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Anais Eletrônico IX EPCC Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7 IX EPCC Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar 03 a 06 de novembro de 2015 Maringá Paraná Brasil AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE MARINGÁ-PR Francieli Sant’ana Marcatto 1 ¹, André Jesus Periçato², Isadora Pinheiro³, Juliane Maistro 4 , Géssica Roberta Rodrigues de Paiva 5 RESUMO: O planejamento urbano, atualmente, estrutura-se com base nos fatores de ordem econômica, desconsiderando a importância da qualidade ambiental para a sobrevivência da sociedade. Ainda que o homem se beneficie das vantagens presentes no meio urbano, como as facilidades comerciais e culturais, a qualidade desse ambiente é prejudicada devido a inúmeras causas, tais como: a poluição sonora, visual, do ar, os congestionamentos, a falta de espaços de lazer, e de vegetação. Com base nos pressupostos acima, a presente pesquisa busca identificar a qualidade ambiental da Zona 1, na cidade de Maringá PR, com base na metodologia de NUCCI (1998), que busca avaliar as seguintes variáveis: uso do solo, vegetação, poluição, espaços livres de edificação, e tráfego intenso de veículos. A elaboração da carta de qualidade ambiental para a área central da cidade de Maringá demonstrou que boa parte da mesma encontra-se entre média e baixa qualidade ambiental, demonstrando que o planejamento urbano, muitas vezes, não leva em consideração as características socioambientais. PALAVRAS- CHAVE: Maringá; qualidade ambiental; Zona 1. 1 INTRODUÇÃO Com o processo de intensa urbanização, as cidades nem sempre estão preparadas para receber a população, sendo indispensável o planejamento do uso do solo urbano, não só com bases em fatores de ordem econômica, mas se atendo a uma boa qualidade ambiental, que trará melhores condições de vida a população em geral. A intensa urbanização proporciona diversos problemas nas cidades, diminuindo a qualidade desses ambientes tornado as áreas urbanas cada vez menos agradáveis para viver. Entre eles podemos citar: a poluição sonora; visual; os congestionamentos; a diminuição da vegetação; a diminuição de espaços para lazer. A poluição sonora como citado, trata-se de um dos reflexos da urbanização, que afeta a qualidade ambiental, sendo considerado para o meio urbano os ruídos provenientes dos meios de transporte terrestre, atividades industriais, obras de construção civil, entre outros (NUCCI, 2001). Além disso, as serralherias, mecânicas, funilarias, postos de gasolinas e estacionamentos de veículos, além de gerar a poluição sonora, causam poluição atmosférica, devido à atração que esses estabelecimentos ofertam a carros, motos, caminhões e ônibus. Outro fator importante e determinante são as principais vias de acesso, as quais normalmente apresentam tráfego intenso, ocasionando ruídos e odores desconfortáveis. Sobre a poluição visual, Nucci (2001) afirma que ela fará parte, normalmente, de cidades em que as regras ou normas para a implantação de anúncios e propagandas não são cumpridas, causando desconforto, tais como angustias e tensões, na população urbana. As cidades são divididas por Nucci (2001) em: espaços de construção, espaços de integração viária e espaços livres de construção. Assim, espaço livre, segundo ele, é o espaço urbano ao ar livre destinado a utilização variada, como passeio, descanso, prática de esporte, entre outros. Se no espaço livre predominar a vegetação, ele é considerado espaço verde, ou seja, áreas verdes localizam-se nas cidades e devem cumprir a função de lazer a população. A cobertura vegetal, portanto, é normalmente negligenciada na criação e desenvolvimento de diversas cidades, segundo Nucci (2001), devido a sua função não ser claramente visualizada, ou seja, ela não é uma necessidade óbvia como o ar, por exemplo. Assim, frequentemente a cobertura vegetal é associada à função de satisfação psicológica do que com funções físicas. Nucci (2001) define como sendo cobertura vegetal as “manchas de vegetação” possíveis a visualização a olho nu numa escala de 1:10.000. Porém, nem toda mancha deve ser considerada área verde, entretanto, sua 1 Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Geografia Universidade Estadual de Maringá UEM, Maringá PR. [email protected] 2 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá-PR. [email protected] 3 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected] 4 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected] 5 Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected]

