resumo hiv e aids
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RESUMO: HIV/AIDS
Raul Barros
1. INTRODUÇÃO:
Etiologia:
Existem três tipos de retrovírus (HTLV-1, HTLV-2 e HIV); o HIV é um vírus de RNA, que contém,
além do material genético, um capsídeo viral e um envoltório lipídico.
Tipos: HIV-1 (mais comum, tem outros 4 grupos); HIV-2 (regiões da África, oito grupos) – esses
diversos subtipos podem infectar uma mesma pessoa e nela realizar trocas genéticas,
formando outros subtipos.
Estrutura:
3 genes: 1. Gag p55, p17, p24 (proteínas do núcleo-capsídeo)
2. Env gp160 = gp120 e gp41 (proteínas do envelope viral)
3. Pol Codifica enzimas virais (Transcriptase reversa,
integrase, protease)
Glicoproteínas: gp41 proteína transmembrana, gp120 proteína externa que se acopla na gp41.
São essenciais para a fusão e ligação do HIV aos receptores da célula hospedeira.
Replicação Viral:
O vírus penetra por alguma das vias de transmissão (sexual, hemoderivados contaminados,
acidente pérfuro-cortante) e é então levado por CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS
até os LINFÓCITOS TCD4+ (maestros da resposta imune, estes deveriam identificar antígenos
virais ligados ao MHC e coordenar a resposta citotóxica dos TCD8+ e ativar os Linfócitos B para
a resposta humoral):
O vírus infecta o LT-CD4+: gp120 = aderência e fusão e gp41 = ligação com co-receptores
(CCR5 e CXCR4) HIV invade a célula Transcriptase reversa transforma o RNA viral em
DNApró-viral Integrase insere o DNApró-viral no DNA da célula, que passa a produzir
elementos virais (RNA, proteínas do capsídeo) Saída do LT-CD4+: protease produz o “roubo”
de parte da membrana celular da célula, que então compora o envoltório lipídico do HIV,
tornando-se este então Maduro e Infectante.
Quando muitos vírus saem de um LT-CD4+, roubando-lhe membrana celular, este
eventualmente acaba morrendo = queda do CD4+ e imunodepressão!, ou seja, quanto maior a
replicação viral (Carga viral), menor será o CD4+ e pior estará o paciente.
FONTE: Medcurso; Manual Técnico de Diagnóstico
2. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA:
Primeira Fase - Infecção Aguda:
Da transmissão do HIV ao período de soroconversão. Infecção HIV invade os LT-CD4+ e
começa a se replicar = crescimento da Carga Viral (CV) e queda do CD4+. O paciente pode,
em 70% dos casos, apresentar já nessa fase algumas alterações clínicas – Síndrome
Retroviral Aguda. Febre, linfadenopatia generalizada, faringite, rash, mielopatias,
ulcerações cutaneo-mucosas, mialgia (sd mononucleose-like) e até mesmo infecções
oportunistas como a candidíase oral. A presença ou ausência da Sd Retroviral aguda não
altera o prognóstico do paciente. Nessa fase, ainda não começou a produção de anticorpos
– portanto, só é possível diagnosticar o paciente usando a dosagem de Antigenemia p24
ou PCR para Vírus RNA (padrão ouro, maior custo); o ELISA é negativo ainda (e como nas
doações de sangue só se faz ELISA, a pessoa pode transmitir o vírus dessa forma).
Segunda Fase – Latência clínica:
Dura em média dez anos. O paciente atinge um Set Point da CV – esse valor é importante e
relativamente constante durante essa fase, pois ele determina prognóstico (quem faz um
set de CV baixo, vive mais). Começa a produção de anticorpos (ELISA já dá +), que não
mata o vírus, mas detém a progressão e permite que o CD4+ suba (mas pra um nível
subnormal, 650cels/mm³ por exemplo). A única manifestação é a LINFADENOPATIA
PERSISTENTE (pelo constante estímulo da replicação viral – que existe, ainda que em
menor grau - maior que 3 meses, com linfonodos inespecíficos em pelo menos duas
cadeias não-inguinais, elásticos, não aderidos, principalmente de cadeias cervicais). O
CD4+ porém, tem uma perda anual de cerca de 50 células.
