resumo filosofia problema historico

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RESUMO FILOSOFIA PROBLEMAS FILOSÓFICOS Cristianno Pasqualini Marcus Vinicius D. Pentiado PROBLEMA HISTÓRICO - A história, em sua movimentada sequência de acontecimentos, tem um sentido? - Onde está situado o ponto de apoio da história: no passado, no presente ou no futuro? - É possível fazer uma reconstrução científica dos eventos humanos a partir de um ponto de referência decisivo? Antes de tentarmos compreender a importância destes questionamentos, são necessárias algumas definições: - A história em sentido objetivo define-se conforme os acontecimentos são entendidos em si mesmos. É a marcha do homem através dos tempos. - A história em sentido subjetivo define-se segundo nosso conhecimento dos acontecimentos. É o estudo destes fatos em suas causas, efeitos e seu significado último. As divisões das teorias propostas pelos pensadores a respeito do caráter problemático da história são baseadas, em princípio, pelo questionamento: "É possível considerar a história uma ciência?". Os que acreditam que não propõem o Ceticismo Histórico ; enquanto os que acreditam que sim, propõem o Realismo Histórico . CETICISMO HISTÓRICO Os que negam o caráter científico da história apoiam-se nos seguintes argumentos: * Os acontecimentos são apenas aparentes; * Os eventos não acontecem segundo um plano ordenado; * A discordância na interpretação dos fatos históricos. REALISMO HISTÓRICO Aqui, a posição filosófica admite a possibilidade de uma ciência dos eventos históricos. Dentro desta posição, porém, há diferentes interpretações criando as correntes determinista e não-determinista.

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Page 1: RESUMO FILOSOFIA Problema Historico

RESUMO FILOSOFIAPROBLEMAS FILOSÓFICOS Cristianno PasqualiniMarcus Vinicius D. Pentiado

PROBLEMA HISTÓRICO

- A história, em sua movimentada sequência de acontecimentos, tem um sentido? - Onde está situado o ponto de apoio da história: no passado, no presente ou no futuro? - É possível fazer uma reconstrução científica dos eventos humanos a partir de um ponto de

referência decisivo?

Antes de tentarmos compreender a importância destes questionamentos, são necessárias algumas definições:

- A história em sentido objetivo define-se conforme os acontecimentos são entendidos em si mesmos. É a marcha do homem através dos tempos.

- A história em sentido subjetivo define-se segundo nosso conhecimento dos acontecimentos. É o estudo destes fatos em suas causas, efeitos e seu significado último.

As divisões das teorias propostas pelos pensadores a respeito do caráter problemático da história são baseadas, em princípio, pelo questionamento: "É possível considerar a história uma ciência?". Os que acreditam que não propõem o Ceticismo Histórico; enquanto os que acreditam que sim, propõem o Realismo Histórico.

CETICISMO HISTÓRICOOs que negam o caráter científico da história apoiam-se nos seguintes argumentos: * Os acontecimentos são apenas aparentes; * Os eventos não acontecem segundo um plano ordenado; * A discordância na interpretação dos fatos históricos.

REALISMO HISTÓRICOAqui, a posição filosófica admite a possibilidade de uma ciência dos eventos históricos. Dentro desta posição, porém, há diferentes interpretações criando as correntes determinista e não-determinista.

Realismo Histórico Determinista: subdivide-se em estático e dinâmico.- ESTÁTICO: Consideram que na sucessão dos fatos não há nenhum progresso. Entre os partidários

desta corrente estão os pensadores gregos.- DINÂMICO Acreditam que na sucessão dos fatos há um devir - uma evolução em direção a metas

sempre mais altas. Incluem-se aí os materialistas e idealistas.

Realismo Histórico Não-Determinista: subdivide-se em naturalista e cristão.- NATURALISTA: Sustentam que os eventos históricos sucedem segundo um plano exclusivamente

natural. Seus defensores são os iluministas, principalmente Kant.- CRISTÃO: Sustentam que estes eventos acontecem segundo um plano espiritual. Seus defensores

são os historiadores e filósofos cristãos.

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1. Realismo Histórico Determinista Estático- A história desenvolve-se num plano circular, no qual o indivíduo tem uma liberdade relativa, enquanto o universo está submetido às leis matemáticas, onde se previa a reaparição periódica dos mesmos fatos. - A estrada do tempo é uma pista redonda na qual todas as civilizações desaparecem após um período de glória. - "O tempo é a imagem móvel da imóvel eternidade", "Deus guia o universo no seu percurso circular, mas, uma vez completados os períodos de tempo que lhe são fixados, este retoma o seu movimento em sentido inverso." (Platão)

2. Realismo Histórico Determinista Dinâmico- Pregava o historicismo: A história é identificada com a realidade; toda a realidade esgota-se nos eventos históricos: fora da história não existe nada. - Interpretação julgada insustentável por três razões: a) implica a negação de Deus; b) nega a liberdade humana; c) deprecia a história, considerando-a um desenvolvimento incessante no qual tudo é superado e mudado.