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Page 1: RESUMO: PALAVRAS- CHAVE: 1 INTRODUÇÃO · Rodrigues de Paiva5 RESUMO: O planejamento urbano, atualmente, estrutura-se com base nos fatores de ordem econômica,

Anais Eletrônico IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7

IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar

03 a 06 de novembro de 2015 Maringá – Paraná – Brasil

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁREA CENTRAL DA CIDADE DE MARINGÁ-PR

Francieli Sant’ana Marcatto1¹, André Jesus Periçato², Isadora Pinheiro³, Juliane Maistro

4, Géssica Roberta

Rodrigues de Paiva5

RESUMO: O planejamento urbano, atualmente, estrutura-se com base nos fatores de ordem econômica, desconsiderando a importância da qualidade ambiental para a sobrevivência da sociedade. Ainda que o homem se beneficie das vantagens presentes no meio urbano, como as facilidades comerciais e culturais, a qualidade desse ambiente é prejudicada devido a inúmeras causas, tais como: a poluição sonora, visual, do ar, os congestionamentos, a falta de espaços de lazer, e de vegetação. Com base nos pressupostos acima, a presente pesquisa busca identificar a qualidade ambiental da Zona 1, na cidade de Maringá – PR, com base na metodologia de NUCCI (1998), que busca avaliar as seguintes variáveis: uso do solo, vegetação, poluição, espaços livres de edificação, e tráfego intenso de veículos. A elaboração da carta de qualidade ambiental para a área central da cidade de Maringá demonstrou que boa parte da mesma encontra-se entre média e baixa qualidade ambiental, demonstrando que o planejamento urbano, muitas vezes, não leva em consideração as características socioambientais. PALAVRAS- CHAVE: Maringá; qualidade ambiental; Zona 1. 1 INTRODUÇÃO

Com o processo de intensa urbanização, as cidades nem sempre estão preparadas para receber a população, sendo indispensável o planejamento do uso do solo urbano, não só com bases em fatores de ordem econômica, mas se atendo a uma boa qualidade ambiental, que trará melhores condições de vida a população em geral.

A intensa urbanização proporciona diversos problemas nas cidades, diminuindo a qualidade desses ambientes tornado as áreas urbanas cada vez menos agradáveis para viver. Entre eles podemos citar: a poluição sonora; visual; os congestionamentos; a diminuição da vegetação; a diminuição de espaços para lazer.

A poluição sonora como citado, trata-se de um dos reflexos da urbanização, que afeta a qualidade ambiental, sendo considerado para o meio urbano os ruídos provenientes dos meios de transporte terrestre, atividades industriais, obras de construção civil, entre outros (NUCCI, 2001). Além disso, as serralherias, mecânicas, funilarias, postos de gasolinas e estacionamentos de veículos, além de gerar a poluição sonora, causam poluição atmosférica, devido à atração que esses estabelecimentos ofertam a carros, motos, caminhões e ônibus. Outro fator importante e determinante são as principais vias de acesso, as quais normalmente apresentam tráfego intenso, ocasionando ruídos e odores desconfortáveis.

Sobre a poluição visual, Nucci (2001) afirma que ela fará parte, normalmente, de cidades em que as regras ou normas para a implantação de anúncios e propagandas não são cumpridas, causando desconforto, tais como angustias e tensões, na população urbana.

As cidades são divididas por Nucci (2001) em: espaços de construção, espaços de integração viária e espaços livres de construção. Assim, espaço livre, segundo ele, é o espaço urbano ao ar livre destinado a utilização variada, como passeio, descanso, prática de esporte, entre outros. Se no espaço livre predominar a vegetação, ele é considerado espaço verde, ou seja, áreas verdes localizam-se nas cidades e devem cumprir a função de lazer a população.