Terceira Fase- Fase Sintomática
Começa quando o paciente passa a apresentar sintomas. Tem a Fase sintomática precoce
(ou fase B), geralmente com CD4+ entre 200 e 500, e doenças sugestivas e não definidoras
de AIDS. E mais tardiamente, há a Fase de AIDS – com CD4+ < 200 e doenças definidoras
de AIDS. Essa fase só termina quando o paciente morre.
Doenças da FASE B Doenças Definidoras de AIDS
Candidíase ORAL Pneumocistose Ca Invasivo de Colo Uterino
Leucoplasia Pilosa Oral Neurotoxoplasmose CMV
Carcinoma in situ de Colo Uterino
Sarcoma de Kaposi Candidíase esofágica e traqueal
Reativação de D. Chagas Linfoma Primário
Herpes Zoster (>2x) > ou = 2 pneumonias bacterianas em < 12 meses
Criptococose extrapulmonar
TB Extra-Pulmonar
FONTE: Medcurso, Protocolo de AIDS
3. DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico do HIV deve ser seguro e realizado em tempo hábil de acordo com a
situação. Existem as seguintes modalidades de testes:
Imunoensaios de Triagem
1ª Geração Detecta apenas IgG (grande janela imunológica de até 2 meses), pouco sensíveis e específicos; Elisa Indireto
2ª Geração Elisa Indireto, mas que detecta alguns antígenos que fazem dele mais sensível e específico do que o de 1ª; janela – até 1 mês
3ª Geração ELISA, que detecta todas as Igs (IgM, IgG, IgA, IgE); janela até 25 dias
4ª Geração Detecta o Ag p24 e também todas as Igs anti-HIV – janela de 15 dias
Testes Rápidos
Imunocromatografia, Imunoconcentração, etc
São alguns tipos que não vale a pena decorá-los pois variam conforme o fabricante. Funcionam como um teste de gravidez: há um anticorpo – você o coloca em contato com algum fluido (sangue ou plasma, alguns até com saliva) e se houver o antígeno, ele muda a cor, dando o resultado em < 30 minutos; avalia HIV-1 e 2; só deve ser usado em algumas situações, devido ao custo: infraestrutura ruim, programas do MS, centros de testagem e aconselhamento, PS, violência sexual, acidentes biológicos, aborto espontâneo, pré-parto imediato. Janela de até 3 meses
Ensaios Complementares
Western-Blot (WB) Servem para afastar testes falsos positivos; os dois primeiros são os mais usados; geralmente detectam IgG (não detecam IgM e p24); são de maior custo e têm interpretação subjetiva
Imuno-Blot (IB)
Imunoensaios em Linha (IBRápido, IFI)
Detecção Direta do HIV
Pesquisa de componentes do Vírus
P24, RNA (principalmente), DNA pró-viral devem ser usados para diagnóstico nos casos de infecção aguda e para < 18 meses (que os outros dão + por causa de Acs da mãe)
Então, ordem de positivação dos testes:
1º - RNA
2º - p24 (IE de 4ª geração)
3º - IgM (IE de 3ª geração)
4º - WB
Uma mesma amostra deve ser testada sempre com 1 TESTE DE TRIAGEM (3ª ou 4ª geração
ou Teste Rápido) + Confirmada com um TESTE CONFIRMATÓRIO (WB ou IB) resultados
confirmados: dosar carga viral (que também serve como teste confirmatório). Ou seja,
primeiro faz-se um teste mais SENSÍVEL e depois um mais ESPECÍFICO – se ambos positivos,
HIV+ = dosar CV; se o 1ºfor negativo = HIV – (repetir se a suspeita persistir em 30 dias); se o 1º
for + e o 2º -, dosar CV, que se > 5000 = HIV +, se < 5000 = Indeterminado (fazer novos testes
com 30 dias). Existem várias possibilidades pra esse diagnóstico (ver fluxogramas do Manual)
FONTE: Manual Técnico de Diagnóstico do HIV
4. AVALIAÇÃO INICIAL DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS (PVAH):
Aconselhamento – ensinar o paciente sobre a sua doença (modos de transmissão,
manifestações, tratamento, riscos etc);
- Revisar a documentação dos testes de HIV e estimar o tempo de soropositividade;
- Exames básicos: Carga viral e CD4
- Avaliar uso prévio de TARV e paraefeitos
HISTÓRIA CLÍNICA: Doenças prévias, inclusive DSTs, alcool, tabaco, drogas injetáveis,
comorbidades, vacinação, doenças oportunistas prévias ou atuais e uso de quimioprofilaxias,
uso de outras drogas. História reprodutiva e desejo de gestação, parceiros e HIV, métodos
contraceptivos. História psicossocial; história familiar – DCV, HAS, DM, Dislipidemias. (Uma
anamnese bem completa);
EXAME FÍSICO: exame geral, SSVV, peso, altura, IMC, circ abdominal; alterações
cognitivas e focais, alterações na pele, adenopatia, hepatomegalia, foliculite, psoríase,
candidíase... (pesquisar todas as doenças oportunistas que possam estar presentes)
EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma, CV + CD4+, transaminases, função renal,
parasitológico de fezes, VDRL, sorologias – hepatites virais, toxoplasmose, HTLV e chagas se
área endêmica -, perfil metabólico, PPD e Rx de Tórax (a diretriz recomenda Rx, o prof só se
PPD > 5mm).
