resumo executivo da 51ª reunião ordinária da mnnp-sus
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A 51ª Reunião Ordinária da MNNP-SUS foi realizada em Brasília, em 4 e 5 de maio de 2011.TRANSCRIPT
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Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS
Resumo Executivo da 51ª Reunião Ordinária da
Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS – MNNP-SUS
Brasília/DF, 04 e 05 de maio de 2011.
Local: SCS Quadra 04, Bloco A, Ed. Principal, sala de reunião - 1º andar.
Membros presentes: Eliana Pontes de Mendonça (Secretária Executiva MNNP-
SUS/Degerts/MS), Milton de Arruda Martins (SGTES/MS – 04/05), Denise Motta Dau
(Degerts/MS), Ana Paula Cerca (Degerts/MS), Sigisfredo Luis Brenelli (Deges 04/05),
Rosa Maria Neofiti representante de Elzira Maria do Espírito Santo (CGRH/MS – 05/05),
Márcia Cristina Marques Pinheiro (Conasems), Jânio Silva (CNTS), José Erivalder
Guimarães de Oliveira (FENAM), Renato de Almeida Barros (CNTSS), Nelci Dias da
Silva (CNTSS), Cleusa Maria Faustino do Nascimento (FENASPS), Waltovânio
Cordeiro de Vasconcelos (FENAFAR), Antonia Trindade Valente dos Santos (FNE),
Guadalupe Lazcano Mores (FENAPSI), Maria da Graça Ferro Freire (FASUBRA
Sindical), Antonio Pereira Lima Sobrinho – Capila (CONDSEF), Leandro Valquer
Justino Leite de Oliveira (CONFETAM), Mariza Pereira Alvarenga (FENAS), José
Carrijo Brom (FIO 04/05).
Convidados/palestrantes: Léia de Souza Oliveira (FASUBRA – 04/05); Fabiano
Rodrigues de Abreu (SGTES/MS – 05/05) e Mozart JulioTabosa Sales (Chefe de
gabinete do Ministro da Saúde).
Ausências justificadas: MEC, CONASS e CMB.
Ausências não justificadas: SAS, FUNASA, Ministério do Trabalho e Emprego,
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Ministério da Previdência Social e
CNS.
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Ouvintes/Visitas: Ana Estela Haddad (SGTES/MS – 04/05), Rosângela Gomes Soares
da Costa (FASUBRA Sindical – 04/05), Mário Guimarães Júnior (FASUBRA Sindical –
04/05), Fernando Cândido Nascimento (CNTSS – 04/05), Luiz Naceno da Conceição
(FASUBRA Sindical – 04/05).
Equipe:
� Relatoria: Edna Magali de Oliveira (Degerts/MS); Janaina Fernandes da Silva
(Degerts/SGTES); Regina Vianna Brizolara (Degerts/MS); e Zaira Geribello de
Arruda Botelho (Degerts/MS).
� Apoio administrativo: Regina Lins (Degerts/MS), Yacyra da Cunha Valle
(Degerts/MS).
Pauta
1º dia – 04/05/2011
1. Informes sobre o Seminário Nacional sobre Escassez, Provimento e Fixação de
Profissionais de Saúde em Áreas Remotas e de Maior Vulnerabilidade.
2. Modelos de Gestão dos Hospitais Universitários (debate de temas relacionados à
Medida Provisória 520/2010, dentre outros aspectos relacionados ao modelo de
gestão).
2º dia – 05/05/2011
3. Institucionalização da MNNP-SUS;
4. Prioridades do Ministério da Saúde (2011-2014);
5. Definição de pauta para próxima reunião (06 e 07/07/2011).
Informes
Eliana (Degerts/SGTES): Informou que nos dias 28 e 29 de abril de 2011, esteve com
Nelci no estado do Rio Grande de Sul. Em São Leopoldo, para instalar a Mesa Municipal
de Negociação Permanente do Sistema Único de Saúde (SUS). Na ocasião estavam
presentes o prefeito, alguns secretários e a bancada dos trabalhadores da saúde. A Mesa
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Municipal irá propor Projeto de Lei para formalizar sua instituição e criar seu regimento.
Em Porto Alegre, para debater com o Secretário Adjunto e os trabalhadores o papel da
Mesa. A Secretaria de Saúde de Porto Alegre convidou os sindicados para tratar do
processo de instalação da Mesa de Negociação Municipal. Por ser uma capital, a
instalação da Mesa de Porto Alegre estimulará outros municípios, como Caxias do Sul e
Novo Hamburgo, a instalar Mesas. Por fim, Eliana informou que o primeiro boletim da
MNNP-SUS trará notícias sobre o processo de instalação das Mesas de São Leopoldo e
Porto Alegre e solicitou aos membros que enviassem, por e-mail, informes para serem
inseridos nos boletins.