A cobertura vegetal, portanto, é normalmente negligenciada na criação e desenvolvimento de diversas cidades, segundo Nucci (2001), devido a sua função não ser claramente visualizada, ou seja, ela não é uma necessidade óbvia como o ar, por exemplo. Assim, frequentemente a cobertura vegetal é associada à função de satisfação psicológica do que com funções físicas.

Nucci (2001) define como sendo cobertura vegetal as “manchas de vegetação” possíveis a visualização a olho nu numa escala de 1:10.000. Porém, nem toda mancha deve ser considerada área verde, entretanto, sua

1 Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Geografia – Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá –PR.

[email protected] 2 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá-PR. [email protected]

3 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected]

4 Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected]

5 Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Maringá. [email protected]

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importância não deve ser desconsiderada, por exemplo, uma árvore tem sua função ecológica, mas não pode ser considerada área verde, assim como um canteiro, pois não tem função de lazer e sim de estética.

Considera-se área verde, segundo Geiser et al. (1975), citado por Nucci (2001), áreas de propriedade pública ou particular, a qual tem por objetivo implantar arborização, com o objetivo de preservar e manter a fauna e a flora, protegendo as condições ambientais e paisagísticas.

Deste modo, sobre os benefícios que a vegetação trás a população residente no espaço urbano, destaca-se:

Estabilização de superfícies por meio da fixação do solo pelas raízes das plantas; obstáculo contra o vento; proteção da qualidade da água, pois impede que substâncias poluentes escorram para os rios; filtração do ar, diminuindo a poeira em suspensão; equilíbrio do índice de umidade no ar; redução do barulho; proteção das nascentes e mananciais; abrigo à fauna; organização e composição de espaços no desenvolvimento das atividades humanas; é um elemento de valorização visual e ornamental; estabilização da temperatura do ar; segurança das calçadas como acompanhamento viário; contato com a natureza colaborando com a saúde psíquica do homem; recreação; contraste de texturas, mistérios e riquezas de detalhes; árvores decíduas lembrariam ao homem as mudanças da estação; quebra da monotonia das cidades, cores relaxantes, renovação espiritual; consumo de vegetais e fruta frescas; estabelecimento de uma escala intermediária entre a humana e a construída; caracterização e sinalização de espaços, evocando sua história. (GEISER et al., 1975, apud NUCCI, 2001, p.60)

Portanto, Nucci (2001) afirma que planejar a paisagem nada mais é do que planejar a vegetação e, que

assim, muitos dos problemas seriam amenizados ou nem existiriam, já que é importante a cobertura vegetal tanto quantitativamente e qualitativamente, quanto a sua distribuição espacial no ambiente urbano, devendo ser considerada na avaliação da qualidade ambiental.

Segundo Lombardo (1985), citado por Nucci (2001), a quantidade de árvores espalhadas no perímetro urbano é de extrema importância ao balanço térmico e qualidade do ar da região, já que áreas com um índice inferior a 5% de arborização assemelham-se a um deserto, prejudicando a saúde da população.

Sukopp et al (1979), citado por Nucci (2001), diz que a variação da temperatura do ar, umidade e velocidade dos ventos em área urbana, podem ser associada a grande quantidade de construções, áreas verdes e grau de impermeabilidade. Assim, estudar a utilização do solo mostra-se como outro fator determinante na qualidade ambiental, estando este associado ao uso do solo urbano.

Considerando então que para o bem estar da sociedade são necessárias condições ambientais agradáveis, seria interessante que se incentivasse a implantação de mais verde urbano, devido às inúmeras funções positivas que a grande quantidade de áreas verdes exercem.

Com base em tudo que foi dito, a preocupação com a existência dos espaços livres urbanos não se refere mais apenas a disponibilidade de recreação e lazer, mas também a preservação da fauna de flora natural, obtendo-se uma melhor qualidade ambiental urbana. Tal conceito, segundo Nucci (2001), deve ser utilizado ao uso do espaço, juntamente com a escala e função, devendo a última satisfazer a três objetivos: ecológico, estético e de lazer.

