegtima so partes. A ilegtima tambm parte, embora o seja em uma situao irregular. Tanto parte que ela prpria vai poder alegar em juzo sua ilegitimidade. O que se entende por parte complexa? O incapaz no pode ser parte sozinho em juzo, devendo estar ao lado do seu representante. Em razo disto, surge a chamada a figura do incapaz com o seu representante. A soma dos dois foi designada de parte complexa. b) Pedido um elemento dos elementos da ao. Ser estudado mais a frente com maior mincia (quando estudarmos petio inicial). c) Causa de pedir Um ato acontece, sofre a incidncia da hiptese normativa, vira fato jurdico e a relao jurdica dele derivada gera direitos e deveres. No caso de estes deveres no serem cumpridos, um dos sujeitos demanda. Assim, ela surge depois de ocorrido fato, hiptese normativa, fato jurdico, direitos e deveres e descumprimento. Se a demanda o ltimo momento, onde est a causa de pedir? Qual a causa de pedir, a causa da demanda? Ela corresponde ao fato jurdico mais relao jurdica. So os fatos e os fundamentos jurdicos do pedido. Fundamento jurdico do pedido o direito (com d minsculo) que se afirma ter em juzo. o direito de crdito, de se separar, de anular um contrato. As pessoas costumam achar que fundamento jurdico a lei, mas no , tratando-se, na verdade, do direito que o demandante afirma ter. ex. contrato com algum que no paga o valor devido (tem direito a esse valor) - vai a juzo pedir aquele valor devido. Para pedir 34

necessrio dizer o que aconteceu e o fundamento do pedido que, no caso, o seu direito de crdito. O fundamento de fato do pedido o fato jurdico. O fundamento legal a hiptese normativa, que no causa de pedir. Tanto que no necessrio mencion-la. Direito com D maisculo o segundo momento, que no corresponde causa de pedir. A causa de pedir o que aconteceu e o direito que eu extraio disto (Contrato que