Milton (SGTES/MS): O secretário informou que foi realizado, nos dias 27 e 28 de abril
em Brasília, o Seminário Nacional do Programa de Formação de Profissionais de Nível
Médio (PROFAPS). Para ele, essa discussão é prioridade da SGTES. É necessário pensar
no profissional de nível superior, mas também no trabalhador de formação fundamental
ou média. Sugeriu que a MNNP-SUS debata esse assunto. Informou também que
Governo Federal lançou o Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
que a SGTES vai colaborar com a expansão da formação técnica. Os Ministérios da
Saúde e da Educação estão formando um grupo de trabalho para analisar como o recurso
do Pronatec será utilizado na qualificação dos trabalhadores do SUS.
Nelci (CNTSS): Informou sobre o Encontro Estadual de Trabalhadores da Saúde Rio
Grande do Sul, que contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas. A MNNP-
SUS foi representada por Eliana na conferência de abertura do evento, que apresentou o
histórico da Mesa e os protocolos existentes. Nelci informou também que o fórum dos
sindicatos dos trabalhadores decidiu que vai promover um seminário específico para
analisar ponto a ponto a Minuta de Portaria sobre as Diretrizes Nacionais de Promoção da
Saúde do Trabalhador do SUS e propor sugestões para a Consulta Pública.
Graça (FASUBRA sindical): Informou que fez uma explanação sobre a MNNP-SUS
para o Conselho Estadual do Maranhão, na ocasião os conselheiros cogitaram a
possibilidade de instalação da Mesa Estadual do Maranhão. O Conselho irá colocar na
pauta de sua próxima reunião em junho, o debate sobre a instalação da Mesa do Estadual.
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Capila (Condsef): Informou que a Mesa Central do Município de Serrinha (Bahia)
reuniu-se para discutir seu protocolo de instalação e a possibilidade da criação de uma
Mesa Setorial. Eliana poderá ser convidada para a instalação oficial da Mesa de Serrinha,
e, na oportunidade, sugeriu que tente reabrir diálogo com os gestores estadual e municipal
sobre a implantação das Mesas de Negociação Permanente do SUS, estadual e municipal
– Salvador.
Antônia (FNE): Informou que ainda não existe um fórum de negociação da saúde no
Estado do Pará e que o mesmo vai iniciar a discussão para instalar a Mesa Estadual de
Negociação Permanente do SUS.
Erivalder (Fenam): Informou que a Federação Nacional dos Médicos, Sindsaúde e o
Sindicato dos Enfermeiros fizeram no dia 1º de maio uma caminhada pelo direito à Saúde
e um ato público para reivindicar melhores condições de trabalho na cidade de São
Paulo/SP.
Cleuza (FENASPS): Informou que os profissionais médicos de Juiz de Fora/MG estão
em greve, os gestores implantaram o ponto eletrônico e os trabalhadores estão rejeitando
a decisão. Disse que o governo não tem interesse em negociar com os trabalhadores.
Leandro (CONFETAM): Disse que houve uma manifestação em São Paulo contra o
projeto de Lei Complementar nº 1.131/2010 que permite direcionar 25% dos leitos e
outros serviços hospitalares do SUS para os planos e seguros de saúde privados. A lei
abrange os hospitais do Estado de São Paulo que atualmente têm contrato de gestão com
Organizações Sociais.
Marisa (FENAS): Informou que a Mesa do Rio de Janeiro/RJ está funcionando bem e
que no dia 7 de abril aconteceu o fórum dos sindicatos de médicos; disse que a FENAS
organizou no Cinelândia eventos para comemorar o Dia da Saúde.
Denise (DEGERTS/SGTES/MS): Informou que o DEGERTS está repensando seus
projetos e avaliando a possibilidade de estabelecer parcerias com o Departamento
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Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE, Organização
Internacional do Trabalho – OIT e outros parceiros para possibilitar o investimento
político, técnico e financeiro necessários para avançar na política de valorização do
trabalhador do SUS.
1º dia
Abertura dos trabalhos
Eliana deu boas vindas a todos os presentes; apresentou as novas trabalhadoras do
apoio técnico da Mesa, Yacyra e Janaína e a Coordenadora da Gestão do Trabalho em
Saúde, Ana Paula Cerca; reapresentou também o Secretário da SGTES, Milton de Arruda
Martins; o Diretor do Deges, Sigisfredo Brenelli; a Diretora de Programa / SGTES, Ana
Stella Haddad; e a Diretora do Degerts, Denise Motta Dau e passou para os pontos de
pauta.