Deste modo, no presente artigo, foi feito um estudo na cidade de Maringá-PR, mais especificamente na zona 1, com o objetivo de reconhecer e identificar o nível da qualidade ambiental da área central, identificando assim, na elaboração de uma mapa síntese, os locais que encontra-se com o maior e menor nível de qualidade ambiental.

Deste modo, será necessário unir o máximo de informações da área, cruzar os dados e elaborar um mapa síntese de qualidade ambiental. A escolha do local de estudo deve-se ao fato de a Zona 1 ser a área central da cidade, aonde se encontra as principais avenidas e, consequentemente, com os maiores fluxos de pessoas e veículos.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A cidade de Maringá, localizada ao norte do Estado do Paraná, possui latitudes de 23° 25’ 31” S, e

longitude 51° 56’ 19” W, inserida no 3° Planalto Paranaense. Possui população de 357.077 habitantes, distribuída em uma área de 487, 730 Km² (IBGE, 2010).

Colonizada pela empresa Companhia Melhoramentos Norte do Paraná e desmembrada da cidade de Mandaguari em 1951, tornando-se Município, Maringá se desenvolveu como uma cidade planejada, com avenidas largas e uma boa arborização.

A área de estudo está compreendida na parte central da cidade de Maringá, denominada de Zona 1, delimitada ao sudoeste pela Av. Cidade Leiria, ao norte pela Av. João Paulino Vieira Filho, a nordeste pela Av.

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São Paulo e Av. Mauá, a leste pela Av. Laguna, a sudeste pela Av. Anchieta, e ao sul pela Av. Tiradentes (figura 1).

Segundo Rodrigues (2005), a área possui características do plano original da cidade, com um modelado das vias com a forma tradicional do desenho xadrez. A zona 1, desde a colonização da cidade de Maringá pela CMNP, foi definida como uma área destinada a função comercial, o qual, segundo Machado e Mendes (2003), a área deveria desempenhar tanto funções urbanas locais, como as regionais, já que a cidade de Maringá foi planejada para exercer o papel de centro regional. Atualmente, a área definida como Zona 1, abrange ainda o Novo Centro, passando por um processo de verticalização recente, abrigando tanto a função comercial, como a residencial.

Figura 1: Mapa de localização da Zona 1 da cidade de Maringá.

Fonte: André Jesus Periçato.

A construção da carta de qualidade ambiental da Zona 1 da cidade de Maringá, foi baseada na metodologia de Nucci (2001), o qual foi feita: a espacialização das fontes de poluição sonora e do ar, como os postos de gasolina, construções, mecânicas, lojas de venda de veículos, estacionamentos, lojas de peças de veículos e o terminal rodoviário urbano. O mapeamento foi realizado com auxílio do software Google Earth 6.1, com imagens de satélite de 2010. Além disso, a produção de um mapa com as ruas e avenidas com intenso tráfego de veículos.

Espacialização da cobertura vegetal, sendo atribuído um valor a intensidade de cobertura vegetal de cada via contida na área de estudo. Nessa variável, foram consideradas somente a vegetação arbórea, que cumpre as funções estéticas e ecológicas (NUCCI, 2001), elevando a qualidade de vida da população que transita pelo local. Para a elaboração do mapa, foi utilizado o software Google Earth 6.1.

O uso do solo para a área foi feito com auxílio da Carta de Uso do solo, na escala 1: 20000, disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Maringá. A área de estudo compreende a parte central da cidade, tendo a função de abrigar o comércio, e em menor escala, a função residencial.

Para a sistematização dos dados coletados, primeiramente foi definida a base cartográfica, utilizando o mapa urbano da Prefeitura Municipal de Maringá. Após a coleta de todos os dados, foram definidas as formas de representação espacial dos dados, e a elaboração de cartas de análise, correlação e síntese.