3. Realismo Histórico Nã0-Determinista Naturalista- Segundo Kant e muitos iluministas, a história desenvolve-se num plano ordenado, desejado pela natureza. - "A história é a ação de um plano oculto da natureza". "O fim da história é a realização de uma sociedade que viva universalmente segundo o direito". "Ora, eu afirmo poder predizer à estirpe humana, mesmo sem ter espírito profético, seu progresso em direção ao melhor, excluindo que esse progresso possa conhecer substanciais perigos de involuções." (Kant)

4. Realismo Histórico Não-Determinista Cristão- Segundo o pensamento filosófico cristão, a história desenvolve-se segundo um plano determinado pelo encontro de duas vontades livres: a de Deus e a do homem. - Deus quis livremente inserir o homem numa ordem sobrenatural, onde o homem corresponde livremente. Deus continua a intervir para adaptar seu plano de Graça à correspondência do homem, de modo que apesar dos desvios humanos, a história prossegue sempre em direção a destinos mais altos. - Pela Revelação conhece-se: a) o significado de toda a história que nos precede; b) o ponto da história em que nos encontramos atualmente e c) o que nos reserva o futuro.

Nesse momento podemos voltar à questão inicial: "É possível considerar a história uma ciência?" Muitos filósofos acreditam que sim, que a história é uma ciência segundo um conceito moderno - no

qual a ciência não é uma reprodução rigorosa, mas sim uma sistematização que se aproxima da realidade. Desta forma acreditam que a história pode ser chamada de ciência mesmo que não reproduza com fidelidade a conexão causal que liga os eventos humanos entre si, mas permite ao homem certa compreensão da sucessão desses eventos.

- Alguns historiadores, acreditando que o objetivo da história, além de certo, deve ser universal, foram à procura da unidade histórica, do universal histórico (de uma nação, de uma civilização) que volta a realizar-se repetidamente como a ideia universal de que o homem continua a ter repetidas realizações. - Porém, este universal histórico é algo extremamente hipotético, pois não há como estipular-se critérios para determinar qual grupo de eventos teria como característica a universalidade e a repetibilidade.

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- Desta forma, questiona-se a possibilidade de alcançarmos uma história universal verdadeira. - A propósito da possibilidade de uma ciência histórica: se ignorarmos voluntariamente a existência de Deus e da Sua encarnação, conforme prega a Igreja, uma visão justa dos fatos é impossível, pois a história da humanidade não é puramente natural, mas é ao mesmo tempo natural e sobrenatural, humana e divina.

A HERMENÊUTICA HISTÓRICA

- A tomada de consciência de nossa historicidade é a mais importante dentre as revoluções por nós sofridas após o advento da época moderna. - Essa consciência implica uma revisão profunda não só da história como ciência, mas de todo o conhecimento humano. Devem ser deixados de lado os reflexos diretos da realidade, ou a criação originária do Eu; deve ser entendida como interpretação (hermenêutica) das situações e da compreensão real do significado do "ser histórico".

- Após a compreensão do caráter histórico do nosso ser e do nosso conhecer, como se desenvolve o pensar hermenêutico? - Segundo Gadamer, o principal teórico da hermenêutica histórica, o pensar hermenêutico se desenvolve com base em 3 princípios:

1º) Todo conhecimento é a resposta a uma pergunta. Isto significa que o conhecer é antes de tudo um interrogar sempre determinado por uma situação particular.

2º) Qualquer documento histórico, qualquer texto literário e também todos os monumentos artísticos, as instituições sociais, políticas e religiosas são o registro de certos conhecimentos e representam as respostas às interrogações feitas em certas situações.

3º) Nenhum conhecimento é "puro", "não preconceituoso", mas é sempre "misto", acompanhado e condicionado por "preconceitos".

- A história é tradição de fatos e de ações e não uma mera sucessão causal de acontecimentos desconexos e descontínuos, mas sim um fluxo de uma mesma substância fundamental; não é um devir ocasional e fragmentário, mas um desenvolvimento orgânico e contínuo.

- Nosso conhecimento é marcado pelo segredo do tempo e assim como ele, tem três extensões - passado, presente e futuro. Nosso conhecimento nos possibilita olhar além destas extensões marcadas pelo tempo e projetar-nos em direção à eternidade.