1. Informe sobre o Seminário Nacional sobre Escassez, Provimento e Fixação de
Profissionais de Saúde em Áreas Remotas e de Maior Vulnerabilidade.
Milton de Arruda Martins / Secretário da SGTES
O Secretário da SGTES (Milton) reafirmou que o Ministro Alexandre Padilha e a
SGTES pretendem valorizar a Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS e que
haverá investimento da gestão atual para o desenvolvimento do Sistema Nacional de
Negociação Permanente do SUS (SiNNP- SUS).
Em seguida, relatou sobre o Seminário Nacional: Escassez, Provimento e Fixação
de Profissionais de Saúde em Áreas Remotas e de Maior Vulnerabilidade, promovido em
13 e 14 de abril deste ano, para discutir problemas e propor estratégias de provimento e
fixação de profissionais nessas áreas. O Seminário contou com a presença de
representantes de entidades médicas, da MNNP-SUS, de Conselhos de Profissionais da
Área da Saúde, dos cursos de saúde, secretários municipais e estaduais de saúde, e
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secretários anteriores da SGTES. Dentre os encaminhamentos do Seminário citados pelo
secretário: serão elaboradas estratégias que considerem a equipe multiprofissional; será
elaborada proposta para instituir o Serviço Civil Voluntário; será retomada a discussão
sobre as carreiras do SUS (baseada nas Diretrizes Nacionais para a instituição ou
reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do SUS); e a
elaboração de um relatório sobre o evento que preserve as diferentes opiniões e olhares
sobre o assunto.
A respeito da proposta do Serviço Civil Voluntário, considerado uma forma de o
profissional retribuir à sociedade o investimento aplicado em sua formação, relatou que
existem vários projetos no Congresso Nacional, alguns sugerem que o serviço civil seja
obrigatório para a fixação de profissionais. Inclusive, o Conselho Nacional de Saúde
defende que o serviço civil seja obrigatório. Acredita que a proposta da SGTES é um dos
passos para se estabelecer o serviço civil e não se contradiz com a do serviço obrigatório.
Refletiu sobre o serviço militar que embora seja obrigatório, primeiro convoca os que
voluntariamente querem prestar o serviço, só convoca de forma obrigatória se os
voluntários não suprirem a sua necessidade.
Explicou rapidamente a proposta Serviço Civil Voluntário, os locais prioritários
serão os que apresentarem maior necessidade do profissional médico, associado ao mapa
da pobreza definido pelo Governo Federal. A prefeitura ofereceria a unidade básica e a
moradia ao profissional, caso fosse uma região distante. O Governo Federal financiaria o
salário do profissional na Estratégia da Saúde da Família – ESF. O médico contaria com
uma equipe constituída por agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem e
enfermeiros. Outro compromisso do MS seria colocar um ponto do Telessaúde,
conveniado a Faculdades de Medicina, encarregadas de fazer a supervisão dos médicos
que realizarem o trabalho voluntário por até dois anos.
O secretário enfatizou a necessidade de propor, em conjunto com os secretários de
saúde municipais e estaduais, projeto de serviço civil que contemple médicos e outros
profissionais de saúde, embora na fase inicial de implantação o número maior de vagas
será para o médico devido à carência. O projeto será idealizado com base no trabalho
multiprofissional, considerando na equipe, por exemplo, o farmacêutico, o enfermeiro e o
cirurgião-dentista recém-formados. Inicialmente recomendam-se pelo menos esses três
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profissionais, dentre as catorze profissões da saúde, na equipe. A SGTES criará uma
comissão para trabalhar na proposta.
Em relação à carreira do SUS, Milton expôs três dificuldades: existem categorias
profissionais defendendo carreiras específicas, inclusive com projetos tramitando no
Congresso Nacional; há um projeto de carreira que contempla apenas três profissionais -
médicos, cirurgiões-dentistas e enfermeiros - para as áreas de difícil provimento; e
existem as Diretrizes Nacionais para instituição de Planos de Carreira, Cargos e Salários
no SUS que defende carreira única para todas as profissões, organizada em nível local e
regional. Relatou que o debate é difícil e há posições divergentes, mas a SGTES defende
as Diretrizes Nacionais do PCCS-SUS pactuadas na MNNP-SUS. Acrescentou ainda que
será realizado um estudo para conhecer experiências exitosas de implantação de planos
de carreira, a fim de estimular a criação de PCCS – SUS em estados e municípios.