O objetivo final do trabalho é a confecção de uma carta síntese de qualidade ambiental, considerando as áreas com baixo, médio ou alto potencial de qualidade ambiental. Para a confecção das cartas temáticas foi utilizado o software CorelDRAW X3.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A área de estudo abrange quarenta e três construções (Figura 2), onde a maior parte se concentra na

porção norte do mapa, que começou a ser explorada há alguns anos, e vem passando recentemente por um intenso processo de especulação imobiliária. Possui três postos de combustível e duas mecânicas, bem distribuídos pela Zona 1; nove lojas de peças de veículos que se concentram na porção leste e oeste do local de estudo; doze lojas de venda de veículos que se concentram na parte oeste; dezenove estacionamentos de veículos distribuídos uniformemente.

A escolha dos estabelecimentos supracitados foi feita com base na metodologia de Nucci (2001), que considera mecânicas, postos de combustível, estacionamentos de veículos, lojas de peças e de veículos, como fonte de poluição sonora e poluição atmosférica, devido à atração que esses locais ofertam a carros, motos, caminhões e ônibus. Além disso, as construções são um dos importantes fatores que diminui a qualidade ambiental, devido aos ruídos constantes e a atração de caminhões e poluição atmosférica.

Figura 2: Carta temática das principais fontes de poluição da Zona 1.

Quanto ao fluxo de veículos, por se tratar de uma área de função comercial central, a atração é muito

maior, e se distribui nas principais avenidas que ligam o centro as áreas periféricas. A principal avenida de atração de veículos e pessoas é a Brasil (figura 3), na porção central da cidade, a qual trata-se de uma área com comércio

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variado, atendendo a diversos tipos de público. Nas proximidades dessa avenida, localizam-se a maior parte dos estacionamentos de veículos, mostrando a inter-relação entre os estacionamentos e vias de tráfego intenso, ocasionados pelas atividades comerciais do local.

Figura 3: Carta temática das ruas e avenidas com tráfego intenso de veículos.

A cidade de Maringá é reconhecida pela boa arborização de suas ruas e avenidas, no entanto, a área

denominada de Novo Centro (figura 4), na porção norte da área de estudo, não condiz com a realidade de boa parte da cidade, por não apresentar nenhum tipo de cobertura vegetal, e também por se tratar de uma área verticalizada com função residencial.

As avenidas com maior intensidade de cobertura vegetal foram: Gov. Parigot de Souza, Santos Dumont, Quinze de Novembro, Laguna e Rua Arthur Thomas. Possui ainda, três áreas de lazer bem arborizadas distribuídas principalmente no sentido oeste do mapa.

De acordo com Ugeda Junior e Amorim (2007), a vegetação de porte arbóreo é capaz de gerar benefícios sensíveis na qualidade ambiental, pois atua na melhoria do microclima, na qualidade do ar, além da função estética.

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Figura 4: Carta temática de vegetação e áreas de lazer.

O cruzamento de cartas temáticas possibilitou a confecção de uma carta síntese (figura 5), com a

definição dos níveis de qualidade ambiental para a área de estudo. Assim, para a porção norte da Zona 1, também chamado de Novo Centro, considerou-se de baixa qualidade ambiental, pelo fato de apresentar pouca ou nenhuma cobertura vegetal, tráfego intenso de veículos em algumas vias, grande quantidade de construções e não possui nenhuma área de lazer ou espaços verdes. Além disso, é uma área densamente verticalizada, com função residencial e em menor escala, função comercial, abrigando ainda, o terminal rodoviário municipal, que intensifica a poluição atmosférica, os ruídos e desconforto térmico.

A área central, também considerada com baixa qualidade ambiental, que engloba a Avenida Brasil e seu entorno, apresenta uma cobertura vegetal média, no entanto, o tráfego de veículos nessa área é muito intenso, e trata-se da avenida com maior atração de pessoas, devido a sua característica comercial, sendo uma das principais vias da cidade. Por se tratar de uma área mais antiga, não apresenta construções, em contrapartida, boa parte dos estacionamentos, lojas de peças e lojas de carros estão localizados nas suas proximidades, o que comprova a importância comercial dessa avenida e a sua baixa qualidade ambiental.