ACOMPANHAMENTO CLÍNICO E LABORATORIAL: Adequado à fase de tratamento e
estágio da doença clínica
- Se introdução ou alterações da TARV: reavaliar entre 7-15 dias inicialmente e depois
1x mês;
- Pacientes em uso de TARV + estáveis: 6/6 meses;
- Hemograma: antes de TARV; a cada 3-6 meses
- CD4 e CV: 6/6 meses
- Anuais: função renal e hepática, escore de framingham (calcular risco cardiovascular),
PPD, perfil metabólico;
- Semestrais – VDRL, fundo de olho se CD4 < 50. + 2-5 anos: densitometria para
mulheres menopausadas e homens > 50 anos).
Investigar TB: sintomas; PPD > 5 mm – Rx de Tórax + Avaliação clínica: Se positiva =
tratar TB doença (mesmo esquema); se negativa = Tratar TB latente (isoniazida por 6 meses);
Rastrear neoplasias: mamografia anual > 40 anos, papanicolau anual +- toque retal
+- anuscopia, e os demais rastrear conforme o risco individual.
Imunização: Imunocompetentes: receber todas as vacinas do PNI; imunodeficientes
– evitar vacinas de agentes vivos (podem causar doenças), além do que as vacinas podem não
ser imunologicamente eficazes: sempre avaliar custo x benefício de vacinar. De forma geral:
CD4 > 350 = vacinar sempre; 200-350 = avaliar custo benefício; < 200 = não vacinar.
FONTE: Protoculo de AIDS 2013
5. TERAPIA ANTIRETROVIRAL:
PRIMEIROS SEIS MESES:
- Cruciais – momento da resposta aos fármacos, com queda da CV e recuperação do CD4; o
objetivo da TARV é controlar a replicação viral, mantendo a imunidade e qualidade de vida da
PVHA – não é erradicar o vírus!;
- Podem surgir efeitos adversos dos medicamentos e infecções oportunitas;
- Pode ocorrer SÍNDROME DA RECONSTITUIÇÃO IMUNOLÓGICA: Doenças até então subclínicas
devido à péssima resposta imune, tornam-se clinica aparentes – infecções fúngicas, virais,
bacterianas, neoplasias – que ocorrem nas primeiras 4-8 da introdução/modificação da TARV.
Diagnóstico clínico, excluir má adesão e falha da TARV (nestes casos, não há melhora de CD4 e
CV). Doenças principais: TB, CMV, complexo mycobacterium avium (MAC), hepatite B e C,
sarcoma de kaposi, herpes, varicela, dermatológicas inespecíficas, cryptococcus. Em geral:
autolimitadas = tratar a doença oportunista + manter TARV. Casos graves = suspender TARV +
corticóide (prednisona 1-2mg/kg por 1-2 semanas + desmame).
- Não melhora do CD4/CV nos primeiros seis meses de tratamento caracterizam a falha
terapêutica;
- Uma vez iniciada, a TARV NUNCA deverá ser interrompida.
QUANDO INICIAR A TARV:
Todas as PVHA, independente do CD4: estimular TARV (não coagir!) logo ao diagnóstico
(menor risco de transmissibilidade – principal benefício - sobrevida semelhante à da população
geral, menor evolução para aids – se CD4 > 500, estudos são inconclusivos e isso deve ser
informado ao paciente);
Sintomáticos: iniciar TARV, inclusive para TB ativa (que tecnicamente não é definidora de
AIDS no Brasil!, nesses casos, iniciar TARV 2-8 semanas após início de tratamento da TB) –
entendendo-se sintomáticos: manifestações diretamente relacionadas ao HIV (nefropatia,
cardiomiopatia, alterações neurológicas), Imunodeficiência avançada/doença definidora de
AIDS ou Imunodeficiência moderada (candidíase oral, vaginal, perda de peso, diarréia crônica,
etc). Reduzir transmissão e reduzir óbitos associados a TB são os principais benefícios.