Propôs como encaminhamento apresentar futuramente a proposta do Serviço Civil
Voluntário na Mesa, e solicitou a indicação de dois membros dos trabalhadores para
participarem da Comissão que será responsável pela formulação da proposta de Serviço
Civil Voluntário. Além disso, ele reiterou os compromissos assumidos anteriormente, de
respeitar o que já foi negociado, ouvir os trabalhadores e debater as propostas da SGTES
com a bancada.
Por fim, o secretário enfatizou que para resolver o problema de fixação e
provimento de profissionais no Brasil não há uma única proposta, deve-se pensar em
diversas estratégias ao mesmo tempo como tem feito o resto do mundo.
Em seguida, Eliana abriu espaço para que a bancada dos trabalhadores fizesse sua
observação sobre o Seminário. A bancada considerou importante sua participação na
discussão das propostas. Reivindicou discutir a proposta apresentada pelo governo,
salientou que a política de fixação de profissionais em áreas remotas e de difícil acesso
deve ser elaborada com a participação dos trabalhadores. Disse que o papel do governo
não é dar ciência aos trabalhadores sobre propostas formuladas por ele, mas elaborá-las
juntamente com os maiores interessados, que são os próprios trabalhadores. A bancada
reivindicou que os grupos de discussão formados tenham a participação dos
trabalhadores.
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A respeito da proposta da carreira do SUS, a bancada solicitou que ela contemple
todos os profissionais de saúde e salientou que o Conass, o Conasems e o Ministério da
Saúde precisam pensar também na valorização financeira do trabalhador ao formular
essas políticas.
2. Modelos de Gestão – Hospitais Universitários – MP 520/2010
Debatedores: Léia de Souza Oliveira e Sigisfredo Luis Brenelli
Mediadora: Eliana Pontes de Mendonça - Secretária Executiva MNNP-SUS
Léia, representante da FASUBRA Sindical, deu início à sua participação,
reconhecendo que a MNNP-SUS é um exemplo de democracia participativa. Em seguida,
demonstrou que a bancada de trabalhadores é contrária à Medida Provisória nº 520, de 31
de dezembro de 2010 que autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública
denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. – EBSERH. Uma das
competências da empresa será prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos
Hospitais Universitários – HU’s e Federais.
Afirmou que o Governo instituiu a MP com a justificativa de atender ao acórdão
do TCU, de substituir a mão-de-obra de vinte e seis mil terceirizados, porém na opinião
da bancada a MP não atende ao acórdão porque o financiamento da EBSERH será
originado do Tesouro Nacional, o que daria maior ônus para o Estado. Segundo os
trabalhadores o governo deve promover concurso público para substituir a mão-de-obra
terceirizada e não utilizar recursos públicos para a constituição do Capital Social da
Empresa.
Outro argumento da coordenadora da FASUBRA foi de que a MP prevê que a
assistência médico-hospitalar e laboratorial será gratuita, mas mantém a contradição de
não impedir convênios com planos privados e instituições congêneres e a delegação da
gestão para subsidiárias, o que implicaria o surgimento da “quarteirização”.
Léia salientou também que a MP cria uma forma de terceirização nas
universidades, tanto da gestão, quanto do pessoal. Haveria contratação de pessoas pela
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CLT e os servidores cedidos do RJU – Regime Jurídico único passariam para a EBSERH,
o que provocaria um impasse na relação de reitores e de trabalhadores com a empresa.
Léia ponderou que essa forma de gestão contribui para a ressurreição do emprego
público, reintroduzindo a dualidade entre celetista e estatutário, com mesma função
contratual e salários diferentes. De acordo com a debatedora, a criação da EBSERH
compromete a missão da universidade, quebra o princípio de indissociabilidade, fere
autonomia universitária, reforça a terceirização da gestão pública, legaliza a dualidade
entre CLT x estatutário no âmbito da universidade e tira o controle social do SUS.
Por fim, Léia ratificou que a EBSERH não solucionará a questão dos Hospitais
Universitários e que a melhor forma de resolver o problema do financiamento, do pessoal
e da gestão dos Hospitais Universitários seria a aprovação da EC nº 29 e o
aprimoramento do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários -
REHUF; a realização de concurso público; e o investimento na qualificação dos gestores
no controle e fiscalização da gestão pública. Apresentação na íntegra encontra-se no
Anexo 1.
Em seguida, Sigisfredo Brenelli, representante do governo, relatou que o
Departamento da Gestão da Educação em Saúde/SGTES, juntamente com a Secretaria de
Atenção à Saúde – SAS, trabalha com os Hospitais Universitários. Segundo o palestrante
o grande papel do MS é assegurar que o ensino nesses hospitais seja voltado para o SUS.
Observou que os HUs são especiais, uma vez que possuem as melhores equipes, com
maior qualificação e que realizam procedimentos que nenhuma outra instituição realiza.