Na porção oeste, apresenta-se uma área com alta qualidade ambiental, associada principalmente a baixa ocorrência de fontes potencialmente poluidoras (apenas dois estacionamentos na área), com fluxo de veículos menos intenso, cobertura vegetal de média a boa e como principal função a residencial, tornando-se uma área mais amena quanto a poluição sonora e atmosférica. A porção leste apresenta, basicamente, as mesmas características da porção oeste, no entanto, o fluxo de veículos é mais intenso e possui apenas uma construção. Essa área é limitada pelo Parque do Ingá, que influencia diretamente na qualidade ambiental, apesar do Parque não estar nos limites da área de estudo.

A parte central foi considerada de média qualidade ambiental, apesar de apresentar cobertura vegetal de média a boa, possui intenso fluxo de veículos, com importantes avenidas que ligam os extremos norte e sul da

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cidade. Quanto às fontes potencialmente poluidoras, apresentam estacionamentos, construções, lojas de venda de veículos e posto de combustível. Possui ainda, uma importante área de lazer que limita a área de estudo e exerce uma grande atração de pessoas, principalmente aos fins de semana, a Praça da Catedral Nossa Senhora da Glória de Maringá. Abrange ainda, a Prefeitura Municipal de Maringá e o Fórum.

Figura 5: Carta Síntese da qualidade ambiental da Zona 1 de Maringá.

4 CONCLUSÃO

A elaboração da carta de qualidade ambiental para a área central da cidade de Maringá demonstrou que

boa parte do município encontra-se entre média e baixa qualidade ambiental, demonstrando que o planejamento urbano, muitas vezes, não leva em consideração as características socioambientais.

Fica clara essa afirmativa, principalmente quando se trata do Novo Centro, uma área explorada recentemente através da intensa verticalização, não havendo, portanto, preocupações quanto à arborização, a implantação de áreas de lazer e áreas verdes, tornando o local totalmente desagradável à população, diminuindo a qualidade de vida. Por a área se tratar da porção mais crítica, seria necessário um planejamento emergencial, com incentivo a todas as possibilidades de aumento do verde, como a arborização das vias e implantação de áreas de lazer, com o intuito de amenizar os fatores negativos atuantes no local.

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Além disso, é importante ressaltar que a carta de qualidade ambiental deve ser entendida de forma relativa, ou seja, o fato de uma área apresentar somente um dos atributos discutidos, não significa que a qualidade ambiental seja boa, e sim que pode ser considerada um pouco melhor que outras áreas.

REFERÊNCIAS IBGE. Censo Demográfico 2010 - Resultados do universo. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20 out. de 2012. MACHADO, J.R.; MENDES, C.M. O centro de Maringá e sua verticalização. Boletim de Geografia, Maringá, ano 21, p. 59-84, 2003. NUCCI, J. C. Qualidade Ambiental & Adensamento Urbano: um estudo de ecologia e planejamento da paisagem aplicado ao distrito de Santa Cecília (MSP). São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2001. PREFEITURA DE MARINGÁ. Secretaria Municipal de Planejamento Urbano: Gerência de Geoprocessamento, 2010. Disponível em: http://www2.maringa.pr.gov.br/site/images/geo.pdf Acesso em: 16 out. de 2012 RODRIGUES, A. L. A Ocupação Urbana da Região Metropolitana de Maringá: Uma História de Segregação. Revista Paranaense de desenvolvimento, Curitiba, n. 108, p. 61-86, 2005. UGEDA JUNIOR, J.C.; AMORIM, M.C.C.T. Planejamento da paisagem e indicadores ambientais na cidade de Jales-SP. Revista Formação, n.14, vol. 2, p. 80-103, 2007.