Assintomáticos: CD4 < ou = 500 ou indisponível – inciar TARV; CD4 > 500 – iniciar se
coinfecção de Hep B com indicação de tratá-la, e considerar inciar se neoplasias não
definidoras (principalmente se for usar tratamento imunossupressor), alto risco cardiovascular
(TARV melhora função endotelial), coinfecção HepC, CV > 100mil;
Gestantes: iniciar TARV – e mantê-la após o parto
AS DROGAS:
Várias das fases da replicação viral podem ser paradas através do uso de drogas. São elas:
a) Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (ITRN):
Zidovudina (AZT), Lamivudina (3TC)
b) Inibidores da Transcriptase Reversa Não-Análogos de Nucleosídeos (ITRNt):
Efavirenz (EFV), Nevirapina
c) Inibidores de Protease:
Lopinavir (melhor), Indinavir, Ritonavir (sempre está associado pois aumenta a
biodisponibilidad e da classe) – todos terminam em “navir”
d) Inibidores de Integrase:
Raetegravir
e) Inibidores de Fusão:
Enfuvertida
f) Inibidores do CCR5:
Maraviroc
Drogas de primeira linha = a, b, c. Para casos de falhas/resistência = d, e, f (maior custo).
Esquema inicial: sempre terá TRÊS drogas, sendo 2 ITRN + 1 ITRNt Mais usado: AZT + 3TC +
Efavirenz
Se contraindicação ao Efavirenz (que NUNCA deve ser usado se houver alterações neuro-
psiquiátricas), usa-se um Inibidor de Protease (Lopinavir) (segunda linha de tratamento)
FALHA TERAPÊUTICA:
Falha = CV detectável após início ou modificação da TARV (falha virológica) – confirmar com
nova dosagem em 4 semanas.
Principais causas: má adesão, potência virológica insuficiente, fatores farmacológicos,
resistência viral.
Conduta: genotipagem viral + terapia de resgate com outras drogas (vários critérios devem ser
seguidos – mas como ele não falou sobre, acho que não vale a pena decorar agora).
FONTE: Protocolo de AIDS 2013, Medcurso (a parte das drogas só)
6. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES OPORTUNISTAS:
a) Criptococose:
Infecção fúngica comum no imunodeprimido; principal forma = meningite por
Criptococus neoformans (doença definidora de AIDS). Quadro clínico: Febre, HIC,
cefaléia, alteração do estado mental, convulsões, menos da metade tem sinais
meníngeos, geralmente sem déficits neurológicos focais; LCR – aumento da pressão,
pleiocitose leve (< 20 – VN = 4), proteinorraquia levemente elevada (50-80, VN = 30),
glicose diminuída (1/3 da glicemia corrente) – e quanto mais próximo do normal o LCR,
pior o prognóstico. Pesquisar com tinta da china no LCR ou Teste de aglutinação do
látex.
Tratamento: 1) 2 Semanas de Anfotericina B; 2) 8 semanas de Fluconazol (total =
10 semanas);
b) Neurotoxoplasmose:
Causa mais comum de lesões neurológicas focais com efeito de massa no paciente
imunodeprimido. Quadro clínico: cefaléia, HIC, déficits focais que variam com a
topografia. Neuroimagem – multiplas imagens anelares com captação de contraste
nos bordos + áreas hipodensas no entorno, edema perilesional, com desvio da linha
média (efeito de massa). Fazer sorologia IgG para o toxoplasma (clínica +
neuroimagem + IgG = pode tratar, mas o Padrão Ouro é biópsia cerebral).
Tratamento: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido Folínico por 4-6 semanas +
Dexametasona (se edema cerebral difuso/efeito de massa) 4-6mg EV 6/6h 2
semanas. +- Anticonvulsivantes
c) Pneumocistose (PCP):
Quadro insidioso – febre, tosse seca, dispnéia progressiva, perda de peso. EF:
Taquipneia, taquicardia, ausculta norma ou estertores finos expiratórios – ou sem
nada em 50% dos casos. Rx – infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico (25% Rx
normal) – TC: atenuação em vidro fosco. Diagnóstico presuntivo, com 4 dos seguintes:
CD4 < 200, dispneia de esforços progressia, febre/taquipneia/taquicardia, Rx normal
ou infiltrado, aumento da DHL, hipoxemia, paciente sem uso de quimioprofilaxia para
PCP. Definitivo – detectar o agente com giemsa ou Imunofluorescência, em amostra de
escarro induzido ou lavado broncoalveolar.