No entanto, vêm sofrendo piora de suas condições físicas, financeiras e de pessoal. A
falta de trabalhadores pertencentes ao quadro efetivo sobrecarrega os trabalhadores em
exercício, Brenelli referiu que em um dos hospitais ocorreu suicídio de três enfermeiras.
A carência de trabalhadores também obriga os hospitais a fecharem leitos.
O Diretor reconheceu que a situação é complicada e, que é necessária alguma
atitude em relação a isso. Por outro lado, reconheceu que não houve participação do
Ministério da Saúde na discutição da MP quando da sua formulação. Não acredita que a
criação da empresa EBSERH seja a solução mais adequada e que o tema requer maior
aprofundamento.
Os trabalhadores parabenizaram os expositores e lamentaram o fato de a MP ter
sido colocada de forma imediata, sem antes ter sido objeto de debate na Mesa. Citaram
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que existem outros modelos de gestão, tais como OS e OSCIP, no Estado de São Paulo,
que, no entanto não garantiram a mudança dos serviços prestados à comunidade e
praticamente eliminaram a participação do controle social e atrapalham o sistema de
referência e contra referência dos usuários. Reivindicaram mais espaços para discussão e
formulação de propostas para a melhoria da gestão dos HU’s.
2º dia
Institucionalização da Mesa
Debatedor: Fabiano Rodrigues de Abreu - SGTES/MS
Mediadora: Eliana Pontes de Mendonça - Secretária Executiva MNNP-SUS
Eliana iniciou o debate sobre a institucionalização da Mesa comentando que a
MNNP-SUS, apesar de ter sido instalada por meio de Resolução do Conselho Nacional
de Saúde - CNS, não possui força suficiente para efetivar a instalação de Mesas em
estados e municípios. Enfatizou a necessidade de institui-la por Decreto Presidencial,
Projeto de Lei ou por outro marco regulatório que dê a ela maior força e estimule gestores
estaduais e municipais a instalarem Mesas de negociação. Em seguida, Eliana passou a
palavra ao assessor jurídico da SGTES, Fabiano Abreu, para expor sobre o tema.
Fabiano expôs que a transformação da instalação da Mesa em lei ou outro
regulamento não garantirá que a MNNP-SUS tenha a força necessária para que gestores
estaduais e municipais cumpram as diretrizes pactuadas na esfera federal. Disse que o
Brasil possui excesso de leis que não garantem efetivação de seus conteúdos. Citou
exemplo da própria Constituição Federal de 1988, que determina os estados a
promoverem a defensoria pública estadual para os cidadãos, mas nem todos a instituíram.
Fabiano comentou que o Secretário da SGTES adota uma sistemática de trabalho
diferente da gestão anterior. Disse que a Mesa tem tido maior espaço na Secretaria; que a
nova gestão do Ministério quer retomá-la de forma diferente. Salientou que há
necessidade de discutir se a Resolução do CNS é o instrumento adequado para dar
institucionalidade à Mesa.
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Por fim, o assessor sugeriu a criação de uma Portaria Interministerial para elevar o
grau de compromisso dos demais membros da bancada do governo. Disse que o CNS não
tem autonomia para determinar a participação de Ministérios, e, quando existe a
necessidade de intercomunicação de um Ministério com os demais é indicado esse tipo de
portaria. Também sugeriu à MNNP-SUS escrever o texto que gostaria de negociar com o
Legislativo, independentemente da proposição legal a ser escolhida futuramente, como
forma de encaminhar o processo de regulamentação.
Em seguida, Eliana agradeceu Fabiano pela exposição e abriu o debate para que as
bancadas se posicionassem.
A bancada dos trabalhadores reconheceu que a Mesa precisa de um marco
regulatório mais forte e salientou que ela deve ser uma estratégia da política de Estado
para democratização das relações de trabalho e não uma política de governo. Enfatizou
que esse é o momento ideal para que sua institucionalização seja proposta por Projeto de
Lei, Decreto Presidencial ou por outro mecanismo que possa colaborar na instalação de
Mesas em estados e municípios. Considerou que a proposta de fortalecer a Mesa por meio
de Portaria interministerial é interessante, mas que solucionará somente parte dos
problemas. Para a bancada, a melhor proposta seria instituir a Mesa por meio de lei
federal.
Por fim, a bancada popôs que, além de se instituir a Mesa, por meio de Lei, os
atores envolvidos na discussão devem pensar em outras estratégias que estimulem a
implantação de Mesas locais. O arcabouço legal é importante, mas não o único passo a
ser tomado. A bancada propôs também a realização de um seminário para discutir o
assunto e propor soluções.
A bancada do Governo sugeriu a criação de Decreto Presidencial para
institucionalizar a MNNP-SUS, e a partir disso regulamentá-la por meio de Portaria. A
bancada expôs que no momento a proposição de Projeto de Lei não seria o ideal, pois a
Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que trata das
relações de trabalho na administração pública, ainda não foi regulamentada. O Governo
disse ainda que a Mesa precisa ser realidade nos estados e municípios, e que há
necessidade de se instituir a democratização como metodologia de gestão, ideia que deve
ser fortalecida com gestores. A respeito da composição da Mesa, sugeriu-se a revisão da
bancada de gestores uma vez que alguns ministérios não participam das reuniões e
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poderiam ser convidados em momentos específicos. Houve crítica de a bancada de
trabalhadores fazer uma luta fragmentada das categorias, especialmente ao levar
interesses particulares para o Congresso Nacional, onde tramitam diversas propostas; tal
situação se reflete no funcionamento da Mesa. Houve a sugestão de que para fortalecer o
processo de negociação na Mesa, deve-se tratar de pautas gerais e unificadas.
Prioridades do Ministério da Saúde (2011-2014)
Debatedores: Alexandre Rocha Santos Padilha (Ministro da Saúde) e Mozart Julio Tabosa Sales (Chefe de gabinete do Ministro da Saúde) Mediadora: Eliana Pontes de Mendonça - Secretária Executiva MNNP-SUS
Eliana deu boas-vindas ao Ministro da Saúde, Alexandre Padilha e ao chefe de
Gabinete, Mozart Sales; agradeceu aos dois pela presença e informou ao Ministro que ao
longo dos oito anos de trabalho da MNNP-SUS essa foi a primeira vez que um Ministro
esteve presente. Salientou ser o momento oportuno para recebê-lo, tendo em vista que o
governo tem investido no fortalecimento e institucionalização da Mesa. Em seguida, a
Secretária- Executiva apresentou os membros da Mesa e a equipe do Degerts ao Ministro.
Denise, diretora do Degerts, também cumprimentou o Ministro e o agradeceu pela
presença. Salientou que sua participação na reunião é muito importante para o processo
de institucionalização da Mesa, um dos principais debates desde sua reinstalação, em
2003. A MNNP-SUS tem discutido sobre qual arcabouço legal deve ser utilizado para
enraizar o processo negocial nos estados e municípios. Referiu-se ainda ao apoio do
Ministro ao processo de prorrogação da Consulta Pública que trata da Minuta de Portaria
das Diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde do Trabalhador do SUS.
Em seguida, Waltovânio, representante da bancada dos trabalhadores, relatou que
eles sempre buscaram maior envolvimento do Ministro da Saúde com a Mesa. Disse que
será importante o empenho pessoal do Ministro em chamar o Conass e o Conasems para
mobilizarem-se pela implantação de Mesas nos estados e municípios. Salientou que os
trabalhadores têm interesse em resgatar protocolos já pactuados, principalmente o das
Diretrizes Nacionais do PCCS-SUS importante para fixação dos profissionais de saúde.
Disse que a bancada quer discutir profundamente a política de fixação dos profissionais
de saúde. Pediu maior envolvimento dos trabalhadores nas discussões que se referem ao
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trabalhador da saúde e reivindicou melhoria salarial, como política de valorização do
trabalhador do SUS.
O Ministro Alexandre Padilha iniciou seu pronunciamento cumprimentando todos
os presentes e reconheceu o importante trabalho da MNNP-SUS, uma vez que se
apresenta como um espaço de diálogo e de tomada de decisões pactuadas; reforçou seu
apoio incondicional e parceria nos assuntos tratados na Mesa.
Expôs que, para se conseguir a consolidação do SUS fazem-se necessários grandes
embates políticos. Informou que o Brasil é o único país com mais de 100 milhões de
habitantes que se dispõe a ter um sistema universal de saúde gratuito. Afirmou que não é
possível enfrentar esse desafio sem ter os trabalhadores envolvidos e comprometidos com
a consolidação do SUS. Além disso, opinou que cabe aos trabalhadores formular as
reivindicações e temas que se referem à saúde do trabalhador, à valorização do
profissional, à remuneração, à carreira e à qualidade da gestão, para serem tratados e
discutidos no MS.
O Ministro ressaltou a necessidade de se reconstruir uma agenda específica que
trate de temas recorrentes, como por exemplo, a saúde do trabalhador e a
institucionalização da Mesa. A MNNP-SUS não deve depender da vontade do Ministro,
do Secretário, do diretor, da Secretaria Executiva da Mesa, enfim, dos gestores de um
governo específico. Reconheceu a necessidade de institucionalizar a Mesa e de esta
reforçar relações com o Conselho Nacional de Saúde. Afirmou que a Mesa também é
importante para discussão de outros temas de interesse do Ministério, como por exemplo,
o aprimoramento da Política Nacional de Atenção Básica.