Tratamento: PCP Leve a Moderada (PaO2 > ou = 70mmHg) – Sulfametoxazol +
Trimetoprima 75-100mg/kg e 15-20mg/kg (Bactrim 800/160 – 2 cp de 8/8h VO) 21
dias. Alternativa Clindamicinha 300mg 6/6h + Primaquina 15-30mg VO 1x/Dia 21
dias. PCP moderada a grave (PaO2 < 70mmHg) – Sulfametoxazol + Trimetoprima
EV 21 dias. Ou Clindamicina 600mg EV 6/6h + Primaquina 15-30mg VO 1x/dia 21
DIAS; associar Corticóide – prednisona 40mg VO 2x/dia por 5 dias, diminuir pela
metade sucessivamente a cada 5 dias até completar 21 dias.
d) Citomegalovírus:
Reativa com CD4 < 100 (ou 50 em 80% dos casos). Retinite por CMV – escotomas,
queda da acuidade. TGI – esôfago e cólon (mas dá esofagite, gastrite, enterite, colite,
com as manifestações típicas de cada uma, além de febre e mal estar; pode até
simular abdome agudo) – o aspecto endoscópico sugere o diagnóstico (inclusão
intranuclear em “olhos de coruja” + clínica + laboratório).
Tratamento: Ganciclovir 5mg/kg 12/12h por 14-21 dias.
e) Candidíase esofágica e orofaríngea:
Placas removíveis esbranquiçadas, queilite angular ou pápulas eritematosas (oral).
Esofágica – dor retroesternal, disfagia e/ou odinofagia, sem febre – a EDA não é
obrigatória para o diagnóstico.
Tratamento: Esofágica – Fluconazol 200-400mg/dia ou 400mg/dia EV nos casos
graves 7-14 dias (alternativa – anfotericina).
PROFILAXIA DAS INFECÇÕES OPORTUNISTAS:
Agente Indicação Profilaxia
Pneumocystis jirovecii CD4 < 200 ou Candidíase Oral ou Febre Indeterminada ou Doença definidora. Suspender se CD4 > 200 por 3 meses
Primária e Secundária: Sulfametoxazol + Trimetoprim 800/160, 3x/semana
Toxoplasma gondii IgG+, CD4 < 100. Suspender se CD4 > 200 por 3 meses (6 meses se for a secundária)
Primária: Sulfametoxazol + Trimetoprim 800/160 1x/dia
Secundária: < 60kg 0 Sulfadiazina 500 mg 4x/dia + Pirimetamina 25mg 1x/dia + Ácido Folínico 10mg/dia; peso > 60kg, sulfadiazina 1000mg 4x/dia + pirimetamina 50mg/dia e Ac folínico 10mg/dia
Mycobacterium Tuberculosis PPD > 5mm ou Rx com cicatriz de TB prévia ou contactante
Primária: Isoniazida 5mg/kg/dia, no mínimo por 6 meses.
Complexo Mycobacterium Avium
CD4 < 50. Suspender se CD4 > 100 por 3 meses (6 meses se secundária)
Primária: Azitromicina 1200mg/Semana
Secundária: Claritromicina ou Azitromicina 500mg 2x/dia + Etambutol 15mg/kg/dia
Cryptococcus Só profilaxia secundária. Retirar no término do tratamento da criptococose, com TARV de boa resposta e CD4 > 200 por seis meses
Secundária: Fluconazol 200mg/dia
Citomegalovírus Não se usa pra doença TGI É o tratamento (não entendi pq o protocolo fala em droga
EV, como vai fazer EV em casa?!)
Herpes simplex Infecção recorrente por mais de 6x num ano
Secundária: Aciclovir 400mg 2x/dia
Em resumo: pacientes com AIDS (CD4 < 200) – Sulfametoxazol + Trimetoprim 800/160 1x/dia
para Toxo e PCP. CD4 < 50 – MAC = Azitromicina 1200mg/semana. Os demais, apenas
profilaxia secundária.