Alexandre Padilha que está em vigência à consulta pública do Programa de
Avaliação para a Qualificação do Sistema Único de Saúde, incentivou a Mesa a debater e
contribuir para o aperfeiçoamento da proposta. Esclareceu que a ideia é construir um
painel de indicadores que avalie a qualidade dos sistemas de saúde municipal, estadual e
nacional e que esses componham um índice único. Assim, o conselho local de saúde
poderá acompanhar a execução do plano a partir da melhoria ou não desse índice. Padilha
sugeriu integrar a gestão do trabalho na avaliação, como forma de valorizar o trabalhador;
reiterou a necessidade de a Mesa discutir o programa. Falou também sobre a consulta
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pública das diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde do Trabalhador do
SUS, se propôs a estimular outras áreas do ministério a contribuírem com o tema e a
pensarem em uma agenda para encaminhar essa política.
Padilha destacou ainda a importância de debater na Mesa modelos de gestão;
opinou que é um equívoco associar o modelo de gestão ao modelo administrativo ou
jurídico. Afirmou que são coisas diferentes e que o MS está fazendo um grande esforço
para o aprimoramento da gestão do SUS. Segundo o Ministro, o SUS é referência na
instituição e organização de políticas públicas em um país do tamanho do Brasil; também
é modelo quando se pensa no estabelecimento de relações entre união, estados e
municípios para sua implantação. Disse que apesar de outras áreas, e até outros países,
moldarem suas políticas a partir deste exemplo, após 20 anos ainda torna-se necessário
aprimorar a gestão do SUS. Defendeu que é importante para o aprimoramento da gestão a
aprovação da Lei de Responsabilidade Sanitária no Senado, enquanto não há o marco
legal, temos instrumentos básicos para controle e acompanhamento do SUS como
Decreto Presidencial e Portarias do MS. Esse é um campo no qual o Ministério trabalha
com afinco.
Em relação a tecnologias da informação, o Ministro crê que os estados e
municípios avançaram mais nos instrumentos de informação em saúde do que o
Ministério da Saúde, essas experiências podem ser utilizados para o melhor controle e
avaliação do SUS e o aprimoramento da gestão.
No acompanhamento da qualidade dos serviços de saúde, lembrou que há uma
diversidade de situações, encontram-se modelos filantrópicos ou privados que dialogam
com o SUS e modelos puramente estatais que funcionam como se fossem privados sem
interação com a regulação do sistema de referência e contra referência da rede SUS.
Além disso, em casos assim, o Conselho Municipal de Saúde não recebe informações
sobre o serviço prejudicando a participação da comunidade na gestão. Reforçou a
necessidade de elaboração de instrumentos públicos para a gestão de todos os
equipamentos que estão a serviço do SUS nos mais diversos lugares, conforme prevê a
Constituição Federal.
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Por fim, o Ministro reforçou que a Mesa tem um importante papel para o SUS,
despediu-se, e informou que seu Chefe de Gabinete, Mozart Sales, ficaria no seu lugar
para acompanhar as discussões a partir daquele momento.
Mozart reconheceu a MNNP-SUS como um espaço importante de valorização do
trabalhador. Garantiu que na gestão atual do Ministério da Saúde há abertura para que os
membros da Mesa levem discussões ao Gabinete do Ministro. Em seguida, iniciou uma
apresentação em slides, cuja íntegra encontra-se anexa (Anexo 2).
Descreveu o panorama nacional, com gráficos e dados nos quais se verifica que o
país precisa se preparar para enfrentar a seguinte realidade brasileira: a expectativa de
vida aumentou de 62 (nos anos 80) para 73 anos, causando o envelhecimento da
população; a taxa de fecundidade da mulher está abaixo do nível de reposição; a
mortalidade infantil continua em queda; as doenças infecciosas diminuíram nas grandes
cidades; as doenças cardiovasculares aumentaram; há um crescimento das doenças
relacionadas à saúde mental, ao uso de álcool e drogas (principalmente crack), à
obesidade e ao sedentarismo; e há um aumento de acidentes de transportes terrestres,
ocupando o Brasil o 5º lugar no mundo em mortes provocadas pelo trânsito.
Mozart apresentou os 15 objetivos que o Ministério da Saúde pretende alcançar
até 2015:
1. Qualificar instrumentos de execução direta, gerando ganhos de produtividade e
eficiência para o SUS;
2. Implementar novo modelo de gestão e instrumentos de relação federativa, com
centralidade na garantia do acesso, gestão por resultados, participação social e
financiamento estável;
3. Garantir acesso de qualidade em tempo adequado às necessidades de saúde dos
cidadãos, aprimorando a Política de atenção básica e a atenção especializada;
4. Aprimorar a rede de urgência e emergência, com expansão e adequação de UPAs,
SAMU, PS e centrais de regulação, articulando-a com as outras redes de atenção;
5. Promover atenção integral à saúde da mulher e da criança e implementar a Rede
Cegonha;
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6. Fortalecer a rede de saúde mental, com ênfase no enfrentamento da dependência
de Crack e outras drogas;
7. Reduzir os riscos e agravosà saúde da população, por meio das ações de promoção
e vigilância em saúde, com especial atenção no combate à dengue;
8. Contribuir para a adequada formação, alocação, qualificação, valorização e
democratização das relações do trabalho dos profissionais e trabalhadores de
saúde;
9. Garantir assistência farmacêutica no âmbito do SUS;
10. Consolidar e fortalecer o complexo produtivo de inovação em saúde e o SUS
como vetor estruturante da agenda nacional de desenvolvimento ambientalmente
sustentável;
11. Aprimorar a regulação e a fiscalização da saúde suplementar articulando a relação
público – privado, gerando maior racionalidade e qualidade no setor saúde;
12. Implantar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado com o SUS,
baseado no cuidado integral, observando as práticas de saúde e as medicinas
tradicionais, com controle social, garantindo o respeito às especificidades
culturais;
13. Representar e defender internacionalmente os interesses brasileiros no campo da
saúde, bem como partilhar as experiências e saberes do SUS com outros países;
14. Contribuir para erradicar a extrema pobreza no país e;
15. Garantir atenção integral à saúde da pessoa idosa e dos portadores de doenças
crônicas em todos os níveis de atenção.
Também apresentou as principais ações e programas que o Ministério vai
executar, visando atingir os objetivos citados acima. Dentre eles estão:
• A diminuição de custos de remédios;
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• O fortalecimento do Pacto Federativo, a criação do Cartão SUS;
• A criação das Redes de Urgência e Emergência, Cegonha, a e de cuidados
a usuários de crack;
• A ampliação do público-alvo para vacinação contra gripe,
• A oferta de bolsas de residências médicas;
• A priorização de áreas de extrema pobreza na ampliação de cobertura da
Atenção Básica e;
• A atenção à saúde de comunidades residentes em áreas de difícil acesso.
Enfim, Mozart salientou que é necessário que todos os atores da saúde se
envolvam com os programas e ações do Ministério, a fim de que se atinjam os objetivos
apresentados. Disse que não se pode imaginar o Brasil, que está caminhando para ser a 5ª
economia mundial em 2016, chegue a esse patamar ainda com problemas relacionados à
saúde.
Em seguida, a bancada dos trabalhadores parabenizou o plano de governo do
Ministério da Saúde e demandou participação na formulação e implementação das ações
e políticas relacionadas à valorização do trabalhador do SUS.
Encaminhamento:
� Bancadas encaminharão regularmente por e-mail informes para serem inseridos
nos boletins da MNNP-SUS;
� Divulgar no primeiro boletim da MNNP-SUS a instalação das Mesas de São
Leopoldo e Porto Alegre;
� Bancada dos trabalhadores indicará à SGTES dois nomes para participar da
Comissão que elaborará a proposta do Serviço Civil Voluntário;
� A MNNP-SUS irá compor grupo de trabalho para propor texto a ser utilizado na
proposição legal de institucionalização da Mesa;
� Aprofundar discussão sobre modelos de gestão do SUS;
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� Pautar na Mesa o Programa de Avaliação para a Qualificação do Sistema Único
de Saúde, com foco na elaboração de propostas relacionadas à valorização do
trabalhador do SUS;
� Enviar relação dos Grupos de Trabalho existentes na MNNP-SUS aos seus
membros.
Proposta de Pauta - Próxima reunião
06/07
Manhã – reunião de bancada
Tarde:
� Propostas e projetos de formação e qualificação de nível médio na saúde e o
Profaps – Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde
07/07
Manhã
� Primeiro debate sobre diretrizes da avaliação de desempenho para o SUS- tema
relacionado ao PCCS- SUS (conhecer experiências do Ministério da Saúde e do
Grupo Hospitalar Conceição/RS)
Tarde
� Relatório das reuniões dos grupos;
� Redefinição e reestruturação dos grupos de trabalho;
� Debate sobre a retomada dos comitês;
� Definição de pauta para a próxima reunião.